abav 2014
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Abav 2014TRANSCRIPT
São Paulo Brasil Setembro 2014
MERCADO & EVENTOS Edição Especial 42ª Abav Expo Internacional de Turism
o
Copa do Mundo coloca o Brasil em destaque no cenário global
LEI 12.974Publicamos, na íntegra,
o texto que regulamentaa profi ssão dos agentes
RESULTADOSEmpresas e entidades
avaliam impactos do Mundial da Fifa
NÚMEROSConfi ra os últimos
dados e gráfi cos do setor
FOLHA DO TURISMO
Edição Especial 42ª Abav Expo Internacional de Turismo Setembro 2014
turismoem evidência
TUDO SOBREAgências e Operadoras,
Assistência ao Viajante, Aviação, Hotelaria, Cruzeiros, Eventos, Exterior,
Locadoras, Parques, Política, Tecnologia e Turismo LGBT
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006 Editorial
ABAV EXPO INTERNACIONAL DE TURISMO
007 Bem-vindo008 Antonio Azevedo – Abav Nacional
010 Gisele Lima – Promo Inteligência Turística
012 Leonel Rossi – Abav Nacional
AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS
13 Um ano sem crescimento14 Marco Ferraz – Braztoa
16 Marcelo Matera – Aviesp
18 Eduardo Nascimento – Sindetur-SP
19 Luis Paulo Luppa – Trend
20 Paulo Castello Branco – Grupo Águia
22 Emerson da Silveira – Avirrp
23 Juarez Cintra Filho – Grupo Ancoradouro
24 Afonso Louro – Visual Viagens
26 Eloi D’Avila de Oliveira – Flytour
27 Plínio Nascimento – Nascimento Turismo
28 Edmar Bull – Abracorp
30 Valter Patriani – CVC
31 Adonai Arruda Filho – BWT / Serra Verde
32 Antônio Gomes – Hotel Urbano
34 Fernando Botelho – Expedia.com
35 Gráfi cos do setor
ASSISTÊNCIA AO VIAJANTE
37 Segurança na viagem38 Marcello Gonçalves – Travel Ace
40 Daniel Prieto – Assist Card
42 Gelson Popazoglo – GTA
AVIAÇÃO
43 Fim da turbulência44 Gustavo do Vale – Infraero
46 Eduardo Sanovicz – Abear
47 José Efromovich – Avianca
48 Moreira Franco – SAC
50 Carlos Ebner – Iata
51 Eduardo Bernardes – Gol
52 Antonoaldo Neves – Azul
54 Luiz Mór – Tap
55 Claudia Sender – Tam
56 Gustavo Esusy – Copa Airlines
58 Twee Min Wang – Singapore
59 Olaf Kaehlert – Korean Air
60 Dilson Verçosa – American Airlines
62 Luis Antonio Sobrinho – Air Europa
63 Antonio Sgro – Alitalia
64 Stephane Perard – Emirates
66 Annette Taeuber – Lufthansa
68 Luciano Macagno – Delta
70 Cristian Vieira – Anac
71 Gráfi cos do setor
CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS
73 Cruzeiros menores74 Roberto Fusaro – Clia Abremar
76 Renê Hermann – Costa Cruzeiros
77 Ricardo Amaral – Royal Caribbean
78 Adrian Ursilli – MSC
80 Ilya Hirsch – Qualitours
81 Alexandre Zachello – Pullmantur
82 Estela Farina – Firstar
83 Miguel Andrade – Transmundi
84 Thiago Vasconcelos – Pier 1
86 Mario Trojman – Blue Sea
87 Orlando Giglio – Iberostar
88 Gráfi cos do setor
REPORTAGEM DE CAPA
91 Da Copa às OlimpíadasBrasil ganha evidência no mundo;
setor turístico entra em novo patamar
EVENTOS / FEIRAS
101 Pavilhões cheios102 Toni Sando – SPCVB
104 Geninho Goes – BNT Mercosul
105 Cláudia Miranda – Promove
106 Alfredo Lopes – Rio CVB
107 David Scowsill – WTTC
108 Anita Pires – ABEOC
110 Lawrence Reinisch – WTM-LA
111 Simon Press – WTM
112 Arnaldo Nardone – Icca
114 Wellington Costa – GBTA
115 Enrique Pepimo – FIT
116 Roberto Pereira – BNTM
118 Marta Rossi – Festuris
EXTERIOR
119 Brasileiros pelo mundo120 Jean-Philipp Pérol – Atout France
121 Maria del Carmen – PromPerú
122 Diana Pomar – CPTM
124 Carlos Enrique Meyer – MTur Argentina
125 Margaret Grantham – DZT
126 Silvia Görlach – Eurail
127 Mark Jaronski – Visit Orlando
128 Alfredo González – Brand USA
ESPECIAL VISIT FLORIDA130 Paul Phipps – Visit Florida
134 Kenneth Svendsen – Disney
136 Maurício Alexandre – SeaWorld
LOCADORAS
139 De carona na Copa140 Paulo Nemer – Abla
141 Leandro Aliseda – Hertz
142 Paulo Henrique Pires – Localiza
143 Afonso Celso de Barros – Avis
144 Renato Kiste – Shift
146 Gráfi cos do setor
MEIOS DE HOSPEDAGEM
147 Alta temporada na hotelaria148 Enrico Fermi – ABIH Nacional
149 Roberto Rotter – Fohb
150 Daniel Guijarro – Resorts Brasil
152 Guilherme Paulus – GJP
153 Enquete com a rede hoteleira
156 Gráfi cos do setor
PARQUES
157 Montanha-russa de investimentos158 Marcos Barros – Universal Orlando Resort
160 Alain Baldacci – Sindepat
161 Francisco Donatiello – Adibra
162 Adalgiso Telles – Beto Carrero World
POLÍTICA
163 Da periferia à prioridade164 Vinicius Lages – MTur
166 Vinicius Lummertz – MTur
167 José Francisco Salles – MTur
168 Luciana Fernandes – MTur
170 Vicente Neto – Embratur
171 Alexandre Sampaio – CNC/FBHA
172 Luiz Barretto – Sebrae Nacional
174 Luiz Fernando Moraes – Anseditur
175 Salvador Saladino – Bito
176 Michel Tuma Ness
178 Oreni Braga – Fornatur
TECNOLOGIA
179 #conectado180 Mario Ponticelli – Amadeus
182 Luís Vargas – Travelport
TURISMO LGBT
183 Arco-íris em ascensão184 Marta Dalla Chiesa – Abrat GLS
186 John Tanzella - IGLTA
Índice
6
>> Num cenário que oscila entre as lições deixadas pelo
sucesso na organização da Copa e as incertezas diante
do futuro do país (geradas pelo resultado das eleições), o
agente de viagem se depara com antigos desafi os e novas
práticas que deixam um ambiente de dúvidas e uma única
constatação: é preciso construir novos caminhos e adotar
estratégias que permitam a esse profi ssional aumentar seus
ganhos e manter um padrão de competitividade. Tudo isso
num mercado onde a concorrência ganhou, nos últimos
anos, novos players, com a chegada das OTAs e as vendas
diretas online por parte dos fornecedores.
Tido como principal elo de distribuição do mercado, o agente
de viagens conquistou, neste ano, por meio da Lei 12.974, o
reconhecimento da atividade, mas manteve o peso nefasto das
cobranças diante da questão da Responsabilidade Solidária,
que ainda impõe o ônus pelos prejuízos provocados por ter-
ceiros. Com o fi m do comissionamento por parte das aéreas,
a alternativa encontrada para manter os ganhos passa, obri-
gatoriamente, pela transformação do agente num consultor
de viagens e também pela ampliação na oferta de uma gama
de produtos e serviços, que possam tornar mais convidativa e
promissora, a tão esperada viagem de sonhos do seu cliente.
E como manter essa fi delização e convencer o consumidor
diante da perda do poder aquisitivo da população abalada
por uma economia que encolhe pressionada pelo impacto
da recessão? Essa difícil equação merece ênfase nos debates
e painéis deste 42º Congresso da Abav, onde novos produ-
tos e palestras apontam para saídas e estratégias capazes de
tornar mais claro e nítido o horizonte dos bons negócios. É
também uma oportunidade de se fazer novos relacionamen-
tos e consolidar parcerias no plano profi ssional. Conhecer
novas tecnologias para utilizá-las como ferramentas que
permitam alavancar os negócios e, sobretudo, fazer uso da
criatividade impulsionada pelo espírito empreendedor na
idealização das ofertas.
É também o momento de cobranças por parte das nossas
associações e representações. Exigir das autoridades e go-
vernantes o reconhecimento na importância desta atividade
que sempre caminhou na periferia dos programas e plata-
formas de Governo. Em meio a uma crise econômica, capaz
de gerar questionamentos e descrédito, o turismo pode, e
deve, servir de base no processo de retomada econômica,
como aconteceu com outros países, como a Espanha, e até
mesmo os Estados Unidos. Para isso, há que se encaminhar
pleitos e propostas de modo a fazer desta indústria uma
prioridade, não apenas relegada aos discursos, mas que se
traduza em resultados por meio de medidas de incentivo
e ações práticas, que permitam amenizar o peso da carga
tributária e servir de estímulo para fomento aos setores
que integram essa máquina de sonhos.
É neste cenário de expectativas de um futuro melhor que
o setor tem a oportunidade de dar uma demonstração de
força e vitalidade, por meio de uma ampla mobilização de
fornecedores e agentes de viagens no processo de construção
deste novo amanhã. Um desafi o que deve começar pela re-
fl exão da importância do papel de cada um, neste momento
de reinvenção e construtivismo movido pela certeza de que
juntos podemos mais. Quem sabe, até mesmo, poder deixar
de lado o gosto amargo das lamentações e o sentimento de
descrédito, para que, imbuídos pela competência criativa e
profi ssional, edifi quemos o sonho de um Brasil melhor a ser
deixado para nossos fi lhos e as futuras gerações.
Novas práticas, antigos desafi osEditorial
Presidente Adolfo MartinsVice-presidente Executivo Roy [email protected] - (55-21) 3233-6319Diretora de Marketing Internacional Rosa Masgrau [email protected] - (55-21) 3233-6316Diretora Geral de São Paulo Mari [email protected] - (55-11) 3123-2247Editora-chefe Natália Strucchi [email protected] - (55-21) 3233-6353Editor-executivo Luciano [email protected] - (55-11) 3123-2240Chefe de Reportagem Luiz Marcos [email protected] - (55-21) 3233-6262
Chefe de Reportagem SP Anderson [email protected] - (55-21) 3123-2239 Diretor de Internet Fernando MartinsDiretora de Planejamento Andréa MartinsDiretor Jurídico José Manuel Duarte CorreiaGerência de Tecnologia GRMFotógrafo Eric RibeiroDesigner Daniel Costa
Reportagem Rio (55-21) 3233-6353Reportagem São Paulo (55-11) 3123-2239/2240 Caroline Lainara - [email protected] Minelli - [email protected] Moura - [email protected] Menezes - [email protected] Massadar - [email protected] Chuva - [email protected]
Atendimento ao leitor (55-21) 3233-6353
Departamento Comercial São Paulo - (55-11) 3123-2222Departamento Comercial Rio de Janeiro - (55-21) 3233-6319
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Representante Comercial nos Estados Unidoswww.braziltm.com / [email protected] / +1 (954) 647-6464Brazil Travel Media - Claudio DaSilva401 E Las Olas Blvd # 130 - Fort Lauderdale - Florida - 33301 - USA
Rio de JaneiroRua Riachuelo, 114 - Centro - CEP 20.230-014Telefone e Fax (55-21) 3233-6201
São PauloRua Barão de Itapetininga, 151 - Térreo - Centro - CEP 01.042-001 Telefone (55-11) 3123-2222 - Fax (55-11) 3129-9095
Os artigos e opiniões de terceiros publicados na edição não necessariamente refl etem a posição da revista.
Mercado & Eventos é uma publicação do
FOLHA DO TURISMO
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jornal quinzenal e gratuito. Com a maior tiragem entre os veícu-los especializados em turismo, com 16.400 exemplares a cada edição, o MERCADO & EVENTOS alcança todas as regiões do país.
Roadshow Turismo 2014: capacitação do agente
O M&E, como player de peso da indústria do turismo, está sempre atento às necessidades dos agentes. Desta forma, idealizou um projeto pioneiro para qualifi car os agentes de viagens: o Roadshow Turismo 2014, que capacitou agentes de viagens na Bahia, Recife, Fortaleza, Rio de Janerio, São Paulo e Porto Alegre. Os próximos serão em Belo Horizonte (14/10) e Curitiba (25/11). Organizado em parceria com a Trend Operadora, o evento tem o patrocínio da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) e do Governo do Estado da Bahia. A correalização é da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA) com apoio da Best Western e Avis, tendo a Avianca como transportadora ofi cial. Até dezembro serão, aproximadamente, quatro mil profi ssionais capacitados.
Personalidade do TurismoE para prestigiar os que se destacam no setor, o M&E realiza, a cada ano, o Prêmio Personalidade do Turismo. A 13ª edição já tem data marcada. A festa de gala acontece no dia 13 de novembro deste ano no Golden Room do Hotel Copacabana Palace. Na ocasião, dez pessoas e três instituições, eleitas de forma direta pelo trade, irão receber o título.
Bem-vindo à Abav Expo Internacional>> Agências, operadoras, assistência ao viajante, aviação, hotelaria, cruzeiros, eventos, exterior, locadoras, parques, política, tecnologia, turismo LGBT. Mais uma vez, o MERCADO & EVENTOS publica uma edição completa, onde você, leitor, encontra entrevistas e gráfi cos sobre os mais importantes segmentos que compõem a cadeia do turismo, bem como resultados e expectativas. São 184 páginas que revelam os desafi os, avanços e preocupações dos dirigentes.
Nesta edição, CEOs e diretores contam como foram os primeiros meses de 2014 e o que esperam até dezembro. Tudo isso através de uma leitura objetiva e dinâmica. Em cada seção, a matéria de aber-tura faz um balanço da área. Logo depois, as entrevistas detalham as análises e perspectivas de cada empresa e, por fi m, separamos os mais interessantes gráfi cos para ilustrar tudo o que foi dito.
Como tema central, a decisão de explorar os impactos que a Copa do Mundo teve (e ainda terá, por um longo tempo) no turismo e na economia do país. As visões são as mais diferentes possíveis, mas todas entram num consenso: este megaevento contribuiu para divulgar uma imagem positiva do Brasil, com destaque especial para a nossa população. Com o turismo em evidência, levantamos uma questão primordial: qual o papel do agente de viagem nos dias atuais? Como este profi ssional pode aproveitar o bom momento pelo qual passamos para alavancar suas vendas e fi delizar o cliente? E mais, o que muda, de fato, com a Lei 12.974, que regulamenta a atividade? Todas as respostas estão nas próximas páginas.
M&E, maior tiragem entre os jornais especializadosPara você, agente de viagem que busca estar atualizado, o M&E traz sempre as principais informações do trade através do seu
A feira conta com a participação de representantes de 65 países. São esperados 40 mil visitantes profi ssionais, que poderão interagir com os mais de 3,5 mil expositores.
NÚMEROS DA EDIÇÃO DE 2013
Área de Exposição 58.200 m²
Visitantes Profi ssionais 38.706
Marcas Expositoras 2.613
Hosted Buyers 750
NÚMEROS DA EDIÇÃO DE 2014
Área de Exposição Mais de 76 mil m²
Visitantes Profi ssionais 40.000 (esperados)
Marcas Expositoras Mais de 3.000
Hosted Buyers 800
42ª ABAV EXPO INTERNACIONAL DE TURISMO
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ABAV EXPO INTERNACIONAL DE TURISMO
Abav NacionalEntrevista com Antonio Azevedo
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> A Abav Expo ganha vida nesta semana
(24/09 a 28/09). Neste ano a feira apostou
em mudanças como a alteração da ceri-
mônia de abertura, que desta vez ocorreu
no dia 23; em um novo formato da Vila
do Saber, com debates mais dinâmicos e
num espaço com melhor aproveitamento;
e ainda um Feirão de Viagens, que pro-
mete alavancar as vendas de agentes e
operadores, agradando também o público
fi nal com descontos de “cair o queixo”.
MERCADO & EVENTOS - Após o primeiro ano em São Paulo e levando em consi-deração o resultado da pesquisa que vocês fi zeram, quais foram os erros e acertos? O que a Abav tirou de lição da feira de 2013?Antonio Azevedo - Sempre aprendemos
muito. Todos os anos fazemos uma avalia-
ção profunda. Detectamos, por exemplo,
que houve um número bastante represen-
tativo de agências de viagens presentes,
mas de São Paulo, propriamente dito, de
onde esperávamos uma adesão maior, isso
não ocorreu. Tivemos sim uma decepção
com a capital. A capital tem 4.800 agências.
Se cada agência enviar duas pessoas à
Expo de Turismo 2014, e somente metade
das agências comparecerem, ainda assim
alcançaremos um bom número.
M&E - Como surgiu a ideia de realizar um Feirão de Viagem dentro da Abav Expo?Antonio Azevedo - Essa é uma experiência
nova para todos. Estamos apostando mui-
to nisso como um momento de incentivar
novos negócios para operadores e agentes,
na medida em que o visitante se anime e
adquira produtos.
M&E - A Abav está tentando reverter a decisão do Governo Federal de comprar os bilhetes aéreos diretamente das com-panhias. Quais as consequências que esta decisão do Governo pode acarretar?Antonio Azevedo - É importante por
diversos motivos. Primeiro porque existe
uma centena de agências que sobrevivem
praticamente da venda de viagens para
o governo. São centenas de empregos
que estão em jogo. Segundo, esta é uma
questão conceitual. É um verdadeiro
absurdo ver a estatização da atividade
sendo provocada pelo próprio Governo.
Vai haver desvio de função dos funcio-
nários públicos, que ao invés de atender
áreas carentes e sociais, como segurança,
educação e saúde, vão trabalhar numa
atividade sem conhecimento de causa.
O que tínhamos debatido com o Mi-
nistério do Planejamento era similar às
compras corporativas, onde você faz um
acordo com as companhias aéreas, mas
o operacional é das agências. O Governo
está se metendo numa situação que não
tem pé nem cabeça. E, claro, inibindo o
desenvolvimento de um setor que tem
certa fragilidade, por ser composto de
pequenas empresas. Vamos até o fim
nessa batalha. Estamos agora subsidiando
o TCU de números e fatos para que ele
analise e se pronuncie.
M&E - Qual é o papel do agente neste cenário que se desenha após a Copa?Antonio Azevedo - Esse é um assunto
delicado. Tivemos um período pré-Copa
que foi muito maltratado. O Brasil não
fez a lição de casa e a maneira como se
promoveu externamente foi muito frágil.
Tivemos a sorte de “Deus ser brasileiro”
e nosso evento terminou com um índice
de aprovação muito grande. O maior
destaque do Mundial foi, sem dúvida, o
povo do Brasil, com sua alegria. Foi isso
que conquistou os turistas estrangeiros,
não foram os aeroportos. Agora que a
Copa terminou podemos avaliar o lega-
do. E, mais uma vez, temos lição a fazer.
Esperamos que os órgãos competentes do
Governo possam fazê-lo. Paralelamente,
teremos que ter um processo junto às
agências de receptivo para que possam
ter maior competitividade e qualidade
de serviço. De forma geral, temos que
trabalhar, não podemos ficar sentados
em berço esplêndido.
M&E - Falta agressividade ao agente de viagem?Antonio Azevedo - Faltam muitas coisas.
O que tem ocorrido no país, ao longo do
tempo, e com as mudanças em relação à
forma de aquisição dos produtos, é que
pessoas sem qualifi cação e sem espírito
empreendedor decidiram abrir agências e
se acomodaram com uma simples cartela
de clientes. Essas pessoas fi cam depen-
dendo quase que exclusivamente dos
consolidadores, que hoje são os grandes
fornecedores de produtos para os agentes.
É claro que as consolidadoras são im-
portantes, mas esse pequeno empresário
fi ca muito paralisado, fi ca neste pequeno
nicho e não se atreve a novos voos. Quem
não mudar de postura vai perder muito.
M&E - Como você avalia os casos de operadoras fechando as portas e de-cretando falência? Como isso afeta o trabalho do agente?Antonio Azevedo - É sempre um terror,
porque novamente entramos na questão
da Responsabilidade Solidária. E quem
9
ABAV EXPO INTERNACIONAL DE TURISMO
Abav NacionalEntrevista com Antonio Azevedo
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
vai ‘pagar o pato’, mais uma vez, são as
agências. A agência revende um produto
no qual ganha uma pequena parcela de
comissionamento, mas quando problemas
assim acontecem, a agência é obrigada,
muitas vezes, a pagar 100% de prejuízo.
Uma situação de injustiça. Outro ponto
que podemos questionar é que as opera-
doras deveriam oferecer algum tipo de
garantia. Em qualquer país da Europa
é assim que funciona. Aqui no Brasil
a pessoa abre uma empresa hoje, já se
intitula operadora e começa a vender no
dia seguinte. O correto seria, por exem-
plo, avaliar se o acionista majoritário ou
diretor já teve algum problema com o
turismo. Vejo a necessidade que isso seja
regulamentado.
M&E - Como avalia os vetos feitos à Lei 12.974?Antonio Azevedo - Temos que olhar
sempre pelo lado positivo. Conseguimos
o reconhecimento, o que é muito gratifi -
cante e que, por si só, já fez valer a pena
toda essa batalha de 13 anos. Dentro dos
artigos da nova Lei temos objetos extre-
mamente importantes para as agências.
Sim, fi caram de fora pontos relevantes,
como a questão da Responsabilidade Soli-
dária. Dizem que a Lei é para fazer justiça,
mas neste caso não é isso que acontece.
A agência entrega um produto que não
é dela, ela atua como intermediária na
transação. E veja bem, não queremos
fugir de nossas obrigações, não é este o
ponto, mas o processo tem que ser justo.
Uma corretora de seguros te vende um
seguro, aí acontece um incêndio. Quem
paga é a corretora ou a seguradora? Claro
que a seguradora. E ninguém discute isso,
sendo que a condição é a mesma. Há uma
desigualdade de entendimentos, onde o
lado mais fraco acaba sendo sempre o
da agência de viagem.
10
>> A Promo Inteligência Turística as-
sumiu a organização da Abav em 2012.
De lá para cá, a empresa vem avançando
na estruturação desta importante feira
de turismo do Brasil. “Evoluímos muito
no que tange à diversidade ofertada aos
visitantes, garantindo que eles tenham,
não só, a presença de todos os tipos de
produtos e serviços do setor turístico,
como também uma ampla gama de for-
necedores”, avalia Gisele Lima, diretora
da Promo. Mas, apesar das conquistas,
Gisele acredita que ainda há espaço para
crescer. “Não podemos fi car satisfeitos
nunca, porque assim não evoluímos”.
MERCADO & EVENTOS - Você está satis-feita com o grau de internacionalização da Abav Expo? Neste ano teremos novos países na feira? A quantidade desses países aumentou?Gisele Lima - Acho que a gente ainda tem
muito a crescer. Não podemos fi car nunca
satisfeitos, senão não evoluímos. O fato é que
a feira a vem crescendo numa ação interna-
cional. Isso é refl etido até na própria presença
dos expositores. É um crescimento efetivo.
Apesar disso, sempre podemos melhorar,
existem inovações acontecendo a todo mo-
mento. E estar antenado a esses processos
é o que garante uma posição diferenciada
no mercado, no quesito feiras do setor.
Neste ano teremos novos países, porém,
acho que o ganho esse ano é na diversi-
dade que vem com os países. A gente sabe
que, por exemplo, um estande como o do
México possui DMC’s, hotelaria, enfi m,
todos os serviços e principais ofertas do
turismo e da iniciativa privada, que vem
junto para executar as negociações. O que
percebemos é que essa diversidade vem
ganhando uma amplitude muito maior
dentro dos estandes de países que já tem
uma história de participação na feira.
M&E - A Promo agora está representando a BTL no país. Vocês estão atrás de outras
feiras? A Promo pode vir a representar outras feiras?Gisele Lima - Sem dúvidas, a gente não só
pode, como também tem um olhar especí-
fi co dentro de feiras nas quais gostaríamos
de estar atuando. A BTL, além de ter muita
sinergia com o mercado brasileiro, traz um
dado que é um diferencial e que pode ser
explorado pelo nosso mercado com mais
força: Portugal é um grande hub para o
Brasil. Poder representar a BTL aqui é
uma excelente oportunidade pra estreitar
os laços entre esses mercados com relações
bilaterais. Sabemos que existem turistas
que saem das mais diversas localizações da
Europa (voando Tap) e chegam ao Brasil via
Lisboa. Aproveitar e potencializar isso vai
provocar uma guinada de mercado muito
grande e vai transformar a BTL em uma
das principais feiras de negócios da Europa.
M&E - Qual seria a grande novidade da BTL para edição de 2015?Gisele Lima - A BTL implanta nesse ano
um programa de compradores convi-
dados, onde a proposta é termos, den-
tro da feira, cerca de 400 compradores
convidados, oriundos de 23 países. Essa
negociação já está fi rmada. Ter o trade
brasileiro negociando em uma única
feira com 23 países maximiza qualquer
investimento. Tudo isso com a facilidade
de idioma e com um valor agregado. Este
é um olhar que a BTL teve para o mercado
brasileiro muito procedente e que a gente
conseguiu contribuir na formatação dessa
estratégia. Estamos agora apresentando
esse diferencial como grande inovação
da feira para o ano de 2015.
M&E - Tivemos entre junho e julho a Copa do Mundo. Neste momento, to-dos debatem os impactos que o evento causou para o turismo. Como você vê isso, pessoalmente?Gisele Lima - A visibilidade mostrou o que
nós somos, o que temos de infraestrutura e,
principalmente, a forma como recebemos os
turistas, que é o nosso grande diferencial. A
Embratur, em pesquisas anteriores, já iden-
tifi cava que o primeiro ponto de reconheci-
mento do turista no nosso país (e o que mais
agrada a ele) é o próprio brasileiro. O melhor
do Brasil, defi nitivamente, é o brasileiro. Mas
esse momento da Copa do Mundo revelou
também que temos muitos outros atributos,
diversas regiões. É como se o Brasil fosse
redescoberto nesse quesito. Sem dúvida,
a gente alcança um patamar de interesse
e entendimento infi nitamente superior ao
que tínhamos antes do Mundial acontecer.
M&E - Você acha que o Brasil está satu-rado em relação à quantidade de feiras e eventos de turismo?Gisele Lima - Eu tive a curiosidade de
contar o número de feiras e workshops. E
nós temos 34. Se nós temos 34 e dividimos
por 12 meses, nós temos praticamente
quase três eventos por mês no turismo.
Está muito saturado. O expositor não
consegue efetivamente estar presente em
todos. Porque é uma questão de limitação
física, inclusive. Isso certamente exige
do expositor uma análise mais crítica de
qual evento ele vai participar. Aí vem a
necessidade, cada vez maior, da profi ssio-
nalização dos eventos, do valor agregado
ABAV EXPO INTERNACIONAL DE TURISMO
Promo Inteligência Turística
Entrevista com Gisele Lima
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
11
que eles geram. A atenção e o foco que
ele dá na qualificação do visitante, na
geração de negócios. Esses são fatores
primordiais para que um evento seja
prioritário na escolha do expositor. Por
isso, a preocupação da Abav é gerar um
valor agregado diferenciado. Então, nesse
ano, nós implementamos para todos os
expositores as rodadas de negócios, es-
tamos trazendo, efetivamente, mais de
800 compradores convidados, que vão
poder ser vistos na feira, na rodada de
negócios. Tudo isso para que o expositor
consiga, em um único evento, conversar
com compradores convidados que vem de
países com alto poder de compra. E para
montar essa base de compradores convida-
dos que estamos trazendo, pensamos nos
principais mercados potenciais emissores.
Então existe um trabalho estratégico,
existe um trabalho de pensar no nível
de retorno que o expositor precisa ter,
para que continuemos sendo uma feira
prioritária na escolha dele.
M&E - O fl uxo de visitantes que a Abav recebe atualmente é um bom número?Gisele Lima - A qualifi cação dos visitantes
é outro foco de atenção nosso. Porque
não adianta somente ter fluxo, é mais
importante ter a qualifi cação desse fl uxo.
Se temos o corredor cheio, mas com zero
de geração de negócios, a feira não atin-
ge o objetivo. Mas, efetivamente, quem
circula ali é quem gera negócios, e se de
cinco reuniões que são executadas por um
expositor, três delas gerarem resultados
expressivos, o investimento dele foi pago.
Isso é uma preocupação que qualquer
feira tem que ter e que a Abav tem. É
algo continuo no nosso olhar. A imprensa
muitas vezes valoriza muito o número de
visitantes. E aí é uma posição muito par-
ticular minha: mais importante do que o
número é a qualifi cação desses visitantes.
ABAV EXPO INTERNACIONAL DE TURISMO
Promo Inteligência Turística
Entrevista com Gisele Lima
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
12
>> Formado em sociologia, com vastos
conhecimentos antropológicos, e muitos
anos de experiência no turismo, Leo-
nel Rossi, vice-presidente de Relações
Internacionais da Abav, acompanhou
de perto tudo que envolveu a Copa de
2014. Ele chegou a gravar o noticiário
internacional para não perder nenhum
lance e, assim, descobrir como a mídia
estrangeira divulgou o Brasil durante os
30 dias do campeonato. Nesta entrevista
ao M&E, ele faz uma análise do que fi cou
de positivo para o turismo brasileiro e
como os agentes podem aproveitar as
lições que o Mundial deixou.
MERCADO & EVENTOS - Qual é o prin-cipal legado da Copa do Mundo para o turismo brasileiro?Leonel Rossi - O principal legado desta Copa
é que os estrangeiros que vieram foram bem
recebidos. O sentimento que prevaleceu foi
de ter as expectativas superadas. Acompa-
nhando o noticiário internacional, percebi
que as coberturas foram sensacionais. Ao
longo dos últimos anos, o Brasil, por exem-
plo, deixou de aparecer em revistas interna-
cionais voltadas para o público A, como a
Conde Nastler, por exemplo, com 700 mil
exemplares (e cada exemplar é lido por cinco
pessoas em média). Então você abre a revista
e vê a Jamaica, Croácia, Rússia, Riveira
Francesa. Nesse período pós -Copa, é preciso
que as autoridades de turismo do Brasil
continuem uma promoção fi rme e forte, para
que as pessoas não esqueçam o Brasil. Isso é
obrigação da Embratur. Esse é o papel dela.
M&E - Como o senhor avalia a partici-pação dos turistas da América do Sul na Copa? Como podemos impulsionar o número de turistas internacionais - que hoje é de pouco mais de seis milhões - aproveitando os países vizinhos?Leonel Rossi - Já esperávamos que uma
parte importante dos turistas da Copa
fosse composta por sul-americanos ou
latino-americanos. Agora temos que apro-
veitar isso. A imagem do Brasil passada
a todos que estiveram em nosso país foi
ótima. Temos que jogar fi rme em cima
dos países limítrofes e não limítrofes,
como Equador e Chile, para que eles
comprem o Brasil.
M&E - Em termos de infraestrutura, como o setor turístico ganhou com a realização do Mundial? Leonel Rossi - Eu estava entre as poucas
pessoas que já previam que a Copa seria
muito boa para nós. O Brasil, com um
povo apaixonado por futebol, merecia es-
tádios realmente preparados para receber
esse público. Pode ser que dois ou três de-
les tenham problemas de aproveitamento
daqui para frente, mas os espaços criados
são arenas capazes de receber shows e
espetáculos. Os aeroportos não fi caram
totalmente prontos, mas não tivemos
problemas, as coisas funcionaram direto.
As Fun Zones foram muito aproveitadas e
elogiadas. Quando todas as obras forem
realmente concluídas teremos novos e
bons aeroportos. A hotelaria também
saiu ganhando. O que não apareceu com
tamanha clareza foi a estrutura das cida-
des, que ainda deixou um pouco a desejar.
M&E - Como o agente pode aproveitar esse novo cenário, que deixa o país tão em evidência no mercado internacional?Leonel Rossi - De duas formas. Os espe-
cializados em receptivo terão que fazer
uma programação, entrar em contato
com as agências do exterior e tentar dri-
blar o alto custo do Brasil. Ainda somos
um país caro. Uma saída é conquistar
esses turistas com alto poder aquisitivo
que citei. E, no emissivo, é preciso apro-
veitar esse clima que a Copa deixou. O
contato com os turistas estrangeiros que
estiveram no Brasil estimula a vontade
do povo brasileiro de viajar. Na verdade
esta é uma tendência que já vemos nos
últimos anos. As pessoas estão ganhando
mais, a economia está estável. Ainda sim,
apenas sete milhões de brasileiros viajam
por ano, numa população de 200 milhões,
é muito pouco ainda.
M&E - Qual a avaliação que se pode fazer da mudança da Abav Expo Internacional para São Paulo? Leonel Rossi - Não há cidade como o Rio
de Janeiro, um destino turístico por natu-
reza. Nós sempre agradecemos pelos anos
em que a feira foi realizada lá, foi muito
importante para nós. Isso não quer dizer
que a feira não possa voltar para a “Cidade
Maravilhosa” um dia. Essa possibilidade
não é nula. Mas o que acabou ocorrendo
foi um desgaste natural. O Riocentro é
longe, tínhamos dificuldades de loco-
moção e os custos também são maiores,
inclusive de hotelaria. Cerca de 80% dos
expositores estão em São Paulo, então
não precisam gastar com hospedagem,
por exemplo. A localização do Anhembi
também é muito boa.
ABAV EXPO INTERNACIONAL DE TURISMO
Abav NacionalEntrevista com Leonel Rossi
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
13
AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS
>> Vendas em queda no primeiro se-mestre. Copa do Mundo. Preços altos. Esses foram fatores que infl uenciaram a indústria de viagens no Brasil na pri-meira metade do ano, especialmente as agências e operadoras, que esperam um ano sem crescimento. As vendas voltaram a embalar no segundo se-mestre e a demanda reprimida parece estar dando uma resposta. No entanto, uma retomada, na opinião e entidades e empresários, depende, sobretudo, de um quesito específico: o preço.
“Buscamos o equilíbrio. O que per-demos no primeiro semestre, quere-mos recuperar no segundo e fechar o ano estável”, defi niu o presidente da Braztoa, Marco Ferraz. Um ano sem crescimento, mas também sem prejuízo, será comemorado por todos. A queda das vendas teve alguns efei-tos, como o desaparecimento de duas empresas que tinham nomes muito forte no mercado: Marsans e Luxtra-vel. “A temporada do meio do ano é importante para todas as operadoras e a falta dela – porque praticamente não existiu – atrapalhou o fl uxo de caixa de muitos operadores”, explicou.
A expectativa para o segundo semes-tre, no entanto, é de retomada. Ferraz acredita que há uma demanda que ficou reprimida e pode acabar vol-tando mais forte na segunda metade do ano. No entanto, os preços podem atrapalhar. Uma das lições deixadas pela Copa do Mundo, para vários operadores, é que o brasileiro não pagará valores acima do mercado. “O preço tem que ser razoável, porque caso contrário o consumidor não vai
Um ano sem crescimentoEfeito Copa e altos preços derrubam as vendas e setor
espera um 2014 com crescimento zero
ANDERSON MASETTO
aceitar e não irá comprar. Como somos intermediários, não fazemos preço, apenas mantemos o nosso markup acompanhando a subida e descida-dos preços. Dependemos muito dos fornecedores. Espero que eles tenham entendido que o consumidor não vai mais pagar preços irreais. Este deve ser um dos legados da Copa para o futuro e não apenas para grandes eventos”, comentou Ferraz.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto de Pesquisas, Estudos e Capacitação em Turismo (Ipeturis) apontou que 53% das agências de viagens do país tiveram perda nas vendas por causa da Copa. O estudo foi encomendado pelo Sindicato das Empresas de Turismo no Estado de São Paulo (Sindetur-SP) para avaliar o impacto da Copa do Mundo no setor. “Os empresários estão relati-vamente otimistas quanto ao futuro. Nosso levantamento apontou que 45% dos empresários do setor acreditam que o impacto da Copa de 2014 nas vendas futuras será positivo”, revelou o presidente do Sindetur-SP, Eduardo Nascimento. “Muitas viagens fi caram represadas pela Copa e agora é hora de abrir as comportas e deixar o rio vazar. Então, no curto prazo, deve haver uma recuperação”, complementou.
Antônio Gomes, diretor Comercial do Hotel Urbano – que espera vender mais de 4 milhões de diárias neste ano – afi rmou que o mercado aponta para uma retomada. Para ele, a Copa represou muitas viagens e os brasi-leiros estão com a sensação de “não viajei ainda este ano”. “O mercado está bem aquecido para este segundo
semestre, com excelentes oportunida-des de tarifas e destinos, assim como o início de vendas pra Natal, Réveillon, alta temporada e Carnaval. Estamos apostando muito num crescimento bem vertical”, contou.
Uma das maiores operadoras do inte-rior de São Paulo – segundo maior mer-cado emissor do país – a Ancoradouro espera uma alta não apenas neste segundo semestre, mas estima um novo ciclo de crescimento no setor. “A tendência agora é que o crescimento seja maior. O turismo no Brasil ainda é incipiente. Se olharmos o tamanho da nossa população, de mais de 200 milhões, o número de pessoas que faz turismo não chega a 6%. Se somarmos todas as aeronaves comerciais das três maiores companhias que operam no país, teremos algo perto de 450 aviões. Isso não é nem a metade do que somente a Delta tem nos Estados Unidos, por exemplo”, explicou.
Problemas a resolver Há, no entanto, outros fatores que podem infl uenciar no crescimento. Para o presidente da Trend Operado-ra, Luis Paulo Luppa, o país tem uma série de questões a serem resolvidas e concorda que há ainda um potencial muito grande para o setor avançar. “Temos questões a resolver como a queda abrupta do Nordeste, que é um paraíso, porém tratado como um sim-ples pedaço do Brasil. Precisamos tra-tar os destinos com um plano diretor debaixo do braço e medindo as ações e resultados. Continuo entendendo que somos embrionários em maté-ria de estratégia e gestão”, opinou.
14
AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS
Braztoa Associação Brasileira das Operadoras de Turismo
Entrevista com Marco Ferraz
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> Este foi um ano atípico para o turismo
emissivo no Brasil. As vendas no primeiro
semestre registraram uma queda por
conta da Copa do Mundo e também dos
altos preços. A Associação Brasileira das
Operadoras de Turismo (Braztoa) espera
agora uma retomada, durante a segunda
metade do ano. As operadoras têm como
meta terminar 2014 sem crescimento e
nem prejuízo. “Buscamos o equilíbrio”,
defi niu o presidente da entidade, Marco
Ferraz. Mesmo com vendas menores por
conta do megaevento, o dirigente acredita
que o país pode encarar agora um novo
ciclo de desenvolvimento no setor.
MERCADO & EVENTOS - O que os agen-tes de viagens podem esperar do 42º Encontro Comercial Braztoa? Quais são as novidades desta edição?Marco Ferraz - Estamos indo para a se-
gunda edição junto com a Abav. O for-
mato será praticamente o mesmo, em um
espaço onde cabem 66 estandes com nove
metros quadrados, além de um lounge e
um bar no meio, que é patrocinado pelo
Ministério do Turismo. Além disso, temos
mais dois lounges, em que os operadores
poderão sentar com os seus clientes e
fornecedores para fechar negócios. Nas
salas da Vila do Saber, temos duas horas
e meia de capacitações, durante os três
primeiros dias. E no fi nal de semana, tere-
mos a venda direta para os consumidores,
coincidindo com a Turismo Week. Neste
caso, a venda poderá ser direta ou por
meio dos agentes que são clientes dessas
operadoras. Isso fi ca a critério de cada
uma delas. Há, ainda, o nosso próprio
espaço, onde falaremos sobre o Programa
de Sustentabilidade e a Turismo Week.
Estamos seguindo a linha do evento do
ano passado, que foi um sucesso.
M&E - Qual é a expectativa da Braztoa e das operadoras para os dias voltados
ao público fi nal? O que as operadoras esperam das vendas?Marco Ferraz - Tivemos a primeira ex-
periência no ano passado e precisamos
reconhecer que não foi muito bem. Acre-
dito que faltou divulgação, pois faltou
público no fi nal de semana. Estávamos
lá para vender, mas não apareceu muita
gente para comprar. Esperamos que neste
ano, com a divulgação que a Abav fez, o
retorno seja maior. Com certeza teremos
um público maior do que em 2013. Fare-
mos também uma campanha geral para o
Turismo Week, informando que a compra
presencial poderá ser feita no Anhembi
neste fi nal de semana.
M&E - Tivemos neste ano algumas sur-presas, como o fi m das operações da Marsans e da Luxtravel. Foram apenas casos pontuais, ou há algo acontecendo no mercado?Marco Ferraz - Este foi um ano atípico
por conta do Carnaval tardio e da Copa
do Mundo. Então, a expectativa de vendas
durante a Copa era muito grande e a gente
sofreu com os nossos fornecedores que es-
tavam com preços muito acima do normal
para esta época do ano. É uma temporada
importante para todas as operadoras e
a falta dela - porque praticamente não
existiu - atrapalhou o fl uxo de caixa de
muitos operadores. Isso deve ter afetado
bastante essas duas empresas.
M&E - Isso mostra uma fragilidade do mercado?Marco Ferraz - Não. Eu diria que as vendas
neste ano foram abaixo do ano passado. Então,
sempre quando temos uma venda menor é
necessário fazer um ajuste de custos. A expec-
tativa é de recuperação no segundo semes-
tre, com esta demanda que fi cou reprimida
voltando mais forte na segunda metade do
ano. Muita gente não tirou férias no primeiro
semestre e está guardando para o segundo.
M&E - A questão dos preços foi muito discutida antes da Copa do Mundo. Em um certo momento eles caíram pela falta de demanda. Este pode ser um dos legados da Copa para o setor?Marco Ferraz - Sim. O brasileiro é muito
sensível a preços. Eles baixaram em um
determinado momento, mas sentimos que
não deu tempo de todo mundo se organizar
e fazer uso deles, ainda mais para os meses
de junho e julho. Vimos que não adiantou
baixar muito os preços. Isso teria que ser
feito com maior antecedência, não tão perto
da Copa. Este é um aprendizado. Teremos
pela frente os Jogos Olímpicos e não po-
demos ir com uma fome maior, como foi
feito na Copa. O preço tem que ser razoável,
porque, caso contrário, o consumidor não
vai aceitar e não irá comprar. Como somos
intermediários, não fazemos preço, apenas
mantemos o nosso markup acompanhando
a subida e descida dos preços, dependemos
muito dos fornecedores. Espero que eles
tenham entendido que o consumidor não
vai mais pagar preços irreais. Este deve ser
um dos legados da Copa para o futuro e não
apenas para grandes eventos. Muito se fala
que vai ter uma maior procura, mas não
podemos esperar esta procura e aumentar
15
AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS
Braztoa Associação Brasileira das Operadoras de Turismo
Entrevista com Marco Ferraz
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
os preços. Temos que ir com calma, pois
caso contrário os clientes não irão comprar.
M&E - Qual o verdadeiro impacto da Copa de 2014 para o turismo como um todo?Marco Ferraz - Com o emissivo, a Copa
não teve nenhuma infl uência direta. Mas
com relação à infraestrutura, sim. Tivemos
os aeroportos privatizados e já estamos
fazendo o uso deles. Temos Guarulhos,
que estamos acompanhando de perto,
e Campinas, que está fazendo com que
companhias como a Azul, tragam aviões
novos, além de novos voos da American
Airlines, por exemplo. Isso tudo é refl exo
de uma infraestrutura maior e de poder
oferecer um produto melhor ao nosso
cliente. Vamos pegar carona com isso.
M&E - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências. E agora, o que muda efe-tivamente para os agentes?Marco Ferraz - Por enquanto não muda
muito em relação à Lei Geral do Turismo.
Ela especifica o que é uma agência de
viagens e o que é uma operadora. Isso é
interessante. Ela deixa bem claro que o
operador é aquele que realmente produz
o pacote a viagem. Estabelece quem pode
remeter o dinheiro para fora e fazer uso
das ferramentas de operação. E o agente
de viagens como aquele que só vende,
não opera, mas que está na ponta junto
ao cliente. Todas aquelas tentativas de sair
um pouco da solidariedade na venda dos
produtos foi vetada, então praticamente o
que mudou foi isso. Mas o mercado já está
acostumado. Todo mundo acaba tomando
conta dos seus fornecedores. Às vezes a
gente acaba um pouco inconformado
quando acontece algo como o da com-
panhia aérea Pluna, que parou de voar. A
gente imaginava que o governo brasileiro
pudesse tomar as devidas garantias.
16
>> A profi ssionalização é, na opinião do
presidente da Associação das Agências
de Viagens Independentes do Estado
de São Paulo (Aviesp), Marcelo Matera,
o ponto mais positivo que a Lei 12.974
pode trazer para o setor. Para ele, com
a atividade das agências regulamenta-
da, haverá uma necessidade maior do
mercado em capacitar e treinar a sua
mão de obra. “O Brasil vai aos poucos
se adaptando a este novo momento e as
empresas terão que se adequar, mesmo
com a falta de mão de obra. Cabe agora
as empresas e a nós, entidades do setor,
proporcionar capacitações e treinar esses
profi ssionais”, afi rmou.
MERCADO & EVENTOS - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências. E agora, o que muda efetivamente para os agentes?Marcelo Matera - A Lei é muito impor-
tante porque regulamentou a atividade.
Então, agora, qualquer profi ssional que
queira atuar como agente de viagens tem
que ter uma empresa e as coisas serão
muito mais formalizadas. O agente de
viagens passa a ser reconhecido como
um profi ssional. Ela é positiva também
para a imagem perante o mercado e ao
consumidor. A partir de agora, o agente de
viagens vai poder exercer a sua atividade
de uma maneira profissional. No meu
entender, a Lei deixa cada um responsável
pelo seu serviço. Passa a fi car mais claro
qual é a função e o papel de cada um
dentro da cadeia. Claro que os artigos
vetados poderiam ter deixado isso mais
formal, mas também já mostra o papel
de cada empresa.
M&E - Qual o verdadeiro impacto da Copa de 2014 para o turismo como um todo, não apenas na recepção de estrangeiros?Marcelo Matera - Para o turismo, a Copa
do Mundo foi muito positiva tanto para
o receptivo como para o emissivo. O país
mostrou todo o seu potencial no setor
para o mundo todo. Este é um evento
que estimula as viagens, tanto internas
como externas. A expectativa agora é
que os brasileiros também viagem mais,
estimulados a conhecer as cidades mos-
tradas durante a Copa. Acredito que, desta
forma, as agências e operadoras de viagens
também irão se benefi ciar da realização do
evento no país, uma vez que ela despertou
o desejo de viajar dos brasileiros.
M&E - As empresas do setor estão pre-paradas para este novo momento do turismo no país?Marcelo Matera - Entendo que a gran-
de expectativa para o setor vem agora,
após o evento. Muita gente se preparou,
mas quem não o fez deve começar logo.
O Brasil vai aos poucos se adaptando a
este novo momento e as empresas terão
que se adequar, mesmo com a falta de
mão de obra. Cabe agora às empresas e
à nós, entidades do setor, proporcionar
capacitações e treinar esses profi ssionais.
Com a regulamentação da atividade, uma
das consequências é que, naturalmente,
as empresas vão capacitar mais os seus
colaboradores e nós temos que fazer este
esforço. Cada vez mais o mercado exige e
deverá ter profi ssionais mais capacitados.
M&E - Após a queda nas vendas durante a Copa do Mundo, como está a expecta-tiva do setor para o segundo semestre. Deve acontecer uma retomada?Marcelo Matera - Realmente houve uma
queda durante a Copa. Mas existe uma
demanda reprimida, que irá aparecer
no segundo semestre. Isso certamente
acontecerá, até porque historicamente a
segunda metade do ano é sempre melhor.
A expectativa até dezembro é muito boa e
deve haver uma retomada. Já percebemos
as consultas e vendas bem melhores.
A entidade apresentou um novo conceito para a sua feira anual. Agora, a Aviestur passa a se chamar Aviesp - Expo de Negó-cios em Turismo e acontecerá nos dias 10 e 11 de abril de 2015, no Expo Dom Pedro, em Campinas (SP). Matera afirmou que além do local para exposições, o espaço agregará o Seminário da entidade e mais salas para capacitações. “Poderemos até dobrar de tamanho para o próximo ano”, disse. A feira conta com o apoio da Abav Nacional, prefeitura de Campinas, do CVB da cidade e da Azul Linhas Aéreas como transportadora ofi cial. “Além do espaço
maior para realização da Expo, a logística e a hospedagem favorecem a realização em Campinas, hoje grande polo emissor de tu-ristas no interior do estado”, comentou. “Há muito tempo tínhamos o desejo de voltar a Campinas. Isso agora é uma realidade”, complementou. Para o vice-presidente da Aviesp, Fernando Santos, a mudança atende a necessidade do mercado de feiras de se reinventar. “Buscamos modelos em feiras fora do país e adequamos às necessidades dos agentes brasileiros”, afi rmou. Segundo ele, o reposicionamento da marca e mo-delo ainda trará novidades ao mercado.
Feira muda de nome e local em 2015
Aviesp Associação das Agências de Viagens Independentes do Estado de São Paulo
Entrevista com Marcelo Matera
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS
18
>> Um impacto pequeno para as agências
de viagens. Esta é a defi nição do presidente
do Sindicato das Empresas de Turismo
no Estado de São Paulo (Sindetur-SP),
Eduardo Nascimento, sobre a Lei 12.974,
que regulamenta as atividades das agências
de viagens. Embora o dirigente afi rme que
esta era uma luta antiga da categoria, ele
lamenta o veto de alguns artigos, entre eles
os que tratavam da Responsabilidade Civil
das agências. Já sobre a Copa do Mundo,
Nascimento reiterou que o impacto pode
ser grande e abranger diversos aspectos do
turismo. Veja abaixo a entrevista:
MERCADO & EVENTOS - A Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agên-cias, entrou em vigor em maio. E agora, o que muda efetivamente para os agentes?Eduardo Nascimento - Deve-se registrar
que a aprovação da Lei 12.974 foi uma luta
de nossa categoria econômica travada por
mais de 13 anos, depois de uma iniciativa
meritória da Abav Nacional, em 2001,
bem antes da Lei Geral do Turismo. A se
lamentar na aprovação da Lei 12.974 foram
os vetos da Presidência da República, tais
como: sobre os artigos que tratavam da
Responsabilidade Civil das agências de via-
gens e da auto-regulamentação das agências
sobre conciliação com o consumidor, veto
desnecessário, pois não criava a obriga-
ção. A par dos vetos foram criadas novas
obrigações para as agências de viagens,
como: dedicar ambiente exclusivo para
atendimento do consumidor (regra que
não excepciona nem explica como deverão
proceder as agências de turismo online);
dedicar-se exclusivamente às atividades
previstas na lei, o que exclui, inclusive,
outros serviços turísticos e deverá estar
refl etido em seu objeto social; optar entre
duas categorias, agências de viagens, que
só podem intermediar, e agências de via-
gens e turismo, que podem exercer todas
as atividades; mencionar, em qualquer
oferta, o nome e o número de registro do
fornecedor dos serviços; adaptar a denomi-
nação social da empresa ao disposto na Lei.
Alterações estas que ainda necessitam de
regulamentação, seja por meio de decreto
da Presidência da República ou portaria do
Ministro do Turismo.
M&E - Qual o papel deste profi ssional neste novo cenário do turismo brasileiro?Eduardo Nascimento - Pouco muda ou
quase nada no cenário do turismo bra-
sileiro, assim como em relação ao papel
do agente de viagens perante a nova lei.
Apenas se reiteram as suas responsabi-
lidades de que é dever fundamental da
sua profi ssão fornecer ao cliente sempre a
informação correta, completa e bem clara.
O atendimento especializado, prestado
de forma personalizada para o perfi l de
cada cliente, a assistência e a orientação
técnica aos viajantes, antes, durante e após
a viagem, sempre fizeram e farão com
que o agente de viagens continue sendo
cada vez mais valorizado e reconhecido
como o canal de vendas mais indicado
para atender as necessidades dos viajantes.
M&E - Qual o verdadeiro impacto da Copa de 2014 para o turismo?Eduardo Nascimento - O impacto da
Copa de 2014 para o turismo no Brasil
é diversifi cado e complexo. O país rece-
beu um grande número de estrangeiros
e muitos brasileiros também viajaram
por causa dos jogos. No entanto, a Copa
também gerou efeitos negativos em mui-
tos mercados. Muita coisa parou para
deixar a Copa passar. No mercado de
agenciamento de viagens, o efeito foi
negativo em razão do regulamento na
venda de ingressos. Quem não trabalhou
diretamente com a Copa perdeu porque
deixou de vender os serviços usuais.
Mesmo os brasileiros que viajaram para
ver os jogos não compraram por meio
das agências. Segundo estudo realizado
pelo Ipeturis, a pedido do Sindetur-SP,
para medir os impactos da Copa do
Mundo no agenciamento turístico, 53%
das agências do país tiveram perda nas
vendas por causa da Copa. Apenas 13%
venderam mais do que o normal. Para
os outros 34% o saldo não foi positivo e
nem negativo. No mês de junho as vendas
totais do setor de agenciamento caíram
27% em razão da Copa. Acredito que no
mês de julho a queda ainda seja maior.
O impacto negativo foi maior nas via-
gens domésticas e, tanto o setor de lazer
quanto o corporativo, foram afetados.
M&E - O prejuízo causado pela queda das viagens no período da Copa pode ser compensado em um longo prazo com o aumento das viagens domésticas?Eduardo Nascimento - Uma parte daquilo
que deixou de ser vendido durante a Copa
de 2014 foi vendido antes do evento, outra
será vendida depois, e uma terceira parte
realmente vai deixar de ser vendida. Mui-
tas viagens fi caram represadas pela Copa e
agora é hora de abrir as comportas e deixar
o rio vazar. Então, no curto prazo, deve
haver uma recuperação. No longo prazo,
os efeitos são mais difíceis de prever, mas o
ganho de imagem do país deve incentivar
as viagens de estrangeiros e também de
brasileiros pelo país.
Sindetur-SPEntrevista com Eduardo Nascimento
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS
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TrendEntrevista com Luis Paulo Luppa
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS
>> Para o presidente da Trend Opera-
dora, Luis Paulo Luppa, há muito a se
desenvolver ainda no turismo brasileiro.
“A Copa do Mundo sofreu, antes da sua
realização, uma forte campanha negativa
da mídia e da população, mas é claro que a
Copa seria uma boa, já que teríamos tanta
visibilidade. E já que não sabemos nos
vender, o evento fez isso pelo país, pois
quem esteve aqui amou o que viu, sentiu,
ouviu, comeu e bebeu”, disse.
MERCADO & EVENTOS - A Trend acabou de lançar mais uma ferramenta do Mega Partner: o Vitrine Mais. O que vem por aí nos próximos meses?Luis Paulo Luppa - As outras etapas serão
divulgadas aos poucos. A nova ferra-
menta possibilita a aquisição de um site
customizado com logo, cores e dados de
contato, e, ainda, exposição de divulgação
e vendas no www.passagemaerea.com.br.
Este lançamento é uma reafi rmação do
compromisso com o nosso único canal
de distribuição, os agentes de viagens.
M&E - O que podemos esperar com a nova Lei 12.974 ?
Luis Paulo Luppa - Profissionalismo,
organização, consolidação de ações e
inovação.
M&E - Qual o papel do agente de viagem neste novo cenário do turismo brasileiro?Luis Paulo Luppa - Independente da regu-
lamentação, o profi ssional de hoje tem que
ser globalizado, ágil e de fácil adaptação. O
nosso mercado vem sofrendo profundas
metamorfoses, desde a sua essência até a
sua forma. Entender, inovar e ter atitude
são os ingredientes indispensáveis para
quem quer se manter no jogo.
M&E - Como avalia a Copa de 2014?Luis Paulo Luppa - Não tenho dúvidas de
que cometemos um erro estratégico que
é promover o Brasil ao invés de vender
o Brasil e realmente parece que Deus é
defi nitivamente brasileiro, porque mesmo
sem as melhores ou básicas estratégias e
táticas de vendas, atiramos no que vimos
e acertamos no que não vimos. A Copa
do Mundo sofreu, antes da sua realização,
uma forte campanha negativa da mídia e
da população, somente porque não con-
fi amos nas pessoas que lideram as ações,
mas é claro que a Copa seria uma boa, já
que teríamos tanta visibilidade. E já que
não sabemos nos vender, a Copa fez isso
pelo país. Venda na veia!
M&E - Como as empresas do setor devem se preparar para este novo momento? Como a Trend vem se preparando?Luis Paulo Luppa - Nós sempre temos o
foco nos nossos clientes internos e exter-
nos e assim continuaremos. Somos uma
empresa de serviços que se preocupa com
a excelência, por isso investimos tanto em
pessoas e tecnologia e temos como objeti-
vo a saúde empresarial e não o volume de
faturamento e números expressivos que
deixam transparecer grandeza. Preferimos
a solidez à visibilidade.
M&E - A divulgação dos vários destinos brasileiros durante a Copa pode aumen-tar a vontade dos brasileiros de viajar e desenvolver ainda mais o mercado doméstico?Luis Paulo Luppa - Muito pouco. Temos
questões a resolver como a queda abrupta
do Nordeste, que é um paraíso, porém
é tratado como um simples pedaço do
Brasil. Precisamos tratar os destinos com
um plano diretor debaixo do braço e
medindo as ações e resultados.
Sob o comando de Vitor Bauab desde o início de junho, o Departamento Comercial Nacional da Trend Operadora ganhou uma nova estrutura. Agora, com quatro gerências regionais e um número maior de negocia-dores, o objetivo da área, que reponde por 75% dos produtos comercializados pela empresa, é estar mais próxima dos forne-cedores, inclusive com uma série de eventos e ações regionais focadas nos hoteleiros. Na nova estrutura, o departamento fi cou dividido em gerências regionais: São Paulo, sob o comando de Leandro Polido; Sul, com Laércio Henrique; Sudeste (exceto São Paulo) e Centro-Oeste, com Ricardo Assalim; e Norte e Nordeste, com Mateus Sena. Eles respondem ao gerente Comercial Nacional,
Osmar Fonte. Essas bases contam com negociadores exclusivos para cada estado ou região. “Dentro desta nova estratégia, os nossos negociadores não fi carão mais dentro da empresa. Eles irão a campo e estarão mais próximos dos nossos fornecedores”, explicou Bauab. Com a reestruturação, o Comercial ganhou também o reforço da área de Planejamento, que passa agora a responder também para Bauab. Segundo ele, o departamento tinha um papel muito mais operacional, focado na reposição de ofertas no sistema da operadora e agora passa a ter função muito mais estratégica. “Com base nos dados gerados por ele, fare-mos ações pontuais, como a formatação de promoções e produtos específi cos”, contou.
Sob nova estrutura, Comercial Nacional visa proximidade com fornecedores
20
>> O Grupo Águia - operadora brasileira
oficial do programa de hospitality da
FIFA - atendeu 67 mil turistas durante
a Copa do Mundo do Brasil. Foram 17
mil brasileiros e 50 mil estrangeiros, in-
cluindo uma série de serviços, a venda
de camarotes e os pacotes de hospitality.
No total, mais de três mil profi ssionais
estiveram envolvidos com as operações.
Somente de brasileiros, foram 899 grupos,
um recorde para a empresa. Somente para
a Final, no Maracanã, o Grupo Águia
levou cerca de 12 mil pessoas. Entre os
estrangeiros foram dois mil grupos, de
aproximadamente 1,2 mil corporações. O
CEO da empresa, Paulo Castello Branco,
afi rmou que o país passou no teste e está
pronto para novos saltos.
MERCADO & EVENTOS - Durante a Copa do Mundo, o Grupo Águia atendeu quase 70 mil turistas. Como você avalia esta operação?Paulo Castello Branco - Esses números só
demonstram do que a Copa do Mundo é
capaz. É o maior megaevento do planeta.
Conseguimos fazer um trabalho que foi
extremamente reconhecido e a Copa do
Mundo foi melhor fora do que dentro de
campo para o Brasil. Utilizamos a Planeta
Brasil para atender os grupos de brasi-
leiros, que foi de quase 20 mil pessoas. E
a Match Connections foi a empresa que
cuidou dos 50 mil estrangeiros. Estamos
falando do corporativo e da imprensa, que
vieram do mundo inteiro.
M&E - Qual será o papel da Planeta Brasil após a Copa do Mundo?Paulo Castello Branco - A gente entende
que esta é uma marca muito forte. Que-
remos que o mundo corporativo, que
atendemos nesta Copa, conheça a Planeta
Brasil como uma operadora. Estamos
desenhando o modelo da empresa e até
o fi nal do ano teremos isso devidamente
montado. Estamos avaliando qual será a
atuação dela, mas a Planeta Brasil irá aten-
der o mercado Mice. O fato é que o Brasil
se habilitou. Se tem um legado positivo
nesta Copa do Mundo é a percepção do
brasileiro de que o evento é muito mais que
o futebol. Os estrangeiros que vieram para
cá voltaram encantados. Depois da Copa,
se agirmos de forma competente e com o
marketing adequado, conseguiremos dar
um salto neste número de 6 milhões de
estrangeiros, que está parado, e de fato
ter mais alguns milhões de turistas aqui.
M&E - O Grupo Águia já começou a tra-balhar a Copa da Rússia, que acontece em 2018? Já pensam em algum produto diferenciado para os brasileiros?Paulo Castello Branco - Tudo o que
aconteceu aqui fez o brasileiro querer
assistir a outras Copas do Mundo. Como
eu disse, ele percebeu que não é apenas
o futebol, mas todo o clima agradá-
vel que cerca o evento. Para nós, que já
compramos os direitos de 2018 e 2022,
isso é muito bom. Para se ter uma ideia,
a Copa em que mais levamos pessoas
até hoje foi a da Alemanha, com cerca
de 9,2 mil. Embora a Rússia seja mais
distante, temos a expectativa de levar
um bom contingente. O know-how que
adquirimos nos habilita a fazer algo
diferenciado e levar a maior quantidade
possível de brasileiros para lá. Pela lo-
calização, muita gente pode estabelecer
outras bases na Europa, como Frankfurt
ou Paris, que estarão próximas das sedes.
M&E - Além da Copa do Mundo, o Grupo Águia está de olho na operação e nas vendas de outros grandes eventos?Paulo Castello Branco - Todos que pu-
dermos. Primeiro, quando olhamos para
a parte de hospitalidade, somos o maior
case de sucesso da história da Fifa. Nunca
na história de uma Copa do Mundo se
vendeu tanto hospitalidade como no
Brasil. É algo impressionante. Isso nos
permite dizer que podemos organizar
qualquer evento.
M&E - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências. O que esta nova legislação muda, efetivamente, para o mercado?Paulo Castello Branco - A classe em geral
precisa insistir muito na desburocrati-
zação. O mundo está se tornando cada
vez mais ágil e mais simples. Quando se
começa a regulamentar demais, difi culta
a forma de se trabalhar. Por exemplo, na
área trabalhista, precisamos ser mais sim-
ples. Imagine esta Copa do Mundo com
menos burocracia? Estou me referindo
a nossa área, onde há uma dificuldade
grande para se fazer contratações. Isso
facilita o turismo como um todo, tanto
interno quanto para quem vem de fora.
A Lei de alguma maneira traz proteções,
mas tem que permitir que a gente seja
ágil para fazer as coisas. A burocracia faz
com que o país perca em competitividade.
Estamos vendo que na América do Sul
temos países que estão avançando neste
aspecto. Se nos tornarmos mais simples,
seguramente seremos mais competitivos.
Grupo ÁguiaEntrevista com Paulo Castello Branco
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS
22
Avirrp Associação das Agências de Viagens de Ribeirão Preto e Região
Entrevista com Emerson da Silveira
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS
>> A Associação das Agências de Via-
gens de Ribeirão Preto e Região (Avirrp)
passa por um momento de transição.
Após novas eleições, uma nova diretoria
assumirá e passará a ser responsável pela
feira, que acontece em agosto de 2015. O
atual mandatário, Emerson da Silveira,
destacou as inovações e parcerias que
aconteceram ao longo dos últimos quatro
anos. Além da feira, ele citou a realização
da Ofi cina Avirrp e do Fórum, ambos
com o objetivo de treinar e qualifi car os
agentes de viagens. Para o dirigente, este
é um dos legados de sua gestão.
MERCADO & EVENTOS - A edição de 2014 da Avirrp teve um público menor do que no ano passado. Mesmo assim, a entidade avaliou a feira como positiva. A que fatores você credita isso?Emerson da Silveira - O número de
agentes foi um pouco menor do que no
ano passado. Mas este é um movimento
que acompanhou o mercado. Os meses
de junho e julho foram muito ruins para
todo mundo e isso impacta fortemente
na presença dos agentes de viagens. A
feira aconteceu em um momento em
que estávamos recuperando o fôlego e
começando a retomar as vendas. Então,
alguns optaram por não passar dois dias
fora da agência. Mesmo menor, tivemos
um número muito bom de agentes nas
caravanas, houve também uma redução
no número de agentes que vai à feira
por conta própria, principalmente da
nossa região. Isso também aconteceu
em outros mercados, não foi apenas o
turismo que passou por um momento
ruim neste período. Mesmo assim, o
resultado da feira foi muito positivo.
M&E - Como você avalia esses quatro anos à frente da entidade e qual o legado deixado para as próximas gestões?Emerson da Silveira - O que a nossa
equipe fez foi buscar novas parcerias,
alianças e inovações. Essa procura por
um relacionamento mais próximo com
o expositor nos ajudou muito nas novas
ideias. Trabalhamos juntos tentando des-
cobrir as necessidades dos expositores.
Para uma feira acontecer é necessário
ter os dois lados: expositores e agentes.
A partir do momento em que estamos
com o expositor e tentamos descobrir o
que eles precisam, conseguimos montar
uma estratégia efi ciente para os agentes de
viagens. A feira, mais do que a distribuição
de materiais, é a grande oportunidade para
o agente criar um relacionamento com os
os diretores das operadoras, hotéis, com-
panhias aéreas e demais fornecedores. Isso
difi cilmente seria possível sem uma feira.
M&E - Qual o verdadeiro impacto da Copa do Mundo para o turismo como um todo? Como este megaevento pode contribuir para o crescimento do setor nos próximos anos?Emerson da Silveira - Na minha opinião,
a Copa do Mundo não impactou em nada
a atividade das agências de viagens. Não
pudemos vender ingressos e os turistas que
chegaram já tinham receptivo e todos os
serviços já adquiridos. No caso do turis-
mo, este foi um evento formatado de fora
para dentro. Em se tratando da melhoria
dos aeroportos, que também trouxe novos
voos, isso vai nos ajudar muito. Este foi
o lado positivo da Copa do Mundo para
nós, embora alguns aeroportos ainda
estejam em obras.
M&E - Como você vê a nova postura do Ministério do Turismo, que agora quer estar mais próximo das agências e opera-doras? Programas como o #partiubrasil ajudam as agências de que forma?Emerson da Silveira - Este tipo de ação
vai motivar o brasileiro a viajar mais e
incentivar o turismo interno. Esta nova
postura é extremamente positiva, porque
antigamente não tínhamos nenhum tipo
de suporte. O contato com o MTur era
muito distante. Tanto que só fomos vistos
como uma categoria há pouco tempo.
Estar perto do mercado, das agências,
operadoras e da indústria como um todo,
para saber como esta máquina funciona, é
muito positivo, pois desta forma, o órgão
pode fazer ações mais pontuais e efetivas.
Feira já tem data para 2015Em 2015, a Avirrp acontece nos dias 14 e 15 de agosto, no Centro de Eventos Taiwan. A entidade entra agora em um processo eleitoral e o objetivo é que a nova diretoria tome posse em dezembro. Neste ano, a feira recebeu um total de 4.197 agentes de viagens e teve como tema “Brasil para Brasileiros”. O público total foi de 5.992 pessoas, incluindo 1.558 expositores e 237 de staff. O número é inferior ao registrado em 2013, quando o evento contou com a presença de aproximadamente 4,5 mil profissionais e 7 mil pessoas.
23
>> Ex-presidente da Abav-SP e vice-pre-
sidente da Abav Nacional, o presidente do
Grupo Ancoradouro, Juarez Cintra Filho,
afi rma que a Copa do Mundo não trouxe
nenhum benefício imediato para as agências
e operadoras. No entanto, ele acredita que no
médio e longo prazo todo o setor sairá ga-
nhando com o sucesso do evento. A reforma
e construção de aeroportos e, sobretudo, a
divulgação do país interna e externamente,
são apontados por ele como alguns dos le-
gados. Sobre a regulamentação da atividade
das agências de viagens, o executivo foi
taxativo: “não resolveu o nosso problema”.
MERCADO & EVENTOS - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências. E agora, o que muda, efetivamente, para os agentes?Juarez Cintra - A Lei regulamentou, mas
não resolveu. O maior problema é defi nir
qual a nossa responsabilidade, de fato, na
venda de um produto, e isso foi vetado.
Acredito que já é um passo grande, mas
não é tudo. Claro que é melhor ter alguma
coisa regulamentada do que nada, pois
pelo menos já é um reconhecimento da
profi ssão do agente como uma atividade,
uma grande vitória. Precisamos agora lutar
para que, no futuro, a gente consiga defi nir
muito bem quais são as nossas obrigações, as
do operador, da companhia aérea, do hotel
etc. Hoje, tudo recai nas costas do agente
de viagens. O que precisa ser feito agora, e
acredito que a Abav e demais entidades já
estão fazendo, é tentar regulamentar e defi nir
quais são as responsabilidades de cada um.
Isso é 50% do resultado que nós almejamos,
a vitória completa será apenas quando forem
defi nidas as responsabilidades. O agente é
sempre o elo mais fraco. Por exemplo, para
ter o registro Iata, ele tem que dar todas as
garantias para as companhias aéreas. E qual
é a garantia que a empresa dá para ele? Ne-
nhuma. É só olhar os casos da Pluna, Varig,
Transbrasil e Vasp. Cansamos de ver agentes
de viagens pagando por esses bilhetes não
honrados. A responsabilidade deveria ser de
quem faliu, e da forma como é hoje, não é.
M&E - Então a Lei não deve mudar nada no dia a dia dos agentes?Juarez Cintra - Baseado nesta Lei, eu não
enxergo nada que possa mudar a vida do
agente de viagens. O que daria tranquilida-
de é esta defi nição de responsabilidade. Ele
vai continuar exercendo a profi ssão da mes-
ma forma de antes. É importante ter esta
regulamentação, mas para o consumidor,
não muda nada, pois ele continua correndo
o risco. Com uma profi ssão regulamen-
tada, fi ca mais fácil avançar naquilo que
queremos. No dia a dia, não muda nada.
M&E - Qual o verdadeiro impacto da Copa de 2014 para o turismo como um todo, não apenas na recepção de estrangeiros?Juarez Cintra - A Copa vai ajudar muito.
Até agora ela não trouxe nada para o agente
de viagens. Muito pelo contrário. Deixamos
de vender em um período muito grande.
Mas graças às belezas naturais do Brasil,
ao povo, que foi um anfi trião nunca visto
no mundo todo, o evento foi um sucesso.
Nunca os turistas se divertiram tanto em
uma Copa como aqui. Tudo o que foi
negativo antes - com a mídia internacio-
nal massacrando a gente (e com razão)
- tivemos de positivo durante a Copa. Os
aeroportos funcionaram, até porque rece-
beram um número menor de passageiros
do que em dias normais. Graças à Copa,
temos aeroportos novos e reformados. Isso
é um legado. O que aconteceu de mais inte-
ressante foi a exposição na mídia mundial
das nossas belezas e da simpatia e carinho
do povo brasileiro. Isso vai atrair turistas,
mas não só estrangeiros. Muitos brasileiros
vão querer conhecer o próprio país. O que
perdemos na Copa, vamos ganhar depois.
M&E - Podemos esperar um novo ciclo de desenvolvimento no turismo por conta da Copa do Mundo e da regulamentação da atividade dos agentes?Juarez Cintra - Claro. O turismo no Brasil
ainda é incipiente. Se olharmos o tamanho
da nossa população, de mais de 200 milhões,
o número de pessoas que faz turismo não
chega a 6%. Se somarmos todas as aeronaves
comerciais das três maiores companhias que
operam no país, teremos algo perto de 450
aviões. Isso não é nem a metade do que so-
mente a Delta tem nos Estados Unidos, por
exemplo. Com crise ou sem crise, o turismo
só tende a crescer. Pode ser mais ou menos,
mas o setor vai avançar sempre. A tendência
agora é que o crescimento seja maior, desde
que o governo não atrapalhe, pois se tiver-
mos infl ação alta, o nosso crescimento fi ca
travado. Acredito que o interesse maior das
pessoas pelos destinos vai ajudar a divulgar
mais e todo mundo vai vender mais por isso.
M&E - Como as empresas do setor devem se preparar para este novo momento? Como a Ancoradouro vem se preparando?Juarez Cintra - Hotéis e agências de re-
ceptivo, que são as que mais irão lucrar, já
tinham se preparado para a Copa e estão
preparadas para o futuro. Na Ancoradouro
estamos sempre nos preparando para ven-
der mais. Isso acontece aqui diariamente,
então, neste período após a Copa nada
vai mudar. Temos treinamentos diários.
Grupo AncoradouroEntrevista com Juarez Cintra Filho
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS
24
>> Estagnação nas vendas durante a Copa
do Mundo, mas uma temporada de verão
com vendas acima da média. Este é um dos
saldos de 2014 para a Visual Viagens, segun-
do o seu presidente, Afonso Louro. Ainda
sobre o megaevento, o executivo acredita
que a ampliação dos aeroportos vai agora
benefi ciar o turismo emissivo, uma vez que
já existem mais slots em horários nobres para
serem utilizados em fretamentos. Sobre a Lei
12.974, Louro afi rma que a regulamentação
da atividade das agências de viagens deve
levar um número maior de estudantes a
se interessar pela área, o que pode trazer
mais mão de obra qualifi cada para o setor.
MERCADO & EVENTOS - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências. E agora, o que muda para os agentes?Afonso Louro - O reconhecimento da profi s-
são certamente vai trazer mais estudantes para
esta área. Com isso, vamos ganhar mais mão
de obra qualifi cada, já que hoje existe uma
carência muito grande. Fora isso, não vejo
grandes mudanças no cotidiano das agências.
Acredito que cabe agora às nossas associa-
ções de classe fazer um trabalho direciona-
do no sentido da valorização da profi ssão.
M&E - Qual o verdadeiro impacto da Copa de 2014 para o turismo como um todo, não apenas na recepção de estrangeiros?Afonso Louro - Embora houvesse um po-
sicionamento pessimista antes do evento,
a organização acabou sendo um sucesso.
Eu acho que a receptividade do brasileiro
aos turistas deixou uma impressão muito
positiva. Agora, o MTur tem que apro-
veitar o ensejo e fazer um trabalho de
divulgação deste bom momento.
M&E - Neste sentido, a Copa acaba be-nefi ciando mais o turismo receptivo. De que forma o evento pode ajudar o setor emissivo?Afonso Louro - Entendemos que a grande
infraestrutura criada são os estádios e
alguma coisa de melhoria nos aeroportos.
Isso, evidentemente, vai facilitar e benefi -
ciar o aumento das viagens, pois é notável
que na alta estação muita gente se preocu-
pa em enfrentar fi las nos aeroportos. Isso,
pelo menos em Guarulhos, e em outras
cidades, está superado. Este aumento
de capacidade fará com que as pessoas
viagem mais. Os hotéis inaugurados e
reformados, e até algumas infraestruturas
de acesso e mobilidade, também fazem
parte deste legado. A própria divulgação
das cidades-sede neste período pode des-
pertar a vontade no brasileiro de conhecer
melhor o seu próprio país e curiosidade
de ver essas atrações de perto.
M&E - A formatação dos produtos ou o perfi l das viagens pode mudar a partir da Copa?Afonso Louro - Tem outro ponto que pode
favorecer a viagem dos brasileiros. Quando
tínhamos necessidade de gerar oferta, só
havia a alternativa de se fazer fretamentos
à noite ou de madrugada, pois não havia
slots. Hoje percebemos que já existe a pos-
sibilidade de fazer esses fretamentos em
horários mais adequados para o turismo
de lazer. Assim, a gente consegue alimen-
tar a oferta e, quando existir demanda,
podemos ter fretamentos em melhores
horários atraindo um público maior.
Este é também um benefício da Copa.
M&E - Como avalia os resultados do Workshop Visual 2014?Afonso Louro - O evento contou com a
participação de 310 agentes de viagem
de todo o país. São 28 anos de parce-
ria com o agente, nosso único canal de
distribuição de vendas, que faz parte
integralmente da Visual. Durante o Wor-
kshop apresentamos o novo portal da
operadora aos profi ssionais: com mais
facilidades, mais ágil e mais dinâmico.
Agora oferecemos uma ferramenta que
vai conseguir competir com as OTAs e
White Label, que já são tendências. Ape-
sar do avanço da internet e da autonomia
que ela disponibiliza aos passageiros, ela
não substitui os agentes e sua solidez e
segurança na hora de montar um pacote
M&E - Como fi caram as vendas da Visual no primeiro semestre? Afonso Louro - Até abril fomos muito bem.
Estávamos com um crescimento acumu-
lado de 22%. No ano passado, a esta altura
já tínhamos crescido 26%. Mas em maio
e junho fi camos estagnados. Vendemos
exatamente o mesmo do ano anterior. O
que não é ruim, mas estávamos com uma
expectativa um pouco melhor. Houve sim
um impacto por conta da Copa, mas não
rebaixou as nossas projeções. Temos uma
expectativa de crescer 18% neste ano, já
considerando este impacto. Historicamente
vendemos entre 40% e 45% no primeiro
semestre. As vendas sempre são maiores
na segunda metade do ano. Achamos que
existe uma demanda reprimida. Temos a
expectativa de aumento, pois quem não
viajou nas férias do meio do ano está se
programando para viajar no verão. Inclu-
sive, estamos aumentando a nossa oferta
em relação à temporada passada em tor-
no de 30% em bloqueios e fretamentos.
Visual ViagensEntrevista com Afonso Louro
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS
26
>> O Grupo Flytour segue se consoli-
dando como uma das empresas mais
fortes da indústria do turismo no Brasil.
Em 2014, quando completa 40 anos de
atividades, a empresa aposta no varejo.
Com o sucesso da Flytour Viagens, que foi
o negócio que mais cresceu no primeiro
semestre, o CEO e fundador da empresa,
Eloi D’Avila de Oliveira, anuncia uma
nova rede de franquias, voltada para o
segmento de lazer, a Flytour Serviços de
Viagens. A projeção de faturamento para
este ano é de R$ 4,7 bilhões, 17% mais do
que no ano passado.
M&E - Atualmente o grupo é um provedor de soluções para a indústria do turismo como um todo?Eloi D’Avila de Oliveira - Fomos a primei-
ra agência de viagens a consolidar Sabre,
Amadeus e Galileo para os agentes de
viagens. Fomos a primeira consolidadora
a criar um portal. Emitimos o primeiro e-
ticket de uma agência consolidadora para
uma companhia aérea no país. Também
criamos transferência de tecnologia para
as agências de back offi ce e front offi ce.
Todas essas coisas foram importantes para
chegarmos onde estamos hoje.
M&E - Hoje, 40 anos depois do início da Flytour, há em vigor uma nova Lei que regulamenta a atividade das agências de viagens. O mudou neste período e o que esta legislação traz de novo?Eloi D’Avila de Oliveira - A Lei, como
foi originalmente criada pelos deputa-
dos e pelas pessoas que participaram,
como órgãos governamentais, justiça e
nós agentes, era excelente. Mas como foi
sancionada, ela simplesmente não existe.
Continua tudo igual. Os artigos que foram
vetados não deveriam nunca ter morrido.
Foi tirada a confi ança do agente de viagens
de que ele não será incriminado sozinho
caso ocorra algum problema. Acho que
o agente de viagens deveria esperar pelo
próximo governo e novamente lutar pelos
artigos que foram vetados.
M&E - O Grupo Flytour teve um cres-cimento de 11% no faturamento no primeiro semestre em relação ao mesmo período do ano passado. A que fatores você credita este desempenho?Eloi D’Avila de Oliveira - Os negócios ma-
duros de business travel e de consolidação
fi caram dentro do previsto do mercado.
O que realmente evoluiu bastante foi a
operadora, com 67% de crescimento, a
Flytour Eventos, com 35% e a venda da
rede, com 20%. Foram R$ 2,1 bilhões em
vendas no primeiro semestre. Estamos
esperando um segundo semestre melhor,
pois historicamente a primeira metade do
ano fi ca entre 43% e 45%, e no segundo
semestre fi ca entre 55% e 57%. Queremos
fechar o ano com um faturamento de R$
4,7 bilhões. Será um crescimento de quase
17% em um ano difícil.
M&E - O grupo pretende entrar no seg-mento de varejo. Haverá mudanças no sistema de franquias?Eloi D’Avila de Oliveira - Teremos dois
modelos a partir de agora. O Flytour Ame-
rican Express, que já existe, e um outro que
estamos desenhando. Estamos no início de
uma formatação, que será feita em comum
acordo com o conselho de franqueados. A
empresa franqueadora terá duas franquias,
uma no business travel e a outra, que vai
usar apenas a marca Flytour Serviços de
Viagens. Esta segunda é para o varejo,
onde muitos agentes médios e pequenos
terão a oportunidade de participar de
uma grande rede. Somente no primeiro
semestre já abrimos oito lojas nos principais
shoppings do Rio de Janeiro. São franquias
da Flytour Serviços e Viagens, mas ainda
com o nome Flytour American Express.
Quando a empresa franqueadora tiver a
formatação, vamos desmembrar.
M&E - De acordo com os números do primeiro semestre, a operadora foi o negócio do grupo com o maior cresci-mento. Este novo modelo de franquias dá ainda mais força para ela?Eloi D’Avila de Oliveira - Sem dúvida, pois
ela terá uma rede trabalhando com o nome
dela, mais a rede de agências já consolidada.
Ela já está preparada para prover produtos
para essas lojas porque nos dois primeiros
anos de existência criou uma musculatura
e uma audiência sufi ciente para entender o
processo e não ter grandes falhas.
M&E - Qual avaliação você faz da Copa do Mundo? Que benefícios ela pode trazer para a indústria do turismo no Brasil?Eloi D’Avila de Oliveira - A Copa foi a
melhor coisa que aconteceu aos operado-
res brasileiros que exportam, pois agora
podem começar a importar. É isso que
a Flytour está fazendo. Entendemos que
temos uma operadora local que pode ser
simplesmente um incoming. Faremos isso
para começar a trabalhar este legado que
fi cou na Copa e o que vai fi car das Olimpía-
das. Neste meio tempo, a Flytour se lança
como uma empresa que também importa.
Grupo FlytourEntrevista com Eloi D’Avila de Oliveira
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS
27
>> Uma medida que não traz nenhuma
mudança signifi cativa para o mercado.
Assim o diretor geral da Nascimento
Turismo, Plínio Nascimento, defi niu a
Lei 12.974, que regulamentou a atividade
das agências de viagens no Brasil. Sobre a
realização da Copa do Mundo no país, o
executivo destacou a reforma dos aeropor-
tos e uma possível reacomodação dos pre-
ços, principalmente das passagens aéreas.
MERCADO & EVENTOS - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências de viagens. Como avalia?Plínio Nascimento - Na realidade a Lei
não trouxe uma mudança signifi cativa. Ela
não trouxe o que nós gostaríamos, que é
sair do vínculo de co-responsável pelos
produtos que vendemos, o que é muito
ruim. Por exemplo, eu sou responsável
por erros das companhias aéreas - que são
regulamentadas pelo Governo - e que no
meu negócio eu tenho que vender. Não
podemos concordar em arcar com isso.
Uma das coisas que foi deixada clara na Lei
são alguns atributos que são dos agentes
de viagens, mas deixaram de fora, por
exemplo, a organização de eventos. Com
isso, acredito que as agências que fazem
isso terão que abrir novas empresas. Este
é um ponto que atrapalha, mas de resto
não muda nada.
M&E - A nova Lei ajuda, pelo menos, a abrir um caminho para que a co-respon-sabilidade seja discutida?Plínio Nascimento - Como categoria,
estamos tentando trabalhar nisso há algum
tempo. Essa briga toda de legislação já
tem mais de cinco anos e eu vejo muito
pouco avanço. Gostaria muito de ser
mais otimista, mas não vejo progresso.
A luta continua a mesma. A profi ssão de
agente de viagens não é muito protegida e
o profi ssional que ganha uma mísera taxa
de R$ 30 para vender um bilhete aéreo
corre o risco de ser processado por um
cliente que tenha tido uma decepção com
a companhia aérea. O agente de viagens é
quem vai pagar essa conta. Como a grande
maioria é formada de pequenas empresas,
esta conta pode ser importante.
M&E - Como fi caram as vendas da Nas-cimento no primeiro semestre?Plínio Nascimento - Do período de Copa
até o fi nal de junho a nossa queda foi de
42% em relação ao ano passado no núme-
ro de passageiros embarcados. Mas isso
ocorreu porque no ano passado tivemos
operações de charters para Orlando e
Punta Cana, com cinco operações cada,
e participação em dois voos diretos da
Aeromexico para Cancun. Neste ano
resolvemos não fazer duas delas por conta
da Copa e a Aeromexico também decidiu
não fazer. Foram mais de 1,5 mil pes-
soas embarcadas nesses voos em 2013.
Outra questão é que até o meio de abril
os preços para as férias de julho estavam
proibitivos e o brasileiro, hoje, não compra
mais preços irreais. Tivemos uma queda
grande de passageiros embarcados neste
período, mas que nas vendas foi muito
baixa em comparação com o ano passado,
apenas 7% em maio e 3% em junho, em
faturamento. Tivemos recorde absoluto
nas vendas de Réveillon. Nossos produtos
para o Ano Novo em Punta Cana e Caribe
estão quase acabando. Quem deixou de
viajar no meio do ano já reservou as suas
férias. Nas vendas em geral, tivemos um
volume bom porque muita gente anteci-
pou a compra.
M&E - Você acredita em uma retoma-da no segundo semestre? O que pode impedir isso?Plínio Nascimento - O segundo semestre
tem tudo para ser melhor que o primeiro,
como em todos os anos. A única questão é
que as companhias precisam entender que
o brasileiro não vai mais pagar US$ 2 mil
para ir aos Estados Unidos. Ele vai pagar até
US$ 1,1 mil no máximo. O mercado mudou
e as companhias precisam entender isso.
M&E - Um dos legados da Copa pode ser a queda dos preços?Plínio Nascimento - Tomara que sim.
Para voos internacionais os preços já
estão mais estáveis, mas no doméstico é
sempre mais complicado porque o custo
Brasil é muito alto. A Bahia anunciou
um acordo com a Air Europa para voar
para o Chile tendo Salvador como hub.
A companhia terá isenção tributária de
combustível, que é muito caro no Brasil.
Este trabalho deveria ser feito também
nos voos domésticos para se ter um preço
mais justo. Desde o fi nal de 2012 o aéreo
doméstico subiu muito.
M&E - Como está a preparação para o Nastur 2014?Plínio Nascimento - O evento acontece
entre os dias 9 e 15 de outubro em Cuba,
já que este é atualmente o destino com
maior percentual de crescimento no Ca-
ribe. Esperamos levar cerca de três mil
brasileiros ao país até o fi m deste ano.
Nascimento TurismoEntrevista com Plínio Nascimento
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS
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Abracorp Associação Brasileira de Agências de Viagens Corporativas
Entrevista com Edmar Bull
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> A Ilha Corporativa da Associação
Brasileira de Agências de Viagens Cor-
porativas (Abracorp) dobrou de tamanho
na Abav Expo Internacional 2014. De
acordo com o presidente do Conselho de
Administração da entidade, Edmar Bull, a
expectativa é receber nesta semana cerca
de mil gestores de viagens. No espaço, eles
podem conferir as principais novidades
do mercado de viagens corporativas,
bem como o B2B hotéis, desenvolvido
pela própria associação. Sobre a Lei que
regulamenta a atividade das agências,
o executivo comemorou a aprovação
do projeto, mas ressaltou que agora são
necessários alguns ajustes.
MERCADO & EVENTOS - Como funciona a Ilha Corporativa da Abracorp neste ano? Quais são as inovações?Edmar Bull - O número de exposito-
res dobrou em relação ao ano passado.
Estamos pretendendo levar para a Ilha
Corporativa perto de mil gestores, que são
os nossos clientes. Neste ano temos ainda
uma sala para reuniões fechadas, tanto
com fornecedores como com clientes.
E as nossas agências associadas podem
utilizá-la mediante um agendamento.
São 12 lugares e este será um jeito novo
de trabalhar no nosso espaço. Além disso,
o tamanho da ilha também terá quase o
dobro do ano passado.
M&E - Esta é uma ferramenta que con-tribui para a aproximação dos gestores de viagens com o mercado do turismo?Edmar Bull - Com certeza. Além das
ferramentas, que todo ano têm modifi -
cações, customizações e versões novas, o
nosso B2B para a hotelaria também está
ajudando bastante. Ele está entrando no
mercado para que a gente possa vender os
hotéis independentes e para se ter maior
transparência na hora de vender um hotel.
O B2B terá um espaço exclusivo na ilha,
tanto para apresentá-lo para os gestores,
como para conversarmos com novos
hotéis. Hoje os hotéis independentes tra-
balham com muito papel e é para melhorar
este processo que esta ferramenta está aí.
M&E - A Ilha Corporativa Abracorp está presente na Abav desde 2012. Como você avalia os resultados gerados por ela? Edmar Bull - Este é o terceiro ano da
Ilha e é uma ação que trouxe o nome da
Abracorp para junto do cliente corporativo
e está trazendo mais visibilidade para as
agências que estão associadas.
Estamos negociando com a Aviesp e será
uma ação muito positiva ter a Ilha Cor-
porativa na Aviestur em 2015. Cada vez
mais, a Abracorp está abrindo o seu leque
e mostrando porque estamos aqui.
M&E - Qual o impacto da Copa de 2014 para o turismo como um todo, não ape-nas na recepção de estrangeiros?Edmar Bull - O legado que fi cou da Copa
do Mundo é muito bom. Temos os aero-
portos e novas estruturas. Gostaríamos
de ter o mesmo modelo para os nossos
clientes corporativos. Não sei se vamos
conseguir, mas é o que esperamos. Não
tivemos problema nenhum nos aeroportos
durante o evento. Queremos este atendi-
mento para os nossos executivos também.
Se foi possível na Copa, por que não no
dia a dia? Esta é a pergunta do mercado.
M&E - Como vê o resultados das asso-ciadas à Abracorp no primeiro semestre?Edmar Bull - Somente no primeiro se-
mestre de 2014 as vendas representaram
R$ 6,45 bilhões, um aumento de 5,5%
em relação ao mesmo período do ano
passado. O segundo semestre deve ser
ainda melhor, com um avanço de dois
dígitos, dada a retomada dos eventos
e viagens corporativas após a Copa do
Mundo. No ano o incremento deve fi car
na casa dos 10%.
M&E - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências. E agora, o que muda, efetivamente, para os agentes?Edmar Bull - Agora somos mais bem
vistos com a profissão regulamentada,
mas temos que ter algumas adaptações
na Lei para que ela se ajuste a realidade
atual. Este projeto foi elaborado há 13
anos e algumas coisas já estão um pouco
ultrapassadas. Agora as nossas lideranças
e a Abav Nacional, que faz isso muito
bem feito, terão que ver onde serão esses
ajustes. Isso já está sendo feito pelo presi-
dente da Abav e pelo jurídico. Um desses
pontos é referente a co-responsabilidade
do agente na venda dos produtos, mas há
também outras coisas sendo analisadas.
M&E - A partir desta Lei e do legado da Copa do Mundo no país, é possível vislumbrar um novo ciclo de desenvolvi-mento para o turismo brasileiro?Edmar Bull - Sim, isso muda muitas coi-
sas. Agora o mundo todo está olhando o
Brasil e já se sabe que não somos aquilo
que eles pensavam. Aqui tem turismo,
tem negócios, eventos e estrutura. Quem
atende uma Copa do Mundo tem estrutura
para atender qualquer tipo de evento e
isso será muito positivo para nós.
AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS
30
>> Mesmo com a aprovação da Lei 12.974,
Valter Patriani, vice-presidente de Vendas,
Produtos e Marketing da CVC, acredita que
o papel dos agentes de viagens continuará
o mesmo. Para ele, a nova legislação tem
pouco impacto prático no cotidiano das
agências. Já sobre a Copa do Mundo, em-
bora ele afi rme que o evento tenha contri-
buído para uma desaceleração da economia
durante junho e julho, ele acredita que ela
deve ter um impacto positivo no setor.
“O que espero é termos sempre, cada vez
mais, gente viajando e vendendo viagens,
afi nal, o turismo é um dos segmentos mais
promissores da economia brasileira”, disse.
MERCADO & EVENTOS - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências. E agora, o que muda, efetivamente, para os agentes?Valter Patriani - É mais uma importante
conquista para os agentes de viagens,
que agora têm sua atividade profi ssional
reconhecida e respaldada por uma Lei,
embora, na prática, nada altere o que já
era de praxe no setor, como a necessidade
da agência ter o Cadastur, que é o cadas-
tro físico ou jurídico dos prestadores de
serviço que atuam na cadeia produtiva
do turismo, já executado pelo Ministério
do Turismo.
M&E - Qual o papel deste profi ssional neste novo cenário do turismo brasileiro?Valter Patriani - O papel do agente de
viagens é fundamental e continua sendo
muito importante no processo da venda e
da consultoria de viagens, com a garantia
do atendimento personalizado ao cliente.
Por ser ele quem está na ponta, no atendi-
mento direto ao consumidor, o agente de
viagens precisa entender cada vez mais de
gente, saber traduzir os anseios dos clientes
em oportunidades de viagens e, claro, em
oportunidades de vendas. E isso eu acre-
dito que seja fundamental para a atividade
profissional, independente do cenário.
M&E - Como a CVC sentiu o impacto da Copa?Valter Patriani - São duas as vertentes que
podemos usar para analisar a Copa do Mun-
do no Brasil. Uma é sobre a imagem positiva
que o Brasil passou para os demais países, de
uma nação que soube bem receber atletas
e turistas de todo o mundo, com o estilo e
a alegria típica do povo brasileiro, e que,
mesmo diante da derrota contra Alema-
nha, soube reconhecer os erros e admirar
a superioridade dos alemães no futebol,
dando apoio à equipe alemã até a Final,
conforme os próprios jogadores daquele
país enfatizaram. A outra vertente é sobre o
impacto da Copa, não tão positivo, nos ne-
gócios do varejo de forma geral. Os feriados
decretados e as interrupções das jornadas
de trabalho colaboraram para desacelerar
o consumo em diferentes setores, e o turis-
mo também sentiu. Na CVC, em especial,
também sentimos um desaquecimento nas
vendas no período, como já era previsto,
mas as vendas já voltaram à normalidade,
com o ritmo positivo de vendas.
M&E - O que podemos esperar para a próxima década no turismo?Valter Patriani - O que espero e acredito é
que teremos sempre, cada vez mais, gente
viajando e vendendo viagens, afinal, o
turismo é um dos segmentos mais pro-
missores da economia brasileira. O setor
tem se reinventado ao longo dos anos,
sempre desenvolvendo novos destinos
e serviços, facilitando a realização das
viagens aos brasileiros e, somado a tudo
isso, temos um contingente enorme de
pessoas que viajam cada vez mais. O que
mais queremos?
M&E - Como as empresas do setor devem se preparar para este novo momento? Como a CVC vem se preparando?Valter Patriani - Na CVC, não enxergamos
como “novo momento” ou algo que vai
mudar o que já temos e fazemos. A CVC
acompanha as tendências do setor e se
renova, gradativamente, nesses 42 anos
de história, ao acompanhar a evolução da
experiência de compra do cliente, ao tradu-
zir tendências em produtos, ao facilitar as
vendas e gerar oportunidades aos agentes
e assim por diante. O que temos feito com
maior intensidade neste ano é diversifi car e
ampliar o nosso portfólio, com novos desti-
nos turísticos, acordos comerciais exclusivos
e produtos, como a venda de passagens
em classe executiva para pacotes de lazer.
M&E - A divulgação dos vários destinos brasileiros durante a Copa pode aumen-tar a vontade dos brasileiros de viajar e, consequentemente, desenvolver ainda mais o mercado doméstico?Valter Patriani - A divulgação durante a
Copa foi quase toda baseada nos jogos,
sem muito destaque para os destinos que
os sediaram. Mais do que a Copa, fatores de
ordem econômica, por exemplo, como o ba-
rateamento das viagens e aumento de renda
dos brasileiros, são de fato excelentes impul-
sos para o aumento do consumo. A divul-
gação sobre determinado destino também
ajuda, é verdade, instigando a curiosidade
do cliente em conhecer determinada região,
mas o seu desenvolvimento depende de ou-
tros fatores além do marketing e divulgação.
CVCEntrevista com Valter Patriani
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS
31
>> A BWT se planejou e não viu as ven-
das caírem durante a Copa do Mundo. De
acordo com o diretor geral da operadora e
também da Serra Verde Express, Adonai Ar-
ruda Filho, junho e julho foram os melhores
meses para a empresa, mas ele credita isso ao
trabalho feito de forma prévia, com a parti-
cipação em diversos eventos internacionais
e visitas aos clientes no mundo todo. “Na
semana seguinte ao fi nal da Copa, o fl uxo de
procura em viagens nacionais por brasileiros
triplicou na BWT e ainda segue crescendo.
Já estamos nos preparando e trabalhando
para outras situações de interesse e deman-
da turística para os próximos anos”, disse.
MERCADO & EVENTOS - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências. E agora, o que muda efetivamente para os agentes? Adonai Arruda Filho - Na realidade, a
maior parte das mudanças de interesse da
classe foram vetadas. Conseguir colocá-las
em prática agora é a grande preocupação.
Este é um assunto que será levantado de
tempos em tempos, mas de maneira geral,
vemos como um avanço.
M&E - Qual o papel deste profi ssional neste novo cenário do turismo brasileiro?Adonai Arruda Filho - O profi ssional de tu-
rismo, devidamente qualifi cado, certifi cado e
formado, é fundamental para o bom desen-
volvimento do turismo como um todo. Este
profi ssional irá passar apenas informações
corretas e precisas aos seus clientes. Pro-
fi ssionais qualifi cados não trabalham com
armadilhas. Lamentavelmente, no Brasil,
muitos clientes passam a valorizar o trabalho
de um profissional qualificado somente
após ter tido problemas. Aborrecimentos
e alterações podem ocorrer, mas quando o
cliente tem a assessoria de um profi ssional
qualifi cado, isto é resolvido rapidamente.
M&E - Como a BWT se preparou para não ser atingida negativamente durante
a Copa?Adonai Arruda Filho - A BWT Operadora
realizou um trabalho pré-Copa muito
intenso e forte. Estivemos presentes em
diversos eventos internacionais e em
inúmeras visitas aos nossos clientes pelo
mundo afora. Atendemos mais de dois mil
clientes internacionais para o Mundial e
tivemos, nesse período, o maior resultado
na empresa. A visibilidade internacional
do Brasil foi muito positiva e acredita-
mos que vamos colher frutos por muito
tempo ainda. Já no mercado nacional, o
aumento na procura dos passageiros por
destinos internacionais foi surpreendente.
M&E - Quais os entraves e desafi os que impedem o desenvolvimento e con-solidação do turismo ferroviário como produto turístico?Adonai Arruda Filho - A dificuldade
hoje começa pelos equipamentos. Te-
mos dificuldades de conseguir novas
locomotivas e a alta carga tributária para
importação de peças é outro obstáculo
para desenvolvimento e crescimento
deste segmento. Infelizmente, boa parte
das autoridades não têm ideia do grande
potencial do transporte de passageiros por
trem como acontece em outros países. É
uma pena. Temos locais maravilhosos para
passeios de trem que poderiam certamente
fomentar o turismo doméstico como é
desejo do Ministério do Turismo. Aqui
no Brasil o turismo ferroviário ainda não
é considerado em muitos locais como um
produto turístico. Precisamos de maior
apoio. Isso começa a mudar lentamente.
M&E - Como as empresas do setor devem se preparar para este novo momento do turismo no Brasil? Adonai Arruda Filho - Investindo cons-
tantemente em tecnologia e na qualifi ca-
ção de nossos colaboradores, seja através
de cursos dirigidos, de graduação, de pós
graduação e mestrado. Tecnologia no
turismo é importante, mas uma equipe
técnica e qualifi cada é fundamental.
M&E - A divulgação dos vários destinos brasileiros durante a Copa pode aumen-tar a vontade dos brasileiros de viajar e, consequentemente, desenvolver ainda mais o mercado doméstico?Adonai Arruda Filho - O brasileiro gos-
ta de viajar e quer conhecer o próprio
país. Certamente viajarão muito mais
se tiver segurança nas cidades, atrações
que realmente valham a pena, preços
justos e serviços de qualidade. Quando
isso acontecer, teremos mais brasileiros
viajando por este país maravilhoso.
M&E - Os frutos da Copa do Mundo poderão ser colhidos ao longo dos pró-ximos anos?Adonai Arruda Filho - No nosso caso, não
tivemos prejuízos. Foram os nossos melhores
meses em resultados. Mas nós nos plane-
jamos e trabalhamos muito. Acredito que
continuaremos colhendo frutos deste traba-
lho. Na semana seguinte ao fi nal da Copa, o
fl uxo de procura em viagens nacionais por
brasileiros triplicou na BWT e ainda segue
crescendo. Já estamos nos preparando e tra-
balhando para outras situações de interesse
e demanda turística para os próximos anos.
BWTEntrevista com Adonai Arruda Filho
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS
32
Hotel UrbanoEntrevista com Antônio Gomes
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> Com o foco em consolidar o Hotel
Urbano como a marca de viagens mais
admirada e conhecida no mercado tu-
rístico brasileiro, o cofundador e diretor
Comercial, Antônio Gomes, destaca o
trabalho constante para o aumento do
número de parceiros e o crescimento
sustentável da Online Travel Agency
(OTA). Além disso, o executivo acredita
no crescimento ano a ano e espera chegar
a 4,1 milhões de diárias vendidas, já que
oferece 180 mil opções de hospedagem
em mais de 30 mil destinos espalhados
por 183 países em todo o mundo. Em
entrevista ao M&E, Gomes destaca os
principais aspectos comerciais do ano
e o panorama para o segundo semestre.
MERCADO & EVENTOS - Qual o impacto da Copa no segmento de viagens? Antônio Gomes - Analisando o ano
de 2014 de maneira geral, o impacto
da Copa do mundo será positivo. O
Mundial trouxe ao Brasil mais de um
milhão de estrangeiros, o que benefi-
ciou principalmente a rede hoteleira
das cidades-sede e o seu entorno. Por
outro lado, o evento freou o chamado
turismo de negócios, que está sendo
retomado com mais força no segundo
semestre. Outro fator relevante é o fato
das férias escolares terem sido anteci-
padas para junho, o que diminuiu a
procura por viagens em julho. Para
atrair mais turistas, diversos hotéis
praticaram preços de baixa tempora-
da em pleno mês de julho. Resultado:
viajar em julho ficou mais barato, o
que levou mais pessoas a aproveitarem
a oportunidade e evitou um possível
prejuízo. A Copa do Mundo afetou o
turismo de lazer nacional nas cidades
periféricas às cidades-sede e outros
destinos. Hotéis de lazer, principalmente
nas cidades turísticas afastadas das ca-
pitais, tiveram grandes promoções para
manter boa ocupação durante a Copa.
M&E - Qual foi o principal pico de venda no período do Mundial?Antônio Gomes - As vendas se concen-
traram basicamente nos fi nais de semana,
pois a maioria dos colégios antecipou as
férias de julho pra junho, mas os pais não
tiraram férias em junho, e aí só puderam
aproveitar os fi nais de semana. Esse mo-
vimento foi claro e atípico para o turismo
de lazer em junho. Já em julho, as vendas
começaram a aquecer pela diminuição de
jogos (fase fi nal da Copa). Um movimento
nos chamou a atenção no Hotel Urbano,
o que chamamos de ‘fuga da Copa’. No-
tamos um aumento de 20% em relação
ao ano passado, na procura por pacotes
de viagem e hospedagens com check-in
entre os dias 12 de junho e 13 de julho,
para municípios num raio de até 300 km
das cidades-sede. Esse movimento aponta
claramente uma ‘fuga’ de moradores das
capitais, além de turistas de passagem por
alguma das sedes que aproveitaram para
dar uma ‘escapadinha’.
M&E - E isso já era esperado?Antônio Gomes - Esperávamos por essa
alta demanda e procuramos nos prepa-
rar com bastante antecedência. Além
de reforçar nossas parcerias com hotéis
em cidades próximas às sedes, também
preparamos diversas opções de pacotes
para quem buscava viajar dentro e fora
do Brasil durante a copa.
M&E - Neste cenário, qual o balanço do primeiro semestre?Antônio Gomes - Nosso primeiro semes-
tre teve um bom resultado e caminha-
mos para atingir nossas expectativas de
2014. No ano de 2012, vendemos cerca
de 1,6 milhão de diárias. Contra pouco
mais de 500 mil diárias em 2011. No
ano passado, superamos a marca de 2,8
milhões de diárias vendidas, ou pouco
mais de 1 diária a cada 11 segundos.
Para este ano, esperamos chegar a 4,1
milhões de diárias vendidas, ou seja, uma
a cada 8 segundos. Os feriadões fi caram
concentrados neste primeiro semestre,
o que ajudou muito nas vendas.
M&E - O segundo semestre pode ser melhor em vendas e comercialização mesmo com o advento eleitoral?Antônio Gomes - Com certeza. Como
disse acima, a população está com aquele
ar de “ainda não viajei este ano”. Por isso,
acreditamos que muita gente vai viajar
no segundo semestre. O mercado deve
focar em oportunidades, como grandes
descontos e especialmente hospedagens
em fi nais de semana, já que praticamen-
te não teremos mais feriados este ano.
A dica que eu daria aos vendedores é
agregar valores dentro das diárias, como
a inclusão de bebidas cortesia, refeições,
late check-out, early check-in, passeios,
entre outros. O mercado está bem aque-
cido para este segundo semestre, com
excelentes oportunidades de tarifas e
destinos, assim como o início de vendas
para Natal, Réveillon, alta temporada e
Carnaval. Estamos apostando muito num
crescimento bem vertical e já estamos
alinhando um canhão de vendas com
diversos estabelecimentos. Vem muita
novidade até dezembro.
Ricardo Azoury
AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS
34
>> Nos últimos 17 meses, o número de
compradores no site brasileiro do Expe-
dia teve um crescimento acumulado de
150%. O portal, que estreou no Brasil
em outubro de 2012, já alcançou uma
resposta expressiva dos usuários. Com
investimentos que somaram cerca de
US$ 600 milhões, o Brasil se tornou um
mercado de muitas oportunidades para
a OTA. Ampliar acordos, estreitar o rela-
cionamento com fornecedores e investir
em plataformas tecnológicas ainda são
o foco para o país, segundo o gerente
de Marketing para o Brasil, Fernando
Botelho. “Com o objetivo de criar uma
experiência ainda melhor, ao longo de
todas as fases da viagem, ou seja, sonhar,
planejar, reservar e viajar, nós fi zemos um
update no mobile website. Agora é possível
pesquisar e comprar pacotes”, afi rmou.
MERCADO & EVENTOS - A Copa ajudou ou prejudicou o mercado emissivo de viagens?Fernando Botelho - Os grandes eventos
sempre são muito positivos, especialmente
para o mercado de turismo. O Mundial
atraiu muitos turistas para o Brasil e isso
impactou diversos segmentos, inclusive
o emissivo. Apesar da grande expectativa
pela Copa, muitos aproveitaram o momen-
to para viajar a outros países como forma
de fugir do campeonato e das mudanças
que o mesmo provocaria no cotidiano
dos moradores das cidades-sede. Em uma
pesquisa da Expedia realizada meses antes
da competição em questão, por exemplo,
49% dos entrevistados do Rio de Janeiro
e de São Paulo tinham intenção de viajar
e 15% tinham certeza de que sairiam de
suas cidades durante o período do evento.
Quando questionados sobre os possíveis
destinos para uma viagem durante o cam-
peonato, os Estados Unidos foi apontado
como o local mais cobiçado, na frente
do Nordeste brasileiro, em 2º lugar, e da
Europa, em 3º lugar.
M&E - O segundo semestre pode ser melhor em vendas e comercialização mesmo com o advento eleitoral? Qual o foco de venda para esse período?Fernando Botelho - Devido à proximidade
das férias de verão, a tendência para o
segundo semestre é de alta nas vendas.
Além disso, as eleições podem ser uma boa
oportunidade de negócios, já que muitas
pessoas podem optar em ir para seus
endereços eleitorais para votar, mesmo
que o voto para presidente possa ocorrer a
partir de qualquer lugar. Na Expedia, bem
como nos demais sites locais da marca,
o viajante pode planejar a viagem desde
a escolha do destino, a melhor opção de
voo, hospedagem e atividades em geral.
Atualmente, a Expedia conta com 400
companhias aéreas e mais 290 mil hotéis
disponíveis em todo o mundo.
M&E - Haverá novos lançamentos e investimentos ainda este ano?Fernando Botelho - A Expedia sempre
procura encontrar um equilíbrio entre as
funcionalidades e as características que o
viajante procura ao acessar o site a partir
de dispositivos móveis. E com o objetivo
de criar uma experiência ainda melhor, ao
longo de todas as fases da viagem: sonhar,
planejar, reservar e viajar, nós fi zemos um
update no mobile website, e agora pode-se
pesquisar e comprar pacotes de voo mais
hotel, tudo na palma da mão dos turistas.
M&E - Quais as novidades e expectativas para 2015?Fernando Botelho - Acreditamos que
2015 continuará sendo um ano importante
para o turismo porque nossas pesquisas
mostram que o hábito de viajar já está
incorporado na vida das pessoas. Além
disso, após o Campeonato Mundial de
Futebol, o Brasil atraiu os olhares de via-
jantes de todo o mundo e despertou o
interesse dos próprios turistas presentes
no evento para eles retornarem ao país.
Entre as principais características da Expe-
dia está conhecer profundamente nossos
clientes e o mercado no qual atuamos.
Por isso, desenvolvemos regularmente
pesquisas que revelam o perfi l e os hábi-
tos dos viajantes. Essas informações nos
ajudam a traçar nossos planos no curto
e médio prazo, garantindo um serviço de
qualidade e assertivo.
Parceria mundialA Expedia Affi liate Network (EAN) e o Sabre Corporation assinaram um acordo estratégico, através do qual o Expedia Affi liate Network irá disponibilizar ainda mais opções de hospedagem e conteúdo de reservas no Sabre. O acordo adiciona ao Sa-bre uma signifi cativa quantidade de propriedades hoteleiras. A Expedia Affi liate Network também testará o aplicativo “ZoomAndGo”, uma ferramenta gráfica de pesquisa e reserva de hotéis através de ma-pas no Sabre, integrando hotéis de várias fontes online em uma interface intuitiva que simplifi ca o processo de comparação e com-pra para os gestores de viagens.
Expedia.comEntrevista com Fernando Botelho
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTAS
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Gráfi cos do SetorNúmeros da Abracorp
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
AGÊNCIAS DE VIAGENS CORPORATIVASA Associação Brasileira das Agências de Viagens Corporativas (Abracorp) representa 31 agências especiali-zadas neste segmento que estão entre as maiores do país. Somen-te no primeiro semestre de 2014 as suas vendas representaram R$ 6,45 bilhões, um aumento de 5,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Para o presidente da entidade, Edmar Bull, o segundo semestre deve ser ainda melhor, com um avanço de dois dígitos, dada a retomada dos eventos e viagens corporativas após a Copa do Mundo. Ele acredita que no ano o incre-mento deve fi car na casa dos 10%.
AVIAÇÃOUm recorte do primeiro semestre das vendas das agências Abracorp mostra que a maior fatia dos serviços ainda corresponde a passagens aé-reas, com 71,6% do total. Somente no doméstico foram vendidas 4,5 milhões de bilhetes neste período, o que representou um montante de R$ 2,6 bilhões, cifra 7% maior do que a registrada no mesmo perío-do do ano passado. A tarifa média também está em alta. Ela teve um incremento de 12,2%, chegando a R$ 595. Na primeira metade do ano foram emitidas 644.304 passagens internacionais, a um custo total de R$ 1,9 bilhão, um avanço de 4,9% em relação ao mesmo período de 2013. A tarifa média no período foi de R$ 3.050, um crescimento de 7%.
35
AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTASFo
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36
Gráfi cos do SetorNúmeros da Abracorp
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
EVENTOS E DESTINOSA realização de eventos foi também um dos destaques da Abracorp no primeiro semestre deste ano. As agências associadas à entidade rea-lizaram 30,6% mais eventos do que na primeira metade de 2013. Isso demostra a força que o segmento vem tomando no Brasil. Somente esta atividade gerou uma movimentação de R$ 272 milhões, contra R$ 208 milhões no mesmo período do ano passado. Em relação aos destinos mais visitados pelos executivos brasileiros, São Paulo e Rio de Janeiro são os líderes no nacional. Fora do país, a pre-ferência fi ca por Buenos Aires e Miami.
HOTELARIATambém no primeiro semestre, as agências Abracorp venderam 1,2% mais diárias em hotéis dentro do Bra-sil. O faturamento deste segmento cresceu 13,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Os hotéis independentes ainda são a maioria com 50% do total e a diária média foi de R$ 232, 12% a mais do que no primeiro semestre do ano passado. Entre os dados, o que chamou a atenção foi a forma de compra. Hou-ve uma queda de 67,5% nas vendas feitas por meio de brockers. Já no internacional a venda de diárias cres-ceu 22,2% e o faturamento 18,5%.
36
AGÊNCIAS DE VIAGENS / OPERADORAS / CONSOLIDADORAS / OTASFonte: G
ráfi cos retirados do estudo da Abracorp
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ASSISTÊNCIA AO VIAJANTE
>> Com uma perspectiva média de crescimento em torno de 20%, o seg-mento de assistência ao viajante espera um 2014 ainda melhor. No ano passa-do, com a mesma média de crescimen-to, o setor acumulou um incremento de 25% em suas operações - essa soma está ligada ao poder de consumo da classe C. No Brasil, nos últimos dois anos, o mercado de assistência em viagem cresceu cerca de 50%.
Em janeiro de 2012, o setor movi-mentou cerca de R$2,7 milhões. Já no ano passado, esse valor subiu para R$3,3 milhões em movimentações e vendas para os canais de consumo, sejam viagens a lazer ou a negócios. De acordo com pesquisa publicada pela Finaccord, o mercado global de seguros de viagem e assistência cresceu cerca de US$ 14 bilhões em 2013, e esse número deverá subir para US$ 18,1 bilhões em 2017.
Segundo apurou o M&E, a Copa do Mundo prejudicou as vendas de servi-ços, mas não a ponto de paralisar ou reter o crescimento planejado para este ano. De acordo com o diretor para o Brasil da Assist Card, Daniel Prieto, a realização da Copa diminuiu um pouco a demanda no setor, tanto no corporativo quanto no lazer. Porém, a Assist Card participou ativamente na recepção de turistas de todo mundo. “Focamos na parceria com a Team Spirit, empresa responsável pela festa de abertura e de encerramento da Copa. Ao longo de três meses, fomos responsáveis por cuidar de todos os participantes, não apenas durante os ensaios, mas, prin-cipalmente, durante as apresentações
Segurança na viagemPara crescer em 2014, segmento une novidades em produtos e parcerias com
operadoras. Associação deve ressurgir durante a Abav Expo Internacional de Turismo
e seus deslocamentos. A cobertura envolveu mais de 700 pessoas entre bailarinos e equipe técnica, em São Paulo e também no Rio de Janeiro”, afi rmou.
A Assist Card espera um crescimento entre 35% e 40% neste ano e comemo-ra o aumento de 27% em faturamento com relação ao mesmo período do ano passado. Hoje, segundo Prieto, o market-share da Assist Card Brasil está dividido em 80% na venda de assistência viagem para o lazer e 20% no corporativo.
Já a Travel Ace - que também anda na contramão da crise - apresenta índices de crescimento na casa dos 10%, em comparação ao primeiro semestre do ano passado. Segundo o presidente da companhia no Brasil, Marcello Gonçal-ves, mesmo com a Copa do Mundo, que retraiu o mercado de viagens, a em-presa deve crescer e compensar o pri-meiro semestre já nos próximos meses. “Constatamos um aumento de 10,83% nas vendas quando comparamos o período de julho de 2012 a junho de 2013 com o período de julho de 2013 a junho de 2014”, analisa o executivo.
Com o crescimento mais tímido do mercado, a GTA Travel Assistance aposta no segundo semestre para recuperar a demanda reprimida no primeiro semes-tre por conta - também - da Copa do Mundo. “Com o esfriamento das vendas de viagens, o mercado de assistência sentiu a retração tanto no corporativo quando no lazer. Porém, a esperança de aquecimento do setor, aliada ao histórico de crescimento no período, promete crescimentos na casa de 55%
no segundo semestre”, disse o diretor Comercial da GTA, Gelson Popazoglo.
Segundo ele, a companhia deve crescer cerca de 8% no embarque de passa-geiros em 2014, se comparado ao ano anterior. Popazoglo ressalta a penetra-ção da companhia nos mercados de lazer e corporativo e a diversidade de produtos para atender os segmentos de turismo no país.
Diferença A diferença entre seguro e assistên-cia é simples: enquanto a assistência viagem fornece uma rede conveniada para que o turista utilize os serviços oferecidos no contrato, como, por exemplo, hospitais, clínicas, exames, medicamentos, guias turísticos, in-formações, entre outros serviços, o seguro viagem reembolsa as despesas que o viajante tiver e que estejam previstas na apólice.
ABCA deve ser relançada ainda este anoDepois de passar por ajustes estatu-tários e por uma renovação no corpo diretivo, a Associação Brasileira de Cartões de Assistência (ABCA), que terá como presidente Celso Guelfi , deve ser relançada durante a Abav Expo Internacional de Turismo. Segundo apurou o M&E, a entidade está se reajustando e agrupando as empresas que prestam serviços de assistência em viagem para fortalecer o segmento dentro do setor de turismo. Guelfi afi rmou ao M&E que o relançamento pode acontecer durante esta feira de turismo e espera uma adesão com-pleta das empresas do segmento.
LUCIANO PALUMBO
38
ASSISTÊNCIA AO VIAJANTE
Travel Ace Assistance Brasil
Entrevista com Marcello Gonçalves
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> Na contramão da crise, a Travel Ace
Assistance Brasil já apresenta índices
de crescimento na casa dos 10%, em
comparação ao primeiro semestre do
ano passado. Segundo o presidente da
companhia no Brasil, Marcello Gonçal-
ves, mesmo com a Copa do Mundo, que
retraiu o mercado de viagens, a empresa
deve crescer e compensar o primeiro
semestre já nos próximos meses. Em
entrevista ao M&E, o executivo destaca
ações e produtos como diferencial para
o incremento operacional. Além disso, a
presença em outros países foi determi-
nante para manter as vendas aquecidas
no período do Mundial de futebol.
MERCADO & EVENTOS - A Copa ajudou ou prejudicou o mercado emissivo de viagens?Marcello Gonçalves - Com certeza a Copa
prejudicou. Os números desse ano foram
inferiores aos do ano passado. Estudos
preliminares indicam que o decréscimo
no setor de viagens e turismo variou de
acordo com o perfil de cada uma das
empresas que compõem a rede de agen-
ciamento de viagens e operação turística
no Brasil. Há uma grande variedade de
percentuais declarados por diferentes
operadoras e agências de viagens no que
diz respeito ao volume de emissões rea-
lizadas em razão da Copa, comparado
a igual período no ano passado. O que
ninguém contesta é que a Copa, de fato,
prejudicou o mercado emissivo no Brasil.
M&E - Você diz isso devido à retração do mercado corporativo no primeiro semestre?Marcello Gonçalves - O mercado de via-
gens e turismo como um todo foi preju-
dicado notadamente durante o segundo
trimestre de 2014. Porém, algumas em-
presas do mercado de viagens corporativas
até obtiveram ganhos, mas estas foram
exceções que confi rmam a regra. Como
somos uma empresa que atua também
no exterior, chegamos a registrar alguns
ganhos pontuais, como, por exemplo,
com a venda de planos de assistência
para todos os torcedores mexicanos que
desembarcaram em portos brasileiros,
vindos para o nosso país, em navio fretado,
para acompanhar jogos da Copa.
M&E - Qual o share na venda de assis-tência hoje para lazer e corporativo?Marcello Gonçalves - Não segmentamos os
resultados alcançados a partir deste recorte
de análise, mas posso afi rmar que tem sido
crescente a participação da demanda por via-
gens corporativas no total da movimentação
de vendas da Travel Ace, que é quem, segu-
ramente, ocupa posição de liderança no seg-
mento das viagens de lazer, incluindo o aten-
dimento realizado à demanda por viagens
para destinos nacionais e internacionais.
M&E - Neste cenário, como foi o primeiro semestre deste ano?Marcello Gonçalves - Constatamos um
aumento de 10,83% nas vendas quando
comparamos o período de julho de 2012
a junho de 2013 com o período de julho
de 2013 a junho de 2014.
M&E - O segundo semestre pode ser melhor? Marcello Gonçalves - O segundo semestre
sempre é melhor que o primeiro, inclusive
em anos anteriores em que foram reali-
zadas eleições. As exceções existem, mas
em razão de fatos imprevisíveis, como
aquele que ocorreu nos EUA, em setem-
bro de 2001. Nós acreditamos sim que
existe essa demanda reprimida de viagens,
justamente por causa da Copa. Isso pode
representar uma significativa procura
por viagens nos meses que seguem. Toda
a cadeia do turismo precisa recuperar
esse primeiro semestre. Acredito que as
eleições não vão atrapalhar.
M&E - Quais são as expectativas para fechar 2014? Marcello Gonçalves - As expectativas
para 2014 são positivas. Acreditamos
que existe uma demanda reprimida pela
Copa que vai acabar compensando o
restante do ano. De uma maneira geral,
no segundo semestre a demanda sempre
é maior, concentrando cerca de 60% do
montante do ano.
M&E - O que há de novo na Travel Ace?Marcello Gonçalves - Lançamos algumas
coberturas especiais para serem adiciona-
das como “up-grade” aos nossos produtos
de assistência ao viajante: por exemplo,
seguro para roubo de bagagem em táxis,
hotéis, transportes públicos e parques.
Outros produtos voltados para bagagens
especiais, compra protegida e o seguro
de responsabilidade civil pessoa física
internacional, entre outros.
40
>> Com a expectativa de crescimento
entre 35% e 40%, a Assist Card Brasil
comemora o avanço de 27% em fatura-
mento com relação ao mesmo período
do ano passado. Com uma relação forte
com o segmento de lazer - 80% do share
se concentra no nicho -, a companhia res-
salta a parceria corporativa com empresas
como Petrobrás, Grupo Vale e Ambev. Em
entrevista para o M&E, o diretor para o
Brasil da Assist Card, Daniel Prieto, res-
salta a queda nas vendas durante a Copa
do Mundo, mas destaca as parcerias de
atendimento no país junto à empresas e
operadores como Team Spirit, ProtecBag,
Abreu, Maktour e Master Turismo.
MERCADO & EVENTOS - Como foi o primeiro semestre em relação às vendas no país? Daniel Prieto - A Assist Card Brasil está
indo muito bem. O maior indício é o resul-
tado da nossa campanha mundial, conhe-
cida como “2x1” (Dois por Um), a mais
importante ação comercial do primeiro
semestre. Pelo quarto ano consecutivo,
nós quebramos nosso próprio recorde
de vendas. Em 45 dias de promoção, o
faturamento aumentou quase 27% em
comparação ao registrado no ano ante-
rior, até então nosso melhor desempenho
comercial. Em comparação ao primeiro
semestre de 2013, nosso crescimento
hoje está em 35%. A queda das viagens
corporativas também não prejudicou a
companhia devido à obtenção de novas
parcerias corporativas. Hoje, temos oito
das dez maiores agências corporativas
que mais faturam no Brasil. Adicional-
mente, as três maiores empresas do país
em valor de mercado (Petrobrás, Grupo
Vale e AmBev) também trabalham, com
exclusividade, conosco.
M&E - Qual o share na venda de assis-tência hoje para lazer e corporativo?Daniel Prieto - O market share da Assist
Card Brasil atualmente está dividido em
80% na venda de assistência viagem para
o lazer e 20% no corporativo.
M&E - Qual o papel da Copa no mercado emissivo de viagens?Daniel Prieto - Acho que a Copa diminuiu
um pouco a demanda no setor, tanto
no corporativo quanto no lazer, porque
todos queriam acompanhar os jogos no
Brasil. Porém, a companhia participou
ativamente na recepção de turistas de
todo mundo, já que dezenas de milhares
de torcedores vieram para cá contando
com nossos serviços de assistência ao via-
jante. Essa movimentação exigiu muito do
nosso call center, que fi cou praticamente
dedicado ao atendimento dos turistas. Em
paralelo, fechamos uma parceria com a
Team Spirit, empresa responsável pela
festa de abertura e de encerramento da
Copa. Ao longo de três meses, a multina-
cional foi responsável por cuidar de todos
os participantes, não apenas durante os
ensaios, mas principalmente durante as
apresentações e seus deslocamentos. A
cobertura envolveu mais de 700 pessoas
entre bailarinos e equipe técnica, em São
Paulo e também no Rio de Janeiro.
M&E - Quais são as expectativas para 2014? O segundo semestre pode ser melhor mesmo com o advento eleitoral?Daniel Prieto - Este ano está sendo ex-
celente para nós e esperamos fechar o
mesmo com crescimento entre 35% e
40%. Esse desempenho se deve a diversos
fatores, mas, principalmente, à nossa
atuação multicanal (trade, corporativo
e vendas diretas), que nos diferencia de
nossos concorrentes; das novas parcerias
com operadoras, agências corporativas e
consolidadoras; e também à entrega de
produtos e serviços de excelência para
todos os nossos clientes, fruto da atua-
ção pioneira e de liderança absoluta que
exercemos hoje no mercado brasileiro.
M&E - Está previsto o lançamento de novos produtos ou parceria com ope-radoras no país?Daniel Prieto - A Assist Card Brasil
construiu muitas parcerias recentemen-
te, como a ProtecBag, Abreu, Maktour,
Master Turismo, entre outras. Em 2015
devemos atuar com mais força em inova-
ção tecnológica, com produtos cada vez
mais customizados a medida do cliente
e um serviço de pós-venda cada dia mais
personalizado com o nosso conceito any-
time, anywhere, any reason.
Alinhamento MundialA Assist Card tem um alinhamento mundial quando se trata de estra-tégia de vendas. Como nos anos anteriores, a companhia oferece descontos de 50% nos produtos Privileged, Premium, Classic, Latina, Domestic; nas modalidades Diária (até 120 dias) e Multitrip (30 a 60 dias). Para obter o desconto, ambos os cartões deverão possuir a mesma vigência e destino. Para o segmento corporativo, vale lembrar ainda que os vouchers precisam ser adquiridos na modalidade lazer. Para este públi-co, os descontos chegam até 30%.
ASSISTÊNCIA AO VIAJANTE
Assist Card Entrevista com Daniel Prieto
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
42
>> Com a expectativa de aumentar
em 8% o embarque de passageiros em
2014, a GTA Travel Assistance aposta
no segundo semestre para recuperar a
demanda reprimida no primeiro semes-
tre por conta da Copa do Mundo. Com
o esfriamento das vendas de viagens,
o mercado de assistência, de acordo
com a GTA, sentiu a retração tanto no
corporativo quanto no lazer. Porém,
a esperança de aquecimento do setor,
aliada ao histórico de crescimento no
período, promete crescimentos na casa de
55% no segundo semestre. Para o diretor
Comercial da GTA, Gelson Popazoglo, o
mercado deve responder ao aquecimento
econômico mesmo em um ano eleitoral.
Os novos produtos e os lançamentos
para o próximo ano seguem alinhados às
novas contrações e expansão territorial.
MERCADO & EVENTOS - A Copa infl uen-ciou o mercado de venda de assistência em viagens? Em qual segmento?Gelson Popazoglo - Prejudicou o merca-
do emissivo de viagens, uma vez que os
altos custos fi zeram com que as pessoas
não se programassem para uma possível
viagem no mesmo período. O ano também
não ajudou muito com a realização do
Carnaval em março, Copa do Mundo e
eleições. Em todos os mercados, posso
dizer que a economia, de uma maneira
geral, sentiu o impacto.
M&E - Qual o share da GTA para lazer e corporativo? É possível fazer um balanço
do primeiro semestre?Gelson Popazoglo - A GTA dispõe de
produtos para os dois segmentos do tu-
rismo, sendo o de viagens corporativas
representado em 40% e o de viagens a
lazer respondendo pela maior fatia, com
60%. Em comparação ao mesmo período
do primeiro semestre do ano passado, a
GTA identifi cou uma queda nas vendas,
atrelada, mais uma vez, à Copa do Mundo.
O medo dos altos custos fez com que o
brasileiro não programasse férias para
essa época do ano.
M&E - O segundo semestre pode ser melhor?Gelson Popazoglo - Analisando o histórico
de vendas, identifi camos que alcançamos
55% da venda anual no segundo semes-
tre, em comparação a 45% do primeiro
semestre e que, com base nas negociações
realizadas por nossa equipe comercial,
nossos clientes voltaram a cotar e emitir
grupos futuros, indicando que as empresas
voltaram ao ritmo normal. A expectativa é
que o segundo semestre seja melhor para a
empresa, mesmo em ano eleitoral.
M&E - Quais são as expectativas para fechar 2014? Gelson Popazoglo - Nossa estratégia é ex-
pandir a marca contratando novos represen-
tantes pelo Brasil e a prospecção de novos
clientes, com a meta de fechar o ano com um
crescimento de 8% em número de passagei-
ros embarcados, comparado ao ano anterior.
M&E – Vocês estão planejando lançar novos produtos ou parceria com ope-radoras no país?Gelson Popazoglo - Lançamos recen-
temente os planos para cobrir doenças
pré-existentes e iremos lançar, no fi nal do
mês, o produto “Cancelamento Master”,
com o objetivo de proteger os agentes de
viagens e operadores quando o cliente
decidir cancelar a viagem.
M&E - Quais os planos e novidades para 2015?Gelson Popazoglo - A GTA tem como
plano manter a estratégia de capacitar
os agentes de viagens no Brasil, para que
todos tenham conhecimento pleno dos
produtos de assistência de viagem, ga-
rantindo o bem-estar do cliente fi nal e
gerando mais receita para suas organiza-
ções. Também temos como objetivo abrir
novos representantes no país, focando
as regiões Norte e Nordeste, e contratar
novos gerentes para a companhia, além
de investir mais na ferramenta de vendas
B2C, disponibilizando para o agente de
viagens uma forma de vender para o
consumidor final. E, por fim, iremos
incrementar em nosso site, na aba “carri-
nho de compras”, várias novidades para o
agente incorporar na venda da assistência.
Caracterizando a diferençaA companhia aposta nos Planos-Pré que tem diversos produtos como Euro Max, Full, Global, Planet, Star e Titanium e oferecem coberturas diferenciadas de acordo com a necessidade e o destino buscado. Outra preocupação da GTA é difundir a diferença entre seguro e assistência junto aos agentes de viagens. A ressalva é simples: o seguro é um valor que o viajante contrata para ser reembolsado em todas as despesas, en-quanto que a assistência viagem dá total apoio ao viajante em todos os momentos.
ASSISTÊNCIA AO VIAJANTE
GTA Travel AssistanceEntrevista com Gelson Popazoglo
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
43
AVIAÇÃO
>> O mercado de transporte aéreo pode dobrar até 2020, atingindo 211 milhões de passageiros, 976 aerona-ves e 795 rotas domésticas, é o que aponta o estudo “Aviação Brasileira – Agenda 2020”, divulgado pela Asso-ciação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) e realizado pela consultoria Bain & Company. Mas, para isso, serão necessários investimentos de cerca de R$ 93 bilhões nos próximos seis anos, destaca a Abear. Esses recursos, provenientes do governo, vão ser des-tinados à expansão de 49 aeroportos existentes e construção ou reativação de 71 estruturas. Além de melhorias em aeronaves, renovação de frotas e tecnologia para que as empresas atinjam seu potencial e acompanhem o crescimento do setor.
Para Eduardo Sanovicz, presidente da Abear, embora os números de cresci-mento do setor sejam surpreendentes, o gap de infraestrutura aeroportuária e os custos, principalmente com com-bustível, ainda representam entraves para o desenvolvimento da aviação. “Nos últimos anos a aviação passou por um crescimento signifi cativo no número de usuários, resultado dos avanços nas políticas tarifárias que permitiram a oferta de bilhetes a va-lores mais acessíveis. Hoje, são mais de 100 milhões de passageiros, contra 30 milhões contabilizados em 2002. Contudo, um dos principais desafi os, e que mais afeta a competitividade do setor, é a redução da tributação do combustível da aviação (QAV), que representa em média 42% dos cus-
Aviação supera críticas do período pré-Copa e caminha para um novo patamar de qualidade
tos operacionais”, ressalta Sanovicz.
Segundo o ministro da Secretaria de Aviação Civil (SAC), Moreira Franco, os investimentos em infraestrutura aeroportuária a serem realizados neste e nos próximos anos contribuirão para diminuir o custo Brasil. “Durante a Copa, fui vítima de bullying, acredita-ram que os aeroportos não compor-tariam o fl uxo de passageiros, mas o resultado foi extremamente positivo. Agora, vamos aumentar a capacidade do país de crescer, vamos permitir que a infraestrutura baixe o custo Brasil”, afi rmou o ministro. Durante a Copa do Mundo, 17,8 milhões de passageiros circularam pelos aeroportos brasileiros entre os dias 10 de junho a 15 de julho de 2014, um volume 13,13% maior em comparação ao mesmo período no ano passado. Em relação aos atrasos dos voos, o índice foi de 6,94%, bem abaixo de aeroportos internacionais de grande movimento.
Em três anos, entre 2011 e 2014, um total de R$ 11,3 bilhões foi investido nos aeroportos brasileiros, contribuin-do para um incremento de 70 milhões de passageiros por ano, passando de 215 milhões para 285 milhões. O ministro da SAC afi rma que esta é a maior injeção de recursos que os ae-roportos brasileiros já receberam num curto período de tempo. Ela atende à forte expansão na demanda no país na última década, quando o uso do avião quase triplicou. “Esse número representa um aumento de 5% em relação ao primeiro semestre de 2013,
quando registramos a movimentação de 64,9 milhões de passageiros, e condiz com o perfi l de crescimento da aviação civil no país nos últimos anos”, destacou Gustavo do Vale, presidente da Infraero.
Visando o crescimento da demanda, cada vez mais vigente, a SAC anunciou que vai investir R$ 7,3 bilhões em 270 aeroportos regionais, no âmbito do Plano de Aviação Regional, sendo que 18 serão construídos do zero. Quarenta deles já receberam melhorias nos últimos anos. Em três anos e meio foram investidos R$ 401,6 milhões e outros R$ 378 milhões estão em execução.
Aviação na CopaDurante a fi nal da Copa do Mundo, os aeroportos do município do Rio de Ja-neiro (Galeão, Santos Dumont e Jacare-paguá) tiveram o recorde de pousos e decolagem com 1.761 movimentos. O maior número de voos em um mesmo aeroporto foi durante a semi-fi nal do Mundial, no aeroporto de Guarulhos, que contou com 1.040 movimentos em um único dia. No total, 8,8 milhões de passageiros foram transportados pelas principais cias aéreas brasileiras (Azul, Tam, Gol e Avianca) durante o megaevento. De acordo com a SAC, 77,2 mil voos foram operados no país; a taxa média de ocupação das aeronaves fi cou em 80%, que tiveram 92% de pontualidade. Além disso, os 15 aeroportos das cidades-sede da competição responderam por cerca de 90% da operação aérea.
SAMANTHA CHUVA E RAFAEL MASSADAR
Fim da turbulência
44
AVIAÇÃO
Infraero Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária
Entrevista com Gustavo do Vale
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> Com uma agenda extensa de eventos,
os aeroportos brasileiros estão constan-
temente sendo testados. Depois da Copa
das Confederações e da Jornada Mundial
da Juventude, a prova de fogo da vez foi
a Copa do Mundo. Para o presidente da
Empresa Brasileira de Infraestrutura Ae-
roportuária (Infraero), Gustavo do Vale,
os aeroportos conseguiram atender com
tranquilidade e efi ciência a demanda do
evento, sem registrar problemas opera-
cionais. Segundo o presidente, mais de
68,2 milhões de passageiros passaram
pelos aeroportos no primeiro semestre
de 2014, um aumento de 5% em relação
ao ano passado.
MERCADO & EVENTOS - Como foi o desempenho dos aeroportos durante a Copa? Atingiram as expectativas espera-das? Tiveram problemas? Quais?Gustavo do Vale - Os aeroportos da
Rede Infraero, principalmente aqueles
localizados nas cidades-sede da Copa,
atenderam com tranquilidade e efi ciência
a demanda do evento. Atingiram todas
as expectativas. Não houve registro de
qualquer problema às operações. Para
que isso ocorresse, a Infraero reforçou,
por meio de remanejamento de equipes
de outros aeroportos da rede, o efetivo que
atua nesses terminais. No período de 10
de junho ao fi nal da Copa, o número de
“amarelinhos” - funcionários que traba-
lham vestidos com coletes amarelos, com
a frase “Posso Ajudar?/May I Help You?”
- aumentou em 49%, passando de 473 para
704. O efetivo da área operacional também
foi ampliado em 18%, passando de 1.424
para 1.675 funcionários. Além disso, as
escalas de plantão foram reforçadas para
monitorar o funcionamento das escadas
rolantes, elevadores, esteiras e sistemas
de ar-condicionado. Todo esse esforço
coletivo permitiu que o atendimento às
delegações, passageiros e demais usuários
durante a Copa resultasse em um sucesso.
M&E - Qual o balanço que o senhor faz desse primeiro semestre de 2014?Gustavo do Vale - No primeiro semes-
tre de 2014, os 63 aeroportos adminis-
trados pela Infraero registraram 68,2
milhões de embarques e desembarques.
Esse número representa um aumento de
5% em relação ao primeiro semestre de
2013, quando registramos a movimen-
tação de 64,9 milhões de passageiros, e
condiz com o perfil de crescimento da
aviação civil no país nos últimos anos.
M&E - O que podemos tirar de lição da Copa do Mundo e o que será feito de diferente para as Olimpíadas? Durante o Mundial, muitos aeroportos operaram em obras e com tapumes, devemos esperar os mesmos resultados para os Jogos Olímpicos?Gustavo do Vale - Para as Olimpíadas, o
principal aeroporto do Rio de Janeiro, o
Galeão, já estará operando sob adminis-
tração da concessionária (Aeroporto Rio
de Janeiro), que passará a ser responsável
também pelos projetos de expansão do
aeroporto. Todavia, com as melhorias
recentemente concluídas pela Infraero,
hoje o Galeão tem capacidade para 30,8
milhões de passageiros/ano, sendo que a
demanda prevista para 2014, por exemplo,
é de 18,9 milhões de passageiros/ano. Ou
seja, é um aeroporto que tem plena capa-
cidade de atender a demanda futura do
Rio, como ocorreu recentemente na Copa
e em outros eventos (Jornada Mundial da
Juventude, Rio + 20 etc.). Os demais aero-
portos do Rio de Janeiro sob administração
da Infraero - Santos Dumont, Macaé e
Jacarepaguá - continuarão atendendo a
demanda com efi ciência. Essa efi ciência,
na verdade, não é resultado apenas do
compromisso da Infraero, mas de todo
o setor aéreo, que inclui a Secretaria de
Aviação Civil, Agência Nacional de Avia-
ção Civil, Departamento de Controle do
Espaço Aéreo, empresas aéreas, Polícia
Federal, Receita Federal etc. Essa interação,
que foi intensifi cada em virtude da Copa
do Mundo, é um dos grandes legados do
evento, pois demonstrou, mais uma vez,
que uma operação coordenada entre todos
os órgãos do setor traz diversos benefícios
aos usuários do transporte aéreo.
M&E - Quais são os maiores entraves que a aviação enfrenta atualmente?Gustavo do Vale - Do ponto de vista da
infraestrutura, da qual a Infraero é respon-
sável como operadora de 63 terminais, o
grande desafi o é dar continuidade às obras
de reforma, modernização e expansão dos
aeroportos paralelamente à operação de pas-
sageiros e aeronaves. Todavia, a exemplo do
que ocorreu antes da Copa, nossos trabalhos
são realizados de forma a causar o mínimo
de impacto aos usuários do transporte aéreo.
M&E - Como o senhor vê o futuro da aviação? Há algum projeto para expandir a malha aérea nacional e regional?Gustavo do Vale - Vejo com muito otimis-
mo o futuro da aviação no Brasil. Existem
diversos projetos no âmbito da Secretaria de
Aviação Civil da Presidência da República
de expansão da malha aérea nacional, com
ênfase especial à Aviação Regional.
46
>> Embora a aviação nacional venha
passando por diversas modificações e
melhorias, muitos entraves ainda di-
ficultam o desenvolvimento do setor.
Segundo Eduardo Sanovicz, presidente
da Associação Brasileira de Empresas
Aéreas (Abear), em 10 anos (de 2002
a 2012) os preços das passagens aéreas
tiveram uma redução de cerca de 43%,
posicionando a aviação como um dos
meios de transporte mais utilizados pelos
brasileiros. Entretanto, o alto valor da
tributação do combustível dos aviões e a
infraestrutura defi citária dos aeroportos
são dois grandes responsáveis que im-
pactam na produtividade das empresas
aéreas, atrasando o crescimento do setor.
MERCADO & EVENTOS - Como vê a aviação no Brasil e quais as expectativas para o futuro?Eduardo Sanovicz - Nos últimos anos
a aviação passou por um crescimento
significativo no número de usuários,
resultado dos avanços nas políticas tari-
fárias que permitiram a oferta de bilhetes
a valores mais acessíveis. Hoje, são mais
de 100 milhões de passageiros, contra 30
milhões contabilizados em 2002. Contu-
do, fatores como o gap de infraestrutura
aeroportuária e os custos, principalmente
com combustível, ainda representam en-
traves para o desenvolvimento do setor.
Esse cenário começa a tomar um novo
rumo com a entrega dos novos terminais
em Guarulhos e Brasília, o de Viracopos
- que está em fase conclusão - e o novo
aeroporto de Natal. Com isso, já temos um
aumento de capacidade que permite dar
mais dinamismo às operações, o que vai
permitir que o setor continue crescendo
com qualidade.
M&E - Quais são os principais entraves que impossibilitam o crescimento da aviação nacional e regional?Eduardo Sanovicz - Um dos princi-
pais desafi os é a redução da tributação
do combustível da aviação (QAV), que
representa em média 42% dos custos
operacionais do setor, sendo um dos fa-
tores que mais afetam a competitividade
da aviação. Os impostos são estaduais e
aplicados apenas à aviação doméstica, o
que reduz diretamente a competitividade
do setor. Temos um exemplo prático no
Distrito Federal de como a redução da
tributação é benéfi ca. Lá, o ICMS apli-
cado ao QAV foi reduzido praticamente
pela metade, passando dos 25% para
12%. A iniciativa, em um ano, estimulou
a criação de 206 voos para o aeroporto
de Brasília e resultou no aumento direto
do consumo do combustível, que passou
de 95 mil metros cúbicos no primeiro
trimestre de 2013 para 122 mil no mes-
mo período de 2014, um aumento de
28%. Mesmo com redução pela metade
da alíquota, a arrecadação no Distrito
Federal permanece equilibrada se compa-
rada com o primeiro trimestre de 2012,
quando a alíquota era de 25% e o total
arrecadado foi de R$ 56,7 milhões. No
mesmo período de 2014, com a redução
para 12%, o montante fi cou em R$ 56,2
milhões. Além disso, a medida ajudou a
dinamizar outros setores ligados à avia-
ção e ao turismo, como comércio, hotela-
ria, serviços, entre outros. Outro entrave
é a infraestrutura do setor, que já evoluiu
signifi cativamente, mas ainda impacta
na produtividade das empresas aéreas.
M&E - Como a Abear vem atuando para ajudar na expansão da malha aérea nacional e regional? Eduardo Sanovicz - A malha aérea vem
passando por mudanças que visam tornar
as operações mais eficientes, mas isso
depende muito da infraestrutura aero-
portuária e do espaço aéreo. Quanto à
acessibilidade do transporte aéreo, é algo
que seguirá crescendo. Se compararmos
o número de usuários de hoje, que é de
mais de 100 milhões de passageiros/ano,
com o do início dos anos 2000, que era
de 30 milhões, a utilização do avião como
meio de transporte mais que triplicou.
M&E - Como diminuir o preço das pas-sagens aéreas no Brasil?Eduardo Sanovicz - Os preços dos bi-
lhetes aéreos no Brasil estão cada vez
mais compatíveis com os praticados nos
mercados domésticos internacionais que
são considerados benchmarking. Entre
2002 e 2012, o valor médio do bilhete
nacional teve uma redução de 43%, de
R$ 515 para R$ 294. Além disso, 13%
dos assentos vendidos têm valor inferior
a R$ 100. Em 2002, essa tarifa não era
praticada pelo mercado. Agora, se esse
valor médio for ampliado para a faixa
de R$ 300, vemos maior redução ainda,
já que 65% dos assentos vendidos hoje
estão nesta faixa de preço. Em 2002, eram
apenas 23%. Porém, há, sim, particula-
ridades de determinados mercados in-
ternacionais que possibilitam que sejam
praticados valores mais baixos se consi-
derar apenas o que é pago pelo bilhete.
Mas o preço não inclui franquia para
bagagem, serviço de bordo, entre outros
serviços, que são pagos separadamente e
podem impactar o valor fi nal do bilhete.
AVIAÇÃO
Abear Associação Brasileira de Empresas Aéreas
Entrevista com Eduardo Sanovicz
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
47
AVIAÇÃO
AviancaEntrevista com José Efromovich
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
>> Fechando 2013 com a ocupação em 82%,
a Avianca é uma das companhias aéreas
brasileiras que mais cresce no país. Segundo
o presidente da empresa, José Efromovich,
a expectativa para o fi nal deste ano é chegar
em 84%, com um aumento de 40% no
número de passageiros. No ano passado a
companhia transportou mais de 7,2 milhões
de pessoas. O plano de expansão da Avianca
visa incluir mais duas cidades, ainda esse ano,
na oferta de voos da companhia, que estuda
também a possibilidade de novos voos em
Belém (PA) e Foz do Iguaçu (PR). Nesta
entrevista, José Efromovich ainda destaca
que o plano de crescimento da companhia
prevê um investimento de US$1,6 bilhão
para compra de novas aeronaves. “A ex-
pectativa é que, nos próximos dois anos,
a frota da companhia salte das atuais 34
aeronaves para 61”, garante Efromovich.
MERCADO & EVENTOS - Qual a situação da Avianca hoje com relação ao trans-porte de passageiros no país? E quais as metas para o futuro?José Efromovich - A Avianca é a empre-
sa que mais cresce no país. Não temos a
maior fatia do mercado, mas temos, em
comparação com as outras, uma ocupação
maior desde 2012. Nossa meta é chegar
ao fi nal de 2014 com 84% de ocupação.
Fechamos 2013 com 82%. Esse crescimen-
to em ocupação significa que o serviço
oferecido pela companhia é aceito nos
principais trechos voados no Brasil e que
o passageiro não busca somente preço, ele
quer serviço diferenciado. Se contabilizar-
mos esse crescimento, ele chega a mais de
7,2 milhões de passageiros transportados
em 2013. Nossa estimativa para este ano é
crescer 40% em cima deste número. Neste
primeiro trimestre o crescimento chegou a
30%. Nosso plano de expansão prevê voar
para mais duas cidades em 2014 - contando
com os voos para Goiânia, que abrimos
para suprir a demanda da Copa do Mundo.
Com relação às novas cidades, pensamos
em Belém (PA) e Foz do Iguaçu (PR).
M&E - Quando chega o primeiro A-330 e qual a previsão para o início das opera-ções? Quanto aos MKs-28, quando será feita a substituição da frota?José Efromovich - Nosso primeiro A330
começa a operar este ano, mas no segmento
de carga. Faremos a rota São Paulo/Manaus/
Recife/São Paulo com a capacidade máxima
de 65 toneladas dependendo do volume de
carga. Com relação ao término da opera-
ção dos MKs-28, até os meses de junho
e julho do próximo ano vamos realizar
a substituição de todas as aeronaves por
A-319 e A-320. Vale lembrar que este ano já
incorporamos novos Airbus A-320 à nossa
frota, ampliando a capacidade de transporte
de passageiros da companhia nos princi-
pais aeroportos do país. Outra estratégia
prevista é que, até 2016, a Avianca Brasil
deve receber um aporte de US$1,6 bilhão na
compra de novas aeronaves, modernização
de sistemas de integração e contratação de
capital humano. A expectativa é que, nos
próximos dois anos, a frota da compa-
nhia salte das atuais 34 aeronaves para 61.
M&E - A Avianca pretende se tornar uma empresa de capital aberto?José Efromovich - Nós consideramos,
sim, a realização de um IPO. O negócio
da aviação é muito caro, demanda muitos
investimentos e necessita constantemente
de um aporte de capital intenso para
compra de aeronaves, funcionamento,
manutenção e treinamento de pessoas.
Uma maneira acessível de levantar capital
é através de um IPO. Mas, por enquanto,
este não é o momento para a Avianca, que
tem em seu plano de crescimento metas a
serem cumpridas nos próximos dois anos.
Mas pensamos sim em um novo momento
ir para a Bolsa de Valores.
M&E - Com relação à Tap, a Avianca ainda pensa em adquirir a companhia portuguesa?José Efromovich - Neste momento a Tap
não está disponível. O governo abriu um
processo de privatização em 2012 e a
nossa proposta não foi aceita. Com isso,
o processo de privatização da companhia
foi encerrado. Hoje, ele não existe. A Tap
não está disponível. Nós, como empresa
de aviação que acredita nas consolidações,
olhamos para as possibilidades que exis-
tem no mercado. Mas, no momento, não
há disponibilidade para a compra a Tap.
M&E - Até o fi nal de 2014 as operações da Avianca Brasil já estarão integradas à Star Alliance?José Efromovich - Não vamos conseguir
integrar as companhias em 2014. A Star
Alliance é composta por muitas empresas
e precisamos ter nossos sistemas [todos
eles] habilitados e em pleno funciona-
mento. Não podemos definir ainda o
prazo desta integração. Mas vamos, sim,
integrar todas as nossas atividades com a
Avianca internacional até o fi nal de 2014.
Operações como compra de bilhetes ou
troca de milhas poderão ser realizadas en-
tre as duas companhias, mas com relação
à Star Alliance, a integração vai demorar
um pouco mais. Isso será apresentado nos
próximos 60 dias.
48
>> Durante a Copa do Mundo, 17,8 mi-
lhões de passageiros circularam pelos
aeroportos brasileiros entre os dias 10 de
junho a 15 de julho de 2014, um volume
13,13% maior em comparação ao mesmo
período no ano passado. Em relação aos
atrasos dos voos, o índice foi de 6,94%,
bem abaixo do esperado, é o que explica
o ministro da Secretaria de Aviação Civil
(Sac), Moreira Franco. Segundo o minis-
tro, os investimentos que os aeroportos
brasileiros receberam nos últimos três
anos elevaram o patamar dos mesmos e os
trouxeram para o século 21. O desafi o, de
acordo com Moreira Franco, é fazer com
que a qualidade dos serviços prestados seja
melhorada. “Estamos trabalhando para
que nossos aeroportos sejam do século
21. E queremos que os passageiros sejam
tratados como clientes, coisa que ainda não
acontece”, destacou o ministro.
MERCADO & EVENTOS - Qual o balanço que o senhor faz do setor nesse primeiro semestre de 2014?Moreira Franco - O setor aeroportuá-
rio brasileiro está se modernizando para
prestar um serviço de qualidade aos pas-
sageiros. Estamos trabalhando para que
nossos aeroportos sejam do século 21. E
o mais importante é que queremos que os
passageiros sejam tratados como clientes,
coisa que ainda não acontece. E isso não
é um trabalho de sete meses apenas. Nos
últimos três anos, os aeroportos brasileiros
tiveram uma expansão recorde. Atualmen-
te, os terminais que atendem as capitais têm
condições de acomodar por ano mais 70
milhões de passageiros. A expansão se deu
graças aos R$ 11,3 bilhões investidos nesse
período, tanto na rede Infraero quanto nos
quatro aeroportos concedidos à iniciativa
privada. Esta é a maior injeção de recursos
que os aeroportos brasileiros já receberam
num curto período de tempo. Ela atende
à forte expansão na demanda no país na
última década, quando o uso do avião
quase triplicou. Para se ter uma ideia,
de 2003 a 2013, o número de viajantes
passou de 33 milhões para 113 milhões,
um crescimento de 200%. Podemos per-
ceber nitidamente que o transporte aéreo
brasileiro entrou em outro patamar. Os
investimentos feitos pelo Governo Federal,
além da iniciativa de conceder aeroportos
para administração privada, colocaram-
nos de vez no século 21. E a tendência é
que cresçamos cada vez mais, trazendo
conforto, modernidade e segurança para
passageiros brasileiros e estrangeiros.
M&E - Como foi o desempenho dos aeroportos durante a Copa? Atingiram as expectativas esperadas? Tiveram pro-blemas? Quais?Moreira Franco - A operação dos aero-
portos durante a Copa do Mundo de 2014
foi um sucesso. E os números comprovam
isso. Foram 17,8 milhões de passageiros
circulando pelos aeroportos brasileiros
entre os dias 10 de junho a 15 de julho de
2014. O volume é 13,13% superior ao do
mesmo período do ano passado, que foi
de 15,8 milhões de passageiros. E o índice
médio de atrasos acima de 30 minutos foi
de 6,94%, abaixo do índice europeu, que
é de 7,6%. A tendência é que, a partir de
agora, o nível de qualidade suba cada vez
mais. Nós vamos partir deste patamar.
Se, durante a Copa, tivemos condições
de atingir esses índices, não há razão que
nos impeça de nos esforçar, mobilizar e
organizar para garantir aos brasileiros
patamares ainda maiores em suas viagens.
M&E - Para as Olimpíadas, o que será feito diferente? Muitos dos aeroportos operaram durante o Mundial com ta-pumes e obras não fi nalizadas, qual a previsão de fi nalização dessas obras?Moreira Franco - É importante ressaltar que
não fi zemos obras para a Copa do Mundo
ou outro evento específi co. Estamos moder-
nizando os aeroportos para proporcionar
um serviço melhor aos passageiros. Não
podemos aceitar que os passageiros fi quem
irritados e não tenham os serviços pres-
tados com qualidade. Durante décadas, a
infraestrutura aeroportuária foi degradada,
sem obras ou inovação tecnológica. Mas
com a recuperação da moeda e o controle
da crise econômica, tivemos um aumento
considerável no número de usuários da
aviação. Em 10 anos, o crescimento foi
de 200%. Afirmo com tranquilidade: o
país está preparado não somente para os
grandes eventos, mas também para atender
com segurança e conforto a todos. Temos
que estar habituados que os aeroportos
deverão ser constantemente modernizados.
M&E - Como o senhor vê o futuro da aviação nos próximos anos? Quais os pontos críticos da aviação nacional e o que precisa ser melhorado? Moreira Franco - O futuro é promissor. As
melhorias que vêm acontecendo vão permitir
que a infraestrutura aeroportuária fique
adequada ao século 21. A quebra do mono-
pólio do setor foi uma das principais ações
do governo federal para garantir a melhoria
do atendimento. Um importante avanço foi
a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil)
ter criado regras de avaliação para todos os
aeroportos e a Sac (Secretaria de Aviação
AVIAÇÃO
SAC Secretaria de Aviação Civil
Entrevista com Moreira Franco
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
49
Civil) ter instituído uma pesquisa trimestral
para medir a qualidade do serviço prestado.
Estamos provocando não só uma competição,
mas também uma mudança de mentalidade.
M&E - Como está a situação da aviação regional atual? E o que está sendo feito para fortalecer e ampliar a malha de aeroportos?Moreira Franco - Vamos investir R$ 7,3
bilhões em 270 aeroportos regionais, sendo
que 18 serão construídos do zero. Queremos
ampliar o acesso da população brasileira aos
serviços aéreos, com qualidade. O objetivo
é que 96% da população brasileira esteja
a menos de 100 km de distância de um
aeroporto apto a receber voos regulares.
Quarenta deles já receberam melhorias nos
últimos anos. Em três anos e meio foram
investidos R$ 401,6 milhões e outros R$
378 milhões estão em execução. Houve
investimento de R$ 145 milhões em reforma
ou ampliação de terminais de passageiros
de 28 aeroportos. O que permitiu colocar
à disposição 79 mil m² de terminais nesses
aeroportos. Em 27 deles foram feitas me-
lhorias de pista e pátio, totalizando R$ 88
milhões em investimento. Em se tratando
de segurança, cerca de 30 aeroportos re-
ceberam R$ 26,1 milhões para aprimorar
a estrutura de navegação aérea; R$ 8,8
milhões foram usados para compra de
novos equipamentos; e R$ 68,3 milhões na
compra de veículos de combate a incêndios.
Cinco aeroportos tiveram o terminal de
carga ampliado. Além destes investimentos,
foram realizados estudos de viabilidade em
220 aeroportos regionais. Destes, 101 já
estão com projetos em elaboração. Após
a conclusão da análise desses projetos, os
aeroportos já podem ser encaminhados para
o licenciamento ambiental e licitados. No
total, já foram assinados 26 contratos com
empresas projetistas. Os contratos já assina-
dos e em execução somam R$ 197 milhões.
AVIAÇÃO
SAC Secretaria de Aviação Civil
Entrevista com Moreira Franco
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
50
>> A demanda pelo transporte aéreo
está cada vez mais forte no país. Durante
a Copa do Mundo, o avião foi o meio
mais utilizado para locomoção. Porém,
alguns fatores ainda infl uenciam o setor
negativamente, prejudicando seu desen-
volvimento em larga escala. O preço dos
combustíveis, problemas de infraestrutura
e excesso de regulamentação são alguns
dos principais problemas que atrasam o
crescimento. É isso que aponta Carlos
Ebner, diretor no Brasil da International
Air Transportation Association (Iata).
Porém, embora os problemas sejam uma
constante, Ebner é otimista em relação
ao futuro e garante que, finalmente, o
governo está correndo atrás do prejuízo.
MERCADO & EVENTOS - Qual o balanço que o senhor faz deste primeiro semestre de 2014 na aviação nacional? Quais as expectativas para o futuro?Carlos Ebner - O período foi muito mar-
cado pela realização da Copa do Mundo
no Brasil. Havia uma expectativa muito
ruim por parte da opinião pública de que
pudesse haver um caos na operação dos
aeroportos. O que ocorreu não chegou
nem perto disso. O setor se saiu muito bem
como um todo, se organizou, planejou
e executou, envolvendo todos os parti-
cipantes da cadeia do transporte aéreo,
começando pelas autoridades e passando
peloas empresas aéreas. Como esperado,
houve redução do movimento de passa-
geiros corporativos, mas uma demanda
concentrada dos fãs do futebol. Tivemos
melhorias signifi cativas de infraestrutura,
ainda que parte dos projetos não tenha
sido entregue. A estrutura montada no
Centro de Gerenciamento da Navegação
Aérea (CGNA) contou com um Command
Center da Iata e, dessa forma, as associadas
que operam no Brasil puderam tomar
decisões táticas de forma colaborativa.
As regras foram estabelecidas e cumpri-
das à risca. A expectativa para o futuro é
que os investimentos em infraestrutura
continuem. Isso será necessário para
assegurar o crescimento do setor de for-
ma ordenada e com solidez. O grande
legado é a experiência adquirida tanto
no planejamento quanto na participação
de todos os agentes do setor atuando de
forma colaborativa.
M&E - Atualmente, quais os principais entraves do setor? O que a Iata está fazendopara minimizá-los? Carlos Ebner - O setor aéreo sofre grande
impacto do preço do combustível no
Brasil. O valor está acima (muito acima)
do razoável. Isso gera distorções e tira
a capacidade de competição do país.
Por exemplo, viajar de São Paulo para
Salvador fi ca mais caro do que ir para
Buenos Aires, apesar da distância ser
praticamente a mesma. Os problemas de
infraestrutura também são um gargalo
importante. Felizmente, as autoridades
parecem estar correndo para recuperar
um longo período sem investimentos. Há
ainda uma questão central que atrapalha
o setor: o excesso de regulamentação. A
legislação deveria procurar uma harmo-
nização com o que é praticado no exte-
rior. Nenhum cidadão americano exige
que a empresa aérea pague seu hotel por
ter o voo cancelado por causa de uma
tempestade, no Brasil isso é lei. Tudo isso
causa impacto e afeta o crescimento do
setor e a saúde das empresas.
M&E - Embora seja um dos meios de transporte mais utilizados, o aviação ainda é serviço caro no Brasil. O que é necessário ser feito para que os preços das passagens se aproximem dos valo-res das companhias europeias de baixo custo, por exemplo? Carlos Ebner - O principal problema é
o combustível e sua carga tributária. A
forma como o combustível da aviação é
calculado no Brasil está ultrapassada. Se
refere há mais de 30 anos, quando o Brasil
era dependente da importação de petróleo.
Hoje o país é grande produtor de petróleo,
tem refi narias e infraestrutura logística
e não pode ter a mesma faixa de preço
de países que importam absolutamente
tudo. Hoje o preço do combustível para
voos doméstico está entre os cinco mais
caros do mundo.
M&E - O que tem sido feito para diminuir os custos do setor?Carlos Ebner - Como associação, a Iata
procura sempre liderar a busca por so-
luções que representem ganhos de efi -
ciência. Isso fi cou claro na implantação
do bilhete eletrônico, que revolucionou o
setor. A associação acredita fi rmemente
que o caminho para baixar os custos e
poder oferecer condições adequadas
para todos os perfis de clientes passa
pelo avanço tecnológico do setor. Nesse
contexto, entra em cena uma Nova Ca-
pacidade de Distribuição (NDC), que
permite que os agentes de viagem, sites
de viagens e companhias possam oferecer
uma ampla gama de opções de serviços
cada vez mais específi cos.
AVIAÇÃO
IATA International Air Transportation Association
Entrevista com Carlos Ebner
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
51
>> O setor aéreo esperava uma diminuição
na demanda de passageiros de cerca de
11% em relação ao ano anterior, durante
a Copa do Mundo no Brasil. Contudo,
segundo o diretor-executivo de Vendas e
Marketing da Gol, Eduardo Bernardes, o
impacto negativo foi menor do que o pre-
visto. “A procura foi apenas 5% menor. A
operação da Gol foi a maior entre as com-
panhias aéreas brasileiras, com mais de 28
mil trechos voados e 3,4 milhões de pas-
sageiros transportados durante o período”,
afi rma. Nesta entrevista, Eduardo também
explica como a companhia tem atingindo
o posto entre as mais sustentáveis e como
a aérea vê o futuro da aviação. Confi ra.
MERCADO & EVENTOS - Como avalia as melhorias de infraestrutura nos aeropor-tos em função da Copa?Eduardo Bernardes - Com as obras e me-
lhorias realizadas para Copa do Mundo, a
infraestrutura dos aeroportos brasileiros
chegou a um novo patamar. Apesar de
algumas obras ainda estarem em processo
de conclusão, os resultados positivos
desses investimentos já são perceptíveis.
Estamos confi antes de que estas e outras
melhorias do setor continuarão. Nosso
foco é aliar segurança, efi ciência e opera-
ção enxuta, o que possibilita uma opera-
ção de baixo custo. E, por consequência,
oferecer as melhores tarifas para nossos
clientes. Temos a missão de transportar
pessoas com excelência no atendimento
e conectá-las a cada vez mais destinos.
M&E - Como foi o período da Copa para a Gol? Houve um esvaziamento de voos? Eduardo Bernardes - O setor esperava
uma diminuição na demanda de passa-
geiros de cerca de 11% em relação ao ano
anterior, mas a procura foi apenas 5% me-
nor. A operação da Gol foi a maior entre as
companhias aéreas brasileiras, com mais
de 28 mil trechos voados e 3,4 milhões
de passageiros transportados durante o
período. Registramos ainda uma ótima
taxa de ocupação em nossos voos de 81,2%
e fomos a segunda companhia aérea mais
pontual no mercado doméstico em junho,
com 93,1% segundo dados da Infraero.
Além disso, batemos nosso recorde de
fretamentos em um único mês, com 631
operações especiais, quando transporta-
mos seleções, patrocinadores, grupos de
torcedores, turistas e outras corporações.
M&E - A Gol é nacionalmente reconhecida como uma empresa ‘low cost’. Porém, os valores das passagens aéreas continuam muito acima das tradicionais companhias ‘low cost’ europeias, por exemplo. O que difi culta que esse objetivo seja atingido, impossibilitando que o transporte aéreo torne-se cada vez mais acessível?Eduardo Bernardes - Essa análise precisa
ser mais profunda, pois as cias aéreas de-
vem considerar a legislação de cada país.
No Brasil temos uma forte regulamentação
quanto a cobranças do que chamamos
receitas auxiliares, o que não acontece na
Europa e EUA, por exemplo. Com isso, o
preço da passagem é mais baixo, mas os
clientes acabam pagando pelos “extras”
um valor que composto é muitas vezes
superior ao que comercializamos na Gol.
M&E - A Gol fechou uma parceria de codeshare com a Etihad Airways no início de julho. Como está o processo de aprovação pela Anac e pelo Cade? Eduardo Bernardes - O acordo de com-
partilhamento de voos, que chamamos de
codeshare, entre a Gol e a Etihad Airways
ainda está em aprovação pela Agência
Nacional de Aviação Civil (Anac) e do
Conselho Administrativo de Defesa Eco-
nômica (Cade). Estamos sempre em con-
tato com outras companhias e analisando
novas oportunidades, mas, no momento,
não temos nenhuma novidade além do
que já divulgamos.
M&E - A sustentabilidade é um assunto em alta, que a cada dia ganha mais visibilidade. A Gol é primeira aérea a realizar um voo internacional com bio-combustível. Como isso vai impactar o setor no Brasil?Eduardo Bernardes - A Gol consolidou
importantes projetos para o uso de bio-
combustíveis na aviação nos últimos anos.
Neste ano, fomos responsáveis pelo abaste-
cimento de 200 voos com biocombustível
nos meses de junho e julho. Todos os voos
que transportaram a Seleção Brasileira do
Aeroporto do Galeão/Rio de Janeiro para
os demais destinos que sediaram os jogos
do Mundial tiveram um blend (mistura)
de 4% de bioquerosene de aviação. A Gol
utilizou cerca de 2 milhões de litros de mis-
tura de biocombustível, evitando a emissão
de aproximadamente 218 toneladas de
carbono (CO2) ou 217.809 quilos de gás
carbônico. Para fortalecer os esforços do
Governo Federal e da iniciativa privada
para a implementação do Programa Bra-
sileiro de Bioquerosene, assinamos um
protocolo de intenções para estudos sobre a
contribuição do biocombustível na mitiga-
ção das emissões de gases de efeito estufa.
AVIAÇÃO
GolEntrevista com Eduardo Bernardes
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
52
AVIAÇÃO
AzulEntrevista com Antonoaldo Neves
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> Com um crescimento expansivo, a
Azul tem se tornado uma das compa-
nhias aéreas mais importantes do país,
sendo uma das mais pontuais, segundo
a Infraero. Nesta entrevista, Antonoaldo
Neves, presidente da Azul, fala sobre a
operação da aérea no mercado interna-
cional. Segundo o presidente, os voos
para os Estados Unidos, previstos para o
primeiro trimestre de 2015, devem entrar
em operação ainda esse ano, em dezembro.
MERCADO & EVENTOS - Muitas aéreas reclamaram que as expectativas para a Copa foram altas demais, que muitos voos saíram vazios, e que o mês de julho foi mais fraco que o habitual. Isso aconteceu com a Azul também? Antonoaldo Neves - Conseguimos superar
um cenário de retração da demanda nas
viagens de negócios e, no fi nal, obtivemos
um resultado satisfatório. Estipulamos
uma tarifa teto que foi um sucesso, e o
investimento serviu para atrair novos
clientes. Muitos deles conheceram pela
primeira vez a experiência de voar Azul.
Para garantir que essa experiência fosse
impecável também durante o campeo-
nato Mundial, colocamos mais de 800
voos extras e redobramos o esforço com
a pontualidade. O resultado foi que em
junho a Azul foi a companhia aérea mais
pontual do país, assim como também foi
a mais pontual do semestre, alcançando
uma média de pontualidade de 93,9%,
segundo dados da Infraero. Com fortes
investimentos em entretenimento a bordo,
a Azul oferece o serviço exclusivo de TV
ao vivo. Essa conveniência permitiu aos
clientes o acompanhamento das trans-
missões de partidas de futebol durante
os voos. Há registros bem bacanas no
Youtube das reações da torcida ao acom-
panhar as diversas partidas do torneio. O
serviço de TV ao vivo está disponível na
maioria dos modelos Embraer 190 e 195.
M&E - Como estão os preparativos para o lançamento do primeiro voo internacional da Azul para os Estados Unidos? Antonoaldo Neves - A Azul está traba-
lhando intensamente para antecipar a
nossa estreia no mercado internacional.
Os voos diários para Miami/Fort Lauder-
dale e Orlando, que inicialmente estavam
previstos para começar no primeiro tri-
mestre de 2015, devem ter início ainda
em dezembro deste ano. Nova York será a
terceira cidade a ser atendida pela compa-
nhia no país norte-americano, com voos
previstos para iniciar em meados de 2015.
As operações serão realizadas diariamente
e terão saídas do aeroporto internacional
de Viracopos, em Campinas. Inicialmente,
cada destino contará com uma frequência
diária. Com uma operação doméstica que
atende a mais de 100 cidades no Brasil,
queremos oferecer aos nossos clientes de
Norte a Sul do país muitas possibilidades
de conexão ao exterior. Os bilhetes para
os voos internacionais já estão sendo
disponibilizados para compra. Para via-
bilizar as operações internacionais, a
companhia contará com uma frota de
doze aeronaves de grande porte, sendo
cinco novíssimos Airbus A350 - a mais
avançada aeronave comercial do mundo
–, com entregas previstas para 2017, e
mais sete Airbus A330, que já estão sendo
entregues desde junho. As aeronaves ga-
nharão um pacote completo de melhorias,
que incluirá total remodelagem em todas
as cabines. Já os A350 serão entregues
pelo fabricante nos padrões da Azul.
M&E - Para você, quais os maiores en-traves da aviação regional atualmente? O que deve ser feito para mudar esse quadro?Antonoaldo Neves - Estamos ansiosos
pela ativação do plano de promoção da
aviação regional proposto pelo Governo.
Essa medida deve trazer melhorias à in-
fraestrutura e à qualidade dos serviços
aeroportuários em uma série de locali-
dades, inclusive em regiões onde hoje
não há transporte aéreo regular. A Azul
sempre acreditou e, consequentemente,
investiu na aviação regional, segmento
que lidera com larga margem, sendo hoje
a companhia com a maior malha aérea do
país, atendendo a mais de 100 destinos em
todo o Brasil, dos quais 77 são regionais e
38 cidades com atendimento exclusivo. A
companhia aposta nesse plano e acredita
que propostas como o Plano de Aviação
Regional são imprescindíveis para tornar a
aviação nacional mais relevante e acessível
a todos os brasileiros.
M&E - A Azul fechou, no início de julho, um acordo de Interline com a Aerolíneas Argentinas. Podemos esperar novidades nessa estratégia? Há novos acordos em vista?Antonoaldo Neves - Sim, fechamos tam-
bém uma parceria com a Copa Airlines.
Os acordos de interline com as compa-
nhias internacionais são importantes, pois
possibilitam a Azul disponibilizar mais
opções de destinos para os clientes das
companhias parcerias, consequentemente,
tornando seu produto mais conhecido.
54
AVIAÇÃO
TapEntrevista com Luiz Mór
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> Com uma taxa média de ocupação
de 80%, a Tap teve um crescimento de
7,2% de tráfego transportado no primeiro
semestre deste ano. A companhia ainda
inaugurou, no dia 03 de junho, um novo
voo no Brasil que conecta Manaus e Be-
lém a Lisboa. Para o vice-presidente da
aérea, Luiz Mór, a operação dos novos
destinos tem atingido as expectativas.
“No primeiro mês e meio de operação
[de junho até a metade de julho], a rota
operou com 75,2% de ocupação, o que é
uma boa performance para o início de um
voo. A ocupação para os próximos meses
deve evoluir positivamente, apresentando
valores próximos da média das restantes
rotas do Brasil”, aponta Mór.
MERCADO & EVENTOS - Como foi esse primeiro semestre para a companhia? Quais as expectativas de crescimento para esse ano?Luiz Mór - No 1º semestre deste ano, a Tap
continuou a crescer, com uma subida de
7,2% de tráfego transportado na sua rede
geral e uma taxa de ocupação média dos
aviões de 80,1%. Esta tendência de cresci-
mento da companhia mantém-se de forma
sustentada, colocando-a neste indicador
bem acima da média das companhias da
AEA (Associação de Companhias Aéreas
Europeias). O crescimento de que falamos
neste período é resultado do melhor apro-
veitamento de meios (lugares de avião) e
reforço da oferta em alguns destinos, não
tendo ainda em conta a abertura de novas
linhas neste verão. Somente Manaus e
Belém foram abertas em junho (dia 3),
todas as outras foram inauguradas apenas
a partir de 1º julho.
M&E - O Governo português anunciou que pretende reabrir a privatização da Tap ainda esse ano. Como está o processo?Luiz Mór - Sim, o Governo tem reafi rmado
isso, mas até o momento a operação não
foi relançada. Foi feita nova análise e rea-
valiação da empresa, e caberá ao Governo,
como acionista único da companhia,
escolher o momento mais adequado face à
conjuntura do mercado e ao conhecimento
de potenciais interessados.
M&E - Como está a operação dos no-vos voos que ligam Manaus e Belém a Lisboa? Luiz Mór - A operação para os novos
destinos de Manaus e Belém está indo
bem e dentro das nossas expectativas, com
três frequências por semana e um total de
30.068 reservas nesta data. No primeiro
mês e meio de operação [de junho até a
metade de julho], a rota operou com 75,2%
de ocupação, o que é uma boa performan-
ce para o início de um voo. A ocupação
para os próximos meses deve evoluir posi-
tivamente, apresentando valores próximos
da média das restantes rotas do Brasil.
M&E - Somente em 2014 a Tap anunciou 11 novas frequências. Podemos esperar novas rotas da companhia no Brasil?Luiz Mór - Além de Manaus e Belém,
foram também abertas operações para
Bogotá e Panamá, na América Latina, e
para mais sete destinos na Europa, no-
meadamente: Oviedo (Espanha), Nantes
(França), Belgrado (Sérvia), Gotembur-
go (Suécia), Talin (Estónia), Hanôver
(Alemanha) e S. Petersburgo (Rússia).
No Brasil, neste momento, a Tap opera
para 12 gateways, cobrindo praticamente
todas as regiões geográficas do país e
chegando às 81 frequências semanais. No
ano passado, a Tap transportou 1.541.723
passageiros nas linhas do Brasil, com uma
taxa média de ocupação dos aviões (loa-
d-factor) elevada, na ordem dos 84,2%.
Além de Manaus e Belém, este ano a
companhia reforçou o número de voos
para alguns destinos no Brasil, como o
Rio (com mais 1 frequência), chegando
a 14 voos por semana. Salvador ganhou
mais uma frequência, e passou a ser diário;
enquanto Natal e Porto Alegre ganharam
mais uma frequência cada, passando,
respectivamente, para quatro e cinco voos
semanais. A Tap acompanha o tempo todo
a evolução dos mercados, especifi camente
o brasileiro, que é uma das apostas fortes
da companhia e que tem tido bons resul-
tados, mas, em concreto, neste momento,
não está defi nida a abertura de mais rotas
a curto prazo.
M&E - Como você vê a aviação brasileira atualmente? Para o senhor, quais os principais entraves que impedem que o setor se desenvolva no país? Luiz Mór - A aviação brasileira é uma
das mais fortes e dinâmicas do mundo.
Os principais problemas que enfrenta
são a infraestrutura aeroportuária e de
navegação aérea, com necessidade de
modernização e ampliação e que já tem
dado sinais importantes de processo de
melhora, e fi scais, principalmente o ICMS
estadual sobre combustível, que é caro e
diferente nos estados.
55
AVIAÇÃO
TamEntrevista com Claudia Sender
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
>> Mais de três milhões de passageiros
foram transportados pela Tam durante
a Copa do Mundo, em mais de 20 mil
voos. De acordo com a companhia, o
tráfego geral de passageiros em todo o
mercado doméstico no Brasil diminuiu
5,2% durante o megaevento, enquanto a
oferta de assentos recuou 5,1%. Como
resultado, a taxa de ocupação doméstica
da Tam diminuiu 0,1 ponto percentual,
chegando a 80,8% - em comparação com o
mesmo período do ano passado. Embora
a demanda tenha fi cado abaixo do espe-
rado, Claudia Sender, presidente da Tam,
afi rma que está contente com o resultado
das operações durante o Mundial.
MERCADO & EVENTOS - Em março deste ano, a Tam deixou de fazer parte da Star Alliance para ingressar na Oneworld. Como foi esse processo de adaptação? Que novidades podemos esperar para o futuro?Claudia Sender - Uma das principais ra-
zões para a entrada da Tam na Oneworld
foi a existência de um intenso fl uxo de
brasileiros para os Estados Unidos, com
diversas conexões para destinos além
dos oferecidos pela Tam. A nova aliança
trouxe a parceria com a American Airli-
nes, que oferece aos nossos passageiros
muito mais opções de conexão partin-
do de nossos destinos, como Miami e
Nova York. Mesmo após a saída da Star
Alliance, mantivemos a parceria com a
Luft hansa, que conecta nossos clientes
a várias cidades da Europa e Ásia. Além
disso, a entrada na Oneworld foi mais
um importante passo para concretizar
o ingresso de todo o Grupo Latam Air-
lines nesta aliança, já que a Lan Airlines
é membro desde 2000, bem como todas
as suas fi liais - Lan Argentina, Lan Co-
lômbia, Lan Equador e Lan Peru. Com a
Oneworld, nossos passageiros possuem
ainda mais facilidades em suas viagens,
com melhores conexões e mais opções
de destinos. A aliança também trouxe
mais sinergias para o Grupo Latam, o
que resulta em uma proposta de valor
mais coerente e efi caz a seus passageiros.
M&E - Como avalia o período da Copa par a Tam?Claudia Sender - A queda da demanda foi
menor do que o esperado para o período
do evento. No geral, a nossa operação
fl uiu muito bem e cumprimos a missão de
contribuir decisivamente com o sucesso
do torneio. O saldo operacional é positivo
e resulta do planejamento, da boa coor-
denação e colaboração no dia a dia com
as autoridades. Estamos satisfeitos com
a nossa fl exibilidade operacional porque
conseguimos adaptar drasticamente a
nossa complexa rotina para atender ao
novo perfi l dos viajantes e, mesmo assim,
mantivemos altos níveis de excelência
nos serviços e na segurança operacional.
Segundo estatísticas operacionais prelimi-
nares do Grupo Latam Airlines para junho
de 2014, o tráfego geral de passageiros
da Tam em todo o mercado doméstico
no Brasil diminuiu 5,2%, enquanto a
oferta de assentos recuou 5,1%. Como
resultado, a taxa de ocupação doméstica
da Tam diminuiu 0,1 ponto percentual em
comparação com o mesmo período do
ano passado, chegando a 80,8%. Ao todo,
a Tam transportou cerca de três milhões
de passageiros no mercado doméstico em
mais de 20 mil voos realizados entre 12
de junho e 13 de julho de 2014.
M&E - A sustentabilidade é um assunto em alta, que a cada dia ganha mais visibilidade. O que a Tam tem feito para amenizar os impactos ambientais cau-sados pelo setor?Claudia Sender - A estratégia de meio
ambiente da Tam está integrada à sua
operação. Isto quer dizer que buscamos
a otimização dos recursos e dos proces-
sos, focamos na renovação da frota e em
programas para redução do consumo
de combustível. Em 2013, por exemplo,
obtivemos resultados positivos com o
principal projeto de efi ciência da Tam,
o Smart Fuel, que trata de iniciativas de
economia de combustível relacionadas
à redução do peso das aeronaves e toma
medidas para a economia de energia em
escalas e conexões em aeroportos. O
programa Smart Fuel tem como expec-
tativa a redução de 74 milhões de litros
de combustível e 119.700 toneladas de
CO2 em 2014. Outro trabalho importante
é a ampliação do uso da capacidade dos
aviões, com foco na ocupação efi ciente
dos assentos (passageiros) e belly (carga),
que impacta diretamente os custos e os
indicadores ambientais.
M&E - Para você, o que impede que a aviação regional se desenvolva no país? O que deve ser feito para mudar esse quadro e impulsionar o setor?Claudia Sender - O investimento em
infraestrutura será muito importante para
o desenvolvimento da aviação regional no
país. Estamos confi antes no plano de de-
senvolvimento dos aeroportos regionais,
em análise pelo governo, e continuamos
estudando a possibilidade de atuar neste
mercado no futuro.
56
>> Ao longo de 2014 a Copa Airlines
apresentou novidades para o mercado
brasileiro, entre elas, a ampliação das
frequências entre Brasília e a Cidade
do Panamá, e a implantação do terceiro
voo diário a partir do Rio de Janeiro.
Em dezembro, a companhia inaugura
seu primeiro voo entre Campinas (SP)
e o Centro de Conexões das Américas
(Panamá), ampliando a presença no
território brasileiro e estreitando laços
com o interior paulista. “A Copa Airlines
iniciará no mês de dezembro a operações
a partir do Aeroporto Internacional de
Viracopos (Campinas), rumo ao Aero-
porto Internacional de Tocumen (Cidade
do Panamá). Os voos serão diários e
garantirão uma maior proximidade do
interior paulista com os principais cen-
tros de negócios e lazer das Américas”,
disse o gerente regional da Copa Airlines
para o Mercosul, Gustavo Esusy. Ainda,
de acordo com o executivo, o mercado
brasileiro é de grande importância para
a companhia, pois apresenta grande
potencial em pilares importantes como
a infraestrutura, mão de obra e, prin-
cipalmente, demanda de passageiros.
MERCADO E EVENTOS - A Copa Airlines anunciou a chegada de novos Boeings na frota. Isso vai se refl etir em um possível aumento de frequências?Gustavo Esusy - A inclusão de novas
aeronaves é um processo constante na
Copa Airlines, que garante a renovação
da frota e viabiliza a operação de novas
rotas e aumento de frequências nos prin-
cipais destinos.
M&E - A Copa pretende voar em Vira-copos ainda este ano?Gustavo Esusy - Já autorizado pela Anac,
a Copa Airlines iniciará no mês de dezem-
bro as operações a partir do Aeroporto
Internacional de Viracopos (Campinas)
rumo ao Aeroporto Internacional de
Tocumen (Cidade do Panamá), onde os
passageiros poderão se conectar para mais
de 60 destinos nas Américas do Norte,
Central, Sul e Caribe, sem a necessidade de
passar por fi las de imigração e alfândega.
Os voos serão diários e garantirão uma
maior proximidade do interior paulista
com os principais centros de negócios e
lazer das Américas.
M&E - O Governo Federal anunciou inves-timentos em aeroportos regionais. Isso pode abrir novos mercados para a Copa?Gustavo Esusy - Os investimentos em
infraestrutura dos aeroportos brasileiros
são muito importantes para a instalação
e operação das companhias aéreas nacio-
nais e internacionais. Esse fator é um dos
determinantes para avaliação do mercado,
das demandas e das possibilidades para
as empresas aéreas.
M&E - Qual foi o impacto da Copa do Mundo de Futebol para a companhia aérea? Gustavo Esusy - A Copa Airlines ofereceu
aos passageiros que visitaram o Brasil,
durante os jogos da Copa do Mundo,
duas novas frequências sazonais entre
a Cidade do Panamá e os destinos São
Paulo e Rio de Janeiro. Os voos possibi-
litaram um maior acesso de turistas das
Américas do Norte, Central e Caribe às
duas principais cidades-sede do evento,
garantindo o melhor conforto e facilidades
para os passageiros. Além disso, muitos
países das Américas obtiveram excelente
performance na Copa do Mundo, tais
como Colômbia, México, Estados Unidos
e Equador e, consequentemente, tivemos
um importante papel na logística e oferta
de serviços a todos esses torcedores, que
puderam comprovar nossa excelente
conectividade através do Panamá com
as sedes da Copa do Mundo no Brasil.
M&E - Qual a importância do mercado brasileiro para a Copa Airlines?Gustavo Esusy - O mercado brasileiro
é de grande importância para a Copa
Airlines, pois apresenta grande potencial
em pilares como a infraestrutura, mão
de obra e, principalmente, demanda de
passageiros. A companhia aérea atua for-
temente com viajantes de negócios, que
escolhem a Copa Airlines pela possibili-
dade de desfrutar das rápidas conexões
no Centro de Conexões das Américas
(Cidade do Panamá), pela excelente gama
de destinos oferecidos, além das facili-
dades, como as bagagens despachadas
diretamente para o destino fi nal. Além
disso, a Copa Airlines se posiciona como
a melhor opção no segmento de turismo
para a conexão entre as Américas e o
Caribe, ligação que vem crescendo nos
últimos anos e que possui excelente po-
tencial, principalmente por turistas que
buscam pelas melhores praias e hotéis
no Caribe como, por exemplo, Cancun,
Punta Cana, Curaçao e Aruba; e centros
de compras, lazer e cultura na América
do Norte, tais como Miami, Nova York,
Tampa, Boston, Las Vegas e muitos ou-
tros destinos turísticos nas Américas.
AVIAÇÃO
Copa AirlinesEntrevista com Gustavo Esusy
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
58
>> A Singapore Airlines registrou lucro
operacional de US$ 207 milhões no
período 2013 – 2014, o que representa
um aumento de 13,1% em relação ao ano
anterior. A receita consolidada do Grupo
Singapore apresentou incremento de 1% e
isso se deve, principalmente, à alta receita
obtida com o transporte de passageiros
que fi cou em aproximadamente US$220
milhões. O gerente-geral da Singapore
Airlines no Brasil, Twee Min Wang,
afi rmou que a companhia sempre está
verifi cando novos investimentos no país.
“No momento, manteremos três voos se-
manais. Temos um comprometimento de
longo prazo com o Brasil e a companhia
está sempre avaliando a possibilidade de
novas frequências”, disse.
MERCADO & EVENTOS - A rota SP-Cin-gapura continua apresentando bons números de ocupação? Qual o perfil dos passageiros? Twee Min Wang - No ano fi scal encerrado
em 31 de março de 2014, a Singapore
Airlines transportou 18,6 milhões de pas-
sageiros em todo o mundo, um aumento
de 2,3% em relação ao ano passado.
Há um forte interesse e demanda pelos
nossos voos de/para São Paulo. O perfi l
dos nossos passageiros é muito diverso.
Atendemos de executivos em viagens a
trabalho a pessoas e famílias em viagens
de turismo.
M&E - A companhia vislumbra algum novo destino no Brasil? As Olimpíadas podem ser uma oportunidade? Twee Min Wang - Estamos sempre veri-
fi cando novos investimentos em países-
chave como o Brasil, mas, no momento,
vamos continuar com a rota São Paulo
– Barcelona – Cingapura. Sem dúvida,
as Olimpíadas serão uma oportunidade
para destacar o Brasil, globalmente, como
destino turístico.
M&E - Em 2013, a Singapore Airlines
lançou um site em português, alguma novidade prevista para este ano?Twee Min Wang - A Singapore Airlines
sempre busca oferecer a melhor expe-
riência de bordo aos nossos passageiros.
Nós estamos constantemente investindo
na atualização da frota para oferecer as
últimas novidades nas cabines em termos
de qualidade e conforto, assim como
segurança e efi ciência.
M&E - A Singapore Airlines está planejan-do investir US$ 17 bilhões nos próximos cinco anos, alguma parte desse montante virá para o Brasil? Twee Min Wang - O investimento de
mais de US$ 17 bilhões será destinado
para as 60 novas aeronaves (A350-900s e
B787-10Xs) que irão entrar na nossa frota
a partir de 2016/2017. Essa renovação
de aeronaves está entre as maiores da
história da Singapore Airlines e ajudará a
assegurar nossa posição de liderança no
mercado. Essas novas aeronaves também
proporcionarão uma oportunidade de
crescimento, renovação da nossa frota
e uma melhora da nossa rede. Nossos
clientes poderão se benefi ciar de mais
opções de viagens e das últimas novi-
dades nas cabines. Sim, eu espero ver
algumas das novas aeronaves no Brasil
em um futuro “não muito” distante.
A Singapore Airlines e a Airbus assinaram, no início deste ano, uma parceria que resultará em um centro de treinamento para voos em Cingapura. Denominado Centro de Treinamento Airbus Ásia (Airbus Asia Training Centre – AATC), o empreendimento será representado pela Singapore Airlines (45% de participação) e pela Airbus (55% de participação). O investimento inicial para a construção do AATC será de aproximadamente de 80 milhões de dólares de Cingapura, e cada empresa investirá a porcentagem relativa à sua parte no negócio. Sujeita a aprovações regulató-rias, a operação deve começar antes do fi nal de 2014. O AATC irá operar, inicialmente, a partir do Centro de Treinamento da Singapore Airlines, próximo ao Aeroporto de Changi, antes de mudar para o Seletar Aerospace Park, onde haverá uma estrutura
dedicada. O AATC irá oferecer treinamento em simuladores de voos para os modelos Airbus A320, A330, A340, A350 e A380.
Novo gerente no BrasilTwee Min Wang assumiu a gerencia geral da Singapore Airlines no Brasil no fi m de agosto deste ano. Ele será responsável pelas operações da companhia no país. Antes de assumir o cargo, Wang atuava na matriz, em Cingapura, como gerente sênior nas áreas de compras, sistemas e logística. Graduado em Negócios pelo Western Australian Institute of Technology, o executivo integrou a equipe da Singapore em 1982, atuando em mercados como Portugal, Espanha, Japão, Indonésia, África do Sul e Hong Kong.
Novo Centro de Treinamento
AVIAÇÃO
Singapore AirlinesEntrevista com Twee Min Wang
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
59
>> Uma das principais companhias do
mundo, a Korean Air opera mais de 200
voos diários para 125 cidades em 45
países, inclusive o voo São Paulo - Los
Angeles - Seoul, com três frequências
semanais. Entre suas 155 aeronaves, a
companhia é uma das poucas que opera
o Airbus A-380. Nessa entrevista, Olaf
Kaehlert, gerente geral para América
Latina da Koren Air, explica os diferen-
ciais da aérea, além de pontuar ações
para o Brasil e América Latina. Kaehlert
ainda destaca a importância dos agen-
tes de viagem na venda das passagens
da Korean Air. “Os agentes são um dos
nossos principais elos com o consumidor.
Posso afi rmar que a maior parte da nossa
comercialização no país é feita por agên-
cias de viagens”, afi rmou o gerente geral.
MERCADO E EVENTOS - Qual a impor-tância do Brasil para os negócios da empresa? Há previsão de novos voos ou frequências?Olaf Kaehlert - A satisfação dos passagei-
ros brasileiros é muito grande e há uma
boa parcela deles viajando em nossos
voos. Oferecemos um serviço de quali-
dade, pontualidade e reputação, que faz
com que nossa marca seja reconhecida
no país. Na América do Norte, a Ko-
rean Air é uma das mais importantes e
reconhecidas companhias aéreas, com
12 pontos de saídas e dezenas de voos
diretos para a Ásia, partindo de quase
todo grande centro urbano dos EUA. No
Brasil, porém, temos ainda uma presença
limitada a três frequências semanais entre
São Paulo - Los Angeles - Seoul. Durante
a Copa do Mundo elevamos a frequência
dos voos para cinco vezes na semana para
atender a demanda. Há sempre a intenção
de aumentar frequências e incluir novos
destinos nas Américas, entretanto, no
momento, a demanda tem se mantido
bastante estável, por isso não temos pla-
nejamento, a curto prazo, de começar a
operar uma nova rota para o Brasil.
M&E - Como é o mercado da América Latina para a companhia? Olaf Kaehlert - América Latina é um mer-
cado importante para a Korean, princi-
palmente México, Colômbia e Peru. Em
2013, com o intuito de aumentarmos nossa
presença na América Latina, abrimos novos
canais de vendas no Panamá, Costa Rica e
Equador. Nosso objetivo foi criar melhores
condições de vendas para os agentes e
fomentar uma estrutura mais ampla para,
no futuro, podermos aumentar a presença
no continente. Hoje, a Korean Air já atua
dentro do BCP no Chile, Colômbia, Peru,
México, Brasil, Bolívia e Argentina.
M&E - A Korean Air é uma das poucas companhias aéreas que opera o Airbus A-380. Qual o diferencial dessa aerona-ve? Existe a possibilidade de que essa aeronave venha para o Brasil?Olaf Kaehlert - Não há nenhuma previsão
de trazer o A-380 para o Brasil. O A-380
é uma aeronave que se presta, principal-
mente, a rotas com uma demanda muito
grande de passageiros. Esse ainda não é
o caso da operação brasileira. O modelo
A-380 foi introduzido em 2011 a fi m de
fornecer mais conforto e espaço do que as
outras companhias durante os voos longos
como entre América do Norte e Ásia. O
diferencial da confi guração da nossa ae-
ronave A-380 é que ela possui dois pisos e
apenas 407 assentos, distribuídos por três
classes, e ainda três bares e lounges, que
oferecem drinks e coquetéis exclusivos
da marca Absolut criados para a Korean.
A configuração normal é de 500 a 600
assentos para um A-380. Além disso, a
Korean foi a primeira companhia aérea
do mundo a dedicar todo o andar superior
do avião para uma única classe. Com 94
assentos, o andar superior é totalmente
reservado para a classe “Prestige”, propor-
cionando uma experiência que não pode
ser comparada a outras classes executivas.
Outro diferencial do A-380 é o “Duty Free
Showcase”, localizado na parte traseira do
andar inferior. Esse espaço apresenta uma
variedade de produtos livres de impostos.
M&E - Como o senhor avalia a importân-cia dos agentes de viagem na comercia-lização das passagens aéreas? Como a Korean estimula esse relacionamento?Olaf Kaehlert - Os agentes de viagem são
muito importantes para a comercializa-
ção dos bilhetes da Korean, eles são um
dos nossos principais elos com o consu-
midor. Posso afi rmar que a maior parte
da nossa comercialização no país é feita
por agências de viagens. Dessa forma,
pode-se imaginar que o relacionamento
com as agências é uma prioridade para a
nossa empresa. Além de visitas comerciais
frequentes, tentamos manter um diálogo
aberto e constante com os nossos principais
parceiros nas agências. Estamos sempre
dispostos a ouvir o que eles têm a dizer
e não existem temas fora de cogitação.
Queremos ouvir tanto elogios como críticas
porque só podemos melhorar e crescer
com o feedback do cliente e das agências.
AVIAÇÃO
Korean AirEntrevista com Olaf Kaehlert
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
60
>> A American Airlines adicionará um
novo voo para o Aeroporto Internacional
de Viracopos (VCP), em Campinas, a partir
de seus hubs em Miami e no Aeroporto
John F. Kennedy, em Nova York. A nova
rota marca o décimo destino da Ameri-
can no Brasil, fortalecendo ainda mais a
posição da companhia como a principal
operadora norte-americana no país e a
que mais oferece opções para clientes que
viajam de/ para São Paulo. O voo diário de
Miami para Campinas será lançado em
2 de dezembro de 2014, enquanto o que
decola do aeroporto JFK (operado três vezes
por semana) estará disponível a partir de
1º de dezembro de 2014, dependendo de
aprovação governamental. “Estamos muito
empolgados com o lançamento das duas
novas rotas para Campinas, uma cidade
cosmopolita e movimentada na região
Sudeste, centro de pesquisa e desenvol-
vimento de tecnologia do Brasil”, diz o
diretor de Vendas da American Airlines no
Brasil, Dilson Verçosa. “Este novo destino
demonstra nosso compromisso com o
país e também em continuar procurando
oportunidades para expandir ainda mais
a crescente rede de nossa companhia na
América Latina”, completa o executivo.
MERCADO & EVENTOS - Os turistas ame-ricanos foram os que mais visitaram o Brasil durante a Copa do Mundo. Isso representa a possibilidade de novos negócios? Dilson Verçosa - Sim e seria ainda melhor
se a política de vistos fosse mais facilitada.
A Copa do Mundo foi muito boa para a
American, principalmente nas rotas do
Norte e Nordeste (Manaus e Recife), onde
a seleção americana jogou.
M&E - O que AA está oferecendo como diferencial competitivo para conquistar o passageiro brasileiro?Dilson Verçosa - O nosso maior dife-
rencial é ser a companhia aérea que mais
oferece voos entre o Brasil e os Estados
Unidos. Também temos uma equipe gran-
de e totalmente brasileira voltada para
atender o mercado, incluindo comissários
brasileiros a bordo. A American, como
uma empresa sólida, está comprando
novas aeronaves e algumas delas já estão
voando no Brasil, como o 777-300ER (de
São Paulo para Dallas e Nova York) e o
737-800, que opera o voo Manaus/Miami.
M&E - E a importância das novas fre-quências no aeroporto de Viracopos?Dilson Verçosa - Estamos muito empolga-
dos com o lançamento das duas novas rotas
para Campinas, uma cidade cosmopolita e
movimentada na região Sudeste, centro de
pesquisa e desenvolvimento de tecnologia
do Brasil. Este novo destino demonstra
nosso compromisso com o país e também
em continuar procurando oportunidades
para expandir ainda mais a crescente rede
de nossa companhia na América Latina.
M&E - Alguma novidade referente ao Terminal 3 de Guarulhos? Dilson Verçosa - A American Airlines
terá sua operação transferida para o novo
Terminal do Aeroporto de Guarulhos
(T3) ainda neste semestre. Eventualmen-
te, em função de alguma necessidade
operacional, a companhia faz uso de um
portão disponível no T3 para embarcar
os passageiros de seus voos. Porém, os
procedimentos de check-in são realiza-
dos no Terminal 2 do aeroporto, onde a
companhia está instalada.
M&E - Qual a importância do mercado brasileiro para a AA?Dilson Verçosa - O Brasil já é a operação
internacional mais importante da Ameri-
can Airlines. Atualmente, oferecemos 95
voos semanais a partir de nove cidades
brasileiras (São Paulo, Rio de Janeiro,
Belo Horizonte, Manaus, Recife, Salvador,
Brasília, Curitiba e Porto Alegre) para
Nova York, Miami, Dallas e Los Angeles.
O Brasil é tão importante para a American
que, em 2013, o 777-300ER, nossa mais
nova e moderna aeronave, começou a
operar voos de São Paulo (GRU) para
Dallas/Fort Worth (DFW) e Nova York
(JFK). O 777-300ER também vai operar
um de nossos voos de São Paulo (GRU)
para Miami a partir de outubro.
M&E - A entrada da Tam na Oneworld afeta a parceria com a AA?Dilson Verçosa - Muito pelo contrário.
A entrada da Tam fortalece a parceria,
pois os passageiros podem usar as duas
companhias, por meio do acordo de co-
deshare e dos programas de fi delidade.
M&E - E a fusão com a US Airways?Dilson Verçosa - As duas companhias ain-
da estão em processo de fusão e aguardam
a emissão do certifi cado único, emitido
pelos Estados Unidos, para que possam
integrar suas operações e usar um único
nome: American. Até lá, as empresas
operam como companhias independentes,
por meio de acordo de codeshare em suas
respectivas rotas.
AVIAÇÃO
American AirlinesEntrevista com Dilson Verçosa
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
62
AVIAÇÃO
Air EuropaEntrevista com Luis Antonio Sobrinho
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> A Air Europa trabalha para ter um voo
diário entre Madri, a capital da Espanha, e
São Paulo (GRU). As informações são do
gerente geral da Air Europa no Brasil, Luis
Sobrinho. Desde que começou a operar a
rota, em dezembro de 2013, a frequência é
de cinco voos semanais. Ainda de acordo
com o executivo, a companhia aérea estuda
a possibilidade de novas frequências na
América do Sul após decolar para Santiago.
“Estamos analisando as possibilidades, den-
tro dos acordos bilaterais existentes, para o
aumento do número de destinos servidos
através de nosso hub no Aeroporto Interna-
cional de Salvador”, afi rmou Luis Sobrinho.
MERCADO & EVENTOS - Em recente en-trevista, o presidente do grupo Globalia, ao qual pertence a Air Europa, Juan José Hidalgo, confi rmou um plano “agressivo” de expansão à América Latina via Brasil. O país pode virar um hub da companhia na região?Luis Antonio Sobrinho - Como maior país
da América Latina, o Brasil é vital para as
operações da Air Europa no continente.
Estamos em meio ao desenvolvimento do
projeto que visa transformar o Aeroporto
Internacional de Salvador num hub entre
a Europa, Brasil e América do Sul.
M&E - Atualmente, a Air Europa possui uma parceria grande com o trade baiano. A mudança de mão no Governo Estadual assusta a companhia?Luis Antonio Sobrinho - Não, pois qual
é o governo que não almeja dar continui-
dade ao desenvolvimento gerado através
da conexão entre seu estado (e região)
utilizando os voos da nossa Air Europa
para a América do Sul?
M&E - A Copa do Mundo superou as expectativas da companhia? Luis Antonio Sobrinho - A Copa do
Mundo foi importante para acrescentar
positivamente a imagem do Brasil como
país no exterior. Com certeza isto trará,
a longo prazo, uma demanda de inves-
tidores e estrangeiros interessados na
diversidade turística existente em nosso
país, os quais utilizarão nossos voos para
aproveitarem a oportunidade de turismo
no sentido Europa - Brasil. A respeito de
novos destinos, de momento, visamos
consolidar os projetos existentes no país.
M&E - Como estão os números dos voos Salvador-Madri?Luis Antonio Sobrinho - Os números es-
tão muito bons e atendendo aos interesses
de nossa companhia. Com parcerias junto
as cias aéreas brasileiras, conseguimos
atingir, além do estado baiano, outros
grandes centros da região Nordeste, o que
nos fortalece e garante o nível desejado
de ocupação em nossa operação.
M&E - E a perna para Santiago?Luis Antonio Sobrinho - Fator ímpar no
país que proporciona aos nossos clientes
da região Nordeste desfrutarem do trecho
mais curto da viagem aérea entre a região
e Santiago (Chile) através do Aeroporto
Internacional de Salvador – Deputado
Luís Eduardo Magalhães. Estamos sur-
presos com a demanda local e a ocupação
de nossos voos neste novo destino Air
Europa, já que este também tornar-se
responsável pelo aumento da demanda
dos turistas chilenos, que passaram a
utilizar este acesso direto para visitar a
região Nordeste do Brasil.
M&E - E o São-Paulo Madri? Ainda existe a possibilidade dele se transformar em voo diário?Luis Antonio Sobrinho - Nossos voos
entre São Paulo/Madri e conexões estão
com boa ocupação desde o seu inicio, em
17 de dezembro de 2013. Estamos traba-
lhando para que esta operação passe a ser
diária, este é o desejo de nossa empresa.
M&E - Existe a possibilidade de novas frequências? Montevidéu é uma?Luis Antonio Sobrinho - Estamos analisan-
do as possibilidades dentro dos acordos bi-
laterais existentes para o aumento do núme-
ro de destinos servidos através de nosso hub
no Aeroporto Internacional de Salvador.
M&E - A Air Europa voará para novos destinos no Caribe. Existe a possibilidade de voos partindo do Brasil?Luis Antonio Sobrinho - A Air Europa
já opera a partir do Aeroporto de Madri
voos non stop para Cancun, Havana,
Porto Rico, Punta Cana e Santo Domingo.
M&E - Existe a possibilidade da Air Eu-ropa voar com o B787 no Brasil a partir de 2016?Luis Antonio Sobrinho - Temos um acor-
do com a Boeing para a entrega de oito
aeronaves 787 Dreamliner, dos quais os
dois primeiros aviões serão incorporados
à frota da Air Europa no início de 2016.
Dentro do plano de ação de nossa empresa
e chegadas dos novos 787 Dreanliner, há
a possibilidade de que também façam os
voos entre Brasil e Espanha.
63
>> Nesta entrevista ao M&E, o vice-pre-
sidente de Vendas da América do Sul e
Central da Alitalia, Antonio Sgro, falou
sobre a compra de 49% do capital da
Alitalia pela Etihad Airways. O valor
da transação não foi anunciado, mas o
ministro italiano dos Transportes, Mau-
rizio Lupi, citou um investimento inicial
da Etihad de 560 milhões de euros, aos
quais seriam adicionados 690 milhões nos
próximos quatro anos para desenvolver
e renovar a frota. “Não se trata de um
processo de compra e sim de uma parti-
cipação acionária da companhia aérea de
Abu Dhabi na Alitalia. Esta participação
será útil não só para as duas companhias,
mas também será uma forma de ofere-
cer aos nossos clientes novas escolhas e
oportunidades para aqueles de viajam
a negócios ou a lazer de/para a Itália”,
afi rmou. O executivo também diz que,
seguramente, a companhia reforçará a sua
presença no Brasil. “O mercado brasileiro
é de extrema importância para a Alitalia,
sendo um dos maiores do mundo e com
uma relevante presença de descendentes
italianos. O crescimento da economia
brasileira nos últimos anos e a organiza-
ção de grandes eventos, como a Copa do
Mundo, e proximamente as Olimpíadas,
faz com que a Alitalia continue investindo
no país”, comenta.
MERCADO & EVENTOS - A Alitalia trans-portou 311 mil passageiros nas rotas brasileiras (São Paulo e Rio de Janeiro) em 2013, crescimento de 6% na comparação com 2012. Qual a previsão para 2014?Antonio Sgro - O novo plano industrial
2013-2016 da Alitalia prevê um amplo
desenvolvimento do network intercon-
tinental graças à abertura de novas ro-
tas potenciais, incremento da presença
da companhia nos destinos já servidos,
compromisso de investir em áreas com
forte presença da comunidade italiana
e a expansão de parcerias já existentes.
O desenvolvimento das atividades in-
tercontinentais é apoiado também pelo
crescimento da frota com a entrada de seis
novos Airbus A330 até 2016. No plano,
um dos mercados potenciais e com grande
presença da comunidade italiana, onde
a Alitalia reforçará a sua presença, será
seguramente o Brasil. Vale a pena ressaltar
que, graças ao nosso recente acordo de
code-share com a companhia aérea Gol,
qualquer passageiro pode desfrutar da
malha aérea brasileira da Gol em conexão
com os voos da Alitalia que saem do Rio
de Janeiro e de São Paulo. Com este acor-
do, certamente os números aumentarão.
M&E - A mudança para o Terminal 3 de Guarulhos vai gerar alguma novidade?Antonio Sgro - Em 26 de julho, transfe-
rimos nossas operações de check-in, em-
barque e desembarque do Terminal 1 para
o recém-inaugurado Terminal 3 do Aero-
porto Internacional de São Paulo, Guaru-
lhos. Isso trará aos passageiros mais como-
didade, agilidade no atendimento, além do
conforto de um espaço dedicado apenas
às companhias aéreas internacionais.
M&E - A Etihad deve mesmo comprar a Alitalia?Antonio Sgro - Não se trata de um processo
de compra e sim de uma participação acio-
nária da companhia aérea de Abu Dhabi na
Alitalia. Esta participação será útil não só para
as duas companhias, mas também será uma
forma de oferecer aos nossos clientes novas
escolhas e oportunidades para aqueles de
viajam a negócios ou a lazer de/para a Itália.
M&E - Em abril, a Alitalia aumentou os números de voos no Rio de Janeiro e São Paulo. O que os motivou?Antonio Sgro - O mercado brasileiro é
de extrema importância para a Alitalia,
sendo um dos maiores do mundo e com
uma relevante presença de descendentes
italianos. O crescimento da economia bra-
sileira nos últimos anos e a organização de
grandes eventos, como a Copa do Mundo,
e proximamente as Olimpíadas, faz com
que a Alitalia continue investindo no país.
M&E - A Copa do Mundo abriu novos mercados para a Alitalia? Quais?Antonio Sgro - Reforçamos os nossos
voos de São Paulo e Rio de Janeiro e con-
tinuaremos com o crescimento no Brasil
visando não só as Olimpíadas de 2016,
e sim baseados na economia brasileira,
com potencial de desenvolvimento para
os próximos anos.
M&E - Qual a meta para o mercado brasileiro?Antonio Sgro - No Brasil, a meta é alçar
o país ao segundo lugar em número de
passageiros transportados em três a qua-
tro anos no ranking de destinos fora da
Europa. Hoje, o Brasil está em terceiro
lugar, atrás de EUA e Japão. Em 2012,
foram transportados 357 mil passageiros
em voos da Alitalia entre Brasil e Itália, ou
65% do fl uxo total entre esses dois países.
AVIAÇÃO
AlitaliaEntrevista com Antonio Sgro
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
64
AVIAÇÃO
EmiratesEntrevista com Stephane Perard
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> Para ter seu nome e imagem associados
à Copa do Mundo, a Emirates gastou o
estimado por especialistas em R$ 100 mi-
lhões ao longo de quatro anos, tornando-se
empresa parceira da Fifa. Um número im-
pressionante, mas certamente uma ínfi ma
fatia do orçamento dedicado ao patrocínio
esportivo, que virou a principal estratégia da
marca para tornar-se globalmente conheci-
da. “Os patrocínios são parte da estratégia
de comunicação global da Emirates. Esta-
mos particularmente ativos no esporte, pois
ele tem o poder de transcender fronteiras,
inspirar e tocar a todos de maneiras muito
pessoais”, explica o diretor geral da Emi-
rates Airlines no Brasil, Stephane Perard.
MERCADO & EVENTOS - Com sete anos de operação no Brasil, a Emirates opera voos a partir de São Paulo e do Rio de Janeiro. Como avalia o atual momento da empresa no país?Stephane Perard - A Emirates tem tido
uma operação muito bem sucedida no
Brasil. Nós começamos com um voo seis
vezes por semana para São Paulo, que logo
tornou-se diário. Outra demonstração do
compromisso com o mercado brasileiro
foi o lançamento de um voo diário para
o Rio no início de 2012. Mesmo com o
aumento da concorrência no mercado
brasileiro, a Emirates tem conseguido
manter a sua taxa de ocupação em um
nível muito satisfatório. Desta forma, o
momento é de manter os bons resultados
e trabalhar para aumentar ainda mais as
taxas de ocupação nos voos para o Brasil.
M&E - A companhia foi uma das pa-trocinadoras da Copa do Mundo 2014, que aconteceu no Brasil. Como o evento foi utilizado para capitalizar visibilidade para a marca?Stephane Perard - Os patrocínios são
uma parte integrante da estratégia de
comunicação global da Emirates. Estamos
particularmente ativos nos esportes, de
maneira global, pois o esporte tem o po-
der de transcender as fronteiras, inspirar
as pessoas e tocá-los de maneira muito
pessoal. A percepção da marca é, prova-
velmente, um dos principais resultados
obtidos com a Copa do Mundo 2014.
Durante o torneio foram transportados
mais de 18 mil fãs de futebol para o Brasil
e transmitidos todos os jogos da Copa ao
vivo na TV a bordo da Emirates. Acredita-
mos que este torneio nos ajudou a conec-
tar-nos ainda mais com os fãs de futebol
em todo o mundo e nos deu a chance de
promover uma relação muito coeren-
te com as pessoas convidadas a assistir
aos jogos ao vivo nas Arenas no Brasil.
M&E - Está havendo um deslocamento do turista brasileiro para destinos menos explorados?Stephane Perard - Desde que iniciamos
nossas operações no Brasil, em 2007, a
Emirates tem visto um aumento no nú-
mero de passageiros voando com a gente.
Após o voo de São Paulo, que tornou-se
diário, a companhia lançou, em 2012, um
segundo voo para o Brasil, com destino ao
Rio de Janeiro e com extensão a Buenos
Aires, mostrando o compromisso com
o mercado brasileiro. E como já era de
se esperar, as rotas mais populares para
o mercado brasileiro permanecem as
mesmas: China, Japão, Emirados Árabes
e Austrália são os países mais populares.
M&E - A Emirates tem aeronaves A-380, o maior avião do mundo, mas sem ope-ração no Brasil. Qual a previsão para que eles sejam utilizados no país?Stephane Perard - Temos hoje 50 aerona-
ves A-380 em operação e 40 ainda estão
por vir. Como o maior operador deste
tipo de aeronave, a Emirates está constan-
temente avaliando novos mercados para
implantar o A-380. A decisão de operar
este avião em determinado destino ocorre
quando são cumpridos os requisitos co-
merciais e técnicos mínimos.
M&E - Após ingressar na direção da Emirates no Brasil, o senhor pretende reformular algo da companhia no país? Como analisa hoje a relação da empresa com os agentes de viagem?Stephane Perard - Certamente planejamos
continuar a fortalecer nosso relacionamen-
to com os agentes de viagens. Isso fi ca em
evidência no super famtrip que estamos
preparando para o fi nal do ano em parceria
com o DTCM (Departamento de Turismo,
Comércio e Marketing) e deverá acontecer
em novembro, quando 80 agentes terão
a oportunidade de experimentar o que é
voar com a Emirates. Essa ação tem como
objetivo dar a estes profi ssionais uma ideia
do nosso produto, assim como também
reconhecer seus esforços e dar-lhes conhe-
cimento através de uma experiência real
do que a Emirates e Dubai têm a oferecer.
Também estamos patrocinando a cam-
panha “Vendi Dubai”, que irá premiar os
agentes de viagens que vendem o destino.
66
>> A Luft hansa ampliou a oferta no Brasil.
No Rio de Janeiro, o incremento foi de 60%
no número de assentos, enquanto em São
Paulo houve uma expansão de 10%. Des-
de o dia 30 de março, a empresa passou a
utilizar o Boeing 747-400 na rota Rio de
Janeiro-Frankfurt, em vez do atual Airbus
340-300, o que resultou na oferta de quase
8 mil lugares por mês a mais. “Desde que
retomamos os voos para o Rio de Janeiro,
há pouco mais de dois anos, o movimento
só tem crescido, começamos com cinco
voos por semana e logo depois já estávamos
voando diariamente”, comemora a diretora
da Luft hansa para o Brasil, Annette Taeuber.
MERCADO & EVENTOS - No início deste ano, a Lufthansa aumentou a oferta e garante agora oito mil assentos do Rio de Janeiro para a Europa. Essa demanda foi atendida?Annette Taeuber - Sim, completamente!
O Seat Load Factor esteve até acima das
expectativas. Claro que o fato da Alema-
nha ter chegado à Final da Copa também
ajudou. Contudo, não tivemos somente
passageiros chegando, mas também bra-
sileiros viajando à Europa, Ásia, Oriente
Médio. Nos destacamos no mercado
carioca por oferecermos uma First Class
5 Star, única cia aérea europeia a ter este
status. Os passageiros estão encantados,
cada um tem uma cama e uma poltrona,
duplo espaço com um premiado serviço
a bordo e em solo. A classe executiva e a
classe econômica também têm recebido
muitos elogios de nossos clientes. Além
disso, em todos os nossos voos interconti-
nentais - e em todas as classes - oferecemos
Flynet - internet de banda larga a bordo.
M&E - A Lufthansa trouxe o Boeing 747-8 para São Paulo, uma aeronave nova, que aumenta em 20% a oferta de assentos. Isso será uma tendência no Terminal 3?Annette Taeuber - Acredito que a Luf-
thansa foi pioneira neste sentido. Tra-
balhamos em cooperação com GRU
Airport desde o início, possibilitando
assim sermos os primeiros a operar no
novo Terminal 3 e com o mais moderno
avião utilizado no Brasil atualmente. A
rainha dos céus, como é chamado, ganha
em efi ciência, são 15 % a menos de con-
sumo, 30% a menos de ruído. Além do
mais moderno a bordo: nova First Class
e a nova Business Class, dividida entre o
Main Deck e o Upper Deck, assentos full
fl at, serviço ampliado e muito conforto.
Também a classe Econômica conta com
mais espaço entre as poltronas, assentos
mais modernos e um programa de entre-
tenimento com mais de 100 fi lmes em oito
idiomas. Com este novo avião passamos
também a ser a companhia aérea europeia
com maior oferta de assentos a partir do
Aeroporto de Guarulhos. E a grande no-
vidade que anunciamos é a introdução de
uma quarta classe de reserva: a Premium
Economy. O Brasil será a primeira rota a
receber este novo produto a partir de 11
de dezembro deste ano. Não se trata de
uma Econômica com mais espaço, mas
de uma classe totalmente nova.
M&E - Novos voos para o Brasil podem
surgir para atender essa demanda que só cresce?Annette Taeuber- Operamos com quatro
voos diários para o Brasil. Três voos par-
tem de São Paulo: Frankfurt (Luft hansa),
Munique (Luft hansa) e Zurique (Swiss). E
um voo sai do Rio de Janeiro com destino
a Frankfurt e conexões. Tivemos cresci-
mentos constantes nos últimos anos. Em
2012 foram 32.4% a mais de capacidade,
em 2013 esse valor foi de 10% e este ano
chegaremos a 60% no mercado carioca e
20% com a introdução do Boeing 747-8
em São Paulo. É o momento de consolidar
este enorme crescimento.
M&E - Hoje a América Latina representa 5% do faturamento da Lufthansa. Esse número pode aumentar até o fi m do ano? Annette Taeuber- Acredito que sim. Com
a Copa do Mundo e aumento de capaci-
dade acima da média mundial podere-
mos crescer ainda mais neste número.
O Brasil é o maior mercado da América
Latina. Operamos quatro voos diários
do Brasil, dois voos diários no México
e também diariamente de Buenos Aires,
Caracas, Bogotá.
M&E - A Lufthansa anunciou que quer ampliar a oferta de voos de baixo custo para a Europa e o resto do mundo com duas novas marcas, uma delas a Euro-wings. Como isso pode impactar para o mercado brasileiro?Annette Taeuber- Queremos continuar
sendo o maior grupo de aviação do mundo
e a maior cia aérea europeia. Queremos
continuar líderes na aviação e sermos
benchmarking no nosso setor. Neste sen-
tido, há vários projetos em andamento,
desde uma continua busca do aumento em
efi ciência, passando por novos conceitos
de crescimento sustentável, qualidade e
serviço, até nos tornarmos a única cia aé-
rea cinco estrelas pelo Skytraxna Europa.
AVIAÇÃO
LufthansaEntrevista com Annette Taeuber
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
68
AVIAÇÃO
Delta AirlinesEntrevista com Luciano Macagno
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> A Delta tem um objetivo claro: ser
a melhor companhia aérea dos EUA na
América Latina e no Caribe. As informa-
ções são do novo diretor da Delta no Brasil,
Luciano Macagno. De acordo com ele, o
mercado brasileiro é de importância fun-
damental para o sucesso da companhia,
representando praticamente metade dos
negócios na América do Sul.
MERCADO & EVENTOS - Com investimen-tos de aproximadamente US$ 3 bilhões programados para os próximos dois anos, quais são os objetivos da Delta no Brasil durante este tempo? Luciano Macagno - A Delta tem um obje-
tivo claro, que é ser a melhor companhia
aérea dos EUA na América Latina e no
Caribe. A companhia tem um compro-
misso com cada um de seus mercados, e
o Brasil não é exceção. Temos, em cada
um de nossos voos, comissários que fa-
lam português e que foram treinados
para prestar atenção às necessidades dos
nossos clientes brasileiros. O feedback
que recebemos dos nossos passageiros e a
postura da própria indústria falam por si.
Representando praticamente metade dos
negócios na América do Sul, o mercado
brasileiro é de importância fundamental
para o sucesso da Delta. Todos os anos,
nós nos tornamos ainda mais fortes na
região, e parte dessa força é atribuída
diretamente à expansão de nossa rede
graças a aliança que temos com a Gol.
M&E - Há planos de aumentar a parceria com a Gol? Luciano Macagno - A Delta tem um
importante acordo de codeshare com a
Gol, o que nos permite fortalecer nossos
serviços, criando uma melhor experiência
para o cliente, por estarmos mais próxi-
mos deles, e oferecer uma proposta de
maior valor agregado. Em 2011, a Delta
anunciou um investimento de US$ 100
milhões na Gol, o que representa 3% de
participação na empresa e garantiu um
assento no Conselho de Administração da
nossa parceira estratégica. Além disso, a
Delta tem joint ventures com a Air France,
KLM e Alitalia.
M&E - A Copa do Mundo gerou novos negócios para a companhia? Luciano Macagno - A Copa do Mundo
foi um evento único e apresentou desafi os
para a indústria da aviação e para muitos
setores no Brasil. É importante levar em
conta que o impacto do evento não se nota
apenas no curto prazo, mas também em
caráter geral. A Copa do Mundo foi bem
sucedida em mostrar o Brasil e ao atrair
milhares de turistas que fi caram fascinados
com a sua cultura, com a beleza do país
e, claro, pelo futebol. Se você considerar
que a Copa do Mundo na África do Sul
rapidamente impulsionou seu turismo
em mais de 300% nos anos seguintes à
realização do evento, podemos esperar
o mesmo para o Brasil. Considerando o
quanto o Brasil signifi ca para Delta, não
falamos em sucesso individual: o que é
bom para o Brasil, é bom para a Delta.
M&E - A Delta vai fechar o ano de 2014 com crescimento no Brasil? Luciano Macagno - A Delta vem investin-
do na América Latina já há algum tempo,
especialmente no Brasil. Este ano não é
exceção. Registramos crescimento de dois
dígitos e estamos dobrando os serviços
prestados do Brasil para os Estados Uni-
dos, via Atlanta, melhorando o produto
oferecido em Brasília, e melhorando o
aproveitamento do Brasil em todos os
serviços, além de estarmos otimizando
nossa conectividade para o interior do
país graças à nossa aliança com a Gol.
Estes são alguns dos nossos maiores
investimentos e são eles que nos levam
em direção ao objetivo principal: fazer
da Delta a melhor operadora dos EUA
no Brasil. A partir de outubro, quando
embarcarem em São Paulo, Rio de Janeiro
ou Brasília, os passageiros contarão com
aeronaves que oferecerão os mesmos
serviços, incluindo os assentos fl atbed
na categoria Business Elite, as vanta-
gens das poltronas Economy Comfort,
e nossos serviços completos e premiados
na classe Econômica, com sistema de
entretenimento individual. Somos a
única companhia aérea a oferecer três
classes de serviço em todos os voos do
Brasil para os EUA.
M&E - O fi m da comissão para os agentes de viagens afetou o mercado? É uma tendência? Luciano Macagno - O conceito de comis-
sionamento vem mudando globalmente
há algum tempo, no Brasil isso começou
há alguns anos. Algumas companhias
americanas levaram mais tempo e esta-
beleceram essa política neste ano. Nós
fomos os últimos a anunciar a mudança.
O agente de viagens tem uma grande
vantagem com esta mudança, pois ela
lhe dá o poder de estabelecer o valor do
serviço. Nós estimulamos a existência de
taxas de serviço, uma taxa extra para os
viajantes a ser paga ao agente pelo seu
trabalho na assistência e na compra do
bilhete, entre outros serviços.
70
AVIAÇÃO
Anac Agência Nacional de Aviação Civil
Entrevista com Cristian Vieira
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> Nos últimos 14 anos, o transporte aé-
reo brasileiro passou por uma revolução,
é o que aponta Cristian Vieira, gerente
de Análise e Estatísticas e Acompanha-
mento de Mercado da Agência Nacional
de Aviação Civil (Anac). De acordo com
a Anac, desde 2002, a tarifa aérea mé-
dia doméstica caiu 40% e a demanda por
voos domésticos de passageiros mais do
que triplicou. Entretanto, o setor ainda
precisa de melhorias, entre elas, na ma-
lha aérea regional, que necessita de um
grande investimento para se desenvolver.
MERCADO & EVENTOS - Como você vê a aviação no Brasil hoje e quais são as perspectivas para o futuro?Cristian Vieira - Nos últimos 14 anos, o
transporte aéreo passou por três impor-
tantes marcos regulatórios. A gradativa
eliminação de barreiras - com a liberdade
tarifária (em 2001, para voos domésticos
e em 2010, para voos internacionais) e a
de oferta (em 2005) - com a intervenção
do Estado na gestão do negócio, tornou
o mercado mais contestável e competi-
tivo. A concorrência entre as empresas
resultou em um setor mais efi ciente, que
gerencia melhor os seus custos e receitas
e oferece serviços e tarifas diversifi cados
para atender às necessidades dos mais
variados perfi s de usuários. Um segundo
importante marco para o setor neste sé-
culo foi a criação da Agência Nacional de
Aviação Civil (Anac). Por fi m, a concessão
de cinco dos principais aeroportos do
país nos últimos três anos, associados à
concessão do aeroporto de São Gonçalo do
Amarante (RN) em 2011, representou um
terceiro marco para a aviação no Brasil.
M&E - Como o senhor diria que foi o desempenho dos aeroportos durante a Copa do Mundo e como isso infl uencia no desenvolvimento do setor?Cristian Vieira - Durante o período da
Copa, 17,6 milhões de embarques e de-
sembarques de passageiros foram rea-
lizados em todos os aeroportos do país
por empresas brasileiras e estrangeiras. A
demanda por transporte aéreo de passa-
geiros (em RPK) apresentou crescimento
de 8,5% em relação ao mesmo período de
2013, com alta de 1,2% no mercado do-
méstico e 14,3% no internacional. Até mil
servidores da Anac estavam envolvidos
na Operação Copa, que teve início em
05/06 e aconteceu até o dia 25/07 em 42
aeroportos, dos quais 16 estão localizados
nas cidades-sede. Foi a maior operação
especial já realizada pela Agência. Além
disso, a Anac também monitorou 46
outros aeroportos por meio do Centro
de Coordenação e Controle, no Rio de
Janeiro. Dentro de todo esse contexto,
e com a participação de todos os órgãos
envolvidos na Operação, o setor aéreo foi
muito bem-visto tanto pelos brasileiros
quanto para os estrangeiros.
M&E - Atualmente, quais são os principais entraves que impossibilitam o cresci-mento da aviação nacional e regional? Como a Anac vem trabalhando para melhorar isso?Cristian Vieira - A estabilidade e o cres-
cimento econômico do país na última
década têm constituído um fator positivo
para o crescimento do transporte aéreo.
Por outro lado, a recente desaceleração
econômica tem levado a um crescimento
menor da demanda pelo transporte aéreo.
Paralelamente, a fl utuação do Dólar em
relação ao Real, com valorização da moeda
norte-americana a partir do segundo se-
mestre de 2011, e a elevação histórica do
preço do barril de petróleo no mercado
internacional, impactam mais da metade
dos custos e despesas do setor. Além dis-
so, o crescimento da demanda no setor
requer planejamento de todos os atores
envolvidos e a realização de relevantes
investimentos em todas as áreas, como a
infraestrutura aeroportuária e de navegação
aérea, fi scalização, formação de aeronautas,
aeroviários e mecânicos de aeronaves,
aquisição de aeronaves etc. Outra questão
é que o Código Brasileiro de Aeronáutica é
anterior à Constituição Federal e necessita
ser atualizado em relação ao atual cenário
regulatório e ao arcabouço legal do país.
M&E - O que está sendo realizado para expandir a malha aérea e tornar os ser-viços mais acessíveis?Cristian Vieira - No que diz respeito à
ampliação e à melhoria da infraestrutura
aeroportuária, os contratos de conces-
são de Brasília (DF), Guarulhos(SP),
Viracopos (SP), Confi ns (MG) e Galeão
(RJ) preveem a obrigação de as empre-
sas realizarem obras para ampliação da
capacidade aeroportuária. Em relação à
aviação regional, em dezembro de 2012,
o Governo Federal lançou o Programa de
Investimentos em Logística: Aeroportos.
Estão previstos investimentos de R$ 7,3
bilhões para a reforma, ampliação e cons-
trução de aeroportos e para estimular a
aviação regional. O objetivo é que 96% da
população esteja a pelo menos 100 km de
um aeroporto apto a receber voos regu-
lares. Os investimentos serão realizados
em 270 aeroportos distribuídos nas cinco
regiões do país, com recursos do FNAC.
71
Gráfi cos do SetorNúmeros da Abear - Panorama 2013
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
AVIAÇÃO
Número de funcionários em 31 de dezembro de 2013
Número de funcionários em 31 de dezembro de 2012
Demanda do transporte aéreo (previsões)Demanda doméstica de passageiros no Brasil (pax-km 000)
71
Font
e: G
ráfi c
os r
etira
dos
do P
anor
ama
Abe
ar 2
013
72
AVIAÇÃO
Gráfi cos do SetorNúmeros da Abear - Panorama 2013
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
72
Participação de Mercado
Penetração do transporte aéreo no mercadodoméstico de passageiros em diversos países
Passageiros domésticos e PIB per capita (2012)
Fonte: Gráfi cos retirados do Panoram
a Abear 2013
73
CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS
>> Com início previsto para novem-bro, a temporada 2014/2015 de cru-zeiros marítimos terá, até abril do ano que vem, a presença de dez navios no litoral do país. A expectativa da Clia Abremar Brasil (Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos) é de que 640 mil cruzeiristas aproveitem 239 rotei-ros de viagens. A oferta será até 2% menor se comparada aos 648 mil leitos disponíveis na temporada 2013/2014. O número de roteiros, no entanto, cresceu quase 4% na comparação com a última estação de navios no país.
Mesmo com o número crescente de roteiros, a temporada terá um navio a menos do que em 2013/2014. Com isso, o setor deve experimentar, pelo segundo ano consecutivo, uma queda de dois dígitos em receita. “Teremos uma receita 10% menor do que a obtida na temporada passada. Com relação ao número de passageiros, teremos uma queda de 1% a 2 %. Essa queda está ligada aos entraves ainda encontrados no país, tirando a compe-titividade do Brasil junto aos cruzeiros internacionais”, disse o presidente da Clia Abremar, Roberto Fusaro.
“Os entraves estão ligados diretamente aos custos, infraestrutura e regulamen-tação. Precisamos de uma regulamen-tação bem clara e uniforme no Brasil. Hoje, a fi scalização nos portos é dife-rente e os custos de “praticagem” na América do Sul são muito caros”, emen-dou Fusaro. Segundo ele, isso acontece não só no Brasil, mas, por aqui, as taxas portuárias também infl uenciam muito,
Cruzeiros MenoresSetor muda estratégia e aumenta número de roteiros curtos para reter passageiros,
alavancar receita e operações
LUCIANO PALUMBO E MAYARA MOURA
uma vez que, a maioria dos portos, não possui infraestrutura adequada para receber navios e passageiros.
Por outro lado - contra a corrente - os armadores estão otimistas com o ano, principalmente com o segundo semestre. “Tivemos um bom início de ano, antecipamos nossas vendas e mesmo com a Copa não tivemos queda no volume de vendas, ao con-trário, tivemos um excelente primeiro semestre”, disse o vice-presidente regional para América Latina da Royal Caribbean, Ricardo Amaral. Ele ressal-tou ainda que o crescimento da Royal está ligado ao aumento de oferta de 4% em relação a temporada anterior.
Para o diretor Comercial da MSC Cru-zeiros, Adrian Ursilli, as vendas devem reaquecer no segundo semestre, já que a Copa esfriou o mercado de uma maneira generalizada. “Teremos cerca de 85 roteiros e uma previsão de 269 mil leitos ofertados. Mesmo com uma queda de 9% na oferta total de leitos em relação à temporada passada, o ano será bom”, afi rmou.
Com a maior aposta na temporada, a Pullmantur incrementou em 41% a oferta de leitos. “Isso fez com que déssemos um salto de 140 mil e passa-mos para 180 mil passageiros a serem embarcados no Brasil”, disse o diretor geral da companhia no país, Alexandre Zachello. O executivo afi rmou que a companhia já tem 43% da temporada comercializada para os minicruzeiros e temáticos da companhia. “A expectati-
va é vender os 180 mil passageiros que temos como oferta para o mercado doméstico”, acrescentou.
Com o lançamento de temáticos, a temporada 2014/2015 na América do Sul para a Costa Cruzeiros está 43% maior em oferta. “Estamos prevendo o embarque de 128 mil passageiros durante toda a temporada. Segundo o diretor geral da Costa Cruzeiros para a América do Sul, Renê Hermann, como a temporada de cruzeiros tem início somente no fi nal do ano e início de 2015, o brasileiro normalmente demo-ra mais para defi nir sua próxima via-gem. “Este ano, em particular, com a Copa do Mundo no Brasil, as atenções do viajante estavam concentradas em grande parte para os jogos. Por isso, tivemos sim um número menor de reservas efetuadas no período, porém, nada que não possamos recuperar ao longo do segundo semestre”, disse.
Água docePara o diretor de Vendas e Marketing da Iberostar, Orlando Giglio, o pri-meiro semestre foi muito bom para o Grand Amazon. “Neste ano houve um aumento de 15% nas vendas se compararmos com o mesmo perío-do de 2013. A Copa do Mundo foi fundamental para esse crescimento. Esperamos manter a ocupação em torno dos 60% ao ano”, disse. Segundo ele, em quase 10 anos de operações no país e após investir R$ 2 milhões em melhorias, o barco já transportou mais de 20 mil passageiros em mais de 724 viagens entre os rios Negro e Solimões.
74
CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS
Clia AbremarEntrevista com Roberto Fusaro
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> Eleito presidente da Clia Abremar
Brasil por um sistema de rodízio entre
as armadoras mantenedoras, no qual
uma companhia não pode acumular
dois mandatos seguidos, Roberto Fusaro
assumiu seu mandato em julho deste ano.
A gestão anterior teve como presidente,
Ricardo Amaral, vice-presidente regional
para América Latina da Royal Caribbean.
O novo presidente é diretor geral da
MSC Cruzeiros para a América do Sul
desde 2006, e trabalha no setor há vinte
anos. Entre os desafi os, Fusaro destaca a
obtenção de uma posição mais indepen-
dente dos armadores, maior presença no
diálogo com as autoridades do mercado
de cruzeiros. Ele acredita que o Brasil não
concorre com os países vizinhos como
Argentina, Chile ou Uruguai. Ele destaca
que depois do crescimento acelerado do
setor - que aconteceu até 2010, soman-
do 35% de incremento -, hoje o Brasil
experimenta uma queda relacionada a
embarcações e transporte de passageiros.
“O número de passageiros deve cair cerca
de 2% em relação ao ano passado”, afi r-
mou, referindo-se ao menor numero de
embarcações e ao aumento da oferta de
minicruzeiros. “As armadoras reduzem a
oferta, mas existe o aumento de roteiros
curtos, o que deve manter equiparado
o número de passageiros embarcados
com a temporada passada”, emendou.
MERCADO & EVENTOS - O mercado deve cair ainda mais este ano, se comparado a queda de mais de 17% na temporada passada? Roberto Fusaro - Sim. A temporada é
ainda menor. Mas, em termos de passa-
geiros, será praticamente igual. Temos
um navio a menos, porém, a quantidade
de minicruzeiros é muito maior do que a
oferecida na temporada passada. Vamos
ter entre 1% a 2% a menos no número
de passageiros. Com relação à receita,
a capacidade cai em 10% e com isso a
contribuição econômica é menor.
M&E - A Copa prejudicou a venda de cruzeiros no país?Roberto Fusaro - A Copa prejudicou o
turismo de uma maneira geral. Porém, o
maior prejuízo foi junto aos cruzeiristas
que queriam viajar para o exterior. O forte
da temporada do Brasil é no verão. A
queda das vendas para dezembro e janeiro
já estão sendo recuperadas no segundo
semestre, que já se faz positivo junto às
armadoras associadas à Clia Abremar.
M&E - Quais são os entraves reais ainda encontrados no segmento de cruzeiros?Roberto Fusaro - Os entraves continuam
os mesmos. Eles podem ser divididos em
custos, infraestrutura e regulamentação.
Isso é muito simples, precisamos de uma
regulamentação bem clara e uniforme
no Brasil. Hoje, a fi scalização nos portos
é diferente, não há um padrão no país,
mas temos avançado em conversas com
a Receita Federal e com o Ministério do
Trabalho. Os custos de “praticagem” na
América do Sul são muito caros. Não é só
no Brasil, mas, além disso, as condições
portuárias também infl uenciam muito
mais na costa brasileira, uma vez que a
maioria dos portos não possui infraes-
trutura adequada para receber navios e
passageiros.
M&E - A privatização dos portos seria, então, uma saída para estes gargalos encontrados no Brasil?Roberto Fusaro - Nós temos uma nova
regulamentação dos portos, mas com a
queda do numero de embarcações vindas
para o Brasil, eu não acredito que alguma
empresa queira participar de alguma
licitação. Neste momento não há proje-
tos de privatização, nem de construção
de portos privados. Mas, se no futuro a
quantidade de navios voltar a crescer no
país, isso, provavelmente, deve voltar a
ser discutido.
M&E - Quais as novidades e planos para 2016?Roberto Fusaro - Todas as companhias
têm vontade de crescer e voltar a operar
com mais navios no Brasil. Mas para isso,
como disse antes, é preciso de adequações
em regulamentações, redução de custos e
taxas. Isso é muito simples. As empresas
colocam os navios onde há rentabilidade.
Mas a conta de custo-benefício com este
tipo de entrave difi culta os investimentos
e o aumento de frota no país. Vamos
continuar com o mesmo pleito no Bra-
sil mesmo que haja a troca de governo.
Nossas intenções são de crescimento
para a economia do país, com tributos e
empregabilidade.
76
CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS
Costa CruzeirosEntrevista com Renê Hermann
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> Com uma oferta 43% maior, a Costa
Cruzeiros espera embarcar 128 mil pas-
sageiros na costa brasileira na temporada
2014/2015. Com os navios Costa Pacifi ca
e Costa Favolosa, a armadora italiana
diversifica a oferta em minicruzeiros,
temáticos e internacionais. A bordo,
lançamentos como o 1º cruzeiro Sênior,
com participação da garota de Ipanema,
Helô Pinheiro. Segundo o diretor geral
da Costa Cruzeiros para a América do
Sul, Renê Hermann, a armadora espera
um aquecimento da economia e garante
que o segundo semestre será melhor
para as vendas. Além disso, o executivo
destaca o Costa Diadema, opção de lazer
internacional para os brasileiros.
MERCADO & EVENTOS - Quais os prin-cipais atrativos da companhia para a temporada 2014/2015 no país e quantos navios estarão disponíveis?Renê Hermann - A Costa Cruzeiros
terá dois mega navios com mais de 100
mil toneladas na América do Sul entre
novembro de 2014 e março de 2015: o
Costa Pacifi ca e o Costa Favolosa (navio
que foi destaque na comédia nacional
“Meu passado me condena”). É impor-
tante ressaltar que nessa temporada os
dois estarão em Copacabana na noite de
Réveillon. Os passageiros da companhia
poderão assistir ao espetáculo dos fogos
de camarote nos navios.
M&E - O que muda nesta temporada em relação ao ano passado? O primeiro semestre gerou resultados positivos?Renê Hermann - Para esta temporada
2014/2015, a Costa Cruzeiros traz uma oferta
43% maior em relação à temporada anterior.
São 23 dias a mais de operação na América
do Sul. Consequentemente, teremos um
volume maior nas vendas de cruzeiros em
comparação ao ano passado. O mercado
neste primeiro semestre, como era esperado,
fi cou bastante retraído. A economia regis-
trou taxas de crescimento bem baixas que,
aliadas à Copa do Mundo e às férias de julho
logo em seguida, fi zeram com que muitos
brasileiros adiassem a decisão de viajar. No
entanto, esse cenário de menor consumo já
era previsto pela Costa e estamos prepara-
dos para aquecer as vendas neste segundo
semestre com tarifas e condições especiais.
M&E - Podemos dizer que a Copa preju-dicou o mercado emissivo de viagens?Renê Hermann - Como a temporada
de cruzeiros tem início somente no fi -
nal do ano e início de 2015, o brasileiro
normalmente demora mais para defi-
nir sua próxima viagem. Este ano, em
particular, com a Copa do Mundo no
Brasil, as atenções do viajante estavam
concentradas em grande parte para os
jogos. Por isso, tivemos sim um número
menor de reservas efetuadas no período,
porém, nada que não possamos recuperar
ao longo do segundo semestre.
M&E - Qual a expectativa da temporada
já no segundo semestre?Renê Hermann - Para a temporada
2014/2015 na América do Sul, a Costa
Cruzeiros prevê transportar mais de 128
mil passageiros a bordo dos dois mega na-
vios. Serão, ao todo, 34 cruzeiros visitando
localidades como Ilhabela, Angra dos Reis,
Porto Belo, Salvador, Rio de Janeiro, Bú-
zios, Buenos Aires e Montevidéu, destinos
bem procurados pelo público da Costa
Cruzeiros. Na temporada anterior, a Costa
embarcou um total de 102.277 passageiros.
Com relação ao segundo semestre, em-
bora muitos passageiros prefi ram esperar
o resultado das eleições para fazer planos
futuros, as vendas devem melhorar sim.
Esse período eleitoral acaba contribuin-
do para movimentar a economia e para
um alargamento do crédito no mercado.
M&E - O que podemos esperar de novi-dades da Costa?Renê Hermann - Nesta temporada lança-
mos um novo cruzeiro temático direciona-
do ao público da melhor idade, cativo em
muitos roteiros da Costa. O 1º Cruzeiro
Sênior terá como madrinha a eterna Ga-
rota de Ipanema, Helô Pinheiro. Teremos
aulas de dança de salão, ritmos musicais,
bailes noturnos, atividades lúdicas, vi-
vência holística e palestras sobre saúde e
bem-estar. Além disso, serão realizados
pockets shows com artistas em comemo-
ração aos 50 anos do movimento da Jovem
Guarda. Além das parcerias com empresas
aéreas nacionais e internacionais como
Tap, Avianca e Tam, o destaque fi ca para
a nova ferramenta de apoio às vendas dos
agentes de viagens, o portal Costa Trade
(www.costatrade.com.br). Para 2016, a
Costa Crociere estará a todo vapor com
seu maior navio, o Costa Diadema, opção
da companhia para os brasileiros desco-
brirem o Mediterrâneo até início de 2016.
77
CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS
Royal CaribbeanEntrevista com Ricardo Amaral
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
>> Com uma oferta 4% maior em relação
à temporada passada, a Royal Caribbean
acredita que - mesmo com a queda dos
cruzeiros na costa brasileira - o ano será
rentável ao setor. No mundo, a armadora
apresentou um incremento recorde com
os resultados do segundo trimestre do
ano, em que obteve lucro de US$ 137,7
milhões, registrando crescimento aci-
ma de 456% se comparado ao mesmo
período do ano passado. O balanço, no
entanto, mostra ainda aumento de receita
na ordem de 5,2%, enquanto os custos
de operação subiram apenas 0,5%. Entre
abril e junho, a companhia transportou
mais de 1,2 milhão de passageiros, o que
representou alta de 9,3% em comparação
aos mesmos meses de 2013. Neste mesmo
período, houve aumento de capacidade
de 4,5% e ainda assim a taxa de ocupação
registrou crescimento de 1,9%. O pano-
rama, segundo o vice-presidente regional
para América Latina da Royal Caribbean,
Ricardo Amaral, a Copa não prejudicou as
vendas da companhia, que devem crescer
neste segundo semestre.
MERCADO & EVENTOS - Quais os prin-cipais atrativos da companhia para a temporada 2014/2015 no país e quan-tos navios estarão disponíveis? Haverá crescimento em relação ao ano passado?Ricardo Amaral - Teremos o Splendour
novamente com roteiros de três a 14 noites,
incluindo os temáticos Royal Dance, Royal
Gourmet e Royal Life. Além dele, também
traremos o Azamara Journey para seis
saídas na América do Sul, incluindo Natal,
Réveillon e Carnaval. Considerando a base
de ocupação em cabine dupla e o número
de saídas, temos um aumento de oferta
de 4% em relação à temporada anterior.
M&E - Como foi o primeiro semestre em vendas no país? Ricardo Amaral - Tivemos um bom início
de ano, antecipamos nossas vendas e,
mesmo com a Copa, não tivemos queda no
volume de vendas, ao contrário, tivemos
um excelente primeiro semestre.
M&E - A Copa ajudou ou prejudicou o mercado emissivo de viagens? O segundo semestre pode ser melhor mesmo com o advento eleitoral?Ricardo Amaral - Tivemos um bom início
de ano e mesmo com a Copa não tivemos
queda signifi cativa no volume de vendas.
Antecipamos as promoções desse ano já
considerando que teríamos essas duas im-
portantes ocasiões (Copa e eleições), atingi-
mos nossos objetivos até o momento e esta-
mos otimistas para esse segundo semestre.
M&E - Vocês planejam o lançamento de novos produtos ou parceria com opera-doras no país?Ricardo Amaral - Teremos em novembro
o lançamento do Quantum of the Seas, que
revolucionará mais uma vez a indústria
com incríveis e inéditas opções de entrete-
nimento e gastronomia. Dentre as opções
que prometem revolucionar a gastrono-
mia em alto-mar, estão o Jamie’s Italian,
restaurante de cozinha italiana do famoso
chef Jamie Oliver e o Wonderland, um
lugar com pratos cheios de personalidade
inspirados no famoso conto de Alice no
País das Maravilhas. A classe Quantum
apresentará ainda um simulador de para-
quedismo I-Fly, uma aventura eletrizante
que levará os hóspedes para um voo de
aproximadamente 270 metros de altura e
espaços diferenciados, como a maior quadra
de esporte coberta e um complexo de entre-
tenimento em alto-mar. O navio ainda terá
ainda o musical Mamma Mia, inspirado nas
canções de sucesso da banda sueca ABBA.
M&E - Quais os planos e novidades para 2016?Ricardo Amaral - Depois de 10 anos
com o Splendour of the Seas, traremos o
Rhapsody of the Seas pela primeira vez à
temporada América do Sul. Além disso, te-
remos o retorno do Celebrity Infi nity, que
também fará roteiros pela América do Sul.
Temáticos, google e terrestre O Splendour of the Seas terá três saí-das temáticas. Os hóspedes poderão escolher entre o Royal Life, em feve-reiro, Royal Gourmet, apresentando a gastronomia brasileira em alto-mar em março, ou Royal Dance, realizado durante a viagem de travessia em abril, quando o navio retorna para a Europa. Além disso, a armadora colocou o Allure of the Seas no Google Street View, tecnologia que permite aos usuários da internet verem fotos de localizações que estão alinhadas ao Goggle Maps. Com a iniciativa, os agentes de viagens podem mostrar detalhes do navio, considerado um dos maiores do mundo atualmente, aos seus passageiros. Através da fer-ramenta é possível ver fotos em 360º graus do navio e ter uma real noção de como é o Allure. Outra novidade é que agora a Royal Caribbean está trabalhando no desenvolvimento de uma nova subsidiária, focada em tours terrestres. A empresa será chamada de Tour Trek, terá operação em 90 países e será dirigida por John Weis, que já foi vice-presidente global da companhia.
78
CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS
MSC CruzeirosEntrevista com Adrian Ursilli
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> A italiana MSC Cruzeiros está amplian-
do o leque de entretenimento a bordo dos
navios na costa nacional. Além da oferta a
bordo, o relacionamento com operadores
e agentes de viagens tem sido o diferencial
da armadora, que cresce em vendas no
país. De acordo com o diretor Comer-
cial da MSC Cruzeiros, Adrian Ursilli,
as vendas devem reaquecer no segundo
semestre, já que a Copa esfriou o mercado
de uma maneira generalizada. “Durante
o período da Copa do Mundo, houve,
naturalmente, uma queda na demanda e
número de reservas, mas que foi compen-
sado pelo período anterior, infl uenciado
pelas excelentes promoções para compra
antecipada”, afirma o executivo, nesta
entrevista ao M&E. Ele ainda destaca as
novidades, números e expectativas da
temporada na costa do país.
MERCADO & EVENTOS - Como foi o primeiro semestre em vendas no país? Adrian Ursilli - O primeiro semestre foi
positivo, mesmo com a Copa do Mun-
do em junho/julho, que acabou tirando
um pouco o foco do consumidor. Mas,
de uma maneira geral, no acumulado,
conseguimos registrar uma boa procura
pelos nossos cruzeiros na América do Sul
devido, principalmente, às promoções
para compra antecipada, equiparando
assim as vendas com o mesmo período do
ano passado e, ao mesmo tempo, registra-
mos crescimento na venda dos cruzeiros
internacionais para Europa e Caribe.
M&E - O segundo semestre pode ser melhor?Adrian Ursilli - No caso dos cruzeiros,
normalmente o segundo semestre é sem-
pre mais aquecido, principalmente por
conta dos cruzeiros de verão e de férias.
Dessa forma, seguimos confi antes de que
a demanda terá os níveis esperados para
o período. Além disso, a MSC Cruzeiros
oferece um produto diferenciado, de alta
qualidade e repleto de novidades, e que
ainda conta com excelentes promoções
para compra antecipada e parcelamento
em até 10x sem juros.
M&E - Com relação aos passageiros, qual o número de embarques na temporada passada se comparada à expectativa para 2014/2015?Adrian Ursilli - A MSC Cruzeiros encerrou
a temporada sul-americana 2013/2014
comemorando os grandes resultados ob-
tidos de novembro a abril. Totalizando 89
roteiros entre Nordeste, Argentina, Uruguai
e as ilhas tropicais do Sudeste brasileiro,
os quatro transatlânticos em operação
na América do Sul (MSC Preziosa, MSC
Magnifi ca, MSC Orchestra e MSC Poesia)
embarcaram 293 mil hóspedes na região,
sendo 78 mil estrangeiros. Na temporada
2014/2015, serão 85 roteiros e uma previsão
de 269 mil leitos ofertados na região. A MSC
Cruzeiros trará o MSC Poesia pela primeira
vez ao Brasil, garantindo novidades aos
clientes e hóspedes. Além disso, retornará
ao Brasil com os renomados e sofi stica-
dos MSC Lirica e MSC Preziosa. Haverá
uma pequena redução, de 9%, na oferta
total de leitos em relação à 2013/2014,
por razão da substituição do MSC Or-
chestra pelo MSC Lirica no Rio de Janeiro.
M&E - Quais os principais atrativos da companhia para a temporada?Adrian Ursilli - Para a temporada 2014/2015,
a MSC Cruzeiros espera repetir grandes con-
quistas e oferecer uma temporada completa
de férias em alto mar, com uma frota muito
moderna, incluindo quatro embarcações pela
América do Sul. O MSC Preziosa retornará,
após o sucesso de sua estreia, para embarques
em Santos e roteiros pelo Nordeste; o MSC
Poesia virá pela primeira vez ao Brasil, tam-
bém para partidas do Porto de Santos em
roteiros de sete noites visitando Punta Del
Este, Montevidéu e pernoite em Buenos
Aires; o MSC Lirica voltará ao país para
minicruzeiros no início da estação e cruzei-
ros mais longos saindo do Rio de Janeiro,
alternando entre Nordeste e Prata; e o MSC
Magnifi ca terá Buenos Aires como porto base.
M&E - Quais os planos e novidades para 2016?Adrian Ursilli - A MSC Cruzeiros ante-
cipou o pré-lançamento da temporada
na América do Sul 2015/2016, trazendo
novos navios e oferecendo itinerários dife-
renciados. O MSC Splendida virá ao Brasil
pela primeira vez para operar a rota do
Nordeste; já o MSC Magnifi ca voltará ao
país para roteiros com destino à região do
Prata, saindo de Santos; o MSC Armonia
será dedicado aos minicruzeiros, sempre
saindo do Porto de Santos; o MSC Lirica
partirá do Rio de Janeiro para minicruzeiros
e cruzeiros pelo Nordeste e Prata; e o MSC
Poesia terá como porto de saída a cidade de
Buenos Aires. Outra grande surpresa é que
o MSC Lirica e o MSC Armonia estarão
totalmente renovados e ampliados – com
200 cabines a mais, além de novos espaços
comuns, como salões, bares, parques aquá-
ticos e muita diversão. Com essa ampliação
e investimentos, a MSC Cruzeiros espera
embarcar um total de 315 mil hóspedes
na região, o que signifi cará um aumento
de 17% sobre o total da oferta na América
do Sul em relação à temporada 2014/2015.
80
CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS
QualitoursEntrevista com Ilya Hirsch
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> Um mercado que está em franco de-
senvolvimento. Esta é a opinião de Ilya
Hirsch, diretor da Qualitours, sobre o
cenário dos cruzeiros de luxo no mundo.
“Até 2017 temos 24 navios em construção,
dos quais 80% são de menor porte, para o
mercado de luxo ou premium. É normal
que o cruzeirista suba na escala da vida
e possa pagar um atendimento especial,
personalizado. O fato é que ao provar um
serviço de excelente qualidade, a pessoa
se apaixona pelo cruzeiro e quer novas
experiências”, avalia Ilya.
MERCADO & EVENTOS - Os brasileiros estão fazendo mais cruzeiros de luxo? Como atrair esse público?Ilya Hirsch - Estamos sentindo que sim,
mas a nossa demanda não aumenta no
mesmo patamar que dos Estados Unidos,
por exemplo. Vamos sentir isso no refl exo
das tarifas dos cruzeiros internacionais.
No período de crise nos Estados Unidos
elas estavam baixas, com muitas promo-
ções. Terminada a crise, como o mercado
americano voltou a aquecer, as tarifas
continuam no mesmo nível, mas não
haverá tanta oferta. Hoje, principalmente
no mercado brasileiro, jovens bem suce-
didos têm 10 dias de férias, querem ter
uma ótima experiência e descobrem que
os cruzeiros são capazes de proporcionar
isso a eles. Nós, como representantes
de companhias, não temos verbas para
investir pesado na publicidade ao con-
sumidor. Por isso, precisamos trabalhar
muito mais o corpo a corpo com os
agentes de viagem e também esperar
que o passageiro que volte satisfeito
comente com os amigos e, assim, atraia
novos clientes para a empresa.
M&E - Existe alguma diferença entre o cliente brasileiro de cruzeiros para o estrangeiro?Ilya Hirsch - A idade média do brasileiro
que faz cruzeiro de luxo é entre 40 e 45
anos. Já a do americano é entre 50 e 55
anos. Ele só vai pensar em fazer o cruzeiro
quando se aposenta. Algumas companhias
têm visão para o mercado brasileiro e já
permitem que os hóspedes usem calças
jeans nos jantares.
M&E - Com a regulamentação da profi s-são de agente de viagem quais mudanças o senhor prevê no trabalho especializado do segmento de cruzeiros?Ilya Hirsch - A Qualitours está fazen-
do uma série de treinamentos para os
agentes sobre destinos combinando com
navios. Temos uma pessoa contratada que
fala sobre os destinos “cruzeiráveis” no
mundo e eu entro e falo sobre os navios
que operam naquele destino e qual a di-
ferença entre eles, já que cada um é para
um perfi l diferente de viajante. Alguns
agentes de viagem saem da faculdade
e não sabem nem geografia, por isso
temos que ensinar. O agente tem que
vender Paris, por exemplo, sem nunca
ter sobrevoado a França.
M&E - O que o senhor acha dos cruzeiros temáticos? É uma boa forma de atrair um público segmentado?Ilya Hirsch - As companhias têm que focar
em segmentos para trazer novos clientes,
então promovem o cruzeiro fi tness, para
que os viajantes façam ginástica, também
há o cruzeiro Dança Comigo, com bailes.
Para atrair o público segmentado são
criadas motivações além do destino, como
palestras e programas de degustação de
vinho. Um cruzeiro gastronômico, com
um chef premiado a bordo, vai chamar a
atenção de novos hóspedes.
M&E - Qual foi a infl uência da Copa no mercado de cruzeiros? Ilya Hirsch - A Copa atrapalhou. Em-
bora algumas companhias, de última
hora, terem decidido exibir os jogos a
bordo, não tivemos tempo de divulgar.
Imagina comunicar: “você vai poder
assistir a Copa no Mediterrâneo”. Muitos
brasileiros preferiram assistir a Copa em
casa, mas as agências tiveram clientes que
preferiram viajar durante a Copa. Porém,
em função do Mundial, muitos voos para
o exterior foram bloqueados, sendo que
não estavam lotados. Então as agências
não conseguiam confi rmar a reserva, o
que diminuiu o número de vendas.
M&E - Qual será o foco do trabalho da Qualitours até o fi m de 2014 e 2015? Ilya Hirsch - A Qualitours representa sete
companhias marítimas. Em algumas já
atingimos as metas, com saídas já lotadas,
e em outras falta pouco. A programação
pela Ásia começa com roteiros temáticos
pelo Tahiti no navio Paul Gauguin. Uma
saída em outubro terá participação do
filho do famoso oceanógrafo francês
Jacques-Yves Cousteau. Outro terá a pre-
sença de dois vinicultores da Califórnia.
A francesa Ponant tem iates menores,
de 264 passageiros, e vai fazer roteiros
passando por Japão e Rússia, por exemplo.
Três dos quatro iates da Ponant irão para
Antártida com maioria das saídas lotadas
com europeus, americanos e até chineses.
Essa viagem para Antártida custa, só o
cruzeiro, entre 8 a 9 mil dólares por pessoa.
81
CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS
PullmanturEntrevista com Alexandre Zachello
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
>> A Pullmantur, desde 2012, busca novos
canais de distribuição no mercado com o
objetivo de oferecer, cada vez mais, cru-
zeiros de curta duração na costa brasileira
a bordo dos navios Empress, Sovereign
e Zenith. A boa relação com as agências
é um dos destaques do diretor geral da
armadora, Alexandre Zachello, que co-
memora a aprovação, mas não acredita
em mudanças no relacionamento com os
agentes com a nova Lei 12.974. Zachello
afirma que a Copa prejudicou as ven-
das no país, mas não acredita que possa
comprometer a temporada, já que mais
de 55% deve ser comercializada entre os
meses de novembro e fevereiro de 2015.
MERCADO & EVENTOS - A Copa do Mundo infl uenciou nas vendas de cruzeiros no país?Alexandre Zachello - A Copa do Mundo
atrapalhou a Pullmantur e acredito que
quase todos na cadeia produtiva do turis-
mo. Foi muita especulação antes e pouca
procura no período do Mundial. As vendas
de Caribe, por exemplo, caíram devido ao
deslocamento do navio Monarch para o
Brasil, onde hospedamos os chilenos para a
Copa do Mundo. Neste período, a estimativa
de queda nas vendas era de 30%, mas para
a nossa felicidade, a comercialização caiu
apenas 10%. Os eventos como o Carnaval,
o Mundial de futebol e, futuramente, as
eleições, impactam no poder de compra
do consumidor, mas o mercado deve logo
reaquecer e voltar a expressar bons números.
M&E - As vendas do primeiro semestre foram maiores que o mesmo período no ano passado?Alexandre Zachello - Até o mês de junho
já tínhamos crescido 20% em relação ao
ano passado no que tange às vendas de
produtos nacionais. Porém, no fi nal de
junho, tomamos uma decisão corpora-
tiva: decidimos mudar o embarque dos
cruzeiros que estavam previstos para a
Argentina, agora eles vão partir do Brasil.
Antes, o mercado era literalmente divi-
dido com 50% dos embarques entre os
dois países. Hoje, não mais. Trouxemos
mais opções para o Brasil e incrementa-
mos a oferta em 41%. Isso fez com que
déssemos um salto de 140 mil e passa-
mos para 180 mil passageiros a serem
embarcados no Brasil. Outro fato que
impulsionou as vendas foi a busca por
novos distribuidores, o que acontece desde
2012. Novas operadoras comercializando
nossos produtos favorecem também ao
crescimento de passageiros e receita.
M&E - Qual a expectativa para o segundo semestre?Alexandre Zachello - A expectativa é
vender os 180 mil passageiros que temos
como oferta para o mercado doméstico.
Mas as vendas vão aquecer depois do mês
de dezembro. Transformamos muitos
programas extensos em minicruzeiros e,
com isso, nos tornamos a maior empresa
com a oferta de minicruzeiros na costa do
país . Isso amplia nosso leque de vendas
pelas disponibilidades de embarques.
Nossa expectativa é vender de novembro
a fevereiro de 2015 cerca de 40% a 50% da
temporada ou o equivalente a 90 mil pas-
sageiros. Hoje temos 43% da temporada
já comercializada para os minicruzeiros e
temáticos da companhia. A temporada da
Pullmantur é diferenciada pelo tempo de
permanência dos navios na costa do país.
M&E - Quais os principais atrativos da companhia para a temporada?Alexandre Zachello - Além dos cruzeiros
Motorcycle e Melhor Idade - o destaque
fica por conta do ambiente, tripulação,
entretenimento, satisfação dos passageiros,
oferta de serviços, facilidade de pagamento
e produtos internos a bordo dos navios
que estarão na costa brasileira. Além dis-
so, estamos buscando um parceiro para
realizar mais um cruzeiro temático com o
tema de “Beleza a Bordo” que deverá ser
lançado durante esta Expo Internacional
de Turismo. Para os próximos anos, com
certeza, iremos manter a oferta de pro-
dutos na costa e ampliar - em mais uma
embarcação - para atender a demanda do
crescimento dos cruzeiros no Brasil. Hoje, o
mercado sofreu uma retração de oferta com
a diminuição dos numero de embarcações,
mas a demanda tem crescido, principal-
mente nos cruzeiros de curta duração,
aposta da companhia para esta temporada.
M&E - A Pullmantur vai ampliar a equipe no país? Alexandre Zachello - Para reforçar a equi-
pe, com a certeza que é preciso ampliar
o leque de empresas que comercializam
o Empress, o Sovereign e o Zenith, que
estarão aqui nesta temporada, e claro, os
demais transatlânticos que operam no ex-
terior, estamos contratando profi ssionais
no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte, em
Porto Alegre e em Curitiba.
M&E - Outros navios virão ao Brasil na temporada 2015/2016?Alexandre Zachello - Algumas ideias
surgem, entre elas o aumento dos roteiros
com embarque no Rio de Janeiro. Também
estuda-se a possibilidade de trazer ao país
o navio Monarch.
82
CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS
FirstarEntrevista com Estela Farina
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> O aumento de brasileiros fazendo cru-
zeiros no exterior está atraindo cada vez
mais a atenção das companhias marítimas
e fl uviais. Estela Farina, diretora da Firstar,
explica que os cruzeiros no Brasil foram
muito úteis para mostrar o modelo de via-
gem. “Independente do roteiro, o viajante
conhecia as vantagens como o conforto, a
comodidade, a segurança e a variedade de
destinos. Isso mostrou para os brasileiros
(ainda que seja um grupo pequeno) como
é fazer um cruzeiro. Depois de optar por
um roteiro pelo Brasil, eles agora procu-
ram viagens de navio em outros países.
Nos internacionais a parte aérea ainda
dificulta um pouco, seja pelo custo ou
pela disponibilidade, mas a presença dos
brasileiros vem aumentando”, avalia. Entre
as empresas que a Firstar representa, está
a Norwegian Cruise Line. “Foram inau-
gurados dois navios em um período de
nove meses e, ao invés de lançar mais um
navio ainda esse ano, a Norwegian decidiu
investir US$ 250 milhões em todos os na-
vios da frota para melhorar a experiência
a bordo”, revela Estela. Nesta entrevista ao
M&E, ela conta novidades e avalia o mer-
cado de cruzeiros no Brasil, assim como o
papel do agente de viagens nesta cadeia.
MERCADO & EVENTOS - Você acredita que, de alguma forma, com os grandes eventos que o Brasil já recebeu, e com a proximidade das Olimpíadas, haverá algum aumento de investimentos na infraestrutura portuária do país?Estela Farina - Acredito que sim, o poten-
cial de desenvolvimento na costa brasileira
para cruzeiros é enorme. Estamos obser-
vando um retrocesso por conta do custo de
operação e a herança dos eventos esportivos
pode ser a melhoria da infraestrutura.
Espero que com isso as companhias que
eu represento venham para o Brasil.
M&E - Como você defi niria a relação da
Firstar com os agentes de viagem? Estela Farina - Estamos aqui para servir
o agente de viagem. Toda nossa estrutura
e distribuição são feitas através do agente
de viagens. Julgo que temos um ótimo re-
lacionamento em termos de treinamento e
suporte. A capacitação é muito importante
e também a adequação de ferramentas.
Precisamos sempre manter o contato com
a agente e entender qual é a necessidade
dele, seja de material ou de informação.
M&E - Como é possível aumentar a presença de brasileiros nos cruzeiros internacionais?Estela Farina - Já estamos observando um
aumento nos cruzeiros internacionais. Os
cruzeiros no Brasil foram muito úteis para
mostrar o modelo de viagem. Indepen-
dente do roteiro, o viajante conhecia as
vantagens como o conforto, a comodidade,
a segurança e a variedade de destinos. Isso
mostrou para os brasileiros (ainda que
seja um grupo pequeno) como é fazer
um cruzeiro. Depois de fazer um roteiro
pelo Brasil, eles procuram cruzeiros para
outros países. Nos internacionais a parte
aérea ainda difi culta um pouco, seja pelo
custo ou pela disponibilidade, mas a pre-
sença dos brasileiros vem aumentando.
M&E - Os cruzeiros fl uviais já são uma tendência para os próximos anos? Como avalia esse tipo de viagem?Estela Farina - Sim, este é um processo
de evolução. Temos observado que uma
parte dos clientes de cruzeiros marítimos
está migrando para o cruzeiro fl uvial. Ge-
ralmente é um cliente mais exigente, com
perfi l mais voltado para interesses cultu-
rais, ele deseja ter uma exposição maior
no destino e ter uma experiência mais
intimista, já que a média de passageiros
nos cruzeiros fl uviais é de 150 pessoas.
O cruzeiro fl uvial tem vários benefícios
e acrescenta uma mistura de grandes ci-
dades e vilarejos na mesma viagem, com
mais comodidade. Em 2014, contando
todas as companhias fl uviais, não só as
que eu represento, estão sendo inaugu-
rados 21 navios, e mesmo assim não
são sufi cientes para atender a demanda.
M&E - Qual é o balanço da Firstar em relação ao ano passado e qual é a ex-pectativa até o fi nal de 2014?Estela Farina - De 2012 para 2013 aumen-
tamos 45% em número de passageiros.
Nossa expectativa é obter um crescimento
de 15% a 20% até o fi nal do ano. Estávamos
pessimistas para esse primeiro semestre,
devido à Copa do Mundo, mas surpreen-
dentemente, tivemos um crescimento
maior do que o esperado.
M&E - Qual será o foco do trabalho da Firstar nos próximos anos? Alguma novidade a caminho?Estela Farina - Em novembro de 2014 a
Oceania volta com o Marina, passando
pela América do Sul. Ainda em novembro
temos um roteiro novo de cruzeiro fl uvial
da AmaWaterways por Myanmar, no navio
AmaPura, com capacidade para somente
56 passageiros. Nos próximos quatro anos
serão inaugurados quatro navios da Nor-
wegian Cruise Line, sendo um por ano.
83
CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS
TransmundiEntrevista com Miguel Andrade
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
>> A Transmundi está expandindo sua
atuação. No início de 2014 uma nova loja
foi inaugurada em Ipanema, no Rio de
Janeiro. Agora, após a Copa, a operadora
também abriu seu novo escritório em
Salvador, com o objetivo de oferecer maior
apoio às vendas em toda região Nordeste.
O diretor da empresa, Miguel Andrade,
falou sobre as novidades do segundo
semestre deste ano e avaliou o mercado
de cruzeiros nos país, assim como a oferta
e a demanda que existe neste setor. “O
Brasil tem um potencial muito maior do
que o que nós atingimos. É preciso que
os operadores criem mercado, sobretudo,
para novos produtos não tão conhecidos
do público, como os cruzeiros fl uviais. A
Transmundi faz exatamente isso. Criamos
um mercado novo para um novo produto.
Vendemos cada vez mais os cruzeiros fl u-
viais desde 2007, que foi quando fi zemos
nosso primeiro fretamento no Rio Reno”.
MERCADO & EVENTOS - A realização da Copa no Brasil impactou, de alguma maneira, nas operações da Transmundi? Miguel Andrade - Para as empresas de
turismo emissivo ocorreram perdas por
falta de tarifas aéreas competitivas e não ti-
vemos a antecedência necessária para que
tivéssemos tempo hábil para vender. De
última hora surgiram lugares mais baratos,
mas que já não puderam ser vendidos.
M&E - A enorme divulgação de destinos brasileiros durante o Mundial da Fifa, como Manaus, por exemplo, pode im-pulsionar as vendas de cruzeiros fl uviais?Miguel Andrade - Sem sombra de dúvida a
imagem do Brasil como um todo saiu muito
positiva depois da Copa. No que tange à
venda de cruzeiros fl uviais na Amazônia,
as vendas experimentaram um importante
aumento e, no caso da Transmundi, foi
preciso aumentar os bloqueios.
M&E - O Brasil mostrou que está prepa-rado para receber turistas estrangeiros? Afi nal, na sua opinião, a Copa foi positiva ou não para o turismo?Miguel Andrade - Considero que a Copa foi
positiva para o turismo no Brasil e que os
investimentos, embora muito elevados, ten-
dem a ser compensados pela vinda de mais
estrangeiros ao longo dos próximos anos.
M&E - Como é possível estimular no povo brasileiro a vontade de realizar um cruzeiro, seja ele fl uvial ou marítimo? O senhor acredita que falta divulgação dos produtos oferecidos no mercado?Miguel Andrade - O Brasil tem um po-
tencial muito maior do que o que nós
atingimos. É preciso que os operadores
criem mercado, sobretudo, para novos
produtos não tão conhecidos do público,
como os cruzeiros fl uviais. A Transmundi
faz exatamente isso. Criamos um mercado
novo para um novo produto. Vendemos
cada vez mais os cruzeiros fl uviais desde
2007, que foi quando fi zemos nosso pri-
meiro fretamento no Rio Reno. Atual-
mente, oferecemos cruzeiros em todos
os rios navegáveis do mundo.
M&E - E a oferta, como avalia? Faltam produtos novos e diferentes?Miguel Andrade - Esse é um ponto impor-
tante. É preciso manter sempre novidades
para os viajantes ávidos. Cada vez mais
eles querem conhecer novos destinos e
precisamos oferecer mais opções.
M&E - Qual será o foco do trabalho da Transmundi até o fi m de 2014 e 2015? Alguma novidade a caminho?Miguel Andrade - Para este segundo
semestre, faremos os nossos roteiros clás-
sicos: Escandinávia, Croácia e Monte
Negro; Leste Europeu, Grécia e Turquia;
Terra Santa e cruzeiros nos Rios Reno,
Danúbio, Volga, Mekong e Nilo. Tam-
bém temos duas excelentes novidades,
a primeira é a Extraordinária Viagem
Épica Pela Rota de Seda, em um trem
privativo, e a segunda um ótimo circuito
pelo Equador, país interessantíssimo, com
preços muito competitivos.
Croisi EuropeA Transmundi representa no Brasil a Croisi Europe, maior empresa de cruzeiros fl uviais da Europa, operando desde 1976. A Croisi Europe, com sede em Estrasburgo, é uma companhia francesa, que transportou, somente em 2013, 220 mil passageiros e atende toda a Europa e Ásia. Sua frota é composta por 30 embarcações, que fazem passeios que os grandes navios não têm como realizar. Os roteiros passam por rios com até 1,5 metros de profundidade, ilhas como as da Croácia, por exemplo. Só no Sena a empresa opera com quatro embarcações. Em 2015 será a única companhia que vai operar o Vale de Loire, na França, e, em 2016, começa a operar na Birmânia. A equipe da Coisi Europe é composta por aproximadamente 1.000 pessoas. Neste ano de 2014, a empresa apresentou o navio MS Lafayette, uma embarcação de luxo com capacidade para transporte de 86 passageiros em suas 44 cabines duplas e 4 single.
84
CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS
Pier 1Entrevista com Thiago Vasconcelos
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> Apesar da Copa do Mundo no Brasil
não ter sido positiva para as empresas
que a Pier 1 Cruise Experts representa,
como Crystal Cruises, Holland America,
Seabourn e Silversea, o número de novos
clientes não para de aumentar. A empresa
já está investindo em novidades como
uma ferramenta de reservas online, que
entrou em fase de testes em junho. Para
Thiago Vasconcelos, diretor da Pier 1,
os cruzeiros já estão inseridos na nova
geração de brasileiros e, cada vez mais, eles
observam as vantagens de fazer um roteiro
internacional. “A vantagem de fazer um
cruzeiro no exterior é a mesma de fazer um
cruzeiro no Brasil, tem um excelente custo
benefício. Há também a comodidade de
visitar vários portos sem fazer e desfazer a
mala, além das refeições inclusas”.
MERCADO & EVENTOS - Qual a maior difi culdade para a expansão de cruzeiros no Brasil?Thiago Vasconcelos - A saturação das
companhias que já estão em operação no
Brasil e a falta de distribuição e oferta de
uma maneira mais massiva das compa-
nhias internacionais que não têm operação
própria aqui no Brasil.
M&E - A Copa trouxe algum benefício para o setor de cruzeiros? Você prevê alguma melhora para as Olimpíadas? Pode haver alguma operação específi ca para o período?Th iago Vasconcelos - No caso da Pier 1, não
trouxe nenhum benefício para nenhum das
nossas companhias. O primeiro semestre
deixou a desejar, em média, tivemos uma
diminuição de 10% a 15% em vendas, de-
pendendo da companhia. Quanto às ope-
rações específi cas durante as Olimpíadas,
posso dizer que para a Copa, por exemplo,
nós tivemos algumas solicitações, mas esbar-
ramos em problemas como as taxas e com a
indefi nição de algumas regras. Espero que a
situação melhore para os Jogos Olímpicos.
M&E - Os agentes brasileiros estão ca-pacitados para vender cruzeiros? Th iago Vasconcelos - No eixo Rio-São
Paulo sim, já no resto do Brasil um pouco
menos. O mercado evoluiu muito nos
últimos dez anos, inclusive a qualifi cação
dos agentes de viagem, porém é preciso
investir em todo o país e não focar somente
em uma região. Seria muito bom se as
Abavs de outros estados fi zessem mais
eventos e se nós, operadores, estivéssemos
mais ativamente nessas outras regiões.
M&E - A Pier 1 representa grandes com-panhias. Quais as vantagens de fazer um cruzeiro no exterior? O brasileiro já possui essa cultura, de embarcar em navios em suas viagens internacionais?Thiago Vasconcelos - A vantagem de
fazer um cruzeiro no exterior é a mesma
de fazer um cruzeiro no Brasil, tem um
excelente custo benefício. Há também a
comodidade de visitar vários portos sem
fazer e desfazer a mala, além de ter as re-
feições já incluídas. No caso dos cruzeiros
na Europa ou na Ásia, a moeda é o dólar,
então o viajante não precisa fazer diversas
trocas fi nanceiras. E como o dólar é mais
barato que o euro, acaba sendo uma van-
tagem. O passageiro pode estar a bordo na
Europa, mas pagando com dólar. A nova
geração de brasileiros, de 30 anos ou me-
nos, já cresceu com a questão do cruzeiro.
Antigamente era fora da realidade, mas
para a geração mais nova a cultura já está
desenvolvida e o mercado de cruzeiros
no Brasil ainda pode crescer bastante.
M&E - Quais são os resultados esperados pela Pier 1 ao fi nalizar o ano de 2014? Thiago Vasconcelos - Vamos focar nas
oportunidades de 2014 que ainda estão dis-
poníveis no mercado. Nossa meta para este
ano é ter o mesmo faturamento do fi nal de
2013. Também estamos desenvolvendo uma
plataforma de cruzeiros online para o trade.
M&E - Como funciona essa nova ferra-menta online da Pier 1? Quais as van-tagens dela?Thiago Vasconcelos - As empresas que
já fi rmaram acordo de utilização com a
operadora poderão se familiarizar com a
ferramenta, realizar livremente simulações
de cotações e reservas. Teremos integração
total com 20 companhias na plataforma
nos próximos meses. O objetivo principal
da ferramenta é oferecer o maior leque
possível de produtos, mas cada empresa
parceira terá controle total sobre as ofertas e
poderá selecionar o que gostaria de integrar
ao sistema. Os prazos de implantação da
plataforma poderão variar de uma empresa
para outra, devido aos diferentes tipos e
níveis de customização solicitados. No
caso de integrações simples, com apenas
alteração de layout, conseguimos realizar
a implementação da ferramenta em até
quatro semanas. O sistema, pioneiro no
Brasil, atua como um buscador de cruzei-
ros que oferece dois módulos: B2B, para
profi ssionais do trade, e B2C (whitelabel),
para consumidores. Ambos possuem as
mesmas fases, possibilitando ao agente
de viagens (B2B) visualizar exatamente
as mesmas informações que o seu cliente
(B2C), iniciando pela pesquisa de pacotes
e fi nalizando com o pagamento da reserva.
86
CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS
Blue SeaEntrevista com Mario Trojman
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> No final de 2013, Mario Trojman
deixou o cargo de diretor no Brasil da
companhia de cruzeiros de luxo Silversea
para se dedicar, exclusivamente, à Th e Blue
Sea Cruises, operadora que representa
mais de 20 companhias de cruzeiro, dos
mais simples aos mais luxuosos, incluindo
a própria Silversea, a Seabourn, a Regent
Seven Seas Cruises, a SeaDream e Disney
Cruise Line, entre outras. “Já estou há 40
anos na indústria de ‘hotéis fl utuantes’.
Como diretor, tenho sempre que criar
coisas novas para o mercado, porém, nosso
foco é investir sempre em qualidade e não
em quantidade. O importante é oferecer
um serviço de qualidade e incentivar o
agente de viagem”, afi rma. De acordo com
Mario, o ano de 2014 não está sendo tão
bom quanto o de 2013, porém, a meta
de 1 milhão de dólares em vendas está
quase atingida. “Já atingimos até julho
US$ 800 mil e acredito que vamos con-
seguir superar nosso objetivo até o fi nal
do ano”, constatou. Com o lançamento de
um cartão de fi delidade, a empresa espera
conquistar novos clientes.
MERCADO & EVENTOS - A Blue Sea lançou neste ano o seu programa de fi delidade, chamado Select Blue. Como funciona? Quais são os benefícios? E como está a aceitação do mercado?Mario Trojman - Todas as pessoas que
compram um cabine acima de 8 mil dóla-
res recebem um cartão Select Blue, que dá
algumas vantagens como 10% de desconto
para a próxima compra e desconto no mês
do aniversário, por exemplo. Esperamos
que em 2015 todas as pessoas que pos-
suam o cartão de fi delidade Select Blue e
que comprem uma cabine, independente
do preço, recebam o cartão Select Blue
Platinum. A aceitação está avançando
muito. Apesar dos problemas que tivemos
em 2014, atualmente, 70 pessoas têm o
cartão Select Blue e, sendo assim, possuem
a fi delidade com a Blue Sea. A expectativa
é que até o fi nal do ano entre 300 e 320
pessoas tenham o cartão.
M&E - Qual foi o impacto do período da Copa do Mundo para a Blue Sea? As vendas foram bem?Mario Trojman - O turismo na Copa foi
muito mais interno do que externo, o
que não ajudou nos nossos negócios. As
vendas durante a Copa foram normais,
mas já constatamos que o movimento
depois dela aumentou.
M&E - O senhor acredita que existe uma massifi cação dos produtos oferecidos no segmento de cruzeiros marítimos? Como é possível trabalhar o mercado de forma correta, com produtos que tenham apelo junto ao público?Mario Trojman - Acho que tem espaço
para todos no mercado. Vemos opor-
tunidade, por exemplo, nos cruzeiros
fl uviais, em que as embarcações viajam
de madrugada e pelo dia param na cida-
de e já incluem as excursões terrestres.
Precisamos oferecer roteiros diferentes,
com adequação a cada tipo de público.
M&E - Como está o processo de expansão
da Blue Sea?Mario Trojman - Já estou há 40 anos na
indústria de “hotéis flutuantes”. Como
diretor, tenho sempre que criar coisas
novas para o mercado, porém, nosso foco
é investir sempre em qualidade e não em
quantidade. O importante é oferecer um
serviço de qualidade e incentivar o agente
de viagem.
M&E - Os brasileiros estão fazendo mais cruzeiros de luxo? Como atrair esse pú-blico?Mario Trojman - O passageiro do cru-
zeiro de luxo não viaja apenas uma vez.
Ele repete. E sempre que ele vai repetir,
recebe algum desconto, incentivos. Te-
mos passageiros que duas a três vezes
por ano repetem a viagem de luxo. Não
podemos empurrar o produto para os
clientes, porque não vamos vender. O
novo passageiro de luxo vem através de
amigos, de indicações de quem fez e gos-
tou. A ideia que as pessoas têm é que o
cruzeiro de luxo é uma coisa para velho
e não para um casal de 20, 30 anos, então
temos investido muito em pessoas nessas
idades. Queremos que o mais jovem faça
o cruzeiro de luxo e já estamos recebendo
um retorno muito grande. Hoje o cliente
vai com a mulher, depois vai com o fi lho,
o fi lho vai com a mulher e assim continua,
criando uma fi delidade entre a família e
a Blue Sea.
M&E - Qual será o foco do trabalho da Blue Sea até o fi m de 2014 e 2015? Alguma novidade a caminho?Mario Trojman - A Blue Sea vai investir
muito em iates, principalmente para as
famílias, elas irão poder fazer o roteiro que
quiserem neles, montando uma viagem
personalizada. Em maio de 2015 será
lançado um novo navio marítimo da
Ponant e, a partir de 2016, a Seabourn
vem com três novos navios.
87
CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS
Iberostar Grand Amazon
Entrevista com Orlando Giglio
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
>> O Grupo Iberostar investiu cerca de R$
2 milhões em melhorias no Iberostar Grand
Amazon, o navio-hotel que faz itinerários a
partir de Manaus. Entre as mudanças, des-
taque para as peças que passam a compor o
novo mobiliário, como quadros assinados
por artistas locais, além de cortinas e pa-
péis de parede que tornam os ambientes
ainda mais luxuosos. Segundo o diretor
de Vendas e Marketing, Orlando Giglio,
o Iberostar Grand Amazon já embarcou
mais de 20 mil passageiros em nove anos de
funcionamento. Ao todo, foram realizadas
mais de 724 viagens em mais de 58 mil qui-
lômetros entre os Rios Negro e Solimões.
MERCADO & EVENTOS - Como foi o primeiro semestre em vendas no país? E qual a ocupação média desejada para este ano?Orlando Giglio - O primeiro semestre foi
muito bom para o Grand Amazon. Até
o presente momento já registramos um
aumento de 15% nas vendas se compa-
rarmos com o mesmo período de 2013.
A Copa do Mundo foi fundamental para
esse crescimento. Esperamos manter a
ocupação em torno dos 60% anual.
M&E - Então, em sua visão, a Copa aju-dou o mercado emissivo de viagens?Orlando Giglio - A Copa do Mundo foi
uma grande oportunidade para o Brasil
não só mostrar para os estrangeiros que
pode ser um ótimo destino de férias,
mas também para os próprios brasileiros
viajarem e conhecerem melhor seu país.
Durante os jogos, nossos empreendi-
mentos mantiveram a ocupação média
do período, tanto no Iberostar Grand
Amazon quanto em nossos hotéis no
complexo na Praia do Forte.
M&E - Qual é o share dos passageiros dentro do Grand Amazon?Orlando Giglio - Temos quase uma divi-
são exata quando falamos de passageiros
dentro do navio. A maioria dos passageiros
é composta pelo público nacional (55%);
enquanto os outros 45% se dividem em
diversas nacionalidades estrangeiras,
liderados pelos Estados Unidos, seguidos
por Alemanha, Cone Sul (Argentina,
Uruguai e Chile), Europa, Ásia e África.
M&E - O segundo semestre tende a ser melhor?Orlando Giglio - Mesmo com esse ano
atípico - Carnaval tardio, Copa do Mundo
e eleições no segundo semestre - o ren-
dimento e o desenvolvimento dos tra-
balhos do Grand Amazon continuam
em frequência com o plano anual. Não
acreditamos que as eleições vão infl uenciar
a taxa de ocupação. Para o Réveillon já
estamos com quase 100% da ocupação.
Realmente uma procura excepcional
para a época.
M&E - Existem lançamentos de novos produtos ou parcerias com operadoras no país programadas para os próximos meses?Orlando Giglio - Sim. Renovamos nossas
ações com as principais operadoras que
trabalham com o barco em todo o país.
Além disso, teremos uma promoção para
o Natal com desconto de 25% para o
acompanhante. Nessa semana também
abriremos uma exceção e aceitaremos
crianças a partir dos 8 anos de idade.
M&E - Quais os planos e novidades para 2015?Orlando Giglio - O navio está sendo
redecorado, as novidades vão abranger
desde as cabines até a área de lazer, tudo
isso para surpreender e encantar nossos
hóspedes. São mais de R$ 2 milhões em
investimentos que contemplam, além da
revitalização interna, a área externa do
navio, com a construção do novo deck
de madeira na piscina, que passa a ser
de bambu mossô. Outros recursos foram
alocados na manutenção de toda parte
elétrica – aquisição de novos geradores
e revisões técnicas da parte estrutural
de toda a embarcação. Tudo para man-
ter o padrão de qualidade dos cruzeiros
oferecidos pelo navio. Também estamos
planejando um grande Carnaval a bordo
em 2015, e estamos pensando em algumas
atividades especiais para os outros feriados
prolongados no decorrer do próximo ano.
Gastronomia em casaA rede espanhola Iberostar aposta em um de seus pontos altos com o programa Iberostar Chef: a gastrono-mia. O novo programa é, na prática, a reformulação do conceito gastro-nômico já existente nos mais de 100 resorts, hotéis e do Grand Amazon. O livro “A Cozinha Iberostar” traz 42 receitas de entradas, pratos principais, sobremesas e drinques de 14 chefs que trabalham nos restaurantes da rede. O livro tem receitas em espa-nhol, inglês e alemão, misturando receitas tradicionais a ingredientes lo-cais. No Brasil, a rede tem dois resorts na Bahia e o barco Grand Amazon, que faz cruzeiros a partir de Manaus.
88
CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS
Gráfi cos do SetorNúmeros da Clia Abremar / FGV
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
CRUZEIRISTAS E TRIPULANTES Resultado da temporada 2013/2014 e variação percentual em relação à temporada 2010/2011
NÚMERO DECRUZEIRISTAS
Fontes: FGV
/CLIA A
BREMA
R BRASIL
NÚMERO DE NAVIOS
O impacto econômico total sofreu uma queda de 17,9% em relação à temporada 2010/2011, o que signifi ca uma redução de R$ 250 milhões.
IMPACTO ECONÔMICO TOTAL2013/2014 e variação percentual em relação a 2010/2011
88
90
CRUZEIROS MARÍTIMOS E FLUVIAIS
Gráfi cos do SetorNúmeros da Clia (EUA)
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
90
Frota Global (CLIA 2014)
410 NaviosIncluindo Cruzeiros Fluviais
467.629 Camas
Passageiros globais2013 (Estimativa)21,3 milhões
2014 (Previsão)21,7 milhões
Valor /Preço
Destino /Itinerário
Porto de origem
Estilo do cruzeiro / amenities
Reputação da armadora
TOP 2014 - Tendências Melhorias na tecnologia
e conectividade a bordo
Crescimento de passageiros classifi cados como “Millennials3”
Investimento em luxo
Mais pacotes all inclusive
Aumento de cruzeiros para todas faixas-etárias
Férias a bordo
TOP 10 - Origem de passageiros por país
EUA Brasil
Canadá
Espanha
França
Alemanha
Itália
Austrália e Nova Zelândia
Escandinávia e Finlândia
Reino Unido e Irlanda
Destinos de Cruzeiros em alta em 20141
Pacífi co Rios dos EUA e Rios exóticos América do Sul Antártica Cruzeiros Mundiais África Oriente Médio Canadá e Nova Inglaterra (EUA)
Investimento da Indústria Global de Cruzeiros
Capacidade de Market Share
R$ 7,2 bilhões em investimentos na temporada 2013/2014
Outros 20 navios integrarão a frota da CLIA entre2015/2018, disponibilizando mais 52 mil camas
29 novos navios com capacidade para mais de 34 mil passageiros na frota da CLIA 2013/2014
Alasca
Europa
Caribe Mediterrâneo
Outros mercadosAustrália
Ásia
América do Sul
Crescimento global de passageiros
Principais motivações para fazer um cruzeiro2
América do Norte Europa Outros Total
1 De acordo com CLIA Cruise Line Member Survey / 2 De acordo com CLIA Travel Agent Survey / 3 A Geração Y, também chamada geração do milênio ou geração da Internet têm a expectativa de ter informação e entretenimento disponíveis em qualquer lugar e em qualquer altura.
91
Da Copa àsOlimpíadas
REPORTAGEM DE CAPA
A realização da Copa 2014 no país, entre junho e julho deste ano, abriu os olhos do mundo para o Brasil e, ao mesmo tempo, fez o setor refl etir sobre o potencial da cadeia turística. Empresas, autoridades e profi ssionais traçam agora estratégias para aproveitar os benefícios deste momento.
Brasil ganha evidência no mundo; setor turístico entra em novo patamar
92
>> A Copa do Mundo 2014 mexeu
com o Brasil e com os brasileiros. In-
dependente de ser um evento esportivo,
o fato é que o campeonato de futebol
da Fifa levantou questões que pareciam
esquecidas e trouxe à tona problemas
que até então passavam despercebidos.
O Mundial serviu para mostrar a força
do país e, principalmente, de sua popu-
lação, que foi vista pelos estrangeiros
como um povo amigável, que sabe
receber muito bem os que aqui chegam.
No turismo, pelo que pode ser obser-
vado através dos depoimentos colhidos
pelo M&E, o saldo parece equilibrado.
A favorUm milhão de turistas estrangeiros
acolhidos, com 95% deles revelando in-
tenção de retornar ao país. Três milhões
de turistas nacionais. Um fl uxo de 16,7
milhões de passageiros nos aeroportos,
com taxas de atrasos abaixo das médias
internacionais. Um contingente de 3,4
milhões de pessoas nos estádios, com
outras cinco milhões de pessoas nas
Fan Fests. Esses são alguns dos números
ofi ciais e que trazem com eles esperança
para estados e cidades-sede, que viram
o evento como um divisor de águas.
ContraEm contrapartida, 53% das agências
de viagens do país tiveram perda nas
vendas por causa da Copa. O dado faz
parte do estudo realizado pelo Instituto
de Pesquisas, Estudos e Capacitação em
Turismo (Ipeturis) a pedido do Sindicato
das Empresas de Turismo no Estado de
São Paulo (Sindetur-SP). Em todo o Bra-
sil, apenas 13% das agências de viagens
venderam mais do que o normal. Para os
outros 34%, o saldo não foi positivo e nem
negativo. Durante a Copa, as vendas totais
do setor de agenciamento caíram 27%.
Soma-se a isso a insatisfação dos muni-
cípios que não sediaram sequer um jogo.
SaldoOu seja, a balança fi cou estável, já que
os ganhos para a imagem do país foram
muitos, mas, por outro lado, as vendas
dos operadores e agentes registraram
queda. Então, como aproveitar essa
chamada “década de ouro”, que reser-
va ainda as Olimpíadas de 2016 para
conseguir alavancar os negócios? Qual
o papel do agente de viagem nos dias
atuais diante deste cenário? E o que
estados e cidades podem esperar?
Novo cenário brasileiro, com maior exposição do país após o Mundial da Fifa, levanta o debate sobre o futuro do turismo e o papel do agente de viagem
Alexandre M
acieira/Riotur
REPORTAGEM DE CAPA
Números fi nais do MundialMais de 1 milhão de estrangeiros de
202 países estiveram no Brasil para a Copa
Os turistas brasileiros somaram 3,05 milhões
Os turistas estrangeiros permaneceram em média 13 dias no país
Cerca de 95% dos estrangeiros que vieram ao Brasil pretendem voltar no futuro
64% dos ingressos da Copa foram alocados para brasileiros e 36% para estrangeiros
378 municípios brasileiros foram visitados por estrangeiros
Investimento de R$1,1 bilhão em Segurança Pública
Espaços das Fan Fests receberam 5,1 milhões de pessoas para os jogos
A Copa 2014 teve 517 horas de transmissão sem interrupções
Público total da Copa 2014 superou os 3,42 milhões de torcedores
Cerca de 16,7 milhões de passageiros estiveram nos aeroportos brasileiros na Copa 2014
Na aviação, o índice médio de pontualidade do período nas cidades-sede foi de 92,54%
Perfi l do turista brasileiro na Copa De acordo com pesquisa do Ministério do Turismo (MTur), em parceria com a
Fundação Getúlio Vargas, a maioria homem (76,2%), tem ensino superior completo (55,3%), idade entre 25 a 34 anos (40,3%) e renda familiar (28,6%) que oscila entre R$ 3.621 e R$ 7.240.
Os brasileiros em viagem pelo país movimentaram o mercado interno durante a Copa do Mundo. Uma das características marcantes desse público foi o fato de que cerca de 30% dos viajantes nacionais, o que equivale 904.005 pessoas, se deslocaram de mochila nas costas, sem pernoitar nos destinos turísticos.
Os excursionistas, como são chamados os viajantes que voltam no mesmo dia para casa, em geral moradores de cidades próximas às sedes, optaram por assistir aos jogos ou participar de eventos relacionados sem ter de se hospedar no destino.
A maioria dos viajantes brasileiros (67,2%) visitou destinos que ainda não conhecia, segundo o estudo. No total, 3.056.397 pessoas se movimentaram pelo país, sendo 2.152.392 turistas e 904.005 excursionistas.
O maior grupo foi de paulistas, com 858.825 viajantes, sendo 544.268 de turistas, e outros 314.557 de excursionistas. O segundo estado que mais emitiu representantes foi o Rio de Janeiro, com 260.527. Na sequência vieram os baianos, com 220.021; os minei-ros, com 204.425; os paranaenses, com 165.694; os pernambucanos, 160.324; os parai-banos, 142.949; os goianos, 123.928; os catarinenses 123.851; e os gaúchos, 113.208.
94
Luis Otávio Neves, secretário de Turismo do Distrito Federal
“A Copa do Mundo foi uma grande janela de visibilidade para o turismo em Brasília. Foram mais de 630 mil visitantes e as características peculiares do destino des-pertaram o interesse do mundo. A capital receberá a Stock Car no próximo ano, será subsede das Olimpíadas de 2016, também
receberá o 8º Fórum Mundial da Água em 2018 e o Summer Universidade em 2019. Temos uma missão de cada dia mais inserir Brasília no circuito internacional de destinos turísticos.”
Márcio Cabral, secretário de Turismo do Rio Grande do Sul
“A Copa do Mundo reafi rmou o Rio Gran-de do Sul como um destino turístico de qualidade receptiva e singular, diferente de tudo que os turistas puderam presenciar no restante do país. A avaliação positiva dos milhares de visitantes que estiveram aqui estimula o estado a buscar novos
desafi os, uma vez que conseguimos neste período uma expo-sição mundial que nos qualifi ca a deixarmos de ser um destino doméstico para alçar voos no mercado internacional.”
Juliana Vellozo Vosnika, presidente da Paraná Turismo
“Nossa capacidade de organizar e receber turistas para grandes eventos evidenciou a vocação do Paraná para o turismo e pos-sibilitou uma maior qualifi cação dos equi-pamentos e serviços turísticos. Assim, além das ações voltadas ao turismo de lazer, se-rão incrementadas aquelas que permitam
ampliar a competitividade do estado como destino de negócios e eventos, tanto no mercado nacional como internacional.”
Pedro Galvão, secretário do Turismo da Bahia
“Os jogos da Copa na Arena Fonte Nova proporcionaram visibilidade positiva para a Bahia e Salvador com refl exos excelen-tes para o turismo. É preciso manter a promoção do destino Bahia para impedir que o efeito positivo proporcionado pela Copa seja volatizado. Temos uma agenda
de ações que avança com uma série de iniciativas para quali-fi cação de mão de obra, esforço para atração de novos voos, investimentos e eventos como a Stock Car.”
Oreni Braga, presidente da Amazonastur
“O Amazonas foi reconhecido como um destino turístico que sabe bem receber e tem a capacidade para recepcionar turistas do mundo inteiro. Agora recai sobre nós a grande responsabilidade de promover mais e melhor o estado para que este turismo que veio possa voltar. A Copa do Mundo repre-
sentou um marco para o turismo amazonense e nós vamos traba-lhar muito para consolidar de vez essa atividade em nossa região.”
Antônio Pedro Figueira de Melo, secretário de Turismo da cidade do Rio de Janeiro
“As avaliações positivas de pesquisas rea-lizadas após o evento revelam que entre os turistas estrangeiros, 98,8% dos entre-vistados tiveram as expectativas atingidas ou superadas e 98,3% recomendariam o destino a parentes e amigos. Tudo isso comprova que estamos no caminho cer-
to e nos deixam ainda motivados para realizarmos uma festa inesquecível durante as Olimpíadas em 2016. Com os jogos e a fi nal da Copa milhares de telespectadores em todo o mundo puderam ter uma imagem positiva do Rio de Janeiro.”
Romeu Baptista, secretário de Turismo de Pernambuco
“O pós Copa trouxe um novo ordenamento do crescimento metropolitano em Pernam-buco, atraindo investimentos para a Zona Oeste do Recife e criando um novo vetor de desenvolvimento econômico e adensa-mento demográfi co. Um grande destaque do legado da Copa foi a aceleração da
modernização urbana, que contou com mais de R$ 2 bilhões de investimentos públicos, os investimentos no setor hoteleiro. Até o fi m do ano o estado irá contar com mais de 87 mil leitos.”
Qual o real impacto da Copa de 2014 para o seu destino?Estados e cidades-sede esperam um boom de visitantes nos pró-ximos anos. Governantes pensam nas melhores formas de alavancar o turismo a partir de agora.
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Fernando Bezerril, secretário de Turismo de Natal
“Natal mostrou todo seu potencial aos tu-ristas e às autoridades presentes no perío-do da Copa do Mundo. Agora, os turistas podem ser bem recebidos e acolhidos e desfrutar das belezas de Natal com mais segurança e comodidade. Nesse momento pós-Copa colheremos os frutos da boa
realização do evento através de uma divulgação a ser realizada em conjunto com os empresários do setor turístico nos países que vieram para os jogos na cidade e nos estados brasileiros.”
Mauro Werkema, presidente da Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte – Belotur
“O maior benefi ciado com a Copa em Belo Horizonte foi o setor turístico. Para manter a capital mineira com boa visibilidade e capacidade de receber grandes eventos, estão em andamento o BH Receptiva e o Programa de Estímulo ao Turismo de
Negócios e Eventos, que cuidam do receptivo da cidade e tra-balham no incremento do turismo de eventos e negócios para dar sustentabilidade ao fl uxo de visitantes e manter a cadeia de prestadores de serviço com bom desempenho.”
Salmito Filho, secretário de Turismo de Fortaleza
“Fortaleza foi uma das cidades-sede com maior fl uxo de turistas na Copa do Mundo e também na Copa das Confederações. A cidade seduz o turista com suas belas praias, artesanato, gastronomia, rede hoteleira e pela infraestrutura no turismo de eventos. Mas foi a hospitalidade do
fortalezense o que mais chamou a atenção de torcedores e tu-ristas, o que nos deixa otimistas para um crescimento do fl uxo turístico além da expectativa nos próximos anos.”
Wilson Poit, secretário municipal de Turismo e presidenteda SPTuris e SPNegócios
“Para São Paulo, a Copa ajudou a mostrar o que há de melhor aqui para pessoas do mundo inteiro e também trouxe para o paulistano mais orgulho de sua cidade. Agora é hora de aproveitar os dividendos e investir em grandes projetos. Estamos
sonhando grande e montando projetos, buscando investimentos e parcerias. Queremos que o turismo seja uma das grandes forças dessa cidade, gerando mais negócios, investimento, empregos e renda para toda a população.”
*O secretário de turismo de Cuiabá foi procurado, mas não respondeu ao M&E.
Valdir Walendowsky, presidente da Santur
“Se levarmos em consideração que apenas houve um congresso técnico em Florianópolis da Fifa, eu acredito que não houve um ganho para o estado com a reali-zação da Copa. Não hospedamos seleções, apesar de termos uma
hotelaria de primeira linha, não tivemos promoção, nem investimentos. Então creio que num balanço geral o estado acabou não sendo benefi ciado diretamente.”
Nilde Brun, diretora presidente da Fundação de Turismo de Mato Grosso do Sul
“Durante a Copa fi zemos uma promoção específica para o público-alvo. Destacamos a região de Bonito-Serra da Bo-doquena, principalmente no pré-Copa, onde tivemos um
aumento em torno de 30% em relação ao mesmo período do ano passado. Já para a região do Pantanal, o fl uxo aumentou consideravelmente durante a Copa.”
Adenauer Góes, secretário de Turismo do Pará
“Considero que dentro dos gran-des eventos o Governo decidiu dividir o Brasil em duas partes. Aquela que levou em considera-ção as cidades-sede e, por outro lado, os demais estados e cidades, como foi o caso do Pará. Não
creio que possamos ter sido beneficiados nem com qualquer investimento em infraestrutura, ou mesmo de promoção.”
Danielle Novis, secretária de Turismo de Alagoas
“Se para o Brasil é inegável que os ganhos da Copa foram muitos, tanto em termos de visibilidade como em relação à fantástica hos-pitalidade, o mesmo não posso afi rmar para Alagoas. Creio que o mês de junho e a primeira quinze-
na de julho foram para o turismo do estado os piores dos últimos dez anos. Exagero ou não, os fracos resultados pu-deram ser constatados principalmente no setor hoteleiro.”
Fora do Mundial, destinos têm impactos diferenciados. A Copa conseguiu extrapolar as cidades-sede?
.
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Laurelina Alcolino, da Novo Mundo Turismo e Viagens
“Eu acho que não podemos ignorar as OTAs de forma alguma porque elas têm um potencial muito maior que o nosso. Mas não acredito que as agências de viagem vão deixar de existir por causa das OTAs. Porque temos o nosso diferen-cial. Oferecemos o corpo-a-corpo, atendimento 24h. Inclusive, muitas OTAs estão partindo para agências físicas também. Acredito que temos que inovar. Oferecer coisas novas, um tratamento diferenciado e exclusivo são alguns dos caminhos para continuarmos no mercado”.
Lia Vieira, da Ashanti Viagens
“De um modo geral, acredito que quando o cliente já é fi delizado, ou quando é um público muito específi co, como o cliente corporativo, por exemplo, ele dá preferência à agência de viagem pela facilidade de fazer as transações. Não acho que as OTAs vão roubar o nosso es-paço e nem que deixaremos de existir. Disseram muito isso sobre o cinema e o DVD, sobre jornal impresso e online, e eles continuam coexistindo. Nós temos é que nos aperfeiçoar e inovar. As agências não podem mais ser contemplati-vas, esperando que o cliente apareça. Mudou muito a relação consumidor-fornecedor”.
Georgiana Antonina, da GTI Viagens e Turismo
“O passageiro geralmente decide comprar diretamente com as OTAs porque acredita que através da agência de viagem haverá um aumento no valor final da passagem. E na compra (com exceção da venda de cruzeiros), as OTAs conseguem sim fazer um preço melhor que as agências, infelizmente. O diferencial é a agência ter um atendimento personalizado, dar todo o apoio ao cliente, as informações, fornecer documentação, isso a compra online não oferece. Se você comprar em uma OTA, você não tem retorno se tiver alguma dúvida. Mas, infelizmente, em relação ao preço, não conseguimos competir”.
Mariana Nasser, da MBN Tour
“A proporção de concorrência é muito grande, porque nós fazemos uma cotação de viagem para um cliente e ele faz a comparação com os preços das OTAs. É um pouco desproporcional porque você disponibiliza tempo, conhecimento e expertise para o cliente e ele acaba optando pelo online. Eu tenho tentado, na medida do possível, oferecer informações fundamentais que os passageiros não conseguem através das OTAs, para fi delizar o cliente. Mas é com-plicado, o mercado está bastante competitivo”.
>> Apesar da Copa de 2014 não ter sido tão
especial para os agentes de viagens brasileiros
e para grande parte das operadoras, o fato é
que esses profi ssionais tiveram outro motivo
para comemorar o primeiro semestre de 2014.
Às vésperas do Mundial foi publicada (em
16 de maio de 2014) a Lei 12.974, que dispõe
sobre as atividades das agências de turismo.
Depois de 13 anos, o PL 5.120 foi aprovado e
sancionado pela presidente Dilma Rousseff .
Um avanço, levando-se em consideração
que a luta já se arrastava há um bom tempo.
A nova Lei impede que pessoas e or-
ganizações de outros segmentos atuem
como se fossem agências e operadoras,
tornando expresso que a remuneração
pelos serviços por elas prestados é uma
prerrogativa exclusiva das agências de
turismo, que possuem a atividade regu-
lamentada como seu objeto principal.
Apesar disso, nem tudo são flores.
Entre os muitos vetos que foram feitos
(grande parte relacionados ao Código
de Defesa do Consumidor), destaque
para o que estabelece a Responsabili-
dade Solidária. Esse é o principal ponto
defendido pelos agentes e pela própria
Abav Nacional, no qual agências de tu-
rismo muitas vezes são responsabilizadas
por eventuais problemas que não estão
diretamente ligados à empresa, como é
o caso de atrasos de voos, por exemplo.
Portanto, apesar de se tratar de novi-
dade, em princípio a mencionada lei não
traz inovações práticas para o dia a dia
operacional das agências, mas, sim, con-
solida e dá contornos mais delineados às
atividades desses profissionais no país.
Tecnologia como aliada – Com a profi s-
são reconhecida, os agentes devem agir no
presente para garantir um futuro promissor.
Neste sentido, vale ressaltar a necessidade de
qualifi cação e capacitações constantes. Pales-
trantes e especialistas defendem mais agressi-
vidade e pró-atividade. E todos entram num
consenso quando ao assunto é a tecnologia e
o uso dela como aliada e não como ameaça.
O professor Marcelo Bispo, da Universi-
dade Federal da Paraíba (UFPB), defende a
necessidade – e oportunidade – das agências
migrarem do meio físico a para o mundo
virtual. “O cenário atual mostra que o tu-
rista já fez suas escolhas: atualmente, mais
da metade dos bilhetes são vendidos pelos
sites das companhias aéreas e já existem
bons exemplos de agências de viagem com
foco na venda pela internet. O agente de
viagem tem de fazer o papel de consultor”.
As soluções de realidade aumentada, que
unem informações reais, como fotos e vídeos,
a gráfi cos e informações manipuladas pelo
computador, podem ser um diferencial na
hora de apresentar os destinos aos viajantes.
Agentes não ganharam com a Copa, mas têm um bom motivo para comemorar
REPORTAGEM DE CAPA
Como você vê a concorrência com as OTAs? O que o agente deve fazer para garantir a fi delização de seu cliente?CoO
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98
Mensagem de veto dispõe
sobre as atividades das Agências de Turismo.
A PRESIDENTA DA REPÚBLICA
Faço saber que o Congresso Nacional
decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre as atividades das Agências de Turismo.
Art. 2º Entende-se por Agência de Turismo a empresa que tenha por objeto, exclusivamente, a prestação das atividades de turismo defi nidas nesta Lei.
Art. 3º É privativo das Agências de Turismo o exercício das seguintes atividades:
I - venda comissionada ou intermediação remunerada na comercialização de passagens, passeios, viagens e excursões, nas modalidades aérea, aquaviária, terrestre, ferroviária e conjugadas;
II - assessoramento, planejamento e organização de atividades associadas à execução de viagens turísticas ou excursões;
III - (VETADO);
IV - organização de programas, serviços, roteiros e itinerá-rios de viagens, individuais ou em grupo, e intermediação remunerada na sua execução e comercialização; e
V - organização de programas e serviços relativos a viagens educacionais ou culturais e intermediação remunerada na sua execução e comercialização.
§ 1º As Agências de Turismo poderão exercer todas ou algumas das atividades previstas neste artigo.
§ 2º O disposto no inciso I do caput deste artigo não inclui a organização dos programas, serviços, roteiros e itinerários relativos aos passeios, viagens e excursões.
§ 3º O disposto no inciso III do caput deste artigo não elide a venda direta ao público dos serviços prestados pelas empresas transportadoras, pelos meios de hospedagem e pelas demais empresas fornecedoras de serviços turísticos, inclusive por meio da rede mundial de computadores.
Art. 4º As Agências de Turismo poderão exercer, ainda, e sem caráter privativo, as seguintes atividades:
I - obtenção e legalização de documentos para viajantes;
II - transporte turístico de superfície;
III - desembaraço de bagagens, nas viagens e excursões de seus clientes;
IV - intermediação remunerada de serviços de carga aérea e terrestre;
V - intermediação remunerada na reserva e contratação de hospedagem e na locação de veículos;
VI - intermediação remunerada na reserva e venda de ingressos para espetáculos públicos, artísticos, esportivos e culturais;
VII - (VETADO);
VIII - representação de empresa transportadora, de meios de hospedagem e de outras empresas fornecedoras de serviços turísticos;
IX - assessoramento, organização e execução de atividades relativas a feiras, exposições, congressos e eventos similares;
X - venda comissionada ou intermediação remunerada de seguros vinculados a viagens e excursões e de cartões de assistência ao viajante;
XI - venda de livros, revistas e outros artigos destinados a viajantes; e
XII - outros serviços de interesse de viajantes.
Art. 5º Para os efeitos desta Lei, as Agências de Turismo classifi cam-se nas 2 (duas) categorias abaixo, conforme os serviços que estejam habilitadas a prestar:
I - Agências de Viagens; e
II - Agências de Viagens e Turismo.
§ 1º É privativa das Agências de Viagens e Turismo a exe-cução das atividades referidas nos incisos II, III, IV e V do caput do art. 3º.
§ 2º A Agência de Viagens e Turismo poderá utilizar-se da denominação de Operadora Turística.
Art. 6º (VETADO).
Art. 7º É vedado o registro como Agência de Turismo à empresa:
I - cuja atividade principal prevista no seu objetivo social seja distinta da estabelecida no art. 2º;
II - que não preencha as condições previstas nesta Lei e no Regulamento.
Art. 8º Constituem prerrogativas das Agências de Turismo registradas na forma desta Lei:
I - o exercício das atividades privativas de que trata o art. 3º, observado o disposto no art. 5º;
II - o recebimento de remuneração pelo exercício de suas atividades; e
III - a habilitação ao recebimento de incentivos e estímulos governamentais previstos na legislação em vigor.
Art. 9º São obrigações das Agências de Turismo, passíveis de fi scalização, em conformidade com os procedimentos previstos nesta Lei e nos atos dela decorrentes:
I - cumprir rigorosamente os contratos e acordos de prestação de serviços turísticos fi rmados com os usuários ou outras entidades turísticas;
II - disponibilizar e conservar instalações em condições adequadas para o atendimento ao consumidor, em ambiente destinado exclusivamente a essa atividade;
III - mencionar, em qualquer forma impressa de promoção ou de divulgação de viagem ou excursão, o nome das em-presas responsáveis pela operação dos serviços contratados e o número de registro no órgão federal responsável pelo cadastramento e pela fi scalização das empresas dedicadas à exploração dos serviços turísticos;
IV - prestar ou apresentar, na forma e no prazo estabelecidos pelo órgão federal responsável pelo cadastramento e pela fi scalização das empresas dedicadas à exploração dos serviços turísticos, as informações e os documentos referentes ao exercício de suas atividades;
V - manter em local visível de suas instalações cópia do certifi cado de registro no órgão federal responsável pelo cadastramento e pela fi scalização das empresas dedicadas à exploração dos serviços turísticos;
VI - comunicar ao órgão federal responsável pelo cadastra-mento e pela fi scalização das empresas dedicadas à explo-ração dos serviços turísticos eventual mudança de endereço e paralisação temporária ou defi nitiva das atividades; e
VII - apresentar ao órgão federal responsável pelo cadas-tramento e pela fiscalização das empresas dedicadas à exploração dos serviços turísticos cópia do instrumento que altere o ato constitutivo da sociedade, no prazo máximo de 30 (trinta) dias, contados do seu arquivamento no registro apropriado.
Art. 10. A oferta do serviço prestado pela Agência de Turismo expressará:
I - o serviço oferecido;
II - o preço total, as condições de pagamento e, se for o caso, as de fi nanciamento;
III - as condições para alteração, cancelamento e reembolso do pagamento dos serviços;
IV - as empresas e empreendimentos participantes da viagem ou excursão; e
V - a responsabilidade legal pela execução dos serviços e eventuais restrições existentes para a sua realização.
Art. 11. (VETADO).
Art. 12. (VETADO).
Art. 13. (VETADO).
Art. 14. (VETADO).
Art. 15. (VETADO).
Art. 16. (VETADO).
Art. 17. (VETADO).
Art. 18. (VETADO).
Art. 19. (VETADO).
Art. 20. A Agência de Turismo é diretamente responsável pelos atos de seus prepostos, inclusive os praticados por terceiros por ela contratados ou autorizados, se ao contrário não dispuser a legislação vigente.
Art. 21. A sociedade civil ou comercial de qualquer natureza somente poderá oferecer a seus integrantes, associados, empregados ou terceiros os serviços turísticos de que trata esta Lei quando prestados ou intermediados por Agências de Turismo registradas no órgão federal responsável pelo cadastramento e pela fi scalização das empresas dedicadas à exploração dos serviços turísticos.
Parágrafo único. O disposto neste artigo não se aplica aos casos de fretamento de veículo para uso dos associados, mediante simples ressarcimento das despesas realizadas.
Art. 22. O órgão federal responsável pelo cadastramento e pela fi scalização das empresas dedicadas à exploração dos serviços turísticos exercerá a fi scalização das atividades das Agências de Turismo, objetivando:
I - a proteção ao consumidor, exercida prioritariamente pelo atendimento e averiguação da reclamação;
II - a orientação às empresas para o perfeito atendimento das normas reguladoras de suas atividades; e
III - a verifi cação do cumprimento da legislação pertinente em vigor.
Parágrafo único. Para os fi ns deste artigo, os agentes da fi scalização terão livre acesso às instalações, áreas, equipa-mentos, arquivos, livros e documentos fi scais da empresa fi scalizada, sendo obrigação desta, nos limites da lei, prestar todos os esclarecimentos e informações solicitadas.
Art. 23. A inobservância pela Agência de Turismo das de-terminações desta Lei sujeitá-la-á às seguintes penalidades, além das sanções penais cabíveis:
I - advertência por escrito;
II - multa;
III - interdição da instalação, estabelecimento, empreendi-mento ou equipamento;
IV - (VETADO); e
V - cancelamento do registro.
Parágrafo único. As penalidades mencionadas neste artigo serão reguladas e aplicadas pelo órgão federal responsável pelo cadastramento e pela fi scalização das empresas dedi-cadas à exploração dos serviços turísticos.
Art. 24. O exercício de atividades privativas de Agência de Turismo, na forma desta Lei, sem o correspondente registro no órgão federal responsável pelo cadastramento e pela fi scalização das empresas dedicadas à exploração dos serviços turísticos constitui ilícito penal e sujeita o infrator às penas dispostas no art. 47 do Decreto-Lei no 3.688, de 3 de outubro de 1941 - Lei das Contravenções Penais.
Parágrafo único. (VETADO).
Art. 25. (VETADO).
Art. 26. A responsabilidade civil da Agência de Turismo poderá ser objeto de seguro.
Art. 27. A Agência de Turismo já registrada como Agência de Turismo, Agência de Viagens ou Agência de Viagens e Turismo deverá adaptar sua denominação ao disposto nesta Lei no prazo máximo de 90 (noventa) dias, contados de sua entrada em vigor.
Art. 28. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 15 de maio de 2014;
193º da Independência e 126o da República.
DILMA ROUSSEFF
José Eduardo Cardozo
Guido Mantega
Miriam Belchior
Vinícius Nobre Lages
Anthero de Moraes Meirelles
Este texto não substitui o publicado no DOU de 16.5.2014
LEI Nº 12.974, DE 15 MAIO DE 2014
REPORTAGEM DE CAPA
100
Identidade VisualEm agosto deste ano foi divulgada a identidade visual que será utilizada nas Olimpíadas de 2016. O projeto foi desenvolvido pelas equipes de design e gestão de marca do Comitê Rio 2016, demorando cerca de um ano para a conclusão. Segundo a diretora do COI, Beth Lula, o look se inspirou em pontos turísticos da capital fl uminense como o Corcovado, o Cristo Redentor e o Pão de açúcar. A imagem é multicolorida, com predominância do verde por ser a cor de destaque da bandeira nacional e lembrar as paisagens do Rio. Para sua realização, foram feitos estudos sobre na identidade do Brasil presente no Rio. Além das quatro outras cidades do futebol: Belo Horizonte, São Paulo, Brasília e Salvador.
>> Passada a euforia da Copa, o setor tu-
rístico volta os olhos agora para o futuro,
especifi camente para 2016. A Embratur,
por exemplo, está em fase de planejamento
de novas ações. “Entramos em um novo
ciclo, com desafi os diferentes, e queremos
continuar contribuindo para que o turismo
internacional cresça de forma sustentável,
atingindo assim a meta dos 10 milhões de
visitantes estrangeiros em 2020. Uma nova
campanha publicitária deverá ser lançada
e novos eventos exclusivos sobre o Brasil,
com foco nas Olimpíadas de 2016, também
estão previstos para este semestre”, avisa o
presidente da Embratur, Vicente Neto. As-
sim, agentes e operadores também devem
começar a pensar e traçar estratégias para
o período. Seja para atender os visitantes
Contagem regressiva rumo às Olimpíadas
REPORTAGEM DE CAPA
Números das Olimpíadas Serão quase 100 mil pessoas envolvidas diretamente na organização do evento.
São até 60 mil voluntários, 36 mil colabora-dores
terceirizados e quatro mil funcionários.
São esperadas quase 500 mil pessoas no Rio, entre jornalistas e turistas.
Estima-se, aproximadamente, 10 mil atletas.
internacionais que aqui chegarem através
do receptivo, ou mesmo para produzir
pacotes e enviar ao exterior os brasileiros
que preferirem deixar o país na ocasião. O
presidente da Braztoa, Marco Ferraz, alerta
para o perigo dos preços altos, que podem
acabar assustando o consumidor. “Teremos
pela frente os Jogos Olímpicos e não po-
demos ir com uma fome maior, como foi
feito na Copa. O preço tem que ser razoável,
porque, caso contrário, o consumidor não
vai aceitar e não irá comprar. Como somos
intermediários, não fazemos preço, apenas
mantemos o nosso markup acompanhando
a subida e descida dos preços, dependemos
muito dos fornecedores. Espero que eles
tenham entendido que o consumidor não
vai mais pagar preços irreais. Este deve
ser um dos legados da Copa para o fu-
turo e não apenas para grandes eventos”.
Rio de JaneiroA pouco menos de dois anos para o evento,
o Rio de Janeiro corre para cumprir os
prazos e fazer jus às expectativas. “Barce-
lona que me perdoe, mas nenhuma outra
cidade se transformará tanto em tão pouco
tempo quanto o Rio de Janeiro”, garantiu o
prefeito da cidade, Eduardo Paes.De acor-
do com ele, o investimento total já chega
a R$ 37,6 bilhões, sendo que 57% deste
valor serão arcados pela iniciativa privada.
InstalaçõesDas 13 instalações olímpicas que irão
abrigar os 28 campeonatos esportivos,
apenas três estão concluídas: a moderni-
zação do estádio do Maracanã e a urba-
nização de seu entorno, que custaram R$
1,309 bilhão; a ampliação da capacidade
do Sambódromo de 60 mil para 72.500
lugares, para que possa receber provas de
tiro com arco e a chegada da maratona; e
o Parque dos Atletas. Em relação às hos-
pedagens dos turistas, a cidade chegará
ao início dos jogos com 37 mil quartos,
dez mil a mais do que acordado com o
Comitê Olímpico Internacional (COI).
101
Pavilhões cheios
EVENTOS / FEIRAS
>> O Brasil é o oitavo país no ranking mundial de viagens corporativas e está em vias de ultrapassar a Itália, a França e o Reino Unido, nos próximos dois anos, segundo o estudo da GBTA 2013. Já pelo lado da International Congress and Convention Association (Icca), o Brasil perdeu duas posições para China e Japão no ranking mun-dial. De fato, o que vai alavancar o aumento de eventos no Brasil é a superação dos desafios que temos quanto à infraestrutura, novos espaços para eventos, políticas de incentivo ao setor, capacitação e um compromisso grande das entidades. O presidente da Icca, Arnaldo Nardone, explica a queda do Brasil no ranking. Para ele, a alta concorrência com mercados asiáticos faz com que o decréscimo seja considerado normal, perto do valor que Japão e China investem por ano em infraestrutura modernizada.
Em todo o caso, o Brasil tem de ser aplaudido de pé pelos números apre-sentados em 2013. De acordo com a Embratur, em estudo divulgado em maio deste ano, em dez anos, os congressos e convenções de negócios realizados no Brasil registraram um aumento de 408%. Conforme os da-dos divulgados pela Icca, entre 2003 e 2013, o total de eventos passou de 62 para 315. No mesmo período, o número de cidades que sediaram esse
Em dez anos, Brasil registra um aumento de 408% no segmento de eventos
PEDRO MENEZES
tipo de evento subiu 145%, passando de 22 para 54. O ranking divulgado mostra que o Brasil permaneceu en-tre os dez países que mais recebem congressos e convenções associativas, liderado pelos Estados Unidos.
Um estudo realizado pelo Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC, na sigla em inglês), em parceria com a Universidade de Oxford, indica que o Brasil é o país com maior previsão de crescimento em investimentos no setor turístico em 2014: 21,8%, ante a média mundial de 5,7%. Ainda de acordo com o WTTC, a estimativa é que daqui a 10 anos, em 2024, o impacto do turismo na economia brasileira possa alcançar 10,3% do PIB (R$ 700 bilhões).
E as projeções não param por aí! Em 2015, o país participará da Expo Mila-no, na Itália, um megaevento mundial, onde o Brasil estará exposto em uma das maiores áreas da feira, durante seis meses. De acordo com Marta Rossi, diretora do Festival de Turismo de Gramado-RS (Festuris), o Brasil está no melhor momento, porque as portas do mercado internacional estão abertas. “Precisamos, no entanto, aproveitar as oportunidades e trabalhar muito para isso, seja através de ações pontuais e ações planejadas a longo prazo entre o poder público e a iniciativa privada”.
O diretor da BNT Mercosul, Geninho Góes, vai além, e ressalta a necessidade de mão de obra qualifi cada. Segundo o executivo, se o Brasil quiser se fi rmar como um destino turístico mundial, esse processo de capacitação da mão de obra tem que ser constante. “Não adianta pararmos para ensinar as pes-soas a falarem frases básicas de inglês e espanhol somente nos megaeventos. Tem de ser uma ação continuada, com cursos operacionais e de atendimento ao público internacional. O que não dá, é a gente viver do legado de uma Copa ou de uma Olimpíada”.
Legado, este, que deve ser come-morado, mas apenas por enquanto. “Esses grandes eventos, recém reali-zados no Brasil, criaram uma janela enorme, que se abriu aos olhos do mundo e não deve ser fechada”, afi rma Roberto Pereira, secretário--executivo da CTI Nordeste. É nesse ritmo que “o Brasil vem a galope no segmento, ganhando profi ssionali-zação tanto na cooptação desses eventos quanto na realização”.
Já que “o Brasil tem know-how para grandes eventos”, como afi rma a pre-sidente da ABEOC Brasil, Anita Pires, não podemos nos atrelar apenas aos grandes que acontecem por aqui. Devemos acompanhar e participar até dos mais simples eventos.
102
EVENTOS / FEIRAS
São Paulo Convention & Visitors Bureau
Entrevista com Toni Sando
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> De acordo com a Embratur (Instituto
Brasileiro de Turismo), em dez anos, os
congressos e convenções de negócios rea-
lizados no Brasil registraram um aumento
de 408%. São Paulo, capital nacional dos
negócios, está entre as 10 cidades mais
bem colocadas no ranking das Américas.
“Somente no 1º semestre de 2014 foram
identifi cados 17,6% mais eventos que no
mesmo período do ano anterior”, afi rma
o presidente do São Paulo Convention &
Visitors Bureau, Toni Sando.
MERCADO & EVENTOS - Segundo o ranking da Icca, divulgado em maio, o Brasil caiu de sétimo para nono lugar, perdendo posições para China e Japão. Qual fator pode ter sido determinante para esta queda?Toni Sando - O mercado está cada vez
mais competitivo e outros destinos estão
focados também nesse segmento. Os 315
eventos realizados no ano passado, quando
o Brasil fi cou em 9º no ranking da Icca,
não incluem eventos esportivos e reli-
giosos. Com isso, fi caram de fora a Copa
das Confederações, realizada em junho
em seis diferentes cidades, e a Jornada
Mundial da Juventude, que aconteceu
em julho, no Rio de Janeiro. Por ocupa-
rem grande parte e um longo período
de tempo a infraestrutura hoteleira, os
eventos esportivos e religiosos, sempre
com maior número de pessoas, acabam
difi cultando a realização de eventos com
público menor. Isso contribuiu para que,
no ano passado, na comparação com 2012,
houvesse queda de 12,5% no número de
eventos realizados no Brasil.
M&E - Em 2013, São Paulo investiu R$ 6 milhões e acabou eliminada, ainda na primeira rodada, da disputa para sediar a Expo 2020, com apenas 13 votos. Quais pontos devem ser evoluídos para que São Paulo possa receber mais eventos
e feiras internacionais?Toni Sando - Tínhamos um concorrente
muito agressivo em suas ações e com
investimento de milhões de dólares.
Foi importante a participação e espe-
ramos poder competir novamente. Sob
um outro panorama, a cidade de São
Paulo recebe anualmente 90 mil even-
tos. No Calendário de Eventos do São
Paulo Convention & Visitors Bureau,
foram registrados, no 1º semestre de
2013, 1.396 eventos para acontecerem
até o fi nal do ano. Só no 1º semestre de
2014, já foram identifi cados 17,6% mais
eventos que no mesmo período do ano
anterior. A expectativa é que haja um
crescimento de 10% até o fi m de 2014,
liderado pelos segmentos de Medicina,
Ciência/Tecnologia e Cultura/Educação.
M&E - Os fatores debatidos nas duas primeiras questões trazem à tona os desafi os que São Paulo (e o Brasil como um todo) tem para ser consolidar interna-cionalmente no ramo. Como poderíamos classifi car as metas e objetivos para alçar-mos o resultado planejado e esperado?Toni Sando - O Brasil passou por uma
experiência muito positiva com a Copa do
Mundo, demonstrando sua capacidade de
receber turistas de todo o globo. Em minha
opinião, precisamos ter um plano institu-
cional para não perdermos a oportunidade
e esta janela que foi aberta para o mundo.
Muitos destinos estão se equipando com
espaços de eventos, exposições e as arenas
podem ter um destino para outros tipos
de eventos também. O que interessa é que
a oportunidade é agora.
M&E - A construção de um novo centro de convenções em Pirituba, que iria receber a Expo 2020, foi defendida, na época, por Fernando Haddad, mesmo não recebendo mais o evento. Como está a atual situação do espaço?Toni Sando - Considerando que não ha-
verá o Expo 2020, as atenções se voltaram
em reformar o Anhembi. Além disso,
outros equipamentos como o Imigrantes,
estão dobrando de tamanho. O Expo Frei
Caneca também passou por ampliação,
assim como o Rebouças. Estamos com
empreendedores animados com o futuro.
E nossa missão é trabalhar esse futuro com
a captação de novos eventos
M&E - Como você classifi caria o setor de feiras/eventos no Brasil? E qual deve ser a importância do agente de viagens?Toni Sando - O mercado passa por
transformações e o comportamento do
visitante mais exigente e com menos
tempo, gera um grande desafi o para os
organizadores e promotores. O agente de
viagem cada vez mais precisa se antecipar
às necessidades do cliente e preparar, com
antecedência, sua vinda a um evento. No
SPCVB, já temos um boletim eletrônico
chamado “Visite São Paulo”, que é en-
viado aos organizadores para que eles
encaminhem aos participantes do evento
com dois meses de antecedência. Assim,
ao se organizar para viagem, o viajante
poderá desfrutar do que está aconte-
cendo com/no destino naquele período.
104
EVENTOS / FEIRAS
BNT MercosulEntrevista com Geninho Goes
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> Após deixar o Beto Carreiro, em de-
cisão anunciada no começo de agosto,
Geninho Goes agora se dedica integral-
mente a BNT Mercosul, feira que terá a
sua 21ª edição sediada na cidade de Itajaí,
em Santa Catarina. A mudança, segundo
Geninho, é totalmente proporcional ao
desejo de expansão do evento.
MERCADO & EVENTOS - A 20ª edição da BNT Mercosul reuniu mais de 6 mil profi ssionais de turismo, em maio, com participação de 22 estados e 265 cidades. O que já podemos esperar da próxima edição da BNT Mercosul? Em agosto, foi anunciado que a BNT Mercosul não acontece mais no Beto Carreiro, passando a ser em Itajaí. Explique esta mudança?Geninho Goes - Nossos expositores sem-
pre se repetem em todas as edições, já
que gostam muito da feira, o que de certa
forma nos traz um retorno positivo. Para
a próxima edição, iremos levar a feira para
Itajaí. Com a mudança de local, ganhare-
mos mais espaço e, consequentemente,
iremos aumentar a área comercializada
e o número de expositores. Com essa
expansão, queremos atingir outros ni-
chos de mercado, como o segmento de
cruzeiros marítimos, as operadoras, além
de receber festas típicas brasileiras e dar
uma outra cara para a BNT. Itajaí é o lo-
cal certo já que possui um pavilhão bem
organizado para feiras, uma rede hoteleira
mais preparada e uma maior quantidade
de restaurantes, o que coincide mais com
nosso planejamento.
M&E - Inserido nos moldes atuais do segmento turístico mundial, vemos um crescimento exponencial das OTAs. Qual será a importância do agente de viagem e das feiras ao longo dos próximos anos em meio a essas tendências?Geninho Goes - Comercialmente, eu
acredito ser super importante o contato
entre o fornecedor e o comprador, no
caso das feiras. Acredito que é de extre-
ma importância esse contato pessoal. O
passageiro está cada vez mais na internet,
mas o papel do agente de viagem passa
a ser como de um consultor de vendas,
ele tem de estar sempre bem preparado
para atender essa demanda. Os agentes de
viagens possuem as opções mais acertadas,
já que têm experiências com o envio de
outros passageiros. Essa relação entre o
agente de viagem e o passageiro passa
ser a uma relação de confi ança. Por isso,
eu acho que é importante esse contato
mais pessoal, ou seja, saber com quem
estamos falando. As pessoas falam sobre
a extinção do agente de viagem, mas eu
não acredito. Já em relação ao segmento
MICE, acredito que as feiras têm o papel
apenas promocional, ou seja, apenas para
promover destinos turísticos, então eu
vejo que as boas feiras vão continuar ao
lado dos profissionais de turismo que
acompanham este calendário.
M&E - A nova tendência do mercado são as experiências trocadas e compar-tilhadas na internet pelo público fi nal. Em 2013, você afirmou que “não há propaganda que mude a impressão dos clientes”. Acredita que esta tendência, que caminha a passos largos, pode ser
um divisor de águas para esclarecer e premiar aqueles empreendimentos que prezam pela qualidade do produto?Geninho Goes - Eu acredito que a opinião
do cliente é fundamental, assim como as
compartilhadas pelo Tripadvisor. Trata-se
de uma pesquisa real para saber o que as
pessoas acham. Nos sites das empresas,
os empreendimentos podem divulgar o
que quiserem. Mas quando você entra
em um site de busca, você realmente
encontra a opinião do cliente, algo super
importante. De fato, é uma tendência
que vem pra fi car, já que é uma opinião
de quem realmente consumiu. Não dá
pra fugir dessa realidade. Por exemplo,
mesmo quando meu agente de viagem
faz um roteiro pra mim, eu entro nos sites
de opiniões de terceiros para conferir a
escolha e verifi car a opinião das pessoas.
Caso exista algum motivo frequente nos
comentários, podemos ter certeza que a
característica da informação é verdadeira.
M&E - As expectativas em relação à Copa do Mundo eram as melhores possíveis, de acordo com entrevista concedida ao M&E em 2013. Qual é o balanço que podemos fazer e quais vantagens aproveitar após o término deste megaevento?Geninho Goes - O que me surpreendeu foi
a mudança na mídia mundial com relação à
impressão sobre o Brasil. Porque eu acredito
que na infraestrutura não mudou muita
coisa, já que podemos ver aeroportos e os
acessos aos estádios que não foram termi-
nados. Estive em Fortaleza uma semana
antes da Copa, e não vi muitas mudanças.
Mas acredito que fi cou um crédito super
positivo ligado ao povo brasileiro, que é a
simpatia, a nossa receptividade. No geral,
eu vi a Copa do Mundo de uma forma
favorável, apenas nesse sentido. Eu acho
que a projeção do Brasil internacional-
mente foi melhor que o esperado. Agora,
quanto as contas e estádios para pagar,
isso é uma outra e complicada questão.
105
EVENTOS / FEIRAS
PromoveEntrevista com Cláudia Miranda
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
>> A evolução no segmento de feiras e
eventos no Brasil é totalmente propor-
cional à infraestrutura que o país oferece
para o mesmo. De acordo com a diretora
da Promove Eventos, Cláudia Miranda,
o impacto que a Copa do Mundo trouxe
ao país irá favorecer diretamente o setor
de feiras e eventos, já que a revitalização
e evolução dos serviços turísticos tem
impacto considerável para o setor. Ainda
de acordo com Cláudia, esta evolução é
apenas o primeiro passo para consolidar
o Brasil como um destino ofi cial e inter-
nacional de feiras e eventos.
MERCADO & EVENTOS - Na edição divul-gada pelo M&E em 2013, a senhora afi r-mou que falta apoio, infraestrutura e pre-ços competitivos na realização de eventos em todo o território nacional. O impacto da Copa do Mundo 2014 no turismo pode favorecer, também, o setor de feiras e eventos durante os próximos 10 anos?Cláudia Miranda - Acreditamos que o
impacto da Copa do Mundo no Brasil irá
favorecer os setores de feiras e eventos,
devido, principalmente, as melhorias
ocorridas nos transportes, com novas vias
de acesso; à modernização dos aeroportos;
à ampliação da oferta hoteleira com conse-
quente redução de tarifas para os visitantes
e participantes dos eventos e feiras; além
de melhorias no setor de comunicação, fa-
cilitando as divulgações nos setores. Acho
que com todos esses fatores unidos e com
um trabalho em conjunto, poderemos ter
um impacto considerável no segmento.
M&E - Os anos passam e os planos de expansão previstos tendem a mudar de acordo com os interesses do setor. Em 2014, como a Promove Eventos se comporta para alavancar, ainda mais, seu crescimento?Cláudia Miranda - A Promove intensi-
fi cará a participação em outras feiras e
eventos do setor, aproveitando a oportu-
nidade para divulgar as novas facilidades
criadas com a Copa do Mundo em termos
gerais de serviços turísticos, como as áreas
de hotelaria e transporte, por exemplo.
Também vamos reforçar a mão de obra
qualifi cada em cada um dos eventos que
a Promove realiza.
M&E - O número de turistas interna-cionais no Brasil deve crescer e o país tende a solidificar e qualificar a rede de serviços turísticos nacionais. E no ramo das feiras e eventos: quais são os principais desafi os e vantagens para continuar progredindo?Cláudia Miranda - Com o crescimento
esperado para o turismo nos próximos
anos, teremos que enfrentar o desafio
de melhorar ainda mais a qualificação
do pessoal da rede de serviços turísticos
para receber todos os tipos de público,
inclusive o corporativo. Outro desafio
será sensibilizar os órgãos governamentais
do setor para a importância econômica
de seu apoio.
M&E - Para o Brasil se benefi ciar com-pletamente dos megaeventos que estão sendo realizados, ainda é preciso “não
esbarrar” na questão da má distribuição de nossa malha aérea. A Copa do Mundo e as centenas de voos extras autorizados pela Anac durante o período, pode ser o primeiro passo para uma possível reorganização de nossa malha aérea?Cláudia Miranda - Com certeza, durante
a Copa do Mundo, foi dado o primeiro
passo para reorganização de nossa ma-
lha aérea. Passo este, reconhecido pelos
participantes nacionais e internacionais
do Mundial de futebol, algo que era uma
incógnita até então. Esta reorganização,
de fato, fi cará como um legado positivo
para a aviação.
M&E - A última feira realizada pela Pro-move Eventos, antes da 42ª Expo - Abav, foi a 9ª edição do Minas Tur, que levou mais de mil agentes e reuniu quase 400 expositores no Minascentro, em Belo Horizonte. Qual é o peso que uma feira dessas pode ter para a economia e desenvolvimento turístico local?Cláudia Miranda - O mercado estava
precisando de uma feira de negócios
como essa. Minas Gerais tem cerca de
800 agências cadastradas na Abav. Es-
tou super satisfeita com a edição des-
te ano. A feira não evoluiu somente no
número de participantes, mas também
no volume de negócios e na qualidade
do visitante. Estou satisfeita, também,
por ter presenciado grandes negócios.
As capacitações foram um sucesso. Ao
todo, reunimos 382 expositores e 1.156
profi ssionais do turismo. De fato, eu não
tinha esperança de ter um resultado tão
positivo, devido ao período pós-Copa, o
que é natural.Vejo um interesse real dos
profi ssionais do estado em fazer negócios
com os expositores, algo que pode fazer
o volume de negócios da última edição
ser superado (R$ 12 milhões). Acredito
que podemos chegar a R$ 14 milhões no
volume de negócios.
106
EVENTOS / FEIRAS
Rio Convention & Visitors Bureau
Entrevista com Alfredo Lopes
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> O primeiro lugar entre as cidade bra-
sileiras que integram o ranking da Icca
(International Congress and Convention
Association), comprova que o segmento
MICE tem cada vez mais importância
para o Rio de Janeiro. De acordo com
o Rio Convention & Visitors Bureau, a
cidade já possui 132 eventos agendados
para 2014, que devem gerar uma receita
de US$ 266 milhões. Segundo Alfredo
Lopes, presidente da entidade, a expec-
tativa para os próximos cinco anos é que
o setor tenha um crescimento de 5%.
Nesta entrevista, Lopes destaca quais os
efeitos dos megaeventos na cidade, além
de apontar os principais entraves do setor.
MERCADO & EVENTOS - Após sediar a JMJ, a Copa das Confederações e a Copa do Mundo, o Rio vai receber as Olimpíadas. Como isso pode alavancar o setor de feiras e eventos na cidade? Alfredo Lopes - Acredito que essa se-
quência de eventos internacionais que o
Rio está recebendo em um curto espaço
de tempo deve ser histórica. Não conheço
nenhuma cidade que recebeu tantos even-
tos a nível internacional em um período
tão curto. E isso é muito positivo para a
exposição da cidade. Outro ponto que
favorece a cidade, em relação aos megae-
ventos, são as estruturas que estão sendo
construídas. E, por fi m, esse volume de
turistas e congressistas que chegaram à
cidade, possibilitou a expansão da rede
hoteleira, além de gerar empregos e qua-
lifi car a mão de obra.
M&E - Devido à expansão da hotelaria, muitos temem o esvaziamento do setor e baixos índices de ocupação após esse período de megaeventos. Isso é uma possibilidade? Alfredo Lopes - Devemos esperar que a
hotelaria, com essa expansão de quase 50%
- sete mil quartos foram inaugurados para
a Copa e até as Olimpíadas o setor deverá
contar com 16 mil novos apartamentos
- consiga manter índices de ocupação
acima de 80%. Nossa preocupação é após
2016. O que precisa ser feito? Primeiro
é preciso que o Brasil crie uma política
de divulgação e promoção do país no
exterior com foco em aumentar a vinda
de turistas internacionais, que há mais de
30 anos se mantém abaixo de seis milhões
de visitantes/ano, o que é muito baixo.
É muito fácil ver que estamos longe da
nossa meta, uma vez que não temos, por
exemplo, praticamente nenhum turista
chinês. Paris, por sua vez, tem um número
fantástico de turistas chineses. Os países
árabes quase não têm presença aqui no
Brasil. Então deve ser feito um trabalho,
em primeiro plano, pela Embratur, em
sequência, os Governos dos estados e dos
municípios também têm que ter verbas
específi cas destinadas para a promoção do
destino. Não adianta abrirmos 16 mil no-
vos quartos de hotéis se não tivermos um
trabalho junto ao governo. Os hotéis não
conseguem fazer essa divulgação por conta
própria. Além disso, a iniciativa privada
(empresas aéreas, centros de convenções
e hotelaria, por exemplo), através dos
conventions bureaux, deve perseguir os
congressos a nível internacional e atraí-los
para a cidade, criando oportunidade para
as associações internacionais e nacionais
e incentivando o segmento.
M&E - Atualmente, a cidade recebe cerca de 165 mil visitantes relacionados ao segmento MICE, quais as expectativas para os próximos anos? Alfredo Lopes - Levando em consideração
apenas o Brasil, a cidade está em primeiro
lugar no ranking da Icca (International
Congress and Convention Association),
e no ranking internacional é o 26º destino
mais procurado no mundo para sediar
congressos, feiras e convenções. Para 2014,
o Rio já conta com 132 eventos agendados,
82 nacionais e 50 internacionais. Juntos,
eles trarão para a cidade 165 mil partici-
pantes gerando uma receita estimada de
US$ 266 milhões. Acreditamos que com
os megaeventos e a visibilidade da cidade,
o segmento terá um crescimento de 15%
nos próximos cinco anos.
M&E - Muitos sugerem a criação de um novo centro de eventos na Zona Sul ou no Centro da cidade, de forma a desafogar o Riocentro. Isso vai se concretizar? Alfredo Lopes - Ainda não há um plane-
jamento, é uma vontade enorme da inicia-
tiva privada. Mas é fundamental que isso
aconteça, uma vez que, com a expansão da
hotelaria - que será muito acentuada na
região da Barra da Tijuca, onde cerca de 11
mil novos quartos serão inaugurados - o
eixo hoteleiro do município vai mudar.
Hoje, o eixo é super concentrado na Zona
Sul, e o que vai acontecer é que, em épocas
de feiras e congressos no Riocentro, os
turistas passarão a se hospedar na Zona
Oeste devido à oferta, mobilidade e faci-
lidade. E faz-se necessário um centro de
convenções na Zona Sul ou no Centro da
cidade para ancorar a hotelaria existente
nesses espaços.
107
EVENTOS / FEIRAS
WTTC World Travel and Tourism Council
Entrevista com David Scowsill
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
>> O presidente do World Travel & Tou-
rism Council (WTTC), David Scowsill,
acredita que o Brasil não pode se ape-
gar aos megaeventos para desenvolver
o turismo. De acordo com o executivo,
“as previsões indicam um crescimento
signifi cativo para este ano. No entanto,
um megaevento de sucesso não se traduz
automaticamente em um crescimento do
setor a longo prazo. Continuar investindo
em infraestrutura é fundamental.”
M&E - Quais desafi os o setor encontrou no ano de 2014? Durante a WTTC, o senhor afi rmou que “os números não apenas comprovam a força do turismo na economia dos países, como revelam também boas expectativas para este ano”. As boas expectativas continuam para 2015? Qual é a perspectiva do segmento de feiras e eventos?David Scowsill - Há sempre os desafi os
óbvios que provém de alguns fatores exter-
nos, devido às várias fontes de insegurança
e instabilidade no mundo neste momento
(Oriente Médio, Europa Oriental e África).
Há, também, alguns desafi os econômi-
cos em mercados importantes, com o
crescimento econômico dos EUA a ser
mais lento do que o esperado, devido ao
clima terrível nos primeiros meses deste
ano. Ainda assim, as previsões indicam
que o segmento de viagens e turismo vai
continuar crescendo mais rapidamente
do que outros setores. Acreditamos que
o setor vai crescer 4,3% em 2014, mais
rápido do que a economia global, que
deverá crescer 2,8%.
M&E - O WTTC deste ano ocorreu na China, no mês de abril. Durante o evento, a organização informou que o segmento de viagens e turismo deve gerar US$2,24 bilhões ao longo deste ano, o que re-presenta um incremento de 4,3% em comparação ao ano passado. A quais
fatores se deve esse crescimento?David Scowsill - O segmento tem crescido
mais rapidamente do que outros seto-
res durante os últimos anos. Esperamos
que o setor obtenha resultados ainda
melhores em 2014 do mesmo modo que
o crescimento alcança toda a economia
global, liderado, principalmente, pela
queda do desemprego e o forte consumo.
O crescimento internacional será mais
forte do que o crescimento interno, im-
pulsionado pelo aumento dos gastos de
turistas que viajam através das fronteiras
internacionais. Mais de 1 bilhão de pessoas
viajaram internacionalmente em 2013. Os
indicadores nos mostram que o setor vem
desempenhando um intenso trabalho. De
fato, o crescimento na Ásia e América
Latina são fatores importantes.
M&E - Em 2023, a China vai ultrapassar os Estados Unidos com o maior número de visitantes do mundo e como econo-mia de turismo. Como lidar com esse crescimento exponencial da China e o que muda com o país oriental sendo líder no turismo mundial?David Scowsill - De fato, haverá mudanças
nos requisitos e nas expectativas com
os viajantes chineses se tornando uma
parte maior da audiência do turismo
internacional. Para se ter uma ideia, o
mercado emissor da China passou de 100
milhões de pessoas por ano. Prestadores
de serviços turísticos terão de adaptar os
seus produtos e serviços para as expecta-
tivas dos hóspedes chineses. Atualmente,
91% dos gastos em viagens e turismo na
China é dentro do mercado nacional,
com 3,2 bilhões de viagens em 2013. O
crescimento é explosivo, mas o governo
continua expandindo a infraestrutura à
frente da demanda.
M&E - Em 2013, o senhor afi rmou que existem leves preocupações quanto ao desenvolvimento infraestrutural do Brasil ao classifi car o momento atual do país. Após a Copa e seus desafi os, acha que o Brasil conseguiu passar no teste e mostrar uma capacidade maior do que era esperada?David Scowsill - Eu sei que todo mundo no
Brasil fi cou desapontado com a eliminação
precoce da seleção nacional. Porém, visto
de fora, o evento foi um sucesso absoluto,
apresentando o país para o mundo. Os
estádios estavam prontos, a infraestrutura
de transportes estava pronta e as boas-
vindas aos torcedores estrangeiros foi
espetacular. O Brasil recebeu a Copa do
Mundo com grande sucesso. Isso é positivo
para o desenvolvimento futuro. Para 2014,
as previsões indicam um crescimento
signifi cativo. No entanto, um megaevento
de sucesso não se traduz automaticamente
em um crescimento do setor a longo prazo,
sem apresentar alguma estratégia clara de
desenvolvimento. Continuar investindo em
infraestrutura é fundamental, com a missão
de tornar todas as partes do país facilmente
acessíveis para o turismo, juntamente com
um investimento renovado em comer-
cialização da marca no Brasil. Agora é o
momento do país aproveitar o investimento
que chegou junto com a Copa do Mundo.
108
EVENTOS / FEIRAS
ABEOC Associação Brasileira de Empresas de Eventos
Entrevista com Anita Pires
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> “O Brasil tem know-how para grandes
eventos”. Para Anita Pires, presidente
da Associação Brasileira de Empresas
de Eventos (ABEOC), não adianta fi car
parado. Quem quer continuar evoluindo
precisa ter um olhar inteligente para o
impacto que os megaeventos trouxeram
ao Brasil. Segundo ela, é até possível criar
expectativas e visualizar o Brasil em um
crescimento a longo prazo no setor de
feiras e eventos, mas o país precisa fazer
por onde. “Um planejamento dos setores
público e empresarial, investimento na
infraestrutura, na capacitação, na promo-
ção e no incentivo à captação de feiras e
eventos internacionais são apenas alguns
passos para uma evolução contínua. Só
assim, podemos almejar novas posições
no ranking mundial de viagens corpo-
rativas, no qual estamos em oitavo lugar
atualmente. Mas, isso tudo tem que ser
acompanhado de políticas e incentivos do
Governo Federal e dos governos estaduais
na promoção do destino Brasil e com
estímulo e fi nanciamento específi co do
Ministério do Turismo”.
MERCADO & EVENTOS - Ao longo dos anos, o mercado brasileiro vem sendo impulsionado pelos megaeventos e por toda a exposição mundial. Quais são os planos e estratégias para, não só manter, mas continuar investindo no crescimento do mercado de feiras e eventos, após os anos dourados do turismo nacional?Anita Pires - Ter um olhar inteligente para
estes eventos e o impacto que eles causam
no país é fundamental para perceber as
oportunidades, potencializar os negócios
e ter uma ação de planejamento de políti-
cas de mercado e de políticas públicas de
promoção do Brasil. É muito importante,
também, criar estratégias para desen-
volvermos um ambiente profi ssional, de
bem receber, com serviços de qualidade
para que a gente possa transformar estas
oportunidades em negócios e geração de
emprego, renda, busca de novos eventos
e garantir que estes turistas retornem ao
Brasil. A ABEOC Brasil, em parceria com
o Sebrae Nacional, com apoio da Confe-
deração Nacional do Comércio de Bens,
Serviços e Turismo (CNC) e da Federação
Brasileira de Hospedagem e Alimentação
(FBHA), já tem um plano em desenvol-
vimento, que é buscar a qualificação e
profi ssionalização do mercado através do
Programa de Qualifi cação em Gestão e
Certifi cação de Empresas de Eventos, além
de realizar o dimensionamento econômico
do setor de eventos, fundamental para
traçar qualquer planejamento e estratégia.
M&E - Dentro e fora dos gramados, a Copa do Mundo conquistou até os mais pessimistas quanto à realização do evento. Para o mercado de feiras e eventos, o Mundial de futebol pode auxiliar o crescimento do setor a longo prazo? É possível criar expectativas para os próximos 10 anos? Se sim, quais?Anita Pires - Sim, pode auxiliar o cres-
cimento na medida em que a exposição
da imagem do Brasil projetou o país no
exterior e a forma com que os turistas
foram recebidos é a maior garantia de
que estas pessoas voltarão para feiras,
turismo de lazer e negócios. É possível
criar boas expectativas sim, mas desde
que haja planejamento dos setores público
e empresarial, que haja investimento na
infraestrutura, na capacitação, na promo-
ção e no incentivo à captação de feiras e
eventos internacionais. Neste cenário, o
Brasil pode crescer no ranking Icca, com
o setor de eventos e negócios dando uma
contribuição ainda maior para o desen-
volvimento do país.
M&E - Os mais otimistas acreditam em um crescimento tangencial no número de turistas que chegam ao Brasil devido a sua super exposição durante a Copa do Mundo. No mercado corporativo, o país também deve se consolidar, ainda mais, como um destino favorável a feiras e eventos e seguir no rumo certo?Anita Pires - O Brasil já é um destino
entre os grandes de feiras internacionais
e no mercado corporativo. Diversas
empresas europeias e norte-americanas
estão se instalando aqui em busca do
mercado brasileiro, que é o oitavo no
mundo no ranking mundial de viagens
corporativas e está em vias de ultrapassar
a Itália, França e o Reino Unido, nos
próximos dois anos, segundo o estudo
da GBTA 2013. Isso ocorre, principal-
mente, devido ao potencial do mercado,
estabilidade econômica e pelo fato do
Brasil ter investimentos em tecnologia
e pesquisa, o que é fundamental para
o setor. Historicamente, o Brasil tem
mostrado vocação e competência para
receber grandes eventos, como a Copa,
a visita do Papa, e mesmo o Rock in Rio
e Carnaval. O Brasil tem know-how para
grandes eventos. Mas, isso tudo tem que
ser acompanhado de políticas e incenti-
109
EVENTOS / FEIRAS
ABEOC Associação Brasileira de Empresas de Eventos
Entrevista com Anita Pires
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
vos do Governo Federal e dos governos
estaduais na promoção do destino Brasil e
com estímulo e fi nanciamento específi co
do Ministério do Turismo.
M&E - Em 2013, o setor registrou cres-cimento na casa dos 14%. A Copa do Mundo e o pós-Copa, que se desdobra por todo o segundo semestre, podem alavancar ou derrubar essa média?Anita Pires - O que vai alavancar o aumen-
to de eventos no Brasil é a superação dos
desafi os que temos quanto à infraestrutu-
ra, novos espaços para eventos, políticas
de incentivo ao setor, capacitação e um
compromisso grande das entidades que
compõem a cadeia produtiva de eventos
de se modernizarem e agregarem mais
inteligência às suas gestões, e, desta for-
ma, organizar melhor este mercado que
é muito fragmentado e não tem muito
histórico. Iniciativas como a da ABEOC
Brasil, através do Programa de Qualidade,
têm poder de transformar o mercado.
M&E - No ano passado, a senhora afi rmou que os “investimentos são modestos em relação às necessidades da dinâmica des-te setor”. O panorama continua o mesmo em 2014, ou já existe algum projeto e/
ou injeção de investimentos para a área?Anita Pires - Estamos na fase de fi nalização
da pesquisa sobre o impacto econômico do
setor no PIB brasileiro. Acreditamos que
de posse destas informações o setor possa
fi nalmente mostrar para o poder público a
sua importância econômica. Isso vai aju-
dar a direcionar os investimentos. Muita
coisa ainda precisa ser feita. Mas, uma boa
noticia é a inclusão do setor de eventos e
negócios no PAC do Turismo, com visão
até 2022. Isso vai instrumentalizar um
planejamento do crescimento do setor
com garantia de recursos para desenvolvi-
mento, mesmo com mudanças de governo.
110
EVENTOS / FEIRAS
WTM-LA World Travel Market Latin America
Entrevista com Lawrence Reinisch
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> A próxima edição da WTM-LA será
realizada pela primeira vez no Expo Cen-
ter Norte, entre 22 e 24 de abril de 2015.
A parceria com a Braztoa continua e o
diretor da WTM-LA, Lawrence Reinis-
ch, destaca a importância do órgão, que,
segundo ele, desempenhou um papel
importantíssimo durante a feira, ajudando
a indústria a fechar negócios. Ainda de
acordo com Lawrence, “A Braztoa e a
WTM-LA acertaram em cheio ao esta-
belecer uma parceria.”
MERCADO & EVENTOS - Já existem mu-danças estabelecidas para a próxima edi-ção da WTM-LA? Como você avalia esses dois anos de feira na América Latina?Lawrence Reinisch - A próxima edição
da WTM-LA será realizada pela primeira
vez no Expo Center Norte, entre 22 e 24
de abril. Além desta mudança, provavel-
mente teremos outras novidades, já que
o mercado turístico é muito dinâmico e
a feira é uma vitrine deste dinamismo.
Depois de duas edições, consolidamos o
papel da WTM-LA no cenário turístico
nacional e internacional. Só em 2014, ao
longo de três dias, 16 mil profi ssionais do
setor participaram do evento e puderam
estreitar laços, fi rmar novos contatos e
realizar negócios. O ambiente é realmente
favorável, já que visitantes e expositores
são selecionados e extremamente profi s-
sionais. Tivemos um feedback bastante
positivo dos participantes da WTM-LA
2014: satisfação com os números e a
qualidade dos compradores, visitantes e
tomadores de decisão, além do aumento
do número de negociações comerciais
realizados no pavilhão de exposições.
M&E - A parceria entre a WTM-LA e a Braztoa entrou no seu segundo ano em 2014. Como podemos avaliar as vantagens dessa parceria durante as
edições da feira? Lawrence Reinisch - A Braztoa é uma
associação cada vez mais respeitada e
prestigiosa, e o nível de envolvimento
de seus associados nas duas edições da
WTM-LA demonstra como a feira vem
facilitando os negócios para a região. O
Encontro Comercial Braztoa - idealizado
para estabelecer e fortalecer as relações
entre os operadores turísticos brasileiros
e a indústria global de viagens e turismo
- apoia perfeitamente o objetivo da WT-
M-LA em promover a América Latina
para o mundo e trazer o mundo para a
América Latina. Sem dúvida, o órgão
desempenhou um papel importantíssi-
mo durante a feira este ano, ajudando a
indústria a fechar negócios. A Braztoa
e a WTM-LA acertaram em cheio ao
estabelecer uma parceria.
M&E - Em 2013, você afi rmou que os megaeventos não devem ser vistos como um meio de atingir retorno imediato. Após a Copa do Mundo, será possível sentir alguma evolução por parte do setor em quanto tempo? O ano atípico deve afetar os eventos e feiras programados?Lawrence Reinisch - A Copa do Mundo
da Fifa foi, assim como os Jogos Olímpicos
serão, uma grande oportunidade para o
Brasil e para a América Latina mostrarem
seu potencial turístico e sua capacidade de
receber bem, já que os turistas que vieram
de outros continentes puderam aproveitar
e visitar outros destinos. Mas para que a
imagem positiva da região seja mantida e,
consequentemente, haja retorno no longo
prazo, é necessário o trabalho coordenado
dos diversos países, a começar pela pro-
moção em conjunto nos mercados mais
longínquos - um exemplo é o Escritório
de Promoção do Turismo do Mercosul no
Japão. Por ser um trabalho realizado em
conjunto, não há como mensurar o tempo
necessário para começarmos a sentir os
efeitos destes eventos. O que sabemos
de antemão é que fi zemos um evento de
sucesso, reconhecido pela mídia e pelo
mercado internacional, e isso com certeza
se refl etirá nos diversos setores do país.
M&E - A Lei 12.974 entrou em vigor e vi-rou assunto nos principais debates sobre o turismo nacional. Qual o papel do agen-te neste novo cenário e como você classi-fi ca a regulamentação deste profi ssional no atual momento turístico do Brasil?Lawrence Reinisch - O agente de viagem é
e continuará sendo extremamente impor-
tante para o mercado turístico. O contato
direto com este profi ssional difi cilmente
será completamente substituído pela in-
ternet - e isso se aplica a todos os tipos de
turistas, não só aos de primeira viagem. O
trabalho do agente, que confere comodida-
de e segurança aos seus clientes, é essencial
para diversos públicos, como famílias, me-
lhor idade e aqueles que procuram roteiros
personalizados ou temáticos. Por tudo isso,
a regularização deste profi ssional é extre-
mamente positiva e certamente refl etirá
nos serviços turísticos prestados no Brasil,
com benefícios diretos para os turistas.
111
EVENTOS / FEIRAS
WTM World Travel Market
Entrevista com Simon Press
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
>> A World Travel Market (WTM), tra-
dicional feira que movimenta Londres
a cada ano, gerou US$ 3,3 bilhões em
negócios durante a edição de 2013. Esse
é apenas um número que exemplifi ca a
marca extremamente forte que se de-
senvolveu ao longo dos anos, de acordo
com o diretor da WTM, Simon Press.
Para ele, a WTM-LA, a WTM Àfrica e
a WTM, em Londres, fazem parte dos
principais eventos globais relacionados à
indústria de viagens. De acordo com ele,
o sucesso do lançamento da WTM-LA,
em São Paulo, mostra a importância da
evolução da indústria turística dentro
mercado brasileiro.
MERCADO & EVENTOS - A WTM 2014 está comemorando 35 anos de negócios na indústria do turismo. Cerca de 40 países, 221 expositores e 9.000 visitantes profi ssionais participaram da primeira WTM em Londres, em 1980. Após 35 anos, a WTM tem mais de 5.000 expo-sitores de 186 países e regiões e 50.000 participantes. Qual a importância desta marca e qual balanço podemos fazer deste desenvolvimento ao longo das décadas?Simon Press - Nas últimas três décadas e
meia, a WTM estabeleceu-se como o even-
to turístico onde a indústria pode realizar
e conduzir seus negócios. A WTM 2013,
por exemplo, gerou uma enorme quantia
que chegou a 2,2 bilhões de libras esterli-
nas (US$ 3,3 bi) em negócios no setor de
viagens, com a WTM 2014 disposta a gerar
ainda mais. Usando a marca extremamente
forte que se desenvolveu ao longo dos
anos, a WTM tem crescido no portfólio
de eventos em todo o mundo, incluindo
a WTM Latin America, a WTM África, a
Arabian Travel Market e, claro, a WTM em
Londres. Estes eventos são os principais
eventos globais para a indústria de viagens.
M&E - Na WTM 2014 será possível en-contrar mais de 150 novos expositores. Quais são os destaques para esta edição, entre novos e já conhecidos na feira?Simon Press - Este ano temos constatado
um forte interesse dos expositores na
região do Reino Unido e Irlanda, o que
significa dizer que a área está pratica-
mente esgotada, sendo realocada para
o meio do North Hall e será encontra-
da entre a Aldeia Global e a Europa. O
movimento é em resposta a pedidos e
ao feedback produzido pelos exposito-
res, responsáveis por colocar a região
do Reino Unido e Irlanda no centro do
evento. Mais de uma dúzia de novos ex-
positores se comprometeram a participar
da WTM 2014. Os Emirados Árabes
Unidos, por exemplo, serão ainda melhor
representados no pavilhão de exposições
através do Departamento de Turismo e
Desenvolvimento do Ajman (ATDD), que
estará acompanhado pelo Ras Al Khaimah
Tourism Authority Development, que fez
sua estreia na WTM, em 2013, e vai voltar
para 2014 com um estande maior, junta-
mente com outras quatro regiões que vêm
frequentando a WTM por muitos anos:
Abu Dhabi, Dubai, Fujairah e Sharjah.
M&E - Como você classifi caria a atual situação do turismo mundial? Especifi -camente no Brasil, é possível constatar alguma evolução nos últimos anos?Simon Press - A economia global está
começando a se recuperar após a recente
crise fi nanceira. Um número signifi cativo
de destinos do mundo todo está abrindo
as portas para investir fortemente no
turismo, transformando o segmento em
um dos principais impulsionadores do
progresso socioeconômico através de
receitas que incluem exportação, criação
de empregos e o desenvolvimento da
infraestrutura. De acordo com a Orga-
nização Mundial do Turismo (OMT), a
chegada de turistas internacionais cresceu
5% em todo o mundo em 2013, atingindo
um recorde de 1,08 bilhão de chegadas,
após superarmos a marca de 1 bilhão em
2012. Isso também se refl ete no mercado
de turismo brasileiro, que tem assistido
a um crescimento signifi cativo. E o su-
cesso do lançamento da WTM-LA, em
São Paulo, em 2013, também traz à tona
a importância da evolução da indústria
turística dentro do mercado brasileiro.
M&E - Quais são os tipos de desafi os que a indústria do turismo ainda vai enfrentar em 2014?Simon Press - Devido à diversidade da
indústria, nós somos constantemente con-
frontados com os desafi os do setor, como
por exemplo, os desastres de avião mais
recentes que tiveram destaque no noticiá-
rio. O nosso relatório “Th e World Travel
Market 2013 Industry Report” também
concluiu que a instabilidade política e os
impostos são considerados os principais
fatores que criam as maiores preocupações
para as viagens de negócios em todo o
mundo. No entanto, apesar de todos os
reveses, a indústria turística continua po-
sitiva e com boas expectativas para 2015.
112
EVENTOS / FEIRAS
Icca International Congress and Convention Association
Entrevista com Arnaldo Nardone
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> Se o Brasil caiu duas posições no ran-
king geral da International Congress and
Convention Association (Icca), tenha
certeza que esse rendimento não depen-
deu de nós. O motivo principal para a
queda é a alta concorrência no mercado
mundial, que leva grandes países da Ásia
a se desenvolver e investir massivamente
na captação de eventos. Não podemos nos
culpar: o mercado brasileiro nunca parou
e o crescimento sempre foi superior a 10%.
A esperança no setor vem através das
palavras de Arnaldo Nardone, presidente
da Icca. Ainda de acordo com o execu-
tivo, eventos como a Copa do Mundo e
as Olimpíadas são os que geram o maior
marketing de destino e promoção, mas,
por si só, não garantem um número maior
de reuniões ou feiras. Para Nardone, falta
investimento em infraestrutura adequada
e um maior interesse de cidades secundá-
rias em receber pequenos eventos.
MERCADO & EVENTOS - A sétima posição do Brasil em 2013 foi considerada boa para um ranking competitivo como o da Icca. No entanto, neste ano de 2014, o Brasil caiu duas posições. Quais motivos podem ter sido cruciais para esta queda?Arnaldo Nardone - O motivo principal é a
alta concorrência no mercado, já que hoje
os países da Ásia estão tendo um maior
desenvolvimento e maior investimento
na captação de eventos, constituindo-se
como destinos muito mais agressivos
nesse sentido. Por causa deste fator, China
e Japão ultrapassaram o Brasil no ranking
da Icca. Agora, o país deve organizar e
investir em cada destino com o princi-
pal objetivo de melhorar a sua oferta e
destacar os pontos fortes de cada lugar
para obter melhores resultados. E para
alcançar esses resultados, você deve garan-
tir que mais cidades tenham uma maior
participação internacional (hoje as duas
principais cidades são Rio e São Paulo).
Além disso, acredito que o Brasil tenha que
continuar com um intenso treinamento
na área de recursos humanos para que
o setor possa ser capaz de competir em
igualdade de condições.
M&E - Como podemos avaliar a atual situação do Brasil no que diz respeito à organização de eventos com padrão da Icca? Apesar da última queda no ranking, o número médio de eventos com este padrão tende a aumentar? Arnaldo Nardone - O crescimento des-
te mercado nunca parou e foi sempre
superior a 10%. O Brasil, e em especial
as cidades secundárias, devem capturar
todos os tipos de reuniões para ingressar e
se posicionar melhor na classifi cação Icca,
independentemente de sua dimensão.
Talvez o Brasil e seus destinos queiram
se dedicar somente a buscar congressos/
eventos de grande tamanho e isso acaba
limitando a participação dos mesmos no
ranking, uma vez que do total de reuniões
que a Icca realiza a nível global, em 92%
a média de pessoas não ultrapassa mil.
M&E - Nós todos sabemos que a Copa do Mundo pode ser considerada uma alavanca para o ramo de feiras e even-tos no mercado brasileiro. Mas como e por quanto tempo um megaevento
pode ser considerado responsável pelo crescimento da indústria turística? Arnaldo Nardone - Eventos como a Copa
do Mundo e as Olimpíadas são os que
geram o maior marketing de destino e
promoção, mas, por si só, não garantem
um número maior de reuniões ou fei-
ras. Neste caso, é necessário realizar um
trabalho aproveitando a grande difusão
mundial que a Copa do Mundo gerou, já
que trata-se de um evento extraordinário
para conhecer melhor os destinos que
recebem os turistas. Mas não é só isso
que vai fazer os destinos receberem mais
reuniões e eventos. Tem de se trabalhar
profissionalmente para usar esta atual
vantagem e compartilhar o maior número
de indicações, destacando em cada evento
o que a Copa do Mundo trouxe ao Brasil
e os resultados positivos gerados. Estes
eventos são uma ferramenta poderosa
para a promoção e publicidade, e agora
o Brasil deve aproveitar este momento.
M&E - O custo Brasil pode interferir nas políticas e planos para sediar ainda mais eventos? Arnaldo Nardone - O assunto “custos” é
atualmente muito analisado pelo mercado
corporativo em especial, mas se compa-
rarmos os destinos de maior sucesso, em
todo o mundo, pode-se notar que não são
necessariamente mais baratos do que os
locais no Brasil. Eu creio que o assunto
“custo” é um ponto, mas existem muitas
outras áreas que devem ser trabalha-
das para gerar o máximo de captação de
reuniões e eventos: aproveitar mais os
espaços que o Brasil possui; melhorar
a infraestrutura geral do destino em al-
gumas cidades que são bem conhecidas
em todo o mundo; e adicionar novos
destinos na rota, como por exemplo,
a própria capital Brasília, que tem um
grande potencial, mas está longe de suas
possibilidades reais para a realização de
um trabalho mais profi ssional.
114
EVENTOS / FEIRAS
GBTA Global Business Travel Association
Entrevista com Wellington Costa
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> Apesar de dois trimestres de cresci-
mento econômico mais fracos em 2013,
a Global Business Travel Association
(GBTA) projeta que os gastos totais em
viagens de negócios no Brasil vão cres-
cer 12,5% em 2014, atingindo US$ 37
bilhões, e mais 5,9% em 2015. A GBTA
estima ainda que os gastos nas viagens
de negócios domésticas vão se fortalecer,
com um crescimento de 12,3% em 2014,
e 5,4% em 2015. “Essa previsão revela
a história de um crescimento positivo
do Brasil, apesar da volatilidade recen-
te”, afi rma o presidente da GBTA Brasil,
Wellington Costa.
MERCADO & EVENTOS - Quais fatores infl uenciam no setor brasileiro de viagens de negócios?Wellington Costa - Em primeiro lugar, as
perspectivas para a demanda de exporta-
ção brasileira começaram a melhorar no
fi nal de 2013 e deverão acelerar em 2014 e
2015. Por um lado, a Europa parece estar
retomando uma faixa de crescimento,
ainda que lenta. Em segundo lugar, a
China deverá recuperar o seu crescimento
econômico com alguma força. Ambos são
os nossos principais parceiros comerciais.
Em terceiro lugar, a rápida desvalorização
do Real, que começou em meados de
2013, deverá continuar, em até 10% a
15% este ano e outros 5% a 7% em 2015.
Isso vai ajudar a enfrentar os desafios
da competitividade brasileira e empur-
rar para baixo os preços de exportação.
M&E - No Brasil, especifi camente, o que se pode esperar para 2014? Em 2015, a previsão é de um crescimento maior após a boa imagem deixada pela Copa do Mundo?Wellington Costa - Neste momento, nós
estimamos que os gastos totais em via-
gens de negócios vão crescer 12,5% em
2014 e 5,9% em 2015. Este crescimento
menor do que o esperado na atividade de
viagens de negócios foi estimulado por
dois trimestres de crescimento econô-
mico mais fracos, apesar da boa imagem
deixada pela Copa do Mundo. Como se
pode observar ainda existe uma certa
moderação na previsão do crescimento
para 2015. As incertezas do ano eleitoral
e a desaceleração do PIB reforçam esta
moderação. A boa notícia é que devemos
ultrapassar o Reino Unido e a Coreia nos
próximos três anos, atingindo o 5º lugar
em volumes de viagens globais.
M&E - A China será a líder no mercado de viagens corporativas? O que eles fi zeram para conseguir esse posto?Wellington Costa - A previsão da China
ultrapassar os Estados Unidos em volumes
de viagens sinaliza para o biênio 2015-
2016 esta meta. Com um volume de US$
225 bilhões em 2013, a China tem crescido
anualmente em media 16% contra 1% dos
Estados Unidos. Isto deve-se, em parte,
ao crescimento industrial da China, à
mudança cultural e à profi ssionalização
na gestão de viagens e fornecedores, ainda
assim preservando nos seus hábitos locais.
M&E - Qual a importância de ferramentas virtuais para o crescimento de eventos corporativos?Wellington Costa - As ferramentas vir-
tuais ajudam não somente no controle
dos orçamentos dos grandes eventos
corporativos, mas em seu planejamento,
operação e satisfação dos participantes
através de suas pesquisas.
M&E - Como avalia a infraestrutura bra-
sileira? Faltam obras neste sentido?
Wellington Costa - No relatório sobre
Competitividade Global no Fórum Eco-
nômico Mundial de 2012-2013, o Brasil se
classifi cou em 107° lugar, entre 144 países,
em qualidade da infraestrutura, caindo três
lugares em comparação ao ano anterior. O
Brasil está promovendo melhorias impor-
tantes, incluindo modernização dos portos,
a expansão dos aeroportos e o reparo de
suas rodovias ruins, e está tentando resolver
esses problemas através da privatização.
Embora tenha sido um desafi o concluir
muitos projetos a tempo para a Copa do
Mundo, esses esforços devem ter impactos
signifi cativos no comércio e nas viagens
de negócios no Brasil, na próxima década.
M&E - A GBTA espera que as despe-sas do IOB (International Outbound) avancem 13,1% em 2014, seguidas por mais 8,1% em 2015, atingindo US$ 7,2 bilhões. Vai ser realmente possível alcançar essa meta?Wellington Costa - Essa previsão revela
a história de um crescimento positivo do
Brasil, apesar da volatilidade recente. A
reviravolta encorajadora nos dispêndios
com viagens de negócios internacionais e o
crescimento doméstico esperado mostram
aos fornecedores e aos administradores
de viagens que o Brasil é um mercado
essencial para se estar, para se expandir
os negócios globalmente.
115
EVENTOS / FEIRAS
FIT Feria Internacional de Turismo de America Latina
Entrevista com Enrique Pepino
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
>> Apesar do otimismo em relação a
mais uma edição da Feira Internacional
de Turismo, em Buenos Aires, o diretor
da FIT, Enrique Pepino, acredita que
“as árvores não crescem até o céu”. De
acordo com o executivo, apesar dos 90
mil visitantes anuais (em média), fator
que é determinante para um bom po-
sicionamento no mercado, a FIT está
chegando perto do seu teto de cresci-
mento. Seja pela localização geográfi ca
ou pela alta competição com o mercado
internacional, a FIT registra uma leve
preocupação quanto ao seu crescimento
exponencial. Apesar disso, os organiza-
dores da feira constatam, com o tempo,
uma renovação do público. De acordo com
Enrique Pepino, o interesse demonstrado,
especialmente por jovens profi ssionais,
em todos os aspectos relacionados com
a formação, tem chamado a atenção.
MERCADO & EVENTOS - A FIT 2013 tinha uma expectativa de receber cerca de 90 mil visitantes. Este número foi ultra-passado, com quase 92 mil presentes. Apesar disso, o número de profi ssionais foi menor em relação a 2012. Quais são as expectativas para 2014?Enrique Pepino - Nossa expectativa é
sempre positiva, mas também sabemos
que “as árvores não crescem até o céu”. Isso
signifi ca que, após nossos 18 anos de cres-
cimento, podemos constatar que estamos
nos aproximando de um possível “teto”
dentro dos parâmetros da FIT. Isso faz
com que toda a variação do mercado, tanto
no nível nacional como no internacional,
tenha um impacto direto sobre os partici-
pantes da feira, algumas vezes mais, outras
menos, sem que essa pequena modifi cação
possa comprometer o sucesso da FIT, já
que a “massa crítica” de visitantes está na
ordem de 90 mil, fator determinante que
nos posiciona muito bem no mercado.
M&E - Buenos Aires continua no topo das cidades mais infl uentes e preparadas para receber o segmento de feiras e eventos, de acordo com ranking divulgado pela Icca . E a FIT é uma das mais importantes feiras internacionais que a cidade recebe. Qual é a responsabilidade que a FIT tem ao longo dos anos para sustentar esse posto e receber dezenas de países e seus expositores internacionais anualmente?Enrique Pepino - Bem, acreditamos que,
sem dúvida, o que a FIT tem feito e conti-
nua fazendo tem a sua devida contribuição
a Buenos Aires, em meio às centenas de
eventos que são realizados anualmente na
capital. Todo esse aporte acontece para que
a cidade de Buenos Aires possa alcançar
esta posição merecida a nível internacio-
nal, uma vez que o trabalho profi ssional
do setor privado sempre teve um apoio
signifi cativo, tanto do Governo da cida-
de quanto da nação argentina, algo que
permite um esforço conjunto de sucesso.
M&E - A FIT 2013 teve a participação de 35 países segmentados em 1.568 expositores. Neste ano, entre os dias 25 e 28 de outu-bro, a feira, mais uma vez, abre as portas em Buenos Aires. Qual é a expectativa de
crescimento para o número de expositores e profi ssionais do turismo para esta edição?Enrique Pepino - Aproveito para reiterar
conceitos mencionados na primeira res-
posta e acrescentar que a posição do país
mais ao sul do hemisfério, nos coloca em
uma parte “extrema” do mundo, fazendo
com que o nosso mercado não detenha um
crescimento exponencial e nem alcance um
tamanho maior, em comparação com os
mercados “centrais”, localizados nos países
europeus. Assim, as nossas expectativas são
moderadas apenas com a tendência de man-
ter o que foi alcançado nos últimos anos.
M&E - Como a Argentina pode aproveitar o fato do Brasil, país vizinho, sediar a Copa do Mundo 2014 e as Olimpíadas 2016?Enrique Pepino - Acredito que dois even-
tos mundiais dessa magnitude, tanto a
“Copa do Mundo” como as “Olimpíadas”,
que são realizados na região, trazem consi-
go algumas vantagens para os outros países
vizinhos, especialmente a Argentina, que
é um dos países que faz fronteira com
o Brasil, pois é de conhecimento geral
que ambos os eventos são motivadores
e geradores de turismo e lazer. E geral-
mente, os turistas que acompanham esses
megaeventos aproveitam a viagem para
conhecer mais países e destinos.
M&E - É possível constatar uma melhoria na formação dos profi ssionais de turismo na América Latina ao longo dos anos?Enrique Pepino - Em relação ao cresci-
mento profi ssional dos participantes da
FIT, posso dizer que a melhora é notável
na formação profissional, bem como
o interesse demonstrado especialmen-
te por jovens profi ssionais em todos os
aspectos relacionados com a formação,
incorporação de avanços tecnológicos
e as mudanças que eles trazem com eles
para o negócio do turismo.
116
EVENTOS / FEIRAS
BNTM Brazil National Tourism Mart
Entrevista com Roberto Pereira
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> Se o turismo brasileiro estiver em sintonia
com a última edição da BNTM, isso signifi ca
um ano exuberante. De acordo com o secre-
tário-executivo da Fundação CTI-Nordeste,
Roberto Pereira, a feira assumiu, já há alguns
anos, uma relevância no fomento do turismo
doméstico e internacional para o Nordeste.
Ao todo, 25 países aceitaram o convite e
fecharam negócios durante os quatro dias
de evento (27 a 30 de março). Em 2015, a
BNTM Nordeste desembarca no Ceará.
MERCADO & EVENTOS - Qual o balanço que podemos fazer da BNTM ao longo dos últimos anos?Roberto Pereira - A edição da BNTM
deste ano foi exuberante no que concerne
à satisfação de todos os protagonistas.
Mais de 25 países aceitaram os nossos
convites para, durante as rodadas de ne-
gócios com os empresários nordestinos
e brasileiros, terem fechado negócios.
Essa Bolsa, há 23 anos realizada pela
Fundação CTI Nordeste, atingiu em
2014, em nossa espiral de crescimento,
o seu ápice qualitativo, haja vista o ele-
vado contentamento entre os suppliers
(vendedores) e buyers (compradores).
M&E - O senhor acredita que o número de turistas internacionais no Brasil tende a crescer? Roberto Pereira - Sem sombra de dúvida,
são duas as tendências do turismo brasileiro:
a do crescimento do seu fl uxo turístico e a
da qualifi cação dos protagonistas da cadeia
produtiva do nosso turismo. Além disso,
a qualificação da nossa mão de obra em
toda a cadeia produtiva do turismo é uma
tendência ao aperfeiçoamento do turismo.
O Brasil, desde que acordou para a impor-
tância dos conventions bureaux, começou
a obter êxito na cooptação desses eventos,
iniciativa que fez soprar ventos favoráveis
ao sucesso do turismo. Para continuarmos
crescendo, temos que apoiar os conventions
bureaux. É indispensável que se tenha, em
cada cidade capacitada à prática desse tu-
rismo, espaços como centros de convenções
com pavilhões para feiras, auditórios, salas
apropriadas para reuniões e workshops.
M&E - Já existem novidades estabelecidas para a próxima edição da BNTM de 2015?Roberto Pereira - A BNTM do próximo
ano vai acontecer no Ceará (Fortaleza),
que é um estado que tem a tradição de
sempre realizar ótimos eventos. A BNTM
2015 terá a marca da divulgação prévia, da
organização, da cordialidade e da arte de bem
receber. A feira já está repleta de inovações e
renovações para, cada vez mais, se adequar
à modernidade. Para 2015, o Ceará já está
se fixando em vários pontos positivos, a
exemplo de convites antecipados aos buyers,
que serão escolhidos sob critérios rigorosos.
Buyers nacionais e internacionais estarão
presentes e, entre eles, um novo mercado do
Leste europeu, haja vista o fato da próxima
Copa se realizar na Rússia. Também estamos
com a ideia de continuar com as rodadas de
negócios cujas entrevistas sejam solicitadas
pelos buyers, mas permitindo aos suppliers
espaços para as mesmas, tal e qual se faz
no IPW, nos Estados Unidos. Além disso,
teremos a realização de seminários.
M&E - Em 2013, em entrevista ao M&E,
o senhor afi rmou que o segmento de feiras e eventos ainda está em fase de desenvolvimento no Brasil. Dada essa questão, você acredita em uma solidifi -cação do ramo nos próximos 10 anos? Roberto Pereira - Continuo afi rmando
o que disse em 2013, com uma diferença
positiva: continuamos em desenvolvi-
mento, mas já alcançando números que
revelam resultados promissores à prática
do turismo de congressos, feiras e even-
tos, com forte tendência a subirmos no
ranking da ICCA, podendo e devendo
ultrapassar cidades sul-americanas, até
mesmo Buenos Aires. O Brasil vem a
galope nesse ramo, ganhando profis-
sionalização tanto na captação desses
eventos quanto na realização. Esses gran-
des eventos recém realizados no Brasil
podem ser considerados uma janela
enorme que se abriu aos olhos do mundo.
M&E - Como o senhor classificaria a importância do agente de viagens nessa nova etapa do turismo nacional, com a Lei 12.974? Roberto Pereira - Acredito que a Lei
12.974/2014, proveniente do Projeto de
Lei 5.120, agasalha uma série de avanços
no profi ssionalismo e no empreendedo-
rismo das agências de viagens e turismo.
Estas ganharam dimensionamento jurí-
dico e se fortalecem enquanto entidades
aptas à prática das viagens e do turismo.
Compreende-se, todavia, que os ve-
tos presidenciais foram feitos de forma
apressada devido à revelia das entidades
de classe que não foram ouvidas para
manifestarem as suas realidades. A res-
ponsabilidade solidária das agências de
viagens vinha dando origem à chamada
“indústria das ações e das indenizações”.
O Código de Direito do Consumidor é
um instrumento legal para regular as
compras e os investimentos do cliente.
Todavia, penso ser injusta a Responsa-
bilidade Solidária das agências.
118
EVENTOS / FEIRAS
Festuris Festival de Turismo de Gramado
Entrevista com Marta Rossi
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> A edição de 2014 do Festival de Tu-
rismo de Gramado (Festuris) terá muitas
novidades. De acordo com Marta Rossi,
diretora do Festuris, o sistema “Buyers
Club” promete potencializar o fluxo
de negócios gerados durante o evento,
aproximando profissionais do trade e
expositores. “O Clube de Compradores
é mais uma ação que envolve inovação e
aproximação com o trade, pilares necessá-
rios para a evolução das feiras”. De acordo
com Marta Rossi, o Festuris alcançou todo
este sucesso porque, a cada ano, o evento
procura se reinventar.
MERCADO & EVENTOS - Para o Brasil se tornar um destino de excelência dentro do setor de eventos, a senhora afi rmou, em 2013, que é preciso infraestrutura e planejamento. Com a organização da Copa do Mundo 2014 e o legado turístico dos megaeventos, alguma coisa já pode ser feita para mudar esse cenário?Marta Rossi - Sim, acredito que muitas
coisas podem ser feitas. Avançamos com
a Copa do Mundo, mas ela nos deixou
uma lição de casa e só seremos 100% se
soubermos executá-lo. É preciso fazer
planos e cumprir as metas dentro do tempo
estabelecido. Eu acredito que criou-se em
torno da Copa uma áurea negativa por esta
falta de comprometimento dos setores
competentes. Quanto ao legado, é indis-
cutível que ele fi cou. O Brasil provou que
tem competência para organizar grandes
eventos. A visibilidade internacional que
o país teve durante o mundial é impagá-
vel. O destaque pela hospitalidade e os
elogios para sua então apenas criticada
segurança, fortaleceram muito nossa ima-
gem no exterior, além de nossas belezas
naturais. Precisamos dar continuidade a
este trabalho de promoção do Brasil no
exterior. Temos que pensar nas Olimpíadas,
mas pensar, também, no pós-Olimpíadas.
M&E - Acredita que a exposição mundial do Brasil pode alavancar uma maior procura do público corporativo para o setor ao longo dos próximos 10 anos?Marta Rossi - Em relação ao mercado de
eventos nacional, acredito que é o nosso
melhor momento, porque as portas do
mercado internacional estão abertas.
Precisamos, no entanto, aproveitar as
oportunidades e trabalhar muito para
isso, seja através de ações pontuais ou
ações planejadas a longo prazo entre o
poder público e a iniciativa privada. No
ano que vem, o país participará da Expo
Milano, um megaevento mundial, onde o
Brasil estará exposto em uma das maiores
áreas da feira, durante seis meses, para
o mercado mundial. Com certeza, o país
tentará novamente concorrer para ser sede
em 2025. Em 2016 teremos as Olimpíadas.
Enfi m, com o aval e o aplauso que rece-
bemos do mercado internacional através
da Copa, precisamos trabalhar e cobrar
do Governo Federal uma atenção para a
indústria turística.
M&E - Após a edição especial de 25 anos, mais uma vez o Festuris traz novidades, principalmente na área de exposição
internacional. Qual é a expectativa e os detalhes para a edição do Festival que ocorre em novembro? Marta Rossi - Nos últimos anos estamos
entrando com força no mercado inter-
nacional, estreitando laços com destinos
e empresas de todos os continentes. Em
2015, esperamos que mais de 65 destinos
estejam representados no evento. A cada
ano, buscamos trazer as tendências do
mercado turístico e agregar serviços que
promovam a agilidade nos relacionamentos
e negócios. Neste ano, o foco vai para uma
nova ferramenta que será disponibilizada
aos participantes, que decidimos chamar de
Festuris Buyers Club. O “Clube de Compra-
dores” do Festuris promete potencializar o
fl uxo de negócios gerados durante o evento,
aproximando profi ssionais do trade e expo-
sitores, que poderão fazer um planejamento
de reuniões dentro da feira com antece-
dência. Somos pioneiros neste sistema,
e o mais importante é que é um sistema
opcional. Esta é mais uma oportunidade
de aumentar os negócios de seus clientes.
M&E - No novo cenário do turismo bra-sileiro, os agentes de viagens estão em evidência. A Lei 12.974 pode, de fato, ajudar os profi ssionais?Marta Rossi - A Lei veio para regulamentar
o setor e isso é uma grande conquista.
Hoje temos deveres e responsabilidade
reconhecidos e legalizados. Este reco-
nhecimento passa a exigir do setor qua-
lifi cação profi ssional, atualização perma-
nente, cumprimento de regras, regulando
portanto o mercado. Todos ganham com
isso, especialmente os agentes de viagens
diretamente envolvidos. Há arestas a
serem aparadas e a Abav nacional tem
questionado alguns itens excluídos da
proposta inicial. Agora vem o diálogo,
as discussões e o aperfeiçoamento, mais
o setor já está regulamentado.
119
Brasileiros pelo mundo
EXTERIOR
>> Segundo dados do Banco Central, as despesas de brasileiros no exterior bateram recorde nos sete primeiros meses do ano. A soma gasta foi de US$ 14,9 bilhões. Em julho deste ano, foram US$ 2,41 bilhões. Os brasileiros estão descobrindo o mundo e mesmo com alta no câmbio, eleições e Copa do Mundo, eles não deixaram de viajar e gastar no exterior.
Um relatório recém divulgado pelo De-partamento de Comércio dos Estados Unidos indica que, em 2013, o número de brasileiros também bateu recorde histórico no país, cerca de 2,06 milhões visitando a terra do “Tio Sam”. Estes números representam um aumento de 15% em relação a 2012. O Brasil é hoje a quinta nação do mundo que mais envia viajantes para os Estados Unidos. Segundo Alfredo González, vice-presidente Sênior de Desenvolvi-mento de Mercado Global do Brand USA, a expectativa é que neste ano o Brasil tenha um crescimento ainda maior que o apresentado em 2013. Dentro dos Estados Unidos, destaque para Orlando. Em 2013, o destino atraiu 768 mil turistas do Brasil – 20% mais do que em 2012. Isso colocou nosso país, pela primeira vez, como o mercado número 1 de longa distância para a cidade. Segundo Mark Jaronski, vice-presidente global de Comunica-ções do Visit Orlando, a cidade tem investido no Brasil com representação no país e outras ações.
Os Estados Unidos são sem dúvida os maiores receptores de turistas do Brasil, motivados, em especial, pelas compras. Mas este não é o único
Despesas dos brasileiros no exterior batem recorde e já ultrapassam US$ 14,9 bilhões
LISIA MINELLI
destino que recebe muitos brasileiros. Em 2013, a França foi o país mais visitado do mundo. No total foram 89 milhões de turistas, e entre eles estavam os brasileiros, somando mais de 600 mil visitantes – crescimento de 5% em relação ao ano anterior. Segundo Jean-Philippe Pérol, diretor geral das Américas da Atout France, o Brasil segue sendo um dos focos do trabalho com objetivo de aumentar o fl uxo de visitantes e, para isso, as cidades francesas desenvolvem ações de promoção no país. A meta deste ano é elevar esse número perto dos 700 mil turistas brasileiros e chegar ao ano de 2020 com cerca de 1,5 milhão. Ainda na Europa, outro país muito feliz na visitação de brasileiros é a Alemanha, que desde 2010 do-brou o volume de turistas do Brasil. Segundo Margaret Grantham, dire-tora para América do Sul do DZT, a expectativa era fechar o ano com os mesmos números de 2013, cerca de 73 mil brasileiros, mas já nos primei-ros meses de 2014 o país registrou um crescimento de 4% no volume de visitantes. E a Alemanha segue investindo, apostando no trade com capacitações, mídias e redes sociais para atrair a atenção.
Na América latina, o país também se destaca. No México, por exemplo, o Brasil é hoje o quinto mercado mais importante para o destino, tendo enviado em 2013 mais de 267 mil turistas ao destino. De acordo com Diana Pomar, diretora do Conselho de Promoção Turística do México no Brasil, esta posição privilegiada do Brasil se fortaleceu principalmente
pelo fato dos brasileiros não pre-cisarem de visto e pelo apoio das companhias aéreas interessadas em abrir mais rotas entre os países. Do total de brasileiros que visitaram o México, 65% viajaram a lazer, 20% para congressos e 15% em viagens corporativas. Segundo ela, a es-tratégia do destino é focada em ações que diversifi quem o produto e o mercado, mostrando ao turista brasileiro que o México é mais do que sol e praia, que tem também muito valor arqueológico, cultural, artístico, arquitetônico e gastronô-mico; além de ser um país moderno e em constante evolução em sua infraestrutura turística.
Já a Argentina, embora tenha sentido uma queda no número de turistas do Brasil, continua sendo um dos principais lugares escolhidos pelos brasileiros para viajar. Para Carlos Enrique Meyer, ministro do Turismo, as expectativas para fechar 2014 são grandes. Segundo ele, o destino apos-ta na temporada de inverno, na oferta cultural de Buenos Aires e no turismo de aventura em várias regiões.
Gastos no exterior (histórico) Em 2013, os gastos de brasileiros no exterior bateram recordes e somaram US$ 25,3 bilhões, contra US$ 22,2 bilhões de 2012 e US$ 21,2 bilhões de 2011. Nem a alta do dólar, que teve início em 2013, nem o aumento do IOF nos cartões de crédito e a implantação das taxas nos pagamentos com cartão de débito, saques, cheques de viagem e cartões pré-pagos, desanimaram os gastos no exterior.
120
EXTERIOR
Atout FranceEntrevista com Jean-Philippe Pérol
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> A França foi em 2013 o país mais visitado
do mundo. No total foram 89 milhões de
turistas, e entre eles estavam os brasileiros,
somando mais de 600 mil visitantes - cres-
cimento de 5% em relação ao ano anterior.
Para Jean-Philippe Pérol, diretor geral das
Américas da Atout France, entre os motivos
que levaram o sucesso da França na atração
de turistas está a prestação de serviços, além
da diversidade nas opções de roteiros e des-
tinos. O Brasil segue sendo um dos focos do
trabalho com objetivo de aumentar o fl uxo
de visitantes e, para isso, as cidades francesas
desenvolvem ações de promoção no país. A
meta deste ano é elevar esse número perto
dos 700 mil turistas brasileiros e chegar
ao ano de 2020 com cerca de 1,5 milhão.
MERCADO & EVENTOS - Em 2013, a França foi o país mais visitado do mun-do, com 89 milhões de turistas. Qual o segredo para esse sucesso unânime entre os turistas? Jean-Philippe Pérol - Acredito que são três
principais motivos. Primeiro, a qualidade
da prestação de serviços para os turistas.
Segundo, os lugares a serem visitados e a
gastronomia. A diversidade do produto
França é grande. É um país que tem toda
a oferta turística possível com praias,
montanhas e muito mais. E em terceiro,
a França está numa posição estratégica,
cercada de grandes mercados emissores,
como Alemanha, Inglaterra e Itália. E para
quem vem para Europa de outros pontos, a
França é porta de entrada. Acho que esses
três pontos são importantes para o sucesso.
M&E - Ainda em 2013, a França recebeu 660 mil turistas brasileiros. Qual a ex-pectativa para 2014 e quais ações estão sendo feitas no Brasil para o incremento desse volume de turistas? Jean-Philippe Pérol - O ano começou bem,
com um movimento forte de turistas do Bra-
sil. Mas com a Copa o volume caiu entre os
meses de maio e junho. Ainda não sabemos
se conseguiremos recuperar isso. Nossa ex-
pectativa inicial era termos mais turistas que
no ano passado, mas agora nossa intenção
é chegar perto dos 700 mil turistas. Esse foi
um ano muito atípico e a Copa atrapalhou,
em especial, porque os preços das passagens
aéreas subiram e apesar de terem sido cor-
rigidos, não deu mais tempo de alavancar
as vendas para França. E ainda temos no
segundo semestre as eleições, que também
podem atrapalhar de alguma maneira o fl u-
xo, em especial para o segmento de negócios.
Mas nossa meta é ter um leve crescimento.
M&E - Quais as ações estão sendo di-recionadas para que a França retome o crescimento no fl uxo de turistas do Brasil? Há ações programadas ainda para 2014?Jean-Philippe Pérol - Estamos preocupados
porque não conseguimos ver ainda uma
recuperação do fl uxo de brasileiros que
perdemos com a Copa. Uma das ações que
estamos trabalhando é a nossa volta à Abav.
Quando a feira era no Rio de Janeiro não
participávamos, mas agora que ela está em
São Paulo - o nosso maior emissor de turis-
tas - estamos com presença já confi rmada.
Eu acho que a Abav tem condições de voltar
a ser o grande salão do turismo brasileiro.
Alem disso, muitas regiões francesas estão
programando ações no Brasil como Bor-
deaux, Bourgogne, Champagne e Alsácia.
Temos muita coisa a fazer para mostrar o
que está acontecendo na França e que o país
tem vários lugares que vale a pena visitar.
M&E - Além de Paris, quais outras cida-des francesas têm potencial para atrair turistas brasileiros? Jean-Philippe Pérol - A região dos vinhos
é muito atrativa. Mas temos muitas outras
como Nice, Côte d’Azur e Lyon. Tem ainda
Marselha, que cresceu muito culturalmente,
onde foi feita uma renovação da cidade e
a inauguração de um museu que abriu
recentemente no Porto. Mas, em minha
opinião, a cidade de Bordeaux tem um po-
tencial enorme de atração de turistas. É uma
cidade lindíssima, que foi renovada nos úl-
timos anos. Foi feito um trabalho fantástico
no centro histórico e novos hotéis foram
abertos. Muitas coisas acontecem nessa
cidade e tem tudo para se tornar um grande
destino para os brasileiros. Ainda estamos
muito focados em Paris, que é uma cidade
fantástica, mas podemos ampliar as opções.
M&E - Existe algum segmento em es-pecial que está sendo trabalhado pela França? Jean-Philippe Pérol - Um dos pontos prin-
cipais para se aumentar o fl uxo de turistas
brasileiros na França são as compras. A
França ainda tem uma imagem muito
focada em perfumes, mas na verdade
pode-se comprar qualquer coisa no país.
E os preços são competitivos. Inclusive, se
comparado com os preços dos EUA, que
cobram taxas. Na França você tem sua taxa
reembolsada se gastar um determinado
valor. Ou seja, muitos produtos saem
o mesmo preço dos americanos ou até
mais baratos. Outro setor que estamos
trabalhando é o MICE, além do religioso,
que tem se destacado bastante.
121
EXTERIOR
PromPerúEntrevista com María del Carmen de Reparaz
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
>> Em 2013, o Peru recebeu 3,2 milhões
de turistas internacionais e já registra
um crescimento de 3,7% no primeiro
trimestre de 2014. Na América do Sul, o
Brasil é um dos principais emissores. Em
2013, foram 141 mil brasileiros. A meta é
aumentar esse volume. Veja a entrevista
feita com María del Carmen, diretora de
promoção da PromPerú, onde ela conta
como o destino irá atingir esse resultado.
MERCADO & EVENTOS - O Brasil é hoje o sexto maior mercado para o Peru. A meta é subir o país no ranking. Quais ações estão sendo promovidas para atingir esse objetivo?María del Carmen - De acordo com os
objetivos da instituição, continuamos tra-
balhando para fortalecer o posicionamento
do Peru nos mercados emissores de turistas
que consideramos estratégicos, com a fi na-
lidade de manter o crescimento sustentável
de chegada de turistas e de divisas inter-
nacionais. A América Latina é um desses
mercados, representa mais de 50% das che-
gadas internacionais ao Peru há cinco anos.
O Brasil é o sexto país emissor de turistas
para o Peru em nível mundial e o quinto
da América do Sul. O plano de promoção
para este ano envolve atividades dirigidas
tanto à cadeia comercial como ao consu-
midor fi nal. Buscamos gerar uma maior
penetração na cadeia comercial através de
relações “one-to-one”, de uma participação
maior em feiras e eventos mais relevantes,
do desenvolvimento de alianças estratégi-
cas com o setor privado para promoção
conjunta, do fortalecimento de estratégias
digitais para nos aproximarmos do consu-
midor fi nal, exploração de novos segmen-
tos ou nichos de mercados, entre outros.
M&E - Quantos brasileiros ingressaram no país em 2013 e qual a expectativa para 2014?María del Carmen - Durante o ano de
2013 foram registradas cerca de 141 mil
chegadas de brasileiros em nosso país,
um aumento de 14% em relação a 2012.
As estratégias de promoção que estamos
trabalhando têm como objetivo fazer com
que em 2015 recebamos mais de 162.500
turistas brasileiros. Para este ano, nossa
meta é crescer aproximadamente 8%.
Para isso está sendo desenvolvida uma
estratégia de promoção integral, a fi m de
fazer o Peru ser lembrado pelo potencial
consumidor de viagens brasileiro nas
datas chaves. Da mesma forma, as divisas
geradas pelos turistas brasileiros durante
o ano de 2013 foram de cerca de US$ 151
milhões. Esperamos que em 2015 esse
número chegue a US$ 171 milhões.
M&E - Cusco e Lima lideram o interesse dos brasileiros. Quais outros destinos o Peru pretende trabalhar para desenvolver junto ao turista brasileiro?María del Carmen - De acordo com es-
tudos realizados pela PromPerú, 35% dos
turistas brasileiros querem conhecer Cusco
e Machu Picchu. O Peru é um destino
eminentemente cultural e a cultura Inca,
com Machu Picchu, representa hoje um
ícone do turismo. Entretanto, nossa missão
é fomentar a diversifi cação de produtos
turísticos. Para isso, focamos nossos esfor-
ços de promoção em mostrar e estimular
os brasileiros a conhecer outros destinos
peruanos, outras civilizações milenares e
a viver experiências únicas. Nós o convi-
damos a fi car mais tempo em Lima, uma
cidade moderna, que não só foi considerada
o melhor destino gastronômico do mundo,
como também tem muitas opções de entre-
tenimento, atividades culturais e urbanas.
Além disso, na cidade de Ica, a três horas de
carro do sul de Lima, é possível desfrutar
a Bahía de Paracas e as misteriosas Linhas
de Nasca; para os amantes da natureza e da
aventura, a cidade de Arequipa os espera
com sua zona rural. Não podemos deixar
de mencionar Puno, região que possui
o lago navegável mais alto do mundo,
o Lago Tititaca, e onde se pode realizar
turismo rural comunitário, pernoitar em
comunidades e realizar atividades como
sessão de leitura de coca, oferendas à terra,
narração de mitos e lendas, assim como
contemplar o amanhecer ou o pôr do sol
nos miradores naturais.
M&E - Quais são os principais mercados brasileiros para o Peru? María del Carmen - São Paulo e Rio de
Janeiro são os principais estados emis-
sores de turistas brasileiros para o Peru,
representam 54% e 16% das chegadas,
respectivamente.
M&E - O Peru continua a investir na estrada do Pacífi co?María del Carmen - Claro que sim, con-
sideramos que há um grande potencial
para aumentar as chegadas de turistas
brasileiros ao Peru. A grande maioria de
chegadas provenientes do Brasil são pelo
Aeroporto Internacional Jorge Chávez,
mas também percebemos que existe um
crescente número de chegadas provenien-
tes da fronteira que ingressam no Peru
por meio da estrada do Pacífi co.
122
EXTERIOR
CPTM Conselho de Promoção Turística do México
Entrevista com Diana Pomar
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> O Brasil é hoje o quinto mercado mais
importante para México, tendo envia-
do em 2013 mais de 267 mil turistas ao
destino. Segundo Diana Pomar, diretora
do Conselho de Promoção Turística do
México no Brasil, este é um grande poten-
cial que tem sido explorado e, em termos
de números, vem crescendo nos últimos
cinco anos. Do total de brasileiros que
visitaram o México, 65% viajaram a lazer,
20% para congressos e 15% em viagens
corporativas. Veja abaixo a entrevista
concedida pela diretora.
MERCADO & EVENTOS - O México quer receber 500 mil turistas brasileiros por ano até 2019. O que está sendo feito para alcançar esse resultado? Diana Pomar - O Brasil ocupa atualmente
o quinto lugar no ranking dos países de
maior emissão de turistas para o México.
Os primeiros quatro são: Estados Unidos,
Canadá, Reino Unido e Espanha. Esta po-
sição privilegiada do Brasil se fortaleceu,
principalmente, pelo fato dos brasileiros
não precisarem de visto e pelo apoio das
companhias aéreas para abrir mais rotas
entre os países. Além disso, temos uma
estratégia focada em ações que diversifi -
quem o produto e o mercado, mostrando
ao turista brasileiro que o México é mais
do que sol e praia, que tem também muito
valor arqueológico, cultural, artístico,
arquitetônico e gastronômico. Além de
ser um país moderno e em constante evo-
lução em sua infraestrutura turística. Sem
esquecer em falar do fortalecimento das
alianças com nossos parceiros comerciais,
por meio de investimentos, capacitações,
apoio para viagens de familiarização,
lançamentos e novos produtos.
M&E - A procura de brasileiros é dire-cionada, preferencialmente, para regiões como Cancun, Cidade do México e Ri-viera Maya. O que a CPTM planeja para
promover as demais regiões do México? Há algum destino em especial que tenha potencial atrativo para os brasileiros?Diana Pomar - Desde 2011 começamos
a posicionar estrategicamente o México
como um destino com um mosaico de
oportunidades. E os nossos parceiros
de negócios também têm impulsionado
outros destinos além de Cancun, Riviera
Maya e Cidade do México, dando ênfase
às cidades coloniais e a Ruta Maya, e
ainda a outros destinos de praia como
Los Cabos, Riviera Nayarit, Puerto Val-
larta e Acapulco. Estes destinos têm
uma diversifi cada oferta turística que
permite aos turistas terem experiências
inesquecíveis, não só de sol e praia, mas
também a oportunidade de experimentar
a variedade cultural e gastronômica de
cada lugar. Atualmente temos destinos
mexicanos como Puerto Vallarta, Riviera
Nayarit e Los Cabos que estão investindo
no mercado brasileiro. Para isso, eles
contam com o apoio da CPTM, a fim
de reforçar a presença, a promoção e
divulgação destes destinos.
M&E - Depois de um ano da não exi-gência de visto para brasileiros, já deu para sentir um efeito positivo? Houve
uma maior procura de turistas do Brasil para o destino?Diana Pomar - Defi nitivamente o sistema
de autorização eletrônica ajudou bastante
quando foi implementado, mas ainda é um
processo burocrático. Com a liberação do
visto, o crescimento de turistas tem sido
constante e nos coloca entre os destinos
favoritos dos brasileiros. Em 2013, en-
cerramos o ano com aproximadamente
267.500 turistas que viajaram para o Mé-
xico, que representou um crescimento de
7,5% em relação ao ano anterior.
M&E - O México conta com 19 voos diários do Brasil, sendo dois diretos. Em função do crescente aumento no fl uxo de turistas, o México tem planos para aumentar a conexão aérea entre os países?Diana Pomar - Nosso objetivo é apoiar
o Grupo Aeromexico e a Latam com as
novas frequências entre México e Brasil.
Assim como Copa Airlines e Avianca,
que atendem mais de 10 cidades do Brasil
para o México com conexão no Panamá
e Bogotá, respectivamente, e servindo as
principais cidades turísticas e de negó-
cios, como a Cidade do México, Cancun,
Guadalajara e Monterrey. Além disso, a
CPTM, no período da Copa do Mundo,
lançou o Plano Brasil, dirigido ao público
fi nal com a campanha “México: Viva para
Acreditar”. Na ocasião, foram colocados
cartazes nos aeroportos nacionais e inter-
nacionais de São Paulo, Rio de Janeiro e
Recife. Marcamos presença nos shoppings
Leblon Shopping Center (Rio de Janeiro),
JK Iguatemi Shopping e Shopping Iguatemi
(ambos em São Paulo), nos grandes jornais
como Folha de São Paulo e Estado de São
Paulo e ainda tivemos um espaço de 250
metros quadrados do México na Fifa Fan
Fest, que forneceu atividades interativas aos
visitantes com objetivo de aproximar as pes-
soas do México por meio de redes sociais.
124
EXTERIOR
MTur ArgentinaEntrevista com Carlos Enrique Meyer
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> Embora a Argentina tenha tido uma
queda no número de turistas do Brasil
visitando o destino, o país continua sendo
um dos principais lugares escolhidos pelos
brasileiros para viajar. Em especial no
período de férias de julho, que coincide
com a alta temporada de neve deles. A
Copa pode ter atrapalhado o início da
temporada de neve, com menos turistas
viajando, mas o país espera uma retomada
significativa até o final do ano. Veja, a
seguir, uma entrevista com o ministro do
Turismo, Carlos Enrique Meyer.
MERCADO & EVENTOS - Entre os anos de 2012 e 2013 houve uma queda no número de brasileiros visitando a Argen-tina. Para o ano de 2014, como estão as expectativas? Carlos Enrique Meyer - Temos grandes
expectativas para 2014. Acreditamos
que o número de brasileiros aumentará
significativamente. A recém-iniciada
temporada de inverno já se apresenta
com números favoráveis e esperamos que
continue dessa maneira. A oferta de neve
em nosso país é muito importante para
os brasileiros. Por isso, todo ano, fazemos
questão de promover os destinos de neve
em eventos no Brasil. Da mesma forma,
todos os atrativos turísticos da Argentina,
vivenciados em todas as épocas do ano,
também têm grande receptividade entre
os brasileiros, como a oferta cultural de
Buenos Aires e o turismo aventura em
várias regiões.
M&E - No início desse ano foi fi rmado um acordo de cooperação entre Argentina e Braztoa. Como andam os projetos em conjunto?Carlos Enrique Meyer - O trabalho em
conjunto com o setor privado é sempre
de vital importância para manter o fl u-
xo de turistas para nosso país. Com a
Braztoa estamos trabalhando há muito
tempo e já consolidamos a oferta turís-
tica da Argentina no Brasil através dos
operadores, que são a peça vital para
atingirmos nosso objetivo. Recente-
mente implantamos uma ferramenta
destinada exclusivamente aos operadores
denominada “E-Academy”. Através dela,
todos aqueles que desejarem poderão
capacitar-se sobre a oferta turística ar-
gentina com o objetivo de vender mais e
melhor os pacotes turísticos. O convênio
fi rmado há alguns meses com a Braztoa
concretiza nosso compromisso de fazer
do turismo uma ferramenta de inclusão
e desenvolvimento para ambos os países.
M&E - Um aporte de US$ 1,2 milhão será injetado no mercado brasileiro. Quais ações serão feitas a partir desse investimento?Carlos Enrique Meyer - Nos últimos
meses temos realizado intensos trabalhos
de promoção no mercado brasileiro. A
promoção argentina durante a Copa do
Mundo foi uma das ferramentas chaves
para garantir nosso posicionamento du-
rante2014. Organizamos uma série de
encontros com operadores turísticos e a
imprensa durante as partidas da seleção
argentina. Esses eventos tiveram como
objetivo divulgar, com maior profundi-
dade, cada um dos nossos atrativos, nossa
paixão pelo futebol e todas as experiências
que serão vivenciadas pelos turistas que
nos visitam. A participação em feiras de
turismo, a realização de workshops e de
missões comerciais em distintos destinos
do Brasil são também importantes para
manter o vínculo com o mercado brasi-
leiro e reforçar o trabalho que realizamos
há muitos anos. Acreditamos também
que a grande conectividade que existe
entre os dois países é fundamental para o
fortalecimento do setor turístico. Os voos
da Aerolíneas Argentinas que conectam
nosso país a destinos como Curitiba, Belo
Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro e ou-
tros permitem que os turistas encontrem
facilidades para chegar ao nosso país. A
isto se soma a conectividade que a com-
panhia mantém não somente com Buenos
Aires, mas também com as províncias do
interior do país, como Mendoza.
M&E - Quais os principais destinos vi-sitados pelos brasileiros na Argentina e os principais atrativos desses locais? Carlos Enrique Meyer - A Argentina conta
com grande quantidade de experiências
pensadas para as necessidades de cada um
dos turistas que nos visitam. Os brasileiros
desfrutam muito da oferta cultural do
nosso país, dos destinos de neve durante
o inverno, das atividades de aventura, de
nossa gastronomia e nosso indispensável
vinho. Para a já citada recém-iniciada
temporada de neve, o Inprotur criou um
micro site especial para que os turistas
encontrem todas as informações que
necessitam sobre os Centros de Ski e Par-
ques de Neve. Do mesmo modo, a oferta
completa se baseia em experiências que
os turistas podem desfrutar em cada uma
das regiões do nosso país com serviços
turísticos que se ajustam a cada uma de
suas necessidades.
Cleo Bouza - Virgen Film
s
125
EXTERIOR
DZT Centro de Turismo Alemão
Entrevista com Margaret Grantham
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
>> Apesar de um ano incerto para o tu-
rismo do Brasil, a Alemanha não tem do
que reclamar. A expectativa era de fechar
o ano com os mesmos números de 2013,
cerca de 73 mil visitantes brasileiros.
Mas já nos primeiros meses de 2014 o
país registrou um crescimento de 4% no
volume de visitantes do Brasil. Para Mar-
garet Grantham, diretora para América
do Sul do DZT, a atuação da Alemanha
no Mundial - principalmente fora do
campo - conquistou os brasileiros e fará
com que muitos escolham o destino em
uma próxima viagem. Além disso, o DZT
trabalha forte com o trade mostrando
a diversidade do país, seus atrativos e
vantagens. O destino aposta no turista
brasileiro e investe em capacitações, mí-
dias e redes sociais para atrair a atenção e
mostrar todos os encantos da Alemanha.
MERCADO & EVENTOS - O turismo do Brasil na Alemanha vem crescendo des-de o ano de 2010, quando houve um recorde de pernoites de 482 mil brasi-leiros. Quantos brasileiros estiveram na Alemanha em 2013 e qual a expectativa para 2014?Margaret Grantham - Os números do-
braram desde 2010. Grande parte desse
crescimento se deve ao Mundial de futebol
realizado em 2006, que serviu como uma
vitrine da Alemanha para o mundo e
mostrou a imagem de um país alegre e
de um povo que adora receber bem o
turista. Apesar das crises fi nanceiras no
mundo nos últimos anos, os números
de brasileiros continuam crescendo. Em
2013, o número de pernoites cresceu
5,5% em relação ao mesmo período do
ano anterior, o que corresponde a 732.888
pernoites. Para 2014, devido ao Mundial
de futebol no Brasil e ao fato de ser ano
de eleições, nossa expectativa não era de
crescimento, mas de manter o número
estável. No entanto, já nos primeiros meses
do ano registramos um crescimento da
ordem de 4% no número de pernoites
de brasileiros.
M&E - Durante três anos seguidos a Alemanha foi o segundo destino europeu mais visitado pelos brasileiros. O Brasil continua com essa colocação? Margaret Grantham - De acordo com
dados compilados pelo nosso Departa-
mento de Pesquisas na Alemanha, o país
tem 13% de market share e é o quarto
destino mais visitado por brasileiros na
Europa, atrás de Portugal (23%), Espanha
(18%) e Itália (15%). A perspectiva para
esse ano é manter essa posição. Sabemos
que o idioma ainda é considerado uma
barreira para o viajante brasileiro, embora,
na verdade, aqueles que visitam o país
voltam com outra impressão. Os alemães
estão sempre prontos a ajudar os turistas.
Além disso, estamos trabalhando conti-
nuamente com os operadores de turismo
alemães a importância de guias que falem
português em seus programas.
M&E - A meta do DZT é que até 2020 o volume de turistas brasileiros cresça em média 8,5% ao ano. Quais ações estão sendo feitas no país para que esses resultados sejam atingidos? Margaret Grantham - No Brasil nosso
foco é o trade. Junto aos operadores tra-
balhamos a importância da diversifi cação
dos destinos. Notamos que o brasileiro
aprendeu nos últimos anos a viajar e
não quer mais aquele produto comum,
quer algo diferente, e isso a Alemanha
tem muito a oferecer. O destino é rico
em atrações culturais, gastronomia, vida
urbana e os brasileiros começaram a
descobrir que também é um excelente
destino para compras. Junto aos opera-
dores alemães trabalhamos para que cada
vez mais ofereçam ao mercado brasileiro
produtos e roteiros adaptados com guias
e materiais em nosso idioma. Trabalha-
mos ainda com os agentes de viagem,
um canal extremamente importante de
comercialização do destino. Uma série de
treinamentos está programada até o fi nal
do ano para que possamos mostrar não só
todas as possibilidades que a Alemanha
oferece, mas também as ferramentas que
o Centro de Turismo Alemão coloca à
disposição deles.
M&E - Com o tetracampeonato da Ale-manha na Copa de 2014, você acredita que isso será um incentivo para que mais turistas visitem o país? Margaret Grantham - Sem dúvida, não
diria o tetracampeonato, mas a atuação do
time alemão dentro e, principalmente, fora
de campo pode, sim, ser um incentivo para
que as pessoas visitem o país. Os jogadores
ajudaram a quebrar uma grande barreira
que temos hoje (além do idioma) que é a
imagem de frieza do alemão. A mesma
simpatia que os alemães espalharam por
aqui é a simpatia que os turistas são rece-
bidos na Alemanha. Quando se trata de
diversão, são extremamente animados e
adoram uma festa. A paixão do brasileiro
pelo futebol é também um motivo para
visitar a Alemanha, agora mais ainda.
Um programa imperdível é conhecer a
casa do Bayern de Munique, que acaba
de inaugurar um museu interativo.
126
EXTERIOR
EurailEntrevista com Silvia Görlach
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> As viagens de trem ainda não fazem parte
do dia a dia dos turistas brasileiros quando
o roteiro é doméstico. No entanto, quando
a opção é por conhecer a Europa, é cada
vez maior o número de visitantes oriundos
do Brasil que escolhe viajar pelos trilhos.
De acordo com a diretora de Marketing
do Eurail Group, Silvia Görlach, o Brasil é
hoje um mercado muito importante para a
empresa. “Atualmente 9% de todos os Eurail
Passes são vendidos na América do Sul e
o Brasil representa um terço das vendas
do continente, seguido pela Argentina.
Acreditamos que há um enorme potencial
no mercado brasileiro e o país terá certa-
mente uma presença ainda mais relevante
na nossa estratégia para os próximos anos”.
MERCADO & EVENTOS - O viajante brasi-leiro não tem o hábito de viajar de trem. Como podemos mudar essa cultura? Como convencer o turista brasileiro sobre as vantagens de viajar de trem? Silvia Görlach - Nosso objetivo é fazer
com que os brasileiros entendam que,
enquanto os trens são o elemento de liga-
ção que torna a Europa acessível e menor,
os Eurail Passes são muito mais do que
bilhetes de trem. Nós nos esforçamos para
oferecer aos nossos clientes uma experiên-
cia única na Europa. Hoje, temos muitos
serviços de valor agregados disponíveis,
como acomodações e viagens gratuitas
de barco ou de ônibus. Nosso objetivo é
rejuvenescer e enriquecer a marca com
serviços muito além do transporte ferro-
viário. Um bom exemplo é a promoção de
roaming gratuito que está sendo executada
até o dia 30 de setembro deste ano. Nós
estamos oferecendo um card SIM com
créditos pré-pagos para manter os clientes
conectados enquanto viajam na Europa.
M&E - Qual é a participação do Brasil para o Eurail Passes? Silvia Görlach - O Brasil é um mercado
muito importante para nós. Atualmente
9% de todos os Eurail Passes são vendidos
na América do Sul e o Brasil representa um
terço das vendas do continente, seguido
pela Argentina. Acreditamos que há um
enorme potencial no mercado brasileiro
e o país terá certamente uma presença
ainda mais relevante na nossa estratégia
para os próximos anos.
M&E - Qual é o produto Eurail mais atraente para o turista brasileiro? Silvia Görlach - O produto favorito para
o turista brasileiro é o Eurail Global Pass,
válido em 24 países. Isso refl ete o que os
brasileiros esperam da Europa: a possi-
bilidade de visitar vários países em uma
pequena área e experimentar culturas
diferentes em um curto período de tempo.
Temos uma oferta ampla e abrangente, que
corresponde a cada plano de viagem. Além
do Eurail Global Pass temos o Select Pass,
que dá a possibilidade de combinar quatro
países. Já o Regional Pass é válido em dois
países e o One Country Pass permite que
os viajantes explorem um único país em
profundidade. O próximo passo é enten-
der os diversos segmentos de mercado, a
fi m de ser capaz de atender às diferentes
necessidades de viagem, otimizar o port-
fólio e simplifi car a escolha do cliente.
M&E - Quais são as vantagens de comprar as passagens no Brasil, antes de viajar para a Europa? Silvia Görlach - Estamos conscientes de
que viajar para a Europa é um grande
investimento e que precisa ser uma ex-
periência especial. O planejamento é um
passo essencial para uma viagem suave.
Adquirir um Eurail Pass antes de ir para
a Europa dá ao viajante mais tempo para
planejar, para consultar o seu agente de
viagem, para ter o apoio em sua própria
língua e fazer as reservas nos trens que
ele gostaria de utilizar. Os preços também
são mais atraentes fora da Europa e nem
todos os passes estão disponíveis para
venda no continente europeu.
M&E - Como a senhora avalia o papel do agente de viagens na cadeia de turismo. Qual é a relação da Eurail com esses profi ssionais? Silvia Görlach - Nós não vendemos pas-
sagens diretamente para os clientes. Isso
é feito por nossos agentes de vendas e sua
rede de distribuição em todo o mundo.
Isso torna o papel dos agentes de viagens
de varejo ainda mais decisivo. A capaci-
tação dos agentes que lhes permite agir
como promotores para os destinos, mas
também como um conselheiro sobre a
melhor maneira de explorar a Europa.
Produtos ferroviários precisam de mais
explicações do que outros modos de trans-
porte, já que são mais complexos e incluem
mais vantagens. A venda de Passes Eurail
é mais do que a venda de um meio de
transporte, vendemos, na realidade, “uma
maneira de viajar”. Estes são os nossos
agentes gerais de vendas: ACP Rail Inter-
national (www.acprail.com), Eurail.com
(www.eurail.com subsidiária do Eurail
Group); Rail Europe (www.raileurope.
com.br); STA Travel (www.statravel.com).
127
EXTERIOR
Visit OrlandoEntrevista com Mark Jaronski
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
>> Orlando é de longe o destino mais
popular dos Estados Unidos para os bra-
sileiros. Em 2013 atraiu 768 mil turistas
do Brasil - 20% a mais do que em 2012,
de acordo com os dados divulgados pelo
Departamento de Comércio dos Estados
Unidos. Isso colocou nosso país, pela
primeira vez, como o mercado núme-
ro 1 de longa distância para a cidade,
ultrapassando o Reino Unido. Entre os
fatores que podem explicar esses boom
de brasileiros estão a boa situação da eco-
nomia do Brasil e a quantidade de voos
que facilitam a ligação aérea entre ambos
os países. E, segundo Mark Jaronski,
vice-presidente global de Comunicações
do Visit Orlando, a cidade tem investido
no Brasil com representação no país
e outras ações. Além disso, ainda em
2013, Orlando recebeu um total de 59
milhões de visitantes, estabelecendo um
novo recorde para os destinos turísticos
americanos. Veja abaixo a entrevista que
o M&E fez com o executivo onde ele
conta mais sobre os números da cidade,
assim como as novidades dos parques
temáticos, que recentemente lançaram
diversas novas atrações.
MERCADO & EVENTOS - O Brasil bateu recorde em número de turistas estran-geiros (delonga distância) para Orlando em 2013. O que isso representa para o destino?Mark Jaronski - Enquanto o Canadá
continua sendo o maior mercado inter-
nacional de Orlando, com 1,14 milhão
de visitantes (5,1% mais em relação ao
ano anterior), o número de visitantes do
Brasil cresceu 20,2%, chegando a 768
mil em 2013. Visitantes internacionais
são uma mistura valiosa para qualquer
grande destino como o nosso, dada a sua
propensão para fi car mais tempo e gastar
mais em suas experiências de férias. Como
uma comunidade de turismo, precisamos
continuar lutando incansavelmente para
atrair e encantar os convidados que rece-
bemos oriundos de mais de 150 países ao
redor do mundo.
M&E - Nos últimos anos, o turismo brasileiro em Orlando tem tido grande crescimento. A que você atribui esse crescimento?Mark Jaronski - Há vários anos o Visit
Orlando e a comunidade de turismo de
Orlando em geral têm-se centrado no cres-
cimento vindo dos mercados emergentes
da América Latina e no Brasil, especifi -
camente. Vemos o aumento da renda na
América Latina e a ampliação do serviço
aéreo, como razões para o crescimento
que temos registrado do Brasil.
M&E - Quais ações foram feitas no Brasil para que esse volume de turistas au-mentasse tanto?Mark Jaronski - Desde o início do ano pas-
sado, nós colocamos um foco maior sobre
o Brasil, com representação no país, fortes
parcerias com operadores turísticos e
companhias aéreas parceiras, publicidade,
relações públicas e promoções. E os nos-
sos esforços têm recebido forte apoio de
parceiros de marketing e representantes.
M&E - Em 2013, Orlando recebeu um to-
tal de 59 milhões de visitantes, um novo recorde para os destinos turísticos ameri-canos. Quais as expectativas para 2014?Mark Jaronski - Nosso objetivo é anunciar
um novo recorde de visitação para um
destino nos EUA, tornando-se o primeiro
a ultrapassar os 60 milhões de visitantes.
M&E - Orlando é um destino que se re-nova todos os anos. Quais as novidades os turistas poderão encontrar em suas próximas visitas?Mark Jaronski - A cidade está passando
por um dos períodos mais signifi cativos
de expansão em sua história. O Univer-
sal Orlando Resort abriu recentemente
The Wizarding World of Harry Potter
Diagon Alley. O SeaWorld Orlando está
comemorando o aniversário de um ano
da Antarctica: Empire of the Penguin
- a maior expansão na história da em-
presa. E o Walt Disney World Resort
completou recentemente um projeto
de vários anos que dobrou o tamanho
da Fantasyland com a estreia da Seven
Dwarfs Mine Train. Além disso, o destino
continua a crescer e evoluir com muitas
novas atrações, varejo, restaurantes e
opções de entretenimento e experiências.
M&E - Como foi a repercussão da Copa do Mundo no Brasil para os americanos? Acredita que o evento ajudará a desen-volver o turismo no Brasil?Mark Jaronski - Muitos norte-americanos
assistiram a Copa do Mundo de perto.
Foi uma oportunidade para o nosso país
para saber mais sobre o Brasil e o futebol.
Orlando foi recentemente selecionado
pela Major League Soccer para se jun-
tar a sua liga. Esperamos que a recente
chegada do jogador brasileiro Kaká em
Orlando aumente ainda mais o interesse
em nosso destino e estamos em contato
com a equipe sobre como podemos apro-
veitar a presença do jogador aqui para
aumentar as nossas conexões com o Brasil.
128
EXTERIOR
Brand USAEntrevista com Alfredo González
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> Um relatório divulgado em julho deste
ano pelo Departamento de Comércio dos
Estados Unidos indica que, em 2013, o
número de visitantes brasileiros no país
de Barack Obama bateu um recorde his-
tórico: cerca de 2,06 milhões de viajantes
do Brasil estiveram na nação norte-ame-
ricana. Estes números representam um
aumento de 15% em relação a 2012. O
Brasil é hoje a quinta nação do mundo
que mais envia viajantes para os Estados
Unidos, fi cando atrás apenas de Canadá
(23,3 milhões de visitantes), México (14,3
milhões), Reino Unido (3,8 milhões) e
Japão (3,7 milhões). No total, os Estados
Unidos receberam 69,8 milhões de visi-
tantes internacionais em 2013. Segundo
Alfredo González, vice-presidente Sênior
de Desenvolvimento de Mercado Global
do Brand EUA, a expectativa é que neste
ano o Brasil tenha um crescimento ainda
maior que o apresentado em 2013. De
acordo com ele, além dos tradicionais
destinos como NY e Orlando, os brasi-
leiros estão descobrindo outros destinos
americanos. Para ele, as ações promovidas
pelo escritório do Brand USA no país
têm ajudado a divulgar e promover os
Estados Unidos, atraindo mais atenção
e, com isso, mais turistas.
MERCADO & EVENTOS - O Brasil é um dos principais emissores de turistas para os EUA. Em 2013 foram mais de dois milhões de brasileiros nos destinos. Qual a expectativa para o ano de 2014?Alfredo González - Em 2013, o Brasil
foi o terceiro maior mercado emissor
internacional para os Estados Unidos. O
Departamento de Comércio de Viagem
Nacional e Secretaria de Turismo dos
Estados Unidos preveem um aumento
de 9% nas chegadas do Brasil em 2014,
com o Brasil permanecendo entre um dos
mais importantes mercados da América
do Sul. Por meio do nosso trabalho no
mercado, prevemos que os brasileiros
continuarão a descobrir os locais únicos
e diversifi cados que os Estados Unidos
têm a oferecer em nossas cidades de
entrada e nas demais.
M&E - NY e Orlando são os principais destinos visitados pelos brasileiros. Além desses, quais outros também são bas-tante procurados?Alfredo González - Além de Nova York,
Orlando e Miami, estamos vendo um au-
mento no número de viagens para cidades
como Los Angeles e, mais recentemente,
Las Vegas, que tem se tornado mais aces-
sível para os brasileiros por meio de voos
diretos e com conexões. Também temos
visto um aumento na popularidade em
destinos como Colorado e Havaí. Este
último sentiu um crescimento de 16.9%
de visitantes brasileiros entre 2012 e 2013.
M&E - Nos últimos anos, o Brasil apresen-tou os maiores números de crescimento no envio de turistas para os EUA. Após a implantação do escritório do Brand USA no país, já houve alguma sinalização positiva das ações já realizadas?Alfredo González - O Brand USA tem
recebido uma calorosa recepção de boas
vindas da indústria do turismo no Brasil e
tem sentido uma grande disposição para
promover os novos e incríveis destinos
que os viajantes brasileiros não estão
familiarizados. Os parceiros de indústria
do Brand USA são essenciais para promo-
ver os Estados Unidos e fazer dos nossos
esforços um sucesso. Nosso trabalho no
Brasil continua a crescer, com diversas
parcerias no caminho, e esperamos incen-
tivar os viajantes brasileiros a descobrir
essa terra como nunca antes.
M&E - Comente um pouco a respeito das ações já realizadas e do planejamento para o futuro.Alfredo González - O Brasil sempre foi um
importante mercado para o Brand USA,
e foi um dos primeiros mercados em que
lançamos nossa campanha voltada para o
consumidor. O Brand USA participou da
WTM esse ano e estamos ansiosos para
estar com nossos parceiros na WTM em
2015. Nós também estamos participando
desta Abav. Ao estabelecer um escritório
no Brasil, nós temos trabalhado para
estar conectados à indústria de turismo
no Brasil.
M&E - Qual o perfi l dos brasileiros que visitam os EUA? O Brand USA pretende trabalhar algum público em especial, como jovens, LGBT, entre outros?Alfredo González - Por muitos anos,
as famílias brasileiras tem sido o maior
segmento de viajantes para os Estados
Unidos. Recentemente, temos visto um
crescimento de outros segmentos como
esporte e grupos religiosos, reuniões e
viagens de incentivo e, também, viajantes
LGBT. Nós sabemos que a atividade mais
popular entre os brasileiros que viajam
para os Estados Unidos é passear para
fazer compras e visitar parques de diver-
sões. No Brand USA, queremos que os
viajantes conheçam a grande variedade de
atividades disponíveis para eles por todo o
país e que se inspirem a desfrutar de tudo
que os Estados Unidos têm a oferecer.
130
EXTERIOR
Visit FloridaEntrevista com Paul Phipps
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> A Flórida é a região mais procurada
pelos brasileiros nos Estados Unidos. Or-
lando é o destino mais popular. Em 2013,
o Brasil foi o segundo maior mercado
internacional para a Flórida, com 1,8 mi-
lhão de visitantes. Porém, o Brasil passa
a ocupar a liderança entre os destinos de
longa distância, já que o Canadá - primeiro
no ranking emissivo - está localizado bem
próximo aos EUA. Veja abaixo a entre-
vista concedida por Paul Phipps, diretor
de Marketing do Visit Florida, onde ele
comenta sobre o crescimento no fl uxo de
brasileiros para o destino e ainda fala das
expectativas para este ano.
MERCADO & EVENTOS - Em 2011, o Brasil foi o primeiro mercado internacional para Flórida. Quantos brasileiros visitaram o destino em 2013 e qual a expectativa para o ano de 2014? Paul Phipps - Em 2013, o Brasil foi o se-
gundo maior mercado internacional para
a Flórida, com 1,8 milhão de visitantes.
O Canadá ainda mantém o primeiro lu-
gar de emissor internacional de turistas
para o destino. O principal motivo é a
proximidade, mas o Brasil é o primeiro
mercado de longa distância (vindo de
outros continentes). O Brasil tem man-
tido seu crescimento constante e é o que
esperamos para 2014. Dos principais
mercados internacionais, cinco são da
América Latina: Brasil, Argentina, Ve-
nezuela, México e Colômbia.
M&E - Muitos brasileiros visitam a Flórida anualmente. Entre os destinos principais estão Miami e Orlando. Além desses, quais outros tem potencial de atrair os turistas do Brasil? Paul Phipps - Temos visto muitos outros
destinos da Flórida promovendo ativa-
mente seus atrativos no Brasil, com cam-
panhas publicitárias e representações de
mercado. Destinos como Fort Lauderdale,
Palm Beach, Tampa, St. Pete / Clearwater e
Kissimmee, estão defi nitivamente, vendo
resultados desses esforços. A Flórida é um
estado diverso com muitas coisas a oferecer
aos viajantes brasileiros. Temos lindas
praias em duas diferentes costas, os mais
procurados parques temáticos do mun-
do, natureza, história, cultura, ambiente
internacional, uma enorme variedade de
gastronomia e, claro, compras sem fi m.
M&E - Por qual razão esses destinos são
tão atrativos para os brasileiros?Paul Phipps - Miami é o hub para a Amé-
rica Latina. É uma bela cidade que, ao
mesmo tempo, é cosmopolita e tropi-
cal - uma mistura que permite a Miami
oferecer muitas experiências que você
não pode encontrar em qualquer outro
lugar. Orlando promete uma experiência
mágica e faz isso com fantasia e ação em
seus parques temáticos e atrações.
M&E - O Visit Florida tem investido na promoção de Kissemmee no Brasil. Este é um destino que recebe muitos brasileiros? Quais seus principais atrativos?Paul Phipps - O Visit Florida apoia as
ações promocionais de Kissimmee no
Brasil assim como faz com outros destinos
na Flórida que solicitam o nosso apoio.
Kissimmee, que está localizado a poucos
minutos de Orlando, pode oferecer aos
visitantes brasileiros muitas opções nos
parques temáticos, lojas, jantares com
espetáculos, atividades ao ar livre, hotéis
fabulosos e muito mais.
M&E - O Visit Florida possui parcerias com outros escritórios de turismo para promover de forma integrada os destinos americanos? Paul Phipps - O Visit Florida trabalha
muito próximo e em colaboração com o
Brand EUA, que promove todos os estados
incríveis da América. Temos apoiado
e continuaremos a apoiar as ações em
cooperação com eles.
M&E - Por ser um mercado estratégico, quais os futuros investimentos que serão feitos no Brasil?Paul Phipps - O escritório de turismo
continua a investir no Brasil. Estamos
presentes Abav e na WTM, em São Paulo.
Além de sales mission com parceiros em
diversas cidades brasileiras. Também
participamos de muitas campanhas e
programas com operadores turísticos.
De trem pela FlóridaO Florida East Coast Industries anun-ciou o desenvolvimento de um servi-ço ferroviário de propriedade privada, operado e mantido de maneira inter-municipal, onde residentes e turistas terão uma solução para passear pela Flórida. Esta iniciativa ferroviária de passageiros é chamada de All Aboard Flórida. A nova rota contará com serviço de passageiros ao longo da costa leste da Flórida, corredor exis-tente entre Miami e a Costa Espacial. Serão criadas novas faixas na Flórida Central. Estações estão previstas para serem instaladas nos centros urbanos de Miami, Fort Lauderdale, West Palm Beach e no Aeroporto Internacional de Orlando. Informa-ções: www.allaboardflorida.com.
VISITFLORIDA.com/portugues
132
Por Kara Franker
Recentemente, estive no Epicurean Hotel, classifi cado como Hotel de Quatro Dia-mantes pela AAA e voltado à gastronomia,
localizado no sofi sticado bairro histórico de Hyde Park, em Tampa. Fiquei impressionada com a atenção aos detalhes – da decoração à gastronomia, ao serviço e aos tratamentos no spa. O Epicurean foi desenvolvido pelos gênios que idealizaram o legendário Bern’s Steak Hou-se (um dos meus restaurantes preferidos em Tampa) e o Mainsail Lodging & Development, sendo o primeiro hotel recém-construído nos EUA a fazer parte da prestigiosa marca Auto-graph Collection. Tive a vantagem de curtir o hotel ao lado de alguns dos meus amigos, incluindo duas peritas do VISIT FLORIDA, Ra-chelle Lucas e Ginger Harris. Rachelle postou um blog delicioso que você tem de conferir: 8 Fotos que Vão Fazer com que Qualquer Fã da Boa Mesa Queira Hospedar-se no Epicu-rean. Você também não vai querer perder o artigo de Ginger intitulado Minha Aventu-ra no Epicurean, repleto de fotos incríveis.
UMA EXPERIÊNCIA FANTÁSTICA NO EVANGELINE SPALocalizado no andar térreo do hotel, o Evangeli-ne Spa oferece uma experiência verdadeiramente suntuosa. Batizado com o nome da icônica estátua situada próximo ao vizinho Bern’s Steak House, esse spa de 260 m² possui cinco salas de tratamentos e um salão de relaxamento, além
Publieditorial
VISITFLORIDA.com/portugues
Relaxe e descontraia-se no Epicurean Hotel and Evangeline Spa
de oferecer serviço de manicure e pedicure. Você poderá trabalhar junto com um sommelier do spa para criar produtos personalizados usando frutas frescas, óleos essenciais e ervas cultivadas localmente. Esses produtos podem ser utilizados durante o tratamento no spa ou ser levados para casa. Há no spa um muro vivo de ervas cheias de fragrância, de onde os terapeutas retiram coentro, menta e outros ingredientes frescos colhidos no local para aplicá-los em tratamentos selecionados. Para tornar tudo ainda mais convidativo, peça um copo de vinho ou uma taça de champanhe Moët & Chandon. Alguns tratamentos selecionados também incluem uma deliciosa sobremesa da Chocolate Pi, a pâtisserie do hotel.
LINHAS DE PRODUTOS EXCLUSIVAS, INCLUINDO FARMHOUSE FRESH E CAUDALIEO spa oferece duas linhas de produtos fabrica-das exclusivamente na região: FarmHouse Fre-sh e Caudalie. FarmHouse Fresh cria produtos naturais e orgânicos para o corpo e o banho, confeccionados com o famoso talento sulino e usando ingredientes típicos da região. Em harmonia com o tema culinário do Epicurean, a FarmHouse Fresh oferece produtos de polimen-to do corpo cuja base são bebidas destiladas ou alcoólicas, como, por exemplo, Butter Rum, Bourbon Bubbler, Watermelon-Basil Vodkatini e Whoopie! Cream, o mais vendido da linha. Você pode experimentar todos esses produtos nos mais diversos tratamentos do spa, tais como o serviço de pedicure Dulce Delight.
Caudalie, a segunda linha de produtos da Evan-geline, criou a Vinothérapie e foi fundada bem em meio aos vinhedos de Bordeaux, França. Vinothérapie combina os atributos da água na-turalmente rica em minerais e microelementos com as mais recentes descobertas científi cas relacionadas aos benefícios proporcionados pelas vinhas e pelas uvas. Os serviços de spa como, por exemplo, a refi nada massagem esfoliante Crushed Cabernet e o tratamento facial Vinoperfect, que usam os produtos da Caudalie, se mesclam com perfeição às outras ofertas culinárias do spa do Epicurean Hotel.
O spa também possui uma série de tratamen-tos para cavalheiros, incluindo o facial Fine as Wine, a massagem Hot Whiskey Scour (ao fi m da qual o hóspede ganha uma dose de uísque) e o serviço de pedicure Bern’s Bourbon on the Rocks. Depois do delicioso relaxamento vivido no spa, confi ra algumas das demais incríveis comodidades oferecidas pelo hotel:
• Assista a uma aula na sofi sticada sala deculinária conhecida como Epicurean Theatre• Jante no Élevage, o restaurante
que recria receitas clássicas• Curta drinques artesanais no EDGE,
o bar situado no topo do prédio• Delicie-se com as sobremesas
da pâtisserie Chocolate Pi • Visite a loja de vinhos
Bern’s Fine Wines & Spirits • Pegue uma das bicicletas disponíveis no
hotel para dar um passeio pela vizinhança.
Se você pretende ir, o spa está aberto ao público, permite afiliação e disponibiliza cartões de presente. Para reservar e obter mais informações sobre o spa Evangeline do Epicurean Hotel, ligue para (813) 999-8742 ou visite o site SpaEvangeline.com. Para reservas no hotel, ligue para (813) 999-8700 ou visite o site EpicureanHotel.com.
Quer obter mais dicas de viagem de ‘Por Dentro do Entretenimento e do Luxo’ no site VISIT FLORIDA? Siga Kara Franker no Twitter, no Facebook e no Instagram.
134
>> Com o lançamento da atração Seven
Dwarfs Mine Train, inspirado no fi lme
“A Branca de Neve”, a Nova Fantasyland,
maior expansão do Magic Kingdom,
em Orlando, na Flórida (EUA), está
concluída. Porém, os parques da Disney
não param de apresentar novidades. A
expectativa está por conta da nova área
do Avatar, que deve ser inaugurada em
2017, no Animal Kingdom. Para Ken-
neth Svendsen, vice-presidente sênior de
Vendas Globais da Disney Destinations,
a escolha do Animal Kingdom para o
Avatar foi mais que natural. Ele ainda
destaca outras novidades nos parques e
a importância dos agentes de viagem e do
mercado brasileiro; principalmente após
o Brasil ter alcançado a primeira posição
entre os países de longa distância que mais
emitem turistas para Orlando.
MERCADO & EVENTOS - Como o senhor avalia a recepção do público em relação a mais recente atração lançada “Seven Dwarfs Mine Train”, no Magic Kindom? Kenneth Svendsen - O feedback tem
sido incrivelmente positivo. Com a Se-
ven Dwarfs Mine Train nós forçamos
os limites da criatividade e inovação e
desenvolvemos um sistema de brinquedo
completamente diferente. Inspirada no
clássico animado da Disney ‘A Branca
de Neve’, é uma montanha-russa voltada
para família, e é a primeira a possuir um
movimento de balanço vai-e-vem que
surpreende as pessoas de forma positiva.
Desde sua grande abertura, em 2012, a
New Fantasyland provou ser um grande
sucesso para nossos visitantes.
M&E - Como estão os preparativos para o lançamento do Avatar, no Animal Kingdom?Kenneth Svendsen - Estamos muito ani-
mados com a nova área que começou a ser
construída esse ano no Animal Kingdom.
O parque temático é uma escolha natural
para o Avatar devido à ênfase de viver em
harmonia com a natureza, algo muito pre-
sente no fi lme. Mas a nova área do Avatar
não será a única novidade no parque.
Como parte da maior expansão da história
do Animal Kingdom, vamos adicionar
experiências de entretenimento comple-
tamente novas, incluindo um espetáculo
noturno com música ao vivo, lanternas
fl utuantes, imagens refl etidas na água e
imagens rotativas de animais. Tudo isso no
Discovery River, encantando os visitantes.
M&E - Qual a importância dos agentes de viagem na comercialização dos parques do complexo? Quanto eles representam nas pré-vendas de ingressos?Kenneth Svendsen - A Disney realmente
aprecia o relacionamento que possui com
os agentes de viagem e os vê como par-
ceiros de vendas vitais. Investimos neste
relacionamento oferecendo aos agentes
poderosas ferramentas e treinamentos
para ajudá-los a melhor servir seus clien-
tes. Sentimos que trabalhar com uma
agência de viagem experiente é a melhor
opção para planejar uma viagem para o
Walt Disney World ou para qualquer um
dos outros parques da Disney. Como o
cliente possui uma enorme variedade
de opções para considerar, o agente tem
a oportunidade de agregar valor através
de sua expertise em nossos produtos,
ofertas especiais e eventos e celebrações
que acontecem o ano todo.
M&E - No início de julho, o Brasil atin-giu a primeira posição entre os países ‘overseas’ que mais emitem turistas para Orlando. Tendo em vista esse ranking, a Disney prevê alguma ação voltada para os brasileiros a fi m de incentivar o aumento do número de turistas?Kenneth Svendsen - O Brasil continua
a ser um dos nossos mercados interna-
cionais mais importantes. Através do
investimento no país, em tempo e esforço,
temos visto um crescimento contínuo e
signifi cativo desse mercado no Walt Dis-
ney World. O encorajamento constante
que nossa equipe recebe para participar
de feiras de turismo como Abav, Festuris,
WTM-LA e Braztoa, nos dão a oportu-
nidade de crescer no mercado e nas rela-
ções-chave ainda mais. Vamos continuar
nos esforçando para oferecer aos nossos
parceiros brasileiros do setor de turismo
treinamentos importantes e apoio aos
agentes de viagem para estimular, ainda
mais, essa tendência positiva ao longo
dos anos que estão por vir.
M&E - O fi lme “Frozen” foi um verdadeiro sucesso da Disney. A companhia estuda a possibilidade de lançar uma atração com as mais novas princesas? Kenneth Svendsen - Frozen tem tido uma
presença nos nossos parques desde que o
fi lme foi lançado, em novembro de 2013.
Temos um grande número de visitantes
que são fãs da história, dos personagens
e das músicas de Frozen, e o índice é
crescente. Dessa forma, estamos respon-
dendo ao desejo dos fãs oferecendo mais
formas de experimentarem a história. As
personagens principais, Anna e Elsa, por
exemplo, estão presentes em todos os nos-
sos parques ao redor do mundo, e ainda a
bordo dos navios da Disney Cruise Line.
EXTERIOR
DisneyEntrevista com Kenneth Svendsen
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
VISITFLORIDA.com/portugues
136
EXTERIOR
SeaWorld Parks & Entertainment
Entrevista com Maurício Alexandre
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
VISITFLORIDA.com/portugues
>> Um dos parques preferidos dos brasilei-
ros, o Discovery Cove, do SeaWorld Parks
& Entertainment, foi eleito, mais uma vez, o
melhor parque de diversões no Mundo pelo
TripAdvisor Traveler’s Choice na categoria
Parques de Diversão e Aquáticos. Nessa
entrevista, Maurício Alexandre, diretor
de Vendas e Marketing do SeaWorld no
Brasil, fala sobre os diferenciais que fi zeram
com que o parque chegasse no primeiro
lugar do ranking. Maurício ainda destaca a
importância dos brasileiros para os parques
e explica alguns projetos desenvolvidos
especifi camente para o público.
MERCADO & EVENTOS - Pela segunda vez, o Discovery Cove, em Orlando, foi nomeado como o melhor parque de diversões do mundo pelo TripAdvisor Traveler’s Choice. Qual o diferencial do empreendimento em relação aos outros?Maurício Alexandre - O Discovery Cove
foi reconhecido como o melhor parque
do mundo por oferecer aos visitantes
uma experiência única: a oportunidade
de se conectarem com animais marinhos
como golfi nhos, arraias, peixes tropicais e
também pássaros. Além disso, o parque é
limitado a somente cerca de 1.300 visitantes
por dia, operando no sistema all inclusive,
com café da manhã, almoço, bebidas e
petiscos à vontade. O Discovery Cove for-
nece todos os equipamentos de mergulho
como máscaras, snorkel, coletes salva vida
e roupas de neoprene curtas e compridas.
Pensamos em todos os detalhes, como
no protetor solar que não agride animais
marinhos que entregamos gratuitamente
aos visitantes. Os brasileiros adoram o
Discovery Cove e o Brasil é um dos prin-
cipais mercados internacionais do parque.
M&E - O SeaWorld tem investido, cada vez mais, em ações voltadas para bra-sileiros - como entrada antecipada nos parques, por exemplo - a fi m de incentivar o aumento do número de turistas. Que
outras ações o parque têm planejado especifi camente para esse público? Qual a importância do público brasileiro para os parques da Flórida e da Califórnia?Maurício Alexandre - O mercado brasileiro
é um dos maiores mercados internacio-
nais para nossos parques da Flórida e tem
crescido consideravelmente ao longo dos
últimos anos para o SeaWorld San Diego, na
Califórnia. Temos aumentado nossos inves-
timentos no Brasil, focando no treinamento
dos agentes de viagens em todo o país (no
desenvolvimento de novos produtos, como a
entrada antecipada para grupos no SeaWorld
Orlando) e também ampliando os produtos
que podem ser vendidos antecipadamente
pelos agentes de viagens. Destacamos os
tours como o Serengeti Safari, do Busch
Gardens, onde os visitantes fazem um Safári
e alimentam girafas, o Dine with Shamu,
no SeaWorld, atração em que os visitantes
fazem sua refeição bem perto das baleias,
além de produtos que melhoram a expe-
riência no parque, como o Quick Queue,
do SeaWorld e do Busch Gardens, que per-
mitem otimizar seu dia no parque indo às
principais atrações sem ter que pegar fi las.
M&E - Como o público recebeu as novas atrações que o complexo lançou neste ano? Quais os planos de lançamento
para o futuro? Maurício Alexandre - Nossos parques
investem constantemente em novas
atrações e, neste ano, já inauguramos
a Ihu’s Breakaway Falls, no Aquática, e
a Falcon’s Fury, no Busch Gardens, em
Tampa. Já no SeaWorld Orlando foi inau-
gurado, em 21 de junho, um novo show
noturno, o Shamu’s Celebration: Light
Up The Night nighttime Shamu Show.
M&E - Como estão sendo recebidas as comemorações de 50 anos do SeaWorld?Maurício Alexandre - As comemorações
dos 50 Anos do SeaWorld começaram em
meados de março e irão até a metade do
próximo ano nos três parques SeaWorld:
em San Diego, na Califórnia; em San
Antonio, no Texas e em Orlando, na Fló-
rida. Nestes parques há um esquadrão de
surpresas que proporcionam aos visitantes
experiências e encontros inesperados
com animais. No SeaWorld San Diego
renovamos a entrada do parque propor-
cionado emoções desde o momento em
que o visitante chega ao parque.
M&E - Qual a importância dos agentes de viagem na comercialização dos parques do complexo. Quanto eles representam nas pré-vendas de ingressos? Maurício Alexandre - Os agentes de viagem
são nossos grandes parceiros históricos e
sempre os prestigiamos, oferecendo todo
o apoio para que possam vender nossos
ingressos e demais produtos com segurança
e tranquilidade. Oferecemos treinamentos
constantes ao trade em todas as regiões do
Brasil, materiais promocionais em portu-
guês, itens de decoração para as agências e
todo o suporte necessário, além de partici-
parmos de quase todas as feiras de turismo
do país. Nossa estratégia visa alcançarmos
100% de ingressos vendidos antecipadamen-
te aos brasileiros que visitam nossos parques
e acreditamos que somente atingiremos
este objetivo através dos agentes de viagem.
139
De carona na CopaEvento impulsiona locações nas cidades-sede, mas gera queda no resto do país
LOCADORAS
>> Em relação aos legados que a Copa do Mundo deixou para o setor de locação, a Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla) avaliou que há mais prós do que con-tras, principalmente no segmento do lazer. Segundo dados da associação, em termos fi nanceiros e de negócios, a Copa acabou sendo defi citária para o setor como um todo. “O movimento nas locadoras que não atuam nas capitais onde houve jogos caiu entre 15% e 20% durante o evento”, avaliou Paulo Nemer, presidente do Conse-lho Nacional da Abla. “Nas cidades em que houve jogos, subiu só, em média, 10%”, complementou. Ele ainda lembrou que praticamente não houve feiras de negócios, congressos e seminários, e isso fez o volume de locações cair.
Na Localiza, o fator Copa do Mundo se manteve dentro das expectativas, com alta nas viagens de lazer e queda no corporativo – tendo uma com-pensação entre os segmentos. No entanto, a vinda de turistas de diver-sas nacionalidades durante os meses do Mundial foi grande e alavancou as vendas para algumas locadoras. Como foi o caso da Shift Mobilidade Corporativa (especializada em logística e transporte executivo e para eventos), que obteve um movimento 30% maior neste período do Mundial e disponi-bilizou mais de 400 profi ssionais para atendimento exclusivo.
A Hertz também viu o número de reservas de carros crescerem seis vezes durante a Copa do Mundo no país.
Os pedidos de reservas aumentaram mais de 500% no período. “Embora o número de contratos corporativos tenha diminuído, o crescimento no segmento de clientes pessoa físi-ca muito mais que compensou esta perda de volume”, disse Leandro Aliseda, diretor sênior de Vendas e Terceirização de Frotas da Hertz no Brasil. O mesmo aconteceu com a Avis Rent a Car, que registrou um crescimento de 131% nos contratos de aluguel de carros durante a Copa do Mundo de futebol, se comparado ao mesmo período do ano anterior, época em que foi realizada a Copa das Confederações.
Para os dirigentes do segmento, o Mundial mostrou ainda que o Brasil pode organizar grandes eventos; que é um país com um potencial turístico enorme, e com uma população que genuinamente gosta de receber. Para eles, a exposição positiva durante a Copa ajudou a reverter toda a expo-sição negativa pré-evento e, assim, quem sabe, irá contribuir para que muitos estrangeiros considerem o Brasil em sua próxima viagem inter-nacional.
Para o setor de locação no geral, outro legado importante deixado foi o fato de muitos turistas estrangeiros terem vindo pela primeira vez ao país, am-pliando o conhecimento do Brasil e deixando a vontade de voltar outras vezes e conhecer ainda mais. “Isso pode motivá-los a voltar em breve e, em tese, inclusive incentivar seus ami-gos e parentes a nos visitarem”, disse
Paulo Nemer, da Abla. Além disso, os integrantes da cadeia produtiva do turismo, entre eles o setor de locação, investiram na qualifi cação da mão de obra, também um importante legado pós-Copa para o turismo.
E por falar em qualificação, no pri-meiro semestre do ano foi aprovada a Lei que regulamenta a profi ssão do agente de viagem. Para o segmento de locação, apesar da notícia ser boa, ela não interfere diretamente nas relações de negócios do setor. “Eu não acho necessariamente que a regulamentação do setor promova uma maior profi s-sionalização. Acho que o mercado das agências de viagens já é um mercado profi ssional, a maioria das empresas é extremamente séria, e acho que na prática, para o consumidor fi nal, vai mudar pouca coisa. Se o cliente escolhe as agências sérias e tradicionais ele já tem um bom atendimento e continuará tendo”, disse Afonso Celso de Barros, presidente da Avis.
Para o presidente da Abla, Paulo Ne-mer, a regulamentação foi uma vitória para os agentes de viagem. “Torcemos para que a Lei ajude a dificultar a atividade de aventureiros, ou seja, gente não capacitada para atuar como agente de viagem. As locadoras têm todo o interesse em atuar com os bons agentes de viagens, que são importantes vendedores da locação de automóveis. Isso pode gerar boas comissões aos agentes e, nesse sen-tido, é essencial trabalhar somente com agências sérias, que cumprem as normas referentes à Lei”, fi nalizou.
LISIA MINELLI
140
LOCADORAS DE VEÍCULOS
Abla Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis
Entrevista com Paulo Nemer
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> A Associação Brasileira das Locadoras
de Automóveis (Abla) registrou em 2013
um crescimento duas vezes maior que o
PIB brasileiro. Segundo Paulo Nemer,
presidente do Conselho Nacional da Abla,
os números representam o tamanho do
setor dentro da economia do país. Para ele,
o aumento não está na média dos 10% dos
últimos dez anos, mas ainda assim o setor
atingiu um faturamento de R$ 6,52 bilhões
e a elevação de 4,73% em relação ao ano
anterior. Para o ano de 2014 a expectativa
é de superar os números apresentados. O
setor hoje gera 309 mil empregos diretos
e indiretos, arrecadando R$ 2,51 bilhões
de impostos.
MERCADO & EVENTOS - Quais os prin-cipais perfi s de consumo de locação de automóveis?Paulo Nemer - Conforme nosso Censo,
concluído ao fi nal de 2013, do total da
frota das locadoras, 58% é utilizada para
contratos de terceirização, que é o aluguel
de frotas para pessoas jurídicas. Outros
23% foram para o turismo de negócios,
que implica em profissionais locando
veículos para suas atividades de trabalho,
principalmente para participarem de
feiras de negócios, congressos, reuniões
e etc. E há 19% da frota destinada para
o turismo de lazer, que são as viagens de
férias. No caso das locações para pes-
soas físicas, tanto para turismo de lazer
como para negócios, o público ainda é
majoritariamente masculino (77%), mas
temos sentido crescer a procura feminina,
também em função de mais mulheres
estarem no mercado de trabalho e ocu-
pando posições de comando nas empresas
públicas e privadas.
M&E - Quais os principais mercados no país e quais os que possuem potencial?Paulo Nemer - Sobre isso, nosso setor
tem características muito especiais e
positivas, pois é marcado pela pulveri-
zação e pela capilaridade. Quero dizer
com isso que, hoje, há locadoras em
praticamente todas as cidades do Brasil,
de Norte a Sul. Assim, se é verdade que
os mercados do Sudeste seguem sendo os
mais signifi cativos em termos de volume
de negócios, também já é possível notar
que o crescimento em ritmo mais avan-
çado ocorre exatamente fora dos grandes
centros, fora das capitais. Os mercados do
interior dos estados têm muito potencial
para crescer no nosso setor.
M&E - Qual a importância e o crescimento do setor dentro do cenário econômico atual brasileiro?Paulo Nemer - Entre vários outros mo-
tivos, para explicar isso, gosto de dizer
que basta imaginar a importância que a
indústria automobilística tem para a gera-
ção de empregos e para o recolhimento de
impostos, para entender o quanto o setor
de locação tem importância para o PIB
do Brasil. Nosso setor é o maior cliente
das montadoras, pois juntas, as locadoras
compram aproximadamente 10% de
todos os veículos vendidos no Brasil. É
muita coisa. Com isso, ajudamos a gerar
e a manter quase 300 mil empregos dire-
tos e indiretos. Além disso, as empresas
do nosso setor já recolhem impostos
na casa dos bilhões de reais por ano.
M&E - Qual o atual cenário com seus principais desafi os e também as pers-pectivas para o futuro?Paulo Nemer - Eu diria que atualmente
estamos enfrentando dificuldades em
função das constantes mudanças das re-
gras relacionadas ao IPI dos automóveis,
que difi cultam o movimento de vendas
dos nossos carros seminovos. Com o IPI
reduzido para os veículos 0 km, o preço
dos seminovos cai em ritmo acelerado.
Não somos revendedores, mas também
não somos colecionadores de carros.
Precisamos vender os seminovos e, nesse
sentido, também é importante que as re-
gras do jogo não mudem repentinamente.
Sobre o futuro, somos otimistas. Com mais
apoio de nossos parceiros de negócios,
principalmente os bancos e também as
montadoras, poderemos comprar muito
mais veículos nos próximos anos. Temos
expectativa de que haja a redução nas taxas
dos financiamentos para as locadoras.
Nenhum setor gera caixa como o nosso.
Isso, por si só, já implica em excelente
garantia para os bancos.
M&E - A Copa do Mundo teve algum impacto no segmento de locação?Paulo Nemer - Teve impacto defi citário. O
movimento nas locadoras que não atuam
nas capitais onde houve jogos caiu entre
15% e 20% durante o evento. Nas cidades
em que houve jogos, subiu 10%. Durante
a Copa, o custo das passagens aéreas e
dos hotéis subiu, inibindo as viagens
de brasileiros dentro do próprio país.
Ou seja, essa geração de demanda pelos
nossos serviços, mesmo com as tarifas de
locação sendo mantidas, sem aumentos,
deixou de ocorrer. E, ainda, praticamente
não houve feiras de negócios, congressos
e seminários durante a Copa. Perdemos
também a demanda do público que aluga
o veículo a trabalho.
141
LOCADORAS DE VEÍCULOS
HertzEntrevista com Leandro Aliseda
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
>> Com mais de 100 lojas no Brasil, a
Hertz viu o número de reservas de carros
crescerem seis vezes durante a Copa do
Mundo no país. Os pedidos de reservas
aumentaram mais de 500% no período
de 1º de junho a 15 de julho em relação ao
mesmo período de anos anteriores. Além
disso, só neste ano, a locadora fez o maior
investimento em frota para consolidar o seu
crescimento. Sua receita global em 2013 foi
de US$ 10,8 bilhões; e no Brasil a expecta-
tiva é crescer dois dígitos neste ano. Veja
abaixo a entrevista com Leandro Aliseda,
diretor sênior de Vendas e Terceirização de
Frotas da Hertz no Brasil. Ele fala um pouco
sobre a locadora, resultados, expectativas
e, claro, sobre Copa do Mundo.
MERCADO & EVENTOS - A meta da Hertz é ter meio milhão de carros disponíveis até 2016. Como anda esse projeto?Leandro Aliseda - A Hertz possui mais de
20 mil carros no Brasil e investimos conti-
nuamente em sua renovação. Somente nesse
ano, renovamos 30% de nossa frota, fazendo
o maior investimento da história da empresa
no país. A empresa continua crescendo de
maneira consistente e sólida e tem tudo
para alcançar seus objetivos. No Brasil,
não divulgamos nossas metas específi cas,
contudo, acreditamos que a Hertz Brasil tem
todas as condições para dobrar seu volume
de carros alugados nos próximos 24 meses.
Atuamos em todo o Brasil e nossos mercados
principais são: São Paulo, Campinas, Rio de
Janeiro, Salvador e Brasília. Atualmente, são
mais de 100 lojas espalhadas pelo Brasil.
Constantemente estamos abrindo novas
lojas, sendo as últimas inauguradas em
Santo André, São Bernardo, Recife e Jundiaí.
M&E - A Hertz anunciou há algum tempo um plano de disponibilizar carros para aluguel em diferentes pontos, além das tradicionais lojas em aeroportos. Como anda esse projeto? Leandro Aliseda - Nos Estados Unidos e
Europa, lançamos o Hertz 24/7. Uma nova
maneira de alugar carros em que o cliente
encontra automóveis 24 horas, sete dias
por semana, disponíveis em milhares de
localidades parceiras. O processo de alu-
guel é extremamente simples e automati-
zado, permitindo agilidade e simplicidade
total na retirada e devolução do veículo.
M&E - Em 2013, a Hertz lançou o pro-grama de fi delidade Gold Plus Rewards. Como foi a recepção dele pelo mercado? Quantos clientes já estão cadastrados nele e quais os principais benefícios? Leandro Aliseda - Nossos clientes têm
recebido extremamente bem nosso pro-
grama de fi delidade, compreendido ra-
pidamente que não é só uma maneira
efi ciente de acumular benefícios, inclusive
com a parceria com a Multiplus. É tam-
bém uma oportunidade de ser atendido
de maneira diferenciada, sem fi las, com
a velocidade que nossos clientes esperam
de uma locadora moderna e de reconhe-
cimento global como a Hertz. Além disso,
a inscrição no programa é gratuita e pode
ser feita através do www.hertz.com.br.
M&E - Quanto foi o faturamento da empresa em 2013? Há expectativa de crescimento e quanto de share de mer-
cado a Hertz possui no Brasil? Em relação ao mercado internacional, como o nosso país se posiciona?Leandro Aliseda - A receita global em
2013 foi de US$ 10,8 bilhões. No Brasil,
após um momento de transição da gestão
local, estamos prontos para crescer sempre
nos dois dígitos pelos próximos anos. Em
termos de share, a Hertz mantém-se na
segunda posição no segmento de aluguel
de carros. No Aluguel de Frotas, encontra-
se entre as cinco maiores do mercado. Já
no mercado exterior, a empresa tem uma
posição muito privilegiada. É a maior
locadora do mundo, como mais de 8.800
pontos de atendimento, presente em todos
os continentes do mundo. Os brasileiros
alugam carros em todos os países em
que a Hertz está presente, com destaque
para as localidades nos EUA e na Europa.
M&E - Com a Copa do Mundo no Brasil, a Hertz teve um incremento de vendas no país? Houve algum esquema especial para atender esses clientes? Leandro Aliseda - Sim, a Copa foi muito
positiva. Embora o número de contratos
corporativos tenha diminuído, o cresci-
mento no segmento de clientes pessoa física
muito mais que compensou esta perda de
volume. Os clientes, nas cidades-sede e em
Campinas, entraram no clima da Copa,
sendo atendidos em lojas temáticas (com a
decoração da Copa do Mundo) e assessora-
dos em várias localidades por voluntários
Hertz que os apoiavam nos momentos de
maior movimento no balcão, especialmente
nos aeroportos. O Mundial mostrou que
podemos também organizar grandes even-
tos, que somos um país com um potencial
turístico enorme e com uma população
que genuinamente gosta de receber. Esta
exposição positiva durante a Copa ajudou
a reverter toda a exposição negativa pré-e-
vento e, assim, quem sabe, irá contribuir
para que muitos estrangeiros considerem o
Brasil em sua próxima viagem internacional.
142
LOCADORAS DE VEÍCULOS
LocalizaEntrevista com Paulo Henrique Pires
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> Em 2013 a Localiza teve um fatura-
mento de R$ 3,5 bilhões e já no primeiro
semestre de 2014 apresentou um cres-
cimento de 15% em relação ao mesmo
período do ano anterior. Entre os meses
de abril e junho deste ano, a empresa
registrou um total de 24.184 carros com-
prados e vendeu 15.889, o que representou
investimento líquido de R$ 260,8 milhões.
Segundo Paulo Henrique Pires, diretor
Comercial da Localiza, o investimento é
feito, em especial, para ampliação e reno-
vação da frota, que atualmente possui 118
mil carros. A idade dos veículos da frota
é em média de um ano. Para o diretor, a
intenção é ter sempre um produto novo
e adequado para oferecer aos clientes.
Ainda em relação ao faturamento, a em-
presa teve no segundo trimestre deste
ano lucro líquido de R$ 100,6 milhões.
A receita líquida consolidada de abril e
junho foi puxada pelo aumento de 13% no
faturamento líquido da divisão de aluguel
de carros, que somou R$ 316,7 milhões.
De acordo com a Localiza, esse avanço foi
infl uenciado pelo maior volume de diárias,
em 10,6%, e pelo valor da diária média.
MERCADO & EVENTOS - A Localiza in-vestiu neste ano R$ 260 milhões em frota. Como foi feito esse investimento? Paulo Henrique Pires - Investimos todo
esse valor por dois motivos: expansão e
renovação da frota, que tem no máximo 36
mil km ou até 12 meses de uso. Portanto,
renovamos nossa frota anualmente. E o
investimento é feito em função da demanda
e eventual necessidade de renovação para
mantermos a frota sempre nova para os
clientes. A Localiza possui hoje 118 mil car-
ros distribuídos em 534 lojas, sendo 470 lojas
no Brasil e mais 64 no exterior. Além disso,
possuímos 74 lojas de revenda de nossos
carros, que são aqueles substituídos pelos
novos modelos adquiridos. E dentre os prin-
cipais mercados nacionais, a região Sudeste
é o maior volume de rent a car da empresa.
M&E - Quanto foi o faturamento da em-presa em 2013. Qual o share da Localiza no mercado brasileiro?Paulo Henrique Pires - Como a Localiza
é uma empresa de capital aberto, eu não
posso divulgar projeções. Posso afi rmar
que as expectativas são muito boas. Nos-
so faturamento em 2013 foi de R$ 3,5
bilhões e se considerarmos o primeiro
semestre de 2014, a Localiza já registrou
um crescimento de 15% em relação ao
ano anterior. Estamos muito felizes com
esses resultados por se tratar de um ano
atípico com Copa do Mundo e eleições.
M&E - A Localiza atende clientes de lazer e corporativo. Há como mensurar qual o segmento tem maior importância para a empresa? Paulo Henrique Pires - O mercado de
viagens no Brasil é dividido em 80% cor-
porativo e 20% de lazer, e por estarmos
inseridos nesse contexto, - junto com as
companhias aéreas e os hotéis, por exem-
plo - nosso resultado pode ser dividido
dessa mesma maneira. O corporativo tem
um volume muito expressivo em nossas
vendas e é responsável pela maior fatia do
nosso faturamento. Mas no segmento de
lazer é onde temos a maior oportunidade
de crescimento. Estamos trabalhando
para o lazer e temos algumas novidades
por vir. Estamos esperando chegar mais
próximo ao período de alta temporada
para divulgar algumas ações.
M&E - A empresa teve algum incremento de vendas com a Copa do Mundo no Brasil? Paulo Henrique Pires - Nós não podemos
reclamar da Copa. Primeiro houve um
incremento nas viagens de lazer, mas
por outro lado, tivemos uma perda no
corporativo. As empresas pararam nesse
período e as viagens caíram. O que acon-
teceu foi que o lazer acabou compensando
o corporativo. O resultado foi positivo,
mas não tivemos um crescimento real
nas locações. Nós nos preparamos para
a Copa e montamos um atendimento
especial para os estrangeiros em nossas
lojas das cidades-sede. Contratamos aten-
dentes bilíngues e, de uma maneira geral,
a experiência com o Mundial foi positiva.
M&E - O Mundial foi positivo para o Brasil? Quais os benefícios do evento em longo prazo para o país?Paulo Henrique Pires - Antes da Copa as
previsões eram ruins, todos achavam que
daria tudo errado. Mas a Copa mostrou
que o Brasil tem capacidade de realizar
grandes eventos. Os turistas fi caram bem
impressionados com o atendimento que
receberam no país. As pessoas se encan-
taram com o Brasil e com seu povo. Acho
que esse foi o maior legado que tivemos do
evento. Mostramos ao mundo que somos
capazes e que nosso país é bom para se visi-
tar. Com isso temos a oportunidade de in-
crementar a vinda de turistas estrangeiros
e aumentar o volume de negócios por aqui.
143
LOCADORAS DE VEÍCULOS
Avis Rent a CarEntrevista com Afonso Celso de Barros
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
>> A Avis Rent a Car registrou um cresci-
mento de 131% nos contratos de aluguel
de carros durante a Copa do Mundo de
futebol se comparado ao mesmo período
do ano anterior, época em que foi realizada
a Copa das Confederações. Os brasileiros
foram responsáveis por 62,5% das loca-
ções. Estados Unidos (13%), México (3%),
Argentina (2,3%) e Colômbia (2,1) vêm na
sequência. Diante deste cenário, Afonso
Celso de Barros, presidente da Avis, fala
sobre as perspectivas para o futuro.
MERCADO & EVENTOS - A Copa teve um resultado positivo para a Avis? O que você pode comentar a respeito e quais os benefícios do evento para o Brasil?Afonso Celso de Barros - Para nós foi bom,
porque vieram muitos turistas estrangeiros
para o país e a Avis, como uma marca
internacional, soube aproveitar muito
bem isso. Tivemos um movimento bem
expressivo e um crescimento de 100%.
Podemos dizer que foi o melhor mês do
ano. Embora o mês de julho seja bom
por se tratar das férias, julho de 2014 foi
historicamente o melhor mês da empresa.
Em relação aos legados, acho que o país
ganha bastante. A imagem que o Brasil
passou para o mundo é de um país que
pode realizar eventos de grande porte
de forma organizada. As expectativas
eram baixas, mas conseguimos superar
todas elas.
M&E - Quanto representa hoje o canal de distribuição dos agentes de viagens para as vendas da Avis? Afonso Celso de Barros - É um canal fun-
damental. Temos relacionamento muito
grande com as agências. Acho, inclusive,
que os agentes têm no aluguel de carros
uma oportunidade de rentabilizar seu
negócio, mas isso ainda é pouco explorado
pelas agências. Fizemos um estudo recente
que mostra que há dez anos uma diária de
aluguel de carro equivalia a 53% do salário
mínimo. Hoje essa diária esta entre 10%
a 12%. O preço do aluguel de carro fi cou
muito competitivo e hoje cerca de 55%
das nossas vendas vem desse canal dos
agentes. É um volume bem representa-
tivo e que trabalhamos constantemente.
Temos uma equipe comercial que visita
sempre essas agências, através de relações
comerciais e de comissionamento.
M&E - Como se segmenta as locações na Avis? O corporativo é maior que o lazer?Afonso Celso de Barros - Apesar de
sermos mais fortes no lazer, este ano
pretendemos desenvolver mais o canal
corporativo. Estamos com foco muito
grande nas agências da Abracorp, assim
como nas empresas e operadoras que
trabalham com o mercado corporativo.
Isso não signifi ca que vamos abandonar
o lazer, mas esta é uma mudança que
esta acontecendo na companhia com
direcionamento para o segmento corpo-
rativo. O lazer está sendo bem atendido,
mas queremos incrementar também o
turismo de negócios. E estamos fazen-
do isso através da aproximação com as
agências e operadoras que possuem esse
relacionamento com as empresas e que
conhecem bem seus clientes. Recen-
temente fizemos uma parceria com a
Abracorp e já tivemos bons resultados.
Conseguimos incrementar em 56% nosso
volume de vendas no corporativo.
M&E - O que esta sendo feito para su-portar esse crescimento?Afonso Celso de Barros - Vamos abrir
até o final desse ano mais seis ou sete
lojas. Nossa equipe comercial também foi
reforçada. Trouxemos um novo gerente
para trabalhar conosco, o Ricardo Kaiser.
A frota também vem crescendo para
sustentar essa atividade. A empresa era
mais focada na terceirização de frota no
passado e agora estamos mais voltados ao
rent a car. Devemos dobrar a nossa frota
para o aluguel diário em 2014, chegando
ao fi nal do ano com cerca de 11 mil car-
ros. Temos, inclusive, a frota mais nova
do mercado com um tempo médio de
uso de seis a sete meses. A intenção com
isso é sempre deixar os clientes satisfeitos
com o produto. O mercado brasileiro é
interessante. O perfi l de carros que temos
é igual ao perfi l dos carros que os brasi-
leiros compram. Quando o cliente chega
ao balcão ele não pergunta qual carro
temos e sim qual o mais barato. Então
nossa frota é composta em 60% por carros
populares e mesmo antes de ser Lei, a Avis
já comprava sua frota com airbag e freios
ABS, que são de fundamental importância
para a segurança dos usuários.
M&E - E as locações no exterior?Afonso Celso de Barros - Também esta-
mos crescendo uma média de 7% ao ano.
O mercado internacional tem crescido ano
após ano. Os preços de passagens aéreas
estão muito convidativas e com isso mais
turistas estão viajando. Sendo muitas vezes
mais barato viajar para o exterior que no
Brasil. O destino preferencial é a Flórida,
onde temos atendido muitos brasileiros
e a maioria deles viajando pela primeira
vez. É um mercado crescente e que tem
apresentado bons resultados.
144
LOCADORAS DE VEÍCULOS
Shift Mobilidade Corporativa
Entrevista com Renato Kiste
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> Enquanto muitos segmentos no turismo
brasileiro reclamam de queda nas vendas
durante a Copa do Mundo, a Shift Mobili-
dade Corporativa só tem a comemorar. A
empresa teve um movimento 30% maior
neste período do Mundial e disponibilizou
mais de 400 profi ssionais para atendimen-
to exclusivo. Além disso, a Shift investiu
recentemente mais de R$ 2 milhões em
novas aquisições de carros. Somente nos
primeiros seis meses deste ano, a empresa
já teve um faturamento 90% maior que o
mesmo período do ano anterior. Veja a seguir
uma entrevista com o diretor Renato Kiste.
MERCADO & EVENTOS - Qual a atual frota da Shift no Brasil? Como anda o planejamento para novas aquisi-ções (já que foi anunciado em 2013 um investimento de R$ 2 milhões)? E quais os principais mercados nacionais? Renato Kiste - Atualmente, possuímos
50 veículos na frota distribuídos entre
carros executivos, vans, micro-ônibus e
ônibus. Porém, as aquisições são cons-
tantes. Isso signifi ca que a tendência da
frota é aumentar. Agimos de acordo com
o nosso crescimento. O maior volume de
vendas da empresa é em São Paulo (50%),
seguido por Rio de Janeiro (20%) e outras
localidades do país (30%), além de 5%
de volume de operações internacionais.
M&E - A Shift possui algum tipo de par-ceria com associações como a Abracorp? Há planos de se criar um programa de fi delidade ou algo parecido?Renato Kiste - Somos associados a algu-
mas entidades: São Paulo Convention &
Visitors Bureau (SPCVB), Associação
Brasileira das Locadoras de Automóveis
(Abla) e Associação Latino-Americana
de Gestores de Eventos e Viagens Corpo-
rativas (Alagev). Recentemente fi zemos
uma parceria com a Associação Brasileira
de Agências de Viagens Corporativas
(Abracorp) para transporte em algu-
mas visitas ao Aeroporto de Guarulhos.
M&E - Há intenção de abertura de no-vos pontos de vendas no país? A Shift também tinha a intenção de abrir um departamento com foco nas redes ho-teleiras. Esse plano já foi executado?Renato Kiste - Nossos escritórios estão
localizados em São Paulo, Rio de Janeiro,
Atibaia (Hotel Bourbon) e Campinas
(Hotel Royal Palm Plaza ), esses dois
últimos no interior de São Paulo. Existia
uma possibilidade de investirmos no Sul
do país, porém, canalizamos os investi-
mentos nos postos de atendimento dos
hotéis Hyatt e Hilton, na capital paulista.
A Shift ainda possui parcerias comerciais
com os hotéis Paradise Golf & Lake Resort
(Mogi das Cruzes), Tauá Hotel Atibaia e
Sofi tel Guarujá Jequitimar. Em relação ao
departamento, ele não foi criado, mas di-
recionamos esforços para captação de par-
cerias, o que nos deu um grande retorno.
M&E - E em relação à personalização das operações, falando da experiência que a Shift pode oferecer aos clientes. O que já foi implantado e está em operação? Renato Kiste - Personalizamos e custo-
mizamos ainda mais nosso sistema. Hoje
nossos consultores conseguem personalizar
a logística do cliente em poucos minutos,
disparar nossa confi rmação com o vou-
cher eletrônico, e o cliente tem um status
“online” do seu processo. O cliente recebe
avisos do nosso CRM a cada passo, da con-
fi rmação da leitura de seu pedido, indicação
do consultor responsável pelo atendimen-
to, confirmação de voucher e dados do
motorista até o fechamento do processo.
M&E - Qual o resultado da empresa em 2013 e as expectativas para 2014? Em relação ao mercado internacional, como o Brasil se posiciona nas vendas para o exterior?Renato Kiste - Nosso share dentro da Abra-
corp foi de 30% em 2013, somos líderes dentro
da associação. Colocamos como meta para
2014 um crescimento de 25%, porém, ainda
estamos na metade do ano e já ultrapassamos
a casa dos 90% de crescimento. Isso signifi ca
que nos primeiros seis meses faturamos
quase que o valor do ano passado inteiro.
No mercado exterior, operamos em mais
de 100 países com parceiros homologados.
Eles possuem o mesmo padrão de qualidade
que a Shift no Brasil. Sempre com veículos
novos, motoristas uniformizados, seguro
contratado, telefone móvel, plantão 24 horas
e muito mais. Oferecemos aos nossos clientes
a mesma comodidade e tranquilidade que
eles têm conosco no Brasil. O atendimento
internacional é uma realidade dentro dos
nossos serviços e queremos crescer ainda
mais nesse segmento.
M&E - Com a Copa do Mundo no Brasil, a Shift teve um incremento de vendas no país?Renato Kiste - Tivemos um incremento
de 30% em nossas vendas considerando
a Copa do Mundo. Foram quase 400
profi ssionais trabalhando exclusivamente
para transportar, monitorar e coordenar
nossos serviços. Se considerarmos todos
os grupos e profi ssionais envolvidos, foi o
maior evento que já realizamos.
146
LOCADORAS DE VEÍCULOS
Gráfi cos do SetorNúmeros do Anuário Abla
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
Faturamento do setorApesar das oscilações nos índices econô-micos que afetam o desempenho de vá-rios setores (bolsas de valores, variação do real frente ao dólar, rebaixamento do país quanto ao grau de risco) aqueles que analisam o segmento de locação de veículos constatam o crescimento constante nos últimos anos. No ano passado os investimentos continuaram, e o crescimento também. Em relação a 2012 a expansão do faturamento foi de 4,73%. O valor atingiu R$ 6,52 bilhões!
Frota do setorNo ano passado, as locadoras permaneceram com os veículos, em média, por 17,5 meses. Com relação à quantidade, a frota cresceu mais uma vez. Fechou 2013 com 529.890 unidades, expressando crescimento de 8,24% em relação ao ano anterior. A motorização 1.0 predomina, com 58% da frota; os compactos somam 18%; os carros considerados de luxo são 6%.
Perfi l do negócio
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Fonte: Gráfi cos retirados do A
nuário Abla
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Alta temporada na hotelaria
MEIOS DE HOSPEDAGEM
>> A Copa do Mundo de 2014 pro-porcionou um período de alta tem-porada para o setor hoteleiro. Das 12 cidades-sede que receberam jogos do Mundial, dez tiveram média supe-rior a 82% na taxa de ocupação. No ranking das cidades-sede com maior taxa de ocupação nos dias de jogos e vésperas, o Rio de Janeiro e Recife lideram com 92%, Cuiabá fi cou como a segunda colocada com 90%, seguidas de Belo Horizonte e Natal, com 87%. E, embora São Paulo tenha tido o maior volume de comercialização de diárias do período – 155 mil diárias, a cidade registrou apenas 66% de taxa de ocupação (principalmente por ter sido a cidade que ofereceu a maior oferta de leitos dentre todas as que receberam o Mundial). Durante a Copa do Mundo foram vendidas 970 mil diárias.
Para Enrico Fermi, presidente da As-sociação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) Nacional, o resultado geral foi positivo. Na opinião dele, algumas cidades ganharam enquanto outras perderam na ocupação, mas esse panorama já era esperado. “A Copa esteve dentro das expectativas. Sabíamos que teriam destinos que ganhariam enquanto outros perde-riam momentaneamente sua ocupa-ção. Como foi o caso de São Paulo, especifi camente, por ser um destino
Cidades-sede que receberam jogos do Mundial tiveram ocupação média de hospedagem superior a 77%
LISIA MINELLI
muito focado em eventos e turismo de negócios”, explicou. Quem comprova que a Copa foi realmente boa para a hotelaria é a GJP. Segundo Guilherme Paulus, presidente da rede, a Copa do Mundo foi bastante boa para o setor hoteleiro, especialmente nas cidades-sede. “Nos períodos de jogos, chegamos a 100% de ocupação nestas unidades”, disse.
Roberto Rotter, presidente do Fórum dos Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb), afi rma que o Brasil mostrou que sabe receber bem o turista, tanto que 95% deles querem voltar ao país. De acordo com pesquisas feitas pelo Ministério do Turismo, 85% dos turistas estrangeiros nunca estiveram antes no país e a maioria têm expectativas de um dia voltarem. Para Guilherme Paulus, o maior legado será a infraestrutura e a divulgação internacional. “O país preci-sa agora saber tirar o máximo proveito deste momento, unindo a iniciativa privada e órgãos governamentais”, advertiu. Outro segmento que teve altas taxas de ocupação no período do Mundial foi o de resorts. De acordo com Daniel Guijarro, presidente da Resorts Brasil, a ocupação dos resorts brasileiros fi cou acima da média para o período, registrando 42% de taxa de ocupação. “No geral, a Copa foi positiva, principalmente para os resorts do Nordeste, e os que receberam de-
legações estrangeiras. A ocupação em junho fi cou em 42%, contra 39,5% no mesmo mês do ano passado”, disse.
Num panorama geral, segundo os hoteleiros, o momento é ideal para trabalhar mais a imagem do Brasil no exterior, criando novos atrativos turís-ticos para as cidades, aproveitando os estádios e seus entornos, elaborando uma intensa agenda de eventos que mantenha o fl uxo de turistas durante o ano todo e garanta a manutenção desses novos e modernos equipamen-tos e a ocupação dos hotéis por todo o Brasil. O momento é ainda ideal para o setor do turismo como um todo, com a aprovação da Lei que regulamenta a profi ssão do agente de viagens. Um dos principais canais de distribuição de todos os produtos da cadeia pro-dutiva do turismo. A aprovação da Lei foi um grande avanço para o setor, apesar de alguns vetos, que estão sendo debatidos e, agora, abre-se espaço para um maior entendimento entre as agências e o Governo. “Há de se comemorar, pois depois de uma década, a atividade está fi nalmente regulamentada. Os agentes de viagens são nossos grandes aliados e merecem todo o respeito dos órgãos públicos”, disse Rotter. O Fohb apoia qualquer reivindicação do setor junto ao poder público e está diretamente engajado em parcerias público-privadas
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MEIOS DE HOSPEDAGEM
ABIH NacionalEntrevista com Enrico Fermi
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> O setor da hotelaria registrou bons
resultados com a Copa. Algumas cidades
ganharam enquanto outras perderam na
ocupação, mas, segundo Enrico Fermi,
presidente da Associação Brasileira da
Indústria de Hotéis (ABIH) Nacional, esse
panorama já era esperado. Veja abaixo a
entrevista com o dirigente onde ele fala
desses resultados, assim como planos e
projetos da associação.
MERCADO & EVENTOS - Que balanço a hotelaria brasileira faz da Copa do Mundo? Enrico Fermi - A Copa em si foi dentro
das expectativas. Sabíamos que teriam
destinos que ganhariam enquanto ou-
tros perderiam momentaneamente sua
ocupação. Como foi o caso de São Paulo,
especifi camente, por ser um destino muito
focado em eventos e turismo de negócios.
A cidade teve um primeiro semestre me-
lhor, com a antecipação de muitos eventos.
Mas, no período da Copa, tivemos uma
ocupação média de 60% enquanto o es-
perado era de 72%. Houve uma perda no
período, que foi compensada nos meses
anteriores. Isso aconteceu em diversos des-
tinos que tem maior presença de eventos.
Mas no geral a Copa foi muito boa. Tudo
isso já era previsto então podemos dizer
que a Copa manteve os planos do setor.
M&E - Os hotéis independentes tive-ram uma boa taxa de ocupação nesse período?Enrico Fermi - Se pegarmos os hotéis in-
dependentes do Brasil que fazem parte da
ABIH Nacional, 98% deles fazem parte da
rede do Fórum de Operadores Hoteleiros
do Brasil(Fohb) - que fez uma pesquisa
bem detalhada da ocupação hoteleira
no período da Copa. A pesquisa aponta
que, na véspera, e em dias de jogos ,a
ocupação nas cidades-sede chegou a 77%.
Em Cuiabá tivemos o menor volume de
diárias vendidas, totalizando apenas 4
mil diárias, já em São Paulo o volume foi
muito maior, embora as taxas tenham sido
abaixo do esperado, registrando 155 mil
diárias vendidas no período.
M&E - Em sua opinião, o Mundial deixará algum legado para o Brasil? Enrico Fermi - Sim. Ele fez com que
muita gente conhecesse o nosso país. Foi
muito bom porque o boca a boca desses
estrangeiros em seus países de origem
irá reverberar. Agora, cabe a Embratur
colocar nossos produtos na prateleira e
reforçar esse discurso positivo. Sabemos
que ainda há defi ciências e que precisamos
melhorar, em especial, a fl uência em um
segundo idioma e na qualifi cação da mão
de obra. Sabemos que isso é um entrave e
que o processo de qualifi cação parou no
MTur e precisa ser retomado. Precisamos
treinar quem está trabalhando e atuando
na área. Precisamos ainda dar continui-
dade as obras de mobilidade urbana e
infraestrutura que, em função do tempo,
deixaram de ser concluídas.
M&E - Muitos hotéis foram construídos para atender a demanda da Copa e também outras demandas. Com esses
novos empreendimentos há risco de existir uma oferta exagerada em alguns mercados? Enrico Fermi - Se fala muito em super
oferta em alguns destinos, em especial
Belo Horizonte, onde tivemos pouco
mais de 30 hotéis inaugurados e outros
ainda a serem abertos. Mas acontece que
ninguém constrói hotel para 30 dias.
Acredito que, com a base na econonomia
do Brasil hoje, onde muitos brasileiros
estão aptos a viajar, não teremos uma
super oferta. Esse é um novo mercado
que temos que trabalhar. A situação eco-
nômica, com o país crescendo a menos
de 1% ao ano, não é boa para o segmento.
A classe C precisa continuar crescendo
e viajando para ajudar a garantir boa
ocupação.
M&E - A ABIH quer crescer sua repre-sentatividade e chegar a 10 mil asso-ciados em dois anos. Como será feito esse processo?Enrico Fermi - Passamos dos 4.200 as-
sociados e continuamos o trabalho de
regionalização. Abriremos mais duas
bases em Barreirinhas e Imperatriz, no
Maranhão; e estamos preparando as qua-
tro regionais de Minas Gerais. Ou seja, o
projeto está andando.
M&E - Quais os principais desafi os da hotelaria brasileira? Enrico Fermi - Queremos continuar a ter
um crescimento acima dos 10% ao ano.
Esse ano, com o desaquecimento da eco-
nomia e com os eventos que aconteceram,
acredito que fecharemos 2014 com um
crescimento de, pelo menos, 8%. Conti-
nuaremos a buscar a qualifi cação da mão
de obra, que é um item muito importante
para a hotelaria, e tentar diminuir nossa
carga tributária, que é a maior do mundo
para o setor. Contamos que o nosso novo
governante faça a reforma tributária.
149
MEIOS DE HOSPEDAGEM
Fohb Fórum de Operadores Hoteleiros do Brasil
Entrevista com Roberto Rotter
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
>> Durante a Copa do Mundo, o setor
hoteleiro obteve um excelente desempenho
e a hospitalidade foi um dos itens mais bem
avaliados pelos turistas em uma pesquisa
realizada pelo Ministério do Turismo. No
total, foram comercializadas 980 mil diárias
somente entre os associados do Fórum de
Operadores Hoteleiros do Brasil (Fohb),
mantendo a taxa de ocupação em 77%. Para
Roberto Rotter, presidente do Fohb, o Brasil
mostrou que sabe receber bem o turista,
tanto que 95% deles querem voltar ao país.
Veja abaixo a entrevista com o presidente
onde ele conta os resultados da hotelaria
no período do Mundial e ainda fala das
perspectivas para o futuro depois do evento.
MERCADO & EVENTOS - Qual é o balanço que hotelaria brasileira faz da Copa do Mundo? Em sua opinião, o evento trará benefícios para o Brasil?Roberto Rotter - O balanço é positivo para o
setor. Uma pesquisa recente, divulgada pelo
Ministério do Turismo, apontou que o item
“hospitalidade” foi um dos mais avaliados
pelos turistas estrangeiros, sendo que 95%
deles disseram que pretendem retornar. O
Brasil é um país de dimensões continentais
e nem por isso os turistas deixaram de se
locomover e se hospedar com tranquilida-
de durante a Copa do Mundo. Um grande
exemplo são os novos hotéis, aeroportos e
terminais inaugurados para o evento, que
surpreenderam na capacidade de operação,
além de serem muito bem planejados e estéti-
camente impressionantes. A partir de agora,
assim como a médio e longo prazo, espera-
mos um trabalho conjunto entre a iniciativa
privada (redes hoteleiras) e os governos Fe-
deral, Estadual e Municipal para a exposição
dos destinos nacionais em todo o mundo.
M&E - Quantas diárias foram comer-cializadas no período? Quais foram as cidades-sede que mais receberam hós-pedes nesse período?Roberto Rotter - As redes hoteleiras asso-
ciadas ao Fohb apresentaram índices que
superam 980 mil diárias comercializadas
durante todo o período da Copa, entre 11 de
junho e 14 de julho. E ainda 77% de ocupa-
ção média em todas as cidades-sede em dias
de jogos e vésperas. As cidades com maior
ocupação foram: Rio de Janeiro, Recife e
Cuiabá, com média de 92% de ocupação.
M&E - Além dos hotéis, outros meios de hospedagem também se benefi ciaram do Mundial?Roberto Rotter - Sim, houve espaço para
diversos meios de hospedagem durante a
Copa do Mundo. Assim como em qualquer
outro evento, o consumidor tem o direito de
escolher qual a melhor forma de hospeda-
gem. No caso dos hotéis associados ao Fohb,
há variações de classifi cação para todos os
tipos de gostos e orçamentos, sejam hotéis
econômicos, midscales, upscales ou resorts.
Todos os segmentos tiveram bons índices
de ocupação e foram muito elogiados pelos
turistas nacionais e internacionais.
M&E - De todo o investimento anunciado pela hotelaria, cerca de R$ 7 bilhões, o que foi realmente concluído? E quais foram os destinos que mais receberam investimentos?Roberto Rotter - Os R$ 7 bilhões anunciados
estão sendo investidos pelas redes associa-
das ao Fohb até 2016, ano das Olimpíadas.
Serão mais de 150 novos empreendimentos
e cerca de 30 mil novas Unidades Hoteleiras
(UHs). As regiões com mais aberturas de
UHs no período (2014 a 2016) são Sudeste
e Sul. Já os estados são RJ, SP e MG. Entre as
cidades, destaque para Belo Horizonte (MG),
Rio de Janeiro (RJ), Campos dos Goytaca-
zes (RJ), Goiânia (GO) e São Paulo (SP).
M&E - Já há dados para avaliar se os novos hotéis construídos resultarão em uma super oferta no mercado? Como anda o Placar da Hotelaria?Roberto Rotter - É possível avaliar, por
enquanto, com base na última edição do
Placar da Hotelaria (Placar da Hotelaria
2015 - Projeção da taxa de ocupação nas 12
cidades-sede da Copa do Mundo no Brasil).
A cidade de Belo Horizonte talvez seja o
caso mais delicado neste sentido. Com a lei
municipal que incentivou a construção de
empreendimentos hoteleiros para a Copa
do Mundo, a oferta hoteleira cresceu na
capital mineira, mas não acompanhada
pelo aumento da demanda. Outro caso
específi co é o da Barra da Tijuca, no Rio
de Janeiro. A região concentra um grande
número de projetos, pois ainda abriga ter-
renos disponíveis para construção, o que
não ocorre em outros bairros da cidade.
Passados os Jogos Olímpicos, haverá uma
grande concentração de hotéis na Barra,
uma área da cidade que não concentra a
maior parcela da demanda. No entanto, o
Rio de Janeiro é uma cidade extremamente
atrativa para os turistas, por isso não de-
verá ser tão afetada. Espera-se uma maior
oferta também em mercados como Brasília,
Cuiabá e Manaus, cidades em que houve
um crescimento grande da oferta, nem
sempre acompanhada pelo aumento da
demanda, ainda menor com a desacelera-
ção do crescimento da economia brasileira.
Uma nova edição do Placar da Hotelaria
deverá ser lançada no final deste ano.
150
MEIOS DE HOSPEDAGEM
Resorts BrasilEntrevista com Daniel Guijarro
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> A Copa do Mundo foi um sucesso. Os
estrangeiros que vieram ao Brasil se encan-
taram e se apaixonaram pela receptividade
do povo brasileiro. Os hotéis lotaram e
os resorts também viram suas vendas
alavancarem. Segundo Daniel Guijarro,
presidente da Resorts Brasil, a ocupação
dos resorts brasileiros fi cou acima da mé-
dia para o período, registrando 42% de
taxa de ocupação. A expectativa é que o
ano feche com 56%. Para o presidente, a
Copa teve um resultado muito positivo, e
que, em longo prazo, trará um aumento
no fluxo de turistas para o país. Na en-
trevista concedida ao M&E, ele aborda
assuntos como os desafios dos resorts
em se tornarem competitivos no Brasil.
MERCADO & EVENTOS - Para este ano, apesar da Copa, a expectativa é que os resorts registrem ocupação de 58%, podendo chegar a 60%. Essa expectativa se confi rmará? Daniel Guijarro - Sim, a expectativa deverá
se confi rmar. Tivemos um primeiro semestre
com crescimento em praticamente todos os
meses. O segmento certamente fechará o ano
com desempenho acima dos 56% de média
de ocupação registrado no ano passado.
M&E - Durante a Copa do Mundo os resorts tiveram algum incremento, se comparado ao mesmo período do ano anterior? O Mundial foi positivo para os resorts de uma maneira geral?Daniel Guijarro - No geral, a Copa foi posi-
tiva, principalmente para os resorts do Nor-
deste e os que receberam delegações estran-
geiras. A ocupação em junho fi cou em 42%,
contra 39,5% de junho do ano passado.
M&E - De acordo com pesquisa da Resorts Brasil, o setor corporativo está crescendo dentro dos resorts e ajudou a alavancar os resultados do ano de 2013. Quais as expectativas para esse ano em relação ao segmento?
Daniel Guijarro - O mercado corporativo
continua sendo muito importante e segue
merecendo investimentos dos resorts em
infraestrutura para eventos, incremento
de atividades destinadas a esse públi-
co e divulgação entre as empresas que
promovem eventos. O fortalecimento
do mercado corporativo é, ao lado da
retomada do mercado estrangeiro, uma
das bandeiras da Resorts Brasil.
M&E - Segundo pesquisa feita em 2011, os resorts brasileiros são em média 60% mais caros que os resorts caribenhos, por exemplo. Isso ainda é uma realidade? Como tornar os resorts no Brasil mais competitivos e atrativos para os turistas?Daniel Guijarro - Apesar da desoneração
da folha de pagamento obtida pelo seg-
mento por meio da inclusão no programa
Brasil Maior, o “custo Brasil” ainda é
imenso e faz com que os resorts brasileiros
tenham um ônus na competição com os
similares caribenhos. Para que os resorts
sejam mais competitivos e atrativos, será
necessário não apenas diminuir o peso
dos tributos, mas também os custos de
energia elétrica (o segundo maior custo
dos resorts), bem como facilitar o acesso
a linhas de fi nanciamento para investir
na renovação de suas instalações, entre
outras medidas. Há uma preocupação com
uma possível crise da energia elétrica e a
elevação do custo infl acionário. Na área
da promoção, o governo precisa retomar
as ações dos escritórios de turismo, que
apenas recentemente foram reinaugura-
dos. O momento, imediatamente após a
realização da Copa, é favorável para essa
retomada da promoção nos mercados
estrangeiros. Algumas ações de incentivo
que poderiam ser implementadas são:
a isenção do visto, a isenção de impos-
tos para estrangeiros gastarem no Brasil
(política do tax free ou tax refund), o
incentivo aos voos charters com isenção
do imposto sobre combustível e uma
política permanente de promoção inter-
nacional e nacional na baixa temporada.
M&E - Em relação à recente aprovação da Lei que regulamenta a profi ssão do agente de viagem, como isso ajudará no desenvolvimento do turismo no país? Qual a importância dessa Lei?Daniel Guijarro - Será mais um passo para
a profi ssionalização do setor. A Resorts
Brasil acredita na atuação do agente de via-
gem, por isso, incentiva e promove ações
de qualifi cação destinadas a esse público.
M&E - E como este novo cenário no Brasil (pós-Copa e com a regularização da profi ssão), como o agente se posiciona? Daniel Guijarro - O agente de viagem é um
elo importante nesta cadeia de promoção.
Ele precisa entender as demandas de seu
público. O brasileiro tem comportamento
diferente de acordo com a situação: se vai
para o exterior ou viaja em seu próprio
país. As comparações de destinos nunca
são equilibradas. As pesquisas indicam que
94% dos estrangeiros que estiveram na Copa
do Mundo pretendem retornar. Isso mostra
que a hospitalidade brasileira, aliada com a
beleza dos destinos e a infraestrutura dos
resorts, pode acolher o estrangeiro e o turista
brasileiro que ainda não conhece o país.
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MEIOS DE HOSPEDAGEM
GJP Hotéis & ResortsEntrevista com Guilherme Paulus
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> A rede de hotéis e resorts GJP tem
um plano ambicioso de expansão para
os próximos quatro anos. No total, o
projeto terá aporte de R$ 1 bilhão, verba
proveniente de investidores. Desse total,
R$ 300 milhões serão aplicados até 2016.
Segundo Guilherme Paulus, presidente
da GJP, o objetivo é chegar a 2018 com
48 unidades de hotéis em operação no
Brasil e se tornar uma das cinco maiores
operadoras hoteleiras do país. Hoje, são 14
hotéis no portfólio da empresa. O foco dos
investimentos será nos empreendimentos
em aeroportos e polos industriais. Nos
aeroportos, a rede já ganhou a licitação
de Confi ns (MG) e Santos Dumont (RJ)
e já se prepara para participar das novas
concessões de Porto Alegre e Curitiba.
A empresa também foca na expansão no
Sul do país, onde serão abertos 19 novos
hotéis em pequenas cidades. Em 2013, a
GJP faturou cerca de R$ 150 milhões. Para
2014 a expectativa é atingir um resultado
ainda maior, chegando a R$ 180 milhões;
um crescimento de 20%.
MERCADO & EVENTOS - A GJP Hotéis & Resorts passa por uma expansão com investimentos de mais de R$ 1 bilhão até 2018. O que contempla esse projeto?Guilherme Paulus - Temos um projeto,
em parceria com a M. Stortti, para o
desenvolvimento de 19 novos hotéis na
região Sul do país, com condo-hotéis
em cidades do interior, somando R$ 20
milhões em investimentos. Além disso,
temos em desenvolvimento projetos em
Brasília e Juiz de Fora, e também nos
aeroportos de Vitória, Confins (Belo
Horizonte) e Santos Dumont (Rio de
Janeiro). Também estamos investindo
na implantação do sistema de gestão
TOTVS, além de estarmos atentos a qual-
quer outra oportunidade. Nosso objetivo
é chegar em 2018 com 48 empreendi-
mentos e mais de 7 mil apartamentos.
M&E - Quantos hotéis a GJP tem hoje no Brasil e em quais localidades? Há projeto de novas aberturas?Guilherme Paulus - A GJP atualmente
administra hotéis em Gramado (Hotel
Alpenhaus, Serrano Resort Convenções
& Spa e Hotel Saint Andrews), Aracaju
(Prodigy Beach Resort & Conventions
Aracaju), São Paulo (Prodigy Grand Ho-
tel & Suites Berrini), Salvador (Sheraton
da Bahia Hotel), Foz do Iguaçu (Iguassu
Resort), Rio de Janeiro (Linx Hotel In-
ternational Airport Galeão), Porto de
Galinhas (Hotel Marupiara), Maceió
(Village Pratagy Resort e Hotel Sete
Coqueiros) e Natal (Yak Hotel Natal).
Além disso, comercializamos o Hotel
Brisamar, em São Luis (MA), e o Hotel
Coliseum, em Beberibe (CE). Entre os
projetos em andamento estão unidades
em Brasília e Juiz de Fora, e também nos
aeroportos de Vitória, Confins (Belo
Horizonte) e Santos Dumont (Rio de
Janeiro). Nosso objetivo é continuar
investindo onde acreditamos haver de-
manda, como capitais, grandes cidades
e o litoral nordestino, entre outros.
M&E - Em 2013 foi inaugurado o pri-meiro hotel da rede junto ao Aeroporto
do Galeão (RJ). Além desse, a GJP tem contrato de concessão para construção nos aeroportos Santos Dumont (RJ) e Confi ns (MG). Como andam esses pro-jetos, qual investimento, bandeiras e a previsão de inauguração?Guilherme Paulus - Nosso plano é iniciar
a operação dos hotéis em construção em
2015. O total de investimentos supera os
R$ 200 milhões. O hotel de Confi ns terá
as bandeiras Linx e Prodigy - econômica
e midscale, respectivamente. Em Vitória,
será uma unidade Linx e, no Santos Du-
mont, Prodigy.
M&E - A GJP tem planos de abrir IPO ou ainda de expandir seus negócios para o mercado internacional?Guilherme Paulus - Não temos planos
de abrir capital. Claro que nos interessa
expandir nossos negócios para o exterior,
mas por enquanto não temos nenhum
projeto em andamento.
M&E - Durante a Copa, os hotéis da GJP tiveram uma maior procura? Na sua opinião, o Mundial deixará algum legado para o país?Guilherme Paulus - A Copa do Mundo
foi bastante boa para o setor hoteleiro,
especialmente nas cidades-sede. Nos
períodos de jogos, chegamos a 100%
de ocupação nestas unidades. Outros
destaques foram os hotéis de Gramado
(o Serrano Resort recebeu delegações,
inclusive a do presidente de Honduras)
e o de Porto de Galinhas (o Marupiara
também recebeu um bom volume de
turistas estrangeiros como mexicanos e
alemães). Certamente a Copa do Mundo
deixará um grande legado para o Brasil,
tanto em divulgação internacional quanto
em estrutura e qualidade dos serviços. O
país precisa agora saber tirar o máximo
proveito deste momento, unindo a ini-
ciativa privada e órgãos governamentais.
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Annie Morrissey, vice-presidente de Vendas e Marketing da Atlantica
“O Revpar está com saldo positivo em 4% e a Atlantica Hotels com crescimento de 13% em relação ao mesmo período de 2013. A média diária teve alta de 9%. Assim, em geral, a Copa do Mundo foi excelente! Superou até os mais otimistas em termos de imagem internacional e isso vai ajudar a
captação de eventos e viagens corporativos. O segundo semestre está lento, porém já sinalizamos agosto com mais solicitações para eventos. Uma vez que, historicamente, a segunda parte do ano é melhor, devemos retomar o mesmo crescimento de 2013.”
Tomás Ramos, diretor Comercial do Othon
“A taxa de ocupação da rede em 73% mos-tra que as atividades no período da Copa foram ótimas e excederam as expectativas. Em relação ao ano passado, o mercado cresceu 26%. Especifi camente no Rio de Janeiro, a movimentação de turistas foi durante o mês inteiro e só consolidou o
fato de que os brasileiros são muito receptivos. Nos próximos seis meses, com certeza haverá impacto na movimentação do mercado nacional, devido às eleições e para os próximos anos podemos esperar a consolidação do Brasil com o turismo internacional.”
Jeferson Munhoz,diretor de Vendas da Bourbon
“No primeiro semestre conseguimos um crescimento em todos os segmentos da empresa. O faturamento de 2014 foi 18% maior em relação ao ano anterior. A hotelaria no geral sofreu com a redu-ção dos seus clientes habituais para um cliente específi co. Cidades, como o Rio de
Janeiro, tiveram resultados acima da média, enquanto outras foram prejudicadas. As empresas tiveram suas vendas reprimidas e esta difi culdade impulsionará ações para recuperar o tempo perdido. Em 2015 o mercado pode sofrer devido às eleições e possíveis medidas necessárias para a correção da economia.”
Carolina Abud, gerente Comercial Brasil do Palladium Hotel Group
“O Grand Palladium Imbassaí teve exce-lente taxa de ocupação, atingindo 75%. Em relação à Copa do Mundo, a hotelaria esperava um cenário mais otimista. Os estrangeiros não estavam dispostos a investir muito em hospedagem e opta-ram por estadias mais econômicas. Já
os brasileiros, optaram por melhores hotéis, mas como foram exclusivamente conferir os jogos, não estenderam a viagem. No 2º semestre acredito que possamos recuperar as baixas ocupações e já tivemos um retorno com solicitações para o fi nal do ano, férias e outros períodos do 1º semestre de 2015.”
Marco Oliva,diretor Comercial do Club Med
“Com a Copa do Mundo e as eleições, 2014 tem sido um ano atípico. O primeiro semestre para a rede teve um resultado excelente, com 23% de crescimento. Na segunda metade do ano, mesmo com o ritmo mais lento, conseguimos manter uma razoável taxa de ocupação em função
dos diferentes grupos estrangeiros que recebemos nos Villages do Brasil. Com o bom adiantamento das vendas para 2015 e, se a economia e a situação política permanecerem sem grandes sobressaltos, tudo indica que teremos resultados ainda mais expressivos que 2014.”
Sérgio Souza, diretor Comercial do Casa Grande Hotel & Resort
“Fechamos com crescimento de 18% no faturamento e 10% na ocupação. A Copa deixa a experiência em recepcionar um evento de grande porte, além de todo o conhecimento em planejamento para receber as delegações. Ainda tivemos a possibilidade de trabalhar intensamente
em treinamentos para os colaboradores e na melhoria da infraes-trutura hoteleira. Nossas expectativas futuras se consolidam na manutenção do crescimento do primeiro semestre e na ampliação da captação de eventos corporativos.”
André Tamboisi, diretor deVendas e Marketing da BHG
“A Copa do Mundo teve um impacto positivo, fechamos mais de 9.600 quartos. Além das taxas de ocupação satisfatórias, fomos selecionados pela FIFA para receber delegações e fomos benefi ciados pelas emissoras de televisão internacionais que se hospedaram para cobrir o evento. Os
investimentos promoveram uma modernização e fortalecimento do mercado hoteleiro. A expectativa é grande para o segundo semestre; estamos com produtos já reformados e em pleno vapor operacional, com rápido reposicionamento dos nossos hotéis no mercado de eventos, lazer e corporativo.”
Enquete com a rede hoteleiraQuais foram os reais impactos da Copa do Mundo para os hotéis do Brasil? A visibilidade que o país ganhou com o evento poderá se refl etir nas taxas de ocupação dos hotéis nos próximos anos?
m eirapactos dahotéis doe o país
oderá se ção dos s?
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Orlando Giglio, diretor Comercial e Marketing do Iberostar no Brasil
“O primeiro semestre foi positivo. Vale destacar a Arena Iberostar, na qual os hóspedes acompanharam a Copa do Mundo e o funcionamento do IGA como hotel fl utuante; que ofereceu passeios à parte, para que todos pudessem assistir aos jogos. O legado desse grande evento,
além da modernização e do crescimento da hotelaria, é a pro-fi ssionalização do setor em receber turistas internacionais. Para 2015, temos a previsão de inaugurar o Iberostar Magia Maceió, em Alagoas, que fará parte da categoria Premium Gold da rede.”
Antônio Dias, diretor Executivo do Royal Palm Hotels & Resorts
“O balanço do Royal Palm Hotels & Re-sorts foi positivo. Com a antecipação dos eventos, a hospedagem da seleção portuguesa e o aumento de hóspedes, o crescimento foi de 5% em relação ao mesmo período do ano passado. Em relação ao pós-Copa, Campinas será uma
das cidades mais benefi ciadas, devido ao projeto de expansão do Aeroporto Internacional de Viracopos. Para o restante do ano, com o término do Mundial, as solicitações para eventos voltaram a aparecer e a promessa é de que os meses de agosto e setembro sejam movimentados.”
Ricardo Aly, diretor Comercial do Paradise Resort
“Em relação ao legado deixado pela Copa do Mundo 2014, notei que temos condi-ções de oferecer atendimentos muito me-lhores do que suponhamos. Agora, mais do que nunca, devemos atentar para a constante melhoria de processos, serviços e qualifi cação de colaboradores. Para o
segundo semestre deste ano, enxergamos uma elevação no volume de eventos e hospedagem. Por conta do mundial, muitas viagens de lazer e ações corporativas foram adiadas para esse período.”
Roland Bonadona,vice-presidente da Accor
“No primeiro semestre de 2014, a taxa de ocupação foi menor que no ano anterior, mas se olharmos para algu-mas cidades-sede, houve um aumento no período. Além disso, inauguramos mais de dez hotéis e assinamos novos contratos com investidores parceiros.
Com o Mundial, destaco o legado de modernização e am-pliação do parque hoteleiro no país. Até o fi m de 2017, te-mos um forte plano de expansão, totalizando um investi-mento de R$ 2 bilhões no Brasil por meio desses parceiros.”
Francisco Garcia,diretor de Operações do IHG
“No primeiro semestre, a IHG teve um crescimento de 4,62% em ocupação e de 16% em receita. Acredito que o principal legado da Copa foi uma hotelaria mais preparada e atualizada. No segundo se-mestre, devido às eleições, esperamos um movimento de deslocamento semelhante
ao primeiro, no qual as empresas evitaram realizar eventos e viagens durante o Mundial. Para os próximos anos, esperamos uma manutenção ou pequena queda nos níveis de ocupação na cidade de São Paulo e apenas o refl exo da infl ação no que diz respeito à diária média na cidade.”
Regina Rocha, gerente deMarketing do Portobello Resort & Safári
“Sem dúvida a Copa trouxe benefícios para a hotelaria, principalmente com relação à exposição que ganhamos no cenário mundial. O Portobello Resort & Safári, por exemplo, que recebeu a delegação italiana de futebol, ganhou uma maior visibilidade nos serviços oferecidos, nos atrativos, nas
instalações e nos diferenciais que possui como empreendimento hoteleiro no Brasil. A divulgação espontânea, ligada a um dos maiores torneios esportivos do mundo, foi, e continua sendo, positiva, tanto para a hotelaria quanto para o turismo do país.”
Chieko Aoki,presidente da Blue Tree Hotels
“Acredito que o setor hoteleiro foi benefi -ciado durante a Copa do Mundo. Foi uma oportunidade de ouro em que mostramos o que temos de melhor e apresentamos a riqueza da cultura brasileira que superou a expectativa em qualidade e em diver-sidade. Os turistas se encantaram e com
certeza voltarão. Na Blue Tree, estamos colhendo bons frutos. Nossos hotéis nas cidades-sede apresentaram ocupação de até 100% em dias de jogos, além de um crescimento de 13,5% na receita bruta geral dos meses de junho e julho comparado ao mesmo período do ano anterior.”
Enquete com a rede hoteleiraQuais foram os reais impactos da Copa do Mundo para os hotéis do Brasil? A visibilidade que país ganhou com o evento poderá se refl etir nas taxas de ocupação dos hotéis nos próximos anos?
m eirapactos da os hotéis que país oderá seção dos s?
155
Helida Cristina, diretora de Vendas do Porto Bay Resort
“Tivemos um 1° semestre muito bom. O ano tem sido muito bom, principalmente com a infl uência da Copa do Mundo, que alavancou a hotelaria nesses últimos meses e ajudou a fechar o período com altos índices de ocupação. Atingimos 80.15% de ocupação durante o 1º semestre. Já o 2º
semestre é uma incógnita. Tivemos um mês de agosto ótimo, o que foi contra o mercado, uma vez que o setor está caminhando devagar. Esse é um período marcado por Eleições, então nossas ex-pectativas é que seja um semestre mais lento, a exemplo desse mês de setembro. Nossa meta é fechar o ano com 82% de ocupação.”
Ana Luiza Masagão, diretora de Experiência em Marketing e Venda do Grupo Rio Quente
“O ano de 2014 vem se caracterizando em um período de crescimento, em que atingimos alta de 7% no primeiro semestre e acreditamos fechar o ano com 10% de alta, na comparação com o ciclo anterior. Assim, acompanhamos o avanço médio
do turismo no País dos últimos anos. Cientes dos efeitos que a Copa do Mundo poderia promover para o turismo nacional, desenvolvemos mecanismos comerciais de manutenção do crescimento médio da empresa, focando em nichos pouco sensíveis ao futebol.”
Gerson Teixeira, gerente Comercial da Rede Mar de Canasvieiras
“Não vejo que o evento foi positivo para Florianópolis, capital de Santa Catarina. Todas as ações com mercado internacional foram através das Online Travel Agencies (OTAs). O mercado nacional, no turismo lazer e eventos, parou, sendo o pior tri-mestre dos últimos cinco anos! A Copa
do Mundo só foi boa para cidades-sede, principalmente Rio de Janeiro e São Paulo, outros estados e cidades com certeza levaram um grande prejuízo.”
Luigi Rotunno, diretor geral do La Torre Resort
“Ano passado fechamos a ocupação em 77%. Para 2014, a meta é bater os 70% de ocupação e atingir os 80%. E estamos indo bem, desde o fi nal da Copa, o La Torre está com 100% de ocupação e a procura para os próximos meses está alta. O hotel rea-lizou diversos investimentos para receber
a Seleção, a Federação e TVs Suíças. Também oferecemos vários cursos aos colaboradores e compramos novos equipamentos. A infraestrutura foi outro setor que se benefi ciou. Nesse ano, devido ao Campeonato de Futebol, aceleramos o investimento da infraestrutura dedois anos em 10 meses.”
Flávio Andrade, gerente geral do Holiday Inn Parque Anhembi
“Com 12 cidades sediando os jogos da Copa do Mundo no Brasil, a demanda hoteleira foi pulverizada. Com o recesso dos eventos durante o período dos jogos, a ocupação fi cou concentrada no turista de lazer e no público que veio assistir aos jogos da Copa. Para nós, essa mudança
no perfi l dos hóspedes (que tradicionalmente é composta pelo segmento corporativo) durante o Mundial foi bastante positiva, pois tivemos a oportunidade de difundir nossa marca e a excelência dos nossos serviços e gastronomia para os turistas que visitam São Paulo a lazer e não somente para clientes corporativos.”
Silvio Pessoa, diretor do Sol Express Hotéis & Resorts
Durante os jogos da Copa do Mundo em Salvador, a ocupação ficou entre 72% e 95%. Encontramos também 83 nacionalidades diferentes que vieram para nossa capital, e este vai ser nosso grande legado, a exposição midiática será inestimável. Com as eleições, os próximos
ministro do Turismo e presidente da Embratur terão que saber como capitalizar para que a Copa tenha um efeito multiplica-dor no número de visitantes. Devemos continuar investindo na capacitação de novos colaboradores, pois a falta de pessoas falando idiomas foi um dos grandes problemas encontrados.”
Dilson Fonseca, diretor do Catussaba Hotéis & Resorts
“O resultado da Copa do Mundo foi ime-diato e acima da expectativa. A taxa de ocu-pação em 80% mostra um excelente cresci-mento. O Brasil saiu com a imagem fortale-cida, devido à propaganda que as próprias delegações fi zeram, foi algo natural, todos voltaram para casa satisfeitos. Só a nossa
rede hospedou cinco delegações: Alemanha, Espanha, Suíça, Bósnia e Holanda. Com isso, as expectativas, não só para o restante do ano, mas para 2015 também, são tão boas quanto durante a Copa.”
Andrea Natal, diretora geral do Belmond Copacabana Palace
“O Rio de Janeiro tornou-se protagonista do Mundial de Futebol, apresentando uma alta taxa de ocupação ao longo de todo o torneio e a menor variação quando comparado o mês completo com os dias de jogos, conforme esperado. O impacto expressivo na demanda hoteleira foi muito
positivo para a cidade, que contou com dias ensolarados, mis-tura de nacionalidades e a hospitalidade festeira dos cariocas. O Belmond Copacabana Palace atingiu 98,9% de ocupação durante toda Copa do Mundo.”
156
MEIOS DE HOSPEDAGEM
Gráfi cos do SetorNúmeros do Fohb
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
Cidades-sede com maiores taxas de ocupação
Dias de jogos e vésperas durantetodo o período da Copa do Mundo.
Panorama de ocupação nas cidades-sedeTaxa de ocupação em vésperas e dias de jogos durante a Copa do Mundo da FIFA
Cidades-sede com mais diárias comercializadasDias de jogos e vésperas durante
todo o período da Copa do Mundo.
Fonte: FOH
B | Am
ostra composta por 278 hotéis e 47.115 U
Hs
156
157
Montanha-russa de investimentos
PARQUES
>> Os parques temáticos têm um grande potencial de crescimento no Brasil. Com visitação anual de 12 mi-lhões de pessoas e faturamento de cerca de R$ 1,5 bilhão, eles são ob-jeto de um estudo do Ministério do Turismo que visa propor estratégias para torná-los mais competitivos no cenário global. Os parques temáticos aparecem em evidência no Plano de Ação do MTur. Atualmente, 18 em-preendimentos fazem parte do Siste-ma Integrado de Parques e Atrações Turísticas do Brasil (Sindepat).
De acordo com Alain Baldacci, presi-dente do Sindepat, o setor teve, nos últimos anos, um crescimento mo-desto, muito abaixo do seu potencial. Para ele, um dos maiores entraves é a falta de uma política de incentivo, o que diminui a oferta.
Francisco Donatiello, presidente da Associação das Empresas de Parques de Diversões do Brasil (Adibra), explica que é necessário perceber a impor-tância do turismo não apenas como atividade de lazer, mas como gerador de emprego e renda. “Há que se ter um novo olhar sobre a importância dos parques por parte das autoridades e isso significa entender que, com redução da carga tributária e medidas de incentivo, o universo dos parques poderá ganhar maior representati-vidade e ser uma opção de lazer e entretenimento que venha favorecer o turismo doméstico neste país”.
Na visão Marcos Barros, diretor sê-nior para América Latina do Universal Orlando Resort, a criação de polos ajudaria muito na consolidação do
Parques sofrem com falta de incentivo e legislação defi citária
LUIZ MARCOS FERNANDES E SAMANTHA CHUVA
setor no Brasil. “Essa era a ideia por trás da criação do Hopi Hari e do Wet’n Wild, de Vinhedo, mas outros projetos acabaram não vingando, difi cultando assim o desenvolvimento desse polo”, mencionou. Barros concorda com o Sindepat e a Adibra, e afi rma que o crescimento da economia como um todo, e da classe média, em particular, é fundamental para que a ativida-de seja sustentável a longo prazo. “Como em vários outros setores da economia, é essencial que seja deter-minada uma nova política fi scal para o setor, facilitando a importação de atrações de tecnologia de ponta, que não temos condição de desenvolver, por enquanto, no Brasil. É preciso atrações sofi sticadas, política fi scal favorável e massa crítica sufi ciente para sustentar economicamente os empreendimentos”, conclui.
Normas e legislaçãoO presidente da Adibra lembrou que a falta de normas e uma legislação defi citária também prejudicam o se-tor. “É preciso abrir uma frente em parceria com o Ministério do Turismo para uma política de expansão. Do mesmo modo que o Governo deve estabelecer normas técnicas para o funcionamento dos parques, com uma fi scalização mais efetiva, seguindo o mesmo modelo já adotado no exte-rior”, apontou Donatiello.
Faltam outras opções de entreteni-mento e mais hotéis para que o turista permaneça mais tempo nos destinos. É o que afi rma Alain Baldacci. Segundo o presidente da Sindepat, isso criaria um destino turístico e benefi ciaria toda a cadeia produtiva do turismo, incluindo
o agente de viagens. “A realidade atual é outra, e o empresário acaba deixando de fazer investimentos diante das difi -culdades encontradas, como falta de linhas de fi nanciamento e altas taxas”.
Dessa forma, visando obter um destino mais completo e integrado, Adalgiso Telles, presidente do Beto Carrero World (BCW), alegou que pretende construir um hotel dentro do par-que, como já é costume nos grandes parques temáticos internacionais. A previsão, de acordo com Telles, é que o novo empreendimento comece a ser construído em 2015. Considerado o melhor parque temático da América Latina e o sexto melhor do mundo, segundo o Trip Advisor, o presidente do BCW declarou que o parque ainda tem um potencial muito grande de crescimento, e a expectativa é alcançar oito milhões de visitantes até 2024.
ExteriorNo âmbito internacional, os parques da Disney, Universal e SeaWorld con-tinuam em constante expansão, inau-gurando novos brinquedos, atrações e hotéis. Em relação ao mercado brasi-leiro, os representantes dos complexos asseguraram que os agentes de viagem ainda são muito importantes para o segmento. Segundo a Associação de Entretenimentos Temáticos, que analisa o setor de parques no mundo, houve um crescimento global geral de 5,4%, com destaque para os parques asiáticos, que tiveram taxas de até 7,5% em média, e das Américas, entre 4% a 5%. O parque Magic Kingdom, de Walt Disney World, na Flórida, é o campeão de visitações, com 18,5 milhões de pessoas no ano passado.
158
PARQUES
Universal Orlando Resort
Entrevista com Marcos Barros
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> Entre os grandes parques e complexos
de lazer da Flórida, a Universal Orlando
Resort tem lugar de destaque. O complexo
tem desenvolvido, junto ao trade, uma
estratégia que visa ampliar cada vez mais
a capacitação dos agentes de viagens,
como forma de multiplicar o número de
visitantes, por meio das vendas. Neste
sentido, Marcos Barros, diretor sênior
para América Latina da Universal Orlan-
do Resort, destaca que o uso das novas
tecnologias têm sido uma importante
ferramenta para fomento nas vendas e
comercialização de pacotes, bem como
para promoção das novidades junto ao
mercado brasileiro.
MERCADO & EVENTOS - Como vê a importância da capacitação dos agentes de viagens em relação aos produtos da Universal e qual a estratégia para que os parques possam receber um número maior de brasileiros?Marcos Barros - A proposta de capacitar o
agente de viagens tem feito parte da nossa
estratégia desde a abertura do escritório no
Brasil, há 15 anos, através de seminários e
treinamentos presenciais e virtuais. Mes-
mo nas novas agências online, o programa
de capacitação continua a ser uma ferra-
menta importante, já que mais de 70%
dos pacotes internacionais são fechados
por telefone, através dos profissionais
de call-centers. E o agente de viagens
deve tomar consciência de que quanto
maior o conhecimento, maiores são as
chances para incremento das suas vendas.
M&E - A nova área do Universal Studios - o Beco Diagonal - pode se tornar um marco na história do empreendimento?Marcos Barros - De uma só vez ela dobra
o espaço da saga de Harry Potter, agrega
uma nova atração, a Fuga de Gringotts, e
interliga o parque com o Islands of Ad-
ventures. O brinquedo é um simulador
com tecnologia de ponta, que leva nossos
visitantes a uma nova dimensão em termos
de atrações de parques temáticos. Agora,
nossos visitantes podem viajar de Londres
a Hogsmead, como faziam os personagens
dos livros e fi lmes, através do trem Hog-
warts Express. Ou seja, viajar de trem entre
as duas áreas do Th e Wizarding World of
Harry Potter (Beco Diagonal, no parque
Universal Studios e Hogsmead, no parque
Universal’s Islands of Adventure). Basta
apresentarem o ingresso “Park to Park” para
entrar no trem (os ingressos vendidos pelas
operadoras do Brasil têm essa característica
Park to Park). Lembro que a experiência
da viagem entre Londres e Hogsmead é
diferente da experiência da volta, entre
Hogsmead e Londres, ou seja, a dica é fazer
os dois trajetos. É Imperdível! Isso tudo
irá se refl etir nas vendas das agências de
viagens e operadoras do Brasil. Além de
nos ajudar a vender a Universal como um
destino de férias, a nova área reforça que
temos dois parques e dá a oportunidade
aos agentes de vender o Bonus Ticket,
ideal para quem vai às duas atrações e
que não pode ser comprado na hora, pois
só é vendido para os mercados interna-
cionais. Esperamos um impacto como o
que tivemos em 2010, com a inaugura-
ção da primeira atração do Harry Potter.
M&E - A que atribui o diferencial da Universal em relação à concorrência?Marcos Barros - Os dois parques temáticos
da Universal Orlando proporcionam a
oportunidade das pessoas se divertirem
juntas. Não se trata de olhar os fi lhos se
divertirem, mas de se divertir com eles.
Não basta tirar férias em família, mas
como família. Conseguimos isso com per-
sonagens e atrações que são verdadeiros
ícones da cultura pop atual, tão relevantes
como Harry Potter, Transformers, Mi-
nions, Simpsons, Homem Aranha, Bob
Esponja e muitos outros.
M&E - Em termos de hospedagem, o que os agentes poderão incluir nos seus pacotes já a partir deste verão?Marcos Barros - O novo hotel econômico
Universal’s Cabana Bay Beach Resort, que
conta com 900 suítes familiares (para até
seis pessoas) e 900 quartos standard para até
quatro pessoas. Esse hotel foi uma das grandes
novidades da Universal Orlando para esse ano.
M&E - Na sua visão profi ssional, como o Brasil poderia explorar mais o segmento de parques? Marcos Barros - A criação de polos aju-
Novo hotel em 2016A Universal Orlando Resort abrirá no verão de 2016 um novo hotel. O Loews Sapphire Falls Resort terá estilo caribenho e oferecerá 1.000 quartos, sendo 77 suítes, além de um ambiente descontraído cons-truído ao redor de uma lagoa e uma cachoeira. O novo hotel,i anuncia-do pelo Universal Orlando Resort e o Loews Hotéis & Resorts, estará localizado do outro lado da Adven-ture Way, vindo do novo Cabana Bay Beach Resort. Ele se tornará o quinto hotel resort do complexo.
159
Universal Orlando Resort
Entrevista com Marcos Barros
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
PARQUES
daria muito. Essa era a ideia por trás da
criação do Hopi Hari e do Wet’n Wild, de
Vinhedo, mas outros projetos acabaram
não vingando, difi cultando assim o de-
senvolvimento desse polo. O crescimento
da economia como um todo, e da classe
média, em particular, é fundamental para
que a atividade seja sustentável a longo
prazo. E, como em vários outros setores
da nossa economia, é essencial que seja
determinada uma nova política fiscal
para o setor, facilitando a importação
de atrações de tecnologia de ponta, que
não temos condição de desenvolver, por
enquanto, no Brasil. Com atrações sofi s-
ticadas, política fi scal favorável e massa
crítica sufi ciente para sustentar economi-
camente os empreendimentos, esse é um
setor que tem um futuro muito promissor
no nosso país.
M&E - Como a Universal tem feito uso das novas tecnologias para fazer uma linha direta de comunicação com os agentes de viagens? Marcos Barros - Não quero entrar em de-
talhes, por questões estratégicas, mas o uso
da tecnologia está no centro da nossa visão
mercadológica de longo prazo. A maneira
como trabalhamos hoje não será a maneira
como trabalharemos em cinco ou dez anos.
M&E - Que estratégia a Universal tem utilizado para enfrentar a concorrência de mercado? Marcos Barros - Orlando talvez seja um
dos lugares do mundo onde a concorrência
seja mais acirrada, o que é bom. Ganha
sempre o consumidor. Nos preparamos
entendendo o nosso consumidor e en-
tregando a ele algo além do que ele quer.
Se ele quer uma experiência em parques
temáticos, ele encontra isso na concor-
rência. Na Universal Orlando, entregamos
férias como elas devem ser.
160
PARQUES
Sindepat Sistema Integrado de Parques Temáticos e Atrações Turísticas
Entrevista com Alain Baldacci
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> Com o objetivo de conhecer as pro-
postas no programa de Governo dos
candidatos a serem eleitos em outubro, o
Sistema Integrado de Parques Temáticos
e Atrações Turísticas (Sindepat) encami-
nhou à assessoria de cada um deles, um
documento de consulta pedindo infor-
mações sobre seus planos relacionados ao
setor. Segundo o presidente do Sindepat,
Alain Baldacci, a iniciativa se justifica
pela falta de investimentos vivenciada
atualmente. Nesta entrevista ao M&E,
ele identifi ca os gargalos que impedem o
desenvolvimento do setor e faz um parâ-
metro de comparação com outros países
para comprovar o atraso do Brasil na ex-
ploração deste segmento turístico de lazer.
MERCADO & EVENTOS - Como analisa a situação dos parques temáticos no país? E de que forma o setor pode aproveitar os resultados positivos obtidos com a Copa no Brasil para ter um crescimento signifi cativo?Alain Baldacchi - Eu diria que o nosso se-
tor teve, nos últimos anos, um crescimento
modesto, muito abaixo do que poderia
ter. Estamos muito atrasados no setor
de parques e o volume de equipamentos
não condiz com o grande potencial deste
nosso imenso país. Tenho procurado as
autoridades e o próprio Ministério do
Turismo para mostrar que poderíamos ter
um crescimento bem mais signifi cativo e
isso não acontece justamente pela ausência
de uma política de incentivos. A Malásia
é um exemplo de uma política de turismo
bem sucedida. Isso decorre em função da
isenção de impostos para importação de
equipamentos e linhas de fi nanciamento
com prazos de pagamento em até 10 anos.
Faltam investimentos, mas não há como
o empresariado se motivar com as atuais
condições. Citei a Malásia porque, há
alguns anos, eles tinha o mesmo número
de parques que nós, ou seja, dez. Hoje, nós
temos 16 e eles têm 30, e isso se refl ete
no fl uxo turístico diretamente. Creio que
é mais do que o momento de se ver o
turismo sob o seu potencial econômico.
Precisamos mudar a nossa cultura e a
imagem de que turismo é só lazer. Espero
que, com a Copa, nossos governantes
compreendam a real importância de se
investir neste setor que dá retorno garan-
tido. Veja o caso da França, que se rendeu
à realidade dos parques temáticos e hoje é
o país que mais recebe turistas do exterior.
Lá, o Governo investiu 1 bilhão de euros
para ter a Disney, que hoje dá um retorno
fantástico em termos de renda, emprego
e recebe 15 milhões de turistas por ano.
M&E - Como os agentes de viagens podem se benefi ciar com a inclusão dos parques temáticos nos seus programas e pacotes de viagens?Alain Baldacci - Isso já acontece com fre-
quência, mas praticamente se restringe
aos pacotes internacionais. Quando o
agente vende Flórida, certamente irá in-
cluir Universal, SeaWorld ou Disney na
programação, porque recebe comissões.
Essa cultura já começa a dar resultados aqui
no Brasil, embora que de forma tímida,
com alguns parques como Beto Carrei-
ro e Hot Park (do Rio Quente Resorts),
por exemplo. Isso poderia mudar, caso
houvesse em nosso país uma política de
investimentos para fazer com que o turista
aumentasse sua permanência, motivado
por novas atrações locais. Isso não acontece
ainda. Temos complexos turísticos como
o próprio Wet’n Wild, mas faltam outras
opções de entretenimento e mais hotéis
para que o turista permaneça mais tempo
na região. Isso criaria um destino turístico
e benefi ciaria toda a cadeia produtiva do
turismo, incluindo aí o agente de viagens. A
realidade atual é outra, e o empresário acaba
deixando de fazer investimentos diante das
difi culdades encontradas, como falta de
linhas de fi nanciamento e altas taxas. Veja o
caso de Cingapura, um destino com apenas
quatro milhões de habitantes onde foram
investidos US$ 500 milhões nos últimos
anos e cujos resultados são fantásticos.
M&E - Como o Sindepat tem direcionado suas ações para fortalecimento do setor e desenvolvimento dos parques no país?Alain Baldacci - Neste momento, nosso
foco é buscar parcerias e apoio para mu-
dança desta cultura no que diz respeito
aos parques. Apesar do apoio inegável
do Ministério do Turismo, percebemos
que esse setor precisa ser mais ouvido e
respeitado. Já encaminhamos números e
estudos ao Governo que comprovam a ne-
cessidade de implantação de uma política
de fomento para os parques temáticos no
país. Agora, com as eleições, muitas mu-
danças vão acontecer e a nossa esperança
é de que os novos governantes possam ter
um novo olhar sobre o turismo e esse setor
dos parques. Lembro que no momento
em que o Governo busca alternativas para
fomentar o turismo doméstico, os parques
temáticos não podem ser esquecidos e a
redução da carga tributária e aumento das
linhas de fi nanciamento com condições
especiais poderiam ser o primeiro passo
neste sentido. Basta observar que tirando
os parques indoor não há novos projetos
de grandes parques temáticos para o país.
161
PARQUES
Adibra Associação das Empresas de Parques de Diversões do Brasil
Entrevista com Francisco Donatiello
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
>> A alta carga tributária que incide na
importação de equipamentos e a ine-
xistência de uma política de incentivos
fazem com que os parques temáticos no
país não sejam valorizados e reconheci-
dos pelas autoridades e pelo Governo,
restringindo uma política de novos in-
vestimentos no setor. A conclusão é do
presidente da Associação das Empresas
de Parques de Diversões do Brasil (Adi-
bra), entidade que reúne cerca de 300
parques no país, Francisco Donatiello.
Nesta entrevista ao M&E, o dirigente
admite que o setor necessita de uma
normatização que garanta segurança aos
usuários e lembra que os parques pode-
riam ser incluídos na cesta de produtos
para fomentar o turismo doméstico.
MERCADO & EVENTOS - O Brasil realizou, em julho, um megaevento como a Copa do Mundo. No caso dos parques, houve algum benefício para esse setor?Francisco Donatiello - No caso espe-
cífi co dos parques, posso afi rmar que a
realização da Copa no Brasil não teve
nenhuma influência direta no fluxo de
visitantes. Não agregou em nada para o
nosso setor. Até pelo contrário, durante
os jogos, aconteceu uma pequena retração
no movimento. Claro que a divulgação da
imagem do país foi positiva e para o turis-
mo em geral acabou sendo benéfi ca. Mas
isso pouco representa para o nosso setor.
O importante é que os nossos governantes
percebam a importância do turismo não
apenas como atividade de lazer, mas como
gerador de emprego e renda. Neste sentido
sim, há que se ter um novo olhar sobre a
importância dos parques por parte das
autoridades e isso signifi ca entender que
com redução da carga tributária e medidas
de incentivo, como acontece em outros
países, o universo dos parques poderá
ganhar maior representatividade e ser
uma opção de lazer e entretenimento que
venha a favorecer o turismo doméstico
neste país. Quando se importa uma monta-
nha-russa, ela entra no quesito de bens de
consumo e não como bem de capital. Isso
encarece o custo para o investidor. Além
do mais, faltam linhas de fi nanciamento.
A exceção fica com os parques indoor.
Parques como Hopi Hari e Beto Carrero
surgiram em períodos de maior isenção
de impostos. Vemos, com tristeza, parques
como o Playcenter, em São Paulo, fechar
suas portas depois de 39 anos de funcio-
namento, ou mesmo o Terra Encantada,
no Rio. Falta uma política para o setor.
M&E - Como fazer com que os parques temáticos sejam incluídos na cartei-ra de ofertas dos agentes de viagens? Como trabalhar uma parceria com esse segmento?Francisco Donatiello - É costume dos
agentes de viagens oferecerem sempre
em pacotes para o exterior destinos que
tenham parques. É o caso da Disney e da
Universal, nos Estados Unidos, e da Euro-
disney, na França. Lembro que na França a
Eurodisney recebe mais visitantes do que
a Torre Eiff el ou o Louvre, de Paris. Aqui
no Brasil essa cultura começa a mudar, e
alguns destinos como Beto Carrero, na
Penha (SC), o Hot Park, no Rio Quente
Resorts (GO) e até o Beach Park, em For-
taleza (CE), são comercializados junto com
pacotes turísticos. Claro que essa é uma
cultura que precisa ainda ser absorvida
pelo agente de viagens. Cabe a ele buscar
sim, por meio das novas tecnologias, co-
nhecer melhor o que os parques oferecem e,
havendo oportunidade, incluir essa opção
de lazer no programa, principalmente de
famílias com crianças. Os parques indoors
já têm um movimento maior, mas são
equipamentos de menor porte. O ideal é
que o mercado tivesse uma oferta maior,
mas isso no Brasil depende dos chamados
incentivos fi scais e outros fatores como
normas estabelecidas pelas prefeituras.
M&E - Além da questão dos impostos, o que falta ao setor para uma expansão maior no Brasil e como a Adibra tem se posicionado junto ao Governo?Francisco Donatiello - Em outubro te-
remos eleições. Nossa esperança é que
o Governo comece a ver o turismo com
outros olhos, como uma atividade eco-
nômica. Lembro que 10% do turismo
mundial passa pela Disney. No Brasil é
preciso que haja uma nova percepção
das autoridades em relação aos parques.
Mercados e destinos poderiam agregar
produtos e serviços com a instalação de
parques e aumentariam até a permanên-
cia do turista na cidade. Veja o caso de
destinos como Foz do Iguaçu, onde existe
espaço para um parque temático relacio-
nado à natureza. Seria mais uma atração.
É preciso abrir uma frente em parceria
com o Ministério do Turismo para uma
política de expansão do setor. Do mesmo
modo que o Governo deve estabelecer
normas técnicas para o funcionamento
dos parques, com uma fi scalização mais
efetiva, seguindo o mesmo modelo já ado-
tado no exterior. Não há uma legislação
com normas que sirvam de parâmetro.
162
PARQUES
Beto Carrero WorldEntrevista com Adalgiso Telles
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> O Beto Carrero World (BCW) recebe
dois milhões de visitantes anualmente,
com crescimento de 20% ao ano entre
2008 e 2013. Segundo Adalgiso Telles,
presidente do parque, a expectativa é que o
BCW (que foi considerado o sexto melhor
do planeta e o primeiro da América Latina
pelo TripAdvisor) continue a crescer e
atinja oito milhões de visitantes anuais
nos próximos 10 anos. Para o presidente
do parque, o diferencial do BCW é que o
local conta com uma grande diversida-
de de atrações. Nesta entrevista, Telles
ainda explica as estratégias de mídia e
marketing para atingir o público nacional
e internacional, fala sobre o novo hotel
que deve ser construído dentro do BCW
e ressalta que o objetivo é ver o público
internacional ultrapassar os 10% atuais.
MERCADO & EVENTOS - Que atrações podemos esperar ainda esse ano? E para o ano que vem?Adalgiso Telles - Em novembro desse ano,
lançaremos uma nova área, uma atração
de gelo chamada Beto Carrero On Ice, que
vai contar com uma pista de patinação.
Também teremos um Outlet, em outu-
bro, que vai completar a experiência das
pessoas no parque. Pois quando a família
vem ao parque, enquanto as crianças se
divertem nos brinquedos, os pais também
podem aproveitar e fazer compras. E,
para o Natal, teremos um novo show do
Shrek, que deve começar a ser encenado
em novembro, com os personagens da
DreamWork. Já para 2015, temos projetos
de lançar uma a área temática: Betinho
Carrero e sua Turma, que vai contar com
novos show e brinquedos. Esse espaço
vai ser voltado para o público infantil e
infanto-juvenil.
M&E - O parque é bem reconhecido em Santa Catarina, no Paraná e no Rio Grande do Sul. Quais as estratégias de divulgação e mídia o empreendimento tem adota-
do para se consolidar no Brasil inteiro?Adalgiso Telles - Percebemos que 70% do
público do parque é muito concentrado
nos três estados do Sul. O que estamos
fazendo a partir de agora é focar mais es-
pecifi camente no nosso público-alvo, que
são dois: a família, normalmente um casal
com dois ou três fi lhos com idades entre
3 e 13 anos; e os jovens, de 13 a 35 anos.
Para isso, estamos querendo ampliar nossa
divulgação do alcance regional para o alcan-
ce nacional e internacional. Dessa forma,
começamos a investir em mídia impressa,
nas principais revistas do país, TV aberta e
TV a cabo e estamos começando a traba-
lhar, de forma mais estruturada, a questão
da web e redes sociais. Além de estarmos
revisando nosso website para torná-lo mais
interativo. Em relação à comunicação,
nosso objetivo é cobrir o Mercosul e outros
países da América Latina. Atualmente, a
região representa 10% do nosso público.
Enquanto no nacional, estamos focando
na região Sudeste e Centro-Oeste. Com
esse investimento em mídia e divulgação,
esperamos que o número de público in-
ternacional e nacional, com exceção do
Sul, represente mais de 50% dos visitantes.
M&E - Com relação à hotelaria dentro do parque, podemos esperar alguma
novidade até o fi nal do ano?Adalgiso Telles - Nossos projetos em
relação ao hotel avançaram muito. Neste
momento temos quatro propostas - de
grupos regionais, nacionais e interna-
cionais - estruturadas para instalação do
hotel no parque. Atualmente, estamos
analisando as propostas e acredito que
até outubro já teremos definido quem
ficará responsável pela construção do
empreendimento, ou se vamos desen-
volver um hotel próprio, que também é
uma possibilidade. E assim, dependen-
do da opção que fizermos, poderemos
começar as obras ainda esse ano, mas a
expectativa é que as obras dos três blocos
de prédios tenham início no começo
de 2015 e durem entre 18 a 24 meses.
M&E - O Beto Carrero World foi conside-rado o sexto melhor parque de diversões do planeta e o primeiro da América Latina segundo pesquisa do TripAdvisor. O parque planeja uma expansão para o exterior?Adalgiso Telles - Foi fantástico fi car em
sexto lugar na lista mundial. Em relação
ao diferencial, o que posso ressaltar é que
possuímos uma grande diversidade de
atrações em um mesmo lugar. Em relação
à expansão, hoje recebemos dois milhões
de visitantes ao ano e estamos com uma
taxa de crescimento de 20% ao longo dos
últimos cinco anos. Dessa forma, temos
a capacidade de continuar crescendo até
2024 e chegar a 8 milhões de visitantes ou
mais. Se analisarmos os 10 maiores parques
do mundo, que são principalmente os
norte-americanos e europeus, vemos que
estes recebem entre 15 e 20 milhões de visi-
tantes por ano. Então, temos um potencial
de crescimento muito grande ainda, por
isso nosso foco é aumentar a quantidade
de atrações e brinquedos. E planejar qual
seria o momento ideal para um segundo
parque. Porém, provavelmente, este ain-
da seria aqui no Brasil e não no exterior.
163
Da periferia à prioridade
POLÍTICA
>> Governo e iniciativa privada reco-nhecem o sucesso da Copa realizada no Brasil. A grande questão é como aproveitar esse legado e traduzir isso em resultados que venham a fomentar o setor e, ao mesmo tempo, fazer com que o turismo entre na pauta da agenda econômica como fator de desenvolvimento e inclusão social. As propostas são muitas. A questão é saber se este novo olhar sobre a força desta indústria pode levar à medidas que permitam o setor a alcançar um padrão de qualidade mais elevado, expresso em números e resultados.
Ao mesmo tempo em que destaca a boa imagem do país no exterior, o ministro do Turismo, Vinícius Lages, reconhece que é preciso defi nir uma estratégia de ação para transformar as nossas vantagens comparativas, em vantagens competitivas. Ou seja, transformar em negócios o nosso ganho de imagem. Entre as mudanças propostas está a transformação da Embratur numa agência com recur-sos próprios. Já para o presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação (FBHA), Alexandre Sam-paio, é preciso aproveitar os bons resultados obtidos com a Copa para defi nir com os players e atores desta indústria a criação de uma plataforma
com um grande programa conjunto de ações, para que, assim, não se percam as oportunidades geradas com o sucesso do Mundial como grande evento catalisador e instrumento de divulgação do nosso país.
Nesse contexto, o Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Turismo (Fornatur), entidade que defende uma política de fomento para os estados, alerta para as mudanças decorren-tes das eleições nas esferas federal e estadual, e que possam representar alguma interrupção nos programas de desenvolvimento do setor. Oreni Braga, presidente do Fornatur, reconhece que as indicações para cargos no país deixam de lado o critério técnico para colocar a questão política como prio-ritária. Já a Associação Nacional dos Secretários e Dirigentes de Turismo das Capitais e Destinos Indutores (Anse-ditur), associação que busca valorizar os destinos turísticos, lembra que já é hora dos governantes entenderem o turismo como indústria de servi-ços capaz de impactar em diferentes áreas. Na opinião de Luiz Fernando Moraes, vice-presidente da Ansedi-tur, a partir da Copa o turismo deve ser visto pelas autoridades e futuros governantes como uma ferramenta capaz de contribuir efetivamente para
o desenvolvimento econômico e gerar maior integração.
A discussão sobre os rumos do setor e as políticas de promoção no exterior passam, obrigatoriamente, pela ques-tão da competitividade. O presidente da Brazilian Incoming Travel Associa-tion (Bito), Salvador Saladino, alerta que é preciso rever o chamado “Custo Brasil”. Sem medidas de incentivo e sem redução da carga tributária, ele acredita que o país não tem como vir a competir com outros destinos internacionais em condições compa-rativas, uma vez que não tem preços competitivos e nem um padrão de qualidade no turismo receptivo. Já Luciana Fernandes, diretora de Marke-ting do Ministério do Turismo (MTur), destaca a força do turismo doméstico e a necessidade de se reinventar pro-dutos e programas de incentivo que levem o brasileiro a trocar as viagens internacionais pelos roteiros nacionais.
Governo e iniciativa privada têm, dian-te de si, um grande desafi o: levar o setor a ser um gerador de renda, em-prego e investimento, de modo a fazer com que o turismo deixe de ocupar uma posição periférica para assumir um papel estratégico na retomada do desenvolvimento econômico.
Sucesso da Copa exige mudanças que levem o turismo a um novo patamar
LUIZ MARCOS FERNANDES
164
POLÍTICA
MTur Ministério do Turismo
Entrevista com Vinicius Lages
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> A Copa do Mundo permitiu que o
Brasil fosse consolidado como um destino
internacional de referência. Com base nos
resultados apresentados nas pesquisas
ofi ciais, o ministro do Turismo, Vinicius
Lages, diz que é hora do Governo, em
parceria com a iniciativa privada, otimizar
as ações estratégicas de promoção. Nesta
entrevista ao M&E, Lages voltou a defen-
der a transformação da Embratur numa
agência reguladora e diz que a mudança
é fundamental, não apenas, pela capa-
cidade de ampliar seu leque de atuação,
como também para adotar uma nova ação
estratégica de promoção. Segundo ele, é
hora do Brasil buscar ferramentas para
se tornar um destino mais competitivo.
MERCADO & EVENTOS - De que modo o Brasil pode aproveitar a experiência da Copa do Mundo para garantir o fortale-cimento da indústria do turismo? Vinicius Lages - O Mundial de futebol
atraiu a atenção da imprensa interna-
cional para o nosso país. Mais de 19 mil
profi ssionais de mídia se cadastraram
para cobrir os jogos. Metade da popula-
ção mundial, em algum momento, olhou
para o Brasil ao longo dos últimos 30
dias. A vocação turística do país fi cou
escancarada para o mundo. Os estran-
geiros fi caram encantados com a nossa
hospitalidade, gastronomia e nossos
ativos naturais. É preciso, agora, pensar
neste novo ciclo do turismo junto com
parceiros estratégicos, como a iniciativa
privada. Depois de mais de 11 anos desde
a criação do MTur e com o fi m da Copa
do Mundo, temos de otimizar os nossos
instrumentos de promoção e precisamos
repensar o modelo da Embratur, por
exemplo. Toda a visibilidade que tivemos
com o Mundial ajuda nesse debate.
M&E - O que os novos governantes de-vem priorizar para que o Brasil venha a receber mais turistas e ganhe uma
posição de destaque no cenário inter-nacional?Vinicius Lages - Temos de transformar as
nossas vantagens comparativas em vanta-
gens competitivas. Ou seja, transformar em
negócios o nosso ganho de imagem com a
Copa do Mundo. Os nossos ativos naturais,
por exemplo, devem ser melhor trabalhados
como atrativo turístico. É preciso repensar
o turismo como um setor estratégico para
o desenvolvimento econômico, uma área
que vem apresentando, nos últimos anos,
crescimentos acima dos registrados pela
economia global brasileira. Turismo é
um setor atraente para novos empreen-
dedores, gera emprego, renda e divisas.
M&E - Como os profi ssionais de turismo devem aproveitar o conhecimento e as novas tecnologias para obter um ganho maior em seus negócios, como o caso específi co dos agentes de viagens?Vinícius Lages - Nossas pesquisas revelam
que, cada vez mais, os turistas tomam as
decisões em ambientes digitais. É preciso
intensifi car a presença nesses meios, bus-
car qualifi cação para melhor se posicionar
na web. O turismo é um setor dinâmico,
em processo constante de evolução. É
preciso estar atento às novas tendências,
ao turista hiper-conectado. Os agentes de
viagens, como um importante elo entre o
turista e o mercado, têm papel fundamen-
tal e precisam estar antenados. O Mundial
foi rico em experiências que podem ser
consolidadas no pós-Copa. Cada vez mais,
as agências de viagens e os profi ssionais
que nela atuam tendem a ser mais consul-
tores de experiências turísticas, ajudando
a customizá-las. Mas também devem atuar
no perfi l da classe média que faz sua pri-
meira viagem, com serviços de ‘concierge’
de baixo custo, mas de forma efi ciente.
M&E - Quais as ações prioritárias do MTur para fomentar o turismo doméstico com o início da baixa temporada?Vinicius Lages - O Ministério do Turismo
e Embratur têm trabalhado de forma
integrada para ajudar a diminuir os efei-
tos da sazonalidade no setor. Também
temos conversado com a cadeia produtiva
para somarmos esforços e ampliarmos
a promoção doméstica e internacional,
atraindo visitantes para os nossos destinos
turísticos. A iniciativa mais imediata é a
construção conjunta das ações de venda,
usando os canais que o trade dispõe, e
ações promocionais compartilhadas.
M&E - O bom momento atual deve levar o setor a repensar seu posicionamento com medidas mais efetivas?Vinicius Lages - Primeiro temos que buscar
melhorar o ambiente de negócios. Com
a regulamentação das parcerias público-
-privadas para investimentos em portos
e aeroportos, e, com a fl exibilização das
contratações, já teremos um avanço con-
siderável. São pontos em que estamos
trabalhando. Outra coisa é a criação de uma
agenda de qualifi cação e educação contínua.
Por fi m, temos que reposicionar os nossos
esforços de marketing e trabalhar mais o
mercado interno. Pretendemos ainda criar
zonas especiais de serviços e incluir de
forma defi nitiva o turismo no Programa
de Aceleração do Crescimento (PAC).
166
POLÍTICA
MTur Secretaria Nacional de Políticas de Turismo
Entrevista com Vinicius Lummertz
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> A necessidade de criar maiores facili-
dades para que haja um volume crescente
de investimentos no setor é vista como
condição básica para levar a indústria do
turismo a se transformar numa verdadeira
“locomotiva”, que venha a liderar e con-
tribuir, efetivamente, para a recuperação
econômica do país na crise econômica.
Com base neste pensamento, o secretá-
rio Nacional de Políticas de Turismo do
MTur, Vinicius Lummertz, reconhece que
o sucesso na realização de megaeventos,
como ocorreu durante a Copa do Mundo,
pode fazer com que o setor deixe de ocu-
par apenas uma posição periférica, para
ganhar maior representatividade. Nesta
entrevista ao M&E, Lummertz admite que
a experiência da Copa serviu para avançar
neste processo. Para ele, agora, basta que
o país se estruture melhor e possa adotar
os ajustes necessários para se tornar mais
competitivo junto aos destinos emissores.
MERCADO & EVENTOS - Que lições positivas podemos tirar desta experiência de um megaevento como a Copa e como aplicar isso para melhoria na qualidade do nosso setor?Vinicius Lummertz - A Copa superou as
expectativas dos visitantes, na medida em
que trouxe uma vivência do estilo de vida
do brasileiro, compartilhada durante todo
o evento, coisa que não acontece em ou-
tros países, na maior parte das vezes. Isso
cria um ambiente favorável, que permite
ao turista conhecer de perto a riqueza e
diversidade da nossa gastronomia, da
nossa cultura. Daí os 98% de aprovação na
pesquisa realizada junto aos turistas. Essa
movimentação em torno da Copa acabou
gerando refl exos em diferentes setores
da economia que não tinham percepção
do grande potencial do turismo. Do lado
doméstico, pudemos ver que o brasileiro
precisa encontrar condições mais propí-
cias para estimular a cultura de viagens,
principalmente, no segmento regional.
Estamos trabalhando para isso e lançamos
recentemente a campanha #PartiuBrasil.
Claro que é apenas uma ferramenta. Não
resta dúvida que precisamos aumentar a
competitividade para tornar os produtos e
serviços mais atraentes, mas isso depende
também do crescimento na demanda. Há
um movimento geral de melhorias tanto
em hospedagem como na gastronomia
e nos serviços. Agora mesmo, empresas
começam a investir na aviação regional,
como é o caso da Azul. Tudo isso deve ser
aplicado e pensado para elevar o turismo
a um novo patamar.
M&E - Aproveitando esse bom momento da imagem gerada durante a Copa, como fazer com que esse fluxo de turistas internacionais se mantenha aquecido?Vinicius Lummertz - Não basta ter uma
boa imagem no exterior. É preciso criar
condições para atrair o turista. É o caso
de oferecer incentivos a fim de atrair
grandes cadeias hoteleiras internacionais
para cidades como Belém, Florianópolis,
Brasília e tantas outras. Também temos
que captar novos voos no exterior. Ima-
gine ter voos regulares da Luft hansa para
a região Norte trazendo alemães que
adoram o ecoturismo. São possibilidades
que temos de pensar. Temos que tornar
os destinos mais atraentes e, para isso,
uma ideia é a criação de parques temáti-
cos em destinos como o Amazonas, por
exemplo. Creio que temos de avançar e
vencer desafi os numa realidade econô-
mica marcada por altos juros e impostos
que pesam no consumo. O Brasil vive
um momento único de transformação
neste pós-Copa. O turismo, que antes
era pensado apenas como atividade de
lazer, começa a ser visto também como
atividade econômica. Foi um longo cami-
nho para que isso ocorresse. Junto vieram
os investimentos e estamos mudando o
patamar desta percepção. Nossa espe-
rança é que o turismo deixe a posição
periférica e venha a ser pensado como
gerador de empregos, investimentos,
numa posição mais central e de maior
relevância. Veja o caso de Gramado, onde
o turismo acabou benefi ciando toda a
cadeia produtiva, agregando serviços
e valor. Temos que aprender a vender
melhor o Brasil, aproveitando essa boa
imagem. Os investimentos no país ainda
são baixos. Investimos apenas 17% do
PIB e a média em outros países é de 25%.
Temos que colocar mais recursos e atrair
também investidores internacionais.
M&E - Como os agentes de viagem podem se inserir neste processo e aumentar seus ganhos?Vinicius Lummertz - Temos que ter pro-
dutos e serviços mais qualifi cados e nisto
os agentes de viagens e operadores têm
também o seu dever de casa a realizar
para melhorar seus ganhos. É preciso que
usem as novas tecnologias e diversifi quem
sua carteira de produtos. Já o Governo
pretende ajudar essa disseminação do
conhecimento por meio de parcerias com
o setor privado, trazendo novos players
que possam ajudar neste processo.
167
>> Dentro do planejamento estratégico
das políticas de fomento do MTur, um
dos setores que tem papel fundamental
tem sido o Departamento de Estudos e
Pesquisas, liderado por José Francisco
Salles. Para ele, é preciso que haja um
novo ciclo de investimentos e se adote as
novas tecnologias para melhorar o aspec-
to qualitativo das pesquisas, de modo a
propiciar dados e informações essenciais
na elaboração de políticas públicas do
setor. Veja, nesta entrevista ao M&E, sua
opinião sobre as mudanças necessárias nos
programas de promoção do país junto aos
principais destinos emissores.
MERCADO & EVENTOS - Como fazer com que todo o legado da Copa não se perca, mas venha a se transformar num fator de fortalecimento do turismo como atividade econômica?José Francisco Salles - Temos que con-
siderar a boa imagem que o país deixou
aos nossos visitantes durante a Copa e
o fato de que o Brasil esteve na mídia
internacional durante 40 dias, no exterior,
com uma audiência de 3,6 bilhões de
pessoas em todo o mundo. Temos que
aproveitar isso, sem deixar que se perca
essa imagem positiva alcançada junto
aos torcedores, para buscar novas estra-
tégias com o objetivo de comercializar e
promover nossos produtos e atrativos.
Lembro que os turistas, quando estive-
ram aqui durante a Copa, visitaram 368
cidades durante essa estada, conhecendo
de perto o que o Brasil tem a oferecer
de melhor. Findo esse ciclo, cabe a nós,
tanto da parte do governo como da ini-
ciativa privada, entender a necessidade de
realizar novos investimentos para dotar
nossos atrativos de uma melhor estru-
tura, que seja mais adequada, de modo
a fomentar ainda mais o turismo nestas
regiões. Precisamos tirar do balanço
resultados que venham a possibilitar a
elaboração de um programa de trabalho
a ser implantado a médio e longo prazo
numa parceria público-privada. Os dados
obtidos pelo nosso departamento no
Ministério do Turismo ajudam o ministro
a nortear ações e todo o planejamento
para os próximos anos. Temos ainda que
melhorar também o aspecto qualitativo
das pesquisas, pois isso é essencial na
formação de políticas públicas.
M&E - Qual deve ser a proposta dos governantes a serem eleitos em outubro para fortalecer ainda mais a indústria do turismo?José Francisco Salles - Já neste Governo,
o turismo tem estado muito em evidên-
cia. A partir de um evento deste porte,
como a Copa, fi ca comprovada a impor-
tância de um setor que já atinge 3,7%
do PIB, mas certos de que esse volume
pode, e deve, ser multiplicado. Creio que
todo planejamento estratégico deva ser
fundamentado nos números e estudos
que o MTur tem realizado. Isso já vem
acontecendo em relação a determinadas
regiões, como é o caso da América do Sul,
onde os números comprovam que, nos
últimos três anos, mais do que dobrou
o volume de visitantes destes países. A
verdade é que há muito que crescer ainda.
Basta lembrar que 61% dos que vieram
ao país, na Copa, aqui estiveram pela pri-
meira vez. Cabe aos futuros governantes
adotarem uma política de promoção e
captação para vender o Brasil como um
todo. Temos pela frente as Olimpíadas
2016 e isso será, sem dúvidas, mais uma
oportunidade para que o nosso país esteja
em evidência. O turista que aqui chega
não se limita a assistir aos jogos, mas
quer conhecer o país e toda sua riqueza.
Precisamos multiplicar o trabalho de
promoção dos países andinos como
Peru, Colômbia e Equador pelo grande
potencial que apresentam.
M&E - Quais os critérios que o Minis-tério do Turismo tem se baseado para elaboração de políticas de fomento ao turismo interno? José Francisco Salles - O nosso departa-
mento tem desenvolvido, junto a sete re-
giões do país, um contínuo monitoramento
sobre intenções de viagem. Esses dados são
utilizados permanentemente pelos nossos
técnicos na formatação de programas de
fomento ao turismo regional.
M&E - Como o agente de viagens e outros players do mercado podem aumentar seus ganhos num mercado cada vez mais competitivo?José Francisco Salles - Eu diria que hoje
em dia o cliente que entra numa agência ou
operadora já chega ali com o destino defi -
nido e informações coletadas na Internet.
Temos, no mercado, um consumidor muito
mais esclarecido em relação ao programa
de viagem que planeja realizar. Diante
disso, cabe também aos agentes de viagens
buscarem, junto à Internet e outras fontes,
informações que possam ter um poder de
convencimento baseado na equação custo
e benefício. O agente de viagens tem que
fazer uso do seu conhecimento de mercado
para oferecer ao cliente produtos e serviços
que venham a superar suas expectativas.
Para isso ele deve sempre estar atualizado.
POLÍTICA
MTur Departamento de Estudos e Pesquisas
Entrevista com José Francisco Salles
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
168
POLÍTICA
MTur Diretoria de Marketing
Entrevista com Luciana Fernandes
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> O sucesso da boa imagem do Brasil
durante a realização da última Copa levou
o Ministério do Turism (MTur) a rever
suas ações e estratégias de Marketing. Em
entrevista exclusiva ao M&E, a diretora de
Marketing do MTur, Luciana Fernandes,
anunciou o lançamento, neste mês, do Plano
de Marketing, um programa que pretende
reforçar ações do turismo regional e, ao
mesmo tempo, explorar a grande diversi-
dade gastronômica, cultural e de atrativos
junto aos principais destinos emissores, com
ênfase maior nos países da América Latina.
MERCADO & EVENTOS - Apesar dos números extremamente positivos para o setor nesta última Copa, o Brasil ainda tem que avançar. Como fazer desta experiência um legado capaz de elevar o turismo do país a outro patamar?Luciana Fernandes - A partir deste inte-
resse maior, tanto por parte dos brasileiros
como dos estrangeiros, temos pela frente
um grande desafi o, que é alimentar esse
sonho e mostrar que o Brasil de hoje tem
uma melhor infraestrutura. Para isso, exis-
tem aspectos a serem explorados, como a
riqueza da nossa cultura, a gastronomia
e tantas outras coisas. É justamente essa
diversidade que tem de ser formatada em
produtos e serviços. Para os estrangeiros,
o importante é fomentar esse interesse
despertado no estilo de vida dos brasi-
leiros, que cativou a muitos durante a
Copa. Vamos, inclusive, colocar como
grande foco das futuras campanhas no
exterior esse estilo de vida dos brasileiros.
Todo esse legado despertou no próprio
brasileiro o interesse maior em conhecer
novos destinos no país. Isso dá um novo
posicionamento a programas como o
#PartiuBrasil, que tem por objetivo jus-
tamente estimular o brasileiro a viajar.
Decidimos estendê-lo até o próximo verão,
pois a adesão das companhias aéreas,
hotéis e operadoras foi muito grande.
Vamos dar continuidade a essas campa-
nhas promocionais sempre com pequenos
ajustes, de acordo com a época do ano, e a
ideia é usá-la até nas férias de fi nal de ano.
M&E - Em outubro, teremos eleições nas esferas federal e estadual. De que modo os governantes devem tratar o setor e tornar o país mais atraente para os visitantes estrangeiros?Luciana Fernandes - Devemos procurar
explorar nossos produtos e segmentos eco-
nômicos relacionando-os ao turismo. Isso
representa vender a moda, a gastronomia, a
produção de bens e serviços atrelando-os ao
turismo. Produtos como café ou a cachaça,
por exemplo, podem ser comercializados
trazendo consigo uma imagem capaz de
despertar nos estrangeiros um interesse no
nosso país. Claro que precisamos avançar
em alguns aspectos, como na qualidade do
nosso turismo, e isso passa também pela
melhor qualifi cação da nossa mão de obra.
Nós temos que trabalhar cada vez mais essa
qualifi cação do nosso receptivo, com treina-
mentos, cursos e todo um trabalho de médio
e longo prazo. Tudo isso é responsabilidade
tanto do Governo como do setor privado.
Podemos observar que muitas vezes são
oferecidos programas e oportunidades para
que o setor se qualifi que melhor, mas essa
oferta nem sempre tem uma resposta por
parte dos prestadores de serviços na área do
turismo. Essa cultura tem que ser mudada.
Precisamos de investimentos e uma integra-
ção maior entre governo e setor privado.
M&E - Como os agentes de viagens podem aproveitar o crescimento na demanda do turismo interno para ter um ganho maior em suas vendas?Luciana Fernandes - Nas novas campanhas
que o MTur está elaborando estamos refor-
çando em muito a importância do turismo
regional. Neste sentido, as operadoras e
agências de viagens têm que procurar se
integrar a essas ações com a formatação
de produtos e serviços, de modo a des-
pertar no cliente o desejo cada vez maior
de viajar. E isso se consegue com pacotes
que tenham produtos que atendam à ex-
pectativa do cliente e, ao mesmo tempo,
sejam competitivos em comparação com
os praticados nas viagens internacionais.
M&E - Quais as ações que, a partir de agora, devem merecer uma atenção maior para que o setor possa obter mais representatividade e qualidade?Luciana Fernandes - Creio que vive-
mos, nesta primeira década, um ciclo
de consolidação e estruturação do setor.
A partir de agora, nossa meta é voltar
as ações para a comercialização e novas
parcerias, aproveitando o bom momento
da imagem do país. Para isso, contamos
com o apoio do trade e do setor privado,
num trabalho articulado conjunto, que
possa, efetivamente, dar resultados não
apenas para o setor, mas também para a
economia do país, já que houve uma maior
percepção de como o turismo pode trazer
consigo investimentos e geração de renda
e emprego. Isso não pode ser esquecido
e o sucesso dos megaeventos mostra que
o país tem condições de realizá-los com
competência. Os resultados benefi ciam
não apenas a cadeia produtiva do turismo,
mas a sociedade como um todo.
170
POLÍTICA
Embratur Instituto Brasileiro de Turismo
Entrevista com Vicente Neto
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> Responsável pela política de promoção
e comercialização do Brasil, a Embratur
deu início, após o término da Copa, à
implementação de uma nova estratégia
visando mostrar a diversidade de atra-
tivos do país por meio de campanhas e
ações. Nesta entrevista, o presidente da
Embratur, Vicente Neto, destaca como
principal legado o fato do Brasil ter se
consolidado como grande organizador
de eventos internacionais e defende a
transformação do Instituto em agência,
bem como um diálogo permanente com
setores de hotelaria e aviação para manter
a competitividade do país no exterior.
MERCADO & EVENTOS - Qual foi o grande legado do Brasil com a realização da Copa para a indústria do turismo?Vicente Neto - Para o turismo brasileiro, o
torneio foi uma oportunidade de milhares
de visitantes estrangeiros conhecerem
o país, de vivenciarem a diversidade da
nossa cultura, da nossa gastronomia,
de conhecerem o nosso povo. Temos
alguns resultados fáceis de mensurar,
como o faturamento de R$ 500 milhões
das micro e pequenas empresas durante
o evento e as obras que modernizaram
nossos aeroportos. Há outros difíceis de
medir, como a qualifi cação de milhares de
trabalhadores. Os visitantes estrangeiros
que estiveram no Brasil em junho e julho
gastaram US$ 1,58 bilhão. Lembro que
em julho, a entrada de divisas, também
recorde para o mês desde 1947, somou
US$ 789 milhões, valor pouco abaixo dos
US$ 797 milhões de junho. Na compara-
ção com o mesmo período de 2013, houve
aumento de 60%. Os números mostram
que o turismo é uma importante fonte de
divisas para o Brasil. Estamos trabalhando
para melhorar ainda mais esses resultados.
M&E - O que muda no processo de comercialização e nas campanhas da Embratur em função do sucesso da Copa?
Vicente Neto - A imagem do Brasil foi
modifi cada após a realização do evento.
Pesquisa realizada pelo Ministério do
Turismo revela que 95% dos visitantes
internacionais têm intenção de retornar
ao país e que 61% dos turistas brasileiros
visitaram as cidades pela primeira vez.
Além disso, a experiência turística superou
ou atendeu plenamente as expectativas de
todos que estiveram no Brasil durante o
Mundial. Não restam dúvidas que a Copa
ajudou a consolidar o Brasil como grande
organizador de eventos internacionais.
Posso afi rmar que o sucesso na realização
do evento nos permitiu oferecer ao mun-
do e ao Brasil uma experiência turística
fantástica. Temos uma diversidade de
produtos que deve ser valorizada.
M&E - Recentemente, o ministro do Turismo, Vinícius Lages defendeu um novo papel para a Embratur e a transformação do Instituto numa agência de promoção. Como vê essa ideia? Vicente Neto - Sou favorável a ideia que
vai dotar a Embratur de maior agilida-
de e meios para atrair investimentos e
promover a comercialização de serviços
do setor. Isso certamente facilitaria o
trabalho já realizado na promoção do
Brasil como destino turístico. O trabalho
de promoção turística do país como sede
de grandes eventos esportivos começou
em 2010, sempre buscando ampliar o
conhecimento do Brasil e de toda sua
diversidade, mostrando os nossos atra-
tivos para viagens de negócios, lazer,
família, esporte, aventura e natureza. Se
tivermos mais recursos e liberdade de
ação, certamente isso contribuirá, e muito,
para ajudar na promoção e divulgação do
nosso país junto aos destinos emissores.
M&E - Um dos desafi os para atrair mais turistas diz respeito ao alto custo da hotelaria, da aviação e outros serviços. Como mudar esse quadro e tornar o país mais competitivo?Vicente Neto - Eu diria que os altos
preços são um obstáculo sim. No ano
passado a Embratur liderou, dentro do
Governo Federal, uma iniciativa de com-
bate a preços fora do padrão. Isso resultou
na criação de um comitê nacional de
acompanhamento, que hoje é coordena-
do pelo Ministério da Justiça. Criamos
um canal de diálogo com os diversos
segmentos da cadeia para evitar que o
Brasil fi que marcado como um destino
caro. Recentemente, por ocasião da Copa,
operadores da Argentina sinalizaram
para a Embratur a difi culdade da venda
de pacotes por conta dos preços. Então,
estamos em um processo de diálogo per-
manente, especialmente com companhias
aéreas e redes hoteleiras para evitar este
tipo de problema. O Governo Federal
recebeu, dos segmentos organizados,
uma pauta para desoneração. Parte dela
já foi atendida e estamos discutindo agora
outros temas. No caso das companhias
aéreas, não foi possível ainda tratar da
temática relativa ao combustível, que
elas alegam ser algo que difi culta a re-
dução dos preços. Mas o debate em si já
provocou a sensibilização de duas das
maiores aéreas do país. Buscamos um
diálogo permanente.
171
POLÍTICA
CNC/FBHAEntrevista com Alexandre Sampaio
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
>> Diante das mudanças no quadro po-
lítico do país, em função das eleições
em outubro, o Conselho Empresarial de
Turismo e a Confederação Nacional do
Comércio de Bens, Serviços e Turismo
(CNC) discutem propostas para uma
reavaliação do papel do Ministério do
Turismo junto ao mercado, bem como
propostas para o fortalecimento do setor.
Com base nestes argumentos, Alexandre
Sampaio, presidente do Conselho de Tu-
rismo da CNC e também da Federação
Brasileira de Hospedagem e Alimentação
(FBHA), alerta que o país não deve perder
mais tempo e propõe que as operadoras de
turismo venham a colocar o produto Brasil
nas prateleiras dos destinos emissores.
MERCADO & EVENTOS - Dentro da experiência do Brasil com a Copa do Mundo, qual deve ser a estratégia do setor diante desta maior visibilidade do país no exterior?Alexandre Sampaio - O mais importante
neste chamado legado foi comprovar que
o Brasil tem plenas condições de receber
bem o turista internacional, e mais do que
isso, apresenta condições, e até uma razoá-
vel infraestrutura, como destino turístico.
A partir de agora é preciso consolidar os
destinos emissores e colocar na prateleira
de venda das operadoras internacionais
os nossos produtos e destinos. Com a
Copa se despertou no mercado inter-
nacional um maior interesse pelo nosso
país, principalmente da parte daqueles
que não vieram, e estão curiosos. Preci-
samos discutir com as associações como
a Bito, a Abav e a Braztoa estratégias de
comercialização de modo a criar meca-
nismos que possam levar esse processo
de captação de turistas a se materializar.
Não vejo possibilidades da Embratur
fazer esse trabalho sozinha e de modo
ágil. Todo esse processo tem que envol-
ver um planejamento estratégico e até se
repensar o papel da Embratur para que
venha a atuar como uma Apex do turismo.
M&E - Em relação ao receptivo, como melhorar o padrão de atendimento? Qual o papel das agências e operadoras neste contexto com o uso das novas tecnologias?Alexandre Sampaio - A questão hoje é
não interromper o trabalho iniciado com
o Pronatec empresa. Há que se buscar
uma continuidade com os ajustes que se
fi zerem necessários. Temos as Olimpíadas,
em 2016, e precisamos aprimorar alguns
quesitos, como é o caso da difi culdade de
comunicação do brasileiro com os estran-
geiros em função da defi ciência no uso
de línguas estrangeiras, principalmente
o inglês, uma língua universal. Essa foi
uma deficiência constatada principal-
mente na mão de obra de alguns serviços
como táxis e no atendimento em bares e
ambulantes. É preciso buscar soluções ou
aplicativos que facilitem a comunicação.
No caso dos agentes e operadores, creio
que este segmento vem desenvolvendo
um trabalho consolidado usando novas
tecnologias e toda a expertise. Ninguém,
hoje em dia, se limita mais a fi car apenas
na expectativa de uma comissão.
M&E - O mercado doméstico ainda não
tem um leque variado de produtos, preços e serviços que possam estimular o brasileiro a conhecer melhor seu país. Qual a saída?Alexandre Sampaio - Antes de mais
nada é preciso que o Governo faça cam-
panhas estimulando o brasileiro a viajar.
Mas, isso, apenas não basta. É preciso
buscar linhas de financiamento que
deixem as viagens ao alcance do bolso
do brasileiro. Temos inúmeros progra-
mas na economia com parcelamentos e
facilidades de pagamento e essa estra-
tégia deveria também ser adotada no
turismo. Creio que é preciso formatar
produtos e torná-los mais acessíveis
numa parceria com o setor privado.
O programa #PartiuBrasil já é uma
boa iniciativa, mas não basta. Temos
que envolver os players e fornecedores
para um trabalho estratégico que possa
estimular o brasileiro a conhecer sua
região e outros estados que não o seu.
M&E - A Copa do Mundo mostrou que o turismo pode gerar renda e emprego. Os futuros governantes devem aprender essa lição e olhar o nosso setor como estratégia de desenvolvimento econômico?Alexandre Sampaio - Sem dúvida que
há um novo olhar sobre o nosso setor.
Em algumas regiões essa percepção até
já existe, como é o caso do Nordeste.
Mas creio que o mais importante em
todo esse processo foi perceber de que
modo o setor pode influenciar outras
áreas da economia de modo positivo. Os
novos governantes devem se atentar para
uma dotação orçamentária satisfatória. É
preciso criar no país instrumentos para
que o turismo venha a ser um fator de
desenvolvimento da economia. É preciso
criar um ambiente favorável e propício,
mas com base em dados e estatísticas.
Sabemos muito pouco sobre o impacto do
turismo em outros setores da economia.
172
POLÍTICA
Sebrae NacionalEntrevista com Luiz Barretto
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> O presidente do Sebrae Nacional,
Luiz Barretto, ex-ministro do Turismo,
considera que os agentes de viagens e
demais profissionais do setor devem
buscar sempre se atualizar e utilizar as
novas tecnologias para conhecer melhor
o mercado onde atuam. Para ele, é preciso
aproveitar a experiência bem sucedida do
Brasil durante a Copa fora dos gramados
para tirar lições importantes.
MERCADO & EVENTOS - Com o término da Copa, de que modo o Brasil pode aproveitar essa experiência para o for-talecimento da indústria do turismo?Luiz Barretto - O Brasil recebeu milhões
de turistas durante o megaevento e superou
as expectativas de outras Copas quanto
ao conforto e segurança dos estádios, boa
qualidade dos transportes e a hospitalidade
dos brasileiros, que encantou todo o mundo.
Segundo estimativas da Fundação Instituto
de Pesquisas Econômicas (FIPE), R$ 30
bilhões devem ser injetados na economia
de nosso país, dos quais R$ 6 bilhões no
turismo. Isso signifi ca que temos potencial
para atrair mais turistas a partir desse legado
econômico e de toda a estrutura gerada, bus-
cando ampliar a nossa posição em captação
de eventos não só de caráter esportivo, mas
em outros segmentos importantes, como
os científi cos, da educação, dos esportes
náuticos, da saúde e lazer, da cultura e en-
tretenimento e da gastronomia. Eu diria que
todo o trabalho realizado em parceria com
os pequenos empresários, tanto no setor de
serviços (onde se inclui o turismo) como
em outras áreas, trouxe experiências bem
sucedidas. Até pequenos negócios, como os
hostels, acabaram descobrindo um mercado
até então pouco explorado no país. Foram
geradas muitas oportunidades.
M&E - Como tornar o país mais atraente para os turistas estrangeiros e como aumentar o fl uxo de visitantes?Luiz Barretto - Já na Copa das Confe-
derações, no ano passado, tivemos um
pré-vestibular para os empresários e agora,
com a Copa da Mundo, um resultado
expressivo, principalmente ao colocar o
país com maior visibilidade no mercado
internacional, atraindo assim o interes-
se de empresas internacionais. A Copa
acabou se transformando numa verda-
deira vitrine ao colocar o país, com sua
cultura e tradições, em exposição. Isso
se estende também a outras áreas, como
a gastronomia e o artesanato. Tudo isso,
sem sombra de dúvidas, serve para que
o mercado use os cases de sucesso para
explorar nichos de mercado e promover
nosso destino no exterior. As próprias
agências e operadoras também poderão
se beneficiar criando novos roteiros e
produtos. Creio que a experiência da
Copa foi um grande vestibular onde fomos
aprovados e temos que aproveitar tudo
isso para fortalecer a economia do setor.
Toda essa exposição despertou nos turistas
estrangeiros maior interesse pelo nosso
país. Por isso, devemos aproveitar o legado
da Copa, que gerou maior competitividade
e melhor qualifi cação, com empresas que
passaram a contar com certifi cações. Creio
que com a Copa houve uma grande inte-
gração dos países da América do Sul e que
devem continuar a merecer uma atenção
especial nos programas de promoção e
comercialização.
M&E - Quais devem ser as prioridades dos novos governantes que serão eleitos em outubro?Luiz Barretto - É fundamental a imple-
mentação de políticas públicas voltadas
para explorar o potencial turístico nos
diversos destinos de nosso país, estimu-
lando a atração de investimentos exter-
nos, bem como investir na qualidade da
formação profi ssional e na melhoria da
infraestrutura turística, com ênfase na
mobilidade como um vetor de inclusão.
Adicionaria a construção de um plano
estratégico considerando a avaliação do
Índice de Competitividade dos Destinos
Nacionais, ferramenta desenvolvida pelo
Ministério do Turismo, Sebrae e Fundação
Getúlio Vargas, para mensurar o nível de
desenvolvimento do turismo nacional.
Os novos governantes vão receber esse
Brasil do pós-Copa, que ganhou uma
nova imagem no exterior. Temos toda
a logística e um imenso potencial a ser
explorado neste país e o Sebrae tem dado
também sua contribuição nesse processo
de melhoria do produto e dos serviços,
fatores fundamentais para que venhamos
receber mais e mais turistas.
M&E - Como os profi ssionais de turismo devem aproveitar o conhecimento e as novas tecnologias para obter um ganho maior em seus negócios?Luiz Barretto - A presença nas mídias
sociais é fundamental para a sobrevivência
dos pequenos negócios. O Google apon-
ta que 105 milhões de brasileiros estão
conectados à internet e deste total 82%
usa a internet como fonte de informação
para fechar uma viagem. Logo, novos
modelos de negócios virtuais aparecem
como forte estratégia de fi delização do
viajante. O e-commerce surge como uma
forma de agregar vantagens competiti-
173
POLÍTICA
Sebrae NacionalEntrevista com Luiz Barretto
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
vas às pequenas agências de viagens que
precisam se adaptar rapidamente ao mer-
cado digital, inovando, não somente por
meio do preço e canais de distribuição
mais baratos, mas também por meio de
produtos, tempo para comercializar e na
forma de relacionamento com o viajante.
No Sebrae, disponibilizamos soluções
educacionais voltadas para a inclusão dos
pequenos negócios no ambiente digital e
apoio a projetos de startups no setor de
serviços. Creio que, com a experiência
destes megaeventos, os profi ssionais de
turismo e de outras áreas da economia
puderam perceber os inúmeros benefícios
gerados pelo crescimento na demanda.
Creio que o conhecimento do produto e
das ferramentas para uso das novas tec-
nologias é fundamental tanto no caso do
agente de viagens como para profi ssionais
deste setor. Cada vez mais é importante
que o mercado se capacite, se qualifi que
para aproveitar melhor as oportunidades
geradas. É preciso se atualizar constante-
mente e a internet facilita muito o acesso
a informação.
M&E - Quanto o Sebrae vem investindo em capacitação e empreendedorismo?Luiz Barretto - De olho no segmento
de turismo, serviços e artesanato, entre
outros, o Sebrae Nacional investiu este
ano R$ 90 milhões em programas de ca-
pacitação e empreendedorismo do micro e
pequeno empresário. Foram benefi ciadas
no Programa Sebrae 2014, ao todo, 43.910
micro empresas e que acabaram gerando
negócios acima da marca dos R$ 500
milhões. Essa alavancagem mostrou que
setores como áreas de turismo, artesanato,
serviços tiveram resultados expressivos. Já
o Sebrae/RJ lançou o Programa Sebrae In-
teligência Setorial, portal de informações
estratégicas destinado a apoiar os empre-
sários de turismo em tomadas de decisões.
174
POLÍTICA
Anseditur Entrevista com Luiz Fernando Moraes
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> Na defesa dos interesses dos principais
destinos turísticos nacionais, a Associação
Nacional dos Secretários e Dirigentes de
Turismo das Capitais e Destinos Indutores
(Anseditur) reconhece que é hora dos
dirigentes e governantes reverem seus
conceitos e buscarem a adoção de uma
política estratégica capaz de elevar o setor
a um patamar mais alto. Nesta entrevista
ao M&E, o vice-presidente da Anseditur,
Luiz Fernando Moraes, secretário de
Turismo de Porto Alegre, reconhece a
importância na elaboração de uma política
de fomento junto aos destinos emissores.
MERCADO & EVENTOS - Com o término da Copa, como o Brasil pode usar essa experiência para fortalecer o turismo?Luiz Fernando Moraes - Temos que apro-
veitar toda essa experiência positiva da Copa
para um processo de aprendizagem em vários
níveis. Passamos muito tempo errando na
governança deste processo, com políticas
equivocadas e até de competição entre áreas
que trabalham com um mesmo objetivo.
Com a Copa se percebeu a importância de
um trabalho articulado para realização de
grandes eventos benefi ciando todo o setor e a
economia, num nível de comprometimento
altamente profi ssional. Neste quesito, o brasi-
leiro demonstrou a capacidade de se adaptar
e adotar medidas de receptivo diante de uma
nova realidade, com a chegada de um grande
volume de turistas estrangeiros. Creio que
o grande legado foi mostrar que o país tem
plenas condições de realizar megaeventos, e
obter maior credibilidade para realização das
Olimpíadas. Houve um aumento no padrão
de atendimento mas precisamos aprimorar
ainda mais esse atendimento aos estrangeiros.
M&E - Em outubro haverá eleições. O que os novos governantes devem priorizar para que o setor ganhe maior representatividade?Luiz Fernando Moraes - A maior visibilida-
de do Brasil deve ser trabalhada por todos
aqueles que realizam ações de promoção e
comercialização no exterior, possibilitando,
assim, a vinda de mais turistas ao Brasil.
Havia muitas dúvidas, tanto aqui como no
exterior, sobre a capacidade do nosso país
de receber bem turistas em megaeventos
como a Copa, e isso foi superado com o
sucesso do evento. Lembro que todas essas
experiências acabaram se concentrando
nas cidades-sede e, com isso, se permitiu
aumentar e melhorar os serviços de recep-
tivo. Muitos não acreditaram no potencial
destes megaeventos e acabaram perdendo
a oportunidade de fazer bons negócios
De acordo com Claudia Pessoa, presidente da Anseditur, a associação deve buscar ampliar seu papel em defesa do desenvolvimento dos municípios com potencial turístico. Ela lembra que a associação é uma entidade que reúne dirigentes e secretários municipais de turismo. “Nossa grande conquista são as trocas de experiências positivas de cada cidade e compartilhamento destas ideias com objetivo comum de fortalecer o turismo brasileiro. Temos tido uma ótima interlocução com o Ministério do Turismo, acompanhando e propondo programas e ações à política nacional do setor. Durante a Abav, deve-mos discutir a mudança de estatuto para
que o nosso programa de ação não fi que restrito apenas aos 65 destinos indutores”, revela. Claudia lembra que a Anseditur já ressalta a brasilidade, a diversidade e a ri-queza das cidades em idiomas para serem distribuídos em feiras e eventos. Para ela, o turismo é um setor importante da economia e deve entrar na pauta de todo gestor. “O Nordeste é uma região de destaque no cenário nacional e tem ações de promoção específi cas para o mercado exterior, como é o exemplo da BNTM, organizada pela CTI/NE”. Ela destaca também as parcerias com a Embratur para apoiar a captação e promoção de eventos internacionais no Brasil.
Mudança de estatuto para maior representatividade
na Copa. O turismo, como indústria de
serviços, passou a ter uma visibilidade
maior nos diversos setores da economia e
da sociedade, impactando em muitas áreas
e deve ser visto pelos futuros governantes
como uma ferramenta capaz de contribuir
efetivamente para o desenvolvimento eco-
nômico e maior integração.
M&E - Como os profi ssionais de turismo devem aproveitar o conhecimento para ganhar mais nos negócios?Luiz Fernando Moraes - Creio que os
profi ssionais de turismo devem sempre
se atualizar e formatar produtos. O que
observamos é que não são apenas agên-
cias, operadoras e outros segmentos que
investem muito pouco para melhorar e
qualifi car seus produtos. Falta ao empre-
sário e aos profi ssionais acreditarem neste
segmento e investirem mais. Veja o caso
específi co de um destino como Gramado,
onde mais de 90% de seus produtos e
serviços são privados. Há um espírito de
empreendedorismo no setor, a exemplo do
que acontece em outros destinos e países.
Lembro que nos Estados Unidos não existe
um Ministério do Turismo. Precisamos
mudar essa cultura de que toda a estra-
tégia do turismo depende do Governo.
175
POLÍTICA
Bito Brazilian Incoming Travel Organization
Entrevista com Salvador Saladino
AbavExpo Internacional
Setembro 2014Mercado & Eventos
>> O sucesso da Copa no Brasil permitiu
ao país uma demonstração de competên-
cia e hospitalidade em relação aos turistas,
gerando, com isso, uma imagem positiva.
Mas a comercialização do nosso destino
junto aos operadores internacionais es-
barra no alto custo e na comparação com
outros destinos concorrentes, inviabili-
zando assim um crescimento do turismo
internacional num ritmo mais acelerado.
A constatação é do presidente da Brazilian
Incoming Travel Organization (Bito),
Salvador Saladino, que no próximo mês
encerra sua atual gestão. Nesta entrevista,
Saladino cita, entre os obstáculos para o
crescimento do fl uxo internacional, o alto
preço das passagens aéreas, bem como
de fornecedores (como a hotelaria), e a
necessidade na melhoria do padrão de
atendimento do nosso turismo receptivo.
MERCADO & EVENTOS - Como o Brasil pode aproveitar a boa imagem gerada do país no exterior? Teremos ganhos no turismo internacional?Salvador Saladino - Não restam dúvidas
de que a Copa, como evento mundial,
gerou uma ótima imagem do país. Mas
lembro, uma vez mais, que a Copa do
Mundo foi um evento estritamente corpo-
rativo. Um evento que tinha suas normas,
apoiadores e patrocinadores. Ou seja,
empresas que conduziram todo o processo
e, por isso mesmo, geraram pouco em
resultados para o mercado. Basta observar
os resultados, seja por parte dos organi-
zadores de eventos, das operadoras, das
agências de viagens. O que quero dizer é
que o grande fl uxo de turistas durante o
evento já tinha toda uma programação
específi ca, previamente organizada. Claro
que existem casos e casos, mas no geral,
o resultado para as operadoras de recep-
tivo não se traduziu em números. Mais
de 60% das operadoras em São Paulo
não tiveram ganhos com a Copa. Claro
que houve alguns resultados isolados.
M&E - Acredita que já é hora dos futuros governantes terem um novo olhar para essa indústria do turismo? Como incluir o setor na pauta da economia do país e tornar o país mais competitivo no cenário internacional?Salvador Saladino - Essa é a nossa espe-
rança. Até hoje o governo não reconheceu
o turismo como fator de desenvolvimento
sócio-cultural. Tanto é assim que não
existe ainda um plano (a curto, médio e
longo prazo) sustentável que possa fazer
com que o setor venha a ser contemplado
e possa atuar de forma independente dos
governos e dirigentes. Hoje, o quadro é
pouco animador e o MTur tem um leque
de atuação limitado. Mas a questão não
é bem essa. O grande problema para se
vender o Brasil como destino é que, apesar
de estarmos nas prateleiras das operado-
ras, somos um país caro. Eu lembro que
há um ano, criamos uma comissão para
discutir esse tema. Basta você traçar uns
comparativos com outros destinos, como
é o caso de Cuba. Estive lá neste ano e
pude comprovar que um europeu gasta,
por uma semana, num belo de um resort
com aéreo, cerca de US$ 1 mil. Entaõ você
compara com os nossos preços e vê que
estamos muito acima disso. O mesmo
acontece com o nosso receptivo, que
precisa melhorar seu padrão de atendi-
mento e ter um maior profi ssionalismo,
como acontece em outros países que
oferecem uma infraestrutura invejável
no atendimento ao turista. O preço do
transporte aéreo é outra problemática.
Na época da Varig tínhamos o Brasil Air
Pass, que era um sucesso e permitia ao
turista visitar diversas capitais do país
pagando tarifas econômicas. Hoje isso
já não acontece mais. Não temos sequer
mais uma companhia de bandeira como
era o caso da Varig, que criava todas as
facilidades para promover e divulgar o
país. O governo não dá subsídios para a
aviação, mas o faz para outros setores da
economia. Em outros países as compa-
nhias aéreas receberam ajuda nos períodos
da recessão, mas aqui, não.
M&E - Em relação aos agentes de via-gens e operadores, qual deve ser o po-sicionamento destes profissionais na conjuntura atual?Salvador Saladino - Eu diria que hoje,
com as novas tecnologias, vivemos novos
tempos. Uma mudança que veio para fi car
e que obriga aos profi ssionais do setor a
se adaptarem rapidamente, tanto no que
se refere aos novos conhecimentos, como
na sua carteira de produtos. No confronto
com as OTAs temos uma questão maior
a refl etir, que é a questão cultural. Houve
um tempo em que havia produtos e ser-
viços que atendiam ao turista que vinha
ao Rio de Janeiro de modo exemplar. Só
que as mudanças econômicas afetaram
diretamente a qualidade dos serviços.
O turista hoje em dia está em busca de
diversão e entretenimento e conta com a
internet como fonte de informações. Veja
na Europa, o modelo de vendas buscou se
atualizar e agora o turista encontra numa
loja que comercializa pacotes, informações
do destino e um leque de operadoras que
trabalham com o mesmo. Vende quem
tem melhor produto e melhor qualidade.
176
POLÍTICA
Fenactur Federação Nacional de Turismo
Entrevista com Michel Tuma Ness
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> A aprovação da lei que regulamenta
a atividade dos agentes de viagens e a
realização da Copa do Mundo foram
assuntos que movimentaram o turismo
nos últimos meses. Para Michel Tuma
Ness, presidente da Federação Nacional
de Turismo (Fenactur), a nova Lei ajuda
a separar o profi ssional do amador. Ao
mesmo tempo, ele lamenta os artigos
vetados, que fi zeram com que a legisla-
ção continue a não garantir a defesa dos
legítimos direitos dos agentes. Sobre a
Copa, Michelão é enfático ao dizer que
poderia ter sido melhor, apesar dos bons
resultados e da avaliação positiva dos
turistas estrangeiros em relação ao Brasil.
MERCADO & EVENTOS - Entrou em vigor, em maio, a Lei 12.974, que regulamenta a atividade das agências. E agora, o que muda efetivamente para os agentes? Qual o papel deste profi ssional nesse novo cenário do turismo brasileiro?Michel Tuma Ness - A sanção da Lei res-
gatou a dignidade da atividade de agente
de viagens. Deixamos de ser marginaliza-
dos e passamos a ser reconhecidos como
profissionais de turismo. Poderíamos
comemorar ainda mais se a presidente
Dilma não tivesse vetado artigos que
mantiveram inalterada a responsabilidade
solidária das agências de viagens. Se a
intenção do Legislativo era “delimitar”
a atuação dos agentes de viagens, ela
acabou sendo frustrada com os vetos da
presidente. Estes vetos nos mostram que
se faz necessária uma revisão do Código
de Defesa do Consumidor.
M&E - Qual o verdadeiro impacto da Copa de 2014 para o turismo como um todo, não apenas na recepção de estrangeiros?Michel Tuma Ness - A avaliação foi bas-
tante positiva, em especial pela hospi-
talidade com que recebemos os turistas
estrangeiros. Para o turismo, a Copa ob-
teve excelentes resultados financeiros,
pois tivemos hotéis e aviões com altas
ocupações e o setor da gastronomia “bom-
bando”. Apesar da Copa ter sido iniciada
com canteiros de obras nos estádios, das
gambiarras feitas nos aeroportos e do não
cumprimento das metas de infraestrutura
estabelecidas pelo Governo; o êxito do
torneio foi positivo. Espero que a Copa
tenha deixado, como maior legado, a
reflexão e aprendizado para que erros
não se repitam.
M&E - Como as empresas do setor devem se preparar para este novo momento?Michel Tuma Ness - Devem fazer a li-
ção de casa! Devem se profi ssionalizar
e automatizar, seguindo as tendências
do mercado. No momento atual, não
existe espaço para amadores. Devem ser
criativos. É necessário praticar excelência
de serviços. Afi rmo, sem medo de errar,
que investir e acreditar no turismo é se
preocupar com o país como um todo.
Bem receber, seja o visitante interno ou
estrangeiro, é cuidar para que a expe-
riência desse viajante seja única. Desde
a chegada, não importando o meio de
transporte utilizado, sem contra tempo
ou dissabores, passando pela hospedagem
nos diferenciados níveis, os roteiros, a
gastronomia e principalmente o bom e
efi ciente atendimento em cada uma das
etapas da viagem. Se praticarmos tudo
isso, tenho a certeza que as agências de
turismo farão a sua parte.
M&E - A divulgação dos vários destinos brasileiros durante a Copa pode aumentar a vontade dos brasileiros de viajar e consequentemente desenvolver ainda mais o mercado doméstico?Michel Tuma Ness - É visível a crescente
demanda doméstica/regional por viagens,
o que, sem dúvida, gerará um grande
volume de negócios. Cabe às grandes
operadoras criarem alternativas de paco-
tes com grande apelo promocional, com
baixo custo e que motivem os turistas
brasileiros a conhecerem o Brasil. Po-
rém, para que isto aconteça, deve haver
investimentos crescentes, tanto por parte
da iniciativa privada como pelo governo,
visando garantir que o desenvolvimento
da infraestrutura acompanhe as novas
exigências e o momento atual. Outros
pontos fundamentais para incrementar o
desejo de viajar pelo Brasil são os preços
das diárias da hotelaria e das passagens
aéreas domésticas, por vezes, mais caras
do que as passagens internacionais.
M&E - O prejuízo causado pela queda das viagens no período da Copa pode ser compensado, em longo prazo, com o aumento das viagens domésticas?Michel Tuma Ness - Cabe ao Governo
criar alternativas que venham a facilitar o
exercício das atividades dos agentes de via-
gens e que permitam aos mesmos o direito
sagrado de receber pelos serviços prestados
e que lhes possibilitem pagar e honrar seus
compromissos. Caso isto não aconteça, va-
mos assistir ao fi m do nosso negócio, com o
encerramento e fechamento de agências tra-
dicionais, fato este que já está acontecendo.
178
POLÍTICA
Fornatur Fórum Nacional dos Secretários e Dirigentes Estaduais de Turismo
Entrevista com Oreni Braga
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> Responsável pela elaboração de po-
líticas de fomento nos estados, o Fórum
Nacional dos Secretários e Dirigentes
Estaduais de Turismo (Fornatur) vê de
forma positiva o sucesso nas cidades-sede
pela realização da Copa. Ao mesmo tem-
po, Oreni Braga, presidente do Fornatur,
manifesta sua preocupação com as eleições
nas esferas federal e estadual, já que isto
representa novas políticas de Governo e,
talvez, a interrupção de programas que
favorecem o setor. Segundo ela, o aspecto
técnico deve superar a questão política
na indicação dos novos secretários de
Turismo. Oreni vai além, e defende a
flexibilização dos vistos, o impulso na
aviação regional e a redução na carga
tributária de setores essenciais para o
desenvolvimento da indústria do turismo.
MERCADO & EVENTOS - A partir do sucesso da Copa, como os estados podem multiplicar essa boa imagem do país e melhorar seu receptivo e infraestrutura?Oreni Braga - Acredito que a lição dei-
xada pela Copa foi muito positiva para
o turismo brasileiro, em especial para os
estados. O fato de termos realizado, com
competência, um evento desta magnitude,
tanto no quesito receptividade como em
hospitalidade, mostra que estamos no ca-
minho certo. Claro que precisamos evoluir,
principalmente na qualifi cação de pessoal.
Em especial, para o Amazonas, nem se
discute o legado que a Copa deixou porque,
primeiro, a cidade de Manaus foi eleita pelas
pesquisas do Ministério do Turismo como
a melhor cidade-sede da Copa do Mundo,
isso já é um ponto positivo, além da estru-
tura turística, do trabalho que os governos
Federal, Estadual e Municipal fizeram.
M&E - Com as eleições governamentais em outubro, qual o olhar que os novos secretários estaduais devem ter sobre a indústria do turismo?Oreni Braga - Obviamente a gente sabe
que a maioria dos secretários de Turismo
do Brasil ocupa os cargos por indicação
política, assim como os ministros e como
qualquer outro cargo que demande res-
ponsabilidade. Existem estados que, em
apenas um ano, registraram três, quatro
cinco secretários. Isso é péssimo para o
turismo brasileiro, porque não permite
uma política de continuidade. O ideal
era que houvesse uma relação de técnicos
competentes, compromissados, éticos,
para estarem à frente das secretarias de
Turismo fazendo um trabalho a médio
e longo prazo. Não se constitui e não se
define um destino turístico em quatro
anos, é preciso que seja, no mínimo, uma
década, para começarmos a colher os
frutos. Sem dúvida nenhuma, o nosso
olhar é de muita preocupação, porque
se não houver continuidade no trabalho
daqueles secretários nos estados onde a
coisa está dando certo, daremos um passo
para trás. Aí, sem dúvida, o turismo será
extremamente prejudicado.
M&E - Como fazer para que o Brasil venha traduzir em divisas e volume de turistas o grande potencial que o país tem?Oreni Braga - Temos dois problemas
para resolver. O primeiro é a questão
da exigência do visto para o mercado
americano. Um estudo que fizemos há
uma década e apresentamos ao Ministé-
rio do Turismo (na época o ministro era
o Walfrido dos Mares Guia) mostra que
119 países pobres e miseráveis exigem
visto para os Estados Unidos, dentre eles
está o Brasil, que é um país emergente. Já
89 países ricos e poderosos e que estão
na linha da riqueza não existem visto
para os EUA, que é o maior emissor
de turistas do mundo. Então, por que
vou querer reciprocidade com um país
que hoje conversa com 89 países no
mundo? O segundo desafio é a questão
do custo Brasil. É importante que haja
uma política de desoneração das taxas
públicas e dos custos, que são altíssimos.
É preciso que a Infraero reveja a taxa
de embarque, que é a maior do mundo.
É preciso que venha a ser trabalhada,
também, a desoneração do querosene,
do combustível da aviação, ou seja, uma
série de tributos que oneram agências
de viagens, hotelaria e outros setores,
para que realmente essa cadeia possa
criar musculatura, ter braços e fazer
com que os preços possam ser atrativos
e, aí sim, tornar o país mais competitivo.
M&E - Como os agentes de viagens devem se posicionar diante do aumento da concorrência e das novas tecnologias para aumentar suas vendas? Oreni Braga - Fontes jornalísticas e de
publicidade revelam que ainda se busca as
agências de viagens não só para consultas,
mas também para compras de pacotes
turísticos. Obviamente que a tecnologia,
em especial, a questão da compra direta
nos sites, reduziu o ganho do mercado.
Porém, 75% dos turistas ainda procuram
orientação do agente de viagem e 50%
fecha a viagem com a agência, ou seja,
existe ainda um potencial muito grande
para que as agências de viagens possam
se verticalizar e se adaptar a esse mercado
tecnológico.
179
#conectado
TECNOLOGIA
>> A internet está presente em todas as fases de uma viagem: da pesquisa à reserva, do registro das imagens ao compartilhamento de informações. Para turistas estrangeiros e brasileiros, os meios digitais têm se consolidado, nos últimos anos, como a principal fonte de informações, de acordo com pesquisa do Ministério do Turismo (MTur). A cada hora, internautas de todo o mundo realizam 625 mil bus-cas no site Google sobre viagens, de acordo com dados da empresa.
Segundo Leonardo Vieira e Vinicius Landucci, da área de Novos Negócios do Google, 105 milhões de brasileiros estão conectados à Internet. Deste total, cerca de 82% a utilizam como fonte de informação para fechar a viagem.
“É importante que os consultores de viagens estejam atualizados em relação às ferramentas utilizadas no mercado, como, por exemplo, a pró-pria Internet, mecanismos de busca, mídias sociais, aplicativos focados no mercado de turismo, entre outras ferramentas que possam auxiliá-lo a potencializar seu atendimento, fornecendo uma consultoria mais abrangente, com informações mais completas e apropriadas para cada perfi l de cliente”, afi rma o country manager da Amadeus Brasil, Ma-rio Ponticelli. “Apesar da quantida-de de informações disponíveis, o agente de viagem bem informado e adaptado a esta tendência glo-bal, continuará sempre sendo re-levante no processo de compra de uma viagem”, completa o country
Meios digitais têm se consolidado como a principal fonte de informações dos turistas
RAFAEL MASSADAR
manager da Travelport, Luís Vargas.
Internet agregando valorComo principais oportunidades, verifi -ca-se que a Internet permitiu aos agen-tes de viagens reservar seus serviços de forma muito mais rápida, segura e econômica, pois esse profi ssional pode agora “visualizar” com mais facilidade o serviço que está intermediando, como um hotel ou casa de espetáculo através de suas homepages. Além disso, o agente de viagens pode se comunicar com meios de hospeda-gem, transportadoras, operadoras de viagens e destinos turísticos de forma mais simples e barata, através de e-mails.Outro ponto favorável pro-piciado pela Internet aos agentes de viagens consiste na rapidez e facilidade de informações, que estão disponíveis na rede de forma mais organizada, rápida e clara, tornado desnecessário o armazenamento nas agências de infinitos folders empoeirados, que se desatualizam e se deterioram em pouco tempo. Além disso, os GDSs puderam oferecer o acesso ao seu banco de dados pela Internet, sem a necessidade de disponibilizar seus terminais nas agências de viagens. Tal fato reduziu sensivelmente os custos de operação e manutenção de um GDS em uma agência de viagens, tornando esse produto mais acessível para essas empresas. Os custos de comunicação também reduziram-se sensivelmente nas agências de viagens através da utilização mais intensa da Internet.
OTAs x agentesNo turismo, a Internet, pela suas próprias características inerentes,
representa uma mudança na distri-buição dos produtos por meios di-retos, excluindo, muitas vezes, os intermediários, como as agências de viagens, pois a Internet permite que os grandes fornecedores de turismo (operadoras internacionais, cadeias hoteleiras, destinos internacionais, empresas aéreas) comercializem dire-tamente seu produto ao consumidor. Um tema que vem causado polêmica. As empresas aéreas tomaram a dian-teira e passam a oferecer opções de compra direta de seus produtos pela Internet. Prova disso, são os grandes portais de viagens idealizados pelas em-presas aéreas americanas e europeias. Esses portais permitem ao turista com-parar os preços das empresas aéreas, além de reservar serviços inerentes às agências de viagens reais e virtuais, como hotéis, locação de carros e con-tratação de seguros. As agências de viagens devem se adaptar ao avanço dessa nova tecnologia, transformando esse potencial concorrente em uma poderosa ferramenta de trabalho.
Redes Sociais e AplicativosO Ministério do Turismo do Brasil in-veste em suas nove mídias sociais, um meio importante de troca de informa-ção com o cidadão e com o viajante. O MTur ultrapassou o número de 630 mil conexões, entre fãs, seguidores e assinantes. Signifi ca que uma infor-mação divulgada pelas redes eletrô-nicas do MTur atinge meio milhão de perfi s de usuários, sem considerar os milhares de compartilhamentos. O número de seguidores no Instagram do Visit Brasil, por exemplo, cresceu 189% entre julho e agosto deste ano.
180
TECNOLOGIA
AmadeusEntrevista com Mario Ponticelli
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> Para o country manager da Amadeus
Brasil, Mario Ponticelli, a mudança de
comportamento do consumidor sofreu
uma reviravolta após o início da Internet.
De acordo com ele, as ferramentas de busca
como fonte de pesquisas antes de fechar
negócio, as compras online, as diversas op-
ções de formas de pagamentos, os cuidados
com fraudes e, por fi m, a expansão das redes
sociais, são propagadores de informações,
além da recomendação de marcas e ser-
viços. “A entrada no mercado de novos
players agressivos, que possuem grande
capacidade de investimento, e com platafor-
mas altamente tecnológicas é um fator que
afeta o mercado de turismo diretamente,
e também seus respectivos canais, como
agências, companhias aéreas, hotéis e ser-
viços complementares.”, disse o executivo.
MERCADO & EVENTOS - Um profi ssional que sabe usar as novas tecnologias pos-sui um diferencial no mercado? Mario Ponticelli - É importante que os
consultores de viagens estejam atualizados
em relação às ferramentas utilizadas no
mercado, como, por exemplo, a própria
Internet, mecanismos de busca, mídias
sociais, aplicativos focados no mercado
de turismo, entre outras ferramentas
que podem auxiliá-lo a potencializar seu
atendimento, fornecendo uma consultoria
mais abrangente, com informações mais
completas e apropriadas para cada perfi l
de cliente. Com o advento da Internet,
ressaltamos a importância de adicionar
o fator conhecimento do consultor de
viagens, pois ela os obriga a ampliarem ao
máximo suas capacidades para poderem
atender um cliente mais bem preparado,
que já possui acesso às informações de sua
viagem antecipadamente e, muitas vezes,
chega a conhecer mais que o próprio
consultor. O consultor de viagens precisa
estar preparado, não só tecnologicamente,
mas de todas as maneiras possíveis para
atender essa nova demanda de clientes.
M&E - Como a Amadeus pode ajudar neste sentido? Mario Ponticelli - A Amadeus disponibili-
za as ferramentas e conteúdos necessários
para que os agentes se mantenham atua-
lizados. Há dicas de mercado disponíveis
nos canais sociais da empresa, consulta
de estudos de mercado via website, além
de cursos e treinamentos gratuitos para
os clientes Amadeus via extranet (Ama-
deus Direct). Os conteúdos oferecidos
atualmente estão relacionados com a
funcionalidade do GDS, inclusive com
o gerenciamento de usuários no sistema
– o objetivo é permitir que os usuários
otimizem o uso da ferramenta e os dife-
rentes recursos que a Amadeus oferece.
Isso é útil para o profi ssional de viagens,
permitindo-o aconselhar os clientes da
melhor forma possível, agilizar o tempo
de trabalho e prestar um melhor serviço.
M&E - O projeto Executivos 2.0 da Ama-deus é uma dessas ferramentas? Mario Ponticelli - Trata-se de um pro-
jeto inovador, que consiste em um novo
modelo de atendimento aos clientes
Amadeus, visando transformar o modo
de ação no mercado para uma venda mais
consultiva. A ideia é que os executivos da
Amadeus possam atuar como consultores
para os clientes, de forma que os mesmos
tenham uma orientação correta e perso-
nalizada em suas diferentes necessidades.
Para isso, incentivamos o autoconheci-
mento da equipe e uma compreensão
abrangente dos produtos, do perfi l de
cada cliente e do mercado, além de um
domínio das técnicas de vendas. É pre-
ciso ouvir e entender o cliente, adquirir
sua confiança, para depois identificar
as necessidades e apresentar possíveis
soluções. No modelo antigo, o típico
vendedor orienta, de forma simples,
o cliente. Já no projeto Executivo 2.0,
atuando com o perfi l consultivo, o exe-
cutivo de Vendas entende a realidade em
que o cliente está inserido: seu mercado
de atuação e seus objetivos de negócios.
Tudo isso é utilizado para orientá-lo de
modo a identificar suas necessidades
reais, oportunidades e melhorias, para, ao
fi nal, sugerir novas ideias para o negócio
que contribuam para o seu crescimento.
M&E - Como as funcionalidades do uso do GDS podem fomentar as vendas?Mario Ponticelli - Com o advento do GDS,
a reserva passou a ser feita em tempo real.
Além disso, o GDS unifi ca o ponto de con-
tato das agências, principalmente com os
fornecedores, possibilitando em uma única
consulta, avaliar diversas possibilidades
disponíveis no mercado, o que aumenta
e melhora a entrega de ofertas. Pode-se
oferecer reserva de assentos e serviços
auxiliares na parte aérea, reserva de car-
ros, hotéis, otimizando assim o tempo de
consultor de viagens, e possibilitando a en-
trega de um serviço muito mais completo,
rápido e personalizado para o cliente fi nal.
182
TECNOLOGIA
TravelportEntrevista com Luís Vargas
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
>> A Travelport acaba de se assumir
como “a plataforma que está redefi nindo
o comércio de viagens”, ao afastar-se da
terminologia tradicional Global Dis-
tribution System (GDS). Desta forma,
a Travelport esperar definir, de forma
mais precisa, o papel único que oferece
hoje à indústria do turismo, o qual di-
fere do conceito assumido há 40 anos,
quando a empresa foi criada, com foco
nos processos básicos de transações de
viagens. “A mudança ocorreu para des-
crever mais precisamente o papel único
que a Travelport desempenha na cadeia
de distribuição mundial, na qual ela tem
concentrado todos os seus investimentos
ao longo dos últimos anos. A nova visão
é uma mudança signifi cativa da histórica
terminologia e linguagem do GDS”, disse
o country manager da Travelport, Luís
Vargas. As soluções inovadoras de paga-
mento eNett, que permitem pagamentos
eletrônicos seguros entre agências de
viagens e fornecedores, e as melhorias
do conteúdo oferecido na plataforma
(a multinacional é a única empresa que
oferece conteúdos de todas companhias
áreas do Top 10 mundial), são duas das
grandes evoluções registradas que refl etem
o crescimento sustentado da empresa.
MERCADO & EVENTOS - A Internet está redefi nindo o comércio de viagens para os agentes de viagem?Luís Vargas - Sim, totalmente. Enten-
do que o agente de viagem já se cons-
cientizou que a Internet é um meio de
consulta acessível ao consumidor fi nal,
sem falar nas redes sociais, que avaliam
e compartilham experiências de viagens.
Estas são fontes de informações valiosas
não só para o cliente, mas também para
o próprio agente, que pode prestar um
serviço diferenciado e cobrar por isso.
Apesar da quantidade de informações
disponíveis, o agente de viagem bem
informado e adaptado a esta tendência
global, continuará sempre sendo relevante
no processo de compra de uma viagem.
M&E - Recentemente, a Travelport di-vulgou uma nova visão de marca. Quais são as mudanças?Luís Vargas - A mudança ocorreu para
descrever mais precisamente o papel único
que a Travelport desempenha na cadeia
de distribuição mundial, na qual ela tem
concentrado todos os seus investimentos
ao longo dos últimos anos. A nova visão
é uma mudança signifi cativa da histórica
terminologia e linguagem do GDS. A nova
visão da empresa foi desenvolvida para
melhor corresponder ao que a Travelport
oferece hoje para a indústria, diferente de
40 anos atrás, quando foi projetada por
companhias aéreas e tinha como foco
apenas processos básicos de transações
aéreas. A nova visão, “a plataforma que
está redefi nindo o comércio de viagens
para nossos clientes”, refl ete esta evolução.
M&E - E na estratégia? Também mudou alguma coisa?Luís Vargas - Como parte do relança-
mento de marca, a Travelport também
aproveitou a oportunidade para defi nir
mais claramente suas atividades comer-
ciais através da renomeação de suas duas
principais áreas operacionais que, com-
binadas, formam o Travelport Travel
Commerce Marketplace. Primeiro, o
Travel Commerce Platform, que inclui
merchandising, reservas, pagamentos e
gerenciamento de fl uxo de trabalho, que
corresponde a 95% de seu rendimento no
primeiro trimestre deste ano. Segundo,
o Technology Services, através do qual
são fornecidos serviços cruciais de TI
para companhias aéreas. A plataforma
de comércio de viagem Travel Commerce
Platform é dividida em dois fl uxos de re-
ceita: a Air (aéreo) e a Beyond Air (além
do aéreo). A Beyond Air, que inclui rendas
geradas por hospedagem, publicidade e
pagamentos, agora corresponde a apro-
ximadamente 19% da receita da Travel
Commerce Platform e continua a crescer
em ritmo sólido.
M&E - Como a Travelport vai entender as tendências que estão surgindo e adaptar o trabalho com os Global Dis-tribution Systems e desenvolvedores? Luís Vargas - Nossa Travel Commerce
Platform (originalmente conhecida como
sistema de distribuição global ou “GDS”),
facilita o comércio turístico conectando
as principais empresas mundiais com
consumidores online e offl ine em nosso
próprio negócio Business to business
(B2B). Com o crescimento da demanda
da indústria turística, utilizamos nossa
Travel Commerce Platform para redefi nir
a distribuição eletrônica e o merchandi-
sing dos produtos principais e adicionais
de companhias aéreas, também amplian-
do nossa atuação no setor de viagens
para serviço de hospedagem, aluguel de
carros, trens, cruzeiros e operadores de
viagem. Além disso, melhoramos nossa
especialidade na área para desenvolver
uma solução de pagamento pioneira
B2B, que atenda às necessidades dos
intermediários para efetivar transações
de maneira efi ciente e segura.
183
Arco-íris em ascensão
TURISMO LGBT
>> A organização líder em estudos de mercado do turismo LGBT em termos mundiais, Out Now Global, anunciou que o segmento atingirá uma despesa superior aos US$ 200 bilhões pela primeira vez em 2014. Os Estados Unidos respondem por US$ 56,5 bilhões desses gastos, de acordo com os números, seguidos pelo Brasil, com US$ 25,3 bilhões. Já os europeus devem gastar US$ 66,1 bilhões em dólares em turismo.
Neste ano, o Brasil e os Estados Unidos serão os dois países mais procurados por turistas LGBT internacionais, de acordo com a pesquisa, com previsão de que quase metade do lucro com o turismo LGBT mundial será faturado pelos dois países.
Cerca de 26% dos visitantes de São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Floria-nópolis (SC), Salvador (BA), Fortaleza (CE) e Manaus (AM) são turistas LGBTs. O Brasil tem mais de seis mil hotéis e albergues registrados em agências
Turismo LGBT cresce mais do que o dobro da média do setor
RAFAEL MASSADAR
de viagens voltados ao público LGBT e, principalmente, especializados em sites orientados ao público gay, que são a principal fonte de informações para os viajantes.
O fato é que o Brasil é o destino LGBT mais importante da América Latina, recebendo principalmente cidadãos norte-americanos, britânicos, alemães, franceses e holandeses. De acordo com o aplicativo gay Grindr, a cidade do Rio de Janeiro tem a melhor praia gay do mundo e a cidade de São Paulo tem a melhor Parada Gay do mundo. A cada ano, a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo tem a participação de cerca de 3,5 milhões de pessoas, atraindo 400 mil turistas LGBTs, movimentando cerca de US$ 70 milhões.
Na “Cidade Maravilhosa”, o turista LGBT gerou impacto econômico direto de R$ 461 milhões durante o Carnaval 2014, respondendo por 30,75% da re-ceita da folia no Rio de Janeiro, apesar de serem apenas 15% do público que
visitou a cidade no período, de acordo com pesquisa da Riotur. O levanta-mento foi feito pela primeira vez neste ano, e contou com a colaboração da Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual do município, e do Observatório de Turismo da Universidade Federal Fluminense. Enquanto o turista médio gastou R$ 198 por dia na cidade, os turistas homossexuais e bissexuais brasileiros deixaram R$ 302,10, e os estrangeiros R$ 548,82, ou seja, 270% a mais que a média do público geral. Além de consumirem mais, os LGBTs também fi caram mais dias: enquanto o turista teve permanência média de sete dias, os gays brasileiros fi caram 9,4 dias e os estrangeiros 12,4 dias.
Além do BrasilDe acordo com uma pesquisa da Out Now Consulting, realizada em 2010, os turistas LGBT da Argentina gastaram um total de US$ 4 bilhões em viagens de lazer. No México,o valor foi de US$ 8 bilhões, já no Brasil, mais de US$ 20 bilhões, o maior valor da América Latina.
184
>> Um ranking divulgado no início deste
ano pela consultoria Out Now Global,
especialista em análises do mercado LGBT
(Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e
Transexuais), aponta que Estados Unidos,
Brasil e Japão são os maiores mercados
emissores do turismo LGBT, respectiva-
mente. O Brasil aparece como o segundo
colocado, com mais de US$ 20 bilhões
em gastos em turismo, superando países
como França e Alemanha. Porém, parece
que as agências e operadoras brasileiras
ainda não se atentaram à importância do
turismo LGBT. “Temos um grande défi cit
de operadoras envolvidas no segmento.
Creio que as grandes empresas ainda não
acordaram para o potencial deste segmento
ou realmente não acreditam em segmen-
tação”, afi rma a presidente da Abrat GLS,
Marta Dalla Chiesa. Ela diz ainda que o
Ministério do Turismo (MTur) também
não desenvolve ações efetivas para o setor.
“Temos tido menos sucesso, mas continua-
mos dialogando, pois este trabalho interno
de capacitações e desenvolvimento de polí-
ticas para o segmento tem que ser feito com
urgência.” Em contrapartida, ela destaca o
trabalho da Embratur com participações
em eventos fundamentais para o segmento.
MERCADO & EVENTOS - Pode-se dizer
que o Brasil é de verdade um “país gay friendly”?Marta Dalla Chiesa - Temos destinos no
Brasil que desenvolveram políticas públicas
para a comunidade LGBT, e outros que
estão buscando, através do marketing, criar
esta imagem de ser um destino turístico gay
friendly. Quando estas duas coisas aconte-
cem juntas, realmente temos um destino
friendly. Infelizmente, isto não está aconte-
cendo de forma igual em todo o Brasil e em
algumas partes de nosso país a homofobia
ainda mata, portanto, não se pode falar
que o Brasil é um destino amigável aos
LGBTs. Vamos ter um país totalmente gay
friendly quando tivermos estas políticas
implantadas a nível federal e estes avanços
políticos criarem mudanças na sociedade
como um todo. Mas o turista LGBT, em
geral, tem a tendência de se informar e
visitar apenas destinos que o acolhe bem
e, principalmente, onde se sente seguro.
M&E - A Abrat GLS acredita que as agên-cias e operadoras de viagem estão pre-paradas para esse segmento de turismo?Marta Dalla Chiesa - De maneira geral,
não. Temos feito feiras em muitas partes
do país e vejo a falta de conhecimento e
a falta de preparo dos agentes de viagem.
Por isso fazemos uma campanha para
que o público busque nossos associados
na hora de viajar, pois estão melhores
preparados. Temos um grande déficit
de operadoras envolvidas no segmento.
Parece que as grandes empresas ainda
não acordaram para o potencial deste
segmento ou realmente não acreditam
em segmentação.
M&E - E o Ministério do Turismo (MTur) e a Embratur?Marta Dalla Chiesa - Nestes últimos dois
anos fi zemos ações importantes com a Em-
bratur para colocar o Brasil no mapa do
turista LGBT internacional, e isso tem dado
certo. Participamos de eventos fundamentais
para o segmento como o Gay & Lesbian
Pavillion da ITB e também das convenções e
feiras da International Gay & Lesbian Travel
Association. Do lado do MTur temos tido
menos sucesso, mas continuamos dialo-
gando, pois este trabalho interno de capaci-
tações e desenvolvimento de políticas para
o segmento tem que ser feito com urgência.
M&E - Algumas cidades como Viena e Las Vegas procuram, cada vez mais, os turistas LGBTs brasileiros. Isso é uma ten-dência? As cidades brasileiras fazem isso?Marta Dalla Chiesa- Este ano a Abrat GLS
fez parceria com três grandes destinos inter-
nacionais: Las Vegas, Viena e Berlim. Esta-
mos fechando uma parceria com a Espanha.
O potencial do setor LGBT brasileiro é de
ser um dos maiores mercados emissivos
do mundo- somos 12 milhões de consu-
midores. Isto não passa despercebido por
destinos que estão apostando no segmento
há anos. Destinos brasileiros, infelizmente,
não estão neste nível de promoção com
relação ao segmento, mas existem alguns
investindo, ainda que modestamente, em
campanhas em revistas especializadas
como a Via G. Vale salientar Pernambuco,
Bahia e Santa Catarina. Os cinco destinos
top no Brasil são o Rio de Janeiro, São
Paulo, Florianópolis, Recife e Salvador.
Impacto LGBT no Carnaval do RioCom um impacto econômico direto de R$ 461 milhões, os turistas LGBT responderam por 30,75% da recei-ta do Rio de Janeiro com turismo no Carnaval 2014, apesar de serem apenas 15% do público que visitou a cidade, de acordo com pesquisa da Riotur. O levantamento foi feito pela primeira vez neste ano, e contou com a colaboração da Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual do mu-nicípio, e do Observatório de Turismo da Universidade Federal Fluminense.
TURISMO LGBT
Abrat GLSEntrevista com Marta Dalla Chiesa
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
186
>> Os viajantes gays estão cada vez mais
importantes no radar das empresas de
viagem, que têm gastado milhões para
atrair esse público. Mas John Tanzella,
presidente da International Gay & Les-
bian Travel Association (IGLTA), alerta
que nem todas elas merecem o rótulo de
‘empresa amiga dos homossexuais’. “Por
exemplo, não adianta nada um hotel fazer
uma campanha publicitária para o público
LGBT, mas não tratar com igual respeito
os seus funcionários gays”, alerta Tanzella.
“Você tem que estar com a sua casa em
ordem antes de começar a ir atrás desse
mercado”, completa. De acordo com ele, a
América Latina se destacou bastante nos
últimos anos, principalmente oMéxico,
Peru e Brasil. No Brasil, São Paulo e Rio
de Janeiro são os destinos principais,
mas Florianópolis tem surgido como um
destino gay importante.
MERCADO & EVENTOS - Qual é a im-portância do turismo gay para o PIB Mundial? John Tanzella - O segmento LGBT defi -
nitivamente contém um elevado número
de viajantes frequentes. Estudos realizados
nos Estados Unidos demonstraram que é
o maior nicho de mercado em termos de
gastos de viagem. Junto com a Organização
Mundial do Turismo (OMT), um estudo
de caso foi realizado em 2012 sobre a im-
portância deste mercado a nível mundial
e ressaltou o crescimento nos destinos e
empresas de turismo que estão chegan-
do aos viajantes LGBTs. Essa tendência
continuou. O boom vivido pelo turismo
gay deve-se, principalmente, à aprova-
ção de leis que reconhecem o casamento
entre pessoas do mesmo sexo. A agência
Community Marketing estima que o im-
pacto econômico produzido por viajantes
do grupo LGBT é de US$ 70 bilhões, só nos
EUA. No primeiro ano em que essas leis
entraram em vigor, Nova York faturou US$
260 milhões, mais US$ 16,5 milhões em
impostos que fi caram nos cofres da cidade.
M&E - Como os viajantes gays podem avaliar se uma empresa ou destino turís-tico é receptivo ao público LGBT?John Tanzella - Você pode começar che-
cando o nosso site, que lista tudo, agências
de viagens, hotéis, companhias aéreas,
empresas de cruzeiros, serviços de aluguel
de carros, restaurantes e bares. As compa-
nhias que pagam para estar em nosso site
devem seguir nosso código de ética, que
exige que os viajantes LGBTs sejam bem
acolhidos e tratados com respeito, assim
como qualquer outro cliente.
M&E - Que empresas estão se destacando no atendimento ao público LGBT?John Tanzella - As companhias aéreas
Delta e American Airlines são algumas
das empresas que merecem ser destacadas,
elas têm sites próprios para os viajantes
LGBTse apoiam ONGs envolvidas na
causa gay. As redes de hotéis de luxo
Hilton, Hyatt e Kimpton também são
bastante envolvidas com o nosso público.
A Kimpton faz promoções especiais nos
destinos que têm semanas do Orgulho
Gay, e produz também informativos es-
peciais LGBT.
M&E - Quais são as recomendações para os viajantes gays que vão para o exterior?John Tanzella - Se você está indo para
algum local que não é um destino tu-
rístico popular, é importante fazer uma
pesquisa na internet para descobrir quais
áreas desse lugar são amigáveis e seguras.
Se a pessoa ou o casal tem fi lhos, é im-
portantíssimo levar os documentos que
comprovem parentesco ou a custódia
deles. Também é importante consultar
o site da Associação Internacional Gay e
Lésbica (ILGA, na sigla em inglês). Lá você
pode saber quais países não recebem bem
o público LGBT e pior, ainda criminalizam
as relações entre pessoas do mesmo sexo.
Aliás, todos os viajantes, heterossexuais e
gays, devem observar as leis e costumes
do país que vão visitar. Quando o lugar
parecer perigoso, é melhor evitar.
Parada LGBT de São PauloA Parada LGTB de São Paulo reúne, a cada ano, milhares de pessoas na avenida Paulista. Conhecido como um dos maiores eventos da cidade, a Parada Gay vem crescendo em média 20% ao ano. Em 2013, o evento movimentou R$ 3,2 milhões. Durante todo o ano, o segmento gay injetou R$ 60 milhões na economia, segundo a estimativa da SPTuris. O Observatório de Turismo de São Paulo aponta que há 80 estabelecimentos voltados para o público LGTB, entre bares, restaurantes e casas noturnas. Às vésperas do evento, o número de pessoas nestes estabelecimentos chega a dobrar, alcançando 95 mil pessoas. Segundo a SPTuris, quase 40% do público participante é turista, sendo 2,6% de estrangeiros. Argentinos, americanos, peruanos e holandeses são os mais assíduos.
TURISMO LGBT
IGLTA International Gay & Lesbian Travel Association
Entrevista com John Tanzella
AbavExpo InternacionalSetembro 2014Mercado & Eventos
São Paulo Brasil Setembro 2014
MERCADO & EVENTOS Edição Especial 42ª Abav Expo Internacional de Turism
o
Copa do Mundo coloca o Brasil em destaque no cenário global
LEI 12.974Publicamos, na íntegra,
o texto que regulamentaa profi ssão dos agentes
RESULTADOSEmpresas e entidades
avaliam impactos do Mundial da Fifa
NÚMEROSConfi ra os últimos
dados e gráfi cos do setor
FOLHA DO TURISMO
Edição Especial 42ª Abav Expo Internacional de Turismo Setembro 2014
turismoem evidência
TUDO SOBREAgências e Operadoras,
Assistência ao Viajante, Aviação, Hotelaria, Cruzeiros, Eventos, Exterior,
Locadoras, Parques, Política, Tecnologia e Turismo LGBT