a universidade formando educadores nos dias atuais - … · que se chamaria o campo da filosofia,...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
A UNIVERSIDADE FORMANDO EDUCADORES NOS DIAS ATUAIS
MARCOS BONFIM GARCIA
Orientador: Prof. Ms. Vilson Sérgio de Carvalho
Anápolis – GO
2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
A UNIVERSIDADE FORMANDO EDUCADORES NOS DIAS ATUAIS
MARCOS BONFIM GARCIA
Monografia apresentada ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Docência Superior. Orientador: Prof. Ms. Vilson Sérgio de
Carvalho
Anápolis – GO
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2011
AGRADECIMENTOS
Agradecimentos aos meus filhos: Larissa,
Lara, Jussara e Glauco. Em especial a minha
companheira do cotidiano, que sempre me
incentivou... Anna, muito obrigado! Não poderia
esquecer da minha colega de trabalho e amiga de
muitas jornadas na Educação....Eliane (branquinha).
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DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia, aos colegas da
Rede Municipal de Educação em Anápolis,
acreditando estar colaborando com mais uma idéia
construtora, de uma Educação que necessita estar
em metamorfose. Buscando sua identidade e
interagindo a produção acadêmica, com a prática do
dia-a-dia na sala de aula.
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EPÍGRAFE
Seja qual for o país, capitalista ou
socialista, o homem foi em todo o lado
arrasado pela tecnologia, alienado do seu
próprio trabalho, feito prisioneiro, forçado
a um estado de estupidez.
Simone de Beauvoir
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RESUMO
A presente pesquisa tem por finalidade, trazer a luz do meu conhecimento, as dificuldades que os pretensos e futuros docentes encontram em lidar com uma formação, deficiente na proposta de conectar o docente, as TI´s que estão democraticamente a disposição dos discentes. Para a elaboração deste trabalho foi utilizada a pesquisa bibliográfica. O objetivo desta pesquisa foi constituir prioritariamente no exame de obras que fizeram uma analogia da formação teórica nos cursos de formação de professores, colocando à tona uma situação encontrada pelo recém formado, na qual ele se depara com uma clientela de alunos plugados no mundo através das redes sociais e outras vias que a web proporciona. Com o referido estudo percebeu-se que a hipótese apresentada inicialmente foi comprovada, a universidade resguardada as proporções, não acompanha o universo da informação, nem em qualidade como também na quantidade para formar profissionais da educação.
Palavras-chave: Docente. Discente. Formação. Informação.
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METODOLOGIA
Metodologia consiste em várias formas se fazer uma pesquisa para
confecção de um trabalho científico. A pesquisa desenvolvida foi a qualitativa, afinal,
segundo Minayo (1994, p.21-22) a pesquisa qualitativa responde a questões muito
particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que
não pode ser quantificado. Ela, afirma ainda que a pesquisa qualitativa trabalha com
o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que
corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos
fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.
O tipo de estudo utilizado para a investigação em questão foi o
bibliográfico, pois, segundo Roesch (1999, p.107). “pesquisa bibliográfica implica na
seleção de leitura e análise de textos relevantes ao tema do projeto, seguido de um
relato por escrito”. Portanto, pretendeu-se compreender profundamente a
importância de se repensar como a Universiade atual está formando os educadores
para enfrentar a realidade tecnológica.
Posteriormente a realização da pesquisa bibliográfica, selecionou-se as
fundamentais opiniões dos articulistas através de resumos reflexivos e cruciais com
apoio teórico para apreensão da proposição e técnica na dissolução das dificuldade
afins.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO NNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNN. 09
CAPÍTULO I - FUNÇÃO DO ENSINO DE FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO E
DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NNNNNNNNNNNNNN..
11
1.1 Valores e Objetivos na Educação NNNNNNNNNNN.. 14
1.2 Universidade: Criação e Produção de ConhecimentoNNNN 16
1.3 O Dilema da Pedagogia e seu Impacto nas Escolas NNNN. 19
CAPÍTULO II - CONHECIMENTO E PODER: O PAPEL DA EDUCAÇÃO
SUPERIOR NNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNN..
22
2.1 A Avaliação Ultrapassa os Muros Escolares NNNNNNN. 25
2.2 As dificuldades para Mudar na Educação NNNNNNNN.. 26
CAPÍTULO III - A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE DIDATICA N 29
3.1 Trabalho Docente no contexto global NNNNNNNNNN 32
3.2 Tecnologia e Educação NNNNNNNNNNNNNNN 34
3.3 As novas Tecnologias: Desafios e suas Implicações no
Ambiente Escolar e na Prática Docente NNNNNNNNN
35
3.3.1 Uma nova sala de aula NNNNNNNNNNNNN. 40
3.3.2 O espaço do Laboratório Conectado NNNNNNN 42
3.3.3 A utilização de Ambientes Virtuais de Aprendizagem .. 44
CONCLUSÃO NNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNN.. 46
BIBLIOGRAFIA NNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNNN 48
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INTRODUÇÃO
A promoção de harmonia, compreensão, tolerância e a paz na
sociedade, deve ocorrer através da educação, afinal a mesma não é um produto que
se encontra nas prateleiras dos supermercados, mas é a transmissão de culturas e
conhecimentos que recebemos e retransmitimos todos os dias.
Verificar-se-á que a universidade deve-se preocupar em preparar um
profissional (professor/educador) capaz de direcionar e conduzir o processo de
ensino, com domínio de conteúdo. Pois, só assim ele estará contribuindo para que o
aluno supere o universo do senso comum. Ser professor hoje é uma tarefa bem
difícil, mas prazerosa, pois ele precisa se dedicar, e muito, aos estudos, a pesquisa,
ao seu desenvolvimento profissional e aos seus alunos.
Objetiva-se com esta pesquisa constituir prioritariamente no exame de
obras que fizeram uma analogia da formação teórica nos cursos de formação de
professores, colocando à tona uma situação encontrada pelo recém formado, na
qual ele se depara com uma clientela de alunos plugados no mundo através das
redes sociais e outras vias que a web proporciona.
O foco deste é mostrar que nos cursos de pedagogia o ensino de História
da Educação e Filosofia da Educação, o professor apresenta a tendência de dar
ênfase na primeira palavra da locução, ou seja na palavra educação aparece
como uma mera conseqüência. O que para ele é a reflexão sobre os problemas
educacionais que levará às questões dos valores. O que traz a necessidade da
reformulação da ação, e quais os seus objetivos.
A introdução das novas tecnologias no ambiente escolar pode contribuir
para a melhoria das condições de acesso à informação, minimiza limitações
relacionadas ao tempo e ao espaço e permite agilizar a comunicação entre
professores, alunos e instituições.
O educador deve entender que no plano didático, o uso dos recursos
tecnológicos traz também competições de diferentes ordens, envolvendo a
necessidade rever princípios, conteúdos, metodologias e práticas harmonizável com
as potencialidades dos instrumentos digitais.
O educador nos dias atuais precisa dominar o conhecimento na prática
diária de sua docência, para que isso ocorra, ele necessita estar buscando novos
conhecimentos através de uma formação continuada no decorrer de toda sua
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carreira profissional. O professor, como sujeito do saber, é mediado pelo dialogo da
relação entre ele o educando e o saber de formação ali posto em intenção, como
escreveu Freire (2002, p. 25), “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar
possibilidades para a sua produção ou sua construção”.
Não se pode deixar de lado a discussão entre os conhecimentos da
formação e os conhecimentos constituídos na prática escolar, que se constitui
espaço onde afloram problemas e dificuldades onde se experimentam, constroem e
reconstroem metodologias e onde se produzem alternativas para contornar os víeis
surgidos na vivencia diária da sala de aula.
Poucas profissões, em todo o mundo, gozam de tanto prestígio junto à
sociedade quanto os professores. Transmitir conhecimento, a crianças ou adultos, é
tido como uma bela 'vocação' pela maioria das pessoas. Como toda a sociedade,
porém, o trabalho realizado pelos docentes sofreu profundas alterações nos últimos
anos. As bases para as transformações estão na própria evolução vivida no mundo.
E não apenas tecnológica, mas também de comportamento, pedagógica, na
administração do ensino, no comportamento dos alunos e no reconhecimento pelo
trabalho.
Através da pesquisa bibliográfica buscou-se unir materiais capazes de
compreender que o pensamento do docente constrói-se, pois, com base em suas
experiências individuais nas trocas e interações com seus pares. Decorre daí, a
compreensão de que esse conhecimento se produz tanto na própria experiência
docente quanto nas trocas e intercâmbios vividos entre os professores, tendo como
subsídios os conhecimentos diversos, adquiridos na formação e na própria
experiência pessoal e profissional.
Espera-se com este mostrar que as escolas universitárias, quando muito
mantém sua clientela informada dos resultados das investigações feitas sobre
problemas das outras realidades e não daqueles emergentes das necessidades e
desafios da ação e do povo.
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CAPÍTULO I - FUNÇÃO DO ENSINO DE FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO
E DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO
De acordo com a literatura histórica alguns cursos de História e Filosofia
da Educação constituem uma única disciplina, há outros, porém, em que ambas são
dadas em separado, o que permite detectar as seguintes situações: Professores de
História e Filosofia da Educação; Professores de Filosofia da Educação e
Professores de História da Educação.
Segundo Saviani (2002) a disciplina Filosofia da Educação tem assumido
nos cursos de Licenciatura, uma conotação diferente. Com efeito, a referida
disciplina será desenvolvida durante um semestre apenas, para alunos de
diferentes cursos: Letras, Geografia, História, Matemática, Física, Ciências Sociais,
Psicologia, etc. Quanto à disciplina História da Educação, esta não aparece em
outros cursos que não o de Pedagogia, pelo menos com uma freqüência que
mereça uma menção especial.
Para tanto, a organização programática da disciplina vai assumir matizes
diferentes. E ao sair do curso de Pedagogia verifica-se que a Filosofia da Educação
aparece com freqüência nos cursos de graduação em Filosofia, assumindo uma
conotação diferente, pois não é a mesma coisa lecionar essa disciplina para alunos
de Filosofia e de Pedagogia.
Há uma tendência a se colocar a ênfase na primeira palavra da locução- uma ênfase seja na filosofia, seja na história- e a segunda palavra educação- aparece como apêndice, como uma mera conseqüência. Constata-se que o professor de Filosofia da Educação está preocupado com o “filosofia”, ele está preocupado em “dominar” aquilo que se chamaria o campo da Filosofia, da mesma forma que o professor de História da Educação está preocupado em dominar o campo da História e a Educação fica na penumbra (SAVIANE, 2002 p.25).
A Educação em todas as suas dimensões é um desafio, portanto, não se
pode deixar de comentar que como professor, entende-se, que a Filosofia sendo
alguma coisa que está fora dele, seu significado, isto é algo que não surge como
problemático. A Filosofia é entendida como tendo a priori, um significado próprio e
isto não é passível de questionamento.
O mesmo diga-se em relação à História. Em face desta situação, tanto a
Filosofia como a História acabam por ser encaradas segundo a perspectiva
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tradicional, sem que seja explicado suficientemente o significado de cada um desses
termos.
É preciso entender que o professor acaba se detendo nas abordagens
comumente feitas sob o nome de Filosofia e sob o nome de História, sem refletir
mais profundamente para verificar se aquilo que está recebendo o nome de filosofia
merece precisamente este nome ou não.
O mesmo se diga em relação à História: no caso de História da
Educação, é possível que o professor desenvolva uma programação partindo dos
acontecimentos e detendo-se numa história das doutrinas pedagógicas. Nesse
caso, o problema com o professor de História da Educação será como se pode
dominar todo o conteúdo das doutrinas pedagógicas que foram desenvolvidas
através da História. Cabendo porem perguntar: o objetivo de um curso de Historia da
Educação se esgota na exposição das doutrinas pedagógicas? Ou, em outros
termos: a exposição das doutrinas pedagógicas, a mais ampla possível, é que
permite que se atinja o objetivo do ensino de História da Educação? Está-se de tal
modo absorvido pela necessidade de conhecer quais são essas correntes e de
transmitir esses conhecimentos para os alunos que não indaga se fazer História da
Educação e se ensinar História da Educação a partir da situação detectada no
tópico anterior se caracteriza as três linhas básicas que parece assumir os
programas destas duas disciplinas: Filosofia da Educação e História da Educação,
sejam elas ministradas separadas ou conjuntamente.
De acordo com Saviani (2002) uma primeira forma de se organizar a
programação consiste em se filiar a uma determinada corrente já constituída, a um
pensamento já elaborado- neste caso, a Filosofia da Educação será ministrada por
exemplo, na perspectiva do existencialismo, ou do pragmatismo, ou do tomismo, etc.
A segunda forma se caracteriza pela postura eclética. Em vez de se filiar a uma
corrente, levam-se em conta todas as correntes; isto pode ocorrer tanto em sentido
diacrônico como em sentido sincrônico ou seja, tanto na sucessão cronológica das
correntes através dos tempos, como na coexistência de diversas correntes ao
mesmo dos tempo- no caso da Filosofia da Educação constata-se, então a
preocupação de se mostrar o pensamento contemporâneo.
A justaposição das diferentes correntes constitui o que estamos
chamando de postura eclética. Por vezes, em face da dificuldade de abranger todas
as correntes, tenta-se, pelo menos, expor as correntes mais próximas, elaborando a
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programação na base de exposições do pensamento contemporâneo. Neste caso
tem-se a predominância do plano sincrônico, a postura eclética, todavia continua
prevalecendo. Quando se concentra a atenção nas instituições educacionais, passa-
se em revista essas instituições desde a antiguidade grega até a época
contemporânea.
Segundo Saviani (2008), cabe registrar ainda uma terceira forma que
decorre do desejo de se escapar às duas alternativas. Não querendo se filiar
previamente a determinada corrente, e buscando evitar também a postura eclética,
alguns professores procuram novas saídas, organizando programas, por exemplo, a
partir de temas, seminários, estimulando os alunos a constituírem grupos de estudo
por sua própria iniciativa. Tais tentativas resultam inconsistentes e um tanto
frustradoras.
A reflexão desenvolvida até agora em termos de constatação da
situação concreta em que os professores de História e Filosofia da Educação
evidenciou que em face das locuções história da educação e filosofia da educação
a ênfase era dada na primeira palavra em detrimento da segunda. Saviani (2002)
propõe que se coloque a ênfase na segunda palavra e se veja até onde se poderá
caminhar com a reviravolta no enfoque na educação e a partir daí procurar abordar a
Filosofia e a história.
Ao preocupar-se com a problemática educacional, tenta-se examinar a
partir daí em que a Filosofia pode ajudar a esclarecer os problemas da educação e
em que a História pode ajudar a entender esta problemática educacional. A
Filosofia da Educação só poderá prestar um serviço à formação dos educadores na
medida em que contribuir para que os educadores adotem esta postura reflexiva
para com a problemática educacional. Se ao contrário como educadores limitarem-
se a tomar conhecimento de determinadas reflexões, então não está desenvolvendo
a reflexão filosófica propriamente dita, vale dizer está-se abdicando da tarefa própria
da filosofia. Considerações semelhantes podem ser feitas em relação à História da
Educação.
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1.1 Valores e Objetivos na Educação
A reflexão sobre os problemas educacionais inevitavelmente nos levará
à questão dos valores. Com efeito, se esses problemas trazem a necessidade de
uma reformulação da ação, torna-se necessário saber o que se visa com essa
ação, ou seja, quais são os seus objetivos.
O professor, como agente social comprometido com a mudança da
sociedade, deve ensinar estes conhecimentos indispensáveis; não obstante,
também precisa transmitir valores que possibilitarão a prática de ações virtuosas em
seu benefício e da comunidade. O conhecimento intelectual é um dos pressupostos
na formação do cidadão, mas a formação da cidadania extrapola o domínio do saber
intelectual: práticas pedagógicas destituídas de sentido e de valor levam a um saber
fragmentado e alienante.
Segundo Saviani (2002) a reflexão sobre os problemas educacionais
inevitavelmente nos levará à questão dos valores. Esses problemas trazem a
necessidade de uma reformulação da ação, ou seja, quais são os seus objetivos. E
determinar objetivos implica definir prioridades.
A educação visa o homem, que neste sentido terá a educação como
objetivo se não for a promoção humana? Uma visão histórica da educação mostra
como esta esteve sempre preocupada em formar determinado tipo de homem. Os
tipos variam de acordo com as diferentes exigências das diferentes épocas.
Mas a preocupação com o homem esta é uma constante. E a palavra homem significa exatamente aquele que avalia. Como a educação se destina (senão de fato, pelo menos de direito) à promoção do homem, percebe-se já a condição básica para alguém ser educador: ser um profundo conhecedor do homem. (SAVIANI,2002, p.23).
A instituição educativa como instituição que exerce decisivo papel na
formação do aluno, deve desenvolver suas atividades não só cognitivas como
também voltadas para a transmissão de valores, como elemento indispensável para
a formação da cidadania.
Saviani (2002) descreve que o homem depende do espaço físico, clima
vegetação, fauna, solo e subsolo. Mas não é somente meio puramente natural que
condiciona o homem. Também o meio cultural se impõe a ele inevitavelmente. Já
ao nascer, além de uma localização geográfica mais ou menos favorável, o homem
se defronta com uma época de contornos históricos precisos, marcada pelo peso
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de uma tradição mais ou menos longa com uma língua já estruturada, costumes e
crenças definidos, uma sociedade com instituições próprias, uma vida econômica
peculiar e uma forma de governo ciosa de seus poderes.
O homem depende do espaço físico, clima, vegetação, fauna, solo e
subsolo. Mas não é só o meio puramente natural que condiciona o homem. Também
o meio cultural se impõe a ele inevitavelmente. Já ao nascer, além de uma
localização geográfica mais ou menos favorável, o homem se defronta com uma
época de contornos históricos precisos, marcada pelo peso de uma tradição mais ou
menos longa, com uma linguaja estruturada, costumes e crenças definidos, uma
sociedade com instituições próprias, uma vida econômica peculiar e uma forma de
governo ciosa de seus poderes. Este é o quadro da existência humana. E neste
quadro, o homem é encaixado - é enquadrado. O homem é, pois, um ser situado.
Situação é, com efeito, o termo que sintetiza tudo quanto foi dito. E esta é uma
condição necessária de possibilidade da existência humana.
Ordenar e sistematizar as relações home-meio para criar as condições ótimas de desenvolvimento das novas gerações, cuja ação e participação permita a continuidade e a sobrevivência da cultura, em última instância do próprio homem.(GONÇALVES, Apud, SAVIANI, 2002, p.47).
Este é o quadro da existência humana, onde o homem é enquadrado. A
vida humana só pode se sustentar e desenvolver a parte de um contexto
determinado; é daí que o homem tira os meios de sua sobrevivência. Por isso ele é
levado a valorizar os elementos do meio ambiente: água, a terra, a fauna, a flora,
etc. (no domínio da natureza) e as instituições, as ciências, as técnicas etc. (no
domínio da cultura). Assim a situação compõe-se de multiplicidade de elementos
que em si mesmos não valem nem deixam de valer, simplesmente são. Ao se
relacionarem com o homem, entretanto, eles passam a ter significado. Isto permite
entender o valor como uma relação de não indiferença entre o homem um campo
imenso de valores: é o domínio do prático-utilitário. O homem tem necessidades
que precisam ser satisfeitas e este fato leva á valorização e aos valores.
De acordo com Saviani (2002), “o homem não é um ser passivo, ele reage
perante a situação, intervém pessoalmente para aceitar, rejeitar ou transformar”. A
cultura não é outra coisa senão, por um lado, a transformação que o homem opera
sobre o meio e, por outro lado, os resultados dessa transformação. O homem é
então capaz de superar os condicionamentos da situação; ele não é totalmente
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determinado. É um ser autônomo, um ser livre. E a liberdade abre ao homem um
novo campo amplo para a valorização e os valores. Sendo a liberdade pessoal e
intransferível, impõe-se aqui o respeito à pessoa humana, como sujeito capaz de
tomar posições, de avaliar, fazer opções e engajar-se por elas, assim aquele que
vive perto, longe, é igualmente um sujeito e não um objeto. Como a liberdade é
sempre uma liberdade situada, este segundo campo conjuga-se com o primeiro.
1.2 Universidade: Criação e Produção de Conhecimento.
A universidade brasileira, além de preparar profissionais par a as carreiras
liberais e técnicas que exigem unia formação de nível superior, o que tem havido é
uma preocupação muito fluída com a iniciação do estudante na vida intelectual. Ela
além da habilitação profissional, não logrou constituir se verdadeiramente como urna
instituição de pesquisa e transmissora de uma cultura comum nacional, nem logrou
se tornar um centro de consciência crítica e de pensamento criador.
Segundo Luckesi (2005), em nossa cultura, o processo de conhecer,
específico do ser humano, está profundamente vinculado á escola. Diante do
sistema educacional, como um todo, e da universidade, nível superior, propõe-se a
busca de entender a universidade que temos e de clarear a tentativa de construir a
universidade que se pretende, ou seja, não uma mera consumidora e repetidora de
informações importadas para “profissionalizar”, mas um recanto privilegiado onde se
cultive a reflexão crítica sobre a realidade e se criem conhecimentos com bases
científicas.
Percebe-se, por conseguinte que as funções da universidade existente no
Brasil, mesmo após a dita independência política continuam a ser de absorção
aplicação e difusão do saber humano, fruto da atividade intelectual dos grandes
centros técnico-científicos das nações desenvolvidas. Nossas escolas universitárias,
quando muito mantém sua clientela informada dos resultados das investigações
feitas sobre problemas da outras realidades e não daqueles emergentes das
necessidades e desafios da nação e do povo.
As bases universitárias insatisfeitas com as tomadas de posição e com as decisões autoritárias, a exemplo da Lei 5.540-68 (Lei da Reforma Universitária), cujos efeitos, hoje, são nada animadores, matem acesa a esperança de que seja revitalizado o processo de transformação da universidade brasileira, ao lado do sistema educacional, ao tempo em que estuda para descobrir como interferir nos rumos da educação nacional. É na perspectiva de participar e interferir que a universidade é chamada a
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abandonar seu papel tradicional de receptora e transmissora de uma cultura técnico-científica importada com o rótulo de desinteressada, e assumir a luta pela conquista de uma cultura um saber comprometido com os interesses nacionais. Ela é chamada a assumir a formação de uma personalidade brasileira em diálogo, de igual para igual, com demais centros do saber e de reelaborar o saber da humanidade em função dos problemas específicos, o primeiro dos quais é a busca da intensidade e autonomia culturais (LUCKESI, 2005, p.12).
Espera-se que a universidade, todo o seu corpo seja constituído por
pessoas adultas: todos já sabem muitas coisas a respeito de muitas coisas;
portanto, por pessoas capazes de refletir e abertas à reflexão, ao intercâmbio das
idéias, à participação em iniciativas construtivas. Nestes termos, todo o corpo
universitário, professores alunos administração, precisa comprometer se com a
reflexão, criando a provocando a, permitindo a e lutando continuadamente para
conquistar espaços de liberdade que assegurem a reflexão, Sem um mínimo de
clima de liberdade, é impossível uma universidade centro de reflexão crítica.
De acordo com Saviani (2002, p.50) é freqüente afirmações como estas
“a universidade não leva em conta a realidade”, a universidade ignora a realidade
brasileira; não leva em conta a realidade das escolas de 1º e 2º graus, a realidade
econômica, o mercado de trabalho etc. Que é realidade?Assim ocorre com a
pergunta diretamente relacionada com o assunto de que esta ocupando que é
universidade? As respostas comuns poderiam ser ilustradas da seguinte maneira: “é
o lugar da alta cultura” reunião de escolas da ordem mais elevada, cujo ensino
abrange todos os ramos da instrução superior. Instituição destinada à conservação,
criação, transformação e transmissão de cultura. O que importa notar, é que as
respostas captam a universidade de modo abstrato. Como é produzida a
universidade? A universidade enquanto instituição é produzida simultaneamente e
em ação recíproca com a produção das condições materiais e das demais formas
espirituais. A universidade concreta sintetiza o histórico o sociológico, o político, o
econômico, o cultural numa palavra, realidade, a realidade humana em seu conjunto.
A universidade passaria a cumprir com toda seriedade, começando por
desvendar o modo concreto pelo qual a educação se vincula à sociedade.
Descobrindo que a cultura popular só poderá se constituir num instrumento de
realização das aspirações populares se forem formuladas em termos eruditos e
constatando que a escola é o veículo principal de acesso às formas eruditas de
cultura, a universidade se voltará para a educação escolar, cuidando com esmero
da competência em todos os níveis, ramos e disciplinas e lutando para que a
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democratização da escola passe do plano proclamado para o plano da realização
efetiva.
Numa relação humanizada Saviani (2002) diz que a universidade irá
atentar para as complexas relações que as culturas populares e eruditas travam
entre si, irá examinar como, num processo contraditório, elas se entrelaçam
constituindo o todo social e apontando para um fundo comum onde se pode captar
a essência da existência concreta dos homens. Irá sobretudo, perceber que a
própria oposição entre a cultura erudita e cultura popular é já expressão da
reificação da cultura. Em suma a universidade irá se colocar no âmago da cisão que
caracteriza a sociedade capitalista, obrigando-se a optar entre conservar e reforçar a
situação dominante ou que as aspirações populares continuem sendo
sistematicamente frustradas. E nesse engajamento descobrirá que, para ser um
instrumento de realização das aspirações populares, a cultura popular terá que ser
expressa em termos eruditos.
Uma universidade que se propõe a ser crítica e aberta não tem o direito
de estratificar, absolutizar qualquer conhecimento como um valor em si; ao contrário,
reconhece que toda conquista do pensamento do homem passa a ser relativa, na
medida em que se espacio temporaliza. Há sempre a necessidade de um
entendimento novo.
A universidade formando profissionais de alto nível tecnológico e fazendo
ciência, a universidade deve ser o lugar por excelência do cultivo do espírito, do
saber, e onde se desenvolvem as mais altas formas da cultura e da reflexão. Ela que
não toma a si esta tarefa de refletir criticamente e de maneira continuada sobre o
momento histórico em que ela vive, sobre o projeto de sua comunidade, não está
realizando sua essência, sua característica que a especifica como tal crítica. Isto nos
quer dizer que a universidade é, por excelência, razão concretizada, inteligência
institucionalízada daí ser, por natureza, crítica, porque a razão é eminentemente
crítica.
Segundo Saviani(2002) na forma reificada da relação entre universidade e
educação a universidade manter-se-á pretenciosamente indiferente à educação
difusa. Já na forma humanizada, a educação ocupará lugar central no âmbito da
universidade. Se
É preciso que exista dentro da universidade a produção de
conhecimentos a partir de uma realidade vivida e não de critérios estereotipados e
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pré definidos por situações culturais distantes e alheias às que se tem hoje. Nesse
contexto a validez de qualquer conhecimento será mensurada na proporção em que
este possa, ou não, fazer entender melhor e mais profundamente a realidade
concreta.
1.3 O Dilema da Pedagogia e seu Impacto nas Escolas
Sabe-se que a pedagogia se desenvolveu em íntima relação com a
prática educativa, constituindo-se como a teoria ou ciência dessa prática sendo, em
determinados contextos, identificada com o próprio modo intencional de realizar a
educação. Ao longo de vários séculos a pedagogia construiu uma rica tradição
teórica e científica sobre a prática educativa que deve continuar a ser desenvolvida,
a despeito e até mesmo por causa das inúmeras negativasde que foi alvo na história
do pensamento humano.
O papel da pedagogia, como ciência, não é outro senão oferecer modelos
formais sobre o problema da formação do indivíduo racionalmente justificáveis e
logicamente defensáveis, particularizando as variáveis que os compõem enquanto
instrumentos interpretativos e propositivos de uma classe de eventos educativos.
De acordo com Saviani (2002), a ênfase das proposições educacionais
no século XX desloca-se para os métodos de aprendizagem, estabelecendo o
primado das fundamentos psicológicos da educação. Nesse contexto o conteúdo a
ser ensinado e os valores formativos podem ser ensinado a partir do processo de
aprendizagem do aluno.
Cabe ao professor educador descobrir, efetivamente, como ser sujeito em
diálogo com a realidade, com o aluno; ao aluno, fazer se sujeito em diálogo com o
professor, com os demais companheiros com a realidade social, política, econômica
e cultural, para que nessa busca de interação seja construída a universidade, que
jamais poderá existir sem professor e aluno voltados para a criação e construção do
saber engajado, por isso transformador.
O professor é um aluno e o aluno é, sem saber , um professor – e, tudo bem considerado, o melhor será que, tanto o que dá como o que recebe a instrução, tenham o menos consciência possível de seu papel (SAVIANI, apud. DEWEY, 2008, p.53)
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É exatamente nesse fragmento, que fica explícita a inflexão na profissão
docente. Ocorrida no século XX. Se o conhecimento parte da experiência do próprio
aluno , então o docente participa das atividades em condições de igualdade com
ele e não mais como aquele que detém o conhecimento e o método de gerar a
aprendizagem dirigindo o processo.
Esse comentário, embora referindo diretamente a Dewey, vale também
para Piaget e o construtivismo, ainda que a matriz filosófica de Dewey se reporte a
Hegel, seja diferente daquela de Piaget, cuja base é Kant; e a pedagogia
progressiva, como denominou Anísio Teixeira (1968) a concepção de Dewey, tenha
uma conformação também distinta do construtivismo.
Quando Piaget considera que uma epistemologia, em conformidade com os dados da psicogênise, não é empírica, isto é, resultante de observações; nem fundada em formas a priori ou inatas, mas, não pode deixar de ser um construtivismo. Com uma elaboração contínua de operações e de novas estruturas e por outro caminho centrando a questão do conhecimento no indivíduo. Respalda, pois, do ponto de vista pedagógico, a idéia de que “o conhecimento tem como ponto de partida a experiência já existe ou a ser realizada pelo aluno” (PIAGET, citado por SAVIANI, 2002).
Comentando a citação acima, observa-se que nessa concepção o
conhecimento é considerado como resultante das atividades ou das experiências de
um sujeito individual que constrói interna ou privadamente seus conceitos e suas
representações sobre a realidade. Essa posição tem sido objeto de duras críticas,
por diferentes motivos, entre os quais destacam-se um nos aspectos internos ou
psicológicos da representação mental do sujeito a referida concepção despreza o
fato primordial e decisivo de que o conhecimento é necessariamente formulado em
uma linguagem pública e compartilhável. Essas duas grandes linhas da teoria
pedagógica vieram a cristaliza-se no senso comum em decorrência de sua difusão
na sociedade, de modo geral, e nas escolas, em particular.
De acordo com Saviani (2002), a oposição entre as duas tendências
pedagógicas decorre das ênfases distintas com que cada uma delas lida com os
vários elementos integrantes do processo pedagógico.
A primeira tendência, a tradicional, pondo a ênfase na teoria, reforça o
papel do professor, entendido como aquele que, detendo os conhecimentos
elaborados, portanto o saber teoricamente fundamentado, tem a responsabilidade
de ensinar aos alunos mediante procedimentos adequados que configuram os
métodos de ensino. A segunda tendência, a renovadora, pondo a ênfase na prática,
reforça o papel do aluno. Este é entendido como aquele que só pode aprender na
21
atividade prática. Tendo a iniciativa da ação, ele expressa seu interesse quanto
àquilo que é valioso aprender; e, assim procedendo, realiza, com o auxílio do
professor, os passos de sua própria educação, que configuram o método de
aprendizagem mediante o qual ele, o aluno, constrói os próprios conhecimentos.
Na raiz do dilema está o entendimento da relação entre teoria e prática em temos da lógica formal, para a qual os opostos se excluem. Assim, se a teoria se opõe à prática, uma exclui a outra. Portanto, se um curso é teórico, ele não é prático; e, se é prático, não é teórico. E, na medida em que o professor é revestido do papel de defensor da teoria enquanto o aluno assume a defesa da prática, a oposição entre teoria e prática se traduz, na relação pedagógica, como oposição entre professor e aluno (SAVIANI, 2002, p.53).
No entanto, admite-se, de modo mais ou menos consensual, que tanto a
teoria como a prática são importantes no processo pedagógico, do mesmo modo
que esse processo se dá na relação professor-aluno não sendo, pois, possível
excluir um dos pólos da relação em benefício do outro.
Em suma, teoria e prática, assim como professor e aluno são elementos
indissociáveis do processo pedagógico. Nesses termos, a saída do dilema por um
ou por outro de seus pólos constitutivos se revela igualmente difícil e, no limite,
impossível. Eis porque as duas tendências pedagógicas vigentes na atualidade
resultam igualmente incapazes de resolver o dilema pedagógico.
22
CAPÍTULO II - CONHECIMENTO E PODER: O PAPEL DA
EDUCAÇÃO SUPERIOR
A educação encontra-se perante um desafio: conseguir que todos os
alunos tenham acesso à educação básica de qualidade, por meio da inclusão
escolar, respeitando as diferenças culturais, sociais e individuais, que podem
configurar as necessidades educacionais especiais que todos podemos ter, em
qualquer momento de nossas trajetórias escolares e que, dependendo de como
sejam vistas pela instituição educacional e seu entorno, podem nos colocar em
situações de desvantagem.
Segundo Dourado (2003), o processo de reestruturação produtiva do
capitalismo global impõe uma nova realidade para o século XXI, seja, o
conhecimento como elemento basilar da produção e acúmulo de vantagens
diferenciais em um cenário capitalista de competição globalizada.
De um lado, formulam-se as bases de uma economia assentada na
acumulação flexível (Harvy, 1992) e de outro, a constituição de uma sociedade
técnico-científica-informacional ou sociedade do conhecimento (Lojkine,1995;
Rifkin,1995), centrada na produção de novas tecnologias e na rearticulação e
criação de processos organizacionais inovadores. Tais assertivas, ao situarem o
processo de mundialização, por meio de debates os mais variados , ratificam a
razão crítica moderna como horizonte teórico-político e cultural, como mediação
para a compreensão desse movimento de reestruturação capitalista, bem como seus
desdobramentos no que concerne ao conhecimento.
O movimento de mundialização, de acordo com Dourado (2003), de
concentração e de financiamento do capital, por meio das empresas multinacionais,
tem acentuado a concentração de poder, de riqueza e de conhecimento nos países
do capitalismo central, particularmente nos Estados Unidos, Alemanha e Japão.
De um modo geral, verifica-se crescimento acentuado nos investimentos
em ciência e tecnologia (C&T), realizados pelos países membros do G-7 e pelas
empresas multinacionais que estabelecem estratégias de concorrência e formulam
alianças de cooperação objetivando ampliar o controle da produção e da difusão do
conhecimento no mundo. Isso vem ocorrendo, em larga medida, porque o processo
de automação, resultante das opções societárias frente ao advento tecnológico, tem,
23
como tendência hegemônica, reduzido os postos de trabalho no processo produtivo,
intensificando o desemprego estrutural tipificado como tecnológico.
As tecnologias empregadas no processo produtivo e o cenário de acumulação crescente do capital permitem intensificar e ampliar a produção numa escala jamais imaginada anteriormente, resultando no inevitável declínio dos empregos e na naturalização dos processos de exclusão social daí decorrentes. Essa realidade gera um processo de inserção dependente ou de exclusão tecnológica de países e regiões que não interessam ao sistema produtor de mercadorias do capitalismo globalilizado, isso sem falar do crescimento assustador da valorização do capital por meio da esfera financeira, na qual o dinheiro se reproduz sem passar pelo sistema produtivo. Trata-se de dinheiro gerando mais dinheiro, ou seja, trata-se da hegemonia do capital especulativo, volátil, sem fronteiras (DOURADO, 2003, p.62).
A concentração de capital tem levado as grandes corporações e outros
investidores a uma ação autodestrutiva, na medida em que não produzem valor por
meio do emprego da força humana de trabalho. O capital produtivo já não se
contente com a exploração da força humana de trabalho na obtenção de mais –
valia. Esse cenário de minimização do papel do Estado, no que se refere às políticas
públicas, resultante desses arranjos macro-econômicos, redimenciona tais políticas,
especialmente no campo educativo.
Segundo Dourado (2003),na perspectiva de reestruturação capitalista em
curso, a universidade administrada passa a ser entendida como lócus da formação
de profissionais. Nesse sentido, compete à universidade contribuir significativamente
com a produção de mais-valia relativa, ou seja, ela deve formar profissional e gerar
tecnologias e inovações que sejam colocadas a serviço do capital produtivo.
Na ótica capitalista, só é produtiva a universidade que vincula sua
produção às necessidades do mercado das empresas e do mundo do trabalho em
mutação, ou seja, subordina sua produção acadêmica formal e concretamente às
demandas e necessidades do mercado e do capital. Neste sentido, foram
implementadas políticas e mecanismos que intensificaram os processos de
mercantilização da produção do trabalho acadêmico e gestão universitária,
consubstanciando uma metamorfose nas instituições de ensino superior.
De acordo com Dourado (2003), no caso brasileiro, particularmente no
governo FHC-Fernando Henrique Cardoso, a diversificação e a diferenciação do
sistema de educação superior adotada como política visando à expansão da
educação superior em função da demanda crescente de vagas, por meio de
24
mecanismos que objetivam a massificação desse nível de ensino. Como resultado
dessas políticas observa-se que está em curso a intensificação de um processo de
diversificação e diferenciação , que ocasiona distinções essenciais na função social
da educação superior, particularmente na indissociabilidade entre o ensino,
pesquisa e extensão. Além disso, essas diferenças começam a, realçar uma
significativa competição no campo universitário. Porque contribuem para a mera
classificação institucional em contraposição à efetivação de um padrão de qualidade
social das universidades.
As políticas implementadas capazes por um lado de induzir as IES
públicas, especialmente as universidades federais, a assumir o mercado na era FHC
foram, de ampliar um processo de subordinação ao setor produtivo, por meio de
contratos, convênios e realização de serviços remunerados e de enfraquecer a
articulação do sistema federal mediante matriz diferenciada de financiamento e
diferenciação salarial docente, por meio de Gratificação de Estímulo à
Docência(GED).
No caso das IES (Instituição de Educação Superior) privadas, essas
demandas políticas geraram um acirramento da concorrência institucional, maior
atendimento, assessoramento e articulação com as IES e lógica mercantis,
assunção de caráter mais regional ou local, em termos de prestação de serviços,
racionalização das formas organizacionais e de gestão, visando o lucro e expansão
do capital investido, profissionalização da gestão, e uma ênfase no ensino e na
extensão como pesquisa aplicada, em detrimento da pesquisa básica.
Segundo Dourado (2003) vários governos promoveram modificações do
estatuto legal da ES (Educação Superior) pública que apontam um sentido distinto
ou mesmo contrário às orientações e valores característicos do movimento da
Reforma Universitária latino–americana. Os impulsos para a mudança sobre tudo
aqueles vindos de fora da universidade, e também alguns de origem interna,
enfatizaram durante o passado recente a centralidade dos processos de avaliação
universitária.
25
2.1 A Avaliação Ultrapassa os Muros Escolares
Não se pode dizer que a avaliação vem sendo pouco estudada, mas
pode-se afirmar que esta prática não vem acompanhando as discussões
emergentes na educação, principalmente da Educação Superior, na área do uso da
tecnologia. Afinal, muito além dos modismos, pode-se verificar que a avaliação
coloca em cheque todos os mecanismos e interpretações das abordagens no
sistema educacional.
Segundo Sobrinho citado por Dourado (2003, p.97), “a avaliação é um
instrumento fundamental de reforma do Estado. Nenhum Estado moderno
desenvolvido pode abrir mão da avaliação”. Por que a avaliação vem adquirindo
uma importância cada vez maior nos últimos anos? Por que os governos vêm
montando tantos mecanismos de avaliação? Por que instrumentos técnicos de
avaliação têm tido um grande desenvolvimento e sua adoção tem se
universalizado?
Vê-se que a avaliação é a interpretação dos resultados obtidos pelas
medidas clássicas, ou comparação de qualidade do aluno ou atleta, com critérios
também preestabelecidos.
De acordo com Dourado (2003), a resposta a estas questões é a
seguinte: “a avaliação tem função central nas reformas do Estado, da sociedade e
da educação superior que estão sendo empreendidas”.
É possível detectar ainda que hoje existem formas de ensinar que não se
justificam mais. Perde-se tempo, aprende-se pouco, permanece continuamente
desmotivado. Tanto professores como alunos tem a clara sensação de que muitas
aulas convencionais estão ultrapassadas. Mas, para onde mudar? Como ensinar e
aprender em uma sociedade mais interconectada? Avança-se mais se souberem
adaptar os programas previstos às necessidades dos alunos, criando conexões com
o cotidiano, com o inesperado, se transformarem a sala de aula em uma
comunidade de investigação.
Ensinar e aprender exigem hoje muito mais flexibilidade, espaço
temporal, pessoal e de grupo, menos conteúdos fixos e processos mais abertos de
pesquisa e de comunicação. Uma das dificuldades atuais é conciliar a extensão da
informação, a variedade das fontes de acesso, com o aprofundamento da sua
compreensão, em espaços menos rígidos, menos engessados.
26
Existem informações demais e dificuldade em escolher quais são
significativas para o indivíduo e conseguir integrá-las dentro da mente e do
cotidiano. A aquisição da informação, dos dados dependerá cada vez menos do
professor.
As tecnologias podem trazer hoje dados, imagens, resumos de forma
rápida e atraente. O papel do professor - o papel principal - é ajudar o aluno a
interpretar esses dados, a relacioná-los, a contextualizá-los.
Segundo Moran, aprender depende também do aluno, de que ele esteja
pronto, maduro, para incorporar a real significação que essa informação tem para
ele, para incorporá-la vivencialmente, emocionalmente.
Vê-se, então que enquanto a informação não fizer parte do contexto
pessoal - intelectual e emocional - não se tornará verdadeiramente significativa.
Segundo Moran, avança-se mais pela educação positiva, do que pela repressiva.
Sendo importante não começar pelos problemas, pelos erros, não começar pelo
negativo, pelos limites. E sim começar pelo positivo, pelo incentivo, pela esperança,
pelo apoio na capacidade de aprender e de mudar. Ajudar o aluno a acreditar em si,
sentir se seguro, valorizar-se como pessoa, em todas as dimensões da vida. Se o
aluno acredita em si, será mais fácil trabalhar os limites, a disciplina, o equilíbrio
entre direitos e deveres, a dimensão grupal e social.
2.2 As dificuldades para Mudar na Educação
As mudanças demorarão mais do que alguns pensam, porque nos
encontramos em processos desiguais de aprendizagem e evolução pessoal e social.
Não existem muitas instituições e pessoas que desenvolvam formas avançadas de compreensão e integração, que possam servir como referência. Predomina a média, a ênfase no intelectual, a separação entre a teoria e a prática. Tem-se dificuldades no gerenciamento emocional, tanto no pessoal como no organizacional, o que dificulta o aprendizado rápido (MORA, 2010, p.21).
São poucos os modelos vivos de aprendizagem integradora, que junta
teoria e prática, que aproxima o pensar do viver. A ética permanece contraditória
entre a teoria e a prática.
Os meios de comunicação mostram com freqüência como alguns
governantes, empresários, políticos e outros grupos de elite agem impunemente.
27
Muitos adultos falam em respeitar as leis - e praticam outra, deixando confusos os
alunos e levando-os a imitar mais tarde esses modelos.
Segundo Moran (2010), as mudanças na educação dependem, em
primeiro lugar, de educadores maduros intelectual e emocionalmente, pessoas
curiosas, entusiasmadas, abertas, que saibam motivar e dialogar. Pessoas com as
quais valha a pena entrar em contato, porque dele saímos enriquecidos.
O autoritarismo da maior parte das relações humanas interpessoais,
grupais e organizacionais espelha o estágio atrasado em que se encontra o
indivíduo e coletivamente no desenvolvimento humano, de equilíbrio pessoal, de
amadurecimento social. E somente pode-se educar para a autonomia, para a
liberdade com processos fundamentalmente participativos, interativos, libertadores,
que respeitem as diferenças, que incentivem, que apoiem, orientados por pessoas e
organizações livres.
O educador autêntico é humilde e confiante. Mostra o que sabe e, ao mesmo tempo está atento ao que não sabe, ao novo. Mostra para o aluno a complexidade do aprender, a nossa ignorância, as nossas dificuldades. Ensina, aprendendo a relativizar, a valorizar a diferença, a aceitar o provisório (MORAN, 2010, online).
Aprender é passar da incerteza a uma certeza provisória que dá lugar a
novas descobertas e a novas sínteses. Os grandes educadores atraem não só pelas
suas idéias, mas pelo contato pessoal. Dentro ou fora da aula chamam a atenção.
Há sempre algo surpreendente, diferente no que dizem, nas relações que
estabelecem, na sua forma de olhar, na forma de comunicar-se, de agir..
Segundo Moran (2010), as mudanças na educação dependem também
de ter administradores, diretores e coordenadores mais abertos, que entendam
todas as dimensões que estão envolvidas no processo pedagógico, além das
empresariais ligadas ao lucro; que apoiem os professores inovadores, que
equilibrem o gerenciamento empresarial, tecnológico e o humano, contribuindo para
que haja um ambiente de maior inovação, intercâmbio e comunicação. As mudanças
na educação dependem também dos alunos.
Enquanto isso, boa parte dos professores é previsível, não surpreende;
repete fórmulas, sínteses. São docentes “papagaios”, que repetem o que lêem e
ouvem, que se deixam levar pela última moda intelectual, sem questioná-la. É
importante ter educadores/pais com um amadurecimento intelectual, emocional,
comunicacional e ético, que facilite todo o processo de organizar a aprendizagem.
28
Pessoas abertas, sensíveis, humanas, que valorizem mais a busca que o resultado
pronto, o estímulo que a repreensão, o apoio que a crítica, capazes de estabelecer
formas democráticas de pesquisa e de comunicação.
Antes de a criança chegar à escola, já passou por processos de educação importantes: pelo familiar e pela mídia eletrônica. No ambiente familiar, mais ou menos rico cultural e emocionalmente, a criança vai desenvolvendo as suas conexões cerebrais, os seus roteiros mentais, emocionais e suas linguagens. Os pais, principalmente a mãe, facilitam ou complicam, com suas atitudes e formas de comunicação mais ou menos maduras, o processo de aprender a aprender dos seus filhos. A criança também é educada pela mídia, principalmente pela televisão. (MORAN, 2010, online)
Alunos curiosos, motivados, facilitam enormemente o processo,
estimulam as melhores qualidades do professor, tornam-se interlocutores lúcidos e
parceiros de caminhada do professor-educador. Alunos motivados aprendem e
ensinam, avançam mais. Alunos que provêm de famílias abertas, que apoiam as
mudanças, que estimulam afetivamente os filhos, que desenvolvem ambientes
culturalmente ricos, aprendem mais rapidamente, crescem mais confiantes e se
tornam pessoas mais produtivas.
29
CAPÍTULO III - A PRÁTICA PEDAGÓGICA DO PROFESSOR DE
DIDATICA
Hoje, qualquer corrente da ciência propõe-se a emitir opiniões sobre
questões específicas da prática pedagógica. No processo de facilitação da aquisição
do conhecimento é básico o manejo adequado da forma e/ou dos procedimentos
utilizados na transformação do saber.
Veiga (1989), tem-se cinco enfoques sobre a Didática que concebem, de
um lado, o ensino de forma distinta, e de outro, refletem diferentes formas de,
conceber as relações educação-sociedade teoria-prática, forma e conteúdo, político
-técnico, professor-aluno.
Dos cinco enfoques considerados o Tradicional, o Escolanovismo, o
Critico- reprodutivismo e o histórico-crítico, os quatro primeiros apresentam
reducionismos e são marcados por diferentes tipos de formalismos, ao passo que o
histórico-crítico procura superar na prática essas dicotomias.
A Didática Tradicional acentua a transmissão de conhecimentos. O seu
formalismo e caracterizado como um formalismo lógico. O ensino e concebido a
partir de seu aspecto material, seja, a transmissão do saber historicamente
acumulado. O enfoque da Didática é centrado nos conteúdos.
A Didática escolanovista é centrada nos métodos e técnicas didáticos. O
elemento formal e o psicológico , voltado-se para a atividade do aluno. Está
apoiada em pressupostos psicopedagógicos e experimentais. O ensino concebido
como processo de pesquisa. É uma Didática de base psicológica.
No enfoque tecnicista, a Didática e vista como estratégia para alcançar
produtos previstos. O formalismo expressa-se através do técnico, isto e, privilégio
dos meios automatizados. O processo de ensino é mecanizado e alicerçado nos
pressupostos da tecnologia educacional, visando a sua produtividade e
consequentemente, o alcance da eficiência e da eficácia.
Já Didática a partir das teorias crítico-reprodutivistas, a partir das teorias
critico-reprodutivista, ao buscar a sua desmitificacão e evidenciar o conteúdo
ideológico do ensino nega a sua especificidade, isto é, a sua dimensão técnica,
apresentando um outro tipo de formalismo, o social, com ênfase na dimensão
política. Dessa forma, reduz a Didática a uma anti-didática, negando a sua
dimensão técnica.
30
Quanto a relação educação-sociedade, os três primeiros enfoques são
divorciados do social, do contexto onde se dá a pratica pedagógica. A Didática não
tem como ponto de partida os problemas reais do dia a dia da sala de aula das
escolas de 1º e 2º graus. Os condicionantes sócio-econômicos e políticos não são
considerados.
No enfoque reprodutivista, a Didática se empenha em fazer a denuncia do
caráter reprodutivista , a Didática se empenha em fazer a denuncia do caráter
reprodutor da escola , do tecnicismo, da neutralidade dos métodos e técnicas, enfim
do dogmatismo didático. Entende o processo de ensino no contexto social, mas
nega a sua especificidade pedagógica, nega portanto, a dimensão técnica de
Didática e se volta predominantemente para a dimensão política.
Do ponto de vista da relação teoria-prática, a que se verifica nos
enfoques na variedade de formas de concebe-la. A Didática tradicional separa
teoria e prática. A prática e aplicação da teoria.
No escolanovismo elas são justapostas e na tecnicista a teoria é
comandada pela ciência e a prática é vista como aplicação da teoria assegurada
pela tecnologia educacional. A relação teoria–prática está implicitamente ligada a
revelação do conteúdo ideológico do ensino e a denuncia da falsa neutralidade
do técnico, no enfoque crítico-reprodutivista .
Segundo Veiga (1989) a relação forma conteúdo o que se verifica nos
enfoques analisados é a separação entre transmissão dos conteúdos e a forma
de sua transmissão, ou a predominância de um sobre o outro. Quando a ênfase
recai nos processos de ensino ou na experiência existencial, o conteúdo fica
reduzido ao modo de transmissão do conhecimento, ou seja, a sua forma.
A supremacia do método ao ser substituída pela supremacia do
planejamento provocou a compartimentação e fragmentação do conteúdo. A idéia
de método foi substituída pela idéia de estratégia que não se preocupa com o
processo mental do aluno mas sim com produto desejado.
A unidade existente no enfoque tradicional decorria do fato de que a
escola sofria pouco as contradições das relações sociais e por voltar suas atenções
a uma clientela oriunda da elite. A Didática, a partir das teorias crítico–
reprodutivistas, advertiu que a dimensão técnica da prática pedagógica contém
elementos ideológicos, e que o conteúdo didático deve ser secundarizado para
afirmar a relevância do conteúdo político.
31
Vinculada a relação-forma-conteúdo está a relação técnico- política. A
função política da educação não se reduz ao fato de se estar transmitindo o
conhecimento. O próprio modo de instrumentalizar o futuro professor serve a
determinados interesses sociais. A Didática, ao procurar superar o tecnicismo,
reduziu o seu conteúdo aos aspectos sócio- político- econômicos e se desloca para
o pólo oposto, o politicismo.
Do ponto de vista da relação professor- aluno, o que percebe nos
diversos enfoques da Didática é a predominância da autoridade inquestionável do
professor e a atitude receptiva e relativamente passiva do aluno, evidentes na
Didática Tradicional, no relacionamento positivo e amigável entre professor e aluno
para atingir um clima de harmonia e de interação, preconizado pela Didática
escolanovista.
Já no enfoque tecnicista, tanto o professor como os alunos ocupam
posições secundárias, exercendo a função de executores de tarefas definidas por
outros- o centro do processo desloca-se para os meios; no enfoque reprodutivista a
Didática, ao negar a especificidade didático- pedagógica privilegiando a dimensão
política da educação deixa de lado os vínculos da relação professor-aluno.
Na tentativa de ultrapassar essas dicotomias, a Didática, assentada nos
pressupostos de uma Pedagogia Histórico-Crítico, procura também superar os
reducionismos e o formalismo que marcaram os outros enfoques.
A Didática Crítica busca superar o intelectualismo formal do enfoque
tradicional, evitar os efeitos do espontaneísmo escolanovista, combater a orientação
desmobilizadora do tecnicismo e recuperar as tarefas especificamente pedagógicas,
desprestigiadas a partir do discurso reprodutivista. A Didática comprometida procura
compreender e analisar a realidade social onde está inserida a escola.
Segundo Dourado (2003), se a universidade é parte de uma realidade
concreta, suas funções devem ser pensadas e trabalhadas levando-se em conta as
necessidades e exigências da sociedade nascidas de suas próprias transformações
num mundo em constante mutações e crise. Essa percepção faz pensar também
que a universidade como parte de uma realidade histórico-sociocultural, deve ser
por sua própria natureza o espaço de culturas diversas e diferentes visões de
mundo.
Assim sendo a universidade, alem de ser ou dever ser uma instancia de produção de conhecimento de cultura e de tecnologia seria também a
32
instituição em que pessoas,cidadãos e profissionais receberiam a formação desejada (FAVARO, 2005, apud. DOURADO, 2003, p.182).
Uma das formas pelas quais a universidade pode desenvolver o
pensamento critico e através da formação de profissionais capazes de exercerem
papeis especializados em diferentes áreas do conhecimento. Tal formação deveria
efetivar-se na preparação de sujeitos pensantes , capazes de buscar continuamente
novos caminho.
3.1 Trabalho Docente no contexto global
O trabalho docente não é mais definido apenas como atividade em sala
de aula, ele agora compreende a gestão da escola no que se refere à dedicação dos
professores ao planejamento, à elaboração de projetos, à discussão coletiva do
currículo e da avaliação. Os trabalhadores docentes convencidos de que devem
responder a essas exigências, diante da constatação de que a realidade deveria ser
melhor, e não encontrando os meios necessários para por em prática exatamente o
que acreditam que seja esperado deles quer pelo governo, pelos alunos, quer pelos
pais, quer por seus pares, encontram-se diante de enorme insatisfação.
Segundo Dourado (2003) são muitos os autores que tem refletido sobre
as intensas mudanças ocorridas no campo produtivo nos últimos 30 anos,
destacando, invariavelmente, a incapacidade, cada vez mais evidente, do fordismo
e do keynianismo em conterem as contradições inerentes aos capitalismo.
O processo de trabalho docente vem sofrendo profundas alterações em
função das mudanças na base material da sociedade, resultante de
esgotamento/surgimento de paradigmas, voltados para os objetivos de acumulação,
buscando sempre formas que contribuam para tal. O paradigma tecnológico,
informacional, que começou a se configurar ao final do século XX, criou patrón
tecnológico. Essa mudança da produção em massa para a produção flexível tem nas
tecnologias da informação, na microeletrônica a base principal de sustentação. Essa
dita revolução tecnológica exige uma nova forma de reestruturação do capital, para
que o mesmo volte a atingir os níveis de lucro e acumulação esperados pelos
proprietários dos meios de produção.
Conforme Harvey (1992, p135 apud DOURADO, 2003, p.23) ”essas
dificuldades podem ser melhor apreendidas por uma palavra rigidez”, perceptível no
33
fordismo seja nos investimentos de capital na produção e consumo em massa ou
nos mercados e contratos de trabalho, alem do que tal modo de regulamentação
pressupunha a produção de homens disciplinados e estritamente controlados.
Em contraposição ‘a rigidez fordista, a atual fase do capitalismo apóia-
se “na flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho, dos
produtos e padrões de consumo ”(HARVY,1992 ,p.140 apud, DOURADO, 2003,
p.25), caracterizando –se por uma “acumulacao flexivel”.Obviamente ,este conjunto
do sistema, afeta e incremente a producao de novas tenoclogias, reforça os
interesses geopolíticos de alguns centros e penetra no cultural.
As novas tecnologias estão em todo lugar, seja em fabricas ou nas
demais empresas dos mais diversos segmentos, não ficando de fora, e claro o setor
educacional e, influenciando no processo ensino- aprendizagem.Havendo uma
grande quantidade de (professores) profissionais da educação principalmente
professores, que não aceitam
Segundo Damasceno (2010), as tecnologias sempre existiram, mesmo
que não reconhecidas por essa nomeclatura. Elas são as ferramentas que usamos
para solucionar da melhor forma, questões as quais levariam, talvez, muito tempo
para resolve-las, tornando mais prático e confortável o processo de excercício das
nossas atividades diárias.
As novas tecnologias como instrumento transformador na sua pratica
pedagógica. Essa rejeição se da muitas vezes por falta de conhecimento, por parte
desses, sobre a forma como utiliza-las para adquirir praticidade no processo de
ensino aprendizagem, se as novas tecnologias educacionais não são usadas torna
cada vez mais difícil o processo de inclusão digital tão discutido e esperado. O que
não quer dizer que o uso desordenado dessas tecnologias será bem aproveitado,
pois o que importa e saber usa-las e não apenas usá-las.
Em suma, as mudanças que estão se processando no trabalho docente
podem dar ao mesmo uma outra natureza, alterando suas funções, flexibilizando-o e
precarizando ainda mais as relações de trabalho, com mudanças substanciais nos
direitos trabalhistas conquistados por meio de grandes mobilizações e lutas. A
chamada cultura do desempenho, que é introduzida a partir da concepção de
avaliação adotada pelo governo, vem levando os docentes a centrarem suas
agendas nos indicadores estabelecidos pelas comissões de avaliação, deixando de
34
lado as atividades que não estejam relacionados com os indicadores de
desempenho.
3.2 Tecnologia e Educação
Há muitas formas de compreender a tecnologia. Ela não é algo novo – na
verdade, é quase tão velha quanto o próprio homem, visto como homo creator.
Nem todas as tecnologias inventadas pelo homem são relevantes para a
educação. Algumas apenas estendem sua força física, seus músculos. Outras
apenas lhe permitem mover-se pelo espaço mais rapidamente e/ou com menor
esforço. Nenhuma dessas tecnologias é altamente relevante para a educação. As
tecnologias que amplificam os poderes sensoriais do homem, contudo, sem dúvida o
são. O mesmo é verdade das tecnologias que estendem a sua capacidade de se
comunicar com outras pessoas. Mas, acima de tudo, isto é verdade das tecnologias,
disponíveis hoje, que aumentam os seus poderes intelectuais: sua capacidade de
adquirir, organizar, armazenar, analisar, relacionar, integrar, aplicar e transmitir
informação.
Segundo Damasceno (2010), tecnologia é conhecimento, e aplicativo, ao
longo da historia e em determinada interpretação, aplicação e/ou estudo de técnica e
de suas variáveis, enquanto aplicação e aplicativo, suas variáveis, enquanto
aplicação e aplicativo ao longo da história e em determinada sociedade. É um
termo muito abrangente que envolve conhecimentos técnicos e científicos, este
sugere objetos que são suas ferramentas que são utilizados para cada contexto.
Não somente ferramentas técnicas , mas como as máquinas, como também os
conhecimentos. Sendo assim, todo o processo utilizado para facilitar ou resolver
problemas é uma forma de tecnologia, obviamente sendo aplicada ao seu contexto
específico, auxiliando-nos na busca de solução dos problemas, de forma prática,
com segurança e em tempo reduzido.
A Internet é a nova tecnologia que tem se mostrado eficiente na
transmissão de informações e na comunicação, importantíssima na construção do
conhecimento. Através dela é possível fazer os mais diversos tipos de pesquisa, ter
acesso a conteúdos completos de livros, revistas, bem como comunicar-se com o
mundo adquirindo informações em tempo real bem próximo a comunicação face a
face.
35
Mediada através do computador a internet é uma potente ferramenta que
proporciona inúmeras formas de uso na educação. Mesmo sem o uso da rede
mundial de computadores, a Internet propicia o rompimento da barreira do tempo e
do espaço nos mais variados segmentos. É um grande potencial na mediação de
informações permitindo a interação global através dos mais variados meios
agrupando assim todas as tecnologias de comunicação já inventadas pelo homem.
Hoje usa-se o termo tecnologia para divertir, fazer amizades, trabalhar, cuidar da saúde , comunicar e etc. As tecnologias são tão presentes que chegam a mudar a forma de trabalhar, pensar, levando a mudança do modo de vida. “Em se tratando de educação qualquer meio de comunicação que complete a ação do professor é uma ferramenta tecnológica na busca da qualidade do ensino-aprendizagem” (DAMASCENO, 2010, online ).
A tarefa de discutir, analisar, avaliar, e aplicar essa informação a tarefas
práticas será realizada, mais e mais, não através da escola, mas através de grupos
virtuais de discussão, onde cada um se alterna no papel de ensinante e de
aprendente. O que é virtual aqui é o grupo, não a aprendizagem: esta é
suficientemente real para satisfazer a maior parte das necessidades de
aprendizagem das pessoas.
Se a escola puder se reinventar e tornar-se um ambiente de
aprendizagem desse tipo, ela pode sobreviver. Mas a Internet, a Web, correio
eletrônico, bate-papos, discussões baseadas em texto (grupos de discussão),
videoconferências, etc., precisarão estar no centro dela e se tornar parte de sua
rotina. O que aqui é dito da escola aplica-se a escolas de todos os níveis, inclusive
às universidades
3.3 As novas Tecnologias: Desafios e suas Implicações no Ambiente Escolar e
na Prática Docente
O educador não precisa, necessariamente, ser especialista em
informática. Ele dever ser apenas um usuário crítico, seletivo. reflexivo e atuante
nesse contexto globalizado. Segundo Freitas (2011) a introdução dos recursos
tecnológicos no ambiente escolar não se restringe apenas a utilização de
determinados equipamentos e produtos. Essa evolução tecnológica e sua chegada e
utilização no trabalho docente veio a contribuir na alteração de comportamentos.
36
A utilização desses recursos tecnológicos sem o devido preparo do
docente para a sua introdução na prática diário das escolas veio ocorrer um choque
cultural e uma resistência por parte dos docentes em sua aplicação, ocorrendo
assim, o aceleramento da crise de identidade dos professores.
Para Esteve (1999) apud de Alonso (2008, p.26) “a situação dos
professores diante das mudanças que ocorrem na escola é comparável a um grupo
de atores que trajam as vestimentas de determinado tempo e que, sem nenhum
aviso anterior mudam-lhes os cenários e as falas”. Quando Esteve apresenta essa
mudança repentina no cenário desse grupo de atores que precisa mudar toda sua
apresentação sem um aviso prévio e sem a devida preparação, podemos verificar o
que ocorreu na prática diária do professor ao ser introduzido nas escolas os
recursos tecnológicos para serem utilizados pelos docentes antes mesmo do
sistema educacional promover curso de aperfeiçoamento profissional para a
utilização desses recursos tecnológicos na prática pedagógica.
O professor não deixa de ter importância no desenvolvimento do seu papel como mediador da aprendizagem devido à inserção das novas tecnologias no ambiente escolar, mas, ao contrário, pode passar a ser o elemento principal dessa sociedade que utiliza cada vez mais essas novas tecnologias como recurso didático promovendo o enriquecimento da prática educativa, sendo assim, “a prática educativa não começa do zero: quem quiser modificá-la tem que apanhar o processo “em andamento”. A inovação não é do que uma correção da trajetória”. (SACRISTÁN, 1999, p. 89)
O Professor tem um papel muito importante na era da informática, pois
ele pode dar muito sentido ao uso da tecnologia na Escola para com isso produzir
grandes conhecimentos e possibilidades como: Utilizar jogos virtuais para estimular
o raciocínio lógico; Criação de páginas na internet para publicação de textos dos
alunos; Execução de Projetos Pedagógicos na sala de informática; O Professor deve
reservar períodos para a sua própria formação digital socializando assim as
aplicações de atividades em sala de aula; Trabalhar linguagem com alunos através
da Rádio Escolar no laboratório da Escola; Realização de videoconferência pela
rede mundial de computadores; Trabalhar gêneros textuais com ajuda tecnológica
com o objetivo de desenvolver a fala e a escrita; Planejar atividades com a utilização
de redes sociais como Orkut, MSN, Blogs e outras.
Para Freitas (2011), a renovação na prática docente pode se constatada,
não pelo uso puro e simples desses recursos tecnológicos em seu cotidiano, mas, a
partir do momento em que esses equipamentos modifiquem de forma significativa o
olhar do professor diante de sua prática, suas concepções de educação, seus
37
modelos de ensino-aprendizagem que, “o professor é responsável pela modelação
da prática, mas está é a intersecção de diferentes contextos”. (SACRISTÁN, 1999,
p. 74).
Com o aparecimento dos computadores e da internet, e sua inserção no
ambiente escolar, tornou-se possível a entrada desses novos recursos tecnológicos
na vida escolar, visto que, antes desse aparecimento era inviavél a instalação de um
computador no ambiente escolar pelo seu tamanho e custo.
Segundo Kenski (2008, p. 45) “a maioria das tecnologias é utilizada como
auxiliar no processo educativo”. Não só o computador e a internet como outros
recursos que foram introduzidos na prática do docente em sala de aula,
movimentaram a educação e provocaram novas mediações entre a abordagem do
professor, o entendimento do docente e o conhecimento veiculado.
O professor passou de detentor do saber a orientador e incentivador do
processo de aprendizagem do aluno, dirigindo e filtrando as suas pesquisas e
ajudando a discernir o essencial do acessório.
Também o aluno teve que mudar o seu comportamento, deixando de ser
um elemento passivo que espera que as informações lhe sejam transmitidas,
passando a ser um elemento activo na busca dessas mesmas informações de
maneira a poder concluir com êxito as actividades que lhe são propostas. No fundo,
professor e aluno passam a cooperar na troca de informações, onde o mais
importante é a capacidade de organizar e interagir com o material disponível.
Compartilhar é o conceito-chave.
De acordo com Freitas (2011), a utilização por parte do professor no
trabalho em classe de mídias e ferramentas computacionais contribui para
consolidação do processo de ensino-aprendizagem. Esses recursos quando bem
utilizados provocam a alteração dos comportamentos de docentes e discentes,
contribuindo assim para a ampliação e maior aprofundamento do conteúdo
estudado.
O uso da tecnologia deve ser visto pelo professor como um recurso, uma
ferramenta que não promove o aluno por si só. Todo o trabalho deve ter a sua base
no referencial pedagógico que irá dar o suporte apropriado para o desenvolvimento
do projecto educacional, sendo a tecnologia entendida como mais um recurso
mediador do processo.
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Para Moran “aprendemos melhor quando vivenciamos, experimentamos,
sentimos” (MORAN, 2010, online). Quando esses conteúdos que são trabalhados na
construção do conhecimento são atribuídos a necessidade de aprender para
podermos utilizá-los quando nos traz vantagens e significados. Segundo o mesmo
autor “aprendemos pelo interesse, pela necessidade”. (MORAN, 2010, online)
As mediações feitas entre o seu desejo de aprender, o docente que vai
ajudar o aluno na busca dos caminhos que levem à aprendizagem, os
conhecimentos que são à base desse processo e os recursos tecnológicos utilizados
adequadamente na prática do docente vão lhes garantir o acesso e as discussões
com esses conhecimentos configuram um processo de interações que define a
qualidade da educação.
Segundo Freitas (2011) na atualidade nada garante o bom desempenho
da prática docente se os professores não superarem as suas crenças e se
dedicarem ao fazer pedagógico que leve o discente a experimentar outro
comportamento diante dos objetos de ensino. Essas crenças são adquiridas antes
mesmo dessas pessoas se tornarem professores, ainda como alunos. São visões
pessoais, emocional e se articulam como um sistema hierárquico de filtragem sobre
o que é verdadeiro no ensino e na aprendizagem.
As convicções se fortalecem com o tempo, na medida em que as
experiências se cristalizam daquilo que tem bom êxito com freqüência. Portanto, o
docente, ao assumir a docência, traz consigo elementos, onde cria algo como
condição de interferir na sua prática.
Bourdieu (2007, p.22) afirma que “os hábitos são princípios geradores de
práticas distintos e distintivos” logo, compreende-se que existe subentendida na
docência uma proporção silenciosa da ação pedagógica. Por vez, quando
interrogam aos professores por que desenvolve sua prática dessa maneira e ao
enfrentar determinadas situações, agiram desta forma, geralmente a resposta está
relacionada às crenças daquele profissional, essa realidade segundo o autor citado
acima, “constrói o espaço social, essa realidade invisível, que não podemos mostrar
nem tocar e que organiza as práticas e as representações dos agentes”
(BOURDIEU, 2007, p. 22). Por essa razão é muito difícil modificar o conteúdo da
prática pedagógica nos docentes.
A reflexão sobre o trabalho desenvolvido em sua prática diária pelos
professores possibilita a análise das convicções profissionais dos docentes. Assim,
39
define-se pela prática de ensino a identidade docente, construída pelos objetivos
educativos e pela autonomia profissional.
Refletindo acerca dessa questão, Sacristán (1999, p 71) afirma que “... a
prática educativa não é uma ação que deriva um conhecimento prévio, como
acontece com certas engenharias modernas, mas sim, uma atividade que gera
cultura intelectual em paralelo com sua existência...”. Nessa ótica, entende que o
docente ao desenvolver sua prática pensa, reflete sobre seu trabalho e que, ao
confrontar com os problemas da sala de aula, busca utilizar-se dos conhecimentos
adquiridos, (re)elaborado-os de forma criativa, no enfrentamento dos problemas, que
surgem na sala de aula.
O professor, na heterogeneidade de seu trabalho, está sempre diante de situações complexas para as quais deve encontrar repostas, e estas repetitivas ou criativas, dependem de sua capacidade e habilidade de leitura da realidade e, também, do contexto, pois pode facilitar e/ou dificultar a sua prática (AZZI, 1999, p. 46, apud BRITTO, 2009, p.15).
No decorrer da prática diária em sala de aula surgem vários problemas
que poderão levar a reflexão docente acerca do ato pedagógico, fazendo com que
esses profissionais busquem alternativas para solucionar tais problemas de modo a
responder as exigências que essa prática lhe impõe. Segundo Freitas (2011), a
prática docente, conforme o exposto acima se constitui uma fonte de situações
complexas, na qual o docente no decorrer de sua jornada diária encontra-se face a
face com os problemas e com as dificuldades crescentes dos discentes, referentes à
apropriação é produção de conhecimento.
Sacristán (1999. p. 79) afirma que “o oficio de quem ensina, consiste
basicamente na disponibilidade e utilização, em determinadas situações, de
esquemas práticos para conduzir a ação”. O autor ressalta que na jornada escolar o
professor necessita estar preparado para enfrentar determinadas situações
problemáticas as quais demandam uma tomada de decisões, aguçando o
desenvolvimento do pensamento e da ação do docente sobre sua prática.
Em suma as instituições de ensino encaminham-se para essa área a
passos largos. Mas existe ainda muito caminho a percorrer. As que melhor
souberem tirar partido do potencial das tecnologias educativas, estarão mais bem
preparadas para apresentar maiores níveis de sucesso. De qualquer modo, parece
importante salientar que as tecnologias na educação, por si só, não são remédio
para todos os males. O processo educativo depende de muitos outros fatores e
40
variáveis. É necessário estar atento a todos eles e estudar meios de os fazer
coincidir da melhor maneira possível no sentido de poder aumentar a qualidade e o
sucesso académico.
3.3.1 Uma nova sala de aula
Como qualquer outra estrutura social, a Escola precisa ser aceita por
seus participantes. Ela não sobreviverá muito além do tempo em que as crianças
não puderem mais ser persuadidas a conceder-lhe um grau de legitimidade. Sabe-
se que a sociedade está mudando em todos os sentidos atingindo, inclusive, as
formas de ensinar e aprender.
Segundo Moran (2010), o que deve ter uma sala de aula para uma
educação de qualidade? Precisa-se fundamentalmente de professores bem
preparados, motivados, e bem remunerados e com formação pedagógica atualizada.
Isso é incontestável. Precisa também de salas confortáveis, com boa acústica e
tecnologias, das simples até as sofisticadas. Uma sala de aula hoje precisa ter
acesso fácil ao vídeo, DVD e, no mínimo, um ponto de Internet, para acesso
a sites em tempo real pelo professor ou pelos alunos, quando necessário.Um
computador em sala com projetor multimídia são recursos necessários, embora
ainda caros, para oferecer condições dignas de pesquisa e apresentação de
trabalhos a professores e alunos. São poucos os cursos até agora bem equipados,
mas, se queremos educação de qualidade, uma boa infra-estrutura torna-se cada
vez mais necessária.
Um projetor multimídia com acesso a Internet permite que o professores e
alunos mostrem simulações virtuais, vídeos, jogos, materiais em CD, DVD, páginas
WEB ao vivo. Serve como apoio ao professor, mas também para a visualização de
trabalhos dos alunos, de pesquisas, de atividades realizadas no ambiente virtual de
aprendizagem (um fórum previamente realizado, por exemplo). Podem ser
mostrados jornais on-line, com notícias relacionadas com o assunto que está sendo
tratado em classe.
Os alunos podem contribuir com suas próprias pesquisas on-line. Há um
campo de possibilidades didáticas até agora pouco desenvolvidas, mesmo nas salas
que detêm esses equipamentos.
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Para Moran (2010), essa infra-estrutura deve estar a serviço de
mudanças na postura do professor, passando de ser uma babá, de dar tudo pronto,
mastigado, para ajudá-lo, de um lado, na organização do caos informativo, na
gestão das contradições dos valores e visões de mundo, enquanto, do outro lado, o
professor provoca o aluno, o desorganiza, o desinstala, o estimula a mudanças, a
não permanecer acomodado na primeira síntese.
Do ponto de vista metodológico o professor precisa aprender a equilibrar
processos de organização e de provocação na sala de aula. Uma das dimensões
fundamentais do educar é ajudar a encontrar uma lógica dentro do caos de
informações que temos, organizar numa síntese coerente (mesmo que
momentânea) das informações dentro de uma área de conhecimento.
Compreender é organizar, sistematizar, comparar, avaliar, contextualizar.
Uma segunda dimensão pedagógica procura questionar essa compreensão, criar
uma tensão para superá-la, para modificá-la, para avançar para novas sínteses,
novos momentos e formas de compreensão. Para isso o professor precisa
questionar, tensionar, provocar o nível da compreensão existente. Predomina a
organização no planejamento didático quando o professor trabalha com esquemas,
aulas expositivas, apostilas, avaliação tradicional.
O professor que dá tudo mastigado para o aluno, de um lado facilita a
compreensão; mas, por outro, transfere para o aluno, como um pacote pronto, o
nível de conhecimento de mundo que ele tem. Predomina a desorganização no
planejamento didático quando o professor trabalha encima de experiências, projetos,
novos olhares de terceiros: artistas, escritores...
Em qualquer área de conhecimento podemos transitar entre a
organização da aprendizagem e a busca de novos desafios, sínteses. Há atividades
que facilitam a organização e outras a superação. O relato de experiências
diferentes das do grupo, uma entrevista polêmica podem desencadear novas
questões, expectativas, desejos. Mas também há relatos de experiências ou
entrevistas que servem para confirmar nossas idéias, nossas sínteses, para reforçar
o que já conhecemos.
Por exemplo, na utilização do vídeo na escola, vejo dois momentos ou
focos que podem alternar-se e combinar-se equilibradamente:
1) Quando o vídeo provoca, sacode, provoca inquietação e serve como
abertura para um tema, como uma sacudida para a nossa inércia. Ele age como
42
tensionador, na busca de novos posicionamentos, olhares, sentimentos, idéias e
valores. O contato de professores e alunos com bons filmes, poesias, contos,
romances, histórias, pinturas alimenta o questionamento de pontos de vista
formados, abre novas perspectivas de interpretação, de olhar, de perceber, sentir e
de avaliar com mais profundidade.
2) Quando o vídeo serve para confirmar uma teoria, uma síntese, um
olhar específico com o qual já estamos trabalhando. É o vídeo que ilustra, amplia,
exemplifica.
O vídeo e as outras tecnologias tanto podem ser utilizados para organizar
como para desorganizar o conhecimento. Depende de como e quando os utilizamos.
Educar um processo dialético, quando bem realizado, mas que, em
muitas situações concretas, se vê diluído pelo peso da organização, da
massificação, da burocratização, da “rotinização”, que freia o impulso questionador,
superador, inovador.
3.3.2 O espaço do Laboratório Conectado
É indiscutível que a escola é afetada pelos avanços tecnológicos e que
não podemos negar as mudanças que estes avanços exigem.
O professor ao utilizar o laboratório ele pode orientar seua alunos a fazer
pesquisa na Internet, a encontrar os materiais mais significativos para a área de
conhecimento que ele vai trabalhar com os alunos; a que aprendam a distinguir
informações relevantes de informações sem referência.
Segundo Moran (2010), um dia todas as salas de aula estarão
conectadas às redes de comunicação instantânea. Como isso ainda está distante, é
importante que cada professor programe em uma de suas primeiras aulas uma visita
com os alunos ao laboratório de informática, a uma sala de aula com micros
suficientes conectados à Internet.
Ensinar a pesquisar na WEB ajuda muito aos alunos na realização de
atividades virtuais depois, a sentir-se seguros na pesquisa individual e grupal. Uma
outra atividade importante nesse momento é a capacitação para o uso das
tecnologias necessárias para acompanhar o curso em seus momentos virtuais:
conhecer a plataforma virtual, as ferramentas, como se coloca material, como se
enviam atividades, como se participa num fórum, num chat, tirar dúvidas técnicas.
43
Esse contato com o laboratório é fundamental porque há alunos pouco
familiarizados com essas novas tecnologias e para que todos tenham uma
informação comum sobre as ferramentas, sobre como pesquisar e sobre os
materiais virtuais do curso.Tudo isto pressupõe que os professores foram
capacitados antes para fazer esse trabalho didático com os alunos no laboratório e
nos ambientes virtuais de aprendizagem (o que muitas vezes não acontece).
Quando tem-se um curso parcialmente presencial pode-se organizar os
encontros ao vivo como pontuadores de momentos marcantes. Primeiro, nos
encontramos fisicamente para facilitar o conhecimento mútuo de professores e
alunos. Ao vivo é muito mais fácil que a distância e confiamos mais rapidamente ao
estar ao lado da pessoa como um todo, ao vê-la, ouvi-la, senti-la. Depois, é mais
fácil explicar e organizar o processo de aprendizagem, esclarecer, tirar dúvidas,
organizar grupos, discutir propostas. É muito mais fácil também aprender a utilizar os
ambientes tecnológicos da educação on-line. Podemos ir a um laboratório e nivelar
os alunos, os que sabem se sentam junto com os que sabem menos e todos
aprendem juntos. No presencial também é mais fácil motivar os alunos, atender às
demandas específicas, fazer os ajustes necessários no programa.
O foco do curso deve ser o desenvolvimento de pesquisa, fazer do aluno
um parceiro-pesquisador. Pesquisar de todas as formas, utilizando todas as mídias,
todas as fontes, todas as formas de interação. Pesquisar às vezes todos juntos,
outras em pequenos grupos, outras individualmente. Pesquisar às vezes na escola;
outras, em outros espaços e tempos. Combinar pesquisa presencial e virtual.
Comunicar os resultados da pesquisa para todos e para o professor. Relacionar os
resultados, compará-los, contextualizá-los, aprofundá-los, sintetizá-los. Mais tarde,
depois de uma primeira etapa de aprendizagem on-line, a volta ao presencial
adquire uma outra dimensão. É um reencontro tanto intelectual como afetivo. Já nos
conhecemos, mas fortalecemos esses vínculos; trocamos experiências, vivências,
pesquisas. Aprendemos juntos, tiramos dúvidas coletivas, avaliamos o processo
virtual. Fazemos novos ajustes. Explicamos o que acontecerá na próxima etapa e
motivamos os alunos para que continuem pesquisando, se encontrando
virtualmente, contribuindo.
Os próximos encontros presenciais já devem trazer maiores contribuições
dos alunos, dos resultados de pesquisas, de projetos, de solução de problemas,
entre outras formas de avaliação.
44
3.3.3 A utilização de Ambientes Virtuais de Aprendizagem
O professor precisa hoje adquirir a competência da gestão dos tempos a
distância combinado com o presencial. O que vale a pena fazer pela Internet que
ajuda a melhorar a aprendizagem, que mantém a motivação, que traz novas
experiências para a classe, que enriquece o repertório do grupo. Os ambientes
virtuais aqui complementam o que fazemos em sala de aula.
O professor e os alunos são “liberados” de algumas aulas presenciais e
precisam aprender a gerenciar classes virtuais, a organizar atividades que se
encaixem em cada momento do processo e que dialoguem e complementem o que
estamos fazendo na sala de aula e no laboratório.
De acordo com Moran (2010), os alunos já se conhecem, já tem as
informações básicas de como pesquisar e de como utilizar os ambientes virtuais de
aprendizagem. Agora já podem iniciar a parte a distância do curso, combinando
momentos em sala de aula com atividades de pesquisa, comunicação e produção a
distância, individuais, em pequenos grupos e todos juntos.
Começar algumas atividades na sala de aula: informações básicas de um
tema, organização de grupos, explicitar os objetivos da pesquisa, tirar as dúvidas
iniciais. Depois vamos para a Internet e orientamos e acompanhamos as pesquisas
que os alunos realizam individualmente ou em pequenos grupos. Pedimos que os
alunos coloquem os resultados em uma página, um portfólio ou que nos as enviem
virtualmente, dependendo da orientação dada. Colocamos um tema relevante para
discussão no fórum ou numa lista e procuramos acompanhá-la sem sermos
centralizadores nem omissos. Os alunos se posicionam primeiro e, depois, fazemos
alguns comentários mais gerais, incentivamos, reorientamos algum tema que pareça
prioritário, fazemos sínteses provisórias do andamento das discussões ou pedimos
que alguns alunos o façam.
Podemos convidar um colega, um pesquisador ou um especialista para
um debate com os alunos num chat, realizando uma entrevista a distância, atuando
como mediadores. Os alunos gostam de participar deste tipo de atividade.
Nós mesmos, professores, podemos marcar alguns tempos de
atendimento semanais, se o acharmos conveniente, para tirar dúvidas on-line, para
atender grupos, acompanhar o que está sendo feito pelos alunos. Sempre que
possível incentivaremos os alunos a que criem seu portfólio, seu espaço virtual de
45
aprendizagem próprio e que disponibilizem o acesso aos colegas, como forma de
aprender colaborativamente.
Dependendo do número de horas virtuais, a integração com o presencial
é mais fácil, Um tópico discutido no fórum pode ser aprofundado na volta à sala de
aula, tornando mais claros os pontos de divergência que havia no virtual.
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CONCLUSÃO
O professor tem papel fundamental no processo de aprendizagem com a
utilização da tecnologia da informática uma vez que o universo das informações se
estendeu e se ampliou.Portanto,mais que apresentar e decorar conteúdos os alunos
precisam aprender a acessálos, a pensar e refletir sobre eles.”
A sala de aula é parte de um todo, está inserida em uma instituição
educativa que, por sua vez, está filiada a um sistema educacional, que também é
parte de um sistema sócio-econômico, político e cultural mais amplo.
Na sala de aula, o professor faz o que sabe o que sente e se posiciona
quanto à concepção de sociedade de homem, de educação, de escola, de aluno e
de seu próprio papel. É, ainda, na sala de aula que o professor cria e recria a sua
própria Didática: toma decisões quanto à concepção ou preparação, à execução, à
avaliação e revisão de seu processo de ensino. Ele vai mais além, pois o domínio da
Didática se estende a outras questões que extrapolam o seu campo mas que, de
certas forma, afetam-na diretamente.
Percebeu-se que a Didática Crítica busca superar o intelectualismo formal
do enfoque tradicional, evitar os efeitos do espontaneísmo escolanovista, combater
a orientação desmobilizadora do tecnicismo e recuperar as tarefas especificamente
pedagógica, despretigiadas a partir do discurso reprodutivista. A Didática
comprometida procura compreender e analisar a realidade social onde está inserida
a escola.
A questão levantada pela hipótese desta pesquisa , me levou a
conclusão de que os tempos de outrora ficaram para traz, e o conhecimento deu um
salto quantitativo que deixou o professor certamente com uma dicotomia grande: a
velocidade de informação e a descentralização do conhecimento através da era da
informática e seus meios: provocaram uma situação de decisão; o professor que não
quiser ver seu planejamento ir pelos ares, deverá acompanhar o ritmo de acesso
que seus alunos tem. Os tempos são outros a velocidade que se processa o
conhecimento é outro, a difusão é aberta e a universidade preservadas as devidas
proporções da regra traz no seu bojo; grandes discussões de cunho teórico e pouco
se esforça para buscar o novo.
O espaço tradicional que o professor deixou por décadas exige uma
metamorfose do ensino. É aí está um gargalo que parece ser quase impossível o
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professor precisar ter no seu “utilist” cotidiano: vontade de mudar, meios e
ferramentas adequadas que possam garantir que os fins sejam justificados pelos
meios.
Utilizar as mídias atuais na educação poderá ser revolucionário se ocorrer
simultaneamente uma mudança dos paradigmas convencionais do ensino que
afastam professores e alunos. Para que haja a mudança esperada, e necessária,
dos paradigmas educacionais é importante que se estabeleça uma política de
formação adequada do professor.
Descobriu-se com essa pesquisa que a formação de professores,
especialmente antes de iniciarem sua carreira, não os está preparando para
trabalharem em salas de aula ricas em tecnologias.
Em suma a universidade busca uma formação diversificada buscando
embasamento histórico, filosófico e didático mas está presa nos pressupostos
teóricos com suas limitações orçamentárias, deixa a desejar no uso das novas
tecnologias.
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