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A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual e Marketing de Produtos janeiro/2013 A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual e Marketing de Produtos Marcelle Abrão de Carvalho [email protected] Master em Arquitetura Instituto de Pós Graduação IPOG Belo Horizonte, MG, 18 de junho de 2012 Resumo O artigo apresenta os resultados obtidos a partir do estudo referente à influência da vitrine e do visual merchandising para o consumidor. Foram analisadas algumas lojas no Brasil e na Europa, no período de 2010 a 2011, onde foram feitos registros fotográficos. Em 2012, através da pesquisa realizada anteriormente, foram feitas análises técnicas explicando como determinados materiais foram expostos e como foram utilizados os espaços de cada vitrine. Os resultados encontrados indicam que a sociedade atual é extremamente consumista e busca constantemente a inovação, para isso, uma estratégia de marketing começa no interior de uma empresa, contando com a qualidade da exposição da sua vitrine a fim de criar um instrumento para tentar atrair a atenção do consumidor. Concluiu-se que a vitrine e o visual merchandising são muito importantes para as lojas porque atraem e criam uma identidade, fazendo assim um clima agradável e comercial. Palavras-chave: Vitrine. Visual Merchandising. Consumismo. 1. Introdução A sociedade atual é extremamente consumista e busca constantemente a inovação, para isso, uma estratégia de marketing começa no interior de uma empresa, contando com a qualidade da exposição da sua vitrine a fim de criar um instrumento para tentar atrair a atenção do consumidor. O consumo deixa de ser escolha pessoal e no entender de Baudrillard: As necessidades visam mais os valores que os objetos e a sua satisfação possui em primeiro lugar o sentido de uma adesão a tais valores. A escolha fundamental, inconsciente e automática do consumidor é aceitar o estilo de vida de determinada sociedade particular (portanto deixa de ser escolha!) acabando igualmente por ser desmentida a teoria da autonomia e da soberania do consumidor (BAUDRILLARD, 1995, p 70). A vitrine e o visual merchandising são muito importantes porque atraem e criam uma identidade, fazendo assim um clima agradável e comercial. De acordo com Demetresco (2000), a vitrine é uma manifestação discursiva que não se restringe apenas à comunicação; abrange também uma construção textual de um mundo no qual o produto passa a existir por se colocar em relação com os que o percebem. Constrói-se, pois, uma encenação geradora de

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A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual e Marketing de Produtos janeiro/2013

A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual

e Marketing de Produtos Marcelle Abrão de Carvalho – [email protected]

Master em Arquitetura

Instituto de Pós Graduação IPOG

Belo Horizonte, MG, 18 de junho de 2012

Resumo

O artigo apresenta os resultados obtidos a partir do estudo referente à influência da vitrine e

do visual merchandising para o consumidor. Foram analisadas algumas lojas no Brasil e na

Europa, no período de 2010 a 2011, onde foram feitos registros fotográficos. Em 2012,

através da pesquisa realizada anteriormente, foram feitas análises técnicas explicando como

determinados materiais foram expostos e como foram utilizados os espaços de cada vitrine.

Os resultados encontrados indicam que a sociedade atual é extremamente consumista e busca

constantemente a inovação, para isso, uma estratégia de marketing começa no interior de uma

empresa, contando com a qualidade da exposição da sua vitrine a fim de criar um instrumento

para tentar atrair a atenção do consumidor. Concluiu-se que a vitrine e o visual merchandising

são muito importantes para as lojas porque atraem e criam uma identidade, fazendo assim um

clima agradável e comercial.

Palavras-chave: Vitrine. Visual Merchandising. Consumismo.

1. Introdução

A sociedade atual é extremamente consumista e busca constantemente a inovação, para isso,

uma estratégia de marketing começa no interior de uma empresa, contando com a qualidade

da exposição da sua vitrine a fim de criar um instrumento para tentar atrair a atenção do

consumidor. O consumo deixa de ser escolha pessoal e no entender de Baudrillard:

As necessidades visam mais os valores que os objetos e a sua satisfação possui em

primeiro lugar o sentido de uma adesão a tais valores. A escolha fundamental,

inconsciente e automática do consumidor é aceitar o estilo de vida de determinada

sociedade particular (portanto deixa de ser escolha!) – acabando igualmente por ser

desmentida a teoria da autonomia e da soberania do consumidor (BAUDRILLARD,

1995, p 70).

A vitrine e o visual merchandising são muito importantes porque atraem e criam uma

identidade, fazendo assim um clima agradável e comercial. De acordo com Demetresco

(2000), a vitrine é uma manifestação discursiva que não se restringe apenas à comunicação;

abrange também uma construção textual de um mundo no qual o produto passa a existir por se

colocar em relação com os que o percebem. Constrói-se, pois, uma encenação geradora de

A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual e Marketing de Produtos janeiro/2013

significação em que a vitrine é um espaço que significa e que se faz por esse seu peculiar

modo de existência. As vitrines são muito utilizadas como estratégias de venda e de acordo

com Gusmão:

As vitrines têm um potencial tão grande e uma participação tão importante nas

vendas do comércio varejista que estudos estimam que mais de cinquenta por cento

das vendas realizadas tem como efetivador a vitrine. Portanto, essas técnicas de

marketing são muito utilizadas em pontos de venda de várias empresas brasileiras

(GUSMÃO, 2009).

Exposto num espaço comercial, rodeado de um cenário inusitado, o produto entra na vida dos

consumidores que investem nele determinados valores. Por traz dos espetáculos que as

vitrines constroem, não só para o olho, mas também para o imaginário, está um amplo estudo

da percepção desse olhar. Muitas vezes a intenção é exibir a marca, como uma espécie de

etiqueta social. O visual merchandising é uma atividade responsável pela atração,

envolvimento e motivação do cliente para fazer uma determinada compra. O consumo de

mercadorias é cada vez mais estimulado e exacerbado na sociedade, uma vez que não se

realiza somente pela compra de mercadorias, mas também por meio da aquisição de valores

simbólicos que acompanham o produto adquirido. O consumismo deixa de ser uma escolha

pessoal e passa a ser uma escolha de um grupo. Os consumidores não têm o poder de escolha

que se imagina que tenham, pois, como querem estar relacionados a grupos sociais, devem

consumir certos produtos apontados pelas campanhas publicitárias, que possibilitarão ao

indivíduo a conquista de determinados valores, nos grupos sociais aos quais pertençam ou

pretendam pertencer. As necessidades visam mais os valores que os objetos e a sua satisfação

possui em primeiro lugar o sentido de uma adesão a tais valores. Assim, idealizou-se uma

pesquisa referente à influência da vitrine e do visual merchandising para o consumidor. Para a

execução desta pesquisa, foram registradas pessoalmente no anos de 2010 e 2011, a área

interna e externa de algumas lojas . Estes foram analisados através dos registros de como

determinados materiais foram expostos e como foram utilizados o espaços de cada vitrine.

2. A vitrine

A vitrine corresponde a uma das etapas de um departamento de marketing de uma empresa e

tem como objetivo atrair o cliente para o interior da loja. O produto, na vitrine, atribuído num

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universo que passa a ser a sua nova moradia, apresenta-se aproximando dos olhos dos

consumidores. Exposto num espaço comercial, o produto entra no mundo dos consumidores,

que, enquanto observadores, investem nele determinados valores. Através de uma vitrine

bem planejada, o consumidor pode identificar a imagem da loja e se identificar ou não com a

mesma. Ressalta-se que o varejista deve se preocupar com alguns aspectos relacionados às

vitrines, como, quantidade, tamanho, formato, cores, temas, produtos expostos e a frequência

de vezes em que elas são renovadas e no entender de Parente:

As vitrines procuram não só apresentar uma amostra representativa do tipo de

produtos que a loja oferece, mas também estimular que os consumidores entrem na

loja (PARENTE, 2000, p 53).

A vitrine é uma mídia de informação, pois apresenta um produto para a venda por meio de um

diálogo entre o tridimensional, o visual e o sensível articulador de várias relações entre a

empresa e o comprador. A leitura de uma vitrine sugere um modo de vida, um uso

diferenciado de um produto ou uma nova possibilidade de ver um artigo usual. Para captar o

olhar de um consumidor, o produto em exposição precisa ser atraente e manipular o olhar

desse espectador. A vitrine envolve o produto apresentado e destaca as suas qualidades

criando um determinado cenário responsável em atrair e seduzir o olhar na sua apresentação.

Toda mercadoria merece estar bem exposta e qualquer espaço físico comercial pode servir

para uma montagem. Sendo assim, as vitrines são imagens comerciais que se espalham pelas

feiras mundiais, pelas ruas e pelas galerias, provocando sensações, criando laços, atraindo

pessoas com um único motivo: vender o que o homem precisa ou é levado a precisar em seu

viver social. As vitrines propõem ou impõem um modo de vida tendo com base referencial os

valores culturais de determinada sociedade. A vitrine é uma maneira de manipular o

observador e levá-lo à compra. Ao vê-la, ele sonha em possuir os objetos expostos em sua

estruturação e ao ter seus produtos adquiridos pelo consumidor ela lhe proporciona um efeito

de bem-estar e de satisfação. De acordo com Moles:

Criar uma atmosfera de festa, a festa da aquisição, e simulando oferecer

generosamente, como brinde, iluminação, cores, claridade, sorrisos em suma, um

acesso total ao objeto que o homem da rua ou ainda mais a mulher pode manipular à

vontade (MOLES, 1998, p 34).

A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual e Marketing de Produtos janeiro/2013

3. O visual merchandising

O visual merchandising é responsável pelo layout interno no espaço físico da loja, dando uma

cara mais moderna e sofisticada. O produto é todo coordenado ditando proposta de looks nos

armários e mesas comerciais bem potentes para venda. Todo armário oferece proposta do que

vestir numa determinada ocasião, e é coordenado de acordo com cores e tendências. Segundo

o POPAI (Point-Of-Purchase Advertising Institute), 71% das decisões de compra dos

consumidores, são feitas no ponto de venda, número que mostra claramente o quanto o visual

merchandising pode ser importante no momento da visita do cliente a um espaço comercial.

Uma vez dentro de um negócio, a ideia é que o consumidor permaneça no espaço o maior

tempo possível, para que conheça as mercadorias e produtos gerando compra e renda para o

negócio. Expor os produtos de maneira adequada, harmônica e de fácil acesso não só induz a

compra como cria toda a ambientação de caráter estético ao negócio. O visual merchandising

atua no ponto de venda, no exato momento em que o cliente fica frente a frente com o

produto. É uma prática que envolve variadas ações dentro do espaço comercial e que inclui

não só a produção da vitrine, mas a do mobiliário e de toda a comunicação visual da loja, tais

como o atendimento, os objetos e a iluminação. O visual merchandising é fundamental para

qualquer estabelecimento comercial, pois fortalece a imagem de marca da loja e é capaz de

aumentar consideravelmente as vendas. Seja por meio de vitrines impactantes que atraem o

público, incentivando-o a entrarem na loja, ou através de um layout especial com

determinados recursos, que orientam a circulação do consumidor pelo interior do

estabelecimento, estimulando-o a passar mais tempo, o visual merchandising pode tornar a

experiência de compra inesquecível. Os lojistas perceberam a necessidade de oferecer aos

clientes a mesma experiência no interior de seus estabelecimentos, de acordo com Morgan:

O design de loja se tornou fundamental para alcançar o sucesso. Atualmente, muitas

marcas dedicam tanto tempo e investimento nos projetos de suas lojas quanto em

suas coleções. O design de lojas reúne todos os aspectos do visual merchandising:

vitrines e interiores, instalações, mobiliário, acessórios e iluminação. Visual

merchandisers, arquitetos e design de interiores sempre trabalharam lado a lado na

criação de ambientes comerciais inspiradores e capazes de motivar as vendas.

Afinal, de nada adianta um arquiteto projetar um interior de uma loja sem antes

compreender as necessidades do visual merchandiser. Um bom projeto deve exibir

os produtos da melhor maneira possível. As circulações, a iluminação e a sinalização

são os principais elementos que precisam ser avaliados antes da definição de

expositores e acessórios (MORGAN, 2011, p 24).

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4. Análises de vitrines

As técnicas visuais devem ser pensadas em opções somatórias, uma construção fazendo com

que os resultados sejam uma possibilidade de compreensão e expressão. As sutilezas e a

distribuição dos elementos devem compreender uma clareza e num reforço de informação, ou

seja, em um processo de interpretação de comunicação visual cada fator é muito importante.

A seguir será mostrada a análise de algumas vitrines escolhidas em locais registrados

pessoalmente em viagens realizadas em 2010 e 2011, onde foi possível fazer um estudo de

cada uma delas, exemplificando os diversos tipos e maneiras de organizar uma vitrine para

melhor exposição de seus produtos.

Iniciando a análise das vitrines, nada menos que citar algumas das diversas vitrines que

podemos encontrar nas ruas venezianas. O Carnaval de Veneza, na Itália, surgiu a partir da

tradição do século XVII, onde a nobreza se disfarçava para sair e misturar-se com o povo.

Desde então as máscaras são o elemento mais importante deste carnaval. A festa carnavalesca

de Veneza tem duração de 10 dias. Durante as noites realizam-se bailes em salões e são

usados trajes característicos do século XVIII. Representando tais trajes carnavalescos

tradicionais na cultura de Veneza, a loja Maschera Nobile, trabalha com máscaras no estilo

veneziano de diversos tipos tais como: máscaras nobres, caretas brancas com roupa de seda

negra, chapéu de três pontas, entre outras.

Figura 1 – Maschera Nobile, Veneza, Itália

Fonte: Arquivo Pessoal (2010)

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A empresa expõe na vitrine grandes quantidades de produtos, sem distingui-los em cor, forma

ou modelos. O cliente no momento em que se depara com esse tipo de vitrine, pelo motivo de

receber uma gama de modelos em sua frente, resulta em um desconforto fazendo com que o

mesmo perca o foco principal no produto, que acabará não contemplando os objetivos da

empresa, ou seja, vender a partir da amostra do produto. A falta de conhecimento por parte

dos empresários ou funcionários acaba procedendo a uma dificuldade comunicacional entre

emissor e receptor, causando uma grande poluição e confusão aos olhos de quem vê. As lojas

deveriam ter certo cuidado em uma melhor distribuição em seus produtos, para que possam

remeter uma curiosidade e aconchego maior aos clientes, fazendo com que ele entre na loja e

compre o produto.

Em seguida, foram analisadas duas vitrines de conceituadas lojas em Zurique, na Suíça. A

primeira vitrine analisada foi à vitrine da loja Louis Vuitton, que é uma empresa especializada

na produção de bolsas e malas de viagens, feitas em couro e lona, bem como na sua

comercialização. A empresa produz e vende também vestuário, sapatos, relógios, joias,

acessórios, óculos de sol e livros. A segunda vitrine analisada foi à vitrine da loja de Giorgio

Armani pertencente a um dos mais conceituados estilistas italianos e que atualmente, é

considerado o designer de moda independente mais bem sucedido do mundo. O estilista

estabeleceu um novo padrão na moda feminina. Inspirou sua linha feminina em trajes

comumente masculinos, no entanto, desenvolvendo acabamentos, tecidos e corte que

privilegiavam as formas femininas. As duas lojas concorrem com empresas como: Versace,

Gucci, Chanel, Prada, Dolce & Gabbana, Christian Dior, Calvin Klein, Yves Saint Laurent e

outras marcas de luxo.

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Figuras 2 e 3 – Louis Vuitton e Giorgio Armani, Zurique, Suíça

Fonte: Arquivo Pessoal (2010)

Em ambas as lojas foram encontradas semelhanças na organização das vitrines que utilizam

de uma boa distribuição e escolhas de produtos a serem expostos. Com poucos produtos, e

estes representativos e sugestivos; e com alguns simples elementos, estes sabendo deixar as

vitrines atrativas e elegantes, assim conseguiram chamar a atenção dos clientes convidando-os

para visitar as lojas. Através da distribuição dos elementos, as vitrines conseguiram ser

ousadas e souberam explorar bem a escolha dos produtos, aproveitando bem suas qualidades e

tendências.

Na sequência das análises, está a vitrine da confeitaria parisiense Ladurée. A Ladurée é uma

luxuosa doceria e pâtisserie localizada em Paris, na França. A história da Ladurée iniciou, em

1862, quando Louis-Ernest Ladurée abriu uma padaria na Rue Royale, em Paris. Em 1871,

seu negócio foi queimado e no lugar, monsieur Ladurée resolveu montar uma pâtisserie com

teto pintado por Jules Chéret, com querubins vestidos de doceiros, que se tornou uma das

marcas da estética Ladurée. Alguns anos mais tarde, com os cafés virando moda na Cidade-

luz, e para não perder os clientes de seu negócio, a esposa de Louis-Ernest, Jeanne Souchard,

teve a ideia de unir os conceitos de café com o de pâtisserie, criando assim uma casa de chá,

onde as mulheres também poderiam circular livremente, o que era proibido nos cafés.

Figuras 4 e 5 – Ladurée, Paris, França

Fonte: Arquivo Pessoal (2011)

A partir daí a casa ganhou fama, passando a ser uma referência em Paris. A Ladurée se tornou

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ainda mais famosa na década de 1930, ao modificar a receita original do famoso doce

conhecido como macaron, criada no século 16. O que o chef pâtissier da família fez foi inserir

um cremoso e delicioso ganache no interior do docinho. Atualmente, o macaron da Ladurée

com seu exterior crocante e recheio que derrete na boca, apresenta mais de 30 sabores, alguns

dos quais preparados de acordo com a fruta da estação. As vitrines de suas lojas são

estruturadas para dar visibilidade aos doces em especial. A imagem formada pelos figurantes

está relacionada com os efeitos obtidos pela atmosfera de compra desenvolvida pela Ladurée,

obtida através de um ponto de venda luxuoso que permite a visualização do produto pela

vitrine, incentivando a entrada do cliente para dentro do estabelecimento com a proposta de

consumir o produto.

Continuando as análises executadas, estão as vitrines das lojas Swarovski e Guerlain,

localizadas em Paris, na França. A primeira vitrine, que pertence à loja Swarovski, representa

o nome dado aos cristais mais conhecidos no mundo da moda por sua delicadeza, precisão e

aparência luminescente. Tais cristais são produzidos pela companhia Swarovski AG que é a

detentora da marca. A instituição Swarovski tem uma variedade de itens exclusivos com

design lapidado. São objetos de decoração e joias de cristais que fazem sucesso pela sua

elegância e glamour. A segunda vitrine, pertence à loja Guerlain, que é a empresa do perfume

francês mais antigo do mundo. Possui uma fiel e tradicional clientela que não abre mão da

marca no ramo de perfumes. A empresa se destaca pelo compromisso com a qualidade e a

certeza de possuir bons produtos. A Guerlain também se destaca pelo compromisso de

oferecer produtos personalizados individualmente para cada cliente.

A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual e Marketing de Produtos janeiro/2013

Figuras 6 e 7 – Swarovski e Guerlain, Paris, França

Fonte: Arquivo Pessoal (2011)

Em ambas as lojas foram encontradas semelhanças na organização das vitrines através da

elevação dos produtos expostos por meio de suportes, sendo estes, entendidos como qualquer

elemento que existe para sustentar algo, o que engloba um amplo campo de elementos

relacionados com a promoção visual. De acordo com Blessa (2005), colocar os produtos

diretamente no piso da vitrine transmite uma sutil sensação de falta de cuidado e

desmerecimento quanto à qualidade do produto. Para isso, basta pensar, por exemplo, no

aspecto de uma vitrine quando uma peça é colocada no chão. Assim, toda vitrine deve ter

suportes adequados para seus produtos. Estes suportes devem ser substituídos com alguma

frequência, pois os mesmos causam monotonia à exposição quando utilizados por grandes

períodos.

4. Análises de visual merchandising

A seguir será mostrada a análise de alguns interiores de lojas exemplificando o visual

merchandising de cada uma. Em alguns exemplos, foram escolhidos locais registrados

pessoalmente em viagens realizadas em 2010 e 2011, onde foi possível fazer um estudo de

cada uma delas, exemplificando os diversos tipos e maneiras de organizar uma loja para

melhor exposição de seus produtos. Em outro caso específico, foi realizada a visita, porém

não foram efetuados registros fotográficos, portanto os mesmos foram anexados conforme

pesquisa efetuada em arquivos eletrônicos.

Iniciando a análise de alguns visuais merchandisings encontrados em interiores de espaços

comerciais, segue uma das lojas da empresa Havaianas. O Espaço Havaianas é uma loja

caracterizada como “concept store” ou lojas conceito, que são exclusivas de uma marca. Elas

funcionam como uma espécie de showroom, onde o usuário tem a chance de conhecer os

benefícios dos produtos expostos. Por isso, a interatividade é o seu principal chamariz. Há

ainda aquelas que vão além e proporcionam personalização, permitindo que o consumidor

saia com um produto com a sua cara, procurando vender um estilo de vida.

A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual e Marketing de Produtos janeiro/2013

Figuras 8 e 9 – Espaço Havainas, São Paulo, SP

Fonte: Arquivo Eletrônico (2012)

No exemplo acima, está à loja da empresa Havaianas, localizada na Rua Oscar Freire, em São

Paulo, SP. Inaugurada em janeiro de 2009, a loja possui 300 metros quadrados e apresenta

momentos históricos da marca. No site oficial da empresa, Carla Schmitzberger, diretora da

unidade de negócios de sandálias da Alpargatas relata que:

O projeto tem como objetivo proporcionar às pessoas uma experiência única e

gostosa com a marca Havaianas. A ideia é de um ambiente que represente bem a

sensação que se tem ao usar um par de Havaianas: liberdade, alto astral, colorido,

simplicidade e conforto. O design de loja se tornou fundamental para alcançar o

sucesso (SCHMITZBERGER, 2009).

O espaço é o único lugar no mundo onde é possível encontrar todos os produtos da marca.

São mais de 350 sandálias diferentes, além da coleção de bolsas e também toalhas, chaveiros,

pins e meias. Uma barraca de feira foi montada para fazer uma homenagem à origem simples

da marca. Além disso, o cliente pode escolher solas, tiras e pins e montar um par de sandálias

personalizado, que passa a integrar um catálogo virtual da loja.

Em seguida, foi analisado o visual merchandising da doceria Ladurée, que já fora citada no

exemplo do item anterior, que é uma luxuosa pâtisserie localizada em Paris, na França.

Muitos designers famosos são chamados para criar embalagens exclusivas e artes das

caixinhas para guardar o tão precioso doce, chamado macaron. O design externo e interno do

ambiente é obtido através de muito requinte, sofisticação, organização, qualidade e um visual

merchandising exemplar. O décor das lojas é inspirado nas tradicionais casas de chá do século

XIX, com lustres de cristais e espelhos. A decoração homenageia a sofisticação francesa e a

vitrine exibe orgulhosamente as deliciosas delicadezas que a tornam um verdadeiro clássico.

A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual e Marketing de Produtos janeiro/2013

Figuras 10 e 11 – Ladurée, Paris, França

Fonte: Arquivo Pessoal (2011)

A loja conseguiu harmonizar a França do século XVI com a modernidade dos dias atuais. É

um lugar único e que te faz sentir parte de algo maior. Os detalhes dos espelhos, as cadeiras

trabalhadas e o ar polido dos funcionários fazem parte do cenário ideal. A organização e

beleza dos doces os tornam objetos de desejo para o consumo. As diversas cores e exatos

locais de instalações dos famosos macarons chamam a atenção de todo e qualquer consumidor

que adentre a loja.

Finalizando as análises, foi verificado o visual merchandising de algumas lojas existentes no

interior da Disneyland, localizada em Marne-la-Vallée, a 32 km de Paris, na França. A

Disneyland Resort Paris ou Eurodisney é um monumento e complexo turístico da The Walt

Disney Company. O resort consiste em dois parques temáticos e foram inaugurados em 1992.

A marca Disney é o sinônimo da realização de um sonho que encanta não só as crianças, mas

sim, qualquer pessoa de todas as idades. O resort é composto por várias lojas onde é possível

encontrar pelúcias, brinquedos, doces, roupas, fantasias, acessórios, entre outros.

Figuras 12 e 13 – Disney, Paris, França

Fonte: Arquivo Pessoal (2011)

As lojas da Disney utilizam o layout conhecido como fluxo livre. Seus variados tipos de

produtos estão dispostos de forma que permitam um fluxo dos clientes no interior das lojas,

deixando-os a vontade para escolher as infinitas mercadorias existentes, mantendo sempre

A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual e Marketing de Produtos janeiro/2013

uma impecável organização, onde tudo está sempre separado por temas, cores, idades e

tamanhos, estimulando o passeio pela loja e as compras por impulso.

5. Conclusão

Concluiu-se que a vitrine e o visual merchandising são muito importantes porque atraem e

criam uma identidade para a loja, fazendo com que a mesma possua um clima agradável e

comercial. A vitrine de uma empresa pode estimular o consumidor através dos sentidos e

principalmente através da visão, podendo levá-lo a aceitar a oferta através da emoção e

efetivar uma compra por impulso. A vitrine permite mostrar os produtos de formas diferentes

e os faz interagir com os clientes que poderão ser potenciais compradores, expondo conceitos

que vão além do produto. Já o visual merchandising pode ser usado como uma oportunidade

de criar uma diferenciação e destaque com relação aos concorrentes. Bom gosto, requinte,

sofisticação, simplicidade, criatividade e o uso de elementos estáticos são características que

compõe o conceito da comunicação visual tanto de uma vitrine, quanto de um visual

merchandising. Toda empresa deve adotar estratégias de varejo para se comunicar com o seu

público, pois diante da concorrência entre as lojas, os empresários devem estar atentos com a

criação de medidas de comunicação com o cliente alvo. Assim, é necessário possuir um

amplo conhecimento das tendências de consumo e utilizar os elementos visuais, os conceitos

e as linguagens certas que possam contribuir na decisão da compra.

Referências

BAUDRILLARD, Jean. A Sociedade de Consumo. Lisboa: Edições 70, 1995.

BLESSA, Regina. Merchandising no Ponto de Venda. São Paulo: Atlas, 2005.

DEMETRESCO, Sylvia. Vitrina Construção de Encenações. São Paulo: SENAC, 2000.

GUSMÃO, Liz. Vitrinismo - saiba o que é vitrinismo - técnicas de venda. Disponível em:

<http://www.artigonal.com/marketing-e-publicidade-artigos/vitrinismo-saiba-o-que-e

vitrinismo-tecnicas-de-vendas-1094352.html/> Acesso em: 18 Abril 2012.

MOLES, Abraham. O Kitsch. São Paulo: Perspectiva, 1998.

A Vitrine como Estratégia de Comunicação Visual e Marketing de Produtos janeiro/2013

MORGAN, Tony. Visual Merchandising Vitrines e Interiores Comerciais. São Paulo:

Gustavo Gili, 2011.

PARENTE, Juraci. Varejo no Brasil: gestão e estratégia. São Paulo: Atlas, 2000.

SCHMITZBERGER, Carla. Valor Econômico. São Paulo: Carreiras, 2009.

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Carnaval_de_Veneza/> Acesso em: 24 Abril 2012.

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<http://br.havaianas.com/pt-BR/> Acesso em: 05 Maio 2012.

<http://www.laduree.fr/> Acesso em: 05 Maio 2012.

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Swarovski/> Acesso em: 09 Maio 2012.

<http://www.disneylandparis.com/i/> Acesso em: 10 Maio 2012.