a transversalidade dos direitos humanos na educação básica...

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A transversalidade dos Direitos Humanos na educação básica à luz do PNEDH Instituições de Fomento: Objeto e objetivos: A escola é espaço de formação de valores e uma das primeiras experiências da criança em que irá aprender a respeitar regras para convivência em sociedade. Na Grécia Antiga, temos o conceito de paideia, que é, além da técnica de ensino que prepara a criança para a vida adulta, o resultado de um processo de educação que se perpetua por toda a vida. Para a formação da pessoa se construir de modo pleno, deve contemplar uma formação moral, incluindo a formação de uma consciência jurídica atualizada segundo os valores contemporâneos do Estado de Direito(s) (Brochado). Um cidadão sem a consciência sobre os seus direitos não se encontra em plenas condições para o exercício amplo, efetivo, e consistente de sua cidadania. Nesse sentido, o presente trabalho tratou de como a transversalidade dos direitos humanos na educação básica à luz do Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos (PNEDH) deve comparecer como metodologia nos processos pedagógicos da educação básica, com vistas à formação de cidadãos aptos ao exercício de sua cidadania, conforme prevê o art. 205 da Constituição da República, e de forma que sejam valorizados os princípios democráticos basilares da sociedade e a dignidade da pessoa humana através de uma educação promotora da tolerância na diversidade. Um dos desafios desse processo educativo, ainda muito inovador, é a implementação efetiva da metodologia. De acordo com Aida Silva, “é necessária a construção de um projeto pedagógico democrático e participativo, onde a formação do sujeito possa ser assumida coletivamente” . Após estudos metodológicos chegou-se à solidificação da expressão transversalidade, que foi cunhada com o fito de expressar o privilégio da interdisciplinaridade e a multidimensionalidade nesse processo de aprendizagem, ou seja, uma abordagem da temática dos direitos humanos que perpassa as variadas disciplinas e campos do saber. A integração de conteúdos possui caráter consistente e aponta ser um dos métodos mais eficazes na efetivação dos próprios direitos humanos. A partir disso, recorremos a um dos poucos campos normativos existentes no Brasil relacionados aos direitos humanos e à educação brasileira: o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos, documento elaborado pelo Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos em 2003, com nova versão em 2006, a fim de avaliar e buscar pontos nas diretrizes estipuladas que tragam em si uma visão transversal no tratamento da educação em direitos humanos. Metodologia: Foi realizado levantamento bibliográfico acerca da temática da Educação em Direitos Humanos e, em seguida, uma comparação, entre as propostas metodológicas encontradas o Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos para observar a abordagem da transversalidade em ambos. Resultados obtidos: Observa-se a menção da propositura da transversalidade como um dos objetivos gerais no PNEDH, ampliando-o não para educação, mas para diversos setores sociais, como saúde, comunicação, cultura, justiça e esporte e lazer e também quanto a formação e capacitação de profissionais, onde é apontado o intuito de incentivar a interdisciplinaridade e a transdisciplinaridade nessa modalidade de educação. Especificamente na educação básica, onde o saber aparece de forma sistematizada e codificada, e na escola, que é o espaço privilegiado para a construção e consolidação da cultura de direitos humanos, o PNEDH trata a transversalidade em várias de suas medidas programáticas, como o estímulo junto a todos os profissionais da educação básica, os profissionais de suas entidades de classe e associações; o desenvolvimento de uma pedagogia participativa que inclua conhecimentos, análises críticas e habilidades de promoção dos direitos humanos; a construção de parcerias com os diversos membros da comunidade; estabelecer o diálogo entre as variadas esferas do saber escolar; apoio de projetos culturais que abordem temas atuais que não constam em grade curricular e principalmente a capacitação dos profissionais atuantes na educação básica. Não obstante estarem bem claro os objetivos do PNEDH, o que se nota na prática não corresponde ao desejado pelo plano. As diretrizes foram elaboradas, mas falta ainda normatização minuciosa e pedagógica para a real implementação desse método, bem como da educação em direitos humanos. Outra conclusão a que se chega é a de que um dos meios mais imediatos a se atingir a transversalidade é a capacitação dos profissionais da educação básica ser feita também por juristas, que constantemente estão aptos a tratar do assunto. Dessa forma ter-se-ia um efeito em cadeia, uma vez que mais pessoas poderiam abordar o tema e, na falta de materiais pedagógicos específicos, cada um levaria a sua seara conhecimentos basilares da promoção dos direitos humanos, conseguindo adaptar-se ao seu contexto. Referências Bibliográficas: Brasil. Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos. Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos: 2007. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007. 56 p. BROCHADO, Mariá . Pedagogia jurídica para o cidadão: formação da consciência jurídica a partir de uma compreensão ética do direito. Revista da Faculdade de Direito. Universidade Federal de Minas Gerais, v. 48, p. 159- 188, 2006. Educação em Direitos Humanos: Fundamentos teórico-metodológicos/ Rosa Maria Godoy Silveira, ET AL. João Pessoa: Editora Universitária, 2007. 513 p. SILVA, Ainda. Educação para a cidadania: solução ou sonho impossível?. In: LERNER, Julio (org.). Cidadania, Verso e Reverso. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 1997. p. 215-222. Apoio:

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Page 1: A transversalidade dos Direitos Humanos na educação básica ...andhep.org.br/anais/arquivos/VIIencontro/gt10-08.pdf · para convivência em sociedade. Na Grécia Antiga, temos o

A transversalidade dos Direitos Humanos na educação básica à luz do PNEDH

Instituições de Fomento:

Objeto e objetivos: A escola é espaço de formação de valores e uma dasprimeiras experiências da criança em que irá aprender a respeitar regraspara convivência em sociedade. Na Grécia Antiga, temos o conceito depaideia, que é, além da técnica de ensino que prepara a criança para avida adulta, o resultado de um processo de educação que se perpetuapor toda a vida. Para a formação da pessoa se construir de modo pleno,deve contemplar uma formação moral, incluindo a formação de umaconsciência jurídica atualizada segundo os valores contemporâneos doEstado de Direito(s) (Brochado). Um cidadão sem a consciência sobre osseus direitos não se encontra em plenas condições para o exercícioamplo, efetivo, e consistente de sua cidadania. Nesse sentido, o presentetrabalho tratou de como a transversalidade dos direitos humanos naeducação básica à luz do Plano Nacional de Educação em DireitosHumanos (PNEDH) deve comparecer como metodologia nos processospedagógicos da educação básica, com vistas à formação de cidadãosaptos ao exercício de sua cidadania, conforme prevê o art. 205 daConstituição da República, e de forma que sejam valorizados osprincípios democráticos basilares da sociedade e a dignidade da pessoahumana através de uma educação promotora da tolerância nadiversidade. Um dos desafios desse processo educativo, ainda muitoinovador, é a implementação efetiva da metodologia. De acordo comAida Silva, “é necessária a construção de um projeto pedagógicodemocrático e participativo, onde a formação do sujeito possa serassumida coletivamente”. Após estudos metodológicos chegou-se àsolidificação da expressão transversalidade, que foi cunhada com o fitode expressar o privilégio da interdisciplinaridade e amultidimensionalidade nesse processo de aprendizagem, ou seja, umaabordagem da temática dos direitos humanos que perpassa as variadasdisciplinas e campos do saber. A integração de conteúdos possui caráterconsistente e aponta ser um dos métodos mais eficazes na efetivaçãodos próprios direitos humanos. A partir disso, recorremos a um dospoucos campos normativos existentes no Brasil relacionados aos direitoshumanos e à educação brasileira: o Plano Nacional de Educação emDireitos Humanos, documento elaborado pelo Comitê Nacional deEducação em Direitos Humanos em 2003, com nova versão em 2006, afim de avaliar e buscar pontos nas diretrizes estipuladas que tragam emsi uma visão transversal no tratamento da educação em direitoshumanos.

Metodologia: Foi realizado levantamento bibliográfico acerca da temática daEducação em Direitos Humanos e, em seguida, uma comparação, entre aspropostas metodológicas encontradas o Plano Nacional de Educação emDireitos Humanos para observar a abordagem da transversalidade emambos.

Resultados obtidos: Observa-se a menção da propositura datransversalidade como um dos objetivos gerais no PNEDH, ampliando-o nãosó para educação, mas para diversos setores sociais, como saúde,comunicação, cultura, justiça e esporte e lazer e também quanto a formaçãoe capacitação de profissionais, onde é apontado o intuito de incentivar ainterdisciplinaridade e a transdisciplinaridade nessa modalidade deeducação. Especificamente na educação básica, onde o saber aparece deforma sistematizada e codificada, e na escola, que é o espaço privilegiadopara a construção e consolidação da cultura de direitos humanos, o PNEDHtrata a transversalidade em várias de suas medidas programáticas, como oestímulo junto a todos os profissionais da educação básica, os profissionaisde suas entidades de classe e associações; o desenvolvimento de umapedagogia participativa que inclua conhecimentos, análises críticas ehabilidades de promoção dos direitos humanos; a construção de parceriascom os diversos membros da comunidade; estabelecer o diálogo entre asvariadas esferas do saber escolar; apoio de projetos culturais que abordemtemas atuais que não constam em grade curricular e principalmente acapacitação dos profissionais atuantes na educação básica. Não obstanteestarem bem claro os objetivos do PNEDH, o que se nota na prática nãocorresponde ao desejado pelo plano. As diretrizes foram elaboradas, masfalta ainda normatização minuciosa e pedagógica para a real implementaçãodesse método, bem como da educação em direitos humanos. Outraconclusão a que se chega é a de que um dos meios mais imediatos a seatingir a transversalidade é a capacitação dos profissionais da educaçãobásica ser feita também por juristas, que constantemente estão aptos atratar do assunto. Dessa forma ter-se-ia um efeito em cadeia, uma vez quemais pessoas poderiam abordar o tema e, na falta de materiais pedagógicosespecíficos, cada um levaria a sua seara conhecimentos basilares dapromoção dos direitos humanos, conseguindo adaptar-se ao seu contexto.

Referências Bibliográficas: Brasil. Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos. Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos: 2007. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2007. 56 p.BROCHADO, Mariá . Pedagogia jurídica para o cidadão: formação da consciência jurídica a partir de uma compreensão ética do direito. Revista da Faculdade de Direito. Universidade Federal de Minas Gerais, v. 48, p. 159-188, 2006.Educação em Direitos Humanos: Fundamentos teórico-metodológicos/ Rosa Maria Godoy Silveira, ET AL. – João Pessoa: Editora Universitária, 2007. 513 p.SILVA, Ainda. Educação para a cidadania: solução ou sonho impossível?. In: LERNER, Julio (org.). Cidadania, Verso e Reverso. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado, 1997. p. 215-222.

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