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Tema: Ação de Consignação em Pagamento Artigos 890 a 900 do Código de Processo Civil. 1. Origem histórica do instituto A ação de consignação em pagamento é uma forma especial ou indireta de pagamento. Tem sua origem do Direito Romano, surgiu como forma anormal e forçada de cumprimento da prestação, caso houvesse recusa do credor em receber o pagamento ofertado na forma, no tempo e no modo devidos, um direito do devedor de honrar sua palavra e satisfazer a dívida. Consignar vem do latim consignare , que significa tornar conhecido, pôr em depósito, e é empregado no sentido de depositar quantia em dinheiro. O pagamento em consignação se fazia nos santuários, templos, ou em qualquer local indicado pelo juiz competente, os romanos usavam seus templos na esperança que os escrúpulos religiosos evitassem o roubo. 2. Introdução ao tema 2.1. Conceito O instituto da consignação tem a natureza mista, tendo em face da possibilidade do depósito ser feito extrajudicialmente ou se caso necessário o ajuizamento da ação contra o credor, sendo assim, é uma matéria processual quanto material propriamente dita, na qual visa o pagamento

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Tema: Ação de Consignação em Pagamento

Artigos 890 a 900 do Código de Processo Civil.

1. Origem histórica do instituto

A ação de consignação em pagamento é uma forma especial ou indireta de

pagamento. Tem sua origem do Direito Romano, surgiu como forma anormal e forçada

de cumprimento da prestação, caso houvesse recusa do credor em receber o pagamento

ofertado na forma, no tempo e no modo devidos, um direito do devedor de honrar sua

palavra e satisfazer a dívida.

Consignar vem do latim consignare, que significa tornar conhecido, pôr em

depósito, e é empregado no sentido de depositar quantia em dinheiro. O pagamento em

consignação se fazia nos santuários, templos, ou em qualquer local indicado pelo juiz

competente, os romanos usavam seus templos na esperança que os escrúpulos religiosos

evitassem o roubo.

2. Introdução ao tema

2.1. Conceito

O instituto da consignação tem a natureza mista, tendo em face da

possibilidade do depósito ser feito extrajudicialmente ou se caso necessário o

ajuizamento da ação contra o credor, sendo assim, é uma matéria processual quanto

material propriamente dita, na qual visa o pagamento e tem como base a boa-fé do

devedor, sendo a realização do pagamento da divida, de forma coativa, contraída com

anuência do credor, ou em seu silencio, a realização de tal, obedecendo todos os

encargos provenientes do débito e possibilidades exemplificadas em lei, o pagamento

sendo feito mediante depósito, ou em juízo para que o devedor exonere do encargo,

assim sendo, não somente o credor tem o direito de exigir o cumprimento das

obrigações, como também o devedor tem o direito ao adimplemento, pois a mora não é

interessante a ele como todo o ônus que acompanham o não pagamento.

Desse modo, “trata-se a consignação em pagamento, portanto, do instituto

jurídico colocado à disposição do devedor para que, ante o obstáculo ao recebimento

criado pelo credor ou quaisquer outras circunstâncias impeditivas do pagamento, exerça,

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por depósito da coisa, o direito de adimplir a prestação, liberando-se do liame

obrigacional “ (STOLZE GALGLIANO, Pablo e PAMPOLONA FILHO, Rodolfo).

Seguindo o pensamento a grande doutrinadora Maria Helena Diniz discorre sobre o

assunto falando “ o pagamento em consignação pode ser definido como o meio indireto

do devedor exonerar-se de liame obrigacional, consistente no depósito judicial ou em

estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e formas da lei”.

2.1.2. Natureza do instituto da consignação

Atualmente, a doutrina majoritária reconhece que a ação de consignação em

pagamento possui natureza hibrida, ou seja, a) pertence ao direito processual no que

tange à forma pela qual se realiza –procedimento através do qual se exercita em juízo a

pretensão de consignar; b) pertence ao direito substantivo, quanto aos efeitos de direito

civil que produz – consignação como modalidade de extinção das obrigações1

2.2. Objeto da Consignação

A consignação, pela letra da lei pode ter como objeto bens móveis e

imóveis, estando relacionada com uma obrigação de dar. Havendo a consignação em

dinheiro vale ressaltar a natureza de o depósito ter a característica mista, podendo o

devedor optar pelo depósito extrajudicial ou pelo ajuizamento da competente ação de

consignação em pagamento, ou seja, um instituto hibrido sendo de direito civil e de

direito processual civil ao mesmo tempo. Há também que se observar alguns preceitos

para a validação da consignação possa ser realizada em depósito em dinheiro, assim

sendo, o devedor deve observar os requisitos do pagamento direto , inclusive quanto ao

tempo e lugar (art. 336 do CC). Como regra geral o pagamento deve ocorrer no local

acertado, que constar no instrumento obrigacional (arts. 337de CC e 891 do CPC)

afastando o incidente de juros moratórios e riscos da dívida.

Não se pode fazer consignação, por uma questão lógica, objetos

relacionados a obrigações de fazer e não fazer, com exceção de quando a obrigação de

fazer vir agregada de obrigação de entregar, podendo assim fazer a consignação.

Tem-se em vista que não se pode fazer a consignação de obrigação ilíquida,

pois o instituto constitui uma modalidade de pagamento, sendo assim seu objeto deve

1 Theodoro Júnior, Humberto. Curso de Processo Civil – Procedimentos especiais. Rio de Janeiro: Forense, 2010, v.3

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ser líquido, ou seja, deve ser certo, e enquanto isso não ocorre com a obrigação ilíquida,

esta não poderá fazer parte do rol que abrange este estudo.

Outro ponto convertido seria o depósito em consignação de coisa ou valor

não necessariamente validaria um contrato, pois o depósito valida apenas o pagamento,

não podendo utilizar da consignação “com a finalidade de antecipar ou desviar ação

própria, a decisão sobre dúvida ou divergência entre as parte” (RT 482/126).

2.3. Legitimidade

2.3.1. Legitimidade ativa

Tem legitimidade para a propositura da ação tanto o devedor quanto um

terceiro, que tenha interesse na extinção da obrigação. O terceiro não interessado tem a

legitimidade para pagar, assim como para consignar o pagamento, não se sub-rogando

nos direitos do credor (art. 305 do CC).

2.3.2. Legitimidade passiva

A ação é promovida contra o credor, ou havendo vários credores. Nessa

segunda hipótese, forma-se litisconsórcio passivo. Igualmente, se a ação for fundada em

dúvida quanto e quem pagar, deverá ser promovida contra todos os possíveis credores.

2.4. Competência

O foro competente para a ação de consignação é o do lugar do pagamento

(art. 891 CPC), que em regra é o domicilio do devedor ( art. 327, 1ª parte, do CC).

Contudo há a possibilidade de estabelecer um foro para o pagamento, como nos casos

de duvida a quem se deve pagar e consequentemente ao lugar de realização do

pagamento, a ação pode ser proposta em qualquer domicilio dos réus (art. 94,§ 4°, do

CPC).

Tendo em vista o artigo 891, em seu parágrafo único, quando não

estabelecido o foro de entrega de corpo em que não esta no domicilio do devedor, o

devedor poderá propor a ação consignatória no local do corpo, porque a natureza da

obrigação determina que La o objeto deve ser entregue.

No caso de imóveis o foro competente é o do imóvel, observa-se a regra do

artigo 328 do Código Civil, e no caso de consignação de aluguéis, o foro competente

também é o do imóvel, salvo quando houver clausula expressa no contrato sobre tal foro

de eleição.

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2.5. Hipóteses e cabimento da Consignação

Tais hipóteses estão elencadas no artigo 335 do Código Civil atual, assim

sendo:

Art. 335: “a consignação tem lugar”:

I- “Se o credor não puder, ou, sem justa causa

receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma.”

Esta situação é a mais corriqueira, pode o credor não receber por seus

motivos, ou por não ter condições de receber o corpo, o credor deve receber se devido e

dentro de lei, pois o adimplemento da divida é um direito do devedor, o qual não quer

cair em mora, nem mesmo arcar com os ônus provenientes do não pagamento, e na

recusa cairá o credor em mora.

II- “Se o credor não for, nem mandar receber a coisa

no lugar, tempo e condições devidos.”

Nessa hipótese trata da situação em que cabe ai credor receber a coisa, caso

de dúvida quérable. A primeira situação já vista PE caso de dívida portable. Aqui, a

iniciativa deve ser do credor. Se este se mantém inerte, abre a possibilidade da

consignação ao devedor. Como já vimos, porém, não tem o devedor de ingressar com a

consignação para caracterizar a mora creditoris. O conteúdo da consignação, contudo,

como sempre, deve ser o de toda a obrigação. Essa situação pressupõe a hipótese em

que a obrigação deve ser cumprida fora do domicilio do credor e este se mantém inerte.

III- “se o credor for incapaz de receber, for

desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar

incerto ou de acesso perigoso ou difícil.”

Nesse caso foi adicionado no inciso relativo a incapacidade do credor, o

qual estando neste estado não pode dar quitação a divida, e não havendo que faça por

ele o adimplemento deve ser feito mediante consignação. Em via de regra não existe

credor desconhecido, mas pode acontecer da morte do credor, e o devedor não saber

Page 5: Ação de consignação em pagamento.doc

quem são os herdeiros, motivo pelo qual a consignação deve ser acionada novamente.

Quando declarado ausente o credor, por medida judicial, deverá ter um curador

nomeado, sendo este que terá total legitimidade para receber o corpo. Tratando-se de

local perigoso ou de difícil acesso não é obrigado o devedor dirigir-se ao domicilio do

credor para entregar a res devida se o local foi declarado em calamidade pública, em

face de um epidemia ou de uma inundação, claro que nessas situações nem mesmo a

ação poderá ser proposta no domicílio do credor.

IV- “se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente

receber o objeto do pagamento.”

Como ocorre na máxima de quem paga mal pagará duas vezes. São muitas

as situações em que na prática, veremos o devedor em dúvida quanto a quem pagar. O

credor originário faleceu e apresentam-se vários sucessores para receber, por exemplo.

Tal não pode servir de empecilho a que i devedor obtenha a quitação por via do

pagamento. O art. 898 do CPC contempla o procedimento da hipótese, para o caso em

que não compareça nenhum dos demandados; quando comparece apenas um; e quando

comparece mais de um pretendente. A dúvida do consignante deve fundar-se em

motivos relevantes. Deve o juiz ter a cautela de obstar o devedor que se serve da ação

apenas com finalidade emulatória, ou seja de retardar o pagamento.

V- “Se perder litígio sobre o objeto do pagamento”

O litígio aí mencionado é entre o credor e terceiro. O devedor deve entregar

a coisa ao credor, coisa essa que está sendo reivindicada por terceiros. Deve o devedor

exonerar-se com a consignação. O credor e o terceiro é que resolverão, entre eles.

O artigo 336 do mesmo Codex determina:

"Para que a consignação tenha força de pagamento, será

mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo

e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o

pagamento ". 

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Ensina Maria Helena Diniz ao tecer comentários acerca de tal dispositivo

legal que "Será imprescindível para que a consignação tenha força de pagamento (...). A

consignação deverá ser: livre, não estando sujeita a condição que continha restrição

injusta ao direito do credor; completa, abrangendo a prestação devida, juros, frutos e

despesas; e real, ou seja, efetiva, mediante exibição da coisa, que é objeto da prestação,

(...). Será preciso a observância de todas as cláusulas estipuladas no ato negocial para

que o depósito judicial seja considerado pagamento indireto. (...)". (in Código Civil

Anotado, 10a edição, reformulada à luz do Novo Código Civil, editora Saraiva, págs.

302/303, comentário acerca do artigo 336).

Na opinião de Flávio Tartuce, como o Código Civil de 2002 adotou um

sistema aberto, o rol descrito no artigo 335 é exemplificativo (numerus apertus), sendo

admitidas outras situações de pagamento em consignação. Cite-se, por exemplo, o caso

de consignação para a revisão do conteúdo do contrato, hipótese não descrita

nominalmente no referido artigo.

Tem legitimação ad causam para a ação de consignação o próprio devedor

ou o terceiro interessado na quitação da dívida, em consonância com o artigo 304 do

Código Civil.

Após a demonstração das hipóteses fáticas de cabimento da ação de

consignação em pagamento, mister consignar ainda a estrutura da petição inicial da

consignação, bem como seus requerimentos necessários, para que tal ação possa se

desenvolver validamente.

Há que se considerar as hipóteses legais previstas no artigo 164 do Código

Tributário Nacional:

Art. 164. A importância de crédito tributário pode ser

consignada judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos:

I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao

pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao

cumprimento de obrigação acessória;

II - de subordinação do recebimento ao cumprimento de

exigências administrativas sem fundamento legal;

III - de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de

direito público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato

gerador.

Page 7: Ação de consignação em pagamento.doc

Conclui-se assim que a lei dessa maneira, procura evitar que o devedor fique

à mercê do arbítrio ou da malicia do credor, ou que corra risco de pagar mal e não

conseguir meios hábeis para a extinção da obrigação, em caso de dúvidas quanto à

pessoa e aos direitos do possível credor.

Por fim, para Pontes de Miranda os pressupostos da consignação em

pagamento são: a) a mora do credor e; b) o risco de pagamento ineficaz.

2.6. Liquidez da prestação devida

Em primeiro lugar, deve-se considerar o conteúdo do art. 336 do Código

Civil que dispõe que o pagamento em consignação se sujeita aos mesmos requisitos de

eficácia do pagamento voluntario.

Para tanto, sabendo-se que somente é exigível divida certa e líquida, é

importante a liquidação do quantum debeatur, pois, sem esse, não constitui o devedor

em mora.

Em contrapartida, embora, num primeiro momento, se tenha sustentado a

impossibilidade de propositura de ações consignatória sem a devida liquidação da

dívida, segundo Humberto Theodoro Jr. a jurisprudência atual é firme no sentido de que

a ação comporta ampla discussão sobre a natureza, a origem e o valor da obrigação,

quando controvertidos, podendo o debate, de tal sorte, versar sobre o na e o quantum

debeatur, “mesmo que se tenha que examinar intrincados aspectos de fato e complexas

questões de direito”2

2.7. Consignação principal e incidental

È possível a cumulação de pedidos na ação em testilha, desde que

desprezado o rito especial da ação de consignação em pagamento, e verificada a

unidade, observe-se o procedimento ordinário.

Nesse caso, haverá ação de consignação principal e incidental.

A título de exemplificação, segundo HTJ, é perfeitamente possível pedir-se

o deposito do preço para se obter acolhida do pedido principal relativo ao direito de

preferência; ou, em qualquer contrato sinalagmático, é admissível o pedido de depósito

da prestação própria, para se executar a outra a cargo do demandado.

2 STJ 4. T., AI n. 326.383/BA- AgRg., Rel Min. Barros Monteiro, ac. De 19.02.2002

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2.8. Obrigação de prestações periódicas

O art. 892 do CPC dispõe sobre as obrigações que tem como objeto

prestações periódicas.

Segundo aludido dispositivo legal uma vez consignada a primeira prestação,

pode se utilizar de um só processo para promover o depósito das diversas prestações em

que se divide uma só obrigação.

Como forma de exemplificar este dispositivo temos as vendas a crédito, os

alugueis e salários.

2.9. Quebra da sequência de depósitos periódicos

O art. 892 do CPC permite que o devedor continue consignando as

prestações vincendas, no prazo de até 05 (cinco) dias de sua exigibilidade.

Transcorrido este prazo in albis precluir-se-à o direito de consignar a

prestação morosa.

Há de se atentar, entretanto, que o direito do devedor depositar as prestações

vincendas trata-se de faculdade que poderá ou não ser exercida, já que, a mora

creditoris, segundo HTJ, que autorizou o depósito da prestação inicial, subsiste mesmo

após o estabelecimento do processo e a efetivação do aludido depósito.

Por isso, continua HTJ, a consignação das prestações periódicas continua

sendo não uma obrigação do autor, mas uma simples faculdade.

2.10. O procedimento especial da consignatória

2.10.1. A petição inicial na Ação Consignatória

Preceitua o artigo 893 do CPC:

ART 893. O autor, na petição inicial, requererá:

I – o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser

efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados do

deferimento, ressalvada a hipótese do § 3º do artigo 890;

II – a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer

resposta.

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O dispositivo em questão propõe-se a disciplinar os particularíssimos

requerimentos de depósito e citação que devem constar da petição inicial da ação de

consignação em pagamento. Como se vê, trata-se de regra que excepciona os artigos

213, 282, 297, ao mesmo tempo em que antecipa o conteúdo do despacho liminar

positivo que o juiz profere nesse procedimento especial e, consequentemente, o

conteúdo da carta de citação a ser enviada pelo escrivão ao réu.

Por meio do inciso I do artigo 893 do CPC, fica abolida a audiência de

oblação para o prévio oferecimento da quantia ou da coisa ao credor e instituído o

simples depósito, a ser realizado pelo devedor no prazo estabelecido no texto.

No inciso II do artigo 893 do CPC, diferentemente do que ocorre nos

procedimentos em geral, em que o sujeito passivo da ação e do processo é citado apenas

para se defender (art. 213), na ação de consignação em pagamento, o réu é citado para

praticar um entre dois atos que o referido inciso lhe faculta: levantar o depósito que foi

realizado de acordo com o inciso I ou oferecer resposta.

Não oferecida a contestação e decorrendo os efeitos da revelia, o juiz julgará

procedente o pedido, declarando extinta a obrigação (art. 897 do CPC).

2.11. Obrigações alternativas

Se a obrigação acordada for alternativa, cabendo ao devedor operar a

fungibilidade, far-se-á a consignação nos moldes do tópico anterior.

Já, em contrapartida, se a fungibilidade ficar a cargo do credor, a ação de

consignação em pagamento deverá respeitar os requisitos do art. 894 do CPC, de forma

que, a citação que chama o credor a compor o polo passivo da demanda terá as

seguintes opções, segundo HTJ:

a) Exercer, em cinco dias, no prazo da Lei ou do

contrato, o direito de escolha, sob pena de ser a

faculdade devolvida ao autor (devedor);

b) Comparecer no dia, local e hora designados pelo juiz

para receber a prestação escolhida, sob pena de

depósito;

c) Contestar a ação, caso não aceite a oferta.

2.12. Efeitos jurídicos do levantamento do depósito

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Se levantado o depósito pelo credor, antes do julgamento, extingue-se o

processo com julgamento de mérito, reconhecendo-se a procedência do pedido do autor

(devedor). Não poderá, destarte, o credor recorrer da validade do depósito, pois opera-

se, neste ato, a preclusão lógica.

Após o transito em julgado, é direito do credor levantá-lo. Como

sucumbente da ação, entretanto, deverá levantar sua parte descontando as custas

processuais e os honorários advocatícios devidos.

2.13. Efeitos da revelia do demandado

Ainda que seja expressa a contumácia do réu, os efeitos dessa não serão

aplicados ao procedimento em tela, já que, a ação de consignação em pagamento é

deposito em favor do credor.

Destarte, a qualquer momento, pode o credor comparecer para levantar o

depósito, ainda que revel.

Em contrapartida, se demonstrada a revelia do autor, entende a acertada

doutrina que deverá o juiz julgar extinta a ação de consignação em pagamento,

condenando o réu nas custas processuais e honorários advocatícios.

2.14. Levantamento do deposito pelo devedor

O levantamento do depósito pelo autor da ação equivale a sua desistência,

devendo o juiz extinguir o processo sem julgamento de mérito com base no art. 267, n.

VII, e parágrafo 4.

O levantamento poderá ser feito até a contestação por escolha do autor.

Entretanto, após essa, somente poderá ser feito mediante autorização do réu.

2.15. Contestação

Conforme dispõe o art.896 do CPC, o prazo para o réu se manifestar sobre

a pretensão do autor é de 15 (quinze) dias.

Nessa oportunidade, segundo HTJ, os temas que o demandado pode utilizar

para contrapor ao pedido do promovente são:

a) Inocorrência de recusa ou mora em receber a

prestação;

b) Houve a recusa, mas foi justa;

Page 11: Ação de consignação em pagamento.doc

c) Depósito feito fora do prazo ou do lugar do

pagamento;

d) Depósito não-integral.

Em caso de depósito não-integral, faculta ao autor, após a matéria ser

sustentada em contestação, completar o depósito, no prazo de 10 (dez) dias, conforme o

art.899 do CPC.

O parágrafo primeiro do art. 899 faculta ao credor levantar, in liminis, a

quantia depositada e, ao mesmo tempo, contestar pela insuficiência do depósito.

No caso em apreço a ação de consignação tramitará pra discutir se é devido

valor maior e o seu quantum.

O parágrafo segundo do artigo em análise, estabelece que a sentença que

fixar a existência de valor maior que deveria ter sido depositado, valerá como título

executivo judicial ao credor.

2.16. Da sentença

A sentença que reconhece a procedência do pedido é de caráter

declaratória.

O art. 897 estabelece que o juiz ao declarar extinta a obrigação condenará o

réu ao pagamento das custas e honorários advocatício.

Deve-se atentar ao caso de que, se o credor alegar em sua defesa que o

deposito é insuficiente e, em seguida, o autor depositar o valor, reconhecendo a

procedência da alegação do credor, deverá o juiz, quando extinguir o processo,

condenar o autor nos honorários e custar processuais.

Quando se tratar de situação do art. 899, parágrafo segundo, a sentença terá

caráter condenatória.

2.17. Peculiaridades da consignação em caso de dúvida quanto à titularidade do

credor

Sendo conhecido do devedor, os possíveis credores, a citação será feita

pessoalmente. Entretanto, não sendo o caso, a citação será feita por edital, com a

observância dos art. 231 e 232 do CPC, e com a nomeação de curador especial, no caso

de revelia – art. 9, n. I do CPC.

O deposito, nesses casos, deverá ser oferecido antes da citação dos pretensos

credores.

Page 12: Ação de consignação em pagamento.doc

O art.898 do CPC trata dos efeitos jurídicos das possíveis aparições dos que

se autointitulam credores.

Conforme a regra em apreço, se restar ausente todos os pretendentes, o

tratamento aos bem depositados será igual ao dado pelo nosso ordenamento jurídico aos

bens dos ausentes, ou seja, o deposito será arrecadado por ordem judicial e confiado a

um curador do ausente.

Por outro lado, se comparecer de apenas um pretendente, caberá ao juiz

apreciar suas alegações e provas de que possui o credito em análise. Se o juiz

considerar, pelas provas apresentadas, que o interessado é realmente o credor desidioso,

deverá julgar questão incidental para permitir que o credor levante a quantia depositada.

Feito isso, extinguir-se-á o processo com julgamento de mérito, condenando, para tanto,

o credor nas custas processuais e honorários advocatícios.

Por fim, se aparecer mais de um interessado se autointitulando credor, o

processo sofre desmembramento, de forma a estabelecer, segundo HTJ, uma relação

processual entre o devedor e o bloco de pretensos credores e outra relação processual

entre os diversos disputantes do pagamento.

O fato de aparecer mais de um interessado se proclamando credor é prova

cabal de que o devedor estava certo em ofertar a ação consignatória.

Destarte, conforme o art.898 “o juiz declarará efetuado o depósito e extinta

a obrigação, continuando o processo a correr unicamente entre os credores”. Para

tanto, os encargos sucumbências deverão ser deduzidos do montante depositado, de

forma que, o pretenso credor vitorioso do deslinde processual, pague as custas

antecipadamente.

2.18. Da enfiteuse

Conforme o artigo 49 das Disposições Transitórias da Constituição Federal:

"A lei disporá sobre o instituto da enfiteuse em imóveis urbanos, sendo

facultada aos foreiros, no caso de sua extinção, a remição dos aforamentos mediante

aquisição do domínio direto, na conformidade do que dispuserem os respectivos

contratos."

Esse art. abriu precedente para a extinção da enfiteuse que veio, somente,

acontecer com o advento do Código Civil de 2002.

O art. Art. 2.038 do referido diploma legal estabeleceu:

Page 13: Ação de consignação em pagamento.doc

Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses, subordinando-se

as existentes, até sua extinção, às disposições do Código Civil anterior, e leis

posteriores.

§ 1o Nos aforamentos a que se refere este artigo é defeso:

I - cobrar laudêmio ou prestação análoga nas transmissões de bem aforado,

sobre o valor das construções ou plantações;

II - constituir subenfiteuse.

§ 2o A enfiteuse dos terrenos de marinha e acrescidos, regula-se por lei

especial.”

Destarte, após o advento do novo Código Civil, salvo os casos de terrenos

da União de propriedade da Marinha, ficou proibida a criação de novas enfiteuses.

Em contrapartida, as já existentes antes da entrada em vigor do Código civil

de 2002, continuaram a existir, conforme as regras do Código Civil de 1916.

O Código Civil de 1916 previa a faculdade dada ao foreiro de se livrar deste

direito real sobre coisa alheia.

Para tanto, se o titular do domínio útil permanecer nessa condição jurídica

pelo prazo de, ao menos, 10 (dez) anos, pode resgatar a enfiteuse “mediante o

pagamento de um laudêmio, que será de dois e meio por cento sobre o valor atual da

propriedade plena, e de 10 (dez) pensões anuais”.

Caso o senhorio se recuse a receber tais valores de resgate, cabe ação de

consignação em pagamento dos referidos valores.

2.19. A consignação de obrigação em dinheiro

Neste caso, o devedor terá duas opções:

Tem a opção de consigna o valor, na forma prevista pelo art. 893 do CPC

ou, por outro lado, deposita o valor da obrigação em agencia bancária oficial do local de

onde deveria ser satisfeita a obrigação e comunica o credor através de carta com aviso

de recebimento, assinando-lhe prazo de 10(dez) dias para manifestação de recusa (art.

890, parágrafo primeiro).

Segundo HTJ, a manifestação de recusa poderá ser feita por escrito no

próprio banco depositário (parágrafo terceiro). Decorrido o prazo sem manifestação do

credor, a quantia ficará a disposição do credor na conta bancária e reputar-se-á o

devedor liberado da obrigação (parágrafo segundo).

Page 14: Ação de consignação em pagamento.doc

Se o credor recusar o depósito em tempo hábil, poderá o depositante propor

ação de consignação em pagamento no prazo de 30 (trinta) dias (parágrafo terceiro).

Humberto Theodoro Jr. afirma, ainda, que se o depositante não propuser a

consignatória nos trinta dias seguintes à recusa, o deposito bancário ficará sem efeito e

poderá ser levantado por aquele que o promovei (parágrafo quarto).

3. Questões

3.1. Questões de Múltipla Escolha

1- Henrique Melo propôs contra Luís Cardoso ação de consignação em pagamento, no

dia 10 de março de 1998, distribuída para a lª vara cível da comarca de Terramares,

alegando que o locador do imóvel em que reside recusou-se a receber o aluguel mensal

vencido no dia 05 de março de 1998, O locador, por sua vez, propôs, no dia 15 de março

de 1998, contra o aludido locatário uma ação de despejo, distribuída para a 2ª vara cível

da comarca de Terramares, afirmando estar o locatário inadimplente com o pagamento

do aluguel vencido. O juiz da 2ª vara cível julgou, no dia 21 de julho de 1998,

procedente o pedido de despejo, sem que em primeiro grau tivesse sido alegada a

conexão de tais ações. Henrique Melo apresentou recurso de apelação contra a sentença

proferida, arguindo, preliminarmente, a sua nulidade, sob o argumento de que os

aludidos processos deveriam ter sido reunidos e julgados simultaneamente. Pediu,

portanto, o acolhimento da preliminar para que os autos retomassem à primeira

instância, a fim de ser efetivada a pleiteada reunião. Quanto à questão suscitada, é

correto afirmar que:

a) deverá ser acolhida, visto que o juízo da lª vara cível se tornou prevento para julgar as

ações conexas, já que a de consignação em pagamento foi primeiramente distribuída;

b) deverá ser acolhida, visto que a conexão pode ser conhecida de oficio pelo juiz, o que

faz com que possa ser alegada a qualquer momento, mesmo que os processos estejam

tramitando em instâncias distintas;

c) não deverá ser acolhida, porque, julgada uma das ações, não mais se justifica a

reunião dos processos, posto que a conexão somente ocorre na mesma instância;

d) não deverá ser acolhida, porque, mesmo sendo as ações conexas, não há qualquer

possibilidade de que venham a ser proferidas decisões divergentes;

Page 15: Ação de consignação em pagamento.doc

2- Sobre a ação de consignação em pagamento, marque a opção CORRETA:

a) Tratando-se de prestações periódicas, o devedor é obrigado a propor, para cada

parcela que se for vencendo, uma ação de consignação específica;

b) O autor requererá ao juiz autorização para depositar a quantia ou coisa devida

somente após o trânsito em julgado da sentença que julga procedente o pedido de

consignação;

c) Quando a contestação o réu alegar que o depósito não é integral, é lícito ao autor

completá-lo, dentro em dez (10) dias, salvo se corresponder a prestação, cujo

inadimplemento acarrete a solução do contrato;

d) Se o réu alegar na contestação que o depósito é insuficiente, fica impedido de

levantar, desde logo, a parte incontroversa da quantia ou da coisa depositada.

3- Álvaro, diante da recusa de Márcio em receber o pagamento de prestação devida em

razão de contrato entre ambos, propôs contra o credor ação de consignação em

pagamento da importância da qual se considerava devedor. O réu contestou a ação,

alegando, preliminarmente, que era incabível a consignação, pois o autor estava em

mora, e que a quantia ofertada era inferior àquela prevista no contrato, pois estava em

desacordo com cláusula que previa expressamente a forma de incidência de juros e de

taxa de variação cambial para o reajuste da prestação. Não poderia, assim, a discussão

acerca da validade da cláusula contratual - suscitada pelo autor - ser objeto de exame na

consignatória, por ser esta ação de cognição sumária. Após a contestação, o credor

ajuizou execução da prestação em atraso, fundada no contrato firmado entre as partes,

havendo o juiz determinado a suspensão da execução até o julgamento da

consignatória. Em face dessa situação hipotética, julgue os itens a seguir:

I. A divergência das partes na interpretação de cláusula contratual relativa ao reajuste

da prestação não exclui, por si só, o cabimento da ação de consignação em pagamento.

Compete ao órgão judicial fixar o entendimento correto e julgar procedente ou

improcedente o pedido, conforme seja bastante ou não o depósito.

II. O juiz agiu equivocadamente ao determinar a suspensão da execução, pois a

propositura da ação de consignação não obsta a que o credor, de posse de título

executivo, proponha contra o devedor execução daquela mesma dívida, inexistindo

litispendência na hipótese.

III. A natureza jurídica da consignatória é de "execução às avessas", porque proposta

Page 16: Ação de consignação em pagamento.doc

pelo devedor, daí porque a defesa do credor não é feita por contestação mas por

embargos, esgotando-se a cognição do juiz na questão relativa ao valor da prestação e à

recusa do credor.

IV. Poderia o devedor, em vez de propor ação judicial, efetuar o depósito em favor do

credor em conta com correção monetária em agência bancária, sem que necessitasse

obter alvará judicial autorizando o depósito, o qual, uma vez não-recusado pelo credor,

importaria em liberação do devedor da obrigação.

V. Se, na consignação, o juiz decidir que o valor do depósito é suficiente, porque nula a

cláusula que previa a incidência de reajuste com base na variação cambial, julgando

procedente a ação, pode o credor ajuizar ação ordinária para receber a diferença a que

entende fazer jus, não podendo o devedor alegar coisa julgada, já que os pedidos das

ações não são idênticos.

Estão certos apenas os itens:

a) I, II e III.

b) I, II e IV.

c) II, IV e V.

d) III, IV e V.

4- Quando a ação de consignação em pagamento se fundar em dúvida sobre quem deva

legitimamente receber e comparecendo apenas um pretendente, conforme disposição no

CPC é CORRETO afirmar que o Juiz:

a) determinará a conversão do depósito em arrecadação de bens de ausentes.

b) declarará efetuado o depósito e extinta a obrigação.

c) decidirá de plano.

d) declarará efetuado o depósito, extinta a obrigação, continuando o processo a correr

unicamente entre os credores.

Page 17: Ação de consignação em pagamento.doc

5- Caio propõe ação de consignação em pagamento em face de Tício e Semprônio,

alegando que tem dúvida de quem efetivamente é credor de uma obrigação que contraiu

de agar R$100.000,00 (cem mil reais). Processada a demanda, o juiz determinou a

citação dos réus, tendo cada um oferecido sua contestação, limitando-se, ambos, a

afirmar sua condição de credor da obrigação. Diante desses fatos, o juiz deve:

a) julgar extinta a obrigação e determinar o prosseguimento da demanda para que

seja declarado o efetivo credor da obrigação.

b) julgar extinta a demanda, na medida em que o autor tem que individualizar o réu na

demanda, não sendo admitida a cumulação subjetiva passiva.

c) julgar extinta a demanda, declarando cumprida a obrigação, devendo qualquer um

dos réus que tenha interesse em receber a quantia, propor demanda em face do outro,

pelo procedimento ordinário, para que seja proferida sentença cognitiva declarando o

verdadeiro credor.

d) extinguir a demanda sem julgamento de mérito, na medida em que não se admite a

propositura de demanda com base em dúvida, pois se trata de elemento subjetivo que

extrapola os limites do conceito de lide.

3.2. Questões dissertativas

1 – Qual a finalidade da consignação em pagamento?

Resposta: È o meio do qual o devedor pode libertar-se, efetuando o depósito judicial,

da prestação devida, quando recusar-se o credor a recebê-la ou se para esse recebimento

houver qualquer motivo impeditivo legal. Assim, considera-se pagamento e extingue a

obrigação o depósito judicial da coisa devida, nos casos e formas legais.

2 – O atraso do devedor o impede de valer-se da consignação?

Resposta: Não, ainda que o devedor já esteja em mora, o credor não pode recusar-se a

receber o pagamento, desde que prestação ainda lhe seja útil e venha acompanhada de

todos os acréscimos e encargos decorrentes do atraso. Simples atraso do devedor-

consignante não o impede de se valer de consignação, é o que decidiu o colendo

Superior Tribunal de Justiça: “Tempo para consignar. Enquanto ao devedor é permitido

pagar, admite-se requerer o depósito em consignação”.

3– Onde será proposta a ação de consignação?

Page 18: Ação de consignação em pagamento.doc

Resposta: O lugar do pagamento determina onde será proposta a ação consignatória, se

a dívida for portável e se não houver foro de eleição no contrato, seguir-se-á a norma

geral, e a demanda será proposta no domicílio do réu. Se a obrigação for quesível, será

proposta no foro do domicílio de autor salvo evento foro de eleição. Tais regras são da

competência relativa, não podendo o juiz, reconhecer de ofício a incompetência.

4- Quando a obrigação for constituída por prestações periódicas, como deverá proceder

o devedor?

Resposta: Se for obrigação de trato sucessivo com prestações periódicas contendo

vencimentos sucessivos, consignada à primeira, poderá o devedor continuar a consignar

no mesmo processo e sem maiores formalidades, e à medida que forem vencendo, desde

que os depósitos sejam efetivados dentro dos cinco dias da data de vencimento.

5– Qual a conseqüência jurídica da falta de depósito das parcelas vencidas no curso da

ação, ou de alguma delas?

Resposta: A falta do depósito das prestações vencidas durante o trâmite da ação

consignatória, não trará prejuízo para o devedor no que se refere às parcelas já

depositadas, e nesse caso, pode ocorrer a sentença com eficácia liberatória parcial

extinguindo apenas as obrigações a estas correspondentes.

7- É cabível a reconvenção na consignatória?

Resposta: A reconvenção não é incompatível com a índole da ação consignatória, desde

haja mantenha conexão entre esta e com o fundamento de defesa. O caráter dúplice da

consignatória não impede a reconvenção, porque restrito à cobrança de saldo

remanescente, quando insuficiente o depósito. Esse é o entendimento de Marcus

Vinicius Rios Gonçalves.

Entretanto, parte da doutrina acredita que o instituto da reconvenção não é compatível

com a ação consignatória em face exatamente do seu caráter dúplice.

A nosso ver a divergência doutrinária encontra solução favorável ao instituto

reconvencional. Por exemplo, ajuizada a consignação em pagamento de prestações

sucessivas de certo contrato, poderá o réu reconvir postulando a rescisão contratual. A

reconvenção seguirá normalmente as regras gerais, aplicando-se supletoriamente as

regras pertinentes do procedimento ordinário.

Cita-se ainda os seguintes julgados:

Page 19: Ação de consignação em pagamento.doc

- Modernamente, é entendimento pacífico de nossos tribunais o cabimento do pedido

reconvencional da ação de consignação em pagamento, à vista, ainda, de incorrer

distinção de rito, entre essas ações e, também, em atenção aos princípios de economia e

celeridade processuais. RO 1.525-77, 10.4.78, 1ª T TRT, 3ª R Rel. Juiz José Carlos

Guimarães, in Alexandre de Paula, ob. sup.. cit., VII, p. 497, V. 15.116).

- A reconvenção tem por finalidade excluir, no todo ou em parte, a pretensão do autor,

sendo, à evidência, inadimissível se oferecida em ação de consignação em pagamento

pretendendo a inclusão de outros créditos e prestações incompatíveis com o pedido

original. (AI 219.663-2, 3.5.88, 5ª C 2º TACSP, Rel. Juiz Sebastião Amorin, in RT 635-

257).

- Tendo a consignação em pagamento natureza declaratória, não há como recusar-se o

cabimento da reconvenção se tanto o pedido principal como a reconvenção têm por

fundamento o mesmo contrato. ( AP. 92.714-2, 27.6.85, 11ª CC TJSP, Rel. Des. Odyr

Porto, in RT 601-97).

7– A alegação de insuficiência do depósito, pelo réu, impedirá que ele faça o

levantamento judicial do referido valor?

Resposta: Mesmo o réu não concordando com o valor do depósito, entendendo que

valor maior deveria ter sido depositado pelo devedor ou pelo terceiro, observamos que a

lei processual permite o levantamento da quantia ofertada (parcela incontroversa),

determinando liberação do autor-consignante determinando liberação do autor até o seu

limite, remanescendo a discussão jurídica em torno da diferença (primeiro parágrafo do

art. 899 do CPC). O levantamento em análise deve ser requerido pelo réu, sendo

materializado através de expedição de alvará judicial nos autos da consignatória.

4. Modelo de Petição Inicial da Ação de Consignação em Pagamento

Excelentíssimo Doutor Juiz de Direito da nº (_____) Vara Cível da Comarca de

(_____).

Page 20: Ação de consignação em pagamento.doc

....., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º ....., com sede na Rua ....., n.º ....., Bairro ......, Cidade ....., Estado ....., CEP ....., representada neste ato por seu (sua) sócio(a) gerente Sr. (a). ....., brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador (a) do CIRG nº ..... e do CPF n.º ....., por intermédio de seu advogado (a) e bastante procurador (a) (procuração em anexo - doc. 01), com escritório profissional sito à Rua ....., nº ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde recebe notificações e intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor

AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

em face de

....., brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador (a) do CIRG n.º ..... e do CPF n.º ....., residente e domiciliado (a) na Rua ....., n.º ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.

DOS FATOS

A ora Requerente, em data de ...., celebrou com o primeiro Requerido, ...., "Contrato de intermediação com Opção de Venda", através do qual o Requerido contratou os serviços de intermediação da Requerente objetivando promover a venda do apartamento n.º .... do Conjunto Residencial ...., situado nesta Capital, na Rua ...., pelo preço e condições ajustadas no referido "Contrato de Intermediação com Opção de Venda", doc. nº ...., em anexo.

A Requerente, dando cumprimento às condições ajustadas no "Contrato de Intermediação com Opção de Venda", após desenvolver ampla campanha publicitária, em data de ...., ainda durante a vigência da opção, logrou êxito em promover a venda objeto da opção à segunda Requerida ...., nas condições ajustadas no "Recibo de Sinal de Negócio e Princípio de Pagamento", doc. ...., em anexo.

Na ocasião da assinatura do "Recibo de Sinal de Negócio e Princípio de Pagamento", a Requerente, na qualidade de intermediária , recebeu da segunda requerida ...., a importância de R$ ...., representada pelo cheque nº ...., sacado contra o Banco ...., a título de sinal de negócio. Acontece, porém, que, realizada a intermediação, a Requerente entrou em contato com o primeiro Requerido, para a concretização final do negócio, porém até a data presente não logrou êxito em sua conclusão, ante a manifesta intenção do primeiro requerido em não concretizar o negócio.

DO DIREITO

Page 21: Ação de consignação em pagamento.doc

Exercendo a Requerente simplesmente a condição de INTERMEDIÁRIA e não encontrando forma amigável para a concretização do negócio, na forma da lei, pretende se desonerar da obrigação, ou seja, se liberar da importância recebida a título de sinal de negócio que se encontra em seu poder.

Dispõe a norma do art. 335, inciso IV, do Código Civil Brasileiro:"Art. 335: A consignação tem lugar: IV - Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento. V. Esgotados todos os meios amigáveis e suasórios para uma composição amigável, a ora Requerente vê-se compelida a ingressar com a presente medida judicial".

DOS PEDIDOS

DIANTE DO EXPOSTO, requer a Vossa Excelência, que se digne autorizar o depósito da importância de R$ ...., consoante dispõe a norma do art. 895 do CPC e após, determinar a citação dos Requeridos .... e ...., nos endereços mencionados, o primeiro através de mandado e a segunda através de carta precatória, para que no prazo legal, venham disputar e provar o seu direito, prosseguindo-se a ação com relação aos Requeridos, declarando-se efetuado o depósito e extinta a obrigação da Requerente, "ex vi" a norma do art. 898 do CPC, condenando os requeridos ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, estes fixados em 20% sobre o valor do depósito.

Requer , que a citação e demais atos processuais sejam realizados, se necessário for, com a faculdade contida no art. 172, § 2º do CPC.

Indica-se como meio de provas o depoimento pessoal dos Requeridos, sob pena de confesso, inquirição de testemunhas, cujo rol será apresentado oportunamente em Cartório e a Juntada de novos documentos.

Dá-se à causa o valor de R$ .....

Nesses Termos. Pede Deferimento.

[Local], [dia] de [mês] de [ano].

[Assinatura do Advogado]

[Número de Inscrição na OAB]

4.1. Modelo de Petição diante de hipótese prevista pelo artigo 164 do CTN

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ___ VARA DA

SEÇÃO JUDICIÁRIADE SÃO PAULO/SP.

Page 22: Ação de consignação em pagamento.doc

 

[nome do cliente], nacionalidade, profissão, portador do RG e CPF..., residente e domiciliado na [endereço], por seu advogado infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 282 e 890 e seguintes, do CPC, bem assim com supedâneo no art. 164, III, do CTN, propor a presente

AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO

em face da União e do Município de São Paulo, pelos motivos de fato e de direito abaixo articulados.

1. DOS FATOS

O Autor é proprietário de uma chácara localizada na cidade de São Paulo/SP, tendo recebido notificação de IPTU daquele Município, bem como notificação de ITR, haja vista o entendimento da União de que tal imóvel está localizado em gleba rural.

O Autor, desejando extinguir o crédito tributário, dirigiu-se à repartição fiscal, com o fito de efetuar o pagamento, porém encontrou óbices na consecução de tal intento, uma vez que, pagando para um dos entes, não estaria adimplindo a obrigação tributária para com o outro.

Em face da iminência de uma dupla tributação, com o que não concorda o Demandante, pretende, com a presente, obter o pronunciamento jurisdicional favorável, capaz de liberá-lo dos efeitos nocivos da bitributação em comento, uma vez que intenciona pagar, mas pagar apenas para um dos dois entes tributantes interessados na percepção do crédito tributário.

Diante da dupla exigência de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador, o Autor teve de recorrer ao Poder Judiciário, a fim de que o pagamento seja feito a um dos dois sujeitos ativos, restando saber a quem pagar, se à União, ou à Municipalidade de Campinas.

2. DOS DIREITOS

O art. 164, III, do CTN, dispõe ser cabente a Ação de Consignação em Pagamento, quando mais de um ente tributante pretender cobrar um ou mais tributos sobre o mesmo fato gerador. Tal situação versa sobre o instituto jurídico da “bitributação”, prevista no Código Tributário, e de todo condenável, havendo medida judicial apta a sanar a dupla

Page 23: Ação de consignação em pagamento.doc

invasão patrimonial pleiteada pelos Fiscos no caso “sub examine”.

Não se torna despiciendo salientar que o fenômeno da bitributação não deve ser tolerado, pela simples impossibilidade de solidariedade ativa na relação jurídica tributária, sendo atentatório, ao direito público subjetivo do contribuinte, o posicionamento, por mais de uma Fazenda Pública, no pólo ativo da obrigação tributária.

O Autor foi surpreendido, na data tal, com o recebimento de notificações expedidas pelo Fisco Federal, bem como pelo Fisco Municipal, desejosos de perceberem, respectivamente, o ITR, pela propriedade de imóvel localizado na área rural, e o IPTU, pela propriedade de imóvel localizado na zona urbana, do município de São Paulo.

“Ex positis”, não restou ao Autor outra saída senão interpor a presente Consignatória, para o fim de pagar o tributo ao sujeito ativo detentor da competência tributária e para obter a quitação do tributo para vários fins.

3. DOS PEDIDOS

Diante do exposto, o Autor requer a Vossa Excelência que se digne de:a) autorizar o depósito judicial, na quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), evitando-se a mora e suspendendo-se o crédito tributário, em consonância com o art. 151, II, do CTN;b) julgar procedente a ação, reputando-se efetuado o pagamento e convertendo-se a importância consignada em renda da União ou Município de São Paulo, nos termos do art. 156, VIII, do CTN, com a presente extinção do crédito tributário;

c) citar a União e o Município de São Paulo, nas pessoas de seus representantes legais, para que compareçam a Juízo, assinalando-lhes o prazo para levantar o depósito — caso uma das Partes se declare não detentora da competência — ou ofereçam as respectivas razões de estilo;

d) condenar a União ou Município de São Paulo nas custas e honorários advocatícios;

e) produzir todas as provas em Direito admitidas.

Dá-se à causa o valor de R$ 5.000,00.

Termos em que,

Pede deferimento.

Page 24: Ação de consignação em pagamento.doc

São Pauto, dia, mês e ano

Nome do Advogado

[OAB do advogado]

5. Jurisprudências temáticas

5.1. Tribunais de Justiça

Acórdão: Apelação Cível n. 7.025.605-8, da comarca de São

Paulo. Relator: Des. Francisco Giaquinto. Data da decisão:

21.08.2007.

ACÓRDÃO. EMENTA: Consignação em pagamento - Justa

recusa do banco credor, ante a insuficiência dos valores

depositados judicialmente - Pretensão de consignar, com

efeito de extinção da obrigação, valor das prestações em

discordância com o pactuado - Inadmissibilidade - Vigente

na hipótese o princípio do pacta sunt servanda - Justa recusa

que encontra embasamento no art. 896, II, do CPC -

Sentença mantida - APELAÇÃO NEGADA. De fato, ante a

validade contratual, vige na hipótese o princípio da força

vinculante do contrato (pacta sunt servanda).Daí que cabia ao

autor-devedor cumprir com a obrigação nos termos em que

pactuados. E, alegação de que somente depois do pagamento das

primeiras quatorze parcelas o valor correspondente às mesmas

lhe pareceu ilegal e abusivo, não afasta o descumprimento

contratual, tampouco a sua mora, que autorizam a ré a recusar o

pagamento. Justa, portanto, a recusa da apelada em receber as

parcelas em atraso e em valores bem inferiores aos pactuados,

valores estes, repita-se, unilateralmente calculados pelo

apelante. Ante o exposto, nega-se provimento à apelação,

mantendo-se a r. sentença por seus próprios e jurídicos

fundamentos. Presidiu o julgamento o Desembargador

CORREIA LIMA (com voto), e dele participou o

Page 25: Ação de consignação em pagamento.doc

Desembargador ARO TORRES JÚNIOR (Revisor). São Paulo,

21 de Agosto de 2007. FRANCISCO GIAQUINTO RELATOR.

EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. SFH. AÇÃO DE

CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO AJUIZADA COMO

PREPARATÓRIA DE AÇÃO REVISIONAL DE

CONTRATO DE MÚTUO. NATUREZA CAUTELAR.

INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. PRECEDENTES.

EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO.

APELAÇÃO PREJUDICADA.1. A Autora ingressou com

ação de consignação em pagamento preparatória de ação

principal em que se discute revisão de prestações e saldo

devedor.2. Esta Corte Regional consolidou entendimento pela

impossibilidade de utilização da ação de consignação em

pagamento como sucedâneo de ação cautelar 3. Apelação a que

se nega provimento. (18168 MG 0018168-97.2001.4.01.3800,

Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL CARLOS

MOREIRA ALVES, Data de Julgamento: 03/10/2011, SEXTA

TURMA, Data de Publicação: e-DJF1 p.86 de 10/10/2011)

5.2. Superior Tribunal de Justiça

RECURSO ESPECIAL Nº 1.005.727 - RJ (2007/0265849-

9).RELATOR : MINISTRO LUIS FELIPE

SALOMÃO.RECORRENTE : DARCY

LAUDELINO.ADVOGADO : AUGUSTO VIANA

PAMPOLHA.RECORRIDO : SANDRA ALVES

HORTAADVOGADO : REGINA PAIXÃO LINHARES E

OUTRO(S).

EMENTA.DIREITO PROCESSUAL CIVIL. RECURSO

ESPECIAL. SEGUNDA FASE DO PROCEDIMENTO DE

PRESTAÇÃO DE CONTAS. REDISCUSSÃO DE

MATÉRIA PRECLUSA. INVIABILIDADE. PARTE QUE

PRESTA CONTAS E, POSTERIORMENTE, PRETENDE

IMPUGNAR ESSAS MESMAS CONTAS. CONDUTA

Page 26: Ação de consignação em pagamento.doc

CONTRADITÓRIA, VEDADA ÀS PARTES DA

RELAÇÃO PROCESSUAL. CONSIGNAÇÃO EM

PAGAMENTO DO DÉBITO. VIABILIDADE.

PREQUESTIONAMENTO. IMPRESCINDIBILIDADE. 1.

A questão relativa à legitimidade da autora - herdeira do sócio

majoritário - para propor ação de prestação de contas em face do

sócio, que gere a sociedade empresária, no interesse dos

herdeiros, não comporta rediscussão nos autos, visto que já foi

decidida no acórdão, que pôs fim à primeira fase do

procedimento da prestação de contas, estando preclusa. 2. Como

é cediço, a ação de prestação de contas tem duas fases, sendo

que na primeira é verificado se assiste ao autor o direito de

exigir a prestação de contas que, acaso existente, resulta na

abertura da segunda fase do mesmo procedimento, no qual será

apreciada as contas apresentadas e o eventual saldo existente.

Como houve preclusão para discussão acerca da legitimidade

ativa da recorrida - matéria decidida na primeira fase do

procedimento-, e foram julgadas boas as contas prestadas pelo

próprio recorrente, não há falar em decisão que extrapola os

limites do pedido exordial, pois o princípio da boa-fé objetiva

obsta à parte assumir comportamentos contraditórios no decorrer

da relação processual, sendo, pois, vedado o venire

contrafactum proprium.3. Recurso especial não conhecido.

ACÓRDÃO. A Quarta Turma, por unanimidade, não conhecer

do recurso especial, nos termos do voto do Senhor Ministro

Relator. Os Srs. Ministros Raul Araújo, Maria Isabel Gallotti,

Antonio Carlos Ferreira e Marco Buzzi votaram com o Sr.

Ministro Relator. Documento: 22158945 - EMENTA /

ACORDÃO - Site certificado - DJe: 15/05/2012 Superior

Tribunal de Justiça. Brasília (DF), 24 de abril de 2012(Data do

Julgamento). MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO. Relator

AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.300.092 - PR

(2011/0302667-7).RELATOR: MINISTRO HUMBERTO

Page 27: Ação de consignação em pagamento.doc

MARTINS. AGRAVANTE: COMPANHIA DE

SANEAMENTO DO PARANÁ – SANEPAR. ADVOGADO:

FERNANDO BLASZKOWSKI E OUTRO(S). AGRAVADO :

CONDOMÍNIO EDIFÍCIO HARRY MULLER.

ADVOGADO : ANDERSON MANIQUE. INTERES. :

MUNICÍPIO DE CORONEL VIVIDA.

EMENTA. PROCESSUAL CIVIL. FORNECIMENTO DE

ÁGUA E DE ESGOTO SANITÁRIO. AÇÃO DE

CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. INADEQUAÇÃO

DA VIA ELEITA. EXTINÇÃO DO PROCESSO, SEM

RESOLUÇÃO DE MÉRITO. PRETENSÃO DE

REEXAME DE PROVA. SÚMULA 7/STJ. REFORMATIO

IN PEJUS. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.

SÚMULA 211 DO STJ. 1. O Tribunal a quo, com base em

elementos de convicção dos autos, extinguiu o feito, sem

resolução do mérito, por inadequação da via eleita, tendo em

vista a ausência de comprovação da recusa da ora agravante em

receber o montante entendido pelo agravado como correto. 2.

Inviável, nesta via recursal, revisar o referido entendimento, por

demandar incursão no contexto fático-probatório dos autos.

Incidência da Súmula 7/STJ. 3. Impõe-se o não conhecimento

do recurso especial por ausência de prequestionamento,

entendido como o necessário e indispensável exame da questão

pela decisão atacada, apto a viabilizar a pretensão recursal.

Incidência da Súmula 211/STJ. Agravo regimental improvido.

ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos os autos em que são

partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda

Turma do Superior Tribunal de Justiça: "A Turma, por

unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos

termos do voto do Sr. Ministro-Relator, sem destaque e em

bloco." Os Srs. Ministros Herman Benjamin (Presidente), Mauro

Campbell Marques, Documento: 21356120 - EMENTA /

ACORDÃO - Site certificado - DJe: 03/04/2012. Página 1 de 2.

Superior Tribunal de Justiça. Asfor Rocha e Castro Meira

Page 28: Ação de consignação em pagamento.doc

votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília (DF), 27 de março

de 2012(Data do Julgamento). MINISTRO HUMBERTO

MARTINS. Relator.

5.3. Supremo Tribunal Federal

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE

INSTRUMENTO. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO DE

PAGAMENTO. PRETENSÃO DE PARCELAMENTO DA

DÍVIDA. PETIÇÃO INICIAL INDEFERIDA.

CONTROVÉRSIA DE ÍNDOLE ESTRITAMENTE

PROCESSUAL. ALEGAÇÃO DE AFRONTA ÀS

GARANTIAS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO.

OFENSA REFLEXA. INOVAÇÃO DAS RAZÕES

RECURSAIS. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES.1.

Questão restrita ao âmbito infraconstitucional, que não enseja

apreciação em recurso extraordinário.2. Ofensa às garantias

constitucionais do processo, se existente, apenas ocorreria de

modo reflexo ou indireto.3. A questão que não fez parte das

razões do recurso extraordinário, nem foi debatida na instância

judicante origem constitui inovação insuscetível de ser apreciada

nesta oportunidade. Precedentes: AI 493.214-AgR, da relatoria

do ministro Sepúlveda Pertence; RE 346.599-AgR, da relatoria

do ministro Sepúlveda Pertence; AI 482.041-AgR, da relatoria

do ministro Eros Grau; e o AI 500.501-AgR, da relatoria do

ministro Gilmar Mendes.: AI 493.214- AI 500.501-4. Agravo

regimental desprovido. (844190 RS , Relator: Min. AYRES

BRITTO, Data de Julgamento: 07/06/2011, Segunda Turma,

Data de Publicação: DJe-182 DIVULG 21-09-2011 PUBLIC

22-09-2011 EMENT VOL-02592-03 PP-00464)

EMENTA: DEPÓSITOS - AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM

PAGAMENTO. Pendente o deslinde sobre o titular de valores a

serem recolhidos, tem-se como adequado o depósito à

Page 29: Ação de consignação em pagamento.doc

disposição do órgão no qual tramita a ação de consignação em

pagamento. (960 PA , Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Data

de Julgamento: 25/06/2008, Tribunal Pleno, Data de Publicação:

DJe-162 DIVULG 28-08-2008 PUBLIC 29-08-2008 EMENT

VOL-02330-01 PP-00011 LEXSTF v. 30, n. 359, 2008, p. 59-

66)

6. Súmulas temáticas

Observação: O tema “ação de consignação em pagamento” não está disposto em

súmulas de maneira específica, o conteúdo sumulado se refere ao ICMS, imposto que

recai sobre vendas e consignações. A única súmula que faz referência pungente ao tema

foi cancelada, mas esta aqui alencada apenas à título de conhecimento.

6.1. Tribunais Regionais Federais

SÚMULA Nº 47 – TRF-1ªRG - CANCELADA

A AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO, EM VIRTUDE DA SUA

NATUREZA DECLARATÓRIA, É IMPRÓPRIA PARA A DISCUSSÃO DO

REAJUSTE DA PRESTAÇÃO DOS CONTRATOS HABITACIONAIS, QUER

COMO SUBSTITUTIVO DA AÇÃO DE RITO ORDINÁRIO, QUER COMO

SUCEDÂNEO DA AÇÃO CAUTELAR.

7. Resumo informativo 459 do Superior Tribunal de Justiça

Apenas a título de complementação, e não obstante a ausência de súmulas, é

imprescindível admitir que existam importantes julgados que apontam para assuntos que

gozam de entendimento pacifico nos Tribunais.

Para elucidação do tema sita-se parte do Informativo 459 do Superior

Tribunal de Justiça que dispõe sobre a aceitação da cumulação de pedidos na ação

consignatória, assunto já tratado por este trabalho.

Entende-se por obvio que o entendimento esposado não caracteriza a

existência de súmula no assunto, mas inegável se faz a importância dos precedentes

apresentados.

CONSIGNAÇÃO. PAGAMENTO. CUMULAÇÃO.

PEDIDOS. INSUFICIÊNCIA. DEPÓSITO. A Turma reiterou

Page 30: Ação de consignação em pagamento.doc

o entendimento de que, em ação consignatória, é possível a

ampla discussão sobre o débito, inclusive com o exame de

validade de cláusulas contratuais. Assim, admite-se a cumulação

de pedidos de revisão de cláusulas de contrato e de consignação

em pagamento das parcelas tidas como devidas por força do

mesmo negócio jurídico. Quanto à cautelar, no caso, a inicial

requer a entrega das chaves do imóvel sob pena de multa diária,

bem como a assinatura da escritura de compra e venda do

imóvel em relação ao qual, na consignatória, discute-se o valor

da prestação, portanto da dívida pendente. Logo, foi intentada

incidentalmente sem natural propósito de acessoriedade, mas

como uma segunda lide principal ou, quando menos, uma

complementação de pedidos à primeira. Assim, a Turma

conheceu em parte do recurso especial e lhe deu provimento

para extinguir a ação cautelar sem julgamento do mérito, por

impossibilidade jurídica dos pedidos formulados (art. 267, VI,

do CPC) e julgou procedente, apenas em parte, a ação

consignatória, considerando a insuficiência do depósito e a

transformação do saldo sentenciado em título executivo.

Precedentes citados: REsp 448.602-SC, DJ 17/2/2003; AgRg

no REsp 41.953-SP, DJ 6/10/2003; REsp 194.530-SC, DJ

17/12/1999; REsp 616.357-PE, DJ 22/8/2005, e REsp 275.979-

SE, DJ 9/12/2002. REsp 645.756-RJ, Rel. Min. Aldir

Passarinho Junior, julgado em 7/12/2010.

Page 31: Ação de consignação em pagamento.doc

Bibliografia

GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Procedimentos Especiais. Série Sinopses

Jurídicas. São Paulo, Editora Saraiva, 4ª edição, 2005.

JUNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual Civil – Procedimentos

Especiais, Rio de Janeiro, Editora Forense, 2007.

OLIVEIRA, Francisco de Assis e Alex Sander Xavier Pires. Curso de Direito

Processual Civil. Volume 3. Rio de Janeiro. Editora Freitas Bastos. 2004.

VENOSA, Sílvio de Salvo. Teoria Geral de Direito Civil e Teoria Geral dos Contratos.

Volume III, São Paulo, Editora Atlas, 10ª. Edição, 2007.

WAMBIER, Luiz Rodrigues e Flávio Renato Correia de Almeida e Eduardo Talamini.

Curso Avançado de Processo Civil. Volume 3 (Processo Cautelar e Procedimentos

Especiais), São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 5ª edição, revista, atualizada e

ampliada, 2003.

Page 32: Ação de consignação em pagamento.doc

Integrantes do Grupo 9 do 4º ano A Diurno:

Adauto Nogueira nº 01

André Albergaria nº 00

Andrezza Rosiane Sanches........................ nº 00

Fábio Coelho Aniceto................................ nº 32

Gabrielle Restini Vecchi Marques (responsável) nº 42

Heitor Gaeta de Araújo nº 00

Marina Monteiro nº 66

Tema: Ação de Consignação em Pagamento

Trabalho entregue à Faculdade de

Direito de Franca para obtenção da

nota bimestral na disciplina de

Direito Processual Civil III.

O Trabalho será entregue no dia 12

de Junho de 2012 e apresentado

oralmente no dia 19 de Junho de

2012.

Page 33: Ação de consignação em pagamento.doc

Franca

2012