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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 020.190/2010-7 GRUPO I – CLASSE II – Segunda Câmara TC 020.190/2010-7. Apenso: TC 032.435/2010-0. Natureza: Prestação de Contas Simplificada de 2009. Unidade: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe – IFS. Responsáveis: Joarez Vrubel (CPF 186.686.319- 34), Hortência Maria Santos Moura (CPF 531.782.205-00), José Aelmo Gomes dos Santos (CPF 103.357.655-72), Manoel Alves Lima (CPF 269.037.505-25), Wílton Luiz Mota Almeida (CPF 722.624.945-68), José Franco de Azevedo (CPF 273.521.615-20), Alana Teles Silva (CPF 875.962.455-87), Valdomarques Siqueira (CPF 345.370.825.34), José Antonio Xavier Neto (CPF 166.497.614-00), Camel Empreendimentos e Construções Ltda. (CNPJ 05.325.897/0002-28), EAS Construções Ltda. (CNPJ 07.026.191/0001- 00) e Engemix Serviços e Construções Ltda. (CNPJ 09.512.825/0001-60). Advogados: Antonio Fernando Valeriano (OAB/SE 1.986) – peça 34; João Santana Filho (OAB/SE 1.664) e outros – peça 51; Simone de Souza Araújo (OAB/PE 11.145) e Natália de Souza Araújo (OAB/PR 59.145) – peça 65; Nelson Wilians Fratoni Rodrigues (OAB/SP 128.341) e outros – peça 66. SUMÁRIO: PRESTAÇÃO DE CONTAS SIMPLIFICADA DE 2009. IRREGULARIDADES NAS OBRAS DE REFORMA DE GALPÕES. DESABAMENTO DE UM GALPÃO E A INUTILIZAÇÃO DE OUTROS TRÊS. CITAÇÃO. REJEIÇÃO DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA. IRREGULARIDADE DAS CONTAS DE UM DOS RESPONSÁVEIS, COM DÉBITO SOLIDÁRIO COM AS CONTRATADAS. MULTAS. REGULARIDADE COM RESSALVA E REGULARIDADE PLENA DAS CONTAS DOS DEMAIS RESPONSÁVEIS. RELATÓRIO 1

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 020.190/2010-7

GRUPO I – CLASSE II – Segunda CâmaraTC 020.190/2010-7.Apenso: TC 032.435/2010-0.Natureza: Prestação de Contas Simplificada de 2009.Unidade: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe – IFS. Responsáveis: Joarez Vrubel (CPF 186.686.319- 34), Hortência Maria Santos Moura (CPF 531.782.205-00), José Aelmo Gomes dos Santos (CPF 103.357.655-72), Manoel Alves Lima (CPF 269.037.505-25), Wílton Luiz Mota Almeida (CPF 722.624.945-68), José Franco de Azevedo (CPF 273.521.615-20), Alana Teles Silva (CPF 875.962.455-87), Valdomarques Siqueira (CPF 345.370.825.34), José Antonio Xavier Neto (CPF 166.497.614-00), Camel Empreendimentos e Construções Ltda. (CNPJ 05.325.897/0002-28), EAS Construções Ltda. (CNPJ 07.026.191/0001-00) e Engemix Serviços e Construções Ltda. (CNPJ 09.512.825/0001-60).Advogados: Antonio Fernando Valeriano (OAB/SE 1.986) – peça 34; João Santana Filho (OAB/SE 1.664) e outros – peça 51; Simone de Souza Araújo (OAB/PE 11.145) e Natália de Souza Araújo (OAB/PR 59.145) – peça 65; Nelson Wilians Fratoni Rodrigues (OAB/SP 128.341) e outros – peça 66.

SUMÁRIO: PRESTAÇÃO DE CONTAS SIMPLIFICADA DE 2009. IRREGULARIDADES NAS OBRAS DE REFORMA DE GALPÕES. DESABAMENTO DE UM GALPÃO E A INUTILIZAÇÃO DE OUTROS TRÊS. CITAÇÃO. REJEIÇÃO DAS ALEGAÇÕES DE DEFESA. IRREGULARIDADE DAS CONTAS DE UM DOS RESPONSÁVEIS, COM DÉBITO SOLIDÁRIO COM AS CONTRATADAS. MULTAS. REGULARIDADE COM RESSALVA E REGULARIDADE PLENA DAS CONTAS DOS DEMAIS RESPONSÁVEIS.

RELATÓRIO

Adoto como relatório a instrução elaborada no âmbito da Secretaria de Controle Externo no Estado de Sergipe – Secex/SE (peça 73):

“INTRODUÇÃO

1. Trata-se de Prestação de Contas Anual Simplificada do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe – IFS, relativa ao exercício de 2009. O Relatório de Auditoria 224002 da CGU/SE (peça 6, p. 22-50 e peça 7, p.1-13), referente ao exercício de 2009, de 22/6/2010, atestou que o processo de contas apresentado contém todos os elementos exigidos na IN 57/2008 e pelas DNs TCU 102/2009 e 103/2010 (peça 6, p.23). O Certificado de Auditoria do Controle Interno opina pela Regularidade com Ressalva da gestão de Joarez Vrubel – Reitor, CPF: 186.686.319-34 e a gestão dos demais responsáveis (peça 7, p.11).

HISTÓRICO

2. O processo foi inicialmente instruído à peça 7, p.16-44. A referida instrução, no seu exame técnico, propôs conforme se segue:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 020.190/2010-7

a) considerar suficiente a recomendação do Controle Interno para a constatação 1.2.2.3, não necessitando de alerta nesse sentido, pois certamente o alerta seria extemporâneo, dada a expectativa de julgamento destas contas;

b) alerta à Unidade, na forma recomendada pelo Controle Interno, quanto às seguintes constatações: 1.2.1.1, 1.2.2.1, 1.2.2.2, 1.2.3.1, 1.2.3.3, 1.2.3.4 e 1.2.4.1;

c) realizar audiência do gestor pela contratação indevida de servidores públicos federais com dedicação exclusiva, ou 60 horas semanais, por dispensa de licitação (Constatação 1.3.1.1);

d) realizar inspeção no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, Campus São Cristóvão/SE, para apurar irregularidades na contratação e execução das obras integrantes do processo licitatório 23000.100137/2008-24 na modalidade de Tomada de Preços 3/2008, celebrado em novembro de 2008, com o intuito de fiscalizar acerca do:

d.1) desabamento da estrutura do Galpão 5 da Unidade Educativa de Produção (UEP) e riscos de desabamento em relação aos Galpões 3, 4, 6 e 7 (Constatação 1.2.5.1);

d.2) pagamento por serviços de engenharia não executados no valor total de R$ 54.309,80 (Constatação 1.2.5.3);

e) realizar diligência ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe (IFS) para que informasse à Secretaria de Controle Externo as providências efetivamente adotadas:

e.1) no sentido de buscar o ressarcimento de vencimentos dos servidores cedidos com ônus para os cessionários e informar se o ressarcimento está se dando sempre no mês seguinte ao mês de referência do pagamento (Constatação 1.2.3.2);

e.2) a respeito dos pagamentos irregulares de valores referentes a quintos, de Cargo de Direção exercido no período de 8/4/1998 a 4/9/2001, por força de decisão judicial, a servidores que não exerceram funções no referido período (Constatação 1.2.3.5);

e.3) a respeito da contratação e pagamento, por meio de dispensa de licitação, de projetos de engenharia para reformas de imóveis da Entidade, que não foram entregues, causando prejuízo de R$ 15.566,20 (Constatação 1.2.5.2);

e.4) quanto ao cumprimento das seguintes decisões do Tribunal:ACÓRDÃO UNIDADE ITEM

2396/2009 – Plenário Cefet 9.4, 9.4.1, 9.4.2 e 9.4.31568/2009 – 2ª Câmara Cefet 1.51615/2009 – 2ª Câmara EAFSC 1.5.1, 1.5.1.1, 1.5.1.2 e 1.5.1.32379/2008 – 2ª Câmara EAFSC 9.3, 9.6.6, 9.6.7 a 9.6.12

3. O relatório de inspeção de peça 8, p. 13-24 constatou irregularidades pelo desabamento do galpão 5 e inutilização total dos galpões 3, 4, 6 e 7, que redundaram em citação aos responsáveis solidários ali indicados. A Constatação 1.2.5.3 - Pagamento por serviços de engenharia não executados no valor total de R$ 54.309,80 foi analisada no item 9 do relatório, sendo considerada inconsistente pelos motivos ali expostos (peça 8, p. 21-22), até porque alguns itens já foram considerados nas citações dos responsáveis.

4. A instrução de peça 8, p. 41-50 fez uma análise após inspeção e diligência, constatando irregularidades e impropriedades, e propôs a citação dos responsáveis: José Aelmo Gomes dos Santos (Diretor do Campus São Cristóvão, à época); Camel Empreendimentos e Construções Ltda (contratada para a construção do galpão 3); EAS Construções Ltda. (contratada para a construção dos galpões 5, 6 e 7); Engemix Serviços e Construções Ltda. (contratada para a execução do projeto de engenharia para reforma de imóveis da Entidade); Proseng Projetos e Serviços Ltda. (contratada para a execução do projeto de engenharia para reforma de imóveis da Entidade).

5. O Pronunciamento da Subunidade (peça 8, p. 51) registra que as ocorrências motivadoras das citações devem ser ajustadas de acordo com os responsáveis arrolados, de modo que não seja indicada uma ação de responsabilidade da empresa, cuja competência é exclusiva do servidor público chamado em responsabilidade, a exemplo do subitem “a.5” da proposta (fl. 394) que faz referência à negligência de avaliação da oportunidade e conveniência do administrador. Outro exemplo é a referência ao galpão 5

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aposta no subitem “a.3” cujo item “a” se refere ao galpão 3. Que, nesse sentido, dos ofícios de citação para as empresas deverão ser excluídos os subitens “a.5” e “b.5”, bem como a retirada do subitem “a.3” dos ofícios de citação relativos ao item “a” da proposta.

6. O Pronunciamento da Unidade (peça 8, p. 52) se deu avocando os presentes autos para incluir, com base na informação constante do subitem 8.3.1.1 da Instrução (peça 8, p. 46), a audiência do Sr. José Aelmo Gomes dos Santos, CPF 103.357.655-72, Diretor do Campus de São Cristóvão/SE à época, pela não comprovação do cumprimento do subitem 1.5.1.1 do Acórdão 1615/2009 – 2ª Câmara (remetido ao gestor por meio do Ofício 307/2009-TCU/SECEX-SE, de 23/4/2009) no que se refere à demonstração das medidas adotadas e dos resultados já alcançados quanto ao cumprimento do subitem 9.6.10 do Acórdão TCU 194/2007-2ª Câmara (peça 22, p. 40 e 42).

EXAME TÉCNICO

7. A seguir será feita a análise complementar das questões pendentes, iniciada na instrução de peça 8, p. 41-50, bem como serão feitas as análises da audiência do gestor e das citações dos responsáveis.

7.1 Reanalisando o subitem do Histórico acima (2.b), referente à propositura de alerta à Unidade, verificou-se que, para os itens 1.2.1.1, 1.2.2.1, 1.2.2.2, 1.2.3.3, 1.2.3.4 e 1.2.4.1, pode-se considerar suficiente a recomendação do Controle Interno.

7.2 Quanto ao item 1.2.3.1 - Pagamento de adicional de insalubridade a servidor que não labora em local insalubre, deve-se propor determinação ao IFS, para que, no prazo de trinta dias, comprove o ressarcimento dos valores recebidos indevidamente a título de adicional de insalubridade pelos servidores CPF 574.518.775-15, no valor de R$ 355,35 e CPF 085.682.605-78, no valor R$ 2.809,30. E dar ciência ao IFS de que o pagamento a título de adicional de insalubridade/periculosidade é devido apenas aos servidores que façam jus ao referido adicional, conforme previsão do Laudo de Avaliação Ambiental, verificando periodicamente se os mesmos continuam laborando em condições insalubres ou perigosas, de acordo com os arts. 68, 69 e 70 da Lei 8.112/90.

8. Constatação 1.2.3.2 - Ausência de ressarcimento de vencimentos de servidores cedidos com ônus para os cessionários.

8.1 A constatação fora inicialmente analisada à peça 8, p. 42. O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe - IFS possuía dois servidores que apresentavam ausência de reembolso. Naquela assentada, constatou-se que a situação do servidor de CPF 506.250.555-00 estava regularizada, conforme pode se observar com os documentos de peça 17, p. 9-19. Quanto ao servidor CPF 045.181.365-00, a comprovação do ressarcimento consta à peça 44. Assim, a constatação é considerada saneada.

9. Constatação 1.2.3.5: Pagamentos irregulares de valores referentes a quintos de Cargo de Direção exercido no período de 8/4/1998 a 4/9/2001, por força de decisão judicial, a servidores que não exerceram funções no referido período.

9.1 Os servidores, abaixo relacionados, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe - IFS, antigo Cefet-SE ingressaram com ação na Justiça Federal da 5ª Região, Seção Sergipe sob o número 2006.85.00.004471-0, para incorporação de funções exercidas entre os períodos de 8/4/1998 a 4/9/2001, com fundamento na MP 2225-45. Foram impetrantes da Ação 2006.85.00.004471-0 os servidores matrícula SIAPE: 279391; 279234; 279251; 1108615; 279314; 279302; 279278; 1095828; 279291; 279309; 279285 e 048883.

9.2 Os seguintes pedidos foram objeto da referida Ação:

a) proibir a autoridade coatora de proceder à exclusão das parcelas dos quintos/décimos nos vencimentos dos impetrantes, cujas incorporações foram efetivadas pelo exercício de funções no período entre 8/4/98 e 4/9/2001;

b) no caso de a exclusão se efetivar após o ajuizamento da inicial, que sejam imediatamente restabelecidas as parcelas incorporadas, e reembolsadas, via folha de pagamento suplementar, as quantias já descontadas, sob pena de aplicação de multa a ser fixada por este juízo; e

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c) determinar que a autoridade coatora se abstenha de efetuar qualquer cobrança aos servidores impetrantes em decorrência do recebimento pelos mesmos das parcelas pecuniárias aqui perseguidas.

9.3 A Segurança foi concedida e o setor de Recursos Humanos incluiu a rubrica 01293, referente à Decisão Judicial para os servidores impetrantes.

9.4 A partir da relação de servidores que ingressaram com a Ação 2006.85.00.004471-0, na Justiça Federal Seção Sergipe, verifica-se situações individuais de alguns desses servidores, que não se enquadram no objeto do pedido da Ação, ou seja, não possuíam períodos adicionais a incorporar, conforme descrição abaixo:

Matrícula SIAPE

Inatividade Períodos de exercícios das funções VPNI– Rubrica 82106*

Liminar da Ação 4471- rubrica 01293

279251 18/9/95 CD – 03 23/11/84 a 9/11/92 - (5/5) 581,42 883,08279314 4/8/98 CD – 02– 1/7/91 a 30/6/95 - (4/5) 1312,98 1.929,12279302 16/5/96 CD-04 – 5/8/91 a 26/6/95 – (3/5) 616,62 1.231,68279278 15/9/97 CD-04 10/6/96 a 29/8/97 – (1/5) 251,3 439,54279291 21/6/95 FG-04 – 31/8/89 a 31/7/91- (1/5)

CD-04 – 1/8/91 a 14/6/95- 4/5849,88 1.646,77

279285 21/6/95 CD-4 – 21/9/90 a 20/6/95 – (5/5) 672,06 1.240,7548883 7/5/99 Exercício de função não localizada

no SIAPE205,54 410,56

* rubrica 82107 - VPNI Art. 62A da Lei 8.112/90.

9.5 Da análise da tabela anterior a CGU verificou os seguintes fatos:

a) servidores, inscritos sob as matrículas n. 279251, 279302, 279278, 279291 e 279285, aposentados anteriormente a 8/4/98 e que não exerceram função no período compreendido entre 8/4/1998 e 4/9/2001, não havendo períodos aquisitivos a serem incorporados;

b) servidora, inscrita sob a matrícula SIAPE 279314, aposentada após 8/4/98, mas que não exerceu função no período do pedido da Ação, entre 8/4/98 e 4/9/2001;

c) servidor, inscrito sob a matrícula SIAPE 048883 para o qual o exercício de função não foi localizado no SIAPE.

9.6 Os referidos servidores já possuíam, à época do ajuizamento da Ação, em seus contracheques incorporações administrativas de quintos, convertidos em VPNIs, pagos sob a rubrica 82107 - VPNI art. 62A da Lei 8.112/90.

9.7 A inclusão da rubrica 01293 para os servidores relacionados na tabela anterior foi feita indevidamente, tendo em vista que os mesmos não preencheram os requisitos do pedido da exordial, consagrado na medida Liminar da Ação 2006.85.00.004471-0. O que se observa da peça 17, p. 25-26 é que o decisum deixa claro que o órgão deve cumprir na íntegra a decisão judicial. A decisão é clara quanto ao período e às pessoas (peça 17, p. 25).

9.8 O art. 285 do Código de Processo Civil diz que “As inexatidões materiais, devidas a lapso manifesto, ou os erros de escrita ou de cálculo, existentes na sentença, podem ser corrigidas por despacho, ex-officio ou a requerimento de qualquer das partes”.

9.9 Diante do exposto, entende-se mais conveniente que se obtenha a correção do decisum pela via judicial, através do remédio jurídico adequado a ser incrementado pela Advocacia Geral da União, a quem compete tomar as providências cabíveis, de forma a buscar a exclusão do benefício da ação, dos nomes dos servidores matrícula SIAPE: 279251; 279314; 279302; 279278; 279291; 279285 e 048883, tendo em vista que essas pessoas não exerceram cargo em comissão no período entre 8/4/98 e 4/9/2001, quase todas já aposentadas à época a que se refere a sentença.

9.10 Assim, propõe-se determinação à Unidade para que encaminhe à Advocacia Geral da União em Sergipe – AGU/SE a documentação necessária para que a mesma tome as providências que entender cabíveis, visando a correção do erro material pela inclusão indevida dos nomes dos servidores inscritos

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sob as matrículas SIAPE n. 279251, 279302, 279278, 279291, 279285, 279314 e 048883 na decisão judicial decorrente da ação n. 2006.85.00.004471-0.

10. Constatação 1.2.5.1: Desabamento da estrutura do Galpão 5 da Unidade Educativa de Produção (UEP) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, Campus São Cristóvão/SE, em consequência de irregularidades na contratação e execução da obra, bem como os riscos de desabamento em relação aos galpões n. 3, 4, 6 e 7.

10.1 O galpão 5 sofreu colapso da estrutura por causas diversas. Em primeiro lugar, a cobertura original do prédio era feita por telhas onduladas de fibro-cimento (Eternit) que seriam substituídas por telhas de cerâmica canal tipo itabaianinha. Ocorre que os pesos específicos dos dois tipos de telhado são sensivelmente diferentes sendo as telhas onduladas muito mais leves do que as do tipo canal. Apesar da diferença de peso entre os dois tipos de cobertura, não foi atentado pelo setor de engenharia que elaborou o projeto básico que os pilares de sustentação dos galpões poderiam não resistir às novas cargas. Assim, não foram previstos reforços nem dos pilaras nem das fundações.

10.2 Outro fato relevante, que pode ser constatado nos galpões que não ruíram, foi a ausência de amarração longitudinal entre as tesouras, podendo-se supor que o mesmo ocorresse no galpão em questão. Como as estruturas são longas, tal ausência implica em menos estabilidade para os prédios.

10.3 Na visita ao local, a equipe de inspeção pode constatar, também, que nem todos os pilares originais do galpão 5 haviam sido confeccionados em concreto armado, havendo pilares de blocos de cimento e de blocos cerâmicos, obviamente menos resistentes. Desta forma, pode-se concluir que o projeto básico foi absolutamente deficiente e que também a avaliação da oportunidade da reforma foi negligente. Caso fosse considerada a necessidade de reforços nos pilares e nas fundações, seria perfeitamente possível a conclusão de que a demolição do galpão seguida da construção de um novo prédio poderia ser mais interessante economicamente.

10.4 Portanto a reforma foi completamente antieconômica e injustificável cabendo a responsabilidade ao Diretor Geral à época da licitação e à construtora contratada que não adotou técnicas consistentes de engenharia, em desacordo com a cláusula sexta do contrato 10/2009.

10.5 Em decorrência desses fatos, foi procedida a citação dos responsáveis solidários, para que apresentassem suas alegações de defesa pelos atos inquinados.

10.6 Motivo da citação: a) Pela inutilização total do galpão 3 do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe – Campus São Cristóvão decorrente da(o):

a.1) alteração da cobertura original do prédio de telhas onduladas de fibrocimento (Eternit) por telhas de cerâmica canal tipo itabaianinha, materiais com pesos específicos sensivelmente diferentes, o que demandaria, dos engenheiros que elaboraram o projeto básico (projeto apócrifo), reforços nos pilares, nas fundações, amarração longitudinal tendo em vista sua extensão e dimensionamento das tesouras, eis que o projeto básico deve conter o conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado para caracterizar a obra, ser elaborado com base em estudos técnicos que assegurem a viabilidade técnica, em que serão considerados principalmente os requisitos de segurança;

a.2) reaproveitamento indevido de peças de madeira da antiga estrutura;

a.3) execução inadequada do travamento de algumas tesouras dos galpões, inclusive com emendas e sambladuras mal executadas, algumas já rompidas por cisalhamento, em total desacordo com a norma ABNT NBR 7190/97 – Projeto e Execução de Estruturas de Madeira, comprometendo a estabilidade da cobertura desses galpões;

a.4) negligente avaliação da oportunidade e conveniência, por parte do administrador, da reforma dos galpões, uma vez que, caso fosse considerada a necessidade de reforços nos pilares e nas fundações, seria perfeitamente possível a conclusão de que a demolição do galpão seguida da construção de um novo prédio poderia ser mais interessante economicamente (subitem só para o gestor);

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a.5) não adoção das técnicas consistentes de engenharia, em desacordo com a cláusula sexta do contrato 10/2009 e 12/2009, que responsabiliza as empreiteiras pela observância dos requisitos mínimos de qualidade, resistência e segurança determinados nas Normas Técnicas, elaboradas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.

10.6.1Responsáveis Solidários: José Aelmo Gomes dos Santos e a empresa Camel Empreendimentos e Construções Ltda.

Argumento do Sr. José Aelmo Gomes dos Santos (peça 52, p. 1-6)

10.6.2Manifestou-se sobre este motivo de citação da seguinte forma:

10.6.2.1 Sobre o subitem “a.1”, disse que o projeto básico referido foi elaborado pela Coordenadoria de Engenharia (Coenge) do Cefet/SE, atual IFS. Que, se há irregularidades no projeto, os servidores da referida Coordenadoria é que deveriam ser responsabilizados. Que a função do gestor era a de solicitar a realização do projeto, ele não pode responder por eventuais erros técnicos, haja vista que não possui formação em engenharia civil. Que, em todos os pareceres existentes nestes autos, em especial no relatório de auditoria feito pela CGU, consta expressamente que o projeto básico que serviu para a realização da Tomada de Preços foi elaborado pela Coenge. Alega que, se ouviu previamente o setor competente de engenharia da autarquia, não pode ser responsabilizado por falhas no projeto.

10.6.2.2 Que o relatório de inspeção formulado pelos técnicos do Tribunal foi claro em apontar a responsabilidade dos engenheiros da Coenge. Citou trecho do relatório: “apesar da diferença de pesos entre os dois tipos de cobertura, não foi atentado pelo setor de engenharia que elaborou o projeto básico que os pilares de sustentação dos galpões poderiam não resistir (...) pode-se concluir que o projeto básico foi absolutamente deficiente”. Disse, ainda, que a Comissão Permanente de Licitação da entidade validou o processo licitatório em questão e em razão dessa formalidade o mesmo foi adjudicado e homologado em favor dos licitantes vencedores. Que não houve, portanto, vícios formais no procedimento de escolha das empresas encarregadas da obra. Para todos os efeitos foram tomadas as precauções para aferir a competência técnica do vencedor da licitação, conforme se extrai da cópia do processo de licitação que está no anexo 1 deste procedimento;

10.6.2.3 Registrou que tomou o cuidado de nomear servidores/asseguradores dos contratos designados por Ordem de Serviços, sendo que aos asseguradores é estabelecida a obrigação do acompanhamento in loco das execuções das obras. Que todos os pagamentos efetuados só foram feitos após a emissão de notas fiscais e planilhas de execuções contendo informações quantitativas e qualitativas das execuções, sendo as mesmas averiguadas, fiscalizadas e atestadas pelos asseguradores dos contratos.

10.6.2.4 Disse, ainda, que a Escola Agrotécnica de São Cristóvão, à época da obra em referência, não possuía em seus quadros engenheiros capazes de realizar as medições e projetos das obras e serviços necessários ao desenvolvimento das atividades escolares. Os documentos em anexo comprovam que o próprio Instituto Federal de Ensino reconhecia a ausência de setor de engenharia encarregado de dar suporte ao acusado nas obras ali realizadas. Que essa evidente carência, devidamente comprovada nos autos, colocou os gestores em uma difícil situação. Frise-se que, por várias vezes o Gestor solicitou de instituições coirmãs liberação de servidor engenheiro para execução de serviços, sem contudo obter sucesso.

10.6.2.5 Sobre os subitens “a.2” e “a.3”, disse que os defeitos apontados no ofício (aproveitamento de madeira da estrutura antiga e travamento das tesouras), não podem ser imputados ao gestor. Tais equívocos decorrem exclusivamente da atuação da empresa de engenharia responsável pela obra. O gestor é aqui vítima e não algoz. Foi a empresa contratada que descumpriu a Cláusula Sexta dos contratos 10/2009 e 12/2009. A empresa não atendeu aos requisitos mínimos estabelecidos na Cláusula Sexta do contrato. Que a empreiteira tinha obrigação contratual de zelar pela qualidade, resistência e segurança determinadas nas Normas Técnicas elaboradas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. Esta observação de descumprimento está assentada no Relatório Técnico de Vistoria da Defesa Civil do Estado de Sergipe e no Relatório de Inspeção do TCU.

10.6.2.6 Que o descumprimento das cláusulas contratuais por parte da contratada em tese, por utilizar materiais de qualidade inferior aos estabelecidos no processo licitatório que deu origem ao contrato em questão, bem como de reutilizar materiais usados de demolições da própria obra, não podem ser

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atribuídos ao Gestor. Essa afirmação se torna ainda mais relevante quando se leva em conta a inexistência de engenheiros no quadro da autarquia com aptidão para fiscalizar a obra de forma eficiente. Registrou que nenhum dos procedimentos de inquérito e sindicância instituídos por Portarias do Reitor do Instituto Federal de Sergipe para apuração dos fatos e responsabilidades funcionais sobre as questões ora em análise apontou responsabilidade funcional dos atos do Gestor em relação à obra em testilha. Que não houve negligência, nem conivência do Gestor com os fatos praticados pela empresa contratada para as execuções das obras. Tanto isso é verdade que assim que soube das irregularidades ora investigadas, determinou a urgente presença dos engenheiros do IFS/SE para emitir parecer sobre a questão, conforme peça 11, p. 43 deste procedimento.

10.6.2.7 Sobre o subitem “a.4”, disse que antes da realização da tomada de preços para a reforma dos galpões, o Gestor consultou a Coenge que elaborou o projeto básico referente à obra, caberia aos engenheiros daquele órgão alertar sobre a necessidade de reforço estrutural e sobre os custos disso. Não se pode exigir do Gestor este grau de conhecimento de engenharia civil. A necessidade de reforço dos pilares só chegou ao conhecimento dele após o acidente com um dos galpões. Antes disso, não houve qualquer alerta pelo setor competente (Coenge) acerca do comparativo de custos mencionado por Vossa Senhoria. Que não houve, portanto, conduta antieconômica, mas crença no acerto das informações técnicas constantes do projeto básico realizado pelo setor competente. Igualmente é válido ressaltar que os recursos liberados pelo MEC foram para reformas e não para novas construções. Caso o Gestor tivesse aplicado os recursos em novas construções, o mesmo praticaria improbidade por desvio de objeto.

10.6.2.8 Sobre o subitem “a.5” não se manifestou.

Análise

10.6.3Sobre o subitem “a.1”, a defesa alega que, se há irregularidades no projeto elaborado pela Coenge, os servidores da referida Coordenadoria é que deveriam ser responsabilizados. Aí pergunta-se: quais são os servidores responsáveis, já que o projeto é apócrifo? A Coenge não é uma entidade para ser responsabilizada como pessoa, é um Coordenadoria do IFS que tem responsáveis, mas se o projeto não foi assinado por nenhum deles não se pode afirmar que alguém seja responsável por um projeto que não tem autor. A Cláusula Primeira do Contrato 12/2009, com a Camel, reza: “Parágrafo Primeiro - Os serviços serão executados em estrita obediência ao presente Contrato, devendo ser observados integral e rigorosamente as plantas constantes do projeto aprovado pelas autoridades competentes (grifou-se), assim como ...” (peça 13, p.26-27). Ou seja, o projeto fora aprovado pelas autoridades competentes, tendo ele como a maior autoridade. Não é razoável um gestor aceitar um documento que não tenha autenticidade ou cuja autenticidade não se possa aferir, um documento que ninguém assinou.

10.6.3.1 Assim, todo esforço que o responsável fez em responsabilizar os autores do projeto básico pesa mais contra ele, pois demonstra que o mesmo assumiu, como autoridade competente, a responsabilidade por um projeto de engenharia sem ser engenheiro e sem ter nenhum engenheiro responsável pela sua autoria. Em verdade, a responsabilização deveria recair sobre os autores do projeto básico, mas a autoria desse projeto é desconhecida.

10.6.3.2 Sobre os subitens “a.2” e “a.3”, entende-se que, quanto ao subitem “a.2”, a alegação do responsável é procedente, não deve ele ser responsabilizado pelo reaproveitamento indevido de peças de madeira da antiga estrutura. Entretanto, quanto ao subitem “a.3”, verifica-se que se trata de erro na execução da obra, em desacordo com a norma ABNT NBR 7190/97 – Projeto e Execução de Estruturas de Madeira. Essa responsabilidade é solidária entre o gestor e a empresa contratada, uma vez que, no projeto básico, houve falta de detalhamento esquemático das peças estruturais, das emendas, uniões e ligações das estruturas da cobertura e destas com os pilares, e, quanto à empresa, ela executou a obra com as falhas já relatadas. A responsabilidade recai solidariamente com o gestor pela apocrifia do projeto básico aprovado por ele para a licitação.

10.6.3.3 Sobre o subitem “a.4”, entende-se que o argumento de que houve crença no acerto das informações técnicas constantes do projeto básico, realizado pelo setor competente, merece ser acatado. Não devendo pesar sobre o gestor a responsabilidade de negligente avaliação da oportunidade e conveniência da reforma dos galpões. Também não é responsabilidade do gestor a questão contida no subitem “a.5”.

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10.6.3.4 Assim, verifica-se que o gestor apresentou alegações de defesa em que não fora responsabilizado pelo “reaproveitamento indevido de peças de madeira da antiga estrutura” nem pela “negligente avaliação da oportunidade e conveniência, por parte do administrador, da reforma dos galpões...” nem pela “não adoção das técnicas consistentes de engenharia...”. Entretanto, a inutilização total do galpão 3 se deu pelos mesmos motivos que foram considerados fatores contribuintes para o desabamento do galpão 5, conforme relatório técnico de vistoria da Coordenadoria Especial de Defesa Civil de Pernambuco (peça 11, p.31-33): 1) substituição do telhado sem o devido reforço da estrutura de concreto ou alvenaria dos pilares; 2) o reaproveitamento de peças de madeira da antiga cobertura em uma possível confecção errada das tesouras de madeira; 3) ausência de travamentos longitudinais da estrutura de madeira da cobertura, que considerou ser o causador principal do desabamento.

10.6.3.5 Há que se observar também o relatório de inspeção que relata as seguintes irregularidades (peça 8, p. 14-24):

8.2 Diversas vigas dos galpões remanescentes já apresentam flechas de deformação apreciáveis, inclusive detectáveis visualmente, o que revela o subdimensionamento das seções para suportar as cargas provenientes do telhado mais pesado e, portanto, implicam em riscos de novos desabamentos, desta feita por ruptura das superestruturas.8.3 Outro fator de risco para as superestruturas pode ser observado nas tesouras principais que apresentam cisalhamento próximo aos apoios, também indicativos de subdimensionamento estrutural o que aumenta a possibilidade de desabamento apontada no parágrafo precedente.8.4 Novamente, a precariedade do projeto básico pela ausência de avaliação da necessidade de reforço nos pilares e fundações, agora combinada com o dimensionamento deficiente da superestrutura, indica que a reforma poderia ser, eventualmente, substituída por construções novas por razões econômicas.

10.6.3.6 No tocante à aferição quanto à ocorrência de boa-fé na conduta do responsável, conforme determina o § 2º do art. 202 do Regimento Interno do TCU, não há elementos para que se possa efetivamente reconhecê-la, podendo este Tribunal, desde logo, proferir o julgamento de mérito. Assim, entende-se que, não obstante o acatamento parcial das alegações de defesa, não restou afastada a responsabilidade solidária do gestor pela inutilização total do galpão 3.

Argumento da empresa Camel Empreendimentos e Construções Ltda. (peça 69)

10.6.4 Sobre a subitem “a.1”, a empresa disse que a investigada seguiu rigorosamente o projeto para a reforma da Unidade Educativa de Produção (UEP) galpão 3, conforme descrito na planilha orçamentária do empreendimento da tomada de preço 3/2008.

10.6.4.1 Que, na execução da reforma, foram previstos serviços preliminares, dentre eles consta no item 02.02.004 - "Remoção de telhamento com telhas onduladas fibrocimento ou alumínio", vide documento em anexo. Mais adiante no mesmo documento no item 02.06.002, na parte onde trata sobre a cobertura do citado galpão, o edital é claro sobre o tipo da telha a ser usada na cobertura, veja-se "telhamento com telha cerâmica tipo canal, 1ª qualidade, cor clara, Itabaianinha ou similar"

10.6.4.2 Que resta claro e evidente que a peticionante seguiu o projeto básico descrito na tomada de preço 3/2008, elaborado pela Coenge - Coodernadoria de Engenharia do Cefet/SE, se há erros no projeto, a responsabilidade pelos mesmos são dos servidores da referida coordenadoria.

10.6.4.3 Que os erros no projeto básico não podem ser imputados à investigada, que foi apenas mera executora do projeto elaborado pela Coenge. Entender o contrário seria cometer uma enorme injustiça.

10.6.4.4 Sobre a subitem “a.2”, a empresa disse que, na execução dos serviços realizados no galpão 3, prezou pela qualidade, resistência e segurança conforme determinam as Normas Técnicas elaboradas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. Conforme o acervo fotográfico que segue em anexo, tirado do galpão 3, no inicio do mês corrente, fica claro que a Camel não reaproveitou nenhuma peça de madeira da antiga estrutura. Vale destacar que nos autos não há nenhum documento que comprove o reaproveitamento de madeira da antiga estrutura na execução da reforma do galpão 3.

10.6.4.5 Que, de acordo com o relatório fotográfico de vistoria elaborado pela Defesa Civil do Estado, já colacionado aos autos, fica claro que houve aproveitamento de madeira apenas no galpao 5, obra

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executada pela empresa EAS Construções Ltda. Desta forma, não se pode interpretar de maneira extensiva o relatório técnico e fotográfico já colacionado aos autos e estender a culpa pela má execução dos serviços prestados pela empresa EAS Construções Ltda, para a peticionante, haja vista, que o galpão 3 está em perfeitas condições e inclusive atualmente sendo utilizado pelo Instituto, como viveiro de plantas.

10.6.4.6 Sobre o subitem “a.3”, a empresa disse que a peticionante executou o serviço de madeiramento do telhado do galpão 3 em total consonância com o estabelecido na norma da ABNT NBR 7190/97 Projeto e Execução de Execução de Estruturas de Madeira.

10.6.4.7 Que, conforme demonstrado pelo acervo fotográfico que segue em anexo, resta claro que as alegações contidas no subitem são descabidas, pois o Instituto vem utilizando normalmente em suas atividades o referido galpão. Inclusive, vale deixar consignado que, quando o engenheiro da investigada se dirigiu na semana passada à sede do instituto a fim de fotografar o galpão, o diretor da escola reconheceu que não há nada de errado com o galpão e que deve estar havendo algum equívoco.

10.6.4.8 Sobre a subitem “a.5”, a empresa disse que na execução da reforma do galpão 3 a Camel atendeu a todos os requisitos estabelecidos na cláusula sexta do contrato 12/2009 e em total consonância com as normas estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. Nos presentes autos não há nenhum documento que dê subsídios às alegações contidas no subitem em epígrafe.

10.6.4.9 A empresa requer, em nome do Principio da Eventualidade, caso não se acate o pleito inicial, seja designada visita técnica ao Galpão 3, a fim de elucidar qualquer dúvida acerca dos procedimentos utilizados na execução da obra pela Camel Empreendimentos e Construções Ltda.

Análise

10.6.5Sobre a subitem “a.1”, se se tratasse de construção em concreto armado ou protendido de edificações de prédios, pontes, aquedutos, portos, ou seja, de construções de porte que exigissem cálculos complexos que só engenheiros especialistas em cálculo estrutural pudessem realizar e detectar falhas aí justificaria uma empresa, que não houvesse cometido falha construtiva, ser isentada de responsabilidade pela inutilização da obra. Entretanto, trata-se de construção simples em que todas as inspeções (CGU, Defesa Civil e Inspeção do TCU) observaram as falhas construtivas e só a construtora não observou. Com as falhas de detalhamento no projeto básico, caberia à construtora duas opções: 1) suprir a deficiência detectada no projeto básico e executar um serviço de acordo com as normas da ABNT, conforme pactuado; ou 2) consultar o executor do projeto básico. O mínimo que se esperava da Construtora é que, pelo menos neste momento, ela constatasse que o projeto não fora assinado por nenhum engenheiro (não existia responsável pela sua elaboração - projeto apócrifo). Como é que se justifica uma empresa construir com base em um projeto que não fora assinado por nenhum engenheiro, projeto que deveria constar inclusive o número do CREA do(s) responsável(eis). Faltando inclusive a Anotação de Responsabilidade Técnica – ART (documento obrigatório para estabelecer responsabilidades). Observe-se que é clara a cláusula sexta do Contrato 12/2009 (peça 13, p. 26-38) “Clausula Sexta - Execução dos Serviços - Na execução dos serviços a Empreiteira deverá observar os requisitos mínimos de qualidade, resistência e segurança, determinados nas ‘Normas Técnicas’, elaboradas pela Associação de Normas Técnicas – ABNT.”.

10.6.5.1 Não obstante a cláusula citada, constatou-se na inspeção do TCU que diversas vigas dos galpões remanescentes já apresentavam flechas de deformação apreciáveis, inclusive detectáveis visualmente, o que revela o subdimensionamento das seções para suportar as cargas provenientes do telhado mais pesado e, portanto, implicam em riscos de novos desabamentos, desta feita por ruptura da superestrutura. Outro fator de risco para a superestrutura pode ser observado nas tesouras principais que apresentam cisalhamento próximo aos apoios, também indicativos de subdimensionamento estrutural o que aumenta a possibilidade de desabamento apontada no parágrafo precedente. O relatório técnico de vistoria da Coordenadoria Especial de Defesa Civil de Pernambuco (peça 11, p.31-33), mesmo tendo como objetivo relatar sobre o desabamento do galpão 5, observou:

Em tempo, informamos ainda que percebemos a execução inadequada do travamento de algumas tesouras de outros galpões próximo ao galpão n. 5, inclusive com emendas e sambladuras mal executadas, algumas já rompidas por cisalhamento em total desacordo com a norma ABNT NBR

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7190/97 - Projeto e Execução de Estruturas de Madeira, que futuramente poderá comprometer a estabilidade da cobertura desses galpões.

10.6.5.2 Sobre a subitem “a.2”, não merece acolhida a alegação de que a empresa prezou pela qualidade, resistência e segurança conforme determinam as Normas Técnicas da ABNT, pois três fiscalizações foram feitas e todas as três observaram diversamente do que diz a defendente, constatando as falhas já relatadas. O acervo fotográfico não tem o condão de superar as evidências relatadas nas fiscalizações. Mesmo que especificamente no galpão 3 não tenha havido reaproveitamento de madeira, uma vez que as fiscalizações referem-se aos galpões, não especificando o galpão 3 (peça 6, p. 50; peça 11, p. 31 e peça 8, p. 21), entende-se que este fato não elide a irregularidade constatada de inutilização total do galpão 3. Quanto ao relatório da Defesa Civil, deve ficar claro que o mesmo teve como motivo a avaliação do desabamento do Galpão 5 (peça 11, p.32), por isso foi feita referência ao reaproveitamento de madeira naquele galpão, não implicando que o reaproveitamento não tenha havido nos demais. Inclusive, mesmo sendo motivado pelo desabamento do galpão 5, o relatório fez referência aos outros galpões (peça 11, p.33) com fotos que mostram “tesoura cisalhada em galpões vizinhos” (peça 11, p.36).

10.6.5.3 Sobre o subitem “a.3”, também há discordância entre o que diz a Camel e o relato da inspeção realizada pelo Tribunal, em que constata que outro fator de risco para as superestruturas pode ser observado nas tesouras principais que apresentam cisalhamento próximo aos apoios, também indicativos de subdimensionamento estrutural o que aumenta a possibilidade de desabamento apontada no parágrafo precedente.

10.6.5.4 A alegação de que o Instituto vem utilizando normalmente em suas atividades o referido galpão é discordante do que consta no relatório da CGU (peça 7, p. 1), em que a “Manifestação da Unidade Examinada” diz: “(...) Item 2: De acordo com o responsável pelo setor de engenharia do IFS os Galpões n. 03, 04, 05, 06 e 07 estão interditados. (...)”.

10.6.5.5 Sobre o subitem “a.5”, entende-se diferente do que disse a Camel, de que atendeu a todos os requisitos estabelecidos na cláusula sexta do contrato 12/2009 e em total consonância com as normas estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. Uma vez que houve mudança da superestrutura de um material de peso específico menor para um de peso específico maior sem o devido reforço na fundação, nos pilares de sustentação e se constatou que diversas vigas dos galpões remanescentes já apresentam flechas de deformação apreciáveis, inclusive detectáveis visualmente, o que revela o subdimensionamento das seções para suportar as cargas provenientes do telhado mais pesado e, portanto, implicam em riscos de novos desabamentos, desta feita por ruptura da superestrutura.

10.6.5.6 Sobre o que diz a defesa, que nos presentes autos não há nenhum documento que dê subsídios às alegações contidas no subitem em epígrafe, informa-se que os documentos constantes dos autos são: 1) o relatório da CGU (peça 6, p. 49-50 e peça 7, p. 1-2); 2) a vistoria feita pela Defesa Civil (peça 11, p. 31-33), que constatou “a execução inadequada do travamento de algumas tesouras de outros galpões próximo ao galpão n. 5, inclusive com emendas e sambladuras mal executadas, algumas já rompidas por cisalhamento em total desacordo com a norma ABNT NBR 7190/97 - Projeto e Execução de Estruturas de Madeira, que futuramente poderá comprometer a estabilidade da cobertura desses galpões”; e 3) a inspeção realizada pela equipe de auditoria do TCU, que constatou as irregularidades relatadas no subitem 10.2.5.5 acima.

10.6.5.7 Quanto ao que requer a empresa (alegação feita em nome do Principio da Eventualidade), que seja designada visita técnica ao Galpão 3, a fim de elucidar qualquer dúvida acerca dos procedimentos utilizados na execução da obra pela Camel, não merece acolhida, até porque foi este o momento de aplicação do princípio da eventualidade, que manda que as partes, logo que possível, apresentem tudo quanto têm a dizer em seu favor, ou que indiquem desde logo todas as suas provas, sob pena de preclusão. Nesta fase do processo, os argumentos apresentados não foram suficientes para afastar o motivo da citação, que fora a inutilização total do galpão 3, decorrente do risco de desabamento, como ocorreu com o galpão 5, pela semelhança de erros ocorridos na construção dos mesmos.

10.6.5.8 No que se refere à obra, não se trata de problema incorrigível, eis que, em engenharia civil, quase tudo tem solução, é só questão de verificar a relação benefício-custo. Levantam-se grandes edifícios com macaco mecânico para corrigir problemas de recalque das fundações, quanto mais encontrar solução de engenharia para que se tenha segurança quanto à estabilidade da construção do

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galpão. No caso concreto, um novo projeto básico (executado pela Coenge ou pela Camel), assinado por profissionais competentes, com a devida ART, seguidos da correção das falhas de infraestrutura e superestrutura sanaria o risco de desabamento da construção. Ocorre que nenhuma das partes tomou nenhuma atitude no sentido de sanar as irregularidades, o que faz com que, nas alturas desta análise dos autos a inutilização seja considerada ad eternum, caracterizando dano ao erário, eis que o passar do tempo não trará segurança à obra.

10.6.5.9 No tocante à aferição quanto à ocorrência de boa-fé na conduta do responsável, conforme determina o § 2º do art. 202 do Regimento Interno do TCU, não há elementos para que se possa efetivamente reconhecê-la, podendo este Tribunal, desde logo, proferir o julgamento de mérito. Diante do exposto, rejeitam-se as alegações de defesa.

10.7 Motivo da citação: b) Pelo desabamento do galpão 5 e inutilização total dos galpões 6 e 7 do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe – Campus São Cristóvão decorrentes da(o):

b.1) alteração da cobertura original do prédio de telhas onduladas de fibrocimento (Eternit) por telhas de cerâmica canal tipo itabaianinha, materiais com pesos específicos sensivelmente diferentes, o que demandaria, dos engenheiros que elaboraram o projeto básico (projeto apócrifo), reforços nos pilares, nas fundações, amarração longitudinal tendo em vista sua extensão e dimensionamento das tesouras, eis que o projeto básico deve conter o conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado para caracterizar a obra, ser elaborado com base em estudos técnicos que assegurem a viabilidade técnica, em que serão considerados principalmente os requisitos de segurança;

b.2) reaproveitamento indevido de peças de madeira da antiga estrutura;

b.3) constatação de que alguns pilares do galpão 5, executados em concreto armado, apresentavam armaduras em adiantado processo de corrosão;

b.4) execução inadequada do travamento de algumas tesouras dos galpões, inclusive com emendas e sambladuras mal executadas, algumas já rompidas por cisalhamento, em total desacordo com a norma ABNT NBR 7190/97 – Projeto e Execução de Estruturas de Madeira, comprometendo a estabilidade da cobertura desses galpões;

b.5) negligente avaliação da oportunidade e conveniência, por parte do administrador, da reforma dos galpões, uma vez que, caso fosse considerada a necessidade de reforços nos pilares e nas fundações, seria perfeitamente possível a conclusão de que a demolição do galpão seguida da construção de um novo prédio poderia ser mais interessante economicamente (subitem só para o gestor);

b.6) não adoção das técnicas consistentes de engenharia, em desacordo com a cláusula sexta do contrato 10/2009 e 12/2009, que responsabiliza as empreiteiras pela inobservância dos requisitos mínimos de qualidade, resistência e segurança determinados nas Normas Técnicas, elaboradas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.

10.7.1Responsáveis Solidários: José Aelmo Gomes dos Santos e a empresa EAS Construções Ltda.

Argumento do Sr. José Aelmo Gomes dos Santos (peça 52, p. 7-10)

10.7.2Manifestou-se sobre este motivo de citação da seguinte forma:

10.7.2.1 Sobre o subitem “b.1”, disse que o projeto básico referido foi elaborado pela Coenge. Se há irregularidades neste projeto, os servidores da referida Coordenadoria é que devem ser responsabilizados. A função do gestor era a de solicitar a realização do projeto, ele não pode responder por eventuais erros técnicos, haja vista que não possui formação em engenharia civil.

10.7.2.2 Que a alegação de que o projeto básico está sem a assinatura do responsável técnico (apócrifo) e que, por isso, o Gestor responderia pelos defeitos no mesmo, não merece prosperar. Que, ao longo deste processo, há vários documentos que atestam a autoria do referido projeto. Foi a Coordenadoria de Engenharia (Coenge) do IFS/SE que realizou o trabalho. Não há dúvidas sobre isso. A responsabilidade por equívocos no projeto não pode ser atribuída ao gestor. Por outra via, o acompanhamento das

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obras/reformas em suas execuções, foi realizado por servidores da autarquia nomeados pelo acusado e pelos próprios engenheiros integrantes da Coenge. Todas as cautelas e controles ao alcance do Gestor foram realizadas, razão pela qual resta evidente que o mesmo não foi omisso.

10.7.2.3 Sobre os subitens “b.2”, “b.3” e “b.4”, disse que os defeitos apontados no ofício (aproveitamento de madeira da estrutura antiga e travamento das tesouras) não podem ser imputados ao gestor. Tais equívocos decorrem exclusivamente da atuação da empresa de engenharia responsável pela obra (EAS Construções Ltda). O gestor é aqui vítima e não algoz. Foi a empresa contratada que descumpriu a cláusula sexta dos contratos 10/2009 e 12/2009. A empresa não atendeu aos requisitos mínimos estabelecidos na Cláusula Sexta do contrato. Ela tinha obrigação contratual de zelar pela qualidade, resistência e segurança determinadas nas Normas Técnicas elaboradas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT. Esta observação de descumprimento está assentada no Relatório Técnico de Vistoria da Defesa Civil do Estado de Sergipe e no Relatório de Inspeção do TCU.

10.7.2.4 Que o descumprimento das cláusulas contratuais por parte da contratada em tese, por utilizar materiais de qualidade inferior aos estabelecidos no processo licitatório que deu origem ao contrato em questão, bem como de reutilizar materiais usados de demolições da própria obra não podem ser atribuídos ao Gestor. Essa afirmação se torna ainda mais relevante quando se leva em conta a inexistência de engenheiros no quadro da autarquia com aptidão para fiscalizar a obra de forma eficiente. O Gestor fez tudo que estava ao seu alcance ao elaborar um contrato minucioso em que restaram firmadas as obrigações de empresa vencedora do certame. Registrou que nenhum dos procedimentos de inquérito e sindicância instituídos por Portarias do Reitor do Instituto Federal de Sergipe para apuração dos fatos e responsabilidades funcionais sobre as questões ora em análise apontou responsabilidade funcionais dos atos do Gestor em relação a obra em testilha.

10.7.2.5 Sobre o subitem “b.5”, disse que antes da realização da tomada de preços para a reforma dos galpões, o Gestor consultou a Coenge. Que caberia aos engenheiros daquele órgão alertar sobre a necessidade de reforço estrutural e sobre os custos disso. Não se pode exigir do Gestor este grau de conhecimento de engenharia civil. A necessidade de reforço dos pilares só chegou ao conhecimento dele após o acidente com um dos galpões. Antes disso, não houve qualquer alerta pelo setor competente (Coenge) acerca do comparativo de custos mencionado por Vossa Senhoria. Não houve, portanto, conduta antieconômica, mas crença no acerto das informações técnicas constantes do projeto básico realizado pelo setor competente. Fez, ainda a seguinte observação:

OBSERVAÇÃO RELEVANTE: Não há documento nos autos que ateste a inutilização permanente dos galpões 3, 6 e 7. Os laudos da Defesa Civil e desta Secretaria de Controle Externo apenas recomendaram a interdição provisória dos galpões. Ainda não foi realizada uma perícia definitiva sobre a estrutura dos galpões. O Reitor do IFS/SE solicitou uma perícia pelo Conselho Regional de Engenharia (CREA), mas a mesma ainda não foi concluída. Sob este ponto de vista não se pode afirmar que os referidos galpões seguirão sem uso. O que houve foi apenas uma providência de cautela para evitar acidentes diante do desabamento do galpão 3. Entretanto, nada indica que os galpões 3, 4, 6 e 7 permanecerão sem uso.

O laudo da Defesa Civil (fl. 95/97) afirmou apenas que “percebemos a execução inadequada de travamento de algumas tesouras nos galpões próximos ao galpão 5. Inclusive com emendas e sambladuras mal executadas, algumas já rompidas por cisalhamento em total desacordo com a norma ABNT NBR 7190/97, QUE FUTURAMENTE PODERÁ COMPROMETER A ESTABILIDADE DA COBERTURA DOS GALPÕES’. Como se lê, nada no referido laudo atesta a impossibilidade permanente de uso dos referidos galpões a ponto de justificar o seu abandono ou a devolução integral dos valores pagos pela autarquia.

Da mesma forma o parecer da Controladoria Geral da União (fl. 89/93) cingiu-se a recomendar a interdição dos galpões até que fosse realizada a vistoria pelos profissionais do CREA/SE. O documento não concluiu pela necessidade de demolir ou inutilizar de forma permanente os referidos galpões. Portanto, sem que haja prova definitiva acerca da inutilização dos galpões é impossível condenar o Gestor a devolver os valores gastos com a reforma.

10.7.2.6 Sobre o subitem “b.6”, o responsável não se manifestou.

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Análise

10.7.3Sobre o subitem “b.1”, da mesma forma que foi analisado na constatação anterior deve ser considerado na análise deste subitem. A defesa alega que, se há irregularidades no projeto elaborado pela Coenge, os servidores da referida Coordenadoria é que deveriam ser responsabilizados. Aí pergunta-se: quais são os servidores responsáveis, já que o projeto é apócrifo? O parágrafo primeiro da cláusula primeira do Contrato 10/2009, com a EAS Construções Ltda., reza: “Parágrafo Primeiro - Os serviços serão executados em estrita obediência ao presente Contrato, devendo ser observados integral e rigorosamente as plantas constantes do projeto aprovado pelas autoridades competentes (grifou-se), assim como ...” (peça 15, p.20). Ou seja, o projeto fora aprovado pelas autoridades competentes, tendo o defendente como a maior autoridade. Não é razoável um gestor aceitar um documento que não tenha autenticidade ou cuja autenticidade não se possa aferir, um documento que ninguém assinou.

10.7.3.1 Assim, todo esforço que o responsável fez em responsabilizar os autores do projeto básico pesa mais contra ele, pois demonstra que o mesmo assumiu, como autoridade competente, a responsabilidade por um projeto de engenharia sem ser engenheiro e sem ter nenhum engenheiro responsável pela sua autoria. Em verdade, a responsabilização deveria recair sobre os autores do projeto básico, ocorre que a sua autoria é desconhecida.

10.7.3.2 Sobre os subitens “b.2”, “b.3” e “b.4”, entende-se que, quanto ao subitem “b.2”, a alegação do responsável é procedente, não deve ser ele responsabilizado pelo reaproveitamento indevido de peças de madeira da antiga estrutura. Também não deve recair sobre ele a responsabilidade pelo constatado no subitem “b.3”. Entretanto, quanto ao subitem “b.4”, verifica-se que se trata de erro na execução da obra, em desacordo com a norma ABNT NBR 7190/97 – Projeto e Execução de Estruturas de Madeira. Essa responsabilidade é solidária entre o gestor e a empresa contratada, uma vez que, no projeto básico, houve falta de detalhamento esquemático das peças estruturais, das emendas, uniões e ligações das estruturas da cobertura e destas com os pilares, e, quanto à empresa, ela executou a obra com as falhas já relatadas. A responsabilidade recai solidariamente com o gestor pela apocrifia do projeto básico aprovado por ele para a licitação.

10.7.3.3 Sobre o subitem “b.5”, entende-se que o argumento de que houve crença no acerto das informações técnicas constantes do projeto básico, realizado pelo setor competente, merece ser acatado. Não devendo pesar sobre o gestor a responsabilidade de negligente avaliação da oportunidade e conveniência da reforma dos galpões. Também não é responsabilidade do gestor a questão contida no subitem “b.6”.

10.7.3.4 Assim, verifica-se que o gestor apresentou alegações de defesa, cujos argumentos foram aproveitados em parte. Não fora responsabilizado pelo “reaproveitamento indevido de peças de madeira da antiga estrutura” nem pela “negligente avaliação da oportunidade e conveniência, por parte do administrador, da reforma dos galpões...” nem pela “não adoção das técnicas consistentes de engenharia...”. Entretanto, a inutilização total dos galpões 6 e 7 ocorreram pelos mesmos motivos que foram considerados fatores contribuintes para o desabamento do galpão 5, conforme relatório técnico de vistoria da Coordenadoria Especial de Defesa Civil de Pernambuco (peça 11, p.31-33): 1) substituição do telhado sem o devido reforço da estrutura de concreto ou alvenaria dos pilares; 2) o reaproveitamento de peças de madeira da antiga cobertura em uma possível confecção errada das tesouras de madeira; 3) ausência de travamentos longitudinais da estrutura de madeira da cobertura, que considerou ser o causador principal do desabamento.

10.7.3.5 Há que se observar também o relatório de inspeção que relata as seguintes irregularidades (peça 8, p. 14-24):

8.2 Diversas vigas dos galpões remanescentes já apresentam flechas de deformação apreciáveis, inclusive detectáveis visualmente, o que revela o subdimensionamento das seções para suportar as cargas provenientes do telhado mais pesado e, portanto, implicam em riscos de novos desabamentos, desta feita por ruptura das superestruturas.8.3 Outro fator de risco para as superestruturas pode ser observado nas tesouras principais que apresentam cisalhamento próximo aos apoios, também indicativos de subdimensionamento estrutural o que aumenta a possibilidade de desabamento apontada no parágrafo precedente.

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8.4 Novamente, a precariedade do projeto básico pela ausência de avaliação da necessidade de reforço nos pilares e fundações, agora combinada com o dimensionamento deficiente da superestrutura, indica que a reforma poderia ser, eventualmente, substituída por construções novas por razões econômicas.

10.7.3.6 Quanto à inutilização permanente dos galpões 3, 6 e 7, ela se dá pelo fato de o tempo não concorrer para a elisão do risco de desabamento, se há falhas construtivas que levaram ao desabamento do galpão 5 e risco de desabamento dos demais, essa inutilização deve ser considerada permanente. Não obstante este fato, não se trata de problema incorrigível, eis que, em engenharia civil, quase tudo tem solução, é só questão de verificar a relação benefício-custo. Levantam-se grandes edifícios com macaco mecânico para corrigir problemas de recalque das fundações, quanto mais encontrar solução de engenharia para que se tenha segurança quanto à estabilidade da construção dos galpões. No caso concreto, um novo projeto básico (executado pela Coenge ou pela EAS), assinado por profissionais competentes, com a devida ART, seguido da correção das falhas de infraestrutura e superestrutura, que assegure a estabilidade das construções, sana o risco de desabamento das mesmas. Ocorre que nenhuma das partes tomou nenhuma atitude no sentido de sanar as irregularidades, o que faz com que, nesta altura da análise dos autos, nas condições em que se encontram os galpões, a inutilização dos mesmos é considerada ad eternum, caracterizando dano ao erário.

10.7.3.7 Não se pode alegar que tenha havido açodamento por parte do Tribunal, eis que o responsável tem conhecimento dos fatos desde outubro de 2009, época do desabamento do galpão. Observe-se que a Unidade, através do Ofício 433/2009/Reitoria/IFS, de 20 de outubro de 2009, solicitou ao Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura de Sergipe (CREA/SE) perícia técnica no Galpão 5 (peça 7, p. 1). O CREA/SE solicitou a documentação e a Unidade informou, através do Oficio IFS/Campus SC/GD/083/2010, de 17 de maio de 2010: “(...) Em virtude de todas essas solicitações, ficamos impossibilitados de enviar o processo ao CREA/SE. Mas, assim que o Processo retornar à Instituição, enviaremos conforme solicitado (...)” (peça 8, p. 8). Ou seja, houve tempo suficiente, mais de dois anos, para que a Unidade providenciasse a documentação requisitada pelo CREA/SE, não se podendo alegar que a falha tenha sido do Conselho.

10.7.3.8 No tocante à aferição quanto à ocorrência de boa-fé na conduta do responsável, conforme determina o § 2º do art. 202 do Regimento Interno do TCU, não há elementos para que se possa efetivamente reconhecê-la, podendo este Tribunal, desde logo, proferir o julgamento de mérito. Assim, entende-se que, não obstante o acatamento parcial das alegações de defesa, não restou afastada a responsabilidade solidária do defendente, pelo desabamento do galpão 5 e inutilização total dos galpões 6 e 7.

Argumento da empresa EAS Construções Ltda. (peça 35)

10.7.4A empresa se manifestou nos seguintes termos:

“(...) vem dizer que todas alegações acerca de eventuais defeitos foram levadas à apreciação da Justiça Federal-2a Vara de Aracaju, nos autos 2009.85.005684-0 (005684-23.2009.4.05.8500), tendo a EAS Construções Ltda. logrado êxito na sua postulação.

Entre outras razões deduzidas pelo magistrado sentenciante trazemos à lume as seguintes:

‘....Em sua contestação, o demandado afirma que a mencionada reforma se consubstanciou na substituição do telhamento, madeiramento e coluna de alvenaria (fI. 49), nada aludindo, ainda que por decorrência dessa reforma quanto à obrigatoriedade de análise da estrutura e fundação do referido prédio.

Por conseguinte, é de se supor que houvesse, por parte do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe, prévio estudo técnico apontando pela desnecessidade de reforço das estruturas dos galpões que teriam o seu telhamento trocado.

Ao licitar, meramente, a troca das coberturas, sem anterior avaliação de engenharia, mediante corpo técnico próprio ou por específica licitação, assumiu o demandado inteira responsabilidade por eventual ruína parcial ou completo desmoronamento da edificação – como efetivamente veio a ocorrer -, cuja causas, a despeito da inexistência de posterior laudo técnico, apontam no sentido de

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falhas na estrutura previamente edificada por empresa diversa da autora, e que não suportou o peso do novo telhado.

A inexigiblidade de prévio estudo técnico ou projeto estrutural, as deficiências na apuração administrativa do desabamento e na formatação da defesa processual pelo réu - que, ao arguir fato modificativo do direito pleiteado, atraiu o ônus probatório para si -, ensejam o afastamento de qualquer responsabilidade da parte autora pelo evento danoso.

Por igual decorrência, tais circunstâncias não invalidam o direito autoral à percepção do crédito pelos serviços executados, plasmados na nota fiscal n. 232, de 04/08/2009, no valor de R$ 88.005,83, sob pena de enriquecimento sem causa do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe..............’

A decisão acima, mantida pelo Egrégio TRF da 5ª Região ensejou a determinação de pagamento da quantia de R$ 142.017,10 (cento e quarenta e dois mil, dezessete reais e dez centavos), em valores de 5 de dezembro de 2011.

Para provar o alegado juntamos os seguintes documentos:

1 - Decisão do primeiro grau com grifos em vermelho de trechos da sentença que se relaciona com a matéria aqui discutida;

2- Acórdão do TRF da 5a Região;

3 - Petição com a conta da execução.

Posto isso, que se arquive o procedimento por ser claramente abusivo, haja vista que, repetimos, a instância cabível para se discutir sobre a validade e legalidade da conduta da acionada EAS Construções já foi provocada, com a decisão que lhe favoreceu tendo transitado em julgado.”

Análise

10.7.5A empresa não se manifestou sobre os itens que deram motivo de citação. Entendeu que o fato de haver vencido a demanda com o IFS sobre o pagamento dos serviços executados ilidiriam as irregularidades que lhe foram imputadas na presente citação.

10.7.5.1 Não condiz com a verdade o argumento de que todas as alegações acerca de eventuais defeitos foram levadas à apreciação da Justiça Federal - 2a Vara de Aracaju, nos autos 2009.85.005684-0 (005684-23.2009.4.05.8500). A sentença não entrou no mérito das causas do desabamento nem da inutilização dos galpões nem teve acesso aos laudos que comprovam as falhas construtivas, eis que restou evidente que a Construtora tem responsabilidade tanto no que tange ao desabamento do galpão 5, quanto à inutilização dos galpões 6 e 7 do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe – Campus São Cristóvão. O magistrado atendeu ao pedido da demandada, que alegou que “a mencionada reforma se consubstanciou na substituição do telhamento, madeiramento e coluna de alvenaria, nada aludindo quanto à obrigatoriedade de análise da estrutura e fundação do referido prédio”. Abstrai-se do julgado o que se segue:

“(...) ao licitar, meramente, a troca das coberturas, sem anterior avaliação de engenharia, mediante corpo técnico próprio ou por específica licitação, assumiu o demandado inteira responsabilidade por eventual ruína parcial ou completo desmoronamento da edificação – como efetivamente veio a ocorrer, cujas causas, a despeito da inexistência de posterior laudo técnico (grifou-se), apontam no sentido de falhas na estrutura previamente edificada por empresa diversa da autora, e que não suportou o peso do novo telhado (...). (peça 35, p. 15)

10.7.5.2 O que se entendeu da decisão do magistrado é que, na ausência de laudo técnico que viesse a comprovar a culpabilidade da empresa, o julgamento se deu com base nos princípios do Pacta Sunt Servanda, ou seja, o que fora pactuado é lei entre as partes, e do axioma jurídico “o que não existe nos autos não existe no mundo” e condenou o IFS ao pagamento dos serviços executados. Observe-se o que diz o jurista Silvio Luís de Camargo Saíki no seu artigo “A norma jurídica da motivação das decisões judiciais”, publicada da Revista Jurídica da Presidência - Edição 88: “(...) uma argumentação análoga ao brocardo ‘fora dos autos fora do mundo’, em que teríamos, então, a circunstância de que as questões fora do fato jurídico motivador estão fora da decisão. (...)”.

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10.7.5.3 Se a decisão decorresse de julgamento com conhecimento das evidências e dos elementos de prova constantes nestes autos, poder-se-ia propor ao Tribunal considerar a decisão judicial para fins de acatamento das alegações de defesa. Entretanto, não se trata de ações idênticas – as partes são iguais, mas o pedido e a causa de pedir diferem – não há litispendência, e mesmo que houvesse, a Corte de Contas não se obrigaria a segui-la, pelo princípio da independência das instâncias. O Tribunal de Contas da União possui jurisdição e competência próprias estabelecidas pela Constituição Federal e sua Lei Orgânica (Lei n. 8.443/1992), não obstando a sua atuação o fato de tramitar ou ter tramitado no âmbito do Poder Judiciário ação penal ou civil, versando sobre o mesmo assunto, dado o princípio da independência das instâncias.

10.7.5.4 Sobre a obra em si, repetindo os argumentos da análise da Camel, se se tratasse de construção em concreto armado ou protendido de edificações de prédios, pontes, aquedutos, portos, ou seja, de grandes construções, que exigissem cálculos complexos que só engenheiros especialistas em cálculo estrutural pudessem realizar e detectar falhas, neste caso justificaria uma empresa, que não tenha cometido falha construtiva, ser isentada de responsabilidade pelo desabamento de uma obra e inutilização de outras. Entretanto, no caso concreto, trata-se de construção simples em que todas as inspeções (CGU, Defesa Civil e Inspeção do TCU) observaram as falhas construtivas. Com as falhas de detalhamento no projeto básico, caberia à construtora duas opções: 1) suprir a deficiência detectada no projeto básico e executar um serviço de acordo com as normas da ABNT, conforme pactuado; ou 2) consultar o executor do projeto básico. Observe-se que é clara a cláusula sexta do Contrato 10/2009 (peça 15, p. 25): “Clausula Sexta - Execução dos Serviços - Na execução dos serviços a Empreiteira deverá observar os requisitos mínimos de qualidade, resistência e segurança, determinados nas ‘Normas Técnicas’, elaboradas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.”.

10.7.5.5 Se a empresa estava executando um serviço de substituição de telhamento com peso específico superior ao que estava sendo retirado não é razoável que a mesma não tenha observado a necessidade de reforça estrutural, a menos que a fundação e pórticos existentes estivessem inicialmente superdimensionados, o que não é muito provável em engenharia. Neste caso, os engenheiros da empresa teriam a obrigação de verificar o projeto, checando com os responsáveis pela elaboração do projeto básico a desnecessidade de reforço estrutural. O mínimo que se esperava da Construtora é que, pelo menos neste momento, ela constatasse que o projeto não fora assinado por nenhum engenheiro (não existia responsável pela sua elaboração - projeto apócrifo). Como é que se justifica uma empresa construir com base em um projeto que não fora assinado por nenhum engenheiro, projeto que deveria constar inclusive o número do CREA do(s) responsável(eis). Faltando inclusive a Anotação de Responsabilidade Técnica - ART.

10.7.5.6 Sobre a ART, o relatório da CGU constatou a falta de disponibilização dos documentos relativos às Anotações de Responsabilidade Técnica de projetos, de fiscalização e de execução das obras e serviços de reforma das unidades administrativas, inclusive dos Galpões. (peça 6, p. 50). O mesmo ocorrendo com a inspeção do Tribunal, que verificou que não existiam as ARTs. do projeto básico e do orçamento da licitação (peça 8, p. 18). A Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, de acordo com a Lei 6.496/77, é obrigatória para obras e serviços sujeitos à fiscalização do Sistema Confea/Crea. Para a sociedade, a ART serve como um instrumento de defesa, pois formaliza o compromisso do profissional com a qualidade dos serviços prestados.

10.3.5.7 A Lei 6.496/1977, que Institui a Anotação de Responsabilidade Técnica, reza:Art. 1º - Todo contrato, escrito ou verbal, para a execução de obras ou prestação de quaisquer serviços profissionais referentes à Engenharia, à Arquitetura e à Agronomia fica sujeito à "Anotação de Responsabilidade Técnica" (ART).Art. 2º - A ART define para os efeitos legais os responsáveis técnicos pelo empreendimento de engenharia, arquitetura e agronomia.

10.7.5.8 Não obstante a cláusula sexta citada, constatou-se na inspeção do TCU (peça 8, p. 14-24):

8.2 Diversas vigas dos galpões remanescentes já apresentam flechas de deformação apreciáveis, inclusive detectáveis visualmente, o que revela o subdimensionamento das seções para suportar as cargas provenientes do telhado mais pesado e, portanto, implicam em riscos de novos desabamentos, desta feita por ruptura das superestruturas.

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8.3 Outro fator de risco para as superestruturas pode ser observado nas tesouras principais que apresentam cisalhamento próximo aos apoios, também indicativos de subdimensionamento estrutural o que aumenta a possibilidade de desabamento apontada no parágrafo precedente.

10.7.5.9 O relatório técnico de vistoria da Coordenadoria Especial de Defesa Civil de Pernambuco (peça 11, p.31-33), elaborado com o objetivo relatar a despeito do desabamento do galpão 5, diz, verbis:

(...) Após vistoria visual ficou constatado que uma série de fatores culminou para o desabamento da cobertura do galpão, entre eles, substituição do telhado sem o devido reforço da estrutura de concreto ou alvenaria dos pilares, o reaproveitamento de peças de madeira da antiga cobertura em uma possível confecção errada das tesouras de madeira, bem como a ausência de travamentos longitudinais da estrutura de madeira da cobertura, que consideramos ser o causador principal do desabamento. É possível que essa estrutura tenha se deslocado longitudinalmente em função da sua extensão.

Em tempo, informamos ainda que percebemos a execução inadequada do travamento de algumas tesouras de outros galpões próximo ao galpão n. 5, inclusive com emendas e sambladuras mal executadas, algumas já rompidas por cisalhamento em total desacordo com a norma ABNT NBR 7190/97 - Projeto e Execução de Estruturas de Madeira, que futuramente poderá comprometer a estabilidade da cobertura desses galpões.

10.7.5.10Quanto à inutilização permanente dos galpões 6 e 7, ela se dá pelo fato de o tempo não concorrer para elidir os motivos que levaram à inutilização dos galpões, se há falhas construtivas que levaram ao desabamento do galpão 5 e risco de desabamento dos demais, essa inutilização deve ser considerada permanente. Não obstante este fato, não se trata de problema incorrigível, eis que, em engenharia civil, quase tudo tem solução, é só questão de verificar a relação benefício-custo. Levantam-se grandes edifícios com macaco mecânico para corrigir problemas de recalque das fundações, quanto mais encontrar solução de engenharia para que se tenha segurança quanto à estabilidade da construção dos galpões. No caso concreto, um novo projeto básico (executado pela Coenge ou pela EAS), assinado por profissionais competentes, com a devida ART, seguidos da correção das falhas de infraestrutura e superestrutura, que assegure a estabilidade das construções, sana o risco de desabamento das mesmas. Ocorre que nenhuma das partes tomou nenhuma atitude no sentido de sanar as irregularidades, o que faz com que, nessa altura da análise dos autos, nas condições em que se encontram os galpões, a inutilização dos mesmos é considerada ad eternum, caracterizando dano ao erário.

10.7.5.11Quanto à citação pela inutilização dos galpões 6 e 7, não se pode alegar que tenha havido açodamento por parte do Tribunal, eis que o IFS tem conhecimento dos fatos desde outubro de 2009, época do desabamento do galpão 5. Observe-se que o Instituto, através do Ofício 433/2009/Reitoria/IFS, de 20 de outubro de 2009, solicitou ao CREA/SE perícia técnica no Galpão 5 (peça 7, p. 1). O CREA solicitou a documentação e a Unidade informou, através do Oficio IFS/Campus SC/GD/083/2010, de 17 de maio de 2010: “(...) Em virtude de todas essas solicitações, ficamos impossibilitados de enviar o processo ao CREA-SE. Mas, assim que o Processo retomar à Instituição, enviaremos conforme solicitado (...)” (peça 8, p. 8). Ou seja, houve tempo suficiente para que o Instituto providenciasse a documentação requisitada pelo CREA/SE (mais de dois anos), não se podendo alegar que a falha tenha sido do Conselho.

10.7.5.12No tocante à aferição quanto à ocorrência de boa-fé na conduta do responsável, conforme determina o § 2º do art. 202 do Regimento Interno do TCU, não há elementos para que se possa efetivamente reconhecê-la, podendo este Tribunal, desde logo, proferir o julgamento de mérito. Assim, considerando os argumentos acima citados, não obstante a decisão judicial favorável ao pleito da EAS, entende-se que se deva rejeitar as alegações de defesa apresentadas.

11. Constatação 1.2.5.2: Contratação e pagamento, por meio de dispensa de licitação, de projetos de engenharia para reformas de imóveis da Entidade, que não foram entregues, causando prejuízo de R$ 15.566,20.

11.1 Em decorrência de diligência realizada na Unidade, foi procedida a citação dos responsáveis solidários, para que apresentassem suas alegações de defesa pelos atos inquinados. Sendo R$ 7.735,00

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pago à empresa Engemix Serviços e Construções Ltda. e R$ 7.831,20 pago à empresa Proseng Projetos e Serviços Ltda.

11.2 Motivo da citação: Pela contratação e pagamento de projeto de engenharia para reforma de imóveis da Entidade, que não foi entregue, o que significa que o projeto não foi elaborado, apesar de o serviço ter sido pago.

11.2.1Responsáveis Solidários: José Aelmo Gomes dos Santos e a empresa Engemix Serviços e Construções Ltda.:

N. DO PROCESSO/N. DA LICITAÇÃO

DATA DO EMPENHO OB/DATA VALOR (R$)

23000.100157/2008-03 - 89/2008 29/12/2008 800057 - 17/2/2009

7.735,00

. 11.2.2 Responsáveis Solidários: José Aelmo Gomes dos Santos e a empresa Proseng Projetos e Serviços Ltda.:

N. DO PROCESSO/N. DA LICITAÇÃO DATA DO EMPENHO

OB/DATA VALOR (R$)

23000.100141/2008-92 - 83/2009 17/11/2008 901085 - 27/11/2008 7.831,20

Argumento do Sr. José Aelmo Gomes dos Santos (peça 52, p. 10-13)

11.2.3Sobre o motivo da citação, disse que há um equívoco na acusação feita nos autos. O projeto básico de reforma dos galpões foi de fato realizado pela Coenge. Entretanto, houve outros projetos de pequena monta para reforma de áreas diversas da Escola Agrotécnica. Estes outros projetos foram realizados por empresas contratadas pela autarquia. Não existe qualquer vinculação entre os projetos aqui referidos e o projeto de reforma dos galpões realizado pela Coenge. Trata-se de projetos distintos para obras distintas. Ressalta que se deve separar bem as coisas para evitar condenação indevida do Gestor. Que após as exonerações do Departamento de Administração e Planejamento e da Coordenadoria Geral de Administração e Finanças e diante da turbulência gerada pela fusão das autarquias (Escola Agrotécnica de São Cristóvão e Centro Federal de Estudos Tecnológicos de Sergipe), os projetos em questão não foram localizados. Isso não significa, entretanto, que eles não foram feitos. Não há uma prova nos autos que sirva para confirmar que os projetos não foram de fato elaborados pela empresa contratada. Que a oitiva de testemunhas é fundamental para que se afira a inocência do Gestor aqui acusado.

11.2.3.1 Alega que houve regular processo para pagamento das despesas, ainda que por dispensa de licitação. Houve emissões de ordens de pagamento: 2008NE900312 (nota fiscal 2008OB901085) e 2008NE900363 (nota fiscal 2009OB880057). Mais de um servidor participou da tarefa burocrática de empenho e pagamento das despesas com o Projeto de Engenharia em questão. Basta ouvi-los para que se confirme a efetiva prestação dos serviços. Registrou que o projeto de engenharia em questão é de pequena complexidade. Trata-se de serviços de manutenção e melhorias das instalações físicas prediais da instituição. O projeto em tela é de pequeno porte e jamais serviria para as execuções das reformas totais dos galpões do complexo aviário, como descrito na acusação aqui rebatida. As divergências entre as datas dos projetos e as datas da realização das obras de reforma apontadas no relatório deste Tribunal se devem à confusão aqui esclarecida. Repetiu: são projetos distintos para obras distintas.

11.2.3.2 Que as obras de reforma dos galpões foram contratadas por processos licitatórios diversos dos projetos de manutenção referidos no parágrafo anterior (processo licitatório 23000.100137/2008-24, Tomada de Preço 3/2008). Sendo certo que este último por ser de cunho vultoso teve o acompanhamento e elaboração dos projetos de engenharia feitos pela equipe da Coordenadoria de Engenharia – Coenge/Cefet-SE, visto a fusão citada.

Análise

11.2.4O responsável alega que os projetos em questão não foram localizados. Independentemente de os mesmos terem sido requisitados pela Unidade, tendo como objeto as obras dos galpões ou não, eles deveriam ter sido apresentados à equipe da CGU, uma vez que foram efetivamente pagos. O responsável

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se restringe a dizer que a não localização não significa que eles não foram feitos. O que, em verdade, equivale a esquivar-se do ônus da prova. Há que se considerar que, neste caso, a justificativa aceitável seria a apresentação do projeto ou no mínimo a comprovação, por parte da empresa que o elaborou, que o mesmo fora recebido no IFS.

11.2.4.1 Em verdade a apresentação do projeto serviria inclusive para mostrar que o mesmo não tivera como objeto as obras dos galpões, que, no caso do galpão 5, desabou e os demais estão inutilizados. O argumento apresentado logicamente não merece acolhida, eis que a obrigação de comprovar o recebimento do projeto, qualquer que seja o objeto licitado, é do gestor responsável pela sua aquisição. A não apresentação do projeto, bem como a não comprovação do seu recebimento pela Administração nem pela empresa responsável pela sua execução, equivale dizer que o mesmo não fora entregue. Soma-se a esse entendimento o fato de a empresa Engemix, mesmo citada, não ter comparecido aos autos.

11.2.4.2 A citação foi por terem sido pagos os projetos e não terem sido utilizados, concluindo-se inicialmente que não foram entregues. Em verdade, restou comprovada a entrega do projeto elaborado pela Proseng Projetos e Serviços Ltda. (Processo/Licitação 23000.100141/2008-92 - 83/2009), conforme observado na análise do subitem 11.2.8 abaixo. Não obstante este fato, a comprovação da entrega do projeto só elide a responsabilidade da empresa, mas não a do responsável, pois a não utilização de um projeto pago implica em débito, pelo fato de a despesa não ter servido para nada (ato antieconômico).

11.2.4.3 No tocante à aferição quanto à ocorrência de boa-fé na conduta do responsável, conforme determina o § 2º do art. 202 do Regimento Interno do TCU, não há elementos para que se possa efetivamente reconhecê-la, podendo este Tribunal, desde logo, proferir o julgamento de mérito. Destarte, rejeitam-se as alegações de defesa.

Argumento da empresa Engemix Serviços e Construções Ltda.

11.2.5A empresa foi citada pelo ofício 1495/2011-TCU/Secex-SE (peça 9, p. 13), de 7/12/2011, com resposta designando “mudou-se” (peça 43). Citada nos endereços dos dois representantes legais (peça 45), através do ofício 5/2012-TCU/Secex-SE (peça 47), de 11/1/2012, endereçado aos dois, a correspondência retornou com registro de “desconhecido” (peça 62, p. 2) no endereço do sócio administrativo e foi recebido no endereço do responsável (AR peça 60). Sendo a empresa considerada citada.

Análise

11.2.6Regularmente citada, a empresa não compareceu aos autos. Operam-se, portanto, os efeitos da revelia, dando-se prosseguimento ao processo, nos termos do art. 12, § 3º, da Lei 8.443/1992.

11.2.6.1 O efeito da revelia não se restringe ao prosseguimento dos atos processuais, como erroneamente se pode inferir do teor do mencionado dispositivo legal, vez que esse seguimento constitui decorrência lógica na estipulação legal dos prazos para que as partes produzam os atos de seu interesse. O próprio dispositivo legal citado vai mais além ao dizer que o seguimento dos atos, uma vez configurada a revelia, se dará para todos os efeitos, inclusive para o julgamento do processo, como se pode facilmente deduzir.

11.2.6.2 Nos processos do TCU, a revelia não leva à presunção de que seriam verdadeiras todas as imputações levantadas contra os responsáveis, diferentemente do que ocorre no processo civil, em que a revelia do réu opera a presunção da verdade dos fatos narrados pelo autor. Dessa forma, a avaliação da responsabilidade do agente não pode prescindir da prova existente no processo ou para ele carreada.

11.2.6.3 Configurada sua revelia frente à citação deste Tribunal não resta alternativa senão dar seguimento ao processo proferindo julgamento sobre os elementos até aqui presentes.

11.2.6.4 No tocante à aferição quanto à ocorrência de boa-fé na conduta do responsável, conforme determina o § 2º do art. 202 do Regimento Interno do TCU, em se tratando de processo em que a parte interessada não se manifestou acerca das irregularidades imputadas, não há elementos para que se possa efetivamente reconhecê-la, podendo este Tribunal, desde logo, proferir o julgamento de mérito pela condenação do responsável.

Argumento da empresa Proseng Projetos e Serviços Ltda. (peça 68)

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11.2.7A empresa argumentou que fora procurada em meados do mês de outubro de 2008 pela Diretoria da Escola Agrotécnica Federal do Município de São Cristóvão, para realização de Projeto de Engenharia para recuperação e reparos no telhado dos prédios dos laboratórios, recuperação do calçamento da área da didática 1 e banheiros do prédio central. Que apresentou proposta de orçamento, no valor de R$ 7.831,20 para realização do projeto requerido.

11.2.7.1 Que realizou o projeto, tendo procedida sua entrega em 26/11/2008, aproximadamente um mês após sua contratação, conforme documento colacionado (apresenta Termo de Entrega de Projetos com assinatura de Manoel Alves Lima, pessoa que recebeu o projeto, à peça 68, p. 7). Que após a entrega fora realizado o devido pagamento da importância acima referida.

11.2.7.2 Que a informação de que não realizou o projeto não coaduna com a realidade dos fatos. Se por algum motivo o projeto realizado não fora utilizado na obra as razões são desconhecidas por parte da Proseng Projetos e Serviços LTDA. Em momento algum chegou ao conhecimento da Defendenda qualquer fato que justificasse a não utilização do projeto confeccionado, tampouco fora requerido qualquer complementação, alteração do projeto entregue ou qualquer outra solicitação por parte do ente contratante. Assim, a Defendenda volta a afirmar que realizou o projeto contratado e procedeu a sua devida entrega a Escola Agrotécnica Federal de São Cristóvão.

11.2.7.3 Que nenhuma insurgência quanto ao projeto fora comunicada, igualmente nenhuma notícia de extravio, em razão de uma suposta não entrega do projeto fora questionado até a presente data, seja por parte da Escola Agrotécnica ou outro órgão. Assim, não há dúvida da inexistência de conduta ilícita por parte da ora Defendenda em relação aos fatos narrados, eis que cumpriu estritamente a realização e entrega do projeto contratado e sempre agiu no estrito caminho da boa-fé.

Análise

11.2.8A empresa apresenta alegações de defesa com o argumento de que realizou o projeto, tendo procedida a sua entrega em 26/11/2008, aproximadamente um mês após sua contratação. Apresenta um documento denominado Termo de Entrega de Projetos, assinado por Manoel Alves Lima, pessoa que recebeu o projeto, conforme peça 68, p. 7.

11.2.8.1 O Sr. Manoel Alves Lima foi Diretor Geral Substituto da Escola Agrotécnica Federal de São Cristóvão no ano de 2009 (peça 1, p.30). Fora convocado na condição de testemunha no Processo Administrativo Disciplinar (peça 7, p.46-47), instaurado para apurar responsabilidades quanto ao desabamento do galpão 5. Na ocasião, assinou o recebimento do memorando de convocação (peça 19, p. 39). Fazendo-se um cotejo entre as duas assinaturas, a do recebimento do projeto e a do recebimento da convocação para depor no PAD, verifica-se que há semelhança entre as referidas assinaturas, caracterizando sua autenticidade. Destarte, pode-se considerar que a empresa logrou comprovar a entrega do projeto em comento, merecendo acatamento das suas alegações de defesa.

12. Constatação 1.3.1.1: Contratação indevida de servidores públicos federais com dedicação exclusiva, ou 60 horas semanais, por dispensa de licitação.

12.1 O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe - IFS iniciou no exercício de 2009 curso de especialização Proeja, para tanto efetuou dispensas para contratação de instrutores. Houve contratação indevida de três servidores públicos federais, quais sejam:

a) 662.216.095-34 - Professor da FUFS sob o regime de Dedicação exclusiva desde 10/06/2009;

b) 558.965.615-04 - Professor da FUFS sob o regime Dedicação exclusiva desde 07/08/2006; e

c) 201.055.175-34 - Professor efetivo da FUFS com carga horária de 20 horas, e do IFS 40 horas.

12.2 Para os dois professores da Fundação Universidade Federal de Sergipe o art. 15 do Decreto 94.664/1987 impede o exercício de outra atividade remunerada, pública ou privada, para os professores submetidos ao regime de Dedicação Exclusiva, exceto por "colaboração esporádica, remunerada ou não, em assuntos de sua especialidade e devidamente autorizada pela instituição, de acordo com as normas aprovadas pelo conselho superior competente."

12.3 Enquanto, que, para o servidor do próprio Instituto, não era lícito contratá-lo por dispensa de licitação, sem mencionar que o mesmo se encontrava no limite da carga horária semanal permitida (60

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horas), conforme o Parecer GQ-145, da Advocacia Geral da União, de 30/03/1998, que limitava a carga máxima da jornada de trabalho para sessenta horas, no caso de acumulação lícita de cargos, entendimento então consagrado pelo TCU, conforme Acórdão 155/2005 - Primeira Câmara.

12.4 Não obstante o entendimento anterior do Tribunal ser no sentido de se evitar a extrapolação do limite de jornada proposto pelo Parecer AGU GQ 145, que considerou ilícita a acumulação de dois cargos ou empregos de que decorra a sujeição do servidor a regimes de trabalho superior a sessenta horas semanais, entendimento consubstanciado no Acórdão TCU 155/2005 - Primeira Câmara, novo entendimento para jornadas incompatíveis encontra-se assente no Acórdão 1.338/2011-TCU-Plenário. Pelo art. 37, XVI da CF, o requisito para acumular cargos permitidos é compatibilidade de horários, não estabelecendo limite de carga horária.

12.5 Assim, não pode uma legislação infraconstitucional (Parecer AGU GQ 145) limitar o texto constitucional. Esse foi o entendimento da Juíza Telma Maria Santos no processo JF/SE 2002.85.00.0000544-8 e já é jurisprudência consolidada. Neste caso, a análise deve ser feita caso a caso para verificação da compatibilidade de horários. Considerando recentes auditorias nesses órgãos (processos 013.372/2011-4 e 014.220/2011-3), desdobrados em monitoramento, com o objetivo de avaliar as acumulações ilegais de cargos públicos, envolvendo o universo estatístico das duas entidades, a questão aqui suscitada será devidamente analisada no âmbito dessas auditorias. Assim, reanalisando a constatação, observou-se que a mesma não carece da propositura de audiência ao responsável nestes autos, pois seria duplicidade de esforços, sendo mais adequado para a falha constatada dar ciência da necessidade do devido processo licitatório para a contratação de professores temporários, de acordo com art. 1º, inciso IV e art. 3º da Lei 8745/1993 com as alterações dadas pela Lei 9849/1999 e art. 2º da Lei 8666/1993;

13. Cumprimento das Decisões do TCU: O subitem 4.6 do Relatório de Auditoria Anual de Contas 244002 1ª Parte (Item 07 - Aval. Cumpr. pela UJ Recom. TCU/CI) informa que, devido à falta de disponibilização de documentos comprobatórios, não fora possível verificar se a Unidade cumprira com as determinações emanadas pelo TCU. Fora solicitada pela CGU, por meio da SA 244002/003 de 19/4/2010, a comprovação documental dos seguintes Acórdãos:

ACÓRDÃO UNIDADE ITEM2396/2009 – Plenário Cefet 9.4, 9.4.1, 9.4.2 e 9.4.3

1568/2009 – 2ª Câmara Cefet 1.51615/2009 – 2ª Câmara EAFSC 1.5.1, 1.5.1.1, 1.5.1.2 e

1.5.1.32379/2008 – 2ª Câmara EAFSC 9.3, 9.6.6, 9.6.7 a 9.6.12

13.1 Acórdão 2396/2009 – Plenário: acórdão não encontrado.

13.2 Acórdão 1568/2009-2ª Câmara: atendido, conforme peça 20, p. 12 e 16;

13.3 Acórdão 1615/2009 – 2ª Câmara (itens 1.5.1.1, 1.5.1.2 e 1.5.1.3):

13.3.1item 1.5.1.1. – Este item diz: “apresente expediente que contenha quadro demonstrativo informando as medidas adotadas e os resultados já alcançados, quanto ao cumprimento dos Acórdãos TCU 194/2007-2C, 409/2007-1C e 611/2008-1C.”.

13.3.1.1 Acórdão TCU 194/2007-2C: atendido, conforme peça 21, p. 3-4 e 40-43; peça 22, p. 36-37 e peça 70, exceto item 9.6.10, que é motivo de audiência do gestor no subitem 13.5, abaixo.

13.3.1.2 Acórdão TCU 409/2007-1C: atendido, conforme peça 21, p. 4-6, 18-21 e 43; peça 22, p. 35-36.

13.3.1.3 Acórdão TCU 611/2008-1C: atendido, conforme peça 21, p. 6-7, 12-16, 35-38 e 43-51; peça 22, p.1-33.

13.3.2item 1.5.1.2. atendido, conforme peça 22, p.38.

13.3.3item 1.5.1.3. – atendido, conforme peça 21, p.18 e 22-23.

13.4 Acórdão 2379/2008 – 2ª Câmara: atendido, conforme peça 22, p.37; peça 25, p. 45-51).

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13.5 Motivo da audiência: não comprovação, verificada no Processo de Prestação de Contas do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe - exercício 2009 (TC 020.190/2010-7), de cumprimento do subirem 1.5.1.1 do Acórdão 1615/2009 – Primeira Câmara (remetido ao gestor por meio do Oficio 307/2009-TCU/SECEX-SE, de 23/4/2009) no que se refere à demonstração das medidas adotadas e dos resultados já alcançados quanto ao cumprimento do subitem 9.6.10 do Acórdão TCU 194/2007-Segunda Câmara, em que o Tribunal efetuou a seguinte determinação:

9.6.10. providencie junto à Empresa Ambiental Construções e Serviços Ltda. (CNPJ 03.795.431/0001-80 o ressarcimento aos cofres da EAFSC dos valores pagos a maior em relação aos itens a seguir relacionados, observada a devida atualização monetária a partir de 23/01/2004 (data do 1º pagamento) até a data do efetivo recolhimento, em razão das seguintes irregularidades concernentes ao Contrato 23/2003, de 12/12/2003:9.6.10.1. R$ 1.840,00, referentes a pagamento por serviço não executado de instalação de 59,78m² de forro em PVC (previstos 299,48 m² - executados 239,70 m²), sem que tivesse havido apresentação ao Controle Interno de elementos comprobatórios de execução de serviços compensatórios;9.6.10.2. R$ 172,53, referentes a pagamento por serviço não executado de demolição de 111,31 m² de forro de madeira (previstos 351,01 m² - executados 239,70 m²);9.6.10.3. R$ 137,52, referentes à inclusão em duplicidade na planilha orçamentária de serviço não executado de colocação e manutenção de placa da obra;

13.5.1Responsável: José Aelmo Gomes dos Santos

Argumento do Sr. José Aelmo Gomes dos Santos (peça 52)

13.5.2Sobre o motivo da audiência, disse, verbis:

Na época em que os fatos aconteceram (2003 e 2004), o acusado não era o gestor geral da instituição EAFSC. Igualmente, ele não possui poderes para tomar quaisquer providências para sanar os fatos exarados no ofício em questão por também não ser o atual gestor geral do Campus São Cristóvão do Instituto Federal de Sergipe.

De fato, o Gestor jamais recebeu notificação formal do Tribunal de Contas para tomar providências sobre o ponto em questão. Tal providência ficou sobre a responsabilidade dos gestores anteriores.

1. Do Direito

3.2. DAS ATENUANTES – AUSÊNCIA DE MÁ-FÉ OU ENRIQUECIMENTO ILÍCITO DOS ACUSADOS – CONCLUSÕES DA PRÓPRIA CONTROLADORIA GERAL DA UNIÃO

Não há nos autos uma prova sequer de má fé do Acusado, nem de obtenção de vantagem pessoal, nem de desvio de dinheiro público, nem de favorecimento de particulares.

A Controladoria Geral da União e esta douta Secretaria Externa examinaram em minúcias cada passo dado pelo Acusado na gestão da entidade, centenas de documentos foram analisados sem que fosse possível obter qualquer comprovação de desvio de dinheiro público ou conluio do gestor com as empresas contratadas.

Análise

13.5.3O responsável não apresentou argumento plausível para o não cumprimento de decisão do Tribunal. Não se trata aqui de considerar a época da ocorrência do fato gerador e sim da determinação do Tribunal, notificada por meio do Ofício 307/2009-TCU/SECEX-SE, de 23/4/2009, que, à época, era o responsável por dar atendimento à determinação do Tribunal. O responsável não comprovou o cumprimento do subirem 1.5.1.1 do Acórdão 1615/2009–Primeira Câmara no que se refere à demonstração das medidas adotadas e dos resultados já alcançados quanto ao cumprimento do subirem 9.6.10 do Acórdão TCU 194/2007-Segunda Câmara.

13.5.3.1 O que se esperava do responsável era que o mesmo providenciasse junto à Empresa Ambiental Construções e Serviços Ltda., referente ao Contrato 23/2003, de 12/12/2003, o ressarcimento aos cofres da EAFSC dos valores pagos a maior por serviços não executados e serviço incluído em duplicidade na

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planilha e, diante de uma possível negativa da empresa, tomasse as medidas cabíveis para a cobrança judicial. Verifica-se que não houve nem tentativa do responsável em reaver o valor pago a maior, já que não houve mobilização nesse sentido. Entende-se por pertinente a proposta de determinação para que o IFS adote as medidas necessárias ao cumprimento do subirem 9.6.10 do Acórdão TCU 194/2007-Segunda Câmara. Assim, entende-se que não merece acolhida a justificativa apresentada.

CONCLUSÃO

14. A análise do item 1.2.2.3 concluiu por considerar suficiente a recomendação do Controle Interno para a constatação, não necessitando de ciência nesse sentido, pois certamente esta seria extemporânea, dada a expectativa de julgamento destas contas. A análise dos itens 1.2.1.1, 1.2.2.1, 1.2.2.2, 1.2.3.3, 1.2.3.4 e 1.2.4.1 do Relatório de Auditoria 224002 da CGU/SE (peça 6, p. 22-50 e peça 7, p.1-13) concluiu por considerar adequada a recomendação do Controle Interno. Quanto ao item 1.2.3.1 - Pagamento de adicional de insalubridade a servidor que não labora em local insalubre. Entendeu-se por determinar ao IFS a comprovação do ressarcimento dos valores recebidos indevidamente a título de adicional de insalubridade pelos servidores CPFs 574.518.775-15 e 085.682.605-78.

15. A Constatação 1.2.3.2 - Ausência de ressarcimento de vencimentos de servidores cedidos com ônus para os cessionários – foi considerada saneada (peça 17, p. 8-20 e peça 44)

16. A Constatação 1.2.3.5 - Pagamentos irregulares de valores referentes a quintos de Cargo de Direção exercido no período de 8/4/1998 a 4/9/2001, por força de decisão judicial não transitada em julgado, a servidores que não exerceram funções no referido período - propõe-se determinação à Unidade para que encaminhe à Advocacia Geral da União em Sergipe – AGU/SE a documentação necessária para que a mesma tome as providências que entender cabíveis, visando a correção do erro material pela inclusão indevida dos nomes dos servidores inscritos sob as matrículas SIAPE n. 279251, 279302, 279278, 279291, 279285, 279314 e 048883 na decisão judicial decorrente da ação n. 2006.85.00.004471-0 da Justiça Federal Seção Sergipe.

17. A Constatação 1.2.5.1 - Desabamento da estrutura do Galpão 5 da Unidade Educativa de Produção (UEP) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, Campus São Cristóvão/SE, em consequência de irregularidades na contratação e execução da obra, bem como os riscos de desabamento em relação aos galpões n. 3, 4, 6 e 7 – redundou:

17.1 na rejeição das alegações de defesa dos responsáveis solidários José Aelmo Gomes dos Santos e empresa Camel Empreendimentos e Construções Ltda. - pela inutilização total do galpão 3;

17.2 na rejeição das alegações de defesa dos responsáveis solidários José Aelmo Gomes dos Santos e empresa EAS Construções Ltda - pelo desabamento do galpão 5 e inutilização total dos galpões 6 e 7;

18. A Constatação 1.2.5.2 - Contratação e pagamento, por meio de dispensa de licitação, de projetos de engenharia para reformas de imóveis da Entidade, que não foram entregues, causando prejuízo de R$ 15.566,20 - redundou:

18.1 Processo 23000.100157/2008-03 - Licitação - 89/2008: na rejeição das alegações de defesa do responsável José Aelmo Gomes dos Santos. A empresa Engemix Serviços e Construções Ltda., regularmente citada, não compareceu aos autos, tornando-se revel;

18.2 Processo 23000.100141/2008-92 - Licitação - 83/2009: no acatamento dos argumentos da empresa Proseng Projetos e Serviços Ltda. e rejeição dos argumentos do responsável José Aelmo Gomes dos Santos;

19. A Constatação 1.2.5.3 - Pagamento por serviços de engenharia não executados no valor total de R$ 54.309,80 - foi analisada no item 9 do relatório de inspeção, sendo considerada inconsistente pelos motivos ali expostos (peça 8, p. 21-22), até porque alguns itens já estavam sendo considerados nas citações dos responsáveis.

20. A Constatação 1.3.1.1 - Contratação indevida de servidores públicos federais com dedicação exclusiva, ou 60 horas semanais, por dispensa de licitação - reanalisando a constatação, observou-se que a mesma não carece da propositura de audiência ao responsável nestes autos, pois seria duplicidade de esforços, considerando que os órgãos FUFS e IFS foram auditados com o objetivo de avaliar as

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acumulações ilegais de cargos públicos, estando em processo de monitoramento (processos 013.372/2011-4 e 014.220/2011-3). Considerou-se mais adequado para a falha constatada dar ciência à Unidade da necessidade do devido processo licitatório para a contratação de professores temporários.

21. Cumprimento das Decisões do TCU – As decisões do Tribunal foram consideradas atendidas, exceto o item 1.5.1.1. do Acórdão 1615/2009-2ª Câmara – Este item diz: “apresente expediente que contenha quadro demonstrativo informando as medidas adotadas e os resultados já alcançados, quanto ao cumprimento dos Acórdãos TCU 194/2007-2C, 409/2007-1C e 611/2008-1C.”. O Acórdão TCU 194/2007-2C fora atendido, exceto o item 9.6.10, que foi motivo de audiência do gestor (peça 71). Foram rejeitadas a razões de justificativa do responsável José Aelmo Gomes dos Santos.

22. Os responsáveis pelas contas do IFS, de acordo com o art. 10 da Instrução Normativa – TCU 63/2010 são: Joarez Vrubel (CPF 186.686.319-34) - Reitor; Hortência Maria Santos Moura (CPF 531.782.205-00) - Pró-Reitora de Administração; José Aelmo Gomes dos Santos (CPF 103.357.655-72) - Diretor-geral do Campus São Cristóvão; Manoel Alves Lima (269.037.505-25) - Diretor de Administração e Planejamento, exonerado em 26/2/2009; Wílton Luiz Mota Almeida (722.624.945-68) - Diretor de Administração e Planejamento, designado em 26/2/2009; José Franco de Azevedo (273.521.615-20) - Coordenação Geral de Administração e Finanças, exonerado em 26/2/2009; Alana Teles Silva (875.962.455-87) - Coordenação Geral de Administração e Finanças, designada em 3/7/2009; Valdomarques Siqueira (345.370.825·34) - Coordenação Geral de Recursos Humanos e Jose Antonio Xavier Neto (166.497.614-00) - Coordenação Geral de Produção e Pesquisa (peça 1, p. 28-40).

23. As contas do Sr. José Aelmo Gomes dos Santos têm proposta pela irregularidade pelos fatos supracitados, as da Sra. Hortência Maria Santos Moura pela regularidade com ressalvas, pela Constatação 1.2.4.1 - Fracionamento de despesas por falta de planejamento global das compras a serem efetivadas no exercício de 2009 (peça 7, p.11) e as dos demais responsáveis pela regularidade das contas.

24. No tocante à aferição quanto à ocorrência de boa-fé na conduta do responsável, conforme determina o § 2º do art. 202 do Regimento Interno do TCU, não há elementos para que se possa efetivamente reconhecê-la, podendo este Tribunal, desde logo, proferir o julgamento de mérito pela condenação do responsável.

PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO

25 Ante o exposto, encaminhem-se os autos à consideração superior, propondo que o Tribunal:

25.1 julgue irregulares as contas do Sr. José Aelmo Gomes dos Santos (CPF 103.357.655-72), Diretor do Campus São Cristovão, á época, nos termos do art. 1º, inciso I e 16, inciso III, alínea “c” e 19 caput da Lei 8.443/1992;

25.2 julgue regular com ressalvas as contas da Sra. Hortência Maria Santos Moura (CPF 531.782.205-00), Pró-Reitora de Administração, à época, nos termos do art. 1º, inciso I e 16, inciso II, 18 caput e 23, inciso II da Lei 8.443/1992, dando-se-lhe quitação;

25.3 julgue regulares as contas dos demais responsáveis elencados no rol de responsáveis de peça 1, p. 28-40, nos termos do art. 1º, inciso I e 16, inciso I, 17 caput e 23, inciso I da Lei 8.443/1992, dando-se-lhes quitação plena;

25.4 condene os responsáveis abaixo indicados ao pagamento das importâncias indicadas abaixo, atualizadas monetariamente e acrescidas de juros de mora, calculados a partir das datas ali expostas até a data da efetiva quitação do débito, fixando-lhes o prazo de quinze dias para que comprovem perante o Tribunal o recolhimento das referidas quantias aos cofres do Tesouro Nacional, nos termos do art. 23, inciso III, alínea “a”, da Lei 8.443/1992:

25.4.1Sr. José Aelmo Gomes dos Santos solidariamente com a empresa Camel Empreendimentos e Construções Ltda. no valor de R$ 17.221,93 com data base 20/5/2009;

25.4.2Sr. José Aelmo Gomes dos Santos solidariamente com a empresa EAS Construções Ltda. conforme quadro abaixo:

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Quadro dos Pagamentos Efetuados:Galpão Medição Data Valor

5 1ª 17/2/2009 11.403,15 5 2ª 5/3/2009 7.506,06 5 3ª 24/4/2009 28.967,64 5 5ª* 23/7/2009 90.168,29 6 1ª 17/2/2009 3.481,72 6 2ª 5/3/2009 43.808,62 6 3ª 24/4/2009 2.946,73 6 4ª* 4/5/2009 10.959,08 6 5ª* 23/7/2009 1.059,91 7 1ª 17/2/2009 30.204,05 7 2ª 5/3/2009 26.318,01 7 4ª 4/5/2009 1.744,64 7 5ª* 23/7/2009 4.167,89

Obs.: Os números das medições da EAS Construções são arbitrários pois algumas delas não fazem referência a número. (*) Não foram fornecidas todas as medições da EAS e, nos casos de falta de documentos, os valores foram atribuídos à medição seguinte mediante diferenças dos totais acumulados até o período entre a medição atual e a medição imediatamente anterior disponibilizada.

25.4.3Sr. José Aelmo Gomes dos Santos solidariamente com a empresa Engemix Serviços e Construções Ltda. no valor de R$ 7.735,00 com data base 17/2/2009;

25.4.4Sr. José Aelmo Gomes dos Santos no valor de R$ 7.831,20 com data base 27/11/2008;

25.5 aplique aos responsáveis solidários a multa prevista no art. 57 da Lei 8.443/1992, fixando-lhes o prazo de quinze dias, a contar da notificação, para que comprovem perante o Tribunal o recolhimento das quantias aos cofres do Tesouro Nacional, atualizadas monetariamente desde a data do Acórdão até a data dos efetivos recolhimentos se estes vierem a ocorrer após o vencimento, na forma da legislação em vigor;

25.6 aplique ao Sr. José Aelmo Gomes dos Santos a multa prevista no art. 58, inciso III da Lei 8.443/1992, fixando-lhe o prazo de quinze dias, a contar da notificação, para que comprove perante o Tribunal o recolhimento da quantia aos cofres do Tesouro Nacional, atualizada monetariamente desde a data do Acórdão até a data do efetivo recolhimento se este vier a ocorrer após o vencimento, na forma da legislação em vigor;

25.7 autorize, desde logo, com fundamento no art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, a cobrança judicial das dívidas, caso não atendida a notificação;

25.8 autorize, caso solicitado, o pagamento das dívidas em até trinta e seis parcelas mensais e consecutivas, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992, c/c o art. 217 do Regimento Interno do TCU, fixando-se o vencimento da primeira parcela em quinze dias, a contar do recebimento da notificação, e o das demais a cada trinta dias, devendo incidir sobre cada uma, atualizada monetariamente, os encargos devidos, na forma prevista na legislação em vigor, alertando o responsável de que a falta de comprovação do recolhimento de qualquer parcela importará o vencimento antecipado do saldo devedor, nos termos do art. 217, § 2º do Regimento Interno do TCU;

25.9 encaminhe ao Procurador–Chefe da Procuradoria da República no Estado de Sergipe a cópia do Acórdão que vier a ser proferido, bem como do Relatório e Voto que o fundamentarem e das demais peças dos autos que se revelarem necessárias ao ajuizamento das ações civis e penais cabíveis, nos termos do art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992;

25.10 determine ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe – IFS que, no prazo de trinta dias:

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25.10.1 informe ao Tribunal o encaminhamento à Advocacia Geral da União em Sergipe – AGU/SE da documentação necessária para que a mesma tome as providências que entender cabíveis, visando a correção do erro material pela inclusão indevida dos nomes dos servidores inscritos sob as matrículas SIAPE n. 279251, 279302, 279278, 279291, 279285, 279314 e 048883 na decisão judicial decorrente da ação n. 2006.85.00.004471-0 da Justiça Federal Seção Sergipe;

25.10.2 comprove o ressarcimento dos valores recebidos indevidamente a título de adicional de insalubridade pelos servidores CPF 574.518.775-15, no valor de R$ 355,35 e CPF 085.682.605-78, no valor R$ 2.809,30;

25.10.3 comprove o cumprimento do subitem 9.6.10 do Acórdão TCU 194/2007-Segunda Câmara, adotando, se necessário, as medidas judiciais cabíveis, de forma a reaver junto à Empresa Ambiental Construções e Serviços Ltda. (CNPJ 03.795.431/0001-80) o ressarcimento dos valores pagos a maior em relação aos itens a seguir relacionados, observada a devida atualização monetária a partir de 23/01/2004 (data do 1º pagamento) até a data do efetivo recolhimento, em razão das seguintes irregularidades concernentes ao Contrato 23/2003, de 12/12/2003:

25.10.3.1R$ 1.840,00, referentes a pagamento por serviço não executado de instalação de 59,78m² de forro em PVC (previstos 299,48 m² - executados 239,70 m²), sem que tivesse havido apresentação ao Controle Interno de elementos comprobatórios de execução de serviços compensatórios;

25.10.3.2R$ 172,53, referentes a pagamento por serviço não executado de demolição de 111,31 m² de forro de madeira (previstos 351,01 m² - executados 239,70 m²);

25.10.3.3R$ 137,52, referentes à inclusão em duplicidade na planilha orçamentária de serviço não executado de colocação e manutenção de placa da obra;

25.11 dê ciência ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe sobre as seguintes impropriedades: 25.11.1 a contratação de professores temporários sem o devido processo licitatório está em desacordo com art. 1º, inciso IV e art. 3º da Lei 8745/1993 com as alterações dadas pela Lei 9849/1999 e art. 2º da Lei 8666/1993;

25.11.2 o pagamento a título de adicional de insalubridade/periculosidade aos servidores que não façam jus ao referido adicional, conforme previsão do Laudo de Avaliação Ambiental e a não verificação periódica de que os mesmos continuam laborando em condições insalubres ou perigosas, estão em desacordo com os arts. 68, 69 e 70 da Lei 8.112/90.

25.12 autorize a Secex/SE a proceder ao arquivamento do presente processo após as comunicações processuais, o trânsito em julgado do Acórdão a ser proferido e a instauração de cobrança executiva, se necessário.”

2. O diretor (peça 74) e o secretário da Secex/SE (peça 75) manifestaram-se de acordo com a proposta de encaminhamento.

3. O parecer do Ministério Público junto ao TCU (peça 76) foi no seguinte sentido:“Trata-se de Prestação de Contas Anual Simplificada do Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia de Sergipe – IFS, relativa ao exercício de 2009, tendo o controle interno opinado pela regularidade com ressalvas das referidas contas (peça 7, p. 9-11).

Encaminhados os autos ao TCU, foram realizadas diligências junto ao IFS, a fim de verificar quais providências teriam sido efetivamente adotadas acerca das constatações elencadas pelo órgão de controle interno, como também realizada inspeção junto ao referido instituto com o objetivo de apurar irregularidades na contratação e execução de obras de engenharia.

Das diversas constatações suscitadas nos autos, sobressai o “Desabamento da estrutura do Galpão 5 da Unidade Educativa de Produção (UEP) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, Campus São Cristóvão/SE, em consequência de irregularidades na contratação e execução da obra, bem como os riscos de desabamento em relação aos galpões n. 3, 4, 6 e 7”.

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Diante de tais irregularidades, foram citados solidariamente o Sr. José Aelmo Gomes dos Santos (peça 9, p. 15-17) e a empresa Camel Empreendimentos e Construções Ltda. (peça 9, p. 3-5), pelo valor histórico de R$ 17.221,93 (data base 20/05/2009), em razão da inutilização total do galpão 3; e o Sr. José Aelmo Gomes dos Santos (peça 9, p. 18-21) e a empresa EAS Construções Ltda. (peça 9, p. 6-9), pelo montante de R$ 396.372,58 (valor atualizado até 07/12/2011), em razão do desabamento do galpão 5 e inutilização total dos galpões 6 e 7.

O Sr. José Aelmo Gomes dos Santos (Diretor do Campus São Cristóvão, à época), no essencial, alega que o projeto básico que serviu para a realização da licitação em questão foi elaborado pela Coordenadoria de Engenharia (Coenge) do Cefet/SE, atual IFS, cabendo aos engenheiros daquele órgão a responsabilidade por eventual deficiência. Alega, ademais, que “tomou o cuidado de nomear servidores/asseguradores dos contratos designados por Ordem de Serviços, sendo que aos asseguradores é estabelecida a obrigação do acompanhamento in loco das execuções das obras.”, e que “todos os pagamentos efetuados só foram feitos após a emissão de notas fiscais e planilhas de execuções contendo informações quantitativas e qualitativas das execuções, sendo as mesmas averiguadas, fiscalizadas e atestadas pelos asseguradores dos contratos” (peça 52).

As empresas contratadas, em essência, alegam que seguiram rigorosamente o projeto básico descrito no instrumento convocatório, o qual teria sido elaborado pela Coenge, cabendo aos servidores do referido órgão a responsabilidade por eventuais deficiências (peças 35 e 69). A empresa EAS Construções Ltda., inclusive, alega que tais questões foram objeto de apreciação judicial, tendo a aludida empresa logrado êxito em eximir a sua responsabilidade pelos fatos ora em discussão (peça 35).

Feito esse breve relato pontual, passo ao pronunciamento deste Órgão Ministerial.De fato, na mesma linha de entendimento exposta pela Unidade Técnica (peça 73), creio restar

configurada a responsabilidade do Sr. José Aelmo Gomes dos Santos, na medida em que homologou o indigitado processo de licitação (peça 10, p. 2-51), no qual foi apresentado projeto básico apócrifo, deficiente, que não levou em consideração a necessidade de reforço estrutural dos galpões.

Conforme jurisprudência pacífica do TCU, “O projeto básico deve conter os elementos necessários e suficientes a caracterizar, com nível de precisão adequado, os serviços a serem prestados, devendo basear-se em estudos técnicos preliminares que assegurem a viabilidade do empreendimento e conter os elementos prescritos na Lei n. 8.666/1993” (Acórdão 648/2007 Plenário).

No caso concreto, segundo se depreende do exame dos autos, não foi realizado qualquer estudo técnico preliminar acerca da viabilidade do empreendimento, o projeto básico não apontava a necessidade de reforço estrutural na reforma dos galpões, em razão da substituição de seu telhamento com peso superior ao original, sendo inconteste o fato de que tal deficiência de projeto deu causa ao desabamento de um dos galpões e à inutilidade total dos demais.

Certamente, a responsabilização pela elaboração ou execução de projetos de engenharia e arquitetura, em regra, deve recair sobre os engenheiros ou arquitetos autores ou executores dos aludidos projetos. Para tanto, a lei exige que todo o contrato para prestação de serviços de engenharia e arquitetura fique sujeito à “Anotação de Responsabilidade Técnica” – ART (Lei n. 6.496/1977, regulamentada pela Resolução Confea n. 425/98), sendo que “A ART define para os efeitos legais os responsáveis técnicos pelo empreendimento de engenharia, arquitetura e agronomia” (art. 2ª da referida lei).

Dessa forma, deveria o gestor público ter exigido, nos termos da lei, a apresentação de ART referente ao projeto básico em questão, sendo que a sua inexistência fez recair sobre o mesmo, autoridade que homologou o processo licitatório, a responsabilidade por eventual deficiência de projeto.

Saliente-se, a esse respeito, o disposto no art. 109, § 5º, da Lei n. 11.768/2008 (Lei de Diretrizes Orçamentária de 2009), verbis:

“§ 5º Deverá constar do projeto básico a que se refere o art. 6º, inciso IX, da Lei nº 8.666, de 1993, inclusive de suas eventuais alterações, a anotação de responsabilidade técnica e declaração expressa do autor das planilhas orçamentárias, quanto à compatibilidade dos quantitativos e dos custos constantes de referidas planilhas com os quantitativos do projeto de engenharia e os custos do SINAPI.” (grifou-se)

Ademais, a jurisprudência do TCU há muito se mostra pacífica acerca da obrigatoriedade de exigência, por parte do gestor público, da apresentação de Anotação de Responsabilidade Técnica – ART

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referente a projeto, execução, supervisão e fiscalização de obras e serviços de engenharia. Nesse sentido, inclusive, foi publicada a Súmula/TCU n. 260, verbis:

“É dever do gestor exigir apresentação de Anotação de Responsabilidade Técnica – ART referente a projeto, execução, supervisão e fiscalização de obras e serviços de engenharia , com indicação do responsável pela elaboração de plantas, orçamento-base, especificações técnicas, composições de custos unitários, cronograma físico-financeiro e outras peças técnicas.” (grifou-se)

Em assim sendo, conforme asseverado pela Unidade Técnica, não há como imputar responsabilidade à Coenge, haja vista que o projeto básico é apócrifo, sem qualquer apresentação de ART, a qual cabia ao gestor a obrigação de exigir.

A responsabilidade do gestor resta mais evidente diante de outros fatos constantes dos autos, quais sejam: a) autorização do início da obra sem a elaboração / exigência de um projeto executivo (com a respectiva ART); b) autorização de pagamento dos serviços executados sem a apresentação de qualquer ART, contrariando o estabelecido no próprio instrumento convocatório; c) indicação de servidores como fiscais do contrato sem conhecimento técnico compatível com os serviços que foram executados.

Segundo se depreende do art. 7º, §1º, da Lei n. 8.666/1993, para a realização do procedimento licitatório não há obrigatoriedade da existência prévia de projeto executivo, o qual poderá ser desenvolvido concomitantemente com a execução das obras e serviços, desde que também autorizado pela Administração. Nesse caso, a licitação deverá prever a elaboração do competente projeto executivo como encargo do contratado ou pelo preço previamente fixado pela Administração (art. 9º, §2º, da Lei n. 8.666/1993).

No caso concreto, contudo, as obras licitadas foram executadas sem a exigência de projeto executivo. Segundo constatado pela Unidade Técnica, não foi apresentada qualquer ART referente às obras em questão. Repita-se, as obras ora impugnadas foram executadas sem a exigência por parte do gestor público dos documentos relativos às Anotações de Responsabilidade Técnica – ARTs de projetos, de fiscalização e de execução das obras e serviços de reforma dos galpões.

Como já afirmado, a ART é peça obrigatória para obras de engenharia, cujo espoco permite a identificação tanto dos técnicos que elaboram os projetos quanto daqueles que executam as obras, com vistas a possibilitar a responsabilização em caso de eventuais erros detectados em qualquer das etapas do empreendimento. Certamente, a inobservância de tal exigência por parte do gestor público faz recair sobre o mesmo a responsabilidade por eventuais falhas de projeto e execução.

Justamente visando assegurar a correta execução do contrato em questão, no sentido de garantir que o mesmo viesse a ser executado por profissionais com a devida capacidade técnica, o instrumento convocatório condicionava a liberação da primeira fatura à apresentação prévia de ART por parte da contratada, verbis:

“CLÁUSULA DÉCIMA SEGUNDA - DO PAGAMENTO E INDENIZAÇÃO(...)12.2 - A forma de pagamento do objeto desta licitação será efetuada como se segue:(...)f) A liberação da primeira fatura ficará condicionada a apresentação prévia da ART. (Anotação de Responsabilidade Técnica) junto ao CREA-SE, relativa aos serviços objeto desta Licitação e a matricula da obra no INSS;

Ocorre, todavia, que a indigitada obra foi totalmente faturada sem que o gestor exigisse a apresentação de qualquer ART por parte da contratada.

Cabe refutar, por fim, a alegação apresentada pelo Sr. José Aelmo Gomes dos Santos no sentido de que teria sido diligente ao nomear os asseguradores do contrato em questão. Ora, por imposição legal (art. 67 da Lei n. 8.666/1993), a execução do contrato deve ser fiscalizada por um representante da Administração especialmente designado, o qual, obviamente, tenha experiência técnica necessária ao acompanhamento e controle do objeto contratado.

Não obstante, segundo se depreende dos elementos constantes dos autos, os servidores designados pelo referido gestor para fiscalizar os contratos em questão não possuíam a qualificação técnica necessária para tal mister. Colaciono, nesse sentido, excertos do relatório final do Processo

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Administrativo Disciplinar – PAD instaurado para apurar a responsabilidade sobre o desabamento do Galpão 5 (processo apenso, TC-032.435/2010-0, peça 1, p. 65-85), verbis:

“5. ANÁLISE DOS DEPOIMENTOS(...)• José Franco de Azevedo, fls. 89 e 90;Logo analisando as declarações do assegurador do contrato (Contrato N.º 10/2009)

depoimento na condição de testemunha quando inquirido ressaltamos:4) Perguntado o senhor recebeu orientação técnica como conduzir os trabalhos de

assegurador, respondeu que não.5) Perguntado o senhor tinha algum conhecimento técnico deste tipo de trabalho,

respondeu que não, mais acreditei que a boa de vontade de contribuir para o desenvolvimento institucional era suficiente.

(...)• Marcelo Matias, fls. 97 e 98;Logo analisando as declarações do assegurador do contrato (Contrato N.º 10/2009)

depoimento na condição de testemunha quando inquirido enfatizamos:4) Perguntado o senhor recebeu orientação técnica como conduzir os trabalhos de

assegurador, respondeu que não, só recebi a portaria para ser assegurador e não recebi nenhuma orientação de como proceder nos trabalhos.

5) Perguntado o senhor tinha algum conhecimento técnico deste tipo de trabalho, respondeu que não, só tinha conhecimento técnico da área elétrica que representava uma parte pequena da obra e que por sinal não chegou a ser realizada.

(...)• Prof. José Aelmo Gomes dos Santos, fls. 92 e 93.Após analisarmos o depoimento da testemunha, o Diretor Geral do Campus São

Cristovão/IFS (época do desabamento) quando perguntado separamos:4) Perguntado o senhor na qualidade de Diretor fez alguma orientação de como

conduzir os trabalhos aos asseguradores, respondeu que a instituição não tinha um corpo técnico no seu quadro e devido a isto escolhíamos os servidores de melhor nível de esclarecimento e os designava através de Portaria.

(...)8. CONCLUSÃO

(...)• Houve falha na indicação dos servidores, asseguradores, e na condução da

fiscalização dos serviços de reforma;”

Ainda que se reconheça a dificuldade da Administração em designar servidores para fiscalizar a execução de seus contratos, diante da inexistência de um corpo técnico em seu quadro, não se pode admitir a atribuição da fiscalização de uma obra de engenharia a pessoa leiga, desprovida do necessário conhecimento técnico acerca do trabalho a ser realizado. Aliás, o artigo 67 da Lei n. 8.666/1993 prevê a possibilidade de contratação de terceiros, obviamente habilitados, para assistir e subsidiar o representante da Administração nas informações pertinentes à atribuição de acompanhar e fiscalizar a obra. A Administração, ao atribuir atividades típicas de engenharia a pessoa leiga, certamente põe em risco a segurança de pessoas e do patrimônio público.

No caso concreto, a designação de profissional habilitado para fiscalizar as obras de reforma dos galpões da instituição de ensino poderia ter evitado o dano ao erário ocorrido, na medida em que teria condições técnicas de constatar as falhas na elaboração e execução do projeto de engenharia em questão.

Dessa forma, não se vislumbra conduta diligente do Sr. José Aelmo Gomes dos Santos na designação dos asseguradores do contrato, mas sim desidiosa, uma vez que atribuiu a fiscalização de obras de engenharia a pessoas desqualificadas para tal mister.

Quanto às empresas contratadas, entendo que a sua responsabilização mostra-se patente, na medida em que executaram as obras de reforma dos galpões sem que fosse apresentada qualquer ART. De fato, conforme asseverado pela Unidade Técnica, não se “justifica uma empresa construir com base em um projeto que não fora assinado por nenhum engenheiro, projeto que deveria constar inclusive o número

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do CREA do(s) responsável(eis). Faltando inclusive a Anotação de Responsabilidade Técnica – ART (documento obrigatório para estabelecer responsabilidades)”.

Ora, conforme entendimento pacífico jurisprudencial, a falta de apresentação de ART presume ausência de acompanhamento técnico, caracterizando exercício irregular de profissão regulamentada. Citem-se, nesse sentido, as seguintes ementas:

“ADMINISTRATIVO. CREA. LAVRATURA DE AUTO DE INFRAÇÃO. REALIZAÇÃO DE OBRA SEM A NECESSÁRIA SUPERVISÃO DE PROFISSIONAL HABILITADO. 1 - Pretendeu a Parte Autora a nulidade de Auto de Infração, contra ela lavrado em razão de construir uma edificação sem a necessária supervisão de profissional registrado nos quadros do Conselho-Réu. 2 - No dia 27.06.1997, em inspeção de rotina, o Engenheiro responsável por fiscalizar obras verificou que a construção realizada pela Autora obtinha 90 m² (noventa metros quadrados), o que levou o funcionário do CREA-RJ a lavrar o auto de infração e notificação, tendo em vista o exercício ilegal da profissão. 3 - Considerando o disposto no art. 7º da Lei n.º 5.194/66, tem-se que a Autora contratou profissional autônomo para a realização de obras que, por lei, deveriam ser fiscalizadas por profissional de engenharia devidamente habilitado. 4 - A falta de apresentação de ART presume ausência de acompanhamento técnico, caracterizando exercício irregular de profissão regulamentada. 5 - Regularização posterior da obra não descaracteriza a infração e muito menos torna a multa sem efeito. 6 - Apelação e remessa necessária providas. Sentença reformada.” (TRF2; Sexta Turma Especializada; E-DJF2R - Data: 10/03/2011 - Página: 387) (grifei)

“PROCESSUAL CIVIL. ADMINISTRATIVO. CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA - CREA. ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA (ART). EXERCÍCIO ILEGAL DA PROFISSÃO. ART. 1º DA LEI Nº 6.469/77. ART. 6º, "A", DA LEI Nº 5.194/66. AUTUAÇÃO. MULTA. CABIMENTO. I - "Todo contrato, escrito ou verbal, para a execução de obras, ou prestação de quaisquer serviços profissionais referentes à Engenharia, à Arquitetura e à Agronomia fica sujeito à 'Anotação de Responsabilidade Técnica' (ART)". (art. 1º da Lei n.° 6.469/77). II - A falta de apresentação de ART, no momento da autuação, presume ausência de acompanhamento técnico, caracterizando exercício irregular de profissão regulamentada, pois a finalidade da referida anotação é a de fixar responsabilidade técnica de quem assumiu a obrigação de prestar os serviços, nos termos do art. 6º, "a", da Lei nº 5.194/1966. III - A Anotação de Responsabilidade Técnica deve ser contemporânea à realização do serviço, desde seu início, pois é o documento hábil a demonstrar seu acompanhamento por profissional habilitado, o que não obriga a empresa a se registrar no Conselho, mas sim de regular a inspeção com a apresentação da ART. IV - Apelação desprovida. Sentença confirmada.” (TRF1; Oitava Turma; e-DJF1 -Data: 13/04/2012 - Página: 1450) (grifei)

“EMBARGOS À EXECUÇÃO. OBRA. AUSÊNCIA DE ART. RESPONSABILIDADE DO PROPRIETÁRIO. MULTA. EXCESSO INEXISTENTE. POSTERIOR REGULARIZAÇÃO. 1. O proprietário que realiza obra sem acompanhamento técnico incorre no exercício irregular de profissão, sujeitando-se à fiscalização e autuação pelo órgão fiscalizador. 2. Reconhecimento de que a fixação do valor da multa escapa até mesmo ao discricionarismo administrativo, pois estabelecido por lei. 3. A falta de apresentação de ART presume ausência de acompanhamento técnico, caracterizando exercício irregular de profissão regulamentada. 4. Regularização posterior da obra não descaracteriza a infração e muito menos torna a multa sem efeito.” (TRF4; Terceira Turma; DJ 26/07/2000 - Página: 153) (grifei)

“EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA. MULTA. - Decorre de lei (art. 1º, § 1º, da Lei nº 6.830/80) a prerrogativa do órgão de classe em questão inscrever seus créditos em dívida ativa, com a decorrente propositura do executivo fiscal. - Construindo sem providenciar a anotação de responsabilidade técnica, incide o construtor em exercício irregular da profissão. - Milita em favor da Certidão de Dívida Ativa que instrui o processo constritivo fiscal presunção de

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liquidez e certeza, apenas elidida em razão de prova robusta. (TRF4; Quarta Turma; DJ 08/06/2005 PÁGINA: 1508) (grifei)

Assim sendo, o simples fato de terem executado obras de engenharia sem a apresentação da competente Anotação de Responsabilidade Técnica - ART, faz recair sobre as empresas contratadas a responsabilidade sobre os defeitos, vícios ou incorreções, resultantes da elaboração e execução do projeto de engenharia em questão. No meu sentir, apenas poderia se cogitar em afastar a responsabilidade das empresas contratadas caso tivessem exigido e obtido por parte da Administração o projeto básico e executivo, com as respectivas ARTs.

Entendo, por fim, também anuindo ao asseverado pela Unidade Técnica, que não existe qualquer óbice na responsabilização da empresa EAS Construções Ltda. diante do pronunciamento judicial que lhe foi favorável. Por certo, há que se observar o princípio da independência das instâncias. Pacífico é o entendimento de que são independentes as instâncias judicial e administrativa, exceto quando, em se tratando de ação penal, for comprovada a inexistência do fato ou a negativa da autoria, o que não é o caso.

Com efeito, tem o TCU competência constitucional para julgar as contas dos administradores públicos e daqueles que derem causa a perda, extravio ou outra irregularidade de que resulte prejuízo ao erário, aplicando aos responsáveis as sanções cabíveis, independentemente do resultado de eventual ação cível sobre a mesma matéria.

E mais, não há que se confundir a ação de conhecimento por inadimplemento contratual proposta pela referida empresa com a atuação de controle externo dessa Corte de Contas. De fato, inexiste identidade de causa de pedir e de pedido entre o citado processo judicial e o presente processo de controle externo. Naquele foi pleiteado a condenação da entidade ao pagamento de parcelas, por inadimplemento contratual. Neste se discute o ressarcimento ao erário diante do desabamento e total inutilidade das obras executadas, podendo o TCU, caso constate ter a empresa concorrido para o cometimento do dano apurado, imputar-lhe responsabilidade.

Feitas essas ponderações pontuais, este representante do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União manifesta-se de acordo com a proposta de encaminhamento uniforme apresentada pela Unidade Técnica (peças 73 a 75).”

É o relatório.

VOTO

Cuidam os autos de prestação de contas simplificada de 2009 do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe – IFS.2. A Controladoria-Geral da União em Sergipe – CGU/SE, ao auditar as contas, concluiu pela regularidade com ressalva ante a ocorrência dos seguintes fatos, relacionados no certificado de auditoria (peça 7, p - 8 e 9):

“1.2.1.1 - Informações insuficientes no Plano Anual de Atividades de Auditoria Interna elaborado para o exercício 2010.

1.2.2.1- Descumprimento do prazo estabelecido para cadastramento e disponibilização no SISAC dos Atos de aposentadoria e pensão.

1.2.2.2 - Descumprimento do prazo de cadastramento e disponibilização no SISAC dos Atos de admissão e dos Atos de desligamento de servidores que não prestam mais serviços ao CEFET/SE.

1.2.3.1 - Pagamento de adicional de insalubridade a servidor que não labora em local insalubre.

1.2.3.2 – Ausência de ressarcimento de vencimentos de servidores cedidos com ônus para os cessionários.

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1.2.3.3 - Ausência de recadastramento de servidores aposentados.

1.2.3.4 - Erro em relação aos valores ressarcidos pelos cessionários de servidores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe.

1.2.3.5 - pagamentos irregulares de valores referentes a quintos de Cargo de Direção exercido no período de 08/04/1998 a 04/09/2001, por força de decisão judicial não transitada em julgado, a servidores que não exerceram funções no referido período.

1.2.4.1 - Fracionamento de despesas por falta de planejamento global das compras a serem efetivadas no exercício de 2009.

1.2.5.1 - Desabamento da estrutura do Galpão n° 5 da Unidade Educativa de Produção (UEP) do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia, Campus São Cristóvão/SE, em consequência de irregularidades na contratação e execução da obra.

1.2.5.2 - Contratação e pagamento, por meio de dispensa de licitação, de projetos de engenharia para reformas de imóveis da Entidade, que não foram entregues, causando prejuízo de R$ 15.566,20.

1.2.5.3 - Pagamento por serviços de engenharia não executados no valor total de R$ 54.309,80.

1.3.1.1 - Contratação indevida de servidores públicos federais com dedicação exclusiva, ou 60 horas semanais, por dispensa de licitação.”

3. Além desses pontos, a instrução da Secretaria de Controle Externo no Estado de Sergipe – Secex/SE detectou o descumprimento das seguintes determinações deste Tribunal dirigidas ao IFS:

Acórdão Unidade Item(ns)2396/2009 – Plenário Cefet 9.4, 9.4.1, 9.4.2 e 9.4.3

1568/2009 – 2ª Câmara Cefet 1.51615/2009 – 2ª Câmara EAFSC 1.5.1, 1.5.1.1, 1.5.1.2 e 1.5.1.32379/2008 – 2ª Câmara EAFSC 9.3, 9.6.6, 9.6.7 a 9.6.12

4. A Secex/SE, após a realização de diligências, inspeção, citações e audiência, propôs: (i) a irregularidade das contas do Sr. José Aelmo Gomes dos Santos, ex-diretor-geral do campus São Cristóvão, condenando-o, solidariamente, com as empresas Camel Empreendimentos e Construções Ltda., EAS Construções Ltda. e Engemix Serviços e Construções Ltda., ao pagamento de diversas quantias, (ii) a aplicação de multas, (iii) a regularidade com ressalva das contas da Srª Hortência Maria Santos Moura, pró-reitora de administração, (iv) a regularidade das contas dos demais responsáveis e (v) a expedição de determinações e ciências.

5. O Ministério Público junto a este Tribunal acompanhou tais propostas.

6. Manifesto minha concordância com a análise empreendida pela Secex/SE, que adoto como razões de decidir.

7. A ausência de ressarcimento de vencimentos de servidores cedidos com ônus para os cessionários (item 1.2.3.2), foi totalmente saneada.

8. No tocante aos fatos indicados anteriormente nos itens 1.2.1.1, 1.2.2.1, 1.2.2.2, 1.2.3.3, 1.2.3.4 e 1.2.4.1, as recomendações formuladas, à época, pela CGU/SE, são suficientes para o seu saneamento.

9. De igual maneira, acolho as determinações dirigidas ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe – IFS, a fim de que regularize a situação dos pagamentos de adicional de insalubridade (item 1.2.3.1) e de quintos (item 1.2.3.5) e comprove o cumprimento do subitem 9.6.10 do acórdão 194/2007 da 2ª Câmara. Acato, também, a sugestão de que seja dada ciência, ao Instituto sobre as questões relacionadas à contratação de professores temporários e ao pagamento de adicional de insalubridade/periculosidade.

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10. Os fatos mais relevantes para formação de meu juízo acerca da irregularidade das contas do Sr. José Aelmo Gomes dos Santos estão relacionados com (i) o desabamento da estrutura do galpão 5 da Unidade Educativa de Produção (UEP) do IFS, Campus São Cristóvão/SE, em consequência de irregularidades na contratação e execução da obra (item 1.2.5.1), sendo que, após a inspeção da Secex/SE, foi verificada a necessidade de apurar, também, as responsabilidades pela inutilização dos galpões 3, 6 e 7, (ii) a contratação e pagamento, por meio de dispensa de licitação, de projetos de engenharia para reformas de imóveis da entidade que não foram entregues, causando prejuízo de R$ 15.566,20 (item 1.2.5.2) e, finalmente, (iii) o pagamento por serviços de engenharia não executados no valor total de R$ 54.309,80 (item 1.2.5.3).

11. Começo por examinar a questão relacionada ao desabamento do galpão 5 da Unidade Educativa de Produção – UEP do IFS, Campus São Cristovão.

12. A unidade técnica, ao concluir o relatório de inspeção no IFS (peça 8, p. 13-24), verificou que as irregularidades praticadas na execução das obras no campus São Cristovão/SE, acarretaram, além do desabamento do galpão 5, a inutilização dos galpões 3, 6 e 7.

13. Frente a essa situação, foram citados o Sr. José Aelmo Gomes dos Santos, solidariamente, com a empresa EAS Construções Ltda., pelo desabamento do galpão 5 e pela inutilização dos galpões 6 e 7, decorrentes das seguintes irregularidades:

“13.1. alteração da cobertura original do prédio de telhas onduladas de fibrocimento (Eternit) por telhas de cerâmica canal tipo itabaianinha, materiais com pesos específicos sensivelmente diferentes, o que demandaria, dos engenheiros que elaboraram o projeto básico (projeto apócrifo), reforços nos pilares, nas fundações, amarração longitudinal tendo em vista sua extensão e dimensionamento das tesouras, eis que o projeto básico deve conter o conjunto de elementos necessários e suficientes, com nível de precisão adequado para caracterizar a obra, ser elaborado com base em estudos técnicos que assegurem a viabilidade técnica, em que serão considerados principalmente os requisitos de segurança;

13.2. reaproveitamento indevido de peças de madeira da antiga estrutura;

13.3. constatação de que alguns pilares do galpão 5, executados em concreto armado, apresentavam armaduras em adiantado processo de corrosão;

13.4. execução inadequada do travamento de algumas tesouras dos galpões, inclusive com emendas e sambladuras mal executadas, algumas já rompidas por cisalhamento, em total desacordo com a norma ABNT NBR 7190/97 – Projeto e Execução de Estruturas de Madeira, comprometendo a estabilidade da cobertura desses galpões;

13.5. negligente avaliação da oportunidade e conveniência, por parte do administrador, da reforma dos galpões, uma vez que, caso fosse considerada a necessidade de reforços nos pilares e nas fundações, seria perfeitamente possível a conclusão de que a demolição do galpão seguida da construção de um novo prédio poderia ser mais interessante economicamente (subitem só para o gestor);

13.6. não adoção das técnicas consistentes de engenharia, em desacordo com a cláusula sexta do contrato 10/2009 e 12/2009, que responsabiliza as empreiteiras pela inobservância dos requisitos mínimos de qualidade, resistência e segurança determinados nas Normas Técnicas, elaboradas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.”

14. O Sr. José Aelmo Gomes dos Santos foi citado, também, solidariamente com a empresa Camel Empreendimentos e Construções Ltda., pela inutilização do galpão 3, ante a ocorrência das mesmas irregularidades antes enumeradas, à exceção da indicada no item 13.3, que é específica do galpão 5.

15. O ponto principal da citação solidária dos referidos responsáveis foi a contratação e execução das obras de reforma do telhado dos galpões 3, 5, 6 e 7 com a substituição da cobertura original do prédio de telhas onduladas de fibrocimento (Eternit) por telhas de cerâmica canal tipo itabaianinha, materiais com pesos diferentes, sem que houvesse reforço nos pilares, nas fundações e

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amarração longitudinal, tendo em vista sua extensão e dimensionamento das tesouras, o que acarretou, conforme já noticiado, o desabamento do galpão 5 e o comprometimento das estruturas dos galpões 3, 6 e 7.

16. Para que se tenha uma ideia do estado de coisas encontrado pela equipe de inspeção da Secex/SE, transcrevo abaixo trecho de seu relatório (peça 8, p. 21 e 22):

“7.1. O galpão nº 5 sofreu colapso da estrutura por causas diversas. Em primeiro lugar, a cobertura original do prédio era feita por telhas onduladas de fibra-cimento (Eternit) que seriam substituídas por telhas de cerâmica canal tipo itabaianinha. Ocorre que os pesos específicos dos dois tipos de telhado são sensivelmente diferentes sendo as telhas onduladas muito mais leves do que as do tipo canal.

7.2. Apesar da diferença de peso entre os dois tipos de cobertura, não foi atentado pelo setor de engenharia que elaborou o projeto básico que os pilares de sustentação dos galpões poderiam não resistir às novas cargas. Assim, não foram previstos reforços nem dos pilares nem das fundações.

7.3. Outro fato relevante, que pode ser constatado nos galpões que não ruíram, foi a ausência de amarração longitudinal entre as tesouras, podendo-se supor que o mesmo ocorresse no galpão em questão. Como as estruturas são longas, tal ausência implica em menos estabilidade para os prédios.

7.4. Na visita ao local, a equipe de inspeção pode constatar, também, que nem todos os pilares originais do galpão nº 5 haviam sido confeccionados em concreto armado, havendo pilares de blocos de cimento e de blocos cerâmicos, obviamente menos resistentes.”

17. Nesse mesmo relatório, constou a seguinte análise em relação aos riscos de desabamento dos demais galpões:

“8.1. Os outros galpões reformados sofrem das mesmas deficiências apontadas no galpão nº 5 para a troca das telhas sem a avaliação da necessidade de reforços na estrutura. Ademais, existem indícios de reaproveitamento de peças do madeirame antigo na execução das novas tesouras e ripas dos telhados. Tal reaproveitamento pode vir a comprometer a estabilidade das estruturas.

8.2. Diversas vigas dos galpões remanescentes já apresentam flechas de deformação apreciáveis, inclusive detectáveis visualmente, o que revela o subdimensionamento das seções para suportar as cargas provenientes do telhado mais pesado e, portanto, implicam em riscos de novos desabamentos, desta feita por ruptura das superestruturas.

8.3. Outro fator de risco para as superestruturas pode ser observado nas tesouras principais que apresentam cisalhamento próximo aos apoios, também indicativos de subdimensionamento estrutural o que aumenta a possibilidade de desabamento apontada no parágrafo precedente.

8.4. Novamente, a precariedade do projeto básico pela ausência de avaliação da necessidade de reforço nos pilares e fundações, agora combinada com o dimensionamento deficiente da superestrutura, indica que a reforma poderia ser, eventualmente, substituída por construções novas por razões econômicas.”

18. Aduzo, ainda, a conclusão do relatório técnico de vistoria elaborado pela Coordenadoria Especial de Defesa Civil do Governo de Sergipe (peça 11, p. 31 – 33), in verbis:

“Após vistoria visual ficou constatado que uma série de fatores culminou para o desabamento da cobertura do galpão, entre eles, substituição do telhado sem o devido reforço da estrutura de concreto ou alvenaria dos pilares, o reaproveitamento de peças de madeira da antiga cobertura em uma possível confecção errada das tesouras de madeira, bem como a ausência de travamentos longitudinais da estrutura de madeira da cobertura, que consideramos ser o causador principal do desabamento. É possível que essa estrutura tenha se deslocado longitudinalmente em função da sua extensão.

Em tempo, informamos ainda que percebemos a execução inadequada do travamento de algumas tesouras de outros galpões próximo ao galpão nº 05, inclusive com emendas e sambladuras mal executadas, algumas já rompidas por cisalhamento em total desacordo com a norma ABNT NBR 7190/97 - PROJETO E EXECUÇÃO DE ESTRUTURAS DE MADEIRA, que futuramente poderá comprometer a estabilidade da cobertura desses galpões.”

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19. A conduta do Sr. José Aelmo Gomes dos Santos, então diretor-geral do campus São Cristóvão/SE, foi decisiva para ocorrência das irregularidades envolvendo a reforma dos citados galpões, porque: (i) autorizou a realização de licitação e contratação das empresas baseado em projeto básico apócrifo, que, inclusive, não continha a exigência de reforço estrutural, (ii) permitiu que toda a execução da obra e os pagamentos fossem realizados sem que existissem as Anotações de Responsabilidade Técnica – ART do projeto básico e do orçamento da licitação e (iii) designou como fiscais das obras servidores sem qualquer qualificação técnica para o encargo.

20. Esse conjunto de atos negligentes acarretou dano ao erário, representado pelo desabamento do galpão 5 e pelo comprometimento na utilização dos galpões 3, 6 e 7 do campus São Cristóvão/SE.

21. Assistiria razão ao responsável em imputar a responsabilidade pelas irregularidades no projeto básico à Coordenadoria de Engenharia do Cefet/SE - Coenge, atual IFS, caso o projeto básico contivesse assinaturas dos encarregados pela sua elaboração. Na realidade, o que ocorreu foi que o Sr. José Aelmo permitiu a realização da licitação e a contratação das empresas executoras dos serviços baseada em projeto básico apócrifo. Ao agir dessa maneira, assumiu para si toda a responsabilidade pela coerência e suficiência das informações contidas naquele importante documento.

22. Além disso, diferentemente do que defende o responsável, não é preciso ser engenheiro civil ou profissional com profundos conhecimentos de engenharia para inferir a necessidade de estudos sobre a previsão de reforço estrutural nos galpões com a troca da cobertura por materiais mais pesados do que os originais. É uma questão de lógica e de cuidado que se pode exigir de qualquer pessoa de médio conhecimento.

23. No tocante à não exigência da Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, lanço mão de trecho do parecer do Ministério Público que bem traduz a matéria:

“Dessa forma, deveria o gestor público ter exigido, nos termos da lei, a apresentação de ART referente ao projeto básico em questão, sendo que a sua inexistência fez recair sobre o mesmo, autoridade que homologou o processo licitatório, a responsabilidade por eventual deficiência de projeto.

Saliente-se, a esse respeito, o disposto no art. 109, § 5º, da Lei n. 11.768/2008 (Lei de Diretrizes Orçamentária de 2009), verbis:

“§ 5º Deverá constar do projeto básico a que se refere o art. 6º, inciso IX, da Lei nº 8.666, de 1993, inclusive de suas eventuais alterações, a anotação de responsabilidade técnica e declaração expressa do autor das planilhas orçamentárias, quanto à compatibilidade dos quantitativos e dos custos constantes de referidas planilhas com os quantitativos do projeto de engenharia e os custos do SINAPI.” (grifo do original)

Ademais, a jurisprudência do TCU há muito se mostra pacífica acerca da obrigatoriedade de exigência, por parte do gestor público, da apresentação de Anotação de Responsabilidade Técnica – ART referente a projeto, execução, supervisão e fiscalização de obras e serviços de engenharia. Nesse sentido, inclusive, foi publicada a Súmula/TCU n. 260, verbis:

“É dever do gestor exigir apresentação de Anotação de Responsabilidade Técnica – ART referente a projeto, execução, supervisão e fiscalização de obras e serviços de engenharia , com indicação do responsável pela elaboração de plantas, orçamento-base, especificações técnicas, composições de custos unitários, cronograma físico-financeiro e outras peças técnicas.” (grifo do original)

Em assim sendo, conforme asseverado pela Unidade Técnica, não há como imputar responsabilidade à Coenge, haja vista que o projeto básico é apócrifo, sem qualquer apresentação de ART, a qual cabia ao gestor a obrigação de exigir.” (grifo do original)

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24. Quanto à assertiva do responsável de que “tomou o cuidado de nomear servidores/asseguradores dos contratos designados por ordem de serviços, sendo que aos asseguradores é estabelecida a obrigação do acompanhamento in loco da execução das obras”, melhor sorte não lhe socorre, porque sobre ele recai a responsabilidade pela escolha dos subordinados e responsáveis pelo desempenho das tarefas de acompanhamento da execução das obras de reforma, ou seja, cuida tal episódio da culpa in eligendo já consagrada no âmbito desta Corte de Contas.

25. Por fim, a alegação de que nos procedimentos de inquérito e de sindicância instaurados no âmbito do IFS não foi apontada sua responsabilidade funcional de igual maneira não produz efeito a ponto de isentá-lo de responsabilidade nestes autos, ante o princípio da independência das instâncias que rege o processo neste Tribunal.

26. Em relação à defesa oferecida pela empresa EAS Construções Ltda., citada solidariamente com o Sr. José Aelmo Gomes dos Santos pelo desabamento do galpão 5 e pela inutilização dos galpões 6 e 7, limitou-se ela a afirmar que a matéria já foi decidida pela Justiça Federal de Aracaju/SE no processo 2009.85.005684 (005684-23.2009.4.05.8500), tendo a empresa logrado êxito na sua postulação. Não foi apresentada defesa em relação aos pontos objeto de sua citação indicados anteriormente no item 13 deste voto.

27. A empresa solicitou o arquivamento deste processo, haja vista que “a instância cabível para se discutir sobre a validade e legalidade da conduta da acionada EAS CONSTRUÇÕES já foi provocada, com a decisão que lhe favoreceu tendo transitado em julgado”.

28. Não há como acolher a defesa apresentada pela empresa. A uma, porque está consagrado nesta Casa o princípio da independência das instâncias, em que somente a sentença penal transitada em julgado que reconheça a inexistência do fato como crime ou negue, categoricamente, sua autoria faz coisa julgada nos processos deste Tribunal, o que não é o caso. A duas, porque a ação movida pela empresa na justiça teve como mote discutir inadimplência contratual em relação ao IFS, com pedido de pagamento de parcela contratual não honrada, enquanto estes autos discutem a participação da empresa em dano ao erário oriundo de contrato suportado com recursos públicos federais.

29. Já a empresa Camel Empreendimentos e Construções Ltda., citada solidariamente com o Sr. José Aelmo Gomes dos Santos pela inutilização do galpão 3, concentrou sua defesa em afirmar que cumpriu rigorosamente o projeto básico elaborado pela Coordenadoria de Engenharia do CEFET/SE, atual IFS, e que, se houve erro no projeto, a responsabilidade é dos servidores da referida Coordenadoria. Além disso, alegou que, ao executar a reforma, “prezou pela qualidade, resistência e segurança conforme determinam as Normas Técnicas elaboradas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.”

30. Os fatos colocados neste processo demonstraram que as empresas Camel Empreendimentos e Construções Ltda. e EAS Construções Ltda., contratadas pelo IFS para a execução das obras de reforma dos galpões 3, 5, 6 e 7, realizaram todas as obras baseadas em projeto básico que não fora assinado por nenhum engenheiro e não continha número do CREA dos responsáveis. Demonstram, ainda, que a reforma foi conduzida sem que houvesse a Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, documento obrigatório para definir responsabilidades e cuja ausência, como demonstrou o Ministério Público, caracteriza exercício irregular de profissão regulamentada. Esses fatos não mereceram contestação das referidas empresas.

31. A Lei 5.194/1966, que regulamentou o exercício das profissões de engenheiro, arquiteto e engenheiro-agrônomo, dispôs em seu art. 6º, “a”, in verbis:

“Art. 6º Exerce ilegalmente a profissão de engenheiro, arquiteto ou engenheiro-agrônomo:

a) a pessoa física ou jurídica que realizar atos ou prestar serviços público ou privado reservados aos profissionais de que trata esta lei e que não possua registro nos Conselhos Regionais.”

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32. Por seu turno, a Lei 6.496/1977, que instituiu a Anotação de Responsabilidade Técnica – ART, disciplinou em seus arts. 1º a 3º, o que segue:

“Art 1º - Todo contrato, escrito ou verbal, para a execução de obras ou prestação de quaisquer serviços profissionais referentes à Engenharia, à Arquitetura e à Agronomia fica sujeito à "Anotação de Responsabilidade Técnica" (ART).

Art 2º - A ART define para os efeitos legais os responsáveis técnicos pelo empreendimento de engenharia, arquitetura e agronomia. (grifo não é do original)

§ 1º - A ART será efetuada pelo profissional ou pela empresa no Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA), de acordo com Resolução própria do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CONFEA).

§ 2º - O CONFEA fixará os critérios e os valores das taxas da ART ad referendum do Ministro do Trabalho.

Art 3º - A falta da ART sujeitará o profissional ou a empresa à multa prevista na alínea "a" do art. 73 da Lei nº 5.194, de 24 de dezembro de 1966, e demais cominações legais.”

33. Portanto, não há como afastar a responsabilidade das empresas quanto às práticas irregulares que resultaram em dano ao erário, como destacou o parecer do parquet especializado:

“Assim sendo, o simples fato de terem executado obras de engenharia sem a apresentação da competente Anotação de Responsabilidade Técnica - ART, faz recair sobre as empresas contratadas a responsabilidade sobre os defeitos, vícios ou incorreções, resultantes da elaboração e execução do projeto de engenharia em questão. No meu sentir, apenas poderia se cogitar em afastar a responsabilidade das empresas contratadas caso tivessem exigido e obtido por parte da Administração o projeto básico e executivo, com as respectivas ARTs.”

34. A ausência da ART deve, aliás, ser levada ao conhecimento do Crea/SE, a fim de que adote as medidas que entender pertinentes.

35. O segundo fato relevante que macula as contas do Sr. José Aelmo Gomes dos Santos, mencionado no item 10 deste voto, trata da contratação e do pagamento, por dispensa de licitação, de projetos de engenharia para reformas de imóveis da entidade, que não foram entregues, causando prejuízo de R$ 15.566,20 ao IFS.

36. Foi promovida a citação do responsável, solidariamente com a empresa Engemix Serviços e Construções Ltda., pelo valor de R$ 7.735,00, e com a empresa Proseng Projetos e Serviços Ltda., pelo valor de R$ 7.831,20.

37. O responsável se defendeu afirmando que o projeto básico de reforma dos galpões foi realizado pela Coordenadoria de Engenharia do IFS, enquanto outros projetos de pequena monta para reforma de áreas diversas da Escola Agrotécnica foram realizados por empresas contratadas pela autarquia, e que, devido à fusão da Escola Agrotécnica de São Cristóvão e do Centro Federal de Estudos Tecnológicos de Sergipe, os projetos não foram localizados. Isso, entretanto, não significaria que não foram feitos. Argumentou também que seria necessária a inquirição de testemunhas.

38. Não assiste razão ao defendente, uma vez que compete a ele comprovar que os recursos pagos às empresas tiveram boa e regular aplicação, com a entrega dos projetos básicos; ou seja, o ônus da prova em matéria de gestão de recursos públicos cabe ao responsável. Ainda em matéria de prova, não há previsão de inquirição de testemunhas na processualística deste Tribunal.

39. A empresa Engemix Serviços e Construções Ltda., apesar de citada no endereço de seu sócio-administrador, não se manifestou, podendo ser considerada revel para todos os efeitos.

40. Por seu turno, a empresa Proseng Projetos e Serviços Ltda., apresentou defesa comprovando a entrega, em 26/11/2008, do documento intitulado “Termo de Entrega de Projetos”, que foi recebido pelo Sr. Manoel Alves Lima, diretor-geral-substituto da Escola Agrotécnica Federal de

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São Cristóvão, cuja assinatura confere com a de outros documentos presentes nestes autos. Após isso, a empresa recebeu a importância questionada na citação.

41. Afasta-se, dessa forma, a responsabilidade da empresa pelo débito a ela apontado, remanescendo, todavia, a responsabilidade do Sr. José Aelmo Gomes dos Santos em razão da não apresentação do projeto básico, com a presunção, que admitiria prova em contrário, da não utilização para o fim que foi contratado, caracterizando, dessa forma, ato antieconômico em relação aos cofres do IFS.

42. Para reforçar essa matéria, transcrevo trecho da instrução da Secex/SE:

“11.2.4.2 A citação foi por terem sido pagos os projetos e não terem sido utilizados, concluindo-se inicialmente que não foram entregues. Em verdade, restou comprovada a entrega do projeto elaborado pela Proseng Projetos e Serviços Ltda. (Processo/Licitação 23000.100141/2008-92 - 83/2009), conforme observado na análise do subitem 11.2.8 abaixo. Não obstante este fato, a comprovação da entrega do projeto só elide a responsabilidade da empresa, mas não a do responsável, pois a não utilização de um projeto pago implica em débito, pelo fato de a despesa não ter servido para nada (ato antieconômico).”

43. Como terceira e última irregularidade tem-se o pagamento por serviços de engenharia não executados, no valor total de R$ 54.309,80. A instrução da Secex/SE (peça 73, p. 2, item3) registrou que a matéria já foi examinada no item 9 do relatório de inspeção (peça 8, p.21-22), sendo considerada inconsistente porque alguns dos itens pagos e tidos como irregulares já foram considerados nas citações dos responsáveis, o que merece ser acolhido.

44. Por fim, em relação ao último item contido no certificado de auditoria da CGU/SE sobre as presentes contas, qual seja, contratação indevida de servidores públicos federais com dedicação exclusiva, ou 60 horas semanais, por dispensa de licitação (item 1.3.1.1), transcrevo a posição do Secex/SE que é suficiente para o saneamento da questão:

“(...) Considerando recentes auditorias nesses órgãos (processos 013.372/2011-4 e 014.220/2011-3), desdobrados em monitoramento, com o objetivo de avaliar as acumulações ilegais de cargos públicos, envolvendo o universo estatístico das duas entidades, a questão aqui suscitada será devidamente analisada no âmbito dessas auditorias. Assim, reanalisando a constatação, observou-se que a mesma não carece da propositura de audiência ao responsável nestes autos, pois seria duplicidade de esforços, sendo mais adequado para a falha constatada dar ciência da necessidade do devido processo licitatório para a contratação de professores temporários, de acordo com art. 1º, inciso IV e art. 3º da Lei 8745/1993 com as alterações dadas pela Lei 9849/1999 e art. 2º da Lei 8666/1993”.

45. Único ponto de minha discordância em relação à proposta oferecida pela Secex/SE, acompanhada pelo Ministério Público, diz respeito à aplicação ao Sr. José Aelmo Gomes dos Santos da multa do art. 58, inciso III, da Lei Orgânica desta Casa, relativa à prática de ato ilegítimo ou antieconômico de que resulte injustificado dano ao erário.

46. Proponho, em consonância com entendimento majoritário deste Tribunal, que a referida multa dê lugar à aplicação da penalidade prevista no artigo 57 da Lei 8.443/1992, pelo princípio da absorção da pena, com o pertinente ajuste em sua dosimetria.

47. Por todas as razões apresentadas, acompanho os posicionamentos da Secex/SE e do Ministério Público junto a este Tribunal no tocante ao mérito das presentes contas.

Ante o exposto, voto por que seja adotado o acórdão que submeto à apreciação deste Colegiado.

TCU, Sala das Sessões, em tagaDataSessao.

ANA ARRAES 38

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Relatora

ACÓRDÃO Nº 4790/2013 – TCU – 2ª Câmara

1. Processo TC 020.190/2010-7. 1.1. Apenso: TC 032.435/2010-0.2. Grupo I – Classe II – Prestação de Contas Simplificada de 2009. 3. Responsáveis: Joarez Vrubel (CPF 186.686.319- 34), Hortência Maria Santos Moura (CPF 531.782.205-00), José Aelmo Gomes dos Santos (CPF 103.357.655-72), Manoel Alves Lima (CPF 269.037.505-25), Wílton Luiz Mota Almeida (CPF 722.624.945-68), José Franco de Azevedo (CPF 273.521.615-20), Alana Teles Silva (CPF 875.962.455-87), Valdomarques Siqueira (CPF 345.370.825.34), José Antonio Xavier Neto (CPF 166.497.614-00), Camel Empreendimentos e Construções Ltda. (CNPJ 05.325.897/0002-28), EAS Construções Ltda. (CNPJ 07.026.191/0001-00) e Engemix Serviços e Construções Ltda. (CNPJ 09.512.825/0001-60).4. Unidade: Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe – IFS.5. Relatora: ministra Ana Arraes.6. Representante do Ministério Público: subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado.7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo no Estado de Sergipe – Secex/SE.8. Advogados: Antonio Fernando Valeriano (OAB/SE 1.986); João Santana Filho (OAB/SE 1.664) e outros; Simone de Souza Araújo (OAB/PE 11.145) e Natália de Souza Araújo (OAB/PR 59.145); Nelson Wilians Fratoni Rodrigues (OAB/SP 128.341) e outros.

9. Acórdão:VISTOS, relatados e discutidos estes autos de prestação de contas simplificada do

exercício de 2009 do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe – IFS.ACORDAM os ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em sessão da

2ª Câmara, ante as razões expostas pela relatora, em:9.1. julgar irregulares as contas do Sr. José Aelmo Gomes dos Santos, com fulcro nos

artigos 1º, inciso I, e 16, inciso III, alínea “c”, da Lei 8.443/1992;9.2. condenar os responsáveis indicados abaixo ao pagamento das importâncias

especificadas, acrescidas dos devidos encargos legais calculados a partir das respectivas datas até a data do recolhimento, fixando o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para comprovarem, perante o Tribunal, o recolhimento da dívida aos cofres do Tesouro Nacional, nos termos do art. 23, inciso III, alínea “a”, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno do TCU:

9.2.1. responsáveis: José Aelmo Gomes dos Santos, solidariamente, com a empresa Camel Empreendimentos e Construções Ltda.:

DATA DO DÉBITO VALOR ORIGINAL (R$)20/5/2009 17.221,93

9.2.2. responsáveis: José Aelmo Gomes dos Santos, solidariamente, com a empresa EAS Construções Ltda.:

DATA VALOR 39

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DO DÉBITO ORIGINAL (R$)17/2/200

9 11.403,15

5/3/2009 7.506,06

24/4/2009 28.967,64

23/7/2009 90.168,29

17/2/2009 3.481,72

5/3/2009 43.808,62

24/4/2009 2.946,73

4/5/2009 10.959,08

23/7/2009 1.059,91

17/2/2009 30.204,05

5/3/2009 26.318,01

4/5/2009 1.744,64

23/7/2009 4.167,89

9.2.3. responsáveis: José Aelmo Gomes dos Santos, solidariamente, com a empresa Engemix Serviços e Construções Ltda.:

DATA DO DÉBITO VALOR ORIGINAL (R$)17/2/2009 7.735,00

9.2.4. responsável: José Aelmo Gomes dos Santos:DATA DO DÉBITO VALOR ORIGINAL (R$)

27/11/2008 7.831,20

9.3. aplicar aos responsáveis abaixo indicados, com fulcro no art. 19, caput¸ da Lei 8.443/1992, a multa capitulada no art. 57 da mesma lei, nos valores especificados, fixando, nos termos do art. 23, inciso III, alínea “a”, da Lei 8.443/1992, c/c o art. 214, inciso III, alínea “a”, do Regimento Interno do TCU, o prazo de 15 (quinze) dias, a contar da notificação, para que comprovem perante o Tribunal o recolhimento das importâncias aos cofres do Tesouro Nacional, com incidência de encargos legais, calculados da data do presente acórdão até a data do efetivo pagamento, se forem quitadas após o vencimento:

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TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO TC 020.190/2010-7

RESPONSÁVEL MULTA (R$)

José Aelmo Gomes dos Santos 40.000,00Camel Empreendimentos e

Construções Ltda.2.000,00

EAS Construções Ltda. 35.000,00Engemix Serviços e Construções

Ltda.1.000,00

9.4. autorizar a cobrança judicial das dívidas, nos termos do art. 28, inciso II, da Lei 8.443/1992, caso não atendidas as notificações;

9.5. autorizar o pagamento das dívidas em até 36 (trinta e seis) parcelas mensais consecutivas, nos termos do art. 26 da Lei 8.443/1992, c/c o art. 217 do Regimento Interno, caso venha a ser solicitado pelos responsáveis antes do envio do processo para cobrança judicial;

9.5.1. fixar o vencimento da primeira parcela em 15 (quinze) dias a contar do recebimento da notificação e o das demais a cada 30 (trinta) dias, com incidência de encargos legais sobre o valor de cada uma;

9.5.2. alertar aos responsáveis que a inadimplência de qualquer parcela acarretará vencimento antecipado do saldo devedor, nos termos do art. 26, parágrafo único, c/c o § 2º do art. 217 do Regimento Interno;

9.6. julgar regulares com ressalva as contas da Srª Hortência Maria Santos Moura, com fulcro nos artigos 1º, inciso I; 16, inciso II; 18 e 23, inciso II, da Lei 8.443/1992, e dar-lhe quitação:

9.7. julgar regulares as contas dos demais responsáveis, com fulcro nos artigos 1º, inciso I; 16, inciso I; 17 e 23, inciso I, da Lei 8.443/1992, e dar-lhes quitação plena;

9.8. determinar ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe – IFS que, no prazo de 30 (trinta) dias, contados da ciência desta deliberação:

9.8.1. informe ao Tribunal sobre o encaminhamento, à Advocacia-Geral da União em Sergipe – AGU/SE, da documentação necessária para que a mesma tome as providências que entender cabíveis para correção do erro material pela inclusão indevida dos nomes dos servidores inscritos sob as matrículas SIAPE 279251, 279302, 279278, 279291, 279285, 279314 e 048883, na decisão judicial decorrente da ação 2006.85.00.004471-0, da Justiça Federal - Seção Sergipe;

9.8.2. comprove o ressarcimento dos valores recebidos indevidamente, a título de adicional de insalubridade, pelos servidores CPF 574.518.775-15, no valor de R$ 355,35 (trezentos e cinquenta e cinco reais e trinta e cinco centavos) e CPF 085.682.605-78, no valor R$ 2.809,30 (dois mil, oitocentos e nove reais e trinta centavos);

9.8.3. comprove o cumprimento do subitem 9.6.10 do acórdão 194/2007-2ª Câmara, adotando, se necessário, as medidas judiciais cabíveis, de forma a obter, junto à Empresa Ambiental Construções e Serviços Ltda., o ressarcimento dos valores pagos a maior em relação aos itens a seguir indicados, observada a devida atualização monetária a partir de 23/01/2004 (data do 1º pagamento) até a data do efetivo recolhimento, em razão das seguintes irregularidades concernentes ao contrato 23, de 12/12/2003:

9.8.3.1. R$ 1.840,00 (um mil, oitocentos e quarenta reais) referentes ao pagamento por serviço não executado de instalação de 59,78m² de forro em PVC (previstos 299,48 m² - executados 239,70 m²), sem que tivesse havido apresentação ao Controle Interno de elementos comprobatórios de execução de serviços compensatórios;

9.8.3.2. R$ 172,53 (cento e setenta e dois reais e cinquenta e três centavos) referentes a pagamento por serviço não executado de demolição de 111,31 m² de forro de madeira (previstos 351,01 m² - executados 239,70 m²);

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9.8.3.3. R$ 137,52 (cento e trinta e sete reais e cinquenta e dois centavos) referentes à inclusão, em duplicidade, na planilha orçamentária, de serviço não executado de colocação e manutenção de placa da obra.

9.9. dar ciência ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe – IFS sobre as seguintes impropriedades:

9.9.1. a contratação de professores temporários, sem o devido processo licitatório, está em desacordo com os arts. 1º, inciso IV, e 3º da Lei 8.745/1993, com as alterações dadas pela Lei 9.849/1999;

9.9.2. o pagamento a título de adicional de insalubridade/periculosidade aos servidores que não façam jus ao referido adicional, conforme previsão do Laudo de Avaliação Ambiental e a não verificação periódica de que os mesmos continuam laborando em condições insalubres ou perigosas, estão em desacordo com os arts. 68, 69 e 70 da Lei 8.112/1990.

9.10. encaminhar cópia deste acórdão, bem como do relatório e do voto que o fundamentaram:

9.10.1. ao CREA/SE para adoção das medidas que entender cabíveis, tendo em vista a execução das obras de reforma de galpões do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe – IFS sem a Anotação de Responsabilidade Técnica – ART;

9.10.2. ao procurador-chefe da Procuradoria da República no Estado de Sergipe, para adoção das medidas que entender cabíveis, nos termos do art. 16, § 3º, da Lei 8.443/1992;

9.11. determinar à Secex/SE que monitore o cumprimento da determinação contida no item 9.8.

10. Ata n° 28/2013 – 2ª Câmara.11. Data da Sessão: 13/8/2013 – Ordinária.12. Código eletrônico para localização na página do TCU na Internet: AC-4790-28/13-2.13. Especificação do quorum: 13.1. Ministros presentes: Aroldo Cedraz (Presidente), Raimundo Carreiro, José Jorge e Ana Arraes (Relatora).

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13.2. Ministros-Substitutos presentes: Marcos Bemquerer Costa e André Luís de Carvalho.

(Assinado Eletronicamente)AROLDO CEDRAZ

(Assinado Eletronicamente)ANA ARRAES

Presidente Relatora

Fui presente:

(Assinado Eletronicamente)CRISTINA MACHADO DA COSTA E SILVA

Subprocuradora-Geral

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