abordagem policial

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ABORDAGEM POLICIAL Dr. Luis César Barão Comissão de Direitos Humanos 3ª SUBSECÇÃO - CAMPINAS ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL

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Cartilha de Abordagem Policial desenvolvida pelo Dr. Luis César Barão

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Page 1: Abordagem Policial

ABORDAGEMPOLICIAL

Dr. Luis César Barão

Comissão de Direitos Humanos3ª SUBSECÇÃO - CAMPINAS

ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL

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EXPEDIENTEProdução: Centro de Direitos Humanos de Sapopemba

Apoio: Tamassia Marques Advogados AssociadosPadres Espiritanos, Missionários Comboianos

Diagramação do Original:TDVA Comunicação

Ilustrador:Emerson Silva da Rocha

Revisão e Nova Produção:Dr. Luis César Barão

Diagramação do novo formato:Vlaj Lindemuth

WebSite:www.drbarao.com.br

Email:[email protected]

Page 3: Abordagem Policial

ÍNDICEApresentação............................................................................................ 04

Abordagem Policial: o que os(as) policiais podem ou não fazer.............. 06

Busca dentro de casa............................................................................... 06

- Sem ordem do(a) juiz(a)............................................................ 06

- Com ordem do(a) juiz(a)............................................................ 07

Busca Pessoal.......................................................................................... 08

Na delegacia de polícia............................................................................. 11

Busca no carro.......................................................................................... 12

Denúncias................................................................................................. 13

Telefones Úteis......................................................................................... 14

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APRESENTAÇÃO

Quando cada um de nós chega à vida, somos preparados para uma missão e dela não podemos nos esquivar, sob pena de não cumprirmos com aquilo que nos foi determinado por Deus. Por esta razão, como ser que ganhou o dom da vida, procuro desenvolver meu trabalho com dedicação, honestidade e bom senso.

Na qualidade de Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/SP 3ª Subsecção de Campinas, fui procurado para falar a uma emissora de televisão sobre uma cartilha elaborada pelo Centro de Direitos Humanos de Sapopemba – CDHS. A referida cartilha trazia em seu bojo elucidações a respeito da temática “Abordagem Policial”.

Para ter acesso ao material e poder comentá-lo, acessei a rede mundial de computadores (internet) e encontrei a referida cartilha disponibilizada gratuitamente para impressão. Confesso que fiquei surpreso com a riqueza do trabalho e entendi de pronto a necessidade da divulgação de tal tema. Todos nós sabemos que o Estado através de suas polícias, mais precisamente de seus agentes policiais, cometem excessos que muitas vezes violam e ferem a dignidade da pessoa humana, a ponto de não ser incomum ouvir que as comunidades carentes se relacionam melhor com criminosos do que com policiais.

Nós sabemos que para termos uma sociedade equilibrada, justa e harmoniosa é imprescindível que o Estado exerça um papel de guardião e fomentador das garantias individuais e na preservação da dignidade da pessoa humana. Somente assim teremos cidadãos respeitados e respeitadores dos Poderes Constituídos. Sabemos, por diversos artigos de estudiosos, que a violência não se combate gerando mais violência. É necessário que se desenvolva uma consciência coletiva nesse sentido.

Por isso, enquanto defensores do Estado de Direito e da dignidade humana, somos contrários a qualquer tipo de excesso cometido contra a dignidade da pessoa humana.

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A proposta desta cartilha é justamente poder difundir nos meios sociais, entre eles as escolas, sociedades de bairro, sindicatos e associações, os limites impostos pela legislação aos policiais quando da abordagem de pessoas, automóveis e residências.

Acreditamos que o Estado deve ter, sim, a polícia como garantidora da ordem e combatente mór da criminalidade. Admiramos o trabalho policial, rendemos homenagens aos bons policiais, porém somos contra aquela minoria, felizmente, que extrapola seus limites morais e legais no exercício profissional.

Para termos uma polícia respeitada e confiável, precisamos ter policiais bem preparados, conscientes da importância da preservação e proteção da dignidade humana. Não se combate a violência com mais violência. A polícia precisa agir com inteligência e apoio da população. Somente assim ela poderá efetivar seu trabalho com eficiência e colaborar de forma definitiva para a diminuição das estatísticas criminais.

Daí a necessidade de conhecermos nossos direitos e os limites impostos pela legislação, na forma de atuação dos milicianos. Denunciando maus policiais estaremos colaborando para a construção de uma polícia melhor, mais eficiente e uma sociedade menos violenta e, na medida do possível, mais justa e humanitária.

Dr. Luís César BarãoAdvogado e Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB/SP - 3ª Subsecção Campinas. 5

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O QUE OS(AS) POLICIAISPODEM OU NÃO FAZER

BUSCA DENTRO DE CASA

Qualquer policial civil ou militar, seja ele (a) delegado (a) de polícia ou oficial da PM, só pode entrar na casa de uma pessoa nas seguintes situações:

SEM ORDEM DO(A) JUIZ(A) (Sem Mandado)

1) Quando os (as) policiais estiverem perseguindo alguém que acabou de cometer um crime e esta pessoa entrar na casa, os(as) policiais podem entrar, mesmo sem o consentimento do morador(a).

2) Quando os (as) policiais tiverem certeza que dentro da casa estão guardadas drogas, armas de fogo ou produtos roubados ou furtados.

3) Em caso de desabamento, incêndio, desastres ou mesmo para socorrer alguém que está passando mal.

Para a Lei, a casa é o lugar em que a pessoa mora,incluindo quintal, garagem, etc.

ATENÇÃO! Mas tem que ter certeza.Não podem apenas "achar". Se for engano estarão cometendo crime de abuso de autoridade.

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4) Quando o morador(a) autorizar a entrada dos (as) policiais.

Em todas as situações os (as) policiais poderão entrar a qualquer hora do dia ou da noite.

O(A) morador(a) deve sempre acompanhar a revista feita pelos(as) policiais.

Os(As) policiais não podem rasgar documentos fotografias, quebrar objetos.

Todo objeto, dinheiro, documento ou fotografia que eles (as) pegarem em sua casa devem ser apresentados para o(a) delegado(a).

COM A ORDEM DO(A) JUIZ(A)(Com mandado de busca e apreensão)

O mandado de busca e apreensão é um documento que o(a) Juiz(a) entrega aos (às) policiais para que eles/elas possam entrar na casa de qualquer pessoa, mesmo contra a vontade do(a) morador(a).

Nesse mandado deve constar:- endereço exato da residência em que será realizada a busca;- nome do morador(a);- motivo da busca;- assinatura do(a) Juiz(a).

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ATENÇÃO! Para cada casa deve haver um mandado. A lei não permite o mandado coletivo. Este documento deve ser mostrado pelos(as) policiais e lido para o(a) morador(a) antes de entrar na casa.

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ATENÇÃO! No caso do(a) morador(a) não estarem casa, a busca DEVE SER DURANTE O DIA.

A busca pelos(as) policiais deverá ser realizada DURANTE O DIA. À NOITE APENAS COM A AUTORIZAÇÃO DO MORADOR.

Se não tiver ninguém na casa os(as) policiais deverão chamar dois vizinhos(as) para acompanharem a busca. No final, osvizinhos(as) devem assinar o relatório de como foi a revista e o que foi apreendido na casa.

Busca pessoal é o que é conhecemos por “geral”.

Os(As) policiais civis ou militares podem fazer buscas pessoais SEM ORDEM DO(A) JUIZ(A) quando tiverem fundadas suspeitas que a pessoa está escondendo armas de fogo, objetos destinados a prática do crime ou drogas.

Nestes casos os(as) policiais podem parar a pessoa e mandar colocar as mãos para o alto enquanto fazem a revista.

Os(As) policiais não podem parar as pessoas porque “acham” que são suspeitas, ou seja, por preconceito. Se não houver fundada suspeita, não podem parar a pessoa porque ela mora na favela, ou num bairro pobre, ou está de chinelo ou boné.

BUSCA PESSOAL

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Os(As) policiais durante a revista devem tratar as pessoas com respeito, inclusive familiares que se aproximarem no momento da abordagem para pedir informações sobre o que está acontecendo.

Os(As) policiais não podem GRITAR com as pessoas, xingá-las, chamando-as de LADRÃO, VAGABUNDO, NÓIA entre outros. Isso é crime de injúria e até mesmo de abuso de autoridade.

Se xingar de PRETO SAFADO é crime de discriminação. Ninguém pode ofender a origem racial das pessoas. Ser negro, amarelo, branco ou índio não significa que a pessoa seja suspeita.

PARADO AÍ,SEU NÓIA!

SÓ PODIA SERPRETO

SAIA DAQUI!E NÃO OLHE PARA TRÁS!

Se AMEAÇAR ou BATER, para que confesse alguma coisa é crime de tortura.

Mandar a pessoa sair correndo sem olhar para trás é crime de abuso de autoridade.

Mulher deve ser revistada por policial feminino. Em casos de fundada suspeita em que não tenha uma policial por perto, a lei permite que o policial reviste a mulher.

ATENÇÃO! Os(As) policiais não podem passar as mãos nas partes íntimas da mulher.

Se fizer isso estará cometendo crime de ato libidinoso e abusode autoridade.

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AVENIDASAPOPEMBA

ABAIXEA CALÇA

A revista deve ocorrer de forma que nãoconstranja a pessoa que está sendo revistada.

Assim, é proibido o(a) policial mandar uma pessoa tirar a roupa no meio da rua ou mesmo exigir que fique com a mão para trás ou para oalto depois de revistada, identificada e que não esteja sendo procurada pela polícia.

Não há lei no Brasil que obrigue a pessoa a andar com documentos.

No entanto os(as) policiais podem pedir os documentos de qualquer pessoa e, se esta não estiver com os documentos, os(as) policiais devem perguntar o nome da mãe, data de nascimento, para verificar se esta pessoa é foragida da justiça ou não.

A pessoa não é obrigada a responder de onde vem, para onde vai, se tem passagens pela polícia, se conhecia fulano de tal, pois isso foge da finalidade da busca policial.

ATENÇÃO!

RECOMENDA-SE ANDAR COM DOCUMENTOS

A pessoa só pode ser levada para a delegacia se for presa em flagrante delito ou se houver ordem judicial.

O(A) policial não pode prender ninguém por estar sem documento e se isto acontecer estará cometendo abuso de autoridade.

Os (As) policiais só podem algemar alguém se este estiver sendo preso em flagrante ou se for foragido da justiça. Algemar por outro motivo é crime de abuso de autoridade.

Após verificar os documentos e nada constando, os(as) policiais devem devolvê-los.

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NA DELEGACIA DE POLÍCIA

Quando uma pessoa é conduzida a uma Delegacia por policial civil ou militar, ela deve ser apresentada imediatamente ao(à) Delegado(a) de Polícia.

Tudo o que acontecer com a pessoa dentro ou no pátio da Delegacia de Polícia é de responsabilidade do(a) Delegado(a) de polícia.

ATENÇÃO!

Se uma pessoa é agredida nas dependências da Delegacia o(a) Delegado(a) também poderá responder por crime de tortura.

Se o(a) escrivão(ã), investigador(a), policial militar ou civil ou até mesmo o(a) Delegado(a) exigir dinheiro da pessoa responderá por crime de corrupção passiva.

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Se o(a) escrivão(ã),investigador(a), policialmilitar ou civil ou até mesmoo(a) Delegado(a) exigirdinheiro da pessoaresponderá por crime decorrupção passiva.

Todo(a) Policial deve estar identificado(a) e quando solicitado deve apresentar sua carteira funcional.

A revista em automóveis é permitida nas mesmas situações da revista pessoal. O carro só pode ser revistado em caso de fundada suspeita.

A pessoa que estiverconduzindo o carrodeve acompanhar a revista.

BUSCA NO CARRO

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ALTURA:1,62m

SOLDADOFARDADO

COR DE PELE:BRANCA

COLETECOM ESCRITAPOLÍCIA

IDENTIFICAÇÃODO

SOLDADO

Se o(a) policial estiver atuando fora da legalidade, temos odireito e dever de denunciar aos órgãos competentes.

Denunciar os(as) maus/más policiais é valorizar os(as) bons/boas policiais e zelar pela cidadania.

DENÚNCIAS

PARA DENUNCIARPEGUE ESTES

DADOS:

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TELEFONES ÚTEIS

Policia MilitarRua Alfredo Maia, 58Bairro da Luz - Capital/SPCEP: 01106-010Fone: (11) 3322-0213

Obs: Eventual denúncia também poderá ser feita diretamente ao SJD-Setor de Justiça e Disciplina do respectivo batalhão onde serve o militar a ser denunciado.

Policia CivilAv. Francisco Glicério, 1269 - 6° andarCentro - Campinas/SPCEP: 13012-000Fone: 3237-5500

Disque DenúnciaFone: (19) 3236-1540 e 181Obs: O denunciante não é identificado

Ouvidoria de PolíciaFone: 0800-177070Rua Japurá, 42 – Bela VistaSão PauloDenúncias contra Policiais Civis e Militares das 9:00 às 17:00 Horas

Em último caso, ligue 190Explique o que está acontecendo, afinal não são todos os policiais que praticam abuso.

NÃO FIQUE CALADO !AB

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AGEM

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LICI

ALAB

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ANOTAÇÕES

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CIAL Para termos uma polícia

respeitada e confiável, precisamos ter policiais bem preparados, conscientes da importância da preservação e proteção da dignidade humana. Não se combate a violência com mais violência. A polícia precisa agir com inteligência e apoio da população. Somente assim ela poderá efetivar seu trabalho com eficiência e colaborar de forma definitiva para a diminuição das estatísticas criminais.

Daí a necessidade de conhecermos nossos direitos e os limites impostos pela legislação, na forma de atuação dos milicianos. Denunciando maus policiais estaremos colaborando para a construção de uma polícia melhor, mais eficiente e uma sociedade menos violenta e, na medida do possível, mais justa e humanitária.

Espero que essa cartilha possa dar à nossa sociedade, uma contribuição efetiva para acabarmos com a violênia e com os abusos cometidos pelo Estado de forma que possamos ver a sociedade e os poderes constituidos juntos no combate à criminalidade.

Dr. Luís César Barãowww.drbarao.com.br