absorÇÃo de Água: propriedades tÉrmicas e mecÂnicas do ... · as propriedades físicas,...
TRANSCRIPT
ABSORÇÃO DE ÁGUA: PROPRIEDADES TÉRMICAS E MECÂNICAS DO POLIESTIRENO E DA BLENDA POLIESTIRENO/POLI (ɛ-CAPROLACTONA)
¹D. D. Siqueira, ¹D. D. S. Morais, ¹D. C. França, ¹E. B. Bezerra, ¹R. S. B. Ferreira, ¹E. M. Araújo
¹Universidade Federal de Campina Grande – Unidade Acadêmica de Engenharia de Materiais, Av. Aprígio Veloso, 882, CEP 58429-900, Campina Grande-PB, Brasil.
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo analisar a influência da absorção de água no poliestireno (PS) e na blenda (poliestireno/(copolímero de estireno–etileno–butileno-estireno enxertado com anidrido maléico)/poli(ε-policaprolactona) (PS/SEBS-g-MA/PCL). Utilizou-se o processamento em uma extrusora de rosca dupla corrotacional e, posteriormente, em uma injetora para a produção de corpos de prova de tração e impacto. Em seguida, estes foram expostos em um banho térmico sob temperatura de aproximadamente 50°C por 15 dias. Os corpos de prova foram pesados antes e após a imersão em banho térmico para determinar a absorção de água. Foi realizado ensaio de tração, impacto, absorção de água, DSC e TG. Observou-se que apenas os 15 dias de imersão em banho térmico foi o suficiente para obterem-se algumas modificações nas propriedades térmicas e mecânicas do PS e da blenda PS/SEBS-g-MA/PCL. Palavras–chave: Poliestireno, poli (Ɛ-caprolactona), blenda, absorção de água. 1 INTRODUÇÃO
Polímero é um composto sólido, não-metálico (normalmente orgânico), de alta
massa molar, cuja estrutura é composta por pequenas unidades de repetição (ou mero).
Os polímeros que ocorrem naturalmente são aqueles que derivam de plantas e animais, e
têm sido usados por muitos séculos. Esses materiais incluem: a madeira, a borracha, o
algodão, a lã, o couro e a seda. Outros polímeros naturais, tais como, as proteínas, as
enzimas, os amidos e a celulose são importantes em processos biológicos e fisiológicos.
Ferramentas modernas de pesquisa científica tornaram possível a determinação das
estruturas moleculares deste grupo de materiais, bem como o desenvolvimento de
numerosos polímeros, os quais são sintetizados a partir de moléculas orgânicas
pequenas. Muitos dos plásticos, borrachas e materiais fibrosos que nos são úteis nos dias
atuais consistem em polímeros sintéticos. Os materiais sintéticos podem ser produzidos
com baixo custo, e as suas propriedades podem ser administradas em um nível em que
muitas delas são superiores às suas contrapartes naturais.
22º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais06 a 10 de Novembro de 2016, Natal, RN, Brasil
8821
As Blendas poliméricas são materiais formados pela mistura física de dois ou mais
polímeros e/ou copolímeros e que podem ser preparadas a partir da solução dos
polímeros constituintes em um solvente comum, seguida da evaporação do solvente, ou,
a partir da mistura mecânica dos constituintes, seguida da fusão e posterior resfriamento.
Ou ainda a partir de reticulados poliméricos interpenetrantes (IPN). Normalmente, as
propriedades resultantes da mistura são associações entre as propriedades dos
polímeros puros, e por isso, normalmente o preparo de uma blenda pode atender a
diferentes propósitos, tais como: associar as propriedades apresentadas por diferentes
polímeros ou reduzir custo de um material sem alterar de forma crítica as propriedades de
interesse para uma determinada aplicação (1).
Em algumas aplicações, peças metálicas e de madeira foram substituídas por
plásticos, que possuem propriedades satisfatórias e podem ser produzidas a custos mais
baixos. Em sua maioria, os polímeros e as blendas são prejudiciais ao meio ambiente,
pois estes podem ter uma durabilidade de até 400 anos na natureza. Desse modo, existe
uma grande preocupação com o descarte dos resíduos plásticos e o acúmulo dos
mesmos, nos lixões (1, 2, 3).
Os polímeros biodegradáveis são materiais que se desintegram sob condições
ambientais em um período razoável e demonstrável de tempo pela ação de
microorganismos, tais como bactérias, fungos de fermento e algas. Alguns deles têm
ganhando bastante espaço no mercado são eles: PCL (poli (-caprolactona)), PLA (poli
(ácido lático)) e PHB (Poli(hidroxibutirato)). No mercado atual, os polímeros
biodegradáveis estão limitados a aplicações específicas, pois não possuem condições de
concorrer com os polímeros de grande utilização, tais como: polietileno (PE), polipropileno
(PP), poliestireno (PS) ou poli (tereftalato de etileno) (PET), devido ao seu elevado custo.
Muito embora hoje em dia, existam o PE verde e o PP verde produzidos em grande
escala, apesar de não ser biodegradável, mas obtidos de fontes renováveis. (4).
A PCL é um poliéster alifático, semicristalino e biodegradável. As propriedades
físicas, mecânicas e térmicas da PCL dependem da sua massa molar e do grau de
cristalinidade. À temperatura ambiente, a PCL é altamente solúvel em clorofórmio,
diclorometano, tetracloreto de carbono, benzeno, tolueno, ciclohexanona; ligeiramente
solúvel em acetona, acetato de etila, dimetilformamida; e insolúvel em álcoois, éter de
petróleo e éter. A PCL exibe uma propriedade rara de ser miscível com muitos outros
polímeros, tais como: policloreto de vinila - PVC, estireno-acrilonitrila - SAN, acrilonitrila-
butadieno-estireno - ABS, poli (bisfenol-A). Sendo também mecanicamente compatível
com os outros, como o polietileno, polipropileno, borracha natural, poliacetato de vinila–
22º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais06 a 10 de Novembro de 2016, Natal, RN, Brasil
8822
PVA. A PCL apresenta propriedades físicas parecidas com a do (PE), temperatura de
transição vítrea (Tg) entre -60°C e -72°C e temperatura de fusão (Tm) em torno de 60ºC.
É flexível à temperatura ambiente (~25ºC), sendo utilizada no campo da biomedicina.
Possui compatibilidade com uma ampla variedade de técnicas de processamento e possui
propriedades elétricas e termogravimétricas desejáveis, além de ter boa estabilidade à luz
UV (5, 6, 7).
Diante do exposto, pretende-se com este trabalho estudar a influência da absorção de
água nas propriedades mecânicas e térmicas do PS e da blenda PS/PCL/copolímero de
estireno – etileno – butileno - estireno enxertado com anidrido maléico (SEBS-g-MA).
MATERIAIS E MÉTODOS
Materiais
O Poliestireno cristal PS U249® de I.F= 19 g/10 min (200 °C/ 5 Kg), densidade=1,04
g/cm3 fabricado pela Unigel S.A, foi utilizado como a matriz polimérica da blenda.
A Poli (ɛ-caprolactona) – PCL, CAPA 6500®, I.F= 7 g/10 min (160 °C/ 2,16 Kg),
fabricada pela Perstorp Winning Fórmulas, foi à fase dispersa da blenda.
O copolímero em bloco estireno-(etileno-butileno)-estireno grafitizado com anidrido
maleíco – (SEBSMA), utilizado como agente compatibilizante da blenda e fabricado pela
Kraton Polymers, nome comercial, Kraton FG 1901G®, contendo 1,4 - 2,0% de anidrido
maleíco, IF =14-28 g/10 min. A Figura 4 ilustra a estrutura química do SEBS-g-MA.
Preparação das Blendas
A blenda PS/PCL/SEBS-g-MA foi preparada na seguinte proporção, conforme Tabela
1. O PS puro foi processado e analisado no trabalho para efeitos de comparação com a
blenda PS/PCL/SEBS-g-MA.
Tabela 1: Composição da blenda
Composição PS (m/m) % PCL (m/m) % Compatibilizante
PS puro 100
Blenda 70 25 5
A blenda e o PS puro foram processados em uma extrusora dupla rosca
corrotacional, Coperion ZSK 18. Antes da mistura por extrusão, os materiais foram
misturados a frio manualmente para promover uma maior homogeneização. O perfil de
22º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais06 a 10 de Novembro de 2016, Natal, RN, Brasil
8823
temperatura utilizado na extrusora foi de 180°C – 200°C, com velocidade da rosca de 250
rpm e taxa de alimentação de 4kg/h.
Após a extrusão, o material foi granulado e seco a 40°C, em estufa a vácuo durante
24h. A blenda e o PS obtidos por extrusão foram moldados por injeção em uma injetora
Fluidmec, modelo H3040, com T= 160°C e temperatura do molde de 20°C, para obtenção
de corpos de prova segundo as normas ASTM (impacto e tração). Em seguida eles foram
condicionados em um dessecador até o momento das caracterizações.
Caracterização das Blendas
Os ensaios de absorção de água foram realizados em um banho térmico,
FISATOM 577E587, no qual os corpos de prova foram mantidos por 15 dias imersos em
água destilada a uma temperatura de aproximadamente 50°C, sem agitação. As amostras
foram pesadas antes e após o banho. Após os 15 dias, as amostras foram secas por 24h
em estufa a vácuo antes da realização dos demais ensaios (impacto e tração) de acordo
com a norma ASTM D570.
Os valores obtidos para a perda de massa foram medidos, antes e após imersão o
banho térmico. Os cálculos foram feitos pela norma D 570 onde se tem a fórmula:
WL% = 100(W0 – Wr) /W0 (A)
W0= massa inicial do polímero
Wr= massa depois do banho térmico
O ensaio de tração foram realizados numa máquina universal de ensaios EMIC DL
2000, com velocidade de 5,0 mm/min, com carga de 20Kgf, de acordo com a norma
ASTM D 638. Os ensaios foram conduzidos em temperatura ambiente. As análises foram
realizadas e obtida uma media a partir de 15 corpos de prova moldados por injeção antes
e após a imersão no banho térmico.
O ensaio de resistência ao impacto Izod foi realizado nos corpos de prova
entalhados a temperatura ambiente, em um entalhador Notschvis da Ceast, utilizando-se
um equipamento do tipo Resil 5,5 da Ceast e pêndulo de 2,75 J, O ensaio foi realizado
conforme a norma ASTM D 256 e conduzidos em temperatura ambiente. As análises
foram obtidas a partir de uma media de 15 corpos de prova antes e após a imersão no
banho térmico.
22º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais06 a 10 de Novembro de 2016, Natal, RN, Brasil
8824
As análises de TG foram conduzidas em aparelho TGA 51H, empregando cerca de
3 mg de amostra, taxa de aquecimento de 10°C/min e vazão do gás de 50 mL/min, da
temperatura ambiente até 500°C, sob atmosfera de nitrogênio. As análises foram
realizadas nos corpos de prova de tração moldados por injeção antes e após a imersão
no banho térmico.
O ensaio de DSC foi realizada nos corpos de prova de tração moldados por injeção
antes e após a imersão no banho térmico, em um equipamento DSC-Q20 da TA
Instruments, da temperatura ambiente até 250 °C e resfriadas até 10 °C, submetendo as
amostras a um segundo aquecimento até 250 °C, visando com isso apagar o histórico
térmico anterior. Utilizou-se uma taxa de aquecimento de 10ºC/min, vazão do gás de 50
mL/min e atmosfera de nitrogênio.
RESULTADOS E DISCUSSÃO Tração
Tabela 2: Influência do banho térmico nas propriedades mecânicas sob tração do PS e da blenda PS/SEBS-g-MA/PCL.
Composição Módulo (MPa) Ten. Max. (MPa) Along. até a ruptura(%)
PS (0 dias) 945,1 ± 48,5 34,7 ±1,1 5,3 ± 0,7
PS (15 dias) 863± 23,4 33,4 ± 1,6 5,5± 0,3
Blenda (0 dias) 555,3 ± 31,4 25,4 ± 0,9 10,4 ± 1,6
Blenda (15 dias) 619,5± 25 23,2 ± 0,4 6,6 ± 0,7
Inicialmente, observa-se na tabela 2 que sem a imersão no banho (0 dias), a
adição da PCL e do copolímero (SEBS-g-MA) ao poliestireno promoveu uma diminuição
na rigidez, o que se deve ao decréscimo na tensão máxima, assim como também,
aumento de duas vezes o valor do alongamento até a ruptura na blenda, isto se deve
possivelmente, à presença da PCL que apresenta uma flexibilidade maior em relação ao
PS, bem como, o favorecimento nas interações entre o copolímero e as fases PCL e PS.
Em relação ao módulo de elasticidade, nota-se um brusco declínio nos resultados da
blenda, indicando decréscimo na rigidez da mistura, o que já era esperado, uma vez que
a incorporação de materiais com características elastoméricas, tal como a PCL e o
SEBS-g-MA ao PS, o torna menos rígido (8).
Após os 15 dias de imersão em água, verifica-se para o PS um declínio pouco
significativo nas propriedades mecânicas sob tração do mesmo, o que demonstra a
estabilidade térmica e mecânica desse material ao ensaio realizado. Já para a blenda
PS/SEBS-g-MA/PCL, observa-se que após os 15 dias de imersão em água houve um
22º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais06 a 10 de Novembro de 2016, Natal, RN, Brasil
8825
aumento do módulo de elasticidade, com consequente diminuição da tensão máxima e
alongamento até a ruptura (diminuição de ≈4% do valor inicial), tornando-o um material
mais rígido. Tal fato ocorreu provavelmente devido à degradação. A degradação ocorre
quando a água penetra as cadeias poliméricas, rompendo-as ou por interações dos
polímeros com a água, levando a formação de ligações, mesmo que está sejam de breve
duração como as ligações secundárias. Em seguida, á agua pode ir penetrando na
blenda, formando ligações e espaçando as que já existem até quebrá-las pela cisão de
algumas cadeias da fase amorfa da PCL, que é um material semicristalino. Como a fase
amorfa é inicialmente degradada, o módulo de elasticidade aumenta (9).
Impacto
Os resultados obtidos no ensaio de impacto antes e após imersão no banho
térmico estão expostos na Tabela 3.
Tabela 3: Influência do banho térmico nas propriedades mecânicas de resistência ao impacto do PS e da blenda PS/SEBS-g-MA/PCL.
Composição Resistência ao Impacto (J/m)
PS (0 dias) 18,1 ± 0,8
PS (15 dias) 20,6 ± 1,3
Blenda (0 dias) 24,5 ± 1,1
Blenda (15 dias) 21,7 ± 1,6
Verifica-se para blenda (PS/SEBS-g-MA/PCL) com 0 dias de imersão maiores
valores que os obtidos para o PS, devido a uma melhoria das propriedades do PS após a
adição da PCL (características elastoméricas) e o copolímero que garantiu melhor
interação entre as fases PCL e PS.
Para as amostras submetidas à imersão em banho térmico (15 dias), ocorreu uma
diminuição da resistência ao impacto em torno de ≈11% para a blenda, provocado
possivelmente pela cisão das cadeias amorfas da fase da PCL e aumento na região
cristalina, deixando com isso o material mais rígido. Entretanto, para o PS ocorreu um
aumento de ≈ 12% no valor da resistência ao impacto, isso se deve provavelmente a
entrada de água entre as cadeias do PS, afastando-as e tornando com isso o polímero
um pouco mais dúctil.
22º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais06 a 10 de Novembro de 2016, Natal, RN, Brasil
8826
Absorção de água
Os valores obtidos para a perda de massa foram medidos, antes e após imersão
no banho térmico e foram dispostos na forma de Tabela (4 e 5) conforme pode ser visto
abaixo.
Tabela 4: Valores da absorção de água dos corpos de prova de tração para o PS e a blenda PS/SEBS-g-MA/PCL.
Composições 0 dias 15 dias
PS puro 0 0,105%
Blenda 0 0,302%
Tabela 5: Valores da absorção de água dos corpos de prova de impacto para o PS e a blenda PS/SEBS-g-MA/PCL.
Composições 0 dias 15 dias
PS puro 0 0,1105%
Blenda 0 0,3405%
A partir dos valores expostos, observa-se um ganho de massa com 15 dias para
ambos os corpos de prova (impacto e tração), sendo este evento o resultado da absorção
de água no interior dos corpos de prova. Esse ganho se deve ao fato de que quando os
polímeros são expostos a líquidos, as principais formas de degradação são o inchamento
e a dissolução. Com o inchamento, o líquido ou o soluto se difunde e é absorvido no
interior do polímero; as pequenas moléculas de soluto se ajustam no interior e ocupam
posições entre as moléculas do polímero. Assim, as macromoléculas são separadas, o
que faz com que a amostra expanda, ou inche. Além disso, o aumento na separação das
cadeias resulta em uma redução das forças de ligação secundárias intermoleculares;
como consequência, o material se torna menos resistente e mais dúctil (10).
Verifica-se que a absorção da água e consequentemente aumento da massa
resultam em alterações nas propriedades do PS (melhora na resistência ao impacto) e da
blenda (piores resultados de impacto e aumento da rigidez, devido à degradação da fase
amorfa da PCL).
Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC)
22º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais06 a 10 de Novembro de 2016, Natal, RN, Brasil
8827
As curvas típicas obtidas por Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) para o PS
e para a blenda PS/SEBS-g-MA/PCL antes e após a imersão no banho térmico estão
apresentadas nas Figuras 1 e 2, respectivamente.
0 100 200 300
-4
-2
0
2
4
Flu
xo
de
Ca
lor
(mV
)
Temperatura (°C)
PS (15 dias)
PS (0 dias)
92,7°C
93,87°C
Figura 1: Curvas DSC para o PS sem imersão (0 dias) e com imersão (15 dias) em banho térmico.
0 100 200 300
-6
-3
0
3
Flu
xo
de
Ca
lor
(mV
)
Temperatura (°C)
PS/SEBS-g-MA/PCL(15 dias)
PS/SEBS-g-MA/PCL(0 dias)
56,0°C
55,6°C
96,5°C
97,8°C
Figura 21: Curvas DSC para a blenda PS/SEBS-g-MA/PCL sem imersão (0 dias) e com imersão (15 dias) em banho térmico.
Verifica-se que após o banho térmico ocorre uma pequena variação no valor da Tg
do PS, provavelmente devido ao afastamento das cadeias de estireno causada pela água,
como reportado anteriormente.
É possível observar para a blenda antes e após a imersão no banho térmico, a
temperatura de transição vítrea (Tg) referente a fase do PS e, temperatura de fusão
cristalina (Tm) e um pico de cristalização característicos da PCL (0 dias) nas curvas DSC
da Figura 2. Observa-se que não houveram praticamente diferença nos valores da Tm da
22º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais06 a 10 de Novembro de 2016, Natal, RN, Brasil
8828
blenda com 0 dias (55,6°C) e com 15 dias (56,0 °C) de imersão. Entretanto, nota-se que a
intensidade dos picos diminuíu, provavelmente devido à quebra das ligações das cadeias
da fase cristalina na PCL, a medida que a água penetrou na blenda, causando uma
diminuição da cristalinidade, o que também foi verificado pelo desaparecimento do ombro
de cristalização no intervalo entre 10° e 33,0°C, presente na blenda com 0 dias de
imersão.
Termogravimetria (TG)
Verificam-se nas Figuras 3 e 4 as curvas TG do PS e da blenda PS/SEBS-g-
MA/PCL antes e após a imersão em banho térmico, respectivamente.
0 200 400 600
0
50
100
Pe
rda
de
Ma
ssa
(%
)
Temperatura (°C)
PS (0 dias)
PS (15 dias)
Figura 3: Curvas TG para o PS sem imersão (0 dias) e com imersão (15 dias) em banho térmico.
Pode-se notar que para o PS com 0 dias de imersão uma perda de 100% de sua
massa inicial, na faixa de 318,5° a 423,37 °C. Após a imersão em banho térmico, o PS
apresentou uma perda de massa na faixa de temperatura de 322,8°C a 465,5°C.
22º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais06 a 10 de Novembro de 2016, Natal, RN, Brasil
8829
0 200 400 600
0
50
100
Pe
rda
de
Ma
ssa
(%
)
Temperatura (°C)
PS/SEBS-g-MA/PCL(0 dias)
PS/SEBS-g-MA/PCL(15 dias)
Figura 4: Curvas TG para blenda PS/SEBS-g-MA/PCL sem imersão (0 dias) e com imersão (15 dias) em banho térmico.
Verifica-se que para a blenda com 0 dias ocorre 100% de perda de sua massa
inicial na faixa de temperatura entre ≈ 345,4°C a 469,8°C. Após 15 dias de imersão no
banho térmico, a blenda apresentou uma perda 92,82% em relação a sua massa inicial,
que ocorre na faixa entre 285,1°C e 465,5°C. Isto pode ser devido a uma diminuição na
estabilidade térmica da mesma, embora com menor percentual de perda de massa em
relação à blenda com 0 dias de imersão. Estes resultados corroboram com os valores das
propriedades mecânicas de tração e impacto.
CONCLUSÕES
A influência da absorção de água nas propriedades mecânicas e térmicas do
poliestireno e da blenda PS/SEBS-g-MA/PCL submetidos ao banho térmico foi avaliada.
Por meio do ensaio de tração, observou-se um aumento na rigidez da blenda PS/SEBS-g-
MA/PCL após a imersão no banho térmico, observou-se para os resultados de resistência
ao impacto após a imersão em água, um aumento da resistência para o PS e uma
diminuição desses valores para a blenda, corroborando com os resultados obtidos por
tração. Tanto para o PS quanto para a blenda verificou-se ganhos de massa após a
imersão. Por DSC, percebeu-se para a blenda uma diminuição na intensidade dos picos
de fusão cristalina, assim como também o desaparecimento do ombro de cristalização
referente à fase PCL. Por TG, verificou-se uma diminuição na estabilidade térmica da
blenda com 15 dias de imersão, embora com menor percentual de perda de massa em
relação à blenda com 0 dias de imersão. Diante do exposto, conclui-se que apenas os 15
dias de imersão em banho térmico foi o suficiente para obterem-se modificações nas
propriedades térmicas e mecânicas do PS e da blenda PS/SEBS-g-MA/PCL.
22º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais06 a 10 de Novembro de 2016, Natal, RN, Brasil
8830
Agradecimentos
Os autores agradecem a UFCG e a UAEMa pela concessão dos laboratórios e
equipamentos para a realização desse estudo, bem como a Kraton pela doação do SEBS-
MA.
Referências 1. LA MANTIA, F.P. Handbook of polymer degradation. In: POSPISIL, J. Degradation and
aging of polymers blends. Thermomechanical and thermal degradation.Polym.Degrad.
Stabil., v.65, p.405-14, 1999.
2. ABOUD-ZEID,D.-M.; MÜLLER, R.-J.; DECKWER, W.-D. Degradation of natural and
synthetic polyester under anaerobic conditions.J. Biotechnol.,v.86, p.113-126,2001.
3. CALLISTER, W. D. J. Ciência e Engenharia de Materiais – Uma introdução. TEd.
Rio de Janeiro: LTC, 8ª Ed., 2012.
4. PACHIONE, R. Biodegradável: Indústria ensaia os primeiros passos. Plástico
Moderno. N. 355, 2004, p. 10-17.
5. NETO, C.L.B., GOMEZ, J.G.C. Produção de poliésteresbacterianos In: LIMA, U. et
al. Biotecnologia industrial– processos fermentativos e enzimáticos. São Paulo:
Edgard Blücher, 2001.
6. SINHA RAY, .S. & OKAMOTO, M. Polymer/Layered silicate nanocompósitos: a Review
from Preparation to Processing. Progress in Polymer Science, 28, 1539-1641, 2005.
7. JENKINS, M.J., HARRISON, K.L., SILVA, M.M.C.G., WHITAKER, M.J., SHAKESHEFF,
K.M., HOWDLE, S.M. Characterization of microcellularfoamsproducedfromsemi-crystalline
PCL usingsupercriticalcarbondioxide. University of Birmingham. European Polymer
Journal 42 (2006) 3145–3151.
8. FERREIRA, L. A. S.; PESSAN, L. A.; HAGE JUNIOR, E. Comportamento mecânico e
termo-mecanico de blendas polimericas PBT/ABS. Polímeros: Ciência eTecnologia.
Sao Carlos, v.7, n.1, p.67-72,1997.
9. FRANÇA, D. C. Avaliação do comportamento de degradação da PCL e de
sistemas PCL/argila. 2014. 107 f. Mestrado em Ciência e Engenharia de Materiais,
Unidade Academia de Engenharia de Materiais, Universidade Federal de Campina
Grande, Campina Grande. 2014.
10. CALLISTER, JR., WILLIAN D. Ciência e engenharia de materiais: uma introdução.
Tradução Sérgio Murilo StamileSouaras. Rio de Janeiro: LTC, 2008.
22º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais06 a 10 de Novembro de 2016, Natal, RN, Brasil
8831
WATER ABSORPTION: THERMAL AND MECHANICAL PROPERTIES OF POLYSTYRENE AND POLYSTYRENE/POLY(ɛ-CAPROLACTONE) BLEND
ABSTRACT
This study aimed to analyze the influence of water absorption on polystyrene (PS) and blends (polystyrene / (styrene-ethylene-butylene-styrene copolymer grafted with maleic anhydride) / poly (ε-polycaprolactone) (PS / SEBS- g-MA / PCL). We used the process co-rotating double screw extruder and subsequently in a fuel injection for the production of test specimens tensile and impact. Then, they were exposed to a thermal bath at a temperature of approximately 50 ° C for 15 days. The specimens were weighed before and after immersion in thermal bath to determine the water absorption. It was conducted tensile testing, impact, water absorption, DSC and TG. It was observed that only 15 days in a thermal bath immersion was enough to give up some modification in the thermal and mechanical properties of the blend of PS and PS / SEBS-g-MA / PCL. Keywords: polystyrene, poly (ɛ-caprolactone), blends, water absorption.
22º CBECiMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos Materiais06 a 10 de Novembro de 2016, Natal, RN, Brasil
8832