a validade dos contratos celebrados pela internet

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A VALIDADE DOS CONTRATOS CELEBRADOS PELA INTERNET (CONTRATOS ELETRÔNICOS) Victor de Moraes Ramos 1 SUMÁRIO: 1. Introdução; 2. Conceito de Internet; 3. Características Jurídicas da Internet; 4. Conceito de Contrato Eletrônico; 5. Classificação dos contratos eletrônicos; 6. Formação dos Contratos Eletrônicos; 7. Princípios dos Contratos Eletrônicos; 7.1 Princípio da equivalência dos contratos celebrados de forma tradicional com os contratos celebrados pela Internet; 7.2 Princípio da neutralidade e da perenidade das normas reguladoras do direito eletrônico; 7.3. Princípio da conservação e aplicação das normas jurídicas existentes aos contratos eletrônicos; 7.4 Princípio da boa-fé objetiva nos contratos eletrônicos 8. Validade dos Contratos Eletrônicos; 8.1 Elementos Subjetivos dos Contratos Eletrônicos; 8.2 Elementos Objetivos dos Contratos Eletrônicos; 8.3 Elementos Formais dos Contratos Eletrônicos; 9. Conclusão; Referências. 1. INTRODUÇÃO Os contratos eletrônicos possuem característica que lhes são próprias e que, portanto, diferenciam-nos dos demais contratos. Alguns doutrinadores chegaram a questionar a validade destes contratos, sobretudo em relação à força probante, tal questionamento ainda persiste por parte 1 Bacharelando em Direito pela Universidade Salvador – UNIFACS.

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3 DOS CONTRATOS CELEBRADOS PELA INTERNET (CONTRATOS ELETRNICOS)

A VALIDADE DOS CONTRATOS CELEBRADOS PELA INTERNET (CONTRATOS ELETRNICOS)Victor de Moraes Ramos

SUMRIO: 1. Introduo; 2. Conceito de Internet; 3. Caractersticas Jurdicas da Internet; 4. Conceito de Contrato Eletrnico; 5. Classificao dos contratos eletrnicos; 6. Formao dos Contratos Eletrnicos; 7. Princpios dos Contratos Eletrnicos; 7.1 Princpio da equivalncia dos contratos celebrados de forma tradicional com os contratos celebrados pela Internet; 7.2 Princpio da neutralidade e da perenidade das normas reguladoras do direito eletrnico; 7.3. Princpio da conservao e aplicao das normas jurdicas existentes aos contratos eletrnicos; 7.4 Princpio da boa-f objetiva nos contratos eletrnicos 8. Validade dos Contratos Eletrnicos; 8.1 Elementos Subjetivos dos Contratos Eletrnicos; 8.2 Elementos Objetivos dos Contratos Eletrnicos; 8.3 Elementos Formais dos Contratos Eletrnicos; 9. Concluso; Referncias.1. INTRODUOOs contratos eletrnicos possuem caracterstica que lhes so prprias e que, portanto, diferenciam-nos dos demais contratos. Alguns doutrinadores chegaram a questionar a validade destes contratos, sobretudo em relao fora probante, tal questionamento ainda persiste por parte minoritria da doutrina e agravado pela falta de normas especficas para estes contratos.

Em contrapartida, a contratao eletrnica paulatinamente se incorpora aos costumes da sociedade atual, de modo que j possvel celebrar contratos atravs de meio eletrnico para adquirir qualquer produto ou servio, por exemplo. E a contratao eletrnica utilizada em diversas reas jurdicas, tais como a administrativa, civil, consumerista, trabalhista, comrcio internacional etc.

Embora esta modalidade de contratao esteja em franca ascenso, no h regulamentao expressa no ordenamento jurdico nacional. O que pode gerar diversos problemas, uma vez que determinadas questes so peculiares a este tipo de contratao e podem suscitar conflitos entre as partes, tais como questes pertinentes a proteo do consumidor, a privacidade de dados, a assinatura digital e o correio eletrnico.

Porm, tal lacuna legal deve ser preenchida em breve, pois o Poder Legislativo no se encontra inerte em relao aos contratos eletrnicos, inclusive, h diversas normas esparsas e vrios projetos de lei, em trmite no Congresso Nacional, que se referem, direta ou indiretamente, ao assunto.

2. CONCEITO DE INTERNETConforme Portaria 148 do Ministrio das Comunicaes, emitida em 31 de maio de 1995, que aprovou o uso dos meios de rede pblica de telecomunicaes para acesso internet no Brasil, internet o nome genrico que designa o conjunto de redes, ou meio de transmisso e comutao, roteadores, equipamentos e protocolos necessrios comunicao entre computadores, bem como o software e os dados contidos nestes computadores.

Antonio Lago Jnior apresentou o conceito de internet como conjunto de redes, ou meios de transmisso e comutao, roteadores, equipamentos e protocolos necessrios comunicao entre computadores. Nota-se que o renomado autor mostrou-se mais perocupado em dar um enfoque tcnico ao conceito (2001, p.19).

J Sheila do Rocio Santos Leal apresentou a seguinte definio:

A internet um sistema transnacional de comunicao, operacionalizado por um conjunto de computadores interligados, permitindo a consulta, recepo e transmisso de dados (textos, sons, imagens), entre pessoas fsicas e jurdicas e entre mquinas (sistemas auto-aplicativos), de um ponto a outro do planeta (2007, p.14).

Gustavo Testa Corra apresentou conceituao que se tornou clssica e que fora inmeras vezes repetida, para o autor a Internet :

[...]um sistema global de rede de computadores que possibilita a comunicao e a transfer~encia de arquivos de uma mquina a qualquer outra mquina conectada na rede, possibilitando, assim, um intercambio de informaes sem precedentes na histria, de maneira rpida, eficiente e sem a limitao de fronteiras, culminando na criao de novos mecanismos de relacionamento (2000, p.08).

A partir destas definies, pode-se concluir, portanto, que internet um conglomerado de redes de computadores interligadas por quase todos os paises, que tm em comum um conjunto de protocolos e servios, que possibilita aos usurios a ela conectados usufrurem de servios de informao e comunicao de alcance mundial, alm de possibilitar todo tipo de transferncia de dados.Cabe apresentar neste momento, o conceito de World Wide Web (WWW), que muitas vezes confundido com a prpria Internet. A WWW parte da Internet e permite a conexo entre diversos documentos espalhados pela Internet, e a sua criao em 1992 impulsionou a utilizao da Internet. Este sistema, certamente, o mais utilizado, inclusive para a contratao eletrnica. Porm, existem outros sistemas de navegao, tais quais o FTP, Gopher, Archei e Telnet, que no so populares, porm ainda so utilizados.

Logo, um grande equivoco confundir a Internet com o sistema de navegao WWW, porm este sistema foi de grande importncia para a popularizao da Internet, devido a sua facilidade de uso.

A Internet, em si, feita atravs de uma interligao fsica, que responsvel por interligar milhes de computadores por todo o mundo. Utiliza-se das linhas telefnicas para fazer tal conexo, que podem ser feitas por fios de cobre, fibras ticas, transmisso via satlite ou via rdio. Assim, como nas ligaes telefnicas, a utilizao destes meios pode interferir na qualidade do funcionamento da rede e na velocidade de transmisso de dados.

Para acessar a Internet o usurio necessitar de um modem, que faz a converso dos sinais sonoros transmitidos pelo telefone para sinais reconhecidos pelo computador. O usurio pode acessar a internet diretamente atravs de seu sistema telefnico, ou poder acessar atravs de uma conexo a outro computador conectado rede (servidor), que possui mais recursos (STUBER, FRANCO, 1998, p.61).

Portanto, para obter acesso internet atualmente necessrio que o usurio comum tenha a sua disposio uma linha telefnica, tenha um modem instalado ao computador, que esteja conectado a um servidor de redes, e ainda dispor de programas especficos, conhecidos como browser, responsveis pela transferncia de dados entre o computador do usurio e a rede (STUBER, FRANCO, 1998, p.62).

Enfim, a Internet consagra-se como uma importante ferramenta, tanto para os usurios domsticos, como para as grandes organizaes comercias e governos, possibilitando meios de comunicao, negociaes, integrao econmicas e inmeras outras possibilidades para sua utilizao.

3. CARACTERSTICAS JURDICAS DA INTERNETDentre as principais questes jurdicas envolvendo a Internet, destacam-se as questes ligadas ao tempo e territorialidade, o direito informao e a liberdade de uso, a falta de regulamentao (ou a auto-regulamentao), a tendncia de dispensabilidade de documentos fsicos e questo da segurana, e por fim, a questo dos contratos como um instrumento jurdico de efetivao do comercio eletrnico.

Ao tratar de Direito Digital e de contratos celebrados pela Internet, o elemento tempo merece ateno especial, pois na Internet o conceito de tempo sofre certa relativizao.

importante destacar que, em razo da globalidade da Internet, possvel pessoas que esto em locais distintos, sob fusos horrios diferentes contratarem, ou ainda, haver intervalo de tempo entre as etapas de formao do contrato, gerando dificuldades em estabelecer o momento da formao de contratos, ou ainda, se este tipo ode contratao feito entre ausentes e entre presentes.

O territrio onde incidem as relaes jurdicas tambm de grande relevncia para o Direito, uma vez que necessrio definir qual legislao recai sobre determinada relao, ou qual foro competente para dirimir eventuais conflitos.

Assim, a territorialidade no direito digital tambm sofre relativizao, pois grande a dificuldade para demarcar a Internet, bem como para definir o local em que determinada relao jurdica ocorreu.

Para citar um exemplo desta dificuldade, basta recordar o fato de ser comum pessoas que moram em cidade diferentes, ou at em pases diversos celebrarem contrato atravs da Internet. E ainda mais difcil determinar o local, quando duas pessoas celebram contrato atravs de um determinado site, que tem seu servidor com sede em um terceiro pas.

Enfim, a Internet possibilita que, independente do local fsico que se encontra, uma pessoa pode oferecer produtos e servios para pessoas do mundo inteiro, estando presente em diversos pases, quebrando barreiras geopolticas dos Estados, em que o domiclio fsico do contratante pode coincidir ou no, com seu domiclio virtual.

Outra questo que encontra certa discordncia na doutrina questo da falta de regulamentao na Internet. Esta caracterstica certamente uma das mais marcantes, que gera determinadas conseqncias, tais quais a possibilidade de uso ilimitado da rede, bem como a falta de barreiras geopolticas.

Assim para uns, necessrio criar normas que tratam especificamente sobre o uso da Internet, pois desta forma evitaria diversas situaes problemticas, que afetam, inclusive, o comrcio eletrnico, alm de possibilitar a adequao dos institutos jurdicos j existentes para atuarem na seara do direito digital tambm. Para outros, a Internet possui um poder de auto-regulamentao, ou seja, espontaneamente cria-se uma ordem que supre a falta de leis especificas, resolvendo novos litgios, que surgem constantemente.

E de certa forma, o governo brasileiro at o presente momento tambm segue este posicionamento, para chegar a tal concluso basta observar o exemplo dos provedores de servios de acesso Internet, que criaram normas-padres, principalmente no que se refere a assuntos como privacidade e crimes virtuais.

H, no entanto, quem defenda que a regulamentao da internet deve decorrer de elaborados estudos que busquem a integrao e reunio de diversos pases, pois a internet mundial, no podendo ser contido entre fronteiras. E de fato, diversos fruns internacionais vm sendo realizados e vrias entidades internacionais buscam uma firma de regulamentar a internet de forma uniforme e neutra.

Porm, mesmo sendo a regulamentao supranacional algo prximo do ideal, em questes ligadas internet ou no, percebe-se que esta soluo no vivel atualmente. Pois alm de ser difcil elaborar uma regulamentao supranacional neutra e sem favorecimentos especficos aos pases economicamente mais fortes, h tambm diversidades culturais, religiosas, sociais e culturais que exigem medidas diversas dos estados para atender necessidades prprias a cada pas. Para se ter uma idia desta dificuldade, hoje seria impossvel que se aplicassem as mesmas normas sobre o uso da internet pases como os Estados Unidos e o Brasil em pases como China, Ir e Egito, por exemplo.

A par desta discusso, de grande necessidade voltar estudos para o mbito interno com o intuito de estabelecer regras prprias que assegurem a segurana pblica, a boa-f e a tica nas relaes jurdicas celebrados por vias eletrnicas, pois este meio oferece grande liberdade as partes, expondo-as a um maior risco. E, alm disto, todos os ramos do direito vo necessitar de adaptaes, logo faz-se necessrio enfrentar os problemas que decorrem do comrcio eletrnico, tais como legislaes aplicveis nas transaes alm das fronteiras dos pases, a proteo do consumidor e garantia de privacidade, o regime jurdico, validade e eficcia probatria dos contratos eletrnicos, alm de questes referentes a segurana e a responsabilidade. (REINALDO FILHO, 2005, p. 3)

Assim, resta a certeza de que ser necessrio aproximar o direito e a realidade jurdica da realidade virtual, para que este se adqe aos novos mecanismos tecnolgicos e atenda os anseios da sociedade de forma adequada.

Outra caracterstica jurdica que se pode notar a tendncia a dispensabilidade de documentos fsicos. Como exemplo desta tendncia, basta lembrar que diversas operaes bancrias podem ser realizadas por meio da internet e com a total dispensa de documentao com suportes em papel, ou ainda diversos sistemas de pagamentos, que podem ser efetivados com o simples envio de seqncias numricas.

Esta caracterstica uma das responsveis pela rpida adeso da populao mundial internet, inclusive para celebrar contratos e operacionalizar o comrcio eletrnico. Pois permite ampla liberdade e praticidade s partes, que podem se comunicar independente de fronteiras e distncias.

Porm, em contrapartida a esta ampla liberdade, importante ressaltar que necessrio o respeito a regras mnimas que garantam a segurana jurdica das relaes estabelecidas por meio da internet

4. CONCEITO DE CONTRATO ELETRNICOApresentada tais premissas e com base na teoria geral dos contratos, dar-se incio ao estudo especifico dos contratos eletrnicos. Em que desde logo, pode-se afirmar que em relao formao, validade e eficcia dos contratos, as regras e normas que regem a teoria geral tambm do embasamento aos contratos eletrnicos.

Em uma concepo simplista, contrato eletrnico pode ser conceituado como negcio jurdico que fonte de obrigao, em que as partes criam vnculos recprocos, mediante o uso da comunicao em rede, criando, modificando, ou extinguindo direitos.

A concepo de tal conceito decorre em observao ao que foi afirmado anteriormente sobre a formalidade dos contratos, em que os contratos podem ser celebrados independente da forma, apenas com o consentimento de ambas as partes. E neste caso, as partes utilizaram-se da internet como meio para concretizar e aperfeioar o contrato.

Maria Helena Diniz define contrato eletrnico como sendo aquele que opera-se entre o titular do estabelecimento virtual e o internauta, mediante transmisso eletrnica de dados (2006, p. 742). Entretanto, tal conceituao trazida pela renomada autora insuficiente, pois o titular no precisa ser, necessariamente, um estabelecimento virtual, podendo o contrato ser celebrado entre duas pessoas fsicas, por exemplo.

Ronaldo Andrade apresenta conceituao de Pedro Asensio (apud ANDRADE, 2004, p.29) que satisfaz a abordagem ao assunto:

Aquele que se aperfeioa mediante o intercmbio eletrnico de dados de computador a computador. Em sua linguagem: La categoria de los contratos electrnicos, incluso en sentido estricto, de modo que englobe los contractos que se perfeccionam mediante el intercambio electrnico de datos de ordenador a ordenador (frente a uma nocin amplia que incluiria todos los contratos celebrtados por medios electrnicos), no es una realidad especfica de Internet, que slo es uno de los medios de comunicacin (entre ordenadores) empleados para la formacin de contractos de tal categoria.

Assim, em vista da natureza jurdica dos contratos eletrnicos, percebe-se que estamos diante de uma nova modalidade de contrato, com peculiaridades em relao forma, ao objeto e a verificao da capacidade das partes.

5. CLASSIFICAO DOS CONTRATOS ELETRNICOSComo visto anteriormente, os contratos eletrnicos apresentam algumas caractersticas que so comuns a todos os contratos desta espcie, tais quais a liberdade de uso, a escassa legislao, a flexibilizao dos conceitos de tempo e de espao e tambm a dispensabilidade, em regra, de documentos fsicos, escritos em papel.

Porm, alguns contratos apresentam caractersticas peculiares, em que possvel classificar os contratos eletrnicos em trs espcies: intersistmicos, interpessoais e interativos.

Quem primeiro props tal classificao foram os autores Mariza Delapieve Rossi e Manuel Pereira dos Santos, em que ponderaram o grau de interao entre o homem e o computador, e assim identificaram estas subespcies de contratos eletrnicos. Tal classificao foi amplamente recepcionada pela doutrina, e tambm pela jurisprudncia, que inclusive j se utiliza desta classificao para orientar decises.

Contratos eletrnicos interpessoais seriam aqueles firmados em decorrncia da interao de duas pessoas, simultaneamente ou no, atravs da internet. Pode-se exemplificar tal classificao, nos casos de contratos firmados atravs de troca de e-mails, de videoconferncia ou em programas de mensagem instantnea, ou ainda, no caso de leilo virtual.

A principal caracterstica desta forma contratual a necessidade de uma manifestao ativa das partes, ou seja, necessrio a ao humana tanto para enviar uma proposta atravs de mensagem, quanto para emitir mensagem de resposta de aceitao.

Assim, segundo os autores Manoel Santos e Mariza Rossi (2000, p.111), as duas manifestaes volitivas essncias ao preenchimento dos requisitos de existncia da relao jurdica ocorrem, cada uma ao seu turno, no momento em que seus autores transmitem a mensagem eletrnica.

A Dcima Segunda Cmara Cvel do Tribunal de Justia do RS, em julgamento de Apelao Cvel n 70013028261, negou provimento a pedido de condenao da demandada exibio de documento contratual, visto que se tratava de contrato eletrnico interpessoal. Conforme se pode aduzir da leitura da respectiva ementa:

EMENTA: AO CAUTELAR DE EXIBIO DE DOCUMENTO. CONTRATO ELETRNICO. INEXISTNCIA DE FORMA ESPECIAL. IMPOSSIBILIDADE JURDICA DO PEDIDO. Em se tratando de contrato eletrnico interpessoal, no qual as partes interagem na manifestao de suas vontades, para a formao do prprio vnculo, independentemente de forma especial, no h como exigir-se a apresentao do contrato por parte da demandada, at porque a prpria demandante demonstra que os termos do contrato foram livremente deliberados mediante proposta e aceitao por meio de correio eletrnico. Apelo desprovido. (Apelao Cvel N 70013028261, Dcima Segunda Cmara Cvel, Tribunal de Justia do RS, Relator: Dlvio Leite Dias Teixeira, Julgado em 30/03/2006)

Contratos eletrnicos interativos so aqueles em que o usurio da internet tem acesso a um sistema programado previamente para ofertar produtos e servios. So os contratos mais comuns, podemos citar como exemplo o caso das lojas virtuais, em que j se encontram diversos produtos a disposio de possveis clientes, bem como j esto dispostas as clausulas contratuais, sujeitas a adeso ou no do internauta.

Assim, nesta forma de contrato, h uma interao da pessoa com um sistema de computador programado para oferecer acesso a bancos de dados, escolher itens de compra, preencher formulrios com seus dados necessrios, e principalmente, indicar meios eficazes para que a pessoa indique sua aceitao aos termos contratuais, bem como que autorize o dbito em sua conta bancria ou em seu carto de crdito. Portanto, atravs desta forma que se consumam os contratos por adeso no meio eletrnico.

O momento em que um sistema desta natureza colocado disposio em um ambiente eletrnico de rede, o momento da oferta, para efeitos jurdicos. Ao passo que, no momento em que o futuro adquirente acessa o sistema, e com ele interage, preenche os seus dados e expressa a aceitao aos termos e condies de fornecimento constantes da oferta, seria o momento da celebrao do contrato de adeso (SANTOS. ROSSI, 2000, p.112).

Nos contratos eletrnicos intersistmicos, a Internet utilizada apenas para ratificar e executar o que as partes j estipularam previamente, geralmente em contratos escritos. Assim, o computador no estar interferindo na formao das vontades dos contratantes (BOIAGO JNIOR, 2005, p.88).

Esta forma de contratao inerente s pessoas fsicas e, geralmente, utilizadas para estabelecer relaes comerciais de atacado.

Diversos autores destacam a utilizao de um sistema de computador, denominado Electronic Data Interchange (EDI), que permite a comunicao e a transferncia de dados entre empresas.

Assim, uma operao de EDI d-se, por exemplo, quando uma empresa se comunica com o sistema de vendas de um fornecedor visando aquisio de um produto. Nessa comunicao so trocados, por exemplo, documentos eletrnicos de pedido de compra, ordens de transporte (SANTOS. ROSSI, 2000, p.113).

6. FORMAO DOS CONTRATOS ELETRNICOS

Tal como os contratos em geral, a doutrina divide a formao dos contratos eletrnicos em fases, sejam elas: as negociaes preliminares; a oferta ou a policitao; a aceitao ou oblao.

A fase de negociaes preliminares diz respeito sondagens sobre a eventual celebrao do negcio jurdico, no havendo, portanto, uma oferta concreta, logo no h em regra geral, obrigaes entre as partes.

Porm, como visto no ponto 2.4 da presente obra, sobre formao dos contratos em geral, verifica-se que a criao de uma expectativa, por um dos participantes, de que o negcio jurdico ser realizado, levando-o a despesas, a no contratar com terceiros ou alterar planos de sua atividade imediata gerar o direito ao ressarcimento destes danos pela outra parte.

Na fase em que se faz a oferta, que se tem incio a formao do contrato. H a manifestao de vontade contratar por parte de um dos contratantes. E esta manifestao sria, precisa e inequvoca. A oferta vinculatria, conforme se pode aduzir do contedo do artigo 427 do Cdigo Civil, que visa proteger aquele que de boa-f toma conhecimento da proposta e acredita na posterior concluso do contrato.

Neste sentido, o Cdigo de Defesa do Consumidor em seus artigos 30 e seguintes, tambm afirma o carter obrigatrio e irretratvel da oferta. Assim, ao veicular (inclusive na internet) informaes ou publicidade acerca de determinado produto ou servio, o fornecedor resta obrigado a cumprir integralmente o seu contedo, no devendo recusar-se.

O artigo 35 do CDC determina que, em caso de recusa, o consumidor poder aceitar outro produto ou servio, rescindir o contrato, ou recorrer execuo especfica para forar o fornecedor a cumprir com o contedo da proposta.

Ainda sobre este tema o artigo 48 do CDC traz aspecto interessante, em que se equiparam o pr-contrato e o contrato propriamente dito, em que As declaraes de vontade constantes de escritos particulares, recibos e pr-contratos relativos s relaes de consumo vinculam o fornecedor, ensejando inclusive execuo especfica.

As ofertas feitas atravs da internet geralmente ocorrem por meio de sites especializados em divulgar e intermediar contratos de venda de produtos e servios ou atravs de lojas virtuais. As ofertas e propostas so, nestes casos, permanentes, ou seja, acessveis a qualquer tempo.

A internet ao mesmo tempo em que se constitui um elemento facilitador de comunicao e um elemento de intermdio entre as partes, pode representar tambm diversos riscos, que geram insegurana ao consumidor, principalmente pela dificuldade de identificao da pessoa com quem se est contratando.

Assim, alguns fatores ligados a dificuldade de identificao de uma das partes podem envolver este tipo de contratao, tal como, por exemplo, identificar se o estabelecimento tem sede fixa ou apenas virtual, como fazer para entrar em contato com o fornecedor fora da internet, e ainda, como fazer para ter acesso a dados que o identifiquem.

Com bases nestas dificuldades, que geram inseguranas, o artigo 4 do Projeto de lei n. 1589/99 da OAB de So Paulo, elencou os seguintes requisitos para ofertar-se algo pela internet:

Art. 4 - A oferta de contratao eletrnica deve conter claras e inequvocas informaes sobre:

a) nome do ofertante, e o nmero de sua inscrio no cadastro geral do Ministrio da Fazenda, e ainda, em se tratando de servio sujeito a regime de profisso regulamentada, o nmero de inscrio no rgo fiscalizador ou regulamentador;

b) endereo fsico do estabelecimento;

c) identificao e endereo fsico do armazenador;

d) meio pelo qual possvel contatar o ofertante, inclusive correio eletrnico;

e) o arquivamento do contrato eletrnico, pelo ofertante;

f) instrues para arquivamento do contrato eletrnico, pelo aceitante, bem como para sua recuperao, em caso de necessidade; e

g) os sistemas de segurana empregados na operao.

Tal disposio faz-se bastante pertinente e um bom exemplo a ser seguido pelo ofertante, j que tambm possui interesse em extinguir a sensao de insegurana que os contratos eletrnicos podem causar, e contribuindo, desta forma, para o aumento de nmero de pessoas que se utilizem da internet para contratar.

Assim, o ofertante dever incumbir-se de informar o consumidor sobre os detalhes tcnicos, custo e riscos advindos da possvel contratao por meio eletrnico, bem como dever fornecer dados para que o consumidor possa o identificar e contat-lo se necessrio.

A aceitao ou oblao a fase em que uma parte assente com as condies estabelecidas na oferta. A partir desta concordncia, geram-se direitos e obrigaes para ambas as partes, que devem dar cumprimento aos deveres pactuados.

H um embate doutrinrio, em que se discute se os contratos celebrados por meio da internet seriam formados entre presentes ou entre ausentes. Tal discusso importante, pois o Cdigo Civil distingue tratamento diverso para contratos entre ausentes e entre presentes.

Assim, o Cdigo Civil, em seu artigo 428, determina que a oferta deixa de ter natureza obrigatria: se, feita sem prazo a pessoas presentes, no for imediatamente aceita; se, feita com prazo entre pessoas ausentes, a resposta no chegar dentro do prazo estabelecido; ou se, feita sem prazo entre pessoas distantes, a resposta no chegar dentro de um prazo razovel. E ainda deixa de ser obrigatria a oferta se a retratao do proponente chegar ao conhecimento da outra parte, simultaneamente, ou antes dela.

Importante relembrar neste momento a distino entre contratos formados entre presentes e entre ausentes, j que o Cdigo Civil traz previses distintas para tais situaes em seu artigo 427 e seguintes.

A diferena simples, em que deve ser observado o aspecto referente ao tempo e ao espao. Nos contratos entre presentes as partes esto fisicamente prximas no tempo e no espao. Portanto, as partes so capazes de declarar pessoalmente sua vontade.

J os contratos entre ausentes so aqueles em que as partes no esto fisicamente presentes no momento da celebrao. Os agentes contratantes no se encontravam prximos no tempo e no espao, a manifestao de vontade encontra nestes casos os bices da distncia e da dificuldade na troca de comunicao.

Tendo em vista tais consideraes, surge a dvida se os contratos eletrnicos so formados entre presentes ou entre ausentes.

Tal dvida se acentua em decorrncia do Cdigo Civil vigente estabelecer em seu artigo 428, I, segunda parte, que: Considera-se tambm presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicao semelhante.

Porm, a partir da classificao dos contratos eletrnicos apresentadas no ponto 3.3 do presente trabalho, podemos concluir que algumas caractersticas so inerentes a todos os contratos eletrnicos: a primeira caracterstica observada que tais contratos so firmados entre pessoas que no esto fisicamente presentes; a segunda caracterstica observada de que a simultaneidade no momento compreendido entre a oferta e a aceitao pode existir ou no.

Portanto, com todo o respeito em relao aos que apresentam entendimento em contrrio, diante destas concluses adota-se o posicionamento de que o contrato eletrnico, em regra geral, firmado entre ausentes. J que as partes no se encontram fisicamente no mesmo espao fsico, bem como, no h, necessariamente, simultaneidade.

Assim, nos contratos eletrnicos, em geral, a comunicao entre as partes pode ser dificultada, inclusive pode ser necessrio determinado perodo de tempo para que sejam esclarecidas ocasionais controvrsias, pois este meio de comunicao exige a troca de informaes atravs de envio de mensagens, o que pode demorar.

Porm, se houver simultaneidade entre o momento da oferta e o da aceitao, tais contratos podem ser considerados entre presentes.

Feitas tais divagaes, pode-se prosseguir em relao ao curso da formao dos contratos eletrnicos.

Do mesmo modo que os contratos em geral, o princpio da liberdade da forma se aplica tambm aos contratos eletrnicos, conforme artigo 107 do Cdigo Civil. Portanto, possvel celebrar tal contrato de forma livre, sem a observao das solenidades necessrias a algumas espcies de contrato.

Em relao capacidade das partes, a regra da teoria geral tambm se aplica aos contratos eletrnicos, em que este s ter validade e eficcia se as partes forem capazes.

Neste quesito, h um obstculo prtico a ser enfrentado, pois devido ao fato das partes no estarem presentes fisicamente no momento da celebrao, torna-se difcil a verificao da capacidade jurdica destas.

A doutrina especializada apresenta algumas solues, tais quais a identificao atravs do endereo lgico IP, contido em cada computador, ou a criao de senhas ou assinaturas digitais. Porm tais solues no se mostram totalmente eficazes para a verificao da capacidade das partes, alm de serem suscetveis de violao ou falsificao.

Na prtica, visando diminuir os riscos causados por tal dificuldade, exige-se em sites o preenchimento de formulrios requerendo informaes como a data de nascimento, o nmero do Cadastro de Pessoa Fsica (CPF), dentre outras informaes que facilitem a identificao da capacidade do agente.

Assim, a regra geral deve ser aplicada para solucionar questes judiciais que possam surgir com o problema, em que devem ser declarados nulos os contratos que figure um incapaz como parte, de acordo com artigo 166 do Cdigo Civil.

Em relao ao objeto dos contratos eletrnicos, h um fato curioso, em que o objeto de uma relao jurdica virtual pode ser um software, em que possvel que sua execuo se d por download.

A doutrina divide os contratos eletrnicos de acordo com o objeto, em direto e indireto. Em que indireto so os que envolvem bens tangveis, corpreos, como por exemplo, livros, carros, aparelhos eletrnicos. J os diretos so aqueles em que a transao envolve somente meios eletrnicos referentes a bens intangveis, incorpreos, como por exemplo, os softwares.

O objeto necessita ainda ser lcito, idneo, possvel e determinado ou determinvel, pois caso contrrio poder ser nulo.

Relevante destacar ainda, que embora o princpio da liberdade formal se aplique aos contratos eletrnicos, necessrio que estes sejam celebrados utilizando-se no momento de sua formao documento informtico, que dever servir para possvel constatao probatria.

Em relao ao local de formao do contrato, o Cdigo Civil dispe em seu artigo 435, que este se considera concludo no local onde foi proposto.

Porm, na contratao eletrnica esta regra encontra diversos obstculos, pois atravs da Internet possvel contratar pessoas em diversos locais do planeta de forma simultnea ou no.

Assim, a doutrina apresenta um entendimento para cada classificao de contrato. Sendo o contrato eletrnico interpessoal, em que possvel determinar o local em que a comunicao entre as partes iniciou-se, este ser o local considerado onde a proposta foi realizada.

Sendo um contrato interativo, em que a contratao se realiza atravs de um site, h certa complexidade para determinar o local, pois comum que sejam verificados quatro ou at mais territrios envolvidos. Assim, por exemplo, as partes podem estar em dois locais diferentes, e ainda, o website estar hospedado em um servidor localizado em um terceiro territrio, com endereo fixo em um quarto territrio.

Neste caso, a doutrina apresenta entendimento baseado na Lei Modelo da UNCITRAL, que assim dispe: uma declarao eletrnica ser considerada expedida e recebida no local onde o remetente e o destinatrio, respectivamente, tenham seu estabelecimento.

Assim, verifica-se que o local deve ser determinado com base na localidade do estabelecimento das partes ou no local de seus respectivos domiclios.

Porm, como ainda assim, podem ocorrer diversos situaes complexas e conflituosas, a doutrina aponta que providencial as partes estipulem o local de formao do contrato, ou que estipulem o local em que a proposta fosse manifestada.

7. PRINCPIOS DOS CONTRATOS ELETRNICOSTomando por base a contribuio das normas dispostas na Lei Modelo da UNCITRAL, e tambm na obra de Sheila do Rocio Leal para este tema, possvel estabelecer alguns princpios inerentes aos contratos celebrados por via eletrnica, e que devem ser consideradas devido ao carter norteador.

7.1 Princpio da equivalncia dos contratos celebrados de forma tradicional com os contratos celebrados pela Internet

Aos contratos eletrnicos deve ser atribudo o mesmo reconhecimento jurdico que se atribui aos contratos tradicionais. Ou seja, no s porque um contrato foi celebrado por via eletrnica que se deve negar a estes efeitos jurdicos referentes validade e de eficcia.

Neste sentido, o artigo 5 da Lei Modelo da UNCITRAL estabelece reconhecimento jurdico das mensagens de dados, e tambm afirma que No se negaro efeitos jurdicos, validade ou eficcia informao apenas porque esteja na forma de mensagem eletrnica.

Este princpio fora abordado, no mbito nacional, no Projeto de lei 1.589/99 da OAB de So Paulo, que disps o simples fato de ser realizada por meio eletrnico no sujeitar a oferta de bens, servio e informao a qualquer tipo de autorizao prvia.

Portanto, conclui-se que no se pode negar efeito jurdico a um contrato apenas por este ter sido celebrado atravs de vias eletrnicas.

Porm, h divergncia, pois alguns autores afirmam no ser possvel atribuir mesma carga valorativa qual se atribui aos contratos tradicionais, principalmente no que se refere aos documentos tradicionais, tais quais os documentos que trazem mensagens escritas, verbais ou tcitas.

Porm, trata-se de um equivoco, inclusive a tendncia mundial que se equipare os contratos realizados em meio virtual aos contratos tradicionais, atribuindo-lhes os mesmo efeitos jurdicos.

7.2 Princpio da neutralidade e da perenidade das normas reguladoras do direito eletrnico

Em breve comparao entre os equipamentos e programas de computador utilizados atualmente e os que eram utilizados h dez anos, por exemplo, nota-se que os avanos tecnolgicos na rea de informtica so muito rpidos, de forma que alguns programas que eram utilizados h dez anos encontram-se totalmente defasados e sem qualquer utilidade.

Devido a esta caracterstica intrnseca a qualquer coisa ligada informtica, que surge uma das principais questes jurdicas da internet, que justamente a falta de regulamentao especfica.

possvel afirmar ainda que, em face de inmeros problemas decorrentes da falta de condies na estrutura do Estado/Executivo, assim tambm na morosidade da mquina administrativa do Poder Legislativo, quando uma lei sobre a utilizao da rede virtual fosse aprovada no Brasil, esta, provavelmente, traria disposies que no se aplicariam mais, pois os programas de processamento de informao e de segurana eletrnica teriam evoludo, e funcionariam de forma diferente.

Assim, quando se tratar de temas ligados ao ambiente digital h sempre que se considerar sua natureza mutvel. Logo, as normas que pretensamente visem regular o ambiente digital devem apresentar carter neutro, no sentido de que no criem obstculos ao desenvolvimento de novas tecnologias, bem como no sejam esquecidas por no serem condizentes com a realidade.

As normas necessitariam tambm apresentar carter abundante, ou seja, inesgotvel, inexaurvel. Pois assim, continuariam atuais sem a necessidade de serem modificadas constantemente.

7.3. Princpio da conservao e aplicao das normas jurdicas existentes aos contratos eletrnicos

Com advento da Internet e com utilizao desta para a realizao de contratos, deve-se observar a natureza jurdica dos contratos eletrnicos para concluir que estamos diante de uma nova modalidade de contrato, com peculiaridades em relao forma, ao objeto e a verificao da capacidade das partes. Porm, este fato, por si s, no altera substancialmente a natureza jurdica das relaes contratuais. [...] o contrato no deixa de se constituir em contrato de compra e venda, de locao, de prestao de servios, ou outro contrato tpico qualquer, pelo fato de ter sido realizado total ou parcialmente por meios eletrnicos (LEAL, 2007, p.92). E, como dito anteriormente, a ampliao da rede mundial de computadores, para fins comerciais, alavancou o desenvolvimento do comrcio eletrnico. Mesmo este desenvolvimento seja recente, e o comrcio eletrnico seja operacionalizado atravs de tecnologia altamente moderna, verifica-se que o instrumento que viabiliza tal operao, o contrato, muito antigo, nos remetendo ao direito romano.

Assim, possvel constatar que em relao formao, validade e eficcia dos contratos, as regras e normas que regem a teoria geral dos contratos tambm do embasamento aos contratos eletrnicos.

Mesmo com a caracterstica da internet que relativiza os conceitos de tempo e espao (vide ponto 3.3 da presente obra), que romper com barreiras geopolticas e confere maior liberdade para seus usurios, os contratos celebrados atravs da internet no podem ficar a margem da legislao, pois a segurana das relaes jurdicas deve ser preservada tambm neste meio.

Assim, nas palavras de Jorge Lawand:

A internet no cria espao livre, alheio ao direito. Ao contrrio, as normas legais vigentes aplicam-se aos contratos eletrnicos basicamente da mesma forma que a quaisquer outros negcios jurdicos. A celebrao de contratos via internet se sujeita, portanto, a todos os preceitos pertinentes do Cdigo Civil Brasileiro. Tratando-se de contratos de consumo, so tambm aplicveis as normas do Cdigo de Defesa do Consumidor (apud LEAL, 2007, p.92).

Mesmo que, em algum momento, fossem promulgadas leis especficas regulamentando os contratos eletrnicos, estas deveriam estar em conformidade com as normas e princpios do direito contratual, que, inclusive, no deixariam de ser aplicadas a estes contratos.

7.4 Princpio da boa-f objetiva nos contratos eletrnicos

Conforme analisado no captulo 2 da presente obra, a boa-f objetiva implica uma conduta respeitadora do direito alheio e uma conduta que as partes devem fazer o possvel para propiciar que o contrato atinja os efeitos desejados anteriormente por ambas as partes, satisfazendo as vontades manifestadas.

Dentro dos contratos eletrnicos este princpio ganha certo destaque, pois tais contratos envolvem a complexidade das tecnologias digitais, as quais muitas pessoas ainda desconhecem seu completo funcionamento e ainda no esto habituadas a manej-las. Portanto, estas pessoas se tornam vulnerveis a fraudes e poderiam ser induzidas ao erro ou fazer determinado acordo no condizente com sua vontade.

Assim, conforme visto anteriormente, este princpio deve prevalecer principalmente quando houver acentuada disparidade entre as partes, pois para que sejam respeitadas as vontades dos agentes contratantes necessrio que exista recproca lealdade e honestidade desde o perodo pr-contratual at a fase posterior da execuo dos contratos, quando este ainda puder gerar efeitos.

Para que se tenha a devida segurana jurdica nas relaes derivadas de meio eletrnico, a aplicao do princpio da boa-f objetiva imprescindvel, at mesmo pelo fato de no haver legislao especfica regulando as prticas em meio virtual, logo, a honestidade dos agentes contratantes indispensvel para nortear eventuais contratos.

8. VALIDADE DOS CONTRATOS ELETRNICOSAos contratos eletrnicos aplicam-se as regras gerais todos os contratos. Assim, necessrio para a validade do contrato celebrado por meio da internet, a declarao de vontades das partes, a capacidade dos contratantes, a licitude e possibilidade do objeto do contrato, alm de ser objeto determinado ou determinvel, e ainda que contenha forma prevista ou no vedada em lei.

A doutrina divide os elementos de validade dos contratos eletrnicos em subjetivos, objetivos e formais. Sendo que os subjetivos so referentes declarao de vontade e s partes envolvidas no contrato. Enquanto os elementos objetivos referem-se ao objeto do contrato e meios eletrnicos para a prestao. E, por fim, os elementos formais referem-se forma do contrato, e dos documentos eletrnicos.

8.1 Elementos Subjetivos dos Contratos Eletrnicos

Tal como ocorre em todos os demais contratos, conforme fora abordado no captulo 2 da presente obra, os contratos eletrnicos tm como requisitos essenciais para sua validade que sejam celebrados por agentes capazes civilmente e a manifestao da vontade das partes atravs de consentimento adequado. Se tais elementos no forem verificados o contrato ser nulo ou anulvel.

Assim, em regra, aos dezoito anos a pessoa adquire capacidade para praticar os todos os atos da vida civil, e, portanto estar apta a celebrar contratos. Importa lembrar, que possvel adquirir capacidade civil antes da pessoa completar dezoito anos, como ocorre em casos de emancipao, de casamento, pelo exerccio de cargo pblico efetivo, pela colao de grau em curso de nvel superior e pelo estabelecimento comercial ou civil com economia prpria, conforme preceitua o Cdigo Civil em seu artigo 5, incisos I a V.

A pessoa incapaz somente poder celebrar qualquer tipo de contrato se estiver devidamente representada ou assistida.

Questo interessante sobre a capacidade dos agentes contratantes diz respeito aos contratos celebrados por adolescentes e crianas, alm de ser uma questo que deve ser enfrentada em diversas espcies de contratos, no mbito dos contratos eletrnicos ganha certa relevncia, pois as crianas e adolescentes representam significativa parcela de usurios de internet e possuem costume em manusear programas operacionais de computadores e de internet, e por este fato realizam diversos contratos pela internet, seja adquirindo diversos produtos, tanto por encomendas de produtos fsicos, quanto por downloads de CDs, softwares, etc.

A questo que surge a partir deste costume referente a validade que estes contratos teriam, pois, embora tenha praticado ato comum e de pouca relevncia vida cotidiana, uma das partes incapaz civilmente. Neste caso entende-se que, se houver autorizao ou participao dos pais ou responsveis pelo incapaz nos atos de celebrao do contrato no h por que no se considerar valido o contrato, porm em caso contrrio a nulidade deve ser determinada.

Uma forma utilizada pelos fornecedores de produtos e servios pela internet para reduzir tais riscos, alm de aviso expresso de no sero realizados contratos com menores de idade, a exigncia de preenchimento de formulrios requisitando algumas informaes, como a idade do aderente, seus nmeros de Cadastro de Pessoa Fsica e de Registro Geral.

Evidente que a identificao dos contratantes ainda um problema, que, inclusive, inibe o desenvolvimento e a adeso da populao ao comrcio eletrnico. Pois se trata de uma contratao distncia, em que documentos fsicos no so apresentados, logo h possibilidade da parte no ser quem diz ser.

Mesmo sendo possvel identificar o computador de onde uma das partes se comunica, bem como o e-mail e o provedor de acesso no importa que se pode ter completa segurana. Pois h inmeras formas para esconder sua real identidade, como, por exemplo, a utilizao de computadores pblicos, o uso de e-mails e senhas de terceiros, dentre outras formas.

Assim, foram desenvolvidos sistemas de biomtricos, de criptografia, de assinatura digital e certificaes eletrnicas para revestir de maior segurana os contratos celebrados pela internet, conforme se ver mais adiante, pois necessrio que os documentos provenientes de meio eletrnico tenham validade semelhantes aos documentos fsicos.

Alm da capacidade das partes, indispensvel para a constituio de um negcio jurdico, a manifestao de vontades das partes.

Nos contratos eletrnicos, as declaraes de vontade das partes ocorrem atravs de mensagens eletrnicas. Assim, nos contratos interpessoais, as mensagens podem ser enviadas atravs de e-mail ou sistemas de comunicao instantnea e direta (chats via teclado, como MSN e ICQ), ou atravs de outros programas que permitam a comunicao em tempo real.

Nos contratos interativos a manifestao de vontades pode ocorrer em decorrncia de relao entre uma pessoa e um sistema previamente programado. Em que, atravs de um site ou homepage, informaes sobre servios ou produtos so ofertados permanentemente, e a manifestao normalmente se d atravs de um clique com o boto do mouse sobre uma opo dom dizeres do tipo: sim, aceitar, concordo, confirmar, finalizar compra, etc.

Todas estas formas de manifestao de vontade so validas e em conformidade com a lei, j que o Cdigo Civil, s exige forma especial para que a declarao seja vlida, quando a lei assim o exigir (art. 107). Portanto, no h que se discutir a validade de um contrato somente pelo fato de as declaraes de vontade terem sido manifestadas em meio eletrnico.

Tal como os demais contratos, contratos eletrnicos tambm exigem que a manifestao de vontade seja livre e consciente, logo, sem vcios de erro, de dolo e de coao, e devendo as partes informar sobre os riscos e detalhes decorrentes da contratao por via eletrnica.

Nos contratos de consumo celebrados pela internet - que em sua maioria so contratos de massa e de adeso o fornecedor tem o dever de informar detalhadamente sobre os riscos, obrigaes e encargos contratuais, caso contrrio incidir a no obrigatoriedade por parte do consumidor.

Importante destacar as disposies contidas nos artigos 6, 30, 31, 46 48 do Cdigo de Defesa do Consumidor, que asseguram o direito informao adequada e clara ao consumidor, bem como a obrigao do fornecedor de cumprir o contrato exatamente de acordo com as informaes ou publicidades veiculadas na oferta.

Contudo, importante que no ambiente virtual, as partes forneam informaes que possam identific-las e que facilitem o bom entendimento do contrato.

Em se tratando de contratos de consumo, a parte fornecedora possui a obrigao de destacar informaes relevantes sobre o produto, o preo do produto, os meios e as condies de pagamento, etc. Alm de fornecer dados que possibilitem a identificao, como o nome do ofertante, o seu endereo fsico, o nmero de inscrio no Ministrio da Fazenda, nmeros de telefone e de e-mail para possveis contatos, informaes sobre programas de segurana utilizados na operao, etc.

8.2 Elementos Objetivos dos Contratos Eletrnicos

Tal como nos demais contratos, os objetos dos contratos eletrnicos podem ser qualquer bem jurdico que apresente utilidade econmica para o homem e que sejam tutelados pela ordem jurdica. Ou seja, podem ser objetos dos contratos eletrnicos quaisquer bens, desde que lcitos e possveis.

Assim, por lcito entende-se que o objeto esteja em conformidade com a lei, a moral e os bons costumes; e por possvel, entende-se por um objeto realizvel, praticvel, seja do ponto de vista fsico, seja jurdico.

O objeto necessita ser ainda determinado ou determinvel, ou seja, tem que ser conhecido e individualizado, em momento anterior da formao do contrato ou em momento posterior.

Assim, como exemplo, podem ser objetos de um contrato eletrnico desde produtos e servios comuns, adquiridos comumente em qualquer estabelecimento fsico, como eletrodomsticos, livros, carros, produtos em geral. At bens e servios incorpreos como informaes, o acesso determinados sites, softwares, servios de turismo, servios financeiros, servios profissionais, dentre muitos outros.

Curioso como podem ser utilizados determinado servios atravs do meio eletrnico, que podem ocorrer das seguintes maneiras: com o servio de correspondncia eletrnica (envio de e-mails); hospedagem de informaes (em homepages, blogs); transferncias de arquivos (ou seja, downloads de textos, fotos, jogos etc.); dentre outras formas.

8.3 Elementos Formais dos Contratos Eletrnicos

Aborda-se neste ponto tema de grande relevncia para o presente trabalho, pois ainda hoje h em torno dos negcios realizados via internet, grande desconfiana e insegurana, de modo que providencial analisar os elementos formas de validade dos contratos eletrnicos, tais qual a forma a ser observada, a segurana, a validade e a prova dos documentos eletrnicos.

Conforme visto no capitulo 2, sobre os aspectos fundamentais dos contratos em geral, concluiu-se que os negcios jurdicos devem observar uma forma para exteriorizar as vontades das partes. Como no poderia deixar de ser, os contratos eletrnicos no fogem a esta regra.

Porm, em decorrncia da proliferao dos contratos de adeso, que atendem melhor aos anseios da sociedade moderna, caracterizada pela massificao das relaes de consumo, houve certo desinteresse ao formalismo nos contratos. E com o advento da internet como uma forma de realizar contratos, este desapego formal se acentuou, ao passo que o comrcio eletrnico se desenvolveu.

Assim, os contratos deixaram de ser realizados somente de forma escrita ou verbalmente (ainda que por telefone, fax, correspondncias) e passaram a ser celebrados tambm, por meio de computadores e da internet.

Tal fato no encontrou barreiras legislativas, uma vez o Brasil adota o princpio da liberdade da forma, vide art. 107 do CC. Portanto, salvo excees previstas em lei, os contratos podem ser realizados por meios verbais ou escritos, por instrumentos pblicos ou particulares, como tambm pela internet.

Em contrapartida as facilidades e comodidades que os contratos celebrados pela internet podem oferecer, existem srias dificuldades, ainda no superadas, como a comprovao judicial da existncia do contrato eletrnico, bem como a comprovao da identidade das partes envolvidas e o real contedo do contrato. Sobretudo pela simplicidade que adulterar qualquer documento eletrnico.

Diversas tecnologias que visam assegurar confiabilidade aos documentos eletrnicos j foram desenvolvidas. Porm, at o momento, nenhuma conseguiu sanar tal problema efetivamente. Evidenciando assim, a necessidade do desenvolvimento de novas tecnologias para garantir a segurana e confiabilidade aos documentos eletrnicos, como tambm h necessidade de adaptaes legislativas que regulamentem o comrcio eletrnico e prevejam situaes que possam oferecer riscos aos contratantes.

As leis fazem referncia, em seus textos, a expresses como: forma escrita, originais de documento, assinatura de prprio punho e outras, que no se coadunam com o meio digital e que esto, portanto, a merecer reformulao atravs de lei especfica a regulamentar a validade dos documentos eletrnicos. Enquanto tal no ocorrer, salvo tratar-se de contrato para o qual a lei exige forma especial, aplicando-se o artigo 107 do Cdigo Civil Brasileiro, o contrato eletrnico deve ser considerado vlido (LEAL, 2007, p.148).

Evidente, portanto, que ainda h muito a se percorrer para que a legislao e os contratos eletrnicos estejam em perfeita sintonia, j que muitas das normas que se aplicam aos contratos celebrados por meio da internet so, no entanto, normas genricas ou normas aplicadas por analogia. Mas nem por isso, que a utilizao dos contratos eletrnicos deve ser restringida.

Outra questo de grande relevncia diz respeito insegurana dos meios eletrnicos. Visto que a grande maioria dos usurios de internet no detm conhecimento tcnico sobre tecnologias, linguagens e protocolos utilizados na Rede. Fato que esta questo tende a se agravar mais e de forma gradual, visto que a utilizao da internet se torna mais simples e acessvel a cada dia, exigindo menor conhecimento tcnico do usurio.

Desta forma, ao celebrar um contrato pela internet, o usurio no investiga (e nem possui condies para investigar) determinadas questes como aspectos do servidor e sistema de segurana utilizado na contratao, tornando ainda maior sua condio de hipossuficincia e sua vulnerabilidade.

Assim, como mencionado anteriormente, surgem algumas questes que elevam o risco da contratao por meio eletrnico, como a dificuldade em se verificar coincidncia entre as pessoa que emitem a oferta e a aceitao, com a identidade real, ou ainda a possibilidade do contedo do contrato ser adulterado.

Existem algumas tecnologias que foram desenvolvidas justamente para sanar tais inseguranas, como a criptografia, a assinatura digital, certificado digital, dentre outras. Porm, at o momento nenhuma destas tecnologias se mostrou totalmente segura e imune a adulteraes.

A insegurana na contratao eletrnica atinge amas as partes contratantes. Pois se o consumidor pode efetuar o pagamento referente a um pedido e no receber o produto ou servio, e encontrar srias dificuldades para ter o reembolso; o fornecedor ter dificuldades em identificar a pessoa com quem se est contratando, que pode ser pessoa incapaz ou pessoa diferente utilizando-se de documentao de terceiro.

Ou ainda, persiste o medo de se estar fornecendo dados pessoais e de contas bancrias estelionatrios; ou a possibilidade dos sites das lojas virtuais serem invadidos por hackers, que podem ter acesso aos dados pessoais dos clientes ou ainda adulterar o contedo de diversos contratos.

Tais possibilidades geram grandes inseguranas, tanto aos consumidores, quanto aos fornecedores, e conseqentemente, afetando o desenvolvimento do comrcio eletrnico, alm de gerar prejuzos diretos, com a adoo de medidas que busquem assegurar autenticidade e integridade dos documentos eletrnicos.

5. CONCLUSOA Internet criou uma forma de negociao entre empresas e consumidores sem a figura do intermedirio, fomentando, desta forma, o crescimento progressivo do comrcio online.Dada a natureza jurdica dos contratos eletrnicos, percebe-se que estamos diante de uma nova modalidade de contrato, com peculiaridades em relao forma, ao objeto e a verificao da capacidade das partes.

A ampliao da rede mundial de computadores, para fins comerciais, alavancou o desenvolvimento do comrcio eletrnico. Embora, tal desenvolvimento seja recente, e o comrcio eletrnico seja operacionalizado atravs de tecnologia altamente moderna, verifica-se que o instrumento que viabiliza tal operao, o contrato, muito antigo, nos remetendo ao direito romano. possvel constatar que em relao formao, validade e eficcia dos contratos, as regras e normas que regem a teoria geral tambm do embasamento aos contratos eletrnicos, observando-se determinadas caractersticas. Assim, Prepondera nos contratos eletrnicos a liberdade de uso, a escassa legislao, a flexibilizao dos conceitos de tempo e de espao e tambm a dispensabilidade, em regra, de contato fsico, de documentos fsicos, escritos em papel.

Esta desmaterializao no contrato eletrnico pode estar presente desde a sua formao at o momento de sua efetivao.

A validade dos contratos eletrnicos fundamenta-se tambm, no artigo 107 do Cdigo Civil, que adota como regra a no solenidade dos negcios jurdicos quando a manifestao de vontade no dependa de forma especial. possvel constatar que os contratos tm por funo conferir segurana jurdica s relaes jurdicas. Assim, quando um contrato for praticado por incapazes, sem a devida representao, estes so, em regra, invlidos.

Os contratos privados e paritrios tornaram-se cada vez mais incomuns. Pois a sociedade se modernizou, necessitando de um instrumento contratual com maior capacidade para atender as demandas por meios mais geis e cleres. O contrato de adeso que melhor atende este anseio, por ser uma forma que possibilita a padronizao dos contratos, em que se confecciona um nico contrato e este celebrado com inmeras pessoas.Caso os contratos eletrnicos fossem recepcionados diretamente no ordenamento jurdico brasileiro, estes seriam revestidos de maior confiana e certeza, colaborando para que o comrcio eletrnico no Brasil desenvolva-se.

Ainda que a legislao prpria seja precria para os contratos eletrnicos, estes ainda providos de validade e de obrigatoriedade jurdica, uma vez que a inovao da contratao eletrnica refere-se forma como se opera a contratao e no natureza jurdica do contrato.

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Bacharelando em Direito pela Universidade Salvador UNIFACS.

Em relao aos exemplos de que o Poder Legislativo apresenta a tendncia de apresentar, em breve, sociedade alguma legislao referente ao direito digital, ao comrcio eletrnico e aos contratos celebrados pela Internet, pode-se destacar, dentre diversos outros, o HYPERLINK "http://www.cbeji.com.br/legislacao/proj1589.htm" \t "_blank" Projeto de Lei n HYPERLINK "http://www.cbeji.com.br/legislacao/proj1589.htm" \t "_blank" 1.589, de 1999, Pr HYPERLINK "http://www.cbeji.com.br/legislacao/proj3016.htm" \t "_blank" ojeto de Lei n HYPERLINK "http://www.cbeji.com.br/legislacao/proj3016.htm" \t "_blank" 3.016, de 2000, Projeto de Lei n 84, de 1999, o A HYPERLINK "http://www.cbeji.com.br/legislacao/antoab.htm" \t "_blank" nteprojeto de Lei da Ordem dos Advogados do Brasil - Seco So Paulo, HYPERLINK "http://www.cbeji.com.br/legislacao/PL672-99.htm" \t "_blank" Projeto de Lei do Senado HYPERLINK "http://www.cbeji.com.br/legislacao/PL1483-parecer.htm" \t "_blank" n HYPERLINK "http://www.cbeji.com.br/legislacao/PL672-99.htm" \t "_blank" 672/99, HYPERLINK "http://www.cbeji.com.br/legislacao/pl4906-01.htm" \t "_blank" Projeto de Lei n 4.906, de 2001, HYPERLINK "http://www.cbeji.com.br/legislacao/PLC208.htm" \t "_blank" Projeto de Lei Complementar N 208, de 2001, HYPERLINK "http://www.cbeji.com.br/legislacao/PLC209.htm" \t "_blank" Projeto de Lei Complementar N 209, de 2001, HYPERLINK "http://www.cbeji.com.br/legislacao/pl6210.htm" \t "_blank" Projeto de Lei n 6.210, de 2002.

Neste sentido, Sheila Santos Leal preceitua que a Internet vem se consolidando como um novo e revolucionrio meio de realizao das relaes jurdicas, que desafia os conceitos tradicionais de tempo e de espao (2007, p.23).

Observe-se o exemplo do governo norte-americano, que adotou posicionamento no sentido de evitar a regulamentao do uso da Internet, deixando que a iniciativa privada se encarregue naturalmente de tal tarefa, embora, defenda a existncia de um cdigo que apresente regras bsicas e genricas, principalmente no que se refere a algumas questes como a assinatura digital e a resoluo de disputas (PECK, 2007, p.25-26).

Como exemplo destas entidades, temos a ONU (Organizao Das Naes Unidas), atravs da OMPI/WIPO Organizao Mundial Da Propriedade Intelectual/World Intellectual Property Organization, com sede em Genebra, na Sua e da UNCITRAL United Nations Commission On International Trade Law / Comisso Das Naes Unidas Para O Direito Comercial Internacional. Pode-se citar tambm, a DECO Associao Portuguesa para Defesa do Consumidor; SDMI Secure Digital Music Iniative; ICC OECD (Organizao For Economic Cooperation Anda Developmen - Organizao Para O Desenvolvimento e Cooperao Econmica; ICANN (Internet Corporation For Assingned Names Anda Numbers); a IANA (Internet Assigned Numbers Authority); ICANN WATCH; INTERNET SOCIETY; CIVIL SOCIETY FOR INTERNET FORUM; IFCC (Internet Fraud Of Investigation); NW3C (National White Collar Crime Center / Centro Nacional do Crime do Colarinho Branco); E-PING (European Parliamentarians Internet Group), dentre muitas outras.

Com base neste fato, Ricardo Lorenzetti observou de forma oportuna que Em primeiro lugar necessrio precisar se o website contm uma srie de elementos essenciais e suficiente para constituir uma oferta. Em caso afirmativo, uma oferta ao pblico, vinculatria se for um contrato de consumo, que se conclui no momento em que o usurio transmite a declarao de aceitao. Se no contiver os elementos constitutivos de uma oferta, trata-se de um convite a ser oferecido; o navegante quem oferece e o contrato se completa a partir do momento em que ele recebe a aceitao da parte do provedor. (apud LEAL, 2007, p.111).