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ABORDAGENS DOMICILIARES DA FISIOTERAPIA NA ATENÇÃO BÁSICA: REVISÃO DE LITERATURA HOME APPROACHES FOR PHYSICAL THERAPY IN THE BASIC ATTENTION: LITERATURE REVIEW Bernardo Gouvêa Fernandes1, Sabrina Ferreira Barbosa2, Thaís Karen de Oliveira Tergilene3, Erika Guerrieri Barbosa4. 1- Acadêmico do curso de Fisioterapia da Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE) - Governador Valadares-MG. Email: [email protected] 2- Acadêmico do curso de Fisioterapia da Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE) - Governador Valadares-MG. Email: [email protected] 3- Acadêmico do curso de Fisioterapia da Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE) - Governador Valadares-MG. Email: [email protected] 4- Orientadora e Profª. da Faculdade de Fisioterapia da Universidade Vale do Rio Doce (UNIVALE) - Governador Valadares-MG. Email: guerrierika @yahoo.com.br Resumo - Sabe-se que as práticas Fisioterapêuticas podem ser desenvolvidas em todos os níveis de atenção à saúde. Assim em seu processo de trabalho na Atenção Básica (AB) o Fisioterapeuta deve suprir a demanda da comunidade com uma prática integral perpassando pela educação em saúde, acolhimento, atendimentos individuais, grupos operativos e realizando visitas domiciliares, quebrando o paradigma de ser uma profissão apenas reabilitadora. Contudo o objetivo do presente estudo foi realizar uma revisão bibliográfica sobre as abordagens domiciliares da Fisioterapia na AB. Foram realizadas buscas em bases de dados científicos, revistas, portarias e editais do Ministério da Saúde, COFFITO (Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional) e periódicos científicos em acervo da biblioteca da UNIVALE. De acordo com os relatos aqui expostos, fica clara a diversidade de atuações na atenção domiciliar na AB, podendo esta ser influenciada pela formação profissional, pelas particularidades de cada comunidade e na maioria, pelo objetivo da formação por instituições de ensino diversos. Mas pode–se observar a importância de uma abordagem integral, no que diz respeito à educação, quanto ao alto cuidado e a independência do paciente e do cuidador, enfatizando a educação em saúde e atividades orientadas para a realização contínua independente da presença do terapeuta. Conclui-se que a atenção domiciliar na AB passa a ser uma visita com proposta macro de educar e dar assistência com objetivo de atingir a independência do paciente, saindo assim da assistência tecnicista de atenção secundária e terciária de recuperação. Contudo, a saúde funcional do individuo passa a ser fundamental para atingir os objetivos de integralidade nas ações.

Palavras-chave: estratégia da saúde da família, Fisioterapia, visita domiciliar, Atenção Básica. Abstract – The physical therapy practices are known for being developed in all levels of attention to health. So in its process of work of basic attention (BA) the Physiotherapist must think about the demand of the community with an integral practice, and teach about health education, gatherings and individual appointments, operating groups carrying out home visits, breaking the paradigm that says that this profession is only for the benefit of rehabilitation. So, the objective of the present study was to carry out a bibliographical revision on the home approaches of the Physiotherapy in the basic attention. Searches were carried out to look for scientific data, Magazines, Entrance halls and Edicts of the Ministry of Health, COFFITO (Federal Council of Physiotherapy and Occupational Therapy) and scientific magazines in heap of the library of UNIVALE. In accordance with the reports exposed, one can see the diversity of acts for domestic attention in the basic home, this may be the result of the influence of professional formation at each community and in the majority, the objective is to form institutions of diverse teachings. Then, it is possible to observe the importance of an integral approach, concerning the education, as for the high care and the independence of the patient and of the care giver, emphasizing health education and activities orientated and in the presence of a therapist. The conclusion is that the domestic attention at the basic attention starts to be a visit with the purpose to educate with the objective to reach the independence of the patient, excluding the secondary and tertiary technical attention of recuperation. Nevertheless, the functional health of the individual starts to be basic to reach the objectives of integrity in the actions. Key words: Strategies of health for the family, physiotherapy, domestic visits, basic attention

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1.Introdução

A Estratégia da Saúde da Família é uma

proposta do ministério da saúde instituída em

1994, que vem sendo apresentada pelo Sistema

Único de Saúde institucionalmente como

alternativa para mudança de modelo assistencial

(COELHO, SANTIAGO e MORAIS, 2006).

A criação e a implantação gradativa do

Sistema Único de Saúde (SUS) podem vir a ser

consideradas como uma das reformas sociais

mais importantes realizadas pelo Brasil na última

década do século 20 e nos primeiros anos do

século atual (NUNES, AMARAL e ELIAS, 2001).

Baseado nos preceitos constitucionais a

construção do SUS se norteia pelos seguintes

princípios doutrinários: universalidade, equidade

e integralidade (MINISTERIO DA SAUDE, 1990).

Desde que a saúde no país foi instituída

como um direito de todos e um dever do Estado

e operada por meio do SUS, que os gestores

deste sistema vêm atribuindo ênfase à mudança

do modelo de atenção à saúde, priorizando o

nível de atenção básica, essa nova proposta,

teve início em 1994, com a operacionalização do

PSF, incorporando a experiência anterior do

Programa de Agentes Comunitários de Saúde

(PACS) (FERREIRA et al., 2005).

O PSF tem como desafios não só

ampliar o acesso às ações de saúde mas, dar

forma concreta a uma interpretação ampla de

saúde e as idéias de integralidade da atenção,

promoção da saúde, enfoque familiar,

desenvolvimento de co-responsabilidades,

humanização da assistência, e formação de

vínculo entre profissionais e população

territorializada (MANDU et al., 2008).

A equipe mínima de saúde da família é

composta por médico, odontólogo, enfermeiro,

auxiliar de enfermagem e agente da saúde.

Outros profissionais de saúde podem ser

incorporados de acordo com a demanda local

(ARRUDA et al., 2008).

Considerando o fortalecimento da

estratégia Saúde da Família, a melhoria da

qualidade e resolutividade da atenção básica,

está sendo proposta a criação dos NASF –

Núcleo de Apoio à Saúde da Família, que tem

como objetivo, ampliar a abrangência e o escopo

das ações de atenção básica, melhorar a

qualidade e a resolutividade de atenção a saúde.

Os núcleos são compostos por no mínimo cinco

profissionais, definidos pelos gestores

municipais, dentre as seguintes ocupações está

o fisioterapeuta (CONASS, 2007 e BRASIL,

2008).

Segundo Trelha et al (2007), o

fisioterapeuta vem adquirindo crescente

importância nos serviços de atenção primária à

saúde como é o caso do PSF. A inserção do

fisioterapeuta nos serviços de atenção primária à

saúde é um processo em construção, associado,

principalmente a criação da profissão, rotulando

o fisioterapeuta como reabilitador, voltando-se

apenas para uma pequena parcela do seu objeto

de trabalho, que é tratar a doença e suas

seqüelas (RAGASSON et al.,2006).

A fisioterapia é uma ciência da Saúde

que estuda, previne e trata os distúrbios cinéticos

funcionais intercorrentes em órgãos e sistemas

do corpo humano, gerados por alterações

genéticas, por traumas e por doenças adquiridas

(COFFITO, 2007).

Sabe-se que as práticas

Fisioterapêuticas podem ser desenvolvidas em

todos os níveis de atenção à saúde. Porém,

devido a aspectos de ordem político- econômicos

e organizacionais, sua função é pouco divulgada

e subutilizada, uma vez que sua forma mais

tradicional de atuação é centralizada nas áreas

curativas e reabilitadoras, voltadas para as

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práticas hospitalares e ambulatoriais em

detrimento aos novos modelos assistenciais.

Assim em seu processo de trabalho na Atenção

Básica (AB) o Fisioterapeuta deve suprir a

demanda da comunidade com uma prática

integral perpassando pela educação em saúde,

acolhimento atendimentos individuais, grupos

operativos e realizando visitas domiciliares,

quebrando o paradigma de ser uma profissão

apenas reabilitadora. (PEIXOTO, MATTOS e

BARBOSA, 2007).

Contudo, o atendimento domiciliar, é

imprescindível ao trabalho de atenção primária

do profissional fisioterapeuta, pois é quando nos

deparamos com a realidade das pessoas,

verificando suas atividades de vida diária, suas

limitações e a partir daí procede os

encaminhamentos e orientações pertinentes à

cada caso (RAGASSON et al., 2006).

De acordo com Lacerda et al (2006), é

necessário que os profissionais de saúde tenham

clareza em relação aos termos da atenção

domiciliar à saúde, para que possam

fundamentar suas práticas e para que tenham

uma visão unificada, e, assim, obtenha-se maior

êxito na realização de seus objetivos. Assim

podemos pontuar a assistência ou atendimento

domiciliar, a visita domiciliar e a internação

domiciliar.

A assistência domiciliar (ou atendimento)

é um conjunto de atividades de caráter

ambulatorial, programadas e continuadas,

desenvolvidas em domicílio, com o objetivo de

permitir que indivíduos que necessitem de

cuidados para circunstâncias agudas ou crônicas

de saúde, recebam o tratamento de alta

qualidade no domicílio ou na comunidade,

facilitando a longo prazo o cuidado, sendo que a

sustentação do cuidado para os amigos e a

família se torne importante (LACERDA et al.,

2006).

A visita domiciliar visa a prestar uma

assistência educativa e assistencial no âmbito do

domicílio. É por meio dela que fazemos

levantamento e avaliação das condições sócio-

econômicas em que vive o indivíduo e seus

familiares, elaborando assim uma assistência

específica a cada caso (MUNIZ et al., 2007).

De acordo com a Anvisa (Agência

Nacional de Vigilância Sanitária) (BRASIL, 2002),

a internação domiciliar é um conjunto de

atividades prestadas no domicílio, caracterizadas

pela atenção em tempo integral ao paciente com

quadro clínico mais complexo e com

necessidade de tecnologia especializada.

Contudo, o objetivo deste estudo foi

revisar literaturas que abordam a atenção

domiciliar na AB pela Fisioterapia.

2.Metodologia

O presente estudo consiste em uma

revisão bibliográfica descritiva, sobre a atuação

da Fisioterapia na atenção domiciliar na AB.

Foram realizadas buscas em bases de dados

científicos tais como Scielo e Bireme; Revistas,

Portarias e Editais do Ministério da Saúde,

COFFITO (Conselho Federal de Fisioterapia e

Terapia Ocupacional) e periódicos científicos no

acervo da biblioteca da Universidade Vale do Rio

Doce, utilizando como palavras-chave, dentre

outras: estratégia da saúde da família, atenção

básica e Fisioterapia, visita domiciliar,

atendimento domiciliar. Não foram estabelecidos

períodos específicos de publicação nem restrição

quanto ao delineamento do estudo. Foram

selecionados artigos originais em português.

Os textos obtidos foram organizados

por afinidade de assuntos e utilizados na

elaboração de uma análise crítica dos

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respectivos resultados, ressaltando

principalmente as possibilidades e benefícios do

profissional Fisioterapeuta nas possíveis

abordagens domiciliares na Atenção Básica em

Saúde.

3.Resultados e Discussão

Após a análise criteriosa das referência

bibliográficas, foram identificados diferentes

relatos sobre a atenção domiciliar na AB em

pacientes com alterações neurológicas,

cardíacas, metabólicas e em idosos e

cuidadores, entre outros. Assim foram

organizados, descritos e discutidos abaixo.

Segundo Ferreira et al (2005), a

intervenção da fisioterapia na comunidade

contribui para uma assistência integral e

equânime, através de um conjunto de ações que

puderam diminuir ou prevenir riscos a saúde, tais

ações aplicadas ao paciente foram medidas que

preveniram complicações da diabetes,

hipertensão arterial, quedas, sobrecargas

articulares e trombose. Foram obtidos resultados

através da fisioterapia, na conscientização do

paciente e da família, quanto às limitações da

deficiência e o compromisso do tratamento,

fazendo uso de recursos fisioterapêuticos

acessíveis à comunidade, proporcionando maior

independência, autonomia, prevenindo os

acidentes no domicílio e na comunidade em

geral. Também foram observados em nível

secundário e terciário, o retorno de algumas

AVD’s (atividades de vida diária), treino de

marcha, melhora da dinâmica circulatória e as

transferências de decúbito.

Em um estudo descritivo e comparativo

realizado com pacientes neurológicos de ambos

os sexos, adultos ou idosos, moradores da

Comunidade da Serrinha, no qual 15 eram

atendidos apenas pelo PSF sem inclusão do

fisioterapeuta e 16 eram atendidos pelo IPM

(Instituto da Previdência do Município), no qual

havia atendimento domiciliar fisioterapêutico,

observou-se que os pacientes atendidos pela

fisioterapia através do IPM tinham menos queixa

de dor e parestesia e mudavam mais de posturas

durante o dia. Os cuidadores dos pacientes

atendidos pelo PSF, estavam em sua maioria

insatisfeitos com o tratamento em contra partida,

os do IPM estavam todos satisfeitos e menos

cansados com exceção de um, notando-se a

importância da fisioterapia no atendimento

domiciliar (FELÍCIO et al., 2005).

Bocchi e Ângelo (2005), relataram que

as estratégias que superprotegem, não

promovem autonomia da pessoa com

incapacidades estabelecendo uma relação cada

vez mais dependente da família e

conseqüentemente, retarda o processo de

reabilitação. Relata ainda, que o cuidador de um

paciente com AVC que não estimula a autonomia

do doente, também promove sua própria

reclusão, fazendo com que o papel de cuidador

não lhe traga satisfações. Por outro lado, a

adoção de conduta de incentivo do doente a

recuperar a sua autonomia, é uma das

possibilidades de melhorar a qualidade de vida

do cuidador retomando seu plano de vida,

principalmente quando não pode contar com

outra pessoa com quem divida o trabalho ou

assuma.

O Programa de Saúde da Família de 2

bairros da cidade de Londrina, atuam em equipe

multidisciplinar no atendimento a idosos com

idade a partir de 60 anos, restritos ao domicílio

por incapacidade física ou mental, gerando

elevado grau de independência. A coleta de

dados foi feita a partir de entrevistas realizadas

em visitas domiciliares pelos acadêmicos do

curso de fisioterapia, enfermagem e medicina.

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Foram analisadas as variáveis do perfil

demográfico, o diagnóstico prévio de doenças,

ocorrência por dor osteomuscular e capacidade

funcional. De acordo com o a companhamento

pode-se confirmar a alta prevalência de doenças

cardiovasculares, sendo o diagnóstico mais

freqüente a hipertensão arterial, comprovando a

importância de profissionais para a realização da

intervenção (TRELHA et al., 2006).

Muniz et al (2007), descreveram um

relato de vivência de alunos de fisioterapia da

UEL (Universidade Estadual de Londrina), em

um projeto de extensão interdisciplinar, que

desenvolvia atividades e pesquisas relacionadas

ao envelhecimento. Foi elaborado o projeto de

Assistência Interdisciplinar em Nível Primário

(PAINP), com o objetivo de proporcionar aos

idosos a busca de melhora das suas condições

físicas, psicológicas e sociais, conscientizar a

comunidade e os profissionais da área da saúde,

da importância de uma assistência integral ao

idoso e possibilitar a formação de profissionais

para atuarem em equipe de atenção

interdisciplinar. Foram desenvolvidas atividades,

como: caracterização dos idosos e cuidadores,

executada por meio de entrevistas com 250

idosos independentes e de 70 restritos ao

domicílio e seus cuidadores; formação do grupo

de capacitação de cuidadores informais que se

reuniam garantindo um espaço para a troca de

experiências entre cuidadores, estudantes,

professores e profissionais de saúde da UBS

(Unidade Básica de Saúde), com assuntos

específicos na área da fisioterapia, como:

postura e transferência do idoso, efeitos da

imobilidade, risco de quedas, stress e

relaxamento para o cuidador; participação em

ações educativas com abordagens ligadas às

áreas de serviço social, fisioterapia, medicina,

enfermagem, nutrição e odontologia, foram

discutidos temas sobre saúde e envelhecimento,

assistência interdisciplinar aos idosos com alta

dependência, onde foi definido como prioridade o

atendimento a idosos restritos ao domicílio e com

alto grau de dependência, a discussão de temas

e casos clínicos apresentados pela equipe de

alunos relatando o caso dos idosos atendidos.

Desta forma foi possível conhecer a realidade de

muitos idosos e seus cuidadores, prestar cuidado

ao indivíduo de forma integral e ter a experiência

de interdisciplinaridade.

A experiência vivenciada por Nunes e

Portella (2005), sobre a abordagem da equipe

multidisciplinar do PSF de Três Passos-RS, feita

através de uma entrevista clínica, com o objetivo

de identificar as principais necessidades dos

idosos, constatou a importância ao auxílio de

cuidadores que prestam atendimento no âmbito

domiciliar aos pacientes, que apresentavam

hipertensão arterial, diabetes mellitus e doenças

neurológicas. Todos os pacientes eram

dependentes de cuidados domiciliares devido, a

incapacidade funcional limitada aos pequenos

movimentos e a permanência em repouso no

leito. Diante desta realidade, o atendimento

domiciliar surge como uma alternativa eficaz,

capaz de contribuir para um envelhecimento

mais saudável, promovendo melhor qualidade de

vida e qualificando o profissional, em relação ao

preparo e a atenção as necessidades humanas

básicas de idosos dependentes de cuidadores

e/ou familiares.

Foi realizado um estudo na cidade de

Londrina, no qual quatro fisioterapeutas que

atuavam no PSF foram entrevistadas buscando

agrupar elementos, idéias e expressões

relacionados ao tipo de atividade exercida e

condições de trabalho. Em relação às atividades

realizadas, foi relatado o atendimento

direcionado a educação, prevenção de doenças

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e agravos por meio de palestras e criação de

grupos específicos para atendimento em grupo e

também o atendimento domiciliar, visando o

treinamento de cuidadores que iam desde

orientações de saúde em geral, até técnicas de

estímulo sensório-motor, termoterapia,

cinesioterapia, uso de órteses e próteses

adaptadas às condições domiciliares e quanto à

importância da continuidade do tratamento. Já

em relação às condições de trabalho, o fato das

fisioterapeutas visitarem a unidade apenas uma

vez por semana, associado à grande demanda,

impedia um acompanhamento mais efetivo dos

pacientes. Outro fator limitante está relacionado

à infra-estrutura da UBS (espaço físico e

recursos terapêuticos), não é adequada para

assistência fisioterapêutica. Mesmo com toda

limitação relacionada à atuação da fisioterapia na

atenção básica, nota-se uma grande importância

da mesma. Entretanto, ainda é discutida a

questão de como e com o quê, essa unidade

será equipada (TRELHA et al., 2007).

A abordagem fisioterapêutica no

parkinsoniano, é de fundamental importância na

reabilitação do paciente no aspecto funcional,

introduzindo-o novamente a sociedade com

medidas terapêuticas que possibilitem a eles

manterem independência para a realização de

atividades do dia-a-dia e a melhora da qualidade

de vida. Sua atuação é ampla, seja, no controle

dos problemas posturais, com exercícios ativos e

passivos, treino de marcha, no desenvolvimento

de atividades diárias; na fisioterapia respiratória

direcionada para o aumento da amplitude

torácica, promovendo a melhora da função

respiratória e da capacidade funcional,

trabalhando a mobilidade através de exercícios,

podendo modificar a progressão da doença,

impedir contraturas, manter um estado de

funcionamento muscular , osteoarticular e ajudar

a retardar a demência, assim, quando o paciente

não consegue se deslocar à clínica ou ao PSF, é

fundamental seu atendimento domiciliar e as

orientações que devem ser dadas ao cuidador,

oferecendo independência ao paciente (SANT et

al., 2008).

De acordo com Melo e Driusso (2006), o

programa terapêutico domiciliar no paciente de

Alzheimer tem grande importância, já que se

trata de uma extensão do tratamento

fisioterapêutico, onde são divididas as

orientações para as atividades de vida diária e

de vida prática, enfocando tanto o portador como

o cuidador, trabalhando a independência e as

complicações, oferecendo ao portador motivação

na realização dos exercícios propostos. Para que

isso ocorra, é necessário orientá-lo com

entusiasmo e clareza.

De acordo com Jimenez et al (2006), a

falta de conhecimentos dos cuidadores e/ou

treinamento sobre o AVE, onde eles afirmam que

esta ausência de conhecimento é comum, devido

a falta de orientação por parte dos profissionais

ou do uso da linguagem científica ao se dirigirem

aos pacientes e/ou acompanhantes. É de suma

importância que os cuidadores saibam os

benefícios da reabilitação, pois esses fatores

ajudam aos pacientes a se tornarem menos

dependentes, diminuindo a sobrecarga ao

cuidador. Os exercícios fisioterapêuticos são

vistos pelos pacientes e familiares como uma

possibilidade, em curto prazo, de retorno ao que

eram antes do AVE.

Como forma de integrar a AB e a

terciária, melhorando o acesso da comunidade,

Souza, Bonilha e Veronese (2008), realizaram

um estudo comparativo do atendimento ao

paciente com diabetes mellitus no PSF e no

SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de

Urgência). A proposta para os pacientes com

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diabetes mellitus, seriam o cadastramento nos

PSF’s de suas regiões e visitas domiciliares

agendadas proporcionando o conhecimento do

cotidiano e as crenças dos indivíduos, o que

pode embasar uma orientação congruente com

seu modo de vida. Em outro nível de

complexidade de atendimento, o enfermeiro que

atua no SAMU, pode após a realização do

atendimento ao portador de diabetes mellitus,

providenciar o agendamento de uma visita ou de

uma consulta em um PSF da região do usuário.

Esta ação enlaçaria os dois níveis de

complexidade do SUS, possivelmente reduzindo

os atendimentos de casos reincidentes de

hipoglicemia no SAMU.

De acordo com Almeida et al (2006), a

fisioterapia presta um cuidado ao indivíduo de

forma integral, visando como um ser humano

único formando um todo, complexo membro de

uma família que interage com os outros grupos

sociais, vivendo em um determinado ambiente.

Com base nisto, este estudo teve como objetivo,

fornecer atendimento integral ao idoso e a sua

família no domicílio e desenvolveram atividades

de promoção, prevenção, minimização aos

agravos à saúde do idoso e aos seus familiares,

orientações aos cuidadores quanto aos

exercícios terapêuticos a serem realizados junto

aos idosos, exercícios respiratórios, auto-

alongamento, utilização da crioterapia, mudança

de decúbito de duas em duas horas,

bombeamento tíbio-társico e sinais vitais,

melhorando a independência do paciente.

Segundo Fiedler et al (2007), a

fisioterapia na abordagem domiciliar realiza uma

avaliação geral do estado de saúde do paciente,

verificando os sinais vitais e posteriormente

avaliando o ambiente domiciliar para dar início

ao tratamento. Como o trabalho relata o

atendimento domiciliar na AB, a abordagem da

fisioterapia focou em orientações ao paciente e

ao cuidador, priorizando o uso de equipamentos

caseiros para a realização de exercícios de

coordenação motora fina e respiratório, obtendo

uma melhora significativa do paciente.

Em pesquisa realizada por acadêmicos

do décimo período de fisioterapia em seis

municípios do norte de Minas Gerais, na qual um

questionário contendo 10 perguntas variadas de

acordo com os temas: condições gerais da

comunidade; a satisfação da população diante

do serviço de saúde e a importância da inserção

do fisioterapeuta no Programa Saúde da Família

foram aplicadas à população, tendo por fim um

total de 262 questionários. Como em todos os

municípios onde houve entrevista, havia a

inserção da fisioterapia no PSF, as respostas

referentes ao questionário foram todas de forma

positiva em relação a esse tema, na qual 95% da

população afirmaram uma melhoria na sua

qualidade de vida ou de sua família, devido ao

atendimento fisioterapêutico, já em relação as

condições gerais do serviço de saúde e

condições gerais da comunidade, 72% da

população classificou como ótimo e 28%

classificou como bom, já em relação a inserção

da fisioterapia no PSF, 79% achavam muito

importante e 21% achavam importante. Diante

dos resultados colhidos através da entrevista,

mais uma vez percebemos a importância e o

sucesso da inserção da fisioterapia no PSF

(RUAS, PAULA e FARIA, 2007).

Assim, o levantamento das experiências

vivenciadas na atenção domiciliar na AB, pelo

fisioterapeuta, se torna relevante para a

consolidação do seu processo de trabalho neste

nível de atenção, seja no PSF, vinculado ao

NASF ou a uma UBS.

De acordo com os relatos aqui expostos,

fica clara a diversidade de atuações na atenção

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domiciliar na AB, podendo esta, ser influenciada

pela formação profissional, pelas particularidades

de cada comunidade e na maioria, pelo objetivo

da formação por instituições de ensino diversos.

Mas pode-se observar a importância de uma

abordagem integral, no que diz respeito à

educação, quanto ao alto cuidado e a

independência do paciente e do cuidador,

enfatizando a educação em saúde e atividades

orientadas para a realização contínua

independente da presença do terapeuta.

A Fisioterapia pode se integrar na

Atenção Básica, de modo à contribuir

significativamente para melhorar as condições de

saúde da população, a partir da análise da

situação de saúde em nível local, garantindo a

intervenção sobre problemas e grupos

populacionais prioritários, promovendo saúde,

prevenindo, protegendo recuperando e

reabilitando a comunidade de forma íntegra.

4.Conclusão

A atuação Fisioterapêutica pode ser

desenvolvida em todos os níveis de Atenção à

Saúde, por ter sua abordagem prática voltada

para a prevenção, o tratamento e a reabilitação

de distúrbios cinéticos funcionais.

A inserção do Fisioterapeuta na Atenção

Básica do SUS, mais especificamente na

estratégia Saúde da Família é de fundamental

importância para melhorar as condições de

saúde da população.

Assim, a atenção domiciliar na AB passa

a ser uma visita com proposta macro de educar e

dar assistência com objetivo de atingir a

independência do paciente, saindo assim da

assistência tecnicista de atenção secundária e

terciária de recuperação. Contudo, a saúde

funcional do individuo passa a ser fundamental

para atingir os objetivos da integralidade nas

ações.

5.Referências

ALMEIDA, L.G.D.; et al. Promover a vida: uma modalidade da fisioterapia no cuidado à saúde de idosos na família e na comunidade. Rev. Saúde. Com. v.2, n.1, p. 50-58, Jul 2006. ARRUDA, A.D.; et al. A importância da inclusão da fisioterapia no programa saúde da família. Documento disponível em: < http://www.google.com.br >, 2002. Acesso em: 02 de outubro de 2008. BRASIL, Portaria GM/MS n. 154. Núcleos de Apoio a saúde da família de 24 de janeiro de 2008, Brasília. Documento disponível em: < http://www.saude.gov.br/dab >, 2002. Acesso em: 02 de outubro de 2008. BRASIL, Resolução da Diretoria Colegiada. Documento disponível em: < http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=20642 >, 2002. Acesso em: 02 de outubro de 2008. BOCCHI, S.C.M.; ANGELO, M.; Interação cuidador familiar-pessoa com AVC: autonomia compartilhada. Ciência e Saúde Coletiva. v.10, n.3, p. 729-739, Jan 2005. COELHO, L.M.; SANTIAGO, M.P.D.; MORAIS, S.B.; Atuação da fisioterapia na estratégia saúde da família – relato de experiência. Trabalho de Conclusão de Curso do curso de Fisioterapia da Universidade Vale do Rio Doce. Governador Valadares, 2006. COFFITO. Fisioterapia/Definição. Disponível em: < http://www.coffito.org.br >, 2007. Acesso em: 02 de outubro de 2008. CONASS, Núcleos de apoio à saúde da família. Documento disponível em: < http://www.conass.org.br/admin/arquivos/NT20-07.pdf >. Acesso em: 02 de outubro de 2008, 2007. FELICIO, D.N.L.; et al. Atuação do fisioterapeuta no atendimento domiciliar de pacientes neurológicos: a efetividade sob a visão do cuidador. RPBS. v.18, n.2, p. 64-69, Mar 2005. FERREIRA, F.N; et al. Intervenção fisioterapêutica na comunidade: relato de caso de uma paciente com AVE. Revista Saúde.Com. v. 1, n. 1, p. 35-43, 2005.

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