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Igarapé2019
TATIANE GODINHO GUIMARÃES
SISTEMA DE ENSINO PRESENCIAL CONECTADOCURSO SUPERIOR DE LICENCIATURA EM LETRAS
PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR INDIVIDUAL VII
O DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA LEITORA NO ENSINO MÉDIO
Igarapé2019
PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR INDIVIDUAL VII
O DESENVOLVIMENTO DA COMPETÊNCIA LEITORA NO ENSINO MÉDIO
Trabalho de produção textual individual apresentado à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção de média semestral nas disciplinas: Literatura Afro-luso-brasileira; Linguística formal e textual; Semiótica; Projeto de Ensino; Seminário da Prática VII.
Professores: Lucas Toledo de Andrade; Juliana Fogaca Sanches Simm; Antonio Lemes Guerra Junior; Eliza Adriana Sheuer Nantes.
TATIANE GODINHO GUIMARÃES
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO............................................................................................................3
1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA...........................4
2 PROPOSTA DIDÁTICA.......................................................................................62.1 DESCRIÇÃO DETALHADA DAS ATIVIDADES COM CONCEITOS E TEORIAS
DA LINGUISTICA TEXTUAL E SEMIÓTICA...............................................................6
2.2 AVALIAÇÃO.........................................................................................................7
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................8
REFERÊNCIAS...........................................................................................................9
INTRODUÇÃO
Apresenta-se a produção textual interdisciplinar referente à atuação
do professor de Língua Portuguesa no Ensino Médio, onde a mesma se pronuncia
com o foco de estratégias de leitura que contribuam para a compreensão de textos
literários. A necessidade de adotar essa didática justifica-se pelo desinteresse dos
alunos pela leitura e pela enorme dificuldade apresentada na compreensão da
leitura de textos, sobretudo, literários e a preocupação de muitos docentes, que têm
o desafio de resgatar e criar estímulos de maneira atrativa e interativa, portanto,
utilizar de estratégias pode estabelecer vínculos prazerosos e interessantes para a
formação de leitores críticos e reflexivos.
Esse trabalho leva em consideração o caráter conotativo da
literatura, a abstração pedida no processo de leitura literária, as especificidades e
diversidades brasileiras existentes nas obras trabalhadas, mostrando as múltiplas
realidades da vida humana, suas complexidades e emoções, e abordando desde a
norma culta até as variações lingüísticas presentes em cada regionalidade. Nesse
contexto, iremos refletir sobre a utilização dos diferentes conceitos da linguística
textual e semiótica, aplicadas às atividades de leitura, e atentaremos também aos
elementos estruturais do texto (lexicais, gramaticais, semânticos, discursivos, etc.)
que são aspectos importantes na construção de sentidos. Os Objetivos propostos
são proporcionar aos estudantes do 3° ano do Ensino Médio: perspectivas, propósito
para freqüentar as aulas, entender a importância do letramento na vida do cidadão,
unir os saberes do aluno ás contribuições da ciência, construir novos conhecimentos
no intuito de formar indivíduos com uma visão mais global da realidade.
O processo de desenvolvimento, primeiramente fundamentou-se a
tese que articula o projeto de acordo com as teorias de Kleiman (1997); Marcuschi
(2008) e Barros (2011). Após detalha-se a proposta, para o último ano do ensino
médio; em objetivos, conteúdos e critérios de avaliação. Selecionou-se o conto “A
fronteira de asfalto de José Luandino Vieira, para uma oficina que abordará
atividades que exigem participação do grupo em relação a gêneros textuais e
midiáticos, em que os mesmos serão avaliados de acordo com a criatividade,
colaboração e participação durante todo o processo de ensino-aprendizagem.
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1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Esta revisão bibliográfica visa a analisar a construção de sentidos
nos textos utilizando alguns referentes teóricos como, por exemplo, o conhecimento
de mundo, abordado por Kleiman (1997); o processo de inferência, abordado por
Marcuschi (2008); a Teoria Semiótica do Texto, retomada por Barros (2011).
Fundamentando nesse contexto serão apresentadas contribuições que a linguística
textual e a semiótica podem oferecer ao ensino de Língua portuguesa.
Na busca por evidenciar aspectos relacionados aos sentidos dos
textos, tornam-se importante os suportes teóricos que indiquem um possível
caminho a ser seguido para que possamos adentrar na superfície textual, visto que o
percurso interpretativo está associado à identificação de fatores linguísticos,
cognitivos e sociais que interferem na significação.
Textos são objetos de interação entre os sujeitos, sendo que na
leitura há a participação ativa do leitor: primeiro porque, na produção discursiva, a
imagem “virtual” que o enunciador faz do enunciatário intervém diretamente nas
escolhas enunciativas e nas estratégias de produção do enunciado (BAKHTIN,
2011); segundo, porque o leitor, ao tomar contato com um texto, mobiliza seus
conhecimentos e lança mão de sua habilidade de leitura, para, a partir do dito,
desvelar os sentidos textuais implícitos.
Para Kleiman (1997, p. 10), compreender um texto pode parecer
uma atividade difícil, seja por constituir esse um objeto complexo, seja por não se
conseguir “relacionar o objeto a um todo maior que o torne coerente”. Dessa forma,
entende-se que durante o processo de leitura, a fim de inferir sentidos, recorre-se os
conhecimentos de mundo que se encontram armazenados na memória, ou seja, o
conhecimento prévio que já tínhamos armazenado na mente desde as relações
sociais e comunicativas, até informações gerais e de conhecimento linguístico.
Conforme Marcuschi (2008, p. 248), é possível distribuir os modelos
teóricos que tratam da compreensão textual em dois grandes paradigmas que
estabelecem duas hipóteses, quais sejam: o de que compreender é decodificar; o de
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que compreender é inferir. Neste item, mostra-se que a hipótese que toma a
compreensão como inferência, se baseia numa atividade mais ampla e de base
sociointerativa. Defende-se, portanto, que compreender é “partir dos conhecimentos
(informações) trazidos pelo texto e dos conhecimentos pessoais (enciclopédicos)
para produzir (inferir) um sentido como produto de leitura” (MARCUSCHI, 2008, p.
239).
Contudo pode-se afirmar que compreensão é fundamentada em
atividades cooperativas e inferenciais, a partir de um trabalho construtivo, criativo e
sociointerativo: “o sentido não está nem no texto nem no autor nem no leitor, e sim
numa complexa relação interativa entre os três e surge como efeito de uma
negociação” (MARCUSCHI 2008, p. 248).
Referente a Teoria da Semiótica, o texto é visto como objeto de
estudo, onde se preocupa em entender “o que o texto diz e como ele faz para dizer o
que diz” (BARROS, 2011, p. 7). Para a Semiótica, um texto se efetiva por meio da
união de um plano do conteúdo com um plano de expressão e ela busca decifrar os
sentidos do texto analisando, primeiramente, o plano de conteúdo, visto que o plano
de expressão pode variar e assumir diversos formatos. Pode-se introduzir,
brevemente, os três níveis previstos pela Semiótica da seguinte maneira:
a primeira etapa do percurso, a mais simples e abstrata, recebe o nome de nível fundamental ou das estruturas fundamentais e nele surge a significação como uma oposição semântica mínima; [...] no segundo patamar, denominado nível narrativo ou das estruturas narrativas, organiza-se a narrativa, do ponto de vista de um sujeito; [...] o terceiro nível é o do discurso ou das estruturas discursivas em que a narrativa é assumida pelo sujeito da enunciação. (BARROS, 2011, p. 9).
Reconhecendo as dificuldades encontradas quando o assunto é
interpretação textual, buscou-se apontar um possível caminho a ser seguido no
processo de (re)construção dos sentidos dos textos, e dessa forma, foram
apresentadas as principais teorias da Linguística textual e da Semiótica que podem
contribuir para o ensino de Língua portuguesa, as quais serão enfatizadas na
proposta didática que será apresentada logo a seguir.
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2 PROPOSTA DIDÁTICA
A presente proposta didática refere-se ao desenvolvimento de uma
oficina de leitura para alunos do ensino médio, com a finalidade de refletir sobre o
conto “A fronteira de asfalto” que se encontra no livro A cidade e a infância (1960),
do escritor angolano José Luandino Vieira. Serão praticadas estratégias de leitura
que visem a facilitar o início do trabalho e que diminua as dificuldades que os alunos
possuem na compreensão de leitura de textos literários.
2.1 DESCRIÇÃO DETALHADA DAS ATIVIDADES COM CONCEITOS E
TEORIAS DA LINGUISTICA TEXTUAL E SEMIÓTICA
A proposta se desenvolverá em três aulas aplicadas nas sexta-
feiras em que serão realizadas atividades que envolvam os diferentes conceitos da
lingüística textual e percepção dos elementos estruturais do texto. As aulas serão
expositivas, contando com o auxilio de gêneros textuais e midiáticos.
No primeiro encontro, será apresentada a proposta didática aos
alunos, salientando a importância do trabalho com a oralidade, bem como
destacando a importância da análise e reflexão de textos literários, sobretudo no
ensino médio, em razão da preparação para vestibulares e ENEM, ressaltando
também que o conto escolhido para a proposta é de um livro cobrado pelo
vestibular. Nessa aula será exibido fotos no datashow referente as riquezas da
África com o objetivo de se quebrar qualquer preconceito referente o continente,
será salientado os principais países lusófonos com seus costumes e cultura. Após
será exibido um filme (
https://www.youtube.com/watch?v=eyg4DzZdDCM) sobre a biografia
e as principais obras de Luandino Vieira, que é o autor do conto trabalhado na
proposta. A exibição do filme tem por objetivo despertar a empatia e a curiosidade
dos alunos pelas obras da literatura africana, sobretudo em relação à obra
selecionada. Essa primeira abordagem se justifica pois para a Semiótica o texto é
um objeto de significação linguístico e histórico, essa concepção se preocupa com o
estudo das teorias linguísticas de formações discursivas, levando em consideração
aspectos intradiscursivos e interdiscursivos. Nesse sentido, a Semiótica francesa
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concebe uma teoria gerativa, sintagmática e geral (FIORIN, 1995).
Na segunda aula será realizada uma avaliação diagnóstica em forma
de entrevista oral, onde alunos serão convidados a falar sobre seus conhecimentos
prévios relacionados à literatura africana e dar a opinião referente ao continente da
África e do vídeo assistido na aula anterior. O resultado será registrado a fim de
preparar as estratégias para a próxima aula. Para finalizar o segundo encontro será
realizada uma breve revisão oral sobre os conteúdos introduzidos na aula anterior, e
em seguida os alunos receberão o conto “A fronteira de asfalto” em folha de ofício.
Será realizada a leitura e discussão do conto junto a turma que estará reunida em
um circulo. Será mediada a análise sobre as estruturas fundamentais, narrativas e
discursivas presentes no conto. De acordo com Deely (1990: 51): “Já fica bastante
claro que semiótica é o nome de um tipo distinto de investigação, distinto pela
mesma razão que torna qualquer investigação distinta, isto é, por seu objeto de
estudo, no nosso caso, a semiose.”
Na ultima aula referente a essa temática, será realizada uma análise
relativa às estruturas narrativas abstratas presentes no discurso do conto, em dois
níveis de concretização: a tematização e a figurativização (FIORIN, 1995). O
conteúdo será de acordo com as teorias lingüísticas mencionadas, proporcionando
questionamentos sobre a identificação desses elementos no conto. Logo após os
alunos terão que produzir um texto sobre suas percepções relacionadas à literatura
africana e ao conto.
2.2 AVALIAÇÃO
A avaliação terá prioridade e estratégias de modo formativo, onde
será fundamentada nos princípios do cognitivismo, do construtivismo, nas teorias
socioculturais e sociocognitivas. Os alunos serão avaliados em todas as etapas da
oficina contemplando a participação e engajamento. Na ultima aula será aplicada a
produção textual a fim de analisar o que os alunos aprenderam sobre a literatura
africana e avaliar a competência leitora e de produção textual na presente turma no
Ensino Médio.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A produção textual interdisciplinar apresenta reflexões sobre o
desenvolvimento da competência leitora no Ensino Médio, onde a presente proposta
pedagógica foi desenvolvida acerca do ensino da literatura africana na educação
básica, desenvolvendo estratégias de leitura para a compreensão de textos
literários, considerando a abstração necessária ao processo de leitura literária e as
especificidades existentes nas obras literárias.
Durante o percurso foi trabalhado a oficina de leitura contemplando o
contexto histórico e cultural do continente, a biografia do autor José Luandino Vieira
e reflexão sobre o conto “A fronteira de asfalto estimulando a aprendizagem e o
interesse dos alunos para a temática escolhida. As aulas foram realizadas com
atividades de oralidade, proposição de debate mediado pelo professor para analisar
aspectos estruturais do conto, e aplicação de atividades avaliativas.
A participação dos alunos foi registrada pelo professor em todas as
etapas, identificando o nível de aprendizagem obtido durante a aplicação da
proposta, para que seja verificado os resultados alcançados com a realização da
proposta didática e analisar se haverá necessidades de realizar adaptações ou
alterações em alguma das etapas da aplicação da proposta.
Conclui-se que a atuação do professor de Língua Portuguesa da
educação básica diante da abordagem da leitura foi direcionado pelas orientações
contidas na Base Nacional Comum Curricular – BNCC. Os Parâmetros curriculares
nacionais destacam a importância do trabalho com oralidade no ambiente escolar,
classificando-a como “excelente estratégia de construção do conhecimento, pois
permite a troca de informações, o confronto de opiniões, a negociação dos sentidos,
a avaliação dos processos pedagógicos” (PCN’s, 1998 p. 14).
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REFERÊNCIAS
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa/ Brasília: MEC/SEF, 1998.
ENTREVISTA sobre José Luandino Vieira. [S. l.: s. n.], 2017. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=eyg4DzZdDCM. Acesso em: 20 abr. 2019.
FIORIN, José Luiz. A noção de texto na semiótica. Organon, v.9, p.163-73, 1995. Disponível em <https://seer.ufrgs.br/organon /article/view/29370/18060>. Acesso em 23 fev 2019.
FERREIRA, Maria Helena; VIEIRA, Mauricéia Silva de Paula. Gêneros textuais e discursivos: Guia de estudos. Lavras: Universidade Federal de Lavras – UFLA, 2013. Disponível em http://www.dired.ufla.br/portal/wp-content/uploads/2015/03/GUIA_G%C3 %8ANEROS_TEXTUAIS.pdf. Acesso em 23 ago. 2018.
KOCH, Ingedore G. Villaça. Contribuições da Linguística textual para o ensino de língua portuguesa na escola média: a análise de textos. Revista do GELNE, v. 1, n. 1, p. 16-20, 17 fev. 2016. Disponível em <https://periodicos.ufrn.br/gelne/article/view/9280>. Acesso em 23 fev 2019.
MARTINO, Agnaldo. A linguística textual na prática de leitura e interpretação de texto em língua portuguesa. Verbum, n. 8, p. 64-79, 2015.
SAAD, Nicole. Luandino Vieira escritor africano. 2016 (8m2s). Disponível em <https://www.youtube.com/watch?v=sZ5pUJBeIZk>. Acesso em 20 abr 2019.
VIEIRA, José Luandino. A cidade e a infância: contos. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
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