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A VEZ DA VOZ
Elisa Lucchese Bezerra
Fonoaudióloga
CEREST – Macrorregião Missioneira - Ijuí
VOZ “Fala para que eu te veja” – Sócrates
Som ou conjunto de sons emitidos pelo aparelho fonador. (Dicionário Aurélio)
Muito mais que a emissão de palavras
Identidade de uma pessoa
Instrumento de trabalho: 25% PEA
Reflexo de nossa saúde física e mental
Voz Profissional Embora a voz tenha como tarefa principal carregar as palavras, atualmente um terço da força laboral depende da voz como instrumento primário de trabalho.
O profissional da voz é o indivíduo que depende de certa produção vocal e/ou qualidade vocal específica para a sobrevivência profissional.
Profissionais da voz Professores
Cantores
Atores
Radialistas
Repórteres
Políticos
Vendedores
Telefonistas
Secretários
Padres/Pastores
Dubladores
Advogados
Camelôs
Leiloeiros
Como se produz a voz?
1º) O Cérebro transmite impulsos nervosos aos músculos do sist. Respiratório;
2º) Esses músculos ao contraírem-se, geram pressão sob o volume de ar nos pulmões, que é forçado a subir ao longo da traquéia;
3º) Laringe: ar flui pelas PPVV, colocando-as em vibração, gerando um som;
4º) Esse som é modulado/amplificado pelas estruturas do tracto vocal originando a VOZ.
Voz
Fenômeno complexo
Voz adaptada: Deve possibilitar a função de comunicação, ser agradável ao indivíduo e ao seu meio social, corresponder aos aspectos físicos, emocionais e de personalidade.
Mau uso e abuso Vocal
Gritar e falar muito (c/ poucas pausas); Pigarreio, tosse; Falar muito alto (principalmente com ruído de fundo); Falar depressa demais; Ausência de entonação e melodia; Utilização de uma intensidade e altura tonal inadequada; Resultado: alterações na qualidade vocal!
Sinais e sintomas de alerta:
Sensação de esforço
Secura, queimadura
Corpo estranho na garganta
Dor na garganta ou ao deglutir
Fadiga vocal (fonastenia)
Rouquidão progressiva e/ou persistente por mais de 15 dias
Pigarreio constante
Conceitos
Disfonia:” representa qualquer dificuldade na emissão vocal que impeça a produção natural da voz.” (Behlau e Pontes,1995)
Sintoma presente em vários distúrbios
Distúrbio de Voz Relacionado ao Trabalho: qualquer alteração vocal diretamente relacionada ao uso da voz durante a atividade profissional que diminua, comprometa ou impeça a atuação e/ou a comunicação no trabalho.
Tipos de Lesões
Nódulos:
Fatores anatômicos pré-disponentes
Personalidade
Comportamento vocal inadequado
Tratamento: fonoterápico e as vezes cirúrgico
Tipos de lesões
Pólipos:
Abusos da voz
Agentes irritantes,alergias,
infecções agudas
São inflamações decorrentes de traumas
Voz típica: rouca
Tratamento: cirúrgico
Tipos de lesões
Edemas de pregas vocais:
Uso excessivo e abusivo da voz
Edema de Reinke: tabagismo e alcoolismo
Discretos: fonoterapia e medicamentos
Volumosos: cirurgia e fonoterapia
Tipos de lesões
Laringites Crônicas: Rouquidão, tosse, sensação de corpo estranho na garganta, aumento de secreção, pigarro e ocasionalmente dor de garganta;
Tratamento: eliminação dos fatores que provocam a irritação da laringe e promoção de hábitos que melhoram a higiene vocal, evitando os abusos da voz.
Alguns estudos...
Disfonia e fatores de risco no trabalho – 385 profes: 53,8% disfonia, Fatores: idade, barulho e 11 a 20 anos de serviço com 40h/sem ou mais. 323 : não tiveram orientação vocal. (Petter. V/2004/POA/RS)
Distúrbio vocal e fatores psicossociais do trabalho – 461 profes: 56,6% distúrbio vocal, 20 anos serviço, 51 a 65 anos e lecionando em dupla jornada. Demandas psicológicas: períodos longos de concentração, esperar pelo trabalho de outras pessoas e exposição a conflitos. (Thomé.C.R/2007/Salvador)
Alguns estudos... SIMPRO – SP e CEV (2009): 27 estados, 1651 profes da rede básica e 1614 pessoas pop. geral
• Alteração vocal: 63% profes e 35% pop.
• Limitação ativs: 30,3% profes e 5,5% pop.
• Absenteísmo: Profes: 5 dias e pop. 1 dia
• Mudar de profissão: 16,7%profes e 0,9% pop.
• Carga diária de trabalho: média 6,85h/dia
• Características no trabalho: 22% pó de giz, salas numerosas e ruído ambiental
A voz do Professor “Professor: a voz que ensina”
Voz: recurso audiovisual mais importante do professor
Ensino: atividade profissional de maior risco vocal
Categoria dos professores: maior incidência de disfonias
Voz e Estresse
Situações de estresse contribuem para as condições de mau uso e abuso da voz, gerando esforços e adaptações do aparelho fonador: profissional fica mais propenso ao desenvolvimento de uma alteração vocal.
Penteado, Pereira (1996)
Professor Os Fatores que podem provocar
um alto nível de estresse são:
questões administrativas e político-educacionais
motivação e problemas de comportamento dos alunos
nº excessivo de alunos por sala
falta de segurança no trabalho (violência e armas na escola)
riscos físicos no ambiente de trabalho: Ruído
2º emprego: riscos adicionais
Distúrbios da Voz Relacionados ao Trabalho
Fatores de Risco: a) Organizacionais do processo de trabalho; Ex: jornada de trabalho prolongada, sobrecarga,
ausência de pausas e de locais de descanso durante a jornada e etc.
b) Ambientais: a) Riscos físicos: Ex: NPS acima de 65dB b) Riscos químicos:Ex: poeira,pó c) Riscos ergonômicos:Ex: mobiliário
inadequado, acústica do ambiente
Dicas de Higiene Vocal
Hidratação: 7 a 8 copos água /dia em temperatura ambiente;
Evitar ambiente com ar condicionado;
Não gritar sem suporte respiratório. O grito deve ser sempre evitado;
Evitar tossir e pigarrear em excesso;
Evitar falar em ambientes ruidosos ou abertos.
Dicas de Higiene Vocal Evitar falar excessivamente durante quadros gripais ou crises alérgicas;
Não praticar exercícios físicos falando;
Não fumar ou falar muito em ambiente de fumantes;
Não utilizar álcool em excesso;
Evitar cantar ou falar abusivamente em período pré-menstrual.
Dicas de Higiene Vocal
Evitar falar muito após ingerir grandes quantidades de aspirinas, calmantes ou diuréticos;
Evitar alimentação com excesso de condimentos que trazem azia, má digestão e refluxo de secreções gástricas. Evitar os derivados do leite e chocolate;
Coma maçã: é adstringente auxiliando na limpeza da boca e da faringe.
(Silvia Pinho,1997)
Dicas de Higiene Vocal
Evitar a cafeína: café, chá e coca-cola;
Faça repouso vocal após o uso prolongado da voz ou uso vocal de intensidade muito forte;
Evitar a auto-medicação e soluções caseiras;
Mantenha a melhor postura da cabeça e do corpo durante o uso da voz;
Evitar mudanças bruscas de temperatura.
Dicas de Higiene Vocal
Não cochichar;
Não ingerir líquidos em temperaturas extremas;
Manter um estilo de vida saudável (dormir 8h/dia, praticar esportes e etc.);
Realizar exercícios regulares de relaxamento, avaliações auditivas e fonoaudiológicas periódicas.
Dicas de Higiene Vocal para Professores Não falar de lado ou de costas para os alunos;
Não falar enquanto escreve no quadro negro. Isso faz com que o professor tenha que aumentar a intensidade de sua voz e que aspire o pó de giz;
Evitar o contato direto com o pó de giz. Quando for apagar o quadro afaste o rosto e evite espalhar o pó, usando o apagador no sentido de cima para baixo;
Articular bem as palavras;
Na sala de aula utilizar recursos que aumentem a participação dos alunos e ajudem a poupar a voz;
Utilizar alguns intervalos para descansar a voz.
Dicas de Higiene Vocal
Não há estudos científicos dos benefícios ou malefícios para a voz causados por:
Balas mentoladas
Cristais de gengibre
Mastigar cravo
Gargarejos com vinagre e similares
Própolis e mel
Romã
CULPAR O PROFESSOR
Considerações Finais
Características dos professores
Características das políticas educacionais
Características das escolas
Relação Saúde x Trabalho do Docente
Considerações Finais
Ação terapêutica: reflexão sobre as condições e organização do trabalho;
O distúrbio de voz relacionado ao trabalho não pode ser tratado de forma desvinculada da função laboral;
Mudanças nas condições de trabalho!