· web viewo autor destaca a grande importância da participação das comunidades na...

62
QUALIDADE URBANA AMBIENTAL E PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICAS: UM ESTUDO SOBRE O PARQUE DO POVO DE PRESIDENTE PRUDENTE – SP. Nome: Fernanda Berguerand Xavier Orientadora: Prof.ª Dr.ª Alba Regina Azevedo Arana PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

Upload: danganh

Post on 06-Dec-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

QUALIDADE URBANA AMBIENTAL E PRÁTICA DE ATIVIDADES FÍSICAS: UM ESTUDO SOBRE O PARQUE DO POVO DE PRESIDENTE PRUDENTE – SP.

Nome: Fernanda Berguerand Xavier

Orientadora: Prof.ª Dr.ª Alba Regina Azevedo Arana

Presidente Prudente – SP

2014

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

MESTRADO EM MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL

Resumo

Em Presidente Prudente – SP, o Parque do Povo é um espaço verde urbano que se constitui o principal espaço público de lazer e esportes da cidade, intensamente frequentado para o uso de seus gramados, calçadas circundantes, quadras esportivas e pistas de cooper, ciclismo e skate. Considerações a respeito da relação direta e positiva entre qualidade urbana ambiental satisfatória e parques verdes urbanos são constantemente trazidas em estudos recentes. Entre inúmeros benefícios, esses locais promovem oportunidades para a prática de atividades físicas. Dessa forma, este trabalho tem como objetivo verificar a relação entre a qualidade ambiental urbana e a prática de atividades físicas, e ainda discutir a importância dos parques verdes urbanos como possíveis incentivadores dessa prática e potenciais atores em estratégias ambientais de promoção de saúde. A metodologia recairá numa pesquisa de abordagem qualiquantitativa que será realizada em duas etapas. O nível de atividade física e características do uso/usuários do parque serão coletados através do System for Observing Play and Recreation in Communities (SOPARC). Este instrumento que se baseia em observações sistemáticas (scans) de áreas alvo selecionadas tem se mostrado confiável, sendo largamente utilizado a nível internacional para avaliar parques e espaços públicos abertos e recentemente foi utilizado no Brasil. Também será feito o uso de questionário construído para atingir os objetivos propostos, que será aplicado a 200 frequentadores do parque que sejam maiores de 18 anos e estejam praticando exercício físico no local da pesquisa. Para a análise sistemática dos resultados será necessária uma analogia entre as literaturas selecionadas na revisão bibliográfica e as informações coletadas.

Palavras-chave: qualidade ambiental urbana; planejamento urbano; atividades físicas; promoção de saúde; áreas verdes; parques urbanos; Parque do Povo; Presidente Prudente.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO E

JUSTIFICATIVA............................................................................4

2. OBJETIVOS..............................................................................................................6

2.1. Objetivo Geral........................................................................................................6

2.2. Objetivos Específicos.............................................................................................6

3. HIPÓTESE................................................................................................................6

4. REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................................7

4.1. QUALIDADE URBANA AMBIENTAL, PLANEJAMENTO E ESPAÇOS

VERDES.....7

4.1.1. Qualidade Urbana Ambiental................................................................................7

4.1.2. Planejamento Urbano Ambiental.........................................................................11

4.1.3. Espaços Livres e Áreas Verdes nas cidades......................................................14

4.2. EXERCÍCIO FÍSICO, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA.......................................19

4.2.1. Conceito de Atividade Física e Saúde................................................................19

4.2.2. Benefícios da Atividade Física em Saúde...........................................................22

4.2.3. Qualidade de Vida relacionada à Saúde.............................................................24

4.3. ATIVIDADES FÍSICAS EM AMBIENTES VERDES URBANOS............................27

5 . METODOLOGIA.......................................................................................................30

REFERÊNCIAS.............................................................................................................36

1. INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA

Analisar a qualidade urbana ambiental de um determinado local é

um importante subsídio para o planejamento urbano, visto que uma abordagem

baseada em evidências é essencial e o conhecimento científico detalhado

juntamente com a coleta de dados é um importante passo para implementar

programas ambientais com o objetivo de proteger a população.

Considerações a respeito da relação direta e positiva entre

qualidade urbana ambiental satisfatória e espaços urbanos que privilegiem a

natureza são constantemente trazidas em estudos recentes. “Considera-se que

para que determinado espaço urbano possa apresentar qualidade ambiental

satisfatória, torna-se condição necessária uma composição paisagística que

privilegie, sobretudo, mas não somente, a vegetação; vista desde um simples

gramado às mais frondosas espécies arbóreas. Nessas condições, a

vegetação constitui componente chave da qualidade ambiental, embora outros

componentes também sejam necessários ao alcance de um padrão mínimo de

qualidade do ambiente como os espaços livres públicos destinados ao lazer e a

coerência entre os padrões de edificações desse ambiente” (GOMES;

SOARES, 2004).

Um espaço urbano de qualidade é um fator decisivo para a

melhor qualidade de vida de uma população. Uma série de estudos tem

mostrado que a vida em ambientes mais naturais influencia positivamente a

autopercepção de saúde das pessoas e levam a um menor risco de

mortalidade (MAAS et al, 2008). Díaz (2010) considera que a vegetação torna o

ambiente muito mais atrativo, dá a sensação de refúgio do dia-a-dia, alivia o

stress e estimula as pessoas à prática de atividades físicas.

Se existe essa relação positiva entre áreas verdes urbanas e

encorajamento para a prática de exercícios físicos, e sabe-se que uma vida

fisicamente ativa traz inúmeros benefícios em muitos determinantes de saúde,

os espaços urbanos de qualidade têm que ser vistos com devida importância

na estratégia de promoção de saúde – direito de todos. A promoção da saúde

é, de acordo com as leis federais, a ferramenta mais importante da Saúde

Pública. Desde os anos 70 que se sabe que os serviços de saúde são

insuficientes, por si sós, para obter ganhos em saúde. “De fato, tem-se vindo a

verificar ser necessário expandir a avaliação, o planejamento e as ações de

saúde pública para além do campo restrito do setor da saúde” (SANTANA et al,

2010). Se forem constatados os benefícios em saúde que as pessoas podem

atingir com o uso de áreas verdes públicas, melhorias nos parques da cidade e

até a implantação de novas áreas podem ser vistas como alternativa para a

melhoria do quadro de saúde de uma população.

Em Presidente Prudente – SP, o Parque do Povo é um espaço

verde urbano que se constitui o principal espaço público de lazer e esportes da

cidade, intensamente frequentado para o uso de suas pistas de cooper,

quadras esportivas, pistas de skate, gramados e calçadas que o circundam.

(SAWADA el al, 2007)

Espaços como esse possuem grande importância no contexto das

cidades na sociedade contemporânea por serem espaços de integraçãoe de

nos apresentarem diferentes manifestações no decorrer de sua produção e

seus usos. Eles possuem função social (à medida que proporcionam encontro

e lazer e promovem a socialização dos indivíduos), função organizacional

(organizam a infraestrutura da cidade e configuram o desenho urbano), função

ecológica (estruturam áreas de proteção ao ambiente) e função cultural (já que

fortalecem a identidade local) (BORTOLO, 2010).

Inicialmente projetado para recuperar uma área de fundo de vale,

o Parque do Povo passou por muitas dificuldades no decorrer de sua

implantação. Fatores naturais e financeiros por vezes inviabilizaram e

paralisaram o desenvolvimento da área. Como decorrência dos investimentos

realizados pelo Poder Público, tanto a área do parque como o seu entorno

vieram a sofrer transformações bastante significativas na sua configuração

espacial, fazendo com que o local seja hoje um dos espaços mais importantes

da cidade, visto por muitas pessoas como o verdadeiro cartão postal de

Presidente Prudente. (SAWADA et al, 2007)

Observado o grande fluxo de pessoas que diariamente utilizam as

dependências do Parque do Povo, é importante analisar de que maneira esse

espaço traz a autopercepção de saúde dos prudentinos e atuam na busca de

bem-estar através de uma vida fisicamente ativa.

Reconhecendo a interdisciplinaridade dos estudos ambientais é

importante também estudar qual o perfil dos atuais frequentadores do parque e

qual o raio de abrangência dessas áreas frequentadas, para que, havendo a

constatação de influência positiva dessas áreas no quadro de saúde dos

frequentadores, essas informações possam servir de base para reflexões a

respeito de qualidade ambiental urbana da cidade, bem como para a

possibilidade de futuras melhorias e até implantação de novos espaços verdes.

2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

Verificar a relação entre a qualidade ambiental urbana e a prática de atividades físicas.

2.2 Objetivos Específicos

Discutir o conceito de qualidade urbana ambiental e sua importância na qualidade de vida, saúde e na prática de atividades físicas.

Verificar as razões que levam as pessoas à prática de exercícios físicos em áreas verdes urbanas.

Apresentar a importância do Parque do Povo em Presidente Prudente para a realização de atividades físicas e sua relevância com a qualidade urbana ambiental.

Apresentar o perfil dos praticantes de exercício físico que frequentam o Parque do Povo, bem como caracterizar as formas de utilização desse espaço.

3. HIPÓTESE

A hipótese adotada neste trabalho é que as áreas verdes urbanas

contribuem para uma melhor qualidade ambiental (GOMES; SOARES, 2004) e

para a prática de atividades físicas nas urbes (MAAS et al, 2008; Crompton,

1999). O conforto ambiental dos locais verdes urbanos soma-se à função de

embelezamento da cidade, bem como às funções de lazer, qualidade urbana

ambiental e prática de atividades físicas, permitindo que o indivíduo venha a se

integrar com a natureza e trazer benefícios para sua saúde.

Desta forma, o “Parque do Povo” em Presidente Prudente -SP em razão

de sua localização, função como área verde e infraestrutura, possibilita a

qualidade urbana ambiental no município corroborando para a prática de

atividades físicas. A prática regular de exercícios físicos traz inúmeros

benefícios à saúde da população e ainda muitos determinantes de saúde física,

social e afetiva (ARAÚJO & ARAÚJO, 2000).

4-REVISÃO DE LITERATURA

4.1. QUALIDADE URBANA AMBIENTAL, PLANEJAMENTO E ESPAÇOS VERDES

A análise da qualidade ambiental surge da necessidade de melhorias

nas condições ambientais e de vida nas paisagens urbanas que, por sua vez,

tem relação direta com um adequado planejamento urbano e relação indireta

com questões específicas e não menos importantes como a presença de

espaços verdes nas cidades.

4.1.1 Qualidade Urbana Ambiental

A qualidade ambiental envolve muitas questões, como a complexidade

dos elementos culturais, sociais, econômicos, políticos, ambientais e, às vezes,

implica em choques conceituais e nos métodos de análises, associando muitas

áreas do conhecimento.

Machado (1997, apud PINA; SANTOS, 2012) indica que a qualidade

ambiental é de difícil definição e está intimamente relacionada à qualidade de

vida, pois deve existir uma interação e um equilíbrio entre o meio ambiente e as

atividades que envolvem a vida do ser humano.

Para a busca de indicadores favoráveis de qualidade urbana ambiental,

é preciso alcançar a definição de um método que seja capaz de diagnosticar as

interações dos sistemas natural e antrópico e as reais condições propícias para

a qualidade de vida. Com base no trabalho realizado por Nucci (2008), alguns

indicadores de qualidade ambiental são listados como fundamentais para a

qualidade de vida em ambientes urbanos:

Clima: o processo de urbanização pode modificar o clima em

função da alteração da superfície – uso e ocupação do solo –

bem como pelo aumento do calor, dada a alteração dos ventos,

da umidade relativa do ar e das precipitações. As consequências

imediatas são: diminuição da radiação solar, da velocidade do

vento e da umidade do ar, além do aumento da temperatura, da

precipitação e de névoas. Nesse caso, a impermeabilização do

solo, a falta de espaços livres de construção e a verticalização

diminuem a evaporação e aumentam a capacidade térmica da

área, formando, assim, as ilhas de calor. Com isso, o ar da cidade

torna-se mais quente;

Poluição atmosférica: a poluição do ar consiste na mudança de

sua composição e de suas propriedades, principalmente em

função das emissões de poluentes. Entende-se como poluente

atmosférico qualquer forma de matéria orgânica ou energia com

intensidade e em quantidade, concentração, tempo ou

características que tornam o ar nocivo à saúde humana, ao bem-

estar público e à vida de diversas espécies da fauna e da flora;

Poluição sonora: as principais fontes de poluição sonora são os

meios de transporte terrestre, os aeroportos, as obras de

construção civil, as atividades industriais, além das condutas

diárias das pessoas. Com relação à saúde propriamente dita, a

exposição a ruídos pode causar enxaquecas, úlceras,

esterilidade, doenças nos rins e do fígado, falta de resistência,

entre outros;

Cobertura vegetal: a cobertura vegetal corresponde às áreas

providas de vegetação do tipo herbácea, arbustiva ou arbórea,

podendo estar em áreas públicas ou privadas. As áreas de

cobertura vegetal podem ser jardins, praças, parques, canteiros,

áreas protegidas, entre outros;

Áreas verdes e espaços livres de construção: as áreas verdes são

espaços livres vegetados, acessíveis ao uso direto da população,

portanto, não abrangem os espaços privados como clubes,

jardins, entre outros. O índice de área verde, importante

informação para o estudo da qualidade ambiental, é a relação

entre a densidade populacional e a totalidade de áreas verdes de

uma certa localidade. Já os espaços livres de construção são

áreas não edificadas de uma dada localidade pública ou privada,

independente do seu uso, podendo ou não ter vegetação, além da

presença de águas superficiais. Os espaços livres de construção

públicos localizados em áreas urbanas são geralmente

destinados ao lazer, a exemplo dos parques, zoológicos, jardins

botânicos, quadras poliesportivas, praças, entre outros.

A qualidade de vida urbana está diretamente atrelada a vários fatores

reunidos na infraestrutura, no desenvolvimento econômico-social e àqueles

ligados à questão ambiental. Dubus (1971, apud MACHADO, 1997) ressalta

que medir a qualidade ambiental de um determinado local é um desafio

complexo, já que qualidade ambiental é um aspecto que muitos autores

afirmam ser subjetivo. O autor afirma que a dificuldade de se definir o que se

entende por qualidade ambiental “reside no fato de que qualidade envolve

gostos, preferências, percepções, valores, o que torna difícil de se chegar a um

consenso”.

A despeito dessa dificuldade, há porém um consenso quando se

relaciona qualidade ambiental urbana e vegetação. “Considera-se que para que

determinado espaço urbano possa apresentar qualidade ambiental satisfatória,

torna-se condição necessária uma composição paisagística que privilegie,

sobretudo, mas não somente, a vegetação; vista desde um simples gramado

às mais frondosas espécies arbóreas. Nessas condições, a vegetação constitui

componente chave da qualidade ambiental, embora outros componentes

também sejam necessários ao alcance de um padrão mínimo de qualidade do

ambiente como os espaços livres públicos destinados ao lazer e a coerência

entre os padrões de edificações desse ambiente” (GOMES; SOARES, 2004).

Sobre essa relação direta entre qualidade urbana ambiental e áreas

verdes, Richter & Bocker afirmam:

A qualidade ambiental urbana está diretamente ligada ao acesso dos moradores à quantidade, qualidade e distribuição de espaços livres de construção que possam permitir um saudável contato com a natureza, propiciando também possibilidades de socialização e expressão cultural; portanto, uma combinação entre conservação da natureza, conservação da flora e da fauna, conservação do solo, funções climáticas e as necessidades da população em relação à recreação e relaxamento em contato com a natureza. Nesse caso, é essencial a implantação de espaços livres urbanos que possam satisfazer os diversos interesses humanos das mais variadas formas (RICHTER; BÖCKER, 1998,p.56).

Este trabalho tratará especificamente da importância das áreas verdes

no subitem 2.3 deste mesmo capítulo.

Alguns fatores podem ser associados à influência na queda da qualidade

ambiental, nas paisagens urbanas. Jacobi (2004, apud PINA; SANTOS, 2012)

associa a esses fatores, as seguintes questões:

1) Redução de áreas verdes, o que implica na excessiva

impermeabilização do solo e na multiplicação de áreas críticas de ocorrências

de enchentes, com impactos ambientais, sociais e econômicos sobre toda a

estrutura da cidade, perdurando praticamente por todo o ano;

2) A falta de medidas práticas mais definidas, de curto prazo e de

políticas para controlar a poluição do ar;

3) Uma procrastinação séria na rede de transporte público, e em

diversos casos de metrô e de outras alternativas mais adequadas para o

transporte público, de forma a possibilitar uma redução no uso do automóvel;

4) Uma séria procrastinação na expansão das redes de esgotos;

5) A contaminação da maioria dos mananciais de água e dos rios dentro

das cidades, e o risco que isto significa para a população, principalmente nas

áreas de enchentes;

6) A exaustão das alternativas convencionais para o despejo de lixo e os

problemas resultantes da contaminação das águas subterrâneas e da

superfície pelo chorume.

Nesse contexto, analisar a qualidade urbana ambiental torna-se

importante e depara-se com elementos que podem ser necessários para a

tomada de medidas que possam ser incorporadas ao planejamento, com o

objetivo de diminuição dos impactos da degradação ambiental, pois o controle

e a melhoria da qualidade ambiental, na maioria dos casos, significam custos

para as administrações públicas.

Sendo assim, ao analisar uma paisagem urbana é preciso observar o

contexto econômico, social, ambiental e cultural, sendo imprescindível a

compreensão de suas relações e interações, já que as atividades

desenvolvidas nessas paisagens, associadas ao adequado planejamento e

infraestrutura, podem influenciar no aumento da qualidade do ambiente. A

qualidade ambiental surge então como fator imprescindível a ser considerada

nas análises e pesquisas relacionadas às paisagens urbanas e no seu

planejamento.

4.1.2 Planejamento Urbano Ambiental

A busca pelo desenvolvimento de novas práticas e reflexões

relacionadas ao planejamento urbano tem sido evidenciada no Brasil e no

mundo pelo elevado número de pesquisas e estudos técnicos e científicos

realizados nos últimos anos. No Brasil, ações de controle e regulação sobre o

planejamento, a gestão e o desenvolvimento urbanos estão sob competência

do Poder Público Municipal, de acordo com a Constituição Federal de 1988 em

seu capítulo sobre política urbana.

O planejamento urbano constitui um processo político-administrativo de

governo que, embora deva estar embasado em conhecimentos teóricos,

necessita estar definido como políticas e diretrizes práticas; portanto verifica-se

a relação do planejamento urbano com as políticas urbanas (FERRARI, 1991,

apud ALBANO, 2013).

O processo de planejamento urbano tem como finalidade ordenar,

articular e equipar o espaço, de maneira racional, direcionando a malha

urbana, assim como suas áreas ou zonas, a determinados usos e funções.

Contudo, a ideia de processo de planejamento está pautada na compreensão

de que somente ocorre eficazmente se houver todas as fases de

desenvolvimento técnico: levantamentos e diretrizes, projeto, execução, e

reanálise (PHILIPPI Jr, ROMERO, BRUNA, 2004, apud ALBANO, 2013).

A complexidade dos desafios urbanos requer um trabalho

multidisciplinar, na construção de caminhos alternativos para superar as

problemáticas que envolvem múltiplas e diferenciadas questões urbanas,

regionais, nacionais e internacionais (GUEL, 1997, apud REZENDE, 2007). As

decisões sobre a organização do espaço e da vida social ultrapassam a

problemática e a competência técnico-instrumental dos planejadores e

tecnocratas, configurando uma situação que exige o diálogo, a comunicação e

a interação consciente dos envolvidos (RATNNER, 1974, apud REZENDE,

2007).

Mendonça (1994), (apud CAPORUSSO; MATIAS, 2008) salienta que, a

falta de planejamento na orientação do desenvolvimento das cidades no Brasil

gerou ambientes urbanos com elevados níveis de degradação, não somente

porque o planejamento urbano não consegue alcançar o rápido processo de

urbanização, mas também porque se observa um desinteresse político para a

criação e implementação de mecanismos de combate ao declínio da qualidade

de vida no ambiente urbano.

Douglas (1987, apud AVAREZ, 2004) comenta que muito dos problemas

das cidades não são amenizados por falta de comunicação entre os cientistas,

os planejadores e os tomadores de decisão. Ainda que se façam grandes

projetos com adequabilidade ambiental e se tenha vontade política de implantá-

los, sem o envolvimento da população, qualquer estudo nessa área de

melhoria das condições da cidade ficaria anulado.

Cada cidade possui características próprias, e, portanto, devem ser

consideradas suas particularidades no desenvolver do planejamento. Não há

como definir um padrão de política, direcionamento e ação únicos com

aplicação a todas as cidades; devendo cada uma, estipular estratégias voltadas

à busca da sustentabilidade, ou seja, cada cidade precisa encontrar suas

próprias soluções para seus problemas urbanos (OLIVEIRA FILHO, 1999 apud

ALBANO, 2013). Ao planejador cabe o papel de analisar a realidade da cidade

e a partir disso propor soluções para os problemas já enraizados e aqueles que

surgem no decorrer do tempo, lembrando que existem inúmeros obstáculos

que dificultam a implementação dos planos.

No Brasil a falta de políticas de ordenação para o crescimento das

cidades tem contribuído para a degradação da qualidade ambiental e de vida

da população, principalmente naquelas onde a aglomeração humana e de

atividades já assumiu certo porte.

O Planejamento Urbano Ambiental configura-se numa combinação entre

o planejamento e a análise ambiental, visando ao uso racional dos recursos

naturais, de modo que se respeite os limites e sua capacidade de suporte a fim

de melhorar as condições de vida da população residente nas urbes (MARIA,

2012).

O objetivo principal do Planejamento Ambiental é a garantia de forma

ampla das condições ecológicas para o desenvolvimento da produção social,

por meio do uso racional e da proteção dos recursos do meio ambiente. O

Planejamento Urbano Ambiental deve ser articulado através de quatro níveis

integrados, são eles: "a organização ambiental do território; a avaliação

ambiental de projetos; a auditoria e peritagem ambiental e a gestão do modelo

de Planejamento Ambiental" (RODRIGUES, 1994, p.584, apud ALBANO,

2013).

O discurso relacionado aos problemas ambientais tem como alicerce

questões ligadas à ética, cidadania, valores culturais, aspectos econômicos e

políticos. Por ser o habitat do homem, o ambiente urbano deve ser pensado e

planejado de forma a garantir não apenas a sobrevivência, mas a vida da

sociedade.[...] o comportamento humano é regido não só por parâmetros éticos e sociais, mas também por fatores ambientais. Ora, em um ambiente urbano que constitui o verdadeiro ‘habitat’ e ‘nicho’ do ser humano, obviamente, ele deve (ou deveria ser) o ponto central de referência

quando da tomada de decisão pela autoridade constituída, ou no nível da própria cidadania. (NUCCI, 2001, apud MARIA, 2012, p.77)

De acordo com Avarez (2004), o verde é o elemento mais frágil das

cidades, uma vez que sofre diretamente os efeitos da ação antrópica,

representada pelas pressões da urbanização e do adensamento populacional.

Para garantir um mínimo de bem estar à população, o autor afirma que é

preciso quantificar o verde nas urbes: “No planejamento urbano, é necessário

realizar um bom diagnóstico da presença de vegetação, de modo a servir de

subsídio para delinear um plano de ação para a implantação de espaços

verdes e manejo da vegetação existente”.

Morero et al (2007) afirmam que:

[...] apesar do conhecimento acadêmico da importância das áreas verdes urbanas, há uma tendência de se “economizar espaços para o lazer”, principalmente nas zonas urbanas mais pobres e, como conseqüência, pode-se causar a deterioração da qualidade de vida dos habitantes. (MORERO, 2007,p.43)

A confirmação da importância das áreas verdes urbanas como uma

categoria de espaço livre de construção pode reforçar ainda mais a ideia de

conservação e preservação da biodiversidade, surgindo a partir daí a questão

da sustentabilidade urbana, capaz de influenciar diretamente a qualidade

ambiental e, por consequência, a qualidade de vida. Dessa forma, o

planejamento e gestão ambiental das áreas verdes devem considerar, cada

vez mais, a necessidade de incluir a visitação pública como um elemento

essencial para a difusão de uma sensibilidade ambiental, passando a investir

na infraestrutura local necessária (PINA; SANTOS, 2012).

Um planejamento urbano de qualidade considera a presença da

vegetação intraurbana como fator essencial para a qualidade urbana ambiental

e consequente aumento de qualidade de vida. O levantamento de sistemas de

lazer que podem compor áreas verdes subsidia a realização de um

planejamento adequado da ocupação do solo, em espaços urbanos.

4.1.3 Espaços Livres e Áreas Verdes nas cidades

Espaço livre é um termo abrangente que inclui os termos área verde,

parque urbano, praça, sistema de lazer, jardim, área de preservação

permanente e áreas particulares dentro dos limites urbanos. Segundo Miller

(1997), o primeiro critério para se estabelecer um espaço livre deveria ser o de

um local onde a maioria da população teria acesso. O lazer e a recreação,

segundo Avarez (2004), são a função primordial desses espaços para a

maioria da literatura.

Llardent (1982, apud LOBODA; ANGELIS, 2005) retrata a história das

funções urbanas desses espaços livres dizendo que: “a cidade é um conjunto

de elementos, sistemas e funções entrelaçados”. Este é um marco concreto,

onde deve contemplar a evolução dos espaços livres como um dos principais

sistemas que formam o organismo urbano.

Guzzo (1999, apud AVAREZ, 2004) delega uma importância ainda maior

para esses espaços, afirmando que a existência de espaços livres urbanos

expressa o significado de qualidade ambiental e de vida de uma cidade.

Espaço verde ou área verde são termos relativamente novos que têm

origem do movimento de conservação da natureza urbana. Para Avarez (2004),

as expressões “espaço verde” e “espaço livre” são usadas livremente e de

modo intercambiável em muitos estudos, mas a ausência de uma definição

consensual sobre essa terminologia não é bem aceita para alguns autores, que

defendem a padronização do termo.

Lima et al. (1994) consideram que é necessário um esforço para que os

termos utilizados para classificação da vegetação urbana sejam discutidos de

forma convergente. Para eles, espaço livre é um termo mais abrangente que

áreas verdes, e admitem que entre os espaços livres tem-se:

Área verde: onde há o predomínio de vegetação arbórea. Devem

ser consideradas as praças, os jardins públicos e os parques

urbanos, além dos canteiros centrais e trevos de vias públicas,

que tem apenas funções estéticas e ecológicas. Porém, as

árvores que acompanham o leito das vias públicas não se incluem

nesta categoria. Os autores apontam que as áreas verdes, assim

como todo espaço livre, devem também ser hierarquizadas,

segundo sua tipologia (privadas, potencialmente coletivas ou

públicas) e categorias.

Parque Urbano: são áreas verdes, maiores que as praças e

jardins, com função ecológica, estética e de lazer.

Praça: pode não ser considerada uma área verde caso não tenha

vegetação e seja impermeabilizada. Quando apresenta vegetação

é considerada jardim, e como área verde sua função principal é

de lazer.

De acordo com esse entendimento e considerando as áreas verdes

como uma categoria dos espaços livres de construção, Mazzei et al. (2007)

ressaltam que estes termos não são sinônimos e que o planejamento das

áreas verdes visa “atender a demanda da comunidade urbana por espaços

abertos que possibilitem a recreação, o lazer e a conservação da natureza”

(p.35). Em suas concepções,

[...] as áreas verdes não são necessariamente voltadas para recreação e lazer como objetivos básicos dos espaços livres, porém devem ser dotadas de infraestrutura e equipamentos para oferecer opções de lazer e recreação às diferentes faixas etárias, a pequenas distâncias da moradia (que possam ser percorridas a pé). (MAZZEI et al., 2007,p.45)

Alguns planos sobre espaços verdes nas cidades desconsideram seu

papel multifuncional. Muitas decisões são baseadas apenas em estética e em

custo. O que ainda está faltando, na maioria das cidades, é uma visão sobre o

papel dos espaços verdes, uma compreensão de que eles formam uma

estrutura verde que pode ser usada como um recurso em benefício dos

habitantes e para aumentar a sustentabilidade do meio (Beer & Higgins, 2000

citados por Avarez, 2004).

Beer et al. (2003) mostraram que a presença de espaços verdes

urbanos exerce várias funções:

apoio recreacional, experiencial e à necessidade de saúde de

pessoas locais e visitantes;

estímulo para que as pessoas desfrutem um tempo de lazer nos

locais onde vivem, reduzindo o uso de veículos;

fornecimento de oportunidades para que moradores urbanos

permaneçam em lugares relativamente quietos;

relação de um sentimento de orgulho da comunidade em relação à

sua localidade;

apoio ao desenvolvimento e manutenção da biodiversidade em áreas

urbanas;

fornecimento de área para deposição de dejetos biodegradáveis;

contribuição para a limpeza do ar, pela retirada de partículas por

meio das copas das árvores e dos arbustos;

redução do efeito de ilhas de calor urbanas;

aumento da atratividade econômica de uma cidade.

Espaço livre é definido como aquela parte da área urbana que contribui

para amenizar a vista, dando uma percepção positiva da paisagem urbana e/ou

que tem a virtude de permitir acesso público. É uma combinação de espaço

verde urbano com espaço público. Este conceito concorda, em termos gerais,

com o de Espaço Verde Urbano. Os responsáveis pelo planejamento e manejo

de parques usam o termo “espaço livre” para se referir a acesso público, de

responsabilidade de autoridades locais (AVAREZ, 2004).

A manutenção das áreas verdes urbanas sempre foi justificada pelo seu

potencial em propiciar qualidade ambiental à população. Ela interfere

diretamente na qualidade de vida dos seres por meio das funções sociais,

ecológicas, estéticas e educativas, que elas exercem para amenização das

consequências negativas da urbanização (CAPORUSSO; MATIAS, 2008). O

impacto do espaço verde sobre a saúde é cada vez mais reconhecido, mas

esse tema ainda precisa influenciar mais o urbanismo.

De acordo com Díaz (2010) a presença de vegetação abundante é um

dos fatores mais importantes que influencia o uso dos espaços abertos e se

encontra indissociavelmente vinculado à qualidade do projeto. A autora chama

a atenção para a importância desses espaços verdes urbanos na umidificação

e purificação do ambiente das cidades, produção de oxigênio, proteção da

fauna, amortecimento de efeitos sonoros e seu papel essencial como

reguladores de iluminação e microclima, além de outras vantagens ambientais

e estéticas.

Jim e Chen (2003, apud BENINI, 2009) consideram que as áreas verdes

urbanas são “universalmente avaliadas como locais de recreação, refúgio de

vida selvagem e ingrediente essencial para uma cidade habitável”

De acordo com Benini (2009), em síntese, essas áreas verdes

contribuem para o conforto ambiental dos locais onde estão inseridas. Somam-

se a estas funções a de embelezamento da cidade, bem como, a função do

lazer, onde o homem pode afastar a angustia da cidade de concreto,

permitindo que o indivíduo venha a se integrar com a natureza. Em uma tese

que objetiva conceituar o termo “área verde pública”, a autora Considera “área

verde pública todo espaço livre (área verde / lazer) que foi afetado como de uso

comum e que apresente algum tipo de vegetação (espontânea ou plantada),

que possa contribuir em termos ambientais (fotossíntese, evapotranspiração,

sombreamento, permeabilidade, conservação da biodiversidade e mitigue os

efeitos da poluição sonora e atmosférica) e que também seja utilizado com

objetivos sociais, ecológicos, científicos ou culturais.”

A oferta de Espaços Verdes Urbanos (EVU) seguros, limpos e

confortáveis tem impactos na saúde, medidos de forma direta, através do

estado de saúde auto avaliado e longevidade e, de forma indireta, através da

melhoria da qualidade ambiental.

Apesar do reconhecimento desse papel essencial da vegetação urbana,

para Diegues (1996) não basta a simples colocação de espaços livres urbanos

materializados em áreas verdes sem que haja a valorização da própria

população local; nesse caso, a população deve ser incluída no sentido de não

só usufruir dos espaços disponíveis como também contribuir para a

manutenção dos elementos ali existentes. O autor destaca a grande

importância da participação das comunidades na preservação e conservação

da biodiversidade. Adaptando ao contexto estudado, a existência de pesquisas

científicas que apontem a importância do parque em questão na saúde da

população podem alertar autoridades e até mesmo os próprios frequentadores

para a necessidade de preservação e conservação do local, e até mesmo de

possíveis melhorias.

4.2 EXERCÍCIO FÍSICO, SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA

4.2.1 Conceitos de Atividade Física e Saúde

A atividade física é tradicionalmente definida como qualquer movimento

corporal produzido pela contração dos músculos esqueléticos que resulte em

um aumento substancial em relação ao dispêndio de energia em repouso

(ACSM,2010). Com frequência, os termos atividade física e exercício físico são

erroneamente utilizados como sinônimos. A American College of Sports

Medicine (ACSM) ressalta essa diferença, particularizando o exercício físico

como um tipo de atividade física que consiste em movimentos corporais

planejados, estruturados e repetitivos realizados para aprimorar ou preservar

um ou mais componentes da aptidão física.

A definição apresentada pelo Manifesto do Cirurgião Geral dos Estados

Unidos em 1996 e citada por Araújo & Araújo (2000) considera como atividade

física todo movimento corporal com gasto energético acima dos níveis de

repouso, incluindo atividades decorrentes do dia-a-dia, como tomar banho,

vestir-se; atividades realizadas durante o trabalho, como andar, carregar,

levantar-se; e também as atividades de lazer, como a prática de exercícios,

esportes, danças, etc. Shephard (1990) define atividade física como qualquer

movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos que resultem em

gasto energético, não se preocupando com a magnitude desse gasto de

energia. Esses autores também diferenciam atividade física e exercício físico a

partir da intencionalidade do movimento, considerando que o exercício físico é

um subgrupo das atividades físicas, que é estruturado, planejado e repetitivo,

objetivando a manutenção ou otimização da aptidão física.

A ACSM define aptidão física como um conjunto de atributos ou

características que as pessoas possuem ou adquirem e se relacionam com a

capacidade de realizar uma atividade física. Esses atributos são subdivididos

em “Componentes de Aptidão Física Relacionados à Saúde” e “Componentes

da Aptidão Física Relacionados às Habilidades”, como vemos no quadro a

seguir:

Componentes de Aptidão Física Relacionados à Saúde e Relacionados às Habilidades

COMPONENTES DE APTIDÃO FÍSICA RELACIONADOS À SAÚDE

Endurance cardiovascular: Capacidade dos sistemas circulatório e respiratório de fornecerem oxigênio durante uma atividade física sustentada.

Composição corporal: As quantidades relativas de músculo, gordura, osso e outras partes vitais do organismo.

Vigor muscular: A capacidade do músculo de exercer força. Endurance muscular: A capacidade do músculo de continuar se contraindo sem

contrair fadiga. Flexibilidade: A amplitude de movimento disponível em uma articulação.

COMPONENTES DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADOS ÀS HABILIDADES

Agilidade: A capacidade de modificar a posição do corpo no espaço com velocidade e acurácia.

Coordenação: A capacidade de utilizar os sentidos, como a vista e a audição, juntamente com outras partes corporais para realizar as tarefas com regularidade e exatidão.

Balanço (equilíbrio): A manutenção do equilíbrio na condição estacionária ou em movimento.

Potência: A capacidade ou o ritmo com que se consegue realizar um trabalho. Tempo de reação: O tempo transcorrido entre a estimulação e o início da reação a

essa estimulação. Velocidade: A capacidade de realizar um movimento dentro de um curto período.

Adaptado de ACSM's Guidelines for Exercise Testing and Prescription. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 8th edition, 2010. Capítulo I, pg2.

Em complemento a essas definições, a questão da aptidão física é

abordada por Guedes (1996) em seu capítulo nas "Orientações Básicas sobre

Atividades Físicas e Saúde para Profissionais das Áreas de Educação e

Saúde", definindo-a como "um estado dinâmico de energia e vitalidade que

permite a cada um não apenas a realização das tarefas do cotidiano, as

ocupações ativas das horas de lazer e enfrentar emergências imprevistas sem

fadiga excessiva, mas, também, evitar o aparecimento das funções

hipocinéticas, enquanto funcionando no pico da capacidade intelectual e

sentindo uma alegria de viver". Propõe também que a aptidão física seria a

capacidade de realizar esforços físicos sem fadiga excessiva, garantindo a

sobrevivência de pessoas em boas condições orgânicas no meio ambiente em

que vivem.

Dentro desse contexto, a epidemiologia da atividade física é abordada

por McArdle (2011) em seu capítulo “Atividade Física, Saúde e

Envelhecimento”, e definições são aplicadas para caracterizar os padrões de

comportamento e suas consequências nos grupos investigados. Para o autor, a

terminologia relevante inclui o seguinte:

Atividade física: Movimento corporal produzido pela contração muscular e que faz aumentar o dispêndio de energia.

Exercício: Atividade física planejada, estruturada, repetitiva e intencional. Aptidão física: Atributos relacionados com a maneira pela qual se

executa uma atividade física. Saúde: Bem estar físico, mental e social, e não apenas ausência de

doença.

Diante dessa estrutura, a atividade física torna-se um termo genérico,

com o exercício tomando o papel principal. Igualmente, a definição de saúde

concentra-se no amplo espectro de bem-estar e varia da ausência completa de

saúde (quase morte) aos mais altos níveis de função fisiológica. Com

frequência, essas definições desafiam nossa maneira de medir e quantificar

objetivamente a saúde e a atividade física. Entretanto, elas proporcionam uma

ampla perspectiva para estudar o papel da atividade física na saúde e na

doença.

Para McArdle (2011), a tendência na avaliação da aptidão física durante

os últimos 40 anos deixa de enfatizar os testes que realçam o desempenho

motor e a aptidão atlética (i.e., velocidade, potência, equilíbrio e agilidade) e

passa a focar as capacidades funcionais, relacionadas com a boa saúde global

e com a prevenção de doenças. O autor define quatro componentes mais

comuns da atividade física relacionada com a saúde, sendo estes: aptidão

aeróbica e/ou cardiovascular, a composição corporal, a endurance dos

músculos abdominais e a flexibilidade da região lombossacra e da musculatura

posterior da coxa (hamstring).

Após definirmos atividade física, exercício e aptidão física, esclarecemos

mais uma vez que a saúde não se caracteriza apenas como um estado de

ausência de doenças, mas como um estado geral de equilíbrio no indivíduo,

nos diferentes aspectos e sistemas que caracterizam o homem: biológico,

psicológico, social, emocional, mental e intelectual, resultando em sensação de

bem-estar (BOUCHARD et al,1990). Esses autores acrescentam que a saúde é

uma condição humana em que as dimensões física, social e psicológica são

caracterizadas por polos positivos e negativos. Os polos positivos são

relacionados à capacidade das pessoas de aproveitar a vida e responder aos

seus desafios, e não apenas ausência de doenças. O polo negativo é

associado à morbidade e, em seu extremo, à mortalidade, entendendo a

primeira como um estado de saúde que resulta de uma doença específica e a

segunda como uma definição específica para determinados grupos

populacionais, considerando sexo e faixa etária dos indivíduos.

4.2.2 Benefícios da Atividade Física na Saúde

A investigação sobre a relação entre saúde e atividade física iniciou-se

por volta dos anos 20, focalizando-se nas doenças coronárias e estendendo-se

posteriormente a estudos dos mais diversos problemas e condições associadas

ao sedentarismo. Atualmente existe um número cada vez maior de estudos e

documentos que comprovam e relatam os benefícios da aptidão física para a

saúde (ARAÚJO & ARAÚJO, 2000).

A inatividade física possui uma relação causal com quase 30% de todas

as mortes por cardiopatia, câncer de cólon e diabetes (MCARDLE, 2011). As

mudanças no estilo de vida poderiam reduzir a mortalidade devida a esses

males e aprimorar grandemente as capacidades funcionais cardiovasculares, a

qualidade de vida e a vida independente. Sendo assim, os maiores benefícios

para a saúde resultariam de estratégias que promovem o exercício físico

regular. Em qualquer idade, as alterações comportamentais – tornar-se

fisicamente mais ativo, deixar de fumar e controlar o peso corporal e a pressão

arterial - atuam independentemente, retardando a mortalidade devida a todas

as causas. As pessoas com estilo de vida mais saudáveis sobrevivem por mais

tempo, e o risco de incapacitação e a necessidade de procurar assistência de

saúde no lar é protelada e compactada em um menor número de anos no final

da vida (MCARDLE, 2011).

Através da realização de uma revisão de literatura mundial durante os

últimos 50 anos, Dr.Frank Booth, cunhador do termo síndrome de morte

ambiental sedentária (SMSe), concluiu que a inatividade, isoladamente, resulta

em uma constelação de problemas e condições capazes de evoluir para a

morte prematura. Essa condição de deterioração magistralmente identificada

revelou que a SMSe causaria a morte prematura de 2,5 milhões de americanos

e custaria 2 a 3 trilhões de dólares em despesas com assistência de saúde nos

EUA na década seguinte ao seu estudo. O autor relaciona a SMSe com as

condições de: níveis séricos altos de triacilgliceróis, de colesterol e de glicose,

diabetes tipo 2, hipertensão, isquemia miocárdica, arritmias, insuficiência

cardíaca congestiva, obesidade, câncer de mama, depressão, dor crônica nas

costas, lesão medular, acidente vascular cerebral, caquexia patológica,

enfermidades debilitantes, quedas que resultam em quadris fraturados, fraturas

vertebrais/femorais. Conclui que se forem feitos esforços destinados à

diminuição do tempo em frente ao computador/televisão e acoplados com o

aumento da atividade física diária acima da rotina, seria obtido um declínio no

número de pessoas que sofrem de síndrome metabólica. Os indivíduos que

não participam de nenhuma atividade física moderada ou vigorosa durante as

horas de lazer comportam uma probabilidade cerca de duas vezes maior de

apresentar a síndrome metabólica que aqueles que se exercitam 150min por

semana ou mais.

A atividade física pode não representar necessariamente uma “fonte da

juventude”, porém a maior parte da evidência mostra que quando praticada

regularmente ela tem o poder de retardar substancialmente o declínio na

capacidade funcional associado ao envelhecimento e ao desuso.

A participação nos exercícios consegue reverter a perda de função,

independentemente de quando uma pessoa torna-se fisicamente mais ativa.

Um estilo de vida sedentário representa um prognosticador independente e

poderoso do risco de doença coronariana e de mortalidade;

consequentemente, se os 25% mais sedentários da população adulta norte-

americana forem encorajados a se tornar apenas moderadamente ativos, serão

conseguidos benefícios substanciais na esfera de saúde pública (MCARDLE,

2011).

Desde os anos 70 que se sabe que os serviços de saúde são

insuficientes, por si sós, para obter ganhos em saúde. A declaração de Alma-

Ata há pouco mais de 30 anos, chamava a atenção para o papel das várias

instituições e setores de atividade na prevenção da doença e promoção da

saúde, principalmente nos países de maior vulnerabilidade econômica e social.

De fato, tem-se vindo a verificar ser necessário expandir a avaliação, o

planejamento e as ações de saúde pública para além do campo restrito do

setor da saúde (SANTANA et al., 2010).

Políticas públicas no país precisam estimular a prática de exercícios

físicos através de programas que chamem a atenção da população para os

seus benefícios na saúde. O ato de exercitar-se precisa estar incorporado não

somente ao cotidiano das pessoas, mas também à cultura popular, aos

tratamentos médicos, ao planejamento da família e à educação infantil. Essa

necessidade se dá por diferentes fatores: do fator social, quando se

proporciona ao homem o direito de estar ativo fisicamente em grupo, ao fator

econômico, quando se constata que os custos com saúde individual e coletiva

caem em populações fisicamente ativas (ARAÚJO & ARAÚJO, 2000).

4.2.3 Qualidade de Vida Relacionada à Saúde

A atenção e preocupação com a melhoria da qualidade de vida ocupa

cada vez mais a atenção de representantes de governos e também da

sociedade civil em todo o mundo. Porém, apesar de termos uma ideia

conceitual sobre o que é qualidade de vida, definir objetivamente esse conceito

não tem sido uma tarefa fácil. Pina & Santos (2012) afirmam:

“No que tange à qualidade de vida especificamente, várias podem ser

as opiniões a respeito desse conceito. Ter qualidade de vida pode significar

boas condições financeiras, boas relações familiares, boa saúde física e

mental, ambiente limpo/saudável, etc. Trata-se de um conceito que pode ser,

muitas vezes, bastante subjetivo, e isso amplia ainda mais a necessidade de

entendê-lo, de forma clara e objetiva."

A partir do início da década de 90, parece consolidar-se um consenso

entre os estudiosos quanto a dois aspectos relevantes do conceito de

qualidade de vida: subjetividade e multidimensionalidade. Em relação à

subjetividade, trata-se de considerar a percepção da pessoa sobre o seu

estado de saúde e sobre os aspectos não médicos do seu contexto de vida, ou

seja, uma análise que só pode ser feita pelo próprio indivíduo, ao contrário das

tendências iniciais de uso do conceito que direcionavam a avaliação a um

profissional de saúde. Quanto à multidimensionalidade refere-se ao

reconhecimento de que o construto é composto por diferentes dimensões. A

identificação dessas dimensões tem sido objeto de pesquisa científica, em

estudos empíricos, usando metodologias qualitativas e quantitativas (SEIDL,

2004).

Um estudo feito pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1994

(UFRGS, 2010), que teve como objetivo a criação de instrumentos medidores

de qualidade de vida, classificou qualidade de vida com um sentido mais

amplo, aparentemente influenciado por estudos sociológicos. Observou-se uma

multidimensionalidade do conceito, surgindo assim uma estrutura composta por

seis domínios:

domínio I (físico): dor, desconforto, energia, fadiga, sono e

repouso;

domínio II (psicológico): sentimentos positivos, auto-estima,

aparência, sentimentos negativos, etc.;

domínio III (nível de independência): mobilidade, atividades da

vida cotidiana, uso de medicação e tratamentos, capacidade de

trabalho/produção, etc.;

domínio IV (relações sociais): relações interpessoais, apoio social,

atividade sexual, etc.;

domínio V (ambiente): segurança física e proteção, recursos

financeiros, lazer, ambiente físico - poluição, ruído, trânsito, clima

- etc.;

domínio VI (aspectos espirituais, crenças pessoais ou religião):

espiritualidade, religião e crenças pessoais.

Nesse caso, percebe-se claramente que o ambiente - domínio V, com

destaque para lazer, além do ambiente físico propriamente dito - torna-se um

elemento relevante para a avaliação da qualidade de vida, principalmente no

contexto urbano, no qual a poluição do ar, sonora e visual podem influenciar

diretamente no bem-estar da população (UFRGS, 2010).

Oliveira (1983, apud GOMES; SOARES, 2004) salienta que a qualidade

de vida está intimamente ligada à qualidade ambiental, pois vida e meio

ambiente são inseparáveis, o que não significa que o meio ambiente determina

as várias formas e atividades de vida ou que a vida determina o meio ambiente.

Na verdade, o que há é uma interação e um equilíbrio entre ambos que variam

de escala em tempo e lugar.

Podemos delimitar a qualidade de vida em dois tipos: qualidade de vida

não relacionada à saúde e qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS). A

qualidade de vida não relacionada à saúde inclui, segundo Cramer, quatro

domínios: a) interno pessoal; b) pessoal social; c) meio ambiente natural

externo; d) meio ambiente social externo. Cada um desses itens subdivide-se

em diversos componentes que dependem de subjetividades.

O termo qualidade de vida relacionada à saúde é muito utilizado na

literatura com objetivos semelhantes à conceituação mais geral supracitada.

Não obstante, parece implicar os aspectos mais diretamente associados às

enfermidades ou às intervenções em saúde. Algumas definições que ilustram

os diferentes usos do termo são apresentadas na tabela a seguir. É possível

identificar, nas conceituações de Guiteras & Bayés, Cleary et al. e Patrick &

Erickson (apud SEIDL, 2004), a referência ao impacto da enfermidade ou do

agravo na qualidade de vida.

SEIDL, Eliane Maria Fleury; ZANNON, Célia Maria Lana da Costa. Qualidade de vida e saúde: aspectos conceituais e metodológicos. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, n. 2, Apr. 2004.

Ao fazermos uma relação entre saúde e qualidade de vida, precisamos

estar cientes que alguns fatores como ausência de atividade física ou efeitos

deletérios que ela possa causar podem tornar essa relação negativa. Ademais

não podemos pensar que os dois conceitos estejam necessariamente

vinculados, já que suporíamos que um indivíduo sedentário não tem boa

qualidade de vida, e vimos que a classificação do conceito como boa ou ruim

está diretamente ligada à maneira do indivíduo entender o sentido da vida, aos

seus anseios, sua autoestima etc.

Ao mencionarmos qualidade de vida neste trabalho consideraremos as

expectativas do indivíduo, mas também os padrões esperados para seu

gênero, idade, condição socioeconômica e valores éticos e culturais. Como

profissionais, partiremos da consideração que uma boa condição física é um

dos fatores importantes para a prevenção e tratamento de doenças e

manutenção da saúde, sendo assim, torna-se um importante instrumento para

a melhoria da qualidade de vida da população.

4.3 ATIVIDADES FÍSICAS EM AMBIENTES VERDES URBANOS

Principalmente a partir da década de 1990, estudos verificando a

influência de variáveis ambientais na prática de atividade física ganharam

importância (SALVADOR, 2008). Oliveira (1996, apud CAPORUSSO; MATIAS,

2008) considera o estilo de vida urbano e a estrutura cultural das cidades como

elementos associados à tendência ao sedentarismo, o que acaba por

intensificar a demanda por áreas verdes e espaços livres recreativos.

Entende-se como ambiente relacionado à prática de atividades físicas a

estrutura e características naturais (temperatura, aclives e declives do solo,

áreas verdes), estruturas construídas (ruas e suas conexões, presença de

calçadas, semáforos, sinalizações, parques, clubes, academias, pistas de

caminhada, ciclovias, postos de saúde, supermercados e outros

estabelecimentos comerciais e de serviço, acessibilidade, densidade

populacional etc.), características regionais e tamanho das cidades (zonas

rurais ou urbanas e regiões periféricas ou centrais) e barreiras ambientais para

a prática de exercícios, como trânsito de veículos, população e criminalidade

da região (IPEN, 2004).

Para Milano (1990, apud CAPORUSSO; MATIAS, 2008) a principal

função do sistema de áreas verdes urbanas não deve ser apenas a criação de

refúgios para que as pessoas possam “escapar” da cidade. Além disso, estas

áreas devem possibilitar à população momentos de lazer e recreação em

contato com a natureza, respeitando sua vivência urbana e contato com outras

pessoas. Neste sentido, Henk-Oliveira (1996) argumenta que o “estilo de vida

urbano e a estrutura cultural das cidades são elementos associados à

tendência ao sedentarismo, aumentando a demanda por áreas verdes e

espaços para recreação”.

Estudos que trazem considerações a respeito da relação entre

vegetação e prática de atividades físicas têm aumentado nos ultimos anos.

Pesquisadores têm mostrado que a vida em ambientes mais naturais influencia

positivamente a auto percepção de saúde das pessoas e leva a uma redução

da mortalidade ou morbidade (MAAS et al, 2008; Branas CC, Cheney R a,

MacDonald JM, et al, 2001). Um mecanismo sugerido para isso é que a oferta

de espaços verdes urbanos promove a atividade física, reduz a obesidade e

aumenta a saúde respiratória e cardiovascular (Branas CC, Cheney R a,

MacDonald JM, et al, 2011).

Dado o crescente consenso que o ambiente é a chave em promover

expansão da energia, expandir oportunidades para o aumento da atividade

física é um meio promissor de combate ao comportamento sedentário

associado com uma variedade de doenças crônicas (Cohen D a, McKenzie TL,

Sehgal A, et al., 2007). Aumentar o nível de atividade física da população pode

requerer mudanças substanciais no nosso ambiente diário. De acordo com

Branas et al (2011), programas que focam na mudança da estrutura de um

ambiente na busca de saúde, como a “verdificação” de uma área, acaba por

influenciar muito mais pessoas e por um período de tempo muito maior do que

programas individuais de saúde. Os autores acompanharam por 10 anos lotes

vagos que foram transformados em áreas verdes na cidade da Filadélfia, e os

resultados da pesquisa sugeriram que essa transformação pode reduzir certos

tipos de crimes e promover alguns aspectos de saúde.

O desporto praticado ao ar livre é baseado numa concepção mais

aberta e multidimensional. Deixa de ser reservado só para alguns e passa para

uma atividade de várias opções, tornando-se assim um desporto para todos,

com um sentido subjetivo (PIRES, 1998). É necessário oferecer às pessoas

condições para a prática esportiva e ocupação do tempo livre de uma forma

autônoma, livre de horários. Os parques urbanos possibilitam essa prática,

abrangendo todas as faixas etárias e sociais, e dão condições necessárias

para um desenvolvimento individual (NUNES, 2000).

Os atributos dos espaços abertos oferecem dicas sobre como ele

é usado e por quem. Pesquisas qualitativas e quantitativas sugerem que os

fatores que podem influenciar são a proximidade, acessibilidade (não

existência de rodovias), aspectos estéticos como a presença de árvores, água

(lago) e existência de pássaros, manutenção do parque, tamanho e a

disponibilidade de facilidades como calçadas ou percursos para pedestres

(caminhada). (Tinsley, H; Tinsley, D; Croskeys,2002).

Uma revisão da literatura por Broomhall (apud Giles-Corti B,

Broomhall MH, Knuiman M, et al., 2005) concluiu que inúmeros fatores

observáveis podem influenciar o uso de espaços públicos abertos. Estes

incluem a qualidade e quantidade de espaço; características dos potenciais

utilizadores (por exemplo, status socioeconômico, idade, gênero e etnia);

fatores psicológicos (por exemplo, auto-eficácia, barreiras percebidas) que

influenciam as preferências pessoais; acesso a instalações locais (por

exemplo, centros de lazer); a relação entre atributos do parque e necessidades

dos usuários locais; manutenção do parque; e segurança percebida.

Estudos realizados na Austrália, EUA, Canadá e Inglaterra entre o

ano de 2000 e 2007 foram revisados por Salvador (2008), que objetivava aferir

as relações de variáveis do ambiente com as atividades físicas de locomoção e

lazer. Constatou-se que o fator “fácil acesso aos locais para a prática de

atividades físicas” foi determinante para que um maior número de pessoas

realizasse a quantidade mínima semanal de atividade física moderada e/ou

vigorosa recomendada pela Organização Mundial de Saúde.

Recursos, mais do que o tamanho do parque, atraem pessoas

para a prática de exercícios físicos, incluindo acessibilidade, disponibilidade e

qualidade das facilidades. O uso está também de acordo com preferências

individuais, como idade, hábitos de exercício e raça/etnia (Cohen D a,

McKenzie TL, Sehgal A, et al., 2007).

Apesar de tantas constatações de que os parques influenciam

positivamente a prática de atividades físicas, muitas pesquisas que exploram

essa associação têm produzido resultados mistos (Ord; Mitchell; Pearce, 2013).

Nesse sentido, Ariane et al (2005) considera que as taxas de participação de

atividade em parques dependem de uma variedade de características

demográficas, socioeconômicas e regionais.

Um estudo feito por Maas et al (2008) incluiu 4,899 holandeses

que foram entrevistados sobre atividade física, auto percepção de saúde e

pano de fundo demográfico e socioeconômico. Pessoas com mais espaço

verde ao redor de suas residências praticaram atividade física com menos

frequência e menos minutos nas horas de lazer, indicando que a quantidade de

espaço verde no ambiente de vida é dificilmente relacionada com o nível de

atividade física.

Hillson et al. (2006) realizaram um exame transversal da relação

entre o acesso ao espaço verde urbano de qualidade e o nível de atividade

física de lazer em 4950 respondentes de meia-idade (40-70 anos) que residiam

em Norwich, Reino Unido. Os autores não constataram nenhuma evidência de

relações claras entre a atividade de lazer e acesso a espaços verdes. Outros

estudos realizados na Nova Zelândia (WITTEN et al, 2008) e na Escócia

(Sugiyama et al, 2008) também não encontraram relação nenhuma entre

disponibilidade de espaços verdes e aumento da prática de atividade física em

sua população.

Para Cohen at al. (2007), parques urbanos podem desempenhar

um papel na facilitação da atividade física, mas não necessariamente fazê-lo;

de fato, os parques também oferecem oportunidades para as pessoas se

envolverem em comportamentos sedentários. Informações sobre quem usa

parques públicos e o que eles fazem lá podem elucidar a contribuição atual e

potencial dos parques na atividade física.

5 . METODOLOGIA

A metodologia utilizada nesta pesquisa será baseada na investigação

qualiquantitativa, utilizando-se da pesquisa de levantamento bibliográfico, da

pesquisa documental e da observação direta intensiva.

Segundo Cervo e Bervian (1978, apud LAKATOS e MARCONI, 1991,

p.39) “método é a ordem que se deve impor aos diferentes processos

necessários para atingir um fim dado ou um resultado desejado.” Nas ciências,

denomina-se método a junção de processos que devem ser empregados na

investigação e na demonstração da verdade. (Ibidem).

A abordagem qualitativa visa relacionar a teoria e os dados, a teoria e

a ação, através da compreensão dos fenômenos a partir da descrição e

interpretação bem como das experiências pessoais do pesquisador (TEIXEIRA,

2000). Assim a pesquisa qualitativa utiliza-se do método dedutivo e a

observação sistemática.

Através do levantamento bibliográfico deve-se buscar inicialmente os

principais estudos e produções na área, levando em conta as particularidades

da área que constitui o objeto de estudo. A pesquisa deverá aprofundar a linha

teórica onde serão elaborados os conceitos, pressupondo uma avaliação lógica

da problemática.

A partir da teoria apreendida e dos conceitos elaborados, a investigação

passará para a fase de pesquisa documental - políticas, ações públicas e

privadas voltadas à legislação municipal voltada ao uso e ocupação do solo

urbano e ao meio ambiente, legislações federal e estadual paulista sobre meio

ambiente; levantamentos sobre as características ambientais naturais locais;

mapeamentos de aspectos como: estrutura urbana municipal, localização do

empreendimento na malha urbana, características ambientais locais.

A análise documental “pode-se constituir numa técnica valiosa de

abordagem de dados qualitativos, seja complementando as informações

obtidas por outras técnicas, seja desvelando aspectos novos de um tema ou

problema” (LÜDKE e ANDRÉ, 1986, p. 38).

A abordagem quantitativa e o levantamento de dados será realizada

através da aplicação de questionários.

5.1 Local de estudo: Parque do Povo

O Parque do Povo, localizado na porção sudoeste da cidade de

Presidente Prudente, constitui um faixa linear, de cerca de 3 km de extensão

que possui em seu interior, além dos grandes gramados e bom número de

árvores, áreas de múltiplo uso, que incluem pistas e quadras para práticas

desportivas, lanchonetes, postos policiais e até serviço de fotocópias. Em seu

entorno, altamente valorizado do ponto de vista do mercado imobiliário, existe

um grande número de restaurantes, bares, academias de ginástica e lojas. Ele

é delimitado e cruzado pelas principais vias arteriais da cidade. Todos esses

atrativos aliados à localização estratégica fazem do Parque do Povo uma área

de lazer dentro do espaço urbano (SAWADA, TRAJANO, NUNES,

MALAVAZZI, EGER, SILVA, 2007). O parque é intensamente frequentado para

o uso de suas pistas de cooper, quadras esportivas, pistas de skate, gramados

e calçadas que o circundam.

Figura 1 - Localização do Parque do Povo em Presidente Prudente – SP.Fonte: Google Earth, 2008.Organização: (BORTOLO, 2008).

Figura 1 - O Parque do Povo e a malha urbana de Presidente Prudente – SP

Fonte: Secretaria de Planejamento Urbano de Presidente Prudente – SP, (2008).

5.1 População

A população deste estudo será formada por usuários do Parque

do Povo de Presidente Prudente. O município de Presidente Prudente localiza-

se na Alta Sorocabana, no extreme oeste do Estado de São Paulo, junto às

divisas do Paraná e Mato Grosso do Sul. A população da cidade segundo

estimativa para 2014, realizada pelo IBGE é de 220.599 habitantes em uma

área de 562, 794 km².

A amostra será constituída primeiramente por todos os

frequentadores do parque, engajados ou não em atividade física na fase de

observação sistemática. Posteriormente, para a aplicação de questionários,

serão selecionados aleatoriamente 200 frequentadores do parque que sejam

maiores de 18 anos e estejam fazendo uso do parque para a prática de

atividades físicas.

5.2 ProcedimentosA pesquisa será realizada em duas etapas que serão descritas a

seguir:

Etapa 1:A observação sistemática será realizada através do System for

Observing Play and Recreation in Communities (SOPARC). Esse instrumento

foi projetado para obter informações diretas sobre o uso de parques

comunitários, incluindo as características simultâneas relevantes dos parques e

de seus usuários. Ele fornece uma avaliação do nível de atividade física dos

usuários do parque, sexo, modos / tipos de atividade, e estimada idade e raça

dos grupos (neste estudo desconsideraremos a classificação étnica dos

usuários do parque). Além disso, ele fornece informações sobre áreas

individuais de atividades no parque, como os seus níveis de acessibilidade,

usabilidade, supervisão e organização (McKenzie et al., 2006).

SOPARC é baseado em técnicas de amostragem temporal

momentâneas em que são feitas varreduras (scans) periódicas dos indivíduos

e dos fatores contextuais nas pré-determinadas áreas alvo em parques. Áreas

alvo relevantes dentro do parque serão primeiramente identificadas e

mapeadas. Os pesquisadores em seguida, visitarão as áreas-alvo em períodos

de tempo designados. Para maior validade as observações serão feitas durante

todo o dia, e incluem número de vezes especificas na parte da manhã, meio do

dia, à tarde e à noite. O número de dias que será feita as observações ainda

não foi definido para a pesquisa.

Durante a varredura a atividade de cada indivíduo presente no

local será mecanicamente codificada como sedentário (ou seja, deitado,

sentado ou em pé), andando (moderada), ou vigorosa. Digitalizações

separadas serão feitas para homens e mulheres, e para estimar a idade dos

participantes. Dados simultâneos também serão coletados para a hora do dia,

acessibilidade da área, usabilidade da área, presença de supervisão e

equipamentos, e presença e classificação das atividades realizadas. O resumo

da contagem descreve o número de participantes por sexo, modos e níveis de

atividade e idade estimada. O instrumento permite comparações do nível de

atividade física a ser feita entre ambientes diferentes ou no mesmo ambiente

ao longo de diferentes períodos de tempo. Estimativas de despesas de energia

(ou seja, Kcal / kg / min e METs) para uma área de alvo do parque pode ser

calculado com base em constantes previamente validados para cada nível de

atividade.

Etapa 2:A segunda etapa será realizada através de questionário

semiaberto estruturado especificamente para atender aos objetivos propostos

pela pesquisa. Os questionários serão aplicados durante todo o dia aos

frequentadores praticantes de exercício físico no local.

As questões levantadas abordarão:

- Características dos usuários do parque (Broomhall 2003, apud

Giles-Corti B, Broomhall MH, Knuiman M, et al., 2005)

- Motivação para a prática do exercício físico (Markland, apud

Lourenço, 2011)

- Motivos que trazem o indivíduo até o parque para a realização

dessa prática (Tinsley, H; Tinsley, D; Croskeys,2002; Giles-Corti B, Broomhall

MH, Knuiman M, et al., 2005)

- Fatores psicológicos que influenciam a preferência pelo local

(Giles-Corti B, Broomhall MH, Knuiman M, et al., 2005).

O questionário será aplicado a 200 frequentadores, em períodos

alternados (manhã, tarde, noite), e até em dias alternados da semana. Os

frequentadores precisam ser maiores de 18 anos e precisam estar praticando

exercícios físicos no local.

O questionário é seguido de 7 questões parcialmente fechadas sobre

perfil do frequentador, frequência que pratica exercícios e uma questão aberta

e conclusiva. A pesquisa visa analisar a relação entre o Parque do Povo e a

promoção da saúde através do exercício, e se constatada a importância desse

espaço, os resultados poderão ser utilizados como incentivo a melhorias no

espaço do parque e implantação de novos espaços verdes urbanos

5.3 Formas de Análise dos dados

Na última etapa da pesquisa serão feitas as análises de maneira

sistemática, porém os instrumentos que serão utilizados para esta análise

ainda não foram definidos.

Na última etapa da pesquisa serão feitas as análises de maneira

sistemática, considerando a relação das ações levantadas com as políticas

urbanas e setoriais definidas para o território municipal; e a elaboração do

corpo de argumentação.

Não existindo imparcialidade no trabalho científico conforme

afirma (LEME, 2007), seu mérito se dá na maior parte em função da

transparência em que as informações que o originam são obtidas e analisadas.

Logo acredita-se ser de grande importância tanto a análise dos resultados da

pesquisa quanto o revelar dos elementos ou perspectiva a partir dos quais ela

foi realizada

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ACSM's Guidelines for Exercise Testing and Prescription. Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins, 8th edition, 2010.

Albano, Mayara P. A importância do Planejamento Urbano Ambiental – A habitação social e a expansão urbana em Presidente Prudente. Dissertação para obtenção do título de mestre em Meio Ambiente e Desenvolvimento Regional. Presidente Prudente. 2013

AVAREZ, Ivan André. Qualidade do espaço verde urbano: uma proposta de índice de avaliação. Tese apresentada à Escola Superior de Agricultura “Luis de Queiros”, Universidade de São Paulo, para obtenção de título de doutor em agronomia. São Paulo, 2004.

ARAUJO, Denise Sardinha Mendes Soares de; ARAUJO, Claudio Gil Soares de. Aptidão física, saúde e qualidade de vida relacionada à saúde em adultos. Rev Bras Med Esporte, Niterói , v. 6, n. 5, Oct. 2000.

Beer, Anne R.; Delshammar, Tim; Schildwacht, Peter. A Changing Understanding of the Role of Greenspace in High-density Housing: A European Perspective. Built Envoronment, v.29, n.2. 2003.

Benini SM. Áreas verdes públicas: a construção do conceito e a análise geográfica desses espaços no ambiente urbano / Sandra Medina Benini. Dissertação (Mestrado em Geografia). Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia. Presidente Prudente, 2009.

Booth FW. Perspectives on molecular and cellular exercise physiology. J Appl Physiol 1988;65: 1461.

Bortolo CA. Produção e apropriação de espaço livre público: o lago Igapó. Londrina, 2010. Dissertação de Mestrado em Geografia. Dinâmica Espaço Ambiental da Universidade Estadual de Londrina – UEL, Londrina – PR, 2010.

Bouchard C, Shephard RJ, Stephens T, Sutton JR, McPherson BD. Exercise,fitness, and health: the consensus statement. In: Bouchard C,Shephard RJ, Stephens T, Sutton JR, McPherson BD (org.) Exercise, Fitness, and Health: A Consensus of Current Knowledge. Champaign, Human Kinetics, 1990:3-28.

Branas CC, Cheney R a, MacDonald JM, et al. A difference-in-differences analysis of health, safety, and greening vacant urban space. American journal of epidemiology. 2011;174(11):1296-306.

Caporusso,D. & Matias, L.F. Áreas Verdes Urbanas: Avaliação e Proposta conceitual. SIMPGEO/SP. São Paulo. 2008.

Cohen D a, Ashwood JS, Scott MM, et al. Public parks and physical activity among adolescent girls. Pediatrics. 2006;118(5):e1381-9.

Cohen D a, McKenzie TL, Sehgal A, et al. Contribution of public parks to physical activity. American journal of public health. 2007;97(3):509-14.

Coombes E, Jones AP, Hillsdon M. The relationship of physical activity and overweight to objectively measured green space accessibility and use. Social science & medicine (1982). 2010;70(6):816-22.

Díaz G. Vegetacion y calidad ambiental de las ciudades. Arquitectura y Urbanismo, Vol. XXVI, No. 1/2005.

DIEGUES, A. C. O mito moderno da natureza intocada. São Paulo: Hucitec, 1996. 136p.

Giles-Corti B, Broomhall MH, Knuiman M, et al. Increasing walking: how important is distance to, attractiveness, and size of public open space? American journal of preventive medicine. 2005;28(2 Suppl 2):169-76.

Gomes MAS, Soares BR. Reflexões sobre qualidade ambiental urbana. Estudos Geográficos, Rio Claro, 2(2): 21-30 ,jul-dez - 2004 (ISSN 1678—698X) - www.rc.unesp.br/igce/grad/geografia/revista.htm

Guedes DP. Atividade física, aptidão física e saúde. In: Carvalho T, Guedes DP, Silva JG (orgs.). Orientações Básicas sobre Atividade Física e Saúde para Profissionais das Áreas de Educação e Saúde. Brasília: Ministério da Saúde e Ministério da Educação e do Desporto, 1996.

Hillsdon M, Panter J, Foster C, Jones a. The relationship between access and quality of urban green space with population physical activity. Public health. 2006;120(12):1127-32.

IPEN. International Physical Activity and the Environment Network. 2004. Disponível em: http: //www.ipenproject.org/index.htm.

Lee C, Moudon AV. Neighbourhood design and physical activity. Building Research and Information. 2008;36(5):395-411

LOBODA, C. R.; DE ANGELIS, B. L. D. ÁREAS VERDES PÚBLICAS URBANAS: CONCEITOS, USOS E FUNÇÕES. Ambiência - Revista do Centro de Ciências Agrárias e Ambientais V. 1 No 1 Jan/Jun. 2005

Maas J, Verheij RA,Spreeuwenberg P, Groenewegen PP. Physical activity as a possible mechanism behind the relationship between green space and health: a multilevel analysis.BMC Public Health 2008.

MACEDO, S.S; SAKATA, F.G. Parques Urbanos no Brasil. São Paulo: Universidade de São Paulo (EdUSP), 2003.

McArdle, William D. Fisiologia do exercício: nutrição, energia e desempenho humano / William D. McArdle, Frank I. Katch, Victor L. Katch; traduzido por Giuseppe Taranto. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. Il.

MARIA, Yeda Ruiz. Politica Municipal, Desenvolvimento e Gestão Municipais – a zona rural de Anhumas/SP. Presidente Prudente/SP, 2012. (Monografia de Especialização).

NUCCI. J. C. Qualidade ambiental e adensamento urbano: um estudo de ecologia e planejamento da paisagem aplicado ao distrito de Santa Cecília (MSP). 2. ed. Curitiba: O Autor, 2008. 150p.

Nunes M. Os grandes desafios da autarquia no âmbito de desporto. Uma proposta de elaboração de um plano de desenvolvimento desportivo municipal. Horizonte Vol.XV n°89.Lisboa, 2000.

Pina, Jose Hermano Almeida; Santos, Douglas Gomes dos. A INFLUÊNCIA DAS ÁREAS VERDES URBANAS NA QUALIDADE DE VIDA: O caso dos Parques do Sabiá e Victório Siquierolli em Uberlândia-MG. Ateliê Geográfico Goiânia-GO v. 6, n. 1 abr/2012 p.143-169.

Pires G. Dossier de Desportos Náuticos. Revista Horizonte, Vol. VI, nº32. Lisboa. 1989.

REZENDE, Denis Alcides. Metodologia de planejamento estratégico municipal para contribuir no planejamento e desenvolvimento local e regional: proposta a partir de um survey em prefeituras brasileiras. Doc. aportes adm. pública gest. estatal, Santa Fe, n. 8, jun. 2007 . Disponible en <http://www.scielo.org.ar/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1851-37272007000100003&lng=es&nrm=iso>. accedido en 23 sept. 2014.

RICHTER, M.; BÖCKER, R. Developing an urban landscape management concept through the integration of environmental quality goals and environmental information systems. In: BREUSTE, J.; FELDMANN, H.; UHLMANN, O. (Orgs.) Urban ecology. Berlim: Springer, 1998. 223p

Salvador, EP. Atividade Física e sua associação com o ambiente em idosos residentes no distrito de Ermelino Matarazzo da Zona Leste do município de São Paulo. Dissertação apresentada ao programa de pós graduação em Saúde Pública. São Paulo, 2008.

Santana P, Costa C, Santos R, Loureiro A. O papel dos espaços verdes urbanos no bem-estar e saúde das populações. © INE, I.P., Lisboa • Portugal, 2010.

SANTUCCI, J. As Promenades do Rio de Janeiro: O papel do Passeio Público, Praça Paris e Parque do Flamengo na história da paisagem carioca. Rio de Janeiro: UFRJ/ FAU, 2003. 1V, 170f. Dissertação de Mestrado em Arquitetura.

SEIDL, Eliane Maria Fleury; ZANNON, Célia Maria Lana da Costa. Qualidade de vida e saúde: aspectos conceituais e metodológicos. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro , v. 20, n. 2, Apr. 2004 . Available from <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102311X2004000200027&lng=en&nrm=iso>.

Shephard RJ. Costs and benefits of an exercising society versus a non-exercising society. In: Bouchard C, Shephard RJ, Stephens T, Sutton JR, McPherson BD (org.). Exercise, Fitness, and Health: a Consensus of Current Knowledge. Champaign: Human Kinetics, 1990:49

Sugiyama T, Leslie E, Giles-Corti B, Owen N. Associations of neighbourhood greenness with physical and mental health: do walking, social coherence and local social interaction explain the relationships? Journal of Epidemiology & Community Health. 2008;62(5):e9-e9.

Tinsley, H., Tinsley, D., and Croskeys, C. Park usage, social milieu and psychosocial benefits of park use reported by older urban park users from four ethnic groups. Leisure Sci. 2002; 24: 199–218.

Witten K, Hiscock R, Pearce J, Blakely T. Neighbourhood access to open spaces and the physical activity of residents: a national study. Preventive medicine. 2008;47(3):299-303.

QUESTIONÁRIO APLICADO AOS PRATICANTES DE EXERCÍCIO FÍSICO DO PARQUE DO POVO DE PRESIDENTE PRUDENTE-SP.

Nas páginas seguintes você verá um questionário que busca relacionar a Qualidade Urbana Ambiental da cidade de Presidente Prudente e a prática de exercícios físicos. O Parque do Povo foi selecionado pela pesquisadora como local e seus frequentadores praticantes de exercício físico são os sujeitos da pesquisa.

A pesquisa visa analisar a relação entre o Parque do Povo e a promoção da saúde através do exercício, e se constatada a importância desse espaço, os resultados poderão ser utilizados como incentivo a melhorias no espaço do parque e implantação de novos espaços verdes urbanos.

As duas primeiras questões foram formuladas com numeração de 0 a 5. Por favor, responda essas duas questões, atentando-se:

Se considerar que uma afirmação não é, de maneira nenhuma verdadeira para você, deverá assinalar “0”.

Se entender que a afirmação é completamente verdadeira, assinale o número 5.

Porém, se a afirmação é parcialmente verdadeira, assinale “1”,”2”,”3”ou “4”de acordo com a intensidade com que essa afirmação reflete ser verdadeira a seu ponto de vista.

O questionário é seguido de 7 questões parcialmente fechadas e uma questão aberta e conclusiva.

A sinceridade das respostas é muito importante para a pesquisa. Lembre-se que NÃO HÁ QUESTÕES CORRETAS OU ERRADAS. Garantimos que todas as informações prestadas serão absolutamente confidenciais e utilizadas apenas para efeito de estudo.

Sexo: Masculino Feminino Idade: ______ Bairro: _________________________________

Escolaridade: _________________________________________________________

Estado Civil: Solteiro Casado Divorciado Viúvo

Por que você pratica exercícios físicos?

1 Recomendação médica 0 1 2 3 4 5

2 Evitar ficar doente 0 1 2 3 4 53 Sentir-se bem 0 1 2 3 4 5

4 Ter um corpo mais bonito 0 1 2 3 4 55 Passar tempo com amigos 0 1 2 3 4 5

6 Reduzir o stress 0 1 2 3 4 57 Melhorar minha performance 0 1 2 3 4 5

8 Sentir-se saudável 0 1 2 3 4 59 Mostrar seu valor para a sociedade 0 1 2 3 4 5

10 Ter tempo para pensar 0 1 2 3 4 511 Gostar da sensação de exercitar-se 0 1 2 3 4 5

12 Vencer desafios 0 1 2 3 4 5

13 Desfrutar de aspectos sociais 0 1 2 3 4 5

14 Recuperar-se de doença/lesão 0 1 2 3 4 5

15 Diversão 0 1 2 3 4 5

16 Fazer novos amigos 0 1 2 3 4 5

Nada verdadeiro pra mim

Completamente verdadeiro

para mim

Por que você vem até o Parque do Povo para essa prática de exercícios?

1 Por ser um Ambiente Verde 0 1 2 3 4 52 Por haver muito espaço livre 0 1 2 3 4 53 Por ser próximo à sua moradia 0 1 2 3 4 54 Para ver pessoas e ser visto 0 1 2 3 4 55 Por ser um local que é frequentado gratuitamente 0 1 2 3 4 56 Por ser um local seguro 0 1 2 3 4 57 Por haver iluminação adequada 0 1 2 3 4 58 Pela existência de quiosques/facilidades ao redor do parque 0 1 2 3 4 59 Por haver banheiros de uso público 0 1 2 3 4 5

10 Por haver locais próprios para a prática de exercícios 0 1 2 3 4 5

Nada verdadeiro pra mim

Completamente verdadeiro

para mim

Com que frequência você pratica exercícios no Parque do Povo?

Menos de 1 vez por semana 1 vez por semana

2 a 3 vezes por semana 4 vezes por semana ou mais

Quais são as atividades que você pratica no parque?

Caminhada Ginástica Volleybol

Corrida Bicicleta Futebol Outro: _________________________

Qual o horário que você costuma frequentar o parque?

Manhã Início de tarde Fim de tarde Noite Variado

Você realiza as atividades sozinho ou acompanhado?

Sozinho Acompanhado Variado

Qual o tempo de deslocamento até o parque?

2-10 min 10- 20 min 20-30 min Mais de 30 min

Qual o meio de deslocamento?

A pé Carro Ônibus Bicicleta Outro: ________________

Existe algum aspecto que você gostaria que houvesse alteração ou melhoria no parque?

Não

Sim: _______________________________________________________

Para finalizar o questionário, pare por alguns segundos e reflita: O PARQUE DO POVO É UM LOCAL QUE TE MOTIVA A PRATICAR EXERCÍCIOS FÍSICOS?

Sim

Não

Por que?

____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________