abrindo o coração

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Introdução

Compartilho aqui com vocês um pouco dos

momentos chaves da minha vida.

Todavia, como sempre faço, não temos o

propósito de falarmos propriamente de nós

mesmos, mas daquilo que Jesus fez e tem feito

em nós e por nosso intermédio. O que Ele pode

fazer por e em qualquer pessoa, e coisas mais

profundas e grandiosas segundo a eficácia do

Seu amor e poder.

Falo isto com sinceridade, pois falar de mim

seria o mesmo que falar do nada, mas falar de

Jesus é falar dAquele que é tudo em todos,

conforme bem o demonstra a nossa experiência

prática de vida.

Tanto que isto foi comprovado até no momento

mesmo em que deliberei publicar na forma de

livro algumas coisas que havia escrito sobre

determinadas experiência que havia tido ao

longo de minha vida; pois foi-me concedido pela

graça do Senhor, ter mais uma vez a minha fé

nEle sendo colocada à prova.

No dia seguinte, já pela manhã, quando tudo

sinalizava que teria um dia tranquilo e de paz, fui

repentinamente assaltado por demônios

incontáveis, que de forma violenta puseram a

3

minha alma em cadeias de amargura,

desconforto e aborrecimento.

Tão forte foi este ataque que fiquei impedido de

retornar à calma, à alegria e à paz pelo simples

esforço mental para obtê-lo.

As cadeias infernais e os laços de morte que se

apoderaram de mim afetaram-me até mesmo

no sentido físico, fazendo com que sentisse

pontadas agudas em meu peito.

Tentei concentrar-me em meu trabalho e

ocupar o meu pensamento com as coisas de

Deus, todavia sentia-me tão enfraquecido que

não me restou senão a alternativa de deitar-me

e pedir no recôndito de minha alma por auxílio

ao Senhor.

Sentia que estava em grande batalha espiritual

na qual as setas inflamadas do maligno eram

continuamente lançadas contra a minha alma.

Num dado momento, quando o combate se

intensificava, fui socorrido pela graça de Jesus,

que levou-me a ver o quão eu era insuficiente

por mim mesmo para qualquer coisa, e o quanto

Jesus era suficiente para tudo.

Acalmei minha mente e o meu coração diante

daquela visão do poder todo-suficiente do

Senhor e recomendei-me ao Seu cuidado,

sabendo que Ele quebraria mais uma vez todas

4

aquelas correntes, e conduzir-me-ia a

contemplar as paisagens esplêndidas do Reino

de Deus e a respirar a doce atmosfera celestial.

Em questão de minutos tudo em meu interior e

ao meu redor foi liberado pelo Seu grande poder

para a liberdade que somente Ele pode nos

conceder, e vi todos os demônios batendo em

retirada.

Mas, falamos de Jesus muito mais do que de nós

mesmos por muitos outros motivos, e penso que

o principal deles é que o fato de encontramos

Jesus corresponde a acharmos o verdadeiro

amor que nos liberta do amor natural

extremamente egoísta que nos leva a buscar

satisfação solitária para nós mesmos.

O encontro do amor de Jesus faz com que

sejamos impulsionados a amá-lo acima de tudo

o mais, e somos libertados para aquele

verdadeiro amor a Deus e aos próximo.

Podemos assim dizer que o verdadeiro amor nos

libertará.

Veja que isto se aplica a todas as áreas de nossas

vidas.

Quando o amor é imaturo como o de uma

criança ele buscará somente satisfação pessoal,

e não é nisto que reside a verdadeira satisfação

e felicidade; pois não podem ser encontradas

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enquanto não vivermos para satisfazer a Deus e

ao próximo.

O sexo para pessoas imaturas é uma busca de

satisfação pessoal egoísta na qual não está

presente a busca de satisfação do outro.

Então o sexo não responderá ao planejamento

de Deus para ele, que é o de nos dar real

satisfação pela busca de satisfação do outro.

Como isto poderá ocorrer quando faltar o amor

verdadeiro no coração? Quando as cadeias do

egoísmo natural ainda nos prendem de modo a

impedir que sejamos livres para amar com o

verdadeiro amor?

Daí se dizer que Cristo é tudo em todos, ou em

tudo, ou seja, em todas as coisas, pois é o único

que pode verdadeiramente nos libertar para

amarmos com o amor de Deus.

6

Não Sabia que Nasci para Servir a Deus

Nasci em 25-11-1952, de família não religiosa, e

na qual não havia sequer um evangélico, quer da

parte de pai, quer de mãe, incluindo, avós,

irmãos, tios e primos.

Aos 25 anos de idade casei-me e dois anos

depois, em 1979, eu e minha esposa nos

convertemos a Cristo e passamos a frequentar

os cultos numa Igreja Evangélica

Congregacional.

No ano seguinte, ingressei num seminário

teológico interdenominacional, no qual me

formei em Bacharel em Teologia em 1983,

sendo posteriormente ordenado ao Ministério

da Palavra.

Desde então consagrei-me à pregação e ensino

da Palavra de Deus, quer em Escolas Bíblicas,

quer em Seminários Teológicos.

Presentemente, em virtude de limitações

físicas que me foram impostas por

enfermidades, venho me dedicando a publicar

mensagens e estudos bíblicos em vários sites e

blogs da Internet. Tanto evangélicos quanto

seculares, mas sempre postando material

bíblico.

7

Por que Abrir o Coração?

Tarefa difícil é a de abrir o coração, por diversos

motivos, sobretudo pelo de não ofendermos

involuntariamente a consciência alheia, mas se

nosso Senhor Jesus Cristo abriu o seu até o

ponto de tê-lo rasgado de forma sangrenta na

cruz, para que pudéssemos ser abençoados, que

direito teríamos então, por qualquer motivo,

para manter o nosso coração fechado,

ocultando as bênçãos que temos dEle recebido,

de forma que pelo testemunho do Seu amor e

poder, outros também possam ser abençoados

por Ele?

Assim, ainda que isto signifique para nós, em

muitos aspectos, um ato de humilhação diante

de Deus e dos homens, é nosso dever fazê-lo,

porque o próprio Jesus se humilhou até a morte

de cruz para que pudesse nos abençoar. Possa

então o Espírito Santo, conduzir-nos neste

trabalho e operar no meu e no seu coração, para

que possamos ser juntamente abençoados por

Deus.

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Breve Testemunho da Minha Conversão

Deus prova o Seu grande poder e amor na forma

em que opera diferentemente para nos

conduzir a Cristo, a fim de que nos convertamos

a Ele.

De maneira que o meu testemunho pessoal não

é um paradigma para outras pessoas, uma vez

que, cada um será tratado por Ele conforme a

sua própria necessidade.

Todavia, consideramos importante abrir o

nosso testemunho pelas circunstâncias que

envolveram a nossa conversão a Cristo, para

exaltar o Seu nome e honrar aqueles que Ele

usou como instrumentos para que fôssemos

conduzidos à cruz.

Eu não era uma pessoa religiosa, e sequer cria

na existência de Deus. Era também um

completo ignorante quanto à mensagem do

Evangelho, e sequer dava-me conta da

existência de uma Igreja composta por pessoas

que eram de fato convertidas a Cristo, lavadas

no Seu sangue e habitadas pelo Espírito Santo.

Por vezes, bebia a ponto de me embriagar,

minha linguagem usava palavras de baixo calão

como virgulas; sendo de temperamento

exaltado e não reflexivo, procurava fazer o bem

a todos, mas, involuntariamente produzia muito

9

mais mal do que bem, uma vez que não era um

bom exemplo para ser seguido.

Então, a vida e o mundo de relacionamentos

permaneciam sendo um profundo e complexo

problema para mim.

No auge de minhas frustrações, Deus teve

misericórdia de mim, sem que tivesse qualquer

merecimento para isto, e enviou-me socorro

nas pessoas de Celso e Silvana, cujos nomes

destaco não para a glória de ambos, mas para

honrar a quem se deve a honra na minha

conversão, depois de Jesus Cristo, pois Deus

exibiu para mim o testemunho do Seu amor e

poder, de uma forma viva, pelo que podia

observar em suas vidas consagradas a Deus e à

Sua Palavra.

Houve, naturalmente uma resistência de minha

parte, em várias justificativas evasivas, quando

comparava o meu comportamento com o deles,

até que um dia as muralhas do orgulho caíram

por terra, e envergonhado do que era e fazia,

clamei a Deus que me perdoasse e tivesse

misericórdia de mim, pela transformação da

minha vida.

Aquelas orações não foram imediatamente

atendidas, até que um dia, inesperadamente, o

Espírito Santo invadiu o meu coração e me

transformou em uma nova pessoa, limpando

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instantaneamente o meu coração e modo de

falar - para minha surpresa, as palavras de baixo

calão haviam desaparecido de minha mente e

coração, e também da minha boca. A atração

pela bebida alcoólica foi-se embora. Um desejo

enorme de devorar as páginas da Bíblia e

deliciar-me com a Palavra de Deus tornou-se o

maior propósito da minha vida, e isto vem sendo

mantido ao longo de trinta e sete anos.

Em vez de diminuir, cada vez mais aumenta o

meu desejo de comunhão com Deus e de

conhecimento da Sua Palavra, para poder

compartilhá-lo com outros.

Desde a minha conversão não tive a minha

devoção a uma determinada congregação ou

denominação, mas um grande amor e interesse

por toda a Igreja de Cristo espalhada na face da

Terra. Como Wesley posso dizer, que minha

paróquia é o mundo, e não um templo local

específico.

Atribuo isto à forma da minha chamada por

Deus, e para o ministério que tenho realizado

desde a minha conversão, pois ministrei em

várias igrejas e seminários das mais diversas

denominações, e ainda hoje, sei que continuo

fazendo isto através da Internet, pelo que sei que

tenho angariado vários opositores, que por

ignorância da vontade de Deus pensam que

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estou ocupado em formar uma nova

denominação ou mesmo arrebanhar para o meu

lado as ovelhas de suas respectivas

congregações. Não se trata disso, pois recebi de

Deus a comissão de ensinar a Palavra ao Seu

povo, e especialmente conforme me disse

literalmente com as seguintes palavras: "Você

não ensinará mais teologia sistemática nos

seminários como vem fazendo até então, pois de

agora em diante ensinará ao meu povo o que é a

santificação, pois o dia do arrebatamento está às

portas." Ora, sem vidas santificadas não

podemos ver ao Senhor e ser arrebatados

naquele grande dia. Então este chamado à

santificação é a prova do grande amor e cuidado

que Deus tem em nos advertir e alertar para que

ninguém seja achado dormindo como as cinco

virgens insensatas da parábola, por ocasião do

retorno de Jesus.

Wesley, a propósito, em seus dias, quando Deus

produzia um grande avivamento de

santificação, sobretudo na Inglaterra e nos EUA,

por conta de não possuir os meios de

comunicação que temos hoje a nosso dispor,

viajava a cavalo por vários condados, e ensinava

a sã doutrina inclusive em cemitérios onde os

crentes de várias denominações se dirigiam à

sua procura, inspirados pelo Espírito Santo, e ele

nunca os incentivava a deixarem as suas

12

congregações de origem, senão que somente

despertassem do sono em que se encontravam

e servissem a Deus de todo o coração.

13

A Sabedoria e Paciência do Senhor

Para a transformação e melhoria da nossa

personalidade, caráter, consciência e

comportamento, não há psicólogo que se

compare ao Senhor. É de fato impressionante e

maravilhosamente sábio o modo como trabalha

conosco, por nos conhecer de modo perfeito, e

portanto, não nos revela toda a nossa real

condição de pronto, logo após a nossa conversão

e nem mesmo durante um longo período de

nossa caminhada na vida cristã, pois sabe que

não suportaríamos ser confrontados com a

nossa realidade, tendo os olhos abertos para

vermos tudo o que precisa ser mudado em nós.

Foi necessário que o irmão fulano continuasse

sendo o irmão fulano, em vários aspectos que

lhe eram desconhecidos, até que pudesse ser

convencido de sua necessidade de

transformação; pois não suportaria ter os olhos

abertos para enxergar todas as suas falhas e

deficiências. Sua personalidade e autoestima

simplesmente explodiriam, e com elas todo o

seu ânimo e disposição para prosseguir na

carreira cristã. E esta obra do oleiro com o barro

em Suas mãos prosseguirá até o dia da nossa

morte, não pela falta de poder de mudar tudo de

forma perfeita, mas por causa da nossa própria

incapacidade de nos deixarmos convencer e nos

empenharmos em todas as coisas em que

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necessitamos ser ensinados pelo Senhor,

quanto às mudanças já referidas. Assim que se a

conversão muda já na origem muitas coisas em

nós, todavia o aperfeiçoamento na graça é uma

obra para toda a vida.

15

Preparação para a Missão

Quanto aos eventos que considero como

momentos chaves ao longo do meu ministério

da Palavra, passo a descrever alguns deles, que

têm sido o norte de minhas ações dentro e fora

da Igreja.

Com vistas a alcançar uma melhor

compreensão do significado do Evangelho e da

correspondente dispensação da graça na qual

ele tem vigorado, fui conduzido por Deus a me

dedicar ao estudo e compreensão da diferença

de significado e os pontos de ligação existentes

entre o Velho e o Novo Testamento,

especificamente quanto à Velha e a Nova

Aliança.

Para o mesmo propósito fui dirigido a estudar a

vida e obra dos puritanos históricos ingleses e

americanos, e aqueles que foram em dias

posteriores considerados os legítimos herdeiros

do chamado espírito puritano, dentre os quais

destaco Jonathan Edwards, Charles Haddon

Spurgeon, George Whitefield, David M. L. Jones,

John MacArthur e John Piper.

Este estudo não somente inspirou-me a buscar

uma santificação cada vez maior, como abriu o

meu entendimento para enxergar o quanto a

abnegação e o carregar diário da cruz são

fundamentais para que possamos seguir de fato

16

os passos de Jesus, aprendendo e sendo

transformados por Ele, para que se achem em

nós as virtudes que são relacionadas na Sua

Palavra.

17

Momentos Difíceis

Quando o período de euforia de novo convertido

passou, e comecei a ser submetido às provações

da minha fé, para que aprendesse a andar

confiando não na minha própria justiça, mas na

de Cristo, a não olhar para mim mesmo vendo

minhas fraquezas e falhas, mas para Ele,

buscando graça para vencê-las, vi-me perplexo

e aturdido sob as acusações de minha

consciência imatura e de Satanás, que diziam

que pelo que era e ainda fazia, não poderia ser de

moldo algum um autêntico convertido a Jesus.

Esta foi uma época muito dolorosa em minha

vida cristã, quando não estava convencido

amplamente que de fato em nossa própria

natureza terrena não habita bem algum, e que

devemos nos confiar inteiramente à graça e

misericórdia de Jesus.

Neste período da noite escura da minha alma fui

muito ajudado pelos conselhos e intercessões

do Pb Abdias Barreto, de saudosa memória, cujo

testemunho incansável na obra de Deus,

servindo ao Senhor fielmente em meio a muitas

enfermidades e debilidades físicas, foi uma

grande fonte de inspiração para a minha vida.

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A Brevidade da Nossa Jornada e a Eternidade à

Vista

Por diversas vezes o hálito da morte soprou

fortemente em minha face, mas o Senhor o

dispersou pelo Seu poder.

Desde minha chegada ao mundo, quando nasci

enforcado com o cordão umbilical, e arroxeado

por estar sufocado, e com poucos sinais vitais,

trouxe-me o Senhor à luz quando se pensava que

aquele bebê de cerca de cinco quilos não

sobreviveria.

Depois na adolescência, praticando esporte,

levei uma joelhada no frontal que me afundou o

crânio até o ponto de quase atingir o meu

cérebro.

Aos cinquenta e três anos tive um infarto do

miocárdio e fiquei por cerca de dois anos tão

enfraquecido que mal podia me deslocar.

Aos cinquenta e sete anos tive um câncer de

cólon, que me levou cerca de 70 centímetros do

meu intestino grosso.

Mais recentemente, aos 62 anos, tive outro

infarto do miocárdio, ainda mais grave do que o

primeiro, que coincidentemente levou-me a 62

dias de internação, tendo que ser submetido à

angioplastia.

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Nisto tudo tenho aprendido quão tênue e fugaz

é a nossa vida neste mundo. Quão breve ela

passa, e não há melhor investimento para ser

feito no curto tempo da peregrinação terrena

que nos é concedido pelo Senhor, do que

trabalhar em prol do Seu reino eterno e do

evangelho.

Vi pessoas morrendo no hospital, jovens e

velhos, e esta é uma rotina que se repete

praticamente todos os dias, sem que nos demos

conta disso aqui do lado de fora.

Seu Inaldo, que tivemos a ventura de sermos

usados por Cristo, para ser conduzido à

salvação, antes de dar o seu último suspiro, foi

reconciliado com Deus no limiar da sua última

hora aqui deste outro lado do céu.

Mas valeria a pena correr o risco de se adiar por

tanto tempo uma decisão que está relacionada à

condição de nosso futuro estado eterno?

O que lucraremos estando apenas envolvidos

com os negócios deste mundo, sem nos

importarmos em conduzir almas aos pés de

Cristo, para que sejam salvas?

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Impasse na Ordenação

Quando o sol da alegria e paz espiritual da

salvação voltou a brilhar na minha alma, ainda

voltei a experimentar depois de algum tempo,

um novo tipo de impedimento em minha

caminhada cristã, e isto devido à resistência

inicial que apresentei quanto à minha

ordenação ao pastorado, pois me considerava

incapacitado e indigno para exercer tão sagrado

ministério.

O resultado foi que perdi muito da unção com

que ministrava em minhas pregações e aulas, e

ainda tinha que ficar justificando várias vezes

junto às pessoas que não era pastor quando elas

me chamavam de pastor.

Então, quando me achava bastante entristecido

debaixo da correção do Senhor, busquei

arrependido pelo seu perdão com muitas dores

e lágrimas, dispondo-me a atender a sua ordem

para que fosse ordenado. Todavia, como eu

havia fechado aquela porta, fiquei na

dependência de que o Senhor a abrisse

novamente, e isto ocorreu somente alguns

meses depois, para que eu aprendesse que Ele

age segundo a Sua soberania, e não pela nossa

mera vontade.

21

Uma Mentora e Mãe

Sendo perfeito conhecedor de minha estrutura

mental e espiritual deu-me o Senhor como

mentora a Prof Tabita Kraule Pinto, reitora do

Seminário Teológico Betel, que foi uma

verdadeira mãe para mim desde os primeiros

passos de minha conversão.

Serva santa de Deus e poderosa nas Escrituras e

no amor, serviu-me de modelo espiritual em

vários sentidos. A ela fui encaminhado pelo

próprio Senhor para não somente receber o

preparo teológico no referido seminário, como

também e sobretudo para ser firmado na

verdade através das orações de Dona Tabita, que

agora se encontra na glória.

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Livrando Alguém do Suicídio por Uma

Revelação

“Acontecerá depois que derramarei o meu

Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e

vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão

sonhos, os vossos jovens terão visões;” (Joel 2.28)

Há alguns anos tivemos a experiência da

visitação de um anjo do Senhor, em sonho, que

nos conduziu a um lugar onde havia um grupo

de pessoas jogando carteado e bebendo cerveja.

O anjo dirigiu minha atenção para um deles que

estava rindo muito, mais do que todos naquele

grupo. Em seguida, perguntou-me o que eu

estava achando da atitude daquele homem.

Respondi-lhe que parecia estar muito alegre; ao

que o anjo retrucou dizendo que aquela alegria

era aparente, pois ele estava desgostoso da vida,

inclusive abrigando ideias suicidas.

Posteriormente, o ambiente e a cena mudaram

e fui transportado para um local ao ar livre, à

noite, mal iluminado, onde havia muitas

mulheres vestidas de branco, e; uma daquelas

mulheres falava ao ouvido daquela mesma

pessoa, que me fora mostrada anteriormente.

O anjo afirmou: “Ele está dando crédito a

mentiras”.

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Depois disto, o anjo desapareceu e vi um veículo

Chevette, cor vinho, e foi-me dado

entendimento no espírito, que aquele era o

veículo pertencente ao homem da nossa

história; como também que ele era de

nacionalidade portuguesa, apesar de não ter

ouvido sua voz na visão.

No lugar da placa do carro, estava o número do

seu telefone. O número brilhava como chamas

flamejantes; e uma voz ordenava-me para

memorizar aquele número.

Foi-me ordenado também, que memorizasse o

nome completo daquela pessoa, o qual me foi

falado ao ouvido.

Logo pela manhã, ao acordar, liguei para o

citado número e fui atendido do outro lado da

linha por uma voz masculina, com sotaque

típico de alguém de nacionalidade portuguesa.

Declinei o nome completo que me fora dado na

visão, e perguntei se ele o conhecia. Respondeu-

me que era o próprio.

Quando passei a narrar-lhe o teor da visão que

recebera, principalmente que não fizesse

nenhum mal à sua vida, porque Jesus o amava e

havia me dado aquela visão, não apenas para

salvá-lo da morte física, mas também da

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espiritual, ele começou a chorar muito e a

glorificar a Deus.

Como poderia alguém saber das suas intenções

suicidas, já que ele estava acalentando aquela

ideia no seu coração sem tê-la compartilhado

com ninguém?

Mas o Deus que tudo vê e sabe, ordenou ao seu

anjo que me acionasse naquela operação de

salvamento.

Quão fraca é a natureza humana! Ai de nós se

não fosse a misericórdia e o poder do Senhor

para guardar-nos do mal.

Todavia, hoje entendo que não foi um mérito ou

um privilégio daquele homem, ter sido salvo

daquela forma, porque se Deus teve que usar de

um sinal sobrenatural para alcançá-lo, é porque

sabia que não daria crédito à mensagem do

evangelho, caso lhe fosse pregada diretamente

por alguém.

Bem-aventurados são os que não viram e

creram.

Não espere, portanto, um sinal vindo

diretamente do céu, para entregar-se a Cristo

como seu Senhor e Salvador.

O modo de salvação é o mesmo para qualquer

pessoa, a saber, pela simples fé no Seu nome.

25

E é um maior privilégio crer na Palavra que nos

salva, conforme está revelada na Bíblia, do que

ficar esperando um sinal sobrenatural para que

possamos crer, porque a primeira condição dá

honra a Deus, por se testificar que Sua Palavra é

a verdade. Esta é a essência da fé que agrada a

Deus, porque é a firme convicção quanto àquilo

que não se vê, e a plena certeza daquilo que se

espera.

26

Uma Cura Definitiva

Meu filho primogênito tinha crises constantes

de amigdalite, que iam se agravando à medida

que o tempo passava até cerca de cinco anos de

idade.

Tantos eram os antibióticos que ele tinha que

tomar, que veio por fim a apresentar um quadro

de anemia profunda, que lhe impossibilitava

que fosse submetido a uma intervenção

cirúrgica.

Era de doer o coração o seu sofrimento, a ponto

de sequer poder beber água, sem que tivesse um

grande desconforto.

Em suas últimas crises, chegou a perder tanto

peso que seu corpo ficou quase somente no

esqueleto. Nós orávamos insistentemente por

ele, para que o Senhor o curasse, mas, por anos,

o seu quadro de saúde ficava cada vez mais

grave.

Em sua última crise (aos 5 anos), numa sexta-

feira, ele ficou tão debilitado que o pediatra nos

disse que era para aguardar até na próxima

segunda-feira, a fim de que fosse internado caso

não melhorasse, já que estava tomando 3

antibióticos juntos, pois seu organismo não

reagia mais aos medicamentos, não se

alimentava, nem bebia água.

27

Ardendo em febre, no culto de domingo pela

manhã, na Igreja, estando em meu colo, pediu-

me que falasse com os demais pastores para que

orassem por ele ungindo-o com óleo, e disse-me

que tinha a certeza que Jesus o curaria.

Levantamos um clamor por ele, cumprindo

aquilo que é ordenado pela Bíblia:

“Está doente algum de vós? Chame os anciãos

da igreja, e estes orem sobre ele, ungido-o com

óleo em nome do Senhor; e a oração da fé

salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se

houver cometido pecados, ser-lhe-ão

perdoados.” (Tg 5.14,15)

Ao sairmos do gabinete pastoral, a febre em vez

de baixar aumentou ainda mais.

Olhando para o interior da boca do menino o

que se via era apenas secreção purulenta, não

apenas na garganta, como também em muitas

aftas que haviam sido abertas em todo o

aparelho bucal.

Ele reclamava de fortes dores e não podia se

alimentar.

Retornando para casa, derramei minha queixa

diante do Senhor, porque considerei algo brutal

que tivesse despertado fé no coração de meu

filho, para deixá-lo numa condição ainda pior.

28

Eu reclamava no fundo do meu coração:

“tomamos o tempo dos pastores em vão”.

Que ideia o menino formaria sobre o amor de

Cristo, e o valor da fé, tendo crido para nenhum

propósito?

Foi com o coração apertado e em grande

amargura que fui dormir aquela noite. Mas o

sono me fugia, tal a grandeza de inquietação do

meu espírito. Todavia, ao acordar, meu filho

veio até comigo dizendo que estava com fome e

sede.

Muito estranhei aquilo, porque ele estava

rejeitando veementemente toda oferta de

comida e bebida. Eu lhe pedi que se achegasse

para junto da janela, para que eu visse como se

encontrava o estado da sua boca.

Ao abri-la, a claridade do sol que nascia revelou

que não havia, miraculosamente, nenhum

vestígio de secreções purulentas, e sua garganta

e boca eram de um rosado saudável, que

indicava que Deus havia operado

poderosamente.

Dei muitas glórias ao Senhor, e pedi-Lhe que

perdoasse a minha impaciência e

incredulidade.

Desde então, passados dezesseis anos, meu filho

nunca mais teve qualquer crise de amigdalite,

29

tendo sido curado de modo definitivo pelo poder

de Deus.

30

Internado por 62 Dias num Hospital

Memórias e Visões do Cárcere Hospitalar

Isto foi escrito enquanto encontrava-me

internado num hospital público municipal do

Rio de Janeiro-RJ nos meses de maio e julho de

2015.

Tudo estava escrito diante de Deus, mas os

acontecimentos na Terra começaram a ter

lugar na primeira quinzena de maio de 2015,

quando em meu escritório, de manhã, abria o

coração com minha esposa e compartilhava

com ela o quanto me doía verificar depois de

anos a fio de orações e aplicações, as mais exatas

possíveis da Palavra de Deus, o quanto havia

ainda no povo certo envolvimento com as coisas

do mundo, e uma grande frieza para com as

coisas de Deus.

Pedimos misericórdia ao Senhor, e que de uma

forma miraculosa, que somente Ele poderia

fazer pelo Seu Espírito, fizesse uma reversão

naquele quadro tão triste. Tão logo nos

levantamos da oração, me veio ao pensamento a

ideia de pedir a cada membro da congregação

que escrevesse em poucas linhas qual era a

visão que eles tinham do relacionamento do

crente com as coisas do mundo, e que cada um

relatasse qual era a sua posição a respeito.

31

Uma das minhas ovelhinhas queridas não fez

por esperar, e nas próximas duas horas

seguintes me enviou um email no qual rasgara

seu coração perante Deus em completa

sinceridade, confirmando o quanto vinha Lhe

negligenciando nos últimos meses e que a

qualidade se sua vida espiritual havia caído

muito, apesar do grande sucesso que vinha

obtendo em sua vida secular.

Ao ser visitado por minha esposa encontrava-se

quebrantada, clamando pela misericórdia de

Deus. Sua irmã que a visitava e se encontra

desviada juntou-se a ambas, também em

lágrimas e grande quebrantamento.

Poucos dias depois, ainda na mesma semana,

comecei a sentir dores no peito e um grande

desconforto, vindo a enfartar na noite de sábado

(16/05). Levado às pressas para a emergência do

Hospital Salgado Filho apresentei duas paradas

cardíacas, das quais fui restaurado pelo braço do

Senhor, pois os procedimentos de reanimação

não haviam sido iniciados, fato que causou

grande admiração na equipe médica presente,

que a uma voz afirmavam nunca terem visto

algo parecido.

Desde então pude perceber algumas mudanças

importantes que haviam ocorrido em meu

espírito.

32

1º Perdi, segundo a eficácia da graça,

completamente o medo da morte, ou seja, o

apego à minha vida.

2º Ganhei uma ousadia até então desconhecida,

para confrontar a impiedade dos homens –

grandes ou pequenos – sem temer a face do

homem, ou para me prevenir de qualquer

retaliação da parte deles.

Descobri em mim o mesmo espírito que estava

no Senhor Jesus, nos apóstolos e nos profetas

quando confrontaram as autoridades religiosas

de Israel. E, nada disso por motivo de

imoderação ou desaforo, mas simplesmente por

amor à Palavra do Senhor.

Há um túnel secreto no qual o espírito do

homem pode e deve se encontrar com o de

Deus. Quando oramos e louvamos, mas se

permanecermos na entrada do túnel e não

encontrarmos a Deus, então nossas orações e

louvores são vazios, nós permanecemos vazios e

nada especial acontece.

Mas, se buscarmos encontrá-Lo, e Ele vem ao

nosso encontro no túnel secreto da comunhão,

então tudo se torna diferente; nossos louvores e

orações ficam cheios de vida, a presença do

Senhor nos reveste da Sua plenitude, e tudo

passa a ter significado em nosso viver.

33

Esta seria uma melhor forma de dizermos que

você deve orar e louvar a Deus todos os dias, pois

isto soa muito mecânico e dogmático, e não raro

pode nos desestimular da tarefa antes mesmo

de começá-la. Porém, quando pensamos na

doçura, na paz e alegria em nosso espírito com

Deus, nossa alma e espírito se elevam na busca

dAquele que preenche todas as coisas, e é o bem

mais precioso que teremos nesta vida e no

porvir.

É no encontro do túnel que novas canções de

louvor, novas formas de oração, novas

revelações espirituais e celestiais acontecem. E,

nada disto é feito por obrigação, porque o

próprio Senhor nos atrai como um ímã para

junto do Seu coração; e ali somos inspirados e

sequer conseguimos parar de exaltar o Seu

grande nome.

Multidões caminham diariamente pelo vale da

indecisão, muitos que até pensam estar muito

envolvidos com o servir a Deus.

Mas qual a garantia que podemos ter de

estarmos caminhando efetivamente com Ele,

em serviço e em comunhão amorosa?

Sabedor que em sua grande maioria o Seu povo

não é capacitado para lhe prestar, por si mesmo,

grandes serviços, o Senhor pouco mais exige do

que culto de adoração e louvor. E mesmo nisto,

34

muitos falham porque pensando nada mais

terem a oferecer a Deus, ocupam-se apenas com

seus assuntos mundanos.

Com isto perdem o rumo da presença de Deus, e

com ele aquela doce sensação de paz, alegria e

louvor de espírito.

E isto pode ser vivenciado num hospital em que

os interesses dos assuntos sobre o corpo

sobrepujam em muito os relacionados à alma e

ao espírito.

Para a grande maioria da equipe do hospital não

passamos apenas de um corpo, sendo esquecido

que espírito, alma e corpo estão inter-

relacionados, que um não pode viver sem o

outro, enquanto estivermos aqui nesse mundo.

No afã de curarmos o corpo podemos

negligenciar o espírito e a alma, ou seja,

literalmente todas as faculdades das quais são

dotados, por exemplo na alma, a vontade, a

razão, a emoção, a imaginação etc; no espírito a

consciência, a intuição, a direção própria etc.

Jesus foi inteiramente direto e sincero quanto a

tudo que se refere à nossa real constituição, a

tudo que somos, sendo consideráveis

responsáveis perante Deus em razão de termos

sidos criados à sua imagem e semelhança.

35

Imagem e semelhança esta da qual muitos

duvidam, quando olhamos ao nosso redor e

verificamos ali muito mais o espelho das

atitudes que são pertinentes ao diabo, do que

aquelas que são propriamente inerentes à

divindade.

Sem o conhecimento da causa e efeito destas

coisas e em razão de um juízo precipitado do que

afinal o mundo de Deus deve ser, ficamos

acomodados numa falsa teologia de que Deus

provê afinal tanto o bem quanto mal.

Todavia, para que este tipo de juízo não ficasse à

mercê de homens sem esclarecimento e de

mentalidade corrompida, temos no Senhor uma

revelação real de seus atributos e caráter e tudo

que ordenou na Bíblia para testemunho das

diversas gerações que o bem é algo que lhe

pertence inerentemente, e o mal foi o resultado

do afastamento da sua presença e de seus

atributos morais. Lembremos que o gênero

humano foi criado no início por Deus na terra

sem qualquer pecado.

Por que o Deus que é todo poderoso permitiu a

entrada do mal na sua criação perfeita, bondosa

e amorosa? Onde o desejo e felicidade inicial de

cada um se encontrava justamente em fazer o

bem ao seu próximo?

36

Sabemos inclusive que desde então este fazer o

bem ocorrerá no meio de grandes lutas

espirituais para subjugar os poderes do mal -

sem o que não será possível praticar o bem em

face de tal interposição maligna.

A Bíblia está repleta de exemplos destas

resistências de satanás que tiveram que ser

removidas para que finalmente triunfasse a

causa do bem.

Vimos, portanto, quão preponderante é o

enfrentamento e subjugação destas forças

malignas para que se cumpra a obra de Deus.

E muito disto é atingido quando por amarmos ao

Senhor e ao evangelho já não temos mais a

nossa vida como preciosa aos nossos olhos, e

somos tomados da coragem que habitou nos

apóstolos e em todos os mártires da Igreja,

porque para eles era mais importante dar

testemunho da verdade contra o erro satânico,

do que preservarem a própria integridade física.

Aqui repousa o brilho e o triunfo do evangelho,

que por amor a Deus, aos irmãos, ao evangelho,

que se pregue e que se faça tudo o que seja

relativo à verdade sem importar o que

ganharemos ou perderemos com isto, desde

que o grande nome do Senhor seja glorificado.

37

Tive uma visão na qual o Senhor me mostrava

um enorme cone de bronze brilhante,

multifacetado, e formado por elos, o qual se

elevava muito acima da Terra, e uma voz

poderosa me dizia:

“Esta é a minha Lei e por fim hei de estabelecer

em toda a Terra!”

Imediatamente compreendi em espírito o

significado daquela visão que será cumprida no

tempo do fim.

A Lei santa e perfeita do Senhor foi dada por Ele

para que os homes se amassem e se

respeitassem pelo devido temor a Deus e por

conseguinte por receberem graça da Sua parte

para o cumprimento de todos os testemunhos

fiéis dados através de Moisés e dos profetas até

a revelação completa em Jesus Cristo.

Mas sabemos o quanto esta Lei celestial foi

pisada, desprezada e transgredida pelos

homens. O que deveria ser o elo da sua unidade

foi transformado em um meio de disputas e

maquinações políticas. Acrescente-se a isto que

os judeus corromperam totalmente o propósito

e o significado da Lei do Senhor.

Daí então a visão nos falar de uma restauração

futura da Lei, para um povo que seja digno de

recebê-la e vivê-la, a saber, os que teriam a Lei

38

inscrita em suas mentes e corações por causa de

terem sido lavados no sangue de Jesus; pois

aqueles que não são dignos dela voltariam a

calcá-la sob seus pés, e por isso, por não viverem

segundo a Lei, serão destruídos pela maldição

da Lei contra aqueles que a transgridem.

É de suma importância entender, que logo ao

pronunciar aquele que tinha sido o Seu

primeiro discurso público diante das multidões

de Israel, que nosso Senhor Jesus Cristo não se

apresentou a eles como alguém cujo propósito e

missão principal seria curar enfermos físicos,

expulsar demônios ou efetuar muitos milagres

e maravilhas no mundo físico para que ficassem

extasiados com a bondade e misericórdia de

Deus para com eles, em lhes ter enviado um rei

tão poderoso, que certamente, segundo eles,

poria um fim à longa dominação dos romanos.

Entrementes, para a perplexidade de muitos,

não foi isso que Ele fez a princípio; ao contrário,

tratou de restabelecer o lugar de honra da

Palavra de Deus entre eles. De dar o devido valor

aos mandamentos que por séculos eles vinham

adulterando. Principalmente os líderes

religiosos, a quem cabia a guarda sagrada da Lei

por Israel, e que foram os primeiros a misturá-

la, inclusive com os ensinos ocultistas de

Zoroastro, enquanto estiveram no cativeiro em

39

Babilônia, para a formação da Cabala, que muito

judeus tinham em tanta estima.

Acrescente-se a isto, os interesses comerciais

que por influência deles passou a dominar em

Israel, sob o disfarce de um templo majestoso

edificado por Herodes, por mais de 40 anos, que

de fins piedosos e cultuais nada tinha, senão

aumentar o séquito anual de peregrinos para

visitar as majestosas edificações do templo, e

assim, tanto o reino dos judeus quanto dos

romanos lucrava exorbitantemente com os

impostos cobrados e serviços que eram

realizados no templo e suas imediações.

Séculos de rapinagem se passaram até que se

manifestou o Filho de Deus para a restauração

da honra e do culto de Israel que haviam sido

instituídos desde os dias de Moisés, cerca de

1500 anos antes.

Então, multidões seguiram Jesus ao monte,

porque haviam visto as muitas curas e milagres

que Ele havia realizado. Talvez, com muitos

tendo a expectativa de receberem a sua parte de

milagres e curas, aproximaram-se dEle, e deve

ter sido com não muito pouco desgosto o que

ouviram.

Primeiro, nas bem-aventuranças Ele destacou

que as bênçãos eternas do Reino de Deus não

eram para todos que as desejassem, mas para

40

aqueles cujas qualificações espirituais Ele

tratou de enumerar em seguida.

- Humildade de espírito;

- Os que choram por causa de seus pecados e

natureza terrena pecaminosa;

- Os mansos de espírito, ou seja, os que se

submetem à vontade de Deus;

- Os que são famintos e sedentos pela justiça de

Deus;

- Os que usam de misericórdia para com o seu

próximo;

- Os que são limpos de coração;

- Os pacificadores que lutam e oram para que a

paz de Deus prevaleça na Terra;

- E, finalmente aqueles que dentre estes

comprovam que foram tais pessoas, porque

foram duramente perseguidos pelos ímpios.

É bem possível que nesta altura do discurso,

muitos estivessem se retirando ou se queixando

contra Ele.

Eles esperavam grandezas, benesses e teriam

que ouvir este tipo de coisas?

Todavia, nosso Senhor nada lhes falou de novo,

porque tudo isto estava contido na Lei e nos

41

profetas, ou seja, nas Escrituras do Velho

Testamento.

Mas tal era o desprezo deles pela Lei, que não

poderiam então reagir de outra forma senão

desprezar o que lhes estava sendo dito. Ele

continuou arrazoando com eles nos seguintes

termos: Ora, se os guardiões da Lei de Deus

eram o sal da Terra, porque é pela aplicação e

amor à Lei que se evita a corrupção pecaminosa,

de que lhes adiantaria carregarem o nome de

povo de Deus, se faltava em seus corações o sal e

a ousadia da Lei para enfrentarem a putrefação

espiritual e moral do mundo?

Israel havia sido acendido como o luzeiro de

Deus para iluminar e ensinar o caminho do

amor, da verdade e da justiça, especialmente às

nações pagãs, mas como eles se envergonharam

desta missão, e em vez de elevar bem alto os

preceitos da Lei para iluminar o entendimento

da Lei, acharam conveniente esconder a luz

debaixo do alqueire, de modo que ninguém,

nem eles próprios fossem iluminados.

Assim, antes de destacar os pontos importantes

da Lei, o Senhor repreendeu Israel pela

prevaricação e covardia deles, de modo a que

pudessem entender melhor no que e porque

haviam falhado tão horrivelmente no

compromisso que tinham para com o seu Deus.

42

Cansados dos preceitos legais e rituais da Lei,

sonhavam que alguém viesse e lhes dissesse

finalmente:

-“Vocês estão livres de todas estas obrigações

legais.”

-“Vim da parte de Deus para lhes dizer que são

livres para estabelecer o seu próprio modo de

vida feliz.”, ou ainda:

-“Eu vim para satisfazer todos os seus desejos.”

Todavia, foi algo bem diferente o que ouviram

dos lábios de Jesus:

“Parem de pensar que Eu vim com o propósito

de destruir a Lei, ou então para profetizar que

algum dia Deus lhes dará um líder para realizar

este propósito. Muito ao contrário, vim para

restabelecer a Lei e restaurá-la à sua antiga

honra. Vim para que cada preceito ou

mandamento, por menor que seja, venha a ser

ensinado e cumprido por vocês. Sem isto, o que

vocês terão é uma justiça aparente, falsa,

enganosa, com a maldade da que possuem os

escribas e fariseus.”

Deus não quer religiosos espiritualistas

interesseiros, mas pessoas que O amem e sejam

verdadeiramente convertidas a Ele. Há um

sentido espiritual, um significado interior na Lei

43

que os corações não santos jamais conseguirão

enxergar.

Como Jesus disse que não veio revogar a Lei e os

Profetas, incorrem, portanto, em grande erro

aqueles que passaram a ter a Lei em pouca conta

sob o falso argumento que ela foi anulada pela

graça.

Paulo afirma expressamente que não se anulam

as obras da Lei por causa da fé; pelo contrário,

antes são confirmadas pela fé, pois somente

uma fé genuína pode testificar acerca da

perfeição da Lei de Deus.

Até mesmo os mandamentos civis e cerimoniais

da Lei continuam atestando de forma perfeita

acerca do caráter e da obra de Cristo.

Assim, ao cumprir a Lei e morrer em nosso

lugar em cumprimento à exigência perfeita da

Lei, Cristo não revogou ou anulou a Lei, mas se

interpôs por um ato de infinita misericórdia,

recebendo em si mesmo tudo o que a Lei exigia

que fosse feito em relação à punição do pecador.

Ora, Cristo não é portanto contra a Lei, mas

contra a ideia de que alguém possa ser salvo por

ela, uma vez que somos fracos e imperfeitos e

jamais poderíamos atender integralmente às

santas exigências da Lei.

44

Então há de permanecer a Lei em sua santidade,

majestade, perfeição, lembrando-nos a nossa

completa miséria diante de Deus. Mas do nosso

lado, temos a Cristo, perfeito, mais elevado que

os céus e que a própria Lei, como nosso

advogado e guardador. Compadecido de nossas

misérias e imperfeições, e ele mesmo pela sua

graça vai completando em nós aquilo que nos

falta, até que venhamos a atingir a perfeição da

santidade de Deus.

E assim a Lei estará satisfeita, Cristo estará

satisfeito, Deus estará satisfeito, e nós

juntamente com eles.

Bendito seja o pai de sabedoria e misericórdia

que sabe tirar de coisas imperfeitas a completa

perfeição.

O Deus que fez a vara morta de Arão florescer é

o mesmo Deus que ressuscita novas vidas onde

ocorreu a morte.

Lázaro ressuscitou certamente um novo

homem para uma nova vida. Não mais para os

mesmos objetivos de vida. Tendo morrido

perdeu o medo da morte e o encontramos dando

testemunho com Jesus junto daqueles que

procuravam de novo tirar-lhe a vida.

Qual foi o segredo do poder dos puritanos em

viverem o genuíno evangelho? Eles haviam sido

45

rejeitados pela Igreja Estatal Inglesa que

serviam aos milhares bem como suas famílias.

Tinham uma convicção que nada há de firme e

de valor permanente neste mundo, e assim se

sacrificaram por uma Pátria imensamente

superior.

Daniel jamais temeria qualquer inimigo depois

de ter passado pela cova dos leões.

Quando aprendemos quão frágil é a nossa vida já

não ficamos tão apegados a ela. Deus quer nos

ensinar isto para que sejamos verdadeiramente

livres, ousados no testemunho da verdade e não

mais tementes de homens ou demônios.

Ninguém estaria disposto a oferecer a vida em

martírio, salvo por uma firme convicção de fé da

importância de lutar o bom combate da fé numa

sociedade corrompida, em defesa dos princípios

evangélicos.

Eles não estavam o mínimo ocupados pela luta

de liberdade de igualdade civis; não queriam os

mesmos direitos para todas as categorias de

trabalhadores etc, pois sabiam que não era em

nada disso que residia a verdadeira justiça

social, mas em respeitarem a todos como iguais,

do rei ao jardineiro e todos procuravam dar o

melhor no que faziam em prol uns dos outros, e

era nisto que eram estimados.

46

Os puritanos costumavam dizer que tanto o rei

em seu trono e o copeiro na cozinha eram

igualmente importantes para Deus.

Agora, quando se funda uma sociedade com

valores baseados em cultura, posses de bens

terrenos, poder etc, que tipo de fraternidade

amiga pode ser esperada entre os homens?

Nada adiantará promulgar leis de direitos de

igualdade, porque o veneno do racismo e

discriminação social estarão com suas raízes

bem fincadas nos corações pecadores.

E uma vez exteriorizado o desprezo e o ódio de

classes, como se vê em todo o mundo, quem se

moverá de coração a dar amor e um lar a um

menino de rua?

Nenhuma medida governamental poderá

modificar este quadro, porque é bem notório

que nos próprios quadros da sociedade tem

faltado especialmente as virtudes de

humildade, gentileza, generosidade e amor.

Aí sofremos! Aí gememos! Como uma

sociedade enferma sem qualquer possibilidade

de cura.

O nome de Deus é usado por denominações e

igrejas para o fim de cumulação de gigantescas

fortunas e poder; ações comunitárias globais

são realizadas com o mero fim de investimento

47

pela exploração da pobreza e da miséria, com

fins de enriquecimento futuro; Ong’s,

instituições beneficentes e tantos outros

organismos financiados por sociedades

ocultistas, e tantos outros alegam o mesmo fim

de estarem promovendo o bem estar da

sociedade mundial. Quais têm sido os

resultados?

Desenvolvimento no mundo moderno se tornou

sinônimo de desenvolvimento econômico e

financeiro. E isto tem sido tocado a todo vapor.

Mas fala-se em desenvolvimento moral?

Educacional? Formacional? Cidadão? Entre

outros?

Não admira que nosso Senhor tenha afirmado

categoricamente que à medida que o tempo

passasse haveria um grande aumento da

iniquidade.

Cabe lembrar que a palavra iniquidade significa

literalmente ”sem lei”, ou seja, não tem tanto a

ver com o seu sentido comumente entendido

como falta de moralidade, de frouxidão moral,

pois ainda que este esteja incluso, o seu

significado mais amplo diz respeito a um mundo

que é governado sem se levar em conta as Leis

de Deus.

Tanto isto é verdadeiro que chega a causar

espanto ouvir o próprio Papa afirmando dogmas

48

que contrariam frontalmente a Lei divina, e o

pior de tudo - falando em nome do próprio Deus.

Não ficando atrás, famosos líderes protestantes

fazem ousadas asseverações contrariando os

princípios básicos da Palavra de Deus.

E qual é a razão disso tudo?

Eles querem agradar as massas.

A sociedade em geral considera ultrapassados

os mandamentos do Senhor afirmando que são

incompatíveis com um mundo de mentalidade

pós-moderna.

Então, estes líderes arrumam o seu “jeitinho”

dando uma interpretação relativa e

contextualizada a mandamentos que são

absolutos.

“Ai daqueles que ao mal chamam bem, e que ao

bem chamam mal.”

Assim, dentro e fora das igrejas multidões se

formam caminhando na direção do Vale da

destruição, pois lhes falta não apenas o

entendimento da verdade e o conhecimento do

poder real da graça de Jesus.

E sem Deus, sem Cristo, sem o Espírito Santo,

sem a Palavra de Deus em seus corações,

marcham ininterruptamente para a boca do

49

inferno, sem que ninguém possa lhes despertar,

tal a obstinação de seus corações.

Deus simplesmente lhes pede que considerem o

seu caminho, que se arrependam, que se voltem

para Ele, mas eles não lhe dão ouvido.

Olham para toda a iniquidade que opera em

redor e em seus próprios corações e logo

concluem: “Deus não existe; Deus não se

importa.” “Quem manda de fato é o diabo.” E

assim, ficam incapazes de conhecer em seu

rancor e endurecimento, que foi o próprio

pecado de desprezarem as leis de Deus; de

amarem o pecado e não estarem dispostos a

renunciar a ele, que lhes conduziu a tal estado

de endurecimento e miséria espiritual.

Incapazes em sua cegueira de enxergar as

chagas de Cristo, por cujo sangue seriam

curados, seguirão no mundo sem um Salvador

até o dia da sua morte física, quando será

inapelavelmente pronunciada a sua

condenação eterna ao inferno.

Por isso são ditos bem-aventurados todos

aqueles cujos ouvidos espirituais foram abertos

para aprender de Deus, e seus olhos abertos

para poderem contemplar a Cristo.

50

Esta é a razão de não serem tantos na

humanidade que viveram para cumprir os

elevados propósitos de Deus para suas vidas.

Quanto ao mais, a par de terem sido criados à

imagem do elevado e sublime Criador, ocupam-

se com coisas de nenhum valor, com

conversação e hábitos fúteis e profanos, e tudo o

mais que não reflete o mínimo a glória da

Majestade das alturas, senão a do verme que

rasteja no pó. Eis em resumo a condição do que

serve e do que não serve a Deus. Um almeja

atingir as alturas – o outro resvala o seu pé na

direção dos abismos negros e lodosos.

Por isso o salmista exalta a excelência da Lei de

Deus e a sua determinação de jamais abandonar

os caminhos do Senhor. Ele sabia que era

somente andando no caminho da Lei que o seu

semblante refulgia. E tão logo permitiu se

afastar de algum dos preceitos do Senhor,

tornava-se como as bestas-feras da Terra.

Não é sem motivo que a própria Bíblia, de capa a

capa, coloque em realce a excelência e

importância da Lei de Deus.

Ela é luz para os pés.

Alimento para a alma.

Estrada segura na qual não se desviarão os

nossos pés.

51

É o meio de santificação dos salvos.

É a arma pela qual vencemos as tentações e

Satanás.

É a fortaleza do nosso coração no dia da angústia.

É a âncora firme que nos manterá aportados ao

céu.

Enfim, tal é a sua excelência e importância que

Jesus definiu seus verdadeiros seguidores como

sendo somente aqueles que guardam a Sua

Palavra; e seus amigos, aqueles que guardam os

Seus mandamentos.

Por isso, ao se manifestar ao mundo, Jesus foi

designado por LOGOS, a saber, A PALAVRA.

Quem ama o Senhor, ama todos os

mandamentos de Deus, inclusive os do Velho

Testamento, mesmo os cerimoniais que foram

abolidos desde que Jesus se manifestou, pois se

tratavam de figuras da Sua pessoa, e

continuamos prezando, honrando e amando a

figura que Deus nos deu para que pudéssemos

conhecer melhor o Seu Filho Amado e a obra

que Ele faria em nosso favor.

Jesus é o Supremo Rei, Juiz, Legislador,

Sacerdote e Profeta.

Por isso somos proibidos de julgar contra os

Seus juízos divinos, uma vez que com isto

52

cometeríamos a grande afronta de rejeitar o

Legislador e Juiz de todos os homens.

Mesmo os que conhecem a Bíblia podem

incorrer neste erro, enganados por seus

próprios sentimentos e imaginação.

E quão dura coisa é cair nas mãos do Deus vivo!

Por uma obstinada resistência aos seus

preceitos e juízos por não renunciarmos aos

nossos com vistas a honrarmos os Seus.

De quantos males nos pouparíamos por darmos

mais ouvido à Palavra e ao Espírito Santo do que

às nossas próprias convicções com aparência de

justiça, mas que não passam de abominação e

trapo de imundícia diante de Deus.

Esta é a razão de vermos o extremo vigor das

repreensões e juízos dos profetas e dos

apóstolos de Jesus, e os do próprio Senhor

contra a impiedade dos homens. Especialmente

contra aqueles que conhecendo a Sua vontade

vieram a transgredí-la com dolo.

Os escribas e fariseus representam um grupo

destacado entre estes, tantas foram as

adulterações que haviam feito da Palavra de

Deus; por exemplo, quando você pensa que não

matou alguém você cumpriu o mandamento

“não matarás”, mas eu lhe digo que quando o Pai

deu esta Lei a Moisés, Ele visava ao princípio

53

nobre do amor ao próximo e de tudo se fazer

para preservar a sua vida; ou seja, a motivação

aqui nesta Lei é o respeito e o amor devido a cada

pessoa.

Por isso, é dito que toda ira injustificada, toda

ofensa e insulto desprezador sujeita o seu

praticante ao juízo de Deus. Daí ser tão

importante na condição de pecadores falhos,

imperfeitos, sujeitos a estas coisas, que tratem

logo de entrar em acordo com os que têm

ofendido, e se retratarem com eles, porque além

de todo o serviço religioso de vocês não possuir

qualquer valor para Deus, vocês serão entregues

nas mãos de demônios opressores até que

venham a se arrepender.

Os mandamentos morais eram considerados

um verdadeiro fardo insuportável pelos judeus,

porque eles jamais haviam atinado com o

caráter santo, bom, justo e compassivo do seu

Criador.

Nada havia de inflexível e arrogante no caráter

do Deus de Israel, mas eles assim interpretavam

tanto a Ele, quanto aos Seus mandamentos, em

razão da dureza obstinada de seus próprios

corações.

Regulamentos humanos são inflexíveis, sejam

emanados de quaisquer instituições, sejam

públicas ou privadas; não pode isso, não pode

54

aquilo, e quem desobedece é punido. Todavia,

nada disto há nos mandamentos do nosso Deus.

Quantas aberturas havia na Lei, de modo que

não fosse aplicada inflexivelmente. Para isto

foram constituídos juízes para julgarem as

demandas do povo, não segundo a letra fria da

Lei, mas para que a justiça fosse

verdadeiramente cumprida, de modo que o

culpado não fosse inocentado, nem o inocente

condenado.

E quando vemos o próprio Deus tratando com as

infidelidades de Israel em relação à Lei; quem

jamais deixaria de punir um rei perverso como

Acabe, como havia determinado fazê-lo, mas

que retrocedeu na execução da pena

simplesmente por tê-lo visto chorando e

arrependido diante da promulgação da

sentença que havia ouvido através do profeta

Elias?

Qual juiz terreno cumpriu com a perfeição de

Deus, a de ser pai dos órfãos e juiz das viúvas?

Quem teria dado como réu expiatório o próprio

Filho Amado para morrer no lugar de vis

pecadores, para que muitos deles pudessem ser

livrados da condenação eterna?

Como podemos entender então, este ódio

mundial contra os mandamentos do Senhor?

55

Só podemos achar uma resposta para isto, a

saber, na própria natureza corrompida pelo

pecado dos homens, e por instigação de

espíritos demoníacos, cujo propósito é trazer

descrédito e ridículo a tudo que procede do

Senhor.

Para quem quer viver de modo infiel e profano,

sem levar em conta os sentimentos daqueles

aos quais trai, certamente é muito importuna

uma Lei como “Não adulterarás. ”

Como haveria um mínimo de estabilidade na

sociedade, e que caráter seria formado em

gerações sucessivas de pais adúlteros e

profanos?

Onde a relação de um homem com mulheres e

vice-versa não ultrapasse os interesses de se dar

liberdade a todas as formas de paixões e práticas

pervertidas e abomináveis.

Qual seria a atmosfera existente para o ensino

das coisas que são boas e que devem fazer parte

de uma boa educação?

Então Deus interpôs a Lei e Jesus foi além ao

definir o caráter interior daquela Lei de

Adultério antiga dizendo que o simples olhar

lascivo constitui o próprio adultério em si.

E revelou a profunda gravidade deste fato ao

ensinar que quem fosse dado à uma vida sexual

56

impura, melhor seria para tal pessoa, caso fosse

a única forma de se livrar do mau hábito, sofrer

a perda e dor de cortar o próprio braço direito e

arrancar o olho direito, mas por fim, conseguir

com isso, salvar a sua alma do fogo eterno do

inferno.

Veja que é a boca de Deus que o tem proferido,

do Juiz dos juízes, do Grande Legislador do

universo, e não a boca de meros juristas e

filósofos humanos. Negligenciar tal alerta por

parecer duro demais e ir para o inferno por tal

negligência, valeria o risco?

Como Deus justificaria o meu mau olhar,

quando poderia ser curado deste mal pelo

sangue e pela graça de Jesus, e todavia, o tenho

recusado?

Que Juiz e Legislador inigualável nós temos, pois

não é apenas misericordioso para com

multidões de nossas transgressões como

também fez a provisão necessária no sangue de

Cristo para que fôssemos curados.

E assim, pedra sobre pedra espiritual, nosso

Senhor continuou reerguendo o edifício

espiritual da Lei que os próprios judeus haviam

derrubado com suas próprias mãos.

Há evidentemente, particularidades no texto do

Sermão do Monte, cujo sentido interior, hoje

57

nos escapa, por se tratar de assuntos

eminentemente judaicos, como por exemplo no

caso apresentado por Jesus quanto à proibição

dos juramentos.

É possível que isto tenha se tornado uma prática

comum e vazia entre eles, em que se

evidenciava o pouco valor à palavra de

compromisso dada. E então o Senhor se apressa

em ensinar que deve haver verdade e

confiabilidade em tudo que fizermos em nossos

relacionamentos.

Numa época de grande endurecimento como a

dos dias de Moisés, nada mais natural que a Lei

permitisse atos de vingança para reparação de

danos e perdas sofridos injustamente. Daí o

“olho por olho, dente por dente”, de forma que a

medida de reparação não fosse além, nem

ficasse aquém, da ofensa sofrida. Era portanto

uma medida justa para aqueles tempos, mas já

inadequada para a dispensação da graça, na qual

o Senhor tem transferido todos os juízos

retributivos por Ele mesmo, para o dia do

grande ajuste de contas do juízo final.

Então aqui a vingança de todo tipo é proibida

porque Deus tem prometido ser o nosso

vingador e retribuidor.

E mais do que não se vingar deve ser achada no

crente aquela total confiança no exercício do

58

juízo divino, de modo que além de sofrer o dano,

deve estar armado em seu espírito a suportar

muito mais com paciência e fé no Senhor.

E de tal forma é o caráter do mandamento de

promover a paz e o amor entre os homens, que é

ordenado aos crentes que amem inclusive os

seus inimigos e que façam o bem aos que lhes

perseguem.

O povo de Deus deve ser manso e não deve

tentar prevalecer pela força como costumam

fazer aqueles que não conhecem ao Senhor.

É para gente pacífica, mansa e amorosa que a

Terra será dada como herança eterna, pois não

foi criada por Ele para ser o palco de sucessivas

conflagrações e guerras mundiais.

Este foi o seu intento desde o início da criação,

até que o pecado entrou no mundo, efetuando

um divisor de águas entre aqueles que amam a

Deus e os que O odeiam.

Uma das grandes razões desta aversão do

coração humano em guardar sinceramente os

mandamentos de Deus é resumida pelo Senhor

no texto de Marcos 7.6,7:

“Este povo honra-me com os lábios, mas o seu

coração está longe de mim. E em vão me

adoram, ensinando doutrinas que são preceitos

de homens.”

59

Sabemos que muitas dessas doutrinas que são

preceitos de homens são forjadas por inspiração

de demônios. E assim por maior que seja a

aparência piedosa e religiosa delas, qual parte

podem ter de fato com os verdadeiros

mandamentos de Deus?

Todos falam de Deus. De adorar a Deus. De amar

e temer a Deus, mas a maioria serve a deuses

falsos ou criados pela própria imaginação, pois o

que tem a ver o deus deles com o único Deus

verdadeiro criador dos céus e da terra, e que se

revelou a nós em seus perfeitos e santos

mandamentos na Bíblia?

Fora dessa Palavra verdadeira não há salvação,

porque a alma, o corpo e o espírito estarão

servindo a coisas vãs e não obedecendo e

servindo efetivamente o Único Senhor da Glória

que se revelou a nós nas Escrituras do Velho e

do Novo Testamento.

Uma objeção muito comum e que é levantada

para tentar negar que a Bíblia seja realmente de

inspiração divina, parte sempre daqueles que

buscam um argumento para não se renderem a

um viver justo e santo, pois todos os que têm

acolhido a Bíblia como sendo a Palavra da

verdade têm experimentado que suas doutrinas

são fiéis e verdadeiras, poderosas para

60

transformar-lhes em novas criaturas com uma

nova natureza celestial.

Tal foi o esforço de nosso Senhor Jesus Cristo

em seu ministério terreno junto aos judeus, de

reconduzí-los à verdadeira adoração baseada na

guarda dos mandamentos, que quase todas as

páginas dos Evangelhos apresentam-no em

grandes debates com os judeus, especialmente

com os religiosos hipócritas (sacerdotes,

escribas, fariseus e saduceus).

Jesus não falhou de modo algum em sua missão

de nos reconduzir à Lei de Deus, isto pode ser

visto principalmente na maior parte do mundo

ocidental cuja formação é judaico-cristã graças

ao trabalho de nosso Senhor.

Mas como sempre há um esforço satânico de

adulterar a genuína Palavra de Deus, o grande

fato é que a maior parte dos pecadores pouco ou

nada aprendeu com o Seu grande Legislador e

Benfeitor, pois o Reino de Deus só pode ser

tomado por esforço e disciplina, e o de Satanás

nenhum esforço exige de nós pois está

plenamente ajustado com nossa natureza

decaída no pecado.

Em grande dilema se encontra portanto a alma

humana neste mundo. Não pode de si mesma

colocar o modelo de Deus em prática, e por

outro lado, viver segundo os homens em geral, é

61

pecar contra o amor e a bondade devidas a Deus

e ao próximo.

Todavia, Deus não isenta qualquer pessoa de um

viver justo, digno e bondoso, mesmo deste outro

lado do céu, pois é justamente nisto que a nossa

fidelidade a Ele é provada.

Muitos navegaram nestas águas turbulentas e

não naufragaram. Estamos cheios de exemplos

nas páginas da Bíblia e na história da Igreja, de

uma miríade que negociou com este mundo

sem arredar pé nos princípios divinos.

Seu caráter foi marcado pela falta de egoísmo e

de amor ao dinheiro, que é a raiz de todos os

males.

Não foram indolentes buscando prazeres e

folguedos que tornassem suas almas desatentas

ou imprestáveis para com a sua obrigação para

com Deus e com o próximo.

Gastaram-se ao máximo no atingimento do foco

que haviam determinado: tudo fazer para a

exclusiva glória de Deus e por amor não a si

mesmos, mas ao próximo.

Por isso figuram como vencedores na galeria

dos heróis da fé, pelo testemunho de vida que

tiveram.

62

Agora, dos que amam o mundo e que vivem

segundo o mundo, nada podemos dizer a

respeito deles senão que são grandes

perdedores, por maior que seja sua fama,

riqueza ou poder, uma vez que vivem não

segundo o que é aprovado por Deus, não O

temem, não se aplicam em cumprir os Seus

mandamentos. E que tipo de vitoriosos

poderiam ser senão para si mesmos naquelas

coisas que são abomináveis e passageiras e que

logo serão desfeitas pelo fogo eterno do juízo

divino?

Gente verdadeiramente pobre e infeliz é esta

cujo deus é fama, dinheiro e poder. Quando

menos esperam são daqui arrancados sem levar

consigo sequer a roupa do corpo, e são

apresentados diretamente a um juízo

tormentoso e horrível de fogo.

Por isso se diz que bem-aventurados são os que

se dispõem em dar e servir ao próximo, por

amor, sem esperar nada receberem em troca,

porque será Deus e não o homem o seu Fiador.

Deus não ficará satisfeito com ofertas e meros

ritos cerimoniais e religiosos, porque não são

capazes de transformar o coração do ofertante

por inteiro, pois não são apropriados para gerar

uma nova criatura no lugar de um velho homem

63

subjugado pela natureza terrena pecaminosa de

Adão.

Deus criou o homem para se prover na

humanidade de filhos santos e amados,

semelhantes ao caráter de Jesus Cristo, e filhos

que jamais negociariam com o mal ou

apoiariam as obras das trevas. Conhecendo-lhes

a fraqueza moral e decaída interpôs a confissão

baseada no sangue derramado pelo Cordeiro de

Deus que tira o pecado do mundo, ao tê-lo

derramado em nosso favor na cruz.

Se foi dada a confissão, com ela veio a falta de

perdão por insistirmos em viver endurecidos no

pecado, sem os confessá-los e nos

arrependermos diante de Deus. Além disso, as

obras infrutíferas das trevas devem ser

repreendidas e confrontadas em todas as

circunstâncias mesmo quando carreguem o

nome de boas obras ou obras de justiça, e de fato

não são.

Os homens são meros mordomos, sacerdotes e

serviçais de Deus nas coisas que têm sido

encarregados por Ele para serem realizadas

neste mundo.

No ensino da parábola dos Talentos e dos Servos

Infiéis (Lucas 12, e em tantas outras fontes de

ensino claro e direto de Jesus) está bastante

claro o horrível castigo eterno que aguarda por

64

todos aqueles que fizeram um mau uso ou

negligente dos bens e vocações que haviam

recebido de Deus para servir ao próximo.

Um emprego de mordomia muito cômodo, de

pouco ou real serviço para o próximo pode ser

chamado de Bênção Real de Deus?

Médicos que vivem à custa das enfermidades de

seus pacientes sem se esforçarem por curá-los

têm algum motivo real para se gloriarem na sua

esperteza mundana e malandra?

O Olho que tudo vê e julga o terá como

despercebido?

Pastores que lotam suas igrejas com apelativos

carnais e não ensinam o povo a andar na

verdade terão algum motivo para se gloriarem

no dia do juízo final?

E dos que exercem profissões ou atividades que

em vez de amar e edificar o próximo, mas antes

visa corrompê-los, torná-los indolentes e

imprestáveis deve senão esperar o terrível juízo

que lhes aguarda.

Mais uma vez repetimos:

O homem foi criado para ser responsável a fim

de manifestar amor ao seu próximo na área de

eficácia em que foi colocado por Deus.

65

Pobre, miserável, cego e infeliz será se permitir

ao diabo que seu entendimento seja fechado e

possa fazer de uma atividade, uma mera

condição de ganho pessoal.

O homem que juntou em celeiros, mas sem fazê-

lo senão preocupado apenas com a própria

riqueza, e não com o próximo e menos com a

glória de Deus, perdeu a sua alma e resvalou

seus pés para um lugar de sofrimento eterno.

A batalha para ganhar a nossa alma é de fato

renhida. A essa altura alguém poderá indagar

como sendo um fator de maior impedimento

para praticarmos o bem que se deseja de nós, o

de ser satanás o príncipe deste mundo que

opera em todas as áreas de atividade humana

gerando as mais terríveis complicações e

obstáculos para que possam proceder de modo

digno, honrado e honesto. Entretanto, isto

jamais servirá para justificar a nossa indolência

diante de Deus, uma vez que na prática do bem e

no exercício da nossa fé todos os demônios são

subjugados aos nossos pés pelo nome poderoso

de Jesus.

E estes avanços sobre o reino das trevas são

contados também em nosso favor porque para o

exercício deste bem, também fomos

comissionados por Deus. Evidentemente,

muitos destes principados foram instalados de

66

forma sob a base de sistemas corruptos, de troca

de favores ignóbeis, etc., que a luta direta contra

os mesmos se revelará infrutífera, uma vez que

por certo tempo o Senhor lhes permitirá a

ocupação indevida do lugar de “autoridade” em

que se encontram, para o atingimento de certos

fins específicos somente por Ele conhecidos.

Mas podemos sossegar o coração por sabermos

que Ele não permitirá que um Herodes, um

Pilatos, um Nero, um Calígula e tantos outros da

mesma estirpe corrupta permaneçam tanto

tempo no poder.

Por quanto tempo Jesus ficou debaixo dos

perversos Herodes e Pilatos?

Quanto tempo Paulo ficou sob Porcio Festus?

E Pedro e João sob o Sinédrio?

Esteja certo de que se você Lhe for fiel, não

ficará à mercê dos poderes profanos senão pelo

tempo exato determinado pelo Senhor para

bons testemunhos. Mas, se somos achados

pecadores naquelas coisas que ofendem

tremendamente a vontade de Deus, que boa

esperança poderíamos guardar?

Houve uma época em que era muito mais fácil

defender a causa do amor e da bondade. Na

verdade, pelo menos para o povo em geral era

esta regra que prevaleceu por muitos anos;

67

todavia, nestes anos de globalização, apostasia e

iniquidade, em que as atividades produtivas são

conduzidas pelos homens de Wall Street, e por

um sistema amplamente corruptor para a

geração de dinheiro; como podemos ter para

nós mesmos, a certeza de estarmos trabalhando

em algo que seja efetivamente útil, bom e

honesto para a sociedade?

Veja o sucateamento de hospitais e escolas

públicas tidos antes como referência de ensino

e prática para o povo. Quantos desvios para

beneficiar os tubarões públicos!

O sistema em si, se público ou privado, não é

onde reside o “X” da questão, mas nas intenções

daqueles que capitaneiam o sistema.

Muitos objetam a existência de Deus porque

alegam que Ele não se apresenta de modo visível

e palpável. Então, como se pode crer no que não

se vê?

Bem, em primeiro lugar, não é comum que se

veja a rainha da Inglaterra longe do palácio, que

é o centro do domínio se sua majestade; todavia,

para Deus este argumento não vale, pois está em

todos os lugares operando milagres, salvação,

livramentos e manifestando de forma real a Sua

68

santa presença, que é percebida em espírito por

aqueles que O adoram em espírito e em verdade.

Este é senão apenas mais um dos ângulos

sobrenaturais da Pessoa Amada de Jesus, que a

propósito, é tanto O que cura, quanto O que

enferma; que exalta e que abate; que faz morrer

ou viver. Enfim, é nEle que tudo subsiste e que

todo este universo visível e invisível é

sustentado.

Ainda ontem estava muito abatido pelo

diagnóstico que o cardiologista me dera pela

manhã, dizendo da possível extensão da lesão de

minha artéria coronária, que poderia inclusive,

impossibilitar a execução de uma angioplastia.

Deitado ao meu lado o evangelista Luiz, do alto

da sabedoria de seus cabelos brancos procurava

confortar-me dizendo: “Não fique abatido,

porque o poder e o domínio não pertencem ao

homem, mas ao Senhor.” Estas simples

palavras, com a sinceridade que foram

expressadas me reanimaram e encheram meu

coração de fé. Com a sua natural humildade e

simplicidade ainda me dirigiu as seguintes

palavras: “Olha pastor, ainda esta noite vou orar

pelo senhor pedindo a Jesus por sua vida.”

69

Minha esperança na provisão de Deus estava

plenamente restaurada. Lembrei-me de Paulo

sendo visitado por Ananias a mando do Senhor,

para que recobrasse a visão e confirmação da

sua vocação para o apostolado.

Aquela oração simples do Sr. Luiz encheu o

quarto do hospital com a presença da glória e

unção de Jesus. Então, o que é isso? Crendices

tolas? Atos religiosos?

Não. Chamo a isto, de o poder vivo de Jesus, que

já vi operando de forma miraculosa, tanto na

minha vida quanto na de muitos outros. Eu creio

que aquela oração que o Senhor tinha marcado

tinha também o propósito de abençoá-lo.

Não podemos desprezar a unção de Jesus,

porque podemos ficar apenas cheios com a letra

do evangelho, o que será de pouco valor para nós

e para o avanço do Seu reino. Mas, quando a

Palavra se mistura ao poder, cumpre-se o papel

de Deus aqui na Terra; por isso, Jesus não se

limitou a ensinar a Lei, mas a operar muitos

sinais e prodígios para demonstrar

potentemente que Sua vinda a este mundo foi

para glorificar o nome do Pai, como também

para o benefício de muitos.

Corremos o perigo de tomarmos apenas um

destes multifacetados ângulos da Pessoa de

Jesus e formarmos com ele toda uma nova

70

teologia, pois correremos o risco de vê-Lo

apenas como um curandeiro, um professor, ou

qualquer outro; quando na verdade, todas as

coisas são possíveis nEle, e para cada caso Ele

possui um propósito específico.

Muitos são os ofícios e funções de nosso Senhor

Jesus Cristo, e ai de nós se eles não existissem.

Antes de tudo Ele é o Rei da Verdade. É Rei desde

que chegou a este mundo e recebeu a adoração

dos reis magos, que passaram a tê-lo como seu

Senhor.

Desde então, em cada pessoa que a Ele se

converte, estabelece o Seu reino de justiça,

poder, paz e amor em seus corações. E estes

serão Seus súditos por toda a eternidade. Nunca

houve e jamais haverá sobre a Terra um rei

como Este, que governa diretamente sobre o

coração.

Outro ofício de grande importância para nós é o

de sacerdote, porque estes são constituídos

como mediadores entre Deus e os homens, para

que sirvam aos homens, especialmente

naquelas coisas concernentes a Deus.

Sem este ofício de Jesus nenhuma oração,

nenhuma oferta, nenhum serviço nosso a Deus

poderia ser aceito por Ele.

71

Ele somente nos aceita no Amado. E é em nosso

favor que Ele oferece dons e intercessões para o

nosso benefício, intercedendo sempre à direita

do Pai.

Lembremos, contudo que como sinais da Sua

grande bondade e misericórdia para com todos

os homens, efetua curas físicas e lhes dá das

Suas provisões materiais, todavia, Suas bênçãos

espirituais e a melhor e maior delas que é a

salvação da alma, dependem do nosso

arrependimento e conversão a Jesus Cristo.