a tutela antecipada na sentenÇa e suas consequÊncias processuais

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A TUTELA ANTECIPADA NA SENTENA E SUAS CONSEQUNCIAS PROCESSUAISRESUMO: Este trabalho tem por finalidade estudar o instituto da tutela antecipada na sentena, promovendo ao leitor condies para que este compreenda as razes que levaram com que a tutela antecipada fosse concedida na deciso de mrito. Alm disso, o intuito do trabalho delimitar qual o recurso mais adequado para atacar a sentena que antecipar a tutela. Dessa maneira, foram apresentadas as consequncias processuais a concesso da tutela antecipada na sentena, haja vista relevncia social que a temtica representa em relao segurana dos provimentos judiciais. O presente artigo analisa qual o melhor recurso para atacar a tutela deferida no provimento final, seria o agravo de instrumento proposto conjuntamente com a apelao ou somente apelao. Foram discutidos os motivos pelos quais a tutela antecipada se tornou possvel na sentena. Abordaram-se, ainda, as divergncias doutrinrias e jurisprudenciais sobre o tema como as argumentaes dos autores que admitem o deferimento da tutela antecipada no provimento final, bem como daqueles que no admitem. Averiguou-se se h inobservncia do princpio da unirrecorribilidade para os autores que admitem a interposio simultnea do agravo de instrumento juntamente com a apelao. Por fim, este artigo cientfico realizou um exame sobre o anteprojeto do novo Cdigo de Processo Civil em relao alterao da regra geral para recebimento dos recursos cveis. Aps essa anlise, infere-se que o novo CPC prev a mudana na regra geral para recebimento dos recursos cveis, assim caso seja promulgado seria incua conceder a tutela antecipada na sentena. Conclui-se que o recurso mais adequado para atacar a tutela antecipada na deciso de mrito a apelao recebida somente no efeito devolutivo para aquela parte do provimento que houver concedida a tutela. Descabida seria a interposio simultnea do agravo de instrumento e apelao, pois afronta o princpio da unirrecorribilidade dos recursos cveis. Portanto, atravs da elaborao deste trabalho foi possvel compreender que o instituto da tutela antecipada na sentena surgiu para atribuir maior efetividade a entrega da prestao jurisdicional permitindo eficcia imediata a sentena. PALAVRAS-CHAVE: Tutela antecipada na sentena. Segurana. Recurso. Efetividade. 1 Introduo O instituto da tutela antecipada na sentena no tratado de forma satisfatria nos manuais de Direito, de modo que os poucos autores que tratam da matria abordam o assunto de maneira bastante sucinta. Assim, este trabalho tem por finalidade estudar a fundo o instituto da tutela antecipada na sentena, tendo em vista relevncia social que a temtica representa principalmente no que tange a segurana dos provimentos judiciais. Alm disso, o intuito do trabalho promover ao leitor condies para que este compreenda as razes que levaram com que a tutela antecipada fosse concedida na deciso de mrito, bem assim delimitar qual o recurso mais adequado para atacar a sentena que antecipar a tutela.

Desse modo, o artigo cientfico abordar os aspectos atinentes a concesso da tutela antecipada na sentena e suas consequncias processuais, haja vista a ocorrncia de vrios aspectos polmicos que refletem diretamente no mundo jurdico. O principal objetivo do trabalho descobrir os motivos que levaram a tutela antecipada ser admitida na sentena, definir qual o recurso cabvel para atacar esta deciso, agravo de instrumento interposto simultaneamente com o recurso de apelao ou somente apelao e tambm apresentar as divergncias doutrinrias e jurisprudenciais sobre o deferimento da tutela antecipada na sentena (1). De incio, as hipteses levantadas para responder esta problemtica foram que, em tese, a tutela antecipada possvel na sentena, em caso negativo, a tutela de urgncia seria mais eficaz do que a prpria medida definitiva. (LOPES, 2009). Ademais, o recurso cabvel seria somente o recurso de apelao, uma vez que a interposio simultnea do recurso de agravo de instrumento e apelao acarretaria a inobservncia do princpio da unicorribilidade ou singularidade dos recursos cveis. (NUNES, 2007). Nesse contexto, a doutrina ptria entende que o instituto da tutela antecipada, normalmente, proveniente de uma deciso interlocutria que tem por escopo resolver questo incidental no processo. (NUNES, 2007). Sendo assim, a execuo da tutela antecipada se d de forma provisria e imediata, uma vez que se a deciso for atacada por recurso de agravo de instrumento, este recebido em regra somente no efeito devolutivo. (SPADONI, 2002). De outro modo, a deciso de mrito, que realizada atravs de cognio plena, no tem como regra geral a execuo imediata da sentena, pois se a sentena for atacada por recurso de apelao, este recebido em regra no duplo efeito, ou seja, no efeito devolutivo e suspensivo. (SPADONI, 2002). Dessa forma, afirma a doutrina que a norma de processo civil apresenta uma contradio, haja vista que a deciso interlocutria, em regra, tem mais eficcia que a prpria sentena final, j que aquela permite de imediato a execuo provisria da deciso, ao contrrio da sentena que suspensa at seu trnsito em julgado. (SPADONI, 2002). Por outro lado, no h paradoxo nessa situao, uma vez que o legislador permitiu eficcia imediata da deciso interlocutria em funo de risco a efetividade do processo, inexistindo tal risco at a prolao da sentena esta poder manter-se ineficaz at o julgamento da apelao, pelo contrrio a tutela antecipada se daria na sentena. (BEDAQUE, 2003). Expe a doutrina, que o legislador em 2001, inseriu no art.520 do Cdigo de Processo Civil, o inciso VII, fazendo exceo regra geral da qual dispe sobre recebimento da apelao no duplo efeito. Sendo assim, a apelao passa a ser recebida somente no efeito devolutivo quando a sentena confirmar os efeitos da tutela deferida antecipadamente. (SPADONI, 2002).

Em tese, aps a referida mudana legislativa, houve omisso por parte do legislador, uma vez que este no disciplinou como se dar a execuo do provimento quando a tutela for concedida na prpria sentena e no apenas confirmada, conforme prev a legislao vigente. (WAMBIER, 2006) (2). Nesse tocante, parte dos doutrinadores majoritrios (3), afirmam que possvel conceder tutela antecipada na sentena, visto que o legislador no delimitou ordem temporal para a concesso da tutela. (LOPES, 2009). Identifica-se, assim a existncia de uma grande polmica processualista, no que tange ao deferimento da tutela antecipada na sentena, de modo que alguns doutrinadores (4) entendem que deve ser aplicado sentena que antecipou a tutela, em caso de recurso, somente o efeito devolutivo disposto no art. 520, VII, do CPC, sob pena de, agindo de modo diverso, se continuar permitindo que a deciso interlocutria seja mais eficiente que a deciso final. (LOPES, 2009). Por outro lado, h dvida no meio jurdico em relao ao recurso cabvel para atacar a sentena que deferir a tutela, ou seja, caberia a interposio apenas da apelao ou apelao interposta simultaneamente com o agravo de instrumento. (ALVIM, 2003). Ressalta-se, ainda, que devido relevncia do tema, o Egrgio Superior Tribunal de Justia, em entendimento jurisprudencial recorrente, disps sobre a legitimidade em se conceder tutela antecipada na sentena (5), sendo aplicvel por analogia, o inciso VII do art. 520 do CPC, de modo que eventual recurso de apelao ser recebido somente no efeito devolutivo para aquela parte do provimento que houver concedida a tutela (6). (NUNES, 2007). Por fim, de grande valia para a comunidade jurdica encontrar na doutrina e na jurisprudncia a soluo mais vivel para a celeuma apresentada, tendo em vista que o instituto da tutela antecipada na sentena tem se mostrado cada vez mais re levante na sistemtica jurdica, sobretudo no que tange a segurana dos provimentos judiciais. 2 O Surgimento da Tutela Antecipada no Ordenamento Jurdico A efetividade do processo civil somente era aquela advinda pela declarao de uma sentena de mrito. Sendo assim, a plenitude do direito material se dava pelo ato final de um procedimento, mesmo que a prestao jurisdicional fosse fornecida tardiamente. (ZENI, 1999). Verifica-se, portanto, a consequente morosidade na soluo de conflitos, diante de um procedimento engessado por formalidades, que culminava na insuficiente entrega da prestao jurisdicional. (ALVIM, 2003). Nesse contexto, premente era uma reforma legislativa para inserir no sistema processual civil formas processuais mais geis, para que o indivduo pudesse pleitear em juzo a pretenso que lhe foi resistida sem prejuzos, devido demora dos procedimentos judiciais. (ALVIM, 2003). O sistema processual era caracterizado pela lenta prestao jurisdicional, desse modo, buscavam-se, as medidas cautelares satisfativas, para "contornar a deficincia de um

modelo universal de processo, com cognio plena, com o propsito de obter resultados mais imediatos". (ALVIM, 2003, p. 8). Assim, como as medidas cautelares eram satisfativas, tornou-se desnecessrio o ajuizamento de uma ao principal, eis que, exauriam completamente a tutela pretendida. (ALVIM, 2003). A introduo dos arts. 273, 461 e 461-A no Cdigo de Processo Civil (7), foi fundamental para uma reforma processual efetiva, uma vez que a ao cautelar passou a ser exclusiva s medidas que realmente tivessem naturezas cautelares, mesmo se atpicas. (ALVIM, 2003). As novas regras processuais impediram a utilizao irregular do processo cautelar, dessa forma, possibilitaram a "agilizao, simplificao e presteza na outorga da prestao jurisdicional". (ALVIM, 2003, p. 9). Segundo entendimento de Luciana Alvim: "A antecipao de tutela consagrada pelo art. 273 e a tutela especfica dos arts. 461 e 461-A do CPC simplificam a prestao jurisdicional, pois podem ser obtidas no bojo do prprio processo de conhecimento, sem a necessidade da propositura de duas aes para se alcanar um mesmo resultado." (ALVIM, 2003, p. 9-10). Portanto, com a implementao da tutela antecipada na sistemtica jurdica no se pode mais utilizar o processo cautelar para obter efeitos antecipatrios, sendo estes somente adquiridos atravs do processo de conhecimento. (ALVIM, 2003). 2.1 As Razes que Tornaram Possvel a Tutela Antecipada Ser Concedida na Sentena Nota-se que no foi introduzida na redao do art. 273, caput, do CPC, limitao de ordem temporal para a concesso do instituto da tutela antecipada. Com isso, a prpria norma processual civil deixou margem para o magistrado deferi-la em qualquer etapa do procedimento. (ZENI, 1999). Para tanto alm de ser necessria a existncia de prova inequvoca das alegaes do postulante o juiz deve se convencer da verossimilhana dos fatos, sendo ainda fundamental que haja fundado receio de dano irreparvel ou de difcil reparao ou fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou manifesto propsito protelatrio do ru (8). De outro modo, o 6 do art. 273, dispe, ainda, que a tutela antecipada tambm poder ser concedida quando um ou mais pedidos cumulados, ou parcela deles, mostrar-se incontroverso (9). H casos em que o magistrado no se convence de plano das provas e alegaes formuladas pela parte, indeferindo, assim, a tutela pretendida, porm, seu convencimento poder ser alterado aps a instruo do processo, com o exaurimento da fase probatria. (ZENI, 1999).

Como no h momento certo para se conceder a tutela antecipada, como j dito, poder o juiz atribuir eficcia imediata a deciso de mrito, quando conceder a tutela, anteriormente indeferida, no bojo da prpria sentena de mrito. (ZENI, 1999). Cabe, aqui, ressaltar que h uma diferena primordial na possibilidade do juiz ao prolatar a sentena confirmar ou revogar a tutela antecipada deferida anteriormente, ou deferir a tutela de urgncia no corpo da sentena, fazendo assim, um ato totalmente novo. (KLIPPEL; ALBANI, 2009). Quanto ao ato de confirmar ou revogar a tutela de urgncia, no gera dvidas, uma vez que a deciso final tem como caracterstica a substituio da tutela antecipada deferida anteriormente, tornando assim, diferentes os efeitos de possvel recurso de apelao. (KLIPPEL; ALBANI, 2009). Por outro lado, quando h concesso da tutela na prpria sentena, diferente se torna o efeito da sentena, uma vez que nesse caso aplica-se por analogia o art. 520, VII, do CPC, retirando o efeito suspensivo, em caso de interposio do recurso de apelao. (KLIPPEL; ALBANI, 2009). Em outros termos, entende-se, que o escopo desse procedimento retirar suspenso que seria inserida na sentena, em caso de eventual interposio de recurso de apelao. (ZENI, 1999). Frisa-se que para se deferir a tutela antecipada na sentena necessrio que os requisitos dispostos nos incisos I e II do art. 273, do CPC, estejam presentes para que se legitime a concesso nesse momento processual. (ZENI, 1999). Desse modo, o juiz no est autorizado apenas a decidir o mrito da demanda, mas, tambm deve tornar a sentena efetiva, pois, se ao contrrio proceder, transformaria em reparatrio uma medida que deveria ser satisfativa. (ZENI, 1999). Portanto, aps a utilizao do instituto da tutela antecipada na sentena, a parte vencedora na deciso de primeiro grau, poder usufruir da eficcia dessa sentena, sem aguardar o julgamento de inmeros recursos que, muitas vezes, tem o intuito de protelar a efetividade do provimento final. (ZENI, 1999). Entende-se, que tal instituto pode se dar na prpria sentena de mrito, eis que, a lei no usou no artigo que trata dessa matria, a palavra liminar, ou seja, no h disposio expressa que obrigue o deferimento da tutela antecipada ser possvel, somente, no incio do procedimento. (ZENI, 1999). Compreende-se melhor, como possvel conceder a tutela antecipada na sentena, quando a prtica processual revela que, algumas vezes, o demandante no consegue demonstrar no incio da relao jurdico processual os requisitos do art. 273 do CPC. (MONTENEGRO FILHO, 2009). Dessa forma, o juiz poder, no somente, confirmar os efeitos da tutela na sentena como dispe, o art. 520, inciso VII do CPC (10), em caso de anterior deferimento da tutela, mas tambm se no incio da demanda foi indeferido o pedido antecipatrio e os

requisitos em questo, apenas, so preenchidos posteriormente, poder conceder no corpo da prpria deciso final. (MONTENEGRO FILHO, 2009). A doutrina majoritria (11) entende que a tutela antecipada possvel na sentena, ou seja, se h possibilidade de sua concesso por meio da cognio sumria, externada atravs do pedido liminar, por que, no seria possvel por meio de um conhecimento pleno e exauriente dos fatos que geraram a lide. (WAMBIER, 2006). Conforme j visto, o preenchimento dos pressupostos para se permitir a concesso de tutela antecipada pode ser satisfeito no momento da prolao da sentena, sendo assim, a tutela concedida aps uma cognio exauriente, e no mais sumria. (DIDIER JR., 2007). Se no houvesse o deferimento da tutela antecipada na sentena o recurso de apelao seria recebido no duplo efeito, ou seja, no efeito devolutivo e suspensivo que impediria a execuo provisria da sentena. (DIDIER JR., 2007). No entanto, se a tutela for concedida no bojo do provimento final, o recurso de apelao ser recebido somente no efeito devolutivo, assim, permitir a execuo provisria da sentena. (DIDIER JR., 2007). Portanto, a importncia da tutela ser deferida no corpo da sentena permitir eficcia imediata da sentena, fazendo exceo a regra geral que recebe em duplo efeito o eventual recurso de apelao. (DIDIER JR., 2007). 3 Divergncia Doutrinria 3.1 Autores que Admitem a Concesso do Instituto da Tutela Antecipada no Bojo da Sentena de Mrito A doutrina (12) destoa quanto possibilidade de se conceder a tutela de urgncia no bojo da prpria sentena de mrito, ou seja, no h entendimento uniformizado sobre a possibilidade de o juiz antecipar a tutela, na deciso de mrito. (ALVIM, 2003). Infere-se da doutrina de Didier Jr, Braga e Oliveira (2007), que possvel o juiz conceder a tutela antecipada em sede da sentena, dessa forma, pode gerar duas hipteses, a saber: A primeira que, o recurso de apelao no ser dotado de efeito suspensivo, permitindo, assim, a execuo provisria da sentena. (DIDIER JR.; BRAGA; OLIVEIRA, 2007). Entretanto, poder ocorrer outra situao que seria intil conceder a tutela antecipada na sentena, que so as hipteses previstas nos incisos do art. 520, do CPC, ou seja, nesses casos h autorizao expressa, para execuo imediata da sentena, j que eventual recurso de apelao no ter o condo de suspender o cumprimento provisrio da sentena. (DIDIER JR.; BRAGA; OLIVEIRA, 2007).

Segundo, Dierle Nunes (2007), descabida a hiptese de se atribuir efeitos executrios a uma deciso advinda de uma cognio superficial e no conferir os mesmos efeitos a uma deciso sucedida aps um conhecimento pleno e exauriente. Portanto, de acordo com o supracitado autor, vem sendo confirmada pelo STJ (Superior Tribunal de Justia) a possibilidade de se conceder a tutela antecipada na prpria sentena de mrito. (NUNES, 2007) (13). No entendimento de Fernando Zeni (1999), o art. 273 do CPC no mencionou em momento algum que a tutela antecipada deve ser deferida somente liminarmente, bem assim no definiu a ocasio exata para a concesso da tutela. Desse modo, seu entendimento se nivela a parte da doutrina e jurisprudncia (14) que admite o deferimento da tutela antecipada no bojo da sentena. Assim, concluiu que como no h limitao temporria para a concesso da tutela antecipada, o legislador permitiu ao juiz atribuir eficcia imediata sentena de mrito, ou seja, quando se defere a tutela no bojo da deciso final, consequentemente se concede eficcia executiva sentena de mrito. (ZENI, 1999). Joo Lopes (2009) coaduna com o entendimento de que a redao do art. 273 do CPC, no delimitou ordem temporal para o deferimento da tutela antecipada, sendo assim no h fundamento legal que impea a concesso do referido instituto na sentena. Para Joaquim Spadoni (2002), possvel deferir a antecipao de tutela na sentena, desde que haja pedido formulado pelo autor, bem assim que o juiz identifique o perigo de perecimento do direito reconhecido no momento de prolatar a sentena. Montenegro Filho (2009) entende que o magistrado pode no apenas confirmar a tutela antecipada anteriormente concedida como dispe o inciso VII do art. 520, mas tambm pode conceder a tutela no corpo da sentena de mrito. Nesse caso, " que o documento emanado do juiz apresentaria natureza hbrida, sendo parte sentena e parte deciso interlocutria". (MONTENEGRO FILHO, 2009, p. 45). Teresa Wambier (2006, p. 231) afirma que "no s possvel a antecipao dos efeitos da tutela na prpria sentena como s vezes este , de fato, o nico caminho." Arremata dizendo que: "Afasto com veemncia a objeo, por a considerar integralmente descabida, no sentido de que a antecipao da tutela no poderia ser concedida na sentena. Evidentissimamente, se pode ser concedida liminarmente, razo de espcie alguma existe para que no possa ser concedida na sentena, deciso proferida em momento em que o juiz j tem cognio plena e exauriente dos fatos da causa." (WAMBIER, 2006, p. 231). Nessa mesma linha de pensamento entende Jos Bedaque (2001), quando afirma que nada impede o deferimento da tutela antecipada na sentena, seja esta proferida em julgamento antecipado ou at mesmo aps a audincia.

Fundamenta que a consequncia de se deferir a tutela antecipada na sentena de mrito retirar o efeito suspensivo da apelao, nesse caso o julgamento da deciso final surte efeito imediato, ainda em face do recurso de apelao. (BEDAQUE, 2001). 3.2 Autores que No Admitem a Concesso da Tutela Antecipada na Sentena de Mrito Araken Assis (1997) contrrio a parcela da doutrina que admite a antecipao da tutela na sentena de mrito, pois afirma que existe termo final para o deferimento da tutela antecipada. Dessa maneira, alega que aps a reunio das provas produzidas pelas partes proibido antecipar os efeitos da tutela, mesmo que estejam presentes os requisitos previstos no art. 273, do CPC, sendo estes receio de dano irreparvel ou de difcil reparao ou abuso por parte do ru. (ASSIS, 1997). O autor fundamenta seu pensamento pelo que determina o caput do art. 273, do CPC, ou seja, o caput desse artigo faz referncia a um juzo de probabilidade e no de certeza quando determina que para se antecipar a tutela, o juiz dever se convencer da verossimilhana das alegaes produzidas pela parte. (ASSIS, 1997). Assim, aduz o autor que quando termina a fase probatria surgir o juzo de certeza, no havendo mais a verossimilhana das alegaes como exigido pelo artigo em questo. (ASSIS, 1997). Com isso, o prprio caput do art. 273 do CPC, determina o termo final para a concesso da tutela antecipada, sendo somente deferida em sede da verossimilhana das alegaes e no atravs de um conhecimento de certeza. (ASSIS, 1997). Argumenta, ainda, que: "Colhida a prova, ao juiz compete proferir sentena, e, neste caso, nada mais antecipar - "a antecipao" do art. 273 um provimento anterior sentena, no procedimento e no tempo, tanto que o processo prosseguir at final julgamento, a teor do art.273, 5 - e, por fora da inibio eficcia do ato, decorrente da previso de recurso suspensivo (art. 520), se revelaria incua eventual disposio "antecipatria" na prpria sentena. E antecipar o juiz pouco antes da sentena, nas condies anteriores, em ato apenas formalmente autnomo, reprovvel burla lei." (ASSIS, 1997, p. 29). Jlio Amaral (2001), tambm contrrio ao posicionamento de se conceder a tutela na sentena, alega ser inadequada essa medida, eis que a sentena de mrito e a deciso interlocutria so atos judiciais de naturezas diversas. Conclui que, deve-se primar pela boa tcnica e pela ordem processual, assim a deciso que antecipa a tutela no deve ocorrer no momento de se prolatar a sentena, mas em deciso apartada, definida como deciso interlocutria, nesse sentido no haveria dvidas sobre qual recurso seria adequado. (AMARAL, 2001).

Nery Jnior (1996) argumenta que a tutela pode ser concedida tanto no incio da demanda como no decorrer do processo, entretanto, deve ocorrer, sempre, antes da sentena. Dessa forma, prolatada a sentena no h mais interesse processual na obteno da tutela antecipada, haja vista que j foi apreciada definitivamente a pretenso. (NERY JNIOR, 1996). Contudo, pode acontecer do autor da demanda ter uma sentena favorvel necessitandose da execuo dos efeitos dessa sentena, nesse caso, o requerimento da tutela antecipada, ser realizado sempre no tribunal, uma vez que no permitido ao magistrado inovar no processo depois de proferida a sentena. (NERY JNIOR, 1996). De acordo com Srgio Fadel (2002), o art. 273 5 do CPC (15), prev o prosseguimento do processo at seu final julgamento e havendo eventual interposio de recurso, at o julgamento deste. Assevera que o mencionado dispositivo, torna evidente a independncia da deciso que antecipa a tutela em relao ao prosseguimento regular do processo, bem assim a prpria sentena de mrito. (FADEL, 2002). Aduz, ainda, que o regular andamento processual, permite ao magistrado revogar ou modificar a tutela antecipada, bem como conced-la no caso de anterior indeferimento, lembrando que tais atos devem ser realizados em momento anterior sentena. (FADEL, 2002). Argui que no se justifica conceder a tutela na sentena e se desse modo agir o magistrado estar concedendo tutela definitiva e no a tutela provisria, conforme determina o art. 273 do CPC. (FADEL, 2002). Cita-se: "No se justifica o juiz deixar para deferir a tutela apenas no momento de se encerrar seu ofcio jurisdicional, juntando, numa nica pea, a deciso antecipatria e a sentena, como vem acontecendo reiteradamente na prtica. Se a sentena assegura, em definitivo, a mesma tutela que poderia ter sido antecipada, provisoriamente, e no foi, constitui erro grosseiro outorg-la duplamente, e com base em cognio exauriente e no em juzo de verossimilhana." (FADEL, 2002, p. 61-62). Por fim, argumenta que a natureza da tutela antecipada diversa da tutela definitiva, de modo que se a antecipao da tutela ocorrer no mesmo momento em que a tutela definitiva, aquela negar seu prprio designo que de antecipar uma medida que ocorreria somente depois. (FADEL, 2002). 4 Recurso Cabvel e seus Efeitos 4.1 Princpio da Unirrecorribilidade: Enfoque sobre a Interposio Simultnea do Recurso de Agravo de Instrumento Juntamente com o Recurso de Apelao

Luciana Alvim (2003) afirma que h doutrinadores que sustentam que a sentena se compe de diversos captulos, nesse caso, o magistrado poder dividir os captulos para proferir a deciso de mrito e a deciso antecipatria. Contudo, se o juiz assim proceder surge o problema para identificar qual recurso cabvel para atacar tais decises, sendo interposta a apelao considerando a sentena como um todo, ou apelao e o agravo, sendo aquela para impugnar a sentena de mrito e o agravo para recorrer da deciso antecipatria. (ALVIM, 2003). Para essa autora, o princpio da unirrecorribilidade contrrio a interposio de mais de um recurso para atacar uma mesma deciso, mesmo que se admitisse a diviso da sentena em captulos, seria afastada a hiptese de interpor o recurso de agravo, sendo cabvel, somente, apelao para impugnar a sentena no seu todo. (ALVIM, 2003). Assevera, ainda, que no prospera o entendimento doutrinrio que sustenta o cabimento de dois recursos para recorrer da mesma sentena. (ALVIM, 2003). Fundamenta, por conseguinte: "Mesmo porque, se admitida tal possibilidade, estar-se-ia cultivando o formalismo, pois o agravo de instrumento, ao chegar ao tribunal, seria seguido pelo recurso de apelao, que chegaria logo em seguida. E, se no agravo de instrumento torna-se possvel obter eventualmente a suspenso da sua eficcia, com base no art. 558 do CPC (16), essa possibilidade existe tambm quanto apelao, como se v do disposto no pargrafo nico desse mesmo artigo, podendo o apelante faz-lo como preliminar nas razes do recurso, ou, se houver urgncia, atravs de petio diretamente no prprio tribunal, cujo relator fica com a sua competncia preventa para julgar a apelao." (ALVIM, 2003, p. 135). De outro modo, entende Joo Batista Lopes (2009), pois, afirma no ter cabimento a invocao do princpio da unicorribilidade, tendo em vista que este princpio no tem carter absoluto, devendo-se primar pela proteo adequada do direito. Alega que, no faz sentido o ru suportar a determinao imediata da antecipao da tutela, sem ter condies de levar seu inconformismo imediatamente ao tribunal. (LOPES, 2009). Dessa forma, o autor entende que a sentena divida em captulos, assim dispe: "Concebe-se que, em hiptese tais, melhor seria que o magistrado proferisse deciso interlocutria em separado, antes da sentena de mrito, com o que afastaria qualquer discusso a respeito do recurso cabvel. Entretanto, se tal no ocorrer, no h como negar o cabimento do agravo de instrumento contra a concesso da tutela antecipada, sem prejuzo da apelao relativamente ao mrito da causa. que, mesmo considerando-se a possibilidade de a parte insurgir-se contra o despacho de recebimento da apelao no efeito meramente devolutivo, a prtica de tal ato certamente demandar lapso de tempo durante o qual o ru ter de sofrer os efeitos da antecipao da tutela, com risco de dano irreparvel ou de difcil reparao." (LOPES, 2009, p. 120).

Nessa mesma linha de pensamento Paulo Vaz (1999) aduz que aparentemente pode parecer que a interposio simultnea dos dois recursos em questo, violaria o princpio da singularidade dos recursos e o princpio da indivisibilidade da deciso para a finalidade recursal. Porm, surge-se uma situao excepcional com o instituto da tutela antecipada, sendo imprescindvel concertar os erros advindos da antecipao da tutela no bojo da sentena. (VAZ, 1999). Logo, arremata seu pensamento dizendo que o Cdigo de Processo Civil obteve novos contornos com a introduo da tutela antecipada, sendo assim, os princpios tambm devem ser admitidos sob novo aspecto, de modo que o princpio da unirrecorribilidade deva ser suprimido na situao em que a tutela antecipada for concedida na sentena. (VAZ, 1999). 4.2 Autores que Admitem somente a Interposio do Recurso de Apelao A norma de processo civil prev que para cada tipo de provimento permitido interposio de um nico recurso. Entretanto, no que tange ao deferimento da tutela antecipada na sentena criou-se uma situao inusitada, j que seria possvel a "interposio de agravo contra o captulo da deciso que defere a medida antecipatria e de apelao contra o captulo de mrito". (NUNES, 2007, p. 49). Contudo, tendo em vista o princpio da singularidade recursal, da sentena caber a interposio somente do recurso de apelao, sendo que esse recurso, em regra, ser recebido no efeito devolutivo, conforme dispe o art.520, VII, do CPC. "Obviamente que a executividade imediata se circunscrever parte em que foi concedida a tutela, "de modo a garantir a eficcia da deciso antecipatria"". (NUNES, 2007, p. 50). No resta margem para dvidas, quanto ao cabimento do recurso de apelao para atacar a tutela antecipada concedida na sentena, vez que a sentena ato nico, no havendo diviso para "o manejo de recurso de agravo, para a parte que deferiu a tutela antecipada e apelao, para impugnar a sentena". (ZENI, 1999, p. 86). O art. 520, VII, do CPC, dispe claramente que se a sentena apelada confirmou a antecipao da tutela, no h que se falar em efeito suspensivo no recurso de apelao. (FRIEDE; KLIPPEL; ALBANI, 2009). Desse modo, quando a sentena confirma a tutela antecipada haver uma substituio da tutela de urgncia pela deciso de mrito, assim, invivel "entender essa confirmao como deciso interlocutria inserida no corpo da sentena". (FRIEDE; KLIPPEL; ALBANI, 2009, p. 48). Da mesma maneira, ocorre quando a tutela deferida no bojo da sentena, nesse caso, tambm no h lugar para a deciso interlocutria. (FRIEDE; KLIPPEL; ALBANI, 2009, p. 48). "Isso porque tem-se entendido que a tutela antecipada pode ser deferida na sentena, o que em analogia prescrio do art.520, VII, do CPC, retira o efeito suspensivo de eventual recurso de apelao. No entanto, apesar de se tratar de tutela de urgncia, como

a mesma foi deferida no corpo da sentena, esta parte integrante da mesma, no havendo como entend-la como uma deciso interlocutria parte, devido ao seu contedo, mesmo porque trata-se de um nico ato, impugnvel por um nico recurso especfico, ou seja, mesmo deferida tutela antecipada no corpo de sentena, o recurso cabvel a apelao, conforme posicionamento do Superior Tribunal de Justia, no devendo ser conhecido possvel agravo de instrumento que tenha por objeto impugnar a tutela antecipada, j que inexiste, no caso em tela, dvida objetiva, o que caracteriza a presena do erro grosseiro." (FRIEDE; KLIPPEL; ALBANI, 2009, p. 48-49). Discorre Rita Vasconcelos (2007), sobre as circunstncias geradoras da dvida objetiva para aplicao do princpio da fungibilidade: "Atualmente se admite, ento, a incidncia do princpio, desde que verificado o pressuposto da dvida objetiva, a qual tem sido entendida como aquela derivada de impropriedades terminolgicas presentes no prprio Cdigo e, principalmente, de divergncias existentes na doutrina e na jurisprudncia sobre qual o recurso cabvel." (VASCONCELOS, 2007, p. 80). Desse modo, para os autores Friede, Klippel e Albani (2009) no h dvida objetiva no que tange a interposio do recurso para recorrer da sentena que antecipou a tutela no devendo ser conhecido o agravo de instrumento para recorrer dessa sentena, sendo cabvel somente apelao. No direito brasileiro o recurso de apelao recebido, em regra, no duplo efeito, qual seja efeito devolutivo e suspensivo, mas, quando a antecipao de tutela deferida no corpo da sentena, tem-se como resultado a retirada do efeito suspensivo da apelao, tornando a deciso imediatamente eficaz. (BEDAQUE, 2001). "Para obteno desse resultado, no h necessidade de deciso interlocutria em separado. A exigncia no se coaduna com a eliminao de formalidades desnecessrias, nem constitui demonstrao de boa tcnica processual. Nada obsta que a sentena contenha vrios captulos, cada um versando determinado aspecto da relao material, inclusive a necessidade de antecipar os efeitos da tutela final." (BEDAQUE, 2001, p. 371). Para Jos Bedaque (2001), a sentena composta por vrios captulos, sendo assim, a parte da sentena que deferir a tutela antecipada ser executada imediatamente. Todavia, o efeito suspensivo incidir sobre os demais captulos, que no foram atingidos pela tutela antecipada. Sobre a admissibilidade apenas do recurso de apelao, o mencionado autor concluiu que: "Jamais cogitei, por consider-la absolutamente incompatvel com o sistema recursal, a admissibilidade de o captulo da sentena em que o juiz concede a antecipao da tutela ser impugnado mediante agravo. Esse recurso adequado para atacar deciso interlocutria, ou seja, ato mediante o qual o juiz resolve questes incidentes, sem colocar fim ao processo. No caso, o processo extinto e, portanto, o ato decisrio configura sentena. No importa seu contedo, ou se nele foram resolvidas questes que

tambm poderiam ser objeto de deciso autnoma. Poderiam, mas no foram." (BEDAQUE, 2001, p. 372). No entendimento de Montenegro Filho (2009), em respeito ao princpio da singularidade recursal, quando a tutela antecipada for concedida na sentena, caber a interposio de um nico recurso que a apelao. Dessa forma, o recurso de apelao ser dotado somente do efeito devolutivo, na parte relativa ao deferimento da tutela antecipada, o que pode acarretar prejuzos ao recorrente. (MONTENEGRO FILHO, 2009). Diante de eventual prejuzo, o apelante poder pleitear efeito suspensivo ao recurso de apelao, podendo ser requerido perante o magistrado como tambm ao prprio relator, com apoio ao pargrafo nico do art. 558 do CPC. Nesse caso, o recorrente dever demonstrar para obteno de tal efeito a ocorrncia de dano irreparvel ou de difcil reparao. (MONTENEGRO FILHO, 2009). Conforme j mencionado no captulo anterior, Luciana Alvim (2003) adepta a interposio somente do recurso de apelao, em respeito ao princpio da unirrecorribilidade. Em que pese ao efeito que a apelao deve ser recebida, entende a autora que caber o efeito meramente devolutivo. Joaquim Spadoni (2002), afirma que a parte da sentena que antecipou a tutela " apenas um dos captulos da sentena, fazendo parte integrante dela". (SPADONI, 2002, p. 330). Assim, no h no bojo da sentena uma deciso interlocutria que desafiaria eventual recurso de agravo de instrumento, mas o que existe uma sentena composta por captulos, sendo esta atacada somente atravs do recurso de apelao. (SPADONI, 2002). Em relao parte da sentena que antecipa os efeitos da tutela, a apelao ser recebida apenas no efeito devolutivo, quanto aos outros captulos da deciso de mrito o recurso recebido no duplo efeito, ou seja, devolutivo e suspensivo. (SPADONI, 2002). 4.3 Autores que Admitem a Interposio Simultnea do Recurso Apelao com o Agravo de Instrumento A apelao interposta pelo ru no faz suspender a eficcia da sentena que deferiu em seu bojo a antecipao da tutela, ento, para que o ru no sofra os prejuzos advindos da imediata execuo dessa sentena, seria necessrio valer-se do agravo de instrumento. (LOPES, 2009). De modo que, o agravo de instrumento ser interposto ao tribunal com pedido de efeito suspensivo, o que no impede do ru interpor apelao para que a sentena seja reformada no mrito, no havendo, nesse caso, o acolhimento do princpio da unicorribilidade, j que este no tem carter absoluto. (LOPES, 2009).

Segundo Paulo Vaz (1999), a melhor soluo para tratar da questo da tutela antecipada na sentena e que no desrespeita nenhum princpio recursal a diviso da deciso de mrito. Portanto, h "duas espcies de deciso judicial: uma, a deciso interlocutria que antecipou os efeitos da tutela de mrito, ensejando a interposio de agravo de instrumento; outra, que constitui o provimento definitivo, desafiando o recurso de apelao". (VAZ, 1999, p. 342). 5 Divergncia Jurisprudencial 5.1 Jurisprudncias Favorveis a Concesso da Tutela Antecipada na Sentena, Sendo a Apelao o nico Recurso Cabvel Segundo entendimento do STJ h possibilidade de se conceder a tutela antecipada no provimento final, sendo invivel a interposio de agravo de instrumento contra a sentena que antecipou os efeitos da tutela jurisdicional. (NUNES, 2007). Nesse sentido, citam-se respectivamente jurisprudncias do STJ e do Tribunal de Justia do Rio Grande do Sul: "EMENTA: Agravo Regimental. Ao de Reintegrao de Posse. Tutela antecipada concedida por ocasio da prolao da sentena. Recurso cabvel. Apelao. Precedentes. Agravo regimental improvido." (BRASIL. Superior Tribunal de Justia. Agravo Regimental no Agravo de Instrumento n1148346-SP, da Terceira Turma, Relator: Ministro Massami Uyeda. Braslia, DF, 23 de setembro de 2009). "EMENTA: Agravo de Instrumento. Deciso monocrtica. Antecipao de tutela concedida na sentena. Apelao como recurso cabvel. Erro grosseiro. Fungibilidade recursal. Inaplicabilidade. Princpio da unirrecorribilidade. A deciso atacada, embora concedendo em seu bojo, tambm, a antecipao de tutela, sentena (art. 162, 1, do CPC) e, como tal, atacvel pela via da apelao (art. 513 do CPC), constituindo erro grosseiro a irresignao por meio de agravo de instrumento, o que afasta a aplicabilidade do princpio da fungibilidade recursal, que pressupe, alm do atendimento ao prazo do recurso correto, a existncia de dvida objetiva quanto ao recurso pertinente na hiptese. Ademais, em face do princpio da unicidade recursal, tem-se que, para cada deciso, cabe um e nico recurso, que, no caso, a apelao. Precedentes do STJ. Agravo a que se nega seguimento, com base no art. 557, caput, do CPC." (RIO GRANDE DO SUL. Tribunal de Justia. Agravo de Instrumento n 70009415092, da 9 Cmara Cvel. Relator: Des. Ado Sergio do Nascimento Cassiano. Porto Alegre, 09 de agosto de 2004). Cita-se, ainda, jurisprudncia do STJ admitindo o recebimento da apelao somente no efeito devolutivo para a parte da sentena em que foi concedida a tutela. Veja-se: "EMENTA: Direito processual civil. Agravo no agravo de instrumento. Recurso especial. Ao de imisso de posse. Tutela antecipada concedida quando da prolao da sentena. Possibilidade. Apelao da concesso da tutela antecipada. Efeito devolutivo. Consonncia do acrdo recorrido com a jurisprudncia do STJ. - A antecipao da tutela pode ser deferida quando da prolao da sentena, sendo que em tais hipteses, a

apelao contra esta interposta dever ser recebida apenas no efeito devolutivo quanto parte em que foi concedida a tutela. Precedentes. - Invivel o recurso especial quando o acrdo impugnado encontra-se em consonncia com a jurisprudncia do STJ. Agravo no agravo de instrumento no provido." (BRASIL. Superior Tribunal de Justia. Agravo Regimental no Agravo de Instrumento n 940317 - SC, da Terceira Turma, Relatora: Ministra Nancy Andrighi. Braslia, DF, 08 de fevereiro de 2008). Conforme demonstrado pelo aresto acima exposto, o STJ entende que o recurso de apelao dever ser dotado apenas do efeito devolutivo parte da sentena em que foi concedida a tutela antecipada, mas isso no significa dizer que "ser invivel a obteno do efeito suspensivo junto ao juzo a quo ou mesmo mediante a interposio de agravo por instrumento (art. 522 (17) do CPC, com redao pela Lei n 11.187/05) contra a deciso que nega o efeito". (NUNES, 2007, p. 50). A jurisprudncia do TJMG (Tribunal de Justia de Minas Gerais) firmou entendimento sobre a possibilidade de se conceder efeito suspensivo ao recurso de apelao quando a tutela for concedida na sentena. Verifica-se: "EMENTA: Agravo de instrumento. Antecipao da tutela deferida em sentena. Concesso de efeito suspensivo ao recurso de apelao. Possibilidade. 1. Na hiptese de a tutela antecipada ser deferida na sentena, a apelao cvel ser recebida somente no efeito devolutivo nesta parte. No entanto, possvel a concesso de efeito suspensivo, caso possa resultar leso grave e de difcil reparao parte, e seja relevante a fundamentao. 2. Recurso provido." (MINAS GERAIS. Tribunal de Justia. Agravo de Instrumento n 1.0024.06.070398-0/001, da 16 Cmara Cvel. Relator: Des. Wagner Wilson. Belo Horizonte, 21 de agosto de 2009). Esse entendimento decorre do que dispe o pargrafo nico do art. 558 do CPC, que viabiliza a possibilidade de se conceder o efeito suspensivo nas hipteses dos incisos do art. 520 do CPC, "quando a apelao seria recebida somente no efeito de transferncia, desde que se demonstre ao rgo a quo (que realizar a anlise provisria do juzo de admissibilidade) a possibilidade de leso grave e de difcil reparao, sendo relevante o fundamento". (NUNES, 2007, p. 50). importante ressaltar segundo o entendimento de Dierle Nunes (2007): "No entanto, parece bvio que, salvo hipteses excepcionais, o juzo prolator da sentena dificilmente deferir o aludido efeito suspensivo na apelao, uma vez que a antecipao de tutela fora deferida exatamente para a gerao de executividade imediata, e, caso entendesse que tal efeito no deveria ocorrer, ter-se-ia indeferido a medida antecipatria. No entanto, o pedido feito ao juzo a quo na apelao para viabilizar a interposio de agravo de instrumento com pedido liminar contra a deciso dos efeitos da apelao (art. 522 do CPC), de maneira a viabilizar que o rgo ad quem, mediante a deciso monocrtica do relator, defira provimento suspensivo nas hipteses em que estiverem presentes os requisitos legais autorizadores da medida (art. 558 do CPC). Poder-se-ia, ainda, suscitar a possibilidade de obteno do efeito suspensivo na apelao nessa hiptese, mediante a propositura de medida cautelar inominada junto ao rgo ad quem, utilizada como sucedneo recursal, do mesmo modo adotado para obteno da suspensividade do acrdo em sede de recursos extraordinrios (Smulas ns. 634 e 635 do STF) (18). Apesar de a utilizao desse mecanismo ser defensvel, em

princpio, em virtude da urgncia de obstar o efeito executrio do provimento antecipatrio, no parece ser essa a tendncia jurisprudencial do STJ, dado que esse respeitvel rgo j se manifestou diversas vezes no sentido de que no h a possibilidade de substituir a interposio do recurso de agravo pela medida cautelar contra a deciso que declara os efeitos da apelao interposta em mandado de segurana. A base argumentativa dos precedentes veda a utilizao do sucedneo pela existncia de mecanismo processual idneo para a obteno de efeito suspensivo, qual seja o agravo de instrumento. Nesse diapaso, no seria possvel a substituio ou proposio conjunta do agravo e da medida cautelar inominada, pelo fato de que esta ltima tcnica somente seria vivel na ausncia de recurso adequado. (NUNES, 2007, p. 50- 51). Todavia, de acordo com o supramencionado autor em casos excepcionais, "caso a carga mandamental do provimento antecipatrio j viabilize efeitos executrios logo aps a publicao da sentena, ser possvel a utilizao de medida cautelar inominada junto ao tribunal aps a interposio da apelao (art. 800 (19), pargrafo nico do CPC)". (NUNES, 2007, p. 51). Portanto, salutar tal procedimento, pois o lapso temporal que decorre da deciso interlocutria para declarar os efeitos do recurso de apelao poder causar leses graves ao recorrente. (NUNES, 2007, p. 51). 5.2 Jurisprudncia que No Admitiu a Concesso da Tutela Antecipao na Sentena Verifica-se, jurisprudncia sobre a inadmisso da tutela antecipada na sentena: "EMENTA: Arrendamento rural, antecipao de tutela concedida na sentena. Descabimento. "A antecipao no pode ser concedida na sentena no s porque o recurso de apelao ser recebido no efeito suspensivo, mas principalmente porque o recurso adequado para a impugnao da antecipao o de agravo de instrumento. Admitir a antecipao na sentena seria dar recursos diferentes para hipteses iguais, e retirar do ru - em caso de antecipao na sentena - o direito ao recurso adequado." (SO PAULO. Segundo Tribunal de Alada Civil. Agravo de Instrumento n 59865000/3, da 1 Cmara Cvel. Relator: Des. Magno Araujo. Ribeiro Preto, 27 de setembro de 1999). Portanto, o Segundo Tribunal de Alada Civil do estado de So Paulo se pronunciou pelo descabimento da concesso da tutela antecipada no provimento final. 5.3 Jurisprudncias que Admitem a Interposio Simultnea do Agravo de Instrumento com o Recurso de Apelao para Atacar a Tutela Antecipada Deferida na Sentena Em pesquisa realizada pelo autor Joo Lopes (2009) verifica-se a seguinte ementa: "EMENTA: Antecipao de tutela. Ao de obrigao de fazer. Entrega da posse de imvel compromissado venda. Sentena de procedncia, mas que nega a antecipao pleiteada pela parte vencedora. Deciso interlocutria embutida na de mrito, a desafiar agravo de instrumento, corretamente interposto. Presena dos requisitos legais, muito bem confirmados pelo prprio fato do acolhimento da pretenso formulada pela autora.

Concesso. Agravo provido. "Possvel a tutela antecipatria ao ensejo da sentena, pronunciamento interlocutrio que desafia o recurso de agravo de instrumento, deve ser concedida quando presentes os requisitos exigidos, no caso bem confirmados com o prprio julgamento de procedncia da ao." (SO PAULO. Tribunal de Justia. Agravo de Instrumento n 184.190-4/4, da 2 Cmara de Direito Privado. Relator: Des. Jos Roberto Bedran. Campinas, 15 de fevereiro de 2001). No mesmo sentido, cita-se jurisprudncia pesquisada pelo autor Paulo Vaz (1999) do TJDF (Tribunal de Justia do Distrito Federal): "EMENTA: Antecipao de tutela. Concesso no bojo da sentena. Possibilidade. Efeitos. Recursos. Execuo. Art. 273, 3 e 5, do CPC. Nenhum bice legal h a que, em uma mesma pea, profira o juiz a sentena e defira a tutela antecipada, que poderia ter concedido antes, mas que no o fizera por qualquer razo, inclusive eventual produo de prova apenas em audincia, ou melhor e mais acurada anlise da prova somente quando da oportunidade do julgamento antecipado. No seria evidentemente jurdico e justo negar-se a tutela antecipada, quando presentes seus pressupostos. Em uma mesma pea, proferida a sentena e deferida a tutela antecipada, h independncia entre as duas ordens de deciso: a interlocutria, de antecipao da tutela, e a sentena, resolvendo o mrito. O fato de os provimentos constarem de uma mesma pea no iguala suas respectivas naturezas nem os sujeita aos mesmos efeitos. Cada qual desafia instrumento especfico de impugnao, com efeitos prprios. Assim, da interlocutria de antecipao de tutela, cabe agravo de instrumento, sem efeito suspensivo, que, se o caso, pode ser concedido pelo relator; da sentena cabe apelao, com duplo efeito, se o caso. Interposto recurso de apelao, corretamente recebido nos efeitos devolutivo e suspensivo, mas no interposto recurso de agravo da deciso interlocutria, o efeito suspensivo daquele no empolga esta. A deciso de antecipao de tutela, como lhe inerente, reclama imediata execuo, nos termos do art. 273, 3 e 5, do CPC. Como os efeitos da apelao no podem abranger a deciso de antecipao de tutela, que desafiava, por sua especfica natureza, agravo, no cabia aos ora agravantes agravar da deciso que recebeu, no duplo efeito, a apelao. O duplo efeito s envolve a sentena, no, repita-se, a deciso de antecipao de tutela. Agravo conhecido e provido para que tenha a deciso de antecipao de tutela imediato cumprimento, de acordo com os 3 e 5 do art. 273, do CPC." (BRASLIA. Tribunal de Justia. Agravo de Instrumento n 874197, da 3 Turma Cvel. Relator: Des. Mario Machado. Distrito Federal, 04 de fevereiro de 1998). Frisa-se, que com a interposio simultnea do agravo de instrumento e apelao no poderia se invocar o princpio da unicorribilidade, uma vez que este "no tem carter absoluto, devendo ceder passo quando se evidenciar a necessidade de proteo adequada do direito". (LOPES, 2009. p. 119). 6 Anteprojeto do Novo Cdigo de Processo Civil: Alterao na Regra Geral para Recebimento dos Recursos Para a elaborao do anteprojeto do novo CPC (Cdigo de Processo Civil) foi formada, em setembro de 2009, uma comisso de juristas instituda por Ato do Presidente do Senado Federal Jos Sarney.

Dessa maneira, a finalidade do anteprojeto utilizar formas mais simples na linguagem e na ao processual, bem assim elevar a celeridade e efetividade dos processos judiciais. (CONGRESSO NACIONAL, 2010). Uma das inovaes que resultar o novo CPC caso seja promulgado, alterar a regra geral dos efeitos em que os recursos so recebidos. (CONGRESSO NACIONAL, 2010). Assim, ressalvados os casos previstos em lei os recursos cveis no mais impediriam a eficcia da deciso, ou seja, em regra sero recebidos apenas no efeito devolutivo. Cita-se, o art. 908 do anteprojeto que cuida desta matria: "Art. 908 - Os recursos, salvo disposio legal em sentido diverso, no impedem a eficcia da deciso. 1 - A eficcia da sentena poder ser suspensa pelo relator se demonstrada probabilidade de provimento do recurso. 2 O pedido de efeito suspensivo durante o processamento do recurso em primeiro ser dirigido ao tribunal, em petio autnoma, que ter prioridade na distribuio e tornar prevento o relator." (CONGRESSO NACIONAL, 2010). Importante lembrar que o doutrinador Luiz Marinoni (2002), j cogitava a necessidade de alterao no art. 520 do CPC, uma vez que segundo o autor existe uma grande falha no sistema processual pelo fato de no se admitir a execuo da sentena na pendncia do recurso de apelao. Disserta, ainda, que a alterao do art. 520 do CPC, que inclui o inciso VII, perdeu a oportunidade de corrigir a impropriedade de se permitir a execuo imediata da deciso, apenas, para a tutela antecipatria. (MARINONI, 2002). Desse modo, o intuito de se criar outro CPC exatamente dar mais eficincia ao sistema processual civil, j que em regra os recursos no tero o condo de suspender a eficcia da sentena de mrito. Salienta-se, ainda, que o supracitado artigo prev a possibilidade do recurso ser recebido em efeito suspensivo, se demonstrada pela parte recorrente probabilidade de provimento do recurso. Por fim, ressalta-se que nesse caso o pedido de efeito suspensivo do recurso distribudo diretamente ao tribunal, tornando assim, prevento o relator. 7 Consideraes Finais De incio, o instituto da tutela antecipada na sentena pode causar ao leitor certa surpresa despertando-lhe o interesse em descobrir como seria possvel antecipar uma proteo jurisdicional no prprio provimento final do processo. Entretanto, qualquer estranheza promovida por esse instituto passageira quando se passa a entender a utilizao das normas recursais no processo civil brasileiro.

Primeiramente, no h que se falar em contradio legislativa no que tange a deciso interlocutria ter em regra mais eficcia que a prpria sentena final, j que aquela permite de imediato a execuo provisria da deciso, ao contrrio da sentena que suspensa at seu trnsito em julgado. O que se deve compreender que o legislador somente permitiu imediata execuo da deciso interlocutria ao oposto da sentena em funo do risco a efetividade do processo. Assim, se inexiste risco at a ocasio em que se for prolatar a sentena esta poder manter-se ineficaz at o julgamento de eventual recurso. Todavia, se h perigo eficcia do processo quando da prolao da deciso de mrito, nada impede que a tutela seja deferida ali como forma de antecipar os efeitos da sentena. Dessa maneira, fcil entender que o instituto da tutela antecipada surgiu para proteger a efetividade na entrega da prestao jurisdicional em face da urgncia em se prestar uma tutela efetiva, ficando o juiz legitimado a adotar apenas um conhecimento sumrio aos fatos que permeiam a lide. Ressalta-se que se o magistrado estiver diante de uma imediata proteo ao direito no mesmo momento de se prolatar a sentena a ele plenamente permitido deferir a tutela nessa ocasio, pois j goza de um conhecimento pleno que mais do que o exigido pela norma. Dessa forma, no seria coerente com a efetividade do processo civil a tese aventada pelos autores que no admitem a tutela antecipada na sentena, sob argumento de que na ocasio de se prolatar a sentena no haveria mais a probabilidade do direito exigido pela norma, mas restaria a certeza o que impediria a concesso nesse momento processual. Frisa-se que no importante analisar se est diante de uma cognio sumria ou exauriente, mas se h urgncia na entrega da prestao jurisdicional. Havendo necessidade de ser imediata a efetividade do processo a tutela antecipada surgir para no deixar com que a prestao da justia seja fulminada pelo lapso temporal decorrido entre a pretenso resistida e a deciso de mrito. Lembrando que como a deciso final pode ser postergada por vrios recursos, j que o atual Cdigo de Processo Civil optou pela regra de recebimento da apelao em duplo efeito, premente a admisso do instituto da tutela antecipada na sentena como forma de refutar a ineficcia da sentena advinda da demora do julgamento desses inmeros recursos. Os autores que afastam a admisso do instituto na sentena induzem a uma restrio que a prpria norma no realizou, ou seja, no se verifica pela anlise do art. 273 do CPC limite de ordem temporal para o deferimento da tutela antecipada, assim totalmente possvel sua concesso na sentena. A partir desse ponto comeamos a entender os motivos pelos quais o juiz defere a tutela na sentena, ou seja, alm da necessria urgncia na entrega do direito o intuito desse

procedimento fazer com que eventual recurso no venha a obstar a eficcia da sentena. Como j dito, o atual CPC adota como regra geral o efeito devolutivo e suspensivo ao recurso de apelao, tornando-se, desse modo, necessria tutela antecipada na sentena como forma de evitar a suspenso do provimento. No entanto, o anteprojeto do novo CPC prev a mudana na regra geral para recebimento dos recursos cveis, assim caso seja promulgado seria incua conceder a tutela antecipada na sentena, tendo em vista que eventual recurso no mais obstaria a eficcia do provimento final. Atualmente fcil se inferir que o recurso que ataca a deciso interlocutria que concedeu a tutela antecipada recebido no efeito devolutivo, de forma que esse recurso em regra no tem o condo de suspender a eficcia da deciso. No mesmo efeito deve ser recebido o recurso que atacar a tutela antecipada na sentena, pois no faz sentido obter-se de uma mesma hiptese legal solues normativas diferentes. Nesse contexto, entramos em outra discusso muito acirrada na doutrina e na jurisprudncia de qual seria o recurso cabvel para atacar a sentena que deferiu a tutela antecipada, seria o agravo de instrumento proposto conjuntamente com a apelao ou somente apelao. De plano enfatiza-se o termo sentena, de modo que o CPC no deixa margem para dvidas de que da sentena caber apelao, sendo assim aceitar a interposio simultnea do agravo de instrumento e apelao seria afrontar o princpio da unirrecorribilidade que contrrio a interposio de mais de um recurso para atacar a mesma deciso. Alm disso, a sentena certamente um ato nico no cabendo sua diviso para a interposio de recurso de agravo de instrumento para a parte da sentena que concedeu a tutela de urgncia e apelao para a impugnao da deciso de mrito. Portanto, para a sentena que antecipou a tutela caber somente apelao recebida no efeito devolutivo para aquela parte do provimento que houver concedido a tutela, por aplicao analgica ao inciso VII do art. 520 do CPC. No prospera a hiptese levantada por alguns doutrinadores em se admitir a interposio simultnea dos dois recursos em questo, sob o argumento que o nico caminho para que o ru no sofra os prejuzos advindos da imediata execuo da sentena se valer do agravo de instrumento que seria interposto diretamente ao tribunal com pedido de efeito suspensivo. Argumentam que o lapso temporal entre o despacho de recebimento da apelao no efeito devolutivo poder fazer com que o ru sofra prejuzos irreparveis ou de difcil reparao.

Contudo, esquecem-se os defensores dessa ideia que o efeito suspensivo tambm poder ser concedido apelao podendo o apelante fazer como preliminar nas razes do recurso ou em caso de urgncia atravs de petio protocolizada diretamente ao tribunal. Por fim, atravs da elaborao deste trabalho foi possvel compreender que o instituto da tutela antecipada na sentena surgiu para atribuir eficcia imediata a deciso de mrito quando houver urgncia para se alcanar a efetividade do processo. Referncias ALVIM, Luciana Gontijo Carreira. Tutela Antecipada na Sentena. Rio de Janeiro: Forense, 2003. AMARAL, Jlio Ricardo de Paula. Tutela Antecipatria: enfoque em aes declaratrias e constitutivas. So Paulo: Saraiva, 2001. BEDAQUE, Jos Roberto dos Santos. Tutela Cautelar e Tutela Antecipada: Tutelas Sumrias e de Urgncia (tentativa de sistematizao). 3 Ed. So Paulo: Malheiros Editores Ltda., 2003. BRASIL. Congresso Nacional. Comisso de Juristas instituda pelo Ato do Presidente do Senado Federal n 379, de 2009, destinada a elaborar Anteprojeto de Novo Cdigo de Processo Civil. Braslia, DF, 8 de junho de 2010. Disponvel em: . Acesso em: 10 nov. 2010. DIDIER JUNIOR, Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael. Curso de Direito Processual Civil: Direito probatrio, deciso judicial, cumprimento e liquidao da sentena e coisa julgada. V. 2. Salvador: JusPodivm, 2007. FADEL, Sergio Sahione. Antecipao da tutela no processo civil. 2 Ed. So Paulo: Dialtica, 2002. FRIEDE, Reis; KLIPPEL, Rodrigo; ALBANI, Thiago. A Tutela de Urgncia no Processo Civil Brasileiro. Niteri: Impetus Ltda., 2009. LOPES, Joo Batista. Tutela Antecipada no processo civil brasileiro. 4 Ed. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2009. MARINONI, Luiz Guilherme. A Antecipao da Tutela. V.7. So Paulo: Malheiros Editores, 2003. MONTENEGRO FILHO, Misael. Curso de Direito Processual Civil: Medidas de Urgncia Tutela Antecipada e Ao Cautelar Procedimentos Especiais. 5 Ed. V.3. So Paulo: Atlas S.A, 2009. NERY JUNIOR, Nelson (Coord.). Aspectos polmicos e atuais dos recursos cveis e assuntos afins. V.11. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. NERY JUNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Cdigo de Processo Civil Comentado e Legislao Extravagante. 10 Ed. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2007.

NERY JUNIOR, Nelson (Coord.). Aspectos polmicos e atuais dos recursos e de outros meios de impugnao s decises judiciais. V.6. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. NERY JUNIOR, Nelson. Atualidades sobre o processo civil: A reforma do Cdigo de Processo Civil brasileiro de 1994 e de 1995. 2 Ed. So Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1996. VAZ, Paulo Afonso Brum. Antecipao da Tutela na Sentena e a Adequao Recursal. Cincia Jurdica Ad Litteris Et Verbis, Belo Horizonte, V.85, p. 340-341, jan./fev, 1999. VASCONCELOS, Rita de Cssia Corra de. Princpio da Fungibilidade: Hipteses de incidncia no processo civil brasileiro contemporneo. So Paulo: Revista dos Tribunais, 2007. WAMBIER, Teresa Arruda Alvim (Coord.). Aspectos Polmicos da Antecipao de Tutela. So Paulo: Revista dos Tribunais, 1997. WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Deciso Antecipatria de Tutela Contida na Sentena -Recurso cabvel - Necessidade de que seja imediatamente eficaz Consequncias no plano recursal. Revista de Processo, So Paulo, p. 228-237, ago. 2006. ZENI, Fernando Csar. Deferimento do Pedido de Tutela Antecipatria na Sentena. In: Jurisprudncia Brasileira, Curitiba, 1999, p. 83-87. Notas (1) Divergncias doutrinrias- Captulos 3/3.2. Divergncias jurisprudncias- Captulos 5/5.3. (2) Ementa: Recurso especial. Processual civil. Alegada violao do art. 520, VII, do CPC, inocorrncia. Antecipao da tutela concedida na sentena. Possibilidade. (BRASIL. Superior Tribunal de Justia. Recurso Especial n 706.252 - SP, da Primeira Turma, Relator: Ministro Luiz Fux, Braslia, DF, 13 de setembro de 2005). (3) Fernando Zeni (1999) e Joo Lopes (2009). (4) Didier Jr, Braga e Oliveira (2007), Dierle Nunes (2007) e Jos Bedaque (2001). (5) Ementa: Antecipao de tutela. Deferimento por ocasio da sentena. Precedentes da Corte. 1. A Corte admite o deferimento da tutela antecipada por ocasio da sentena, no violando tal deciso o art. 273 do Cdigo de Processo Civil. 2. Recurso especial no conhecido. (BRASIL. Superior Tribunal de Justia. Recurso Especial n 473069 - SP, da Terceira Turma, Relator: Ministro Carlos Alberto Menezes Direito. Braslia, DF, 21 de agosto de 2003). (6) Ementa: Processual civil. Recurso especial. Antecipao de tutela. Deferimento na sentena. Possibilidade. Apelao. Efeitos. A antecipao da tutela pode ser deferida quando da prolao da sentena. Precedentes. Ainda que a antecipao da tutela seja

deferida na prpria sentena, a apelao contra esta interposta dever ser recebida apenas no efeito devolutivo quanto parte em que foi concedida a tutela. Recurso especial parcialmente conhecido e, nessa parte, provido. (BRASIL. Superior Tribunal de Justia. Recurso Especial n 648886 - SP, da Segunda Seo, Relatora Ministra Nancy Andrighi. Braslia, DF, 06 de setembro de 2004). (7) CPC: "Art. 461 Caput com redao determinada pela Lei n 8.952/94 - Na ao que tenha por objeto o cumprimento de obrigao de fazer ou no fazer, o juiz conceder a tutela especfica da obrigao ou, se procedente o pedido, determinar providncias que assegurem o resultado prtico equivalente ao do adimplemento. CPC- "Art. 461-A Artigo acrescido pela Lei n 10.444/02 - Caput Na ao que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz, ao conceder a tutela especfica, fixar o prazo para o cumprimento da obrigao". (8) CPC: "Art. 273 - O juiz poder, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequvoca, se convena da verossimilhana da alegao e: I- haja fundado receio de dano irreparvel ou de difcil reparao; ou II- fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou manifesto propsito protelatrio". (9) A aplicao da nova regra do CPC 273 6 ocorre no apenas quando o ru admite parte do pedido - incontrovrsia absoluta-, mas tambm quando parte do pedido, embora contestada explicitamente pelo ru, indiscutvel, ou seja, h "prova inequvoca da verossimilhana da alegao" (CPC 273 caput) - incontrovrsia relativa (NERY JUNIOR, N.; NERY, R., 2007, p. 530). (10) CPC: "Art. 520 - A apelao ser recebida em seu efeito devolutivo e suspensivo. Ser, no entanto, recebida s no efeito devolutivo, quando interposta de sentena que: VII - confirmar a antecipao dos efeitos da tutela. (11) Doutrina majoritria: Didier Jr, Braga e Oliveira (2007), Dierle Nunes (2007), Fernando Zeni (1999), Joo Lopes (2009), Joaquim Spadoni (2002), Jos Bedaque (2001), Montenegro Filho (2009) e Teresa Wambier (2006). (12) Entendendo ser possvel a tutela antecipada na sentena encontram-se os autores: Didier Jr, Braga e Oliveira (2007), Dierle Nunes (2007), Fernando Zeni (1999), Joo Lopes (2009), Joaquim Spadoni (2002), Jos Bedaque (2001), Montenegro Filho (2009) e Teresa Wambier (2006). Entendendo de forma diversa: Araken Assis (1997), Jlio Amaral (2001), Nery Jnior (1996) e Srgio Fadel (2002). (13) Ementa: Antecipao de tutela. Deferimento por ocasio da sentena. Precedentes da Corte. 1. A Corte admite o deferimento da tutela antecipada por ocasio da sentena, no violando tal deciso o art. 273 do Cdigo de Processo Civil. 2. Recurso especial no conhecido. (BRASIL. Superior Tribunal de Justia. Recurso Especial n 473069 - SP, da Terceira Turma, Relator: Ministro Carlos Alberto Menezes Direito. Braslia, DF, 21 de agosto de 2003). (14) Doutrina apresentada no captulo 3.1. Jurisprudncia apresentada no captulo 5.1.

(15) CPC: "Art. 273 - 5 Concedida ou no a antecipao da tutela, prosseguir o processo at final julgamento". (16) CPC: "Art. 558 - O relator poder, a requerimento do agravante, nos casos de priso civil, adjudicao, remio de bens, levantamento de dinheiro sem cauo idnea e em outros casos dos quais possa resultar leso grave e de difcil reparao, sendo relevante a fundamentao, suspender o cumprimento da deciso at o pronunciamento definitivo da turma ou cmara. Pargrafo nico. Aplicar-se- o disposto neste artigo s hipteses do art. 520." (17) CPC: "Art. 522 - Das decises interlocutrias caber agravo, no prazo de 10 (dez) dias, na forma retida, salvo quando se tratar de deciso suscetvel de causar parte leso grave e de difcil reparao, bem como nos casos de inadmisso da apelao e nos relativos aos efeitos em que a apelao recebida, quando ser admitida a sua interposio por instrumento. Pargrafo nico. O agravo retido independe de preparo." (18) Smula n 634 do STF (Supremo Tribunal Federal)- No compete ao Supremo Tribunal Federal conceder medida cautelar para dar efeito suspensivo a recurso extraordinrio que ainda no foi objeto de juzo de admissibilidade na origem. Smula n 635 do STF - Cabe ao Presidente do Tribunal de origem decidir o pedido de medida cautelar em recurso extraordinrio ainda pendente do seu juzo de admissibilidade. (19) "Competncia do relator. No regime atual, institudo pelo CPC 800 pargrafo nico. Reformado, ficou mais explcita a possibilidade de a parte, interpondo o recurso, dirigir-se ao tribunal e pleitear medida cautelar para suspender os efeitos da deciso impugnada. Essa providncia j tem sido utilizada no STJ, conforme permite o RISTJ 288." (NERY JUNIOR; NERY ANDRADE, 2007, p. 1.119). Autor: FREDERICO OLIVEIRA FREITAS Ps-graduado em Direito Pblico pela Associao Nacional dos Magistrados Estaduais; Professor; Advogado. Autor: DANIELE DE OLIVEIRA FURTADO Acadmica em Direito pela Faculdade de Direito Padre Arnaldo Janssen.