abav 2014

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Copa do Mundo coloca o Brasil em destaque no cenário global LEI 12.974 Publicamos, na íntegra, o texto que regulamenta a prossão dos agentes RESULTADOS Empresas e entidades avaliam impactos do Mundial da Fifa NÚMEROS Conra os últimos dados e grácos do setor FOLHA DO TURISMO Edição Especial 42ª Abav Expo Internacional de Turismo Setembro 2014 turismo em evidência TUDO SOBRE Agências e Operadoras, Assistência ao Viajante, Aviação, Hotelaria, Cruzeiros, Eventos, Exterior, Locadoras, Parques, Política, Tecnologia e Turismo LGBT

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Abav 2014

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São Paulo Brasil Setembro 2014

MERCADO & EVENTOS Edição Especial 42ª Abav Expo Internacional de Turism

o

Copa do Mundo coloca o Brasil em destaque no cenário global

LEI 12.974Publicamos, na íntegra,

o texto que regulamentaa profi ssão dos agentes

RESULTADOSEmpresas e entidades

avaliam impactos do Mundial da Fifa

NÚMEROSConfi ra os últimos

dados e gráfi cos do setor

FOLHA DO TURISMO

Edição Especial 42ª Abav Expo Internacional de Turismo Setembro 2014

turismoem evidência

TUDO SOBREAgências e Operadoras,

Assistência ao Viajante, Aviação, Hotelaria, Cruzeiros, Eventos, Exterior,

Locadoras, Parques, Política, Tecnologia e Turismo LGBT

3

4

006 Editorial

ABAV EXPO INTERNACIONAL DE TURISMO

007 Bem-vindo008 Antonio Azevedo – Abav Nacional

010 Gisele Lima – Promo Inteligência Turística

012 Leonel Rossi – Abav Nacional

AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS

13 Um ano sem crescimento14 Marco Ferraz – Braztoa

16 Marcelo Matera – Aviesp

18 Eduardo Nascimento – Sindetur-SP

19 Luis Paulo Luppa – Trend

20 Paulo Castello Branco – Grupo Águia

22 Emerson da Silveira – Avirrp

23 Juarez Cintra Filho – Grupo Ancoradouro

24 Afonso Louro – Visual Viagens

26 Eloi D’Avila de Oliveira – Flytour

27 Plínio Nascimento – Nascimento Turismo

28 Edmar Bull – Abracorp

30 Valter Patriani – CVC

31 Adonai Arruda Filho – BWT / Serra Verde

32 Antônio Gomes – Hotel Urbano

34 Fernando Botelho – Expedia.com

35 Gráfi cos do setor

ASSISTÊNCIA AO VIAJANTE

37 Segurança na viagem38 Marcello Gonçalves – Travel Ace

40 Daniel Prieto – Assist Card

42 Gelson Popazoglo – GTA

AVIAÇÃO

43 Fim da turbulência44 Gustavo do Vale – Infraero

46 Eduardo Sanovicz – Abear

47 José Efromovich – Avianca

48 Moreira Franco – SAC

50 Carlos Ebner – Iata

51 Eduardo Bernardes – Gol

52 Antonoaldo Neves – Azul

54 Luiz Mór – Tap

55 Claudia Sender – Tam

56 Gustavo Esusy – Copa Airlines

58 Twee Min Wang – Singapore

59 Olaf Kaehlert – Korean Air

60 Dilson Verçosa – American Airlines

62 Luis Antonio Sobrinho – Air Europa

63 Antonio Sgro – Alitalia

64 Stephane Perard – Emirates

66 Annette Taeuber – Lufthansa

68 Luciano Macagno – Delta

70 Cristian Vieira – Anac

71 Gráfi cos do setor

CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS

73 Cruzeiros menores74 Roberto Fusaro – Clia Abremar

76 Renê Hermann – Costa Cruzeiros

77 Ricardo Amaral – Royal Caribbean

78 Adrian Ursilli – MSC

80 Ilya Hirsch – Qualitours

81 Alexandre Zachello – Pullmantur

82 Estela Farina – Firstar

83 Miguel Andrade – Transmundi

84 Thiago Vasconcelos – Pier 1

86 Mario Trojman – Blue Sea

87 Orlando Giglio – Iberostar

88 Gráfi cos do setor

REPORTAGEM DE CAPA

91 Da Copa às OlimpíadasBrasil ganha evidência no mundo;

setor turístico entra em novo patamar

EVENTOS / FEIRAS

101 Pavilhões cheios102 Toni Sando – SPCVB

104 Geninho Goes – BNT Mercosul

105 Cláudia Miranda – Promove

106 Alfredo Lopes – Rio CVB

107 David Scowsill – WTTC

108 Anita Pires – ABEOC

110 Lawrence Reinisch – WTM-LA

111 Simon Press – WTM

112 Arnaldo Nardone – Icca

114 Wellington Costa – GBTA

115 Enrique Pepimo – FIT

116 Roberto Pereira – BNTM

118 Marta Rossi – Festuris

EXTERIOR

119 Brasileiros pelo mundo120 Jean-Philipp Pérol – Atout France

121 Maria del Carmen – PromPerú

122 Diana Pomar – CPTM

124 Carlos Enrique Meyer – MTur Argentina

125 Margaret Grantham – DZT

126 Silvia Görlach – Eurail

127 Mark Jaronski – Visit Orlando

128 Alfredo González – Brand USA

ESPECIAL VISIT FLORIDA130 Paul Phipps – Visit Florida

134 Kenneth Svendsen – Disney

136 Maurício Alexandre – SeaWorld

LOCADORAS

139 De carona na Copa140 Paulo Nemer – Abla

141 Leandro Aliseda – Hertz

142 Paulo Henrique Pires – Localiza

143 Afonso Celso de Barros – Avis

144 Renato Kiste – Shift

146 Gráfi cos do setor

MEIOS DE HOSPEDAGEM

147 Alta temporada na hotelaria148 Enrico Fermi – ABIH Nacional

149 Roberto Rotter – Fohb

150 Daniel Guijarro – Resorts Brasil

152 Guilherme Paulus – GJP

153 Enquete com a rede hoteleira

156 Gráfi cos do setor

PARQUES

157 Montanha-russa de investimentos158 Marcos Barros – Universal Orlando Resort

160 Alain Baldacci – Sindepat

161 Francisco Donatiello – Adibra

162 Adalgiso Telles – Beto Carrero World

POLÍTICA

163 Da periferia à prioridade164 Vinicius Lages – MTur

166 Vinicius Lummertz – MTur

167 José Francisco Salles – MTur

168 Luciana Fernandes – MTur

170 Vicente Neto – Embratur

171 Alexandre Sampaio – CNC/FBHA

172 Luiz Barretto – Sebrae Nacional

174 Luiz Fernando Moraes – Anseditur

175 Salvador Saladino – Bito

176 Michel Tuma Ness

178 Oreni Braga – Fornatur

TECNOLOGIA

179 #conectado180 Mario Ponticelli – Amadeus

182 Luís Vargas – Travelport

TURISMO LGBT

183 Arco-íris em ascensão184 Marta Dalla Chiesa – Abrat GLS

186 John Tanzella - IGLTA

Índice

5

6

>> Num cenário que oscila entre as lições deixadas pelo

sucesso na organização da Copa e as incertezas diante

do futuro do país (geradas pelo resultado das eleições), o

agente de viagem se depara com antigos desafi os e novas

práticas que deixam um ambiente de dúvidas e uma única

constatação: é preciso construir novos caminhos e adotar

estratégias que permitam a esse profi ssional aumentar seus

ganhos e manter um padrão de competitividade. Tudo isso

num mercado onde a concorrência ganhou, nos últimos

anos, novos players, com a chegada das OTAs e as vendas

diretas online por parte dos fornecedores.

Tido como principal elo de distribuição do mercado, o agente

de viagens conquistou, neste ano, por meio da Lei 12.974, o

reconhecimento da atividade, mas manteve o peso nefasto das

cobranças diante da questão da Responsabilidade Solidária,

que ainda impõe o ônus pelos prejuízos provocados por ter-

ceiros. Com o fi m do comissionamento por parte das aéreas,

a alternativa encontrada para manter os ganhos passa, obri-

gatoriamente, pela transformação do agente num consultor

de viagens e também pela ampliação na oferta de uma gama

de produtos e serviços, que possam tornar mais convidativa e

promissora, a tão esperada viagem de sonhos do seu cliente.

E como manter essa fi delização e convencer o consumidor

diante da perda do poder aquisitivo da população abalada

por uma economia que encolhe pressionada pelo impacto

da recessão? Essa difícil equação merece ênfase nos debates

e painéis deste 42º Congresso da Abav, onde novos produ-

tos e palestras apontam para saídas e estratégias capazes de

tornar mais claro e nítido o horizonte dos bons negócios. É

também uma oportunidade de se fazer novos relacionamen-

tos e consolidar parcerias no plano profi ssional. Conhecer

novas tecnologias para utilizá-las como ferramentas que

permitam alavancar os negócios e, sobretudo, fazer uso da

criatividade impulsionada pelo espírito empreendedor na

idealização das ofertas.

É também o momento de cobranças por parte das nossas

associações e representações. Exigir das autoridades e go-

vernantes o reconhecimento na importância desta atividade

que sempre caminhou na periferia dos programas e plata-

formas de Governo. Em meio a uma crise econômica, capaz

de gerar questionamentos e descrédito, o turismo pode, e

deve, servir de base no processo de retomada econômica,

como aconteceu com outros países, como a Espanha, e até

mesmo os Estados Unidos. Para isso, há que se encaminhar

pleitos e propostas de modo a fazer desta indústria uma

prioridade, não apenas relegada aos discursos, mas que se

traduza em resultados por meio de medidas de incentivo

e ações práticas, que permitam amenizar o peso da carga

tributária e servir de estímulo para fomento aos setores

que integram essa máquina de sonhos.

É neste cenário de expectativas de um futuro melhor que

o setor tem a oportunidade de dar uma demonstração de

força e vitalidade, por meio de uma ampla mobilização de

fornecedores e agentes de viagens no processo de construção

deste novo amanhã. Um desafi o que deve começar pela re-

fl exão da importância do papel de cada um, neste momento

de reinvenção e construtivismo movido pela certeza de que

juntos podemos mais. Quem sabe, até mesmo, poder deixar

de lado o gosto amargo das lamentações e o sentimento de

descrédito, para que, imbuídos pela competência criativa e

profi ssional, edifi quemos o sonho de um Brasil melhor a ser

deixado para nossos fi lhos e as futuras gerações.

Novas práticas, antigos desafi osEditorial

Presidente Adolfo MartinsVice-presidente Executivo Roy [email protected] - (55-21) 3233-6319Diretora de Marketing Internacional Rosa Masgrau [email protected] - (55-21) 3233-6316Diretora Geral de São Paulo Mari [email protected] - (55-11) 3123-2247Editora-chefe Natália Strucchi [email protected] - (55-21) 3233-6353Editor-executivo Luciano [email protected] - (55-11) 3123-2240Chefe de Reportagem Luiz Marcos [email protected] - (55-21) 3233-6262

Chefe de Reportagem SP Anderson [email protected] - (55-21) 3123-2239 Diretor de Internet Fernando MartinsDiretora de Planejamento Andréa MartinsDiretor Jurídico José Manuel Duarte CorreiaGerência de Tecnologia GRMFotógrafo Eric RibeiroDesigner Daniel Costa

Reportagem Rio (55-21) 3233-6353Reportagem São Paulo (55-11) 3123-2239/2240 Caroline Lainara - [email protected] Minelli - [email protected] Moura - [email protected] Menezes - [email protected] Massadar - [email protected] Chuva - [email protected]

Atendimento ao leitor (55-21) 3233-6353

Departamento Comercial São Paulo - (55-11) 3123-2222Departamento Comercial Rio de Janeiro - (55-21) 3233-6319

Representante Comercial em Brasíliamá[email protected] - (55-61) 3034-7448

CPM Consultoria Planejamento Mídia Ltda.SHN Quadra 2 - 15º Andar - Salas 1514/1515Executive Offi ce Tower - Brasília/DF - CEP 70702-905

Representante Comercial nos Estados Unidoswww.braziltm.com / [email protected] / +1 (954) 647-6464Brazil Travel Media - Claudio DaSilva401 E Las Olas Blvd # 130 - Fort Lauderdale - Florida - 33301 - USA

Rio de JaneiroRua Riachuelo, 114 - Centro - CEP 20.230-014Telefone e Fax (55-21) 3233-6201

São PauloRua Barão de Itapetininga, 151 - Térreo - Centro - CEP 01.042-001 Telefone (55-11) 3123-2222 - Fax (55-11) 3129-9095

Os artigos e opiniões de terceiros publicados na edição não necessariamente refl etem a posição da revista.

Mercado & Eventos é uma publicação do

FOLHA DO TURISMO

7

jornal quinzenal e gratuito. Com a maior tiragem entre os veícu-los especializados em turismo, com 16.400 exemplares a cada edição, o MERCADO & EVENTOS alcança todas as regiões do país.

Roadshow Turismo 2014: capacitação do agente

O M&E, como player de peso da indústria do turismo, está sempre atento às necessidades dos agentes. Desta forma, idealizou um projeto pioneiro para qualifi car os agentes de viagens: o Roadshow Turismo 2014, que capacitou agentes de viagens na Bahia, Recife, Fortaleza, Rio de Janerio, São Paulo e Porto Alegre. Os próximos serão em Belo Horizonte (14/10) e Curitiba (25/11). Organizado em parceria com a Trend Operadora, o evento tem o patrocínio da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e do Governo do Estado da Bahia. A correalização é da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA) com apoio da Best Western e Avis, tendo a Avianca como transportadora ofi cial. Até dezembro serão, aproximadamente, quatro mil profi ssionais capacitados.

Personalidade do TurismoE para prestigiar os que se destacam no setor, o M&E realiza, a cada ano, o Prêmio Personalidade do Turismo. A 13ª edição já tem data marcada. A festa de gala acontece no dia 13 de novembro deste ano no Golden Room do Hotel Copacabana Palace. Na ocasião, dez pessoas e três instituições, eleitas de forma direta pelo trade, irão receber o título.

Bem-vindo à Abav Expo Internacional>> Agências, operadoras, assistência ao viajante, aviação, hotelaria, cruzeiros, eventos, exterior, locadoras, parques, política, tecnologia, turismo LGBT. Mais uma vez, o MERCADO & EVENTOS publica uma edição completa, onde você, leitor, encontra entrevistas e gráfi cos sobre os mais importantes segmentos que compõem a cadeia do turismo, bem como resultados e expectativas. São 184 páginas que revelam os desafi os, avanços e preocupações dos dirigentes.

Nesta edição, CEOs e diretores contam como foram os primeiros meses de 2014 e o que esperam até dezembro. Tudo isso através de uma leitura objetiva e dinâmica. Em cada seção, a matéria de aber-tura faz um balanço da área. Logo depois, as entrevistas detalham as análises e perspectivas de cada empresa e, por fi m, separamos os mais interessantes gráfi cos para ilustrar tudo o que foi dito.

Como tema central, a decisão de explorar os impactos que a Copa do Mundo teve (e ainda terá, por um longo tempo) no turismo e na economia do país. As visões são as mais diferentes possíveis, mas todas entram num consenso: este megaevento contribuiu para divulgar uma imagem positiva do Brasil, com destaque especial para a nossa população. Com o turismo em evidência, levantamos uma questão primordial: qual o papel do agente de viagem nos dias atuais? Como este profi ssional pode aproveitar o bom momento pelo qual passamos para alavancar suas vendas e fi delizar o cliente? E mais, o que muda, de fato, com a Lei 12.974, que regulamenta a atividade? Todas as respostas estão nas próximas páginas.

M&E, maior tiragem entre os jornais especializadosPara você, agente de viagem que busca estar atualizado, o M&E traz sempre as principais informações do trade através do seu

A feira conta com a participação de representantes de 65 países. São esperados 40 mil visitantes profi ssionais, que poderão interagir com os mais de 3,5 mil expositores.

NÚMEROS DA EDIÇÃO DE 2013

Área de Exposição 58.200 m²

Visitantes Profi ssionais 38.706

Marcas Expositoras 2.613

Hosted Buyers 750

NÚMEROS DA EDIÇÃO DE 2014

Área de Exposição Mais de 76 mil m²

Visitantes Profi ssionais 40.000 (esperados)

Marcas Expositoras Mais de 3.000

Hosted Buyers 800

42ª ABAV EXPO INTERNACIONAL DE TURISMO

8

ABAV EXPO INTERNACIONAL DE TURISMO

Abav NacionalEntrevista com Antonio Azevedo

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> A Abav Expo ganha vida nesta semana

(24/09 a 28/09). Neste ano a feira apostou

em mudanças como a alteração da ceri-

mônia de abertura, que desta vez ocorreu

no dia 23; em um novo formato da Vila

do Saber, com debates mais dinâmicos e

num espaço com melhor aproveitamento;

e ainda um Feirão de Viagens, que pro-

mete alavancar as vendas de agentes e

operadores, agradando também o público

fi nal com descontos de “cair o queixo”.

MERCADO & EVENTOS - Após o primeiro ano em São Paulo e levando em consi-deração o resultado da pesquisa que vocês fi zeram, quais foram os erros e acertos? O que a Abav tirou de lição da feira de 2013?Antonio Azevedo - Sempre aprendemos

muito. Todos os anos fazemos uma avalia-

ção profunda. Detectamos, por exemplo,

que houve um número bastante represen-

tativo de agências de viagens presentes,

mas de São Paulo, propriamente dito, de

onde esperávamos uma adesão maior, isso

não ocorreu. Tivemos sim uma decepção

com a capital. A capital tem 4.800 agências.

Se cada agência enviar duas pessoas à

Expo de Turismo 2014, e somente metade

das agências comparecerem, ainda assim

alcançaremos um bom número.

M&E - Como surgiu a ideia de realizar um Feirão de Viagem dentro da Abav Expo?Antonio Azevedo - Essa é uma experiência

nova para todos. Estamos apostando mui-

to nisso como um momento de incentivar

novos negócios para operadores e agentes,

na medida em que o visitante se anime e

adquira produtos.

M&E - A Abav está tentando reverter a decisão do Governo Federal de comprar os bilhetes aéreos diretamente das com-panhias. Quais as consequências que esta decisão do Governo pode acarretar?Antonio Azevedo - É importante por

diversos motivos. Primeiro porque existe

uma centena de agências que sobrevivem

praticamente da venda de viagens para

o governo. São centenas de empregos

que estão em jogo. Segundo, esta é uma

questão conceitual. É um verdadeiro

absurdo ver a estatização da atividade

sendo provocada pelo próprio Governo.

Vai haver desvio de função dos funcio-

nários públicos, que ao invés de atender

áreas carentes e sociais, como segurança,

educação e saúde, vão trabalhar numa

atividade sem conhecimento de causa.

O que tínhamos debatido com o Mi-

nistério do Planejamento era similar às

compras corporativas, onde você faz um

acordo com as companhias aéreas, mas

o operacional é das agências. O Governo

está se metendo numa situação que não

tem pé nem cabeça. E, claro, inibindo o

desenvolvimento de um setor que tem

certa fragilidade, por ser composto de

pequenas empresas. Vamos até o fim

nessa batalha. Estamos agora subsidiando

o TCU de números e fatos para que ele

analise e se pronuncie.

M&E - Qual é o papel do agente neste cenário que se desenha após a Copa?Antonio Azevedo - Esse é um assunto

delicado. Tivemos um período pré-Copa

que foi muito maltratado. O Brasil não

fez a lição de casa e a maneira como se

promoveu externamente foi muito frágil.

Tivemos a sorte de “Deus ser brasileiro”

e nosso evento terminou com um índice

de aprovação muito grande. O maior

destaque do Mundial foi, sem dúvida, o

povo do Brasil, com sua alegria. Foi isso

que conquistou os turistas estrangeiros,

não foram os aeroportos. Agora que a

Copa terminou podemos avaliar o lega-

do. E, mais uma vez, temos lição a fazer.

Esperamos que os órgãos competentes do

Governo possam fazê-lo. Paralelamente,

teremos que ter um processo junto às

agências de receptivo para que possam

ter maior competitividade e qualidade

de serviço. De forma geral, temos que

trabalhar, não podemos ficar sentados

em berço esplêndido.

M&E - Falta agressividade ao agente de viagem?Antonio Azevedo - Faltam muitas coisas.

O que tem ocorrido no país, ao longo do

tempo, e com as mudanças em relação à

forma de aquisição dos produtos, é que

pessoas sem qualifi cação e sem espírito

empreendedor decidiram abrir agências e

se acomodaram com uma simples cartela

de clientes. Essas pessoas fi cam depen-

dendo quase que exclusivamente dos

consolidadores, que hoje são os grandes

fornecedores de produtos para os agentes.

É claro que as consolidadoras são im-

portantes, mas esse pequeno empresário

fi ca muito paralisado, fi ca neste pequeno

nicho e não se atreve a novos voos. Quem

não mudar de postura vai perder muito.

M&E - Como você avalia os casos de operadoras fechando as portas e de-cretando falência? Como isso afeta o trabalho do agente?Antonio Azevedo - É sempre um terror,

porque novamente entramos na questão

da Responsabilidade Solidária. E quem

9

ABAV EXPO INTERNACIONAL DE TURISMO

Abav NacionalEntrevista com Antonio Azevedo

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

vai ‘pagar o pato’, mais uma vez, são as

agências. A agência revende um produto

no qual ganha uma pequena parcela de

comissionamento, mas quando problemas

assim acontecem, a agência é obrigada,

muitas vezes, a pagar 100% de prejuízo.

Uma situação de injustiça. Outro ponto

que podemos questionar é que as opera-

doras deveriam oferecer algum tipo de

garantia. Em qualquer país da Europa

é assim que funciona. Aqui no Brasil

a pessoa abre uma empresa hoje, já se

intitula operadora e começa a vender no

dia seguinte. O correto seria, por exem-

plo, avaliar se o acionista majoritário ou

diretor já teve algum problema com o

turismo. Vejo a necessidade que isso seja

regulamentado.

M&E - Como avalia os vetos feitos à Lei 12.974?Antonio Azevedo - Temos que olhar

sempre pelo lado positivo. Conseguimos

o reconhecimento, o que é muito gratifi -

cante e que, por si só, já fez valer a pena

toda essa batalha de 13 anos. Dentro dos

artigos da nova Lei temos objetos extre-

mamente importantes para as agências.

Sim, fi caram de fora pontos relevantes,

como a questão da Responsabilidade Soli-

dária. Dizem que a Lei é para fazer justiça,

mas neste caso não é isso que acontece.

A agência entrega um produto que não

é dela, ela atua como intermediária na

transação. E veja bem, não queremos

fugir de nossas obrigações, não é este o

ponto, mas o processo tem que ser justo.

Uma corretora de seguros te vende um

seguro, aí acontece um incêndio. Quem

paga é a corretora ou a seguradora? Claro

que a seguradora. E ninguém discute isso,

sendo que a condição é a mesma. Há uma

desigualdade de entendimentos, onde o

lado mais fraco acaba sendo sempre o

da agência de viagem.

10

>> A Promo Inteligência Turística as-

sumiu a organização da Abav em 2012.

De lá para cá, a empresa vem avançando

na estruturação desta importante feira

de turismo do Brasil. “Evoluímos muito

no que tange à diversidade ofertada aos

visitantes, garantindo que eles tenham,

não só, a presença de todos os tipos de

produtos e serviços do setor turístico,

como também uma ampla gama de for-

necedores”, avalia Gisele Lima, diretora

da Promo. Mas, apesar das conquistas,

Gisele acredita que ainda há espaço para

crescer. “Não podemos fi car satisfeitos

nunca, porque assim não evoluímos”.

MERCADO & EVENTOS - Você está satis-feita com o grau de internacionalização da Abav Expo? Neste ano teremos novos países na feira? A quantidade desses países aumentou?Gisele Lima - Acho que a gente ainda tem

muito a crescer. Não podemos fi car nunca

satisfeitos, senão não evoluímos. O fato é que

a feira a vem crescendo numa ação interna-

cional. Isso é refl etido até na própria presença

dos expositores. É um crescimento efetivo.

Apesar disso, sempre podemos melhorar,

existem inovações acontecendo a todo mo-

mento. E estar antenado a esses processos

é o que garante uma posição diferenciada

no mercado, no quesito feiras do setor.

Neste ano teremos novos países, porém,

acho que o ganho esse ano é na diversi-

dade que vem com os países. A gente sabe

que, por exemplo, um estande como o do

México possui DMC’s, hotelaria, enfi m,

todos os serviços e principais ofertas do

turismo e da iniciativa privada, que vem

junto para executar as negociações. O que

percebemos é que essa diversidade vem

ganhando uma amplitude muito maior

dentro dos estandes de países que já tem

uma história de participação na feira.

M&E - A Promo agora está representando a BTL no país. Vocês estão atrás de outras

feiras? A Promo pode vir a representar outras feiras?Gisele Lima - Sem dúvidas, a gente não só

pode, como também tem um olhar especí-

fi co dentro de feiras nas quais gostaríamos

de estar atuando. A BTL, além de ter muita

sinergia com o mercado brasileiro, traz um

dado que é um diferencial e que pode ser

explorado pelo nosso mercado com mais

força: Portugal é um grande hub para o

Brasil. Poder representar a BTL aqui é

uma excelente oportunidade pra estreitar

os laços entre esses mercados com relações

bilaterais. Sabemos que existem turistas

que saem das mais diversas localizações da

Europa (voando Tap) e chegam ao Brasil via

Lisboa. Aproveitar e potencializar isso vai

provocar uma guinada de mercado muito

grande e vai transformar a BTL em uma

das principais feiras de negócios da Europa.

M&E - Qual seria a grande novidade da BTL para edição de 2015?Gisele Lima - A BTL implanta nesse ano

um programa de compradores convi-

dados, onde a proposta é termos, den-

tro da feira, cerca de 400 compradores

convidados, oriundos de 23 países. Essa

negociação já está fi rmada. Ter o trade

brasileiro negociando em uma única

feira com 23 países maximiza qualquer

investimento. Tudo isso com a facilidade

de idioma e com um valor agregado. Este

é um olhar que a BTL teve para o mercado

brasileiro muito procedente e que a gente

conseguiu contribuir na formatação dessa

estratégia. Estamos agora apresentando

esse diferencial como grande inovação

da feira para o ano de 2015.

M&E - Tivemos entre junho e julho a Copa do Mundo. Neste momento, to-dos debatem os impactos que o evento causou para o turismo. Como você vê isso, pessoalmente?Gisele Lima - A visibilidade mostrou o que

nós somos, o que temos de infraestrutura e,

principalmente, a forma como recebemos os

turistas, que é o nosso grande diferencial. A

Embratur, em pesquisas anteriores, já iden-

tifi cava que o primeiro ponto de reconheci-

mento do turista no nosso país (e o que mais

agrada a ele) é o próprio brasileiro. O melhor

do Brasil, defi nitivamente, é o brasileiro. Mas

esse momento da Copa do Mundo revelou

também que temos muitos outros atributos,

diversas regiões. É como se o Brasil fosse

redescoberto nesse quesito. Sem dúvida,

a gente alcança um patamar de interesse

e entendimento infi nitamente superior ao

que tínhamos antes do Mundial acontecer.

M&E - Você acha que o Brasil está satu-rado em relação à quantidade de feiras e eventos de turismo?Gisele Lima - Eu tive a curiosidade de

contar o número de feiras e workshops. E

nós temos 34. Se nós temos 34 e dividimos

por 12 meses, nós temos praticamente

quase três eventos por mês no turismo.

Está muito saturado. O expositor não

consegue efetivamente estar presente em

todos. Porque é uma questão de limitação

física, inclusive. Isso certamente exige

do expositor uma análise mais crítica de

qual evento ele vai participar. Aí vem a

necessidade, cada vez maior, da profi ssio-

nalização dos eventos, do valor agregado

ABAV EXPO INTERNACIONAL DE TURISMO

Promo Inteligência Turística

Entrevista com Gisele Lima

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

11

que eles geram. A atenção e o foco que

ele dá na qualificação do visitante, na

geração de negócios. Esses são fatores

primordiais para que um evento seja

prioritário na escolha do expositor. Por

isso, a preocupação da Abav é gerar um

valor agregado diferenciado. Então, nesse

ano, nós implementamos para todos os

expositores as rodadas de negócios, es-

tamos trazendo, efetivamente, mais de

800 compradores convidados, que vão

poder ser vistos na feira, na rodada de

negócios. Tudo isso para que o expositor

consiga, em um único evento, conversar

com compradores convidados que vem de

países com alto poder de compra. E para

montar essa base de compradores convida-

dos que estamos trazendo, pensamos nos

principais mercados potenciais emissores.

Então existe um trabalho estratégico,

existe um trabalho de pensar no nível

de retorno que o expositor precisa ter,

para que continuemos sendo uma feira

prioritária na escolha dele.

M&E - O fl uxo de visitantes que a Abav recebe atualmente é um bom número?Gisele Lima - A qualifi cação dos visitantes

é outro foco de atenção nosso. Porque

não adianta somente ter fluxo, é mais

importante ter a qualifi cação desse fl uxo.

Se temos o corredor cheio, mas com zero

de geração de negócios, a feira não atin-

ge o objetivo. Mas, efetivamente, quem

circula ali é quem gera negócios, e se de

cinco reuniões que são executadas por um

expositor, três delas gerarem resultados

expressivos, o investimento dele foi pago.

Isso é uma preocupação que qualquer

feira tem que ter e que a Abav tem. É

algo continuo no nosso olhar. A imprensa

muitas vezes valoriza muito o número de

visitantes. E aí é uma posição muito par-

ticular minha: mais importante do que o

número é a qualifi cação desses visitantes.

ABAV EXPO INTERNACIONAL DE TURISMO

Promo Inteligência Turística

Entrevista com Gisele Lima

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

12

>> Formado em sociologia, com vastos

conhecimentos antropológicos, e muitos

anos de experiência no turismo, Leo-

nel Rossi, vice-presidente de Relações

Internacionais da Abav, acompanhou

de perto tudo que envolveu a Copa de

2014. Ele chegou a gravar o noticiário

internacional para não perder nenhum

lance e, assim, descobrir como a mídia

estrangeira divulgou o Brasil durante os

30 dias do campeonato. Nesta entrevista

ao M&E, ele faz uma análise do que fi cou

de positivo para o turismo brasileiro e

como os agentes podem aproveitar as

lições que o Mundial deixou.

MERCADO & EVENTOS - Qual é o prin-cipal legado da Copa do Mundo para o turismo brasileiro?Leonel Rossi - O principal legado desta Copa

é que os estrangeiros que vieram foram bem

recebidos. O sentimento que prevaleceu foi

de ter as expectativas superadas. Acompa-

nhando o noticiário internacional, percebi

que as coberturas foram sensacionais. Ao

longo dos últimos anos, o Brasil, por exem-

plo, deixou de aparecer em revistas interna-

cionais voltadas para o público A, como a

Conde Nastler, por exemplo, com 700 mil

exemplares (e cada exemplar é lido por cinco

pessoas em média). Então você abre a revista

e vê a Jamaica, Croácia, Rússia, Riveira

Francesa. Nesse período pós -Copa, é preciso

que as autoridades de turismo do Brasil

continuem uma promoção fi rme e forte, para

que as pessoas não esqueçam o Brasil. Isso é

obrigação da Embratur. Esse é o papel dela.

M&E - Como o senhor avalia a partici-pação dos turistas da América do Sul na Copa? Como podemos impulsionar o número de turistas internacionais - que hoje é de pouco mais de seis milhões - aproveitando os países vizinhos?Leonel Rossi - Já esperávamos que uma

parte importante dos turistas da Copa

fosse composta por sul-americanos ou

latino-americanos. Agora temos que apro-

veitar isso. A imagem do Brasil passada

a todos que estiveram em nosso país foi

ótima. Temos que jogar fi rme em cima

dos países limítrofes e não limítrofes,

como Equador e Chile, para que eles

comprem o Brasil.

M&E - Em termos de infraestrutura, como o setor turístico ganhou com a realização do Mundial? Leonel Rossi - Eu estava entre as poucas

pessoas que já previam que a Copa seria

muito boa para nós. O Brasil, com um

povo apaixonado por futebol, merecia es-

tádios realmente preparados para receber

esse público. Pode ser que dois ou três de-

les tenham problemas de aproveitamento

daqui para frente, mas os espaços criados

são arenas capazes de receber shows e

espetáculos. Os aeroportos não fi caram

totalmente prontos, mas não tivemos

problemas, as coisas funcionaram direto.

As Fun Zones foram muito aproveitadas e

elogiadas. Quando todas as obras forem

realmente concluídas teremos novos e

bons aeroportos. A hotelaria também

saiu ganhando. O que não apareceu com

tamanha clareza foi a estrutura das cida-

des, que ainda deixou um pouco a desejar.

M&E - Como o agente pode aproveitar esse novo cenário, que deixa o país tão em evidência no mercado internacional?Leonel Rossi - De duas formas. Os espe-

cializados em receptivo terão que fazer

uma programação, entrar em contato

com as agências do exterior e tentar dri-

blar o alto custo do Brasil. Ainda somos

um país caro. Uma saída é conquistar

esses turistas com alto poder aquisitivo

que citei. E, no emissivo, é preciso apro-

veitar esse clima que a Copa deixou. O

contato com os turistas estrangeiros que

estiveram no Brasil estimula a vontade

do povo brasileiro de viajar. Na verdade

esta é uma tendência que já vemos nos

últimos anos. As pessoas estão ganhando

mais, a economia está estável. Ainda sim,

apenas sete milhões de brasileiros viajam

por ano, numa população de 200 milhões,

é muito pouco ainda.

M&E - Qual a avaliação que se pode fazer da mudança da Abav Expo Internacional para São Paulo? Leonel Rossi - Não há cidade como o Rio

de Janeiro, um destino turístico por natu-

reza. Nós sempre agradecemos pelos anos

em que a feira foi realizada lá, foi muito

importante para nós. Isso não quer dizer

que a feira não possa voltar para a “Cidade

Maravilhosa” um dia. Essa possibilidade

não é nula. Mas o que acabou ocorrendo

foi um desgaste natural. O Riocentro é

longe, tínhamos dificuldades de loco-

moção e os custos também são maiores,

inclusive de hotelaria. Cerca de 80% dos

expositores estão em São Paulo, então

não precisam gastar com hospedagem,

por exemplo. A localização do Anhembi

também é muito boa.

ABAV EXPO INTERNACIONAL DE TURISMO

Abav NacionalEntrevista com Leonel Rossi

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

13

AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS

>> Vendas em queda no primeiro se-mestre. Copa do Mundo. Preços altos. Esses foram fatores que infl uenciaram a indústria de viagens no Brasil na pri-meira metade do ano, especialmente as agências e operadoras, que esperam um ano sem crescimento. As vendas voltaram a embalar no segundo se-mestre e a demanda reprimida parece estar dando uma resposta. No entanto, uma retomada, na opinião e entidades e empresários, depende, sobretudo, de um quesito específico: o preço.

“Buscamos o equilíbrio. O que per-demos no primeiro semestre, quere-mos recuperar no segundo e fechar o ano estável”, defi niu o presidente da Braztoa, Marco Ferraz. Um ano sem crescimento, mas também sem prejuízo, será comemorado por todos. A queda das vendas teve alguns efei-tos, como o desaparecimento de duas empresas que tinham nomes muito forte no mercado: Marsans e Luxtra-vel. “A temporada do meio do ano é importante para todas as operadoras e a falta dela – porque praticamente não existiu – atrapalhou o fl uxo de caixa de muitos operadores”, explicou.

A expectativa para o segundo semes-tre, no entanto, é de retomada. Ferraz acredita que há uma demanda que ficou reprimida e pode acabar vol-tando mais forte na segunda metade do ano. No entanto, os preços podem atrapalhar. Uma das lições deixadas pela Copa do Mundo, para vários operadores, é que o brasileiro não pagará valores acima do mercado. “O preço tem que ser razoável, porque caso contrário o consumidor não vai

Um ano sem crescimentoEfeito Copa e altos preços derrubam as vendas e setor

espera um 2014 com crescimento zero

ANDERSON MASETTO

aceitar e não irá comprar. Como somos intermediários, não fazemos preço, apenas mantemos o nosso markup acompanhando a subida e descida-dos preços. Dependemos muito dos fornecedores. Espero que eles tenham entendido que o consumidor não vai mais pagar preços irreais. Este deve ser um dos legados da Copa para o futuro e não apenas para grandes eventos”, comentou Ferraz.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas, Estudos e Capacitação em Turismo (Ipeturis) apontou que 53% das agências de viagens do país tiveram perda nas vendas por causa da Copa. O estudo foi encomendado pelo Sindicato das Empresas de Turismo no Estado de São Paulo (Sindetur-SP) para avaliar o impacto da Copa do Mundo no setor. “Os empresários estão relati-vamente otimistas quanto ao futuro. Nosso levantamento apontou que 45% dos empresários do setor acreditam que o impacto da Copa de 2014 nas vendas futuras será positivo”, revelou o presidente do Sindetur-SP, Eduardo Nascimento. “Muitas viagens fi caram represadas pela Copa e agora é hora de abrir as comportas e deixar o rio vazar. Então, no curto prazo, deve haver uma recuperação”, complementou.

Antônio Gomes, diretor Comercial do Hotel Urbano – que espera vender mais de 4 milhões de diárias neste ano – afi rmou que o mercado aponta para uma retomada. Para ele, a Copa represou muitas viagens e os brasi-leiros estão com a sensação de “não viajei ainda este ano”. “O mercado está bem aquecido para este segundo

semestre, com excelentes oportunida-des de tarifas e destinos, assim como o início de vendas pra Natal, Réveillon, alta temporada e Carnaval. Estamos apostando muito num crescimento bem vertical”, contou.

Uma das maiores operadoras do inte-rior de São Paulo – segundo maior mer-cado emissor do país – a Ancoradouro espera uma alta não apenas neste segundo semestre, mas estima um novo ciclo de crescimento no setor. “A tendência agora é que o crescimento seja maior. O turismo no Brasil ainda é incipiente. Se olharmos o tamanho da nossa população, de mais de 200 milhões, o número de pessoas que faz turismo não chega a 6%. Se somarmos todas as aeronaves comerciais das três maiores companhias que operam no país, teremos algo perto de 450 aviões. Isso não é nem a metade do que somente a Delta tem nos Estados Unidos, por exemplo”, explicou.

Problemas a resolver Há, no entanto, outros fatores que podem infl uenciar no crescimento. Para o presidente da Trend Operado-ra, Luis Paulo Luppa, o país tem uma série de questões a serem resolvidas e concorda que há ainda um potencial muito grande para o setor avançar. “Temos questões a resolver como a queda abrupta do Nordeste, que é um paraíso, porém tratado como um sim-ples pedaço do Brasil. Precisamos tra-tar os destinos com um plano diretor debaixo do braço e medindo as ações e resultados. Continuo entendendo que somos embrionários em maté-ria de estratégia e gestão”, opinou.

14

AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS

Braztoa Associação Brasileira das Operadoras de Turismo

Entrevista com Marco Ferraz

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> Este foi um ano atípico para o turismo

emissivo no Brasil. As vendas no primeiro

semestre registraram uma queda por

conta da Copa do Mundo e também dos

altos preços. A Associação Brasileira das

Operadoras de Turismo (Braztoa) espera

agora uma retomada, durante a segunda

metade do ano. As operadoras têm como

meta terminar 2014 sem crescimento e

nem prejuízo. “Buscamos o equilíbrio”,

defi niu o presidente da entidade, Marco

Ferraz. Mesmo com vendas menores por

conta do megaevento, o dirigente acredita

que o país pode encarar agora um novo

ciclo de desenvolvimento no setor.

MERCADO & EVENTOS - O que os agen-tes de viagens podem esperar do 42º Encontro Comercial Braztoa? Quais são as novidades desta edição?Marco Ferraz - Estamos indo para a se-

gunda edição junto com a Abav. O for-

mato será praticamente o mesmo, em um

espaço onde cabem 66 estandes com nove

metros quadrados, além de um lounge e

um bar no meio, que é patrocinado pelo

Ministério do Turismo. Além disso, temos

mais dois lounges, em que os operadores

poderão sentar com os seus clientes e

fornecedores para fechar negócios. Nas

salas da Vila do Saber, temos duas horas

e meia de capacitações, durante os três

primeiros dias. E no fi nal de semana, tere-

mos a venda direta para os consumidores,

coincidindo com a Turismo Week. Neste

caso, a venda poderá ser direta ou por

meio dos agentes que são clientes dessas

operadoras. Isso fi ca a critério de cada

uma delas. Há, ainda, o nosso próprio

espaço, onde falaremos sobre o Programa

de Sustentabilidade e a Turismo Week.

Estamos seguindo a linha do evento do

ano passado, que foi um sucesso.

M&E - Qual é a expectativa da Braztoa e das operadoras para os dias voltados

ao público fi nal? O que as operadoras esperam das vendas?Marco Ferraz - Tivemos a primeira ex-

periência no ano passado e precisamos

reconhecer que não foi muito bem. Acre-

dito que faltou divulgação, pois faltou

público no fi nal de semana. Estávamos

lá para vender, mas não apareceu muita

gente para comprar. Esperamos que neste

ano, com a divulgação que a Abav fez, o

retorno seja maior. Com certeza teremos

um público maior do que em 2013. Fare-

mos também uma campanha geral para o

Turismo Week, informando que a compra

presencial poderá ser feita no Anhembi

neste fi nal de semana.

M&E - Tivemos neste ano algumas sur-presas, como o fi m das operações da Marsans e da Luxtravel. Foram apenas casos pontuais, ou há algo acontecendo no mercado?Marco Ferraz - Este foi um ano atípico

por conta do Carnaval tardio e da Copa

do Mundo. Então, a expectativa de vendas

durante a Copa era muito grande e a gente

sofreu com os nossos fornecedores que es-

tavam com preços muito acima do normal

para esta época do ano. É uma temporada

importante para todas as operadoras e

a falta dela - porque praticamente não

existiu - atrapalhou o fl uxo de caixa de

muitos operadores. Isso deve ter afetado

bastante essas duas empresas.

M&E - Isso mostra uma fragilidade do mercado?Marco Ferraz - Não. Eu diria que as vendas

neste ano foram abaixo do ano passado. Então,

sempre quando temos uma venda menor é

necessário fazer um ajuste de custos. A expec-

tativa é de recuperação no segundo semes-

tre, com esta demanda que fi cou reprimida

voltando mais forte na segunda metade do

ano. Muita gente não tirou férias no primeiro

semestre e está guardando para o segundo.

M&E - A questão dos preços foi muito discutida antes da Copa do Mundo. Em um certo momento eles caíram pela falta de demanda. Este pode ser um dos legados da Copa para o setor?Marco Ferraz - Sim. O brasileiro é muito

sensível a preços. Eles baixaram em um

determinado momento, mas sentimos que

não deu tempo de todo mundo se organizar

e fazer uso deles, ainda mais para os meses

de junho e julho. Vimos que não adiantou

baixar muito os preços. Isso teria que ser

feito com maior antecedência, não tão perto

da Copa. Este é um aprendizado. Teremos

pela frente os Jogos Olímpicos e não po-

demos ir com uma fome maior, como foi

feito na Copa. O preço tem que ser razoável,

porque, caso contrário, o consumidor não

vai aceitar e não irá comprar. Como somos

intermediários, não fazemos preço, apenas

mantemos o nosso markup acompanhando

a subida e descida dos preços, dependemos

muito dos fornecedores. Espero que eles

tenham entendido que o consumidor não

vai mais pagar preços irreais. Este deve ser

um dos legados da Copa para o futuro e não

apenas para grandes eventos. Muito se fala

que vai ter uma maior procura, mas não

podemos esperar esta procura e aumentar

15

AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS

Braztoa Associação Brasileira das Operadoras de Turismo

Entrevista com Marco Ferraz

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

os preços. Temos que ir com calma, pois

caso contrário os clientes não irão comprar.

M&E - Qual o verdadeiro impacto da Copa de 2014 para o turismo como um todo?Marco Ferraz - Com o emissivo, a Copa

não teve nenhuma infl uência direta. Mas

com relação à infraestrutura, sim. Tivemos

os aeroportos privatizados e já estamos

fazendo o uso deles. Temos Guarulhos,

que estamos acompanhando de perto,

e Campinas, que está fazendo com que

companhias como a Azul, tragam aviões

novos, além de novos voos da American

Airlines, por exemplo. Isso tudo é refl exo

de uma infraestrutura maior e de poder

oferecer um produto melhor ao nosso

cliente. Vamos pegar carona com isso.

M&E - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências. E agora, o que muda efe-tivamente para os agentes?Marco Ferraz - Por enquanto não muda

muito em relação à Lei Geral do Turismo.

Ela especifica o que é uma agência de

viagens e o que é uma operadora. Isso é

interessante. Ela deixa bem claro que o

operador é aquele que realmente produz

o pacote a viagem. Estabelece quem pode

remeter o dinheiro para fora e fazer uso

das ferramentas de operação. E o agente

de viagens como aquele que só vende,

não opera, mas que está na ponta junto

ao cliente. Todas aquelas tentativas de sair

um pouco da solidariedade na venda dos

produtos foi vetada, então praticamente o

que mudou foi isso. Mas o mercado já está

acostumado. Todo mundo acaba tomando

conta dos seus fornecedores. Às vezes a

gente acaba um pouco inconformado

quando acontece algo como o da com-

panhia aérea Pluna, que parou de voar. A

gente imaginava que o governo brasileiro

pudesse tomar as devidas garantias.

16

>> A profi ssionalização é, na opinião do

presidente da Associação das Agências

de Viagens Independentes do Estado

de São Paulo (Aviesp), Marcelo Matera,

o ponto mais positivo que a Lei 12.974

pode trazer para o setor. Para ele, com

a atividade das agências regulamenta-

da, haverá uma necessidade maior do

mercado em capacitar e treinar a sua

mão de obra. “O Brasil vai aos poucos

se adaptando a este novo momento e as

empresas terão que se adequar, mesmo

com a falta de mão de obra. Cabe agora

as empresas e a nós, entidades do setor,

proporcionar capacitações e treinar esses

profi ssionais”, afi rmou.

MERCADO & EVENTOS - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências. E agora, o que muda efetivamente para os agentes?Marcelo Matera - A Lei é muito impor-

tante porque regulamentou a atividade.

Então, agora, qualquer profi ssional que

queira atuar como agente de viagens tem

que ter uma empresa e as coisas serão

muito mais formalizadas. O agente de

viagens passa a ser reconhecido como

um profi ssional. Ela é positiva também

para a imagem perante o mercado e ao

consumidor. A partir de agora, o agente de

viagens vai poder exercer a sua atividade

de uma maneira profissional. No meu

entender, a Lei deixa cada um responsável

pelo seu serviço. Passa a fi car mais claro

qual é a função e o papel de cada um

dentro da cadeia. Claro que os artigos

vetados poderiam ter deixado isso mais

formal, mas também já mostra o papel

de cada empresa.

M&E - Qual o verdadeiro impacto da Copa de 2014 para o turismo como um todo, não apenas na recepção de estrangeiros?Marcelo Matera - Para o turismo, a Copa

do Mundo foi muito positiva tanto para

o receptivo como para o emissivo. O país

mostrou todo o seu potencial no setor

para o mundo todo. Este é um evento

que estimula as viagens, tanto internas

como externas. A expectativa agora é

que os brasileiros também viagem mais,

estimulados a conhecer as cidades mos-

tradas durante a Copa. Acredito que, desta

forma, as agências e operadoras de viagens

também irão se benefi ciar da realização do

evento no país, uma vez que ela despertou

o desejo de viajar dos brasileiros.

M&E - As empresas do setor estão pre-paradas para este novo momento do turismo no país?Marcelo Matera - Entendo que a gran-

de expectativa para o setor vem agora,

após o evento. Muita gente se preparou,

mas quem não o fez deve começar logo.

O Brasil vai aos poucos se adaptando a

este novo momento e as empresas terão

que se adequar, mesmo com a falta de

mão de obra. Cabe agora às empresas e

à nós, entidades do setor, proporcionar

capacitações e treinar esses profi ssionais.

Com a regulamentação da atividade, uma

das consequências é que, naturalmente,

as empresas vão capacitar mais os seus

colaboradores e nós temos que fazer este

esforço. Cada vez mais o mercado exige e

deverá ter profi ssionais mais capacitados.

M&E - Após a queda nas vendas durante a Copa do Mundo, como está a expecta-tiva do setor para o segundo semestre. Deve acontecer uma retomada?Marcelo Matera - Realmente houve uma

queda durante a Copa. Mas existe uma

demanda reprimida, que irá aparecer

no segundo semestre. Isso certamente

acontecerá, até porque historicamente a

segunda metade do ano é sempre melhor.

A expectativa até dezembro é muito boa e

deve haver uma retomada. Já percebemos

as consultas e vendas bem melhores.

A entidade apresentou um novo conceito para a sua feira anual. Agora, a Aviestur passa a se chamar Aviesp - Expo de Negó-cios em Turismo e acontecerá nos dias 10 e 11 de abril de 2015, no Expo Dom Pedro, em Campinas (SP). Matera afirmou que além do local para exposições, o espaço agregará o Seminário da entidade e mais salas para capacitações. “Poderemos até dobrar de tamanho para o próximo ano”, disse. A feira conta com o apoio da Abav Nacional, prefeitura de Campinas, do CVB da cidade e da Azul Linhas Aéreas como transportadora ofi cial. “Além do espaço

maior para realização da Expo, a logística e a hospedagem favorecem a realização em Campinas, hoje grande polo emissor de tu-ristas no interior do estado”, comentou. “Há muito tempo tínhamos o desejo de voltar a Campinas. Isso agora é uma realidade”, complementou. Para o vice-presidente da Aviesp, Fernando Santos, a mudança atende a necessidade do mercado de feiras de se reinventar. “Buscamos modelos em feiras fora do país e adequamos às necessidades dos agentes brasileiros”, afi rmou. Segundo ele, o reposicionamento da marca e mo-delo ainda trará novidades ao mercado.

Feira muda de nome e local em 2015

Aviesp Associação das Agências de Viagens Independentes do Estado de São Paulo

Entrevista com Marcelo Matera

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS

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18

>> Um impacto pequeno para as agências

de viagens. Esta é a defi nição do presidente

do Sindicato das Empresas de Turismo

no Estado de São Paulo (Sindetur-SP),

Eduardo Nascimento, sobre a Lei 12.974,

que regulamenta as atividades das agências

de viagens. Embora o dirigente afi rme que

esta era uma luta antiga da categoria, ele

lamenta o veto de alguns artigos, entre eles

os que tratavam da Responsabilidade Civil

das agências. Já sobre a Copa do Mundo,

Nascimento reiterou que o impacto pode

ser grande e abranger diversos aspectos do

turismo. Veja abaixo a entrevista:

MERCADO & EVENTOS - A Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agên-cias, entrou em vigor em maio. E agora, o que muda efetivamente para os agentes?Eduardo Nascimento - Deve-se registrar

que a aprovação da Lei 12.974 foi uma luta

de nossa categoria econômica travada por

mais de 13 anos, depois de uma iniciativa

meritória da Abav Nacional, em 2001,

bem antes da Lei Geral do Turismo. A se

lamentar na aprovação da Lei 12.974 foram

os vetos da Presidência da República, tais

como: sobre os artigos que tratavam da

Responsabilidade Civil das agências de via-

gens e da auto-regulamentação das agências

sobre conciliação com o consumidor, veto

desnecessário, pois não criava a obriga-

ção. A par dos vetos foram criadas novas

obrigações para as agências de viagens,

como: dedicar ambiente exclusivo para

atendimento do consumidor (regra que

não excepciona nem explica como deverão

proceder as agências de turismo online);

dedicar-se exclusivamente às atividades

previstas na lei, o que exclui, inclusive,

outros serviços turísticos e deverá estar

refl etido em seu objeto social; optar entre

duas categorias, agências de viagens, que

só podem intermediar, e agências de via-

gens e turismo, que podem exercer todas

as atividades; mencionar, em qualquer

oferta, o nome e o número de registro do

fornecedor dos serviços; adaptar a denomi-

nação social da empresa ao disposto na Lei.

Alterações estas que ainda necessitam de

regulamentação, seja por meio de decreto

da Presidência da República ou portaria do

Ministro do Turismo.

M&E - Qual o papel deste profi ssional neste novo cenário do turismo brasileiro?Eduardo Nascimento - Pouco muda ou

quase nada no cenário do turismo bra-

sileiro, assim como em relação ao papel

do agente de viagens perante a nova lei.

Apenas se reiteram as suas responsabi-

lidades de que é dever fundamental da

sua profi ssão fornecer ao cliente sempre a

informação correta, completa e bem clara.

O atendimento especializado, prestado

de forma personalizada para o perfi l de

cada cliente, a assistência e a orientação

técnica aos viajantes, antes, durante e após

a viagem, sempre fizeram e farão com

que o agente de viagens continue sendo

cada vez mais valorizado e reconhecido

como o canal de vendas mais indicado

para atender as necessidades dos viajantes.

M&E - Qual o verdadeiro impacto da Copa de 2014 para o turismo?Eduardo Nascimento - O impacto da

Copa de 2014 para o turismo no Brasil

é diversifi cado e complexo. O país rece-

beu um grande número de estrangeiros

e muitos brasileiros também viajaram

por causa dos jogos. No entanto, a Copa

também gerou efeitos negativos em mui-

tos mercados. Muita coisa parou para

deixar a Copa passar. No mercado de

agenciamento de viagens, o efeito foi

negativo em razão do regulamento na

venda de ingressos. Quem não trabalhou

diretamente com a Copa perdeu porque

deixou de vender os serviços usuais.

Mesmo os brasileiros que viajaram para

ver os jogos não compraram por meio

das agências. Segundo estudo realizado

pelo Ipeturis, a pedido do Sindetur-SP,

para medir os impactos da Copa do

Mundo no agenciamento turístico, 53%

das agências do país tiveram perda nas

vendas por causa da Copa. Apenas 13%

venderam mais do que o normal. Para

os outros 34% o saldo não foi positivo e

nem negativo. No mês de junho as vendas

totais do setor de agenciamento caíram

27% em razão da Copa. Acredito que no

mês de julho a queda ainda seja maior.

O impacto negativo foi maior nas via-

gens domésticas e, tanto o setor de lazer

quanto o corporativo, foram afetados.

M&E - O prejuízo causado pela queda das viagens no período da Copa pode ser compensado em um longo prazo com o aumento das viagens domésticas?Eduardo Nascimento - Uma parte daquilo

que deixou de ser vendido durante a Copa

de 2014 foi vendido antes do evento, outra

será vendida depois, e uma terceira parte

realmente vai deixar de ser vendida. Mui-

tas viagens fi caram represadas pela Copa e

agora é hora de abrir as comportas e deixar

o rio vazar. Então, no curto prazo, deve

haver uma recuperação. No longo prazo,

os efeitos são mais difíceis de prever, mas o

ganho de imagem do país deve incentivar

as viagens de estrangeiros e também de

brasileiros pelo país.

Sindetur-SPEntrevista com Eduardo Nascimento

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS

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TrendEntrevista com Luis Paulo Luppa

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS

>> Para o presidente da Trend Opera-

dora, Luis Paulo Luppa, há muito a se

desenvolver ainda no turismo brasileiro.

“A Copa do Mundo sofreu, antes da sua

realização, uma forte campanha negativa

da mídia e da população, mas é claro que a

Copa seria uma boa, já que teríamos tanta

visibilidade. E já que não sabemos nos

vender, o evento fez isso pelo país, pois

quem esteve aqui amou o que viu, sentiu,

ouviu, comeu e bebeu”, disse.

MERCADO & EVENTOS - A Trend acabou de lançar mais uma ferramenta do Mega Partner: o Vitrine Mais. O que vem por aí nos próximos meses?Luis Paulo Luppa - As outras etapas serão

divulgadas aos poucos. A nova ferra-

menta possibilita a aquisição de um site

customizado com logo, cores e dados de

contato, e, ainda, exposição de divulgação

e vendas no www.passagemaerea.com.br.

Este lançamento é uma reafi rmação do

compromisso com o nosso único canal

de distribuição, os agentes de viagens.

M&E - O que podemos esperar com a nova Lei 12.974 ?

Luis Paulo Luppa - Profissionalismo,

organização, consolidação de ações e

inovação.

M&E - Qual o papel do agente de viagem neste novo cenário do turismo brasileiro?Luis Paulo Luppa - Independente da regu-

lamentação, o profi ssional de hoje tem que

ser globalizado, ágil e de fácil adaptação. O

nosso mercado vem sofrendo profundas

metamorfoses, desde a sua essência até a

sua forma. Entender, inovar e ter atitude

são os ingredientes indispensáveis para

quem quer se manter no jogo.

M&E - Como avalia a Copa de 2014?Luis Paulo Luppa - Não tenho dúvidas de

que cometemos um erro estratégico que

é promover o Brasil ao invés de vender

o Brasil e realmente parece que Deus é

defi nitivamente brasileiro, porque mesmo

sem as melhores ou básicas estratégias e

táticas de vendas, atiramos no que vimos

e acertamos no que não vimos. A Copa

do Mundo sofreu, antes da sua realização,

uma forte campanha negativa da mídia e

da população, somente porque não con-

fi amos nas pessoas que lideram as ações,

mas é claro que a Copa seria uma boa, já

que teríamos tanta visibilidade. E já que

não sabemos nos vender, a Copa fez isso

pelo país. Venda na veia!

M&E - Como as empresas do setor devem se preparar para este novo momento? Como a Trend vem se preparando?Luis Paulo Luppa - Nós sempre temos o

foco nos nossos clientes internos e exter-

nos e assim continuaremos. Somos uma

empresa de serviços que se preocupa com

a excelência, por isso investimos tanto em

pessoas e tecnologia e temos como objeti-

vo a saúde empresarial e não o volume de

faturamento e números expressivos que

deixam transparecer grandeza. Preferimos

a solidez à visibilidade.

M&E - A divulgação dos vários destinos brasileiros durante a Copa pode aumen-tar a vontade dos brasileiros de viajar e desenvolver ainda mais o mercado doméstico?Luis Paulo Luppa - Muito pouco. Temos

questões a resolver como a queda abrupta

do Nordeste, que é um paraíso, porém

é tratado como um simples pedaço do

Brasil. Precisamos tratar os destinos com

um plano diretor debaixo do braço e

medindo as ações e resultados.

Sob o comando de Vitor Bauab desde o início de junho, o Departamento Comercial Nacional da Trend Operadora ganhou uma nova estrutura. Agora, com quatro gerências regionais e um número maior de negocia-dores, o objetivo da área, que reponde por 75% dos produtos comercializados pela empresa, é estar mais próxima dos forne-cedores, inclusive com uma série de eventos e ações regionais focadas nos hoteleiros. Na nova estrutura, o departamento fi cou dividido em gerências regionais: São Paulo, sob o comando de Leandro Polido; Sul, com Laércio Henrique; Sudeste (exceto São Paulo) e Centro-Oeste, com Ricardo Assalim; e Norte e Nordeste, com Mateus Sena. Eles respondem ao gerente Comercial Nacional,

Osmar Fonte. Essas bases contam com negociadores exclusivos para cada estado ou região. “Dentro desta nova estratégia, os nossos negociadores não fi carão mais dentro da empresa. Eles irão a campo e estarão mais próximos dos nossos fornecedores”, explicou Bauab. Com a reestruturação, o Comercial ganhou também o reforço da área de Planejamento, que passa agora a responder também para Bauab. Segundo ele, o departamento tinha um papel muito mais operacional, focado na reposição de ofertas no sistema da operadora e agora passa a ter função muito mais estratégica. “Com base nos dados gerados por ele, fare-mos ações pontuais, como a formatação de promoções e produtos específi cos”, contou.

Sob nova estrutura, Comercial Nacional visa proximidade com fornecedores

20

>> O Grupo Águia - operadora brasileira

oficial do programa de hospitality da

FIFA - atendeu 67 mil turistas durante

a Copa do Mundo do Brasil. Foram 17

mil brasileiros e 50 mil estrangeiros, in-

cluindo uma série de serviços, a venda

de camarotes e os pacotes de hospitality.

No total, mais de três mil profi ssionais

estiveram envolvidos com as operações.

Somente de brasileiros, foram 899 grupos,

um recorde para a empresa. Somente para

a Final, no Maracanã, o Grupo Águia

levou cerca de 12 mil pessoas. Entre os

estrangeiros foram dois mil grupos, de

aproximadamente 1,2 mil corporações. O

CEO da empresa, Paulo Castello Branco,

afi rmou que o país passou no teste e está

pronto para novos saltos.

MERCADO & EVENTOS - Durante a Copa do Mundo, o Grupo Águia atendeu quase 70 mil turistas. Como você avalia esta operação?Paulo Castello Branco - Esses números só

demonstram do que a Copa do Mundo é

capaz. É o maior megaevento do planeta.

Conseguimos fazer um trabalho que foi

extremamente reconhecido e a Copa do

Mundo foi melhor fora do que dentro de

campo para o Brasil. Utilizamos a Planeta

Brasil para atender os grupos de brasi-

leiros, que foi de quase 20 mil pessoas. E

a Match Connections foi a empresa que

cuidou dos 50 mil estrangeiros. Estamos

falando do corporativo e da imprensa, que

vieram do mundo inteiro.

M&E - Qual será o papel da Planeta Brasil após a Copa do Mundo?Paulo Castello Branco - A gente entende

que esta é uma marca muito forte. Que-

remos que o mundo corporativo, que

atendemos nesta Copa, conheça a Planeta

Brasil como uma operadora. Estamos

desenhando o modelo da empresa e até

o fi nal do ano teremos isso devidamente

montado. Estamos avaliando qual será a

atuação dela, mas a Planeta Brasil irá aten-

der o mercado Mice. O fato é que o Brasil

se habilitou. Se tem um legado positivo

nesta Copa do Mundo é a percepção do

brasileiro de que o evento é muito mais que

o futebol. Os estrangeiros que vieram para

cá voltaram encantados. Depois da Copa,

se agirmos de forma competente e com o

marketing adequado, conseguiremos dar

um salto neste número de 6 milhões de

estrangeiros, que está parado, e de fato

ter mais alguns milhões de turistas aqui.

M&E - O Grupo Águia já começou a tra-balhar a Copa da Rússia, que acontece em 2018? Já pensam em algum produto diferenciado para os brasileiros?Paulo Castello Branco - Tudo o que

aconteceu aqui fez o brasileiro querer

assistir a outras Copas do Mundo. Como

eu disse, ele percebeu que não é apenas

o futebol, mas todo o clima agradá-

vel que cerca o evento. Para nós, que já

compramos os direitos de 2018 e 2022,

isso é muito bom. Para se ter uma ideia,

a Copa em que mais levamos pessoas

até hoje foi a da Alemanha, com cerca

de 9,2 mil. Embora a Rússia seja mais

distante, temos a expectativa de levar

um bom contingente. O know-how que

adquirimos nos habilita a fazer algo

diferenciado e levar a maior quantidade

possível de brasileiros para lá. Pela lo-

calização, muita gente pode estabelecer

outras bases na Europa, como Frankfurt

ou Paris, que estarão próximas das sedes.

M&E - Além da Copa do Mundo, o Grupo Águia está de olho na operação e nas vendas de outros grandes eventos?Paulo Castello Branco - Todos que pu-

dermos. Primeiro, quando olhamos para

a parte de hospitalidade, somos o maior

case de sucesso da história da Fifa. Nunca

na história de uma Copa do Mundo se

vendeu tanto hospitalidade como no

Brasil. É algo impressionante. Isso nos

permite dizer que podemos organizar

qualquer evento.

M&E - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências. O que esta nova legislação muda, efetivamente, para o mercado?Paulo Castello Branco - A classe em geral

precisa insistir muito na desburocrati-

zação. O mundo está se tornando cada

vez mais ágil e mais simples. Quando se

começa a regulamentar demais, difi culta

a forma de se trabalhar. Por exemplo, na

área trabalhista, precisamos ser mais sim-

ples. Imagine esta Copa do Mundo com

menos burocracia? Estou me referindo

a nossa área, onde há uma dificuldade

grande para se fazer contratações. Isso

facilita o turismo como um todo, tanto

interno quanto para quem vem de fora.

A Lei de alguma maneira traz proteções,

mas tem que permitir que a gente seja

ágil para fazer as coisas. A burocracia faz

com que o país perca em competitividade.

Estamos vendo que na América do Sul

temos países que estão avançando neste

aspecto. Se nos tornarmos mais simples,

seguramente seremos mais competitivos.

Grupo ÁguiaEntrevista com Paulo Castello Branco

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS

21

22

Avirrp Associação das Agências de Viagens de Ribeirão Preto e Região

Entrevista com Emerson da Silveira

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS

>> A Associação das Agências de Via-

gens de Ribeirão Preto e Região (Avirrp)

passa por um momento de transição.

Após novas eleições, uma nova diretoria

assumirá e passará a ser responsável pela

feira, que acontece em agosto de 2015. O

atual mandatário, Emerson da Silveira,

destacou as inovações e parcerias que

aconteceram ao longo dos últimos quatro

anos. Além da feira, ele citou a realização

da Ofi cina Avirrp e do Fórum, ambos

com o objetivo de treinar e qualifi car os

agentes de viagens. Para o dirigente, este

é um dos legados de sua gestão.

MERCADO & EVENTOS - A edição de 2014 da Avirrp teve um público menor do que no ano passado. Mesmo assim, a entidade avaliou a feira como positiva. A que fatores você credita isso?Emerson da Silveira - O número de

agentes foi um pouco menor do que no

ano passado. Mas este é um movimento

que acompanhou o mercado. Os meses

de junho e julho foram muito ruins para

todo mundo e isso impacta fortemente

na presença dos agentes de viagens. A

feira aconteceu em um momento em

que estávamos recuperando o fôlego e

começando a retomar as vendas. Então,

alguns optaram por não passar dois dias

fora da agência. Mesmo menor, tivemos

um número muito bom de agentes nas

caravanas, houve também uma redução

no número de agentes que vai à feira

por conta própria, principalmente da

nossa região. Isso também aconteceu

em outros mercados, não foi apenas o

turismo que passou por um momento

ruim neste período. Mesmo assim, o

resultado da feira foi muito positivo.

M&E - Como você avalia esses quatro anos à frente da entidade e qual o legado deixado para as próximas gestões?Emerson da Silveira - O que a nossa

equipe fez foi buscar novas parcerias,

alianças e inovações. Essa procura por

um relacionamento mais próximo com

o expositor nos ajudou muito nas novas

ideias. Trabalhamos juntos tentando des-

cobrir as necessidades dos expositores.

Para uma feira acontecer é necessário

ter os dois lados: expositores e agentes.

A partir do momento em que estamos

com o expositor e tentamos descobrir o

que eles precisam, conseguimos montar

uma estratégia efi ciente para os agentes de

viagens. A feira, mais do que a distribuição

de materiais, é a grande oportunidade para

o agente criar um relacionamento com os

os diretores das operadoras, hotéis, com-

panhias aéreas e demais fornecedores. Isso

difi cilmente seria possível sem uma feira.

M&E - Qual o verdadeiro impacto da Copa do Mundo para o turismo como um todo? Como este megaevento pode contribuir para o crescimento do setor nos próximos anos?Emerson da Silveira - Na minha opinião,

a Copa do Mundo não impactou em nada

a atividade das agências de viagens. Não

pudemos vender ingressos e os turistas que

chegaram já tinham receptivo e todos os

serviços já adquiridos. No caso do turis-

mo, este foi um evento formatado de fora

para dentro. Em se tratando da melhoria

dos aeroportos, que também trouxe novos

voos, isso vai nos ajudar muito. Este foi

o lado positivo da Copa do Mundo para

nós, embora alguns aeroportos ainda

estejam em obras.

M&E - Como você vê a nova postura do Ministério do Turismo, que agora quer estar mais próximo das agências e opera-doras? Programas como o #partiubrasil ajudam as agências de que forma?Emerson da Silveira - Este tipo de ação

vai motivar o brasileiro a viajar mais e

incentivar o turismo interno. Esta nova

postura é extremamente positiva, porque

antigamente não tínhamos nenhum tipo

de suporte. O contato com o MTur era

muito distante. Tanto que só fomos vistos

como uma categoria há pouco tempo.

Estar perto do mercado, das agências,

operadoras e da indústria como um todo,

para saber como esta máquina funciona, é

muito positivo, pois desta forma, o órgão

pode fazer ações mais pontuais e efetivas.

Feira já tem data para 2015Em 2015, a Avirrp acontece nos dias 14 e 15 de agosto, no Centro de Eventos Taiwan. A entidade entra agora em um processo eleitoral e o objetivo é que a nova diretoria tome posse em dezembro. Neste ano, a feira recebeu um total de 4.197 agentes de viagens e teve como tema “Brasil para Brasileiros”. O público total foi de 5.992 pessoas, incluindo 1.558 expositores e 237 de staff. O número é inferior ao registrado em 2013, quando o evento contou com a presença de aproximadamente 4,5 mil profissionais e 7 mil pessoas.

23

>> Ex-presidente da Abav-SP e vice-pre-

sidente da Abav Nacional, o presidente do

Grupo Ancoradouro, Juarez Cintra Filho,

afi rma que a Copa do Mundo não trouxe

nenhum benefício imediato para as agências

e operadoras. No entanto, ele acredita que no

médio e longo prazo todo o setor sairá ga-

nhando com o sucesso do evento. A reforma

e construção de aeroportos e, sobretudo, a

divulgação do país interna e externamente,

são apontados por ele como alguns dos le-

gados. Sobre a regulamentação da atividade

das agências de viagens, o executivo foi

taxativo: “não resolveu o nosso problema”.

MERCADO & EVENTOS - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências. E agora, o que muda, efetivamente, para os agentes?Juarez Cintra - A Lei regulamentou, mas

não resolveu. O maior problema é defi nir

qual a nossa responsabilidade, de fato, na

venda de um produto, e isso foi vetado.

Acredito que já é um passo grande, mas

não é tudo. Claro que é melhor ter alguma

coisa regulamentada do que nada, pois

pelo menos já é um reconhecimento da

profi ssão do agente como uma atividade,

uma grande vitória. Precisamos agora lutar

para que, no futuro, a gente consiga defi nir

muito bem quais são as nossas obrigações, as

do operador, da companhia aérea, do hotel

etc. Hoje, tudo recai nas costas do agente

de viagens. O que precisa ser feito agora, e

acredito que a Abav e demais entidades já

estão fazendo, é tentar regulamentar e defi nir

quais são as responsabilidades de cada um.

Isso é 50% do resultado que nós almejamos,

a vitória completa será apenas quando forem

defi nidas as responsabilidades. O agente é

sempre o elo mais fraco. Por exemplo, para

ter o registro Iata, ele tem que dar todas as

garantias para as companhias aéreas. E qual

é a garantia que a empresa dá para ele? Ne-

nhuma. É só olhar os casos da Pluna, Varig,

Transbrasil e Vasp. Cansamos de ver agentes

de viagens pagando por esses bilhetes não

honrados. A responsabilidade deveria ser de

quem faliu, e da forma como é hoje, não é.

M&E - Então a Lei não deve mudar nada no dia a dia dos agentes?Juarez Cintra - Baseado nesta Lei, eu não

enxergo nada que possa mudar a vida do

agente de viagens. O que daria tranquilida-

de é esta defi nição de responsabilidade. Ele

vai continuar exercendo a profi ssão da mes-

ma forma de antes. É importante ter esta

regulamentação, mas para o consumidor,

não muda nada, pois ele continua correndo

o risco. Com uma profi ssão regulamen-

tada, fi ca mais fácil avançar naquilo que

queremos. No dia a dia, não muda nada.

M&E - Qual o verdadeiro impacto da Copa de 2014 para o turismo como um todo, não apenas na recepção de estrangeiros?Juarez Cintra - A Copa vai ajudar muito.

Até agora ela não trouxe nada para o agente

de viagens. Muito pelo contrário. Deixamos

de vender em um período muito grande.

Mas graças às belezas naturais do Brasil,

ao povo, que foi um anfi trião nunca visto

no mundo todo, o evento foi um sucesso.

Nunca os turistas se divertiram tanto em

uma Copa como aqui. Tudo o que foi

negativo antes - com a mídia internacio-

nal massacrando a gente (e com razão)

- tivemos de positivo durante a Copa. Os

aeroportos funcionaram, até porque rece-

beram um número menor de passageiros

do que em dias normais. Graças à Copa,

temos aeroportos novos e reformados. Isso

é um legado. O que aconteceu de mais inte-

ressante foi a exposição na mídia mundial

das nossas belezas e da simpatia e carinho

do povo brasileiro. Isso vai atrair turistas,

mas não só estrangeiros. Muitos brasileiros

vão querer conhecer o próprio país. O que

perdemos na Copa, vamos ganhar depois.

M&E - Podemos esperar um novo ciclo de desenvolvimento no turismo por conta da Copa do Mundo e da regulamentação da atividade dos agentes?Juarez Cintra - Claro. O turismo no Brasil

ainda é incipiente. Se olharmos o tamanho

da nossa população, de mais de 200 milhões,

o número de pessoas que faz turismo não

chega a 6%. Se somarmos todas as aeronaves

comerciais das três maiores companhias que

operam no país, teremos algo perto de 450

aviões. Isso não é nem a metade do que so-

mente a Delta tem nos Estados Unidos, por

exemplo. Com crise ou sem crise, o turismo

só tende a crescer. Pode ser mais ou menos,

mas o setor vai avançar sempre. A tendência

agora é que o crescimento seja maior, desde

que o governo não atrapalhe, pois se tiver-

mos infl ação alta, o nosso crescimento fi ca

travado. Acredito que o interesse maior das

pessoas pelos destinos vai ajudar a divulgar

mais e todo mundo vai vender mais por isso.

M&E - Como as empresas do setor devem se preparar para este novo momento? Como a Ancoradouro vem se preparando?Juarez Cintra - Hotéis e agências de re-

ceptivo, que são as que mais irão lucrar, já

tinham se preparado para a Copa e estão

preparadas para o futuro. Na Ancoradouro

estamos sempre nos preparando para ven-

der mais. Isso acontece aqui diariamente,

então, neste período após a Copa nada

vai mudar. Temos treinamentos diários.

Grupo AncoradouroEntrevista com Juarez Cintra Filho

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS

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>> Estagnação nas vendas durante a Copa

do Mundo, mas uma temporada de verão

com vendas acima da média. Este é um dos

saldos de 2014 para a Visual Viagens, segun-

do o seu presidente, Afonso Louro. Ainda

sobre o megaevento, o executivo acredita

que a ampliação dos aeroportos vai agora

benefi ciar o turismo emissivo, uma vez que

já existem mais slots em horários nobres para

serem utilizados em fretamentos. Sobre a Lei

12.974, Louro afi rma que a regulamentação

da atividade das agências de viagens deve

levar um número maior de estudantes a

se interessar pela área, o que pode trazer

mais mão de obra qualifi cada para o setor.

MERCADO & EVENTOS - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências. E agora, o que muda para os agentes?Afonso Louro - O reconhecimento da profi s-

são certamente vai trazer mais estudantes para

esta área. Com isso, vamos ganhar mais mão

de obra qualifi cada, já que hoje existe uma

carência muito grande. Fora isso, não vejo

grandes mudanças no cotidiano das agências.

Acredito que cabe agora às nossas associa-

ções de classe fazer um trabalho direciona-

do no sentido da valorização da profi ssão.

M&E - Qual o verdadeiro impacto da Copa de 2014 para o turismo como um todo, não apenas na recepção de estrangeiros?Afonso Louro - Embora houvesse um po-

sicionamento pessimista antes do evento,

a organização acabou sendo um sucesso.

Eu acho que a receptividade do brasileiro

aos turistas deixou uma impressão muito

positiva. Agora, o MTur tem que apro-

veitar o ensejo e fazer um trabalho de

divulgação deste bom momento.

M&E - Neste sentido, a Copa acaba be-nefi ciando mais o turismo receptivo. De que forma o evento pode ajudar o setor emissivo?Afonso Louro - Entendemos que a grande

infraestrutura criada são os estádios e

alguma coisa de melhoria nos aeroportos.

Isso, evidentemente, vai facilitar e benefi -

ciar o aumento das viagens, pois é notável

que na alta estação muita gente se preocu-

pa em enfrentar fi las nos aeroportos. Isso,

pelo menos em Guarulhos, e em outras

cidades, está superado. Este aumento

de capacidade fará com que as pessoas

viagem mais. Os hotéis inaugurados e

reformados, e até algumas infraestruturas

de acesso e mobilidade, também fazem

parte deste legado. A própria divulgação

das cidades-sede neste período pode des-

pertar a vontade no brasileiro de conhecer

melhor o seu próprio país e curiosidade

de ver essas atrações de perto.

M&E - A formatação dos produtos ou o perfi l das viagens pode mudar a partir da Copa?Afonso Louro - Tem outro ponto que pode

favorecer a viagem dos brasileiros. Quando

tínhamos necessidade de gerar oferta, só

havia a alternativa de se fazer fretamentos

à noite ou de madrugada, pois não havia

slots. Hoje percebemos que já existe a pos-

sibilidade de fazer esses fretamentos em

horários mais adequados para o turismo

de lazer. Assim, a gente consegue alimen-

tar a oferta e, quando existir demanda,

podemos ter fretamentos em melhores

horários atraindo um público maior.

Este é também um benefício da Copa.

M&E - Como avalia os resultados do Workshop Visual 2014?Afonso Louro - O evento contou com a

participação de 310 agentes de viagem

de todo o país. São 28 anos de parce-

ria com o agente, nosso único canal de

distribuição de vendas, que faz parte

integralmente da Visual. Durante o Wor-

kshop apresentamos o novo portal da

operadora aos profi ssionais: com mais

facilidades, mais ágil e mais dinâmico.

Agora oferecemos uma ferramenta que

vai conseguir competir com as OTAs e

White Label, que já são tendências. Ape-

sar do avanço da internet e da autonomia

que ela disponibiliza aos passageiros, ela

não substitui os agentes e sua solidez e

segurança na hora de montar um pacote

M&E - Como fi caram as vendas da Visual no primeiro semestre? Afonso Louro - Até abril fomos muito bem.

Estávamos com um crescimento acumu-

lado de 22%. No ano passado, a esta altura

já tínhamos crescido 26%. Mas em maio

e junho fi camos estagnados. Vendemos

exatamente o mesmo do ano anterior. O

que não é ruim, mas estávamos com uma

expectativa um pouco melhor. Houve sim

um impacto por conta da Copa, mas não

rebaixou as nossas projeções. Temos uma

expectativa de crescer 18% neste ano, já

considerando este impacto. Historicamente

vendemos entre 40% e 45% no primeiro

semestre. As vendas sempre são maiores

na segunda metade do ano. Achamos que

existe uma demanda reprimida. Temos a

expectativa de aumento, pois quem não

viajou nas férias do meio do ano está se

programando para viajar no verão. Inclu-

sive, estamos aumentando a nossa oferta

em relação à temporada passada em tor-

no de 30% em bloqueios e fretamentos.

Visual ViagensEntrevista com Afonso Louro

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS

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26

>> O Grupo Flytour segue se consoli-

dando como uma das empresas mais

fortes da indústria do turismo no Brasil.

Em 2014, quando completa 40 anos de

atividades, a empresa aposta no varejo.

Com o sucesso da Flytour Viagens, que foi

o negócio que mais cresceu no primeiro

semestre, o CEO e fundador da empresa,

Eloi D’Avila de Oliveira, anuncia uma

nova rede de franquias, voltada para o

segmento de lazer, a Flytour Serviços de

Viagens. A projeção de faturamento para

este ano é de R$ 4,7 bilhões, 17% mais do

que no ano passado.

M&E - Atualmente o grupo é um provedor de soluções para a indústria do turismo como um todo?Eloi D’Avila de Oliveira - Fomos a primei-

ra agência de viagens a consolidar Sabre,

Amadeus e Galileo para os agentes de

viagens. Fomos a primeira consolidadora

a criar um portal. Emitimos o primeiro e-

ticket de uma agência consolidadora para

uma companhia aérea no país. Também

criamos transferência de tecnologia para

as agências de back offi ce e front offi ce.

Todas essas coisas foram importantes para

chegarmos onde estamos hoje.

M&E - Hoje, 40 anos depois do início da Flytour, há em vigor uma nova Lei que regulamenta a atividade das agências de viagens. O mudou neste período e o que esta legislação traz de novo?Eloi D’Avila de Oliveira - A Lei, como

foi originalmente criada pelos deputa-

dos e pelas pessoas que participaram,

como órgãos governamentais, justiça e

nós agentes, era excelente. Mas como foi

sancionada, ela simplesmente não existe.

Continua tudo igual. Os artigos que foram

vetados não deveriam nunca ter morrido.

Foi tirada a confi ança do agente de viagens

de que ele não será incriminado sozinho

caso ocorra algum problema. Acho que

o agente de viagens deveria esperar pelo

próximo governo e novamente lutar pelos

artigos que foram vetados.

M&E - O Grupo Flytour teve um cres-cimento de 11% no faturamento no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado. A que fatores você credita este desempenho?Eloi D’Avila de Oliveira - Os negócios ma-

duros de business travel e de consolidação

fi caram dentro do previsto do mercado.

O que realmente evoluiu bastante foi a

operadora, com 67% de crescimento, a

Flytour Eventos, com 35% e a venda da

rede, com 20%. Foram R$ 2,1 bilhões em

vendas no primeiro semestre. Estamos

esperando um segundo semestre melhor,

pois historicamente a primeira metade do

ano fi ca entre 43% e 45%, e no segundo

semestre fi ca entre 55% e 57%. Queremos

fechar o ano com um faturamento de R$

4,7 bilhões. Será um crescimento de quase

17% em um ano difícil.

M&E - O grupo pretende entrar no seg-mento de varejo. Haverá mudanças no sistema de franquias?Eloi D’Avila de Oliveira - Teremos dois

modelos a partir de agora. O Flytour Ame-

rican Express, que já existe, e um outro que

estamos desenhando. Estamos no início de

uma formatação, que será feita em comum

acordo com o conselho de franqueados. A

empresa franqueadora terá duas franquias,

uma no business travel e a outra, que vai

usar apenas a marca Flytour Serviços de

Viagens. Esta segunda é para o varejo,

onde muitos agentes médios e pequenos

terão a oportunidade de participar de

uma grande rede. Somente no primeiro

semestre já abrimos oito lojas nos principais

shoppings do Rio de Janeiro. São franquias

da Flytour Serviços e Viagens, mas ainda

com o nome Flytour American Express.

Quando a empresa franqueadora tiver a

formatação, vamos desmembrar.

M&E - De acordo com os números do primeiro semestre, a operadora foi o negócio do grupo com o maior cresci-mento. Este novo modelo de franquias dá ainda mais força para ela?Eloi D’Avila de Oliveira - Sem dúvida, pois

ela terá uma rede trabalhando com o nome

dela, mais a rede de agências já consolidada.

Ela já está preparada para prover produtos

para essas lojas porque nos dois primeiros

anos de existência criou uma musculatura

e uma audiência sufi ciente para entender o

processo e não ter grandes falhas.

M&E - Qual avaliação você faz da Copa do Mundo? Que benefícios ela pode trazer para a indústria do turismo no Brasil?Eloi D’Avila de Oliveira - A Copa foi a

melhor coisa que aconteceu aos operado-

res brasileiros que exportam, pois agora

podem começar a importar. É isso que

a Flytour está fazendo. Entendemos que

temos uma operadora local que pode ser

simplesmente um incoming. Faremos isso

para começar a trabalhar este legado que

fi cou na Copa e o que vai fi car das Olimpía-

das. Neste meio tempo, a Flytour se lança

como uma empresa que também importa.

Grupo FlytourEntrevista com Eloi D’Avila de Oliveira

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS

27

>> Uma medida que não traz nenhuma

mudança signifi cativa para o mercado.

Assim o diretor geral da Nascimento

Turismo, Plínio Nascimento, defi niu a

Lei 12.974, que regulamentou a atividade

das agências de viagens no Brasil. Sobre a

realização da Copa do Mundo no país, o

executivo destacou a reforma dos aeropor-

tos e uma possível reacomodação dos pre-

ços, principalmente das passagens aéreas.

MERCADO & EVENTOS - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências de viagens. Como avalia?Plínio Nascimento - Na realidade a Lei

não trouxe uma mudança signifi cativa. Ela

não trouxe o que nós gostaríamos, que é

sair do vínculo de co-responsável pelos

produtos que vendemos, o que é muito

ruim. Por exemplo, eu sou responsável

por erros das companhias aéreas - que são

regulamentadas pelo Governo - e que no

meu negócio eu tenho que vender. Não

podemos concordar em arcar com isso.

Uma das coisas que foi deixada clara na Lei

são alguns atributos que são dos agentes

de viagens, mas deixaram de fora, por

exemplo, a organização de eventos. Com

isso, acredito que as agências que fazem

isso terão que abrir novas empresas. Este

é um ponto que atrapalha, mas de resto

não muda nada.

M&E - A nova Lei ajuda, pelo menos, a abrir um caminho para que a co-respon-sabilidade seja discutida?Plínio Nascimento - Como categoria,

estamos tentando trabalhar nisso há algum

tempo. Essa briga toda de legislação já

tem mais de cinco anos e eu vejo muito

pouco avanço. Gostaria muito de ser

mais otimista, mas não vejo progresso.

A luta continua a mesma. A profi ssão de

agente de viagens não é muito protegida e

o profi ssional que ganha uma mísera taxa

de R$ 30 para vender um bilhete aéreo

corre o risco de ser processado por um

cliente que tenha tido uma decepção com

a companhia aérea. O agente de viagens é

quem vai pagar essa conta. Como a grande

maioria é formada de pequenas empresas,

esta conta pode ser importante.

M&E - Como fi caram as vendas da Nas-cimento no primeiro semestre?Plínio Nascimento - Do período de Copa

até o fi nal de junho a nossa queda foi de

42% em relação ao ano passado no núme-

ro de passageiros embarcados. Mas isso

ocorreu porque no ano passado tivemos

operações de charters para Orlando e

Punta Cana, com cinco operações cada,

e participação em dois voos diretos da

Aeromexico para Cancun. Neste ano

resolvemos não fazer duas delas por conta

da Copa e a Aeromexico também decidiu

não fazer. Foram mais de 1,5 mil pes-

soas embarcadas nesses voos em 2013.

Outra questão é que até o meio de abril

os preços para as férias de julho estavam

proibitivos e o brasileiro, hoje, não compra

mais preços irreais. Tivemos uma queda

grande de passageiros embarcados neste

período, mas que nas vendas foi muito

baixa em comparação com o ano passado,

apenas 7% em maio e 3% em junho, em

faturamento. Tivemos recorde absoluto

nas vendas de Réveillon. Nossos produtos

para o Ano Novo em Punta Cana e Caribe

estão quase acabando. Quem deixou de

viajar no meio do ano já reservou as suas

férias. Nas vendas em geral, tivemos um

volume bom porque muita gente anteci-

pou a compra.

M&E - Você acredita em uma retoma-da no segundo semestre? O que pode impedir isso?Plínio Nascimento - O segundo semestre

tem tudo para ser melhor que o primeiro,

como em todos os anos. A única questão é

que as companhias precisam entender que

o brasileiro não vai mais pagar US$ 2 mil

para ir aos Estados Unidos. Ele vai pagar até

US$ 1,1 mil no máximo. O mercado mudou

e as companhias precisam entender isso.

M&E - Um dos legados da Copa pode ser a queda dos preços?Plínio Nascimento - Tomara que sim.

Para voos internacionais os preços já

estão mais estáveis, mas no doméstico é

sempre mais complicado porque o custo

Brasil é muito alto. A Bahia anunciou

um acordo com a Air Europa para voar

para o Chile tendo Salvador como hub.

A companhia terá isenção tributária de

combustível, que é muito caro no Brasil.

Este trabalho deveria ser feito também

nos voos domésticos para se ter um preço

mais justo. Desde o fi nal de 2012 o aéreo

doméstico subiu muito.

M&E - Como está a preparação para o Nastur 2014?Plínio Nascimento - O evento acontece

entre os dias 9 e 15 de outubro em Cuba,

já que este é atualmente o destino com

maior percentual de crescimento no Ca-

ribe. Esperamos levar cerca de três mil

brasileiros ao país até o fi m deste ano.

Nascimento TurismoEntrevista com Plínio Nascimento

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS

28

Abracorp Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas

Entrevista com Edmar Bull

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> A Ilha Corporativa da Associação

Brasileira de Agências de Viagens Cor-

porativas (Abracorp) dobrou de tamanho

na Abav Expo Internacional 2014. De

acordo com o presidente do Conselho de

Administração da entidade, Edmar Bull, a

expectativa é receber nesta semana cerca

de mil gestores de viagens. No espaço, eles

podem conferir as principais novidades

do mercado de viagens corporativas,

bem como o B2B hotéis, desenvolvido

pela própria associação. Sobre a Lei que

regulamenta a atividade das agências,

o executivo comemorou a aprovação

do projeto, mas ressaltou que agora são

necessários alguns ajustes.

MERCADO & EVENTOS - Como funciona a Ilha Corporativa da Abracorp neste ano? Quais são as inovações?Edmar Bull - O número de exposito-

res dobrou em relação ao ano passado.

Estamos pretendendo levar para a Ilha

Corporativa perto de mil gestores, que são

os nossos clientes. Neste ano temos ainda

uma sala para reuniões fechadas, tanto

com fornecedores como com clientes.

E as nossas agências associadas podem

utilizá-la mediante um agendamento.

São 12 lugares e este será um jeito novo

de trabalhar no nosso espaço. Além disso,

o tamanho da ilha também terá quase o

dobro do ano passado.

M&E - Esta é uma ferramenta que con-tribui para a aproximação dos gestores de viagens com o mercado do turismo?Edmar Bull - Com certeza. Além das

ferramentas, que todo ano têm modifi -

cações, customizações e versões novas, o

nosso B2B para a hotelaria também está

ajudando bastante. Ele está entrando no

mercado para que a gente possa vender os

hotéis independentes e para se ter maior

transparência na hora de vender um hotel.

O B2B terá um espaço exclusivo na ilha,

tanto para apresentá-lo para os gestores,

como para conversarmos com novos

hotéis. Hoje os hotéis independentes tra-

balham com muito papel e é para melhorar

este processo que esta ferramenta está aí.

M&E - A Ilha Corporativa Abracorp está presente na Abav desde 2012. Como você avalia os resultados gerados por ela? Edmar Bull - Este é o terceiro ano da

Ilha e é uma ação que trouxe o nome da

Abracorp para junto do cliente corporativo

e está trazendo mais visibilidade para as

agências que estão associadas.

Estamos negociando com a Aviesp e será

uma ação muito positiva ter a Ilha Cor-

porativa na Aviestur em 2015. Cada vez

mais, a Abracorp está abrindo o seu leque

e mostrando porque estamos aqui.

M&E - Qual o impacto da Copa de 2014 para o turismo como um todo, não ape-nas na recepção de estrangeiros?Edmar Bull - O legado que fi cou da Copa

do Mundo é muito bom. Temos os aero-

portos e novas estruturas. Gostaríamos

de ter o mesmo modelo para os nossos

clientes corporativos. Não sei se vamos

conseguir, mas é o que esperamos. Não

tivemos problema nenhum nos aeroportos

durante o evento. Queremos este atendi-

mento para os nossos executivos também.

Se foi possível na Copa, por que não no

dia a dia? Esta é a pergunta do mercado.

M&E - Como vê o resultados das asso-ciadas à Abracorp no primeiro semestre?Edmar Bull - Somente no primeiro se-

mestre de 2014 as vendas representaram

R$ 6,45 bilhões, um aumento de 5,5%

em relação ao mesmo período do ano

passado. O segundo semestre deve ser

ainda melhor, com um avanço de dois

dígitos, dada a retomada dos eventos

e viagens corporativas após a Copa do

Mundo. No ano o incremento deve fi car

na casa dos 10%.

M&E - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências. E agora, o que muda, efetivamente, para os agentes?Edmar Bull - Agora somos mais bem

vistos com a profissão regulamentada,

mas temos que ter algumas adaptações

na Lei para que ela se ajuste a realidade

atual. Este projeto foi elaborado há 13

anos e algumas coisas já estão um pouco

ultrapassadas. Agora as nossas lideranças

e a Abav Nacional, que faz isso muito

bem feito, terão que ver onde serão esses

ajustes. Isso já está sendo feito pelo presi-

dente da Abav e pelo jurídico. Um desses

pontos é referente a co-responsabilidade

do agente na venda dos produtos, mas há

também outras coisas sendo analisadas.

M&E - A partir desta Lei e do legado da Copa do Mundo no país, é possível vislumbrar um novo ciclo de desenvolvi-mento para o turismo brasileiro?Edmar Bull - Sim, isso muda muitas coi-

sas. Agora o mundo todo está olhando o

Brasil e já se sabe que não somos aquilo

que eles pensavam. Aqui tem turismo,

tem negócios, eventos e estrutura. Quem

atende uma Copa do Mundo tem estrutura

para atender qualquer tipo de evento e

isso será muito positivo para nós.

AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS

29

30

>> Mesmo com a aprovação da Lei 12.974,

Valter Patriani, vice-presidente de Vendas,

Produtos e Marketing da CVC, acredita que

o papel dos agentes de viagens continuará

o mesmo. Para ele, a nova legislação tem

pouco impacto prático no cotidiano das

agências. Já sobre a Copa do Mundo, em-

bora ele afi rme que o evento tenha contri-

buído para uma desaceleração da economia

durante junho e julho, ele acredita que ela

deve ter um impacto positivo no setor.

“O que espero é termos sempre, cada vez

mais, gente viajando e vendendo viagens,

afi nal, o turismo é um dos segmentos mais

promissores da economia brasileira”, disse.

MERCADO & EVENTOS - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências. E agora, o que muda, efetivamente, para os agentes?Valter Patriani - É mais uma importante

conquista para os agentes de viagens,

que agora têm sua atividade profi ssional

reconhecida e respaldada por uma Lei,

embora, na prática, nada altere o que já

era de praxe no setor, como a necessidade

da agência ter o Cadastur, que é o cadas-

tro físico ou jurídico dos prestadores de

serviço que atuam na cadeia produtiva

do turismo, já executado pelo Ministério

do Turismo.

M&E - Qual o papel deste profi ssional neste novo cenário do turismo brasileiro?Valter Patriani - O papel do agente de

viagens é fundamental e continua sendo

muito importante no processo da venda e

da consultoria de viagens, com a garantia

do atendimento personalizado ao cliente.

Por ser ele quem está na ponta, no atendi-

mento direto ao consumidor, o agente de

viagens precisa entender cada vez mais de

gente, saber traduzir os anseios dos clientes

em oportunidades de viagens e, claro, em

oportunidades de vendas. E isso eu acre-

dito que seja fundamental para a atividade

profissional, independente do cenário.

M&E - Como a CVC sentiu o impacto da Copa?Valter Patriani - São duas as vertentes que

podemos usar para analisar a Copa do Mun-

do no Brasil. Uma é sobre a imagem positiva

que o Brasil passou para os demais países, de

uma nação que soube bem receber atletas

e turistas de todo o mundo, com o estilo e

a alegria típica do povo brasileiro, e que,

mesmo diante da derrota contra Alema-

nha, soube reconhecer os erros e admirar

a superioridade dos alemães no futebol,

dando apoio à equipe alemã até a Final,

conforme os próprios jogadores daquele

país enfatizaram. A outra vertente é sobre o

impacto da Copa, não tão positivo, nos ne-

gócios do varejo de forma geral. Os feriados

decretados e as interrupções das jornadas

de trabalho colaboraram para desacelerar

o consumo em diferentes setores, e o turis-

mo também sentiu. Na CVC, em especial,

também sentimos um desaquecimento nas

vendas no período, como já era previsto,

mas as vendas já voltaram à normalidade,

com o ritmo positivo de vendas.

M&E - O que podemos esperar para a próxima década no turismo?Valter Patriani - O que espero e acredito é

que teremos sempre, cada vez mais, gente

viajando e vendendo viagens, afinal, o

turismo é um dos segmentos mais pro-

missores da economia brasileira. O setor

tem se reinventado ao longo dos anos,

sempre desenvolvendo novos destinos

e serviços, facilitando a realização das

viagens aos brasileiros e, somado a tudo

isso, temos um contingente enorme de

pessoas que viajam cada vez mais. O que

mais queremos?

M&E - Como as empresas do setor devem se preparar para este novo momento? Como a CVC vem se preparando?Valter Patriani - Na CVC, não enxergamos

como “novo momento” ou algo que vai

mudar o que já temos e fazemos. A CVC

acompanha as tendências do setor e se

renova, gradativamente, nesses 42 anos

de história, ao acompanhar a evolução da

experiência de compra do cliente, ao tradu-

zir tendências em produtos, ao facilitar as

vendas e gerar oportunidades aos agentes

e assim por diante. O que temos feito com

maior intensidade neste ano é diversifi car e

ampliar o nosso portfólio, com novos desti-

nos turísticos, acordos comerciais exclusivos

e produtos, como a venda de passagens

em classe executiva para pacotes de lazer.

M&E - A divulgação dos vários destinos brasileiros durante a Copa pode aumen-tar a vontade dos brasileiros de viajar e, consequentemente, desenvolver ainda mais o mercado doméstico?Valter Patriani - A divulgação durante a

Copa foi quase toda baseada nos jogos,

sem muito destaque para os destinos que

os sediaram. Mais do que a Copa, fatores de

ordem econômica, por exemplo, como o ba-

rateamento das viagens e aumento de renda

dos brasileiros, são de fato excelentes impul-

sos para o aumento do consumo. A divul-

gação sobre determinado destino também

ajuda, é verdade, instigando a curiosidade

do cliente em conhecer determinada região,

mas o seu desenvolvimento depende de ou-

tros fatores além do marketing e divulgação.

CVCEntrevista com Valter Patriani

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS

31

>> A BWT se planejou e não viu as ven-

das caírem durante a Copa do Mundo. De

acordo com o diretor geral da operadora e

também da Serra Verde Express, Adonai Ar-

ruda Filho, junho e julho foram os melhores

meses para a empresa, mas ele credita isso ao

trabalho feito de forma prévia, com a parti-

cipação em diversos eventos internacionais

e visitas aos clientes no mundo todo. “Na

semana seguinte ao fi nal da Copa, o fl uxo de

procura em viagens nacionais por brasileiros

triplicou na BWT e ainda segue crescendo.

Já estamos nos preparando e trabalhando

para outras situações de interesse e deman-

da turística para os próximos anos”, disse.

MERCADO & EVENTOS - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências. E agora, o que muda efetivamente para os agentes? Adonai Arruda Filho - Na realidade, a

maior parte das mudanças de interesse da

classe foram vetadas. Conseguir colocá-las

em prática agora é a grande preocupação.

Este é um assunto que será levantado de

tempos em tempos, mas de maneira geral,

vemos como um avanço.

M&E - Qual o papel deste profi ssional neste novo cenário do turismo brasileiro?Adonai Arruda Filho - O profi ssional de tu-

rismo, devidamente qualifi cado, certifi cado e

formado, é fundamental para o bom desen-

volvimento do turismo como um todo. Este

profi ssional irá passar apenas informações

corretas e precisas aos seus clientes. Pro-

fi ssionais qualifi cados não trabalham com

armadilhas. Lamentavelmente, no Brasil,

muitos clientes passam a valorizar o trabalho

de um profissional qualificado somente

após ter tido problemas. Aborrecimentos

e alterações podem ocorrer, mas quando o

cliente tem a assessoria de um profi ssional

qualifi cado, isto é resolvido rapidamente.

M&E - Como a BWT se preparou para não ser atingida negativamente durante

a Copa?Adonai Arruda Filho - A BWT Operadora

realizou um trabalho pré-Copa muito

intenso e forte. Estivemos presentes em

diversos eventos internacionais e em

inúmeras visitas aos nossos clientes pelo

mundo afora. Atendemos mais de dois mil

clientes internacionais para o Mundial e

tivemos, nesse período, o maior resultado

na empresa. A visibilidade internacional

do Brasil foi muito positiva e acredita-

mos que vamos colher frutos por muito

tempo ainda. Já no mercado nacional, o

aumento na procura dos passageiros por

destinos internacionais foi surpreendente.

M&E - Quais os entraves e desafi os que impedem o desenvolvimento e con-solidação do turismo ferroviário como produto turístico?Adonai Arruda Filho - A dificuldade

hoje começa pelos equipamentos. Te-

mos dificuldades de conseguir novas

locomotivas e a alta carga tributária para

importação de peças é outro obstáculo

para desenvolvimento e crescimento

deste segmento. Infelizmente, boa parte

das autoridades não têm ideia do grande

potencial do transporte de passageiros por

trem como acontece em outros países. É

uma pena. Temos locais maravilhosos para

passeios de trem que poderiam certamente

fomentar o turismo doméstico como é

desejo do Ministério do Turismo. Aqui

no Brasil o turismo ferroviário ainda não

é considerado em muitos locais como um

produto turístico. Precisamos de maior

apoio. Isso começa a mudar lentamente.

M&E - Como as empresas do setor devem se preparar para este novo momento do turismo no Brasil? Adonai Arruda Filho - Investindo cons-

tantemente em tecnologia e na qualifi ca-

ção de nossos colaboradores, seja através

de cursos dirigidos, de graduação, de pós

graduação e mestrado. Tecnologia no

turismo é importante, mas uma equipe

técnica e qualifi cada é fundamental.

M&E - A divulgação dos vários destinos brasileiros durante a Copa pode aumen-tar a vontade dos brasileiros de viajar e, consequentemente, desenvolver ainda mais o mercado doméstico?Adonai Arruda Filho - O brasileiro gos-

ta de viajar e quer conhecer o próprio

país. Certamente viajarão muito mais

se tiver segurança nas cidades, atrações

que realmente valham a pena, preços

justos e serviços de qualidade. Quando

isso acontecer, teremos mais brasileiros

viajando por este país maravilhoso.

M&E - Os frutos da Copa do Mundo poderão ser colhidos ao longo dos pró-ximos anos?Adonai Arruda Filho - No nosso caso, não

tivemos prejuízos. Foram os nossos melhores

meses em resultados. Mas nós nos plane-

jamos e trabalhamos muito. Acredito que

continuaremos colhendo frutos deste traba-

lho. Na semana seguinte ao fi nal da Copa, o

fl uxo de procura em viagens nacionais por

brasileiros triplicou na BWT e ainda segue

crescendo. Já estamos nos preparando e tra-

balhando para outras situações de interesse

e demanda turística para os próximos anos.

BWTEntrevista com Adonai Arruda Filho

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS

32

Hotel UrbanoEntrevista com Antônio Gomes

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> Com o foco em consolidar o Hotel

Urbano como a marca de viagens mais

admirada e conhecida no mercado tu-

rístico brasileiro, o cofundador e diretor

Comercial, Antônio Gomes, destaca o

trabalho constante para o aumento do

número de parceiros e o crescimento

sustentável da Online Travel Agency

(OTA). Além disso, o executivo acredita

no crescimento ano a ano e espera chegar

a 4,1 milhões de diárias vendidas, já que

oferece 180 mil opções de hospedagem

em mais de 30 mil destinos espalhados

por 183 países em todo o mundo. Em

entrevista ao M&E, Gomes destaca os

principais aspectos comerciais do ano

e o panorama para o segundo semestre.

MERCADO & EVENTOS - Qual o impacto da Copa no segmento de viagens? Antônio Gomes - Analisando o ano

de 2014 de maneira geral, o impacto

da Copa do mundo será positivo. O

Mundial trouxe ao Brasil mais de um

milhão de estrangeiros, o que benefi-

ciou principalmente a rede hoteleira

das cidades-sede e o seu entorno. Por

outro lado, o evento freou o chamado

turismo de negócios, que está sendo

retomado com mais força no segundo

semestre. Outro fator relevante é o fato

das férias escolares terem sido anteci-

padas para junho, o que diminuiu a

procura por viagens em julho. Para

atrair mais turistas, diversos hotéis

praticaram preços de baixa tempora-

da em pleno mês de julho. Resultado:

viajar em julho ficou mais barato, o

que levou mais pessoas a aproveitarem

a oportunidade e evitou um possível

prejuízo. A Copa do Mundo afetou o

turismo de lazer nacional nas cidades

periféricas às cidades-sede e outros

destinos. Hotéis de lazer, principalmente

nas cidades turísticas afastadas das ca-

pitais, tiveram grandes promoções para

manter boa ocupação durante a Copa.

M&E - Qual foi o principal pico de venda no período do Mundial?Antônio Gomes - As vendas se concen-

traram basicamente nos fi nais de semana,

pois a maioria dos colégios antecipou as

férias de julho pra junho, mas os pais não

tiraram férias em junho, e aí só puderam

aproveitar os fi nais de semana. Esse mo-

vimento foi claro e atípico para o turismo

de lazer em junho. Já em julho, as vendas

começaram a aquecer pela diminuição de

jogos (fase fi nal da Copa). Um movimento

nos chamou a atenção no Hotel Urbano,

o que chamamos de ‘fuga da Copa’. No-

tamos um aumento de 20% em relação

ao ano passado, na procura por pacotes

de viagem e hospedagens com check-in

entre os dias 12 de junho e 13 de julho,

para municípios num raio de até 300 km

das cidades-sede. Esse movimento aponta

claramente uma ‘fuga’ de moradores das

capitais, além de turistas de passagem por

alguma das sedes que aproveitaram para

dar uma ‘escapadinha’.

M&E - E isso já era esperado?Antônio Gomes - Esperávamos por essa

alta demanda e procuramos nos prepa-

rar com bastante antecedência. Além

de reforçar nossas parcerias com hotéis

em cidades próximas às sedes, também

preparamos diversas opções de pacotes

para quem buscava viajar dentro e fora

do Brasil durante a copa.

M&E - Neste cenário, qual o balanço do primeiro semestre?Antônio Gomes - Nosso primeiro semes-

tre teve um bom resultado e caminha-

mos para atingir nossas expectativas de

2014. No ano de 2012, vendemos cerca

de 1,6 milhão de diárias. Contra pouco

mais de 500 mil diárias em 2011. No

ano passado, superamos a marca de 2,8

milhões de diárias vendidas, ou pouco

mais de 1 diária a cada 11 segundos.

Para este ano, esperamos chegar a 4,1

milhões de diárias vendidas, ou seja, uma

a cada 8 segundos. Os feriadões fi caram

concentrados neste primeiro semestre,

o que ajudou muito nas vendas.

M&E - O segundo semestre pode ser melhor em vendas e comercialização mesmo com o advento eleitoral?Antônio Gomes - Com certeza. Como

disse acima, a população está com aquele

ar de “ainda não viajei este ano”. Por isso,

acreditamos que muita gente vai viajar

no segundo semestre. O mercado deve

focar em oportunidades, como grandes

descontos e especialmente hospedagens

em fi nais de semana, já que praticamen-

te não teremos mais feriados este ano.

A dica que eu daria aos vendedores é

agregar valores dentro das diárias, como

a inclusão de bebidas cortesia, refeições,

late check-out, early check-in, passeios,

entre outros. O mercado está bem aque-

cido para este segundo semestre, com

excelentes oportunidades de tarifas e

destinos, assim como o início de vendas

para Natal, Réveillon, alta temporada e

Carnaval. Estamos apostando muito num

crescimento bem vertical e já estamos

alinhando um canhão de vendas com

diversos estabelecimentos. Vem muita

novidade até dezembro.

Ricardo Azoury

AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS

33

34

>> Nos últimos 17 meses, o número de

compradores no site brasileiro do Expe-

dia teve um crescimento acumulado de

150%. O portal, que estreou no Brasil

em outubro de 2012, já alcançou uma

resposta expressiva dos usuários. Com

investimentos que somaram cerca de

US$ 600 milhões, o Brasil se tornou um

mercado de muitas oportunidades para

a OTA. Ampliar acordos, estreitar o rela-

cionamento com fornecedores e investir

em plataformas tecnológicas ainda são

o foco para o país, segundo o gerente

de Marketing para o Brasil, Fernando

Botelho. “Com o objetivo de criar uma

experiência ainda melhor, ao longo de

todas as fases da viagem, ou seja, sonhar,

planejar, reservar e viajar, nós fi zemos um

update no mobile website. Agora é possível

pesquisar e comprar pacotes”, afi rmou.

MERCADO & EVENTOS - A Copa ajudou ou prejudicou o mercado emissivo de viagens?Fernando Botelho - Os grandes eventos

sempre são muito positivos, especialmente

para o mercado de turismo. O Mundial

atraiu muitos turistas para o Brasil e isso

impactou diversos segmentos, inclusive

o emissivo. Apesar da grande expectativa

pela Copa, muitos aproveitaram o momen-

to para viajar a outros países como forma

de fugir do campeonato e das mudanças

que o mesmo provocaria no cotidiano

dos moradores das cidades-sede. Em uma

pesquisa da Expedia realizada meses antes

da competição em questão, por exemplo,

49% dos entrevistados do Rio de Janeiro

e de São Paulo tinham intenção de viajar

e 15% tinham certeza de que sairiam de

suas cidades durante o período do evento.

Quando questionados sobre os possíveis

destinos para uma viagem durante o cam-

peonato, os Estados Unidos foi apontado

como o local mais cobiçado, na frente

do Nordeste brasileiro, em 2º lugar, e da

Europa, em 3º lugar.

M&E - O segundo semestre pode ser melhor em vendas e comercialização mesmo com o advento eleitoral? Qual o foco de venda para esse período?Fernando Botelho - Devido à proximidade

das férias de verão, a tendência para o

segundo semestre é de alta nas vendas.

Além disso, as eleições podem ser uma boa

oportunidade de negócios, já que muitas

pessoas podem optar em ir para seus

endereços eleitorais para votar, mesmo

que o voto para presidente possa ocorrer a

partir de qualquer lugar. Na Expedia, bem

como nos demais sites locais da marca,

o viajante pode planejar a viagem desde

a escolha do destino, a melhor opção de

voo, hospedagem e atividades em geral.

Atualmente, a Expedia conta com 400

companhias aéreas e mais 290 mil hotéis

disponíveis em todo o mundo.

M&E - Haverá novos lançamentos e investimentos ainda este ano?Fernando Botelho - A Expedia sempre

procura encontrar um equilíbrio entre as

funcionalidades e as características que o

viajante procura ao acessar o site a partir

de dispositivos móveis. E com o objetivo

de criar uma experiência ainda melhor, ao

longo de todas as fases da viagem: sonhar,

planejar, reservar e viajar, nós fi zemos um

update no mobile website, e agora pode-se

pesquisar e comprar pacotes de voo mais

hotel, tudo na palma da mão dos turistas.

M&E - Quais as novidades e expectativas para 2015?Fernando Botelho - Acreditamos que

2015 continuará sendo um ano importante

para o turismo porque nossas pesquisas

mostram que o hábito de viajar já está

incorporado na vida das pessoas. Além

disso, após o Campeonato Mundial de

Futebol, o Brasil atraiu os olhares de via-

jantes de todo o mundo e despertou o

interesse dos próprios turistas presentes

no evento para eles retornarem ao país.

Entre as principais características da Expe-

dia está conhecer profundamente nossos

clientes e o mercado no qual atuamos.

Por isso, desenvolvemos regularmente

pesquisas que revelam o perfi l e os hábi-

tos dos viajantes. Essas informações nos

ajudam a traçar nossos planos no curto

e médio prazo, garantindo um serviço de

qualidade e assertivo.

Parceria mundialA Expedia Affi liate Network (EAN) e o Sabre Corporation assinaram um acordo estratégico, através do qual o Expedia Affi liate Network irá disponibilizar ainda mais opções de hospedagem e conteúdo de reservas no Sabre. O acordo adiciona ao Sa-bre uma signifi cativa quantidade de propriedades hoteleiras. A Expedia Affi liate Network também testará o aplicativo “ZoomAndGo”, uma ferramenta gráfica de pesquisa e reserva de hotéis através de ma-pas no Sabre, integrando hotéis de várias fontes online em uma interface intuitiva que simplifi ca o processo de comparação e com-pra para os gestores de viagens.

Expedia.comEntrevista com Fernando Botelho

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS

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Gráfi cos do SetorNúmeros da Abracorp

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

AGÊNCIAS DE VIAGENS CORPORATIVASA Associação Brasileira das Agências de Viagens Corporativas (Abracorp) representa 31 agências especiali-zadas neste segmento que estão entre as maiores do país. Somen-te no primeiro semestre de 2014 as suas vendas representaram R$ 6,45 bilhões, um aumento de 5,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Para o presidente da entidade, Edmar Bull, o segundo semestre deve ser ainda melhor, com um avanço de dois dígitos, dada a retomada dos eventos e viagens corporativas após a Copa do Mundo. Ele acredita que no ano o incre-mento deve fi car na casa dos 10%.

AVIAÇÃOUm recorte do primeiro semestre das vendas das agências Abracorp mostra que a maior fatia dos serviços ainda corresponde a passagens aé-reas, com 71,6% do total. Somente no doméstico foram vendidas 4,5 milhões de bilhetes neste período, o que representou um montante de R$ 2,6 bilhões, cifra 7% maior do que a registrada no mesmo perío-do do ano passado. A tarifa média também está em alta. Ela teve um incremento de 12,2%, chegando a R$ 595. Na primeira metade do ano foram emitidas 644.304 passagens internacionais, a um custo total de R$ 1,9 bilhão, um avanço de 4,9% em relação ao mesmo período de 2013. A tarifa média no período foi de R$ 3.050, um crescimento de 7%.

35

AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTASFo

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Gráfi cos do SetorNúmeros da Abracorp

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

EVENTOS E DESTINOSA realização de eventos foi também um dos destaques da Abracorp no primeiro semestre deste ano. As agências associadas à entidade rea-lizaram 30,6% mais eventos do que na primeira metade de 2013. Isso demostra a força que o segmento vem tomando no Brasil. Somente esta atividade gerou uma movimentação de R$ 272 milhões, contra R$ 208 milhões no mesmo período do ano passado. Em relação aos destinos mais visitados pelos executivos brasileiros, São Paulo e Rio de Janeiro são os líderes no nacional. Fora do país, a pre-ferência fi ca por Buenos Aires e Miami.

HOTELARIATambém no primeiro semestre, as agências Abracorp venderam 1,2% mais diárias em hotéis dentro do Bra-sil. O faturamento deste segmento cresceu 13,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Os hotéis independentes ainda são a maioria com 50% do total e a diária média foi de R$ 232, 12% a mais do que no primeiro semestre do ano passado. Entre os dados, o que chamou a atenção foi a forma de compra. Hou-ve uma queda de 67,5% nas vendas feitas por meio de brockers. Já no internacional a venda de diárias cres-ceu 22,2% e o faturamento 18,5%.

36

AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTASFonte: G

ráfi cos retirados do estudo da Abracorp

37

ASSISTÊNCIA AO VIAJANTE

>> Com uma perspectiva média de crescimento em torno de 20%, o seg-mento de assistência ao viajante espera um 2014 ainda melhor. No ano passa-do, com a mesma média de crescimen-to, o setor acumulou um incremento de 25% em suas operações - essa soma está ligada ao poder de consumo da classe C. No Brasil, nos últimos dois anos, o mercado de assistência em viagem cresceu cerca de 50%.

Em janeiro de 2012, o setor movi-mentou cerca de R$2,7 milhões. Já no ano passado, esse valor subiu para R$3,3 milhões em movimentações e vendas para os canais de consumo, sejam viagens a lazer ou a negócios. De acordo com pesquisa publicada pela Finaccord, o mercado global de seguros de viagem e assistência cresceu cerca de US$ 14 bilhões em 2013, e esse número deverá subir para US$ 18,1 bilhões em 2017.

Segundo apurou o M&E, a Copa do Mundo prejudicou as vendas de servi-ços, mas não a ponto de paralisar ou reter o crescimento planejado para este ano. De acordo com o diretor para o Brasil da Assist Card, Daniel Prieto, a realização da Copa diminuiu um pouco a demanda no setor, tanto no corporativo quanto no lazer. Porém, a Assist Card participou ativamente na recepção de turistas de todo mundo. “Focamos na parceria com a Team Spirit, empresa responsável pela festa de abertura e de encerramento da Copa. Ao longo de três meses, fomos responsáveis por cuidar de todos os participantes, não apenas durante os ensaios, mas, prin-cipalmente, durante as apresentações

Segurança na viagemPara crescer em 2014, segmento une novidades em produtos e parcerias com

operadoras. Associação deve ressurgir durante a Abav Expo Internacional de Turismo

e seus deslocamentos. A cobertura envolveu mais de 700 pessoas entre bailarinos e equipe técnica, em São Paulo e também no Rio de Janeiro”, afi rmou.

A Assist Card espera um crescimento entre 35% e 40% neste ano e comemo-ra o aumento de 27% em faturamento com relação ao mesmo período do ano passado. Hoje, segundo Prieto, o market-share da Assist Card Brasil está dividido em 80% na venda de assistência viagem para o lazer e 20% no corporativo.

Já a Travel Ace - que também anda na contramão da crise - apresenta índices de crescimento na casa dos 10%, em comparação ao primeiro semestre do ano passado. Segundo o presidente da companhia no Brasil, Marcello Gonçal-ves, mesmo com a Copa do Mundo, que retraiu o mercado de viagens, a em-presa deve crescer e compensar o pri-meiro semestre já nos próximos meses. “Constatamos um aumento de 10,83% nas vendas quando comparamos o período de julho de 2012 a junho de 2013 com o período de julho de 2013 a junho de 2014”, analisa o executivo.

Com o crescimento mais tímido do mercado, a GTA Travel Assistance aposta no segundo semestre para recuperar a demanda reprimida no primeiro semes-tre por conta - também - da Copa do Mundo. “Com o esfriamento das vendas de viagens, o mercado de assistência sentiu a retração tanto no corporativo quando no lazer. Porém, a esperança de aquecimento do setor, aliada ao histórico de crescimento no período, promete crescimentos na casa de 55%

no segundo semestre”, disse o diretor Comercial da GTA, Gelson Popazoglo.

Segundo ele, a companhia deve crescer cerca de 8% no embarque de passa-geiros em 2014, se comparado ao ano anterior. Popazoglo ressalta a penetra-ção da companhia nos mercados de lazer e corporativo e a diversidade de produtos para atender os segmentos de turismo no país.

Diferença A diferença entre seguro e assistên-cia é simples: enquanto a assistência viagem fornece uma rede conveniada para que o turista utilize os serviços oferecidos no contrato, como, por exemplo, hospitais, clínicas, exames, medicamentos, guias turísticos, in-formações, entre outros serviços, o seguro viagem reembolsa as despesas que o viajante tiver e que estejam previstas na apólice.

ABCA deve ser relançada ainda este anoDepois de passar por ajustes estatu-tários e por uma renovação no corpo diretivo, a Associação Brasileira de Cartões de Assistência (ABCA), que terá como presidente Celso Guelfi , deve ser relançada durante a Abav Expo Internacional de Turismo. Segundo apurou o M&E, a entidade está se reajustando e agrupando as empresas que prestam serviços de assistência em viagem para fortalecer o segmento dentro do setor de turismo. Guelfi afi rmou ao M&E que o relançamento pode acontecer durante esta feira de turismo e espera uma adesão com-pleta das empresas do segmento.

LUCIANO PALUMBO

38

ASSISTÊNCIA AO VIAJANTE

Travel Ace Assistance Brasil

Entrevista com Marcello Gonçalves

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> Na contramão da crise, a Travel Ace

Assistance Brasil já apresenta índices

de crescimento na casa dos 10%, em

comparação ao primeiro semestre do

ano passado. Segundo o presidente da

companhia no Brasil, Marcello Gonçal-

ves, mesmo com a Copa do Mundo, que

retraiu o mercado de viagens, a empresa

deve crescer e compensar o primeiro

semestre já nos próximos meses. Em

entrevista ao M&E, o executivo destaca

ações e produtos como diferencial para

o incremento operacional. Além disso, a

presença em outros países foi determi-

nante para manter as vendas aquecidas

no período do Mundial de futebol.

MERCADO & EVENTOS - A Copa ajudou ou prejudicou o mercado emissivo de viagens?Marcello Gonçalves - Com certeza a Copa

prejudicou. Os números desse ano foram

inferiores aos do ano passado. Estudos

preliminares indicam que o decréscimo

no setor de viagens e turismo variou de

acordo com o perfil de cada uma das

empresas que compõem a rede de agen-

ciamento de viagens e operação turística

no Brasil. Há uma grande variedade de

percentuais declarados por diferentes

operadoras e agências de viagens no que

diz respeito ao volume de emissões rea-

lizadas em razão da Copa, comparado

a igual período no ano passado. O que

ninguém contesta é que a Copa, de fato,

prejudicou o mercado emissivo no Brasil.

M&E - Você diz isso devido à retração do mercado corporativo no primeiro semestre?Marcello Gonçalves - O mercado de via-

gens e turismo como um todo foi preju-

dicado notadamente durante o segundo

trimestre de 2014. Porém, algumas em-

presas do mercado de viagens corporativas

até obtiveram ganhos, mas estas foram

exceções que confi rmam a regra. Como

somos uma empresa que atua também

no exterior, chegamos a registrar alguns

ganhos pontuais, como, por exemplo,

com a venda de planos de assistência

para todos os torcedores mexicanos que

desembarcaram em portos brasileiros,

vindos para o nosso país, em navio fretado,

para acompanhar jogos da Copa.

M&E - Qual o share na venda de assis-tência hoje para lazer e corporativo?Marcello Gonçalves - Não segmentamos os

resultados alcançados a partir deste recorte

de análise, mas posso afi rmar que tem sido

crescente a participação da demanda por via-

gens corporativas no total da movimentação

de vendas da Travel Ace, que é quem, segu-

ramente, ocupa posição de liderança no seg-

mento das viagens de lazer, incluindo o aten-

dimento realizado à demanda por viagens

para destinos nacionais e internacionais.

M&E - Neste cenário, como foi o primeiro semestre deste ano?Marcello Gonçalves - Constatamos um

aumento de 10,83% nas vendas quando

comparamos o período de julho de 2012

a junho de 2013 com o período de julho

de 2013 a junho de 2014.

M&E - O segundo semestre pode ser melhor? Marcello Gonçalves - O segundo semestre

sempre é melhor que o primeiro, inclusive

em anos anteriores em que foram reali-

zadas eleições. As exceções existem, mas

em razão de fatos imprevisíveis, como

aquele que ocorreu nos EUA, em setem-

bro de 2001. Nós acreditamos sim que

existe essa demanda reprimida de viagens,

justamente por causa da Copa. Isso pode

representar uma significativa procura

por viagens nos meses que seguem. Toda

a cadeia do turismo precisa recuperar

esse primeiro semestre. Acredito que as

eleições não vão atrapalhar.

M&E - Quais são as expectativas para fechar 2014? Marcello Gonçalves - As expectativas

para 2014 são positivas. Acreditamos

que existe uma demanda reprimida pela

Copa que vai acabar compensando o

restante do ano. De uma maneira geral,

no segundo semestre a demanda sempre

é maior, concentrando cerca de 60% do

montante do ano.

M&E - O que há de novo na Travel Ace?Marcello Gonçalves - Lançamos algumas

coberturas especiais para serem adiciona-

das como “up-grade” aos nossos produtos

de assistência ao viajante: por exemplo,

seguro para roubo de bagagem em táxis,

hotéis, transportes públicos e parques.

Outros produtos voltados para bagagens

especiais, compra protegida e o seguro

de responsabilidade civil pessoa física

internacional, entre outros.

39

40

>> Com a expectativa de crescimento

entre 35% e 40%, a Assist Card Brasil

comemora o avanço de 27% em fatura-

mento com relação ao mesmo período

do ano passado. Com uma relação forte

com o segmento de lazer - 80% do share

se concentra no nicho -, a companhia res-

salta a parceria corporativa com empresas

como Petrobrás, Grupo Vale e Ambev. Em

entrevista para o M&E, o diretor para o

Brasil da Assist Card, Daniel Prieto, res-

salta a queda nas vendas durante a Copa

do Mundo, mas destaca as parcerias de

atendimento no país junto à empresas e

operadores como Team Spirit, ProtecBag,

Abreu, Maktour e Master Turismo.

MERCADO & EVENTOS - Como foi o primeiro semestre em relação às vendas no país? Daniel Prieto - A Assist Card Brasil está

indo muito bem. O maior indício é o resul-

tado da nossa campanha mundial, conhe-

cida como “2x1” (Dois por Um), a mais

importante ação comercial do primeiro

semestre. Pelo quarto ano consecutivo,

nós quebramos nosso próprio recorde

de vendas. Em 45 dias de promoção, o

faturamento aumentou quase 27% em

comparação ao registrado no ano ante-

rior, até então nosso melhor desempenho

comercial. Em comparação ao primeiro

semestre de 2013, nosso crescimento

hoje está em 35%. A queda das viagens

corporativas também não prejudicou a

companhia devido à obtenção de novas

parcerias corporativas. Hoje, temos oito

das dez maiores agências corporativas

que mais faturam no Brasil. Adicional-

mente, as três maiores empresas do país

em valor de mercado (Petrobrás, Grupo

Vale e AmBev) também trabalham, com

exclusividade, conosco.

M&E - Qual o share na venda de assis-tência hoje para lazer e corporativo?Daniel Prieto - O market share da Assist

Card Brasil atualmente está dividido em

80% na venda de assistência viagem para

o lazer e 20% no corporativo.

M&E - Qual o papel da Copa no mercado emissivo de viagens?Daniel Prieto - Acho que a Copa diminuiu

um pouco a demanda no setor, tanto

no corporativo quanto no lazer, porque

todos queriam acompanhar os jogos no

Brasil. Porém, a companhia participou

ativamente na recepção de turistas de

todo mundo, já que dezenas de milhares

de torcedores vieram para cá contando

com nossos serviços de assistência ao via-

jante. Essa movimentação exigiu muito do

nosso call center, que fi cou praticamente

dedicado ao atendimento dos turistas. Em

paralelo, fechamos uma parceria com a

Team Spirit, empresa responsável pela

festa de abertura e de encerramento da

Copa. Ao longo de três meses, a multina-

cional foi responsável por cuidar de todos

os participantes, não apenas durante os

ensaios, mas principalmente durante as

apresentações e seus deslocamentos. A

cobertura envolveu mais de 700 pessoas

entre bailarinos e equipe técnica, em São

Paulo e também no Rio de Janeiro.

M&E - Quais são as expectativas para 2014? O segundo semestre pode ser melhor mesmo com o advento eleitoral?Daniel Prieto - Este ano está sendo ex-

celente para nós e esperamos fechar o

mesmo com crescimento entre 35% e

40%. Esse desempenho se deve a diversos

fatores, mas, principalmente, à nossa

atuação multicanal (trade, corporativo

e vendas diretas), que nos diferencia de

nossos concorrentes; das novas parcerias

com operadoras, agências corporativas e

consolidadoras; e também à entrega de

produtos e serviços de excelência para

todos os nossos clientes, fruto da atua-

ção pioneira e de liderança absoluta que

exercemos hoje no mercado brasileiro.

M&E - Está previsto o lançamento de novos produtos ou parceria com ope-radoras no país?Daniel Prieto - A Assist Card Brasil

construiu muitas parcerias recentemen-

te, como a ProtecBag, Abreu, Maktour,

Master Turismo, entre outras. Em 2015

devemos atuar com mais força em inova-

ção tecnológica, com produtos cada vez

mais customizados a medida do cliente

e um serviço de pós-venda cada dia mais

personalizado com o nosso conceito any-

time, anywhere, any reason.

Alinhamento MundialA Assist Card tem um alinhamento mundial quando se trata de estra-tégia de vendas. Como nos anos anteriores, a companhia oferece descontos de 50% nos produtos Privileged, Premium, Classic, Latina, Domestic; nas modalidades Diária (até 120 dias) e Multitrip (30 a 60 dias). Para obter o desconto, ambos os cartões deverão possuir a mesma vigência e destino. Para o segmento corporativo, vale lembrar ainda que os vouchers precisam ser adquiridos na modalidade lazer. Para este públi-co, os descontos chegam até 30%.

ASSISTÊNCIA AO VIAJANTE

Assist Card Entrevista com Daniel Prieto

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

41

42

>> Com a expectativa de aumentar

em 8% o embarque de passageiros em

2014, a GTA Travel Assistance aposta

no segundo semestre para recuperar a

demanda reprimida no primeiro semes-

tre por conta da Copa do Mundo. Com

o esfriamento das vendas de viagens,

o mercado de assistência, de acordo

com a GTA, sentiu a retração tanto no

corporativo quanto no lazer. Porém,

a esperança de aquecimento do setor,

aliada ao histórico de crescimento no

período, promete crescimentos na casa de

55% no segundo semestre. Para o diretor

Comercial da GTA, Gelson Popazoglo, o

mercado deve responder ao aquecimento

econômico mesmo em um ano eleitoral.

Os novos produtos e os lançamentos

para o próximo ano seguem alinhados às

novas contrações e expansão territorial.

MERCADO & EVENTOS - A Copa infl uen-ciou o mercado de venda de assistência em viagens? Em qual segmento?Gelson Popazoglo - Prejudicou o merca-

do emissivo de viagens, uma vez que os

altos custos fi zeram com que as pessoas

não se programassem para uma possível

viagem no mesmo período. O ano também

não ajudou muito com a realização do

Carnaval em março, Copa do Mundo e

eleições. Em todos os mercados, posso

dizer que a economia, de uma maneira

geral, sentiu o impacto.

M&E - Qual o share da GTA para lazer e corporativo? É possível fazer um balanço

do primeiro semestre?Gelson Popazoglo - A GTA dispõe de

produtos para os dois segmentos do tu-

rismo, sendo o de viagens corporativas

representado em 40% e o de viagens a

lazer respondendo pela maior fatia, com

60%. Em comparação ao mesmo período

do primeiro semestre do ano passado, a

GTA identifi cou uma queda nas vendas,

atrelada, mais uma vez, à Copa do Mundo.

O medo dos altos custos fez com que o

brasileiro não programasse férias para

essa época do ano.

M&E - O segundo semestre pode ser melhor?Gelson Popazoglo - Analisando o histórico

de vendas, identifi camos que alcançamos

55% da venda anual no segundo semes-

tre, em comparação a 45% do primeiro

semestre e que, com base nas negociações

realizadas por nossa equipe comercial,

nossos clientes voltaram a cotar e emitir

grupos futuros, indicando que as empresas

voltaram ao ritmo normal. A expectativa é

que o segundo semestre seja melhor para a

empresa, mesmo em ano eleitoral.

M&E - Quais são as expectativas para fechar 2014? Gelson Popazoglo - Nossa estratégia é ex-

pandir a marca contratando novos represen-

tantes pelo Brasil e a prospecção de novos

clientes, com a meta de fechar o ano com um

crescimento de 8% em número de passagei-

ros embarcados, comparado ao ano anterior.

M&E – Vocês estão planejando lançar novos produtos ou parceria com ope-radoras no país?Gelson Popazoglo - Lançamos recen-

temente os planos para cobrir doenças

pré-existentes e iremos lançar, no fi nal do

mês, o produto “Cancelamento Master”,

com o objetivo de proteger os agentes de

viagens e operadores quando o cliente

decidir cancelar a viagem.

M&E - Quais os planos e novidades para 2015?Gelson Popazoglo - A GTA tem como

plano manter a estratégia de capacitar

os agentes de viagens no Brasil, para que

todos tenham conhecimento pleno dos

produtos de assistência de viagem, ga-

rantindo o bem-estar do cliente fi nal e

gerando mais receita para suas organiza-

ções. Também temos como objetivo abrir

novos representantes no país, focando

as regiões Norte e Nordeste, e contratar

novos gerentes para a companhia, além

de investir mais na ferramenta de vendas

B2C, disponibilizando para o agente de

viagens uma forma de vender para o

consumidor final. E, por fim, iremos

incrementar em nosso site, na aba “carri-

nho de compras”, várias novidades para o

agente incorporar na venda da assistência.

Caracterizando a diferençaA companhia aposta nos Planos-Pré que tem diversos produtos como Euro Max, Full, Global, Planet, Star e Titanium e oferecem coberturas diferenciadas de acordo com a necessidade e o destino buscado. Outra preocupação da GTA é difundir a diferença entre seguro e assistência junto aos agentes de viagens. A ressalva é simples: o seguro é um valor que o viajante contrata para ser reembolsado em todas as despesas, en-quanto que a assistência viagem dá total apoio ao viajante em todos os momentos.

ASSISTÊNCIA AO VIAJANTE

GTA Travel AssistanceEntrevista com Gelson Popazoglo

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

43

AVIAÇÃO

>> O mercado de transporte aéreo pode dobrar até 2020, atingindo 211 milhões de passageiros, 976 aerona-ves e 795 rotas domésticas, é o que aponta o estudo “Aviação Brasileira – Agenda 2020”, divulgado pela Asso-ciação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) e realizado pela consultoria Bain & Company. Mas, para isso, serão necessários investimentos de cerca de R$ 93 bilhões nos próximos seis anos, destaca a Abear. Esses recursos, provenientes do governo, vão ser des-tinados à expansão de 49 aeroportos existentes e construção ou reativação de 71 estruturas. Além de melhorias em aeronaves, renovação de frotas e tecnologia para que as empresas atinjam seu potencial e acompanhem o crescimento do setor.

Para Eduardo Sanovicz, presidente da Abear, embora os números de cresci-mento do setor sejam surpreendentes, o gap de infraestrutura aeroportuária e os custos, principalmente com com-bustível, ainda representam entraves para o desenvolvimento da aviação. “Nos últimos anos a aviação passou por um crescimento signifi cativo no número de usuários, resultado dos avanços nas políticas tarifárias que permitiram a oferta de bilhetes a va-lores mais acessíveis. Hoje, são mais de 100 milhões de passageiros, contra 30 milhões contabilizados em 2002. Contudo, um dos principais desafi os, e que mais afeta a competitividade do setor, é a redução da tributação do combustível da aviação (QAV), que representa em média 42% dos cus-

Aviação supera críticas do período pré-Copa e caminha para um novo patamar de qualidade

tos operacionais”, ressalta Sanovicz.

Segundo o ministro da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Moreira Franco, os investimentos em infraestrutura aeroportuária a serem realizados neste e nos próximos anos contribuirão para diminuir o custo Brasil. “Durante a Copa, fui vítima de bullying, acredita-ram que os aeroportos não compor-tariam o fl uxo de passageiros, mas o resultado foi extremamente positivo. Agora, vamos aumentar a capacidade do país de crescer, vamos permitir que a infraestrutura baixe o custo Brasil”, afi rmou o ministro. Durante a Copa do Mundo, 17,8 milhões de passageiros circularam pelos aeroportos brasileiros entre os dias 10 de junho a 15 de julho de 2014, um volume 13,13% maior em comparação ao mesmo período no ano passado. Em relação aos atrasos dos voos, o índice foi de 6,94%, bem abaixo de aeroportos internacionais de grande movimento.

Em três anos, entre 2011 e 2014, um total de R$ 11,3 bilhões foi investido nos aeroportos brasileiros, contribuin-do para um incremento de 70 milhões de passageiros por ano, passando de 215 milhões para 285 milhões. O ministro da SAC afi rma que esta é a maior injeção de recursos que os ae-roportos brasileiros já receberam num curto período de tempo. Ela atende à forte expansão na demanda no país na última década, quando o uso do avião quase triplicou. “Esse número representa um aumento de 5% em relação ao primeiro semestre de 2013,

quando registramos a movimentação de 64,9 milhões de passageiros, e condiz com o perfi l de crescimento da aviação civil no país nos últimos anos”, destacou Gustavo do Vale, presidente da Infraero.

Visando o crescimento da demanda, cada vez mais vigente, a SAC anunciou que vai investir R$ 7,3 bilhões em 270 aeroportos regionais, no âmbito do Plano de Aviação Regional, sendo que 18 serão construídos do zero. Quarenta deles já receberam melhorias nos últimos anos. Em três anos e meio foram investidos R$ 401,6 milhões e outros R$ 378 milhões estão em execução.

Aviação na CopaDurante a fi nal da Copa do Mundo, os aeroportos do município do Rio de Ja-neiro (Galeão, Santos Dumont e Jacare-paguá) tiveram o recorde de pousos e decolagem com 1.761 movimentos. O maior número de voos em um mesmo aeroporto foi durante a semi-fi nal do Mundial, no aeroporto de Guarulhos, que contou com 1.040 movimentos em um único dia. No total, 8,8 milhões de passageiros foram transportados pelas principais cias aéreas brasileiras (Azul, Tam, Gol e Avianca) durante o megaevento. De acordo com a SAC, 77,2 mil voos foram operados no país; a taxa média de ocupação das aeronaves fi cou em 80%, que tiveram 92% de pontualidade. Além disso, os 15 aeroportos das cidades-sede da competição responderam por cerca de 90% da operação aérea.

SAMANTHA CHUVA E RAFAEL MASSADAR

Fim da turbulência

44

AVIAÇÃO

Infraero Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária

Entrevista com Gustavo do Vale

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> Com uma agenda extensa de eventos,

os aeroportos brasileiros estão constan-

temente sendo testados. Depois da Copa

das Confederações e da Jornada Mundial

da Juventude, a prova de fogo da vez foi

a Copa do Mundo. Para o presidente da

Empresa Brasileira de Infraestrutura Ae-

roportuária (Infraero), Gustavo do Vale,

os aeroportos conseguiram atender com

tranquilidade e efi ciência a demanda do

evento, sem registrar problemas opera-

cionais. Segundo o presidente, mais de

68,2 milhões de passageiros passaram

pelos aeroportos no primeiro semestre

de 2014, um aumento de 5% em relação

ao ano passado.

MERCADO & EVENTOS - Como foi o desempenho dos aeroportos durante a Copa? Atingiram as expectativas espera-das? Tiveram problemas? Quais?Gustavo do Vale - Os aeroportos da

Rede Infraero, principalmente aqueles

localizados nas cidades-sede da Copa,

atenderam com tranquilidade e efi ciência

a demanda do evento. Atingiram todas

as expectativas. Não houve registro de

qualquer problema às operações. Para

que isso ocorresse, a Infraero reforçou,

por meio de remanejamento de equipes

de outros aeroportos da rede, o efetivo que

atua nesses terminais. No período de 10

de junho ao fi nal da Copa, o número de

“amarelinhos” - funcionários que traba-

lham vestidos com coletes amarelos, com

a frase “Posso Ajudar?/May I Help You?”

- aumentou em 49%, passando de 473 para

704. O efetivo da área operacional também

foi ampliado em 18%, passando de 1.424

para 1.675 funcionários. Além disso, as

escalas de plantão foram reforçadas para

monitorar o funcionamento das escadas

rolantes, elevadores, esteiras e sistemas

de ar-condicionado. Todo esse esforço

coletivo permitiu que o atendimento às

delegações, passageiros e demais usuários

durante a Copa resultasse em um sucesso.

M&E - Qual o balanço que o senhor faz desse primeiro semestre de 2014?Gustavo do Vale - No primeiro semes-

tre de 2014, os 63 aeroportos adminis-

trados pela Infraero registraram 68,2

milhões de embarques e desembarques.

Esse número representa um aumento de

5% em relação ao primeiro semestre de

2013, quando registramos a movimen-

tação de 64,9 milhões de passageiros, e

condiz com o perfil de crescimento da

aviação civil no país nos últimos anos.

M&E - O que podemos tirar de lição da Copa do Mundo e o que será feito de diferente para as Olimpíadas? Durante o Mundial, muitos aeroportos operaram em obras e com tapumes, devemos esperar os mesmos resultados para os Jogos Olímpicos?Gustavo do Vale - Para as Olimpíadas, o

principal aeroporto do Rio de Janeiro, o

Galeão, já estará operando sob adminis-

tração da concessionária (Aeroporto Rio

de Janeiro), que passará a ser responsável

também pelos projetos de expansão do

aeroporto. Todavia, com as melhorias

recentemente concluídas pela Infraero,

hoje o Galeão tem capacidade para 30,8

milhões de passageiros/ano, sendo que a

demanda prevista para 2014, por exemplo,

é de 18,9 milhões de passageiros/ano. Ou

seja, é um aeroporto que tem plena capa-

cidade de atender a demanda futura do

Rio, como ocorreu recentemente na Copa

e em outros eventos (Jornada Mundial da

Juventude, Rio + 20 etc.). Os demais aero-

portos do Rio de Janeiro sob administração

da Infraero - Santos Dumont, Macaé e

Jacarepaguá - continuarão atendendo a

demanda com efi ciência. Essa efi ciência,

na verdade, não é resultado apenas do

compromisso da Infraero, mas de todo

o setor aéreo, que inclui a Secretaria de

Aviação Civil, Agência Nacional de Avia-

ção Civil, Departamento de Controle do

Espaço Aéreo, empresas aéreas, Polícia

Federal, Receita Federal etc. Essa interação,

que foi intensifi cada em virtude da Copa

do Mundo, é um dos grandes legados do

evento, pois demonstrou, mais uma vez,

que uma operação coordenada entre todos

os órgãos do setor traz diversos benefícios

aos usuários do transporte aéreo.

M&E - Quais são os maiores entraves que a aviação enfrenta atualmente?Gustavo do Vale - Do ponto de vista da

infraestrutura, da qual a Infraero é respon-

sável como operadora de 63 terminais, o

grande desafi o é dar continuidade às obras

de reforma, modernização e expansão dos

aeroportos paralelamente à operação de pas-

sageiros e aeronaves. Todavia, a exemplo do

que ocorreu antes da Copa, nossos trabalhos

são realizados de forma a causar o mínimo

de impacto aos usuários do transporte aéreo.

M&E - Como o senhor vê o futuro da aviação? Há algum projeto para expandir a malha aérea nacional e regional?Gustavo do Vale - Vejo com muito otimis-

mo o futuro da aviação no Brasil. Existem

diversos projetos no âmbito da Secretaria de

Aviação Civil da Presidência da República

de expansão da malha aérea nacional, com

ênfase especial à Aviação Regional.

45

46

>> Embora a aviação nacional venha

passando por diversas modificações e

melhorias, muitos entraves ainda di-

ficultam o desenvolvimento do setor.

Segundo Eduardo Sanovicz, presidente

da Associação Brasileira de Empresas

Aéreas (Abear), em 10 anos (de 2002

a 2012) os preços das passagens aéreas

tiveram uma redução de cerca de 43%,

posicionando a aviação como um dos

meios de transporte mais utilizados pelos

brasileiros. Entretanto, o alto valor da

tributação do combustível dos aviões e a

infraestrutura defi citária dos aeroportos

são dois grandes responsáveis que im-

pactam na produtividade das empresas

aéreas, atrasando o crescimento do setor.

MERCADO & EVENTOS - Como vê a aviação no Brasil e quais as expectativas para o futuro?Eduardo Sanovicz - Nos últimos anos

a aviação passou por um crescimento

significativo no número de usuários,

resultado dos avanços nas políticas tari-

fárias que permitiram a oferta de bilhetes

a valores mais acessíveis. Hoje, são mais

de 100 milhões de passageiros, contra 30

milhões contabilizados em 2002. Contu-

do, fatores como o gap de infraestrutura

aeroportuária e os custos, principalmente

com combustível, ainda representam en-

traves para o desenvolvimento do setor.

Esse cenário começa a tomar um novo

rumo com a entrega dos novos terminais

em Guarulhos e Brasília, o de Viracopos

- que está em fase conclusão - e o novo

aeroporto de Natal. Com isso, já temos um

aumento de capacidade que permite dar

mais dinamismo às operações, o que vai

permitir que o setor continue crescendo

com qualidade.

M&E - Quais são os principais entraves que impossibilitam o crescimento da aviação nacional e regional?Eduardo Sanovicz - Um dos princi-

pais desafi os é a redução da tributação

do combustível da aviação (QAV), que

representa em média 42% dos custos

operacionais do setor, sendo um dos fa-

tores que mais afetam a competitividade

da aviação. Os impostos são estaduais e

aplicados apenas à aviação doméstica, o

que reduz diretamente a competitividade

do setor. Temos um exemplo prático no

Distrito Federal de como a redução da

tributação é benéfi ca. Lá, o ICMS apli-

cado ao QAV foi reduzido praticamente

pela metade, passando dos 25% para

12%. A iniciativa, em um ano, estimulou

a criação de 206 voos para o aeroporto

de Brasília e resultou no aumento direto

do consumo do combustível, que passou

de 95 mil metros cúbicos no primeiro

trimestre de 2013 para 122 mil no mes-

mo período de 2014, um aumento de

28%. Mesmo com redução pela metade

da alíquota, a arrecadação no Distrito

Federal permanece equilibrada se compa-

rada com o primeiro trimestre de 2012,

quando a alíquota era de 25% e o total

arrecadado foi de R$ 56,7 milhões. No

mesmo período de 2014, com a redução

para 12%, o montante fi cou em R$ 56,2

milhões. Além disso, a medida ajudou a

dinamizar outros setores ligados à avia-

ção e ao turismo, como comércio, hotela-

ria, serviços, entre outros. Outro entrave

é a infraestrutura do setor, que já evoluiu

signifi cativamente, mas ainda impacta

na produtividade das empresas aéreas.

M&E - Como a Abear vem atuando para ajudar na expansão da malha aérea nacional e regional? Eduardo Sanovicz - A malha aérea vem

passando por mudanças que visam tornar

as operações mais eficientes, mas isso

depende muito da infraestrutura aero-

portuária e do espaço aéreo. Quanto à

acessibilidade do transporte aéreo, é algo

que seguirá crescendo. Se compararmos

o número de usuários de hoje, que é de

mais de 100 milhões de passageiros/ano,

com o do início dos anos 2000, que era

de 30 milhões, a utilização do avião como

meio de transporte mais que triplicou.

M&E - Como diminuir o preço das pas-sagens aéreas no Brasil?Eduardo Sanovicz - Os preços dos bi-

lhetes aéreos no Brasil estão cada vez

mais compatíveis com os praticados nos

mercados domésticos internacionais que

são considerados benchmarking. Entre

2002 e 2012, o valor médio do bilhete

nacional teve uma redução de 43%, de

R$ 515 para R$ 294. Além disso, 13%

dos assentos vendidos têm valor inferior

a R$ 100. Em 2002, essa tarifa não era

praticada pelo mercado. Agora, se esse

valor médio for ampliado para a faixa

de R$ 300, vemos maior redução ainda,

já que 65% dos assentos vendidos hoje

estão nesta faixa de preço. Em 2002, eram

apenas 23%. Porém, há, sim, particula-

ridades de determinados mercados in-

ternacionais que possibilitam que sejam

praticados valores mais baixos se consi-

derar apenas o que é pago pelo bilhete.

Mas o preço não inclui franquia para

bagagem, serviço de bordo, entre outros

serviços, que são pagos separadamente e

podem impactar o valor fi nal do bilhete.

AVIAÇÃO

Abear Associação Brasileira de Empresas Aéreas

Entrevista com Eduardo Sanovicz

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

47

AVIAÇÃO

AviancaEntrevista com José Efromovich

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

>> Fechando 2013 com a ocupação em 82%,

a Avianca é uma das companhias aéreas

brasileiras que mais cresce no país. Segundo

o presidente da empresa, José Efromovich,

a expectativa para o fi nal deste ano é chegar

em 84%, com um aumento de 40% no

número de passageiros. No ano passado a

companhia transportou mais de 7,2 milhões

de pessoas. O plano de expansão da Avianca

visa incluir mais duas cidades, ainda esse ano,

na oferta de voos da companhia, que estuda

também a possibilidade de novos voos em

Belém (PA) e Foz do Iguaçu (PR). Nesta

entrevista, José Efromovich ainda destaca

que o plano de crescimento da companhia

prevê um investimento de US$1,6 bilhão

para compra de novas aeronaves. “A ex-

pectativa é que, nos próximos dois anos,

a frota da companhia salte das atuais 34

aeronaves para 61”, garante Efromovich.

MERCADO & EVENTOS - Qual a situação da Avianca hoje com relação ao trans-porte de passageiros no país? E quais as metas para o futuro?José Efromovich - A Avianca é a empre-

sa que mais cresce no país. Não temos a

maior fatia do mercado, mas temos, em

comparação com as outras, uma ocupação

maior desde 2012. Nossa meta é chegar

ao fi nal de 2014 com 84% de ocupação.

Fechamos 2013 com 82%. Esse crescimen-

to em ocupação significa que o serviço

oferecido pela companhia é aceito nos

principais trechos voados no Brasil e que

o passageiro não busca somente preço, ele

quer serviço diferenciado. Se contabilizar-

mos esse crescimento, ele chega a mais de

7,2 milhões de passageiros transportados

em 2013. Nossa estimativa para este ano é

crescer 40% em cima deste número. Neste

primeiro trimestre o crescimento chegou a

30%. Nosso plano de expansão prevê voar

para mais duas cidades em 2014 - contando

com os voos para Goiânia, que abrimos

para suprir a demanda da Copa do Mundo.

Com relação às novas cidades, pensamos

em Belém (PA) e Foz do Iguaçu (PR).

M&E - Quando chega o primeiro A-330 e qual a previsão para o início das opera-ções? Quanto aos MKs-28, quando será feita a substituição da frota?José Efromovich - Nosso primeiro A330

começa a operar este ano, mas no segmento

de carga. Faremos a rota São Paulo/Manaus/

Recife/São Paulo com a capacidade máxima

de 65 toneladas dependendo do volume de

carga. Com relação ao término da opera-

ção dos MKs-28, até os meses de junho

e julho do próximo ano vamos realizar

a substituição de todas as aeronaves por

A-319 e A-320. Vale lembrar que este ano já

incorporamos novos Airbus A-320 à nossa

frota, ampliando a capacidade de transporte

de passageiros da companhia nos princi-

pais aeroportos do país. Outra estratégia

prevista é que, até 2016, a Avianca Brasil

deve receber um aporte de US$1,6 bilhão na

compra de novas aeronaves, modernização

de sistemas de integração e contratação de

capital humano. A expectativa é que, nos

próximos dois anos, a frota da compa-

nhia salte das atuais 34 aeronaves para 61.

M&E - A Avianca pretende se tornar uma empresa de capital aberto?José Efromovich - Nós consideramos,

sim, a realização de um IPO. O negócio

da aviação é muito caro, demanda muitos

investimentos e necessita constantemente

de um aporte de capital intenso para

compra de aeronaves, funcionamento,

manutenção e treinamento de pessoas.

Uma maneira acessível de levantar capital

é através de um IPO. Mas, por enquanto,

este não é o momento para a Avianca, que

tem em seu plano de crescimento metas a

serem cumpridas nos próximos dois anos.

Mas pensamos sim em um novo momento

ir para a Bolsa de Valores.

M&E - Com relação à Tap, a Avianca ainda pensa em adquirir a companhia portuguesa?José Efromovich - Neste momento a Tap

não está disponível. O governo abriu um

processo de privatização em 2012 e a

nossa proposta não foi aceita. Com isso,

o processo de privatização da companhia

foi encerrado. Hoje, ele não existe. A Tap

não está disponível. Nós, como empresa

de aviação que acredita nas consolidações,

olhamos para as possibilidades que exis-

tem no mercado. Mas, no momento, não

há disponibilidade para a compra a Tap.

M&E - Até o fi nal de 2014 as operações da Avianca Brasil já estarão integradas à Star Alliance?José Efromovich - Não vamos conseguir

integrar as companhias em 2014. A Star

Alliance é composta por muitas empresas

e precisamos ter nossos sistemas [todos

eles] habilitados e em pleno funciona-

mento. Não podemos definir ainda o

prazo desta integração. Mas vamos, sim,

integrar todas as nossas atividades com a

Avianca internacional até o fi nal de 2014.

Operações como compra de bilhetes ou

troca de milhas poderão ser realizadas en-

tre as duas companhias, mas com relação

à Star Alliance, a integração vai demorar

um pouco mais. Isso será apresentado nos

próximos 60 dias.

48

>> Durante a Copa do Mundo, 17,8 mi-

lhões de passageiros circularam pelos

aeroportos brasileiros entre os dias 10 de

junho a 15 de julho de 2014, um volume

13,13% maior em comparação ao mesmo

período no ano passado. Em relação aos

atrasos dos voos, o índice foi de 6,94%,

bem abaixo do esperado, é o que explica

o ministro da Secretaria de Aviação Civil

(Sac), Moreira Franco. Segundo o minis-

tro, os investimentos que os aeroportos

brasileiros receberam nos últimos três

anos elevaram o patamar dos mesmos e os

trouxeram para o século 21. O desafi o, de

acordo com Moreira Franco, é fazer com

que a qualidade dos serviços prestados seja

melhorada. “Estamos trabalhando para

que nossos aeroportos sejam do século

21. E queremos que os passageiros sejam

tratados como clientes, coisa que ainda não

acontece”, destacou o ministro.

MERCADO & EVENTOS - Qual o balanço que o senhor faz do setor nesse primeiro semestre de 2014?Moreira Franco - O setor aeroportuá-

rio brasileiro está se modernizando para

prestar um serviço de qualidade aos pas-

sageiros. Estamos trabalhando para que

nossos aeroportos sejam do século 21. E

o mais importante é que queremos que os

passageiros sejam tratados como clientes,

coisa que ainda não acontece. E isso não

é um trabalho de sete meses apenas. Nos

últimos três anos, os aeroportos brasileiros

tiveram uma expansão recorde. Atualmen-

te, os terminais que atendem as capitais têm

condições de acomodar por ano mais 70

milhões de passageiros. A expansão se deu

graças aos R$ 11,3 bilhões investidos nesse

período, tanto na rede Infraero quanto nos

quatro aeroportos concedidos à iniciativa

privada. Esta é a maior injeção de recursos

que os aeroportos brasileiros já receberam

num curto período de tempo. Ela atende

à forte expansão na demanda no país na

última década, quando o uso do avião

quase triplicou. Para se ter uma ideia,

de 2003 a 2013, o número de viajantes

passou de 33 milhões para 113 milhões,

um crescimento de 200%. Podemos per-

ceber nitidamente que o transporte aéreo

brasileiro entrou em outro patamar. Os

investimentos feitos pelo Governo Federal,

além da iniciativa de conceder aeroportos

para administração privada, colocaram-

nos de vez no século 21. E a tendência é

que cresçamos cada vez mais, trazendo

conforto, modernidade e segurança para

passageiros brasileiros e estrangeiros.

M&E - Como foi o desempenho dos aeroportos durante a Copa? Atingiram as expectativas esperadas? Tiveram pro-blemas? Quais?Moreira Franco - A operação dos aero-

portos durante a Copa do Mundo de 2014

foi um sucesso. E os números comprovam

isso. Foram 17,8 milhões de passageiros

circulando pelos aeroportos brasileiros

entre os dias 10 de junho a 15 de julho de

2014. O volume é 13,13% superior ao do

mesmo período do ano passado, que foi

de 15,8 milhões de passageiros. E o índice

médio de atrasos acima de 30 minutos foi

de 6,94%, abaixo do índice europeu, que

é de 7,6%. A tendência é que, a partir de

agora, o nível de qualidade suba cada vez

mais. Nós vamos partir deste patamar.

Se, durante a Copa, tivemos condições

de atingir esses índices, não há razão que

nos impeça de nos esforçar, mobilizar e

organizar para garantir aos brasileiros

patamares ainda maiores em suas viagens.

M&E - Para as Olimpíadas, o que será feito diferente? Muitos dos aeroportos operaram durante o Mundial com ta-pumes e obras não fi nalizadas, qual a previsão de fi nalização dessas obras?Moreira Franco - É importante ressaltar que

não fi zemos obras para a Copa do Mundo

ou outro evento específi co. Estamos moder-

nizando os aeroportos para proporcionar

um serviço melhor aos passageiros. Não

podemos aceitar que os passageiros fi quem

irritados e não tenham os serviços pres-

tados com qualidade. Durante décadas, a

infraestrutura aeroportuária foi degradada,

sem obras ou inovação tecnológica. Mas

com a recuperação da moeda e o controle

da crise econômica, tivemos um aumento

considerável no número de usuários da

aviação. Em 10 anos, o crescimento foi

de 200%. Afirmo com tranquilidade: o

país está preparado não somente para os

grandes eventos, mas também para atender

com segurança e conforto a todos. Temos

que estar habituados que os aeroportos

deverão ser constantemente modernizados.

M&E - Como o senhor vê o futuro da aviação nos próximos anos? Quais os pontos críticos da aviação nacional e o que precisa ser melhorado? Moreira Franco - O futuro é promissor. As

melhorias que vêm acontecendo vão permitir

que a infraestrutura aeroportuária fique

adequada ao século 21. A quebra do mono-

pólio do setor foi uma das principais ações

do governo federal para garantir a melhoria

do atendimento. Um importante avanço foi

a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil)

ter criado regras de avaliação para todos os

aeroportos e a Sac (Secretaria de Aviação

AVIAÇÃO

SAC Secretaria de Aviação Civil

Entrevista com Moreira Franco

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

49

Civil) ter instituído uma pesquisa trimestral

para medir a qualidade do serviço prestado.

Estamos provocando não só uma competição,

mas também uma mudança de mentalidade.

M&E - Como está a situação da aviação regional atual? E o que está sendo feito para fortalecer e ampliar a malha de aeroportos?Moreira Franco - Vamos investir R$ 7,3

bilhões em 270 aeroportos regionais, sendo

que 18 serão construídos do zero. Queremos

ampliar o acesso da população brasileira aos

serviços aéreos, com qualidade. O objetivo

é que 96% da população brasileira esteja

a menos de 100 km de distância de um

aeroporto apto a receber voos regulares.

Quarenta deles já receberam melhorias nos

últimos anos. Em três anos e meio foram

investidos R$ 401,6 milhões e outros R$

378 milhões estão em execução. Houve

investimento de R$ 145 milhões em reforma

ou ampliação de terminais de passageiros

de 28 aeroportos. O que permitiu colocar

à disposição 79 mil m² de terminais nesses

aeroportos. Em 27 deles foram feitas me-

lhorias de pista e pátio, totalizando R$ 88

milhões em investimento. Em se tratando

de segurança, cerca de 30 aeroportos re-

ceberam R$ 26,1 milhões para aprimorar

a estrutura de navegação aérea; R$ 8,8

milhões foram usados para compra de

novos equipamentos; e R$ 68,3 milhões na

compra de veículos de combate a incêndios.

Cinco aeroportos tiveram o terminal de

carga ampliado. Além destes investimentos,

foram realizados estudos de viabilidade em

220 aeroportos regionais. Destes, 101 já

estão com projetos em elaboração. Após

a conclusão da análise desses projetos, os

aeroportos já podem ser encaminhados para

o licenciamento ambiental e licitados. No

total, já foram assinados 26 contratos com

empresas projetistas. Os contratos já assina-

dos e em execução somam R$ 197 milhões.

AVIAÇÃO

SAC Secretaria de Aviação Civil

Entrevista com Moreira Franco

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

50

>> A demanda pelo transporte aéreo

está cada vez mais forte no país. Durante

a Copa do Mundo, o avião foi o meio

mais utilizado para locomoção. Porém,

alguns fatores ainda infl uenciam o setor

negativamente, prejudicando seu desen-

volvimento em larga escala. O preço dos

combustíveis, problemas de infraestrutura

e excesso de regulamentação são alguns

dos principais problemas que atrasam o

crescimento. É isso que aponta Carlos

Ebner, diretor no Brasil da International

Air Transportation Association (Iata).

Porém, embora os problemas sejam uma

constante, Ebner é otimista em relação

ao futuro e garante que, finalmente, o

governo está correndo atrás do prejuízo.

MERCADO & EVENTOS - Qual o balanço que o senhor faz deste primeiro semestre de 2014 na aviação nacional? Quais as expectativas para o futuro?Carlos Ebner - O período foi muito mar-

cado pela realização da Copa do Mundo

no Brasil. Havia uma expectativa muito

ruim por parte da opinião pública de que

pudesse haver um caos na operação dos

aeroportos. O que ocorreu não chegou

nem perto disso. O setor se saiu muito bem

como um todo, se organizou, planejou

e executou, envolvendo todos os parti-

cipantes da cadeia do transporte aéreo,

começando pelas autoridades e passando

peloas empresas aéreas. Como esperado,

houve redução do movimento de passa-

geiros corporativos, mas uma demanda

concentrada dos fãs do futebol. Tivemos

melhorias signifi cativas de infraestrutura,

ainda que parte dos projetos não tenha

sido entregue. A estrutura montada no

Centro de Gerenciamento da Navegação

Aérea (CGNA) contou com um Command

Center da Iata e, dessa forma, as associadas

que operam no Brasil puderam tomar

decisões táticas de forma colaborativa.

As regras foram estabelecidas e cumpri-

das à risca. A expectativa para o futuro é

que os investimentos em infraestrutura

continuem. Isso será necessário para

assegurar o crescimento do setor de for-

ma ordenada e com solidez. O grande

legado é a experiência adquirida tanto

no planejamento quanto na participação

de todos os agentes do setor atuando de

forma colaborativa.

M&E - Atualmente, quais os principais entraves do setor? O que a Iata está fazendopara minimizá-los? Carlos Ebner - O setor aéreo sofre grande

impacto do preço do combustível no

Brasil. O valor está acima (muito acima)

do razoável. Isso gera distorções e tira

a capacidade de competição do país.

Por exemplo, viajar de São Paulo para

Salvador fi ca mais caro do que ir para

Buenos Aires, apesar da distância ser

praticamente a mesma. Os problemas de

infraestrutura também são um gargalo

importante. Felizmente, as autoridades

parecem estar correndo para recuperar

um longo período sem investimentos. Há

ainda uma questão central que atrapalha

o setor: o excesso de regulamentação. A

legislação deveria procurar uma harmo-

nização com o que é praticado no exte-

rior. Nenhum cidadão americano exige

que a empresa aérea pague seu hotel por

ter o voo cancelado por causa de uma

tempestade, no Brasil isso é lei. Tudo isso

causa impacto e afeta o crescimento do

setor e a saúde das empresas.

M&E - Embora seja um dos meios de transporte mais utilizados, o aviação ainda é serviço caro no Brasil. O que é necessário ser feito para que os preços das passagens se aproximem dos valo-res das companhias europeias de baixo custo, por exemplo? Carlos Ebner - O principal problema é

o combustível e sua carga tributária. A

forma como o combustível da aviação é

calculado no Brasil está ultrapassada. Se

refere há mais de 30 anos, quando o Brasil

era dependente da importação de petróleo.

Hoje o país é grande produtor de petróleo,

tem refi narias e infraestrutura logística

e não pode ter a mesma faixa de preço

de países que importam absolutamente

tudo. Hoje o preço do combustível para

voos doméstico está entre os cinco mais

caros do mundo.

M&E - O que tem sido feito para diminuir os custos do setor?Carlos Ebner - Como associação, a Iata

procura sempre liderar a busca por so-

luções que representem ganhos de efi -

ciência. Isso fi cou claro na implantação

do bilhete eletrônico, que revolucionou o

setor. A associação acredita fi rmemente

que o caminho para baixar os custos e

poder oferecer condições adequadas

para todos os perfis de clientes passa

pelo avanço tecnológico do setor. Nesse

contexto, entra em cena uma Nova Ca-

pacidade de Distribuição (NDC), que

permite que os agentes de viagem, sites

de viagens e companhias possam oferecer

uma ampla gama de opções de serviços

cada vez mais específi cos.

AVIAÇÃO

IATA International Air Transportation Association

Entrevista com Carlos Ebner

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

51

>> O setor aéreo esperava uma diminuição

na demanda de passageiros de cerca de

11% em relação ao ano anterior, durante

a Copa do Mundo no Brasil. Contudo,

segundo o diretor-executivo de Vendas e

Marketing da Gol, Eduardo Bernardes, o

impacto negativo foi menor do que o pre-

visto. “A procura foi apenas 5% menor. A

operação da Gol foi a maior entre as com-

panhias aéreas brasileiras, com mais de 28

mil trechos voados e 3,4 milhões de pas-

sageiros transportados durante o período”,

afi rma. Nesta entrevista, Eduardo também

explica como a companhia tem atingindo

o posto entre as mais sustentáveis e como

a aérea vê o futuro da aviação. Confi ra.

MERCADO & EVENTOS - Como avalia as melhorias de infraestrutura nos aeropor-tos em função da Copa?Eduardo Bernardes - Com as obras e me-

lhorias realizadas para Copa do Mundo, a

infraestrutura dos aeroportos brasileiros

chegou a um novo patamar. Apesar de

algumas obras ainda estarem em processo

de conclusão, os resultados positivos

desses investimentos já são perceptíveis.

Estamos confi antes de que estas e outras

melhorias do setor continuarão. Nosso

foco é aliar segurança, efi ciência e opera-

ção enxuta, o que possibilita uma opera-

ção de baixo custo. E, por consequência,

oferecer as melhores tarifas para nossos

clientes. Temos a missão de transportar

pessoas com excelência no atendimento

e conectá-las a cada vez mais destinos.

M&E - Como foi o período da Copa para a Gol? Houve um esvaziamento de voos? Eduardo Bernardes - O setor esperava

uma diminuição na demanda de passa-

geiros de cerca de 11% em relação ao ano

anterior, mas a procura foi apenas 5% me-

nor. A operação da Gol foi a maior entre as

companhias aéreas brasileiras, com mais

de 28 mil trechos voados e 3,4 milhões

de passageiros transportados durante o

período. Registramos ainda uma ótima

taxa de ocupação em nossos voos de 81,2%

e fomos a segunda companhia aérea mais

pontual no mercado doméstico em junho,

com 93,1% segundo dados da Infraero.

Além disso, batemos nosso recorde de

fretamentos em um único mês, com 631

operações especiais, quando transporta-

mos seleções, patrocinadores, grupos de

torcedores, turistas e outras corporações.

M&E - A Gol é nacionalmente reconhecida como uma empresa ‘low cost’. Porém, os valores das passagens aéreas continuam muito acima das tradicionais companhias ‘low cost’ europeias, por exemplo. O que difi culta que esse objetivo seja atingido, impossibilitando que o transporte aéreo torne-se cada vez mais acessível?Eduardo Bernardes - Essa análise precisa

ser mais profunda, pois as cias aéreas de-

vem considerar a legislação de cada país.

No Brasil temos uma forte regulamentação

quanto a cobranças do que chamamos

receitas auxiliares, o que não acontece na

Europa e EUA, por exemplo. Com isso, o

preço da passagem é mais baixo, mas os

clientes acabam pagando pelos “extras”

um valor que composto é muitas vezes

superior ao que comercializamos na Gol.

M&E - A Gol fechou uma parceria de codeshare com a Etihad Airways no início de julho. Como está o processo de aprovação pela Anac e pelo Cade? Eduardo Bernardes - O acordo de com-

partilhamento de voos, que chamamos de

codeshare, entre a Gol e a Etihad Airways

ainda está em aprovação pela Agência

Nacional de Aviação Civil (Anac) e do

Conselho Administrativo de Defesa Eco-

nômica (Cade). Estamos sempre em con-

tato com outras companhias e analisando

novas oportunidades, mas, no momento,

não temos nenhuma novidade além do

que já divulgamos.

M&E - A sustentabilidade é um assunto em alta, que a cada dia ganha mais visibilidade. A Gol é primeira aérea a realizar um voo internacional com bio-combustível. Como isso vai impactar o setor no Brasil?Eduardo Bernardes - A Gol consolidou

importantes projetos para o uso de bio-

combustíveis na aviação nos últimos anos.

Neste ano, fomos responsáveis pelo abaste-

cimento de 200 voos com biocombustível

nos meses de junho e julho. Todos os voos

que transportaram a Seleção Brasileira do

Aeroporto do Galeão/Rio de Janeiro para

os demais destinos que sediaram os jogos

do Mundial tiveram um blend (mistura)

de 4% de bioquerosene de aviação. A Gol

utilizou cerca de 2 milhões de litros de mis-

tura de biocombustível, evitando a emissão

de aproximadamente 218 toneladas de

carbono (CO2) ou 217.809 quilos de gás

carbônico. Para fortalecer os esforços do

Governo Federal e da iniciativa privada

para a implementação do Programa Bra-

sileiro de Bioquerosene, assinamos um

protocolo de intenções para estudos sobre a

contribuição do biocombustível na mitiga-

ção das emissões de gases de efeito estufa.

AVIAÇÃO

GolEntrevista com Eduardo Bernardes

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

52

AVIAÇÃO

AzulEntrevista com Antonoaldo Neves

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> Com um crescimento expansivo, a

Azul tem se tornado uma das compa-

nhias aéreas mais importantes do país,

sendo uma das mais pontuais, segundo

a Infraero. Nesta entrevista, Antonoaldo

Neves, presidente da Azul, fala sobre a

operação da aérea no mercado interna-

cional. Segundo o presidente, os voos

para os Estados Unidos, previstos para o

primeiro trimestre de 2015, devem entrar

em operação ainda esse ano, em dezembro.

MERCADO & EVENTOS - Muitas aéreas reclamaram que as expectativas para a Copa foram altas demais, que muitos voos saíram vazios, e que o mês de julho foi mais fraco que o habitual. Isso aconteceu com a Azul também? Antonoaldo Neves - Conseguimos superar

um cenário de retração da demanda nas

viagens de negócios e, no fi nal, obtivemos

um resultado satisfatório. Estipulamos

uma tarifa teto que foi um sucesso, e o

investimento serviu para atrair novos

clientes. Muitos deles conheceram pela

primeira vez a experiência de voar Azul.

Para garantir que essa experiência fosse

impecável também durante o campeo-

nato Mundial, colocamos mais de 800

voos extras e redobramos o esforço com

a pontualidade. O resultado foi que em

junho a Azul foi a companhia aérea mais

pontual do país, assim como também foi

a mais pontual do semestre, alcançando

uma média de pontualidade de 93,9%,

segundo dados da Infraero. Com fortes

investimentos em entretenimento a bordo,

a Azul oferece o serviço exclusivo de TV

ao vivo. Essa conveniência permitiu aos

clientes o acompanhamento das trans-

missões de partidas de futebol durante

os voos. Há registros bem bacanas no

Youtube das reações da torcida ao acom-

panhar as diversas partidas do torneio. O

serviço de TV ao vivo está disponível na

maioria dos modelos Embraer 190 e 195.

M&E - Como estão os preparativos para o lançamento do primeiro voo internacional da Azul para os Estados Unidos? Antonoaldo Neves - A Azul está traba-

lhando intensamente para antecipar a

nossa estreia no mercado internacional.

Os voos diários para Miami/Fort Lauder-

dale e Orlando, que inicialmente estavam

previstos para começar no primeiro tri-

mestre de 2015, devem ter início ainda

em dezembro deste ano. Nova York será a

terceira cidade a ser atendida pela compa-

nhia no país norte-americano, com voos

previstos para iniciar em meados de 2015.

As operações serão realizadas diariamente

e terão saídas do aeroporto internacional

de Viracopos, em Campinas. Inicialmente,

cada destino contará com uma frequência

diária. Com uma operação doméstica que

atende a mais de 100 cidades no Brasil,

queremos oferecer aos nossos clientes de

Norte a Sul do país muitas possibilidades

de conexão ao exterior. Os bilhetes para

os voos internacionais já estão sendo

disponibilizados para compra. Para via-

bilizar as operações internacionais, a

companhia contará com uma frota de

doze aeronaves de grande porte, sendo

cinco novíssimos Airbus A350 - a mais

avançada aeronave comercial do mundo

–, com entregas previstas para 2017, e

mais sete Airbus A330, que já estão sendo

entregues desde junho. As aeronaves ga-

nharão um pacote completo de melhorias,

que incluirá total remodelagem em todas

as cabines. Já os A350 serão entregues

pelo fabricante nos padrões da Azul.

M&E - Para você, quais os maiores en-traves da aviação regional atualmente? O que deve ser feito para mudar esse quadro?Antonoaldo Neves - Estamos ansiosos

pela ativação do plano de promoção da

aviação regional proposto pelo Governo.

Essa medida deve trazer melhorias à in-

fraestrutura e à qualidade dos serviços

aeroportuários em uma série de locali-

dades, inclusive em regiões onde hoje

não há transporte aéreo regular. A Azul

sempre acreditou e, consequentemente,

investiu na aviação regional, segmento

que lidera com larga margem, sendo hoje

a companhia com a maior malha aérea do

país, atendendo a mais de 100 destinos em

todo o Brasil, dos quais 77 são regionais e

38 cidades com atendimento exclusivo. A

companhia aposta nesse plano e acredita

que propostas como o Plano de Aviação

Regional são imprescindíveis para tornar a

aviação nacional mais relevante e acessível

a todos os brasileiros.

M&E - A Azul fechou, no início de julho, um acordo de Interline com a Aerolíneas Argentinas. Podemos esperar novidades nessa estratégia? Há novos acordos em vista?Antonoaldo Neves - Sim, fechamos tam-

bém uma parceria com a Copa Airlines.

Os acordos de interline com as compa-

nhias internacionais são importantes, pois

possibilitam a Azul disponibilizar mais

opções de destinos para os clientes das

companhias parcerias, consequentemente,

tornando seu produto mais conhecido.

53

54

AVIAÇÃO

TapEntrevista com Luiz Mór

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> Com uma taxa média de ocupação

de 80%, a Tap teve um crescimento de

7,2% de tráfego transportado no primeiro

semestre deste ano. A companhia ainda

inaugurou, no dia 03 de junho, um novo

voo no Brasil que conecta Manaus e Be-

lém a Lisboa. Para o vice-presidente da

aérea, Luiz Mór, a operação dos novos

destinos tem atingido as expectativas.

“No primeiro mês e meio de operação

[de junho até a metade de julho], a rota

operou com 75,2% de ocupação, o que é

uma boa performance para o início de um

voo. A ocupação para os próximos meses

deve evoluir positivamente, apresentando

valores próximos da média das restantes

rotas do Brasil”, aponta Mór.

MERCADO & EVENTOS - Como foi esse primeiro semestre para a companhia? Quais as expectativas de crescimento para esse ano?Luiz Mór - No 1º semestre deste ano, a Tap

continuou a crescer, com uma subida de

7,2% de tráfego transportado na sua rede

geral e uma taxa de ocupação média dos

aviões de 80,1%. Esta tendência de cresci-

mento da companhia mantém-se de forma

sustentada, colocando-a neste indicador

bem acima da média das companhias da

AEA (Associação de Companhias Aéreas

Europeias). O crescimento de que falamos

neste período é resultado do melhor apro-

veitamento de meios (lugares de avião) e

reforço da oferta em alguns destinos, não

tendo ainda em conta a abertura de novas

linhas neste verão. Somente Manaus e

Belém foram abertas em junho (dia 3),

todas as outras foram inauguradas apenas

a partir de 1º julho.

M&E - O Governo português anunciou que pretende reabrir a privatização da Tap ainda esse ano. Como está o processo?Luiz Mór - Sim, o Governo tem reafi rmado

isso, mas até o momento a operação não

foi relançada. Foi feita nova análise e rea-

valiação da empresa, e caberá ao Governo,

como acionista único da companhia,

escolher o momento mais adequado face à

conjuntura do mercado e ao conhecimento

de potenciais interessados.

M&E - Como está a operação dos no-vos voos que ligam Manaus e Belém a Lisboa? Luiz Mór - A operação para os novos

destinos de Manaus e Belém está indo

bem e dentro das nossas expectativas, com

três frequências por semana e um total de

30.068 reservas nesta data. No primeiro

mês e meio de operação [de junho até a

metade de julho], a rota operou com 75,2%

de ocupação, o que é uma boa performan-

ce para o início de um voo. A ocupação

para os próximos meses deve evoluir posi-

tivamente, apresentando valores próximos

da média das restantes rotas do Brasil.

M&E - Somente em 2014 a Tap anunciou 11 novas frequências. Podemos esperar novas rotas da companhia no Brasil?Luiz Mór - Além de Manaus e Belém,

foram também abertas operações para

Bogotá e Panamá, na América Latina, e

para mais sete destinos na Europa, no-

meadamente: Oviedo (Espanha), Nantes

(França), Belgrado (Sérvia), Gotembur-

go (Suécia), Talin (Estónia), Hanôver

(Alemanha) e S. Petersburgo (Rússia).

No Brasil, neste momento, a Tap opera

para 12 gateways, cobrindo praticamente

todas as regiões geográficas do país e

chegando às 81 frequências semanais. No

ano passado, a Tap transportou 1.541.723

passageiros nas linhas do Brasil, com uma

taxa média de ocupação dos aviões (loa-

d-factor) elevada, na ordem dos 84,2%.

Além de Manaus e Belém, este ano a

companhia reforçou o número de voos

para alguns destinos no Brasil, como o

Rio (com mais 1 frequência), chegando

a 14 voos por semana. Salvador ganhou

mais uma frequência, e passou a ser diário;

enquanto Natal e Porto Alegre ganharam

mais uma frequência cada, passando,

respectivamente, para quatro e cinco voos

semanais. A Tap acompanha o tempo todo

a evolução dos mercados, especifi camente

o brasileiro, que é uma das apostas fortes

da companhia e que tem tido bons resul-

tados, mas, em concreto, neste momento,

não está defi nida a abertura de mais rotas

a curto prazo.

M&E - Como você vê a aviação brasileira atualmente? Para o senhor, quais os principais entraves que impedem que o setor se desenvolva no país? Luiz Mór - A aviação brasileira é uma

das mais fortes e dinâmicas do mundo.

Os principais problemas que enfrenta

são a infraestrutura aeroportuária e de

navegação aérea, com necessidade de

modernização e ampliação e que já tem

dado sinais importantes de processo de

melhora, e fi scais, principalmente o ICMS

estadual sobre combustível, que é caro e

diferente nos estados.

55

AVIAÇÃO

TamEntrevista com Claudia Sender

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

>> Mais de três milhões de passageiros

foram transportados pela Tam durante

a Copa do Mundo, em mais de 20 mil

voos. De acordo com a companhia, o

tráfego geral de passageiros em todo o

mercado doméstico no Brasil diminuiu

5,2% durante o megaevento, enquanto a

oferta de assentos recuou 5,1%. Como

resultado, a taxa de ocupação doméstica

da Tam diminuiu 0,1 ponto percentual,

chegando a 80,8% - em comparação com o

mesmo período do ano passado. Embora

a demanda tenha fi cado abaixo do espe-

rado, Claudia Sender, presidente da Tam,

afi rma que está contente com o resultado

das operações durante o Mundial.

MERCADO & EVENTOS - Em março deste ano, a Tam deixou de fazer parte da Star Alliance para ingressar na Oneworld. Como foi esse processo de adaptação? Que novidades podemos esperar para o futuro?Claudia Sender - Uma das principais ra-

zões para a entrada da Tam na Oneworld

foi a existência de um intenso fl uxo de

brasileiros para os Estados Unidos, com

diversas conexões para destinos além

dos oferecidos pela Tam. A nova aliança

trouxe a parceria com a American Airli-

nes, que oferece aos nossos passageiros

muito mais opções de conexão partin-

do de nossos destinos, como Miami e

Nova York. Mesmo após a saída da Star

Alliance, mantivemos a parceria com a

Luft hansa, que conecta nossos clientes

a várias cidades da Europa e Ásia. Além

disso, a entrada na Oneworld foi mais

um importante passo para concretizar

o ingresso de todo o Grupo Latam Air-

lines nesta aliança, já que a Lan Airlines

é membro desde 2000, bem como todas

as suas fi liais - Lan Argentina, Lan Co-

lômbia, Lan Equador e Lan Peru. Com a

Oneworld, nossos passageiros possuem

ainda mais facilidades em suas viagens,

com melhores conexões e mais opções

de destinos. A aliança também trouxe

mais sinergias para o Grupo Latam, o

que resulta em uma proposta de valor

mais coerente e efi caz a seus passageiros.

M&E - Como avalia o período da Copa par a Tam?Claudia Sender - A queda da demanda foi

menor do que o esperado para o período

do evento. No geral, a nossa operação

fl uiu muito bem e cumprimos a missão de

contribuir decisivamente com o sucesso

do torneio. O saldo operacional é positivo

e resulta do planejamento, da boa coor-

denação e colaboração no dia a dia com

as autoridades. Estamos satisfeitos com

a nossa fl exibilidade operacional porque

conseguimos adaptar drasticamente a

nossa complexa rotina para atender ao

novo perfi l dos viajantes e, mesmo assim,

mantivemos altos níveis de excelência

nos serviços e na segurança operacional.

Segundo estatísticas operacionais prelimi-

nares do Grupo Latam Airlines para junho

de 2014, o tráfego geral de passageiros

da Tam em todo o mercado doméstico

no Brasil diminuiu 5,2%, enquanto a

oferta de assentos recuou 5,1%. Como

resultado, a taxa de ocupação doméstica

da Tam diminuiu 0,1 ponto percentual em

comparação com o mesmo período do

ano passado, chegando a 80,8%. Ao todo,

a Tam transportou cerca de três milhões

de passageiros no mercado doméstico em

mais de 20 mil voos realizados entre 12

de junho e 13 de julho de 2014.

M&E - A sustentabilidade é um assunto em alta, que a cada dia ganha mais visibilidade. O que a Tam tem feito para amenizar os impactos ambientais cau-sados pelo setor?Claudia Sender - A estratégia de meio

ambiente da Tam está integrada à sua

operação. Isto quer dizer que buscamos

a otimização dos recursos e dos proces-

sos, focamos na renovação da frota e em

programas para redução do consumo

de combustível. Em 2013, por exemplo,

obtivemos resultados positivos com o

principal projeto de efi ciência da Tam,

o Smart Fuel, que trata de iniciativas de

economia de combustível relacionadas

à redução do peso das aeronaves e toma

medidas para a economia de energia em

escalas e conexões em aeroportos. O

programa Smart Fuel tem como expec-

tativa a redução de 74 milhões de litros

de combustível e 119.700 toneladas de

CO2 em 2014. Outro trabalho importante

é a ampliação do uso da capacidade dos

aviões, com foco na ocupação efi ciente

dos assentos (passageiros) e belly (carga),

que impacta diretamente os custos e os

indicadores ambientais.

M&E - Para você, o que impede que a aviação regional se desenvolva no país? O que deve ser feito para mudar esse quadro e impulsionar o setor?Claudia Sender - O investimento em

infraestrutura será muito importante para

o desenvolvimento da aviação regional no

país. Estamos confi antes no plano de de-

senvolvimento dos aeroportos regionais,

em análise pelo governo, e continuamos

estudando a possibilidade de atuar neste

mercado no futuro.

56

>> Ao longo de 2014 a Copa Airlines

apresentou novidades para o mercado

brasileiro, entre elas, a ampliação das

frequências entre Brasília e a Cidade

do Panamá, e a implantação do terceiro

voo diário a partir do Rio de Janeiro.

Em dezembro, a companhia inaugura

seu primeiro voo entre Campinas (SP)

e o Centro de Conexões das Américas

(Panamá), ampliando a presença no

território brasileiro e estreitando laços

com o interior paulista. “A Copa Airlines

iniciará no mês de dezembro a operações

a partir do Aeroporto Internacional de

Viracopos (Campinas), rumo ao Aero-

porto Internacional de Tocumen (Cidade

do Panamá). Os voos serão diários e

garantirão uma maior proximidade do

interior paulista com os principais cen-

tros de negócios e lazer das Américas”,

disse o gerente regional da Copa Airlines

para o Mercosul, Gustavo Esusy. Ainda,

de acordo com o executivo, o mercado

brasileiro é de grande importância para

a companhia, pois apresenta grande

potencial em pilares importantes como

a infraestrutura, mão de obra e, prin-

cipalmente, demanda de passageiros.

MERCADO E EVENTOS - A Copa Airlines anunciou a chegada de novos Boeings na frota. Isso vai se refl etir em um possível aumento de frequências?Gustavo Esusy - A inclusão de novas

aeronaves é um processo constante na

Copa Airlines, que garante a renovação

da frota e viabiliza a operação de novas

rotas e aumento de frequências nos prin-

cipais destinos.

M&E - A Copa pretende voar em Vira-copos ainda este ano?Gustavo Esusy - Já autorizado pela Anac,

a Copa Airlines iniciará no mês de dezem-

bro as operações a partir do Aeroporto

Internacional de Viracopos (Campinas)

rumo ao Aeroporto Internacional de

Tocumen (Cidade do Panamá), onde os

passageiros poderão se conectar para mais

de 60 destinos nas Américas do Norte,

Central, Sul e Caribe, sem a necessidade de

passar por fi las de imigração e alfândega.

Os voos serão diários e garantirão uma

maior proximidade do interior paulista

com os principais centros de negócios e

lazer das Américas.

M&E - O Governo Federal anunciou inves-timentos em aeroportos regionais. Isso pode abrir novos mercados para a Copa?Gustavo Esusy - Os investimentos em

infraestrutura dos aeroportos brasileiros

são muito importantes para a instalação

e operação das companhias aéreas nacio-

nais e internacionais. Esse fator é um dos

determinantes para avaliação do mercado,

das demandas e das possibilidades para

as empresas aéreas.

M&E - Qual foi o impacto da Copa do Mundo de Futebol para a companhia aérea? Gustavo Esusy - A Copa Airlines ofereceu

aos passageiros que visitaram o Brasil,

durante os jogos da Copa do Mundo,

duas novas frequências sazonais entre

a Cidade do Panamá e os destinos São

Paulo e Rio de Janeiro. Os voos possibi-

litaram um maior acesso de turistas das

Américas do Norte, Central e Caribe às

duas principais cidades-sede do evento,

garantindo o melhor conforto e facilidades

para os passageiros. Além disso, muitos

países das Américas obtiveram excelente

performance na Copa do Mundo, tais

como Colômbia, México, Estados Unidos

e Equador e, consequentemente, tivemos

um importante papel na logística e oferta

de serviços a todos esses torcedores, que

puderam comprovar nossa excelente

conectividade através do Panamá com

as sedes da Copa do Mundo no Brasil.

M&E - Qual a importância do mercado brasileiro para a Copa Airlines?Gustavo Esusy - O mercado brasileiro

é de grande importância para a Copa

Airlines, pois apresenta grande potencial

em pilares como a infraestrutura, mão

de obra e, principalmente, demanda de

passageiros. A companhia aérea atua for-

temente com viajantes de negócios, que

escolhem a Copa Airlines pela possibili-

dade de desfrutar das rápidas conexões

no Centro de Conexões das Américas

(Cidade do Panamá), pela excelente gama

de destinos oferecidos, além das facili-

dades, como as bagagens despachadas

diretamente para o destino fi nal. Além

disso, a Copa Airlines se posiciona como

a melhor opção no segmento de turismo

para a conexão entre as Américas e o

Caribe, ligação que vem crescendo nos

últimos anos e que possui excelente po-

tencial, principalmente por turistas que

buscam pelas melhores praias e hotéis

no Caribe como, por exemplo, Cancun,

Punta Cana, Curaçao e Aruba; e centros

de compras, lazer e cultura na América

do Norte, tais como Miami, Nova York,

Tampa, Boston, Las Vegas e muitos ou-

tros destinos turísticos nas Américas.

AVIAÇÃO

Copa AirlinesEntrevista com Gustavo Esusy

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

57

58

>> A Singapore Airlines registrou lucro

operacional de US$ 207 milhões no

período 2013 – 2014, o que representa

um aumento de 13,1% em relação ao ano

anterior. A receita consolidada do Grupo

Singapore apresentou incremento de 1% e

isso se deve, principalmente, à alta receita

obtida com o transporte de passageiros

que fi cou em aproximadamente US$220

milhões. O gerente-geral da Singapore

Airlines no Brasil, Twee Min Wang,

afi rmou que a companhia sempre está

verifi cando novos investimentos no país.

“No momento, manteremos três voos se-

manais. Temos um comprometimento de

longo prazo com o Brasil e a companhia

está sempre avaliando a possibilidade de

novas frequências”, disse.

MERCADO & EVENTOS - A rota SP-Cin-gapura continua apresentando bons números de ocupação? Qual o perfil dos passageiros? Twee Min Wang - No ano fi scal encerrado

em 31 de março de 2014, a Singapore

Airlines transportou 18,6 milhões de pas-

sageiros em todo o mundo, um aumento

de 2,3% em relação ao ano passado.

Há um forte interesse e demanda pelos

nossos voos de/para São Paulo. O perfi l

dos nossos passageiros é muito diverso.

Atendemos de executivos em viagens a

trabalho a pessoas e famílias em viagens

de turismo.

M&E - A companhia vislumbra algum novo destino no Brasil? As Olimpíadas podem ser uma oportunidade? Twee Min Wang - Estamos sempre veri-

fi cando novos investimentos em países-

chave como o Brasil, mas, no momento,

vamos continuar com a rota São Paulo

– Barcelona – Cingapura. Sem dúvida,

as Olimpíadas serão uma oportunidade

para destacar o Brasil, globalmente, como

destino turístico.

M&E - Em 2013, a Singapore Airlines

lançou um site em português, alguma novidade prevista para este ano?Twee Min Wang - A Singapore Airlines

sempre busca oferecer a melhor expe-

riência de bordo aos nossos passageiros.

Nós estamos constantemente investindo

na atualização da frota para oferecer as

últimas novidades nas cabines em termos

de qualidade e conforto, assim como

segurança e efi ciência.

M&E - A Singapore Airlines está planejan-do investir US$ 17 bilhões nos próximos cinco anos, alguma parte desse montante virá para o Brasil? Twee Min Wang - O investimento de

mais de US$ 17 bilhões será destinado

para as 60 novas aeronaves (A350-900s e

B787-10Xs) que irão entrar na nossa frota

a partir de 2016/2017. Essa renovação

de aeronaves está entre as maiores da

história da Singapore Airlines e ajudará a

assegurar nossa posição de liderança no

mercado. Essas novas aeronaves também

proporcionarão uma oportunidade de

crescimento, renovação da nossa frota

e uma melhora da nossa rede. Nossos

clientes poderão se benefi ciar de mais

opções de viagens e das últimas novi-

dades nas cabines. Sim, eu espero ver

algumas das novas aeronaves no Brasil

em um futuro “não muito” distante.

A Singapore Airlines e a Airbus assinaram, no início deste ano, uma parceria que resultará em um centro de treinamento para voos em Cingapura. Denominado Centro de Treinamento Airbus Ásia (Airbus Asia Training Centre – AATC), o empreendimento será representado pela Singapore Airlines (45% de participação) e pela Airbus (55% de participação). O investimento inicial para a construção do AATC será de aproximadamente de 80 milhões de dólares de Cingapura, e cada empresa investirá a porcentagem relativa à sua parte no negócio. Sujeita a aprovações regulató-rias, a operação deve começar antes do fi nal de 2014. O AATC irá operar, inicialmente, a partir do Centro de Treinamento da Singapore Airlines, próximo ao Aeroporto de Changi, antes de mudar para o Seletar Aerospace Park, onde haverá uma estrutura

dedicada. O AATC irá oferecer treinamento em simuladores de voos para os modelos Airbus A320, A330, A340, A350 e A380.

Novo gerente no BrasilTwee Min Wang assumiu a gerencia geral da Singapore Airlines no Brasil no fi m de agosto deste ano. Ele será responsável pelas operações da companhia no país. Antes de assumir o cargo, Wang atuava na matriz, em Cingapura, como gerente sênior nas áreas de compras, sistemas e logística. Graduado em Negócios pelo Western Australian Institute of Technology, o executivo integrou a equipe da Singapore em 1982, atuando em mercados como Portugal, Espanha, Japão, Indonésia, África do Sul e Hong Kong.

Novo Centro de Treinamento

AVIAÇÃO

Singapore AirlinesEntrevista com Twee Min Wang

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

59

>> Uma das principais companhias do

mundo, a Korean Air opera mais de 200

voos diários para 125 cidades em 45

países, inclusive o voo São Paulo - Los

Angeles - Seoul, com três frequências

semanais. Entre suas 155 aeronaves, a

companhia é uma das poucas que opera

o Airbus A-380. Nessa entrevista, Olaf

Kaehlert, gerente geral para América

Latina da Koren Air, explica os diferen-

ciais da aérea, além de pontuar ações

para o Brasil e América Latina. Kaehlert

ainda destaca a importância dos agen-

tes de viagem na venda das passagens

da Korean Air. “Os agentes são um dos

nossos principais elos com o consumidor.

Posso afi rmar que a maior parte da nossa

comercialização no país é feita por agên-

cias de viagens”, afi rmou o gerente geral.

MERCADO E EVENTOS - Qual a impor-tância do Brasil para os negócios da empresa? Há previsão de novos voos ou frequências?Olaf Kaehlert - A satisfação dos passagei-

ros brasileiros é muito grande e há uma

boa parcela deles viajando em nossos

voos. Oferecemos um serviço de quali-

dade, pontualidade e reputação, que faz

com que nossa marca seja reconhecida

no país. Na América do Norte, a Ko-

rean Air é uma das mais importantes e

reconhecidas companhias aéreas, com

12 pontos de saídas e dezenas de voos

diretos para a Ásia, partindo de quase

todo grande centro urbano dos EUA. No

Brasil, porém, temos ainda uma presença

limitada a três frequências semanais entre

São Paulo - Los Angeles - Seoul. Durante

a Copa do Mundo elevamos a frequência

dos voos para cinco vezes na semana para

atender a demanda. Há sempre a intenção

de aumentar frequências e incluir novos

destinos nas Américas, entretanto, no

momento, a demanda tem se mantido

bastante estável, por isso não temos pla-

nejamento, a curto prazo, de começar a

operar uma nova rota para o Brasil.

M&E - Como é o mercado da América Latina para a companhia? Olaf Kaehlert - América Latina é um mer-

cado importante para a Korean, princi-

palmente México, Colômbia e Peru. Em

2013, com o intuito de aumentarmos nossa

presença na América Latina, abrimos novos

canais de vendas no Panamá, Costa Rica e

Equador. Nosso objetivo foi criar melhores

condições de vendas para os agentes e

fomentar uma estrutura mais ampla para,

no futuro, podermos aumentar a presença

no continente. Hoje, a Korean Air já atua

dentro do BCP no Chile, Colômbia, Peru,

México, Brasil, Bolívia e Argentina.

M&E - A Korean Air é uma das poucas companhias aéreas que opera o Airbus A-380. Qual o diferencial dessa aerona-ve? Existe a possibilidade de que essa aeronave venha para o Brasil?Olaf Kaehlert - Não há nenhuma previsão

de trazer o A-380 para o Brasil. O A-380

é uma aeronave que se presta, principal-

mente, a rotas com uma demanda muito

grande de passageiros. Esse ainda não é

o caso da operação brasileira. O modelo

A-380 foi introduzido em 2011 a fi m de

fornecer mais conforto e espaço do que as

outras companhias durante os voos longos

como entre América do Norte e Ásia. O

diferencial da confi guração da nossa ae-

ronave A-380 é que ela possui dois pisos e

apenas 407 assentos, distribuídos por três

classes, e ainda três bares e lounges, que

oferecem drinks e coquetéis exclusivos

da marca Absolut criados para a Korean.

A configuração normal é de 500 a 600

assentos para um A-380. Além disso, a

Korean foi a primeira companhia aérea

do mundo a dedicar todo o andar superior

do avião para uma única classe. Com 94

assentos, o andar superior é totalmente

reservado para a classe “Prestige”, propor-

cionando uma experiência que não pode

ser comparada a outras classes executivas.

Outro diferencial do A-380 é o “Duty Free

Showcase”, localizado na parte traseira do

andar inferior. Esse espaço apresenta uma

variedade de produtos livres de impostos.

M&E - Como o senhor avalia a importân-cia dos agentes de viagem na comercia-lização das passagens aéreas? Como a Korean estimula esse relacionamento?Olaf Kaehlert - Os agentes de viagem são

muito importantes para a comercializa-

ção dos bilhetes da Korean, eles são um

dos nossos principais elos com o consu-

midor. Posso afi rmar que a maior parte

da nossa comercialização no país é feita

por agências de viagens. Dessa forma,

pode-se imaginar que o relacionamento

com as agências é uma prioridade para a

nossa empresa. Além de visitas comerciais

frequentes, tentamos manter um diálogo

aberto e constante com os nossos principais

parceiros nas agências. Estamos sempre

dispostos a ouvir o que eles têm a dizer

e não existem temas fora de cogitação.

Queremos ouvir tanto elogios como críticas

porque só podemos melhorar e crescer

com o feedback do cliente e das agências.

AVIAÇÃO

Korean AirEntrevista com Olaf Kaehlert

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

60

>> A American Airlines adicionará um

novo voo para o Aeroporto Internacional

de Viracopos (VCP), em Campinas, a partir

de seus hubs em Miami e no Aeroporto

John F. Kennedy, em Nova York. A nova

rota marca o décimo destino da Ameri-

can no Brasil, fortalecendo ainda mais a

posição da companhia como a principal

operadora norte-americana no país e a

que mais oferece opções para clientes que

viajam de/ para São Paulo. O voo diário de

Miami para Campinas será lançado em

2 de dezembro de 2014, enquanto o que

decola do aeroporto JFK (operado três vezes

por semana) estará disponível a partir de

1º de dezembro de 2014, dependendo de

aprovação governamental. “Estamos muito

empolgados com o lançamento das duas

novas rotas para Campinas, uma cidade

cosmopolita e movimentada na região

Sudeste, centro de pesquisa e desenvol-

vimento de tecnologia do Brasil”, diz o

diretor de Vendas da American Airlines no

Brasil, Dilson Verçosa. “Este novo destino

demonstra nosso compromisso com o

país e também em continuar procurando

oportunidades para expandir ainda mais

a crescente rede de nossa companhia na

América Latina”, completa o executivo.

MERCADO & EVENTOS - Os turistas ame-ricanos foram os que mais visitaram o Brasil durante a Copa do Mundo. Isso representa a possibilidade de novos negócios? Dilson Verçosa - Sim e seria ainda melhor

se a política de vistos fosse mais facilitada.

A Copa do Mundo foi muito boa para a

American, principalmente nas rotas do

Norte e Nordeste (Manaus e Recife), onde

a seleção americana jogou.

M&E - O que AA está oferecendo como diferencial competitivo para conquistar o passageiro brasileiro?Dilson Verçosa - O nosso maior dife-

rencial é ser a companhia aérea que mais

oferece voos entre o Brasil e os Estados

Unidos. Também temos uma equipe gran-

de e totalmente brasileira voltada para

atender o mercado, incluindo comissários

brasileiros a bordo. A American, como

uma empresa sólida, está comprando

novas aeronaves e algumas delas já estão

voando no Brasil, como o 777-300ER (de

São Paulo para Dallas e Nova York) e o

737-800, que opera o voo Manaus/Miami.

M&E - E a importância das novas fre-quências no aeroporto de Viracopos?Dilson Verçosa - Estamos muito empolga-

dos com o lançamento das duas novas rotas

para Campinas, uma cidade cosmopolita e

movimentada na região Sudeste, centro de

pesquisa e desenvolvimento de tecnologia

do Brasil. Este novo destino demonstra

nosso compromisso com o país e também

em continuar procurando oportunidades

para expandir ainda mais a crescente rede

de nossa companhia na América Latina.

M&E - Alguma novidade referente ao Terminal 3 de Guarulhos? Dilson Verçosa - A American Airlines

terá sua operação transferida para o novo

Terminal do Aeroporto de Guarulhos

(T3) ainda neste semestre. Eventualmen-

te, em função de alguma necessidade

operacional, a companhia faz uso de um

portão disponível no T3 para embarcar

os passageiros de seus voos. Porém, os

procedimentos de check-in são realiza-

dos no Terminal 2 do aeroporto, onde a

companhia está instalada.

M&E - Qual a importância do mercado brasileiro para a AA?Dilson Verçosa - O Brasil já é a operação

internacional mais importante da Ameri-

can Airlines. Atualmente, oferecemos 95

voos semanais a partir de nove cidades

brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro,

Belo Horizonte, Manaus, Recife, Salvador,

Brasília, Curitiba e Porto Alegre) para

Nova York, Miami, Dallas e Los Angeles.

O Brasil é tão importante para a American

que, em 2013, o 777-300ER, nossa mais

nova e moderna aeronave, começou a

operar voos de São Paulo (GRU) para

Dallas/Fort Worth (DFW) e Nova York

(JFK). O 777-300ER também vai operar

um de nossos voos de São Paulo (GRU)

para Miami a partir de outubro.

M&E - A entrada da Tam na Oneworld afeta a parceria com a AA?Dilson Verçosa - Muito pelo contrário.

A entrada da Tam fortalece a parceria,

pois os passageiros podem usar as duas

companhias, por meio do acordo de co-

deshare e dos programas de fi delidade.

M&E - E a fusão com a US Airways?Dilson Verçosa - As duas companhias ain-

da estão em processo de fusão e aguardam

a emissão do certifi cado único, emitido

pelos Estados Unidos, para que possam

integrar suas operações e usar um único

nome: American. Até lá, as empresas

operam como companhias independentes,

por meio de acordo de codeshare em suas

respectivas rotas.

AVIAÇÃO

American AirlinesEntrevista com Dilson Verçosa

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

61

62

AVIAÇÃO

Air EuropaEntrevista com Luis Antonio Sobrinho

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> A Air Europa trabalha para ter um voo

diário entre Madri, a capital da Espanha, e

São Paulo (GRU). As informações são do

gerente geral da Air Europa no Brasil, Luis

Sobrinho. Desde que começou a operar a

rota, em dezembro de 2013, a frequência é

de cinco voos semanais. Ainda de acordo

com o executivo, a companhia aérea estuda

a possibilidade de novas frequências na

América do Sul após decolar para Santiago.

“Estamos analisando as possibilidades, den-

tro dos acordos bilaterais existentes, para o

aumento do número de destinos servidos

através de nosso hub no Aeroporto Interna-

cional de Salvador”, afi rmou Luis Sobrinho.

MERCADO & EVENTOS - Em recente en-trevista, o presidente do grupo Globalia, ao qual pertence a Air Europa, Juan José Hidalgo, confi rmou um plano “agressivo” de expansão à América Latina via Brasil. O país pode virar um hub da companhia na região?Luis Antonio Sobrinho - Como maior país

da América Latina, o Brasil é vital para as

operações da Air Europa no continente.

Estamos em meio ao desenvolvimento do

projeto que visa transformar o Aeroporto

Internacional de Salvador num hub entre

a Europa, Brasil e América do Sul.

M&E - Atualmente, a Air Europa possui uma parceria grande com o trade baiano. A mudança de mão no Governo Estadual assusta a companhia?Luis Antonio Sobrinho - Não, pois qual

é o governo que não almeja dar continui-

dade ao desenvolvimento gerado através

da conexão entre seu estado (e região)

utilizando os voos da nossa Air Europa

para a América do Sul?

M&E - A Copa do Mundo superou as expectativas da companhia? Luis Antonio Sobrinho - A Copa do

Mundo foi importante para acrescentar

positivamente a imagem do Brasil como

país no exterior. Com certeza isto trará,

a longo prazo, uma demanda de inves-

tidores e estrangeiros interessados na

diversidade turística existente em nosso

país, os quais utilizarão nossos voos para

aproveitarem a oportunidade de turismo

no sentido Europa - Brasil. A respeito de

novos destinos, de momento, visamos

consolidar os projetos existentes no país.

M&E - Como estão os números dos voos Salvador-Madri?Luis Antonio Sobrinho - Os números es-

tão muito bons e atendendo aos interesses

de nossa companhia. Com parcerias junto

as cias aéreas brasileiras, conseguimos

atingir, além do estado baiano, outros

grandes centros da região Nordeste, o que

nos fortalece e garante o nível desejado

de ocupação em nossa operação.

M&E - E a perna para Santiago?Luis Antonio Sobrinho - Fator ímpar no

país que proporciona aos nossos clientes

da região Nordeste desfrutarem do trecho

mais curto da viagem aérea entre a região

e Santiago (Chile) através do Aeroporto

Internacional de Salvador – Deputado

Luís Eduardo Magalhães. Estamos sur-

presos com a demanda local e a ocupação

de nossos voos neste novo destino Air

Europa, já que este também tornar-se

responsável pelo aumento da demanda

dos turistas chilenos, que passaram a

utilizar este acesso direto para visitar a

região Nordeste do Brasil.

M&E - E o São-Paulo Madri? Ainda existe a possibilidade dele se transformar em voo diário?Luis Antonio Sobrinho - Nossos voos

entre São Paulo/Madri e conexões estão

com boa ocupação desde o seu inicio, em

17 de dezembro de 2013. Estamos traba-

lhando para que esta operação passe a ser

diária, este é o desejo de nossa empresa.

M&E - Existe a possibilidade de novas frequências? Montevidéu é uma?Luis Antonio Sobrinho - Estamos analisan-

do as possibilidades dentro dos acordos bi-

laterais existentes para o aumento do núme-

ro de destinos servidos através de nosso hub

no Aeroporto Internacional de Salvador.

M&E - A Air Europa voará para novos destinos no Caribe. Existe a possibilidade de voos partindo do Brasil?Luis Antonio Sobrinho - A Air Europa

já opera a partir do Aeroporto de Madri

voos non stop para Cancun, Havana,

Porto Rico, Punta Cana e Santo Domingo.

M&E - Existe a possibilidade da Air Eu-ropa voar com o B787 no Brasil a partir de 2016?Luis Antonio Sobrinho - Temos um acor-

do com a Boeing para a entrega de oito

aeronaves 787 Dreamliner, dos quais os

dois primeiros aviões serão incorporados

à frota da Air Europa no início de 2016.

Dentro do plano de ação de nossa empresa

e chegadas dos novos 787 Dreanliner, há

a possibilidade de que também façam os

voos entre Brasil e Espanha.

63

>> Nesta entrevista ao M&E, o vice-pre-

sidente de Vendas da América do Sul e

Central da Alitalia, Antonio Sgro, falou

sobre a compra de 49% do capital da

Alitalia pela Etihad Airways. O valor

da transação não foi anunciado, mas o

ministro italiano dos Transportes, Mau-

rizio Lupi, citou um investimento inicial

da Etihad de 560 milhões de euros, aos

quais seriam adicionados 690 milhões nos

próximos quatro anos para desenvolver

e renovar a frota. “Não se trata de um

processo de compra e sim de uma parti-

cipação acionária da companhia aérea de

Abu Dhabi na Alitalia. Esta participação

será útil não só para as duas companhias,

mas também será uma forma de ofere-

cer aos nossos clientes novas escolhas e

oportunidades para aqueles de viajam

a negócios ou a lazer de/para a Itália”,

afi rmou. O executivo também diz que,

seguramente, a companhia reforçará a sua

presença no Brasil. “O mercado brasileiro

é de extrema importância para a Alitalia,

sendo um dos maiores do mundo e com

uma relevante presença de descendentes

italianos. O crescimento da economia

brasileira nos últimos anos e a organiza-

ção de grandes eventos, como a Copa do

Mundo, e proximamente as Olimpíadas,

faz com que a Alitalia continue investindo

no país”, comenta.

MERCADO & EVENTOS - A Alitalia trans-portou 311 mil passageiros nas rotas brasileiras (São Paulo e Rio de Janeiro) em 2013, crescimento de 6% na comparação com 2012. Qual a previsão para 2014?Antonio Sgro - O novo plano industrial

2013-2016 da Alitalia prevê um amplo

desenvolvimento do network intercon-

tinental graças à abertura de novas ro-

tas potenciais, incremento da presença

da companhia nos destinos já servidos,

compromisso de investir em áreas com

forte presença da comunidade italiana

e a expansão de parcerias já existentes.

O desenvolvimento das atividades in-

tercontinentais é apoiado também pelo

crescimento da frota com a entrada de seis

novos Airbus A330 até 2016. No plano,

um dos mercados potenciais e com grande

presença da comunidade italiana, onde

a Alitalia reforçará a sua presença, será

seguramente o Brasil. Vale a pena ressaltar

que, graças ao nosso recente acordo de

code-share com a companhia aérea Gol,

qualquer passageiro pode desfrutar da

malha aérea brasileira da Gol em conexão

com os voos da Alitalia que saem do Rio

de Janeiro e de São Paulo. Com este acor-

do, certamente os números aumentarão.

M&E - A mudança para o Terminal 3 de Guarulhos vai gerar alguma novidade?Antonio Sgro - Em 26 de julho, transfe-

rimos nossas operações de check-in, em-

barque e desembarque do Terminal 1 para

o recém-inaugurado Terminal 3 do Aero-

porto Internacional de São Paulo, Guaru-

lhos. Isso trará aos passageiros mais como-

didade, agilidade no atendimento, além do

conforto de um espaço dedicado apenas

às companhias aéreas internacionais.

M&E - A Etihad deve mesmo comprar a Alitalia?Antonio Sgro - Não se trata de um processo

de compra e sim de uma participação acio-

nária da companhia aérea de Abu Dhabi na

Alitalia. Esta participação será útil não só para

as duas companhias, mas também será uma

forma de oferecer aos nossos clientes novas

escolhas e oportunidades para aqueles de

viajam a negócios ou a lazer de/para a Itália.

M&E - Em abril, a Alitalia aumentou os números de voos no Rio de Janeiro e São Paulo. O que os motivou?Antonio Sgro - O mercado brasileiro é

de extrema importância para a Alitalia,

sendo um dos maiores do mundo e com

uma relevante presença de descendentes

italianos. O crescimento da economia bra-

sileira nos últimos anos e a organização de

grandes eventos, como a Copa do Mundo,

e proximamente as Olimpíadas, faz com

que a Alitalia continue investindo no país.

M&E - A Copa do Mundo abriu novos mercados para a Alitalia? Quais?Antonio Sgro - Reforçamos os nossos

voos de São Paulo e Rio de Janeiro e con-

tinuaremos com o crescimento no Brasil

visando não só as Olimpíadas de 2016,

e sim baseados na economia brasileira,

com potencial de desenvolvimento para

os próximos anos.

M&E - Qual a meta para o mercado brasileiro?Antonio Sgro - No Brasil, a meta é alçar

o país ao segundo lugar em número de

passageiros transportados em três a qua-

tro anos no ranking de destinos fora da

Europa. Hoje, o Brasil está em terceiro

lugar, atrás de EUA e Japão. Em 2012,

foram transportados 357 mil passageiros

em voos da Alitalia entre Brasil e Itália, ou

65% do fl uxo total entre esses dois países.

AVIAÇÃO

AlitaliaEntrevista com Antonio Sgro

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

64

AVIAÇÃO

EmiratesEntrevista com Stephane Perard

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> Para ter seu nome e imagem associados

à Copa do Mundo, a Emirates gastou o

estimado por especialistas em R$ 100 mi-

lhões ao longo de quatro anos, tornando-se

empresa parceira da Fifa. Um número im-

pressionante, mas certamente uma ínfi ma

fatia do orçamento dedicado ao patrocínio

esportivo, que virou a principal estratégia da

marca para tornar-se globalmente conheci-

da. “Os patrocínios são parte da estratégia

de comunicação global da Emirates. Esta-

mos particularmente ativos no esporte, pois

ele tem o poder de transcender fronteiras,

inspirar e tocar a todos de maneiras muito

pessoais”, explica o diretor geral da Emi-

rates Airlines no Brasil, Stephane Perard.

MERCADO & EVENTOS - Com sete anos de operação no Brasil, a Emirates opera voos a partir de São Paulo e do Rio de Janeiro. Como avalia o atual momento da empresa no país?Stephane Perard - A Emirates tem tido

uma operação muito bem sucedida no

Brasil. Nós começamos com um voo seis

vezes por semana para São Paulo, que logo

tornou-se diário. Outra demonstração do

compromisso com o mercado brasileiro

foi o lançamento de um voo diário para

o Rio no início de 2012. Mesmo com o

aumento da concorrência no mercado

brasileiro, a Emirates tem conseguido

manter a sua taxa de ocupação em um

nível muito satisfatório. Desta forma, o

momento é de manter os bons resultados

e trabalhar para aumentar ainda mais as

taxas de ocupação nos voos para o Brasil.

M&E - A companhia foi uma das pa-trocinadoras da Copa do Mundo 2014, que aconteceu no Brasil. Como o evento foi utilizado para capitalizar visibilidade para a marca?Stephane Perard - Os patrocínios são

uma parte integrante da estratégia de

comunicação global da Emirates. Estamos

particularmente ativos nos esportes, de

maneira global, pois o esporte tem o po-

der de transcender as fronteiras, inspirar

as pessoas e tocá-los de maneira muito

pessoal. A percepção da marca é, prova-

velmente, um dos principais resultados

obtidos com a Copa do Mundo 2014.

Durante o torneio foram transportados

mais de 18 mil fãs de futebol para o Brasil

e transmitidos todos os jogos da Copa ao

vivo na TV a bordo da Emirates. Acredita-

mos que este torneio nos ajudou a conec-

tar-nos ainda mais com os fãs de futebol

em todo o mundo e nos deu a chance de

promover uma relação muito coeren-

te com as pessoas convidadas a assistir

aos jogos ao vivo nas Arenas no Brasil.

M&E - Está havendo um deslocamento do turista brasileiro para destinos menos explorados?Stephane Perard - Desde que iniciamos

nossas operações no Brasil, em 2007, a

Emirates tem visto um aumento no nú-

mero de passageiros voando com a gente.

Após o voo de São Paulo, que tornou-se

diário, a companhia lançou, em 2012, um

segundo voo para o Brasil, com destino ao

Rio de Janeiro e com extensão a Buenos

Aires, mostrando o compromisso com

o mercado brasileiro. E como já era de

se esperar, as rotas mais populares para

o mercado brasileiro permanecem as

mesmas: China, Japão, Emirados Árabes

e Austrália são os países mais populares.

M&E - A Emirates tem aeronaves A-380, o maior avião do mundo, mas sem ope-ração no Brasil. Qual a previsão para que eles sejam utilizados no país?Stephane Perard - Temos hoje 50 aerona-

ves A-380 em operação e 40 ainda estão

por vir. Como o maior operador deste

tipo de aeronave, a Emirates está constan-

temente avaliando novos mercados para

implantar o A-380. A decisão de operar

este avião em determinado destino ocorre

quando são cumpridos os requisitos co-

merciais e técnicos mínimos.

M&E - Após ingressar na direção da Emirates no Brasil, o senhor pretende reformular algo da companhia no país? Como analisa hoje a relação da empresa com os agentes de viagem?Stephane Perard - Certamente planejamos

continuar a fortalecer nosso relacionamen-

to com os agentes de viagens. Isso fi ca em

evidência no super famtrip que estamos

preparando para o fi nal do ano em parceria

com o DTCM (Departamento de Turismo,

Comércio e Marketing) e deverá acontecer

em novembro, quando 80 agentes terão

a oportunidade de experimentar o que é

voar com a Emirates. Essa ação tem como

objetivo dar a estes profi ssionais uma ideia

do nosso produto, assim como também

reconhecer seus esforços e dar-lhes conhe-

cimento através de uma experiência real

do que a Emirates e Dubai têm a oferecer.

Também estamos patrocinando a cam-

panha “Vendi Dubai”, que irá premiar os

agentes de viagens que vendem o destino.

65

66

>> A Luft hansa ampliou a oferta no Brasil.

No Rio de Janeiro, o incremento foi de 60%

no número de assentos, enquanto em São

Paulo houve uma expansão de 10%. Des-

de o dia 30 de março, a empresa passou a

utilizar o Boeing 747-400 na rota Rio de

Janeiro-Frankfurt, em vez do atual Airbus

340-300, o que resultou na oferta de quase

8 mil lugares por mês a mais. “Desde que

retomamos os voos para o Rio de Janeiro,

há pouco mais de dois anos, o movimento

só tem crescido, começamos com cinco

voos por semana e logo depois já estávamos

voando diariamente”, comemora a diretora

da Luft hansa para o Brasil, Annette Taeuber.

MERCADO & EVENTOS - No início deste ano, a Lufthansa aumentou a oferta e garante agora oito mil assentos do Rio de Janeiro para a Europa. Essa demanda foi atendida?Annette Taeuber - Sim, completamente!

O Seat Load Factor esteve até acima das

expectativas. Claro que o fato da Alema-

nha ter chegado à Final da Copa também

ajudou. Contudo, não tivemos somente

passageiros chegando, mas também bra-

sileiros viajando à Europa, Ásia, Oriente

Médio. Nos destacamos no mercado

carioca por oferecermos uma First Class

5 Star, única cia aérea europeia a ter este

status. Os passageiros estão encantados,

cada um tem uma cama e uma poltrona,

duplo espaço com um premiado serviço

a bordo e em solo. A classe executiva e a

classe econômica também têm recebido

muitos elogios de nossos clientes. Além

disso, em todos os nossos voos interconti-

nentais - e em todas as classes - oferecemos

Flynet - internet de banda larga a bordo.

M&E - A Lufthansa trouxe o Boeing 747-8 para São Paulo, uma aeronave nova, que aumenta em 20% a oferta de assentos. Isso será uma tendência no Terminal 3?Annette Taeuber - Acredito que a Luf-

thansa foi pioneira neste sentido. Tra-

balhamos em cooperação com GRU

Airport desde o início, possibilitando

assim sermos os primeiros a operar no

novo Terminal 3 e com o mais moderno

avião utilizado no Brasil atualmente. A

rainha dos céus, como é chamado, ganha

em efi ciência, são 15 % a menos de con-

sumo, 30% a menos de ruído. Além do

mais moderno a bordo: nova First Class

e a nova Business Class, dividida entre o

Main Deck e o Upper Deck, assentos full

fl at, serviço ampliado e muito conforto.

Também a classe Econômica conta com

mais espaço entre as poltronas, assentos

mais modernos e um programa de entre-

tenimento com mais de 100 fi lmes em oito

idiomas. Com este novo avião passamos

também a ser a companhia aérea europeia

com maior oferta de assentos a partir do

Aeroporto de Guarulhos. E a grande no-

vidade que anunciamos é a introdução de

uma quarta classe de reserva: a Premium

Economy. O Brasil será a primeira rota a

receber este novo produto a partir de 11

de dezembro deste ano. Não se trata de

uma Econômica com mais espaço, mas

de uma classe totalmente nova.

M&E - Novos voos para o Brasil podem

surgir para atender essa demanda que só cresce?Annette Taeuber- Operamos com quatro

voos diários para o Brasil. Três voos par-

tem de São Paulo: Frankfurt (Luft hansa),

Munique (Luft hansa) e Zurique (Swiss). E

um voo sai do Rio de Janeiro com destino

a Frankfurt e conexões. Tivemos cresci-

mentos constantes nos últimos anos. Em

2012 foram 32.4% a mais de capacidade,

em 2013 esse valor foi de 10% e este ano

chegaremos a 60% no mercado carioca e

20% com a introdução do Boeing 747-8

em São Paulo. É o momento de consolidar

este enorme crescimento.

M&E - Hoje a América Latina representa 5% do faturamento da Lufthansa. Esse número pode aumentar até o fi m do ano? Annette Taeuber- Acredito que sim. Com

a Copa do Mundo e aumento de capaci-

dade acima da média mundial podere-

mos crescer ainda mais neste número.

O Brasil é o maior mercado da América

Latina. Operamos quatro voos diários

do Brasil, dois voos diários no México

e também diariamente de Buenos Aires,

Caracas, Bogotá.

M&E - A Lufthansa anunciou que quer ampliar a oferta de voos de baixo custo para a Europa e o resto do mundo com duas novas marcas, uma delas a Euro-wings. Como isso pode impactar para o mercado brasileiro?Annette Taeuber- Queremos continuar

sendo o maior grupo de aviação do mundo

e a maior cia aérea europeia. Queremos

continuar líderes na aviação e sermos

benchmarking no nosso setor. Neste sen-

tido, há vários projetos em andamento,

desde uma continua busca do aumento em

efi ciência, passando por novos conceitos

de crescimento sustentável, qualidade e

serviço, até nos tornarmos a única cia aé-

rea cinco estrelas pelo Skytraxna Europa.

AVIAÇÃO

LufthansaEntrevista com Annette Taeuber

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

67

68

AVIAÇÃO

Delta AirlinesEntrevista com Luciano Macagno

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> A Delta tem um objetivo claro: ser

a melhor companhia aérea dos EUA na

América Latina e no Caribe. As informa-

ções são do novo diretor da Delta no Brasil,

Luciano Macagno. De acordo com ele, o

mercado brasileiro é de importância fun-

damental para o sucesso da companhia,

representando praticamente metade dos

negócios na América do Sul.

MERCADO & EVENTOS - Com investimen-tos de aproximadamente US$ 3 bilhões programados para os próximos dois anos, quais são os objetivos da Delta no Brasil durante este tempo? Luciano Macagno - A Delta tem um obje-

tivo claro, que é ser a melhor companhia

aérea dos EUA na América Latina e no

Caribe. A companhia tem um compro-

misso com cada um de seus mercados, e

o Brasil não é exceção. Temos, em cada

um de nossos voos, comissários que fa-

lam português e que foram treinados

para prestar atenção às necessidades dos

nossos clientes brasileiros. O feedback

que recebemos dos nossos passageiros e a

postura da própria indústria falam por si.

Representando praticamente metade dos

negócios na América do Sul, o mercado

brasileiro é de importância fundamental

para o sucesso da Delta. Todos os anos,

nós nos tornamos ainda mais fortes na

região, e parte dessa força é atribuída

diretamente à expansão de nossa rede

graças a aliança que temos com a Gol.

M&E - Há planos de aumentar a parceria com a Gol? Luciano Macagno - A Delta tem um

importante acordo de codeshare com a

Gol, o que nos permite fortalecer nossos

serviços, criando uma melhor experiência

para o cliente, por estarmos mais próxi-

mos deles, e oferecer uma proposta de

maior valor agregado. Em 2011, a Delta

anunciou um investimento de US$ 100

milhões na Gol, o que representa 3% de

participação na empresa e garantiu um

assento no Conselho de Administração da

nossa parceira estratégica. Além disso, a

Delta tem joint ventures com a Air France,

KLM e Alitalia.

M&E - A Copa do Mundo gerou novos negócios para a companhia? Luciano Macagno - A Copa do Mundo

foi um evento único e apresentou desafi os

para a indústria da aviação e para muitos

setores no Brasil. É importante levar em

conta que o impacto do evento não se nota

apenas no curto prazo, mas também em

caráter geral. A Copa do Mundo foi bem

sucedida em mostrar o Brasil e ao atrair

milhares de turistas que fi caram fascinados

com a sua cultura, com a beleza do país

e, claro, pelo futebol. Se você considerar

que a Copa do Mundo na África do Sul

rapidamente impulsionou seu turismo

em mais de 300% nos anos seguintes à

realização do evento, podemos esperar

o mesmo para o Brasil. Considerando o

quanto o Brasil signifi ca para Delta, não

falamos em sucesso individual: o que é

bom para o Brasil, é bom para a Delta.

M&E - A Delta vai fechar o ano de 2014 com crescimento no Brasil? Luciano Macagno - A Delta vem investin-

do na América Latina já há algum tempo,

especialmente no Brasil. Este ano não é

exceção. Registramos crescimento de dois

dígitos e estamos dobrando os serviços

prestados do Brasil para os Estados Uni-

dos, via Atlanta, melhorando o produto

oferecido em Brasília, e melhorando o

aproveitamento do Brasil em todos os

serviços, além de estarmos otimizando

nossa conectividade para o interior do

país graças à nossa aliança com a Gol.

Estes são alguns dos nossos maiores

investimentos e são eles que nos levam

em direção ao objetivo principal: fazer

da Delta a melhor operadora dos EUA

no Brasil. A partir de outubro, quando

embarcarem em São Paulo, Rio de Janeiro

ou Brasília, os passageiros contarão com

aeronaves que oferecerão os mesmos

serviços, incluindo os assentos fl atbed

na categoria Business Elite, as vanta-

gens das poltronas Economy Comfort,

e nossos serviços completos e premiados

na classe Econômica, com sistema de

entretenimento individual. Somos a

única companhia aérea a oferecer três

classes de serviço em todos os voos do

Brasil para os EUA.

M&E - O fi m da comissão para os agentes de viagens afetou o mercado? É uma tendência? Luciano Macagno - O conceito de comis-

sionamento vem mudando globalmente

há algum tempo, no Brasil isso começou

há alguns anos. Algumas companhias

americanas levaram mais tempo e esta-

beleceram essa política neste ano. Nós

fomos os últimos a anunciar a mudança.

O agente de viagens tem uma grande

vantagem com esta mudança, pois ela

lhe dá o poder de estabelecer o valor do

serviço. Nós estimulamos a existência de

taxas de serviço, uma taxa extra para os

viajantes a ser paga ao agente pelo seu

trabalho na assistência e na compra do

bilhete, entre outros serviços.

69

70

AVIAÇÃO

Anac Agência Nacional de Aviação Civil

Entrevista com Cristian Vieira

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> Nos últimos 14 anos, o transporte aé-

reo brasileiro passou por uma revolução,

é o que aponta Cristian Vieira, gerente

de Análise e Estatísticas e Acompanha-

mento de Mercado da Agência Nacional

de Aviação Civil (Anac). De acordo com

a Anac, desde 2002, a tarifa aérea mé-

dia doméstica caiu 40% e a demanda por

voos domésticos de passageiros mais do

que triplicou. Entretanto, o setor ainda

precisa de melhorias, entre elas, na ma-

lha aérea regional, que necessita de um

grande investimento para se desenvolver.

MERCADO & EVENTOS - Como você vê a aviação no Brasil hoje e quais são as perspectivas para o futuro?Cristian Vieira - Nos últimos 14 anos, o

transporte aéreo passou por três impor-

tantes marcos regulatórios. A gradativa

eliminação de barreiras - com a liberdade

tarifária (em 2001, para voos domésticos

e em 2010, para voos internacionais) e a

de oferta (em 2005) - com a intervenção

do Estado na gestão do negócio, tornou

o mercado mais contestável e competi-

tivo. A concorrência entre as empresas

resultou em um setor mais efi ciente, que

gerencia melhor os seus custos e receitas

e oferece serviços e tarifas diversifi cados

para atender às necessidades dos mais

variados perfi s de usuários. Um segundo

importante marco para o setor neste sé-

culo foi a criação da Agência Nacional de

Aviação Civil (Anac). Por fi m, a concessão

de cinco dos principais aeroportos do

país nos últimos três anos, associados à

concessão do aeroporto de São Gonçalo do

Amarante (RN) em 2011, representou um

terceiro marco para a aviação no Brasil.

M&E - Como o senhor diria que foi o desempenho dos aeroportos durante a Copa do Mundo e como isso infl uencia no desenvolvimento do setor?Cristian Vieira - Durante o período da

Copa, 17,6 milhões de embarques e de-

sembarques de passageiros foram rea-

lizados em todos os aeroportos do país

por empresas brasileiras e estrangeiras. A

demanda por transporte aéreo de passa-

geiros (em RPK) apresentou crescimento

de 8,5% em relação ao mesmo período de

2013, com alta de 1,2% no mercado do-

méstico e 14,3% no internacional. Até mil

servidores da Anac estavam envolvidos

na Operação Copa, que teve início em

05/06 e aconteceu até o dia 25/07 em 42

aeroportos, dos quais 16 estão localizados

nas cidades-sede. Foi a maior operação

especial já realizada pela Agência. Além

disso, a Anac também monitorou 46

outros aeroportos por meio do Centro

de Coordenação e Controle, no Rio de

Janeiro. Dentro de todo esse contexto,

e com a participação de todos os órgãos

envolvidos na Operação, o setor aéreo foi

muito bem-visto tanto pelos brasileiros

quanto para os estrangeiros.

M&E - Atualmente, quais são os principais entraves que impossibilitam o cresci-mento da aviação nacional e regional? Como a Anac vem trabalhando para melhorar isso?Cristian Vieira - A estabilidade e o cres-

cimento econômico do país na última

década têm constituído um fator positivo

para o crescimento do transporte aéreo.

Por outro lado, a recente desaceleração

econômica tem levado a um crescimento

menor da demanda pelo transporte aéreo.

Paralelamente, a fl utuação do Dólar em

relação ao Real, com valorização da moeda

norte-americana a partir do segundo se-

mestre de 2011, e a elevação histórica do

preço do barril de petróleo no mercado

internacional, impactam mais da metade

dos custos e despesas do setor. Além dis-

so, o crescimento da demanda no setor

requer planejamento de todos os atores

envolvidos e a realização de relevantes

investimentos em todas as áreas, como a

infraestrutura aeroportuária e de navegação

aérea, fi scalização, formação de aeronautas,

aeroviários e mecânicos de aeronaves,

aquisição de aeronaves etc. Outra questão

é que o Código Brasileiro de Aeronáutica é

anterior à Constituição Federal e necessita

ser atualizado em relação ao atual cenário

regulatório e ao arcabouço legal do país.

M&E - O que está sendo realizado para expandir a malha aérea e tornar os ser-viços mais acessíveis?Cristian Vieira - No que diz respeito à

ampliação e à melhoria da infraestrutura

aeroportuária, os contratos de conces-

são de Brasília (DF), Guarulhos(SP),

Viracopos (SP), Confi ns (MG) e Galeão

(RJ) preveem a obrigação de as empre-

sas realizarem obras para ampliação da

capacidade aeroportuária. Em relação à

aviação regional, em dezembro de 2012,

o Governo Federal lançou o Programa de

Investimentos em Logística: Aeroportos.

Estão previstos investimentos de R$ 7,3

bilhões para a reforma, ampliação e cons-

trução de aeroportos e para estimular a

aviação regional. O objetivo é que 96% da

população esteja a pelo menos 100 km de

um aeroporto apto a receber voos regu-

lares. Os investimentos serão realizados

em 270 aeroportos distribuídos nas cinco

regiões do país, com recursos do FNAC.

71

Gráfi cos do SetorNúmeros da Abear - Panorama 2013

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

AVIAÇÃO

Número de funcionários em 31 de dezembro de 2013

Número de funcionários em 31 de dezembro de 2012

Demanda do transporte aéreo (previsões)Demanda doméstica de passageiros no Brasil (pax-km 000)

71

Font

e: G

ráfi c

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72

AVIAÇÃO

Gráfi cos do SetorNúmeros da Abear - Panorama 2013

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

72

Participação de Mercado

Penetração do transporte aéreo no mercadodoméstico de passageiros em diversos países

Passageiros domésticos e PIB per capita (2012)

Fonte: Gráfi cos retirados do Panoram

a Abear 2013

73

CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS

>> Com início previsto para novem-bro, a temporada 2014/2015 de cru-zeiros marítimos terá, até abril do ano que vem, a presença de dez navios no litoral do país. A expectativa da Clia Abremar Brasil (Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos) é de que 640 mil cruzeiristas aproveitem 239 rotei-ros de viagens. A oferta será até 2% menor se comparada aos 648 mil leitos disponíveis na temporada 2013/2014. O número de roteiros, no entanto, cresceu quase 4% na comparação com a última estação de navios no país.

Mesmo com o número crescente de roteiros, a temporada terá um navio a menos do que em 2013/2014. Com isso, o setor deve experimentar, pelo segundo ano consecutivo, uma queda de dois dígitos em receita. “Teremos uma receita 10% menor do que a obtida na temporada passada. Com relação ao número de passageiros, teremos uma queda de 1% a 2 %. Essa queda está ligada aos entraves ainda encontrados no país, tirando a compe-titividade do Brasil junto aos cruzeiros internacionais”, disse o presidente da Clia Abremar, Roberto Fusaro.

“Os entraves estão ligados diretamente aos custos, infraestrutura e regulamen-tação. Precisamos de uma regulamen-tação bem clara e uniforme no Brasil. Hoje, a fi scalização nos portos é dife-rente e os custos de “praticagem” na América do Sul são muito caros”, emen-dou Fusaro. Segundo ele, isso acontece não só no Brasil, mas, por aqui, as taxas portuárias também infl uenciam muito,

Cruzeiros MenoresSetor muda estratégia e aumenta número de roteiros curtos para reter passageiros,

alavancar receita e operações

LUCIANO PALUMBO E MAYARA MOURA

uma vez que, a maioria dos portos, não possui infraestrutura adequada para receber navios e passageiros.

Por outro lado - contra a corrente - os armadores estão otimistas com o ano, principalmente com o segundo semestre. “Tivemos um bom início de ano, antecipamos nossas vendas e mesmo com a Copa não tivemos queda no volume de vendas, ao con-trário, tivemos um excelente primeiro semestre”, disse o vice-presidente regional para América Latina da Royal Caribbean, Ricardo Amaral. Ele ressal-tou ainda que o crescimento da Royal está ligado ao aumento de oferta de 4% em relação a temporada anterior.

Para o diretor Comercial da MSC Cru-zeiros, Adrian Ursilli, as vendas devem reaquecer no segundo semestre, já que a Copa esfriou o mercado de uma maneira generalizada. “Teremos cerca de 85 roteiros e uma previsão de 269 mil leitos ofertados. Mesmo com uma queda de 9% na oferta total de leitos em relação à temporada passada, o ano será bom”, afi rmou.

Com a maior aposta na temporada, a Pullmantur incrementou em 41% a oferta de leitos. “Isso fez com que déssemos um salto de 140 mil e passa-mos para 180 mil passageiros a serem embarcados no Brasil”, disse o diretor geral da companhia no país, Alexandre Zachello. O executivo afi rmou que a companhia já tem 43% da temporada comercializada para os minicruzeiros e temáticos da companhia. “A expectati-

va é vender os 180 mil passageiros que temos como oferta para o mercado doméstico”, acrescentou.

Com o lançamento de temáticos, a temporada 2014/2015 na América do Sul para a Costa Cruzeiros está 43% maior em oferta. “Estamos prevendo o embarque de 128 mil passageiros durante toda a temporada. Segundo o diretor geral da Costa Cruzeiros para a América do Sul, Renê Hermann, como a temporada de cruzeiros tem início somente no fi nal do ano e início de 2015, o brasileiro normalmente demo-ra mais para defi nir sua próxima via-gem. “Este ano, em particular, com a Copa do Mundo no Brasil, as atenções do viajante estavam concentradas em grande parte para os jogos. Por isso, tivemos sim um número menor de reservas efetuadas no período, porém, nada que não possamos recuperar ao longo do segundo semestre”, disse.

Água docePara o diretor de Vendas e Marketing da Iberostar, Orlando Giglio, o pri-meiro semestre foi muito bom para o Grand Amazon. “Neste ano houve um aumento de 15% nas vendas se compararmos com o mesmo perío-do de 2013. A Copa do Mundo foi fundamental para esse crescimento. Esperamos manter a ocupação em torno dos 60% ao ano”, disse. Segundo ele, em quase 10 anos de operações no país e após investir R$ 2 milhões em melhorias, o barco já transportou mais de 20 mil passageiros em mais de 724 viagens entre os rios Negro e Solimões.

74

CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS

Clia AbremarEntrevista com Roberto Fusaro

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> Eleito presidente da Clia Abremar

Brasil por um sistema de rodízio entre

as armadoras mantenedoras, no qual

uma companhia não pode acumular

dois mandatos seguidos, Roberto Fusaro

assumiu seu mandato em julho deste ano.

A gestão anterior teve como presidente,

Ricardo Amaral, vice-presidente regional

para América Latina da Royal Caribbean.

O novo presidente é diretor geral da

MSC Cruzeiros para a América do Sul

desde 2006, e trabalha no setor há vinte

anos. Entre os desafi os, Fusaro destaca a

obtenção de uma posição mais indepen-

dente dos armadores, maior presença no

diálogo com as autoridades do mercado

de cruzeiros. Ele acredita que o Brasil não

concorre com os países vizinhos como

Argentina, Chile ou Uruguai. Ele destaca

que depois do crescimento acelerado do

setor - que aconteceu até 2010, soman-

do 35% de incremento -, hoje o Brasil

experimenta uma queda relacionada a

embarcações e transporte de passageiros.

“O número de passageiros deve cair cerca

de 2% em relação ao ano passado”, afi r-

mou, referindo-se ao menor numero de

embarcações e ao aumento da oferta de

minicruzeiros. “As armadoras reduzem a

oferta, mas existe o aumento de roteiros

curtos, o que deve manter equiparado

o número de passageiros embarcados

com a temporada passada”, emendou.

MERCADO & EVENTOS - O mercado deve cair ainda mais este ano, se comparado a queda de mais de 17% na temporada passada? Roberto Fusaro - Sim. A temporada é

ainda menor. Mas, em termos de passa-

geiros, será praticamente igual. Temos

um navio a menos, porém, a quantidade

de minicruzeiros é muito maior do que a

oferecida na temporada passada. Vamos

ter entre 1% a 2% a menos no número

de passageiros. Com relação à receita,

a capacidade cai em 10% e com isso a

contribuição econômica é menor.

M&E - A Copa prejudicou a venda de cruzeiros no país?Roberto Fusaro - A Copa prejudicou o

turismo de uma maneira geral. Porém, o

maior prejuízo foi junto aos cruzeiristas

que queriam viajar para o exterior. O forte

da temporada do Brasil é no verão. A

queda das vendas para dezembro e janeiro

já estão sendo recuperadas no segundo

semestre, que já se faz positivo junto às

armadoras associadas à Clia Abremar.

M&E - Quais são os entraves reais ainda encontrados no segmento de cruzeiros?Roberto Fusaro - Os entraves continuam

os mesmos. Eles podem ser divididos em

custos, infraestrutura e regulamentação.

Isso é muito simples, precisamos de uma

regulamentação bem clara e uniforme

no Brasil. Hoje, a fi scalização nos portos

é diferente, não há um padrão no país,

mas temos avançado em conversas com

a Receita Federal e com o Ministério do

Trabalho. Os custos de “praticagem” na

América do Sul são muito caros. Não é só

no Brasil, mas, além disso, as condições

portuárias também infl uenciam muito

mais na costa brasileira, uma vez que a

maioria dos portos não possui infraes-

trutura adequada para receber navios e

passageiros.

M&E - A privatização dos portos seria, então, uma saída para estes gargalos encontrados no Brasil?Roberto Fusaro - Nós temos uma nova

regulamentação dos portos, mas com a

queda do numero de embarcações vindas

para o Brasil, eu não acredito que alguma

empresa queira participar de alguma

licitação. Neste momento não há proje-

tos de privatização, nem de construção

de portos privados. Mas, se no futuro a

quantidade de navios voltar a crescer no

país, isso, provavelmente, deve voltar a

ser discutido.

M&E - Quais as novidades e planos para 2016?Roberto Fusaro - Todas as companhias

têm vontade de crescer e voltar a operar

com mais navios no Brasil. Mas para isso,

como disse antes, é preciso de adequações

em regulamentações, redução de custos e

taxas. Isso é muito simples. As empresas

colocam os navios onde há rentabilidade.

Mas a conta de custo-benefício com este

tipo de entrave difi culta os investimentos

e o aumento de frota no país. Vamos

continuar com o mesmo pleito no Bra-

sil mesmo que haja a troca de governo.

Nossas intenções são de crescimento

para a economia do país, com tributos e

empregabilidade.

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CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS

Costa CruzeirosEntrevista com Renê Hermann

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> Com uma oferta 43% maior, a Costa

Cruzeiros espera embarcar 128 mil pas-

sageiros na costa brasileira na temporada

2014/2015. Com os navios Costa Pacifi ca

e Costa Favolosa, a armadora italiana

diversifica a oferta em minicruzeiros,

temáticos e internacionais. A bordo,

lançamentos como o 1º cruzeiro Sênior,

com participação da garota de Ipanema,

Helô Pinheiro. Segundo o diretor geral

da Costa Cruzeiros para a América do

Sul, Renê Hermann, a armadora espera

um aquecimento da economia e garante

que o segundo semestre será melhor

para as vendas. Além disso, o executivo

destaca o Costa Diadema, opção de lazer

internacional para os brasileiros.

MERCADO & EVENTOS - Quais os prin-cipais atrativos da companhia para a temporada 2014/2015 no país e quantos navios estarão disponíveis?Renê Hermann - A Costa Cruzeiros

terá dois mega navios com mais de 100

mil toneladas na América do Sul entre

novembro de 2014 e março de 2015: o

Costa Pacifi ca e o Costa Favolosa (navio

que foi destaque na comédia nacional

“Meu passado me condena”). É impor-

tante ressaltar que nessa temporada os

dois estarão em Copacabana na noite de

Réveillon. Os passageiros da companhia

poderão assistir ao espetáculo dos fogos

de camarote nos navios.

M&E - O que muda nesta temporada em relação ao ano passado? O primeiro semestre gerou resultados positivos?Renê Hermann - Para esta temporada

2014/2015, a Costa Cruzeiros traz uma oferta

43% maior em relação à temporada anterior.

São 23 dias a mais de operação na América

do Sul. Consequentemente, teremos um

volume maior nas vendas de cruzeiros em

comparação ao ano passado. O mercado

neste primeiro semestre, como era esperado,

fi cou bastante retraído. A economia regis-

trou taxas de crescimento bem baixas que,

aliadas à Copa do Mundo e às férias de julho

logo em seguida, fi zeram com que muitos

brasileiros adiassem a decisão de viajar. No

entanto, esse cenário de menor consumo já

era previsto pela Costa e estamos prepara-

dos para aquecer as vendas neste segundo

semestre com tarifas e condições especiais.

M&E - Podemos dizer que a Copa preju-dicou o mercado emissivo de viagens?Renê Hermann - Como a temporada

de cruzeiros tem início somente no fi -

nal do ano e início de 2015, o brasileiro

normalmente demora mais para defi-

nir sua próxima viagem. Este ano, em

particular, com a Copa do Mundo no

Brasil, as atenções do viajante estavam

concentradas em grande parte para os

jogos. Por isso, tivemos sim um número

menor de reservas efetuadas no período,

porém, nada que não possamos recuperar

ao longo do segundo semestre.

M&E - Qual a expectativa da temporada

já no segundo semestre?Renê Hermann - Para a temporada

2014/2015 na América do Sul, a Costa

Cruzeiros prevê transportar mais de 128

mil passageiros a bordo dos dois mega na-

vios. Serão, ao todo, 34 cruzeiros visitando

localidades como Ilhabela, Angra dos Reis,

Porto Belo, Salvador, Rio de Janeiro, Bú-

zios, Buenos Aires e Montevidéu, destinos

bem procurados pelo público da Costa

Cruzeiros. Na temporada anterior, a Costa

embarcou um total de 102.277 passageiros.

Com relação ao segundo semestre, em-

bora muitos passageiros prefi ram esperar

o resultado das eleições para fazer planos

futuros, as vendas devem melhorar sim.

Esse período eleitoral acaba contribuin-

do para movimentar a economia e para

um alargamento do crédito no mercado.

M&E - O que podemos esperar de novi-dades da Costa?Renê Hermann - Nesta temporada lança-

mos um novo cruzeiro temático direciona-

do ao público da melhor idade, cativo em

muitos roteiros da Costa. O 1º Cruzeiro

Sênior terá como madrinha a eterna Ga-

rota de Ipanema, Helô Pinheiro. Teremos

aulas de dança de salão, ritmos musicais,

bailes noturnos, atividades lúdicas, vi-

vência holística e palestras sobre saúde e

bem-estar. Além disso, serão realizados

pockets shows com artistas em comemo-

ração aos 50 anos do movimento da Jovem

Guarda. Além das parcerias com empresas

aéreas nacionais e internacionais como

Tap, Avianca e Tam, o destaque fi ca para

a nova ferramenta de apoio às vendas dos

agentes de viagens, o portal Costa Trade

(www.costatrade.com.br). Para 2016, a

Costa Crociere estará a todo vapor com

seu maior navio, o Costa Diadema, opção

da companhia para os brasileiros desco-

brirem o Mediterrâneo até início de 2016.

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CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS

Royal CaribbeanEntrevista com Ricardo Amaral

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

>> Com uma oferta 4% maior em relação

à temporada passada, a Royal Caribbean

acredita que - mesmo com a queda dos

cruzeiros na costa brasileira - o ano será

rentável ao setor. No mundo, a armadora

apresentou um incremento recorde com

os resultados do segundo trimestre do

ano, em que obteve lucro de US$ 137,7

milhões, registrando crescimento aci-

ma de 456% se comparado ao mesmo

período do ano passado. O balanço, no

entanto, mostra ainda aumento de receita

na ordem de 5,2%, enquanto os custos

de operação subiram apenas 0,5%. Entre

abril e junho, a companhia transportou

mais de 1,2 milhão de passageiros, o que

representou alta de 9,3% em comparação

aos mesmos meses de 2013. Neste mesmo

período, houve aumento de capacidade

de 4,5% e ainda assim a taxa de ocupação

registrou crescimento de 1,9%. O pano-

rama, segundo o vice-presidente regional

para América Latina da Royal Caribbean,

Ricardo Amaral, a Copa não prejudicou as

vendas da companhia, que devem crescer

neste segundo semestre.

MERCADO & EVENTOS - Quais os prin-cipais atrativos da companhia para a temporada 2014/2015 no país e quan-tos navios estarão disponíveis? Haverá crescimento em relação ao ano passado?Ricardo Amaral - Teremos o Splendour

novamente com roteiros de três a 14 noites,

incluindo os temáticos Royal Dance, Royal

Gourmet e Royal Life. Além dele, também

traremos o Azamara Journey para seis

saídas na América do Sul, incluindo Natal,

Réveillon e Carnaval. Considerando a base

de ocupação em cabine dupla e o número

de saídas, temos um aumento de oferta

de 4% em relação à temporada anterior.

M&E - Como foi o primeiro semestre em vendas no país? Ricardo Amaral - Tivemos um bom início

de ano, antecipamos nossas vendas e,

mesmo com a Copa, não tivemos queda no

volume de vendas, ao contrário, tivemos

um excelente primeiro semestre.

M&E - A Copa ajudou ou prejudicou o mercado emissivo de viagens? O segundo semestre pode ser melhor mesmo com o advento eleitoral?Ricardo Amaral - Tivemos um bom início

de ano e mesmo com a Copa não tivemos

queda signifi cativa no volume de vendas.

Antecipamos as promoções desse ano já

considerando que teríamos essas duas im-

portantes ocasiões (Copa e eleições), atingi-

mos nossos objetivos até o momento e esta-

mos otimistas para esse segundo semestre.

M&E - Vocês planejam o lançamento de novos produtos ou parceria com opera-doras no país?Ricardo Amaral - Teremos em novembro

o lançamento do Quantum of the Seas, que

revolucionará mais uma vez a indústria

com incríveis e inéditas opções de entrete-

nimento e gastronomia. Dentre as opções

que prometem revolucionar a gastrono-

mia em alto-mar, estão o Jamie’s Italian,

restaurante de cozinha italiana do famoso

chef Jamie Oliver e o Wonderland, um

lugar com pratos cheios de personalidade

inspirados no famoso conto de Alice no

País das Maravilhas. A classe Quantum

apresentará ainda um simulador de para-

quedismo I-Fly, uma aventura eletrizante

que levará os hóspedes para um voo de

aproximadamente 270 metros de altura e

espaços diferenciados, como a maior quadra

de esporte coberta e um complexo de entre-

tenimento em alto-mar. O navio ainda terá

ainda o musical Mamma Mia, inspirado nas

canções de sucesso da banda sueca ABBA.

M&E - Quais os planos e novidades para 2016?Ricardo Amaral - Depois de 10 anos

com o Splendour of the Seas, traremos o

Rhapsody of the Seas pela primeira vez à

temporada América do Sul. Além disso, te-

remos o retorno do Celebrity Infi nity, que

também fará roteiros pela América do Sul.

Temáticos, google e terrestre O Splendour of the Seas terá três saí-das temáticas. Os hóspedes poderão escolher entre o Royal Life, em feve-reiro, Royal Gourmet, apresentando a gastronomia brasileira em alto-mar em março, ou Royal Dance, realizado durante a viagem de travessia em abril, quando o navio retorna para a Europa. Além disso, a armadora colocou o Allure of the Seas no Google Street View, tecnologia que permite aos usuários da internet verem fotos de localizações que estão alinhadas ao Goggle Maps. Com a iniciativa, os agentes de viagens podem mostrar detalhes do navio, considerado um dos maiores do mundo atualmente, aos seus passageiros. Através da fer-ramenta é possível ver fotos em 360º graus do navio e ter uma real noção de como é o Allure. Outra novidade é que agora a Royal Caribbean está trabalhando no desenvolvimento de uma nova subsidiária, focada em tours terrestres. A empresa será chamada de Tour Trek, terá operação em 90 países e será dirigida por John Weis, que já foi vice-presidente global da companhia.

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CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS

MSC CruzeirosEntrevista com Adrian Ursilli

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> A italiana MSC Cruzeiros está amplian-

do o leque de entretenimento a bordo dos

navios na costa nacional. Além da oferta a

bordo, o relacionamento com operadores

e agentes de viagens tem sido o diferencial

da armadora, que cresce em vendas no

país. De acordo com o diretor Comer-

cial da MSC Cruzeiros, Adrian Ursilli,

as vendas devem reaquecer no segundo

semestre, já que a Copa esfriou o mercado

de uma maneira generalizada. “Durante

o período da Copa do Mundo, houve,

naturalmente, uma queda na demanda e

número de reservas, mas que foi compen-

sado pelo período anterior, infl uenciado

pelas excelentes promoções para compra

antecipada”, afirma o executivo, nesta

entrevista ao M&E. Ele ainda destaca as

novidades, números e expectativas da

temporada na costa do país.

MERCADO & EVENTOS - Como foi o primeiro semestre em vendas no país? Adrian Ursilli - O primeiro semestre foi

positivo, mesmo com a Copa do Mun-

do em junho/julho, que acabou tirando

um pouco o foco do consumidor. Mas,

de uma maneira geral, no acumulado,

conseguimos registrar uma boa procura

pelos nossos cruzeiros na América do Sul

devido, principalmente, às promoções

para compra antecipada, equiparando

assim as vendas com o mesmo período do

ano passado e, ao mesmo tempo, registra-

mos crescimento na venda dos cruzeiros

internacionais para Europa e Caribe.

M&E - O segundo semestre pode ser melhor?Adrian Ursilli - No caso dos cruzeiros,

normalmente o segundo semestre é sem-

pre mais aquecido, principalmente por

conta dos cruzeiros de verão e de férias.

Dessa forma, seguimos confi antes de que

a demanda terá os níveis esperados para

o período. Além disso, a MSC Cruzeiros

oferece um produto diferenciado, de alta

qualidade e repleto de novidades, e que

ainda conta com excelentes promoções

para compra antecipada e parcelamento

em até 10x sem juros.

M&E - Com relação aos passageiros, qual o número de embarques na temporada passada se comparada à expectativa para 2014/2015?Adrian Ursilli - A MSC Cruzeiros encerrou

a temporada sul-americana 2013/2014

comemorando os grandes resultados ob-

tidos de novembro a abril. Totalizando 89

roteiros entre Nordeste, Argentina, Uruguai

e as ilhas tropicais do Sudeste brasileiro,

os quatro transatlânticos em operação

na América do Sul (MSC Preziosa, MSC

Magnifi ca, MSC Orchestra e MSC Poesia)

embarcaram 293 mil hóspedes na região,

sendo 78 mil estrangeiros. Na temporada

2014/2015, serão 85 roteiros e uma previsão

de 269 mil leitos ofertados na região. A MSC

Cruzeiros trará o MSC Poesia pela primeira

vez ao Brasil, garantindo novidades aos

clientes e hóspedes. Além disso, retornará

ao Brasil com os renomados e sofi stica-

dos MSC Lirica e MSC Preziosa. Haverá

uma pequena redução, de 9%, na oferta

total de leitos em relação à 2013/2014,

por razão da substituição do MSC Or-

chestra pelo MSC Lirica no Rio de Janeiro.

M&E - Quais os principais atrativos da companhia para a temporada?Adrian Ursilli - Para a temporada 2014/2015,

a MSC Cruzeiros espera repetir grandes con-

quistas e oferecer uma temporada completa

de férias em alto mar, com uma frota muito

moderna, incluindo quatro embarcações pela

América do Sul. O MSC Preziosa retornará,

após o sucesso de sua estreia, para embarques

em Santos e roteiros pelo Nordeste; o MSC

Poesia virá pela primeira vez ao Brasil, tam-

bém para partidas do Porto de Santos em

roteiros de sete noites visitando Punta Del

Este, Montevidéu e pernoite em Buenos

Aires; o MSC Lirica voltará ao país para

minicruzeiros no início da estação e cruzei-

ros mais longos saindo do Rio de Janeiro,

alternando entre Nordeste e Prata; e o MSC

Magnifi ca terá Buenos Aires como porto base.

M&E - Quais os planos e novidades para 2016?Adrian Ursilli - A MSC Cruzeiros ante-

cipou o pré-lançamento da temporada

na América do Sul 2015/2016, trazendo

novos navios e oferecendo itinerários dife-

renciados. O MSC Splendida virá ao Brasil

pela primeira vez para operar a rota do

Nordeste; já o MSC Magnifi ca voltará ao

país para roteiros com destino à região do

Prata, saindo de Santos; o MSC Armonia

será dedicado aos minicruzeiros, sempre

saindo do Porto de Santos; o MSC Lirica

partirá do Rio de Janeiro para minicruzeiros

e cruzeiros pelo Nordeste e Prata; e o MSC

Poesia terá como porto de saída a cidade de

Buenos Aires. Outra grande surpresa é que

o MSC Lirica e o MSC Armonia estarão

totalmente renovados e ampliados – com

200 cabines a mais, além de novos espaços

comuns, como salões, bares, parques aquá-

ticos e muita diversão. Com essa ampliação

e investimentos, a MSC Cruzeiros espera

embarcar um total de 315 mil hóspedes

na região, o que signifi cará um aumento

de 17% sobre o total da oferta na América

do Sul em relação à temporada 2014/2015.

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CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS

QualitoursEntrevista com Ilya Hirsch

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> Um mercado que está em franco de-

senvolvimento. Esta é a opinião de Ilya

Hirsch, diretor da Qualitours, sobre o

cenário dos cruzeiros de luxo no mundo.

“Até 2017 temos 24 navios em construção,

dos quais 80% são de menor porte, para o

mercado de luxo ou premium. É normal

que o cruzeirista suba na escala da vida

e possa pagar um atendimento especial,

personalizado. O fato é que ao provar um

serviço de excelente qualidade, a pessoa

se apaixona pelo cruzeiro e quer novas

experiências”, avalia Ilya.

MERCADO & EVENTOS - Os brasileiros estão fazendo mais cruzeiros de luxo? Como atrair esse público?Ilya Hirsch - Estamos sentindo que sim,

mas a nossa demanda não aumenta no

mesmo patamar que dos Estados Unidos,

por exemplo. Vamos sentir isso no refl exo

das tarifas dos cruzeiros internacionais.

No período de crise nos Estados Unidos

elas estavam baixas, com muitas promo-

ções. Terminada a crise, como o mercado

americano voltou a aquecer, as tarifas

continuam no mesmo nível, mas não

haverá tanta oferta. Hoje, principalmente

no mercado brasileiro, jovens bem suce-

didos têm 10 dias de férias, querem ter

uma ótima experiência e descobrem que

os cruzeiros são capazes de proporcionar

isso a eles. Nós, como representantes

de companhias, não temos verbas para

investir pesado na publicidade ao con-

sumidor. Por isso, precisamos trabalhar

muito mais o corpo a corpo com os

agentes de viagem e também esperar

que o passageiro que volte satisfeito

comente com os amigos e, assim, atraia

novos clientes para a empresa.

M&E - Existe alguma diferença entre o cliente brasileiro de cruzeiros para o estrangeiro?Ilya Hirsch - A idade média do brasileiro

que faz cruzeiro de luxo é entre 40 e 45

anos. Já a do americano é entre 50 e 55

anos. Ele só vai pensar em fazer o cruzeiro

quando se aposenta. Algumas companhias

têm visão para o mercado brasileiro e já

permitem que os hóspedes usem calças

jeans nos jantares.

M&E - Com a regulamentação da profi s-são de agente de viagem quais mudanças o senhor prevê no trabalho especializado do segmento de cruzeiros?Ilya Hirsch - A Qualitours está fazen-

do uma série de treinamentos para os

agentes sobre destinos combinando com

navios. Temos uma pessoa contratada que

fala sobre os destinos “cruzeiráveis” no

mundo e eu entro e falo sobre os navios

que operam naquele destino e qual a di-

ferença entre eles, já que cada um é para

um perfi l diferente de viajante. Alguns

agentes de viagem saem da faculdade

e não sabem nem geografia, por isso

temos que ensinar. O agente tem que

vender Paris, por exemplo, sem nunca

ter sobrevoado a França.

M&E - O que o senhor acha dos cruzeiros temáticos? É uma boa forma de atrair um público segmentado?Ilya Hirsch - As companhias têm que focar

em segmentos para trazer novos clientes,

então promovem o cruzeiro fi tness, para

que os viajantes façam ginástica, também

há o cruzeiro Dança Comigo, com bailes.

Para atrair o público segmentado são

criadas motivações além do destino, como

palestras e programas de degustação de

vinho. Um cruzeiro gastronômico, com

um chef premiado a bordo, vai chamar a

atenção de novos hóspedes.

M&E - Qual foi a infl uência da Copa no mercado de cruzeiros? Ilya Hirsch - A Copa atrapalhou. Em-

bora algumas companhias, de última

hora, terem decidido exibir os jogos a

bordo, não tivemos tempo de divulgar.

Imagina comunicar: “você vai poder

assistir a Copa no Mediterrâneo”. Muitos

brasileiros preferiram assistir a Copa em

casa, mas as agências tiveram clientes que

preferiram viajar durante a Copa. Porém,

em função do Mundial, muitos voos para

o exterior foram bloqueados, sendo que

não estavam lotados. Então as agências

não conseguiam confi rmar a reserva, o

que diminuiu o número de vendas.

M&E - Qual será o foco do trabalho da Qualitours até o fi m de 2014 e 2015? Ilya Hirsch - A Qualitours representa sete

companhias marítimas. Em algumas já

atingimos as metas, com saídas já lotadas,

e em outras falta pouco. A programação

pela Ásia começa com roteiros temáticos

pelo Tahiti no navio Paul Gauguin. Uma

saída em outubro terá participação do

filho do famoso oceanógrafo francês

Jacques-Yves Cousteau. Outro terá a pre-

sença de dois vinicultores da Califórnia.

A francesa Ponant tem iates menores,

de 264 passageiros, e vai fazer roteiros

passando por Japão e Rússia, por exemplo.

Três dos quatro iates da Ponant irão para

Antártida com maioria das saídas lotadas

com europeus, americanos e até chineses.

Essa viagem para Antártida custa, só o

cruzeiro, entre 8 a 9 mil dólares por pessoa.

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CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS

PullmanturEntrevista com Alexandre Zachello

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

>> A Pullmantur, desde 2012, busca novos

canais de distribuição no mercado com o

objetivo de oferecer, cada vez mais, cru-

zeiros de curta duração na costa brasileira

a bordo dos navios Empress, Sovereign

e Zenith. A boa relação com as agências

é um dos destaques do diretor geral da

armadora, Alexandre Zachello, que co-

memora a aprovação, mas não acredita

em mudanças no relacionamento com os

agentes com a nova Lei 12.974. Zachello

afirma que a Copa prejudicou as ven-

das no país, mas não acredita que possa

comprometer a temporada, já que mais

de 55% deve ser comercializada entre os

meses de novembro e fevereiro de 2015.

MERCADO & EVENTOS - A Copa do Mundo infl uenciou nas vendas de cruzeiros no país?Alexandre Zachello - A Copa do Mundo

atrapalhou a Pullmantur e acredito que

quase todos na cadeia produtiva do turis-

mo. Foi muita especulação antes e pouca

procura no período do Mundial. As vendas

de Caribe, por exemplo, caíram devido ao

deslocamento do navio Monarch para o

Brasil, onde hospedamos os chilenos para a

Copa do Mundo. Neste período, a estimativa

de queda nas vendas era de 30%, mas para

a nossa felicidade, a comercialização caiu

apenas 10%. Os eventos como o Carnaval,

o Mundial de futebol e, futuramente, as

eleições, impactam no poder de compra

do consumidor, mas o mercado deve logo

reaquecer e voltar a expressar bons números.

M&E - As vendas do primeiro semestre foram maiores que o mesmo período no ano passado?Alexandre Zachello - Até o mês de junho

já tínhamos crescido 20% em relação ao

ano passado no que tange às vendas de

produtos nacionais. Porém, no fi nal de

junho, tomamos uma decisão corpora-

tiva: decidimos mudar o embarque dos

cruzeiros que estavam previstos para a

Argentina, agora eles vão partir do Brasil.

Antes, o mercado era literalmente divi-

dido com 50% dos embarques entre os

dois países. Hoje, não mais. Trouxemos

mais opções para o Brasil e incrementa-

mos a oferta em 41%. Isso fez com que

déssemos um salto de 140 mil e passa-

mos para 180 mil passageiros a serem

embarcados no Brasil. Outro fato que

impulsionou as vendas foi a busca por

novos distribuidores, o que acontece desde

2012. Novas operadoras comercializando

nossos produtos favorecem também ao

crescimento de passageiros e receita.

M&E - Qual a expectativa para o segundo semestre?Alexandre Zachello - A expectativa é

vender os 180 mil passageiros que temos

como oferta para o mercado doméstico.

Mas as vendas vão aquecer depois do mês

de dezembro. Transformamos muitos

programas extensos em minicruzeiros e,

com isso, nos tornamos a maior empresa

com a oferta de minicruzeiros na costa do

país . Isso amplia nosso leque de vendas

pelas disponibilidades de embarques.

Nossa expectativa é vender de novembro

a fevereiro de 2015 cerca de 40% a 50% da

temporada ou o equivalente a 90 mil pas-

sageiros. Hoje temos 43% da temporada

já comercializada para os minicruzeiros e

temáticos da companhia. A temporada da

Pullmantur é diferenciada pelo tempo de

permanência dos navios na costa do país.

M&E - Quais os principais atrativos da companhia para a temporada?Alexandre Zachello - Além dos cruzeiros

Motorcycle e Melhor Idade - o destaque

fica por conta do ambiente, tripulação,

entretenimento, satisfação dos passageiros,

oferta de serviços, facilidade de pagamento

e produtos internos a bordo dos navios

que estarão na costa brasileira. Além dis-

so, estamos buscando um parceiro para

realizar mais um cruzeiro temático com o

tema de “Beleza a Bordo” que deverá ser

lançado durante esta Expo Internacional

de Turismo. Para os próximos anos, com

certeza, iremos manter a oferta de pro-

dutos na costa e ampliar - em mais uma

embarcação - para atender a demanda do

crescimento dos cruzeiros no Brasil. Hoje, o

mercado sofreu uma retração de oferta com

a diminuição dos numero de embarcações,

mas a demanda tem crescido, principal-

mente nos cruzeiros de curta duração,

aposta da companhia para esta temporada.

M&E - A Pullmantur vai ampliar a equipe no país? Alexandre Zachello - Para reforçar a equi-

pe, com a certeza que é preciso ampliar

o leque de empresas que comercializam

o Empress, o Sovereign e o Zenith, que

estarão aqui nesta temporada, e claro, os

demais transatlânticos que operam no ex-

terior, estamos contratando profi ssionais

no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte, em

Porto Alegre e em Curitiba.

M&E - Outros navios virão ao Brasil na temporada 2015/2016?Alexandre Zachello - Algumas ideias

surgem, entre elas o aumento dos roteiros

com embarque no Rio de Janeiro. Também

estuda-se a possibilidade de trazer ao país

o navio Monarch.

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CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS

FirstarEntrevista com Estela Farina

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> O aumento de brasileiros fazendo cru-

zeiros no exterior está atraindo cada vez

mais a atenção das companhias marítimas

e fl uviais. Estela Farina, diretora da Firstar,

explica que os cruzeiros no Brasil foram

muito úteis para mostrar o modelo de via-

gem. “Independente do roteiro, o viajante

conhecia as vantagens como o conforto, a

comodidade, a segurança e a variedade de

destinos. Isso mostrou para os brasileiros

(ainda que seja um grupo pequeno) como

é fazer um cruzeiro. Depois de optar por

um roteiro pelo Brasil, eles agora procu-

ram viagens de navio em outros países.

Nos internacionais a parte aérea ainda

dificulta um pouco, seja pelo custo ou

pela disponibilidade, mas a presença dos

brasileiros vem aumentando”, avalia. Entre

as empresas que a Firstar representa, está

a Norwegian Cruise Line. “Foram inau-

gurados dois navios em um período de

nove meses e, ao invés de lançar mais um

navio ainda esse ano, a Norwegian decidiu

investir US$ 250 milhões em todos os na-

vios da frota para melhorar a experiência

a bordo”, revela Estela. Nesta entrevista ao

M&E, ela conta novidades e avalia o mer-

cado de cruzeiros no Brasil, assim como o

papel do agente de viagens nesta cadeia.

MERCADO & EVENTOS - Você acredita que, de alguma forma, com os grandes eventos que o Brasil já recebeu, e com a proximidade das Olimpíadas, haverá algum aumento de investimentos na infraestrutura portuária do país?Estela Farina - Acredito que sim, o poten-

cial de desenvolvimento na costa brasileira

para cruzeiros é enorme. Estamos obser-

vando um retrocesso por conta do custo de

operação e a herança dos eventos esportivos

pode ser a melhoria da infraestrutura.

Espero que com isso as companhias que

eu represento venham para o Brasil.

M&E - Como você defi niria a relação da

Firstar com os agentes de viagem? Estela Farina - Estamos aqui para servir

o agente de viagem. Toda nossa estrutura

e distribuição são feitas através do agente

de viagens. Julgo que temos um ótimo re-

lacionamento em termos de treinamento e

suporte. A capacitação é muito importante

e também a adequação de ferramentas.

Precisamos sempre manter o contato com

a agente e entender qual é a necessidade

dele, seja de material ou de informação.

M&E - Como é possível aumentar a presença de brasileiros nos cruzeiros internacionais?Estela Farina - Já estamos observando um

aumento nos cruzeiros internacionais. Os

cruzeiros no Brasil foram muito úteis para

mostrar o modelo de viagem. Indepen-

dente do roteiro, o viajante conhecia as

vantagens como o conforto, a comodidade,

a segurança e a variedade de destinos. Isso

mostrou para os brasileiros (ainda que

seja um grupo pequeno) como é fazer

um cruzeiro. Depois de fazer um roteiro

pelo Brasil, eles procuram cruzeiros para

outros países. Nos internacionais a parte

aérea ainda difi culta um pouco, seja pelo

custo ou pela disponibilidade, mas a pre-

sença dos brasileiros vem aumentando.

M&E - Os cruzeiros fl uviais já são uma tendência para os próximos anos? Como avalia esse tipo de viagem?Estela Farina - Sim, este é um processo

de evolução. Temos observado que uma

parte dos clientes de cruzeiros marítimos

está migrando para o cruzeiro fl uvial. Ge-

ralmente é um cliente mais exigente, com

perfi l mais voltado para interesses cultu-

rais, ele deseja ter uma exposição maior

no destino e ter uma experiência mais

intimista, já que a média de passageiros

nos cruzeiros fl uviais é de 150 pessoas.

O cruzeiro fl uvial tem vários benefícios

e acrescenta uma mistura de grandes ci-

dades e vilarejos na mesma viagem, com

mais comodidade. Em 2014, contando

todas as companhias fl uviais, não só as

que eu represento, estão sendo inaugu-

rados 21 navios, e mesmo assim não

são sufi cientes para atender a demanda.

M&E - Qual é o balanço da Firstar em relação ao ano passado e qual é a ex-pectativa até o fi nal de 2014?Estela Farina - De 2012 para 2013 aumen-

tamos 45% em número de passageiros.

Nossa expectativa é obter um crescimento

de 15% a 20% até o fi nal do ano. Estávamos

pessimistas para esse primeiro semestre,

devido à Copa do Mundo, mas surpreen-

dentemente, tivemos um crescimento

maior do que o esperado.

M&E - Qual será o foco do trabalho da Firstar nos próximos anos? Alguma novidade a caminho?Estela Farina - Em novembro de 2014 a

Oceania volta com o Marina, passando

pela América do Sul. Ainda em novembro

temos um roteiro novo de cruzeiro fl uvial

da AmaWaterways por Myanmar, no navio

AmaPura, com capacidade para somente

56 passageiros. Nos próximos quatro anos

serão inaugurados quatro navios da Nor-

wegian Cruise Line, sendo um por ano.

83

CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS

TransmundiEntrevista com Miguel Andrade

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

>> A Transmundi está expandindo sua

atuação. No início de 2014 uma nova loja

foi inaugurada em Ipanema, no Rio de

Janeiro. Agora, após a Copa, a operadora

também abriu seu novo escritório em

Salvador, com o objetivo de oferecer maior

apoio às vendas em toda região Nordeste.

O diretor da empresa, Miguel Andrade,

falou sobre as novidades do segundo

semestre deste ano e avaliou o mercado

de cruzeiros nos país, assim como a oferta

e a demanda que existe neste setor. “O

Brasil tem um potencial muito maior do

que o que nós atingimos. É preciso que

os operadores criem mercado, sobretudo,

para novos produtos não tão conhecidos

do público, como os cruzeiros fl uviais. A

Transmundi faz exatamente isso. Criamos

um mercado novo para um novo produto.

Vendemos cada vez mais os cruzeiros fl u-

viais desde 2007, que foi quando fi zemos

nosso primeiro fretamento no Rio Reno”.

MERCADO & EVENTOS - A realização da Copa no Brasil impactou, de alguma maneira, nas operações da Transmundi? Miguel Andrade - Para as empresas de

turismo emissivo ocorreram perdas por

falta de tarifas aéreas competitivas e não ti-

vemos a antecedência necessária para que

tivéssemos tempo hábil para vender. De

última hora surgiram lugares mais baratos,

mas que já não puderam ser vendidos.

M&E - A enorme divulgação de destinos brasileiros durante o Mundial da Fifa, como Manaus, por exemplo, pode im-pulsionar as vendas de cruzeiros fl uviais?Miguel Andrade - Sem sombra de dúvida a

imagem do Brasil como um todo saiu muito

positiva depois da Copa. No que tange à

venda de cruzeiros fl uviais na Amazônia,

as vendas experimentaram um importante

aumento e, no caso da Transmundi, foi

preciso aumentar os bloqueios.

M&E - O Brasil mostrou que está prepa-rado para receber turistas estrangeiros? Afi nal, na sua opinião, a Copa foi positiva ou não para o turismo?Miguel Andrade - Considero que a Copa foi

positiva para o turismo no Brasil e que os

investimentos, embora muito elevados, ten-

dem a ser compensados pela vinda de mais

estrangeiros ao longo dos próximos anos.

M&E - Como é possível estimular no povo brasileiro a vontade de realizar um cruzeiro, seja ele fl uvial ou marítimo? O senhor acredita que falta divulgação dos produtos oferecidos no mercado?Miguel Andrade - O Brasil tem um po-

tencial muito maior do que o que nós

atingimos. É preciso que os operadores

criem mercado, sobretudo, para novos

produtos não tão conhecidos do público,

como os cruzeiros fl uviais. A Transmundi

faz exatamente isso. Criamos um mercado

novo para um novo produto. Vendemos

cada vez mais os cruzeiros fl uviais desde

2007, que foi quando fi zemos nosso pri-

meiro fretamento no Rio Reno. Atual-

mente, oferecemos cruzeiros em todos

os rios navegáveis do mundo.

M&E - E a oferta, como avalia? Faltam produtos novos e diferentes?Miguel Andrade - Esse é um ponto impor-

tante. É preciso manter sempre novidades

para os viajantes ávidos. Cada vez mais

eles querem conhecer novos destinos e

precisamos oferecer mais opções.

M&E - Qual será o foco do trabalho da Transmundi até o fi m de 2014 e 2015? Alguma novidade a caminho?Miguel Andrade - Para este segundo

semestre, faremos os nossos roteiros clás-

sicos: Escandinávia, Croácia e Monte

Negro; Leste Europeu, Grécia e Turquia;

Terra Santa e cruzeiros nos Rios Reno,

Danúbio, Volga, Mekong e Nilo. Tam-

bém temos duas excelentes novidades,

a primeira é a Extraordinária Viagem

Épica Pela Rota de Seda, em um trem

privativo, e a segunda um ótimo circuito

pelo Equador, país interessantíssimo, com

preços muito competitivos.

Croisi EuropeA Transmundi representa no Brasil a Croisi Europe, maior empresa de cruzeiros fl uviais da Europa, operando desde 1976. A Croisi Europe, com sede em Estrasburgo, é uma companhia francesa, que transportou, somente em 2013, 220 mil passageiros e atende toda a Europa e Ásia. Sua frota é composta por 30 embarcações, que fazem passeios que os grandes navios não têm como realizar. Os roteiros passam por rios com até 1,5 metros de profundidade, ilhas como as da Croácia, por exemplo. Só no Sena a empresa opera com quatro embarcações. Em 2015 será a única companhia que vai operar o Vale de Loire, na França, e, em 2016, começa a operar na Birmânia. A equipe da Coisi Europe é composta por aproximadamente 1.000 pessoas. Neste ano de 2014, a empresa apresentou o navio MS Lafayette, uma embarcação de luxo com capacidade para transporte de 86 passageiros em suas 44 cabines duplas e 4 single.

84

CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS

Pier 1Entrevista com Thiago Vasconcelos

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> Apesar da Copa do Mundo no Brasil

não ter sido positiva para as empresas

que a Pier 1 Cruise Experts representa,

como Crystal Cruises, Holland America,

Seabourn e Silversea, o número de novos

clientes não para de aumentar. A empresa

já está investindo em novidades como

uma ferramenta de reservas online, que

entrou em fase de testes em junho. Para

Thiago Vasconcelos, diretor da Pier 1,

os cruzeiros já estão inseridos na nova

geração de brasileiros e, cada vez mais, eles

observam as vantagens de fazer um roteiro

internacional. “A vantagem de fazer um

cruzeiro no exterior é a mesma de fazer um

cruzeiro no Brasil, tem um excelente custo

benefício. Há também a comodidade de

visitar vários portos sem fazer e desfazer a

mala, além das refeições inclusas”.

MERCADO & EVENTOS - Qual a maior difi culdade para a expansão de cruzeiros no Brasil?Thiago Vasconcelos - A saturação das

companhias que já estão em operação no

Brasil e a falta de distribuição e oferta de

uma maneira mais massiva das compa-

nhias internacionais que não têm operação

própria aqui no Brasil.

M&E - A Copa trouxe algum benefício para o setor de cruzeiros? Você prevê alguma melhora para as Olimpíadas? Pode haver alguma operação específi ca para o período?Th iago Vasconcelos - No caso da Pier 1, não

trouxe nenhum benefício para nenhum das

nossas companhias. O primeiro semestre

deixou a desejar, em média, tivemos uma

diminuição de 10% a 15% em vendas, de-

pendendo da companhia. Quanto às ope-

rações específi cas durante as Olimpíadas,

posso dizer que para a Copa, por exemplo,

nós tivemos algumas solicitações, mas esbar-

ramos em problemas como as taxas e com a

indefi nição de algumas regras. Espero que a

situação melhore para os Jogos Olímpicos.

M&E - Os agentes brasileiros estão ca-pacitados para vender cruzeiros? Th iago Vasconcelos - No eixo Rio-São

Paulo sim, já no resto do Brasil um pouco

menos. O mercado evoluiu muito nos

últimos dez anos, inclusive a qualifi cação

dos agentes de viagem, porém é preciso

investir em todo o país e não focar somente

em uma região. Seria muito bom se as

Abavs de outros estados fi zessem mais

eventos e se nós, operadores, estivéssemos

mais ativamente nessas outras regiões.

M&E - A Pier 1 representa grandes com-panhias. Quais as vantagens de fazer um cruzeiro no exterior? O brasileiro já possui essa cultura, de embarcar em navios em suas viagens internacionais?Thiago Vasconcelos - A vantagem de

fazer um cruzeiro no exterior é a mesma

de fazer um cruzeiro no Brasil, tem um

excelente custo benefício. Há também a

comodidade de visitar vários portos sem

fazer e desfazer a mala, além de ter as re-

feições já incluídas. No caso dos cruzeiros

na Europa ou na Ásia, a moeda é o dólar,

então o viajante não precisa fazer diversas

trocas fi nanceiras. E como o dólar é mais

barato que o euro, acaba sendo uma van-

tagem. O passageiro pode estar a bordo na

Europa, mas pagando com dólar. A nova

geração de brasileiros, de 30 anos ou me-

nos, já cresceu com a questão do cruzeiro.

Antigamente era fora da realidade, mas

para a geração mais nova a cultura já está

desenvolvida e o mercado de cruzeiros

no Brasil ainda pode crescer bastante.

M&E - Quais são os resultados esperados pela Pier 1 ao fi nalizar o ano de 2014? Thiago Vasconcelos - Vamos focar nas

oportunidades de 2014 que ainda estão dis-

poníveis no mercado. Nossa meta para este

ano é ter o mesmo faturamento do fi nal de

2013. Também estamos desenvolvendo uma

plataforma de cruzeiros online para o trade.

M&E - Como funciona essa nova ferra-menta online da Pier 1? Quais as van-tagens dela?Thiago Vasconcelos - As empresas que

já fi rmaram acordo de utilização com a

operadora poderão se familiarizar com a

ferramenta, realizar livremente simulações

de cotações e reservas. Teremos integração

total com 20 companhias na plataforma

nos próximos meses. O objetivo principal

da ferramenta é oferecer o maior leque

possível de produtos, mas cada empresa

parceira terá controle total sobre as ofertas e

poderá selecionar o que gostaria de integrar

ao sistema. Os prazos de implantação da

plataforma poderão variar de uma empresa

para outra, devido aos diferentes tipos e

níveis de customização solicitados. No

caso de integrações simples, com apenas

alteração de layout, conseguimos realizar

a implementação da ferramenta em até

quatro semanas. O sistema, pioneiro no

Brasil, atua como um buscador de cruzei-

ros que oferece dois módulos: B2B, para

profi ssionais do trade, e B2C (whitelabel),

para consumidores. Ambos possuem as

mesmas fases, possibilitando ao agente

de viagens (B2B) visualizar exatamente

as mesmas informações que o seu cliente

(B2C), iniciando pela pesquisa de pacotes

e fi nalizando com o pagamento da reserva.

85

86

CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS

Blue SeaEntrevista com Mario Trojman

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> No final de 2013, Mario Trojman

deixou o cargo de diretor no Brasil da

companhia de cruzeiros de luxo Silversea

para se dedicar, exclusivamente, à Th e Blue

Sea Cruises, operadora que representa

mais de 20 companhias de cruzeiro, dos

mais simples aos mais luxuosos, incluindo

a própria Silversea, a Seabourn, a Regent

Seven Seas Cruises, a SeaDream e Disney

Cruise Line, entre outras. “Já estou há 40

anos na indústria de ‘hotéis fl utuantes’.

Como diretor, tenho sempre que criar

coisas novas para o mercado, porém, nosso

foco é investir sempre em qualidade e não

em quantidade. O importante é oferecer

um serviço de qualidade e incentivar o

agente de viagem”, afi rma. De acordo com

Mario, o ano de 2014 não está sendo tão

bom quanto o de 2013, porém, a meta

de 1 milhão de dólares em vendas está

quase atingida. “Já atingimos até julho

US$ 800 mil e acredito que vamos con-

seguir superar nosso objetivo até o fi nal

do ano”, constatou. Com o lançamento de

um cartão de fi delidade, a empresa espera

conquistar novos clientes.

MERCADO & EVENTOS - A Blue Sea lançou neste ano o seu programa de fi delidade, chamado Select Blue. Como funciona? Quais são os benefícios? E como está a aceitação do mercado?Mario Trojman - Todas as pessoas que

compram um cabine acima de 8 mil dóla-

res recebem um cartão Select Blue, que dá

algumas vantagens como 10% de desconto

para a próxima compra e desconto no mês

do aniversário, por exemplo. Esperamos

que em 2015 todas as pessoas que pos-

suam o cartão de fi delidade Select Blue e

que comprem uma cabine, independente

do preço, recebam o cartão Select Blue

Platinum. A aceitação está avançando

muito. Apesar dos problemas que tivemos

em 2014, atualmente, 70 pessoas têm o

cartão Select Blue e, sendo assim, possuem

a fi delidade com a Blue Sea. A expectativa

é que até o fi nal do ano entre 300 e 320

pessoas tenham o cartão.

M&E - Qual foi o impacto do período da Copa do Mundo para a Blue Sea? As vendas foram bem?Mario Trojman - O turismo na Copa foi

muito mais interno do que externo, o

que não ajudou nos nossos negócios. As

vendas durante a Copa foram normais,

mas já constatamos que o movimento

depois dela aumentou.

M&E - O senhor acredita que existe uma massifi cação dos produtos oferecidos no segmento de cruzeiros marítimos? Como é possível trabalhar o mercado de forma correta, com produtos que tenham apelo junto ao público?Mario Trojman - Acho que tem espaço

para todos no mercado. Vemos opor-

tunidade, por exemplo, nos cruzeiros

fl uviais, em que as embarcações viajam

de madrugada e pelo dia param na cida-

de e já incluem as excursões terrestres.

Precisamos oferecer roteiros diferentes,

com adequação a cada tipo de público.

M&E - Como está o processo de expansão

da Blue Sea?Mario Trojman - Já estou há 40 anos na

indústria de “hotéis flutuantes”. Como

diretor, tenho sempre que criar coisas

novas para o mercado, porém, nosso foco

é investir sempre em qualidade e não em

quantidade. O importante é oferecer um

serviço de qualidade e incentivar o agente

de viagem.

M&E - Os brasileiros estão fazendo mais cruzeiros de luxo? Como atrair esse pú-blico?Mario Trojman - O passageiro do cru-

zeiro de luxo não viaja apenas uma vez.

Ele repete. E sempre que ele vai repetir,

recebe algum desconto, incentivos. Te-

mos passageiros que duas a três vezes

por ano repetem a viagem de luxo. Não

podemos empurrar o produto para os

clientes, porque não vamos vender. O

novo passageiro de luxo vem através de

amigos, de indicações de quem fez e gos-

tou. A ideia que as pessoas têm é que o

cruzeiro de luxo é uma coisa para velho

e não para um casal de 20, 30 anos, então

temos investido muito em pessoas nessas

idades. Queremos que o mais jovem faça

o cruzeiro de luxo e já estamos recebendo

um retorno muito grande. Hoje o cliente

vai com a mulher, depois vai com o fi lho,

o fi lho vai com a mulher e assim continua,

criando uma fi delidade entre a família e

a Blue Sea.

M&E - Qual será o foco do trabalho da Blue Sea até o fi m de 2014 e 2015? Alguma novidade a caminho?Mario Trojman - A Blue Sea vai investir

muito em iates, principalmente para as

famílias, elas irão poder fazer o roteiro que

quiserem neles, montando uma viagem

personalizada. Em maio de 2015 será

lançado um novo navio marítimo da

Ponant e, a partir de 2016, a Seabourn

vem com três novos navios.

87

CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS

Iberostar Grand Amazon

Entrevista com Orlando Giglio

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

>> O Grupo Iberostar investiu cerca de R$

2 milhões em melhorias no Iberostar Grand

Amazon, o navio-hotel que faz itinerários a

partir de Manaus. Entre as mudanças, des-

taque para as peças que passam a compor o

novo mobiliário, como quadros assinados

por artistas locais, além de cortinas e pa-

péis de parede que tornam os ambientes

ainda mais luxuosos. Segundo o diretor

de Vendas e Marketing, Orlando Giglio,

o Iberostar Grand Amazon já embarcou

mais de 20 mil passageiros em nove anos de

funcionamento. Ao todo, foram realizadas

mais de 724 viagens em mais de 58 mil qui-

lômetros entre os Rios Negro e Solimões.

MERCADO & EVENTOS - Como foi o primeiro semestre em vendas no país? E qual a ocupação média desejada para este ano?Orlando Giglio - O primeiro semestre foi

muito bom para o Grand Amazon. Até

o presente momento já registramos um

aumento de 15% nas vendas se compa-

rarmos com o mesmo período de 2013.

A Copa do Mundo foi fundamental para

esse crescimento. Esperamos manter a

ocupação em torno dos 60% anual.

M&E - Então, em sua visão, a Copa aju-dou o mercado emissivo de viagens?Orlando Giglio - A Copa do Mundo foi

uma grande oportunidade para o Brasil

não só mostrar para os estrangeiros que

pode ser um ótimo destino de férias,

mas também para os próprios brasileiros

viajarem e conhecerem melhor seu país.

Durante os jogos, nossos empreendi-

mentos mantiveram a ocupação média

do período, tanto no Iberostar Grand

Amazon quanto em nossos hotéis no

complexo na Praia do Forte.

M&E - Qual é o share dos passageiros dentro do Grand Amazon?Orlando Giglio - Temos quase uma divi-

são exata quando falamos de passageiros

dentro do navio. A maioria dos passageiros

é composta pelo público nacional (55%);

enquanto os outros 45% se dividem em

diversas nacionalidades estrangeiras,

liderados pelos Estados Unidos, seguidos

por Alemanha, Cone Sul (Argentina,

Uruguai e Chile), Europa, Ásia e África.

M&E - O segundo semestre tende a ser melhor?Orlando Giglio - Mesmo com esse ano

atípico - Carnaval tardio, Copa do Mundo

e eleições no segundo semestre - o ren-

dimento e o desenvolvimento dos tra-

balhos do Grand Amazon continuam

em frequência com o plano anual. Não

acreditamos que as eleições vão infl uenciar

a taxa de ocupação. Para o Réveillon já

estamos com quase 100% da ocupação.

Realmente uma procura excepcional

para a época.

M&E - Existem lançamentos de novos produtos ou parcerias com operadoras no país programadas para os próximos meses?Orlando Giglio - Sim. Renovamos nossas

ações com as principais operadoras que

trabalham com o barco em todo o país.

Além disso, teremos uma promoção para

o Natal com desconto de 25% para o

acompanhante. Nessa semana também

abriremos uma exceção e aceitaremos

crianças a partir dos 8 anos de idade.

M&E - Quais os planos e novidades para 2015?Orlando Giglio - O navio está sendo

redecorado, as novidades vão abranger

desde as cabines até a área de lazer, tudo

isso para surpreender e encantar nossos

hóspedes. São mais de R$ 2 milhões em

investimentos que contemplam, além da

revitalização interna, a área externa do

navio, com a construção do novo deck

de madeira na piscina, que passa a ser

de bambu mossô. Outros recursos foram

alocados na manutenção de toda parte

elétrica – aquisição de novos geradores

e revisões técnicas da parte estrutural

de toda a embarcação. Tudo para man-

ter o padrão de qualidade dos cruzeiros

oferecidos pelo navio. Também estamos

planejando um grande Carnaval a bordo

em 2015, e estamos pensando em algumas

atividades especiais para os outros feriados

prolongados no decorrer do próximo ano.

Gastronomia em casaA rede espanhola Iberostar aposta em um de seus pontos altos com o programa Iberostar Chef: a gastrono-mia. O novo programa é, na prática, a reformulação do conceito gastro-nômico já existente nos mais de 100 resorts, hotéis e do Grand Amazon. O livro “A Cozinha Iberostar” traz 42 receitas de entradas, pratos principais, sobremesas e drinques de 14 chefs que trabalham nos restaurantes da rede. O livro tem receitas em espa-nhol, inglês e alemão, misturando receitas tradicionais a ingredientes lo-cais. No Brasil, a rede tem dois resorts na Bahia e o barco Grand Amazon, que faz cruzeiros a partir de Manaus.

88

CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS

Gráfi cos do SetorNúmeros da Clia Abremar / FGV

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

CRUZEIRISTAS E TRIPULANTES Resultado da temporada 2013/2014 e variação percentual em relação à temporada 2010/2011

NÚMERO DECRUZEIRISTAS

Fontes: FGV

/CLIA A

BREMA

R BRASIL

NÚMERO DE NAVIOS

O impacto econômico total sofreu uma queda de 17,9% em relação à temporada 2010/2011, o que signifi ca uma redução de R$ 250 milhões.

IMPACTO ECONÔMICO TOTAL2013/2014 e variação percentual em relação a 2010/2011

88

89

90

CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS

Gráfi cos do SetorNúmeros da Clia (EUA)

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

90

Frota Global (CLIA 2014)

410 NaviosIncluindo Cruzeiros Fluviais

467.629 Camas

Passageiros globais2013 (Estimativa)21,3 milhões

2014 (Previsão)21,7 milhões

Valor /Preço

Destino /Itinerário

Porto de origem

Estilo do cruzeiro / amenities

Reputação da armadora

TOP 2014 - Tendências Melhorias na tecnologia

e conectividade a bordo

Crescimento de passageiros classifi cados como “Millennials3”

Investimento em luxo

Mais pacotes all inclusive

Aumento de cruzeiros para todas faixas-etárias

Férias a bordo

TOP 10 - Origem de passageiros por país

EUA Brasil

Canadá

Espanha

França

Alemanha

Itália

Austrália e Nova Zelândia

Escandinávia e Finlândia

Reino Unido e Irlanda

Destinos de Cruzeiros em alta em 20141

Pacífi co Rios dos EUA e Rios exóticos América do Sul Antártica Cruzeiros Mundiais África Oriente Médio Canadá e Nova Inglaterra (EUA)

Investimento da Indústria Global de Cruzeiros

Capacidade de Market Share

R$ 7,2 bilhões em investimentos na temporada 2013/2014

Outros 20 navios integrarão a frota da CLIA entre2015/2018, disponibilizando mais 52 mil camas

29 novos navios com capacidade para mais de 34 mil passageiros na frota da CLIA 2013/2014

Alasca

Europa

Caribe Mediterrâneo

Outros mercadosAustrália

Ásia

América do Sul

Crescimento global de passageiros

Principais motivações para fazer um cruzeiro2

América do Norte Europa Outros Total

1 De acordo com CLIA Cruise Line Member Survey / 2 De acordo com CLIA Travel Agent Survey / 3 A Geração Y, também chamada geração do milênio ou geração da Internet têm a expectativa de ter informação e entretenimento disponíveis em qualquer lugar e em qualquer altura.

91

Da Copa àsOlimpíadas

REPORTAGEM DE CAPA

A realização da Copa 2014 no país, entre junho e julho deste ano, abriu os olhos do mundo para o Brasil e, ao mesmo tempo, fez o setor refl etir sobre o potencial da cadeia turística. Empresas, autoridades e profi ssionais traçam agora estratégias para aproveitar os benefícios deste momento.

Brasil ganha evidência no mundo; setor turístico entra em novo patamar

92

>> A Copa do Mundo 2014 mexeu

com o Brasil e com os brasileiros. In-

dependente de ser um evento esportivo,

o fato é que o campeonato de futebol

da Fifa levantou questões que pareciam

esquecidas e trouxe à tona problemas

que até então passavam despercebidos.

O Mundial serviu para mostrar a força

do país e, principalmente, de sua popu-

lação, que foi vista pelos estrangeiros

como um povo amigável, que sabe

receber muito bem os que aqui chegam.

No turismo, pelo que pode ser obser-

vado através dos depoimentos colhidos

pelo M&E, o saldo parece equilibrado.

A favorUm milhão de turistas estrangeiros

acolhidos, com 95% deles revelando in-

tenção de retornar ao país. Três milhões

de turistas nacionais. Um fl uxo de 16,7

milhões de passageiros nos aeroportos,

com taxas de atrasos abaixo das médias

internacionais. Um contingente de 3,4

milhões de pessoas nos estádios, com

outras cinco milhões de pessoas nas

Fan Fests. Esses são alguns dos números

ofi ciais e que trazem com eles esperança

para estados e cidades-sede, que viram

o evento como um divisor de águas.

ContraEm contrapartida, 53% das agências

de viagens do país tiveram perda nas

vendas por causa da Copa. O dado faz

parte do estudo realizado pelo Instituto

de Pesquisas, Estudos e Capacitação em

Turismo (Ipeturis) a pedido do Sindicato

das Empresas de Turismo no Estado de

São Paulo (Sindetur-SP). Em todo o Bra-

sil, apenas 13% das agências de viagens

venderam mais do que o normal. Para os

outros 34%, o saldo não foi positivo e nem

negativo. Durante a Copa, as vendas totais

do setor de agenciamento caíram 27%.

Soma-se a isso a insatisfação dos muni-

cípios que não sediaram sequer um jogo.

SaldoOu seja, a balança fi cou estável, já que

os ganhos para a imagem do país foram

muitos, mas, por outro lado, as vendas

dos operadores e agentes registraram

queda. Então, como aproveitar essa

chamada “década de ouro”, que reser-

va ainda as Olimpíadas de 2016 para

conseguir alavancar os negócios? Qual

o papel do agente de viagem nos dias

atuais diante deste cenário? E o que

estados e cidades podem esperar?

Novo cenário brasileiro, com maior exposição do país após o Mundial da Fifa, levanta o debate sobre o futuro do turismo e o papel do agente de viagem

Alexandre M

acieira/Riotur

REPORTAGEM DE CAPA

Números fi nais do MundialMais de 1 milhão de estrangeiros de

202 países estiveram no Brasil para a Copa

Os turistas brasileiros somaram 3,05 milhões

Os turistas estrangeiros permaneceram em média 13 dias no país

Cerca de 95% dos estrangeiros que vieram ao Brasil pretendem voltar no futuro

64% dos ingressos da Copa foram alocados para brasileiros e 36% para estrangeiros

378 municípios brasileiros foram visitados por estrangeiros

Investimento de R$1,1 bilhão em Segurança Pública

Espaços das Fan Fests receberam 5,1 milhões de pessoas para os jogos

A Copa 2014 teve 517 horas de transmissão sem interrupções

Público total da Copa 2014 superou os 3,42 milhões de torcedores

Cerca de 16,7 milhões de passageiros estiveram nos aeroportos brasileiros na Copa 2014

Na aviação, o índice médio de pontualidade do período nas cidades-sede foi de 92,54%

Perfi l do turista brasileiro na Copa De acordo com pesquisa do Ministério do Turismo (MTur), em parceria com a

Fundação Getúlio Vargas, a maioria homem (76,2%), tem ensino superior completo (55,3%), idade entre 25 a 34 anos (40,3%) e renda familiar (28,6%) que oscila entre R$ 3.621 e R$ 7.240.

Os brasileiros em viagem pelo país movimentaram o mercado interno durante a Copa do Mundo. Uma das características marcantes desse público foi o fato de que cerca de 30% dos viajantes nacionais, o que equivale 904.005 pessoas, se deslocaram de mochila nas costas, sem pernoitar nos destinos turísticos.

Os excursionistas, como são chamados os viajantes que voltam no mesmo dia para casa, em geral moradores de cidades próximas às sedes, optaram por assistir aos jogos ou participar de eventos relacionados sem ter de se hospedar no destino.

A maioria dos viajantes brasileiros (67,2%) visitou destinos que ainda não conhecia, segundo o estudo. No total, 3.056.397 pessoas se movimentaram pelo país, sendo 2.152.392 turistas e 904.005 excursionistas.

O maior grupo foi de paulistas, com 858.825 viajantes, sendo 544.268 de turistas, e outros 314.557 de excursionistas. O segundo estado que mais emitiu representantes foi o Rio de Janeiro, com 260.527. Na sequência vieram os baianos, com 220.021; os minei-ros, com 204.425; os paranaenses, com 165.694; os pernambucanos, 160.324; os parai-banos, 142.949; os goianos, 123.928; os catarinenses 123.851; e os gaúchos, 113.208.

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Luis Otávio Neves, secretário de Turismo do Distrito Federal

“A Copa do Mundo foi uma grande janela de visibilidade para o turismo em Brasília. Foram mais de 630 mil visitantes e as características peculiares do destino des-pertaram o interesse do mundo. A capital receberá a Stock Car no próximo ano, será subsede das Olimpíadas de 2016, também

receberá o 8º Fórum Mundial da Água em 2018 e o Summer Universidade em 2019. Temos uma missão de cada dia mais inserir Brasília no circuito internacional de destinos turísticos.”

Márcio Cabral, secretário de Turismo do Rio Grande do Sul

“A Copa do Mundo reafi rmou o Rio Gran-de do Sul como um destino turístico de qualidade receptiva e singular, diferente de tudo que os turistas puderam presenciar no restante do país. A avaliação positiva dos milhares de visitantes que estiveram aqui estimula o estado a buscar novos

desafi os, uma vez que conseguimos neste período uma expo-sição mundial que nos qualifi ca a deixarmos de ser um destino doméstico para alçar voos no mercado internacional.”

Juliana Vellozo Vosnika, presidente da Paraná Turismo

“Nossa capacidade de organizar e receber turistas para grandes eventos evidenciou a vocação do Paraná para o turismo e pos-sibilitou uma maior qualifi cação dos equi-pamentos e serviços turísticos. Assim, além das ações voltadas ao turismo de lazer, se-rão incrementadas aquelas que permitam

ampliar a competitividade do estado como destino de negócios e eventos, tanto no mercado nacional como internacional.”

Pedro Galvão, secretário do Turismo da Bahia

“Os jogos da Copa na Arena Fonte Nova proporcionaram visibilidade positiva para a Bahia e Salvador com refl exos excelen-tes para o turismo. É preciso manter a promoção do destino Bahia para impedir que o efeito positivo proporcionado pela Copa seja volatizado. Temos uma agenda

de ações que avança com uma série de iniciativas para quali-fi cação de mão de obra, esforço para atração de novos voos, investimentos e eventos como a Stock Car.”

Oreni Braga, presidente da Amazonastur

“O Amazonas foi reconhecido como um destino turístico que sabe bem receber e tem a capacidade para recepcionar turistas do mundo inteiro. Agora recai sobre nós a grande responsabilidade de promover mais e melhor o estado para que este turismo que veio possa voltar. A Copa do Mundo repre-

sentou um marco para o turismo amazonense e nós vamos traba-lhar muito para consolidar de vez essa atividade em nossa região.”

Antônio Pedro Figueira de Melo, secretário de Turismo da cidade do Rio de Janeiro

“As avaliações positivas de pesquisas rea-lizadas após o evento revelam que entre os turistas estrangeiros, 98,8% dos entre-vistados tiveram as expectativas atingidas ou superadas e 98,3% recomendariam o destino a parentes e amigos. Tudo isso comprova que estamos no caminho cer-

to e nos deixam ainda motivados para realizarmos uma festa inesquecível durante as Olimpíadas em 2016. Com os jogos e a fi nal da Copa milhares de telespectadores em todo o mundo puderam ter uma imagem positiva do Rio de Janeiro.”

Romeu Baptista, secretário de Turismo de Pernambuco

“O pós Copa trouxe um novo ordenamento do crescimento metropolitano em Pernam-buco, atraindo investimentos para a Zona Oeste do Recife e criando um novo vetor de desenvolvimento econômico e adensa-mento demográfi co. Um grande destaque do legado da Copa foi a aceleração da

modernização urbana, que contou com mais de R$ 2 bilhões de investimentos públicos, os investimentos no setor hoteleiro. Até o fi m do ano o estado irá contar com mais de 87 mil leitos.”

Qual o real impacto da Copa de 2014 para o seu destino?Estados e cidades-sede esperam um boom de visitantes nos pró-ximos anos. Governantes pensam nas melhores formas de alavancar o turismo a partir de agora.

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Fernando Bezerril, secretário de Turismo de Natal

“Natal mostrou todo seu potencial aos tu-ristas e às autoridades presentes no perío-do da Copa do Mundo. Agora, os turistas podem ser bem recebidos e acolhidos e desfrutar das belezas de Natal com mais segurança e comodidade. Nesse momento pós-Copa colheremos os frutos da boa

realização do evento através de uma divulgação a ser realizada em conjunto com os empresários do setor turístico nos países que vieram para os jogos na cidade e nos estados brasileiros.”

Mauro Werkema, presidente da Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte – Belotur

“O maior benefi ciado com a Copa em Belo Horizonte foi o setor turístico. Para manter a capital mineira com boa visibilidade e capacidade de receber grandes eventos, estão em andamento o BH Receptiva e o Programa de Estímulo ao Turismo de

Negócios e Eventos, que cuidam do receptivo da cidade e tra-balham no incremento do turismo de eventos e negócios para dar sustentabilidade ao fl uxo de visitantes e manter a cadeia de prestadores de serviço com bom desempenho.”

Salmito Filho, secretário de Turismo de Fortaleza

“Fortaleza foi uma das cidades-sede com maior fl uxo de turistas na Copa do Mundo e também na Copa das Confederações. A cidade seduz o turista com suas belas praias, artesanato, gastronomia, rede hoteleira e pela infraestrutura no turismo de eventos. Mas foi a hospitalidade do

fortalezense o que mais chamou a atenção de torcedores e tu-ristas, o que nos deixa otimistas para um crescimento do fl uxo turístico além da expectativa nos próximos anos.”

Wilson Poit, secretário municipal de Turismo e presidenteda SPTuris e SPNegócios

“Para São Paulo, a Copa ajudou a mostrar o que há de melhor aqui para pessoas do mundo inteiro e também trouxe para o paulistano mais orgulho de sua cidade. Agora é hora de aproveitar os dividendos e investir em grandes projetos. Estamos

sonhando grande e montando projetos, buscando investimentos e parcerias. Queremos que o turismo seja uma das grandes forças dessa cidade, gerando mais negócios, investimento, empregos e renda para toda a população.”

*O secretário de turismo de Cuiabá foi procurado, mas não respondeu ao M&E.

Valdir Walendowsky, presidente da Santur

“Se levarmos em consideração que apenas houve um congresso técnico em Florianópolis da Fifa, eu acredito que não houve um ganho para o estado com a reali-zação da Copa. Não hospedamos seleções, apesar de termos uma

hotelaria de primeira linha, não tivemos promoção, nem investimentos. Então creio que num balanço geral o estado acabou não sendo benefi ciado diretamente.”

Nilde Brun, diretora presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul

“Durante a Copa fi zemos uma promoção específica para o público-alvo. Destacamos a região de Bonito-Serra da Bo-doquena, principalmente no pré-Copa, onde tivemos um

aumento em torno de 30% em relação ao mesmo período do ano passado. Já para a região do Pantanal, o fl uxo aumentou consideravelmente durante a Copa.”

Adenauer Góes, secretário de Turismo do Pará

“Considero que dentro dos gran-des eventos o Governo decidiu dividir o Brasil em duas partes. Aquela que levou em considera-ção as cidades-sede e, por outro lado, os demais estados e cidades, como foi o caso do Pará. Não

creio que possamos ter sido beneficiados nem com qualquer investimento em infraestrutura, ou mesmo de promoção.”

Danielle Novis, secretária de Turismo de Alagoas

“Se para o Brasil é inegável que os ganhos da Copa foram muitos, tanto em termos de visibilidade como em relação à fantástica hos-pitalidade, o mesmo não posso afi rmar para Alagoas. Creio que o mês de junho e a primeira quinze-

na de julho foram para o turismo do estado os piores dos últimos dez anos. Exagero ou não, os fracos resultados pu-deram ser constatados principalmente no setor hoteleiro.”

Fora do Mundial, destinos têm impactos diferenciados. A Copa conseguiu extrapolar as cidades-sede?

.

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Laurelina Alcolino, da Novo Mundo Turismo e Viagens

“Eu acho que não podemos ignorar as OTAs de forma alguma porque elas têm um potencial muito maior que o nosso. Mas não acredito que as agências de viagem vão deixar de existir por causa das OTAs. Porque temos o nosso diferen-cial. Oferecemos o corpo-a-corpo, atendimento 24h. Inclusive, muitas OTAs estão partindo para agências físicas também. Acredito que temos que inovar. Oferecer coisas novas, um tratamento diferenciado e exclusivo são alguns dos caminhos para continuarmos no mercado”.

Lia Vieira, da Ashanti Viagens

“De um modo geral, acredito que quando o cliente já é fi delizado, ou quando é um público muito específi co, como o cliente corporativo, por exemplo, ele dá preferência à agência de viagem pela facilidade de fazer as transações. Não acho que as OTAs vão roubar o nosso es-paço e nem que deixaremos de existir. Disseram muito isso sobre o cinema e o DVD, sobre jornal impresso e online, e eles continuam coexistindo. Nós temos é que nos aperfeiçoar e inovar. As agências não podem mais ser contemplati-vas, esperando que o cliente apareça. Mudou muito a relação consumidor-fornecedor”.

Georgiana Antonina, da GTI Viagens e Turismo

“O passageiro geralmente decide comprar diretamente com as OTAs porque acredita que através da agência de viagem haverá um aumento no valor final da passagem. E na compra (com exceção da venda de cruzeiros), as OTAs conseguem sim fazer um preço melhor que as agências, infelizmente. O diferencial é a agência ter um atendimento personalizado, dar todo o apoio ao cliente, as informações, fornecer documentação, isso a compra online não oferece. Se você comprar em uma OTA, você não tem retorno se tiver alguma dúvida. Mas, infelizmente, em relação ao preço, não conseguimos competir”.

Mariana Nasser, da MBN Tour

“A proporção de concorrência é muito grande, porque nós fazemos uma cotação de viagem para um cliente e ele faz a comparação com os preços das OTAs. É um pouco desproporcional porque você disponibiliza tempo, conhecimento e expertise para o cliente e ele acaba optando pelo online. Eu tenho tentado, na medida do possível, oferecer informações fundamentais que os passageiros não conseguem através das OTAs, para fi delizar o cliente. Mas é com-plicado, o mercado está bastante competitivo”.

>> Apesar da Copa de 2014 não ter sido tão

especial para os agentes de viagens brasileiros

e para grande parte das operadoras, o fato é

que esses profi ssionais tiveram outro motivo

para comemorar o primeiro semestre de 2014.

Às vésperas do Mundial foi publicada (em

16 de maio de 2014) a Lei 12.974, que dispõe

sobre as atividades das agências de turismo.

Depois de 13 anos, o PL 5.120 foi aprovado e

sancionado pela presidente Dilma Rousseff .

Um avanço, levando-se em consideração

que a luta já se arrastava há um bom tempo.

A nova Lei impede que pessoas e or-

ganizações de outros segmentos atuem

como se fossem agências e operadoras,

tornando expresso que a remuneração

pelos serviços por elas prestados é uma

prerrogativa exclusiva das agências de

turismo, que possuem a atividade regu-

lamentada como seu objeto principal.

Apesar disso, nem tudo são flores.

Entre os muitos vetos que foram feitos

(grande parte relacionados ao Código

de Defesa do Consumidor), destaque

para o que estabelece a Responsabili-

dade Solidária. Esse é o principal ponto

defendido pelos agentes e pela própria

Abav Nacional, no qual agências de tu-

rismo muitas vezes são responsabilizadas

por eventuais problemas que não estão

diretamente ligados à empresa, como é

o caso de atrasos de voos, por exemplo.

Portanto, apesar de se tratar de novi-

dade, em princípio a mencionada lei não

traz inovações práticas para o dia a dia

operacional das agências, mas, sim, con-

solida e dá contornos mais delineados às

atividades desses profissionais no país.

Tecnologia como aliada – Com a profi s-

são reconhecida, os agentes devem agir no

presente para garantir um futuro promissor.

Neste sentido, vale ressaltar a necessidade de

qualifi cação e capacitações constantes. Pales-

trantes e especialistas defendem mais agressi-

vidade e pró-atividade. E todos entram num

consenso quando ao assunto é a tecnologia e

o uso dela como aliada e não como ameaça.

O professor Marcelo Bispo, da Universi-

dade Federal da Paraíba (UFPB), defende a

necessidade – e oportunidade – das agências

migrarem do meio físico a para o mundo

virtual. “O cenário atual mostra que o tu-

rista já fez suas escolhas: atualmente, mais

da metade dos bilhetes são vendidos pelos

sites das companhias aéreas e já existem

bons exemplos de agências de viagem com

foco na venda pela internet. O agente de

viagem tem de fazer o papel de consultor”.

As soluções de realidade aumentada, que

unem informações reais, como fotos e vídeos,

a gráfi cos e informações manipuladas pelo

computador, podem ser um diferencial na

hora de apresentar os destinos aos viajantes.

Agentes não ganharam com a Copa, mas têm um bom motivo para comemorar

REPORTAGEM DE CAPA

Como você vê a concorrência com as OTAs? O que o agente deve fazer para garantir a fi delização de seu cliente?CoO

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Mensagem de veto dispõe

sobre as atividades das Agências de Turismo.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA

Faço saber que o Congresso Nacional

decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 1º Esta Lei dispõe sobre as atividades das Agências de Turismo.

Art. 2º Entende-se por Agência de Turismo a empresa que tenha por objeto, exclusivamente, a prestação das atividades de turismo defi nidas nesta Lei.

Art. 3º É privativo das Agências de Turismo o exercício das seguintes atividades:

I - venda comissionada ou intermediação remunerada na comercialização de passagens, passeios, viagens e excursões, nas modalidades aérea, aquaviária, terrestre, ferroviária e conjugadas;

II - assessoramento, planejamento e organização de atividades associadas à execução de viagens turísticas ou excursões;

III - (VETADO);

IV - organização de programas, serviços, roteiros e itinerá-rios de viagens, individuais ou em grupo, e intermediação remunerada na sua execução e comercialização; e

V - organização de programas e serviços relativos a viagens educacionais ou culturais e intermediação remunerada na sua execução e comercialização.

§ 1º As Agências de Turismo poderão exercer todas ou algumas das atividades previstas neste artigo.

§ 2º O disposto no inciso I do caput deste artigo não inclui a organização dos programas, serviços, roteiros e itinerários relativos aos passeios, viagens e excursões.

§ 3º O disposto no inciso III do caput deste artigo não elide a venda direta ao público dos serviços prestados pelas empresas transportadoras, pelos meios de hospedagem e pelas demais empresas fornecedoras de serviços turísticos, inclusive por meio da rede mundial de computadores.

Art. 4º As Agências de Turismo poderão exercer, ainda, e sem caráter privativo, as seguintes atividades:

I - obtenção e legalização de documentos para viajantes;

II - transporte turístico de superfície;

III - desembaraço de bagagens, nas viagens e excursões de seus clientes;

IV - intermediação remunerada de serviços de carga aérea e terrestre;

V - intermediação remunerada na reserva e contratação de hospedagem e na locação de veículos;

VI - intermediação remunerada na reserva e venda de ingressos para espetáculos públicos, artísticos, esportivos e culturais;

VII - (VETADO);

VIII - representação de empresa transportadora, de meios de hospedagem e de outras empresas fornecedoras de serviços turísticos;

IX - assessoramento, organização e execução de atividades relativas a feiras, exposições, congressos e eventos similares;

X - venda comissionada ou intermediação remunerada de seguros vinculados a viagens e excursões e de cartões de assistência ao viajante;

XI - venda de livros, revistas e outros artigos destinados a viajantes; e

XII - outros serviços de interesse de viajantes.

Art. 5º Para os efeitos desta Lei, as Agências de Turismo classifi cam-se nas 2 (duas) categorias abaixo, conforme os serviços que estejam habilitadas a prestar:

I - Agências de Viagens; e

II - Agências de Viagens e Turismo.

§ 1º É privativa das Agências de Viagens e Turismo a exe-cução das atividades referidas nos incisos II, III, IV e V do caput do art. 3º.

§ 2º A Agência de Viagens e Turismo poderá utilizar-se da denominação de Operadora Turística.

Art. 6º (VETADO).

Art. 7º É vedado o registro como Agência de Turismo à empresa:

I - cuja atividade principal prevista no seu objetivo social seja distinta da estabelecida no art. 2º;

II - que não preencha as condições previstas nesta Lei e no Regulamento.

Art. 8º Constituem prerrogativas das Agências de Turismo registradas na forma desta Lei:

I - o exercício das atividades privativas de que trata o art. 3º, observado o disposto no art. 5º;

II - o recebimento de remuneração pelo exercício de suas atividades; e

III - a habilitação ao recebimento de incentivos e estímulos governamentais previstos na legislação em vigor.

Art. 9º São obrigações das Agências de Turismo, passíveis de fi scalização, em conformidade com os procedimentos previstos nesta Lei e nos atos dela decorrentes:

I - cumprir rigorosamente os contratos e acordos de prestação de serviços turísticos fi rmados com os usuários ou outras entidades turísticas;

II - disponibilizar e conservar instalações em condições adequadas para o atendimento ao consumidor, em ambiente destinado exclusivamente a essa atividade;

III - mencionar, em qualquer forma impressa de promoção ou de divulgação de viagem ou excursão, o nome das em-presas responsáveis pela operação dos serviços contratados e o número de registro no órgão federal responsável pelo cadastramento e pela fi scalização das empresas dedicadas à exploração dos serviços turísticos;

IV - prestar ou apresentar, na forma e no prazo estabelecidos pelo órgão federal responsável pelo cadastramento e pela fi scalização das empresas dedicadas à exploração dos serviços turísticos, as informações e os documentos referentes ao exercício de suas atividades;

V - manter em local visível de suas instalações cópia do certifi cado de registro no órgão federal responsável pelo cadastramento e pela fi scalização das empresas dedicadas à exploração dos serviços turísticos;

VI - comunicar ao órgão federal responsável pelo cadastra-mento e pela fi scalização das empresas dedicadas à explo-ração dos serviços turísticos eventual mudança de endereço e paralisação temporária ou defi nitiva das atividades; e

VII - apresentar ao órgão federal responsável pelo cadas-tramento e pela fiscalização das empresas dedicadas à exploração dos serviços turísticos cópia do instrumento que altere o ato constitutivo da sociedade, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados do seu arquivamento no registro apropriado.

Art. 10. A oferta do serviço prestado pela Agência de Turismo expressará:

I - o serviço oferecido;

II - o preço total, as condições de pagamento e, se for o caso, as de fi nanciamento;

III - as condições para alteração, cancelamento e reembolso do pagamento dos serviços;

IV - as empresas e empreendimentos participantes da viagem ou excursão; e

V - a responsabilidade legal pela execução dos serviços e eventuais restrições existentes para a sua realização.

Art. 11. (VETADO).

Art. 12. (VETADO).

Art. 13. (VETADO).

Art. 14. (VETADO).

Art. 15. (VETADO).

Art. 16. (VETADO).

Art. 17. (VETADO).

Art. 18. (VETADO).

Art. 19. (VETADO).

Art. 20. A Agência de Turismo é diretamente responsável pelos atos de seus prepostos, inclusive os praticados por terceiros por ela contratados ou autorizados, se ao contrário não dispuser a legislação vigente.

Art. 21. A sociedade civil ou comercial de qualquer natureza somente poderá oferecer a seus integrantes, associados, empregados ou terceiros os serviços turísticos de que trata esta Lei quando prestados ou intermediados por Agências de Turismo registradas no órgão federal responsável pelo cadastramento e pela fi scalização das empresas dedicadas à exploração dos serviços turísticos.

Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos casos de fretamento de veículo para uso dos associados, mediante simples ressarcimento das despesas realizadas.

Art. 22. O órgão federal responsável pelo cadastramento e pela fi scalização das empresas dedicadas à exploração dos serviços turísticos exercerá a fi scalização das atividades das Agências de Turismo, objetivando:

I - a proteção ao consumidor, exercida prioritariamente pelo atendimento e averiguação da reclamação;

II - a orientação às empresas para o perfeito atendimento das normas reguladoras de suas atividades; e

III - a verifi cação do cumprimento da legislação pertinente em vigor.

Parágrafo único. Para os fi ns deste artigo, os agentes da fi scalização terão livre acesso às instalações, áreas, equipa-mentos, arquivos, livros e documentos fi scais da empresa fi scalizada, sendo obrigação desta, nos limites da lei, prestar todos os esclarecimentos e informações solicitadas.

Art. 23. A inobservância pela Agência de Turismo das de-terminações desta Lei sujeitá-la-á às seguintes penalidades, além das sanções penais cabíveis:

I - advertência por escrito;

II - multa;

III - interdição da instalação, estabelecimento, empreendi-mento ou equipamento;

IV - (VETADO); e

V - cancelamento do registro.

Parágrafo único. As penalidades mencionadas neste artigo serão reguladas e aplicadas pelo órgão federal responsável pelo cadastramento e pela fi scalização das empresas dedi-cadas à exploração dos serviços turísticos.

Art. 24. O exercício de atividades privativas de Agência de Turismo, na forma desta Lei, sem o correspondente registro no órgão federal responsável pelo cadastramento e pela fi scalização das empresas dedicadas à exploração dos serviços turísticos constitui ilícito penal e sujeita o infrator às penas dispostas no art. 47 do Decreto-Lei no 3.688, de 3 de outubro de 1941 - Lei das Contravenções Penais.

Parágrafo único. (VETADO).

Art. 25. (VETADO).

Art. 26. A responsabilidade civil da Agência de Turismo poderá ser objeto de seguro.

Art. 27. A Agência de Turismo já registrada como Agência de Turismo, Agência de Viagens ou Agência de Viagens e Turismo deverá adaptar sua denominação ao disposto nesta Lei no prazo máximo de 90 (noventa) dias, contados de sua entrada em vigor.

Art. 28. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 15 de maio de 2014;

193º da Independência e 126o da República.

DILMA ROUSSEFF

José Eduardo Cardozo

Guido Mantega

Miriam Belchior

Vinícius Nobre Lages

Anthero de Moraes Meirelles

Este texto não substitui o publicado no DOU de 16.5.2014

LEI Nº 12.974, DE 15 MAIO DE 2014

REPORTAGEM DE CAPA

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Identidade VisualEm agosto deste ano foi divulgada a identidade visual que será utilizada nas Olimpíadas de 2016. O projeto foi desenvolvido pelas equipes de design e gestão de marca do Comitê Rio 2016, demorando cerca de um ano para a conclusão. Segundo a diretora do COI, Beth Lula, o look se inspirou em pontos turísticos da capital fl uminense como o Corcovado, o Cristo Redentor e o Pão de açúcar. A imagem é multicolorida, com predominância do verde por ser a cor de destaque da bandeira nacional e lembrar as paisagens do Rio. Para sua realização, foram feitos estudos sobre na identidade do Brasil presente no Rio. Além das quatro outras cidades do futebol: Belo Horizonte, São Paulo, Brasília e Salvador.

>> Passada a euforia da Copa, o setor tu-

rístico volta os olhos agora para o futuro,

especifi camente para 2016. A Embratur,

por exemplo, está em fase de planejamento

de novas ações. “Entramos em um novo

ciclo, com desafi os diferentes, e queremos

continuar contribuindo para que o turismo

internacional cresça de forma sustentável,

atingindo assim a meta dos 10 milhões de

visitantes estrangeiros em 2020. Uma nova

campanha publicitária deverá ser lançada

e novos eventos exclusivos sobre o Brasil,

com foco nas Olimpíadas de 2016, também

estão previstos para este semestre”, avisa o

presidente da Embratur, Vicente Neto. As-

sim, agentes e operadores também devem

começar a pensar e traçar estratégias para

o período. Seja para atender os visitantes

Contagem regressiva rumo às Olimpíadas

REPORTAGEM DE CAPA

Números das Olimpíadas Serão quase 100 mil pessoas envolvidas diretamente na organização do evento.

São até 60 mil voluntários, 36 mil colabora-dores

terceirizados e quatro mil funcionários.

São esperadas quase 500 mil pessoas no Rio, entre jornalistas e turistas.

Estima-se, aproximadamente, 10 mil atletas.

internacionais que aqui chegarem através

do receptivo, ou mesmo para produzir

pacotes e enviar ao exterior os brasileiros

que preferirem deixar o país na ocasião. O

presidente da Braztoa, Marco Ferraz, alerta

para o perigo dos preços altos, que podem

acabar assustando o consumidor. “Teremos

pela frente os Jogos Olímpicos e não po-

demos ir com uma fome maior, como foi

feito na Copa. O preço tem que ser razoável,

porque, caso contrário, o consumidor não

vai aceitar e não irá comprar. Como somos

intermediários, não fazemos preço, apenas

mantemos o nosso markup acompanhando

a subida e descida dos preços, dependemos

muito dos fornecedores. Espero que eles

tenham entendido que o consumidor não

vai mais pagar preços irreais. Este deve

ser um dos legados da Copa para o fu-

turo e não apenas para grandes eventos”.

Rio de JaneiroA pouco menos de dois anos para o evento,

o Rio de Janeiro corre para cumprir os

prazos e fazer jus às expectativas. “Barce-

lona que me perdoe, mas nenhuma outra

cidade se transformará tanto em tão pouco

tempo quanto o Rio de Janeiro”, garantiu o

prefeito da cidade, Eduardo Paes.De acor-

do com ele, o investimento total já chega

a R$ 37,6 bilhões, sendo que 57% deste

valor serão arcados pela iniciativa privada.

InstalaçõesDas 13 instalações olímpicas que irão

abrigar os 28 campeonatos esportivos,

apenas três estão concluídas: a moderni-

zação do estádio do Maracanã e a urba-

nização de seu entorno, que custaram R$

1,309 bilhão; a ampliação da capacidade

do Sambódromo de 60 mil para 72.500

lugares, para que possa receber provas de

tiro com arco e a chegada da maratona; e

o Parque dos Atletas. Em relação às hos-

pedagens dos turistas, a cidade chegará

ao início dos jogos com 37 mil quartos,

dez mil a mais do que acordado com o

Comitê Olímpico Internacional (COI).

101

Pavilhões cheios

EVENTOS / FEIRAS

>> O Brasil é o oitavo país no ranking mundial de viagens corporativas e está em vias de ultrapassar a Itália, a França e o Reino Unido, nos próximos dois anos, segundo o estudo da GBTA 2013. Já pelo lado da International Congress and Convention Association (Icca), o Brasil perdeu duas posições para China e Japão no ranking mun-dial. De fato, o que vai alavancar o aumento de eventos no Brasil é a superação dos desafios que temos quanto à infraestrutura, novos espaços para eventos, políticas de incentivo ao setor, capacitação e um compromisso grande das entidades. O presidente da Icca, Arnaldo Nardone, explica a queda do Brasil no ranking. Para ele, a alta concorrência com mercados asiáticos faz com que o decréscimo seja considerado normal, perto do valor que Japão e China investem por ano em infraestrutura modernizada.

Em todo o caso, o Brasil tem de ser aplaudido de pé pelos números apre-sentados em 2013. De acordo com a Embratur, em estudo divulgado em maio deste ano, em dez anos, os congressos e convenções de negócios realizados no Brasil registraram um aumento de 408%. Conforme os da-dos divulgados pela Icca, entre 2003 e 2013, o total de eventos passou de 62 para 315. No mesmo período, o número de cidades que sediaram esse

Em dez anos, Brasil registra um aumento de 408% no segmento de eventos

PEDRO MENEZES

tipo de evento subiu 145%, passando de 22 para 54. O ranking divulgado mostra que o Brasil permaneceu en-tre os dez países que mais recebem congressos e convenções associativas, liderado pelos Estados Unidos.

Um estudo realizado pelo Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em inglês), em parceria com a Universidade de Oxford, indica que o Brasil é o país com maior previsão de crescimento em investimentos no setor turístico em 2014: 21,8%, ante a média mundial de 5,7%. Ainda de acordo com o WTTC, a estimativa é que daqui a 10 anos, em 2024, o impacto do turismo na economia brasileira possa alcançar 10,3% do PIB (R$ 700 bilhões).

E as projeções não param por aí! Em 2015, o país participará da Expo Mila-no, na Itália, um megaevento mundial, onde o Brasil estará exposto em uma das maiores áreas da feira, durante seis meses. De acordo com Marta Rossi, diretora do Festival de Turismo de Gramado-RS (Festuris), o Brasil está no melhor momento, porque as portas do mercado internacional estão abertas. “Precisamos, no entanto, aproveitar as oportunidades e trabalhar muito para isso, seja através de ações pontuais e ações planejadas a longo prazo entre o poder público e a iniciativa privada”.

O diretor da BNT Mercosul, Geninho Góes, vai além, e ressalta a necessidade de mão de obra qualifi cada. Segundo o executivo, se o Brasil quiser se fi rmar como um destino turístico mundial, esse processo de capacitação da mão de obra tem que ser constante. “Não adianta pararmos para ensinar as pes-soas a falarem frases básicas de inglês e espanhol somente nos megaeventos. Tem de ser uma ação continuada, com cursos operacionais e de atendimento ao público internacional. O que não dá, é a gente viver do legado de uma Copa ou de uma Olimpíada”.

Legado, este, que deve ser come-morado, mas apenas por enquanto. “Esses grandes eventos, recém reali-zados no Brasil, criaram uma janela enorme, que se abriu aos olhos do mundo e não deve ser fechada”, afi rma Roberto Pereira, secretário--executivo da CTI Nordeste. É nesse ritmo que “o Brasil vem a galope no segmento, ganhando profi ssionali-zação tanto na cooptação desses eventos quanto na realização”.

Já que “o Brasil tem know-how para grandes eventos”, como afi rma a pre-sidente da ABEOC Brasil, Anita Pires, não podemos nos atrelar apenas aos grandes que acontecem por aqui. Devemos acompanhar e participar até dos mais simples eventos.

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EVENTOS / FEIRAS

São Paulo Convention & Visitors Bureau

Entrevista com Toni Sando

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> De acordo com a Embratur (Instituto

Brasileiro de Turismo), em dez anos, os

congressos e convenções de negócios rea-

lizados no Brasil registraram um aumento

de 408%. São Paulo, capital nacional dos

negócios, está entre as 10 cidades mais

bem colocadas no ranking das Américas.

“Somente no 1º semestre de 2014 foram

identifi cados 17,6% mais eventos que no

mesmo período do ano anterior”, afi rma

o presidente do São Paulo Convention &

Visitors Bureau, Toni Sando.

MERCADO & EVENTOS - Segundo o ranking da Icca, divulgado em maio, o Brasil caiu de sétimo para nono lugar, perdendo posições para China e Japão. Qual fator pode ter sido determinante para esta queda?Toni Sando - O mercado está cada vez

mais competitivo e outros destinos estão

focados também nesse segmento. Os 315

eventos realizados no ano passado, quando

o Brasil fi cou em 9º no ranking da Icca,

não incluem eventos esportivos e reli-

giosos. Com isso, fi caram de fora a Copa

das Confederações, realizada em junho

em seis diferentes cidades, e a Jornada

Mundial da Juventude, que aconteceu

em julho, no Rio de Janeiro. Por ocupa-

rem grande parte e um longo período

de tempo a infraestrutura hoteleira, os

eventos esportivos e religiosos, sempre

com maior número de pessoas, acabam

difi cultando a realização de eventos com

público menor. Isso contribuiu para que,

no ano passado, na comparação com 2012,

houvesse queda de 12,5% no número de

eventos realizados no Brasil.

M&E - Em 2013, São Paulo investiu R$ 6 milhões e acabou eliminada, ainda na primeira rodada, da disputa para sediar a Expo 2020, com apenas 13 votos. Quais pontos devem ser evoluídos para que São Paulo possa receber mais eventos

e feiras internacionais?Toni Sando - Tínhamos um concorrente

muito agressivo em suas ações e com

investimento de milhões de dólares.

Foi importante a participação e espe-

ramos poder competir novamente. Sob

um outro panorama, a cidade de São

Paulo recebe anualmente 90 mil even-

tos. No Calendário de Eventos do São

Paulo Convention & Visitors Bureau,

foram registrados, no 1º semestre de

2013, 1.396 eventos para acontecerem

até o fi nal do ano. Só no 1º semestre de

2014, já foram identifi cados 17,6% mais

eventos que no mesmo período do ano

anterior. A expectativa é que haja um

crescimento de 10% até o fi m de 2014,

liderado pelos segmentos de Medicina,

Ciência/Tecnologia e Cultura/Educação.

M&E - Os fatores debatidos nas duas primeiras questões trazem à tona os desafi os que São Paulo (e o Brasil como um todo) tem para ser consolidar interna-cionalmente no ramo. Como poderíamos classifi car as metas e objetivos para alçar-mos o resultado planejado e esperado?Toni Sando - O Brasil passou por uma

experiência muito positiva com a Copa do

Mundo, demonstrando sua capacidade de

receber turistas de todo o globo. Em minha

opinião, precisamos ter um plano institu-

cional para não perdermos a oportunidade

e esta janela que foi aberta para o mundo.

Muitos destinos estão se equipando com

espaços de eventos, exposições e as arenas

podem ter um destino para outros tipos

de eventos também. O que interessa é que

a oportunidade é agora.

M&E - A construção de um novo centro de convenções em Pirituba, que iria receber a Expo 2020, foi defendida, na época, por Fernando Haddad, mesmo não recebendo mais o evento. Como está a atual situação do espaço?Toni Sando - Considerando que não ha-

verá o Expo 2020, as atenções se voltaram

em reformar o Anhembi. Além disso,

outros equipamentos como o Imigrantes,

estão dobrando de tamanho. O Expo Frei

Caneca também passou por ampliação,

assim como o Rebouças. Estamos com

empreendedores animados com o futuro.

E nossa missão é trabalhar esse futuro com

a captação de novos eventos

M&E - Como você classifi caria o setor de feiras/eventos no Brasil? E qual deve ser a importância do agente de viagens?Toni Sando - O mercado passa por

transformações e o comportamento do

visitante mais exigente e com menos

tempo, gera um grande desafi o para os

organizadores e promotores. O agente de

viagem cada vez mais precisa se antecipar

às necessidades do cliente e preparar, com

antecedência, sua vinda a um evento. No

SPCVB, já temos um boletim eletrônico

chamado “Visite São Paulo”, que é en-

viado aos organizadores para que eles

encaminhem aos participantes do evento

com dois meses de antecedência. Assim,

ao se organizar para viagem, o viajante

poderá desfrutar do que está aconte-

cendo com/no destino naquele período.

103

104

EVENTOS / FEIRAS

BNT MercosulEntrevista com Geninho Goes

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> Após deixar o Beto Carreiro, em de-

cisão anunciada no começo de agosto,

Geninho Goes agora se dedica integral-

mente a BNT Mercosul, feira que terá a

sua 21ª edição sediada na cidade de Itajaí,

em Santa Catarina. A mudança, segundo

Geninho, é totalmente proporcional ao

desejo de expansão do evento.

MERCADO & EVENTOS - A 20ª edição da BNT Mercosul reuniu mais de 6 mil profi ssionais de turismo, em maio, com participação de 22 estados e 265 cidades. O que já podemos esperar da próxima edição da BNT Mercosul? Em agosto, foi anunciado que a BNT Mercosul não acontece mais no Beto Carreiro, passando a ser em Itajaí. Explique esta mudança?Geninho Goes - Nossos expositores sem-

pre se repetem em todas as edições, já

que gostam muito da feira, o que de certa

forma nos traz um retorno positivo. Para

a próxima edição, iremos levar a feira para

Itajaí. Com a mudança de local, ganhare-

mos mais espaço e, consequentemente,

iremos aumentar a área comercializada

e o número de expositores. Com essa

expansão, queremos atingir outros ni-

chos de mercado, como o segmento de

cruzeiros marítimos, as operadoras, além

de receber festas típicas brasileiras e dar

uma outra cara para a BNT. Itajaí é o lo-

cal certo já que possui um pavilhão bem

organizado para feiras, uma rede hoteleira

mais preparada e uma maior quantidade

de restaurantes, o que coincide mais com

nosso planejamento.

M&E - Inserido nos moldes atuais do segmento turístico mundial, vemos um crescimento exponencial das OTAs. Qual será a importância do agente de viagem e das feiras ao longo dos próximos anos em meio a essas tendências?Geninho Goes - Comercialmente, eu

acredito ser super importante o contato

entre o fornecedor e o comprador, no

caso das feiras. Acredito que é de extre-

ma importância esse contato pessoal. O

passageiro está cada vez mais na internet,

mas o papel do agente de viagem passa

a ser como de um consultor de vendas,

ele tem de estar sempre bem preparado

para atender essa demanda. Os agentes de

viagens possuem as opções mais acertadas,

já que têm experiências com o envio de

outros passageiros. Essa relação entre o

agente de viagem e o passageiro passa

ser a uma relação de confi ança. Por isso,

eu acho que é importante esse contato

mais pessoal, ou seja, saber com quem

estamos falando. As pessoas falam sobre

a extinção do agente de viagem, mas eu

não acredito. Já em relação ao segmento

MICE, acredito que as feiras têm o papel

apenas promocional, ou seja, apenas para

promover destinos turísticos, então eu

vejo que as boas feiras vão continuar ao

lado dos profissionais de turismo que

acompanham este calendário.

M&E - A nova tendência do mercado são as experiências trocadas e compar-tilhadas na internet pelo público fi nal. Em 2013, você afirmou que “não há propaganda que mude a impressão dos clientes”. Acredita que esta tendência, que caminha a passos largos, pode ser

um divisor de águas para esclarecer e premiar aqueles empreendimentos que prezam pela qualidade do produto?Geninho Goes - Eu acredito que a opinião

do cliente é fundamental, assim como as

compartilhadas pelo Tripadvisor. Trata-se

de uma pesquisa real para saber o que as

pessoas acham. Nos sites das empresas,

os empreendimentos podem divulgar o

que quiserem. Mas quando você entra

em um site de busca, você realmente

encontra a opinião do cliente, algo super

importante. De fato, é uma tendência

que vem pra fi car, já que é uma opinião

de quem realmente consumiu. Não dá

pra fugir dessa realidade. Por exemplo,

mesmo quando meu agente de viagem

faz um roteiro pra mim, eu entro nos sites

de opiniões de terceiros para conferir a

escolha e verifi car a opinião das pessoas.

Caso exista algum motivo frequente nos

comentários, podemos ter certeza que a

característica da informação é verdadeira.

M&E - As expectativas em relação à Copa do Mundo eram as melhores possíveis, de acordo com entrevista concedida ao M&E em 2013. Qual é o balanço que podemos fazer e quais vantagens aproveitar após o término deste megaevento?Geninho Goes - O que me surpreendeu foi

a mudança na mídia mundial com relação à

impressão sobre o Brasil. Porque eu acredito

que na infraestrutura não mudou muita

coisa, já que podemos ver aeroportos e os

acessos aos estádios que não foram termi-

nados. Estive em Fortaleza uma semana

antes da Copa, e não vi muitas mudanças.

Mas acredito que fi cou um crédito super

positivo ligado ao povo brasileiro, que é a

simpatia, a nossa receptividade. No geral,

eu vi a Copa do Mundo de uma forma

favorável, apenas nesse sentido. Eu acho

que a projeção do Brasil internacional-

mente foi melhor que o esperado. Agora,

quanto as contas e estádios para pagar,

isso é uma outra e complicada questão.

105

EVENTOS / FEIRAS

PromoveEntrevista com Cláudia Miranda

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

>> A evolução no segmento de feiras e

eventos no Brasil é totalmente propor-

cional à infraestrutura que o país oferece

para o mesmo. De acordo com a diretora

da Promove Eventos, Cláudia Miranda,

o impacto que a Copa do Mundo trouxe

ao país irá favorecer diretamente o setor

de feiras e eventos, já que a revitalização

e evolução dos serviços turísticos tem

impacto considerável para o setor. Ainda

de acordo com Cláudia, esta evolução é

apenas o primeiro passo para consolidar

o Brasil como um destino ofi cial e inter-

nacional de feiras e eventos.

MERCADO & EVENTOS - Na edição divul-gada pelo M&E em 2013, a senhora afi r-mou que falta apoio, infraestrutura e pre-ços competitivos na realização de eventos em todo o território nacional. O impacto da Copa do Mundo 2014 no turismo pode favorecer, também, o setor de feiras e eventos durante os próximos 10 anos?Cláudia Miranda - Acreditamos que o

impacto da Copa do Mundo no Brasil irá

favorecer os setores de feiras e eventos,

devido, principalmente, as melhorias

ocorridas nos transportes, com novas vias

de acesso; à modernização dos aeroportos;

à ampliação da oferta hoteleira com conse-

quente redução de tarifas para os visitantes

e participantes dos eventos e feiras; além

de melhorias no setor de comunicação, fa-

cilitando as divulgações nos setores. Acho

que com todos esses fatores unidos e com

um trabalho em conjunto, poderemos ter

um impacto considerável no segmento.

M&E - Os anos passam e os planos de expansão previstos tendem a mudar de acordo com os interesses do setor. Em 2014, como a Promove Eventos se comporta para alavancar, ainda mais, seu crescimento?Cláudia Miranda - A Promove intensi-

fi cará a participação em outras feiras e

eventos do setor, aproveitando a oportu-

nidade para divulgar as novas facilidades

criadas com a Copa do Mundo em termos

gerais de serviços turísticos, como as áreas

de hotelaria e transporte, por exemplo.

Também vamos reforçar a mão de obra

qualifi cada em cada um dos eventos que

a Promove realiza.

M&E - O número de turistas interna-cionais no Brasil deve crescer e o país tende a solidificar e qualificar a rede de serviços turísticos nacionais. E no ramo das feiras e eventos: quais são os principais desafi os e vantagens para continuar progredindo?Cláudia Miranda - Com o crescimento

esperado para o turismo nos próximos

anos, teremos que enfrentar o desafio

de melhorar ainda mais a qualificação

do pessoal da rede de serviços turísticos

para receber todos os tipos de público,

inclusive o corporativo. Outro desafio

será sensibilizar os órgãos governamentais

do setor para a importância econômica

de seu apoio.

M&E - Para o Brasil se benefi ciar com-pletamente dos megaeventos que estão sendo realizados, ainda é preciso “não

esbarrar” na questão da má distribuição de nossa malha aérea. A Copa do Mundo e as centenas de voos extras autorizados pela Anac durante o período, pode ser o primeiro passo para uma possível reorganização de nossa malha aérea?Cláudia Miranda - Com certeza, durante

a Copa do Mundo, foi dado o primeiro

passo para reorganização de nossa ma-

lha aérea. Passo este, reconhecido pelos

participantes nacionais e internacionais

do Mundial de futebol, algo que era uma

incógnita até então. Esta reorganização,

de fato, fi cará como um legado positivo

para a aviação.

M&E - A última feira realizada pela Pro-move Eventos, antes da 42ª Expo - Abav, foi a 9ª edição do Minas Tur, que levou mais de mil agentes e reuniu quase 400 expositores no Minascentro, em Belo Horizonte. Qual é o peso que uma feira dessas pode ter para a economia e desenvolvimento turístico local?Cláudia Miranda - O mercado estava

precisando de uma feira de negócios

como essa. Minas Gerais tem cerca de

800 agências cadastradas na Abav. Es-

tou super satisfeita com a edição des-

te ano. A feira não evoluiu somente no

número de participantes, mas também

no volume de negócios e na qualidade

do visitante. Estou satisfeita, também,

por ter presenciado grandes negócios.

As capacitações foram um sucesso. Ao

todo, reunimos 382 expositores e 1.156

profi ssionais do turismo. De fato, eu não

tinha esperança de ter um resultado tão

positivo, devido ao período pós-Copa, o

que é natural.Vejo um interesse real dos

profi ssionais do estado em fazer negócios

com os expositores, algo que pode fazer

o volume de negócios da última edição

ser superado (R$ 12 milhões). Acredito

que podemos chegar a R$ 14 milhões no

volume de negócios.

106

EVENTOS / FEIRAS

Rio Convention & Visitors Bureau

Entrevista com Alfredo Lopes

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> O primeiro lugar entre as cidade bra-

sileiras que integram o ranking da Icca

(International Congress and Convention

Association), comprova que o segmento

MICE tem cada vez mais importância

para o Rio de Janeiro. De acordo com

o Rio Convention & Visitors Bureau, a

cidade já possui 132 eventos agendados

para 2014, que devem gerar uma receita

de US$ 266 milhões. Segundo Alfredo

Lopes, presidente da entidade, a expec-

tativa para os próximos cinco anos é que

o setor tenha um crescimento de 5%.

Nesta entrevista, Lopes destaca quais os

efeitos dos megaeventos na cidade, além

de apontar os principais entraves do setor.

MERCADO & EVENTOS - Após sediar a JMJ, a Copa das Confederações e a Copa do Mundo, o Rio vai receber as Olimpíadas. Como isso pode alavancar o setor de feiras e eventos na cidade? Alfredo Lopes - Acredito que essa se-

quência de eventos internacionais que o

Rio está recebendo em um curto espaço

de tempo deve ser histórica. Não conheço

nenhuma cidade que recebeu tantos even-

tos a nível internacional em um período

tão curto. E isso é muito positivo para a

exposição da cidade. Outro ponto que

favorece a cidade, em relação aos megae-

ventos, são as estruturas que estão sendo

construídas. E, por fi m, esse volume de

turistas e congressistas que chegaram à

cidade, possibilitou a expansão da rede

hoteleira, além de gerar empregos e qua-

lifi car a mão de obra.

M&E - Devido à expansão da hotelaria, muitos temem o esvaziamento do setor e baixos índices de ocupação após esse período de megaeventos. Isso é uma possibilidade? Alfredo Lopes - Devemos esperar que a

hotelaria, com essa expansão de quase 50%

- sete mil quartos foram inaugurados para

a Copa e até as Olimpíadas o setor deverá

contar com 16 mil novos apartamentos

- consiga manter índices de ocupação

acima de 80%. Nossa preocupação é após

2016. O que precisa ser feito? Primeiro

é preciso que o Brasil crie uma política

de divulgação e promoção do país no

exterior com foco em aumentar a vinda

de turistas internacionais, que há mais de

30 anos se mantém abaixo de seis milhões

de visitantes/ano, o que é muito baixo.

É muito fácil ver que estamos longe da

nossa meta, uma vez que não temos, por

exemplo, praticamente nenhum turista

chinês. Paris, por sua vez, tem um número

fantástico de turistas chineses. Os países

árabes quase não têm presença aqui no

Brasil. Então deve ser feito um trabalho,

em primeiro plano, pela Embratur, em

sequência, os Governos dos estados e dos

municípios também têm que ter verbas

específi cas destinadas para a promoção do

destino. Não adianta abrirmos 16 mil no-

vos quartos de hotéis se não tivermos um

trabalho junto ao governo. Os hotéis não

conseguem fazer essa divulgação por conta

própria. Além disso, a iniciativa privada

(empresas aéreas, centros de convenções

e hotelaria, por exemplo), através dos

conventions bureaux, deve perseguir os

congressos a nível internacional e atraí-los

para a cidade, criando oportunidade para

as associações internacionais e nacionais

e incentivando o segmento.

M&E - Atualmente, a cidade recebe cerca de 165 mil visitantes relacionados ao segmento MICE, quais as expectativas para os próximos anos? Alfredo Lopes - Levando em consideração

apenas o Brasil, a cidade está em primeiro

lugar no ranking da Icca (International

Congress and Convention Association),

e no ranking internacional é o 26º destino

mais procurado no mundo para sediar

congressos, feiras e convenções. Para 2014,

o Rio já conta com 132 eventos agendados,

82 nacionais e 50 internacionais. Juntos,

eles trarão para a cidade 165 mil partici-

pantes gerando uma receita estimada de

US$ 266 milhões. Acreditamos que com

os megaeventos e a visibilidade da cidade,

o segmento terá um crescimento de 15%

nos próximos cinco anos.

M&E - Muitos sugerem a criação de um novo centro de eventos na Zona Sul ou no Centro da cidade, de forma a desafogar o Riocentro. Isso vai se concretizar? Alfredo Lopes - Ainda não há um plane-

jamento, é uma vontade enorme da inicia-

tiva privada. Mas é fundamental que isso

aconteça, uma vez que, com a expansão da

hotelaria - que será muito acentuada na

região da Barra da Tijuca, onde cerca de 11

mil novos quartos serão inaugurados - o

eixo hoteleiro do município vai mudar.

Hoje, o eixo é super concentrado na Zona

Sul, e o que vai acontecer é que, em épocas

de feiras e congressos no Riocentro, os

turistas passarão a se hospedar na Zona

Oeste devido à oferta, mobilidade e faci-

lidade. E faz-se necessário um centro de

convenções na Zona Sul ou no Centro da

cidade para ancorar a hotelaria existente

nesses espaços.

107

EVENTOS / FEIRAS

WTTC World Travel and Tourism Council

Entrevista com David Scowsill

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

>> O presidente do World Travel & Tou-

rism Council (WTTC), David Scowsill,

acredita que o Brasil não pode se ape-

gar aos megaeventos para desenvolver

o turismo. De acordo com o executivo,

“as previsões indicam um crescimento

signifi cativo para este ano. No entanto,

um megaevento de sucesso não se traduz

automaticamente em um crescimento do

setor a longo prazo. Continuar investindo

em infraestrutura é fundamental.”

M&E - Quais desafi os o setor encontrou no ano de 2014? Durante a WTTC, o senhor afi rmou que “os números não apenas comprovam a força do turismo na economia dos países, como revelam também boas expectativas para este ano”. As boas expectativas continuam para 2015? Qual é a perspectiva do segmento de feiras e eventos?David Scowsill - Há sempre os desafi os

óbvios que provém de alguns fatores exter-

nos, devido às várias fontes de insegurança

e instabilidade no mundo neste momento

(Oriente Médio, Europa Oriental e África).

Há, também, alguns desafi os econômi-

cos em mercados importantes, com o

crescimento econômico dos EUA a ser

mais lento do que o esperado, devido ao

clima terrível nos primeiros meses deste

ano. Ainda assim, as previsões indicam

que o segmento de viagens e turismo vai

continuar crescendo mais rapidamente

do que outros setores. Acreditamos que

o setor vai crescer 4,3% em 2014, mais

rápido do que a economia global, que

deverá crescer 2,8%.

M&E - O WTTC deste ano ocorreu na China, no mês de abril. Durante o evento, a organização informou que o segmento de viagens e turismo deve gerar US$2,24 bilhões ao longo deste ano, o que re-presenta um incremento de 4,3% em comparação ao ano passado. A quais

fatores se deve esse crescimento?David Scowsill - O segmento tem crescido

mais rapidamente do que outros seto-

res durante os últimos anos. Esperamos

que o setor obtenha resultados ainda

melhores em 2014 do mesmo modo que

o crescimento alcança toda a economia

global, liderado, principalmente, pela

queda do desemprego e o forte consumo.

O crescimento internacional será mais

forte do que o crescimento interno, im-

pulsionado pelo aumento dos gastos de

turistas que viajam através das fronteiras

internacionais. Mais de 1 bilhão de pessoas

viajaram internacionalmente em 2013. Os

indicadores nos mostram que o setor vem

desempenhando um intenso trabalho. De

fato, o crescimento na Ásia e América

Latina são fatores importantes.

M&E - Em 2023, a China vai ultrapassar os Estados Unidos com o maior número de visitantes do mundo e como econo-mia de turismo. Como lidar com esse crescimento exponencial da China e o que muda com o país oriental sendo líder no turismo mundial?David Scowsill - De fato, haverá mudanças

nos requisitos e nas expectativas com

os viajantes chineses se tornando uma

parte maior da audiência do turismo

internacional. Para se ter uma ideia, o

mercado emissor da China passou de 100

milhões de pessoas por ano. Prestadores

de serviços turísticos terão de adaptar os

seus produtos e serviços para as expecta-

tivas dos hóspedes chineses. Atualmente,

91% dos gastos em viagens e turismo na

China é dentro do mercado nacional,

com 3,2 bilhões de viagens em 2013. O

crescimento é explosivo, mas o governo

continua expandindo a infraestrutura à

frente da demanda.

M&E - Em 2013, o senhor afi rmou que existem leves preocupações quanto ao desenvolvimento infraestrutural do Brasil ao classifi car o momento atual do país. Após a Copa e seus desafi os, acha que o Brasil conseguiu passar no teste e mostrar uma capacidade maior do que era esperada?David Scowsill - Eu sei que todo mundo no

Brasil fi cou desapontado com a eliminação

precoce da seleção nacional. Porém, visto

de fora, o evento foi um sucesso absoluto,

apresentando o país para o mundo. Os

estádios estavam prontos, a infraestrutura

de transportes estava pronta e as boas-

vindas aos torcedores estrangeiros foi

espetacular. O Brasil recebeu a Copa do

Mundo com grande sucesso. Isso é positivo

para o desenvolvimento futuro. Para 2014,

as previsões indicam um crescimento

signifi cativo. No entanto, um megaevento

de sucesso não se traduz automaticamente

em um crescimento do setor a longo prazo,

sem apresentar alguma estratégia clara de

desenvolvimento. Continuar investindo em

infraestrutura é fundamental, com a missão

de tornar todas as partes do país facilmente

acessíveis para o turismo, juntamente com

um investimento renovado em comer-

cialização da marca no Brasil. Agora é o

momento do país aproveitar o investimento

que chegou junto com a Copa do Mundo.

108

EVENTOS / FEIRAS

ABEOC Associação Brasileira de Empresas de Eventos

Entrevista com Anita Pires

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> “O Brasil tem know-how para grandes

eventos”. Para Anita Pires, presidente

da Associação Brasileira de Empresas

de Eventos (ABEOC), não adianta fi car

parado. Quem quer continuar evoluindo

precisa ter um olhar inteligente para o

impacto que os megaeventos trouxeram

ao Brasil. Segundo ela, é até possível criar

expectativas e visualizar o Brasil em um

crescimento a longo prazo no setor de

feiras e eventos, mas o país precisa fazer

por onde. “Um planejamento dos setores

público e empresarial, investimento na

infraestrutura, na capacitação, na promo-

ção e no incentivo à captação de feiras e

eventos internacionais são apenas alguns

passos para uma evolução contínua. Só

assim, podemos almejar novas posições

no ranking mundial de viagens corpo-

rativas, no qual estamos em oitavo lugar

atualmente. Mas, isso tudo tem que ser

acompanhado de políticas e incentivos do

Governo Federal e dos governos estaduais

na promoção do destino Brasil e com

estímulo e fi nanciamento específi co do

Ministério do Turismo”.

MERCADO & EVENTOS - Ao longo dos anos, o mercado brasileiro vem sendo impulsionado pelos megaeventos e por toda a exposição mundial. Quais são os planos e estratégias para, não só manter, mas continuar investindo no crescimento do mercado de feiras e eventos, após os anos dourados do turismo nacional?Anita Pires - Ter um olhar inteligente para

estes eventos e o impacto que eles causam

no país é fundamental para perceber as

oportunidades, potencializar os negócios

e ter uma ação de planejamento de políti-

cas de mercado e de políticas públicas de

promoção do Brasil. É muito importante,

também, criar estratégias para desen-

volvermos um ambiente profi ssional, de

bem receber, com serviços de qualidade

para que a gente possa transformar estas

oportunidades em negócios e geração de

emprego, renda, busca de novos eventos

e garantir que estes turistas retornem ao

Brasil. A ABEOC Brasil, em parceria com

o Sebrae Nacional, com apoio da Confe-

deração Nacional do Comércio de Bens,

Serviços e Turismo (CNC) e da Federação

Brasileira de Hospedagem e Alimentação

(FBHA), já tem um plano em desenvol-

vimento, que é buscar a qualificação e

profi ssionalização do mercado através do

Programa de Qualifi cação em Gestão e

Certifi cação de Empresas de Eventos, além

de realizar o dimensionamento econômico

do setor de eventos, fundamental para

traçar qualquer planejamento e estratégia.

M&E - Dentro e fora dos gramados, a Copa do Mundo conquistou até os mais pessimistas quanto à realização do evento. Para o mercado de feiras e eventos, o Mundial de futebol pode auxiliar o crescimento do setor a longo prazo? É possível criar expectativas para os próximos 10 anos? Se sim, quais?Anita Pires - Sim, pode auxiliar o cres-

cimento na medida em que a exposição

da imagem do Brasil projetou o país no

exterior e a forma com que os turistas

foram recebidos é a maior garantia de

que estas pessoas voltarão para feiras,

turismo de lazer e negócios. É possível

criar boas expectativas sim, mas desde

que haja planejamento dos setores público

e empresarial, que haja investimento na

infraestrutura, na capacitação, na promo-

ção e no incentivo à captação de feiras e

eventos internacionais. Neste cenário, o

Brasil pode crescer no ranking Icca, com

o setor de eventos e negócios dando uma

contribuição ainda maior para o desen-

volvimento do país.

M&E - Os mais otimistas acreditam em um crescimento tangencial no número de turistas que chegam ao Brasil devido a sua super exposição durante a Copa do Mundo. No mercado corporativo, o país também deve se consolidar, ainda mais, como um destino favorável a feiras e eventos e seguir no rumo certo?Anita Pires - O Brasil já é um destino

entre os grandes de feiras internacionais

e no mercado corporativo. Diversas

empresas europeias e norte-americanas

estão se instalando aqui em busca do

mercado brasileiro, que é o oitavo no

mundo no ranking mundial de viagens

corporativas e está em vias de ultrapassar

a Itália, França e o Reino Unido, nos

próximos dois anos, segundo o estudo

da GBTA 2013. Isso ocorre, principal-

mente, devido ao potencial do mercado,

estabilidade econômica e pelo fato do

Brasil ter investimentos em tecnologia

e pesquisa, o que é fundamental para

o setor. Historicamente, o Brasil tem

mostrado vocação e competência para

receber grandes eventos, como a Copa,

a visita do Papa, e mesmo o Rock in Rio

e Carnaval. O Brasil tem know-how para

grandes eventos. Mas, isso tudo tem que

ser acompanhado de políticas e incenti-

109

EVENTOS / FEIRAS

ABEOC Associação Brasileira de Empresas de Eventos

Entrevista com Anita Pires

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

vos do Governo Federal e dos governos

estaduais na promoção do destino Brasil e

com estímulo e fi nanciamento específi co

do Ministério do Turismo.

M&E - Em 2013, o setor registrou cres-cimento na casa dos 14%. A Copa do Mundo e o pós-Copa, que se desdobra por todo o segundo semestre, podem alavancar ou derrubar essa média?Anita Pires - O que vai alavancar o aumen-

to de eventos no Brasil é a superação dos

desafi os que temos quanto à infraestrutu-

ra, novos espaços para eventos, políticas

de incentivo ao setor, capacitação e um

compromisso grande das entidades que

compõem a cadeia produtiva de eventos

de se modernizarem e agregarem mais

inteligência às suas gestões, e, desta for-

ma, organizar melhor este mercado que

é muito fragmentado e não tem muito

histórico. Iniciativas como a da ABEOC

Brasil, através do Programa de Qualidade,

têm poder de transformar o mercado.

M&E - No ano passado, a senhora afi rmou que os “investimentos são modestos em relação às necessidades da dinâmica des-te setor”. O panorama continua o mesmo em 2014, ou já existe algum projeto e/

ou injeção de investimentos para a área?Anita Pires - Estamos na fase de fi nalização

da pesquisa sobre o impacto econômico do

setor no PIB brasileiro. Acreditamos que

de posse destas informações o setor possa

fi nalmente mostrar para o poder público a

sua importância econômica. Isso vai aju-

dar a direcionar os investimentos. Muita

coisa ainda precisa ser feita. Mas, uma boa

noticia é a inclusão do setor de eventos e

negócios no PAC do Turismo, com visão

até 2022. Isso vai instrumentalizar um

planejamento do crescimento do setor

com garantia de recursos para desenvolvi-

mento, mesmo com mudanças de governo.

110

EVENTOS / FEIRAS

WTM-LA World Travel Market Latin America

Entrevista com Lawrence Reinisch

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> A próxima edição da WTM-LA será

realizada pela primeira vez no Expo Cen-

ter Norte, entre 22 e 24 de abril de 2015.

A parceria com a Braztoa continua e o

diretor da WTM-LA, Lawrence Reinis-

ch, destaca a importância do órgão, que,

segundo ele, desempenhou um papel

importantíssimo durante a feira, ajudando

a indústria a fechar negócios. Ainda de

acordo com Lawrence, “A Braztoa e a

WTM-LA acertaram em cheio ao esta-

belecer uma parceria.”

MERCADO & EVENTOS - Já existem mu-danças estabelecidas para a próxima edi-ção da WTM-LA? Como você avalia esses dois anos de feira na América Latina?Lawrence Reinisch - A próxima edição

da WTM-LA será realizada pela primeira

vez no Expo Center Norte, entre 22 e 24

de abril. Além desta mudança, provavel-

mente teremos outras novidades, já que

o mercado turístico é muito dinâmico e

a feira é uma vitrine deste dinamismo.

Depois de duas edições, consolidamos o

papel da WTM-LA no cenário turístico

nacional e internacional. Só em 2014, ao

longo de três dias, 16 mil profi ssionais do

setor participaram do evento e puderam

estreitar laços, fi rmar novos contatos e

realizar negócios. O ambiente é realmente

favorável, já que visitantes e expositores

são selecionados e extremamente profi s-

sionais. Tivemos um feedback bastante

positivo dos participantes da WTM-LA

2014: satisfação com os números e a

qualidade dos compradores, visitantes e

tomadores de decisão, além do aumento

do número de negociações comerciais

realizados no pavilhão de exposições.

M&E - A parceria entre a WTM-LA e a Braztoa entrou no seu segundo ano em 2014. Como podemos avaliar as vantagens dessa parceria durante as

edições da feira? Lawrence Reinisch - A Braztoa é uma

associação cada vez mais respeitada e

prestigiosa, e o nível de envolvimento

de seus associados nas duas edições da

WTM-LA demonstra como a feira vem

facilitando os negócios para a região. O

Encontro Comercial Braztoa - idealizado

para estabelecer e fortalecer as relações

entre os operadores turísticos brasileiros

e a indústria global de viagens e turismo

- apoia perfeitamente o objetivo da WT-

M-LA em promover a América Latina

para o mundo e trazer o mundo para a

América Latina. Sem dúvida, o órgão

desempenhou um papel importantíssi-

mo durante a feira este ano, ajudando a

indústria a fechar negócios. A Braztoa

e a WTM-LA acertaram em cheio ao

estabelecer uma parceria.

M&E - Em 2013, você afi rmou que os megaeventos não devem ser vistos como um meio de atingir retorno imediato. Após a Copa do Mundo, será possível sentir alguma evolução por parte do setor em quanto tempo? O ano atípico deve afetar os eventos e feiras programados?Lawrence Reinisch - A Copa do Mundo

da Fifa foi, assim como os Jogos Olímpicos

serão, uma grande oportunidade para o

Brasil e para a América Latina mostrarem

seu potencial turístico e sua capacidade de

receber bem, já que os turistas que vieram

de outros continentes puderam aproveitar

e visitar outros destinos. Mas para que a

imagem positiva da região seja mantida e,

consequentemente, haja retorno no longo

prazo, é necessário o trabalho coordenado

dos diversos países, a começar pela pro-

moção em conjunto nos mercados mais

longínquos - um exemplo é o Escritório

de Promoção do Turismo do Mercosul no

Japão. Por ser um trabalho realizado em

conjunto, não há como mensurar o tempo

necessário para começarmos a sentir os

efeitos destes eventos. O que sabemos

de antemão é que fi zemos um evento de

sucesso, reconhecido pela mídia e pelo

mercado internacional, e isso com certeza

se refl etirá nos diversos setores do país.

M&E - A Lei 12.974 entrou em vigor e vi-rou assunto nos principais debates sobre o turismo nacional. Qual o papel do agen-te neste novo cenário e como você classi-fi ca a regulamentação deste profi ssional no atual momento turístico do Brasil?Lawrence Reinisch - O agente de viagem é

e continuará sendo extremamente impor-

tante para o mercado turístico. O contato

direto com este profi ssional difi cilmente

será completamente substituído pela in-

ternet - e isso se aplica a todos os tipos de

turistas, não só aos de primeira viagem. O

trabalho do agente, que confere comodida-

de e segurança aos seus clientes, é essencial

para diversos públicos, como famílias, me-

lhor idade e aqueles que procuram roteiros

personalizados ou temáticos. Por tudo isso,

a regularização deste profi ssional é extre-

mamente positiva e certamente refl etirá

nos serviços turísticos prestados no Brasil,

com benefícios diretos para os turistas.

111

EVENTOS / FEIRAS

WTM World Travel Market

Entrevista com Simon Press

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

>> A World Travel Market (WTM), tra-

dicional feira que movimenta Londres

a cada ano, gerou US$ 3,3 bilhões em

negócios durante a edição de 2013. Esse

é apenas um número que exemplifi ca a

marca extremamente forte que se de-

senvolveu ao longo dos anos, de acordo

com o diretor da WTM, Simon Press.

Para ele, a WTM-LA, a WTM Àfrica e

a WTM, em Londres, fazem parte dos

principais eventos globais relacionados à

indústria de viagens. De acordo com ele,

o sucesso do lançamento da WTM-LA,

em São Paulo, mostra a importância da

evolução da indústria turística dentro

mercado brasileiro.

MERCADO & EVENTOS - A WTM 2014 está comemorando 35 anos de negócios na indústria do turismo. Cerca de 40 países, 221 expositores e 9.000 visitantes profi ssionais participaram da primeira WTM em Londres, em 1980. Após 35 anos, a WTM tem mais de 5.000 expo-sitores de 186 países e regiões e 50.000 participantes. Qual a importância desta marca e qual balanço podemos fazer deste desenvolvimento ao longo das décadas?Simon Press - Nas últimas três décadas e

meia, a WTM estabeleceu-se como o even-

to turístico onde a indústria pode realizar

e conduzir seus negócios. A WTM 2013,

por exemplo, gerou uma enorme quantia

que chegou a 2,2 bilhões de libras esterli-

nas (US$ 3,3 bi) em negócios no setor de

viagens, com a WTM 2014 disposta a gerar

ainda mais. Usando a marca extremamente

forte que se desenvolveu ao longo dos

anos, a WTM tem crescido no portfólio

de eventos em todo o mundo, incluindo

a WTM Latin America, a WTM África, a

Arabian Travel Market e, claro, a WTM em

Londres. Estes eventos são os principais

eventos globais para a indústria de viagens.

M&E - Na WTM 2014 será possível en-contrar mais de 150 novos expositores. Quais são os destaques para esta edição, entre novos e já conhecidos na feira?Simon Press - Este ano temos constatado

um forte interesse dos expositores na

região do Reino Unido e Irlanda, o que

significa dizer que a área está pratica-

mente esgotada, sendo realocada para

o meio do North Hall e será encontra-

da entre a Aldeia Global e a Europa. O

movimento é em resposta a pedidos e

ao feedback produzido pelos exposito-

res, responsáveis por colocar a região

do Reino Unido e Irlanda no centro do

evento. Mais de uma dúzia de novos ex-

positores se comprometeram a participar

da WTM 2014. Os Emirados Árabes

Unidos, por exemplo, serão ainda melhor

representados no pavilhão de exposições

através do Departamento de Turismo e

Desenvolvimento do Ajman (ATDD), que

estará acompanhado pelo Ras Al Khaimah

Tourism Authority Development, que fez

sua estreia na WTM, em 2013, e vai voltar

para 2014 com um estande maior, junta-

mente com outras quatro regiões que vêm

frequentando a WTM por muitos anos:

Abu Dhabi, Dubai, Fujairah e Sharjah.

M&E - Como você classifi caria a atual situação do turismo mundial? Especifi -camente no Brasil, é possível constatar alguma evolução nos últimos anos?Simon Press - A economia global está

começando a se recuperar após a recente

crise fi nanceira. Um número signifi cativo

de destinos do mundo todo está abrindo

as portas para investir fortemente no

turismo, transformando o segmento em

um dos principais impulsionadores do

progresso socioeconômico através de

receitas que incluem exportação, criação

de empregos e o desenvolvimento da

infraestrutura. De acordo com a Orga-

nização Mundial do Turismo (OMT), a

chegada de turistas internacionais cresceu

5% em todo o mundo em 2013, atingindo

um recorde de 1,08 bilhão de chegadas,

após superarmos a marca de 1 bilhão em

2012. Isso também se refl ete no mercado

de turismo brasileiro, que tem assistido

a um crescimento signifi cativo. E o su-

cesso do lançamento da WTM-LA, em

São Paulo, em 2013, também traz à tona

a importância da evolução da indústria

turística dentro do mercado brasileiro.

M&E - Quais são os tipos de desafi os que a indústria do turismo ainda vai enfrentar em 2014?Simon Press - Devido à diversidade da

indústria, nós somos constantemente con-

frontados com os desafi os do setor, como

por exemplo, os desastres de avião mais

recentes que tiveram destaque no noticiá-

rio. O nosso relatório “Th e World Travel

Market 2013 Industry Report” também

concluiu que a instabilidade política e os

impostos são considerados os principais

fatores que criam as maiores preocupações

para as viagens de negócios em todo o

mundo. No entanto, apesar de todos os

reveses, a indústria turística continua po-

sitiva e com boas expectativas para 2015.

112

EVENTOS / FEIRAS

Icca International Congress and Convention Association

Entrevista com Arnaldo Nardone

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> Se o Brasil caiu duas posições no ran-

king geral da International Congress and

Convention Association (Icca), tenha

certeza que esse rendimento não depen-

deu de nós. O motivo principal para a

queda é a alta concorrência no mercado

mundial, que leva grandes países da Ásia

a se desenvolver e investir massivamente

na captação de eventos. Não podemos nos

culpar: o mercado brasileiro nunca parou

e o crescimento sempre foi superior a 10%.

A esperança no setor vem através das

palavras de Arnaldo Nardone, presidente

da Icca. Ainda de acordo com o execu-

tivo, eventos como a Copa do Mundo e

as Olimpíadas são os que geram o maior

marketing de destino e promoção, mas,

por si só, não garantem um número maior

de reuniões ou feiras. Para Nardone, falta

investimento em infraestrutura adequada

e um maior interesse de cidades secundá-

rias em receber pequenos eventos.

MERCADO & EVENTOS - A sétima posição do Brasil em 2013 foi considerada boa para um ranking competitivo como o da Icca. No entanto, neste ano de 2014, o Brasil caiu duas posições. Quais motivos podem ter sido cruciais para esta queda?Arnaldo Nardone - O motivo principal é a

alta concorrência no mercado, já que hoje

os países da Ásia estão tendo um maior

desenvolvimento e maior investimento

na captação de eventos, constituindo-se

como destinos muito mais agressivos

nesse sentido. Por causa deste fator, China

e Japão ultrapassaram o Brasil no ranking

da Icca. Agora, o país deve organizar e

investir em cada destino com o princi-

pal objetivo de melhorar a sua oferta e

destacar os pontos fortes de cada lugar

para obter melhores resultados. E para

alcançar esses resultados, você deve garan-

tir que mais cidades tenham uma maior

participação internacional (hoje as duas

principais cidades são Rio e São Paulo).

Além disso, acredito que o Brasil tenha que

continuar com um intenso treinamento

na área de recursos humanos para que

o setor possa ser capaz de competir em

igualdade de condições.

M&E - Como podemos avaliar a atual situação do Brasil no que diz respeito à organização de eventos com padrão da Icca? Apesar da última queda no ranking, o número médio de eventos com este padrão tende a aumentar? Arnaldo Nardone - O crescimento des-

te mercado nunca parou e foi sempre

superior a 10%. O Brasil, e em especial

as cidades secundárias, devem capturar

todos os tipos de reuniões para ingressar e

se posicionar melhor na classifi cação Icca,

independentemente de sua dimensão.

Talvez o Brasil e seus destinos queiram

se dedicar somente a buscar congressos/

eventos de grande tamanho e isso acaba

limitando a participação dos mesmos no

ranking, uma vez que do total de reuniões

que a Icca realiza a nível global, em 92%

a média de pessoas não ultrapassa mil.

M&E - Nós todos sabemos que a Copa do Mundo pode ser considerada uma alavanca para o ramo de feiras e even-tos no mercado brasileiro. Mas como e por quanto tempo um megaevento

pode ser considerado responsável pelo crescimento da indústria turística? Arnaldo Nardone - Eventos como a Copa

do Mundo e as Olimpíadas são os que

geram o maior marketing de destino e

promoção, mas, por si só, não garantem

um número maior de reuniões ou fei-

ras. Neste caso, é necessário realizar um

trabalho aproveitando a grande difusão

mundial que a Copa do Mundo gerou, já

que trata-se de um evento extraordinário

para conhecer melhor os destinos que

recebem os turistas. Mas não é só isso

que vai fazer os destinos receberem mais

reuniões e eventos. Tem de se trabalhar

profissionalmente para usar esta atual

vantagem e compartilhar o maior número

de indicações, destacando em cada evento

o que a Copa do Mundo trouxe ao Brasil

e os resultados positivos gerados. Estes

eventos são uma ferramenta poderosa

para a promoção e publicidade, e agora

o Brasil deve aproveitar este momento.

M&E - O custo Brasil pode interferir nas políticas e planos para sediar ainda mais eventos? Arnaldo Nardone - O assunto “custos” é

atualmente muito analisado pelo mercado

corporativo em especial, mas se compa-

rarmos os destinos de maior sucesso, em

todo o mundo, pode-se notar que não são

necessariamente mais baratos do que os

locais no Brasil. Eu creio que o assunto

“custo” é um ponto, mas existem muitas

outras áreas que devem ser trabalha-

das para gerar o máximo de captação de

reuniões e eventos: aproveitar mais os

espaços que o Brasil possui; melhorar

a infraestrutura geral do destino em al-

gumas cidades que são bem conhecidas

em todo o mundo; e adicionar novos

destinos na rota, como por exemplo,

a própria capital Brasília, que tem um

grande potencial, mas está longe de suas

possibilidades reais para a realização de

um trabalho mais profi ssional.

113

114

EVENTOS / FEIRAS

GBTA Global Business Travel Association

Entrevista com Wellington Costa

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> Apesar de dois trimestres de cresci-

mento econômico mais fracos em 2013,

a Global Business Travel Association

(GBTA) projeta que os gastos totais em

viagens de negócios no Brasil vão cres-

cer 12,5% em 2014, atingindo US$ 37

bilhões, e mais 5,9% em 2015. A GBTA

estima ainda que os gastos nas viagens

de negócios domésticas vão se fortalecer,

com um crescimento de 12,3% em 2014,

e 5,4% em 2015. “Essa previsão revela

a história de um crescimento positivo

do Brasil, apesar da volatilidade recen-

te”, afi rma o presidente da GBTA Brasil,

Wellington Costa.

MERCADO & EVENTOS - Quais fatores infl uenciam no setor brasileiro de viagens de negócios?Wellington Costa - Em primeiro lugar, as

perspectivas para a demanda de exporta-

ção brasileira começaram a melhorar no

fi nal de 2013 e deverão acelerar em 2014 e

2015. Por um lado, a Europa parece estar

retomando uma faixa de crescimento,

ainda que lenta. Em segundo lugar, a

China deverá recuperar o seu crescimento

econômico com alguma força. Ambos são

os nossos principais parceiros comerciais.

Em terceiro lugar, a rápida desvalorização

do Real, que começou em meados de

2013, deverá continuar, em até 10% a

15% este ano e outros 5% a 7% em 2015.

Isso vai ajudar a enfrentar os desafios

da competitividade brasileira e empur-

rar para baixo os preços de exportação.

M&E - No Brasil, especifi camente, o que se pode esperar para 2014? Em 2015, a previsão é de um crescimento maior após a boa imagem deixada pela Copa do Mundo?Wellington Costa - Neste momento, nós

estimamos que os gastos totais em via-

gens de negócios vão crescer 12,5% em

2014 e 5,9% em 2015. Este crescimento

menor do que o esperado na atividade de

viagens de negócios foi estimulado por

dois trimestres de crescimento econô-

mico mais fracos, apesar da boa imagem

deixada pela Copa do Mundo. Como se

pode observar ainda existe uma certa

moderação na previsão do crescimento

para 2015. As incertezas do ano eleitoral

e a desaceleração do PIB reforçam esta

moderação. A boa notícia é que devemos

ultrapassar o Reino Unido e a Coreia nos

próximos três anos, atingindo o 5º lugar

em volumes de viagens globais.

M&E - A China será a líder no mercado de viagens corporativas? O que eles fi zeram para conseguir esse posto?Wellington Costa - A previsão da China

ultrapassar os Estados Unidos em volumes

de viagens sinaliza para o biênio 2015-

2016 esta meta. Com um volume de US$

225 bilhões em 2013, a China tem crescido

anualmente em media 16% contra 1% dos

Estados Unidos. Isto deve-se, em parte,

ao crescimento industrial da China, à

mudança cultural e à profi ssionalização

na gestão de viagens e fornecedores, ainda

assim preservando nos seus hábitos locais.

M&E - Qual a importância de ferramentas virtuais para o crescimento de eventos corporativos?Wellington Costa - As ferramentas vir-

tuais ajudam não somente no controle

dos orçamentos dos grandes eventos

corporativos, mas em seu planejamento,

operação e satisfação dos participantes

através de suas pesquisas.

M&E - Como avalia a infraestrutura bra-

sileira? Faltam obras neste sentido?

Wellington Costa - No relatório sobre

Competitividade Global no Fórum Eco-

nômico Mundial de 2012-2013, o Brasil se

classifi cou em 107° lugar, entre 144 países,

em qualidade da infraestrutura, caindo três

lugares em comparação ao ano anterior. O

Brasil está promovendo melhorias impor-

tantes, incluindo modernização dos portos,

a expansão dos aeroportos e o reparo de

suas rodovias ruins, e está tentando resolver

esses problemas através da privatização.

Embora tenha sido um desafi o concluir

muitos projetos a tempo para a Copa do

Mundo, esses esforços devem ter impactos

signifi cativos no comércio e nas viagens

de negócios no Brasil, na próxima década.

M&E - A GBTA espera que as despe-sas do IOB (International Outbound) avancem 13,1% em 2014, seguidas por mais 8,1% em 2015, atingindo US$ 7,2 bilhões. Vai ser realmente possível alcançar essa meta?Wellington Costa - Essa previsão revela

a história de um crescimento positivo do

Brasil, apesar da volatilidade recente. A

reviravolta encorajadora nos dispêndios

com viagens de negócios internacionais e o

crescimento doméstico esperado mostram

aos fornecedores e aos administradores

de viagens que o Brasil é um mercado

essencial para se estar, para se expandir

os negócios globalmente.

115

EVENTOS / FEIRAS

FIT Feria Internacional de Turismo de America Latina

Entrevista com Enrique Pepino

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

>> Apesar do otimismo em relação a

mais uma edição da Feira Internacional

de Turismo, em Buenos Aires, o diretor

da FIT, Enrique Pepino, acredita que

“as árvores não crescem até o céu”. De

acordo com o executivo, apesar dos 90

mil visitantes anuais (em média), fator

que é determinante para um bom po-

sicionamento no mercado, a FIT está

chegando perto do seu teto de cresci-

mento. Seja pela localização geográfi ca

ou pela alta competição com o mercado

internacional, a FIT registra uma leve

preocupação quanto ao seu crescimento

exponencial. Apesar disso, os organiza-

dores da feira constatam, com o tempo,

uma renovação do público. De acordo com

Enrique Pepino, o interesse demonstrado,

especialmente por jovens profi ssionais,

em todos os aspectos relacionados com

a formação, tem chamado a atenção.

MERCADO & EVENTOS - A FIT 2013 tinha uma expectativa de receber cerca de 90 mil visitantes. Este número foi ultra-passado, com quase 92 mil presentes. Apesar disso, o número de profi ssionais foi menor em relação a 2012. Quais são as expectativas para 2014?Enrique Pepino - Nossa expectativa é

sempre positiva, mas também sabemos

que “as árvores não crescem até o céu”. Isso

signifi ca que, após nossos 18 anos de cres-

cimento, podemos constatar que estamos

nos aproximando de um possível “teto”

dentro dos parâmetros da FIT. Isso faz

com que toda a variação do mercado, tanto

no nível nacional como no internacional,

tenha um impacto direto sobre os partici-

pantes da feira, algumas vezes mais, outras

menos, sem que essa pequena modifi cação

possa comprometer o sucesso da FIT, já

que a “massa crítica” de visitantes está na

ordem de 90 mil, fator determinante que

nos posiciona muito bem no mercado.

M&E - Buenos Aires continua no topo das cidades mais infl uentes e preparadas para receber o segmento de feiras e eventos, de acordo com ranking divulgado pela Icca . E a FIT é uma das mais importantes feiras internacionais que a cidade recebe. Qual é a responsabilidade que a FIT tem ao longo dos anos para sustentar esse posto e receber dezenas de países e seus expositores internacionais anualmente?Enrique Pepino - Bem, acreditamos que,

sem dúvida, o que a FIT tem feito e conti-

nua fazendo tem a sua devida contribuição

a Buenos Aires, em meio às centenas de

eventos que são realizados anualmente na

capital. Todo esse aporte acontece para que

a cidade de Buenos Aires possa alcançar

esta posição merecida a nível internacio-

nal, uma vez que o trabalho profi ssional

do setor privado sempre teve um apoio

signifi cativo, tanto do Governo da cida-

de quanto da nação argentina, algo que

permite um esforço conjunto de sucesso.

M&E - A FIT 2013 teve a participação de 35 países segmentados em 1.568 expositores. Neste ano, entre os dias 25 e 28 de outu-bro, a feira, mais uma vez, abre as portas em Buenos Aires. Qual é a expectativa de

crescimento para o número de expositores e profi ssionais do turismo para esta edição?Enrique Pepino - Aproveito para reiterar

conceitos mencionados na primeira res-

posta e acrescentar que a posição do país

mais ao sul do hemisfério, nos coloca em

uma parte “extrema” do mundo, fazendo

com que o nosso mercado não detenha um

crescimento exponencial e nem alcance um

tamanho maior, em comparação com os

mercados “centrais”, localizados nos países

europeus. Assim, as nossas expectativas são

moderadas apenas com a tendência de man-

ter o que foi alcançado nos últimos anos.

M&E - Como a Argentina pode aproveitar o fato do Brasil, país vizinho, sediar a Copa do Mundo 2014 e as Olimpíadas 2016?Enrique Pepino - Acredito que dois even-

tos mundiais dessa magnitude, tanto a

“Copa do Mundo” como as “Olimpíadas”,

que são realizados na região, trazem consi-

go algumas vantagens para os outros países

vizinhos, especialmente a Argentina, que

é um dos países que faz fronteira com

o Brasil, pois é de conhecimento geral

que ambos os eventos são motivadores

e geradores de turismo e lazer. E geral-

mente, os turistas que acompanham esses

megaeventos aproveitam a viagem para

conhecer mais países e destinos.

M&E - É possível constatar uma melhoria na formação dos profi ssionais de turismo na América Latina ao longo dos anos?Enrique Pepino - Em relação ao cresci-

mento profi ssional dos participantes da

FIT, posso dizer que a melhora é notável

na formação profissional, bem como

o interesse demonstrado especialmen-

te por jovens profi ssionais em todos os

aspectos relacionados com a formação,

incorporação de avanços tecnológicos

e as mudanças que eles trazem com eles

para o negócio do turismo.

116

EVENTOS / FEIRAS

BNTM Brazil National Tourism Mart

Entrevista com Roberto Pereira

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> Se o turismo brasileiro estiver em sintonia

com a última edição da BNTM, isso signifi ca

um ano exuberante. De acordo com o secre-

tário-executivo da Fundação CTI-Nordeste,

Roberto Pereira, a feira assumiu, já há alguns

anos, uma relevância no fomento do turismo

doméstico e internacional para o Nordeste.

Ao todo, 25 países aceitaram o convite e

fecharam negócios durante os quatro dias

de evento (27 a 30 de março). Em 2015, a

BNTM Nordeste desembarca no Ceará.

MERCADO & EVENTOS - Qual o balanço que podemos fazer da BNTM ao longo dos últimos anos?Roberto Pereira - A edição da BNTM

deste ano foi exuberante no que concerne

à satisfação de todos os protagonistas.

Mais de 25 países aceitaram os nossos

convites para, durante as rodadas de ne-

gócios com os empresários nordestinos

e brasileiros, terem fechado negócios.

Essa Bolsa, há 23 anos realizada pela

Fundação CTI Nordeste, atingiu em

2014, em nossa espiral de crescimento,

o seu ápice qualitativo, haja vista o ele-

vado contentamento entre os suppliers

(vendedores) e buyers (compradores).

M&E - O senhor acredita que o número de turistas internacionais no Brasil tende a crescer? Roberto Pereira - Sem sombra de dúvida,

são duas as tendências do turismo brasileiro:

a do crescimento do seu fl uxo turístico e a

da qualifi cação dos protagonistas da cadeia

produtiva do nosso turismo. Além disso,

a qualificação da nossa mão de obra em

toda a cadeia produtiva do turismo é uma

tendência ao aperfeiçoamento do turismo.

O Brasil, desde que acordou para a impor-

tância dos conventions bureaux, começou

a obter êxito na cooptação desses eventos,

iniciativa que fez soprar ventos favoráveis

ao sucesso do turismo. Para continuarmos

crescendo, temos que apoiar os conventions

bureaux. É indispensável que se tenha, em

cada cidade capacitada à prática desse tu-

rismo, espaços como centros de convenções

com pavilhões para feiras, auditórios, salas

apropriadas para reuniões e workshops.

M&E - Já existem novidades estabelecidas para a próxima edição da BNTM de 2015?Roberto Pereira - A BNTM do próximo

ano vai acontecer no Ceará (Fortaleza),

que é um estado que tem a tradição de

sempre realizar ótimos eventos. A BNTM

2015 terá a marca da divulgação prévia, da

organização, da cordialidade e da arte de bem

receber. A feira já está repleta de inovações e

renovações para, cada vez mais, se adequar

à modernidade. Para 2015, o Ceará já está

se fixando em vários pontos positivos, a

exemplo de convites antecipados aos buyers,

que serão escolhidos sob critérios rigorosos.

Buyers nacionais e internacionais estarão

presentes e, entre eles, um novo mercado do

Leste europeu, haja vista o fato da próxima

Copa se realizar na Rússia. Também estamos

com a ideia de continuar com as rodadas de

negócios cujas entrevistas sejam solicitadas

pelos buyers, mas permitindo aos suppliers

espaços para as mesmas, tal e qual se faz

no IPW, nos Estados Unidos. Além disso,

teremos a realização de seminários.

M&E - Em 2013, em entrevista ao M&E,

o senhor afi rmou que o segmento de feiras e eventos ainda está em fase de desenvolvimento no Brasil. Dada essa questão, você acredita em uma solidifi -cação do ramo nos próximos 10 anos? Roberto Pereira - Continuo afi rmando

o que disse em 2013, com uma diferença

positiva: continuamos em desenvolvi-

mento, mas já alcançando números que

revelam resultados promissores à prática

do turismo de congressos, feiras e even-

tos, com forte tendência a subirmos no

ranking da ICCA, podendo e devendo

ultrapassar cidades sul-americanas, até

mesmo Buenos Aires. O Brasil vem a

galope nesse ramo, ganhando profis-

sionalização tanto na captação desses

eventos quanto na realização. Esses gran-

des eventos recém realizados no Brasil

podem ser considerados uma janela

enorme que se abriu aos olhos do mundo.

M&E - Como o senhor classificaria a importância do agente de viagens nessa nova etapa do turismo nacional, com a Lei 12.974? Roberto Pereira - Acredito que a Lei

12.974/2014, proveniente do Projeto de

Lei 5.120, agasalha uma série de avanços

no profi ssionalismo e no empreendedo-

rismo das agências de viagens e turismo.

Estas ganharam dimensionamento jurí-

dico e se fortalecem enquanto entidades

aptas à prática das viagens e do turismo.

Compreende-se, todavia, que os ve-

tos presidenciais foram feitos de forma

apressada devido à revelia das entidades

de classe que não foram ouvidas para

manifestarem as suas realidades. A res-

ponsabilidade solidária das agências de

viagens vinha dando origem à chamada

“indústria das ações e das indenizações”.

O Código de Direito do Consumidor é

um instrumento legal para regular as

compras e os investimentos do cliente.

Todavia, penso ser injusta a Responsa-

bilidade Solidária das agências.

117

118

EVENTOS / FEIRAS

Festuris Festival de Turismo de Gramado

Entrevista com Marta Rossi

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> A edição de 2014 do Festival de Tu-

rismo de Gramado (Festuris) terá muitas

novidades. De acordo com Marta Rossi,

diretora do Festuris, o sistema “Buyers

Club” promete potencializar o fluxo

de negócios gerados durante o evento,

aproximando profissionais do trade e

expositores. “O Clube de Compradores

é mais uma ação que envolve inovação e

aproximação com o trade, pilares necessá-

rios para a evolução das feiras”. De acordo

com Marta Rossi, o Festuris alcançou todo

este sucesso porque, a cada ano, o evento

procura se reinventar.

MERCADO & EVENTOS - Para o Brasil se tornar um destino de excelência dentro do setor de eventos, a senhora afi rmou, em 2013, que é preciso infraestrutura e planejamento. Com a organização da Copa do Mundo 2014 e o legado turístico dos megaeventos, alguma coisa já pode ser feita para mudar esse cenário?Marta Rossi - Sim, acredito que muitas

coisas podem ser feitas. Avançamos com

a Copa do Mundo, mas ela nos deixou

uma lição de casa e só seremos 100% se

soubermos executá-lo. É preciso fazer

planos e cumprir as metas dentro do tempo

estabelecido. Eu acredito que criou-se em

torno da Copa uma áurea negativa por esta

falta de comprometimento dos setores

competentes. Quanto ao legado, é indis-

cutível que ele fi cou. O Brasil provou que

tem competência para organizar grandes

eventos. A visibilidade internacional que

o país teve durante o mundial é impagá-

vel. O destaque pela hospitalidade e os

elogios para sua então apenas criticada

segurança, fortaleceram muito nossa ima-

gem no exterior, além de nossas belezas

naturais. Precisamos dar continuidade a

este trabalho de promoção do Brasil no

exterior. Temos que pensar nas Olimpíadas,

mas pensar, também, no pós-Olimpíadas.

M&E - Acredita que a exposição mundial do Brasil pode alavancar uma maior procura do público corporativo para o setor ao longo dos próximos 10 anos?Marta Rossi - Em relação ao mercado de

eventos nacional, acredito que é o nosso

melhor momento, porque as portas do

mercado internacional estão abertas.

Precisamos, no entanto, aproveitar as

oportunidades e trabalhar muito para

isso, seja através de ações pontuais ou

ações planejadas a longo prazo entre o

poder público e a iniciativa privada. No

ano que vem, o país participará da Expo

Milano, um megaevento mundial, onde o

Brasil estará exposto em uma das maiores

áreas da feira, durante seis meses, para

o mercado mundial. Com certeza, o país

tentará novamente concorrer para ser sede

em 2025. Em 2016 teremos as Olimpíadas.

Enfi m, com o aval e o aplauso que rece-

bemos do mercado internacional através

da Copa, precisamos trabalhar e cobrar

do Governo Federal uma atenção para a

indústria turística.

M&E - Após a edição especial de 25 anos, mais uma vez o Festuris traz novidades, principalmente na área de exposição

internacional. Qual é a expectativa e os detalhes para a edição do Festival que ocorre em novembro? Marta Rossi - Nos últimos anos estamos

entrando com força no mercado inter-

nacional, estreitando laços com destinos

e empresas de todos os continentes. Em

2015, esperamos que mais de 65 destinos

estejam representados no evento. A cada

ano, buscamos trazer as tendências do

mercado turístico e agregar serviços que

promovam a agilidade nos relacionamentos

e negócios. Neste ano, o foco vai para uma

nova ferramenta que será disponibilizada

aos participantes, que decidimos chamar de

Festuris Buyers Club. O “Clube de Compra-

dores” do Festuris promete potencializar o

fl uxo de negócios gerados durante o evento,

aproximando profi ssionais do trade e expo-

sitores, que poderão fazer um planejamento

de reuniões dentro da feira com antece-

dência. Somos pioneiros neste sistema,

e o mais importante é que é um sistema

opcional. Esta é mais uma oportunidade

de aumentar os negócios de seus clientes.

M&E - No novo cenário do turismo bra-sileiro, os agentes de viagens estão em evidência. A Lei 12.974 pode, de fato, ajudar os profi ssionais?Marta Rossi - A Lei veio para regulamentar

o setor e isso é uma grande conquista.

Hoje temos deveres e responsabilidade

reconhecidos e legalizados. Este reco-

nhecimento passa a exigir do setor qua-

lifi cação profi ssional, atualização perma-

nente, cumprimento de regras, regulando

portanto o mercado. Todos ganham com

isso, especialmente os agentes de viagens

diretamente envolvidos. Há arestas a

serem aparadas e a Abav nacional tem

questionado alguns itens excluídos da

proposta inicial. Agora vem o diálogo,

as discussões e o aperfeiçoamento, mais

o setor já está regulamentado.

119

Brasileiros pelo mundo

EXTERIOR

>> Segundo dados do Banco Central, as despesas de brasileiros no exterior bateram recorde nos sete primeiros meses do ano. A soma gasta foi de US$ 14,9 bilhões. Em julho deste ano, foram US$ 2,41 bilhões. Os brasileiros estão descobrindo o mundo e mesmo com alta no câmbio, eleições e Copa do Mundo, eles não deixaram de viajar e gastar no exterior.

Um relatório recém divulgado pelo De-partamento de Comércio dos Estados Unidos indica que, em 2013, o número de brasileiros também bateu recorde histórico no país, cerca de 2,06 milhões visitando a terra do “Tio Sam”. Estes números representam um aumento de 15% em relação a 2012. O Brasil é hoje a quinta nação do mundo que mais envia viajantes para os Estados Unidos. Segundo Alfredo González, vice-presidente Sênior de Desenvolvi-mento de Mercado Global do Brand USA, a expectativa é que neste ano o Brasil tenha um crescimento ainda maior que o apresentado em 2013. Dentro dos Estados Unidos, destaque para Orlando. Em 2013, o destino atraiu 768 mil turistas do Brasil – 20% mais do que em 2012. Isso colocou nosso país, pela primeira vez, como o mercado número 1 de longa distância para a cidade. Segundo Mark Jaronski, vice-presidente global de Comunica-ções do Visit Orlando, a cidade tem investido no Brasil com representação no país e outras ações.

Os Estados Unidos são sem dúvida os maiores receptores de turistas do Brasil, motivados, em especial, pelas compras. Mas este não é o único

Despesas dos brasileiros no exterior batem recorde e já ultrapassam US$ 14,9 bilhões

LISIA MINELLI

destino que recebe muitos brasileiros. Em 2013, a França foi o país mais visitado do mundo. No total foram 89 milhões de turistas, e entre eles estavam os brasileiros, somando mais de 600 mil visitantes – crescimento de 5% em relação ao ano anterior. Segundo Jean-Philippe Pérol, diretor geral das Américas da Atout France, o Brasil segue sendo um dos focos do trabalho com objetivo de aumentar o fl uxo de visitantes e, para isso, as cidades francesas desenvolvem ações de promoção no país. A meta deste ano é elevar esse número perto dos 700 mil turistas brasileiros e chegar ao ano de 2020 com cerca de 1,5 milhão. Ainda na Europa, outro país muito feliz na visitação de brasileiros é a Alemanha, que desde 2010 do-brou o volume de turistas do Brasil. Segundo Margaret Grantham, dire-tora para América do Sul do DZT, a expectativa era fechar o ano com os mesmos números de 2013, cerca de 73 mil brasileiros, mas já nos primei-ros meses de 2014 o país registrou um crescimento de 4% no volume de visitantes. E a Alemanha segue investindo, apostando no trade com capacitações, mídias e redes sociais para atrair a atenção.

Na América latina, o país também se destaca. No México, por exemplo, o Brasil é hoje o quinto mercado mais importante para o destino, tendo enviado em 2013 mais de 267 mil turistas ao destino. De acordo com Diana Pomar, diretora do Conselho de Promoção Turística do México no Brasil, esta posição privilegiada do Brasil se fortaleceu principalmente

pelo fato dos brasileiros não pre-cisarem de visto e pelo apoio das companhias aéreas interessadas em abrir mais rotas entre os países. Do total de brasileiros que visitaram o México, 65% viajaram a lazer, 20% para congressos e 15% em viagens corporativas. Segundo ela, a es-tratégia do destino é focada em ações que diversifi quem o produto e o mercado, mostrando ao turista brasileiro que o México é mais do que sol e praia, que tem também muito valor arqueológico, cultural, artístico, arquitetônico e gastronô-mico; além de ser um país moderno e em constante evolução em sua infraestrutura turística.

Já a Argentina, embora tenha sentido uma queda no número de turistas do Brasil, continua sendo um dos principais lugares escolhidos pelos brasileiros para viajar. Para Carlos Enrique Meyer, ministro do Turismo, as expectativas para fechar 2014 são grandes. Segundo ele, o destino apos-ta na temporada de inverno, na oferta cultural de Buenos Aires e no turismo de aventura em várias regiões.

Gastos no exterior (histórico) Em 2013, os gastos de brasileiros no exterior bateram recordes e somaram US$ 25,3 bilhões, contra US$ 22,2 bilhões de 2012 e US$ 21,2 bilhões de 2011. Nem a alta do dólar, que teve início em 2013, nem o aumento do IOF nos cartões de crédito e a implantação das taxas nos pagamentos com cartão de débito, saques, cheques de viagem e cartões pré-pagos, desanimaram os gastos no exterior.

120

EXTERIOR

Atout FranceEntrevista com Jean-Philippe Pérol

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> A França foi em 2013 o país mais visitado

do mundo. No total foram 89 milhões de

turistas, e entre eles estavam os brasileiros,

somando mais de 600 mil visitantes - cres-

cimento de 5% em relação ao ano anterior.

Para Jean-Philippe Pérol, diretor geral das

Américas da Atout France, entre os motivos

que levaram o sucesso da França na atração

de turistas está a prestação de serviços, além

da diversidade nas opções de roteiros e des-

tinos. O Brasil segue sendo um dos focos do

trabalho com objetivo de aumentar o fl uxo

de visitantes e, para isso, as cidades francesas

desenvolvem ações de promoção no país. A

meta deste ano é elevar esse número perto

dos 700 mil turistas brasileiros e chegar

ao ano de 2020 com cerca de 1,5 milhão.

MERCADO & EVENTOS - Em 2013, a França foi o país mais visitado do mun-do, com 89 milhões de turistas. Qual o segredo para esse sucesso unânime entre os turistas? Jean-Philippe Pérol - Acredito que são três

principais motivos. Primeiro, a qualidade

da prestação de serviços para os turistas.

Segundo, os lugares a serem visitados e a

gastronomia. A diversidade do produto

França é grande. É um país que tem toda

a oferta turística possível com praias,

montanhas e muito mais. E em terceiro,

a França está numa posição estratégica,

cercada de grandes mercados emissores,

como Alemanha, Inglaterra e Itália. E para

quem vem para Europa de outros pontos, a

França é porta de entrada. Acho que esses

três pontos são importantes para o sucesso.

M&E - Ainda em 2013, a França recebeu 660 mil turistas brasileiros. Qual a ex-pectativa para 2014 e quais ações estão sendo feitas no Brasil para o incremento desse volume de turistas? Jean-Philippe Pérol - O ano começou bem,

com um movimento forte de turistas do Bra-

sil. Mas com a Copa o volume caiu entre os

meses de maio e junho. Ainda não sabemos

se conseguiremos recuperar isso. Nossa ex-

pectativa inicial era termos mais turistas que

no ano passado, mas agora nossa intenção

é chegar perto dos 700 mil turistas. Esse foi

um ano muito atípico e a Copa atrapalhou,

em especial, porque os preços das passagens

aéreas subiram e apesar de terem sido cor-

rigidos, não deu mais tempo de alavancar

as vendas para França. E ainda temos no

segundo semestre as eleições, que também

podem atrapalhar de alguma maneira o fl u-

xo, em especial para o segmento de negócios.

Mas nossa meta é ter um leve crescimento.

M&E - Quais as ações estão sendo di-recionadas para que a França retome o crescimento no fl uxo de turistas do Brasil? Há ações programadas ainda para 2014?Jean-Philippe Pérol - Estamos preocupados

porque não conseguimos ver ainda uma

recuperação do fl uxo de brasileiros que

perdemos com a Copa. Uma das ações que

estamos trabalhando é a nossa volta à Abav.

Quando a feira era no Rio de Janeiro não

participávamos, mas agora que ela está em

São Paulo - o nosso maior emissor de turis-

tas - estamos com presença já confi rmada.

Eu acho que a Abav tem condições de voltar

a ser o grande salão do turismo brasileiro.

Alem disso, muitas regiões francesas estão

programando ações no Brasil como Bor-

deaux, Bourgogne, Champagne e Alsácia.

Temos muita coisa a fazer para mostrar o

que está acontecendo na França e que o país

tem vários lugares que vale a pena visitar.

M&E - Além de Paris, quais outras cida-des francesas têm potencial para atrair turistas brasileiros? Jean-Philippe Pérol - A região dos vinhos

é muito atrativa. Mas temos muitas outras

como Nice, Côte d’Azur e Lyon. Tem ainda

Marselha, que cresceu muito culturalmente,

onde foi feita uma renovação da cidade e

a inauguração de um museu que abriu

recentemente no Porto. Mas, em minha

opinião, a cidade de Bordeaux tem um po-

tencial enorme de atração de turistas. É uma

cidade lindíssima, que foi renovada nos úl-

timos anos. Foi feito um trabalho fantástico

no centro histórico e novos hotéis foram

abertos. Muitas coisas acontecem nessa

cidade e tem tudo para se tornar um grande

destino para os brasileiros. Ainda estamos

muito focados em Paris, que é uma cidade

fantástica, mas podemos ampliar as opções.

M&E - Existe algum segmento em es-pecial que está sendo trabalhado pela França? Jean-Philippe Pérol - Um dos pontos prin-

cipais para se aumentar o fl uxo de turistas

brasileiros na França são as compras. A

França ainda tem uma imagem muito

focada em perfumes, mas na verdade

pode-se comprar qualquer coisa no país.

E os preços são competitivos. Inclusive, se

comparado com os preços dos EUA, que

cobram taxas. Na França você tem sua taxa

reembolsada se gastar um determinado

valor. Ou seja, muitos produtos saem

o mesmo preço dos americanos ou até

mais baratos. Outro setor que estamos

trabalhando é o MICE, além do religioso,

que tem se destacado bastante.

121

EXTERIOR

PromPerúEntrevista com María del Carmen de Reparaz

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

>> Em 2013, o Peru recebeu 3,2 milhões

de turistas internacionais e já registra

um crescimento de 3,7% no primeiro

trimestre de 2014. Na América do Sul, o

Brasil é um dos principais emissores. Em

2013, foram 141 mil brasileiros. A meta é

aumentar esse volume. Veja a entrevista

feita com María del Carmen, diretora de

promoção da PromPerú, onde ela conta

como o destino irá atingir esse resultado.

MERCADO & EVENTOS - O Brasil é hoje o sexto maior mercado para o Peru. A meta é subir o país no ranking. Quais ações estão sendo promovidas para atingir esse objetivo?María del Carmen - De acordo com os

objetivos da instituição, continuamos tra-

balhando para fortalecer o posicionamento

do Peru nos mercados emissores de turistas

que consideramos estratégicos, com a fi na-

lidade de manter o crescimento sustentável

de chegada de turistas e de divisas inter-

nacionais. A América Latina é um desses

mercados, representa mais de 50% das che-

gadas internacionais ao Peru há cinco anos.

O Brasil é o sexto país emissor de turistas

para o Peru em nível mundial e o quinto

da América do Sul. O plano de promoção

para este ano envolve atividades dirigidas

tanto à cadeia comercial como ao consu-

midor fi nal. Buscamos gerar uma maior

penetração na cadeia comercial através de

relações “one-to-one”, de uma participação

maior em feiras e eventos mais relevantes,

do desenvolvimento de alianças estratégi-

cas com o setor privado para promoção

conjunta, do fortalecimento de estratégias

digitais para nos aproximarmos do consu-

midor fi nal, exploração de novos segmen-

tos ou nichos de mercados, entre outros.

M&E - Quantos brasileiros ingressaram no país em 2013 e qual a expectativa para 2014?María del Carmen - Durante o ano de

2013 foram registradas cerca de 141 mil

chegadas de brasileiros em nosso país,

um aumento de 14% em relação a 2012.

As estratégias de promoção que estamos

trabalhando têm como objetivo fazer com

que em 2015 recebamos mais de 162.500

turistas brasileiros. Para este ano, nossa

meta é crescer aproximadamente 8%.

Para isso está sendo desenvolvida uma

estratégia de promoção integral, a fi m de

fazer o Peru ser lembrado pelo potencial

consumidor de viagens brasileiro nas

datas chaves. Da mesma forma, as divisas

geradas pelos turistas brasileiros durante

o ano de 2013 foram de cerca de US$ 151

milhões. Esperamos que em 2015 esse

número chegue a US$ 171 milhões.

M&E - Cusco e Lima lideram o interesse dos brasileiros. Quais outros destinos o Peru pretende trabalhar para desenvolver junto ao turista brasileiro?María del Carmen - De acordo com es-

tudos realizados pela PromPerú, 35% dos

turistas brasileiros querem conhecer Cusco

e Machu Picchu. O Peru é um destino

eminentemente cultural e a cultura Inca,

com Machu Picchu, representa hoje um

ícone do turismo. Entretanto, nossa missão

é fomentar a diversifi cação de produtos

turísticos. Para isso, focamos nossos esfor-

ços de promoção em mostrar e estimular

os brasileiros a conhecer outros destinos

peruanos, outras civilizações milenares e

a viver experiências únicas. Nós o convi-

damos a fi car mais tempo em Lima, uma

cidade moderna, que não só foi considerada

o melhor destino gastronômico do mundo,

como também tem muitas opções de entre-

tenimento, atividades culturais e urbanas.

Além disso, na cidade de Ica, a três horas de

carro do sul de Lima, é possível desfrutar

a Bahía de Paracas e as misteriosas Linhas

de Nasca; para os amantes da natureza e da

aventura, a cidade de Arequipa os espera

com sua zona rural. Não podemos deixar

de mencionar Puno, região que possui

o lago navegável mais alto do mundo,

o Lago Tititaca, e onde se pode realizar

turismo rural comunitário, pernoitar em

comunidades e realizar atividades como

sessão de leitura de coca, oferendas à terra,

narração de mitos e lendas, assim como

contemplar o amanhecer ou o pôr do sol

nos miradores naturais.

M&E - Quais são os principais mercados brasileiros para o Peru? María del Carmen - São Paulo e Rio de

Janeiro são os principais estados emis-

sores de turistas brasileiros para o Peru,

representam 54% e 16% das chegadas,

respectivamente.

M&E - O Peru continua a investir na estrada do Pacífi co?María del Carmen - Claro que sim, con-

sideramos que há um grande potencial

para aumentar as chegadas de turistas

brasileiros ao Peru. A grande maioria de

chegadas provenientes do Brasil são pelo

Aeroporto Internacional Jorge Chávez,

mas também percebemos que existe um

crescente número de chegadas provenien-

tes da fronteira que ingressam no Peru

por meio da estrada do Pacífi co.

122

EXTERIOR

CPTM Conselho de Promoção Turística do México

Entrevista com Diana Pomar

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> O Brasil é hoje o quinto mercado mais

importante para México, tendo envia-

do em 2013 mais de 267 mil turistas ao

destino. Segundo Diana Pomar, diretora

do Conselho de Promoção Turística do

México no Brasil, este é um grande poten-

cial que tem sido explorado e, em termos

de números, vem crescendo nos últimos

cinco anos. Do total de brasileiros que

visitaram o México, 65% viajaram a lazer,

20% para congressos e 15% em viagens

corporativas. Veja abaixo a entrevista

concedida pela diretora.

MERCADO & EVENTOS - O México quer receber 500 mil turistas brasileiros por ano até 2019. O que está sendo feito para alcançar esse resultado? Diana Pomar - O Brasil ocupa atualmente

o quinto lugar no ranking dos países de

maior emissão de turistas para o México.

Os primeiros quatro são: Estados Unidos,

Canadá, Reino Unido e Espanha. Esta po-

sição privilegiada do Brasil se fortaleceu,

principalmente, pelo fato dos brasileiros

não precisarem de visto e pelo apoio das

companhias aéreas para abrir mais rotas

entre os países. Além disso, temos uma

estratégia focada em ações que diversifi -

quem o produto e o mercado, mostrando

ao turista brasileiro que o México é mais

do que sol e praia, que tem também muito

valor arqueológico, cultural, artístico,

arquitetônico e gastronômico. Além de

ser um país moderno e em constante evo-

lução em sua infraestrutura turística. Sem

esquecer em falar do fortalecimento das

alianças com nossos parceiros comerciais,

por meio de investimentos, capacitações,

apoio para viagens de familiarização,

lançamentos e novos produtos.

M&E - A procura de brasileiros é dire-cionada, preferencialmente, para regiões como Cancun, Cidade do México e Ri-viera Maya. O que a CPTM planeja para

promover as demais regiões do México? Há algum destino em especial que tenha potencial atrativo para os brasileiros?Diana Pomar - Desde 2011 começamos

a posicionar estrategicamente o México

como um destino com um mosaico de

oportunidades. E os nossos parceiros

de negócios também têm impulsionado

outros destinos além de Cancun, Riviera

Maya e Cidade do México, dando ênfase

às cidades coloniais e a Ruta Maya, e

ainda a outros destinos de praia como

Los Cabos, Riviera Nayarit, Puerto Val-

larta e Acapulco. Estes destinos têm

uma diversifi cada oferta turística que

permite aos turistas terem experiências

inesquecíveis, não só de sol e praia, mas

também a oportunidade de experimentar

a variedade cultural e gastronômica de

cada lugar. Atualmente temos destinos

mexicanos como Puerto Vallarta, Riviera

Nayarit e Los Cabos que estão investindo

no mercado brasileiro. Para isso, eles

contam com o apoio da CPTM, a fim

de reforçar a presença, a promoção e

divulgação destes destinos.

M&E - Depois de um ano da não exi-gência de visto para brasileiros, já deu para sentir um efeito positivo? Houve

uma maior procura de turistas do Brasil para o destino?Diana Pomar - Defi nitivamente o sistema

de autorização eletrônica ajudou bastante

quando foi implementado, mas ainda é um

processo burocrático. Com a liberação do

visto, o crescimento de turistas tem sido

constante e nos coloca entre os destinos

favoritos dos brasileiros. Em 2013, en-

cerramos o ano com aproximadamente

267.500 turistas que viajaram para o Mé-

xico, que representou um crescimento de

7,5% em relação ao ano anterior.

M&E - O México conta com 19 voos diários do Brasil, sendo dois diretos. Em função do crescente aumento no fl uxo de turistas, o México tem planos para aumentar a conexão aérea entre os países?Diana Pomar - Nosso objetivo é apoiar

o Grupo Aeromexico e a Latam com as

novas frequências entre México e Brasil.

Assim como Copa Airlines e Avianca,

que atendem mais de 10 cidades do Brasil

para o México com conexão no Panamá

e Bogotá, respectivamente, e servindo as

principais cidades turísticas e de negó-

cios, como a Cidade do México, Cancun,

Guadalajara e Monterrey. Além disso, a

CPTM, no período da Copa do Mundo,

lançou o Plano Brasil, dirigido ao público

fi nal com a campanha “México: Viva para

Acreditar”. Na ocasião, foram colocados

cartazes nos aeroportos nacionais e inter-

nacionais de São Paulo, Rio de Janeiro e

Recife. Marcamos presença nos shoppings

Leblon Shopping Center (Rio de Janeiro),

JK Iguatemi Shopping e Shopping Iguatemi

(ambos em São Paulo), nos grandes jornais

como Folha de São Paulo e Estado de São

Paulo e ainda tivemos um espaço de 250

metros quadrados do México na Fifa Fan

Fest, que forneceu atividades interativas aos

visitantes com objetivo de aproximar as pes-

soas do México por meio de redes sociais.

123

124

EXTERIOR

MTur ArgentinaEntrevista com Carlos Enrique Meyer

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> Embora a Argentina tenha tido uma

queda no número de turistas do Brasil

visitando o destino, o país continua sendo

um dos principais lugares escolhidos pelos

brasileiros para viajar. Em especial no

período de férias de julho, que coincide

com a alta temporada de neve deles. A

Copa pode ter atrapalhado o início da

temporada de neve, com menos turistas

viajando, mas o país espera uma retomada

significativa até o final do ano. Veja, a

seguir, uma entrevista com o ministro do

Turismo, Carlos Enrique Meyer.

MERCADO & EVENTOS - Entre os anos de 2012 e 2013 houve uma queda no número de brasileiros visitando a Argen-tina. Para o ano de 2014, como estão as expectativas? Carlos Enrique Meyer - Temos grandes

expectativas para 2014. Acreditamos

que o número de brasileiros aumentará

significativamente. A recém-iniciada

temporada de inverno já se apresenta

com números favoráveis e esperamos que

continue dessa maneira. A oferta de neve

em nosso país é muito importante para

os brasileiros. Por isso, todo ano, fazemos

questão de promover os destinos de neve

em eventos no Brasil. Da mesma forma,

todos os atrativos turísticos da Argentina,

vivenciados em todas as épocas do ano,

também têm grande receptividade entre

os brasileiros, como a oferta cultural de

Buenos Aires e o turismo aventura em

várias regiões.

M&E - No início desse ano foi fi rmado um acordo de cooperação entre Argentina e Braztoa. Como andam os projetos em conjunto?Carlos Enrique Meyer - O trabalho em

conjunto com o setor privado é sempre

de vital importância para manter o fl u-

xo de turistas para nosso país. Com a

Braztoa estamos trabalhando há muito

tempo e já consolidamos a oferta turís-

tica da Argentina no Brasil através dos

operadores, que são a peça vital para

atingirmos nosso objetivo. Recente-

mente implantamos uma ferramenta

destinada exclusivamente aos operadores

denominada “E-Academy”. Através dela,

todos aqueles que desejarem poderão

capacitar-se sobre a oferta turística ar-

gentina com o objetivo de vender mais e

melhor os pacotes turísticos. O convênio

fi rmado há alguns meses com a Braztoa

concretiza nosso compromisso de fazer

do turismo uma ferramenta de inclusão

e desenvolvimento para ambos os países.

M&E - Um aporte de US$ 1,2 milhão será injetado no mercado brasileiro. Quais ações serão feitas a partir desse investimento?Carlos Enrique Meyer - Nos últimos

meses temos realizado intensos trabalhos

de promoção no mercado brasileiro. A

promoção argentina durante a Copa do

Mundo foi uma das ferramentas chaves

para garantir nosso posicionamento du-

rante2014. Organizamos uma série de

encontros com operadores turísticos e a

imprensa durante as partidas da seleção

argentina. Esses eventos tiveram como

objetivo divulgar, com maior profundi-

dade, cada um dos nossos atrativos, nossa

paixão pelo futebol e todas as experiências

que serão vivenciadas pelos turistas que

nos visitam. A participação em feiras de

turismo, a realização de workshops e de

missões comerciais em distintos destinos

do Brasil são também importantes para

manter o vínculo com o mercado brasi-

leiro e reforçar o trabalho que realizamos

há muitos anos. Acreditamos também

que a grande conectividade que existe

entre os dois países é fundamental para o

fortalecimento do setor turístico. Os voos

da Aerolíneas Argentinas que conectam

nosso país a destinos como Curitiba, Belo

Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e ou-

tros permitem que os turistas encontrem

facilidades para chegar ao nosso país. A

isto se soma a conectividade que a com-

panhia mantém não somente com Buenos

Aires, mas também com as províncias do

interior do país, como Mendoza.

M&E - Quais os principais destinos vi-sitados pelos brasileiros na Argentina e os principais atrativos desses locais? Carlos Enrique Meyer - A Argentina conta

com grande quantidade de experiências

pensadas para as necessidades de cada um

dos turistas que nos visitam. Os brasileiros

desfrutam muito da oferta cultural do

nosso país, dos destinos de neve durante

o inverno, das atividades de aventura, de

nossa gastronomia e nosso indispensável

vinho. Para a já citada recém-iniciada

temporada de neve, o Inprotur criou um

micro site especial para que os turistas

encontrem todas as informações que

necessitam sobre os Centros de Ski e Par-

ques de Neve. Do mesmo modo, a oferta

completa se baseia em experiências que

os turistas podem desfrutar em cada uma

das regiões do nosso país com serviços

turísticos que se ajustam a cada uma de

suas necessidades.

Cleo Bouza - Virgen Film

s

125

EXTERIOR

DZT Centro de Turismo Alemão

Entrevista com Margaret Grantham

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

>> Apesar de um ano incerto para o tu-

rismo do Brasil, a Alemanha não tem do

que reclamar. A expectativa era de fechar

o ano com os mesmos números de 2013,

cerca de 73 mil visitantes brasileiros.

Mas já nos primeiros meses de 2014 o

país registrou um crescimento de 4% no

volume de visitantes do Brasil. Para Mar-

garet Grantham, diretora para América

do Sul do DZT, a atuação da Alemanha

no Mundial - principalmente fora do

campo - conquistou os brasileiros e fará

com que muitos escolham o destino em

uma próxima viagem. Além disso, o DZT

trabalha forte com o trade mostrando

a diversidade do país, seus atrativos e

vantagens. O destino aposta no turista

brasileiro e investe em capacitações, mí-

dias e redes sociais para atrair a atenção e

mostrar todos os encantos da Alemanha.

MERCADO & EVENTOS - O turismo do Brasil na Alemanha vem crescendo des-de o ano de 2010, quando houve um recorde de pernoites de 482 mil brasi-leiros. Quantos brasileiros estiveram na Alemanha em 2013 e qual a expectativa para 2014?Margaret Grantham - Os números do-

braram desde 2010. Grande parte desse

crescimento se deve ao Mundial de futebol

realizado em 2006, que serviu como uma

vitrine da Alemanha para o mundo e

mostrou a imagem de um país alegre e

de um povo que adora receber bem o

turista. Apesar das crises fi nanceiras no

mundo nos últimos anos, os números

de brasileiros continuam crescendo. Em

2013, o número de pernoites cresceu

5,5% em relação ao mesmo período do

ano anterior, o que corresponde a 732.888

pernoites. Para 2014, devido ao Mundial

de futebol no Brasil e ao fato de ser ano

de eleições, nossa expectativa não era de

crescimento, mas de manter o número

estável. No entanto, já nos primeiros meses

do ano registramos um crescimento da

ordem de 4% no número de pernoites

de brasileiros.

M&E - Durante três anos seguidos a Alemanha foi o segundo destino europeu mais visitado pelos brasileiros. O Brasil continua com essa colocação? Margaret Grantham - De acordo com

dados compilados pelo nosso Departa-

mento de Pesquisas na Alemanha, o país

tem 13% de market share e é o quarto

destino mais visitado por brasileiros na

Europa, atrás de Portugal (23%), Espanha

(18%) e Itália (15%). A perspectiva para

esse ano é manter essa posição. Sabemos

que o idioma ainda é considerado uma

barreira para o viajante brasileiro, embora,

na verdade, aqueles que visitam o país

voltam com outra impressão. Os alemães

estão sempre prontos a ajudar os turistas.

Além disso, estamos trabalhando conti-

nuamente com os operadores de turismo

alemães a importância de guias que falem

português em seus programas.

M&E - A meta do DZT é que até 2020 o volume de turistas brasileiros cresça em média 8,5% ao ano. Quais ações estão sendo feitas no país para que esses resultados sejam atingidos? Margaret Grantham - No Brasil nosso

foco é o trade. Junto aos operadores tra-

balhamos a importância da diversifi cação

dos destinos. Notamos que o brasileiro

aprendeu nos últimos anos a viajar e

não quer mais aquele produto comum,

quer algo diferente, e isso a Alemanha

tem muito a oferecer. O destino é rico

em atrações culturais, gastronomia, vida

urbana e os brasileiros começaram a

descobrir que também é um excelente

destino para compras. Junto aos opera-

dores alemães trabalhamos para que cada

vez mais ofereçam ao mercado brasileiro

produtos e roteiros adaptados com guias

e materiais em nosso idioma. Trabalha-

mos ainda com os agentes de viagem,

um canal extremamente importante de

comercialização do destino. Uma série de

treinamentos está programada até o fi nal

do ano para que possamos mostrar não só

todas as possibilidades que a Alemanha

oferece, mas também as ferramentas que

o Centro de Turismo Alemão coloca à

disposição deles.

M&E - Com o tetracampeonato da Ale-manha na Copa de 2014, você acredita que isso será um incentivo para que mais turistas visitem o país? Margaret Grantham - Sem dúvida, não

diria o tetracampeonato, mas a atuação do

time alemão dentro e, principalmente, fora

de campo pode, sim, ser um incentivo para

que as pessoas visitem o país. Os jogadores

ajudaram a quebrar uma grande barreira

que temos hoje (além do idioma) que é a

imagem de frieza do alemão. A mesma

simpatia que os alemães espalharam por

aqui é a simpatia que os turistas são rece-

bidos na Alemanha. Quando se trata de

diversão, são extremamente animados e

adoram uma festa. A paixão do brasileiro

pelo futebol é também um motivo para

visitar a Alemanha, agora mais ainda.

Um programa imperdível é conhecer a

casa do Bayern de Munique, que acaba

de inaugurar um museu interativo.

126

EXTERIOR

EurailEntrevista com Silvia Görlach

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> As viagens de trem ainda não fazem parte

do dia a dia dos turistas brasileiros quando

o roteiro é doméstico. No entanto, quando

a opção é por conhecer a Europa, é cada

vez maior o número de visitantes oriundos

do Brasil que escolhe viajar pelos trilhos.

De acordo com a diretora de Marketing

do Eurail Group, Silvia Görlach, o Brasil é

hoje um mercado muito importante para a

empresa. “Atualmente 9% de todos os Eurail

Passes são vendidos na América do Sul e

o Brasil representa um terço das vendas

do continente, seguido pela Argentina.

Acreditamos que há um enorme potencial

no mercado brasileiro e o país terá certa-

mente uma presença ainda mais relevante

na nossa estratégia para os próximos anos”.

MERCADO & EVENTOS - O viajante brasi-leiro não tem o hábito de viajar de trem. Como podemos mudar essa cultura? Como convencer o turista brasileiro sobre as vantagens de viajar de trem? Silvia Görlach - Nosso objetivo é fazer

com que os brasileiros entendam que,

enquanto os trens são o elemento de liga-

ção que torna a Europa acessível e menor,

os Eurail Passes são muito mais do que

bilhetes de trem. Nós nos esforçamos para

oferecer aos nossos clientes uma experiên-

cia única na Europa. Hoje, temos muitos

serviços de valor agregados disponíveis,

como acomodações e viagens gratuitas

de barco ou de ônibus. Nosso objetivo é

rejuvenescer e enriquecer a marca com

serviços muito além do transporte ferro-

viário. Um bom exemplo é a promoção de

roaming gratuito que está sendo executada

até o dia 30 de setembro deste ano. Nós

estamos oferecendo um card SIM com

créditos pré-pagos para manter os clientes

conectados enquanto viajam na Europa.

M&E - Qual é a participação do Brasil para o Eurail Passes? Silvia Görlach - O Brasil é um mercado

muito importante para nós. Atualmente

9% de todos os Eurail Passes são vendidos

na América do Sul e o Brasil representa um

terço das vendas do continente, seguido

pela Argentina. Acreditamos que há um

enorme potencial no mercado brasileiro

e o país terá certamente uma presença

ainda mais relevante na nossa estratégia

para os próximos anos.

M&E - Qual é o produto Eurail mais atraente para o turista brasileiro? Silvia Görlach - O produto favorito para

o turista brasileiro é o Eurail Global Pass,

válido em 24 países. Isso refl ete o que os

brasileiros esperam da Europa: a possi-

bilidade de visitar vários países em uma

pequena área e experimentar culturas

diferentes em um curto período de tempo.

Temos uma oferta ampla e abrangente, que

corresponde a cada plano de viagem. Além

do Eurail Global Pass temos o Select Pass,

que dá a possibilidade de combinar quatro

países. Já o Regional Pass é válido em dois

países e o One Country Pass permite que

os viajantes explorem um único país em

profundidade. O próximo passo é enten-

der os diversos segmentos de mercado, a

fi m de ser capaz de atender às diferentes

necessidades de viagem, otimizar o port-

fólio e simplifi car a escolha do cliente.

M&E - Quais são as vantagens de comprar as passagens no Brasil, antes de viajar para a Europa? Silvia Görlach - Estamos conscientes de

que viajar para a Europa é um grande

investimento e que precisa ser uma ex-

periência especial. O planejamento é um

passo essencial para uma viagem suave.

Adquirir um Eurail Pass antes de ir para

a Europa dá ao viajante mais tempo para

planejar, para consultar o seu agente de

viagem, para ter o apoio em sua própria

língua e fazer as reservas nos trens que

ele gostaria de utilizar. Os preços também

são mais atraentes fora da Europa e nem

todos os passes estão disponíveis para

venda no continente europeu.

M&E - Como a senhora avalia o papel do agente de viagens na cadeia de turismo. Qual é a relação da Eurail com esses profi ssionais? Silvia Görlach - Nós não vendemos pas-

sagens diretamente para os clientes. Isso

é feito por nossos agentes de vendas e sua

rede de distribuição em todo o mundo.

Isso torna o papel dos agentes de viagens

de varejo ainda mais decisivo. A capaci-

tação dos agentes que lhes permite agir

como promotores para os destinos, mas

também como um conselheiro sobre a

melhor maneira de explorar a Europa.

Produtos ferroviários precisam de mais

explicações do que outros modos de trans-

porte, já que são mais complexos e incluem

mais vantagens. A venda de Passes Eurail

é mais do que a venda de um meio de

transporte, vendemos, na realidade, “uma

maneira de viajar”. Estes são os nossos

agentes gerais de vendas: ACP Rail Inter-

national (www.acprail.com), Eurail.com

(www.eurail.com subsidiária do Eurail

Group); Rail Europe (www.raileurope.

com.br); STA Travel (www.statravel.com).

127

EXTERIOR

Visit OrlandoEntrevista com Mark Jaronski

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

>> Orlando é de longe o destino mais

popular dos Estados Unidos para os bra-

sileiros. Em 2013 atraiu 768 mil turistas

do Brasil - 20% a mais do que em 2012,

de acordo com os dados divulgados pelo

Departamento de Comércio dos Estados

Unidos. Isso colocou nosso país, pela

primeira vez, como o mercado núme-

ro 1 de longa distância para a cidade,

ultrapassando o Reino Unido. Entre os

fatores que podem explicar esses boom

de brasileiros estão a boa situação da eco-

nomia do Brasil e a quantidade de voos

que facilitam a ligação aérea entre ambos

os países. E, segundo Mark Jaronski,

vice-presidente global de Comunicações

do Visit Orlando, a cidade tem investido

no Brasil com representação no país

e outras ações. Além disso, ainda em

2013, Orlando recebeu um total de 59

milhões de visitantes, estabelecendo um

novo recorde para os destinos turísticos

americanos. Veja abaixo a entrevista que

o M&E fez com o executivo onde ele

conta mais sobre os números da cidade,

assim como as novidades dos parques

temáticos, que recentemente lançaram

diversas novas atrações.

MERCADO & EVENTOS - O Brasil bateu recorde em número de turistas estran-geiros (delonga distância) para Orlando em 2013. O que isso representa para o destino?Mark Jaronski - Enquanto o Canadá

continua sendo o maior mercado inter-

nacional de Orlando, com 1,14 milhão

de visitantes (5,1% mais em relação ao

ano anterior), o número de visitantes do

Brasil cresceu 20,2%, chegando a 768

mil em 2013. Visitantes internacionais

são uma mistura valiosa para qualquer

grande destino como o nosso, dada a sua

propensão para fi car mais tempo e gastar

mais em suas experiências de férias. Como

uma comunidade de turismo, precisamos

continuar lutando incansavelmente para

atrair e encantar os convidados que rece-

bemos oriundos de mais de 150 países ao

redor do mundo.

M&E - Nos últimos anos, o turismo brasileiro em Orlando tem tido grande crescimento. A que você atribui esse crescimento?Mark Jaronski - Há vários anos o Visit

Orlando e a comunidade de turismo de

Orlando em geral têm-se centrado no cres-

cimento vindo dos mercados emergentes

da América Latina e no Brasil, especifi -

camente. Vemos o aumento da renda na

América Latina e a ampliação do serviço

aéreo, como razões para o crescimento

que temos registrado do Brasil.

M&E - Quais ações foram feitas no Brasil para que esse volume de turistas au-mentasse tanto?Mark Jaronski - Desde o início do ano pas-

sado, nós colocamos um foco maior sobre

o Brasil, com representação no país, fortes

parcerias com operadores turísticos e

companhias aéreas parceiras, publicidade,

relações públicas e promoções. E os nos-

sos esforços têm recebido forte apoio de

parceiros de marketing e representantes.

M&E - Em 2013, Orlando recebeu um to-

tal de 59 milhões de visitantes, um novo recorde para os destinos turísticos ameri-canos. Quais as expectativas para 2014?Mark Jaronski - Nosso objetivo é anunciar

um novo recorde de visitação para um

destino nos EUA, tornando-se o primeiro

a ultrapassar os 60 milhões de visitantes.

M&E - Orlando é um destino que se re-nova todos os anos. Quais as novidades os turistas poderão encontrar em suas próximas visitas?Mark Jaronski - A cidade está passando

por um dos períodos mais signifi cativos

de expansão em sua história. O Univer-

sal Orlando Resort abriu recentemente

The Wizarding World of Harry Potter

Diagon Alley. O SeaWorld Orlando está

comemorando o aniversário de um ano

da Antarctica: Empire of the Penguin

- a maior expansão na história da em-

presa. E o Walt Disney World Resort

completou recentemente um projeto

de vários anos que dobrou o tamanho

da Fantasyland com a estreia da Seven

Dwarfs Mine Train. Além disso, o destino

continua a crescer e evoluir com muitas

novas atrações, varejo, restaurantes e

opções de entretenimento e experiências.

M&E - Como foi a repercussão da Copa do Mundo no Brasil para os americanos? Acredita que o evento ajudará a desen-volver o turismo no Brasil?Mark Jaronski - Muitos norte-americanos

assistiram a Copa do Mundo de perto.

Foi uma oportunidade para o nosso país

para saber mais sobre o Brasil e o futebol.

Orlando foi recentemente selecionado

pela Major League Soccer para se jun-

tar a sua liga. Esperamos que a recente

chegada do jogador brasileiro Kaká em

Orlando aumente ainda mais o interesse

em nosso destino e estamos em contato

com a equipe sobre como podemos apro-

veitar a presença do jogador aqui para

aumentar as nossas conexões com o Brasil.

128

EXTERIOR

Brand USAEntrevista com Alfredo González

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> Um relatório divulgado em julho deste

ano pelo Departamento de Comércio dos

Estados Unidos indica que, em 2013, o

número de visitantes brasileiros no país

de Barack Obama bateu um recorde his-

tórico: cerca de 2,06 milhões de viajantes

do Brasil estiveram na nação norte-ame-

ricana. Estes números representam um

aumento de 15% em relação a 2012. O

Brasil é hoje a quinta nação do mundo

que mais envia viajantes para os Estados

Unidos, fi cando atrás apenas de Canadá

(23,3 milhões de visitantes), México (14,3

milhões), Reino Unido (3,8 milhões) e

Japão (3,7 milhões). No total, os Estados

Unidos receberam 69,8 milhões de visi-

tantes internacionais em 2013. Segundo

Alfredo González, vice-presidente Sênior

de Desenvolvimento de Mercado Global

do Brand EUA, a expectativa é que neste

ano o Brasil tenha um crescimento ainda

maior que o apresentado em 2013. De

acordo com ele, além dos tradicionais

destinos como NY e Orlando, os brasi-

leiros estão descobrindo outros destinos

americanos. Para ele, as ações promovidas

pelo escritório do Brand USA no país

têm ajudado a divulgar e promover os

Estados Unidos, atraindo mais atenção

e, com isso, mais turistas.

MERCADO & EVENTOS - O Brasil é um dos principais emissores de turistas para os EUA. Em 2013 foram mais de dois milhões de brasileiros nos destinos. Qual a expectativa para o ano de 2014?Alfredo González - Em 2013, o Brasil

foi o terceiro maior mercado emissor

internacional para os Estados Unidos. O

Departamento de Comércio de Viagem

Nacional e Secretaria de Turismo dos

Estados Unidos preveem um aumento

de 9% nas chegadas do Brasil em 2014,

com o Brasil permanecendo entre um dos

mais importantes mercados da América

do Sul. Por meio do nosso trabalho no

mercado, prevemos que os brasileiros

continuarão a descobrir os locais únicos

e diversifi cados que os Estados Unidos

têm a oferecer em nossas cidades de

entrada e nas demais.

M&E - NY e Orlando são os principais destinos visitados pelos brasileiros. Além desses, quais outros também são bas-tante procurados?Alfredo González - Além de Nova York,

Orlando e Miami, estamos vendo um au-

mento no número de viagens para cidades

como Los Angeles e, mais recentemente,

Las Vegas, que tem se tornado mais aces-

sível para os brasileiros por meio de voos

diretos e com conexões. Também temos

visto um aumento na popularidade em

destinos como Colorado e Havaí. Este

último sentiu um crescimento de 16.9%

de visitantes brasileiros entre 2012 e 2013.

M&E - Nos últimos anos, o Brasil apresen-tou os maiores números de crescimento no envio de turistas para os EUA. Após a implantação do escritório do Brand USA no país, já houve alguma sinalização positiva das ações já realizadas?Alfredo González - O Brand USA tem

recebido uma calorosa recepção de boas

vindas da indústria do turismo no Brasil e

tem sentido uma grande disposição para

promover os novos e incríveis destinos

que os viajantes brasileiros não estão

familiarizados. Os parceiros de indústria

do Brand USA são essenciais para promo-

ver os Estados Unidos e fazer dos nossos

esforços um sucesso. Nosso trabalho no

Brasil continua a crescer, com diversas

parcerias no caminho, e esperamos incen-

tivar os viajantes brasileiros a descobrir

essa terra como nunca antes.

M&E - Comente um pouco a respeito das ações já realizadas e do planejamento para o futuro.Alfredo González - O Brasil sempre foi um

importante mercado para o Brand USA,

e foi um dos primeiros mercados em que

lançamos nossa campanha voltada para o

consumidor. O Brand USA participou da

WTM esse ano e estamos ansiosos para

estar com nossos parceiros na WTM em

2015. Nós também estamos participando

desta Abav. Ao estabelecer um escritório

no Brasil, nós temos trabalhado para

estar conectados à indústria de turismo

no Brasil.

M&E - Qual o perfi l dos brasileiros que visitam os EUA? O Brand USA pretende trabalhar algum público em especial, como jovens, LGBT, entre outros?Alfredo González - Por muitos anos,

as famílias brasileiras tem sido o maior

segmento de viajantes para os Estados

Unidos. Recentemente, temos visto um

crescimento de outros segmentos como

esporte e grupos religiosos, reuniões e

viagens de incentivo e, também, viajantes

LGBT. Nós sabemos que a atividade mais

popular entre os brasileiros que viajam

para os Estados Unidos é passear para

fazer compras e visitar parques de diver-

sões. No Brand USA, queremos que os

viajantes conheçam a grande variedade de

atividades disponíveis para eles por todo o

país e que se inspirem a desfrutar de tudo

que os Estados Unidos têm a oferecer.

129

130

EXTERIOR

Visit FloridaEntrevista com Paul Phipps

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> A Flórida é a região mais procurada

pelos brasileiros nos Estados Unidos. Or-

lando é o destino mais popular. Em 2013,

o Brasil foi o segundo maior mercado

internacional para a Flórida, com 1,8 mi-

lhão de visitantes. Porém, o Brasil passa

a ocupar a liderança entre os destinos de

longa distância, já que o Canadá - primeiro

no ranking emissivo - está localizado bem

próximo aos EUA. Veja abaixo a entre-

vista concedida por Paul Phipps, diretor

de Marketing do Visit Florida, onde ele

comenta sobre o crescimento no fl uxo de

brasileiros para o destino e ainda fala das

expectativas para este ano.

MERCADO & EVENTOS - Em 2011, o Brasil foi o primeiro mercado internacional para Flórida. Quantos brasileiros visitaram o destino em 2013 e qual a expectativa para o ano de 2014? Paul Phipps - Em 2013, o Brasil foi o se-

gundo maior mercado internacional para

a Flórida, com 1,8 milhão de visitantes.

O Canadá ainda mantém o primeiro lu-

gar de emissor internacional de turistas

para o destino. O principal motivo é a

proximidade, mas o Brasil é o primeiro

mercado de longa distância (vindo de

outros continentes). O Brasil tem man-

tido seu crescimento constante e é o que

esperamos para 2014. Dos principais

mercados internacionais, cinco são da

América Latina: Brasil, Argentina, Ve-

nezuela, México e Colômbia.

M&E - Muitos brasileiros visitam a Flórida anualmente. Entre os destinos principais estão Miami e Orlando. Além desses, quais outros tem potencial de atrair os turistas do Brasil? Paul Phipps - Temos visto muitos outros

destinos da Flórida promovendo ativa-

mente seus atrativos no Brasil, com cam-

panhas publicitárias e representações de

mercado. Destinos como Fort Lauderdale,

Palm Beach, Tampa, St. Pete / Clearwater e

Kissimmee, estão defi nitivamente, vendo

resultados desses esforços. A Flórida é um

estado diverso com muitas coisas a oferecer

aos viajantes brasileiros. Temos lindas

praias em duas diferentes costas, os mais

procurados parques temáticos do mun-

do, natureza, história, cultura, ambiente

internacional, uma enorme variedade de

gastronomia e, claro, compras sem fi m.

M&E - Por qual razão esses destinos são

tão atrativos para os brasileiros?Paul Phipps - Miami é o hub para a Amé-

rica Latina. É uma bela cidade que, ao

mesmo tempo, é cosmopolita e tropi-

cal - uma mistura que permite a Miami

oferecer muitas experiências que você

não pode encontrar em qualquer outro

lugar. Orlando promete uma experiência

mágica e faz isso com fantasia e ação em

seus parques temáticos e atrações.

M&E - O Visit Florida tem investido na promoção de Kissemmee no Brasil. Este é um destino que recebe muitos brasileiros? Quais seus principais atrativos?Paul Phipps - O Visit Florida apoia as

ações promocionais de Kissimmee no

Brasil assim como faz com outros destinos

na Flórida que solicitam o nosso apoio.

Kissimmee, que está localizado a poucos

minutos de Orlando, pode oferecer aos

visitantes brasileiros muitas opções nos

parques temáticos, lojas, jantares com

espetáculos, atividades ao ar livre, hotéis

fabulosos e muito mais.

M&E - O Visit Florida possui parcerias com outros escritórios de turismo para promover de forma integrada os destinos americanos? Paul Phipps - O Visit Florida trabalha

muito próximo e em colaboração com o

Brand EUA, que promove todos os estados

incríveis da América. Temos apoiado

e continuaremos a apoiar as ações em

cooperação com eles.

M&E - Por ser um mercado estratégico, quais os futuros investimentos que serão feitos no Brasil?Paul Phipps - O escritório de turismo

continua a investir no Brasil. Estamos

presentes Abav e na WTM, em São Paulo.

Além de sales mission com parceiros em

diversas cidades brasileiras. Também

participamos de muitas campanhas e

programas com operadores turísticos.

De trem pela FlóridaO Florida East Coast Industries anun-ciou o desenvolvimento de um servi-ço ferroviário de propriedade privada, operado e mantido de maneira inter-municipal, onde residentes e turistas terão uma solução para passear pela Flórida. Esta iniciativa ferroviária de passageiros é chamada de All Aboard Flórida. A nova rota contará com serviço de passageiros ao longo da costa leste da Flórida, corredor exis-tente entre Miami e a Costa Espacial. Serão criadas novas faixas na Flórida Central. Estações estão previstas para serem instaladas nos centros urbanos de Miami, Fort Lauderdale, West Palm Beach e no Aeroporto Internacional de Orlando. Informa-ções: www.allaboardflorida.com.

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Por Kara Franker

Recentemente, estive no Epicurean Hotel, classifi cado como Hotel de Quatro Dia-mantes pela AAA e voltado à gastronomia,

localizado no sofi sticado bairro histórico de Hyde Park, em Tampa. Fiquei impressionada com a atenção aos detalhes – da decoração à gastronomia, ao serviço e aos tratamentos no spa. O Epicurean foi desenvolvido pelos gênios que idealizaram o legendário Bern’s Steak Hou-se (um dos meus restaurantes preferidos em Tampa) e o Mainsail Lodging & Development, sendo o primeiro hotel recém-construído nos EUA a fazer parte da prestigiosa marca Auto-graph Collection. Tive a vantagem de curtir o hotel ao lado de alguns dos meus amigos, incluindo duas peritas do VISIT FLORIDA, Ra-chelle Lucas e Ginger Harris. Rachelle postou um blog delicioso que você tem de conferir: 8 Fotos que Vão Fazer com que Qualquer Fã da Boa Mesa Queira Hospedar-se no Epicu-rean. Você também não vai querer perder o artigo de Ginger intitulado Minha Aventu-ra no Epicurean, repleto de fotos incríveis.

UMA EXPERIÊNCIA FANTÁSTICA NO EVANGELINE SPALocalizado no andar térreo do hotel, o Evangeli-ne Spa oferece uma experiência verdadeiramente suntuosa. Batizado com o nome da icônica estátua situada próximo ao vizinho Bern’s Steak House, esse spa de 260 m² possui cinco salas de tratamentos e um salão de relaxamento, além

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Relaxe e descontraia-se no Epicurean Hotel and Evangeline Spa

de oferecer serviço de manicure e pedicure. Você poderá trabalhar junto com um sommelier do spa para criar produtos personalizados usando frutas frescas, óleos essenciais e ervas cultivadas localmente. Esses produtos podem ser utilizados durante o tratamento no spa ou ser levados para casa. Há no spa um muro vivo de ervas cheias de fragrância, de onde os terapeutas retiram coentro, menta e outros ingredientes frescos colhidos no local para aplicá-los em tratamentos selecionados. Para tornar tudo ainda mais convidativo, peça um copo de vinho ou uma taça de champanhe Moët & Chandon. Alguns tratamentos selecionados também incluem uma deliciosa sobremesa da Chocolate Pi, a pâtisserie do hotel.

LINHAS DE PRODUTOS EXCLUSIVAS, INCLUINDO FARMHOUSE FRESH E CAUDALIEO spa oferece duas linhas de produtos fabrica-das exclusivamente na região: FarmHouse Fre-sh e Caudalie. FarmHouse Fresh cria produtos naturais e orgânicos para o corpo e o banho, confeccionados com o famoso talento sulino e usando ingredientes típicos da região. Em harmonia com o tema culinário do Epicurean, a FarmHouse Fresh oferece produtos de polimen-to do corpo cuja base são bebidas destiladas ou alcoólicas, como, por exemplo, Butter Rum, Bourbon Bubbler, Watermelon-Basil Vodkatini e Whoopie! Cream, o mais vendido da linha. Você pode experimentar todos esses produtos nos mais diversos tratamentos do spa, tais como o serviço de pedicure Dulce Delight.

Caudalie, a segunda linha de produtos da Evan-geline, criou a Vinothérapie e foi fundada bem em meio aos vinhedos de Bordeaux, França. Vinothérapie combina os atributos da água na-turalmente rica em minerais e microelementos com as mais recentes descobertas científi cas relacionadas aos benefícios proporcionados pelas vinhas e pelas uvas. Os serviços de spa como, por exemplo, a refi nada massagem esfoliante Crushed Cabernet e o tratamento facial Vinoperfect, que usam os produtos da Caudalie, se mesclam com perfeição às outras ofertas culinárias do spa do Epicurean Hotel.

O spa também possui uma série de tratamen-tos para cavalheiros, incluindo o facial Fine as Wine, a massagem Hot Whiskey Scour (ao fi m da qual o hóspede ganha uma dose de uísque) e o serviço de pedicure Bern’s Bourbon on the Rocks. Depois do delicioso relaxamento vivido no spa, confi ra algumas das demais incríveis comodidades oferecidas pelo hotel:

• Assista a uma aula na sofi sticada sala deculinária conhecida como Epicurean Theatre• Jante no Élevage, o restaurante

que recria receitas clássicas• Curta drinques artesanais no EDGE,

o bar situado no topo do prédio• Delicie-se com as sobremesas

da pâtisserie Chocolate Pi • Visite a loja de vinhos

Bern’s Fine Wines & Spirits • Pegue uma das bicicletas disponíveis no

hotel para dar um passeio pela vizinhança.

Se você pretende ir, o spa está aberto ao público, permite afiliação e disponibiliza cartões de presente. Para reservar e obter mais informações sobre o spa Evangeline do Epicurean Hotel, ligue para (813) 999-8742 ou visite o site SpaEvangeline.com. Para reservas no hotel, ligue para (813) 999-8700 ou visite o site EpicureanHotel.com.

Quer obter mais dicas de viagem de ‘Por Dentro do Entretenimento e do Luxo’ no site VISIT FLORIDA? Siga Kara Franker no Twitter, no Facebook e no Instagram.

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>> Com o lançamento da atração Seven

Dwarfs Mine Train, inspirado no fi lme

“A Branca de Neve”, a Nova Fantasyland,

maior expansão do Magic Kingdom,

em Orlando, na Flórida (EUA), está

concluída. Porém, os parques da Disney

não param de apresentar novidades. A

expectativa está por conta da nova área

do Avatar, que deve ser inaugurada em

2017, no Animal Kingdom. Para Ken-

neth Svendsen, vice-presidente sênior de

Vendas Globais da Disney Destinations,

a escolha do Animal Kingdom para o

Avatar foi mais que natural. Ele ainda

destaca outras novidades nos parques e

a importância dos agentes de viagem e do

mercado brasileiro; principalmente após

o Brasil ter alcançado a primeira posição

entre os países de longa distância que mais

emitem turistas para Orlando.

MERCADO & EVENTOS - Como o senhor avalia a recepção do público em relação a mais recente atração lançada “Seven Dwarfs Mine Train”, no Magic Kindom? Kenneth Svendsen - O feedback tem

sido incrivelmente positivo. Com a Se-

ven Dwarfs Mine Train nós forçamos

os limites da criatividade e inovação e

desenvolvemos um sistema de brinquedo

completamente diferente. Inspirada no

clássico animado da Disney ‘A Branca

de Neve’, é uma montanha-russa voltada

para família, e é a primeira a possuir um

movimento de balanço vai-e-vem que

surpreende as pessoas de forma positiva.

Desde sua grande abertura, em 2012, a

New Fantasyland provou ser um grande

sucesso para nossos visitantes.

M&E - Como estão os preparativos para o lançamento do Avatar, no Animal Kingdom?Kenneth Svendsen - Estamos muito ani-

mados com a nova área que começou a ser

construída esse ano no Animal Kingdom.

O parque temático é uma escolha natural

para o Avatar devido à ênfase de viver em

harmonia com a natureza, algo muito pre-

sente no fi lme. Mas a nova área do Avatar

não será a única novidade no parque.

Como parte da maior expansão da história

do Animal Kingdom, vamos adicionar

experiências de entretenimento comple-

tamente novas, incluindo um espetáculo

noturno com música ao vivo, lanternas

fl utuantes, imagens refl etidas na água e

imagens rotativas de animais. Tudo isso no

Discovery River, encantando os visitantes.

M&E - Qual a importância dos agentes de viagem na comercialização dos parques do complexo? Quanto eles representam nas pré-vendas de ingressos?Kenneth Svendsen - A Disney realmente

aprecia o relacionamento que possui com

os agentes de viagem e os vê como par-

ceiros de vendas vitais. Investimos neste

relacionamento oferecendo aos agentes

poderosas ferramentas e treinamentos

para ajudá-los a melhor servir seus clien-

tes. Sentimos que trabalhar com uma

agência de viagem experiente é a melhor

opção para planejar uma viagem para o

Walt Disney World ou para qualquer um

dos outros parques da Disney. Como o

cliente possui uma enorme variedade

de opções para considerar, o agente tem

a oportunidade de agregar valor através

de sua expertise em nossos produtos,

ofertas especiais e eventos e celebrações

que acontecem o ano todo.

M&E - No início de julho, o Brasil atin-giu a primeira posição entre os países ‘overseas’ que mais emitem turistas para Orlando. Tendo em vista esse ranking, a Disney prevê alguma ação voltada para os brasileiros a fi m de incentivar o aumento do número de turistas?Kenneth Svendsen - O Brasil continua

a ser um dos nossos mercados interna-

cionais mais importantes. Através do

investimento no país, em tempo e esforço,

temos visto um crescimento contínuo e

signifi cativo desse mercado no Walt Dis-

ney World. O encorajamento constante

que nossa equipe recebe para participar

de feiras de turismo como Abav, Festuris,

WTM-LA e Braztoa, nos dão a oportu-

nidade de crescer no mercado e nas rela-

ções-chave ainda mais. Vamos continuar

nos esforçando para oferecer aos nossos

parceiros brasileiros do setor de turismo

treinamentos importantes e apoio aos

agentes de viagem para estimular, ainda

mais, essa tendência positiva ao longo

dos anos que estão por vir.

M&E - O fi lme “Frozen” foi um verdadeiro sucesso da Disney. A companhia estuda a possibilidade de lançar uma atração com as mais novas princesas? Kenneth Svendsen - Frozen tem tido uma

presença nos nossos parques desde que o

fi lme foi lançado, em novembro de 2013.

Temos um grande número de visitantes

que são fãs da história, dos personagens

e das músicas de Frozen, e o índice é

crescente. Dessa forma, estamos respon-

dendo ao desejo dos fãs oferecendo mais

formas de experimentarem a história. As

personagens principais, Anna e Elsa, por

exemplo, estão presentes em todos os nos-

sos parques ao redor do mundo, e ainda a

bordo dos navios da Disney Cruise Line.

EXTERIOR

DisneyEntrevista com Kenneth Svendsen

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

VISITFLORIDA.com/portugues

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EXTERIOR

SeaWorld Parks & Entertainment

Entrevista com Maurício Alexandre

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

VISITFLORIDA.com/portugues

>> Um dos parques preferidos dos brasilei-

ros, o Discovery Cove, do SeaWorld Parks

& Entertainment, foi eleito, mais uma vez, o

melhor parque de diversões no Mundo pelo

TripAdvisor Traveler’s Choice na categoria

Parques de Diversão e Aquáticos. Nessa

entrevista, Maurício Alexandre, diretor

de Vendas e Marketing do SeaWorld no

Brasil, fala sobre os diferenciais que fi zeram

com que o parque chegasse no primeiro

lugar do ranking. Maurício ainda destaca a

importância dos brasileiros para os parques

e explica alguns projetos desenvolvidos

especifi camente para o público.

MERCADO & EVENTOS - Pela segunda vez, o Discovery Cove, em Orlando, foi nomeado como o melhor parque de diversões do mundo pelo TripAdvisor Traveler’s Choice. Qual o diferencial do empreendimento em relação aos outros?Maurício Alexandre - O Discovery Cove

foi reconhecido como o melhor parque

do mundo por oferecer aos visitantes

uma experiência única: a oportunidade

de se conectarem com animais marinhos

como golfi nhos, arraias, peixes tropicais e

também pássaros. Além disso, o parque é

limitado a somente cerca de 1.300 visitantes

por dia, operando no sistema all inclusive,

com café da manhã, almoço, bebidas e

petiscos à vontade. O Discovery Cove for-

nece todos os equipamentos de mergulho

como máscaras, snorkel, coletes salva vida

e roupas de neoprene curtas e compridas.

Pensamos em todos os detalhes, como

no protetor solar que não agride animais

marinhos que entregamos gratuitamente

aos visitantes. Os brasileiros adoram o

Discovery Cove e o Brasil é um dos prin-

cipais mercados internacionais do parque.

M&E - O SeaWorld tem investido, cada vez mais, em ações voltadas para bra-sileiros - como entrada antecipada nos parques, por exemplo - a fi m de incentivar o aumento do número de turistas. Que

outras ações o parque têm planejado especifi camente para esse público? Qual a importância do público brasileiro para os parques da Flórida e da Califórnia?Maurício Alexandre - O mercado brasileiro

é um dos maiores mercados internacio-

nais para nossos parques da Flórida e tem

crescido consideravelmente ao longo dos

últimos anos para o SeaWorld San Diego, na

Califórnia. Temos aumentado nossos inves-

timentos no Brasil, focando no treinamento

dos agentes de viagens em todo o país (no

desenvolvimento de novos produtos, como a

entrada antecipada para grupos no SeaWorld

Orlando) e também ampliando os produtos

que podem ser vendidos antecipadamente

pelos agentes de viagens. Destacamos os

tours como o Serengeti Safari, do Busch

Gardens, onde os visitantes fazem um Safári

e alimentam girafas, o Dine with Shamu,

no SeaWorld, atração em que os visitantes

fazem sua refeição bem perto das baleias,

além de produtos que melhoram a expe-

riência no parque, como o Quick Queue,

do SeaWorld e do Busch Gardens, que per-

mitem otimizar seu dia no parque indo às

principais atrações sem ter que pegar fi las.

M&E - Como o público recebeu as novas atrações que o complexo lançou neste ano? Quais os planos de lançamento

para o futuro? Maurício Alexandre - Nossos parques

investem constantemente em novas

atrações e, neste ano, já inauguramos

a Ihu’s Breakaway Falls, no Aquática, e

a Falcon’s Fury, no Busch Gardens, em

Tampa. Já no SeaWorld Orlando foi inau-

gurado, em 21 de junho, um novo show

noturno, o Shamu’s Celebration: Light

Up The Night nighttime Shamu Show.

M&E - Como estão sendo recebidas as comemorações de 50 anos do SeaWorld?Maurício Alexandre - As comemorações

dos 50 Anos do SeaWorld começaram em

meados de março e irão até a metade do

próximo ano nos três parques SeaWorld:

em San Diego, na Califórnia; em San

Antonio, no Texas e em Orlando, na Fló-

rida. Nestes parques há um esquadrão de

surpresas que proporcionam aos visitantes

experiências e encontros inesperados

com animais. No SeaWorld San Diego

renovamos a entrada do parque propor-

cionado emoções desde o momento em

que o visitante chega ao parque.

M&E - Qual a importância dos agentes de viagem na comercialização dos parques do complexo. Quanto eles representam nas pré-vendas de ingressos? Maurício Alexandre - Os agentes de viagem

são nossos grandes parceiros históricos e

sempre os prestigiamos, oferecendo todo

o apoio para que possam vender nossos

ingressos e demais produtos com segurança

e tranquilidade. Oferecemos treinamentos

constantes ao trade em todas as regiões do

Brasil, materiais promocionais em portu-

guês, itens de decoração para as agências e

todo o suporte necessário, além de partici-

parmos de quase todas as feiras de turismo

do país. Nossa estratégia visa alcançarmos

100% de ingressos vendidos antecipadamen-

te aos brasileiros que visitam nossos parques

e acreditamos que somente atingiremos

este objetivo através dos agentes de viagem.

137

138

139

De carona na CopaEvento impulsiona locações nas cidades-sede, mas gera queda no resto do país

LOCADORAS

>> Em relação aos legados que a Copa do Mundo deixou para o setor de locação, a Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla) avaliou que há mais prós do que con-tras, principalmente no segmento do lazer. Segundo dados da associação, em termos fi nanceiros e de negócios, a Copa acabou sendo defi citária para o setor como um todo. “O movimento nas locadoras que não atuam nas capitais onde houve jogos caiu entre 15% e 20% durante o evento”, avaliou Paulo Nemer, presidente do Conse-lho Nacional da Abla. “Nas cidades em que houve jogos, subiu só, em média, 10%”, complementou. Ele ainda lembrou que praticamente não houve feiras de negócios, congressos e seminários, e isso fez o volume de locações cair.

Na Localiza, o fator Copa do Mundo se manteve dentro das expectativas, com alta nas viagens de lazer e queda no corporativo – tendo uma com-pensação entre os segmentos. No entanto, a vinda de turistas de diver-sas nacionalidades durante os meses do Mundial foi grande e alavancou as vendas para algumas locadoras. Como foi o caso da Shift Mobilidade Corporativa (especializada em logística e transporte executivo e para eventos), que obteve um movimento 30% maior neste período do Mundial e disponi-bilizou mais de 400 profi ssionais para atendimento exclusivo.

A Hertz também viu o número de reservas de carros crescerem seis vezes durante a Copa do Mundo no país.

Os pedidos de reservas aumentaram mais de 500% no período. “Embora o número de contratos corporativos tenha diminuído, o crescimento no segmento de clientes pessoa físi-ca muito mais que compensou esta perda de volume”, disse Leandro Aliseda, diretor sênior de Vendas e Terceirização de Frotas da Hertz no Brasil. O mesmo aconteceu com a Avis Rent a Car, que registrou um crescimento de 131% nos contratos de aluguel de carros durante a Copa do Mundo de futebol, se comparado ao mesmo período do ano anterior, época em que foi realizada a Copa das Confederações.

Para os dirigentes do segmento, o Mundial mostrou ainda que o Brasil pode organizar grandes eventos; que é um país com um potencial turístico enorme, e com uma população que genuinamente gosta de receber. Para eles, a exposição positiva durante a Copa ajudou a reverter toda a expo-sição negativa pré-evento e, assim, quem sabe, irá contribuir para que muitos estrangeiros considerem o Brasil em sua próxima viagem inter-nacional.

Para o setor de locação no geral, outro legado importante deixado foi o fato de muitos turistas estrangeiros terem vindo pela primeira vez ao país, am-pliando o conhecimento do Brasil e deixando a vontade de voltar outras vezes e conhecer ainda mais. “Isso pode motivá-los a voltar em breve e, em tese, inclusive incentivar seus ami-gos e parentes a nos visitarem”, disse

Paulo Nemer, da Abla. Além disso, os integrantes da cadeia produtiva do turismo, entre eles o setor de locação, investiram na qualifi cação da mão de obra, também um importante legado pós-Copa para o turismo.

E por falar em qualificação, no pri-meiro semestre do ano foi aprovada a Lei que regulamenta a profi ssão do agente de viagem. Para o segmento de locação, apesar da notícia ser boa, ela não interfere diretamente nas relações de negócios do setor. “Eu não acho necessariamente que a regulamentação do setor promova uma maior profi s-sionalização. Acho que o mercado das agências de viagens já é um mercado profi ssional, a maioria das empresas é extremamente séria, e acho que na prática, para o consumidor fi nal, vai mudar pouca coisa. Se o cliente escolhe as agências sérias e tradicionais ele já tem um bom atendimento e continuará tendo”, disse Afonso Celso de Barros, presidente da Avis.

Para o presidente da Abla, Paulo Ne-mer, a regulamentação foi uma vitória para os agentes de viagem. “Torcemos para que a Lei ajude a dificultar a atividade de aventureiros, ou seja, gente não capacitada para atuar como agente de viagem. As locadoras têm todo o interesse em atuar com os bons agentes de viagens, que são importantes vendedores da locação de automóveis. Isso pode gerar boas comissões aos agentes e, nesse sen-tido, é essencial trabalhar somente com agências sérias, que cumprem as normas referentes à Lei”, fi nalizou.

LISIA MINELLI

140

LOCADORAS DE VEÍCULOS

Abla Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis

Entrevista com Paulo Nemer

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> A Associação Brasileira das Locadoras

de Automóveis (Abla) registrou em 2013

um crescimento duas vezes maior que o

PIB brasileiro. Segundo Paulo Nemer,

presidente do Conselho Nacional da Abla,

os números representam o tamanho do

setor dentro da economia do país. Para ele,

o aumento não está na média dos 10% dos

últimos dez anos, mas ainda assim o setor

atingiu um faturamento de R$ 6,52 bilhões

e a elevação de 4,73% em relação ao ano

anterior. Para o ano de 2014 a expectativa

é de superar os números apresentados. O

setor hoje gera 309 mil empregos diretos

e indiretos, arrecadando R$ 2,51 bilhões

de impostos.

MERCADO & EVENTOS - Quais os prin-cipais perfi s de consumo de locação de automóveis?Paulo Nemer - Conforme nosso Censo,

concluído ao fi nal de 2013, do total da

frota das locadoras, 58% é utilizada para

contratos de terceirização, que é o aluguel

de frotas para pessoas jurídicas. Outros

23% foram para o turismo de negócios,

que implica em profissionais locando

veículos para suas atividades de trabalho,

principalmente para participarem de

feiras de negócios, congressos, reuniões

e etc. E há 19% da frota destinada para

o turismo de lazer, que são as viagens de

férias. No caso das locações para pes-

soas físicas, tanto para turismo de lazer

como para negócios, o público ainda é

majoritariamente masculino (77%), mas

temos sentido crescer a procura feminina,

também em função de mais mulheres

estarem no mercado de trabalho e ocu-

pando posições de comando nas empresas

públicas e privadas.

M&E - Quais os principais mercados no país e quais os que possuem potencial?Paulo Nemer - Sobre isso, nosso setor

tem características muito especiais e

positivas, pois é marcado pela pulveri-

zação e pela capilaridade. Quero dizer

com isso que, hoje, há locadoras em

praticamente todas as cidades do Brasil,

de Norte a Sul. Assim, se é verdade que

os mercados do Sudeste seguem sendo os

mais signifi cativos em termos de volume

de negócios, também já é possível notar

que o crescimento em ritmo mais avan-

çado ocorre exatamente fora dos grandes

centros, fora das capitais. Os mercados do

interior dos estados têm muito potencial

para crescer no nosso setor.

M&E - Qual a importância e o crescimento do setor dentro do cenário econômico atual brasileiro?Paulo Nemer - Entre vários outros mo-

tivos, para explicar isso, gosto de dizer

que basta imaginar a importância que a

indústria automobilística tem para a gera-

ção de empregos e para o recolhimento de

impostos, para entender o quanto o setor

de locação tem importância para o PIB

do Brasil. Nosso setor é o maior cliente

das montadoras, pois juntas, as locadoras

compram aproximadamente 10% de

todos os veículos vendidos no Brasil. É

muita coisa. Com isso, ajudamos a gerar

e a manter quase 300 mil empregos dire-

tos e indiretos. Além disso, as empresas

do nosso setor já recolhem impostos

na casa dos bilhões de reais por ano.

M&E - Qual o atual cenário com seus principais desafi os e também as pers-pectivas para o futuro?Paulo Nemer - Eu diria que atualmente

estamos enfrentando dificuldades em

função das constantes mudanças das re-

gras relacionadas ao IPI dos automóveis,

que difi cultam o movimento de vendas

dos nossos carros seminovos. Com o IPI

reduzido para os veículos 0 km, o preço

dos seminovos cai em ritmo acelerado.

Não somos revendedores, mas também

não somos colecionadores de carros.

Precisamos vender os seminovos e, nesse

sentido, também é importante que as re-

gras do jogo não mudem repentinamente.

Sobre o futuro, somos otimistas. Com mais

apoio de nossos parceiros de negócios,

principalmente os bancos e também as

montadoras, poderemos comprar muito

mais veículos nos próximos anos. Temos

expectativa de que haja a redução nas taxas

dos financiamentos para as locadoras.

Nenhum setor gera caixa como o nosso.

Isso, por si só, já implica em excelente

garantia para os bancos.

M&E - A Copa do Mundo teve algum impacto no segmento de locação?Paulo Nemer - Teve impacto defi citário. O

movimento nas locadoras que não atuam

nas capitais onde houve jogos caiu entre

15% e 20% durante o evento. Nas cidades

em que houve jogos, subiu 10%. Durante

a Copa, o custo das passagens aéreas e

dos hotéis subiu, inibindo as viagens

de brasileiros dentro do próprio país.

Ou seja, essa geração de demanda pelos

nossos serviços, mesmo com as tarifas de

locação sendo mantidas, sem aumentos,

deixou de ocorrer. E, ainda, praticamente

não houve feiras de negócios, congressos

e seminários durante a Copa. Perdemos

também a demanda do público que aluga

o veículo a trabalho.

141

LOCADORAS DE VEÍCULOS

HertzEntrevista com Leandro Aliseda

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

>> Com mais de 100 lojas no Brasil, a

Hertz viu o número de reservas de carros

crescerem seis vezes durante a Copa do

Mundo no país. Os pedidos de reservas

aumentaram mais de 500% no período

de 1º de junho a 15 de julho em relação ao

mesmo período de anos anteriores. Além

disso, só neste ano, a locadora fez o maior

investimento em frota para consolidar o seu

crescimento. Sua receita global em 2013 foi

de US$ 10,8 bilhões; e no Brasil a expecta-

tiva é crescer dois dígitos neste ano. Veja

abaixo a entrevista com Leandro Aliseda,

diretor sênior de Vendas e Terceirização de

Frotas da Hertz no Brasil. Ele fala um pouco

sobre a locadora, resultados, expectativas

e, claro, sobre Copa do Mundo.

MERCADO & EVENTOS - A meta da Hertz é ter meio milhão de carros disponíveis até 2016. Como anda esse projeto?Leandro Aliseda - A Hertz possui mais de

20 mil carros no Brasil e investimos conti-

nuamente em sua renovação. Somente nesse

ano, renovamos 30% de nossa frota, fazendo

o maior investimento da história da empresa

no país. A empresa continua crescendo de

maneira consistente e sólida e tem tudo

para alcançar seus objetivos. No Brasil,

não divulgamos nossas metas específi cas,

contudo, acreditamos que a Hertz Brasil tem

todas as condições para dobrar seu volume

de carros alugados nos próximos 24 meses.

Atuamos em todo o Brasil e nossos mercados

principais são: São Paulo, Campinas, Rio de

Janeiro, Salvador e Brasília. Atualmente, são

mais de 100 lojas espalhadas pelo Brasil.

Constantemente estamos abrindo novas

lojas, sendo as últimas inauguradas em

Santo André, São Bernardo, Recife e Jundiaí.

M&E - A Hertz anunciou há algum tempo um plano de disponibilizar carros para aluguel em diferentes pontos, além das tradicionais lojas em aeroportos. Como anda esse projeto? Leandro Aliseda - Nos Estados Unidos e

Europa, lançamos o Hertz 24/7. Uma nova

maneira de alugar carros em que o cliente

encontra automóveis 24 horas, sete dias

por semana, disponíveis em milhares de

localidades parceiras. O processo de alu-

guel é extremamente simples e automati-

zado, permitindo agilidade e simplicidade

total na retirada e devolução do veículo.

M&E - Em 2013, a Hertz lançou o pro-grama de fi delidade Gold Plus Rewards. Como foi a recepção dele pelo mercado? Quantos clientes já estão cadastrados nele e quais os principais benefícios? Leandro Aliseda - Nossos clientes têm

recebido extremamente bem nosso pro-

grama de fi delidade, compreendido ra-

pidamente que não é só uma maneira

efi ciente de acumular benefícios, inclusive

com a parceria com a Multiplus. É tam-

bém uma oportunidade de ser atendido

de maneira diferenciada, sem fi las, com

a velocidade que nossos clientes esperam

de uma locadora moderna e de reconhe-

cimento global como a Hertz. Além disso,

a inscrição no programa é gratuita e pode

ser feita através do www.hertz.com.br.

M&E - Quanto foi o faturamento da empresa em 2013? Há expectativa de crescimento e quanto de share de mer-

cado a Hertz possui no Brasil? Em relação ao mercado internacional, como o nosso país se posiciona?Leandro Aliseda - A receita global em

2013 foi de US$ 10,8 bilhões. No Brasil,

após um momento de transição da gestão

local, estamos prontos para crescer sempre

nos dois dígitos pelos próximos anos. Em

termos de share, a Hertz mantém-se na

segunda posição no segmento de aluguel

de carros. No Aluguel de Frotas, encontra-

se entre as cinco maiores do mercado. Já

no mercado exterior, a empresa tem uma

posição muito privilegiada. É a maior

locadora do mundo, como mais de 8.800

pontos de atendimento, presente em todos

os continentes do mundo. Os brasileiros

alugam carros em todos os países em

que a Hertz está presente, com destaque

para as localidades nos EUA e na Europa.

M&E - Com a Copa do Mundo no Brasil, a Hertz teve um incremento de vendas no país? Houve algum esquema especial para atender esses clientes? Leandro Aliseda - Sim, a Copa foi muito

positiva. Embora o número de contratos

corporativos tenha diminuído, o cresci-

mento no segmento de clientes pessoa física

muito mais que compensou esta perda de

volume. Os clientes, nas cidades-sede e em

Campinas, entraram no clima da Copa,

sendo atendidos em lojas temáticas (com a

decoração da Copa do Mundo) e assessora-

dos em várias localidades por voluntários

Hertz que os apoiavam nos momentos de

maior movimento no balcão, especialmente

nos aeroportos. O Mundial mostrou que

podemos também organizar grandes even-

tos, que somos um país com um potencial

turístico enorme e com uma população

que genuinamente gosta de receber. Esta

exposição positiva durante a Copa ajudou

a reverter toda a exposição negativa pré-e-

vento e, assim, quem sabe, irá contribuir

para que muitos estrangeiros considerem o

Brasil em sua próxima viagem internacional.

142

LOCADORAS DE VEÍCULOS

LocalizaEntrevista com Paulo Henrique Pires

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> Em 2013 a Localiza teve um fatura-

mento de R$ 3,5 bilhões e já no primeiro

semestre de 2014 apresentou um cres-

cimento de 15% em relação ao mesmo

período do ano anterior. Entre os meses

de abril e junho deste ano, a empresa

registrou um total de 24.184 carros com-

prados e vendeu 15.889, o que representou

investimento líquido de R$ 260,8 milhões.

Segundo Paulo Henrique Pires, diretor

Comercial da Localiza, o investimento é

feito, em especial, para ampliação e reno-

vação da frota, que atualmente possui 118

mil carros. A idade dos veículos da frota

é em média de um ano. Para o diretor, a

intenção é ter sempre um produto novo

e adequado para oferecer aos clientes.

Ainda em relação ao faturamento, a em-

presa teve no segundo trimestre deste

ano lucro líquido de R$ 100,6 milhões.

A receita líquida consolidada de abril e

junho foi puxada pelo aumento de 13% no

faturamento líquido da divisão de aluguel

de carros, que somou R$ 316,7 milhões.

De acordo com a Localiza, esse avanço foi

infl uenciado pelo maior volume de diárias,

em 10,6%, e pelo valor da diária média.

MERCADO & EVENTOS - A Localiza in-vestiu neste ano R$ 260 milhões em frota. Como foi feito esse investimento? Paulo Henrique Pires - Investimos todo

esse valor por dois motivos: expansão e

renovação da frota, que tem no máximo 36

mil km ou até 12 meses de uso. Portanto,

renovamos nossa frota anualmente. E o

investimento é feito em função da demanda

e eventual necessidade de renovação para

mantermos a frota sempre nova para os

clientes. A Localiza possui hoje 118 mil car-

ros distribuídos em 534 lojas, sendo 470 lojas

no Brasil e mais 64 no exterior. Além disso,

possuímos 74 lojas de revenda de nossos

carros, que são aqueles substituídos pelos

novos modelos adquiridos. E dentre os prin-

cipais mercados nacionais, a região Sudeste

é o maior volume de rent a car da empresa.

M&E - Quanto foi o faturamento da em-presa em 2013. Qual o share da Localiza no mercado brasileiro?Paulo Henrique Pires - Como a Localiza

é uma empresa de capital aberto, eu não

posso divulgar projeções. Posso afi rmar

que as expectativas são muito boas. Nos-

so faturamento em 2013 foi de R$ 3,5

bilhões e se considerarmos o primeiro

semestre de 2014, a Localiza já registrou

um crescimento de 15% em relação ao

ano anterior. Estamos muito felizes com

esses resultados por se tratar de um ano

atípico com Copa do Mundo e eleições.

M&E - A Localiza atende clientes de lazer e corporativo. Há como mensurar qual o segmento tem maior importância para a empresa? Paulo Henrique Pires - O mercado de

viagens no Brasil é dividido em 80% cor-

porativo e 20% de lazer, e por estarmos

inseridos nesse contexto, - junto com as

companhias aéreas e os hotéis, por exem-

plo - nosso resultado pode ser dividido

dessa mesma maneira. O corporativo tem

um volume muito expressivo em nossas

vendas e é responsável pela maior fatia do

nosso faturamento. Mas no segmento de

lazer é onde temos a maior oportunidade

de crescimento. Estamos trabalhando

para o lazer e temos algumas novidades

por vir. Estamos esperando chegar mais

próximo ao período de alta temporada

para divulgar algumas ações.

M&E - A empresa teve algum incremento de vendas com a Copa do Mundo no Brasil? Paulo Henrique Pires - Nós não podemos

reclamar da Copa. Primeiro houve um

incremento nas viagens de lazer, mas

por outro lado, tivemos uma perda no

corporativo. As empresas pararam nesse

período e as viagens caíram. O que acon-

teceu foi que o lazer acabou compensando

o corporativo. O resultado foi positivo,

mas não tivemos um crescimento real

nas locações. Nós nos preparamos para

a Copa e montamos um atendimento

especial para os estrangeiros em nossas

lojas das cidades-sede. Contratamos aten-

dentes bilíngues e, de uma maneira geral,

a experiência com o Mundial foi positiva.

M&E - O Mundial foi positivo para o Brasil? Quais os benefícios do evento em longo prazo para o país?Paulo Henrique Pires - Antes da Copa as

previsões eram ruins, todos achavam que

daria tudo errado. Mas a Copa mostrou

que o Brasil tem capacidade de realizar

grandes eventos. Os turistas fi caram bem

impressionados com o atendimento que

receberam no país. As pessoas se encan-

taram com o Brasil e com seu povo. Acho

que esse foi o maior legado que tivemos do

evento. Mostramos ao mundo que somos

capazes e que nosso país é bom para se visi-

tar. Com isso temos a oportunidade de in-

crementar a vinda de turistas estrangeiros

e aumentar o volume de negócios por aqui.

143

LOCADORAS DE VEÍCULOS

Avis Rent a CarEntrevista com Afonso Celso de Barros

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

>> A Avis Rent a Car registrou um cresci-

mento de 131% nos contratos de aluguel

de carros durante a Copa do Mundo de

futebol se comparado ao mesmo período

do ano anterior, época em que foi realizada

a Copa das Confederações. Os brasileiros

foram responsáveis por 62,5% das loca-

ções. Estados Unidos (13%), México (3%),

Argentina (2,3%) e Colômbia (2,1) vêm na

sequência. Diante deste cenário, Afonso

Celso de Barros, presidente da Avis, fala

sobre as perspectivas para o futuro.

MERCADO & EVENTOS - A Copa teve um resultado positivo para a Avis? O que você pode comentar a respeito e quais os benefícios do evento para o Brasil?Afonso Celso de Barros - Para nós foi bom,

porque vieram muitos turistas estrangeiros

para o país e a Avis, como uma marca

internacional, soube aproveitar muito

bem isso. Tivemos um movimento bem

expressivo e um crescimento de 100%.

Podemos dizer que foi o melhor mês do

ano. Embora o mês de julho seja bom

por se tratar das férias, julho de 2014 foi

historicamente o melhor mês da empresa.

Em relação aos legados, acho que o país

ganha bastante. A imagem que o Brasil

passou para o mundo é de um país que

pode realizar eventos de grande porte

de forma organizada. As expectativas

eram baixas, mas conseguimos superar

todas elas.

M&E - Quanto representa hoje o canal de distribuição dos agentes de viagens para as vendas da Avis? Afonso Celso de Barros - É um canal fun-

damental. Temos relacionamento muito

grande com as agências. Acho, inclusive,

que os agentes têm no aluguel de carros

uma oportunidade de rentabilizar seu

negócio, mas isso ainda é pouco explorado

pelas agências. Fizemos um estudo recente

que mostra que há dez anos uma diária de

aluguel de carro equivalia a 53% do salário

mínimo. Hoje essa diária esta entre 10%

a 12%. O preço do aluguel de carro fi cou

muito competitivo e hoje cerca de 55%

das nossas vendas vem desse canal dos

agentes. É um volume bem representa-

tivo e que trabalhamos constantemente.

Temos uma equipe comercial que visita

sempre essas agências, através de relações

comerciais e de comissionamento.

M&E - Como se segmenta as locações na Avis? O corporativo é maior que o lazer?Afonso Celso de Barros - Apesar de

sermos mais fortes no lazer, este ano

pretendemos desenvolver mais o canal

corporativo. Estamos com foco muito

grande nas agências da Abracorp, assim

como nas empresas e operadoras que

trabalham com o mercado corporativo.

Isso não signifi ca que vamos abandonar

o lazer, mas esta é uma mudança que

esta acontecendo na companhia com

direcionamento para o segmento corpo-

rativo. O lazer está sendo bem atendido,

mas queremos incrementar também o

turismo de negócios. E estamos fazen-

do isso através da aproximação com as

agências e operadoras que possuem esse

relacionamento com as empresas e que

conhecem bem seus clientes. Recen-

temente fizemos uma parceria com a

Abracorp e já tivemos bons resultados.

Conseguimos incrementar em 56% nosso

volume de vendas no corporativo.

M&E - O que esta sendo feito para su-portar esse crescimento?Afonso Celso de Barros - Vamos abrir

até o final desse ano mais seis ou sete

lojas. Nossa equipe comercial também foi

reforçada. Trouxemos um novo gerente

para trabalhar conosco, o Ricardo Kaiser.

A frota também vem crescendo para

sustentar essa atividade. A empresa era

mais focada na terceirização de frota no

passado e agora estamos mais voltados ao

rent a car. Devemos dobrar a nossa frota

para o aluguel diário em 2014, chegando

ao fi nal do ano com cerca de 11 mil car-

ros. Temos, inclusive, a frota mais nova

do mercado com um tempo médio de

uso de seis a sete meses. A intenção com

isso é sempre deixar os clientes satisfeitos

com o produto. O mercado brasileiro é

interessante. O perfi l de carros que temos

é igual ao perfi l dos carros que os brasi-

leiros compram. Quando o cliente chega

ao balcão ele não pergunta qual carro

temos e sim qual o mais barato. Então

nossa frota é composta em 60% por carros

populares e mesmo antes de ser Lei, a Avis

já comprava sua frota com airbag e freios

ABS, que são de fundamental importância

para a segurança dos usuários.

M&E - E as locações no exterior?Afonso Celso de Barros - Também esta-

mos crescendo uma média de 7% ao ano.

O mercado internacional tem crescido ano

após ano. Os preços de passagens aéreas

estão muito convidativas e com isso mais

turistas estão viajando. Sendo muitas vezes

mais barato viajar para o exterior que no

Brasil. O destino preferencial é a Flórida,

onde temos atendido muitos brasileiros

e a maioria deles viajando pela primeira

vez. É um mercado crescente e que tem

apresentado bons resultados.

144

LOCADORAS DE VEÍCULOS

Shift Mobilidade Corporativa

Entrevista com Renato Kiste

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> Enquanto muitos segmentos no turismo

brasileiro reclamam de queda nas vendas

durante a Copa do Mundo, a Shift Mobili-

dade Corporativa só tem a comemorar. A

empresa teve um movimento 30% maior

neste período do Mundial e disponibilizou

mais de 400 profi ssionais para atendimen-

to exclusivo. Além disso, a Shift investiu

recentemente mais de R$ 2 milhões em

novas aquisições de carros. Somente nos

primeiros seis meses deste ano, a empresa

já teve um faturamento 90% maior que o

mesmo período do ano anterior. Veja a seguir

uma entrevista com o diretor Renato Kiste.

MERCADO & EVENTOS - Qual a atual frota da Shift no Brasil? Como anda o planejamento para novas aquisi-ções (já que foi anunciado em 2013 um investimento de R$ 2 milhões)? E quais os principais mercados nacionais? Renato Kiste - Atualmente, possuímos

50 veículos na frota distribuídos entre

carros executivos, vans, micro-ônibus e

ônibus. Porém, as aquisições são cons-

tantes. Isso signifi ca que a tendência da

frota é aumentar. Agimos de acordo com

o nosso crescimento. O maior volume de

vendas da empresa é em São Paulo (50%),

seguido por Rio de Janeiro (20%) e outras

localidades do país (30%), além de 5%

de volume de operações internacionais.

M&E - A Shift possui algum tipo de par-ceria com associações como a Abracorp? Há planos de se criar um programa de fi delidade ou algo parecido?Renato Kiste - Somos associados a algu-

mas entidades: São Paulo Convention &

Visitors Bureau (SPCVB), Associação

Brasileira das Locadoras de Automóveis

(Abla) e Associação Latino-Americana

de Gestores de Eventos e Viagens Corpo-

rativas (Alagev). Recentemente fi zemos

uma parceria com a Associação Brasileira

de Agências de Viagens Corporativas

(Abracorp) para transporte em algu-

mas visitas ao Aeroporto de Guarulhos.

M&E - Há intenção de abertura de no-vos pontos de vendas no país? A Shift também tinha a intenção de abrir um departamento com foco nas redes ho-teleiras. Esse plano já foi executado?Renato Kiste - Nossos escritórios estão

localizados em São Paulo, Rio de Janeiro,

Atibaia (Hotel Bourbon) e Campinas

(Hotel Royal Palm Plaza ), esses dois

últimos no interior de São Paulo. Existia

uma possibilidade de investirmos no Sul

do país, porém, canalizamos os investi-

mentos nos postos de atendimento dos

hotéis Hyatt e Hilton, na capital paulista.

A Shift ainda possui parcerias comerciais

com os hotéis Paradise Golf & Lake Resort

(Mogi das Cruzes), Tauá Hotel Atibaia e

Sofi tel Guarujá Jequitimar. Em relação ao

departamento, ele não foi criado, mas di-

recionamos esforços para captação de par-

cerias, o que nos deu um grande retorno.

M&E - E em relação à personalização das operações, falando da experiência que a Shift pode oferecer aos clientes. O que já foi implantado e está em operação? Renato Kiste - Personalizamos e custo-

mizamos ainda mais nosso sistema. Hoje

nossos consultores conseguem personalizar

a logística do cliente em poucos minutos,

disparar nossa confi rmação com o vou-

cher eletrônico, e o cliente tem um status

“online” do seu processo. O cliente recebe

avisos do nosso CRM a cada passo, da con-

fi rmação da leitura de seu pedido, indicação

do consultor responsável pelo atendimen-

to, confirmação de voucher e dados do

motorista até o fechamento do processo.

M&E - Qual o resultado da empresa em 2013 e as expectativas para 2014? Em relação ao mercado internacional, como o Brasil se posiciona nas vendas para o exterior?Renato Kiste - Nosso share dentro da Abra-

corp foi de 30% em 2013, somos líderes dentro

da associação. Colocamos como meta para

2014 um crescimento de 25%, porém, ainda

estamos na metade do ano e já ultrapassamos

a casa dos 90% de crescimento. Isso signifi ca

que nos primeiros seis meses faturamos

quase que o valor do ano passado inteiro.

No mercado exterior, operamos em mais

de 100 países com parceiros homologados.

Eles possuem o mesmo padrão de qualidade

que a Shift no Brasil. Sempre com veículos

novos, motoristas uniformizados, seguro

contratado, telefone móvel, plantão 24 horas

e muito mais. Oferecemos aos nossos clientes

a mesma comodidade e tranquilidade que

eles têm conosco no Brasil. O atendimento

internacional é uma realidade dentro dos

nossos serviços e queremos crescer ainda

mais nesse segmento.

M&E - Com a Copa do Mundo no Brasil, a Shift teve um incremento de vendas no país?Renato Kiste - Tivemos um incremento

de 30% em nossas vendas considerando

a Copa do Mundo. Foram quase 400

profi ssionais trabalhando exclusivamente

para transportar, monitorar e coordenar

nossos serviços. Se considerarmos todos

os grupos e profi ssionais envolvidos, foi o

maior evento que já realizamos.

145

146

LOCADORAS DE VEÍCULOS

Gráfi cos do SetorNúmeros do Anuário Abla

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

Faturamento do setorApesar das oscilações nos índices econô-micos que afetam o desempenho de vá-rios setores (bolsas de valores, variação do real frente ao dólar, rebaixamento do país quanto ao grau de risco) aqueles que analisam o segmento de locação de veículos constatam o crescimento constante nos últimos anos. No ano passado os investimentos continuaram, e o crescimento também. Em relação a 2012 a expansão do faturamento foi de 4,73%. O valor atingiu R$ 6,52 bilhões!

Frota do setorNo ano passado, as locadoras permaneceram com os veículos, em média, por 17,5 meses. Com relação à quantidade, a frota cresceu mais uma vez. Fechou 2013 com 529.890 unidades, expressando crescimento de 8,24% em relação ao ano anterior. A motorização 1.0 predomina, com 58% da frota; os compactos somam 18%; os carros considerados de luxo são 6%.

Perfi l do negócio

146

Fonte: Gráfi cos retirados do A

nuário Abla

147

Alta temporada na hotelaria

MEIOS DE HOSPEDAGEM

>> A Copa do Mundo de 2014 pro-porcionou um período de alta tem-porada para o setor hoteleiro. Das 12 cidades-sede que receberam jogos do Mundial, dez tiveram média supe-rior a 82% na taxa de ocupação. No ranking das cidades-sede com maior taxa de ocupação nos dias de jogos e vésperas, o Rio de Janeiro e Recife lideram com 92%, Cuiabá fi cou como a segunda colocada com 90%, seguidas de Belo Horizonte e Natal, com 87%. E, embora São Paulo tenha tido o maior volume de comercialização de diárias do período – 155 mil diárias, a cidade registrou apenas 66% de taxa de ocupação (principalmente por ter sido a cidade que ofereceu a maior oferta de leitos dentre todas as que receberam o Mundial). Durante a Copa do Mundo foram vendidas 970 mil diárias.

Para Enrico Fermi, presidente da As-sociação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) Nacional, o resultado geral foi positivo. Na opinião dele, algumas cidades ganharam enquanto outras perderam na ocupação, mas esse panorama já era esperado. “A Copa esteve dentro das expectativas. Sabíamos que teriam destinos que ganhariam enquanto outros perde-riam momentaneamente sua ocupa-ção. Como foi o caso de São Paulo, especifi camente, por ser um destino

Cidades-sede que receberam jogos do Mundial tiveram ocupação média de hospedagem superior a 77%

LISIA MINELLI

muito focado em eventos e turismo de negócios”, explicou. Quem comprova que a Copa foi realmente boa para a hotelaria é a GJP. Segundo Guilherme Paulus, presidente da rede, a Copa do Mundo foi bastante boa para o setor hoteleiro, especialmente nas cidades-sede. “Nos períodos de jogos, chegamos a 100% de ocupação nestas unidades”, disse.

Roberto Rotter, presidente do Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb), afi rma que o Brasil mostrou que sabe receber bem o turista, tanto que 95% deles querem voltar ao país. De acordo com pesquisas feitas pelo Ministério do Turismo, 85% dos turistas estrangeiros nunca estiveram antes no país e a maioria têm expectativas de um dia voltarem. Para Guilherme Paulus, o maior legado será a infraestrutura e a divulgação internacional. “O país preci-sa agora saber tirar o máximo proveito deste momento, unindo a iniciativa privada e órgãos governamentais”, advertiu. Outro segmento que teve altas taxas de ocupação no período do Mundial foi o de resorts. De acordo com Daniel Guijarro, presidente da Resorts Brasil, a ocupação dos resorts brasileiros fi cou acima da média para o período, registrando 42% de taxa de ocupação. “No geral, a Copa foi positiva, principalmente para os resorts do Nordeste, e os que receberam de-

legações estrangeiras. A ocupação em junho fi cou em 42%, contra 39,5% no mesmo mês do ano passado”, disse.

Num panorama geral, segundo os hoteleiros, o momento é ideal para trabalhar mais a imagem do Brasil no exterior, criando novos atrativos turís-ticos para as cidades, aproveitando os estádios e seus entornos, elaborando uma intensa agenda de eventos que mantenha o fl uxo de turistas durante o ano todo e garanta a manutenção desses novos e modernos equipamen-tos e a ocupação dos hotéis por todo o Brasil. O momento é ainda ideal para o setor do turismo como um todo, com a aprovação da Lei que regulamenta a profi ssão do agente de viagens. Um dos principais canais de distribuição de todos os produtos da cadeia pro-dutiva do turismo. A aprovação da Lei foi um grande avanço para o setor, apesar de alguns vetos, que estão sendo debatidos e, agora, abre-se espaço para um maior entendimento entre as agências e o Governo. “Há de se comemorar, pois depois de uma década, a atividade está fi nalmente regulamentada. Os agentes de viagens são nossos grandes aliados e merecem todo o respeito dos órgãos públicos”, disse Rotter. O Fohb apoia qualquer reivindicação do setor junto ao poder público e está diretamente engajado em parcerias público-privadas

148

MEIOS DE HOSPEDAGEM

ABIH NacionalEntrevista com Enrico Fermi

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> O setor da hotelaria registrou bons

resultados com a Copa. Algumas cidades

ganharam enquanto outras perderam na

ocupação, mas, segundo Enrico Fermi,

presidente da Associação Brasileira da

Indústria de Hotéis (ABIH) Nacional, esse

panorama já era esperado. Veja abaixo a

entrevista com o dirigente onde ele fala

desses resultados, assim como planos e

projetos da associação.

MERCADO & EVENTOS - Que balanço a hotelaria brasileira faz da Copa do Mundo? Enrico Fermi - A Copa em si foi dentro

das expectativas. Sabíamos que teriam

destinos que ganhariam enquanto ou-

tros perderiam momentaneamente sua

ocupação. Como foi o caso de São Paulo,

especifi camente, por ser um destino muito

focado em eventos e turismo de negócios.

A cidade teve um primeiro semestre me-

lhor, com a antecipação de muitos eventos.

Mas, no período da Copa, tivemos uma

ocupação média de 60% enquanto o es-

perado era de 72%. Houve uma perda no

período, que foi compensada nos meses

anteriores. Isso aconteceu em diversos des-

tinos que tem maior presença de eventos.

Mas no geral a Copa foi muito boa. Tudo

isso já era previsto então podemos dizer

que a Copa manteve os planos do setor.

M&E - Os hotéis independentes tive-ram uma boa taxa de ocupação nesse período?Enrico Fermi - Se pegarmos os hotéis in-

dependentes do Brasil que fazem parte da

ABIH Nacional, 98% deles fazem parte da

rede do Fórum de Operadores Hoteleiros

do Brasil(Fohb) - que fez uma pesquisa

bem detalhada da ocupação hoteleira

no período da Copa. A pesquisa aponta

que, na véspera, e em dias de jogos ,a

ocupação nas cidades-sede chegou a 77%.

Em Cuiabá tivemos o menor volume de

diárias vendidas, totalizando apenas 4

mil diárias, já em São Paulo o volume foi

muito maior, embora as taxas tenham sido

abaixo do esperado, registrando 155 mil

diárias vendidas no período.

M&E - Em sua opinião, o Mundial deixará algum legado para o Brasil? Enrico Fermi - Sim. Ele fez com que

muita gente conhecesse o nosso país. Foi

muito bom porque o boca a boca desses

estrangeiros em seus países de origem

irá reverberar. Agora, cabe a Embratur

colocar nossos produtos na prateleira e

reforçar esse discurso positivo. Sabemos

que ainda há defi ciências e que precisamos

melhorar, em especial, a fl uência em um

segundo idioma e na qualifi cação da mão

de obra. Sabemos que isso é um entrave e

que o processo de qualifi cação parou no

MTur e precisa ser retomado. Precisamos

treinar quem está trabalhando e atuando

na área. Precisamos ainda dar continui-

dade as obras de mobilidade urbana e

infraestrutura que, em função do tempo,

deixaram de ser concluídas.

M&E - Muitos hotéis foram construídos para atender a demanda da Copa e também outras demandas. Com esses

novos empreendimentos há risco de existir uma oferta exagerada em alguns mercados? Enrico Fermi - Se fala muito em super

oferta em alguns destinos, em especial

Belo Horizonte, onde tivemos pouco

mais de 30 hotéis inaugurados e outros

ainda a serem abertos. Mas acontece que

ninguém constrói hotel para 30 dias.

Acredito que, com a base na econonomia

do Brasil hoje, onde muitos brasileiros

estão aptos a viajar, não teremos uma

super oferta. Esse é um novo mercado

que temos que trabalhar. A situação eco-

nômica, com o país crescendo a menos

de 1% ao ano, não é boa para o segmento.

A classe C precisa continuar crescendo

e viajando para ajudar a garantir boa

ocupação.

M&E - A ABIH quer crescer sua repre-sentatividade e chegar a 10 mil asso-ciados em dois anos. Como será feito esse processo?Enrico Fermi - Passamos dos 4.200 as-

sociados e continuamos o trabalho de

regionalização. Abriremos mais duas

bases em Barreirinhas e Imperatriz, no

Maranhão; e estamos preparando as qua-

tro regionais de Minas Gerais. Ou seja, o

projeto está andando.

M&E - Quais os principais desafi os da hotelaria brasileira? Enrico Fermi - Queremos continuar a ter

um crescimento acima dos 10% ao ano.

Esse ano, com o desaquecimento da eco-

nomia e com os eventos que aconteceram,

acredito que fecharemos 2014 com um

crescimento de, pelo menos, 8%. Conti-

nuaremos a buscar a qualifi cação da mão

de obra, que é um item muito importante

para a hotelaria, e tentar diminuir nossa

carga tributária, que é a maior do mundo

para o setor. Contamos que o nosso novo

governante faça a reforma tributária.

149

MEIOS DE HOSPEDAGEM

Fohb Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil

Entrevista com Roberto Rotter

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

>> Durante a Copa do Mundo, o setor

hoteleiro obteve um excelente desempenho

e a hospitalidade foi um dos itens mais bem

avaliados pelos turistas em uma pesquisa

realizada pelo Ministério do Turismo. No

total, foram comercializadas 980 mil diárias

somente entre os associados do Fórum de

Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb),

mantendo a taxa de ocupação em 77%. Para

Roberto Rotter, presidente do Fohb, o Brasil

mostrou que sabe receber bem o turista,

tanto que 95% deles querem voltar ao país.

Veja abaixo a entrevista com o presidente

onde ele conta os resultados da hotelaria

no período do Mundial e ainda fala das

perspectivas para o futuro depois do evento.

MERCADO & EVENTOS - Qual é o balanço que hotelaria brasileira faz da Copa do Mundo? Em sua opinião, o evento trará benefícios para o Brasil?Roberto Rotter - O balanço é positivo para o

setor. Uma pesquisa recente, divulgada pelo

Ministério do Turismo, apontou que o item

“hospitalidade” foi um dos mais avaliados

pelos turistas estrangeiros, sendo que 95%

deles disseram que pretendem retornar. O

Brasil é um país de dimensões continentais

e nem por isso os turistas deixaram de se

locomover e se hospedar com tranquilida-

de durante a Copa do Mundo. Um grande

exemplo são os novos hotéis, aeroportos e

terminais inaugurados para o evento, que

surpreenderam na capacidade de operação,

além de serem muito bem planejados e estéti-

camente impressionantes. A partir de agora,

assim como a médio e longo prazo, espera-

mos um trabalho conjunto entre a iniciativa

privada (redes hoteleiras) e os governos Fe-

deral, Estadual e Municipal para a exposição

dos destinos nacionais em todo o mundo.

M&E - Quantas diárias foram comer-cializadas no período? Quais foram as cidades-sede que mais receberam hós-pedes nesse período?Roberto Rotter - As redes hoteleiras asso-

ciadas ao Fohb apresentaram índices que

superam 980 mil diárias comercializadas

durante todo o período da Copa, entre 11 de

junho e 14 de julho. E ainda 77% de ocupa-

ção média em todas as cidades-sede em dias

de jogos e vésperas. As cidades com maior

ocupação foram: Rio de Janeiro, Recife e

Cuiabá, com média de 92% de ocupação.

M&E - Além dos hotéis, outros meios de hospedagem também se benefi ciaram do Mundial?Roberto Rotter - Sim, houve espaço para

diversos meios de hospedagem durante a

Copa do Mundo. Assim como em qualquer

outro evento, o consumidor tem o direito de

escolher qual a melhor forma de hospeda-

gem. No caso dos hotéis associados ao Fohb,

há variações de classifi cação para todos os

tipos de gostos e orçamentos, sejam hotéis

econômicos, midscales, upscales ou resorts.

Todos os segmentos tiveram bons índices

de ocupação e foram muito elogiados pelos

turistas nacionais e internacionais.

M&E - De todo o investimento anunciado pela hotelaria, cerca de R$ 7 bilhões, o que foi realmente concluído? E quais foram os destinos que mais receberam investimentos?Roberto Rotter - Os R$ 7 bilhões anunciados

estão sendo investidos pelas redes associa-

das ao Fohb até 2016, ano das Olimpíadas.

Serão mais de 150 novos empreendimentos

e cerca de 30 mil novas Unidades Hoteleiras

(UHs). As regiões com mais aberturas de

UHs no período (2014 a 2016) são Sudeste

e Sul. Já os estados são RJ, SP e MG. Entre as

cidades, destaque para Belo Horizonte (MG),

Rio de Janeiro (RJ), Campos dos Goytaca-

zes (RJ), Goiânia (GO) e São Paulo (SP).

M&E - Já há dados para avaliar se os novos hotéis construídos resultarão em uma super oferta no mercado? Como anda o Placar da Hotelaria?Roberto Rotter - É possível avaliar, por

enquanto, com base na última edição do

Placar da Hotelaria (Placar da Hotelaria

2015 - Projeção da taxa de ocupação nas 12

cidades-sede da Copa do Mundo no Brasil).

A cidade de Belo Horizonte talvez seja o

caso mais delicado neste sentido. Com a lei

municipal que incentivou a construção de

empreendimentos hoteleiros para a Copa

do Mundo, a oferta hoteleira cresceu na

capital mineira, mas não acompanhada

pelo aumento da demanda. Outro caso

específi co é o da Barra da Tijuca, no Rio

de Janeiro. A região concentra um grande

número de projetos, pois ainda abriga ter-

renos disponíveis para construção, o que

não ocorre em outros bairros da cidade.

Passados os Jogos Olímpicos, haverá uma

grande concentração de hotéis na Barra,

uma área da cidade que não concentra a

maior parcela da demanda. No entanto, o

Rio de Janeiro é uma cidade extremamente

atrativa para os turistas, por isso não de-

verá ser tão afetada. Espera-se uma maior

oferta também em mercados como Brasília,

Cuiabá e Manaus, cidades em que houve

um crescimento grande da oferta, nem

sempre acompanhada pelo aumento da

demanda, ainda menor com a desacelera-

ção do crescimento da economia brasileira.

Uma nova edição do Placar da Hotelaria

deverá ser lançada no final deste ano.

150

MEIOS DE HOSPEDAGEM

Resorts BrasilEntrevista com Daniel Guijarro

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> A Copa do Mundo foi um sucesso. Os

estrangeiros que vieram ao Brasil se encan-

taram e se apaixonaram pela receptividade

do povo brasileiro. Os hotéis lotaram e

os resorts também viram suas vendas

alavancarem. Segundo Daniel Guijarro,

presidente da Resorts Brasil, a ocupação

dos resorts brasileiros fi cou acima da mé-

dia para o período, registrando 42% de

taxa de ocupação. A expectativa é que o

ano feche com 56%. Para o presidente, a

Copa teve um resultado muito positivo, e

que, em longo prazo, trará um aumento

no fluxo de turistas para o país. Na en-

trevista concedida ao M&E, ele aborda

assuntos como os desafios dos resorts

em se tornarem competitivos no Brasil.

MERCADO & EVENTOS - Para este ano, apesar da Copa, a expectativa é que os resorts registrem ocupação de 58%, podendo chegar a 60%. Essa expectativa se confi rmará? Daniel Guijarro - Sim, a expectativa deverá

se confi rmar. Tivemos um primeiro semestre

com crescimento em praticamente todos os

meses. O segmento certamente fechará o ano

com desempenho acima dos 56% de média

de ocupação registrado no ano passado.

M&E - Durante a Copa do Mundo os resorts tiveram algum incremento, se comparado ao mesmo período do ano anterior? O Mundial foi positivo para os resorts de uma maneira geral?Daniel Guijarro - No geral, a Copa foi posi-

tiva, principalmente para os resorts do Nor-

deste e os que receberam delegações estran-

geiras. A ocupação em junho fi cou em 42%,

contra 39,5% de junho do ano passado.

M&E - De acordo com pesquisa da Resorts Brasil, o setor corporativo está crescendo dentro dos resorts e ajudou a alavancar os resultados do ano de 2013. Quais as expectativas para esse ano em relação ao segmento?

Daniel Guijarro - O mercado corporativo

continua sendo muito importante e segue

merecendo investimentos dos resorts em

infraestrutura para eventos, incremento

de atividades destinadas a esse públi-

co e divulgação entre as empresas que

promovem eventos. O fortalecimento

do mercado corporativo é, ao lado da

retomada do mercado estrangeiro, uma

das bandeiras da Resorts Brasil.

M&E - Segundo pesquisa feita em 2011, os resorts brasileiros são em média 60% mais caros que os resorts caribenhos, por exemplo. Isso ainda é uma realidade? Como tornar os resorts no Brasil mais competitivos e atrativos para os turistas?Daniel Guijarro - Apesar da desoneração

da folha de pagamento obtida pelo seg-

mento por meio da inclusão no programa

Brasil Maior, o “custo Brasil” ainda é

imenso e faz com que os resorts brasileiros

tenham um ônus na competição com os

similares caribenhos. Para que os resorts

sejam mais competitivos e atrativos, será

necessário não apenas diminuir o peso

dos tributos, mas também os custos de

energia elétrica (o segundo maior custo

dos resorts), bem como facilitar o acesso

a linhas de fi nanciamento para investir

na renovação de suas instalações, entre

outras medidas. Há uma preocupação com

uma possível crise da energia elétrica e a

elevação do custo infl acionário. Na área

da promoção, o governo precisa retomar

as ações dos escritórios de turismo, que

apenas recentemente foram reinaugura-

dos. O momento, imediatamente após a

realização da Copa, é favorável para essa

retomada da promoção nos mercados

estrangeiros. Algumas ações de incentivo

que poderiam ser implementadas são:

a isenção do visto, a isenção de impos-

tos para estrangeiros gastarem no Brasil

(política do tax free ou tax refund), o

incentivo aos voos charters com isenção

do imposto sobre combustível e uma

política permanente de promoção inter-

nacional e nacional na baixa temporada.

M&E - Em relação à recente aprovação da Lei que regulamenta a profi ssão do agente de viagem, como isso ajudará no desenvolvimento do turismo no país? Qual a importância dessa Lei?Daniel Guijarro - Será mais um passo para

a profi ssionalização do setor. A Resorts

Brasil acredita na atuação do agente de via-

gem, por isso, incentiva e promove ações

de qualifi cação destinadas a esse público.

M&E - E como este novo cenário no Brasil (pós-Copa e com a regularização da profi ssão), como o agente se posiciona? Daniel Guijarro - O agente de viagem é um

elo importante nesta cadeia de promoção.

Ele precisa entender as demandas de seu

público. O brasileiro tem comportamento

diferente de acordo com a situação: se vai

para o exterior ou viaja em seu próprio

país. As comparações de destinos nunca

são equilibradas. As pesquisas indicam que

94% dos estrangeiros que estiveram na Copa

do Mundo pretendem retornar. Isso mostra

que a hospitalidade brasileira, aliada com a

beleza dos destinos e a infraestrutura dos

resorts, pode acolher o estrangeiro e o turista

brasileiro que ainda não conhece o país.

151

152

MEIOS DE HOSPEDAGEM

GJP Hotéis & ResortsEntrevista com Guilherme Paulus

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> A rede de hotéis e resorts GJP tem

um plano ambicioso de expansão para

os próximos quatro anos. No total, o

projeto terá aporte de R$ 1 bilhão, verba

proveniente de investidores. Desse total,

R$ 300 milhões serão aplicados até 2016.

Segundo Guilherme Paulus, presidente

da GJP, o objetivo é chegar a 2018 com

48 unidades de hotéis em operação no

Brasil e se tornar uma das cinco maiores

operadoras hoteleiras do país. Hoje, são 14

hotéis no portfólio da empresa. O foco dos

investimentos será nos empreendimentos

em aeroportos e polos industriais. Nos

aeroportos, a rede já ganhou a licitação

de Confi ns (MG) e Santos Dumont (RJ)

e já se prepara para participar das novas

concessões de Porto Alegre e Curitiba.

A empresa também foca na expansão no

Sul do país, onde serão abertos 19 novos

hotéis em pequenas cidades. Em 2013, a

GJP faturou cerca de R$ 150 milhões. Para

2014 a expectativa é atingir um resultado

ainda maior, chegando a R$ 180 milhões;

um crescimento de 20%.

MERCADO & EVENTOS - A GJP Hotéis & Resorts passa por uma expansão com investimentos de mais de R$ 1 bilhão até 2018. O que contempla esse projeto?Guilherme Paulus - Temos um projeto,

em parceria com a M. Stortti, para o

desenvolvimento de 19 novos hotéis na

região Sul do país, com condo-hotéis

em cidades do interior, somando R$ 20

milhões em investimentos. Além disso,

temos em desenvolvimento projetos em

Brasília e Juiz de Fora, e também nos

aeroportos de Vitória, Confins (Belo

Horizonte) e Santos Dumont (Rio de

Janeiro). Também estamos investindo

na implantação do sistema de gestão

TOTVS, além de estarmos atentos a qual-

quer outra oportunidade. Nosso objetivo

é chegar em 2018 com 48 empreendi-

mentos e mais de 7 mil apartamentos.

M&E - Quantos hotéis a GJP tem hoje no Brasil e em quais localidades? Há projeto de novas aberturas?Guilherme Paulus - A GJP atualmente

administra hotéis em Gramado (Hotel

Alpenhaus, Serrano Resort Convenções

& Spa e Hotel Saint Andrews), Aracaju

(Prodigy Beach Resort & Conventions

Aracaju), São Paulo (Prodigy Grand Ho-

tel & Suites Berrini), Salvador (Sheraton

da Bahia Hotel), Foz do Iguaçu (Iguassu

Resort), Rio de Janeiro (Linx Hotel In-

ternational Airport Galeão), Porto de

Galinhas (Hotel Marupiara), Maceió

(Village Pratagy Resort e Hotel Sete

Coqueiros) e Natal (Yak Hotel Natal).

Além disso, comercializamos o Hotel

Brisamar, em São Luis (MA), e o Hotel

Coliseum, em Beberibe (CE). Entre os

projetos em andamento estão unidades

em Brasília e Juiz de Fora, e também nos

aeroportos de Vitória, Confins (Belo

Horizonte) e Santos Dumont (Rio de

Janeiro). Nosso objetivo é continuar

investindo onde acreditamos haver de-

manda, como capitais, grandes cidades

e o litoral nordestino, entre outros.

M&E - Em 2013 foi inaugurado o pri-meiro hotel da rede junto ao Aeroporto

do Galeão (RJ). Além desse, a GJP tem contrato de concessão para construção nos aeroportos Santos Dumont (RJ) e Confi ns (MG). Como andam esses pro-jetos, qual investimento, bandeiras e a previsão de inauguração?Guilherme Paulus - Nosso plano é iniciar

a operação dos hotéis em construção em

2015. O total de investimentos supera os

R$ 200 milhões. O hotel de Confi ns terá

as bandeiras Linx e Prodigy - econômica

e midscale, respectivamente. Em Vitória,

será uma unidade Linx e, no Santos Du-

mont, Prodigy.

M&E - A GJP tem planos de abrir IPO ou ainda de expandir seus negócios para o mercado internacional?Guilherme Paulus - Não temos planos

de abrir capital. Claro que nos interessa

expandir nossos negócios para o exterior,

mas por enquanto não temos nenhum

projeto em andamento.

M&E - Durante a Copa, os hotéis da GJP tiveram uma maior procura? Na sua opinião, o Mundial deixará algum legado para o país?Guilherme Paulus - A Copa do Mundo

foi bastante boa para o setor hoteleiro,

especialmente nas cidades-sede. Nos

períodos de jogos, chegamos a 100%

de ocupação nestas unidades. Outros

destaques foram os hotéis de Gramado

(o Serrano Resort recebeu delegações,

inclusive a do presidente de Honduras)

e o de Porto de Galinhas (o Marupiara

também recebeu um bom volume de

turistas estrangeiros como mexicanos e

alemães). Certamente a Copa do Mundo

deixará um grande legado para o Brasil,

tanto em divulgação internacional quanto

em estrutura e qualidade dos serviços. O

país precisa agora saber tirar o máximo

proveito deste momento, unindo a ini-

ciativa privada e órgãos governamentais.

153

Annie Morrissey, vice-presidente de Vendas e Marketing da Atlantica

“O Revpar está com saldo positivo em 4% e a Atlantica Hotels com crescimento de 13% em relação ao mesmo período de 2013. A média diária teve alta de 9%. Assim, em geral, a Copa do Mundo foi excelente! Superou até os mais otimistas em termos de imagem internacional e isso vai ajudar a

captação de eventos e viagens corporativos. O segundo semestre está lento, porém já sinalizamos agosto com mais solicitações para eventos. Uma vez que, historicamente, a segunda parte do ano é melhor, devemos retomar o mesmo crescimento de 2013.”

Tomás Ramos, diretor Comercial do Othon

“A taxa de ocupação da rede em 73% mos-tra que as atividades no período da Copa foram ótimas e excederam as expectativas. Em relação ao ano passado, o mercado cresceu 26%. Especifi camente no Rio de Janeiro, a movimentação de turistas foi durante o mês inteiro e só consolidou o

fato de que os brasileiros são muito receptivos. Nos próximos seis meses, com certeza haverá impacto na movimentação do mercado nacional, devido às eleições e para os próximos anos podemos esperar a consolidação do Brasil com o turismo internacional.”

Jeferson Munhoz,diretor de Vendas da Bourbon

“No primeiro semestre conseguimos um crescimento em todos os segmentos da empresa. O faturamento de 2014 foi 18% maior em relação ao ano anterior. A hotelaria no geral sofreu com a redu-ção dos seus clientes habituais para um cliente específi co. Cidades, como o Rio de

Janeiro, tiveram resultados acima da média, enquanto outras foram prejudicadas. As empresas tiveram suas vendas reprimidas e esta difi culdade impulsionará ações para recuperar o tempo perdido. Em 2015 o mercado pode sofrer devido às eleições e possíveis medidas necessárias para a correção da economia.”

Carolina Abud, gerente Comercial Brasil do Palladium Hotel Group

“O Grand Palladium Imbassaí teve exce-lente taxa de ocupação, atingindo 75%. Em relação à Copa do Mundo, a hotelaria esperava um cenário mais otimista. Os estrangeiros não estavam dispostos a investir muito em hospedagem e opta-ram por estadias mais econômicas. Já

os brasileiros, optaram por melhores hotéis, mas como foram exclusivamente conferir os jogos, não estenderam a viagem. No 2º semestre acredito que possamos recuperar as baixas ocupações e já tivemos um retorno com solicitações para o fi nal do ano, férias e outros períodos do 1º semestre de 2015.”

Marco Oliva,diretor Comercial do Club Med

“Com a Copa do Mundo e as eleições, 2014 tem sido um ano atípico. O primeiro semestre para a rede teve um resultado excelente, com 23% de crescimento. Na segunda metade do ano, mesmo com o ritmo mais lento, conseguimos manter uma razoável taxa de ocupação em função

dos diferentes grupos estrangeiros que recebemos nos Villages do Brasil. Com o bom adiantamento das vendas para 2015 e, se a economia e a situação política permanecerem sem grandes sobressaltos, tudo indica que teremos resultados ainda mais expressivos que 2014.”

Sérgio Souza, diretor Comercial do Casa Grande Hotel & Resort

“Fechamos com crescimento de 18% no faturamento e 10% na ocupação. A Copa deixa a experiência em recepcionar um evento de grande porte, além de todo o conhecimento em planejamento para receber as delegações. Ainda tivemos a possibilidade de trabalhar intensamente

em treinamentos para os colaboradores e na melhoria da infraes-trutura hoteleira. Nossas expectativas futuras se consolidam na manutenção do crescimento do primeiro semestre e na ampliação da captação de eventos corporativos.”

André Tamboisi, diretor deVendas e Marketing da BHG

“A Copa do Mundo teve um impacto positivo, fechamos mais de 9.600 quartos. Além das taxas de ocupação satisfatórias, fomos selecionados pela FIFA para receber delegações e fomos benefi ciados pelas emissoras de televisão internacionais que se hospedaram para cobrir o evento. Os

investimentos promoveram uma modernização e fortalecimento do mercado hoteleiro. A expectativa é grande para o segundo semestre; estamos com produtos já reformados e em pleno vapor operacional, com rápido reposicionamento dos nossos hotéis no mercado de eventos, lazer e corporativo.”

Enquete com a rede hoteleiraQuais foram os reais impactos da Copa do Mundo para os hotéis do Brasil? A visibilidade que o país ganhou com o evento poderá se refl etir nas taxas de ocupação dos hotéis nos próximos anos?

m eirapactos dahotéis doe o país

oderá se ção dos s?

154

Orlando Giglio, diretor Comercial e Marketing do Iberostar no Brasil

“O primeiro semestre foi positivo. Vale destacar a Arena Iberostar, na qual os hóspedes acompanharam a Copa do Mundo e o funcionamento do IGA como hotel fl utuante; que ofereceu passeios à parte, para que todos pudessem assistir aos jogos. O legado desse grande evento,

além da modernização e do crescimento da hotelaria, é a pro-fi ssionalização do setor em receber turistas internacionais. Para 2015, temos a previsão de inaugurar o Iberostar Magia Maceió, em Alagoas, que fará parte da categoria Premium Gold da rede.”

Antônio Dias, diretor Executivo do Royal Palm Hotels & Resorts

“O balanço do Royal Palm Hotels & Re-sorts foi positivo. Com a antecipação dos eventos, a hospedagem da seleção portuguesa e o aumento de hóspedes, o crescimento foi de 5% em relação ao mesmo período do ano passado. Em relação ao pós-Copa, Campinas será uma

das cidades mais benefi ciadas, devido ao projeto de expansão do Aeroporto Internacional de Viracopos. Para o restante do ano, com o término do Mundial, as solicitações para eventos voltaram a aparecer e a promessa é de que os meses de agosto e setembro sejam movimentados.”

Ricardo Aly, diretor Comercial do Paradise Resort

“Em relação ao legado deixado pela Copa do Mundo 2014, notei que temos condi-ções de oferecer atendimentos muito me-lhores do que suponhamos. Agora, mais do que nunca, devemos atentar para a constante melhoria de processos, serviços e qualifi cação de colaboradores. Para o

segundo semestre deste ano, enxergamos uma elevação no volume de eventos e hospedagem. Por conta do mundial, muitas viagens de lazer e ações corporativas foram adiadas para esse período.”

Roland Bonadona,vice-presidente da Accor

“No primeiro semestre de 2014, a taxa de ocupação foi menor que no ano anterior, mas se olharmos para algu-mas cidades-sede, houve um aumento no período. Além disso, inauguramos mais de dez hotéis e assinamos novos contratos com investidores parceiros.

Com o Mundial, destaco o legado de modernização e am-pliação do parque hoteleiro no país. Até o fi m de 2017, te-mos um forte plano de expansão, totalizando um investi-mento de R$ 2 bilhões no Brasil por meio desses parceiros.”

Francisco Garcia,diretor de Operações do IHG

“No primeiro semestre, a IHG teve um crescimento de 4,62% em ocupação e de 16% em receita. Acredito que o principal legado da Copa foi uma hotelaria mais preparada e atualizada. No segundo se-mestre, devido às eleições, esperamos um movimento de deslocamento semelhante

ao primeiro, no qual as empresas evitaram realizar eventos e viagens durante o Mundial. Para os próximos anos, esperamos uma manutenção ou pequena queda nos níveis de ocupação na cidade de São Paulo e apenas o refl exo da infl ação no que diz respeito à diária média na cidade.”

Regina Rocha, gerente deMarketing do Portobello Resort & Safári

“Sem dúvida a Copa trouxe benefícios para a hotelaria, principalmente com relação à exposição que ganhamos no cenário mundial. O Portobello Resort & Safári, por exemplo, que recebeu a delegação italiana de futebol, ganhou uma maior visibilidade nos serviços oferecidos, nos atrativos, nas

instalações e nos diferenciais que possui como empreendimento hoteleiro no Brasil. A divulgação espontânea, ligada a um dos maiores torneios esportivos do mundo, foi, e continua sendo, positiva, tanto para a hotelaria quanto para o turismo do país.”

Chieko Aoki,presidente da Blue Tree Hotels

“Acredito que o setor hoteleiro foi benefi -ciado durante a Copa do Mundo. Foi uma oportunidade de ouro em que mostramos o que temos de melhor e apresentamos a riqueza da cultura brasileira que superou a expectativa em qualidade e em diver-sidade. Os turistas se encantaram e com

certeza voltarão. Na Blue Tree, estamos colhendo bons frutos. Nossos hotéis nas cidades-sede apresentaram ocupação de até 100% em dias de jogos, além de um crescimento de 13,5% na receita bruta geral dos meses de junho e julho comparado ao mesmo período do ano anterior.”

Enquete com a rede hoteleiraQuais foram os reais impactos da Copa do Mundo para os hotéis do Brasil? A visibilidade que país ganhou com o evento poderá se refl etir nas taxas de ocupação dos hotéis nos próximos anos?

m eirapactos da os hotéis que país oderá seção dos s?

155

Helida Cristina, diretora de Vendas do Porto Bay Resort

“Tivemos um 1° semestre muito bom. O ano tem sido muito bom, principalmente com a infl uência da Copa do Mundo, que alavancou a hotelaria nesses últimos meses e ajudou a fechar o período com altos índices de ocupação. Atingimos 80.15% de ocupação durante o 1º semestre. Já o 2º

semestre é uma incógnita. Tivemos um mês de agosto ótimo, o que foi contra o mercado, uma vez que o setor está caminhando devagar. Esse é um período marcado por Eleições, então nossas ex-pectativas é que seja um semestre mais lento, a exemplo desse mês de setembro. Nossa meta é fechar o ano com 82% de ocupação.”

Ana Luiza Masagão, diretora de Experiência em Marketing e Venda do Grupo Rio Quente

“O ano de 2014 vem se caracterizando em um período de crescimento, em que atingimos alta de 7% no primeiro semestre e acreditamos fechar o ano com 10% de alta, na comparação com o ciclo anterior. Assim, acompanhamos o avanço médio

do turismo no País dos últimos anos. Cientes dos efeitos que a Copa do Mundo poderia promover para o turismo nacional, desenvolvemos mecanismos comerciais de manutenção do crescimento médio da empresa, focando em nichos pouco sensíveis ao futebol.”

Gerson Teixeira, gerente Comercial da Rede Mar de Canasvieiras

“Não vejo que o evento foi positivo para Florianópolis, capital de Santa Catarina. Todas as ações com mercado internacional foram através das Online Travel Agencies (OTAs). O mercado nacional, no turismo lazer e eventos, parou, sendo o pior tri-mestre dos últimos cinco anos! A Copa

do Mundo só foi boa para cidades-sede, principalmente Rio de Janeiro e São Paulo, outros estados e cidades com certeza levaram um grande prejuízo.”

Luigi Rotunno, diretor geral do La Torre Resort

“Ano passado fechamos a ocupação em 77%. Para 2014, a meta é bater os 70% de ocupação e atingir os 80%. E estamos indo bem, desde o fi nal da Copa, o La Torre está com 100% de ocupação e a procura para os próximos meses está alta. O hotel rea-lizou diversos investimentos para receber

a Seleção, a Federação e TVs Suíças. Também oferecemos vários cursos aos colaboradores e compramos novos equipamentos. A infraestrutura foi outro setor que se benefi ciou. Nesse ano, devido ao Campeonato de Futebol, aceleramos o investimento da infraestrutura dedois anos em 10 meses.”

Flávio Andrade, gerente geral do Holiday Inn Parque Anhembi

“Com 12 cidades sediando os jogos da Copa do Mundo no Brasil, a demanda hoteleira foi pulverizada. Com o recesso dos eventos durante o período dos jogos, a ocupação fi cou concentrada no turista de lazer e no público que veio assistir aos jogos da Copa. Para nós, essa mudança

no perfi l dos hóspedes (que tradicionalmente é composta pelo segmento corporativo) durante o Mundial foi bastante positiva, pois tivemos a oportunidade de difundir nossa marca e a excelência dos nossos serviços e gastronomia para os turistas que visitam São Paulo a lazer e não somente para clientes corporativos.”

Silvio Pessoa, diretor do Sol Express Hotéis & Resorts

Durante os jogos da Copa do Mundo em Salvador, a ocupação ficou entre 72% e 95%. Encontramos também 83 nacionalidades diferentes que vieram para nossa capital, e este vai ser nosso grande legado, a exposição midiática será inestimável. Com as eleições, os próximos

ministro do Turismo e presidente da Embratur terão que saber como capitalizar para que a Copa tenha um efeito multiplica-dor no número de visitantes. Devemos continuar investindo na capacitação de novos colaboradores, pois a falta de pessoas falando idiomas foi um dos grandes problemas encontrados.”

Dilson Fonseca, diretor do Catussaba Hotéis & Resorts

“O resultado da Copa do Mundo foi ime-diato e acima da expectativa. A taxa de ocu-pação em 80% mostra um excelente cresci-mento. O Brasil saiu com a imagem fortale-cida, devido à propaganda que as próprias delegações fi zeram, foi algo natural, todos voltaram para casa satisfeitos. Só a nossa

rede hospedou cinco delegações: Alemanha, Espanha, Suíça, Bósnia e Holanda. Com isso, as expectativas, não só para o restante do ano, mas para 2015 também, são tão boas quanto durante a Copa.”

Andrea Natal, diretora geral do Belmond Copacabana Palace

“O Rio de Janeiro tornou-se protagonista do Mundial de Futebol, apresentando uma alta taxa de ocupação ao longo de todo o torneio e a menor variação quando comparado o mês completo com os dias de jogos, conforme esperado. O impacto expressivo na demanda hoteleira foi muito

positivo para a cidade, que contou com dias ensolarados, mis-tura de nacionalidades e a hospitalidade festeira dos cariocas. O Belmond Copacabana Palace atingiu 98,9% de ocupação durante toda Copa do Mundo.”

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MEIOS DE HOSPEDAGEM

Gráfi cos do SetorNúmeros do Fohb

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

Cidades-sede com maiores taxas de ocupação

Dias de jogos e vésperas durantetodo o período da Copa do Mundo.

Panorama de ocupação nas cidades-sedeTaxa de ocupação em vésperas e dias de jogos durante a Copa do Mundo da FIFA

Cidades-sede com mais diárias comercializadasDias de jogos e vésperas durante

todo o período da Copa do Mundo.

Fonte: FOH

B | Am

ostra composta por 278 hotéis e 47.115 U

Hs

156

157

Montanha-russa de investimentos

PARQUES

>> Os parques temáticos têm um grande potencial de crescimento no Brasil. Com visitação anual de 12 mi-lhões de pessoas e faturamento de cerca de R$ 1,5 bilhão, eles são ob-jeto de um estudo do Ministério do Turismo que visa propor estratégias para torná-los mais competitivos no cenário global. Os parques temáticos aparecem em evidência no Plano de Ação do MTur. Atualmente, 18 em-preendimentos fazem parte do Siste-ma Integrado de Parques e Atrações Turísticas do Brasil (Sindepat).

De acordo com Alain Baldacci, presi-dente do Sindepat, o setor teve, nos últimos anos, um crescimento mo-desto, muito abaixo do seu potencial. Para ele, um dos maiores entraves é a falta de uma política de incentivo, o que diminui a oferta.

Francisco Donatiello, presidente da Associação das Empresas de Parques de Diversões do Brasil (Adibra), explica que é necessário perceber a impor-tância do turismo não apenas como atividade de lazer, mas como gerador de emprego e renda. “Há que se ter um novo olhar sobre a importância dos parques por parte das autoridades e isso significa entender que, com redução da carga tributária e medidas de incentivo, o universo dos parques poderá ganhar maior representati-vidade e ser uma opção de lazer e entretenimento que venha favorecer o turismo doméstico neste país”.

Na visão Marcos Barros, diretor sê-nior para América Latina do Universal Orlando Resort, a criação de polos ajudaria muito na consolidação do

Parques sofrem com falta de incentivo e legislação defi citária

LUIZ MARCOS FERNANDES E SAMANTHA CHUVA

setor no Brasil. “Essa era a ideia por trás da criação do Hopi Hari e do Wet’n Wild, de Vinhedo, mas outros projetos acabaram não vingando, difi cultando assim o desenvolvimento desse polo”, mencionou. Barros concorda com o Sindepat e a Adibra, e afi rma que o crescimento da economia como um todo, e da classe média, em particular, é fundamental para que a ativida-de seja sustentável a longo prazo. “Como em vários outros setores da economia, é essencial que seja deter-minada uma nova política fi scal para o setor, facilitando a importação de atrações de tecnologia de ponta, que não temos condição de desenvolver, por enquanto, no Brasil. É preciso atrações sofi sticadas, política fi scal favorável e massa crítica sufi ciente para sustentar economicamente os empreendimentos”, conclui.

Normas e legislaçãoO presidente da Adibra lembrou que a falta de normas e uma legislação defi citária também prejudicam o se-tor. “É preciso abrir uma frente em parceria com o Ministério do Turismo para uma política de expansão. Do mesmo modo que o Governo deve estabelecer normas técnicas para o funcionamento dos parques, com uma fi scalização mais efetiva, seguindo o mesmo modelo já adotado no exte-rior”, apontou Donatiello.

Faltam outras opções de entreteni-mento e mais hotéis para que o turista permaneça mais tempo nos destinos. É o que afi rma Alain Baldacci. Segundo o presidente da Sindepat, isso criaria um destino turístico e benefi ciaria toda a cadeia produtiva do turismo, incluindo

o agente de viagens. “A realidade atual é outra, e o empresário acaba deixando de fazer investimentos diante das difi -culdades encontradas, como falta de linhas de fi nanciamento e altas taxas”.

Dessa forma, visando obter um destino mais completo e integrado, Adalgiso Telles, presidente do Beto Carrero World (BCW), alegou que pretende construir um hotel dentro do par-que, como já é costume nos grandes parques temáticos internacionais. A previsão, de acordo com Telles, é que o novo empreendimento comece a ser construído em 2015. Considerado o melhor parque temático da América Latina e o sexto melhor do mundo, segundo o Trip Advisor, o presidente do BCW declarou que o parque ainda tem um potencial muito grande de crescimento, e a expectativa é alcançar oito milhões de visitantes até 2024.

ExteriorNo âmbito internacional, os parques da Disney, Universal e SeaWorld con-tinuam em constante expansão, inau-gurando novos brinquedos, atrações e hotéis. Em relação ao mercado brasi-leiro, os representantes dos complexos asseguraram que os agentes de viagem ainda são muito importantes para o segmento. Segundo a Associação de Entretenimentos Temáticos, que analisa o setor de parques no mundo, houve um crescimento global geral de 5,4%, com destaque para os parques asiáticos, que tiveram taxas de até 7,5% em média, e das Américas, entre 4% a 5%. O parque Magic Kingdom, de Walt Disney World, na Flórida, é o campeão de visitações, com 18,5 milhões de pessoas no ano passado.

158

PARQUES

Universal Orlando Resort

Entrevista com Marcos Barros

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> Entre os grandes parques e complexos

de lazer da Flórida, a Universal Orlando

Resort tem lugar de destaque. O complexo

tem desenvolvido, junto ao trade, uma

estratégia que visa ampliar cada vez mais

a capacitação dos agentes de viagens,

como forma de multiplicar o número de

visitantes, por meio das vendas. Neste

sentido, Marcos Barros, diretor sênior

para América Latina da Universal Orlan-

do Resort, destaca que o uso das novas

tecnologias têm sido uma importante

ferramenta para fomento nas vendas e

comercialização de pacotes, bem como

para promoção das novidades junto ao

mercado brasileiro.

MERCADO & EVENTOS - Como vê a importância da capacitação dos agentes de viagens em relação aos produtos da Universal e qual a estratégia para que os parques possam receber um número maior de brasileiros?Marcos Barros - A proposta de capacitar o

agente de viagens tem feito parte da nossa

estratégia desde a abertura do escritório no

Brasil, há 15 anos, através de seminários e

treinamentos presenciais e virtuais. Mes-

mo nas novas agências online, o programa

de capacitação continua a ser uma ferra-

menta importante, já que mais de 70%

dos pacotes internacionais são fechados

por telefone, através dos profissionais

de call-centers. E o agente de viagens

deve tomar consciência de que quanto

maior o conhecimento, maiores são as

chances para incremento das suas vendas.

M&E - A nova área do Universal Studios - o Beco Diagonal - pode se tornar um marco na história do empreendimento?Marcos Barros - De uma só vez ela dobra

o espaço da saga de Harry Potter, agrega

uma nova atração, a Fuga de Gringotts, e

interliga o parque com o Islands of Ad-

ventures. O brinquedo é um simulador

com tecnologia de ponta, que leva nossos

visitantes a uma nova dimensão em termos

de atrações de parques temáticos. Agora,

nossos visitantes podem viajar de Londres

a Hogsmead, como faziam os personagens

dos livros e fi lmes, através do trem Hog-

warts Express. Ou seja, viajar de trem entre

as duas áreas do Th e Wizarding World of

Harry Potter (Beco Diagonal, no parque

Universal Studios e Hogsmead, no parque

Universal’s Islands of Adventure). Basta

apresentarem o ingresso “Park to Park” para

entrar no trem (os ingressos vendidos pelas

operadoras do Brasil têm essa característica

Park to Park). Lembro que a experiência

da viagem entre Londres e Hogsmead é

diferente da experiência da volta, entre

Hogsmead e Londres, ou seja, a dica é fazer

os dois trajetos. É Imperdível! Isso tudo

irá se refl etir nas vendas das agências de

viagens e operadoras do Brasil. Além de

nos ajudar a vender a Universal como um

destino de férias, a nova área reforça que

temos dois parques e dá a oportunidade

aos agentes de vender o Bonus Ticket,

ideal para quem vai às duas atrações e

que não pode ser comprado na hora, pois

só é vendido para os mercados interna-

cionais. Esperamos um impacto como o

que tivemos em 2010, com a inaugura-

ção da primeira atração do Harry Potter.

M&E - A que atribui o diferencial da Universal em relação à concorrência?Marcos Barros - Os dois parques temáticos

da Universal Orlando proporcionam a

oportunidade das pessoas se divertirem

juntas. Não se trata de olhar os fi lhos se

divertirem, mas de se divertir com eles.

Não basta tirar férias em família, mas

como família. Conseguimos isso com per-

sonagens e atrações que são verdadeiros

ícones da cultura pop atual, tão relevantes

como Harry Potter, Transformers, Mi-

nions, Simpsons, Homem Aranha, Bob

Esponja e muitos outros.

M&E - Em termos de hospedagem, o que os agentes poderão incluir nos seus pacotes já a partir deste verão?Marcos Barros - O novo hotel econômico

Universal’s Cabana Bay Beach Resort, que

conta com 900 suítes familiares (para até

seis pessoas) e 900 quartos standard para até

quatro pessoas. Esse hotel foi uma das grandes

novidades da Universal Orlando para esse ano.

M&E - Na sua visão profi ssional, como o Brasil poderia explorar mais o segmento de parques? Marcos Barros - A criação de polos aju-

Novo hotel em 2016A Universal Orlando Resort abrirá no verão de 2016 um novo hotel. O Loews Sapphire Falls Resort terá estilo caribenho e oferecerá 1.000 quartos, sendo 77 suítes, além de um ambiente descontraído cons-truído ao redor de uma lagoa e uma cachoeira. O novo hotel,i anuncia-do pelo Universal Orlando Resort e o Loews Hotéis & Resorts, estará localizado do outro lado da Adven-ture Way, vindo do novo Cabana Bay Beach Resort. Ele se tornará o quinto hotel resort do complexo.

159

Universal Orlando Resort

Entrevista com Marcos Barros

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

PARQUES

daria muito. Essa era a ideia por trás da

criação do Hopi Hari e do Wet’n Wild, de

Vinhedo, mas outros projetos acabaram

não vingando, difi cultando assim o de-

senvolvimento desse polo. O crescimento

da economia como um todo, e da classe

média, em particular, é fundamental para

que a atividade seja sustentável a longo

prazo. E, como em vários outros setores

da nossa economia, é essencial que seja

determinada uma nova política fiscal

para o setor, facilitando a importação

de atrações de tecnologia de ponta, que

não temos condição de desenvolver, por

enquanto, no Brasil. Com atrações sofi s-

ticadas, política fi scal favorável e massa

crítica sufi ciente para sustentar economi-

camente os empreendimentos, esse é um

setor que tem um futuro muito promissor

no nosso país.

M&E - Como a Universal tem feito uso das novas tecnologias para fazer uma linha direta de comunicação com os agentes de viagens? Marcos Barros - Não quero entrar em de-

talhes, por questões estratégicas, mas o uso

da tecnologia está no centro da nossa visão

mercadológica de longo prazo. A maneira

como trabalhamos hoje não será a maneira

como trabalharemos em cinco ou dez anos.

M&E - Que estratégia a Universal tem utilizado para enfrentar a concorrência de mercado? Marcos Barros - Orlando talvez seja um

dos lugares do mundo onde a concorrência

seja mais acirrada, o que é bom. Ganha

sempre o consumidor. Nos preparamos

entendendo o nosso consumidor e en-

tregando a ele algo além do que ele quer.

Se ele quer uma experiência em parques

temáticos, ele encontra isso na concor-

rência. Na Universal Orlando, entregamos

férias como elas devem ser.

160

PARQUES

Sindepat Sistema Integrado de Parques Temáticos e Atrações Turísticas

Entrevista com Alain Baldacci

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> Com o objetivo de conhecer as pro-

postas no programa de Governo dos

candidatos a serem eleitos em outubro, o

Sistema Integrado de Parques Temáticos

e Atrações Turísticas (Sindepat) encami-

nhou à assessoria de cada um deles, um

documento de consulta pedindo infor-

mações sobre seus planos relacionados ao

setor. Segundo o presidente do Sindepat,

Alain Baldacci, a iniciativa se justifica

pela falta de investimentos vivenciada

atualmente. Nesta entrevista ao M&E,

ele identifi ca os gargalos que impedem o

desenvolvimento do setor e faz um parâ-

metro de comparação com outros países

para comprovar o atraso do Brasil na ex-

ploração deste segmento turístico de lazer.

MERCADO & EVENTOS - Como analisa a situação dos parques temáticos no país? E de que forma o setor pode aproveitar os resultados positivos obtidos com a Copa no Brasil para ter um crescimento signifi cativo?Alain Baldacchi - Eu diria que o nosso se-

tor teve, nos últimos anos, um crescimento

modesto, muito abaixo do que poderia

ter. Estamos muito atrasados no setor

de parques e o volume de equipamentos

não condiz com o grande potencial deste

nosso imenso país. Tenho procurado as

autoridades e o próprio Ministério do

Turismo para mostrar que poderíamos ter

um crescimento bem mais signifi cativo e

isso não acontece justamente pela ausência

de uma política de incentivos. A Malásia

é um exemplo de uma política de turismo

bem sucedida. Isso decorre em função da

isenção de impostos para importação de

equipamentos e linhas de fi nanciamento

com prazos de pagamento em até 10 anos.

Faltam investimentos, mas não há como

o empresariado se motivar com as atuais

condições. Citei a Malásia porque, há

alguns anos, eles tinha o mesmo número

de parques que nós, ou seja, dez. Hoje, nós

temos 16 e eles têm 30, e isso se refl ete

no fl uxo turístico diretamente. Creio que

é mais do que o momento de se ver o

turismo sob o seu potencial econômico.

Precisamos mudar a nossa cultura e a

imagem de que turismo é só lazer. Espero

que, com a Copa, nossos governantes

compreendam a real importância de se

investir neste setor que dá retorno garan-

tido. Veja o caso da França, que se rendeu

à realidade dos parques temáticos e hoje é

o país que mais recebe turistas do exterior.

Lá, o Governo investiu 1 bilhão de euros

para ter a Disney, que hoje dá um retorno

fantástico em termos de renda, emprego

e recebe 15 milhões de turistas por ano.

M&E - Como os agentes de viagens podem se benefi ciar com a inclusão dos parques temáticos nos seus programas e pacotes de viagens?Alain Baldacci - Isso já acontece com fre-

quência, mas praticamente se restringe

aos pacotes internacionais. Quando o

agente vende Flórida, certamente irá in-

cluir Universal, SeaWorld ou Disney na

programação, porque recebe comissões.

Essa cultura já começa a dar resultados aqui

no Brasil, embora que de forma tímida,

com alguns parques como Beto Carrei-

ro e Hot Park (do Rio Quente Resorts),

por exemplo. Isso poderia mudar, caso

houvesse em nosso país uma política de

investimentos para fazer com que o turista

aumentasse sua permanência, motivado

por novas atrações locais. Isso não acontece

ainda. Temos complexos turísticos como

o próprio Wet’n Wild, mas faltam outras

opções de entretenimento e mais hotéis

para que o turista permaneça mais tempo

na região. Isso criaria um destino turístico

e benefi ciaria toda a cadeia produtiva do

turismo, incluindo aí o agente de viagens. A

realidade atual é outra, e o empresário acaba

deixando de fazer investimentos diante das

difi culdades encontradas, como falta de

linhas de fi nanciamento e altas taxas. Veja o

caso de Cingapura, um destino com apenas

quatro milhões de habitantes onde foram

investidos US$ 500 milhões nos últimos

anos e cujos resultados são fantásticos.

M&E - Como o Sindepat tem direcionado suas ações para fortalecimento do setor e desenvolvimento dos parques no país?Alain Baldacci - Neste momento, nosso

foco é buscar parcerias e apoio para mu-

dança desta cultura no que diz respeito

aos parques. Apesar do apoio inegável

do Ministério do Turismo, percebemos

que esse setor precisa ser mais ouvido e

respeitado. Já encaminhamos números e

estudos ao Governo que comprovam a ne-

cessidade de implantação de uma política

de fomento para os parques temáticos no

país. Agora, com as eleições, muitas mu-

danças vão acontecer e a nossa esperança

é de que os novos governantes possam ter

um novo olhar sobre o turismo e esse setor

dos parques. Lembro que no momento

em que o Governo busca alternativas para

fomentar o turismo doméstico, os parques

temáticos não podem ser esquecidos e a

redução da carga tributária e aumento das

linhas de fi nanciamento com condições

especiais poderiam ser o primeiro passo

neste sentido. Basta observar que tirando

os parques indoor não há novos projetos

de grandes parques temáticos para o país.

161

PARQUES

Adibra Associação das Empresas de Parques de Diversões do Brasil

Entrevista com Francisco Donatiello

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

>> A alta carga tributária que incide na

importação de equipamentos e a ine-

xistência de uma política de incentivos

fazem com que os parques temáticos no

país não sejam valorizados e reconheci-

dos pelas autoridades e pelo Governo,

restringindo uma política de novos in-

vestimentos no setor. A conclusão é do

presidente da Associação das Empresas

de Parques de Diversões do Brasil (Adi-

bra), entidade que reúne cerca de 300

parques no país, Francisco Donatiello.

Nesta entrevista ao M&E, o dirigente

admite que o setor necessita de uma

normatização que garanta segurança aos

usuários e lembra que os parques pode-

riam ser incluídos na cesta de produtos

para fomentar o turismo doméstico.

MERCADO & EVENTOS - O Brasil realizou, em julho, um megaevento como a Copa do Mundo. No caso dos parques, houve algum benefício para esse setor?Francisco Donatiello - No caso espe-

cífi co dos parques, posso afi rmar que a

realização da Copa no Brasil não teve

nenhuma influência direta no fluxo de

visitantes. Não agregou em nada para o

nosso setor. Até pelo contrário, durante

os jogos, aconteceu uma pequena retração

no movimento. Claro que a divulgação da

imagem do país foi positiva e para o turis-

mo em geral acabou sendo benéfi ca. Mas

isso pouco representa para o nosso setor.

O importante é que os nossos governantes

percebam a importância do turismo não

apenas como atividade de lazer, mas como

gerador de emprego e renda. Neste sentido

sim, há que se ter um novo olhar sobre a

importância dos parques por parte das

autoridades e isso signifi ca entender que

com redução da carga tributária e medidas

de incentivo, como acontece em outros

países, o universo dos parques poderá

ganhar maior representatividade e ser

uma opção de lazer e entretenimento que

venha a favorecer o turismo doméstico

neste país. Quando se importa uma monta-

nha-russa, ela entra no quesito de bens de

consumo e não como bem de capital. Isso

encarece o custo para o investidor. Além

do mais, faltam linhas de fi nanciamento.

A exceção fica com os parques indoor.

Parques como Hopi Hari e Beto Carrero

surgiram em períodos de maior isenção

de impostos. Vemos, com tristeza, parques

como o Playcenter, em São Paulo, fechar

suas portas depois de 39 anos de funcio-

namento, ou mesmo o Terra Encantada,

no Rio. Falta uma política para o setor.

M&E - Como fazer com que os parques temáticos sejam incluídos na cartei-ra de ofertas dos agentes de viagens? Como trabalhar uma parceria com esse segmento?Francisco Donatiello - É costume dos

agentes de viagens oferecerem sempre

em pacotes para o exterior destinos que

tenham parques. É o caso da Disney e da

Universal, nos Estados Unidos, e da Euro-

disney, na França. Lembro que na França a

Eurodisney recebe mais visitantes do que

a Torre Eiff el ou o Louvre, de Paris. Aqui

no Brasil essa cultura começa a mudar, e

alguns destinos como Beto Carrero, na

Penha (SC), o Hot Park, no Rio Quente

Resorts (GO) e até o Beach Park, em For-

taleza (CE), são comercializados junto com

pacotes turísticos. Claro que essa é uma

cultura que precisa ainda ser absorvida

pelo agente de viagens. Cabe a ele buscar

sim, por meio das novas tecnologias, co-

nhecer melhor o que os parques oferecem e,

havendo oportunidade, incluir essa opção

de lazer no programa, principalmente de

famílias com crianças. Os parques indoors

já têm um movimento maior, mas são

equipamentos de menor porte. O ideal é

que o mercado tivesse uma oferta maior,

mas isso no Brasil depende dos chamados

incentivos fi scais e outros fatores como

normas estabelecidas pelas prefeituras.

M&E - Além da questão dos impostos, o que falta ao setor para uma expansão maior no Brasil e como a Adibra tem se posicionado junto ao Governo?Francisco Donatiello - Em outubro te-

remos eleições. Nossa esperança é que

o Governo comece a ver o turismo com

outros olhos, como uma atividade eco-

nômica. Lembro que 10% do turismo

mundial passa pela Disney. No Brasil é

preciso que haja uma nova percepção

das autoridades em relação aos parques.

Mercados e destinos poderiam agregar

produtos e serviços com a instalação de

parques e aumentariam até a permanên-

cia do turista na cidade. Veja o caso de

destinos como Foz do Iguaçu, onde existe

espaço para um parque temático relacio-

nado à natureza. Seria mais uma atração.

É preciso abrir uma frente em parceria

com o Ministério do Turismo para uma

política de expansão do setor. Do mesmo

modo que o Governo deve estabelecer

normas técnicas para o funcionamento

dos parques, com uma fi scalização mais

efetiva, seguindo o mesmo modelo já ado-

tado no exterior. Não há uma legislação

com normas que sirvam de parâmetro.

162

PARQUES

Beto Carrero WorldEntrevista com Adalgiso Telles

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> O Beto Carrero World (BCW) recebe

dois milhões de visitantes anualmente,

com crescimento de 20% ao ano entre

2008 e 2013. Segundo Adalgiso Telles,

presidente do parque, a expectativa é que o

BCW (que foi considerado o sexto melhor

do planeta e o primeiro da América Latina

pelo TripAdvisor) continue a crescer e

atinja oito milhões de visitantes anuais

nos próximos 10 anos. Para o presidente

do parque, o diferencial do BCW é que o

local conta com uma grande diversida-

de de atrações. Nesta entrevista, Telles

ainda explica as estratégias de mídia e

marketing para atingir o público nacional

e internacional, fala sobre o novo hotel

que deve ser construído dentro do BCW

e ressalta que o objetivo é ver o público

internacional ultrapassar os 10% atuais.

MERCADO & EVENTOS - Que atrações podemos esperar ainda esse ano? E para o ano que vem?Adalgiso Telles - Em novembro desse ano,

lançaremos uma nova área, uma atração

de gelo chamada Beto Carrero On Ice, que

vai contar com uma pista de patinação.

Também teremos um Outlet, em outu-

bro, que vai completar a experiência das

pessoas no parque. Pois quando a família

vem ao parque, enquanto as crianças se

divertem nos brinquedos, os pais também

podem aproveitar e fazer compras. E,

para o Natal, teremos um novo show do

Shrek, que deve começar a ser encenado

em novembro, com os personagens da

DreamWork. Já para 2015, temos projetos

de lançar uma a área temática: Betinho

Carrero e sua Turma, que vai contar com

novos show e brinquedos. Esse espaço

vai ser voltado para o público infantil e

infanto-juvenil.

M&E - O parque é bem reconhecido em Santa Catarina, no Paraná e no Rio Grande do Sul. Quais as estratégias de divulgação e mídia o empreendimento tem adota-

do para se consolidar no Brasil inteiro?Adalgiso Telles - Percebemos que 70% do

público do parque é muito concentrado

nos três estados do Sul. O que estamos

fazendo a partir de agora é focar mais es-

pecifi camente no nosso público-alvo, que

são dois: a família, normalmente um casal

com dois ou três fi lhos com idades entre

3 e 13 anos; e os jovens, de 13 a 35 anos.

Para isso, estamos querendo ampliar nossa

divulgação do alcance regional para o alcan-

ce nacional e internacional. Dessa forma,

começamos a investir em mídia impressa,

nas principais revistas do país, TV aberta e

TV a cabo e estamos começando a traba-

lhar, de forma mais estruturada, a questão

da web e redes sociais. Além de estarmos

revisando nosso website para torná-lo mais

interativo. Em relação à comunicação,

nosso objetivo é cobrir o Mercosul e outros

países da América Latina. Atualmente, a

região representa 10% do nosso público.

Enquanto no nacional, estamos focando

na região Sudeste e Centro-Oeste. Com

esse investimento em mídia e divulgação,

esperamos que o número de público in-

ternacional e nacional, com exceção do

Sul, represente mais de 50% dos visitantes.

M&E - Com relação à hotelaria dentro do parque, podemos esperar alguma

novidade até o fi nal do ano?Adalgiso Telles - Nossos projetos em

relação ao hotel avançaram muito. Neste

momento temos quatro propostas - de

grupos regionais, nacionais e interna-

cionais - estruturadas para instalação do

hotel no parque. Atualmente, estamos

analisando as propostas e acredito que

até outubro já teremos definido quem

ficará responsável pela construção do

empreendimento, ou se vamos desen-

volver um hotel próprio, que também é

uma possibilidade. E assim, dependen-

do da opção que fizermos, poderemos

começar as obras ainda esse ano, mas a

expectativa é que as obras dos três blocos

de prédios tenham início no começo

de 2015 e durem entre 18 a 24 meses.

M&E - O Beto Carrero World foi conside-rado o sexto melhor parque de diversões do planeta e o primeiro da América Latina segundo pesquisa do TripAdvisor. O parque planeja uma expansão para o exterior?Adalgiso Telles - Foi fantástico fi car em

sexto lugar na lista mundial. Em relação

ao diferencial, o que posso ressaltar é que

possuímos uma grande diversidade de

atrações em um mesmo lugar. Em relação

à expansão, hoje recebemos dois milhões

de visitantes ao ano e estamos com uma

taxa de crescimento de 20% ao longo dos

últimos cinco anos. Dessa forma, temos

a capacidade de continuar crescendo até

2024 e chegar a 8 milhões de visitantes ou

mais. Se analisarmos os 10 maiores parques

do mundo, que são principalmente os

norte-americanos e europeus, vemos que

estes recebem entre 15 e 20 milhões de visi-

tantes por ano. Então, temos um potencial

de crescimento muito grande ainda, por

isso nosso foco é aumentar a quantidade

de atrações e brinquedos. E planejar qual

seria o momento ideal para um segundo

parque. Porém, provavelmente, este ain-

da seria aqui no Brasil e não no exterior.

163

Da periferia à prioridade

POLÍTICA

>> Governo e iniciativa privada reco-nhecem o sucesso da Copa realizada no Brasil. A grande questão é como aproveitar esse legado e traduzir isso em resultados que venham a fomentar o setor e, ao mesmo tempo, fazer com que o turismo entre na pauta da agenda econômica como fator de desenvolvimento e inclusão social. As propostas são muitas. A questão é saber se este novo olhar sobre a força desta indústria pode levar à medidas que permitam o setor a alcançar um padrão de qualidade mais elevado, expresso em números e resultados.

Ao mesmo tempo em que destaca a boa imagem do país no exterior, o ministro do Turismo, Vinícius Lages, reconhece que é preciso defi nir uma estratégia de ação para transformar as nossas vantagens comparativas, em vantagens competitivas. Ou seja, transformar em negócios o nosso ganho de imagem. Entre as mudanças propostas está a transformação da Embratur numa agência com recur-sos próprios. Já para o presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), Alexandre Sam-paio, é preciso aproveitar os bons resultados obtidos com a Copa para defi nir com os players e atores desta indústria a criação de uma plataforma

com um grande programa conjunto de ações, para que, assim, não se percam as oportunidades geradas com o sucesso do Mundial como grande evento catalisador e instrumento de divulgação do nosso país.

Nesse contexto, o Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Turismo (Fornatur), entidade que defende uma política de fomento para os estados, alerta para as mudanças decorren-tes das eleições nas esferas federal e estadual, e que possam representar alguma interrupção nos programas de desenvolvimento do setor. Oreni Braga, presidente do Fornatur, reconhece que as indicações para cargos no país deixam de lado o critério técnico para colocar a questão política como prio-ritária. Já a Associação Nacional dos Secretários e Dirigentes de Turismo das Capitais e Destinos Indutores (Anse-ditur), associação que busca valorizar os destinos turísticos, lembra que já é hora dos governantes entenderem o turismo como indústria de servi-ços capaz de impactar em diferentes áreas. Na opinião de Luiz Fernando Moraes, vice-presidente da Ansedi-tur, a partir da Copa o turismo deve ser visto pelas autoridades e futuros governantes como uma ferramenta capaz de contribuir efetivamente para

o desenvolvimento econômico e gerar maior integração.

A discussão sobre os rumos do setor e as políticas de promoção no exterior passam, obrigatoriamente, pela ques-tão da competitividade. O presidente da Brazilian Incoming Travel Associa-tion (Bito), Salvador Saladino, alerta que é preciso rever o chamado “Custo Brasil”. Sem medidas de incentivo e sem redução da carga tributária, ele acredita que o país não tem como vir a competir com outros destinos internacionais em condições compa-rativas, uma vez que não tem preços competitivos e nem um padrão de qualidade no turismo receptivo. Já Luciana Fernandes, diretora de Marke-ting do Ministério do Turismo (MTur), destaca a força do turismo doméstico e a necessidade de se reinventar pro-dutos e programas de incentivo que levem o brasileiro a trocar as viagens internacionais pelos roteiros nacionais.

Governo e iniciativa privada têm, dian-te de si, um grande desafi o: levar o setor a ser um gerador de renda, em-prego e investimento, de modo a fazer com que o turismo deixe de ocupar uma posição periférica para assumir um papel estratégico na retomada do desenvolvimento econômico.

Sucesso da Copa exige mudanças que levem o turismo a um novo patamar

LUIZ MARCOS FERNANDES

164

POLÍTICA

MTur Ministério do Turismo

Entrevista com Vinicius Lages

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> A Copa do Mundo permitiu que o

Brasil fosse consolidado como um destino

internacional de referência. Com base nos

resultados apresentados nas pesquisas

ofi ciais, o ministro do Turismo, Vinicius

Lages, diz que é hora do Governo, em

parceria com a iniciativa privada, otimizar

as ações estratégicas de promoção. Nesta

entrevista ao M&E, Lages voltou a defen-

der a transformação da Embratur numa

agência reguladora e diz que a mudança

é fundamental, não apenas, pela capa-

cidade de ampliar seu leque de atuação,

como também para adotar uma nova ação

estratégica de promoção. Segundo ele, é

hora do Brasil buscar ferramentas para

se tornar um destino mais competitivo.

MERCADO & EVENTOS - De que modo o Brasil pode aproveitar a experiência da Copa do Mundo para garantir o fortale-cimento da indústria do turismo? Vinicius Lages - O Mundial de futebol

atraiu a atenção da imprensa interna-

cional para o nosso país. Mais de 19 mil

profi ssionais de mídia se cadastraram

para cobrir os jogos. Metade da popula-

ção mundial, em algum momento, olhou

para o Brasil ao longo dos últimos 30

dias. A vocação turística do país fi cou

escancarada para o mundo. Os estran-

geiros fi caram encantados com a nossa

hospitalidade, gastronomia e nossos

ativos naturais. É preciso, agora, pensar

neste novo ciclo do turismo junto com

parceiros estratégicos, como a iniciativa

privada. Depois de mais de 11 anos desde

a criação do MTur e com o fi m da Copa

do Mundo, temos de otimizar os nossos

instrumentos de promoção e precisamos

repensar o modelo da Embratur, por

exemplo. Toda a visibilidade que tivemos

com o Mundial ajuda nesse debate.

M&E - O que os novos governantes de-vem priorizar para que o Brasil venha a receber mais turistas e ganhe uma

posição de destaque no cenário inter-nacional?Vinicius Lages - Temos de transformar as

nossas vantagens comparativas em vanta-

gens competitivas. Ou seja, transformar em

negócios o nosso ganho de imagem com a

Copa do Mundo. Os nossos ativos naturais,

por exemplo, devem ser melhor trabalhados

como atrativo turístico. É preciso repensar

o turismo como um setor estratégico para

o desenvolvimento econômico, uma área

que vem apresentando, nos últimos anos,

crescimentos acima dos registrados pela

economia global brasileira. Turismo é

um setor atraente para novos empreen-

dedores, gera emprego, renda e divisas.

M&E - Como os profi ssionais de turismo devem aproveitar o conhecimento e as novas tecnologias para obter um ganho maior em seus negócios, como o caso específi co dos agentes de viagens?Vinícius Lages - Nossas pesquisas revelam

que, cada vez mais, os turistas tomam as

decisões em ambientes digitais. É preciso

intensifi car a presença nesses meios, bus-

car qualifi cação para melhor se posicionar

na web. O turismo é um setor dinâmico,

em processo constante de evolução. É

preciso estar atento às novas tendências,

ao turista hiper-conectado. Os agentes de

viagens, como um importante elo entre o

turista e o mercado, têm papel fundamen-

tal e precisam estar antenados. O Mundial

foi rico em experiências que podem ser

consolidadas no pós-Copa. Cada vez mais,

as agências de viagens e os profi ssionais

que nela atuam tendem a ser mais consul-

tores de experiências turísticas, ajudando

a customizá-las. Mas também devem atuar

no perfi l da classe média que faz sua pri-

meira viagem, com serviços de ‘concierge’

de baixo custo, mas de forma efi ciente.

M&E - Quais as ações prioritárias do MTur para fomentar o turismo doméstico com o início da baixa temporada?Vinicius Lages - O Ministério do Turismo

e Embratur têm trabalhado de forma

integrada para ajudar a diminuir os efei-

tos da sazonalidade no setor. Também

temos conversado com a cadeia produtiva

para somarmos esforços e ampliarmos

a promoção doméstica e internacional,

atraindo visitantes para os nossos destinos

turísticos. A iniciativa mais imediata é a

construção conjunta das ações de venda,

usando os canais que o trade dispõe, e

ações promocionais compartilhadas.

M&E - O bom momento atual deve levar o setor a repensar seu posicionamento com medidas mais efetivas?Vinicius Lages - Primeiro temos que buscar

melhorar o ambiente de negócios. Com

a regulamentação das parcerias público-

-privadas para investimentos em portos

e aeroportos, e, com a fl exibilização das

contratações, já teremos um avanço con-

siderável. São pontos em que estamos

trabalhando. Outra coisa é a criação de uma

agenda de qualifi cação e educação contínua.

Por fi m, temos que reposicionar os nossos

esforços de marketing e trabalhar mais o

mercado interno. Pretendemos ainda criar

zonas especiais de serviços e incluir de

forma defi nitiva o turismo no Programa

de Aceleração do Crescimento (PAC).

165

166

POLÍTICA

MTur Secretaria Nacional de Políticas de Turismo

Entrevista com Vinicius Lummertz

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> A necessidade de criar maiores facili-

dades para que haja um volume crescente

de investimentos no setor é vista como

condição básica para levar a indústria do

turismo a se transformar numa verdadeira

“locomotiva”, que venha a liderar e con-

tribuir, efetivamente, para a recuperação

econômica do país na crise econômica.

Com base neste pensamento, o secretá-

rio Nacional de Políticas de Turismo do

MTur, Vinicius Lummertz, reconhece que

o sucesso na realização de megaeventos,

como ocorreu durante a Copa do Mundo,

pode fazer com que o setor deixe de ocu-

par apenas uma posição periférica, para

ganhar maior representatividade. Nesta

entrevista ao M&E, Lummertz admite que

a experiência da Copa serviu para avançar

neste processo. Para ele, agora, basta que

o país se estruture melhor e possa adotar

os ajustes necessários para se tornar mais

competitivo junto aos destinos emissores.

MERCADO & EVENTOS - Que lições positivas podemos tirar desta experiência de um megaevento como a Copa e como aplicar isso para melhoria na qualidade do nosso setor?Vinicius Lummertz - A Copa superou as

expectativas dos visitantes, na medida em

que trouxe uma vivência do estilo de vida

do brasileiro, compartilhada durante todo

o evento, coisa que não acontece em ou-

tros países, na maior parte das vezes. Isso

cria um ambiente favorável, que permite

ao turista conhecer de perto a riqueza e

diversidade da nossa gastronomia, da

nossa cultura. Daí os 98% de aprovação na

pesquisa realizada junto aos turistas. Essa

movimentação em torno da Copa acabou

gerando refl exos em diferentes setores

da economia que não tinham percepção

do grande potencial do turismo. Do lado

doméstico, pudemos ver que o brasileiro

precisa encontrar condições mais propí-

cias para estimular a cultura de viagens,

principalmente, no segmento regional.

Estamos trabalhando para isso e lançamos

recentemente a campanha #PartiuBrasil.

Claro que é apenas uma ferramenta. Não

resta dúvida que precisamos aumentar a

competitividade para tornar os produtos e

serviços mais atraentes, mas isso depende

também do crescimento na demanda. Há

um movimento geral de melhorias tanto

em hospedagem como na gastronomia

e nos serviços. Agora mesmo, empresas

começam a investir na aviação regional,

como é o caso da Azul. Tudo isso deve ser

aplicado e pensado para elevar o turismo

a um novo patamar.

M&E - Aproveitando esse bom momento da imagem gerada durante a Copa, como fazer com que esse fluxo de turistas internacionais se mantenha aquecido?Vinicius Lummertz - Não basta ter uma

boa imagem no exterior. É preciso criar

condições para atrair o turista. É o caso

de oferecer incentivos a fim de atrair

grandes cadeias hoteleiras internacionais

para cidades como Belém, Florianópolis,

Brasília e tantas outras. Também temos

que captar novos voos no exterior. Ima-

gine ter voos regulares da Luft hansa para

a região Norte trazendo alemães que

adoram o ecoturismo. São possibilidades

que temos de pensar. Temos que tornar

os destinos mais atraentes e, para isso,

uma ideia é a criação de parques temáti-

cos em destinos como o Amazonas, por

exemplo. Creio que temos de avançar e

vencer desafi os numa realidade econô-

mica marcada por altos juros e impostos

que pesam no consumo. O Brasil vive

um momento único de transformação

neste pós-Copa. O turismo, que antes

era pensado apenas como atividade de

lazer, começa a ser visto também como

atividade econômica. Foi um longo cami-

nho para que isso ocorresse. Junto vieram

os investimentos e estamos mudando o

patamar desta percepção. Nossa espe-

rança é que o turismo deixe a posição

periférica e venha a ser pensado como

gerador de empregos, investimentos,

numa posição mais central e de maior

relevância. Veja o caso de Gramado, onde

o turismo acabou benefi ciando toda a

cadeia produtiva, agregando serviços

e valor. Temos que aprender a vender

melhor o Brasil, aproveitando essa boa

imagem. Os investimentos no país ainda

são baixos. Investimos apenas 17% do

PIB e a média em outros países é de 25%.

Temos que colocar mais recursos e atrair

também investidores internacionais.

M&E - Como os agentes de viagem podem se inserir neste processo e aumentar seus ganhos?Vinicius Lummertz - Temos que ter pro-

dutos e serviços mais qualifi cados e nisto

os agentes de viagens e operadores têm

também o seu dever de casa a realizar

para melhorar seus ganhos. É preciso que

usem as novas tecnologias e diversifi quem

sua carteira de produtos. Já o Governo

pretende ajudar essa disseminação do

conhecimento por meio de parcerias com

o setor privado, trazendo novos players

que possam ajudar neste processo.

167

>> Dentro do planejamento estratégico

das políticas de fomento do MTur, um

dos setores que tem papel fundamental

tem sido o Departamento de Estudos e

Pesquisas, liderado por José Francisco

Salles. Para ele, é preciso que haja um

novo ciclo de investimentos e se adote as

novas tecnologias para melhorar o aspec-

to qualitativo das pesquisas, de modo a

propiciar dados e informações essenciais

na elaboração de políticas públicas do

setor. Veja, nesta entrevista ao M&E, sua

opinião sobre as mudanças necessárias nos

programas de promoção do país junto aos

principais destinos emissores.

MERCADO & EVENTOS - Como fazer com que todo o legado da Copa não se perca, mas venha a se transformar num fator de fortalecimento do turismo como atividade econômica?José Francisco Salles - Temos que con-

siderar a boa imagem que o país deixou

aos nossos visitantes durante a Copa e

o fato de que o Brasil esteve na mídia

internacional durante 40 dias, no exterior,

com uma audiência de 3,6 bilhões de

pessoas em todo o mundo. Temos que

aproveitar isso, sem deixar que se perca

essa imagem positiva alcançada junto

aos torcedores, para buscar novas estra-

tégias com o objetivo de comercializar e

promover nossos produtos e atrativos.

Lembro que os turistas, quando estive-

ram aqui durante a Copa, visitaram 368

cidades durante essa estada, conhecendo

de perto o que o Brasil tem a oferecer

de melhor. Findo esse ciclo, cabe a nós,

tanto da parte do governo como da ini-

ciativa privada, entender a necessidade de

realizar novos investimentos para dotar

nossos atrativos de uma melhor estru-

tura, que seja mais adequada, de modo

a fomentar ainda mais o turismo nestas

regiões. Precisamos tirar do balanço

resultados que venham a possibilitar a

elaboração de um programa de trabalho

a ser implantado a médio e longo prazo

numa parceria público-privada. Os dados

obtidos pelo nosso departamento no

Ministério do Turismo ajudam o ministro

a nortear ações e todo o planejamento

para os próximos anos. Temos ainda que

melhorar também o aspecto qualitativo

das pesquisas, pois isso é essencial na

formação de políticas públicas.

M&E - Qual deve ser a proposta dos governantes a serem eleitos em outubro para fortalecer ainda mais a indústria do turismo?José Francisco Salles - Já neste Governo,

o turismo tem estado muito em evidên-

cia. A partir de um evento deste porte,

como a Copa, fi ca comprovada a impor-

tância de um setor que já atinge 3,7%

do PIB, mas certos de que esse volume

pode, e deve, ser multiplicado. Creio que

todo planejamento estratégico deva ser

fundamentado nos números e estudos

que o MTur tem realizado. Isso já vem

acontecendo em relação a determinadas

regiões, como é o caso da América do Sul,

onde os números comprovam que, nos

últimos três anos, mais do que dobrou

o volume de visitantes destes países. A

verdade é que há muito que crescer ainda.

Basta lembrar que 61% dos que vieram

ao país, na Copa, aqui estiveram pela pri-

meira vez. Cabe aos futuros governantes

adotarem uma política de promoção e

captação para vender o Brasil como um

todo. Temos pela frente as Olimpíadas

2016 e isso será, sem dúvidas, mais uma

oportunidade para que o nosso país esteja

em evidência. O turista que aqui chega

não se limita a assistir aos jogos, mas

quer conhecer o país e toda sua riqueza.

Precisamos multiplicar o trabalho de

promoção dos países andinos como

Peru, Colômbia e Equador pelo grande

potencial que apresentam.

M&E - Quais os critérios que o Minis-tério do Turismo tem se baseado para elaboração de políticas de fomento ao turismo interno? José Francisco Salles - O nosso departa-

mento tem desenvolvido, junto a sete re-

giões do país, um contínuo monitoramento

sobre intenções de viagem. Esses dados são

utilizados permanentemente pelos nossos

técnicos na formatação de programas de

fomento ao turismo regional.

M&E - Como o agente de viagens e outros players do mercado podem aumentar seus ganhos num mercado cada vez mais competitivo?José Francisco Salles - Eu diria que hoje

em dia o cliente que entra numa agência ou

operadora já chega ali com o destino defi -

nido e informações coletadas na Internet.

Temos, no mercado, um consumidor muito

mais esclarecido em relação ao programa

de viagem que planeja realizar. Diante

disso, cabe também aos agentes de viagens

buscarem, junto à Internet e outras fontes,

informações que possam ter um poder de

convencimento baseado na equação custo

e benefício. O agente de viagens tem que

fazer uso do seu conhecimento de mercado

para oferecer ao cliente produtos e serviços

que venham a superar suas expectativas.

Para isso ele deve sempre estar atualizado.

POLÍTICA

MTur Departamento de Estudos e Pesquisas

Entrevista com José Francisco Salles

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

168

POLÍTICA

MTur Diretoria de Marketing

Entrevista com Luciana Fernandes

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> O sucesso da boa imagem do Brasil

durante a realização da última Copa levou

o Ministério do Turism (MTur) a rever

suas ações e estratégias de Marketing. Em

entrevista exclusiva ao M&E, a diretora de

Marketing do MTur, Luciana Fernandes,

anunciou o lançamento, neste mês, do Plano

de Marketing, um programa que pretende

reforçar ações do turismo regional e, ao

mesmo tempo, explorar a grande diversi-

dade gastronômica, cultural e de atrativos

junto aos principais destinos emissores, com

ênfase maior nos países da América Latina.

MERCADO & EVENTOS - Apesar dos números extremamente positivos para o setor nesta última Copa, o Brasil ainda tem que avançar. Como fazer desta experiência um legado capaz de elevar o turismo do país a outro patamar?Luciana Fernandes - A partir deste inte-

resse maior, tanto por parte dos brasileiros

como dos estrangeiros, temos pela frente

um grande desafi o, que é alimentar esse

sonho e mostrar que o Brasil de hoje tem

uma melhor infraestrutura. Para isso, exis-

tem aspectos a serem explorados, como a

riqueza da nossa cultura, a gastronomia

e tantas outras coisas. É justamente essa

diversidade que tem de ser formatada em

produtos e serviços. Para os estrangeiros,

o importante é fomentar esse interesse

despertado no estilo de vida dos brasi-

leiros, que cativou a muitos durante a

Copa. Vamos, inclusive, colocar como

grande foco das futuras campanhas no

exterior esse estilo de vida dos brasileiros.

Todo esse legado despertou no próprio

brasileiro o interesse maior em conhecer

novos destinos no país. Isso dá um novo

posicionamento a programas como o

#PartiuBrasil, que tem por objetivo jus-

tamente estimular o brasileiro a viajar.

Decidimos estendê-lo até o próximo verão,

pois a adesão das companhias aéreas,

hotéis e operadoras foi muito grande.

Vamos dar continuidade a essas campa-

nhas promocionais sempre com pequenos

ajustes, de acordo com a época do ano, e a

ideia é usá-la até nas férias de fi nal de ano.

M&E - Em outubro, teremos eleições nas esferas federal e estadual. De que modo os governantes devem tratar o setor e tornar o país mais atraente para os visitantes estrangeiros?Luciana Fernandes - Devemos procurar

explorar nossos produtos e segmentos eco-

nômicos relacionando-os ao turismo. Isso

representa vender a moda, a gastronomia, a

produção de bens e serviços atrelando-os ao

turismo. Produtos como café ou a cachaça,

por exemplo, podem ser comercializados

trazendo consigo uma imagem capaz de

despertar nos estrangeiros um interesse no

nosso país. Claro que precisamos avançar

em alguns aspectos, como na qualidade do

nosso turismo, e isso passa também pela

melhor qualifi cação da nossa mão de obra.

Nós temos que trabalhar cada vez mais essa

qualifi cação do nosso receptivo, com treina-

mentos, cursos e todo um trabalho de médio

e longo prazo. Tudo isso é responsabilidade

tanto do Governo como do setor privado.

Podemos observar que muitas vezes são

oferecidos programas e oportunidades para

que o setor se qualifi que melhor, mas essa

oferta nem sempre tem uma resposta por

parte dos prestadores de serviços na área do

turismo. Essa cultura tem que ser mudada.

Precisamos de investimentos e uma integra-

ção maior entre governo e setor privado.

M&E - Como os agentes de viagens podem aproveitar o crescimento na demanda do turismo interno para ter um ganho maior em suas vendas?Luciana Fernandes - Nas novas campanhas

que o MTur está elaborando estamos refor-

çando em muito a importância do turismo

regional. Neste sentido, as operadoras e

agências de viagens têm que procurar se

integrar a essas ações com a formatação

de produtos e serviços, de modo a des-

pertar no cliente o desejo cada vez maior

de viajar. E isso se consegue com pacotes

que tenham produtos que atendam à ex-

pectativa do cliente e, ao mesmo tempo,

sejam competitivos em comparação com

os praticados nas viagens internacionais.

M&E - Quais as ações que, a partir de agora, devem merecer uma atenção maior para que o setor possa obter mais representatividade e qualidade?Luciana Fernandes - Creio que vive-

mos, nesta primeira década, um ciclo

de consolidação e estruturação do setor.

A partir de agora, nossa meta é voltar

as ações para a comercialização e novas

parcerias, aproveitando o bom momento

da imagem do país. Para isso, contamos

com o apoio do trade e do setor privado,

num trabalho articulado conjunto, que

possa, efetivamente, dar resultados não

apenas para o setor, mas também para a

economia do país, já que houve uma maior

percepção de como o turismo pode trazer

consigo investimentos e geração de renda

e emprego. Isso não pode ser esquecido

e o sucesso dos megaeventos mostra que

o país tem condições de realizá-los com

competência. Os resultados benefi ciam

não apenas a cadeia produtiva do turismo,

mas a sociedade como um todo.

169

170

POLÍTICA

Embratur Instituto Brasileiro de Turismo

Entrevista com Vicente Neto

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> Responsável pela política de promoção

e comercialização do Brasil, a Embratur

deu início, após o término da Copa, à

implementação de uma nova estratégia

visando mostrar a diversidade de atra-

tivos do país por meio de campanhas e

ações. Nesta entrevista, o presidente da

Embratur, Vicente Neto, destaca como

principal legado o fato do Brasil ter se

consolidado como grande organizador

de eventos internacionais e defende a

transformação do Instituto em agência,

bem como um diálogo permanente com

setores de hotelaria e aviação para manter

a competitividade do país no exterior.

MERCADO & EVENTOS - Qual foi o grande legado do Brasil com a realização da Copa para a indústria do turismo?Vicente Neto - Para o turismo brasileiro, o

torneio foi uma oportunidade de milhares

de visitantes estrangeiros conhecerem

o país, de vivenciarem a diversidade da

nossa cultura, da nossa gastronomia,

de conhecerem o nosso povo. Temos

alguns resultados fáceis de mensurar,

como o faturamento de R$ 500 milhões

das micro e pequenas empresas durante

o evento e as obras que modernizaram

nossos aeroportos. Há outros difíceis de

medir, como a qualifi cação de milhares de

trabalhadores. Os visitantes estrangeiros

que estiveram no Brasil em junho e julho

gastaram US$ 1,58 bilhão. Lembro que

em julho, a entrada de divisas, também

recorde para o mês desde 1947, somou

US$ 789 milhões, valor pouco abaixo dos

US$ 797 milhões de junho. Na compara-

ção com o mesmo período de 2013, houve

aumento de 60%. Os números mostram

que o turismo é uma importante fonte de

divisas para o Brasil. Estamos trabalhando

para melhorar ainda mais esses resultados.

M&E - O que muda no processo de comercialização e nas campanhas da Embratur em função do sucesso da Copa?

Vicente Neto - A imagem do Brasil foi

modifi cada após a realização do evento.

Pesquisa realizada pelo Ministério do

Turismo revela que 95% dos visitantes

internacionais têm intenção de retornar

ao país e que 61% dos turistas brasileiros

visitaram as cidades pela primeira vez.

Além disso, a experiência turística superou

ou atendeu plenamente as expectativas de

todos que estiveram no Brasil durante o

Mundial. Não restam dúvidas que a Copa

ajudou a consolidar o Brasil como grande

organizador de eventos internacionais.

Posso afi rmar que o sucesso na realização

do evento nos permitiu oferecer ao mun-

do e ao Brasil uma experiência turística

fantástica. Temos uma diversidade de

produtos que deve ser valorizada.

M&E - Recentemente, o ministro do Turismo, Vinícius Lages defendeu um novo papel para a Embratur e a transformação do Instituto numa agência de promoção. Como vê essa ideia? Vicente Neto - Sou favorável a ideia que

vai dotar a Embratur de maior agilida-

de e meios para atrair investimentos e

promover a comercialização de serviços

do setor. Isso certamente facilitaria o

trabalho já realizado na promoção do

Brasil como destino turístico. O trabalho

de promoção turística do país como sede

de grandes eventos esportivos começou

em 2010, sempre buscando ampliar o

conhecimento do Brasil e de toda sua

diversidade, mostrando os nossos atra-

tivos para viagens de negócios, lazer,

família, esporte, aventura e natureza. Se

tivermos mais recursos e liberdade de

ação, certamente isso contribuirá, e muito,

para ajudar na promoção e divulgação do

nosso país junto aos destinos emissores.

M&E - Um dos desafi os para atrair mais turistas diz respeito ao alto custo da hotelaria, da aviação e outros serviços. Como mudar esse quadro e tornar o país mais competitivo?Vicente Neto - Eu diria que os altos

preços são um obstáculo sim. No ano

passado a Embratur liderou, dentro do

Governo Federal, uma iniciativa de com-

bate a preços fora do padrão. Isso resultou

na criação de um comitê nacional de

acompanhamento, que hoje é coordena-

do pelo Ministério da Justiça. Criamos

um canal de diálogo com os diversos

segmentos da cadeia para evitar que o

Brasil fi que marcado como um destino

caro. Recentemente, por ocasião da Copa,

operadores da Argentina sinalizaram

para a Embratur a difi culdade da venda

de pacotes por conta dos preços. Então,

estamos em um processo de diálogo per-

manente, especialmente com companhias

aéreas e redes hoteleiras para evitar este

tipo de problema. O Governo Federal

recebeu, dos segmentos organizados,

uma pauta para desoneração. Parte dela

já foi atendida e estamos discutindo agora

outros temas. No caso das companhias

aéreas, não foi possível ainda tratar da

temática relativa ao combustível, que

elas alegam ser algo que difi culta a re-

dução dos preços. Mas o debate em si já

provocou a sensibilização de duas das

maiores aéreas do país. Buscamos um

diálogo permanente.

171

POLÍTICA

CNC/FBHAEntrevista com Alexandre Sampaio

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

>> Diante das mudanças no quadro po-

lítico do país, em função das eleições

em outubro, o Conselho Empresarial de

Turismo e a Confederação Nacional do

Comércio de Bens, Serviços e Turismo

(CNC) discutem propostas para uma

reavaliação do papel do Ministério do

Turismo junto ao mercado, bem como

propostas para o fortalecimento do setor.

Com base nestes argumentos, Alexandre

Sampaio, presidente do Conselho de Tu-

rismo da CNC e também da Federação

Brasileira de Hospedagem e Alimentação

(FBHA), alerta que o país não deve perder

mais tempo e propõe que as operadoras de

turismo venham a colocar o produto Brasil

nas prateleiras dos destinos emissores.

MERCADO & EVENTOS - Dentro da experiência do Brasil com a Copa do Mundo, qual deve ser a estratégia do setor diante desta maior visibilidade do país no exterior?Alexandre Sampaio - O mais importante

neste chamado legado foi comprovar que

o Brasil tem plenas condições de receber

bem o turista internacional, e mais do que

isso, apresenta condições, e até uma razoá-

vel infraestrutura, como destino turístico.

A partir de agora é preciso consolidar os

destinos emissores e colocar na prateleira

de venda das operadoras internacionais

os nossos produtos e destinos. Com a

Copa se despertou no mercado inter-

nacional um maior interesse pelo nosso

país, principalmente da parte daqueles

que não vieram, e estão curiosos. Preci-

samos discutir com as associações como

a Bito, a Abav e a Braztoa estratégias de

comercialização de modo a criar meca-

nismos que possam levar esse processo

de captação de turistas a se materializar.

Não vejo possibilidades da Embratur

fazer esse trabalho sozinha e de modo

ágil. Todo esse processo tem que envol-

ver um planejamento estratégico e até se

repensar o papel da Embratur para que

venha a atuar como uma Apex do turismo.

M&E - Em relação ao receptivo, como melhorar o padrão de atendimento? Qual o papel das agências e operadoras neste contexto com o uso das novas tecnologias?Alexandre Sampaio - A questão hoje é

não interromper o trabalho iniciado com

o Pronatec empresa. Há que se buscar

uma continuidade com os ajustes que se

fi zerem necessários. Temos as Olimpíadas,

em 2016, e precisamos aprimorar alguns

quesitos, como é o caso da difi culdade de

comunicação do brasileiro com os estran-

geiros em função da defi ciência no uso

de línguas estrangeiras, principalmente

o inglês, uma língua universal. Essa foi

uma deficiência constatada principal-

mente na mão de obra de alguns serviços

como táxis e no atendimento em bares e

ambulantes. É preciso buscar soluções ou

aplicativos que facilitem a comunicação.

No caso dos agentes e operadores, creio

que este segmento vem desenvolvendo

um trabalho consolidado usando novas

tecnologias e toda a expertise. Ninguém,

hoje em dia, se limita mais a fi car apenas

na expectativa de uma comissão.

M&E - O mercado doméstico ainda não

tem um leque variado de produtos, preços e serviços que possam estimular o brasileiro a conhecer melhor seu país. Qual a saída?Alexandre Sampaio - Antes de mais

nada é preciso que o Governo faça cam-

panhas estimulando o brasileiro a viajar.

Mas, isso, apenas não basta. É preciso

buscar linhas de financiamento que

deixem as viagens ao alcance do bolso

do brasileiro. Temos inúmeros progra-

mas na economia com parcelamentos e

facilidades de pagamento e essa estra-

tégia deveria também ser adotada no

turismo. Creio que é preciso formatar

produtos e torná-los mais acessíveis

numa parceria com o setor privado.

O programa #PartiuBrasil já é uma

boa iniciativa, mas não basta. Temos

que envolver os players e fornecedores

para um trabalho estratégico que possa

estimular o brasileiro a conhecer sua

região e outros estados que não o seu.

M&E - A Copa do Mundo mostrou que o turismo pode gerar renda e emprego. Os futuros governantes devem aprender essa lição e olhar o nosso setor como estratégia de desenvolvimento econômico?Alexandre Sampaio - Sem dúvida que

há um novo olhar sobre o nosso setor.

Em algumas regiões essa percepção até

já existe, como é o caso do Nordeste.

Mas creio que o mais importante em

todo esse processo foi perceber de que

modo o setor pode influenciar outras

áreas da economia de modo positivo. Os

novos governantes devem se atentar para

uma dotação orçamentária satisfatória. É

preciso criar no país instrumentos para

que o turismo venha a ser um fator de

desenvolvimento da economia. É preciso

criar um ambiente favorável e propício,

mas com base em dados e estatísticas.

Sabemos muito pouco sobre o impacto do

turismo em outros setores da economia.

172

POLÍTICA

Sebrae NacionalEntrevista com Luiz Barretto

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> O presidente do Sebrae Nacional,

Luiz Barretto, ex-ministro do Turismo,

considera que os agentes de viagens e

demais profissionais do setor devem

buscar sempre se atualizar e utilizar as

novas tecnologias para conhecer melhor

o mercado onde atuam. Para ele, é preciso

aproveitar a experiência bem sucedida do

Brasil durante a Copa fora dos gramados

para tirar lições importantes.

MERCADO & EVENTOS - Com o término da Copa, de que modo o Brasil pode aproveitar essa experiência para o for-talecimento da indústria do turismo?Luiz Barretto - O Brasil recebeu milhões

de turistas durante o megaevento e superou

as expectativas de outras Copas quanto

ao conforto e segurança dos estádios, boa

qualidade dos transportes e a hospitalidade

dos brasileiros, que encantou todo o mundo.

Segundo estimativas da Fundação Instituto

de Pesquisas Econômicas (FIPE), R$ 30

bilhões devem ser injetados na economia

de nosso país, dos quais R$ 6 bilhões no

turismo. Isso signifi ca que temos potencial

para atrair mais turistas a partir desse legado

econômico e de toda a estrutura gerada, bus-

cando ampliar a nossa posição em captação

de eventos não só de caráter esportivo, mas

em outros segmentos importantes, como

os científi cos, da educação, dos esportes

náuticos, da saúde e lazer, da cultura e en-

tretenimento e da gastronomia. Eu diria que

todo o trabalho realizado em parceria com

os pequenos empresários, tanto no setor de

serviços (onde se inclui o turismo) como

em outras áreas, trouxe experiências bem

sucedidas. Até pequenos negócios, como os

hostels, acabaram descobrindo um mercado

até então pouco explorado no país. Foram

geradas muitas oportunidades.

M&E - Como tornar o país mais atraente para os turistas estrangeiros e como aumentar o fl uxo de visitantes?Luiz Barretto - Já na Copa das Confe-

derações, no ano passado, tivemos um

pré-vestibular para os empresários e agora,

com a Copa da Mundo, um resultado

expressivo, principalmente ao colocar o

país com maior visibilidade no mercado

internacional, atraindo assim o interes-

se de empresas internacionais. A Copa

acabou se transformando numa verda-

deira vitrine ao colocar o país, com sua

cultura e tradições, em exposição. Isso

se estende também a outras áreas, como

a gastronomia e o artesanato. Tudo isso,

sem sombra de dúvidas, serve para que

o mercado use os cases de sucesso para

explorar nichos de mercado e promover

nosso destino no exterior. As próprias

agências e operadoras também poderão

se beneficiar criando novos roteiros e

produtos. Creio que a experiência da

Copa foi um grande vestibular onde fomos

aprovados e temos que aproveitar tudo

isso para fortalecer a economia do setor.

Toda essa exposição despertou nos turistas

estrangeiros maior interesse pelo nosso

país. Por isso, devemos aproveitar o legado

da Copa, que gerou maior competitividade

e melhor qualifi cação, com empresas que

passaram a contar com certifi cações. Creio

que com a Copa houve uma grande inte-

gração dos países da América do Sul e que

devem continuar a merecer uma atenção

especial nos programas de promoção e

comercialização.

M&E - Quais devem ser as prioridades dos novos governantes que serão eleitos em outubro?Luiz Barretto - É fundamental a imple-

mentação de políticas públicas voltadas

para explorar o potencial turístico nos

diversos destinos de nosso país, estimu-

lando a atração de investimentos exter-

nos, bem como investir na qualidade da

formação profi ssional e na melhoria da

infraestrutura turística, com ênfase na

mobilidade como um vetor de inclusão.

Adicionaria a construção de um plano

estratégico considerando a avaliação do

Índice de Competitividade dos Destinos

Nacionais, ferramenta desenvolvida pelo

Ministério do Turismo, Sebrae e Fundação

Getúlio Vargas, para mensurar o nível de

desenvolvimento do turismo nacional.

Os novos governantes vão receber esse

Brasil do pós-Copa, que ganhou uma

nova imagem no exterior. Temos toda

a logística e um imenso potencial a ser

explorado neste país e o Sebrae tem dado

também sua contribuição nesse processo

de melhoria do produto e dos serviços,

fatores fundamentais para que venhamos

receber mais e mais turistas.

M&E - Como os profi ssionais de turismo devem aproveitar o conhecimento e as novas tecnologias para obter um ganho maior em seus negócios?Luiz Barretto - A presença nas mídias

sociais é fundamental para a sobrevivência

dos pequenos negócios. O Google apon-

ta que 105 milhões de brasileiros estão

conectados à internet e deste total 82%

usa a internet como fonte de informação

para fechar uma viagem. Logo, novos

modelos de negócios virtuais aparecem

como forte estratégia de fi delização do

viajante. O e-commerce surge como uma

forma de agregar vantagens competiti-

173

POLÍTICA

Sebrae NacionalEntrevista com Luiz Barretto

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

vas às pequenas agências de viagens que

precisam se adaptar rapidamente ao mer-

cado digital, inovando, não somente por

meio do preço e canais de distribuição

mais baratos, mas também por meio de

produtos, tempo para comercializar e na

forma de relacionamento com o viajante.

No Sebrae, disponibilizamos soluções

educacionais voltadas para a inclusão dos

pequenos negócios no ambiente digital e

apoio a projetos de startups no setor de

serviços. Creio que, com a experiência

destes megaeventos, os profi ssionais de

turismo e de outras áreas da economia

puderam perceber os inúmeros benefícios

gerados pelo crescimento na demanda.

Creio que o conhecimento do produto e

das ferramentas para uso das novas tec-

nologias é fundamental tanto no caso do

agente de viagens como para profi ssionais

deste setor. Cada vez mais é importante

que o mercado se capacite, se qualifi que

para aproveitar melhor as oportunidades

geradas. É preciso se atualizar constante-

mente e a internet facilita muito o acesso

a informação.

M&E - Quanto o Sebrae vem investindo em capacitação e empreendedorismo?Luiz Barretto - De olho no segmento

de turismo, serviços e artesanato, entre

outros, o Sebrae Nacional investiu este

ano R$ 90 milhões em programas de ca-

pacitação e empreendedorismo do micro e

pequeno empresário. Foram benefi ciadas

no Programa Sebrae 2014, ao todo, 43.910

micro empresas e que acabaram gerando

negócios acima da marca dos R$ 500

milhões. Essa alavancagem mostrou que

setores como áreas de turismo, artesanato,

serviços tiveram resultados expressivos. Já

o Sebrae/RJ lançou o Programa Sebrae In-

teligência Setorial, portal de informações

estratégicas destinado a apoiar os empre-

sários de turismo em tomadas de decisões.

174

POLÍTICA

Anseditur Entrevista com Luiz Fernando Moraes

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> Na defesa dos interesses dos principais

destinos turísticos nacionais, a Associação

Nacional dos Secretários e Dirigentes de

Turismo das Capitais e Destinos Indutores

(Anseditur) reconhece que é hora dos

dirigentes e governantes reverem seus

conceitos e buscarem a adoção de uma

política estratégica capaz de elevar o setor

a um patamar mais alto. Nesta entrevista

ao M&E, o vice-presidente da Anseditur,

Luiz Fernando Moraes, secretário de

Turismo de Porto Alegre, reconhece a

importância na elaboração de uma política

de fomento junto aos destinos emissores.

MERCADO & EVENTOS - Com o término da Copa, como o Brasil pode usar essa experiência para fortalecer o turismo?Luiz Fernando Moraes - Temos que apro-

veitar toda essa experiência positiva da Copa

para um processo de aprendizagem em vários

níveis. Passamos muito tempo errando na

governança deste processo, com políticas

equivocadas e até de competição entre áreas

que trabalham com um mesmo objetivo.

Com a Copa se percebeu a importância de

um trabalho articulado para realização de

grandes eventos benefi ciando todo o setor e a

economia, num nível de comprometimento

altamente profi ssional. Neste quesito, o brasi-

leiro demonstrou a capacidade de se adaptar

e adotar medidas de receptivo diante de uma

nova realidade, com a chegada de um grande

volume de turistas estrangeiros. Creio que

o grande legado foi mostrar que o país tem

plenas condições de realizar megaeventos, e

obter maior credibilidade para realização das

Olimpíadas. Houve um aumento no padrão

de atendimento mas precisamos aprimorar

ainda mais esse atendimento aos estrangeiros.

M&E - Em outubro haverá eleições. O que os novos governantes devem priorizar para que o setor ganhe maior representatividade?Luiz Fernando Moraes - A maior visibilida-

de do Brasil deve ser trabalhada por todos

aqueles que realizam ações de promoção e

comercialização no exterior, possibilitando,

assim, a vinda de mais turistas ao Brasil.

Havia muitas dúvidas, tanto aqui como no

exterior, sobre a capacidade do nosso país

de receber bem turistas em megaeventos

como a Copa, e isso foi superado com o

sucesso do evento. Lembro que todas essas

experiências acabaram se concentrando

nas cidades-sede e, com isso, se permitiu

aumentar e melhorar os serviços de recep-

tivo. Muitos não acreditaram no potencial

destes megaeventos e acabaram perdendo

a oportunidade de fazer bons negócios

De acordo com Claudia Pessoa, presidente da Anseditur, a associação deve buscar ampliar seu papel em defesa do desenvolvimento dos municípios com potencial turístico. Ela lembra que a associação é uma entidade que reúne dirigentes e secretários municipais de turismo. “Nossa grande conquista são as trocas de experiências positivas de cada cidade e compartilhamento destas ideias com objetivo comum de fortalecer o turismo brasileiro. Temos tido uma ótima interlocução com o Ministério do Turismo, acompanhando e propondo programas e ações à política nacional do setor. Durante a Abav, deve-mos discutir a mudança de estatuto para

que o nosso programa de ação não fi que restrito apenas aos 65 destinos indutores”, revela. Claudia lembra que a Anseditur já ressalta a brasilidade, a diversidade e a ri-queza das cidades em idiomas para serem distribuídos em feiras e eventos. Para ela, o turismo é um setor importante da economia e deve entrar na pauta de todo gestor. “O Nordeste é uma região de destaque no cenário nacional e tem ações de promoção específi cas para o mercado exterior, como é o exemplo da BNTM, organizada pela CTI/NE”. Ela destaca também as parcerias com a Embratur para apoiar a captação e promoção de eventos internacionais no Brasil.

Mudança de estatuto para maior representatividade

na Copa. O turismo, como indústria de

serviços, passou a ter uma visibilidade

maior nos diversos setores da economia e

da sociedade, impactando em muitas áreas

e deve ser visto pelos futuros governantes

como uma ferramenta capaz de contribuir

efetivamente para o desenvolvimento eco-

nômico e maior integração.

M&E - Como os profi ssionais de turismo devem aproveitar o conhecimento para ganhar mais nos negócios?Luiz Fernando Moraes - Creio que os

profi ssionais de turismo devem sempre

se atualizar e formatar produtos. O que

observamos é que não são apenas agên-

cias, operadoras e outros segmentos que

investem muito pouco para melhorar e

qualifi car seus produtos. Falta ao empre-

sário e aos profi ssionais acreditarem neste

segmento e investirem mais. Veja o caso

específi co de um destino como Gramado,

onde mais de 90% de seus produtos e

serviços são privados. Há um espírito de

empreendedorismo no setor, a exemplo do

que acontece em outros destinos e países.

Lembro que nos Estados Unidos não existe

um Ministério do Turismo. Precisamos

mudar essa cultura de que toda a estra-

tégia do turismo depende do Governo.

175

POLÍTICA

Bito Brazilian Incoming Travel Organization

Entrevista com Salvador Saladino

AbavExpo Internacional

Setembro 2014Mercado & Eventos

>> O sucesso da Copa no Brasil permitiu

ao país uma demonstração de competên-

cia e hospitalidade em relação aos turistas,

gerando, com isso, uma imagem positiva.

Mas a comercialização do nosso destino

junto aos operadores internacionais es-

barra no alto custo e na comparação com

outros destinos concorrentes, inviabili-

zando assim um crescimento do turismo

internacional num ritmo mais acelerado.

A constatação é do presidente da Brazilian

Incoming Travel Organization (Bito),

Salvador Saladino, que no próximo mês

encerra sua atual gestão. Nesta entrevista,

Saladino cita, entre os obstáculos para o

crescimento do fl uxo internacional, o alto

preço das passagens aéreas, bem como

de fornecedores (como a hotelaria), e a

necessidade na melhoria do padrão de

atendimento do nosso turismo receptivo.

MERCADO & EVENTOS - Como o Brasil pode aproveitar a boa imagem gerada do país no exterior? Teremos ganhos no turismo internacional?Salvador Saladino - Não restam dúvidas

de que a Copa, como evento mundial,

gerou uma ótima imagem do país. Mas

lembro, uma vez mais, que a Copa do

Mundo foi um evento estritamente corpo-

rativo. Um evento que tinha suas normas,

apoiadores e patrocinadores. Ou seja,

empresas que conduziram todo o processo

e, por isso mesmo, geraram pouco em

resultados para o mercado. Basta observar

os resultados, seja por parte dos organi-

zadores de eventos, das operadoras, das

agências de viagens. O que quero dizer é

que o grande fl uxo de turistas durante o

evento já tinha toda uma programação

específi ca, previamente organizada. Claro

que existem casos e casos, mas no geral,

o resultado para as operadoras de recep-

tivo não se traduziu em números. Mais

de 60% das operadoras em São Paulo

não tiveram ganhos com a Copa. Claro

que houve alguns resultados isolados.

M&E - Acredita que já é hora dos futuros governantes terem um novo olhar para essa indústria do turismo? Como incluir o setor na pauta da economia do país e tornar o país mais competitivo no cenário internacional?Salvador Saladino - Essa é a nossa espe-

rança. Até hoje o governo não reconheceu

o turismo como fator de desenvolvimento

sócio-cultural. Tanto é assim que não

existe ainda um plano (a curto, médio e

longo prazo) sustentável que possa fazer

com que o setor venha a ser contemplado

e possa atuar de forma independente dos

governos e dirigentes. Hoje, o quadro é

pouco animador e o MTur tem um leque

de atuação limitado. Mas a questão não

é bem essa. O grande problema para se

vender o Brasil como destino é que, apesar

de estarmos nas prateleiras das operado-

ras, somos um país caro. Eu lembro que

há um ano, criamos uma comissão para

discutir esse tema. Basta você traçar uns

comparativos com outros destinos, como

é o caso de Cuba. Estive lá neste ano e

pude comprovar que um europeu gasta,

por uma semana, num belo de um resort

com aéreo, cerca de US$ 1 mil. Entaõ você

compara com os nossos preços e vê que

estamos muito acima disso. O mesmo

acontece com o nosso receptivo, que

precisa melhorar seu padrão de atendi-

mento e ter um maior profi ssionalismo,

como acontece em outros países que

oferecem uma infraestrutura invejável

no atendimento ao turista. O preço do

transporte aéreo é outra problemática.

Na época da Varig tínhamos o Brasil Air

Pass, que era um sucesso e permitia ao

turista visitar diversas capitais do país

pagando tarifas econômicas. Hoje isso

já não acontece mais. Não temos sequer

mais uma companhia de bandeira como

era o caso da Varig, que criava todas as

facilidades para promover e divulgar o

país. O governo não dá subsídios para a

aviação, mas o faz para outros setores da

economia. Em outros países as compa-

nhias aéreas receberam ajuda nos períodos

da recessão, mas aqui, não.

M&E - Em relação aos agentes de via-gens e operadores, qual deve ser o po-sicionamento destes profissionais na conjuntura atual?Salvador Saladino - Eu diria que hoje,

com as novas tecnologias, vivemos novos

tempos. Uma mudança que veio para fi car

e que obriga aos profi ssionais do setor a

se adaptarem rapidamente, tanto no que

se refere aos novos conhecimentos, como

na sua carteira de produtos. No confronto

com as OTAs temos uma questão maior

a refl etir, que é a questão cultural. Houve

um tempo em que havia produtos e ser-

viços que atendiam ao turista que vinha

ao Rio de Janeiro de modo exemplar. Só

que as mudanças econômicas afetaram

diretamente a qualidade dos serviços.

O turista hoje em dia está em busca de

diversão e entretenimento e conta com a

internet como fonte de informações. Veja

na Europa, o modelo de vendas buscou se

atualizar e agora o turista encontra numa

loja que comercializa pacotes, informações

do destino e um leque de operadoras que

trabalham com o mesmo. Vende quem

tem melhor produto e melhor qualidade.

176

POLÍTICA

Fenactur Federação Nacional de Turismo

Entrevista com Michel Tuma Ness

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> A aprovação da lei que regulamenta

a atividade dos agentes de viagens e a

realização da Copa do Mundo foram

assuntos que movimentaram o turismo

nos últimos meses. Para Michel Tuma

Ness, presidente da Federação Nacional

de Turismo (Fenactur), a nova Lei ajuda

a separar o profi ssional do amador. Ao

mesmo tempo, ele lamenta os artigos

vetados, que fi zeram com que a legisla-

ção continue a não garantir a defesa dos

legítimos direitos dos agentes. Sobre a

Copa, Michelão é enfático ao dizer que

poderia ter sido melhor, apesar dos bons

resultados e da avaliação positiva dos

turistas estrangeiros em relação ao Brasil.

MERCADO & EVENTOS - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências. E agora, o que muda efetivamente para os agentes? Qual o papel deste profi ssional nesse novo cenário do turismo brasileiro?Michel Tuma Ness - A sanção da Lei res-

gatou a dignidade da atividade de agente

de viagens. Deixamos de ser marginaliza-

dos e passamos a ser reconhecidos como

profissionais de turismo. Poderíamos

comemorar ainda mais se a presidente

Dilma não tivesse vetado artigos que

mantiveram inalterada a responsabilidade

solidária das agências de viagens. Se a

intenção do Legislativo era “delimitar”

a atuação dos agentes de viagens, ela

acabou sendo frustrada com os vetos da

presidente. Estes vetos nos mostram que

se faz necessária uma revisão do Código

de Defesa do Consumidor.

M&E - Qual o verdadeiro impacto da Copa de 2014 para o turismo como um todo, não apenas na recepção de estrangeiros?Michel Tuma Ness - A avaliação foi bas-

tante positiva, em especial pela hospi-

talidade com que recebemos os turistas

estrangeiros. Para o turismo, a Copa ob-

teve excelentes resultados financeiros,

pois tivemos hotéis e aviões com altas

ocupações e o setor da gastronomia “bom-

bando”. Apesar da Copa ter sido iniciada

com canteiros de obras nos estádios, das

gambiarras feitas nos aeroportos e do não

cumprimento das metas de infraestrutura

estabelecidas pelo Governo; o êxito do

torneio foi positivo. Espero que a Copa

tenha deixado, como maior legado, a

reflexão e aprendizado para que erros

não se repitam.

M&E - Como as empresas do setor devem se preparar para este novo momento?Michel Tuma Ness - Devem fazer a li-

ção de casa! Devem se profi ssionalizar

e automatizar, seguindo as tendências

do mercado. No momento atual, não

existe espaço para amadores. Devem ser

criativos. É necessário praticar excelência

de serviços. Afi rmo, sem medo de errar,

que investir e acreditar no turismo é se

preocupar com o país como um todo.

Bem receber, seja o visitante interno ou

estrangeiro, é cuidar para que a expe-

riência desse viajante seja única. Desde

a chegada, não importando o meio de

transporte utilizado, sem contra tempo

ou dissabores, passando pela hospedagem

nos diferenciados níveis, os roteiros, a

gastronomia e principalmente o bom e

efi ciente atendimento em cada uma das

etapas da viagem. Se praticarmos tudo

isso, tenho a certeza que as agências de

turismo farão a sua parte.

M&E - A divulgação dos vários destinos brasileiros durante a Copa pode aumentar a vontade dos brasileiros de viajar e consequentemente desenvolver ainda mais o mercado doméstico?Michel Tuma Ness - É visível a crescente

demanda doméstica/regional por viagens,

o que, sem dúvida, gerará um grande

volume de negócios. Cabe às grandes

operadoras criarem alternativas de paco-

tes com grande apelo promocional, com

baixo custo e que motivem os turistas

brasileiros a conhecerem o Brasil. Po-

rém, para que isto aconteça, deve haver

investimentos crescentes, tanto por parte

da iniciativa privada como pelo governo,

visando garantir que o desenvolvimento

da infraestrutura acompanhe as novas

exigências e o momento atual. Outros

pontos fundamentais para incrementar o

desejo de viajar pelo Brasil são os preços

das diárias da hotelaria e das passagens

aéreas domésticas, por vezes, mais caras

do que as passagens internacionais.

M&E - O prejuízo causado pela queda das viagens no período da Copa pode ser compensado, em longo prazo, com o aumento das viagens domésticas?Michel Tuma Ness - Cabe ao Governo

criar alternativas que venham a facilitar o

exercício das atividades dos agentes de via-

gens e que permitam aos mesmos o direito

sagrado de receber pelos serviços prestados

e que lhes possibilitem pagar e honrar seus

compromissos. Caso isto não aconteça, va-

mos assistir ao fi m do nosso negócio, com o

encerramento e fechamento de agências tra-

dicionais, fato este que já está acontecendo.

177

178

POLÍTICA

Fornatur Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo

Entrevista com Oreni Braga

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> Responsável pela elaboração de po-

líticas de fomento nos estados, o Fórum

Nacional dos Secretários e Dirigentes

Estaduais de Turismo (Fornatur) vê de

forma positiva o sucesso nas cidades-sede

pela realização da Copa. Ao mesmo tem-

po, Oreni Braga, presidente do Fornatur,

manifesta sua preocupação com as eleições

nas esferas federal e estadual, já que isto

representa novas políticas de Governo e,

talvez, a interrupção de programas que

favorecem o setor. Segundo ela, o aspecto

técnico deve superar a questão política

na indicação dos novos secretários de

Turismo. Oreni vai além, e defende a

flexibilização dos vistos, o impulso na

aviação regional e a redução na carga

tributária de setores essenciais para o

desenvolvimento da indústria do turismo.

MERCADO & EVENTOS - A partir do sucesso da Copa, como os estados podem multiplicar essa boa imagem do país e melhorar seu receptivo e infraestrutura?Oreni Braga - Acredito que a lição dei-

xada pela Copa foi muito positiva para

o turismo brasileiro, em especial para os

estados. O fato de termos realizado, com

competência, um evento desta magnitude,

tanto no quesito receptividade como em

hospitalidade, mostra que estamos no ca-

minho certo. Claro que precisamos evoluir,

principalmente na qualifi cação de pessoal.

Em especial, para o Amazonas, nem se

discute o legado que a Copa deixou porque,

primeiro, a cidade de Manaus foi eleita pelas

pesquisas do Ministério do Turismo como

a melhor cidade-sede da Copa do Mundo,

isso já é um ponto positivo, além da estru-

tura turística, do trabalho que os governos

Federal, Estadual e Municipal fizeram.

M&E - Com as eleições governamentais em outubro, qual o olhar que os novos secretários estaduais devem ter sobre a indústria do turismo?Oreni Braga - Obviamente a gente sabe

que a maioria dos secretários de Turismo

do Brasil ocupa os cargos por indicação

política, assim como os ministros e como

qualquer outro cargo que demande res-

ponsabilidade. Existem estados que, em

apenas um ano, registraram três, quatro

cinco secretários. Isso é péssimo para o

turismo brasileiro, porque não permite

uma política de continuidade. O ideal

era que houvesse uma relação de técnicos

competentes, compromissados, éticos,

para estarem à frente das secretarias de

Turismo fazendo um trabalho a médio

e longo prazo. Não se constitui e não se

define um destino turístico em quatro

anos, é preciso que seja, no mínimo, uma

década, para começarmos a colher os

frutos. Sem dúvida nenhuma, o nosso

olhar é de muita preocupação, porque

se não houver continuidade no trabalho

daqueles secretários nos estados onde a

coisa está dando certo, daremos um passo

para trás. Aí, sem dúvida, o turismo será

extremamente prejudicado.

M&E - Como fazer para que o Brasil venha traduzir em divisas e volume de turistas o grande potencial que o país tem?Oreni Braga - Temos dois problemas

para resolver. O primeiro é a questão

da exigência do visto para o mercado

americano. Um estudo que fizemos há

uma década e apresentamos ao Ministé-

rio do Turismo (na época o ministro era

o Walfrido dos Mares Guia) mostra que

119 países pobres e miseráveis exigem

visto para os Estados Unidos, dentre eles

está o Brasil, que é um país emergente. Já

89 países ricos e poderosos e que estão

na linha da riqueza não existem visto

para os EUA, que é o maior emissor

de turistas do mundo. Então, por que

vou querer reciprocidade com um país

que hoje conversa com 89 países no

mundo? O segundo desafio é a questão

do custo Brasil. É importante que haja

uma política de desoneração das taxas

públicas e dos custos, que são altíssimos.

É preciso que a Infraero reveja a taxa

de embarque, que é a maior do mundo.

É preciso que venha a ser trabalhada,

também, a desoneração do querosene,

do combustível da aviação, ou seja, uma

série de tributos que oneram agências

de viagens, hotelaria e outros setores,

para que realmente essa cadeia possa

criar musculatura, ter braços e fazer

com que os preços possam ser atrativos

e, aí sim, tornar o país mais competitivo.

M&E - Como os agentes de viagens devem se posicionar diante do aumento da concorrência e das novas tecnologias para aumentar suas vendas? Oreni Braga - Fontes jornalísticas e de

publicidade revelam que ainda se busca as

agências de viagens não só para consultas,

mas também para compras de pacotes

turísticos. Obviamente que a tecnologia,

em especial, a questão da compra direta

nos sites, reduziu o ganho do mercado.

Porém, 75% dos turistas ainda procuram

orientação do agente de viagem e 50%

fecha a viagem com a agência, ou seja,

existe ainda um potencial muito grande

para que as agências de viagens possam

se verticalizar e se adaptar a esse mercado

tecnológico.

179

#conectado

TECNOLOGIA

>> A internet está presente em todas as fases de uma viagem: da pesquisa à reserva, do registro das imagens ao compartilhamento de informações. Para turistas estrangeiros e brasileiros, os meios digitais têm se consolidado, nos últimos anos, como a principal fonte de informações, de acordo com pesquisa do Ministério do Turismo (MTur). A cada hora, internautas de todo o mundo realizam 625 mil bus-cas no site Google sobre viagens, de acordo com dados da empresa.

Segundo Leonardo Vieira e Vinicius Landucci, da área de Novos Negócios do Google, 105 milhões de brasileiros estão conectados à Internet. Deste total, cerca de 82% a utilizam como fonte de informação para fechar a viagem.

“É importante que os consultores de viagens estejam atualizados em relação às ferramentas utilizadas no mercado, como, por exemplo, a pró-pria Internet, mecanismos de busca, mídias sociais, aplicativos focados no mercado de turismo, entre outras ferramentas que possam auxiliá-lo a potencializar seu atendimento, fornecendo uma consultoria mais abrangente, com informações mais completas e apropriadas para cada perfi l de cliente”, afi rma o country manager da Amadeus Brasil, Ma-rio Ponticelli. “Apesar da quantida-de de informações disponíveis, o agente de viagem bem informado e adaptado a esta tendência glo-bal, continuará sempre sendo re-levante no processo de compra de uma viagem”, completa o country

Meios digitais têm se consolidado como a principal fonte de informações dos turistas

RAFAEL MASSADAR

manager da Travelport, Luís Vargas.

Internet agregando valorComo principais oportunidades, verifi -ca-se que a Internet permitiu aos agen-tes de viagens reservar seus serviços de forma muito mais rápida, segura e econômica, pois esse profi ssional pode agora “visualizar” com mais facilidade o serviço que está intermediando, como um hotel ou casa de espetáculo através de suas homepages. Além disso, o agente de viagens pode se comunicar com meios de hospeda-gem, transportadoras, operadoras de viagens e destinos turísticos de forma mais simples e barata, através de e-mails.Outro ponto favorável pro-piciado pela Internet aos agentes de viagens consiste na rapidez e facilidade de informações, que estão disponíveis na rede de forma mais organizada, rápida e clara, tornado desnecessário o armazenamento nas agências de infinitos folders empoeirados, que se desatualizam e se deterioram em pouco tempo. Além disso, os GDSs puderam oferecer o acesso ao seu banco de dados pela Internet, sem a necessidade de disponibilizar seus terminais nas agências de viagens. Tal fato reduziu sensivelmente os custos de operação e manutenção de um GDS em uma agência de viagens, tornando esse produto mais acessível para essas empresas. Os custos de comunicação também reduziram-se sensivelmente nas agências de viagens através da utilização mais intensa da Internet.

OTAs x agentesNo turismo, a Internet, pela suas próprias características inerentes,

representa uma mudança na distri-buição dos produtos por meios di-retos, excluindo, muitas vezes, os intermediários, como as agências de viagens, pois a Internet permite que os grandes fornecedores de turismo (operadoras internacionais, cadeias hoteleiras, destinos internacionais, empresas aéreas) comercializem dire-tamente seu produto ao consumidor. Um tema que vem causado polêmica. As empresas aéreas tomaram a dian-teira e passam a oferecer opções de compra direta de seus produtos pela Internet. Prova disso, são os grandes portais de viagens idealizados pelas em-presas aéreas americanas e europeias. Esses portais permitem ao turista com-parar os preços das empresas aéreas, além de reservar serviços inerentes às agências de viagens reais e virtuais, como hotéis, locação de carros e con-tratação de seguros. As agências de viagens devem se adaptar ao avanço dessa nova tecnologia, transformando esse potencial concorrente em uma poderosa ferramenta de trabalho.

Redes Sociais e AplicativosO Ministério do Turismo do Brasil in-veste em suas nove mídias sociais, um meio importante de troca de informa-ção com o cidadão e com o viajante. O MTur ultrapassou o número de 630 mil conexões, entre fãs, seguidores e assinantes. Signifi ca que uma infor-mação divulgada pelas redes eletrô-nicas do MTur atinge meio milhão de perfi s de usuários, sem considerar os milhares de compartilhamentos. O número de seguidores no Instagram do Visit Brasil, por exemplo, cresceu 189% entre julho e agosto deste ano.

180

TECNOLOGIA

AmadeusEntrevista com Mario Ponticelli

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> Para o country manager da Amadeus

Brasil, Mario Ponticelli, a mudança de

comportamento do consumidor sofreu

uma reviravolta após o início da Internet.

De acordo com ele, as ferramentas de busca

como fonte de pesquisas antes de fechar

negócio, as compras online, as diversas op-

ções de formas de pagamentos, os cuidados

com fraudes e, por fi m, a expansão das redes

sociais, são propagadores de informações,

além da recomendação de marcas e ser-

viços. “A entrada no mercado de novos

players agressivos, que possuem grande

capacidade de investimento, e com platafor-

mas altamente tecnológicas é um fator que

afeta o mercado de turismo diretamente,

e também seus respectivos canais, como

agências, companhias aéreas, hotéis e ser-

viços complementares.”, disse o executivo.

MERCADO & EVENTOS - Um profi ssional que sabe usar as novas tecnologias pos-sui um diferencial no mercado? Mario Ponticelli - É importante que os

consultores de viagens estejam atualizados

em relação às ferramentas utilizadas no

mercado, como, por exemplo, a própria

Internet, mecanismos de busca, mídias

sociais, aplicativos focados no mercado

de turismo, entre outras ferramentas

que podem auxiliá-lo a potencializar seu

atendimento, fornecendo uma consultoria

mais abrangente, com informações mais

completas e apropriadas para cada perfi l

de cliente. Com o advento da Internet,

ressaltamos a importância de adicionar

o fator conhecimento do consultor de

viagens, pois ela os obriga a ampliarem ao

máximo suas capacidades para poderem

atender um cliente mais bem preparado,

que já possui acesso às informações de sua

viagem antecipadamente e, muitas vezes,

chega a conhecer mais que o próprio

consultor. O consultor de viagens precisa

estar preparado, não só tecnologicamente,

mas de todas as maneiras possíveis para

atender essa nova demanda de clientes.

M&E - Como a Amadeus pode ajudar neste sentido? Mario Ponticelli - A Amadeus disponibili-

za as ferramentas e conteúdos necessários

para que os agentes se mantenham atua-

lizados. Há dicas de mercado disponíveis

nos canais sociais da empresa, consulta

de estudos de mercado via website, além

de cursos e treinamentos gratuitos para

os clientes Amadeus via extranet (Ama-

deus Direct). Os conteúdos oferecidos

atualmente estão relacionados com a

funcionalidade do GDS, inclusive com

o gerenciamento de usuários no sistema

– o objetivo é permitir que os usuários

otimizem o uso da ferramenta e os dife-

rentes recursos que a Amadeus oferece.

Isso é útil para o profi ssional de viagens,

permitindo-o aconselhar os clientes da

melhor forma possível, agilizar o tempo

de trabalho e prestar um melhor serviço.

M&E - O projeto Executivos 2.0 da Ama-deus é uma dessas ferramentas? Mario Ponticelli - Trata-se de um pro-

jeto inovador, que consiste em um novo

modelo de atendimento aos clientes

Amadeus, visando transformar o modo

de ação no mercado para uma venda mais

consultiva. A ideia é que os executivos da

Amadeus possam atuar como consultores

para os clientes, de forma que os mesmos

tenham uma orientação correta e perso-

nalizada em suas diferentes necessidades.

Para isso, incentivamos o autoconheci-

mento da equipe e uma compreensão

abrangente dos produtos, do perfi l de

cada cliente e do mercado, além de um

domínio das técnicas de vendas. É pre-

ciso ouvir e entender o cliente, adquirir

sua confiança, para depois identificar

as necessidades e apresentar possíveis

soluções. No modelo antigo, o típico

vendedor orienta, de forma simples,

o cliente. Já no projeto Executivo 2.0,

atuando com o perfi l consultivo, o exe-

cutivo de Vendas entende a realidade em

que o cliente está inserido: seu mercado

de atuação e seus objetivos de negócios.

Tudo isso é utilizado para orientá-lo de

modo a identificar suas necessidades

reais, oportunidades e melhorias, para, ao

fi nal, sugerir novas ideias para o negócio

que contribuam para o seu crescimento.

M&E - Como as funcionalidades do uso do GDS podem fomentar as vendas?Mario Ponticelli - Com o advento do GDS,

a reserva passou a ser feita em tempo real.

Além disso, o GDS unifi ca o ponto de con-

tato das agências, principalmente com os

fornecedores, possibilitando em uma única

consulta, avaliar diversas possibilidades

disponíveis no mercado, o que aumenta

e melhora a entrega de ofertas. Pode-se

oferecer reserva de assentos e serviços

auxiliares na parte aérea, reserva de car-

ros, hotéis, otimizando assim o tempo de

consultor de viagens, e possibilitando a en-

trega de um serviço muito mais completo,

rápido e personalizado para o cliente fi nal.

181

182

TECNOLOGIA

TravelportEntrevista com Luís Vargas

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

>> A Travelport acaba de se assumir

como “a plataforma que está redefi nindo

o comércio de viagens”, ao afastar-se da

terminologia tradicional Global Dis-

tribution System (GDS). Desta forma,

a Travelport esperar definir, de forma

mais precisa, o papel único que oferece

hoje à indústria do turismo, o qual di-

fere do conceito assumido há 40 anos,

quando a empresa foi criada, com foco

nos processos básicos de transações de

viagens. “A mudança ocorreu para des-

crever mais precisamente o papel único

que a Travelport desempenha na cadeia

de distribuição mundial, na qual ela tem

concentrado todos os seus investimentos

ao longo dos últimos anos. A nova visão

é uma mudança signifi cativa da histórica

terminologia e linguagem do GDS”, disse

o country manager da Travelport, Luís

Vargas. As soluções inovadoras de paga-

mento eNett, que permitem pagamentos

eletrônicos seguros entre agências de

viagens e fornecedores, e as melhorias

do conteúdo oferecido na plataforma

(a multinacional é a única empresa que

oferece conteúdos de todas companhias

áreas do Top 10 mundial), são duas das

grandes evoluções registradas que refl etem

o crescimento sustentado da empresa.

MERCADO & EVENTOS - A Internet está redefi nindo o comércio de viagens para os agentes de viagem?Luís Vargas - Sim, totalmente. Enten-

do que o agente de viagem já se cons-

cientizou que a Internet é um meio de

consulta acessível ao consumidor fi nal,

sem falar nas redes sociais, que avaliam

e compartilham experiências de viagens.

Estas são fontes de informações valiosas

não só para o cliente, mas também para

o próprio agente, que pode prestar um

serviço diferenciado e cobrar por isso.

Apesar da quantidade de informações

disponíveis, o agente de viagem bem

informado e adaptado a esta tendência

global, continuará sempre sendo relevante

no processo de compra de uma viagem.

M&E - Recentemente, a Travelport di-vulgou uma nova visão de marca. Quais são as mudanças?Luís Vargas - A mudança ocorreu para

descrever mais precisamente o papel único

que a Travelport desempenha na cadeia

de distribuição mundial, na qual ela tem

concentrado todos os seus investimentos

ao longo dos últimos anos. A nova visão

é uma mudança signifi cativa da histórica

terminologia e linguagem do GDS. A nova

visão da empresa foi desenvolvida para

melhor corresponder ao que a Travelport

oferece hoje para a indústria, diferente de

40 anos atrás, quando foi projetada por

companhias aéreas e tinha como foco

apenas processos básicos de transações

aéreas. A nova visão, “a plataforma que

está redefi nindo o comércio de viagens

para nossos clientes”, refl ete esta evolução.

M&E - E na estratégia? Também mudou alguma coisa?Luís Vargas - Como parte do relança-

mento de marca, a Travelport também

aproveitou a oportunidade para defi nir

mais claramente suas atividades comer-

ciais através da renomeação de suas duas

principais áreas operacionais que, com-

binadas, formam o Travelport Travel

Commerce Marketplace. Primeiro, o

Travel Commerce Platform, que inclui

merchandising, reservas, pagamentos e

gerenciamento de fl uxo de trabalho, que

corresponde a 95% de seu rendimento no

primeiro trimestre deste ano. Segundo,

o Technology Services, através do qual

são fornecidos serviços cruciais de TI

para companhias aéreas. A plataforma

de comércio de viagem Travel Commerce

Platform é dividida em dois fl uxos de re-

ceita: a Air (aéreo) e a Beyond Air (além

do aéreo). A Beyond Air, que inclui rendas

geradas por hospedagem, publicidade e

pagamentos, agora corresponde a apro-

ximadamente 19% da receita da Travel

Commerce Platform e continua a crescer

em ritmo sólido.

M&E - Como a Travelport vai entender as tendências que estão surgindo e adaptar o trabalho com os Global Dis-tribution Systems e desenvolvedores? Luís Vargas - Nossa Travel Commerce

Platform (originalmente conhecida como

sistema de distribuição global ou “GDS”),

facilita o comércio turístico conectando

as principais empresas mundiais com

consumidores online e offl ine em nosso

próprio negócio Business to business

(B2B). Com o crescimento da demanda

da indústria turística, utilizamos nossa

Travel Commerce Platform para redefi nir

a distribuição eletrônica e o merchandi-

sing dos produtos principais e adicionais

de companhias aéreas, também amplian-

do nossa atuação no setor de viagens

para serviço de hospedagem, aluguel de

carros, trens, cruzeiros e operadores de

viagem. Além disso, melhoramos nossa

especialidade na área para desenvolver

uma solução de pagamento pioneira

B2B, que atenda às necessidades dos

intermediários para efetivar transações

de maneira efi ciente e segura.

183

Arco-íris em ascensão

TURISMO LGBT

>> A organização líder em estudos de mercado do turismo LGBT em termos mundiais, Out Now Global, anunciou que o segmento atingirá uma despesa superior aos US$ 200 bilhões pela primeira vez em 2014. Os Estados Unidos respondem por US$ 56,5 bilhões desses gastos, de acordo com os números, seguidos pelo Brasil, com US$ 25,3 bilhões. Já os europeus devem gastar US$ 66,1 bilhões em dólares em turismo.

Neste ano, o Brasil e os Estados Unidos serão os dois países mais procurados por turistas LGBT internacionais, de acordo com a pesquisa, com previsão de que quase metade do lucro com o turismo LGBT mundial será faturado pelos dois países.

Cerca de 26% dos visitantes de São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Floria-nópolis (SC), Salvador (BA), Fortaleza (CE) e Manaus (AM) são turistas LGBTs. O Brasil tem mais de seis mil hotéis e albergues registrados em agências

Turismo LGBT cresce mais do que o dobro da média do setor

RAFAEL MASSADAR

de viagens voltados ao público LGBT e, principalmente, especializados em sites orientados ao público gay, que são a principal fonte de informações para os viajantes.

O fato é que o Brasil é o destino LGBT mais importante da América Latina, recebendo principalmente cidadãos norte-americanos, britânicos, alemães, franceses e holandeses. De acordo com o aplicativo gay Grindr, a cidade do Rio de Janeiro tem a melhor praia gay do mundo e a cidade de São Paulo tem a melhor Parada Gay do mundo. A cada ano, a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo tem a participação de cerca de 3,5 milhões de pessoas, atraindo 400 mil turistas LGBTs, movimentando cerca de US$ 70 milhões.

Na “Cidade Maravilhosa”, o turista LGBT gerou impacto econômico direto de R$ 461 milhões durante o Carnaval 2014, respondendo por 30,75% da re-ceita da folia no Rio de Janeiro, apesar de serem apenas 15% do público que

visitou a cidade no período, de acordo com pesquisa da Riotur. O levanta-mento foi feito pela primeira vez neste ano, e contou com a colaboração da Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual do município, e do Observatório de Turismo da Universidade Federal Fluminense. Enquanto o turista médio gastou R$ 198 por dia na cidade, os turistas homossexuais e bissexuais brasileiros deixaram R$ 302,10, e os estrangeiros R$ 548,82, ou seja, 270% a mais que a média do público geral. Além de consumirem mais, os LGBTs também fi caram mais dias: enquanto o turista teve permanência média de sete dias, os gays brasileiros fi caram 9,4 dias e os estrangeiros 12,4 dias.

Além do BrasilDe acordo com uma pesquisa da Out Now Consulting, realizada em 2010, os turistas LGBT da Argentina gastaram um total de US$ 4 bilhões em viagens de lazer. No México,o valor foi de US$ 8 bilhões, já no Brasil, mais de US$ 20 bilhões, o maior valor da América Latina.

184

>> Um ranking divulgado no início deste

ano pela consultoria Out Now Global,

especialista em análises do mercado LGBT

(Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e

Transexuais), aponta que Estados Unidos,

Brasil e Japão são os maiores mercados

emissores do turismo LGBT, respectiva-

mente. O Brasil aparece como o segundo

colocado, com mais de US$ 20 bilhões

em gastos em turismo, superando países

como França e Alemanha. Porém, parece

que as agências e operadoras brasileiras

ainda não se atentaram à importância do

turismo LGBT. “Temos um grande défi cit

de operadoras envolvidas no segmento.

Creio que as grandes empresas ainda não

acordaram para o potencial deste segmento

ou realmente não acreditam em segmen-

tação”, afi rma a presidente da Abrat GLS,

Marta Dalla Chiesa. Ela diz ainda que o

Ministério do Turismo (MTur) também

não desenvolve ações efetivas para o setor.

“Temos tido menos sucesso, mas continua-

mos dialogando, pois este trabalho interno

de capacitações e desenvolvimento de polí-

ticas para o segmento tem que ser feito com

urgência.” Em contrapartida, ela destaca o

trabalho da Embratur com participações

em eventos fundamentais para o segmento.

MERCADO & EVENTOS - Pode-se dizer

que o Brasil é de verdade um “país gay friendly”?Marta Dalla Chiesa - Temos destinos no

Brasil que desenvolveram políticas públicas

para a comunidade LGBT, e outros que

estão buscando, através do marketing, criar

esta imagem de ser um destino turístico gay

friendly. Quando estas duas coisas aconte-

cem juntas, realmente temos um destino

friendly. Infelizmente, isto não está aconte-

cendo de forma igual em todo o Brasil e em

algumas partes de nosso país a homofobia

ainda mata, portanto, não se pode falar

que o Brasil é um destino amigável aos

LGBTs. Vamos ter um país totalmente gay

friendly quando tivermos estas políticas

implantadas a nível federal e estes avanços

políticos criarem mudanças na sociedade

como um todo. Mas o turista LGBT, em

geral, tem a tendência de se informar e

visitar apenas destinos que o acolhe bem

e, principalmente, onde se sente seguro.

M&E - A Abrat GLS acredita que as agên-cias e operadoras de viagem estão pre-paradas para esse segmento de turismo?Marta Dalla Chiesa - De maneira geral,

não. Temos feito feiras em muitas partes

do país e vejo a falta de conhecimento e

a falta de preparo dos agentes de viagem.

Por isso fazemos uma campanha para

que o público busque nossos associados

na hora de viajar, pois estão melhores

preparados. Temos um grande déficit

de operadoras envolvidas no segmento.

Parece que as grandes empresas ainda

não acordaram para o potencial deste

segmento ou realmente não acreditam

em segmentação.

M&E - E o Ministério do Turismo (MTur) e a Embratur?Marta Dalla Chiesa - Nestes últimos dois

anos fi zemos ações importantes com a Em-

bratur para colocar o Brasil no mapa do

turista LGBT internacional, e isso tem dado

certo. Participamos de eventos fundamentais

para o segmento como o Gay & Lesbian

Pavillion da ITB e também das convenções e

feiras da International Gay & Lesbian Travel

Association. Do lado do MTur temos tido

menos sucesso, mas continuamos dialo-

gando, pois este trabalho interno de capaci-

tações e desenvolvimento de políticas para

o segmento tem que ser feito com urgência.

M&E - Algumas cidades como Viena e Las Vegas procuram, cada vez mais, os turistas LGBTs brasileiros. Isso é uma ten-dência? As cidades brasileiras fazem isso?Marta Dalla Chiesa- Este ano a Abrat GLS

fez parceria com três grandes destinos inter-

nacionais: Las Vegas, Viena e Berlim. Esta-

mos fechando uma parceria com a Espanha.

O potencial do setor LGBT brasileiro é de

ser um dos maiores mercados emissivos

do mundo- somos 12 milhões de consu-

midores. Isto não passa despercebido por

destinos que estão apostando no segmento

há anos. Destinos brasileiros, infelizmente,

não estão neste nível de promoção com

relação ao segmento, mas existem alguns

investindo, ainda que modestamente, em

campanhas em revistas especializadas

como a Via G. Vale salientar Pernambuco,

Bahia e Santa Catarina. Os cinco destinos

top no Brasil são o Rio de Janeiro, São

Paulo, Florianópolis, Recife e Salvador.

Impacto LGBT no Carnaval do RioCom um impacto econômico direto de R$ 461 milhões, os turistas LGBT responderam por 30,75% da recei-ta do Rio de Janeiro com turismo no Carnaval 2014, apesar de serem apenas 15% do público que visitou a cidade, de acordo com pesquisa da Riotur. O levantamento foi feito pela primeira vez neste ano, e contou com a colaboração da Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual do mu-nicípio, e do Observatório de Turismo da Universidade Federal Fluminense.

TURISMO LGBT

Abrat GLSEntrevista com Marta Dalla Chiesa

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

185

186

>> Os viajantes gays estão cada vez mais

importantes no radar das empresas de

viagem, que têm gastado milhões para

atrair esse público. Mas John Tanzella,

presidente da International Gay & Les-

bian Travel Association (IGLTA), alerta

que nem todas elas merecem o rótulo de

‘empresa amiga dos homossexuais’. “Por

exemplo, não adianta nada um hotel fazer

uma campanha publicitária para o público

LGBT, mas não tratar com igual respeito

os seus funcionários gays”, alerta Tanzella.

“Você tem que estar com a sua casa em

ordem antes de começar a ir atrás desse

mercado”, completa. De acordo com ele, a

América Latina se destacou bastante nos

últimos anos, principalmente oMéxico,

Peru e Brasil. No Brasil, São Paulo e Rio

de Janeiro são os destinos principais,

mas Florianópolis tem surgido como um

destino gay importante.

MERCADO & EVENTOS - Qual é a im-portância do turismo gay para o PIB Mundial? John Tanzella - O segmento LGBT defi -

nitivamente contém um elevado número

de viajantes frequentes. Estudos realizados

nos Estados Unidos demonstraram que é

o maior nicho de mercado em termos de

gastos de viagem. Junto com a Organização

Mundial do Turismo (OMT), um estudo

de caso foi realizado em 2012 sobre a im-

portância deste mercado a nível mundial

e ressaltou o crescimento nos destinos e

empresas de turismo que estão chegan-

do aos viajantes LGBTs. Essa tendência

continuou. O boom vivido pelo turismo

gay deve-se, principalmente, à aprova-

ção de leis que reconhecem o casamento

entre pessoas do mesmo sexo. A agência

Community Marketing estima que o im-

pacto econômico produzido por viajantes

do grupo LGBT é de US$ 70 bilhões, só nos

EUA. No primeiro ano em que essas leis

entraram em vigor, Nova York faturou US$

260 milhões, mais US$ 16,5 milhões em

impostos que fi caram nos cofres da cidade.

M&E - Como os viajantes gays podem avaliar se uma empresa ou destino turís-tico é receptivo ao público LGBT?John Tanzella - Você pode começar che-

cando o nosso site, que lista tudo, agências

de viagens, hotéis, companhias aéreas,

empresas de cruzeiros, serviços de aluguel

de carros, restaurantes e bares. As compa-

nhias que pagam para estar em nosso site

devem seguir nosso código de ética, que

exige que os viajantes LGBTs sejam bem

acolhidos e tratados com respeito, assim

como qualquer outro cliente.

M&E - Que empresas estão se destacando no atendimento ao público LGBT?John Tanzella - As companhias aéreas

Delta e American Airlines são algumas

das empresas que merecem ser destacadas,

elas têm sites próprios para os viajantes

LGBTse apoiam ONGs envolvidas na

causa gay. As redes de hotéis de luxo

Hilton, Hyatt e Kimpton também são

bastante envolvidas com o nosso público.

A Kimpton faz promoções especiais nos

destinos que têm semanas do Orgulho

Gay, e produz também informativos es-

peciais LGBT.

M&E - Quais são as recomendações para os viajantes gays que vão para o exterior?John Tanzella - Se você está indo para

algum local que não é um destino tu-

rístico popular, é importante fazer uma

pesquisa na internet para descobrir quais

áreas desse lugar são amigáveis e seguras.

Se a pessoa ou o casal tem fi lhos, é im-

portantíssimo levar os documentos que

comprovem parentesco ou a custódia

deles. Também é importante consultar

o site da Associação Internacional Gay e

Lésbica (ILGA, na sigla em inglês). Lá você

pode saber quais países não recebem bem

o público LGBT e pior, ainda criminalizam

as relações entre pessoas do mesmo sexo.

Aliás, todos os viajantes, heterossexuais e

gays, devem observar as leis e costumes

do país que vão visitar. Quando o lugar

parecer perigoso, é melhor evitar.

Parada LGBT de São PauloA Parada LGTB de São Paulo reúne, a cada ano, milhares de pessoas na avenida Paulista. Conhecido como um dos maiores eventos da cidade, a Parada Gay vem crescendo em média 20% ao ano. Em 2013, o evento movimentou R$ 3,2 milhões. Durante todo o ano, o segmento gay injetou R$ 60 milhões na economia, segundo a estimativa da SPTuris. O Observatório de Turismo de São Paulo aponta que há 80 estabelecimentos voltados para o público LGTB, entre bares, restaurantes e casas noturnas. Às vésperas do evento, o número de pessoas nestes estabelecimentos chega a dobrar, alcançando 95 mil pessoas. Segundo a SPTuris, quase 40% do público participante é turista, sendo 2,6% de estrangeiros. Argentinos, americanos, peruanos e holandeses são os mais assíduos.

TURISMO LGBT

IGLTA International Gay & Lesbian Travel Association

Entrevista com John Tanzella

AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos

São Paulo Brasil Setembro 2014

MERCADO & EVENTOS Edição Especial 42ª Abav Expo Internacional de Turism

o

Copa do Mundo coloca o Brasil em destaque no cenário global

LEI 12.974Publicamos, na íntegra,

o texto que regulamentaa profi ssão dos agentes

RESULTADOSEmpresas e entidades

avaliam impactos do Mundial da Fifa

NÚMEROSConfi ra os últimos

dados e gráfi cos do setor

FOLHA DO TURISMO

Edição Especial 42ª Abav Expo Internacional de Turismo Setembro 2014

turismoem evidência

TUDO SOBREAgências e Operadoras,

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