abrente nº 44

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Vozeiro de Primeira Linha www.primeiralinha.org Ano XII • Nº 44 • Segunda jeira • Abril, Maio e Junho de 2007 Sumário Editorial 3 Algumhas reflexons sobre o sindicalismo realmente necessário Berta Lopes Permui 4 Galiza, 2002-2007: Cinco anos de presença independentista e comunista na Internet 4-5 A precária e velha proposta do neo-progressismo pequeno-burguês Carlos Morais 6-7 Cuba: As suas luitas e o seu presente Alejandro Fuentes 8 Apresentaçom pública de Dez por Dez A greve do proletariado do naval de Vigo e a firme resistência protagonizada polos mariscadores da ria de Ferrol para evitarem a posta em andamento da planta de REGANOSA, som a outra cara da Galiza mansa e submissa que promovem as forças do siste- ma. A Galiza rebelde que nom se submete, nem cala, fai parte da realidade que nos querem ocultar e, sem o seu desenvolvimento e auto-organizaçom, a nossa classe e o nosso País carecem de futuro. A vitória atingida novamente polo proletariado viguês dos es- taleiros de Barreras, Vulcano, Freire e Methalships, após quinze dias de luita exemplar, e a coragem dos mariscadores e marisca- doras de Ferrol marca a rota a seguir se nom quigermos continu- ar a padecer retrocessos nas conquistas sociais e na destruiçom meio natural da Galiza por um capitalismo cada dia mais brutal e predador. A classe operária de Vigo, seguindo a melhor tradiçom da sua brilhante experiência histórica, voltou a demonstrar que o patro- nato e a burguesia só podem ser vencidos mediante a unidade operária e a luita combativa. Sem ocupar a rua, questionar a falsa normalidade “democrática”, exercendo a democracia operária na orientaçom e direcçom da luita, é impossível conquistar direitos e evitar mais agressons. Unidade e combate fôrom os elementos determinantes para lograr o que semelhava difícil de lograr: que o patronato das em- presas do naval cumprissem o acordo atingido na greve do ano passado. Desta forma, o naval de Vigo voltou a escrever umha das pági- nas mais brilhantes da história proletária da Galiza. A planta de gás situada em Mugardos é umha autêntica bomba-relógio permitida polo PP, PSOE e BNG, numha zona tam densamente povoada como é a ria de Ferrol. Mas a defesa dos interesses privados de Tojeiro, de Caixa Galicia, Caixa Nova, Ban- co Pastor, Endesa e Fenosa por parte das instituiçons públicas e dos partidos vendidos aos mesmos estám a enfrentar umha firme Sem luita nom há futuro

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Publicaçom de Primeira Linha, organizaçom comunista e independentista galega.

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Page 1: Abrente nº 44

Vozeiro de Primeira Linha www.primeiralinha.org Ano XII • Nº 44 • Segunda jeira • Abril, Maio e Junho de 2007

Sumário

Editorial

3 Algumhas reflexons sobre o sindicalismo realmente necessário

Berta Lopes Permui

4 Galiza, 2002-2007: Cinco anos de presença independentista

e comunista na Internet4-5 A precária e velha proposta do neo-progressismo pequeno-burguês

Carlos Morais

6-7 Cuba: As suas luitas e o seu presenteAlejandro Fuentes

8 Apresentaçom pública de Dez por Dez

A greve do proletariado do naval de Vigo e a firme resistência protagonizada polos mariscadores da ria de Ferrol para evitarem a posta em andamento da planta de REGANOSA, som a outra cara da Galiza mansa e submissa que promovem as forças do siste-ma. A Galiza rebelde que nom se submete, nem cala, fai parte da realidade que nos querem ocultar e, sem o seu desenvolvimento e auto-organizaçom, a nossa classe e o nosso País carecem de futuro.

A vitória atingida novamente polo proletariado viguês dos es-taleiros de Barreras, Vulcano, Freire e Methalships, após quinze dias de luita exemplar, e a coragem dos mariscadores e marisca-doras de Ferrol marca a rota a seguir se nom quigermos continu-ar a padecer retrocessos nas conquistas sociais e na destruiçom meio natural da Galiza por um capitalismo cada dia mais brutal e predador.

A classe operária de Vigo, seguindo a melhor tradiçom da sua brilhante experiência histórica, voltou a demonstrar que o patro-nato e a burguesia só podem ser vencidos mediante a unidade operária e a luita combativa. Sem ocupar a rua, questionar a falsa normalidade “democrática”, exercendo a democracia operária na orientaçom e direcçom da luita, é impossível conquistar direitos e evitar mais agressons.

Unidade e combate fôrom os elementos determinantes para lograr o que semelhava difícil de lograr: que o patronato das em-presas do naval cumprissem o acordo atingido na greve do ano passado.

Desta forma, o naval de Vigo voltou a escrever umha das pági-nas mais brilhantes da história proletária da Galiza.

A planta de gás situada em Mugardos é umha autêntica bomba-relógio permitida polo PP, PSOE e BNG, numha zona tam densamente povoada como é a ria de Ferrol. Mas a defesa dos interesses privados de Tojeiro, de Caixa Galicia, Caixa Nova, Ban-co Pastor, Endesa e Fenosa por parte das instituiçons públicas e dos partidos vendidos aos mesmos estám a enfrentar umha firme

Sem luita nom há futuro

Page 2: Abrente nº 44

Nº 44. Abril, Maio e Junho de 2007�

oposiçom por parte dos sectores popu-lares que vem perigar os seus meios de subsistência.

Esta resposta popular deve continuar e estender-se, e o novo Governo municipal de Ferrol, integrado por umha força polí-tica, IU, até hoje contrária à localizaçom de Reganosa em Mugardos, deverá tomar partido claro e urgente em defesa dos in-teresses da maioria.

Novamente, a liçom que se tira destas experiências é que sem luita nom há futu-ro. Mas também é necessário contarmos com amplas e flexíveis redes de auto-or-ganizaçom operária e popular essenciais para impulsionar e orientar as luitas, complementares com as organizaçons revolucionárias que liguem os objectivos imediatos com os estratégicos. Suprimir a precariedade laboral ou frear projectos altamente contaminantes só será possível superando o capitalismo e a dependência nacional que padece Galiza.

As municipais de MaioOs resultados das eleiçons municipais

de 27 de Maio nom apresentam novidades significativas no panorama institucional da Comunidade Autónoma. Constata-se a lenta mudança no comportamento elei-toral do País, iniciada nas autonómicas de Junho de 2005, sintetizada no devalar paulatino do PP, no incremento do PSOE e no estancamento com tendência em baixa do BNG. Porém, estes dados gerais devem ser debulhados para podermos extrair um diagnóstico rigoroso.

O índice de participaçom foi menor ao de 2003, em plena ressaca dos efeitos do Prestige. Nesta ocasiom, 36.75% d@s vo-tantes optárom por nom participar, frente aos 33.7% de há quatro anos. A absten-çom confirmou a sua condiçom de “primei-ra força”, a muita distância da segunda. 977.322 galegos e galegas optárom por nom ir votar nas eleiçons, o que represen-ta um significativo aumento em relaçom a 2003.

ou nulo. Mas também impulsionava duas candidaturas, Ponte Areas e Vigo de Es-querda, com resultados desiguais. No caso de Ponte Areas, os resultados devem ser qualificados de dignos e moderadamente positivos, porquanto com 159 votos logra um apoio de 1.26%, o que significa mul-tiplicar por sete os apoios recebidos por NÓS-UP nas eleiçons europeias de 2004 e nas autonómicas de 2005.

Em Vigo, a experiência deve ser qua-lificada de negativa, pois atingiu um resul-tado testemunhal claramente inferior às suas possibilidades e expectativas. Os 313 votos, 0.21%, de Vigo de Esquerda, nom logram mais que superar ligeiramente os resultados de NÓS-UP nas europeias e au-tonómicas, e situam-se abaixo dos 0,36%, 549 votos, da FPG.

Em Cangas, umha coligaçom da FPG com Izquierda Unida e outros colectivos, portanto nom exactamente enquadrável na esquerda soberanista, conseguiu um destacável resultado, com 3 vereadores, conseguindo condicionar a formaçom de um novo governo.

Contrariamente ao que se pode ex-trair desta modesta experiência eleitoral, a esquerda independentista tem que se-guir construindo simultaneamente força social e aspirar a dotar ao movimento po-pular da representaçom política que a dia de hoje carece.

A recomposiçom da esquerda soberanista

A unidade de acçom de todas aquelas correntes políticas e sociais situadas nos parámetros da esquerda e o soberanismo é imprescindível para superar a actual fragmentaçom que impossibilita optimizar as potencialidades, agindo como um re-ferente amplo, se bem que caracterizado pola pluralidade política e ideológica.

Tal como sempre defendemos e pro-movemos, Primeira Linha tem a firme determinaçom de consolidar todas aque-las experiências encaminhadas a superar um dos problemas crónicos da esquerda independentista. As possibilidades gera-das na actualidade nom podem ser desa-proveitadas, sendo necessário agir com a suficiente flexibilidade e olhar estratégico que permita abrir um processo de colabo-raçom, somando vontades, multiplicando referencialidade e ocupando a rua, para situar o exercício do direito de autodeter-minaçom como elemento chave e inelu-dível na construçom nacional da Galiza a partir da esquerda.

Editorial

PublICIDADE

Quiroga Palácios, 42 (rés-do-chao)15703 Compostela-Galiza

[email protected]

Tel.: 981 566 980Tel./Fax: 981 571 373

Rúa Nova, 36 • Santiago

O PP segue a ser a força mais vota-da com 39.8%, embora perda mais de 45 mil votos, quase 2%. O mais significativo é que nom poderá governar em nengumha das grandes cidades, ao perder a maioria absoluta que desfrutava em Ourense e a maioria aritmética que lhe possibilitavam os seus sócios de governo para continu-ar à frente de Ferrol. Também destaca a perda da Deputaçom Provincial de Lugo e que continua a retroceder na da Corunha. Ao contrário do que se podia pensar, o PP incrementa votos nas grandes cidades, destacando Vigo, Compostela e Ourense, embora insuficientes para governar.

O PSOE continua com a tendência alcista, 21 mil votos mais, 29.01%, dous pontos acima dos que tinha em 2003, si-tuando-se como segunda força política e alargando a distáncia em relaçom ao BNG.

Cervantes, 5 baixo VIGO

R/ Camélias, 1036860 Ponte Areas

Tel 986 661 970

Fernando Macías,315004 - A Coruña

www.lumelibros.comTelf.: 981 263 408Fax: 981 264 803

Embora coloque os seus candidatos como presidentes de Cámara das principais cidades com o apoio do BNG, perde as maiorias absolutas da Corunha e Lugo, e recupera Vigo e Ourense.

O BNG segue com a queda paulatina que vem padecendo de maneira inen-terrompida desde 2001. Nesta ocasiom, ainda que incremente o número de cargos públicos, perde 10 mil votos, 1.2%, basica-mente nos grandes núcleos urbanos.

As candidaturas de Terra Galega situ-am-se como quarta força na Comunidade Autónoma, com 33 mil votos (2.05%), por cima de IU que, subindo algo mais de 3 mil votos, atinge mais de 22 mil.

Porém, nesta análise nom podemos obviar os apoios recebidos polas candida-turas denominadas “independentes”, que na imensa maioria dos casos representam

cisons do PP e som projectos localistas so-ciologicamente enquadrados na direita.

Portanto, com este panorama, em que PP e BNG mantenhem a tendência em baixa, enquanto o PSOE e IU sobem, a única novidade é que PSOE, BNG e IU estenderám a fórmula ensaiada na Junta, caracterizada polo continuísmo e carência de vontade política para resolver os mais graves problemas populares. Em definiti-vo, mais do mesmo.

A posiçom da esquerda independentista

Se em 2003 NÓS-UP chamou a votar em “negro”, participando activamente na boicotagem da campanha eleitoral, nes-ta ocasiom a esquerda independentista optou por apelar a nom votar mediante a abstençom activa, ou por votar em branco

Page 3: Abrente nº 44

�Nº 44. Abril, Maio e Junho de 2007

Nada mais longe do objectivo deste artigo que diagnosticar com mágicas so-luçons os múltiplos reptos e problemas do complexo mundo sindical desta Galiza de início de século. Unicamente trataremos apresentar algumhas reflexons que, sem serem novidosas, podem servir de guia, sempre parcial, para umha intervençom sindical transformadora e combativa, que traga soluçons aos limites que hoje se de-tectam arredor do sindicalismo nacional e de classe real, isto é, a Confederaçom Intersindical Galega.

A coerência demonstrada com a tra-diçom histórica do sindicalismo galego, evitando ter assinado qualquer pacto ou acordo social com o Estado ou os re-presentantes da burguesia, debuxando assim umha clara linha divisória entre umha prática sindical conseqüente com os interesses da classe operária e o sub-metimento e domesticaçom ao Capital do sindicalismo amarelo espanhol, da UGT e CCOO; o desenvolvimento organizativo e espectacular crescimento da filiaçom, ou o papel protagonista numha parte impor-tante dos conflitos laborais, pequenos e grandes, presentes na Galiza de Norte a Sul, nom deve servir de álibi para discur-sos triunfalistas que ocultem os défices internos em democracia, pluralismo e na orientaçom da central. Nom só cumpre diagnosticar sobre estes problemas vi-síveis no dia-a-dia; é necessário adoptar medidas para a superaçom dos mesmos, pois do contrário porám em risco o actual avanço da CIG e desfigurarám ainda mais o primigénio projecto sindical comprome-tido com a soberania nacional e o combate ao capitalismo.

Cinco mudanças necessárias

1- O crescimento organizativo do sindica-to tem sido acompanhado por um cada vez mais abafante processo de institucionali-zaçom e burocratizaçom, em que, passeni-nhamente, a filiaçom, basicamente @ tra-balhador/a comprometido com o projecto, foi cedendo espaço à figura d@ liberad@ e d@ delegad@ em horas sindicais, que suplanta a participaçom do conjunto da classe organizada na central por assala-riad@s do sindicato.

Obviamente entendemos que umha estrutura da magnitude que hoje atingiu a CIG seria inviável sem a existência de companheir@s dedicad@s em exclusiva às tarefas, muitas vezes ingratas, do traba-

Algumhas reflexons sobre o sindicalismo realmente necessário

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lho sindical, e que é preciso aproveitar as vantagens de contar com centenas de dele-gad@s para fortalecer e possibilitar mobili-zaçons e as mais diversas iniciativas. Isto é evidente. O que questionamos é a ausência, ao lado d@s liberad@s e delegad@s, de filiaçom militante, de homens e mulheres comprometid@s na luita polos interesses da nossa classe para além dos particulares e legítimas reivindicaçons concretas do seu posto de trabalho. Por parte da direcçom do sindicato, nom se promove a implicaçom do conjunto da filiaçom, apostando erronea-mente em susbtituir a participaçom directa da filiaçom na orientaçom e tarefas da cen-tral sindical pola rede de liberad@s que, por sua vez, se apoiam basicamente sobre @s delegad@s, dominando em muitos ca-sos até extremos abafantes os órgaos de direcçom. Isto provoca enormes défices democráticos, ao substituir a participaçom da classe operária pola burocracia e, si-multanemanete, dificulta elevar o nível de consciência de milhares de trabalhadores e trabalhadoras cuja ligaçom com a CIG se circunscreve a pagarem umha quota, rece-berem o jornal e participarem esporadica-mente em algumha mobilizaçom ou acto, quando som requerid@s. Isto, em parte, explica a baixa participaçom da filiaçom nas mobilizaçons sindicais de carácter mais “político”, como o 10 de Março ou o 1º de Maio, onde mesmo nem acode um conside-rável sector de liberad@s e, muito menos, de delegad@s. A classe trabalhadora orga-nizada na CIG tem que ser a espinhal dor-sal do projecto, nom pode ser susbtituída por uma mastodôntica rede de liberad@s, muit@s dos quais nem procedem do mun-do do Trabalho.

2- Se na década de 70 foi principalmente a juventude operária quem pujo as bases

estreita ligaçom de dependência com o autonomismo, agindo em funçom dos inte-resses políticos eleitorais e institucionais do BNG/UPG. O comunicado da Executiva sobre as eleiçons municipais do passado 27 de Maio é mais do que eloqüente: “Da CIG, fazemos um apelo a todos os traba-lhadores e trabalhadoras galegas a que nom esqueçam, na hora de votarem, que o seu voto tem muito valor, que nom todas as forças políticas defendem os seus in-teresses, que os galegos e galegas temos que apoiar e dar o nosso voto às forças po-líticas nacionalistas de esquerdas, a aque-les que levam anos das instituiçons e das organizaçons sociais luitando pola melho-ria das condiçons de vida e de trabalho dos galegos/as e por instaurar no nosso País umha democracia real. Com o nosso voto aos concelhos podemos contribuir para que a presença que hoje tem o nacionalis-mo nos Concelhos, no Parlamento Galego ou na Junta de Galiza, se veja consolidada e fortalecida, no caminho de fazer do na-cionalismo um movimento social e político maioritário na sociedade galega”.

A actual situaçom que se vive no seio do autonomismo, com um importante con-tingente de quadros do sindicato recen-temente cindidos da UPG, tem provocado umha certa relaxaçom no submetimento do projecto sindical aos interesses do BNG, mas a lógica interna assente em décadas de perseguiçom da dissidência independentista provoca um atmosfera de censura.

Pouco vale manter em determinados conflitos laborais umha posiçom coerente na defesa dos interesses d@s trabalha-doras/es, denunciando as práticas anti-obreiras das administraçons –municipais ou autonómicas– da chamada “mudança”, se em período eleitoral continuarmos

opiniom

a pedir o voto neles ou permitirmos que convertam manifestaçons do sindicato em obscenos actos eleitoralistas. O secretá-rio-geral da central mantém atitudes que negam a pluralidade política e ideológica da central, agindo de forma partidista, mais como militante da UPG que como re-presentante oficial do sindicato.

A esquerda independentista e socia-lista continua a ter enormes dificuldades para agir no interior da central. Continua a estar vetada, continua a padecer censura nos meios de comunicaçom do sindica-to até o paroxismo, quando é ocultada a sua presença nas mobilizaçons e acçons sindicais. Como exmplo, podemos referir como, nos últimos meses, o web da CIG tem censurado reportagens fotográficas em que eram visíveis as faixas de NÓS-UP e BRIGA, substituindo-as polas das juven-tudes do autonomismo.

Algo semelhante acontece na hora de ser exercida, no uso escrito da nossa língua, a liberdade normativa que os Esta-tutos vigorantes estabelecem.

5- Finalmente –estas cinco reflexons em voz alta de umha realidade que cumpre mudar– a CIG nom insiste suficientemente na mobilizaçom operária, para converter a classe trabalhadora no referente e sujeito indiscutível da transformaçom social. Essa dependência táctica e estratégica com os interesses do BNG impossibilita que a CIG poda converter-se num pólo real de luita e movimentaçom social em prol da sobera-nia nacional e contra as receitas do neoli-beralismo. A sua coerente posiçom a favor do direito de autodeterminaçom e contra as reformas laborais está limitada pola submissom à lógica do centrismo regiona-lista. No debate estatutário ou na reforma laboral impulsionada polo PSOE, a CIG só mantivo umha tímida oposiçom retórica, desaproveitando as oportunidades de sair à rua e movimentar.

A CIG tem que fazer da emancipaçom de classe a centralidade do seu discurso perante ambigüidades que dificultam con-tinuar a avançar. A classe trabalhadora organizada na CIG nom “trabalhamos para fazer país” tal como se intitula a his-tória em imagens da central nos primeiros quinquénio deste século, luitamos contra o Capital, por umha Galiza ceive sem ex-ploraçom.

Berta Lopes Permui é membro da Executiva

Comarcal da CIG-Saúde de Ferrol

do projecto no que hoje participamos, actu-almente constatamos as enormes dificulda-des para incorporar mocidade ao trabalho sindical. Som diversas as causas deste fe-nómeno, mas umha delas é determinante. A incorporaçom maciça de juventude ao mercado laboral está intimamente ligada à precarizaçom e eventualidade das relaçons contratuais que dificultam a sua vez repro-duzir o modelo sindical tradicional. A CIG, independentemente das dificuldades objec-tivas que supóm intervir entre um segmen-to com tam baixa consciência de classe e muito influido por condutas alienantes, se-gue sem investir os esforços e energias ne-cessárias para organizar à juventude ope-rária no sindicato, como tampouco promove no seu interior a necessária renovaçom de estruturas promovendo quadros sindicais e responsabilidades entre a juventude actual-mente enquadrada no seu seio.

3- Algo semelhante acontece no referente às dificuldades para que as trabalhadoras assumamos responsabilidades no interior da central. O número de companheiras que a dia de hoje fai parte da direcçom do sindicato é claramente inferior aos 38% de mulheres filiadas actualmente na CIG. Para nom falarmos de sectores produ-tivos em que a composiçom de género é basicamente feminina, como o têxtil ou a conserva. As sucessivas reformas opera-das na estrutura organizativa para regular a presença da mulher nos organismos, assim como espaços para a auto-organi-zaçom feminina, tenhem demonstrado ser claramente insuficientes.

4- A pluralidade ideológica recolhida nos Estatutos é um princípio que nom passa na maioria dos casos de pura retórica. A central sindical continua a manter umha

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� Nº 44. Abril, Maio e Junho de 2007análisE

Foi a 31 de Março de 2002 que o Co-mité Central do nosso partido, dando cum-primento ao mandado do III Congresso que acabava de decorrer três meses antes em Compostela, encentou a caminhada no ámbito das novas formas de comunicaçom possibilitadas pola Internet. Até essa al-tura, Primeira Linha limitava-se aos meios de comunicaçom tradicionais, com umha publicaçom impressa estreada em 1996 –Abrente– e através de eventos e outras iniciativas focadas para os sectores sociais em que vínhamos intervindo no seio do povo trabalhador galego.

Porém, as novas oportunidades abertas pola rede eram já claramente na altura um meio em expansom, com enormes poten-cialidades que sem dúvida poderiam ajudar a pular por cima da censura generalizada nos media tradicionais ao projecto político da esquerda independentista. O passar dos anos só tem confirmado essa previsom, e a evoluçom das visitas ao nosso portal assim o constata.

Na Galiza de 2002, a percentagem de la-res com algum computador era de 37.10%, enquanto os que tinham acesso à rede eram apenas 17.6% –13% dos quais com banda larga–, face aos 40% de média na Uniom Europeia, o que dá ideia do atraso tecno-lógico do nosso país já desde os inícios da extensom da Internet na Europa. Hoje, cinco anos depois, a penetraçom da rede na Galiza atinge apenas 29,6%, com um aumento de doze pontos que nos fai continuar no penúl-timo lugar do ranking do Estado espanhol.

A pesar de confirmar-se o atraso his-tórico imposto à Galiza pola dependência e o capitalismo espanhol, também no acesso às novas tecnologias, hoje ninguém duvida do rendimento político e social do aprovei-tamento das mesmas para os movimentos populares e revolucionários. Umha progres-som mui superior à do aumento de utentes da rede na nossa naçom é a melhor prova dessa evidência.

Assim, em Outubro de 2002, após o pri-meiro semestre de presença na net, o nosso portal tivera 2.814 visitas de 2.661 computa-dores diferentes. Outros seis meses depois, em Maio de 2003, eram já 14.873 visitas de 9.311 computadores. Um ano depois, em Maio de 2004, eram já 23.607 visistas por mês, a partir de 15.732 máquinas di-ferentes; no mesmo mês do ano seguinte, atingíamos 28.986 visitas totais, de 17.326

Galiza, 2002-2007: Cinco anos de presença independentista e comunista na Internet

A precária e velha proposta do neo-progressismo pequeno-burguês

Carlo

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computadores; em Maio de 2006, 46.620 visitantes, provenientes de 21.832 pc’s; e já neste mês de Maio, fôrom 62.169 visitas, o melhor mês em número de visitas desde a activaçom do nosso portal. Delas, 23.994 tivérom origem em diferentes utentes, o que confirma um incremento muito marcado que atinge o seu ponto mais elevado coincidindo com o quinto ano de existência de Primeira Linha em Rede.

O portal do nosso partido tivo, portanto, umha média de visitas diárias superior às 2.000, exactamente 2.005, o que dá ideia da importante massa de visitantes que nos dias de hoje conseguimos atrair, apesar da modéstia de meios técnicos e de todo o tipo que vimos enfrentando desde o primeiro momento em que o nosso espaço de infor-maçom independentista e comunista galega chegou à Internet.

Achamos que nom é exagero afirmar-mos que conseguimos converter-nos num ponto referencial tanto a nível de infor-maçom sobre actos e iniciativas populares, como para a formaçom através de artigos de opiniom, análises de fundo e outros tex-tos sobre a realidade da Galiza e internacio-nal, sempre com umha perspectiva marxista e independentista.

Quanto à origem das visitas, a Galiza ocupa o primeiro lugar, se bem que nom seja possível precisar a percentagem exac-ta, ao aparecer incluída, dada a nossa fal-ta de soberania, nos dados espanhóis. De qualquer maneira, fora das fronteiras do reino bourbónico, países lusófonos como o Brasil e Portugal, junto aos Estados Unidos, o Uruguai, a Alemanha e o Reino Unido, som os que registam maior número de visitas ao portal de Primeira Linha, em parte pola presença de importantes colectividades galegas, e em parte polo interesse que as luitas existentes na Galiza vam tendo para sectores de esquerda a nível internacional.

De facto, nom tenhem sido poucos os contactos estabelecidos nestes anos com militantes e organizaçons de mui diversas naçons do mundo, com destaque para as que partilham língua connosco. Também na Galiza contamos com colaboraçons espontá-neas de pessoas e colectivos que nos fam chegar opinions e materiais de interesse para a difusom no espaço comunicativo que mantemos activo e actualizado praticamen-te a diário.

Devemos sublinhar ainda a importán-

Mês Visitantes diferentes

Número de visitas

Páginas visitadas Média de visitas diárias

Janeiro 14.179 39.785 128.732 1.283,39

Fevereiro 12.875 35.083 110.345 1.252,96

Março 16.971 49.627 127.505 1.600,85

Abril 16.158 47.049 116.991 1.568,30

Maio 23.994 62.169 153.044 2.005,45

Gráfico de visitas nos cinco primeiros meses de 2007

cia das quase 80 obras clássicas do mar-xismo, disponibilizadas polo nosso partido de maneira gratuita através da Biblioteca Marxista em Galego. Obras de Marx, Leni-ne, Kollontai,Trotsky, Che, Connolly, Engels, Giap, Mao, Rosa Luxemburg e um longo et-cétera, nalguns casos pola primeira vez edi-tados na Galiza e até no mundo em versom electrónica e em galego-português. Umha biblioteca que nom deixa de crescer, e que junto a alguns títulos da Abrente Editora também de livre acesso forma um fundo for-mativo importante para a militáncia comu-nista e para outros sectores interessados na cultura política marxista.

Além do mais, nos últimos meses incor-poramos umha nova secçom de vídeos so-bre as mais diversas temáticas em relaçom às luitas na Galiza e o mundo, que conseguiu ganhar novas adesons de visitantes, segun-do confirma o aumento do número de visitas desde essa altura.

Continuam pendentes novos desafios para actualizarmos a oferta em funçom da própria evoluçom da Internet e das possi-bilidades que oferece para ultrapassarmos a censura e manipulaçom do sistema. No-vos meios para contactarmos directamente com a massa social interessada no trabalho revolucionário e em conhecer sem filtros in-toxicadores o que acontece nos bairros, nos centros de trabalho e de ensino, as luitas que dia a dia dam vida ao projecto de futuro que representa a esquerda revolucionária e independentista nesta Galiza do século XXI.

Nom queremos, nesta breve comemo-raçom do quinto aniversário da nossa pre-sença na net, deixar de agradecer a toda a comunidade de visitantes de Primeira Linha em Rede a sua fidelidade, reafirmando-lhes o nosso firme compromisso no melhoramen-to da oferta comunicativa e formativa que aspiramos a representar.

À margem dos manipuladores e in-toxicadores meios do sistema, a nossa continuidade permitirá, como até hoje, a comunicaçom directa do projecto revolucio-nário galego com o povo trabalhador de que fazemos parte, assim com como darmos a conhecer aos povos do mundo a existência de um povo com vontade de ser e existir, chamado GALIZA.

A equipa que fai possível este projecto quer transmitir, a todos e a todas as que nos visitam, um cálido e sincero... muito obrigad@s!

A luita ideológica é um dos campos fun-damentais para um movimento revolucioná-rio. Nom nos referimos unicamente ao com-bate da “ideologia dominante”, a essa falsa consciência necessária que invade como lógico e natural o dia-a-dia, a quotidianidade da prática totalidade das pessoas, tornan-do normal a exploraçom e as mais diversas formas de dominaçom. Umha das diferenças qualitativas entre as diversas variantes do reformismo –tanto o social-democrata como o estalinista– e o marxismo reside em que o primeiro abandonou a crítica global e radical do capitalismo, optando por mornos questio-namentos parciais e secundários que permi-tem amortecer os seus aspectos mais duros, contribuindo para justificar a sua gestom “progressista”. Por isso renunciou à batalha das ideias que permite introduzir e desenvol-ver a consciência revolucionária nas luitas económicas ou nas reivindicaçons concretas dos movimentos populares.

Este combate ideológico, permanente e aberto, nom só é necessário; é prioritário e determinante na batalha global por transfor-mar a sociedade e superar o modo de produ-çom capitalista. É, pois, inerente e consubs-tancial à estratégia revolucionária comunista, umha vez que determina claramente os cam-pos em que agem as forças transformadoras de aquelas que, aparentando quererem mu-dar o presente, tam só aspiram a geri-lo de outra forma.

Porém, tal como avançávamos, nom se reduz a denunciar e desmascarar as falácias empregadas polos variados e poderosos me-canismos de alienaçom do capitalismo; tem também que questionar as diversas correntes de esquerda que negam a viabilidade do mais elaborado e correcto método de pensamento e análise humana, e de transformaçom da realidade, que o marxismo tem demonstrado ser, baseando-se no materialismo histórico e na dialéctica materialista. Ou seja, a revolu-çom como um processo histórico cujo objecti-vo é a tomada do poder polo proletariado em aliança com outros sectores populares para superar a exploraçom da força de trabalho, a dominaçom das mulheres e a opressom nacional; a classe trabalhadora como sujei-to histórico de transformaçom; a adaptaçom táctica dos métodos de luita às necessidades e possibilidades do desenvolvimento concre-to do processo em curso; a criaçom do ins-trumento permanente de combate político: o partido revolucionário; a construçom de um Estado operário em extinçom que garanta, consolide e alargue as conquistas das clas-ses trabalhadoras mediante a aboliçom da propriedade privada e a superaçom da lei do valor; a incorporaçom histórica e permanen-te de todos aqueles contributos provenientes de outras luitas, experiências, espaços e re-flexons emancipadoras.

Com este texto, pretendemos contribuir para esclarecer alguns dos eixos principais de um debate de ideias e opinions que, em-bora nalguns círculos se considerem como novas e originais, som simplesmente ade-quaçons de velhas e tradicionais propostas, presentes na dilatada história do movimento operário galego e internacional. Queremos fazê-lo a partir do mesmo lado da barricada, fraternalmente, mas também de forma clara e aberta, pois os debates nom devem ocultar posiçons se pretendem ser frutíferos e úteis para o desenvolvimento do movimento ope-rário e popular.

Dialéctica entre política e ámbito social

Umha das características e diferenças profundas do anarquismo versus marxismo é o manifesto desprezo que aquele mantém so-bre a política. As correntes libertárias nunca prestárom atençom à necessária organiza-çom permanente da classe trabalhadora na esfera política, permitindo que a burguesia e as forças reformistas ocupassem exclusiva-mente este espaço essencial para o combate contra o Capital. Os erros práticos que esta decisom teórica evitou movimentar e, assim, renunciou a umha frente de luita secundá-ria, mas necessária na sua globalidade para ganhar espaços de autogestom operária e popular, e para reduzir a hegemónica repre-

sentaçom do Capital e os estados burgueses. Além disso, este apoliticismo convertido num sinal básico de identidade do anarquismo tem sido responsável por severas derrotas naquelas contadas experiências revolucioná-rias onde o movimento libertário cumpria um papel determinante: luitas obreiras e campo-nesas no cone sul americano, nas primeiras décadas do século XX, no sul da Itália, ou na revoluçom catalá de 1936-37, por empregar alguns exemplos bem conhecidos. No entan-to, a carência de autocrítica derivada dos erros estruturais do método analítico provo-ca que o apoliticismo e, portanto, a renúncia a participar em processos eleitorais ou nas instituiçons burguesas, continue a ser umha doutrina inquestionável que caracteriza esta corrente. De todas as formas, nom esque-çamos que, em momentos excepcionais, o anarquismo optou polo possibilismo, fazendo parte de governos “burgueses”: lembremos a participaçom da CNT no governo de Largo Caballero, a partir de Outubro de 1936.

Na Galiza actual, basicamente em de-terminados ambientes do movimento juvenil e estudantil, assim como em difusos e nebu-losos espaços dos “novos” movimentos so-ciais, estas posiçons “anti-políticas” tenhem atingido umha certa releváncia, claramente superior ao seu verdadeiro peso na luita so-cial.

Frente ao que se puder julgar, este fenó-meno sempre existiu, e vem acompanhando determinadas luitas e sectores sociais des-de há três décadas, embora na actualidade a sua audiência poda ser superior, basica-mente por dous motivos. Em primeiro lugar, polo maior descrédito da política, identificada com a corrupçom e o vácuo show eleitoral-institucional capitalista, entre cada vez maio-res contingentes populares. E, em segundo lugar, porque determinados sectores liber-tários esgaçados do tronco original tenhem sofrido umha mutaçom no ADN ideológico, muito influídos polo accionar da esquerda independentista, traduzido numha maior permeabilidade com os direitos nacionais da Galiza ou na defesa do reintegracionismo lingüístico. Mas também porque, simultanea-mente, o independentismo etnicista, por mor dos seus característicos oportunismo e pro-miscuidade, mas também pola profunda crise ideológica em que se acha, abraça posiçons pós-marxistas, importando mimeticamente as análises da gauche divine italiana com mais de 20 anos de atraso, convergendo as-sim numha manobra de travestismo político que contribui momentaneamente para gerar certo barulho e confusionismo.

Este fenómeno, hoje mais definido, já se tinha manifestado de forma efémera no perí-odo prévio ao Processo Espiral, sem passar de ser umha sigla mais numha moda passa-geira.

Principais fundamentos do post-marxismo anarquizante

1- A política seria um espaço contaminado do que haveria que fugir. A idealizaçom dos mo-vimentos sociais e dos modelos organizativos apartidários um paradigma inquestionável.

É surpeendente observar como quem es-tivo historicamente à margem dos movimen-tos sociais, a priorizar modelos organizativos ortodoxos, se converta da noite para o dia em guardiám de essências do templo, negando a dialéctica entre espaço político e movimentos sociais, reivindicando a exclusividade da es-fera social.

Os movimentos sociais nom só nom som alheios para o comunismo galego do sécu-lo XXI, como tenhem constituído, desde os

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�Nº 44. Abril, Maio e Junho de 2007

nossos inícios há agora quase 12, anos um elemento determinante. Boa parte do núcleo fundador de Primeira Linha provínhamos de alguns dos movimentos sociais mais dinámi-cos da Galiza da primeira década de noventa. E, por sermos conhecedores e conscientes das suas limitaçons, pola parcialidade das suas respectivas luitas e polo imediatismo e temporalidade dos objectivos concretos, sempre consideramos necessária a existên-cia de umha relaçom fluída, permanente, en-tre luita social e representaçom política. Um projecto político revolucionário nom fai senti-do se carecer de força social; mas tampouco fai sentido umha ampla rede social se renun-ciar à tomada do poder e, portanto, carecer de representaçom política. Os movimentos sociais transformadores que questionam os alicerces da economia de mercado e a de-pendência nacional derivada do capitalismo necessitam dotar-se de instrumentos de re-presentaçom política afastados de qualquer instrumentalizaçom, baseados na mútua co-laboraçom como partes imprescindíveis que se retroalimentam e contribuem para ques-tionarem globalmente o presente. Contra a opiniom dessa corrente, nom som mundos antagónicos da óptica da acçom político-so-cial fundamentada na acçom teórico-prática do movimento operário, som esferas comple-mentares que se necessitam mutuamente. Umha sem a outra nom garante o êxito da transformaçom revolucionária. Os movimen-tos sociais tenhem que contribuir com as forças políticas revolucionárias para a cons-truçom de umha alternativa com projecçom de massas ao caos do presente.

2- Aqui enlaçamos com outro dos debates históricos. Estamos a referir-nos ao modelo organizativo. Tradicionalmente, o anarquis-mo tem metido no mesmo saco os partidos

opiniom

A precária e velha proposta do neo-progressismo pequeno-burguês

burgueses e os partidos obreiros, mesmo quando existia umha clara divisom classista na sua composiçom e apoio social. Em base a um simples e primário sofisma, o tradicional modelo organizativo do partido revolucioná-rio –segundo a concepçom leninista teorizada no Que fazer?– além de ser um instrumento vertical e burocrático para controlar e disci-plinar as luitas obreiras, careceria dos mais elementares princípios democráticos na sua vida interna e só pretenderia suplantar e ma-nipular a capacidade criadora do espontane-ísmo das massas.

Nos dias de hoje, esta primitiva e des-qualificadora opiniom vem acompanhada pola caracterizaçom obsoleta do partido leninista, o qual estaria “superado” polas mudanças operadas num mundo globalizado em que se-ria necessário explorar outros modelos orga-nizativos baseados em criativas e novidosas formas, pois as profundas transformaçons operadas na morfologia social nom só teriam mudado os espaços da luita, como também o sujeito histórico da revoluçom.

A traumática queda do socialismo real-mente inexistente na URSS tem alimentado umha saída em falso para correntes revo-lucionárias que, ou bem mantinham umha infantil e ingénua admiraçom por esses mo-delos, ou bem careciam de suficiente firmeza ideológica para compreenderem com sere-nidade e perspectiva um processo histórico que destacados referentes marxistas como Lenine, Trotsky ou o Che já tinham prognosti-cado com maior ou menor definiçom: a reins-tauraçom do capitalismo era inevitável após a burocratizaçom, destruiçom da democracia socialista e deriva chauvinista da Revoluçom Bolchevique.

O zapatismo, negando a tomada do po-der como objectivo, o nebuloso movimento antiglobalizaçom com as suas indefiniçons

de identificar com controlo, verticalismo e dirigismo? Porque o assemblearismo seria o único modelo paradigmático que supera outras formulas organizativas adaptadas às necessidades de cada luita concreta em cada formaçom social concreta num momento de-terminado?

Outra cousa diferente, que evitaria este debate, é defender modelos organizativos li-gados a projectos sociais e políticos que nom perseguem os objectivos revolucionários, en-tendidos como superadores do capitalismo.

Mas nom só devemos reparar nestas in-congruências e falta de respostas convincen-tes por parte de aqueles que estigmatizam o modelo partido e idealizam, mediante umha universalizaçom, outras fórmulas perfeita-mente válidas e necessárias para determina-dos espaços e situaçons. Pois nom devemos desconsiderar que a CNT mantinha no seu interior um núcleo organizativo selectivo e de vanguarda, semelhante a um partido comu-nista combatente, a FAI, que cumpria umha funçom de vertebraçom e direcçom estraté-gica de um amplo e plural movimento social a partir do apoio e legitimaçom ganhos na luita. Mas, sem termos que retrotrair-nos a experiências longíquas, nom esqueçamos que a corrente do independentismo que hoje combate o modelo organizativo partido-movi-mento representado polo novo MLNG, defen-dendo demagogicamente e sem pudor virgi-nais modelos “assembleares e horizontais”, limpos de qualquer contaminaçom, mantém no seu seio um núcleo fechado e hermético de direcçom que suplanta e incumpre reite-radamente os acordos democráticos fruto do debate e o consenso, condicionando decisons com práticas carentes na actualidade do sus-tento da imensa maioria, e que obstaculizam o desenvolvimento da luita pola Independên-cia e o Socialismo. Eis a enorme hipocrisia

ligada a um velho debate que emerge ciclica e cadencialmente em períodos de crise.

Debates característicos dos períodos de crise

Estas propostas, contrariamente ao que emite a sua propaganda, carecem de qual-quer originalidade. Como qualquer moda, outra cousa nom som senom adaptaçons serôdias de velhos modelos ensaiados sem sucesso noutras latitudes geográficas eu-ropeias. Nom devemos obviar o profundo carácter eurocêntrico deste pós-marxismo de antagonismos, multitudes, alteridade, re-núncia à tomada do poder, etc.

Existem razons objectivas que permitem compreender a presença e desenvolvimento desta concepçom. Nom podemos desconside-rar na análise que o anarquismo, com todas as suas variaçons, nom é umha ideologia pro-letária, pois nom só nasceu antes que o mar-xismo, como as suas origens emanam das necessidades e reivindicaçons dos pequenos proprietários rurais, dos camponeses pobres e dos artesaos gremiais urbanos. À diferença do marxismo, ligado indisoluvelmente à for-maçom e desenvolvimento da classe obreira pola expansom do capitalismo, o anarquismo sempre foi umha ideologia atraente para sectores desclassados da pequena-burgue-sia, fascinados por esse culto à “liberdade individual” e ao espontaneísmo, à carência de disciplina voluntária e consciente, no des-prezo da auto-organizaçom estável, na des-consideraçom do concreto e presente pola sobredimensom do abstracto e futuro.

No caso particular que abordamos, es-tamos a referir-nos a mundos em crise, que procuram caminhos novos perante fracassos prévios, que evoluírom traumática e veloz-mente de posiçons ortodoxas ao mais puro relativismo de boa parte da sua cosmovisom, e que agem com o fanatismo do converso.

Esta gauche divine, carente de respon-sabilidades políticas, nem vontade de assu-mi-las, com vocaçom marginal, instalada na periferia ideológica do neo-progressismo pe-queno-burguês, na maioria dos casos alheia e desconhecedora das conseqüências mais duras da exploraçom capitalista, opta por construir umha críptica sematologia que, pretendendo ser novidosa, é simplesmente ilegível e intelegível para a classe operária, embora sedutoramente atraente para mino-rias ilustradas que, como outro hobby qual-quer, temporariamente se dedicam a isto. Na realidade, é um projecto político mais, disfarçado de social, carente simplesmente de programa táctico além de ideias genéri-cas completamente irrealistas, apoiadas em fetiches e superstiçons que convertem umha fracçom do proletariado, @s trabalhadores/as precári@s, no novo sujeito da transforma-çom do século XXI.

O contrato precário e eventual e, portan-to, a existência de umha faixa de trabalhado-ras/es sujeit@s às suas extremas condiçons contratuais, sempre existiu no modo de pro-duçom capitalista e mesmo nos modos de produçom precedentes.

O que eram, mais do que precários, os aprendizes dos grémios que, em lugar de aprenderem um ofício, vendiam gratuitamen-te a sua força de trabalho? Os jornaleiros, esse minoritário proletariado rural que sem-pre existiu na Galiza, que trabalhava nas lei-ras de labregos “ricos” a sachar, na colheita de uvas na vendima, ou fruta na época… que som, mais que precári@s?

A juventude e as mulheres sempre ti-vérom contratos precários, mas isso nom os converte no novo sujeito revolucionário, subtituindo o proletariado. Som mais umha fracçom da classe trabalhadora, como som reformad@s, desempregad@s ou estudan-tes de origem popular.

A luita protagonizada a inícios de Maio em Vigo polo proletariado naval desmente a “superaçom” das formas históricas de orga-nizaçom e luita num caso tam concreto como este, onde a principal reivindicaçom era re-duzir a taxa de precariedade extrema que padece o sector.

Carlos Morias é Secretário-Geral de Primeira

Linha

estratégicas estruturais, os modelos de or-ganizaçom em rede teoricamente carentes de um centro sintetizador de experiências e direcçom, apoiados nas novas tecnologias da informaçom, emergem como novos para-digmas que permitiriam superar a profunda crise provocada pola implosom soviética e fa-zer frente à simultánea e destrutiva ofensiva neoliberal a escala mundial.

Mas vaiamos por partes. Por enquanto, nom escuitei, nem lim, nem um só argumento de peso, para além de simplistas negaçons em base a universalizar os nefastos estilos de funcionamento e empobrecedora cultura política carácterísticos dos burocratizados e dogmáticos modelos organizativos esta-linistas, que demonstre que o modelo de organizaçom comunista de vanguarda leni-nista esteja superado por outro modelo mais aperfeiçoado e eficaz para a finalidade que se persegue. Ou seja, combater sem trégua o capitalismo e difundir a consciência socialista entre as massas trabalhadoras e populares mediante a manutençom de um núcelo per-manente, estável e selectivo de intervençom e luita baseado na firmeza ideológica comu-nista, ensaiando as mais elevadas formas de democracia socialista no seu funcionamento interno, imprimindo o carácter exemplar e pedagógico de umha coerente praxe individu-al, um espírito de entrega e sacrifício na mili-táncia, que logre manter-se activo nas fases de refluxo da luita de classes, custodiando a memória e as experiências das luitas, prepa-rando-se no combate ideológico, resistindo a repressom policial, reforçando-se organizati-vamente para intervir no presente, e dotar-se da experiência e capacidade necessárias para agir com êxito nas fases de expansom.

Porque a forma organizativa partido re-volucionário é memos democrática do que qualquer outro modelo? Porque se preten-

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LIVROS WEB

Línguas Cruzadas: o conflito lingüísti-co na reflexom d@s falantes

Nom é habitual acedermos a umha obra audiovisual em que som apresentadas, em primeira pessoa, as impressons e reflze-xons da nossa própria comunidade falante sobre o conflito lingüístico existente na Galiza. Especialmente relevante é vermos e escuitarmos representantes da geraçom mais nova de galegofalantes, e a interpre-taçom que fam da situaçom crítica actual, junto a opinions de jovens da Galiza urba-na que pertencem à geraçom que, maiori-tariamente, perdeu o idioma.Preconceitos, autoafirmaçom, orgulho, complexos, contradiçons... som 50 minu-tos muito recomendáveis, estreados no passado Dia das Letras pola Televisom da Galiza e já disponível na rede.Escrito e dirigido por María Yáñez e Mó-nica Ares, constitui umha excepçom no marasmo absoluto que sofre o estudo comprometido da situaçom sociolingüísti-ca galega no meio audiovisual. Um meio em que o espanhol é hegemónico inclusive nas produçons financiadas com o dinheiro de todos os galegos e galegas, em fitas só secundariamente traduzidas para a nossa língua.Felizmente, contamos já com umha versom do documentário pendurado na Internet. Podes vê-lo na íntegra na secçom de víde-os de Primeira Linhe em Rede ou nos blo-gues da Fundaçom Artábria, C. S. A Revira e C.S. Henriqueta Outeiro, bem como no Portal Galego da Língua, entre outros.http://www.primeiralinha.orghttp://www.artabria.nethttp://revira.agal-gz.org/http://www.agal-gz.org

Teresa MoureOutro idioma é posible. Na procura dumha língua para a humanidadeEditorial Galaxia, Vigo, 2005. 163 páginas

Cerca de 6.500 línguas existem hoje em dia. Delas, pouco mais de 200 tenhem mais de um mi-lhom de falantes. A escritora e profesora Teresa Moure reflecte neste livro sobre a variedade e multitude de línguas e sobre os mitos, quase sempre negativos, que em volta dessa pluralidade tenhem sido criados, entre eles,

o mais importante: fazer recair sobre essa variedade as disputas e con-frontos entre seres humanos, com a escusa da incomunicaçom provocada pola incompreensom entre falantes de distintas línguas. A reflexom sobre a pertinência e utilidade de umha língua universal permite expor, analisar e criticar mentiras, preconceitos e falsidades sobre as linguas. A começar pola provocativa declaraçom de N. Chomsky, que afirmou, em meados do século passado, que se um marciano visitasse a Terra consideraria que toda a humanidade fala umha mesma língua, a autora, doutora em Lingü-ística Geral, realiza um percurso sobre os numerosos projectos que te-nhem existido para criar umha língua artificial universal, desde a “Língua ignota” de Hildegarda de Bingen, no século XII, até o “Eurolang” de Philip Hunt, em 1995, passando por outras propostas mais ou menos conheci-das, como a “Pasigraphie” de 1797, o “Solresol” de 1827, o “Volapük” de 1879, o “Esperanto” de 1887, o “Latino sine flexione” de 1904, o “Novial”, de 1927, ou o “BASIC English” de 1935, por referir só alguns dos quase 150 projectos que a autora documenta ao longo do seu percurso no tempo, em que também fala de projectos que se desenvolvem graças à Internet, ou línguas artificiais como o “Klingon”, criadas a partir do filme de ciência ficçom Star Trek.Esse importante número de projectos é que a leva a criticar a postura dos lingüistas, que tenhem prestado mui pouca atençom ao estudo da lín-gua universal ou, por melhor dizer, de umha Língua Internacional Auxiliar (LIA), aceitando acriticamente a imposiçom do inglês como língua franca nas últimas décadas, nom pola sua ideoneidade para preencher essa fun-çom, mas por motivos político-económicos, dado que, mais umha vez, a língua (neste caso a inglesa) é a companheira do império.De umha postura de compromisso com as línguas minorizadas e minoritá-rias, amenaçadas polo inglês e por outras línguas que, nos seus ámbitos, pretendem ser línguas poderosas e importantes, a autora propom-nos a necessidade de solventar a situaçom a partir de umha reflexom em que lingüistas e políticos, mas também o conjunto da humanidade, como fa-lantes de umha ou várias línguas, tenhem muito a dizer. A necessidade de preservar a biodiversidade lingüística assim no-lo exige. (Igor Lugris)

Moshe Lewin O Século SoviéticoCampo das Letras (Colecção Contempo-rânea), Lisboa, 2004. 448 páginas

O Século Soviético constitui umha ambiciosa tentativa de adensar, em quase 500 páginas, a história social da Uniom Soviética, por parte de Moshe Lewin, testemunha de umha parte dos factos históricos narrados e analisados e um dos maiores especialistas mundiais na matéria.Ex-oficial do Exército Vermelho originário da Lituánia e autor de numerosos trabalhos sobre a história da URSS, Moshe Lewin tem, nesta obra, a virtude pouco habitual de, sem pre-

tender falsas neutralidades, evitar os tópicos com que costuma resolver-se qualquer abordagem da realidade contraditória e complexa da vida na URSS durante os 74 anos que se seguírom a um dos maiores feitos da história contemporánea, que marcou de maneira determinante o século XX.Partindo da análise de novos achados documentais, o autor analisa em pormenor to-das as etapas e momentos chave, como o ascenso de Estaline; a colectivizaçom, a in-dustrializaçom e a urbanizaçom; a eliminaçom física da velha dirigência bolchevique; o funcionamento do aparelho repressivo estalinista; as reformas à morte de Estaline; ou a falência final do sistema e a restauraçom capitalista. A crítica aberta à burocratizaçom e à degeneraçom em que derivou a vitória proletária de 1917 nom impede o de autor reconhecer os aspectos positivos do desenvolvimento dos povos da URSS ao longo do século XX, reflectidos em parámetros objectivos que, após a implosom de 1991, nom deixárom de recuar novamente e até a actualidade. É o caso da progressom do “estatuto biológico” das populaçons soviéticas, a extensom generalizada de um nível cultural mui elevado ou a garantia de umha rede de serviços sociais básicos, entre outros. Todo o qual sofreu umha radical involuçom com a chegada do capitalismo na década de 90 do passado século. Contodo, o autor nom admite que a URSS fosse um sistema socialista, definindo-a antes como “absolutismo burocrático” ou “regime de propriedade estatal da economia e umha burocratizaçom tanto desta como da vida política”.Com umha perspectiva nada condescendente com o capitalismo nem com a inegável degeneraçom da Revoluçom de Outubro à morte de Lenine, o livro é, no seu conjunto, de grande interesse para conhecermos em profundidade essa experiência histórica. Achamos, contodo, de especial interesse a documentada exposiçom do conflito das nacionalidades que, nos últimos meses de vida de Lenine, deu lugar à ruptura entre o líder revolucionário e o máximo representante da nova casta burocrática ascendente, Josif Estaline. Um capítulo em que o autor reivindica as convicçons democráticas do bolchevismo, em especial na sua figura mais sobranceira, o “Starik” (“Velho”, como era conhecido Lenine nos ambientes bolcheviques). A visom que na sua derradeira etapa vital tivo do papel que o novo secretário geral poderia vir a jogar no futuro é resumido por Lewin com estas palavras:“O desempenho de Lenine foi, na circunstáncia, qualquer cousa de único. Impressio-nante nos planos político e humano, tendo lugar em condiçons extraordinariamente enredadas, foi a acçom de um homem moribundo e semi-paralisado, que permaneceu lúcido até o derradeiro ataque fatal”. (Maurício Castro)

Tom Barry A constitución da Irlanda Contemporá-nea. Dias de guerrilla en Irlanda Toxosoutos, Noia, 2004. 236 páginas.

Toxosoutos apresenta-nos a traduçom de um livro considerado umha das obras clássicas para conhecer a guerra que enfrentou o povo irlandês contra o imperialismo bri-tánico entre 1919 e 1921.

Umha guerra que acabou com um acordo de paz entre británicos e irlandeses, ao qual se seguiu umha guerra civil dentro da pró-pria Irlanda entre contrários e partidários do tratado.A guerra de independência irlandesa apresenta um interesse especial, porquanto pode ser a primeira ocasiom na história em que se formula umha acçom de tipo político-militar numhas cha-ves ainda vigorantes. A sabotagem e a combinaçom da guerrilha rural e urbana som os elementos medulares de umha acçom militar que nom tenciona tanto o aniquilamento das forças inimi-gas como favorecer um cenário de negociaçom com a potência ocupante.Em todo o caso, quem quiger conhecer em pormenor a luita in-dependentista que levou à construçom da actual República de Eire terá que arranjar outras fontes, já que neste livro, para além de alguns apontamentos que contextualizam a acçom, vai encontrar o relato da experiência concreta de um comandante guerrilheiro numha regiom irlandesa, o Cork Occidental.Tom Barry nom é nem um estudioso, nem um político no sentido comum do termo, mas um soldado, ou por melhor dizer um vo-luntário do IRA, que lembra com orgulho as gestas de que par-ticipou e chefiou em qualidade de comandante da Flying Column da West-Cork Brigade, umha das unidades com maior nivel de actividade do IRA na altura. Serve, isso sim, o seu testemunho para sondar como se orga-nizava o movimento republicano, qual era o seu nível arraiga-mento popular ou quais eram as ferramentas empregadas polo ocupante para manter um país submetido; em definitivo, para conhecer a concreçom prática de noçons que algumhas vezes fi-cam formuladas de um jeito um bocado vago no nivel teórico: re-pressom, colaboracionismo, mobilidade da força guerrilheira… É, pois, umha leitura recomendada para quem quiger conhecer algo mais em profundidade a experiência irlandesa ou tiver in-teresse polas experiências práticas da acçom armada de tipo guerrilheiro. (André Seoane)

O primeiro de Janeiro de 1959, depois de umha feroz luita, triunfou a Revoluçom Cubana. O nosso povo derrotava assim umha das mais sangrentas ditaduras da América Latina, que oprimia e ensombre-cia o nosso céu com o apoio do governo norte-americano. Durante 7 anos, o solo cubano tingiu-se do sangue heróico de muitos dos seus filhos. A ditadura tortu-rou, desapareceu e assassinou luitadores pola liberdade e a justiça social.

A conjugaçom da luita armada, prin-cipalmente nas montanhas do oriente do país, com a abnegada e valente resis-tência nas cidades, umha direcçom revo-lucionária da luita, encabeçada por Fidel Castro, e o apoio de amplas camadas da populaçom fôrom determinantes na con-secuçom da vitória.

Na autodefesa de Fidel Castro no jul-gamento polos acontecimentos de Monca-da, conhecida como A História me absol-verá, Fidel deixou sentado o conceito que tinha de povo, quando dixo::

“Nós consideramos povo, se de luita se trata, os seiscientos mil cubanos que estám sem trabalho, desejando ganhar o pam honradamente sem terem que emigrar da sua pátria à procura dele; os quinhentos mil operários do campo que habitam em choupanas miseráveis, que trabalham quatro meses por ano sustento e passam fame o tempo restante, a com-partilharem com os filhos a miséria, que nom tenhem um ferrado de terra para sementar e vivem umha existência que deveria inspirar mais compaixom se nom houvesse tantos coraçons de pedra; os quatrocentos mil operários industriais e jornaleiros, aos quais fôrom roubadas as quotizaçons que lhes dariam direito ao re-tiro e que lhes estám a ser arrebatadas as suas conquistas…, aos cem mil peque-

nos labregos, que vivem e morrem traba-lhando umha terra que nom é deles… até morrerem sem chegarem a possui-la, que tenhem que pagar como servos feudais com umha parte dos seus produtos… que nom podem melhorá-la nem enfeitá-la, nem plantar um cedro porque ignoram o dia em que virá um oficial de justiça com a guarda rural para lhes dizer que tenhem que ir embora; aos trinta mil mestres e professores tam abnegados, sacrificados e necessários para que as futuras genera-çons tenham um melhor destino e que som

das as coitas e é, portanto, capaz de luitar com toda a coragem!”.

E acrescentava: “O problema da terra, o problema da industrializaçom, o problema da habitaçom, o problema do desemprego, o problema da educaçom, o problema da saúde do povo; eis, concretizados, os seis pontos, para cuja soluçom, junto à conquis-ta das liberdades públicas e a democracia política, estariam encaminhados resoluta-mente todos os nossos esforços!”.

De imediato, a Revoluçom começou a tomar medidas para resolver esses pro-

tam maltratados e mal pagos; aos vinte mil pequenos comerciantes carregados de dívidas, arruinados pola crise e destruídos por umha praga de funcionários-públicos ladrons e corruptos; aos diez mil profis-sionais jovens: médicos, engenheiros, ad-vogados, veterinários, pedagogos, dentis-tas, farmacêuticos, jornalistas, pintores, escultores, etc., que saem ds escolas com as suas habilitaçons, com vontade de luita e cheios de esperança, para depararem com um beco sem saída, fechadas todas as portas… Esse é o povo, o que sofre to-

blemas prementes do povo, e de imediato surgiu a oposiçom irada do imperialismo norte-americano.

A promulgaçom da Lei de Reforma Agrária, a baixada do preço dos alugueres, a nacionalizaçom das empresas estrangei-ras que se opunham às medidas revolucio-nárias, muitas das quais tratárom de fazer fracassar a Revoluçom; a campanha de alfabetizaçom; a luita por melhorar a saú-de da populaçom; a procura de soluçons para conseguir un trabalho para todos os cubanos, e muitas outras medidas aplicou a Revoluçom na procura da justiça social.

A revoluçom cumpriu já 48 anos, que fôrom de constante combate, contornando perigos e dificuldades, enfrentando medi-das irracionais e un bloqueio permanente da principal potência mundial.

Desde o início mesmo do nosso pro-cesso revolucionário, nos Estados Unidos gestárom-se, organizárom-se e execu-tárom-se múltiplas acçons contra Cuba, que provocárom à volta de 3.500 cidadaos cubanos mortos e 2.100 incapacitados to-tal ou parcialmente. Nestes anos, as ac-çons terroristas causárom mais de 54 mil milhons de dólares de perdas em recursos de toda a classe.

46 centrais açucareiras fôrom objecto de ataques terroristas; 249 embarcaçons pesqueiras fôrom atacadas a tiro, des-truídas ou seqüestradas em direcçom ao território dos Estados Unidos; 36 navios mercantes cubanos ou estrangeiros fôrom alvo de acçons armadas; 78 avions civis fôrom atingidos por agressons, destruí-dos, sofrêrom tentativas de seqüestro ou acabárom em território dos Estados Uni-dos. O mais conhecido é a sabotagem ao avióm de Cubana de Aviación em que per-dêrom a vida 73 cidadaos de Cuba, Coreia e Guiana, cujo autor, Luis Posada Carriles,

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�Nº 44. Abril, Maio e Junho de 2007 intErnacional

novo tipo de emprego: o estudo. Isto nom se considera umha despesa, mas um in-vestimento que produzirá frutos a curto e médio prazos.

O ano 2006 foi denominado em Cuba “Ano da Revoluçom Energética”. Fôrom eliminados praticamente os cortes do serviço eléctrico que se produziam e afec-tavam à populaçom, à produçom e aos serviços. Actualmente, Cuba produz quase metade do combustível que consome, quer dizer, 3,9 milhons de toneladas de petró-leo e gás. A outra parte recebe-se basi-camente da Venezuela, mediante acordos justos assinados com esse país. Em 2006, fôrom instalados 1.300 megawatts de ca-pacidade de geraçom eléctrica. Para tal, realizou-se a compra e a deslocaçom a Cuba de geradores de mediana potência e a sua instalaçom e incorporaçom ao sistema energético em muitos municípios do País, em fábricas de importáncia, em hospitais e outras dependências estatais. Ao mesmo tempo, tomárom-se medidas para poupar energia, como a substituiçom gratuita de todas as lámpadas de alto con-sumo por outras de baixo consumo, em todas as moradias e centros de trabalho do País; foi organizada entre a populaçom a substituiçom de aparelhos eléctricos de alto consumo por outros mais modernas e de consumo reduzido.

Em 2006 , fôrom construídas 113 mil habitaçons no País, o que equivale ao tri-plo do que tinha sido construído em 2005. O défice de vivendas atinge as 500 mil, sendo este o maior problema social que enfrenta Cuba.

Concluirom-se mais de 600 obras com destino social; delas, mais de 100 ligadas à educaçom e outras tantas à saúde. Mais de metade dos policlínicos do país fôrom reparados, alargados e reequipados com tecnologia de ponta, incluindo serviços de fisioterapia, o que pom este importante serviço ao alcance de toda a populaçom.

A investigaçom científica consolida-se mais a cada passo, e converte-se num ramo da economia. Som exportados pro-dutos da biotecnologia e da indústria mé-dica a mais de 50 países, e isto apesar do bloqueio e do monopólio que exercem as grandes empresas dos produtos médico-farmacêuticos.

A esperança de vida cresceu até os 77 anos (79 anos no caso das mulheres). A mortalidade infantil reduziu-se para 5,3% e garantem-se 13 vacinas às crianças.

Em Setembro de 2006, mais de 3 mi-lhons de alunos matriculárom-se nos dife-rentes níveis do ensino; o País conta com 650 mil estudantes universitários e há mais de 800 mil graduados universitários. A aplicaçom do programa da Universidade nos municípios foi um contributo inques-tionável do sistema educativo cubano.

Em Cuba, chegou-se ao milhom e meio de reformados, que cobram pontualmente as suas pensons.

Por isso, podemos dizer hoje que a

está em liberdade graças ao apoio que recebeu do governo norte-americano, que se recusa a julgá-lo ou a deportá-lo para que seja julgado.

A sabotagem ao vapor francês La Coubre, em Março de 1960, que trasla-dou armas e muniçons de Bélgica a Cuba para defender a Revoluçom, a criaçom de bandos armados nas montanhas cubanas e a invasom pola Baía de Cochinos, com a conseguinte derrota em Praia Girón, som exemplos dessa política hostil e terrorista contra Cuba.

Contam-se mais de 150 agressons a escritórios diplomáticos cubanos no exte-rior; que custárom a vida a valiosos fun-cionários do Estado cubano.

Maos assassinas provocárom a 8 de Maio de 1980 um fogo num edifício de 10 andares onde se localizava o Círculo Infantil Le Van Tam, com 570 crianças e trabalhadores que fôrom resgatados por umha espontánea mobilizaçom popular.

Nos anos 90, as acçons terroristas executadas desde os Estados Unidos con-tra Cuba continuárom e é assim como, a 30 de Junho de 1997, um fogo provocado destruiu o Teatro Amadeo Roldán. Várias acçons para danar a entrada de turistas a Cuba desenvolvêrom-se nestes anos, como o metralhamento em Março de 1994 do hotel Guitart Cayo Coco; a colocaçom de unha carga de explosivos C-4 num hotel de Varadero (felizmente detectada e desacti-vada); a explosom de umha carga de C-4 nas casas de banho da discoteca Aché do hotel Meliá Cohiba a 12 de Abril de 1997; a 30 desse mesmo mês fôrom descobertos outros explosivos nesse hotel. No mesmo ano 1997, o mercenário salvadorenho Raúl Ernesto Cruz León, recrutado polo já men-cionado Luis Posada Carriles, fixo explodir bombas nos hotéis Capri e Nacional em Agosto, e nos hotéis Copacabana, Chate-au, Tritón e o restaurante La Bodeguita del Medio em Setembro. Um desses arte-factos assassinou o turista italiano Fabio di Celmo, quem, segundo declarou publi-camente Luis Posada Carriles “estava no lugar errado, no momento errado”.

Nessa etapa, fôrom também detidos uns 10 “turistas-mercenários” chegados com explosivos a Cuba para realizarem di-versos actos terroristas, incluindo a des-truiçom do Memorial a Ernesto Che Gueva-ra em Santa Clara, o Memorial Granma e o Museo da Revoluçom em Havana.

Nestes 48 anos fôrom múltiplas as acçons de guerra biológica contra Cuba que afectárom a produçom avícola, suína e diferentes colheitas. Também introduzí-rom doenças que custarom a vida a muitos filhos de Cuba.

Nom menos de 600 planos para eli-minar Fidel Castro fôrom preparadaos em todos estes anos, seguindo umha política terrorista aberta, que nom negam. Entre os documentos desclassificados ao longo deste tempo, aparece um mediante o qual, em Outubro de 1959, a Casa Branca apro-

secreta que se realizaria. A sua ausência no Conselho é umha derrota da mentira e umha puniçom moral à prepotência do império.

Ao longo de 2006 e nos primeiros me-ses deste 2007, o nosso povo continuou a sua batalha por lograr a libertaçom dos 5 heróis prisioneiros do império, polo único delito de penetrarem em organiza-çons terroristas de cubanos residentes nos Estados Unidos para evitarem actos que pudessem pôr em perigo as vidas e propriedades de cubanos e norte-ameri-canos. A dupla moral da Administraçom norte-americana, que se relaciona ami-gavelmente com terroristas cubanos en-quanto julga e sanciona quem os combate, é umha mostra da imoralidade da sua polí-tica. Para conseguirmos a sua libertaçom, é imprescindível mobilizar a opiniom públi-ca internacional, sobretodo a dos Estados Unidos.

Hoje, todos os cubanos e a humani-dade indignam-se perante a libertaçom do mais destacado terrorista da América, Luis Posada Carriles, autor intelectual da explosom de um aviom comercial com 73 passageiros em 1976, e de outros actos criminosos, reclamado pola Venezuela e Cuba para ser julgado e a quem o governo dos Estados Unidos encobre e protege.

É um dever de todos luitar pola jus-tiça, e a justiça é a libertaçom dos cinco heróis cubanos e o encarceramento nos Estados Unidos do significado terrorista Luis Posada Carriles ou a sua deportaçom para a Venezuela, onde deve ser julgado.O povo cubano vê o ano 2007 com opti-mismo. Isto deve-se a três questons prin-cipais:

– Diminuiu o perigo de umha agres-som militar a Cuba.

– A recuperaçom económica conside-ra-se irreversível.

– Foi submetida à prova a estabilida-de do País nos últimos meses. Os inimigos vaticinavam que com a enfermidade de Fidel se produciria umha situaçom de crise, de anor-malidade, de caos… e nada disso véu a aconteceu, demostrando a populaçom umha alta madureza e confiança no que os dirigentes da Revoluçom dixérom.

Espera-se um crescimento de 10% na economia e planifica-se dedicar 71% das despesas correntes do orçamento à educaçom, à saúde pública, à segurança social, à assistência social, à cultura e ao desporto.

A unidade é precondiçom indispensá-vel para a vitória e para a manutençom e desenvolvimento das conquistas da Revo-luçom; para continuarmos a construçom de umha sociedade mais justa, humana e solidária. O povo conhece isto e está disposto a luitar para levar adiante estas ideias.

Alejandro Fuentes é Consul de Cuba na Galiza

recuperaçom da economia cubana é irre-versível, apesar do recrudescimento do bloqueio e da conjuntura internacional desfavorável. Nisto influem vantajosos acordos de cooperaçom que se assiná-rom, mais comércio, mais mercados e relaçons muito importantes com diversos países, entre eles a Venezuela e a China. A economia interna também tivo um melhor desenvolvimento.

Logicamente, nem todo está a correr na melhor. Existem dificuldades e defici-ências. Quais som os problemas principais que enfrentamos na actualidade?

– Temos um alto nível de dependên-cia externa para o consumo de alimentos, questom que tem sido discutida e analisada pola Assem-bleia Nacional, mas que continua pendente de soluçom.

– Recrudesceu a política de bloqueio dos Estados Unidos contra Cuba e a sua aplicaçom extraterritorial. Esta é a principal dificuldade que enfrenta o desenvolvimento econó-mico e social de Cuba. Em 2006, o bloqueio custou ao nosso país mais de 4.100 milhons de dólares, reflec-tindo-se em repercusons sobre di-versos sectores da economia e da vida da populaçom.

– Existem dificuldades mui grandes no transporte urbano.

– Há um défice grande em vivenda (meio milhom), o que obriga a cons-truir e reparar mais moradias.

A política de isolamento internacional do governo dos Estados Unidos contra Cuba fracassou. Hoje temos relaçons di-plomáticas com 182 dos 192 países que componhem a Organizaçom de Naçons Unidas.

Durante 2006, decorreu em Cuba a Cimeira do Movimento de Países nom Ali-nhados, à qual assistirom 54 Chefes de Estado e de Governo, mais de 110 delega-çons de países membros e 984 jornalistas de órgaos de imprensa, rádio e televisom de todo o mundo. A Cimeira, no seu docu-mento final, condenou o bloqueio imposto a Cuba polos Estados Unidos e chamou ao seu levantamento.

Também a Cimeira de Países Ibero-Americanos condenou o bloqueio a Cuba e instou o governo norte-americano ao seu levantamento.

Um êxito badalado obtivo Cuba ao ser eleita, por votaçom directa e secreta, membro do Conselho de Direitos Humanos das Naçons Unidas, novo órgao criado em substituiçom da já desprestigiada Comis-som de Direitos Humanos. Um total de 135 países dérom o seu voto a Cuba nesta elei-çom. É interessante destacar que o gover-no dos Estados Unidos, depois de muitas manobras e pressons para que se adop-tassem medidas discriminatórias na par-ticipaçom no novo Conselho, decidiu nom se postular para membro, por temor a ser derrotada a sua candidatura na votaçom

vava o alargamento de acçons encobertas contra Cuba e proclamava o seu apoio aos elementos dedicados à subversom interna, a realizaçom de missons piratas aéreas e navais e à preparaçom de umha força militar contra Cuba. Nesse momen-to, o Chefe da Divisom da CIA no hemis-fério ocidental, J.C. King formulou: “Deve dar-se séria consideraçom à eliminaçom de Fidel Castro”.

E em todos estes 48 anos, o governo norte-americano nom pode provar que de Cuba tenha partido a mais mínima acçom contra a integridade dos Estados Unidos. Cuba, o único que tem feito, é defender-se. E exemplo disto som os cinco cubanos, Heróis da República de Cuba, presos injus-tamente em cárceres dos Estados Unidos, polo único delito de terem penetrado em grupos terroristas cubanos para obterem informaçons que impedissem a realizaçom de actividades terroristas contra Cuba e outros países, incluídos os Estados Uni-dos.

Cuba resistiu, para desgraça dos Es-tados Unidos.

Quando, em 1990, desapareceu o campo socialista, houvo quem pensasse na queda da Revoluçom Cubana.

Da noite para a manhá, Cuba perdeu 85% do seu comércio exterior e o seu Produto Interno Bruto caiu em três anos 35%. Nengum país do mundo tinha supor-tado tam brutal golpe na sua economia. Os inimigos da Revoluçom fregárom as maos e muitos preparárom as suas malas para “regressarem” enquanto a Revoluçom Cubana caísse. Mas os que apostárom no fim do socialismo no nosso país enganá-rom-se. Primeiro estabilizou-se a situaçom com umha economia muito deprimida, com o passar do tempo e as medidas tomadas polo Governo Revolucionário, começárom a mostrar-se mornos progressos, depois melhores ritmos e avanços mais susten-tados e já em 2005 a economia cresceu 11%.

Apesar das dificuldades que enfren-tou, no ano 2006 Cuba tivo avanços sérios no seu desenvolvimento económico e so-cial e o crescimiento da economia atingiu os 12,5%. Nom é todo a que se aspira nem todo o que se deseja, mas tem havido avanços.

O desemprego colocou-se abaixo dos 2%. Isto conseguiu-se porque o Governo se preocupou e ocupou-se com este assunto. Mais de 35 mil jovens que nom acederam a cursos universitários incorporarom-se a cursos e devinhérom trabalhadores so-ciais, que realizam um aplausível labor na sociedade. Muitos deles continuárom es-tudos universitários enquanto trabalham. Embora tenham fechado 70 centrais açu-careiras, que nom eram rendíveis, a mais de 60 mil trabalhadores da indústria açu-careira oferecerom-se-lhes novos empre-gos e outros 40 mil começárom estudos de requalificaçom, cobrando o salário que rendiam na íntegra. Em Cuba apareceu um

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Edita: Primeira Linha. Redacçom: Rua Costa do Vedor 47, rés-do-chao. 15703 Compostela. Galiza. Telefone: 616 868 589 / www.primeiralinha.orgConselho de Redacçom: Comité Central de Primeira Linha. Fotografia: Arquivo Abrente. Correcçom lingüística: Galizaemgalego. Maqueta: ocumodeseño. Imprime: Litonor S.A.L. Encerramento da ediçom: 11 de Junho de 2007Correspondência: Rua Costa do Vedor 47, rés-do-chao. 15703 Compostela. Galiza. Correios electrónicos: [email protected] / [email protected] / Tiragem: 3.000 exemplares. Distribuiçom gratuíta.Permite-se a reproduçom total ou parcial dos artigos sempre que se citar a fonte. Abrente nom partilha necessariamente a opiniom dos artigos assinados.

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Apresentaçom pública de Dez por Dez

Dez por Dez, primeiro volume da nova colecçom literária Cabeça de Égua, editado pola Abrente Editora, foi apresentado no sábado 9 de Ju-nho no Centro Social Henriqueta Outeiro de Compostela. Coincidindo com a comemoraçom do X Aniversário da fundaçom de Primeira Linha, soli-citamos a dez poetas umha colaboraçom para ser publicada sob o título conjunto de Dez por Dez.

Somos conscientes de que outr@s muitas poetas poderiam ter esta-do presentes neste poemário colectivo. Mas também sabemos que Artur Alonso Novelhe, Suso Bahamonde, Maria Lado, Igor Lugris, Kiko Neves, Carlos Quiroga, Baldo Ramos, Concha Rousia, Sechu Sende e Ramiro Vidal som vozes representativas do actual momento que a poesia galega, e em geral a nossa literatura está a viver. Diferentes idades, diferentes ópticas, diferentes poéticas, que nos mostram a vitalidade e, ao mesmo tempo, a utilidade, da poesia neste século XXI que estamos a começar.

A participaçom de poetas reintegracionistas, junto com outros nom-reintegracionistas, num volume colectivo publicado integramente em

norma AGAL, é outra novidade desta iniciativa. Em muitos casos, os poemas que publicamos som inéditos, muitos

deles é a primeira vez que vem a luz pública, tanto em papel como em qualquer outro suporte. Outros, tenhem aparecido em blogues, páginas web ou algum outro tipo de publicaçom electrónica.

Cabeça de ÉguaSituada entre as comarcas da Cabreira e o Berzo, com 2.135 metros,

Cabeça de Égua é o nosso particular Everest, o mais elevado cume do País, o teito da Galiza. Abrente Editora pretende, dando este nome a nos-sa nova Colecçom Literária, contribuir para superar o desconhecimento que umha boa parte das galegas e galegos possuem de umha naçom negada por mais de 500 anos de assimilaçom, ao ponto de quererem amputar-nos umha boa parte do território, onde, além do mais, a resis-tência popular armada à ditadura franquista escreveu algumhas das suas páginas mais brilhantes.