academia e arco e flexa

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slide sobre literatura baiana

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Academia dos Rebeldes (Sem causa?)

Academia dos Rebeldes (Sem causa?)

Revisitando uma proposta no esboadaCID SeixasAcademia do Rebeldes

Caractersticas combate s estruturas conservadoras da sociedade;marcada pela tempestuosidade de aparncia inconsequente e de consequncias significativas;

Outras marcasMas estes Rebeldes tambm se voltaram contra as formas de v-guardismo que julgaram inconsequentes e dissociadas da realidade cultural brasileira. Deste modo, admitiram a retomada das tradies que estivessem em consonncia com as necessidades concretas do homens no seio da vida social. A, a forma de comprometimento ideolgico destes Rebeldes define as fronteiras do seu processo criativo, abrindo sendas para as questes polticas e identitrias que como tais ainda no eram denominadas.ImportnciaFundamentando a sua avaliao, segundo a qual o grupo teria uma destacada importncia, Jorge Amado mostrou como os Rebeldes concorreram de forma decisiva para o processo de formao da moderna literatura brasileira para dar-lhe contedo nacional e social na reescrita da lngua falada pelos brasileiros. Fomos alm [...], sentamo-nos brasileiros e baianos, vivamos com o povo em intimidade, com ele construmos, jovens e librrimos nas ruas pobres da Bahia. (Idem, ibidem)

ImportnciaA, portanto, a marca da Academia dos Rebeldes: a aliciao, ou o engajamento com formas e fundos populares calcados no sentimento telrico e no compromisso identitrio para com os valores da cultura nacional, ou at mesmo localista; a, a sua linha tangencial adversa essncia do modernismo de 22.ImportnciaEnquanto o olhar focado pelas lentes da Semana de Arte Moderna espiava a cultura do povo brasileiro sob o vu da diferena caricaturada pelo pitoresco e pelo extico, fazendo desfilar um Brasil fantasiado para ingls ver, a perspectiva deflagrada pela prxis textual da Academia dos Rebeldes estava fundada na ao direta dos seus actantes. Para o escritor identificado com os princpios capitais dos Rebeldes, o compromisso identitrio bania a superficialidade do pitoresco visto de fora, porque seu processo criador levava em conta a situao concreta que o cercava, enquanto sujeito ou actante da cultura.Jorge AmadoNs, os Rebeldes, tnhamos um ponto de vista: queramos uma literatura nacional, mas com um contedo capaz de universalizar. Tivemos a revista Meridiano, que s saiu um nmero e onde est o nosso manifesto. Quer dizer, vivemos o esprito do Modernismo mas tnhamos uma certa desconfiana desse movimento, aquela coisa de paulista, de lngua inventada. Os modernistas no conheciam a linguagem popular. (Amado, 1986, p. 15)AutoresJorge amado Edilson Carneiro EtngrafoWalter da Silveira Sosgenes CostaEstes autores souberam ver as virtudes da diversidade: o papel do negro e da mestiagem no processo de formao da nossa cultura. Da o que veio depois, a flamejante consequncia da ousadia destes Rebeldes que souberam desobedecer norma gramatical modernista brasileira, construindo a modernidade no a partir das quinquilharias contrabandeadas da Europa mas da matria bruta, prima, retirada da realidade regional.Poemas de Sosgenes CostaO PAVO VERMELHO

Ora, a alegria, este pavo vermelho,est morando em meu quintal agora.Vem pousar como um sol em meu joelhoquando estridente em meu quintal a aurora.

Clarim de lacre, este pavo vermelhosobrepuja os paves que esto l fora. uma festa de prpura. E o assemelhoa uma chama do lbaro da aurora.

o prprio doge a se mirar no espelho.E a cor vermelha chega a ser sonoraneste pavo pomposo e de chavelho.

Paves lilases possu outrora.Depois que amei este pavo vermelho,os meus outros paves foram-se embora. (1937-1959)CHUVA DE OUROAs begnias esto chovendo ouro,suspendidas dos galhos da oiticica.O cho, de plen, vai ficando louroe o bosque inteiro redourado fica.

Dir-se- que se dilui todo um tesouro.Nunca a floresta amanheceu to rica.As begnias esto chovendo ouro,penduradas nos galhos da oiticica.

Bando de abelhas atravs do plenzinindo num brilhante fervedouro,as curvas asas transparentes bolem.

E, enquanto giram num bailado belo,as begnias esto chovendo ouro.Formosa apoteose do amarelo! (1928)

DUAS FESTAS NO MARUma sereia encontrouum livro de Freud no mar.Ficou sabendo de coisasque o rei do mar nem sonhava.

Quando a sereia leu Freudsobre uma estrela do mar,tirou o pano de prataque usava para escondera sua cauda de peixe.E o mar ento deu uma festa.

E no outro dia a sereiaachou um livro de Marxdentro de um bzio do mar.

Quando a sereia leu Marxficou sabendo de coisasque o rei do mar nem sonhavanem a rainha do mar.

Tirou ento a coroaque usava para dizerque no era igual aos peixinhos.Quebrou na pedra a coroa.

E houve outra festa no mar.

Arco & FlexaModernismo e tradicionalismo na Bahia Cid Seixas. Arco & FlexaEm 1928, dois grupos ou duas revistas de tendncias modernas e dessemelhantes escandalizaram o conservadorismo baiano de formao parnasiano-simbolista e retardatria ressurreio romntica. Eram: o grupo de Arco & Flexa, inicialmente formado por Hlio Simes, Pinto de Aguiar, Carvalho Filho e Eurico Alves, sob a liderana do tambm mdico e crtico literrio Carlos Chiacchio; e, do outro lado, o grupo da Academia dos Rebeldes, integrado por Jorge Amado e outros jovens. Este grupo teve como trincheira a revista Samba, graas liderana de Pinheiro Viegas, mentor tanto da revista quanto da chamada Academia dos Rebeldes.Tradicionalismo DinmicoNa Bahia, ns tnhamos fundamentos que no podamos abandonar de todo. Da o Tradicionismo Dinmico, porque ns queramos ir para adiante, mas sem renegar o passado. E no era fazendo tbula rasa como a revista Antropofagia, de Oswald de Andrade, porque, na verdade, nesse primeiro momento Oswald que tem maior realce, Mrio de Andrade apareceu posteriormente.Nesse artigo de abertura da revista Arco & Flexa, Chiacchio esclarece, em tom de manifesto, que toda cultura se vale da tradio para encontrar novos caminhos, se vale do regional para chegar ao universal sem perder o contato com a terra. (CHIACCHIO, 1928, p. 4) Ao afirmar que a cultura universalista refina a sensibilidade local, ele rejeita o apego ao que chama de tradies estticas, propondo: Tradies dinmicas, as tendncias modernistas, as nicas dignas de f. (Ibidem, p. 6)

Eurico Alves Morto em 1974, o baiano de Feira de Santana - poeta, contista e ensasta - foi figura de proa nos primrdios modernistas da Bahia, ao lado de seu conterrneo Godofredo Filho. Embora publicasse poemas e contos esparsos em jornais e revistas nas dcadas de 20, 30 e 40, sua produo potica s veio a lume de forma organizada em 1990, por iniciativa de sua filha, Maria Eugnia Boaventura, professora da Unicamp, em So Paulo, com o apoio da Fundao Cultural do Estado da Bahia, no perodo que passou sob o nome de Fundao das Artes, que publicou uma seleo de seus poemas, com iconografia, documentao pessoal do escritor e apresentao do poeta Carvalho Filho; seu companheiro de gerao. Antes, apenas a Universidade Federa] da Bahia publicara seu ensaio de cunho sociolgico, "Fidalgos e vaqueiros",fruto de suas pesquisas pelo serto da Bahia; tambm havia ele publicado a plaqueta intitulada "Respeitosas runas do passado pastoril". "Poesia", o livro editado pela Fundao, embora com precria distribuio, representou um resgate literrio significativo. Tradicionalismo DinmicoNa Bahia, o modernismo era caracterizado pelo grupo Arco & Flexa como tradicionismo dinmico, movimento que se propunha a inovar a partir do respeito tradio. Sobre esta expresso que vai aparecer e dar ttulo ao artigo que serve de manifesto revista, assinado por Carlos Chiacchio, Hlio Simes esclarece: