a utilizaÇÃo do gÊnero crÔnica em sala de aula · língua apresenta a leitura e a produção...

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A UTILIZAÇÃO DO GÊNERO CRÔNICA EM SALA DE AULA:

PROPOSTAS DE LEITURA E DE ESCRITA

Nivanira Ferreira de Lima Mangini1

Greice da Silva Castela2

RESUMO: Com o objetivo de incentivar a busca do conhecimento científico, pretende-se desenvolver no aluno o gosto pela leitura por meio do gênero crônica, contribuindo assim para a melhoria da qualidade do ensino, o presente texto relata os resultados do processo da implantação do projeto. “A utilização do gênero crônica em sala de aula: Propostas de leitura e escrita”, no Colégio Estadual Dr. Mário Augusto Teixeira de Freitas- Ensino Fundamental e Médio do município de Barracão- PR, vinculado ao Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, da Secretaria Estadual de Educação do Paraná. Para a aquisição do hábito de ler é preciso motivar os alunos para a leitura. Para que isto aconteça utilizamos o gênero crônica. Algumas leituras oferecem ensinamentos, outras preparam para adquirir conhecimento. O que importa neste trabalho é enfatizar que todas são importantes e, que não há conhecimento sem leitura, pois ela que transmite saberes e lições diversas. A partir do gênero crônica, exploramos estratégias de leitura, a fim de melhorar consideravelmente a leitura, a interpretação e a escrita de nossos alunos. Assim defendemos que desde o início do processo de escolarização, deve-se desenvolver no aluno o gosto pela leitura e no decorrer das séries a competência leitora e a produção textual para construir/produzir conhecimentos, preparando-os para uma formação crítica, criativa e inovadora na sua vida familiar, social e profissional. Os resultados da aplicação da proposta com alunos do 1º ano do Ensino Médio mostraram-se bastante positivos.

PALAVRAS-CHAVE: Leitura ; Crônicas ; Formação do Leitor.

1 – INTRODUÇÃO Estudar a problemática da leitura e da escrita no Ensino Fundamental e

Ensino Médio se faz necessário e urgente por fatores determinantes. A leitura e a

escrita são fundamentais nas práticas sociais. Deve- se investir no aluno procurando

descobrir seu interesse e possibilitando, assim, uma leitura crítica de textos. Ter o

domínio da habilidade de leitura com competência garante o exercício da cidadania,

acesso aos bens culturais e a inclusão social.

Este artigo é resultado do Projeto “A Utilização do gênero crônica em sala de

aula: propostas de leitura e escrita”, apresentado ao PDE – Programa de

1 Professor PDE e professora no Colégio Estadual Dr. Mário Augusto Teixeira de Freitas.

2 Orientadora PDE. Professora Adjunta na Unioeste –Campus de Cascavel.

Desenvolvimento Educacional, com o intuito de incentivar o aluno a melhorar a

leitura e se tornar um cidadão cada vez mais ativo. Este projeto visa basicamente o

ensino de estratégias de leitura com o gênero crônica. Para tanto optamos pela

escolha deste gênero por acreditarmos que este, facilitaria o trabalho com alunos do

primeiro ano do Ensino Médio, por caracterizar-se como um texto breve, que utiliza

temas relacionados com o cotidiano e que chega ao leitor com a força da linguagem

coloquial e rebuscada de humor. Assim a crônica chega facilmente às pessoas,

aguçando nelas o interesse pelo texto escrito. Também servirá como meio de

inserção do aluno do Ensino Médio na cultura literária.

O referencial teórico em que se sustenta o presente trabalho abrange,

basicamente, a concepção de leitura apresentada nos documentos que norteiam o

ensino da língua Portuguesa em nosso país e estado, tais como os Parâmetros

Curriculares Nacionais (BRASIL, 1999), doravante PCN, as Diretrizes Curriculares

Estaduais (PARANÁ, 2008), doravante DCE, e autores como Bamberger (1988) e

Isabel Solé (1998).

Uma metodologia de ensino voltada tanto à leitura quanto à escrita, a partir de

uma crônica, conduz o aluno à apreciação de outros gêneros com os quais ele

mantém contato diário, bem como – dependendo do tema abordado, o leva a

adentrar em conteúdos abordados em outras áreas de estudo, desenvolvendo,

dessa forma, a interdisciplinaridade. Além disso, a crônica é um gênero

frequentemente encontrado nos livros didáticos, o que facilita as atividades do

professor que, por sua vez, pode incentivar a leitura e a produção textual a partir de

uma variedade de crônicas selecionadas, já que circulam na mídia impressa e na

internet; contribuindo dessa forma, para dinamizar as atividades em sala de aula.

Entendemos que o desenvolvimento de uma práxis pedagógica interessante

para motivar a leitura em sala de aula explorando várias estratégias de leitura

permite, não só ao professor de Português, mas também dos professores que

lecionam outras disciplinas, tornar as aulas dinâmicas e interativas. Pode melhorar

consideravelmente a leitura, a interpretação e a escrita de nossos alunos e, assim,

tentar chegar ao almejado sucesso no processo de ensino e aprendizagem dos atos

de ler e escrever e da necessidade de mergulhar no mundo do conhecimento

científico.

Na última parte do trabalho relata-se a experiência de implementação do

projeto de leitura o qual foi realizado em seis Jornadas de Leitura, por meio de cinco

Crônicas com temas selecionados de vários autores que incentivaram e motivaram

o aluno para a realização efetiva de leitura. Todo esse trabalho é apresentado de

forma dinâmica e interativa aguçando a curiosidade do aluno, motivando-o a ler mais

e, consequentemente, a adquirir mais informações, que com o tempo e a práxis

cotidiana da sala de aula transformar-se-á em conhecimento. Na produção escrita

primeiramente os alunos produziram uma crônica em pequenos grupos e,

posteriormente, produziram individualmente uma crônica.

O projeto surgiu após constatarmos que muitos alunos quando chegam ao

Ensino Médio são incapazes de exprimirem com clareza, correção e criatividade

suas opiniões, seus sentimentos, sua vivência, seus conceitos sobre o mundo que

os cercam, falta argumentação e consistência de ideias, há afirmações típicas do

“senso comum” e inúmeros erros ortográficos que caracterizam a falta de hábito de

leitura. Constatamos essa falta de hábito de leitura no Colégio Estadual “Dr. Mário

Augusto Teixeira de Freitas “ EF e M. da cidade de Barracão- PR, provocada pela

falta de motivação adequada de incentivo à leitura no início da vida escolar e, muito

menos na família antes de ingressar na escola. Este fato nos levou a desenvolver

este projeto e a implantá-lo, no referido colégio na turma do 1° ano “B” do Ensino

Médio, formado por adolescentes de 13 a 16 anos com média de 35 alunos.

Por acreditarmos que a leitura é uma das atividades que deve tornar-se hábito

em todas as atividades escolares e, o gosto pela mesma, não é só responsabilidade

dos professores de Língua Portuguesa e a criação de situações para que os alunos

possam praticá-la no ambiente escolar, familiar, nas bibliotecas e na própria

comunidade; essa tarefa de formar leitores, é de toda a escola (todas as disciplinas),

já que, para o aluno desenvolver- se em qualquer área de conhecimento precisará

produzir bons textos.

Ler é uma forma de sabedoria e a leitura pode ser entendida como acesso

aos conhecimentos produzidos pelo pensamento humano. Nesse caso, a leitura é

uma ferramenta para a aquisição de novos conhecimentos que conduzem à

cidadania. A leitura como técnica necessita ser praticada com regularidade, para que

seja possível adquirirmos o hábito de ler.

Neste trabalho de formar leitores conscientes não se pode esperar que

nossos alunos aprendam sozinhos as estratégias de compreensão leitora. Precisam

de alguém que os ensinem a utilizá-las. Também não se pode esperar que sintam

prazer e gosto pela leitura sem a articulação entre escola, biblioteca, família e

professores.

Para Solé (1998, p.90), “Os alunos, não vão querer ler se não veem o

professor lendo ao mesmo tempo em que eles os fazem. É muito difícil que alguém

que não encontre prazer pela leitura saiba transmiti-lo aos demais”. Nós professores,

sem uma mínima capacidade de sentir prazer e gosto pela leitura, com certeza não

conseguiremos transmitir esta mesma capacidade para nossos alunos e não

poderemos almejar que estes cheguem a ser bons leitores.

Nesse caso, o mediador entre o texto e o leitor precisa gostar de ler, seja ele

um professor, um bibliotecário ou funcionários de todas as áreas. Os que conhecem

o prazer da leitura podem transmitir às gerações sucessivas e futuras o prazer de ter

acesso aos conhecimentos que, como hipertextos, vão se reproduzindo

infinitamente. A relação do professor como leitor é importante e o processo de

comunicação necessita fluir livremente.

A maior dificuldade no sucesso escolar dos alunos, está na leitura e

interpretação do que se lê, dificultando assim a aprendizagem do conhecimento

científico em todas as disciplinas escolares. Toda a atenção voltada à leitura é da

maior importância e, deve ser trabalhada como uma meta a ser alcançada e não

como uma atividade cotidiana. Com toda a tecnologia exposta ao alcance dos

alunos, eles estão cada dia menos acostumados a ler e, como serão nossos adultos

de amanhã, era urgente desenvolver este projeto.

2 – LINGUAGEM E LEITURA

Nos PCN (BRASIL, 1999), encontramos algumas reflexões sobre o ensino da

língua oral e escrita, que é fundamental para a inserção social efetiva do indivíduo

no meio em que vive. Deve-se à leitura, o sucesso escolar do aluno e da vida

profissional. Por meio dela o homem se comunica. Então se considera

imprescindível formar leitores proficientes, pois com essa formação tornam – se

pessoas com amplo conhecimento.

As expectativas de aprendizagem visando o aperfeiçoamento do ensino da

língua apresenta a leitura e a produção textual como base para a formação do aluno,

deixando claro que a língua não é homogênea, mas um leque de possibilidades

condicionado pelo uso e pela situação discursiva. Nessas situações , o aluno poderá

crescer como cidadão e defender seus direitos como usuário da língua. Se

expressar e escutar, além de ler e escrever, são habilidades que levarão o aluno

produzir e compreender textos diversos. Portanto, cabe à escola desenvolver ou

aprimorar essas habilidades em seus alunos, para que consigam empregá-las nos

diferentes contextos por eles vividos.

De acordo com os PCN ( BRASIL,1999, p.144):

Dessa forma, consciente e responsável, o aluno poderá fazer previsões e escolhas adequadas na fala/escrita, bem como olhar para o texto de forma critica, ampliando os significados para além da palavra escrita. Poderá ver–se no texto e ver o texto como objeto, dialogar com o “outro” que produziu, criar seu próprio texto.

O trabalho pedagógico referente à linguagem, portanto, precisa firmar–se em

atividades planejadas que possibilitem ao aluno a leitura e a produção oral e escrita,

bem como na reflexão e no uso da linguagem em diferentes situações do seu

cotidiano. Sendo assim, sugere–se um trabalho pedagógico dando maior

importância às práticas sociais.

A função do ensino médio é estimular o jovem a pensar e a expressar seu

pensamento de forma eficaz. Ou seja, é entregá-lo a vida adulta apto a exercer

plenamente sua cidadania. Essa plenitude, o jovem alcançará mediante o domínio

do uso da língua na sua atualização, que representa e reflete a experiência em ação,

as emoções, desejos, necessidades, valores, ponto de vista, pois quanto mais o

aluno domina a língua mais facilidade de comunicação terá.

Como afirma Solé (1998, p.118)

Quem lê deve ser capaz de interrogar – se sobre sua própria compreensão, estabelecer relações entre o que lê e o que faz parte do seu acervo pessoal, questionar seu conhecimento e modificá-lo, estabelecer realizações que permitam transferir o que foi aprendido para outros contextos.

Assim, nos processos de ensino e aprendizagem fica claro que quanto maior

o contato do aluno com a linguagem, nas diferentes esferas sociais, mais condições

ele terá, de entender os textos, ampliar sua visão de mundo e produzir

conhecimento.

3 – GÊNERO CRÔNICA

Na implementação do projeto enfocamos o gênero textual crônica, pois ela

tem relação com o tempo, visto que etimologicamente, crônica deriva de Krónos,

que era deus do tempo na mitologia grega.

De acordo com o tempo e a evolução, o termo ampliou seu sentido, mas

continua com vínculos com o sentido etimológico. Dessa forma trabalhamos o

gênero crônica por ser um relato de um ou mais acontecimentos em um determinado

tempo e tendo como um dos aspectos mais importantes a intertextualidade.

A crônica geralmente é um texto simples, bem elaborado, utilizando a

linguagem coloquial, podendo ser critico, lirico, humorístico, intimista .e até filosófico,

desde que capte os breves momentos importantes da vida diária transformando -os

em arte.

De acordo com a literatura informativa sobre o Brasil (1500 – 1601), o relato

dos acontecimentos sobre o descobrimento do Brasil, registra as impressões do

primeiro contato dos portugueses com a terra e o povo cujos costumes eram

totalmente alheios aos europeus. Por isso, a Carta de Pero Vaz de Caminha é

considerada como a “certidão de nascimento” do Brasil e dá início a uma série de

documentos semelhantes, quanto as características e estrutura, sendo denominados

como Literatura dos cronistas e viajantes.

O conjunto dos textos escritos por vários cronistas e viajantes que chegaram

ao Brasil, considerados numa articulação mais ampla com a literatura atual, sofreram

mudanças significativas quanto a estrutura, caráter e objetivos; isso se deve as

diferenças culturais e sociais de cada época. Com o passar do tempo, a crônica

brasileira passou a ter um caráter literário, fazendo uso da linguagem coloquial e

conotativa, envolvendo os sentimentos, a poesia, a fantasia e o cômico.

Com o desenvolvimento da imprensa, a cônica passou a fazer parte dos

jornais, surgindo então a crônica jornalística. No Brasil a crônica chegou para ficar

na segunda metade do século XIX. Nessa nova modalidade o narrador- repórter ia

em busca de alguma notícia, ia buscar os fatos e muitas vezes escrevia histórias

criando personagens. Sendo assim , os acontecimentos poderiam ser representação

do real ou a imaginação do próprio autor.

4 - A CRÔNICA E A FORMAÇÃO DO LEITOR

Atualmente, muito se discute sobre a importância e valorização das aulas de

leitura voltadas as habilidades e competências de leitura e escrita. Os alunos

precisam ler e escrever mais na escola. Considerando os problemas de leitura que

o aluno tem ao sair do Ensino Fundamental. Os alunos chegam no Ensino Médio

com o básico em leitura e compreensão dos gêneros textuais que circulam tanto no

âmbito do Ensino Médio, como fora dele, bem como não têm condições de produzir,

com relativa facilidade, textos coerentes e significativos.

Considerando a problematização e a tentativa para despertar nos jovens o

interesse pela leitura e, consequentemente, encaminhá-los a uma boa escrita, faz –

se necessário levar o aluno à leitura, conduzi – lo a desenvolver essa prática de

forma prazerosa. Esta é essencial e não se comprara a nenhum outro meio de

aprendizagem e comunicação, por que só ela tem um ritmo que é determinado pela

vontade do leitor. Sendo assim ela abre espaço para interrogação, meditação e

reflexão, levando o aluno a desenvolver seu senso crítico, a situar – se no mundo

real e auxiliar na transformação da sociedade.

O encaminhamento das estratégias de leitura com o gênero crônica nos

proporciona uma ampla variedade de leitura e interpretação. Desse modo, é preciso

considerar o texto que se quer trabalhar e, então planejar as atividades de leitura.

O assunto da crônica é de um modo geral, um fato ou acontecimento

vivenciado pelo cronista, no dia a dia, como também episódios que chamam atenção

por serem pitorescos e subjetivos.

Há também o tom de informalidade da crônica que a caracteriza, pois é um

texto adequado para contarmos as muitas histórias que a vida conta, com esse

clima de conversa entre amigos ou visando explorar o humor do cotidiano que nos

faz aflorar o nosso lado lírico como o lado trágico do nosso dia a dia. De acordo com

essa característica, a crônica é um texto de fácil compreensão, tornando mais leve a

abordagem de um tema penoso, levando o leitor a mergulhar com gosto na leitura.

O texto precisa ser bem elaborado, e pode ser crítico, humorístico, lírico, ou

filosófico, desde que capte os breves instantes importantes do cotidiano e os

transforme em arte.

Outra característica da crônica é o fato de que o autor não faz apenas um

relato do acontecimento, mas aproveita desse, como pretexto para pensar um pouco

na vida, para fazer uma reflexão breve ou tirar uma lição do que o mesmo vivenciou

ou presenciou.

5 – RELATO DE EXPERIÊNCIA

A implementação do projeto foi realizado no primeiro semestre do ano de

2013 no Colégio Estadual Dr. Mário Augusto Teixeira de Freitas - EF e M, na cidade

de Barracão – PR. Constatamos que a maior parte dos alunos do 1º ano do Ensino

Médio, em que o projeto foi aplicado, não tinham gosto pela leitura, provocado pela

falta de estímulos, motivação e pelas facilidades oferecidas pela tecnologia, ou

mesmo pelo desinteresse dos mesmos em função de não receberem o devido

incentivo à leitura no início de sua vida escolar, ou até mesmo a falta de hábito em

família antes de ingressar na escola. Esta constatação, levou–nos a desenvolver e a

implantá–lo o projeto, no 1º ano “B” do Ensino Médio, formado por adolescentes de

13 a 16 anos, com 35 alunos. No questionário que realizamos com eles,

descobrimos que a maioria não tinha empatia com a leitura e afirmar não gostar de

ler.

Organizamos uma Unidade Didática com o título “Metodologias de leitura para

formação do leitor” com os seguintes objetivos: a) Desenvolver no aluno o interesse

pela leitura, a competência leitora e a produção textual a partir do gênero crônica; b)

Encontrar novas estratégias que facilitem e desenvolvam no aluno o gosto pela

leitura para obtermos êxito no processo de ensino e aprendizagem; c) Repensar a

prática do trabalho com a leitura em sala de aula, transformando o hábito de ler em

algo prazeroso e apaixonante na busca de significados e conhecimento científico.

A Unidade Didática para melhor compreensão e aplicação, foi organizada em

06 (seis) Jornadas de Leitura: No primeiro momento, apresentamos o projeto aos

alunos e um questionário para coleta de dados sobre as dificuldades com a leitura

nas aulas de Língua Portuguesa e demais disciplinas nos anos anteriores. Os alunos

foram organizados em grupos para sistematização e socialização das respostas dos

questionários.

Na primeira Jornada de Leitura, exposição das sínteses pelos grupos. Após

apresentamos a fundamentação teórica sobre: a linguagem utilizada nas crônicas, a

proximidade com o conto, suas características enquanto gênero literário.

Posteriormente foi organizado um debate com os alunos e os mesmos foram

orientados para organizar uma pesquisa sobre os aspectos abordados nesta

Jornada, buscando fundamentá–los para melhor entender as atividades das demais

Jornadas. No final dessa Jornada os alunos se sentiram motivados e interessados

pela sequência do trabalho.

Na segunda Jornada, com a Crônica “ Hora de Dormir”, de Fernando Sabino,

propusemos algumas questões para debate sobre a temática da crônica, e

questionamentos sobre os limites e valores familiares, envolvendo todos os alunos.

Após realizamos a leitura dialogada da crônica e realizamos atividades em duplas

para melhor compreensão do texto.

Nesta mesma Jornada também trabalhamos a Crônica “Cobrança”, de Moacyr

Scliar. Nossa proposta de trabalho foi mostrar o lado cômico na leitura de crônicas,

com o objetivo de levar os alunos a reconhecerem a crônica como um gênero

literário, prazeroso e ao mesmo tempo divertido.

Para debate apresentamos algumas questões, como:

1- A história tem um cenário e um título sugestivo?

2- Vocês perceberam que o texto lido é curto? Ele relata um fato do cotidiano

das pessoas ou das famílias brasileiras?

3- Os acontecimentos foram relatados no texto de forma divertida?

4- Explique o humor que se extrai da “Cobrança” da devedora inadimplente e

do cobrador.

Além da leitura, debate e compreensão da crônica apresentamos algumas

orientações para a proposta de produção de texto sobre o gênero. Os alunos

reunidos em duplas identificaram as características do gênero e escreveram um

comentário sobre o mesmo. Após leitura e comentários sobre as produções

retomamos o incentivo pelo prazer de ler textos divertidos ou não.

No término dessas atividades percebemos que os alunos estavam

interessados e queriam pesquisar, ler e escrever sobre as características e temas

abordados em crônicas.

Na terceira Jornada, apresentamos a crônica “Ousadia”, de Fernando Sabino,

com algumas estratégias para o trabalho em sala de aula, tais como: 1) Dividir a

classe em duplas; 2) Entregar o material impresso para leitura, discussão e análise.

Para tal propusemos os seguintes tópicos para discussão: a) A crônica narra de

forma artística e pessoal fatos do cotidiano, geralmente colhidos no noticiário

jornalístico. Que situações vocês acham que essa crônica vai retratar? b) A crônica

geralmente é um texto curto e leve, escrito com o objetivo de divertir o leitor ou levá–

lo a refletir criticamente sobre o comportamento humano. Como estes dois objetivos

estão inseridos na crônica lida? c) Você lembra qual é a linguagem predominante

nas crônicas e o porquê? d) Analise a linguagem empregada na crônica.

Os alunos reunidos em duplas produziram crônicas baseadas na crônica

“Ousadia”. Após corrigi–las, alguns alunos leram em voz alta suas crônicas e

espontaneamente, houve comentários sobre a intertextualidade com outras crônicas.

Nessa intertextualidade os alunos demonstraram a evolução na oralidade, a

espontaneidade de argumentar e escrever com clareza e coerência.

Na Quarta Jornada, elaboramos comentários sobre animais de estimação,

discussão em grupos sobre o cuidado e maus tratos com os animais em geral.

Motivando os alunos para o desenvolvimento do hábito pela leitura e a realização de

um debate sobre sentimentos e emoções, visando formar alunos conscientes e

críticos, fizemos a leitura coletiva e individual da crônica “Prova Falsa”, de Istanislaw

Ponte Preta, mostrando o lado cômico e crítico nos fatos relatados. Em duplas

realizaram atividades para compreensão do texto dando ênfase ao oportunismo e

problemas resolvidos por meio de guerra fria.

Após as discussões em grupos, os próprios alunos comentaram sobre a

desenvoltura na leitura individual e a firmeza na leitura coletiva, bem como a

participação eufórica, nas atividades desenvolvidas.

Na quinta Jornada, os alunos reunidos em duplas observaram pessoas, fatos

interessantes, episódios do cotidiano escolar que podiam servir de tema para a

produção de crônicas. Após comentarem e escolherem um deles, produziram uma

pequena crônica. Depois de corrigi–las, foi organizado um debate na sala de aula

sobre a importância da leitura e nesse momento houve troca de crônicas entre os

alunos para leitura e acervo pessoal.

Durante o debate percebemos que cada aluno tinha subsídio para formular e

responder as questões dos colegas e do professor. Na escrita houve uma

transformação significativa.

Na sexta Jornada, questionamos os alunos sobre hábitos pessoais,

importância dos livros de etiquetas e boas maneiras. Após propusemos a leitura da

crônica “Amai o Próximo, etc...”, de Marina Colasanti, seguida de comentários de

comentários sobre as críticas dos episódios narrados no texto.

Para orientar os alunos apresentamos algumas questões, como: 1)A crônica

lida é uma crônica crítica, pois narra logo no início um episódio. Qual a função desse

episódio na crônica? 2) Outros episódios são narrados no decorrer do texto. Localize

-os e diga o que é exemplificado por cada um deles? 3) A autora utiliza várias vezes

a ironia; Qual a intenção da autora ao utilizar palavras, dizeres ou frases irônicas na

crônica? Posterior ao debate e interpretação da crônica “Amai o Próximo, etc...” os

alunos foram orientados a elaborar uma crônica individual com os temas: Hábitos

pessoais, Etiquetas ou Boas maneiras. Depois de corrigi-las apresentamos as

conclusões, seguidas de elogios referentes aos trabalhos realizados pelos alunos.

Constatamos no término dessa Jornada, que os alunos receberam os

comentários referentes aos trabalhos de forma consciente, pois foram motivados e

tiveram clareza: “ Que a leitura é fundamental para a aquisição do conhecimento

científico, ampliação do vocabulário, clareza na exposição de ideias, coesão e

coerência na escrita.”

6- CONSIDERAÇÕES FINAIS

A participação no programa PDE, possibilitou a intervenção na prática

pedagógica visando melhorar a relação entre ensino e aprendizagem na sala de

aula por meio da leitura. A ação concentrou esforços no sentido de valorizar e

qualificar a leitura na escola. A implementação da proposta possibilitou conhecer

melhor a realidade dessa prática em sala de aula, junto ao Colégio Estadual “Dr.

Mário Augusto Teixeira de Freitas” - EF e M. Permitiu ainda implementar ações

visando tornar a leitura e produção textual, um instrumento eficaz na construção e

reconstrução do conhecimento dos alunos no Ensino Médio.

Observando os primeiros resultados obtidos, constatamos que é fácil perceber

que o trabalho com a leitura, deve ocupar lugar especial na formação do aluno

desde as séries iniciais. Quando isso não acontece, temos que buscar estratégias

para trabalhar a leitura de forma a estimular o gosto e o prazer pela leitura nos

jovens.

A leitura, que deveria fazer parte do cotidiano nas escolas, nem sempre

recebe a atenção necessária dos agentes envolvidos, professores, equipe

pedagógica, direção e funcionários. O que constata-se quando nos deparamos com

os comentários que tratam do interesse dos alunos pela leitura, e como pudemos

constatar na implementação de nosso projeto no colégio, é que os mesmos não

leem por falta de incentivos adequados ou por que as atividades de leitura

desenvolvidas não são atraentes, sendo muitas delas feitas por obrigação e para

responder perguntas ou pela falta de conhecimento, por parte do professor, do gosto

dos alunos.

Concluímos com este projeto, que este quadro de desinteresse pela leitura

pode ser revertido, se utilizarmos estratégias que aproximem o aluno da obra a ser

lida por meio de recursos, que estejam mais ligados à realidade deles.

Se considerarmos que o conhecimento é adquirido por meio de leituras

variadas e que esta deve fazer parte do cotidiano de todos os indivíduos,

acreditamos que foi válido o trabalho que realizamos por meio do gênero crônica que

objetivou, durante a implementação do Projeto, apontar-lhes algumas alternativas

que podem motivá-los a adquirir, o hábito, o prazer e o gosto pela leitura.

As atividades realizadas com os alunos nas seis Jornadas de Leitura

apresentadas neste projeto, ou seja, a fundamentação teórica sobre o gênero

crônica, a leitura das crônicas selecionadas anteriormente, as crônicas escolhidas

por eles, o debate feito sobre os textos trabalhados, a produção de crônicas em

duplas e a produção individual dos alunos envolvidos, produziram os resultados

esperados. A produção dos alunos correspondeu às expectativas, pois os trabalhos

apresentados em geral foram bem elaborados e estavam dentro do que fora

trabalhado, com a observação das características do gênero e adequados ao nível

dos alunos do ensino médio, com uma linguagem própria da visão do mundo dos

jovens

Os desafios sobre a leitura constituem-se em objeto de estudos de todos os

educadores. O professor pode implementar mudanças significativas, pois as

reflexões que podemos fazer sobre a implementação deste projeto, bem como da

bibliografia consultada, revela-nos a real necessidade de transformação no ensino

para resgatar o hábito de ler, a fim de garantir o desenvolvimento dos educandos

diante dos problemas encontrados que envolvem leitura, pois ler é aprofundar-se e

interagir com o texto de forma a promover para si mesmo o real sentido da leitura,

construindo novos significados, buscando por meio da leitura e da escrita, ampliação

dos seus horizontes, exercendo seus direitos de cidadão crítico e consciente,

transferindo os conhecimentos adquiridos para situações futuras da vida social e

profissional.

Por isso, é necessário que haja cada vez mais o envolvimento de toda

comunidade escolar na busca de um ensino de qualidade, superando possíveis

entraves na sua efetivação.

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