a variabilidade da precipitaÇÃo e suas relaÇÕes...

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INPE-10132-TDI/897 A VARIABILIDADE DA PRECIPITAÇÃO E SUAS RELAÇÕES COM AS MEDIDAS POR SATÉLITE, RADAR E DIVERGÊNCIA DO VENTO EM ALTOS NÍVEIS DURANTE O LBA - WETAMC Alexandra Amaro de Lima Dissertação de Mestrado do Curso da Pós-Graduação em Meteorologia, orientada pelo Dr. Luiz Augusto Toledo Machado, aprovada em 20 de julho de 2001. INPE São José dos Campos 2003

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INPE-10132-TDI/897

A VARIABILIDADE DA PRECIPITAÇÃO E SUAS RELAÇÕESCOM AS MEDIDAS POR SATÉLITE, RADAR E DIVERGÊNCIADO VENTO EM ALTOS NÍVEIS DURANTE O LBA - WETAMC

Alexandra Amaro de Lima

Dissertação de Mestrado do Curso da Pós-Graduação em Meteorologia, orientada peloDr. Luiz Augusto Toledo Machado, aprovada em 20 de julho de 2001.

INPESão José dos Campos

2003

555.577

LIMA, A. A. A variabilidade da precipitação e suas relações com as medidas por satélite, radar e divergência do vento em altos níveis durante o LBA-WETAMC / A. A. Lima. – São José dos Campos: INPE, 2001. 164p. – (INPE-10132-TDI/897).

1.Convecção. 2.Precipitação. 3.Meteorologia. 4.Saté- lite. 5.Divergência. 6. Vento (meteorologia). 7.Cobertura de nuvens. I.Título.

À minha mãe, Maria da Graça, por todo

amor, carinho e compreensão, ao longo da

minha vida, dando-me força e coragem para

lutar por meus sonhos.

Ofereço.

A meu Pai e Amigo (in memoriam),

Dionísio, por me ensinar que sou capaz de

realizar tudo que desejar.

Dedico

AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador, Dr. Luiz Augusto Toledo Machado, pela “paciência”, dedicação, e

apoio, transmitindo-me o sentido do que é ser um pesquisador.

Aos grandes amigos Rosa Maria N. dos Santos, Iuri Rojahn da Silva e Rita de Cássia da

Silva, pelo apoio e cumplicidade nos momentos difíceis.

Aos meus amigos, Paulo Kubota, Maria C. Valverde e Aurora Mota, pelo auxílio

durante o desenvolvimento deste trabalho.

Ao diretor da Divisão de Ciências Atmosféricas ACA-CTA, Luiz Carlos de Castro, por

permitir o desenvolvimento deste trabalho na instituição, e aos amigos que conquistei,

pelo carinho com que sempre me trataram.

Ao Dr Henri Laurent pelas valiosas contribuições durante a execução deste trabalho.

Às minhas amigas, Dra. Roseli G. Gomes e Eliana Peter Braz por sempre ter acreditado

na minha capacidade.

A todos os amigos e companheiros do curso, pelos constantes incentivos ao longo do

Mestrado.

Aos Professores e funcionários do LMO, pelo auxílio nesses dois anos de trabalho.

A todos aqueles que, de alguma forma, colaboraram para a realização deste trabalho.

RESUMO

Com os dados coletados no experimento WETAMC foi possível realizar um estudo detalhado do ciclo diurno da convecção tropical na Amazônia. A combinação de diferentes instrumentos tais como o radar (CAPPI 2 km), imagens de satélites, redes de pluviômetros e radiossondagens em alta resolução temporal foram fundamentais no estudo da variabilidade dos campos de nuvens e dos processos de precipitação. Foi analisado ciclo diurno da fração de cobertura de nuvens utilizando basicamente quatro limiares de temperatura de brilho, que representavam desde a cobertura total de nuvens até a cobertura essencialmente convectiva. Séries temporais de frações de cobertura para diferentes refletividade do radar e da precipitação foram comparadas às séries de cobertura de nuvens. Este estudo mostrou uma predominância durante a madrugada da cobertura total de nuvens, um mínimo de nebulosidade em torno do meio dia, seguido de um forte aumento da cobertura convectiva e forte precipitação. Analogamente a fração de cobertura de nuvens, foi investigada a fração de chuva utilizando desde os limiares que representavam a fração total de chuva até frações de chuva intensa/convectiva. A fração de chuva apresentou máximos em todos os limiares durante o horário de máxima precipitação. Relações existentes entre a temperatura de brilho (K) e a refletividade do radar (dBZ) foram verificadas proporcionando a utilização destas variáveis como estimadores de precipitação. A estimativa da precipitação foi abordada através da utilização de equações lineares no intervalo de tempo de 1, 3, 6, 24 horas. Essa estimativa melhorava à medida que escalas de tempo maiores eram utilizadas. O ciclo diurno da divergência do vento em altos níveis no canal do vapor d’água foi analisado em relação às demais variáveis, mostrando que a divergência do vento é um preditor da cobertura de nuvens convectivas, mostrando ser uma ferramenta potencial em estudos diagnósticos e prognósticos.

RAINFALL VARIABILITY AND RELATIONS WITH SATELITE, RADAR AND RAINGAUGE MESUREMENTS DURING THE WETAMC/LBA

ABSTRACT

Radiosonde, satellite data, TOGA radar 2 km CAPPI and rainfall collected from the TRMM-WETAMC/LBA experiment are used to investigate the diurnal cycle of the tropical convection, the relationship between brightness temperature and precipitation and the use of the high level wind divergence to estimate precipitation and convective cloud cover. GOES satellite images were used to describe the diurnal modulation of the total/high/convective cloud fraction. Radar 2km CAPPI were used to describe the diurnal cycle of the rain fraction for different thresholds. An average over the four networks rain gauge was applied to describe the average hourly rainfall. The cloud drift winds from water vapor images was used to compute the upper air wind divergence. High and convective clouds area reach their maximum some hours after the maximum rainfall detected by rain gauge and radar 2 km – CAPPI. The minimum cloud cover occurs only a few hours before the maximum precipitation and the maximum cloud cover occurs during the night. These results suggest the following mechanism controlling the diurnal cycle: in the morning, cloud cover decreases as the solar flux increases. In the beginning of the afternoon convection rapidly develops, high and convective clouds fraction increase rapidly and the maximum precipitation. The relationships between the brightness temperature and the radar reflectivity were also verified. Precipitation was estimated based on linear equations integrated in the time interval of 1, 3, 6, 24 hours, it was observed improvements in the estimate when was used larger scales of time. Finally, the diurnal cycle of the upper air wind divergence is very close to the diurnal cycle of the precipitation. The upper air divergence can be used to forecast the convective cloud cover or to evaluate the convective rainfall.

SUMÁRIO

Pag.

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO ................................................................................... 27

CAPÍTULO 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .......................................................... 39

CAPÍTULO 3 - DADOS E METODOLOGIA ............................................................ 41

3.1 Introdução ................................................................................................................. 41

3.2 Área de estudo .......................................................................................................... 41

3.3 Aquisição de dados.................................................................................. .................. 42

3.3.1 Satélite GÓES- 8.................................................................................................... 42

3.3.2 Radar Meteorológico TOGA................................................................................ 43

3.3.3 Prec ipitação .......................................................................................................... 46

3.3.4 Radiossondagens .................................................................................................. 47

3.3.5 Dados de Reanálise do NCEP............................................................................... 47

3.4 Metodologia .............................................................................................................. 47

3.4.1 Estudo da relação existente entre a temperatura de brilho, precipitação e

refletividade ..........................................................................................................

48

3.4.2 Produtos extraídos através das imagens de satélite .............................................. 52

3.4.2.1 Temperatura de brilho .......................................................................................... 52

3.4.2.2 Fração de cobertura de nuvens ............................................................................. 53

3.4.2.3 Variável sigma ...................................................................................................... 54

3.4.2.4 Refletividade ........................................................................................................ 54

3.4.2.5 Derivada da temperatura de brilho no tempo ....................................................... 55

3.4.2.6 Relação existente entre as variáveis sigma, precipitação, refletividade e

Administrador
LISTA DE SIGLAS E/OU ABREVEATURAS

temperatura de brilho ........................................................................................... 56

3.4.2.7 Estimativa de precipitação 56

3.4.2.8 Relacionar diferentes tipos de cobertura de nuvens do ponto de vista do ciclo

diurno ...................................................................................................................

57

3.4.2.9 Teste de correlação ............................................................................................... 58

3.4.2.10 Curva Z- R ................................................................................................. 58

3.4.2.11 Erro médio quadrático .............................................................................. 59

3.4.2.12 Análise da divergência do vento em altos níveis, por três métodos

diferentes ..............................................................................................................

59

3.4.2.12.1 Vento por satélite ........................................................................................... 59

3.4.2.12.2 Divergência do vento e a relação com a precipitação .................................... 60

CAPÍTULO 4 – RESULTADOS .................................................................................. 67

4.1 Introdução ................................................................................................................. 67

4.2 Ciclo diurno da fração de cobertura de nuvens e pr ecipitação .................................. 67

4.2.1 Fração de cobertura de nuvens ............................................................................. 67

4.2.2 Fração de chuva ................................................................................................... 74

4.3 Ciclo diurno da fração de cobertura de nuvens e da fração de chuva em floresta e

pastagem ....................................................................................................................

78

4.4 Comportamento da f ração de cobertura de nuvens em relação aos regimes de Leste

e Oeste nos sítios de medidas ....................................................................................

84

4.4.1 Análise da correlação existente entre a fração de cobertura de nuvens e fração

de chuva ................................................................................................................

88

4.4.2 Análise da correlação existente entre a fração de cobertura de nuvens para cada

sítio de medidas (grade de 0,5o X 0,5o ) ..... ...........................................................

90

4.5 Relações entre a temperatura de brilho, refletividade e precipitação ........................ 91

4.5.1 Estudo da variabilidade dos estimadores de precipitação .................................... 91

4.5.2 Relação entre os estimadores de precipitação e o comportamento em relação

aos regimes de leste e oeste em cada rede de trabalho .........................................

102

4.5.2.1 Temperatura de brilho e refletividade .................................................................. 102

4.5.2.2 Temperatura de brilho e precipitação ................................................................... 105

4.5.2.3 Comporatmento da curva Z-R, em relação a cada rede de trabalho ..................... 112

4.5.2.4 Estimadores integrados a cada 3, 6 e 24 horas ..................................................... 114

4.5.2.5 Curvas médias ...................................................................................................... 119

4.5.2.6 Estimativas de precipitação ....................... ........................................................... 121

4.5.2.7 Análise estatística dos estimadores ...................................................................... 128

4.5.2.7.1 Análise do erro médio quadrático da curva de ajuste média, refletividade e

a pr ecipitação...................................................................................................

128

4.5.2.7.2 Utilização do erro médio quadrático entre a curva de ajuste média dos

regimes de leste e oeste, da refletividade e precipitação ................................

129

4.5.2.7.3 Utilização do erro médio quadrático nas estimativas de precipitação ........... 130

4.6 Divergência do vento em altos níveis ....................................................................... 132

4.6.1 Ciclo diurno .......................................................................................................... 134

4.6.1.1 Ciclo diurno da precipitação e da divergência do vento em altos níveis no canal

do vapor d’água ................................................................. ...................................

134

4.6.1.2 Ciclo diurno da divergência do vento em altos níveis no canal do vapor d’água,

e a fração de cobertura de nuvens ........................................................................

136

4.6.1.3 Ciclo diurno da divergência do vento em altos níveis no canal do vapor d’água,

e a fração de chuva ...............................................................................................

139

4.6.2 Relação existente entre a divergência do vento em altos níveis, precipitação,

fração de cobertura de nuvens e fração de chuva .................................................

143

4.6.2.1 Relação entre a precipitação e a divergência do vento em altos níveis ................ 143

4.6.2.2 Relação entre a fração de cobertura de nuvens, fração de chuva e a divergência

do vento em altos níveis .......................................................................................

141

CAPÍTULO 5 – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ........................................ 151

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 159

LISTA DE FIGURAS

Pag.

3.1 - Localização dos sítios de medidas do WETAMC/LBA............................................ 42

3.2 - Área onde ficam localizadas as quatro redes de trabalho. Os pontos vermelhos

indicam cada estação pluviométrica. Os verdes representam os pixels de radar

utilizados. Os pretos, os pixels de satélite..................................................................

46

3.3: Representação de uma grade regular, onde os dados serão interpolados........ ........... 61

3.4 – Campos de vento (m/s) representado na figura pelos vetores e a divergência em

altos níveis (10-6 s-1 ) representada pelas cores, gerados por satélite para 14 de

fevereiro de 1999, a cada 3 horas (Laurent et al 2000)..............................................

64

4.1 - Ciclo diurno da fração de cobertura de nuvens, para os limiares de: (a) limiares de

284 K, 273 K, 265 K; (b) limiares de 245 K, 235 K, 225 K, 210 K, 200 K..............

69

4.2 -Ciclo diurno da fração de cobertura de nuvens e da precipitação, na área do

experimento (2.3º x 2.3º): (a) limiar de 284 K; (b) limiar de 235 K; (c) limiar de

210 K; (d) limiar de 200 K.........................................................................................

72

4.3 - Ciclo diurno da fração de chuva medida pelo radar TOGA – CAPI 2 Km, dentro

da área de 2.3º x 2.3º: (a) limiares de 0 dBZ, 5dBZ, 10 dBZ, 15 dBZ, 20 dBZ; (b)

limiares de 25 dBZ, 30 dBZ, 35 dBZ.........................................................................

73

4.4 - Ciclo diurno da fração de chuva medida pelo radar TOGA – CAPPI 2 Km, e

precipitação medida á superfície, em uma área de 2.3º x 2.3º: a) limiar de 0 dBZ,

b) limiar de 20 dBZ, c) limiar de 30 dBZ, d) limiar de 35 dBZ............. ....................

77

4.5 – Imagem LANDSAT centrada nos sítios de medidas (5° x 5°) mostrando a

cobertura vegetal predominante em cada uma delas: a) Rancho Grande

(pastagem), b) Abraços (pastagem), c) Rolim de Moura (pastagem), d) Rebio Jaru

(floresta).....................................................................................................................

80

4.6 – Ciclo diurno da fração de cobertura de nuvens nos sítios de medidas de Abraços

(pastagem) e Rebio Jaru (floresta): a) limiar de 284 K; b) limiar de 235 K; c)

limiar de 210 K...........................................................................................................

82

4.7 – Ciclo diurno da fração de chuva nos sítios de medidas de Abraços (pastagem) e

Rebio Jaru (floresta): a) limiar de 0 dBZ; b) limiar de 20 dBZ; c) limiar de 30

dBZ.............................................................................................................................

83

4.8 – Média diária da fração de cobert ura de nuvens, enfatizando os períodos de

regime de leste e oeste nos sítios de medidas: a) Abracos (pastagem); b) Rolim de

Moura (pastagem); c) Rancho Grande (pastagem); d) Rebio Jaru (floresta).............

86

4.9 - Relação entre a precipitação (mm/h) registrada em cada estação pluviométrica e a

média da rede de trabalho: (a) rede de trabalho 1 ; b) rede de trabalho 2; c) rede de

trabalho 3; d) rede de trabalho 4; e) relação entre a precipitação média das 4 redes

de trabalho e a média de cada rede de trabalho..........................................................

93

4.10 - Refletividade (dBZ) medida pelo radar TOGA (CAPPI 2 km), localizados

dentro de cada rede de trabalho e a refletividade média da rede de trabalho: a)rede

de trabalho 1; b) rede de trabalho 2; c) rede de trabalho 3; d) rede de trabalho 4; e)

Relação entre a refletividade média das quatro redes de trabalho e a média de cada

rede de trabalho....................................................................................... ...................

96

4.11 - Temperatura de brilho medida pelo satélite GOES- 8, localizados dentro de cada

rede de trabalho e a Tir média entre os quatros pixels; (a) rede de trabalho 1; b)

rede de trabalho 2; c) rede de trabalho 3; d) rede de tra balho 4 e) relação entre a

temperatura de brilho média das quatro redes de trabalho e a média de cada rede

de trabalho.................................................................................................................. 100

4.12 - Refletividade em função da temperatura de brilho e a distribuição dos regimes

de leste (1) e oeste (2) e suas respectivas curvas médias: a) Rede de trabalho 1; b)

Rede de trabalho 2; c) Rede de trabalho 3; d) Rede de trabalho 4.............................

104

4.13 - Precipitação em função da temperatura de brilho verificada e distribuição dos

regimes de leste (1) e oeste (2) e suas respectivas curvas médias: a) rede de

trabalho 1; b) rede de trabalho 2; c) rede de trabalho 3; d) rede de trabalho 4..........

108

4.14 - Mapa do relevo da região das redes de trabalho, onde as redes de trabalho são

representadas pelos quadrados vermelhos.................................................................

111

4.15 - Curvas médias de refletividade para cada rede de trabalho e a curva média das

quatro redes de trabalho.............................................................................................

112

4.16 - Curvas médias de precipitação para cada rede de trabalho e a curva média das

quatro redes de trabalho.............................................................................................

112

4.17 - Precipitação em função da refletividade, superposta a curva Z-R a) rede de

trabalho 1; b) rede de trabalho 2; c) rede de trabalho 3; d) rede de trabalho 4..........

113

4.18 - a) Refletividade média das quatro redes de trabalho a cada 3 horas em função da

temperatura de brilho; b) Precipitação média das quatro redes de trabalho a cada 3

horas em função da temperatura de brilho.................................................................

117

4.19 - a) Refletividade média das quatro redes de trabalho a cada 6 horas em função da

temperatura de brilho; b) Precipitação média das quatro redes de trabalho a cada 6

hor as em função da temperatura de brilho.................................................................

118

4.20 - a) Refletividade média das quatro redes de trabalho a cada 24 horas em função

da temperatura de brilho; b) Precipitação média das quatro redes de trabalho a

cada 24 horas em função da temperatura de brilho.................................................... 119

4.21 - a) Curva média da refletividade em relação a temperatura de brilho entre as

quatro redes de trabalho; b) Curva média da precipitação em relação a temperatura

de brilho entre as quatro redes de trabalho.................................................................

120

4.22 – Precipitação estimada em relação a observada (média entre as quatro redes de

trabalho) com resolução temporal de 1 hora, utilizando as equações: a) 3.4; b) 3.5;

c) 3.6; d) 3.7; e) 3.8; f) 3.9.........................................................................................

124

4.23 – Precipitação estimada em relação a observada (média entre as quatro redes de

trabalho) com resolução temporal de 3 horas, utilizando as equações: a) 3.4; b)

3.5; c) 3.6; d) 3.7; e) 3.8; f) 3.9..................................................................................

125

4.24 – Precipitação estimada em relação a observada (média entre as quatro redes de

trabalho) com resolução temporal de 6 horas, utilizando as equações: a) 3.4; b)

3.5; c) 3.6; d) 3.7; e) 3.8; f) 3.9..................................................................................

126

4.25 – Precipitação estimada em relação a observada (média entre as quatro redes de

trabalho) com resolução temporal de 24 horas, utilizando as equações: a) 3.4; b)

3.5; c) 3.6; d) 3.7; e) 3.8; f) 3.9..................................................................................

127

4.26 – Série temporal da divergência do vento em altos níveis calculada a partir de três

diferentes fontes: radiossonda (linha preta), NCEP (linha azul) e canal do vapor

d’água (vermelha)......................................................................................................

134

4.27 – Ciclo diurno da precipitação superposta a divergência do vento em altos níveis

no canal do vapor d’água...........................................................................................

136

4.28 – Ciclo diurno da divergência do vento em altos níveis no canal do vapor d’água e

da fração de cobertura de nuvens (%)........................................................................

137

4.29 - Ciclo diurno da divergência do vento em altos níveis no canal do vapor d’água e

da fração de chuva......................................................................................................

141

4.30 – Precipitação (mm/h) plotada em relação a divergência do vento em altos níveis,

medidas na região de abrangência do radar TOGA...................................................

144

4.31 – Fração de cobertura de nuvens plotada em relação a divergência do vento em

altos níveis, me didas na região de abrangência do radar TOGA: a) limiar de 284

K, b) limiar 235 K, c) limiar de 210 K, d) limiar de 200 K.......................................

145

4.32 - Fração de chuva plotada em relação a divergência do vento em altos níveis,

medidas na região de abrangência do radar TOGA: a) limiar de 0 dBZ, b) limiar

20 dBZ, c) limiar de 30 dBZ, d) limiar de 35 dBZ....................................................

147

LISTA DE TABELAS

Pag.

3.1 - Posição das estações pluviométricas localizadas na área de cada rede de trabalho

(0.09x0.09).............................................................................................................

48

3.2 - Posição dos pixels dos satélites escolhidos em cada rede de trabalho...................... 49

3.3 - Posição dos pixels de radar que fazem parte de cada rede de trabalho..................... 51

3.4 - Equivalência entre a temperatura de brilho no canal IR e a altura do topo das

nuvens....................................................................................................................

53

4.1 – Período marcado por regimes de leste/oeste (Rickenbach et al, 2001)................... 85

4.2 – Valores de correlação encontrados para todos os limiares de fração de cobertura

de nuvens e fração de chuva, para uma área de 2,3º x 2,3º....................................

89

4.3 - Valores de correlação entre os limiares de fração de cobertura de nuvens (284 K,

235 K e 210 K) e todos os limiares de fração de chuva.........................................

89

4.4 – Valores de correlação entre os sítios de medidas, todos os limiares de

temperatura de brilho.............................................................................................

91

4.5.1 - Erro quadrático médio verificado entre a curva média e as variáveis de

precipitação e refletividade, no intervalo de tempo de 1, 3, 6 e 24 horas..............

129

4.5.2 - Erro qua drático médio verificado entre a curva média e as variáveis de

precipitação e refletividade, no intervalo de tempo de 1, 3, 6 e 24 horas, em

relação aos episódios de regime de leste................................................................

130

4.5.3 - Erro quadrático médio verificado entre a curva média e as variáveis de

precipitação e refletividade, no intervalo de tempo de 1, 3, 6 e 24 horas, em

relação aos episódios de regime de oeste...............................................................

130

4.5.4 - Erro quadrático médio verificado entre as equações que estimam a precipitação,

no intervalo de tempo de 1, 3, 6 e 24 horas...........................................................

131

LISTA DE SIGLAS E/OU ABREVEATURAS

ABLE - Atmosphere Boundary Layer Experiment

ABRACOS - Anglo-Brasilian Amazonian Climate Observations Study

CAPPI - Constant Altitude Plan Position Indicator

CCM - Complexos Convectivos de Mesoescala

CLA - Camada Limite Atmosférica

FluAmazon - Amazon Water Vapor Flux

GOES-8 - Geoestacionary Operation Enviromental Satellite

GPS - Global Positiong System

HN - Nort Hemisphere

HS - South Hemisphere

IR - infravermelho

LBA - Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia

LST - Local Standard Time

NASA - National Aeronautics Space Administration

NCEP - National Center for Environmental Prediction

NOAA - National Oceanic Atmosferic Administration

RADAR - Radio Detection and Ranging

RBLE - Rondônia Boundary Layer Experiment

SCM – Sistema Convectivo de Mesoescala

Tir - temperatura de brilho

TOGA – Tropical Ocean Global Atmosfere

TRMM – Tropical Rainfall Measuring Mission

WETAMC - Wet Season Atmosferic Mesoscale Campaign

WV – vapor d’água

27

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

Localizada na região equatorial entre 5ºN e 10ºS e possuindo um clima quente e úmido, a

Amazônia representa 39% da floresta tropical úmida do globo e constitui uma grande parte de

área de savana tropical (Molion, 1985). Esta região possui uma pequena variação na

temperatura do ar ao longo do ano, contudo, o regime de precipitação apresenta um forte

comportamento sazonal.

A interação floresta-atmosfera afeta de maneira direta o equilíbrio do meio ambiente em seus

diversos ecossistemas. Durante as últimas décadas, o interesse em compreender a Amazônia

levou diversos pesquisadores a organizar experimentos meteorológicos/ ambientais que

possibilitaram a obtenção de diversas informações sobre a região. Neste contexto, o

Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia (LBA) tem como

objetivo principal compreender o complexo funcionamento climático, ecológico, bioquímico e

hidrológico da Amazônia. A estratégia de pesquisa do LBA aprimorou metodologias, redes

de cooperação técnica e, em alguns casos, infraestrutura de campo, desenvolvidas e

estabelecidas em uma série de estudos internacionais prévios.

Entre vários experimentos que antecederam o LBA na Amazônia, o “Atmosphere Boundary

Layer Experiment” (ABLE) foi um dos pioneiros. Este experimento foi realizado na tentativa

de caracterizar a química e a dinâmica da atmosfera sobre a bacia Amazônica durante a

estação úmida (Harris et al 1990). O ABLE proporcionou vários estudos como o de

Machado (2000) que através da utilização dos dados do ABLE-2B e “Amazon Water Vapor

Flux” (FluAmazon) estudou os fluxos de energia na região. O transporte de umidade e calor e

a estrutura cinemática das linhas de instabilidade na Amazônia foi objeto de estudo de Greco

et al (1994).

28

Outro experimento importante foi o “ Anglo-Brazilian Amazonian Climate Observations

Study” (ABRAÇOS) que através do estudo detalhado dos fluxos na superfície obteve um

melhor conhecimento dos efeitos do desflorestamento da Amazônia. Gash et al (1996)

utilizando dados coletados durante o ABRACOS estudaram o balanço hídrico na Amazônia.

Liebman et al (1998) comparam a divergência, a radiação de onda longa emitida pela

superfície e a precipitação na bacia Amazônica. Os experimentos anteriores ao LBA

proporcionaram vários estudos como o realizado por Greco et al (1990) que avaliaram a

precipitação e as condições cinemáticas na superfície na região Amazônica. O “Rondônia

Boundary Layer Experiment” 1,2,3 (RBLE) foram campanhas de medidas da Camada Limite

atmosférica realizadas durante o projeto ABRACOS. Este experimento proporcionou uma

série de publicações dentre as quais, o estudo de Carmo (1996) sobre a estrutura

termodinâmica da atmosfera na Amazônia. Estes e outros experimentos realizados na região

Amazônica contribuíram para o conhecimento desta complexa região e para compreensão das

interrelações entre sistemas convectivos, circulações de meso e grande escala e os

“feedbacks” com a superfície.

A campanha “Wet Season Atmospheric Mesoscale Campaign” (WETAMC), realizada em

janeiro e fevereiro de 1999 durante a estação chuvosa, faz parte do experimento LBA. Com

a utilização das informações coletadas no WETAMC/LBA, será possível aumentar o

conhecimento a respeito dos processos associados à formação de nuvens e desenvolvimento

da convecção na Amazônia, bem como o conhecimento do comportamento da modulação

diurna da precipitação e da cobertura de nuvens.

O experimento WETAMC/LBA teve como um de seus objetivos a validação do satélite

“Tropical Rainfall Measuring Mission” (TRMM) e a realização de observações de processos

atmosféricos que governam a interação superfície, atmosfera. O satélite TRMM é o único

satélite meteorológico que tem a bordo um radar para estimar precipitação. Durante o

29

WETAMC/LBA, as observações foram realizadas a partir de sensores de superfície, torres

micrometeorológicas, radiossondagens, radar e aeronaves em torno da área de Ji-Paraná/RO.

Essas observações foram usadas para desenvolver e validar modelos conceituais da interação

superfície-atmosfera, da formação dos processos de precipitação em nuvens convectivas e

das circulações atmosféricas de mesoescala. A partir dos resultados apresentados neste

trabalho e outros realizados com dados da campanha WETAMC/LBA será possível melhorar

a destreza dos modelos de previsão de tempo e clima, o que trará benefícios diretos para o

Brasil como um todo e especialmente para a sua porção tropical. O WETAMC/LBA/TRMM

proporcionou aos cientistas uma oportunidade única de estudar a convecção tropical na

Amazônia, e comparar as características da convecção da região com outras regiões tropicais

e áreas temperadas.

A precipitação é uma das variáveis meteorológicas mais importante nos trópicos. Contudo,

devido a sua grande variabilidade temporal e espacial tem sido difícil quantificar sua

distribuição. A precipitação média anual na Amazônia é da ordem de 2300 mm/ano, embora

em algumas regiões próximas à fronteira do Brasil com Colômbia e Venezuela a média anual

alcance 3500 mm/ano. A temperatura do ar nesta região apresenta uma pequena variação

durante o ano, com valores médios que variam entre 24 ºC e 27 ºC. O período chuvoso ou

período de fortes atividades convectivas, de uma forma geral, acontece entre os meses de

novembro a março, sendo o período seco, entre maio e setembro. Os meses de abril e

outubro são considerados períodos de transição.

A proximidade da Cordilheira dos Andes (nas fronteiras do Brasil, Colômbia e Venezuela), a

influência das linhas de instabilidade (litoral do Pará e Amapá) e a penetração de sistemas

frontais da região sul interagindo e organizando a convecção local são algumas das razões que

explicam os elevados índices de precipitação. A precipitação pode ser quantificada através de

diversas técnicas e instrumentos de medidas, dentre os quais podemos citar os pluviógrafos e

pluviômetros, radares meteorológicos e satélites ambientais.

30

Métodos de estimativa remota de precipitação são importantes em regiões onde a utilização

das técnicas citadas anteriormente é limitada, como na Amazônia. Através da estimativa de

precipitação é possível conhecer a distribuição espacial e temporal da precipitação na região

estudada. A precipitação pode ser estimada através de sensores remotos (satélites

ambientais) e microondas passivo e ativo (radar). Os métodos de estimativa de precipitação

por satélite utilizando os canais visível e infravermelho são utilizados desde os anos 60.

Atualmente são utilizados diversos métodos de estimativa de precipitação por satélite, tais

como: métodos de Indexação onde a precipitação depende do tipo de nuvens e independe do

tempo; métodos que levam em conta a evolução temporal das nuvens; métodos bi-espectrais

que são caracterizados pela utilização de diversos canais simultâneos; métodos climatológicos

que consistem em calcular a precipitação para grandes áreas e períodos. Recentemente foram

utilizados métodos mistos que combinam dados de satélites geoestacionários e de baixa

órbita. Os satélites equipados com microondas passivos e ativos são utilizados para estimar a

precipitação com precisão superior às estimativas usando satélites geoestacionários; contudo,

devido à baixa resolução temporal os totais de precipitação são pobremente estimados.

A presença de cobertura de nuvens em uma determinada região inibe a quantidade de energia

solar que alcança a superfície da terra. Deste modo a energia solar incidente na superfície

diminui, consequentemente diminuindo os fluxos de calor latente e sensível. Através do estudo

do comportamento do ciclo diurno da cobertura de nuvens, tenta-se compreender e encontrar

relações entre os diferentes tipos de cobertura de nuvens e a precipitação. Com este enfoque

Garreaud e Wallace (1997) descreveram a variação diurna da cobertura de nuvens sobre a

América do Sul. Machado et al (1998) identificaram os limiares de temperatura de brilho

representativos dos sistemas convectivos de mesoescala e das células convectivas.

Recentemente Machado et al (2000) estudaram o ciclo diurno da fração de cobertura de

nuvens e a fração de chuva e sua organização espacial, parâmetros termodinâmicos e o seu

comportamento em regiões de pastagem e floresta.

31

O estudo da cobertura de nuvens na região Amazônica contribuirá para o conhecimento do

complexo comportamento da convecção. A convecção na Amazônia é um importante

mecanismo de aquecimento da atmosfera tropical. Suas variações em termos de intensidade e

posição possuem um papel importante na determinação do tempo e clima desta região. A

convecção na escala cumulus fornece calor latente necessário para forçar os distúrbios de

grande escala, e estes produzem a convergência de umidade (na baixa troposfera) necessária

para manter a convecção cumulus. Isto significa que na escala cumulus existe convergência de

umidade nos baixos níveis, movimento ascendente dentro das nuvens cumulus ou Cb; e por

continuidade de massa, divergência nos altos níveis (Holton, 1979). Assim o conhecimento do

campo de divergência é importante para compreender as circulações atmosféricas nos

trópicos além de poder ser um traçador da atividade convectiva e conseqüentemente da

precipitação.

Os dados utilizados neste trabalho são precipitação medida à superfície, imagens

“Geoestacionary Operation Enviromental Satellite” (GOES-8) no canal infravermelho,

radiossondagens, dados de reanálise do “National Centers for Environmental Prediction”

(NCEP), imagens do radar “Tropical Ocean Global Atmosfere” (TOGA) obtidos durante a

Missão WETAMC/LBA.

Este trabalho tem como objetivo principal descrever o ciclo diurno de diferentes tipos de

cobertura de nuvens e da precipitação no período e na região do experimento. Além disso,

pretende-se entender a relação entre as nuvens observadas por satélite e a precipitação

medida por radar e rede pluviômetros, na região do experimento WETAMC/LBA em

diferentes escalas temporais. Finalizando com o estudo da relação entre a divergência do

vento em altos níveis, a precipitação e os diferentes tipos de cobertura de nuvens.

32

O entendimento destas relações auxiliará na modelagem de mesoescala através da

caracterização das perturbações dos sistemas convectivos de mesoescala nos campos de

grande escala, além de contribuir para estudos do desenvolvimento da convecção e no

entendimento do ciclo diurno. Uma outra contribuição será dada ao estudo das técnicas de

estimativa de precipitação por satélite apresentando a potencialidade da estimativa na

Amazônia utilizando o canal infravermelho e o vento em altos níveis.

A apresentação deste trabalho está organizada em 5 Capítulos: a) Capítulo 2, consiste em

uma revisão bibliográfica descrevendo o estado da arte nos estudos específicos a serem

abordados neste trabalho; b) Capítulo 3, descreve a metodologia utilizada; c) Capítulo 4,

mostra os resultados encontrados; d) conclusões e considerações finais, mostradas no

Capítulo 5.

33

CAPÍTULO 2

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

O conhecimento da nebulosidade em uma escala global é importante para o

monitoramento e o entendimento climático e para a validação de modelos. Já em

mesoescala o conhecimento da nebulosidade permite entender os mecanismos de troca

de energia entre a superfície e a convecção. As nuvens são um importante parâmetro no

controle do balanço de radiação da Terra. A grande diversidade das condições

dinâmicas e termodinâmicas que agem sobre o sistema climático são diretamente

responsáveis pela formação de diversos tipos de nuvens com características estruturais e

radiativas diferentes.

Uma ferramenta eficiente no estudo da cobertura de nuvens são os satélites ambientais,

que permitem avaliar as relações entre a nebulosidade e o clima em diversas escalas

espaciais e temporais. Pode-se observar globalmente o comportamento de um grande

número de fenômenos e produzir análises em variadas escalas temporais.

As radiâncias são obtidas de forma quase direta, ou seja, necessita-se transformar

“count” em radiância, utilizando-se parâmetros de calibração das imagens, produtos

derivados das imagens de satélites necessitam passar por uma série de pré-

processamentos e modelos antes de serem obtidos. Dessa forma, as comparações entre

os produtos obtidos remotamente por satélite e dados medidos diretamente na superfície

são importantes para sustentar a confiabilidade que se pode ter em ambos conjuntos de

dados (Guedes et al, 2000).

Investigando imagens de satélite no canal infravermelho Hendon and Woodberry (1993)

analisaram a temperatura de brilho associada à atividade convectiva profunda

descrevendo a distribuição global da amplitude e fase do ciclo diurno da convecção. O

ciclo diurno da cobertura de nuvens na região Amazônica foi estudado por Garreaud e

Wallace (1997), através da utilização de diferentes limiares de temperatura de brilho. Os

34

autores notaram um atraso entre o máximo na cobertura associada a temperatura de

brilho mais fria com as mais quentes.

O limiar apropriado para representar as nuvens convectivas foi discutido em Machado e

Rossow (1993), eles concluíram que, de um modo geral, um pixel de uma imagem de

satélite contendo um campo de nuvens altas pode ser identificado por um limiar de

temperatura de brilho em torno de 245 K e a parte mais convectiva da nuvem deste

campo por uma temperatura de brilho menor do que 210 K. Janowiak et al (1994)

descreveram o caráter diurno das nuvens frias sobre o Oceano tropical usando fração de

cobertura de nuvens para três diferentes limiares de temperatura de brilho. Machado et

al (1998) estudando os sistemas convectivos de mesoescala na América do Sul,

identificaram nos intervalos de limiar de temperatura de brilho entre 241 e 245 K e as

nuvens mais convectivas dentro deste sistema com limiares de temperatura de brilho

entre 221 K e 215 K.

Guedes et al (2000) compararam cobertura total de nuvens obtidas por satélite com as

observadas à superfície, na região de São Luís (MA). Eles concluíram que as

observações por satélite da cobertura total de nuvens se ajustam muito bem às

observadas em superfície. Contudo algumas discrepâncias foram encontradas na análise

realizada para cada tipo de nuvem.

A precipitação é com certeza, a variável meteorológica mais importante nos trópicos,

sendo considerada uma das maiores forçantes da circulação atmosférica. O

conhecimento da precipitação média sobre uma área é importante para a previsão de

tempo e simulações climáticas utilizando modelos de circulação geral (Mintz, 1981).

Esta precipitação pode ser monitorada através de medidas diretas (feita através de

instrumentos tais como os pluviógrafos e os disdrômetros) e indiretas (realizadas através

de sensores remotos passivos e ativos).

Os sensores remotos diretos (radar) e indiretos (satélites) facilitaram o estudo da

precipitação. Mas devido a algumas limitações encontradas com os sensores diretos,

35

como sua escala espacial, os sensores indiretos são mais utilizados no monitoramento da

precipitação. Estes sensores atualmente fornecem medidas médias para a estimativa de

precipitação convectiva e estratiforme em grande escala. O modelo de estimativa

indireta da precipitação utilizando a alta resolução temporal dos satélites

geoestacionários geralmente baseia-se no uso de informações fornecidas pelos canais

visível (VIS) e Infravermelho (IR). Considera-se a distribuição espacial e temporal da

temperatura do topo das nuvens para fornecer a distribuição e intensidade da

precipitação abaixo dessas nuvens (Arkin e Meisner, 1987). Para um monitoramento

contínuo da precipitação normalmente utiliza-se somente o canal IR devido as

limitações do canal VIS durante o período noturno.

Richards e Arkin (1981) utilizaram integrações instantâneas de observações de radar a

cada 15 minutos e dados de fração de cobertura de nuvens entre 220 e 265 K para

estimar a precipitação. Os autores concluíram que é possível construir uma estimativa

de precipitação baseada na relação linear entre um simples parâmetro como a cobertura

de nuvens e a precipitação sobre o oceano tropical.

A técnica de estimativa de precipitação mais tradicional é a chamada “GOES

Precipitation Index” (GPI) desenvolvida por Arkin (1979). Esta técnica baseia-se na

cobertura média fracional de nuvens frias para estimar a precipitação. Durante o “GARP

Atlantic Tropical Experiment” (GATE) a precipitação média em 6 horas medida por

uma série de radares banda C foi relacionada com a temperatura de brilho. Essas

técnicas mostraram correlações significativas com a temperatura de brilho de 235 K

(Arkin, 1979). As médias de três anos de precipitação estimadas para o período de

dezembro de 1981 a novembro de 1984 foram agrupadas de três em três meses, de

acordo com as estações do ano e comparadas com os campos de precipitação à longo

prazo.

Richards e Arkin (1981) mostraram que 50 a 70 % da variação da precipitação média

acumulada em uma área pode ser explicada por uma função linear da fração média da

área coberta por nuvens com temperatura de brilho mais frias do que os limiares de 250

36

K e 220K. Um dos resultados intrigantes neste trabalho foi uma relativa insensibilidade

entre a fração de cobertura de nuvens e a precipitação em diferentes escalas temporais e

espaciais.

A utilização da temperatura de brilho do topo das nuvens também é utilizada como

estimador da precipitação na técnica “Convective Stratiform Technique” (CST). Esta

técnica foi proposta por Adler e Negri (1988); ela estima a precipitação convectiva e

estratiforme utilizando imagens no canal IR, e consiste em separar as regiões

convectivas e estratiformes dos sistemas convectivos associando diferentes taxas de

precipitação.

Scofield (1994) adaptou para a região de São Paulo a técnica CST, que permite estimar

a precipitação convectiva e estratiforme a partir de imagens de satélite no canal IR. Os

resultados obtidos foram posteriormente comparados com estimativas simultâneas de

precipitação obtidas pelo radar meteorológico de Ponte Nova (São Paulo). Devido a

técnica ter sido originalmente desenvolvida para algumas condições atmosféricas

extratropicais, foram estabelecidos novos limiares a fim de separar as áreas de chuva e

não chuva. Resultados mostraram o limiar de 229 K como o mais adequado para a

região estudada

Scofield e Olivier (1977) estimaram a quantidade de precipitação em sistemas

convectivos analisando as mudanças que ocorrem no topo das nuvens em duas imagens

consecutivas (intervalos de 1 hora ou 30 minutos). Basicamente, as áreas de

precipitação estão relacionadas com a temperatura (altura) e a taxa de crescimento dos

topos, junção de linhas ou de células convectivas e a existência de topos protuberantes.

Trajetórias temporais das características da umidade produzem campos vetoriais

coerentes espacialmente em ambos os regimes: nublados e livre de nuvens. Essas

observações podem ser empregadas para aumentar os dados disponíveis

operacionalmente já existentes e melhorar a análise do vento na alta troposfera e por

conseqüência o estudo da convecção. Velden (1996) demonstrou que melhoramento na

37

previsão de tempo pode ser obtido através da assimilação de campos vetoriais em

sistema de previsão numérica de tempo. Estes resultados auxiliaram também no

monitoramento da convecção através do acompanhamento da trajetória dos sistemas

convectivos.

Estimativas de vento por satélite são ferramentas igualmente úteis no estudo dos

sistemas convectivos. O vento pode ser estimado através dos canais VIS e IR e vapor

d’água (WV). Laurent (1993) desenvolveu uma técnica de estimativa de vento via

satélite utilizando o canal do vapor d’água. Geralmente os modelos utilizados para

extrair os campos de vento por satélite utilizam imagens em intervalos de tempo

sucessivos. A utilização de vários tamanhos de janelas de alvo e busca dos ventos

mostram uma forte dependência dos resultados da seleção dos traçadores e sua

influência na amostra dos vetores de vento derivados. A introdução de um máximo

gradiente de temperatura de brilho nas imagens na redefinição dos traçadores melhora a

representatividade dos campos de vento em relação aos sistemas meteorológicos

observados. (Sakamoto e Laurent, 1998)

Utilizando campos de vento derivados de imagens do canal WV do Meteosat-5, o

método de interpolação de Barnes (1964) e o método de aproximação por diferenças

finitas, Sakamoto e Laurent (1998) calcularam a divergência do vento em altos níveis.

Os autores verificaram que áreas mais intensas (mais frias) estão fortemente

relacionadas com altos valores de divergência do vento. Foram utilizados os resultados

dos modelos do NCEP e ECMWF para comparar o campo de vento resultante dos dados

de satélite com o campo de divergência final. Os autores concluíram que os campos

gerados pelo modelo ECMWF é mais suavizado do que aqueles derivados por satélite.

Apesar de utilizarem um número limitado de casos, os resultados são encorajadores a

ponto de que o método seja utilizado na entrada de modelos numéricos e para o

monitoramento de SCM.

Estudos realizados durante o WETAMC/LBA mostraram que a convecção afeta

diretamente a circulação de meso e grande escala. As propriedades de mesoescala da

38

convecção na região oeste da Amazônia no contexto do regime dos ventos em grande

escala foram estudadas por Rickenbach et al (2001). Os resultados mostraram que a

alternância do regime de ventos de leste e oeste nos baixos níveis observados na região

de Rondônia estão relacionados com as mudanças de escala-continental na circulação

atmosférica na América do Sul.

Os regimes de ventos de leste e oeste foram igualmente explorados em Laurent et al

(2001) e em Machado et al (2001), durante o experimento WETAMC/LBA. Laurent et

al, (2001) analisando as características dos sistemas convectivos observados por satélite

e radar verificaram diferentes comportamentos para os regimes de leste e oeste. Os

autores concluem que a formação de SCM estaria mais associada à orografia do que à

cobertura vegetal e que seu tempo de vida médio é da ordem de 12 horas.

Machado et al (2001) além de enfocaram os regimes de propagação de leste e oeste,

realizaram um estudo completo da variabilidade diurna dos diferentes tipos de nuvens

observadas por imagens de satélite e da intensidade das células de chuva observada pelo

radar e a precipitação em superfície. A cobertura de nuvens altas alcança seu máximo

algumas horas após o máximo de precipitação. A cobertura total de nuvens mínima

acontece poucas horas antes da máxima precipitação. No horário em que foi verificada a

máxima precipitação (e fração de chuva) notou-se o máximo crescimento da taxa de

fração de cobertura de nuvens convectivas.

Recentemente, Halverson et al (2001) estudaram as propriedades cinemáticas e

termodinâmicas gerais da convecção na estação úmida em Rondônia. Foi verificado que

estas propriedades mostram um contraste significativo em regimes de leste e oeste.

Durante o regime de oeste a taxa da precipitação convectiva média apresentou a metade

da magnitude daquela apresentada para os regimes de leste, enquanto o total de

precipitação estratiforme durante o regime de oeste é duas vezes maior do que o de

leste. Por esta razão a variabilidade interdiurna do total de precipitação foi relativamente

baixa. Em relação às propriedades termodinâmicas, observou-se que períodos de

regimes de oeste apresentaram um CAPE médio em torno de 1000 J/kg e umidade

39

acima de 90 % na baixa troposfera. Em contraste, durante os regimes de leste

prevaleceram condições de céu parcialmente nublado a ensolarado, com eventuais

linhas de instabilidade durante a tarde. Nos regimes de leste o CAPE foi mais alto do

que (1500 J/kg), a umidade foi mais baixa e apresentou uma camada de cisalhamento do

vento mais forte e profunda.

Outros estudos sobre a convecção foram realizados durante o TRMM/LBA que

concordam com aqueles apresentados acima, como Willians et al (2001) que

apresentaram significativas taxas da atividade elétrica (indicativo do aumento de

intensidade vertical da convecção) durante o regime de leste, Cifelli et al (2001)

mostram que o fluxo ascendente dos sistemas convectivos no regime de leste são

maiores, que aqueles do que no regime de oeste.

Este trabalho visa verificar o comportamento da cobertura de nuvens e as relações com

a precipitação a superfície e a estimativa por radar. Além disso, pretende-se verificar a

eficácia do GPI, sobre o continente na região Amazônica na estimativa de precipitação

em diferentes escalas temporais. Finalmente, a divergência do vento em altos níveis será

comparada com os parâmetros acima visando analisá-la do ponto de vista do

monitoramento da convecção.

41

CAPÍTULO 3

DADOS E METODOLOGIA

3.1 - Introdução

Os dados que serão descritos no decorrer desta seção fazem parte de um conjunto de

dados obtidos durante a campanha WETAMC/LBA, realizada no período de janeiro a

fevereiro de 1999. É importante salientar que a taxa de precipitação durante este período

esteve acima da média climatológica, facilitando de certa forma o estudo da convecção.

O WETAMC/LBA combinou uma grande diversidade de instrumentos a fim de estudar

questões ainda não conhecidas na região Amazônica. Dentre esses equipamentos

destacamos: estações de superfície, aeronaves, radiossondas, torres

micrometeorológicas, satélites, radares e balão cativo.

Para a análise destes dados utilizamos diversas ferramentas que serão detalhadas neste

capítulo.

3.2 - Área de estudo

A área de estudo está compreendida dentro da área de abrangência do Radar

Meteorológico TOGA, localizado a 10º45’S, 62º21’W. A área monitorada pelo radar

corresponde a um raio de 150 km, como mostra a Figura 3.1. A escolha desta região foi

devida aos sítios de medidas de Rolim de Moura (11º42’ S, 61º46’W), Rebio Jarú

(10º5’S, 61º55’W), Abracos (10º45’S, 62º21’W) e Rancho Grande (10º18’S, 62º52’W)

estarem localizadas dentro desta, além da existência de uma grande concentração de

pluviógrafos instalados.

42

Fig. 3.1 - Localização dos sítios de medidas do WETAMC/LBA

3.3 - Aquisição de Dados

Para a realização deste trabalho foram utilizados 5 tipos de dados: imagens GOES-8 nos

canais infravermelho (IR), imagens do Radar Meteorológico TOGA, precipitação

medida à superfície, radiossondagens e dados de reanálise do modelo do NCEP.

3.3.1 - Satélite GOES-8

O satélite geoestacionário GOES-8 (Geoestacionary Operation Enviromental Satellite)

está localizado a 35800 km acima da superfície da Terra, em uma órbita com a mesma

velocidade de rotação do planeta, girando no plano do equador. O satélite GOES-8 é

equipado por uma série de sensores, entre estes instrumentos um telescópio (fixo) mais

43

dois conjunto de espelhos que permitem cobrir (executar varreduras) praticamente todo

um hemisfério o disco terrestre na posição de visada do instrumento, dentro de uma

abertura angular muito pequena. Esta abertura angular corresponde a cada amostra de

forma que no nadir (ponto sub satélite) um elemento de imagem (“pixel”, picture

element) mostra uma região de 1 x 1 km (visível), 4 x 4 km (infravermelho) ou 4 x 8 km

(WV) dependendo do canal. O conjunto de dados fornecidos pela janela são

organizados em matrizes regulares com “N” linhas por “M” colunas em cada varredura.

Cada “pixel” possui um par de coordenadas linha-coluna bem definidas, estas

coordenadas indicaram sua posição em relação à superfície.

Lançado em abril de 1994, o satélite GOES-8 fornece imagens (CPTEC/INPE) cobrindo

entre outros, os seguintes setores: a) Northeast, compreendendo a região de 01º S a 18º

S e 31º W a 47º W, canais 1, 2, 4, 5 (linhas 432 e colunas 524) e canal 3 (linhas 216 e

colunas 262) ; b) South and Southeast, abrange a região de 20º S a 29º S e de 41º W a

54 ºW, canais 1, 2, 4, 5 (linhas 226 e colunas 551) e canal 3 (linhas 113 e colunas 276);

c) Autral, compreendendo a região de 20º S a 47º S e 90º W a 30º W, canais 1, 2, 4, 5

(linhas 526 e colunas 2016) e canal 3 (linhas 263 e colunas 1008); d) Tropics, abrange a

região de 19º S a 20º S e de 90º W a 30 ºW, canais 1, 2, 4, 5 (linhas 1026 e colunas

2522) e canal 3 (linhas 523 e colunas 1261). Ambos os setores estes setores fornecem

imagens a cada trinta minutos. Esta alta resolução temporal permite o acompanhamento

detalhado das frações de cobertura de nuvens e do ciclo de vida dos Sistemas

Convectivos de Mesoescala.

Tendo em vista a diferente resolução temporal dos diferentes instrumentos e a falta de

dados (falha nas medições), todos os valores utilizados neste estudo foram calculados

com uma resolução de uma hora, isto é, um valor médio a cada hora.

44

3.3.2 - Radar Meteorológico TOGA

O RADAR (Radio Detection and Ranging) foi desenvolvido durante os anos 30 com

objetivos militares. Uma das dificuldades encontradas na utilização para fins militares,

durante a 2a Guerra Mundial, era a presença dos chamados “lixos” verificados na

imagem devido à presença de nuvens; estas, por sua vez, impulsionaram o avanço

posterior deste instrumento a fim de ser utilizado para fins meteorológicos. O radar

consiste basicamente de quatro componentes: transmissor, que gera sinal de alta

freqüência; antena, que envia e recebe sinais; receptor, que detecta e amplifica o sinal de

retorno; sistema de exibição, que mostra na tela o alvo detectado. O uso do radar

meteorológico possibilita realizar medições e inferir as características de “alvos”

meteorológicos distantes, com ampla cobertura espacial e temporal.

Os radares meteorológicos digitalizados são dotados de computadores que controlam e

processam os dados medidos. Existe uma grande quantidade de algorítimos para a

identificação e acompanhamento de tempestades severas e previsão em curtíssimo

prazo. Os dados gerados pelo radar comumente são processados fornecendo as seguintes

variáveis ou refletividade:

- Constant Altitude Plan Position Indicator” (CAPPI) chuva acumulada:

apresentam taxas de precipitação ou refletividade para planos horizontais em

altitudes fixas, num raio de 150 km, discretizados em “pixel”s igualmente

espaçados

- mapas ECHO TOP, topo de nuvens: apresentam a altura máxima dos ECOS

de precipitação

- mapas de precipitação acumulada: computados através de medidas de

precipitação fornecidas através do CAPPI e a precipitação acumulada dentro

do intervalo de tempo estabelecido para a geração dos produtos especificados

pelo operador

45

- mapas de corte transversal (VIL): apresenta uma estrutura da água líquida

integrada na vertical ao longo de dois pontos previamente escolhidos pelo

operador

- mapas de previsão de chuva a curtíssimo prazo: apresentam o resultado da

correlação espaço-temporal do campo de precipitação via CAPPI

- mapas de rajadas de vento (GUST) fornecidos somente por radares Doppler

O produto de radar utilizado neste trabalho é o CAPPI em 2 km (processado pela

NASA), com resolução temporal de 10 minutos e espacial de 1 km x 1 km, fornecido

pelo Radar Meteorológico TOGA (radar Doppler, banda C). Este radar opera na

freqüência de 5,6 – 5,65 GHz, possui um ângulo de abertura da antena de 1.65º,

potência de pico de 250 KW e largura do pulso de 2 m e abertura de 250 m.

O radar meteorológico pode apresentar erros como a atenuação atmosférica,

espalhamento e “overshooting” do feixe (devido a resolução finita da antena e à

curvatura da terra), dentre outros, que podem ser função do radar e sua localização,

como por exemplo calibração do radar, procedimento de processamento e interpolação

(Petty and Katsaros, 1992). Para compararmos as medidas obtidas pelo radar, pelo

satélite e pelos pluviômetros consideramos as áreas mostradas na Figura 3.2. Através

destes dados foi possível obter relações com os dados de superfície os radar e os obtidos

através do GOES-8.

46

Fig. 3.2 - Área onde ficam localizadas as quatro redes de trabalho. Os pontos

vermelhos indicam cada estação pluviométrica. Os verdes representam

centrados os “pixels” de radar utilizados. Os pretos, os centrados

“pixels” de satélite.

3.3.3 - Precipitação

Durante o experimento WETAMC/LBA foram realizadas medidas pontuais da

precipitação à superfície a fim de calibrar alguns instrumentos e estimar o regime de

precipitação, investigando a variabilidade temporal e espacial sobre a área de estudo.

O registro da precipitação à superfície no período foi realizado através de uma rede de

40 pluviômetros do tipo “tip bucket”, distribuídos espacialmente numa área de 150 km

centrado no radar TOGA, como mostrado na Figura 3.2. Estes instrumentos fornecem

medidas instantâneas da precipitação à superfície, com resolução de 0.25 mm. Os

valores utilizados foram os valores médios horários em “mm”, para cada pluviômetro da

rede, em cada rede de trabalho.

-10.90

-10.80

-10.70

-10.60

-10.50

-10.40

-10.30

Latit

ude

-62.75 -62.50 -62.25 -62.00Longitude

Pluviógrafos Radar (pixel) Satélite (pixel)

47

3.3.4 - Radiossondagens

É um tipo de sondagem da atmosfera em que um conjunto de equipamentos é

transportado da superfície para a atmosfera superior por meio de um balão. O conjunto

de equipamentos é constituído por elementos sensores de temperatura, umidade e

pressão, juntamente com rádio transmissor e um “Global Positioning System” (GPS),

utilizado para efetuar medidas de vento, além de uma bateria que alimenta o sistema.

Os dados de radiossondagem utilizados foram obtidos durante o WETAMC/LBA,

dentro da área mostrada na Figura 3.1. As radiossondagens fornecem dados de

temperatura, umidade, direção e velocidade do vento, sendo estes reportados a cada 3

horas com resolução vertical da ordem de 5 hPa.

3.3.5- Dados da Reanálise do NCEP

Os dados da reanálise do “National Center of Enviromental Prediction” (NCEP)

utilizados neste trabalho foram obtidos através do modelo atmosférico operacional

global, o qual possui uma resolução de 2,5º x 2,5º de latitude e longitude, em uma grade

global de 144 x 173 pontos que cobre uma região entre 90º N a 90º S, 0º a 357,5º. A

reanálise é feita a cada 6 horas, gerando campos em níveis de pressão padrão (1000,

925, 850, 700, 600, 500, 500, 400, 300, 200, 150, 100, 70, 50, 30, 20 e 10 hPa), campos

de precipitação, fluxos à superfície, dentre outros campos diagnósticos largamente

utilizados. Os dados a serem utilizados neste estudo foram os campos de vento em altos

níveis.

3.4 - Metodologia

A metodologia utilizada no desenvolvimento deste trabalho encontra-se dividida em três

partes que serão discutidas a seguir.

48

3.4.1 - Estudo da relação existente entre a temperatura de brilho, precipitação e

refletividade

Este estudo visa encontrar relações entre medidas de precipitação á superfície,

temperatura de brilho (Tir) e refletividade medida pelo radar. Objetivando uma análise

específica e localizada dos parâmetros mencionados acima, utilizou-se uma grade de

0.09º x 0.09º centrada em cada rede de pluviógrafos - áreas nas quais existe uma grande

concentração de pluviógrafos (Tabela 3.1). Foram definidas quatro redes de trabalho

compreendidas entre –11º a –10,20º de latitude e –61,7º a –62,2º de longitude como

mostrado na Figura 3.2.

A partir da posição de cada rede de pluviômetros, foi possível calcular os “pixels”

colocados tanto na imagem de satélite quanto na do radar, e suas respectivas

informações (Tir, refletividade). Foram selecionados quatro “pixels” do satélite para

cada rede de trabalho fornecendo as informações necessárias, em função da

proximidade das redes pluviométricas. A posição dos quatro “pixels” escolhidos em

cada rede de trabalho pode ser encontrada na Tabela 3.1. Para o radar também foram

selecionados 4 “pixels” da imagem CAPPI-2 km representativos da área de trabalho

(veja Tabela 3.3).

TABELA 3.1: POSIÇÃO DAS ESTAÇÕES PLUVOMÉTRICAS

LOCALIZADAS NA ÁREA DE CADA REDE DE TRABALHO (0.09º X

0.09º).

Rede de Trabalho 1 Rede de Trabalho 2 Rede de Trabalho 3 Rede de Trabalho 4

Latitude Longitude Latitude Longitude Latitude Longitude Latitude Longitude

-10.8603 -61.8438 -10.7651 -62.1333 -10.5948 -62.3490 -10.3508 -62.5665

-10.8654 -61.8450 -10.7621 -62.1551 -10.5875 -62.3402 -10.3445 -62.5580

(continua)

49

(conclusão)

-10.8659 -61.8446 -10.7599 -62.1575 -10.5998 -62.3414 -10.3547 -62.5802

-10.8657 -61.8448 -10.7448 -62.1850 -10.5851 -62.3370 -10.3497 -62.5881

-10.8663 -61.8453 -10.7815 -62.1931 -10.6041 -62.3412 -10.3494 -62.5733

-10.8787 -61.8485 -10.7510 -62.1798 XXXXX XXXXX XXXXX XXXXX

-10.8792 -61.8487 -10.7505 -62.1800 XXXXX XXXXX XXXXX XXXXX

-10.8790 -61.8488 -10.7505 -62.1800 XXXXX XXXXX XXXXX XXXXX

-10.8790 -61.8489 -10.7504 -62.1798 XXXXX XXXXX XXXXX XXXXX

-10.8777 -61.8317 -10.7677 -62.1851 XXXXX XXXXX XXXXX XXXXX

-10.8800 -61.8563 -10.7847 -62.1850 XXXXX XXXXX XXXXX XXXXX

-10.8522 -61.8635 -10.7842 -62.1835 XXXXX XXXXX XXXXX XXXXX

-10.8755 -61.8635 -10.7845 -62.1840 XXXXX XXXXX XXXXX XXXXX

TABELA: 3.2 POSIÇÃO DOS “PIXELS” DO SATÉLITE ESCOLHIDOS EM CADA

REDE DE TRABALHO.

Rede de Trabalho 1

Longitude Latitude Coluna Linha

-61.86 -10.85 545 642

-61.83 -10.86 546 642

-61.86 -10.89 545 643

-61.82 -10.89 546 643

(continua)

50

(conclusão)

Rede de Trabalho 2

Longitude Latitude Coluna Linha

-62.18 -10.74 537 639

-62.14 -10.74 538 639

-62.18 -10.78 537 640

-62.14 -10.78 538 640

Rede de Trabalho 3

Longitude Latitude Coluna Linha

-62.37 -10.59 532 635

-62.33 -10.59 533 635

-62.37 -10.63 532 636

-62.33 -10.63 533 636

Rede de Trabalho 4

Longitude Latitude Coluna Linha

-62.58 -10.33 527 628

-62.54 -10.33 528 628

-62.57 -10.36 527 629

-62.54 -10.36 528 629

51

TABELA: 3.3 POSIÇÃO DOS “PIXELS” DE RADAR ESCOLHIDOS EM

CADA REDE DE TRABALHO.

Rede de Trabalho 1

Longitude Latitude Coluna Linha

-61.8562 -10.8410 47 38

-61.8104 -10.8410 48 38

-61.8562 -10.8859 47 39

-61.8104 -10.8859 48 39

Rede de Trabalho 2

Longitude Latitude Coluna Linha

-62.1767 -10.7514 40 36

-62.1310 -10.7514 41 36

-62.1767 -10.7963 40 37

-62.1310 -10.7963 41 37

Rede de Trabalho 3

Longitude Latitude Coluna Linha

-62.3598 -10.6165 36 33

-62.3141 -10.6165 37 33

-62.3598 -10.5715 36 32

-62.3141 -10.5715 37 32

Rede de Trabalho 4

Longitude Latitude Coluna Linha

(continua)

52

(conclusão)

-62.5883 -10.3466 31 27

-62.5426 -10.3466 32 27

-62.5883 -10.3916 31 28

-62.5426 -10.3916 32 28

3.4.2 - Produtos Extraídos Através das Imagens de Satélite

A partir das imagens GOES foram calculados parâmetros como; temperatura de brilho,

fração de cobertura de nuvens. A seguir apresentamos a descrição completa desses

parâmetros.

3.4.2.1 - Temperatura de Brilho

O canal infravermelho (canal 4) é destinado a avaliar as temperaturas de brilho no

sistema Terra-Atmosfera. A radiância (fluxo de energia perpendicular ao sensor do

satélite, por unidade de área do sensor, por unidade de ângulo sólido) medida pelo

satélite é convertida em temperatura de brilho, considerando que a emissividade é igual

a 1 (corpo negro).

No caso deste trabalho, o objeto de estudo é a temperatura de brilho dos topos das

nuvens. Nuvens que possuem topos quentes são rasas e sua temperatura é próxima da

verificada na superfície. Por outro lado, aquelas que apresentam temperaturas de topo

muito baixas são consideradas nuvens com grande desenvolvimento vertical, logo, é

possível identificar o tipo de nuvem presente em uma determinada região através da

temperatura de brilho. Arkin (1979) utiliza a temperatura de brilho no topo das nuvens

como indicador de convecção profunda, representativos de uma variedade de cobertura

de nuvens (tipos diferentes de nuvens).

53

De acordo, com Machado et al (1992), para uma atmosfera média tropical e

considerando as nuvens como um corpo negro pode-se estabelecer a seguinte relação

entre a Tir e a altura do topo das nuvens tropicais (Tabela 3.4).

TABELA 3.4 – EQUIVALÊNCIA ENTRE A TEMPERATURA DE BRILHO NO

CANAL IR E A ALTURA DO TOPO DAS NUVENS (MACHADO ET AL 1992)

Tir (K) Altura (km)

253 7.9

241 9.6

230 11.3

218 13.0

207 14.7

A partir desses estudos foi possível determinar um intervalo de limiares de temperatura

que podem fornecer uma descrição dos alvos (nuvens) com diferentes alturas de topo. A

fim de investigar o comportamento das nuvens em várias alturas e sua possível relação

com a precipitação foram estabelecidos vários limiares de temperatura de brilho. Uma

discussão sobre a semi- transparência das nuvens será apresentada no capítulo de

resultados.

3.4.2.2 - Fração de Cobertura de Nuvens

A fração de cobertura de nuvens é obtida primeiramente a partir da escolha dos limiares

de temperatura de brilho, os quais descrevem os campos de nuvens na região do LBA.

Para este estudo foram escolhidos os limiares de 284 K, 265 K, 255 K, 245 K, 235 K,

215 K, 210 K, 200 K, e a partir das imagens do satélite GOES-8 fornecidas pela

“National Aeronautics Space Administration” (NASA) foi efetuado o cálculo da fração.

Na imagem obtemos as frações como sendo a relação entre o número de “pixels” mais

frio que o limiar e o número total de “pixels” na área determinada. A fração de

cobertura obtida com o limiar de 284 K descreve aproximadamente, a variabilidade da

54

cobertura total de nuvens. A medida que as frações são calculadas para limiares mais

frios as frações passam a representar a cobertura mais convectiva. Por exemplo, a fração

de cobertura para o limiar de 200 K descreve somente a cobertura de nuvens com topos

próximos a tropopausa (Machado et al 1998).

3.4.2.3 - Variável Sigma

A variável sigma descreve a variabilidade espacial da Tir em cada rede de trabalho. O

cálculo da variável sigma é feito a partir da temperatura de brilho (Tir) verificada nos

quatro “pixels”, compreendidos na rede de trabalho:

4

,1,11,1, ijjiijjiijjiijji TTTTTTTTSIGMA

−+−+−+−= −+−+ (3.1)

Onde os índices “i” e “j” representam a variação da temperatura de brilho no espaço.

3.4.2.4 – Refletividade

O funcionamento de um radar consiste basicamente na emissão de radiação

eletromagnética por uma fonte, e na detecção da mesma radiação retroespalhada pelos

alvos atingidos. A potência da radiação retroespalhada medida define a grandeza

refletividade (Z) que depende diretamente das características físicas dos alvos. A

conversão da refletividade do radar para taxa de precipitação é feita através da

utilização da Equação 3.2, mostrada abaixo.

A radiação emitida pelo radar está na região de microondas do espectro

eletromagnético, e é em geral definida por bandas, em função da freqüência: Banda S

em 3 GHz, Banda C em 5 GHz e Banda X em 10 GHz. A fonte do radar necessita ser

pulsada para que a distância dos alvos seja determinada a partir do tempo que um pulso

emitido leva para atingir um alvo, ser retroespalhado e retornar ao radar. Os pulsos têm

duração de alguns microssegundos e são emitidos numa taxa de repetição que depende

da aplicação.

55

3.4.2.4.1 – Curva Z-R

Utilizada por Marshall e Palmer (1948) a equação Z-R possibilita converter a

refletividade do radar para taxa de precipitação (mm/h), onde Z é o fator de

refletividade do radar e R, por sua vez, a taxa de precipitação. As constantes “a” e

“b”mostradas na equação abaixo, são determinadas de acordo com o tipo de radar

utilizado. Essa relação é baseada em uma distribuição de gotas do tipo Marshall e

Palmer.

Z = a(R)b (3.2)

Usando a equação acima foi realizada uma regressão não-linear com os dados de

refletividade e precipitação registrados em cada rede de trabalho. Através desta

regressão foi possível obter as constantes que melhor representassem os dados

utilizados. Encontradas as constantes e utilizando a Equação 4.5.1 foi realizada uma

estimativa da precipitação utilizando a equação Z-R, a fim de encontrar uma curva de

ajuste a precipitação e a refletividade medida pelo radar TOGA.

3.4.2.5 - Derivada

A partir dos dados de temperatura de brilho/refletividade em cada “pixel” foi possível

obter a derivada temporal. Esta variação foi calculada para a temperatura de

brilho/refletividade média (entre os quatro “pixels”) em cada rede de trabalho, dada por:

t

TT

dtTird lklk

−= + ,,1)(

(3.3)

Sendo: Tk+1, j a temperatura de brilho/refletividade no tempo t+1; Tk,l a temperatura de

brilho/refletividade no tempo t e; ∆t = (t+1)-t, com ∆t = 1 hora. A partir desta variável é

possível compreender como varia a temperatura de brilho/refletividade média no tempo

56

e identificar seus horários de maior variação negativa/positiva e se esta variabilidade

aumenta/diminui durante o período.

3.4.2.6 - Relação Existente Entre as Variáveis Sigma, Precipitação, Refletividade e

Temperatura de Brilho.

As variáveis descritas acima fazem parte de um arquivo de séries temporais com

medidas a cada hora, no qual é possível verificar se existe relação entre elas:

- analisaremos a variabilidade entre cada uma das variáveis em relação a

média em cada rede de trabalho realizando um ajuste linear e estudando os

coeficientes de correlação.

- tentaremos encontrar a existência de uma relação entre as quatro redes de

trabalho através da temperatura de brilho precipitação, refletividade e

precipitação, refletividade e temperatura de brilho e precipitação e a variação

da refletividade e da precipitação no tempo.

3.4.2.7 - Estimativa de Precipitação

A estimativa de precipitação é uma importante ferramenta no estudo do clima em

regiões tropicais onde as observações em superfície são precárias. A partir de uma

análise realizada a qual foi conferida a relação existente entre os estimadores de

precipitação utilizados neste trabalho, foi utilizado um conjunto de equações lineares

mostradas abaixo:

)(TirbaPo += (3.4)

)(TirbaZo += (3.5)

57

∆∆

++=t

TirTirc

TirbaP )(1 (3.6)

∆∆

++=t

TirTirc

TirbaZ )(1 (3.7)

)()(2 sigmaTirdt

TirTirc

TirbaP +

∆∆

++= (3.8)

)()(2 sigmaTirdt

TirTirc

TirbaZ +

∆∆

++= (3.9)

onde:

Z, refletividade (dBZ) entre as quatro redes de trabalho; P, precipitação entre as quatro

redes de trabalho; as constantes a,b,c,d são constantes de regressão, Tir, temperatura de

brilho média entre as quatro redes de trabalho (resolução temporal de 1, 3, 6, 24 horas);

tTir∆

∆, derivada da temperatura de brilho no tempo; sigmaTir, variável sigma obtida

através da temperatura de brilho (veja Equação 3.1).

3.4.2.8 – Relação dos Diferentes Tipos de Cobertura de Nuvens e a Precipitação do

Ponto de Vista do Ciclo Diurno

Esta análise é realizada envolvendo duas áreas, uma área de 2.3° x 2.3° que abrange

toda a região do experimento e uma segunda região com uma área de 0.5° x 0.5°

representando uma região de pastagem e outra de floresta. Faremos uma avaliação do

ciclo diurno da fração de cobertura de nuvens, a inter-relação entre os diferentes tipos

de cobertura obtidas para as duas áreas em questão e suas relações com a precipitação.

Um ponto importante de ser destacado é o fato de ser avaliada a variabilidade da

58

cobertura de nuvens em regiões de pastagem e floresta (região em que estão localizados

os sítios de medidas de Abracos e Rebio Jaru.

3.4.2.9 – Teste de Correlação

O teste de correlação foi realizado para o conjunto de dados da fração de cobertura de

nuvens, fração de chuva (radar) e precipitação utilizados anteriormente. Os arquivos

utilizados foram comparados para que estes estivessem com o mesmo tamanho, ou seja,

o mesmo número de horas e dias. A princípio o teste foi realizado para a área total do

experimento (2,3º x 2,3º), sendo posteriormente realizado para cada sítio de medidas. O

coeficiente de correlação é uma ferramenta freqüentemente utilizada para se estudar a

inter-relação entre duas variáveis, apenas quando estas estão linearmente

correlacionadas. Devido ao tamanho da amostra foi utilizado o teste de probabilidade T-

Student para avaliar o grau de significância entre as variáveis. Em função do tamanho

da série os valores de r > 0.2 (coeficiente de correlação) são considerados significativos.

3.4.2.10 – Erro Quadrático Médio

O parâmetro estatístico chamado de erro médio quadrático é uma das medidas padrões

da acurácia das previsões, sendo esta, capaz de indicar a magnitude média do erro, esse

índice é mais influenciado quando no conjunto de dados (previsões) verificados existam

erros de maior magnitude, mesmo que sejam poucos, do que quando ocorrem muitos

erros pequenos, pois ao elevar o erro ao quadrado, os maiores erros são realçados. É,

portanto, um índice bastante apropriado para detectar grandes erros indesejáveis no

conjunto de dados/modelo. Então, pode-se considerar que o tamanho da amostra pode

influenciar negativamente nos resultados, já que se o conjunto de previsões for muito

pequeno a presença de grandes erros irá gerar resultados de pouco valor significativo. O

índice é obtido através da utilização da equação abaixo:

59

( )

∑=

−=

N

i

Bi

Ai

NXX

ERR1

2

(3.10)

Onde: ERR é erro quadrático médio; N, o número de casos; AiX , estimativa; X B

i ,

observação.

3.4.2.11 - Análise da Divergência do Vento em Altos Níveis Obtido por Três

Métodos Diferentes

3.4.2.11.1 - Vento por Satélite

A região tropical particularmente do Hemisfério Sul, é coberta em grande parte por

regiões oceânicas, o que torna difícil o monitoramento do vento através de estações de

radiossondagens. Logo, os satélites geoestacionários tornam-se ferramentas de grande

importância, pois permitem extrair os campos de vento através de imagens sucessivas

em regiões desprovidas de informações meteorológicas.

Os dados de vento utilizados neste trabalho foram derivados de imagens do satélite

geoestacionário GOES-8 e processados pela “National Oceanic Atmospheric

Administration” (NOAA). O canal usado é o do vapor d’água, com resolução temporal

de 3 horas, sendo extremamente útil, auxiliando no entendimento da dinâmica em

mesoescala devido a sua alta resolução espacial.

O vetor vento é extraído usando a metodologia utilizada por Velden et al (1997), onde é

feita uma seleção de um alvo seguindo-o através de imagens sucessivas dentro de um

intervalo de tempo de 30 minutos determinando assim o seu deslocamento. Após o

cálculo dos vetores vento, o produto final passa por alguns testes de seleção, ou seja, por

um controle de qualidade. Os vetores ventos extraídos pelo canal do vapor d’água são

mais facilmente extraídos nos altos níveis, pois os vetores podem ser extraídos mesmo

na ausência de nuvens, e seus vetores são mais numerosos e consistentes espacialmente.

Mas não substituem os ventos extraídos pelo canal infravermelho, que nos níveis

60

médios apresentam resultados mais satisfatórios do que o canal do vapor d’água. A

combinação de ambos canais pode fornecer uma estrutura tridimensional da atmosfera

(Laurent ,1993).

Neste trabalho iremos utilizar os vetores vento extraídos do canal vapor d’água, que

foram previamente calculados e disponibilizados. Estes dados serão utilizados para o

cálculo da divergência em altos níveis, cálculo este que será descrito a seguir.

3.4.2.11.2 - Divergência do Vento e a Relação com a Precipitação

A convecção cúmulus fornece o calor latente necessário para forçar os distúrbios de

grande escala e estes, por sua vez, produzem a convergência de umidade nos baixos

níveis, movimento ascendente dentro da torre cúmulus ou Cb e por continuidade de

massa divergência em altos níveis (Holton, 1979). Este processo é associado à formação

de convecção. Logo, o conhecimento do campo de divergência é muito importante para

compreender a circulação atmosférica nos trópicos . Mas o conhecimento destes campos

é prejudicado devido a pequena densidade de estações de radiossondagem nestas

regiões.

A divergência do vento obtida via satélite será inicialmente comparada com aquela

obtida através de radiossondagem e análises do NCEP. Por outro lado, a divergência do

vento em altos níveis será analisada sob o ponto de vista da fração de cobertura de

nuvens e ocorrência e intensidade de precipitação.

Os campos de divergência do vento são utilizados para estudar a resposta da dinâmica

de meso e grande escala em relação a convecção a precipitação, como também dos

diferentes tipos de cobertura de nuvens. Inicialmente iremos comparar diversas formas

de cálculo da divergência utilizando diferentes fontes de dados e métodos de cálculos.

Esses campos foram calculados da seguinte maneira:

a) Com base nos ventos obtidos pelo satélite GOES-8 e processado pela NOAA,

obteremos o campo da divergência, calculado a partir da interpolação dos dados

61

originais em uma grade regular, pelo método desenvolvido por Barnes (1964),

aplicando posteriormente o método de diferenças finitas como mostra a Figura 3.3.

Fig. 3.3: Representação de uma grade regular, onde os dados serão interpolados.

Este método consiste em interpolar os dados de vento no canal do vapor d’água em uma

grade regular, como mostra a Figura 3.3. A resolução da grade é determinada de acordo

com a densidade dos dados – neste caso, utilizou-se uma grade de 1,0° x 1,0°. Para

obter vetores vento interpolados ( gφ ) aplicamos a função:

=

==M

1ii

M

1ii

W

φφ

i

g

W (3.11)

onde:

62

gφ é o valor interpolado na posição da grade ;M é o número de observações, que

dependem dos valores limites de “di” e “ti”, e portanto dependem das escolhas dos

parâmetros δ e τ; iφ é a função peso (esta função depende da distância temporal e

espacial entre o vetor vento e o ponto no qual os vetores estão sendo interpolados.

Quanto maior a distância entre o ponto e o vetor, menor será o valor da função peso); iφ

são as componentes zonal e meridiona l reportados pelo conjunto de dados utilizados na

posição x,y.

−=

22

τδtidi

ExpWi (3.12)

onde: iW , é o peso do dado “i” localizado a uma distância “di”, num intervalo de tempo

“ti” num ponto de grade considerado, δ e τ são o raio de influência no espaço e no

tempo, que podem ser utilizados para ajustar filtros no tempo e no espaço

respectivamente.Após realizada a interpolação para todos os vetores, o cálculo da

divergência é executado utilizando diferenças finitas Este método foi descrito por

Sakamoto e Laurent (1998).

y∂

∂+

∂∂

=⋅∇v

xu

V (3.13)

2

yvv

yvv

2

xuu

xuu

V

1-j1,-ij1,-i1-ji,ji,j1,-iji,1-j,11-ji,

∆−

+∆−

+

∆−

+∆−

=⋅∇

−i

(3.14)

63

Este procedimento de cálculo de divergência do vento em altos níveis também é usado

para os dados da análise do NCEP. A Figura 3.6 mostra um exemplo de campos de

divergência do vento em altos níveis obtidos por satélite, provenientes da NOAA.

64

Fig. 3.4 - Campos de vento (m/s) representado na Figura pelos vetores e divergência em

altos níveis (10-6 s-1) (sombreada pelas cores), gerados por satélite para 14 de

fevereiro de 1999, a cada três horas (Laurent et al, 2000).

65

b) Com o objetivo de validar os diferentes métodos na obtenção da divergência do vento

foram utilizados dados de radiossondagem. Para tanto utilizou-se a equação abaixo para

o cálculo sobre uma área triângular formada pelas estações de radiossondagens :

∫ ⋅=⋅∇ ldVA1

V (3.15)

onde:

V é o vetor vento, ld é o vetor normal ao vértice do triângulo, A é a área da região

analisada.

A divergência é calculada para todo vetor vento que cruzar o contorno, os vetores que

são paralelos ao contorno não são computados (produto vetorial nulo). Este método

possibilita obter a divergência em todos os níveis de pressão disponíveis pela

radiossondagem. Logo podemos obter informações sobre a estrutura de cada camada,

extrair um perfil vertical médio da divergência e valor das camadas em altos níveis. Os

campos de vento foram previamente calculados em Machado et al (2000).

Os campos de vento utilizados para descrever a divergência em altos níveis foram

aqueles em torno de 200 hPa ± 100 hPa.

66

67

CAPÍTULO 4

RESULTADOS

4.1 - Introdução

Neste Capítulo são apresentados os resultados do estudo realizado com os dados de

satélite, superfície e radar. Nas Seções 4.3 e 4.4 é apresentado um estudo da

variabilidade da cobertura de nuvens com ênfase no ciclo diurno, analisando as relações

com a precipitação medida em superfície e observada pelo radar, para a área do

experimento WETAMC/LBA. Na Seção 4.5 os estudos são centrados nas regiões de alta

concentração de pluviômetros (as 4 redes pluviométricas). Nesta Seção tentamos

colocar em evidência as inter-relações existentes entre as estimativas de precipitação

por satélite geoestacionários e as informações medidas pela rede pluviométrica e o

radar. Finalmente, na Seção 4.6, utilizamos campos de vento em altos níveis obtidos por

satélite para calcular a divergência em altos níveis, visando analisar as relações com a

cobertura de nuvens e a precipitação.

4.2 - Ciclo Diurno da Fração de Cobertura de Nuvens e Precipitação

4.2.1 - Fração de Cobertura de Nuvens

Foram realizadas médias horárias da fração de cobertura de nuvens e precipitação para

um período de 44 dias, numa área de 2.3º x 2.3º, sendo centrada na área do experimento

conforme mostra a Figura 3.1. A fração de cobertura de nuvens foi calculada para os

seguintes limiares de temperatura de brilho do canal 4 do GOES: 284 K, 273 K, 265 K,

245 K, 235 K, 225 K, 210 K, 200 K. Estes limiares descrevem medidas de cobertura de

nuvens que se estende desde uma medida próxima a cobertura total de nuvens (limiares

quentes) até a cobertura de nuvens mais convectiva (limiares frios). A Figura 4.1 mostra

o comportamento diurno da temperatura de brilho para diferentes limiares. Segundo

Machado et al (2001) a grande quantidade de vapor d’água próximo à superfície induz

68

uma forte absorção da radiação infravermelha por este gás. Dessa forma, a temperatura

de brilho que pode ser associada à emissão em condições de céu claro medido através

de satélites meteorológicos descreve a temperatura de brilho da Camada de Mistura e

não a temperatura da superfície. A camada de mistura é caracterizada por uma

distribuição vertical praticamente homogênea da temperatura potencial devida à forte

mistura turbulenta e convecção celular de mesoescala. A temperatura desta camada

durante o período do experimento WETAMC/LBA esteve sempre em média acima de

287 K.

Assim, uma medida próxima a da cobertura total de nuvens pode ser estimada por

temperaturas de brilho mais frias do que a camada de mistura. Estes limiares são

mostrados na Figura 4.1 a, como os limiares de 284 K, 273 K e 265 K. Machado e

Rossow (1993) analisando as características estruturais e propriedades radiativas dos

aglomerados de nuvens nos trópicos, identificaram nuvens altas numa imagem de

satélite como sendo aquelas cuja temperatura de brilho é menor do que 245 K e a parte

mais convectiva tem uma temperatura de brilho menor do que 215 K. Desta forma, o

limiar de 284 K foi utilizado para descrever a cobertura de nuvens total e os limiares

mais frios que 245 K como representativos da cobertura de nuvens associada à

convecção.

Através das Figuras 4.1.a e 4.1 b nota-se uma semelhança entre alguns limiares. Esta

semelhança simplifica a análise, de maneira a utilizar-se apenas três grupos de limiares

de temperatura de brilho. Estes limiares representam cobertura de nuvens com

diferentes temperaturas de topo, onde a cobertura total de nuvens é representada pelo

limiar de 284 K. Já as nuvens altas são representadas pelo limiar de 235 K. Finalmente,

os limiares de 210 K e 200 K são representativos de nuvens associadas a convecção

profunda intensa.

69

75

50

25

Fra

ção

de

co

be

rtu

ra d

e n

uve

ns

(%)

222018161412108642Hora local

Frac1 (284K) Frac2 (273K)

Frac3 (265K) Frac4 (245K)

Fig. a

28

24

20

16

12

8

4

0

Fra

ção

de

co

be

rtu

ra d

e n

uve

ns

(%)

222018161412108642Hora local

Frac5 (235 K)Frac6 (215K)

Frac7 (210K)

Frac8(200K)

Fig. b

Fig. 4.1 – Ciclo diurno da fração de cobertura de nuvens, para os limiares de : a)

limiares de 284 K, 273 K, 265 K; b) limiares de 245 K, 235 K, 225 K, 210

K, 200 K.

A cobertura total de nuvens descrita pelo limiar de 284 K (Figura 4.2 a) é máxima às

03:30 (hora local). Neste horário podemos verificar que a fração média de nuvens na

área analisada é muito alta (em torno de 94 %). Este valor máximo diminui lentamente,

observa-se que na madrugada não são encontradas frações de nuvens médias inferiores a

80%. No mesmo período, a precipitação média apresenta valores médios bem inferiores

aos do período da tarde (Figura 4.2 a). No período da manhã ocorre uma forte

70

diminuição da fração de cobertura total de nuvens. Este decréscimo acontece juntamente

com o aumento da precipitação média (a partir das 10:30). A cobertura total de nuvens

encontra seus valores mínimos às 13:30 (LST), alcançando frações em torno de 59 %,

correspondendo ao momento de máxima radiação solar em superfície. O máximo

principal de precipitação ocorre próximo a este momento. A precipitação diminui nas

primeiras horas da noite, atingindo valores próximos de zero às 21:30 (LST).

A Figura 4.2 b mostra o ciclo diurno da cobertura de nuvens altas (235 K). Durante as

primeiras horas da madrugada notamos algumas diferenças em relação à cobertura total

de nuvens descrita anteriormente. A fração de cobertura de nuvens altas apresenta uma

diminuição da área coberta durante a madrugada, e primeiras horas da manhã. Esta

diminuição da cobertura de nuvens altas (em torno de 4 %) durante a madrugada e

início da manhã é conseqüência da ausência de forçantes dinâmicas no período. Mas, de

qualquer forma, uma pequena fração de cobertura de nuvens altas (235 K) é verificada,

e provavelmente responsável por precipitações esporádicas ocorridas na região durante

este período. Após duas horas do momento de mínima fração de nuvens altas,

encontramos o máximo de precipitação juntamente no momento de máximo

crescimento de cobertura de nuvens altas. A cobertura de nuvens altas cresce durante à

tarde, alcançando valores máximos da fração às 17:30. Após as duas horas seguintes, a

cobertura de nuvens altas apresenta uma diminuição da área coberta até as primeiras

horas da noite, onde acontece praticamente uma estabilização (um ligeiro decréscimo).

As Figuras 4.2 c e 4.2 d mostram os limiares de temperatura de brilho de 210 K e 200 K

caracterizados por cobertura de nuvens associados à convecção profunda. Observamos

que, durante a madrugada a presença de nuvens que possuem topos mais frios do que

210 K e 200 K, é praticamente nula. Isto se deve à ausência de aquecimento

termodinâmico e de forçantes externas, que auxiliam na formação da convecção

profunda. Este fato mostra que a alta fração de cobertura total encontrada neste período

não é associada à convecção e às nuvens altas, mas às nuvens baixas e médias. O

máximo crescimento da cobertura com o limiar de 210 K acontece a partir das 11:30

(LST), e esse crescimento continua até às 16:30 (LST), onde se encontra o máximo de

71

cobertura de nuvens associadas à convecção profunda, começando a diminuir na hora

seguinte.

Para o limiar de 200 K (Figura 4.2 c) o crescimento acontece uma hora após o horário

descrito para o limiar anterior (12:30 LST). O crescimento ocorre até às 17:30 (LST)

onde encontramos o máximo de cobertura de nuvens associadas à convecção profunda

representada pelo limiar de 200 K. Para a formação de nuvens convectivas ou de

convecção profunda, necessitamos de aquecimento da superfície e instabilização da

camada limite. O momento de máxima radiação solar é próximo ao meio dia, quando a

cobertura total de nuvens é mínima. Este fato possivelmente explica a máxima

precipitação e máximo crescimento da cobertura de nuvens convectivas próximo ao

momento de mínima cobertura de nuvens.

À medida que verificamos os quatros limiares descritos anteriormente, sobrepostos a

precipitação (Figuras 4.2 a, 4.2 b, 4.2 c, 4.2 d) nota-se alguns fatores que podem

explicar o comportamento do ciclo diurno da cobertura de nuvens na região estudada.

Durante a madrugada, existe um predomínio da cobertura total de nuvens, e este tipo de

cobertura geralmente envolve nuvens desde os baixos até altos níveis, mas na

madrugada a cobertura de nuvens é composta basicamente por nuvens com topos baixos

e quentes, típicos de nuvens cumulus e nuvens estratiformes (as frações associadas aos

topos frios é praticamente nula). É possível que existam algumas nuvens cirrus semi-

transparentes com temperatura de brilho reduzida não sendo incorporada a fração de

nuvens altas.

Nas primeiras horas da manhã a cobertura de nuvens baixas desintensifica-se, e a

superfície começa a ser aquecida atingindo a mínima cobertura de nuvens no fim da

manhã. Existe uma defasagem entre o horário de mínima cobertura entre os limiares. A

cobertura de nuvens convectivas (235 K e 210 K, acontece as 11:30 em ambos os

limiares) apresenta um mínimo uma hora antes do mínimo da cobertura total de nuvens

(12:30). Esse adiantamento se deve provavelmente a desintensificação das poucas

nuvens altas e convectivas em dissipação existentes naquele momento. Essa camada de

72

nuvens em dissipação associa-se a já existente nas camadas mais baixas provocando a

defasagem de 1 hora entre o mínimo de cobertura total de nuvens e a cobertura mais

convectiva.

A mínima cobertura em torno do meio dia favorece um forte aquecimento da superfície

aumentando os fluxos de calor latente e sensível. Esses fluxos contribuem à formação e

intensificação de sistemas de nuvens convectivas (nuvens altas e nuvens de convecção

profunda), aumentando linearmente as frações de cobertura no período da tarde. Após

um curto intervalo de tempo (aproximadamente 1 hora) observamos a máxima

precipitação, neste momento às frações de nuvens convectivas apresentam a maior taxa

de crescimento e aumentam linearmente até onde são verificados seus horários de

máximo desenvolvimento. O máximo desenvolvimento da cobertura de nuvens altas

acontece uma hora antes da cobertura de nuvens associadas a convecção profunda. A

máxima cobertura de nuvens associadas à convecção profunda acontece as 16:30 (LST);

esta cobertura após uma hora está menos intensas apresentando uma forte presença de

nuvens altas (17:30 LST).

Observa-se a presença de um máximo secundário da cobertura total de nuvens às 19:30

(LST). Esse máximo secundário é formado em grande parte pelos sistemas de nuvens

convectivas em fase de desintensificação. Machado et al (1998) mostram que no

momento de dissipação dos sistemas convectivos as áreas associadas a limiares frios

diminui, enquanto que os limiares mais quentes continuam aumentando com a área. A

partir das 20:30 (LST), a cobertura de nuvens altas e a cobertura de nuvens associadas a

convecção profunda se mantém praticamente constante próxima a zero, enquanto a

cobertura total de nuvens começa a aumentar. A cobertura de nuvens à noite tem um

impacto importante no balanço de energia radiativa, reduzindo a perda de radiação de

onda longa e aumentando a energia armazenada na camada limite atmosférica (CLA).

73

1.00

0.80

0.60

0.40

0.20

Pre

cipita

ção

(mm

/h)

222018161412108642Hora Local

90

85

80

75

70

65

60Fra

ção

de c

ober

tura

de

nuve

ns (

284

K)

Precipitação Frac 1 (284K)

Fig. a

Fig. 4.2 - Ciclo diurno da fração de cobertura de nuvens e da precipitação, na área do

experimento (2,3 ° x 2,3°): a) limiar de 284 K; b) limiar de 235 K; c) limiar

de 210 K; d)limiar de 200 K.

1.00

0.80

0.60

0.40

0.20

Pre

cipita

ção

(mm

/h)

222018161412108642Hora Local

30

25

20

15

10

5

Fra

ção

de c

ober

tura

de

nuve

ns (

235

K)

Precipitação

Frac 5 (235K)

Fig. b

(continua)

74

(conclusão)

1.00

0.80

0.60

0.40

0.20

Pre

cipita

ção

(mm

/h)

222018161412108642Hora Local

6.0

5.0

4.0

3.0

2.0

1.0

Fra

ção

de c

ober

tura

de

nuve

ns (

210

K)

Precipitação Frac 7 (210K)

Fig. c

1.00

0.80

0.60

0.40

0.20

Pre

cipita

ção

(mm

/h)

222018161412108642Hora Local

1.00

0.80

0.60

0.40

0.20

0.00Fra

ção

de c

ober

tura

de

nuve

ns (

200

K)

Precipitação Frac 8 (200K)

Fig. d

4.2.2 - Fração de Chuva

A fração média de chuva foi calculada a partir de imagens fornecidas pelo radar TOGA

– CAPPI 2 Km. A princípio foram utilizados igualmente ao cálculo da fração de

cobertura de nuvens 8 limiares de refletividade (0 dBZ, 5 dBZ, 10 dBZ, 15 dBZ, 20

dBZ, 25 dBZ, 30 dBZ, 35 dBZ) representados pelas Figuras 4.3 a e 4.3 b. Devido à

semelhança no comportamento entre alguns limiares, estes foram reduzidos a quatro,

75

que representam quatro diferentes intensidades de chuva-refletividade. A fração de 0

dBZ representa a fração total, isto é, qualquer refletividade é considerada no cálculo da

fração. O limiar de 20 dBZ é representativo da chuva fraca a moderada e 30 dBZ e 35

dBZ da chuva intensa.

25.0

20.0

15.0

10.0

Fra

ção

de p

reci

pita

ção

- R

adar

Tog

a

222018161412108642Hora Local

0 dBZ

5 dBZ 10 dBZ

15 dBZ

Fig. a

8.0

6.0

4.0

2.0

Fra

ção

de p

reci

pita

ção

- R

adar

Tog

a

222018161412108642Hora Local

25 dBZ

30 dBZ 35 dBZ

20 dBZ

Fig. b

Fig. 4.3 - Ciclo diurno da fração de chuva medida pelo radar TOGA - CAPPI 2 km, em

uma área de 2,3 ° x 2,3° : a) limiares de 0 dBZ; 5 dBZ, 10 dBZ, 15 dBZ,

20 dBZ; b) limiares de 25 dBZ, 30 dBZ; 35 dBZ.

76

As frações de chuva intensa, moderada a fraca e a fração total apresentam um máximo

crescimento da fração durante o mesmo período de tempo (10:30 às 14:30 - LST). Entre

as 13:30 e às 14:30 as frações de chuva, para todos os limiares, apresentam máximos

que de certa forma concordam com o máximo de precipitação. Isso se deve ao fato de, a

fração de chuva representar a quantidade de água líquida contida nas nuvens disponíveis

para o processo de precipitação. Logo, não é observada defasagem entre os limiares. Ao

contrário das frações de nuvens que representam diferentes tipos de cobertura, a fração

de chuva fraca e forte ao nível de 2 km ocorreram simultaneamente. Como mostram as

Figuras 4.4 a, 4.4 b, 4.4 c, 4.4 d, neste mesmo intervalo de tempo, também é verificado

o crescimento da fração de cobertura de nuvens altas e da cobertura de nuvens associada

à convecção profunda. Após este intervalo de tempo a fração de chuva diminui

lentamente. Essa diminuição lenta da fração de chuva é provavelmente devida à

manutenção da chuva pelas nuvens convectivas em dissipação e a precipitação

estratiforme que tem um tempo de vida maior que a convectiva.

As frações de 0 dBZ a 25 dBZ apresentam um máximo secundário próximo às 20:30

(LST), onde este máximo secundário concorda com o máximo secundário obtido para a

fração de cobertura total de nuvens, mencionado anteriormente. Durante a madrugada é

encontrado um máximo secundário às 03:30 (LST) para o limiar de 0 dBZ. De certa

forma, podemos associar esses máximos secundários à cobertura total de nuvens e a

uma mínima fração de nuvens altas e convectivas. Ambas estão consistentes com a

baixa precipitação média registrada neste horário.

77

1.00

0.80

0.60

0.40

0.20

Pre

cipita

ção

(mm

/h)

222018161412108642Hora Local

27.5

25.0

22.5

20.0

17.5

15.0Fra

ção

de

Ch

uva

- li

mia

r d

e 0

dB

Z

Precipitação

0 dBZ

Fig. a

Fig. 4.4 - Ciclo diurno da fração de chuva medida pelo radar TOGA – CAPPI 2 Km, e

precipitação medida à superfície, em uma área de 2.3º x 2.3º: a) limiar de 0

dBZ, b) limiar de 20 dBZ, c) limiar de 30 dBZ, d) limiar de 35 dBZ.

1.00

0.80

0.60

0.40

0.20

Pre

cipita

ção

(mm

/h)

222018161412108642Hora Local

9.0

8.0

7.0

6.0

5.0

4.0Fra

ção

de C

huva

- l

imia

r de

20

dBZ

Precipitação

20 dBZ

Fig. b

(continua)

78

(conclusão)

1.00

0.80

0.60

0.40

0.20

Pre

cipita

ção

(mm

/h)

222018161412108642Hora Local

3.0

2.5

2.0

1.5

1.0

Fra

ção

de C

huva

- l

imia

r de

30

dBZ

Precipitação

30 dBZ

Fig.c

1.00

0.80

0.60

0.40

0.20

Pre

cipita

ção

(mm

/h)

222018161412108642Hora Local

1.25

1.00

0.75

0.50

0.25

Fra

ção

de C

huva

- l

imia

r de

35

dBZ Precipitação

35 dBZ

Fig. d

4.3 - Ciclo Diurno da Fração de Cobertura de Nuvens e da Fração de Chuva em

Floresta e Pastagem

No item anterior foi discutido o ciclo diurno da fração de cobertura de nuvens e da

precipitação. Neste item serão discutidos o ciclo diurno e a evolução temporal da

cobertura de nuvens e da fração de chuva para dois sítios de medidas, um localizado na

floresta (Rebio Jaru) e outro em uma área de pastagem (Abracos). O objetivo desta

79

comparação é verificar se existem diferenças na cobertura de nuvens em regiões que

apresentam diferentes coberturas vegetais. A diferença na cobertura vegetal nos sítios de

medidas pode ser vista na Figura 4.5.

80

Fig. a

Fig. b

Fig. c

Fig. d

Fig. 4.5 – Imagem LANDSAT centrada nos sítios de medidas (5° x 5°) mostrando a

cobertura vegetal predominante em cada uma delas: a) Rancho Grande

(pastagem), b) Abracos (pastagem), c) Rolim de Moura (pastagem), d) Rebio

Jaru (floresta).

81

As Figuras 4.6 a, 4.6 b, 4.6 c, 4.6 d/ 4.7 a, 4.7 b, 4.7 c, 4.7 d mostram o ciclo diurno da

fração de cobertura de nuvens e da fração de chuva em Abracos e Rebio Jaru, que são

regiões de floresta e pastagem. A Figura 4.6 a mostra a cobertura total de nuvens, onde

podemos notar que existe uma semelhança entre as curvas que descreveram as duas

regiões durante quase todo o período. Notamos uma pequena diferença durante a noite,

onde a cobertura total de nuvens na região de floresta é um pouco menor. Esta diferença

ocorre à medida que verificamos limiares de temperatura de brilho mais frios.

A cobertura de nuvens altas, mostra diferenças durante todo o período. Na região

coberta por floresta notamos que apresenta uma porcentagem maior de área coberta por

nuvens altas durante a madrugada e início da manhã. Mas a partir da 1:30 (LST) (Figura

4.6 b) onde notamos que as curvas apresentam seu crescimento máximo, a cobertura de

nuvens altas na região de floresta diminui em relação à região de pastagem. À medida

que verificamos os limiares mais frios (210 K), mostrados na Figura 4.6 c, notamos que

esta diferença aumenta sensivelmente.

A região de floresta apesar de apresentar praticamente a mesma quantidade de cobertura

total de nuvens, a fração de 0 dBZ é significativamente maior que na região de

pastagem. Como conseqüência, a profundidade ótica das nuvens é maior na região de

floresta. Este fato é provavelmente devido a maior quantidade de umidade disponível na

floresta, facilitando a formação de nuvens mais espessas e com maior quantidade de

água líquida.

Considerando a maior profundidade ótica das nuvens na floresta é de se esperar que a

maior quantidade de radiação solar chegando à superfície seja na região de pastagem.

Logo, essa maior energia que chega a superfície nesta região deve aumentar a

temperatura da superfície e conseqüentemente o fluxo de calor latente (existe umidade

disponível na época chuvosa) e a energia potencial disponível. Dessa forma, a região de

pastagem desenvolve convecção profunda de forma mais intensa que a região de

floresta. Essa hipótese explica a maior fração convectiva/chuva forte e a menor fração

82

de chuva fraca na pastagem. Estudos mais detalhados devem ser realizados visando

verificar esta hipótese.

90

85

80

75

70

65

60

55Fra

ção

de c

ober

tura

de

nuve

ns (

K)

222018161412108642Hora Local

Abracos (284 K)

Rebio Jaru (284 K)

Fig. a

Fig. 4.6 – Ciclo diurno da fração de cobertura de nuvens nos sítios de medidas de

Abracos (pastagem) e Rebio Jaru (floresta): a) limiar de 284 K; b) limiar

de 235 K; c) limiar de 210 K.

25

20

15

10

5

Fra

ção

de c

ober

tura

de

nuve

ns (

K)

222018161412108642Hora Local

Abracos (235 K)

Rebio Jaru (235 K)

Fig. b

(continua)

83

(conclusão)

7.0

6.0

5.0

4.0

3.0

2.0

1.0

0.0

Fra

ção

de c

ober

tura

de

nuve

ns (

K)

222018161412108642Hora Local

Abracos (210 K) Rebio Jaru (210 K)

Fig. c

30.0

27.5

25.0

22.5

20.0

17.5

15.0

12.5

Ref

letiv

idad

e (d

BZ

)

222018161412108642Hora Local

Abracos (0 dBZ)

Rebio Jaru (0 dBZ)

Fig. a

Fig. 4.7 – Ciclo diurno da fração de chuva nos sítios de medidas de Abracos (pastagem)

e Rebio Jaru (floresta): a) limiar de 0 dBZ; b) limiar de 20 dBZ; c) limiar de

30 dBZ.

(continua)

84

(conclusão)

12.0

10.0

8.0

6.0

4.0

Ref

letiv

idad

e (d

BZ

)

222018161412108642Hora Local

Abracos (20 dBZ)

Rebio Jaru (20 dBZ)

Fig. b

4.0

3.5

3.0

2.5

2.0

1.5

1.0

0.5

Ref

letiv

idad

e (d

BZ

)

222018161412108642Hora Local

Abracos (30 dBZ)

Rebio Jaru (30 dBZ)

Fig. c

4.4 - Comportamento da Fração de Cobertura de Nuvens em Relação aos Regimes

de Leste e Oeste nos Sítos de Medidas

Este Capítulo tem como objetivo estudar a evolução diurna da fração de cobertura de

nuvens e relação aos de regimes de leste/oeste. Esta análise foi realizada dentro da área

de abrangência do radar TOGA, onde foram realizadas médias diárias totalizando 34

dias (dia 13 a 52 – dia Juliano). Como na Seção 4.1.1.1 a análise foi realizada somente

85

para quatro limiares de temperatura de brilho (284 K, 235 K, 210 K e 200 K) devido ao

fato destes limiares representarem cada tipo de cobertura de nuvens.

Utilizando a série diária tentaremos mostrar o comportamento da fração de cobertura de

nuvens relacionando com os períodos de leste e de oeste, definido por Rickenback et al

(2001) ao estudar o comportamento da convecção de mesoescala em Rondônia, região

do WETAMC/LBA, verificaram que estes períodos de alternância do vento de leste e de

oeste na baixa e média troposfera (mostrado na Tabela 4.1), estão diretamente

relacionados com mudanças na escala continental da circulação atmosférica sobre a

América do Sul. Durante o experimento WETAMC/LBA foram classificados três

períodos de oeste (W1, W2, W3) e de leste (E1, E2, E3). Os regimes de oeste são

caracterizados pela presença de uma camada profunda de ventos de oeste à superfície

até níveis superiores, quando pode ser verificada uma cobertura total de nuvens maior,

mas ao mesmo tempo, essa cobertura não é menos ativa convectivamente. Por outro

lado, os regimes de leste apresentam uma cobertura total de nuvens menor e a cobertura

covectiva mais ativa.

TABELA 4.1 – PERÍODO MARCADO POR REGIMES DE LESTE/OESTE

(RICKENBACH ET AL, 2001)

Regime de Leste Início Término

E1 11 de janeiro 13 de janeiro

E2 19 de janeiro 28 de janeiro

E3 8 de fevereiro/39 dia juliano 21 de fevereiro/52 dia juliano

Regime de Oeste Início Término

W1 14 de janeiro 18 de janeiro

W2 29 de janeiro 7 de fevereiro/38 dia juliano

W3 22 de fevereiro/53 dia juliano 1 de março/59 dia juliano

86

Os regimes de leste e oeste foram analisados nos sítios de medida de Abracos (Figura

4.8 a), Rebio Jaru (Figura 4.8 b), Rancho Grande (Figura 4.8 c) e Rolim de Moura

(Figura 4.8 d). Os regimes de oeste são caracterizados por máximos da cobertura total

de nuvens mais pronunciados do que nos eventos de leste, bem como os eventos de

oeste têm uma duração maior de dias do que nos eventos de leste. As Figuras abaixo

mostram que não existem diferenças significativas entre os regimes de leste/oeste nos

sítios de medidas. Nota-se que a cobertura convectiva é mais intensa durante os

episódios E2 e E3 em Rebio Jaru e Rolim de Moura, estes dois sítios estarem

localizados em regiões de diferentes coberturas vegetais. Mas por outro lado, durante os

episódios de oeste W2 e W3 a cobertura total é praticamente igual nos sítios de

Abracos, Rancho Grande e Rolim de Moura.

100

80

60

40

20

0Fra

ção

de c

ober

tura

de

nuve

ns -

284

K

5652484440363228242016128Dia/Juliano - Abracos

70

60

50

40

30

20

10

0

Fra

ção

de

cob

ertu

ra d

e n

uve

ns - 2

35

K, 2

10

K

E1W 1 E2

W 2

E3

W3 284 K

235 K

210 K

Fig. a

Fig. 4.8 – Média diária da fração de cobertura de nuvens, enfatizando os períodos de

regime de leste e oeste nos sítios de medidas: a) Abracos (pastagem); b)

Rolim de Moura (pastagem); c) Rancho Grande (pastagem); d) Rebio Jaru

(floresta).

(continua)

87

100

80

60

40

20

0Fra

ção

de c

ober

tura

de

nuve

ns -

284

K

5652484440363228242016128Dia/Juliano - Rancho Grande

100

80

60

40

20

0

Fra

ção

de

cob

ertu

ra d

e n

uve

ns - 2

35

K, 2

10

K

E1 W 1 E2 W 2

E3

W3 284 K 235 K 210 K

Fig. b

100

80

60

40

20

0Fra

ção

de c

ober

tura

de

nuve

ns -

284

K

5652484440363228242016128Dia/Juliano - Rolim de Moura

60

50

40

30

20

10

0

Fra

ção

de

cob

ertu

ra d

e n

uve

ns - 2

35

K, 2

10

K

E1 W 1 E2 W2E3

W3 284 K

235 K

210 K

Fig. c

(continua)

88

(conclusão)

100

80

60

40

20

0Fra

ção

de c

ober

tura

de

nuve

ns -

284

K

5652484440363228242016128Dia/Juliano - Rebio Jaru

80

60

40

20

0

Fra

ção

de

cob

ertu

ra d

e n

uve

ns - 2

35

K, 2

10

K

E1

W 1E2 W2

E3

W 3

284 K

235 K 210 K

Fig. d

4.4.1 - Análise da Correlação Existente Entre a Fração de Cobertura de Nuvens, e

a Fração de Chuva

Nesta Seção serão analisadas as relações existentes entre a fração de cobertura de

nuvens e fração de chuva para a área que compreende o experimento. Verificam-se

níveis de covariância muito significativos para todos os limiares de temperatura de

brilho e refletividade. Como mostra a Tabela 4.2, existe uma boa correlação entre todas

as variáveis.

Nota-se uma boa correlação entre os limiares frios e a alta refletividade, a melhor

correlação observada ocorre entre os limiares de 225 K (fração de nuvens) e 25 dBZ

(fração de chuva). Como mencionado no item anterior espera-se uma defasagem entre o

sinal obtido pelo radar e o satélite, logo, se uma defasagem fosse utilizada esses valores

seriam ainda mais altos.

A Tabela 4.3 mostra que a cobertura total é pouco relacionada com frações de chuva

convectiva e à medida que limiares mais frios são utilizados a correlação com a fração

de chuva aumenta. Este fato é observado até o limiar de 235 K. Observa-se que à

medida que limiares mais frios são utilizados a melhor correlação com a fração de

89

chuva passa a ser para frações com altos valores de dBZ (284 K → 20 dBZ, 235 K →

25 dBZ e 210 dBZ → 30 dBZ). Este fato mostra que a associação de limiares frios com

as nuvens associadas a convecção é acertada pois frações de alta refletividade

apresentam máxima correlação com limiares mais frios.

TABELA 4.2 – VALORES DE CORRELAÇÃO ENCONTRADOS PARA TODOS OS

LIMIARES DE FRAÇÃO DE COBERTURA DE NUVENS E FRAÇÃO DE CHUVA,

PARA UMA ÁREA DE 2,3º X 2,3º

Temperatura de brilho x Radar Coeficiente de correlação

284 K x 0dBZ 0,40

273 K x 5dBZ 0,52

265 K x 10dBZ 0,55

245 K x 15dBZ 0,66

235 K x 20dBZ 0,72

225 K x 25dBZ 0,77

210 K x 30dBZ 0,68

200 K x 35dBZ 0,44

TABELA 4.3 - VALORES DE CORRELAÇÃO ENTRE OS LIMIARES DE FRAÇÃO

DE COBERTURA DE NUVENS (284 K, 235 K E 210 K) E TODOS OS LIMIARES

DE FRAÇÃO DE CHUVA

LIMIARES 284 K 235 K 210 K

0 dBZ 0,40 0,65 0,44

5 dBZ 0,38 0,67 0,46

10 dBZ 0,36 0,68 0,49

15 dBZ 0,32 0,70 0,54

20 dBZ 0,27 0,72 0,59

(continua)

90

(conclusão)

25 dBZ 0,21 0,72 0,65

30 dBZ 0,14 0,69 0,68

35 dBZ 0,05 0,58 0,64

4.4.2 - Análise da Correlação Existente Entre a Fração de Cobertura de Nuvens,

Fração de Chuva e Precipitação para cada Sítio de Medidas (área 0.5º X 0.5º).

O teste de correlação foi realizado com o objetivo de quantificar a relação entre a fração

de cobertura de nuvens e a fração de chuva em diferentes escalas espaciais. Nesta Seção

foram realizados testes de correlação entre os sítios de medidas utilizando dados a cada

hora e os 8 limiares (temperatura de brilho/refletividade). A Tabela 4.4 mostra valores

da correlação existente entre Abracos, Rancho Grande, Rebio Jaru e Rolim de Moura

em cada limiar de temperatura de brilho. Através desta Tabela podemos notar o

comportamento dos diferentes tipos de cobertura de nuvens entre os sítios de medidas.

Como mencionado na Seção 4.3, os valores significativos de correlação são aqueles que

segundo o teste de probabilidade T-student apresentam um valor de r > 0.20.

Através dos valores apresentados na Tabela 4.4, podemos notar que todos os sítios de

medidas apresentam uma boa correlação da cobertura de nuvens entre si. Esta boa

correlação não acontece somente com os limiares 6 (235 K), 7 (210 K) e 8 (200 K) em

Rebio Jaru X Rancho Grande, e para o limiar 8 (200 K) em Rebio X Rancho Grande/

Rancho Grande X Rolim de Moura.

Logo, conclui-se que quando analisamos a fração de nuvens associadas à convecção

profunda notamos um comportamento diferenciado em Rebio Jaru e Rancho Grande em

relação aos demais sítios de medidas. Isto possivelmente se deve ao fato de que Rolim

de Moura encontra-se mais ao norte da região, não sofrendo tanta influência dos

sistemas de leste. Rebio Jaru é um sítio que está localizado em região de floresta, e os

demais sítios estão localizados em região de pastagem. Nota-se que a cobertura total é

91

altamente correlacionada espacialmente representando uma cobertura em meso/grande

escala. À medida que analisamos limiares mais frios notamos que esses passam a

descrever a cobertura conevctiva em menores escalas espaciais.

TABELA 4.4 – VALORES DE CORRELAÇÃO ENTRE OS SÍTIOS DE MEDIDAS,

TODOS OS LIMIARES DE TEMPERATURA DE BRILHO

Sítios de medidas 284 K 273 K 265 K 245 K 235 K 225 K 210 K 200 K

Abraços x R.grande 0,76 0,71 0,67 0,64 0,63 0,60 0,59 0,31

Abraços x R. Jaru 0,76 0,65 0,56 0,49 0,42 0,38 0,41 0,48

Abraços x R. Moura 0,71 0,63 0,57 0,53 0,46 0,38 0,36 0,32

R. Jaru x R.Grande 0,71 0,68 0,58 0,48 0,41 0,33 0,31 0,16

R. Jaru x R.Moura 0,56 0,49 0,40 0,31 0,22 0,18 0,15 0,12

R.Grande x R. Moura 0,57 0,47 0,35 0,29 0,27 0,27 0,23 0,01

4.5 – Relações Entre a Temperatura de Brilho, Refletividade e Precipitação

4.5.1 – Estudo da Variabilidade dos Estimadores de Precipitação

Nesta Seção iremos analisar as relações entre as variáveis estudadas. Para tanto foram

estabelecidas novas áreas de estudo, onde a grade utilizada tem a dimensão de 0.09º x

0.09º. Esta grade possibilita um estudo mais preciso do comportamento dos estimadores

de precipitação utilizados neste trabalho, como a temperatura de brilho e a refletividade.

A área de estudo consiste em quatro redes de trabalho compreendidas entre -10°5’e -12°

de latitude e -61° e 62°65’de longitude. Cada rede de trabalho possui uma quantidade

diferente de estações pluviométricas (como mostra a Tabela 3.1). Foram fixados quatro

“pixels” de radar e satélite que possuíam uma posição central em relação à grade de

0.09° x 0.09° utilizada (Tabelas 3.2 e 3.3). Para os dados de precipitação foram

92

eliminadas aquelas estações pluviométricas que não se encontravam dentro da área de

abrangência da grade.

Estabelecidos os “pixels” de radar e satélite e as estações pluviométricas utilizadas, fez-

se necessária a realização de testes estatísticos como o de correlação, a fim de estudar a

dispersão dos dados, para posterior utilização de média representativa de cada rede de

trabalho. A Figura 4.9 mostra a precipitação em mm/h medida em cada estação

pluviométrica em relação a média calculada em cada rede de trabalho. Cada símbolo

ilustrado em 4.9 a, 4.9 b, 4.9 c, 4.9 d representa medidas de precipitação em cada

estação pluviométrica. É possível verificar uma relativa dispersão das medidas,

principalmente na rede de trabalho 2. Este resultado mostra a grande variabilidade

espacial da precipitação quando medida por pluviômetros. Embora mostre uma clara

dispersão, os coeficientes de correlação são relativamente altos em torno de 0.85 e

portanto a média de cada rede de trabalho foi utilizada para descrever a precipitação

média da área. Estes coeficientes possibilitaram a ut ilização de valores médios que de

uma certa forma representarão as medidas de precipitação em cada rede de trabalho,

mostrados em 4.9. Avaliando a média em cada rede de trabalho verifica-se que à medida

que verificamos valores mais altos de precipitação (mm/h) os símbolos encontram-se

mais dispersos em relação ao valor médio, resultando no decréscimo dos coeficientes de

correlação. Este baixo coeficiente (em relação ao verificado entre as estações

pluviométricas) é devido a cada rede de trabalho encontrar-se separada espacialmente

mostrando uma variabilidade maior entre as medidas de precipitação obtidas entre as

redes de medidas, apesar dos coeficientes apresentarem valores mais baixos, as médias

são consideradas significativas segundo o teste de probabilidade T-student. Desse modo,

as medidas de precipitação em cada rede de trabalho apresentadas durante esta seção

serão todos valores médios. Nota-se nestas Figuras a existência de uma escala espacial

com alta variabilidade que não pode ser resolvida pelo satélite ou radar. Contudo, à

média das redes de trabalho apresentam uma descrição da quantidade de precipitação na

área.

93

40

30

20

10

0

Pre

cip

ita

ção

(m

m/h

) -r

ed

e d

e p

luvi

óg

rafo

s n

a N

etw

ork

1

302520151050Precipitação média na Network 1-(mm/h)

Network 1 r1=0.946

r2=0.962

r3=0.855

r4=0.855

r5=0.98

r7=0.979

r8=0.768

r9=0.959

r10=0.848

r6=0.981

Fig. a

Fig. 4.9 - Relação entre a precipitação (mm/h) registrada em cada estação

pluviométrica e a média da rede de trabalho (n em torno de 800): (a) rede

de trabalho 1 ; b) rede de trabalho 2; c) rede de trabalho 3; d) rede de

trabalho 4; e) relação entre a precipitação média das quatro redes de

trabalho e a média de cada rede de trabalho.

40

30

20

10

0

Pre

cip

ita

ção

(m

m/h

) -r

ed

e d

e p

luvi

óg

rafo

s n

a N

etw

ork

2

35302520151050Precipitação média na Network 2-(mm/h)

Network 2

r1=0.818

r2=0.837

r3=0.873

r4=0.935

r5=0.881

r6=0.882

r7=0.926

r8=0.902

r9=0.868

r10=0.875

r11=0.869

Fig. b

(continua)

94

40

30

20

10

0

Pre

cip

ita

ção

(m

m/h

) -r

ed

e d

e p

luvi

óg

rafo

s n

a N

etw

ork

2

20.017.515.012.510.07.55.02.50.0Precipitação média na Network 3-(mm/h)

Network 3 r1=0.942

r2=0.937

r3=0.963

r4=0.919

Fig. c

40

30

20

10

0

Pre

cip

ita

ção

(m

m/h

) -r

ed

e d

e p

luvi

óg

rafo

s n

a N

etw

ork

4

242220181614121086420Precipitação média na Network 4-(mm/h)

Network 4

r1=0.955

r2=0.909

r3=0.937

r4=0.869

r5=0.981

Fig. d

(continua)

95

(conclusão)

35

30

25

20

15

10

5

0Pre

cip

ita

ção

(m

m/h

) -

Ne

two

rks

1,2

,3,4

12.510.07.55.02.50.0Precipitação (mm/h) - Média entre as Networks

Network 1 - r=0.71

Network 2 - r=0.73

Network 3 - r=0.47

Network 4 - r=0.52

Fig. e

Diferentemente dos dados de precipitação mostrados anteriormente com um número

expressivo de estações pluviométricas em cada rede de trabalho (grade 0.09° x 0.09°),

os dados de temperatura de brilho e refletividade apresentavam um número limitado de

“pixels” contidos na área de cada rede de trabalho. A Tabela 3.3 mostra a latitude e a

longitude dos “pixels” de radar utilizados nesta seção e a rede de trabalho aos quais eles

pertencem. As Figuras 4.10 a, 4.10 b, 4.10 c, 4.10 d mostram as medidas efetuadas pelo

radar TOGA (CAPPI - 2 km) durante o período estudado dentro da área de cada rede de

trabalho. A partir das medidas desses “pixels” foi calculado um valor médio, que

posteriormente foi correlacionado com as medidas de cada “pixel”. Nota-se também que

a rede de trabalho 2 é aquela com a maior dispersão como foi observado pelas medidas

pluviométricas. Esse fato será discutido posteriormente.

Existe um padrão de variabilidade entre todos os “pixels” em sua respectiva rede de

trabalho. Este padrão vem de uma alta concentração de valores de refletividade até 20

dBZ próximos a curva de ajuste, onde ocorre uma pequena dispersão dos pontos.

96

Observa-se uma menor dispersão dos valores em torno da média com relação a aquela

observada pela rede pluviométrica.

Os dados CAPPI – 2 km são mais suavizados tendo em vista do próprio processo de

construção do CAPPI. Além disso, a medida do radar é realizada em uma área de

amostragem muito superior a área de captação do pluviômetro. Apesar de ocorrer essa

dispersão o coeficiente de correlação é muito significativo, alçando valores da ordem de

0.9, o que demonstra que estes dados de refletividade poderão ser representados pelos

valores médios de rede de trabalho. A Figura 4.10 representa a média das medidas de

refletividade em cada rede de trabalho relacionadas com a média das quatro redes. É

possível notar que existe uma dispersão maior entre as redes de trabalho que

internamente.

40

30

20

10

0

Re

fle

tivi

da

de

(d

BZ

) -p

ixe

ls 1

,2,3

,4-N

etw

ork

3

302520151050Refletividade média (dBZ) - Network 3

r1=0.945 r2=0.953

r3=0.962 r4=0.949

Fig. a

Fig 4.10 - Refletividade (dBZ) medida pelo radar TOGA (CAPPI 2 km), localizados

dentro de cada rede de trabalho e a refletividade média da rede de trabalho (n

em torno de 900): a)rede de trabalho 1; b) rede de trabalho 2; c) rede de

trabalho 3; d) rede de trabalho 4; e) Relação entre a refletividade média das

quatro redes de trabalho e a média de cada rede de trabalho.

97

40

30

20

10

0

Re

fle

tivi

da

de

(d

BZ

) -p

ixe

ls 1

,2,3

,4-N

etw

ork

1

35302520151050Refletividade média (dBZ) - Network 1

r1=0.955 r2=0.958

r3=0.957 r4=0.958

Fig. b

40

30

20

10

0

Re

fle

tivi

da

de

(d

BZ

) -p

ixe

ls 1

,2,3

,4-N

etw

ork

2

302520151050Refletividade média (dBZ) - Network 2

r1=0.939

r2=0.936

r3=0.919

r4=0.702

Fig. c

(continua)

98

(conclusão)

40

30

20

10

0

Re

fle

tivi

da

de

(d

BZ

) -p

ixe

ls 1

,2,3

,4-N

etw

ork

4

35302520151050Refletividade média (dBZ) - Network 4

r1=0.958 r2=0.951

r3=0.954 r4=0.961

Fig. d

35

30

25

20

15

10

5

0Ref

letiv

idad

e (d

BZ

) -

Net

wor

k 1,

2,3,

4

242220181614121086420Refletividade (dBZ) média entre a Networks

r=0.75 r=0.81

r=0.78 r=0.72

Fig. e

A mesma análise realizada para a refletividade do radar foi realizada para a temperatura

de brilho (Tir) (veja Figura 4.11 a, 4.11 b, 4.11 c, 4.11 d). É possível verificar que existe

pouca variabilidade da Tir entre os quatros “pixels” pertencentes a região de cada rede

de trabalho. Essa baixa variabilidade (Tir) pode ser explicada pelo fato dos “pixels”

encontrarem-se em uma área limitada espacialmente, não existindo diferenças muito

99

expressivas de temperatura de brilho entre os “pixels” vizinhos. Os coeficientes de

correlação de cada “pixel” em relação à média da rede de trabalho mostram valores

muito significativos superiores a 0.98. A temperatura de brilho apresentou os valores

mais elevados de correlação apresentados neste estudo. Mostrando que espacialmente a

medida do satélite é mais homogênea. Logo, foram utilizados igualmente como as

demais variáveis apresentadas anteriormente, um valor médio para cada rede de

trabalho.

A variabilidade espacial da Tir é normalmente utilizada para separar as partes

convectivas e estratiformes das nuvens. Por tanto são analisados variáveis como Sigma

(definida na Equação 3.1). Alder e Negri (1988) no método CST usa esta informação

para associar taxas de precipitação convectiva e estratiforme. Contudo, observamos que

este sinal é muito fraco, a correlação de 0,98 mostra que, neste caso, a variável Sigma

irá incorporar essas informações.

A Figura 4.11 e mostra a variabilidade entre a média de cada rede de trabalho em

relação à média entre as quatro. Existe uma variabilidade menor entre a temperatura de

brilho média em cada área estudada em relação ao valor médio da área total,

reafirmando que espacialmente a temperatura de brilho não apresenta grandes variações.

O estudo a ser mostrado posteriormente nesta seção irá considerar um valor médio que

representa o comportamento de cada rede de trabalho. Esses resultados mostram as

diferentes escalas espaciais envolvidas nas medidas dos pluviômetros, radar e satélite.

100

300

280

260

240

220

Te

me

pra

tura

de

bri

lho

(K

) -p

ixe

ls 1

,2,3

,4-N

etw

ork

2

300290280270260250240230220210Temperatura de brilho média (K) - Network 2

r1=0.988

r2=0.993

r3=0.983

r4=0.996

Fig. a

Fig. 4.11 - Temperatura de brilho medida pelo satélite GOES-8, localizados dentro de

cada rede de trabalho e a Tir média entre os quatros “pixels” (n em torno de

900); (a) rede de trabalho 1; b) rede de trabalho 2; c) rede de trabalho 3; d)

rede de trabalho 4; e) relação entre a temperatura de brilho média das quatro

redes de trabalho e a média de cada rede de trabalho.

300

280

260

240

220

200Te

me

pra

tura

de

bri

lho

(K

) -p

ixe

ls 1

,2,3

,4-N

etw

ork

1

300290280270260250240230220210200Temperatura de brilho média (K) - Network 1

r1=0.993

r2=0.992

r3=0.993

r4=0.993

Fig. b

(continua)

101

300

280

260

240

220

200Te

me

pra

tura

de

bri

lho

(K

) -p

ixe

ls 1

,2,3

,4-N

etw

ork

3

300290280270260250240230220210200Temperatura de brilho média (K) - Network 3

r1=0.994

r2=0.994

r3=0.993

r4=0.993

Fig. c

300

275

250

225

200

Te

me

pra

tura

de

bri

lho

(K

) -p

ixe

ls 1

,2,3

,4-N

etw

ork

4

290280270260250240230220210200Temperatura de brilho média (K) - Network 4

r1=0.994 r2=0.992

r3=0.991 r4=0.993

Fig. d

(continua)

102

(conclusão)

300

280

260

240

220

200

Tem

pera

tura

de

brilh

o m

édia

- N

etw

ork

1,2,

3,4

300290280270260250240230220210Temperatura de brilho média entre as Networks

r=0.86

r=0.94

r=0.92

r=0.86

Fig. e

4.5.2 - Relação Entre os Estimadores de Precipitação e o Comportamento em

Relação aos Regimes de Leste e Oeste em Cada Rede de Trabalho

4.5.2.1 - Temperatura de Brilho e Refletividade

Neste item será enfocado o grau de relação existente entre os estimadores de

precipitação utilizados neste trabalho. O conjunto de dados foi reduzido, sendo utilizado

o conjunto partir do dia 14 de janeiro de 1999. Esta redução no conjunto é resultado de

problemas nas imagens em determinados horários, dificultando a precisão das

estimativas realizadas posteriormente.

As Figuras 4.12 (a,b,c,d) mostram a relação entre a temperatura de brilho média a cada

hora e a refletividade média a cada hora em cada rede de trabalho. Nesta Figura é

possível verificar uma certa relação entre a Tir e a refletividade (CAPPI - 2 km). Esta

Figura mostra ainda a distribuição dos eventos em que foram caracterizados pelos

Regimes de Leste e Oeste, sendo representados pelos algarismos 1 (regime de leste) e 2

(regime de oeste) e as curvas médias de ajuste para o conjunto de dados e para cada um

dos regimes apresentados.

103

A rede de trabalho número 1 (Figura 4.12 a) é marcada por uma grande concentração de

eventos basicamente convectivos (altos valores de refletividade e baixos valores de

temperatura de brilho). Mas ao mesmo tempo nota-se a presença de eventos com baixa

temperatura de brilho (nuvens associadas a convecção profunda) e refletividade

inferiores a 10 dBZ (precipitação moderada a fraca), acontecendo em ambos os eventos

de leste e oeste, provavelmente associados a nuvens cirrus. Devido a grande dispersão

dos dados, estes foram devidamente ajustados através de uma curva média (curva em

preto). As demais curvas médias mostradas na Figura são referentes aos eventos de

regime de leste e oeste. Pode ser verificado que a curva média mostra uma tendência de

aumento de Tir com a reflectância associada a uma grande dispersão. Contudo, verifica-

se que a curva média é bastante similar às curvas médias dos regimes de leste e oeste.

É possível verificar a existência de aglomerados de eventos de oeste e leste em quase

todos os intervalos de temperatura de brilho. Contudo, nota-se uma população maior no

caso de eventos de oeste, onde a alta refletividade é associada a baixa temperatura de

brilho. Quando são verificadas temperaturas de brilho elevadas (acima de 245 K) é

possível notar a alta concentração de eventos em ambos regimes com baixa ou nula

refletividade. Neste intervalo a refletividade é praticamente constante não variando com

a Tir. Esse fato mostra que uma relação média entre a temperatura de brilho e a

refletividade ocorre de forma acentuada somente para limiares mais frios do que 245 K.

Apesar das significativas diferenças entre os dois regimes (veja Machado et al, 2001 e

Laurent et al, 2001) a inter-relação entre temperatura de brilho e refletividade é

praticamente a mesma.

Na rede de trabalho 2 (Figura 4.12 b) existe uma menor dispersão dos dados (ambos

eventos) em relação a curva média, pois os dados estão mais concentrados e próximos a

esta. Existe uma grande quantidade de eventos de leste e oeste em que a refletividade é

nula em todos os intervalos de temperatura de brilho. Pode-se notar uma diferença

maior entre as curvas médias dos eventos de regime de leste e oeste, do que aquela

mostrada na rede de trabalho 1, e ao mesmo tempo verificou-se a existência de

104

aglomerados eventos de oeste, porém menos intensos. Nota-se que ambos os eventos de

leste/oeste apresentam uma configuração bem organizada.

As curvas, bem como o comportamento nas redes de trabalho 3 e 4 são semelhantes. A

inexistência de eventos em todo o conjunto de dados com temperatura de brilho no

intervalo de 200 K e 210 K acontece em ambas as redes de trabalho. A atividade

convectiva nessas duas áreas também apresentam uma grande dispersão. As curvas

médias das duas áreas apresentam um ajuste aos dados associados a uma alta dispersão.

A área representada pela Figura 4.12 d apresenta valores superiores, fazendo com que a

curva seja mais suavizada ao contrário da 4.12 c, que diminui bruscamente a partir de

215 K. A presença de vários eventos de oeste e principalmente eventos de leste com alta

temperatura de brilho e alta refletividade pode ser observada em todas as redes de

trabalho. Esses casos de nuvens com topos relativamente baixos associados a

precipitação moderada em 2 km são provavelmente devido a nuvens estratiformes.

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Network 1 1-Regime de leste 2-Regime de oeste

Curva média

Curva média (leste)

Curva mëdia (oeste)

Fig. a

Fig. 4.12 - Refletividade em função da temperatura de brilho e a distribuição dos

regimes de leste (1) e oeste (2), e suas respectivas curvas médias: a) Rede

de trabalho 1; b) Rede de trabalho 2; c) Rede de trabalho 3; d) Rede de

trabalho 4.

(continua)

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dB

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Network 2 1-Regime de leste 2-Regime de oeste

Curva média

Curva média (leste)

Curva média (oeste)

Fig. b

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Re

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a c

ad

a

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ra (

dB

Z)

300290280270260250240230220210200Temperatura de brilho a cada hora (K)

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2

Network 3 1-Regime de leste 2-Regime de oeste

Curva média

Curva média (leste)

Curva média (oeste)

Fig. c

(continua)

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ra (

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300290280270260250240230220210200Temperatura de brilho a cada hora (K)

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2

Network 4

1-Regime de leste 2-Regime de oeste

Curva média

Curva média (leste)

Curva média (oeste)

Fig. d

4.5.2.2 - Temperatura de Brilho e Precipitação

Neste item foram relacionadas a temperatura de brilho e a precipitação. Com o objetivo

de verificar se os estimadores estudados são eficazes na descrição da precipitação

medida por pluviômetros nesta escala espacial e temporal. As Figuras 4.13 a, 4.13 b,

4.13 c, 4.13 d mostram a relação existente entre a precipitação observada em cada rede

de trabalho e as respectivas temperaturas de brilho média medida pelo satélite nesta

região. Nessas Figuras são mostradas, como no item anterior, os eventos de leste e oeste

nas quatro redes de trabalho.

Em 4.13 a, 4.13 b,4.13 c,4.13 d é possível verificar algumas conclusões apresentadas

nas seções anteriores, sendo estes resultados apresentados para uma área maior em

relação a que está sendo estudada no momento. Estes mostram que os eventos de

regimes de leste tem uma duração de dias menor, mas, por outro lado, são mais intensos

do que os eventos de oeste verificados. Isto pode ser comprovado através das Figuras

abaixo.

Em 4.13 a, a partir de Tir 245 K foi verificada uma grande ocorrência de eventos de

oeste que geraram precipitação fraca ou estratiforme e ao mesmo tempo ausência de

107

eventos de leste. Na rede de trabalho 2 é possível verificar que os eventos de leste

(representados pelo algarismo 1) continuam associados a valores altos de precipitação

(mm/h) e a baixas temperaturas de brilho (Tir < 240 K), mas estes eventos não são tão

intensos com relação a quantidade de chuva (mm/h), como na rede de trabalho 1. Por

outro lado, os eventos de oeste, que geralmente são associados a uma precipitação mais

fraca, apresentam eventos em que a precipitação média a cada hora alcança valores em

torno de 10 mm/h.

A rede de trabalho 3 (Figura 4.13 c) é marcada por uma ocorrência menor de eventos

em que tenham sido verificados registros de alta precipitação. As curvas médias que

representam o conjunto total de dados e os regimes de leste/oeste mostram que a grande

quantidade de eventos aos quais, a precipitação é praticamente nula fazem com que

estas curvas sejam atenuadas de forma que representem valores médios muito baixos. O

mesmo acontece com os eventos que representam a rede de trabalho 4.

Na rede de trabalho (número 4) foram encontrados os menores registros de chuva

durante o período. Na rede de trabalho 3 e 4 nota-se que desaparecem a presença de

eventos (leste/oeste) onde a temperatura de brilho encontra-se entre 200 K e 210 K. Se a

relação refletividade versus Tir varia relativamente em acordo (menor temperatura de

brilho/maior refletividade) somente a partir de 245 K para a relação precipitação versus

temperatura de brilho, esse fato ocorre somente para valores inferiores a 235 K.

Verifica-se também uma grande dispersão em torno da média, deixando claro que

muitas vezes, na escala de medida do pluviômetro, temperaturas de brilho frias (< 235

K) podem estar ou não relacionadas com a alta precipitação. Arkin e Meisner (1987)

observaram uma forte relação entre a precipitação convectiva tropical e frações de

cobertura de nuvens com limiares inferiores a 235 K sobre os Oceanos e em uma área

várias vezes maior que a utilizada neste estudo. Esse fato mostra a dificuldade de se

relacionar as duas medidas sobre o cont inente e em uma pequena área. Fica claro que a

variabilidade da precipitação dentro da própria rede de trabalho impossibilita gerar uma

108

relação direta. Nota-se nesta escala a existência de diferentes tipos de nuvens com a

mesma temperatura de brilho.

25

20

15

10

5

0

Pre

cipi

taçã

o (

mm

/h)

300290280270260250240230220210200Temperatura de brilho a cada hora (K)

22 2 2 22222222

2 2

2

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2

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1

1 11 1 111 11111 1 1 11111111111

1

1 1 1 1 1 11 1 1 1111 1 1 11 111111111 111 1111111 11 111 111111 1111111 111 11 11 1 11111 11 1

1

1

11 11111 1 111 1 1 11 1111 1111

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2

22 2222 222 2 222 2 2 2 222 222 22 22

22 22 22222 2 2222 2 22 222 2 222 2222222 222 2222 2 222 22

2 22 2222 22 2 2222 2 2 2 222 2 2 222222

2

22 22 222 222 2 22 2222222222 222 2 222222222 222 22222222 222 22 2 22 2222

2

2 2 2222 22

2

22 22 222 2 2 2211 1

111111 1 111 111 1 1111111 11 1 11111 11111 1 11 1 11 111 1 11111 1 1 1111 11111 1 11 1111111 1111 11 111 11 111 11 1 111 11111 1111111 11

111 1 1 1111111 1 1 11 1111111

1 111 1 111 111 111 111 1 111 1 111 1 111 1111

1

1

1

111 111 1 1 111111 1 1 11 1 11 111 1 1 11 111 1 1111

1

1 1 1 11 11111 11 11 1 11 1111

1

1 1 1111 1 1 111

1

11

1 1 1111 111111 1111 1111 1 1 11111111 11 1

11

1 1 1 1 11111 111111 1 11111 11111 1 11 11111 11 111 1 11 11111 1

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2

2 222 2 222 22222222222 2 2 2 2 22 22222222 2 2 222 22

2 2 22

2 22

2 2 2 2 2 22 2

22

2 2 22222222 2

2

2

2 2 2 2 2222 2222 22222222 2 22 2 222

2

2 2222 2

Network 1 1-Regime de leste 2-Regime de oeste

Curva média

Curva média (leste)

Curva média (oeste)

Fig. a

Fig. 4.13 - Precipitação em função da temperatura de brilho verificada e distribuição dos

regimes de leste (1) e oeste (2) e suas respectivas curvas médias: a) rede de

trabalho 1; b) rede de trabalho 2; c) rede de trabalho 3; d) rede de trabalho 4.

(continua)

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20

15

10

5

0

Pre

cipi

taçã

o (

mm

/h)

300290280270260250240230220210Temperatura de brilho a cada hora (K)

22 2 22 22 2

22

2

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22

2 22 22 222 2 222 2 222 2 2 2 2222222 2 222 22222 2 222222 222 2222 222222 222222 22 22 2222222 2222222 2 2 222222222 1 1111 1 1 1 111 11 1111111 1 11 1 1 1111 1 11 11 11

1

1 1 1 1 11111 1 111 1 11111111 111 111 1 1 1111111

1

11 1 111 1 1111 1 1 1 11111111 1 1

11

1 11111 111 111 1 1 11 111111111 1 1111111 111 11111 1 1 111 1 111111 1 11 1 1 1 111 11111 1 111

1

11 11111 1 11 11 111 1111 11111

1 1111111111111111 1 111111 111 1 11 22 22 2 222222 22 22 2222222 2 2 222 22 2 2 222 2 22

22 22 2222 22222222 22222

2

2 2 22222222 2 2 22 2 2 22 2222 2 2 22222 2 2 2 222 2 2 2222 2 2 222 2 2 222 2 2222 222 222 2222

2

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2222222 222 2 2 22 2 22222 22222222 2 22 222

2

222 22222222 2222222 2 2 2 22 222222 2 22222

2

2

2

2 2 22 22 2 2 221 1 1 11 11111 1 1 11 111 1111111 11 1 111 1111111 1 11 1 1111 11 11111 1 11111 111 1 11 1 11 11111 1 1111 1 1 11

1

1 1 1111 11 1 1 11 11 11 1 1111 11 111 11 1 1 1111 11111 1 1111111

1

1 1 111 111 11 1 111 1 111 11 11 1 11

1

11 11 111

11

11

1 11 11 1 1 1 11111

1

1 1 11 111 111 11 1111 1 1 111111 1 11 1 1 11 1 11 11 1 11 111 111

1

1 111 11 1 11111 111111 11 1 1 1 1 1111 1111 1 1 1111111 111 1111 1 1 1111 11111 111111111111111

1

1 1 1 1111 1111111 11111 11 1 1111 111 1 222 2 222 2 222 2 222 222 2222222222 2 2 22 22 2 222

222 2 2 2 2 222 222 2 222222 22 22 2 2222 22222 22 2 2 2222

22 2

222 2 2 2 2 2 222 2 222

2 22

222222

22

2 2 2 2

2

2 2 2 2 2222 2 222222 2 2222 2 2

222

22 222

Network 2 1-Regime de leste 2-Regime de oeste

Curva média

Curva média (leste)

Curva média (oeste)

Fig. b

109

(conclusão)

25

20

15

10

5

0

Pre

cipi

taçã

o (

mm

/h)

300290280270260250240230220210200Temperatura de brilho a cada hora (K)

222 2 2 2 2 2222 2222 2 22 222 22 2 222 222 2 2 2 2 222 222 2 222 2 2222 2 2 2 2 2 2222 22 222 22 222 22 2222222 2222 2222 22 2222222 2 2 22222222 2 111 1 11 111 1111 1 111111 1 111 111111 11 1 111111 1 1 111 111 111 1 1111 1111 1 111 1 11 1 111111111 1 111 1 1 111111 1 1 11111 111 1 111 11111 111 1 11 1 11 1 11111 1 11 1 11111 111 11111 1 1 1 1 111 1 1 1111111 11 11 1 1 111 1 111 11111 1 1 1 11111 11 1 11 1 1111 11 111 1 1111111 1111111111 1 1 11111111 11 1 22 2 22 2 2222 2 22 222222 2 2222 2 222 2 2 2 2222 222 2222222 222 222222222 2 2

22 2 2 22 222 22 2 2 2 22 2 222 22 22 2 22222 2 2 2222 2 2 22222 2222 2 222 2 22 2222222222222

2

2

2 2 2 2 2 22 222222 2222 2 22 2 22 2222 22

2

2 22 222 222 2 2 2 22 2 2222 2 22222222 2 2 22222222 222222222

2

2 2222 2 2 222222 2 22

222222

22

22 22 22 2 22211

11 1 1111 1 1 11 1111 1111111 111 111 1111 11111 1 1111 1 1 1111 111 111 11 1 111 11111 1111 1111 111 1 1 1

11 1 1 1111 11 1 111 111 1 1111111 11 11 1 11 11 111111 1 111111

111 1 111 111 11 1 111 1 1 11 11 11 1111

1 111 1111

1

1

1

11 1 1 11 11 1111

1

1

1 1 1 1 111111 1 11 11 11 1 111111 1 111 1111 11111 1 1 111

1

11

1 1 1111 1 11111

1

11 1 111 1 111 1 111111 111 11111 1111 1 1 1 111111 1 11 1 1 1111111111111111

1

1

1 1 11 1 11111 1 111 1 1 111111 1 11 11 11111 22 2 2222 2 222 2 2 22 2222222222222 2 2 2 222 2 222222 2 2 2 2 22222

222 22 2222 2 222 2 222 22222 22 2 222 2 222 22

22 2 22 2 22 22 2 2 222 2 2 2222

222 22 2 2

2

2

22 2 2 2 2222 2 22222 2 2222 2222

2

222 22

Network 3 1-Regime de leste 2-Regime de oeste

Curva média

Curva média (leste) Curva média (oeste)

Fig. c

25

20

15

10

5

0

Pre

cipi

taçã

o (

mm

/h)

280260240220200Temperatura de brilho a cada hora (K)

22 22 22 222 22 22222 2 2 2 22222 2 2 2 2 22 2 22 222

2 22

2 2 222 2222

22 2 2 22222 2 2 222 222 222 22 2222222 222

22 22222 222 2222 2 2 222222222 111 1111 1 111 111 1111111 1

1

1

1 1 1 1 11 11 1 1 11

1

11 1 1 1 111 11 1 11111111111 1 111 1 11 11111111 11

11

11 1 1 1 1111 1 1 111111111 11 1 1 1 1111

11 1 1 1 111 1 11111111 111 11111111 1

1

11 1 1 11 1 111 1 1 11111111 111 1 1 111 1 1111 111 1 1 1111 11 11 1 1 1 11 11 11 111 1 1 1 111111111111111 1 1 1

1

1

1 11111111 2 22 2 22 2222 2 222 2222

2

22 2 2222 22 2 2 2222 222 2 2 222222 2222 2222 2222 22

22 2 2 2 2222 2 2 2 2 22 2 2 22 222 2 222

2 22

2 222 222 2 2 2222 2 2 22 2222

2 2 2 2222222222 22222 2

22 2 2 2 2

22 2222222222 222 2 222 22

2

2

2 2 22 222 2 22 22 2 22 2 2222222222222 22 2222222222222222

222222 2 2 2 22222 22 2 2222222

2

2 2 2 22 222 2221 1 1 1 1 11111 111 1 1 11 1 1111111 11 11 11111

1

1 1111 1 111 1111 11 111 1 11 11 111 1 1111 11 1 111 1 1 1 111 1 1111 1 1 1111 111 1 111 11111 11111 11111 11 1111 1 111 1 111111111 111 1

1

111 1 1111 1 11 1 1 11 1 1

1

111 1 11111111 1 1 1 11 111 1 1 111111 1 1 11 111 111 11 111

1

1 1 11111 1 11 1111 1 1111 11 11111

1

1

1 1 11111 11111

1

111

1 1 1 1 1 11 1111111111111 11111 11 1 1 11

1

111 1 11 11 1111111111111111111

1 11 1 1 1111 1 111111 1 111

1 1 1 111 11111 2 22 222 22 222 222 22 2222222222222 222 222 2222 222 2 2 2 22222

2

2 22 22222 22 222

2

22 22222 22 2 2 2 22 2222

2 2 22 22222 2 22 2 222 22

22

22 2 22 2 22 22

2

2 22 2 2 2 2222222 222 22 22 2 2 22222 2 22

Network 4 1-Regime de leste 2-Regime de oeste

Curva média

Curva média (leste)

Curva média (oeste)

Fig. d

110

As curvas médias da refletividade e precipitação nas quatro redes de trabalho podem ser

vistas claramente nas Figuras 4.15 e 4.16 respectivamente. Estas Figuras permitem

observar que a curva média apresentada para cada rede de trabalho tanto para a

refletividade como para a precipitação são bastante similares. As diferenças existentes

entre os eventos ocorridos em cada rede de trabalho estão associados a diferentes

concentrações de pontos em diferentes partes da Figura, contudo, a relação da

precipitação com Tir e Tir com refletividade se mantém. A diferença nas intensidades

dos eventos convectivos nas redes de trabalho pode estar associada ao relevo (uma das

forçantes da atividade covectiva). As diferenças de alturas na superfície associadas ao

aquecimento radiativo induzem pequenas circulações locais, que de certa forma

alimentam e fazem a manutenção da atividade convectiva. A Figura 4.14 mostra o

relevo e a posição de cada rede de trabalho. Notamos que a rede 1 fica em uma região

baixa e homogênia, já as redes 3 e 4 se localizam em regiões planas de 200 a 300 m. A

rede 2 se localiza em uma região com forte gradiente de altura, o que pode explicar o

diferente comportamento encontrado.

111

Fig. 4.14 - Mapa do relevo da região das redes de trabalho, onde as redes de trabalho são

representadas pelos quadrados vermelhos.

112

20.0

17.5

15.0

12.5

10.0

7.5

5.0

2.5

Ref

letiv

idad

e (d

BZ

) -

Esc

ala

de t

empo

de

1 ho

ra

280270260250240230220210Temepartura de brilho (K) - Escala de tempo de 1 hora

Curva média - Network 1

Curva média - Network 2

Curva média - Network 3 Curva média - Network 4

Curva média das Networks

Fig. 4.15 - Curvas médias de refletividade

para cada rede de trabalho e a

curva média das quatro redes

de trabalho.

6.0

5.0

4.0

3.0

2.0

1.0

0.0

Pre

cip

ita

ção

(m

m/h

)

280270260250240230220210Temperatura de brilho (K)-escla tempo de 1 hora

Curva média - Network 1

Curva média - Network 2

Curva média - Network 3

Curva média - Network 4 Curva média das Networks

Fig. 4.16 - Curvas médias de refletividade

para cada rede de trabalho e a

curva média das quatro redes de

trabalho.

4.5.2.3 – Comportamento da Curva Z-R em Relação aos Dados de cada Rede de

Trabalho

As Figuras 4.17 a, 4.17 b, 4.17 c, 4.17 d mostram a precipitação em função da

refletividade em cada rede de trabalho sobreposta a curva Z-R. As Figuras abaixo

mostram que existe uma relação entre estas duas variáveis, confirmada através dos

valores elevados de precipitação relacionados igualmente a refletividade (dBZ) elevada.

Os resultados mostram que a curva Z-R descreve uma característica geral da relação

precipitação e refletividade, principalmente nas redes de trabalho 1 e 2 (Figura 4.17 a,

4.17 b), apesar de encontrar pontos que mostram valores elevados de precipitação

associada a baixos valores de refletividade (associada à precipitação fraca a moderada-

Figura 4.17 a). Existe uma grande dificuldade de ajuste da curva Z-R para valores de

refletividades superiores a 30 dBZ nas quatro redes de trabalho. Nota-se uma grande

dispersão dos valores em torno da curva ajustada. Esse fato é devido a escala da medida

do pluviômetro estar associada a grande variabilidade espacial e aos diferentes tipos de

precipitação com diferentes distribuições de tamanho de gotas de chuva. Nota-se que os

113

ajustes para cada área de trabalho são relativamente similares estando os coeficientes A

em torno de 12,77 a 15,54 e B de 2,63 a 2,85.

25

20

15

10

5

0

Pre

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taçã

o (m

m/h

)

35302520151050Refletividade (dBZ)

Network 1

Curva Z-R

P=(Z/13.44)2.70

Fig. a

Fig. 4.17 - Precipitação em função da refletividade, superposta a curva Z-R a) rede de

trabalho 1; b) rede de trabalho 2; c) rede de trabalho 3; d) rede de

trabalho 4.

25

20

15

10

5

0

Pre

cipi

taçã

o (m

m/h

)

302520151050Refletividade (dBZ)

Network 2 Curva Z-R

P=(Z/12.37)2.63

Fig. b

(continua)

114

(conclusão)

25

20

15

10

5

0

Pre

cipi

taçã

o (m

m/h

)

302826242220181614121086420Refletividade (dBZ)

Network 3

Curva Z_R

P=(Z/15.54)2.77

Fig. c

25

20

15

10

5

0

Pre

cipi

taçã

o (m

m/h

)

35302520151050Refletividade (dBZ)

Network 4

Curva Z-R

P=(Z/14.68)2.85

Fig. d

4.5.2.4 Estimadores Integrados a cada 3, 6 e 24 horas

Neste item será realizada a mesma análise mostrada nas seções 4.5.2 e 4.5.3. Nesta os

dados serão integrados em função do tempo em intervalos de 3, 6, e 24 horas. A

integração dos dados permite reconhecer em que intervalo de tempo os estimadores de

precipitação utilizados neste trabalho são mais eficientes e estão melhor relacionados.

115

Considerando a dificuldade (dispersão) na estimativa de precipitação via satélite, nesta

escala espacial e temporal, pretende-se verificar esses ajustes em diferentes escalas

temporais, pois à medida que os dados são integrados no tempo a estimativa mostra uma

confiabilidade maior.

As Figuras 4.18 a, 4.18 b, 4.19 a, 4.19 b, 4.20 a,4.20 b mostram as variáveis utilizadas

neste estudo integradas a cada 3, 6, 24 horas. Foram realizadas médias entre as 4 redes

de trabalho, pois de acordo com as Figuras 4.15 e 4.17 as curvas médias não

apresentavam diferenças significativas em seu comportamento, utilizando um valor

médio que representa as quatro redes de trabalho. À medida que as variáveis são

integradas no tempo nota-se que a população de eventos fortemente convectivos com

baixa temperatura de brilho é reduzida. A integração dos dados no tempo faz com que

diminua a dispersão em relação à curva de ajuste média.

Na Figura 4.18 a, 4.18 b as variáveis foram integradas no intervalo de tempo de 3 horas.

Variáveis como a refletividade e precipitação mostram que parte de sua variabilidade foi

atenuada pela integração no tempo e que os eventos leste/oeste ficam mais agrupados.

Essa diminuição do espalhamento em relação à curva média com o aumento da escala

temporal foi verificada igualmente em Richards e Arkin (1981). É possível verificar que

no intervalo de temperatura de brilho entre 225 K e 235 K as curvas médias que

representam cada um dos eventos (leste/oeste) são praticamente iguais (Figura 4.18 a).

A partir deste interva lo de temperatura de brilho observa-se a predominância de eventos

de oeste dentro do grupo de eventos significativos em relação à refletividade e à

temperatura de brilho. Isso é comprovado pela curva média que representa os sistemas

de oeste. Mas, ao mesmo tempo, na Figura 4.18 b os eventos significativos em relação à

precipitação e à temperatura de brilho são predominantemente de leste.

Segundo Machado et al (2001) os eventos de leste ocorrem em menor escala e são mais

intensos que os de oeste, concordando com esse resultado, pois a observação do radar

ocorre em uma escala muito maior que a do pluviômetro.

116

Integrações no tempo no intervalo de 6 horas é mostrado na Figura 4.19 a, 4.19 b. A

Figura a é semelhante a mostrada anteriormente. Contudo, observa-se uma menor

dispersão e redução do número total de eventos para Tir mais frias .Observa-se uma

grande concentração de eventos de leste com refletividade nula em intervalos de

temperatura de brilho a partir de 245 K, caracterizando esses eventos como de menor

escala temporal/espacial. A Figura b mostra uma dispersão maior dos eventos como era

de se esperar para as medidas de precipitação, e ao mesmo tempo a predominância de

eventos (total) de leste em intervalos onde a temperatura de brilho é baixa (Tir< 245 K).

A Figura 4.20 a, 4.20 b mostra a refletividade e a precipitação integradas em um

intervalo de tempo de 24 horas. Analisando a ocorrência diária dos eventos, é possível

verificar exatamente o intervalo de dias em que ocorreram eventos de regimes de

leste/oeste (Rickenbach et al 2000), e a predominância diária destes eventos. A média

diária da refletividade (Figura 4.20 a) comprova o que foi mostrado nas Figuras

anteriores, ou seja, o predomínio do regime de oeste.

Devido os dados serem diários, a refletividade registrada foi suavizada, apresentando

medidas de refletividade em torno de aproximadamente 7 dBZ (limiar associado à

precipitação moderada a fraca) e associada à temperaturas de brilho superiores a 255 K.

A Figura 4.20 b mostra a precipitação média diária associada a temperatura de brilho.

Nessa Figura notamos que a precipitação quando integrada por 24 horas apresenta uma

variabilidade muito pequena, contudo, a temperatura de brilho média diária varia

significativamente. Logo, a integração em 24 horas para a estimativa de precipitação por

satélite parece ter melhor resultado quando integrada em 6 e 24 horas..

117

20.0

15.0

10.0

5.0

0.0

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fle

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290280270260250240230Temperatura de brilho a cada 3 horas - média entre as Networks

2

222

2 2

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2

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2 2

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2 22222

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2

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222 11 1 1111

1

1

1

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1

11 1 11

1

11 1

111

1 1 1 11

1 1

11 1 1 11

1 111

11 1 11 11 1

111

1

1 1 1 11 11

111111

1111

22 22 22

2 2

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22

22222

2

2

22 2 2 222

2

2

2

2

2

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2222

2

2

2

2 222

22 2

22

222 2 2 2 2

222

22

2222

2

11

11

1 1 111 1 1

11

11

1 1 1 1 11

1

111 1 1 1

1

1

1

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1 11 1 1

1

1

11

1

1 1

1

1 1 111

11

1 1

1

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1

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1 111111 11

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22 2 2

222

2

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2 2

2222

2

2

22 2 2

2

2

2

2

2

22

2

22

Média entre as 4 Networks (3 horas) 1 - Regime de leste 2 - Regime de oeste

Curva média (3 horas) Curva média - Regime de leste (3 horas) Curva média - Regime de oeste (3 horas)

Fig. a

5.0

4.0

3.0

2.0

1.0

0.0Pre

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ção

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ho

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- m

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290280270260250240230Temperatura de brilho a cada 3 horas - média entre as Networks

2 222 2 22 2

2222

22

2 2 2 222 222222 222 222 11 1 1 111

1

1 1 1 1

1

11 1 111 1 1 11

1

1 1 1 1 11111

1 1 1 111 1111

1 1 11 11 1 11111 1 1 11 11

1111111

111 2 2 22 222 2 2 222 222222

2

2

22 2 2 222 2222 22 2 22 2222

2

2

2 2 2222 2 2

2

2

222 2 2 2 222

222 222 2 2

1 11 1 1 1 111 1 1

11 1 1 11 1 1 111 111 1 1

111

1

1 1 111 11 111 1

1 1 11 1 11

1

11 1

1

1

1 1 1 111 111 1

1

1 1 11 11

1

1

1 111111

111 2 2 2 2 2 22222 2 22

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2

222 2222 2 2 22

22 222

2

2 222

Média entre as 4 Networks (3 horas)

1 - Regime de leste 2 - Regime de oeste

Curva média (3 horas)

Curva média - Regime de leste (3 horas)

Curva média - Regime de oeste (3 horas)

Fig. b

Fig. 4.18 - a) Refletividade média das quatro redes de trabalho a cada 3 horas em função

da temperatura de brilho; b) Precipitação média das quatro redes de trabalho a

cada 3 horas em função da temperatura de brilho.

118

17.5

15.0

12.5

10.0

7.5

5.0

2.5

0.0

Re

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da

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a c

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a 6

ho

ras

- m

éd

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s

290280270260250240230Temperatura de brilho a cada 6 horas - média entre as Networks

2

2

2

2

2

2

2

2

222

2

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1

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1

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1

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1 1111

1 111

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11

22 2

2

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2

2

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2

2

2 22

2

2

2

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2

2

222

22

2 2 2

2 22

222

1

11 11

1111 1

1 11 1

11

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1 11

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1

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2

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2

22

2

2

22

2

2

2

Média entre as 4 Networks (6 horas) 1 - Regime de leste 2 - Regime de oeste

Curva média (6 horas) Curva média - Regime de leste (6 horas)

Curva média - Regime de oeste (6 horas)

Fig. a

2.5

2.0

1.5

1.0

0.5

0.0

Pre

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290280270260250240230Temperatura de brilho a cada 6 Horas - média entre as Networks

2

2

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2

2

2

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221 1 1

1

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2

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2

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2

2

222

2

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2

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1

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12

2 222 2

2

2

2

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2

222 2

2

2 22

Média entre as 4 Networks (6 horas) 1 - Regime de leste 2 - Regime de oeste

Curva média (6 horas) Curva média - Regime de leste (6 horas) Curva média - Regime de oeste (6 horas)

Fig. b

Fig. 4.19 - a) Refletividade média das quatro redes de trabalho a cada 6 horas em função

da temperatura de brilho; b) Precipitação média das quatro redes de trabalho a

cada 6 horas em função da temperatura de brilho.

119

10.0

7.5

5.0

2.5

0.0

Re

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285280275270265260255250245Temperatura de brilho diária - média entre as Networks

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1

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1

22

222

Média entre as 4 Networks (diária) 1 - Regime de leste 2 - Regime de oeste

Curva média (diária) Curva média - Regime de leste (diária)

Curva média - Regime de oeste (diária)

Fig. a

3.5

3.0

2.5

2.0

1.5

1.0

0.5

0.0

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285280275270265260255250245temperatura de brilho diária - média entre as Networks

22

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2

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1

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2

Média entre as 4 Networks (diária) 1- Regime de leste 2 - Regime de oeste

Curva média (diária) Curva média - Regime de leste (diária)

Curva média - Regime de oeste (diária)

Fig. b

Fig. 4.20 - a) Refletividade média das quatro redes de trabalho a cada 24 horas em

função da temperatura de brilho; b) Precipitação média das quatro redes de

trabalho a cada 24 horas em função da temperatura de brilho.

4.5.2.5 - Curvas Médias

As Figuras mostradas abaixo apresentam as curvas médias onde as variáveis foram

integradas no tempo e nas quatro redes de trabalho. É importante notar que as curvas

médias para as diferentes escalas temporais são semelhantes. Logo, uma equação para

estimar a precipitação via-satélite não muda com relação à escala temporal. Lembramos

120

que para os diferentes regimes a estrutura da curva é semelhante. O fator fundamental é

que a dispersão em torno da curva média é que diminuiu, ou seja, somente através da

integração temporal é que a estimativa da precipitação (principalmente das medidas

com radar) passa a ser mais confiável. Vários estudos realizados por Arkin e seus

colaboradores também mostram uma melhora na estimativa da precipitação à medida

que a área de análise também é integrada no espaço. Os testes com a integração de áreas

não foi realizado pois as redes de pluviômetros eram localizadas somente nas quatro

redes de trabalho.

Observa-se que para a precipitação existe uma escala temporal em que a integração no

tempo muda o comportamento da curva. A precipitação integrada em 24 horas apresenta

uma variabilidade muito pequena quando comparada com a variabilidade diurna da Tir.

15.0

12.5

10.0

7.5

5.0

2.5

0.0

Ref

letiv

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BZ

)

280270260250240230220Temperatura de brilho (K)

Curva média a cada hora

Curva média a cada 3 horas

Curva média a cada 6 horas

Curva média diária

Fig. a

3.2

2.8

2.4

2.0

1.6

1.2

0.8

0.4

Pre

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(m

m/h

)

280270260250240230220210Temperatura de brilho (K)

Curva média a cada hora

Curva média a cada 3 horas

Curva média a cada 6 horas

Curva média diária

Fig. b

Fig. 4.21 - a) Curva média da refletividade em relação a temperatura de brilho entre as

quatro redes de trabalho; b) Curva média da precipitação em relação a

temperatura de brilho entre as quatro redes de trabalho.

121

4.5.2.6 - Estimativas de Precipitação

Durante as seções anteriores os estimadores de precipitação utilizados neste trabalho

foram relacionados entre si. Estes testes serviram para compreender o comportamento

dos estimadores em relação a variável estimada, “a precipitação”. Os resultados

anteriores mostram uma boa relação entre os estimadores e a variável estimada quando

estes são integrados no tempo. Mas nesta seção através de equações envolvendo

parâmetros suplementares, será verificada a eficácia destes estimadores e de qual

parâmetro adicional melhora na estimativa de precipitação.

As equações utilizaram como principal estimador os produtos derivados pelo satélite

como: temperatura de brilho, derivada da temperatura de brilho no tempo e a variável

sigma (variabilidade espacial local), sendo também utilizada a refletividade obtida pelo

radar. Lembramos que o máximo de precipitação (Seção 4.5.1) foi obtido quando ocorre

máximo crescimento da área. Logo a derivada temporal da temperatura de brilho poderá

ser um importante parâmetro nestas estimativas. Para tanto foram realizadas regressões

lineares, a fim de obter as constantes utilizadas na equação de ajuste. As regressões

foram efetuadas utilizando como fator estimador a precipitação em função dos produtos

de satélite, e a refletividade igualmente em função dos produtos de satélite. Os

resultados podem ser vistos nas Figuras 4.22 (a, b, c, d, e, f), 4.23 (a, b, c, d, e, f), 4.24

(a, b, c, d, e, f) e 4.25 (a, b, c, d, e, f), onde foram utilizadas as equações mostradas na

Seção 3.4.7 em uma resolução temporal de 1, 3, 6 e 24 horas.

As Figuras 4.23 a, 4.23 b, 4.23 c, 4.23 d, 4.23 e, 4.23 mostram a precipitação estimada

pelas equações (3.4, 3.5, 3.6, 3.7, 3.8, 3.9) em relação a precipitação observada, sendo

esta a média entre os registros nas quatro redes de trabalho, em que foi utilizado como

fator de regressão a precipitação (3.4, 3.6, 3.8). Para o conjunto de dados no intervalo de

tempo de 1 hora, notamos que as estimativas apresentaram valores inferiores aos

observados em até 90 %. À medida que utilizamos a refletividade, notamos que a

precipitação estimada continua sendo subestimada pelas equações, mas os valores

estimados encontrados são apenas 50 % menores do que os observados. Nota-se que

122

todas as estimativas, para valores inferiores a 245 K não apresentam relação com a

temperatura de brilho. As diferentes equações passam a realizar uma estimativa mais

acurada somente para os altos valores de precipitação. Logo, o intervalo de eventos de

precipitação em torno de 0.5 mm, representando a maioria dos casos, e por

conseqüência não pode ser estimado por satélite. A grande concentração de valores

baixos de precipitação e o ajuste linear são responsáveis pela subestimação da

precipitação. As curvas médias (Tir versus precipitação e Tir versus refletividade)

mostram que a estas relações não são lineares.

As Equações 3.4 e 3.5 são regressões simples que utilizam apenas como estimador da

precipitação a temperatura de brilho. Os resultados mostraram que as medidas para

ambas equações mostraram-se mais dispersas. Nas Equações 3.6 e 3.7 foi adicionado

um termo que representa a variação temporal da temperatura de brilho. Este termo

adicional melhorou de certa forma a estimativa na Equação 3.6 diminuindo o erro na

estimativa. Outra contribuição deste termo foi a diminuição da dispersão dos dados em

ambas as equações. Nas Equações 3.8 e 3.9 além do termo da variação temporal foi

utilizado um segundo que representa a variação espacial da temperatura de brilho.

Podemos verificar que o último termo adicionado à equação não mostrou diferenças

significativas. Esses resultados mostram que a variação da escala espacial na

temperatura de brilho não melhorou as estimativas. E que as equações que utilizaram

como fator de regressão a refletividade foram mais consistentes diminuindo a

subestimativa.

As Equações usadas para estimar a precipitação na escala de tempo de 1 hora, foram

igualmente utilizadas nas escalas de 3, 6 e 24 horas. Foi possível verificar que a

estimativa melhora à medida que os dados são integrados no tempo, diminuindo a

dispersão existente entre eles e a subestimativa na precipitação. Richards e Arkin,

(1981) utilizando um modelo de estimativa de precipitação linear na área do GATE,

mostraram que o espalhamento nos dados diminuiu à medida que escalas temporais e

espaciais maiores eram utilizadas. Apesar do espalhamento diminuir para escalas de

tempo, como mostraram as Figuras abaixo, a utilização de equações lineares não foi

123

eficiente. É possível que esta estimativa linear seja possível somente em regiões

oceânicas como foi mostrado em Richards e Arkin, (1981), tendo em vista que a área

aqui estudada encontra-se em uma região continental. Por outro lado, Arkin e Meiners

(1987), utilizando a técnica de estimativa GPI (na qual o fator preditor é a fração de

cobertura de nuvens), mostraram que a técnica pode também ser eficaz em regiões

continentais, mas requer uma calibração local das relações quantitativas entre a

cobertura de nuvens frias e a precipitação. Essa redução no espalhamento, com o

aumento da escala temporal, pôde ser verificada na Seção 4.5.2.7, onde foi calculado o

erro médio quadrático para cada uma das equações.

124

Observed versus Predicted Values

Model: PREC=a1+a2*Tir

y=(3.947428)+(-0.0139559)*x

Predicted Values

Obs

erve

d V

alue

s

-1

1

3

5

7

9

-0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

Fig. a

Observed versus Predicted Values

Model: REFLET=a1+a2*TIR

y=(38.27798)+(-0.1335822)*x

Predicted Values

Obs

erve

d V

alue

s

-2

4

10

16

22

28

-4 -2 0 2 4 6 8 10

Fig. b Observed versus Predicted Values

Model: PREC=a1+a2*TIR+(a3/TIR)*(DTIR/Dt)

z=(4.465062)+(-0.0158969)*x+((-3.2807357)/x)*(y)

Predicted Values

Obs

erve

d V

alue

s

-1

1

3

5

7

9

-0.6 -0.2 0.2 0.6 1.0

Fig. c

Observed versus Predicted Values

Model: REFLET=a1+a2*TIR+(a3/TIR)*(DTIR/Dt)

z=(39.891747)+(-0.1396787)*x+((-12.663463)/x)*(y)

Predicted Values

Obs

erve

d V

alue

s

-2

4

10

16

22

28

-4 -2 0 2 4 6 8 10

Fig. d Observed versus Predicted Values

PREC=a1+a2*TIR+(a3/TIR)*(DTIR/Dt)+a4*SIGTIR

q=4,4097-0,01567*x-3,3539/x*y+0,09309*z

Predicted Values

Obs

erve

d V

alue

s

-1

1

3

5

7

9

-0.6 -0.2 0.2 0.6 1.0

Fig. e

Observed versus Predicted Values

REFLET=a1+a2*TIR+(a3/TIR)*(DTIR/Dt)+a4*SIGTIR

q=39,7501-0,1391*x-12,8618/x*y+0,2286*z

Predicted Values

Obs

erve

d V

alue

s

-2

4

10

16

22

28

-4 -2 0 2 4 6 8 10

Fig. f

Fig. 4.22 – Precipitação estimada em relação a observada (média entre as quatro redes

de trabalho) com resolução temporal de 1 hora, utilizando as equações: a)

3.4; b) 3.5; c) 3.6; d) 3.7; e) 3.8; f) 3.9.

125

Observed versus Predicted Values

Model: PREC=a1+a2*TIR

y=(4.1560383)+(-0.0147853)*x

Predicted Values

Obs

erve

d V

alue

s

-0.5

0.5

1.5

2.5

3.5

4.5

5.5

6.5

-0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2

Fig. a

Observed versus Predicted Values

Model: REFLET=a1+a2*TIR

y=(37.8089)+(-0.1320513)*x

Predicted Values

Obs

erve

d V

alue

s

-2

2

6

10

14

18

22

26

-4 -2 0 2 4 6 8 10

Fig. b Observed versus Predicted Values

Model: PREC=a1+a2*TIR+(a3/TIR)*(DTIR/Dt)

z=(4.3397955)+(-0.0154622)*x+((-0.1781841)/x)*(y)

Predicted Values

Obs

erve

d V

alue

s

-0.5

0.5

1.5

2.5

3.5

4.5

5.5

6.5

-0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2

Fig. c

Observed versus Predicted Values

Model: REFLET=a1+a2*TIR+(a3/TIR)*(DTIR/Dt)

z=(40.29185)+(-0.1414179)*x+((-6.660181)/x)*(y)

Predicted Values

Obs

erve

d V

alue

s

-2

2

6

10

14

18

22

26

-4 -2 0 2 4 6 8 10 12

Fig. d Observed versus Predicted Values

PREC=a1+a2*TIR+(a3/TIR)*(DTIR/Dt)+a4*SIGTIR

q=4,3218-0,01587*x-0,1890/x*y+0,06156*z

Predicted Values

Obs

erve

d V

alue

s

-0.5

0.5

1.5

2.5

3.5

4.5

5.5

6.5

-0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2

Fig. e

Observed versus Predicted Values

REFLET=a1+a2*TIR+(a3/TIR)*(DTIR/Dt)+a4*SIGTIR

q=40,0289-0,1403*x-6,7871/x*y+0,8656*z

Predicted Values

Obs

erve

d V

alue

s

-2

2

6

10

14

18

22

26

-4 -2 0 2 4 6 8 10 12

Fig. f

Fig. 4.23 – Precipitação estimada em relação à observada (média entre as quatro redes

de trabalho) com resolução temporal de 3 horas, utilizando as equações: a)

3.4; b) 3.5; c) 3.6; d) 3.7; e) 3.8; f) 3.9.

126

Observed versus Predicted Values

Model: PREC=a1+a2*TIR

y=(3.7991597)+(-0.0133474)*x

Predicted Values

Obs

erve

d V

alue

s

-0.4

0.2

0.8

1.4

2.0

2.6

3.2

-0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0

Fig. a

Observed versus Predicted Values

Model: REFLET=a1+a2*TIR

y=(39.034783)+(-0.1365837)*x

Predicted Values

Obs

erve

d V

alue

s

-2

2

6

10

14

18

22

-4 -2 0 2 4 6 8 10 12

Fig. b Observed versus Predicted Values

Model: PREC=a1+a2*TIR+(a3/TIR)*(DTIR/Dt)

z=(4.8838947)+(-0.0174231)*x+((-1.554675)/x)*(y)

Predicted Values

Obs

erve

d V

alue

s

-0.4

0.2

0.8

1.4

2.0

2.6

3.2

-0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2

Fig. c

Observed versus Predicted Values

Model: REFLET=a1+a2*TIR+(a3/TIR)*(DTIR/Dt)

z=(42.40728)+(-0.1491509)*x+((-3.444168)/x)*(y)

Predicted Values

Obs

erve

d V

alue

s

-2

2

6

10

14

18

22

-4 -2 0 2 4 6 8 10 12

Fig. d Observed versus Predicted Values

PREC=a1+a2*TIR+(a3/TIR)*(DTIR/Dt)+a4*SIGTIR

q=4,8736-0,01738*x-1,5547/x*y+0,0205*z

Predicted Values

Obs

erve

d V

alue

s

-0.4

0.2

0.8

1.4

2.0

2.6

3.2

-0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2

Fig. e

Observed versus Predicted Values

REFLET=a1+a2*TIR+(a3/TIR)*(DTIR/Dt)+a4*SIGTIR

q=42,1561-0,1481*x-3,47009/x*y+0,5786*z

Predicted Values

Obs

erve

d V

alue

s

-2

2

6

10

14

18

22

-4 -2 0 2 4 6 8 10 12

Fig. f

Fig. 4.24 – Precipitação estimada em relação à observada (média entre as quatro redes

de trabalho) com resolução temporal de 6 horas, utilizando as equações: a)

3.4; b) 3.5; c) 3.6; d) 3.7; e) 3.8; f) 3.9.

127

Observed versus Predicted Values

Model: PREC=a1+a2*TIR

y=(6.443802)+(-0.0212777)*x

Predicted Values

Obs

erve

d V

alue

s

-0.2

0.2

0.6

1.0

1.4

1.8

2.2

2.6

0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4

Fig. a

Observed versus Predicted Values

Model: REFLET=a1+a2*TIR

y=(33.546823)+(-0.1159929)*x

Predicted Values

Obs

erve

d V

alue

s

-2

0

2

4

6

8

10

12

14

-0.5 0.5 1.5 2.5 3.5 4.5 5.5 6.5

Fig. b Observed versus Predicted Values

Model: PREC=a1+a2*TIR+(a3/TIR)*(DTIR/Dt)

z=(6.972108)+(-0.0232693)*x+((-0.5104396)/x)*(y)

Predicted Values

Obs

erve

d V

alue

s

-0.2

0.2

0.6

1.0

1.4

1.8

2.2

2.6

0.2 0.4 0.6 0.8 1.0 1.2 1.4

Fig. c

Observed versus Predicted Values

Model: REFLET=a1+a2*TIR+(a3/TIR)*(DTIR/Dt)

z=(43.31871)+(-0.1529627)*x+((-11.57109)/x)*(y)

Predicted Values

Obs

erve

d V

alue

s

-2

0

2

4

6

8

10

12

14

-0.5 0.5 1.5 2.5 3.5 4.5 5.5 6.5

Fig. d Observed versus Predicted Values

PREC=a1+a2*TIR+(a3/TIR)*(DTIR/Dt)+a4*SIGTIR

q=7,55-0,255*x-0,3407/x*y-0,922*z

Predicted Values

Obs

erve

d V

alue

s

-0.2

0.2

0.6

1.0

1.4

1.8

2.2

2.6

0.3 0.5 0.7 0.9 1.1 1.3 1.5

Fig. e

Observed versus Predicted Values

REFLET=a1+a2*TIR+(a3/TIR)*(DTIR/Dt)+a4*SIGTIR

q=44,6408-0,1582*x-11,1831/x*y-2,1103*z

Predicted Values

Obs

erve

d V

alue

s

-2

0

2

4

6

8

10

12

14

-0.5 1.0 2.5 4.0 5.5 7.0

Fig. f

Fig. 4.25 – Precipitação estimada em relação à observada (média entre as quatro redes

de trabalho) com resolução temporal de 24 horas, utilizando as equações: a)

3.4; b) 3.5; c) 3.6; d) 3.7; e) 3.8; f) 3.9.

128

4.5.2.7 Análise Estatística dos Estimadores

4.5.2.7.1 - Análise do Erro Médio Quadrático da Curva de Ajuste Média,

Refletividade e a Precipitação

Nesta Seção será realizada a análise estatística da refletividade e precipitação, utilizando

o erro quadrático médio. Primeiramente o erro quadrático médio foi aplicado aos dados

de refletividade e precipitação com relação a curva média ajustada mostradas nas

Figuras 4.13, 4.18, 4.19 e 4.20. As Tabelas abaixo mostram os índices encontrados nas

análises realizadas das Figuras indicadas acima.

Notamos que o erro absoluto em relação à curva média quando analisamos a

refletividade é reduzido à metade à medida que integramos estas no tempo. No caso

para o erro calculado de 1 a 24 horas, notamos uma redução do índice em torno de 50 %

(ver Tabela 4.5.1).

Quando verifica-se o erro médio quadrático em relação à curva média da precipitação,

nota-se que a redução do índice acontece até o intervalo de tempo de 6 horas, sendo esta

em torno de 38 %. Um fato importante ocorrido com os índices de precipitação foi o

aumento do erro quadrático após 24 horas (fato já discutido anteriormente). Os erros

associados à refletividade são maiores, devido o valor médio da refletividade ser em

torno de 10 vezes maior que a precipitação média. Logo, proporcionalmente as curvas

de ajuste da refletividade são melhores ajustadas ao valor de Tir do que a precipitação.

129

TABELA 4.5.1 - ERRO QUADRÁTICO MÉDIO VERIFICADO ENTRE A CURVA

MÉDIA E AS VARIÁVEIS DE PRECIPITAÇÃO E REFLETIVIDADE, NO

INTERVALO DE TEMPO DE 1, 3, 6 E 24 HORAS

Erro médio ( 1 h) Erro médio ( 3 h) Erro médio ( 6 h) Erro médio (24 h)

Refletividade 6.54 dBZ 5.89 dBZ 5.65 dBZ 3.18 dBZ

Precipitação 0.97 mm 0.70 mm 0.57 mm 0.73 mm

4.5.2.7.2 - Utilização do Erro Médio Quadrático Entre a Curva de Ajuste Médio

dos Regimes de Leste e Oeste da Refletividade e Precipitação

O mesmo procedimento foi realizado para a curva de ajuste dos regimes de precipitação

de leste e oeste estudados nas seções anteriores. Os índices são mostrados nas Tabelas

4.5.2 e 4.5.3. Existem populações diferentes de regimes de leste e oeste, pois os

episódios de oeste são muito mais numerosos do que os eventos de leste.

Em relação a refletividade, a curva de ajuste que representa o regime de leste apresenta

um erro menor do que o encontrado para o regimes de oeste. Em ambos regimes

notamos que este erro diminui se os dados são integrados no tempo. Mas nota-se que o

erro para 24 horas encontrado para o regime de leste diminui em torno de 60 %,

enquanto que o erro para o regime de oeste diminuiu em torno de 30 %. Por outro lado,

com a precipitação acontece o inverso, pois o erro existente é maior para os eventos de

leste do que para os eventos de oeste. Devemos salientar que o ajuste da precipitação

quando integrado em 24 horas não mostrou um bom ajuste aos dados, como discutido

anteriormente. As diferenças existentes nos erros entre os regimes de leste e oeste são

devidas às convecção no regime de oeste serem organizadas em escalas espacial menos

intensas que no regime de leste. No regime de oeste a precipitação estratiforme em

grande parte é predominante, diminuindo esta variabilidade encontrada nos dados

pluviométricos. No caso da precipitação fraca-moderada de origem estratiforme, o radar

na banda C não apresenta a mesma precisão que a chuva intensa convectiva.

130

TABELA 4.5.2 - ERRO QUADRÁTICO MÉDIO VERIFICADO ENTRE A CURVA

MÉDIA E AS VARIÁVEIS DE PRECIPITAÇÃO E REFLETIVIDADE, NO

INTERVALO DE TEMPO DE 1, 3, 6 E 24 HORAS, EM RELAÇÃO AOS

EPISÓDIOS DE REGIME DE LESTE

Regime de

Leste

Erro médio ( 1 h) Erro médio ( 3 h) Erro médio ( 6 h) Erro médio (24 h)

Refletividade 6.02 dBZ 4.68 dBZ 4.07 dBZ 1.89 dBZ

Precipitação 1.05 mm 0.75 mm 0.64 mm 0.73 mm

TABELA 4.5.3 - ERRO QUADRÁTICO MÉDIO VERIFICADO ENTRE A CURVA

MÉDIA E AS VARIÁVEIS DE PRECIPITAÇÃO E REFLETIVIDADE, NO

INTERVALO DE TEMPO DE 1, 3, 6 E 24 HORAS, EM RELAÇÃO AOS

EPISÓDIOS DE REGIME DE OESTE

Regime de

Oeste

Erro médio ( 1 h) Erro médio ( 3 h) Erro médio ( 6 h) Erro médio (24 h)

Refletividade 6.97 dBZ 5.61 dBZ 5.47 dBZ 4.16 dBZ

Precipitação 0.96 mm 0.59 mm 0.44 mm 0.72 mm

4.5.2.7.3 - Utilização do Erro Médio Quadrático nas Estimativas de Precipitação

Neste item o erro médio quadrático foi utilizado como ferramenta para avaliar a

acurácia dos modelos de estimativas de precipitação utilizados neste trabalho. Foram

obtidos índices para cada uma das equações utilizadas integradas no tempo. À primeira

vista notamos que existe uma evidente redução do erro no tempo e à medida que

utilizamos equações diferentes. As equações 3.4, 3.6, 3.8 utilizaram como preditando a

precipitação, enquanto 3.5, 3.7, 3.9 utilizam a refletividade.

As Equações 3.4 e 3.5 tratam-se de uma relação linear entre o preditando

(precipitação/refletividade) e o preditor (temperatura de brilho). Nota-se que a

131

integração no tempo diminui (em torno de 38 % para 3.5) o erro existente entre as

estimativas. Mas deve-se notar que a equação da estimativa realizada com a

precipitação observada apresentou um aumento do erro quadrático médio, mostrando

que a estimativa é confiável até 6 horas (onde o erro diminui em torno de 50 %).

Às equações seguintes (3.6 e 3.7) foram adicionadas o termo da variação no tempo e

podemos notar que o erro na estimativa diminui. O aumento do erro para a estimativa

que utiliza a precipitação observada aumenta novamente em 24 horas.

O termo da variação espacial foi incluído nas equações 3.8 e 3.9. A inclusão deste termo

na estimativa mostra que o erro manteve-se praticamente o mesmo encontrado para as

equações 3.6 e 3.7. Isso mostra que o termo da variação espacial não tem muita

representatividade na estimativa de precipitação nesta região.

TABELA 4.5.4 - ERRO QUADRÁTICO MÉDIO VERIFICADO ENTRE AS

EQUAÇÕES QUE ESTIMAM A PRECIPITAÇÃO, NO INTERVALO DE TEMPO

DE 1, 3, 6 E 24 HORAS

Equações

utilizadas

1 hora 3 horas 6 horas 24 horas

Equação 3.4 0.83 mm 0.61 mm 0.47 mm 0.59 mm

Equação 3.5 3.93 dBZ 3.40 dBZ 2.95 dBZ 1.92 dBZ

Equação 3.6 0.81 mm 0.61 mm 0.46 mm 0.60 mm

Equação 3.7 3.87 dBZ 3.36 dBZ 2.92 dBZ 1.86 dBZ

Equação 3.8 0.81 mm 0.61 mm 0.46 mm 0.59 mm

Equação 3.9 3.87 dBZ 3.35 dBZ 2.91 dBZ 1.85 dBZ

132

4.6 – Divergência do Vento em Altos Níveis

Nesta Seção, finalizando o capítulo de resultados, analisaremos a divergência do vento

em altos níveis. Inicialmente apresentaremos uma comparação da série temporal obtida

por diferentes fontes, contudo, o estudo enfocará a divergência do vento obtida pelo

canal do vapor d’água. O objetivo deste estudo é entender o comportamento da

divergência do vento em altos níveis em relação aos parâmetros de cobertura e

precipitação utilizados nas seções anteriores. Como mencionado no Capítulo 3 a

divergência é diretamente associada à convecção e sua compreensão auxilia no estudo

da circulação atmosférica nos trópicos. Este estudo visa introduzir um parâmetro

traçador da convecção na estimativa da precipitação.

Os dados de divergência do vento em altos níveis foram obtidos por três diferentes

fontes: radiossonda, NCEP e GOES - processados pela NOAA (canal do vapor d´água).

Os conjuntos de dados compreendem o período do dia 10 de janeiro a 14 de

fevereiro/1998. É importante enfatizar que cada conjunto de dados possui uma

resolução espacial diferente, abrangendo a área de cobertura do radar TOGA. Os

campos de divergência foram calculados para o nível de 200 hPa.

As medidas por radissondagens são medidas pontuais a partir dos sítios de medidas de

Abracos, Rebio Jaru e Rolim de Moura. Estes dados estão disponíveis a cada 3 horas. A

divergência do vento obtida por estas radiossondagens tem uma alta resolução espacial,

sendo uma ferramenta eficiente em estudos em que se faz necessária a utilização de

medidas precisas em uma escala mais reduzida.

Os dados de divergência do vento em altos níveis calculados a partir do vento no canal

vapor d’água apresentam uma resolução espacial semelhante à resolução dos

estimadores utilizados na seção anterior. Estes dados estão disponíveis a cada 3 horas e

serão comparados na mesma resolução com a fração de cobertura de nuvens e fração de

chuva.

133

A divergência do vento em altos níveis fornecida pela reanálise do NCEP, são dados

que possuem uma resolução espacial de 2.5º x 2.5º e temporal de 6 horas e foram

calculados para o nível de 200 hPa para o ponto de grade com a maior cobertura da área.

A Figura 4.26 mostra o comportamento da divergência entre os dias 14 a 50 dia Juliano

do ano de 1999 para os três conjuntos de dados. Nesta Figura é possível verificar que a

divergência do vento em altos níveis fornecida por radiossondagem apresenta flutuações

maiores em relação aos demais dados de divergência mostrados em conjunto na Figura.

Estas flutuações são a resposta a alta resolução espacial destes dados. Os valores são

duas vezes maiores, pois são calculados para uma área de aproximadamente 60 x 60

km2 , já os do NCEP são da ordem de 250 x 250 km2. De forma geral observa-se uma

certa coerência entre os diferentes componentes. O cálculo com o vento vapor d’água é

bem correlacionado com o do NCEP, contudo, apresenta uma maior variabilidade. Os

ventos calculados utilizando satélites para o nível de 200 hPa foram calculados a partir

de uma média da camada de 250 – 150 hPa, interpolados em uma grade da ordem de 1

grau e no tempo a cada três horas, logo, não possui o mesmo detalhamento do cálculo

com radiossondas realizados com o vento no nível de 200 hPa e a partir da medida

realizada no mesmo instante.

Nas seções seguintes será mostrado o comportamento dos estimadores e da precipitação

em relação a divergência do vento pelo vapor d’água e o seu ciclo diurno na área de

cobertura do radar TOGA. Para tanto os dados foram ajustados devidamente para que

estes ficassem com a mesma resolução temporal, de maneira que os resultados fossem

compatíveis temporalmente. Logo, as análises a seguir foram realizadas a cada três

horas.

134

4 0

2 0

0

-20

-40Div

erg

ên

cia

do

Ve

nto

25

0-1

50

hP

a -

10-6

(1

/s)

504846444 2403836343230282624Dia Juliano

20

10

0

-10

-20

Divergência do V

ento 250-150 hPa - 10

-6 (1/s)

Radiosonda

NCEP

Vento Vapor D''água

Fig. 4.26 – Série temporal da divergência do vento em altos níveis calculada a partir de

três diferentes fontes: radiossonda (linha preta), NCEP (linha azul) e canal

do vapor d’água (vermelha).

4.6.1 - Ciclo Diurno

4.6.1.1 – Ciclo Diurno da Precipitação e da Divergência do Vento em Altos Níveis

no Canal Vapor D’Água

Nesta seção estudaremos o comportamento da precipitação e da divergência do vento

em altos níveis em relação ao seu ciclo diurno. Os resultados mostrados nesta seção e

nas seguintes poderão de uma certa forma validar algumas hipóteses sobre a relação dos

campos de divergência do vento em altos níveis com as variáveis mostradas neste

trabalho. Por outro lado, estes resultado são estudos preliminares que poderão auxiliar o

estudo da estimativa de precipitação, utilizando como estimador a divergência do vento

em altos níveis.

O ciclo diurno da divergência do vento em altos níveis e da precipitação (Figura 4.27) é

marcado pela existência de um máximo principal no período da tarde próximo ao

máximo principal da precipitação. Durante as primeiras horas da madrugada a

divergência do vento em altos níveis mostra um máximo secundário próximo ao

135

máximo secundário da precipitação. Após o máximo secundário, em torno de 02:30

(LST), ocorre um rápido decrécimo de ambas variáveis até o início da manhã, seguido

de um forte aumento de ambas variáveis no período da tarde.

Após o horário em que foi verificada a mínima divergência do vento em altos níveis

(5:00 LST) podemos notar um crescimento muito significativos nas próximas 6 horas,

onde é verificado o máximo principal em torno de 11:00 LST. Neste mesmo período

pode ser verificado também o horário de máximo crescimento da precipit ação. O final

da tarde é marcado pela brusca diminuição da precipitação acompanhada pelo

descrécimo da divergência do vento em altos níveis. O ciclo diurno da divergência do

vento é fortemente correlacionado com o da precipitação, apresentando as mesmas

defasagens, com a cobertura de nuvens. A modificação do campo de vento em altos

níveis devido o movimento vertical nas torres de cumulus congestus é provavelmente a

explicação para essa correlação. Durante a noite o máximo secundário pode estar

relacionado com ocorrências esporádicas de linhas de instabilidades, noturnas que

passaram pela região. A pequena diferença de tempo entre o máximo secundário da

precipitação e o da divergência do vento em altos níveis pode estar relacionada com a

variabilidade na hora em que o fenômeno penetrou na rede de pluviômetros (em uma

escala muito menor).

136

Fig. 4.27 – Ciclo diurno da precipitação superposta à divergência do vento em altos

níveis no canal do vapor d’água.

4.6.1.2 - Ciclo Diurno da Divergência do Vento em Altos Níveis no Canal Vapor

D’Água e a Fração de Cobertura de Nuvens

O ciclo diurno da fração de cobertura de nuvens foi abordado na Seção 4.2.1. Esta

variável indica a porcentagem da área coberta por nuvens com várias alturas de topo

dentro da área da região estudada.

A Figura 4.28 a mostra o ciclo diurno da divergência do vento em altos níveis e da

cobertura total de nuvens (limiares mais frios do que 284 K). Notamos a existência de

apenas um máximo da cobertura total de nuvens às 4:30 (LST) seguindo de um mínimo

`as 09:00 (LST). A divergência do vento em altos níveis apresenta um caráter oposto à

cobertura total. A cobertura total de nuvens é principalmente devida a cobertura de

nuvens baixas (somente 15% da cobertura total e associada a nuvens convectivas).

Como foi discutido anteriormente, o momento de mínima cobertura total de nuvens

(limiar de 284 K) é o momento de maior crescimento da atividade convectiva, logo, a

divergência do vento em altos níveis deve ser máxima neste momento, como mostram

as Figuras 4.28 a, 4.28 b, 4.28 c.

1.20

1.10

1.00

0.90

0.80

0.70

0.60

0.50

Pre

cipita

ção

(mm

/h)

242220181614121086420Hora Local

2.8

2.4

2.0

1.6

1.2

0.8

0.4

0.0

Div

erg

ên

cia

do

Ve

nto

25

0-1

50

hP

a -

10-6

(1

/s)

Precipitação

Divergência do vento

137

Verificando o ciclo diurno da cobertura de nuvens com limiares de temperatura brilho

mais frios, é possível encontrar uma certa relação entre estas variáveis, observa-se que a

divergência do vento em altos níveis precede a máxima cobertura de nuvens convectivas

em algumas horas. Este resultado confirma o discutido em outras seções que mostram

que o momento da maior cobertura de nuvens convectivas é posterior a precipitação

(radar ou medidas por pluviômetro). Baseando-se na Figura em questão, pode-se

concluir que o momento de maior cobertura de nuvens convectivas (maior expansão da

cobertura de nuvens frias) corresponde ao fim da atividade convectiva, pois,

posteriormente a este momento, a divergência em altos níveis decresce rapidamente

Fig. a

Fig. 4.28 – Ciclo diurno da divergência do vento em altos níveis no canal do vapor

d’água e da fração de cobertura de nuvens (%): a) limiar de 284 K, b)

limiar de 235 K, c) limiar de 210 K, d) limiar de 200 K.

(continua)

100

90

80

70

60Fraç

ão d

e co

bertu

ra d

e nu

vens

(%) l

imia

r 284

K

222018161412108642Hora Local

2.5

2.0

1.5

1.0

0.5

0.0

Fraçaõ de cobertura de nuvens (284 K) Divergência do vento do vento em altos níveis (WV)

138

Fig. b

Fig. c

(continua)

5

4

3

2

1

Fraç

ão d

e co

bertu

ra d

e nu

vens

(%

) lim

iar

210

K

222018161412108642Hora Local

2.5

2.0

1.5

1.0

0.5

0.0

Fraçaõ de cobertura de nuvens (210 K) Divergência do vento do vento em altos níveis (WV)

25

20

15

10

5Fraç

ão d

e co

bertu

ra d

e nu

vens

(%) l

imia

r 235

K

222018161412108642Hora Local

2.5

2.0

1.5

1.0

0.5

0.0

Fraçaõ de cobertura de nuvens (235 K) Divergência do vento do vento em altos níveis (WV)

139

(Conclusão)

Fig. d

4.6.1.3 - Ciclo Diurno da Divergência do Vento em Altos Níveis no Canal Vapor

D’Água e a Fração de Chuva

O ciclo diurno da divergência do vento em altos níveis e da fração de chuva é ilustrado

nas Figuras 4.29 a, b, c, d. Notamos que existe uma semelhança entre o ciclo diurno da

divergência do vento em altos níveis e da fração de chuva, ou seja, presença de dois

máximos para os limiares representados pelas Figuras 4.29 a. A fração de chuva como

mencionado na seção anterior representa a quantidade de água liquida contida em uma

determinada quantidade de nuvens. O momento de maior crescimento da divergência do

vento nos altos níveis é acompanhado pelo momento de maior crescimento da fração de

chuva em todos os limiares de refletividade utilizados (0 dBZ, 20 dBZ, 30 dBZ, 35

dBZ). O máximo da fração de chuva acontece próximo ao momento de máxima

divergência do vento (11:00 LST).

0.50

0.40

0.30

0.20

0.10

0.00

Fraç

ão d

e co

bertu

ra d

e nu

vens

(%)-

limia

r 200

K

222018161412108642Hora Local

2.5

2.0

1.5

1.0

0.5

0.0

Fração de cobertura de nuvens (200 K) Divergência do vento do vento em altos níveis (WV)

140

No início da noite é possível verificar o decréscimo das frações de chuva, juntamente

com o decréscimo da divergência do vento em altos níveis. A curva que representa o

decréscimo da divergência do vento e da fração de chuva é praticamente a mesma.

Durante a madrugada notamos o crescimento da fração para o limiar de 0 dBZ,

apresentando um máximo no mesmo horário (4:30), enquanto os limiares que

representam uma quantidade maior de água nas nuvens (chuva) é praticamente

inexistente neste horário. O máximo secundário da divergência deve ser melhor

estudado. O horário em que podemos notar o mínimo da fração de chuva em todos os

limiares utilizados é o mesmo o qual a divergência do vento em altos níveis também é

mínima.

A representação do ciclo diurno da fração de cobertura de nuvens e fração de chuva nos

mostrou que o comportamento da divergência durante o período é coerente a estas

variáveis. Essa semelhança aparece com relação a maioria dos limiares utilizados

(fração de chuva e de nuvens). A divergência do vento em altos níveis apresenta um

adiantamento em relação às frações nuvens convectivas, mas o intervalo de tempo deste

atraso difere em função do tipo de nuvem. Este adiantamento da divergência do vento

aumenta a medida que verificamos as frações mais convectivas.

141

Fig. a

Fig. 4.29 - Ciclo diurno da divergência do vento em altos níveis no canal do vapor

d’água e da fração de chuva (%): a) limiar de 0 dBZ, b) limiar de 20 dBZ,

c) limiar de 30 dBZ, d)limiar de 35 dBZ.

Fig. b

(continua)

6.4

6.0

5.6

5.2

4.8

4.4

4.0

3.6

3.2

2.8

2.4

Fraç

ão d

e ch

uva

(%)-

limia

r 20

dB

Z

222018161412108642Hora Local

2.5

2.0

1.5

1.0

0.5

0.0

Fração de chuva - radar (20 dBZ) Divergência do vento do vento em altos níveis (WV)

22.5

20.0

17.5

15.0

Fraç

ão d

e ch

uva

(%)-

limia

r 0 d

BZ

222018161412108642Hora Local

2.5

2.0

1.5

1.0

0.5

0.0

Fração de chuva - radar (0 dBZ) Divergência do vento do vento em altos níveis (WV)

142

(conclusão)

Fig. c

Fig. d

0.60

0.50

0.40

0.30

0.20

0.10

Fraç

ão d

e ch

uva

(%)-

limia

r 35

dBZ

222018161412108642Hora Local

2.5

2.0

1.5

1.0

0.5

0.0

Fração de chuva - radar (35 dBZ) Divergência do vento em altos níveis (WV)

1.8

1.6

1.4

1.2

1.0

0.8

0.6

0.4

Fraç

ão d

e ch

uva

(%)-

limia

r 30

dB

Z

222018161412108642Hora Local

2.5

2.0

1.5

1.0

0.5

0.0

Fração de chuva - radar (30 dBZ) Divergência do vento em altos níveis (WV)

143

4.6.2 – Relação Existente Entre a Divergência do Vento em Altos Níveis,

Precipitação, Fração de Cobertura de Nuvens e Fração de Chuva

4.6.2.1 – Relação Entre a Precipitação e a Divergência do Vento em Altos Níveis

A Figura 4.30 mostra que existe uma certa relação entre a precipitação e a divergência

do vento em altos níveis. Nota-se que o lado esquerdo da Figura representa episódios

em que é verificada convergência do vento em altos níveis. Esta convergência indica

uma contração/dissipação da área ocupada pelos sistemas verificados em altos níveis.

Os altos valores (módulo) da convergência estão associados diretamente a registros de

precipitação baixas ou nulas.

O lado direito da Figura 4.30 representa os eventos da divergência do vento em altos

níveis relacionados à precipitação. Esta coerente relação existente entre ambas variáveis

é marcada por uma grande variabilidade, por exemplo, existem casos de forte

divergência em altos níveis e baixa precipitação; deve ser levar em consideração que a

região de medidas da precipitação é muito menor que a área em que a divergência

média foi calculada. É possível verificar que a precipitação relaciona-se com valores

elevados de divergência do vento. Este fato mostra que grande parte da precipitação

registrada durante o experimento foi gerada através do desenvolvimento de sistemas de

nuvens altas e convectivas. Logo, os resultados mostram que pode-se, de modo geral,

associar a precipitação à divergência do vento em altos níveis.

144

6.0

5.0

4.0

3.0

2.0

1.0

0.0

Pre

cip

ita

ção

(m

m/h

)

-30 -20 -10 0 10 20 30Divergência do Vento 250 - 150 hPA - 10

-6(1/s)

Fig. 4.30 – Precipitação (mm/3 h) plotada em relação à divergência do vento em altos

níveis, medidas na região de abrangência do radar TOGA.

4.6.2.2 – Relação Entre a Fração de Cobertura de Nuvens, Fração de Chuva e a

Divergência do Vento em Altos Níveis

As Figuras 4.31 a, b, c, d mostram a relação existente entre a fração de cobertura de

nuvens e a divergência do vento em altos níveis. Como na Figura anterior, o lado

esquerdo da Figura é representado pela convergência do vento em altos níveis

(divergência negativa) e os valores de divergência encontram-se no lado direito da

Figura. A Figura 4.31 a mostra a fração de cobertura de nuvens com um limiar de 284

K, este limiar por sua vez representa, como mencionado nas seções anteriores, a

cobertura total de nuvens.

Nota-se uma fraca relação entre a cobertura total de nuvens e a divergência, descrito

anteriormente. As Figuras 4.31 b, c, d representam a cobertura de nuvens altas e

convectivas, mostrando que a relação entre estas variáveis aumenta a medida que são

verificados limiares frios. Estes limiares frios representam nuvens altas e de convecção

profunda responsáveis por grande parte da precipitação gerada. A existência de um

atraso entre o máximo de cobertura de nuvens convectivas e o máximo da divergência

em altos níveis deve contribuir na variabilidade mostrada nestas Figuras.

145

Por outro lado, a fração de chuva (Figuras 4.32 a, b, c, d) que representa a quantidade de

água presente nas nuvens mostra uma razoável relação com a divergência em altos

níveis desde o limiar de 0 dBZ até 35 dBZ. Nota-se que o limiar de 235 K apresenta a

melhor relação com a divergência do vento em altos níveis. Este limiar também

apresentou a melhor relação com a fração de chuva e com a precipitação.

100

75

50

25

Fra

ção

de

co

be

rtu

ra d

e n

uve

ns

(%)

-lim

iar

28

4 K

2520151050-5-10-15-20-25Divergência do Vento 250 - 150 hPA - 10

-6(1/s)

Fig. a

Fig. 4.31 – Fração de cobertura de nuvens plotada em relação à divergência do vento em

altos níveis, medidas na região de abrangência do radar TOGA: a) limiar de

284 K, b) limiar 235 K, c) limiar de 210 K, d) limiar de 200 K.

(continua)

146

80

70

60

50

40

30

20

10

0

Fra

ção

de

co

be

rtu

ra d

e n

uve

ns

(%)

-lim

iar

23

5 K

2520151050-5-10-15-20-25Divergência do Vento 250 - 150 hPA - 10

-6(1/s)

Fig. b

30

20

10

0

Fra

ção

de

co

be

rtu

ra d

e n

uve

ns

(%)

-lim

iar

21

0 K

2520151050-5-10-15-20-25Divergência do Vento 250 - 150 hPA - 10

-6(1/s)

Fig. c

(continua)

147

(conclusão)

5.0

4.0

3.0

2.0

1.0

0.0

Fra

ção

de

co

be

rtu

ra d

e n

uve

ns

(%)

-lim

iar

20

0 K

2520151050-5-10-15-20-25Divergência do Vento 250 - 150 hPA - 10

-6(1/s)

Fig. d

70

60

50

40

30

20

10

0

Fra

ção

de

ch

uva

(%

) -l

imia

r 0

dB

Z

2520151050-5-10-15-20-25Divergência do Vento 250 - 150 hPA - 10

-6(1/s)

Fig. a

Fig. 4.32 - Fração de chuva plotada em relação à divergência do vento em altos níveis,

medidas na região de abrangência do radar TOGA: a) limiar de 0 dBZ, b)

limiar 20 dBZ, c) limiar de 30 dBZ, d) limiar de 35 dBZ.

(continua)

148

40

30

20

10

0

Fra

ção

de

ch

uva

(%

) -l

imia

r 2

0 d

BZ

2520151050-5-10-15-20-25Divergência do Vento 250 - 150 hPA - 10

-6(1/s)

Fig. b

10

8

6

4

2

0

Fra

ção

de

ch

uva

(%

) -l

imia

r 3

0 d

BZ

2520151050-5-10-15-20-25Divergência do Vento 250 - 150 hPA - 10

-6(1/s)

Fig. c

(continua)

149

(conclusão)

4.0

3.0

2.0

1.0

0.0

Fra

ção

de

ch

uva

(%

) -l

imia

r 3

5 d

BZ

2520151050-5-10-15-20-25Divergência do Vento 250 - 150 hPA - 10

-6(1/s)

Fig. d

150

151

CAPÍTULO 5

CONCLUSÕES E SUGESTÕES

Com os dados coletados no experimento WETAMC/LBA foi possível realizar um

estudo detalhado do ciclo diurno da convecção tropical na Amazônia. A combinação de

diferentes instrumentos tais como radar, imagens de satélites, redes de pluviômetros e

radiossondagens em alta resolução temporal foi fundamental para a construção de séries

temporais para o estudo das nuvens e dos processos de precipitação. Este conjunto de

dados permitiu relacionar diversas medidas independentes da precipitação fornecendo

uma análise dos erros associados às estimativas de precipitação por satélites.

A cobertura total de nuvens é máxima em torno 03:30 LST, neste horário é possível

verificar que a fração média de nuvens na área analisada é muito alta, da ordem de 94

%. Este valor máximo diminui lentamente durante a madrugada, não sendo observadas

frações médias de nuvens inferiores a 80%. No período da manhã a cobertura total de

nuvens decresce rapidamente até 57% em torno do meio dia. Neste horário a cobertura

total de nuvens é mínima e corresponde também ao momento da máxima irradiância

solar. Estes dois fatores implicam em um forte aquecimento da superfície, gerando

instabilidade, aumento da energia potencial disponível e da temperatura potencial

equivalente (Machado et al, 2001).

Observa-se próximo ao momento de mínima cobertura total de nuvens o máximo de

precipitação e o maior crescimento da cobertura convectiva. Neste momento, grande

parte da cobertura de nuvens, que na madrugada era de nuvens com topos baixos passa

agora a ser composta em grande parte por nuvens com topos frios. Este fato se deve

provavelmente a formação de nuvens convectivas de rápido crescimento, geradas pelos

fluxos de energia, devido ao forte aquecimento radiativo da superfície.

Durante a tarde, no momento de máxima precipitação, a cobertura convectiva

experimenta seu maior crescimento atingindo o máximo em torno das 17:30 LST. Esta

152

cobertura convectiva que persiste durante a tarde, à noite praticamente se dissipa.

Observamos que durante a madrugada a presença de nuvens que possuem alturas de

topos mais frios do que 210 K e 200 K é praticamente nula. Este fato mostra que a alta

fração de cobertura total encontrada neste período não está associada à convecção e

nuvens altas, mas sim, a nuvens baixas e médias. Essas nuvens médias e baixas são

provavelmente formadas em função da alta quantidade de vapor d’água, injetado na

atmosfera pelas torres convectivas no período da tarde e da sua dissipação. Outro fator

interessante a ser observado é quanto ao momento em que a cobertura convectiva atinge

seu máximo. No momento de máxima precipitação a cobertura convectiva apresenta sua

maior taxa de crescimento, no momento que esta cobertura atinge o máximo a

precipitação média já é bem reduzida. Este fato mostra que o momento de máxima

cobertura corresponde ao momento de dissipação dos sistemas convectivos na área.

Juntamente com a evolução da cobertura de nuvens e da precipitação foi possível

verificar a evolução da fração de chuva, variável fornecida pelo radar. Verificou-se que

a fração de chuva mostrou máximos em todos os limiares estudados durante o horário

da máxima precipitação, principalmente aquela fração que representa a fração de chuva

forte/convectiva. Este máximo diminuiu gradativamente durante à tarde. Durante a

madrugada foi possível verificar apenas a ocorrência de frações de chuva total e uma

pequena porcentagem de fração de chuva moderada a fraca, que concordaram com os

registros de precipitação ocorridos na região e com a conclusão que a cobertura noturna

de nuvens é basicamente composta por nuvens baixas e médias. Esta fração de chuva

fraca no CAPPI- 2km muito provavelmente não está relacionada com a precipitação,

pois é devida a refletividades muitos baixas.

O ciclo diurno da cobertura de nuvens e da precipitação pode ser descrito de uma forma

geral da seguinte maneira: durante a madrugada existe um predomínio da cobertura total

de nuvens, e este tipo de cobertura é composta basicamente por nuvens com topos

baixos e quentes, típicos de nuvens cumulus e nuvens estratiformes, é possível que

existam algumas nuvens cirrus semi-transparentes com temperatura de brilho reduzida,

não sendo incorporada à fração de nuvens altas. Nas primeiras horas da manhã a

153

cobertura de nuvens baixas se desintensifica, e a superfície começa a ser aquecida

atingindo a mínima cobertura de nuvens no fim da manhã. Existe uma defasagem entre

o horário de mínima cobertura entre os limiares. A cobertura de nuvens convectivas

apresenta um mínimo uma hora antes do mínimo da cobertura total de nuvens. Este

adiantamento se deve provavelmente à desintensificação das poucas nuvens altas e

convectivas em dissipação existentes naquele momento. Esta camada de nuvens em

dissipação associa-se a já existente nas camadas mais baixas provocando a defasagem

de 1 hora entre o mínimo de cobertura total de nuvens e o mínimo da cobertura mais

convectiva. A mínima cobertura em torno do meio dia favorece um forte aquecimento

da superfície aumentando os fluxos de calor latente e sensível. Estes fluxos contribuem

à formação e intensificação de sistemas de nuvens convectivas, aumentando

linearmente as frações de cobertura no período da tarde. Após um curto intervalo de

tempo (em torno de 1 hora) observamos a máxima precipitação. Neste momento às

frações de nuvens convectivas apresentam a maior taxa de crescimento, aumentando

linearmente até onde são verificados seus horários de máximo desenvolvimento. O

máximo desenvolvimento da cobertura de nuvens altas acontece uma hora antes da

cobertura de nuvens associadas à convecção profunda. Este comportamento do ciclo

diurno da cobertura de nuvens foi verificado em todas as áreas estudas.

A análise da cobertura de nuvens nos sítios de medidas com diferentes coberturas

vegetais ( floresta e pastagem) apresentou alguns fatores que reforçam o mecanismo do

ciclo diurno explicado anteriormente. A variabilidade da cobertura de nuvens em

regiões de floresta e pastagem é verificada principalmente na intensidade da fração da

cobertura de nuvens, tendo em vista que o ciclo diurno é praticamente o mesmo em

ambos os sítios.

O ciclo diurno da cobertura total de nuvens entre as duas regiões é praticamente o

mesmo . Notamos uma pequena diferença durante a noite, onde a cobertura total de

nuvens na região de floresta é um pouco menor. Esta diferença ocorre à medida que

verificamos limiares de temperatura de brilho mais frios. As maiores diferenças ocorrem

para as nuvens convectivas, na região de florestas notamos uma porcentagem maior de

154

área coberta por nuvens altas durante a madrugada e início da manhã, mas a partir da

1:30 a cobertura de nuvens altas e convectivas na região de floresta é inferior em

relação à região de pastagem. À medida que verificamos os limiares mais frios notamos

que esta diferença aumenta sensivelmente. A região de floresta, apesar de apresentar

praticamente a mesma quantidade de cobertura total de nuvens, a fração de 0 dBZ é

significativamente maior que na região de pastagem. Como conseqüência, a espessura

ótica das nuvens é maior na região de floresta. Este fato é, provavelmente, devido a

maior quantidade de umidade disponível na floresta, facilitando a formação de nuvens

mais espessas e com maior quantidade de água líquida. Considerando a maior espessura

ótica das nuvens na floresta, é de se esperar que a maior quantidade de radiação solar

chegando a superfície seja na região de pastagem. Logo, esta quantidade maior de

energia que chega à superfície em regiões de pastagem deve aumentar a temperatura da

superfície e conseqüentemente o fluxo de calor latente e energia potencial disponível.

Dessa forma, a região de pastagem desenvolve convecção profunda de forma mais

intensa que a região de floresta. Esta hipótese explica a maior fração convectiva/chuva

forte e a menor fração de chuva fraca na pastagem.

Esta variabilidade na cobertura em nuvens foi, igualmente, observada em eventos de

leste e oeste. Verificou-se que a cobertura convectiva é mais intensa nos episódios de

leste, por outro lado, nos episódios de Oeste existiu uma predominância de cobertura

total de nuvens.

Medidas da precipitação realizadas de diferentes fontes foram intercomparadas. O

pluviômetro realiza a medida da água que precipita sobre a superfície em uma escala

espacial bastante reduzida (ordem de cm2). Neste estudo foram utilizados uma rede de

pluviômetros, mas os resultados mostram uma grande variabilidade espacial da

precipitação quando medida por pluviômetros. Esta variabilidade não pode ser

capturada por radares e satélites. Uma outra forma de medir a precipitação foi através

do uso dos dados CAPPI – 2 km. Esses são mais suavizadas tendo em vista o próprio

processo de construção do CAPPI. Além disso, a medida do radar é realizada em uma

área de amostragem muito superior à área de captação do pluviômetro. Apesar de

155

ocorrer uma certa dispersão o coeficiente de correlação é muito significativo, alçando

valores da ordem de 0.9. Outra ferramenta utilizada foi a imagem do canal 4 do satélite

GOES. Neste caso, relaciona-se a temperatura de brilho dos topos das nuvens com a

precipitação. A variabilidade espacial da temperatura de brilho na mesma rede de

trabalho é bem menor que aquela obtida pela rede de pluviômetros e pelo radar. Os

coeficientes de correlação de cada pixel em relação à média da rede de trabalho

mostram valores muito significativos, superiores a 0.98.

Testou-se o grau de relação, em diferentes escalas temporais, entre a temperatura de

brilho e as medidas de radar e pluviômetros. A relação da média a cada hora entre a Tir

e a precipitação apresenta uma dispersão muito elevada. O mesmo acontece com as

medidas do radar, embora com uma dispersão bem menor. A curva média de ajuste

mostra uma relação não linear que associa Tir mais frias com maior precipitação

(refletividade). A relação média entre a temperatura de brilho e a refletividade ocorre de

forma acentuada somente para limiares superiores a 245 K. As diferentes equações

passam a realizar uma estimativa mais precisa somente para os altos valores de

precipitação. Logo, o intervalo de eventos de precipitação em torno de 0.5 mm, que

representa a maioria dos casos, não pode ser estimado por satélite. Apesar das

significativas diferenças entre os regimes de leste e oeste a inter-relação entre

temperatura de brilho e refletividade é praticamente a mesma. A principal diferença

entre os regimes é com relação a proporção de nuvens convectivas e estratiformes ( leste

mais convectivo), que não está sendo capturada na escala de cada rede trabalho.

Observa-se que as maiores diferenças entre os regimes é na região do diagrama em que

estão concentrados os maiores números de pontos.

As curvas médias em todos os intervalos de tempo em que as variáveis foram integradas

no tempo e nas quatro redes de trabalho são semelhantes. Logo, uma equação para

estimar a precipitação via-satélite não muda com relação à escala temporal. Lembramos

que para os diferentes regimes a estrutura da curva é semelhante. O fator fundamental é

que a dispersão em torno da curva média é que diminuiu, ou seja, somente através da

integração temporal é que a estimativa da precipitação (principalmente das medidas

156

com radar) passa a ser mais confiável. Notamos que o erro absoluto em relação à curva

média, quando analisamos a refletividade, é reduzido à metade a medida que integramos

estas no tempo, no caso para o erro calculado de 1 a 24 horas, notamos uma redução do

índice em torno de 50 %. Com relação à curva média da precipitação, nota-se que a

redução do erro com a integração acontece até o intervalo de tempo de 6 horas, sendo

esta em torno de 38 %. Observou-se um aumento do erro quadrático para a estimativa

da precipitação quando integrada por 24 horas. A precipitação quando integrada por 24

horas apresenta uma variabilidade muito pequena, contudo, a temperatura de brilho

média diária varia significativamente, este deve ser provavelmente o caso.

Testes estatísticos mostraram que a fração de cobertura de nuvens e a fração chuva são

melhor correlacionados para os limiares que representam cobertura de nuvens altas e

chuva forte e moderada. A melhor relação foi obtida para temperaturas de brilho abaixo

de 245 K e medidas de refletividade do radar maiores do que 20dBZ

A partir das estimativas de precipitação foi verificado que em todas as equações a

precipitação foi subestimada principalmente quando as equações foram ajustadas aos

campos de precipitação medidos pela rede de pluviômetros. Este fato também foi

verificado para as estimativas integradas em 3, 6 e 24 horas. A precipitação foi

subestimada devido ao ajuste linear e a grande população de valores de baixa

precipitação. Logo, um ajuste linear não se aplica no ajuste da relação Tir com

precipitação. Além das estimativas diretas de precipitação, foram utilizadas as derivadas

no tempo e no espaço como parâmetros adicionais. Verificou-se que a derivada

temporal melhorou a estimativa, ao passo que o termo da derivada espacial praticamente

não mudou o erro da estimativa. Como foi observado na descrição do ciclo diurno, a

precipitação ocorre no momento de máximo crescimento da área de cobertura de nuvens

altas, logo, a derivada temporal tem um efeito positivo na melhora da estimativa da

precipitação. Com relação à derivada espacial, a grandeza sigma, não se observou um

efeito significativo na estimativa da precipitação. Esta variável é normalmente utilizada

para separar áreas convectivas de estratiformes. É possível que a variabilidade somente

nos quatro pixels utilizados não seja potencial para indicar diferentes tipos de nuvens.

157

A estimativa da precipitação utilizando Tir na região Amazônica em uma escala

espacial da ordem de 10 km2 é muito imprecisa, somente quando estes valores são

integrados em diversas horas que a variabilidade em torno da curva média diminui.

A divergência do vento em altos níveis, medido pelo canal do vapor d´água, mostrou ser

bem relacionada com a precipitação e a fração de chuva. Altos valores de precipitação

estão relacionados com valores elevados de divergência do vento, mostrando que a

precipitação pode ter sido gerada através do desenvolvimento de sistemas de nuvens

altas e convectivas.

O ciclo diurno da divergência do vento em altos níveis e da precipitação é marcado pela

existência de um máximo principal no período da tarde, próximo ao máximo principal

da precipitação. Durante as primeiras horas da madrugada a divergência do vento em

altos níveis mostra um máximo secundário próximo ao máximo secundário da

precipitação. Após o máximo secundário, em torno de 03:30 LST, ocorre um rápido

decréscimo de ambas variáveis até o início da manhã, seguido de um forte aumento no

período da tarde. Após o horário em que foi verificada a mínima divergência do vento

em altos níveis podemos notar um crescimento significativo nas próximas 6 horas, onde

é verificado o máximo principal em torno de 12:00 LST. Neste mesmo período é

possível verificar o horário de máximo crescimento da precipitação. O final da tarde é

marcado pela brusca diminuição da precipitação acompanhada pelo descrédito da

divergência do vento em altos níveis. O ciclo diurno da divergência do vento é

fortemente correlacionado com o da precipitação, apresentando as mesmas defasagens

com a cobertura de nuvens. A divergência do vento em altos níveis pode ser, de certa

forma, utilizada como preditor da cobertura convectiva. Observa-se que a divergência

do vento em altos níveis precede a máxima cobertura de nuvens convectivas em

algumas horas. Este resultado confirma o discutido em outras sessões, que mostram que

o momento da maior cobertura de nuvens convectivas é posterior a precipitação. Pode-

se concluir que o momento de maior cobertura de nuvens convectiva (maior expansão

da cobertura de nuvens frias) corresponde ao fim da atividade convectiva, pois,

posteriormente a este momento, a divergência em altos níveis decresce rapidamente.

158

Como sugestões para trabalhos futuros, ressalta-se a necessidade de:

a) utilizar equações não lineares no estudo da estimativa de precipitação em

diferentes escalas espaciais e temporais;

b) utilizar a divergência do vento em altos níveis, no canal do vapor d´água, como

uma variável estimadora da precipitação, além de aplicar ao estudo de casos;

c) aprofundar os estudos da cobertura de nuvens e sua relação com a divergência

do vento em altos níveis, através da utilização do método da contração e

expansão da área coberta por nuvens.

159

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