a utilizaÇÃo da rede social dentro das organizaÇÕesas organizações compreenderam a...
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A UTILIZAÇÃO DA REDE SOCIAL
DENTRO DAS ORGANIZAÇÕES
Márcio Pereira Rodrigues
(LATEC/UFF)
Resumo A internet está cada vez mais expressiva no Brasil e esse crescimento a
transformou em um canal de extrema relevância, pois propicia o
acesso à informação de maneira fácil, rápida e independente,
tornando-se um bem social. O objetivo deste trabalho é identificar
como as redes sociais podem ser utilizadas dentro das organizações.
Palavras-chaves: Internet, rede social, organizações
12 e 13 de agosto de 2011
ISSN 1984-9354
VII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 12 e 13 de agosto de 2011
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INTRODUÇÃO
A internet está cada vez mais expressiva no Brasil, segundo o IBOPE (2010), Instituto
Brasileiro de Opinião Pública e Estatística, o Brasil alcançou no quarto trimestre de 2009 o
total de 67,3 milhões de usuários. Esse crescimento a transformou em um canal de extrema
relevância, pois propicia o acesso à informação de maneira fácil, rápida e independente,
tornando-se um bem social. Por exemplo, a Finlândia foi o primeiro país a legalizar a internet
banda larga, considerando-a um bem público, garantindo aos cidadãos o seu acesso com
qualidade, já o Brasil criou o Plano Nacional de Banda Larga, reconhecendo a importância de
disseminar o acesso a grande rede para as classes de menor poder aquisitivo.
A internet tornou as informações acessíveis e de fácil propagação, transformando-se num
canal de comunicação diferenciada. (RECUERO 2009) destaca a possibilidade de expressão e
socialização através da ferramenta de comunicação mediada pelo computador.
Um exemplo do seu uso e importância foi a eleição presidencial no Brasil realizado em 2010,
onde os principais candidatos utilizaram ativamente as mídias sociais, como Twitter, Blog e
You Tube e realizaram o primeiro debate on line, reconhecendo-o como um canal de
comunicação estratégico com os eleitores. Segundo (SAFKO e K.BRACKE, 2010 ) as mídias
sociais se referem às atividades práticas e comportamentos entre as comunidades de pessoas,
que usam os aplicativos da web pra compartilhar na forma de palavra, imagens, vídeos e
áudios.
Outro fenômeno são as redes sociais, como por exemplo, o Orkut, Facebook e Linkedin.
Essas ferramentas integram diversas mídias sociais e permite que você crie a sua rede de
relacionamento conforme o seu interesse e afinidade.
Diante deste cenário é de se esperar que as empresas procurem se adaptar rapidamente a esse
novo meio de relacionamento, para utilizar os recursos da internet a seu favor. O objetivo
deste trabalho é identificar como as redes sociais podem ser utilizadas dentro das
organizações.
1.1 Problema
A utilização da rede social como meio de comunicação e interação com os usuários tem se
transformado num recurso valioso, pois é possível compreender o sentimento do usuário em
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relação ao seu produto e estabelecer uma estratégia a partir destas informações. No entanto,
são poucas as empresas que as reconhecem como meio de relacionamento com seus
funcionários, fornecedores e outros que tenha um vínculo com a organização.
Essas ferramentas de comunicação oferecem diversas oportunidades dentro da empresa, como
por exemplo: Criar grupos colaborativos multidisciplinares, colher opiniões em torno dos
processos em atividade, incentivar os seus funcionários apresentarem sugestões e promover o
contato e interação entre diversas áreas.
Por ser uma tecnologia incipiente, muitos são as perguntas sobre o uso das redes sociais nas
empresas. A principal questão da pesquisa é: Como o uso da rede social nas empresas pode
ser um fator de diferenciação no mercado?
1.2 Metodologia
Para o desenvolvimento deste artigo, foi realizada pesquisa bibliográfica com o objetivo de
compreender assuntos relacionados a redes sociais e as organizações. A consulta dos livros
atualizados, artigos e dados de congresso tiveram como premissa contextualizar o uso das
redes sociais e refletir sobre as suas possibilidades dentro do ambiente organizacional.
Em seguida, foi realizada o estudo de caso em duas organizações: Affero que atua na área de
gestão e capital humano e o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC)
dedicada à área de educação profissional. Elas utilizam a rede social Youknow, aplicativo
desenvolvido para ser utilizado dentro das empresas, para se relacionar com os seus
colaboradores.
2 . REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Rede Social
Para UGARTE (2005) as redes sociais são formas das pessoas se relacionarem uma com as
outras e que a sociedade sempre foi uma rede. No entanto, há elementos novos relacionados a
esta questão que todo mundo entende intuitivamente. Há uma nova esfera de relação social
que põe em contato milhões de pessoas a cada dia.
Segundo Ugarte (2005) temos 3 tipos de rede:
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Figura 1 – Tipos de Redes Sociais
Fonte: UGARTE (2005 – p. 27).
Rede Centralizada: Há vários pontos ligados a apenas um canal de comunicação, essa rede
ilustra que quanto mais centralizada, maior será a polarização de poder. Podemos identificar
um alto nível de centralização em regimes ditatoriais, onde o poder é utilizado para controlar
todos os meios de comunicação e, ao mesmo tempo, disseminar para a população os
princípios e valores massivamente. Neste tipo de regime, geralmente os recursos primários
são à base de sua economia e a área social e econômica se deterioram ao longo do tempo.
Outro ponto a ser observado é o investimento na área militar para eliminar possíveis conflitos
internos.
Percebe-se que uma rede centralizada não contribui para o desenvolvimento de uma
comunidade, mas é um recurso utilizado por pessoas para dominar determinados grupos para
manutenção de poder. No entanto, Ugarte (2005) analisa que uma rede descentralizada é
produto da interconexão da rede centralizada, nesse caso, podemos admitir que há movimento
para a descentralização, ou seja, para o progresso.
Rede Descentralizada: Segundo Ugarte (2005) ao estarmos no topo da pirâmide
informacional, dependeremos menos de outros para receber a informação e maior a
possibilidade de transmitir. Ao analisarmos esta rede, podemos verificar que há vários grupos
que detém a capacidade de informar. Ao existir diversos pontos de informação, as pessoas
tem a possibilidade de analisar por diversos ângulos e tomar decisões mais consistentes.
Podemos destacar alguns representantes que se sobressaem nesta rede: partidos políticos,
empresas, sindicatos, associações, representantes do governo e as mídias em geral. Nota-se
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que há diversos grupos que em maior ou menor grau tem a capacidade de comunicar e
influenciar as pessoas.
A rede descentralizada é um avanço, mas ela não permite que o indivíduo tenha a
possibilidade de manifestar o seu pensamento com facilidade para um grande número de
pessoas. Para isso, é necessária uma tecnologia que possibilite a livre circulação da
informação.
Rede Distribuída: A rede distribuída, em tese, é a circulação livre de informação de todos
para todos que é possível devido o advento da internet e a evolução para a web 2.0.
“A internet é o tecido de nossas vidas. Se tecnologia da
informação é hoje o que a eletricidade foi na era industrial,
em nossa época a internet poderia ser comparada tanto a uma
rede elétrica quanto ao motor elétrico, em razão de sua
capacidade de distribuir a força da informação por todo o
domínio da atividade humana.” (Castell, 2001)
O surgimento da internet propiciou o surgimento da web 2.0, esse termo foi cunhado pela
empresa americana O’Reilly Media em 2003 para expor uma segunda geração de
comunidades e serviços, baseados na plataforma web, com a finalidade de incentivar a
interação entre as pessoas com uso das mídias. A web 2.0 nada mais é que uma evolução do
uso da internet, por isso, a conotação de versão.
O que se destaca na web 2.0 é a possibilidade do usuário comum, que não possui
conhecimento de programação, poder criar e publicar com facilidade e gratuitamente textos,
músicas, vídeos, entre outros meios de informação na grande rede. SAFKO e K.BRACKE
(2010) dizem que mídia social e Web 2.0 se reúnem toda vez que uma dessas novas
tecnologias coloca como objetivo prioritário permitir que as comunidades se formem e
interaja uma com as outras para conversar.
As empresas estão inseridas nesse contexto e o resultado desse fenômeno é um consumidor
muito bem informado e cada vez mais crítico. Há uma revolução tecnológica e
comportamental do consumidor, por isso as empresas devem mudar de dentro para fora, para
conseguir se posicionar nesse novo mercado.
2.2 Redes Sociais e os Desafios para as Organizações
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Em regra, as empresas já percebem o efeito da web 2.0 e incluem em seu planejamento o seu
uso como estratégia para conseguir seus objetivos, mas alguns grupos empresariais continuam
subestimando essa nova tecnologia.
O caso Napster é emblemático, esse aplicativo era uma ponte entre o usuário e a música, ou
seja, um sistema geral de localização e distribuição de mídia. As grandes gravadoras e os
artistas travaram uma batalha judicial e milhões de dólares em ações judiciais foram gastos
com o objetivo de tirar esse aplicativo da rede. Ao invés das empresas deste setor tentarem
compreender esse fenômeno e identificar outros meio de aumentar a sua participação no
mercado, elas preferiram utilizar os meios jurídicos para tentar eliminar a tecnologia
concorrente e sua nova forma de distribuição, e assim continuar com as antigas práticas de
venda das mídias. No entanto, o consumidor mudou e as vendas reduziram drasticamente no
mundo inteiro, o que levou importantes gravadoras a falência. Por outro lado, a Aplle
compreendeu a nova realidade com o i-pod e i-tunes passando a dominar esse mercado.
As organizações compreenderam a importância das mídias sociais, mas elas estavam
acostumadas com a mídia tradicional onde a comunicação era em regra unidirecional e a
medição do resultado bem mais simples.
Terra (2010) cita alguns aspectos importantes relativos à rede social:
Transparência das informações. Há centenas de blogs, comunidades e outros sites que
monitoram e discutem as ações dos produtos e marcas. Por exemplo, o site Reclame Aqui
abre espaço para os internautas reclamarem abertamente sobre o produto adquirido. O site
além de acompanhar a reclamação do usuário, mantem uma estatística detalhada sobre as
empresas, onde é possível ter informações que qualificam ou não determinada marca. A
tentativa de inibir esse tipo mensagem já se provou inútil. A perda de controle das
informações obrigam as empresas se posicionarem e colocar a sua palavra “oficial” sobre
determinado assunto.
O segundo é o poder do boca a boca que tem outra dimensão com o uso das redes sociais. A
pesquisa do Instituto Edelman revelou que mais da metade da população confia mais na
opinião dos seus pares do que em qualquer outro veículo de comunicação ao decidir na
compra de um produto ou serviço.
Finalmente foi constatado que o consumidor não é o mesmo, a pesquisa realizada pelo IBOPE
identifica que 53% dos entrevistados preferem a internet contra 46% que optam pela
televisão, que é uma das representantes da mídia tradicional.
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As redes sociais vieram com uma nova proposta para as empresas e, com diversas
oportunidades e desafios, como: A possibilidade de ter o consumidor como parceiro e
participante na execução, desenvolvimento e venda dos seus produtos, no entanto, há também
o risco de tê-lo como inimigo. Diante deste cenário, pode-se supor que usar a rede social e o
relacionamento com o cliente será crítico para os negócios das empresas.
2.3 As Redes Sociais dentro das Organizações
Atualmente, muitas empresas possuem uma política de segurança que restringem o acesso à
informação, como também, limita a capacidade dos colaboradores emitirem suas opiniões. As
campanhas que ocorrem na organização, planejado pela comunicação interna, é uma das
poucas oportunidades dos funcionários compartilharem suas opiniões. Essa política
organizacional é um dos entraves para a implantação das redes sociais dentro das
organizações, elas temem dar a seus colaboradores a possibilidade de ter um canal de
comunicação amplo.
Destaco o texto do blog Info ao Vivo que pode ilustrar o risco, mas também mostra as
possibilidades de abrir o diálogo com os colaboradores.
“Certo dia Washington, um funcionário da IBM, teve a infeliz ideia de passar
seu novo número de celular para 15 mil pessoas dentro da empresa. Houve a
maior confusão por e-mail e, após uma hora, tinha até comunidade no orkut:
Eu já sei seu telefone, Washington. O caso mostrou que, dentro da empresa,
havia um espírito de participação que precisava ser aproveitado, disse Mauro
Segura, diretor de Marketing e Comunicação da IBM Brasil.” Zanini (2010)
Segundo Berlo (2003) uma organização só é possível por meio da comunicação. É exatamente
o elemento da comunicação entre os elementos que faz do seu conjunto uma organização e
não elementos a parte, isolados e desorganizados.
Para Claudio Terra (2010), muitas empresas não estão preparadas para implantar modelos de
negócios colaborativos. Seus relacionamentos com os stakeholders externos continuam
baseados na desconfiança e suas práticas de liderança são controladoras e ameaçadoras, sendo
incompatível com as práticas colaborativas e de compartilhamento do conhecimento.
O uso da rede social corporativo é uma atitude que é notada imediatamente pelos
colaboradores. A empresa cria um espaço de troca e compartilhamento de conteúdo, ideias,
pensamentos que tem a mesma dimensão e peso para qualquer pessoa. A opinião do
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presidente da empresa tem o mesmo alcance que qualquer outro colaborador. O blog criado
por um supervisor pode ser mais visitado e comentando que o blog do diretor da mesma
empresa, pois, os meios de distribuição são os mesmos e a qualidade do conteúdo é o que
diferencia o interesse pelas visitas e comentários. Essa troca, permite que a empresa utlize
este conhecimento como estratégia para o seu negócio. Por exemplo, a Nokia, uma das
principais fabricantes mundiais de celulares, identificou que a rede social colaborativas era
uma forma de combater uma das suas piores recessões em 2008, eles entendiam que a solução
deveria vim da operação, e por isso esta estratégia. Já a empresa Britsh Telecom (BT), maior
empresa de telecomunicações do Reino Unido com presença global e mais de cento e dez mil
funcionários, criou a sua rede social corporativa ao perceber que mais de quatro mil dos seus
funcionários se cadastraram na rede social Facebook, muitas das discussões ocorriam fora da
empresa, quando o ideal eram estas informações estarem circulando dentro da organização.
Há diversos motivos para implantar redes sociais dentro das organizações, no primeiro caso,
havia a necessidade de estimular a participação dos funcionários para alavancar a capacidade
de realização. Já no segundo caso, percebeu-se que a rede social colaborativa é uma forma de
estimular as discussões sobre os rumos e estratégias da empresa internamente, evitando que
estas informações estejam circulando nas redes sociais comerciais.
3. ESTUDO DE CASO
3.1 Ferramenta Youknow
O Youknow foi desenvolvido pela empresa Affero. Ela foi criada com o objetivo de estimular
o aprendizado informal e a colaboração através da sua rede social. A sua interface lembra as
redes sociais comerciais. Esta ferramenta integra diversas mídias sociais que podem ser
utilizadas para promover e disseminar o conhecimento.
Para identificar algumas das mídias utilizadas e a estrutura do Youknow segue as principais
características desta ferramenta:
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Figura 2 – Ferramenta Youknow
Fonte: Aplicativo Youknow (Acessado em 23/04)
1 Microblog: Espaço destinado para publicação, tendo como regra o uso máximo de
140 caracteres.
2 Fórum: Temas abordados na comunidade que são abertos para discussão.
3 Blog: Pagina pessoal do usuário, onde ele pode personalizá-la, expor suas ideias e
pensamentos. O blog oferece ao usuário várias funcionalidades, como por exemplo,
editor de texto, inserir figuras e links.
4 Vídeo: Espaço destinado à publicação e visualização de vídeos.
5 Podcasts: Áudio em MP3 que é disponível para publicação na ferramenta.
6 Membros: Todos os usuários de determinada organização cadastrados na ferramenta
Youknow.
7 Comunidades: Local destinado a determinados grupos de interesses para
colaboração. Algumas vezes, o cadastramento segue a um critério de seleção, para
garantir o objetivo da comunidade.
8 Curso: Conteúdo que pode ser acessado em qualquer local, disponíveis para
comunidades específicas ou para qualquer usuário.
9 Artigo: Publicações que podem ser de interesse dos usuários do Youknow para
leitura.
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O Youknow permite que você crie sua comunidade e participe das já existentes, monte seu
grupo de amigos, utilize e publique as mídias sociais disponíveis, crie o seu blog e participe
ativamente das discussões que ocorrem na rede.
3.2 O Youknow
A ferramenta Youknow foi criada com o objetivo de aproximar os profissionais de diversas
áreas, independente da sua posição dentro da organização. Outro motivo era a oportunidade
de utilizar uma tecnologia que estimula a troca de conhecimento, que deve ser o do DNA de
qualquer negócio. Segundo NONAKA e TAKEUCHI (2004), a forma de transmissão do
conhecimento pelo meio tradicional, de forma unidirecional, não potencializa o aprendizado.
Eles entendem que o conhecimento flui do tácito para o explícito e vice versa, passando
basicamente por quatro etapas:
Socialização: Envolve o interesse comum em criar e compartilha conhecimento de indivíduo
para indivíduo.
Externalização e Combinação: O primeiro se refere ao diálogo e reflexão, já o segundo
envolve a sistematização e aplicação do que foi apreendido.
Internalização: Significa que o aprendizado pode ser operacionalizado, podendo ser
compartilhado.
Figura 3 – SECI: Processo de conversão do conhecimento
Fonte: Nonaka e Takeuchi (2004 p.169).
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Segundo estudo realizado pela instituição Capital Works, mais de 80% do aprendizado ocorre
de maneira informal durante o trabalho.
Figura 3 – Impacto do aprendizado através do trabalho informal.
Fonte: Capital Works
E no estudo de MACEDO (2008), ela acredita que parte do processamento das informações se
dá por várias redes informais, onde o conhecimento e expertise estão dispersos e
frequentemente guardado em indivíduos e grupos, por isso, o reconhecimento da existência
desses “clusters” e o desenvolvimento de tecnologias que estimule, organize, armazene e
compartilhe este conhecimento pode contribuir para o aprendizado organizacional.
A rede social Youknow possibilita o armazenamento, o compartilhamento e a organização
desse conhecimento informal, sendo o desafio para as organizações gerir este conhecimento e
criar valor para o seu negócio.
3.3 A Affero
A empresa, objeto do estudo de caso, atua na área de gestão do capital humano. A Affero
oferece diversos serviços: consultoria especializada na área de gestão, desenvolvimento de
soluções educacionais na área corporativa e implantação de tecnologias que auxiliam as
empresas na gestão de seus colaboradores.
A empresa formou-se em 2010 pela fusão de três empresas QuickMind, Eduweb e Milestone,
essa união permitiu integrar diversas soluções na área de gestão de capital humano, e-learning
e aprendizado organizacional.
3.4 O uso do Youknow na Affero
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A empresa Affero tem mais de 300 colaboradores distribuídos em diversos estados. Para o seu
negócio é importante aproximar seus colaboradores e criar condições para a troca de
conhecimento. O uso do Youknow foi uma das soluções encontradas.
Para este estudo de caso foi feito a análise da utilização ferramenta Youknow nos últimos 3
meses, observando quais foram as midias mais utilizadas e identificar o motivo que levou a se
destacar. Em seguida, foi analisado na Affero a Comunidade Oficina de Liderança que foi
produto de encontros realizados dentro da organização que se estendeu na rede social
Youknow.
A partir da análise feita, foi observado que o uso da ferramenta é constante, seja com a leitura,
contribuição com comentários, pontuação dos artigos, publicação de artigos, blogs, entre
outros. Destaca-se a postagem em blog e micro blog que desde a criação e publicação somam
80 atividades, dividindo-se entre os publicadores ou autores, os que geram conteúdo, e os
colaboradores, aqueles que agregam novas informações do conteúdo já criado.
Nota-se que a facilidade de uso de ambas as ferramentas estimulam a sua utilização. Todo o
usuário possui um blog para publicar os seus textos, imagens e hiperlinks. Acredita-se que a
facilidade e a possibilidade de ter uma pagina pessoal no seu ambiente do trabalho seja o
principal motivo para ter maior adesão.
Os blogs também são os que recebem mais comentários. Percebe-se que os textos publicados
nos blogs têm um tom mais informal e não seguem a regra da escrita formal. Os textos são
bem articulados e coerentes, porém, o formalismo da escrita não é contemplado, tendo um
toque pessoal em cada artigo. Essa forma de escrever aproxima o leitor e o instiga a contribuir
com os seus comentários.
O micro blog fica disponível na pagina principal, com a convidativa pergunta: O que você
está fazendo? É possível redigir um texto e publicá-lo em menos de 2 minutos. Este texto
será distribuído no dia seguinte por e-mail com um resumo das atividades no Youknow. Outro
dado importante é que nos últimos três meses, vinte e seis por cento dos colaboradores
cadastrados no Youknow já publicaram algum conteúdo, ou participaram nas discussões
abertas.
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Figura 4 – Total das mídias utilizadas nos últimos três meses na empresa Affero.
Fonte: Autor
3.5 A Comunidade Oficina de Liderança
A oficina de liderança eram encontros semanais onde os profissionais foram estimulados a
encontrar soluções para questões relacionadas à liderança, tendo como premissas os valores
da empresa. Cada dia da semana tinha um tema para discussão com a presença de um
facilitador que mediava e estimulava a participação dos profissionais participantes que
ocupavam cargo de liderança formal na organização.
No mês de outubro foi criada a comunidade Oficina de Liderança na rede social Youknow,
consequência destes encontros semanais. Essa comunidade era aberta a todos, podendo
participar com críticas e opiniões nos fóruns on line.
Ao analisar esta comunidade é verificado que o maior índice de comentários foram dos
fóruns. Segundo, SAFKO e K.BRACKE (2010) o fórum é destinado a promover um diálogo
permanente sobre um tema específico e que constrói fortes laços comunitários, constrói
lealdade e exemplifica a noção de uma rede confiável.
Na comunidade também foram incluídos artigos com o resumo do encontro. Esse documento
permite a qualquer pessoa analisar se o que foi alinhado entre os participantes esta sendo
aplicado. Esse registro permite que a empresa olhe para si mesma.
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Figura 5 – Relação entre o conteúdo e criado e os comentários na comunidade Oficina de
Liderança.
Fonte: Próprio autor
A comunidade Oficina de Liderança teve o papel de instigar e dar continuidade a discussão,
mesmo após o término do evento. TAKEUCHI e NONAKA (2004) dizem que quando as
responsabilidades são compartilhadas, a informação prolifera e a capacidade de criar e
implementar conceitos é acelerada.
Essa comunidade é um exemplo de como as comunidades colaborativas podem estimular o
aprendizado coletivo e levar o grupo à reflexão, abrindo oportunidades para o aprimoramento
e desenvolvimento de práticas e conceitos inovadores.
3.6 O SENAC
O SENAC foi criado em 10 de janeiro de 1946. No ano seguinte, o SENAC passou a oferecer
em larga escala educação profissional destinada à formação e preparação de trabalhadores
para o comércio. Segundo resultados do ano de 2009, a organização tem 20.870 profissionais
no corpo docente e 919.416 alunos matriculados, atendendo 2.979 municípios.
Historicamente o SENAC tem um papel importante na educação e profissionalização em
nosso país, ela foi muitas vezes inovadora para cumprir o seu papel social.
Destaca-se algumas ações, ainda na década de 1940 foi promovido o ensino à distância, com o
curso da Universidade do Ar, neste mesmo ano, foi realizado o projeto educação sobre rodas,
unidades móveis de ensino para atingir locais distante dos grandes centros, e em 1990,
ocorreu um forte investimento procurando novos meios de disseminar o conhecimento:
passou a produzir livros, vídeos, software e foi criado a TV SENAC.
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3.7 O Uso do Youknow no Senac – Docência para Educação Profissional
O SENAC tem mais de vinte mil profissionais que atuam na área da docência que são
qualificados e possuem domínio das atividades que ensinam. No entanto, havia possibilidade
de desenvolver ainda mais esse corpo docente. Por isso, Foi criada em outubro de 2010 a Pós
em Docência para a Educação Profissional que tem a meta de atingir sete mil e quatrocentos
docentes até 2013, as primeiras turmas já somam mil e quinhentos alunos.
Os cursos são online, e os alunos utilizam o MOODLE (Modular Object-Oriented Dynamic
Learning Environment) que é um ambiente de aprendizagem à distância. Eles serão inscritos
também na comunidade de prática dos docentes e supervisores no SENAC. O objetivo de
construir esta comunidade é a continuidade do aprendizado, onde deve ser um ambiente vivo,
em constante transformação, em que os estudantes terão a oportunidade de prosseguir o seu
aprendizado de modo informal. O uso do Youknow é uma das soluções encontradas.
Para este estudo de caso foi feito a análise da utilização ferramenta Youknow nos últimos
trinta dias, observando quais foram as midias mais utilizadas e identificar o motivo que levou
a se destacar. Em seguida, foi analisado as nove comunidades de Oficina Pratica destinado
para os alunos de pós graduação compartilhar o que eles tem aprendido.
A partir da análise feita, foi verificado que a atividade de postar em microblogs é a mais
utilizada. Essa funcionalidade fica disponível na pagina principal do Youknow com uma
pergunta informal: E ai, o que você tem para contar?
SAFKO e BRAKE (2010) dizem que o microblog obriga a comunicarmo-nos de uma forma
mais sucinta e que as mensagens texto são completamente diferentes dos nossos e-mails. É
por isso que são lidas.
Nota-se também que existe um alto índice de colaboração nas discussões que estão ocorrendo
na comunidade e nos artigos. Essas colaborações são a principal riqueza dentro da
comunidade.
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Figura 6 – Total das mídias utilizadas nos últimos 30 dias no SENAC.
Fonte: Autor
3.8 As Comunidades de Oficina Prática
Como estratégia do SENAC, foram criadas no Youknow nove comunidades separadas por
área profissional de interesse. Os membros podem se cadastrar em qualquer uma delas,
conforme o seu interesse. Nas comunidades há matérias de estudo disponíveis para o
desenvolvimento do aluno, mural de recados, vídeos, fóruns e podcast. São mil cento e
sessenta e oito membros inscritos nas comunidades.
Figura 7 – Total de membros em cada uma das comunidades de oficinas práticas do SENAC.
Fonte: Próprio autor
Observa-se que os fóruns discutem assuntos relacionados à pedagogia, o tema da área
relacionada comunidade, as disciplinas dos seus cursos e muitos outros.
Os vídeos são bastante aceitos e muitas vezes são enriquecido com a participação dos
membros. A atividade nas comunidades com os comentários mostra que a rede social está
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alcançando o seu objetivo. Nota-se, que existe uma troca entre os usuários que abre
oportunidade para reflexão e o aprendizado informal.
Tabela 1 - Total das mídias (vídeos e fóruns) utilizadas nos últimos trinta dias no SENAC.
Fonte: Próprio autor
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo identificou que a rede social pode ser utilizada nas organizações de diversas formas
e que ao adotar este recurso é importante ter um propósito para o seu uso. Para isso, é
necessário fazer um estudo para compreender a real necessidade e implantar de forma que
garanta a sua plena utilização entre o público selecionado.
Na empresa Affero o objetivo foi estimular a relação entre os colaboradores das diversas áreas
e tornar a rede um canal de aprendizado informal. O Senac identificou uma oportunidade de
criar uma comunidade prática, o objetivo é fazer que os seus professores, inscritos na pós
graduação, continue aprendendo e se desenvolvendo como profissional ao utilizar a sua rede
social que tem a finalidade de ser um espaço permanente para o aprendizado.
Conclui-se também que é importante acompanhar a participação dos usuários e identificar
oportunidades de tornar a rede social cada vez mais participativa.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
AFFERO: http://www.affero.com.br/. Acesso em 20/03/2011
AGUIAR, Sônia. Redes Sociais na Internet: desafios à pesquisa. In: XXX
Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Natal/RN, 2008.
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AZEVEDO, Tatiana Barbosa e RODRIGUES, Martius Vicente. Softwares para
Análise de Redes Sociais – ARS. VI Congresso Nacional de Excelência em
Gestão, 2010. Rio de Janeiro/RJ. Disponível em
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Acesso em 25/04/2011
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MACEDO, T. M. B. Redes Informais nas Organizações: A Co-Gestão do
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15/03/2011
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ZANINI, Marco. Rede Social na Empresa é Mais Oportunidade que Risco:
http://info.abril.com.br/noticias/blogs/infoaovivo/2010/06/17/rede-social-na-
empresa-e-mais-oportunidade-que-risco/ (Acesso em 15/03/2011)