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Edição Virtual | issuu.com www. /jornaldeartes Facebook | facebook.com www. /jornaldeartes Tumblr | murucieditor www. .tumblr.com Porto Alegre | | 2015 | R$ 3,00 Abril Artes Pláscas Cinema Música Literatura | | | JORNAL DE Instalação de autoria de Nadir 11 Túlio Pinto. Parte integrante da coleva exposta em março Quase uma Ilha na em Porto Alegre Galeria Península Ano 16 | N° 10 | MAR. 2015 9 235890 9 1

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Arte | Cultura | Musica | Cinema | Literatura | Publicado pela Muruci Editor, circula em Porto Alegre e interior. Tumblr| www.murucieditor.tumblr.com Facebook | www.facebook.com/jornaldeartes

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Page 1: Abril | 2015

Edição Virtual | issuu.com www. /jornaldeartesFacebook | facebook.comwww. /jornaldeartes

Tumblr | murucieditorwww. .tumblr.com

Porto Alegre | | 2015 | R$ 3,00Abril

Artes Plás�cas Cinema Música Literatura| | |

JORNAL DE

Instalação de autoria de Nadir 11 Túlio Pinto. Parte integrante da cole�va

exposta em março Quase uma Ilhana em Porto Alegre Galeria Península

Ano 16 | N° 10 | MAR. 2015

� 9235890 91

Page 2: Abril | 2015

JORNAL DE

ARTESArtes Plásticas | Artes Cênicas |

Cinema | Musica | Literatua

Jornal de Artes é uma publicação da MURUCI EditorEditor | João Clauveci B. Muruci Editora de Literatura | Djine Klein ([email protected])Design Gráfico/Capa/Diagramação | Mauricio Muruci Email | [email protected] Edição Virtual | www.issuu.com/jornaldeartesFacebook |www.facebook.com/jornaldeartesTumblr |www.murucieditor.tumblr.comCNPJ | 107.715.59-0001/79 - Fone | 51 3276 - 5278 | 51 9874 - 6249

COLABORADORES DESTA EDIÇÃO

ONDE ENCONTRAR

Capa:

Instalação “Nadir 11" de autoria de Túlio

Pinto. Parte integrante da cole�va

“Quase uma Ilha” exposta na Galeria

Península em Porto Alegre

» Almandrade» Alexandre Fritzen da Rocha» Djine Klein» Paulo F. Parada» Neide Jallageas » Vinicius Vieira

Porto Alegre | Brasil

» Banca Monhos de Vento » Avenida Indepen-

dência, 1211 | B. Moinhos de Vento, Porto Alegre | RS

» Banca da República » Rua da República, 21

B. Cidade Baixa, Porto Alegre | RS

Rua João Caetano, 440 | B. Três » Ins�tuto Ling » Figueiras | Porto Alegre | RS

Mon�videu | Uruguai

» Livraria Puro Verso » Rua Yi 1385 ( entre

18 de julio y Colonia )

Rua Peatonal Sarandí 675 » Más Puro Verso »

Rua Peatonal Sarandí 675» PV Lounge »

A história não era de uma vez, apenas um poeminha germinado entre a face e as costas do mundo. E o mundo sabia ser bem grande, ainda maior o dentro dele, como aquele outro que era de exis�r dentro das criaturas. Mas di�cil mesmo é extrair as justas palavras para a crônica de Mariana. Os sen�dos já aguçavam densos silêncios. A memória insis�ndo em lhe salientar vivência com umas florzinhas à margem.

Mariana por ter presa, deu-se a nascer em inverno intenso, por primeira ves�menta trajou uma manta áspera e pulgas. De infância discreta, com boneca de pano e barquinho de papel, navegara mais que calmarias as tempestades.Então aconteceu de um rio longo cruzando as dimensões Norte, o Sul fez a escolha de Mariana nascer meio passarinho e louca. Quando criança era uma fuga pra sonho, e porque o caminhar em paisagem de infância a deixava contente - voava ela aqueles campos com pés ligeiros. Os cabelos harpa colhiam melodias que a menina misturava tudo, as vozes dos pássaros com as canções do vento.

Das aves na paisagem, seus ninhos e ciscos a fibra fazendo cócegas em seu coração. E Mariana ela deixava-se espiar pelo mar a mar ou espiava o mar do tempo... Tudo aquilo vendo, justamente onde as lavadeiras em rio an�go deitaram as primeiras canções. Também gostava de contar sobre Mariana a avó - “essa criança é bem ladina, e sempre foi assim! É como no meu sonho eu dormindo, ela desperta é a criança que eu já fui um dia longo”. Entrementes, Mariana se via nas amplidões, em verdes campos, em ilhas e ilhas de árvores. Sob uma figueira de cinco século adormeceu, sonhou, e era outra Mariana. Como herança herdou não herdade, apenas isso de ser como a outra, também visionária.

E era de um curioso estranho as vozes cantando, as palavras o vento traduzindo, menina entendia tudo. Até as queixas e agonias das criaturas, um bicho sendo a caça na mira, o caçador irando o golpe. E o lobo.

Também, como havia espingarda e meninos rudes em lição de caçador, o sonhar com pássaros, às vezes o vôo era tão impossível que ela mesma, a segunda Mariana teceu asas e se voou. Mas no dia seguinte, apenas uma Mariana espiava pra estrada. Esta se espichando depois abriu-se em leque, cada trilha com muita extensão de convites, e na visão dos pedregulhos, teve lampejos de cotovia, logo cantou-se à bem-te-vi.

A outra, muitas vezes chorou lágrimas de desconsolar até as pedras. Contudo soube calar as mágoas num soluço, para sorrir depois um riso enluarado. Essa Mariana quando se ri é de dar dó da tristeza. Alguém soluçando, era o lobo.

As duas Marianas aprenderam artes, e confundir o caçador desenhando na terra úmida, pegadas de pezinhos ao contrário ou os quatro marcando direções na terra como pétalas de lírio, o campo mal amanhecido. Depois era um caminhar estradinhas acolchoadas de nuvem. Outro dia aconteceu, no mesmo e outro tempo, uma ensolarada manhã de primavera, menina correndo livre. Isso foi visão de agoniar insultado o velho lobo.

Hoje a menina-Mariana é criança teimosa de ter cisnes em seu quintal e brincar perigos com leopardo-selva. Mas porque o lobo ia pra�cando seus uivos, ouvindo os dele ela aprendeu e �nha sustos entremeados com riso. Agora já pra�ca os seus, ou uivando pra Lua. Provocar o velho lobo, um dia desses que brincava assim, ouviu vozes: - Pés miúdos precisam ter juízo quando a herança de estrada é longa! - Mas dona fada eu não tenho presa. Respondeu Mariana. - Primeiro é o riso, criança - depois as farpas ardem é para distrair conteúdos líricos. Menina teimosa! – Insultar o des�no, ou essa velha tua fada!... Mas bem que sorria a Mariana an�ga

Todavia a voz que Mariana-menina escutava não era a fada que lhe vinha nas palavras do vento, como ela pensava. Quem dizia os conselhos pra ela ter juízo era aquela, a bruxa de cabelos longuíssimo branco que morava no bosque. Naquele mesmo bosque onde sua vozinha �nha sido menina. E o que agoniava essa criatura era assis�r a menina de agora, também inventando os seus brinquedos. Era como um açoite uma menina que não �nha os velhos medos.

E chamou: - Descansa um pouco e escuta as verdades de meu canto, pequena viajante?

A voz vinha rouca de tempo e espera. Mas a menina pensou ser do velho arvoredo. Ou talvez um pássaro em jornada que por lá passara. Repousar um pouco e colher laranjas.

Respondeu Mariana: - Tenho pressa de fábulas para meu próprio contentamento, Dindinha fada!

E ninguém mais ouviu falar de Mariana por lá, nem da outra que um dia par�u acinzentada e triste de não saber des�nos além do bosque e o lobo. Já do bosque das laranjeiras com visão pra estrada, ficou de Mariana o melhor silêncio. Até dizem que hoje anda aí pelo mundo brincando liberdades em floresta-pantanal. Outros ainda dizem: - Menina impossível, andar por esse mundo de perigos! E flertando é com o filho do velho lobo.

Por de Djine Klein Porto Alegre/Viamão - RS

POESIA EM PROSA

CRÔNICA DE AMOR E LOBO

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OFICINA DE ARTES VISUAISMINISTRADA NAS ESCOLAS DE PORTO ALEGRE

Por dePatricia Morini Porto Alegre/RS

ANALISE

A Escola Estadual Prof. Leopolda Barnewitz, localizada no município de Porto Alegre no bairro Cidade Baixa, oferece em seu Programa Mais Educação oficinas que desenvolvem o corpo e a mente dos alunos e alunas no período do contra turno regular. Neste programa, as oficinas são variadas, entre elas, Taekondo, Letramento, Esportes, Teatro, Música, Dança e Artes Visuais, todas envolvem alunos e alunas do 1° ao 7° Anos do Ensino Fundamental, coordenados pela Professora Izabel Paiva. A oficina de artes Visuais é ministrada pela professora Patricia Morini, pedagoga e especialista em Arte e Educação, no turno da manhã, uma vez por semana. As oficinas consistem em um projeto semestral que priorizam inicialmente a criação de repertório visual dos alunos e alunas envolvidos. No primeiro semestre a professora organiza oficinas que trazem à tona a biografia de ar�stas conceituados mundialmente, como Leonardo Da Vinci, Salvador Dali e Vicent Van Gogh; referências nacionais como Por�nari e Tarscilla do Amaral; bem como ar�stas contemporâneos vivos, como Willian Kentridge e Walmor Correa, atribuindo contexto histórico ar�s�co aos seus processos cria�vos, valorizando o olhar crí�co social, para que as crianças possam conhecer as referências existentes gerando um olhar próprio em suas criações. Esse é o mote da Arte e Educação, o estudo do contexto social e histórico, ao invés de apenas um estudo prá�co direcionado, ajudando os alunos e alunas a perceberem-se como elementos cria�vos.

A história da arte demonstra em sua literatura que o ensino das artes nas escolas é apenas direcionado a técnica sem qualquer entendimento de seu contexto histórico, ou até mesmo como apoio nas ilustrações de outras disciplinas, não exercendo grande importância na construção visual do aluno e aluna. A arte/educação na escola pode trazer formas de se reinventar e de criar sem referências impostas pelos professores, pois a criança traz em sua trajetória de vida a imagem e a interpretação, porém a escola deve trabalhar com o conceito de lapidar e acrescentar novas propostas, sendo assim irá se expressar agregando um conhecimento novo. Neste sen�do este projeto tem a finalidade de envolver crianças de diferentes idades e turmas em um momento ar�s�co desenvolvendo principalmente o pensamento diante das artes encarando-a como processo de experimentação, reconhecimento de si mesmo, e de manifestação histórica junto à sociedade ocidental em que estamos incluídos.

Muito já foi desenvolvido na história da arte nas escolas brasileiras, o projeto em que calcamos nossa prá�ca é a proposta triangular de Ana Mae Barbosa: A Proposta Triangular deriva de uma dupla triangulação. A primeira é de natureza epistemológica, ao designar aos componentes do ensino/aprendizagem por três ações mentalmente e sensorialmente básicas, quais sejam: criação (fazer ar�s�co), leitura da obra de arte e contextualização. A contextualização da arte agrega a diversidade cultural, pois vai trazer as vivências culturais para a criação, desconstruindo a idéia de uma arte hegemônica e eli�zada de entendimento complexo e totalmente desvinculada a realidade dos estudantes. Outro ponto apontado por Ana Mae: o compromisso com a diversidade cultural é enfa�zado pela Arte-Educação Pós-moderna, reforçando a herança ar�s�ca e esté�ca dos alunos com base em seu meio ambiente.

Pensando na arte como conhecimento que traz assuntos de forma interdisciplinar, valorizando informações de diferentes áreas para a construção de conhecimento, entendimento contextualizado da história da arte que irá despertar principalmente o seu reconhecimento como sujeito de comunicação e expressão com o desenvolvimento de seus trabalhos autorais ao final deste processo de autoconhecimento. Durante as aulas de artes visuais podemos observar a mudança social e esté�ca dos alunos e alunas envolvidas no Programa Mais Educação, sem sombra de dúvidas é possível elevar a auto-es�ma e a observação da vida por outra óp�ca.Durante o semestre vemos a valorização do entendimento oriundo dos alunos e alunas envolvidos, imersos em um mundo de criação, podendo desenhar, pintar e se expressar sem o medo do erro, e sim a possibilidade de mostrar suas idéias e considerações sobre uma obra de arte. O conhecimento de ar�stas contemporâneos exclui a idéia an�quada do fazer ar�s�co an�popular, mudando para uma forma de fazer ar�s�co que declare uma realidade existente, de forma única e iden�ficatória. A arte faz com que o ser humano valorize-se da forma mais complexa e evolu�va em que nos enquadramos, a criação consciente, dis�nguindo-nos de outros animais, nós criamos e inventamos formas de representar o mundo em que vivemos, e na escola diferente de outros meios é o melhor lugar para mudar e criar.

ReferênciasBARBOSA, A. M. (Org.). A compreensão e o prazer da arte. São Paulo: SESC Vila Mariana, 1998b.

John Dewey e o ensino da arte no Brasil. São Paulo: Cortez, 2002a.

Movimentos Escolinhas de Arte: em cena memórias de Noêmia Varela e Ana Mae Barbosa. 2000. 166 f. Dissertação (Mestrado em Artes). Escola de Comunicações e Artes. Centro de Comunicações e Artes. Universidade de São Paulo. São Paulo, 2000.

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CONSTRUÇÃO COLETIVA da Lei das Obras de Arte em Edi�cios

ARTIGO

Por de Vinicius Vieira* Porto Alegre/RS

A união de um grupo de ar�stas em Porto Alegre na década de 1980 foi o primeiro passo para a construção cole�va que culminaria com a regulamentação de uma lei exemplar em 2011, que hoje serve de modelo a diversas outras cidades do Brasil. Na Capital, a Lei 10036 condiciona a liberação da Carta de Habitação de novos edi�cios, com área maior que 2000m², à colocação de obra de arte de visualização pública. Ela é fruto de demanda daqueles que acreditam no potencial das artes como forma de amenizar os impactos da construção civil, oriundos do desenfreado crescimento do ramo imobiliário, que via de regra se sobrepõe aos interesses das cole�vidades. Lamentavelmente vivemos em contexto que se faz necessária a aplicação de leis que obriguem os empreendedores a incluir arte, árvores, áreas permeáveis de piso, etc. Cabe mencionar, todavia, que não foram poucos os esforços para que a destacada lei viesse a exis�r. Mostra-se importante revelar que a Associação dos Escultores do Estado do Rio Grande do Sul – AEERGS, fundada em 2 de abril de 1982, vem desde esse período se organizando de maneira con�nua em torno dos obje�vos comuns dos ar�stas que atuam no segmento da escultura em solo gaúcho. Nesse contexto, ao longo de várias gestões a en�dade apresenta disposição em colaborar com a formatação de leis para obras de arte em dezenas de Municípios do Estado, por vezes sem sucesso, pois em muitos casos a inicia�va contraria interesses locais das organizações da construção civil nessas cidades.

Em meio à latente demanda das organizações das artes visuais, somada aos anseios dos ar�stas e daqueles simpá�cos à proposta, no ano de 2006 a Lei 10036 veio a ser aprovada. Nela consta que a obra deverá ser feita por ar�sta com cadastro na Secretaria Municipal da Cultura - SMC, e que para par�cipar, basta comprovar a�vidade na área de artes visuais. Dessa forma, a par�r da solicitação e aceite da SMC aos que foram se inscrevendo, em 2009 foi aberta a primeira lista de ar�stas, em permanente atualização, estando todos aptos para trabalharem em novos prédios. O dia da aprovação foi um momento de grande celebração entre as en�dades ar�s�cas, pois se acreditava que a árdua luta de anos estava chegando ao fim. Infelizmente não foi dessa forma que aconteceu, tendo em vista que passavam-se os anos e a Lei 10036 não era regulamentada. Ou seja, mesmo com o projeto aprovado na Câmara Municipal, os novos prédios estavam sendo autorizados e inaugurados sem a inclusão da arte. Fez-se necessário então retomar as trata�vas, dessa vez no âmbito do Execu�vo, e nessa etapa a AEERGS se uniu a outras en�dades das artes, com vistas a ampliar a capacidade de diálogo com aqueles que poderiam se sensibilizar com a causa e contribuir com a sua efe�vação.

No mês de outubro do ano de 2011, após sucessivas reuniões, finalmente as portas da Prefeitura de Porto Alegre se abriram. Em cerimônia realizada no Paço Municipal, a lei foi assinada. Novamente a comunidade ar�s�ca comemorou, e pensávamos: agora chegou a hora da realização do sonho... Ironicamente entrou o ano de 2012 e con�nuávamos a ver novos prédios sendo erguidos sem as obras de visualização pública. Ainda no início de 2013, en�dades da sociedade civil reuniram-se no Ministério Público e, em seguida, com representantes do Município e do Sindicato da Indústria da Construção Civil - Sinduscon, com a intenção de buscar esclarecimentos pelo fato da lei ainda não estar sendo cumprida, já que �nha se passado considerável tempo desde a sua regulamentação. Os diiretores da AEERGS argumentavam que os prédios não poderiam estar sendo inaugurados sem a inclusão da arte, da mesma forma como acontece quando não é feita a calçada, o muro, as instalações ou quaisquer outros elementos obrigatórios con�dos nos projetos aprovados. Naquele momento nos foi explicado que os projetos arquitetônicos aprovados de 2011 em diante ainda não �nham concluído suas construções e que, portanto, o Município não havia verificado os prédios prontos com projeto aprovado depois da regulamentação, e que os primeiros a enquadrarem-se seriam somente em 2014 ou 2015. Ufa... Nesse momento respiramos aliviados, pois a jus�fica�va �nha coerência.

Em 2015 finalmente os ar�stas começaram a ser contatados pelas empresas, contudo é bom ressaltar que até meados da década de 1980, mesmo distante dessa regulamentação, a Capital se destacava pela realização de diversos concursos de artes visuais, e também pela naturalidade com que engenheiros e arquitetos tratavam desse tema, tendo por prá�ca a inserção, em seus projetos, de trabalhos de ar�stas em atuação no Estado. Assim, com o obje�vo de retomar essa tradição de respeito à arte, a AEERGS organizou exposição que coloca à mostra a produção de 35 escultores atuantes em diferentes regiões do Rio Grande do Sul, assim criando condições para uma reaproximação dos construtores com o tema, colocando-os em contato com parte relevante da produção contemporânea de obras de arte e estudos concebidos para ambientes externos, mediante realização da inédita cole�va “Dimensão Pública” no Centro Cultural CEEE Erico Verissimo, procurando também es�mular que outros Municípios formulem leis semelhantes, tendo por propósito a instalação de obras de arte como mais uma medida compensatória à crescente ver�calização das cidades e seus núcleos urbanos.

* Vinicius Vieira é Presidente da Associação dos Escultores do RS – AEERGS; Vice-presidente do Ins�tuto de Arquitetos do Brasil – IAB RS; Membro �tular do Conselho Estadual de Cultura – CEC RS

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NÃO BASTAM

SOMENTE ÁRVORES A NOVA ESTÉTICA CHEGOU

A obrigatoriedade de Obras de Artes nos edi�cios com mais de 2000 m, agora é Lei.

Vai amenizar o impacto na área urbana, gerado pela especulação imobiliária.

Você esta convidado a par�cipar dessa mudança.

2

Tela "Momento", de Carmen Medeiros exposta na galeria Carmen Medeiros, técnica: acrilica sobre tela (70cmx110cm)

Obra de Júlio Ghiorzi. Medidas de 93 cm X 93 cm exposta na Galeria Belas Artes

Esculturas em bronze de Roberto Umansky, exposto na galeria Gravura

R. Caldas Júnior, 375 - Centro Histórico, Porto Alegre - RS - 51 3286 - 2615

Galeria Moinhos de Vento - Loja 40 - Avenida Independência, 1211

51 3517-2482 Rua Duque de Caxias, 649 - Centro Histórico

Porto Alegre/ RS - 51 3228-6900

Rua Ce. Bordini, 665 - Porto Alegre/RS51 3061-6768

Rua Coronel Corte Real, 647 Porto Alegre - RS 51 3333-1946

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O ARTISTA HOJEENTRE O 'PROPONENTE' E O PEDINTE

ARTIGO

Por de Almandrade Salvador/Bahia

O ar�sta que passa o tempo recluso na solidão do ateliê, trabalhando, desenvolvendo sua experiência esté�ca, como um operário da linguagem e do pensamento, está em ex�nção. É coisa de museu. Ou melhor, é raridade nos museus de arte, que estão deixando de ser ins�tuições de referência da memória para servir de cenários para legi�mação do espetáculo. Às vezes, com míseros recursos que ficamos até sem saber direito: quando nos deparamos com baldes e bacias nessas ins�tuições, se são para amparar a goteira do telhado ou se se trata de uma instalação, contemplada por um edital para aquisição de obras contemporâneas... O que interessa na poli�ca cultural nem sempre é a arte e a cultura, e, sim, o glamour. Em nome da arte contemporânea, faz-se qualquer coisa que dê "visibilidade". As polí�cas públicas foram relegadas às leis de incen�vo à cultura e aos editais públicos. Nunca se fez tantos editais neste País, como atualmente, para, no fim das contas, fazer da arte um "suplemento cultural", o bolo da noiva na festa de casamento. Na fala do filósofo alemão Theodor Adorno: "As obras de arte que se apresentam sem resíduo à reflexão e ao pensamento não são obras de arte". Do ponto de vista da reflexão, do pensamento e do conhecimento, a cultura não é prioridade. Na polí�ca dos museus, o objeto já não é mais o museu que se mul�plicou, juntamente com os chamados "centros culturais", nos úl�mos anos. Com vaidade de supermercado, na maioria das vezes, eles disponibilizam produtos perecíveis, novidades com prazo de validade, para es�mular o consumo, vetor de aquecimento da economia. A qualificação ficou no papel, na publicidade do concurso. Esses editais que bancam a cultura são inicia�vas que vêm ganhando força. Mostram ser um processo de seleção com regras claras para administrar o repasse de recursos, muito bem vendidos na mídia, como métodos de democra�zar o "acesso" e a "distribuição de verbas" para as prá�cas culturais. Mas nem são tão democrá�cos assim. Podem ser um instrumento possível e eficiente em certos casos, mas não são a solução, é possível funcionarem, também, como escudo, para diss imular responsabilidades pela produção, preservação e segurança do patrimônio cultural.

Considerando-se, ainda, a contratação de "consultorias", funcionários, despesas de divulgação, inscrição... o trabalho árduo e apressado de seleção... é tudo, enfim, um custo considerável, que, em úl�mo caso, gera "serviços" e renda. O ar�sta contemporâneo deixa de ser ar�sta para ser proponente, empresário cultural, "captador" de recursos, um especialista na área de elaboração de projetos, com conhecimentos indispensáveis de "processo público" e interpretação de leis. Dedica grande parte de seu tempo a esse negócio burocrá�co, que é a elaboração e execução de projetos, prestações de contas etc., todos contaminado pela lógica do marke�ng... coisas incompa�veis com o ar�sta em si, que apostou na arte como uma "opção de vida" e com forma de conhecimento, algo que exige dedicação exclusiva... Ou, pior ainda: o ar�sta fica à mercê de uma "produtora cultural", para quem essa polí�ca de editais e fomento à cultura é, aliás, um excelente negócio... Mais uma coisa é preocupante: e se essa polí�ca de editais se estender até a sucateada área da saúde, por exemplo? Imaginem uma "seleção pública" para pacientes do Sistema Único de Saúde, que necessitem de procedimentos médicos... Os que não forem "democra�camente contemplados", teriam de apelar para a providência divina, já engarrafada com a demanda de tantos pedidos... Nem é bom imaginar. Que esta praga fique restrita aos limites da esfera cultural... Na pior das hipóteses, é uma "torneira" que sempre se abre para atender parte de uma superpopulação de ar�stas, proponentes, pedintes... O ar�sta, cada vez mais, é um técnico passivo com direito a diploma de "bem comportado" em "preenchimento de formulário". E seu produto ficou relegado ao controle dos burocratas do Estado, e à "boa vontade" dos execu�vos de marke�ng das grandes empresas... Se o projeto é bem apresentado, com boa "jus�fica�va" de gastos e retornos, o produto a ser patrocinado ou financiado... se é mediano, se é excepcional, não importa! O que importa é a "formatação", a "obje�vidade" do orçamento, a clareza das "etapas" e a "visibilidade", o "produto final"...

Como sempre, existem as chamadas exceções, mas...

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Por Porto Alegre/RS de Neide Jallageas

TEXTO CURATORIAL

INSTÂNCIAS DO

RECONHECIMENTOnos retratos fotográficos de Isabella Carnevalle

A obra feminino pelo feminino, de Isabella Carnevalle, soma dezesseis anos de trabalho. O conjunto todo, distribuído pelas salas do espaço 3D, habilita o visitante a estabelecer relações entre os disposi�vos de captura e de processamento de imagens u�lizados pela fotógrafa, a linguagem que a par�r daí se ar�cula e o texto visual resultante no qual se reflete o próprio rosto da ar�sta, várias vezes mul�plicado em fotografias que lampejam no espaço exposi�vo.

Se o impulso fotográfico inicial almejou tocar e revelar com su�leza, entre luzes e sombras, possíveis dramas ín�mos de algumas personagens enredadas na escritura de Clarice Lispector, por meio de câmeras de ori�cio, as opções técnicas e poé�cas da fotógrafa se alteraram com o correr dos anos e acabaram por drama�zar não mais o enredamento literário, mas sim a tessitura pessoal da ar�sta, urdida em um percurso único. A sua obs�nada busca iden�tária passou a forjar uma nova figuração, agora marcada por intensa carga auto referencial.

É curioso observar, por exemplo, que as imagens iniciais que saltavam das páginas de Lispector para o papel fotográfico, eram ob�das por um meio técnico singular que exigia da ar�sta uma longa pausa em sua pose diante da câmera de orificio, construída p o r e l a m e s m a , e m q u e o enquadramento só era possível de ser planejado por via intui�va e mesmo fisica, a par�r da percepção de seu próprio corpo diante da caixa preta sem visor que �nha à sua frente. Depois da imagem capturada, o enquadramento só seria conferido depois da fotografia ser processada no escuro de outra câmera vedada à luz, o laboratório fotográfico, com suas químicas e seu odor caracterís�co, tão par�cular como a paciência por esperar a revelação da imagem, sua fixação, lavagem e secagem. Quase ao mesmo tempo em que passou a fazer uso de câmeras advindas da indústria fotográfica e de técnicas digitais (e não mais químicas), Isabella redirecionou o foco para si mesma, para seu rosto como espelho, em busca de possíveis reconhecimentos e de contato com sua iden�dade.

O processo tornou-se outro: embora intervindo na câmera, aplicando a ela um orificio, o visor/monitor da câmera digital (não mais fabricada pela ar�sta) oferece a possibilidade imediata de, antes de capturar a imagem, conferir o que resultará e corrigir enquadramento, luz, pose, pausa. E, não mais tendo que levar a curiosidade ao laboratório e testar a paciência por ver surgir a imagem, é possível refazer a pose até alcançar o que esteja mais próximo do imaginado. Talvez essas facilidades tecnológicas, que aproximaram o desejo de determinada imagem da possibilidade de obtê-la sem o longo ritual exigido pelo processo anterior, tenha aproximado a imagem desejada de sua possível realidade. O que eram traços fugidios e oscilantes passaram a se definir cada vez mais por meio de retratos com maior carga de encenação. A aparência de mistério anterior vem cedendo espaço à narra�va de tensões ín�mas em expressões cada vez mais perturbadoras.

A epígrafe que abre esse texto parece, assim, cumprir o des�no de mediadora entre um período e outro do percurso cria�vo de Isabella: o espelho antes roubado por uma técnica

que obrigava o corpo a pausar em estado quase medita�vo e obediente ao resultado que haveria de surgir da química, agora é um espelho facetado, mul�plicado em possibilidades de escolha. Resta perguntar se houve o momento em que o ar��cio ocultou o rosto sob máscaras, ou se o rosto se libertou do reconhecimento almejado.

Imagem Presença ExperiênciaPor Porto Alegre/RS Marcelo Goba�o de

Na exposição feminino pelo feminino realizada em 2008, Isabella buscou ambientar seus autorretratos no espaço da galeria do Centro Cultural Erico Veríssimo valorizando algo

que vai além de cada imagem ali enquadrada. O uso de tríp�cos, diferentes escalas e suportes para reprodução da imagem, a ambivalência da

iluminação, o acréscimo de objetos e materiais deslocam o “significado” das obras para outro lugar, que não apenas na

imagem ou no conjunto – caracterís�cas da fotografia m o d e r n a . E s s e s a r � � c i o s p r o v o c a m u m

estranhamento e produzem outros sen�dos, proporcionando uma experiência esté�ca que

aponta para outro estatuto da imagem e para entendermos a fotografia como presença.

E m 2 0 1 5 , a a r � s t a o p e r a u m d e s d o b r a m e n t o d e s t e p r o j e t o possibilitando aos internautas visitarem sua exposição em um ambiente virtual 3D. As fotografias estão no espaço público da web e podem ser acessadas na tela de um computador, notebook, tablet ou smarthpone, seguindo uma tendência de ar�stas, designers e ins�tuições que vêm explorando as possibilidades de interação e fruição da

imagem na internet, como as propostas de Aaron Koblin ou a recente novidade da Tate

Modern de Londres, que oferece ao seu púbico a possibilidade de uma visita a seu

acervo guiada por um robô. Altera-se a forma como acessamos as imagens, mas mantém-se o

percurso por um ambiente. A percepção, as sensações que a imagem proporciona, os sen�dos

que cada imagem pode produzir em cada visitante permanecem: as obras falam sobre a condição da mulher,

o narcisismo, a auto-exposição, as contradições do ser e a afirmação do devir e das mul�plicidades. Na contemporaneidade,

com a cultura digital e as mudanças de comportamento, o paradigma presencial e face a face dá lugar a relações pessoais e sociais, experiências

cogni�vas e educacionais, entre outras, que se travam em ambientes como o second life, as redes sociais ou as plataformas de games.

As fotografias de Isabella são produzidas com o uso da pinhole digital. A pinhole ou câmera de ori�cio remete a câmara obscura - um disposi�vo que, conforme pesquisas atuais, era conhecido pelo homem do paleolí�co e proporcionou a primeira experiência do homem com a imagem e a representação. Ao atualizar este disposi�vo com a tecnologia digital e apropriar-se dos ambientes virtuais, seu processo mostra uma aproximação com uma concepção da fotografia que afirma a imagem como matéria, presença, experiência ligada a um regime de tempo do virtual e do devir, que condiz com a série de autorretratos apresentada que tem sua potência na mul�plicidade e na diferença. A exposição nos convida a experimentar novas sensações.

Imagine que você tenha vivido num mundo em que não exis�ssem espelhos.

Você teria sonhado com seu rosto, o teria imaginado como uma espécie de reflexo

exterior daquilo que se encontra em você. E depois, suponha que com

quarenta anos tenham lhe estendido um espelho. Imagine seu espanto. Teria visto

um rosto totalmente estranho. E compreenderia ni�damente aquilo que recusa a admi�r: seu rosto não é você

C F V/ / |CINEMA FOTOGRAFIA VIDEO | |

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APOIO |

Rua Voluntários da Pátria, nº75 - 1º andar • Centro • Porto Alegre • RS

Fone: 51 3012-6539

Serviços DigitaisRevelação e Edição de Imagens

Produtos Fotográficos

Page 9: Abril | 2015

FotografiaAutoral

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Esta edição de Fotografia Autoral, deste mês, traz o ensaio da

fotógrafa Danny Bi�encourt, e foi inspirado nos versos de

Vinícius de Moraes.

“Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque fui o grande ín�mo da noite.

Porque eu encostei minha face na face da noite,e ouvi a tua fala amorosa.

Porque meu dedos e enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.”

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MERCADO DE ARTE FOTOGRAFIA UM NOVO NICHO PARA

Por de Clauveci Muruci Porto Alegre/RS

Nesse inicio de século XXI, a fotografia ganha o estátus de Fine art. Se antes, essa condição, se propunha as outras

linguagens, hoje, divide o espaço com a pintura, gravura e escultura. Galerias específicas para fotografia são abertas nos grandes

centros urbanos, criando um novo conceito comportamental no colecionismo e no mercado de arte. Porto Alegre já acompanha essa nova tendencia, e galerias de fotografias estão surgindo para atender e dar vazão a esse novo

conceito.

Dentro dessa realidade surgiu a Werra Fotogaleria, que não iniciou como galeria,mas loja virtual, num sistema

i�nerante de exposições fotográficas, montadas em lugares frequentados por pessoas que possuiam um perfil de consumidores de

artes. Esse formato funcionou bem dando suporte aos negocios na loja virtual. Mas, a demanda exigiu dos organizadores a

necessidade de criar uma loja fisica, que pudesse oferecer estrutura adequada e conforto aos compradores.No espaço fisico, se

encontram o acervo das criações dos fotógrafos Ricardo Neves,( fotógrafo do co�diano) Claudio Ramos;(fotografia urbana );Bruno

Prisco Junior;( natureza)Raul Krebs;(publicitárias e autoral)e, Mário Rui; (natureza e urbana).

A curadoria é assinada pela arquiteta Adriana Neves. Ela trabalha com temá�cas que sa�sfazem as exigências de um

público assumidamente moderno, com opinião definida sobre as obras que vão buscar na galeria. Para Adriana, conhecer essa

clientela, significa, entender o mercado, e, saber que imagens os fotógrafos representados pela galeria, podem oferecer à esse

público.

As novas técnicas de copiagem, permitem que as fotografias concorram com as obras de outras linguagens, ao usar

papéis especiais e importados (papel algodão neutro) com pigmento para um clima úmido, esse tratamento nas imagens, pode garan�r

fotografias com durabilidade para mais de 200 anos, exigência feita por museus, colecionadores e galeristas. Na Werra, essas imagens

tem a �ragem limitada ( 06 e no máximo30) assinadas e acompanhadas pelos autores em todo o processo de realização das cópias,

inclusive na escolha da madeira para as molduras. Os profissionais da galeria, viajam pelo mundo, em busca das melhores resultados,

todos empenhados em fazer da fotografia obra de arte e meio de expressão, destacando a flexibilidade dentro dos conceitos da

concepção, e desprender-se de uma verdade visual; intervindo sobre o que se supõe real. Esse novo aspecto na fotografia, trouxe um

novo fôlego aos profissionais; que trabalham com obras des�nadas as galerias (colecionismo), e/ou com a fotografia como objeto de

arte. Eles suprem as nescessidade desse mercado, cada vez maior e mais exigente. Trabalhando com clientes bem informado sobre

essa nova tendência,as galerias procuram as obras que sa�sfaçam suas nescessidade contemporâneas,ao abordar temas abstratos,

arquitetura, cidades,gente,objeto, natureza, foto a cores e preto e branco. São imagens para figurar nas paredes de residências,

escritórios de grandes corporações, consultórios e ins�tuições.Clientes que comparecem algumas as vezes ,munidos da consultoria

de arquitétos, ou profissionais do setor. O mercado alinha-se e adequa-se a esse novo seguimento. As Galerias de Fografias, se

proliferam conquistando espaço e frequentadores assíduos, gerando um bom volume de negócios aos realizadores do setor.

Werra Fotogaleria | Avenida Plínio Brasil Milano, 344 | Porto Alegre| RS | Foto: Adriana Neves

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FOTOGRAFIA MERCADO DE ARTE|

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DISCOGRAFIA

LEANDRO MAIA Suíte Maria Bonita e Outras Veredas

Nos corredores do Pós Graduação em Música da UFRGS, em janeiro deste ano, encontrei Leandro Maia, meio na correria, mas com um

tempinho para uma rápida conversa. Ele carregava na mochila uma cópia de seu terceiro disco, “Suíte Maria Bonita e Outras Veredas”,

lançado em novembro de 2014 com produção musical de André Mehmari. Fazia tempo que eu queria ouvir esse disco, tão bem falado no

meio musical, citado entre os dez melhores discos do ano pelo jornal Zero Hora e considerado dentre os 100 melhores discos do ano pelo

site o Embrulhador. Ao pegar o disco na mão, deparei-me com um bonito material gráfico, algo esperado de uma obra de Leandro, que a exemplo de

seus dois primeiros e premiados discos “Palavreio” e “Mandinho”, apresenta um layout agradável aos olhos. “Em Suíte Maria Bonita e

Outras Veredas”, o produtor e pianista André Mehmari transcende o o�cio de produtor e veste-se de fotógrafo. Segundo Leandro, a ideia

inicial seria ter uma arte ligada ao elemento “barro”, terra. Mehmari considerou que esse elemento não refle�ria a “luminosidade” do

disco, elegendo, junto a Leandro, o conceito “flor” para a arte visual do disco. A par�r disso, munido de sua câmera fotográfica, buscou

flores em objetos diversos, tais como ladrilhos, arabescos, cerâmicas, luminárias. O resultado disso foi um bonito trabalho visual,

diagramado pelo competente Valder Valeirão. Após esta boa impressão visual, coloquei o disco no CD player. E que maneira de iniciar um disco! Um solo de flauta e piano dos

virtuosos Pedrinho Figueiredo e André Mehmari, seguido da voz aguda e caracterís�ca de Leandro. Um cross over de

produtores/instrumen�stas, Pedrinho, o produtor do primeiro disco de Leandro, e Mehmari, o produtor deste úl�mo, dois bons

produtores e excelentes instrumen�stas. A obra inicial que dá nome ao disco, “Suíte Maria Bonita”, parceria de Leandro com Mehmari, é

um delicado ode ao feminino, dividido em cinco pequenos movimentos, evocando o conceito TAO, água, fogo, terra, madeira e metal. Após a suíte, Leandro apresenta um enxurrada de par�cipações especiais com ar�stas de alto calibre. Na faixa dois, “Histórias

de nós dois”, um mosaico citando personagens literários de Cervantes, Érico Veríssimo e Guimarães Rosa, ouvimos a voz de Marcelo

Delacroix, co-autor da canção. Em “Eu Nuvem”, o convidado é Vitor Ramil. O violonista Thiago Colombo e o vibrafonista Antônio Loureiro

aparecem em “Passarim Minguilim” (co-autoria de Leandro com Colombo), e o fago�sta Fábio Mentz par�cipa da faixa treze, “Caminho

da Roça” (parceria composicional de Leandro com Mentz). As vozes singulares de Sérgio Santos, em “Sobressalto”, e Sílvio Mansani, em

“Seguiu viagem”, dão uma vivacidade �mbrís�ca vocal muito interessante ao disco. E por fim, a surpreendente Maria João Grancha

aparece na canção “Waterfall”, para mim, a faixa mais interessante do disco. Para Leandro “a par�cipação da Maria João é fundamental,

pois ela parece ter incorporado em apenas uma música todas as mulheres do disco”. Como músicos de apoio aparecem Neymar Dias

(contrabaixo acús�co, violão de aço e viola caipira) e Luke Faro (bateria), além da par�cipação de Miguel Tejera (baixo elétrico) em

“Diadorim”. O encontro entre André Mehmari e Leandro Maia deu-se em 2009 na cidade de Londrina. Desde lá a parceria prolífica apareceu

em obras dos dois músicos. Leandro par�cipou do disco “Canteiro” de Mehmari e Mehmari par�cipou do disco “Mandinho” de Leandro.

Segundo Leandro, a composição das canções do disco iniciou em 2009 e foi concluída em 2013, ano em que foi contemplado com o Prêmio

FUNARTE de Música Brasileira para financiar seu disco, tendo inserido as canções “Waterfall” e “Eu-Nuvem” após o projeto ter sido

enviado. O álbum foi gravado em quatro cidades, Porto Alegre, Pelotas, São Paulo e Lisboa. Leandro conta que a sessão de gravação em

Lisboa foi uma das experiências mais marcantes de sua vida:“Gravamos com a Maria João em Portugal, no estúdio Atlân�co Blue - indicado pelo Mário Laginha. É um lugar maravilhoso. Fomos eu e

André para Lisboa, onde também fizemos um concerto. Waterfall foi gravada ao vivo, piano e voz em apenas uma sessão. "Praieira" foi

feita sobre a base gravada no Estúdio Monteverdi e conta com uma par�cipação incidental da João. Sobre Waterfall, eu não �nha a

mínima ideia de como seria o resultado, fiquei impressionado e realizado. Acho que é uma experiência esté�ca absurda” Mestre em Literatura Brasileira pela UFRGS, Leandro é professor de Música na Universidade Federal de Pelotas. Ao ser

perguntado como concilia a a�vidade de professor com a carreira ar�s�ca, ele responde que seu trabalho, cada vez mais, entrelaça-se,

mantendo a canção como centro de sua atuação ar�s�ca e docente. “Acho que esta é uma conquista importante, manter-se na música de

forma cria�va sem se deixar cair nos meandros burocrá�cos a que somos subme�dos. Não acredito em professor de música que não seja

músico e acho que, quanto melhor músico, melhor professor serei”, diz Leandro. Sua pesquisa acadêmica é sobre o estudo da canção e

lamenta que seus discos não sejam aceitos como produção intelectual em alguns cursos de música, embora aceitos em outras áreas. Podemos aguardar um novo EP de Leandro Maia ainda em 2015. A música gaúcha agradece!

Por Alexandre Fritzen da Rocha

de Porto Alegre/RS

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Foto Leandro e Mehmari/Divulgação

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MEU BLOCO NA RUAO CARNAVAL DE RUA EM PORTO ALEGRE

Por dePaulinho Parada/Paulo F. Parada Porto Alegre/RS

ARTIGO

Já fui um folião em Porto Alegre, ves� fantasia e, se bem lembro, fiz trenzinho. Mas a grande problema�zação que me rodeou em vésperas de carnaval foi compreender como tudo funciona. Quem organiza? Quais as origens? Desde quando e por quê(m)? Ou seja: situar no tempo e no espaço a música dos blocos de Porto Alegre. Em uma pesquisa realizada nos primeiros vinte dias do mês de janeiro de 2015, consegui inves�gar parte dessas informações, levantando novas questões para serem esclarecidas em momento posterior.

Encontrei-me com Thá Gonzalez e João Carlos Siegmann Mar�ni, músicos atuantes do carnaval de rua em Porto Alegre. Em 12 de janeiro es�ve na rua João Alfredo, bar Psiquiatra, onde combinei o encontro com João Carlos Siegmann (conhecido também como Jc ou Pio). Jc toca trompete, saxofone e flugelhorn em alguns blocos de Porto Alegre, onde ressalta seu envolvimento com a Turucutá. Nascido no ano de 1954, considero Jc um veterano do carnaval: iniciou seu contato com o universo dos blocos em 1974 na banda marcial do colégio Julinho. Segundo Siegmann, as escolas de samba dialogavam com os blocos de clubes, cada bairro �nha sua sociedade e, por sua vez, seu bloco (cordão). Não raro os músicos eram recrutados das bandas marciais dos colégios. Outro fato interessante da época: a frequente interação musical entre as escolas de samba e os blocos de clubes – as escolas de samba �nham naipe de sopro e sotaque gaúcho, u�lizando também o sopapo (instrumento percussivo afro-gaúcho). Quando falamos em sopapo é impossível não lembrar de Giba Giba (1940-2014), músico querido pelo povo gaúcho.

No final dos anos oitenta e início dos anos noventa, ocorreu a decadência dos carnavais de clube. Talvez, por esse mo�vo, encontramos a explicação pelo qual os foliões foram às ruas e hoje os blocos estão crescendo em Porto Alegre. Ao recordar os principais clubes que deixaram de apresentar seus blocos nos anos oitenta e noventa, Jc destaca os blocos que eram sociedades, são eles: Teresópolis (do Teresópolis Tênis Clube), Gondoleiros, Gaúcho (do Grêmio Náu�co Gaúcho), Bloco Madepinho (Sociedade Rio Grandense Cavalhada), Partenon, Satélite Pron�dão, entre outros. O andamento dos sambas e das marchinhas também foi alterado, hoje percebemos uma aceleração: calculei o número de ba�das por minuto (bpm) considerando a semínima, em 1992 a escola de samba Praiana u�lizou o andamento mais ou menos igual a 130 bpm e, já em 2014 mais ou menos 160 bpm. É importante ressaltar que an�gamente as escolas de samba desfilavam com o andamento entre 80 a 110 bpm. Em meados dos anos 70 e 80, os blocos de clubes desfilavam com as escolas de samba, essa interação foi pra�camente ex�nta. Jc recorda dos coretos de bairros, onde an�gamente se desfilava nos bairros Meninos Deus e Santana. Porto Alegre cresceu e nos anos noventa e primeira metade da década de 2000 já não se fazia mais carnaval de rua, não �nhamos os cortejos da Saldanha, Rua do Perdão, Santana e da Banda De K. Em suma: não �nhamos uma manifestação cultural do carnaval de rua e, segundo Jc, isso ocorreu devido à ex�nção das sociedades/clubes de bairros em Porto Alegre.

Essa condição mudou e, a par�r de 2007, os blocos de rua ressurgiram em um movimento rela�vamente pequeno, inicialmente sem apoio ou patrocínio. O movimento de foliões e blocos cresceu, de algumas centenas de pessoas contamos hoje dezenas de milhares. Para Siegmann a descentralização é necessária, orientando os blocos para uma organização de desfiles em diversos pontos da capital gaúcha. Atualmente, contei 24 blocos que par�cipam da agenda do carnaval de rua em Porto Alegre. Entretanto, os principais blocos que acompanharam o ressurgimento do carnaval de rua são Bloco da Laje, Turucutá, Fora da Área de Cobertura, Bloco do Passarinho, Maria doBairro, Rua do Perdão, entre outros. Uma utopia pessoal que Jc me confidenciou é o resgate das an�gas marchinhas preponderando o carnaval de rua.

Em meu encontro com Thá Gonzalez (integrante da Turucutá) no bar Parangolé, percebi outras visões sobre o carnaval de rua. Segundo Thá, a Turucutá começou em 2007 mo�vada pelas rodas do grupo Central do Samba no Boteco do Paulista (próximo ao Gasômetro, zona central de Porto Alegre). É necessário salientar o viés social dos projetos da Turucutá e Areal da Baronesa, onde são ministradas oficinas de percussão. Thá Gonzalez afirma que “o carnaval de rua acaba sendo algo à parte do carnaval espetáculo”, os novos blocos cumprem um papel “para fortalecer a liberdade e a necessidade da rua”. Naturalmente, a centralização de grande número de foliões na Cidade Baixa transtorna uma parte dos moradores locais. Reuniões são realizadas entre os representantes dos blocos, representantes dos órgãos públicos de Porto Alegre e Associação dos Moradores da Cidade Baixa. Thá acredita no diálogo e conciliação de interesses entre as partes interessadas, afinal o movimento é recente e todos “estão aprendendo como se faz junto aos órgãos públicos, carnavalescos e comunidade local”.

Sobre o repertório apresentado pelos blocos, encontramos marchinhas, mpb, sambas e outros es�los. Dependendo do bloco a bateria (percussão) pode contar com até 30 integrantes, tocando surdo, repinique, caixa, tarol, tamborim, agogô, chocalho e malacacheta. Na harmonia temos violonistas, cavaquinistas, sopros e vocalistas. Alguns blocos u�lizam bateria, guitarra e contrabaixo elétrico. Os locais de apresentação dos grupos que par�cipam dos blocos não se resumem apenas às ruas: foi bonito assis�r a Turucutá realizar a abertura da Velha Guarda Portela no Parque Farroupilha (mais conhecido como Parque da Redenção), no dia 28 de novembro de 2014, em comemoração aos 80 anos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Thá Gonzalez e Jc Siegmann orientaram a pesquisa e sugeriram que eu entrasse em contato com veteranos do carnaval de rua: Pernambuco e Paulo Romeu. Infelizmente, o tempo ú�l para escrever o ar�go não permi�u com que os outros encontros tomassem forma. Fica a dica para os interessados, novas pesquisas são necessárias. Um estudo interessan�ssimo sobre a escola de samba Bambas da Orgia, é o ar�go cien�fico de autoria da professora Luciana Prass: Saberes musicais em uma bateria de escola de samba (1998/99), desvelando os rituais que ocorrem entre os músicos da bateria da escola. O ar�go de Prass encontra-se disponível na internet, apesar de abordar a escola de samba e não os blocos de rua, seu texto ajuda a elucidar as diferenças entre o carnaval de rua e o carnaval espetáculo realizado pelas escolas de samba. Algumas informações aqui con�das são frágeis – não posso esclarecer com precisão o ano de advento dos blocos de rua, sua decadência e ascensão, não há estudos significa�vos sobre o caso – mas é correto afirmar que as informações apresentadas pelos entrevistados coincidem com os dados coletados no ciberespaço e, ainda, fazem parte da memória cole�va de Porto Alegre.

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Jornal de Artes| | | Abril 2015 12»

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Jornal de Artes| | | Abril 2015 14»

LILITHa força, a fúria e a beleza de um mito

TEATRO

Poema cênico inspirado na história mitológica da 1ª mulher do universo, que se rebelou contra Deus e o homem e fugiu para o submundo, tornando-se um demônio ameaçador.

Ligada aos grandes mitos da criação, a primeira mulher do Universo, Lilith, foi expulsa do Jardim do Éden por impor seu pensamento a Adão e entrar em desacordo com Deus. Rejeitou ser submissa ao parceiro, preferindo ir ter com os demônios no Mar Vermelho. A imagem densa que surge deste confronto ganhou várias versões ao longo dos séculos. Para uns, o mito se transformou no demônio bárbaro capaz de seduzir e matar crianças e homens, sendo expressão maligna das sombras. Para outros, tornou-se a poderosa expressão do poder feminino que teve a coragem de enfrentar o mando patriarcal, sendo assim a primeira feminista da História. Em uma mistura de mistério, sedução e devaneio o espetáculo “Lilith” ganha nova montagem da Cia. Teatro da Transcendência após 11 anos de sua estréia no Rio de Janeiro.

Na versão atual do espetáculo a autora Camila Diehl exercita a autodireção usando a linguagem do teatro gestual e da dança butoh, para mergulhar ritualis�camente na alma da controversa personagem, condenada à solidão e às trevas eternas. A peça apresenta o embate da mulher primi�va com seu criador e com seu parceiro, ao ques�onar e desafiar a supremacia masculina. Dividida o céu e o inferno, a mitológica Lilith escancara sua fúria, sua revolta, seus medos, desejos e ins�ntos. Par�turas de voz e movimento foram minuciosamente construídas durante os ensaios, inspiradas em animais, elementos da natureza e símbolos religiosos. Trazendo um ar contemporâneo à encenação, um ves�do de noiva an�go com uma longa cauda foi customizado, revelando partes expressivas do corpo da atriz, que apresenta cabeça raspada e aspecto andrógino. Do alto vemos pender um vitral como referência ao divino.

O MITO

A história de Lilith tem origens longínquas que se situam na velha Babilônia, onde os an�gos semitas adotaram as crenças de seus predecessores, os sumérios, por volta de 3000 A.C. Embora existam muitas contradições e enigmas a respeito do mito, Lilith sempre aparece como uma força que se contrapõe à bondade de Deus. No Zohar, o mais influente texto hassídico, século XIII, Deus criou Adão macho e fêmea, depois cortou-o ao meio e chamou a esta nova metade Lilith. Oferecida em casamento a Adão, Lilith recusou se tornar desigual e fugiu para ir ter com o Diabo. Deus tomou uma costela de Adão e criou Eva, mulher submissa, dócil e inferior perante o homem. Segundo as versões aramaica e hebraica do Alfabeto de Ben Sirá, século VII, todas as vezes em que Lilith e Adão faziam sexo, ela se mostrava inconformada em ter de ficar por baixo dele, suportando o peso de seu corpo. Mas Adão se recusava a inverter as posições e Lilith, revoltada, pronuncia nervosamente o nome de Deus, faz acusações ao companheiro e vai embora, rumo ao Mar Vermelho, onde habitavam os demônios e espíritos malignos.

Apagada da Bíblia Cristã, apesar do livro do Gênesis trazer uma passagem que sugere que o ser humano teria sido criado “homem e mulher”, Lilith permanece como símbolo de rebelião à repressão do feminino na psique e na sociedade. Iden�ficada como um demônio que excita a luxúria, Lilith domina a noite com sua sensualidade destru�va e descontrolada, seduz e enlouquece os homens, rouba as crianças e traz a perdição. Ela também foi relacionada com o Espírito do Vento, o mais repugnante e monstruoso dos demônios sumério-acadianos. Nas an�gas esculturas e gravações em pedra surge uma mulher corpulenta, de seios fartos e boca sensual, cuja energia agressiva tem uma profunda vibração. As pernas femininas são patas de animais com garras de abutre e seus cabelos se transformam em serpentes. De expressão sorridente e provoca�va, Lilith apresenta asas. Ao seu lado, estão as figuras lunares de dois cães e duas corujas.

O Teatro da Transcendência tem em seu currículo as seguintes montagens: Lilith, baseada na história mitológica da primeira mulher do universo (2004). Ecos da Alma, uma fábula sobre a impossibilidade do amor (2004 / 2005). Aeternita�s, tríade de peças inspiradas no mito de Eco e Narciso (2005). Sistema Quân�co, o encontro de cinco personagens sob o olhar da �sica quân�ca (2005). Silenciosas Sen�nelas de Pedra, uma trágica história ambientada em um casarão sombrio (2006). Amêndoas e Caracóis, inspirada na jornada de vida do ser humano através dos Arcanos Maiores do Tarot (2007 e 2010). Eres Kigal – esculturas, espetáculo-exposição em que um ar�sta exibe suas excêntricas obras de arte (2007 e 2010). Soh, a lenda da Mulher de Saturno sob uma esté�ca Zen-Budista (2008). Poema das Cinzas, narra a trajetória de um homem condenado por matar o próprio pai (2012). O Monólogo da Boneca, apresenta uma boneca de silicone, projetada para fins sexuais, que ganha vida com um coração ar�ficial (2013). Durante as temporadas de seus espetáculos a companhia promoveu debates com profissionais de diversas áreas e organizou oficinas e workshops de Teatro, Musicalização e Meditação, ministradas por seus integrantes.

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FICHA TÉCNICA:Texto, Direção e Interpretação: Camila DiehlAssistência de Direção: Marcelo Fan�nMúsica original: Luciano Leite BarbosaPianista: Rebeca DacollConfecção de Cenário: Júlia DiehlFigurino e Iluminação: Marcelo Fan�n e Camila DiehlFotografia: Rubin Diehl Filho e Marcelo Fan�nArte gráfica: Camila DiehlProdução: Cia. Teatro da Transcendência

SERVIÇO:Data: 04 a 26 de abril de 2015 sábados e domingos, 20hLocal: Teatro Da Transcendência Centro de Integração e Arte (R. Vieira de Castro nº 145, Farroupilha, Porto Alegre)Lotação: 50 espectadoresDuração: 55 minutosIngressos: R$ 20 (inteira) | R$ 10 (sênior, estudante, classe ar�s�ca)Classificação etária: 12 anos

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Liderança nua e crua - Decifrando o lado masculino e feminino de liderarAssunto: Psicologiaautor: Livia MandelliEste não é um livro sobre mulheres ou para mulheres, e sim uma visão sobre o lado feminino do comportamento organizacional refle�do diretamente em todas as a�tudes dentro das empresas e consequentemente na sua cultura. Afinal, muito se sabe sobre as prá�cas e comportamentos masculinos ao exercer a liderança, mas cada dia mais percebem-se traços de comportamento femininos presentes nas lideranças de sucesso. A interposição dos comportamentos feminino e masculino é a melhor pra�ca para se obter sucesso como líder.

Pensar bem nos faz bem! 3 - Fé, Sabedoria, Conhecimento, FormaçãoAssunto: Filosofiaautor: Mario Sergio CortellaFé, sabedoria, conhecimento e formação são temas bastante discu�dos e relevantes para o ser humano na busca pela construção de um indivíduo. Tendo como inspiração esses temas, o autor Mario Sergio Cortella elaborou o terceiro volume do "Pensar bem nos faz bem! - Pequenas reflexões sobre grandes temas". Como os dois volumes anteriores, o livro é baseado nas falas diárias do autor na rádio CBN e trazem o olhar da Filosofia sobre temas do quo�diano.

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ERA PRA SER BREVELITERATURA

Por deClauveci Muruci Porto Alegre/RS

Escrever é uma forma de gra�dão e também de amor aos leitores que o texto se propõe a�ngir. Uma espécie de presente,

ou muito mais que isso,o inusitado que se oferece na forma de vômito criador. Quando um autor, consegue a�ngir os leitores na

intensidade que possa mudar sua maneira de pensar, ou ainda, ampliando essa criação a cada nova leitura e, por assim, apropriando-

se dessa criação com novas interpretações, tornando cada leitor em coautor desse conteúdo.O livro “Era pra ser breve”, poema/prosa de Dênia DaRosa, (Imprensa Livre) conduz-nos aos relatos de algumas

paixões. Pelo que se pode perceber, não são simplesmente paixões, essas que a autora nos relata, com eixo narra�vo

fragmentado, onde ela revela um conteúdo confidencial com linguagem cuidadosamente elaborada.Dênia DaRosa escreve sem preocupação nenhuma de agradar, a não ser ela mesma, e quando ela escreve para ela, acaba

escrevendo para uma mul�dão. Sua prosa/poesia transcende ao lugar comum e por isso mesmo, a�nge-nos em cheio no peito. Um

livro bom de ler mais de uma vez, duas, três, quem sabe quantas? Transparece sensualidade latente em cada verso, sem qualquer

auto-sensura, como poderia haver quando se faz poesia com tanta intensidade?“No cálice dos olhos a transbordar pétalas, nos dois refle�ndo a

solidão de um só...Carecia esquecer do amor, a úl�ma fala, A úl�ma foda, a

úl�ma vez.”. Lamento, pág, 16Há os que fazem poesia, e há os que fazem poesia

cria�vamente para arrebatar. O inesperado nos ca�va na poesia de Dênia

DaRosa, ao ponto de nos tornar leitores dependentes e constantes. Ela vai

fundo, ao ponto de o leitor se apossar do verso, e querer para si todas essas

emoções, essas vivências, essas volúpias. Quando um autor consegue

arrebatar sen�mentos nos leitores dessa magnitude, percebemos que esse

autor é feito de outro barro.“Nada de mesmices, ro�nas dessigfinificadas, rimas repe�das,

contos paté�cos com começo, meio e fingimentos. Basta de sapato e bolsa

combinando, de clichês nauseabundos, de relacionamentos moribundos e

de formalidades com terno e gravata...”. Arrebatamento, pág 96Os versos nos surpreende como um copo de água gelada na

cara. Foram escritos para por em prova nossa sensibilidade. Esses serão

capazes de beber nessa fonte. Há quem goste do verso técnico, bem

elaborado, bem comportado, que diga somente o dizivel aos bons

costumes, púdico, insosso talvez, mas sem fazer corar. Quem �ver coragem

de ir ao fim da úl�ma página, ganhou o dia, a semana, o mês. Bebeu na fonte

mais pura, na mais cruel e talvez na mais verdadeira.“Entrou e pediu ao garçom: “um café forte, quente e doce!

Como os melhores amantes”. Na cafeteria. Pág. 42.

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Cidreira com olhos

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