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Tema: Ação de Consignação em Pagamento
Artigos 890 a 900 do Código de Processo Civil.
1. Origem histórica do instituto
A ação de consignação em pagamento é uma forma especial ou indireta de
pagamento. Tem sua origem do Direito Romano, surgiu como forma anormal e forçada
de cumprimento da prestação, caso houvesse recusa do credor em receber o pagamento
ofertado na forma, no tempo e no modo devidos, um direito do devedor de honrar sua
palavra e satisfazer a dívida.
Consignar vem do latim consignare, que significa tornar conhecido, pôr em
depósito, e é empregado no sentido de depositar quantia em dinheiro. O pagamento em
consignação se fazia nos santuários, templos, ou em qualquer local indicado pelo juiz
competente, os romanos usavam seus templos na esperança que os escrúpulos religiosos
evitassem o roubo.
2. Introdução ao tema
2.1. Conceito
O instituto da consignação tem a natureza mista, tendo em face da
possibilidade do depósito ser feito extrajudicialmente ou se caso necessário o
ajuizamento da ação contra o credor, sendo assim, é uma matéria processual quanto
material propriamente dita, na qual visa o pagamento e tem como base a boa-fé do
devedor, sendo a realização do pagamento da divida, de forma coativa, contraída com
anuência do credor, ou em seu silencio, a realização de tal, obedecendo todos os
encargos provenientes do débito e possibilidades exemplificadas em lei, o pagamento
sendo feito mediante depósito, ou em juízo para que o devedor exonere do encargo,
assim sendo, não somente o credor tem o direito de exigir o cumprimento das
obrigações, como também o devedor tem o direito ao adimplemento, pois a mora não é
interessante a ele como todo o ônus que acompanham o não pagamento.
Desse modo, “trata-se a consignação em pagamento, portanto, do instituto
jurídico colocado à disposição do devedor para que, ante o obstáculo ao recebimento
criado pelo credor ou quaisquer outras circunstâncias impeditivas do pagamento, exerça,
por depósito da coisa, o direito de adimplir a prestação, liberando-se do liame
obrigacional “ (STOLZE GALGLIANO, Pablo e PAMPOLONA FILHO, Rodolfo).
Seguindo o pensamento a grande doutrinadora Maria Helena Diniz discorre sobre o
assunto falando “ o pagamento em consignação pode ser definido como o meio indireto
do devedor exonerar-se de liame obrigacional, consistente no depósito judicial ou em
estabelecimento bancário da coisa devida, nos casos e formas da lei”.
2.1.2. Natureza do instituto da consignação
Atualmente, a doutrina majoritária reconhece que a ação de consignação em
pagamento possui natureza hibrida, ou seja, a) pertence ao direito processual no que
tange à forma pela qual se realiza –procedimento através do qual se exercita em juízo a
pretensão de consignar; b) pertence ao direito substantivo, quanto aos efeitos de direito
civil que produz – consignação como modalidade de extinção das obrigações1
2.2. Objeto da Consignação
A consignação, pela letra da lei pode ter como objeto bens móveis e
imóveis, estando relacionada com uma obrigação de dar. Havendo a consignação em
dinheiro vale ressaltar a natureza de o depósito ter a característica mista, podendo o
devedor optar pelo depósito extrajudicial ou pelo ajuizamento da competente ação de
consignação em pagamento, ou seja, um instituto hibrido sendo de direito civil e de
direito processual civil ao mesmo tempo. Há também que se observar alguns preceitos
para a validação da consignação possa ser realizada em depósito em dinheiro, assim
sendo, o devedor deve observar os requisitos do pagamento direto , inclusive quanto ao
tempo e lugar (art. 336 do CC). Como regra geral o pagamento deve ocorrer no local
acertado, que constar no instrumento obrigacional (arts. 337de CC e 891 do CPC)
afastando o incidente de juros moratórios e riscos da dívida.
Não se pode fazer consignação, por uma questão lógica, objetos
relacionados a obrigações de fazer e não fazer, com exceção de quando a obrigação de
fazer vir agregada de obrigação de entregar, podendo assim fazer a consignação.
Tem-se em vista que não se pode fazer a consignação de obrigação ilíquida,
pois o instituto constitui uma modalidade de pagamento, sendo assim seu objeto deve
1 Theodoro Júnior, Humberto. Curso de Processo Civil – Procedimentos especiais. Rio de Janeiro: Forense, 2010, v.3
ser líquido, ou seja, deve ser certo, e enquanto isso não ocorre com a obrigação ilíquida,
esta não poderá fazer parte do rol que abrange este estudo.
Outro ponto convertido seria o depósito em consignação de coisa ou valor
não necessariamente validaria um contrato, pois o depósito valida apenas o pagamento,
não podendo utilizar da consignação “com a finalidade de antecipar ou desviar ação
própria, a decisão sobre dúvida ou divergência entre as parte” (RT 482/126).
2.3. Legitimidade
2.3.1. Legitimidade ativa
Tem legitimidade para a propositura da ação tanto o devedor quanto um
terceiro, que tenha interesse na extinção da obrigação. O terceiro não interessado tem a
legitimidade para pagar, assim como para consignar o pagamento, não se sub-rogando
nos direitos do credor (art. 305 do CC).
2.3.2. Legitimidade passiva
A ação é promovida contra o credor, ou havendo vários credores. Nessa
segunda hipótese, forma-se litisconsórcio passivo. Igualmente, se a ação for fundada em
dúvida quanto e quem pagar, deverá ser promovida contra todos os possíveis credores.
2.4. Competência
O foro competente para a ação de consignação é o do lugar do pagamento
(art. 891 CPC), que em regra é o domicilio do devedor ( art. 327, 1ª parte, do CC).
Contudo há a possibilidade de estabelecer um foro para o pagamento, como nos casos
de duvida a quem se deve pagar e consequentemente ao lugar de realização do
pagamento, a ação pode ser proposta em qualquer domicilio dos réus (art. 94,§ 4°, do
CPC).
Tendo em vista o artigo 891, em seu parágrafo único, quando não
estabelecido o foro de entrega de corpo em que não esta no domicilio do devedor, o
devedor poderá propor a ação consignatória no local do corpo, porque a natureza da
obrigação determina que La o objeto deve ser entregue.
No caso de imóveis o foro competente é o do imóvel, observa-se a regra do
artigo 328 do Código Civil, e no caso de consignação de aluguéis, o foro competente
também é o do imóvel, salvo quando houver clausula expressa no contrato sobre tal foro
de eleição.
2.5. Hipóteses e cabimento da Consignação
Tais hipóteses estão elencadas no artigo 335 do Código Civil atual, assim
sendo:
Art. 335: “a consignação tem lugar”:
I- “Se o credor não puder, ou, sem justa causa
receber o pagamento, ou dar quitação na devida forma.”
Esta situação é a mais corriqueira, pode o credor não receber por seus
motivos, ou por não ter condições de receber o corpo, o credor deve receber se devido e
dentro de lei, pois o adimplemento da divida é um direito do devedor, o qual não quer
cair em mora, nem mesmo arcar com os ônus provenientes do não pagamento, e na
recusa cairá o credor em mora.
II- “Se o credor não for, nem mandar receber a coisa
no lugar, tempo e condições devidos.”
Nessa hipótese trata da situação em que cabe ai credor receber a coisa, caso
de dúvida quérable. A primeira situação já vista PE caso de dívida portable. Aqui, a
iniciativa deve ser do credor. Se este se mantém inerte, abre a possibilidade da
consignação ao devedor. Como já vimos, porém, não tem o devedor de ingressar com a
consignação para caracterizar a mora creditoris. O conteúdo da consignação, contudo,
como sempre, deve ser o de toda a obrigação. Essa situação pressupõe a hipótese em
que a obrigação deve ser cumprida fora do domicilio do credor e este se mantém inerte.
III- “se o credor for incapaz de receber, for
desconhecido, declarado ausente, ou residir em lugar
incerto ou de acesso perigoso ou difícil.”
Nesse caso foi adicionado no inciso relativo a incapacidade do credor, o
qual estando neste estado não pode dar quitação a divida, e não havendo que faça por
ele o adimplemento deve ser feito mediante consignação. Em via de regra não existe
credor desconhecido, mas pode acontecer da morte do credor, e o devedor não saber
quem são os herdeiros, motivo pelo qual a consignação deve ser acionada novamente.
Quando declarado ausente o credor, por medida judicial, deverá ter um curador
nomeado, sendo este que terá total legitimidade para receber o corpo. Tratando-se de
local perigoso ou de difícil acesso não é obrigado o devedor dirigir-se ao domicilio do
credor para entregar a res devida se o local foi declarado em calamidade pública, em
face de um epidemia ou de uma inundação, claro que nessas situações nem mesmo a
ação poderá ser proposta no domicílio do credor.
IV- “se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente
receber o objeto do pagamento.”
Como ocorre na máxima de quem paga mal pagará duas vezes. São muitas
as situações em que na prática, veremos o devedor em dúvida quanto a quem pagar. O
credor originário faleceu e apresentam-se vários sucessores para receber, por exemplo.
Tal não pode servir de empecilho a que i devedor obtenha a quitação por via do
pagamento. O art. 898 do CPC contempla o procedimento da hipótese, para o caso em
que não compareça nenhum dos demandados; quando comparece apenas um; e quando
comparece mais de um pretendente. A dúvida do consignante deve fundar-se em
motivos relevantes. Deve o juiz ter a cautela de obstar o devedor que se serve da ação
apenas com finalidade emulatória, ou seja de retardar o pagamento.
V- “Se perder litígio sobre o objeto do pagamento”
O litígio aí mencionado é entre o credor e terceiro. O devedor deve entregar
a coisa ao credor, coisa essa que está sendo reivindicada por terceiros. Deve o devedor
exonerar-se com a consignação. O credor e o terceiro é que resolverão, entre eles.
O artigo 336 do mesmo Codex determina:
"Para que a consignação tenha força de pagamento, será
mister concorram, em relação às pessoas, ao objeto, modo
e tempo, todos os requisitos sem os quais não é válido o
pagamento ".
Ensina Maria Helena Diniz ao tecer comentários acerca de tal dispositivo
legal que "Será imprescindível para que a consignação tenha força de pagamento (...). A
consignação deverá ser: livre, não estando sujeita a condição que continha restrição
injusta ao direito do credor; completa, abrangendo a prestação devida, juros, frutos e
despesas; e real, ou seja, efetiva, mediante exibição da coisa, que é objeto da prestação,
(...). Será preciso a observância de todas as cláusulas estipuladas no ato negocial para
que o depósito judicial seja considerado pagamento indireto. (...)". (in Código Civil
Anotado, 10a edição, reformulada à luz do Novo Código Civil, editora Saraiva, págs.
302/303, comentário acerca do artigo 336).
Na opinião de Flávio Tartuce, como o Código Civil de 2002 adotou um
sistema aberto, o rol descrito no artigo 335 é exemplificativo (numerus apertus), sendo
admitidas outras situações de pagamento em consignação. Cite-se, por exemplo, o caso
de consignação para a revisão do conteúdo do contrato, hipótese não descrita
nominalmente no referido artigo.
Tem legitimação ad causam para a ação de consignação o próprio devedor
ou o terceiro interessado na quitação da dívida, em consonância com o artigo 304 do
Código Civil.
Após a demonstração das hipóteses fáticas de cabimento da ação de
consignação em pagamento, mister consignar ainda a estrutura da petição inicial da
consignação, bem como seus requerimentos necessários, para que tal ação possa se
desenvolver validamente.
Há que se considerar as hipóteses legais previstas no artigo 164 do Código
Tributário Nacional:
Art. 164. A importância de crédito tributário pode ser
consignada judicialmente pelo sujeito passivo, nos casos:
I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao
pagamento de outro tributo ou de penalidade, ou ao
cumprimento de obrigação acessória;
II - de subordinação do recebimento ao cumprimento de
exigências administrativas sem fundamento legal;
III - de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de
direito público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato
gerador.
Conclui-se assim que a lei dessa maneira, procura evitar que o devedor fique
à mercê do arbítrio ou da malicia do credor, ou que corra risco de pagar mal e não
conseguir meios hábeis para a extinção da obrigação, em caso de dúvidas quanto à
pessoa e aos direitos do possível credor.
Por fim, para Pontes de Miranda os pressupostos da consignação em
pagamento são: a) a mora do credor e; b) o risco de pagamento ineficaz.
2.6. Liquidez da prestação devida
Em primeiro lugar, deve-se considerar o conteúdo do art. 336 do Código
Civil que dispõe que o pagamento em consignação se sujeita aos mesmos requisitos de
eficácia do pagamento voluntario.
Para tanto, sabendo-se que somente é exigível divida certa e líquida, é
importante a liquidação do quantum debeatur, pois, sem esse, não constitui o devedor
em mora.
Em contrapartida, embora, num primeiro momento, se tenha sustentado a
impossibilidade de propositura de ações consignatória sem a devida liquidação da
dívida, segundo Humberto Theodoro Jr. a jurisprudência atual é firme no sentido de que
a ação comporta ampla discussão sobre a natureza, a origem e o valor da obrigação,
quando controvertidos, podendo o debate, de tal sorte, versar sobre o na e o quantum
debeatur, “mesmo que se tenha que examinar intrincados aspectos de fato e complexas
questões de direito”2
2.7. Consignação principal e incidental
È possível a cumulação de pedidos na ação em testilha, desde que
desprezado o rito especial da ação de consignação em pagamento, e verificada a
unidade, observe-se o procedimento ordinário.
Nesse caso, haverá ação de consignação principal e incidental.
A título de exemplificação, segundo HTJ, é perfeitamente possível pedir-se
o deposito do preço para se obter acolhida do pedido principal relativo ao direito de
preferência; ou, em qualquer contrato sinalagmático, é admissível o pedido de depósito
da prestação própria, para se executar a outra a cargo do demandado.
2 STJ 4. T., AI n. 326.383/BA- AgRg., Rel Min. Barros Monteiro, ac. De 19.02.2002
2.8. Obrigação de prestações periódicas
O art. 892 do CPC dispõe sobre as obrigações que tem como objeto
prestações periódicas.
Segundo aludido dispositivo legal uma vez consignada a primeira prestação,
pode se utilizar de um só processo para promover o depósito das diversas prestações em
que se divide uma só obrigação.
Como forma de exemplificar este dispositivo temos as vendas a crédito, os
alugueis e salários.
2.9. Quebra da sequência de depósitos periódicos
O art. 892 do CPC permite que o devedor continue consignando as
prestações vincendas, no prazo de até 05 (cinco) dias de sua exigibilidade.
Transcorrido este prazo in albis precluir-se-à o direito de consignar a
prestação morosa.
Há de se atentar, entretanto, que o direito do devedor depositar as prestações
vincendas trata-se de faculdade que poderá ou não ser exercida, já que, a mora
creditoris, segundo HTJ, que autorizou o depósito da prestação inicial, subsiste mesmo
após o estabelecimento do processo e a efetivação do aludido depósito.
Por isso, continua HTJ, a consignação das prestações periódicas continua
sendo não uma obrigação do autor, mas uma simples faculdade.
2.10. O procedimento especial da consignatória
2.10.1. A petição inicial na Ação Consignatória
Preceitua o artigo 893 do CPC:
ART 893. O autor, na petição inicial, requererá:
I – o depósito da quantia ou da coisa devida, a ser
efetivado no prazo de 5 (cinco) dias contados do
deferimento, ressalvada a hipótese do § 3º do artigo 890;
II – a citação do réu para levantar o depósito ou oferecer
resposta.
O dispositivo em questão propõe-se a disciplinar os particularíssimos
requerimentos de depósito e citação que devem constar da petição inicial da ação de
consignação em pagamento. Como se vê, trata-se de regra que excepciona os artigos
213, 282, 297, ao mesmo tempo em que antecipa o conteúdo do despacho liminar
positivo que o juiz profere nesse procedimento especial e, consequentemente, o
conteúdo da carta de citação a ser enviada pelo escrivão ao réu.
Por meio do inciso I do artigo 893 do CPC, fica abolida a audiência de
oblação para o prévio oferecimento da quantia ou da coisa ao credor e instituído o
simples depósito, a ser realizado pelo devedor no prazo estabelecido no texto.
No inciso II do artigo 893 do CPC, diferentemente do que ocorre nos
procedimentos em geral, em que o sujeito passivo da ação e do processo é citado apenas
para se defender (art. 213), na ação de consignação em pagamento, o réu é citado para
praticar um entre dois atos que o referido inciso lhe faculta: levantar o depósito que foi
realizado de acordo com o inciso I ou oferecer resposta.
Não oferecida a contestação e decorrendo os efeitos da revelia, o juiz julgará
procedente o pedido, declarando extinta a obrigação (art. 897 do CPC).
2.11. Obrigações alternativas
Se a obrigação acordada for alternativa, cabendo ao devedor operar a
fungibilidade, far-se-á a consignação nos moldes do tópico anterior.
Já, em contrapartida, se a fungibilidade ficar a cargo do credor, a ação de
consignação em pagamento deverá respeitar os requisitos do art. 894 do CPC, de forma
que, a citação que chama o credor a compor o polo passivo da demanda terá as
seguintes opções, segundo HTJ:
a) Exercer, em cinco dias, no prazo da Lei ou do
contrato, o direito de escolha, sob pena de ser a
faculdade devolvida ao autor (devedor);
b) Comparecer no dia, local e hora designados pelo juiz
para receber a prestação escolhida, sob pena de
depósito;
c) Contestar a ação, caso não aceite a oferta.
2.12. Efeitos jurídicos do levantamento do depósito
Se levantado o depósito pelo credor, antes do julgamento, extingue-se o
processo com julgamento de mérito, reconhecendo-se a procedência do pedido do autor
(devedor). Não poderá, destarte, o credor recorrer da validade do depósito, pois opera-
se, neste ato, a preclusão lógica.
Após o transito em julgado, é direito do credor levantá-lo. Como
sucumbente da ação, entretanto, deverá levantar sua parte descontando as custas
processuais e os honorários advocatícios devidos.
2.13. Efeitos da revelia do demandado
Ainda que seja expressa a contumácia do réu, os efeitos dessa não serão
aplicados ao procedimento em tela, já que, a ação de consignação em pagamento é
deposito em favor do credor.
Destarte, a qualquer momento, pode o credor comparecer para levantar o
depósito, ainda que revel.
Em contrapartida, se demonstrada a revelia do autor, entende a acertada
doutrina que deverá o juiz julgar extinta a ação de consignação em pagamento,
condenando o réu nas custas processuais e honorários advocatícios.
2.14. Levantamento do deposito pelo devedor
O levantamento do depósito pelo autor da ação equivale a sua desistência,
devendo o juiz extinguir o processo sem julgamento de mérito com base no art. 267, n.
VII, e parágrafo 4.
O levantamento poderá ser feito até a contestação por escolha do autor.
Entretanto, após essa, somente poderá ser feito mediante autorização do réu.
2.15. Contestação
Conforme dispõe o art.896 do CPC, o prazo para o réu se manifestar sobre
a pretensão do autor é de 15 (quinze) dias.
Nessa oportunidade, segundo HTJ, os temas que o demandado pode utilizar
para contrapor ao pedido do promovente são:
a) Inocorrência de recusa ou mora em receber a
prestação;
b) Houve a recusa, mas foi justa;
c) Depósito feito fora do prazo ou do lugar do
pagamento;
d) Depósito não-integral.
Em caso de depósito não-integral, faculta ao autor, após a matéria ser
sustentada em contestação, completar o depósito, no prazo de 10 (dez) dias, conforme o
art.899 do CPC.
O parágrafo primeiro do art. 899 faculta ao credor levantar, in liminis, a
quantia depositada e, ao mesmo tempo, contestar pela insuficiência do depósito.
No caso em apreço a ação de consignação tramitará pra discutir se é devido
valor maior e o seu quantum.
O parágrafo segundo do artigo em análise, estabelece que a sentença que
fixar a existência de valor maior que deveria ter sido depositado, valerá como título
executivo judicial ao credor.
2.16. Da sentença
A sentença que reconhece a procedência do pedido é de caráter
declaratória.
O art. 897 estabelece que o juiz ao declarar extinta a obrigação condenará o
réu ao pagamento das custas e honorários advocatício.
Deve-se atentar ao caso de que, se o credor alegar em sua defesa que o
deposito é insuficiente e, em seguida, o autor depositar o valor, reconhecendo a
procedência da alegação do credor, deverá o juiz, quando extinguir o processo,
condenar o autor nos honorários e custar processuais.
Quando se tratar de situação do art. 899, parágrafo segundo, a sentença terá
caráter condenatória.
2.17. Peculiaridades da consignação em caso de dúvida quanto à titularidade do
credor
Sendo conhecido do devedor, os possíveis credores, a citação será feita
pessoalmente. Entretanto, não sendo o caso, a citação será feita por edital, com a
observância dos art. 231 e 232 do CPC, e com a nomeação de curador especial, no caso
de revelia – art. 9, n. I do CPC.
O deposito, nesses casos, deverá ser oferecido antes da citação dos pretensos
credores.
O art.898 do CPC trata dos efeitos jurídicos das possíveis aparições dos que
se autointitulam credores.
Conforme a regra em apreço, se restar ausente todos os pretendentes, o
tratamento aos bem depositados será igual ao dado pelo nosso ordenamento jurídico aos
bens dos ausentes, ou seja, o deposito será arrecadado por ordem judicial e confiado a
um curador do ausente.
Por outro lado, se comparecer de apenas um pretendente, caberá ao juiz
apreciar suas alegações e provas de que possui o credito em análise. Se o juiz
considerar, pelas provas apresentadas, que o interessado é realmente o credor desidioso,
deverá julgar questão incidental para permitir que o credor levante a quantia depositada.
Feito isso, extinguir-se-á o processo com julgamento de mérito, condenando, para tanto,
o credor nas custas processuais e honorários advocatícios.
Por fim, se aparecer mais de um interessado se autointitulando credor, o
processo sofre desmembramento, de forma a estabelecer, segundo HTJ, uma relação
processual entre o devedor e o bloco de pretensos credores e outra relação processual
entre os diversos disputantes do pagamento.
O fato de aparecer mais de um interessado se proclamando credor é prova
cabal de que o devedor estava certo em ofertar a ação consignatória.
Destarte, conforme o art.898 “o juiz declarará efetuado o depósito e extinta
a obrigação, continuando o processo a correr unicamente entre os credores”. Para
tanto, os encargos sucumbências deverão ser deduzidos do montante depositado, de
forma que, o pretenso credor vitorioso do deslinde processual, pague as custas
antecipadamente.
2.18. Da enfiteuse
Conforme o artigo 49 das Disposições Transitórias da Constituição Federal:
"A lei disporá sobre o instituto da enfiteuse em imóveis urbanos, sendo
facultada aos foreiros, no caso de sua extinção, a remição dos aforamentos mediante
aquisição do domínio direto, na conformidade do que dispuserem os respectivos
contratos."
Esse art. abriu precedente para a extinção da enfiteuse que veio, somente,
acontecer com o advento do Código Civil de 2002.
O art. Art. 2.038 do referido diploma legal estabeleceu:
Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses, subordinando-se
as existentes, até sua extinção, às disposições do Código Civil anterior, e leis
posteriores.
§ 1o Nos aforamentos a que se refere este artigo é defeso:
I - cobrar laudêmio ou prestação análoga nas transmissões de bem aforado,
sobre o valor das construções ou plantações;
II - constituir subenfiteuse.
§ 2o A enfiteuse dos terrenos de marinha e acrescidos, regula-se por lei
especial.”
Destarte, após o advento do novo Código Civil, salvo os casos de terrenos
da União de propriedade da Marinha, ficou proibida a criação de novas enfiteuses.
Em contrapartida, as já existentes antes da entrada em vigor do Código civil
de 2002, continuaram a existir, conforme as regras do Código Civil de 1916.
O Código Civil de 1916 previa a faculdade dada ao foreiro de se livrar deste
direito real sobre coisa alheia.
Para tanto, se o titular do domínio útil permanecer nessa condição jurídica
pelo prazo de, ao menos, 10 (dez) anos, pode resgatar a enfiteuse “mediante o
pagamento de um laudêmio, que será de dois e meio por cento sobre o valor atual da
propriedade plena, e de 10 (dez) pensões anuais”.
Caso o senhorio se recuse a receber tais valores de resgate, cabe ação de
consignação em pagamento dos referidos valores.
2.19. A consignação de obrigação em dinheiro
Neste caso, o devedor terá duas opções:
Tem a opção de consigna o valor, na forma prevista pelo art. 893 do CPC
ou, por outro lado, deposita o valor da obrigação em agencia bancária oficial do local de
onde deveria ser satisfeita a obrigação e comunica o credor através de carta com aviso
de recebimento, assinando-lhe prazo de 10(dez) dias para manifestação de recusa (art.
890, parágrafo primeiro).
Segundo HTJ, a manifestação de recusa poderá ser feita por escrito no
próprio banco depositário (parágrafo terceiro). Decorrido o prazo sem manifestação do
credor, a quantia ficará a disposição do credor na conta bancária e reputar-se-á o
devedor liberado da obrigação (parágrafo segundo).
Se o credor recusar o depósito em tempo hábil, poderá o depositante propor
ação de consignação em pagamento no prazo de 30 (trinta) dias (parágrafo terceiro).
Humberto Theodoro Jr. afirma, ainda, que se o depositante não propuser a
consignatória nos trinta dias seguintes à recusa, o deposito bancário ficará sem efeito e
poderá ser levantado por aquele que o promovei (parágrafo quarto).
3. Questões
3.1. Questões de Múltipla Escolha
1- Henrique Melo propôs contra Luís Cardoso ação de consignação em pagamento, no
dia 10 de março de 1998, distribuída para a lª vara cível da comarca de Terramares,
alegando que o locador do imóvel em que reside recusou-se a receber o aluguel mensal
vencido no dia 05 de março de 1998, O locador, por sua vez, propôs, no dia 15 de março
de 1998, contra o aludido locatário uma ação de despejo, distribuída para a 2ª vara cível
da comarca de Terramares, afirmando estar o locatário inadimplente com o pagamento
do aluguel vencido. O juiz da 2ª vara cível julgou, no dia 21 de julho de 1998,
procedente o pedido de despejo, sem que em primeiro grau tivesse sido alegada a
conexão de tais ações. Henrique Melo apresentou recurso de apelação contra a sentença
proferida, arguindo, preliminarmente, a sua nulidade, sob o argumento de que os
aludidos processos deveriam ter sido reunidos e julgados simultaneamente. Pediu,
portanto, o acolhimento da preliminar para que os autos retomassem à primeira
instância, a fim de ser efetivada a pleiteada reunião. Quanto à questão suscitada, é
correto afirmar que:
a) deverá ser acolhida, visto que o juízo da lª vara cível se tornou prevento para julgar as
ações conexas, já que a de consignação em pagamento foi primeiramente distribuída;
b) deverá ser acolhida, visto que a conexão pode ser conhecida de oficio pelo juiz, o que
faz com que possa ser alegada a qualquer momento, mesmo que os processos estejam
tramitando em instâncias distintas;
c) não deverá ser acolhida, porque, julgada uma das ações, não mais se justifica a
reunião dos processos, posto que a conexão somente ocorre na mesma instância;
d) não deverá ser acolhida, porque, mesmo sendo as ações conexas, não há qualquer
possibilidade de que venham a ser proferidas decisões divergentes;
2- Sobre a ação de consignação em pagamento, marque a opção CORRETA:
a) Tratando-se de prestações periódicas, o devedor é obrigado a propor, para cada
parcela que se for vencendo, uma ação de consignação específica;
b) O autor requererá ao juiz autorização para depositar a quantia ou coisa devida
somente após o trânsito em julgado da sentença que julga procedente o pedido de
consignação;
c) Quando a contestação o réu alegar que o depósito não é integral, é lícito ao autor
completá-lo, dentro em dez (10) dias, salvo se corresponder a prestação, cujo
inadimplemento acarrete a solução do contrato;
d) Se o réu alegar na contestação que o depósito é insuficiente, fica impedido de
levantar, desde logo, a parte incontroversa da quantia ou da coisa depositada.
3- Álvaro, diante da recusa de Márcio em receber o pagamento de prestação devida em
razão de contrato entre ambos, propôs contra o credor ação de consignação em
pagamento da importância da qual se considerava devedor. O réu contestou a ação,
alegando, preliminarmente, que era incabível a consignação, pois o autor estava em
mora, e que a quantia ofertada era inferior àquela prevista no contrato, pois estava em
desacordo com cláusula que previa expressamente a forma de incidência de juros e de
taxa de variação cambial para o reajuste da prestação. Não poderia, assim, a discussão
acerca da validade da cláusula contratual - suscitada pelo autor - ser objeto de exame na
consignatória, por ser esta ação de cognição sumária. Após a contestação, o credor
ajuizou execução da prestação em atraso, fundada no contrato firmado entre as partes,
havendo o juiz determinado a suspensão da execução até o julgamento da
consignatória. Em face dessa situação hipotética, julgue os itens a seguir:
I. A divergência das partes na interpretação de cláusula contratual relativa ao reajuste
da prestação não exclui, por si só, o cabimento da ação de consignação em pagamento.
Compete ao órgão judicial fixar o entendimento correto e julgar procedente ou
improcedente o pedido, conforme seja bastante ou não o depósito.
II. O juiz agiu equivocadamente ao determinar a suspensão da execução, pois a
propositura da ação de consignação não obsta a que o credor, de posse de título
executivo, proponha contra o devedor execução daquela mesma dívida, inexistindo
litispendência na hipótese.
III. A natureza jurídica da consignatória é de "execução às avessas", porque proposta
pelo devedor, daí porque a defesa do credor não é feita por contestação mas por
embargos, esgotando-se a cognição do juiz na questão relativa ao valor da prestação e à
recusa do credor.
IV. Poderia o devedor, em vez de propor ação judicial, efetuar o depósito em favor do
credor em conta com correção monetária em agência bancária, sem que necessitasse
obter alvará judicial autorizando o depósito, o qual, uma vez não-recusado pelo credor,
importaria em liberação do devedor da obrigação.
V. Se, na consignação, o juiz decidir que o valor do depósito é suficiente, porque nula a
cláusula que previa a incidência de reajuste com base na variação cambial, julgando
procedente a ação, pode o credor ajuizar ação ordinária para receber a diferença a que
entende fazer jus, não podendo o devedor alegar coisa julgada, já que os pedidos das
ações não são idênticos.
Estão certos apenas os itens:
a) I, II e III.
b) I, II e IV.
c) II, IV e V.
d) III, IV e V.
4- Quando a ação de consignação em pagamento se fundar em dúvida sobre quem deva
legitimamente receber e comparecendo apenas um pretendente, conforme disposição no
CPC é CORRETO afirmar que o Juiz:
a) determinará a conversão do depósito em arrecadação de bens de ausentes.
b) declarará efetuado o depósito e extinta a obrigação.
c) decidirá de plano.
d) declarará efetuado o depósito, extinta a obrigação, continuando o processo a correr
unicamente entre os credores.
5- Caio propõe ação de consignação em pagamento em face de Tício e Semprônio,
alegando que tem dúvida de quem efetivamente é credor de uma obrigação que contraiu
de agar R$100.000,00 (cem mil reais). Processada a demanda, o juiz determinou a
citação dos réus, tendo cada um oferecido sua contestação, limitando-se, ambos, a
afirmar sua condição de credor da obrigação. Diante desses fatos, o juiz deve:
a) julgar extinta a obrigação e determinar o prosseguimento da demanda para que
seja declarado o efetivo credor da obrigação.
b) julgar extinta a demanda, na medida em que o autor tem que individualizar o réu na
demanda, não sendo admitida a cumulação subjetiva passiva.
c) julgar extinta a demanda, declarando cumprida a obrigação, devendo qualquer um
dos réus que tenha interesse em receber a quantia, propor demanda em face do outro,
pelo procedimento ordinário, para que seja proferida sentença cognitiva declarando o
verdadeiro credor.
d) extinguir a demanda sem julgamento de mérito, na medida em que não se admite a
propositura de demanda com base em dúvida, pois se trata de elemento subjetivo que
extrapola os limites do conceito de lide.
3.2. Questões dissertativas
1 – Qual a finalidade da consignação em pagamento?
Resposta: È o meio do qual o devedor pode libertar-se, efetuando o depósito judicial,
da prestação devida, quando recusar-se o credor a recebê-la ou se para esse recebimento
houver qualquer motivo impeditivo legal. Assim, considera-se pagamento e extingue a
obrigação o depósito judicial da coisa devida, nos casos e formas legais.
2 – O atraso do devedor o impede de valer-se da consignação?
Resposta: Não, ainda que o devedor já esteja em mora, o credor não pode recusar-se a
receber o pagamento, desde que prestação ainda lhe seja útil e venha acompanhada de
todos os acréscimos e encargos decorrentes do atraso. Simples atraso do devedor-
consignante não o impede de se valer de consignação, é o que decidiu o colendo
Superior Tribunal de Justiça: “Tempo para consignar. Enquanto ao devedor é permitido
pagar, admite-se requerer o depósito em consignação”.
3– Onde será proposta a ação de consignação?
Resposta: O lugar do pagamento determina onde será proposta a ação consignatória, se
a dívida for portável e se não houver foro de eleição no contrato, seguir-se-á a norma
geral, e a demanda será proposta no domicílio do réu. Se a obrigação for quesível, será
proposta no foro do domicílio de autor salvo evento foro de eleição. Tais regras são da
competência relativa, não podendo o juiz, reconhecer de ofício a incompetência.
4- Quando a obrigação for constituída por prestações periódicas, como deverá proceder
o devedor?
Resposta: Se for obrigação de trato sucessivo com prestações periódicas contendo
vencimentos sucessivos, consignada à primeira, poderá o devedor continuar a consignar
no mesmo processo e sem maiores formalidades, e à medida que forem vencendo, desde
que os depósitos sejam efetivados dentro dos cinco dias da data de vencimento.
5– Qual a conseqüência jurídica da falta de depósito das parcelas vencidas no curso da
ação, ou de alguma delas?
Resposta: A falta do depósito das prestações vencidas durante o trâmite da ação
consignatória, não trará prejuízo para o devedor no que se refere às parcelas já
depositadas, e nesse caso, pode ocorrer a sentença com eficácia liberatória parcial
extinguindo apenas as obrigações a estas correspondentes.
7- É cabível a reconvenção na consignatória?
Resposta: A reconvenção não é incompatível com a índole da ação consignatória, desde
haja mantenha conexão entre esta e com o fundamento de defesa. O caráter dúplice da
consignatória não impede a reconvenção, porque restrito à cobrança de saldo
remanescente, quando insuficiente o depósito. Esse é o entendimento de Marcus
Vinicius Rios Gonçalves.
Entretanto, parte da doutrina acredita que o instituto da reconvenção não é compatível
com a ação consignatória em face exatamente do seu caráter dúplice.
A nosso ver a divergência doutrinária encontra solução favorável ao instituto
reconvencional. Por exemplo, ajuizada a consignação em pagamento de prestações
sucessivas de certo contrato, poderá o réu reconvir postulando a rescisão contratual. A
reconvenção seguirá normalmente as regras gerais, aplicando-se supletoriamente as
regras pertinentes do procedimento ordinário.
Cita-se ainda os seguintes julgados:
- Modernamente, é entendimento pacífico de nossos tribunais o cabimento do pedido
reconvencional da ação de consignação em pagamento, à vista, ainda, de incorrer
distinção de rito, entre essas ações e, também, em atenção aos princípios de economia e
celeridade processuais. RO 1.525-77, 10.4.78, 1ª T TRT, 3ª R Rel. Juiz José Carlos
Guimarães, in Alexandre de Paula, ob. sup.. cit., VII, p. 497, V. 15.116).
- A reconvenção tem por finalidade excluir, no todo ou em parte, a pretensão do autor,
sendo, à evidência, inadimissível se oferecida em ação de consignação em pagamento
pretendendo a inclusão de outros créditos e prestações incompatíveis com o pedido
original. (AI 219.663-2, 3.5.88, 5ª C 2º TACSP, Rel. Juiz Sebastião Amorin, in RT 635-
257).
- Tendo a consignação em pagamento natureza declaratória, não há como recusar-se o
cabimento da reconvenção se tanto o pedido principal como a reconvenção têm por
fundamento o mesmo contrato. ( AP. 92.714-2, 27.6.85, 11ª CC TJSP, Rel. Des. Odyr
Porto, in RT 601-97).
7– A alegação de insuficiência do depósito, pelo réu, impedirá que ele faça o
levantamento judicial do referido valor?
Resposta: Mesmo o réu não concordando com o valor do depósito, entendendo que
valor maior deveria ter sido depositado pelo devedor ou pelo terceiro, observamos que a
lei processual permite o levantamento da quantia ofertada (parcela incontroversa),
determinando liberação do autor-consignante determinando liberação do autor até o seu
limite, remanescendo a discussão jurídica em torno da diferença (primeiro parágrafo do
art. 899 do CPC). O levantamento em análise deve ser requerido pelo réu, sendo
materializado através de expedição de alvará judicial nos autos da consignatória.
4. Modelo de Petição Inicial da Ação de Consignação em Pagamento
Excelentíssimo Doutor Juiz de Direito da nº (_____) Vara Cível da Comarca de
(_____).
....., pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ sob o n.º ....., com sede na Rua ....., n.º ....., Bairro ......, Cidade ....., Estado ....., CEP ....., representada neste ato por seu (sua) sócio(a) gerente Sr. (a). ....., brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador (a) do CIRG nº ..... e do CPF n.º ....., por intermédio de seu advogado (a) e bastante procurador (a) (procuração em anexo - doc. 01), com escritório profissional sito à Rua ....., nº ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., onde recebe notificações e intimações, vem mui respeitosamente à presença de Vossa Excelência propor
AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
em face de
....., brasileiro (a), (estado civil), profissional da área de ....., portador (a) do CIRG n.º ..... e do CPF n.º ....., residente e domiciliado (a) na Rua ....., n.º ....., Bairro ....., Cidade ....., Estado ....., pelos motivos de fato e de direito a seguir aduzidos.
DOS FATOS
A ora Requerente, em data de ...., celebrou com o primeiro Requerido, ...., "Contrato de intermediação com Opção de Venda", através do qual o Requerido contratou os serviços de intermediação da Requerente objetivando promover a venda do apartamento n.º .... do Conjunto Residencial ...., situado nesta Capital, na Rua ...., pelo preço e condições ajustadas no referido "Contrato de Intermediação com Opção de Venda", doc. nº ...., em anexo.
A Requerente, dando cumprimento às condições ajustadas no "Contrato de Intermediação com Opção de Venda", após desenvolver ampla campanha publicitária, em data de ...., ainda durante a vigência da opção, logrou êxito em promover a venda objeto da opção à segunda Requerida ...., nas condições ajustadas no "Recibo de Sinal de Negócio e Princípio de Pagamento", doc. ...., em anexo.
Na ocasião da assinatura do "Recibo de Sinal de Negócio e Princípio de Pagamento", a Requerente, na qualidade de intermediária , recebeu da segunda requerida ...., a importância de R$ ...., representada pelo cheque nº ...., sacado contra o Banco ...., a título de sinal de negócio. Acontece, porém, que, realizada a intermediação, a Requerente entrou em contato com o primeiro Requerido, para a concretização final do negócio, porém até a data presente não logrou êxito em sua conclusão, ante a manifesta intenção do primeiro requerido em não concretizar o negócio.
DO DIREITO
Exercendo a Requerente simplesmente a condição de INTERMEDIÁRIA e não encontrando forma amigável para a concretização do negócio, na forma da lei, pretende se desonerar da obrigação, ou seja, se liberar da importância recebida a título de sinal de negócio que se encontra em seu poder.
Dispõe a norma do art. 335, inciso IV, do Código Civil Brasileiro:"Art. 335: A consignação tem lugar: IV - Se ocorrer dúvida sobre quem deva legitimamente receber o objeto do pagamento. V. Esgotados todos os meios amigáveis e suasórios para uma composição amigável, a ora Requerente vê-se compelida a ingressar com a presente medida judicial".
DOS PEDIDOS
DIANTE DO EXPOSTO, requer a Vossa Excelência, que se digne autorizar o depósito da importância de R$ ...., consoante dispõe a norma do art. 895 do CPC e após, determinar a citação dos Requeridos .... e ...., nos endereços mencionados, o primeiro através de mandado e a segunda através de carta precatória, para que no prazo legal, venham disputar e provar o seu direito, prosseguindo-se a ação com relação aos Requeridos, declarando-se efetuado o depósito e extinta a obrigação da Requerente, "ex vi" a norma do art. 898 do CPC, condenando os requeridos ao pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, estes fixados em 20% sobre o valor do depósito.
Requer , que a citação e demais atos processuais sejam realizados, se necessário for, com a faculdade contida no art. 172, § 2º do CPC.
Indica-se como meio de provas o depoimento pessoal dos Requeridos, sob pena de confesso, inquirição de testemunhas, cujo rol será apresentado oportunamente em Cartório e a Juntada de novos documentos.
Dá-se à causa o valor de R$ .....
Nesses Termos. Pede Deferimento.
[Local], [dia] de [mês] de [ano].
[Assinatura do Advogado]
[Número de Inscrição na OAB]
4.1. Modelo de Petição diante de hipótese prevista pelo artigo 164 do CTN
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ___ VARA DA
SEÇÃO JUDICIÁRIADE SÃO PAULO/SP.
[nome do cliente], nacionalidade, profissão, portador do RG e CPF..., residente e domiciliado na [endereço], por seu advogado infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, com fulcro nos artigos 282 e 890 e seguintes, do CPC, bem assim com supedâneo no art. 164, III, do CTN, propor a presente
AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO
em face da União e do Município de São Paulo, pelos motivos de fato e de direito abaixo articulados.
1. DOS FATOS
O Autor é proprietário de uma chácara localizada na cidade de São Paulo/SP, tendo recebido notificação de IPTU daquele Município, bem como notificação de ITR, haja vista o entendimento da União de que tal imóvel está localizado em gleba rural.
O Autor, desejando extinguir o crédito tributário, dirigiu-se à repartição fiscal, com o fito de efetuar o pagamento, porém encontrou óbices na consecução de tal intento, uma vez que, pagando para um dos entes, não estaria adimplindo a obrigação tributária para com o outro.
Em face da iminência de uma dupla tributação, com o que não concorda o Demandante, pretende, com a presente, obter o pronunciamento jurisdicional favorável, capaz de liberá-lo dos efeitos nocivos da bitributação em comento, uma vez que intenciona pagar, mas pagar apenas para um dos dois entes tributantes interessados na percepção do crédito tributário.
Diante da dupla exigência de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador, o Autor teve de recorrer ao Poder Judiciário, a fim de que o pagamento seja feito a um dos dois sujeitos ativos, restando saber a quem pagar, se à União, ou à Municipalidade de Campinas.
2. DOS DIREITOS
O art. 164, III, do CTN, dispõe ser cabente a Ação de Consignação em Pagamento, quando mais de um ente tributante pretender cobrar um ou mais tributos sobre o mesmo fato gerador. Tal situação versa sobre o instituto jurídico da “bitributação”, prevista no Código Tributário, e de todo condenável, havendo medida judicial apta a sanar a dupla
invasão patrimonial pleiteada pelos Fiscos no caso “sub examine”.
Não se torna despiciendo salientar que o fenômeno da bitributação não deve ser tolerado, pela simples impossibilidade de solidariedade ativa na relação jurídica tributária, sendo atentatório, ao direito público subjetivo do contribuinte, o posicionamento, por mais de uma Fazenda Pública, no pólo ativo da obrigação tributária.
O Autor foi surpreendido, na data tal, com o recebimento de notificações expedidas pelo Fisco Federal, bem como pelo Fisco Municipal, desejosos de perceberem, respectivamente, o ITR, pela propriedade de imóvel localizado na área rural, e o IPTU, pela propriedade de imóvel localizado na zona urbana, do município de São Paulo.
“Ex positis”, não restou ao Autor outra saída senão interpor a presente Consignatória, para o fim de pagar o tributo ao sujeito ativo detentor da competência tributária e para obter a quitação do tributo para vários fins.
3. DOS PEDIDOS
Diante do exposto, o Autor requer a Vossa Excelência que se digne de:a) autorizar o depósito judicial, na quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), evitando-se a mora e suspendendo-se o crédito tributário, em consonância com o art. 151, II, do CTN;b) julgar procedente a ação, reputando-se efetuado o pagamento e convertendo-se a importância consignada em renda da União ou Município de São Paulo, nos termos do art. 156, VIII, do CTN, com a presente extinção do crédito tributário;
c) citar a União e o Município de São Paulo, nas pessoas de seus representantes legais, para que compareçam a Juízo, assinalando-lhes o prazo para levantar o depósito — caso uma das Partes se declare não detentora da competência — ou ofereçam as respectivas razões de estilo;
d) condenar a União ou Município de São Paulo nas custas e honorários advocatícios;
e) produzir todas as provas em Direito admitidas.
Dá-se à causa o valor de R$ 5.000,00.
Termos em que,
Pede deferimento.
São Pauto, dia, mês e ano
Nome do Advogado
[OAB do advogado]
5. Jurisprudências temáticas
5.1. Tribunais de Justiça
Acórdão: Apelação Cível n. 7.025.605-8, da comarca de São
Paulo. Relator: Des. Francisco Giaquinto. Data da decisão:
21.08.2007.
ACÓRDÃO. EMENTA: Consignação em pagamento - Justa
recusa do banco credor, ante a insuficiência dos valores
depositados judicialmente - Pretensão de consignar, com
efeito de extinção da obrigação, valor das prestações em
discordância com o pactuado - Inadmissibilidade - Vigente
na hipótese o princípio do pacta sunt servanda - Justa recusa
que encontra embasamento no art. 896, II, do CPC -
Sentença mantida - APELAÇÃO NEGADA. De fato, ante a
validade contratual, vige na hipótese o princípio da força
vinculante do contrato (pacta sunt servanda).Daí que cabia ao
autor-devedor cumprir com a obrigação nos termos em que
pactuados. E, alegação de que somente depois do pagamento das
primeiras quatorze parcelas o valor correspondente às mesmas
lhe pareceu ilegal e abusivo, não afasta o descumprimento
contratual, tampouco a sua mora, que autorizam a ré a recusar o
pagamento. Justa, portanto, a recusa da apelada em receber as
parcelas em atraso e em valores bem inferiores aos pactuados,
valores estes, repita-se, unilateralmente calculados pelo
apelante. Ante o exposto, nega-se provimento à apelação,
mantendo-se a r. sentença por seus próprios e jurídicos
fundamentos. Presidiu o julgamento o Desembargador
CORREIA LIMA (com voto), e dele participou o
Desembargador ARO TORRES JÚNIOR (Revisor). São Paulo,
21 de Agosto de 2007. FRANCISCO GIAQUINTO RELATOR.
EMENTA: PROCESSUAL CIVIL. SFH. AÇÃO DE
CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO AJUIZADA COMO
PREPARATÓRIA DE AÇÃO REVISIONAL DE
CONTRATO DE MÚTUO. NATUREZA CAUTELAR.
INADEQUAÇÃO DA VIA ELEITA. PRECEDENTES.
EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO.
APELAÇÃO PREJUDICADA.1. A Autora ingressou com
ação de consignação em pagamento preparatória de ação
principal em que se discute revisão de prestações e saldo
devedor.2. Esta Corte Regional consolidou entendimento pela
impossibilidade de utilização da ação de consignação em
pagamento como sucedâneo de ação cautelar 3. Apelação a que
se nega provimento. (18168 MG 0018168-97.2001.4.01.3800,
Relator: DESEMBARGADOR FEDERAL CARLOS
MOREIRA ALVES, Data de Julgamento: 03/10/2011, SEXTA
TURMA, Data de Publicação: e-DJF1 p.86 de 10/10/2011)
5.2. Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.005.727 - RJ (2007/0265849-
9).RELATOR : MINISTRO LUIS FELIPE
SALOMÃO.RECORRENTE : DARCY
LAUDELINO.ADVOGADO : AUGUSTO VIANA
PAMPOLHA.RECORRIDO : SANDRA ALVES
HORTAADVOGADO : REGINA PAIXÃO LINHARES E
OUTRO(S).
EMENTA.DIREITO PROCESSUAL CIVIL. RECURSO
ESPECIAL. SEGUNDA FASE DO PROCEDIMENTO DE
PRESTAÇÃO DE CONTAS. REDISCUSSÃO DE
MATÉRIA PRECLUSA. INVIABILIDADE. PARTE QUE
PRESTA CONTAS E, POSTERIORMENTE, PRETENDE
IMPUGNAR ESSAS MESMAS CONTAS. CONDUTA
CONTRADITÓRIA, VEDADA ÀS PARTES DA
RELAÇÃO PROCESSUAL. CONSIGNAÇÃO EM
PAGAMENTO DO DÉBITO. VIABILIDADE.
PREQUESTIONAMENTO. IMPRESCINDIBILIDADE. 1.
A questão relativa à legitimidade da autora - herdeira do sócio
majoritário - para propor ação de prestação de contas em face do
sócio, que gere a sociedade empresária, no interesse dos
herdeiros, não comporta rediscussão nos autos, visto que já foi
decidida no acórdão, que pôs fim à primeira fase do
procedimento da prestação de contas, estando preclusa. 2. Como
é cediço, a ação de prestação de contas tem duas fases, sendo
que na primeira é verificado se assiste ao autor o direito de
exigir a prestação de contas que, acaso existente, resulta na
abertura da segunda fase do mesmo procedimento, no qual será
apreciada as contas apresentadas e o eventual saldo existente.
Como houve preclusão para discussão acerca da legitimidade
ativa da recorrida - matéria decidida na primeira fase do
procedimento-, e foram julgadas boas as contas prestadas pelo
próprio recorrente, não há falar em decisão que extrapola os
limites do pedido exordial, pois o princípio da boa-fé objetiva
obsta à parte assumir comportamentos contraditórios no decorrer
da relação processual, sendo, pois, vedado o venire
contrafactum proprium.3. Recurso especial não conhecido.
ACÓRDÃO. A Quarta Turma, por unanimidade, não conhecer
do recurso especial, nos termos do voto do Senhor Ministro
Relator. Os Srs. Ministros Raul Araújo, Maria Isabel Gallotti,
Antonio Carlos Ferreira e Marco Buzzi votaram com o Sr.
Ministro Relator. Documento: 22158945 - EMENTA /
ACORDÃO - Site certificado - DJe: 15/05/2012 Superior
Tribunal de Justiça. Brasília (DF), 24 de abril de 2012(Data do
Julgamento). MINISTRO LUIS FELIPE SALOMÃO. Relator
AgRg no RECURSO ESPECIAL Nº 1.300.092 - PR
(2011/0302667-7).RELATOR: MINISTRO HUMBERTO
MARTINS. AGRAVANTE: COMPANHIA DE
SANEAMENTO DO PARANÁ – SANEPAR. ADVOGADO:
FERNANDO BLASZKOWSKI E OUTRO(S). AGRAVADO :
CONDOMÍNIO EDIFÍCIO HARRY MULLER.
ADVOGADO : ANDERSON MANIQUE. INTERES. :
MUNICÍPIO DE CORONEL VIVIDA.
EMENTA. PROCESSUAL CIVIL. FORNECIMENTO DE
ÁGUA E DE ESGOTO SANITÁRIO. AÇÃO DE
CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO. INADEQUAÇÃO
DA VIA ELEITA. EXTINÇÃO DO PROCESSO, SEM
RESOLUÇÃO DE MÉRITO. PRETENSÃO DE
REEXAME DE PROVA. SÚMULA 7/STJ. REFORMATIO
IN PEJUS. AUSÊNCIA DE PREQUESTIONAMENTO.
SÚMULA 211 DO STJ. 1. O Tribunal a quo, com base em
elementos de convicção dos autos, extinguiu o feito, sem
resolução do mérito, por inadequação da via eleita, tendo em
vista a ausência de comprovação da recusa da ora agravante em
receber o montante entendido pelo agravado como correto. 2.
Inviável, nesta via recursal, revisar o referido entendimento, por
demandar incursão no contexto fático-probatório dos autos.
Incidência da Súmula 7/STJ. 3. Impõe-se o não conhecimento
do recurso especial por ausência de prequestionamento,
entendido como o necessário e indispensável exame da questão
pela decisão atacada, apto a viabilizar a pretensão recursal.
Incidência da Súmula 211/STJ. Agravo regimental improvido.
ACÓRDÃO. Vistos, relatados e discutidos os autos em que são
partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda
Turma do Superior Tribunal de Justiça: "A Turma, por
unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos
termos do voto do Sr. Ministro-Relator, sem destaque e em
bloco." Os Srs. Ministros Herman Benjamin (Presidente), Mauro
Campbell Marques, Documento: 21356120 - EMENTA /
ACORDÃO - Site certificado - DJe: 03/04/2012. Página 1 de 2.
Superior Tribunal de Justiça. Asfor Rocha e Castro Meira
votaram com o Sr. Ministro Relator. Brasília (DF), 27 de março
de 2012(Data do Julgamento). MINISTRO HUMBERTO
MARTINS. Relator.
5.3. Supremo Tribunal Federal
EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE
INSTRUMENTO. AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO DE
PAGAMENTO. PRETENSÃO DE PARCELAMENTO DA
DÍVIDA. PETIÇÃO INICIAL INDEFERIDA.
CONTROVÉRSIA DE ÍNDOLE ESTRITAMENTE
PROCESSUAL. ALEGAÇÃO DE AFRONTA ÀS
GARANTIAS CONSTITUCIONAIS DO PROCESSO.
OFENSA REFLEXA. INOVAÇÃO DAS RAZÕES
RECURSAIS. IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES.1.
Questão restrita ao âmbito infraconstitucional, que não enseja
apreciação em recurso extraordinário.2. Ofensa às garantias
constitucionais do processo, se existente, apenas ocorreria de
modo reflexo ou indireto.3. A questão que não fez parte das
razões do recurso extraordinário, nem foi debatida na instância
judicante origem constitui inovação insuscetível de ser apreciada
nesta oportunidade. Precedentes: AI 493.214-AgR, da relatoria
do ministro Sepúlveda Pertence; RE 346.599-AgR, da relatoria
do ministro Sepúlveda Pertence; AI 482.041-AgR, da relatoria
do ministro Eros Grau; e o AI 500.501-AgR, da relatoria do
ministro Gilmar Mendes.: AI 493.214- AI 500.501-4. Agravo
regimental desprovido. (844190 RS , Relator: Min. AYRES
BRITTO, Data de Julgamento: 07/06/2011, Segunda Turma,
Data de Publicação: DJe-182 DIVULG 21-09-2011 PUBLIC
22-09-2011 EMENT VOL-02592-03 PP-00464)
EMENTA: DEPÓSITOS - AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM
PAGAMENTO. Pendente o deslinde sobre o titular de valores a
serem recolhidos, tem-se como adequado o depósito à
disposição do órgão no qual tramita a ação de consignação em
pagamento. (960 PA , Relator: Min. MARCO AURÉLIO, Data
de Julgamento: 25/06/2008, Tribunal Pleno, Data de Publicação:
DJe-162 DIVULG 28-08-2008 PUBLIC 29-08-2008 EMENT
VOL-02330-01 PP-00011 LEXSTF v. 30, n. 359, 2008, p. 59-
66)
6. Súmulas temáticas
Observação: O tema “ação de consignação em pagamento” não está disposto em
súmulas de maneira específica, o conteúdo sumulado se refere ao ICMS, imposto que
recai sobre vendas e consignações. A única súmula que faz referência pungente ao tema
foi cancelada, mas esta aqui alencada apenas à título de conhecimento.
6.1. Tribunais Regionais Federais
SÚMULA Nº 47 – TRF-1ªRG - CANCELADA
A AÇÃO DE CONSIGNAÇÃO EM PAGAMENTO, EM VIRTUDE DA SUA
NATUREZA DECLARATÓRIA, É IMPRÓPRIA PARA A DISCUSSÃO DO
REAJUSTE DA PRESTAÇÃO DOS CONTRATOS HABITACIONAIS, QUER
COMO SUBSTITUTIVO DA AÇÃO DE RITO ORDINÁRIO, QUER COMO
SUCEDÂNEO DA AÇÃO CAUTELAR.
7. Resumo informativo 459 do Superior Tribunal de Justiça
Apenas a título de complementação, e não obstante a ausência de súmulas, é
imprescindível admitir que existam importantes julgados que apontam para assuntos que
gozam de entendimento pacifico nos Tribunais.
Para elucidação do tema sita-se parte do Informativo 459 do Superior
Tribunal de Justiça que dispõe sobre a aceitação da cumulação de pedidos na ação
consignatória, assunto já tratado por este trabalho.
Entende-se por obvio que o entendimento esposado não caracteriza a
existência de súmula no assunto, mas inegável se faz a importância dos precedentes
apresentados.
CONSIGNAÇÃO. PAGAMENTO. CUMULAÇÃO.
PEDIDOS. INSUFICIÊNCIA. DEPÓSITO. A Turma reiterou
o entendimento de que, em ação consignatória, é possível a
ampla discussão sobre o débito, inclusive com o exame de
validade de cláusulas contratuais. Assim, admite-se a cumulação
de pedidos de revisão de cláusulas de contrato e de consignação
em pagamento das parcelas tidas como devidas por força do
mesmo negócio jurídico. Quanto à cautelar, no caso, a inicial
requer a entrega das chaves do imóvel sob pena de multa diária,
bem como a assinatura da escritura de compra e venda do
imóvel em relação ao qual, na consignatória, discute-se o valor
da prestação, portanto da dívida pendente. Logo, foi intentada
incidentalmente sem natural propósito de acessoriedade, mas
como uma segunda lide principal ou, quando menos, uma
complementação de pedidos à primeira. Assim, a Turma
conheceu em parte do recurso especial e lhe deu provimento
para extinguir a ação cautelar sem julgamento do mérito, por
impossibilidade jurídica dos pedidos formulados (art. 267, VI,
do CPC) e julgou procedente, apenas em parte, a ação
consignatória, considerando a insuficiência do depósito e a
transformação do saldo sentenciado em título executivo.
Precedentes citados: REsp 448.602-SC, DJ 17/2/2003; AgRg
no REsp 41.953-SP, DJ 6/10/2003; REsp 194.530-SC, DJ
17/12/1999; REsp 616.357-PE, DJ 22/8/2005, e REsp 275.979-
SE, DJ 9/12/2002. REsp 645.756-RJ, Rel. Min. Aldir
Passarinho Junior, julgado em 7/12/2010.
Bibliografia
GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. Procedimentos Especiais. Série Sinopses
Jurídicas. São Paulo, Editora Saraiva, 4ª edição, 2005.
JUNIOR, Humberto Theodoro. Curso de Direito Processual Civil – Procedimentos
Especiais, Rio de Janeiro, Editora Forense, 2007.
OLIVEIRA, Francisco de Assis e Alex Sander Xavier Pires. Curso de Direito
Processual Civil. Volume 3. Rio de Janeiro. Editora Freitas Bastos. 2004.
VENOSA, Sílvio de Salvo. Teoria Geral de Direito Civil e Teoria Geral dos Contratos.
Volume III, São Paulo, Editora Atlas, 10ª. Edição, 2007.
WAMBIER, Luiz Rodrigues e Flávio Renato Correia de Almeida e Eduardo Talamini.
Curso Avançado de Processo Civil. Volume 3 (Processo Cautelar e Procedimentos
Especiais), São Paulo, Editora Revista dos Tribunais, 5ª edição, revista, atualizada e
ampliada, 2003.
Integrantes do Grupo 9 do 4º ano A Diurno:
Adauto Nogueira nº 01
André Albergaria nº 00
Andrezza Rosiane Sanches........................ nº 00
Fábio Coelho Aniceto................................ nº 32
Gabrielle Restini Vecchi Marques (responsável) nº 42
Heitor Gaeta de Araújo nº 00
Marina Monteiro nº 66
Tema: Ação de Consignação em Pagamento
Trabalho entregue à Faculdade de
Direito de Franca para obtenção da
nota bimestral na disciplina de
Direito Processual Civil III.
O Trabalho será entregue no dia 12
de Junho de 2012 e apresentado
oralmente no dia 19 de Junho de
2012.
Franca
2012