a_aulas de campo e as práticas educomunicativas_a sala de aula encontra a realidade

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  1 Aulas de campo e as práticas educomunicativas: a sala de aula encontra a realidade 1  Andrea Pinheiro Paiva Cavalcante 2  Cátia Luzia Oliveira da Silva 3  Resumo: O presente trabalho discute as aulas de campo da disciplina Educomunicação, do Curso Sistemas e Mídias Digitais (UFC), como práticas significativas na formação de educomunicadores. As aulas de campo, inspiradas nas aulas-passeio de Freinet (1998), são realizadas ao longo do semestre para conhecer práticas educomunicativas no contexto escolar e em organizações não governamentais e significam o momento em que a sala de aula se encontra com a realidade, gerando trocas de conhecimentos entre os envolvidos. É possível aos estudantes articular os conhecimentos teóricos com as experiências práticas, fortalecendo a aprendizagem. Nesses encontros, além de conhecer as experiências de comunicação desenvolvidas nessas instituições, os alunos têm a oportunidade de ministrar oficinas para crianças e jovens, a partir da formação recebida em sala de aula. Mediante questionário de avaliação de tais atividades foi possível constatar que as aulas de campo são iniciativas significativas para a compreensão da educomunicação como área de intervenção social e para a formação do futuro profissional do curso de Sistemas e Mídias Digitais porque  possibilitaram aproximar o contexto universitário do contexto escolar, contribuindo para o entendimento de que práticas dialógicas e participativas favorecem novas formas de aprendizagem. Palavras-Chave: Educomunicação. Aulas de campo. Aprendizagem. Abstract: This paper discusses the field classes of the Educomunication course of the Digital Systems and Media (UFC), as meaningful practice in developing educommunicators professionally. The field classes, inspired by Freinet ’s class outing (1998), are held throughout the semester to meet educomunicative  practices in the school context and non-governmental organizations and represent a moment when the classroom meets reality, generating knowledge exchange among the participants. It is possible for students to articulate the theoretical knowledge with practical experience, strengthening learning. In these meetings, apart from understanding the communication experiences developed in these institutions, the students have the opportunity to teach workshops for children and young people from the training received in the classroom. Through an evaluative questionnaire of such activities, it has been established that the field classes are significant initiatives to understand the educational communication as a social intervention area and for the career development of the future professional of the Digital Systems and Media course because they allowed bridging the university context and the school context, contributing to the understanding that dialogic and participatory practices promote new ways of learning. Key words: Educational communication. Field classes. Learning. 1  Trabalho apresentado na Divisão Temática DTI 4 - Educomunicação do XIV Congresso Internacional IBERCOM, na Universidade de São Paulo, São Paulo, de 29 de março a 02 de abril de 2015. 2  Doutora, Professora da Universidade Federal do Ceará, e-mail: [email protected] 3  Doutora, Professora da Universidade Federal do Ceará, e-mail: [email protected]

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O presente trabalho discute as aulas de campo da disciplina Educomunicação, do Curso Sistemas e Mídias Digitais (UFC), como práticas significativas na formação de educomunicadores. As aulas de campo, inspiradas nas aulas-passeio de Freinet (1998), são realizadas ao longo do semestre para conhecer práticas educomunicativas no contexto escolar e em organizações não governamentais e significam o momento em que a sala de aula se encontra com a realidade, gerando trocas de conhecimentos entre os envolvidos. É possível aos estudantes articular os conhecimentos teóricos com as experiências práticas, fortalecendo a aprendizagem. Nesses encontros, além de conhecer as experiências de comunicação desenvolvidas nessas instituições, os alunos têm a oportunidade de ministrar oficinas para crianças e jovens, a partir da formação recebida em sala de aula. Mediante questionário de avaliação de tais atividades foi possível constatar que as aulas de campo são iniciativas significativas para a compreensão da educomunicação como área de intervenção social e para a formação do futuro profissional do curso de Sistemas e Mídias Digitais porque possibilitaram aproximar o contexto universitário do contexto escolar, contribuindo para o entendimento de que práticas dialógicas e participativas favorecem novas formas de aprendizagem.

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    Aulas de campo e as prticas educomunicativas: a sala de aula encontra a

    realidade1

    Andrea Pinheiro Paiva Cavalcante2

    Ctia Luzia Oliveira da Silva3

    Resumo: O presente trabalho discute as aulas de campo da disciplina Educomunicao, do Curso Sistemas e Mdias Digitais (UFC), como prticas

    significativas na formao de educomunicadores. As aulas de campo, inspiradas

    nas aulas-passeio de Freinet (1998), so realizadas ao longo do semestre para

    conhecer prticas educomunicativas no contexto escolar e em organizaes no

    governamentais e significam o momento em que a sala de aula se encontra com a

    realidade, gerando trocas de conhecimentos entre os envolvidos. possvel aos

    estudantes articular os conhecimentos tericos com as experincias prticas,

    fortalecendo a aprendizagem. Nesses encontros, alm de conhecer as

    experincias de comunicao desenvolvidas nessas instituies, os alunos tm a

    oportunidade de ministrar oficinas para crianas e jovens, a partir da formao

    recebida em sala de aula. Mediante questionrio de avaliao de tais atividades

    foi possvel constatar que as aulas de campo so iniciativas significativas para a

    compreenso da educomunicao como rea de interveno social e para a

    formao do futuro profissional do curso de Sistemas e Mdias Digitais porque

    possibilitaram aproximar o contexto universitrio do contexto escolar,

    contribuindo para o entendimento de que prticas dialgicas e participativas

    favorecem novas formas de aprendizagem.

    Palavras-Chave: Educomunicao. Aulas de campo. Aprendizagem.

    Abstract: This paper discusses the field classes of the Educomunication course

    of the Digital Systems and Media (UFC), as meaningful practice in developing

    educommunicators professionally. The field classes, inspired by Freinets class outing (1998), are held throughout the semester to meet educomunicative

    practices in the school context and non-governmental organizations and

    represent a moment when the classroom meets reality, generating knowledge

    exchange among the participants. It is possible for students to articulate the

    theoretical knowledge with practical experience, strengthening learning. In these

    meetings, apart from understanding the communication experiences developed in

    these institutions, the students have the opportunity to teach workshops for

    children and young people from the training received in the classroom. Through

    an evaluative questionnaire of such activities, it has been established that the

    field classes are significant initiatives to understand the educational

    communication as a social intervention area and for the career development of

    the future professional of the Digital Systems and Media course because they

    allowed bridging the university context and the school context, contributing to

    the understanding that dialogic and participatory practices promote new ways of

    learning.

    Key words: Educational communication. Field classes. Learning.

    1 Trabalho apresentado na Diviso Temtica DTI 4 - Educomunicao do XIV Congresso Internacional

    IBERCOM, na Universidade de So Paulo, So Paulo, de 29 de maro a 02 de abril de 2015. 2 Doutora, Professora da Universidade Federal do Cear, e-mail: [email protected]

    3 Doutora, Professora da Universidade Federal do Cear, e-mail: [email protected]

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    Introduo

    A disciplina de Educomunicao, criada em 2013, optativa do Curso Sistemas e Mdias

    Digitais (SMD) da Universidade Federal do Cear, de natureza interdisciplinar, sendo

    constitudo por docentes de vrias reas do saber, especialmente das reas de Computao,

    Educao e Comunicao Social. Foi criado no Instituto UFC Virtual, espao da

    Universidade com larga experincia em Educao a Distncia, sendo responsvel pelos

    cursos de graduao semipresenciais da Universidade Aberta do Brasil e reconhecido

    como um dos mais eficazes centros de produo de material didtico digital.

    O curso possui duas reas de concentrao, Sistemas Multimdia e Mdias Digitais. Nos

    semestres iniciais, os trs primeiros, os alunos cursam conjuntamente as disciplinas

    obrigatrias e a partir do quarto semestre, elegem as disciplinas de maior interesse entre as

    duas reas, definindo assim a sua trajetria de formao. Os itinerrios formativos, como

    so designados, compem-se de um conjunto de disciplinas optativas que orientam a

    formao do aluno em determinada rea do conhecimento, como jogos digitais, sistemas

    web e animao grfica. A primeira oferta para ingresso de alunos se deu em 2010.

    Atualmente so cerca de 300 alunos matriculados nos cursos diurno e noturno.

    nesse contexto de conhecimento interdisciplinar que a disciplina Educomunicao

    passou a integrar o fluxograma de matrias optativas do SMD, com a inteno de

    contribuir com uma formao mais crtica, mais humanista e mais comprometida com as

    demandas sociais, na perspectiva proposta por Boaventura de Souza Santos (2011), a de

    constituio de um conhecimento pluriversitrio ou como prope Morin (2011), do

    conhecimento complexo.

    O presente trabalho se prope a discutir as aulas de campo da disciplina Educomunicao,

    como prticas significativas na formao de educomunicadores. Inspiradas nas aulas-

    passeio de Freinet (1998), tais atividades so realizadas ao longo do semestre e visam

    conhecer prticas educomunicativas no contexto escolar e em organizaes no

    governamentais, constituindo um encontro da sala de aula com a realidade, gerando trocas

    de conhecimentos entre os envolvidos. O corpus terico aproxima ainda Soares (2006),

    Freire (1998) e Avena (2008) para refletir sobre as aulas de campo como espaos

  • 3

    formativos. Na prxima seo, apresentamos os conceitos de conhecimento complexo e

    pluriversitrio.

    Formao universitria e compromisso social

    Em contraposio a um conhecimento essencialmente disciplinar e hierarquizado, emerge

    um conhecimento contextual e transdisciplinar, que Santos (2011) nomeia como

    conhecimento pluversitrio.

    (...) o resultado de uma partilha entre pesquisadores e utilizadores (...) e obriga a

    um dilogo ou confronto com outros tipos de conhecimento, o que o torna

    internamente mais heterogneo e mais adequado a ser produzido em sistemas

    abertos menos perenes e de organizao menos rgida e hierrquica (Santos, 2011,

    p.42).

    Morin (2011), por sua vez, entende que est na ideia de complexidade a chave para a

    ruptura com a fragmentao cientfica.

    Devemos, pois, pensar o problema do ensino, considerando, por um lado, os efeitos

    cada vez mais graves da compartimentao dos saberes e da incapacidade de

    articul-los, uns aos outros; por outro lado, considerando que a aptido para

    contextualizar e integrar uma qualidade fundamental da mente humana, que

    precisa ser desenvolvida e no atrofiada (Morin, 2011, p.16).

    Contrapondo-se ao paradigma antes dominante, que defendia a ideia de que "conhecer

    significa quantificar", Santos (2006) prope a emergncia do paradigma social, como

    forma de superar a fragmentao da realidade proposta pela Modernidade. Santos (2006, p.

    155) defende a ideia de que toda forma de conhecimento implica auto-conhecimento e

    argumenta que a Modernidade ocidental se assentou na base de duas epistemologias por

    ele denominadas conhecimento-regulao e conhecimento-emancipao4.

    No contexto da modernidade ocidental, as possibilidades de emancipao foram reduzidas

    em funo das investidas do capitalismo, dando espao para o crescimento do

    conhecimento-regulao e, assim, a cincia moderna, antes uma forma de conhecimento,

    se converte no monoplio do conhecimento vlido e vigoroso, consagrando a

    4 Segundo o autor, no conhecimento-regulao a ignorncia concebida como caos e o saber como ordem;

    no conhecimento-emancipao, a ignorncia concebida como colonialismo e o saber como solidariedade (2006, p.155).

  • 4

    epistemologia positivista, em detrimento das epistemologias alternativas. (SANTOS,

    2006, p. 155).

    No incio do sculo XXI, pensar e promover a diversidade e pluralidade, para alm

    do capitalismo, e a globalizao, para alm da globalizao neoliberal, exige que a

    cincia moderna seja no negligenciada ou muito menos recusada, mas

    reconfigurada numa constelao mais ampla de saberes onde coexista com prticas

    de saberes no cientficos que sobreviveram ao epistemicdio ou que, apesar de sua

    invisibilidade epistemolgica, tm emergido e florescido nas lutas contra a

    desigualdade a discriminao, tenham ou no por referncia um horizonte no

    capitalista. (Santos, 2006, p. 155-156).

    Em oposio monocultura do saber, Santos (2006, p. 154) postula a necessidade de que

    haja uma articulao entre as estruturas do saber moderno/cientfico/ocidental e as

    formaes nativas/locais/tradicionais, o que ele nomeia como uma ecologia de saberes,

    porque argumenta, o futuro encontra-se, assim, na encruzilhada dos saberes e das

    tecnologias.

    Nessa mesma linha de entendimento, Morin fala em re-ligao de saberes de modo que

    seja possvel articular a cultura das humanidades e a cultura cientfica (2011, p.33),

    favorecendo novas formas de pensar. nessa mentalidade que se deve investir, no

    propsito de favorecer a inteligncia geral, a aptido para problematizar, a realizao da

    ligao dos conhecimentos (p.32).

    A disciplina de Educomunicao assume, pois, esse desafio de, articular as questes dos

    campos da comunicao e da educao, na perspectiva do conhecimento complexo e

    pluriversitrio.

    No tpico a seguir apresentamos a disciplina de Educomunicao, seus objetivos e alguns

    aspectos da ementa, cuja fundamentao terica tem matriz no pensamento latino-

    americano.

    A Educomunicao no SMD

    Temas relativos s reas da Comunicao e Educao tm sido estudados por diferentes

    cursos e disciplinas na Universidade Federal do Cear (UFC). Entretanto, foi somente no

    mbito do Curso Sistemas Mdias Digitais, que a primeira disciplina denominada

    Educomunicao foi criada com carga horria de 64 h/a, sendo 32 h/a tericas e 32 h/a

  • 5

    prticas. A iniciativa de criar a disciplina partiu de duas docentes do curso com trajetrias

    profissionais e acadmicas ligadas a esse campo e que atuam juntas desde a concepo da

    proposta de trabalho, a cada semestre, at a realizao das aulas.

    A importncia da oferta da disciplina de Educomunicao para o referido curso justifica-se

    pelo fato de o profissional de Sistemas e Mdias Digitais necessitar transitar em vrias

    reas (educao formal, no formal, informal), devendo saber transcender a

    instrumentalidade tcnica, promovendo a converso da comunicao em processo

    educativo, primando por valores tais como a democracia, a dialogicidade, a livre expresso

    comunicativa, a gesto compartilhada dos meios de comunicao. Esses so valores que

    devem estar presentes na formao desse profissional, e tambm futuro educomunicador,

    para sua atuao nos processos educomunicativos, sejam eles na rea educacional ou no.

    Entre os objetivos da disciplina esto a abordagem acerca dos fundamentos

    epistemolgicos da inter-relao entre comunicao e educao, aspectos histricos do

    campo, alm do desenvolvimento de conhecimentos bsicos sobre mdia e educao e a

    teoria das mediaes. Procurando oferecer ao aluno uma formao bsica slida na rea da

    Educomunicao, so apresentados na disciplina, ainda, contedos que tratam das

    contribuies norte-americana, europeia e latino-americana, ao campo da

    Educomunicao, com nfase nesta ltima, e sobre a aproximao da Educomunicao

    com os movimentos sociais e populares.

    De natureza terico-prtica, o plano de trabalho da disciplina procura, em sua metodologia,

    refletir os valores intrnsecos da Educomunicao, ao desenvolver conhecimentos,

    habilidades e competncias ao longo do semestre que permitam ao aluno exercitar os

    fundamentos estudados. Dentre as vrias oportunidades para trabalhos diversificados

    durante o semestre, constam as rodas de conversa, oficinas, seminrios, aulas de campo,

    relatos de experincia.

    Assim, na prtica da conduo das atividades, a cada unidade temtica corresponde a

    leitura e discusso de um corpus terico, que por sua vez trabalhado em cenrios prticos

    e reais, seja por meio de oficinas, seja por meio de aulas de campo. J foram ofertadas

    (pelas prprias docentes, pelos alunos ou por convidados), por exemplo, oficinas de

    podcasting, stop motion, contos digitais e fanzines. Com a capacitao em cada oficina, o

  • 6

    aluno ento desenvolve uma produo relacionada ao que aprendeu, seja individualmente

    ou em grupo. O objetivo das oficinas no somente conferir capacitao tcnica ao aluno,

    mas proporcionar-lhe uma oportunidade de reflexo crtica e ainda de expresso das suas

    subjetividades. Ao criar seu prprio fanzine, conto digital etc, o aluno tambm chamado

    reflexo para a aplicao educomunicativa do que desenvolveu em cenrios educativos

    reais.

    A fundamentao terica da disciplina toma como base o pensamento latino-americano

    com as contribuies de Paulo Freire (1988) para quem a aprendizagem est baseada no

    dilogo, na troca de saberes e na possibilidade de aprender a ler o mundo para transform-

    lo (FREIRE,1988), de Kapln (2014) que entende que educar sempre comunicar e

    que toda educao um processo de comunicao , de Bordenave (1984) e sua

    pedagogia da problematizao cuja nfase est no processo, mais do que nos contedos e

    nos resultados, para que o sujeito aprenda a aprender.

    No recente a aproximao entre os campos da Educao e da Comunicao. Soares

    (2011), Belloni (2001, 2012), Melo e Tosta (2008), por exemplo, expressam experincias

    em que esses campos se cruzam desde a dcada de 1960. Ramos (2001) inscreve a

    experincia do Plan de Nio, conhecido como Plan DENI, como precursora do trabalho

    envolvendo educao e cinema, quando em 1968, em Quito, atravs da exibio de filmes,

    apresentava s crianas aspectos da linguagem audiovisual.

    Belloni (2012) situa as experincias realizadas pelo Movimento de Educao de Base

    (MEB), na dcada de 1960, como sendo de mdia-educao, em que o rdio era utilizado

    na alfabetizao em massa de jovens e adultos em vrios estados do Brasil, notadamente

    no Nordeste. Soares (2011) reporta-se atuao da Unio Crist Brasileira de

    Comunicao (UCBC) na dcada de 1980, com o projeto Leitura Crtica da Comunicao

    (LCC). Melo e Tosta (2008), por sua vez, consideram as experincias dos Centros

    Populares de Cultura (CPC) e dos Movimentos de Cultura Popular (MCP) como

    relacionadas ao contexto da Comunicao e Educao e mais prximas da Pedagogia de

    Paulo Freire do que a da Educao formal.

    O pensamento de Paulo Freire, para Martn-Barbero (2014, p. 18), constitui a primeira

    teoria latino-americana de comunicao, porque tratou de prticas e processos

    comunicativos essencialmente vinculados dimenso da linguagem, que, por meio da

  • 7

    palavra geradora, tornou possvel a gerao de novos sentidos [...] instaurando o espao

    da comunicao.

    Setton (2011, p. 7, 8), por sua vez, introduz na discusso o componente da cultura. Para ela

    as mdias precisam ser consideradas como matrizes de cultura porque atuam enquanto

    agentes sociais da educao.

    [...] as culturas, entre elas a cultura das mdias, devem ser vistas enquanto

    processo; devem ser vistas nos atos de produo, nos atos que envolvem a

    divulgao e nos atos de promoo das mensagens, bem como nos atos de

    recepo daquilo que produzido. [...] A cultura no se reduziria aos

    objetos, smbolos morais ou bens materiais de uma sociedade, mas se

    apresentaria tambm como resultado das diferenas de sentido ou diferenas

    de usos entre os diversos indivduos que a produzem e a consomem [...] A

    cultura mediatiza uma ideia, um sistema de ideias, ela oferece um discurso

    que cria os sentidos e as verdades. (SETTON, 2011, p. 19, 21, grifo nosso).

    Afinal, educomunicao ou mdia-educao? O que designam esses termos e em que se

    aproximam ou se diferenciam? Soares (2011) explica que a expresso Media Education ou

    Media Literacy designa a recepo crtica das produes miditicas e comumente usada

    na Europa e nos Estados Unidos, respectivamente.

    Na Amrica Latina, a expresso Educacin para la Comunicacin nomeou a maioria das

    aes que se desenvolveram nesse campo e que estavam assentadas em uma pedagogia

    dialgica e participativa de Educao popular nos moldes propostos por Freire. Foi na

    Amrica Latina que aconteceram as mais numerosas aes de Educao para Comunicao

    e que depois se ampliaram para a produo miditica envolvendo especialmente crianas e

    jovens, situando a perspectiva da Comunicao como um direito humano.

    Para Soares (2011), o termo educomunicao passou a ser adotado para designar as

    prticas no restritas ao mbito da leitura crtica da mdia, mas que envolviam a produo

    miditica em si, como os jornais e as rdios escolares, por exemplo.

    O conceito educomunicao legitima-se com suporte em uma pesquisa realizada pelo

    Ncleo de Comunicao e Educao, da Universidade de So Paulo (USP), com

    participao de 12 pases latino-americanos, ao concluir que efetivamente um novo

    campo do saber, absolutamente interdisciplinar estava se constituindo (SOARES, 2011, p.

    35).

  • 8

    Soares (2011, p. 44, grifo do autor), assim, nomeia o campo da educomunicao: um

    conjunto das aes inerentes ao planejamento, implementao e avaliao de processos,

    programas e produtos destinados a criar e a fortalecer ecossistemas comunicativos.

    O sentido de ecossistema para o autor uma figura de linguagem para nomear um ideal

    de relaes, construdo coletivamente, em dado espao, em decorrncia de uma deciso

    estratgica de favorecer o dilogo social (SOARES, 2011, p. 44) em oposio ao

    entendimento de Martn-Barbero, que designa ecossistema como nova ambincia

    proporcionada pelas tecnologias e na qual estamos todos compulsoriamente imersos.

    Soares (2011, p. 49) relaciona seis reas de interveno segundo as quais as prticas

    educomunicativas esto situadas. O autor defende o argumento de que as reas de

    interveno funcionam como pontes lanadas entre os sujeitos sociais e o mundo da

    mdia, do terceiro setor, da escola.

    A primeira delas, educao para a comunicao, tem nfase na recepo, buscando

    entender as implicaes da atuao dos meios de comunicao. A expresso comunicativa

    reconhece o potencial criativo das formas de manifestao artstica como espao de

    comunicao. Aproxima-se da arte-educao. J a mediao tecnolgica na educao se

    interessa pela presena e pelos usos criativos das Tecnologias de Informao e

    Comunicao (TICs), bem como pela gesto democrtica de seus recursos por crianas e

    adolescentes. A pedagogia da comunicao relacionada ao ambiente escolar e a realizao

    de projetos que possibilitem o trabalho conjunto de professores e alunos. A gesto da

    comunicao dedicada criao, execuo de planos e projetos educomunicativos. Por

    ltimo, a reflexo epistemolgica responsvel pela sistematizao das experincias e

    dedicada ao estudo do que vem a ser educomunicativo (SOARES, 2011, p. 48).

    Segundo Belloni (2012), o termo hbrido mdia-educao legitimado pela Organizao

    das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura (Unesco) na Declarao de

    Grnwald, de 1982, a qual recomendava programas de educao para as mdias e de

    formao de educadores. O termo, explica, vem evoluindo. Se antes era considerado como

    formao para a apropriao e uso das mdias como ferramentas: pedaggicas para o

    professor, de criao, expresso pessoal e participao poltica de todos os cidados

    (BELLONI, 2012, p. 47), atualmente precisa ser entendido em suas vrias dimenses,

    como a leitura crtica das mensagens em mltiplas telas, o uso pedaggico em situaes de

  • 9

    aprendizagem, a dimenso da incluso digital e a dimenso como meio de expresso, que

    busca a participao de jovens (BELLONI, 2012, p. 52).

    Na seo a seguir discutimos as aulas de campo da disciplina de Educomunicao como

    espaos formativos.

    Aulas de campo: a sala de aula encontra a realidade

    As aulas de campo, inspiradas nas aulas-passeio ou aulas-descoberta de Freinet (1998) so

    realizadas a cada semestre e tal qual propunha Freinet, so sadas ao ar livre para que os

    estudantes descubram novos cenrios e paisagens, estabeleam contatos, percebam novas

    possibilidades de aprendizagens.

    No contexto da disciplina, as aulas de campo, que contam com o apoio institucional da

    UFC por meio da concesso de dirias e transporte, se caracterizam por serem momentos

    que implicam deslocamentos para outros territrios fora de Fortaleza, com distncias que

    variam entre 130 km e 600 km: viagens para o litoral de Trairi e para a regio do Cariri, no

    sul do estado com vistas a conhecer as prticas educomunicativas da Escola de Ensino

    Fundamental e Mdio Padre Rodolfo Ferreira da Cunha, na localidade de Canaan e da

    Fundao Casa Grande, no municpio de Nova Olinda.

    Sair das rotinas acadmicas para ir ao encontro do outro, do desconhecido, do novo, um

    convite para vivenciar o que Foucault (1997) nomeia como el pensamiento del afuera, no

    sentido que a experincia favorece o movimento de colocar-se fora de si, para depois voltar

    a encontrar-se no final (p.17).

    Entendemos que tais aulas de campo constituem espaos ricos de formao, como prope

    Avena (2008): A viagem uma possibilidade de formao, um espao scio-cultural de

    construo do conhecimento, um movimento multirreferencial. , em sntese, um espao

    de aprendizagem multirreferencial privilegiado para a difuso do conhecimento (2008,

    p.93).

    A viagem como espao de formao, no sentido proposto por Avena (2008), se relaciona

    ainda com o conceito de Educomunicao de Donizete Soares (2006, p.01), como sendo

    um campo de pesquisa, de reflexo e de interveno social (...) um campo de ao

    poltica, entendida como o lugar de encontro e debate da diversidade de posturas, das

  • 10

    diferenas e semelhanas, das aproximaes e distanciamentos (2006, p.04), com o qual

    temos completa identificao.

    As aulas de campo proporcionam reflexo, espaos de pesquisa e tambm de interveno

    social na medida em que os estudantes se preparam e em funo de conhecimentos

    construdos coletivamente no decorrer das aulas, compartilham seus saberes com os grupos

    das instituies visitadas. Algumas vezes buscamos atender as necessidades de formao

    das entidades e em outros momentos, elegemos de forma conjunta, temas de oficinas que

    podem ser ministradas durante as aulas de campo, seja pelo interesse dos sujeitos

    envolvidos, seja pela expertise em determinada rea do saber, demonstrada pelos

    estudantes.

    Ao longo de trs semestres foram realizadas quatro aulas de campo e na ocasio foram

    ministradas oficinas de fanzine, podcasting, stop motion, contos digitais e sobre redes

    sociais na educao. Em 2015.1 esto previstas duas viagens. Em abril, para a Fundao

    Casa Grande, em Nova Olinda e em maio, para a Escola Padre Rodolfo Ferreira da Cunha.

    Esto em fase de preparao as oficinas que sero oferecidas pelos estudantes s crianas e

    jovens que atuam na Fundao Casa Grande, bem como aos demais estudantes do

    municpio e cujas temticas foram definidas: Laboratrio Criativo de Imagens,

    Campanhas Educativas no Rdio, Acessibilidade em portais digitais: Web design e

    linguagem de programao (CSS e XHTML) e Ensaios em Arte-educao.

    A equipe da Fundao Casa Grande gostou das propostas e considerando a necessidade de

    organizar o amplo acervo deles de livros, DVDs, histrias em quadrinhos e CDs, solicitou

    ainda oficina para uso do software Biblivre. Como no temos no grupo ningum com

    conhecimento nessa rea, estamos em contato com professores do curso de

    Biblioteconomia para indicar aluno ou docente que possa capacitar a equipe na utilizao

    do referido software.

    A Fundao Casa Grande Memorial do Homem Kariri, fundada em 1992, uma

    organizao no governamental cuja misso a formao educacional de crianas e

    jovens protagonistas em gesto cultural por meio de seus programas: Memria,

    Comunicao, Artes e Turismo (s/d).

    Na rea da Memria, a instituio possui acervo arqueolgico e mitolgico da regio

    organizado para visitao no Memorial do Homem Kariri. A visita guiada feita pelas

  • 11

    crianas que aprenderam sobre as histrias dos povos indgenas que habitaram o lugar e

    explicam com pertinncia os achados da pesquisa arqueolgica feita pela Fundao.

    O programa de Comunicao rene a emissora de rdio comunitria, a Casa Grande FM, a

    srie documental produzida semanalmente, 100 Canal, a editora que produz jornal,

    histrias em quadrinhos e outros materiais grficos, o Teatro Violeta Arraes, que atravs de

    parceria com o SESC, tem programao regular de espetculos musicais e teatrais. Toda a

    produo de contedo, desde a emissora de rdio at a srie 100 Canal, integralmente

    feita pelas crianas e adolescentes, que tambm se revezam na gesto dos referidos

    espaos.

    A Gibiteca, o Cineclube e a Biblioteca e o laboratrio de msica integram o programa de

    Artes. Com grande acervo audiovisual, de livros e gibis, os espaos tm programao

    frequente aberta aos moradores da cidade.

    O Programa de Turismo responsvel por receber os visitantes que podem se hospedar nas

    pousadas comunitrias mantidas pelos pais das crianas e jovens que atuam na Fundao,

    bem como pela orientao sobre as atividades que podem ser realizadas na cidade de Nova

    Olinda e na regio do Cariri de maneira geral.

    As crianas e jovens da Fundao Casa Grande tambm atuam na rea de Educao

    Patrimonial e tm produzido vasto material audiovisual sobre a cultura da regio, como o

    caso da srie SerTo Sonoro, com 30 programas sobre o Patrimnio Cultural Imaterial da

    regio do Cariri.

    O contexto das aulas de campo que acontecem em Trairi bem diverso, visto tratar-se de

    uma instituio educacional. Na sala de aula os alunos vivenciam experincias de

    educomunicao, tais como o Bioclick, projeto do ensino de Biologia que prope a

    observao da fauna e da flora do municpio litorneo de Trairi, para alm dos livros

    didticos e das aulas expositivas. Tal projeto consistiu na realizao de concurso

    fotogrfico sobre o ecossistema local, atravs de registro fotogrfico, por meio de telefone

    celular, para publicao no perfil Rizoma do Canaan, o Facebook. Na rede social foi

    possvel interagir com os contedos publicados, ampliando assim, o dilogo antes restrito

    ao espao da sala de aula.

    Na visita a Trairi, alm de conhecer as atividades realizadas pelos professores

    educomunicadores, os estudantes da Universidade Federal do Cear so convidados a

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    conhecer aspectos do meio ambiente local, como o mangue do Rio Munda, comprometido

    devido s inmeras fazendas de carnicicultura da regio, bem como o engenho de cana de

    acar onde se fabrica rapadura e outros produtos e ainda o trabalho da Associao de

    Moradores de Canaan, que mantm uma emissora de rdio de alto-falantes, uma biblioteca

    comunitria e oferece cursos gratuitos de informtica.

    Como forma de documentar tais vivncias, os alunos da disciplina de Educomunicao

    produzem memoriais, de carter individual, em formato livre, em que registram os

    momentos mais significativos das aulas de campo. O objetivo desse registro valorizar a

    expresso das subjetividades dos participantes, menosprezada, de forma geral, nos

    contextos de aprendizagem, especialmente no mbito da educao superior. Alguns alunos

    optam pelo texto, em forma de relatrio de campo, outros preferem produzir vdeos,

    fotografias, relatos sonoros, fanzines, sites, lbuns no estilo scrapbook e at mesmo

    fotonovelas.

    Mediante questionrio de avaliao de tais atividades foi possvel constatar que as aulas de

    campo so iniciativas significativas para a compreenso da educomunicao como rea de

    interveno social e para a formao do futuro profissional do curso de Sistemas e Mdias

    Digitais porque possibilitaram aproximar o contexto universitrio do contexto escolar,

    contribuindo para o entendimento de que prticas dialgicas e participativas favorecem

    novas formas de aprendizagem.

    Entre os depoimentos, o reconhecimento da aula de campo como encontro de saberes. A

    experincia como um todo foi bastante proveitosa. O contato com uma realidade diferente

    da nossa e a oportunidade de contribuir com o conhecimento so os pontos altos dessa

    empreitada.

    O entendimento do processo como em construo, bem como uma viso crtica da

    atividade, tambm pode ser observada pelas respostas dos entrevistados. Acho que

    necessrio planejar melhor para que no seja uma simples exposio. Tambm

    importante conhecer o pblico para quem vai falar, de modo que o que vai ser dito,

    buscando exemplos mais prximos realidade dos alunos.

    A aula de campo como espao de aprendizagem individual e coletiva tambm foi

    comentado pelos entrevistados.

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    A vivncia foi muito importante para nossa formao como possveis

    educomunicadores. L tivemos a oportunidade de ver de perto e experimentar mais

    do contexto educomunicacional que tanto temos lido a respeito em artigos e

    discutido em nossas aulas. Foi muito gratificante participar do processo de

    compartilhamento de conhecimentos. como se agora nos sentssemos um

    pouquinho tambm responsveis por aquele projeto. Em suma, foi uma experincia

    que, com certeza, impactou a todos ns e sempre ser lembrada como um exemplo

    do que podemos fazer e um incentivo para irmos mais alm (entrevistado 5).

    Muitos alunos mencionaram ainda, que pela primeira vez em sua formao acadmica,

    saram do espao da Universidade e vivenciaram realidades distintas das que esto

    familiarizados. Alguns consideraram gratificante a possibilidade de trocar experincias

    com grupos de crianas e adolescentes de vrias regies do estado.

    CONSIDERAES FINAIS

    Os depoimentos dos entrevistados indicam que as aulas de campo, de fato, se constituem

    como espaos de formao multirreferencial, como defende Avena (2008). So

    identificadas ainda como aes de interveno social, no sentido de que pela troca de

    conhecimentos, os saberes se interconectam, na perspectiva do conhecimento complexo de

    Morin (2011). Fica evidenciado tambm, pelas respostas ao questionrio, que pelo

    encontro, todos os envolvidos so afetados, do ponto de vista das suas subjetividades.

    Entende-se que tais vivncias educomunicativas no ensino superior, discutidas de forma

    preliminar no presente texto, ensejam uma melhor sistematizao, de forma a contribuir

    para a expanso de tais prticas no mbito de outras instituies de ensino. Percebe-se

    ainda que necessrio ampliar a interlocuo com outros segmentos da sociedade no

    sentido de oferecer aulas de campo em outros contextos e porque no, em outros estados

    nordestinos, considerando a proximidade geogrfica e a facilidade de deslocamento. Fica o

    desafio.

    REFERNCIAS

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