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A VILA, A COMARCA, A CAPITANIA: CONJUNTURAS ECONÔMICAS E POLÍTICAS A PARTIR DA ANÁLISE DE ESCRITURAS REGISTRADAS EM CARTÓRIO
Raphael Freitas Santos Doutorando em História Moderna pela Universidade Federal Fluminense/Brasil
RESUMO:
As “procurações bastantes” são escrituras públicas registradas em cartório, contidas nos chamados “livros de notas”. Muitas vezes, esse tipo de documentação chega a representar mais da metade das escrituras anotadas nos compêndios notariais. Apesar da sua abundância, esse tipo de registro vem sendo preterido nas pesquisas históricas em favor de cartas de alforria e escrituras de compra e venda – também disponíveis nos livros de notas cartoriais brasileiros. O presente texto visa a refletir sobre as potencialidades do uso de escrituras de procuração bastante em pesquisas históricas, haja vista se tratar de uma documentação fartamente encontrada nos acervos cartorários dos arquivos brasileiros e portugueses.
Na primeira parte do texto, nosso objetivo é demonstrar que a análise desse corpus documental, conjugado com outras fontes históricas, pode ser capaz de iluminar diversas questões relativas à sociedade e à economia colonial. Em seguida pretendemos apresentar os resultados encontrados em nossa amostragem. Foram pesquisadas cerca de 1.010 escrituras de procuração bastante, em que consta o nome de mais de 12.250 procuradores; além de aproximadamente 850 escrituras de compra e venda, sociedade, arresto, crédito e empréstimo. Essas escrituras foram registradas, entre os anos de 1717 e 1750, nos livros de notas dos cartórios de primeiro e segundo ofício de uma vila localizada na capitania de Minas Gerais. A partir dessas informações, buscaremos demonstrar como o tratamento quantitativo e serial das escrituras cartorárias vem permitindo o mapeamento de certas conjunturas econômicas e políticas não apenas na vila analisada, mas também na capitania de Minas Gerais e na América portuguesa. PALAVRAS-CHAVE: América Portuguesa; Fontes Históricas; Conjunturas Políticas; Conjunturas Econômicas Introdução
Os acervos cartorários vêm sendo devassados por historiadores nas últimas
décadas. Apesar de não ser nenhuma novidade na historiografia brasileira,1 foi com a
difusão dos métodos da História Serial que a documentação notarial passaram a ser mais
utilizados pelos historiadores. A partir de tal método o registro de inventário post-
mortm, por exemplo deixou de existir por si só, adquirindo sentido também mediante 1 Ver, por exemplo: MACHADO, Alcântara. Vida e morte do bandeirante. Belo Horizonte: Itatiaia, 1980.
sua relação com a série a que pertence. Nessa perspectiva diversos historiadores
puderam reconstruir estruturas econômicas, práticas sociais, estratégias de manumissão
da população escravizada e formas de organização familiar.2 Os testamentos também
analisados de tal maneira vêm subsidiando análises sobre o cotidiano, as atitudes e
estratégias perante a morte, a vivência da religiosidade.3
Outros tipos de registros disponíveis nos arquivos cartorários, como cartas de
alforria e escrituras públicas de compra e venda, também vem sendo bastante utilizado
em pesquisas históricas.4 No entanto, não podemos dizer o mesmo sobre as escrituras de
procuração bastante.
As procurações bastantes são escrituras registradas em Livros de Notas e, muitas
vezes, chegam a representar mais da metade das escrituras anotadas no compêndio.
Apesar da sua abundância, esse tipo de registro vem sendo preterido em favor de cartas
de alforria e escrituras de compra e venda – também presentes nos Livros de Notas.
Uma possível explicação para isso pode estar em seu conteúdo, que na maioria das
vezes é uma simples relação de nomes de procuradores e dos locais onde eles podiam
ser encontrados.
Contudo a pobreza da informação no documento singular não é muito diferente
do que se observa, por exemplo, em registros de batismo ou de casamento. Conforme
afirmou Karnal, “sem lotes expressivos que mostrem oscilações importantes ou
repetições reveladoras, uma única certidão de batismo do século XVI é um vazio
desesperador”.5 Poderíamos dizer o mesmo sobre uma única escritura de procuração
2 Apenas como exemplo, cabe citar trabalhos dessa natureza, produzidos a partir da documentação cartorária disponível no Museu do Ouro-Casa de Borba Gato/IBRAM, referentes à comarca do Rio das Velhas e/ou termo de Sabará: MAGALHÃES, Beatriz R.; SILVA, Vera Alice C. Evolução da economia e da riqueza na comarca do Rio das Velhas – Capitania de Minas Gerais, 1713-1763. IN: Anais do X Seminário sobre Economia Mineira. Diamantina: Cedeplar, 2002; SANTOS, Raphael F. “Devo que pagarei”: sociedade, mercado e práticas creditícias na comarca do Rio das Velhas – 1713-1773. Dissertação de mestrado – PPGHIS/UFMG, Belo Horizonte, 2005; PEREIRA, Ana Luisa C. Unidos pelo sangue, separados pela lei: família e ilegitimidade no império português, 1700-1799. 2009. Tese de Doutorado – ICS/Universidade do Minho, Braga, 2009; HIGGINS, Kathleen J. Licentious Liberty in a brazilian gold-mining region. Slavery, Gender, and social control in eighteenth-century Sabará, Minas Gerais. University Park: Penn State University Press, 1999. 3 Ver, por exemplo: DAVES, Alexandre P. Vaidade das Vaidades: os homens, a morte e a religião nos testamentos da comarca do Rio das Velhas (1716-1755). 1998. Dissertação de mestrado – PPGHIS/UFMG, Belo Horizonte, 1998. 4 Sobre alforrias ver, por exemplo: GONÇALVES, Andréa Lisly. As margens da liberdade: estudo sobre a prática de alforrias em Minas colonial e provincial. 1999. Tese de doutorado – Programa de Pós-Graduação em História/USP, São Paulo, 1999. Sobre a utilização de escrituras públicas de compra e venda ver, por exemplo: SAMPAIO, Antônio Carlo J. Na encruzilhada do império: hierarquias sociais e conjunturas econômicas no Rio de Janeiro (c. 1650-c. 1750). Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 2003. 5 KARNAL, Leandro; TATSCH, Flavia G. A memória evanescente. In: PINSKY, Carla B.; LUCA, Tânia R (orgs). O historiador e suas fontes. São Paulo: Contexto, 2009, p. 14.
bastante, escrita no século XVIII. Porém se certidões de batismo e de casamento vêm
sendo sistematicamente coletadas, armazenadas em bancos de dados e pesquisadas
pelos historiadores através dos métodos da Historia Serial, por que o mesmo não vêm
acontecendo com as escrituras de procuração bastante?6
O objetivo desse texto é apresentar algumas potencialidades e possibilidades de
pesquisa a partir dessas escrituras, especialmente no que tange a história deconômica do
período colonial. Ele foi escrito a partir de inquietações e reflexões feitas durante o
trabalho de campo nos arquivos e dos resultados encontrados a partir da tabulação de
dados coletados em nossa pesquisa de doutoramento.
Foram pesquisadas mais de 1.011 escrituras de procuração bastante, em que
consta o nome de mais de 12.250 procuradores. Essas escrituras foram registradas nos
Livros de Notas dos cartórios de primeiro e segundo ofício da vila de Sabará, entre os
anos de 1717 e 1750. Coletamos os dados de todos os livros preservados e
disponibilizados pelo Museu do Ouro/IBRAM-Casa de Borba Gato, referentes a esse
período. É bem verdade que não se trata de uma série completa. Os dados são bastante
fragmentados, já que uma boa parte dos livros de notas se perdeu com o tempo. Ao todo
são 15 livros de notas, referentes tanto ao cartório do primeiro, quanto do segundo
ofício da vila de Sabará. Muito pouco para um período de mais de 30 anos. Apesar
desse percalço, acreditamos que tais dados sejam capazes de trazer a tona importantes
questões e iluminar uma série de novos e velhos problemas.
Possibilidade e potencialidades de pesquisa a partir das procurações bastante
No período colonial, a escritura de procuração bastante foi um expediente
utilizado tanto por pessoas que tinham interesses econômicos, políticos ou familiares
em regiões distantes do lugar onde habitavam, como por aqueles que precisavam
responder por demandas econômicas, familiares e criminais nos locais onde viviam e/ou
nas principais vilas, comarcas e capitanias do império português. De posse de uma
procuração, o procurador tinha amplos poderes para responder em nome de outro
indivíduo e por isso mesmo, esse instrumento era motivo de preocupação para a justiça
na época. 6 Ver, por exemplo: ARANTES, Adalgisa. O Banco de dados relativo ao Acervo da Freguesia de N. Sra do Pilar de Ouro Preto: Registros paroquiais e as possibilidades da pesquisa. IN: Anais do X Seminário sobre a Economia Mineira. Diamantina: Cedeplar/UFMG, 2002.
De acordo com a legislação do século XVIII, a procuração é uma escritura
pública e, como tal, deveria ser lançada no Livro de Notas. Nesse sentido, segundo
Moraes Carvalho na sua Praxes Forense, “as procurações feitas por instrumento
denominado público, que não é exarado nas notas, são filhas de um abuso que se não
deve consentir, por ser contrário a lei e de péssimas conseqüências”.7 Apesar de não ser
consentida, as escrituras feitas fora do Livro de Notas eram bastante frequentes e podem
ser encontradas anexadas aos processos criminais, seqüestros e ações cíveis. Mas se lei
não era seguida à risca, o fato de mais da metade das escrituras registradas em cartório
serem de procuração, sinaliza, por outro lado, que ela também não foi totalmente
ignorada.
Vejamos agora, a partir de trechos retirados de algumas escrituras registradas
nos cartórios da vila de Sabará, algumas possibilidades de pesquisa tendo como fonte tal
corpus documental. Vale ressaltar que a ortografia do documento foi atualizada para
facilitar a fruição do texto e o seu entendimento.
As procurações são documentos padronizados e, semelhante às demais escrituras
públicas, ela principia como os seguintes dizeres:
Saibam quantos este publico instrumento de procuração bastante ou forma em direito melhor haja vissem que sendo no ano de nosso senhor Jesus Cristo de mil setecentos quarenta e cinco anos aos trinta e um dias do mês de janeiro do dito ano neste arraial das Congonhas do Sabará em casas de morada de Dona Antônia Maria de Azevedo Sena Vaz onde eu tabelião vim ao diante nomeado e aí apareceu presente a dita Dona viúva do Capitão Manoel das Neves Ribeiro, pessoa reconhecida por mim tabelião e das testemunhas ao diante nomeadas e assinadas pela própria de que faço menção de que deu fé (...)8
A data de feitura da escritura, bem como o local em que a escritura foi firmada
são informações que sempre estiveram presentes nos documentos. A partir de uma
análise serial das datas, é possível perceber, por exemplo, tendências sobre a época do
ano em que as procurações eram mais freqüentes. Com isso seria possível verificar se
existe alguma relação entre o momento em que eram mais registradas escrituras de
procurações e alguma conjuntura sazonal.
7 Ver: Código Philipino ou Ordenações do Reino de Portugal compiladas por mandado Del Rey D. Phillipe II. (Edição Fac-similar a XIV edição, de 1870, com comentários de Cândido Mendes de Almeida). 2º Tomo. Brasília: Edições do Senado Federal, 2004, p. 613 8 MO-CBG/IBRAM: LN, CPO 11(35) - Fl. 8-9v, 31/01/1745 (grifos nossos).
Ainda não temos dados precisos para chegar a conclusões nesse sentido, mas
uma análise superficial dos dados sugere que o período em que foi mais freqüente o
registro de escrituras se tratava, justamente, do momento em que chegavam as frotas
nos portos do Rio de Janeiro e/ou Salvador. Segundo José Roberto do Amaral Lapa, as
frotas vindas de Lisboa normalmente chegavam ao porto de Salvador entre os maio e
julho. Já para as embarcações que vinham do Oriente, a chegada a Salvador se dava em
fins de abril até princípios de junho.9 Não por acaso é justamente nesse período do ano
em que foi firmado o maior número de escrituras de procuração bastante.
De acordo com os registros analisados, grande parte das escrituras foi feita entre
os meses de abril e agosto. Se por um lado esse era o período de chegada das frotas, por
outro era a época menos chuvosa em Minas Gerais – o que facilitaria também as
viagens do escrivão para os demais arraiais sob sua jurisdição. Diante disso uma
questão merece uma reflexão mais profunda: em que medida a dinâmica do sistema de
frotas e outras conjunturas Atlânticas interferiu nos ritmos da economia, não só nos
grandes portos, mas também nos mais longínquos sertões da América portuguesa?
Outra questão que vale a pena chamar atenção é com relação ao local em que a
procuração foi escriturada pelo tabelião. Conforme temos observado, na maioria das
vezes, as escrituras de procuração foram feitas na casa do tabelião, que invariavelmente
morava na sede da comarca – no caso de nossa pesquisa na vila Nossa Senhora da
Conceição do Sabará. No entanto, percebemos que algumas vezes (como no caso acima
apresentado) os tabeliões percorreram arraiais e freguesias a fim de levar os serviços
notariais para as regiões mais distantes do termo.
Devido à necessidade de registro, principalmente no caso de compra e venda de
bens de raiz, os tabeliões percorriam o território legalizando transações já efetuadas. De
acordo com a legislação vigente na época, todas as transações “se foram sobre bens de
raiz, e a quantia da obrigação passar de quatro mil réis, ou se forem sobre bens móveis,
e a quantidade da dívida passar de sessenta mil réis (...) sejam firmados e feitos
escrituras por tabeliães públicos”.10 É claro que na prática tal norma seria impossível de
ser seguida a risca, principalmente em Minas Gerais onde, entre outras coisas, os preços
eram superiores aos das grandes praças comerciais do império português.
Por isso, créditos e escrituras privadas fora das condições legais eram
normalmente reconhecidos em execuções e libelos. Mas de qualquer forma, assim como
9 LAPA, José Roberto do A. A Bahia e a Carreira da Índia. São Paulo: Hucitec, 2000, p. 140. 10 Código Philipino ou Ordenações do Reino de Portugal... op. cit., p. 651-2 (Livro 3, Título LIX).
nos casos de instrumentos de procuração – que na prática eram aceitos em juízo –, havia
uma tentativa de impedir os “contratos clandestinos”. Portanto, acreditamos que era
com o objetivo de aplicar as normas, que tabeliães percorriam algumas regiões dentro
da sua área de jurisdição. No momento em que o tabelião se deslocava da vila para
algum arraial, era possível – além de regularizar transações lastreadas na palavra ou em
escrituras privadas – registrar em livro de notas o nome de “procuradores bastantes”.
Com isso, as pessoas que se encontravam longe dos lugares economicamente dinâmicos
e longe dos centros de decisão política e administrativa ficavam menos marginalizadas
no que tange as oportunidades de negócio e de justiça. E, com isso, a legislação podia
ser minimamente cumprida.
Ainda em relação a essa primeira parte da escritura de procuração, cabe destacar
outra informação relevante. Seguido do nome do procurado, é possível encontrar o local
em que ele residia. Apenas como exemplo, podemos citar o caso de Felipe Cardoso de
Souza, que em junho de 1727 registrou no cartório da vila de Sabará uma procuração.
No documento foi registrado que o procurado era “morador de Santa Luzia, cidade de
Sergipe”.11 No caso de Bernardo Pinto da Fonseca, lê-se na escritura de procuração que
ele era “morador em Santa Rita, freguesia de Santo Antônio do Rio das Velhas
Acima”.12
O mais intrigante é que tal informação passou a habitar as escrituras de
procuração apenas a partir do segundo quartel do século XVIII. Em registros anteriores
à década de 1730, muito raramente encontramos registro do domicílio dos outorgantes.
Por isso, em nossa amostragem foram poucos os registros em que foi possível
identificar o local de residência do procurado. No total apenas em 416 escrituras de
procuração bastante em que foi possível identificar a localidade de origem do indivíduo
procurado. Isto representa 43% de todas as escrituras analisadas. A partir dessas
escrituras constatamos que a maioria dos outorgantes vivia na própria vila de Sabará
(30%) e em arraiais mais importantes do termo como, por exemplo, Roça Grande, Santa
Luzia, Pompeu e Raposos.
Mas por que será que apenas a partir de um determinado momento essa
informação começou a ser registrada pelo tabelião? Seria devido à irrelevância da
informação, do ponto de vista dos tabeliões responsáveis pelos cartórios, durante as
primeiras décadas do século XVIII? Ou essa ausência pode ser explicada pela simples
11 MO-CBG/IBRAM: LN, CSO 01(04) – Fl. 100-101, 27/06/ 1717. 12 MO-CBG/IBRAM: LN, CSO 02 (06) – Fl. 24-25, 16/04/ 1720.
dificuldade de tal registro, devido ao contexto de fluidez e desenraizamento dos
indivíduos nos primeiros anos de ocupação dos sertões das minas? Talvez um
cruzamento dessas informações com as tendências do mercado de imóveis e terras –
através da análise das escrituras de venda, registradas no mesmo cartório – possam
oferecer subsídios para buscar essa relação entre a ausência de registro do domicílio do
procurado e um possível desenraizamento da sociedade.
Apresentadas as potencialidades de pesquisa, a partir das informações
destacadas até o momento, falta ainda nos servir das informações mais relevante e o
objetivo final do documento em seu contexto de produção: o nome dos procuradores
nomeados e onde eles podiam ser encontrado. Esse é também o principal objeto em
nossa pesquisa de nosso doutoramento. A partir dos nomes encontrados nas procurações
estamos buscando remontar importantes redes de negócios que atuavam no mercado
intracolonial, sobretudo nas rotas comerciais que ligavam Minas Gerais ao Atlântico,
através da cidade da Bahia, durante a primeira metade do século XVIII.
Os procuradores registrados em cartório tinham amplos poderes para atuar em
nome do outorgante. Esses poderes iam além da atuação em contendas judiciais – sejam
elas cíveis ou criminais. Os procuradores tinham poderes para fazer e cobrar dívidas em
nome do outorgante, testemunhar em seu nome e, inclusive, jurar pela sua alma em
ações dessa natureza.13 Apenas a título de ilustração, vale a pena apresentar alguns dos
poderes outorgados ao procurador, a partir de um exemplo de procuração bastante:
(...) para que em nome dela outorgante possam os ditos seus procuradores e qualquer deles de per si todas as suas dívidas que quaisquer pessoas lhe devam e deverem por conhecimentos sem lhes escrituras sentenças, encomendas, carregações e feitos seus procedidos e causas outras que suas sejam de que lhe pertença a cobrança pela via exitá-lo que for, e sustar-los todos os seus devedores contas e com quem mais lhes deva dar, fazer-lhes recebendo o liquido, donde de quanto arcarem quitações como se lhe pediram assinando-as em nome dela constituinte onde for necessário e nas suas dependências causas e demandas procurarem requererem todo o seu direito e justiça em Juízo e fora dele fazendo citações, justificações, protestos, pedimentos e requerimentos, embargos, seqüestros e execuções, prisões, solturas, penhoras, lances, posses e entregas, arrematações de bens apresentando a prova necessária, a devendo contrariar jurar a sua alma qualquer direito juramento e de calúnia
13 Sobre os processos de Juramento de Alma ver: SANTOS, Raphael F. Juramentos de Alma: indícios da importância da palavra no universo colonial mineiro. IN: PEREIRA, Magnus R. de M, SANTOS, Antônio C. de A., ANDREAZZA, Maria L., NADALIN; Sérgio O. (org.). VI Jornada Setecentista: Conferências e Comunicações. Curitiba: CEDOPE/Aos Quatro Ventos, 2006.
fazendo e deixar em quando lhe parecer por de contraditas e suspeições e de novo se houver apelar agravar e tudo seguir maior a cada substabelecendo os poderes que quiser desta em quem lhes parecer e os substabelecidos poderão substabelecer outros e revoga-los e desta usar, não só os procuradores que lhe parecer mais também revogar todos os quais quer que até o presente existam os quais por esta há desde logo por revogados e só quando sejam os presentes acima nomeados, e só reserva para si toda a nova citação em tudo mais farão o mesmo que ela outorgante fizesse se em pessoa fosse com livre e geral administração de seus bens e tudo por eles feito por muito haver por bem para sempre por seus bens que obrigou e os releva de encargo da satisfação e poderão cobrar, o uso ou dinheiro do cofre dos órfãos e fazenda real câmara seguindo em tudo mais suas ordens, cartas, avisos que valerão como parte deste instrumento e de como assim o disse a outorgou e assinou com as testemunhas presentes Custódio Pereira Coelho, e João Lopes de Araújo ambos moradores nesta mesma freguesia das Congonhas do Sabará pessoas reconhecidas de mim tabelião eu José Botelho Andrada da que o escrevi.14
Apesar de longa, a citação desse documento é bastante importante, na medida
em que ilustra os poderes delegados aos procuradores. Assim, as escrituras de
procuração bastante representam uma inestimável fonte para estudos prosopográficos,
contribuindo para um melhor entendimento das redes de negócio existentes no período
colonial, através da experiência de sujeitos individuais. Esse tipo de análise, além de
humanizar a História, pode apontar para possíveis distâncias e/ou aproximações
existentes entre a norma e a prática.
Uma abordagem quantitativa das escrituras de procuração bastante
Selecionando apenas os procuradores nomeados na capitania de Minas Gerais,
percebemos que a maioria dos plenipotenciários se encontrava na própria comarca do
Rio das Velhas, cuja sede era a vila de Sabará. Em seguida, vem Vila Rica, na comarca
de Ouro Preto, que aparece como a origem do segundo maior número de procuradores
dentro da capitania. A partir desses dados é possível levantarmos mais algumas questões
interessantes para entender a dinâmica administrativa de Minas Gerais.
A primeira delas é o papel da vila de Sabará na administração da Capitania.
Porta de entrada do “caminho dos sertões”, os agentes localizados na vila foram os
14 MO-CBG/IBRAM: LN, CPO 09(26) – Fl. 102-104, 19/10/1738.
intermediários entre o poder sediado no centro da capitania (Vila Rica) e os sertões
ocupados por régulos e potentados. Isso fica claro quando verificamos que 77% dos
procuradores nomeados na vila se encontravam na porção setentrional das minas –
tendo em conta que as regiões mineradoras de Sabará, Caeté, Congonhas e Raposos,
fazem parte desse espaço geopolítico. Já para as comarcas no centro-sul de Minas
Gerais, por exemplo, se encontravam apenas 22% dos procuradores nomeados em
Sabará para o período em foco.
Ao desagregarmos os dados foi possível ter uma percepção ainda melhor sobre
as variações no número de procuradores de uma região para outra, dentro da capitania
de Minas Gerais. A partir do Gráfico 1 foi possível observar uma tendência para o
recrudescimento no número de procuradores localizados na comarca do Rio das Velhas
ao longo do século XVIII. Por outro lado, os mesmos dados apontam para uma
tendência oposta, no que tange aos procuradores que se encontravam na Vila do
Carmo/Mariana e, sobretudo, em Vila Rica. Como poderíamos explicar tal processo,
expresso a partir desses dados? Seria uma maior centralização do poder ao longo do
século XVIII?
GRÁFICO 1 – Procuradores residentes na capitania de Minas Gerais, divididos por comarcas (1717-1750)
Rio das Velhas Ouro Preto Serro do Frio Rio das Mortes
FONTE: Museu do Ouro – Casa de Borba Gato/IBRAM: LN (CPO e CSO).
Não poderíamos deixar de destacar também que a análise de escrituras de
procurações permitiu-nos mapear algumas conjunturas econômicas da capitania de
Minas Gerais. Por exemplo, na década de 1730 houve uma crescente demanda por
procuradores na comarca do Serro do Frio. Não por acaso esse foi nesse período que os
diamantes foram descobertos na região. Outro boom minerador detectado através das
escrituras de procuração data de 1729, ano em que foram anunciados os descobertos de
Minas Novas do Fanado, localizados entre os rios Araçuaí e Jequitinhonha – sob a
jurisdição da ouvidoria da comarca do Serro do Frio.15
Outra importante conjuntura identificada foi as descobertas minerais no vale do
rio Paracatu, a oeste da capitania de Minas Gerais. Apesar de fazer parte do Bispado de
Pernambuco na esfera religiosa, os novos achados no arraial de São Luis e Santa Ana do
Paracatu estavam sob a jurisidição secular da comarca do Rio das Velhas. Apesar do
anúncio dos achados auríferos terem sido comunicados oficialmente em 1744, no ano de
1743 foram registrados 66 procuradores sediados nas novas descobertas e no ano
seguinte foram registrados 84. Isso significou, respectivamente, 18% e 12% dos
procuradores nomeados para a capitania de Minas Gerais naqueles anos – o que explica
o aumento nos procuradores sediados na comarca do Rio dass Velhas, a partir de 1743,
verificado no gráfico 1.
Por fim, cabe salientar que identificamos uma leve tendência para o aumento, ao
longo do século XVIII, no número de procuradores nas vilas da comarca do Rio das
Mortes. Como se sabe, essa região foi se tornando cada vez mais dinâmica
economicamente, afirmando-se no final do século XVIII como a comarca mais rica da
capitania de Minas Gerais.16
Essas mesmas conclusões poderiam ser estendidas para o Brasil. Para tanto
bastou apenas ampliar a escala. A partir da análise do Gráfico 2, foi possível perceber
algumas variações conjunturais, no que diz respeito a economia na América portuguesa.
Uma delas que vale a pena destacar é a presença significativa de procuradores
localizados nos “goiazes” a partir da década de 1730. Segundo Russel-Woods, “em
Goiás, por volta de 1725 descobertas na região do rio Vermelho no centro-sul
apresentaram boas perspectivas”; e, ainda segundo o “no rumo norte, outras descobertas
foram feitas em 1734, no rio Guaporé, a noroeste do Mato Grosso”.17
15 RUSSEL-WOODS. A. J. R. O Brasil Colonial: o ciclo do ouro. C. 1690-1750. In: BETHELL, Leslie (org.). Historia da América Latina Colonial. Vol. II. São Paulo: Edusp, 2004, p. 483. 16 Ver, por exemplo: LENHARO, Alcir. As tropas da moderação. O abastecimento da Corte na formação política do Brasil (1808-1842). São Paulo: Símbolo, 1979; e GRAÇA FILHO, Afonso de A. A princesa do Oeste e o mito da decadência de Minas Gerais. São João Del Rei (1831-1888). São Paulo: Annablume, 2002. 17 RUSSEL-WOODS. A. J. R. O Brasil Colonial... op. cit., p. 472.
GRÁFICO 2 – Procuradores residentes na América portuguesa, divididos por regiões (1717-1750)
MINAS GERAIS GOIÁZES/MATO GROSSO
BAHIA CAPITANIAS DO NORTE
RIO DE JANEIRO SÃO PAULO
RIO GRANDE/SACRAMENTO
FONTE: Museu do Ouro – Casa de Borba Gato/IBRAM: LN (CPO e CSO).
Mas o que consideramos como um dos resultados mais importante de nossas
pesquisas diz respeito à gradativa redução no número de procuradores encontrados na
capitania de São Paulo e o significativo aumento de procuradores situados na cidade do
Rio de Janeiro. Essa tendência no aumento de procuradores “fluminenses” (c.f Gráfico
2) foi acompanhada também por uma tendência de diminuição de procuradores na
cidade de Salvador, na Bahia. Mais do que questões econômicas, tais dados talvez
sejam capazes de sinalizar para mudanças políticas que tangenciaram a administração
da capitania de Minas Gerais.
Foi possível, a partir das informações disponíveis, fazer vários apontamentos a
respeito dos ritmos com que mudaram as relações entre Minas Gerais e os portos de
Salvador e do Rio de Janeiro. Por exemplo: até o início da década de 1730, a diferença
entre o percentual de procuradores que se encontravam no Rio de Janeiro era muito
menor do que aqueles localizados na capitania da Bahia. Durante esse período os
“baianos” representavam, em média, 26% dos procuradores registrados em cartório,
enquanto que a média de procuradores “fluminenses”, para o mesmo período, era de
9%.18
18 Não por acaso, até o início da década de 1730, a média do percentual de procuradores que se encontrava em Pernambuco, Piauí e Paraíba também não era nada desprezível (2,5%) e superava em
Porém, o quadro começou a mudar de figura a partir de algum momento durante
a década de 1730. Não existem registros de escrituras de procuração para o período
entre 1732 e 1734, mas sabemos que em 1735 o percentual de procuradores
“fluminenses” (11%) se aproximou pela primeira vez daqueles que se encontravam na
Bahia (13%). Depois disso, a tendência foi de incremento na proporção de procuradores
localizados no Rio de Janeiro e recrudescimento de procuradores baianos –
principalmente localizados nos sertões e no recôncavo da capitania.
De acordo com a nossa amostragem, se entre os anos de 1728 e 1731 os baianos
representavam 19% dos procuradores e os fluminenses 10%, no intervalo que
compreende os anos de 1743 e 1747, os procuradores sediados na Bahia correspondiam
a 16% dos nomes arrolados, enquanto o percentual médio de procuradores que se
encontrava no Rio de Janeiro era de 11 %. Não por acaso foi durante esse período que,
pela primeira vez, o percentual de procuradores localizados no Rio de Janeiro suplantou
o de procuradores sediados na Bahia – ver o ano de 1746.19
Ficou claro que o percentual de procuradores localizados em Salvador, que
sempre foi alto, assim se manteve pelo menos até o início da década de 1750. Isso
porque, mesmo com o eminente declínio do comércio direto entre Bahia e Minas
Gerais, a cidade de Salvador sediava o mais próximo Tribunal da Relação – instância
jurídica máxima na Colônia. Mas várias foram as queixas encaminhadas ao Conselho
Ultramarino pelas câmaras municipais de Minas Gerais, reclamando da distância entre
as vilas mineiras e a cidade da Bahia. Nessas reclamações, os camaristas clamavam pelo
estabelecimento de um tribunal da Relação no Rio Janeiro para melhor poder
administrar a justiça nas vilas mineiras.20 Atendendo aos apelos, a Coroa decidiu em
1751 pela criação da Relação da cidade do Rio de Janeiro. Segundo Graça Salgado, “tal
relação tinha competência sobre as comarcas do Rio de Janeiro, São Paulo Ouro Preto,
Rio das Mortes, Sabará, Rio das mortes, Serro Frio, Cuiabá”, entre outras.21
muito a quantidade de procuradores que se encontravam, por exemplo, na capitania de São Paulo, Rio Grande e Sacramento (0,5%). 19 Mais um indício da crescente inversão nas influências sobre a vila de Sabará foi a diminuição do percentual de procuradores que se encontravam ao norte da capitania da Bahia ao longo da primeira metade do século XVIII (Cf. Gráfico 2). 20 Como por exemplo, a representação da Câmara de Vila Rica solicitando a criação do Tribunal da Relação no Rio de Janeiro. AHU- Cons.Ultram.- Brasil/MG- Cx.:19, Doc.:17. 21 SALGADO, Graça (org.). Fiscais e Meirinhos. Administração no Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990, p. 81. Ver também, WEHLING, Arno; WEHLING, Maria José. Direito e Justiça no Brasil Colonial – O Tribunal da Relação do Rio de Janeiro (1751- 1808). Rio de Janeiro: Renovar, 2004.
Os dados apresentados acima sugerem que a criação da nova Relação e,
posteriormente, da transferência da sede do Vice-Reino (1763) teriam apenas
consolidado um processo anterior de redirecionamento dos interesses econômicos e de
justiça, da Bahia para a cidade do Rio de Janeiro. Mesmo na vila de Sabará – porta de
entrada para quem chegava à região das minas a partir dos caminhos do sertão da Bahia
– parece ter havido uma tendência ao recrudescimento no número de procuradores
situados na capitania baiana e ao aumento daqueles que se encontravam no Rio de
Janeiro.
O estudo das procurações bastantes, analisadas de forma serial (e comparativa)
poderia nos dizer mais sobre o processo de reorientação do poder na Colônia.
Possivelmente esse processo de fortalecimento da cidade do Rio de Janeiro em
detrimento da Bahia teve início muito antes, no século XVII, com a instituição da
Repartição Sul sob o governo de Salvador Correia de Sá e Benevides. Segundo Boxer,
“a mudança da capital da colônia que passou em 1763 da Bahia para o Rio de Janeiro,
foi uma justificação tardia do otimismo por ele [Salvador Correia de Sá e Benevides]
demonstrado cem anos antes a respeito do futuro reservado às províncias do sul”.22 A
análise serial de documentos, tais como as escrituras de procuração bastante, poderia
contribuir para confirmar ou não essa hipótese aventada por Boxer.
Como esperamos ter sido possível perceber, diversas questões podem ser
levantadas a partir dessa documentação – infelizmente, tão pouco trabalhada pelos
historiadores. Mas é importante que se diga que para tentar responder a essas questões é
necessário o cruzamento das informações com fontes variadas. Dessa forma, as
escrituras de procuração bastante (que aparentemente se apresenta como um corpus
documental pouco fértil para pesquisas históricas) podem se apresentar como um rico
manancial de informações para um melhor conhecimento das conjunturas em vilas,
comarcas e capitanias do império português.
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