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¹Pós-graduando em Ortopedia e Traumatologia com Ênfase em Terapias Manuais ²Orientador
A utilização da quiropraxia no tratamento da ler/dort lombar crônica
Girliane Neves de Oliveira¹
Dayana Priscila Maia Mejia²
Pós-graduação em Ortopedia e Traumatologia com Ênfase em Terapias Manuais – Faculdade Ávila
RESUMO
O presente estudo com tema “A utilização da quiropraxia no tratamento da ler/dort lombar
crônica” trata-se de um artigo de conclusão da Pós-graduação em Ortopedia e
Traumatologia com Ênfase em Terapias Manuais, que envolve a comunidade de
Fisioterapia. As LER/DORT representam um problema de saúde mundial, e a lombalgia é
extremamente comum e, entre 65% a 80% da população desenvolverão dor nas costas em
alguma etapa das suas vidas. De caráter totalmente bibliográfico este estudo descreverá as
LER/DORT, a definição de Lombalgia crônica, e a relação da quiropraxia com o tratamento
da mesma.
Palavras-chave: LER/DORT; Lombalgia crônica; Quiropraxia.
1. Introdução
Atualmente os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (LER/DORT)
representam um problema de saúde mundial (MUSSI, 2005).
Másculo & Silva (2000), descreve alguns fatores de risco a LER/DORT que são relacionados
com a organização do trabalho e com o ritmo acelerado. Como a concentração de trabalhos
repetitivos, ausência de pausas, pressões hierárquicas, horas extras e ausência de rodízios
ligados ao ambiente de trabalho como mobiliários não ergonômicos (teclados, mesas e
cadeiras). E fatores externos como atividades que exijam movimentos repetitivos.
Lombalgia é uma afecção extraordinariamente freqüente na sociedade moderna. Seu estudo
deste o ponto de vista médico tem-se atrasado por causa da natureza geralmente benigna dos
casos e sua tendência a melhora espontânea (REZENDE, 2005).
O presente estudo tem como objetivo realizar, através de revisão bibliográfica, à análise da
quiropraxia como método de tratamento das LER/DORT. Dando ênfase as LER/DORT
lombar, pois de acordo com Wilk (2000), atualmente, é a maior causa de afastamento do
trabalho em indivíduos abaixo de 45 anos, sendo que aproximadamente 50% das pessoas com
dores crônicas retornam ao trabalho.
Estima-se que 10 a 15% da população produtiva sejam afetados por dores na coluna a cada
ano. Neste país, dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística apontam 80,8% de
adultos sedentários. Em um levantamento no estado de São Paulo, foi descrita uma
prevalência de sedentarismo de 68,7% em adultos de área urbana (OEHLSCHLAEGER, M H
K et al, 2004).
Muitos estudos confirmam atualmente a eficácia da manipulação articular realizada por
quiropraxistas e o tratamento quiroprático em geral, para pacientes com lombalgia mecânica,
(também chamada de lombalgia comum, simples ou 27 não especificada), caracterizada por
dor que atinge mais de 90% dos pacientes (CHAPMAN-SMITH, 2001).
2. Ler/Dort
LER e DORT são denominações conhecidas pela sociedade para definir lesão por esforço
repetitivo (LER) e doenças osteomusculares relacionada ao trabalho (DORT), o termo mais
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utilizado atualmente é DORT, que deixa subentendido estarem às doenças ocupacionais
diretamente relacionadas ao trabalho, englobando esforço repetitivo, má postura, mobiliário
inadequado entre outros (NASCIMENTO & MORAIS, 2000).
LER/DORT é uma síndrome ocasionada por sobrecargas biomecânicas relacionadas ao
esforço repetitivo, a ação de força, mesmo que relativamente pequena quando repetida pode
resultar em lesão. (RUARO, 2004).
Essas lesões são provocadas pelo desequilíbrio entre as exigências do
trabalho e a capacidade física do trabalhador. Quanto mais repetitivo o
movimento, mais tempo e força são necessárias na realização de
tarefas, maior o desgaste físico, acarretando alterações
musculoesquelética denominadas de LER (Lesões por Esforço
Repetitivo) e DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao
Trabalho). (ILDA, 2002).
Segundo Veronesi (2008), os acometimentos pelas LER/DORT estão classificados em quatro
graus que são:
- Grau I – Caracterizado por dor que se inicia no fim da atividade laboral, uma dor irritante,
mas não incapacitante. Piora com a jornada de trabalho, melhora com o repouso, ausência de
sinais clínicos e bom prognóstico com tratamento adequado.
- Grau II – É caracterizado como tolerável, porém mais persistente e intensa. Dor mais
localizada, com formigamento e calor. Piora com a jornada de trabalho e algumas atividades
domésticas. Nesse grau, a dor somente vai cessar quando o trabalhador dormir, então ele
dorme com dor e acorda sem dor, apresenta prognóstico favorável.
- Grau III – É caracterizado como dor persistente e forte, pouco atenuada com o repouso, dor
com irradiação mais definida e redução da força muscular, as alterações da sensibilidade estão
quase sempre presentes. Acarreta redução da produtividade ou impossibilidade de executar
funções, com prognóstico reservado.
- Grau IV – É caracterizado por dor forte, contínua, insuportável, que se acentua aos
movimentos, levando o paciente a intenso sofrimento. Há perda de força muscular, de
sensibilidade, apresenta incapacidade para executar tarefas do trabalho e domicílio. São
comuns deformidades e atrofias. O prognóstico é ruim.
Baú (2002) dividiu-os da seguinte forma:
- Biomecânicos: estão relacionados aos movimentos humanos. Posturas inadequadas; força
excessiva; habilidade (força de trabalho despreparada), repetitividade.
- Fisiológicos: hormônios, defeitos congênitos, estrutura óssea, obesidade, traumatismos
anteriores, gravidez, estado geral de saúde, diabetes, altura.
- Psicológicos: estresse, desprazer e insatisfação dentro e fora do trabalho, desmotivação.
- Hábitos e atividade da vida extra-trabalho: hobbies e atividades domésticas que exigem dos
membros superiores, tabagismo, alcoolismo, uso de contraceptivos, estilo de vida de cada
indivíduo, etc.
- Organização do trabalho: pausas curtas ou inexistentes entre os ciclos de trabalho, horas
extras, trabalho monótono e sem conteúdo, sobrecarga de produção, falta de treinamento.
- Posto de trabalho e ferramentas não-ergonômicas: altas e baixas temperaturas, vibrações,
instrumentos de trabalho não adequados a posição e tamanho do trabalhador.
Essas lesões são provocadas pelo desequilíbrio entre as exigências do trabalho e a capacidade
física do trabalhador. Quanto mais repetitivo o movimento, mais tempo e força são
necessários na realização de tarefas, maior o desgaste físico, acarretando alterações
musculoesqueléticas (ILDA, 2002).
A longa jornada de trabalho, associada às posturas inadequadas, membros superiores
suspensos por longos períodos, sustentação estática dos antebraços são fatores que
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predispõem aos distúrbios osteomioarticulares relacionados ao trabalho – DORT
(BARBOSA, 2002).
3. Lombalgia crônica
Para que entendamos o que é lombalgia, torna-se necessário entendermos o que é dor.
Dor é uma qualidade sensorial complexa, puramente subjetiva, difícil
de ser definida e frequentemente difícil de ser interpretada. É,
atualmente, definida, como resposta desagradável à estímulos
associados com real ou potencial dano tecidual. É extensivamente
influenciada por ansiedade, depressão, expectativa e outras variáveis
psicológicas. Desempenha papel de alerta, comunicando ao indivíduo
que algo está errado. Gera acentuados estresses e incapacidades. É a
maior causa de afastamento no trabalho, gerando um enorme ônus
para a nação (Grorayeb; Barros, 1999).
Segundo Guyton et al (1996), a dor aguda é um sintoma biológico de um estímulo
nocicepetivo aparente, como dano tecidual devido á doença ou trauma. A dor pode ser
altamente localizada e pode irradiar. É descrita em caráter de pontadas e persiste enquanto
houver patologia tecidual.
A dor crônica é um processo de doença. Difere significativamente da
dor aguda por ter duração maior que o curso usual de uma doença
aguda ou lesão. Essa dor pode estar associada com a continuação da
patologia ou pode persistir após a recuperação da doença ou lesão.
Como ocorre na dor aguda, se a dor crônica for devido à doença
orgânica, ela é efetivamente curada ao se tratar a desordem de base.
Geralmente não é bem localizada e tende a ser difusa, dolorida,
contínua ou recorrente (GUYTON e HALL, 1996).
As características da dor podem variar conforme os seguintes aspectos (CARVALHO, 1999):
a) Localização: a dor pode ocorrer em músculos, peles, tendões e ossos. A localização
também pode ser bem definida ou difusa.
b) Qualidade: a principal sensação pode ser caracterizada como formigamento, queimação,
latejamento e até pressão.
c) Intensidade: a intensidade da dor pode ser caracterizada como forte, fraca e insuportável.
d) Freqüência: pode ser interrupta ou episódica, ocorrendo em diferentes episódios de tempo.
e) Natureza: a dor pode ser orgânica com causa física conhecida ou psicogênica, sem qualquer
causa física, associada ao momento psicológico da pessoa.
f) Etiologia: a variável desencadeadora da dor pode ter múltiplos fatores.
g) Duração: um episódio doloroso pode permanecer por diferentes períodos de tempo,
variando de segundos a meses.
A lombalgia é definida como uma resposta perceptiva, que pode ou não ter um incidente
nociceptivo anterior. A dor é uma experiência privada, que só pode ser avaliada pelos outros
por meio de atividades verbais ou comportamentais do sofredor. É a principal queixa que leva
os indivíduos de lombalgia a procurar ajuda (CAILLIET, 2001).
Segundo Cailliet (2001), a lombalgia é a dor que ocorre nas regiões lombares inferiores,
lombossacrais ou sacroilíacas da coluna lombar. Ela pode ser acompanhada de dor que se
irradia para uma ou mais nádegas ou para as pernas na distribuição do nervo ciático.
As dores atribuídas à coluna vertebral têm mais do que 50 etiologias,
porém, em cerca de 80% das vezes, a causa é praticamente impossível
de determinar, com certeza. Na grande maioria dos casos, a
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identificação anatômica precisa das estruturas que produzem a dor é
muito difícil por se tratar de uma dor difusa. Muitas das denominações
como estiramento e defeitos posturais são de difícil comprovação
etiológica (Cortet et al., apud Knoplich, 2003).
Fonte: Ferraz, 2011
Figura 1: Dor lombar
A lombalgia é a dor que ocorre na região lombar, seja de causa nervosa ou muscular, podendo
ser causado por estresse. É extremamente comum e, entre 65% a 80% da população
desenvolverão dor nas costas em alguma etapa das suas vidas (REZENDE, 2005).
Kolyniak, Cavalcanti & Aoki (2004) comentam que o desequilíbrio entre a função dos
músculos extensores e flexores do tronco é um forte indício para o desenvolvimento de
distúrbios da coluna lombar.
A dor lombar ou lombalgia é a designação dada no Brasil para um
processo doloroso que se instala na cintura pélvica podendo ser
restrita à região ou irradiar para as extremidades inferiores. Pode ser
caracterizada como aguda, tendo inicio imediato e permanecendo até 6
semanas; subaguda com duração de 6 a 12 semanas e crônica, onde o
período de queixa é maior de 12 semanas. As principais causas de dor
lombar incluem processos degenerativos, inflamatórios, congênitos,
infecciosos, tumorais e mecânico posturais onde ocorre um
desequilíbrio entre a carga funcional (esforço necessário para
atividades do trabalho e vida diária) e a capacidade funcional que é o
potencial para essas atividades (KNOPLICH, 2003).
Wilk (2000) relata como está a distribuição da lombalgia:
“A lombalgia afeta 70% a 80% da população em alguma época de sua
vida, sendo a causa mais comum de atividade limitada em pessoas
com 45 anos de idade e mais jovens. A localização anatômica da
lombalgia na população geral é seguinte: dor cervical, 36 %; dor
torácica 2%; e dor lombar, 62%; sendo os níveis vertebrais L4 – L5 e
L5 – S1 são os mais afetados na área lombar. A dorsalgia é
autolimitante, com 44% das pessoas melhorando em uma semana,
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86% em um mês e 92% em dois meses. Em 90% da população é
recidivante acabam desenvolvendo a ciatalgia”.
A dor lombar é uma importante razão de consultas, hospitalizações e incapacitação para o
trabalho. As estatísticas mostram que 60% da população trabalhadora das nações
industrializadas sofrem de dor lombar e, a cada ano, 70% dos americanos adultos apresentam
um episódio da mesma. Dos sete milhões de novos casos, cinco milhões ficarão parcialmente
inválidos e dois milhões continuarão incapacitados funcionalmente (CAILLIET, 2001).
Segundo Wilk (2000), os fatores predisponentes da lombalgia incluem postura errada na
posição sentada; flexão freqüente; e perda da amplitude de movimento em extensão, onde o
movimento e a atividade física podem desencadear a lombalgia.
Uma provocação mínima pode desencadear o surgimento súbito de lombalgia, onde a posição
inadequada ao levantar pesos e a fadiga pode causar lombalgia.
As alterações mecânicos-posturais são apontadas como uma das
causas de dor lombar baixa, sendo a sobrecarga uma das fontes
conhecidas de lesão lombar imediata, juntamente com a fadiga
mecânica secundária a movimentos repetitivos ou manutenção de uma
postura estática incorreta, somados a alguns fatores psicossociais
como estresse, monotonia e insatisfação com o ambiente de trabalho
(SILVA, FASSA & VALLE, 2004).
Através do estudo da etiologia das síndromes álgicas da coluna lombar, poderemos ter uma
variedade de informações das doenças de base desencadeantes das lombalgias. Conhecendo
os mecanismos de lesão degenerativos, e a evolução de tais doenças, onde se faz necessário
para seu diagnóstico preciso, que por sua vez é requisito indispensável para o planejamento de
condutas eficazes, capazes de buscar a reabilitação de pacientes quando esta não é possível.
Lee & Vleeming (2001), relatam que as pessoas que sofrem de lombalgia crônica apresentam
uma deficiência significativa de controle motor associada, sobretudo, ao controle de contração
do transverso do abdome.
De acordo com Kisner e Colby (2004), a sobrecarga biomecânica de estruturas sensíveis a
dor, como um alongamento prolongado de ligamentos ou cápsulas articulares ou uma
compressão das terminações nervosas, o que leva a dor.
Kisner e Colby (2004) relatam que:
“A lombalgia não é um problema patológico, mas biomecânico,
porque os sinais de uma inflamação aguda com dor constante não
estão presentes. Aliviando-se a sobrecarga das estruturas sensíveis a
dor, obtém-se alívio dos estímulos dolorosos e a pessoa deixa de
experimentar a dor” (KISNER & COLBY, 2004).
A lombalgia é um sintoma que, cuja etiologia, existe numerosas hipóteses. Muitos autores dão
grande valor ao disco intervertebral no aparecimento da lombalgia.
Para Toscano (2001), um modelo de prognóstico da lombalgia não
apenas baseado em fatores clínicos associados com a dor, mas
também através de variáveis do estado pré-mórbido, sendo a
persistência dos sintomas associada a baixos níveis de atividade física.
Sendo a lombalgia também caracterizada como uma doença de
pessoas com vida sedentária; a inatividade física estaria relacionada
direta ou indiretamente com dores na coluna.
De acordo com Rezende (2005), é uma simples classificação lombálgica. É importante
distinguir algias lombar aguda e algias lombar crônica.
A lombalgia aguda aparece na dor intensa, brusca, geralmente enquanto o paciente está
realizando esforço, podendo apresentar antecedentes de dor lombar pouco intensa. A
lombalgia crônica se apresenta de fora intermitente de um período de tempo que vai desde
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meses a anos, geralmente aumenta com esforço e pelas posturas prolongadas em bipedestação
e sedestação, onde sua evolução é lenta apresentando fases de remissão e outra que piora
podendo chegar a de uma lombalgia aguda.
4. Região lombar
A coluna vertebral proporciona ao corpo uma estabilidade estrutural básica. Estão ligados à
coluna vertebral tanto a caixa torácica quanto a pelve, e é ela a responsável pela realização de
alguns dos mais essenciais movimentos do corpo: inclinação para frente e para trás, para os
lados, balanceio e rotação (MOFFAT & VICKERY, 2002).
A coluna lombar normalmente é formada pela união de cinco
vértebras localizadas anatomicamente abaixo das doze vértebras
torácicas. As vértebras lombares são as maiores e as mais resistentes
da coluna vertebral, pois a extremidade inferior é a área que suporta o
maior peso corporal. As vértebras são intercaladas pelos discos
intervertebrais que servem de amortecimento. Dentre as curvaturas
fisiológicas responsáveis pela sustentação do corpo, a curvatura da
região lombar é a mais suscetível à dor, pois sofre uma desvantagem
mecânica; sendo assim, é nela que se encontra a maior incidência de
dor na coluna vertebral (KNOPLICH, 2003).
Fonte: Luiza, 2009
Figura 2: Região Lombar
O papel da região lombar, pélvica e do quadril é transferir o peso da cabeça, do tronco e dos
membros superiores para os membros inferiores, bem como resistir às forças resultantes da
movimentação dos membros superiores e inferiores (LEE & VLEEMING, 2001).
A função do segmento lombar é o de sustentação da cabeça, membros superiores e tronco,
movimento, além de proteção da medula espinhal. A coluna lombar é composta por 05
vértebras articuladas entre si pelo disco intervertebral e por 02 pares de articulações
interapofisárias. O corpo vertebral ocupa a porção ventral da coluna e se articula com o
adjacente através da interposição do disco intervertebral (GREVE; AMATUZZI, 1999).
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De acordo com Greve; Amatuzzi (1999), a coluna lombar é irrigada
pelas artérias segmentares oriundas da aorta. A drenagem venosa
depende das veias vertebrobasilares e intercostais e plexos venosos. A
inervação se faz por ramos dos nervos espinhais: nervos meníngeos
recorrentes e ramos da divisão primária posterior. A nocicepção
origina-se de terminações nervosas livres localizadas no periósteo,
cápsulas articulares, anel fibroso, vasos sanguíneos, músculos e
ligamentos.
Eminências ósseas (um processo espinhoso e dois transverso por vértebra) ancoram os
ligamentos e músculos e são submetidas a forças de tração. Encontra-se ai o ligamento supra-
espinhoso, que recobre longitudinalmente os ápices dos processos espinhosos, e os processos
intertransversos adjacentes. A musculatura participa importantemente da estabilização e
forma da coluna e é responsável pelos movimentos de flexão, extensão, lateralização e rotação
(KENDAL, 1995).
Conforme Miranda (2007), os principais músculos da coluna lombar
são divididos em três grandes grupos: anterior, composto pelos
músculos reto abdominal, oblíquo externo do abdome, oblíquo interno
do abdome e transverso do abdome; posterior onde fazem parte os
músculos semi-espinhal, multífidos, rotadores, interespinhais e
intertransversários e lateral que são constituídos pelo quadrado lombar
e iliopsoas.
As estruturas músculo-articulares são responsáveis pelo antagonismo das ações mecânicas da
coluna: eixo de sustentação do corpo e, ao mesmo tempo, eixo de movimentação. A falta ou
excesso de esforço físico nessas estruturas facilmente acarretará danos à mecânica do ser
humano em seus componentes osteomioarticulares (TOSCANO ET AL, 2001).
Fonte: Netter, 2000
Figura 3: Anatomia lombar
Em relação à biomecânica, a coluna lombar é responsável pela dissipação da carga corpórea
do esqueleto humano; mesmo em repouso, os segmentos lombares continuam sendo
pressionados. A região lombar tem três vezes mais propensão a lesões do que a parte superior
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do dorso; ela é responsável pelo apoio, estabilização e movimentação do tronco (KNOPLICH,
2003).
5. Quiropraxia
A Quiropraxia foi fundada em 1895 pelo canadense Daniel David Palmer em Davenport,
Iwoa. Seu nome é derivado das palavras gregas kéros (mãos) e práxis (realização),
significando “prática com as mãos” ( CHAPMAN-SMITH, 2001).
A Quiropraxia é uma profissão na área da saúde que enfatiza o poder
inerente do corpo de recuperar-se espontaneamente sem o uso de
medicamentos ou cirurgia. A prática da Quiropraxia concentra-se na
relação entre a estrutura (primariamente a coluna vertebral) e a função
(coordenada pelo sistema nervoso), e como esta relação afeta a
preservação e restauração da saúde (HALDEMAN, 1992).
Profissão na área da saúde que se dedica ao diagnóstico, tratamento e prevenção de problemas
e ou patologias do sistema neuro-músculoesquelético utilizando diferentes formas de terapias,
principalmente as manuais, com o tratamento baseado na manipulação ou ajuste quiroprático
nas articulações do corpo (CHAPMAN-SMITH, 2001).
A quiropraxia não busca somente tratar a doença, mas detectar interferências no sistema
nervoso antes que o paciente expresse sintomas.
O ajuste também consiste no toque e na palpação que desempenha manifestações físicas
amplas e inespecíficas como mudanças gerais no tônus muscular, alterações nas atividades
autônomas e viscerais, percepção alterada da dor proporcionando a auto-regulação e cura
(BERGMANN, 1993).
Segundo Coelho (1997), na quiropraxia existe inúmeras técnicas que podem ser utilizadas
para o tratamento de pacientes com dor lombar. Essas técnicas são determinadas e escolhidas
conforme o caso de cada paciente:
- A técnica Gonstead foi desenvolvida por Clearence S. Gonstead, que a estudou por muitos
anos, colocando em prática e monitorando pacientes até constatar sua eficácia. Gonstead
utiliza cinco critérios para o diagnóstico quiroprático, que são a visualização, instrumentação
(neurocalorímetro), a palpação estática, palpação dinâmica e a análise radiográfica através de
linhas. Muitos dos fundamentos da técnica Gonstead baseiam-se na biomecânica do disco
intervertebral, tornando a análise radiográfica primordial (MAYER, 2006).
- A técnica Thompson é indicada em situações onde ocorre desvantagem biomecânica entre o
quiropraxista e o paciente, onde houver a incapacidade de ajustar, casos em que os pacientes
muitas vezes idosos, apresentam problemas degenerativos avançados e dificuldades de
movimentação; é também indicada para pacientes que não se adaptam com as cavitações
articulares. É contra indicada nos casos de fratura, má consolidação óssea, próteses e
degeneração acetabular, assim como outras patologias de membros inferiores, que possam
interferir no comprimento das pernas (COELHO, 1997).
- A técnica Diversificada utiliza a biomecânica normal da coluna vertebral e extremidades
para proporcionar o ajustamento; ela não é baseada em um sistema de análise específico,
como Gonstead e Thompson. Muitas destas técnicas foram extraídas das técnicas osteopáticas
e adaptadas, transformando-se nos ajustes quiropráticos hoje realizados. São técnicas muito
utilizadas e ensinadas na maioria das faculdades de Quiropraxia e sua aplicação tornou-se
quase universal, o que pode esclarecer seu uso bastante difundido dentro da quiropraxia
(BERGMANN, PETERSON, LAWRENCE, 1993).
Segundo Chapman-Smith (2001), o diagnóstico e o tratamento quiroprático são realizados
através de exame físico, história clínica, diagnóstico (por meio de exames de imagem, exames
laboratoriais, palpação, ausculta, testes ortopédicos, neurológicos, etc.) e tratamento com
manipulação articular (ajustamento quiroprático).
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Se instabilidade ou movimento normal estiver presente, o ajuste é contraindicado. A presença
de dor não é contra-indicação para o ajuste quiroprático. O ajuste visa restaurar a mobilidade
restrita. Na maioria dos casos, os ajustes são reduzidos após melhora dos sintomas, pois esta
região da coluna oferece baixa estabilidade estrutural, (ZEMELKA, 1993).
Os objetivos do tratamento quiroprático, em síntese, consistem em
atender as necessidades imediatas do paciente, como o alívio da dor,
tratar a causa dos sintomas através da recuperação da função e da
amplitude de movimento normal das articulações, músculos e outras
estruturas do sistema musculoesquelético ou sistema locomotor, e
assim permitir ao sistema nervoso funcionar sem interferências e
melhor regular os vários sistemas do corpo e a saúde em geral
(CHAMPMAN-SMITH, 2001).
Segundo Haldeman (1992), a quiropraxia tem como objetivo em atender as necessidades
imediatas dos indivíduos, como o alívio da dor, tratar a causa dos sintomas através da
recuperação da função.
O tratamento quiroprático visa suprir as necessidades imediatas do
paciente, como a diminuição da dor, tratando a sua causa, removendo
as interferências nervosas, como disfunções neurológicas, através de
ajustes para a remoção da subluxação. E assim, recuperar a função, à
amplitude de movimento das articulações e outras estruturas do
sistema musculoesquelético, para proporcionar uma qualidade de vida
do paciente, diminuindo o uso de medicamento e evitando cirurgias
desnecessárias (CIPRIANO, 1999).
Um dos mais significantes aspectos da atividade muscular da perspectiva Quiroprática, é de
que, quando as articulações perdem sua mobilidade, os músculos associados a elas, submeten-
se a um processo degenerativo conhecido como hipotrofia evoluindo a degenerações das
estruturas articulares (GIRARDI, 2006).
De acordo com Oliphant (2004), os ajustes articulares vertebrais em indivíduos com
lombalgia, melhoram a amplitude de movimentos e hábitos diários comparados a outras
terapias conservadoras.
Segundo estudos realizados por Meade, citado por Chapman-smith (2001), que comprovaram
a melhora de pacientes com lombalgia de causas mecânicas, e também têm se mostrado ser
um método seguro e eficaz.
Segundo Barros e Basile (1995), o tratamento da lombalgia apresenta
bons resultados em torno de 80-90% de melhora do quadro álgico com
o tratamento conservador, devendo ser usado pelo menos durante
quatro a seis semanas, dependendo de vários fatores, principalmente
da tolerância do paciente à dor e do comprometimento neurológico. Se
o paciente obtém uma pequena melhora, mas progressiva, é
imperativa a persistência do tratamento não cirúrgico (BARROS e
BASILE, 1995).
De acordo com Champman-Smith (2001), Algumas manipulações da quiropraxia no
tratamento da LER/DORT lombar seguem descritas abaixo:
- Báscula de bacia: Paciente em decúbito dorsal, com joelho esquerdo fletido em 90°,
fisioterapeuta do lado a ser manipulado; mão direita do fisioterapeuta no tornozelo esquerdo
do paciente, realizando uma elevação da perna esquerda; fisioterapeuta com a mão esquerda
estabilizando o quadril esquerdo do paciente realiza o truste.
- Alívio das Regiões Sacral e Lombar: Paciente em decúbito ventral; fisioterapeuta ao lado do
paciente com mão esquerda sobrepondo à direita na região sacral do paciente e realiza o
truste. Mobilizar o quadril do paciente com as duas mãos e realizar o truste.
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- Rolo Lombar: Paciente em decúbito lateral direito, com perna esquerda fletida em 90° e
joelho em 110°; fisioterapeuta ao lado do paciente com a mão esquerda estabilizando o ombro
esquerdo do paciente e a mão direita na região sacral do paciente, realizar o truste com a mão
direita. Repetir manipulação do outro lado.
6. Metodologia
Este estudo adotou o método descritivo em uma revisão bibliográfica, na qual, foram
utilizados artigos, livros e trabalhos monográficos dos anos de 1992 a 2011 através da
utilização de dados na internet e da biblioteca da Universidade Paulista (UNIP). Foram
utilizadas como palavras-chave na pesquisa ao banco de dados na internet: LER/DORT,
Lombalgia crônica, Quiropraxia.
7. Conclusão
O estudo em questão trouxe como resultados a definição de LER/DORT, considerando a sua
classificação e suas causas. Estudou-se o assunto com o intuito de conhecer o contexto da
lombalgia crônica, ressaltando sua etiologia, os seus fatores predisponentes e sua distribuição.
Como método de tratamento, escolheu-se a Quiropraxia, por ser uma técnica que promove um
estado profundo de relaxamento, aumentando o arco de movimento e além de diminuir ou
eliminar o sintoma da dor.
Conforme o estudo, com bases em revisão bibliográfica, verificou-se que a Quiropraxia
desenvolve um papel significativo no tratamento da LER/DORT Lombar, agindo na melhoria
dos sintomas.
Nesse contexto, apresentam-se também alguns exercícios recomendados na aplicação da
Quiropraxia. Por esta visão, a Quiropraxia representa uma alternativa a ser encarada como
confiável para a melhoria dos sintomas da LER/DORT Lombar, servindo, portanto, aos
propósitos terapêuticos da fisioterapia para o tratamento da LER/DORT Lombar.
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