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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE COMPUTAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO A UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES EDUCACIONAIS PARA O ENSINO E APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM SURDEZ CLAUDECI OLIVEIRA DA SILVA CUIABÁ MT 2011 UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE COMPUTAÇÃO

ESPECIALIZAÇÃO EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO

A UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES EDUCACIONAIS PARA O ENSINO

E APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM SURDEZ

CLAUDECI OLIVEIRA DA SILVA

CUIABÁ – MT

2011

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO INSTITUTO DE COMPUTAÇÃO

ESPECIALIZAÇÃO EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO

A UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES EDUCACIONAIS PARA O ENSINO

E APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM SURDEZ

CLAUDECI OLIVEIRA DA SILVA

Orientadora: Profª.MSc. Eunice Pereira dos

Santos Nunes

Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Informática na Educação –

Modalidade a Distância – do Instituto de Computação da Universidade Federal de Mato

Grosso, em parceria com a Universidade Aberta do Brasil, como requisito para conclusão do Curso de Pós-graduação Lato Sensu em

Informática na Educação.

CUIABÁ – MT

2011

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE COMPUTAÇÃO

ESPECIALIZAÇÃO EM INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

A UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES EDUCACIONAIS PARA O ENSINO E APRENDIZAGEM DE ALUNOS COM SURDEZ

CLAUDECI OLIVEIRA DA SILVA

Aprovada em ___/___/___

______________________________________

Profa. MSc. Eunice Pereira dos Santos Nunes

IC/UFMT

(Orientadora)

______________________________________

Prof. MSc. Clodoaldo Nunes

DAI/IFMT

______________________________________

Prof. Dr. João Paulo Ignácio Ferreira Ribas

IC/UFMT

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DEDICATÓRIA ______________________________________________________

Dedico aos meus alunos, pessoas com surdez. Com eles eu...

Ensino e

Aprendo.

Claudeci Oliveira da Silva

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AGRADECIMENTOS

______________________________________________________________________

A Deus...

Ao Pai eterno rendo louvores por mais este trabalho concluído. Mais uma vitória, cheia de sacrifícios pessoais, mas pela presença

do Senhor, realizada com êxito!

A todos...

Que direta ou indiretamente, colaboram para que eu vencesse mais essa etapa de minha vida profissional.

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EPÍGRAFE

______________________________________________________________________

TEMOS O DIREITO A SERMOS IGUAIS....

QUANDO A DIFERENÇA NOS INFERIORIZA...

TEMOS O DIREITO A SERMOS DIFERENTES.

QUANDO A IGUALDADE NOS DESCARACTERIZA...

BOAVENTURA S. DOS SANTOS

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RESUMO

___________________________________________________________________________

Esta pesquisa apresenta alternativas para o trabalho de práticas pedagógicas e o

uso de softwares educacionais para as pessoas com deficiência auditiva, no intuito

de desenvolver a leitura e escrita dos alunos inseridos no ensino regular e

Atendimento Educacional Especializado. Para isso este trabalho aborda o uso de

libras e software educacionais voltados para os PNES auditivos os alunos com

surdez. O trabalho tem como foco principal o ensino e aprendizagem de alunos com

deficiência auditiva. A importância de Libras (língua brasileira de sinais), o uso de

softwares educacionais em ambientes escolares, onde o ensino da leitura e escrita

às pessoas com deficiência auditiva deve ter como propósito formar leitores e

escritores, independentes de fazer uso ou não da oralidade. Com os resultados da

pesquisa foi observado que com o uso destas ferramentas poderemos alfabetizar

um aluno com deficiência auditiva, em vista dos alunos encontrarem grande

facilidade em manusear o computador pelo seu poder atrativo e interativo.

Palavras-chave: educação especial, informática educativa, educação de surdos.

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS __________________________________________________________

A.E. E - (Atendimento Educacional Especializado),

DA - Deficiência auditiva

DA - Dificuldade de Aprendizagem

DF -Deficiência Física

DI - Deficiência Intelectual

E.M.I.L. A.- (Escola Municipal Professora Ivete Lourdes Arenhardt)

I N E S- Instituto Nacional de Educação de Surdos

INEP- Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais

LIBRAS- Língua Brasileira de Sinais

LP- Língua Portuguesa

LS- Língua de Sinais

MEC- Ministério da Educação e Cultura

SDRT-(Stanford Diagnostic Reading Test)

TDAH- Transtornos e Déficit de Atenção e Hiperatividade

TODA- Transtornos e Déficit de Atenção

TGD- Transtornos Globais do Desenvolvimento

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LISTA DE FIGURAS __________________________________________________________

Figura 1 - Software Hagáquê ..................................................................................... 50

Figura 2 - HagáQuê - Nova História – Inserindo Personagem............................. 51

Figura 3 - HagáQuê - Nova História – inserir imagem........................................... 52

Figura 4 - HagáQuê - Nova História – Escrever texto ........................................... 52

Figura 5 - HagáQuê - Nova História – inserir texto ................................................ 53

FIGURA 6 – Software Palavras Cruzadas ............................................................... 54

FIGURA 7 - Softwares para Gráficos de Barras e Libras ................................ 55

Figura 8 - Software Sebran ........................................................................................ 56

FIGURA 9 - Dicionário Ilustrado Língua de Sinais ................................................. 57

FIGURA 10 - Dicionário da Língua Brasileira de Sinais 1 ..................................... 58

Figura 11 - Dicionário da Língua Brasileira de Sinais 2 - Frutas.......................... 59

Figura 12 - Dicionário da Língua Brasileira de Sinais 3 – Jogo da Forca .......... 60

Figura 13 - Dicionário da Língua Brasileira de Sinais 4 ........................................ 61

Figura 14 - Dicionário da Língua Brasileira de Sinais 5 ........................................ 62

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SUMÁRIO

1 - INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................... 11

2 - PANORAMA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL DE S URDOS NO BRAS IL ...................................................... 16

2.1- A EDUCAÇÃO DE SURDOS NO BRASIL..........................................................................................................16

2.1.1 A educação especial e seu diagnóstico........................................................................................................... 17

2.1.2 - Atendimento de alunos com deficiência ....................................................................................................... 18

2.2 - DIRETRIZES DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DO PONTO DE VISTA DA

EDUCAÇÃO INCLUSIVA ..............................................................................................................................................20

2.2.1 Ciências, Tecnologia e Educação.................................................................................................................... 22

2.2.2 O computador como tecnologia educacional ................................................................................................ 22

2.3 UM OLHAR EDUCACIONAL SOBRE OS RECURSOS TECNOLÓGICOS..............................................24

2.4 - TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO ESPECIAL .......................................................................................................26

2.4.1–Softwares para a aprendizagem dos alunos com deficiência auditiva. ................................................... 32

2.4.2 A importância do software na educação ........................................................................................................ 32

2.4.3 Softwares de jogos educativos.......................................................................................................................... 35

2.4.4 A Utilização de Softwares como ferramenta de ensino. .............................................................................. 35

2.4.5 - A informática na avaliação da leitura do aluno com surdez ................................................................... 41

3 - SOFTWARE EDUCACIONAL PARA A PRODUÇÃO ESCRITA DA PESSOA COM S URDEZ ....... 48

4 - CONCLUSÕES ............................................................................................................................................................... 64

REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................................... 66

ANEXOS......................................................................................................................................................................... 68

KIT SACI 1 - NOVA VERSÃO 3.0A .......................................................................................................................................69

KIT SACI 1 - NOVA VERSÃO 3.0A .......................................................................................................................................69

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1 - INTRODUÇÃO

Ao longo das últimas décadas, as diretrizes contidas nas declarações,

acordos internacionais, legislação, decretos, pareceres e resoluções, entre outros,

provocaram relevantes mudanças na área da educação em relação ao direito à

educação, à participação e à igualdade de oportunidades para crianças,

adolescentes, jovens e adultos, com o objetivo de oferecer-lhes uma educação de

qualidade, na qual se atenda as necessidades básicas de aprendizagem,

promovendo o desenvolvimento de competências fundamentais necessárias para a

participação na vida econômica, social, política e cultural do país. Muitos alunos com

deficiência auditiva sentem dificuldades e acabam desmotivados, sendo que alguns

deles chegam até a abandonar a escola.

Portanto, a presente pesquisa teve como premissa investigar e analisar quais

são as propostas didáticas metodológicas e estratégias, desenvolvidas pelo

Atendimento Educacional Especializado, (A.E.E), na Escola Municipal Professora

Ivete Lourdes Arenhardt (E.M.I.L. A.), com o uso de softwares educacionais, a fim de

verificar se as mesmas possibilitam a inclusão social e digital por meio de uma

aprendizagem significativa a todos os alunos.

A pesquisa iniciou com leituras para a construção da base teórica que

subsidiou o desenvolvimento do trabalho. Por outro lado, sabemos que a realidade

da maioria das escolas apresenta um quadro diferente quanto à inclusão de alunos

com necessidades educacionais especiais, dentre esses, os alunos com deficiência

auditiva. Ainda há carência de salas de aula, laboratórios de informática apropriados,

de materiais, de recursos visuais, de metodologias e, principalmente, de professores

especializados.

Libras é uma língua de modalidade distinta das línguas orais “são línguas

espaço visuais, ou seja, a realização dessas línguas não é estabelecida por meio

dos canais oral auditivos, mas por meio da visão e da utilização do espaço”

(QUADROS, 1997, p. 46). Além disso, apresenta uma estrutura gramatical própria.

Porém, tanto a criança surda como a ouvinte, tem capacidade de aprender a língua

de sinais.

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É muito importante para o desenvolvimento de uma criança com surdez a

intervenção precoce, ou seja, nos primeiros anos de sua vida, para que ela adquira e

desenvolva uma linguagem e, receba estimulação para o seu desenvolvimento

cognitivo, afetivo, social e físico. Por isso, o uso da informática deve ocorrer desde a

educação infantil. É relativamente crescente a preocupação na inserção de pessoas

com deficiências no contexto social, isso não significa só em instituições de ensino

(escolas), mas em toda a esfera social, de modo que venha a gerar uma maior

necessidade de estabelecimento de canal comunicativo de maneira permissiva na

troca de informações referentes ao que tange o aprendizado de todo e qualquer

conteúdo que possa ser adquirido.

Nesse sentido, caminham as diretrizes do MEC que procurando um prisma de

caráter globalizado, com representação federal, irradia para a representação tanto

estadual quanto municipais com diretrizes que necessitam dar um norte às práticas

da inclusão dos sistemas educacionais.

Os princípios bem como as diretrizes encontram-se fundamentadas na

Declaração de Salamanca a referência se dá por ter sido realizada em Salamanca,

na Espanha no ano de 1994, em que dentre os Estados participantes estava o

Brasil. Que acordaram para uma “Educação para todos”, alvejando a educação de

crianças, de jovens e adultos com necessidades especiais, inseridos no sistema

regular de ensino.

Numa possível impossibilidade de atingir todas as áreas de deficiências, o

presente trabalho foca o deficiente auditivo, seu processo de ensino/aprendizagem,

a importância de Libras, bem como do uso de softwares educacionais para surdos

para o desenvolvimento cognitivo e a relevância do entendimento dos conceitos para

o cotidiano de pessoas com deficiência auditiva.

A presente pesquisa teve como base norteadora o seguinte problema, quais

as possibilidades de desenvolvimento e aprendizagem na leitura e escrita do aluno

com surdez ao usar softwares educacionais? As línguas expressam a capacidade

específica dos seres humanos para se comunicar, expressam as culturas, os valores

e os padrões sociais de um determinado grupo social.

Diante dessa afirmativa, como alfabetizar o aluno com surdez usando

softwares educacionais que se insere a Libras como primeira língua para a

comunicação da pessoa com surdez? Bem como seu objetivo é o de investigar

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como se processa a construção de conhecimentos das pessoas com surdez por

meio de softwares educacionais.

Sua justificativa se dá pelo motivo de que as novas tecnologias da informação

e da comunicação, se bem utilizadas, poderão auxiliar o cidadão deste novo milênio

a encontrar os caminhos das novas relações interpessoais e novas relações com o

conhecimento que a denominada era da informação exige a todos. Os avanços

tecnológicos estão presentes em toda parte. Não há como ficar indiferente a isto,

pois está presente no dia-a-dia de todos os indivíduos, trazendo novas informações

como uma nova forma de comunicação. Para a pessoa com surdez, a leitura e

escrita deve ser vista como uma língua necessária para a sua sobrevivência numa

sociedade complexa na qual a língua escrita tem um papel chave. Os ambientes

informatizados oportunizam novas formas de interação nos contextos educacionais.

Ao se tratar de pessoas com surdez, os softwares podem potencializar a capacidade

de comunicação e aprendizagem, pois, elas precisam de maior quantidade possível

de estímulos visuais para poderem aprender a linguagem brasileira de sinais.

Percebe-se ainda, que as pessoas com surdez acabam tendo um atraso

educacional, causado em partes, pelo resultante tempo que levam para se apropriar

da leitura e da escrita e pelas subsequentes deficiências da linguagem. A língua de

sinais deve ser o fundamento da socialização do aluno com deficiência auditiva, e o

meio pelo qual ele constrói sua visão de mundo. Com uma primeira língua

sedimentada, estão dadas as bases para um desenvolvimento social e cognitivo

harmônico, que repercutirá no restante da sua educação, incluindo a aquisição da

língua escrita. Isso significa que o aluno com surdez estará concebendo um mundo

novo usando uma língua que é percebida e significada ao longo do seu processo.

A aquisição da língua portuguesa dependerá de sua representação enquanto

língua com funções relacionadas ao acesso às informações e comunicação entre

seus pares, por meio da escrita. A língua escrita por sua vez deve ser vista como

segunda língua e ensinada como tal.

Para a pessoa com surdez, a língua escrita deve ser vista como uma língua

necessária para a sua sobrevivência numa sociedade complexa na qual a língua

escrita tem um papel chave. O ensino da leitura e escrita às pessoas com deficiência

auditiva deve ter como propósito formá-los leitores e escritores competentes,

independente do fato de fazer uso da oralidade ou não.

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Sendo assim, a leitura vai fornecer ao aluno com deficiência auditiva,

informações para que ele adquira a língua escrita. Na medida em que a pessoa com

surdez seja exposta de maneira significativa a recursos tecnológicos variados, de

crescente nível de contextualização, irá adquirindo de maneira natural a leitura e

escrita. Quando a discussão permeia os campos educacionais, são muitos os pontos

a serem analisados, tais como metodologias, avaliação, formação de professores,

disciplina, currículo, gestão democrática da escola, políticas educacionais, etc.

É conveniente que os profissionais da educação, inclusive os professores

tenham conhecimento e ponham em prática os princípios quanto a aquisição da

leitura e escrita da pessoa com deficiência auditiva.

Sendo assim, o uso de ferramentas tecnológicas irá fornecer ao aluno,

informações para que ele adquira a língua escrita.

A ideia de trazer o computador como uma ferramenta pedagógica exige de

nós, professores aulas melhores planejadas, professores mais dispostos, alunos

mais motivados, “e uma escola mais criativa e reflexiva.” A construção dessa ideia

de informática (num âmbito educacional) depende de uma série de fatores, como:

físicos: equipamentos, espaço, softwares... Na medida em que a pessoa com

deficiência auditiva seja exposta de maneira significativa a ambientes virtuais

consequentemente melhorará seu desenvolvimento

O computador deve ser visto como um recurso didático que traz uma gama

enorme de possibilidades ao processo ensino-aprendizagem da leitura e escrita das

pessoas com deficiência auditiva. O processo metodológico usado para o

desenvolvimento da presente pesquisa foi de que nesse enfoque, trabalhou-se o uso

de softwares para pessoas com surdez como processo de aprendizagem.

Com objetivo de analisar os softwares para os deficientes auditivos este

trabalho mostra alguns deles, assim como, jogos de palavras cruzadas, história em

quadrinhos com Hagáquê e o Sebran ABC.

O trabalho fora realizado por meio de pesquisas bibliográficas, atividades

práticas usando o computador, internet com variados softwares educacionais, no

AEE, e nas escolas onde os alunos com deficiência auditiva estão inseridos.

Todavia, observamos que, historicamente, as pessoas que não se enquadram

dentro de certo "padrão de normalidade", que a sociedade estabeleceu, têm sido

perseguidas, humilhadas, segregadas e excluídas. As pessoas com necessidades

especiais, por possuírem características que fogem ao "padrão de normalidade",

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mesmo nos dias atuais, ainda sofrem inúmeras formas de preconceito, sendo

constantemente marginalizadas e deixadas à margem da sociedade.

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2 - PANORAMA DA EDUCAÇÃO ESPECIAL DE SURDOS NO BRASIL

2.1- A EDUCAÇÃO DE SURDOS NO BRASIL

A historicidade da educação de surdos teve seu inicio com a criação do

Instituto de Surdos-Mudos, hoje é o atual Instituto Nacional de Educação de Surdos

(INES). Fundado em 26 de setembro de 1857, pelo professor surdo francês Ernet

Hwet, que veio ao Brasil a convite do Imperador D. Pedro II para trabalhar na

educação de surdos.

No início, eram educados por linguagem escrita, articulada e falada,

datilologia e sinais. A disciplina "Leitura sobre os Lábios" estaria voltada apenas para

os que apresentassem aptidões e a desenvolver a linguagem oral. Assim se deu o

primeiro contato com a Língua de Sinais Francesa trazida por Hwet e a língua dos

sinais utilizada pelos alunos.

É importante ressaltar que naquele tempo, o trabalho de oralidade era feito

pelos professores comuns, não havia os especialistas. Assim a comunidade surda

veio conquistando seu espaço na sociedade. Hoje podemos observar que os

governos têm preocupado com a inclusão. De acordo com a Declaração de

Salamanca (1994, p. 15).

A expressão necessidades educacionais especiais faz referencias a todas as

crianças e jovens cujas carências se relacionam a deficiências ou dificuldades

escolares. Nesta importância, é necessário que se inclua crianças com deficiências

ou superdotados, crianças de rua ou crianças que trabalham crianças de populações

remotas ou nômades, crianças de minorias lingüísticas, etnias ou culturais e

crianças de áreas ou grupos desfavoráveis ou marginais.

De acordo com o texto da Constituição brasileira, em seu artigo 208, é

garantido "O atendimento especializado aos portadores de deficiência,

preferencialmente na rede regular de ensino". A lei nº 9394/96, estabelece as

diretrizes e bases da educação nacional procurando trazer a garantia de

"atendimento educacional especializado”, aos portadores de deficiência,

preferencialmente na rede regular de ensino. Segundo o texto constitucional, na

concepção da lei, a "educação especial" é definida no artigo 58, como "a modalidade

de educação escolar na rede regular de ensino, para educandos portadores de

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necessidades especiais." Nesse caso, porém, temos um detalhamento de como este

processo, em teoria, deveria ocorrer.

De acordo com o texto Art. 59 – Os sistemas de ensino assegurarão aos

educando com necessidades especiais:

I – Currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização

específica, para atender às suas necessidades;

II – Terminalidade especifica para a conclusão do ensino fundamental, em

virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o

programa escolar para os superdotados;

III – Professores com especialização adequada em nível médio ou superior,

para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular

capacitados para a integração desses educando nas classes comuns;

IV – Educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na

vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem

capacidade de inserção no trabalho;

V – Acesso igualitário, aos benefícios dos programas sociais suplementares

disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.

Mesmo com as leis ainda é preciso continuar a luta, ter maiores

participações das políticas comunitárias dentro das escolas, nas clínicas, nos órgãos

públicos procurando transformações nas políticas educacionais. A lei fala

preferencialmente e não exclusivamente, dificultando um pouco o acesso dos surdos

na educação. Esse problema se dá porque, muitas vezes os profissionais da

educação não sabem, e acabam acalentando um medo de enfrentar o desafio.

Segundo Sassaki (1997, p. 150), "se faz necessário a revisão de toda a legislação

relacionada à deficiência, considerando a constante modificação social e o

desenvolvimento dos conhecimentos sobre a pessoa deficiente."

2.1.1 A educação especial e seu diagnóstico

Na educação especial, o INEP verificou mais 528 mil matrículas nos

diferentes níveis de ensino. Mais da metade dessas matrículas (53%) é nas séries

iniciais do ensino fundamental e quase 22% das matrículas são nas séries finais do

ensino fundamental. Com a atualização dos conceitos e terminologias, foram

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efetivadas mudanças no Censo Escolar, que passa a coletar dados sobre a série ou

ciclo escolar dos alunos atendidos pela educação especial, possibilitando, a partir

destas informações que registram a progressão escolar, criarem novos indicadores

acerca da qualidade da educação.

A Política Nacional brasileira voltada para a Educação Especial com o Ponto

de vista de a Educação Inclusiva objetiva assegurar a inclusão escolar de alunos

com deficiência, orientando os sistemas de ensino para que garantam o acesso ao

ensino regular, com participação, aprendizagem e continuidade ter uma

transversalidade da modalidade de educação especial desde a educação infantil até

o ensino superior, oferta do atendimento educacional especializado, formação e

especialização de professores para o atendimento educacional especializado bem

como aos demais profissionais da educação para a efetividade da inclusão, buscar a

participação efetiva da família bem como da comunidade, dar melhores condições

de acessibilidade arquitetônica, nos meios de transportes, nas edificações, nas

comunicações e informação; e articulação de vários setores que possam contribuir

na prática das políticas públicas.

2.1.2 - Atendimento de alunos com deficiência

Foi longo o período em que perdurou o entendimento de que a educação

especial organizada de forma paralela à educação comum seria mais apropriada

para a aprendizagem daqueles alunos que apresentavam deficiência, ou qualquer

inadequação com relação à estrutura organizada pelos sistemas de ensino. Esse

entendimento desempenhou impacto demorado na historicidade da educação

especial, trazendo o resultado em práticas que ressaltavam os estudos relacionados

à deficiência, em contraposição à grandeza pedagógica.

A prática de pesquisas no campo da educação e a conservação dos direitos

humanos vêm transformando os conceitos, as legislações e as práticas pedagógicas

e de gestão, promovendo a reestruturação do ensino regular e especial. No ano de

1994, com a Declaração de Salamanca iniciou-se com o princípio que as escolas do

ensino regular devem atender todos os alunos, enfrentando a situação de exclusão

escolar das crianças com deficiência, das sem teto ou ainda as que trabalham das

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superdotadas, em desvantagem social e das que apresentam diferenças lingüísticas,

étnicas ou culturais.

A consideração de necessidades educacionais especiais, que passa a ser

amplamente difundido, a partir dessa Declaração, adverte para interação das

características individuais dos alunos com o ambiente sócio educacional, chamando

a atenção do ensino regular para o desafio de receber e atender as diferenças.

Contudo, mesmo com essa perspectiva conceitual transformadora, as políticas

educacionais praticadas não galgaram o objetivo de levar a escola comum a tomar o

desafio de acolher as necessidades educacionais de todos os alunos.

Do ponto de vista da educação inclusiva, a educação especial passa a

compor a proposta pedagógica da escola, determinando como seu público-alvo os

alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas

habilidades/superdotados. Nestes casos e outros, que implicam em transtornos

funcionais específicos, a educação especial atua de forma articulada com o ensino

comum, orientando para o atendimento às necessidades educacionais especiais

desses alunos.

É considerados alunos com deficiência àqueles que têm bloqueios de longo

prazo, de natureza física, de natureza mental, de natureza intelectual ou de natureza

sensorial, que em interação com diversas barreiras podem ter diminuída sua

participação completa e efetiva na escola e na sociedade.

De modo que se entende por alunos com transtornos globais do

desenvolvimento são aqueles que apresentam alterações qualitativas das interações

sociais recíprocas bem como na comunicação, um repertório de importância e

atividades restrita, estereotipado e repetitivo. São incluídos nesse grupo alunos com

autismo, síndromes do espectro do autismo e psicose infantil.

Esse dinamismo exige uma atuação pedagógica voltada para alterar a

situação de exclusão, enfatizando a importância de ambientes heterogêneos que

promovam a aprendizagem de todos os alunos.

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2.2 - DIRETRIZES DA POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL DO

PONTO DE VISTA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

É possível vislumbrar que a educação especial é uma modalidade de ensino

que perpassa todos os níveis, etapas e modalidades, atinge o atendimento

educacional especializado, disponibiliza os serviços e recursos próprios desse

atendimento e fazendo a orientação dos alunos bem como de seus professores

quanto a seu emprego nas turmas comuns do ensino regular.

Este atendimento educacional especializado aproxima, ordena e constitui

recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena

participação dos alunos, assim sendo que se levam em consideração as suas

necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento educacional

especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula comum, não

sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento objetiva a complementação

e/ou suplementação na formação dos alunos com observância da autonomia e da

independência na escola bem como fora dela também.

O atendimento educacional especializado deixa disponíveis programas de

enriquecimento curricular, o ensino de linguagens e códigos específicos de

comunicação e sinalização, ajudas técnicas e tecnologia assistida, bem como

outros. Ao longo de todo o período de escolarização, esse atendimento deve estar

interligado com a proposta pedagógica do ensino comum.

De acordo com o Plano de Desenvolvimento da Educação razões, princípios

e programas, publicados pelo MEC, reafirmam que as visões sistêmicas da

educação que tem o princípio de superar a oposição entre educação regular e

educação especial. Contrariando a concepção sistêmica da transversalidade da

educação especial nos diferentes níveis, etapas e modalidades de ensino, a

educação não se estruturou na perspectiva da inclusão e do atendimento às

necessidades educacionais especiais, limitando, o cumprimento do princípio

constitucional que prevê a igualdade de condições para o acesso e permanência na

escola e a continuidade nos níveis mais elevados de ensino.

O trabalho de inclusão escolar inicia-se na educação infantil, período em que

são desenvolvidas as bases necessárias para a construção do conhecimento e seu

desenvolvimento global. Neste período, o lúdico, o acesso às formas diferenciadas

de comunicação, a riqueza de estímulos nos aspectos físicos, emocionais,

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cognitivos, psicomotores e sociais e a convivência com as diferenças favorecem as

relações interpessoais, o respeito e a valorização da criança. Do zero aos três anos,

o atendimento educacional especializado se expressa por meio de serviços de

intervenção precoce que objetivam aperfeiçoar o processo de desenvolvimento e

aprendizagem em interface com os serviços de saúde e assistência social.

Em todos esses períodos, ou seja, nessas etapas e modalidades da

educação básica, o atendimento educacional especializado é preparado para dar

sustentabilidade e apoiar o desenvolvimento dos alunos, estabelecendo oferta

obrigatória dos sistemas de ensino e deve ser efetivado no turno inverso ao da

classe comum, na própria escola ou centro especializado que realize esse serviço

educacional.

Dessa maneira, na modalidade de educação de jovens e adultos e educação

profissional, as ações da educação especial permitem a acrescentamento de

chances de escolarização, desenvolvimento para a inclusão no mundo do trabalho e

ativa participação social.

A realização do atendimento educacional especializado é mediante a

atuação de profissionais com conhecimentos específicos no ensino da Língua

Brasileira de Sinais, da Língua Portuguesa na modalidade escrita como segunda

língua, sistema Braille, soroban, orientação e mobilidade, atividades de vida

autônoma, comunicação alternativa, desenvolvimento dos processos mentais

superiores, dos programas de evolução curricular, do ajustamento e produção de

materiais didáticos e pedagógicos, do emprego de recursos ópticos e não ópticos,

da tecnologia assistiva, bem como outros.

É de responsabilidades dos sistemas de ensino, organizar a educação

especial no ponto de vista da educação inclusiva, disponibilizar os papéis de

instrutor, tradutor/intérprete de Libras e guia intérprete, bem como de monitor ou

auxiliar aos alunos com necessidade de apoio nas atividades de higiene, na

alimentação, na locomoção, entre outras que demandem auxílio constante no dia-a-

dia escolar.

Para se ter uma atuação condizente na educação especial, o profissional da

educação deve almejar como base, ou seja, como objetivo da sua formação inicial e

continuada, informação gerais para o exercício da docência bem como noções

específicas da área. Essa constituição possibilita a sua execução no atendimento

educacional especializado e deve aprofundar o caráter interativo e interdisciplinar do

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desempenho nas salas comuns do ensino regular, nas salas de recursos, nos

núcleos de atendimento educacional especializado, nos centros de acessibilidade

das instituições de educação superior, e recursos de educação especial.

2.2.1 Ciências, Tecnologia e Educação

Ciências e tecnologia interferem de forma marcante nos rumos das

sociedades, e a educação se vê no mínimo pressionada a reestruturar-se num

processo inovador na formação de um ser humano universal.

Um profissional competente não apenas saber manipular as ferramentas

tecnológicas, mas incluir sempre em suas reflexões e ações didáticas a consciência

de seu papel em uma sociedade tecnológica.

Esse estado de coisas exige, um novo aprender, uma reestruturação na

formação do professor, que se depara com uma gama imensurável de informações.

Os professores poderão buscar caminhos de valorização de suas práticas

pedagógicas, suas vivências e experiências, metodologias interdisciplinares

discutindo a relação entre os saberes profissionais, a experiência, a criatividade e a

reflexão crítica científica a respeito da evolução humana e dos artefatos

tecnológicos.

2.2.2 O computador como tecnologia educacional

O computador como tecnologia educacional apresenta uma característica

específica. Com freqüência o aluno domina com mais facilidade essa tecnologia do

que seu professor, e passa a manipular sem medo e sem restrições. Diante disso

começa a exigir do professor, mudanças de postura em sala de aula, onde a

interação com seus alunos passarão a ser uma atitude necessária para o bom

andamento do seu trabalho pedagógico.

Na perspectiva instrucional, o computador é objeto de estudo. O

conhecimento de hardware e software e seus mecanismos passam a ser o objeto do

trabalho de informática, ou seja, “O aluno usa o computador para adquirir conceitos

computacionais, como princípios de funcionamento do computador na sociedade.”

Na perspectiva construcionista, o computador é utilizado como recurso. O termo

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construcionista está diretamente relacionado à denominação construtivista. Papert

que trabalhou com Piaget, denominou de Construcionista a utilização da informática

embasada na teoria piagetiana de construção do conhecimento.

Papert juntamente com pesquisadores do Massachutts Institute of.

Tecnológy desenvolveram o Software Educacional LOGO, que foi inspirado na teoria

do desenvolvimento humano de Jean Piaget, criado com objetivo de possibilitar que

alunos e professores reflitam sobre noções necessárias colocadas nas situações

propostas e testem suas hipóteses na resolução desses problemas.

Garcia Neto (1992) em sua pesquisa usando o software educacional LOGO,

com meninos de rua em Brasília destaca que esse recurso possibilitou:

Melhoria na fluência e sequência do raciocínio dos alunos, autonomia no

desenvolvimento de projetos individuais, elevação da auto-estima, aumento do

tempo de concentração em relação ao apresentado em sala de aula, nova relação

professor-aluno, concretização dos processos abstratos, direcionamento da

aprendizagem pelo aluno, o erro como elemento da aprendizagem e reflexão sobre

os processos envolvidos na aprendizagem.

Silva (1996) utilizou esse recurso com adolescentes marginalizados de

Curitiba e assinala que, ao desenvolver as at ividades com o LOGO, “ O sujeito passa a tentar, a planejar [...]. Ambientes com estas características favorecem o desenvolvimento da autonomia moral e intelectual.Esse autor

se refere ao computador como uma ferramenta valiosa para a nova geração cultural, pois a difusão da informação é primordial entre os indivíduos e entre os grupos sociais.

Já Almouloud (1997), ressalta que a utilização do computador pode:

- individualizar o estudo do comportamento dos sujeitos;

-tornar os alunos autônomos na gestão de sua aprendizagem;

-tratar no tempo real uma parte da avaliação;

-integrar numerosas informações multidimensionais;

-diminuir o efeito emocional da avaliação.

Chaves (1987) p.81, entusiasta da utilização da informática na educação,

ressaltam que:

Devemos nos preocupar com a questão da informática na educação porque as evidências disponíveis, embora não tão amplas e contundentes quanto

se poderia desejar, demonstram que o contato regrado e orientado com o computador em uma situação de ensino/aprendizagem contribui positivamente para a aceleração do desenvolvimento cognitivo e intelectual,

em especial no que diz respeito ao raciocínio lógico e formal, à capacidade de pensar com rigor e de modo sistemático.

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No Brasil, o uso do computador na educação teve início com algumas

experiências em universidades, no princípio da década de 1970, ganhou destaque

mais considerável na década de 1980 e continua crescente neste momento.

Já nas escolas, a implantação de projetos de informática na educação teve

uma ascendência nos anos de 1990.

Valente (1990) aponta um diferencial nas propostas pedagógicas

concementes à informática na educação no Brasil em relação à França e os EUA:

Aqui no Brasil a proposta pedagógica é fundamentada nas pesquisas realizadas

entre as universidades e as escolas da rede pública.

2.3 UM OLHAR EDUCACIONAL SOBRE OS RECURSOS TECNOLÓGICOS

“A tecnologia sempre causou fascinação ao homem: das primeiras

ferramentas, por vezes consideradas como extensões do corpo, à máquina a vapor,

que mudou hábitos e instituições, ao computador que trouxe novas e profundas

mudanças sociais e culturais, a tecnologia nos ajuda, facilitando nossas ações, nos

transportando, ou mesmo nos substituindo em determinadas tarefas, os recursos

tecnológicos ora nos fascinam, ora nos assustam...”

A TI Tecnologia da Informação a cada dia que passa vem galgando maiores

espaços no cenário educacional. Seu emprego como utensílio de aprendizagem e

sua ação no meio social vem sendo acrescida de forma rápida entre nós. Nessa

acepção, a educação vem passando por transformações estruturais e funcionais

frente a essa nova tecnologia. Houve período em que era necessário realizar uma

justificativa para a introdução da informática na escola. Hoje já existe concordância

diante da sua importância. No entanto, o que vem sendo questionado é da forma

com que essa introdução vem ocorrendo.

A história da educação registra o equívoco representado pelo movimento

tecnicista, quando se que a técnica pudesse por si mesma promover mudanças

significativas na escola.

Quando se trata da inserção do computador na educação, a ameaça dessa

concepção tecnicista deverá ser superada pela busca de referências compatíveis

com a natureza dos atuais recursos digitais e com as novas condições da educação

contemporânea. É importante ressaltar, o quanto é importante a atuação docente na

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construção e efetivação das propostas pedagógicas que direcionam a utilização do

computador na educação.

Com um olhar tecnicista, estaremos reduzindo a importância do professor,

pois estaremos enxergando o recurso tecnológico completo por si mesmo, sendo ele

capaz de trazer transformações de qualidade para a educação, simplesmente por

estar sendo usado.

A aprendizagem digital veio para ficar. Reduzir a aprendizagem à presença

física é era medieval, já que presença virtual é simplesmente outra maneira de estar

presente.

Educação a distância, provavelmente, é expressão fora de lugar, porque dá

a impressão equivocada de que a outra educação não teria distância, já que na

presença do professor. Aí acontece um equívoco: para estudar, estar ou não na

presença do professor é coisa irrelevante, se este for apenas um instrutor.

Os cursos tendem a distinguir entre aqueles com presença física e os

virtuais. O ideal seria unir ambos.

Antigamente, a busca de informações era coisa mais ou menos complicada,

falta de livros, visitas às bibliotecas. Agora, podemos ter tudo pela internet, rápida e

facilmente. Informação em grande medida, não é mais problema, problema extremo

é saber o que fazer com a informação.

O professor em um ambiente virtual, vai se tornando um orientador, no

sentido de alguém que orquestra as atenções e as energias e as potencializa, não

como alguém que comanda, determina e impõe.

Os professores antigos procedem mal, quando querem, impor aos jovens

por ex: Camões? Nada que é imposto de fora se torna formação. O certo seria

conseguir que os jovens estudassem Camões, que reconstruir esse texto numa

linguagem dos jovens. De repente um soneto de Camões traduzindo em linguagem

digital, combinando texto e imagem, talvez pudesse interessar, desde que o

professor tivesse a habilidade digital suficiente.

A escola precisa buscar compromissos interativos, quase um pacto no quais

ambas as partes aceitem aprender uma com a outra. “Com isso, não precisa

desaparecer a poesia na vida do jovem, mas, antes há que inventar a poesia da

escola, que também anda muito perdida. O diálogo de surdo não leva a nada.”

Seria fundamental trabalhar a politicidade das tecnologias, porque sua

importância na sociedade provém das mudanças que supõem e impõem.

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Juntamente com as novas tecnologias é mister iniciar os jovens na tecnociências,

porque suas vidas serão cada vez mais pautadas por ela. Seria necessário formá-

los de tal modo que possam entrar nesse jogo como jogadores críticos e

autocríticos, não como objetos de manipulação alheia.

A escola, a princípio, em vez de reclamar, deveria saber conviver com isso,

também em nome das teorias sobre multiculturalidade, como anota Santos

1988.p.140 O Porvir (Pedro Demo), se tivermos generosidade para aceitar que toda

manifestação cultural é incompleto, todas poderiam aceitar serem completadas por

outras. Com os jovens também poderíamos aprender, em especial que mudanças

exige abertura e disposição.

“A INTERNET E A ESCOLA A Internet não é uma escola e nem poderá

substituí-la enquanto instituição de aprendizagem, mas pode ser um valoroso complemento e auxiliar de todo o processo do ensino/aprendizagem. Pesquisadores da National Science Foundation, por

meio de um estudo patrocinado pela Michigan State University (MSU), descobriram que a Internet pode ser uma boa ferramenta de ensino para crianças. O estudo aponta que, diferentemente do que se pensa, a Web não

provoca nenhum efeito negativo na participação social de seus usuários ou no lado psicológico das crianças. A pesquisa conclui que as crianças que usam a Internet conseguem melhorar as notas escolares. fonte:

www.gic.com.br. A Internet e a sua influência têm encurtado as distâncias entre os professores e os alunos, contribuindo para o surgimento gradual de um novo modelo de escola. A sala de aula terá um novo significado e

ganhará uma nova dimensão. A difusão propagada pela Internet faz com que esta se assuma como uma enorme base de dados complementar, onde todos os alunos poderão retirar informação útil para execução dos mais

variados trabalhos escolares e dar uma forte contribuição para consolidação dos conhecimentos.”

2.4 - TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO ESPECIAL

Atualmente a importância da tecnologia dentro da educação vem crescendo

cada vez mais e, a cada dia, muito discutida, de maneira que quando falamos de

educação especial ela se torna quase que uma abordagem obrigatória, destarte que

muitas pessoas têm dependências desse meio para ter acesso ao aprendizado e

assim galgar as habilidades básicas que são de direito de todo e qualquer cidadão.

Harmonizar a educação especial com a tecnologia é primar por garantir o direito de

acesso ao conhecimento, dando ao indivíduo uma chance de mostrar seu potencial

como qualquer cidadão diante da sociedade.

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É completamente possível discutir a seguinte questão: a pessoa com

necessidades educacionais especiais, ou seja, com distúrbios de aprendizagem

(DA), Deficiência Intelectual (DI), Transtornos Globais do Desenvolvimento (TGD),

Superdotados/Altas habilidades, alunos com transtornos de atenção com ou sem

hiperatividade (TDAH/ TDA), consegue se desenvolver cognitivamente e interagir

socialmente auxiliada por softwares educativos.

É extremamente perceptível que nos últimos tempos, a humanidade vem

convivendo com uma fundamental ferramenta o computador. Atualmente, o

computador tem servido a Educação com seus programas, jogos, enciclopédias,

entre tantos outros softwares, que geram todo um fascínio de utilidades

informacionais. De maneira que hoje em dia não vivemos mais em cenários

monocromáticos ou sem sonoridade e, sim, vivemos e convivemos em e com

cenários culturais democráticos, multicoloridos e concomitantemente multisonoros.

Essas condições os levam a intermináveis criações, originalmente abertas a

todas as pessoas, constituindo assim proeminências futuras de seres humanos

muito mais (cultos) e conscientizados, com maior comunicabilidade,

significativamente produtivos em suas tarefas em seus afazeres e ocupações, nas

suas casas bem como em suas comunidades.

Comparadamente a isso a lei Darcy Ribeiro, ou seja, a atual Lei de Diretrizes

e Bases para a Educação Nacional, Lei nº 9.394, de 20-12-1996, em seu Capitulo V

trata especificamente da Educação Especial.

A Educação Especial é uma modalidade de educação escolar, oferecida

preferencialmente na rede regular de ensino, para pessoas com necessidades

educacionais especiais. Assim, ela perpassa transversalmente todos os níveis de

ensino, desde a educação infantil ao ensino superior. Esta modalidade de educação

é considerada como um conjunto de recursos educacionais e de estratégias de

apoio que estejam à disposição de todos os alunos, oferecendo diferentes

alternativas de atendimento.

O texto anterior da lei Darcy Ribeiro faz referencias as características desta

modalidade de ensino que a obrigatoriedade de ser fornecida pelas escolas a todos

os indivíduos com necessidades especiais ou não. Diante dessa obrigação, é dever

criar condições de aceitação e integração da criança especial na escola que vem

sendo estudadas formas interdisciplinares, e os computadores tem sido tratado

como uma poderosa ferramenta educacional para essa finalidade. O computador

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tem sido avaliado por profissionais com atuação na Educação Especial como sendo

ele um instrumento de trabalho com o qual a criança pode resolver problemas,

escrever, desenhar, programar, desenvolver procedimentos, bem como executar

comandos de ação.

Em sua obra, Martins (1996, p.30) argumenta que, a integração escolar não

é um processo instantâneo, e nem tampouco automatizado, e muito menos

simplificado. Ela concebe, além disso, uma provocação a ser encarado, na esfera

escolar. Assim sendo irá demandar um ensino particularizado, de pactuado com as

habilidades de cada aluno, nesse caso pode ele ser considerado um indivíduo com

necessidades especiais ou não. Vai demandar que a escola se aparelhe cada vez

mais, para trabalhar com as diferenças, deixando de lado o seu modo

eminentemente seletivo. Isto é, a escola como instituição deverá desenvolver

processos e métodos que estejam de acordo com a capacidade bem como com as

necessidades dos alunos com necessidades especiais, dentro de um ambiente

maleável, sem, no entanto, causar prejuízos no ritmo de aprendizagem dos demais

alunos, os chamados alunos normais.

No que tange à tecnologia, Capovilla, Gonçalves e Macedo (1998), o que é

pretendido é que a tecnologia não se torne especializada em problemas, mas na

problemática humana, e que ao encontrar soluções para um problema que este não

esteja discriminando uma ou outra pessoa, mas que busque dentro da

universalidade as situações com que se apresentam o ser humano para se

contratarem, ao que lhes é externo, garantindo-lhes participação integral no meio em

que vivem.

Segundo Dolle (1999), afirma que aprender tem o significado de "saber ter

sucesso" e ainda que conhecer significa incluir e distinguir as afinidades e conferir

significações aos objetos e às ações. Destarte que, aprender é interiorizar as

informações novas, conduzi-los e distribuí-los, segundo as aberturas observadas

durante a ação.

Atualmente, o usufruto da tecnologia como instrumento de aprendizagem e

procura pelo o conhecimento vem galgando muito rapidamente e progressivamente

novos espaços. Essa tecnologia moderna vem para ampliar a expressão humana e

sua comunicação, tanto em nível qualitativo quanto quantitativo, transformando sua

maneira de auferir, registrar e transportar a informação.

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De acordo com Papert (1994), que afirma que a presença do computador

tem grande significado para a chegada da era da aprendizagem. Abrem-se novos

horizontes para o fortalecimento de muitos cultivos no que tange a aprendizagem e

para que se cultive o respeito entre elas e as diferentes formas de ser de cada um.

A psicopedagogia apóia a importância que apresenta o computador,

observa-se que psicopedagogia propõem-se a oferecer ao sujeito com distúrbios de

aprendizagem um ambiente novo e um tipo de relação aluno-educador diferentes

daqueles característicos da escola tradicional. Diante disso é que, num contexto em

que o instrumento utilizado para favorecer a aprendizagem é um computador

(contando com um software (programa) para auxiliar nas atividades) o interesse de

aprender pode assim ser muito mais fortalecido.

Partindo do construtivismo na visão de Piaget, Papert (1994) propõe o

desenvolvimento de uma vertente pedagógica construcionista, ou seja, dar um

melhor enfoque ao construtivismo de Piaget usufruindo assim de ambientes

computacionais.

De acordo com Valente e Freire (2001), o construcionismo pode ser definido

como a constituição do conhecimento do educando por meio de uma ação que gera

uma concepção de seu interesse pessoal e que se relaciona com a realidade do

sujeito que o desenvolveu. Nesse caso é possível distinguir que a diferença entre o

construtivismo e o construcionismo é a presença proeminente do computador neste

ambiente.

Neste ponto de vista o educando acaba por elaborar algo de seu próprio

interesse, no usufruto da ferramenta (computador) que irá certamente irá auxiliá-lo

na preparação de um trabalho.

Entende-se em termos gerais neste prisma, que os indivíduos ao

descobrirem por si uma informação encontrarão muito mais possibilidades de lograr

êxito em conseguir outros conhecimentos.

É com essa visão que Papert (1994) cita um antigo adágio popular: "se um

homem tem fome, você pode dar-lhe um peixe, mas se lhe der uma vara e ensiná-lo

a pescar ele nunca mais sentirá fome".

De acordo com Oliveira (1996), a tecnologia é tida como favorável à

atividade cognitiva de estruturação dos aspectos do conhecimento bem como, no

desenvolvimento emocional de cada um. Ela acaba sendo um recurso para que as

crianças com dificuldades de aprendizagem possam, apesar de suas deficiências e

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limitações, possam desenvolver suas potencialidades cognitivas bem como as

possibilidades que lhes são competentes.

Na Educação Especial, os softwares com maior freqüência de utilização

atualmente são os Games, direcionados à criança, dependendo de sua idade

cronológica e de suas restrições físicas e/ou cognitivas.

Os games de computador apresentam aparências relevantes os quais são: a

necessidade de concentração e atenção, o desenvolvimento da capacidade indutiva,

espacial e visual, e o tratamento paralelo de informações dadas. Além desses

aspectos considerados.

De acordo com Bogatschov (2001) afirma que os Games de computador

também promovem situações favoráveis à aprendizagem, de modo que os mesmos

permitem comportamentos de colaboração, persistência, inclusão com a atividade,

coordenação e autonomia. De modo que podemos entender que o uso da ludicidade

na educação prevê a utilização de práticas pedagógicas agradáveis e adequadas

aos alunos.

Desse modo é possível afirma que aprendizado deve acontecer dentro de

uma atmosfera que seja agradável e atrativo aos educando, além de respeitar os

diferentes níveis de raciocínio, bem como sua singularidade e as habilidades que

são próprias de cada etapa do desenvolvimento do ser humano.

Para Piaget (1998) que salienta que a criança que joga desenvolve suas

percepções, sua inteligência, suas tendências à experimentação, seus sentimentos

sociais. O jogo é um meio poderoso para a aprendizagem da criança, e porque não

aplicá-lo na iniciação à leitura, ao cálculo, ou à ortografia, levando as crianças a se

apaixonarem por essas ocupações, que de outra forma lhes seriam "chatas" e

incômodas.

Segundo o mesmo autor, ou seja, Papert (1994), os jogos no computador

envolvem conceitos e estratégias que a escola, com todas as suas atividades, não

conseguem criar. Isso exige do educando um esforço intelectual e um nível de

aprendizagem muito superior às velhas lições de casa. Um ponto de extrema

relevância é a escolha do software que será utilizado no processo de

resgate/desenvolvimento da criança. Podemos definir como Softwares Educacionais

os programas que se adaptam à proposta pedagógica de cada instituição de ensino.

Valente e Freire (2001) fazem criticas as formas de utilização dos softwares

de computador na Educação Especial afirmam que a maioria desses softwares

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educacionais, usada na educação especial, não tem como objetivo o

desenvolvimento da autonomia do educando. De maneira que as abordagens

adotadas, na maioria das vezes, partem da pressuposição de que a criança com

necessidades educacionais especiais apresenta baixa capacidade mental ou não

tem inteligência suficiente para aprender e, por isso, as atividades propostas a ela

devem ser condizentes com esse quadro.

Numa abordagem construcionista é necessário que pensemos na educação

especial como o desenvolvimento da autonomia e das potencialidades dos sujeitos,

independente do grau de suas necessidades educacionais especiais.

Os programas de computador indicados são aqueles que visam estimular o

raciocínio e motivar a criança para querer aprender. Nesses contextos educacionais,

para a interação entre o saber científico e o jogo, é necessário que na execução da

brincadeira o professor envolva o trabalho com conhecimentos ou que selecione o

jogo mais adequado à sua prática pedagógica.

Ao utilizar os softwares o professor pode propiciar aos alunos a socialização,

desenvolver a sua criatividade bem como a sua imaginação, sua memória, sua

atenção, bem como proporcionar oportunidades de autoconhecimento, de

descobertas de potencialidades, gerarem a formação da auto-estima e a prática de

exercícios de relacionamento social, mas, para que isso aconteça de maneira

correta, o professor deve estar convencido de que o jogo é um instrumento que

proporcione a afetividades cognitivamente significativas e que possa trazer

desenvolvimento na sua prática pedagógica.

Pela prática cotidiana observa-se, que presença de alunos portadores de

deficiência auditiva nas escolas de ensino regular, tem causado grande preocupação

aos professores, visto que estes não têm capacitação suficiente para atendê-lo e

alguns não sabem como tratar o problema. A inclusão é, pois, um motivo para que a

escola se modernize e para que professores aperfeiçoem sua prática e assim torna-

se consequência natural de todo um esforço de atualização e de reestruturação das

condições atuais do ensino.

As barreiras que a própria surdez impõe ao individuo e a limitação para se

comunicar, aumentam a sua frustração, sua solidão e este passam a sentir-se

isolados, abandonado e até mesmo desesperado por não conseguir a integração

total no aspecto social, emocional e educacional.

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2.4.1–Softwares para a aprendizagem dos alunos com deficiência auditiva.

O computador hoje é um objeto de fascinação, tanto para alunos quanto

para professores. O contágio pela busca da utilização de computadores na

educação inclui todos os níveis de ensino, desde as séries iniciais até o nível

superior, desde escolas particulares até as públicas. Em muitos casos a utilização

da informática no ensino depende apenas do preparo e da qualificação do professor,

pois laboratórios de informática existem.

Porém, antes de qualquer análise de softwares, é fundamental a reflexão

sobre o uso da informática nas escolas: a sua influência no processo da aquisição

do conhecimento sob o ponto de vista da Aprendizagem Significativa. Assim, para a

implantação de aulas com a utilização da informática, antes de qualquer coisa o

professor deve ter bem claro quais são os objetivos que pretende alcançar, para que

o uso da mesma seja de forma responsável e com potencialidades pedagógicas

verdadeiras, não sendo apenas utilizados como máquinas de programas agradáveis

e divertidos.

O uso do computador na educação tem como objetivo promover a

aprendizagem dos alunos e ajudar na construção do processo de conceituação e no

desenvolvimento de habilidades importantes para que ele participe da sociedade do

conhecimento e não simplesmente facilitar o seu processo de aprendizagem.

2.4.2 A importância do software na educação

O uso do software na educação tem por objetivo colocar o computador na

vida das pessoas, tornando-se assim uma forma diferente, até mais agradável e

adequada ao desenvolvimento de cada uma dessas pessoas. Os alunos passarão a

explorar novas atividades que certamente envolverão letras, números, bem como

formas e cores. Os jogos podem oferecer um mundo lúdico e interativo, envolvente e

muito mais colorido, e dessa maneira estimulando o aprendizado de maneira muito

mais atraente e mais divertida.

Com o uso do computador o aluno sentir-se-á como maior estimulo a

descobrir novas formas de aprendizagem. Como por exemplo, o teclado pode

desenvolver habilidades de digitação, diminuindo dessa forma as dificuldades na

escrita das palavras e desenvolvendo a locomoção motora. Entende-se que a

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introdução da informática no conteúdo pedagógico nas escolas, oferece aos alunos

o conhecimento da máquina, e com isso irá gerar interesse em aprender.

Segundo o conceito de ferramenta educacional, dessa forma o computador

funcionará como um poderoso recurso para o aluno usar no seu processo de

aprendizagem formal bem como informal. O entendimento do computador como

máquina de ensinar dar a entender num papel em que o software (programa)

transforma o computador em professor, conduzindo a atividade do sujeito, no ensino

de algo específico, dispensando a interferência de outras pessoas no processo.

O software educacional é um material didático?

Um software é considerado educacional quando é desenvolvido para

atender a objetivos educacionais preestabelecidos, sendo que a qualidade técnica

se subordina às determinações de ordem pedagógica que orientam seu

desenvolvimento. Os primeiros a surgirem foram os programas que utilizavam o

método de instrução auxiliada por computador – CAI (computer Aided Instrution ) –

no início da década de 1960 nos Estados Unidos da América. Aqui no Brasil, esses

programas foram denominados PEC (Programas Educacionais por Computador).

Hoje temos no mercado um grande número de Softwares chamados

educacionais, mas, poucos realmente atingem o verdadeiro objetivo no processo

ensino/aprendizagem, ou seja, propiciar condições para que o aluno aprenda a

buscar informações e saiba usá-las ao invés de recebê-las e memorizá-las,

esquecendo-as rapidamente.

O CAI tem sua inspiração na máquina para corrigir testes de múltipla

escolha inventados pelo Dr. Sidney Pressy em 1924. Mais tarde a ideia foi adaptada

por Skinner para ser utilizada no ensino, surgindo, então, o método de instrução

programada. Os softwares utilizados na educação classificam em:

Exercício e prática

Normalmente privilegiam a memorização, automatizando habilidades de

baixo nível necessárias á aprendizagem das habilidades de alto nível. Caracterizam-

se mais comumente, por uma série de exercícios dentro de uma lógica linear em

relação aos conteúdos. Geralmente, apresenta problemas de uma área determinada

para serem resolvidos pelo aluno, verificam as respostas, além de poderem dar

exemplos de ajuda e manter um registro da quantidade de respostas corretas e

incorretas. Esses programas podem servir para exercitar, corrigir os resultados e

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detectar incorreções. A vantagem deles é que permitem a correção imediata do erro.

Um bom programa de exercício deveria apresentar os problemas de forma gradual.

Tutoriais:

Denominado de tutoriais porque o programa atua como um “tutor“. Nesse

modo de trabalho, o sistema informático é o que “instrui” o aluno, dando-lhe

informação em primeiro lugar e, a seguir, por meio de perguntas. De acordo com os

resultados obtidos, permite, ainda, que o aluno continue com novas lições ou repita

alguma das anteriores. O programa pode realizar funções de avaliação (diagnósticos

inicial, contínuo e final). Os conhecimentos são avaliados quantitativamente, e é

conferido um peso às perguntas bem respondidas.

A maioria desses programas é tediosa e seus elaboradores acreditam

incentivos tais como som, desenhos, pontuações, entre outros.

Os programas da modalidade tutorial são convenientes para s que desejam

conseguir determinados conhecimentos sobre linguagens de programação.

Comandos do sistema operacional dos computadores e idiomas

estrangeiros.

Também são considerados úteis para os alunos que tem problemas de

aprendizagem, porque lhes permitem repetir quantas vezes for necessário.

Tutores inteligentes

Esses softwares apresentam um conteúdo específico dentro de uma

estrutura mais aberta, não linear, como os hipertextos ou os sistemas especialistas.

A tecnologia de hipertextos atualmente tem sido bastante visada para uso

educacional, uma vez que permite o acesso ao conhecimento de forma não linear,

além dos textos, também é possível acessar imagens, sons, vídeos, músicas etc.

Relativos a um determinado, contudo. São softwares que utilizam a

inteligência artificial na sua estruturação.

Possuem uma base de informações sobre o qual o aluno faz uma série de

inferências utilizando argumentos simuladores. Trabalham basicamente em torno da

noção de modelo e de processo.

Os conteúdos abordados com o uso de simuladores são mais divertidos,

mais seguros no caso de situações em que o real significasse risco físico, são

facilitadores de retenção e de transferência das habilidades aprendidas para outras

situações em comparação com os livros são econômicos, e um dos aspectos mais

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interessantes é que diminuem a ansiedade dos alunos em determinadas situações

de aprendizagem, pois permitem a estes que experimentem e testem todas as

possibilidades, o que numa situação real não seria possível.

2.4.3 Softwares de jogos educativos

A principal característica dos jogos é exploração do sentido lúdico dos

indivíduos, de suas fantasias, pois ela é uma necessidade para o bom

desenvolvimento psicossocial dos indivíduos,

Para a solução dos problemas propostos pelos jogos, normalmente, exige-se

dos alunos a aplicação de regras lógicas. Os jogos de maior valor pedagógico são

os que promovem habilidades cognitivas complexas, como o xadrez, os quebra-

cabeças, os jogos de memória e outros. Durante a exploração de jogos de

videogame como o Prinço of Percia, a criança trabalha também continuamente

aspectos estruturais, lógicos e simbólicos.

Esses softwares só terão sentido quando inseridos em um contexto

pedagógico preciso.

A escolha do software educacional deve ficar a cargo do professor que está

em contato direto com a sala de aula. Para tanto, há necessidade de que se

desenvolvam critérios de avaliação para se escolherem esses softwares, pois,

segundo Brito e Vermelho (1997), o computador na escola não deve ser mais

encarado apenas como um mero suporte, nem como meio pelo qual o professor

poderá mudar sua postura, mas, sim, deve ser incorporado no cotidiano do meio

social escolar enquanto um recurso desenvolvido pela humanidade que tem muitas

possibilidades ainda não descobertas.

2.4.4 A Utilização de Softwares como ferramenta de ensino.

Voltando-se um pouco no tempo, pode-se deparar com vários estudos e

projetos realizados por pesquisadores e pessoas interessadas em desvendar os

caminhos por onde passa a inteligência humana e todo o percurso do

desenvolvimento cognitivo.

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Segundo Fernandes, (1989) durante muito tempo, a psicologia não

considerou a linguagem como fator participante da formação dos processos mentais

da criança.

Por volta de 1.934, Vygotsky apresentou-se como um dos primeiros

pesquisadores soviéticos a creditar a linguagem um papel decisivo na formação dos

processos mentais e, para provar isso, desenvolveu uma série de experiências que

visavam compreender a formação da atenção ativa, os processos de

desenvolvimento da memória e outros processos mentais superiores. Essas

experiências levaram-no a afirmar que a linguagem tem papel de destaque na

formação dos processos mentais.

Vygotsky ressalta que é durante a infância que surge o uso de instrumentos

da fala e apresenta quatro estágios no seu desenvolvimento:

O primeiro, caracterizado pela fala intelectual e pelo pensamento pré-verbal;

O segundo é aquele onde o exercício da inteligência começa a brotar, O terceiro

caracteriza-se por signos exteriores que são usados como auxiliares na

solução de problemas externos; e o quarto, as operações se interiorizam e

passam por uma mudança grande; a fala interior silenciosa. (1989, p.40).

Assim, antes de controlar o próprio comportamento, a criança começa a

controlar o ambiente com a fala.

Quando se trata do deficiente auditivo, a aquisição da linguagem oral é um

fator fundamental.

No entanto, a história da educação dos surdos revela que estes, até o século

XV, eram discriminados e proibidos de usar sua língua, sendo oferecida a eles uma

língua diferente para que pudessem manter contato com a sociedade. Essa língua

era difícil e por isso surgiram tantas dificuldades na socialização desses deficientes.

Goldfeld, (1997, p.159), por sua vez, ressalta que: Kirk/ Gallagher, Davis

(1981)? Que a deficiência auditiva, exceto em casos rara afeta a facilidade de

comunicação e a comunicação é a base para influência o modo pelo qual percebe e

enfrenta a rejeição dos outros. É raro encontrar uma criança deficiente auditivo que

não sinta a inadequação de suas relações sociais e que não queira ser

completamente aceita pelos colegas.

A história dos surdos comprova as ideias de Vygotsky e Bakhtin, (1993),

Quanto a importância da linguagem ao desenvolvimento do pensamento e da

consciência, mostrando também que a sua aquisição pela criança deve ocorrer

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por meio de diálogos, conversações, já que, sem uma língua de fácil acesso, os

surdos não conseguiriam participar ativamente da sociedade.

Reconhecendo a linguagem como fator fundamental na formação da

consciência, esses dois autores afirmam que é impossível considerar como única

diferença existente entre a criança normal e a deficiente auditivo. O fato de esta

ouvir, talvez não falar.

O surdo a quem não ensinou a falar indica objetos ou ações com um gesto e

é capaz de abstrair a qualidade ou a ação do próprio objeto, incapaz de formar

conceitos abstratos, de sistematizar os fenômenos do mundo exterior com ajuda de

sinais abstratos proporcionados pela linguagem e que não são normais à

experiência visual praticamente.

Vygotsky, segundo Goldfeld destaca que a linguagem não só como um meio

de pensamento, sendo que as funções psicológicas superiores são desenvolvidas

principalmente com a ajuda da linguagem surge a partir da experiência social.

Botelho (1998, p.32) define a situação do surdo no ensino regular da

seguinte forma:

Diferentemente da situação de outros sujeitos com outras dificuldades,

coloca problemas específicos, por ele não compartilhar da mesma língua que seus

colegas e professores. Está, assim, em desigualdade lingüística na sala de aula, na

qual a maioria das pessoas são ouvintes e falantes de uma língua oral.

E acrescenta que a criança ouvinte, quando chega à escola para ser

alfabetizada, já domina o idioma de seus pais, ao contrario da criança, o adolescente

e o adulto surdo, que, na maioria dos casos, dominam fragmentos desse idioma.

De acordo com Ballantyne (1993), na educação de deficientes auditivos, o

processo da aquisição da linguagem não é simples. Nos primeiros meses de vida, o

bebê passa dos reflexos elocutivos, choro, riso, para a fase pré-lingüística, quando

ocorre a vocalização. Ele repete o som que produz inconsciente, porque é prazeroso

ouvir-se: é o chamado balbucio.

Essa concepção, contudo, só leva o profissional da área a se preocupar-se

com conteúdos e habilidades sistematizada pela escola e pelo adulto que é ouvinte,

a linguagem de sinais é a língua natural dos surdos. É aquela que ele aprende sem

que seja necessário um ensaio sistemático, como é feito com o português, somente

com o contato com o falante dessa língua, é necessário então que o surdo seja

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inserido em um ambiente que proporcione a ele esse contato natural, para que ela

adquira uma língua, desenvolvendo por meio dela todas as potencialidades.

Skliar, (1998), defende a necessidade da presença de um professor surdo

da linguagem de sinais como um modo de garantir uma educação eficiente para o

surdo, cita então a declaração da Unesco de 1954.“Obrigar um grupo a utilizar uma

linguagem diferente da própria, mas que assegura a unidade nacional é contribuir

para que esses grupos, vítimas de uma proibição, se isolem (afastem) cada vez mais

da vida nacional.”

Esclarece também que “educação bilíngue é um reflexo cristalino de uma

situação e de condição sociolinguística dos surdos; um reflexo coerente que tem que

encontrar seus modelos pedagógicos adequados.”

O Bilinguismo defende o aprendizado da língua oral e da língua de sinais,

reconhecendo o surdo na sua diferença e especialidade. É uma proposta de ensino

que propõe tornar acessível ao surdo duas línguas no contexto escolar.

Dentro do bilinguismo existem duas correntes: a primeira conhecida como

Comunicação Total, que defende o uso simultâneo de duas línguas, no nosso caso,

o português e a língua de sinais, muito usada nos estados Unidos, tendo vários

defensores e seguidores.

Esse tipo de bilinguismo, entretanto, tem sido amplamente combatido, pelo

fato de que o uso simultâneo de duas línguas desestrutura ambas, com argumento

que dizem não ser possível conseguir uma comunicação efetiva por meio desse

método.

Nesse tipo de bilinguismo a criança aprende duas línguas de forma distinta,

em momentos distintos, sendo a língua de sinais ensinada prioritariamente por um

ou mais de um indivíduo surdo adulto, de forma natural, como na aquisição da língua

oral pela criança ouvinte, e a língua oral lhe é ensinada como segunda língua, tanto

na sua forma oral, por meio de treinos sistemáticos com profissionais habilitados,

quanto na forma escrita, pelo ensino sistemático regular.

Os pesquisadores: Domingues, Sacks, Sanches, Skliar entre outros, acham

que os familiares devem aprender a linguagem de sinais logo que o diagnóstico for

confirmado, mas a comunicação oral não deve ser interrompida porque a surdez não

impõe uma ruptura com o filho, embora ele tenha poucos meses de vida. Afirmam

também que se deixarmos passar esse momento sem que a criança aprenda um

idioma que permita simbolizar o mundo, estaremos restringindo dramaticamente

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suas possibilidades de desenvolvimento pessoal, intelectual, comunicativo e

psicológico normais.

As linguagens gestuais visuais são instrumentos que permitem ao surdo esta

apropriação, desenvolvendo seu potencial cognitivo, oferecendo-lhe possibilidade de

libertação do real concreto e de socialização que não apresentaria desvantagem em

relação aquela dos ouvintes. São os meios mais eficientes da integração social do

surdo.

Toda língua deve ser respeitada, enquanto tal, em suas regras próprias de

construção e realização. Neste sentido, a língua de sinais é tão rica quanto qualquer

outra, e pode “expressar” qualquer tipo de e sentimento ou pensamento.

E quanto à postura do professor de surdos, Botelho (1998), acrescenta que

a maioria dos educando que não dominam Libras, colocam os educando na frente

da classe para que os mesmos possam fazer a leitura labial, mas a realidade é que

estes não captam todo o ensinamento, dado em sala de aula, somente com esse

tipo de leitura. “A aceitação deste modelo, aliada as alegações dos professores, dos

familiares e, muitas vezes, dos próprios surdos, “que aprendem bem”, traduzem o

discurso da conformidade, o uníssono afirmativo da ausência de problemas”.

Sacks (1997) coloca duas maneiras distintas de se comprometer essa

filosofia: a primeira acredita que a criança surda deve adquirir concomitantemente a

Língua de Sinais e, depois, ser alfabetizada na Língua oficial do país; e a segunda

acredita ser necessária para o surdo adquirir a Língua de Sinais e, depois a Língua

oficial do país, na modalidade escrita e não oral.

Libras é a língua de sinais utilizada pela comunidade Surda brasileira. Como

toda língua de sinais, é uma língua de modalidade gestual-visual, porque faz uso-

como canal ou meio de comunicação de movimentação das mãos, das expressões

faciais e do corpo.

Contrariando o modelo de integração escolar, que concebe que o aluno com

surdez, a partir dos padrões dos ouvintes, desconsiderando a necessidade de serem

feitas mudanças estruturais e pedagógicas nas escolas para romper com as

barreiras que se interpõem entre esses alunos com surdez e o ensino.

A inclusão de alunos com surdez e qualquer deficiência em escolas comuns

devem respeitar as especialidades e a forma de aprender de cada um, não impondo

a inclusão desses alunos no processo de ensino aprendizagem.

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As práticas pedagógicas constituem o maior problema na escolarização das

pessoas com surdez, Não creditam que a surdez torna-se urgente repensar essas

práticas para que os alunos com surdez, não acreditam que suas dificuldades para o

domínio da leitura e da escrita são adivinhas dos limites que a surdez lhes impõe.

As posições contrárias à inclusão de alunos com surdez tomam como

referências modelos que se dizem “inclusos”, Mas, na verdade, não alteram suas

práticas pedagógicas no que se refere às condições de acessibilidade, em especial

as relativas às comunicações.

A Língua de sinais é certamente o principal meio de comunicação entre as

pessoas com surdez. Contudo, o uso da Língua de Sinais nas escolas regulares, por

si só, não resolveria o problema de educação das pessoas com surdez.

É necessário o domínio e a aquisição de outros saberes que lhes garantam,

de fato, viver, produzir, tirar proveito dos bens existentes, no mundo em que

vivemos.

Quando o professor de classe regular recebe um aluno com surdez em sala

de aula, é frequente sua reação pensar. “Como vou me comunicar com esse

aluno?”. Aprender e divulgar Libras podem ser o ponto de partida para desenvolver a

comunicação com o aluno surdo.

Neste sentido, é necessário fazer uma auto- reflexão- ação permanente a

cerca deste tema, tendo em vista a capacidade do aluno com surdez frequentar e

aprender no ensino regular, contra o discurso da exclusão, e a favor novas práticas

educacionais na escola comum brasileira.

Cabe ao educador reflexão sobre o Surdo e a surdez. E a língua de sinais

(Libras), em uma tentativa de colaborar com a formação de professores no

reconhecimento dos múltiplos desafios que apresentam na educação dessas

pessoas. Destacando a importância da (Libras). É importante para o professor

conhecer alguns aspectos sobre os Surdos e a surdez em si.

Segundo Felipe (1989), há dois tipos de bilinguismo social mostrando a

necessidade de uma determinada comunidade; por algum motivo, precisar utilizar as

duas línguas obrigatoriamente. Já o bilinguismo individual é quando o indivíduo tem

opção de aprender outra língua além da sua língua materna.

Nosso aluno surdo, ou qualquer outra pessoa surda, deve ser vista apenas

como diferente e não deficiente e que pode ter potencialidades totalmente

desenvolvidas desde que seus direitos linguísticos sejam respeitados.

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2.4.5 - A informática na avaliação da leitura do aluno com surdez

Durante muito tempo diversas visões sobre a pessoa surda foram

construídas, inclusive a mais utilizada que é a abordagem clínica da surdez. Com

isso, a criança surda era considerada uma criança doente, por considerar-se a

surdez como patologia, e assim prejudicando o convívio social no ambiente em que

estava inserida. Mesmo com a mudança de percepção e o desenvolvimento de uma

cultura surda ainda é e sempre será essencial a aquisição da linguagem e

consequentemente da leitura e da escrita para uma melhor comunicação.

De acordo com Rodrigues e Antunes (2003), que afirmam que com o

reconhecimento de Libras (Língua Brasileira de Sinais) é um dos caminhos

necessários para um efetivo trabalho pedagógico de alfabetização dos alunos

surdos, por resultar em um aprendizado mais significativo para estes alunos, uma

vez que está respeitando sua linguagem própria que é a Língua de Sina is.

“Investigar o processo de alfabetização de crianças surdas torna-se relevante na

medida em que esta etapa de escolarização incorpora neste indivíduo uma série de

novas relações e habilidades, como é o caso da aquisição da palavra escrita e da

leitura que é oportunizada por meio do contato deste indivíduo com o mundo das

letras. Além disso, esta etapa da aprendizagem é um momento de inicialização de

caminhos a serem percorridos pela criança e que refletirão em sua vida pessoal,

social, psicológica e educacional”.

A informática está sendo foco de muito estudo na área educacional, como

uma ferramenta didático-pedagógica para auxílio no ensino e na aprendizagem

escolar. Existem muitos cursos e pesquisas nessa área atualmente, mas esta

ferramenta necessita de um bom planejamento para que o objetivo, que é o

desenvolvimento cognitivo do aluno, seja atingido.

Por isso é importante desenvolver um projeto para avaliação de um

protocolo de avaliação de compreensão de leitura utilizando o computador como

mediador desse processo, tornando-se uma resposta interessante ao processo de

alfabetização da Língua Portuguesa por alunos surdos.

Uma vez que os surdos possuem sua percepção visual mais estimulada e

desenvolvida, se comparados de um modo geral com os ouvintes, é importante

salientar a questão da usabilidade dos softwares utilizados nos projetos educativos

para trabalhar a sua alfabetização no laboratório de informática.

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Segundo Lévy (2000) a interface contribui para definir o modo de captura da

informação oferecido aos atores da comunicação. Ela abre, fecha e orienta aos

domínios de significação, de utilização possível de uma mídia.

Garolla e Chiari (2001 apud Biazús, 2004) elaboraram e desenvolveu o

Protocolo para Avaliação da Compreensão de Leitura em Crianças Deficientes

Auditivas estimuladas nas inúmeras pesquisas e leituras existentes utilizando o

SDRT (Stanford Diagnostic Reading Test) como instrumento principal de sua

avaliação, visando estabelecer os níveis de maior dificuldade encontrada pelo leitor

surdo na compreensão do texto.

Este protocolo trata-se de um teste com diversas atividades de compreensão

de leitura da Língua Portuguesa com múltipla escolha, sendo seu objetivo avaliar no

aluno surdo a compreensão do sentido global de textos e ler os mesmos de forma

independente, cuja forma e conteúdo são familiares.

O início da informática na educação adequou aos alunos, tanto surdos

quanto ouvintes, uma ferramenta didático-pedagógica de auxílio na educação,

utilizando softwares específicos para a aprendizagem, a grande rede, ou seja, a

Internet e o conhecimento de informática. Partindo desta intenção de avaliação do

trabalho das autoras citadas acima, este estudo propõe a verificação da melhora da

compreensão da leitura realizando a avaliação por meio do uso do computador para

aplicação do teste.

Surdez e Língua de Sinais Segundo Sacks (1998), o termo “surdo” é muito

abrangente, nos impedindo de levar em conta o grau de surdez imensamente

variado, graus estes que acabam por ter uma importância qualitativa e mesmo

“existenciais”. De maneira que existem aqueles que possuem uma dificuldade para

ouvir, pessoas que conseguem ouvir partes do que é dito com o auxílio de aparelhos

auditivos, como por exemplo: pais e avós que muitos de nós possuímos que utilizam

aparelhos e escutam parcialmente ou até normalmente.

Há também os “seriamente” surdos, muitos vítimas de doenças ou danos

nos ouvidos ocorridos na infância ou juventude. Estes também conseguem ouvir a

partir do uso de aparelhos auditivos, em especial com os novos e cada vez mais

sofisticados. E existem também os “profundamente surdos” chamados também de

“totalmente surdos” que não possuem nenhuma esperança de ouvir. Essas são

pessoas não conseguem comunicar-se de maneira usual, precisando ler os lábios,

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utilizar a língua de sinais ou ambos. Mas, não é apenas o grau de surdez que

importa, mas sim a idade ou estágio em que ocorre.

A língua é tida como um sistema de regras abstratas compostas por

elementos significativos inter-relacionados. Ela é o aspecto social da linguagem, já

que é compartilhada por todos os falantes de uma comunidade lingüística. Já a fala,

ainda na visão de Sausurre, é o aspecto individual da linguagem, são características

pessoais que os falantes imprimem na sua linguagem.

O conceito de fala se refere à linguagem em ação, à produção linguística do

falante no discurso. Vygotsky (1995) divide a fala em três tipos: social, egocêntrica e

interior. A fala, para o autor não se refere ao ato motor de articulação dos fonemas e

sim à produção do falante que deve ser sempre analisada em relação de interação,

no diálogo. É a linguagem que constitui o pensamento do indivíduo. Por isso, a

linguagem está sempre presente no sujeito, mesmo nos momentos em que ele não

está se comunicando com outras pessoas.

Segundo Almeida (2000), a Libras (Língua de Sinais Brasileira), como as

línguas de sinais de outros países, apresenta organização, estrutura formal e

gramatical próprias.

A língua de sinais é um sistema de representação que se baseia em um

número determinado de elementos, que são parâmetros (configuração das mãos,

local de articulação, movimento das mãos, dedos, pulsos, braços) regidos por regras

que estabelecem o modo como esses elementos serão combinados para expressar

diferentes significados.

Em relação ao aspecto gramatical, a Libras possui uma organização própria

dos itens lexicais, e os parâmetros que compõem os sinais, como configuração das

mãos e seus movimentos e sua localização em relação ao corpo do sujeito podem

ser combinados de diversas maneiras a fim de expressar diferentes significados.

Libras foram e ainda é desenvolvida e utilizada por comunidades de surdos no

Brasil. Assim, o português pode ser aprendido, mas é considerado pelos defensores

do bilinguismo como uma segunda língua.

Ela não possui sinais para artigos, para maior parte das preposições e das

conjunções do português, uma vez que o significado expresso por tais elementos

está contido no próprio sinal.

Língua de sinais e língua oral tem semelhanças e diferenças do ponto de

vista operacional, mas a comunicação em língua de sinais é tão eficaz quanto a oral.

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Os dois tipos apresentam uma estrutura hierárquica dos elementos que participam

dos processos de codificação e decodificação. Nas duas, o tratamento das

mensagens exige uma análise interativa tanto quanto paralela.

Os usuários de Libras possuem um alfabeto digital, que se baseia nas letras

do alfabeto comum do nosso português, permitindo assim a soletração e a tradução

para o português ou qualquer outra língua alfabética.

A inclusão do aluno surdo não deve ser norteada pela igualdade em relação

ao aluno ouvinte e sim por suas diferenças sócio-histórico-culturais, às quais o

ensino se sustente em fundamentos linguísticos, pedagógicos, políticos, históricos,

implícitos nas novas definições e representações sobre a surdez. (...) Portanto, que

se tenha um currículo em Libras e uma pedagogia centrada no ensino da escrita, no

caso dos surdos brasileiros, o português.

De acordo com Góes (1996), a alfabetização ocupa-se de proporcionar ao

indivíduo a capacidade de comunicar-se pela palavra escrita com o outro indivíduo,

independente do tempo e do espaço, aprender uma língua implica considerar certo

modo de significar o mundo por meio da linguagem e, portanto, uma disponibilidade

para perceber peculiaridades culturais. Porém é importante salientar o fato de que

toda a criança possui um esquema de assimilação que evolui de acordo com a etapa

de desenvolvimento em que se encontra. E, também que a aquisição da língua

escrita é uma dificuldade encontrada pelos surdos, pois esta será sua segunda

língua.

A surdez, por si só, não poderia ser obstáculo para o desenvolvimento

intelectual da criança surda, a mudez e a falta de linguagem é que se tornam o

problema. A educação tem por tarefas trabalhar essas questões.

Assim como diz que é necessário enfatizar que as condições de

aprendizagem da leitura e da escrita no processo de escolarização do aluno surdo

dependem, por via de regras, do modo pelo qual são encaradas suas dificuldades e

as diferenças ocorridas no processo educacional pelas instituições. Suas

dificuldades (dos surdos), em quaisquer disciplinas, estão relacionadas às estruturas

linguísticas pouco desenvolvidas, repercutindo na sua educação de um modo geral.

Conforme Oliveira (1997), a supervalorização da tecnologia Educacional em

um período da história da educação brasileira resultou na existência, entre muitos

educadores, de um sentimento de descrédito em relação ao uso de artefatos

tecnológicos no processo de ensino. Esta repulsa só pode ser compreendida e

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superada à medida que, além de conhecermos sua origem, apontemos para uma

nova compreensão da importância do uso da Tecnologia Educacional no processo

de ensino-aprendizagem.

A era da informática está reunindo as pessoas em um mundo onde há cada

vez mais possibilidades, permitindo novas formas de conhecer e pensar. Para os

surdos, em especial, a utilização desse recurso surge como uma alternativa de

comunicação e de aprendizagem. “A linguagem do computador facilita e amplia as

possibilidades de comunicação entre as pessoas, não estabelecendo apenas um

código, um desenho para letras. Pretende uma linguagem mais universal, que

domine o entendimento de um maior número de crianças, em diferentes tipos de

sociedade, linguagens e culturas” Fleischmann (2001).

Segundo Oliveira (1997), abordando a questão pedagógica da entrada do

computador na educação, afirma que, embora não tenhamos provas contundentes a

respeito do potencial deste instrumento pedagógico, acredita que o contato regrado

e orientado da criança no trabalho com o computador pode contribuir, positivamente,

para acelerar seu desenvolvimento cognitivo e intelectual, em especial no que

concerne ao raciocínio lógico e formal, à capacidade de pensar com rigor e de

encontrar soluções para os problemas.

Oliveira (1997), Diz que “Algumas formas de utilização serão mais

adequadas para o desenvolvimento de certas habilidades, algumas formas se

adaptarão melhor à consecução de outros objetivos educacionais”.

Ainda neste aspecto, Oliveira (1997), afirma que a entrada dos

computadores na educação, provavelmente, será propulsora de uma nova relação

entre os professores e alunos, uma vez que a chegada desta tecnologia sugere ao

professor um novo estilo de comportamento em sala de aula, talvez,

independentemente da forma de utilização que ele faça deste recurso no seu

trabalho. À medida que os professores passem a utilizá-lo, não encontrarão espaço

as práticas que inibam o aluno de avançar na elaboração de estratégias próprias de

resolução de problemas, bem como na construção de atividades que sejam

expressões da imaginação rica e sem limite da criança ou do adolescente.

A prática indicada é a conciliação dos enfoques pedagógico e social;

portanto, ao elaborar o plano de curso com a utilização da informática, deverá ser

previsto um momento em que sejam repassadas algumas orientações tecnológicas

básicas associadas às orientações pedagógicas. A autora ainda fala que o uso da

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informática, de forma positiva dentro de um ambiente educacional, irá variar de

acordo com a proposta que está sendo utilizada em cada caso e com a dedicação

dos profissionais envolvidos.

É de suma importância que as pessoas incorporadas nesses projetos

estejam dispostas aos novos desafios. As situações positivas mais frequentemente

encontradas são que os alunos ganham autonomia nos trabalhos, podendo

desenvolver boa parte das atividades sozinhas, de acordo com suas características

pessoais, atendendo de forma mais nítida ao aprendizado individualizado, assim

como em função da gama de ferramentas disponíveis nos softwares, os alunos,

além de ficarem mais motivados, também se tornam mais criativos.

Avaliar a compreensão do aluno surdo é uma tarefa difícil, pois se trata de

uma questão que envolve o trabalho constante de pesquisadores e profissionais

envolvidos na alfabetização da Língua Portuguesa destas crianças e, também, pela

falta de um instrumento com este objetivo.

Segundo Garolla (2001), nos EUA e no Canadá além de possuírem este tipo

de instrumento, utilizam-no amplamente incluindo-o em suas pesquisas. Partindo da

necessidade de haver um instrumento eficiente na avaliação das crianças surdas,

centraram a aplicação do protocolo nos níveis iniciais da leitura com relação às

habilidades exigidas em Língua Portuguesa ao final do “Primeiro Ciclo” (1ª e 2ª série

do ensino fundamental), descritos nos Parâmetros Curriculares Nacionais.

Segundo Fleischmann (2001), a criança não precisa dominar a língua escrita

para trabalhar no computador, ela precisa apenas reconhecer um símbolo que

indicará o programa que irá utilizar. Mesmo não sendo necessário dominar a língua

escrita para dominar a máquina é essencial lembrarmos que o computador deve ser

utilizado para apoio do desenvolvimento de qualquer área, conhecimento,

inteligência, saber. Enfim, que ele seja um facilitador para qualquer objetivo de

desenvolvimento dos alunos, assim como a compreensão de leitura e escrita.

De acordo com ROCHA e BARANAUSKAS (2003 apud BARTH 2005),

existem critérios importantes em relação à avaliação de um protótipo, o mais visado

no desenvolvimento do protocolo informatizado é a facilidade no modo de operação,

uma vez que se dispõe ao usuário poucos estímulos visuais, com uma organização

de interface padrão a cada nível de atividade, e botões permanecem com as

mesmas relações imagem/função em todas as telas, assim ocorre mais um critério

que é o reconhecimento ao invés de relembrança, já que os ícones se mantêm

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padronizados ao inferirem às mesmas ações durante toda a interação com as

atividades. E outro critério essencial foi a estética e design minimalista, para qual

ocorrer foi utilizadas somente informações extremamente necessárias, imagens

claras, contendo simplesmente as informações iconográficas importantes à

comunicação. Fundo branco em todas as telas, sendo que na tela final a

diferenciação de cor para o reconhecimento do aluno quanto ao término das

atividades.

Para Valente (1991), o uso do computador na educação com pessoas que

necessitam de algum tipo de atendimento especial vem tornando-se cada vez mais

uma realidade e se desenvolve graças ao avanço tecnológico e a criatividade dos

profissionais que trabalham na Educação Especial. O autor também salienta a

importância de não ter o computador como solução dos problemas da Educação

Especial, pois cada caso deve ser analisado, pensado e tratado individualmente.

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3 - SOFTWARE EDUCACIONAL PARA A PRODUÇÃO ESCRITA DA PESSOA COM SURDEZ

O uso de software na educação tem como objetivo promover a

aprendizagem dos alunos e ajudar na construção do processo de conceituação e no

desenvolvimento de habilidades importantes para que ele participe da sociedade do

conhecimento e não simplesmente facilitar o seu processo de aprendizagem.

Dentro da Tecnologia podemos contar com vários softwares destinados a

pessoa com surdez, assim como Software HagáQuê, Software com jogos

educativos, palavras cruzadas, modo de servir mesa, há também o Sebran, que

também contem jogos coloridos e ilustrativos e por final o dicionário brasileiro

ilustrado de sinais.

O HagáQuê é um software educativo destinado principalmente para ser

utilizado como instrumento auxiliar no processo de alfabetização e de domínio da

linguagem escrita.

Trata-se de um editor de histórias em banda desenhada (BD) que possui um

banco de imagens com os diversos componentes para a construção de uma BD

(cenário, personagens, etc) e vários recursos de edição destas imagens. O som é

um recurso extra, oferecido para enriquecer a BD criada no computador.

Não existe um único método de ensino de leitura e escrita para o surdo e

muito menos existe a possibilidade de achar um software ou uma técnica que

resolva todos os problemas de ensino-aprendizagem.

As maneiras dos alunos lidarem com a língua oral e a língua escrita são

muito variadas e exigem do professor uma grande atenção ao comportamento do

aluno e uma flexibilidade de atuação dentro do movimento da aula.

Ao se referir ao uso do computador para redimensionar a prática pedagógica

e criar ambientes de aprendizagem que valorizem as especificidades dos alunos,

Silva (2008, p.41) afirma:

No que diz respeito especificamente à criança surda, pode-se notar que, mesmo em escolas onde o computador já é uma realidade, sua subtilização

tem sido uma constante, ora devido ao total despreparo do professor frente à tecnologia, ora devido à ausência de produtos de software adequados ou adaptados para esta clientela.

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Estes autores trazem contribuições que refletem a preocupação sobre o

processo de escolarização de alunos surdos, sobretudo em relação à prática

docente e a necessidade de desenvolvimento de tecnologias. O pouco uso do

recurso tecnológico como estratégia para a alfabetização de alunos surdos

despertou o interesse de alguns autores em pesquisar sobre a utilização de

softwares de histórias em quadrinhos relacionada ao desenvolvimento da produção

escrita e da competência linguística de alunos com surdez.

Pacheco (1998) partiu da hipótese de que a criação de histórias em

quadrinhos, por constituir-se numa atividade lúdica, possibilitaria o desenvolvimento

e elaboração de uma forma de “escrita” por imagens, favorecendo os estágios de

desenvolvimento da escrita.

O autor pôde concluir que o uso de softwares de Histórias em Quadrinhos é

uma importante ferramenta para o desenvolvimento da linguagem escrita, fazendo

referência a “uma forma de escrita por meio de imagens de forma semelhante à

linguagem retratada nos processos pré-instrumentais pelos quais passa a

construção escrita”.

Gesueli (2004) investigou a produção escrita de alunos com surdez

utilizando o software HagáQuê3. A autora comenta que a produção escrita a partir

das imagens do HagáQuê foi bem aceita pelos alunos, supondo que o

distanciamento de formas convencionais de prática escrita tenha motivado os

alunos. Gesueli também constatou a rica produção de cenários com a utilização de

objetos e personagens interagindo em diferentes situações, confirmou a hipótese de

que o processo de construção do conhecimento da pessoa com surdez acontece

partindo da imagem, da mensagem visual.

De acordo com Nogueira (2009a) a montagem de uma história, a

organização de sua trama em quadros sequenciais ou em apenas um quadro, a

elaboração de textos, o uso de recursos expressivos e gráficos próprios das HQs,

que, por sua vez, estão presentes no HagáQuê, configuram um conjunto de

aspectos que podem transformar uma atividade pedagógica em uma interessante e

motivadora atividade de leitura e escrita.

O HagáQuê foi desenvolvido de modo a facilitar o processo de criação de

uma história em quadrinhos por uma criança ainda inexperiente no uso do

computador, mas com recursos suficientes para não limitar sua imaginação. E, como

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resultado do crescente uso por pessoas com necessidades especiais, o software

vem passando por um processo de redesign visando melhorar sua acessibilidade.

A seguir, apresenta-se exemplo de uso do software HagáQuê.

Figura 1 - Software Hagáquê

Fonte: Disponível em <http://www.nied.unicamp.br/~hagaque/explicacao.php?lang=pt -BR>

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Figura 2 - HagáQuê - Nova História –

Inserindo Personagem

Fonte: Disponível em

<http://penta3.ufrgs.br/tutoriais/hagaque/Link2.ht

m>

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Figura 3 - HagáQuê - Nova História –

inserir imagem

Fonte: Disponível em

<http://penta3.ufrgs.br/tutoriais/hagaque/Link2.ht

m>

Clicando na tela dos quadrinhos

com o botão esquerdo do mouse

novamente, tem-se a próxima tela.

Figura 4 - HagáQuê - Nova História –

Escrever texto

Fonte: Disponível em

<http://penta3.ufrgs.br/tutoriais/hagaque/Link2.ht

m>

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A figura 5 exibe uma janela onde

é possível escrever o texto desejado. Há

três opções de tamanho: pequeno,

médio e grande. Após escrever o texto e

escolher a medida clique em Ok.

O texto também não virá

exatamente sobre o quadrinho que você

quer. Sendo assim, deve-se clicar sobre

ele com o botão esquerdo do mouse e

arrastá-lo até onde deseja.

Figura 5 - HagáQuê - Nova História – inserir texto

Fonte: Disponível em < http://penta3.ufrgs.br/tutoriais/hagaque/Link2.htm>

O uso do HagáQuê parece oferecer a seus aprendizes surdos a

possibilidade de construírem um texto na modalidade escrita do português,

utilizando-se do recurso visual de forma muito prazerosa e sem a dificuldade que um

texto na forma convencional impõe aos alunos, especialmente aqueles em fase

inicial de alfabetização.

Contudo, fica evidente que lidar com a educação de sujeitos surdos requer

uma diversidade de métodos, de recursos, de interesses e propostas educacionais.

Levando em conta que utilizar o software na educação da pessoa com surdez,

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significa trabalhar com a inovação de propostas educacionais, é pertinente

apresentar a opinião do professor de sala regular acerca do uso para a prática da

Língua Portuguesa (LP) escrita da pessoa com surdez, a partir de conteúdos

escolares.

Assim como o software HagáQuê, existem outros disponíveis para o

professor trabalhar com o aluno com surdez, a seguir serão apresentados alguns

exemplos.

FIGURA 6 – Software Palavras Cruzadas

fonte: Atividades educativas, cruzadinhas. Disponível em:

<http://www.atividadeseducativas.com.br/index. php?id=535 >

A Figura 6 corresponde ao menu principal do software Palavras cruzadas, é

lúdico de fácil manuseio conforme o enunciado o aluno clica nos quadrinhos para

obter o que se pede.

Este programa gera milhares de palavras cruzadas diferentes. A legenda

poderá ser desabilitada para que o interessado preste mais atenção ao sinal.

Clicando nos quadradinhos das palavras cruzadas, o programa mostra o

sinal que deverá ser colocado naquele local.

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Nas palavras CRUZADAS AVANÇADA são utilizadas frases como: "Qual o

satélite natural da Terra”? “País em que vivemos”?, entre outras perguntas.

As palavras cruzadas estão em Libras, em Sign Write ou ainda com

desenhos. A legenda poderá estar em português, inglês, espanhol, francês e

italiano.

A sinalização é feita por surdos com elevado nível cultural, algumas vezes

por filhos de surdos habituados a sinalizar desde a infância. Raramente, por outro

tipo de pessoa. Jamais utiliza-se animações 2D, que mostram os sinais distorcidos.

FIGURA 7 - Softwares para Gráficos de Barras e Libras

FONTE: www.dicionariodelibras.com.br

Programa visa ensinar Libras e matemática, podendo ser usado tanto por

surdos como por ouvintes.

A pergunta é feita em Libras envolvendo o máximo possível de termos

utilizados na disciplina, bem como palavras de uso comum.

Procuramos sempre que possível atrelar temas diferentes entre si, como é

sugerido pelo MEC e pelas normas dos Parâmetros Curriculares Nacionais.

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Figura 8 - Software Sebran

FONTE: SEBRAN

O jogo Sebran faz uso de várias figuras coloridas, indicado para crianças a

partir dos 4 anos, com música agradável. Existem doze tipos de exercícios

diferentes, envolvendo operações matemáticas e atividades de alfabetização, dos

quais os seis mais simples oferecem quatro alternativas possíveis para resposta. Se

o aluno escolhe a alternativa correta, verá um sorriso. Se optar pela errada, um rosto

franzido negará a resposta, possibilitando uma nova tentativa. Há também vários

jogos com imagens e escrita de extrema importância para alunos surdos, mesmo

não sendo alfabetizados eles tem as possibilidades de erros e acertos.

No ABC do Sebran, você encontra figuras coloridas, música agradável e

jogos educativos que ensinam as crianças a ler e escrever. O programa é executado

em diferentes idiomas, incluindo Português, Inglês, Francês, Espanhol e Alemão.

Existem doze tipos de exercícios diferentes, dos quais os seis mais simples

oferecem quatro alternativas possíveis para resposta. Se você escolher a alternativa

correta, verá um sorriso; se optar pela errada, um rosto franzido negará a resposta,

possibilitando uma nova tentativa. Há também um jogo matemático que introduz os

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números de 1 a 9. Estes são usados nos exercícios Somar, Subtrair e Multiplicar,

cada um com dois níveis de dificuldade. Em Aponte a figura, uma das quatro figuras

corresponde à palavra exibida; Primeira letra oferece quatro letras possíveis para

que se complete uma palavra. Seu filho pode aplicar as habilidades adquiridas

nestes exercícios para jogar Memória, Memória de Palavra ou Forca. Por último, os

jogos Chuva ABC, Chuva de Letras e Chuva 1+2 auxiliam na prática da digitação,

utilizando o teclado. ABC do Sebran é gratuito.

Abaixo Dicionário Ilustrado Língua de Sinais: Este é um site educacional

muito rico. Onde são reunidas atividades lúdicas, Os jogos educativos são

organizados por área de conhecimento: Português, matemática, ciências, geografia,

história, artes, educação física, educação infantil, educação especial, ecologia, etc.

É um site educativo como o próprio nome diz, podendo ser útil tanto em sala de

aula, quanto em sala de recursos e em casa também com os pais e irmãos. As

Figuras 5, 6, 7 8 e 9 correspondem ao Menu principal do site Dicionário da Língua

Brasileira de Sinais.

FIGURA 9 - Dicionário Ilustrado Língua de Sinais

FONTE: http://www.acessobrasil.org.br/libras/

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Dicionário de Língua Brasileira de Sinais LIBRAS. É um site que oferece

muitas possibilidades de se efetivar a inclusão de alunos com deficiência auditiva,

mas que pode ser consultado também por professores para atuar em sala regulares.

O site contém:

1) Ordem alfabética: escolha a letra e a palavra desejada, a seguir será

mostrada a acepção da palavra, um exemplo em uma frase, um exemplo em

LIBRAS, um pequeno vídeo com uma pessoa fazendo o sinal das mãos em questão,

a classe gramatical da palavra e a origem.

2) Assunto: escolha o assunto, a palavra desejada, e as mesmas descrições

apresentadas por ordem alfabética ficarão disponíveis na tela para consulta e

aprendizado.

3) Sinais da Mão: escolha um dos 73 sinais mostrados na tela e veja uma

lista de palavras para as quais o mesmo sinal é utilizado, pois, dependendo da

circunstância, o significado do sinal muda, Figura 4 – Menu principal do site

Dicionário da Brasileira de Sinais. Este Site é utilizado na sala de recursos

diariamente com os alunos com deficiência auditiva.

FIGURA 10 - Dicionário da Língua Brasileira de Sinais 1

FONTE: www.dicionariolibras.com.br

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Este programa gera milhares de palavras cruzadas diferentes. A legenda

poderá ser desabilitada para que o interessado preste mais atenção ao sinal.

Clicando nos quadradinhos das palavras cruzadas, o programa mostra o

sinal que deverá ser colocado naquele local.

Figura 11 - Dicionário da Língua Brasileira de Sinais 2 - Frutas

FONTE: www.dicionariolibras.com.br

A Figura 11 ilustra aulas temáticas, sobre o ensino de palavras em Libras. Não

envolve palavras da língua portuguesa. Semelhantemente a este se encontra

disponível os temas: profissões, animais, cidade, utensílios domésticos, cores,

verbos, família, diversos I, diversos II.

A sinalização é feita por surdos com elevado nível cultural, algumas vezes por

filhos de surdos habituados a sinalizar desde a infância. Raramente, por outro tipo

de pessoa. Jamais utilizamos animações 2D que mostram os sinais distorcidos.

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Figura 12 - Dicionário da Língua Brasileira de Sinais 3 – Jogo da Forca

FONTE: www.dicionariolibras.com.br

A Figura 12 ilustra o jogo da forca, em que o jogador tem que acertar qual é

a palavra proposta, sendo que neste caso tem que ser em letras e libras, tendo

como dica o número de letras e libras e o tema ligado à palavra. A cada letra errada,

é desenhada uma parte do corpo do enforcado. O jogo termina ou com o acerto da

palavra ou com o término do preenchimento das partes corpóreas do enforcado.

Para começar o jogo se desenha uma base e um risco correspondente ao lugar de

cada letra. Por exemplo, para a palavra "LARANJAS".

O jogador que tenta adivinhar a palavra deve ir dizendo as letras que podem

existir na palavra. Cada letra que ele acerta é escrita no espaço correspondente.

Caso a letra não exista nessa palavra, desenha-se uma parte do corpo

(iniciando pela cabeça, tronco, braço, etc).

O jogo é ganho se a palavra é adivinhada. Caso o jogador não descubra

qual palavra é ele perde. O jogador que tentava adivinhar a palavra antes então

escolhe uma nova palavra e invertem-se os papéis.

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Forca e Libra

Busca-se explorar todas as possibilidades deste tipo de jôgo de tal forma

que fizemos as seguintes combinações: Sinais Libras, Escrita de sinais e figuras.

Estas para que crianças nos primeiros anos escolares possam se divertir digitando

a sílaba inicial, utilizando tanto letras latinas (sonoras) como letras Libras ou letras

sign writer (visuais).

Figura 13 - Dicionário da Língua Brasileira de Sinais 4

FONTE: www.dicionariolibras.com.br

Compatibilizador e Libras

Aparecem três sinais Libras e três palavras.As palavras devem ser arrastadas

e colocadas sobre o sinal correspondente. Caso não estejam corretamente

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colocadas, voltarão para o lugar de origem. Entretanto, se estiverem certas, três

novos sinais e palavras surgirão.

A legenda poderá ser escolhida entre as cinco línguas mais faladas no

mundo: português, inglês, espanhol, francês, italiano.

Há também o mesmo estilo de programa com frases distribuídos por temas,

eis alguns: Cumprimentos, gentilezas; família, tempo, natureza, direção, medidas,

verbos, sentimentos, qualidades, quantidades, expressões comuns.

Veja exemplos de frases de alguns temas: "Bom dia"; "por favor", "será que

vai chover?"; "O mar é verde"; "Qual a sua altura ?";"Hoje estou muito feliz ";"Este

produto é bom... ";"Onde você nasceu ? " É um verdadeiro curso de Libras "on line"

Figura 14 - Dicionário da Língua Brasileira de Sinais 5

FONTE: www.dicionariolibras.com.br

A Figura 14 mostra o rapaz falando em libras a palavra Abajur.

O novo dicionário de libras contém aproximadamente 6.000 verbetes. Por

ora, na fase de teste, está apresentado apenas um sistema de busca. Todavia, logo

será disponibilizado o sistema de busca por configuração de mão, temas, ponto de

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articulação, pares mínimos. Por palavras envolvidas, por exemplo, sinais que

envolvam a palavra água ou casa ou homem, etc.

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4 - CONCLUSÕES

Foi observado que o uso do software melhorou o desempenho e interesse

das crianças no processo de alfabetização. Este trabalho serviu para ilustrar as

vantagens e os problemas que os educadores podem encontrar ao utilizar um

software educacional como ferramenta de auxílio em suas aulas de alfabetização na

presença de um equipamento tipo mesa educacional, que promove a parte lúdica e

concreta com a criança.

Pode-se afirmar que a utilização de softwares educacionais na Educação

Especial tem o objetivo de Inclusão, tanto escolar quanto digital. Trabalhando com

os softwares corretos em cada caso, pode-se diminuir a exclusão e mostrar ao

mundo que não são apenas padrões físicos que devem ser levados em conta, mais

sim éticos, morais e intelectuais. Uma pessoa com necessidades educacionais

especiais pode sim realizar muitas tarefas, só que para isso terá muitas vezes a

necessidade de uma ferramenta diferente, o computador. Portanto não importa

como você faz algo, mais sim o que faz como faz e como supera as dificuldades.

O uso do computador na educação com pessoas que necessitam de algum tipo

de atendimento especial vem tornando-se cada vez mais uma realidade e se

desenvolve graças ao avanço tecnológico e a criatividade dos profissionais que

trabalham na Educação Especial. É importante salientar a importância de não ter o

computador como solução dos problemas da Educação Especial, pois cada caso

deve ser analisado, pensado e tratado individualmente.

Além disso, para o surdo a questão viso-espacial é um dos fatores necessários

para gerar mais atenção, pois conforme este espaço é utilizado para desenvolver

nesta criança melhores resultados no trabalho.

A partir deste estudo percebe-se, então, a importância de encontrar novas

ferramentas para o auxílio da Língua Portuguesa no aluno com surdez, pois a

eficiência na leitura está relacionada ao êxito escolar e é de extrema importância

aprender a ler. Mas, mais importante ainda seria ler para aprender, ou seja, que a

leitura sirva de instrumento para a aquisição de conhecimento. Uma vez que as

pessoas que possuem o hábito da leitura são melhores orientadas para o futuro.

Reforço estas ideias dizendo que diante desta realidade, torna-se necessário que as

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escolas passem a trabalhar visando à formação de cidadãos capazes de lidar, de

modo crítico e criativo, com a tecnologia no seu dia-a-dia.

Cabendo à escola esta função, ela deve utilizar como meio facilitador do

processo de ensino aprendizagem, a própria tecnologia com base nos princípios da

Tecnologia Educacional.

Qualquer estudo que pretende se aprofundar sobre a chegada das novas

tecnologias na educação deve ir além da observação do paradigma do uso do

computador como mera peça de adorno ou referência de status. Deve refletir que a

questão da informática na educação vai mais além de discutir este ou aquele

software em si, e chegar à como ele pode ser usado para auxiliar nas propostas de

mudanças; das próprias mudanças operadas por ele na prática pedagógica.

O crescimento da informática exerce grande impacto na vida da sociedade

moderna. Vários setores como o produtivo, o industrial, o financeiro, da pesquisa

científica, das comunicações, etc., já estão informatizados. Portanto, é o momento e

a vez do Setor Educacional dar o seu salto olímpico e ingressar no futuro. A

empreitada educacional pode ter sido moldada em ideais religiosos ou na pregação

igualitária, no passado. De lá para cá, as necessidades e a realidade mudaram e

muito.

Assim sendo, justifica-se um estudo acerca do tema sobre os softwares

utilizados em sala de aulas de alunos portadores de deficiência auditiva diante da

realidade que se constata na sociedade atual que conduzem necessariamente a

discussão para este assunto, haja vista o processo inclusivo nos programas

disponíveis hoje no mercado de trabalho escolar, sobre o uso do computador na

educação.

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REFERÊNCIAS ALMEIDA, Elizabeth Oliveira Crepaldi de Leitura e Surdez. São Paulo: Revinter

(2000).

BARTH, Creice, Software “Descobrindo Emoções”: Análise e Desenvolvimento de

Modelos Mentais em Sujeitos com Autismo. Graduação. Pontifícia Universidade

Católica do Rio Grande do Sul, Monografia (2005). BIAZÚS, Geórgia Arioli, Avaliação da leitura em alunos surdos. Graduação.

Universidade Luterana do Brasil Trabalho de Conclusão de Curso (2001). CARVALHO, Rosita Edler. Integração e inclusão: do que estamos falando? In:

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação à Distância. Salto

para ofuturo: educação especial: tendências atuais. Brasília, DF, 1999. (Série de Estudos da Educação a Distância).

CAPOVILLA, Fernando Cesar; GONÇALVES, Maria de Jesus e MACEDO, Elizeu Coutinho (Orgs.). Tecnologia em (Re) Habilitação Cognitiva: uma perspectiva

multidisciplinar. São Paulo, 1998. DOLLE, Jean-Marie e BELLANO, Denis. Essas crianças que não aprendem:

diagnósticos e terapias cognitivas. Trad. Claudio João Paulo Saltini.

Petrópolis: Vozes, 1999. FARIA, Elaine Turk, O Professor e as novas tecnologias. In: ENRICONE, D. org.

Ser Professor. Porto Alegre (2002).

EDIPUCRS. FLEISCHMANN, Lezi Jacques, Crianças no computador:

desenvolvendo a expressão gráfica. Porto Alegre (2001).

GÓES, Maria Cecília Rafael de Linguagem, Surdez e Educação. 2ª ed. Campinas:

Autores Associados (1999). GOLDEFELD, Márcia, A criança surda: Linguagem e cognição numa

perspectiva sociointeracionista. 2ª ed. São Paulo: Plexus (2002).

LÉVY, Pierre, As tecnologias da inteligência, o futuro do pensamento na era da

informática. 8ª ed. São Paulo: Editora 34. Tradução Carlos Irineu da Costa

(1999).

O que é o virtual? 3ª ed. São Paulo: Editora 34. Tradução Paulo Neves. (1996).

MARTINS, Lúcia de Araújo Ramos. Educação Integrada do portador de

deficiência mental alguns pontos para reflexão. Revista Integração, Brasília,

DF, n.16, 1996. MINISTÉRIO da Educação. Educação Especial. Disponível em: <http://mec.gov.

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67

br /seesp/default.shtm>. Acesso em: fevereiro de 2011. OLIVEIRA, Vera Barros de (Org.). Informática em Psicopedagogia. São Paulo:

Editora SENAC, 1996. PAPERT, Seymour. A máquina das crianças: repensando

a escola na era da informática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994. PIAGET, Jean. Psicologia e Pedagogia. Rio de Janeiro: Forense Universitária,

1998. PAPERT, Seymour. A máquina das crianças: repensando a escola na era da

informática. Porto Alegre: Artes Médicas, 1994.

QUADROS,Ronice Muller. Educação de Surdos: A aquisição da Linguagem.

Porto

Alegre, Artmed,1997.

SACKS, Oliver, Vendo Vozes. Uma viagem ao mundo dos surdos. São Paulo,

Companhia de Letras, 1998

SKLIAR, Carlos Surdez, a - um olhar sobre as diferenças ( 1998 - Edição 3 )

VALENTE, José Armando; FREIRE, Fernanda Maria Pereira (Orgs.). Aprendendo

para a vida: os computadores na sala de aula. São Paulo: Cortez, 2001.

VYGOTSKI e BAKHTIN, Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes,

1991

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68

ANEXOS

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69

ANEXO A- TABELA DE SOFTWARE PARA PESSOAS COM SURDEZ

SOFTWARES PARA SURDOS

SOFTWARES SITE PARA DOWNLOAD GRATUITO PAGO

USADOSEM SALA DE AULA

HAGÁQUÊ http://www.nied.unicamp.br/~hagaque/validate.php?lang=pt-BR

X

-

JOGOS PALAVRAS

CRUZADAS

www.librasnet.com

-

X

SEBRAN ABC http://www.baixaki.com.br/download/sebran-abc.htm

X

-

DICIONÁRIO

DE LIBRAS

http://www.dicionariolibras.com.br/website/i

ndex.asp?novoserver1&start=1&endereco_site=www.dicionariolibras.com.br&par=&cu

pom=&email=

X

X

AINDA NÃO TESTADO PELA ESCOLA

Kit Saci 1 -

nova versão

3.0a

LEITOR DE TELA

http://saci.org.br/?modulo=akemi&parametr

o=3846

X

X

Kit Saci 1 -

nova versão 3.0a

TECLADO AMIGO

http://saci.org.br/?modulo=akemi&parametr

o=3847

X

-

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ANEXO B- EXORTAÇÃO AO EXCEPCIONAL

EXORTAÇÃO AO EXCEPCIONAL

Aceita-me do jeito que sou por questão de justiça e não por piedade.

Torna-me um ser útil porque de esmolas não quero viver.

Livra-me da ignorância e da dependência pelo teu dever de cidadão.

Põe em meus lábios a luz de um sorriso e não a sombra tristonha do medo.

Ajuda-me a não ser tão pesado a meus pais, fazendo minha reintegração na

sociedade.

Reflete que meu início foi igual ao teu início.

Saiba que as ilusões que cercaram o meu nascer foram as mesmas que teus pais

sonharam.

Desperta, com teu afeto, a minha mansidão contra a agressividade que avassala.

Olha-me!

Sou humano como você.

AUTOR: DESCONHECIDO