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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA UNEB DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS CAMPUS I- SALVADOR PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDO DE LINGUAGENS ANALÍDIA DOS SANTOS BRANDÃO GUIA DE RUAS, (BAIRROS) E MISTÉRIOS: A TOPONÍMIA COMO ELEMENTO IDENTITÁRIO EM BAHIA DE TODOS OS SANTOS Salvador 2015

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Page 1: A TOPONÍMIA COMO ELEMENTO IDENTITÁRIO EM BAHIA DE …€¦ · Salvador - a Terra de Todos os Santos, na busca de descrever as peculiaridades que formam as identidades do povo baiano

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – CAMPUS I- SALVADOR

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDO DE LINGUAGENS

ANALÍDIA DOS SANTOS BRANDÃO

GUIA DE RUAS, (BAIRROS) E MISTÉRIOS:

A TOPONÍMIA COMO ELEMENTO IDENTITÁRIO EM BAHIA DE

TODOS OS SANTOS

Salvador

2015

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ANALÍDIA DOS SANTOS BRANDÃO

GUIA DE RUAS, (BAIRROS) E MISTÉRIOS:

A TOPONÍMIA COMO ELEMENTO IDENTITÁRIO EM BAHIA DE

TODOS OS SANTOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em

Estudos de Linguagens do Departamento de Ciências

Humanas – Campus I, da Universidade do Estado da Bahia –

UNEB, como parte dos requisitos para obtenção do título de

Mestre.

Orientadora: Profa. Dra. Celina Márcia de Souza Abbade

Salvador

2015

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FICHA CATALOGRÁFICA

Sistema de Bibliotecas da UNEB

Bibliotecária: Jacira Almeida Mendes – CRB: 5/592

Brandão, Analídia dos Santos

Guia de ruas, (bairros) e mistérios: a toponímia como elemento identitário em

Bahia de Todos os Santos / Analídia dos Santos Brandão . – Salvador, 2015.

180f.

Orientadora: Celina Márcia de Souza Abbade.

Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado da Bahia. Departamento

Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens. Campus

I.

Contém referências.

1. Amado, Jorge, 1912 - 2001. 2. Salvador (BA) - Descrições de viagens -

Guias. 3. Identidade social. 4. Cultura. I. Abbade, Celina Márcia de Souza.

II. Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Ciências Humanas.

CDD: 981.142

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TERMO DE APROVAÇÃO

ANALÍDIA DOS SANTOS BRANDÃO

GUIA DE RUAS, (BAIRROS) E MISTÉRIOS: A TOPONÍMIA COMO ELEMENTO IDENTITÁRIO EM BAHIA DE

TODOS OS SANTOS

Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Estudo

de Linguagens, da Universidade do Estado da Bahia, pela seguinte banca examinadora:

BANCA EXAMINADORA

MARIA CÂNDIDA TRINDADE COSTA DE SEABRA

Examinadora convidada

Doutora em Linguística, Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, Brasil

__________________________________________________________________

MARIA DA CONCEIÇÃO REIS TEIXEIRA

Examinadora interna

Doutora em Letras e Linguística, Universidade Federal da Bahia, UFBA, Brasil

___________________________________________________________________

CELINA MÁRCIA DE SOUZA ABBADE

Orientadora

Doutora em Letras, Universidade Federal das Bahia, UFBA, Brasil ______________________________________________________________________

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“Sob um céu de admirável limpidez, na fímbria do mar ou na montanha onde corre sempre uma cariciosa aragem, vive o povo mais doce do Brasil. Na cidade do Salvador da Bahia.”

(AMADO, [1945] 2002, p. 21)

Ilustração de Carlos Bastos

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AGRADECIMENTOS

Agradeço, em primeiro lugar, a Deus pelo dom da vida, pela força em cada momento difícil e

por permitir que mais uma obra se cumprisse na minha vida.

À minha família pelo apoio constante, pela atenção e pelo incentivo de sempre. Meus pais

Antonieta e Antonio e minha irmã Ana Paula foram as pessoas que mais acreditaram que eu

poderia ir mais longe.

À Marco Aurélio pela paciência, compreensão, pelo carinho e por ser meu porto seguro nos

momentos nada tranquilos.

À minha orientadora querida, Prof. Dra Celina Márcia de Souza Abbade, pelos ensinamentos,

pelo comprometimento, pelo profissionalismo, pelo carinho, pelas risadas e pelo exemplo de

força e alegria.

Às professoras Conceição Reis e Cândida Seabra pelas generosas contribuições, conselhos e

orientações desde o desenvolvimento e até conclusão dessa minha pesquisa.

Aos professores do PPGEL/UNEB pelos momentos de conhecimentos e aprendizagens que

contribuíram para a minha formação.

Aos meus colegas do PPGEL pelos momentos compartilhados, pelos risos e pelo rico

convívio, em especial a Celiane Souza, Cláudio Ribeiro, Yara Santiago, Maria Eugênia,

Edivanildo Flaubert, Antonia Cláudia e Janete Suzart. Que a amizade perdure para a vida!!

Aos funcionários do PPGEL, Camila, Geysa e Danilo, pelo apoio e pelo profissionalismo.

À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia – FAPESB por acreditar e investir na

minha proposta de pesquisa.

À Fundação Casa de Jorge Amado pela disponibilidade em prestar esclarecimentos,

apresentar materiais e toda a ajuda sobre meu corpus e às funcionárias da biblioteca da

Fundação Gregório de Matos, pela solicitude e atenção.

Enfim, a todos os meus amigos que de alguma forma contribuíram para a realização desse

meu trabalho: o meu muito obrigada!!!

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RESUMO

A linguagem exerce um importante papel na sociedade, pois, por meio dela, o homem

constitui-se como sujeito e retrata, principalmente, o conhecimento de si próprio e do mundo

no qual está inserido, estabelecendo relações com o outro. Tendo a linguagem como um

“cartão - postal” do usuário, Jorge Amado foi buscar nela elementos que ajudaram a

desvendar as ruas, os mistérios, as belezas e muitas outras características da cidade de

Salvador - a Terra de Todos os Santos, na busca de descrever as peculiaridades que formam as

identidades do povo baiano. Amparada nos estudos lexicológicos que englobam várias áreas,

dentre estas a Onomasiologia - ciência que se ocupa em analisar os nomes próprios, tendo a

Antroponímia e a Toponímia como subáreas, em que a primeira estuda o nome de pessoas e a

segunda, nomes de lugares e acidentes geográficos, esta dissertação tem a Toponímia como o

enfoque linguístico. O objetivo desse texto é apresentar o vocabulário toponímico presente na

obra Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios ([1945] 2002), de Jorge Amado. Para

tanto, fez-se necessário apresentar a motivação para designação dos topônimos e verificar as

influências étnicas, culturais e históricas dos topônimos que contribuem para a construção

identitária do povo retratado e, a partir dela, observou-se os aspectos culturais que envolvem a

língua e a identidade desse povo. Para cumprir tais objetivos, utilizaram-se, como

fundamentação teórica, os conceitos de identidade do sujeito e linguística de Stuart Hall

(2000) e Kanavillil Rajagopalan (1998), respectivamente, que foram importantes para o

entendimento de aspectos intrínsecos referentes à(s) identidade(s) do povo baiano; para a

análise toponímica tem-se como base referencial teórico–metodológico o modelo toponímico de

Dauzat (1926), as categorias taxionômicas de Dick (1990, 1992); entre outros.

Palavras- chave: Língua. Identidade. Cultura. Topônimos. Bahia de Todos os Santos. Jorge Amado.

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ABSTRACT

Language plays an important role in society, because through it, man turn up to be a subject

and portrays mainly the knowledge of himself and the world surrounding him, establishing

relationships with others. Having language as the user’s "postcard", Jorge Amado navigated

elements that unravel the streets, mysteries, and beauty of Salvador - the Land of All Saints,

in a discursive formation of idiosyncratic identities of Bahians. This work is supported by

lexicological studies comprising several areas, among them Onomasiology - science that deals

with analyzing the names, as well as the subareas of Anthroponym and Toponym. The former

studies the names of people and the latter, the names of places and landforms. This study has

the Toponym as the linguistic approach. The aim of this paper is to present the toponymic

vocabulary present in the work Bahia of All Saints: a guide to the streets and mysteries of

Salvador ([1945] 2002), by Jorge Amado. Therefore, it was necessary to present the

motivation for the designation of the toponyms and verify their ethnic, cultural and historical

influences that contribute to the identity construction of the portrayed people. These

considerations are significant to remark cultural aspects of language and the identity of these

people. In order to meet the objectives of this study the following theoretical foundation was

considered: the concept of the subject’s identity and linguistics of Stuart Hall (2000) and

Kanavillil Rajagopalan (1998), respectively. They were important to the understanding of

intrinsic aspects related to the identity of the Bahian people; for toponymic analysis, the

theoretical-methodological is based on the toponymic model of Dauzat (1926), the taxonomic

categories of Dick (1990, 1992); among others.

Key words: Language. Identity. Culture. Toponyms. Bahia of All Saints. Jorge Amado.

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ABREVIATURAS

a. - antigo

adap. - adaptado

al. - alemão

arc. – arcaico

b. – baixo

cast. – castelhano

class. – clássico

cien. - científico

Cp. – compare

Dim. - diminutivo

Doc. - documento

ed. - edição

esp. - espanhol

etim. - etimologia

f. – formação

Fig. - figura

fr. – francês

germ. – germânico

gr. - grego

hebr. - hebraíco

hist. – história

Hip. – hipocorísticos, -a; relativo à linguagem carinhosa, infantil, familiar

i. é - isto é

ing. - inglês

it. - italiano

lat. – latim

lus. - lusitano

med. - medieval

n. - nome

n/c - não classificado

n/e - não encontrado

p. – página

pl. plural

port. - português

prov. - provençal

s/a - sem ano

sto - santo

séc. - século

Sobr. - sobrenome

subst. – substantivo

Top. - topônimo

V. - verbo

var. - variação

voc. - vocábulo

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Foto do Mercado Modelo e Casa da Alfândega 1940.........................................34

Figura 2 - Triângulo de Baldinger I.......................................................................................47

Figura 3 - Triângulo de Baldinger II....................................................................................47

Figura 4 - Triângulo de Baldinger III....................................................................................47

Figura 5 - Triângulo de Ogden e Richards............................................................................51

Figura 6 - Referência e Toponímia.........................................................................................51

Figura 7 - Modelo de Ficha Lexicográfico-toponímica..........................................................61

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Natureza Toponímica......................................................................................... 169

Gráfico 2 - Taxes de Natureza Física.....................................................................................170

Gráfico 3 - Taxes de Natureza Antropocultural.....................................................................171

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 13

2 PERCORRENDO RUAS E MISTÉRIOS, COSTRUINDO IDENTIDADES ............... 19

2.1 ROMANCISTA DO POVO: JORGE AMADO PRODUZINDO LITERATURA EM

TEMPOS DE INDEFINIÇÕES ............................................................................................ 23

2.2 O CONVITE: O ROMANCE-GUIA E A TURISTA IMAGINÁRIA ........................... 25

2.3 “BAHIA TÃO SOMENTE”: A CIDADE DO SALVADOR E SUAS

DENOMINAÇÕES .............................................................................................................. 32

3 LÍNGUA E CULTURA: A LÍNGUA COMO ELEMENTO IDENTITÁRIO .............. 38

3.1 O ESTUDO LEXICAL: PRESERVANDO A MEMÓRIA DE UM POVO A PARTIR

DA LÍNGUA ........................................................................................................................ 42

4 ONOMASIOLOGIA E SEMASIOLOGIA: POSSIBILIDADES DE ESTUDAR O

LÉXICO .................................................................................................................................. 46

4.1 ONOMÁSTICA: A CIÊNCIA DO NOME .................................................................... 48

4.1.1 O signo toponímico: cristalizando a história pelo olhar do denominador ....................... 49

5 TOPONÍMIA: PASSOS METODOLÓGICOS E ABORDAGEM TEÓRICA ............ 58

5.1 AS FICHAS LEXICOGRÁFICO-TOPONÍMICAS ...................................................... 60

5.2 AS TAXIONOMIAS TOPONÍMICA ............................................................................ 63

5.2.1 Taxes de natureza física ................................................................................................... 63

5.2.2 Taxes de natureza antropocultural ................................................................................... 64

6 ANÁLISE TOPONÍMICA EM BAHIA DE TODOS OS SANTOS ................................. 66

6. 1 TOPÔNIMOS DA CIDADE BAIXA ............................................................................ 67

6.2 TOPÔNIMOS DA CIDADE ALTA ............................................................................... 88

6.3 ANÁLISE E DISCUSSÕES: OS REFERENCIAIS TOPONÍMICOS ........................ 168

CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 174

REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 177

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INTRODUÇÃO

A língua é um fator social, é o meio imperativo na comunicação de uma comunidade.

Por isso, não pode ser desvinculada das relações culturais, sociais, geográficas etc. O ato de

comunicar favorece ao ser humano socialização e, ao longo da história, o homem foi

adquirindo atributos, foi definindo a cada dia sua maneira de ser, agir e pensar sobre o mundo,

desenvolvendo de maneira mais intensa sua identidade – linguística e social. A capacidade de

pensar e agir sobre as coisas possibilitou a construção da identidade única e pessoal. Essa

constituição da identidade se deu por meio da construção linguística desde o momento em que

pela primeira vez o homem explicitou o seu pensamento, inserindo-se socialmente e

adquirindo consciência de sua individualidade, como assegura Biderman (1998, p. 11): “A

geração do léxico se processou e se processa através de atos sucessivos de cognição da

realidade e de categorização da experiência cristalizados em signos linguísticos: as palavras”.

Cada palavra usada por meio do discurso concretizado, a partir da interação social,

aponta a história, as ideologias e as inúmeras possibilidades de conhecer o povo que utiliza o

código linguístico como forma de expressão. Estudar os corpora escritos de uma comunidade

permite a inserção no universo particular que compõe essa comunidade, pois os escritores

deixam aparecer, a partir do vocabulário do povo retratado, os aspectos sociais, culturais,

históricos e linguísticos. Desse modo, ao estudar o léxico de uma língua, pode-se imergir nos

hábitos, conhecer os costumes, bem como, pode-se entender a maneira de agir e de pensar,

pois língua e cultura são linhas que “costuram” as identidades dos sujeitos.

O estudo do léxico abrange diversas áreas, dentre elas está a onomástica ou

onomasiologia. Segundo Leite de Vasconcelos (apud CARVALHINHOS; ANTUNES,

online), a onomasiologia é a ciência que analisa os substantivos próprios, distribuindo-os em

duas subáreas: a Antroponímia e a Toponímia. A primeira estuda os nomes das pessoas e a

segunda os nomes de lugares e acidentes geográficos.

A onomástica geográfica, ou seja, a Toponímia, que vem do grego topos = lugar e

ónyma = nome, isto é, estudo dos nomes de lugares e acidentes geográficos, é o foco

linguístico-lexical analisado neste trabalho. A Toponímia é uma área de investigação que se

pauta na conjectura de que a nomeação de um lugar não se dá de forma acidental nem tão

pouco despropositada. Ao contrário, geralmente documenta a língua em uso na região

pesquisada, os costumes e os valores que regem as condutas dos falantes, transluzindo as

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influências culturais propiciadas a partir do contato com outros grupos étnicos que ali se

instalaram, bem como de acontecimentos históricos considerados relevantes para o grupo

enfocado.

O topônimo cristaliza o olhar do denominador no momento em que nomeia um

determinado lugar, deixando transparecer a estreita relação estabelecida entre o homem e os

“topos” que designam o espaço que está inserido. Assim, “a Toponímia resgata a substância

de conteúdo que cada topo carrega consigo, independente da sua natureza” (ISQUERDO,

1996, p.80).

Ao percebermos que o léxico compreende o conjunto de inventários e vocábulos de uma

dada língua, e que aquele se correlaciona com a história e cultura de um povo, destaca-se que,

através dos contatos entre comunidades, as influências mútuas aparecem e é possível observar

os aspectos culturais e identitários da comunidade linguística estudada. Os topônimos, como

parte do léxico e patrimônio cultural desse povo, constituem, pois, marcas de identidade que

merecem ser preservadas, pois salvaguardando os nomes de lugares, guarda-se também a

memória da comunidade.

O interesse por essa pesquisa surgiu do desejo de estudar a relação entre a língua, a

cultura e os inúmeros aspectos que permeiam a sociedade tais como a história, a geografia e

por acreditar que o estudo lexical pode fazer essa relação, pois estudar o vocabulário tendo

como base uma obra literária, que concebe a língua em seu uso a partir de um contexto de

identificação de uma dada comunidade, é poder desvendar os aspectos que pertencem àquela

comunidade vocabular. Dessa forma, o princípio dessa pesquisa a qual se ancora nos

construtos lexicológicos da linha Linguagens, Discurso e Sociedade do Programa de Pós-

graduação em Estudos de Linguagem levantou-se a seguinte questão: Como o léxico, mais

especificamente o estudo toponímico, representado em uma obra literária, pode contribuir

para a construção identitária do povo retratado em Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e

mistérios, de Jorge Amado?

Para responder tal questão, fez-se necessário levar em consideração o contexto sócio-

histórico e cultural em que o autor estava inserido. Jorge Amado retrata a Bahia da primeira

metade do século XX e que foi o cenário de muitas de suas histórias, na qual a religiosidade, a

raça e o povo caminharam e caminham juntos. Diferente de outros guias turísticos, Jorge

Amado mostra, em sua obra, não apenas os encantos da cidade, conhecida como guardiã de

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belas praias e berço da intelectualidade, mas também mostra as dificuldades, a pobreza e a

miséria que assolam os menos favorecidos.

Batizada em 1500 pelos portugueses, a Bahia de Todos os Santos é um belo cenário

onde a natureza, a história, a cultura e sua gente convivem harmoniosamente, formando as

maravilhas que encantam a todos, principalmente os turistas. O cenário composto por várias

ilhas, animais exóticos, manguezais, ruínas de engenhos, antigas igrejas, tudo como uma

silenciosa testemunha de uma época em que o pau-brasil e, posteriormente, os engenhos e os

canaviais eram sinônimos de riqueza e ostentação, obviamente para as classes privilegiadas

que detinham o domínio econômico.

Essa baía que engloba ilhas e que é margeada por algumas cidades do recôncavo é,

muitas vezes, no livro, sinônima do que conhecemos hoje como a cidade do Salvador - capital

da Bahia - e revela os mistérios que vão desde as lendas contadas pelos índios Tupinambás à

fé exacerbada dos que a batizaram com o nome do santo do dia. Com o tempo, ergueu-se em

oposição às ilhas, a cidade de Salvador Bahia de Todos os Santos. Com sua arquitetura que

denuncia as influências europeias, é visível a contribuição da cultura lusitana nas igrejas, nas

ruas, vilas e freguesias da cidade na primeira metade do século XX. Ao lado das marcas que

lembram os tempos de colônia, impera a constituição ímpar de um povo miscigenado, da

união das três raças que fizeram história na formação do povo brasileiro: europeia, indígena e

africana. Daí a gênese de uma cultura singular na qual a mistura é a base para o surgimento de

uma culinária, da música, do folclore, da religiosidade, que tanto caracterizam o povo baiano.

Jorge Amado apresenta um guia das ruas e dos mistérios de São Salvador da Bahia de Todos

os Santos e descreve os bairros operários e os nobres, as feiras e os mercados, as inúmeras

ladeiras e ruas da cidade, e apresenta as praias locais com o intuito de atrair a sua turista

imaginária.

O objetivo geral desta dissertação é apresentar o vocabulário toponímico presente na

obra Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios ([1945] 2002), de Jorge Amado. Para

tanto, faz-se necessário cumprir os objetivos específicos: a) recolher todos os topônimos que

nomeiam os bairros e as ruas da cidade de Salvador da obra Bahia de Todos os Santos: guia

de ruas e mistérios; b) elaborar as fichas toponímicas. c) verificar as influências étnicas,

culturais e históricas dos topônimos que contribuem para a construção identitária do povo

retratado e d) apresentar as motivações semânticas para designação dos topônimos.

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A relevância desse estudo é percebida quando se compreende que os topônimos

presentes na obra de Jorge Amado Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios

revelam os elementos identitários a partir dos aspectos do modus vivendi dessa comunidade

linguística, já que toda movimentação lexical de uma língua deve ser enfrentada como um

fato que ultrapassa o simples ato da fala e se configura num fato social de grande importância.

Ao encontro deste pensamento, compreende-se que fazer um estudo toponímico na obra

literária é desmitificar a história do povo baiano, visto que os nomes de lugares trazem sempre

ao bojo de sua história um conjunto de particularidades que configuram a identidade

sociocultural de uma dada comunidade, neste caso, a Bahia, “negra por excelência”.

Com referência ao dispositivo teórico-analítico do vocabulário toponímico contido no

romance Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios, deu-se a partir do modelo

toponímico de Dauzat (1926) e da categorização taxionômica proposta por Maria Vicentina de

Paula do Amaral Dick (1992). Inicialmente, recolheram-se todas as lexias que se configuram

topônimos dos bairros e ruas, seguidos dos seus respectivos contextos dentro da obra em

análise. Para o entendimento de aspectos intrínsecos referentes à identidade do sujeito,

analisou-se o conceito de identidade cultural e de identidade linguística de Stuart Hall (2000)

e Kanavillil Rajagopalan (1998), respectivamente. Para o fortalecimento das análises deste

trabalho, foram consultados o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa e Dicionário

Histórico das Palavras Portuguesas de Origem Tupi, ambos de Antônio Geraldo da Cunha

(2007, 1999), dicionários da língua portuguesa, tais como o Houaiss (2001), Ferreira (2011) e

outras referências para verificar a origem dos topônimos, quando possível.

Esta dissertação é composta por sete seções, levando em consideração a Introdução e as

Considerações finais. Detalham-se os critérios para tal divisão textual a seguir.

A primeira seção traz a Introdução que faz a relação entre linguagem, língua, palavra,

vocabulário e, mais especificamente, os topônimos, como fatores preponderantes para a

construção da identidade. Faz-se também uma breve apresentação do corpus da pesquisa, os

objetivos e a importância deste estudo.

Na segunda seção intitulada Percorrendo ruas e mistérios, construindo identidades,

apresenta-se o contexto em que o livro foi escrito e como Jorge Amado tecia as suas redes de

identificação e contraidentificação no campo político e/ou intelectual. O corpus do trabalho é

apresentado mais detalhadamente e busca-se entender a relação identitária que “escorre feito

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óleo” na cidade da Bahia de Todos os Santos. A Bahia apresentada por Jorge é mestiça,

alegre, festeira e sensual, representando um conjunto de elementos pinçados dentro de um

repertório histórico e cultural, que revela e esconde, ao mesmo tempo, um recorte de duas

faces de uma mesma moeda - a Bahia negra carregada de elementos que escondem conflitos,

heterogeneidade e transformações, mas revelam mitos, tabus e desejos de parte expressiva dos

brasileiros. Ainda nessa seção, fala-se sobre a Cidade do Salvador da Bahia e as discussões

acerca das suas denominações.

Na terceira seção com o título Léxico, Cultura e Identidade: a Toponímia

cristalizando o olhar do denominador, apresenta-se a discussão articulando a relação entre

língua, cultura e identidade ancorada nas ideias de Stuart Hall (2000) e Kanavillil Rajagopalan

(1998). Em seguida, faz-se uma breve exposição dos estudos lexicológicos, como meio

linguístico de verificar aspectos que envolvem as transformações sociais e culturais de um povo

dentro do contexto em que são produzidos.

Na quarta seção intitulada A onomasiologia e semasiologia: possibilidades de estudar

o léxico, parte-se dos conceitos de léxico e onomástica até chegar à toponímia e sua

fundamentação teórico-metodológica, para só assim fazer a análise toponímica dos vocábulos

encontrados no corpus. Nessa mesma seção, faz-se um breve levantamento dos estudos

toponímicos no Brasil e a importância desses estudos para o campo linguístico brasileiro.

Na quinta seção, com o título Toponímia: passos metodológicos e abordagem teórica,

busca-se mostrar os elementos que envolveram a pesquisa, assim como o modelo de categorização

taxionômica proposta por Dick (1992). Divide-se a seção em: a) Fichas lexicográficas – em que

se descreve a ficha léxico-toponímica utilizada para a anotação dos dados; b) As taxonomias

toponímicas – aqui se detalham as 27 taxes sugeridas por DICK (1992) para um trabalho

toponímico e c) Procedimentos metodológicos - busca detalhar a pesquisa até o resultado final. A

partir dessas classificações, verificaram-se aspectos de cunho qualitativo como: etimologia,

história, estrutura morfossintática, as informações históricas e enciclopédicas, além do

contexto dos termos destacados.

A sexta seção, intitulada Análise Toponímica em Bahia de Todos os Santos, apresenta,

classifica e contextualiza todos os dados toponímicos coletados, na obra em análise, que fazem

referência aos nomes de bairros e ruas da cidade de Salvador, separando-os em “Topônimos da

Cidade Baixa” e “Topônimos da Cidade Alta”. Esses dados são inseridos em fichas lexicográfico-

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toponímicas baseadas em modelo desenvolvido por DICK (1992). Na última subseção, faz-se a

sistematização e análise dos dados por meio de gráficos.

Na sétima seção denominada Considerações Finais, apresentam-se as considerações

conclusivas para esta dissertação em consonância com o que foi analisado nas seções

desenvolvidas. Este trabalho mostra que os topônimos não devem ser vistos apenas como

meros locativos, ao contrário, pois a relação extralinguística é essencial para entender o nome

do lugar e este contribui para compreender a história do povo estudado.

Portanto, sabe-se que tais considerações finalizam essa abordagem, mas abrem a

possibilidade de novos estudos sobre os nomes de lugares no território baiano.

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2 PERCORRENDO RUAS E MISTÉRIOS, COSTRUINDO IDENTIDADES

É notável o papel das artes como um dos elementos representativos das realidades

humanas. O homem, ao longo da história da humanidade, buscou exteriorizar seus

sentimentos através das artes. A literatura, uma das manifestações artísticas, não só contribui

para representar os anseios da alma humana, mas também serve para divulgar as culturas e

ideologias. Simular a realidade através de uma obra literária é uma das formas de o escritor

mostrar, de modo ficcional ou testemunhal, o uso da palavra como objeto da arte. Como

representação do saber artístico de um povo, a literatura pode guardar a história, os costumes

e os saberes culturais do grupo que está sendo protagonizado nas páginas de um livro.

A leitura de Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios, uma das obras de Jorge

Amado, é uma das maneiras de perceber o quanto a literatura incide sobre a realidade social e

política de um povo. Jorge Amado imortalizou, nas páginas de seus livros, a cultura, as

belezas e as qualidades da Bahia, sem deixar de abordar, sobretudo, as necessidades sociais de

sua gente. As personagens dos romances amadianos estão vivas em cada rosto, em cada olhar

dos baianos, dos brasileiros de modo geral. É cada mulher que sofre de preconceito pelo

gênero e que luta para ocupar seu espaço no campo profissional. É cada geração descendente

de homens que tiveram seu sangue derramado no tronco e que ainda sofre por ter um fenótipo

considerado “inferior”. É cada menino ou menina sem família que trabalha nos cais ou nas

ruas da cidade da Bahia. É cada pessoa que sofre pela intolerância religiosa.

Ao abordar tais temáticas como âncoras norteadoras em seus livros, Jorge Amado traz à

tona personagens inspiradas em pessoas reais, com problemas sociais obstinados, na tentativa

de quebrar as barreiras inflexíveis de uma sociedade patriarcal, preconceituosa e capitalista

que dominava até a primeira metade de século XX, mas que pode ser observada em qualquer

ambiência das cidades baiana, mesmo nos dias atuais. Considerando que o povo da Bahia é o

protagonista de suas histórias, a literatura amadiana possui uma dupla face: de um lado atua

como um espelho da realidade e, do outro, como um instrumento de denúncia dessa realidade

que “sangra” dos olhos do autor. De acordo com Domício Proença Filho, Jorge Amado

“empresta sua voz, na contracorrente dos juízos de valor dominantes na sua época e ainda por

muito tempo, às mulheres submetidas ao juízo machista dos maridos; às prostitutas”.

(PROENÇA FILHO, 2013, p. 30)

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Sua inscrição na conjuntura social e política a partir da década de 30 e 40 do século XX

contribuiu para questionamentos dos fatos políticos, morais e éticos no contexto brasileiro. No

solo baiano, havia uma preocupação das autoridades políticas em forjar uma imagem próspera

da ex-capital brasileira, livrando-a da imagem de pobreza, da seca e do sofrimento do povo.

Essa imagem foi formada no imaginário dos brasileiros, devido à disseminação das obras de

alguns artistas como Euclides da Cunha, em sua obra Os Sertões, e Graciliano Ramos, em

Vidas Secas, os quais optaram em mostrar as mazelas e as dores dos sertanejos da região,

vítimas do descaso político e social. Em consonância a essas ideias, Risário (1993) aponta

que:

A cultura de Salvador, também chamada de “Cidade da Bahia” por muitos, deve-se

ao fato de que a elite tradicional baiana, após o lento processo de declínio

econômico e político no final do século XVIII, sente a necessidade de ostentar o seu

passado glorioso, buscando antigas referências da capital colonial do Brasil.

(RISÁRIO, 1993, p.28)

Vivendo em um período de crescimento lento comparado à escala brasileira, devido às

crises das primeiras culturas comerciais, a Bahia precisava entrar no compasso do

desenvolvimento econômico conforme havia ostentado no período da colônia e a maneira de

recuperar esse prestígio era investir na imagem da Bahia como um local paradisíaco, onde o

sol nasce diferenciado, as mulatas são mais sensuais – paraíso capaz de impressionar qualquer

visitante. Além do mais, a associação da religiosidade, miscigenação e mistérios contribuiu

para formar a noção de identidade desse povo. E muitos artistas, guiados por essa guinada,

começam propagar as vantagens das terras baianas. Gilberto Freyre afirmou que “na Bahia

tem-se a impressão que todo dia é dia de festa. Festa de igreja brasileira com folha de canela,

bolo, foguete, namoro”. (FREYRE, 1944 apud VASCONCELOS, 2012, p. 92)

Nesse contexto, Jorge Amado, quase que de modo documental, cumpre o papel de

mostrar a Bahia, pelo viés literário como um sinônimo de paraíso, conforme é possível

verificar em vários de seus livros. Começa então um processo de disseminação da ideia da

Bahia como uma cidade feminizada, dotada de características que a particularizava das outras

regiões do país. No entanto, o autor, justamente por transitar por terrenos variados e por ter

posturas políticas e ideológicas ligadas ao partido comunista, não escondeu o lado perverso

que se escondia nas faces desse povo. Apesar de todas as belezas naturais bastantes

ressaltadas nas suas obras, Jorge Amado jamais deixou de mostrar as injustiças, as moléstias e

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o preconceito que surgem nas terras baianas, desde outrora, segundo é possível perceber nas

palavras do autor:

Não há cidade como essa por mais que se procure nos caminhos do mundo. Nenhuma

com suas histórias, com seu lirismo, seu pitoresco, sua funda poesia. No meio da

espantosa miséria do povo das classes pobres, mesmo aí nasce a flor da poesia porque

a resistência do povo é além de toda a imaginação. Dele, desse povo, baiano, vem o

lírico mistério da cidade, mistério que completa a sua beleza. (AMADO, [1945] 2002,

p. 22)

Esses traços marcadores de identidades, tão claramente intensificados nas narrativas

amadiana, caracterizaram o escritor como um dos inventores da identidade brasileira,

sobretudo da baianidade1, apresentando o negro, a mulher, os marginalizados, o candomblé

como parte integrante da paisagem da Bahia. O povo sempre foi o seu melhor protagonista,

culturalmente caracterizado a partir de identidades próprias e variadas, inventadas e

reinventadas a cada dia. Essa visão pode ser corroborada em Ribeiro ao afirmar:

E entendemos como inventor o que deu forma a mitos e crenças duradouros, que

criou ícones e imagens incorporados a nosso universo cultural, à maneira pela qual

nos vemos e nos veem. Claro que, como aliás, é o caso de todo inventor, ele não cria

do nada, mas sente e concentra o que antes só se percebia de maneira diluída e

amorfa, canaliza o que de outro modo talvez nunca achasse expressão importante.

(RIBEIRO, 2014, p.98)

Jorge Amado, em seu processo de criação artística e referencial discursivo, dissemina e

perpetua para as gerações vindouras uma gama de características e riquezas culturais, que

compõe a formação identitária do povo baiano.

O autor, ao escrever o guia Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios, em

1944, tem a Bahia e seu povo como protagonistas de histórias, o reconhecimento de artistas e

escritores, a associação da mestiçagem, a sensualidade das mulatas marcando o profano e as

religiosidades do povo regendo o sagrado. Eis uma Bahia negra, sensual, misteriosa e, acima

de tudo, alegre. Além de apresentar as engenhosidades da Bahia, Jorge Amado, como uma

espécie de guia turístico, apresenta toda a cidade, desde os bairros elitizados até as ruas mais

conhecidas em suas outras obras, os becos e vielas onde caminham e residem os operários, os

1 Para Vasconcelos (2012), essa “identidade baiana”, também chamada por alguns de “baianidade”, pode ser

entendida como o conjunto de particularidades, como a representação do modo de ser, de viver, ou seja, a

percepção do modo de pertencimento à Bahia.

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largos e praças, indicando os seus respectivos nomes. Os nomes desses lugares revelam as

mudanças sofridas pelos espaços, às origens de cada lugar, os seus fundadores, pois ao

recuperar a essência dos nomes, descobrem-se as intenções do nomeador ao “batizar” tais

espaços, conforme nos assegura Dick:

A história dos nomes de lugares, em qualquer espaço físico considerado, apresenta-

se como um repositório dos mais ricos e sugestivos, face à complexidade dos fatores

envolventes. Diante desse quadro considerável dos elementos atuantes, que se

intercruzam sob formas as mais diversas, descortina-se a própria panorâmica

regional, seja em seus aspectos naturais ou antropoculturais. (DICK, 1990, p. 19)

Os nomes de lugares, nos romances de Jorge Amado, cumprem um papel tão importante

quanto os nomes dos personagens, uma vez que singularizam espaços, histórias e identidades.

Apesar de muitas críticas por parte da Academia e o não enquadramento de sua arte nos

moldes dos estudos estilísticos e suas obras sendo classificadas como subliteratura, devido ao

vocabulário característico do povo pobre e sem instrução, muitas vezes repleto de

obscenidade e fora da estética praticada no período, Jorge Amado conseguia aproximar os

seus leitores às suas obras, pois eram vistas como reflexo da realidade social e cultural, sem

máscaras, sem maquiagem.

Em seu processo de criação, o autor não estava preocupado com o rigor da estética

literária e/ou gramatical, mas com o desenho que seus textos faziam da realidade, de maneira

pessoal, intimista. A diferença entre a linguagem padrão e a linguagem coloquial tão discutida

no meio linguístico-acadêmico não tem nada a ver, a princípio, com o conceito de má

funcionalidade da língua e isso ficava evidente em seus escritos. No entanto, como a língua

está estritamente ligada à estrutura social e ao sistema de valor, as variedades linguísticas são

estigmatizadas, pois refletem a relação social, cultural e econômica de quem a fala.

Talvez tenha sido essa simplicidade da linguagem e as verdades nas palavras que

consagraram Jorge Amado como um dos escritores mais lido no Brasil e fora do país. Mas

também foi pelo mesmo motivo que ele foi chamado por muitos de “contador de histórias” e

“romancista das putas e vagabundos”. No entanto, essas expressões não eram depreciativas

para o autor, pois Jorge Amado tinha o papel de descrever os diversos elementos que

compunham as identidades que são formadas a partir das diferenças e da inegável mistura

étnica que compõem a miscigenação cultural da Bahia.

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2.1 ROMANCISTA DO POVO: JORGE AMADO PRODUZINDO LITERATURA EM

TEMPOS DE INDEFINIÇÕES

No cenário mundial, após a eclosão da I Grande Guerra, o panorama político e

econômico sofreu diversas modificações, visto que os países tentavam se reerguer da grande

crise que assolou o mercado econômico em 1929. No contexto político dessa época, o Brasil

apresentava a força de Getúlio Vargas que ocupava uma posição privilegiada e a Revolução

de 1930 - movimento que buscava acabar com as oligarquias rurais, apoiava a guinada

industrial para atender a nova classe média que surgia, bem como a política e as questões

culturais.

Surgiam nesse momento posicionamentos políticos motivados por ideologias europeias

que se posicionavam com alguns ideários nazifascistas. Surge também o Partido Comunista

Brasileiro (PCB) em oposição ao governo Vargas. Destaca-se também um grupo de

intelectuais preocupados em diagnosticar e retratar o Brasil tal como ele era, na busca de

compreender as questões sociais, culturais e identitária da nação que passava por mudanças,

além de buscar entender e criticar o atraso e os dilemas do país e tentar engrená-lo nos

padrões modernos.

No campo intelectual, a mudança veio com os movimentos que acabaram culminando

na Semana de Arte Moderna em 1922, por isso, a produção literária nesse momento aparece

quase que com um teor sociológico e psicológico na junção entre as posições ideológicas e as

necessidades do país. Foi em 1931 que Jorge Amado lança o seu primeiro romance com o

título de O país do carnaval que, embora não tivesse as características de seu estilo observado

em outras obras, já trazia diversos questionamentos sociais e políticos. Em O país do

carnaval, o autor demonstra a sua inquietude juvenil diante das dificuldades do mundo, mas

as discussões e reflexões tinham um caráter universal e não tinha o Brasil como tema

particular. Só em 1933, a partir da publicação de Cacau, o autor começa a descrever o país de

modo mais específico, tratando das dificuldades dos trabalhadores nas plantações de cacau.

No entanto, o Brasil ainda sofria com dificuldades que maltratavam sua gente e, por essa

razão, Jorge Amado continuou a relatar as realidades nas outras obras como Suor, Mar Morto,

em Capitães de Areia. A consciência social e o engajamento político ficam mais acentuados

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em Jubiabá, em Terras do sem fim, em São Jorge dos Ilhéus e nos outros diversos romances

que escreveu tendo o povo baiano como protagonista.

As ideias modernistas chegaram entre os intelectuais baianos, influenciando o

aparecimento de grupos que discutiam arte como uma renovação cultural. Daí, Amado

juntamente com outros jovens, dentre eles Pinheiro Viegas, criaram a Academia dos

Rebeldes, com o objetivo de discutir a literatura. Encabeçada por Gilberto Freyre, a

valorização de tradições populares, como base de uma representação da identidade nacional e

amparada na mestiçagem da população brasileira, foi uma das matérias-primas usada por

Jorge Amado.

A aproximação de Jorge Amado com o Partido Comunista Brasileiro (PCB) influenciou

bastante para a elaboração dos seus romances de análise social, que se valiam, muitas vezes,

de conceitos marxistas traduzidos em valores e imagens de sua militância para as páginas de

suas obras. Por essa razão, muitos críticos literários tentam classificar suas obras como

engajadas, politizadas, militantes, ideológicas, dentre outros adjetivos que cristalizam as

intenções do autor ao apresentar a sua literatura ao mundo.

A partir da década de 1940, Jorge Amado se torna efetivamente membro do PCB e sua

obra ganha um rumo mais específico, o caráter de romance proletário perde sua intensidade e

dá espaço as representações fiéis das ideologias comunistas, veemente opostas ao governo

Vargas. Nessa perspectiva de luta pela valorização da nacionalidade brasileira, cresce uma

luta contra o ideário nazista, o imperialismo e o capital estrangeiro com a tentativa de formar

a União Nacional. Nas palavras de Ramos (2013) é possível evidenciar o projeto de Jorge

Amado que:

Seguindo as diretrizes culturais do Partido, passa a defender a tese de assimilação da

herança cultural, valorizando as nações de culturas e raças “negras”, como

elementos que poderiam ajudar na luta política e na tomada de consciência dos

grupos socialmente desfavorecidos. Ao lutar pelo reconhecimento da raça e da

cultura negras, enquanto cultura específica, Amado articula o seu combate contras as

teorias racistas, introduzindo duas nações socialmente excluídas: o negro e o

proletário. (RAMOS, 2013, p. 75)

Foi dentro desse cenário social e político que surgiu Bahia de Todos os Santos: guia de

ruas e mistérios, escrito em 1944, mas foi publicado um ano mais tarde. A obra em análise

trata de um guia endereçado a uma moça que, no começo e no final do livro, o autor se dirige

a essa leitora imaginária, convidando-a para conhecer a cidade da Bahia, tanto em seus

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atrativos turísticos quanto em seus dramas. Jorge Amado faz a apresentação da Bahia dos

anos de 1940 e se intitula como “guia” que apresentará as belezas e as necessidades da cidade.

2.2 O CONVITE: O ROMANCE-GUIA E A TURISTA IMAGINÁRIA

Sobre esta cidade da Bahia

muito mais se poderia dizer

se não fosse a modéstia e a prudência.

(Jorge Amado)

Nas páginas do romance-guia, o autor transpõe de modo poético a realidade popular da

Bahia e a apresenta como uma cidade hospedeira, dotada de beleza exótica, mas que não

conseguiu superar as dificuldades sociais e econômicas, a pobreza proveniente dos séculos

passados e que são visíveis nos rostos do povo sofrido. Ao contrário, dificuldades que só

aumentaram com a urbanização e industrialização da primeira metade do século XX.

No “Convite”, que fica nas primeiras páginas do livro, cumprindo a função de prefácio,

o autor aponta para o que será encontrado no restante da obra. Amado alerta que, se a

convidada for como a maioria dos turistas que busca conhecer os lugares pelas belezas que

sempre ouviu contar e, nos lugares, que normalmente são vistos nos cartões-postais das

agências de turismo, ela pode desistir, como pode ser lido nas linhas a seguir:

Se és apenas uma turística ávida de novas paisagens, de novidades para virilizar um

coração gasto de emoções, viajante de pobre aventura rica, então não queiras esse

guia. Mas se queres ver tudo, na ânsia de aprender e melhorar, se queres realmente

conhecer a Bahia, então, vem comigo e te mostrarei as ruas e os mistérios da cidade

do Salvador, e sairás daqui certa de que este mundo está errado e que é preciso

refazê-lo para melhor. (AMADO, [1945] 2002, p. 13)

Diante da proposta de passeio para conhecer os mistérios da cidade, o romancista, na

condição de anfitrião, espera que a visitante não se iguale aos demais turistas, que buscam

conhecer apenas as belezas do local. É possível perceber os discursos apresentados, o ajuste

do seu dizer entre a aparência e a realidade, pois o autor trabalha com jogos de imagens para

convencer a turista a conhecer a Bahia despida de maquiagem, uma Bahia que ainda “sangra”

com o sofrimento dos seus filhos que lutam por dignidade.

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O guia é dividido em sete partes ou capítulos. No primeiro, com o título Atmosfera da

Cidade do Salvador da Bahia de Todos os Santos, o romancista se torna cada vez mais

alinhado entre ficção e realidade. Ele faz uma moderna “crônica” e mostra os costumes da

população baiana: as práticas de macumbas e os terreiros mais frequentados, as comidas

típicas, as principais igrejas e comemorações religiosas. E por que não falar do sincretismo,

das homenagens a Yemanjá e outras festas populares? Os orixás africanos ganham a santidade

e os nomes dos mártires católicos, mostrando a fusão que coabita na cidade e como é sugerido

no subtítulo da obra: “Bahia de Todos os Santos”. E por que não dizer “de todos os orixás”? É

evidente e quase um clamor, nas páginas do guia, a busca pela valorização da mestiçagem do

povo baiano, da religiosidade de matriz africana e a aceitação das diferenças que compõem a

cultura dessa gente. Was-Dall Junior (2013) aborda justamente sobre os elementos que

compõem os mistérios da cidade, conforme podemos conferir a seguir:

Inicialmente, Guia chama atenção, no mínimo, por dois motivos: pelo título

auspicioso e pelo subtítulo não menos peculiar. Em uma leitura despretensiosa, se

poderia pensar que “Bahia de todos os Santos” denota a porção de mar em torno do

Recôncavo, onde se localiza precisamente a quase homônima Baía de Todos-os-

Santos. Porém, de uma maneira ampliada, o título do livro refere-se à “cidade da

Bahia” como um lugar próprio de coexistência: lugar de todos os santos, por assim

dizer, onde habita a “mistura” que lhe seria característica, a começar pelos orixás do

candomblé, divindades de origem africana que se confundem através dos séculos

com os santos católicos no sincretismo religioso. É dessa complicação entre a

“cidade da Bahia” e a religiosidade do povo baiano que se configura a mítica

sugerida pelo subtítulo do livro, pois pelas ruas da cidade da Bahia coexistiriam

tantos “mistérios” quanto a quantidade de santos e orixás. (WAS-DALL JUNIOR,

2013, p. 116)

Jorge Amado chama a atenção para o mistério que recobre a cidade de Salvador, muitas

vezes, deixando como reflexão vários questionamentos a fim de verificar de onde viria tal

mistério: Seria do som dos atabaques de candomblé, na busca pela desmistificação da Bahia

“negra por excelência”? Ou estaria nos saveiros dos cais, na face dos marinheiros em busca

do seu sustento diário? Ou tal mistério estaria escondido nas igrejas históricas “grávidas de

ouro” junto com seus numerosos segredos? Afinal, a própria cidade revela em seu nome o

divino esplendor: a cidade de Todos os Santos, cidade esta que “os baianos amam como mãe e

amante”, conforme se pode depreender da leitura do trecho a seguir:

“Roma negra”, já disseram dela. “Mãe das cidades do Brasil”, portuguesa e africana,

cheia de histórias, lendária, maternal e valorosa. Nela se objetiva, como na lenda de

Iemanjá, a deusa negra dos mares, o complexo de Édipo. Os baianos a amam como

mãe e amante, numa ternura entre filial e sensual. Aqui estão as grandes igrejas

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católicas, as basílicas, e aqui estão as grandes macumbas, o coração da seita fetichista

dos negros brasileiros. Se o arcebispo é o primaz do Brasil, o pai Martiniano do

Bonfim era uma espécie de papa das seitas negras em todo o país. Os pais-de-santo

vão bater candomblés no Recife, no Rio, até em Porto Alegre. E seguem como bispos

em viagem pastoral. De tudo isso escorre um mistério denso sobre a cidade que toca o

coração de cada um. (AMADO, [1945] 2002, p.22)

O mistério permeia toda a leitura do guia embora o autor recomende o não

desvendamento do mesmo, pois tal enigma é o que torna a cidade encantadora. Desvendar tal

conjunto de tentações e encantos seria mergulhar no universo que ultrapassaria os mistérios de

uma cidade histórica como nos guias comuns de turismos, pois desembocaria em “terrenos”

que ligam corpo, alma e coração dos baianos, como se ler no trecho abaixo:

Escorre o mistério sobre a cidade como um óleo. Pegajoso, todos o sentem. De onde

ele vem? Ninguém o pode localizar perfeitamente. Virá do baticum dos candomblés

nas noites de macumba? Dos feitiços pelas ruas nas manhãs de leiteiros e padeiros?

Das velas dos saveiros no cais do mercado? Dos Capitães da Areia, aventureiros de

onze anos de idade? Das inúmeras igrejas? Dos azulejos, dos sobradões, dos negros

risonhos, da gente pobre vestida de cores variadas? De onde vem esse mistério que

cerca e sombreia a cidade da Bahia? (AMADO, [1945] 2002, p.21-22)

No segundo capítulo, chamado de Ruas, Beco e Encruzilhadas, o autor apresenta os

bairros, as ruas, as ladeiras da capital baiana. Os lugares citados vão desde o refúgio de

grandes personalidades dos mais variados cenários - político, artístico e cultural - aos bairros

dos operários e dos miseráveis, repletos de ratos, lamas e doenças. As mulheres de “vida

fácil” que se abrigam no Tabuão, em seus alojamentos que mais parecem de hospitais,

repletos de moribundas mulheres com a juventude roubadas pelas doenças e pela miséria. A

obra assim como apresenta as belezas e as qualidades da capital baiana, também aborda as

suas misérias e dores. Jorge Amado mostra que as ruas da cidade conservam as marcas da

escravidão e as mazelas provenientes de uma falta de infraestrutura pública para saúde e para

a moradia, que atingem a população mais pobre.

Em Igrejas, Anjos e Santos, na terceira parte do livro, é visível a necessidade de Jorge

em trazer, para o conhecimento da sociedade, os dois lados da “cidade do Salvador”. Ele

apresenta o candomblé que se mistura com o catolicismo desde o toque dos atabaques nos

terreiros ao soar dos sinos nas igrejas. A desigual riqueza presente nas igrejas “grávidas de

ouro” se contrapondo ao rosto sofrido causado pela fome dos fiéis. Os casarões, hoje vistos

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como patrimônio histórico, todos revestidos pelos azulejos europeus e cravados pelo sangue

escravo.

Em O Povo em Festa, quarta parte do livro, o autor mostra os principais festejos da

cidade da Bahia, desde as festas de cunho religioso às de procedência profana. Tais

comemorações são organizadas, no guia por Jorge Amado, começando pelas comemorações

de Santa Bárbara do calendário católico, no dia 04 de dezembro, passando pela a Festa de

Nossa Senhora da Conceição da Praia, padroeira de Salvador, com os festejos no dia 08 do

mesmo mês. Em janeiro, cita-se a procissão do Senhor Bom Jesus dos Navegantes, logo no

dia primeiro do ano; a festa dos Santos Reis Magos, que visitaram o menino Jesus na

manjedoura, é realizada no dia 05 de janeiro e, por último, na segunda quinta-feira do mês,

ocorre a Lavagem da Igreja do Bonfim. No dia 02 de fevereiro, celebra-se a Festa de Yemanjá

e, posteriormente, vem o Carnaval. No segundo semestre, os festejos juninos são

representados pela devoção dos três santos católicos: Santo Antônio, no dia 13, São João, no

dia 24 e São Pedro, no dia 29, nesse período há muitas comidas e danças típicas. Julho é

marcado pelo civismo do dia 02 em comemoração à independência da Bahia, até findar com

as comemorações dos Gêmeos Cosme e Damião, no dia 27 de setembro. E assim tece o

calendário festivo dos baianos.

Com a leitura da obra, alguns elementos parecem que permaneceram com o passar dos

anos. A imagem da Bahia que se tem hoje, certamente, mesmo não sendo a mesma que se

tinha no século XX, deixa transparecer fortes aspectos culturais e sociais, mesmo com mais de

70 anos de escritura do livro. Em outras palavras, não existe apenas uma identidade que

descreva o povo baiano, sua cultura e anseios não são prontamente definidos, ao contrário, é

com base na junção de outras culturas que a torna singular, pois a relação cultural e identitária

é um processo dinâmico de construção de fronteiras entre povos, histórias e culturas diversas.

O autor apresenta essa reflexão no seguinte texto do livro:

Existe uma cultura baiana com características próprias originais? Creio que sim.

Aqui toda a cultura nasce do povo, poderoso na Bahia é o povo, dele se alimentam

artistas e escritores. Há uma tradição social na arte e na literatura baianas que vem

desde Gregório de Matos e prossegue até hoje. Essa ligação com o povo e com os

seus problemas é marca fundamental da cultura baiana. Cultura baiana que

influencia toda a cultura brasileira da qual é célula mater. (AMADO, [1945] 2002, p.

20)

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Ao ler essas palavras, pode-se confirmar como o romancista apresenta a cultura baiana

a partir os elementos representativos de um povo heterogênio que são sempre transformados

ou reestruturados, mas que estão sempre presentes, de um jeito ou de outro, no imaginário do

povo, ao manipular e recriar as representações identitárias da Bahia e dos baianos.

Essa construção identitária se dá de forma dinâmica, no encontro das relações pessoais,

na sociabilidade brasileira, na importância das festas, na cultura popular e nos aspectos que

envolvem a mestiçagem, tão fundamentais na leitura que Jorge Amado fez da Bahia de Todos

os Santos.

No capítulo O Mundo Mágico do Candomblé, quinta parte do livro, o autor apresenta

os principais terreiros e suas particularidades, as nações que predominam no universo baiano

do candomblé e as mães-de-santo que cumprem o papel de orientadoras espirituais de tal

religiosidade. Além de apresentar os principais nomes e preceitos do candomblé, o autor faz

uma espécie de legenda dos principais orixás e sua predominância nos terreiros, bem como as

suas preferências, principais características, vestimentas etc.

A religiosidade de matriz africana é descrita, nas suas obras, como uma religião que

cultua elementos da natureza e cujos ensinamentos humanizam e fazem o culto à vida. A

intimidade com que a religiosidade é abordada nas obras revela alguém que conhecia com

profundidade, seja pela amizade com vários membros de liderança nos terreiros ou porque

assumiu importante posto dentro do candomblé. Era Obá Otum Amolu do Axé, no Ilê Axé

Opô Afonjá2. Sobre a importância de Jorge Amado nesse universo religioso, Amádio diz:

Jorge Amado é pai-de-santo. É um obá. Sabem o que é isso? Obá é uma das

dignidades no candomblé de Xangô. É uma espécie de ministro (da mão direita) com

direito a voz e voto. O maior posto na hierarquia civil do candomblé, mas sem

autoridade religiosa. Está ligado aos terreiros há mais de 20 anos e é amigo íntimo

de Senhora, a mãe-de-santo nº 1 do Brasil. (AMÁDIO, 1960 apud DOURADO,

2010, p. 31)

2 Um grupo dissidente da Casa Branca do Engenho Velho (o terreiro mais antigo de que se tem notícia e o que,

segundo vários autores, serviu de modelo para todos os outros, de todas as nações), comandado por Mãe Aninha,

fundou, em 1910, numa roça adquirida no bairro de São Gonçalo do Retiro, o Terreiro Ketu do Axé Opô Afonjá.

Ocuparam o cargo de iyalorixás desse terreiro: Eugênia Anna dos Santos (Mãe Aninha, Obá Biyi), de 1910 a

1938; Maria Purificação Lopes (Mãe Bada de Oxalá), de 1939 a 1941; Maria Bibiana do Espírito Santo (Mãe

Senhora), de 1942 a 1967; Ondina Valéria Pimentel (Mãe Ondina de Oxalá, Mãezinha), de 1969 a 1975; e Maria

Stella de Santos (Mãe Stella de Oxóssi), de 1976 até os dias atuais. (DOURADO, 2010, p. 39)

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Graças às inúmeras pesquisas e vivências dentro do candomblé, Jorge Amado pôde

contar histórias, personificar figuras tão reais, simular rituais, retratar culturas as quais ele

conviveu em ambiências de santo na Bahia.

No penúltimo capítulo chamado Personagens de Ontem, de Hoje, de Sempre, são

apresentadas, de maneira panorâmica, as principais personalidades artísticas, políticas e

religiosa, dos mais variados campo do conhecimento, da Bahia ou que vieram residir na

cidade acolhedora. Dentre eles, destacam-se Gregório de Matos e Castro Alves. Ambos de

singular importância no campo literário. O primeiro conhecido com “Boca do Inferno” devido

a sua sátira e ironia e, o segundo, também chamado de “O Poeta dos Escravos”, com seus

ideais alvedrios cantou a liberdade em forma de poesia. Cita-se também Carybé, Pinheiro

Vieigas, Cosme de Faria, o “cantou das graças da Bahia” ou Dorival Caymmi, Mário Cravo,

Pierre Verger, Clauber Rocha, Carlos Bastos, Gilberto Gil, Maria Betânia, Caetano Veloso, o

político Antonio Carlos Magalhães e muitos outros, com suas respectivas e ricas

contribuições tanto no campo artístico quanto no campo político.

Na última parte do livro, Terra, Mar e Céu, conforme cita o autor, faz-se um “intervalo

para os comerciais”, no qual são citados diversos locais e nomes de pessoas, com suas

respectivas utilidades. Tais informações podem servir de auxílio para o leitor-visitante, que

poderá necessitar dos variados serviços citados pelo autor. A mostra vai desde “A Suprema”,

casa de móveis, passando pela casa de bolos e doces até a necessidade de declarar um imposto

de renda e dos trabalhos do Doutor José Aragão Vila ou de um ginecologista Dr. David

Araujo.

A representação da identidade baiana como mestiça, festeira, popular, cordial, com o

famoso “jeitinho brasileiro”, a qual Jorge Amado é um dos criadores, é recorte parcial da

sociedade e da história dos brasileiros. O que o romancista fez foi elencar alguns elementos

que, com tanta perspicácia, observou na sua volta, mostrando “a força do povo”, a “atmosfera

da cidade”, “as revoluções”, os artistas, as mazelas que até hoje acompanham a cidade junto

ao seu desenvolvimento.

Em consonância com tais ideias, Jorge Araujo (2013) traz a noção de metonímia, pois

através da Bahia, podem-se entender as inúmeras vertentes do Brasil como um todo, como

podemos ler no trecho abaixo:

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A Bahia de Jorge Amado é metonímica do Brasil, representado polivocamente em

suas identidades, natureza e complexidade, e Jorge Amado é quem melhor expressa

essa nacionalidade difusa, sob uma forma encatatória que de autoexibe ou

dessacraliza em um texto tão plural que não se avexa ante seus próprios modelos e

caprichos de sedução. (ARAUJO, 2013, p. 132)

Amparando-se nos pressupostos da Análise do Discurso, que defende que discurso parte

de um lugar e de um determinado tempo, no caso em questão, o Brasil da primeira metade do

século XX, leva-se em consideração o tempo e o espaço como elementos básicos para

compreender os sentidos dos enunciados. Diante disso, o discurso amadiano, em Bahia de

Todos os Santos, é para o outro (a turista imaginária) e dependente do outro, ou seja, busca-se

além do planejamento da fala para que o outro o entenda, numa atitude de antecipação, na

tentativa de preparar sua interlocutora-leitora-visitante, bem como para o entendimento de

outros discursos em outros momentos.

Por ser um morador da cidade da Bahia, na posição de autoridade que pode falar da sua

terra natal e, na condição de anfitrião, como é possível perceber no trecho: “Vem e serei o teu

cicerone”, Jorge Amado se apresenta como um guia diferente daqueles que são encontrados

em qualquer cidade de atração turística: “Qualquer catálogo oficial, ou simples cavação, te

dirá quanto custou o Elevador Lacerda [...] Mas eu te direi muito mais, pois te falarei do

pitoresco e da poesia, te contarei da dor e da miséria” (AMADO, [1945] 2002, p. 13).

A imagem que se faz da Cidade do Salvador da Bahia é de uma cidade acolhedora, que

possui um povo cordial, civilizado: “A Bahia te espera para a sua festa cotidiana” e que

carrega um mistério que ronda essa terra ora verdadeira ora lendária: “Onde estará mesmo a

verdade quando ela se refere à cidade da Bahia? Nunca se sabe bem o que é verdade e o que é

lenda nesta cidade”. Mas que leva no seio de sua história desde a escravidão ao descaso atual,

a dupla face pintada pela beleza e pela miséria, “porque assim é a Bahia, mistura de beleza e

sofrimento, de fartura e fome, de risos álacres e de lágrimas doloridas” (AMADO, [1945]

2002, p.12-13).

Jorge Amado, ao projetar a sua posição no mundo, busca persuadir a leitora imaginária,

que recebe aquele convite, a conhecer os bairros pobres, que exala a fome e a miséria e

ancorado no contexto ideológico da época que busca o fim das injustiças sociais, faz um

convite à “moça” para mudar tal realidade. Como afirma Jorge Amado, “esse é um estranho

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guia. Com ele não verás apenas a casca amarela e linda da laranja. Verás igualmente os

gomos podres que repugnam ao paladar” (AMADO, [1945] 2002, p.12).

As palavras de Jorge Amado são fortes e revelam o seu posicionamento e indignação

perante uma sociedade injusta. Dessa forma, pode-se compreender como a palavra pode ser

testemunha de contextos reais, caracterizando povos, envolvendo culturas.

2.3 “BAHIA TÃO SOMENTE”: A CIDADE DO SALVADOR E SUAS DENOMINAÇÕES

A cidade do Salvador começou o seu crescimento seguindo a rota da baía beirando o

mar e a classe mais privilegiada acompanhou esse crescimento. Já em direção ao interior da

baía, a classe menos privilegiada ocupou as primeiras habitações em função da dificuldade de

acesso ao interior. Então, construir uma sede do governo português na colônia foi uma

decisão estratégica da Metrópole, pois podia definir mais de perto as diretrizes para a

exploração das matérias-primas que abasteceriam Portugal, além de dispor de uma excelente

localização onde se poderia controlar toda a extensão do litoral, e, ao mesmo tempo, tornar-se

a cidade-fortaleza, protegida de possíveis ataques dos nativos e de estrangeiros, tanto por terra

quanto por mar. A cidade sede do governo português, no século XVI, tinha algumas

características geográficas interessantes, pois foi constituída, em seu traçado topográfico, de

fendas, depressões, baixadas, lombadas prolongadas, colinas e os vales. Um dos principais

componentes da topografia das terras baianas é a declive que separa a cidade em duas: Cidade

Alta e Cidade Baixa.

O núcleo que constituía a cidade do Salvador, nos primeiros anos de colônia, tinha

como base esse declive: a Cidade Baixa, que se encontra no nível do mar, era onde estavam

instalados os armazéns para depósito de mercadorias a serviço do porto, local de trabalho; na

Cidade Alta, encontravam-se o centro administrativo e religioso, além das residências. A

ocupação das primeiras habitações começou nas ladeiras e caminhos que ligavam a Cidade

Baixa à Alta, justamente por ser trânsito de ligação entre uma localidade e outra devido ao

movimento econômico e religioso.

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O estratagema inicial da Coroa de ter uma cidade-fortaleza aliada pelas condições

naturais da geografia do lugar, que possibilitava vigiar quaisquer perigos que ameaçassem o

“coração da cidade”, a posteriori, foi uma dificuldade para os moradores, pois as diversas

ladeiras e caminhos tortuosos atrapalhavam a todos, principalmente os comerciantes da classe

mais privilegiada que moravam na Cidade Alta e tinham que trabalhar na Cidade Baixa. Além

disso, havia a necessidade de comunicação entre o poder administrativo que ficava instalado

na parte superior da encosta e a articulação quanto ao acesso entre as duas “cidades” era

inviável. Surgem, assim, as rampas e as enormes escadarias na busca de ligar os dois pólos da

cidade: um ligado ao comércio atacadista e o outro relacionado à habitação, o comércio

varejista e administração. Sobre essa divisão da cidade, Santos (2008) afirma:

É uma cidade cuja paisagem é rica de contrastes, devidos não só à

multiplicidade dos estilos e de idade das casas, à variedade das concepções

urbanísticas presentes, ao pitoresco de sua população, constituída de gente de

todas as cores misturadas nas ruas, mas, também, ao seu sítio ou, ainda

melhor, ao conjunto de sítios que ocupa: é uma cidade de colinas, uma cidade

peninsular, uma cidade de praia, uma cidade que avança para o mar com as

palafitas das invasões de ltapagipe, cidade de dois andares, como é frequente

dizer-se, pois'; centro se divide em uma Cidade Alta e uma Cidade Baixa.

(SANTOS, 2008, p.36)

As primeiras casas construídas na cidade do Salvador se encontravam na Praia ou

Ribeira e, mais tarde, foi avançando e seguindo a baía e a necessidade comercial. Por volta do

século XVII, a cidade cresceu e extrapolou os limites estabelecidos inicialmente pelos

portugueses e a ocupação se intensificou devido à necessidade de moradia após o crescimento

populacional da cidade. No século XIX, com vista do progresso e da modernização, da

higienização e da estética, as mudanças continuaram e muitas ruas foram construídas e

alargadas, os bairros avançaram para o centro e beirando o Atlântico. Puderam-se perceber

novos contornos para a Cidade Alta e para a Cidade Baixa, com o deslocamento e ampliação

do centro comercial, habitacional e administrativo.

A imagem a seguir permite verificar a cidade do Salvador, também chamada por muitos de

“Cidade de dois andares”, e sua área ocupada com bairros residenciais, comerciais, delimitando

um avanço considerável desde a década de 1940.

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Fig. 7 - Mercado Modelo e Casa da Alfândega 1940, vista da Cidade Alta e da Cidade Baixa

Portanto, desde a sua formação, a geografia da cidade influenciou na sua forma

urbanística e a cidade se desenvolveu paralela ao mar. Na Cidade Baixa, desenvolveu o poder

econômico, justamente por depender das atividades portuárias; já na Cidade Alta, encontram-

se as atividades relacionadas à fé e a administração, no entanto, ambas as “cidades” se

complementam, conforme podemos verificar nas palavras de Amado:

As duas cidades se completam, no entanto, e seria difícil explicar de qual das duas

provém o mistério que envolve a Bahia. Porque o viajante o sente tanto na Cidade

Baixa como na Alta, pela manhã ou pela noite, no silêncio do cais ou nos ruídos da

multidão na baixa dos Sapateiros. Impossível explicar o mistério dessa cidade. É

segredo que ninguém sabe, chega talvez do seu passado na sombra do forte velho

sobre o mar, chega talvez do seu povo misturado e alegre, talvez do mar onde reina

Inaê, talvez da montanha coberta de verde e salpicada de casas. É certo que todos o

sentem. Ele rola sobre a Bahia, é como um óleo a envolvê-la. Quando na noite

solitária da Cidade Baixa o ruído do baticum longínquo do candomblé coincidir com

o encontro de um casal de mulatos que se dirige ao amor no cais, então o forasteiro

se rende conta que esta é uma cidade diferente, que nela existe algo que alvoroça os

corações. (AMADO, [1945] 2002, p.24)

Embora busque mostrar toda a cidade para o leitor-turista, representado pela “moça”

convidada, Amado evidencia constantemente a peculiaridade das duas cidades, que mesmo

sendo complementares, apresentam características distintas. Mesmo diante da modernização

da cidade e do surgimento de novos sítios urbanos, ele traz o centro histórico como o

“coração” da cidade que se modernizou, mas que traz marcas reais do passado provinciano.

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Na obra, outro fato interessante e que deixa o leitor curioso é a recorrência de Jorge

Amado se referir à capital baiana de variadas denominações ora chamando de Salvador, São

Salvador, ora Bahia de Todos os Santos, ora de Cidade do Salvador da Bahia ou de

Cidade do Salvador da Bahia de Todos os Santos. Nas narrativas, assim como na

denominação da realidade, há uma representação do espaço real que se corporifica a partir de

um designativo, ou seja, quando se analisa o nome de lugar, busca-se desvendar o povo a

partir da representação sígnica - o topônimo. Carvalhinhos (2009) discorre sobre essa ideia de

nomeação dentro da narrativa e afirma que:

Quando o topônimo figura em uma obra ficcional, pode-se afirmar que a escolha

desse nome passou por crivo duplo, pois autor cria um topônimo (ou escolhe um

dentro de um paradigma já existente) com o objetivo deliberado de construir um

determinado espaço na sua narrativa, de modo que crie um efeito de realidade.

(CARVALHINHOS, 2009, p. 86)

Esses topônimos referentes à capital da Bahia, com as mais diversas variações feitas

pelo autor, comprovam uma característica interessante no ato de nomeação, conforme afirma

Menezes e Santos (2006):

Os nomes de geográficos são testemunhos históricos dos povoamentos de toda uma

nação. Eles registram e sinalizam a passagem histórica de geração, culturas, povos e

grupos linguísticos, que se sucedem na ocupação de uma dada porção territorial,

indicando a antropização da paisagem e a consequente expansão do ecúmeno. (MENEZES; SANTOS 2006, p. 194)

Os nomes escolhidos para as cidades nas quais ancoraram as embarcações portuguesas,

na época da colonização das terras brasileiras, evidenciam a influência religiosa no processo

de nomeação das terras “recém-achadas”. Essa influência já aconteceu com o próprio nome

do país que outrora recebeu como nomes Ilha de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz,

posteriormente, as nomeações, sob as influências indígenas, dos africanos e dos elementos

naturais que ao entorno, compõem uma forma diferenciada de nomear. Foi a partir dos

documentos e registros da época, como a Carta de Caminha, que se tem conhecimento de

como se deu o processo nomeação nas “terras descobertas”.

A expressão Bahia de todos os Santos, muitas vezes evocada por Jorge Amado, foi

inspirada na baía, uma extensa área que recebeu o nome dos lusitanos durante uma expedição

portuguesa comandada por Gaspar Lemos em 1º de novembro de 1501, dia de Todos os

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Santos, segundo o calendário da Igreja Católica. No entanto, já era denominada de Kirimurê3

pelos índios Tupinambás, cujo significado é "grande mar interior", a baía adquiriu grande

importância desde os primeiros anos de colonização. Tais denominações revelam a perfeita

relação entre o ato de nomear e as características físicas do lugar e a visão daqueles que aqui

chegaram, cada qual com seus conhecimentos e interesses. Mais tarde, em oposição às ilhas

da baía, surgia a cidade de São Salvador da Baía de Todos os Santos ou apenas Salvador

da Bahia, inicialmente uma capitania, mas que durante muitos anos desempenhou o papel de

primeira capital do Brasil.

Jorge Amado dedica um tópico, no primeiro capítulo da obra Bahia de Todos os Santos:

guia de ruas e mistérios, para falar sobre o nome da cidade. O autor fala do desejo purista dos

estudiosos, que fazem discussões e debates entre os acadêmicos, na tentativa chamar a cidade

pelo seu nome “verdadeiro”, no caso, Cidade do Salvador, desprezando o querer do povo.

Isso justifica o fato de o autor asseverar que:

Podem eles perder o tempo que quiserem, podem encher colunas de jornais com

massudos e maçantes artigos, escrever grosso volumes que ninguém lê, xingar,

esbravejar, o povo continua chamando sua cidade pelo doce nome de Bahia. Esta é a

cidade da Bahia. Assim a trata o povo de suas ruas desde a sua fundação em 1º de

Novembro de 1549. (AMADO, [1945] 2002, p. 25)

Essa passagem do livro faz compreender a dinamicidade da linguagem, que demonstra

em variados aspectos da língua não se podem impor regras, pois a língua passa por uma

filtragem temporal e espacial, sendo que o povo é quem consagra o seu uso, conforma já

salientou Monteiro Lobato (1992):

[...] Os gramáticos mexem e remexem com as palavras da língua e estudam o

comportamento delas, xingam-nas de nomes rebarbativos, mas não podem alterá-las.

Quem altera as palavras, e as faz e desfaz, e esquece umas e inventa novas, é o dono

da língua — o Povo. Os gramáticos, apesar de toda a sua importância, não passam

dos "grilos" da língua. (LOBATO, 1992, p. 45)

Os contornos dos moldes europeus, marcados, sobretudo, pelos preceitos ideológicos e

religiosos começaram a dominar os povos, suas línguas, com o objetivo de aplicar um dos

ideais das conquistas da colonização: educar o Novo Mundo com os preceitos do Deus

3 Atualmente existe o Instituto Kirimurê, um ambiente virtual onde se encontram pesquisadores, professores e

estudantes de graduação e pós-graduação da Universidade Federal da Bahia com parceria com outras instituições

de ensino para discutir os mais diversos elementos de pesquisa sobre a Baía de Todos os Santos (BTS). Para

conhecer o instituto e os objetivos do projeto ver site http://www.btsinstitutokirimure.ufba.br/?page_id=23.

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europeizado na nova terra sem Fé, sem Lei, sem Rei. O topônimo Salvador da Bahia

também faz menção ao imaginário religioso cristão católico, marcando a religiosidade

daqueles que ali estavam nos primeiros momentos da colonização. E Jorge Amado também

contesta sobre tal nomeação, conforme se pode ler abaixo:

Pode ser que o colonizador devoto desejasse colocar a nova povoação sob o

patrocínio de Jesus designando-a Cidade do Salvador. Mas somo um povo misturado

com sangue índio e muito sangue de negro, e nosso primitivismo ama os nomes

pagãos tirados da natureza em torno. Bahia. Em frente à cidade está a baía enorme,

belíssima, rodeando a ilha de Itaparica; [...] Bahia de Todos os Santos. O católico

lusitano batizou a baía ao redor. O índio e o negro crismaram a cidade que ali

nasceu: Bahia tão somente. Não adianta o desejo de D. João III, Rei de Portugal,

que, mesmo antes de fundar a cidade, deu-lhe o nome de Salvador. Não adiantou a

pertinácia de Tomé de Souza conservando-lhe esse nome quando todos os

chamavam Bahia. Esse povo misturado é, por vezes, cabeçudo. Permaneceu Bahia.

(AMADO, [1945] 2002, p. 25)

Um fato interessante, em relação aos designativos referentes à capital baiana e que

ultrapassa as páginas das histórias imaginadas por Amado, é que essa preferência em chamar

Salvador de Bahia também faz parte do imaginário da população interiorana. É comum,

principalmente dentre os mais velhos, ouvi as frases: “vou para à Bahia”, “cheguei da Bahia”,

usando o nome do estado, como nome da cidade, mais uma vez, como uma relação

metonímica.

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3 LÍNGUA E CULTURA: A LÍNGUA COMO ELEMENTO IDENTITÁRIO

“A palavra distingue o homem dentre os animais:

a linguagem distingue as nações entre si;

somente se sabe de onde é um homem após ter ele falado”.

(ROUSSEAU)

O ser humano é um ser social que faz uso da linguagem para interagir com o meio que o

cerca. É possível verificar na linguagem os reflexos de elementos que revelam as estruturas

sociais. Assim como existem as relações de poder no seio social, fixadas pelas forças

simbólicas já evidenciadas por Bourdieu (1983), a linguagem, através do seu léxico, é um

fator que cria laços entre seus semelhantes bem como separa os diferentes. Bourdieu

apresenta o discurso como um bem simbólico, o qual pode receber valores distintos a

depender do mercado que ele seja exposto, isso ocorre porque língua é sinônimo de poder.

Émile Benveniste (1976, p.32) debate com a defesa de que a linguagem, enquanto

instituição social garante a difusão e fixação de ideologias e princípios na seguinte passagem:

“A linguagem manifesta e transmite um universo de símbolos integrados numa estrutura

específica: tradições, leis, ética e artes; e é pela língua que o homem assimila a cultura, a

perpetua ou a transforma”.

A língua deve ser vista como o meio pelo qual o homem evidencia o seu pensamento, as

aquisições de saberes, percepções e experiências da sociedade. Sobre essa ideia, Duranti

afirma:

Uma língua é mais que um conjunto de categorias fonológicas, morfológicas,

sintáticas ou léxicas e uma série de regras para seu uso. Uma língua existe no

contexto de práticas culturais que, por sua vez, descansam em alguns recursos

semióticos, como as representações e expectativas que proporcionam aos corpos e

movimentos dos participantes no espaço, o entorno construído em que inter-atuam, e

as relações dinâmicas que se estabelecem por meio da recorrência na atividade

conjunta que realizam. (DURANTI, 2000 apud SEABRA 2004, p.28)

Ao considerar o caráter social da língua, que se corporifica por meio do léxico, é

necessária a inserção, de modo intrínseco, do elemento cultural como eixo de ligação entre o

polo social e o polo linguístico. O termo cultura é proveniente do latim e seu significado

original remete às atividades agrícolas. Vem de colere, que quer dizer cultivar. Com o tempo,

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a partir do surgimento de sociedades letradas, esse significado foi ampliado para refinamento

pessoal, sofisticação. Por isso, até hoje, esta palavra possui conotação relacionada a

conhecimento, desenvolvimento de ideias, polimento intelectual - pessoa culta.

No entanto, quando se pensa em cultura não se pode ficar preso a essa visão limitada,

simplista e defasada. Atualmente, a preocupação em entender sobre as questões culturais é

bem forte, pois os estudiosos buscam compreender a humanidade de modo mais amplo, mas,

ao mesmo tempo, entender a concepção de nação, grupos humanos e sociedade. Assim, o

termo cultura inclui o coletivo, pois é o resultado da inserção do homem em contextos sociais

variados.

No século XIX, o conceito de cultura era ligado a uma hierarquização das culturas

humanas, na qual, segundo essa visão, as sociedades passaram por etapas de evolução. Essa

era uma visão europeizada em que todos os povos que não entravam na sua categorização de

cultura baseada na noção capitalista eram considerados como bárbaros, inferiores. E essa ideia

de evolução cultural esteve ancorada em ideais racistas que, infelizmente, ainda podemos

perceber camufladas nos moldes da sociedade atual.

A noção de inferioridade cultural é sempre fundamentada na comparação de elementos

baseados na realidade cultural de quem analisa, de modo que é possível entender que não se

pode categorizar a cultura de uma comunidade com parâmetros iguais a de outra comunidade,

pois a sociedade não é igual nem igualitária. Logo, as diferenças óbvias não devem servir de

base para caracterizar um povo como melhor ou pior, sobretudo, porque não há cultura

melhor ou pior, há culturas diferentes. Ao encontro desse pensamento, Santos (1986) afirma

que:

Cada realidade cultural tem sua lógica interna, a qual devemos procurar conhecer

para que façam sentido as suas práticas, costumes, concepções e as transformações

pelas quais estas passam. É preciso relacionar a variedade de procedimentos

culturais com os contextos em que são produzidos. (SANTOS, 1986, p. 8)

De acordo com Edward T. Hall (1973 apud OLIVEIRA, online), o conceito de cultura,

no sentido etnográfico, foi primeiramente definido por E. B. Tylor ao dizer que:

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[...] cultura ou civilização, tomada em seu sentido etnográfico amplo é o conjunto

complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costumes e quaisquer

outras habilidades ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma

sociedade (TYLOR, 1871 apud OLIVEIRA, online).

Depois, vários outros estudiosos, a depender da linha de pesquisa, se ocuparam em

definir cultura. Estabelecida a ideia de que língua e cultura são indissociáveis, por estarem

sempre em processo de mudança, muitos autores defendem que a cultura está relacionada com

a forma de encarar a si e ao outro, ou seja, são consideradas a historicidade, os costumes, o

contexto social, etc. Sem os aspectos contextuais, o termo cultura se torna irrelevante e

equivocado.

Ainda no que diz respeito à relação entre língua e cultura, a ideia de que elas estão

intimamente ligadas não é recente. Desde o século XIX, Humboldt tratou dessa relação

quando discutiu a ideia de relativismo linguístico, que pode ser entendido como a noção de

que a língua que falamos pode influenciar a realidade. Mais tarde, Edward Sapir argumentou

que o conteúdo da língua está atrelado à cultura. Nos anos 1950, Whorf (1940, p. 231 apud

OLIVEIRA, online) discute que os falantes de uma língua dividem a mesma realidade

linguística, ou seja, cada indivíduo, ao apreender uma língua materna, aprende a associar os

símbolos de modo igual, na situação que se encontram ou no pensamento.

Por sua vez, a língua é social e culturalmente construída e é através das práticas

discursivas, caracterizadas pelo modo de ser, dizer e agir que cada grupo social estabelece o

papel de exteriorizar o seu pensamento. É nesse sentido que nos assevera Baldinger: “a

história da língua é a história da cultura...O fato de que a língua reflete a história dos povos,

isto é, a relação entre história da língua e a história da cultura já se reconheceu então”.

(BALDINGER, 1966, p. 37)

Câmara Jr (1954, p. 193) também diz que “a língua, considerada em sua essência, é

mais do que uma simples manifestação cultural: é o veículo através do qual toda cultura se

consolida, se intercambia e se transmite”. Qualquer processo de construção identitária por

meio da língua é um encontro entre elementos que envolvem culturas, valores ou práticas que

convergem ou divergem em alguns momentos, mas que a partir de contextos históricos

específicos passam a fazer sentido e representar o indivíduo que está inserido naquela época.

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Estudiosos de diversas áreas do conhecimento como a Filosofia, a Psicanálise, a

Antropologia e a Linguística, por exemplo, têm se dedicados a temas que envolvem a

construção identitária, buscando investigar e compreender como se dá esse desenvolvimento

nos indivíduos, pois é muito comum, aos ouvidos atentos, surgirem perguntas que discutem

termos e ideias como “crise de identidade” ou “perda de identidade”.

Segundo Coseriu (1982, p.17), “a linguagem é um fenômeno multifacetado que permeia

as demais manifestações do homem”, ou seja, no processo de construção da identidade, o

indivíduo vale-se da sua capacidade de se comunicar para, a partir dela, tecer suas convicções,

crenças e sua história pessoal. Sobre a noção de identidade, Rajagopalan (1998) argumenta:

A identidade de um indivíduo se constrói na língua e através dela. Isto significa que

o indivíduo não tem uma identidade fixa anterior e fora da língua. Além disso, a

construção da identidade de um indivíduo na língua e através dela depende do fato

de a própria língua em si ser uma atividade em evolução e vice-versa.

(RAJAGOPALAN, 1998, p.41-42)

Contudo, é sabido que a língua não é neutra ou isenta de referências à significação

social, pois a língua não se mantém na base da neutralidade, ao contrário, está repleta de

significações que é resultado da interação entre os falantes que a utilizam. Desta forma, é

assertivo dizer que língua e cultura têm um papel importante para a construção identitária de

um indivíduo.

Ainda na visão de Rajagopalan (1998, p. 41-42), “as identidades da língua e do

indivíduo têm implicações mútuas, ou seja, estão a todo momento sendo reconstruídas num

constante estado de fluidez”. Dessa forma, pode-se entender que a identidade só é possível a

partir do momento em que o homem consegue decodificar a palavra e, por meio desta,

desvendar o mundo que está inserido, de modo que transforme a realidade e seja transformado

por ela, já que é um ser social e historicamente condicionado.

Na visão de Freitas et al. (s/d online), outro aspecto importante para a compreensão

entre língua e identidade é que o conceito de língua tem significação geopolítica, ou seja,

representa a geografia e os aspectos políticos de uma determinada comunidade. Como as

comunidades são plurais e multifacetadas, assim, entende-se que quanto mais influenciado for

o ser humano pelos diversos contextos, infinitamente ampliada e composta será a forma de

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perceber e agir sobre a realidade que ele está inserido. Ao encontro dessa ideia, Hall (2000, p.

37) defende que:

[...] as identidades nunca são unificadas; que são, na modernidade tardia, cada vez

mais fragmentadas e fraturadas; que elas nunca são singulares, mas multiplamente

construídas ao longo de discursos, práticas e posições que se cruzam e até podem ser

antagônicas. As identidades estão sujeitas a uma historicidade radical,

constantemente em processo de mudança e transformação. (HALL, 2000, p.37)

A noção de identidade cultural, social e linguística parte da ideia de como o indivíduo se

comporta no convívio com seus semelhantes, inseridos em grupos e agindo como sujeitos

sociais. Em consonância com as ideias defendidas por Hall, é possível afirmar que, graças aos

fatores globais de circulação imediata de informações e cultura, que as identidades estão cada

vez mais fluídas.

Rajagopalan afirma que a língua é como uma “roupagem”, que, ao despir-se dela,

podem-se observar diversos aspectos, pois a língua está sempre ligada a questões de

identidade e alteridade, visto que a ela vincula a subjetividade do sujeito. Dessa forma,

qualquer tentativa de retirar o “EU” da linguagem está fadada ao fracasso (informações

verbais)4.

3.1 O ESTUDO LEXICAL: PRESERVANDO A MEMÓRIA DE UM POVO A PARTIR DA

LÍNGUA

A arbitrariedade do signo linguístico corroborada por Saussure explica como o

homem estrutura o mundo que o cerca e nomeia os seres e objetos de acordo com suas

necessidades e interesses. Ao longo da história, as palavras surgem, desaparecem,

reaparecem com novas significações de acordo com os imperativos de um povo, marcadas por

diversos fatores socioculturais. Sendo assim, o léxico, ou o conjunto de palavras de uma

comunidade linguística, cumpre o papel de testemunhar as realidades sociais e culturais de

4 Apontamentos de aulas ministradas pelo professor Rajagopalan à turma de Programa de Pós-graduação em

Estudo de Linguagens, em março de 2013.

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quem as usam, garantindo ao estudioso do léxico a possibilidade de desvendar a história e os

anseios dos seus convivas, conforme nos assegura Biderman:

O léxico pode ser considerado como tesouro vocabular de uma determinada língua.

Ele inclui a nomenclatura de todos os conceitos lingüísticos e não-lingüísticos e de

todos os referentes do mundo físico e do universo cultural, criado por todas as

culturas humanas atuais e do passado. Por isso, o léxico é o menos linguístico de

todos os domínios da linguagem. Na verdade, é uma parte do idioma que se situa

entre o linguístico e o extra-lingüístico. (BIDERMAN, 1981, p. 138)

Para a autora, é através do ato criativo e cognoscitivo que o homem categoriza o

pensamento através do léxico, pois é o signo linguístico que concretiza o universo referencial,

designando as realidades nas quais o homem toma consciência. Em consonância com essas

ideias apresentadas por Biderman, Carvalho (2010) afirma:

O vocabulário de cada cultura é bem mais amplo para os assuntos que lhes tocam de

perto, e restrito para aqueles nos quais não tem interesse direto. [...] As línguas

realizam o recorte direto do mundo de maneira diversas; daí a dificuldade na

elaboração de traduções. Há nuanças e escalas de valores. O sentido de uma palavra

vai assim depender de associações resultantes de comparações, cargas emocionais e

de preconceitos da comunidade. (CARVALHO, 2010, p. 47)

De acordo com as palavras de Carvalho (2010), averígua-se que a língua não é estática

nem homogênea e que o léxico, diferentemente dos outros sistemas linguísticos como o

fonológico, sintático e o morfológico, é um sistema aberto a mutações. Conforme já ressaltou

E. Sapir, o léxico de uma língua é a parte mais flutuante e mais suscetível a mudanças

resultantes de acréscimos e/ou de perdas de palavras em uso – são os chamados neologismos e

arcaísmos, respectivamente. Assim sendo, o estudo lexical revela os interesses socioculturais

de uma comunidade à medida que modela pensamentos e atitudes e desponta conceitos e

preconceitos, valores e ideais, depreendendo os enigmas presentes na alma de seus falantes.

Oliveira e Isquerdo corroboram com essa ideia ao afirmarem que:

Na medida em que o léxico configura-se como a primeira via de acesso a um texto,

representa a janela através da qual uma comunidade pode ver o mundo, uma vez que

esse nível de língua é o que mais deixa transparecer os valores, as crenças, os

hábitos e costumes de uma comunidade [...] (OLIVEIRA; ISQUERDO, 2001, p.9)

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Desde Saussure, a língua é vista como um fator social e toda a sua dinâmica é tecida

pelo vocabulário, pois “[...] o léxico de uma língua conserva uma estreita relação com a

história cultural da comunidade [...] na medida em que o léxico recorta realidades do mundo,

define, também, fatos de cultura.” (OLIVEIRA; ISQUERDO, 2001, p. 9). O estudo do

vocabulário nos permite conhecer a história, a aprendizagem de seus falantes, os valores, as

vivências em sociedade, podendo-se “[...] mergulhar na vida de um povo em um determinado

período da história, [...]” (ABBADE, 2006, p. 213).

O léxico de uma língua pode ser estudado dentro de três ciências tradicionais que

enfocam o mesmo objeto com finalidades distintas: a Lexicologia, a Lexicografia e a

Terminologia: a Lexicologia é a parte da Linguística que se ocupa em estudar a palavra

segundo a sua categorização, estruturação e funcionamento; a Lexicografia é a ciência dos

dicionários e a Terminologia se preocupa em categorizar o vocabulário especializado de uma

determinada área do saber humano.

Para esta dissertação, que tem como objetivo averiguar as motivações semânticas

presentes nos nomes dos bairros e ruas presentes na obra de Jorge Amado, faz-se necessário

delimitar a base teórica dentro da Lexicologia. Dentro do campo de pesquisa, tomar o léxico

como objeto de investigação não é sinônimo de ter um campo homogêneo, livre de

intersecções outras no que tange às teorias e epistemologias, pois o estudo do léxico abarca

um universo de saberes que não se limita apenas ao campo linguístico, mas que o torna

grandioso e interessante, não mais que outros campos linguísticos, justamente porque conta

com o auxílio de diversas ciências do campo de saber.

A Lexicologia, também chamada de ciência da palavra, nem sempre desfrutou de

prestígios dentro dos estudos linguísticos, apesar da importância para a sociedade visto que

esta tem guardada nas palavras um fóssil de informações arquivadas em sua memória. Foi a

partir da segunda metade do século XIX, com a ampliação dos estudos onomasiológicos

debruçados sobre as nomeações, que o os linguistas começaram a se interessar pelas áreas

voltadas para os aspectos extralinguísticos, dentre elas as que tinham as palavras como base.

Dentre os elementos que compõem os estudos lexicológicos é importante alinhar

alguns conceitos, muitas vezes interpretados como sinônimos como é o caso de palavra,

vocábulo e lexia. Segundo do Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa (2007), de

Antônio Geraldo da Cunha, palavra é realmente sinônimo de vocábulo, de termo. No entanto,

nos moldes dos estudos lexicais, é necessário diferenciar tais termos, e Basílio (1991, p. 12)

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apesar de admitir que conceituar palavra sempre foi um problema para linguistas e

gramáticos, define-a como “uma unidade linguística básica, facilmente reconhecida por

falantes em sua língua”.

De acordo com Abbade (2011, p.1333-1334), palavra “é um termo genérico,

tradicionalmente utilizado na língua, fazendo parte do vocabulário de todos os falantes”. Já

vocabulário “pode ser entendido como o subconjunto que se encontra em uso efetivo, por um

determinado grupo de falantes, numa determinada situação”. Dessa forma, o vocábulo é a

palavra efetivamente funcional para os falantes de uma dada comunidade. Ainda para

Abbade (2011, p, 1334), a lexia “é a unidade significativa do léxico, ou seja, a palavra que

tenha significado social”.

Esses conceitos são de fundamental importância para o entendimento da diferença

entre lexemática e a morfemática. Há palavras que possuem apenas significação gramatical ou

morfemática, como é o caso dos artigos, das preposições e das conjunções, enquanto que há

outras palavras que constituem significação social, referencial e estão dispostas no

vocabulário de uma comunidade linguística por isso são objetos de estudo da lexemática.

O estudo lexical permite identificar traços do grupo social que o usa, evidenciando,

sobretudo, a evolução desse grupo social, bem como as transformações culturais, tais como as

tradições, a moda, a religiosidade, as novas tecnologias, tudo isso permite modificações no

léxico e revela o enriquecimento do universo pessoal e social. Tudo de concreto ou abstrato

que está diante do olhar humano pode ser nomeado e, justamente por está no campo da

lexemática, engloba o léxico. Por isso, pode-se afirmar que os nomes de lugares, que

compõem a obra Bahia de Todos os Santos, de Jorge Amado, abrangem muito mais do que

um universo literário-ficcional, são saberes partilhados pelos falantes, que garantem a

memória de um povo.

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4 ONOMASIOLOGIA E SEMASIOLOGIA: POSSIBILIDADES DE ESTUDAR O

LÉXICO

“O nome de lugar exerce o papel de uma verdadeira crônica”.

(DICK, 1990, p.22)

Com os avanços dos estudos linguísticos no final do séc. XIX para o início do séc. XX,

um novo paradigma linguístico surgiu e os estudos voltados para a língua, que até então eram

pautados no som, tomam um novo direcionamento: a palavra toma visibilidade como mais

uma forma de investigação dos fenômenos linguísticos. Foi nesse contexto, por volta de 1900,

que surgem os métodos de pesquisa e estudo voltados para a designação e o significado,

respectivamente, a semasiologia e a onomasiologia, assim definidos por Baldinger (1966).

A onomasiologia estuda igualmente uma estrutura, isto é, as posições recíprocas das

diferentes designações e por isto reconhecemos, como no caso da estrutura

semasiológica, um centro de um ou de diversos polos com um campo objetivo,

afetivo ou misto ao seu redor. (BALDINGER, 1966, p. 26)

Ambas as ciências estão diretamente interligadas e dependentes uma da outra. Desde

Sausurre que se discute a relação do signo como a união do sentido e da imagem acústica.

Mais tarde Ullmann, com base nos postulados de Saussure e outros autores como Ogdem e

Richards, avança, nos estudos, a fim de compreender a estrutura semântica das palavras por

meio da tríade: coisa, sentido e nome.

Para Baldinger (1966, p. 28), “cada signo linguístico e cada palavra se compõe de dois

elementos: forma e conteúdo”. No plano da semasiologia, “a significação liga a forma ao

conteúdo”. Já no plano da onomasiologia, “o conceito é designado por diferentes formas

(diferentes nomes). A designação vai do conceito à forma (ao nome)”. Conforme pode ser

visto no esquema a seguir:

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Fig. 1 e 2 - Triângulos de Baldinger (1966)

Ainda segundo o autor, a relação de dependência dessas duas estruturas se dá, pois “o

nome e o conceito, a significação que parte da forma (nome) para atingir o conteúdo e a

designação que parte do conceito para atingir a forma (nome)”.

Fig.3 - Triângulo de Baldinger (1966)

Assim, a partir do momento que se consolidou que o signo linguístico era constituído de

um duplo aspecto, foi preciso criar um duplo aspecto do método linguístico a fim de verificar

as características semânticas e estruturais das palavras, conforme afirma Feller (apud

BALDINGER, 1966, p. 35), “será necessário partir da palavra para atingir o pensamento

(semântica), e partir do pensamento para atingir as palavras (onomasiologia)”.

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4.1 ONOMÁSTICA: A CIÊNCIA DO NOME

Uma das formas de estudar a linguagem perpassa pelos estudos onomásticos, que

buscam compreender os nomes próprios, sejam estes nomes de lugares ou acidentes

geográficos - objeto de estudo da Toponímia; ou nome de pessoas e sobrenomes de famílias

ou alcunhas - objeto da Antroponímia. Esses estudos onomásticos estão no campo da

Lexicologia e se interessam pela palavra quando inserida no campo da nomeação ou

denominação.

A Onomástica tem como objeto de estudo o ónyma, do grego nome que difere da

palavra, pois pressupõe um nomeador e um ser ou lugar nomeado, conforme Dick (1998):

O nomeador (sujeito, emissor ou enunciador), o objeto nomeado (o espaço, suas

subdivisões conceituais que incorpora a função referencial, sobre o que recairá a

noção de nomear) e o receptor (ou enunciatário, que recebe os efeitos da nomeação,

na qualidade de sujeitos passivos). (DICK, 1998, p. 103)

Alguns autores chamam Onomástica de Onomatologia como é o caso de Câmara Júnior

(2001, p. 182), conforme se pode verificar na seguinte citação: “Conjunto dos antropônimos

(v.) e topônimos (v.) de uma língua, e também o estudo lingüístico desses vocábulos, o qual

requer métodos de pesquisa especiais. Neste último sentido, também se usa o termo

ONOMATOLOGIA.” (grifo do autor).

Leite de Vasconcellos (1931), em sua obra intitulada Opúsculos, Volume III -

Onomatologia, também prefere chamar de Onomatologia, e além de trazer os conceitos de

Toponímia e Antroponímia, traz a noção de Panteonímia ou Polionímia.

Chama-se de Onomatologia o ramo da Glotologia que estuda os nomes próprios.

Podemos nela considerar três partes:

1. Antroponímia (expressão que empreguei a primeira vez em 1887, na Revista

Lusitana, 1, 45), ou estudo dos nomes individuais, como dos sobrenomes e apelidos;

2. Toponímia, ou estudo dos nomes de sítios, povoações, nações, e bem assim de

rios, montes,vales,etc., - isto é, os nomes geográficos;

3. Vários nomes próprios, isto é, que não estão contidos nas duas classes

procedentes, por exemplo, de entidades sobrenaturais, de astros, ventos, animais, de

coisas (espadas, navios, sinos) [...] (VASCONCELLOS, 1931, p.3. grifo do autor.)

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Pelo viés toponímico, objeto de estudo desta dissertação, é possível perceber que os

nomes de lugares e/ou acidentes geográficos ultrapassam os limites do sistema linguístico,

pois se unem aos elementos extralinguísticos que compõem o ato de nomeação no momento

que o denominador em um ato batismal escolhe o nome. Mesmo sendo um signo referencial,

os topônimos possuem uma característica importante: a motivação semântica.

Ao possuir um motivo semântico, mesmo muitas vezes opaco, os topônimos são de

grande importância linguístico-histórica, pois trazem na essência de sua caracterização um

valor documental, visto que há por trás do ato “nomeativo”, um desejo do denominador de

retratar o contexto social, histórico, político e cultural de uma época, caracterizador de um

povo - e isso é feito a partir do seu repertório linguístico.

4.1.1 O signo toponímico: cristalizando a história pelo olhar do denominador

Saussure, ao falar sobre a sua primeira dicotomia - língua versus fala - mostra ser a

língua o objeto de estudo da Linguística, concebendo-a como um sistema de signos

(constituídos por significado e significante), sendo fruto de convenção social, coletiva,

imutável pelo indivíduo e exterior a ele.

O equívoco nas discussões propostas por Saussure está no fato de o autor definir a

língua como fato social, mas excluir das tarefas linguísticas a preocupação com os elementos

de ordem social, ou seja, as relações extralinguísticas, o que pressupõe a homogeneidade

como elemento primordial para essa descrição.

Além de Saussure, outros autores, como Peirce, se debruçaram sobre o estudo do signo.

No entanto, enquanto Peirce descreveu o signo em caráter imediato, Saussure apontava a

noção de tempo como requisito preponderante na sua análise, apoiando numa investigação

diacrônica para seus estudos.

Um ponto de convergência nos dois estudos é o caráter arbitrário do signo linguístico.

Para ambos os estudiosos, o signo é um processo mental, psíquico que se estrutura nas

relações sociais. Porém não há uma relação direta entre o objeto extralinguístico e o signo

enquanto símbolo - na visão de Peirce, e relação entre significante e significado, na visão de

Saussure.

Ao afirmar que o signo é arbitrário, Saussure (1969) afirma também que todo signo não

tem motivação, ou seja, não há a relação entre as palavras e o objeto nomeado. Mas será que

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todo signo é realmente arbitrário? O próprio Saussure faz ressalvas a esse princípio,

afirmando que há certas palavras que possuem graus relativos de arbitrariedade, como é o

caso das onomatopeias e das exclamações, por conseguinte, possuem certa motivação

linguística que podem ser explicadas dentro do próprio sistema linguístico.

A Toponímia, como já foi dito anteriormente, é uma das subdivisões da Onomástica e

tem como objeto de investigação os signos toponímicos, a partir das motivações dos nomes de

lugares. São espécies de enunciados próprios os quais fazem ecoar aspectos culturais dos

núcleos em que habitam em determinadas regiões.

Os topônimos refletem a capacidade que o homem possui para nomear o seu entorno,

evidenciando os saberes, as experiências e o modo de ser acumulados ao longo dos tempos.

Os nomes de lugares documentam a língua e fazem emergir os costumes e os valores que

regem as condutas da comunidade nomeada, deixando transparecer as influências culturais

propiciadas a partir do contato com outros grupos étnicos que ali se instalaram, além de

registrar e perpetuar acontecimentos históricos considerados relevantes para o olhar do

denominador.

Os estudos toponímicos são relevantes, pois possibilitam desvendar o significado dos

nomes, muitas vezes, esquecidos ou desconhecidos pela comunidade. Esse esquecimento ou

apagamento se dá, pois nem sempre, através do nome, é possível saber o significado ou a

motivação semântica que fez com que o denominador “batizasse” tal lugar com determinado

nome.

Segundo Ogden e Richards (1976), no universo linguístico o pensamento ou

referência, o referente e o símbolo estariam estritamente ligados tanto na forma quanto no

conteúdo. Isso indica que nessa tríade a relação entre pensamento, referente o e símbolo é

direta. Já a relação entre símbolo e referente é indireta, pois é necessário passar pelo sentido.

Alguns estudiosos como Liberato (1997 apud SEABRA 2008, p. 1955) afirmam que a

identificação dos nomes próprios de lugares podem não passar pelo sentido, ou seja, não está

ao alcance do falante-ouvinte, sendo indicado diretamente ao referente, como podemos

verificar na observação comparativa.

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Fig 4- Triângulo de Ogden e Richards Fig. 5- Referência e Toponímia, baseado

Fonte: OGDEN; RICHARDS, 1976, p.32 no triângulo semiótico de Ogden e Richards. Fonte: SEABRA 2008, p. 1955.

As informações que cada “topo” carrega em sua memória é que garante o

apagamento ou permanência do significado dos topônimos, pois há uma relação mais

complexa entre palavra e referente. A história, a cultura e as relações sociais também

contribuem para essa manutenção ou não, visto que os nomes de lugares carregam os

registros de um passado, ideias comuns de um povo que foram cristalizados através do

ato de nomeação. Em consonância a essa ideia, Seabra (2008) afirma que:

Na Onomástica, mais especificamente, em se tratando de nome do lugar, a

função simbólica ou representativa do topônimo, isto é, a vinculação do

significado de um nome a uma determinada localidade implica

necessariamente a pergunta sobre o que ele simboliza, o que representa ou

denomina. Como o topônimo permanece na língua enquanto a sociedade

muda, o sistema de referência extralinguístico pode ou não se perder.

(SEABRA, 2008, p. 1956)

Ao analisar as palavras de Seabra (2008), pode-se afirmar que os estudos

onomásticos, de modo especial, os topônimos e a referência estão completamente

associados à relação triádica entre cultura, história e sociedade. Desse modo, o

significado do topônimo se manifesta ou se realiza não somente pela relação

convencional entre signos e conteúdos, mas há conexões extralinguísticas que integram

as culturas e garantem que os nomes de lugares não tenham apenas a função de servir

como referência, confirmando as palavras de Pierre Guiraud ao dizer que “todo signo é

um elemento associado”.

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A relação direta entre os topônimos e o referente pode ser analisada à luz dos

estudos peirciano, pois os topônimos podem apresentar aspectos que se inserem aos três

tipos se signos propostos por Peirce (1975)5.

Tendo em vista que todo Topônimo é um nome próprio e que tem a função

identificadora que individualiza o objeto, além de possuir uma função dêitica, ou seja,

referenciadora, os topônimos apresentam características de índice. Sabendo que os

índices pressupõem, na sua materialização, os ícones, os topônimos, através do nome

que recebeu como função simbólica da língua, relacionam o caráter qualitativo do

referente à sua forma física. Dessa forma, os topônimos podem ser comparados aos

signos icônicos, porque preservam as noções de índices e ícones, pois, além de mostrar

a identificação dos lugares, servem para a indicação de elementos físicos ou

antropoculturais, contidos nas denominações.

Uma das características mais marcante do signo toponímico é a motivação

semântica, ou seja, o lugar não recebe o nome de modo aleatório, acidental. No ato

denominativo há pretensões ideológicas, traços culturais e físicos que atuam como

elementos fundamentais para que um lugar, representação do todo, receba o nome,

indicando a parte - numa relação quase que metonímica, como afirma Dick, (2001, p.

79) “constroem-se, assim, pela palavra lexical, detalhes-referência para indicar um todo,

semantizado metonimicamente”.

Por vezes, o processo de caracterização dos nomes comuns ou próprio já houve

uma diferenciação por ordem de importância, na qual os nomes comuns recebiam uma

atenção especial, por nomear os seres do modo geral, enquanto que os nomes próprios

eram vistos apenas como meros identificadores de pessoas ou lugares. Destarte, os

nomes de lugares sempre foram vistos como simples nomeadores e identificadores de

referentes sem propósito ou motivos concretos para a sua escolha. Entretanto, estudos

mais recentes mostram que os nomes próprios possuem, sim, uma importância não

apenas referencial, mas, sobretudo, buscam as origens denominativas que atuam como

5 Dentro das discussões cunhadas por Peirce, o autor propôs que a noção de primeiridade, secundicade e

terceiridade com as suas respectivas categorias do representamem os índices, os ícones e os símbolos que

estariam ligados, pois cada categoria pressupõe a outra, mesmo guardando suas características peculiares.

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um espelho no qual se pode visualizar o passado e entender o presente, a partir da visão

do nomeador. Dick sintetiza a importância do signo toponímico ao afirmar que:

Muito embora seja o topônimo, em sua estrutura, uma forma de língua, ou

um significante, animado por uma substância de conteúdo, da mesma

maneira que todo e qualquer outro elemento do código em questão, a

funcionalidade de seu emprego adquire uma dimensão maior, marcando-o

duplamente: o que era arbitrário, em termo de língua, transforma-se, no ato

do batismo de um lugar, em essencialmente motivado, não sendo exagero

afirmar ser essa uma das principais características do topônimo. (DICK,

1990, p. 38, grifo da autora)

Na visão de Dick, esse “duplo aspecto da motivação toponímica” pode surgir em

dois momentos, marcados pela “intencionalidade que anima o denominador” e na

própria “origem semântica da denominação” (DICK, 1990, p. 38-39).

É importante a investigação das motivações toponímicas dos nomes de lugares,

pois é possível fazer um resgate não apenas linguístico, mas, sobretudo, dos aspectos de

cunho extralinguísticos, que representam fatores socioculturais de quem os utilizam,

graças à diversidade social e cultural fundamentais para a formação da identidade

brasileira. Isquerdo (1997 apud SARTORI, 2010) afirma que nem sempre a motivação

do signo toponímico é facilmente perceptível, pois:

[...] a diversidade de influências culturais na formação étnica da população,

como também, as especificidades físicas de cada região tornam dificultosa

toda tentativa de explicação das fontes geradoras dos nomes de lugares e de

acidentes geográficos. Em vista disso, o esclarecimento da origem de

determinados topônimos fica na dependência da recuperação, não raras vezes,

de fatores extralinguísticos como as características geo-sócio-econômicas de

uma região e, conseqüentemente, as marcas étnicas e sociais da população

habitante em tal espaço físico-cultural. (ISQUERDO, 1997, apud SARTORI,

2010, p. 26).

O homem, ao nomear um lugar ou acidente geográfico, deixa transparecer o seu

conhecimento de mundo, suas experiências, o conhecimento linguístico através das

palavras, além de apresentar as qualidades do espaço físico ou cultural, numa cadeia

infinita de símbolos capazes mudar, de inovar, pois são signos genuínos claros ou

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opacos, que podem ser entendidos, interpretados e reinterpretados a partir da interação

com a sociedade.

4.1.2 Pesquisas toponímicas no Brasil

A ausência de referências consistentes na área dos estudos onomásticos, muitas

vezes, dificultou os avanços nesse campo de investigação. Muitos referenciais teóricos

que embasavam os estudos toponímicos reportavam a autores europeus e/ ou

americanos que nem sempre a transposição dos princípios metodológicos ou analíticos

servia para aplicar nas diversas realidades que motivaram a denominação de um lugar

no Brasil.

Segundo Dick (1992, p.1), na Europa, o primeiro a sistematizar a Toponímia

como disciplina foi Auguste Longnon, em 1878, quando ministrava aulas na École

Pratiqye des Hautes-Études e no Colégio de França, daí surgiu sua obra Les noms de

lieu de La France até hoje considerada como a precursora dos estudos dos nomes de

lugares. Após a morte de Auguste Longnon, o estudioso Albert Dauzat retomou os

estudos sobre Onomástica e, ao publicar a obra Les noms de lieu de La France, deu

maior evidência aos estudos toponímicos. Mas foi no ano de 1938 que Dauzat, ao

organizar o “I Congresso de Internacional de Toponímia e Antroponímia”, consegue

reunir um grande grupo de estudiosos que organizaram os princípios metodológicos e a

sistematização das normas de investigação entre os pesquisadores.

Outros estudos se expandiram pelos Estados Unidos, Canadá e, aqui, no Brasil.

Foi com esse panorama teórico que a investigação toponímica começou a ganhar um

tímido espaço nas terras brasileiras. O interesse de Levy Cardoso pela lexicologia

indígena consolidou a sua obra Toponímia Brasílica e, posteriormente, o professor da

USP Carlos Drumond eleva o caráter da pesquisa toponímica no Brasil, em seu livro

intitulado Contribuições do Bororo à Toponímia Brasilíca (1965), mesmo sem métodos

consistentes que abarcassem todas as ocorrências dos designativos brasileiros.

O pequeno espaço que tais pesquisas iam ocupando e o interesse mínimo por esse

campo de pesquisas fizeram com que Drumond (1965) afirmasse que no Brasil não

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havia “verdadeiros toponimistas”. Sob a orientação professor Carlos Drumond e

seguindo os modelos teóricos propostos por Dauzat, Maria Vicentina de Paula do

Amaral Dick, em sua tese de doutoramento apresentada ao Departamento de Linguística

e Línguas Orientais - Área de Línguas Indígenas do Brasil - da Faculdade de Filosofia,

Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, elabora o modelo

classificatório para a análise dos topônimos, levando em consideração a motivação

semântica de cada nome de lugar.

Em sua tese, intitulada A Motivação Toponímica: princípios teóricos e modelos

taxeonômicos (1980), Maria Vicentina de Paula do Amara Dick consolida uma teoria

que correspondia com a realidade brasileira, do ponto de vista das características físicas

e antropocultuais, garantido uma maior visibilidade dos reais motivos designativos dos

topônimos.

Calcados num modelo teórico e metodológico firme, atualmente, vários projetos

estão em execução, buscando ampliar os estudos toponomásticos no Brasil. Pode-se

considerar o Atlas Toponímico do Brasil (ATB) como um dos principais. Liderado pela

Profª Dra Maria Vicentina de Paula do Amaral Dick tem como objetivo analisar a

nomenclatura das macros e microrregiões em estudo. Além do Atlas Toponímico do

Brasil (ATB), a autora ainda coordena o Atlas toponímico do estado de São Paulo

(ATESP). Sobre a elaboração dos atlas, Dick (2007) acrescenta que:

Os Atlas constituem-se, assim, da recolha do recorte denominativo escolhido

para a identificação de um determinado sítio. Melhor seria se os nomes

resultantes desse processo elaborativo refletissem, realmente, algum detalhe

particular do local, de modo a caracterizá-lo pelo pormenor, mais do que por

qualquer outra justificativa. (DICK, 2007, p. 142)

Ampliando esse universo de pesquisa toponomástica, cita-se SARTORI (2010)

que de maneira sintética aponta os principais projetos desenvolvidos atualmente no

Brasil, no campo da toponímia. Apresenta-se a síntese dos projetos:

Atlas toponímico de Minas Gerais (ATEMIG), sob a coordenação da

Profª Dra Maria Cândida Costa de Seabra, na Faculdade de Letras da

UFMG, que “abrange os estudos do homem e da sociedade por meio da

linguagem e da investigação onomástica, destacando a interrelação língua

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e cultura. [...] sob enfoques etnolingüísticos e antropoculturais em suas

diversidades regionais” (SEABRA, online, p. 1945)

O Atlas toponímico do estado do Mato Grosso (ATEMT), iniciado por

Maria Aparecida de Carvalho, que, em sua tese de doutoramento visou

investigar a mesorregião do sudeste mato-grossense.

Já o Atlas toponímico do estado do Mato Grosso do Sul (ATEMS),

coordenado por Aparecida Negri Isquerdo (UFMS), surge com o objetivo

de investigar e catalogar o vocabulário toponímico do Mato Grasso do

Sul;

No estado de Tocantins, liderado por Karylleila dos Santos Andrade

(UFTO), o Atlas toponímico de origem Indígena do Tocantins (ATITO)

surge a fim de compreender os aspectos históricos, etnológicos e

linguísticos nos topônimos de origem tupi e o Atlas toponímico do

Tocantins (ATT) é uma possibilidade de mapear mais uma vez a região de

maneira mais ampla.

O Atlas toponímico da Amazônia Ocidental Brasileira (ATAOB) e o Atlas

toponímico do Estado do Ceará, ambos são coordenados por Alexandre

Melo de Sousa (UFAM) e têm o objetivo de catalogar os topônimos das

regiões, de acordo com os motivos semânticos, fazendo uma ponte entre

léxico, cultura e sociedade.

Outros trabalhos de caráter embrionário surgem para análise na região sul, como o

Projeto Toponímia de Caxias do Sul, coordenado por Vitalina Maria Frosi (UCS) e, na

região nordeste, a tese de doutoramento sobre a toponímia dos municípios baianos de

Ricardo Tupiniquim Ramos, intitulada Toponímia dos Municípios Baianos: descrição,

história e mudanças (2008), sob a orientação da Profª Drª Suzana Alice Marcelino da

Silva Cardoso (UFBA). No ano de 2014, iniciaram-se os trabalhos do NEL – Grupo de

Estudos Lexicais, no qual esta dissertação está vinculada. O grupo é ligado ao Programa

de Pós-graduação de Estudos de Linguagem, da Universidade do Estado da Bahia -

UNEB, sob a coordenação da Profª Drª Celina Márcia de Souza Abbade. Além de

abarcar projetos de pesquisas ainda em fase embrionária, a proposta do grupo é realizar

estudos nas áreas das ciências do léxico, a fim de verificar relação entre léxico, discurso

e sociedade. O macroprojeto do grupo visa elaboração do Atlas Toponímico da cidade

do São Salvador, para, posteriormente, expandir para o Atlas Toponímico da Bahia.

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Todos esses trabalhos citados buscam fortalecer a história de cada região

estudada, por meio de estudos linguísticos, visto que, a partir de um esboço toponímico,

podem-se trazer, para o presente, elementos outrora esquecidos, mas que pela

investigação das motivações semânticas de cada topos, pode explicar a história

designativa de tais lugares.

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5 TOPONÍMIA: PASSOS METODOLÓGICOS E ABORDAGEM TEÓRICA

Para a realização deste trabalho, buscou-se recolher os topônimos os quais se referem

aos nomes dos bairros e das ruas da cidade de Salvador presentes na obra de Jorge Amado,

intitulada Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios. A escolha da obra se deu por

ser um terreno fértil para verificar o quanto a preferência por denominações assume

posições ideológicas, culturais e históricas como maneira de marcar o universo do

nomeador, seja pela constatação natural do seu entorno ou pelas relações socioculturais

que o homem se insere.

Escolheu-se, para a realização do presente trabalho, a 42ª edição da obra Bahia de

Todos os Santos: guia de ruas e mistérios, publicada pela editora Record, com desenhos

ilustrativos de Carlos Bastos. As atualizações da obra foram constantes e necessárias para

deixar o “guia” condizente com a modernidade e os acontecimentos da cidade ao longo dos

anos. Segundo Paloma Amado (2012), foram feitas quatro atualizações na obra (1960,

1966, 1976 e 1986). Após a edição elementar publicada em 1945, foi feita, em 1960, a

primeira atualização tendo em vista o crescimento urbanístico da cidade, mesmo mantendo

o ar provinciano dos primeiros tempos. A segunda ampliação foi em 1966 e Jorge Amado

descreve o que seria uma verdadeira guinada no crescimento do campo cultural e artístico

da sociedade baiana. Menciona os novos nomes da música, das artes plásticas, do

cinema...e, muitos dos autores citados, na primeira e segunda ampliação, já haviam

ganhado reconhecimento nacional e fora do país. Foi nessa segunda atualização que Jorge

Amado acrescentou o capítulo intitulado “Baiano é um estado de espírito”, no qual discute

o fato de que várias personalidades artísticas que não são baianas por naturalidade, mas são

por atitudes e coração.

À medida que houve o crescimento da cidade, foram adicionados espaços que ora

não existiam na primeira versão, bem como a atualização das personalidades artísticas,

políticas que se fizeram necessárias para o entendimento da obra que assume um caráter

documental e factual. Por isso, a necessidade de mais uma ampliação em 1976 em que a

obra ganhou mais um capítulo com o nome de “Caetano de Matos e Castro Alves Veloso”,

o qual o autor faz questão de falar dos redutos culturais e artísticos desses artistas baianos,

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bem como de suas obras de alcance nacional. Em 1986, o autor faz a última atualização tal

qual encontramos atualmente na obra, contendo as novas e alargadas avenidas, marcando o

desenvolvimento urbanístico e arquitetônico da cidade, assim como os velhos e

reincidentes problemas de infraestrutura e a pobreza da população menos abastada. O

tempo passou, a cidade cresceu e o autor documenta essas mudanças a cada edição

atualizada, sem perder de vista a essência da obra primeira: mostrar as graças do povo

baiano, conforme argumenta Amado:

Aos poucos este guia foi se convertendo numa espécie de enciclopédia da vida

baiana - paisagens, histórias, velhas ruas, novas avenidas, costumes, festas, a

permanente miséria e a imbatível alegria, igrejas e candomblés, santos, orixás e

personagens os mais variados, que juntos dão a imagem real e mágica desta terra

e do povo que a habita, da mistura de sangue, de raças, de culturas que faz nossa

originalidade mestiça. (AMADO, 1986, apud [1945] 2002, p. 1)

Wan-Dell Junior, no trabalho de dissertação de mestrado intitulado Das narrativas

literárias de cidades: experiências urbana através do guia de ruas e mistérios da Bahia

(2013), após comparar diversas edições da obra, defende que houve mais do que quatro

atualizações: a primeira atualização em 1960 (8ª edição), a segunda atualização em 1966

(12ª edição), a terceira atualização em 1970 (19ª edição), a quarta atualização em 1977 (27ª

edição), a quinta em 1980 (28ª edição) e a última em 1986 (34ª edição). O que levou o

autor chegar a essa conclusão foram as análises nas notas de introdução, notas de

agradecimentos, relação de tradução e adaptações da obra, inserção de capítulo ou

mudança de subcapítulos encontrados ou não nas edições analisadas.

A última publicação da obra foi feita em 2012, pela Editora Companhia das Letras6.

Na ficha catalográfica, a publicação indica como 1ª edição, no que seria a 43ª, seguindo

uma ordem cronológica das publicações. Essa edição póstuma possui algumas

modificações no que se referem às atualizações ortográficas e, como ilustrações,

encontram-se as fotografias, de Flávio Damm7, mostrando uma cidade mais recente.

6 Apesar de ter publicado a obra em 2012, a editora Companhia das Letras detém os direitos autorais das

obras de Jorge Amado desde 2008. (Informações obtidas na Fundação Casa de Jorge Amado) 7 Flávio Damm já havia feito fotos para publicações em outras edições da obra.

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Sobre esse complexo de edições e atualizações, Wan-Dall Junior (2013) defende que

é possível perceber que existia a narrativa de uma cidade que crescia e modificava a tal

ponto que poderia ser vista como amostragem de duas cidades se comparado com o espaço

narrado na primeira edição de 1945 até a última de 2002 [ou a de 2012] publicada pela

Companhia das Letras, conforme é possível verificar na leitura do trecho que segue:

A primeira “cidade da Bahia” seria uma “Bahia de Todos os Santos” envolta nos

mistérios da cidade do Salvador, em uma estrutura de temas compostos por uma

sucessão de breves capítulos, enquanto que a “segunda cidade da Bahia” seria

uma “Bahia de Todos os Santos”, envolta tanto nos mistérios da moderna cidade

do Salvador, em uma estrutura composta por sete seções temáticas. Teríamos,

assim, pelo menos dois diferentes “Guias” resultantes: aquele que narra, através

de uma “cidade do Salvador” e aquele que narra “Salvador”. Ou, se não são dois

Guias, então o Guia seria pelo menos narrativas de duas cidades, ainda que

ambas seja partes de um continuum [...]. (WAN-DELL JUNIOR, 2013, p. 130)

Jorge Amado apresenta a cidade do Salvador da Bahia sob diversas facetas e cada

atualização exibe as notoriedades do momento, denunciando uma cidade que passa de uma

fase provinciana a uma sociedade de consumo, de crescimento e transformações.

Além das atualizações do conteúdo do guia, o nome da obra sofreu atualizações

ortográficas e redução. Na publicação original de 1945, o título era “Bahia de Todos os

Santos”, passando para “Bahia de Todos-os-Santos” (2012). O mesmo ocorreu com o

subtítulo, na publicação de 1977, houve a redução de “Guia de ruas e mistérios da cidade

do Salvador”, simplificando para “Guia de ruas e mistérios”. (WALL-DELL JUNIOR,

2012)

Tais mudanças e ampliações, no entanto, não mudaram a gênese da obra que foi

inicialmente pensada por Jorge Amado, ao apresentar a sua cidade e a sua gente;

5.1 AS FICHAS LEXICOGRÁFICO-TOPONÍMICAS

As fichas toponímicas são formas de organização dos topônimos em um campo

estruturado e organizado com base na metodologia proposta por DICK (1992). Os

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topônimos analisados na obra Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios, de Jorge

Amado foram ordenados em traçados classificatórios e sistematizados em fichas, pois,

segundo as palavras de Dick:

A anotação dos nomes em fichas lexicográficas padronizadas, com a

identificação dos acidentes que designam nomes do pesquisador e do revisor,

fontes e data da coleta, constituem as etapas prévias de um conjunto de fases

subseqüentes (quantificação dos topônimos e das taxeonomias; estudo lingüístico

dos sintagmas toponímicos: etimologia, estrutura morfológica, sufixação,

derivação; conjuntos antroponímicos e especificações); entradas lexicais;

deslocamentos de topônimos de um acidente para outro; história dos municípios

e origem dos nomes; estabelecimento de áreas toponímicas locais e regionais.

(DICK, 1990, p. 20)

Como já foi dito anteriormente, adotou-se o modelo proposto por Dick (1992),

porém foi necessário realizar algumas adaptações para o corpus em estudo, visto que se

trata de uma obra literária. Logo, alguns elementos presentes em fichas lexicográfico-

toponímicas padrão, conforme proposto acima pela autora, não serão vistos nas fichas

deste trabalho, como por exemplo, os nomes do pesquisador e revisor, fonte e data de

coleta. Os demais elementos foram mantidos e/ou adaptados e não houve a necessidade de

acrescentar nenhum outro elemento.

A seguir, apresenta-se o modelo de ficha que será adotado neste trabalho:

TOPÔNIMO: TAXIONOMIA:

MUNICÍPIO:

ACIDENTE:

ETIMOLOGIA:

ENTRADA

LEXICAL

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

CONTEXTO

Fig. 6 - Modelo de Ficha Lexicográfico-Toponímica

A partir da análise do modelo da ficha léxico-toponímica que será adotada, neste

trabalho, detalham-se os elementos que a compõem:

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TOPÔNIMO: vocábulo que designa o nome de um lugar ou acidente geográfico,

presente no objeto de pesquisa. No corpus de base, apresentam-se os vocábulos que

designam os bairros e as ruas.

TAXIONOMIA: nomenclatura com base nas causas motivacionais que nomeiam

os topônimos. A classificação dos topônimos, nas fichas, seguiu o modelo

taxionômico proposto por Dick (1992), conforme poderá ser verificado em na

subseção 5.2. Houve topônimos que poderiam ter dupla classificação devido à

possibilidade de mais de uma interpretação semântica, no entanto, optou-se por

deixar apenas uma classificação taxionômica como acontecem com alguns

historiotopônimos provenientes de nomes de personalidades públicas, que, por ser

de âmbito nacional, optou-se pela referência histórica em vez de antroponímica.

MUNICÍPIO: indica o município ao qual a localidade a que o topônimo se refere

está localizada. Apresenta dividido em Microrregião (MRG) e Mesorregião

(MESO), conforme a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

- IBGE.

ACIDENTE: indica se os topônimos denominam acidentes humanos (AH) – como

vilas, freguesias, fazendas, arraiais, etc – ou acidentes físicos (AF) – como rios,

baias, riachos, morros; podendo o mesmo topônimo designar tanto acidentes

humanos quanto físicos.

ETIMOLOGIA: apresenta o étimo, ou seja, a origem do topônimo.

ENTRADA LEXICAL: entrada do topônimo, levando em consideração as

variações presentes na obra.

ESTRUTURA MORFOLÓGICA: indica a classe gramatical, o gênero e o

número de cada um dos topônimos. Quando o topônimo for um antropotopônimo,

usa-se: Prenome para o nome da pessoa e Apelido de família para sobrenome.

HISTÓRICO / INFORMAÇÕES ENCICLOPÉDICAS: informações acerca da

história e de outros aspectos do topônimo.

CONTEXTO: em caso específico de uma obra literária, apresentam-se alguns

trechos do livro em que os topônimos se encontram e as suas respectivas páginas.

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Há topônimos que aparecem em grande quantidade, por essa razão, não serão

dispostos todos os exemplos encontrados, optando por apresentar até cinco exemplos,

quando encontrados.

Quando em um dos itens da ficha não forem encontradas informações ou não for

possível a sua classificação, essa ausência é marcada por: n/e (não encontrado) e n/c (não

classificado).

5.2 AS TAXIONOMIAS TOPONÍMICA

O modelo de classificação dos topônimos proposto por Dick (1992) contempla 27

taxes: 11 que refletem as causas motivacionais oriundas de ambiente físico-natural e 16

relacionadas aos aspectos motivacionais que englobam o social, histórico e cultural e que

envolvem o homem. Sobre o entendimento do que são os fatores físicos e sociais, Sapir

(1961) constata que:

Por fatores físicos se entendem aspectos geográficos, como a topografia da

região (costa, vale, planície, chapada ou montanha), clima e regime de chuvas,

bem como o que se pode chamar a base econômica da vida humana, expressão

em que se incluem a fauna, a flora e os recursos minerais do solo. Por fatores

sociais se entendem as várias forças da sociedade que modelam a vida e o

pensamento de cada indivíduo. Entre as mais importantes dessas forças sociais

estão a religião, os padrões éticos, a forma de organização política e a arte.

(SAPIR, 1961 apud SEABRA 2004, p. 55)

A seguir, apresentam-se os modelos classificatórios propostos por Dick (1992) com o

significado das taxes de acordo com a motivação semântica de cada topônimo.

5.2.1 Taxes de natureza física

Taxionomia Significado

Astrotopônimos

Relativos aos corpos celestes em geral.

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Cardinotopônimos Relativos às posições geográficas em geral

Cromotopônimos

Relativos à escala cromática

Dimensiotopônimos

Relativos às características dimensionais

dos acidentes geográficos, como extensão,

comprimento, largura, etc.

Fitotopônimos

Relativos à índole vegetal, espontânea, em

sua individualidade, em conjuntos da

mesma espécie, ou de espécies diferentes.

Geomorfotopônimos

Relativos às formas topográficas e às

formações litorâneas

Hidrotopônimos

Relativos aos acidentes hidrográficos em

geral

Litotopônimos

Relativos à índole mineral

Meteorotopônimos

Relativos a fenômenos atmosféricos

Morfotopônimos

Relativos ao sentido da forma geométrica

Zootopônimos

Relativos à índole animal, representados

por indivíduos domésticos e não domésticos

e da mesma espécie em grupos. Fonte: (DICK, 1992)

5.2.2 Taxes de natureza antropocultural

Taxionomia Significado

Animotopônimos ou Nootopônimos

Relativos à vida psíquica e à cultura

espiritual

Antropotopônimos

Relativos aos nomes próprios individuais

Axiotopônimos

Relativos aos títulos e dignidades de que

se fazem acompanhar os nomes próprios

individuais

Corotopônimos

Relativos aos nomes de cidades, países,

estados, regiões e continentes.

Cronotopônimos

Aqueles que encerram indicadores

cronológicos

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Ecotopônimos

Relativos às habitações de um modo geral

Ergotopônimos

Relativos aos elementos da cultura

material

Etnotopônimos

Relativos aos elementos étnicos, isolados

ou não

Dirrematotopônimos

Aqueles constituídos por frases ou

enunciados linguísticos

Hierotopônimos (hagiotopônimos e

mitotopônimos)

Relativos aos nomes sagrados de

diferentes crenças, às efemérides

religiosas, às associações religiosas, aos

locais de culto. Os hierotopônimos podem

ser divididos em hagiotopônimos, estes

relativos aos nomes de santos e santas do

hagiológio romano, e os mitotopônimos,

relativos às entidades mitológicas

Historiotopônimos

Relativos aos movimentos de cunho

histórico-social e aos seus membros, assim

como às datas correspondentes

Hodotopônimos ou Odotopônimos

Relativos às vias de comunicação rural ou

urbana

Numerotopônimos

Relativos aos adjetivos numerais

Poliotopônimos

Aqueles constituídos pelos vocábulos vila,

aldeia, cidade, povoação, arraial.

Sociotopônimos

Relativos às atividades profissionais, aos

locais de trabalho e aos pontos de encontro

dos membros de uma comunidade

Somatotopônimos

Aqueles empregados em relação

metafórica às partes do corpo humano ou

do animal

Fonte: (DICK, 1992)

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6 ANÁLISE TOPONÍMICA EM BAHIA DE TODOS OS SANTOS

Coletaram-se cento e oito topônimos referentes à cidade de Salvador, dentre os bairros e

as ruas, seguidos de seus respectivos contextos na obra. Depois de identificados os topônimos,

procurou-se preencher os dados referentes à história, a origem e os outros campos da ficha

lexicográfico-toponímica ilustrada anteriormente (Fig. 6). A organização dos topônimos, em

análise neste trabalho dissertativo, procurou seguir um critério geográfico, conforme os nomes

se encontram na cidade atualmente e Jorge Amado quis representar na obra Bahia de Todos os

Santos.

A preferência pelo critério geográfico para apresentar tais análises se deu por acreditar

que tal divisão põe em evidência a identificação de identidades múltiplas, pois as escolhas dos

nomes de lugares caracterizavam a presença ou ausência de privilégios socioeconômicos. Nos

bairros da “Cidade Alta”, por exemplo, encontravam os moradores das classes altas, as lojas

sofisticadas, as principais funções administrativas e religiosas (relacionadas ao catolicismo, é

claro), enquanto que os bairros da “Cidade Baixa” alojavam o comércio mais intenso, os

operários, os trabalhadores menos favorecidos.

Os topônimos encontrados no material descrito compreendem os nomes de acidentes

de natureza humana por se tratar de nomes de bairros e ruas. Sobre a natureza semântica do

topônimo, Seabra (2004) a firma:

Trata-se da natureza semântica da denominação, ou seja, o vínculo entre o nome

e o lugar. Divide-se em humanos e físicos. Ao acidente físico está relacionada a

geografia da região: rio, ribeirão, cachoeira, córrego, morro. Já ao acidente

humano, relacionam-se os lugares habitados pelo homem e as construções por

ele realizadas como cidade, distrito, povoado, fazenda, sítio, pequenas

propriedades, habitações isoladas no meio rural, pontes. (SEABRA, 2004, p. 49)

A seguir, apresentam-se os topônimos que foram organizados em fichas

lexicográfico-toponímicas.

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6. 1 TOPÔNIMOS DA CIDADE BAIXA

(1) ÁGUA DOS MENINOS

TOPÔNIMO: Água dos Meninos TAXIONOMIA: Hidropotônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA:

ÁGUA- do lat. aqua ‘líguido incolor, inodolor e insipido,

essencial a vida’. MENINOS- pl. de menino. De origem

desconhecida. Segundo Cunha (2007), termo de criação

expressiva.

ENTRADA

LEXICAL

Água dos Meninos

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular+

contração + substantivo masculino plural)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Águas dos Meninos, Santo Antonio e Carmo faziam parte

das sesmarias concedidas por Tomé de Souza a Cristovão de

Aguiar.

Segundo Alves (2008), o nome Águas dos Meninos ou Água

de Meninos tem origem no período colonial e, segundo

historiadores, em meados do século XVIII, havia nesse local

um engenho de propriedade dos padres da Companhia de

Jesus que era movido pelas águas de uma lagoa formada pela

enxurrada que descia do alto de Santo Antônio além do

Carmo. Teriam sido os meninos da catequese os primeiros a

banharem-se nessas águas, daí surgindo o nome. Outra

versão dá conta de que a lagoa era formada de uma nascente

d’água que corria perto do mar [...] naquele local, os jesuítas

teriam recebido de Tomé de Souza uma sesmaria para dela

tirar o sustento dos meninos. (ALVES, 2008, p. 22)

CONTEXTO

“Encontram saveiros ainda em Água dos Meninos, em

Monte Serrat, no Porto da Lenha em Santo Antonio da Barra

e no Rio Vermelho”. (p.94)

“Incendiou-se em Água dos Meninos numa barraca de

cerâmica e depois no Mercado Modelo na Barraca Camafeu

de Oxossi, o bom homem”. (p. 204)

“E, com as máquinas de som e de filmagem, dirigimo-nos

todos para a Feira de Água dos Meninos”. (p. 262)

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(2) ALAGADOS

TOPÔNIMO: Alagados TAXIONOMIA: Hidrotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: ALAGADOS- Do lat. *lacale ‘converte-se em lago’, de

lacus ‘porção de água circundada por terras’ (HOUAISS,

2001)

ENTRADA

LEXICAL

Alagados

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (adjetivo masculino plural)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O bairro de Alagados foi formado na década de 40, pela

ocupação irregular da área de borda pertencente à Marinha e

à União. Sobre o mar da Enseada dos Tainheiros, a partir da

Península de Itapagipe, parte da população carente, que não

tinha condições de arcar com as despesas de habitação da

cidade de Salvador, iniciou a construção de casas sobre

palafitas fincadas no fundo do mar. Cada vez que as etapas

da ocupação se estabeleciam, o mar era aterrado, criando-se

o solo que possibilitaria a melhoria das casas e a substituição

dos materiais provisórios pela alvenaria de tijolos.

Segundo Albinati (2010), o bairro de Alagados teve em seu

processo de formação “sucessivos movimentos de ocupação

irregular e repressão policial, construção e derrubada de

palafitas e pela constante ampliação da área seca, através do

aterro feito pelos próprios moradores e, mais tarde, também

pelo Estado”. (ALBINATI, 2010, p.31)

CONTEXTO

“São os Alagados, os casarões do Pelourinho, e do Tabuão,

Plataforma, Itapegipe”. (p. 89)

“Os pintores da cidade, como Jenner Augusto, inspiram-se

na face trágica dos Alagados”. (p. 91)

“Mas o pintor partiu numa asa delta para o Rio de Janeiro

levando os Alagados, Luísa e a cidade sergipana de

Lagarto”. (p. 226)

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(3) BAIXA DOS SAPATEIROS

TOPÔNIMO: Baixa dos

Sapateiros

TAXIONOMIA: Geomorfotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/Bairro

ETIMOLOGIA: BAIXA- Do lat. bassus ‘pouco elevado’ ‘a parte inferior’.

SAPATEIRO – De sapato ‘calçado, em geral de sola dura’.

De origem duvidosa, talvez do turco cabata. (CUNHA,

2007)

ENTRADA

LEXICAL

Baixa dos Sapateiros

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (Adjetivo feminino + contração +

substantivo)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

É um nome que provém de uma tradição histórica dos

primeiros tempos da cidade, onde predominava os

“agrupamentos profissionais”, os quais podemos verificar em

vários outros topônimos em toda a Bahia. Segundo Dorea

(2006), inicialmente a denominação se referia a um curto

trecho entre a parte baixa da Ladeira do Tabuão e a então

Rua da Vala. O local era conhecido apenas como Baixinha e

lá moravam muitos artesões, trabalhadores simples,

principalmente sapateiros, que contribuem para a

denominação recorrendo a essa profissão. O local, na

primeira metade do século XIX entre os anos de 1925 a

1929, foi reduto de intelectuais que se reuniam

informalmente no Café Progresso e possuíam até nome: o

“Grupo da Baixinha”.

Oficialmente é a J. J. Seabra, em homenagem ao governador

do Estado. (Ver Rua J. J. Seabra). Atualmente, a Baixa dos

Sapateiros estende entre o Largo do Aquidabã e da

Barroquinha.

CONTEXTO

“[...] Porque o viajante o sente tanto na cidade baixa como na

alta, pela manhã e pela noite, no silêncio do cais ou nos

ruídos da multidão na Baixa dos Sapateiros”. (p. 24)

“A Ladeira do Tabuão, durante as horas do dia joga gente na

Baixa dos Sapateiros e dela recebe gente em busca da

cidade baixa”. (p. 74)

“É a Baixa dos Sapateiros, a Baixinha, como o povo a trata

com familiaridade”. (p. 85)

“A Baixinha [Baixa dos Sapateiros] é uma espécie de

intermediária entre a cidade baixa e a cidade alta”. (p. 85)

“Alguém já disse que a Baixa dos Sapateiros é como a

pequena burguesia que fica entre o proletariado e a grande

burguesia [...]”. (p. 85)

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(4) CALÇADA

TOPÔNIMO: Calçada TAXIONOMIA: Hodotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: CALÇADA – Do lat. calceare ‘caminho ou rua revestida de

pedra, saibro, etc’. (CUNHA, 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Calçada

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Segundo Dorea (2006), J. F da Silva Lima, em trabalho

datado em 1912, produzido para a Companhia das Obras do

Porto, já citava o surgimento da expressão Calçada do

Bonfim, informando que “[...] em 1938, o caminho para o

Bonfim era pela praia e por Mont-Serrat, só mais tarde se

construiu, através dos mangues, o atual Caminho de Roma,

até lá por meio de aterros e calçamento, de onde o nome

Calçada do Bonfim, que se estendeu a toda a Rua da

Jiquitaia”. (DOREA, 2006, p. 78-79)

Com o tempo e o uso popular ficou apenas Calçada. Hoje, o

bairro é forte no setor de comércio e é ponto de chegada e

partida dos usuários de trens da Antiga Leste. Lá se encontra

o Largo de Roma, também conhecido como Praça da

Bandeira, que abriga a sede das Obras Sociais de Irmã Dulce,

além do antigo Cine Roma e o Abrigo Dom Pedro II.

CONTEXTO

“[...] separado pelo resto da cidade por uma longa rua parte

da Associação Comercial e vai até a Calçada”. (p. 23)

“Por ali passam todos os ônibus da chamada linha de baixo:

Lapinha, Santo Antonio, Barbalho, Estrada da Liberdade,

Calçada, vários outros”. (p.86)

“Vão para os bairros pequeno-burgueses mais típicos da

cidade: Lapinha, Santo Antonio, Barbalho, Brotas, bairros

operários também: Estrada da Liberdade, Calçada, Cosme

de Faria”. (p. 86-87 )

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(5) FAZENDA GRANDE DO RETIRO

TOPÔNIMO: Fazenda Grande

do Retiro

TAXIONOMIA: Sociotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/Bairro

ETIMOLOGIA: FAZENDA - Do lat. facenda, por facienda, de facere ‘fazer,

executar’. GRANDE - Do lat. grandis ‘vasto, comprido,

desmedido, numeroso’. RETIRO – De tirar. Origem

desconhecida ‘lugar solitário’. (CUNHA, 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Fazenda Grande do Retiro

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

Adjetivo masculino singular + contração + substantivo

masculino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O bairro da Fazenda Grande do Retiro está localizado nas

proximidades da BR-324 e é vizinho aos bairros de São

Caetano e do Alto do Peru. Por ter sido uma fazenda, que

pertencia ao Sr. Justino, é que recebeu esse nome.

Na década de 1940, o proprietário arrendou as terras da

fazenda e vendeu pequenos lotes para pessoas que queriam

morar na região.

Atualmente, o bairro conta com uma rede comercial que

atende a população local, onde pode encontrar farmácias,

bancos, supermercados, lojas de roupas, além de comércio

informal, como uma feira que funciona de domingo a

domingo no Nó de Pau, tendo o seu movimento mais intenso

nos finais de semana.

CONTEXTO “Uma filha-de-santo de Bernadinho, Marieta de Tempo,

(Tempo é um santo da nação congo), possui uma casa muito

bem organizada na fazenda Grande do Retiro”. (p.181)

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(6) ITACARANHA

TOPÔNIMO: Itacaranha TAXIONOMIA: Litotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: ITACARANHA - Do tupi ita-carãe, ‘a pedra arranhada’,

com referência às pedras maltratadas pela chuva, pelo vento.

(BUENO, 1982)

ENTRADA

LEXICAL

Itacaranha

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Dorea (2006) traz uma citação de Theodoro Sampaio, que

explica a origem do batismo desse topônimo: “pedra

arrachada” [sic]. No entanto, Dorea também apresenta outro

significado etimológico, segundo Frederico Edelweiss: de

“ita-carãe ou itá-caranha, ou seja, pedra arrachada ou

escalavrada, como acontece com os xistos argilosos batidos

pelas aguas do mar”.

CONTEXTO

“Do outro lado da cidade estão as praia calmas do golfo e

dos subúrbios: Plataforma Itacaranha, Escada [...]”. (p. 90)

“Depois é Itacaranha com seu ar morimbundo”. (p. 98)

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(7) ITAPAGIPE

TOPÔNIMO: Itapajipe TAXIONOMIA: Hidrotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: ITAPAGIPE - Do tupi-guarani itapé-jy-pe, ‘no rio da laje’.

(BUENO, 1982)

ENTRADA

LEXICAL

Itapagipe

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O bairro fica localizado na Cidade Baixa. Por ficar muito

distante do centro da cidade, o bairro foi, por muito tempo, a

serviço dos veraneios, vindo a transforma-se depois em

bairro residencial.

CONTEXTO

“Para além da cidade baixa no contorno da baía, fica a

península de Itapagipe, bairro de pequena burguesia pobre e

de proletariado [...]” (p. 23)

“Está em bairros distantes com Cidade da Palha, São

Caetano, Itapegipe, Plataforma, Estrada da Liberdade.” (p.

87)

“São os Alagados, ao casarões do Pelourinho, e do Tabuão,

Plataforma, Itapegipe”. (p.89)

“Plataforma está ligada a Itapagipe (fica defronte à

península) pelas canoas que vão e vem numa travessia que

em dia de sol e delicioso passeio”. (p. 98)

“A popular Igreja do Bomfim, na qual se realiza um

espetáculo fetichista imponente no mês de janeiro, fica na

península de Itapagipe sobre uma linda colina”. (p. 114)

“A linda Capela de Monte Serrat, na península de Itapagipe,

data do século XVII. (p. 116)

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(8) LIBERDADE

TOPÔNIMO: Liberdade TAXIONOMIA: Historiotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: LIBERDADE – Do lat. libertate, de liber ‘livre’.

(FERREIRA, 2011)

ENTRADA

LEXICAL

Liberdade

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O bairro da Liberdade era chamado de Estrada da Boiada,

pois passava por lá os bois que eram transportados de Feira

de Santana até o matadouro do Retiro. Essa estrada era o

único acesso para a cidade por quem vinha do interior do

estado. (ALVES, 2008, p. 112-113)

A carne vinda do interior tinha a finalidade de abastecer as

tropas brasileiras que ficaram assentadas na base da

península, e habitando as margens da estrada e mais tarde

acabaram fechando o acesso à cidade por terra. Segundo

Dorea (2006), os nomes de muitas ruas desse bairro são

associados às atividades do comércio ou abate de gado

devido à influência do seu primeiro batismo O nome mudou

para Liberdade [Estrada da], pois foi por essas terras que as

tropas oficiais do governo avançaram e expulsaram os

portugueses que se recusavam a aceitar a Independência da

Bahia em 2 de julho de 1823.

O bairro da Liberdade sempre foi habitado por pessoas de

baixa renda, além de ser o bairro mais populoso da cidade é

o que representa a cultura negra com mais efervescência, por

essa razão foi considerado pelo Ministério da Cultura como o

território nacional da cultura afrobrasileira. O processo de

povoamento da Liberdade se deu logo depois da abolição da

escravatura, com a ida de negros libertos e antigos escravos

para o local.

CONTEXTO “Mãe Cecília tinha antes uma ‘sessão de olhar’ muito

frequentada em São Lourenço, na Liberdade”. (p. 180)

“Reside no bairro da Liberdade, na cidade de Salvador,

onde tem pequena gráfica para composição e impressão dos

folhetos que marca e vende nas ruas da cidade, de

preferência no Terreiro de Jesus, coração popular da Bahia”.

(p. 267)

“Ao comprar, porém, procure saber se o berimbau escolhido

foi feito por mestre Waldemar, capoeirista renomado, em

cujo terreiro na Liberdade, quando ele mantinha escola

aberta [...]” (p. 366)

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(9) LOBATO

TOPÔNIMO: Lobato TAXIONOMIA: Antropotôponimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: LOBATO – Sobrenome de origem portuguesa. ‘Dim. de

lobo’ (MANSUR GUÉRIOS, 1981). Barata e Bueno (s/a)

trazem Lobato como “Sobrenome. De labato, subst. comum,

que significa ‘filhote de lobo’. Primitivamente alcunha

(Antenor Nascentes, II 176). Lôbo pequeno (Anuário

Genealógico Latino, V, 57)”. (BARATA; BUENO, s/a)

ENTRADA

LEXICAL

Lobato

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples masculino singular (apelido de família)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Recebeu esse nome por causa do dono de engenho de bois

Vasco Rodrigues Lobato. O topônimo registra a importância

do dono de engenho, que também prosperou como produtor

de açúcar em terras baianas.

Dorea (2006) afirma que segundo o historiador Cid Teixeira,

“o petróleo na Bahia foi pela primeira vez extraído na área

do Lobato”, por essa razão ganhou conhecimento nacional

como o local onde foi descoberto o primeiro poço de

petróleo brasileiro na década de 40, na campanha Getulista

"O Petróleo é nosso”.

CONTEXTO

“O primeiro é Lobato, que ainda exibe as antigas torres de

petróleo e onde um pequeno monumento marca o lugar da

descoberta do ouro negro baiano, e o último é Paripe, com

poucas casas”. (p. 97)

“Depois de Lobato vem Plataforma com sua grande fábrica

de tecidos e vasta população operária”. (p. 98)

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(10) MASSARANDUBA

TOPÔNIMO: Massaranduba TAXIONOMIA: Fitotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: MASSARANDUBA. Do Tupi mosarani’ iua ‘Planta da

família das sapotáceas, maçarandubeira’(CUNHA, 1999)

ENTRADA

LEXICAL

Massaranduba

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (Substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O nome de batismo do bairro foi retirado das árvores que

cresciam entre o massapé. O bairro está localizado na

Península Itapagipana entre os bairros da Ribeira, Bonfim,

Jardim Cruzeiro e o mar da Baía de Todos os Santos.

As primeiras habitações foram erguidas sobre o mangue e se

constituíam de palafitas. No século XX, por volta da década

de 40, o bairro foi aterrado com entulhos trazidos da praia da

Ribeira, tendo a sua urbanização iniciada na década seguinte.

CONTEXTO

“Em ônibus superlotados iremos à Estrada da Liberdade,

bairro operário, onde descobrirás a miséria oriental se

repetindo nos casebres das invasões, Massaramduba,

Coréia. Cosme de Faria, Uruguai, iremos aos cortiços

infames, cruzaremos as pontes de lama dos Alagados. (p. 12)

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(11) MONTE SERRAT

TOPÔNIMO: Monte Serrat TAXIONOMIA: Hierotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: MONTE SERRAT - sobr. catalão, de origem religiosa. O

sobrenome Mont-serrat “refere-se à invocação da Virgem

Maria de uma mosteriro beneditino edificado em morro

chamado Monteserrat, isto é, ‘monte serrado’, na Catalunha.

Aport.: Monserrat. Cf. o top. Nossa Senhora do Monserrat no

Concelho de Viana do Castelo, Portugal. Na Espanha,

Montserrat, n. feminino. como abrev, de Maria de

Montserrat.” (MANSUR GUÉRIOS, 1981)

ENTRADA

LEXICAL

Monte Serrat

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo masculino singular +

substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Segundo alguns historiadores, a história do bairro do Monte

Serrat inicia quando Tomé de Souza - o primeiro Governador

Geral do Brasil, em busca de um local adequado para

construir uma grande povoação e um forte, por ordem o rei

de Portugal D. João III. Na busca de defender o território,

criou-se o Forte de Monte de Serrat, também conhecido

como Forte de São Felipe, que teve essa denominação até o

início do século XIX. Monte Serrat é uma referência à

imagem da virgem espanhola, trazida por um padre jesuíta

que implantou a devoção a Nossa Senhora de Montserrat no

local.

CONTEXTO

“Encontram saveiros ainda em Água dos Meninos, em

Monte Serrat, no Porto da Lenha em Santo Antonio da

Barra e no Rio Vermelho”. (p.94)

“[...]em Monte Serrat ao pé do forte e Itapoã, no Dique, na

Pituba e em Itaparica”.(p.138)

“De volta interna-se no golfo, exibindo aos olhos do viajante

as praias dos subúrbios da Leste Brasileira e toda beleza do

Monte Serrat e do casario da cidade visto do mar”. (p.375)

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(12) PARIPE

TOPÔNIMO: Paripe TAXIONOMIA: Ergotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: PARIPE – Do tupi - pari ‘cerca, caniçada, gamboa’ e epe =

‘na’, ou seja, ‘na tapagem de peixe, na gamboa’.

(GREGÓRIO, 1980) Segundo Bueno (1982), Paripe significa

ceva, pesqueiro. Já Dorea (2006) diz que o termo “Paripe” é

decorrente do porto de Paripe, já registrado em 1587, por

Gabriel Soares de Souza.

ENTRADA

LEXICAL

Paripe

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto por aglutinação (substantivo masculino

singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Paripe é um dos últimos bairros praianos pertencentes à

Salvador dentro da Baía de Todos os Santos, com praias de

beleza que encantam o visitante, podendo encontrar ainda

um clima interiorano à beira mar. O bairro possui a sua

Igreja em louvor a Nossa Senhora do Ó, que foi construída

pelos Jesuítas no século XVI. Segundo relatos históricos, foi

durante o governo Tomé de Souza e Duarte da Costa que

avistaram os primeiros exploradores da região de Paripe: os

índios.

CONTEXTO

“Do outro lado da cidade estão as praia calmas do golfo e

dos subúrbios: Plataforma Itacaranha, Escada, Praia Grande,

Peri-Peri, Paripe – a praia maravilhosa de Inema, em São

Tomé de Paripe”. (p. 90)

“O primeiro é Lobato, que ainda exibe as antigas torres de

petróleo e onde um pequeno monumento marca o lugar da

descoberta do ouro negro baiano, e o último é Paripe, com

poucas casas”. (p. 97)

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(13) PERI-PERI

TOPÔNIMO: Peri-Peri TAXIONOMIA: Fitotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/Bairro

ETIMOLOGIA: PERI-PERI - Do tupi piripi’ri – ‘junco’, espécie de junco

da família das ciperáceas, piri.

ENTRADA

LEXICAL

Peri-Peri

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto por justaposição

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

A forma Pepiperi aparece nos dispositivos que determinam

os limites do Brasil pelo Tratado de Sto Ildefonso (1777)

(GREGÓRIO, 1980)

O bairro de Peri-Peri está localizado entre os bairros de

Coutos e Praia Grande, no Subúrbio Ferroviário de Salvador.

Surgida a partir de uma fazenda em meados do século XIX,

Periperi deu início a seu crescimento a partir da construção

do trecho Calçada - Paripe. Alguns trabalhadores da ferrovia

arrendaram terrenos e construíram suas casas; assim

surgiram os primeiros aglomerados. Na década de 40, o

crescimento da população do subúrbio aumentou e, na

década de 60, muitos varejistas buscavam tranquilidade e se

alojaram nessa região. O nome surgiu graças a plantas junco

que cresciam de maneira desordenada nas áreas alagadiças.

CONTEXTO

“Do outro lado da cidade estão as praias calmas do golfo e

dos subúrbios: Plataforma Itacaranha, Escada, Praia Grande,

Peri-Peri, Paripe – a praia maravilhosa de Inema, em São

Tomé de Paripe”. (p. 90)

“Mantém certa atitude de desprezo para com Peri-Peri, com

sua população misturada de pequeno-burguês e operários da

estrada”. (p. 98)

“Peri-Peri é a capital do subúrbio”. (p. 98)

“Hoje, com a crise de moradia, é tão difícil consegui uma

casa em Peri-Peri quanto o centro da capital”. (p. 98)

“Infelizmente para dar passagem a essa avenida, derrubaram

os tamarineiros centenários de Peri-Peri”. (p. 99)

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(14) PILAR

TOPÔNIMO: Pilar TAXIONOMIA: Hierotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: PILAR - Do lat. vulgar pilare, de pila ‘coluna’. (CUNHA,

2007)

ENTRADA

LEXICAL

Pilar

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (Substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Segundo Mansur Guérios, Pilar (do) é n. e sobr. de origem

cristã; da invocação espanhola Virgem del Pilar, especial de

Aragão que conforme tradição, apareceu ao apostolo Tiago,

às margens do Ebro num pilar de mármore. Usual: María

del Pilar. Port. Maria do Pilar. (MANSUR GUÉRIUS,

1981)

CONTEXTO

“No cemitério de Pilar, encontra-se um dos três túmulos nos

quais repousa, na cidade do Salvador, o corpo do pintor

Cardoso e Silva”. (p. 115)

“A Igreja de Santa Luzia, à Avenida Jequitibá, antiga Pilar

foi fundada em 1714”. (p. 115)

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(15) PIRAJÁ

TOPÔNIMO: Pirajá TAXIONOMIA: Zootopônimo

MUNICÍPIO:

Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/Bairro

ETIMOLOGIA:

PIRAJÁ – Do tupi Pirá (peixe) + Yá (viveiro) e que

significa “ceva de peixe”, “lugar de muitos peixes”. Para

Gregório (1980), “Pirajá (Pira+ ybá) fruto de peixe e por

extensão, época piscosa do ano (ver acaju); aliás, Varnhagen-

35, tomo I, p. 92, diz que os índios chamavam Pirajá a esses

aguaceiros ou literalmente fruto de peixe porque a floração

dos cajueiros coincidia com o aparecimento de abundantes

peixes; lugar histórico: Combate de Pirajá, na guerra da

independência, na Bahia.” (GREGÓRIO, 1980)

ENTRADA

LEXICAL

Pirajá

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto por justaposição (substantivo masculino

singular + substantivo masculino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Antiga terra dos índios Tupinambás, em 1972, passou a

Parque Histórico por decreto municipal, garantindo a

preservação do Patrimônio Histórico ligado à guerra da

Independência da Bahia.

A Batalha de Pirajá é considerada um dos principais choques

bélicos da guerra pela Independência da Bahia, sendo

travada na área de Cabrito-Campinas-Pirajá.

O bairro é um dos mais antigos de Salvador, surgiu a partir

de engenhos de açúcar e das primeiras missões jesuíticas que

aportaram na Bahia no período da colonização.

CONTEXTO O filho do governador Álvaro da Costa, conduzindo tropas

bem armadas venceu um combate em Pirajá. (p. 27)

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(16) PLATAFORMA

TOPÔNIMO: Plataforma TAXIONOMIA: Ergotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: PLATAFORMA. Do fr. plate-forme; o voc. provém do ing.

platform ‘área plana horizontal, mais ou menos alteada’.

(CUNHA, 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Plataforma

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (Substantivo feminino)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

É um dos bairros mais antigos do subúrbio ferroviário de

Salvador, localizado na margem oposta à Ribeira [dos

Galeões], em área próxima ao antigo Forte de São Bartolomeu

da Passagem. A Plataforma e o forte atuavam como protetor

nas lutas da Independência. O forte desapareceu, mas a

plataforma era o local que assentavam baterias, canhões.

Moura (2001) afirma que o nome do bairro teria surgido por

conta da existência de uma balsa no formato de uma

"plataforma flutuante", que fazia a travessia marítima das

pessoas entre Plataforma e Ribeira, na época em que outros

meios de transporte, como ônibus e trem, eram precários ou

não existiam. Embora não reconhecido pelo poder oficial, o

bairro de Plataforma foi, no passado, um espaço que marcou

decisivamente a história da cidade de Salvador.

Ainda conforme relatos de Moura (2001), em 1558, o bairro

era uma aldeia jesuítica, a Aldeia de São João, constituída por

índios da nação Tupi – os Tupinambás. Esta aldeia situava-se

nas Ribeiras de Pirajá e o seu nome da aldeia foi dado em

homenagem a São João Evangelista, cuja festa celebrava-se no

dia 27 de dezembro.

(Disponível em <http://www.vertentes.ufba.br/bairro-

plataforma> Acesso em: 14 jan. 2015)

CONTEXTO

“Está em bairros distantes com Cidade da Palha, São Caetano,

Itapegipe, Plataforma, Estrada da Liberdade.” (p. 87)

“São os Alagados, ao casarões do Pelourinho, e do Tabuão,

Plataforma, Itapegipe. (p. 89)

“Do outro lado da cidade estão as praia calmas do golfo e dos

subúrbios: Plataforma Itacaranha, [...]”. (p. 90)

“Depois de Lobato vem Plataforma com sua grande fábrica

de tecidos e vasta população operária”. (p. 98)

“Plataforma está ligada a Itapagipe (fica defronte à península)

pelas canoas que vão e vem numa travessia que em dia de sol

e delicioso passeio”. (p. 98)

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(17) RIBEIRA

TOPÔNIMO: Ribeira TAXIONOMIA: Hidrotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: RIBEIRA. Do. lat lus. riparia, fem. subst. de riparias a, um

de ripa, ae ‘margem, ribanceira’ (HOUAISS, 2001)

ENTRADA

LEXICAL

Ribeira

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (substantivo singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O bairro da Ribeira fica situado na Península de Itapagipe, na

Cidade Baixa e banhado pelas águas da Baía de Todos os

Santos e da Enseada dos Tainheiros. Segundo Dorea (2006),

a parte baixa da cidade, onde se localizava o porto mais para

dentro da baía, ficou conhecida com praia ou Ribeira, pouco

tempo após a chegada de Tomé de Souza. Foi lá que

ergueram a capela em homenagem a Nossa Senhora da

Conceição [da Praia] e dois baluartes: um de São Jorge e o

de Santa Cruz, que ficavam integrados ao sistema de defesa

da colônia. Hoje, onde fica a sede do Segundo Distrito Naval

localizava uma instalação de origem não religiosa ou militar,

a qual foi erguida por Pero de Gois, Capitão-Mor da Costa:

era a Ribeira das Naus [ou dos Góis], que servia de abrigo e

para guardar instrumentos de navegação.

Surgiu a Ribeira dos Galeões, que terminou por dar nome ao

bairro qu era empregado para designar a parte baixa da

cidade.

CONTEXTO

“Apesar do sábado e do domingo com seus ranchos na

colina, mistura de festa de reisado e de carnaval, apesar da

segunda-feira da Ribeira com suas comidas, [...]” (p. 133)

“Mas a festa dura uma semana inteira e só termina na

Ribeira, na noite de segunda, numa festa do Largo e em

dezenas de festas familiares”. (p. 136)

“Os foliões amanhecem na Ribeira, muna espécie de

pequeno carnaval, de alegre anúncio da grande festa, [...]”

(p.137)

“E a segunda-feira da Ribeira, típica folia de bairro que só

terminará no dia seguinte, [...]” (p. 137)

“O samba de roda, na festa da Ribeira, já adquire um ritmo

carnavalesco, [...]” (p. 137)

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(18) RUA BUGARI

TOPÔNIMO: Rua Bugari TAXIONOMIA: Fitotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: BUGARI - Baguri > Bareri. Planta forrageira (Panicum

spicatum) da família das gramíneas, nativa da África e da

Àsia, tb. Cultivada para alimentação humana. (HOUAISS

(2001)

ENTRADA

LEXICAL

Rua Bugari

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O nome da rua faz referência a um tipo de planta. Segundo

Dorea (2006), “houve no trecho Avenida Beira Mar um

bosque de Bogari”, dai deve ter surgido o nome da rua.

CONTEXTO “Escreverei dez nomes e cada qual é mais sugestivo e mais

saboroso: Rua da Agonia, Ladeira da Água Brusca, Rua do

Chega Negro, Rua da Forca, Travessa da Legalidade, Jogo

do Lourenço, Largo das Sete Portas, Travessa do Bêngala,

Rua dos Marchantes, Rua Bugari...”. (p. 69)

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(19) RUA GUINDASTES DOS PADRES

TOPÔNIMO: Rua Guindastes

dos Padres

TAXIONOMIA: Ergotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: GUINDASTE – Do prov. *guindarz, deriv. do fr. ant. guidas

(atual guindeau) e, este, do a. escandinavo vindâss, de vend-

‘erguer’ + âss ‘madeira’.” PADRE - Do lat. pater patris

‘genitor, progenitor’. (CUNHA, 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Rua Guindaste dos Padres

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo masculino singular +

contração + substantivo masculino plural)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

É uma rua situada na Cidade Baixa. Recebeu esse nome, pois

havia um guindaste que transportava cargas para o alto, para

o colégio dos jesuítas. Nos primeiros tempos da cidade

chamou-se de Rua Direita da Praia.

CONTEXTO

“Porta do Carmo, Guindastes dos Padres...Gosto

particularmente do Beco do Calafate”. (p. 69)

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(20) SÃO TOMÉ DE PARIPE

TOPÔNIMO: São Tomé de

Paripe

TAXIONOMIA: Hagiotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/ Bairro

ETIMOLOGIA: SÃO - Do lat. sanctus –a –um ‘santo’. (CUNHA, 2007)

TOMÉ- Do aramaico: To’ma, Ta’ma:: ‘gêmeos’.

(MANSUR GUÉRIOS, 1981)

PARIPE (Ver ficha 11)

ENTRADA

LEXICAL

São Tomé de Paripe

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Adjetivo masculino singular + Prenome + preposição +

substantivo masculino singular

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

É um bairro do subúrbio de Salvador, no extremo da Cidade

Baixa, depois de Paripe. O nome São Tomé de Paripe é

posterior a Paripe e faz referência ao apóstolo de mesmo

padroeiro de uma capelinha que havia por ali. Conta-se a

lenda que o apóstolo São Tomé teria passado e deixado suas

pegadas na pedra da Toca. Lá, “as pegadas assinaladas em

uma lájea (sic), que diz que o gentio, diziam seus

antepassados que andara por ali, havia muito tempo, um

santo, que fizera aqueles sinais com os pés” - tratava de São

Tomé. (DOREA, 2006, p. 704)

CONTEXTO

“Do outro lado da cidade estão as praia calmas do golfo e

dos subúrbios: Plataforma Itacaranha, Escada, Praia Grande,

Peri-Peri, Paripe – a praia maravilhosa de Inema, em São

Tomé de Paripe”. (p. 90)

“Dalí, de automóvel, pode-se ir a São Tomé de Paripe,

velha povoação com uma praia maravilhosa a praia de

Inema, atualmente ocupada pela Marinha” (p 98)

“Também o Doutor João Batista Caribé, médico da larga

popularidade, possui São Tomé de Paripe bela casa em

meio a um parque de sombras e brisa do mar”. (p. 99)

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(21) URUGUAI

TOPÔNIMO: URUGUAI TAXIONOMIA: Corotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: n/e

ENTRADA

LEXICAL

Uruguai

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (substantivo masculino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O bairro do Uruguai, assim como outros da Bacia de

Itapagipe, surgiu de um processo de ocupações espontâneas

em terrenos alagadiços e afirmou-se a partir da luta de seus

moradores para permanecerem no local. Francisco Aguiar

dos Santos, antigo morador do bairro, conta que em torno de

trinta anos atrás, as casas da região, em geral, eram de

palafitas. Segundo ele, muitas das melhorias empreendidas

no bairro são resultados da reunião de esforços da

comunidade.

Na história deste bairro, a Igreja de Nossa Senhora dos

Alagados merece destaque. Localizada no alto da colina, foi

inaugurada em 1980 em meio a casas erguidas sob palafitas.

No Uruguai encontra-se o Bahia Outlet Center construído

em 1997, com a proposta de trazer de volta a esta região os

investimentos no setor têxtil. Esse shopping desenvolve um

Programa de Requalificação da Península de Itapagipe e seu

Entorno, com ações comunitárias e empresariais para a

região. Não foram encontradas informações sobre a razão de

escolha do nome do bairro.

CONTEXTO

“Em ônibus superlotados iremos à Estrada da Liberdade,

bairro operário, onde descobrirás a miséria oriental se

repetindo nos casebres das invasões, Massaranduba, Coréia,

Cosme de Faria, Uruguai, iremos aos cortiços infames,

cruzaremos as pontes de lama dos Alagados.

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6.2 TOPÔNIMOS DA CIDADE ALTA

(22) AMARALINA

TOPÔNIMO: Amaralina TAXIONOMIA: Antropotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: AMARALINA - De Amaral – Sobrenome de origem

geográfica. Topônimo de Portugal. De Amaral, subst.

comum, nome de uma casta de uva preta, serôdia, e muito

abundante de ácidos, cultivada na Beira, no Minho e no

Douro. (BARATA; BUENO, s/a)

ENTRADA

LEXICAL

Amaralina

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (Apelido de família + sufixo -INA)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O bairro fica situado entre o Rio Vermelho e a Pituba, na

orla marítima da Cidade Alta. Toda a área que compõe os

contornos desse bairro que pertencia à Fazenda Amaralina,

propriedade pertencente a José Alves do Amaral. As terras

incialmente receberam o nome de Fazenda Alagoas, mas por

influência do nome do proprietário, mais tarde, foi rebatizada

com o nome Amaralina. Distante do Centro Histórico, o

bairro passou a contar com o serviço de bonde elétrico

somente a partir da década de 1920.

CONTEXTO

“Alguns bairros antigamente pobres típicos de pequena

burguesia, transformam-se hoje quando a cidade cresce à

beira do mar: Ondina, Rio Vermelho, Amaralina”.(p.79)

“[...]por detrás das casas elegantes da praia de Amaralina,

fervilha a vida intensa e pobre, em vasto território habitado

por trabalhadores de todos os tipos, o Nordeste de

Amaralina”. (p. 79)

“Também no Rio Vermelho habitam os pintores Floriano

Teixeira e Jamison Pedra. Caribé mora em Brotas, Mirabeau

Sampaio no Chame-Chame; o arquiteto Mário Mendonça,

em Amaralina com sua mulher Zélia Maria, ceramista”.

(p.79)

“Seguem-se no Rio Vermelho, Ondina, Amaralina, Pituba,

Boca do Rio”. (p.90)

“Acompanhando as praias deslumbrantes, orla marítima que

se desdobra de Amaralina à Itapoã – melhor dito do Porto

da Barra a Arembepe – repleta de hotéis, restaurantes,

boates, bares, motéis de alta rotatividade”. (p. 96)

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(23) BARBALHO

TOPÔNIMO: Barbalho TAXIONOMIA: Antropotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/Bairro

ETIMOLOGIA: BARBALHO – Sobrenome de uma antiga família

estabelecida em Pernambuco. Procede de Braz Barbalho

Feyo, que passou a Pernambuco, no início de sua povoação,

onde deixou larga descendência do seu casamento Catarina

Tavares Guedes. (BARATA; BUENO, s/a). De barbalho,

subst.. com., raiz filamentos das plantas). (BARATA;

BUENO, s/a)

ENTRADA

LEXICAL

Barbalho

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (apelido de família)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Esse bairro fica nas terras que pertenceram a Luiz Barbalho

Bezerra, daí resulta o seu nome. Já foi conhecido como

Campo do Barbalho no período colonial e perdurou por

muito tempo. Segundo Dorea (2006), Luiz Barbalho Bezerra

foi uma personalidade envolvida em diversos acontecimentos

de relevância no Período Colonial tais como a construção das

“defesas militares”, em 1638. Em 1736, foi construído o

Forte do Barbalho, de maior tamanho de forte defensivo de

salvador.

Luiz Barbalho ainda foi um dos integrantes do triunvirato,

que na ausência do vice-rei D. Jorge de Mascarenhas – o

Marquês de Montalvão – exerceu indevidamente o governo

no período de 12 d Abril de 1641 a 26 de Abril de 1642.

CONTEXTO

“As ladeiras vêm do Terreiro ou de Nazaré, do Barbalho ou

da Ruas dos Quinze Mistérios, cidade baixa”. (p. 85)

“Por ali passam todos os ônibus da chamada linha de baixo:

Lapinha, Santo Antonio, Barbalho, Estrada da Liberdade,

Calçada, vários outros.” (p.86)

“Vão para os bairros pequeno-burgueses mais típicos da

cidade: Lapinha, Santo Antonio, Barbalho, Brotas, bairros

operários também: Estada da Liberdade, Calçada, Cosme de

Faria”. (p. 86-87 )

“No Barbalho, vive minha amiga Dadá, viúva de Corisco, o

célebre lugar tenente de Lampião”. (p. 251)

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(24) BARRA

TOPÔNIMO: Barra TAXIONOMIA: Hidrotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: BARRA- Do lat. vulgar. barra ‘local em que um rio deságua

no mar ou em um lago; desembocadura, foz...” (HOUAISS,

2001)

ENTRADA

LEXICAL

Barra

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O Porto da Barra foi um dos locais que iniciou a cidade, na

época da colonização, pois era um ponto estratégico na

defesa das terras conquistadas pelos portugueses. Com o

naufrágio do Galeão Sacramento, no século XVII, constrói-

se o Farol da Barra com o intuito de orientar os navegantes,

atualmente é um dos marcos da cidade de Salvador, um

verdadeiro cartão-postal.

Percebe-se que mais uma vez uma característica natural,

pode ter sido base para a nomeação desse bairro, desde

outrora.

CONTEXTO

“Aí estão os bairros grã-finos, dos mais antigos, Barra e

Barra Avenida, Jardim Ipiranga, Morro do Gato, até os mais

novos[...]”. (p. 78)

“Existem na Barra dois recantos admiráveis”. (p. 79)

“O colar de praia de mar largo estende-se da Barra até

Arembepe – essa praia de Arembepe é um sonho[...]” (p. 90)

“Na praia da Barra, os fortes velhos e o farol, que é o mais

clássico cartão-postal da cidade”. (p. 90)

“Suas múltiplas moradas pois ela habita em diversos lugares

desse mar branco: nas Ruas do Forte da Gamboa, no Rio

Vermelho, na Barra[...]” (p.138)

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(25) BARRIS

TOPÔNIMO: Barris TAXIONOMIA: Ergotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/ bairro

ETIMOLOGIA: BARRIS. pl. de barril. Do a. prov. barril ‘tonel de madeira,

bojudo, usado para armazenar ou transportar líquidos’.

(FERREIRA, 2011)

ENTRADA

LEXICAL

Barris

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples masculino plural

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Bairro central, próximo à Praça da Piedade e ao Politeama.

Barris é o plural de barril. O nome surgiu por cousa dos

diversos barris enterrados ao longo de uma ladeira estreita

que dava no Dique do Tororó. O objetivo dos barris

enterrados era proporcionar que a água de consumo

doméstico tivesse boa qualidade, evitando que se enturvasse

ou enchesse de sujeiras. Segundo Dorea (2006), o local

também foi conhecido como Roça dos Barris.

Ainda segundo o autor, Vilhena (1977) registra que “[...]em

uma baixa próxima ao Dique [do Tororó] há um olho d’água

a que chamam o Barril, o mais perene de todos, e que não há

lembrança de que jamais suasse, não havendo mais anos que

um particular filho da ventura, pugnou bastante para apossar-

se dele, e é digno de admiração o não o ter conseguido,

porque nesta cidade não há mais que tentar, e teimar.”

(VILHENA, 1977 apud DOREA, 2006, p. 223)

CONTEXTO “Não recordo se foi Alves Ribeiro ou Clóvis Amorim que

denominou de Brasil a vasta casa, nos Barris, onde residia a

família do Professor Souza Carneiro [...]” (p. 273)

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(26) BARROQUINHA

TOPÔNIMO: Barroquinha TAXIONOMIA: Litotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE:

Humano/bairro

ETIMOLOGIA: BARROQUINHA – De origem pré-romana. Dim. de

barroca, ‘monte de barro’. (CUNHA, 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Barroca

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (Substantivo feminino singular +

diminutivo -INHA)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Barroquinha é o diminutivo de Barroca. Compreende por

barroca uma escavação feita pela própria natureza por ação

da água corrente e impetuosa, também chamada, por muitos,

de barranco. O diminutivo Barroquinha até hoje ainda indica

um dos acessos à Baixa dos Sapateiros.

Segundo Dorea (2006), esse designativo foi incorporado no

século XVIII, refletindo a realidade do povo, “que se referia

às águas que, na estação chuvosa, ali mansamente faziam seu

trabalho de erosão, escavando o terreno quando escorria das

Hortas de São Bento” (DOREA, 2006, p. 223).

CONTEXTO

“Rua comprida, se desenvolvendo numa curva da

Barroquinha, mas vizinhança do Largo do Teatro, até a

Ladeira Ramos de Queiroz [...]”. (p. 85)

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(27) BEIRU

TOPÔNIMO: Beiru TAXIONOMIA: Fitotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/ bairro

ETIMOLOGIA: BEIRU – De origem africana. Fon gbé Dudu/ Yorubá.

Ìgbedú, ‘mata escura, cerrada’. (PESSOA DE CASTRO,

2001) Segundo Dorea (2006), trata-se de um nome cuja

origem é africana, uma corruptela de um nome de um deus

africano GBeru.

ENTRADA

LEXICAL

Beiru

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (Substantivo masculino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

“Be(i)ru (kwa) (BA) – nome do terre(i)ro jeje e do bairro

onde ele se encontra nas redondezas de Salvador, também

chamado de Mata Escura.

Atualmente, Beiru tem como nome oficial Tancredo Neves.

CONTEXTO

“Os candomblés do grupo congo tem seu templo principal na

casa do finado Bernardino do Bate-Folha, no Beiru,

atualmente sobre a direção de Bandanguiame”. (p. 81)

“Outras casas de caboclo dignas de serem visitadas: Terreiro

de Manuel Rufino do Sacramento de Oxum, em Beiru”. (p.

182)

“Manuel Rufino é filho-de-santo do falecido Massanganga

de Beiru, que foi um famoso feiticeiro da nação angola”. (p.

182)

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(28) BOCA DO RIO

TOPÔNIMO: Boca do Rio TAXIONOMIA: Cardinototopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/ bairro

ETIMOLOGIA: BOCA – Do lat. bucam. ‘cavidade na parte inferior da face

pela qual os homens e outros animais ingerem alimentos, e

ligada com os órgãos da fonação e da respiração’.

RIO - Do lat. vulgar rius, este do latim clássico rivus,i.

‘curso de água natural’. (CUNHA, 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Boca do Rio

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

contração + substantivo masculino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O bairro, assim como a praia, recebe esse nome por conta do

Rio das Pedras, cuja nascente se localiza nos fundos do 39ª

Batalhão de Caçadores do Exército Brasileiro, que fica entre

os bairros do Pernambués e Saboeiro. O rio tem seu curso

que passa pela Avenida Paralela ou Luís Viana Filho e

desagua na Praia da Boca do Rio, por esse motivo que recebe

esse nome, por estar na entrada do rio, perto do rio.

Infelizmente, atualmente, o Rio das Pedras, assim como

outros rios que cortam a cidade de Salvador, está poluído, o

que gera grandes prejuízos tanto para a fauna quanto para a

flora soteropolitana.

CONTEXTO

“Seguem-se no Rio Vermelho, Ondina, Amaralina, Pituba,

Boca do Rio, [...]”. (p.90)

“Durante anos foi um vizinho, quase chorei quando se

mudou para casa com terreno grande na Boca do Rio”. (p.

374)

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(29) BONFIM

TOPÔNIMO: BONFIM TAXIONOMIA Hierotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/Bairro

ETIMOLOGIA: BONFIM (do) - Sobr. port. de origem religiosa; refere-se ao

Senhor do Bom fim, i. é, da boa morte. Var.: Bomfim”.

(MANSUR GUÉRIOS, 1981)

ENTRADA

LEXICAL

Bonfim

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O bairro do Bonfim é muito conhecido, pois é nele que

culmina uma das mais ricas celebrações religiosa do país, a

Lavagem do Bonfim, festa na qual as escadarias da Basílica

do Senhor Bom Jesus do Bonfim são lavadas pelas baianas

com água de cheiro e é feita uma procissão para agradecer ao

santo, as graças alcançadas.

Segundo Barata e Cunha (s/a), a lavagem era feita pelos

moradores das vizinhanças. Com o tempo, o evento foi

atraindo os moradores de outros bairros e hoje é um evento

que mobiliza toda a cidade. A festa do Bonfim sempre

associou o sagrado ao profano. O Marquês de Santa Cruz,

Dr. Manuel Victorino Pereira, chefe do Governo Provisório

em 1890, considerando que essa cerimônia tinha assumido

um caráter não condizente com o local santo, proibiu a

lavagem no interior do templo.

O bairro, até a década de setenta, abrigava famílias situadas

nas maiores faixas de renda da Cidade Baixa. Como

reminiscências deste passado, ainda existem muitos casarões

no local. (BARATA; CUNHA, s/a)

CONTEXTO

“Na manhã da terceira quinta-feira de janeiro todo povo da

Bahia se encaminha para a colina do Bonfim, onde está a

Igreja do santo mais popular da cidade”. (p. 132)

“Nota-se que não é um santo muito popular entre o clero já

que o arcebispo faz tudo que é possível para evitar os

festejos com que a população celebra a festa do Bonfim”, (p.

132)

“As festas do Bonfim duram oito dias, mas seu maior

momento é sem, dúvidas, quinta-feira da lavagem”. (p. 133)

“Quem nunca viu esta procissão da lavagem do Bonfim não

sabe os segredos da poesia”. (p. 133)

“A massa popular, muita gente de pés descalços pagando

promessas, serpenteia pelas ruas comerciais da cidade baixa,

em direção à colina do Bonfim”. (p. 135)

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(30) BROTAS

TOPÔNIMO: Brotas TAXIONOMIA: Hagiotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: BROTAS - corruptela de Grota. Do it. gròtta grota ‘abertura

produzida pela enchente na ribanceira’ ‘vale profundo’

(CUNHA, 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Brotas

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (Substantivo feminino plural)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Trata de uma corruptela do nome Grotas, fazendo referência

a Nossa Senhora de Grotas. Dorea (2006) faz referência a

essa região que foi a primeira aldeia a ser criada por Men de

Sá, em 1955. Com o desaparecimento dessa aldeia, surgiu a

freguesia católica de São Paulo, sob a Invocação de Nossa

Senhora da Grota que posteriormente foi construída a Igreja

Matriz de São Paulo em 1772.

Ainda segundo o autor, a história revela que, pouco abaixo

da grota, onde há um cruz, um homem recebeu um milagre:

sua única vaca leiteira estava prestes a morrer num atoleiro e

antes de qualquer socorro ele implorou a Virgem, que lhe

apareceu tendo nos braços o Menino Jesus. O episódio foi

considerado um milagre pela comunidade católica do

período. Esse fato foi retratado num quadro, que ainda pode

ser visto na Matriz de Brotas.

CONTEXTO

“Carybé mora em Brotas, Mirabeau Sampaio no Chame-

Chame, [...]”. (p. 79)

“Vão para os bairros pequeno-burgueses mais típicos da

cidade: Lapinha, Santo Antonio, Barbalho, Brotas, bairros

operários também: Estada da Liberdade, Calçada, Cosme de

Faria”. (p. 86-87 )

“Uma vez, Carybé, Dorival Caymmi e eu fomos visita-lo em

sua casa, em Brotas”. (p. 167)

“Fica no Jardim Madalena, no fim de linha de Brotas, onde

se realiza festa anual, sempre nos começos de outubro, para

Logum Edé (santo ijexá que é metade Oxum)”. (p. 180)

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(31) CAMPO GRANDE

TOPÔNIMO: Campo Grande TAXIONOMIA: Fitotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: CAMPO. Do lat. campus-í, ‘planície’ ‘terreno plano’ terreno

para plantio ou exercícios’. GRANDE - Do lat. grandis

‘vasto, comprido, desmedido, numeroso’. (CUNHA, 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Campo Grande

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (Substantivo masculino singular +

adjetivo singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Toda a área que compreende esse bairro foi, desde o tempo

da colónia e durante boa parte do século XIX, um grande

pasto para os animais e aonde era alimentado o rebanho,

principalmente bovino, por isso a origem desse designativo.

Segundo Dorea (2006), foi conhecido por muito tempo como

Campo de São Pedro, por influência da pequena capela em

homenagem ao santo e que ficava nas proximidades.

Em 2 de julho de 1895, foi completamente remodelado

atendendo ao projeto urbanístico que recebeu influência dos

ingleses que estavam instalados em colônias naquelas

imediações. Nesse período, foram implantados os

monumentos dos caboclos, símbolos da independência da

Bahia, que se encontram na praça, até os dias atuais.

CONTEXTO

“O Arcebispo foi morar no Campo Grande, em um palácio

novo”. (p. 107)

“À tarde o cortejo ruma para Campo Grande, onde no

monumento do Caboclo realiza-se uma cerimônia cívica”. (p.

148)

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(32) CANELA

TOPÔNIMO: Canela TAXIONOMIA: Fitotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: CANELA. “Do fr. canele (hoje cannelle), deriv. Do it.

Cannella, dim. do lat canna ‘junco, canudo’, em alusão à

casca ressequida da planta, que lembra um pequeno canudo.”

(CUNHA, 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Canela

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O bairro do Canela fica próximo ao centro da cidade e faz

fronteira com o bairro da Graça, a Federação, Campo Grande

e a Vitória. O bairro estava listado entres os locais habitados

por pessoas de nível social mais elevado, em tempos

passados.

O Canela tem uma origem rural e chamava-se Roça do

Canela, pertencente a membros da família Pereira de Aguiar.

A ocupação e o início da habitação começaram após a

construção da casa do Barão do Sauípe e, nas primeiras

décadas do século XX, surgiu o Colégio Nossa Senhora da

Vitória (Maristas). É um bairro muito movimentado, possui

todos os tipos de serviço, além de um vasto centro cultural e,

por lá, encontramos a mistura da arquitetura de casarões

antigos amalgamado com as grandes construções modernas.

Nesse bairro fica situado a Reitoria da Universidade Federal

da Bahia e o Hospital Universitário Professor Edgard Santos,

que foi construído em 1948.

CONTEXTO

“Se a Universidade Federal da Bahia tem faculdades e

escolas, institutos e colégios espalhados por diversos bairros

– no Canela, no Garcia, em Nazaré, na Federação [...]” (p.

48)

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(33) COSME DE FARIAS

TOPÔNIMO: Cosme de Farias TAXIONOMIA: Antropopônimos

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: COSME - Do fr., do lat. Gosmas, ae do gr. Kosmas, deriv.

de Kosméo: ‘adornar, embelezar’”. (MANSUR GUÉRIOS,

1981). FARIAS - Sobrenome de origem geográfica e

portuguesa.” (BARATA; BUENO, s/a)

ENTRADA

LEXICAL

Cosme de Farias

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (prenome + apelido de família)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O bairro fica localizado próximo a Brotas e seu nome faz

uma homenagem ao major Cosme de Farias (1875-1972) que

residiu naquela localidade. Exerceu os ofícios de advocacia,

poeta, vereador e fundou a Liga Baiana contra o

Analfabetismo.

Toda área que compreende o bairro foi uma fazenda e

chamava-se Quintas das Beatas, pois parte das terras

pertencia a uma freira.

CONTEXTO

“Na Estrada da Liberdade, em Cosme de Faria, na Cidade

da Palha, no Corta-Braço, em São Caetano, nos bairros

operários, nas invasões, o povo dança e canta”. (p. 142)

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(34) CHAME-CHAME

TOPÔNIMO: Chame-chame TAXIONOMIA: Dirrematotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: n/e

ENTRADA

LEXICAL

Chame-chame

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto por justaposição

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O Chame-Chame fica localizado entre a Graça e Barra, além

de está também muito próximo do centro da cidade.

Concentra um grande número de edifícios residenciais,

clínicas médicas, supermercado. Segundo Dorea (2006), nas

pesquisas para descobrir a origem desse topônimo, até agora,

não foi possível chegar a uma conclusão. No conhecimento

popular, o nome do bairro teria vindo do verbo chamar.

CONTEXTO

“Também no Rio Vermelho habitam os pintores Floriano

Teixeira e Jamison Pedra. Caribé mora em Brotas, Mirabeau

Sampaio no Chame-Chame; o arquiteto Mário Mendonça,

em Amaralina com sua mulher Zélia Maria, ceramista”.

(p.79)

“Quando viva, Norma Sampaio abria as portas de sua casa

no Chame-Chame para receber os devotos do santo, [...]”.

(p. 150)

“No Chame-Chame, no lugar onde existia até há uns poucos

anos, mísera invasão, favela das mais pobres da cidade,

novas ruas foram abertas para construções modernas,

residências chiques, edifícios”. (p. 228)

“Não se reduziu aos limites do bairro Chame-Chame a ação

complexa e militante de Norma, [...]”. (p. 228)

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(35) VITÓRIA

TOPÔNIMO: Vitória TAXIONOMIA Hierotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/Bairro

ETIMOLOGIA: VITÓRIA - Do lat., Victória: ‘deusa romana das vitórias’.

Segundo Mansur Guérios, o nome Vitória, mais tarde,

passou a sentido cristão; alusão à vitória sobre o pecado.

Contudo, era assim chamado também o nascido no dia da

festa da Vitória de Maria, em lembrança da batalha de

Lepanto (Nª Sª da Vitória – 7 – 10).” (MANSUR GUÉRIOS,

1981)

ENTRADA

LEXICAL

Vitória

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Sua história, conforme Monsenhor Gaspar Sadock, vigário

da Paróquia de Nossa Senhora da Vitória, remonta ao tempo

das Capitanias Hereditárias, quando Francisco Pereira

Coutinho ergueu a Igreja Nossa Senhora da Vitória, que

Sadock defende ser a primeira da Bahia e do Brasil. Há quem

afirme que o nome do bairro é uma homenagem a Nossa

Senhora da Vitória, entretanto, Sadock conta que o bairro

tem esse nome porque houve nesta região um embate do

donatário Pereira Coutinho com os índios – sendo vencido

pelo donatário que passou a chamar a região de Vitória.

(BARATA; BUENO, s/a)

CONTEXTO

“Ricos de pele branca – brancos baianos ou seja: mulatos

claros – grã-finos da Barra e Graça, gente da Vitória e da

Avenida Oceânica palmilham os caminhos da Goméia, os

caminhos também difíceis dos outros candomblés, em busca

de feitiços, rezas e remédios, em busca de consolo e

esperança”. (p. 157)

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(36) CORREDOR DA VITÓRIA

TOPÔNIMO: Corredor da

Vitória

TAXIONOMIA: Hodotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/ Corredor

ETIMOLOGIA: CORREDOR. Do lt. currere. ‘passagem, em geral estreita e

longa, no interior de uma edificação, para comunicar dois ou

mais compartimentos.’ (CUNHA, 2007) e VITÓRIA. Do

lat. Victória ‘deusa romana das vitórias’. (MANSUR

GUÉRIOS, 1981)

ENTRADA

LEXICAL

Corredor da Vitória

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo masculino singular +

contração + Substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

É o trecho da Avenida Sete de Setembro que vai do Campo

Grande ao Largo da Vitória. O bairro da Vitória formou-se

em volta da Igreja de N. Sra. da Vitória, fundada no século

16.

Segundo Alves (2008), “durante o século XIX, foi o local

preferido para os estrangeiros residirem, em chácaras e

solares, inclusive os cônsules de diversos países”.

Atualmente é um dos metros quadrados mais caro do país.

Encontra-se lá o Museu de Arte da Bahia e o Museu Carlos

Costa Pinto com uma vasta coleção de pratarias da família

que nomeio o museu.

CONTEXTO

“O Corredor da Vitória foi o supra-sumo do grã-finismo,

daquilo tirado do aristocratismo, vindo da monarquia”. (p.

76)

“A matriz da Vitória, situada no Corredor da Vitória, foi

fundada em 1531, tendo sido reformada por duas vezes, em

1666 e 1809[...]”. (p. 111)

“O mais novo museu da Bahia e um dos mais belos do Brasil

é o Museu Costa Pinto, ou Museu da Prata, no Corredor da

Vitória, onde se encontra a maior coleção de prataria do

país[...]”. (p. 122)

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(37) ESCADA

TOPÔNIMO: Escada TAXIONOMIA: Hierotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: ESCADA. Do b. lat. scalãta, deriv de scãla, -ae ‘série de

degraus por onde se sobe ou desce’. (CUNHA, 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Escada

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (Substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Escada é uma dos bairros mais antigos do subúrbio de

Salvador. O bairro guarda a história dos primeiros anos da

época colonial da cidade de Salvador. A capela construída

em 1536 pelos portugueses, onde José de Anchieta realizou

as celebrações, além de servir-lhe de refúgio devido à

tranquilidade. O bairro ainda preserva a arquitetura que foi

tombada e restaurada recentemente pelo Instituto do

Patrimônio Artístico e Humano Nacional – IPHAN–, é o

principal cartão-postal de Escada.

Segundo Dorea (2006), Gabriel Soares de Souza em seu

Tratado Descritivo do Brasil, em 1587, registra uma igreja

sob invocação de Nossa Senhora da Escada, pertencente aos

padres da Companhia de Jesus. Nos dias atuais, a igreja de

Escada é uma das raras edificações do século XVI.

CONTEXTO “Do outro lado da cidade estão as praia calmas do golfo e

dos subúrbios: Plataforma Itacaranha, Escada [...]”. (p. 90)

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(38) ENGENHO VELHO DA FEDERAÇÃO

TOPÔNIMO: Engenho Velho da

Federação

TAXIONOMIA: Sociotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE Humano/bairro

ETIMOLOGIA: ENGENHO. Do lat. ingenium. , ‘talento’ ‘maquina’

‘oficina’. VELHO. Do lat vetulus, dim. de vetus –eris

‘remoto, antigo, idoso, antiquado, gasto pelo uso’.

FEDERAÇÃO - Do fr. Féderation e, este, do lat.

Foederatio –onis. ‘união política entre estados ou nações’

‘aliança’ (CUNHA, 2007).

ENTRADA

LEXICAL

Engenho Velho da Federação

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (Substantivo masculino singular +

Adjetivo masculino singular + contração + Substantivo

feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O bairro está localizado num morro as margens da Avenida

Vasco da Gama, separado de Acupe de Brotas. A maior parte

da população é de baixa renda e, recentemente, o bairro do

Engenho Velho da Federação foi reconhecido como

comunidade de resistência negra na cidade, justamente por lá

encontrarmos pelo menos 19 terreiros de candomblé, além

do busto de Mãe Runhó, único monumento público a uma

secerdotisa de religião africana. Dentre os principais terreiros

de candomblé, pode-se citar: Casa Branca do Engenho

Velho, Terreiro Do Bogum: Zoogoodô Bogum Malê Rundô,

Terreiro Ilê Axé Obá Toni, Terreiro Ile Axé Omiré Oju Irê.

CONTEXTO “Na Bahia no alta da Ladeira do Bogum, no Engenho Velho

da Federação, durante pouco menos de um século. Mãe

Ruinho sustentou a pureza dos ritos, [...]” (p. 169)

“Vila Flaviana, na Rua Apolinário Santana, 134, no

Engenho Velho da Federação da falecida mãe-de-santo

Flaviana Maria da Conceição Bianchi”. (p.180)

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(39) ENGENHO VELHO [DE BROTAS]

TOPÔNIMO: Engenho Velho de

Brotas

TAXIONOMIA: Sociotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE Humano/bairro

ETIMOLOGIA: ENGENHO - Do lat. ingenium. , ‘talento’ ‘maquina’

‘oficina’. VELHO - Do lat vetulus, dim. de vetus –eris

‘remoto, antigo, idoso, antiquado, gasto pelo uso’.

BROTAS - corruptpela de Grota. Do it. gròtta grota

‘abertura produzida pela enchente na ribanceira’ ‘vale

profundo’ (CUNHA, 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Engenho Velho

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (Substantivo masculino singular +

Adjetivo masculino singular + preposição + Substantivo

feminino plural)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O bairro do Engenho Velho de Brotas teve origem na

construção de casas de escravos em volta de uma fazenda no

século XIX. Com o tempo, outras famílias foram chegando e

o espaço foi ficando cada vez mais ocupado, principalmente

pela população negra. Ainda hoje existem remanescentes

quilombolas no local e muitos terreiros de candomblé.

(SANTOS, 2010)

CONTEXTO

“Filhas-de-Santo de todos os candomblés da cidade, da

Goméia, do Bate-Folha, do Engelho Velho do Gontois”. (p.

134)

“Outros candomblés podem ser mais puros no seu rito, o do

Engenho Velho certamente o será”. (p. 154)

“A primeira a falecer foi Massi, do Engenho Velho,

venerada figura centenária”. (p. 164)

“Aninha deixara a roda de filhas-de-santo da Casa Branca do

Engenho Velho e fundara o Axé do Opô Afonjá, apoiada no

sábio babalaô Martiniano Eliseu do Bonfim”. (p. 170)

“A Sociedade São José do Engenho Velho (Axé Yá Nassô)

situada na Avenida Vasco da Gama”. (p. 177)

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106

(40) FEDERAÇÃO

TOPÔNIMO: Federação TAXIONOMIA: Historiotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

FEDERAÇÃO - Do fr. Féderation e, este, do lat.

Foederatio –onis. ‘união política entre estados ou nações’

‘aliança’ (CUNHA, 2007).

ENTRADA

LEXICAL

Federação

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Como uma homenagem à República Federativa do Brasil,

instalada em 1889, bairro da Federação formou-se pelo

povoamento de fazendas e sítios distantes do centro

administrativo da cidade do Salvador a partir da expansão

residencial urbana. Por ser distante do centro da cidade, o

bairro era pouco valorizado e povoado.

Na Federação existem muitos Terreiros de Candomblé,

dentre os quais, o Terreiro do Gantois, que tem uma história

secular. Fundado em meados do século XIX, no local onde

existia uma fazenda que deu origem ao nome do candomblé.

(SANTOS, 2010)

CONTEXTO

“Se a Universidade Federal da Bahia tem faculdades e

escolas, institutos e colégios espalhados por diversos bairros

– no Canela, no Garcia, em Nazaré, na Federação [...]” (p.

48)

“A Sociedade São Jorge do Gontois (Axé Yamassê) fica no

Alto do Gontois 33, na Federação. (fim de linha)”. (p. 179)

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(41) GARCIA

TOPÔNIMO: Garcia TAXIONOMIA: Antropotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: GARCIA – Sobr. port., de provável origem ibérica. Em doc.

arc.: Garsia, Garsea, . A. f. Garcias parece patron., como é

Garcez. De étimo controverso. Seg. uns. Do basco Harsea:

‘o urso’; outros o ligam ao fr. Garçon, dim. de gars. Ou top.

Basco gartzi-a, penhascal alto e empinado. (MANSUR

GUÈRIOS, 1981)

ENTRADA

LEXICAL

Garcia

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (Substantivo masculino singular) [apelido

de família]

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O bairro Garcia fica entre a Praça Dois de Julho (Campo

Grande) e os bairros do Canela, Barris e com as Avenidas

Centenário, Vasco da Gama e Garibaldi. Bairro pode ser

dividido em duas partes distintas: a Fazenda Garcia, na parte

mais alta e mais tranquila, e o Garcia propriamente dito, mais

movimentado, principalmente no período letivo em que os

estudantes garantem essa movimentação.

Segundo Dorea (2006), Manuel Correia Garcia foi morador

do bairro. Ele foi idealizador e fundador do Instituto

Histórico da Bahia, e, também, um dos professores pioneiros

da Escola Normal da Bahia. O nome do bairro,

possivelmente, surgiu dessa influência.

CONTEXTO

“Se a Universidade Federal da Bahia tem faculdades e

escolas, institutos e colégios espalhados por diversos bairros

– no Canela, no Garcia, em Nazaré, na Federação [...]” (p.

48)

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(42) GRAÇA

TOPÔNIMO: Graça TAXIONOMIA: Hierotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: GRAÇA - n. de origem cristã, faz referência à Nossa

Senhora das graças (2-7) donde: Maria da graça”.

(MANSUR GUÉRIOS, 1981)

ENTRADA

LEXICAL

Graça

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Substantivo feminino singular

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O bairro da Graça é um dos mais antigos de Salvador e está

localizado no local inicialmente conhecido como Vila Velha.

Fica no alto de um morro e tinha uma função de vigiar

possíveis inimigos, pois possuía uma vista privilegiada para

o mar que ajudava a prevenir possíveis ataques.

O bairro da Graça fica próximo aos bairros da Barra, Vitória,

Canela e Federação, lá está situada a primeira igreja

construída em Salvador - a Igreja de Nossa Senhora da

Graça, por ordem de Catarina Paraguaçu, mulher de Diogo

Álvares, o Caramuru. Catarina dizia que havia sonhado com

a Virgem das Graças que lhe pedia para construir uma igreja

sob sua invocação. Segundo Dorea (2006), a igreja de “Pedra

e cal” foi construída após a morte da índia em 1557. No

entanto, em 1589, a igreja ficou sob a posse Mosteiro de São

Bento, que a reconstruiu a Igreja da Graça, onde lá se

encontram os restos mortais de Catarina.

O nome do bairro, então, surgiu mesmo antes da colonização

propriamente dita, foi retirada de “um orago de um

estabelecimento religioso”. (DOREA, 2006, p. 318-319)

CONTEXTO

“Agora a primazia de idade é disputada por duas igrejas: a

capela da Graça e a matriz da Vitória, eu vivi em renhida

competição de datas”. (p. 111)

“A capela da Graça, onde afirmam estar sepultado o

Governador Tomé de Souza é de 1525”. (p. 111)

“A capela da Graça foi reedificada em 1770, perdendo então

suas mais interessantes características”. (p. 111)

“Ricos de pele branca – brancos baianos, ou seja: mulatos

claros – grã-finos da Barra e Graça, gente da Vitória e da

Avenida Oceânica palmilham os caminhos da Goméia, os

caminhos também difíceis dos outros candomblés, em busca

de feitiços, rezas e remédios, em busca de consolo e

esperança”. (p. 157)

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(43) ITAPUÃ

TOPÔNIMO: Itapuã TAXIONOMIA: Litotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/Bairro

ETIMOLOGIA: ITAPUÃ - Do tupi itá, ‘pedra’ e apu'a, ‘redondo’.

(CUNHA, 2007)

ENTRADA LEXICAL Itapuã, Itapoã

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto por justaposição

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Originalmente um povoado de pescadores, onde foi erguida a

igreja de Nossa Senhora da Conceição de Itapuã - que, no

candomblé, equivale a Iemanjá - objeto de culto e de festa

que, originalmente, contava apenas com membros da

comunidade local.

CONTEXTO

[...] Ali continuaram a lutar até o combate decisivo de

Itapuã. (p. 27)

[...] começando pela Pituba e continuando pela orla adiante

até Itapuã e mesmo além. Além de Itapuã, na Pedra do Sal,

reside o pintor Carlos Bastos numa casa digna da paisagem

maravilhosa. (p. 79)

(44) MATATU DE BROTAS

TOPÔNIMO: Matatu de

Brotas

TAXIONOMIA: Geomorfotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA

MATATU - Do Banto. Africanismo ‘matatu, lugar deserto

isolado’. (PESSOA DE CASTRO, 2001) BROTAS -

corruptela de Grota. Do it. gròtta grota ‘abertura produzida

pela enchente na ribanceira’ ‘vale profundo’ (CUNHA,

2007) Segundo Theodoro Sampaio é um topônimo de origem

Tupi, que significa mata escura ou floresta escura.

(DOREA, 2006)

ENTRADA

LEXICAL

Matatu de Brotas

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo masculino singular + prep.

+ substantivo feminino plural)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

É uma confluência das ruas Barros Falcão e Bandeirantes no

Bairro de Brotas.

CONTEXTO “Outro belo e puro terreiro gegê-nagô de Salvador é a

Sociedade São Gerônimo Ilê Maroialagê (Alaketu) na Rua

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Luiz Anselmo, 65, no Matatu de Brotas”. (p. 179)

(45) LAPINHA

TOPÔNIMO: Lapinha TAXIONOMIA: Hierotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: LAPINHA - De origem portuguesa (Brasileirismo) - ‘nicho

ou presépio que se arma pelo Natal, ano-novo e dia de Reis’.

(FERREIRA, 2011)

ENTRADA

LEXICAL

Lapinha

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O bairro Lapinha fica localizado entre a Liberdade e a

Soledade. Segundo Alves (2008), “era na verdade um

corredor que começava no Largo da Soledade, por onde

passava o bonde elétrico, mais tarde sendo alagado com a

demolição de parte das casas” (ALVES, 2008, p. 111). Tem

como características peculiares seus casarões antigos e suas

ruas estreitas, denunciando os tempos de outrora. No âmbito

da cultura popular, bairro guarda a tradição das festividades

representadas na Festa de Reis Magos, em janeiro, e nas

comemorações do Dois de Julho. A Igreja da Lapinha,

fundada em 1771, em homenagem à Nossa Senhora da Lapa,

está localizada no largo com mesmo nome, ao lado do

Pavilhão Dois de Julho, onde estão guardados os carros do

Caboclo e da Cabocla que simbolizam a participação popular

na luta pela independência da Bahia.

CONTEXTO

“A Ladeira dos Galés e a Avenida das Gardênias. O Alto do

Gato e a Rua do Gasômetro. A Rua das Mercês e a Quinta

das Beatas. A Avenida Crista de Ouro e a Ladeira do

Tabuão. A Lapinha e a Rua Areia da Cruz do Cosme. A Rua

da Boca da Mata e a Rua Cabuçu. Existe o Cais do Ouro e o

Porto da Lenha. A Cidade da Palha e a Rua da Quebrança”.

(p. 72)

“Por ali passam todos os ônibus da chamada linha de baixo:

Lapinha, Santo Antonio, Barbalho, Estrada da Liberdade,

Calçada, vários outros. (p.86)

“Vão para os bairros pequeno-burgueses mais típicos da

cidade: Lapinha, Santo Antonio, Barbalho, Brotas, bairros

operários também: Estada da Liberdade, Calçada, Cosme de

Faria”. (p. 86-87 )

“O préstito faz o percurso histórico do Exército Libertador.

Lapinha, Soledade, São José, Perdões, Rua dos Quinze

Mistérios, Conceição do Boqueirão, Cruz do Pascoal, Rua do

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Carmo, Pelourinho, Portas do Carmo, Terreiro, chegando por

fim ao Largo da Sé onde o Caboclo e a Cabocla”. (p. 148)

(46) RUA DO BOM MARCHÉ

TOPÔNIMO: Rua do Bom

Marché

TAXIONOMIA: Animotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: BOM – Do lat. bônus bona, ‘que tem as qualidades

adequadas à sua natureza ou função’. (CUNHA, 2007).

MARCHÉ - Do francês – ‘Mercado, feira, compra, o que se

compra; mercado, cidade onde fazem grandes transações

comerciais; ajuste comercial’, (BURTIN-VINHOLES, s/a)

ENTRADA

LEXICAL

Rua do Bom Marché

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (Substantivo feminino singular +

contração + adjetivo masculino singular + substantivo

masculino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Não foram encontradas informações sobre a razão de escolha

do nome dessa rua.

CONTEXTO “E a Rua do Bom Marché?” (p. 72)

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(47) NAZARÉ

TOPÔNIMO: Nazaré TAXIONOMIA: Hierotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/Bairro

ETIMOLOGIA: NAZARÉ (de)- Nome de origem cristã. (MANSUR

GERIOS, 1981)

ENTRADA

LEXICAL

Nazaré

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (Substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

“Nazaré é um nome usado com nome Maria: Maria de

Nazaré, da invocação – Virgem ou Senhora de Nazaré. Usa-

se também tão-só Nazaré.” (MANSUR GERIOS, 1981). O

nome do bairro deriva da igreja construída na primeira

metade do século XVIII em louvor a Nossa Senhora de

Nazaré.

CONTEXTO

“Se a Universidade Federal da Bahia tem faculdades e

escolas, institutos e colégios espalhados por diversos bairros

– no Canela, no Garcia, em Nazaré, na Federação [...]” (p. 48)

“Em Nazaré [mora] o escritor Guido Guerra; [...]” (p. 79)

“As ladeiras vêm do Terreiro ou de Nazaré, do Barbalho ou

da Ruas dos Quinze Mistérios, cidade baixa”. (p. 85)

(48) NORDESTE DE AMARALINA

TOPÔNIMO: Nordeste de

Amaralina

TAXIONOMIA: Cardinotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA:

NORDESTE – Do fr. nordest., ‘ponto situado entre norte e

o leste, a igual distância destes’ ‘vento que sopra do lado

desse ponto. (CUNHA, 2007) AMARALINA - Sobrenome

de origem geográfica. (BARATA; BUENO, s/a)

ENTRADA

LEXICAL

Nordeste de Amaralina

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo masculino singular +

preposição + Apelido de família + sufixo -INA)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O Nordeste de Amaralina fazia parte da fazenda da família

Amaral (atual bairro Amaralina) e seu nome, está

relacionado à posição geográfica que ocupa. (SANTOS, 2010)

CONTEXTO “[...]por detrás das casas elegantes da praia de Amaralina,

fervilha a vida intensa e pobre, em vasto território habitado

por trabalhadores de todos os tipos, o Nordeste de

Amaralina”. (p. 79)

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(49) ONDINA

TOPÔNIMO: Ondina TAXIONOMIA: Hidrotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: ONDINA – Do lat. cien. undina, [...] do lat. unda, ae ‘onda’,

pelo fr. ondina (1569) ‘gênio das águas’” Ainda segundo

Houaiss, Ondina nas mitologias germânica e escandinava,

gênio ou ninfa do amor, que vive nas águas. (HOUAISS,

2001)

ENTRADA

LEXICAL

Ondina

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Situado na orla marítima, entre a Barra e o Rio Vermelho, é

um dos bairros mais novos da cidade. Trata-se de um bairro

que reúne vários hotéis, a Universidade Federal da Bahia,

além do Palácio de Ondina – Residencial oficial do

Governador do Estado.

CONTEXTO

“Alguns bairros antigamente pobres típicos de pequena

burguesia, transformam-se hoje quando a cidade cresce à

beira do mar: Ondina, Rio Vermelho, Amaralina”.(p.79)

“Seguem-se no Rio Vermelho, Ondina, Amaralina, Pituba,

Boca do Rio”. (p.90)

“Levaram-me ver em Ondina uma casa projetada por ele,

realmente bela”. (p. 307)

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(50) PELOURINHO

TOPÔNIMO: Pelourinho TAXIONOMIA: Ergotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/Bairro

ETIMOLOGIA: PELOURINHO – Do fr. Pilori, francização do lat. medieval

pilorium, provavelmente derivado do lat. Pila ‘coluna de

pedra ou madeira em praça ou lugar público, e junto da qual

se expunham e castigavam os criminosos’. (CUNHA, 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Pelourinho

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (substantivo masculino e singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Faz parte de um conjunto arquitetônico do Centro Histórico

da cidade, representativo do Brasil Colônia. Apesar de ter

oficialmente o nome de Praça José de Alencar, o povo o

ignora... O nome pelourinho ou picota é uma coluna de

pedra, ou pilastra, erguida em meio da praça pública,

símbolo do poder municipal. Havia argolões ou correntes aos

quais se prendiam criminosos, expostos á vergonha pública.

Nesse local, os escravos eram castigados com chicotadas. A

coluna esteve erguida até 7 de setembro de1855, quando foi

destruída pelos membros abolicionistas da Sociedade Dois

de Julho, com o apoio da câmara Municipal.

CONTEXTO

“Passam todos pelo Pelourinho, encruzilhada da cidade.”

(p.34)

“Como chamam de outra maneira a Ladeira de Pelourinho

onde se elevava o pelourinho nos tempos passados?” (p.69)

“[...] descem pelo Pelourinho, sobem pelo Paço e pelo

Carmo [...]” (p. 73)

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(51) PERNAMBUÉS

TOPÔNIMO: Pernambués TAXIONOMIA: Hidrotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: O nome Pernambués tem origem indígena e significa “mar

feito à parte ou tanque de água”8.

ENTRADA

LEXICAL

Pernambués

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (substantivo masculino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O bairro de Pernambués possui uma ótima localização,

próximo à Estação Rodoviária e possui os limites o bairro do

Cabula ao norte, a Avenida Paralela ao sul, ao leste, a

Avenida Luís Eduardo Magalhães e a área federal do 19º

Batalhão de Comando e ao oeste, o bairro de Saramandaia.

Moradias populares e pequenos comércios compõem a

estrutura do bairro.

CONTEXTO

“Hoje é nome de rua, no bairro pobre, de intensa vida

popular dos Pernambués, nome da Escola Pública, de

prêmio literário do Estado da Bahia, mas sua memória

persiste viva, sobretudo na saudade do povo [...]” (p.275)

8 Sobre a origem do nome desse bairro, os estudiosos não têm nenhuma certeza. Segundo Dorea (2006), nas

pesquisas para descobrir a origem desse topônimo, até agora, não foi possível chegar a uma conclusão.

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(52) PIATÃ

TOPÔNIMO: Piatã TAXIONOMIA: Animotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/Bairro

ETIMOLOGIA: PIATÃ – Do Tupi-guarani ‘pé firme, firmeza’. (BUENO,

1982). Segundo o professor Frederico Edelweiss deixou

registrado: “Piatã, de pi-atã, o pé firme, a fortaleza. Pode

proceder, também, de pya-atã, o coração duro, inflexível, a

coragem. (DOREA, 2006, p. 472)

ENTRADA

LEXICAL

Piatã

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (Substantivo masculino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

É um bairro da orla marítima, distante do Centro Histórico.

O nome surgiu a partir de uma fábrica de óleo, chamada

Olerífera Piatã, de propriedade de Hebert Rocha Vaz.

CONTEXTO

“Seguem-se no Rio Vermelho, Ondina, Amaralina, Pituba,

Boca do Rio, Jardim de Alah, Piatã, Placa Ford, Itapoã,

Janá, Portões, Buraquinho, Arembepe”. (p.90)

“Moça baiana, na praia de Piatã, na pesca de xeréu, na roda

de capoeira no assento dos orixás, de mãos dadas com o

antigo bairro, Hanson-Bahia, da Flor de São Miguel, que a

plantou aqui nessas areias e nesse mar para que llze floresça

nos frutos de sua arte”. (p. 334)

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(53) PITUBA

TOPÔNIMO: Pituba TAXIONOMIA: Animotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: PITUBA – De origem indígena pità a ‘indivíduo covarde,

preguiçoso’; ‘ladrão de cavalos’. (COUTINHO, 2010) Para

Gregório (1980), é um nome de origem indígena, ‘untar

(azeite, urucu e jenipapo), tingir’. (GREGÓRIO, 1980)

ENTRADA

LEXICAL

Pituba

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Foi uma fazenda denominada Fazenda Pituba, propriedade

inicialmente de D. Antonio de Ataíde – primeiro Conde de

Castanheira. Passando de geração para geração, a

propriedade chegou nas mãos de Manoel Dias da Silva, que

deu início ao surgimento do bairro. Inicialmente, no projeto

de urbanização, o bairro recebeu o nome de “Cidade da

Luz”, no projeto de loteamento foi publicado em 1917, com

relatório assinado pelo engenheiro civil Teodoro Sampaio, e

aprovado pela Prefeitura Municipal de Salvador em 1932.

CONTEXTO

“[...]começando pela Pituba e continuando pela orla até

Itapoã, e muito além”. (p. 79)

“Os grandes clubes sociais: o Iate, a Associação Atlética, a o

Baia no de Tênis, o Centro Espanhol, o Clube Português,

situam-se nessa área elegante da Barra Avenida à Pituba”.

(p. 79)

“Na Pituba, os romancistas João Ubaldo e James Amado, o

contista Ariovaldo Matos; [...]”. (p. 79)

“Pituba é hoje o bairro mais grã-fino da cidade”. (p. 90)

“Seguem-se no Rio Vermelho, Ondina, Amaralina, Pituba,

Boca do Rio”. (p.90)

“Então fiquei retado e vendi a casa, comprei um apartamento

na Pituba, vou ser vizinho de James e de João Ubaldo, das

duas línguas viperinas, veja que irresponsabilidade minha”.

(p. 217)

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(54) RIO VERMELHO

TOPÔNIMO: Rio Vermelho TAXIONOMIA: Hidrotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano / Bairro

ETIMOLOGIA: RIO - Do lat. vulgar rius, este do latim clássico rivus

‘ribeiro, arroio, regato, corrente de água’. VERMELHO -

XIII. Do lat. vermiculus, ‘da cor do sangue’. (CUNHA,

2007)

ENTRADA LEXICAL Rio Vermelho

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo masculino singular +

adjetivo masculino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O nome desse bairro, situado na orla marítima da Cidade

Alta, originou-se do nome do rio formado pela fusão de

outros dois rios, o Lucaia e o Camurugipe, que, correndo por

terrenos de barro vermelho, tornaram esse nome, indo suas

águas desembocar na Mariquita. Originalmente, o bairro do

Rio Vermelho era um dos locais mais aprazíveis para os

passeios e diversão das famílias abastardas durantes o verão,

período das férias e das festas que se realizavam e ainda se

realizam até hoje, em fevereiro, em homenagem a Iemanjá

(AMADO, 1977, p. 129-134 apud ALVES, 2008, p.178)

CONTEXTO

“[...]os índios fugiram para as bandas do Rio Vermelho.” (p.

27)

“Alguns bairros antigamente pobres típicos de pequena

burguesia, transformam-se hoje quando a cidade cresce à

beira do mar: Ondina, Rio Vermelho, Amaralina.” (p.79)

“Seguem-se no Rio Vermelho, Ondina, Amaralina, Pituba,

Boca do Rio [...]”. (p.90)

“Encontram saveiros ainda em Água dos Meninos, em

Monte Serrat, no Porto da Lenha em Santo Antonio da Barra

e no Rio Vermelho”. (p.94)

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(55) SANTO ANTONIO

TOPÔNIMO: Santo Antonio TAXIONOMIA: Hagiotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: SANTO – Do lat. sanctus –a –um ‘santo, que vive segundo

os preceitos religiosos, a lei divina’ ‘segundo a tradição

judaico-cristã, atributo de Deus e um dos seus nomes,

sublinhando a transcendência da natureza divina’. (CUNHA,

2007). ANTONIO – Do lat. Antonus, gr. Antónios. Possui

um étimo controverso. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)

ENTRADA

LEXICAL

Santo Antônio

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (Adjetivo masculino singular +

substantivo masculino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O Bairro de Santo Antônio, chamado de Além do Carmo,

porque corresponde a uma parte da cidade que se

desenvolveu fora do plano original da cidade construída por

Tomé de Souza e que se limitava, por um muro de taipa, às

Portas do Carmo, é um dos locais mais antigos que passaram

por muitas e grandes transformações com o progresso da

cidade, a partir da década de 1950. A partir desse

crescimento, deixou de ser um bairro puramente residencial,

que abrigava a velha nobreza baiana.

Era uma área que, juntamente com o Passo, reunia muitas

das ordens religiosas que, de certa forma, eram responsáveis

pela condução da vida social, na época. (ALVES, 2008, p.

189)

CONTEXTO

“[...] descem pelo Pelourinho, sobem pelo Paço e Pelo

Carmo, desembocam em Santo Antonio, junto à Cruz do

Pascoal, ou nas imediações da cidade baixa ao lado do velho

Elevador do Tabuão, até o Beco da Carne-Seca”.(p. 73)

“Por ali passam todos os ônibus da chamada linha de baixo:

Lapinha, Santo Antonio, Barbalho, Estrada da Liberdade,

Calçada, vários outros”. (p.86)

“Vão para os bairros pequeno-burgueses mais típicos da

cidade: Lapinha, Santo Antonio, Barbalho, Brotas, bairros

operários também: Estada da Liberdade, Calçada, Cosme de

Faria”. (p. 86-87 )

“Na entrada do bairro de Santo Antonio para quem vem do

Carmo encontra-se erguido, em meio à rua, um oratório

católico, o Forte da Cruz de Pascoal”. (p. 393)

“A Fonte da Cruz do Pascoal, em Santo Antonio, data dos

tempos coloniais.” (p.407)

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(56) SÃO CAETANO

TOPÔNIMO: São Caetano TAXIONOMIA: Hagiotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: SÃO - Do lat. sanctus –a –um ‘santo, que vive segundo os

preceitos religiosos, a lei divina’ ‘segundo a tradição

judaico-cristã, atributo de Deus e um dos seus nomes,

sublinhando a transcendência da natureza divina’. (CUNHA,

2007). CAETANO - Do lat. Caietanus: ‘habitante ou natural

de Caieta, ou Gaeta’, cidade da Itália. O nome próprio top.

talvez se relacione com Caio. It. Gaetano”. (MANSUR

GERIOS, 1981)

ENTRADA

LEXICAL

São Caetano

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (Adjetivo masculino singular +

Substantivo masculino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O bairro de São Caetano é um dos bairros mais populosos e

carentes de Salvador, localizado entre a Fazenda Grande do

Retiro e o Lobato, e está subdividido em várias outras

localidades como Capelinha, Boa Vista e Fonte da Bica. É

um bairro muito populoso e carece de infraestrutura e outras

assistências por parte do poder público.

CONTEXTO

“Está em bairros distantes com Cidade da Palha, São

Caetano, Itapagipe, Plataforma, Estrada da Liberdade.” (p.

87)

“Na Estrada da Liberdade, em Cosme de Faria, na Cidade da

Palha, no Corta-Braço, em São Caetano, nos bairros

operários, nas invasões, o povo dança e canta”. (p. 142)

“Esse caminho de São Caetano, que leva à estrada difícil da

Goméia, é percorrido por quanto artista, quanto escritor e

quanto sábio passa por essa cidade”. (p. 154)

“Pelo caminho encontram-se dois ou três candomblés, que

São Caetano é zona de Orixás e caboclos”. (p. 155)

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(57) SÃO GONÇALO

TOPÔNIMO: São Gonçalo TAXIONOMIA: Hagiotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/Bairro

ETIMOLOGIA: SÃO - Do lat. sanctus –a –um ‘santo, que vive segundo os

preceitos religiosos, a lei divina’ ‘segundo a tradição

judaico-cristã, atributo de Deus e um dos seus nomes,

sublinhando a transcendência da natureza divina’. (CUNHA,

2007) GONÇALO - Do esp. a. e port. Esp. atual Gonzalo.

Visigot. Gundisalvo: ‘álamo (salvo) da guerra (gundi) ou

‘elfo da guerra’. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)

ENTRADA

LEXICAL

São Gonçalo [do Retiro]

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (Adjetivo masculino singular +

substantivo masculino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O bairro de São Gonçalo do Retiro fica localizado entre a

Estrada das Barreiras e a BR 324, próximo ao bairro do

Cabula. É um bairro que possui uma forte cultura religiosa

ligada a matriz africana e lá fica o terreiro do Ilê Axé Opô

Afonjá, da nação Ketu, fundado em 1910, comandado pela

Ialorixá Mãe Stella de Oxossi. Apesar dos problemas de

infraestrutura, que acomete vários bairros do subúrbio, a

comunidade do bairro São Gonçalo do Retiro desfruta de um

comércio local organizado, que garante a demanda daquela

população.

CONTEXTO

“Com direito a uma célebre batida de maracujá, feita

especialmente em São Gonçalo para a ocasião [...]” (p. 150)

“A notícia desceu para a cidade: obás, ebomins e iaôs, filhos

e filhas-de-santo dirigiram-se para os caminhos de São

Gonçalo, onde se ergue o terreiro”. (p. 63)

“Como no Engenho Velho, além do grande terreiro onde é

batida a macumba, elevam-se na roça de São Gonçalo vários

casas-de-santo, e existem múltiplos arvores sagradas”. (p.

178)

“Yá tem parte na roça de São Gonçalo e sua casa (a cuja

inauguração assisti, juntamente com Édison Carneiro, em

1936) cerca uma nascente de água que é o próprio

encantado”. (p. 178)

“Essa é outra grande casa gêge-nagô, nascida ela também

como terreiro de São Gonçalo, do Engenho Velho”. (p. 179)

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(58) SAÚDE

TOPÔNIMO: Saúde TAXIONOMIA: Hierotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/Bairro

ETIMOLOGIA: SAÚDE - Do lat. salus, - utis. ‘estado de são’

‘salvação’(CUNHA, 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Saúde

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O bairro teria surgido ao redor da Igreja Nossa Senhora da

Saúde e Glória, que é um dos principais patrimônios

históricos do lugar. Inaugurada em 1723, foi construída a

mando do Coronel Manuel Ramos Parente e sua esposa,

Maria de Almeida Reis.

Apesar de ficar próximo de bairros movimentados como o

Pelourinho, o bairro da Saúde resiste ao clima movimentado,

típico da grande metrópole e mantém um ambiente que

parece alheio à efervescência da cidade de Salvador.

O Bairro conserva marcas históricas dos tempos de colônia,

com ruas calçadas com pedras, casarões antigos,

testemunhando um passado que se mantem no presente e

garante a particularidade de um lugar que preza pela

tranquilidade e sossego em meio ao agito de capital baiana.

(Disponível em:

<http://www.ibahia.com/detalhe/noticia/passado-resiste-

forte-no-bairro-da-

saude/?cHash=3e6ba77be3a96afc46c31133887d2ee7> .

Acesso em: 31 dez. 2014)

CONTEXTO

“[...] quando jovem e solteiro foi campeão de swing e

namorou todas as moças do bairro da Saúde, chefiou

moleques, levou tiros d ciumentos e atrasados maridos;” (p.

325)

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(59) SÃO PEDRO

TOPÔNIMO: São Pedro TAXIONOMIA: Hagiotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: SÃO - Do lat. sanctus –a –um ‘santo, que vive segundo os

preceitos religiosos, a lei divina’ ‘segundo a tradição

judaico-cristã, atributo de Deus e um dos seus nomes,

sublinhando a transcendência da natureza divina’ (CUNHA,

2007). PEDRO - Do port. arc. Pero. Do lat. Petrus, masc. de

Petra ‘pedra’. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)

ENTRADA

LEXICAL

São Pedro

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (Adjetivo masculino singular +

substantivo masculino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

É o trecho da Avenida Sete de Setembro, entre São Bento e a

Praça da Piedade, que faz parte de um complexo urbano mais

amplo que ficou conhecido pelo nome do santo. O nome

fixou-se pela influência de uma pequena capela em devoção

ao santo.

CONTEXTO

“Na Rua Chile, estendendo-se para São Pedro, ficam as

lojas grã-finos, as grandes casas de moda, luxuosas e caras”.

(p. 85)

“E o conheço de toda a vida e o recordo, estudante de

engenharia, soltando o verbo na Escola Politécnica, em São

Pedro, à passagem do enterro do velho político liberal JJ

Seabra, [...]” (p. 346)

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(60) SOLEDADE

TOPÔNIMO: Soledade TAXIONOMIA: Hierotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: SOLEDADE - nome português de origem cristã. O nome

Soledade lembra a soledade em que se achou a Virgem

Dolorosa por ocasião de paixão e morte de seu filho Jesus.

Em composição: Maria da Soledade. Cp. esp. Maria de La

Soledad. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)

ENTRADA

LEXICAL

Soledade

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (substantivo masculino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Com uma vista maravilhosa para a Baía de Todos os Santos, o

bairro da Soledade tem sua história com os mesmos méritos

que o vizinho Lapinha no que diz respeito a sua participação

no Dois de Julho. Possui devoção a Nossa Senhora da

Soledade e um dos marcos no bairro é a estátua da maior

heroína deste movimento, Maria Quitéria.

CONTEXTO

“O préstito faz o percurso histórico do Exército Libertador.

Lapinha, Soledade, São José, Perdões, Rua dos Quinze

Mistérios, Conceição do Boqueirão, Cruz do Pascoal, Rua do

Carmo, Pelourinho, Portas do Carmo, Terreiro, chegando por

fim ao Largo da Sé onde o Caboclo e a Cabocla”. (p. 148)

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(61) COUTOS

TOPÔNIMO: Coutos TAXIONOMIA Antropotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/Bairro

ETIMOLOGIA: COUTOS - Sobr. port. top.: ‘terra coutada, defesa,

privilegiada’. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)

ENTRADA

LEXICAL

Coutos

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento simples (substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Ainda segundo Mansur Guérios, Coutos é ‘Lugar de algum

Senhor, em cujas terras não entra vão justiças del-Rei: nas

regia-se por seus juízes, e tina outros privilégios (Morais)”.

(MANSUR GUÉRIOS, 1981)

Localizado no Subúrbio Ferroviário de Salvador, o bairro

Fazenda Coutos surgiu na década de oitenta a partir da

transferência das famílias que habitavam a antiga ocupação

das Malvinas. (BARATA; BUENO, s/a).A fazenda que deu

origem ao bairro pertencia à família Coutos.

CONTEXTO

“A seguir vem Coutos, poucas casas e uma usina. E, por fim,

Paripe que é uma fazenda que mesmo uma povoação”. (p.

98)

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(62) PLACA FORD

TOPÔNIMO: Placa Ford TAXIONOMIA: Ergotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: PLACA – Do fr. plaque, deriv. de placke, ‘ chapa ou lâmina

de material resistente’. (CUNHA, 2007) FORD – Nome de

uma empresa multinacional.

ENTRADA

LEXICAL

Placa Ford

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (Substantivo feminino singular +

Substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Atualmente, um nome simples – Placaford, o nome do bairro

surgiu por influência de uma placa da concessionária

automobilística Ford, nos anos 60. Essa espécie de out-door

era chamado, na época, de placa. Nessa, de modo particular,

anunciava um reclame da Ford, motivo suficiente para a

população começar a chamar o lugar por essa designação até

os dias de hoje, mesmo com o desaparecimento da placa.

CONTEXTO “Seguem-se no Rio Vermelho, Ondina, Amaralina, Pituba,

Boca do Rio, Jardim de Alah, Piatã, Placa Ford, Itapoã,

Janá, Portões, Buraquinho, Arembepe”. (p.90)

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(63) SANTA TEREZA

TOPÔNIMO: Santa Tereza TAXIONOMIA: Hagiotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: SANTA – Fem. de santo. Do lat. sanctus –a –um ‘santo, que

vive segundo os preceitos religiosos, a lei divina’ ‘segundo a

tradição judaico-cristã, atributo de Deus e um dos seus

nomes, sublinhando a transcendência da natureza divina’.

(CUNHA, 2007). TEREZA - Do lat. Theresia o port.

Tereigia. O arc. Tareja (Tareija, Tareigia). (MANSUR

GERIOS, 1981)

ENTRADA

LEXICAL

Santa Tereza

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (Adjetivo feminino singular +

Substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O nome Teresa aparece pela primeira vez na Espanha, onde

uma mocinha grega por ter nascido na ilha Therasia (Egeu),

foi chamada, em lat. Therasia (ou Theresia), e, após

controvérsia ao Cristianismo, em Barcelona, foi esposa de

Paulino de Nola, em 290, o qual, mas tarde veio as er

sacerdote, e bispo em 410.

Inicialmente chamado Jardim Santa Tereza, área

caracterizada por moradores de maior poder aquisitivo, faz

parte do bairro Luis Anselmo, que tem na Igreja de Santa

Tereza D’Ávila o seu principal templo católico.

CONTEXTO

“Seu atelier em Santa Tereza, em face do Mosteiro, da

Igreja sem igual, Museu de Arte Sacra, não é a torre onde um

artista se tranca para o mistério da criação”. (p. 327)

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(64) CIDADE DA PALHA

TOPÔNIMO: Cidade da Palha TAXIONOMIA: Poliotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/bairro

ETIMOLOGIA: CIDADE - Do lat. Civita –atis ‘complexo demográfico

formado, social e economicamente, por uma concentração

populacional não agrícola’. PALHA - Do lat. palea ae.

‘haste seca das gramíneas, despojada dos grãos e utilizada na

indústria para foragem de animais domésticos’. (CUNHA,

2007)

ENTRADA

LEXICAL

Cidade da Palha

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (Substantivo feminino singular +

Contração + Substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Era um dos bairros proletários e atualmente é chamado de

bairro da Cidade Nova. O nome é proveniente dos vários

pobres casebres de palhas que eram usadas para abrigar os

leprosos.

CONTEXTO

“A Ladeira dos Galés e a Avenida das Gardênias. O Alto do

Gato e a Rua do Gasômetro. A Rua das Mercês e a Quinta

das Beatas. A Avenida Crista de Ouro e a Ladeira do

Tabuão. A Lapinha e a Rua Areia da Cruz do Cosme. A Rua

da Boca da Mata e a Rua Cabuçu. Existe o Cais do Ouro e o

Porto da Lenha. A Cidade da Palha e a Rua da Quebrança”.

(p. 72)

“Está em bairros distantes com Cidade da Palha, São

Caetano, Itapegipe, Plataforma, Estrada da Liberdade.” (p.

87)

“É a Cidade da Palha, é a Estrada da Liberdade, é Xangai, a

Marchúria, o Japão”. (p.89)

“Na Estrada da Liberdade, em Cosme de Faria, na Cidade

da Palha, no Corta-Braço, em São Caetano, nos bairros

operários, nas invasões, o povo dança e canta”. (p. 142)

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(65) RUA ALAGOINHAS

TOPÔNIMO: Rua Alagoinhas TAXIONOMIA: Hidrotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: ALAGOINHAS – Alagoa + inha. – Do lat. lacuna, de lacus,

‘lagoa de pequenas dimensões e pouco fundidas, alimentada

por curso de água que não se preservam por um longo

tempo’. (HOUAISS, 2001)

ENTRADA

LEXICAL

Rua Alagoinhas

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

substantivo feminino + sufixo - INHAS)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Foi a rua, do Bairro Rio Vermelho, onde Jorge Amado

residiu por vários anos. Em 2014, a rua ganhou mais

movimento, pois a casa de número 33, ganhou mais

visitantes. Ali, foi inaugurado o Museu Casa de Jorge

Amado.

CONTEXTO

“[...] Jamison se mantém distante das galerias, dos

comentários, em sua casa da Rua Alagoinhas” (p. 236)

“O que sei, de um saber sem dúvidas, é da beleza que ele

concebe e realiza na tranquila casa da Rua Alagoinhas, onde

se escuta o riso de criança”. (p. 236)

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(66) RUA COSME DE FARIAS

TOPÔNIMO: Rua Cosme de

Farias

TAXIONOMIA: Antropotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: COSME - Do fr., do lat. Gosmas, ae do gr. Kosmas, deriv.

de Kosméo: ‘adornar, embelezar’. (MANSUR GUÉRIOS,

1981). FARIAS - Sobrenome de origem geográfica e

portuguesa. (BARATA; BUENO, s/a)

ENTRADA

LEXICAL

Rua Cosme de Farias

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

substantivo masculino singular +preposição + substantivo

masculino singular) [prenome + apelido de Família]

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Localizado próximo a Brotas, seu nome é uma homenagem

ao major Cosme de Farias (1875-1972) que por lá residiu. É

uma figura de importância na Bahia, era poeta, advogado dos

pobres, político atuante, foi vereador e fundou a Liga Baiana

contra o Analfabetismo. Há também o bairro Cosme de

Farias. Ver o bairro Cosme de Farias.

CONTEXTO “A Sociedade Beneficente São Lázaro, na Rua Cosme de

Faria, (fim de linha no Bonocó), local onde existia um velho

terreiro de negros africanos.” (p. 179-180)

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(67) RUA CABUÇU

TOPÔNIMO: Rua Cabuçu TAXIONOMIA: Zootopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA:

CABUÇU - Do tupi: ‘vespa’ (kaba) gramde (uçu),

(MANSUR GUÉRIOS, 1981). Para Houaiss (2001), Cabuçu

é design. Comum a algumas plantas do gêm. Coccoloba, da

fam. Das poligonáceas, nativas do Brasil. [...], ‘vespa

brasileira (Polybia ignobilis) de coloração negra, que

constrói o ninho em ocos de pau ou em cupinzeiro; cabuçu’

(HOUAISS, 2001).

ENTRADA

LEXICAL

Rua Cabuçu

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

substantivo masculino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Não foram encontradas informações sobre a razão de escolha

do nome dessa rua.

CONTEXTO

“A Ladeira dos Galés e a Avenida das Gardênias. O Alto do

Gato e a Rua do Gasômetro. A Rua das Mercês e a Quinta

das Beatas. A Avenida Crista de Ouro e a Ladeira do

Tabuão. A Lapinha e a Rua Areia da Cruz do Cosme. A Rua

da Boca da Mata e a Rua Cabuçu. Existe o Cais do Ouro e o

Porto da Lenha. A Cidade da Palha e a Rua da Quebrança”.

(p. 72)

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(68) RUA ALEGRIA DO PARAÍSO

TOPÔNIMO: Rua Alegria do

Paraíso

TAXIONOMIA: Animotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: ALEGRIA – Do it. allegro, que, por sua vez, veio do lat.

vulgar *alicer *alecris ‘animado’. PARAÍSO – Do lat.

paradisus, deriv. gr. paradeisos. ‘lugar de delícias, céu,

éden’. (CUNHA, 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Rua Alegria do Paraíso

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (Substantivo feminino singular +

substantivo feminino singular + contração + substantivo

masculino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Localizada entre os bairros de Nazaré e Barroquinha,

atualmente conhecida como Rua do Paraíso.

CONTEXTO

“Existe a Avenida dos Amores e das Sete Facadas. O Beco

do Sossego e a Rua Mata Maroto. A Baixa da Égua e a Fonte

dos Frades. O Bom Gosto do Canela e a Rua da Água do

Gasto. A Rua Alegria do Paraíso e a Travessa Chico

Diabo”. (p. 69)

(69) RUA ARACAJU

TOPÔNIMO: Rua Aracaju TAXIONOMIA: Corotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: n/e

ENTRADA LEXICAL Rua Aracaju

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

É uma rua que fica localizada no Bairro da Barra. Não há

informações sobre a razão de escolha do nome da rua.

Aracaju é a capital do estado de Sergipe - Brasil.

CONTEXTO “Na Rua Aracaju, 14, Jardim Brasil, Barra Avenida exerce o

ofício de barbeiro o poeta Antonio de Jesus Santana”. (p. 379)

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(70) RUA APOLINÁRIO SANTANA

TOPÔNIMO: Rua Apolinário

Santana

TAXIONOMIA: Antropotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: APOLINÁRIO - nome baseado no lat. Apolinaris, v.

Apolonîo. (MANSUR GUÉRIOS, 1981). SANT’ ANA -

sobr. port. de origem religiosa: Sant’Ana, mãe de Maria

Santíssima (ce. 26-7). Outras f.: Santana, Santanna.

(MANSUR GUÉRIOS, 1981)

ENTRADA

LEXICAL

Rua Apolinário Santana

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

substantivo masculino singular + substantivo feminino

singular) [prenome + apelido de Família]

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

A rua faz homenagem a Apolinário Santana, mais conhecido

como Popó (nascido em Salvador, 9 de fevereiro de 1902 e

faleceu em 17 de fevereiro de 1955) foi um futebolista

brasileiro.

Atuou em onze clubes de Salvador, dentre eles, pode-se

destacar o Botafogo-BA, Ypiranga e Bahiano de Tênis. Foi o

maior craque do esporte baiano nas décadas de 1920 e 1930.

Atualmente é uma rua do bairro da Federação.

CONTEXTO

“Vila Flaviana, na Rua Apolinário Santana, 134, no

Engenho Velho da Federação da falecida mãe-de-santo

Flaviana Maria da Conceição Bianchi”. (p.180)

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(71) RUA AREIA DA CRUZ DO COSME

TOPÔNIMO: Rua Areia da

Cruz do Cosme

TAXIONOMIA: Litotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA:

AREIA – Do lat. arena, ‘conjunto de partículas finas, de

rochas em decomposição, que se encontram nos rios, no mar

e nos desertos’. CRUZ – Do lat. crux crucis, ‘antigo

instrumento de suplício, constituído por dois madeiros, um

atravessado no outro, em que se amarravam ou pregavam os

condenados à morte’. (CUNHA, 2007). COSME – Do fr.,

que veio do lat. Gosma- ae, do greg. Kosmas, deriv. de

Kosméo: ‘adornar, embelezar’. (MANSUR GUÉRIOS)

ENTRADA

LEXICAL

Rua Areia da Cruz do Cosme

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

substantivo feminino singular + contração + substantivo

masculino singular + contração + Prenome)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Areia da Cruz do Cosme era o nome antigo do bairro do

IAPI - Instituto de Aposentadorias e Pensões dos

Industriários, em 1951, suas iniciais formaram a sigla que

deu nome ao bairro, home conhecido como IAPI. (SANTOS,

2010)

CONTEXTO “A Ladeira dos Galés e a Avenida das Gardênias. O Alto do

Gato e a Rua do Gasômetro. A Rua das Mercês e a Quinta

das Beatas. A Avenida Crista de Ouro e a Ladeira do

Tabuão. A Lapinha e a Rua Areia da Cruz do Cosme. A

Rua da Boca da Mata e a Rua Cabuçu. Existe o Cais do Ouro

e o Porto da Lenha. A Cidade da Palha e a Rua da

Quebrança”. (p. 72)

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(72) RUA ARY BARROSO

TOPÔNIMO: Rua Ary

Barroso

TAXIONOMIA: Historiotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: ARY - Do port. arc. Ruy, Roy, hip. de Rodrigo. (MANSUR

GUÉRIOS, 1981). BARROSO - sobrenome de origem

geográfica. (BARATA; BUENO, s/a) MANSUR GUÉRIOS

(1981) diz que “BARROSO, sobr. Port.: 1º top. ‘lugar onde

há muito barro’; 2º ‘que tem barros, ou espinhas no rosto’.

ENTRADA

LEXICAL

Rua Ary Barroso

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

substantivo masculino + substantivo masculino singular)

[prenome + apelido de Família]

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O nome da rua faz homenagem ao compositor brasileiro,

chamado Ary Barroso, conhecido como autor de “Aquarela

do Brasil”. É uma rua do bairro Chame-chame.

CONTEXTO “Preferia cuidar do marido, o artista Mirabeau Sampaio, e

dos filhos, Artur e Maria, na casa da Rua Ary Barroso, onde

está uma das mais belas coleções de imaginária da cidade e

que é um templo da amizade”. (p. 229)

“Um doqueiro d apelido Caminhão, beneficiário da devotada

bondade de Norma, quando passava bêbado pela Rua Ary

Barroso, costumava proclamar que ali habitava um dos

‘raros homens da Bahia, um homem retado, Dona Norma”.

(p. 229)

“A Escola de Pôquer Quatro Ases e Um Curinga funciona na

Rua Ary Barroso, sob a direção do professor Dr. Yves

Palarmo da Silva [...]”. (p.356)

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(73) RUA AUGUSTO GUIMARÃES

TOPÔNIMO: Rua Augusto

Guimarães

TAXIONOMIA: Antropotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: AUGUSTO – Do lat. medieval Augustus: ‘o maior, o

máximo do (império). Deriv. de augustus: ‘consagrado,

sagrado, santo, sublime, venerado’. GUIMARÃES - sobr.

port. top. de origem germ. (MANSUR, GUÉRIOS, 1981)

ENTRADA

LEXICAL

Rua Augusto Guimarães

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

substantivo masculino singular + substantivo masculino

singular) [prenome + apelido de Família]

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

A rua é uma homenagem a Luiz Augusto Rosa Guimarães,

atleta amador no tempo da adolescência, foi bancário,

engenheiro civil, teve participação na formação do Pólo

Petroquímico da Bahia, na cidade de Camaçari. Em 17 de

maio de 2002 faleceu repentinamente, em Salvador,

fulminado por um enfarte, aos 57 anos. Através da Lei 6.483,

sancionada pelo prefeito de Salvador Antônio Imbassahy, em

30 de janeiro de 2004, o logradouro nº 11.420, no Conjunto

Habitacional Fazenda Grande II, no bairro de Cajazeiras,

passou a se chamar Rua Luiz Guimarães.

CONTEXTO

“A Igreja da Soledade, na Rua Augusto Guimarães, antiga

Ladeira da Soledade, pertence ao convento do mesmo nome,

das ursulinas”. (p. 117)

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(74) RUA CAIO MOURA

TOPÔNIMO: Rua Caio

Moura

TAXIONOMIA: Antropotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: CAIO - Do lat. Caius, prov. De caia; ‘bordão, cajado’.

MOURA - sobr. port. top., deriv. De mouro. (MANSUR

GUÉRIOS, 1981)

ENTRADA

LEXICAL

Rua Caio Moura

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

substantivo masculino singular + substantivo masculino

singular) [prenome + apelido de Família]

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

A rua recebeu esse nome possivelmente em homenagem ao

político, médico e professor Caio Otávio Ferreira Moura.

Exerceu mandato eletivo como Conselheiro municipal

(1924-1927); deputado estadual (1927-1928); senador

estadual (1929-1930). Ainda realizou as atividades

Parlamentares de Presidente da Câmara Municipal. Na

Câmara Estadual dos Deputados, presidente (1927-1928); 3º

vice-presidente do Senado Estadual (1929-1930). Localiza-se

no bairro Santo Antonio.

(Disponível em: <

http://www.al.ba.gov.br/deputados/Deputados-

Interna.php?id=587>. Acesso em: 09 jan. 2015)

CONTEXTO

“Na esquina da Rua Caio Moura, antiga Rua dos Carvões,

com o Beco do Padre Bento, hoje José Bahia, podem-se ver

ainda duas pedras das quais pedem pequenas argolas”. (p.

87)

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(75) RUA CARLOS GOMES

TOPÔNIMO: Rua Carlos

Gomes

TAXIONOMIA: Antropotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: CARLOS- Do mon. lat. Cárolus, por sua vez do a. Kharol:

‘homem’. GOMES - Sobr. port. em vez de Gómez patron.

De Gomo? Port. arc. Gomez; lat. bárbaro da Esp.: Gomizi e

Gomiz (séc. IX). (MONSUR GUÉRIOS, 1981)

ENTRADA

LEXICAL

Rua Carlos Gomes

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

substantivo masculino singular + substantivo masculino

singular) [prenome + apelido de Família]

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Já foi chamada de Rua de Baixo, está localizada paralela à

Avenida Sete de Setembro no trecho que vai de São Bento

dos Aflitos. O nome da rua é uma homenagem ao compositor

brasileiro Antônio Carlos Gomes.

CONTEXTO

“Esse baiano tem algo de grego, de cigano, de levantino, de

paulista, mas suas raízes estão fincadas na Rua Carlos

Gomes, seu padroeiro se chamou Manuel Quirino, metre de

arte de do viver baiano”. (p. 338)

“Existem outros na Rua do Fogo, na Rua Carlos Gomes, no

quintal da antiga Casa de Oração dos padres jesuítas.”

(p.400)

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(76) RUA BOLIVAR DAS FLORES

TOPÔNIMO: Rua Bolívar

das Flores

TAXIONOMIA: Historiotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: BOLIVAR - sobr. esp. top., do basco: ‘riacho (ibarr) de

moinho (bol.)’ (MANSUR GUÉRIOS, 1981). FLORES –

pl. de flor. Do lat. flos –oris, ‘órgão de reprodução das

plantas fanerogâmicas’. (CUNHA, 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Rua Bolivar das Flores

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

substantivo masculino singular [apelido de família] +

contração + substantivo masculino feminino plural)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Segundo Barata e Bueno (s/a), em Dicionário das Famílias

Brasileiras, Bolivar – família estabelecida na Bahia, a qual

pertencem: I – Dr. Manuel Bernardino Bolivar, Deputado à

Assembleia Provincial, em 1881. Residente em Salvador; II

– Manuel Pedro Pitanga Bolivar, comerciante, estabelecido,

em 1881, com armazém, no Município de Maragogipe,

Bahia. (BARATA; BUENO, s/a)

Não foi encontrada nenhuma informação sobre essa rua.

Acredita-se que a rua citada por Jorge Amado seja a Rua

Simon Bolivar, em homenagem à Simón Bolivar, militar e

político venezuelano. A Rua Simon Bolivar fica entre o

bairro de Armação e Boca do Rio. A expressão “das flores”

foi um acréscimo brasileiro, mais especificamente, baiano

CONTEXTO Bolívar é o nome de uma rua. Mas não ficou só em Bolívar

e puseram um sobrenome ao herói americano. Virou Bolívar

das Flores e assim permanece até hoje. (p. 72)

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(77) RUA DA MISERICÓRDIA

TOPÔNIMO: Rua da

Misericórdia

TAXIONOMIA: Hierotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: MISERICÓRDIA - Do lat. misericodia, de misericors-dis,

de miser + cor –dis ‘coração’. (CUNHA, 2007).

ENTRADA

LEXICAL

Misericórdia

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

contração + substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O batismo dessa rua se deve desde os primeiros tempos da

formação da cidade de Salvador com a presença da Igreja e

da Santa Casa da Misericórdia. Localizada no Centro

Histórico, é uma das ruas mais antiga de Salvador. Liga a

Praça da Sé à Praça Thomé de Souza. A Santa Casa da

Misericórdia abriga uma igreja e um museu, onde há obras

importantíssimas compondo o acervo histórico.

CONTEXTO “A Rua da Misericórdia desemboca no Largo da Sé”. (p.

102)

“Isso tudo do lado esquerdo de quem vem da Rua da

Misericórdia”. (p. 102)

“Na fachada do prédio, na Rua da Misericórdia, vê-se um

nicho onde s venera um santo”. (p.393)

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(78) RUA DA AGONIA

TOPÔNIMO: Rua da Agonia TAXIONOMIA: Animotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: AGONIA - Do lat. agonia, deriv. do gr. agonia, ‘angustia,

sofrimento, ansiedade’. (CUNHA, 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Rua da Agonia

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

contração + substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Assim chamada por conta do desaparecimento do oratório

sob a invocação de Senhor Bom Jesus da Agonia. O oratório

se localizava em uma das equinas do beco que recebia o

mesmo nome, que ligava a Poeira ao Jenipapo, em Nazaré.

CONTEXTO “Escreverei dez nomes e cada qual é mais sugestivo e mais

saboroso: Rua da Agonia, Ladeira da Água Brusca, Rua do

Chega Negro, Rua da Forca, Travessa da Legalidade, Jogo

do Lourenço, Largo das Sete Portas, Travessa do Bêngala,

Rua dos Marchantes, Rua Buguri...”. (p. 69)

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(79) RUA CHILE

TOPÔNIMO: Rua Chile TAXIONOMIA: Corotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: n/e

ENTRADA

LEXICAL

Rua Chile

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

substantivo masculino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

É uma das ruas mais antigas do Centro Histórico da Cidade

Alta, que foi projetado pelo arquiteto Luís Dias, que

acompanhou Tomé de Souza, recebeu o nome de Rua Direita

dos Mercadores e ligava a Porta Norte à Porta Sul da Cidade.

Já foi chamada de Rua da Direita das Portas de São Pedro e

Rua Direita do Palácio. Recebeu o nome atual em 16 de

julho de 1902, em homenagem aos oficiais da esquadrilha

chilena que nessa época visitara a Bahia.

Muitas vezes citada por Jorge Amado, desfrutou na década

de 1940 a 1960 grande prestígio, pois era considerada a rua

mais elegante da cidade, pois possuía lojas chiques que a

sociedade grã-fina ou não saia a desfilar para todos da

cidade.

CONTEXTO

“A Rua Chile é pequena. Vai da Praça Municipal ao Largo

do Teatro, enladeirada”. (p. 77)

“Há que não possa deixar de ir à Rua Chile todos os dias”.

(p..77)

“[...]todos cruzam a Rua Chile, coração da cidade”. (p. 78)

“Deve ir à Rua Chile às cinco horas da tarde e com certeza

encontrará a pessoa que procura”. (p.78)

“Na Rua Chile, estendendo-se para São Pedro, ficam as

lojas grã-finos, as grandes casas de moda, luxuosas e caras”.

(p. 85)

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(80) RUA DA ÁGUA DO GASTO

TOPÔNIMO: Rua da Água do

Gasto

TAXIONOMIA: Hidrotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: ÁGUA- do lat. aqua ‘líguido incolor, inodolor e insipido,

essencial a vida’. GASTO – Do verbo gastar. Do lat.

vastare, com influência do germ. wôstjan ou wostan.

‘consumir.’ (CUNHA, 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Rua da Água do Gasto

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (Substantivo feminino singular +

contração + substantivo feminino singular + contração +

substantivo masculino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Quando acontece a ocupação de um lugar, é indispensável

que fiquem próximos de nascentes ou outras minas naturais

que garantam a sobrevivência do acampamento daqueles que

serão os pioneiros na ocupação. No período de colonização

da cidade de Salvador não foi diferente e muitas dessas

referências às fontes naturais estão vivas nos nomes de

topônimos, como é o caso de Rua da Água do Gasto. Os

primeiros habitantes da região, buscando evitar

contaminações e doenças causadas pela água de má

qualidade para o consumo humano. Por essa razão, havia

água que servia apenas “para o gasto”.

CONTEXTO

“Existe a Avenida dos Amores e das Sete Facadas. O Beco

do Sossego e a Rua Mata Maroto. A Baixa da Égua e a Fonte

dos Frades. O Bom Gosto do Canela e a Rua da Água do

Gasto. A Rua Alegria do Paraíso e a Travessa Chico Diabo”.

(p. 69)

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(81) RUA DA AMOREIRA

TOPÔNIMO: Rua da Amoreira TAXIONOMIA: Fitotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: AMOREIRA - Do lat. vulgar. mora (class. Morum –i, deriv.

do gr. Moron), ‘Árvore da família das moráceas’. (CUNHA,

2007)

ENTRADA

LEXICAL

Rua da Amoreira

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

contração + substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

É uma rua situada no Bairro de Itapuã. Não há informações

sobre a razão de escolha do nome da rua, no entanto, o nome

deixa claro a sua motivação.

CONTEXTO

“[...] Morador na Rua da Amoreira, a quem é subscrito este

envelope”. Levado em mãos por Aurélio Sodré, motorista

competente. (p. 250)

“Dois belos monumentos, um nas proximidades da Rua da

Amoreira, em Itapuã, onde vivem o artista e sua senhora e

musa, [...]”. (p. 251)

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(82) RUA DA ASSEMBLEIA

TOPÔNIMO: Rua da

Assembleia

TAXIONOMIA: Sociotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA:

ASSEMBLÉIA - Do fr. assemblée, part. pass. de assembler,

deriv. do lat. *assimulare. No port. med. ocorre assembrar,

no séc. XIII, na acepação de ‘reunir’, deriv, também do

latim. *assimulare ‘reunir’. (CUNHA, 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Rua da Assembleia

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

contração + substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Antes chamada de Rua do Tira Chapéu9 e, posteriormente,

chamada de Rua Juliano Moreira. Fica quase em frente à

Ladeira do Pau da Bandeira10

. Não há informações sobre a

razão de escolha do nome da rua, no entanto, o nome deixa

claro a sua motivação. Fica localizada no Centro Histórico de

Salvador, hoje conhecida por Rua São Francisco, na Praça da

Sé, local em que tem a igreja de mesmo nome.

CONTEXTO “A ‘Casa dos Sete Candeeiros’, na Rua da Assembleia, com

seus azulejos portugueses admiráveis”. (p.393)

9 A Rua do Tira Chapéu possui a motivação do hábito que os homens tinham em retirar os chapéus, em

respeito da casa da sede do governo. 10

Ladeira do Pau da Bandeira fica situada no antigo sítio político da colônia. Recebeu esse nome, pois ali

ficava um mastro onde se hasteavam bandeiras para orientar os navegantes em sua ida e vinda, traduzindo o

pertencimento da terra.

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(83) RUA DA BOCA DA MATA

TOPÔNIMO: Rua da Boca da

Mata

TAXIONOMIA: Cardinotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: BOCA – Do lat. bucam. ‘cavidade na parte inferior da face

pela qual os homens e outros animais ingerem alimentos, e

ligada com os órgãos da fonação e da respiração’. MATA –

Talvez do lat. tardio matta ‘esteira de junco’, ‘terreno onde

nascem arvores silvestres’ ‘bosque, selva’. (CUNHA, 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Rua da Boca da Mata

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular + +

contração + substantivo feminino singular + contração +

substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

A Rua Boca da Mata e está localizada no bairro de Boca da

Mata de Valéria na cidade de Salvador.

CONTEXTO

“A Ladeira dos Galés e a Avenida das Gardênias. O Alto do

Gato e a Rua do Gasômetro. A Rua das Mercês e a Quinta

das Beatas. A Avenida Crista de Ouro e a Ladeira do

Tabuão. A Lapinha e a Rua Areia da Cruz do Cosme. A Rua

da Boca da Mata e a Rua Cabuçu. Existe o Cais do Ouro e o

Porto da Lenha. A Cidade da Palha e a Rua da Quebrança”.

(p. 72)

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(84) RUA DO CABEÇA

TOPÔNIMO: Rua do Cabeça TAXIONOMIA: Somatotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: CABEÇA - Do lat. vulg capitia (class. caput) ‘a parte

superior do corpo dos animais bípedes e a anterior dos outros

animais, onde se situam os olhos, o nariz, a boca, os ouvidos

e importantes centros nervosos’ (CUNHA, 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Rua do Cabeça

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

contração + substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

É uma transversal da Rua Carlos Gomes, ligando-a ao Largo

Dois de Julho. A origem do nome vem do século XVIII,

quando existiam currais nas imediações, e se matava o gado

nas proximidades do Mosteiro de São Bento. Segundo Alves,

(2008), nesse local era costumeiro vender as vísceras e as

cabeças dos animais em tabuleiros, sendo que as cabeças de

bois expostas ficavam espetadas em varas, por isso tem essa

denominação. Apesar de apresentar o elemento modificador

“do” acompanhando o elemento específico “cabeça”, não

apresenta a conotação de chefe, líder, como normalmente é

associado.

CONTEXTO

“É uma beleza que escorre como óleo do casario e das pedras

negras de certas ruas, os nomes como poemas: Rua dos

Quinze Mistérios, Ladeira do Tabuão, Rua do Cabeça [...]”

(p.63)

“Como não imaginar uma história dramática com muito

sangue e punhais erguidos, com diálogos ao jeito de Perez

Escrich, ao pronunciar o nome Rua do Cabeça?” (p. 69)

“Ah! Quanta coisa pode ser, quanta história não pode

encerrar esta Rua do Cabeça, da cabeça sem corpo, solta,

sozinha, sem nenhuma explicação”. (p. 69)

“Ficava no Cabeça a oficina do santeiro Alfredo Simões,

figura ótima, personagem de vários dos meus romances, a

simpatia em pessoa” (p. 362)

“Vitorina, filha de Omolu e de Tempo, a negra Vitu, frita o

mais gostoso acarajé da Bahia e vende na esquina do

Cabeça: [...]” (p.405)

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(85) RUA DA FORCA

TOPÔNIMO: Rua da Forca TAXIONOMIA: Historiotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: FORCA - Do lat. furca. ‘Instrumento para suplício da

estrangulação’ XIII. Do lat. furca.’ (CUNHA, 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Rua da Forca

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

contração + substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Rua transversal à Rua Carlos Gomes, situada nas imediações

do Largo Dois de Julho, assim denominada porque por aí

passavam os presos condenados à forca e que seriam

executados na Praça da Piedade. Essa prática de execução de

presos condenados durou até o século XIX.

CONTEXTO “Escreverei dez nomes e cada qual é mais sugestivo e mais

saboroso: Rua da Agonia, Ladeira da Água Brusca, Rua do

Chega Negro, Rua da Forca, Travessa da Legalidade, Jogo

do Lourenço, Largo das Sete Portas, Travessa do Bêngala,

Rua dos Marchantes, Rua Buguri...”. (p. 69)

“Antigamente, José Pedreira na Rua da Forca e cuidava-lhe

da casa e do bem-estar a mais doce velhinha que imaginar se

passa, D. Zezé, minha recordada amiga”. (p. 380)

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(86) RUA DA QUEBRANÇA

TOPÔNIMO: Rua da

Quebrança

TAXIONOMIA: Geomorfotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: QUEBRANÇA – Vem do verbo quebrar. Do lat. crepare.

‘reduzir a pedaços, fragmentar, despedaçar’ (CUNHA 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Rua da Quebrança

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

contração + substantivo feminino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Na História da Cidade do Salvador, encontra-se registrado

que fazendo fronteira ao Largo da Mariquita, pela parte do

mar, havia um recife que veio a dar origem ao nome, pois

“por causa dos vagalhões que se ‘quebravam’ em sua roda”.

Há também o Beco da Quebrança, ambos situados no Rio

Vermelho.

CONTEXTO “A Ladeira dos Galés e a Avenida das Gardênias. O Alto do

Gato e a Rua do Gasômetro. A Rua das Mercês e a Quinta

das Beatas. A Avenida Crista de Ouro e a Ladeira do

Tabuão. A Lapinha e a Rua Areia da Cruz do Cosme. A Rua

da Boca da Mata e a Rua Cabuçu. Existe o Cais do Ouro e o

Porto da Lenha. A Cidade da Palha e a Rua da Quebrança”.

(p. 72)

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(87) RUA DAS MERCÊS

TOPÔNIMO: Rua das Mercês TAXIONOMIA: Hierotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: MERCÊS, (das) - Sobr. port. de origem religiosa.

(MANSUR GUÉRIOS, 1981)

ENTRADA

LEXICAL

Ruas das Mercês

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

contração + substantivo feminino plural)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

A história do nome desse lugar, que faz parte da Avenida

Sete de Setembro, lembra o início dos tempos coloniais. Em

1735, a herdeiro do Coronel Pedro Barbosa Leal, chamada

Úrsula Luiza de Monserrate, solicitou à coroa portuguesa a

instalação de um convento de freiras. Mas, somente em

1744, que o convento dedicado a Nossa Senhora das Mercês

foi inaugurado em Salvador. É uma rua histórica. Seus

primeiros registros datam da fundação da Cidade, quando

fazia parte do caminho de ligação com a antiga vila de

Pereira Coutinho, na Barra.

CONTEXTO

“A Ladeira dos Galés e a Avenida das Gardênias. O Alto do

Gato e a Rua do Gasômetro. A Rua das Mercês e a Quinta

das Beatas. A Avenida Crista de Ouro e a Ladeira do

Tabuão. A Lapinha e a Rua Areia da Cruz do Cosme. A Rua

da Boca da Mata e a Rua Cabuçu. Existe o Cais do Ouro e o

Porto da Lenha. A Cidade da Palha e a Rua da Quebrança”.

(p. 72)

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(88) RUA DO JOGO DO LOURENÇO

TOPÔNIMO: Rua do Jogo do

Lourenço

TAXIONOMIA: Sociotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA:

JOGO – Do lat. jocus, ‘brinquedo, folguedo, divertimento,

passatempo sujeito a regras’ ‘ série de coisas que formam um

todo ou coleção’. (CUNHA, 2007). LOURENÇO - Do lat.

Laurentius: natural de Larento’, cidade do Lácio que, por

sua vez, se prende a laurus. Ou, seg. Vírgílio, Eneida, VII,

59: ‘a celebridade de um só louro’, ‘o adornado com louro’.

(MANSUR GUÉRIOS, 1981)

ENTRADA

LEXICAL

Rua do Jogo do Lourenço

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

contração + substantivo masculino singular + contração +

substantivo masculino singular [prenome])

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Segundo Dorea (2006), essa rua “começa na parte final _

início da ladeira _ do Jenipapo e sai no Largo da Saúde.

Nesta rua ainda podem ser vistos casarões do século XIX,

sendo que, um deles, tem bela fachada de azulejos.”

(DOREA, 206, p. 579)

CONTEXTO

“Escreverei dez nomes e cada qual é mais sugestivo e mais

saboroso: Rua da Agonia, Ladeira da Água Brusca, Rua do

Chega Negro, Rua da Forca, Travessa da Legalidade, Jogo

do Lourenço, Largo das Sete Portas, Travessa do Bêngala,

Rua dos Marchantes, Rua Buguri...”. (p. 69)

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(89) RUA DOS AFLITOS

TOPÔNIMO: Rua dos Aflitos TAXIONOMIA: Hierotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: AFLITOS – Do lat. afflictus, ‘atormentado, mortificado’.

(CUNHA, 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Ruas dos Aflitos

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (Substantivo feminino singular +

contração + substantivo masculino plural)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O nome é proveniente da existência menção a Igreja de

Nossa Senhora dos Aflitos, erguida em 1824. Há também o

Largo dos Aflitos.

CONTEXTO

“No Largo dos Aflitos, para o qual confluiu a Rua dos

Aflitos, há um ponto que domina o mar e de onde se

descortina parte da cidade. Chama-se Mirante dos Aflitos”.

(p. 69)

(90) RUA DO CHEGA NEGRO

TOPÔNIMO: Rua do Chega

Negro

TAXIONOMIA: Historiotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: CHEGA - Do v. chegar. Do lat. plicare ‘atingir (com dupla

noção de tempo e de espaço). NEGRO – Do lat. niger,

nigra, nigrum, ‘preto, lúgrume’. (CUNHA, 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Rua do Chega Negro

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (Substantivo feminino singular + verbo

+ substantivo masculino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Assim chamada, pois era o lugar que os negros

desembarcavam quando vinham ilegalmente da África após a

abolição da escravatura. Hoje essa área é onde fica o Jardim

dos Namorados, na Orla de Salvador, no bairro da Pituba.

CONTEXTO

“Escreverei dez nomes e cada qual é mais sugestivo e mais

saboroso: Rua da Agonia, Ladeira da Água Brusca, Rua do

Chega Negro, Rua da Forca, Travessa da Legalidade, Jogo

do Lourenço, Largo das Sete Portas, Travessa do Bêngala,

Rua dos Marchantes, Rua Buguri...”. (p. 69)

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(91) RUA DO FOGO

TOPÔNIMO: Rua do Fogo TAXIONOMIA: Meteorotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: Do lat. focus, ‘desenvolvimento simultâneo de calor e luz

produzido pela combustão de certos corpos’ ‘lume, incêndio’

(CUNHA, 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Rua do Fogo

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (Substantivo feminino singular +

contração + substantivo masculino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

A Rua do Fogo e a Rua da Faísca foram unidas sob a

denominação de Rua Senador Costa Pinto. A referência é

feita, pois nos tempos da Colônia os locais guardavam as

munições e armamentos. Em um episódio de incêndio

provocado pela queda de um raio, toda a guarnição pegou

fogo provocando grande pânico na cidade – depois do

episódio, o local de guarda para os armamentos e munições

foram remanejados para o chamado Campo da Pólvora.

CONTEXTO

“Existem outros na Rua do Fogo, na Rua Carlos Gomes, no

quintal da antiga Casa de Oração dos padres jesuítas.” (p.400)

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(92) RUA DO CARMO

TOPÔNIMO: Rua do Carmo TAXIONOMIA: Hierotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: CARMO, (do) - Sobr. port. de origem religiosa (MANSUR

GUÉRIOS, 1981)

ENTRADA

LEXICAL

Rua do Carmo

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (Substantivo feminino singular +

contração + substantivo masculino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

No princípio da história da Bahia, os jesuítas tiveram sua

primeira aldeia de catequese no Monte Calvário, aí tendo

construído igreja e casa, onde os carmeleitas fundaram um

convento, depois de 1580, com a expulsão dos jesuítas. Esse

local foi chamado de Carmo. Fica no Centro Histórico de

Salvador, próximo à Igreja Nossa Senhora do Carmo, a quem

o nome faz referência.

CONTEXTO

“A Igreja do Carmo, ligada ao convento das carmelitas foi

fundada em 1585. Fica na Rua do Carmo”. (p. 117)

“[...] descem pelo Pelourinho, sobem pelo Paço e pelo

Carmo, desembocam em Santo Antonio, junto à Cruz do

Pascoal, ou nas imediações da cidade baixa ao lado do velho

Elevador do Tabuão, até o Beco da Carne-Seca”.(p. 73)

“O préstito faz o percurso histórico do Exército Libertador.

Lapinha, Soledade, São José, Perdões, Rua dos Quinze

Mistérios, Conceição do Boqueirão, Cruz do Pascoal, Rua

do Carmo, Pelourinho, Portas do Carmo, Terreiro, chegando

por fim ao Largo da Sé onde o Caboclo e a Cabocla”. (p.

148)

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(93) RUA DOS CARVÕES

TOPÔNIMO: Rua dos Carvões TAXIONOMIA: Sociotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: CARVÕES – Pl. de carvão. Do lat. carbo – onis, ‘substância

combustível, sólida, negra, resultante da combustão

incompleta de materiais orgânicos’.

ENTRADA

LEXICAL

Rua dos Carvões

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (Substantivo feminino singular +

contração + substantivo masculino plural)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Atualmente também é chamada de Rua Caio Moura. Sobre

informações da Rua dos Carvões não foram encontrados

mais detalhes. Dorea (2006) traz informações sobre a Rua

dos Carvoeiros, a qual seria um prolongamento da Rua do

Tira Chapéu e que o batismo seria por conta da atividade

profissional dos que trabalhavam com carvões. Localizada

no bairro de Santo Antonio Além do Carmo

CONTEXTO

“Na esquina da Rua Caio Moura, antiga Rua dos Carvões,

com o Beco do Padre Bento, hoje José Bahia, podem-se ver

ainda duas pedras das quais pedem pequenas argolas”. (p. 87)

(94) RUA DO GASÔMETRO

TOPÔNIMO: Rua do Gasômetro TAXIONOMIA: Ergotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: GASÔMETRO - Gás + -o - + metro por influxo do fr.

Gazomètre (1834); f. hist. 1858 gazómetro. ‘parelho

destinado a medir a quantidade de gás presente em uma

mistura, fábrica de gás’. (HOUAISS, 2001)

ENTRADA

LEXICAL

Rua do Gasômetro

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (Substantivo feminino singular +

contração + substantivo masculino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

A Rua do Gasômetro fica localizada no bairro da Calçada,

na Cidade Alta.

CONTEXTO

“A Ladeira dos Galés e a Avenida das Gardênias. O Alto do

Gato e a Rua do Gasômetro. A Rua das Mercês e a Quinta

das Beatas. A Avenida Crista de Ouro e a Ladeira do

Tabuão. A Lapinha e a Rua Areia da Cruz do Cosme. A Rua

da Boca da Mata e a Rua Cabuçu. Existe o Cais do Ouro e o

Porto da Lenha. A Cidade da Palha e a Rua da Quebrança”.

Page 156: A TOPONÍMIA COMO ELEMENTO IDENTITÁRIO EM BAHIA DE …€¦ · Salvador - a Terra de Todos os Santos, na busca de descrever as peculiaridades que formam as identidades do povo baiano

156

(p. 72)

(95) RUA DO LICEU

TOPÔNIMO: Rua do Liceu TAXIONOMIA: Sociotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: LICEU – Adap. do fr. lycée, deriv. do lat. lyceum e, este, do

gr. lykeion e era o ‘ginásio onde Aristóletes lecionava’.

‘estabelecimento de ensino secundário’. (CUNHA, 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Rua do Liceu

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (Substantivo feminino singular +

contração + substantivo masculino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Localizada no Centro Histórico de Salvador, seu nome

surgiu da presença do Liceu de Artes e Ofícios, criado no

século XIX. Era uma espécie de escola profissionalizante.

CONTEXTO

“Afinal porque a Circular não fazia seus bondes trafegar pela

Rua do Liceu escoadouro natural do trânsito naquele

então?” (p. 103)

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157

(96) RUA DOS MARCHANTES

TOPÔNIMO: Rua dos

Marchantes

TAXIONOMIA: Sociotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: MARCHANTES – Do fr. marchand ‘comerciante’, deriv.

do lat. vulgar *mercatans –antis. ‘mercador, comerciante de

gado para o açougue’. (CUNHA, 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Rua dos Marchantes

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

contração + substantivo masculino plural)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

A Rua dos Marchantes recebeu esse nome, pois era a rua

onde moravam os principais negociantes de gado e onde se

alojavam os que hoje traziam gado para o matadouro

público. Ainda hoje seus prolongamentos são as Ruas dos

Adobes e dos Ossos, no Bairro de Santo Antônio. (DOREA,

2006, p. 597)

CONTEXTO “Escreverei dez nomes e cada qual é mais sugestivo e mais

saboroso: Rua da Agonia, Ladeira da Água Brusca, Rua do

Chega Negro, Rua da Forca, Travessa da Legalidade, Jogo

do Lourenço, Largo das Sete Portas, Travessa do Bêngala,

Rua dos Marchantes, Rua Buguri...”. (p. 69)

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158

(97) RUA DOS QUINZE MISTÉRIOS

TOPÔNIMO: Rua dos Quinze

Mistérios

TAXIONOMIA: Númerotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: QUINZE - Do lat. quidecim, ‘décimo quinto’. MISTÉRIOS

– Do lat. mysterium, deriv. do gr. mystetiom, de myein. ‘

culto secreto no politeísmo’ ‘objeto de fé religiosa e que é

impenetrável à razão humana’ ‘secreto, enigma, reserva’ [...]

(CUNHA, 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Rua dos Quinze Mistérios

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

contração + numeral + substantivo masculino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Com fundação em 1811, foi fundada a confraria de N. S. do

Rosário dos Quinze Mistérios dos Homens Pretos, que

funcionou na Matriz de Santo Antônio Além do Carmo até a

construção dessa capela. Em 1852, fundou-se irmandade de

N. S. da Soledade, com sede na capela.

A rua recebeu esse nome para fazer referência os quinze

“mistérios” que são rezados no rosário e à igreja fundada

outrora.

CONTEXTO

“É uma beleza que escorre como óleo do casario e das pedras

negras de certas ruas, os nomes como poemas: Rua dos

Quinze Mistérios, Ladeira do Tabuão, Rua da Cabeça [...]”

(p.63)

“Há uma rua que se chama dos Quinze Mistérios... (p. 68)

“As ladeiras vêm do Terreiro ou de Nazaré, do Barbalho ou

da Ruas dos Quinze Mistérios, cidade baixa”. (p. 85)

“O préstito faz o percurso histórico do Exército Libertador.

Lapinha, Soledade, São José, Perdões, Rua dos Quinze

Mistérios, Conceição do Boqueirão, Cruz do Pascoal, Rua

do Carmo, Pelourinho, Portas do Carmo, Terreiro, chegando

por fim ao Largo da Sé onde o Caboclo e a bocla”. (p. 148)

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159

(98) RUA FRANCO VALASCO

TOPÔNIMO: Rua Franco

Valasco

TAXIONOMIA: Antropotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: FRANCO - sobr. port. top.: do germ. Frank, n. do povo

germânico os Francos, i é: ‘o povo que usa de francho,

‘vernáculo, lança’. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)

VALASCO – sobr. de origem portuguesa.

ENTRADA

LEXICAL

Rua Franco Valasco

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

substantivo masculino singular + substantivo masculino

singular) [Prenome + Apelido de família]

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

A rua é uma homenagem ao pintor baiano e professor de

Artes plásticas Antônio Joaquin Franco Valasco. Foi o autor

de inúmeros retratos decorativos e pinturas das igrejas de

Salvador.

No século XIX, início da década de 1810, realizou pinturas

trabalhos para a Matriz de Santana e por volta de 1813

produz pinturas para o teto da nave. Em 1818 e 1820, faz a

pintura do forro e de sete painéis retratando os passos da

Paixão de Cristo para os altares da Igreja do Senhor do

Bonfim.

( Disponível em:

<http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa23184/franco-

velasco>. Acesso em: 09 jan. 2015.)

CONTEXTO “Waldemar recebe um caboclo que dá consultas no centro da

cidade (Rua Franco Valasco, 21”. (p. 182)

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160

(99) RUA JOSÉ JOAQUIM SEABRA

TOPÔNIMO: Rua José

Joaquim Seabra

TAXIONOMIA: Antropotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA:

JOSÉ – Do hebr. Lasseph, lehussef, ‘Ele (Deus) dê aumento,

ou (Deus) aumente (com outros fihos)’. JOAQUIM - Do

hebr. SEABRA - Sobr. port. de origem esp. (MANSUR

GUÉRIOS, 1981).

ENTRADA

LEXICAL

Rua José Joaquim Seabra

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

substantivo masculino singular + substantivo masculino

singular + substantivo masculino singular) [Prenome +

prenome + apelido de Família]

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

A rua faz uma homenagem a José Joaquim Seabra foi um

político e jurista baiano que governou a Bahia por 12 anos.

Essa rua fica localizada no Centro Histórico da cidade,

separa os bairros de Saúde, Nazaré e Santo Antonio.

Também é conhecida como a Baixa dos Sapateiros, é uma

rua que traz o comércio popular intenso.

CONTEXTO

“O nome verdadeiro desta rua é José Joaquim Seabra, em

honra do político baiano que foi governador do estado, [...]”

(p. 84)

“Pois bem: ainda assim não há quem se refira à Rua José

Joaquim Seabra”. (p. 85)

“É verdade que já os operários se misturaram um pouco a

gente que faz suas compras na rua do Dr. Seabra”. (p. 85)

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(100) RUA LUIZ ANSELMO

TOPÔNIMO: Rua Luiz

Anselmo

TAXIONOMIA: Antropotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: LUIS - Do fr. Louis ou ant. esp. Lois, deriv. do germ.:

‘guerreiro (wig) celebre, famoso (lud)’. ANSELMO -

germ..: Asenheim; ‘posto sob a proteção dos deuses Asen’, ou

‘protegido pelos deuses’. Há quem o traduza: ‘capacete dos

deuses’. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)

ENTRADA

LEXICAL

Rua Luiz Anselmo

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

substantivo masculino singular + substantivo masculino

singular) [prenome + apelido de Família]

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O nome foi dado em homenagem a um médico e professor

Luiz Anselmo que lutava contra a escravidão no país.

Inicialmente, foi nome de uma rua no bairro de Matatu, com

o passar do tempo, acabou nomeando toda a redondeza e

hoje possui esse nome. Hoje é grafada com (S).

CONTEXTO

“Outro belo e puro terreiro gegê-nagô de Salvador é a

Sociedade São Gerônimo Ilê Maroialagê (Alaketu) na Rua

Luiz Anselmo, 65, no Matutu de Brotas”. (p. 179)

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(101) RUA MATA MAROTO

TOPÔNIMO: Rua Mata

Maroto

TAXIONOMIA: Dirrematotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: MATA – Do verbo matar. De origem desconhecida ‘tirar

violentamente a vida a’. MAROTO - De origem

desconhecida, ‘moço mal composto e descortez’, ‘malicioso,

brejeiro, lascivo’ (CUNHA, 2007)

ENTRADA

LEXICAL

Rua Mata Maroto

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (Verbo + adjetivo masculino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O topônimo faz referência a um acontecimento histórico dos

tempos regenciais pós-movimentos de Independência do

Brasil, ocorridos na Bahia, que resultou nas brigas de ruas

entre brasileiros e portugueses. Estes últimos eram chamados

de maroto ou marujo, por ter chegado pelo mar. Os conflitos

aconteceram nos anos de 1829 a 1831, sendo que no último

ano foi o mais grave e violento na cidade do Salvador e do

Recôncavo.

Os conflitos foram tão graves a ponto de brasileiros saírem

pelas ruas gritando: “Mata-Maroto!” e atingiu vários

portugueses e suas famílias. A Rua Mata Maroto fica no

bairro da Federação.

CONTEXTO

“Existe a Avenida dos Amores e das Sete Facadas. O Beco

do Sossego e a Rua Mata Maroto. A Baixa da Égua e a

Fonte dos Frades. O Bom Gosto do Canela e a Rua da Água

do Gasto. A Rua Alegria do Paraíso e a Travessa Chico

Diabo”. (p. 69)

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(102) RUA NORMA GUIMARÃES

TOPÔNIMO: Rua Norma

Guimarães

TAXIONOMIA: Antropotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: NORMA - Do lat. norma: ‘modelo, regra, preceito, lei’.

GUIMARÃES - Sobr. port. top. de origem germ. De

Wigmar: ‘cavalo (marah) de combate (wig)’ formou-se o n.

de homem, no port. arc. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)

ENTRADA

LEXICAL

Rua Norma Guimarães

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

substantivo masculino singular + substantivo masculino

singular) [prenome + apelido de Família]

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O nome da rua presta homenagem à Norma Guimarães,

esposa do médico e pintor Mirabeau Sampaio. Ela era

conhecida como uma nobre e caridosa mulher, que ajudava

aos necessitados. A homenagem mais singela foi nome de

uma das ruas no bairro de Chame-chame.

CONTEXTO

“A uma dessas ruas, o então prefeito Clériston Andrade deu

o nome de Norma Guimarães Sampaio, a pedido de todos

os moradores do bairro”. (p. 222)

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164

(103) RUA RUY BARBOSA

TOPÔNIMO: Rua Ruy

Barbosa

TAXIONOMIA: Historiotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: RUY - Do port. arc. Ruy, Roy, hip. de Rodrigo. BARBOSA

- Sobr. port. top.: ‘lugar onde há muitas barbas de bode’ ou

barbas de velho (plantas)’. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)

ENTRADA

LEXICAL

Ruy Barbosa

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

substantivo masculino singular + substantivo masculino

singular) [prenome + apelido de Família]

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Antiga Rua do Brejo, fica localizada depois da Ruas dos

Capitães na Cidade Alta, paralela à Rua Chile, no Centro

Histórico. É uma homenagem ao famoso jurista baiano.

CONTEXTO “Tem um irmão que é bispo católico no Oriente Médio, o

que dá qualidade eclesiástica, autenticidade maior às

imagens, candelabros, altares que enchem salas e salas de

sortida casa de antiguidade da Rua Ruy Barbosa”. (p.365)

(104) RUA DO SÃO MIGUEL

TOPÔNIMO: Rua São Miguel TAXIONOMIA: Hagiotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA:

SÃO - Do lat. sanctus –a –um, – ‘que vive segundo os

preceitos religiosos, a lei divina’ ‘segundo a tradição

judaico-cristã, atributo de Deus e um dos seus nomes,

sublinhando a transcendência da natureza divina’ (CUNHA,

207). MIGUEL - Do hebr. e origem religiosa. ‘quem (Kha)

é como Deus (Ei)? (Daniel, 10; 13; 12;1)’. (MANSUR

GUÉRIOS, 1981).

ENTRADA

LEXICAL

São Miguel

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

adjetivo masculino singular + substantivo masculino

singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Era a chamada Ladeira de São Miguel. O nome oficial dessa

rua que começa na Rua João de Deus e termina na Rua J. J.

Seabra (Baixa dos Sapateiros) é Rua Frei Vicente do

Salvador. No sopé da ladeira, encontra-se a pequena capela

do século XVII dedicada a São Miguel.

CONTEXTO “- Rua São Miguel, 16. Castelo de Mãezinha...” (p. 278)

“– Rua São Miguel, número 16. Castelo de Mãezinha...” (p.

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165

279)

(105) RUA JOSÉ BAHIA

TOPÔNIMO: Rua José Bahia TAXIONOMIA: Antropotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: JOSÉ – Do hebr. Lasseph, lehussef, ‘Ele (Deus) dê aumento,

ou (Deus) aumente (com outros fihos)’. BAHIA - Possivelmente do fr. Baie, deviv. Do cast. Bahia e, este, do lat.

Baia ‘pequeno golfo, de boca estreita, que se alarga para o interior’

ENTRADA

LEXICAL

Rua José Bahia

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

substantivo masculino singular + substantivo masculino

singular) [prenome + apelido de Família]

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Era chamada de Beco do Padre Bento, que fica no Bairro

Santo Antonio.

CONTEXTO

“Na esquina da Rua Caio Moura, antiga Rua dos Carvões,

com o Beco do Padre Bento, hoje José Bahia, podem-se ver

ainda duas pedras das quais pedem pequenas argolas”. (p. 87)

(106) RUA DO GRAVATÁ

TOPÔNIMO: Rua do Gravatá TAXIONOMIA: Fitotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: GRAVATÁ – do tupi karagwa’ta, ‘designação comum a

diversas plantas da família das bromeliáceas’. (CUNHA,

1999)

ENTRADA

LEXICAL

Rua do Gravatá

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

contração + substantivo masculino singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Trata-se de um dos vários batismos por inspiração da flora

encontrada pelos colonizadores. Gravatá é uma bromélia

terrestre de presença bem comum no Brasil. A Rua do

Gravatá fica no bairro de Nazaré.

CONTEXTO

Vale a pena ver pelo menos as seguintes: a do Queimado, na

Baixa da Soledade; a [rua] do Gravatá, no Gravatá; a de

Gabriel, no Largo 2 de Julho; a de São Pedro, no forte do

mesmo nome; a das Pedras, na Ladeira da Fonte das Pedras;

a dos Pedreiras, na Jaqueira; a do Tabuão, escavada no

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166

morro, no antigo Caminho Novo; e a de Santo Antonio, no

Largo de Santo Antonio”. (p. 408)

(107) RUA SÃO FRANCISCO

TOPÔNIMO: Rua São

Francisco

TAXIONOMIA: Hagiotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: SÃO - Do lat. sanctus –a –um, – ‘que vive segundo os

preceitos religiosos, a lei divina’ ‘segundo a tradição

judaico-cristã, atributo de Deus e um dos seus nomes,

sublinhando a transcendência da natureza divina’ (CUNHA,

2007). FRANCISCO - Do lat. medieval, Franciscus, deriv.

Do germ. Frank com o sufixo germ. –isk (al. Frankisch)

(MANSUR GUÉRIOS, 1981)

ENTRADA

LEXICAL

Rua São Francisco

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

adjetivo masculino singular + substantivo masculino

singular)

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

O nome da rua faz menção ao santo da Igreja Católica. O

nome dessa rua pode ter influência da Igreja e do Convento

de São Francisco, que fica no Centro Histórico.

CONTEXTO

“Velho amigo de Antonio Carlos Magalhães (e de seu irmão

Zezito), meu amigo companheiro na busca de onde comer

bem, quando rareavam os restaurantes na Bahia, habitués do

maravilhoso trivial de Dona Maria, na Rua de São

Francisco, onde tínhamos mesa reservada com Odorico

Tavares, Carlinhos Marcarenhas e Raimundo Reis, [...]”

(p.293)

“O almoço semanal, reunindo Coqueijo, Pinho Pedreira,

Virgildal Sena, Tibúrcio Barreiros e outros bambas,

realizava-se naquele que foi um dos menores, mas modesto e

melhores restaurante do mundo, na sala do fundo de um

andar térreo da Rua São Francisco, em cuja pequena

cozinha minha saudosa comadre Maria, de pé ante o fogão,

temperava o mais delicioso feijão [...]” (p.338-339)

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(108) RUA GUEDES DE BRITO

TOPÔNIMO: Rua Guedes de

Brito

TAXIONOMIA: Historiotopônimo

MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:

MESO 05: Metropolitana de Salvador)

ACIDENTE: Humano/rua

ETIMOLOGIA: GUEDES - Sobr. port. em vez de Guesdez, patron. de

Gueda. BRITO - sobr. port., talvez f. regressiva de Brites,

julgado este patron. Mas em lat. há Brittus. Pode ser top. sob.

a f. Britto, Leite de Vasconcelos acha que o n. é de origem

obscura. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)

ENTRADA

LEXICAL

Rua Guedes de Brito

ESTRUTURA

MORFOLÓGICA

Elemento composto (substantivo feminino singular +

substantivo masculino singular + substantivo masculino

singular) [prenome + apelido de Família]

HISTÓRICO/

INFORMAÇÕES

ENCICLOPÉDICAS

Segundo Barata e Cunha (s/d), em Dicionário das Famílias

Brasileiras, a família GUEDES DE BRITO que é “antiga

família de origem portuguesa, estabelecida na Bahia, que

teve princípio em Antônio Guedes (nascido em 1560,

Tarouca, Portugal - morto em 7.9.1621 em Salvador, Bahia)

filho de Rui Guedes e de Ana de Lisboa. Tabelião na Bahia,

era proprietário de uma sesmaria que compreendia terras

entre as cabeceiras do rio Jacuípe e Itapicuru, as mesmas que

viriam a pertencer a seu filho e a sua neta Joana. Deixou

descendência de segundo casamento por volta de 1596 com

Felipa de Brito (morta em Salvador em 9.12.1659) por onde

ocorreu a união dos dois sobrenomes.” (BARATA; BUENO,

s/d)

A Rua Guedes de Brito fica localizada no centro da cidade

de Salvador.

CONTEXTO “Nasceu assim o Liceu de Artes e Ofícios que funcionava

numa antiga casa nobre na Rua Guedes de Brito.” (p. 398)

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6.3 ANÁLISE E DISCUSSÕES: OS REFERENCIAIS TOPONÍMICOS

A partir da elaboração das fichas lexicográfico-toponímicas, realizadas na

subseção anterior, verificou-se que os topônimos analisados foram todos de natureza

semântica humana, pois nomeiam bairros e ruas da cidade de Salvador, conforme já

mencionado anteriormente.

Dentre os 108 topônimos referentes aos bairros e ruas analisados, há uma

subdivisão de dois grupos de taxes (natureza física e natureza antropocultural). Nesta

subseção, apresenta-se o resumo das taxes encontradas neste trabalho, segundo a sua

natureza semântica, bem como a discussão dos resultados a partir das análises das fichas

expostas na subseção anterior.

Quanto à natureza, os 108 topônimos se encontram assim subdivididos:

Natureza física: Matatu de Brotas, Rua da Quebrança, Barra, Águas dos

Meninos, Itapagipe, Ondina, Ribeira, Rio Vermelho, Rua Alagoinhas, Rua da

Água do Gasto, Alagados, Massaranduba, Beiru, Canela, Peri-peri, Rua

Baguri, Rua da Amoreira, Paripe, Rua do Gravatá, Rua Cabuçu, Pirajá,

Barroquinha, Itapoã, Itacaranha, Baixa dos Sapateiros, Campo Grande, Boca

do Rio, Rua Boca da Mata, Rua do Fogo, Pernambués, Nordeste de

Amaralina, Rua Areia da Cruz de Cosme.

Natureza Antropocultural: Barris, Engenho Velho de Brotas, Engenho velho

da Federação, Pelourinho, Plataforma, Rua do Gasômetro, Placa Ford,

Amaralina, Barbalho, Cosme de Farias, Garcia, Lobato, Rua Cosme de Farias,

Rua Apolinário Santana, Rua Ary Barroso, Rua Augusto Guimarães, Rua Caio

Moura, Rua Carlos Gomes, Rua Franco Valasco, Rua José Bahia, Rua José

Joaquim Seabra, Rua Luiz Anselmo, Rua Norma Guimarães, Rua Ruy

Barbosa, Rua Bolivar das Flores, Brotas, Graça, Lapinha, Escada, Monte

Serrat, Nazaré, Pilar, Santo Antonio, São Caetano, São Gonçalo, São Tomé de

Paripe, Saúde, Soledade, Rua das Mercês, Rua dos Aflitos, Rua São Miguel,

Rua São Francisco, São Pedro, Rua da Agonia, Rua dos Marchantes, Rua do

Liceu, Rua do Bom Marché, Calçada, Pituba, Rua da Misericórdia, Rua dos

Quinze Mistérios, Cidade da Palha, Rua Alegria do Paraíso, Piatã, Rua da

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Cabeça, Rua da Forca, Rua do Chega Negra, Rua Mata Maroto, Liberdade,

Rua Chile, Rua Aracaju, Rua do Jogo do Lourenço, Rua dos Carvões, Rua da

Assembleia, Federação, Corredor Da Vitória, Rua do Carmo, Santa Tereza,

Rua Guindastes do Padres, Fazenda Grande do Retiro, Rua Guedes Brito,

Uruguai, Bonfim, Coutos, Vitória, Chame-Chame.

Para compreender melhor os dados, sintetizam-se as informações em gráficos. O

gráfico a seguir mostra as subdivisões das taxes em cada natureza.

30%

70%Física

Antropocultural

Gráfico 1 – Natureza Toponímica

Como é possível verificar, no gráfico acima, os topônimos de natureza

antropocultural são mais acentuados nas nomeações dos bairros e ruas presentes na obra

Bahia de Todos os Santos ([1945] 2002), de Jorge Amado. Dentre os 108 topônimos

analisados, 76 ocorrências são de natureza antropocultural, perfazendo 70%, enquanto que

somente 32 ocorrências são de natureza física, totalizando 30%.

Dentre os topônimos de natureza física, encontram-se as seguintes classificações,

seguidas dos topônimos: Hidrotopônimos: Água dos Meninos, Itapagipe, Barra, Ondina,

Ribeira, Rio Vermelho, Rua Alagoinhas, Rua da Água do Gasto, Pernambués, Alagados;

Geomofotopônimo: Matatu de Brotas, Rua da Quebrança, Baixa dos Sapateiros;

Fitotopônimo: Massaranduba, Beiru, Canela, Peri-Peri, Rua Baguri, Rua da Amoreira,

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Paripe, Campo Grande, Rua do Gravatá; Zootopônomo: Rua Cabuçu, Pirajá;

Litotopônimo: Barroquinha, Itapoã, Itacaranha, Rua Areia da Cruz de Cosme;

Meteorotopônimo: Rua do Fogo; Cardinotopônimo: Nordeste de Amaralina, Boca do

Rio, Rua Boca da Mata.

32%

9%

13%

28%

6%

9% 3%

Hidrotopônimo

Geomorfotopôni

mo

Litotopônimo

Fitotopônimo

Zootopônimo

Cardinotopônimo

Meteorotopônimo

Gráfico 2: Taxes de Natureza Física

Diante dos gráficos apresentados e de uma análise mais sistemática dos referenciais

toponímicos, dentro das taxes de natureza física, analisam-se os nomes de lugares que

tiveram como motivação elementos de ordem animal, vegetal, mineral, hidrográfica, a

posição geográfica e as formas topografias e formações litorâneas nomeias os lugares,

testemunhando a vontade primeira do nomeador. Essa escolha pode ser verificada na

maioria dos bairros da Cidade Baixa.

Dentre esses topônimos, os que tiveram mais ocorrências foram os hidrotopônimos,

com 32% das ocorrências, seguido dos fitotopônimos com 28%. Os litotopônimos

totalizaram 13%%, os geomorfotopônimos e os cardinotopônimos com 9% das ocorrências

cada um. Com menor número de ocorrências, aparecem os zootopônimos, com apenas 6%

e o meteorotopônimo, com 3%.

Os topônimos de natureza antropocultural apresentaram maior número de

incidência, como podem ser verificados nas seguintes classificações das taxes:

Antopotopônimo: Amaralina, Cosme de Farias, Barbalho, Garcia, Lobato, Rua Cosme de

Farias, Rua Apolinário Santana, Rua Augusto Guimarães, Rua Caio Moreira, Rua Carlos

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Gomes, Rua Franco Valasco, Rua José Bahia, Coutos, Rua José Joaquim Seabra, Rua

Luiz Anselmo, Rua Norma Guimarães, Hagiotopônimo, Santo Antonio, São Caetano, São

Gonçalo, São Tomé de Paripe, Rua São Miguel, Rua São Francisco, Rua São Pedro, Santa

Tereza; Hierotopônimo: Brotas, Graça, Bonfim, Lapinha, Escada, Monte Serrat, Nazaré,

Pilar, Rua da Misericórdia, Vitória, Saúde, Soledade, Rua das Mercês, Rua dos Aflitos,

Rua do Carmo; Númerotopônimo: Rua dos Quinze Mistérios; Ergotopônimo: Barris,

Pelourinho, Plataforma, Rua Guindastes dos Padres, Rua do Gasômetro, Placa Ford;

Corotopônimo: Rua Chile, Rua Aracaju, Uruguai; Historiotopônimo: Rua da Forca, Rua

Ary Barroso, Rua Guedes de Brito, Rua Ruy Barbosa, Rua do Chega Negra; Federação,

Liberdade, Rua Bolivar das Flores; Somatotopônimo: Rua da Cabeça; Animotopônimo:

Rua Alegria do Paraíso; Rua da Agonia, Pituba, Piatã, Rua do Bom Marché;

Sociotopônimo: Rua dos Marchantes, Rua do Liceu, Engenho Velho de Brotas, Rua do

Jogo do Lourenço, Engenho Velho da Federação, Rua da Assembleia, Rua dos Carvões,

Fazenda Grande do Retiro; Hodotopônimo: Corredor da Vitória, Calçada;

Poliotopônimo: Cidade da Palha; Dirrematotopônimo: Rua Mata Maroto, Chame-

Chame.

20%

19%

11%1%8%4%

11%

1%

7%

11%3% 1% 3% Antropotopônimo

Hierotopônimos

Hagiotopônimo

Numerotopônimo

Ergotopônimo

Corotopônimo

Historiotopônimo

Somatopônimo

Animotopônimo

Sociotopônimo

Hodotopônimo

Poliotopônimo

Dirrematotopônimo

Gráfico 3 – Taxes de Natureza Antropocultural

Quanto às taxes de natureza antropocultural, os antropotopônimos tiveram uma boa

representação nas designações apresentadas, com um percentual de 20%. Nomear vias

públicas com designativos pessoais seja com prenomes ou apelidos de famílias é uma

prática comum e uma forma de garantir que a personalidade local permaneça na memória

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coletiva da região por alguma razão específica. Dick (1990) chama atenção para a

importância dos topônimos dessa natureza:

Exercendo o papel de verdadeiros registros do cotidiano, revelando em atitudes e

posturas sociais, especificas de determinados grupos humanos, preservam, por

isso mesmo, a memória coletiva, principalmente nas sociedades ágrafas, onde

sua importância é muito notável pela ausência de outras fontes de análises.

(DICK, 1990, p. 286)

Os hierotopônimos se destacaram, com 19% das ocorrências. Essa preferência por

nomear os bairros e ruas com nomes de origem religiosa surgiu desde o início da

colonização dos espaços urbanos da cidade de Salvador e muitos desses nomes perduram

até os dias atuais na memória da população. Dick explica essa preferência no trecho que

segue:

“O Brasil nasceu sob o signo da fé”... A religiosidade se manifestou, de início, de

forma muito particular, na toponímia que as expedições de reconhecimento da

costa deixaram fixada nos acidentes avistados e que iam sendo nomeados

segundo os preceitos católicos romanos. (DICK, 1996, p. 148)

Os nomes de natureza religiosa, no período de formação da capital baiana,

demostram o pensamento da época em que se implantava a religiosidade cristão-católica,

resultando em diversas igrejas sob a proteção dos santos, tais como a de São Pedro, Santa

Tereza, São Miguel, dentre outras. Nessa perspectiva, os hagiotopônimos totalizaram um

percentual de 11%, conforme se pode verificar na maioria dos bairros da Cidade Alta.

Ainda em terceiro lugar, aparecem os sociotopônimos e os historiotopônimos, com

11% cada um. Com um número um pouco menor de ocorrências, aparecem os

ergotopônimos, com 8%. Em seguida, vêm os animotopônimos que somaram 7% das

ocorrências. Os corotopônimos, com 4%, os hodotopônimos e os dirrematopônimos, com

3% cada. E as menores ocorrências foram com 1% para os númerotopônimos, os

somatotopônimos e os poliotopônimos cada um.

Dentro as taxionomias propostas por Dick (citadas em 5.2), não foram encontradas

no corpus: astrotopônimos, cromotopônimo, morfototônimos e os dimensiotopônimos,

dentro do campo de natureza física. Já as taxionomias de natureza antropocultural não

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foram encontrados topônimos que pudessem ser classificados como: cronotopônimos,

axiotopônimos, etnotopônimos, ecotopônimos.

Quanto à origem dos topônimos, percebe-se a predominância dos topônimos de

origem latina. Os topônimos de origem indígena e africana tiveram menor ocorrência.

Dos topônimos que mudaram de nome, aparece José Bahia que era chamada de

Beco do Padre e Rua Caio Moura que já foi chamada de Rua dos Carvões. A Rua Carlos

Gomes já foi chamada de Rua de Baixo, Baixa dos Sapateiros, como popularmente é

chamada, foi a antiga Rua da Vala e, hoje, é chamada de Rua José Joaquim Seabra. Houve

também a mudança ortográfica dos nomes dos bairros que aparecem na obra, a saber: Peri-

Peri atualmente escrito Periperi, Placa Ford, hoje escrito Placaford.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com o intuito de alcançar o objetivo geral da dissertação, que foi verificar o

vocabulário toponímico por meio da elaboração das fichas lexicográfico-toponímicas dos

nomes de bairros e ruas presentes na obra de Jorge Amado, intitulada Bahia de Todos os

Santos: guia de ruas e mistérios, a fim de verificar os motivos semânticos de cada “topos”,

apresentam-se as considerações finais dessa dissertação, após analisar os topônimos e os

dispor em fichas léxico-toponímicas em consonância com a teoria discutida ao longo deste

trabalho.

O princípio investigativo dessa pesquisa se amparou no seguinte questionamento: Como

o léxico, mas especificamente o léxico toponímico, representado em uma obra literária, pode

contribuir para a construção identitária do povo retratado em Bahia de Todos os Santos: guia

de ruas e mistérios, de Jorge Amado?

A fim de encontrar resposta para o questionamento acima, buscou-se conhecer o

contexto social, cultural e histórico da obra, a fim de verificar os ambientes que Jorge Amado

construiu a sua apresentação do livro-guia. Conhecendo os posicionamentos políticos e

ideológicos do autor, buscou-se compreender porque Jorge Amado escreveu um “guia” da

cidade do Salvador, vislumbrando as belezas e alertando sobre as mazelas para leitores-

visitantes.

Dentro do campo linguístico, buscaram-se embasamentos teóricos que subsidiassem a

compreensão entre língua, cultura e identidade. Fez-se, portanto, uma breve revisão sobre a

língua e sua relação com o social. As teorias das ciências onomásticas elucidaram a

compreensão sobre o nome, de modo particular, os nomes de lugares, os quais foram

fundamentais para compreender como os grupos sociais se organizam e relacionam, numa

intersecção línguocultural.

Por acreditar que cada nome de lugar pode revelar elementos singulares referentes à

comunidade linguística estudada, foi possível constatar o importante papel do léxico como

elemento retratador de realidades diversas, capaz de refletir saberes, culturas, identidades,

crenças e ideologias. Estudar esses elementos característicos de um povo por meio de

aspectos lexicais e, de maneira particular a partir do estudo dos nomes de lugares, permitiu

uma aproximação maior entre o real e o “topo”, pois foi possível evidenciar, também, a

realidade social, histórica e cultural de uma região, na medida em que revela características

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singulares. Além de compreender o significado oculto de alguns nomes de lugares da cidade

de Salvador, em alguns topônimos foi possível trazer à tona, através de uma leitura mais

aprofundada, uma interpretação etimológica como foram os casos dos topônimos “Pirajá”,

“Matatu”, “Itapuã”, dentre outros. Dessa forma, foi possível perceber a relação com a cultura

do local.

A formação identitária de um povo parte também da linguagem e, nomear os espaços e

os meios sociais, é uma forma de evidenciar os pensamentos, as crenças, as condutas e

imprimir as identidades de cada ser, dentro de um contexto social, cultural e político. Com a

cidade do Salvador não foi diferente. Os primeiros a povoar esse espaço buscaram elementos

do seu entorno natural, mas principalmente se valeram de elementos da cultura local, nas

crenças, dos fatos históricos para nomear e tecer as redes de identificações com o outro.

Acredita-se que os resultados desta investigação já tornaram possíveis reflexões, pois, a

partir do estudo toponímico, percebe-se a relação quase que unívoca entre o nomeador e o

elemento nomeado, proporcionada tanto pela percepção do seu entorno quanto pela relação

cultural. Nesse momento, o linguístico e o extralinguístico se unem para representar a vontade

do denominador, que busca o nome “ideal” para tal espaço a partir do seu conhecimento de

mundo, mostrando valores que vão além do ato de nomear. Para tanto, o estudo do étimo se faz

necessário, no entanto o conhecimento da comunidade local é imprescindível para uma

compreensão mais ampla.

A partir da análise do corpus, verificou-se que, na denominação dos bairros e ruas,

há uma forte predominância de hidrotopônimos e fitotopônimos, para os nomes de

natureza física, os hierotopônimos e antropotopônimos de origem portuguesa para os

nomes de natureza antropocultural. Nisso, pode-se observar que, no ato de nomeação,

foram as diversidades da natureza que animaram o denominador, enquanto que, nos

aspectos antropoculturais, a religiosidade prevaleceu desde a formação da cidade, seguida

dos denominativos que buscam homenagear pessoas que contribuíram para o

desenvolvimento da mesma.

Ao longo deste trabalho, foram feitas algumas modificações no projeto inicial, desde o

título do projeto até ao número de topônimos que seriam analisados no corpus da pesquisa. A

proposta inicial era analisar todos os topônimos presentes na obra-guia, desde os becos, as

avenidas, as praças e outros. No entanto, pela amplitude do trabalho, o tempo não favoreceu

para que se realizasse tal abordagem.

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Acredita-se que, por se tratar de um estudo inédito no programa de pós-graduação em

Estudos de Linguagem, da Universidade do Estado da Bahia, os resultados dessa dissertação

podem ajudar a compreender melhor a dinâmica dos nomes de lugares, bem como contribuir

com mais uma fonte de investigação para ajudar a divulgar os estudos topônimos na Bahia,

além de contribuir para a elaboração do Atlas Toponímico da cidade do São Salvador, um

dos projetos do Programa de Pós-Graduação, o qual essa dissertação está vinculada.

Com todas as discussões apresentadas, acredita-se que desenvolver o estudo dos

topônimos pode vir a ser um ganho sociocultural, pois se apresentam informações

históricas do lugar, a origem do topos, a natureza semântica que animou no ato de

nomeação, sobretudo, conhecer os aspectos linguísticos atrelados a uma obra literária que

conta “as graças da Bahia”.

Jorge Amado, em seu “guia de ruas e mistérios”, apresenta uma cidade hospedeira,

mística que, desde a sua formação, busca vencer dificuldades através da luta de sua gente

alegre, e que não perde a esperança de dias melhores. Bahia de Todos os Santos é uma

enciclopédia da cidade do salvador, do povo da Bahia.

Com todas as considerações apresentadas, certamente essa pesquisa não se esgota

neste trabalho. Esse foi apenas o início de um estudo que deverá ser aprofundado e

ampliado em investigações futuras.

Vem, a Bahia te espera!

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