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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS - CEJURS CURSO DE DIREITO A UNIÃO ESTÁVEL E A OBRIGAÇÃO ALIMENTAR ENTRE OS COMPANHEIROS. PRISCILA CAMILO Itajaí (SC), novembro de 2008.

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS - CEJURS

CURSO DE DIREITO

A UNIÃO ESTÁVEL E A OBRIGAÇÃO ALIMENTAR ENTRE OS COMPANHEIROS.

PRISCILA CAMILO

Itajaí (SC), novembro de 2008.

UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS E SOCIAIS - CEJURS

CURSO DE DIREITO

A UNIÃO ESTÁVEL E A OBRIGAÇÃO ALIMENTAR ENTRE OS COMPANHEIROS.

PRISCILA CAMILO

Monografia submetida à Universidade

do Vale do Itajaí – UNIVALI, como

requisito parcial à obtenção do grau

de Bacharel em Direito.

Orientador: Professora MSc Ana Lúcia Pedroni

Itajaí (SC), novembro de 2008.

AGRADECIMENTOS

A Deus, que posso confiar sempre.

Aos meus pais, pelo esforço, dedicação e

compreensão, em todos os momentos desta e

de outras caminhadas, permitindo que

realizasse esse sonho; e minha irmã pelo carinho

e colaboração.

A meu Namorado Álvaro Junior, por sua

paciência e todo seu carinho, sempre me

apoiando e ajudando.

A todos os professores pelo carinho, dedicação

e ensinamento transmitido ao longo do curso.

Especialmente a professora Ana Lucia Pedroni

que me auxiliou e incentivou na consecução

deste trabalho.

A minha grande amiga Pamela I. F. Trogue pela

força, incentivo, alegria de todos os dias e pela

amizade cultivada por 5 anos.

Meus amigos de turma pela alegria,

solidariedade e incentivo, proporcionados

nesses inesquecíveis cinco anos de minha vida.

Em especial a:

Sonia Maria Costa Demetrio e Silvana Duarte

Percio, amigas de todas as horas, pela

dedicação, pela alegria contagiante, carinho e

pela riqueza de conhecimentos que me

passaram.

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, pelas primeiras lições de minha

vida, pela oportunidade da realização deste

sonho

Ao meu Namorado Álvaro Junior, pela

convivência, força, amor e carinho.

A minha irmã, pelo incentivo, força e

colaboração.

TERMO DE ISENÇÃO DE RESPONSABILIDADE

Declaro, para todos os fins de direito, que assumo total responsabilidade

pelo aporte ideológico conferido ao presente trabalho, isentando a

Universidade do Vale do Itajaí, a coordenação do Curso de Direito, a Banca

Examinadora e o Orientador de toda e qualquer responsabilidade acerca

do mesmo.

Itajaí (SC), novembro de 2008.

Priscila Camilo

Graduanda

PÁGINA DE APROVAÇÃO

A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do

Vale do Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda Priscila Camilo, sob o

título “A União Estável e a Obrigação Alimentar entre os Companheiros”, foi

submetida em 19/11/2008 às 08:00, à banca examinadora composta pelos

seguintes professores: Ana Lucia Pedroni e Queila Jaqueline Nunes Martins ,

Itajaí/SC, novembro de 2008.

Prof. MSc. Ana Lucia Pedroni

Orientadora e Presidente da Banca

Prof. MSc. Antônio Augusto Lapa

Coordenação da Monografia

ROL DE CATEGORIAS

Rol de categorias1 que a Autora considera estratégicas à

compreensão do seu trabalho, com seus respectivos conceitos

operacionais2.

União Estável

“É a relação lícita entre um homem e uma mulher em constituição de

família, chamados os participes desta relação de companheiros”.3

Concubinato Puro

“Entendemos que se deve considerar puro o concubinato quando ele se

apresenta com os aludidos elementos do conceito expendido, ou seja,

como uma união duradoura, sem casamento, entre homem e mulher

constituindo-se família de fato, sem detrimento de família legitima. Assim

acontece quando se unem, por exemplo, os solteiros, os viúvos, os separados

judicialmente ou de fato, por mais de um ano, desde que respeitada outra

união concubinária”.4

Concubinato Impuro

“Tenha-se que o concubinato será impuro se for adulterino, incestuoso ou

desleal (relativa a outra união de fato), como o de um homem casado ou

1 “Categoria é a palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou à expressão de uma idéia”; PASOLD, César Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do Direito. 7. ed. Florianópolis: OAB/SC, 2002. p. 40.

2 “Conceito Operacional (= cop) é uma definição para uma palavra e expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das idéias que expomos”. PASOLD, César Luiz. Prática da pesquisa jurídica: idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do Direito. p. 56.

3 MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil: direito de familia. 38 ed. re. e atual. v 2. São Paulo. Saraiva, 2007.p 30.

4 AZEVEDO, Álvaro Vellaça. Estatudto da familia de fato: de acordo com o novo código civil. Lei n° 10.406 de 10-01-2002. 2 ed. São Paulo, Atlas 2002. p 190.

concubinado que mantenha, paralelamente a seu lar, outro de fato”.5

Alimentos

“Alimentos são prestações para satisfação das necessidades vitais de quem

não pode provê-lo por si. A expressão designa medidas diversas. Ora

significa o que é estritamente necessário à vida de uma pessoa,

compreendendo, tão somente, a alimentação, a cura, o vestuário e a

habitação, ora abrange outras necessidades, compreendidas as intelectuais

e morais, variando conforme a posição social da pessoa necessitada”.6

Dissolução da União Estável

“Pode-se afirmar que a dissolução das uniões de fato, sejam as mesmas

sociedades de fato ou não, opera-se tanto por vontade das partes quanto

pela morte de qualquer dos consortes. A dissolução por ato de vontade

pode efetivar-se por mútuo acordo ou por iniciativa de qualquer dos

companheiros, quando não mais houver interesse na continuidade da

convivência”.7

Companheiros Ou Conviventes

“Homem ou mulher partícipe da união estável. Adverte o art 1.724 do CC:

“As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de

lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos

filhos”. Não há confundir companheiro e concubino, pois enquanto a união

estável é, admitida pela lei, como forma lícita de união de fato (CF, art. 226,

§ 3°, e CC art. 1.723), o concubinato é a união entre homem e mulher em

5 AZEVEDO, Álvaro Vellaça. Estatudto da familia de fato: de acordo com o novo código civil.

Lei n° 10.406 de 10-01-2002. p 190

6 GOMES, Orlando. Direito de família. 14 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002. p. 427

7 LUZ, Valdemar P. da. Manual do advogado. 15 ed. rev. e ampl. Florianópolis: OAB/SC, 2002. p. 319

que um deles, ou ambos, estão impedidos de se casar (CC, art. 1.727)”.8

Obrigação Alimentar

“Obrigação do alimentante de prestar alimentos ao alimentado. Também se

diz pensão alimentícia”.9

Dever de Assistência Material Mútua

“A assistência material é o cuidado que uma pessoa tem pela outra,

fornecendo-lhe os meios necessários para sua subsistência, conforme a

possibilidade do assistente e a necessidade do assistido”.10

Família.

“Sociedade matrimonial formada pelo marido, mulher e filhos, ou conjunto

de pessoas ligadas por consangüinidade ou mero parentesco. Família

legitima é a que se constitui pelo casamento. O novo Código Civil acaba

com qualquer discriminação entre cônjuges e estabelece a igualdade entre

os filhos. A família passa a ser formada pelo casamento civil ou religioso, pela

união estável ou comunidade formada por qualquer dos pais com seus

descendentes”.11

Casamento

“Matrimônio; união entre homem e mulher, lícita e permanente. Definição de

Clovis Bevilacqua: “Contrato bilateral e solene, pelo qual um homem e uma

mulher se unem indissoluvelmente, legalizando por ele suas relações sexuais,

estabelecendo a mais estreita comunhão de vida e de interesses e

8 ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Dicionário Jurídico brasileiro. 12 ed, ampl. Ver e atual. São Paulo. Editora Jurídica Brasileira. 2004. p. 331.

9 ACQUAVIVA, Marcus Cláudio. Dicionário Jurídico brasileiro.2004 p. 952.

10 LISBOA. Roberto Senise. Manual de direito civil: direito de família e das sucessões. v.5. 3 ed. Ver atual e ampla. São Paulo. Revista dos Tribunais. 2004. p 60

11 GUIMARÃES, Deocleciano Torrieri. Dicionário Técnico Jurídico. 6. ed. rev. e atual. São

Paulo. Rideel, 2004. p 310.

comprometendo-se a criar e educar a prole que de ambos nascer”.12

12

GUIMARÃES, Deocleciano Torrieri. Dicionário Técnico Jurídico.2004,p 147.

SUMÁRIO

RESUMO................................................................................................ xii

INTRODUÇÃO.........................................................................................1

CAPÍTULO 1 ............................................................................................4

ALIMENTOS .............................................................................................4 1.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS ALIMENTOS ......................................... 4 1.2 ALIMENTOS NO CONTEXTO HISTÓRICO BRASILEIRO......................................... 6 1.3 CONCEITO............................................................................................................ 7 1.4 MODALIDADES E CARACTERÍSTICAS DOS ALIMENTOS ..................................... 8 1.5 NATUREZA JURÍDICA DOS ALIMENTOS ............................................................. 10 1.6 SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR............................................................ 12 1.6.1 Alimentos aos filhos menores ....................................................................... 14 1.6.2 Alimentos aos filhos maiores, pais e irmãos ............................................... 15 1.6.3 Alimentos decorrente do Casamento ......................................................... 17 1.6.4 Alimentos decorrentes da União Estável..................................................... 18 1.7 REQUISITOS PARA FIXAÇÃO DOS ALIMENTOS................................................. 20 1.7.1 Necessidade, Possibilidade e Proporcionalidade ..................................... 20 CAPÍTULO 2 ..........................................................................................23

UNIÃO ESTÁVEL....................................................................................23 2.1 UNIÃO ESTÁVEL NO DIREITO BRASILEIRO: EVOLUÇÃO HISTÓRICA ................ 23 2.1.1 Período anterior a C.R.F.B. 1988.................................................................... 25

2.1.2 Períodos posteriores a CRFB 1988 e as Leis regulamentadoras _ Lei

8.971/94 e Lei 9.278/96........................................................................................... 26

2.1.3 O atual C. Civil e a União Estável................................................................. 29

2.2 CONCEITO DE UNIÃO ESTÁVEL ......................................................................... 30

2.3 UNIÃO ESTÁVEL E CONCUBINATO.................................................................... 32

2.4 REQUISITOS ATUAIS PARA CONFIGURAÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL ................. 34

2.5 CONVERSÃO DA UNIÃO ESTÁVEL EM CASAMENTO ....................................... 37

2.6 CONSEQÜÊNCIAS PATRIMONIAIS E PESSOAIS DECORRENTES DA UNIÃO

ESTÁVEL .................................................................................................................... 39

CAPITULO 3 ..........................................................................................44

ALIMENTOS NA UNIÃO ESTÁVEL..........................................................44 3.1 RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL................................ 44

3.2 CONTRATO DE CONVIVÊNCIA ......................................................................... 46

3.2.1 Convenções entre companheiros ............................................................... 49

3.3 OBRIGAÇOES ENTRE COMPANHEIROS ............................................................ 51

3.4 MOTIVOS ENSEJADORES DA DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL .................... 53

3.4.1 Culpa............................................................................................................... 53

3.4.2 O elemento culpa como fator principal na obrigação alimentar ........... 54

3.5 ALIMENTOS E A DIFERENÇA ENTRE UNIÃO ESTÁVEL E CASAMENTO .............. 56

3.6 CAUSAS DE EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR .................................... 58

3.7 ALIMENTOS ENTRE COMPANHEIROS NA VISÃO DOS TRIBUNAIS.................... 60

CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................64

REFERÊNCIAS DAS FONTES CITADAS...................................................67

RESUMO

O presente trabalho monográfico tem como objetivo

abordar a união estável e a obrigação alimentar entre os companheiros.

Tendo como principal objetivo, pesquisar com base, na doutrina, legislação

e jurisprudência brasileira, o instituto da união estável e a obrigação

decorrente da dissolução da união estável. O método empregado, na fase

de investigação e na do relatório dos resultados foi o indutivo. O primeiro

Capitulo trata Os Alimentos em geral, sua origem e evolução histórica,

conceito, suas modalidades e características, natureza jurídica, seus sujeitos,

e finalmente as condições para prestação dos alimentos. O segundo

capitulo faz uma abordagem sobre o instituto da união estável, sua

evolução histórica, período anterior a Constituição Federal de 1988, bem

como o período posterior, até o atual código civil, sua conceituação,

requisitos para a configuração, conversão da união em casamento e por fim

as conseqüências patrimoniais e pessoais decorrentes da união estável. O

terceiro e último capitulo aborda os Alimentos na União Estável, tratando do

seu reconhecimento e a dissolução, bem como o contrato de convivência e

suas convenções, as obrigações entre os companheiros, os motivos

ensejadores da dissolução da união estável, como a culpa e o elemento

culpa como fator principal na obrigação alimentar, alimentos e a diferença

entre união estável e casamento, causas extintivas da obrigação alimentar,

e ao final os alimentos entre companheiros na visão dos tribunais.

1

INTRODUÇÃO

A presente Monografia tem como objeto a obrigação

alimentar na dissolução da união estável no Direito Brasileiro.

Seus objetivos são: institucional: produzir uma monografia

para obtenção de grau de bacharel em Direito pela Universidade de Vale

do Itajaí – UNIVALI; b) geral: verificar, com base, principalmente, na doutrina,

legislação e jurisprudência brasileira, os critérios de fixação dos alimentos

decorrentes da dissolução da união estável ; c) específicos: Pesquisar dados

históricos e atuais do instituto da união estável, a partir da doutrina, da

legislação pátria e da jurisprudências dos Tribunais dos Estados de Santa

Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo; investigar o instituto dos alimentos e

a possibilidade de serem fixados a quem deles necessitem, quando ocorrer a

dissolução da união estável.

A opção pelo tema deu-se ao grande interesse da

acadêmica durante o curso e estágio pelo Direito de Família brasileiro,

levando-a a aprofundar seu conhecimento no instituto da união estável e

dos alimentos.

A monografia encontra-se dividida em três capítulos.

Para tanto se inicia, no Capitulo primeiro com um estudo sobre Os Alimentos

em geral, sua origem e evolução histórica, conceito, suas modalidades e

características, natureza jurídica, seus sujeitos, e finalmente as condições

para prestação dos alimentos.

No Capitulo segundo, abordar-se-á o instituto da união

estável, apresentando sua evolução histórica o período anterior a

Constituição Federal de 1988, bem como o período posterior, o atual código

civil e a união estável, sua conceituação, os requisitos para a configuração

da união estável, a conversão da união em casamento e por fim a

2

conseqüência patrimonial e pessoal decorrente da união estável.

No terceiro e último Capitulo, o estudo será dedicado aos

Alimentos na União Estável, tratando do seu reconhecimento e a dissolução,

bem como o contrato de convivência e suas convenções, as obrigações

entre os companheiros, os motivos ensejadores da dissolução da união

estável, como a culpa e o elemento culpa como fator principal na

obrigação alimentar, alimentos e a diferença entre união estável e

casamento, causas extintivas da obrigação alimentar, e ao final os alimentos

entre companheiros na visão dos tribunais.

Para a presente monografia foram levantados os

seguintes problemas:

1) Quais os Requisitos que autorizam o

Reconhecimento da União Estável?

2) Em face da equiparação da União Estável ao

casamento, é possível afirmar que a aplicação dos princípios e normas

referentes aos alimentos são os mesmos para ambos os institutos?

3) Sobrevindo dissolução da União Estável, a obrigação

de assistência material permanece entre os companheiros?

Em resposta aos problemas, foram levantadas as

seguintes hipóteses:

1) Conforme o Código Civil, os requisitos autorizadores

do reconhecimento da união estável são: A convivência pública continua e

duradoura e estabelecida com objetivo de constituição de família. (art.

1.723 Código Civil).

2) O legislador não instituiu diferença, no que tange

aos alimentos, entre a União Estável e o Casamento, uma vez que nos termos

3

do art. 1.694 do Código Civil o companheiro figura em meio aqueles que

podem pleitear alimentos.

3) Uma das conseqüências da união estável, está

relacionada ao dever de assistência e considerando o dever do

companheiro em pensionar o outro que comprovadamente necessite dos

alimentos, a obrigação alimentar permanece entre os companheiros até

que sobrevenha qualquer causa de exoneração.

Em relação à metodologia13 empregada, registra-se que

nas fases de investigação e na do relatório dos resultados, foi utilizado o

método indutivo14.

Em benefício da existência de elevado número de

categorias e conceitos operacionais, importantes para a melhor

compreensão deste trabalho, optou-se pela elaboração de um rol

específico.

O presente Relatório de Pesquisa se encerra com as

Considerações Finais, nas quais são apresentados pontos conclusivos

destacados, seguidos da estimulação à continuidade dos estudos e das

reflexões sobre os critérios de fixação dos alimentos decorrente da

dissolução da união estável.

13 Na categoria metodologia estão implícitas duas categorias diferentes entre si: método de

investigação e técnica”. Conforme PASOLD, César Luiz. Prática da Pesquisa Jurídica – idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do Direito. 7 ed. Florianópolis: OAB/SC Editora, 2002, p.87 (destaque no original).

14 Método indutivo é “Base lógica da dinâmica da Pesquisa Científica que consiste em pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e coleciona-las de modo a ter uma percepção ou conclusão”. In: PASOLD, César Luiz. Prática da Pesquisa Jurídica – idéias e ferramentas úteis para o pesquisador do Direito. p. 238.

CAPÍTULO 1

ALIMENTOS

1.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DOS ALIMENTOS

Os alimentos desde os tempos mais remotos sempre

foram considerados de vital importância, eis que todo ser humano necessita

deles para sobreviver, porém com o passar dos tempos houve várias

mudanças no instituto dos alimentos, especialmente no direito romano,

quando passou a ser reconhecido juridicamente.

Conforme Buzzi15, não há um marco preciso do momento

histórico a partir do qual restou reconhecido o dever de alimentos, inclusive

no contexto da família.

No Direito Romano como explica Cahali16, a obrigação

alimentar versou primeiramente nas relações de clientela e patronato, vindo

a ser aplicada nas relações familiares mais tarde.

Neste sentido leciona Cahali17

Teria sido a partir do principado, em concomitância com a

progressiva afirmação de um conceito de família em que o

vínculo de sangue adquire uma importância maior, quando

então se assiste a uma paulatina transformação do dever

moral de socorro, embora largamente sentido, em obrigação

jurídica própria, a que corresponderia o direito alimentar,

15 BUZZI, Marco Aurélio Gastaldi. Alimentos transitórios: uma obrigação por tempo certo. 1° ed. Curitiba. 2003.p.28

16 CAHALI, Yussef Said. Dos alimentos.5 ed. Ver atual. e ampla. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais. 2006 p. 38

17 CAHALI, Yussef Said. Dos alimentos. 2006 p. 39.

5

tutelável através da cognitio extra ordinem; a controvérsia

então se desloca para extensão das pessoas vinculada à

obrigação alimentar

Observa-se dos ensinamentos de Cahali18 , que apesar da

importância dos alimentos, estes não foram mencionados nos primeiro

momentos da legislação romana, destacando que somente no período

Justiniano ocorre o reconhecimento da obrigação alimentar na relação de

parentesco em linha reta entre todos os ascendentes na família legítima,

bem como, entre ascendentes maternos, pai e descentes na família

ilegítima, admitida ainda a probabilidade de que durante esse período

houve a extensão de dever de alimentos à linha colateral.

De acordo com Cahali19, “O Direito Romano terá

conhecido a obrigação alimentícia fundada em várias causas: a) na

convenção; b) no testamento; c) na relação familiar; d) na relação de

patronato; e) na tutela”

No direito canônico, houve uma extensão no instituto dos

alimentos, vindo a ser reconhecido inclusive às relações extrafamiliares.20

Conforme Leciona Cahali21, a obrigação alimentar no

direito canônico teve uma grande expansão, sendo que, além das relações

decorrentes de vínculo sanguíneo, compreende também, às de origem

quase religiosas, como o clericato, o monastério e o patronato ou a de

origem espiritual; bem como, a obrigação alimentar recíproca entre

cônjuges, devido à definição sacramental dada ao matrimônio, ainda por

parte da igreja teria a obrigação de prestar alimentos ao asilado, motivo de

discussões entre os canonistas a existência de obrigação alimentar entre tio

e sobrinho e entre padrinho e afilhado.

18 CAHALI, Yussef Said. Dos alimentos, 2006 p. 40

19 CAHALI, Yussef Said. Dos alimentos, 2006. p. 38

20 CAHALI, Yussef Said. Dos alimentos. 2006 p. 41.

21 CAHALI, Yussef Said. Dos alimentos.2006 p. 41.

6

Assim, no que tange a origem dos alimentos observa-se

que existe uma grande controvérsia entre os doutrinadores em que época

da história surgiu à obrigação de prestar alimentos no instituto da família,

não se chegando a uma conclusão precisa sobre o surgimento da

obrigação alimentar.

1.2 ALIMENTOS NO CONTEXTO HISTÓRICO BRASILEIRO

Conforme leciona Buzzi22, “O direito brasileiro teve

lançadas as suas raízes no direito português”, e considerando a origem das

normas que disciplinam a questão dos alimentos, observa que:

Quando da descoberta o Brasil, o direito português regia-se

pelas Ordenações Manuelinas e, logo depois, pelas

Ordenações Filipinas que disciplinaram toda a Península

Ibérica e com ela as colônias portuguesas, transmudando o

direito brasileiro. Não houve alteração significativa quanto às

raízes fincadas sempre no direito canônico e no horror à família

ilegítima, em especial à adulterina. Aqui a eficácia da maior

parte das Ordenações Filipinas perdurou praticamente até o

Código Civil.

Cahali23 ensina que nas ordenações Filipinas foram

criadas os Textos; Liv. 1, TÍt. LXXXVIII 15 e Liv. 1, Tít. LXXXVIII 11; o primeiro texto

é o mais destacado pelos estudiosos, o qual tratava da proteção

orfanológica, com a indicação dos elementos que comporiam a obrigação;

já o segundo cuidava da assistência dos filhos ilegítimos.

Nessa fase ainda, teve um documento muito importante

que foi representado pelo assento de 09.04.1772 que proclamou “ser dever

de cada alimentar e sustentar a si mesmo”, onde ficaram esclarecidas

22 BUZZI, Marco Aurélio Gastaldi. Alimentos transitórios: uma obrigação por tempo certo, 2003 p. 31

23 CAHALI,Yussef Said. Dos Alimentos, 2006 p. 42

7

algumas exceções ao princípio da obrigação alimentar.24

Conforme leciona Cahali25, extrai da redação original do

Código Civil de 1916, que no tocante ao efeito jurídico da obrigação

alimentar, normatizou a questão, nos seguintes termos:

A obrigação alimentar familiar como efeito jurídico do

casamento, inserindo-a entre os deveres dos cônjuges sob

forma de “mútua assistência” (art. 231, III), ou de “sustento,

guarda e educação dos filhos” (art. 231, IV); ou fazendo

competir ao marido, como chefe da sociedade conjugal,

“prover a manutenção da família” (art. 233, IV); ou como

decorrência das relações de parentesco (art. 396 a 405).

Venosa26 observa que à “legislação complementar

posterior, por força das sensíveis transformações sociológicas da família,

introduziu várias nuanças na regulamentação do instituto.”

1.3 CONCEITO

Buzzi27, ao conceituar alimentos afirma que:“a palavra

alimento, empregada de modo comum, recorda ou indica aquilo que é

necessário ao consumo do ser humano, de modo que este possa se manter

vivo e, portanto, subsistir.”

Para Dias28, “todos têm direito de viver, e viver com

dignidade. Surge desse modo, o direito a alimentos como principio da

preservação da dignidade humana”.

Importante frisar que, nos dias de hoje, não é admitido

24 CAHALI,Yussef Said. Dos Alimentos. 2006 p. 42

25 CAHALI. Yussef Said. Dos alimentos. 2006 p. 43

26 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família . 6. ed.- São Paulo: Atlas 2006. p. 377.

27 BUZZI, Marco Aurélio Gastaldi. Alimentos transitórios: uma obrigação por tempo certo, 2003 p. 17

28 DIAS, Maria Berenice. Manual de direitos das famílias. 3. Ed. rev. Atual e ampl. São Paulo. Editora Revista dos Tribunais, 2006.p. 406

8

apenas os alimentos nutritivos ao alimentado, e sim, aqueles indispensáveis a

que o credor necessita, levando em consideração a possibilidade do

devedor29

Nesse sentido conceitua Demolombe, citado por Cahali30

que “a palavra compreende tudo que é necessário às necessidades da

existência: vestimenta, habitação, alimentação e remédios em caso de

doença.

Conforme Venosa31, “o ser humano, desde o nascimento

até sua morte, necessita de amparo de seus semelhantes e de bens

essências ou necessário para a sobrevivência.”

Nos dizeres de Venosa.32, os alimentos podem ser

entendidos como tudo aquilo necessário para a subsistência de uma pessoa.

Assim, à noção do instituto dos alimentos é acrescentada a obrigação de

alguém prover alimentos a outro que necessita, podendo-se chegar muito

facilmente em um dever jurídico.

1.4 MODALIDADES E CARACTERÍSTICAS DOS ALIMENTOS.

De acordo com a doutrina muitas são as características

empregadas aos alimentos, porém para o presente trabalho adota-se o

entendimento de Venosa33, que classifica as características dos alimentos,

da seguinte forma:

29 BUZZI, Marco Aurélio Gastaldi. Alimentos transitórios: uma obrigação por tempo certo, 2003 p. 18

30 CAHALI, Yussef Said. Dos alimentos, 4° ed. Ver. Atual. E ampl. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2002. p.16.

31 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 2006 p. 375

32 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 2006 p. 375

33 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 2006 p. 382/383.

9

a) Direito pessoal e intransferível – Os alimentos possuem

caráter personalíssimo, visto que, este instituto visa à

sobrevivência do alimentando, não podem ser transmitido a

outrem. Vale ressaltar, que os herdeiros respondem pelos

débitos de prestação alimentícia deixados pelo alimentante34

b) Irrenunciabilidade – “O direito pode deixar de ser exercido,

mas não pode ser renunciado, mormente quanto aos

alimentos derivados do parentesco”. Dispõe o art. 1.707 do

vigente Código: “Pode o credor não exercer, porém lhe é

vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo

crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora.”

Entretanto na separação ou no divórcio pode ocorrer a

dispensa dos alimentos, entre os cônjuges, visto que estes não

são parentes.35

c) Impossibilidade de restituição – “Não há direito a repetição

dos alimentos pagos, tanto os provisionais como os definitivos.”

Mesmo que impetrado recurso, e este venha modificar a

decisão que fixou o ônus alimentar, suprimindo-os ou

minorando-os. A restituição é admissível no caso de erro

quanto à pessoa.36

d) Incompensabilidade – A pensão alimentícia não se

compensa, tendo em vista a finalidade dos alimentos, qual

seja a subsistência da pessoa.37

e) Impenhorabilidade – Pela mesma razão citada à cima, os

alimentos não podem ser penhorados.38

f) Impossibilidade de transação - A transação dos alimentos

não é possível, assim como a renúncia, tendo em vista se tratar

de Direito disponível. Somente é aceita a transação nos

direitos patrimoniais de caráter privado.39

34 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família, 2006 p. 383.

35 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 2006 p. 383.

36 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 2006 p 384.

37 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 2006 p. 384.

38 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 2006 p. 385.

39 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 2006 p. 385.

10

g) Imprescritibilidade – “O direito de alimentos, contudo é

imprescritível”, tendo em vista, que a qualquer momento a

pessoa pode vim a necessitar dos alimentos.40

h) Variabilidade – “A pensão alimentícia é variável, segundo as

circunstâncias dos envolvidos na época do pagamento.

Modificadas as situações econômicas e as necessidades das

partes, deve ser alterado o montante da prestação, podendo

ocorrer sua extinção. Daí por que o art. 1.699 permite a

revisão, redução, majoração ou exoneração do encargo.” 41

i) Periodicidade – A prestação alimentícia deve ser periódica,

assim atende à necessidade do alimentando. Geralmente é

mensal, mais nada impede que seja fixado em outros

períodos, não se prolongando muito.42

j) Divisibilidade – O dever de alimentos é divisível, entres os

parentes, assim, vários parentes podem contribuir apenas com

uma quota alimentícia, de acordo com a possibilidade de

cada um.43

Diante do exposto, observa-se que são várias as

modalidades e características da obrigação alimentar, porém, existe as mais

importante como á pessoal e intransferível tendo em vista ser este instituto de

caráter personalíssimo, na medida que visa a sobrevivência da pessoa que

necessita de auxilio, portanto não podendo ser transferido; outra

característica importante é a Irrrestitubilidade, pois, uma vez pagos, os

alimentos não podem ser devolvidos, pois se trata de verba alimentar, assim

estes são consumidos, salvo se pago por erro valor maior que o devido.

1.5 NATUREZA JURÍDICA DOS ALIMENTOS

40 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 2006 p. 385.

41 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 2006 p. 385

42 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 2006 p. 385/386.

43 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 2006 p. 386

11

De acordo com Cahali44, os alimentos se distinguem em

naturais, que são aqueles necessários à subsistência do ser humano,

composto pela “alimentação, a cura, o vestuário e a habilitação; e os civis,

estes que compreendem as necessidades intelectuais e morais, inclusive a

recreação do alimentado.

Herrera, citado por Cahali45,

Estabelece a mesma distinção, utilizando nomenclatura

diversa: alimentos côngrus e alimentos necessários: por

alimentos côngrus entende-se o dever de ministrar comida,

vestuário, habilitação e demais recursos econômicos

necessários, tomando-se e, consideração a idade, a condição

social e demais circunstância pertinentes ao familiar em

situação de necessidade; de modo diverso, os alimentos

necessários, se bem que igualmente compreensivos da

comida, do vestuário, da habilitação, reclamados pelo

alimentando, devem ser calculados à base do mínimo

indispensável para qualquer pessoa sobreviver, sem tomar em

consideração as condições próprias do beneficiário.

Para Dias46, os alimentos naturais (art. 1.694, § 2° do

Código Civil.) são aqueles indispensáveis à subsistência, por exemplo.

vestuário, saúde, habitação, educação, etc; já os civis (art. 1694, caput,

Código Civil.) são aqueles providos no sentido de se manter uma qualidade

de vida, ou para que não desconfigure o status social.

Dessa forma, têm-se dois tipos de alimentos quanto à

natureza jurídica, os naturais: compreendendo a alimentação, o vestuário a

saúde e a habitação; e os civis: mais abrangentes, alcançando os estudos,

lazer e/ou outros para manter-se um melhor padrão de vida.

44 CAHALI. Yussef Said. Dos alimentos. 2002 p. 18.

45 CAHALI. Yussef Said. Dos alimentos. 2002 p. 19

46 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p. 407

12

1.6 SUJEITOS DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR

O artigo 229 da Constituição Federa47l estampara:

Art. 229: Os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos

menores e os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar

os pais na velhice, carência ou enfermidade.

Conforme leciona Venosa48, “o direito à prestação é

recíproca entre pais e filhos, extensivo a todos os ascendentes, recaindo a

obrigação nos mais próximos em graus, uns em falta de outro.”

Assim dispõe o art. 1.694 do Código Civil49:

Art. 1694: Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros

pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver

de modo compatível com sua condição social, inclusive para

atender às necessidades de sua educação.

1°. Os alimentos devem ser fixados na proporção das

necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa

obrigada.

2°. Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência,

quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem

os pleiteia.

Assim afirma Diniz50, quando se refere que os alimentos

são devidos somente por pessoas que procedem ao mesmo tronco

ancestral. Recaindo nos parentes mais próximos passando aos mais remotos,

na ausência uns dos outros. “O alimentando não poderá, ao seu bel prazer,

escolher o parente que deverá prover seu sustento”.

47 BRASIL. Constituição [1988]. Constituição da República Federativa do Brasil. Vade Mecum. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2007.

48 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 2006 p. 386.

49 BRASIL. Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasília, DF. Disponível:

<http://www.senado.gov.br������������������������

>. Acesso em 05 de Novembro de 2008. 50 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, v.5: direito de família. 18. ed – São Paulo: Saraiva 2002.p. 478

13

Sobre a quem deve ser pleiteados os alimentos afirma

Diniz51

Quem necessitar de alimentos deverá pedi-los, primeiramente,

ao pai ou à mãe. Na falta deste, às avós paternos ou avós

maternos; na ausência deste aos bisavós e assim

sucessivamente. Não havendo ascendentes compete aos

descendentes, ou seja, aos filhos maiores, independentemente

da qualidade da filiação.

Deste modo, se os pais não puderem ser acionados à

lide, por qualquer motivo, seja por falta destes, ou por impossibilidade, serão

chamadas as avós. No caso de propositura da ação contra os filhos, estes

não podendo prover à obrigação, serão chamados os netos. A linha

alimentar se da na linha reta primeiramente, na ausência ou impedimento,

se estende até os parentes colaterais de 2° grau, ou seja, irmãos.52

O art. 1698 do Código Civil dispões que:

Art. 1698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar,

não estiver em condições de suportar totalmente o encargo,

serão chamados a concorrer os de graus imediatos; sendo

várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem

concorrer na proporção dos respectivos recursos, e intentada

ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a

integrar a lide.

De acordo com Rizzardo53 podem ainda pleitear

alimentos os cônjuges que devem socorrer mutuamente, a obrigação se

extingue quando um deles dispõe de condições pra prover com seu próprio

sustento, ou quando se afastar do lar conjugal sem motivos, ou ainda,

quando em ação de separação for declarado culpado.

51 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro. 2002 p. 478

52 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 2006 p. 387/388.

53 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família Lei n°10.406, de 10.01.2002. Rio de Janeiro: Forense, 2006. p. 747.

14

1.6.1 Alimentos aos filhos menores.

Cahali54 identifica em sua obra, inclusive amparado na

Lei, duas ordens de obrigação alimentar, qual seja: “uma resultante do pátrio

poder, consubstanciado na obrigação de sustento da prole durante a

menoridade; e outra mais ampla de caráter geral fora do pátrio poder e

vinculada à relação de parentesco em linha reta.”

Quanto a obrigação alimentar aos filhos menores

Cahali55, conceitua: “sendo menores e submetidos ao poder familiar, não há

um direito autônomo de alimentos, mais sim uma obrigação genérica e mais

ampla de assistência paterna representada pelo dever de criar e sustentar a

prole”.

Rizzardo56 observa que, “especialmente aos filhos

menores, ou incapazes, a obrigação de prestar alimentos é um dos deveres

inerentes ao poder marital, mais propriamente poder familiar.”

Pode-se dizer que este poder, decorre do próprio poder

natural, onde é inerente ao instinto humano, criar, amparar e preparar a

prole para o futuro.57

Nesse sentido leciona Venosa58.

No decorrer de nosso estudo, mormente quanto ao poder

familiar, enfatizou-se que o dever de os pais proverem a

subsistência e educação dos filhos é fundamental. Esse dever

transmuta-se na obrigação legal de prestar alimentos. Não

somente o Código Civil, como também a Lei do Divórcio,

preocuparam-se com o problema. Nesse sentido, o art. 20

deste último diploma menciona que os cônjuges separados

54 CAHALI. Yussef Said. Dos alimentos. 2002 p. 349

55 CAHALI. Yussef Said. Dos alimentos. 2002 p. 349

56 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família Lei n°10.406, de 10.01.2002, 2006 p. 752.

57 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família Lei n°10.406, de 10.01.2002. 2006 p.753.

58 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 2006 p. 389

15

deverão contribuir na proporção de seus recursos para a

manutenção dos filhos.

A obrigação alimentar existe até quando os filhos

completarem a maioridade, independentemente das necessidades deste, e

impossibilidade material de quem os tem que arcar com o ônus, visto que,

ainda que pobre, não se exonera de prestar com os alimentos aos filhos

menores, alguma coisa de seus ganhos deverá repassar aos filhos.59

1.6.2 Alimentos aos filhos maiores, pais e irmãos.

A preocupação social recai mais comumente quanto à

obrigação alimentar aos filhos menores, o dever também existi quanto aos

parentes, estes que carentes de meios econômicos, também podem pleitear

alimentos.60

Aos filhos menores, a obrigação dos pais de prestar

alimentos se estende a assistência material, moral e afetivo; quando se refere

aos filhos maiores e outros parentes, esta obrigação se resume em material e

para a subsistência.61

De acordo com Venosa62, “com relação aos filhos que

atingem a maioridade, a idéia que deve predominar é que os alimentos

cessam com ela.”

Porém, a obrigação alimentar ao filho maior poderá

estender-se por mais um tempo, até que este complete seus estudos em

curso superior ou profissionalizante. Por entendimento relacionado à

dependência para imposto de Renda, esta obrigação poderá perdurar até

59 CAHALI. Yussef Said. Dos alimentos. 2002 p. 349

60 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 2006 p. 390.

61 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família Lei n°10.406, de 10.01.2002. 2006 p.760.

62 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 2006 p. 390

16

os 24 anos de idade e em alguns casos, que seja considerado o estado de

saúde do alimentando, a prestação alimentar se prorrogará além da

maioridade.63

Sobre o tema, Cahali64 afirma que:

A obrigação alimentar é recíproca (CC, art. 1.696), nasce

depois de cessada a menoridade e, com isso, o poder familiar,

não mais encontrado limitação temporal; sujeita-se, contudo,

aos pressupostos da necessidade do alimentando e das

possibilidades do alimentante (CC, art. 1.695), exaurindo-se o

seu adimplemento numa obrigação de dar, representada

pela prestação periódica de uma quantia fixada segundo

aquelas condições; em tese, não compreende,

necessariamente, as despesas com a educação.

Em relação à obrigação alimentar aos irmãos, unilaterais

ou bilaterais, podem estes pleitear alimentos reciprocamente, em

conseqüência do dever de assistência mutua entre familiares, atentando-se,

que somente na hipótese de não existirem, ascendentes ou descendentes

em condições de alimentá-los.65

Quantos aos alimentos para os ascendentes, leciona

Rizzardo66, que “na falta dos pais os ascendentes encontram nos filhos, netos

e bisnetos o respaldo para subsistirem.”

De acordo com Pontes citado por Rizzardo 67, é razoável,

que se o pai, o avô e o bisavô possuem a obrigação de sustentarem aqueles

a quem deram a vida, injusto seria que o filho, neto ou bisneto não fossem

obrigados a alimentar seus ascendentes necessitados.

63 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família.2006 p. 390

64 CAHALI. Yussef Said. Dos alimentos. 2002 p. 455

65 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 2006 p. 391

66 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família Lei n°10.406, de 10.01.2002. 2006 p.763

67 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família Lei n°10.406, de 10.01.2002. 2006 p.764

17

1.6.3 Alimentos decorrente do Casamento.

Como já destacado, entre os cônjuges, prevalece dentre

os direitos decorrentes da união, o de mútua assistência, embora a

expressão “mútua assistência” não se abragem apenas aos alimentos; a

regra é que em caso de separação judicial ou de fato o varão prestará

alimentos à virago68

Conforme reza o art. 1.566, inciso III, do Código Civil “São

deveres de ambos os cônjuges: mútua assistência”. Por força desse dever,

surge o entendimento da obrigação alimentar a partir do Casamento69

No entendimento de Rizzardo70 no tocante a mútua

assistência o autor destaca o seguinte:

A mútua assistência abrange os cuidados que um cônjuge

está obrigado a devotar ao outro, tanto na doença, nas

adversidades, no âmbito afetivo, como no setor material,

concentrando-se o cuidado nos alimentos, que abrange a

alimentação, o vestuário, o transporte, os medicamentos, a

moradia e até doenças.

O Código Civil também preleciona as possibilidades de

alimentos em decorrência da extinção da sociedade conjugal71

Art. 1.702. Na separação judicial litigiosa, sendo um dos

cônjuges inocentes e desprovido de recursos, presta-lhe-á o

outro a pensão alimentícia que o juiz fixar, obedecidos os

critérios estabelecidos no artigo 1.694.

Art. 1.703. Para a manutenção dos filhos, os cônjuges

separados judicialmente contribuirão na proporção de seus

recursos.

Art. 1.704. Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a

68 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 2006 p. 391

69 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 2006 p. 391

70 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família Lei n°10.406, de 10.01.2002. 2006 p.765

71 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 2006 p. 392

18

necessitar de alimentos, será o outro obrigado a prestá-los

mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha sido

declarado culpado na ação de separação judicial.

Parágrafo único. Se o cônjuge declarado culpado vier a

necessitar de alimentos, e não tiver parentes em condições de

prestá-los, nem aptidão para trabalho, o outro cônjuge será

obrigado a assegurá-lo, fixando o juiz o valor indispensável à

sobrevivência.

Conforme leciona Venosa72,“com a igualdade de direitos

entre os cônjuges, estabelecida no ordenamento constitucional, nada obsta,

perante os pressupostos legais, que o homem venha pedir alimentos à

mulher.”

Na concepção de Venosa73, o fato de o casal estar

vivendo sobre o mesmo teto, não é impedido aquele, que não está sendo

suprido pelo outro de pleitear alimentos, desde que comprove a

necessidade; vale ressaltar, que, a fixação de alimentos não está vinculada

à separação judicial do casal, aqueles separados de fato tem o mesmo

direito.

1.6.4 Alimentos decorrentes da União Estável

A legislação vigente reconhece a obrigação alimentar

aos companheiro, consolidada na Lei 8.971/9474:

Art. 1°. A companheira comprovada de um homem solteiro,

separado judicialmente, divorciado ou viúvo, que com ele

viva há mais de 05 (cinco) anos, ou dele tenha prole, poderá

valer-se do disposto na Lei n° 5.478, de 25 de junho de 1.968,

72 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 2006 p. 392.

73 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 2006 p. 392

74 BRASIL. Lei nº 8.971/94 de 29 de dezembro de 1994. Regula o direito dos companheiros a

alimentos e à sucessão. Disponível: <http://www.senado.gov.br������������������������

>. Acesso em 02 de Novembro de 2008

19

enquanto não constituir nova união e desde que prove a

necessidade.

Parágrafo único. Igual direito e nas mesmas condições é

reconhecido ao companheiro de mulher solteira, separada

judicialmente, divorciada ou viúva.

Ainda dispõe a Lei 9.278/9675:

Art. 1°. É reconhecida como entidade familiar a convivência

duradoura, pública e contínua, de um homem e uma mulher,

estabelecida com objetivo de constituição de família.

Art. 2°. São direitos e deveres iguais dos conviventes:

I – respeito e consideração mútua;

II – assistência moral e material recíproca;

III – guarda, sustento e educação dos filhos comuns.

E no Código Civil:

Art. 1.694 Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros

pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem parta

viver de modo compatível com a sua condição social,

inclusive para atender às necessidades de sua educação.

Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união

estável entre o homem e a mulher, configurada na

convivência pública , contínua e duradoura e estabelecida

com objetivo de constituição de família.

Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros

obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência,

de guarda, sustento e educação dos filhos.

Conforme Venosa76, “antes dessas leis, não havia

obrigação alimentar decorrente do companheirismo na lei, e os reflexos

patrimoniais eram conferidos a outro título, sem relação com o instituto.”

75 BRASIL. Lei nº 9.278/96 de 10 de maio de 1996. Regula o § 3° do art. 226 da Constituição

Federal. Disponível: <http://www.senado.gov.br������������������������

>. Acesso em 02 de Novembro de 2008.

76 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 2006 p. 397

20

Para o reconhecimento da união estável, conforme a Lei

9278/96 nada impede que os companheiros sejam, casados com terceiros,

separados de fato ou não; diferente da Lei anterior n° 8.971/94, que se refere

em seu art 1° a convivência de pessoas solteiras, separadas judicialmente,

divorciada ou viúva. Assim é possível a obrigação alimentar devida a mais

de um ex-cônjuge ou, como ao cônjuge e concubina simultaneamente77.

Os companheiros não estão sujeitos a uma investigação

para provar a culpa da dissolução, diferente dos cônjuges que comprovada

a culpa teria um achatamento aos alimentos78.

Para Dias79,”falar em direitos e deveres na união estável

sempre acaba levando a um cotejo com os direitos e deveres do

casamento. Ambas são entidades merecedoras da mesma e especial tutela

do Estado”.

1.7 REQUISITOS PARA FIXAÇÃO DOS ALIMENTOS.

Para a fixação dos alimentos, alguns requisitos devem ser

observados, notadamente no que diz respeito aos princípios da

necessidade, possibilidade e proporcionalidade.

1.7.1 Necessidade, Possibilidade e Proporcionalidade

De acordo com Cahali80, “os alimentos devem ser fixados

na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa

obrigada; é regra do art.1.694, 1° do Código Civil de 2002”.

77 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 2006 p. 398

78 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias, 2006. p. 420.

79 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p.153.

80 CAHALI. Yussef Said. Dos alimentos. 2002 p. 516

21

Art.1694 [...]

1°. Os alimentos devem ser fixados na proporção das

necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa

obrigada.

Ainda estabelece o Código Civil:

Art. 1.695. São devidos os alimentos quando quem os pretende

não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho,

à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode

fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.

O Código Civil é vago em estabelecer um percentual

para a fixação da prestação alimentícia, o pressuposto da possibilidade e

necessidade resolve-se em juízo.

Sobre a fixação dos alimentos Dias81 afirma:

A regra para fixação é vaga e representa apenas um stardard

jurídico. Dessa forma, abre-se ao juiz um extenso campo de

ação, capaz de possibilitar o enquadramento dos mais

variados casos individuais. Para definir valores, há que se

atentar ao dogma que norteia a obrigação alimentar: o

princípio da proporcionalidade. Esse é o vetor para a fixação

dos alimentos. Tradicionalmente, invoca-se o binômio

necessidade-possibilidade, ou seja perquirem-se as

necessidades do alimentando e as possibilidades do

alimentante para estabelecer o valor da pensão.

Conforme Venosa82 “não tem o alimentante por seu lado,

obrigação de dividir sua fortuna com o necessitado. O espírito dos alimentos

não é esse”.

De acordo com Rodrigues citado por Cahali83, “Não

significa que considerando essas duas grandezas (necessidades e

81 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p.432/433

82 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 2006 p. 400

83 CAHALI. Yussef Said. Dos alimentos. 2002 p. 516

22

possibilidade) se deva inexoravelmente tirar uma resultante aritmética”. Ou

seja, o juiz nem sempre pode fixar alimentos em patamar igual a todos,

tendo em vista à possibilidade maior ou menor do alimentante, e as

necessidades menores ou maiores do alimentado.

É bastante comum ao conhecimento da Ação de

Alimentos, o alimentante esconder seus bens, para apresentar-se em juízo

como pobre eremita, daí a importância da comprovação dos ganhos do

alimentante84.

Para Dias85, a forma mais segura para fixação dos

alimentos é o da “vinculação aos rendimentos” de quem é obrigado a

alimentar. Porém quando o alimentante é autônomo ou empresário, a

comprovação de seus ganhos tem maior dificuldade, por este motivo é

autorizada a quebra do sigilo bancário, ou também pode o juiz solicitar a

receita federal cópia da declaração de rendas.

Na seqüência, tratar-se-á sobre o instituto da União

Estável diante do atual Código Civil Brasileiro, seus efeitos jurídicos

decorrentes da ruptura da união estável, tanto na esfera pessoal como na

esfera patrimonial.

84 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil: direito de família. 2006 p. 400

85 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p.433.

23

CAPÍTULO 2

UNIÃO ESTÁVEL

2.1 UNIÃO ESTÁVEL NO DIREITO BRASILEIRO: EVOLUÇÃO HISTÓRICA

Desde a instituição do casamento no direito brasileiro,

seja ele religioso ou civil, concomitantemente sempre existiram as relações

extramatrimoniais.

De Acordo com Dias86, “O Código Civil de 1916, com o

propósito de proteger a família constituída pelos sagrados laços do

matrimonio, omitiu-se em regular as relações extramatrimoniais”.

A legislação além de não proteger a união

extramatrimonial, ainda puniu, vedando doações, a instituição de seguro e a

possibilidade de a concubina ser beneficiada por testamento87.

Esta relação era chamada de concubinato e em razão

da dissolução destas uniões, por separação ou por morte de um dos

companheiros, demandas começaram a surgir no Poder Judiciário, onde

eram apenas solucionadas as questões patrimoniais88.

Sobre este assusto, leciona Dias89

Em um primeiro momento, nas situações em que a mulher não

exercia atividade remunerada e não tinha outra fonte de

86 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p. 144.

87 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p. 144.

88 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p. 144.

89 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p.145.

24

renda, os tribunais concediam alimentos de forma camuflada,

sob o nome de indenização por serviços domésticos, talvez em

compensação dos serviços de cama e mesa prestados por

ela. O fulcro das decisões era a inadmissibilidade do

enriquecimento ilícito: o homem que se aproveitava do

trabalho e da dedicação de uma mulher não pode

abandoná-la sem indenização, nem seus herdeiros podem

receber herança sem desconto do que corresponderia ao

ressarcimento.

A justiça passou a reconhecer a sociedade de fato,

diante de várias reclamações, mais do que justas.

A divisão do patrimônio adquirido pelos companheiros

passava por algumas exigências, como: “prova da contribuição financeira

efetiva de cada consorte pra a constituição do patrimônio”, assim, os

companheiros eram considerados como sócios90·.

Como leciona Menezes citado por Dias91:

A jurisprudência chegou mesmo a estabelecer formas criativas

de repartição patrimonial, dando relevo ao trabalho do lar,

presumindo nos estratos de baixa renda a contribuição da

mulher, a comunhão de interesse e de esforços. Todavia nada

mais se cogitava conceder, nem alimentos, nem direitos

sucessórios.

As crescentes demandas envolvendo a dissolução de

uniões combinarias e também o grande número de casais vivendo sob essa

condição, além dos filhos advindos de uniões não reconhecidas pelo Estado

fez com que o Legislador inserisse no texto da Constituição Federal de 1988,

o reconhecimento da união estável, como entidade familiar.

Dias92, comenta que a “entidade familiar”, foi introduzida

90 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p.145.

91 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias 2006 p. 61.

92 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p.145.

25

na Constituição Federal graças a evolução dos costumes, que fizeram com

que as relações extramatrimoniais, fossem aceitas pela sociedade. Assim, o

concubinato passou a ser chamado de união estável e da clandestinidade

legal à absoluta Legalidade.

2.1.1 Período anterior a Constituição da República Federativa do Brasil de

1988

Através do decreto n° 181 de 24 de Janeiro de 1890, foi

instituído o casamento civil no direito brasileiro, e em matéria deste instituto o

formalismo tomou conta da legislação, reeditando essa norma na

Constituição Federal de 1891, e no Código Civil de 1916.93

Para Azevedo94, “com isso, deixou o Estado brasileiro não

só de considerar o casamento de fato, bem como o casamento religioso,

que, hoje, por si só, sem o posterior registro é considerado concubinato”.

Pelo formalismo, haja vista que até 1977, o casamento

era indissolúvel e em razão das várias dificuldades de separação, bem como

pela dificuldade de registrar o casamento religioso, nasce uma nova

disposição de constituição de família, o concubinato. A ausência de registro

civil do casamento, alicerce de constituição de família implica

concubinato.95

Ainda Azevedo96 afirma que:

Embora a sociedade brasileira reprovasse o concubinato,

também como forma de constituição familiar, no começo do

93 AZEVEDO, Álvaro Villaça. Estatuto da familia de fato: de acordo com o novo código civil.

Lei n° 10.406 de 10-01-2002. 2002 p 192

94 AZEVEDO, Álvaro Villaça. Estatuto da familia de fato: de acordo com o novo código civil. Lei n° 10.406 de 10-01-2002. 2002 p 192

95 AZEVEDO, Álvaro Villaça. Estatuto da familia de fato: de acordo com o novo código civil. Lei n° 10.406 de 10-01-2002. 2002 p 192

96 AZEVEDO, Álvaro Villaça. Estatuto da familia de fato: de acordo com o novo código civil. Lei n° 10.406 de 10-01-2002. 2002 p 193

26

século, o certo é que, com esse número crescente de

desquitados, impossibilitados de casarem-se, eles constituíram

suas novas famílias, à margem da proteção legal cumprindo o

designo da lei natural de que o homem é animal gregário e

necessita dessa convivência no lar.

Conforme Azevedo97, “mesmo com o surgimento do

divórcio, entre nós, pela Lei n° 6.51598 de 26 de janeiro de 1977, não surgiu o

efeito esperado, que todos se divorciassem, para casarem-se a pós”99.

O povo brasileiro continuou mantendo e formando

família pelo modo da união estável, pois assim, acostumaram-se não

reagindo a solução tardia do legislador. Não poderiam esperar até o final de

1977, para constituírem suas novas famílias.100

Somente com a Constituição Federal de 1988, a união

estável foi reconhecida como entidade familiar.

2.1.2 Períodos posteriores a Constituição da República Federativa do Brasil

1988 e as Leis regulamentadoras _ Lei 8.971/94 e Lei 9.278/96

Para Dias101, “a Constituição, ao garantir especial

proteção à família, citou algumas entidades familiares, as mais freqüentes,

mas não as desigualou”.

Assim, não dispensando tratamento diferenciado a cada

97 AZEVEDO, Álvaro Villaça. Estatudto da familia de fato: de acordó com o novo código civil.

Lei n° 10.406 de 10-01-2002. 2002 p 193

98 BRASIL. Lei 6.515/77 de 26 de dezembro de 1977. Regula os casos de dissolução da sociedade conjugal e do casamento, seus efeitos e respectivos processos, e da outra providencia. Disponível: http://www.senado.gov.br. Acesso em 06 de Novembro de 2008.

99 AZEVEDO, Álvaro Villaça. Estatudto da familia de fato: de acordó com o novo código civil. Lei n° 10.406 de 10-01-2002. 2002 p 193

100 AZEVEDO, Álvaro Villaça. Estatudto da familia de fato: de acordó com o novo código civil. Lei n° 10.406 de 10-01-2002. 2002 p 193

101 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p.146.

27

uma delas, lembrando que o fato de citar em primeiro lugar o casamento,

logo depois a união estável e por último a família monoparental, não

significa qualquer preferência entre elas102.

Discorre Dias103 “ainda que a união estável não se

confunda com o casamento, ocorreu a equiparação das entidades

familiares, sendo ambas merecedoras da mesma proteção”.

Leciona Venosa104,“introduzida a dicção constitucional a

respeito da união estável reconhecida como entidade familiar (art. 226, 3°),

duas sortes distintas de interpretação têm sido percebida na doutrina e nos

julgados”.

A primeira orientação, se da no sentido de que o

concubinato é equiparado aos casamentos, ou seja, os direitos da união

estável não diferem dos casamentos; O seguinte argumento refere-se à

facilitação da conversão da união estável em casamento105

Ainda neste mesmo sentindo aduz Dias106, “que a esse

tratamento equalizador foram fiéis as primeiras leis que regulamentaram a

união estável, não estabelecendo diferenciações ou revelando

preferência”.

Sobre o assunto doutrina Oliveira107, “em face do

mandamento constitucional de proteção à união estável como entidade

familiar, foram editadas, em curto espaço de tempo duas leis especiais sobre

a matéria”.

102 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p.146.

103 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p.146.

104 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direito de família. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2003. p.57

105 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direito de família. 2003. p.57

106 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p.146

107 OLIVEIRA, Euclides de. União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil. 2003 p. 88.

28

A Lei 8.971 de 29 de Dezembro de 1994 teve origem no

Projeto 37/92 do Senado Federal, por iniciativa do Senador Nelson

Carneiro108.

De forma bem abreviada, em três artigos de importância,

a Lei demarca a situação de companheiros, para os fins decorrentes da

união estável, bem como a convivência entre homem e mulher solteiros,

separados judicialmente, divorciados, ou viúvos, por um período maior há

cinco anos, ou com família constituída desta união 109.

Em seu artigo 1° a Lei cuida dos alimentos, dependente a

necessidade do requerente e a inexistência de outra união; No artigo 2°

dispões sobre direito à herança; Por último reza em seu artigo 3° sobre a

meação do companheiro sobre os bens deixados pelo autor da herança110.

Oliveira111 explica que “em face da manifesta

insuficiência conceptual e da apontadas falhas da Lei 8.871/94, logo se

pensou em modificá-la por um diploma legal mais abrangente”.

Assim, em 1996, foi editada a Lei 9.278/96 e sobre esta lei,

ressalta Dias112:

A Lei 9.278/1996 teve maior campo de abrangência. Para o

reconhecimento da união estável, não quantificou prazo de

convivência e albergou as relações entre pessoas separadas

de fato. Além de fixar a competência das varas de família

para o julgamento dos litígios, reconheceu o direito real de

habitação. Gerou a presunção júris et de jure de que os bens

108 OLIVEIRA, Euclides de União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do

novo código civil. 2003 p. 89.

109 OLIVEIRA, Euclides de União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil. 2003 p. 89.

110 OLIVEIRA, Euclides de União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil. 2003 p. 89

111 OLIVEIRA, Euclides de União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil. 2003 p. 93

112 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p.146.

29

adquiridos a título oneroso na constância da convivência são

fruto do esforço comum, afastando questionamento sobre a

efetiva participação de cada parceiro para proceder à

partilha igualitária dos bens.

A referida Lei compõe-se de 11 (onze) artigos, que

acabaram sendo reduzidos em 08 (oito), por conta do veto dos artigos 3°, 4°

e 6°, “exatamente aqueles de maior impacto, que dispunham sobre o

contrato de vida em comum, o destrato e o registro desses instrumentos nos

Cartórios do Registro Civil e do Registro de Imóveis” 113.

2.1.3 O atual Código Civil e a União Estável

De acordo com Cahali114, “a versão primitiva do projeto

do Código Civil nada dispunha sobre a união estável, marcando a

subsistência das restrições ao concubinato e o prestigio ao casamento como

forma exclusiva de constituição da família brasileira”.

Depois de várias relutâncias iniciais, por iniciativa do

Senado Federal, por algumas emendas propostas, foi embutido no Livro

próprio do Direito de Família o Título III, onde trata a União Estável115

Sendo introduzidos os seguintes artigos:

Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união

estável entre o homem e a mulher, configurada na

convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida

com o objetivo de constituição de família.

§ 1°. A união estável não se constituirá se ocorrerem os

impedimentos do art. 1.521; não se aplicando a incidência do

113 OLIVEIRA, Euclides de União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do

novo código civil. 2003 p. 93

114 CAHALI, Francis José. Contrato de Convivência na união estável. São Paulo: Saraiva, 2002. p. 227.

115 CAHALI, Francis José. Contrato de Convivência na união estável. 2002 p. 227

30

inciso VI no caso de a pessoa casada se achar separada de

fato ou judicialmente.

§ 2°. As causas suspensivas do art. 1.523 não impedirão a

caracterização da união estável.

Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros

abedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e

de guarda, sustento e educação dos filhos.

Art. 1.725. Na união estável, salvo contrato escrito entre os

companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que

couber, o regime da comunhão parcial de bens.

Art. 1.726. A união estável poderá converte-se em casamento,

mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no

Registro Civil.

Art. 1.727. As relações não eventuais entre homem e a mulher,

impedidos de casar, constituem concubinato.

Para Pereira116 “embora tenham ocorrido mudanças,

evoluções e melhorias em relação ao Código Civil de 1916, na prática,

foram adaptações e evoluções dentro de um sistema em uma mesma

estrutura”.

Uma das variações e modificações, foi à inclusão da

união estável em sua estrutura organizacional, está inclusão se deu devida

várias discussões a partir de 1994, já que o texto do Projeto dizia que apenas

o casamento era instituído como família legitima117.

2.2 CONCEITO DE UNIÃO ESTÁVEL

116 PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Da União Estável. in. Direito de família e o novo Código Civil

(Coordenação. Maria Berenice dias. Rodrigo da Cunha pereira). 2003. p. 25

117PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Da União Estável. in. Direito de família e o novo Código Civil. 2003 p.258

31

Para Diniz118·, “ao matrimônio contrapõe-se o

companheirismo, consistente numa união livre e estável de pessoas livres de

sexos diferentes, que não estão ligadas entre si por casamento civil”.

Para Viana119, “em qualificando a relação, melhor se falar

em conivência notória e estável”, notória seria aquela conhecida no meio

social em que os conviventes vivem; e estável, seria aquela duradoura e

continua.

Ainda entende Viana120, “em verdade a união estável é

formada de constituição de família. Esta pode ser formada apenas pelo

homem pela mulher, não sendo filho elemento essencial, embora desejável”.

Quanto à conceituação de União Estável, esclarece o

artigo 1.723 do Código Civil que:

Art. 1723. “É reconhecida como entidade familiar a união

estável entre o homem e a mulher, configurada na

convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida

com o objetivo de constituição de família.

O dispositivo não menciona em seu texto, um prazo

mínimo para convivência, assim, fica desamparado o critério temporal, que

era de cinco anos, conforme dispunha a Lei 8.971/94121.

É o entendimento de Rizzardo122 sobre a conceituação de

união estável:

É uma união sem maiores solenidades ou oficialização pelo

Estado, não se submetendo a um compromisso ritual e nem se

118 DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro, v.5: direito de família. 20. ed – São

Paulo: Saraiva 2005.p. 359.

119 VIANA, Marcos Aurélio. Da união estável, São Paulo, Saraiva. 1999.p. 28

120 VIANA, Marcos Aurélio. Da união estável. 1999 p. 29

121 OLIVEIRA, Euclides de. União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil, 2003. p.102.

122 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família. 2006 p. 885

32

registrando em órgão próprio. Está-se diante do que se

convencionou denominar união estável, ou união livre, ou

estado de casado, ou concubinato, expressões que envolvem

a convivência, a participação de esforços, a vida em comum,

a recíproca entrega de um para o outro, ou seja, a

exclusividade não oficializada nas relações entre homem e

mulher.

Pontua Dias123, que “nasce união estável da convivência,

simples fato jurídico que evoluiu para a constituição de ato jurídico, em face

dos direitos que brota dessa relação”.

Pereira124 conceitua união estável como

Uma relação afetivo-amorosa entre um homem e uma mulher,

não-adulterina e não-incestuosa, com estabilidade e

durabilidade, vivendo sob o mesmo teto ou não, constituindo

família sem o vínculo do casamento civil.

Tudo que é disposto na união de pessoas casadas,

também é disposto sobre as uniões extramatrimoniais, assim, com isso a

união estável de pouco a pouco vai deixando de ser uma união livre, para

ser uma união com regras impostas ao Estado.125

2.3 UNIÃO ESTÁVEL E CONCUBINATO.

Para Pereira126, “a expressão concubinato carrega

consigo o peso de um estigma e de um preconceito”.

Concubina significa mais que uma relação amorosa, a

123 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias.2006 p.147.

124 PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Concubinato e união estável. 6. ed. ver., atual. e ampl. Horizonte: Del Rey. 2001. p. 29

125 PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Da União Estável. in. Direito de família e o novo Código Civil (Coordenação. Maria Berenice dias. Rodrigo da Cunha pereira). 2003, p.145.

126 PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Da União Estável. in. Direito de família e o novo Código Civil (Coordenação. Maria Berenice dias. Rodrigo da Cunha pereira). 2003 p. 262

33

referida palavra tem um significado depreciativo, sendo apenas usadas as

mulheres. Nos primórdios o concubinato traduzia uma relação de “menos

valia”, uma diminuição moral127

Ainda discorre Pereira128 que:

A Constituição da República de 1988, em seu artigo 226, a

exemplo do que já havia feito o Desembargador Edgard de

Moura Bittencourt, utiliza a expressão “união estável” em

substituição a “concubinato”, como tradicionalmente usada

em texto normativo, doutrinário e jurisprudencial. Começa-se,

então, a fazer distinção através das expressões “concubinato

puro” e “concubinato impuro”.

Conforme Azevedo129 concubinato puro, é “uma união

duradoura, sem casamento, entre homem e mulher, constituindo-se família

de fato, sem detrimento da família legitima”.

Ainda Azevedo130 conceitua o concubinato impuro, “se

for adulterino, incestuoso ou desleal, como o de um homem casado ou

concubinato que mantenha paralelamente a seu lar, outro de fato.

Com a evolução doutrinária, podemos dizer que o

concubinato não-adulterino é a união estável e o adulterino continua sendo

o concubinato131.

O Código Civil em seu Art. 1.727, traz essa distinção.

Art. 1.727. As relações não eventuais entre homem e a mulher,

127 PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Da União Estável. in. Direito de família e o novo Código Civil

2003 p.262

128 PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Da União Estável. in. Direito de família e o novo Código Civil (Coordenação. Maria Berenice dias. Rodrigo da Cunha pereira). p.263

129 AZEVEDO, Álvaro Villaça. Estatuto da Família de fato: de acordo como o novo código civil, Lei n° 10.406 de 10/01/2002, 2002.p. 190.

130 AZEVEDO, Álvaro Villaça. Estatuto da Família de fato: de acordo como o novo código civil, Lei n° 10.406 de 10/01/2002. 2002 p. 190

131 PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Da União Estável. in. Direito de família e o novo Código Civil. 2003 p.264

34

impedidos de casar, constituem concubinato.

O artigo mencionado em vez de usar a expressão

“adulterina” preferiu usar “impedidos de casar”, está expressão não traduz o

sentido do artigo, que quis diferenciar união estável e concubinato132.

Venosa133 aduz que o legislador, ao referir-se, ao art. 1727,

aos impedimentos de casar, disse mais do que almejava, pois, por exemplo,

os separados judicialmente estão impedidos de casar, mas não estão

impedidos de constituir união estável.

Ainda Venosa134, “é importante distinguir união estável de

concubinato, nessas respectivas compreensões, pois há conseqüências

jurídicas diversas em cada um dos institutos”.

2.4 REQUISITOS ATUAIS PARA CONFIGURAÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL

Oliveira135 inúmera os seguintes elementos para

configuração da união estável: “a) convivência; b) ausência de formalismo;

c) diversidade de sexo; d) unicidade de vínculo; e) estabilidade: duração; f)

continuidade; g) publicidade; h) objetivo de constituição de família; i)

inexistência de impedimentos matrimoniais”.

Não basta a presença apenas de um desses elementos,

é preciso que todos estejam evidenciados, para ser considerada a união

estável, à falta de qualquer um desses requisitos pode ser considerada uma

132 PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Da União Estável. in. Direito de família e o novo Código Civil

(Coordenação. Maria Berenice dias. Rodrigo da Cunha pereira).2003 p.264

133 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direito de família. 2003 p.452

134 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direito de família. 2003 p.452

135 OLIVEIRA, Euclides de . União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil. 2003 p. 122.

35

mera união concubinária136.

Esclarecem-se cada um dos requisitos:

Convivência, para Oliveira137, “significa manter vida em

comum, como decorrência da união que se estabelece entre pessoas

interessadas na realização de um projeto de vida a dois”, ou seja, significa

manter situação de uso da mesma cama e mesa, em vista da coabitação

que lhe é imanente.

A ausência de formalismo basta o recíproco consenso

dos conviventes, que se calcula pelo seu comportamento convergente e da

contínua renovação pela permanência138

Conforme Venosa139 a diversidade de sexo é um ponto

importante para a configuração da união estável, aduz o doutrinador que,

“para a existência do reconhecimento do companheirismo, portanto, é

necessário que não haja impedimento para o casamento.

Nesse contexto afirma Oliveira140 que “não se enquadra

no modelo de união estável a união entre pessoas do mesmo sexo,

chamada de parceria homossexual, ou união homoafetiva”.

A unicidade de vinculo exige que o vincule entre os

conviventes seja único, assim, como no casamento, em vista do caráter

monogâmico da relação. Se houver anterior casamento, ou existindo

anterior união estável, não podem os membros fazer parte de uma união

136 OLIVEIRA, Euclides de . União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do

novo código civil. 2003 p. 122.

137 OLIVEIRA, Euclides de . União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil. 2003 p. 123.

138 OLIVEIRA, Euclides de . União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil. 2003 p. 124.

139 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direito de família. 2003 p.459

140 OLIVEIRA, Euclides de . União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil. 2003 p. 126.

36

extra, configurando caráter desleal, portanto, não configura entidade

familiar141.

Sobre o relacionamento paralelo leciona Dias142

Os relacionamentos paralelos, além de receberem

denominações pejorativas, são condenados à invisibilidade.

Simplesmente a tendência é não reconhecer sequer sua

existência. Somente na hipótese de a mulher alegar

desconhecimento da duplicidade de vidas do varão é que

tais vínculos são alocados no direito obrigacional e lá tratados

como sociedade de fato.

Sobre a estabilidade, não obstante a lei não exigir tempo

mínimo para a caracterização da união estável, a relação não dever ser

passageira, mais sim prolongada no tempo e sem solução de continuidade,

residindo, nesse aspecto, a durabilidade e a continuidade da relação143.

Outro requisito para configuração da união estável é a

publicidade, ou seja, é preciso que o companheiro se evidencie socialmente

como se fossem marido e mulher144

Dias145 ressalta que, apesar de a lei ter usado o vocábulo

público como um dos requisitos para caracterizar a união estável, não se

interpretá-lo nos extremos de sua significação semântica.

Conforme consta na Lei o objetivo de constituição de

família é um dos requisitos para a configuração da união estável.

Essa finalidade se evidência por vários elementos

141 OLIVEIRA, Euclides de . União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do

novo código civil. 2003 p. 127

142 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias.2006 p. 160.

143 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p. 150

144 OLIVEIRA, Euclides de . União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil. 2003 p. 132

145 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p. 150

37

comportamentais na exteriorização da convivência “more uxória”, com o

indispensável “affectio maritales”, isto é, exposição em público dos

companheiros e com carinho recíproco de um verdadeiro casal146.

Sobre o assunto Leciona Dias147

O objetivo de constituição de família é pressuposto de caráter

subjetivo. A origem desse requisito está ligada ao fato de as

uniões extramatrimoniais eram proibidas por lei. Ou seja, a

intenção do par era casar, tinha por objetivo constituir uma

família, o que não ocorria tão-só por impedimento legal. Assim,

a proibição de formação de uma família matrimonializada é

que acabou provocando a valorização dos motivos que

levaram os sujeitos a constituir uma nova família.

Por fim o último requisito é a inexistência de

impedimentos matrimoniais, Ressalta Oliveira148, “encampando esse

entendimento, dispõe o Novo Código Civil, art. 1.723, § 1°, que a união

estável não se constituirá se ocorrerem o impedimento previsto no art. 1.521”.

Os impedimentos previstos no artigo 1.521 em seus incisos:

os casos de parentesco em linha reta; parentesco em linha colateral até o

terceiro grau; afinidade na linha reta; parentesco por adoção; casamento

anterior e prática de homicídio ou tentativa de homicídio contra um dos

cônjuges149

2.5 CONVERSÃO DA UNIÃO ESTÁVEL EM CASAMENTO

146 OLIVEIRA, Euclides de . União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do

novo código civil. 2003 p. 133

147 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p. 150

148 OLIVEIRA, Euclides de . União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil. 2003 p. 142

149OLIVEIRA, Euclides de . União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil. 2003 p. 142

38

Conforme Viana150, “A Constituição Federal, dispondo a

respeito da união estável e admitindo-a como entidade familiar, teve a

preocupação de determinar que a lei ordinária facilitasse sua conversão em

casamento.”

Ao contrário do que dispõe a Lei maior, o Código Civil

exige a interferência judicial para que o pedido de conversão em

casamento seja dirigido ao juiz, e posteriormente averbado no registro civil,

conforme dispõe seu artigo 1.726151.

Art. 1726. A união estável poderá converte-se em casamento,

mediante pedido dos companheiros ao juiz e assento no

Registro Civil.

Assim, Dias152 dispõe que, “a doutrina vem considerando

inconstitucional esse dispositivo”.

Para Oliveira153, “a conversão haveria de ser exigível

apenas o requerimento administrativo ao Oficial do Registro Civil do domicílio

dos companheiros, como consta do art. 8° da Lei 9.278/96”.

Art. 8° “Os conviventes poderão, de comum acordo e a

qualquer tempo, requerer a conversão da união estável em

casamento, por requerimento ao Oficial do Registro Civil da

Circunscrição de seu domicilio”.

De acordo com Dias apud Cahali154

O sentido prático da transformação da união estável em

casamento seria para estabelecer seu termo inicial,

possibilitando a fixação de regras patrimoniais com efeitos

retroativos. Dificultado esse intento, o jeito é firmar contrato de

150 VIANA, Marcos Aurélio. Da união estável. 1999 p. 71

151 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p. 166.

152 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p. 166.

153 OLIVEIRA. União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil. 2003 p. 106/107

154 CAHALI, Francisco Jose, Contrato de convivência na união estável.2002 p. 306

39

convivência, que pode dispor de eficácia retroativa, incidindo

suas previsões sobre situações pretéritas a partir da

caracterização da união.

Além do contrato de convivência o jeito mais fácil

também seria casar, pois este ato se torna mais romântico e ainda gratuito,

ainda existe a possibilidade de o casal firmar pacto antenupcial, no qual

podem fazer conforme sua vontade o acerto patrimonial.155

Sobre a forma de se operacionalizar a transformação,

leciona Rizzardo156.

Embora a omissão de maiores dados, nesse pedido deve-se

inserir a qualificação completa dos pretendentes, o estado

civil, a menção da convivência, a sua duração, a capacidade

civil, a existência ou não de filhos, a ausência de

impedimentos e até a titularidade ou não de bens.

De acordo com Dias157, “a conversão da união estável

em casamento “continuará sendo norma sem aplicabilidade, já que não

foram eliminadas formalidades nem afastadas burocracias”.

2.6 CONSEQÜÊNCIAS PATRIMONIAIS E PESSOAIS DECORRENTES DA UNIÃO

ESTÁVEL.

Viana158aduz que o “patrimônio é integrado pelos

seguintes bens: a) móveis e imóveis; b) havidos durante a constância da

união estável; c) adquiridos a título oneroso”.

Ponderando que os bens sejam adquiridos mediante os

requisitos acima citados, estes se comunicam, pertencendo em partes iguais

155 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p. 166.

156 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família. 2006 p. 914

157 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p. 166

158 VIANA, Marcos Aurélio. Da união estável. 1999 p. 71

40

aos conviventes159.

Ainda discorre Viana160, “No caso concreto, não se

discute mais se o convivente que pede a meação colaborou, ou não, para

sua constituição ou aumento”.

Nesse diapasão Leciona Pereira161 que, “O NCCB

consolidou o que já vinha estabelecendo a doutrina e jurisprudência, bem

como o disposto na Lei n° 8.971/94 e n° 9.278/96”.

Inovando, em dizer que a relação sobre o patrimônio se

aplica ao regime da Comunhão Parcial de Bens. Isso fez uma grande

diferença quanto as Leis anteriores, pois se extinguiu a expressão “esforço

comum”, onde aproximou ainda mais o casamento da união estável162.

Sobre o regime adotado, o Código Civil de 2002,

regulamenta a questão em seu art. 1.725:

Art. 1.725. “Na união estável, salvo contrato escrito entre os

companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que

couber, o regime da comunhão parcial de bens”.

Sobre a partilha do patrimônio doutrina Rizzardo163·, ”pelo

término da união é uma tradição do direito consuetudinário, tomando-se

como parâmetro jurídico a dissolução da sociedade civil ou comercial

comum”.

Em resultado positivo patrimonial, os bens devem ser

partilhados, seja por morte ou por mera dissolução do enlace164.

159 VIANA, Marcos Aurélio. Da união estável. 1999 p. 49

160 VIANA, Marcos Aurélio. Da união estável. 1999 p. 49

161 PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Concubinato e união estável. 2001 p. 116.

162 PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Concubinato e união estável. 2001 p. 116.

163 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família. 2006 p. 910

164 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família. 2006 p. 910

41

Neste sentido ressalta Dias165

Atendidos os requisitos legais, (CC 1.723), senhor reconhecer a

existência da união estável, atribuindo-lhe todos os reflexos de

ordem patrimonial, independentemente da alegada falta de

conhecimento da infidelidade do par. Dispensável a prova da

real contribuição na aquisição do acervo constituído durante o período de convívio. Descabido exigir a comprovação do

aporte financeiro de cada um para se proceder à divisão de

forma igualitária dos bens amealhados durante sua vigência,

ainda que eventualmente tenha de ser preservada a meação

da participe da outra relação entretida pelo varão.

Neste contexto afirma Rizzardo166, “perdeu força a antiga

orientação do Supremo Tribunal Federal, vazada nestes termos: “A

sociedade de fato, e não a convivência more uxória, é o que legitima a

partilha dos bens entre concubinos”.

Além dos efeitos supra mencionados, há também efeitos

sucessórios entre os companheiros, de acordo com o art. 1.790 do CC,

porém estes efeitos não serão estudados neste momento.

No que concernem as relações pessoais entre pessoas

que vivem em regime de união estável, o art. 1.724 do Código Civil vigente

dispõe que cabem aos companheiros os deveres de lealdade, respeito e

assistência, guarda, sustento e educação dos filhos.

Sobre o dever de lealdade, Azevedo167 ressalta:

A lealdade é gênero de que a fidelidade é espécie, aquela

figura no âmbito genérico da conduta dos casais, tanto que,

muitas vezes, entre cônjuges, não se figurando o adultério, de

difícil prova, o mau comportamento de um deles, ainda que

faça presumir, às vezes, adultério, já, por si, caracteriza-se

como injurioso apto a autorizar a dissolução da sociedade

165 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p. 165.

166 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de família. 2006 p. 910

167 AZEVEDO, Álvaro Villaça. Estatuto da família de fato: De acordo com o novo Código Civil – Lei n. 10.406/02. . 2002 p. 373

42

matrimonial, quando, por esse ato, torne-se, ao inocente,

insuportável a vida no lar conjugal.

Para Pereira168, “os deveres pessoais entre os

companheiros, como lealdade, respeito e assistência, são os mesmos

estabelecidos para os cônjuges, à exceção da coabitação”.

Oliveira169 traz duas observações que entram em

confronto com os direitos e deveres dos casados, disposto no art. 1.566 do

Código Civil, quais sejam para os companheiros se aplica o dever de

lealdade, similar ao dever de fidelidade imposto aos cônjuges; e quanto ao

dever de vida em comum sobre o mesmo teto, este se aplica somente para

os casados, nada dispondo sobre o assunto aos companheiros.

Nesse diapasão doutrina Dias170

Não se atina o motivo de ter o legislador substituído fidelidade

por lealdade. Como na união estável é imposto tão só o dever

de lealdade, pelo jeito inexiste a obrigação de ser fiel, assim

como não há o dever da vida em comum sob o mesmo teto.

Portanto, autorizando à lei a possibilidade de definir como

entidade familiar a relação em que não há fidelidade nem

coabitação, nada impede o reconhecimento de vínculos

paralelos. Se os companheiros não têm o dever de serem fiéis

nem viverem juntos, a mantença de mais de uma união não

desconfigura nenhuma delas.

Descumprindo os deveres impostos pela lei, qualquer dos

companheiros, não implicará em efeito nenhum, não impedindo o

reconhecimento da união estável e nem infligi sua dissolução.171

No próximo capítulo serão abordados os alimentos na

168 PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Da União Estável. in. Direito de família e o novo Código Civil

(Coordenação. Maria Berenice dias. Rodrigo da Cunha pereira).2003 p.269

169 OLIVEIRA. União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil. 2003 p. 106/107

170 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p.154

171 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p.154

43

União estável temas relativos ao reconhecimento da união, o contrato de

convivência, o instituto da culpa na dissolução da união estável o direito a

alimentos, causas extintivas da obrigação alimentar, e finalmente os

alimentos entre os companheiros na visão dos Tribunais

44

CAPÍTULO 3

ALIMENTOS NA UNIÃO ESTÁVEL.

3.1 RECONHECIMENTO E DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL.

Para Venosa172, “uma vez reunidos os elementos

necessários para a configuração da união estável, seu reconhecimento

dependerá da iniciativa dos interessados, conviventes ou herdeiros”. Desta

feita pode-se pleitear por ação própria para o reconhecimento ou até

mesmo cumulada com pedido de várias naturezas.

Ainda Venosa173 acrescenta.

[...]De há muito, no entanto, a jurisprudência admite a ação

de reconhecimento ou declaratória da união estável ou

sociedade de fato, consagrada pela sumula 380 do Supremo

Tribunal Federal. Havendo falecido o convivente, a ação deve

ser movida contra os herdeiros e não contra o espólio.

Conforme leciona Dias174 “podem os companheiros

buscar o reconhecimento jurídico da relação, de forma consensual ou

litigiosa, por meio de justificação judicial ou de ação declaratória.

A sentença da ação declaratória se limita a reconhecer

que existiu uma relação, fixando o termo inicial e final do relacionamento. É

indispensável estipular o período de convivência diante dos efeitos

patrimoniais, pois os bens adquiridos durante o tempo da relação

172 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, direito de família. 5. ed. São Paulo. Atlas. 2005. p. 449

173 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, direito de família. 2005 p. 449.

174 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias, 2006 p. 167

45

pertencem a ambos, ensejando participação igualitária175.

Leciona Venosa176, “o reconhecimento de sociedade

entre parceiros de união estável procura evita o enriquecimento sem causa

de um em detrimento do outro”.

No que tange a Dissolução da União Estável, Viana177

Leciona “que a União Estável admite dissolução, oportunidade em que se

podem postular a partilha do patrimônio comum e alimentos, além de outros

provimentos em relação a prole”.

Leciona Venosa178 que “o art. 7° da Lei n° 9.278/96 previa

a hipótese de rescisão da união estável, por iniciativa de um ou de ambos os

conviventes, conforme segue:

Art. 7°. “Dissolvida a união estável por rescisão, a assistência

material prevista nesta Lei será prestada por um dos

conviventes ao que dela necessitar; a titulo de alimentos”.

Venosa179, “afirma que no direito contratual, normalmente

nos referimos à rescisão quando há culpa de um dos contratantes”. Na união

estável, não é comum discutir a culpa, o instituto não deve ser tratado como

um contrato.

O término da União estável não depende de causa,

basta a vontade dos conviventes, por este motivo pode ocorrer

consensualmente ou por via contenciosa180.

Oliveira181 leciona também que a dissolução da união

175 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 2006 p. 167

176 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, direito de família. 2005 p. 452.

177 VIANA, Marcos Aurélio. Da União Estável. 1999. p. 78

178 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, direito de família. 2005 p. 451.

179 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, direito de família. 2005 p. 451.

180 VIANA, Marcos Aurélio. Da União Estável. 1999 p. 78

181 OLIVEIRA, Euclides de. União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do

46

estável pode ser de forma consensual, quando ambos concordam em

encerrar a vida em comum, de forma amigável, sem a busca do Poder

Judiciário, ou havendo interesse das partes, pode-se também buscar a via

judicial para homologação de acordo que disponha sobre guarda, pensão

alimentícia e divisão de bens.

Ou pode ser de forma litigiosa, como doutrina Oliveira182:

Na falta de acerto amigável, a via judicial estará aberta,

mediante ação declaratória de reconhecimento da união

estável e da sua dissolução, para reclamo de meação sobre

os bens adquiridos durante a convivência, assim como de

outros direitos relativos a alimentos, guarda de filhos etc., bem

como se falecido o ex-companheiro, para habilitação em

direitos sucessórios (petição de herança).

Dessa forma, observa-se que a dissolução da união

estável, se dá de forma consensual com ou sem intervenção judicial, ou de

forma litigiosa através de ação de dissolução de união estável.

3.2 CONTRATO DE CONVIVÊNCIA.

Dias183 traduz o contrato de convivência como,

“instrumento pelo qual os sujeitos de uma união estável promovem

regulamentação quanto aos reflexos da relação”. Tal contrato pode tanto

ser de escritura particular quanto de escritura pública, ser levado ou não a

registro ou averbação.

Sobre este assunto Oliveira184 explana, que o “Novo

novo código civil. 2003 p. 244/245

182 OLIVEIRA, Euclides de. União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil. 2003 p. 245

183 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 2006 p. 158.

184 OLIVEIRA, Euclides de. União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil.. 2003 p. 155

47

Código Civil, prevê em seu art. 1.725, a possibilidade de contrato escrito

entre os companheiros para regular suas relações patrimoniais”.

Na falta do contrato o regime a ser aplicado será da

comunhão parcial de bens, não fazendo qualquer referência sobre o registro

de tal contrato, conforme dispõe o artigo 1.725 do Código Civil:

Art. 1725. “Na união estável, salvo contrato escrito entre os

companheiros, aplica-se às relações patrimoniais, no que

couber, o regime da comunhão parcial de bens”.

Sobre o momento da celebração do contrato de

convivência, Cahali185, aduz que “pode ser celebrado a qualquer momento,

na convivência da união estável ou previamente ao seu inicio”.

Neste sentido Pessoa citada por Cahali186 assinala:

Não se trata de um pacto anterior à união estável, à

semelhança do pacto antenupcial, porquanto não dispôs o

legislador acerca de eventual limitação temporal à sua

realização, podendo ser realizado a qualquer tempo, mesmo

no curso de união previamente estabelecida

O mencionado contrato não serve para criar a união

estável, pois o seu reconhecimento já esta previsto em requisitos legais, no

Código Civil em seu art. 1.723187.

Viana188, “aduz que é possível que ele seja elaborado

pelos próprios conviventes, sem maior rigor técnico. O que importa é a sua

autencidade e que o seu conteúdo seja legalmente aceito”.

O contrato de convivência ainda que opcional, incide

185 CAHALI, Francisco José. Contrato de convivência na união estável. São Paulo. Saraiva.

2002 . 2002 p 72 186 CAHALI, Francisco José. Contrato de convivência na união estável. 2002 p 72

187 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 2006 p. 158.

188 VIANA, Marcos Aurélio. Da União Estável. 1999 p.50

48

ressaltante meio de prova, para fins pessoais e patrimoniais da união,

protegendo os direitos dos conviventes e suas relações negociais com

terceiros , servindo como uma segurança no que tange o plano jurídico189.

Nesse sentido Leciona Venosa190

O Projeto n° 6.960 acrescenta parágrafo ao art. 1.725,

determinando que os conviventes que vierem a firmar

instrumento com terceiros deverão mencionar a existência da

união estável e a titularidade do bem objeto da negociação.

Não o fazendo, os responsáveis deverão arcar com perdas e

dano, além de responderem na esfera criminal pela omissão

ou pela declaração falsa, preservando-se, ainda, os direitos

dos terceiros de boa-fé.

Quanto sua forma Oliveira191 observa que, “como ato

jurídico, o contrato de convivência sujeita-se aos requisitos essenciais de

capacidade das partes, licitude do objeto e forma prescrita ou não defesa

em lei”.

Para os contratos desta espécie não há uma forma

especifica para a sua celebração, que se completa pelo fato da união de

um homem e uma mulher com o objetivo de constituir família. Porém, para o

acordo referente ao patrimônio, em comum, é exigido por lei contrato

escrito, havendo, portanto requisitos formais192.

Desta forma, o que importa é a manifestação da

vontade dos conviventes, bastando que se consolide pela forma escrita,

independentemente se for por instrumento público ou particular193.

189 OLIVEIRA, Euclides de. União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do

novo código civil. 2003. p. 155/156.

190 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, direito de família. 2005 p. 451.

191 OLIVEIRA, Euclides de. União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil 2003 p. 158.

192OLIVEIRA, Euclides de. União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil. 2003 p. 158

193 OLIVEIRA, Euclides de. União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do

49

3.2.1 Convenções entre companheiros.

De acordo com Kich194, “o contrato deve ser objetivo,

enfocando os assuntos de natureza e conteúdo jurídico, desprezando a

matéria ligada aos detalhes íntimos”.

Sobre as convenções entre os companheiros Cahali195

afirma que:

Possuindo a relação concubinária regime patrimonial próprio,

diverso e mais restrito que o regime matrimonial de bens, o

contrato de convivência apresenta-se como instrumento

apropriado para a auto-regulamentação dos reflexos

patrimoniais decorrentes da união estável, reconhecendo,

criando, modificando ou extinguindo direitos entre os

companheiros. Em linhas gerais, comum será tê-lo com a

finalidade de afastar ou reduzir a presunção de condomínio

prevista na norma, quanto aos bens adquiridos a título oneroso

durante a convivência.

Assim, os bens particulares não podem servir como objeto

de destinação mediante acordo entre os companheiros no contrato de

convivência, “a convenção é inadequada para tornar comum patrimônio

anterior à união, ou adquirido durante a convivência a título gratuito”196.

Sobre os bens adquiridos anteriormente a união estável,

Oliveira197 doutrina que, “bens anteriores ao inicio da convivência, impossível

que se comuniquem de um companheiro ao outro por mero contrato

escrito”. Se os conviventes almejarem a comunhão desses bens, necessário

será que ajustem mediante instrumento de doação, com as formalidades

novo código civil 2003 p. 158

194 KICH, Bruno Canísio. Contrato de convivência, concubinato (Unión de Heccho). 2° ed. Campinas, SP. Agá Juris. 2001. p 111.

195 CAHALI, Francisco José. Contrato de convivência na união estável. 2002 . p 203

196 CAHALI, Francisco José. Contrato de convivência na união estável.. 2002 . p 204

197OLIVEIRA, Euclides de. União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil. 2003 p. 161

50

necessárias para o ato.

Nesse sentido leciona Cahali198,“querendo o

companheiro compartilhar seu patrimônio preexistente com a companheira,

deve doá-los, na proporção desejada, inclusive por intermédio de

instrumento público se forem imóveis”.

Para Azevedo199, “como ficou sempre evidenciado,

contrato de concubinato ou de convivência nunca deixou de ser válido,

principalmente no ponto em que disciplina o regime patrimonial dos

companheiros”.

Tal contrato para ser válido, deve preservar os bons

costumes, as normas de ordem pública, bem como os princípios que

norteiam o direito. Tendo como exemplo a obtenção de casamento, não

pode ser convencionado pelos companheiros no contrato200.

Sob o entendimento de Cahali, destaca-se algumas

cláusulas que podem ser objeto de contrato de convivência

a) Pacto para outorga de usufruto - “possibilidade de

previsão, em contrato de convivência, de outorga de usufruto

nem favor de um ou de outro companheiro”201.

b) Pacto para outorga de direito real de habitação-

“outorga de direito real de habitação entre os conviventes,

podendo representar beneficio sobre todo imóvel ou parte

dele”202.

198 CAHALI, Francisco José. Contrato de convivência na união estável. 2002 . p 204

199 AZEVEDO, Álvaro Vellaça. Estatudto da familia de fato: de acordó com o novo código civil. Lei n° 10.406 de 10-01-2002. 2002. p 286

200 AZEVEDO, Álvaro Vellaça. Estatudto da familia de fato: de acordó com o novo código civil. Lei n° 10.406 de 10-01-2002. 2002 p. 286

201 CAHALI, Francisco José. Contrato de convivência na união estável. 2002 . p 234

202 CAHALI, Francisco José. Contrato de convivência na união estável. 2002 . p 238

51

c) Cláusula de indenização- “clausulas fixando previamente

indenização para o caso de eventual rompimento da

relação”203.

d) Cláusula de exclusão de pensão alimentícia- “a renuncia

do direito a alimentos é admissível, na separação consensual

ou amigável entre cônjuge, e também no contrato de

convivência na união estável204.

Essas são algumas das cláusulas citadas por Cahali, que

são de interesses recíprocos, podendo ser utilizadas futuramente em uma

eventual dissolução da união, sem demais preocupações.

3.3 OBRIGAÇOES ENTRE COMPANHEIROS.

No que concerne as obrigações entre os companheiros,

o art. 1.724 do Código Civil vigente dispõe que cabem aos companheiros os

deveres de lealdade, respeito e assistência, guarda, sustento e educação

dos filhos.

Observa Oliveira205, “comparado ao texto do art. 2° da Lei

9.278/96, nota-se que o Novo Código acrescenta o dever de “lealdade”

entre os companheiros, mantidos os demais deveres dessa lei”.

No que tange ao direito e deveres dos conviventes, o art.

2° da Lei 9.278/96, assim estabelece:

Art. 2°. São direitos e deveres iguais dos conviventes:

I – respeito e considerações mútuos;

II- assistência moral e material recíproca;

203 CAHALI, Francisco José. Contrato de convivência na união estável. 2002 . p 244

204 CAHALI, Francisco José. Contrato de convivência na união estável. 2002 . p 257

205 OLIVEIRA, Euclides Benedito de. União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil. 2003 p. 103.

52

III- guarda, sustento e educações dos filhos comuns.

Sobre o dever de lealdade, Azevedo206 ressalta:

A lealdade é gênero de que a fidelidade é espécie, aquela

figura no âmbito genérico da conduta dos casais, tanto que,

muitas vezes, entre cônjuges, não se figurando o adultério, de

difícil prova, o mau comportamento de um deles, ainda que

faça presumir, às vezes, adultério, já, por si, caracteriza-se

como injurioso, apto a autorizar a dissolução da sociedade

matrimonial, quando, por esse ato, torne-se, ao inocente,

insuportável a vida no lar conjugal.

Oliveira207 traz duas observações que entram em

confronto com os direitos e deveres dos casados, disposto no art. 1.566 do

Código Civil, quais sejam, para os companheiros se aplica o dever de

lealdade, similar ao dever de fidelidade imposto aos cônjuges; e quanto ao

dever de vida em comum sobre o mesmo teto, este se aplica somente para

os casados, nada dispondo sobre o assunto aos companheiros.

Dias208 observa sobre o assusto que “não se atina o motivo

de ter o legislador substituído fidelidade por lealdade. Como na união

estável é imposto tão-só o dever de lealdade, pelo jeito inexiste a obrigação

de ser fiel, assim como não há dever da vida em comum sob o mesmo teto”.

Acrescenta Venosa,209 que “tanto no que diz respeito aos

alimentos, exercício do poder de família, ou ainda aos deveres conjugais, a

união estável se assemelha em muito, ao instituto do casamento”.

Para Lisboa210 a obrigação em prestar alimentos entre

206 AZEVEDO, Álvaro Villaça. Estatuto da família de fato: De acordo com o novo Código Civil – Lei n. 10.406/02. 2002. p. 373

207 OLIVEIRA, Euclides de. União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil. 2003 p. 103

208 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p. 154

209 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil. 2005 p. 452

210 LISBOA, Roberto Senise. Manual de direito civil. 2006 p. 239

53

companheiros, provem não da existência de culpa porquanto da ruptura da

união estável, e sim do dever de assistência, decorrente tanto do transcurso

da união, como depois de sua extinção.

No que diz respeito a guarda, sustento e educação dos

filhos, Viana aduz “os pais devem atender materialmente aos filhos, o que

significa o fornecimento de alimentação, moradia, vestuário, assistência

médica etc”. Bem como obtém o direito de ter seu filho em sua companhia

para poder educá-lo, dar-lhe instrução e formação.

3.4 MOTIVOS ENSEJADORES DA DISSOLUÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL.

Assim como no casamento, também na união estável o

legislador estabeleceu os motivos que podem ensejar a dissolução da união,

os quais devidamente comprovados poderão amparar a pretensão daquele

que busca através do processo judicial o fim da união. O Código Civil

através do art 1.724 estabelece os deveres que devem ser cumpridos pelos

companheiros, conforme consta no item anterior citado

assim, eventual não cumprimento de tais deveres por ambas as partes, será

motivo da dissolução da união estável.

3.4.1 Culpa.

Para Dias211 “a averiguação, identificação e apenação

de um culpado só tem significado quando o agir de alguém coloca em risco

a vida ou integridade física moral, psíquica de outras pessoas”.

A culpa sempre teve lugar próprio no campo do direito

penal, no direito comercial e civil, cabe ser buscada na órbita obrigacional e

211 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p. 95

54

contratual, onde o agir está ligado a um ato de vontade212.

3.4.2 O elemento culpa como fator principal na obrigação alimentar.

Para Santos213, a relação entre união estável e união

matrimonial, “é de identificação e não de identidade”. Dessa forma, é

incorreto o uso por analogia da culpa, vez que este dogma não foi inserido

na Lei 8.971/94, muito mesmo aclamado pela Lei 9.278/96, como forma para

se pleitear alimentos em juízo.

Pontua Santos214:

(...) os projetos de lei sobre a união estável, que afinal deram

os contornos da Lei 9.278, publicada em 13 de maio de 1996,

talharam o instituto da família informal com as mesmas feições

extrínsecas e, o que é pior, intrínsecas do casamento, além de

incorrerem no equívoco da adoção de “um dos mais

constrangedores sinais de atraso da legislação brasileira sobre

o divórcio”, qual seja, a perquirição da culpa (...).

Na lição de Pereira citado por Santos215, não cabe pensar

em responsabilidade alimentar daquele que requereu a dissolução da união

estável, pelo simples fato da inexistência de formalização desse tipo de

comportamento que leva à extinção.

Dias216, acrescenta que, a propositura da ação de

reconhecimento e dissolução da união estável, serve tão somente para

determinar o período de duração do relacionamento e extingui-la. “Culpas

ou responsabilidades não integram a ação”. Para tanto, somente é

212 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p. 95

213 SANTOS, Frederico Augusto de Oliveira. Alimentos decorrentes da união estável. Belo Horizonte: Del Rey, 2001. p. 92

214 SANTOS, Frederico Augusto de Oliveira. Alimentos decorrentes da união estável. 2001 p. 90

215 SANTOS, Frederico Augusto de Oliveira. Alimentos decorrentes da união estável. 2001 p. 92

216 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p. 169

55

necessária a comprovação da existência da união estável, bem como a

necessidade dos alimentos, para que possa requerer a pensão do

companheiro.

Ainda Dias217

A limitação do valor dos alimentos imposta à obrigação

alimentar de qualquer origem, quando a situação de

necessidade resulta de culpa do alimentado (CC 1.694 § 2°),

não traz para dentro da ação entre parceiros questionamento

sobre a culpa pelo fim da união estável. A responsabilidade

que enseja que os alimentos sejam limitados à subsistência diz

com a causa da necessidade, o que não se confunde com a

culpa pelo fim da relação. Ademais, vem a jurisprudência

afastando a identificação da culpa pela dissolução do

casamento mesmo quando há a fixação de alimentos entre

cônjuges. Como na ação de reconhecimento de união

estável não se discute a culpa, descabe tal questionamento

quando a ação for cumulada com pedido de alimentos.

Desarrazoada dilatar o objeto da demanda para limitar o valor

dos alimentos.

De acordo com Oliveira218, no que se refere a culpa

recíproca, “sendo ambos os companheiros responsáveis pela rescisão da

união estável, a jurisprudência tem proclamado que não subsiste entre eles a

obrigação alimentar”.

E, continua Oliveira219

É questão controvertida, no entanto, bastando que se analise

a regra do art. 19 da Lei 6.515/77, no definir que o encargo

alimentar compete ao “cônjuge responsável”, sem explicitar a

antiga regra de que o outro haveria de estar inocente

(revogado art. 320 do CC/16). Por outras palavras, configurada

217 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p. 169/170

218 OLIVEIRA, Euclides de. União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil. 2003 p. 176.

219 OLIVEIRA, Euclides de. União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil. 2003 p. 176.

56

a responsabilidade dos dois conviventes, cada qual teria a

obrigação de atender ao outro, com balizamento tão-só na

necessidade do beneficiário.

Para Oliveira220 “é geralmente difícil a imputação de

culpa exclusiva a uma das partes, sabido que o responsável pela separação

pode ter sido influenciado pela má conduta do outro”.

Para Lisboa221, “a obrigação de alimentos entre os

conviventes decorre não da existência de culpa na dissolução da união

estável, mas do dever de assistência material”. Esta obrigação entre os

companheiros existe tanto no decorrer da relação quanto ao seu término.

A culpa não serve para decidir o sentido da obrigação

alimentar na união estável, o que deve levar em consideração é a

necessidade de quem os necessita e a possibilidade do alimentante.

3.5 ALIMENTOS E A DIFERENÇA ENTRE UNIÃO ESTÁVEL E CASAMENTO

Para Venosa222, “introduzida a dicção constitucional a

respeito da união estável reconhecida como entidade familiar (art.226, § 3º),

duas sortes distintas de interpretação têm sido percebidas”.

Quais são: a primeira é na definição de entender o

companheirismo igualado ao casamento, “ou seja, que os direitos da união

estável não diferem do casamento”, o segundo argumento é no sentido de

facilitar a conversão da união estável em casamento223.

Quanto aos alimentos o legislador não estabeleceu

220 OLIVEIRA, Euclides de. União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do

novo código civil. 2003 p. 176.

221 LISBOA. Roberto Senise. Manual de direito civil: direito de família e das sucessões. v.5. 3 ed. Ver atual e ampla. São Paulo. Revista dos Tribunais. 2004. p 239

222 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, direito de família. 2005 p. 63

223 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, direito de família. 2005 p. 63.

57

diferenças entre os dois institutos, uma vez que nos termos do art. 1694, do

Código Civil o companheiro figura dentre aqueles que podem pleitear

alimentos, cujo artigo assim preceitua:

Art. 1694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros

pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver

de modo compatível com a sua condição social, inclusive

para atender às necessidades de sua educação.

Venosa224 afirma “que até a Lei 8.971/94, os tribunais

entendiam majoritariamente que não existia dever alimentar entre os

companheiros, pois silenciava a Lei a proteção especifica a essa união”.

A Lei n° 9.278/96, em seu art. 2° inciso II, preceituou a

assistência material recíproca, e em seu art. 7° completou essa noção.

Art 2° São direitos e deveres iguais dos conviventes:

II. Assistência moral e material recíproca.

[...]

Art 7°. Dissolvida a união estável por rescisão, a assistência

material prevista nesta lei será prestada por um dos

conviventes ao que dela necessitar, a título de alimentos.

Segundo Czajkowski citado por Santos225 “a assistência

material como elemento constitutivo da união estável, por mais

independentes que sejam os companheiros, sempre existe, pois “qualquer

comunhão de vidas gera sempre uma afetação econômica entre eles”.

Venosa226 afirma que é “perfeitamente possível, no caso

concreto, que pessoa separada de fato ou de direito ou divorciada tenha

que fornecer alimentos tanto ao cônjuge como à concubina”

224 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, direito de família. 2005 p. 63.

225 SANTOS, Frederico Augusto de Oliveira. Alimentos decorrentes da união estável. 2001 p. .65

226 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, direito de família. 2005 p. 413

58

3.6 CAUSAS DE EXTINÇÃO DA OBRIGAÇÃO ALIMENTAR.

Oliveira227 ensina que o encargo alimentar do ex-

companheiro cessa quando estabelecida nova união por parte do credor,

da mesma maneira que no casamento, tendo em vista que, naquelas

situações, desaparece o laço de dependência entre os antigos cônjuges,

conforme dispõe o art. 1.708 do Código Civil :

Art. 1.708: Com o casamento, a união estável ou o

concubinato do credor, cessa o dever de prestar alimentos.

Parágrafo único. Com relação ao credor, cessa também o

direito a alimentos, se tiver procedimento indigno em relação

ao credor.

Para Dias228, “como no casamento e na união estável

estão presentes os deveres de mútua assistência, a constituição de novo

vinculo afetivo desonera o dever de alimentos, presumindo o fim da

necessidade do credor”.

De acordo com Oliveira229, “sobrevindo outra ligação

amorosa, seja de fato ou por casamento, o beneficiário da pensão perde a

condição de dependente do antigo companheiro”.

No que se refere ao parágrafo único do art. 1.708 do

Código Cível, Oliveira230 afirma que “cessa o direito a alimentos por parte do

credor se tiver procedimento indigno em relação ao devedor”. Assim, as

situações de irregularidade por parte do credor dos alimentos, por atos de

227 OLIVEIRA, Euclides de. União Estável e Concubinato. In: FREITAS, Douglas Phillips (Org.).

Curso de direito de família. 2003 p. 181.

228 DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 2006 p. 446

229 OLIVEIRA, Euclides de. União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil. 2003 p. 180

230 OLIVEIRA, Euclides de. União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil. 2003 p 181

59

vida “desregrada”, que caracterizem ofensa à honra do alimentante.

Sem dúvida uma relação apenas de namoro, enquanto

encontra-se apenas na preparação de uma nova convivência, o credor dos

alimentos não perderá o direito a receber o pensionato, tendo em vista, que

este pode refazer sua vida conjugal, vindo a perder tal direito, apenas

quando efetivar a união, tanto por casamento ou até mesmo por vida em

comum231 .

Venosa232 “firmada pela Lei a obrigação alimentícia entre

os companheiros, identicamente ao casamento, há causa que admitem sua

exclusão e extinção”. Tendo como exemplo, por perfeita semelhança ao

casamento, o companheiro que voluntariamente abandonar o lar, perde o

direito a alimentos.

De acordo com Welter233, “encontram-se na doutrina e

jurisprudência pátria, vários casos que excluem o ex-cônjuge ou ex-

companheiro do pagamento da pensão alimentícia, dentre eles, citam-se”:

1) morte do(a) alimentante; 2) morte do(a) alimentando(a);

3) casamento do(a) alimentando(a); 4) nova união estável

do(a) credor(a) de alimentos; 5) enriquecimento do(a)

alimentando(a) e empobrecimento do(a) alimentante; 6)

quando o(a) alimentando(a) auferir rendimento suficiente

para o seu sustento; 7) gravidez da credora de alimentos; 8)

vida irregular ou desregrada do(a) alimentando(a); 9)

ingratidão do(a) alimentando(a); 10) renúncia ou desistência

aos alimentos.

Para Lisboa234, “a morte do convivente credor ou do

231 OLIVEIRA, Euclides de. União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do

novo código civil. 2003 p. 181

232 VENOSA, Silvio de Salvo. Direito Civil, direito de família. 2005 p. 413

233 WELTER, Belmiro Pedro. Alimentos na união estável. 2 ed. Porto Alegre. Síntese. 1998. p. 88

234 LISBOA. Roberto Senise. Manual de direito civil: direito de família e das sucessões.2006 p 240.

60

convivente devedor importa na extinção da obrigação, pois ela é de

natureza personalíssima e, portanto, intransmissível”.

Lisboa235 traz ainda, como motivo para exoneração da

obrigação alimentar, a reconciliação dos conviventes, porquanto da

decisão que determinou a dissolução da união estável.

Oliveira236 Doutrina, que “a exoneração da obrigação

alimentar exige ação própria (revisional extintiva), quando haja necessidade

de comprovar a nova união do credor”. Quanto estiver prova documental,

exemplo a certidão de casamento do credor, basta requer na ação de

alimentos.

3.7 ALIMENTOS ENTRE COMPANHEIROS NA VISÃO DOS TRIBUNAIS.

A pesquisa realizada para o presente trabalho,

notadamente, no que diz respeito ao entendimento jurisprudencial, se deu

em relação aos Tribunais dos Estados de Santa Catarina, Rio Grande do Sul,

e São Paulo, conforme ementas que serão destacadas na seqüência, cuja

ementas selecionadas, representam o posicionamento majoritário dos

Tribunais citados.

O Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul,

deu provimento Parcial ao agravo de instrumento interposto pela ex

companheira contra a decisão que, nos autos da ação de reconhecimento

e dissolução de união estável cumulada com alimentos e partilha de bens

ajuizada em desfavor do ex companheiro, indeferiu o pedido de alimentos

provisórios em favor da ex companheira.

235 LISBOA. Roberto Senise. Manual de direito civil: direito de família e das sucessões. 2006 p

241

236 OLIVEIRA, Euclides de. União estável: do concubinato ao casamento: antes e depois do novo código civil. 2003 p. 181

61

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE DISSOLUÇÃO DE

UNIÃO ESTÁVEL. ALIMENTOS À EX COMPANHEIRA. RECURSO

PARCIALMENTE PROVIDO, POR MAIORIA.237

O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo negou

provimento ao Recurso de Apelação interposto pela ex companheira, com

fundamento da não comprovação da sua real necessidade, levando em

conta que a necessidade é um dos requisitos para a fixação dos alimentos.

Ementa: "APELAÇÃO CÍVEL - Dissolução de Sociedade de Fato

- Insurgência da apelante somente na questão alimentar ?

Não comprovação das reais necessidades, aliando-se ao fato

de auferir rendas, com os alugueres de imóveis e a

aposentadoria - Pretensão afastada - Retificação da r.

sentença, de oficio, para constar o reconhecimento e

extinção da sociedade de fato no período de maio de 2002 a

maio de 2003 - Negado provimento ao recurso e, de oficio,

retificada a r. sentença "(VOTO n° 1668)238.

No que diz respeito a possibilidade do alimentante, em

julgamento do Recuso de Agravo de instrumento interposto por este, o

Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, negou provimento pois o

alimentante não comprovou sua incapacidade econômica de prestar os

alimentos fixados, impossível sua exoneração, eis que arbitrados consoante o

binômio necessidade-possibilidade

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - AÇÃO DE DISSOLUÇÃO

DE UNIÃO ESTÁVEL - ALIMENTOS PROVISIONAIS -

REDUÇÃO/EXONERAÇÃO DA VERBA ALIMENTAR À EX-

237 PORTO ALEGRE. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul. Agravo de Instrumento n°

70019818319, Rel Des. Ricardo Raupp Ruschel. 29, de agosto de 2007. .

<http://www.tj.��������������

rs��

.gov.br�������

>. Acesso em 05 de Novembro de 2008. 238 SÃO JOSÉ DO RIO PRETO. Tribunal de Justiça de São Paulo. Apelação Civil n° 4875514100,

Rel Des Viviani Nicolau. 15 de Abril de 2008. <http://www.tj.sp.gov.br�����������������������

>. Acesso em 05 de Novembro de 2008.

62

COMPANHEIRA - IMPOSSIBILIDADE - AUSÊNCIA DE PROVA DA

INCAPACIDADE ECONÔMICA DO ALIMENTANTE - VALOR

SUFICIENTE ATÉ A DECISÃO DEFINITIVA - MONTANTE QUE

GARANTE AS CONDIÇÕES MÍNIMAS DE SOBREVIVÊNCIA -

INCIDÊNCIA DO ART. 1.694 DO NOVO CÓDIGO CIVIL -

DECISÃO MANTIDA - RECURSO NÃO PROVIDO. Não tendo o

alimentante comprovado sua incapacidade econômica de

prestar os alimentos fixados, impossível sua

redução/exoneração, eis que arbitrados consoante o binômio

necessidade-possibilidade, preconizado no § 1º do art. 1.694

do novo Código Civil. Havendo desistência temporária da

pensão alimentícia, permite-se à ex-companheira reclamar

posteriormente a verba alimentar. 239

Provido foi o Agravo de Instrumento, quando o Tribunal

de Justiça Estado de Santa Catarina, entendeu que havendo fortes indícios

da real existência de união estável entre os litigantes e diante da

necessidade comprovada, é de ser deferido os alimentos provisórios em

favor da ex companheira.

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS PROVISÓRIOS.

UNIÃO ESTÁVEL COMPROVADA. DIREITO DA EX-

COMPANHEIRA. OBSERVÂNCIA AO BINÔMIO NECESSIDADE E

POSSIBILIDADE. RECURSO PROVIDO. Havendo fortes indícios da

real existência de união estável entre os litigantes e diante da

necessidade da ex- companheira, é de ser deferido a seu

favor alimentos provisórios. Considerando-se o alto padrão de

vida levado pelos ex-companheiros, é razoável que os

alimentos provisórios sejam fixados no montante de quinze

salários mínimos, podendo haver exoneração, minoração ou

majoração no decorrer da instrução processual, onde as

provas colhidas poderão fundamentar melhor a decisão sobre

os alimentos definitivos. "Com base no art. 400 do Código Civil,

deve-se considerar a possibilidade do alimentante juntamente

com a necessidade daquele que pleiteia os alimentos. Caso

239 FLORIANÓPOLIS. Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Agravo de Instrumento n°

2005.023608-8, Rel Des Wilson Augusto do Nascimento. 31 de Outubro de 2005. .

<http://www.tj.sc.gov.br�����������������������

>. Acesso em 05 de Novembro de 2008.

63

esteja presente o binômio necessida-de/possibilidade, é

inconteste o dever de prover alimentos em favor da ex-

companheira, mesmo que esta exerça atividade remunerada

e possua, o alimentante, filho advindo de outra relação." (A.I.

n° 02.014463-6, Rel. Des. Wilson Augusto do Nascimento)

Considerando-se o alto padrão de vida levado pelos ex-

companheiros, é razoável que os alimentos provisórios sejam

fixados no montante de quinze salários mínimos, podendo

haver exoneração, minoração ou majoração no decorrer da

instrução processual, onde as provas colhidas poderão

fundamentar melhor a decisão sobre os alimentos definitivos. 240

O presente trabalho destacou a união estável, bem

como os requisitos necessários para sua caracterização, e principalmente

sobre a possibilidade de alimentos aos companheiros, quando da dissolução

da união. A união estável, a partir da Constituição Federal de 1988 foi

reconhecida como entidade familiar, cujo reconhecimento gerou direitos e

deveres entre os companheiros, assim como ocorre no casamento. Durante

a pesquisa, tanto doutrinária quanto jurisprudencial restou claro o dever

recíproco entre os companheiros, em relação a prestação de alimentos,

desde que preenchidos os requisitos legais

240 FLORIANÓPOLIS. Tribunal de Justiça de Santa Catarina. Agravo de Instrumento n°

2002.0157779-7, Rel Des Carlos Prudêncio. 29 de Abril de 2003. <http://www.tj.sc.gov.br�����������������������

>. Acesso em 05 de Novembro de 2008.

64

CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Iniciou-se esta pesquisa com o propósito de estudar o

instituto dos alimentos em caso de dissolução da união estável.

Para seu desenvolvimento lógico o trabalho foi dividido

em três capítulos, tratando entre eles dos alimentos em geral, em seguida da

união estável e por fim, dos alimentos na união estável.

No primeiro capitulo viu-se que o instituto dos alimentos,

trata-se de uma obrigação alimentar, composta por tudo o que for

necessário à subsistência da pessoa necessitada como, por ex.: a

alimentação, a saúde, o vestuário, a habitação, etc.

Ao analisar as características dos alimentos, destacou-se

as seguintes: personalíssima, intransferível, imprescritível, irrenunciável,

impenhorável, recíproca e inalienável. Quanto a sua natureza jurídica,

divide-se em dois tipos, os naturais que são aqueles necessários à

subsistência do ser humano, composto pela “alimentação, a cura, o

vestuário e a habilitação; e os civis, que compreendem as necessidades

intelectuais e morais, inclusive a recreação do alimentado.

No que diz respeito os requisitos necessários para a

fixação dos alimentos, destacou-se: a necessidade do alimentado, a

possibilidade do alimentante e a proporcionalidade, atualmente chamado

de trinômio.

No segundo capítulo a pesquisa destinou-se a origem e

evolução da união estável constando-se que tal instituto passou a ser assim

denominado, somente após o advento da Constituição Federal de 1988, vez

que, até então, era conhecido como concubinato, o qual era subdividido

em dois tipos: o concubinato puro e o concubinato impuro. O primeiro é, a

união duradoura de um homem e uma mulher, com a obtenção de

65

constituir família, atualmente, conhecido como “União Estável”, e o segundo,

por seu turno, é denominado pela doutrina pátria como concubinato, em

conformidade com o art. 1.727 do Código Civil.

Inicialmente, a União Estável, foi reconhecida como

entidade familiar pelo art. 226 da Constituição Federal de 1988 e passou a

gozar de proteção estatal. Após este reconhecimento, surgiram duas leis que

regulamentaram o referido artigo: a Lei n°8.971/94 e a Lei n° 9.278/96.

Atualmente, o instituto da União Estável está regulamentado pelo Código

Civil vigente.

No terceiro e ultimo capítulo, intensificou-se a pesquisa

sobre os alimentos na união estável. Quanto ao direito de pleitear os

alimentos, o estudo revelou que ocorrendo a dissolução da união estável,

por vontade de um ou de ambos os companheiros, de forma consensual ou

litigiosa, os alimentos podem ser pleiteados, desde que verificado, a

necessidade de quem pleiteia e a possibilidade daquele que deve,

respeitando a proporcionalidade, independentemente de análise de culpa

pela dissolução.

Para a realização da presente monografia, foram

levantadas - conforme consta na introdução as seguintes hipótese

Primeira - Conforme o Código Civil, os requisitos

autorizadores do reconhecimento da união estável são: A convivência

pública continua e duradoura e estabelecida com objetivo de constituição

de família. (art. 1.723 Código Civil).

A Primeira hipótese restou confirmada.

Segunda - O legislador não instituiu diferença, no que

tange aos alimentos, entre a União Estável e o Casamento, uma vez que nos

66

termos do art. 1.694 do Código Civil o companheiro figura em meio aqueles

que podem pleitear alimentos.

A segunda hipótese restou confirmada.

Terceira - Uma das conseqüências da união estável está

relacionada ao dever de assistência e considerando o dever do

companheiro em pensionar o outro que comprovadamente necessite dos

alimentos, a obrigação alimentar permanece entre os companheiros até

que sobrevenha qualquer causa de exoneração.

A terceira hipótese também restou confirmada.

Dessa forma, observou-se, através dos estudos realizados,

que o companheiro carente de alimentos pode requerer em juízo que lhe

seja fixada pensão alimentícia, devendo o magistrado conferir tal direito,

desde que verificada existência da união estável, sua dissolução, o teor da

necessidade econômica do alimentando e a possibilidade do companheiro

alimentante.

O método utilizado na fase de investigação foi o indutivo

e na fase do Relatório da Pesquisa também foi a base indutiva.

Foram acionadas as técnicas do referente, da categoria,

dos conceitos operacionais, da pesquisa bibliográfica e do fichamento.

Finalmente observa-se que não houve a intenção por

parte da pesquisadora de esgotar o assunto, mas apresentar alguns

elementos para a discussão.

67

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