abismo humano nº7
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"Olho o Tejo, e de tal arte Que me esquece olhar olhando, E súbito isto me bate De encontro ao devaneando — O que é ser-rio, e correr? O que é está-lo eu a ver?"TRANSCRIPT
Equipa Editorial
Andr Conscincia - Albano Ruela
Assinaturas: abismohumano@gmail.com
Para assinar a Revista Abismo Humano contactar por email
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Editorial
7 A Associao de Artes 'Abismo Humano dedica-se ao aproveitamento da tendncia artstica presente nas novas camadas jovens e a integrar, junto da arte, os valores locais, bem como ao entreteni-mento, educao e cultura de forma a ocupar os espaos livres na disposio dos seus associados. Para tal a associao compromete-se a contactar vrios artistas, tanto na rea da pintura, da literatura, escultura, fotografia, cinematogrfica, ilustrao, msica e artesanato, de forma a expor as suas obras tanto num jornal de lanamento trimestral, consagrado aos scios, como na organizao de eventos, como tertlias, exposies, festas temticas, concertos e teatros. A associao de artes compromete-se igualmente a apoiar o artista seu colaborador, com a montagem de, por exemplo, bancas comerciais e com a divulgao do trabalho a ser falado, inclusive lanamentos, visando assim proteger a arte do antro de pobreza ingrata e esquecimento que tantas vezes espera as mentes criativas aps o seu labor. Os eventos, que so abertos ao pblico, servem inclusive o propsito de angariar novos scios, sen-do que privilgio do scio, mediante o pagamento da sua quota, receber o jornal da associao, intitula-do de Abismo Humano. Este jornal possui o objectivo de divulgar as noticias do meio artstico bem como promover os muitos tipos de arte, dando ateno qualidade, mais do que fama, de forma a casar a qualidade com a fama, ao contrario do que, muitas vezes, se pode encontrar na literatura de super-mercado. Afiliada s vrias zonas comerciais de cariz artstico, ser autora de promoo s mesmas, dei-xando um espao tambm para a histria, segundo as suas nuances artsticas, unindo a vaga jovem ao conhecimento e experincia passada.
Abismo Humano
Assinaturas
Equipa Editorial
Andr Conscincia - Albano Ruela
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Sumrio
Runas Circulares
Entrevista com Patrcia Guerra
Pgina 14
Captaes Imaginrias Banda Desenhada
Angloume
Pgina 34
Captaes Imaginrias Ilustrao
Patrcia Guerra
Pgina 35
Captaes Imaginrias Ilustrao
Borus Aura
Pgina 37
Abismo Humano
Editorial Assinaturas Sumrio Manifesto Runas Circulares Hierglifos Existenciais Labirintos Prosaicos Captaes Imaginrias Banda Desenhada Ilustrao Arte Digital Fotografia Pintura Publicidade
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Captaes Imaginrias Arte Digital
To be or not to be
Pgina 39
Captaes Imaginrias Pintura
Winter Garden
Pgina 42
Captaes Imaginrias Pintura
Relax
Pgina 44
Publicidade
Ignis Fatuus Luna
Pgina 47
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Manifesto Abismo Humano
O Abismo Humano compromete-se a apresen-tar a sapincia, o senso artstico, e o cariz cultural e civilizacional presente no gtico contempor-neo tanto como nas suas razes passadas. O Abismo Humano toma o compromisso de mos-trar o que tem tendncia a permanecer oculto por via da excluso social, e a elevar o abominvel ao estado de beleza, sempre na condio solene e contemplativa que caracteriza o trabalho da inte-ligncia lmpida e descomprometida. O Abismo Humano dedica-se a explorar as entranhas da humanidade, e essencialmente humanista, ainda que esgravatando o divino, e divino o nome do abismo no humano. O Abismo Humano um espao para os artistas dos vrios campos se darem a conhecer, e entre estes, preferimos as almas incompreendidas nos meios sociais de maior celebridade. O Abismo Humano um empreendimento e uma actividade da Associao de Artes, e por isso tomou o compromisso matrimonial para com as gmeas Ars e Sophia, duas amantes igualmente sfregas (impvidas), insaciveis (de tudo saciadas) e incondicionais (solo frtil condio). O Abismo Humano compromete-se a estudar o intercmbio da vida e da morte, da alegria e da tristeza, do amor partilhado e da desolao impossvel, do qual o Abismo Humano rebento. Como membro contra-cultura, o Abismo Humano dedica-se destruio da ignorncia que cresce escondida, no seio das subculturas, cobrindo-as sombra do conformismo e da futi-lidade. Retratamos a tremura na mo do amor, a noite ardente, e a dana dos que j foram ao pia-no do foi para sempre.
Andr Conscincia Imagem - Tatiana Pereira
Abismo Humano 5
Runas Circulares
Gothic Bellydance
Antes de se definir o que Gothic Bellydance bom que en-
tendamos primeiro do que se trata a Dana Oriental e um pouco da
sua histria.
H registos histricos que provam a existncia de movimentos
semelhantes aos da Dana Oriental j no Paleoltico, passando pelo
Antigo Egipto, Babilnia, Grcia e Prsia. No se sabe exactamente
onde e quando surgiu a Dana Oriental porque era uma arte ensi-
nada via oral. H poucos registos escritos sobre esta arte. Diz-se
que os povos antigos evitavam escrever sobre as suas prticas mais
ocultas para que no caissem em mos erradas. Era via oral que os
sbios desvendavam os ensinamentos mais importantes.
Ao longo dos tempos, a Dana Oriental foi extremamente de-
senvolvida e complexificada pelas mulheres que a praticavam.
Desde dana Sagrada a dana culto, a dana como celebrao e pre-
parao de parto, a dana ritualista, a dana de comunho orgnica
com a Natureza; a Dana Oriental atravessou imensas culturas,
passou de mulher para mulher at aos dias de hoje, onde danada
um pouco por todo o mundo.
A acompanhar as transformaes e os desenvolvimentos desta
arte, houve tambm a sua passagem para os palcos. Com isso, muito
do que era tradicional e com algum objectivo espiritual mais
Abismo Humano 6
Runas Circulares
Gothic Bellydance
profundo, passou a fazer parte das artes de espectculo.
As roupas tradicionais desta dana deixaram de ser de linho ou
algodo para dar lugar ao cetim, lantejoulas e moedas de lato. Os
vestidos longos ou a nudez trabalhada de um modo subtil e ertico,
deram lugar a saias compridas e tops. Os bastes que eram canas
apanhadas no campo, passaram a ser decoradas com imensas lante-
joulas de vrias cores.
A dana que era usada como um meio para entrar em transe, ou
para melhorar todo o processo de gravidez e parto das mulheres, ou
at mesmo em louvor aos Deuses, passou a ser coreografada de
modo a ser mais aprazvel aos olhos deixando para trs todo um
efeito pessoal profundo.
Manteve-se a natureza isolada, muscular e energtica dos
movimentos. Permaneceu todo um trabalho fluido entre corpo,
mente e respirao. Da a Dana Oriental ser constantemente re-
comendada por mdicos a grvidas ou pessoas com depresses,
porque j de si, mesmo com tantas transformaes, continua a ser
uma dana teraputica e curativa.
Numa fase inicial procura-se que as pessoas conheam mais o
seu corpo, onde se encontram as suas tenses e bloqueios, tomando
mais conscincia do mesmo atravs de movimentos simples da
Abismo Humano 7
Runas Circulares
Gothic Bellydance
linguagem base da Dana Oriental e de tcnicas de respirao.
Quando adquirem uma linguagem mais vasta desta dana e a
encaram j como fazendo parte da sua linguagem corporal, h todo
um processo de descoberta pelos imensos estilos existentes.
O Gothic Bellydance um desses estilos, bastante recente no
mundo da Dana Oriental. Vrias bailarinas do passado
comearam a introduzir um pouco do estilo gtico nas suas danas,
mas poucas tiveram sucesso. Devido to vasta histria, j depois
da passagem desta dana para os palcos, criaram-se conceitos dog-
mticos do que seria a Dana Oriental. Tudo o que se afastava
desses conceitos era rejeitado. O mesmo aconteceu com o Gothic
Bellydance.
A primeira grande pioneira e impulsionadora do Gothic Belly-
dance e do Dark-Fusion, foi a bailarina californiana Ariella Aflalo,
que ficou envolvida na subcultura gtica durante a sua adolescn-
cia. Tudo comeou num bar gtico em So Francisco. Rapidamente
se inspirou no ambiente que a envolvia e transps tudo isso para a
sua dana.
A tcnica base para o Gothic Bellydance a mesma usada na
Dana Oriental mais tradicional. O que muda a postura da
bailarina perante a linguagem desta arte.
Abismo Humano 8
Runas Circulares
Gothic Bellydance
H todo um trabalho emocional muito forte no desen-
volvimento do Gothic Bellydance. Explora-se nas entranhas tudo
aquilo que ficou camuflado pela educao, histria e crescimento
das mulheres. uma viagem ao mais profundo lado negro da mul-
her. No exactamente ao lado mau, mas ao lado negro e escon-
dido. um retomar do poder feminino na sua plenitude, da sua
natureza maternal e serena, mas tambm da sua natureza
dramtica, misteriosa e imprevisvel.
Os trajes usados so geralmente de cor negra ou cores escuras e
carregadas, de modo a ajudar a expressar todo o ambiente que pos-
sui a bailarina.
As apresentaes de Gothic Bellydance so bastante intimistas
e de forte carga emocional. O pblico imediatamente absorvido
numa nvoa de suspense e sentimentos d