a vila, a comarca, a capitania: conjunturas … · sobre a utilização de escrituras públicas de...

15

Click here to load reader

Upload: trinhkhanh

Post on 15-Nov-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: A VILA, A COMARCA, A CAPITANIA: CONJUNTURAS … · Sobre a utilização de escrituras públicas de compra e venda ver, por exemplo: SAMPAIO, Antônio Carlo J. Na encruzilhada do império

A VILA, A COMARCA, A CAPITANIA: CONJUNTURAS ECONÔMICAS E POLÍTICAS A PARTIR DA ANÁLISE DE ESCRITURAS REGISTRADAS EM CARTÓRIO

Raphael Freitas Santos Doutorando em História Moderna pela Universidade Federal Fluminense/Brasil

RESUMO:

As “procurações bastantes” são escrituras públicas registradas em cartório, contidas nos chamados “livros de notas”. Muitas vezes, esse tipo de documentação chega a representar mais da metade das escrituras anotadas nos compêndios notariais. Apesar da sua abundância, esse tipo de registro vem sendo preterido nas pesquisas históricas em favor de cartas de alforria e escrituras de compra e venda – também disponíveis nos livros de notas cartoriais brasileiros. O presente texto visa a refletir sobre as potencialidades do uso de escrituras de procuração bastante em pesquisas históricas, haja vista se tratar de uma documentação fartamente encontrada nos acervos cartorários dos arquivos brasileiros e portugueses.

Na primeira parte do texto, nosso objetivo é demonstrar que a análise desse corpus documental, conjugado com outras fontes históricas, pode ser capaz de iluminar diversas questões relativas à sociedade e à economia colonial. Em seguida pretendemos apresentar os resultados encontrados em nossa amostragem. Foram pesquisadas cerca de 1.010 escrituras de procuração bastante, em que consta o nome de mais de 12.250 procuradores; além de aproximadamente 850 escrituras de compra e venda, sociedade, arresto, crédito e empréstimo. Essas escrituras foram registradas, entre os anos de 1717 e 1750, nos livros de notas dos cartórios de primeiro e segundo ofício de uma vila localizada na capitania de Minas Gerais. A partir dessas informações, buscaremos demonstrar como o tratamento quantitativo e serial das escrituras cartorárias vem permitindo o mapeamento de certas conjunturas econômicas e políticas não apenas na vila analisada, mas também na capitania de Minas Gerais e na América portuguesa. PALAVRAS-CHAVE: América Portuguesa; Fontes Históricas; Conjunturas Políticas; Conjunturas Econômicas Introdução

Os acervos cartorários vêm sendo devassados por historiadores nas últimas

décadas. Apesar de não ser nenhuma novidade na historiografia brasileira,1 foi com a

difusão dos métodos da História Serial que a documentação notarial passaram a ser mais

utilizados pelos historiadores. A partir de tal método o registro de inventário post-

mortm, por exemplo deixou de existir por si só, adquirindo sentido também mediante 1 Ver, por exemplo: MACHADO, Alcântara. Vida e morte do bandeirante. Belo Horizonte: Itatiaia, 1980.

Page 2: A VILA, A COMARCA, A CAPITANIA: CONJUNTURAS … · Sobre a utilização de escrituras públicas de compra e venda ver, por exemplo: SAMPAIO, Antônio Carlo J. Na encruzilhada do império

sua relação com a série a que pertence. Nessa perspectiva diversos historiadores

puderam reconstruir estruturas econômicas, práticas sociais, estratégias de manumissão

da população escravizada e formas de organização familiar.2 Os testamentos também

analisados de tal maneira vêm subsidiando análises sobre o cotidiano, as atitudes e

estratégias perante a morte, a vivência da religiosidade.3

Outros tipos de registros disponíveis nos arquivos cartorários, como cartas de

alforria e escrituras públicas de compra e venda, também vem sendo bastante utilizado

em pesquisas históricas.4 No entanto, não podemos dizer o mesmo sobre as escrituras de

procuração bastante.

As procurações bastantes são escrituras registradas em Livros de Notas e, muitas

vezes, chegam a representar mais da metade das escrituras anotadas no compêndio.

Apesar da sua abundância, esse tipo de registro vem sendo preterido em favor de cartas

de alforria e escrituras de compra e venda – também presentes nos Livros de Notas.

Uma possível explicação para isso pode estar em seu conteúdo, que na maioria das

vezes é uma simples relação de nomes de procuradores e dos locais onde eles podiam

ser encontrados.

Contudo a pobreza da informação no documento singular não é muito diferente

do que se observa, por exemplo, em registros de batismo ou de casamento. Conforme

afirmou Karnal, “sem lotes expressivos que mostrem oscilações importantes ou

repetições reveladoras, uma única certidão de batismo do século XVI é um vazio

desesperador”.5 Poderíamos dizer o mesmo sobre uma única escritura de procuração

2 Apenas como exemplo, cabe citar trabalhos dessa natureza, produzidos a partir da documentação cartorária disponível no Museu do Ouro-Casa de Borba Gato/IBRAM, referentes à comarca do Rio das Velhas e/ou termo de Sabará: MAGALHÃES, Beatriz R.; SILVA, Vera Alice C. Evolução da economia e da riqueza na comarca do Rio das Velhas – Capitania de Minas Gerais, 1713-1763. IN: Anais do X Seminário sobre Economia Mineira. Diamantina: Cedeplar, 2002; SANTOS, Raphael F. “Devo que pagarei”: sociedade, mercado e práticas creditícias na comarca do Rio das Velhas – 1713-1773. Dissertação de mestrado – PPGHIS/UFMG, Belo Horizonte, 2005; PEREIRA, Ana Luisa C. Unidos pelo sangue, separados pela lei: família e ilegitimidade no império português, 1700-1799. 2009. Tese de Doutorado – ICS/Universidade do Minho, Braga, 2009; HIGGINS, Kathleen J. Licentious Liberty in a brazilian gold-mining region. Slavery, Gender, and social control in eighteenth-century Sabará, Minas Gerais. University Park: Penn State University Press, 1999. 3 Ver, por exemplo: DAVES, Alexandre P. Vaidade das Vaidades: os homens, a morte e a religião nos testamentos da comarca do Rio das Velhas (1716-1755). 1998. Dissertação de mestrado – PPGHIS/UFMG, Belo Horizonte, 1998. 4 Sobre alforrias ver, por exemplo: GONÇALVES, Andréa Lisly. As margens da liberdade: estudo sobre a prática de alforrias em Minas colonial e provincial. 1999. Tese de doutorado – Programa de Pós-Graduação em História/USP, São Paulo, 1999. Sobre a utilização de escrituras públicas de compra e venda ver, por exemplo: SAMPAIO, Antônio Carlo J. Na encruzilhada do império: hierarquias sociais e conjunturas econômicas no Rio de Janeiro (c. 1650-c. 1750). Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional, 2003. 5 KARNAL, Leandro; TATSCH, Flavia G. A memória evanescente. In: PINSKY, Carla B.; LUCA, Tânia R (orgs). O historiador e suas fontes. São Paulo: Contexto, 2009, p. 14.

Page 3: A VILA, A COMARCA, A CAPITANIA: CONJUNTURAS … · Sobre a utilização de escrituras públicas de compra e venda ver, por exemplo: SAMPAIO, Antônio Carlo J. Na encruzilhada do império

bastante, escrita no século XVIII. Porém se certidões de batismo e de casamento vêm

sendo sistematicamente coletadas, armazenadas em bancos de dados e pesquisadas

pelos historiadores através dos métodos da Historia Serial, por que o mesmo não vêm

acontecendo com as escrituras de procuração bastante?6

O objetivo desse texto é apresentar algumas potencialidades e possibilidades de

pesquisa a partir dessas escrituras, especialmente no que tange a história deconômica do

período colonial. Ele foi escrito a partir de inquietações e reflexões feitas durante o

trabalho de campo nos arquivos e dos resultados encontrados a partir da tabulação de

dados coletados em nossa pesquisa de doutoramento.

Foram pesquisadas mais de 1.011 escrituras de procuração bastante, em que

consta o nome de mais de 12.250 procuradores. Essas escrituras foram registradas nos

Livros de Notas dos cartórios de primeiro e segundo ofício da vila de Sabará, entre os

anos de 1717 e 1750. Coletamos os dados de todos os livros preservados e

disponibilizados pelo Museu do Ouro/IBRAM-Casa de Borba Gato, referentes a esse

período. É bem verdade que não se trata de uma série completa. Os dados são bastante

fragmentados, já que uma boa parte dos livros de notas se perdeu com o tempo. Ao todo

são 15 livros de notas, referentes tanto ao cartório do primeiro, quanto do segundo

ofício da vila de Sabará. Muito pouco para um período de mais de 30 anos. Apesar

desse percalço, acreditamos que tais dados sejam capazes de trazer a tona importantes

questões e iluminar uma série de novos e velhos problemas.

Possibilidade e potencialidades de pesquisa a partir das procurações bastante

No período colonial, a escritura de procuração bastante foi um expediente

utilizado tanto por pessoas que tinham interesses econômicos, políticos ou familiares

em regiões distantes do lugar onde habitavam, como por aqueles que precisavam

responder por demandas econômicas, familiares e criminais nos locais onde viviam e/ou

nas principais vilas, comarcas e capitanias do império português. De posse de uma

procuração, o procurador tinha amplos poderes para responder em nome de outro

indivíduo e por isso mesmo, esse instrumento era motivo de preocupação para a justiça

na época. 6 Ver, por exemplo: ARANTES, Adalgisa. O Banco de dados relativo ao Acervo da Freguesia de N. Sra do Pilar de Ouro Preto: Registros paroquiais e as possibilidades da pesquisa. IN: Anais do X Seminário sobre a Economia Mineira. Diamantina: Cedeplar/UFMG, 2002.

Page 4: A VILA, A COMARCA, A CAPITANIA: CONJUNTURAS … · Sobre a utilização de escrituras públicas de compra e venda ver, por exemplo: SAMPAIO, Antônio Carlo J. Na encruzilhada do império

De acordo com a legislação do século XVIII, a procuração é uma escritura

pública e, como tal, deveria ser lançada no Livro de Notas. Nesse sentido, segundo

Moraes Carvalho na sua Praxes Forense, “as procurações feitas por instrumento

denominado público, que não é exarado nas notas, são filhas de um abuso que se não

deve consentir, por ser contrário a lei e de péssimas conseqüências”.7 Apesar de não ser

consentida, as escrituras feitas fora do Livro de Notas eram bastante frequentes e podem

ser encontradas anexadas aos processos criminais, seqüestros e ações cíveis. Mas se lei

não era seguida à risca, o fato de mais da metade das escrituras registradas em cartório

serem de procuração, sinaliza, por outro lado, que ela também não foi totalmente

ignorada.

Vejamos agora, a partir de trechos retirados de algumas escrituras registradas

nos cartórios da vila de Sabará, algumas possibilidades de pesquisa tendo como fonte tal

corpus documental. Vale ressaltar que a ortografia do documento foi atualizada para

facilitar a fruição do texto e o seu entendimento.

As procurações são documentos padronizados e, semelhante às demais escrituras

públicas, ela principia como os seguintes dizeres:

Saibam quantos este publico instrumento de procuração bastante ou forma em direito melhor haja vissem que sendo no ano de nosso senhor Jesus Cristo de mil setecentos quarenta e cinco anos aos trinta e um dias do mês de janeiro do dito ano neste arraial das Congonhas do Sabará em casas de morada de Dona Antônia Maria de Azevedo Sena Vaz onde eu tabelião vim ao diante nomeado e aí apareceu presente a dita Dona viúva do Capitão Manoel das Neves Ribeiro, pessoa reconhecida por mim tabelião e das testemunhas ao diante nomeadas e assinadas pela própria de que faço menção de que deu fé (...)8

A data de feitura da escritura, bem como o local em que a escritura foi firmada

são informações que sempre estiveram presentes nos documentos. A partir de uma

análise serial das datas, é possível perceber, por exemplo, tendências sobre a época do

ano em que as procurações eram mais freqüentes. Com isso seria possível verificar se

existe alguma relação entre o momento em que eram mais registradas escrituras de

procurações e alguma conjuntura sazonal.

7 Ver: Código Philipino ou Ordenações do Reino de Portugal compiladas por mandado Del Rey D. Phillipe II. (Edição Fac-similar a XIV edição, de 1870, com comentários de Cândido Mendes de Almeida). 2º Tomo. Brasília: Edições do Senado Federal, 2004, p. 613 8 MO-CBG/IBRAM: LN, CPO 11(35) - Fl. 8-9v, 31/01/1745 (grifos nossos).

Page 5: A VILA, A COMARCA, A CAPITANIA: CONJUNTURAS … · Sobre a utilização de escrituras públicas de compra e venda ver, por exemplo: SAMPAIO, Antônio Carlo J. Na encruzilhada do império

Ainda não temos dados precisos para chegar a conclusões nesse sentido, mas

uma análise superficial dos dados sugere que o período em que foi mais freqüente o

registro de escrituras se tratava, justamente, do momento em que chegavam as frotas

nos portos do Rio de Janeiro e/ou Salvador. Segundo José Roberto do Amaral Lapa, as

frotas vindas de Lisboa normalmente chegavam ao porto de Salvador entre os maio e

julho. Já para as embarcações que vinham do Oriente, a chegada a Salvador se dava em

fins de abril até princípios de junho.9 Não por acaso é justamente nesse período do ano

em que foi firmado o maior número de escrituras de procuração bastante.

De acordo com os registros analisados, grande parte das escrituras foi feita entre

os meses de abril e agosto. Se por um lado esse era o período de chegada das frotas, por

outro era a época menos chuvosa em Minas Gerais – o que facilitaria também as

viagens do escrivão para os demais arraiais sob sua jurisdição. Diante disso uma

questão merece uma reflexão mais profunda: em que medida a dinâmica do sistema de

frotas e outras conjunturas Atlânticas interferiu nos ritmos da economia, não só nos

grandes portos, mas também nos mais longínquos sertões da América portuguesa?

Outra questão que vale a pena chamar atenção é com relação ao local em que a

procuração foi escriturada pelo tabelião. Conforme temos observado, na maioria das

vezes, as escrituras de procuração foram feitas na casa do tabelião, que invariavelmente

morava na sede da comarca – no caso de nossa pesquisa na vila Nossa Senhora da

Conceição do Sabará. No entanto, percebemos que algumas vezes (como no caso acima

apresentado) os tabeliões percorreram arraiais e freguesias a fim de levar os serviços

notariais para as regiões mais distantes do termo.

Devido à necessidade de registro, principalmente no caso de compra e venda de

bens de raiz, os tabeliões percorriam o território legalizando transações já efetuadas. De

acordo com a legislação vigente na época, todas as transações “se foram sobre bens de

raiz, e a quantia da obrigação passar de quatro mil réis, ou se forem sobre bens móveis,

e a quantidade da dívida passar de sessenta mil réis (...) sejam firmados e feitos

escrituras por tabeliães públicos”.10 É claro que na prática tal norma seria impossível de

ser seguida a risca, principalmente em Minas Gerais onde, entre outras coisas, os preços

eram superiores aos das grandes praças comerciais do império português.

Por isso, créditos e escrituras privadas fora das condições legais eram

normalmente reconhecidos em execuções e libelos. Mas de qualquer forma, assim como

9 LAPA, José Roberto do A. A Bahia e a Carreira da Índia. São Paulo: Hucitec, 2000, p. 140. 10 Código Philipino ou Ordenações do Reino de Portugal... op. cit., p. 651-2 (Livro 3, Título LIX).

Page 6: A VILA, A COMARCA, A CAPITANIA: CONJUNTURAS … · Sobre a utilização de escrituras públicas de compra e venda ver, por exemplo: SAMPAIO, Antônio Carlo J. Na encruzilhada do império

nos casos de instrumentos de procuração – que na prática eram aceitos em juízo –, havia

uma tentativa de impedir os “contratos clandestinos”. Portanto, acreditamos que era

com o objetivo de aplicar as normas, que tabeliães percorriam algumas regiões dentro

da sua área de jurisdição. No momento em que o tabelião se deslocava da vila para

algum arraial, era possível – além de regularizar transações lastreadas na palavra ou em

escrituras privadas – registrar em livro de notas o nome de “procuradores bastantes”.

Com isso, as pessoas que se encontravam longe dos lugares economicamente dinâmicos

e longe dos centros de decisão política e administrativa ficavam menos marginalizadas

no que tange as oportunidades de negócio e de justiça. E, com isso, a legislação podia

ser minimamente cumprida.

Ainda em relação a essa primeira parte da escritura de procuração, cabe destacar

outra informação relevante. Seguido do nome do procurado, é possível encontrar o local

em que ele residia. Apenas como exemplo, podemos citar o caso de Felipe Cardoso de

Souza, que em junho de 1727 registrou no cartório da vila de Sabará uma procuração.

No documento foi registrado que o procurado era “morador de Santa Luzia, cidade de

Sergipe”.11 No caso de Bernardo Pinto da Fonseca, lê-se na escritura de procuração que

ele era “morador em Santa Rita, freguesia de Santo Antônio do Rio das Velhas

Acima”.12

O mais intrigante é que tal informação passou a habitar as escrituras de

procuração apenas a partir do segundo quartel do século XVIII. Em registros anteriores

à década de 1730, muito raramente encontramos registro do domicílio dos outorgantes.

Por isso, em nossa amostragem foram poucos os registros em que foi possível

identificar o local de residência do procurado. No total apenas em 416 escrituras de

procuração bastante em que foi possível identificar a localidade de origem do indivíduo

procurado. Isto representa 43% de todas as escrituras analisadas. A partir dessas

escrituras constatamos que a maioria dos outorgantes vivia na própria vila de Sabará

(30%) e em arraiais mais importantes do termo como, por exemplo, Roça Grande, Santa

Luzia, Pompeu e Raposos.

Mas por que será que apenas a partir de um determinado momento essa

informação começou a ser registrada pelo tabelião? Seria devido à irrelevância da

informação, do ponto de vista dos tabeliões responsáveis pelos cartórios, durante as

primeiras décadas do século XVIII? Ou essa ausência pode ser explicada pela simples

11 MO-CBG/IBRAM: LN, CSO 01(04) – Fl. 100-101, 27/06/ 1717. 12 MO-CBG/IBRAM: LN, CSO 02 (06) – Fl. 24-25, 16/04/ 1720.

Page 7: A VILA, A COMARCA, A CAPITANIA: CONJUNTURAS … · Sobre a utilização de escrituras públicas de compra e venda ver, por exemplo: SAMPAIO, Antônio Carlo J. Na encruzilhada do império

dificuldade de tal registro, devido ao contexto de fluidez e desenraizamento dos

indivíduos nos primeiros anos de ocupação dos sertões das minas? Talvez um

cruzamento dessas informações com as tendências do mercado de imóveis e terras –

através da análise das escrituras de venda, registradas no mesmo cartório – possam

oferecer subsídios para buscar essa relação entre a ausência de registro do domicílio do

procurado e um possível desenraizamento da sociedade.

Apresentadas as potencialidades de pesquisa, a partir das informações

destacadas até o momento, falta ainda nos servir das informações mais relevante e o

objetivo final do documento em seu contexto de produção: o nome dos procuradores

nomeados e onde eles podiam ser encontrado. Esse é também o principal objeto em

nossa pesquisa de nosso doutoramento. A partir dos nomes encontrados nas procurações

estamos buscando remontar importantes redes de negócios que atuavam no mercado

intracolonial, sobretudo nas rotas comerciais que ligavam Minas Gerais ao Atlântico,

através da cidade da Bahia, durante a primeira metade do século XVIII.

Os procuradores registrados em cartório tinham amplos poderes para atuar em

nome do outorgante. Esses poderes iam além da atuação em contendas judiciais – sejam

elas cíveis ou criminais. Os procuradores tinham poderes para fazer e cobrar dívidas em

nome do outorgante, testemunhar em seu nome e, inclusive, jurar pela sua alma em

ações dessa natureza.13 Apenas a título de ilustração, vale a pena apresentar alguns dos

poderes outorgados ao procurador, a partir de um exemplo de procuração bastante:

(...) para que em nome dela outorgante possam os ditos seus procuradores e qualquer deles de per si todas as suas dívidas que quaisquer pessoas lhe devam e deverem por conhecimentos sem lhes escrituras sentenças, encomendas, carregações e feitos seus procedidos e causas outras que suas sejam de que lhe pertença a cobrança pela via exitá-lo que for, e sustar-los todos os seus devedores contas e com quem mais lhes deva dar, fazer-lhes recebendo o liquido, donde de quanto arcarem quitações como se lhe pediram assinando-as em nome dela constituinte onde for necessário e nas suas dependências causas e demandas procurarem requererem todo o seu direito e justiça em Juízo e fora dele fazendo citações, justificações, protestos, pedimentos e requerimentos, embargos, seqüestros e execuções, prisões, solturas, penhoras, lances, posses e entregas, arrematações de bens apresentando a prova necessária, a devendo contrariar jurar a sua alma qualquer direito juramento e de calúnia

13 Sobre os processos de Juramento de Alma ver: SANTOS, Raphael F. Juramentos de Alma: indícios da importância da palavra no universo colonial mineiro. IN: PEREIRA, Magnus R. de M, SANTOS, Antônio C. de A., ANDREAZZA, Maria L., NADALIN; Sérgio O. (org.). VI Jornada Setecentista: Conferências e Comunicações. Curitiba: CEDOPE/Aos Quatro Ventos, 2006.

Page 8: A VILA, A COMARCA, A CAPITANIA: CONJUNTURAS … · Sobre a utilização de escrituras públicas de compra e venda ver, por exemplo: SAMPAIO, Antônio Carlo J. Na encruzilhada do império

fazendo e deixar em quando lhe parecer por de contraditas e suspeições e de novo se houver apelar agravar e tudo seguir maior a cada substabelecendo os poderes que quiser desta em quem lhes parecer e os substabelecidos poderão substabelecer outros e revoga-los e desta usar, não só os procuradores que lhe parecer mais também revogar todos os quais quer que até o presente existam os quais por esta há desde logo por revogados e só quando sejam os presentes acima nomeados, e só reserva para si toda a nova citação em tudo mais farão o mesmo que ela outorgante fizesse se em pessoa fosse com livre e geral administração de seus bens e tudo por eles feito por muito haver por bem para sempre por seus bens que obrigou e os releva de encargo da satisfação e poderão cobrar, o uso ou dinheiro do cofre dos órfãos e fazenda real câmara seguindo em tudo mais suas ordens, cartas, avisos que valerão como parte deste instrumento e de como assim o disse a outorgou e assinou com as testemunhas presentes Custódio Pereira Coelho, e João Lopes de Araújo ambos moradores nesta mesma freguesia das Congonhas do Sabará pessoas reconhecidas de mim tabelião eu José Botelho Andrada da que o escrevi.14

Apesar de longa, a citação desse documento é bastante importante, na medida

em que ilustra os poderes delegados aos procuradores. Assim, as escrituras de

procuração bastante representam uma inestimável fonte para estudos prosopográficos,

contribuindo para um melhor entendimento das redes de negócio existentes no período

colonial, através da experiência de sujeitos individuais. Esse tipo de análise, além de

humanizar a História, pode apontar para possíveis distâncias e/ou aproximações

existentes entre a norma e a prática.

Uma abordagem quantitativa das escrituras de procuração bastante

Selecionando apenas os procuradores nomeados na capitania de Minas Gerais,

percebemos que a maioria dos plenipotenciários se encontrava na própria comarca do

Rio das Velhas, cuja sede era a vila de Sabará. Em seguida, vem Vila Rica, na comarca

de Ouro Preto, que aparece como a origem do segundo maior número de procuradores

dentro da capitania. A partir desses dados é possível levantarmos mais algumas questões

interessantes para entender a dinâmica administrativa de Minas Gerais.

A primeira delas é o papel da vila de Sabará na administração da Capitania.

Porta de entrada do “caminho dos sertões”, os agentes localizados na vila foram os

14 MO-CBG/IBRAM: LN, CPO 09(26) – Fl. 102-104, 19/10/1738.

Page 9: A VILA, A COMARCA, A CAPITANIA: CONJUNTURAS … · Sobre a utilização de escrituras públicas de compra e venda ver, por exemplo: SAMPAIO, Antônio Carlo J. Na encruzilhada do império

intermediários entre o poder sediado no centro da capitania (Vila Rica) e os sertões

ocupados por régulos e potentados. Isso fica claro quando verificamos que 77% dos

procuradores nomeados na vila se encontravam na porção setentrional das minas –

tendo em conta que as regiões mineradoras de Sabará, Caeté, Congonhas e Raposos,

fazem parte desse espaço geopolítico. Já para as comarcas no centro-sul de Minas

Gerais, por exemplo, se encontravam apenas 22% dos procuradores nomeados em

Sabará para o período em foco.

Ao desagregarmos os dados foi possível ter uma percepção ainda melhor sobre

as variações no número de procuradores de uma região para outra, dentro da capitania

de Minas Gerais. A partir do Gráfico 1 foi possível observar uma tendência para o

recrudescimento no número de procuradores localizados na comarca do Rio das Velhas

ao longo do século XVIII. Por outro lado, os mesmos dados apontam para uma

tendência oposta, no que tange aos procuradores que se encontravam na Vila do

Carmo/Mariana e, sobretudo, em Vila Rica. Como poderíamos explicar tal processo,

expresso a partir desses dados? Seria uma maior centralização do poder ao longo do

século XVIII?

GRÁFICO 1 – Procuradores residentes na capitania de Minas Gerais, divididos por comarcas (1717-1750)

Rio das Velhas Ouro Preto Serro do Frio Rio das Mortes

FONTE: Museu do Ouro – Casa de Borba Gato/IBRAM: LN (CPO e CSO).

Não poderíamos deixar de destacar também que a análise de escrituras de

procurações permitiu-nos mapear algumas conjunturas econômicas da capitania de

Minas Gerais. Por exemplo, na década de 1730 houve uma crescente demanda por

Page 10: A VILA, A COMARCA, A CAPITANIA: CONJUNTURAS … · Sobre a utilização de escrituras públicas de compra e venda ver, por exemplo: SAMPAIO, Antônio Carlo J. Na encruzilhada do império

procuradores na comarca do Serro do Frio. Não por acaso esse foi nesse período que os

diamantes foram descobertos na região. Outro boom minerador detectado através das

escrituras de procuração data de 1729, ano em que foram anunciados os descobertos de

Minas Novas do Fanado, localizados entre os rios Araçuaí e Jequitinhonha – sob a

jurisdição da ouvidoria da comarca do Serro do Frio.15

Outra importante conjuntura identificada foi as descobertas minerais no vale do

rio Paracatu, a oeste da capitania de Minas Gerais. Apesar de fazer parte do Bispado de

Pernambuco na esfera religiosa, os novos achados no arraial de São Luis e Santa Ana do

Paracatu estavam sob a jurisidição secular da comarca do Rio das Velhas. Apesar do

anúncio dos achados auríferos terem sido comunicados oficialmente em 1744, no ano de

1743 foram registrados 66 procuradores sediados nas novas descobertas e no ano

seguinte foram registrados 84. Isso significou, respectivamente, 18% e 12% dos

procuradores nomeados para a capitania de Minas Gerais naqueles anos – o que explica

o aumento nos procuradores sediados na comarca do Rio dass Velhas, a partir de 1743,

verificado no gráfico 1.

Por fim, cabe salientar que identificamos uma leve tendência para o aumento, ao

longo do século XVIII, no número de procuradores nas vilas da comarca do Rio das

Mortes. Como se sabe, essa região foi se tornando cada vez mais dinâmica

economicamente, afirmando-se no final do século XVIII como a comarca mais rica da

capitania de Minas Gerais.16

Essas mesmas conclusões poderiam ser estendidas para o Brasil. Para tanto

bastou apenas ampliar a escala. A partir da análise do Gráfico 2, foi possível perceber

algumas variações conjunturais, no que diz respeito a economia na América portuguesa.

Uma delas que vale a pena destacar é a presença significativa de procuradores

localizados nos “goiazes” a partir da década de 1730. Segundo Russel-Woods, “em

Goiás, por volta de 1725 descobertas na região do rio Vermelho no centro-sul

apresentaram boas perspectivas”; e, ainda segundo o “no rumo norte, outras descobertas

foram feitas em 1734, no rio Guaporé, a noroeste do Mato Grosso”.17

15 RUSSEL-WOODS. A. J. R. O Brasil Colonial: o ciclo do ouro. C. 1690-1750. In: BETHELL, Leslie (org.). Historia da América Latina Colonial. Vol. II. São Paulo: Edusp, 2004, p. 483. 16 Ver, por exemplo: LENHARO, Alcir. As tropas da moderação. O abastecimento da Corte na formação política do Brasil (1808-1842). São Paulo: Símbolo, 1979; e GRAÇA FILHO, Afonso de A. A princesa do Oeste e o mito da decadência de Minas Gerais. São João Del Rei (1831-1888). São Paulo: Annablume, 2002. 17 RUSSEL-WOODS. A. J. R. O Brasil Colonial... op. cit., p. 472.

Page 11: A VILA, A COMARCA, A CAPITANIA: CONJUNTURAS … · Sobre a utilização de escrituras públicas de compra e venda ver, por exemplo: SAMPAIO, Antônio Carlo J. Na encruzilhada do império

GRÁFICO 2 – Procuradores residentes na América portuguesa, divididos por regiões (1717-1750)

MINAS GERAIS GOIÁZES/MATO GROSSO

BAHIA CAPITANIAS DO NORTE

RIO DE JANEIRO SÃO PAULO

RIO GRANDE/SACRAMENTO

FONTE: Museu do Ouro – Casa de Borba Gato/IBRAM: LN (CPO e CSO).

Mas o que consideramos como um dos resultados mais importante de nossas

pesquisas diz respeito à gradativa redução no número de procuradores encontrados na

capitania de São Paulo e o significativo aumento de procuradores situados na cidade do

Rio de Janeiro. Essa tendência no aumento de procuradores “fluminenses” (c.f Gráfico

2) foi acompanhada também por uma tendência de diminuição de procuradores na

cidade de Salvador, na Bahia. Mais do que questões econômicas, tais dados talvez

sejam capazes de sinalizar para mudanças políticas que tangenciaram a administração

da capitania de Minas Gerais.

Foi possível, a partir das informações disponíveis, fazer vários apontamentos a

respeito dos ritmos com que mudaram as relações entre Minas Gerais e os portos de

Salvador e do Rio de Janeiro. Por exemplo: até o início da década de 1730, a diferença

entre o percentual de procuradores que se encontravam no Rio de Janeiro era muito

menor do que aqueles localizados na capitania da Bahia. Durante esse período os

“baianos” representavam, em média, 26% dos procuradores registrados em cartório,

enquanto que a média de procuradores “fluminenses”, para o mesmo período, era de

9%.18

18 Não por acaso, até o início da década de 1730, a média do percentual de procuradores que se encontrava em Pernambuco, Piauí e Paraíba também não era nada desprezível (2,5%) e superava em

Page 12: A VILA, A COMARCA, A CAPITANIA: CONJUNTURAS … · Sobre a utilização de escrituras públicas de compra e venda ver, por exemplo: SAMPAIO, Antônio Carlo J. Na encruzilhada do império

Porém, o quadro começou a mudar de figura a partir de algum momento durante

a década de 1730. Não existem registros de escrituras de procuração para o período

entre 1732 e 1734, mas sabemos que em 1735 o percentual de procuradores

“fluminenses” (11%) se aproximou pela primeira vez daqueles que se encontravam na

Bahia (13%). Depois disso, a tendência foi de incremento na proporção de procuradores

localizados no Rio de Janeiro e recrudescimento de procuradores baianos –

principalmente localizados nos sertões e no recôncavo da capitania.

De acordo com a nossa amostragem, se entre os anos de 1728 e 1731 os baianos

representavam 19% dos procuradores e os fluminenses 10%, no intervalo que

compreende os anos de 1743 e 1747, os procuradores sediados na Bahia correspondiam

a 16% dos nomes arrolados, enquanto o percentual médio de procuradores que se

encontrava no Rio de Janeiro era de 11 %. Não por acaso foi durante esse período que,

pela primeira vez, o percentual de procuradores localizados no Rio de Janeiro suplantou

o de procuradores sediados na Bahia – ver o ano de 1746.19

Ficou claro que o percentual de procuradores localizados em Salvador, que

sempre foi alto, assim se manteve pelo menos até o início da década de 1750. Isso

porque, mesmo com o eminente declínio do comércio direto entre Bahia e Minas

Gerais, a cidade de Salvador sediava o mais próximo Tribunal da Relação – instância

jurídica máxima na Colônia. Mas várias foram as queixas encaminhadas ao Conselho

Ultramarino pelas câmaras municipais de Minas Gerais, reclamando da distância entre

as vilas mineiras e a cidade da Bahia. Nessas reclamações, os camaristas clamavam pelo

estabelecimento de um tribunal da Relação no Rio Janeiro para melhor poder

administrar a justiça nas vilas mineiras.20 Atendendo aos apelos, a Coroa decidiu em

1751 pela criação da Relação da cidade do Rio de Janeiro. Segundo Graça Salgado, “tal

relação tinha competência sobre as comarcas do Rio de Janeiro, São Paulo Ouro Preto,

Rio das Mortes, Sabará, Rio das mortes, Serro Frio, Cuiabá”, entre outras.21

muito a quantidade de procuradores que se encontravam, por exemplo, na capitania de São Paulo, Rio Grande e Sacramento (0,5%). 19 Mais um indício da crescente inversão nas influências sobre a vila de Sabará foi a diminuição do percentual de procuradores que se encontravam ao norte da capitania da Bahia ao longo da primeira metade do século XVIII (Cf. Gráfico 2). 20 Como por exemplo, a representação da Câmara de Vila Rica solicitando a criação do Tribunal da Relação no Rio de Janeiro. AHU- Cons.Ultram.- Brasil/MG- Cx.:19, Doc.:17. 21 SALGADO, Graça (org.). Fiscais e Meirinhos. Administração no Brasil Colonial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1990, p. 81. Ver também, WEHLING, Arno; WEHLING, Maria José. Direito e Justiça no Brasil Colonial – O Tribunal da Relação do Rio de Janeiro (1751- 1808). Rio de Janeiro: Renovar, 2004.

Page 13: A VILA, A COMARCA, A CAPITANIA: CONJUNTURAS … · Sobre a utilização de escrituras públicas de compra e venda ver, por exemplo: SAMPAIO, Antônio Carlo J. Na encruzilhada do império

Os dados apresentados acima sugerem que a criação da nova Relação e,

posteriormente, da transferência da sede do Vice-Reino (1763) teriam apenas

consolidado um processo anterior de redirecionamento dos interesses econômicos e de

justiça, da Bahia para a cidade do Rio de Janeiro. Mesmo na vila de Sabará – porta de

entrada para quem chegava à região das minas a partir dos caminhos do sertão da Bahia

– parece ter havido uma tendência ao recrudescimento no número de procuradores

situados na capitania baiana e ao aumento daqueles que se encontravam no Rio de

Janeiro.

O estudo das procurações bastantes, analisadas de forma serial (e comparativa)

poderia nos dizer mais sobre o processo de reorientação do poder na Colônia.

Possivelmente esse processo de fortalecimento da cidade do Rio de Janeiro em

detrimento da Bahia teve início muito antes, no século XVII, com a instituição da

Repartição Sul sob o governo de Salvador Correia de Sá e Benevides. Segundo Boxer,

“a mudança da capital da colônia que passou em 1763 da Bahia para o Rio de Janeiro,

foi uma justificação tardia do otimismo por ele [Salvador Correia de Sá e Benevides]

demonstrado cem anos antes a respeito do futuro reservado às províncias do sul”.22 A

análise serial de documentos, tais como as escrituras de procuração bastante, poderia

contribuir para confirmar ou não essa hipótese aventada por Boxer.

Como esperamos ter sido possível perceber, diversas questões podem ser

levantadas a partir dessa documentação – infelizmente, tão pouco trabalhada pelos

historiadores. Mas é importante que se diga que para tentar responder a essas questões é

necessário o cruzamento das informações com fontes variadas. Dessa forma, as

escrituras de procuração bastante (que aparentemente se apresenta como um corpus

documental pouco fértil para pesquisas históricas) podem se apresentar como um rico

manancial de informações para um melhor conhecimento das conjunturas em vilas,

comarcas e capitanias do império português.

Bibliografia

ARANTES, Adalgisa. O Banco de dados relativo ao Acervo da Freguesia de N. Sra do

Pilar de Ouro Preto: Registros paroquiais e as possibilidades da pesquisa. IN: Anais do

X Seminário sobre a Economia Mineira. Diamantina: Cedeplar/UFMG, 2002.

22 BOXER, Charles R. Salvador de Sá e a luta pelo Brasil e Angola, 1602-1686. São Paulo: Editora Nacional/Edusp, 1973, p. 401.

Page 14: A VILA, A COMARCA, A CAPITANIA: CONJUNTURAS … · Sobre a utilização de escrituras públicas de compra e venda ver, por exemplo: SAMPAIO, Antônio Carlo J. Na encruzilhada do império

BOXER, Charles R. Salvador de Sá e a luta pelo Brasil e Angola, 1602-1686. São

Paulo: Editora Nacional/Edusp, 1973.

Código Philipino ou Ordenações do Reino de Portugal compiladas por mandado Del

Rey D. Phillipe II. (Edição Fac-similar a XIV edição, de 1870, com comentários de

Cândido Mendes de Almeida). 2º Tomo. Brasília: Edições do Senado Federal, 2004.

DAVES, Alexandre P. Vaidade das Vaidades: os homens, a morte e a religião nos

testamentos da comarca do Rio das Velhas (1716-1755). 1998. Dissertação de mestrado

– PPGHIS/UFMG, Belo Horizonte, 1998.

GONÇALVES, Andréa Lisly. As margens da liberdade: estudo sobre a prática de

alforrias em Minas colonial e provincial. 1999. Tese de doutorado – Programa de Pós-

graduação em História/USP, São Paulo, 1999.

GRAÇA FILHO, Afonso de A. A princesa do Oeste e o mito da decadência de Minas

Gerais. São João Del Rei (1831-1888). São Paulo: Annablume, 2002.

HIGGINS, Kathleen J. Licentious Liberty in a Brazilian gold-mining region. Slavery,

Gender, and social control in eighteenth-century Sabará, Minas Gerais. University

Park/PA: Penn State University Press, 1999.

KARNAL, Leandro; TATSCH, Flavia G. A memória evanescente. In: PINSKY, Carla

B.; LUCA, Tânia R (orgs). O historiador e suas fontes. São Paulo: Contexto, 2009.

LAPA, José Roberto do A. A Bahia e a Carreira da Índia. São Paulo: Hucitec, 2000.

LEMOS, Carmem Silvia. A Justiça local: os juízes ordinários e as devassas da Comarca

de Vila Rica. (1750-1808). 2003. Dissertação de mestrado – PPGHIS/UFMG, Belo

Horizonte, 2003.

LENHARO, Alcir. As tropas da moderação. O abastecimento da Corte na formação

política do Brasil (1808-1842). São Paulo: Símbolo, 1979.

MACHADO, Alcantra. Vida e morte do bandeirante. Belo Horizonte: Itatiaia, 1980.

MAGALHÃES, Beatriz R.; SILVA, Vera Alice C. Evolução da economia e da riqueza

na comarca do Rio das Velhas – Capitania de Minas Gerais, 1713-1763. IN: Anais do X

Seminário sobre Economia Mineira. Diamantina: Cedeplar, 2002.

MATHIAS, Carlos Kelmer. Participação de segmentos sociais fluminenses nas

procurações passadas na capitania de minas gerais (1711-1730). IN: História &

Perspectivas, n. 40, jan.jun., Uberlândia, 2009.

PEREIRA, Ana Luisa C. Unidos pelo sangue, separados pela lei: família e

ilegitimidade no império português, 1700-1799. 2009. Tese de doutorado –

ICS/Universidade do Minho, Braga, 2009.

Page 15: A VILA, A COMARCA, A CAPITANIA: CONJUNTURAS … · Sobre a utilização de escrituras públicas de compra e venda ver, por exemplo: SAMPAIO, Antônio Carlo J. Na encruzilhada do império

RUSSEL-WOODS. A. J. R. O Brasil Colonial: o ciclo do ouro. C. 1690-1750. In:

BETHELL, Leslie (org.). Historia da América Latina Colonial. Vol. II. São Paulo:

Edusp, 2004.

SALGADO, Graça (org.). Fiscais e Meirinhos. Administração no Brasil Colonial. Rio

de Janeiro: Nova Fronteira, 1990.

SAMPAIO, Antônio Carlo J. Na encruzilhada do império: hierarquias sociais e

conjunturas econômicas no Rio de Janeiro (c. 1650-c. 1750). Rio de Janeiro: Biblioteca

Nacional, 2003.

SANTOS, Raphael F. “Devo que pagarei”: sociedade, mercado e práticas creditícias na

comarca do Rio das Velhas – 1713-1773. 2005. Dissertação de mestrado –

PPGHIS/UFMG, Belo Horizonte, 2005.

________. Juramentos de Alma: indícios da importância da palavra no universo

colonial mineiro. IN: PEREIRA, Magnus R. de M, SANTOS, Antônio C. de A.,

ANDREAZZA, Maria L., NADALIN; Sérgio O. (org.). VI Jornada Setecentista:

Conferências e Comunicações. Curitiba: CEDOPE/Aos Quatro Ventos, 2006

SILVEIRA, Marco Antônio da. O universo do Indistinto. Estado e Sociedade nas Minas

Setecentistas (1735-1808). São Paulo: Hucitec, 1997.

WEHLING, Arno; WEHLING, Maria José. Direito e Justiça no Brasil Colonial – O

Tribunal da Relação do Rio de Janeiro (1751- 1808). Rio de Janeiro: Renovar, 2004.