a toponÍmia como elemento identitÁrio em bahia de …€¦ · salvador - a terra de todos os...
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – CAMPUS I- SALVADOR
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDO DE LINGUAGENS
ANALÍDIA DOS SANTOS BRANDÃO
GUIA DE RUAS, (BAIRROS) E MISTÉRIOS:
A TOPONÍMIA COMO ELEMENTO IDENTITÁRIO EM BAHIA DE
TODOS OS SANTOS
Salvador
2015
ANALÍDIA DOS SANTOS BRANDÃO
GUIA DE RUAS, (BAIRROS) E MISTÉRIOS:
A TOPONÍMIA COMO ELEMENTO IDENTITÁRIO EM BAHIA DE
TODOS OS SANTOS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Estudos de Linguagens do Departamento de Ciências
Humanas – Campus I, da Universidade do Estado da Bahia –
UNEB, como parte dos requisitos para obtenção do título de
Mestre.
Orientadora: Profa. Dra. Celina Márcia de Souza Abbade
Salvador
2015
FICHA CATALOGRÁFICA
Sistema de Bibliotecas da UNEB
Bibliotecária: Jacira Almeida Mendes – CRB: 5/592
Brandão, Analídia dos Santos
Guia de ruas, (bairros) e mistérios: a toponímia como elemento identitário em
Bahia de Todos os Santos / Analídia dos Santos Brandão . – Salvador, 2015.
180f.
Orientadora: Celina Márcia de Souza Abbade.
Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado da Bahia. Departamento
Ciências Humanas. Programa de Pós-Graduação em Estudos de Linguagens. Campus
I.
Contém referências.
1. Amado, Jorge, 1912 - 2001. 2. Salvador (BA) - Descrições de viagens -
Guias. 3. Identidade social. 4. Cultura. I. Abbade, Celina Márcia de Souza.
II. Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Ciências Humanas.
CDD: 981.142
TERMO DE APROVAÇÃO
ANALÍDIA DOS SANTOS BRANDÃO
GUIA DE RUAS, (BAIRROS) E MISTÉRIOS: A TOPONÍMIA COMO ELEMENTO IDENTITÁRIO EM BAHIA DE
TODOS OS SANTOS
Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Estudo
de Linguagens, da Universidade do Estado da Bahia, pela seguinte banca examinadora:
BANCA EXAMINADORA
MARIA CÂNDIDA TRINDADE COSTA DE SEABRA
Examinadora convidada
Doutora em Linguística, Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG, Brasil
__________________________________________________________________
MARIA DA CONCEIÇÃO REIS TEIXEIRA
Examinadora interna
Doutora em Letras e Linguística, Universidade Federal da Bahia, UFBA, Brasil
___________________________________________________________________
CELINA MÁRCIA DE SOUZA ABBADE
Orientadora
Doutora em Letras, Universidade Federal das Bahia, UFBA, Brasil ______________________________________________________________________
“Sob um céu de admirável limpidez, na fímbria do mar ou na montanha onde corre sempre uma cariciosa aragem, vive o povo mais doce do Brasil. Na cidade do Salvador da Bahia.”
(AMADO, [1945] 2002, p. 21)
Ilustração de Carlos Bastos
AGRADECIMENTOS
Agradeço, em primeiro lugar, a Deus pelo dom da vida, pela força em cada momento difícil e
por permitir que mais uma obra se cumprisse na minha vida.
À minha família pelo apoio constante, pela atenção e pelo incentivo de sempre. Meus pais
Antonieta e Antonio e minha irmã Ana Paula foram as pessoas que mais acreditaram que eu
poderia ir mais longe.
À Marco Aurélio pela paciência, compreensão, pelo carinho e por ser meu porto seguro nos
momentos nada tranquilos.
À minha orientadora querida, Prof. Dra Celina Márcia de Souza Abbade, pelos ensinamentos,
pelo comprometimento, pelo profissionalismo, pelo carinho, pelas risadas e pelo exemplo de
força e alegria.
Às professoras Conceição Reis e Cândida Seabra pelas generosas contribuições, conselhos e
orientações desde o desenvolvimento e até conclusão dessa minha pesquisa.
Aos professores do PPGEL/UNEB pelos momentos de conhecimentos e aprendizagens que
contribuíram para a minha formação.
Aos meus colegas do PPGEL pelos momentos compartilhados, pelos risos e pelo rico
convívio, em especial a Celiane Souza, Cláudio Ribeiro, Yara Santiago, Maria Eugênia,
Edivanildo Flaubert, Antonia Cláudia e Janete Suzart. Que a amizade perdure para a vida!!
Aos funcionários do PPGEL, Camila, Geysa e Danilo, pelo apoio e pelo profissionalismo.
À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia – FAPESB por acreditar e investir na
minha proposta de pesquisa.
À Fundação Casa de Jorge Amado pela disponibilidade em prestar esclarecimentos,
apresentar materiais e toda a ajuda sobre meu corpus e às funcionárias da biblioteca da
Fundação Gregório de Matos, pela solicitude e atenção.
Enfim, a todos os meus amigos que de alguma forma contribuíram para a realização desse
meu trabalho: o meu muito obrigada!!!
RESUMO
A linguagem exerce um importante papel na sociedade, pois, por meio dela, o homem
constitui-se como sujeito e retrata, principalmente, o conhecimento de si próprio e do mundo
no qual está inserido, estabelecendo relações com o outro. Tendo a linguagem como um
“cartão - postal” do usuário, Jorge Amado foi buscar nela elementos que ajudaram a
desvendar as ruas, os mistérios, as belezas e muitas outras características da cidade de
Salvador - a Terra de Todos os Santos, na busca de descrever as peculiaridades que formam as
identidades do povo baiano. Amparada nos estudos lexicológicos que englobam várias áreas,
dentre estas a Onomasiologia - ciência que se ocupa em analisar os nomes próprios, tendo a
Antroponímia e a Toponímia como subáreas, em que a primeira estuda o nome de pessoas e a
segunda, nomes de lugares e acidentes geográficos, esta dissertação tem a Toponímia como o
enfoque linguístico. O objetivo desse texto é apresentar o vocabulário toponímico presente na
obra Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios ([1945] 2002), de Jorge Amado. Para
tanto, fez-se necessário apresentar a motivação para designação dos topônimos e verificar as
influências étnicas, culturais e históricas dos topônimos que contribuem para a construção
identitária do povo retratado e, a partir dela, observou-se os aspectos culturais que envolvem a
língua e a identidade desse povo. Para cumprir tais objetivos, utilizaram-se, como
fundamentação teórica, os conceitos de identidade do sujeito e linguística de Stuart Hall
(2000) e Kanavillil Rajagopalan (1998), respectivamente, que foram importantes para o
entendimento de aspectos intrínsecos referentes à(s) identidade(s) do povo baiano; para a
análise toponímica tem-se como base referencial teórico–metodológico o modelo toponímico de
Dauzat (1926), as categorias taxionômicas de Dick (1990, 1992); entre outros.
Palavras- chave: Língua. Identidade. Cultura. Topônimos. Bahia de Todos os Santos. Jorge Amado.
ABSTRACT
Language plays an important role in society, because through it, man turn up to be a subject
and portrays mainly the knowledge of himself and the world surrounding him, establishing
relationships with others. Having language as the user’s "postcard", Jorge Amado navigated
elements that unravel the streets, mysteries, and beauty of Salvador - the Land of All Saints,
in a discursive formation of idiosyncratic identities of Bahians. This work is supported by
lexicological studies comprising several areas, among them Onomasiology - science that deals
with analyzing the names, as well as the subareas of Anthroponym and Toponym. The former
studies the names of people and the latter, the names of places and landforms. This study has
the Toponym as the linguistic approach. The aim of this paper is to present the toponymic
vocabulary present in the work Bahia of All Saints: a guide to the streets and mysteries of
Salvador ([1945] 2002), by Jorge Amado. Therefore, it was necessary to present the
motivation for the designation of the toponyms and verify their ethnic, cultural and historical
influences that contribute to the identity construction of the portrayed people. These
considerations are significant to remark cultural aspects of language and the identity of these
people. In order to meet the objectives of this study the following theoretical foundation was
considered: the concept of the subject’s identity and linguistics of Stuart Hall (2000) and
Kanavillil Rajagopalan (1998), respectively. They were important to the understanding of
intrinsic aspects related to the identity of the Bahian people; for toponymic analysis, the
theoretical-methodological is based on the toponymic model of Dauzat (1926), the taxonomic
categories of Dick (1990, 1992); among others.
Key words: Language. Identity. Culture. Toponyms. Bahia of All Saints. Jorge Amado.
ABREVIATURAS
a. - antigo
adap. - adaptado
al. - alemão
arc. – arcaico
b. – baixo
cast. – castelhano
class. – clássico
cien. - científico
Cp. – compare
Dim. - diminutivo
Doc. - documento
ed. - edição
esp. - espanhol
etim. - etimologia
f. – formação
Fig. - figura
fr. – francês
germ. – germânico
gr. - grego
hebr. - hebraíco
hist. – história
Hip. – hipocorísticos, -a; relativo à linguagem carinhosa, infantil, familiar
i. é - isto é
ing. - inglês
it. - italiano
lat. – latim
lus. - lusitano
med. - medieval
n. - nome
n/c - não classificado
n/e - não encontrado
p. – página
pl. plural
port. - português
prov. - provençal
s/a - sem ano
sto - santo
séc. - século
Sobr. - sobrenome
subst. – substantivo
Top. - topônimo
V. - verbo
var. - variação
voc. - vocábulo
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Foto do Mercado Modelo e Casa da Alfândega 1940.........................................34
Figura 2 - Triângulo de Baldinger I.......................................................................................47
Figura 3 - Triângulo de Baldinger II....................................................................................47
Figura 4 - Triângulo de Baldinger III....................................................................................47
Figura 5 - Triângulo de Ogden e Richards............................................................................51
Figura 6 - Referência e Toponímia.........................................................................................51
Figura 7 - Modelo de Ficha Lexicográfico-toponímica..........................................................61
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Natureza Toponímica......................................................................................... 169
Gráfico 2 - Taxes de Natureza Física.....................................................................................170
Gráfico 3 - Taxes de Natureza Antropocultural.....................................................................171
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ...................................................................................................................... 13
2 PERCORRENDO RUAS E MISTÉRIOS, COSTRUINDO IDENTIDADES ............... 19
2.1 ROMANCISTA DO POVO: JORGE AMADO PRODUZINDO LITERATURA EM
TEMPOS DE INDEFINIÇÕES ............................................................................................ 23
2.2 O CONVITE: O ROMANCE-GUIA E A TURISTA IMAGINÁRIA ........................... 25
2.3 “BAHIA TÃO SOMENTE”: A CIDADE DO SALVADOR E SUAS
DENOMINAÇÕES .............................................................................................................. 32
3 LÍNGUA E CULTURA: A LÍNGUA COMO ELEMENTO IDENTITÁRIO .............. 38
3.1 O ESTUDO LEXICAL: PRESERVANDO A MEMÓRIA DE UM POVO A PARTIR
DA LÍNGUA ........................................................................................................................ 42
4 ONOMASIOLOGIA E SEMASIOLOGIA: POSSIBILIDADES DE ESTUDAR O
LÉXICO .................................................................................................................................. 46
4.1 ONOMÁSTICA: A CIÊNCIA DO NOME .................................................................... 48
4.1.1 O signo toponímico: cristalizando a história pelo olhar do denominador ....................... 49
5 TOPONÍMIA: PASSOS METODOLÓGICOS E ABORDAGEM TEÓRICA ............ 58
5.1 AS FICHAS LEXICOGRÁFICO-TOPONÍMICAS ...................................................... 60
5.2 AS TAXIONOMIAS TOPONÍMICA ............................................................................ 63
5.2.1 Taxes de natureza física ................................................................................................... 63
5.2.2 Taxes de natureza antropocultural ................................................................................... 64
6 ANÁLISE TOPONÍMICA EM BAHIA DE TODOS OS SANTOS ................................. 66
6. 1 TOPÔNIMOS DA CIDADE BAIXA ............................................................................ 67
6.2 TOPÔNIMOS DA CIDADE ALTA ............................................................................... 88
6.3 ANÁLISE E DISCUSSÕES: OS REFERENCIAIS TOPONÍMICOS ........................ 168
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................... 174
REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 177
13
INTRODUÇÃO
A língua é um fator social, é o meio imperativo na comunicação de uma comunidade.
Por isso, não pode ser desvinculada das relações culturais, sociais, geográficas etc. O ato de
comunicar favorece ao ser humano socialização e, ao longo da história, o homem foi
adquirindo atributos, foi definindo a cada dia sua maneira de ser, agir e pensar sobre o mundo,
desenvolvendo de maneira mais intensa sua identidade – linguística e social. A capacidade de
pensar e agir sobre as coisas possibilitou a construção da identidade única e pessoal. Essa
constituição da identidade se deu por meio da construção linguística desde o momento em que
pela primeira vez o homem explicitou o seu pensamento, inserindo-se socialmente e
adquirindo consciência de sua individualidade, como assegura Biderman (1998, p. 11): “A
geração do léxico se processou e se processa através de atos sucessivos de cognição da
realidade e de categorização da experiência cristalizados em signos linguísticos: as palavras”.
Cada palavra usada por meio do discurso concretizado, a partir da interação social,
aponta a história, as ideologias e as inúmeras possibilidades de conhecer o povo que utiliza o
código linguístico como forma de expressão. Estudar os corpora escritos de uma comunidade
permite a inserção no universo particular que compõe essa comunidade, pois os escritores
deixam aparecer, a partir do vocabulário do povo retratado, os aspectos sociais, culturais,
históricos e linguísticos. Desse modo, ao estudar o léxico de uma língua, pode-se imergir nos
hábitos, conhecer os costumes, bem como, pode-se entender a maneira de agir e de pensar,
pois língua e cultura são linhas que “costuram” as identidades dos sujeitos.
O estudo do léxico abrange diversas áreas, dentre elas está a onomástica ou
onomasiologia. Segundo Leite de Vasconcelos (apud CARVALHINHOS; ANTUNES,
online), a onomasiologia é a ciência que analisa os substantivos próprios, distribuindo-os em
duas subáreas: a Antroponímia e a Toponímia. A primeira estuda os nomes das pessoas e a
segunda os nomes de lugares e acidentes geográficos.
A onomástica geográfica, ou seja, a Toponímia, que vem do grego topos = lugar e
ónyma = nome, isto é, estudo dos nomes de lugares e acidentes geográficos, é o foco
linguístico-lexical analisado neste trabalho. A Toponímia é uma área de investigação que se
pauta na conjectura de que a nomeação de um lugar não se dá de forma acidental nem tão
pouco despropositada. Ao contrário, geralmente documenta a língua em uso na região
pesquisada, os costumes e os valores que regem as condutas dos falantes, transluzindo as
14
influências culturais propiciadas a partir do contato com outros grupos étnicos que ali se
instalaram, bem como de acontecimentos históricos considerados relevantes para o grupo
enfocado.
O topônimo cristaliza o olhar do denominador no momento em que nomeia um
determinado lugar, deixando transparecer a estreita relação estabelecida entre o homem e os
“topos” que designam o espaço que está inserido. Assim, “a Toponímia resgata a substância
de conteúdo que cada topo carrega consigo, independente da sua natureza” (ISQUERDO,
1996, p.80).
Ao percebermos que o léxico compreende o conjunto de inventários e vocábulos de uma
dada língua, e que aquele se correlaciona com a história e cultura de um povo, destaca-se que,
através dos contatos entre comunidades, as influências mútuas aparecem e é possível observar
os aspectos culturais e identitários da comunidade linguística estudada. Os topônimos, como
parte do léxico e patrimônio cultural desse povo, constituem, pois, marcas de identidade que
merecem ser preservadas, pois salvaguardando os nomes de lugares, guarda-se também a
memória da comunidade.
O interesse por essa pesquisa surgiu do desejo de estudar a relação entre a língua, a
cultura e os inúmeros aspectos que permeiam a sociedade tais como a história, a geografia e
por acreditar que o estudo lexical pode fazer essa relação, pois estudar o vocabulário tendo
como base uma obra literária, que concebe a língua em seu uso a partir de um contexto de
identificação de uma dada comunidade, é poder desvendar os aspectos que pertencem àquela
comunidade vocabular. Dessa forma, o princípio dessa pesquisa a qual se ancora nos
construtos lexicológicos da linha Linguagens, Discurso e Sociedade do Programa de Pós-
graduação em Estudos de Linguagem levantou-se a seguinte questão: Como o léxico, mais
especificamente o estudo toponímico, representado em uma obra literária, pode contribuir
para a construção identitária do povo retratado em Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e
mistérios, de Jorge Amado?
Para responder tal questão, fez-se necessário levar em consideração o contexto sócio-
histórico e cultural em que o autor estava inserido. Jorge Amado retrata a Bahia da primeira
metade do século XX e que foi o cenário de muitas de suas histórias, na qual a religiosidade, a
raça e o povo caminharam e caminham juntos. Diferente de outros guias turísticos, Jorge
Amado mostra, em sua obra, não apenas os encantos da cidade, conhecida como guardiã de
15
belas praias e berço da intelectualidade, mas também mostra as dificuldades, a pobreza e a
miséria que assolam os menos favorecidos.
Batizada em 1500 pelos portugueses, a Bahia de Todos os Santos é um belo cenário
onde a natureza, a história, a cultura e sua gente convivem harmoniosamente, formando as
maravilhas que encantam a todos, principalmente os turistas. O cenário composto por várias
ilhas, animais exóticos, manguezais, ruínas de engenhos, antigas igrejas, tudo como uma
silenciosa testemunha de uma época em que o pau-brasil e, posteriormente, os engenhos e os
canaviais eram sinônimos de riqueza e ostentação, obviamente para as classes privilegiadas
que detinham o domínio econômico.
Essa baía que engloba ilhas e que é margeada por algumas cidades do recôncavo é,
muitas vezes, no livro, sinônima do que conhecemos hoje como a cidade do Salvador - capital
da Bahia - e revela os mistérios que vão desde as lendas contadas pelos índios Tupinambás à
fé exacerbada dos que a batizaram com o nome do santo do dia. Com o tempo, ergueu-se em
oposição às ilhas, a cidade de Salvador Bahia de Todos os Santos. Com sua arquitetura que
denuncia as influências europeias, é visível a contribuição da cultura lusitana nas igrejas, nas
ruas, vilas e freguesias da cidade na primeira metade do século XX. Ao lado das marcas que
lembram os tempos de colônia, impera a constituição ímpar de um povo miscigenado, da
união das três raças que fizeram história na formação do povo brasileiro: europeia, indígena e
africana. Daí a gênese de uma cultura singular na qual a mistura é a base para o surgimento de
uma culinária, da música, do folclore, da religiosidade, que tanto caracterizam o povo baiano.
Jorge Amado apresenta um guia das ruas e dos mistérios de São Salvador da Bahia de Todos
os Santos e descreve os bairros operários e os nobres, as feiras e os mercados, as inúmeras
ladeiras e ruas da cidade, e apresenta as praias locais com o intuito de atrair a sua turista
imaginária.
O objetivo geral desta dissertação é apresentar o vocabulário toponímico presente na
obra Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios ([1945] 2002), de Jorge Amado. Para
tanto, faz-se necessário cumprir os objetivos específicos: a) recolher todos os topônimos que
nomeiam os bairros e as ruas da cidade de Salvador da obra Bahia de Todos os Santos: guia
de ruas e mistérios; b) elaborar as fichas toponímicas. c) verificar as influências étnicas,
culturais e históricas dos topônimos que contribuem para a construção identitária do povo
retratado e d) apresentar as motivações semânticas para designação dos topônimos.
16
A relevância desse estudo é percebida quando se compreende que os topônimos
presentes na obra de Jorge Amado Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios
revelam os elementos identitários a partir dos aspectos do modus vivendi dessa comunidade
linguística, já que toda movimentação lexical de uma língua deve ser enfrentada como um
fato que ultrapassa o simples ato da fala e se configura num fato social de grande importância.
Ao encontro deste pensamento, compreende-se que fazer um estudo toponímico na obra
literária é desmitificar a história do povo baiano, visto que os nomes de lugares trazem sempre
ao bojo de sua história um conjunto de particularidades que configuram a identidade
sociocultural de uma dada comunidade, neste caso, a Bahia, “negra por excelência”.
Com referência ao dispositivo teórico-analítico do vocabulário toponímico contido no
romance Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios, deu-se a partir do modelo
toponímico de Dauzat (1926) e da categorização taxionômica proposta por Maria Vicentina de
Paula do Amaral Dick (1992). Inicialmente, recolheram-se todas as lexias que se configuram
topônimos dos bairros e ruas, seguidos dos seus respectivos contextos dentro da obra em
análise. Para o entendimento de aspectos intrínsecos referentes à identidade do sujeito,
analisou-se o conceito de identidade cultural e de identidade linguística de Stuart Hall (2000)
e Kanavillil Rajagopalan (1998), respectivamente. Para o fortalecimento das análises deste
trabalho, foram consultados o Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa e Dicionário
Histórico das Palavras Portuguesas de Origem Tupi, ambos de Antônio Geraldo da Cunha
(2007, 1999), dicionários da língua portuguesa, tais como o Houaiss (2001), Ferreira (2011) e
outras referências para verificar a origem dos topônimos, quando possível.
Esta dissertação é composta por sete seções, levando em consideração a Introdução e as
Considerações finais. Detalham-se os critérios para tal divisão textual a seguir.
A primeira seção traz a Introdução que faz a relação entre linguagem, língua, palavra,
vocabulário e, mais especificamente, os topônimos, como fatores preponderantes para a
construção da identidade. Faz-se também uma breve apresentação do corpus da pesquisa, os
objetivos e a importância deste estudo.
Na segunda seção intitulada Percorrendo ruas e mistérios, construindo identidades,
apresenta-se o contexto em que o livro foi escrito e como Jorge Amado tecia as suas redes de
identificação e contraidentificação no campo político e/ou intelectual. O corpus do trabalho é
apresentado mais detalhadamente e busca-se entender a relação identitária que “escorre feito
17
óleo” na cidade da Bahia de Todos os Santos. A Bahia apresentada por Jorge é mestiça,
alegre, festeira e sensual, representando um conjunto de elementos pinçados dentro de um
repertório histórico e cultural, que revela e esconde, ao mesmo tempo, um recorte de duas
faces de uma mesma moeda - a Bahia negra carregada de elementos que escondem conflitos,
heterogeneidade e transformações, mas revelam mitos, tabus e desejos de parte expressiva dos
brasileiros. Ainda nessa seção, fala-se sobre a Cidade do Salvador da Bahia e as discussões
acerca das suas denominações.
Na terceira seção com o título Léxico, Cultura e Identidade: a Toponímia
cristalizando o olhar do denominador, apresenta-se a discussão articulando a relação entre
língua, cultura e identidade ancorada nas ideias de Stuart Hall (2000) e Kanavillil Rajagopalan
(1998). Em seguida, faz-se uma breve exposição dos estudos lexicológicos, como meio
linguístico de verificar aspectos que envolvem as transformações sociais e culturais de um povo
dentro do contexto em que são produzidos.
Na quarta seção intitulada A onomasiologia e semasiologia: possibilidades de estudar
o léxico, parte-se dos conceitos de léxico e onomástica até chegar à toponímia e sua
fundamentação teórico-metodológica, para só assim fazer a análise toponímica dos vocábulos
encontrados no corpus. Nessa mesma seção, faz-se um breve levantamento dos estudos
toponímicos no Brasil e a importância desses estudos para o campo linguístico brasileiro.
Na quinta seção, com o título Toponímia: passos metodológicos e abordagem teórica,
busca-se mostrar os elementos que envolveram a pesquisa, assim como o modelo de categorização
taxionômica proposta por Dick (1992). Divide-se a seção em: a) Fichas lexicográficas – em que
se descreve a ficha léxico-toponímica utilizada para a anotação dos dados; b) As taxonomias
toponímicas – aqui se detalham as 27 taxes sugeridas por DICK (1992) para um trabalho
toponímico e c) Procedimentos metodológicos - busca detalhar a pesquisa até o resultado final. A
partir dessas classificações, verificaram-se aspectos de cunho qualitativo como: etimologia,
história, estrutura morfossintática, as informações históricas e enciclopédicas, além do
contexto dos termos destacados.
A sexta seção, intitulada Análise Toponímica em Bahia de Todos os Santos, apresenta,
classifica e contextualiza todos os dados toponímicos coletados, na obra em análise, que fazem
referência aos nomes de bairros e ruas da cidade de Salvador, separando-os em “Topônimos da
Cidade Baixa” e “Topônimos da Cidade Alta”. Esses dados são inseridos em fichas lexicográfico-
18
toponímicas baseadas em modelo desenvolvido por DICK (1992). Na última subseção, faz-se a
sistematização e análise dos dados por meio de gráficos.
Na sétima seção denominada Considerações Finais, apresentam-se as considerações
conclusivas para esta dissertação em consonância com o que foi analisado nas seções
desenvolvidas. Este trabalho mostra que os topônimos não devem ser vistos apenas como
meros locativos, ao contrário, pois a relação extralinguística é essencial para entender o nome
do lugar e este contribui para compreender a história do povo estudado.
Portanto, sabe-se que tais considerações finalizam essa abordagem, mas abrem a
possibilidade de novos estudos sobre os nomes de lugares no território baiano.
19
2 PERCORRENDO RUAS E MISTÉRIOS, COSTRUINDO IDENTIDADES
É notável o papel das artes como um dos elementos representativos das realidades
humanas. O homem, ao longo da história da humanidade, buscou exteriorizar seus
sentimentos através das artes. A literatura, uma das manifestações artísticas, não só contribui
para representar os anseios da alma humana, mas também serve para divulgar as culturas e
ideologias. Simular a realidade através de uma obra literária é uma das formas de o escritor
mostrar, de modo ficcional ou testemunhal, o uso da palavra como objeto da arte. Como
representação do saber artístico de um povo, a literatura pode guardar a história, os costumes
e os saberes culturais do grupo que está sendo protagonizado nas páginas de um livro.
A leitura de Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios, uma das obras de Jorge
Amado, é uma das maneiras de perceber o quanto a literatura incide sobre a realidade social e
política de um povo. Jorge Amado imortalizou, nas páginas de seus livros, a cultura, as
belezas e as qualidades da Bahia, sem deixar de abordar, sobretudo, as necessidades sociais de
sua gente. As personagens dos romances amadianos estão vivas em cada rosto, em cada olhar
dos baianos, dos brasileiros de modo geral. É cada mulher que sofre de preconceito pelo
gênero e que luta para ocupar seu espaço no campo profissional. É cada geração descendente
de homens que tiveram seu sangue derramado no tronco e que ainda sofre por ter um fenótipo
considerado “inferior”. É cada menino ou menina sem família que trabalha nos cais ou nas
ruas da cidade da Bahia. É cada pessoa que sofre pela intolerância religiosa.
Ao abordar tais temáticas como âncoras norteadoras em seus livros, Jorge Amado traz à
tona personagens inspiradas em pessoas reais, com problemas sociais obstinados, na tentativa
de quebrar as barreiras inflexíveis de uma sociedade patriarcal, preconceituosa e capitalista
que dominava até a primeira metade de século XX, mas que pode ser observada em qualquer
ambiência das cidades baiana, mesmo nos dias atuais. Considerando que o povo da Bahia é o
protagonista de suas histórias, a literatura amadiana possui uma dupla face: de um lado atua
como um espelho da realidade e, do outro, como um instrumento de denúncia dessa realidade
que “sangra” dos olhos do autor. De acordo com Domício Proença Filho, Jorge Amado
“empresta sua voz, na contracorrente dos juízos de valor dominantes na sua época e ainda por
muito tempo, às mulheres submetidas ao juízo machista dos maridos; às prostitutas”.
(PROENÇA FILHO, 2013, p. 30)
20
Sua inscrição na conjuntura social e política a partir da década de 30 e 40 do século XX
contribuiu para questionamentos dos fatos políticos, morais e éticos no contexto brasileiro. No
solo baiano, havia uma preocupação das autoridades políticas em forjar uma imagem próspera
da ex-capital brasileira, livrando-a da imagem de pobreza, da seca e do sofrimento do povo.
Essa imagem foi formada no imaginário dos brasileiros, devido à disseminação das obras de
alguns artistas como Euclides da Cunha, em sua obra Os Sertões, e Graciliano Ramos, em
Vidas Secas, os quais optaram em mostrar as mazelas e as dores dos sertanejos da região,
vítimas do descaso político e social. Em consonância a essas ideias, Risário (1993) aponta
que:
A cultura de Salvador, também chamada de “Cidade da Bahia” por muitos, deve-se
ao fato de que a elite tradicional baiana, após o lento processo de declínio
econômico e político no final do século XVIII, sente a necessidade de ostentar o seu
passado glorioso, buscando antigas referências da capital colonial do Brasil.
(RISÁRIO, 1993, p.28)
Vivendo em um período de crescimento lento comparado à escala brasileira, devido às
crises das primeiras culturas comerciais, a Bahia precisava entrar no compasso do
desenvolvimento econômico conforme havia ostentado no período da colônia e a maneira de
recuperar esse prestígio era investir na imagem da Bahia como um local paradisíaco, onde o
sol nasce diferenciado, as mulatas são mais sensuais – paraíso capaz de impressionar qualquer
visitante. Além do mais, a associação da religiosidade, miscigenação e mistérios contribuiu
para formar a noção de identidade desse povo. E muitos artistas, guiados por essa guinada,
começam propagar as vantagens das terras baianas. Gilberto Freyre afirmou que “na Bahia
tem-se a impressão que todo dia é dia de festa. Festa de igreja brasileira com folha de canela,
bolo, foguete, namoro”. (FREYRE, 1944 apud VASCONCELOS, 2012, p. 92)
Nesse contexto, Jorge Amado, quase que de modo documental, cumpre o papel de
mostrar a Bahia, pelo viés literário como um sinônimo de paraíso, conforme é possível
verificar em vários de seus livros. Começa então um processo de disseminação da ideia da
Bahia como uma cidade feminizada, dotada de características que a particularizava das outras
regiões do país. No entanto, o autor, justamente por transitar por terrenos variados e por ter
posturas políticas e ideológicas ligadas ao partido comunista, não escondeu o lado perverso
que se escondia nas faces desse povo. Apesar de todas as belezas naturais bastantes
ressaltadas nas suas obras, Jorge Amado jamais deixou de mostrar as injustiças, as moléstias e
21
o preconceito que surgem nas terras baianas, desde outrora, segundo é possível perceber nas
palavras do autor:
Não há cidade como essa por mais que se procure nos caminhos do mundo. Nenhuma
com suas histórias, com seu lirismo, seu pitoresco, sua funda poesia. No meio da
espantosa miséria do povo das classes pobres, mesmo aí nasce a flor da poesia porque
a resistência do povo é além de toda a imaginação. Dele, desse povo, baiano, vem o
lírico mistério da cidade, mistério que completa a sua beleza. (AMADO, [1945] 2002,
p. 22)
Esses traços marcadores de identidades, tão claramente intensificados nas narrativas
amadiana, caracterizaram o escritor como um dos inventores da identidade brasileira,
sobretudo da baianidade1, apresentando o negro, a mulher, os marginalizados, o candomblé
como parte integrante da paisagem da Bahia. O povo sempre foi o seu melhor protagonista,
culturalmente caracterizado a partir de identidades próprias e variadas, inventadas e
reinventadas a cada dia. Essa visão pode ser corroborada em Ribeiro ao afirmar:
E entendemos como inventor o que deu forma a mitos e crenças duradouros, que
criou ícones e imagens incorporados a nosso universo cultural, à maneira pela qual
nos vemos e nos veem. Claro que, como aliás, é o caso de todo inventor, ele não cria
do nada, mas sente e concentra o que antes só se percebia de maneira diluída e
amorfa, canaliza o que de outro modo talvez nunca achasse expressão importante.
(RIBEIRO, 2014, p.98)
Jorge Amado, em seu processo de criação artística e referencial discursivo, dissemina e
perpetua para as gerações vindouras uma gama de características e riquezas culturais, que
compõe a formação identitária do povo baiano.
O autor, ao escrever o guia Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios, em
1944, tem a Bahia e seu povo como protagonistas de histórias, o reconhecimento de artistas e
escritores, a associação da mestiçagem, a sensualidade das mulatas marcando o profano e as
religiosidades do povo regendo o sagrado. Eis uma Bahia negra, sensual, misteriosa e, acima
de tudo, alegre. Além de apresentar as engenhosidades da Bahia, Jorge Amado, como uma
espécie de guia turístico, apresenta toda a cidade, desde os bairros elitizados até as ruas mais
conhecidas em suas outras obras, os becos e vielas onde caminham e residem os operários, os
1 Para Vasconcelos (2012), essa “identidade baiana”, também chamada por alguns de “baianidade”, pode ser
entendida como o conjunto de particularidades, como a representação do modo de ser, de viver, ou seja, a
percepção do modo de pertencimento à Bahia.
22
largos e praças, indicando os seus respectivos nomes. Os nomes desses lugares revelam as
mudanças sofridas pelos espaços, às origens de cada lugar, os seus fundadores, pois ao
recuperar a essência dos nomes, descobrem-se as intenções do nomeador ao “batizar” tais
espaços, conforme nos assegura Dick:
A história dos nomes de lugares, em qualquer espaço físico considerado, apresenta-
se como um repositório dos mais ricos e sugestivos, face à complexidade dos fatores
envolventes. Diante desse quadro considerável dos elementos atuantes, que se
intercruzam sob formas as mais diversas, descortina-se a própria panorâmica
regional, seja em seus aspectos naturais ou antropoculturais. (DICK, 1990, p. 19)
Os nomes de lugares, nos romances de Jorge Amado, cumprem um papel tão importante
quanto os nomes dos personagens, uma vez que singularizam espaços, histórias e identidades.
Apesar de muitas críticas por parte da Academia e o não enquadramento de sua arte nos
moldes dos estudos estilísticos e suas obras sendo classificadas como subliteratura, devido ao
vocabulário característico do povo pobre e sem instrução, muitas vezes repleto de
obscenidade e fora da estética praticada no período, Jorge Amado conseguia aproximar os
seus leitores às suas obras, pois eram vistas como reflexo da realidade social e cultural, sem
máscaras, sem maquiagem.
Em seu processo de criação, o autor não estava preocupado com o rigor da estética
literária e/ou gramatical, mas com o desenho que seus textos faziam da realidade, de maneira
pessoal, intimista. A diferença entre a linguagem padrão e a linguagem coloquial tão discutida
no meio linguístico-acadêmico não tem nada a ver, a princípio, com o conceito de má
funcionalidade da língua e isso ficava evidente em seus escritos. No entanto, como a língua
está estritamente ligada à estrutura social e ao sistema de valor, as variedades linguísticas são
estigmatizadas, pois refletem a relação social, cultural e econômica de quem a fala.
Talvez tenha sido essa simplicidade da linguagem e as verdades nas palavras que
consagraram Jorge Amado como um dos escritores mais lido no Brasil e fora do país. Mas
também foi pelo mesmo motivo que ele foi chamado por muitos de “contador de histórias” e
“romancista das putas e vagabundos”. No entanto, essas expressões não eram depreciativas
para o autor, pois Jorge Amado tinha o papel de descrever os diversos elementos que
compunham as identidades que são formadas a partir das diferenças e da inegável mistura
étnica que compõem a miscigenação cultural da Bahia.
23
2.1 ROMANCISTA DO POVO: JORGE AMADO PRODUZINDO LITERATURA EM
TEMPOS DE INDEFINIÇÕES
No cenário mundial, após a eclosão da I Grande Guerra, o panorama político e
econômico sofreu diversas modificações, visto que os países tentavam se reerguer da grande
crise que assolou o mercado econômico em 1929. No contexto político dessa época, o Brasil
apresentava a força de Getúlio Vargas que ocupava uma posição privilegiada e a Revolução
de 1930 - movimento que buscava acabar com as oligarquias rurais, apoiava a guinada
industrial para atender a nova classe média que surgia, bem como a política e as questões
culturais.
Surgiam nesse momento posicionamentos políticos motivados por ideologias europeias
que se posicionavam com alguns ideários nazifascistas. Surge também o Partido Comunista
Brasileiro (PCB) em oposição ao governo Vargas. Destaca-se também um grupo de
intelectuais preocupados em diagnosticar e retratar o Brasil tal como ele era, na busca de
compreender as questões sociais, culturais e identitária da nação que passava por mudanças,
além de buscar entender e criticar o atraso e os dilemas do país e tentar engrená-lo nos
padrões modernos.
No campo intelectual, a mudança veio com os movimentos que acabaram culminando
na Semana de Arte Moderna em 1922, por isso, a produção literária nesse momento aparece
quase que com um teor sociológico e psicológico na junção entre as posições ideológicas e as
necessidades do país. Foi em 1931 que Jorge Amado lança o seu primeiro romance com o
título de O país do carnaval que, embora não tivesse as características de seu estilo observado
em outras obras, já trazia diversos questionamentos sociais e políticos. Em O país do
carnaval, o autor demonstra a sua inquietude juvenil diante das dificuldades do mundo, mas
as discussões e reflexões tinham um caráter universal e não tinha o Brasil como tema
particular. Só em 1933, a partir da publicação de Cacau, o autor começa a descrever o país de
modo mais específico, tratando das dificuldades dos trabalhadores nas plantações de cacau.
No entanto, o Brasil ainda sofria com dificuldades que maltratavam sua gente e, por essa
razão, Jorge Amado continuou a relatar as realidades nas outras obras como Suor, Mar Morto,
em Capitães de Areia. A consciência social e o engajamento político ficam mais acentuados
24
em Jubiabá, em Terras do sem fim, em São Jorge dos Ilhéus e nos outros diversos romances
que escreveu tendo o povo baiano como protagonista.
As ideias modernistas chegaram entre os intelectuais baianos, influenciando o
aparecimento de grupos que discutiam arte como uma renovação cultural. Daí, Amado
juntamente com outros jovens, dentre eles Pinheiro Viegas, criaram a Academia dos
Rebeldes, com o objetivo de discutir a literatura. Encabeçada por Gilberto Freyre, a
valorização de tradições populares, como base de uma representação da identidade nacional e
amparada na mestiçagem da população brasileira, foi uma das matérias-primas usada por
Jorge Amado.
A aproximação de Jorge Amado com o Partido Comunista Brasileiro (PCB) influenciou
bastante para a elaboração dos seus romances de análise social, que se valiam, muitas vezes,
de conceitos marxistas traduzidos em valores e imagens de sua militância para as páginas de
suas obras. Por essa razão, muitos críticos literários tentam classificar suas obras como
engajadas, politizadas, militantes, ideológicas, dentre outros adjetivos que cristalizam as
intenções do autor ao apresentar a sua literatura ao mundo.
A partir da década de 1940, Jorge Amado se torna efetivamente membro do PCB e sua
obra ganha um rumo mais específico, o caráter de romance proletário perde sua intensidade e
dá espaço as representações fiéis das ideologias comunistas, veemente opostas ao governo
Vargas. Nessa perspectiva de luta pela valorização da nacionalidade brasileira, cresce uma
luta contra o ideário nazista, o imperialismo e o capital estrangeiro com a tentativa de formar
a União Nacional. Nas palavras de Ramos (2013) é possível evidenciar o projeto de Jorge
Amado que:
Seguindo as diretrizes culturais do Partido, passa a defender a tese de assimilação da
herança cultural, valorizando as nações de culturas e raças “negras”, como
elementos que poderiam ajudar na luta política e na tomada de consciência dos
grupos socialmente desfavorecidos. Ao lutar pelo reconhecimento da raça e da
cultura negras, enquanto cultura específica, Amado articula o seu combate contras as
teorias racistas, introduzindo duas nações socialmente excluídas: o negro e o
proletário. (RAMOS, 2013, p. 75)
Foi dentro desse cenário social e político que surgiu Bahia de Todos os Santos: guia de
ruas e mistérios, escrito em 1944, mas foi publicado um ano mais tarde. A obra em análise
trata de um guia endereçado a uma moça que, no começo e no final do livro, o autor se dirige
a essa leitora imaginária, convidando-a para conhecer a cidade da Bahia, tanto em seus
25
atrativos turísticos quanto em seus dramas. Jorge Amado faz a apresentação da Bahia dos
anos de 1940 e se intitula como “guia” que apresentará as belezas e as necessidades da cidade.
2.2 O CONVITE: O ROMANCE-GUIA E A TURISTA IMAGINÁRIA
Sobre esta cidade da Bahia
muito mais se poderia dizer
se não fosse a modéstia e a prudência.
(Jorge Amado)
Nas páginas do romance-guia, o autor transpõe de modo poético a realidade popular da
Bahia e a apresenta como uma cidade hospedeira, dotada de beleza exótica, mas que não
conseguiu superar as dificuldades sociais e econômicas, a pobreza proveniente dos séculos
passados e que são visíveis nos rostos do povo sofrido. Ao contrário, dificuldades que só
aumentaram com a urbanização e industrialização da primeira metade do século XX.
No “Convite”, que fica nas primeiras páginas do livro, cumprindo a função de prefácio,
o autor aponta para o que será encontrado no restante da obra. Amado alerta que, se a
convidada for como a maioria dos turistas que busca conhecer os lugares pelas belezas que
sempre ouviu contar e, nos lugares, que normalmente são vistos nos cartões-postais das
agências de turismo, ela pode desistir, como pode ser lido nas linhas a seguir:
Se és apenas uma turística ávida de novas paisagens, de novidades para virilizar um
coração gasto de emoções, viajante de pobre aventura rica, então não queiras esse
guia. Mas se queres ver tudo, na ânsia de aprender e melhorar, se queres realmente
conhecer a Bahia, então, vem comigo e te mostrarei as ruas e os mistérios da cidade
do Salvador, e sairás daqui certa de que este mundo está errado e que é preciso
refazê-lo para melhor. (AMADO, [1945] 2002, p. 13)
Diante da proposta de passeio para conhecer os mistérios da cidade, o romancista, na
condição de anfitrião, espera que a visitante não se iguale aos demais turistas, que buscam
conhecer apenas as belezas do local. É possível perceber os discursos apresentados, o ajuste
do seu dizer entre a aparência e a realidade, pois o autor trabalha com jogos de imagens para
convencer a turista a conhecer a Bahia despida de maquiagem, uma Bahia que ainda “sangra”
com o sofrimento dos seus filhos que lutam por dignidade.
26
O guia é dividido em sete partes ou capítulos. No primeiro, com o título Atmosfera da
Cidade do Salvador da Bahia de Todos os Santos, o romancista se torna cada vez mais
alinhado entre ficção e realidade. Ele faz uma moderna “crônica” e mostra os costumes da
população baiana: as práticas de macumbas e os terreiros mais frequentados, as comidas
típicas, as principais igrejas e comemorações religiosas. E por que não falar do sincretismo,
das homenagens a Yemanjá e outras festas populares? Os orixás africanos ganham a santidade
e os nomes dos mártires católicos, mostrando a fusão que coabita na cidade e como é sugerido
no subtítulo da obra: “Bahia de Todos os Santos”. E por que não dizer “de todos os orixás”? É
evidente e quase um clamor, nas páginas do guia, a busca pela valorização da mestiçagem do
povo baiano, da religiosidade de matriz africana e a aceitação das diferenças que compõem a
cultura dessa gente. Was-Dall Junior (2013) aborda justamente sobre os elementos que
compõem os mistérios da cidade, conforme podemos conferir a seguir:
Inicialmente, Guia chama atenção, no mínimo, por dois motivos: pelo título
auspicioso e pelo subtítulo não menos peculiar. Em uma leitura despretensiosa, se
poderia pensar que “Bahia de todos os Santos” denota a porção de mar em torno do
Recôncavo, onde se localiza precisamente a quase homônima Baía de Todos-os-
Santos. Porém, de uma maneira ampliada, o título do livro refere-se à “cidade da
Bahia” como um lugar próprio de coexistência: lugar de todos os santos, por assim
dizer, onde habita a “mistura” que lhe seria característica, a começar pelos orixás do
candomblé, divindades de origem africana que se confundem através dos séculos
com os santos católicos no sincretismo religioso. É dessa complicação entre a
“cidade da Bahia” e a religiosidade do povo baiano que se configura a mítica
sugerida pelo subtítulo do livro, pois pelas ruas da cidade da Bahia coexistiriam
tantos “mistérios” quanto a quantidade de santos e orixás. (WAS-DALL JUNIOR,
2013, p. 116)
Jorge Amado chama a atenção para o mistério que recobre a cidade de Salvador, muitas
vezes, deixando como reflexão vários questionamentos a fim de verificar de onde viria tal
mistério: Seria do som dos atabaques de candomblé, na busca pela desmistificação da Bahia
“negra por excelência”? Ou estaria nos saveiros dos cais, na face dos marinheiros em busca
do seu sustento diário? Ou tal mistério estaria escondido nas igrejas históricas “grávidas de
ouro” junto com seus numerosos segredos? Afinal, a própria cidade revela em seu nome o
divino esplendor: a cidade de Todos os Santos, cidade esta que “os baianos amam como mãe e
amante”, conforme se pode depreender da leitura do trecho a seguir:
“Roma negra”, já disseram dela. “Mãe das cidades do Brasil”, portuguesa e africana,
cheia de histórias, lendária, maternal e valorosa. Nela se objetiva, como na lenda de
Iemanjá, a deusa negra dos mares, o complexo de Édipo. Os baianos a amam como
mãe e amante, numa ternura entre filial e sensual. Aqui estão as grandes igrejas
27
católicas, as basílicas, e aqui estão as grandes macumbas, o coração da seita fetichista
dos negros brasileiros. Se o arcebispo é o primaz do Brasil, o pai Martiniano do
Bonfim era uma espécie de papa das seitas negras em todo o país. Os pais-de-santo
vão bater candomblés no Recife, no Rio, até em Porto Alegre. E seguem como bispos
em viagem pastoral. De tudo isso escorre um mistério denso sobre a cidade que toca o
coração de cada um. (AMADO, [1945] 2002, p.22)
O mistério permeia toda a leitura do guia embora o autor recomende o não
desvendamento do mesmo, pois tal enigma é o que torna a cidade encantadora. Desvendar tal
conjunto de tentações e encantos seria mergulhar no universo que ultrapassaria os mistérios de
uma cidade histórica como nos guias comuns de turismos, pois desembocaria em “terrenos”
que ligam corpo, alma e coração dos baianos, como se ler no trecho abaixo:
Escorre o mistério sobre a cidade como um óleo. Pegajoso, todos o sentem. De onde
ele vem? Ninguém o pode localizar perfeitamente. Virá do baticum dos candomblés
nas noites de macumba? Dos feitiços pelas ruas nas manhãs de leiteiros e padeiros?
Das velas dos saveiros no cais do mercado? Dos Capitães da Areia, aventureiros de
onze anos de idade? Das inúmeras igrejas? Dos azulejos, dos sobradões, dos negros
risonhos, da gente pobre vestida de cores variadas? De onde vem esse mistério que
cerca e sombreia a cidade da Bahia? (AMADO, [1945] 2002, p.21-22)
No segundo capítulo, chamado de Ruas, Beco e Encruzilhadas, o autor apresenta os
bairros, as ruas, as ladeiras da capital baiana. Os lugares citados vão desde o refúgio de
grandes personalidades dos mais variados cenários - político, artístico e cultural - aos bairros
dos operários e dos miseráveis, repletos de ratos, lamas e doenças. As mulheres de “vida
fácil” que se abrigam no Tabuão, em seus alojamentos que mais parecem de hospitais,
repletos de moribundas mulheres com a juventude roubadas pelas doenças e pela miséria. A
obra assim como apresenta as belezas e as qualidades da capital baiana, também aborda as
suas misérias e dores. Jorge Amado mostra que as ruas da cidade conservam as marcas da
escravidão e as mazelas provenientes de uma falta de infraestrutura pública para saúde e para
a moradia, que atingem a população mais pobre.
Em Igrejas, Anjos e Santos, na terceira parte do livro, é visível a necessidade de Jorge
em trazer, para o conhecimento da sociedade, os dois lados da “cidade do Salvador”. Ele
apresenta o candomblé que se mistura com o catolicismo desde o toque dos atabaques nos
terreiros ao soar dos sinos nas igrejas. A desigual riqueza presente nas igrejas “grávidas de
ouro” se contrapondo ao rosto sofrido causado pela fome dos fiéis. Os casarões, hoje vistos
28
como patrimônio histórico, todos revestidos pelos azulejos europeus e cravados pelo sangue
escravo.
Em O Povo em Festa, quarta parte do livro, o autor mostra os principais festejos da
cidade da Bahia, desde as festas de cunho religioso às de procedência profana. Tais
comemorações são organizadas, no guia por Jorge Amado, começando pelas comemorações
de Santa Bárbara do calendário católico, no dia 04 de dezembro, passando pela a Festa de
Nossa Senhora da Conceição da Praia, padroeira de Salvador, com os festejos no dia 08 do
mesmo mês. Em janeiro, cita-se a procissão do Senhor Bom Jesus dos Navegantes, logo no
dia primeiro do ano; a festa dos Santos Reis Magos, que visitaram o menino Jesus na
manjedoura, é realizada no dia 05 de janeiro e, por último, na segunda quinta-feira do mês,
ocorre a Lavagem da Igreja do Bonfim. No dia 02 de fevereiro, celebra-se a Festa de Yemanjá
e, posteriormente, vem o Carnaval. No segundo semestre, os festejos juninos são
representados pela devoção dos três santos católicos: Santo Antônio, no dia 13, São João, no
dia 24 e São Pedro, no dia 29, nesse período há muitas comidas e danças típicas. Julho é
marcado pelo civismo do dia 02 em comemoração à independência da Bahia, até findar com
as comemorações dos Gêmeos Cosme e Damião, no dia 27 de setembro. E assim tece o
calendário festivo dos baianos.
Com a leitura da obra, alguns elementos parecem que permaneceram com o passar dos
anos. A imagem da Bahia que se tem hoje, certamente, mesmo não sendo a mesma que se
tinha no século XX, deixa transparecer fortes aspectos culturais e sociais, mesmo com mais de
70 anos de escritura do livro. Em outras palavras, não existe apenas uma identidade que
descreva o povo baiano, sua cultura e anseios não são prontamente definidos, ao contrário, é
com base na junção de outras culturas que a torna singular, pois a relação cultural e identitária
é um processo dinâmico de construção de fronteiras entre povos, histórias e culturas diversas.
O autor apresenta essa reflexão no seguinte texto do livro:
Existe uma cultura baiana com características próprias originais? Creio que sim.
Aqui toda a cultura nasce do povo, poderoso na Bahia é o povo, dele se alimentam
artistas e escritores. Há uma tradição social na arte e na literatura baianas que vem
desde Gregório de Matos e prossegue até hoje. Essa ligação com o povo e com os
seus problemas é marca fundamental da cultura baiana. Cultura baiana que
influencia toda a cultura brasileira da qual é célula mater. (AMADO, [1945] 2002, p.
20)
29
Ao ler essas palavras, pode-se confirmar como o romancista apresenta a cultura baiana
a partir os elementos representativos de um povo heterogênio que são sempre transformados
ou reestruturados, mas que estão sempre presentes, de um jeito ou de outro, no imaginário do
povo, ao manipular e recriar as representações identitárias da Bahia e dos baianos.
Essa construção identitária se dá de forma dinâmica, no encontro das relações pessoais,
na sociabilidade brasileira, na importância das festas, na cultura popular e nos aspectos que
envolvem a mestiçagem, tão fundamentais na leitura que Jorge Amado fez da Bahia de Todos
os Santos.
No capítulo O Mundo Mágico do Candomblé, quinta parte do livro, o autor apresenta
os principais terreiros e suas particularidades, as nações que predominam no universo baiano
do candomblé e as mães-de-santo que cumprem o papel de orientadoras espirituais de tal
religiosidade. Além de apresentar os principais nomes e preceitos do candomblé, o autor faz
uma espécie de legenda dos principais orixás e sua predominância nos terreiros, bem como as
suas preferências, principais características, vestimentas etc.
A religiosidade de matriz africana é descrita, nas suas obras, como uma religião que
cultua elementos da natureza e cujos ensinamentos humanizam e fazem o culto à vida. A
intimidade com que a religiosidade é abordada nas obras revela alguém que conhecia com
profundidade, seja pela amizade com vários membros de liderança nos terreiros ou porque
assumiu importante posto dentro do candomblé. Era Obá Otum Amolu do Axé, no Ilê Axé
Opô Afonjá2. Sobre a importância de Jorge Amado nesse universo religioso, Amádio diz:
Jorge Amado é pai-de-santo. É um obá. Sabem o que é isso? Obá é uma das
dignidades no candomblé de Xangô. É uma espécie de ministro (da mão direita) com
direito a voz e voto. O maior posto na hierarquia civil do candomblé, mas sem
autoridade religiosa. Está ligado aos terreiros há mais de 20 anos e é amigo íntimo
de Senhora, a mãe-de-santo nº 1 do Brasil. (AMÁDIO, 1960 apud DOURADO,
2010, p. 31)
2 Um grupo dissidente da Casa Branca do Engenho Velho (o terreiro mais antigo de que se tem notícia e o que,
segundo vários autores, serviu de modelo para todos os outros, de todas as nações), comandado por Mãe Aninha,
fundou, em 1910, numa roça adquirida no bairro de São Gonçalo do Retiro, o Terreiro Ketu do Axé Opô Afonjá.
Ocuparam o cargo de iyalorixás desse terreiro: Eugênia Anna dos Santos (Mãe Aninha, Obá Biyi), de 1910 a
1938; Maria Purificação Lopes (Mãe Bada de Oxalá), de 1939 a 1941; Maria Bibiana do Espírito Santo (Mãe
Senhora), de 1942 a 1967; Ondina Valéria Pimentel (Mãe Ondina de Oxalá, Mãezinha), de 1969 a 1975; e Maria
Stella de Santos (Mãe Stella de Oxóssi), de 1976 até os dias atuais. (DOURADO, 2010, p. 39)
30
Graças às inúmeras pesquisas e vivências dentro do candomblé, Jorge Amado pôde
contar histórias, personificar figuras tão reais, simular rituais, retratar culturas as quais ele
conviveu em ambiências de santo na Bahia.
No penúltimo capítulo chamado Personagens de Ontem, de Hoje, de Sempre, são
apresentadas, de maneira panorâmica, as principais personalidades artísticas, políticas e
religiosa, dos mais variados campo do conhecimento, da Bahia ou que vieram residir na
cidade acolhedora. Dentre eles, destacam-se Gregório de Matos e Castro Alves. Ambos de
singular importância no campo literário. O primeiro conhecido com “Boca do Inferno” devido
a sua sátira e ironia e, o segundo, também chamado de “O Poeta dos Escravos”, com seus
ideais alvedrios cantou a liberdade em forma de poesia. Cita-se também Carybé, Pinheiro
Vieigas, Cosme de Faria, o “cantou das graças da Bahia” ou Dorival Caymmi, Mário Cravo,
Pierre Verger, Clauber Rocha, Carlos Bastos, Gilberto Gil, Maria Betânia, Caetano Veloso, o
político Antonio Carlos Magalhães e muitos outros, com suas respectivas e ricas
contribuições tanto no campo artístico quanto no campo político.
Na última parte do livro, Terra, Mar e Céu, conforme cita o autor, faz-se um “intervalo
para os comerciais”, no qual são citados diversos locais e nomes de pessoas, com suas
respectivas utilidades. Tais informações podem servir de auxílio para o leitor-visitante, que
poderá necessitar dos variados serviços citados pelo autor. A mostra vai desde “A Suprema”,
casa de móveis, passando pela casa de bolos e doces até a necessidade de declarar um imposto
de renda e dos trabalhos do Doutor José Aragão Vila ou de um ginecologista Dr. David
Araujo.
A representação da identidade baiana como mestiça, festeira, popular, cordial, com o
famoso “jeitinho brasileiro”, a qual Jorge Amado é um dos criadores, é recorte parcial da
sociedade e da história dos brasileiros. O que o romancista fez foi elencar alguns elementos
que, com tanta perspicácia, observou na sua volta, mostrando “a força do povo”, a “atmosfera
da cidade”, “as revoluções”, os artistas, as mazelas que até hoje acompanham a cidade junto
ao seu desenvolvimento.
Em consonância com tais ideias, Jorge Araujo (2013) traz a noção de metonímia, pois
através da Bahia, podem-se entender as inúmeras vertentes do Brasil como um todo, como
podemos ler no trecho abaixo:
31
A Bahia de Jorge Amado é metonímica do Brasil, representado polivocamente em
suas identidades, natureza e complexidade, e Jorge Amado é quem melhor expressa
essa nacionalidade difusa, sob uma forma encatatória que de autoexibe ou
dessacraliza em um texto tão plural que não se avexa ante seus próprios modelos e
caprichos de sedução. (ARAUJO, 2013, p. 132)
Amparando-se nos pressupostos da Análise do Discurso, que defende que discurso parte
de um lugar e de um determinado tempo, no caso em questão, o Brasil da primeira metade do
século XX, leva-se em consideração o tempo e o espaço como elementos básicos para
compreender os sentidos dos enunciados. Diante disso, o discurso amadiano, em Bahia de
Todos os Santos, é para o outro (a turista imaginária) e dependente do outro, ou seja, busca-se
além do planejamento da fala para que o outro o entenda, numa atitude de antecipação, na
tentativa de preparar sua interlocutora-leitora-visitante, bem como para o entendimento de
outros discursos em outros momentos.
Por ser um morador da cidade da Bahia, na posição de autoridade que pode falar da sua
terra natal e, na condição de anfitrião, como é possível perceber no trecho: “Vem e serei o teu
cicerone”, Jorge Amado se apresenta como um guia diferente daqueles que são encontrados
em qualquer cidade de atração turística: “Qualquer catálogo oficial, ou simples cavação, te
dirá quanto custou o Elevador Lacerda [...] Mas eu te direi muito mais, pois te falarei do
pitoresco e da poesia, te contarei da dor e da miséria” (AMADO, [1945] 2002, p. 13).
A imagem que se faz da Cidade do Salvador da Bahia é de uma cidade acolhedora, que
possui um povo cordial, civilizado: “A Bahia te espera para a sua festa cotidiana” e que
carrega um mistério que ronda essa terra ora verdadeira ora lendária: “Onde estará mesmo a
verdade quando ela se refere à cidade da Bahia? Nunca se sabe bem o que é verdade e o que é
lenda nesta cidade”. Mas que leva no seio de sua história desde a escravidão ao descaso atual,
a dupla face pintada pela beleza e pela miséria, “porque assim é a Bahia, mistura de beleza e
sofrimento, de fartura e fome, de risos álacres e de lágrimas doloridas” (AMADO, [1945]
2002, p.12-13).
Jorge Amado, ao projetar a sua posição no mundo, busca persuadir a leitora imaginária,
que recebe aquele convite, a conhecer os bairros pobres, que exala a fome e a miséria e
ancorado no contexto ideológico da época que busca o fim das injustiças sociais, faz um
convite à “moça” para mudar tal realidade. Como afirma Jorge Amado, “esse é um estranho
32
guia. Com ele não verás apenas a casca amarela e linda da laranja. Verás igualmente os
gomos podres que repugnam ao paladar” (AMADO, [1945] 2002, p.12).
As palavras de Jorge Amado são fortes e revelam o seu posicionamento e indignação
perante uma sociedade injusta. Dessa forma, pode-se compreender como a palavra pode ser
testemunha de contextos reais, caracterizando povos, envolvendo culturas.
2.3 “BAHIA TÃO SOMENTE”: A CIDADE DO SALVADOR E SUAS DENOMINAÇÕES
A cidade do Salvador começou o seu crescimento seguindo a rota da baía beirando o
mar e a classe mais privilegiada acompanhou esse crescimento. Já em direção ao interior da
baía, a classe menos privilegiada ocupou as primeiras habitações em função da dificuldade de
acesso ao interior. Então, construir uma sede do governo português na colônia foi uma
decisão estratégica da Metrópole, pois podia definir mais de perto as diretrizes para a
exploração das matérias-primas que abasteceriam Portugal, além de dispor de uma excelente
localização onde se poderia controlar toda a extensão do litoral, e, ao mesmo tempo, tornar-se
a cidade-fortaleza, protegida de possíveis ataques dos nativos e de estrangeiros, tanto por terra
quanto por mar. A cidade sede do governo português, no século XVI, tinha algumas
características geográficas interessantes, pois foi constituída, em seu traçado topográfico, de
fendas, depressões, baixadas, lombadas prolongadas, colinas e os vales. Um dos principais
componentes da topografia das terras baianas é a declive que separa a cidade em duas: Cidade
Alta e Cidade Baixa.
O núcleo que constituía a cidade do Salvador, nos primeiros anos de colônia, tinha
como base esse declive: a Cidade Baixa, que se encontra no nível do mar, era onde estavam
instalados os armazéns para depósito de mercadorias a serviço do porto, local de trabalho; na
Cidade Alta, encontravam-se o centro administrativo e religioso, além das residências. A
ocupação das primeiras habitações começou nas ladeiras e caminhos que ligavam a Cidade
Baixa à Alta, justamente por ser trânsito de ligação entre uma localidade e outra devido ao
movimento econômico e religioso.
33
O estratagema inicial da Coroa de ter uma cidade-fortaleza aliada pelas condições
naturais da geografia do lugar, que possibilitava vigiar quaisquer perigos que ameaçassem o
“coração da cidade”, a posteriori, foi uma dificuldade para os moradores, pois as diversas
ladeiras e caminhos tortuosos atrapalhavam a todos, principalmente os comerciantes da classe
mais privilegiada que moravam na Cidade Alta e tinham que trabalhar na Cidade Baixa. Além
disso, havia a necessidade de comunicação entre o poder administrativo que ficava instalado
na parte superior da encosta e a articulação quanto ao acesso entre as duas “cidades” era
inviável. Surgem, assim, as rampas e as enormes escadarias na busca de ligar os dois pólos da
cidade: um ligado ao comércio atacadista e o outro relacionado à habitação, o comércio
varejista e administração. Sobre essa divisão da cidade, Santos (2008) afirma:
É uma cidade cuja paisagem é rica de contrastes, devidos não só à
multiplicidade dos estilos e de idade das casas, à variedade das concepções
urbanísticas presentes, ao pitoresco de sua população, constituída de gente de
todas as cores misturadas nas ruas, mas, também, ao seu sítio ou, ainda
melhor, ao conjunto de sítios que ocupa: é uma cidade de colinas, uma cidade
peninsular, uma cidade de praia, uma cidade que avança para o mar com as
palafitas das invasões de ltapagipe, cidade de dois andares, como é frequente
dizer-se, pois'; centro se divide em uma Cidade Alta e uma Cidade Baixa.
(SANTOS, 2008, p.36)
As primeiras casas construídas na cidade do Salvador se encontravam na Praia ou
Ribeira e, mais tarde, foi avançando e seguindo a baía e a necessidade comercial. Por volta do
século XVII, a cidade cresceu e extrapolou os limites estabelecidos inicialmente pelos
portugueses e a ocupação se intensificou devido à necessidade de moradia após o crescimento
populacional da cidade. No século XIX, com vista do progresso e da modernização, da
higienização e da estética, as mudanças continuaram e muitas ruas foram construídas e
alargadas, os bairros avançaram para o centro e beirando o Atlântico. Puderam-se perceber
novos contornos para a Cidade Alta e para a Cidade Baixa, com o deslocamento e ampliação
do centro comercial, habitacional e administrativo.
A imagem a seguir permite verificar a cidade do Salvador, também chamada por muitos de
“Cidade de dois andares”, e sua área ocupada com bairros residenciais, comerciais, delimitando
um avanço considerável desde a década de 1940.
34
Fig. 7 - Mercado Modelo e Casa da Alfândega 1940, vista da Cidade Alta e da Cidade Baixa
Portanto, desde a sua formação, a geografia da cidade influenciou na sua forma
urbanística e a cidade se desenvolveu paralela ao mar. Na Cidade Baixa, desenvolveu o poder
econômico, justamente por depender das atividades portuárias; já na Cidade Alta, encontram-
se as atividades relacionadas à fé e a administração, no entanto, ambas as “cidades” se
complementam, conforme podemos verificar nas palavras de Amado:
As duas cidades se completam, no entanto, e seria difícil explicar de qual das duas
provém o mistério que envolve a Bahia. Porque o viajante o sente tanto na Cidade
Baixa como na Alta, pela manhã ou pela noite, no silêncio do cais ou nos ruídos da
multidão na baixa dos Sapateiros. Impossível explicar o mistério dessa cidade. É
segredo que ninguém sabe, chega talvez do seu passado na sombra do forte velho
sobre o mar, chega talvez do seu povo misturado e alegre, talvez do mar onde reina
Inaê, talvez da montanha coberta de verde e salpicada de casas. É certo que todos o
sentem. Ele rola sobre a Bahia, é como um óleo a envolvê-la. Quando na noite
solitária da Cidade Baixa o ruído do baticum longínquo do candomblé coincidir com
o encontro de um casal de mulatos que se dirige ao amor no cais, então o forasteiro
se rende conta que esta é uma cidade diferente, que nela existe algo que alvoroça os
corações. (AMADO, [1945] 2002, p.24)
Embora busque mostrar toda a cidade para o leitor-turista, representado pela “moça”
convidada, Amado evidencia constantemente a peculiaridade das duas cidades, que mesmo
sendo complementares, apresentam características distintas. Mesmo diante da modernização
da cidade e do surgimento de novos sítios urbanos, ele traz o centro histórico como o
“coração” da cidade que se modernizou, mas que traz marcas reais do passado provinciano.
35
Na obra, outro fato interessante e que deixa o leitor curioso é a recorrência de Jorge
Amado se referir à capital baiana de variadas denominações ora chamando de Salvador, São
Salvador, ora Bahia de Todos os Santos, ora de Cidade do Salvador da Bahia ou de
Cidade do Salvador da Bahia de Todos os Santos. Nas narrativas, assim como na
denominação da realidade, há uma representação do espaço real que se corporifica a partir de
um designativo, ou seja, quando se analisa o nome de lugar, busca-se desvendar o povo a
partir da representação sígnica - o topônimo. Carvalhinhos (2009) discorre sobre essa ideia de
nomeação dentro da narrativa e afirma que:
Quando o topônimo figura em uma obra ficcional, pode-se afirmar que a escolha
desse nome passou por crivo duplo, pois autor cria um topônimo (ou escolhe um
dentro de um paradigma já existente) com o objetivo deliberado de construir um
determinado espaço na sua narrativa, de modo que crie um efeito de realidade.
(CARVALHINHOS, 2009, p. 86)
Esses topônimos referentes à capital da Bahia, com as mais diversas variações feitas
pelo autor, comprovam uma característica interessante no ato de nomeação, conforme afirma
Menezes e Santos (2006):
Os nomes de geográficos são testemunhos históricos dos povoamentos de toda uma
nação. Eles registram e sinalizam a passagem histórica de geração, culturas, povos e
grupos linguísticos, que se sucedem na ocupação de uma dada porção territorial,
indicando a antropização da paisagem e a consequente expansão do ecúmeno. (MENEZES; SANTOS 2006, p. 194)
Os nomes escolhidos para as cidades nas quais ancoraram as embarcações portuguesas,
na época da colonização das terras brasileiras, evidenciam a influência religiosa no processo
de nomeação das terras “recém-achadas”. Essa influência já aconteceu com o próprio nome
do país que outrora recebeu como nomes Ilha de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz,
posteriormente, as nomeações, sob as influências indígenas, dos africanos e dos elementos
naturais que ao entorno, compõem uma forma diferenciada de nomear. Foi a partir dos
documentos e registros da época, como a Carta de Caminha, que se tem conhecimento de
como se deu o processo nomeação nas “terras descobertas”.
A expressão Bahia de todos os Santos, muitas vezes evocada por Jorge Amado, foi
inspirada na baía, uma extensa área que recebeu o nome dos lusitanos durante uma expedição
portuguesa comandada por Gaspar Lemos em 1º de novembro de 1501, dia de Todos os
36
Santos, segundo o calendário da Igreja Católica. No entanto, já era denominada de Kirimurê3
pelos índios Tupinambás, cujo significado é "grande mar interior", a baía adquiriu grande
importância desde os primeiros anos de colonização. Tais denominações revelam a perfeita
relação entre o ato de nomear e as características físicas do lugar e a visão daqueles que aqui
chegaram, cada qual com seus conhecimentos e interesses. Mais tarde, em oposição às ilhas
da baía, surgia a cidade de São Salvador da Baía de Todos os Santos ou apenas Salvador
da Bahia, inicialmente uma capitania, mas que durante muitos anos desempenhou o papel de
primeira capital do Brasil.
Jorge Amado dedica um tópico, no primeiro capítulo da obra Bahia de Todos os Santos:
guia de ruas e mistérios, para falar sobre o nome da cidade. O autor fala do desejo purista dos
estudiosos, que fazem discussões e debates entre os acadêmicos, na tentativa chamar a cidade
pelo seu nome “verdadeiro”, no caso, Cidade do Salvador, desprezando o querer do povo.
Isso justifica o fato de o autor asseverar que:
Podem eles perder o tempo que quiserem, podem encher colunas de jornais com
massudos e maçantes artigos, escrever grosso volumes que ninguém lê, xingar,
esbravejar, o povo continua chamando sua cidade pelo doce nome de Bahia. Esta é a
cidade da Bahia. Assim a trata o povo de suas ruas desde a sua fundação em 1º de
Novembro de 1549. (AMADO, [1945] 2002, p. 25)
Essa passagem do livro faz compreender a dinamicidade da linguagem, que demonstra
em variados aspectos da língua não se podem impor regras, pois a língua passa por uma
filtragem temporal e espacial, sendo que o povo é quem consagra o seu uso, conforma já
salientou Monteiro Lobato (1992):
[...] Os gramáticos mexem e remexem com as palavras da língua e estudam o
comportamento delas, xingam-nas de nomes rebarbativos, mas não podem alterá-las.
Quem altera as palavras, e as faz e desfaz, e esquece umas e inventa novas, é o dono
da língua — o Povo. Os gramáticos, apesar de toda a sua importância, não passam
dos "grilos" da língua. (LOBATO, 1992, p. 45)
Os contornos dos moldes europeus, marcados, sobretudo, pelos preceitos ideológicos e
religiosos começaram a dominar os povos, suas línguas, com o objetivo de aplicar um dos
ideais das conquistas da colonização: educar o Novo Mundo com os preceitos do Deus
3 Atualmente existe o Instituto Kirimurê, um ambiente virtual onde se encontram pesquisadores, professores e
estudantes de graduação e pós-graduação da Universidade Federal da Bahia com parceria com outras instituições
de ensino para discutir os mais diversos elementos de pesquisa sobre a Baía de Todos os Santos (BTS). Para
conhecer o instituto e os objetivos do projeto ver site http://www.btsinstitutokirimure.ufba.br/?page_id=23.
37
europeizado na nova terra sem Fé, sem Lei, sem Rei. O topônimo Salvador da Bahia
também faz menção ao imaginário religioso cristão católico, marcando a religiosidade
daqueles que ali estavam nos primeiros momentos da colonização. E Jorge Amado também
contesta sobre tal nomeação, conforme se pode ler abaixo:
Pode ser que o colonizador devoto desejasse colocar a nova povoação sob o
patrocínio de Jesus designando-a Cidade do Salvador. Mas somo um povo misturado
com sangue índio e muito sangue de negro, e nosso primitivismo ama os nomes
pagãos tirados da natureza em torno. Bahia. Em frente à cidade está a baía enorme,
belíssima, rodeando a ilha de Itaparica; [...] Bahia de Todos os Santos. O católico
lusitano batizou a baía ao redor. O índio e o negro crismaram a cidade que ali
nasceu: Bahia tão somente. Não adianta o desejo de D. João III, Rei de Portugal,
que, mesmo antes de fundar a cidade, deu-lhe o nome de Salvador. Não adiantou a
pertinácia de Tomé de Souza conservando-lhe esse nome quando todos os
chamavam Bahia. Esse povo misturado é, por vezes, cabeçudo. Permaneceu Bahia.
(AMADO, [1945] 2002, p. 25)
Um fato interessante, em relação aos designativos referentes à capital baiana e que
ultrapassa as páginas das histórias imaginadas por Amado, é que essa preferência em chamar
Salvador de Bahia também faz parte do imaginário da população interiorana. É comum,
principalmente dentre os mais velhos, ouvi as frases: “vou para à Bahia”, “cheguei da Bahia”,
usando o nome do estado, como nome da cidade, mais uma vez, como uma relação
metonímica.
38
3 LÍNGUA E CULTURA: A LÍNGUA COMO ELEMENTO IDENTITÁRIO
“A palavra distingue o homem dentre os animais:
a linguagem distingue as nações entre si;
somente se sabe de onde é um homem após ter ele falado”.
(ROUSSEAU)
O ser humano é um ser social que faz uso da linguagem para interagir com o meio que o
cerca. É possível verificar na linguagem os reflexos de elementos que revelam as estruturas
sociais. Assim como existem as relações de poder no seio social, fixadas pelas forças
simbólicas já evidenciadas por Bourdieu (1983), a linguagem, através do seu léxico, é um
fator que cria laços entre seus semelhantes bem como separa os diferentes. Bourdieu
apresenta o discurso como um bem simbólico, o qual pode receber valores distintos a
depender do mercado que ele seja exposto, isso ocorre porque língua é sinônimo de poder.
Émile Benveniste (1976, p.32) debate com a defesa de que a linguagem, enquanto
instituição social garante a difusão e fixação de ideologias e princípios na seguinte passagem:
“A linguagem manifesta e transmite um universo de símbolos integrados numa estrutura
específica: tradições, leis, ética e artes; e é pela língua que o homem assimila a cultura, a
perpetua ou a transforma”.
A língua deve ser vista como o meio pelo qual o homem evidencia o seu pensamento, as
aquisições de saberes, percepções e experiências da sociedade. Sobre essa ideia, Duranti
afirma:
Uma língua é mais que um conjunto de categorias fonológicas, morfológicas,
sintáticas ou léxicas e uma série de regras para seu uso. Uma língua existe no
contexto de práticas culturais que, por sua vez, descansam em alguns recursos
semióticos, como as representações e expectativas que proporcionam aos corpos e
movimentos dos participantes no espaço, o entorno construído em que inter-atuam, e
as relações dinâmicas que se estabelecem por meio da recorrência na atividade
conjunta que realizam. (DURANTI, 2000 apud SEABRA 2004, p.28)
Ao considerar o caráter social da língua, que se corporifica por meio do léxico, é
necessária a inserção, de modo intrínseco, do elemento cultural como eixo de ligação entre o
polo social e o polo linguístico. O termo cultura é proveniente do latim e seu significado
original remete às atividades agrícolas. Vem de colere, que quer dizer cultivar. Com o tempo,
39
a partir do surgimento de sociedades letradas, esse significado foi ampliado para refinamento
pessoal, sofisticação. Por isso, até hoje, esta palavra possui conotação relacionada a
conhecimento, desenvolvimento de ideias, polimento intelectual - pessoa culta.
No entanto, quando se pensa em cultura não se pode ficar preso a essa visão limitada,
simplista e defasada. Atualmente, a preocupação em entender sobre as questões culturais é
bem forte, pois os estudiosos buscam compreender a humanidade de modo mais amplo, mas,
ao mesmo tempo, entender a concepção de nação, grupos humanos e sociedade. Assim, o
termo cultura inclui o coletivo, pois é o resultado da inserção do homem em contextos sociais
variados.
No século XIX, o conceito de cultura era ligado a uma hierarquização das culturas
humanas, na qual, segundo essa visão, as sociedades passaram por etapas de evolução. Essa
era uma visão europeizada em que todos os povos que não entravam na sua categorização de
cultura baseada na noção capitalista eram considerados como bárbaros, inferiores. E essa ideia
de evolução cultural esteve ancorada em ideais racistas que, infelizmente, ainda podemos
perceber camufladas nos moldes da sociedade atual.
A noção de inferioridade cultural é sempre fundamentada na comparação de elementos
baseados na realidade cultural de quem analisa, de modo que é possível entender que não se
pode categorizar a cultura de uma comunidade com parâmetros iguais a de outra comunidade,
pois a sociedade não é igual nem igualitária. Logo, as diferenças óbvias não devem servir de
base para caracterizar um povo como melhor ou pior, sobretudo, porque não há cultura
melhor ou pior, há culturas diferentes. Ao encontro desse pensamento, Santos (1986) afirma
que:
Cada realidade cultural tem sua lógica interna, a qual devemos procurar conhecer
para que façam sentido as suas práticas, costumes, concepções e as transformações
pelas quais estas passam. É preciso relacionar a variedade de procedimentos
culturais com os contextos em que são produzidos. (SANTOS, 1986, p. 8)
De acordo com Edward T. Hall (1973 apud OLIVEIRA, online), o conceito de cultura,
no sentido etnográfico, foi primeiramente definido por E. B. Tylor ao dizer que:
40
[...] cultura ou civilização, tomada em seu sentido etnográfico amplo é o conjunto
complexo que inclui conhecimento, crença, arte, moral, lei, costumes e quaisquer
outras habilidades ou hábitos adquiridos pelo homem como membro de uma
sociedade (TYLOR, 1871 apud OLIVEIRA, online).
Depois, vários outros estudiosos, a depender da linha de pesquisa, se ocuparam em
definir cultura. Estabelecida a ideia de que língua e cultura são indissociáveis, por estarem
sempre em processo de mudança, muitos autores defendem que a cultura está relacionada com
a forma de encarar a si e ao outro, ou seja, são consideradas a historicidade, os costumes, o
contexto social, etc. Sem os aspectos contextuais, o termo cultura se torna irrelevante e
equivocado.
Ainda no que diz respeito à relação entre língua e cultura, a ideia de que elas estão
intimamente ligadas não é recente. Desde o século XIX, Humboldt tratou dessa relação
quando discutiu a ideia de relativismo linguístico, que pode ser entendido como a noção de
que a língua que falamos pode influenciar a realidade. Mais tarde, Edward Sapir argumentou
que o conteúdo da língua está atrelado à cultura. Nos anos 1950, Whorf (1940, p. 231 apud
OLIVEIRA, online) discute que os falantes de uma língua dividem a mesma realidade
linguística, ou seja, cada indivíduo, ao apreender uma língua materna, aprende a associar os
símbolos de modo igual, na situação que se encontram ou no pensamento.
Por sua vez, a língua é social e culturalmente construída e é através das práticas
discursivas, caracterizadas pelo modo de ser, dizer e agir que cada grupo social estabelece o
papel de exteriorizar o seu pensamento. É nesse sentido que nos assevera Baldinger: “a
história da língua é a história da cultura...O fato de que a língua reflete a história dos povos,
isto é, a relação entre história da língua e a história da cultura já se reconheceu então”.
(BALDINGER, 1966, p. 37)
Câmara Jr (1954, p. 193) também diz que “a língua, considerada em sua essência, é
mais do que uma simples manifestação cultural: é o veículo através do qual toda cultura se
consolida, se intercambia e se transmite”. Qualquer processo de construção identitária por
meio da língua é um encontro entre elementos que envolvem culturas, valores ou práticas que
convergem ou divergem em alguns momentos, mas que a partir de contextos históricos
específicos passam a fazer sentido e representar o indivíduo que está inserido naquela época.
41
Estudiosos de diversas áreas do conhecimento como a Filosofia, a Psicanálise, a
Antropologia e a Linguística, por exemplo, têm se dedicados a temas que envolvem a
construção identitária, buscando investigar e compreender como se dá esse desenvolvimento
nos indivíduos, pois é muito comum, aos ouvidos atentos, surgirem perguntas que discutem
termos e ideias como “crise de identidade” ou “perda de identidade”.
Segundo Coseriu (1982, p.17), “a linguagem é um fenômeno multifacetado que permeia
as demais manifestações do homem”, ou seja, no processo de construção da identidade, o
indivíduo vale-se da sua capacidade de se comunicar para, a partir dela, tecer suas convicções,
crenças e sua história pessoal. Sobre a noção de identidade, Rajagopalan (1998) argumenta:
A identidade de um indivíduo se constrói na língua e através dela. Isto significa que
o indivíduo não tem uma identidade fixa anterior e fora da língua. Além disso, a
construção da identidade de um indivíduo na língua e através dela depende do fato
de a própria língua em si ser uma atividade em evolução e vice-versa.
(RAJAGOPALAN, 1998, p.41-42)
Contudo, é sabido que a língua não é neutra ou isenta de referências à significação
social, pois a língua não se mantém na base da neutralidade, ao contrário, está repleta de
significações que é resultado da interação entre os falantes que a utilizam. Desta forma, é
assertivo dizer que língua e cultura têm um papel importante para a construção identitária de
um indivíduo.
Ainda na visão de Rajagopalan (1998, p. 41-42), “as identidades da língua e do
indivíduo têm implicações mútuas, ou seja, estão a todo momento sendo reconstruídas num
constante estado de fluidez”. Dessa forma, pode-se entender que a identidade só é possível a
partir do momento em que o homem consegue decodificar a palavra e, por meio desta,
desvendar o mundo que está inserido, de modo que transforme a realidade e seja transformado
por ela, já que é um ser social e historicamente condicionado.
Na visão de Freitas et al. (s/d online), outro aspecto importante para a compreensão
entre língua e identidade é que o conceito de língua tem significação geopolítica, ou seja,
representa a geografia e os aspectos políticos de uma determinada comunidade. Como as
comunidades são plurais e multifacetadas, assim, entende-se que quanto mais influenciado for
o ser humano pelos diversos contextos, infinitamente ampliada e composta será a forma de
42
perceber e agir sobre a realidade que ele está inserido. Ao encontro dessa ideia, Hall (2000, p.
37) defende que:
[...] as identidades nunca são unificadas; que são, na modernidade tardia, cada vez
mais fragmentadas e fraturadas; que elas nunca são singulares, mas multiplamente
construídas ao longo de discursos, práticas e posições que se cruzam e até podem ser
antagônicas. As identidades estão sujeitas a uma historicidade radical,
constantemente em processo de mudança e transformação. (HALL, 2000, p.37)
A noção de identidade cultural, social e linguística parte da ideia de como o indivíduo se
comporta no convívio com seus semelhantes, inseridos em grupos e agindo como sujeitos
sociais. Em consonância com as ideias defendidas por Hall, é possível afirmar que, graças aos
fatores globais de circulação imediata de informações e cultura, que as identidades estão cada
vez mais fluídas.
Rajagopalan afirma que a língua é como uma “roupagem”, que, ao despir-se dela,
podem-se observar diversos aspectos, pois a língua está sempre ligada a questões de
identidade e alteridade, visto que a ela vincula a subjetividade do sujeito. Dessa forma,
qualquer tentativa de retirar o “EU” da linguagem está fadada ao fracasso (informações
verbais)4.
3.1 O ESTUDO LEXICAL: PRESERVANDO A MEMÓRIA DE UM POVO A PARTIR DA
LÍNGUA
A arbitrariedade do signo linguístico corroborada por Saussure explica como o
homem estrutura o mundo que o cerca e nomeia os seres e objetos de acordo com suas
necessidades e interesses. Ao longo da história, as palavras surgem, desaparecem,
reaparecem com novas significações de acordo com os imperativos de um povo, marcadas por
diversos fatores socioculturais. Sendo assim, o léxico, ou o conjunto de palavras de uma
comunidade linguística, cumpre o papel de testemunhar as realidades sociais e culturais de
4 Apontamentos de aulas ministradas pelo professor Rajagopalan à turma de Programa de Pós-graduação em
Estudo de Linguagens, em março de 2013.
43
quem as usam, garantindo ao estudioso do léxico a possibilidade de desvendar a história e os
anseios dos seus convivas, conforme nos assegura Biderman:
O léxico pode ser considerado como tesouro vocabular de uma determinada língua.
Ele inclui a nomenclatura de todos os conceitos lingüísticos e não-lingüísticos e de
todos os referentes do mundo físico e do universo cultural, criado por todas as
culturas humanas atuais e do passado. Por isso, o léxico é o menos linguístico de
todos os domínios da linguagem. Na verdade, é uma parte do idioma que se situa
entre o linguístico e o extra-lingüístico. (BIDERMAN, 1981, p. 138)
Para a autora, é através do ato criativo e cognoscitivo que o homem categoriza o
pensamento através do léxico, pois é o signo linguístico que concretiza o universo referencial,
designando as realidades nas quais o homem toma consciência. Em consonância com essas
ideias apresentadas por Biderman, Carvalho (2010) afirma:
O vocabulário de cada cultura é bem mais amplo para os assuntos que lhes tocam de
perto, e restrito para aqueles nos quais não tem interesse direto. [...] As línguas
realizam o recorte direto do mundo de maneira diversas; daí a dificuldade na
elaboração de traduções. Há nuanças e escalas de valores. O sentido de uma palavra
vai assim depender de associações resultantes de comparações, cargas emocionais e
de preconceitos da comunidade. (CARVALHO, 2010, p. 47)
De acordo com as palavras de Carvalho (2010), averígua-se que a língua não é estática
nem homogênea e que o léxico, diferentemente dos outros sistemas linguísticos como o
fonológico, sintático e o morfológico, é um sistema aberto a mutações. Conforme já ressaltou
E. Sapir, o léxico de uma língua é a parte mais flutuante e mais suscetível a mudanças
resultantes de acréscimos e/ou de perdas de palavras em uso – são os chamados neologismos e
arcaísmos, respectivamente. Assim sendo, o estudo lexical revela os interesses socioculturais
de uma comunidade à medida que modela pensamentos e atitudes e desponta conceitos e
preconceitos, valores e ideais, depreendendo os enigmas presentes na alma de seus falantes.
Oliveira e Isquerdo corroboram com essa ideia ao afirmarem que:
Na medida em que o léxico configura-se como a primeira via de acesso a um texto,
representa a janela através da qual uma comunidade pode ver o mundo, uma vez que
esse nível de língua é o que mais deixa transparecer os valores, as crenças, os
hábitos e costumes de uma comunidade [...] (OLIVEIRA; ISQUERDO, 2001, p.9)
44
Desde Saussure, a língua é vista como um fator social e toda a sua dinâmica é tecida
pelo vocabulário, pois “[...] o léxico de uma língua conserva uma estreita relação com a
história cultural da comunidade [...] na medida em que o léxico recorta realidades do mundo,
define, também, fatos de cultura.” (OLIVEIRA; ISQUERDO, 2001, p. 9). O estudo do
vocabulário nos permite conhecer a história, a aprendizagem de seus falantes, os valores, as
vivências em sociedade, podendo-se “[...] mergulhar na vida de um povo em um determinado
período da história, [...]” (ABBADE, 2006, p. 213).
O léxico de uma língua pode ser estudado dentro de três ciências tradicionais que
enfocam o mesmo objeto com finalidades distintas: a Lexicologia, a Lexicografia e a
Terminologia: a Lexicologia é a parte da Linguística que se ocupa em estudar a palavra
segundo a sua categorização, estruturação e funcionamento; a Lexicografia é a ciência dos
dicionários e a Terminologia se preocupa em categorizar o vocabulário especializado de uma
determinada área do saber humano.
Para esta dissertação, que tem como objetivo averiguar as motivações semânticas
presentes nos nomes dos bairros e ruas presentes na obra de Jorge Amado, faz-se necessário
delimitar a base teórica dentro da Lexicologia. Dentro do campo de pesquisa, tomar o léxico
como objeto de investigação não é sinônimo de ter um campo homogêneo, livre de
intersecções outras no que tange às teorias e epistemologias, pois o estudo do léxico abarca
um universo de saberes que não se limita apenas ao campo linguístico, mas que o torna
grandioso e interessante, não mais que outros campos linguísticos, justamente porque conta
com o auxílio de diversas ciências do campo de saber.
A Lexicologia, também chamada de ciência da palavra, nem sempre desfrutou de
prestígios dentro dos estudos linguísticos, apesar da importância para a sociedade visto que
esta tem guardada nas palavras um fóssil de informações arquivadas em sua memória. Foi a
partir da segunda metade do século XIX, com a ampliação dos estudos onomasiológicos
debruçados sobre as nomeações, que o os linguistas começaram a se interessar pelas áreas
voltadas para os aspectos extralinguísticos, dentre elas as que tinham as palavras como base.
Dentre os elementos que compõem os estudos lexicológicos é importante alinhar
alguns conceitos, muitas vezes interpretados como sinônimos como é o caso de palavra,
vocábulo e lexia. Segundo do Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa (2007), de
Antônio Geraldo da Cunha, palavra é realmente sinônimo de vocábulo, de termo. No entanto,
nos moldes dos estudos lexicais, é necessário diferenciar tais termos, e Basílio (1991, p. 12)
45
apesar de admitir que conceituar palavra sempre foi um problema para linguistas e
gramáticos, define-a como “uma unidade linguística básica, facilmente reconhecida por
falantes em sua língua”.
De acordo com Abbade (2011, p.1333-1334), palavra “é um termo genérico,
tradicionalmente utilizado na língua, fazendo parte do vocabulário de todos os falantes”. Já
vocabulário “pode ser entendido como o subconjunto que se encontra em uso efetivo, por um
determinado grupo de falantes, numa determinada situação”. Dessa forma, o vocábulo é a
palavra efetivamente funcional para os falantes de uma dada comunidade. Ainda para
Abbade (2011, p, 1334), a lexia “é a unidade significativa do léxico, ou seja, a palavra que
tenha significado social”.
Esses conceitos são de fundamental importância para o entendimento da diferença
entre lexemática e a morfemática. Há palavras que possuem apenas significação gramatical ou
morfemática, como é o caso dos artigos, das preposições e das conjunções, enquanto que há
outras palavras que constituem significação social, referencial e estão dispostas no
vocabulário de uma comunidade linguística por isso são objetos de estudo da lexemática.
O estudo lexical permite identificar traços do grupo social que o usa, evidenciando,
sobretudo, a evolução desse grupo social, bem como as transformações culturais, tais como as
tradições, a moda, a religiosidade, as novas tecnologias, tudo isso permite modificações no
léxico e revela o enriquecimento do universo pessoal e social. Tudo de concreto ou abstrato
que está diante do olhar humano pode ser nomeado e, justamente por está no campo da
lexemática, engloba o léxico. Por isso, pode-se afirmar que os nomes de lugares, que
compõem a obra Bahia de Todos os Santos, de Jorge Amado, abrangem muito mais do que
um universo literário-ficcional, são saberes partilhados pelos falantes, que garantem a
memória de um povo.
46
4 ONOMASIOLOGIA E SEMASIOLOGIA: POSSIBILIDADES DE ESTUDAR O
LÉXICO
“O nome de lugar exerce o papel de uma verdadeira crônica”.
(DICK, 1990, p.22)
Com os avanços dos estudos linguísticos no final do séc. XIX para o início do séc. XX,
um novo paradigma linguístico surgiu e os estudos voltados para a língua, que até então eram
pautados no som, tomam um novo direcionamento: a palavra toma visibilidade como mais
uma forma de investigação dos fenômenos linguísticos. Foi nesse contexto, por volta de 1900,
que surgem os métodos de pesquisa e estudo voltados para a designação e o significado,
respectivamente, a semasiologia e a onomasiologia, assim definidos por Baldinger (1966).
A onomasiologia estuda igualmente uma estrutura, isto é, as posições recíprocas das
diferentes designações e por isto reconhecemos, como no caso da estrutura
semasiológica, um centro de um ou de diversos polos com um campo objetivo,
afetivo ou misto ao seu redor. (BALDINGER, 1966, p. 26)
Ambas as ciências estão diretamente interligadas e dependentes uma da outra. Desde
Sausurre que se discute a relação do signo como a união do sentido e da imagem acústica.
Mais tarde Ullmann, com base nos postulados de Saussure e outros autores como Ogdem e
Richards, avança, nos estudos, a fim de compreender a estrutura semântica das palavras por
meio da tríade: coisa, sentido e nome.
Para Baldinger (1966, p. 28), “cada signo linguístico e cada palavra se compõe de dois
elementos: forma e conteúdo”. No plano da semasiologia, “a significação liga a forma ao
conteúdo”. Já no plano da onomasiologia, “o conceito é designado por diferentes formas
(diferentes nomes). A designação vai do conceito à forma (ao nome)”. Conforme pode ser
visto no esquema a seguir:
47
Fig. 1 e 2 - Triângulos de Baldinger (1966)
Ainda segundo o autor, a relação de dependência dessas duas estruturas se dá, pois “o
nome e o conceito, a significação que parte da forma (nome) para atingir o conteúdo e a
designação que parte do conceito para atingir a forma (nome)”.
Fig.3 - Triângulo de Baldinger (1966)
Assim, a partir do momento que se consolidou que o signo linguístico era constituído de
um duplo aspecto, foi preciso criar um duplo aspecto do método linguístico a fim de verificar
as características semânticas e estruturais das palavras, conforme afirma Feller (apud
BALDINGER, 1966, p. 35), “será necessário partir da palavra para atingir o pensamento
(semântica), e partir do pensamento para atingir as palavras (onomasiologia)”.
48
4.1 ONOMÁSTICA: A CIÊNCIA DO NOME
Uma das formas de estudar a linguagem perpassa pelos estudos onomásticos, que
buscam compreender os nomes próprios, sejam estes nomes de lugares ou acidentes
geográficos - objeto de estudo da Toponímia; ou nome de pessoas e sobrenomes de famílias
ou alcunhas - objeto da Antroponímia. Esses estudos onomásticos estão no campo da
Lexicologia e se interessam pela palavra quando inserida no campo da nomeação ou
denominação.
A Onomástica tem como objeto de estudo o ónyma, do grego nome que difere da
palavra, pois pressupõe um nomeador e um ser ou lugar nomeado, conforme Dick (1998):
O nomeador (sujeito, emissor ou enunciador), o objeto nomeado (o espaço, suas
subdivisões conceituais que incorpora a função referencial, sobre o que recairá a
noção de nomear) e o receptor (ou enunciatário, que recebe os efeitos da nomeação,
na qualidade de sujeitos passivos). (DICK, 1998, p. 103)
Alguns autores chamam Onomástica de Onomatologia como é o caso de Câmara Júnior
(2001, p. 182), conforme se pode verificar na seguinte citação: “Conjunto dos antropônimos
(v.) e topônimos (v.) de uma língua, e também o estudo lingüístico desses vocábulos, o qual
requer métodos de pesquisa especiais. Neste último sentido, também se usa o termo
ONOMATOLOGIA.” (grifo do autor).
Leite de Vasconcellos (1931), em sua obra intitulada Opúsculos, Volume III -
Onomatologia, também prefere chamar de Onomatologia, e além de trazer os conceitos de
Toponímia e Antroponímia, traz a noção de Panteonímia ou Polionímia.
Chama-se de Onomatologia o ramo da Glotologia que estuda os nomes próprios.
Podemos nela considerar três partes:
1. Antroponímia (expressão que empreguei a primeira vez em 1887, na Revista
Lusitana, 1, 45), ou estudo dos nomes individuais, como dos sobrenomes e apelidos;
2. Toponímia, ou estudo dos nomes de sítios, povoações, nações, e bem assim de
rios, montes,vales,etc., - isto é, os nomes geográficos;
3. Vários nomes próprios, isto é, que não estão contidos nas duas classes
procedentes, por exemplo, de entidades sobrenaturais, de astros, ventos, animais, de
coisas (espadas, navios, sinos) [...] (VASCONCELLOS, 1931, p.3. grifo do autor.)
49
Pelo viés toponímico, objeto de estudo desta dissertação, é possível perceber que os
nomes de lugares e/ou acidentes geográficos ultrapassam os limites do sistema linguístico,
pois se unem aos elementos extralinguísticos que compõem o ato de nomeação no momento
que o denominador em um ato batismal escolhe o nome. Mesmo sendo um signo referencial,
os topônimos possuem uma característica importante: a motivação semântica.
Ao possuir um motivo semântico, mesmo muitas vezes opaco, os topônimos são de
grande importância linguístico-histórica, pois trazem na essência de sua caracterização um
valor documental, visto que há por trás do ato “nomeativo”, um desejo do denominador de
retratar o contexto social, histórico, político e cultural de uma época, caracterizador de um
povo - e isso é feito a partir do seu repertório linguístico.
4.1.1 O signo toponímico: cristalizando a história pelo olhar do denominador
Saussure, ao falar sobre a sua primeira dicotomia - língua versus fala - mostra ser a
língua o objeto de estudo da Linguística, concebendo-a como um sistema de signos
(constituídos por significado e significante), sendo fruto de convenção social, coletiva,
imutável pelo indivíduo e exterior a ele.
O equívoco nas discussões propostas por Saussure está no fato de o autor definir a
língua como fato social, mas excluir das tarefas linguísticas a preocupação com os elementos
de ordem social, ou seja, as relações extralinguísticas, o que pressupõe a homogeneidade
como elemento primordial para essa descrição.
Além de Saussure, outros autores, como Peirce, se debruçaram sobre o estudo do signo.
No entanto, enquanto Peirce descreveu o signo em caráter imediato, Saussure apontava a
noção de tempo como requisito preponderante na sua análise, apoiando numa investigação
diacrônica para seus estudos.
Um ponto de convergência nos dois estudos é o caráter arbitrário do signo linguístico.
Para ambos os estudiosos, o signo é um processo mental, psíquico que se estrutura nas
relações sociais. Porém não há uma relação direta entre o objeto extralinguístico e o signo
enquanto símbolo - na visão de Peirce, e relação entre significante e significado, na visão de
Saussure.
Ao afirmar que o signo é arbitrário, Saussure (1969) afirma também que todo signo não
tem motivação, ou seja, não há a relação entre as palavras e o objeto nomeado. Mas será que
50
todo signo é realmente arbitrário? O próprio Saussure faz ressalvas a esse princípio,
afirmando que há certas palavras que possuem graus relativos de arbitrariedade, como é o
caso das onomatopeias e das exclamações, por conseguinte, possuem certa motivação
linguística que podem ser explicadas dentro do próprio sistema linguístico.
A Toponímia, como já foi dito anteriormente, é uma das subdivisões da Onomástica e
tem como objeto de investigação os signos toponímicos, a partir das motivações dos nomes de
lugares. São espécies de enunciados próprios os quais fazem ecoar aspectos culturais dos
núcleos em que habitam em determinadas regiões.
Os topônimos refletem a capacidade que o homem possui para nomear o seu entorno,
evidenciando os saberes, as experiências e o modo de ser acumulados ao longo dos tempos.
Os nomes de lugares documentam a língua e fazem emergir os costumes e os valores que
regem as condutas da comunidade nomeada, deixando transparecer as influências culturais
propiciadas a partir do contato com outros grupos étnicos que ali se instalaram, além de
registrar e perpetuar acontecimentos históricos considerados relevantes para o olhar do
denominador.
Os estudos toponímicos são relevantes, pois possibilitam desvendar o significado dos
nomes, muitas vezes, esquecidos ou desconhecidos pela comunidade. Esse esquecimento ou
apagamento se dá, pois nem sempre, através do nome, é possível saber o significado ou a
motivação semântica que fez com que o denominador “batizasse” tal lugar com determinado
nome.
Segundo Ogden e Richards (1976), no universo linguístico o pensamento ou
referência, o referente e o símbolo estariam estritamente ligados tanto na forma quanto no
conteúdo. Isso indica que nessa tríade a relação entre pensamento, referente o e símbolo é
direta. Já a relação entre símbolo e referente é indireta, pois é necessário passar pelo sentido.
Alguns estudiosos como Liberato (1997 apud SEABRA 2008, p. 1955) afirmam que a
identificação dos nomes próprios de lugares podem não passar pelo sentido, ou seja, não está
ao alcance do falante-ouvinte, sendo indicado diretamente ao referente, como podemos
verificar na observação comparativa.
51
Fig 4- Triângulo de Ogden e Richards Fig. 5- Referência e Toponímia, baseado
Fonte: OGDEN; RICHARDS, 1976, p.32 no triângulo semiótico de Ogden e Richards. Fonte: SEABRA 2008, p. 1955.
As informações que cada “topo” carrega em sua memória é que garante o
apagamento ou permanência do significado dos topônimos, pois há uma relação mais
complexa entre palavra e referente. A história, a cultura e as relações sociais também
contribuem para essa manutenção ou não, visto que os nomes de lugares carregam os
registros de um passado, ideias comuns de um povo que foram cristalizados através do
ato de nomeação. Em consonância a essa ideia, Seabra (2008) afirma que:
Na Onomástica, mais especificamente, em se tratando de nome do lugar, a
função simbólica ou representativa do topônimo, isto é, a vinculação do
significado de um nome a uma determinada localidade implica
necessariamente a pergunta sobre o que ele simboliza, o que representa ou
denomina. Como o topônimo permanece na língua enquanto a sociedade
muda, o sistema de referência extralinguístico pode ou não se perder.
(SEABRA, 2008, p. 1956)
Ao analisar as palavras de Seabra (2008), pode-se afirmar que os estudos
onomásticos, de modo especial, os topônimos e a referência estão completamente
associados à relação triádica entre cultura, história e sociedade. Desse modo, o
significado do topônimo se manifesta ou se realiza não somente pela relação
convencional entre signos e conteúdos, mas há conexões extralinguísticas que integram
as culturas e garantem que os nomes de lugares não tenham apenas a função de servir
como referência, confirmando as palavras de Pierre Guiraud ao dizer que “todo signo é
um elemento associado”.
52
A relação direta entre os topônimos e o referente pode ser analisada à luz dos
estudos peirciano, pois os topônimos podem apresentar aspectos que se inserem aos três
tipos se signos propostos por Peirce (1975)5.
Tendo em vista que todo Topônimo é um nome próprio e que tem a função
identificadora que individualiza o objeto, além de possuir uma função dêitica, ou seja,
referenciadora, os topônimos apresentam características de índice. Sabendo que os
índices pressupõem, na sua materialização, os ícones, os topônimos, através do nome
que recebeu como função simbólica da língua, relacionam o caráter qualitativo do
referente à sua forma física. Dessa forma, os topônimos podem ser comparados aos
signos icônicos, porque preservam as noções de índices e ícones, pois, além de mostrar
a identificação dos lugares, servem para a indicação de elementos físicos ou
antropoculturais, contidos nas denominações.
Uma das características mais marcante do signo toponímico é a motivação
semântica, ou seja, o lugar não recebe o nome de modo aleatório, acidental. No ato
denominativo há pretensões ideológicas, traços culturais e físicos que atuam como
elementos fundamentais para que um lugar, representação do todo, receba o nome,
indicando a parte - numa relação quase que metonímica, como afirma Dick, (2001, p.
79) “constroem-se, assim, pela palavra lexical, detalhes-referência para indicar um todo,
semantizado metonimicamente”.
Por vezes, o processo de caracterização dos nomes comuns ou próprio já houve
uma diferenciação por ordem de importância, na qual os nomes comuns recebiam uma
atenção especial, por nomear os seres do modo geral, enquanto que os nomes próprios
eram vistos apenas como meros identificadores de pessoas ou lugares. Destarte, os
nomes de lugares sempre foram vistos como simples nomeadores e identificadores de
referentes sem propósito ou motivos concretos para a sua escolha. Entretanto, estudos
mais recentes mostram que os nomes próprios possuem, sim, uma importância não
apenas referencial, mas, sobretudo, buscam as origens denominativas que atuam como
5 Dentro das discussões cunhadas por Peirce, o autor propôs que a noção de primeiridade, secundicade e
terceiridade com as suas respectivas categorias do representamem os índices, os ícones e os símbolos que
estariam ligados, pois cada categoria pressupõe a outra, mesmo guardando suas características peculiares.
53
um espelho no qual se pode visualizar o passado e entender o presente, a partir da visão
do nomeador. Dick sintetiza a importância do signo toponímico ao afirmar que:
Muito embora seja o topônimo, em sua estrutura, uma forma de língua, ou
um significante, animado por uma substância de conteúdo, da mesma
maneira que todo e qualquer outro elemento do código em questão, a
funcionalidade de seu emprego adquire uma dimensão maior, marcando-o
duplamente: o que era arbitrário, em termo de língua, transforma-se, no ato
do batismo de um lugar, em essencialmente motivado, não sendo exagero
afirmar ser essa uma das principais características do topônimo. (DICK,
1990, p. 38, grifo da autora)
Na visão de Dick, esse “duplo aspecto da motivação toponímica” pode surgir em
dois momentos, marcados pela “intencionalidade que anima o denominador” e na
própria “origem semântica da denominação” (DICK, 1990, p. 38-39).
É importante a investigação das motivações toponímicas dos nomes de lugares,
pois é possível fazer um resgate não apenas linguístico, mas, sobretudo, dos aspectos de
cunho extralinguísticos, que representam fatores socioculturais de quem os utilizam,
graças à diversidade social e cultural fundamentais para a formação da identidade
brasileira. Isquerdo (1997 apud SARTORI, 2010) afirma que nem sempre a motivação
do signo toponímico é facilmente perceptível, pois:
[...] a diversidade de influências culturais na formação étnica da população,
como também, as especificidades físicas de cada região tornam dificultosa
toda tentativa de explicação das fontes geradoras dos nomes de lugares e de
acidentes geográficos. Em vista disso, o esclarecimento da origem de
determinados topônimos fica na dependência da recuperação, não raras vezes,
de fatores extralinguísticos como as características geo-sócio-econômicas de
uma região e, conseqüentemente, as marcas étnicas e sociais da população
habitante em tal espaço físico-cultural. (ISQUERDO, 1997, apud SARTORI,
2010, p. 26).
O homem, ao nomear um lugar ou acidente geográfico, deixa transparecer o seu
conhecimento de mundo, suas experiências, o conhecimento linguístico através das
palavras, além de apresentar as qualidades do espaço físico ou cultural, numa cadeia
infinita de símbolos capazes mudar, de inovar, pois são signos genuínos claros ou
54
opacos, que podem ser entendidos, interpretados e reinterpretados a partir da interação
com a sociedade.
4.1.2 Pesquisas toponímicas no Brasil
A ausência de referências consistentes na área dos estudos onomásticos, muitas
vezes, dificultou os avanços nesse campo de investigação. Muitos referenciais teóricos
que embasavam os estudos toponímicos reportavam a autores europeus e/ ou
americanos que nem sempre a transposição dos princípios metodológicos ou analíticos
servia para aplicar nas diversas realidades que motivaram a denominação de um lugar
no Brasil.
Segundo Dick (1992, p.1), na Europa, o primeiro a sistematizar a Toponímia
como disciplina foi Auguste Longnon, em 1878, quando ministrava aulas na École
Pratiqye des Hautes-Études e no Colégio de França, daí surgiu sua obra Les noms de
lieu de La France até hoje considerada como a precursora dos estudos dos nomes de
lugares. Após a morte de Auguste Longnon, o estudioso Albert Dauzat retomou os
estudos sobre Onomástica e, ao publicar a obra Les noms de lieu de La France, deu
maior evidência aos estudos toponímicos. Mas foi no ano de 1938 que Dauzat, ao
organizar o “I Congresso de Internacional de Toponímia e Antroponímia”, consegue
reunir um grande grupo de estudiosos que organizaram os princípios metodológicos e a
sistematização das normas de investigação entre os pesquisadores.
Outros estudos se expandiram pelos Estados Unidos, Canadá e, aqui, no Brasil.
Foi com esse panorama teórico que a investigação toponímica começou a ganhar um
tímido espaço nas terras brasileiras. O interesse de Levy Cardoso pela lexicologia
indígena consolidou a sua obra Toponímia Brasílica e, posteriormente, o professor da
USP Carlos Drumond eleva o caráter da pesquisa toponímica no Brasil, em seu livro
intitulado Contribuições do Bororo à Toponímia Brasilíca (1965), mesmo sem métodos
consistentes que abarcassem todas as ocorrências dos designativos brasileiros.
O pequeno espaço que tais pesquisas iam ocupando e o interesse mínimo por esse
campo de pesquisas fizeram com que Drumond (1965) afirmasse que no Brasil não
55
havia “verdadeiros toponimistas”. Sob a orientação professor Carlos Drumond e
seguindo os modelos teóricos propostos por Dauzat, Maria Vicentina de Paula do
Amaral Dick, em sua tese de doutoramento apresentada ao Departamento de Linguística
e Línguas Orientais - Área de Línguas Indígenas do Brasil - da Faculdade de Filosofia,
Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, elabora o modelo
classificatório para a análise dos topônimos, levando em consideração a motivação
semântica de cada nome de lugar.
Em sua tese, intitulada A Motivação Toponímica: princípios teóricos e modelos
taxeonômicos (1980), Maria Vicentina de Paula do Amara Dick consolida uma teoria
que correspondia com a realidade brasileira, do ponto de vista das características físicas
e antropocultuais, garantido uma maior visibilidade dos reais motivos designativos dos
topônimos.
Calcados num modelo teórico e metodológico firme, atualmente, vários projetos
estão em execução, buscando ampliar os estudos toponomásticos no Brasil. Pode-se
considerar o Atlas Toponímico do Brasil (ATB) como um dos principais. Liderado pela
Profª Dra Maria Vicentina de Paula do Amaral Dick tem como objetivo analisar a
nomenclatura das macros e microrregiões em estudo. Além do Atlas Toponímico do
Brasil (ATB), a autora ainda coordena o Atlas toponímico do estado de São Paulo
(ATESP). Sobre a elaboração dos atlas, Dick (2007) acrescenta que:
Os Atlas constituem-se, assim, da recolha do recorte denominativo escolhido
para a identificação de um determinado sítio. Melhor seria se os nomes
resultantes desse processo elaborativo refletissem, realmente, algum detalhe
particular do local, de modo a caracterizá-lo pelo pormenor, mais do que por
qualquer outra justificativa. (DICK, 2007, p. 142)
Ampliando esse universo de pesquisa toponomástica, cita-se SARTORI (2010)
que de maneira sintética aponta os principais projetos desenvolvidos atualmente no
Brasil, no campo da toponímia. Apresenta-se a síntese dos projetos:
Atlas toponímico de Minas Gerais (ATEMIG), sob a coordenação da
Profª Dra Maria Cândida Costa de Seabra, na Faculdade de Letras da
UFMG, que “abrange os estudos do homem e da sociedade por meio da
linguagem e da investigação onomástica, destacando a interrelação língua
56
e cultura. [...] sob enfoques etnolingüísticos e antropoculturais em suas
diversidades regionais” (SEABRA, online, p. 1945)
O Atlas toponímico do estado do Mato Grosso (ATEMT), iniciado por
Maria Aparecida de Carvalho, que, em sua tese de doutoramento visou
investigar a mesorregião do sudeste mato-grossense.
Já o Atlas toponímico do estado do Mato Grosso do Sul (ATEMS),
coordenado por Aparecida Negri Isquerdo (UFMS), surge com o objetivo
de investigar e catalogar o vocabulário toponímico do Mato Grasso do
Sul;
No estado de Tocantins, liderado por Karylleila dos Santos Andrade
(UFTO), o Atlas toponímico de origem Indígena do Tocantins (ATITO)
surge a fim de compreender os aspectos históricos, etnológicos e
linguísticos nos topônimos de origem tupi e o Atlas toponímico do
Tocantins (ATT) é uma possibilidade de mapear mais uma vez a região de
maneira mais ampla.
O Atlas toponímico da Amazônia Ocidental Brasileira (ATAOB) e o Atlas
toponímico do Estado do Ceará, ambos são coordenados por Alexandre
Melo de Sousa (UFAM) e têm o objetivo de catalogar os topônimos das
regiões, de acordo com os motivos semânticos, fazendo uma ponte entre
léxico, cultura e sociedade.
Outros trabalhos de caráter embrionário surgem para análise na região sul, como o
Projeto Toponímia de Caxias do Sul, coordenado por Vitalina Maria Frosi (UCS) e, na
região nordeste, a tese de doutoramento sobre a toponímia dos municípios baianos de
Ricardo Tupiniquim Ramos, intitulada Toponímia dos Municípios Baianos: descrição,
história e mudanças (2008), sob a orientação da Profª Drª Suzana Alice Marcelino da
Silva Cardoso (UFBA). No ano de 2014, iniciaram-se os trabalhos do NEL – Grupo de
Estudos Lexicais, no qual esta dissertação está vinculada. O grupo é ligado ao Programa
de Pós-graduação de Estudos de Linguagem, da Universidade do Estado da Bahia -
UNEB, sob a coordenação da Profª Drª Celina Márcia de Souza Abbade. Além de
abarcar projetos de pesquisas ainda em fase embrionária, a proposta do grupo é realizar
estudos nas áreas das ciências do léxico, a fim de verificar relação entre léxico, discurso
e sociedade. O macroprojeto do grupo visa elaboração do Atlas Toponímico da cidade
do São Salvador, para, posteriormente, expandir para o Atlas Toponímico da Bahia.
57
Todos esses trabalhos citados buscam fortalecer a história de cada região
estudada, por meio de estudos linguísticos, visto que, a partir de um esboço toponímico,
podem-se trazer, para o presente, elementos outrora esquecidos, mas que pela
investigação das motivações semânticas de cada topos, pode explicar a história
designativa de tais lugares.
58
5 TOPONÍMIA: PASSOS METODOLÓGICOS E ABORDAGEM TEÓRICA
Para a realização deste trabalho, buscou-se recolher os topônimos os quais se referem
aos nomes dos bairros e das ruas da cidade de Salvador presentes na obra de Jorge Amado,
intitulada Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios. A escolha da obra se deu por
ser um terreno fértil para verificar o quanto a preferência por denominações assume
posições ideológicas, culturais e históricas como maneira de marcar o universo do
nomeador, seja pela constatação natural do seu entorno ou pelas relações socioculturais
que o homem se insere.
Escolheu-se, para a realização do presente trabalho, a 42ª edição da obra Bahia de
Todos os Santos: guia de ruas e mistérios, publicada pela editora Record, com desenhos
ilustrativos de Carlos Bastos. As atualizações da obra foram constantes e necessárias para
deixar o “guia” condizente com a modernidade e os acontecimentos da cidade ao longo dos
anos. Segundo Paloma Amado (2012), foram feitas quatro atualizações na obra (1960,
1966, 1976 e 1986). Após a edição elementar publicada em 1945, foi feita, em 1960, a
primeira atualização tendo em vista o crescimento urbanístico da cidade, mesmo mantendo
o ar provinciano dos primeiros tempos. A segunda ampliação foi em 1966 e Jorge Amado
descreve o que seria uma verdadeira guinada no crescimento do campo cultural e artístico
da sociedade baiana. Menciona os novos nomes da música, das artes plásticas, do
cinema...e, muitos dos autores citados, na primeira e segunda ampliação, já haviam
ganhado reconhecimento nacional e fora do país. Foi nessa segunda atualização que Jorge
Amado acrescentou o capítulo intitulado “Baiano é um estado de espírito”, no qual discute
o fato de que várias personalidades artísticas que não são baianas por naturalidade, mas são
por atitudes e coração.
À medida que houve o crescimento da cidade, foram adicionados espaços que ora
não existiam na primeira versão, bem como a atualização das personalidades artísticas,
políticas que se fizeram necessárias para o entendimento da obra que assume um caráter
documental e factual. Por isso, a necessidade de mais uma ampliação em 1976 em que a
obra ganhou mais um capítulo com o nome de “Caetano de Matos e Castro Alves Veloso”,
o qual o autor faz questão de falar dos redutos culturais e artísticos desses artistas baianos,
59
bem como de suas obras de alcance nacional. Em 1986, o autor faz a última atualização tal
qual encontramos atualmente na obra, contendo as novas e alargadas avenidas, marcando o
desenvolvimento urbanístico e arquitetônico da cidade, assim como os velhos e
reincidentes problemas de infraestrutura e a pobreza da população menos abastada. O
tempo passou, a cidade cresceu e o autor documenta essas mudanças a cada edição
atualizada, sem perder de vista a essência da obra primeira: mostrar as graças do povo
baiano, conforme argumenta Amado:
Aos poucos este guia foi se convertendo numa espécie de enciclopédia da vida
baiana - paisagens, histórias, velhas ruas, novas avenidas, costumes, festas, a
permanente miséria e a imbatível alegria, igrejas e candomblés, santos, orixás e
personagens os mais variados, que juntos dão a imagem real e mágica desta terra
e do povo que a habita, da mistura de sangue, de raças, de culturas que faz nossa
originalidade mestiça. (AMADO, 1986, apud [1945] 2002, p. 1)
Wan-Dell Junior, no trabalho de dissertação de mestrado intitulado Das narrativas
literárias de cidades: experiências urbana através do guia de ruas e mistérios da Bahia
(2013), após comparar diversas edições da obra, defende que houve mais do que quatro
atualizações: a primeira atualização em 1960 (8ª edição), a segunda atualização em 1966
(12ª edição), a terceira atualização em 1970 (19ª edição), a quarta atualização em 1977 (27ª
edição), a quinta em 1980 (28ª edição) e a última em 1986 (34ª edição). O que levou o
autor chegar a essa conclusão foram as análises nas notas de introdução, notas de
agradecimentos, relação de tradução e adaptações da obra, inserção de capítulo ou
mudança de subcapítulos encontrados ou não nas edições analisadas.
A última publicação da obra foi feita em 2012, pela Editora Companhia das Letras6.
Na ficha catalográfica, a publicação indica como 1ª edição, no que seria a 43ª, seguindo
uma ordem cronológica das publicações. Essa edição póstuma possui algumas
modificações no que se referem às atualizações ortográficas e, como ilustrações,
encontram-se as fotografias, de Flávio Damm7, mostrando uma cidade mais recente.
6 Apesar de ter publicado a obra em 2012, a editora Companhia das Letras detém os direitos autorais das
obras de Jorge Amado desde 2008. (Informações obtidas na Fundação Casa de Jorge Amado) 7 Flávio Damm já havia feito fotos para publicações em outras edições da obra.
60
Sobre esse complexo de edições e atualizações, Wan-Dall Junior (2013) defende que
é possível perceber que existia a narrativa de uma cidade que crescia e modificava a tal
ponto que poderia ser vista como amostragem de duas cidades se comparado com o espaço
narrado na primeira edição de 1945 até a última de 2002 [ou a de 2012] publicada pela
Companhia das Letras, conforme é possível verificar na leitura do trecho que segue:
A primeira “cidade da Bahia” seria uma “Bahia de Todos os Santos” envolta nos
mistérios da cidade do Salvador, em uma estrutura de temas compostos por uma
sucessão de breves capítulos, enquanto que a “segunda cidade da Bahia” seria
uma “Bahia de Todos os Santos”, envolta tanto nos mistérios da moderna cidade
do Salvador, em uma estrutura composta por sete seções temáticas. Teríamos,
assim, pelo menos dois diferentes “Guias” resultantes: aquele que narra, através
de uma “cidade do Salvador” e aquele que narra “Salvador”. Ou, se não são dois
Guias, então o Guia seria pelo menos narrativas de duas cidades, ainda que
ambas seja partes de um continuum [...]. (WAN-DELL JUNIOR, 2013, p. 130)
Jorge Amado apresenta a cidade do Salvador da Bahia sob diversas facetas e cada
atualização exibe as notoriedades do momento, denunciando uma cidade que passa de uma
fase provinciana a uma sociedade de consumo, de crescimento e transformações.
Além das atualizações do conteúdo do guia, o nome da obra sofreu atualizações
ortográficas e redução. Na publicação original de 1945, o título era “Bahia de Todos os
Santos”, passando para “Bahia de Todos-os-Santos” (2012). O mesmo ocorreu com o
subtítulo, na publicação de 1977, houve a redução de “Guia de ruas e mistérios da cidade
do Salvador”, simplificando para “Guia de ruas e mistérios”. (WALL-DELL JUNIOR,
2012)
Tais mudanças e ampliações, no entanto, não mudaram a gênese da obra que foi
inicialmente pensada por Jorge Amado, ao apresentar a sua cidade e a sua gente;
5.1 AS FICHAS LEXICOGRÁFICO-TOPONÍMICAS
As fichas toponímicas são formas de organização dos topônimos em um campo
estruturado e organizado com base na metodologia proposta por DICK (1992). Os
61
topônimos analisados na obra Bahia de Todos os Santos: guia de ruas e mistérios, de Jorge
Amado foram ordenados em traçados classificatórios e sistematizados em fichas, pois,
segundo as palavras de Dick:
A anotação dos nomes em fichas lexicográficas padronizadas, com a
identificação dos acidentes que designam nomes do pesquisador e do revisor,
fontes e data da coleta, constituem as etapas prévias de um conjunto de fases
subseqüentes (quantificação dos topônimos e das taxeonomias; estudo lingüístico
dos sintagmas toponímicos: etimologia, estrutura morfológica, sufixação,
derivação; conjuntos antroponímicos e especificações); entradas lexicais;
deslocamentos de topônimos de um acidente para outro; história dos municípios
e origem dos nomes; estabelecimento de áreas toponímicas locais e regionais.
(DICK, 1990, p. 20)
Como já foi dito anteriormente, adotou-se o modelo proposto por Dick (1992),
porém foi necessário realizar algumas adaptações para o corpus em estudo, visto que se
trata de uma obra literária. Logo, alguns elementos presentes em fichas lexicográfico-
toponímicas padrão, conforme proposto acima pela autora, não serão vistos nas fichas
deste trabalho, como por exemplo, os nomes do pesquisador e revisor, fonte e data de
coleta. Os demais elementos foram mantidos e/ou adaptados e não houve a necessidade de
acrescentar nenhum outro elemento.
A seguir, apresenta-se o modelo de ficha que será adotado neste trabalho:
TOPÔNIMO: TAXIONOMIA:
MUNICÍPIO:
ACIDENTE:
ETIMOLOGIA:
ENTRADA
LEXICAL
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
CONTEXTO
Fig. 6 - Modelo de Ficha Lexicográfico-Toponímica
A partir da análise do modelo da ficha léxico-toponímica que será adotada, neste
trabalho, detalham-se os elementos que a compõem:
62
TOPÔNIMO: vocábulo que designa o nome de um lugar ou acidente geográfico,
presente no objeto de pesquisa. No corpus de base, apresentam-se os vocábulos que
designam os bairros e as ruas.
TAXIONOMIA: nomenclatura com base nas causas motivacionais que nomeiam
os topônimos. A classificação dos topônimos, nas fichas, seguiu o modelo
taxionômico proposto por Dick (1992), conforme poderá ser verificado em na
subseção 5.2. Houve topônimos que poderiam ter dupla classificação devido à
possibilidade de mais de uma interpretação semântica, no entanto, optou-se por
deixar apenas uma classificação taxionômica como acontecem com alguns
historiotopônimos provenientes de nomes de personalidades públicas, que, por ser
de âmbito nacional, optou-se pela referência histórica em vez de antroponímica.
MUNICÍPIO: indica o município ao qual a localidade a que o topônimo se refere
está localizada. Apresenta dividido em Microrregião (MRG) e Mesorregião
(MESO), conforme a classificação do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
- IBGE.
ACIDENTE: indica se os topônimos denominam acidentes humanos (AH) – como
vilas, freguesias, fazendas, arraiais, etc – ou acidentes físicos (AF) – como rios,
baias, riachos, morros; podendo o mesmo topônimo designar tanto acidentes
humanos quanto físicos.
ETIMOLOGIA: apresenta o étimo, ou seja, a origem do topônimo.
ENTRADA LEXICAL: entrada do topônimo, levando em consideração as
variações presentes na obra.
ESTRUTURA MORFOLÓGICA: indica a classe gramatical, o gênero e o
número de cada um dos topônimos. Quando o topônimo for um antropotopônimo,
usa-se: Prenome para o nome da pessoa e Apelido de família para sobrenome.
HISTÓRICO / INFORMAÇÕES ENCICLOPÉDICAS: informações acerca da
história e de outros aspectos do topônimo.
CONTEXTO: em caso específico de uma obra literária, apresentam-se alguns
trechos do livro em que os topônimos se encontram e as suas respectivas páginas.
63
Há topônimos que aparecem em grande quantidade, por essa razão, não serão
dispostos todos os exemplos encontrados, optando por apresentar até cinco exemplos,
quando encontrados.
Quando em um dos itens da ficha não forem encontradas informações ou não for
possível a sua classificação, essa ausência é marcada por: n/e (não encontrado) e n/c (não
classificado).
5.2 AS TAXIONOMIAS TOPONÍMICA
O modelo de classificação dos topônimos proposto por Dick (1992) contempla 27
taxes: 11 que refletem as causas motivacionais oriundas de ambiente físico-natural e 16
relacionadas aos aspectos motivacionais que englobam o social, histórico e cultural e que
envolvem o homem. Sobre o entendimento do que são os fatores físicos e sociais, Sapir
(1961) constata que:
Por fatores físicos se entendem aspectos geográficos, como a topografia da
região (costa, vale, planície, chapada ou montanha), clima e regime de chuvas,
bem como o que se pode chamar a base econômica da vida humana, expressão
em que se incluem a fauna, a flora e os recursos minerais do solo. Por fatores
sociais se entendem as várias forças da sociedade que modelam a vida e o
pensamento de cada indivíduo. Entre as mais importantes dessas forças sociais
estão a religião, os padrões éticos, a forma de organização política e a arte.
(SAPIR, 1961 apud SEABRA 2004, p. 55)
A seguir, apresentam-se os modelos classificatórios propostos por Dick (1992) com o
significado das taxes de acordo com a motivação semântica de cada topônimo.
5.2.1 Taxes de natureza física
Taxionomia Significado
Astrotopônimos
Relativos aos corpos celestes em geral.
64
Cardinotopônimos Relativos às posições geográficas em geral
Cromotopônimos
Relativos à escala cromática
Dimensiotopônimos
Relativos às características dimensionais
dos acidentes geográficos, como extensão,
comprimento, largura, etc.
Fitotopônimos
Relativos à índole vegetal, espontânea, em
sua individualidade, em conjuntos da
mesma espécie, ou de espécies diferentes.
Geomorfotopônimos
Relativos às formas topográficas e às
formações litorâneas
Hidrotopônimos
Relativos aos acidentes hidrográficos em
geral
Litotopônimos
Relativos à índole mineral
Meteorotopônimos
Relativos a fenômenos atmosféricos
Morfotopônimos
Relativos ao sentido da forma geométrica
Zootopônimos
Relativos à índole animal, representados
por indivíduos domésticos e não domésticos
e da mesma espécie em grupos. Fonte: (DICK, 1992)
5.2.2 Taxes de natureza antropocultural
Taxionomia Significado
Animotopônimos ou Nootopônimos
Relativos à vida psíquica e à cultura
espiritual
Antropotopônimos
Relativos aos nomes próprios individuais
Axiotopônimos
Relativos aos títulos e dignidades de que
se fazem acompanhar os nomes próprios
individuais
Corotopônimos
Relativos aos nomes de cidades, países,
estados, regiões e continentes.
Cronotopônimos
Aqueles que encerram indicadores
cronológicos
65
Ecotopônimos
Relativos às habitações de um modo geral
Ergotopônimos
Relativos aos elementos da cultura
material
Etnotopônimos
Relativos aos elementos étnicos, isolados
ou não
Dirrematotopônimos
Aqueles constituídos por frases ou
enunciados linguísticos
Hierotopônimos (hagiotopônimos e
mitotopônimos)
Relativos aos nomes sagrados de
diferentes crenças, às efemérides
religiosas, às associações religiosas, aos
locais de culto. Os hierotopônimos podem
ser divididos em hagiotopônimos, estes
relativos aos nomes de santos e santas do
hagiológio romano, e os mitotopônimos,
relativos às entidades mitológicas
Historiotopônimos
Relativos aos movimentos de cunho
histórico-social e aos seus membros, assim
como às datas correspondentes
Hodotopônimos ou Odotopônimos
Relativos às vias de comunicação rural ou
urbana
Numerotopônimos
Relativos aos adjetivos numerais
Poliotopônimos
Aqueles constituídos pelos vocábulos vila,
aldeia, cidade, povoação, arraial.
Sociotopônimos
Relativos às atividades profissionais, aos
locais de trabalho e aos pontos de encontro
dos membros de uma comunidade
Somatotopônimos
Aqueles empregados em relação
metafórica às partes do corpo humano ou
do animal
Fonte: (DICK, 1992)
66
6 ANÁLISE TOPONÍMICA EM BAHIA DE TODOS OS SANTOS
Coletaram-se cento e oito topônimos referentes à cidade de Salvador, dentre os bairros e
as ruas, seguidos de seus respectivos contextos na obra. Depois de identificados os topônimos,
procurou-se preencher os dados referentes à história, a origem e os outros campos da ficha
lexicográfico-toponímica ilustrada anteriormente (Fig. 6). A organização dos topônimos, em
análise neste trabalho dissertativo, procurou seguir um critério geográfico, conforme os nomes
se encontram na cidade atualmente e Jorge Amado quis representar na obra Bahia de Todos os
Santos.
A preferência pelo critério geográfico para apresentar tais análises se deu por acreditar
que tal divisão põe em evidência a identificação de identidades múltiplas, pois as escolhas dos
nomes de lugares caracterizavam a presença ou ausência de privilégios socioeconômicos. Nos
bairros da “Cidade Alta”, por exemplo, encontravam os moradores das classes altas, as lojas
sofisticadas, as principais funções administrativas e religiosas (relacionadas ao catolicismo, é
claro), enquanto que os bairros da “Cidade Baixa” alojavam o comércio mais intenso, os
operários, os trabalhadores menos favorecidos.
Os topônimos encontrados no material descrito compreendem os nomes de acidentes
de natureza humana por se tratar de nomes de bairros e ruas. Sobre a natureza semântica do
topônimo, Seabra (2004) a firma:
Trata-se da natureza semântica da denominação, ou seja, o vínculo entre o nome
e o lugar. Divide-se em humanos e físicos. Ao acidente físico está relacionada a
geografia da região: rio, ribeirão, cachoeira, córrego, morro. Já ao acidente
humano, relacionam-se os lugares habitados pelo homem e as construções por
ele realizadas como cidade, distrito, povoado, fazenda, sítio, pequenas
propriedades, habitações isoladas no meio rural, pontes. (SEABRA, 2004, p. 49)
A seguir, apresentam-se os topônimos que foram organizados em fichas
lexicográfico-toponímicas.
67
6. 1 TOPÔNIMOS DA CIDADE BAIXA
(1) ÁGUA DOS MENINOS
TOPÔNIMO: Água dos Meninos TAXIONOMIA: Hidropotônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA:
ÁGUA- do lat. aqua ‘líguido incolor, inodolor e insipido,
essencial a vida’. MENINOS- pl. de menino. De origem
desconhecida. Segundo Cunha (2007), termo de criação
expressiva.
ENTRADA
LEXICAL
Água dos Meninos
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular+
contração + substantivo masculino plural)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Águas dos Meninos, Santo Antonio e Carmo faziam parte
das sesmarias concedidas por Tomé de Souza a Cristovão de
Aguiar.
Segundo Alves (2008), o nome Águas dos Meninos ou Água
de Meninos tem origem no período colonial e, segundo
historiadores, em meados do século XVIII, havia nesse local
um engenho de propriedade dos padres da Companhia de
Jesus que era movido pelas águas de uma lagoa formada pela
enxurrada que descia do alto de Santo Antônio além do
Carmo. Teriam sido os meninos da catequese os primeiros a
banharem-se nessas águas, daí surgindo o nome. Outra
versão dá conta de que a lagoa era formada de uma nascente
d’água que corria perto do mar [...] naquele local, os jesuítas
teriam recebido de Tomé de Souza uma sesmaria para dela
tirar o sustento dos meninos. (ALVES, 2008, p. 22)
CONTEXTO
“Encontram saveiros ainda em Água dos Meninos, em
Monte Serrat, no Porto da Lenha em Santo Antonio da Barra
e no Rio Vermelho”. (p.94)
“Incendiou-se em Água dos Meninos numa barraca de
cerâmica e depois no Mercado Modelo na Barraca Camafeu
de Oxossi, o bom homem”. (p. 204)
“E, com as máquinas de som e de filmagem, dirigimo-nos
todos para a Feira de Água dos Meninos”. (p. 262)
68
(2) ALAGADOS
TOPÔNIMO: Alagados TAXIONOMIA: Hidrotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: ALAGADOS- Do lat. *lacale ‘converte-se em lago’, de
lacus ‘porção de água circundada por terras’ (HOUAISS,
2001)
ENTRADA
LEXICAL
Alagados
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (adjetivo masculino plural)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O bairro de Alagados foi formado na década de 40, pela
ocupação irregular da área de borda pertencente à Marinha e
à União. Sobre o mar da Enseada dos Tainheiros, a partir da
Península de Itapagipe, parte da população carente, que não
tinha condições de arcar com as despesas de habitação da
cidade de Salvador, iniciou a construção de casas sobre
palafitas fincadas no fundo do mar. Cada vez que as etapas
da ocupação se estabeleciam, o mar era aterrado, criando-se
o solo que possibilitaria a melhoria das casas e a substituição
dos materiais provisórios pela alvenaria de tijolos.
Segundo Albinati (2010), o bairro de Alagados teve em seu
processo de formação “sucessivos movimentos de ocupação
irregular e repressão policial, construção e derrubada de
palafitas e pela constante ampliação da área seca, através do
aterro feito pelos próprios moradores e, mais tarde, também
pelo Estado”. (ALBINATI, 2010, p.31)
CONTEXTO
“São os Alagados, os casarões do Pelourinho, e do Tabuão,
Plataforma, Itapegipe”. (p. 89)
“Os pintores da cidade, como Jenner Augusto, inspiram-se
na face trágica dos Alagados”. (p. 91)
“Mas o pintor partiu numa asa delta para o Rio de Janeiro
levando os Alagados, Luísa e a cidade sergipana de
Lagarto”. (p. 226)
69
(3) BAIXA DOS SAPATEIROS
TOPÔNIMO: Baixa dos
Sapateiros
TAXIONOMIA: Geomorfotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/Bairro
ETIMOLOGIA: BAIXA- Do lat. bassus ‘pouco elevado’ ‘a parte inferior’.
SAPATEIRO – De sapato ‘calçado, em geral de sola dura’.
De origem duvidosa, talvez do turco cabata. (CUNHA,
2007)
ENTRADA
LEXICAL
Baixa dos Sapateiros
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (Adjetivo feminino + contração +
substantivo)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
É um nome que provém de uma tradição histórica dos
primeiros tempos da cidade, onde predominava os
“agrupamentos profissionais”, os quais podemos verificar em
vários outros topônimos em toda a Bahia. Segundo Dorea
(2006), inicialmente a denominação se referia a um curto
trecho entre a parte baixa da Ladeira do Tabuão e a então
Rua da Vala. O local era conhecido apenas como Baixinha e
lá moravam muitos artesões, trabalhadores simples,
principalmente sapateiros, que contribuem para a
denominação recorrendo a essa profissão. O local, na
primeira metade do século XIX entre os anos de 1925 a
1929, foi reduto de intelectuais que se reuniam
informalmente no Café Progresso e possuíam até nome: o
“Grupo da Baixinha”.
Oficialmente é a J. J. Seabra, em homenagem ao governador
do Estado. (Ver Rua J. J. Seabra). Atualmente, a Baixa dos
Sapateiros estende entre o Largo do Aquidabã e da
Barroquinha.
CONTEXTO
“[...] Porque o viajante o sente tanto na cidade baixa como na
alta, pela manhã e pela noite, no silêncio do cais ou nos
ruídos da multidão na Baixa dos Sapateiros”. (p. 24)
“A Ladeira do Tabuão, durante as horas do dia joga gente na
Baixa dos Sapateiros e dela recebe gente em busca da
cidade baixa”. (p. 74)
“É a Baixa dos Sapateiros, a Baixinha, como o povo a trata
com familiaridade”. (p. 85)
“A Baixinha [Baixa dos Sapateiros] é uma espécie de
intermediária entre a cidade baixa e a cidade alta”. (p. 85)
“Alguém já disse que a Baixa dos Sapateiros é como a
pequena burguesia que fica entre o proletariado e a grande
burguesia [...]”. (p. 85)
70
(4) CALÇADA
TOPÔNIMO: Calçada TAXIONOMIA: Hodotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: CALÇADA – Do lat. calceare ‘caminho ou rua revestida de
pedra, saibro, etc’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Calçada
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Segundo Dorea (2006), J. F da Silva Lima, em trabalho
datado em 1912, produzido para a Companhia das Obras do
Porto, já citava o surgimento da expressão Calçada do
Bonfim, informando que “[...] em 1938, o caminho para o
Bonfim era pela praia e por Mont-Serrat, só mais tarde se
construiu, através dos mangues, o atual Caminho de Roma,
até lá por meio de aterros e calçamento, de onde o nome
Calçada do Bonfim, que se estendeu a toda a Rua da
Jiquitaia”. (DOREA, 2006, p. 78-79)
Com o tempo e o uso popular ficou apenas Calçada. Hoje, o
bairro é forte no setor de comércio e é ponto de chegada e
partida dos usuários de trens da Antiga Leste. Lá se encontra
o Largo de Roma, também conhecido como Praça da
Bandeira, que abriga a sede das Obras Sociais de Irmã Dulce,
além do antigo Cine Roma e o Abrigo Dom Pedro II.
CONTEXTO
“[...] separado pelo resto da cidade por uma longa rua parte
da Associação Comercial e vai até a Calçada”. (p. 23)
“Por ali passam todos os ônibus da chamada linha de baixo:
Lapinha, Santo Antonio, Barbalho, Estrada da Liberdade,
Calçada, vários outros”. (p.86)
“Vão para os bairros pequeno-burgueses mais típicos da
cidade: Lapinha, Santo Antonio, Barbalho, Brotas, bairros
operários também: Estrada da Liberdade, Calçada, Cosme
de Faria”. (p. 86-87 )
71
(5) FAZENDA GRANDE DO RETIRO
TOPÔNIMO: Fazenda Grande
do Retiro
TAXIONOMIA: Sociotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/Bairro
ETIMOLOGIA: FAZENDA - Do lat. facenda, por facienda, de facere ‘fazer,
executar’. GRANDE - Do lat. grandis ‘vasto, comprido,
desmedido, numeroso’. RETIRO – De tirar. Origem
desconhecida ‘lugar solitário’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Fazenda Grande do Retiro
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
Adjetivo masculino singular + contração + substantivo
masculino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O bairro da Fazenda Grande do Retiro está localizado nas
proximidades da BR-324 e é vizinho aos bairros de São
Caetano e do Alto do Peru. Por ter sido uma fazenda, que
pertencia ao Sr. Justino, é que recebeu esse nome.
Na década de 1940, o proprietário arrendou as terras da
fazenda e vendeu pequenos lotes para pessoas que queriam
morar na região.
Atualmente, o bairro conta com uma rede comercial que
atende a população local, onde pode encontrar farmácias,
bancos, supermercados, lojas de roupas, além de comércio
informal, como uma feira que funciona de domingo a
domingo no Nó de Pau, tendo o seu movimento mais intenso
nos finais de semana.
CONTEXTO “Uma filha-de-santo de Bernadinho, Marieta de Tempo,
(Tempo é um santo da nação congo), possui uma casa muito
bem organizada na fazenda Grande do Retiro”. (p.181)
72
(6) ITACARANHA
TOPÔNIMO: Itacaranha TAXIONOMIA: Litotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: ITACARANHA - Do tupi ita-carãe, ‘a pedra arranhada’,
com referência às pedras maltratadas pela chuva, pelo vento.
(BUENO, 1982)
ENTRADA
LEXICAL
Itacaranha
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Dorea (2006) traz uma citação de Theodoro Sampaio, que
explica a origem do batismo desse topônimo: “pedra
arrachada” [sic]. No entanto, Dorea também apresenta outro
significado etimológico, segundo Frederico Edelweiss: de
“ita-carãe ou itá-caranha, ou seja, pedra arrachada ou
escalavrada, como acontece com os xistos argilosos batidos
pelas aguas do mar”.
CONTEXTO
“Do outro lado da cidade estão as praia calmas do golfo e
dos subúrbios: Plataforma Itacaranha, Escada [...]”. (p. 90)
“Depois é Itacaranha com seu ar morimbundo”. (p. 98)
73
(7) ITAPAGIPE
TOPÔNIMO: Itapajipe TAXIONOMIA: Hidrotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: ITAPAGIPE - Do tupi-guarani itapé-jy-pe, ‘no rio da laje’.
(BUENO, 1982)
ENTRADA
LEXICAL
Itapagipe
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O bairro fica localizado na Cidade Baixa. Por ficar muito
distante do centro da cidade, o bairro foi, por muito tempo, a
serviço dos veraneios, vindo a transforma-se depois em
bairro residencial.
CONTEXTO
“Para além da cidade baixa no contorno da baía, fica a
península de Itapagipe, bairro de pequena burguesia pobre e
de proletariado [...]” (p. 23)
“Está em bairros distantes com Cidade da Palha, São
Caetano, Itapegipe, Plataforma, Estrada da Liberdade.” (p.
87)
“São os Alagados, ao casarões do Pelourinho, e do Tabuão,
Plataforma, Itapegipe”. (p.89)
“Plataforma está ligada a Itapagipe (fica defronte à
península) pelas canoas que vão e vem numa travessia que
em dia de sol e delicioso passeio”. (p. 98)
“A popular Igreja do Bomfim, na qual se realiza um
espetáculo fetichista imponente no mês de janeiro, fica na
península de Itapagipe sobre uma linda colina”. (p. 114)
“A linda Capela de Monte Serrat, na península de Itapagipe,
data do século XVII. (p. 116)
74
(8) LIBERDADE
TOPÔNIMO: Liberdade TAXIONOMIA: Historiotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: LIBERDADE – Do lat. libertate, de liber ‘livre’.
(FERREIRA, 2011)
ENTRADA
LEXICAL
Liberdade
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O bairro da Liberdade era chamado de Estrada da Boiada,
pois passava por lá os bois que eram transportados de Feira
de Santana até o matadouro do Retiro. Essa estrada era o
único acesso para a cidade por quem vinha do interior do
estado. (ALVES, 2008, p. 112-113)
A carne vinda do interior tinha a finalidade de abastecer as
tropas brasileiras que ficaram assentadas na base da
península, e habitando as margens da estrada e mais tarde
acabaram fechando o acesso à cidade por terra. Segundo
Dorea (2006), os nomes de muitas ruas desse bairro são
associados às atividades do comércio ou abate de gado
devido à influência do seu primeiro batismo O nome mudou
para Liberdade [Estrada da], pois foi por essas terras que as
tropas oficiais do governo avançaram e expulsaram os
portugueses que se recusavam a aceitar a Independência da
Bahia em 2 de julho de 1823.
O bairro da Liberdade sempre foi habitado por pessoas de
baixa renda, além de ser o bairro mais populoso da cidade é
o que representa a cultura negra com mais efervescência, por
essa razão foi considerado pelo Ministério da Cultura como o
território nacional da cultura afrobrasileira. O processo de
povoamento da Liberdade se deu logo depois da abolição da
escravatura, com a ida de negros libertos e antigos escravos
para o local.
CONTEXTO “Mãe Cecília tinha antes uma ‘sessão de olhar’ muito
frequentada em São Lourenço, na Liberdade”. (p. 180)
“Reside no bairro da Liberdade, na cidade de Salvador,
onde tem pequena gráfica para composição e impressão dos
folhetos que marca e vende nas ruas da cidade, de
preferência no Terreiro de Jesus, coração popular da Bahia”.
(p. 267)
“Ao comprar, porém, procure saber se o berimbau escolhido
foi feito por mestre Waldemar, capoeirista renomado, em
cujo terreiro na Liberdade, quando ele mantinha escola
aberta [...]” (p. 366)
75
(9) LOBATO
TOPÔNIMO: Lobato TAXIONOMIA: Antropotôponimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: LOBATO – Sobrenome de origem portuguesa. ‘Dim. de
lobo’ (MANSUR GUÉRIOS, 1981). Barata e Bueno (s/a)
trazem Lobato como “Sobrenome. De labato, subst. comum,
que significa ‘filhote de lobo’. Primitivamente alcunha
(Antenor Nascentes, II 176). Lôbo pequeno (Anuário
Genealógico Latino, V, 57)”. (BARATA; BUENO, s/a)
ENTRADA
LEXICAL
Lobato
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples masculino singular (apelido de família)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Recebeu esse nome por causa do dono de engenho de bois
Vasco Rodrigues Lobato. O topônimo registra a importância
do dono de engenho, que também prosperou como produtor
de açúcar em terras baianas.
Dorea (2006) afirma que segundo o historiador Cid Teixeira,
“o petróleo na Bahia foi pela primeira vez extraído na área
do Lobato”, por essa razão ganhou conhecimento nacional
como o local onde foi descoberto o primeiro poço de
petróleo brasileiro na década de 40, na campanha Getulista
"O Petróleo é nosso”.
CONTEXTO
“O primeiro é Lobato, que ainda exibe as antigas torres de
petróleo e onde um pequeno monumento marca o lugar da
descoberta do ouro negro baiano, e o último é Paripe, com
poucas casas”. (p. 97)
“Depois de Lobato vem Plataforma com sua grande fábrica
de tecidos e vasta população operária”. (p. 98)
76
(10) MASSARANDUBA
TOPÔNIMO: Massaranduba TAXIONOMIA: Fitotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: MASSARANDUBA. Do Tupi mosarani’ iua ‘Planta da
família das sapotáceas, maçarandubeira’(CUNHA, 1999)
ENTRADA
LEXICAL
Massaranduba
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (Substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O nome de batismo do bairro foi retirado das árvores que
cresciam entre o massapé. O bairro está localizado na
Península Itapagipana entre os bairros da Ribeira, Bonfim,
Jardim Cruzeiro e o mar da Baía de Todos os Santos.
As primeiras habitações foram erguidas sobre o mangue e se
constituíam de palafitas. No século XX, por volta da década
de 40, o bairro foi aterrado com entulhos trazidos da praia da
Ribeira, tendo a sua urbanização iniciada na década seguinte.
CONTEXTO
“Em ônibus superlotados iremos à Estrada da Liberdade,
bairro operário, onde descobrirás a miséria oriental se
repetindo nos casebres das invasões, Massaramduba,
Coréia. Cosme de Faria, Uruguai, iremos aos cortiços
infames, cruzaremos as pontes de lama dos Alagados. (p. 12)
77
(11) MONTE SERRAT
TOPÔNIMO: Monte Serrat TAXIONOMIA: Hierotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: MONTE SERRAT - sobr. catalão, de origem religiosa. O
sobrenome Mont-serrat “refere-se à invocação da Virgem
Maria de uma mosteriro beneditino edificado em morro
chamado Monteserrat, isto é, ‘monte serrado’, na Catalunha.
Aport.: Monserrat. Cf. o top. Nossa Senhora do Monserrat no
Concelho de Viana do Castelo, Portugal. Na Espanha,
Montserrat, n. feminino. como abrev, de Maria de
Montserrat.” (MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA
LEXICAL
Monte Serrat
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo masculino singular +
substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Segundo alguns historiadores, a história do bairro do Monte
Serrat inicia quando Tomé de Souza - o primeiro Governador
Geral do Brasil, em busca de um local adequado para
construir uma grande povoação e um forte, por ordem o rei
de Portugal D. João III. Na busca de defender o território,
criou-se o Forte de Monte de Serrat, também conhecido
como Forte de São Felipe, que teve essa denominação até o
início do século XIX. Monte Serrat é uma referência à
imagem da virgem espanhola, trazida por um padre jesuíta
que implantou a devoção a Nossa Senhora de Montserrat no
local.
CONTEXTO
“Encontram saveiros ainda em Água dos Meninos, em
Monte Serrat, no Porto da Lenha em Santo Antonio da
Barra e no Rio Vermelho”. (p.94)
“[...]em Monte Serrat ao pé do forte e Itapoã, no Dique, na
Pituba e em Itaparica”.(p.138)
“De volta interna-se no golfo, exibindo aos olhos do viajante
as praias dos subúrbios da Leste Brasileira e toda beleza do
Monte Serrat e do casario da cidade visto do mar”. (p.375)
78
(12) PARIPE
TOPÔNIMO: Paripe TAXIONOMIA: Ergotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: PARIPE – Do tupi - pari ‘cerca, caniçada, gamboa’ e epe =
‘na’, ou seja, ‘na tapagem de peixe, na gamboa’.
(GREGÓRIO, 1980) Segundo Bueno (1982), Paripe significa
ceva, pesqueiro. Já Dorea (2006) diz que o termo “Paripe” é
decorrente do porto de Paripe, já registrado em 1587, por
Gabriel Soares de Souza.
ENTRADA
LEXICAL
Paripe
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto por aglutinação (substantivo masculino
singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Paripe é um dos últimos bairros praianos pertencentes à
Salvador dentro da Baía de Todos os Santos, com praias de
beleza que encantam o visitante, podendo encontrar ainda
um clima interiorano à beira mar. O bairro possui a sua
Igreja em louvor a Nossa Senhora do Ó, que foi construída
pelos Jesuítas no século XVI. Segundo relatos históricos, foi
durante o governo Tomé de Souza e Duarte da Costa que
avistaram os primeiros exploradores da região de Paripe: os
índios.
CONTEXTO
“Do outro lado da cidade estão as praia calmas do golfo e
dos subúrbios: Plataforma Itacaranha, Escada, Praia Grande,
Peri-Peri, Paripe – a praia maravilhosa de Inema, em São
Tomé de Paripe”. (p. 90)
“O primeiro é Lobato, que ainda exibe as antigas torres de
petróleo e onde um pequeno monumento marca o lugar da
descoberta do ouro negro baiano, e o último é Paripe, com
poucas casas”. (p. 97)
79
(13) PERI-PERI
TOPÔNIMO: Peri-Peri TAXIONOMIA: Fitotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/Bairro
ETIMOLOGIA: PERI-PERI - Do tupi piripi’ri – ‘junco’, espécie de junco
da família das ciperáceas, piri.
ENTRADA
LEXICAL
Peri-Peri
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto por justaposição
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
A forma Pepiperi aparece nos dispositivos que determinam
os limites do Brasil pelo Tratado de Sto Ildefonso (1777)
(GREGÓRIO, 1980)
O bairro de Peri-Peri está localizado entre os bairros de
Coutos e Praia Grande, no Subúrbio Ferroviário de Salvador.
Surgida a partir de uma fazenda em meados do século XIX,
Periperi deu início a seu crescimento a partir da construção
do trecho Calçada - Paripe. Alguns trabalhadores da ferrovia
arrendaram terrenos e construíram suas casas; assim
surgiram os primeiros aglomerados. Na década de 40, o
crescimento da população do subúrbio aumentou e, na
década de 60, muitos varejistas buscavam tranquilidade e se
alojaram nessa região. O nome surgiu graças a plantas junco
que cresciam de maneira desordenada nas áreas alagadiças.
CONTEXTO
“Do outro lado da cidade estão as praias calmas do golfo e
dos subúrbios: Plataforma Itacaranha, Escada, Praia Grande,
Peri-Peri, Paripe – a praia maravilhosa de Inema, em São
Tomé de Paripe”. (p. 90)
“Mantém certa atitude de desprezo para com Peri-Peri, com
sua população misturada de pequeno-burguês e operários da
estrada”. (p. 98)
“Peri-Peri é a capital do subúrbio”. (p. 98)
“Hoje, com a crise de moradia, é tão difícil consegui uma
casa em Peri-Peri quanto o centro da capital”. (p. 98)
“Infelizmente para dar passagem a essa avenida, derrubaram
os tamarineiros centenários de Peri-Peri”. (p. 99)
80
(14) PILAR
TOPÔNIMO: Pilar TAXIONOMIA: Hierotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: PILAR - Do lat. vulgar pilare, de pila ‘coluna’. (CUNHA,
2007)
ENTRADA
LEXICAL
Pilar
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (Substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Segundo Mansur Guérios, Pilar (do) é n. e sobr. de origem
cristã; da invocação espanhola Virgem del Pilar, especial de
Aragão que conforme tradição, apareceu ao apostolo Tiago,
às margens do Ebro num pilar de mármore. Usual: María
del Pilar. Port. Maria do Pilar. (MANSUR GUÉRIUS,
1981)
CONTEXTO
“No cemitério de Pilar, encontra-se um dos três túmulos nos
quais repousa, na cidade do Salvador, o corpo do pintor
Cardoso e Silva”. (p. 115)
“A Igreja de Santa Luzia, à Avenida Jequitibá, antiga Pilar
foi fundada em 1714”. (p. 115)
81
(15) PIRAJÁ
TOPÔNIMO: Pirajá TAXIONOMIA: Zootopônimo
MUNICÍPIO:
Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/Bairro
ETIMOLOGIA:
PIRAJÁ – Do tupi Pirá (peixe) + Yá (viveiro) e que
significa “ceva de peixe”, “lugar de muitos peixes”. Para
Gregório (1980), “Pirajá (Pira+ ybá) fruto de peixe e por
extensão, época piscosa do ano (ver acaju); aliás, Varnhagen-
35, tomo I, p. 92, diz que os índios chamavam Pirajá a esses
aguaceiros ou literalmente fruto de peixe porque a floração
dos cajueiros coincidia com o aparecimento de abundantes
peixes; lugar histórico: Combate de Pirajá, na guerra da
independência, na Bahia.” (GREGÓRIO, 1980)
ENTRADA
LEXICAL
Pirajá
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto por justaposição (substantivo masculino
singular + substantivo masculino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Antiga terra dos índios Tupinambás, em 1972, passou a
Parque Histórico por decreto municipal, garantindo a
preservação do Patrimônio Histórico ligado à guerra da
Independência da Bahia.
A Batalha de Pirajá é considerada um dos principais choques
bélicos da guerra pela Independência da Bahia, sendo
travada na área de Cabrito-Campinas-Pirajá.
O bairro é um dos mais antigos de Salvador, surgiu a partir
de engenhos de açúcar e das primeiras missões jesuíticas que
aportaram na Bahia no período da colonização.
CONTEXTO O filho do governador Álvaro da Costa, conduzindo tropas
bem armadas venceu um combate em Pirajá. (p. 27)
82
(16) PLATAFORMA
TOPÔNIMO: Plataforma TAXIONOMIA: Ergotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: PLATAFORMA. Do fr. plate-forme; o voc. provém do ing.
platform ‘área plana horizontal, mais ou menos alteada’.
(CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Plataforma
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (Substantivo feminino)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
É um dos bairros mais antigos do subúrbio ferroviário de
Salvador, localizado na margem oposta à Ribeira [dos
Galeões], em área próxima ao antigo Forte de São Bartolomeu
da Passagem. A Plataforma e o forte atuavam como protetor
nas lutas da Independência. O forte desapareceu, mas a
plataforma era o local que assentavam baterias, canhões.
Moura (2001) afirma que o nome do bairro teria surgido por
conta da existência de uma balsa no formato de uma
"plataforma flutuante", que fazia a travessia marítima das
pessoas entre Plataforma e Ribeira, na época em que outros
meios de transporte, como ônibus e trem, eram precários ou
não existiam. Embora não reconhecido pelo poder oficial, o
bairro de Plataforma foi, no passado, um espaço que marcou
decisivamente a história da cidade de Salvador.
Ainda conforme relatos de Moura (2001), em 1558, o bairro
era uma aldeia jesuítica, a Aldeia de São João, constituída por
índios da nação Tupi – os Tupinambás. Esta aldeia situava-se
nas Ribeiras de Pirajá e o seu nome da aldeia foi dado em
homenagem a São João Evangelista, cuja festa celebrava-se no
dia 27 de dezembro.
(Disponível em <http://www.vertentes.ufba.br/bairro-
plataforma> Acesso em: 14 jan. 2015)
CONTEXTO
“Está em bairros distantes com Cidade da Palha, São Caetano,
Itapegipe, Plataforma, Estrada da Liberdade.” (p. 87)
“São os Alagados, ao casarões do Pelourinho, e do Tabuão,
Plataforma, Itapegipe. (p. 89)
“Do outro lado da cidade estão as praia calmas do golfo e dos
subúrbios: Plataforma Itacaranha, [...]”. (p. 90)
“Depois de Lobato vem Plataforma com sua grande fábrica
de tecidos e vasta população operária”. (p. 98)
“Plataforma está ligada a Itapagipe (fica defronte à península)
pelas canoas que vão e vem numa travessia que em dia de sol
e delicioso passeio”. (p. 98)
83
(17) RIBEIRA
TOPÔNIMO: Ribeira TAXIONOMIA: Hidrotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: RIBEIRA. Do. lat lus. riparia, fem. subst. de riparias a, um
de ripa, ae ‘margem, ribanceira’ (HOUAISS, 2001)
ENTRADA
LEXICAL
Ribeira
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (substantivo singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O bairro da Ribeira fica situado na Península de Itapagipe, na
Cidade Baixa e banhado pelas águas da Baía de Todos os
Santos e da Enseada dos Tainheiros. Segundo Dorea (2006),
a parte baixa da cidade, onde se localizava o porto mais para
dentro da baía, ficou conhecida com praia ou Ribeira, pouco
tempo após a chegada de Tomé de Souza. Foi lá que
ergueram a capela em homenagem a Nossa Senhora da
Conceição [da Praia] e dois baluartes: um de São Jorge e o
de Santa Cruz, que ficavam integrados ao sistema de defesa
da colônia. Hoje, onde fica a sede do Segundo Distrito Naval
localizava uma instalação de origem não religiosa ou militar,
a qual foi erguida por Pero de Gois, Capitão-Mor da Costa:
era a Ribeira das Naus [ou dos Góis], que servia de abrigo e
para guardar instrumentos de navegação.
Surgiu a Ribeira dos Galeões, que terminou por dar nome ao
bairro qu era empregado para designar a parte baixa da
cidade.
CONTEXTO
“Apesar do sábado e do domingo com seus ranchos na
colina, mistura de festa de reisado e de carnaval, apesar da
segunda-feira da Ribeira com suas comidas, [...]” (p. 133)
“Mas a festa dura uma semana inteira e só termina na
Ribeira, na noite de segunda, numa festa do Largo e em
dezenas de festas familiares”. (p. 136)
“Os foliões amanhecem na Ribeira, muna espécie de
pequeno carnaval, de alegre anúncio da grande festa, [...]”
(p.137)
“E a segunda-feira da Ribeira, típica folia de bairro que só
terminará no dia seguinte, [...]” (p. 137)
“O samba de roda, na festa da Ribeira, já adquire um ritmo
carnavalesco, [...]” (p. 137)
84
(18) RUA BUGARI
TOPÔNIMO: Rua Bugari TAXIONOMIA: Fitotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: BUGARI - Baguri > Bareri. Planta forrageira (Panicum
spicatum) da família das gramíneas, nativa da África e da
Àsia, tb. Cultivada para alimentação humana. (HOUAISS
(2001)
ENTRADA
LEXICAL
Rua Bugari
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O nome da rua faz referência a um tipo de planta. Segundo
Dorea (2006), “houve no trecho Avenida Beira Mar um
bosque de Bogari”, dai deve ter surgido o nome da rua.
CONTEXTO “Escreverei dez nomes e cada qual é mais sugestivo e mais
saboroso: Rua da Agonia, Ladeira da Água Brusca, Rua do
Chega Negro, Rua da Forca, Travessa da Legalidade, Jogo
do Lourenço, Largo das Sete Portas, Travessa do Bêngala,
Rua dos Marchantes, Rua Bugari...”. (p. 69)
85
(19) RUA GUINDASTES DOS PADRES
TOPÔNIMO: Rua Guindastes
dos Padres
TAXIONOMIA: Ergotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: GUINDASTE – Do prov. *guindarz, deriv. do fr. ant. guidas
(atual guindeau) e, este, do a. escandinavo vindâss, de vend-
‘erguer’ + âss ‘madeira’.” PADRE - Do lat. pater patris
‘genitor, progenitor’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Rua Guindaste dos Padres
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo masculino singular +
contração + substantivo masculino plural)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
É uma rua situada na Cidade Baixa. Recebeu esse nome, pois
havia um guindaste que transportava cargas para o alto, para
o colégio dos jesuítas. Nos primeiros tempos da cidade
chamou-se de Rua Direita da Praia.
CONTEXTO
“Porta do Carmo, Guindastes dos Padres...Gosto
particularmente do Beco do Calafate”. (p. 69)
86
(20) SÃO TOMÉ DE PARIPE
TOPÔNIMO: São Tomé de
Paripe
TAXIONOMIA: Hagiotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/ Bairro
ETIMOLOGIA: SÃO - Do lat. sanctus –a –um ‘santo’. (CUNHA, 2007)
TOMÉ- Do aramaico: To’ma, Ta’ma:: ‘gêmeos’.
(MANSUR GUÉRIOS, 1981)
PARIPE (Ver ficha 11)
ENTRADA
LEXICAL
São Tomé de Paripe
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Adjetivo masculino singular + Prenome + preposição +
substantivo masculino singular
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
É um bairro do subúrbio de Salvador, no extremo da Cidade
Baixa, depois de Paripe. O nome São Tomé de Paripe é
posterior a Paripe e faz referência ao apóstolo de mesmo
padroeiro de uma capelinha que havia por ali. Conta-se a
lenda que o apóstolo São Tomé teria passado e deixado suas
pegadas na pedra da Toca. Lá, “as pegadas assinaladas em
uma lájea (sic), que diz que o gentio, diziam seus
antepassados que andara por ali, havia muito tempo, um
santo, que fizera aqueles sinais com os pés” - tratava de São
Tomé. (DOREA, 2006, p. 704)
CONTEXTO
“Do outro lado da cidade estão as praia calmas do golfo e
dos subúrbios: Plataforma Itacaranha, Escada, Praia Grande,
Peri-Peri, Paripe – a praia maravilhosa de Inema, em São
Tomé de Paripe”. (p. 90)
“Dalí, de automóvel, pode-se ir a São Tomé de Paripe,
velha povoação com uma praia maravilhosa a praia de
Inema, atualmente ocupada pela Marinha” (p 98)
“Também o Doutor João Batista Caribé, médico da larga
popularidade, possui São Tomé de Paripe bela casa em
meio a um parque de sombras e brisa do mar”. (p. 99)
87
(21) URUGUAI
TOPÔNIMO: URUGUAI TAXIONOMIA: Corotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: n/e
ENTRADA
LEXICAL
Uruguai
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (substantivo masculino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O bairro do Uruguai, assim como outros da Bacia de
Itapagipe, surgiu de um processo de ocupações espontâneas
em terrenos alagadiços e afirmou-se a partir da luta de seus
moradores para permanecerem no local. Francisco Aguiar
dos Santos, antigo morador do bairro, conta que em torno de
trinta anos atrás, as casas da região, em geral, eram de
palafitas. Segundo ele, muitas das melhorias empreendidas
no bairro são resultados da reunião de esforços da
comunidade.
Na história deste bairro, a Igreja de Nossa Senhora dos
Alagados merece destaque. Localizada no alto da colina, foi
inaugurada em 1980 em meio a casas erguidas sob palafitas.
No Uruguai encontra-se o Bahia Outlet Center construído
em 1997, com a proposta de trazer de volta a esta região os
investimentos no setor têxtil. Esse shopping desenvolve um
Programa de Requalificação da Península de Itapagipe e seu
Entorno, com ações comunitárias e empresariais para a
região. Não foram encontradas informações sobre a razão de
escolha do nome do bairro.
CONTEXTO
“Em ônibus superlotados iremos à Estrada da Liberdade,
bairro operário, onde descobrirás a miséria oriental se
repetindo nos casebres das invasões, Massaranduba, Coréia,
Cosme de Faria, Uruguai, iremos aos cortiços infames,
cruzaremos as pontes de lama dos Alagados.
88
6.2 TOPÔNIMOS DA CIDADE ALTA
(22) AMARALINA
TOPÔNIMO: Amaralina TAXIONOMIA: Antropotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: AMARALINA - De Amaral – Sobrenome de origem
geográfica. Topônimo de Portugal. De Amaral, subst.
comum, nome de uma casta de uva preta, serôdia, e muito
abundante de ácidos, cultivada na Beira, no Minho e no
Douro. (BARATA; BUENO, s/a)
ENTRADA
LEXICAL
Amaralina
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (Apelido de família + sufixo -INA)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O bairro fica situado entre o Rio Vermelho e a Pituba, na
orla marítima da Cidade Alta. Toda a área que compõe os
contornos desse bairro que pertencia à Fazenda Amaralina,
propriedade pertencente a José Alves do Amaral. As terras
incialmente receberam o nome de Fazenda Alagoas, mas por
influência do nome do proprietário, mais tarde, foi rebatizada
com o nome Amaralina. Distante do Centro Histórico, o
bairro passou a contar com o serviço de bonde elétrico
somente a partir da década de 1920.
CONTEXTO
“Alguns bairros antigamente pobres típicos de pequena
burguesia, transformam-se hoje quando a cidade cresce à
beira do mar: Ondina, Rio Vermelho, Amaralina”.(p.79)
“[...]por detrás das casas elegantes da praia de Amaralina,
fervilha a vida intensa e pobre, em vasto território habitado
por trabalhadores de todos os tipos, o Nordeste de
Amaralina”. (p. 79)
“Também no Rio Vermelho habitam os pintores Floriano
Teixeira e Jamison Pedra. Caribé mora em Brotas, Mirabeau
Sampaio no Chame-Chame; o arquiteto Mário Mendonça,
em Amaralina com sua mulher Zélia Maria, ceramista”.
(p.79)
“Seguem-se no Rio Vermelho, Ondina, Amaralina, Pituba,
Boca do Rio”. (p.90)
“Acompanhando as praias deslumbrantes, orla marítima que
se desdobra de Amaralina à Itapoã – melhor dito do Porto
da Barra a Arembepe – repleta de hotéis, restaurantes,
boates, bares, motéis de alta rotatividade”. (p. 96)
89
(23) BARBALHO
TOPÔNIMO: Barbalho TAXIONOMIA: Antropotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/Bairro
ETIMOLOGIA: BARBALHO – Sobrenome de uma antiga família
estabelecida em Pernambuco. Procede de Braz Barbalho
Feyo, que passou a Pernambuco, no início de sua povoação,
onde deixou larga descendência do seu casamento Catarina
Tavares Guedes. (BARATA; BUENO, s/a). De barbalho,
subst.. com., raiz filamentos das plantas). (BARATA;
BUENO, s/a)
ENTRADA
LEXICAL
Barbalho
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (apelido de família)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Esse bairro fica nas terras que pertenceram a Luiz Barbalho
Bezerra, daí resulta o seu nome. Já foi conhecido como
Campo do Barbalho no período colonial e perdurou por
muito tempo. Segundo Dorea (2006), Luiz Barbalho Bezerra
foi uma personalidade envolvida em diversos acontecimentos
de relevância no Período Colonial tais como a construção das
“defesas militares”, em 1638. Em 1736, foi construído o
Forte do Barbalho, de maior tamanho de forte defensivo de
salvador.
Luiz Barbalho ainda foi um dos integrantes do triunvirato,
que na ausência do vice-rei D. Jorge de Mascarenhas – o
Marquês de Montalvão – exerceu indevidamente o governo
no período de 12 d Abril de 1641 a 26 de Abril de 1642.
CONTEXTO
“As ladeiras vêm do Terreiro ou de Nazaré, do Barbalho ou
da Ruas dos Quinze Mistérios, cidade baixa”. (p. 85)
“Por ali passam todos os ônibus da chamada linha de baixo:
Lapinha, Santo Antonio, Barbalho, Estrada da Liberdade,
Calçada, vários outros.” (p.86)
“Vão para os bairros pequeno-burgueses mais típicos da
cidade: Lapinha, Santo Antonio, Barbalho, Brotas, bairros
operários também: Estada da Liberdade, Calçada, Cosme de
Faria”. (p. 86-87 )
“No Barbalho, vive minha amiga Dadá, viúva de Corisco, o
célebre lugar tenente de Lampião”. (p. 251)
90
(24) BARRA
TOPÔNIMO: Barra TAXIONOMIA: Hidrotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: BARRA- Do lat. vulgar. barra ‘local em que um rio deságua
no mar ou em um lago; desembocadura, foz...” (HOUAISS,
2001)
ENTRADA
LEXICAL
Barra
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O Porto da Barra foi um dos locais que iniciou a cidade, na
época da colonização, pois era um ponto estratégico na
defesa das terras conquistadas pelos portugueses. Com o
naufrágio do Galeão Sacramento, no século XVII, constrói-
se o Farol da Barra com o intuito de orientar os navegantes,
atualmente é um dos marcos da cidade de Salvador, um
verdadeiro cartão-postal.
Percebe-se que mais uma vez uma característica natural,
pode ter sido base para a nomeação desse bairro, desde
outrora.
CONTEXTO
“Aí estão os bairros grã-finos, dos mais antigos, Barra e
Barra Avenida, Jardim Ipiranga, Morro do Gato, até os mais
novos[...]”. (p. 78)
“Existem na Barra dois recantos admiráveis”. (p. 79)
“O colar de praia de mar largo estende-se da Barra até
Arembepe – essa praia de Arembepe é um sonho[...]” (p. 90)
“Na praia da Barra, os fortes velhos e o farol, que é o mais
clássico cartão-postal da cidade”. (p. 90)
“Suas múltiplas moradas pois ela habita em diversos lugares
desse mar branco: nas Ruas do Forte da Gamboa, no Rio
Vermelho, na Barra[...]” (p.138)
91
(25) BARRIS
TOPÔNIMO: Barris TAXIONOMIA: Ergotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/ bairro
ETIMOLOGIA: BARRIS. pl. de barril. Do a. prov. barril ‘tonel de madeira,
bojudo, usado para armazenar ou transportar líquidos’.
(FERREIRA, 2011)
ENTRADA
LEXICAL
Barris
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples masculino plural
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Bairro central, próximo à Praça da Piedade e ao Politeama.
Barris é o plural de barril. O nome surgiu por cousa dos
diversos barris enterrados ao longo de uma ladeira estreita
que dava no Dique do Tororó. O objetivo dos barris
enterrados era proporcionar que a água de consumo
doméstico tivesse boa qualidade, evitando que se enturvasse
ou enchesse de sujeiras. Segundo Dorea (2006), o local
também foi conhecido como Roça dos Barris.
Ainda segundo o autor, Vilhena (1977) registra que “[...]em
uma baixa próxima ao Dique [do Tororó] há um olho d’água
a que chamam o Barril, o mais perene de todos, e que não há
lembrança de que jamais suasse, não havendo mais anos que
um particular filho da ventura, pugnou bastante para apossar-
se dele, e é digno de admiração o não o ter conseguido,
porque nesta cidade não há mais que tentar, e teimar.”
(VILHENA, 1977 apud DOREA, 2006, p. 223)
CONTEXTO “Não recordo se foi Alves Ribeiro ou Clóvis Amorim que
denominou de Brasil a vasta casa, nos Barris, onde residia a
família do Professor Souza Carneiro [...]” (p. 273)
92
(26) BARROQUINHA
TOPÔNIMO: Barroquinha TAXIONOMIA: Litotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE:
Humano/bairro
ETIMOLOGIA: BARROQUINHA – De origem pré-romana. Dim. de
barroca, ‘monte de barro’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Barroca
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (Substantivo feminino singular +
diminutivo -INHA)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Barroquinha é o diminutivo de Barroca. Compreende por
barroca uma escavação feita pela própria natureza por ação
da água corrente e impetuosa, também chamada, por muitos,
de barranco. O diminutivo Barroquinha até hoje ainda indica
um dos acessos à Baixa dos Sapateiros.
Segundo Dorea (2006), esse designativo foi incorporado no
século XVIII, refletindo a realidade do povo, “que se referia
às águas que, na estação chuvosa, ali mansamente faziam seu
trabalho de erosão, escavando o terreno quando escorria das
Hortas de São Bento” (DOREA, 2006, p. 223).
CONTEXTO
“Rua comprida, se desenvolvendo numa curva da
Barroquinha, mas vizinhança do Largo do Teatro, até a
Ladeira Ramos de Queiroz [...]”. (p. 85)
93
(27) BEIRU
TOPÔNIMO: Beiru TAXIONOMIA: Fitotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/ bairro
ETIMOLOGIA: BEIRU – De origem africana. Fon gbé Dudu/ Yorubá.
Ìgbedú, ‘mata escura, cerrada’. (PESSOA DE CASTRO,
2001) Segundo Dorea (2006), trata-se de um nome cuja
origem é africana, uma corruptela de um nome de um deus
africano GBeru.
ENTRADA
LEXICAL
Beiru
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (Substantivo masculino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
“Be(i)ru (kwa) (BA) – nome do terre(i)ro jeje e do bairro
onde ele se encontra nas redondezas de Salvador, também
chamado de Mata Escura.
Atualmente, Beiru tem como nome oficial Tancredo Neves.
CONTEXTO
“Os candomblés do grupo congo tem seu templo principal na
casa do finado Bernardino do Bate-Folha, no Beiru,
atualmente sobre a direção de Bandanguiame”. (p. 81)
“Outras casas de caboclo dignas de serem visitadas: Terreiro
de Manuel Rufino do Sacramento de Oxum, em Beiru”. (p.
182)
“Manuel Rufino é filho-de-santo do falecido Massanganga
de Beiru, que foi um famoso feiticeiro da nação angola”. (p.
182)
94
(28) BOCA DO RIO
TOPÔNIMO: Boca do Rio TAXIONOMIA: Cardinototopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/ bairro
ETIMOLOGIA: BOCA – Do lat. bucam. ‘cavidade na parte inferior da face
pela qual os homens e outros animais ingerem alimentos, e
ligada com os órgãos da fonação e da respiração’.
RIO - Do lat. vulgar rius, este do latim clássico rivus,i.
‘curso de água natural’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Boca do Rio
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
contração + substantivo masculino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O bairro, assim como a praia, recebe esse nome por conta do
Rio das Pedras, cuja nascente se localiza nos fundos do 39ª
Batalhão de Caçadores do Exército Brasileiro, que fica entre
os bairros do Pernambués e Saboeiro. O rio tem seu curso
que passa pela Avenida Paralela ou Luís Viana Filho e
desagua na Praia da Boca do Rio, por esse motivo que recebe
esse nome, por estar na entrada do rio, perto do rio.
Infelizmente, atualmente, o Rio das Pedras, assim como
outros rios que cortam a cidade de Salvador, está poluído, o
que gera grandes prejuízos tanto para a fauna quanto para a
flora soteropolitana.
CONTEXTO
“Seguem-se no Rio Vermelho, Ondina, Amaralina, Pituba,
Boca do Rio, [...]”. (p.90)
“Durante anos foi um vizinho, quase chorei quando se
mudou para casa com terreno grande na Boca do Rio”. (p.
374)
95
(29) BONFIM
TOPÔNIMO: BONFIM TAXIONOMIA Hierotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/Bairro
ETIMOLOGIA: BONFIM (do) - Sobr. port. de origem religiosa; refere-se ao
Senhor do Bom fim, i. é, da boa morte. Var.: Bomfim”.
(MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA
LEXICAL
Bonfim
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O bairro do Bonfim é muito conhecido, pois é nele que
culmina uma das mais ricas celebrações religiosa do país, a
Lavagem do Bonfim, festa na qual as escadarias da Basílica
do Senhor Bom Jesus do Bonfim são lavadas pelas baianas
com água de cheiro e é feita uma procissão para agradecer ao
santo, as graças alcançadas.
Segundo Barata e Cunha (s/a), a lavagem era feita pelos
moradores das vizinhanças. Com o tempo, o evento foi
atraindo os moradores de outros bairros e hoje é um evento
que mobiliza toda a cidade. A festa do Bonfim sempre
associou o sagrado ao profano. O Marquês de Santa Cruz,
Dr. Manuel Victorino Pereira, chefe do Governo Provisório
em 1890, considerando que essa cerimônia tinha assumido
um caráter não condizente com o local santo, proibiu a
lavagem no interior do templo.
O bairro, até a década de setenta, abrigava famílias situadas
nas maiores faixas de renda da Cidade Baixa. Como
reminiscências deste passado, ainda existem muitos casarões
no local. (BARATA; CUNHA, s/a)
CONTEXTO
“Na manhã da terceira quinta-feira de janeiro todo povo da
Bahia se encaminha para a colina do Bonfim, onde está a
Igreja do santo mais popular da cidade”. (p. 132)
“Nota-se que não é um santo muito popular entre o clero já
que o arcebispo faz tudo que é possível para evitar os
festejos com que a população celebra a festa do Bonfim”, (p.
132)
“As festas do Bonfim duram oito dias, mas seu maior
momento é sem, dúvidas, quinta-feira da lavagem”. (p. 133)
“Quem nunca viu esta procissão da lavagem do Bonfim não
sabe os segredos da poesia”. (p. 133)
“A massa popular, muita gente de pés descalços pagando
promessas, serpenteia pelas ruas comerciais da cidade baixa,
em direção à colina do Bonfim”. (p. 135)
96
(30) BROTAS
TOPÔNIMO: Brotas TAXIONOMIA: Hagiotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: BROTAS - corruptela de Grota. Do it. gròtta grota ‘abertura
produzida pela enchente na ribanceira’ ‘vale profundo’
(CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Brotas
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (Substantivo feminino plural)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Trata de uma corruptela do nome Grotas, fazendo referência
a Nossa Senhora de Grotas. Dorea (2006) faz referência a
essa região que foi a primeira aldeia a ser criada por Men de
Sá, em 1955. Com o desaparecimento dessa aldeia, surgiu a
freguesia católica de São Paulo, sob a Invocação de Nossa
Senhora da Grota que posteriormente foi construída a Igreja
Matriz de São Paulo em 1772.
Ainda segundo o autor, a história revela que, pouco abaixo
da grota, onde há um cruz, um homem recebeu um milagre:
sua única vaca leiteira estava prestes a morrer num atoleiro e
antes de qualquer socorro ele implorou a Virgem, que lhe
apareceu tendo nos braços o Menino Jesus. O episódio foi
considerado um milagre pela comunidade católica do
período. Esse fato foi retratado num quadro, que ainda pode
ser visto na Matriz de Brotas.
CONTEXTO
“Carybé mora em Brotas, Mirabeau Sampaio no Chame-
Chame, [...]”. (p. 79)
“Vão para os bairros pequeno-burgueses mais típicos da
cidade: Lapinha, Santo Antonio, Barbalho, Brotas, bairros
operários também: Estada da Liberdade, Calçada, Cosme de
Faria”. (p. 86-87 )
“Uma vez, Carybé, Dorival Caymmi e eu fomos visita-lo em
sua casa, em Brotas”. (p. 167)
“Fica no Jardim Madalena, no fim de linha de Brotas, onde
se realiza festa anual, sempre nos começos de outubro, para
Logum Edé (santo ijexá que é metade Oxum)”. (p. 180)
97
(31) CAMPO GRANDE
TOPÔNIMO: Campo Grande TAXIONOMIA: Fitotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: CAMPO. Do lat. campus-í, ‘planície’ ‘terreno plano’ terreno
para plantio ou exercícios’. GRANDE - Do lat. grandis
‘vasto, comprido, desmedido, numeroso’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Campo Grande
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (Substantivo masculino singular +
adjetivo singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Toda a área que compreende esse bairro foi, desde o tempo
da colónia e durante boa parte do século XIX, um grande
pasto para os animais e aonde era alimentado o rebanho,
principalmente bovino, por isso a origem desse designativo.
Segundo Dorea (2006), foi conhecido por muito tempo como
Campo de São Pedro, por influência da pequena capela em
homenagem ao santo e que ficava nas proximidades.
Em 2 de julho de 1895, foi completamente remodelado
atendendo ao projeto urbanístico que recebeu influência dos
ingleses que estavam instalados em colônias naquelas
imediações. Nesse período, foram implantados os
monumentos dos caboclos, símbolos da independência da
Bahia, que se encontram na praça, até os dias atuais.
CONTEXTO
“O Arcebispo foi morar no Campo Grande, em um palácio
novo”. (p. 107)
“À tarde o cortejo ruma para Campo Grande, onde no
monumento do Caboclo realiza-se uma cerimônia cívica”. (p.
148)
98
(32) CANELA
TOPÔNIMO: Canela TAXIONOMIA: Fitotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: CANELA. “Do fr. canele (hoje cannelle), deriv. Do it.
Cannella, dim. do lat canna ‘junco, canudo’, em alusão à
casca ressequida da planta, que lembra um pequeno canudo.”
(CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Canela
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O bairro do Canela fica próximo ao centro da cidade e faz
fronteira com o bairro da Graça, a Federação, Campo Grande
e a Vitória. O bairro estava listado entres os locais habitados
por pessoas de nível social mais elevado, em tempos
passados.
O Canela tem uma origem rural e chamava-se Roça do
Canela, pertencente a membros da família Pereira de Aguiar.
A ocupação e o início da habitação começaram após a
construção da casa do Barão do Sauípe e, nas primeiras
décadas do século XX, surgiu o Colégio Nossa Senhora da
Vitória (Maristas). É um bairro muito movimentado, possui
todos os tipos de serviço, além de um vasto centro cultural e,
por lá, encontramos a mistura da arquitetura de casarões
antigos amalgamado com as grandes construções modernas.
Nesse bairro fica situado a Reitoria da Universidade Federal
da Bahia e o Hospital Universitário Professor Edgard Santos,
que foi construído em 1948.
CONTEXTO
“Se a Universidade Federal da Bahia tem faculdades e
escolas, institutos e colégios espalhados por diversos bairros
– no Canela, no Garcia, em Nazaré, na Federação [...]” (p.
48)
99
(33) COSME DE FARIAS
TOPÔNIMO: Cosme de Farias TAXIONOMIA: Antropopônimos
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: COSME - Do fr., do lat. Gosmas, ae do gr. Kosmas, deriv.
de Kosméo: ‘adornar, embelezar’”. (MANSUR GUÉRIOS,
1981). FARIAS - Sobrenome de origem geográfica e
portuguesa.” (BARATA; BUENO, s/a)
ENTRADA
LEXICAL
Cosme de Farias
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (prenome + apelido de família)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O bairro fica localizado próximo a Brotas e seu nome faz
uma homenagem ao major Cosme de Farias (1875-1972) que
residiu naquela localidade. Exerceu os ofícios de advocacia,
poeta, vereador e fundou a Liga Baiana contra o
Analfabetismo.
Toda área que compreende o bairro foi uma fazenda e
chamava-se Quintas das Beatas, pois parte das terras
pertencia a uma freira.
CONTEXTO
“Na Estrada da Liberdade, em Cosme de Faria, na Cidade
da Palha, no Corta-Braço, em São Caetano, nos bairros
operários, nas invasões, o povo dança e canta”. (p. 142)
100
(34) CHAME-CHAME
TOPÔNIMO: Chame-chame TAXIONOMIA: Dirrematotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: n/e
ENTRADA
LEXICAL
Chame-chame
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto por justaposição
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O Chame-Chame fica localizado entre a Graça e Barra, além
de está também muito próximo do centro da cidade.
Concentra um grande número de edifícios residenciais,
clínicas médicas, supermercado. Segundo Dorea (2006), nas
pesquisas para descobrir a origem desse topônimo, até agora,
não foi possível chegar a uma conclusão. No conhecimento
popular, o nome do bairro teria vindo do verbo chamar.
CONTEXTO
“Também no Rio Vermelho habitam os pintores Floriano
Teixeira e Jamison Pedra. Caribé mora em Brotas, Mirabeau
Sampaio no Chame-Chame; o arquiteto Mário Mendonça,
em Amaralina com sua mulher Zélia Maria, ceramista”.
(p.79)
“Quando viva, Norma Sampaio abria as portas de sua casa
no Chame-Chame para receber os devotos do santo, [...]”.
(p. 150)
“No Chame-Chame, no lugar onde existia até há uns poucos
anos, mísera invasão, favela das mais pobres da cidade,
novas ruas foram abertas para construções modernas,
residências chiques, edifícios”. (p. 228)
“Não se reduziu aos limites do bairro Chame-Chame a ação
complexa e militante de Norma, [...]”. (p. 228)
101
(35) VITÓRIA
TOPÔNIMO: Vitória TAXIONOMIA Hierotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/Bairro
ETIMOLOGIA: VITÓRIA - Do lat., Victória: ‘deusa romana das vitórias’.
Segundo Mansur Guérios, o nome Vitória, mais tarde,
passou a sentido cristão; alusão à vitória sobre o pecado.
Contudo, era assim chamado também o nascido no dia da
festa da Vitória de Maria, em lembrança da batalha de
Lepanto (Nª Sª da Vitória – 7 – 10).” (MANSUR GUÉRIOS,
1981)
ENTRADA
LEXICAL
Vitória
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Sua história, conforme Monsenhor Gaspar Sadock, vigário
da Paróquia de Nossa Senhora da Vitória, remonta ao tempo
das Capitanias Hereditárias, quando Francisco Pereira
Coutinho ergueu a Igreja Nossa Senhora da Vitória, que
Sadock defende ser a primeira da Bahia e do Brasil. Há quem
afirme que o nome do bairro é uma homenagem a Nossa
Senhora da Vitória, entretanto, Sadock conta que o bairro
tem esse nome porque houve nesta região um embate do
donatário Pereira Coutinho com os índios – sendo vencido
pelo donatário que passou a chamar a região de Vitória.
(BARATA; BUENO, s/a)
CONTEXTO
“Ricos de pele branca – brancos baianos ou seja: mulatos
claros – grã-finos da Barra e Graça, gente da Vitória e da
Avenida Oceânica palmilham os caminhos da Goméia, os
caminhos também difíceis dos outros candomblés, em busca
de feitiços, rezas e remédios, em busca de consolo e
esperança”. (p. 157)
102
(36) CORREDOR DA VITÓRIA
TOPÔNIMO: Corredor da
Vitória
TAXIONOMIA: Hodotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/ Corredor
ETIMOLOGIA: CORREDOR. Do lt. currere. ‘passagem, em geral estreita e
longa, no interior de uma edificação, para comunicar dois ou
mais compartimentos.’ (CUNHA, 2007) e VITÓRIA. Do
lat. Victória ‘deusa romana das vitórias’. (MANSUR
GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA
LEXICAL
Corredor da Vitória
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo masculino singular +
contração + Substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
É o trecho da Avenida Sete de Setembro que vai do Campo
Grande ao Largo da Vitória. O bairro da Vitória formou-se
em volta da Igreja de N. Sra. da Vitória, fundada no século
16.
Segundo Alves (2008), “durante o século XIX, foi o local
preferido para os estrangeiros residirem, em chácaras e
solares, inclusive os cônsules de diversos países”.
Atualmente é um dos metros quadrados mais caro do país.
Encontra-se lá o Museu de Arte da Bahia e o Museu Carlos
Costa Pinto com uma vasta coleção de pratarias da família
que nomeio o museu.
CONTEXTO
“O Corredor da Vitória foi o supra-sumo do grã-finismo,
daquilo tirado do aristocratismo, vindo da monarquia”. (p.
76)
“A matriz da Vitória, situada no Corredor da Vitória, foi
fundada em 1531, tendo sido reformada por duas vezes, em
1666 e 1809[...]”. (p. 111)
“O mais novo museu da Bahia e um dos mais belos do Brasil
é o Museu Costa Pinto, ou Museu da Prata, no Corredor da
Vitória, onde se encontra a maior coleção de prataria do
país[...]”. (p. 122)
103
(37) ESCADA
TOPÔNIMO: Escada TAXIONOMIA: Hierotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: ESCADA. Do b. lat. scalãta, deriv de scãla, -ae ‘série de
degraus por onde se sobe ou desce’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Escada
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (Substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Escada é uma dos bairros mais antigos do subúrbio de
Salvador. O bairro guarda a história dos primeiros anos da
época colonial da cidade de Salvador. A capela construída
em 1536 pelos portugueses, onde José de Anchieta realizou
as celebrações, além de servir-lhe de refúgio devido à
tranquilidade. O bairro ainda preserva a arquitetura que foi
tombada e restaurada recentemente pelo Instituto do
Patrimônio Artístico e Humano Nacional – IPHAN–, é o
principal cartão-postal de Escada.
Segundo Dorea (2006), Gabriel Soares de Souza em seu
Tratado Descritivo do Brasil, em 1587, registra uma igreja
sob invocação de Nossa Senhora da Escada, pertencente aos
padres da Companhia de Jesus. Nos dias atuais, a igreja de
Escada é uma das raras edificações do século XVI.
CONTEXTO “Do outro lado da cidade estão as praia calmas do golfo e
dos subúrbios: Plataforma Itacaranha, Escada [...]”. (p. 90)
104
(38) ENGENHO VELHO DA FEDERAÇÃO
TOPÔNIMO: Engenho Velho da
Federação
TAXIONOMIA: Sociotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE Humano/bairro
ETIMOLOGIA: ENGENHO. Do lat. ingenium. , ‘talento’ ‘maquina’
‘oficina’. VELHO. Do lat vetulus, dim. de vetus –eris
‘remoto, antigo, idoso, antiquado, gasto pelo uso’.
FEDERAÇÃO - Do fr. Féderation e, este, do lat.
Foederatio –onis. ‘união política entre estados ou nações’
‘aliança’ (CUNHA, 2007).
ENTRADA
LEXICAL
Engenho Velho da Federação
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (Substantivo masculino singular +
Adjetivo masculino singular + contração + Substantivo
feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O bairro está localizado num morro as margens da Avenida
Vasco da Gama, separado de Acupe de Brotas. A maior parte
da população é de baixa renda e, recentemente, o bairro do
Engenho Velho da Federação foi reconhecido como
comunidade de resistência negra na cidade, justamente por lá
encontrarmos pelo menos 19 terreiros de candomblé, além
do busto de Mãe Runhó, único monumento público a uma
secerdotisa de religião africana. Dentre os principais terreiros
de candomblé, pode-se citar: Casa Branca do Engenho
Velho, Terreiro Do Bogum: Zoogoodô Bogum Malê Rundô,
Terreiro Ilê Axé Obá Toni, Terreiro Ile Axé Omiré Oju Irê.
CONTEXTO “Na Bahia no alta da Ladeira do Bogum, no Engenho Velho
da Federação, durante pouco menos de um século. Mãe
Ruinho sustentou a pureza dos ritos, [...]” (p. 169)
“Vila Flaviana, na Rua Apolinário Santana, 134, no
Engenho Velho da Federação da falecida mãe-de-santo
Flaviana Maria da Conceição Bianchi”. (p.180)
105
(39) ENGENHO VELHO [DE BROTAS]
TOPÔNIMO: Engenho Velho de
Brotas
TAXIONOMIA: Sociotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE Humano/bairro
ETIMOLOGIA: ENGENHO - Do lat. ingenium. , ‘talento’ ‘maquina’
‘oficina’. VELHO - Do lat vetulus, dim. de vetus –eris
‘remoto, antigo, idoso, antiquado, gasto pelo uso’.
BROTAS - corruptpela de Grota. Do it. gròtta grota
‘abertura produzida pela enchente na ribanceira’ ‘vale
profundo’ (CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Engenho Velho
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (Substantivo masculino singular +
Adjetivo masculino singular + preposição + Substantivo
feminino plural)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O bairro do Engenho Velho de Brotas teve origem na
construção de casas de escravos em volta de uma fazenda no
século XIX. Com o tempo, outras famílias foram chegando e
o espaço foi ficando cada vez mais ocupado, principalmente
pela população negra. Ainda hoje existem remanescentes
quilombolas no local e muitos terreiros de candomblé.
(SANTOS, 2010)
CONTEXTO
“Filhas-de-Santo de todos os candomblés da cidade, da
Goméia, do Bate-Folha, do Engelho Velho do Gontois”. (p.
134)
“Outros candomblés podem ser mais puros no seu rito, o do
Engenho Velho certamente o será”. (p. 154)
“A primeira a falecer foi Massi, do Engenho Velho,
venerada figura centenária”. (p. 164)
“Aninha deixara a roda de filhas-de-santo da Casa Branca do
Engenho Velho e fundara o Axé do Opô Afonjá, apoiada no
sábio babalaô Martiniano Eliseu do Bonfim”. (p. 170)
“A Sociedade São José do Engenho Velho (Axé Yá Nassô)
situada na Avenida Vasco da Gama”. (p. 177)
106
(40) FEDERAÇÃO
TOPÔNIMO: Federação TAXIONOMIA: Historiotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
FEDERAÇÃO - Do fr. Féderation e, este, do lat.
Foederatio –onis. ‘união política entre estados ou nações’
‘aliança’ (CUNHA, 2007).
ENTRADA
LEXICAL
Federação
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Como uma homenagem à República Federativa do Brasil,
instalada em 1889, bairro da Federação formou-se pelo
povoamento de fazendas e sítios distantes do centro
administrativo da cidade do Salvador a partir da expansão
residencial urbana. Por ser distante do centro da cidade, o
bairro era pouco valorizado e povoado.
Na Federação existem muitos Terreiros de Candomblé,
dentre os quais, o Terreiro do Gantois, que tem uma história
secular. Fundado em meados do século XIX, no local onde
existia uma fazenda que deu origem ao nome do candomblé.
(SANTOS, 2010)
CONTEXTO
“Se a Universidade Federal da Bahia tem faculdades e
escolas, institutos e colégios espalhados por diversos bairros
– no Canela, no Garcia, em Nazaré, na Federação [...]” (p.
48)
“A Sociedade São Jorge do Gontois (Axé Yamassê) fica no
Alto do Gontois 33, na Federação. (fim de linha)”. (p. 179)
107
(41) GARCIA
TOPÔNIMO: Garcia TAXIONOMIA: Antropotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: GARCIA – Sobr. port., de provável origem ibérica. Em doc.
arc.: Garsia, Garsea, . A. f. Garcias parece patron., como é
Garcez. De étimo controverso. Seg. uns. Do basco Harsea:
‘o urso’; outros o ligam ao fr. Garçon, dim. de gars. Ou top.
Basco gartzi-a, penhascal alto e empinado. (MANSUR
GUÈRIOS, 1981)
ENTRADA
LEXICAL
Garcia
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (Substantivo masculino singular) [apelido
de família]
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O bairro Garcia fica entre a Praça Dois de Julho (Campo
Grande) e os bairros do Canela, Barris e com as Avenidas
Centenário, Vasco da Gama e Garibaldi. Bairro pode ser
dividido em duas partes distintas: a Fazenda Garcia, na parte
mais alta e mais tranquila, e o Garcia propriamente dito, mais
movimentado, principalmente no período letivo em que os
estudantes garantem essa movimentação.
Segundo Dorea (2006), Manuel Correia Garcia foi morador
do bairro. Ele foi idealizador e fundador do Instituto
Histórico da Bahia, e, também, um dos professores pioneiros
da Escola Normal da Bahia. O nome do bairro,
possivelmente, surgiu dessa influência.
CONTEXTO
“Se a Universidade Federal da Bahia tem faculdades e
escolas, institutos e colégios espalhados por diversos bairros
– no Canela, no Garcia, em Nazaré, na Federação [...]” (p.
48)
108
(42) GRAÇA
TOPÔNIMO: Graça TAXIONOMIA: Hierotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: GRAÇA - n. de origem cristã, faz referência à Nossa
Senhora das graças (2-7) donde: Maria da graça”.
(MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA
LEXICAL
Graça
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Substantivo feminino singular
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O bairro da Graça é um dos mais antigos de Salvador e está
localizado no local inicialmente conhecido como Vila Velha.
Fica no alto de um morro e tinha uma função de vigiar
possíveis inimigos, pois possuía uma vista privilegiada para
o mar que ajudava a prevenir possíveis ataques.
O bairro da Graça fica próximo aos bairros da Barra, Vitória,
Canela e Federação, lá está situada a primeira igreja
construída em Salvador - a Igreja de Nossa Senhora da
Graça, por ordem de Catarina Paraguaçu, mulher de Diogo
Álvares, o Caramuru. Catarina dizia que havia sonhado com
a Virgem das Graças que lhe pedia para construir uma igreja
sob sua invocação. Segundo Dorea (2006), a igreja de “Pedra
e cal” foi construída após a morte da índia em 1557. No
entanto, em 1589, a igreja ficou sob a posse Mosteiro de São
Bento, que a reconstruiu a Igreja da Graça, onde lá se
encontram os restos mortais de Catarina.
O nome do bairro, então, surgiu mesmo antes da colonização
propriamente dita, foi retirada de “um orago de um
estabelecimento religioso”. (DOREA, 2006, p. 318-319)
CONTEXTO
“Agora a primazia de idade é disputada por duas igrejas: a
capela da Graça e a matriz da Vitória, eu vivi em renhida
competição de datas”. (p. 111)
“A capela da Graça, onde afirmam estar sepultado o
Governador Tomé de Souza é de 1525”. (p. 111)
“A capela da Graça foi reedificada em 1770, perdendo então
suas mais interessantes características”. (p. 111)
“Ricos de pele branca – brancos baianos, ou seja: mulatos
claros – grã-finos da Barra e Graça, gente da Vitória e da
Avenida Oceânica palmilham os caminhos da Goméia, os
caminhos também difíceis dos outros candomblés, em busca
de feitiços, rezas e remédios, em busca de consolo e
esperança”. (p. 157)
109
(43) ITAPUÃ
TOPÔNIMO: Itapuã TAXIONOMIA: Litotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/Bairro
ETIMOLOGIA: ITAPUÃ - Do tupi itá, ‘pedra’ e apu'a, ‘redondo’.
(CUNHA, 2007)
ENTRADA LEXICAL Itapuã, Itapoã
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto por justaposição
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Originalmente um povoado de pescadores, onde foi erguida a
igreja de Nossa Senhora da Conceição de Itapuã - que, no
candomblé, equivale a Iemanjá - objeto de culto e de festa
que, originalmente, contava apenas com membros da
comunidade local.
CONTEXTO
[...] Ali continuaram a lutar até o combate decisivo de
Itapuã. (p. 27)
[...] começando pela Pituba e continuando pela orla adiante
até Itapuã e mesmo além. Além de Itapuã, na Pedra do Sal,
reside o pintor Carlos Bastos numa casa digna da paisagem
maravilhosa. (p. 79)
(44) MATATU DE BROTAS
TOPÔNIMO: Matatu de
Brotas
TAXIONOMIA: Geomorfotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA
MATATU - Do Banto. Africanismo ‘matatu, lugar deserto
isolado’. (PESSOA DE CASTRO, 2001) BROTAS -
corruptela de Grota. Do it. gròtta grota ‘abertura produzida
pela enchente na ribanceira’ ‘vale profundo’ (CUNHA,
2007) Segundo Theodoro Sampaio é um topônimo de origem
Tupi, que significa mata escura ou floresta escura.
(DOREA, 2006)
ENTRADA
LEXICAL
Matatu de Brotas
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo masculino singular + prep.
+ substantivo feminino plural)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
É uma confluência das ruas Barros Falcão e Bandeirantes no
Bairro de Brotas.
CONTEXTO “Outro belo e puro terreiro gegê-nagô de Salvador é a
Sociedade São Gerônimo Ilê Maroialagê (Alaketu) na Rua
110
Luiz Anselmo, 65, no Matatu de Brotas”. (p. 179)
(45) LAPINHA
TOPÔNIMO: Lapinha TAXIONOMIA: Hierotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: LAPINHA - De origem portuguesa (Brasileirismo) - ‘nicho
ou presépio que se arma pelo Natal, ano-novo e dia de Reis’.
(FERREIRA, 2011)
ENTRADA
LEXICAL
Lapinha
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O bairro Lapinha fica localizado entre a Liberdade e a
Soledade. Segundo Alves (2008), “era na verdade um
corredor que começava no Largo da Soledade, por onde
passava o bonde elétrico, mais tarde sendo alagado com a
demolição de parte das casas” (ALVES, 2008, p. 111). Tem
como características peculiares seus casarões antigos e suas
ruas estreitas, denunciando os tempos de outrora. No âmbito
da cultura popular, bairro guarda a tradição das festividades
representadas na Festa de Reis Magos, em janeiro, e nas
comemorações do Dois de Julho. A Igreja da Lapinha,
fundada em 1771, em homenagem à Nossa Senhora da Lapa,
está localizada no largo com mesmo nome, ao lado do
Pavilhão Dois de Julho, onde estão guardados os carros do
Caboclo e da Cabocla que simbolizam a participação popular
na luta pela independência da Bahia.
CONTEXTO
“A Ladeira dos Galés e a Avenida das Gardênias. O Alto do
Gato e a Rua do Gasômetro. A Rua das Mercês e a Quinta
das Beatas. A Avenida Crista de Ouro e a Ladeira do
Tabuão. A Lapinha e a Rua Areia da Cruz do Cosme. A Rua
da Boca da Mata e a Rua Cabuçu. Existe o Cais do Ouro e o
Porto da Lenha. A Cidade da Palha e a Rua da Quebrança”.
(p. 72)
“Por ali passam todos os ônibus da chamada linha de baixo:
Lapinha, Santo Antonio, Barbalho, Estrada da Liberdade,
Calçada, vários outros. (p.86)
“Vão para os bairros pequeno-burgueses mais típicos da
cidade: Lapinha, Santo Antonio, Barbalho, Brotas, bairros
operários também: Estada da Liberdade, Calçada, Cosme de
Faria”. (p. 86-87 )
“O préstito faz o percurso histórico do Exército Libertador.
Lapinha, Soledade, São José, Perdões, Rua dos Quinze
Mistérios, Conceição do Boqueirão, Cruz do Pascoal, Rua do
111
Carmo, Pelourinho, Portas do Carmo, Terreiro, chegando por
fim ao Largo da Sé onde o Caboclo e a Cabocla”. (p. 148)
(46) RUA DO BOM MARCHÉ
TOPÔNIMO: Rua do Bom
Marché
TAXIONOMIA: Animotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: BOM – Do lat. bônus bona, ‘que tem as qualidades
adequadas à sua natureza ou função’. (CUNHA, 2007).
MARCHÉ - Do francês – ‘Mercado, feira, compra, o que se
compra; mercado, cidade onde fazem grandes transações
comerciais; ajuste comercial’, (BURTIN-VINHOLES, s/a)
ENTRADA
LEXICAL
Rua do Bom Marché
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (Substantivo feminino singular +
contração + adjetivo masculino singular + substantivo
masculino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Não foram encontradas informações sobre a razão de escolha
do nome dessa rua.
CONTEXTO “E a Rua do Bom Marché?” (p. 72)
112
(47) NAZARÉ
TOPÔNIMO: Nazaré TAXIONOMIA: Hierotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/Bairro
ETIMOLOGIA: NAZARÉ (de)- Nome de origem cristã. (MANSUR
GERIOS, 1981)
ENTRADA
LEXICAL
Nazaré
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (Substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
“Nazaré é um nome usado com nome Maria: Maria de
Nazaré, da invocação – Virgem ou Senhora de Nazaré. Usa-
se também tão-só Nazaré.” (MANSUR GERIOS, 1981). O
nome do bairro deriva da igreja construída na primeira
metade do século XVIII em louvor a Nossa Senhora de
Nazaré.
CONTEXTO
“Se a Universidade Federal da Bahia tem faculdades e
escolas, institutos e colégios espalhados por diversos bairros
– no Canela, no Garcia, em Nazaré, na Federação [...]” (p. 48)
“Em Nazaré [mora] o escritor Guido Guerra; [...]” (p. 79)
“As ladeiras vêm do Terreiro ou de Nazaré, do Barbalho ou
da Ruas dos Quinze Mistérios, cidade baixa”. (p. 85)
(48) NORDESTE DE AMARALINA
TOPÔNIMO: Nordeste de
Amaralina
TAXIONOMIA: Cardinotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA:
NORDESTE – Do fr. nordest., ‘ponto situado entre norte e
o leste, a igual distância destes’ ‘vento que sopra do lado
desse ponto. (CUNHA, 2007) AMARALINA - Sobrenome
de origem geográfica. (BARATA; BUENO, s/a)
ENTRADA
LEXICAL
Nordeste de Amaralina
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo masculino singular +
preposição + Apelido de família + sufixo -INA)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O Nordeste de Amaralina fazia parte da fazenda da família
Amaral (atual bairro Amaralina) e seu nome, está
relacionado à posição geográfica que ocupa. (SANTOS, 2010)
CONTEXTO “[...]por detrás das casas elegantes da praia de Amaralina,
fervilha a vida intensa e pobre, em vasto território habitado
por trabalhadores de todos os tipos, o Nordeste de
Amaralina”. (p. 79)
113
(49) ONDINA
TOPÔNIMO: Ondina TAXIONOMIA: Hidrotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: ONDINA – Do lat. cien. undina, [...] do lat. unda, ae ‘onda’,
pelo fr. ondina (1569) ‘gênio das águas’” Ainda segundo
Houaiss, Ondina nas mitologias germânica e escandinava,
gênio ou ninfa do amor, que vive nas águas. (HOUAISS,
2001)
ENTRADA
LEXICAL
Ondina
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Situado na orla marítima, entre a Barra e o Rio Vermelho, é
um dos bairros mais novos da cidade. Trata-se de um bairro
que reúne vários hotéis, a Universidade Federal da Bahia,
além do Palácio de Ondina – Residencial oficial do
Governador do Estado.
CONTEXTO
“Alguns bairros antigamente pobres típicos de pequena
burguesia, transformam-se hoje quando a cidade cresce à
beira do mar: Ondina, Rio Vermelho, Amaralina”.(p.79)
“Seguem-se no Rio Vermelho, Ondina, Amaralina, Pituba,
Boca do Rio”. (p.90)
“Levaram-me ver em Ondina uma casa projetada por ele,
realmente bela”. (p. 307)
114
(50) PELOURINHO
TOPÔNIMO: Pelourinho TAXIONOMIA: Ergotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/Bairro
ETIMOLOGIA: PELOURINHO – Do fr. Pilori, francização do lat. medieval
pilorium, provavelmente derivado do lat. Pila ‘coluna de
pedra ou madeira em praça ou lugar público, e junto da qual
se expunham e castigavam os criminosos’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Pelourinho
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (substantivo masculino e singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Faz parte de um conjunto arquitetônico do Centro Histórico
da cidade, representativo do Brasil Colônia. Apesar de ter
oficialmente o nome de Praça José de Alencar, o povo o
ignora... O nome pelourinho ou picota é uma coluna de
pedra, ou pilastra, erguida em meio da praça pública,
símbolo do poder municipal. Havia argolões ou correntes aos
quais se prendiam criminosos, expostos á vergonha pública.
Nesse local, os escravos eram castigados com chicotadas. A
coluna esteve erguida até 7 de setembro de1855, quando foi
destruída pelos membros abolicionistas da Sociedade Dois
de Julho, com o apoio da câmara Municipal.
CONTEXTO
“Passam todos pelo Pelourinho, encruzilhada da cidade.”
(p.34)
“Como chamam de outra maneira a Ladeira de Pelourinho
onde se elevava o pelourinho nos tempos passados?” (p.69)
“[...] descem pelo Pelourinho, sobem pelo Paço e pelo
Carmo [...]” (p. 73)
115
(51) PERNAMBUÉS
TOPÔNIMO: Pernambués TAXIONOMIA: Hidrotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: O nome Pernambués tem origem indígena e significa “mar
feito à parte ou tanque de água”8.
ENTRADA
LEXICAL
Pernambués
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (substantivo masculino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O bairro de Pernambués possui uma ótima localização,
próximo à Estação Rodoviária e possui os limites o bairro do
Cabula ao norte, a Avenida Paralela ao sul, ao leste, a
Avenida Luís Eduardo Magalhães e a área federal do 19º
Batalhão de Comando e ao oeste, o bairro de Saramandaia.
Moradias populares e pequenos comércios compõem a
estrutura do bairro.
CONTEXTO
“Hoje é nome de rua, no bairro pobre, de intensa vida
popular dos Pernambués, nome da Escola Pública, de
prêmio literário do Estado da Bahia, mas sua memória
persiste viva, sobretudo na saudade do povo [...]” (p.275)
8 Sobre a origem do nome desse bairro, os estudiosos não têm nenhuma certeza. Segundo Dorea (2006), nas
pesquisas para descobrir a origem desse topônimo, até agora, não foi possível chegar a uma conclusão.
116
(52) PIATÃ
TOPÔNIMO: Piatã TAXIONOMIA: Animotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/Bairro
ETIMOLOGIA: PIATÃ – Do Tupi-guarani ‘pé firme, firmeza’. (BUENO,
1982). Segundo o professor Frederico Edelweiss deixou
registrado: “Piatã, de pi-atã, o pé firme, a fortaleza. Pode
proceder, também, de pya-atã, o coração duro, inflexível, a
coragem. (DOREA, 2006, p. 472)
ENTRADA
LEXICAL
Piatã
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (Substantivo masculino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
É um bairro da orla marítima, distante do Centro Histórico.
O nome surgiu a partir de uma fábrica de óleo, chamada
Olerífera Piatã, de propriedade de Hebert Rocha Vaz.
CONTEXTO
“Seguem-se no Rio Vermelho, Ondina, Amaralina, Pituba,
Boca do Rio, Jardim de Alah, Piatã, Placa Ford, Itapoã,
Janá, Portões, Buraquinho, Arembepe”. (p.90)
“Moça baiana, na praia de Piatã, na pesca de xeréu, na roda
de capoeira no assento dos orixás, de mãos dadas com o
antigo bairro, Hanson-Bahia, da Flor de São Miguel, que a
plantou aqui nessas areias e nesse mar para que llze floresça
nos frutos de sua arte”. (p. 334)
117
(53) PITUBA
TOPÔNIMO: Pituba TAXIONOMIA: Animotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: PITUBA – De origem indígena pità a ‘indivíduo covarde,
preguiçoso’; ‘ladrão de cavalos’. (COUTINHO, 2010) Para
Gregório (1980), é um nome de origem indígena, ‘untar
(azeite, urucu e jenipapo), tingir’. (GREGÓRIO, 1980)
ENTRADA
LEXICAL
Pituba
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Foi uma fazenda denominada Fazenda Pituba, propriedade
inicialmente de D. Antonio de Ataíde – primeiro Conde de
Castanheira. Passando de geração para geração, a
propriedade chegou nas mãos de Manoel Dias da Silva, que
deu início ao surgimento do bairro. Inicialmente, no projeto
de urbanização, o bairro recebeu o nome de “Cidade da
Luz”, no projeto de loteamento foi publicado em 1917, com
relatório assinado pelo engenheiro civil Teodoro Sampaio, e
aprovado pela Prefeitura Municipal de Salvador em 1932.
CONTEXTO
“[...]começando pela Pituba e continuando pela orla até
Itapoã, e muito além”. (p. 79)
“Os grandes clubes sociais: o Iate, a Associação Atlética, a o
Baia no de Tênis, o Centro Espanhol, o Clube Português,
situam-se nessa área elegante da Barra Avenida à Pituba”.
(p. 79)
“Na Pituba, os romancistas João Ubaldo e James Amado, o
contista Ariovaldo Matos; [...]”. (p. 79)
“Pituba é hoje o bairro mais grã-fino da cidade”. (p. 90)
“Seguem-se no Rio Vermelho, Ondina, Amaralina, Pituba,
Boca do Rio”. (p.90)
“Então fiquei retado e vendi a casa, comprei um apartamento
na Pituba, vou ser vizinho de James e de João Ubaldo, das
duas línguas viperinas, veja que irresponsabilidade minha”.
(p. 217)
118
(54) RIO VERMELHO
TOPÔNIMO: Rio Vermelho TAXIONOMIA: Hidrotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano / Bairro
ETIMOLOGIA: RIO - Do lat. vulgar rius, este do latim clássico rivus
‘ribeiro, arroio, regato, corrente de água’. VERMELHO -
XIII. Do lat. vermiculus, ‘da cor do sangue’. (CUNHA,
2007)
ENTRADA LEXICAL Rio Vermelho
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo masculino singular +
adjetivo masculino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O nome desse bairro, situado na orla marítima da Cidade
Alta, originou-se do nome do rio formado pela fusão de
outros dois rios, o Lucaia e o Camurugipe, que, correndo por
terrenos de barro vermelho, tornaram esse nome, indo suas
águas desembocar na Mariquita. Originalmente, o bairro do
Rio Vermelho era um dos locais mais aprazíveis para os
passeios e diversão das famílias abastardas durantes o verão,
período das férias e das festas que se realizavam e ainda se
realizam até hoje, em fevereiro, em homenagem a Iemanjá
(AMADO, 1977, p. 129-134 apud ALVES, 2008, p.178)
CONTEXTO
“[...]os índios fugiram para as bandas do Rio Vermelho.” (p.
27)
“Alguns bairros antigamente pobres típicos de pequena
burguesia, transformam-se hoje quando a cidade cresce à
beira do mar: Ondina, Rio Vermelho, Amaralina.” (p.79)
“Seguem-se no Rio Vermelho, Ondina, Amaralina, Pituba,
Boca do Rio [...]”. (p.90)
“Encontram saveiros ainda em Água dos Meninos, em
Monte Serrat, no Porto da Lenha em Santo Antonio da Barra
e no Rio Vermelho”. (p.94)
119
(55) SANTO ANTONIO
TOPÔNIMO: Santo Antonio TAXIONOMIA: Hagiotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: SANTO – Do lat. sanctus –a –um ‘santo, que vive segundo
os preceitos religiosos, a lei divina’ ‘segundo a tradição
judaico-cristã, atributo de Deus e um dos seus nomes,
sublinhando a transcendência da natureza divina’. (CUNHA,
2007). ANTONIO – Do lat. Antonus, gr. Antónios. Possui
um étimo controverso. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA
LEXICAL
Santo Antônio
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (Adjetivo masculino singular +
substantivo masculino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O Bairro de Santo Antônio, chamado de Além do Carmo,
porque corresponde a uma parte da cidade que se
desenvolveu fora do plano original da cidade construída por
Tomé de Souza e que se limitava, por um muro de taipa, às
Portas do Carmo, é um dos locais mais antigos que passaram
por muitas e grandes transformações com o progresso da
cidade, a partir da década de 1950. A partir desse
crescimento, deixou de ser um bairro puramente residencial,
que abrigava a velha nobreza baiana.
Era uma área que, juntamente com o Passo, reunia muitas
das ordens religiosas que, de certa forma, eram responsáveis
pela condução da vida social, na época. (ALVES, 2008, p.
189)
CONTEXTO
“[...] descem pelo Pelourinho, sobem pelo Paço e Pelo
Carmo, desembocam em Santo Antonio, junto à Cruz do
Pascoal, ou nas imediações da cidade baixa ao lado do velho
Elevador do Tabuão, até o Beco da Carne-Seca”.(p. 73)
“Por ali passam todos os ônibus da chamada linha de baixo:
Lapinha, Santo Antonio, Barbalho, Estrada da Liberdade,
Calçada, vários outros”. (p.86)
“Vão para os bairros pequeno-burgueses mais típicos da
cidade: Lapinha, Santo Antonio, Barbalho, Brotas, bairros
operários também: Estada da Liberdade, Calçada, Cosme de
Faria”. (p. 86-87 )
“Na entrada do bairro de Santo Antonio para quem vem do
Carmo encontra-se erguido, em meio à rua, um oratório
católico, o Forte da Cruz de Pascoal”. (p. 393)
“A Fonte da Cruz do Pascoal, em Santo Antonio, data dos
tempos coloniais.” (p.407)
120
(56) SÃO CAETANO
TOPÔNIMO: São Caetano TAXIONOMIA: Hagiotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: SÃO - Do lat. sanctus –a –um ‘santo, que vive segundo os
preceitos religiosos, a lei divina’ ‘segundo a tradição
judaico-cristã, atributo de Deus e um dos seus nomes,
sublinhando a transcendência da natureza divina’. (CUNHA,
2007). CAETANO - Do lat. Caietanus: ‘habitante ou natural
de Caieta, ou Gaeta’, cidade da Itália. O nome próprio top.
talvez se relacione com Caio. It. Gaetano”. (MANSUR
GERIOS, 1981)
ENTRADA
LEXICAL
São Caetano
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (Adjetivo masculino singular +
Substantivo masculino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O bairro de São Caetano é um dos bairros mais populosos e
carentes de Salvador, localizado entre a Fazenda Grande do
Retiro e o Lobato, e está subdividido em várias outras
localidades como Capelinha, Boa Vista e Fonte da Bica. É
um bairro muito populoso e carece de infraestrutura e outras
assistências por parte do poder público.
CONTEXTO
“Está em bairros distantes com Cidade da Palha, São
Caetano, Itapagipe, Plataforma, Estrada da Liberdade.” (p.
87)
“Na Estrada da Liberdade, em Cosme de Faria, na Cidade da
Palha, no Corta-Braço, em São Caetano, nos bairros
operários, nas invasões, o povo dança e canta”. (p. 142)
“Esse caminho de São Caetano, que leva à estrada difícil da
Goméia, é percorrido por quanto artista, quanto escritor e
quanto sábio passa por essa cidade”. (p. 154)
“Pelo caminho encontram-se dois ou três candomblés, que
São Caetano é zona de Orixás e caboclos”. (p. 155)
121
(57) SÃO GONÇALO
TOPÔNIMO: São Gonçalo TAXIONOMIA: Hagiotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/Bairro
ETIMOLOGIA: SÃO - Do lat. sanctus –a –um ‘santo, que vive segundo os
preceitos religiosos, a lei divina’ ‘segundo a tradição
judaico-cristã, atributo de Deus e um dos seus nomes,
sublinhando a transcendência da natureza divina’. (CUNHA,
2007) GONÇALO - Do esp. a. e port. Esp. atual Gonzalo.
Visigot. Gundisalvo: ‘álamo (salvo) da guerra (gundi) ou
‘elfo da guerra’. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA
LEXICAL
São Gonçalo [do Retiro]
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (Adjetivo masculino singular +
substantivo masculino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O bairro de São Gonçalo do Retiro fica localizado entre a
Estrada das Barreiras e a BR 324, próximo ao bairro do
Cabula. É um bairro que possui uma forte cultura religiosa
ligada a matriz africana e lá fica o terreiro do Ilê Axé Opô
Afonjá, da nação Ketu, fundado em 1910, comandado pela
Ialorixá Mãe Stella de Oxossi. Apesar dos problemas de
infraestrutura, que acomete vários bairros do subúrbio, a
comunidade do bairro São Gonçalo do Retiro desfruta de um
comércio local organizado, que garante a demanda daquela
população.
CONTEXTO
“Com direito a uma célebre batida de maracujá, feita
especialmente em São Gonçalo para a ocasião [...]” (p. 150)
“A notícia desceu para a cidade: obás, ebomins e iaôs, filhos
e filhas-de-santo dirigiram-se para os caminhos de São
Gonçalo, onde se ergue o terreiro”. (p. 63)
“Como no Engenho Velho, além do grande terreiro onde é
batida a macumba, elevam-se na roça de São Gonçalo vários
casas-de-santo, e existem múltiplos arvores sagradas”. (p.
178)
“Yá tem parte na roça de São Gonçalo e sua casa (a cuja
inauguração assisti, juntamente com Édison Carneiro, em
1936) cerca uma nascente de água que é o próprio
encantado”. (p. 178)
“Essa é outra grande casa gêge-nagô, nascida ela também
como terreiro de São Gonçalo, do Engenho Velho”. (p. 179)
122
(58) SAÚDE
TOPÔNIMO: Saúde TAXIONOMIA: Hierotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/Bairro
ETIMOLOGIA: SAÚDE - Do lat. salus, - utis. ‘estado de são’
‘salvação’(CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Saúde
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O bairro teria surgido ao redor da Igreja Nossa Senhora da
Saúde e Glória, que é um dos principais patrimônios
históricos do lugar. Inaugurada em 1723, foi construída a
mando do Coronel Manuel Ramos Parente e sua esposa,
Maria de Almeida Reis.
Apesar de ficar próximo de bairros movimentados como o
Pelourinho, o bairro da Saúde resiste ao clima movimentado,
típico da grande metrópole e mantém um ambiente que
parece alheio à efervescência da cidade de Salvador.
O Bairro conserva marcas históricas dos tempos de colônia,
com ruas calçadas com pedras, casarões antigos,
testemunhando um passado que se mantem no presente e
garante a particularidade de um lugar que preza pela
tranquilidade e sossego em meio ao agito de capital baiana.
(Disponível em:
<http://www.ibahia.com/detalhe/noticia/passado-resiste-
forte-no-bairro-da-
saude/?cHash=3e6ba77be3a96afc46c31133887d2ee7> .
Acesso em: 31 dez. 2014)
CONTEXTO
“[...] quando jovem e solteiro foi campeão de swing e
namorou todas as moças do bairro da Saúde, chefiou
moleques, levou tiros d ciumentos e atrasados maridos;” (p.
325)
123
(59) SÃO PEDRO
TOPÔNIMO: São Pedro TAXIONOMIA: Hagiotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: SÃO - Do lat. sanctus –a –um ‘santo, que vive segundo os
preceitos religiosos, a lei divina’ ‘segundo a tradição
judaico-cristã, atributo de Deus e um dos seus nomes,
sublinhando a transcendência da natureza divina’ (CUNHA,
2007). PEDRO - Do port. arc. Pero. Do lat. Petrus, masc. de
Petra ‘pedra’. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA
LEXICAL
São Pedro
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (Adjetivo masculino singular +
substantivo masculino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
É o trecho da Avenida Sete de Setembro, entre São Bento e a
Praça da Piedade, que faz parte de um complexo urbano mais
amplo que ficou conhecido pelo nome do santo. O nome
fixou-se pela influência de uma pequena capela em devoção
ao santo.
CONTEXTO
“Na Rua Chile, estendendo-se para São Pedro, ficam as
lojas grã-finos, as grandes casas de moda, luxuosas e caras”.
(p. 85)
“E o conheço de toda a vida e o recordo, estudante de
engenharia, soltando o verbo na Escola Politécnica, em São
Pedro, à passagem do enterro do velho político liberal JJ
Seabra, [...]” (p. 346)
124
(60) SOLEDADE
TOPÔNIMO: Soledade TAXIONOMIA: Hierotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: SOLEDADE - nome português de origem cristã. O nome
Soledade lembra a soledade em que se achou a Virgem
Dolorosa por ocasião de paixão e morte de seu filho Jesus.
Em composição: Maria da Soledade. Cp. esp. Maria de La
Soledad. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA
LEXICAL
Soledade
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (substantivo masculino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Com uma vista maravilhosa para a Baía de Todos os Santos, o
bairro da Soledade tem sua história com os mesmos méritos
que o vizinho Lapinha no que diz respeito a sua participação
no Dois de Julho. Possui devoção a Nossa Senhora da
Soledade e um dos marcos no bairro é a estátua da maior
heroína deste movimento, Maria Quitéria.
CONTEXTO
“O préstito faz o percurso histórico do Exército Libertador.
Lapinha, Soledade, São José, Perdões, Rua dos Quinze
Mistérios, Conceição do Boqueirão, Cruz do Pascoal, Rua do
Carmo, Pelourinho, Portas do Carmo, Terreiro, chegando por
fim ao Largo da Sé onde o Caboclo e a Cabocla”. (p. 148)
125
(61) COUTOS
TOPÔNIMO: Coutos TAXIONOMIA Antropotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/Bairro
ETIMOLOGIA: COUTOS - Sobr. port. top.: ‘terra coutada, defesa,
privilegiada’. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA
LEXICAL
Coutos
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento simples (substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Ainda segundo Mansur Guérios, Coutos é ‘Lugar de algum
Senhor, em cujas terras não entra vão justiças del-Rei: nas
regia-se por seus juízes, e tina outros privilégios (Morais)”.
(MANSUR GUÉRIOS, 1981)
Localizado no Subúrbio Ferroviário de Salvador, o bairro
Fazenda Coutos surgiu na década de oitenta a partir da
transferência das famílias que habitavam a antiga ocupação
das Malvinas. (BARATA; BUENO, s/a).A fazenda que deu
origem ao bairro pertencia à família Coutos.
CONTEXTO
“A seguir vem Coutos, poucas casas e uma usina. E, por fim,
Paripe que é uma fazenda que mesmo uma povoação”. (p.
98)
126
(62) PLACA FORD
TOPÔNIMO: Placa Ford TAXIONOMIA: Ergotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: PLACA – Do fr. plaque, deriv. de placke, ‘ chapa ou lâmina
de material resistente’. (CUNHA, 2007) FORD – Nome de
uma empresa multinacional.
ENTRADA
LEXICAL
Placa Ford
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (Substantivo feminino singular +
Substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Atualmente, um nome simples – Placaford, o nome do bairro
surgiu por influência de uma placa da concessionária
automobilística Ford, nos anos 60. Essa espécie de out-door
era chamado, na época, de placa. Nessa, de modo particular,
anunciava um reclame da Ford, motivo suficiente para a
população começar a chamar o lugar por essa designação até
os dias de hoje, mesmo com o desaparecimento da placa.
CONTEXTO “Seguem-se no Rio Vermelho, Ondina, Amaralina, Pituba,
Boca do Rio, Jardim de Alah, Piatã, Placa Ford, Itapoã,
Janá, Portões, Buraquinho, Arembepe”. (p.90)
127
(63) SANTA TEREZA
TOPÔNIMO: Santa Tereza TAXIONOMIA: Hagiotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: SANTA – Fem. de santo. Do lat. sanctus –a –um ‘santo, que
vive segundo os preceitos religiosos, a lei divina’ ‘segundo a
tradição judaico-cristã, atributo de Deus e um dos seus
nomes, sublinhando a transcendência da natureza divina’.
(CUNHA, 2007). TEREZA - Do lat. Theresia o port.
Tereigia. O arc. Tareja (Tareija, Tareigia). (MANSUR
GERIOS, 1981)
ENTRADA
LEXICAL
Santa Tereza
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (Adjetivo feminino singular +
Substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O nome Teresa aparece pela primeira vez na Espanha, onde
uma mocinha grega por ter nascido na ilha Therasia (Egeu),
foi chamada, em lat. Therasia (ou Theresia), e, após
controvérsia ao Cristianismo, em Barcelona, foi esposa de
Paulino de Nola, em 290, o qual, mas tarde veio as er
sacerdote, e bispo em 410.
Inicialmente chamado Jardim Santa Tereza, área
caracterizada por moradores de maior poder aquisitivo, faz
parte do bairro Luis Anselmo, que tem na Igreja de Santa
Tereza D’Ávila o seu principal templo católico.
CONTEXTO
“Seu atelier em Santa Tereza, em face do Mosteiro, da
Igreja sem igual, Museu de Arte Sacra, não é a torre onde um
artista se tranca para o mistério da criação”. (p. 327)
128
(64) CIDADE DA PALHA
TOPÔNIMO: Cidade da Palha TAXIONOMIA: Poliotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/bairro
ETIMOLOGIA: CIDADE - Do lat. Civita –atis ‘complexo demográfico
formado, social e economicamente, por uma concentração
populacional não agrícola’. PALHA - Do lat. palea ae.
‘haste seca das gramíneas, despojada dos grãos e utilizada na
indústria para foragem de animais domésticos’. (CUNHA,
2007)
ENTRADA
LEXICAL
Cidade da Palha
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (Substantivo feminino singular +
Contração + Substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Era um dos bairros proletários e atualmente é chamado de
bairro da Cidade Nova. O nome é proveniente dos vários
pobres casebres de palhas que eram usadas para abrigar os
leprosos.
CONTEXTO
“A Ladeira dos Galés e a Avenida das Gardênias. O Alto do
Gato e a Rua do Gasômetro. A Rua das Mercês e a Quinta
das Beatas. A Avenida Crista de Ouro e a Ladeira do
Tabuão. A Lapinha e a Rua Areia da Cruz do Cosme. A Rua
da Boca da Mata e a Rua Cabuçu. Existe o Cais do Ouro e o
Porto da Lenha. A Cidade da Palha e a Rua da Quebrança”.
(p. 72)
“Está em bairros distantes com Cidade da Palha, São
Caetano, Itapegipe, Plataforma, Estrada da Liberdade.” (p.
87)
“É a Cidade da Palha, é a Estrada da Liberdade, é Xangai, a
Marchúria, o Japão”. (p.89)
“Na Estrada da Liberdade, em Cosme de Faria, na Cidade
da Palha, no Corta-Braço, em São Caetano, nos bairros
operários, nas invasões, o povo dança e canta”. (p. 142)
129
(65) RUA ALAGOINHAS
TOPÔNIMO: Rua Alagoinhas TAXIONOMIA: Hidrotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: ALAGOINHAS – Alagoa + inha. – Do lat. lacuna, de lacus,
‘lagoa de pequenas dimensões e pouco fundidas, alimentada
por curso de água que não se preservam por um longo
tempo’. (HOUAISS, 2001)
ENTRADA
LEXICAL
Rua Alagoinhas
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
substantivo feminino + sufixo - INHAS)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Foi a rua, do Bairro Rio Vermelho, onde Jorge Amado
residiu por vários anos. Em 2014, a rua ganhou mais
movimento, pois a casa de número 33, ganhou mais
visitantes. Ali, foi inaugurado o Museu Casa de Jorge
Amado.
CONTEXTO
“[...] Jamison se mantém distante das galerias, dos
comentários, em sua casa da Rua Alagoinhas” (p. 236)
“O que sei, de um saber sem dúvidas, é da beleza que ele
concebe e realiza na tranquila casa da Rua Alagoinhas, onde
se escuta o riso de criança”. (p. 236)
130
(66) RUA COSME DE FARIAS
TOPÔNIMO: Rua Cosme de
Farias
TAXIONOMIA: Antropotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: COSME - Do fr., do lat. Gosmas, ae do gr. Kosmas, deriv.
de Kosméo: ‘adornar, embelezar’. (MANSUR GUÉRIOS,
1981). FARIAS - Sobrenome de origem geográfica e
portuguesa. (BARATA; BUENO, s/a)
ENTRADA
LEXICAL
Rua Cosme de Farias
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
substantivo masculino singular +preposição + substantivo
masculino singular) [prenome + apelido de Família]
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Localizado próximo a Brotas, seu nome é uma homenagem
ao major Cosme de Farias (1875-1972) que por lá residiu. É
uma figura de importância na Bahia, era poeta, advogado dos
pobres, político atuante, foi vereador e fundou a Liga Baiana
contra o Analfabetismo. Há também o bairro Cosme de
Farias. Ver o bairro Cosme de Farias.
CONTEXTO “A Sociedade Beneficente São Lázaro, na Rua Cosme de
Faria, (fim de linha no Bonocó), local onde existia um velho
terreiro de negros africanos.” (p. 179-180)
131
(67) RUA CABUÇU
TOPÔNIMO: Rua Cabuçu TAXIONOMIA: Zootopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA:
CABUÇU - Do tupi: ‘vespa’ (kaba) gramde (uçu),
(MANSUR GUÉRIOS, 1981). Para Houaiss (2001), Cabuçu
é design. Comum a algumas plantas do gêm. Coccoloba, da
fam. Das poligonáceas, nativas do Brasil. [...], ‘vespa
brasileira (Polybia ignobilis) de coloração negra, que
constrói o ninho em ocos de pau ou em cupinzeiro; cabuçu’
(HOUAISS, 2001).
ENTRADA
LEXICAL
Rua Cabuçu
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
substantivo masculino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Não foram encontradas informações sobre a razão de escolha
do nome dessa rua.
CONTEXTO
“A Ladeira dos Galés e a Avenida das Gardênias. O Alto do
Gato e a Rua do Gasômetro. A Rua das Mercês e a Quinta
das Beatas. A Avenida Crista de Ouro e a Ladeira do
Tabuão. A Lapinha e a Rua Areia da Cruz do Cosme. A Rua
da Boca da Mata e a Rua Cabuçu. Existe o Cais do Ouro e o
Porto da Lenha. A Cidade da Palha e a Rua da Quebrança”.
(p. 72)
132
(68) RUA ALEGRIA DO PARAÍSO
TOPÔNIMO: Rua Alegria do
Paraíso
TAXIONOMIA: Animotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: ALEGRIA – Do it. allegro, que, por sua vez, veio do lat.
vulgar *alicer *alecris ‘animado’. PARAÍSO – Do lat.
paradisus, deriv. gr. paradeisos. ‘lugar de delícias, céu,
éden’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Rua Alegria do Paraíso
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (Substantivo feminino singular +
substantivo feminino singular + contração + substantivo
masculino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Localizada entre os bairros de Nazaré e Barroquinha,
atualmente conhecida como Rua do Paraíso.
CONTEXTO
“Existe a Avenida dos Amores e das Sete Facadas. O Beco
do Sossego e a Rua Mata Maroto. A Baixa da Égua e a Fonte
dos Frades. O Bom Gosto do Canela e a Rua da Água do
Gasto. A Rua Alegria do Paraíso e a Travessa Chico
Diabo”. (p. 69)
(69) RUA ARACAJU
TOPÔNIMO: Rua Aracaju TAXIONOMIA: Corotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: n/e
ENTRADA LEXICAL Rua Aracaju
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
É uma rua que fica localizada no Bairro da Barra. Não há
informações sobre a razão de escolha do nome da rua.
Aracaju é a capital do estado de Sergipe - Brasil.
CONTEXTO “Na Rua Aracaju, 14, Jardim Brasil, Barra Avenida exerce o
ofício de barbeiro o poeta Antonio de Jesus Santana”. (p. 379)
133
(70) RUA APOLINÁRIO SANTANA
TOPÔNIMO: Rua Apolinário
Santana
TAXIONOMIA: Antropotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: APOLINÁRIO - nome baseado no lat. Apolinaris, v.
Apolonîo. (MANSUR GUÉRIOS, 1981). SANT’ ANA -
sobr. port. de origem religiosa: Sant’Ana, mãe de Maria
Santíssima (ce. 26-7). Outras f.: Santana, Santanna.
(MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA
LEXICAL
Rua Apolinário Santana
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
substantivo masculino singular + substantivo feminino
singular) [prenome + apelido de Família]
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
A rua faz homenagem a Apolinário Santana, mais conhecido
como Popó (nascido em Salvador, 9 de fevereiro de 1902 e
faleceu em 17 de fevereiro de 1955) foi um futebolista
brasileiro.
Atuou em onze clubes de Salvador, dentre eles, pode-se
destacar o Botafogo-BA, Ypiranga e Bahiano de Tênis. Foi o
maior craque do esporte baiano nas décadas de 1920 e 1930.
Atualmente é uma rua do bairro da Federação.
CONTEXTO
“Vila Flaviana, na Rua Apolinário Santana, 134, no
Engenho Velho da Federação da falecida mãe-de-santo
Flaviana Maria da Conceição Bianchi”. (p.180)
134
(71) RUA AREIA DA CRUZ DO COSME
TOPÔNIMO: Rua Areia da
Cruz do Cosme
TAXIONOMIA: Litotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA:
AREIA – Do lat. arena, ‘conjunto de partículas finas, de
rochas em decomposição, que se encontram nos rios, no mar
e nos desertos’. CRUZ – Do lat. crux crucis, ‘antigo
instrumento de suplício, constituído por dois madeiros, um
atravessado no outro, em que se amarravam ou pregavam os
condenados à morte’. (CUNHA, 2007). COSME – Do fr.,
que veio do lat. Gosma- ae, do greg. Kosmas, deriv. de
Kosméo: ‘adornar, embelezar’. (MANSUR GUÉRIOS)
ENTRADA
LEXICAL
Rua Areia da Cruz do Cosme
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
substantivo feminino singular + contração + substantivo
masculino singular + contração + Prenome)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Areia da Cruz do Cosme era o nome antigo do bairro do
IAPI - Instituto de Aposentadorias e Pensões dos
Industriários, em 1951, suas iniciais formaram a sigla que
deu nome ao bairro, home conhecido como IAPI. (SANTOS,
2010)
CONTEXTO “A Ladeira dos Galés e a Avenida das Gardênias. O Alto do
Gato e a Rua do Gasômetro. A Rua das Mercês e a Quinta
das Beatas. A Avenida Crista de Ouro e a Ladeira do
Tabuão. A Lapinha e a Rua Areia da Cruz do Cosme. A
Rua da Boca da Mata e a Rua Cabuçu. Existe o Cais do Ouro
e o Porto da Lenha. A Cidade da Palha e a Rua da
Quebrança”. (p. 72)
135
(72) RUA ARY BARROSO
TOPÔNIMO: Rua Ary
Barroso
TAXIONOMIA: Historiotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: ARY - Do port. arc. Ruy, Roy, hip. de Rodrigo. (MANSUR
GUÉRIOS, 1981). BARROSO - sobrenome de origem
geográfica. (BARATA; BUENO, s/a) MANSUR GUÉRIOS
(1981) diz que “BARROSO, sobr. Port.: 1º top. ‘lugar onde
há muito barro’; 2º ‘que tem barros, ou espinhas no rosto’.
ENTRADA
LEXICAL
Rua Ary Barroso
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
substantivo masculino + substantivo masculino singular)
[prenome + apelido de Família]
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O nome da rua faz homenagem ao compositor brasileiro,
chamado Ary Barroso, conhecido como autor de “Aquarela
do Brasil”. É uma rua do bairro Chame-chame.
CONTEXTO “Preferia cuidar do marido, o artista Mirabeau Sampaio, e
dos filhos, Artur e Maria, na casa da Rua Ary Barroso, onde
está uma das mais belas coleções de imaginária da cidade e
que é um templo da amizade”. (p. 229)
“Um doqueiro d apelido Caminhão, beneficiário da devotada
bondade de Norma, quando passava bêbado pela Rua Ary
Barroso, costumava proclamar que ali habitava um dos
‘raros homens da Bahia, um homem retado, Dona Norma”.
(p. 229)
“A Escola de Pôquer Quatro Ases e Um Curinga funciona na
Rua Ary Barroso, sob a direção do professor Dr. Yves
Palarmo da Silva [...]”. (p.356)
136
(73) RUA AUGUSTO GUIMARÃES
TOPÔNIMO: Rua Augusto
Guimarães
TAXIONOMIA: Antropotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: AUGUSTO – Do lat. medieval Augustus: ‘o maior, o
máximo do (império). Deriv. de augustus: ‘consagrado,
sagrado, santo, sublime, venerado’. GUIMARÃES - sobr.
port. top. de origem germ. (MANSUR, GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA
LEXICAL
Rua Augusto Guimarães
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
substantivo masculino singular + substantivo masculino
singular) [prenome + apelido de Família]
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
A rua é uma homenagem a Luiz Augusto Rosa Guimarães,
atleta amador no tempo da adolescência, foi bancário,
engenheiro civil, teve participação na formação do Pólo
Petroquímico da Bahia, na cidade de Camaçari. Em 17 de
maio de 2002 faleceu repentinamente, em Salvador,
fulminado por um enfarte, aos 57 anos. Através da Lei 6.483,
sancionada pelo prefeito de Salvador Antônio Imbassahy, em
30 de janeiro de 2004, o logradouro nº 11.420, no Conjunto
Habitacional Fazenda Grande II, no bairro de Cajazeiras,
passou a se chamar Rua Luiz Guimarães.
CONTEXTO
“A Igreja da Soledade, na Rua Augusto Guimarães, antiga
Ladeira da Soledade, pertence ao convento do mesmo nome,
das ursulinas”. (p. 117)
137
(74) RUA CAIO MOURA
TOPÔNIMO: Rua Caio
Moura
TAXIONOMIA: Antropotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: CAIO - Do lat. Caius, prov. De caia; ‘bordão, cajado’.
MOURA - sobr. port. top., deriv. De mouro. (MANSUR
GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA
LEXICAL
Rua Caio Moura
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
substantivo masculino singular + substantivo masculino
singular) [prenome + apelido de Família]
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
A rua recebeu esse nome possivelmente em homenagem ao
político, médico e professor Caio Otávio Ferreira Moura.
Exerceu mandato eletivo como Conselheiro municipal
(1924-1927); deputado estadual (1927-1928); senador
estadual (1929-1930). Ainda realizou as atividades
Parlamentares de Presidente da Câmara Municipal. Na
Câmara Estadual dos Deputados, presidente (1927-1928); 3º
vice-presidente do Senado Estadual (1929-1930). Localiza-se
no bairro Santo Antonio.
(Disponível em: <
http://www.al.ba.gov.br/deputados/Deputados-
Interna.php?id=587>. Acesso em: 09 jan. 2015)
CONTEXTO
“Na esquina da Rua Caio Moura, antiga Rua dos Carvões,
com o Beco do Padre Bento, hoje José Bahia, podem-se ver
ainda duas pedras das quais pedem pequenas argolas”. (p.
87)
138
(75) RUA CARLOS GOMES
TOPÔNIMO: Rua Carlos
Gomes
TAXIONOMIA: Antropotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: CARLOS- Do mon. lat. Cárolus, por sua vez do a. Kharol:
‘homem’. GOMES - Sobr. port. em vez de Gómez patron.
De Gomo? Port. arc. Gomez; lat. bárbaro da Esp.: Gomizi e
Gomiz (séc. IX). (MONSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA
LEXICAL
Rua Carlos Gomes
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
substantivo masculino singular + substantivo masculino
singular) [prenome + apelido de Família]
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Já foi chamada de Rua de Baixo, está localizada paralela à
Avenida Sete de Setembro no trecho que vai de São Bento
dos Aflitos. O nome da rua é uma homenagem ao compositor
brasileiro Antônio Carlos Gomes.
CONTEXTO
“Esse baiano tem algo de grego, de cigano, de levantino, de
paulista, mas suas raízes estão fincadas na Rua Carlos
Gomes, seu padroeiro se chamou Manuel Quirino, metre de
arte de do viver baiano”. (p. 338)
“Existem outros na Rua do Fogo, na Rua Carlos Gomes, no
quintal da antiga Casa de Oração dos padres jesuítas.”
(p.400)
139
(76) RUA BOLIVAR DAS FLORES
TOPÔNIMO: Rua Bolívar
das Flores
TAXIONOMIA: Historiotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: BOLIVAR - sobr. esp. top., do basco: ‘riacho (ibarr) de
moinho (bol.)’ (MANSUR GUÉRIOS, 1981). FLORES –
pl. de flor. Do lat. flos –oris, ‘órgão de reprodução das
plantas fanerogâmicas’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Rua Bolivar das Flores
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
substantivo masculino singular [apelido de família] +
contração + substantivo masculino feminino plural)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Segundo Barata e Bueno (s/a), em Dicionário das Famílias
Brasileiras, Bolivar – família estabelecida na Bahia, a qual
pertencem: I – Dr. Manuel Bernardino Bolivar, Deputado à
Assembleia Provincial, em 1881. Residente em Salvador; II
– Manuel Pedro Pitanga Bolivar, comerciante, estabelecido,
em 1881, com armazém, no Município de Maragogipe,
Bahia. (BARATA; BUENO, s/a)
Não foi encontrada nenhuma informação sobre essa rua.
Acredita-se que a rua citada por Jorge Amado seja a Rua
Simon Bolivar, em homenagem à Simón Bolivar, militar e
político venezuelano. A Rua Simon Bolivar fica entre o
bairro de Armação e Boca do Rio. A expressão “das flores”
foi um acréscimo brasileiro, mais especificamente, baiano
CONTEXTO Bolívar é o nome de uma rua. Mas não ficou só em Bolívar
e puseram um sobrenome ao herói americano. Virou Bolívar
das Flores e assim permanece até hoje. (p. 72)
140
(77) RUA DA MISERICÓRDIA
TOPÔNIMO: Rua da
Misericórdia
TAXIONOMIA: Hierotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: MISERICÓRDIA - Do lat. misericodia, de misericors-dis,
de miser + cor –dis ‘coração’. (CUNHA, 2007).
ENTRADA
LEXICAL
Misericórdia
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
contração + substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O batismo dessa rua se deve desde os primeiros tempos da
formação da cidade de Salvador com a presença da Igreja e
da Santa Casa da Misericórdia. Localizada no Centro
Histórico, é uma das ruas mais antiga de Salvador. Liga a
Praça da Sé à Praça Thomé de Souza. A Santa Casa da
Misericórdia abriga uma igreja e um museu, onde há obras
importantíssimas compondo o acervo histórico.
CONTEXTO “A Rua da Misericórdia desemboca no Largo da Sé”. (p.
102)
“Isso tudo do lado esquerdo de quem vem da Rua da
Misericórdia”. (p. 102)
“Na fachada do prédio, na Rua da Misericórdia, vê-se um
nicho onde s venera um santo”. (p.393)
141
(78) RUA DA AGONIA
TOPÔNIMO: Rua da Agonia TAXIONOMIA: Animotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: AGONIA - Do lat. agonia, deriv. do gr. agonia, ‘angustia,
sofrimento, ansiedade’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Rua da Agonia
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
contração + substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Assim chamada por conta do desaparecimento do oratório
sob a invocação de Senhor Bom Jesus da Agonia. O oratório
se localizava em uma das equinas do beco que recebia o
mesmo nome, que ligava a Poeira ao Jenipapo, em Nazaré.
CONTEXTO “Escreverei dez nomes e cada qual é mais sugestivo e mais
saboroso: Rua da Agonia, Ladeira da Água Brusca, Rua do
Chega Negro, Rua da Forca, Travessa da Legalidade, Jogo
do Lourenço, Largo das Sete Portas, Travessa do Bêngala,
Rua dos Marchantes, Rua Buguri...”. (p. 69)
142
(79) RUA CHILE
TOPÔNIMO: Rua Chile TAXIONOMIA: Corotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: n/e
ENTRADA
LEXICAL
Rua Chile
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
substantivo masculino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
É uma das ruas mais antigas do Centro Histórico da Cidade
Alta, que foi projetado pelo arquiteto Luís Dias, que
acompanhou Tomé de Souza, recebeu o nome de Rua Direita
dos Mercadores e ligava a Porta Norte à Porta Sul da Cidade.
Já foi chamada de Rua da Direita das Portas de São Pedro e
Rua Direita do Palácio. Recebeu o nome atual em 16 de
julho de 1902, em homenagem aos oficiais da esquadrilha
chilena que nessa época visitara a Bahia.
Muitas vezes citada por Jorge Amado, desfrutou na década
de 1940 a 1960 grande prestígio, pois era considerada a rua
mais elegante da cidade, pois possuía lojas chiques que a
sociedade grã-fina ou não saia a desfilar para todos da
cidade.
CONTEXTO
“A Rua Chile é pequena. Vai da Praça Municipal ao Largo
do Teatro, enladeirada”. (p. 77)
“Há que não possa deixar de ir à Rua Chile todos os dias”.
(p..77)
“[...]todos cruzam a Rua Chile, coração da cidade”. (p. 78)
“Deve ir à Rua Chile às cinco horas da tarde e com certeza
encontrará a pessoa que procura”. (p.78)
“Na Rua Chile, estendendo-se para São Pedro, ficam as
lojas grã-finos, as grandes casas de moda, luxuosas e caras”.
(p. 85)
143
(80) RUA DA ÁGUA DO GASTO
TOPÔNIMO: Rua da Água do
Gasto
TAXIONOMIA: Hidrotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: ÁGUA- do lat. aqua ‘líguido incolor, inodolor e insipido,
essencial a vida’. GASTO – Do verbo gastar. Do lat.
vastare, com influência do germ. wôstjan ou wostan.
‘consumir.’ (CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Rua da Água do Gasto
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (Substantivo feminino singular +
contração + substantivo feminino singular + contração +
substantivo masculino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Quando acontece a ocupação de um lugar, é indispensável
que fiquem próximos de nascentes ou outras minas naturais
que garantam a sobrevivência do acampamento daqueles que
serão os pioneiros na ocupação. No período de colonização
da cidade de Salvador não foi diferente e muitas dessas
referências às fontes naturais estão vivas nos nomes de
topônimos, como é o caso de Rua da Água do Gasto. Os
primeiros habitantes da região, buscando evitar
contaminações e doenças causadas pela água de má
qualidade para o consumo humano. Por essa razão, havia
água que servia apenas “para o gasto”.
CONTEXTO
“Existe a Avenida dos Amores e das Sete Facadas. O Beco
do Sossego e a Rua Mata Maroto. A Baixa da Égua e a Fonte
dos Frades. O Bom Gosto do Canela e a Rua da Água do
Gasto. A Rua Alegria do Paraíso e a Travessa Chico Diabo”.
(p. 69)
144
(81) RUA DA AMOREIRA
TOPÔNIMO: Rua da Amoreira TAXIONOMIA: Fitotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: AMOREIRA - Do lat. vulgar. mora (class. Morum –i, deriv.
do gr. Moron), ‘Árvore da família das moráceas’. (CUNHA,
2007)
ENTRADA
LEXICAL
Rua da Amoreira
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
contração + substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
É uma rua situada no Bairro de Itapuã. Não há informações
sobre a razão de escolha do nome da rua, no entanto, o nome
deixa claro a sua motivação.
CONTEXTO
“[...] Morador na Rua da Amoreira, a quem é subscrito este
envelope”. Levado em mãos por Aurélio Sodré, motorista
competente. (p. 250)
“Dois belos monumentos, um nas proximidades da Rua da
Amoreira, em Itapuã, onde vivem o artista e sua senhora e
musa, [...]”. (p. 251)
145
(82) RUA DA ASSEMBLEIA
TOPÔNIMO: Rua da
Assembleia
TAXIONOMIA: Sociotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA:
ASSEMBLÉIA - Do fr. assemblée, part. pass. de assembler,
deriv. do lat. *assimulare. No port. med. ocorre assembrar,
no séc. XIII, na acepação de ‘reunir’, deriv, também do
latim. *assimulare ‘reunir’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Rua da Assembleia
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
contração + substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Antes chamada de Rua do Tira Chapéu9 e, posteriormente,
chamada de Rua Juliano Moreira. Fica quase em frente à
Ladeira do Pau da Bandeira10
. Não há informações sobre a
razão de escolha do nome da rua, no entanto, o nome deixa
claro a sua motivação. Fica localizada no Centro Histórico de
Salvador, hoje conhecida por Rua São Francisco, na Praça da
Sé, local em que tem a igreja de mesmo nome.
CONTEXTO “A ‘Casa dos Sete Candeeiros’, na Rua da Assembleia, com
seus azulejos portugueses admiráveis”. (p.393)
9 A Rua do Tira Chapéu possui a motivação do hábito que os homens tinham em retirar os chapéus, em
respeito da casa da sede do governo. 10
Ladeira do Pau da Bandeira fica situada no antigo sítio político da colônia. Recebeu esse nome, pois ali
ficava um mastro onde se hasteavam bandeiras para orientar os navegantes em sua ida e vinda, traduzindo o
pertencimento da terra.
146
(83) RUA DA BOCA DA MATA
TOPÔNIMO: Rua da Boca da
Mata
TAXIONOMIA: Cardinotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: BOCA – Do lat. bucam. ‘cavidade na parte inferior da face
pela qual os homens e outros animais ingerem alimentos, e
ligada com os órgãos da fonação e da respiração’. MATA –
Talvez do lat. tardio matta ‘esteira de junco’, ‘terreno onde
nascem arvores silvestres’ ‘bosque, selva’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Rua da Boca da Mata
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular + +
contração + substantivo feminino singular + contração +
substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
A Rua Boca da Mata e está localizada no bairro de Boca da
Mata de Valéria na cidade de Salvador.
CONTEXTO
“A Ladeira dos Galés e a Avenida das Gardênias. O Alto do
Gato e a Rua do Gasômetro. A Rua das Mercês e a Quinta
das Beatas. A Avenida Crista de Ouro e a Ladeira do
Tabuão. A Lapinha e a Rua Areia da Cruz do Cosme. A Rua
da Boca da Mata e a Rua Cabuçu. Existe o Cais do Ouro e o
Porto da Lenha. A Cidade da Palha e a Rua da Quebrança”.
(p. 72)
147
(84) RUA DO CABEÇA
TOPÔNIMO: Rua do Cabeça TAXIONOMIA: Somatotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: CABEÇA - Do lat. vulg capitia (class. caput) ‘a parte
superior do corpo dos animais bípedes e a anterior dos outros
animais, onde se situam os olhos, o nariz, a boca, os ouvidos
e importantes centros nervosos’ (CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Rua do Cabeça
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
contração + substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
É uma transversal da Rua Carlos Gomes, ligando-a ao Largo
Dois de Julho. A origem do nome vem do século XVIII,
quando existiam currais nas imediações, e se matava o gado
nas proximidades do Mosteiro de São Bento. Segundo Alves,
(2008), nesse local era costumeiro vender as vísceras e as
cabeças dos animais em tabuleiros, sendo que as cabeças de
bois expostas ficavam espetadas em varas, por isso tem essa
denominação. Apesar de apresentar o elemento modificador
“do” acompanhando o elemento específico “cabeça”, não
apresenta a conotação de chefe, líder, como normalmente é
associado.
CONTEXTO
“É uma beleza que escorre como óleo do casario e das pedras
negras de certas ruas, os nomes como poemas: Rua dos
Quinze Mistérios, Ladeira do Tabuão, Rua do Cabeça [...]”
(p.63)
“Como não imaginar uma história dramática com muito
sangue e punhais erguidos, com diálogos ao jeito de Perez
Escrich, ao pronunciar o nome Rua do Cabeça?” (p. 69)
“Ah! Quanta coisa pode ser, quanta história não pode
encerrar esta Rua do Cabeça, da cabeça sem corpo, solta,
sozinha, sem nenhuma explicação”. (p. 69)
“Ficava no Cabeça a oficina do santeiro Alfredo Simões,
figura ótima, personagem de vários dos meus romances, a
simpatia em pessoa” (p. 362)
“Vitorina, filha de Omolu e de Tempo, a negra Vitu, frita o
mais gostoso acarajé da Bahia e vende na esquina do
Cabeça: [...]” (p.405)
148
(85) RUA DA FORCA
TOPÔNIMO: Rua da Forca TAXIONOMIA: Historiotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: FORCA - Do lat. furca. ‘Instrumento para suplício da
estrangulação’ XIII. Do lat. furca.’ (CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Rua da Forca
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
contração + substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Rua transversal à Rua Carlos Gomes, situada nas imediações
do Largo Dois de Julho, assim denominada porque por aí
passavam os presos condenados à forca e que seriam
executados na Praça da Piedade. Essa prática de execução de
presos condenados durou até o século XIX.
CONTEXTO “Escreverei dez nomes e cada qual é mais sugestivo e mais
saboroso: Rua da Agonia, Ladeira da Água Brusca, Rua do
Chega Negro, Rua da Forca, Travessa da Legalidade, Jogo
do Lourenço, Largo das Sete Portas, Travessa do Bêngala,
Rua dos Marchantes, Rua Buguri...”. (p. 69)
“Antigamente, José Pedreira na Rua da Forca e cuidava-lhe
da casa e do bem-estar a mais doce velhinha que imaginar se
passa, D. Zezé, minha recordada amiga”. (p. 380)
149
(86) RUA DA QUEBRANÇA
TOPÔNIMO: Rua da
Quebrança
TAXIONOMIA: Geomorfotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: QUEBRANÇA – Vem do verbo quebrar. Do lat. crepare.
‘reduzir a pedaços, fragmentar, despedaçar’ (CUNHA 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Rua da Quebrança
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
contração + substantivo feminino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Na História da Cidade do Salvador, encontra-se registrado
que fazendo fronteira ao Largo da Mariquita, pela parte do
mar, havia um recife que veio a dar origem ao nome, pois
“por causa dos vagalhões que se ‘quebravam’ em sua roda”.
Há também o Beco da Quebrança, ambos situados no Rio
Vermelho.
CONTEXTO “A Ladeira dos Galés e a Avenida das Gardênias. O Alto do
Gato e a Rua do Gasômetro. A Rua das Mercês e a Quinta
das Beatas. A Avenida Crista de Ouro e a Ladeira do
Tabuão. A Lapinha e a Rua Areia da Cruz do Cosme. A Rua
da Boca da Mata e a Rua Cabuçu. Existe o Cais do Ouro e o
Porto da Lenha. A Cidade da Palha e a Rua da Quebrança”.
(p. 72)
150
(87) RUA DAS MERCÊS
TOPÔNIMO: Rua das Mercês TAXIONOMIA: Hierotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: MERCÊS, (das) - Sobr. port. de origem religiosa.
(MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA
LEXICAL
Ruas das Mercês
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
contração + substantivo feminino plural)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
A história do nome desse lugar, que faz parte da Avenida
Sete de Setembro, lembra o início dos tempos coloniais. Em
1735, a herdeiro do Coronel Pedro Barbosa Leal, chamada
Úrsula Luiza de Monserrate, solicitou à coroa portuguesa a
instalação de um convento de freiras. Mas, somente em
1744, que o convento dedicado a Nossa Senhora das Mercês
foi inaugurado em Salvador. É uma rua histórica. Seus
primeiros registros datam da fundação da Cidade, quando
fazia parte do caminho de ligação com a antiga vila de
Pereira Coutinho, na Barra.
CONTEXTO
“A Ladeira dos Galés e a Avenida das Gardênias. O Alto do
Gato e a Rua do Gasômetro. A Rua das Mercês e a Quinta
das Beatas. A Avenida Crista de Ouro e a Ladeira do
Tabuão. A Lapinha e a Rua Areia da Cruz do Cosme. A Rua
da Boca da Mata e a Rua Cabuçu. Existe o Cais do Ouro e o
Porto da Lenha. A Cidade da Palha e a Rua da Quebrança”.
(p. 72)
151
(88) RUA DO JOGO DO LOURENÇO
TOPÔNIMO: Rua do Jogo do
Lourenço
TAXIONOMIA: Sociotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA:
JOGO – Do lat. jocus, ‘brinquedo, folguedo, divertimento,
passatempo sujeito a regras’ ‘ série de coisas que formam um
todo ou coleção’. (CUNHA, 2007). LOURENÇO - Do lat.
Laurentius: natural de Larento’, cidade do Lácio que, por
sua vez, se prende a laurus. Ou, seg. Vírgílio, Eneida, VII,
59: ‘a celebridade de um só louro’, ‘o adornado com louro’.
(MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA
LEXICAL
Rua do Jogo do Lourenço
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
contração + substantivo masculino singular + contração +
substantivo masculino singular [prenome])
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Segundo Dorea (2006), essa rua “começa na parte final _
início da ladeira _ do Jenipapo e sai no Largo da Saúde.
Nesta rua ainda podem ser vistos casarões do século XIX,
sendo que, um deles, tem bela fachada de azulejos.”
(DOREA, 206, p. 579)
CONTEXTO
“Escreverei dez nomes e cada qual é mais sugestivo e mais
saboroso: Rua da Agonia, Ladeira da Água Brusca, Rua do
Chega Negro, Rua da Forca, Travessa da Legalidade, Jogo
do Lourenço, Largo das Sete Portas, Travessa do Bêngala,
Rua dos Marchantes, Rua Buguri...”. (p. 69)
152
(89) RUA DOS AFLITOS
TOPÔNIMO: Rua dos Aflitos TAXIONOMIA: Hierotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: AFLITOS – Do lat. afflictus, ‘atormentado, mortificado’.
(CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Ruas dos Aflitos
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (Substantivo feminino singular +
contração + substantivo masculino plural)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O nome é proveniente da existência menção a Igreja de
Nossa Senhora dos Aflitos, erguida em 1824. Há também o
Largo dos Aflitos.
CONTEXTO
“No Largo dos Aflitos, para o qual confluiu a Rua dos
Aflitos, há um ponto que domina o mar e de onde se
descortina parte da cidade. Chama-se Mirante dos Aflitos”.
(p. 69)
(90) RUA DO CHEGA NEGRO
TOPÔNIMO: Rua do Chega
Negro
TAXIONOMIA: Historiotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: CHEGA - Do v. chegar. Do lat. plicare ‘atingir (com dupla
noção de tempo e de espaço). NEGRO – Do lat. niger,
nigra, nigrum, ‘preto, lúgrume’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Rua do Chega Negro
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (Substantivo feminino singular + verbo
+ substantivo masculino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Assim chamada, pois era o lugar que os negros
desembarcavam quando vinham ilegalmente da África após a
abolição da escravatura. Hoje essa área é onde fica o Jardim
dos Namorados, na Orla de Salvador, no bairro da Pituba.
CONTEXTO
“Escreverei dez nomes e cada qual é mais sugestivo e mais
saboroso: Rua da Agonia, Ladeira da Água Brusca, Rua do
Chega Negro, Rua da Forca, Travessa da Legalidade, Jogo
do Lourenço, Largo das Sete Portas, Travessa do Bêngala,
Rua dos Marchantes, Rua Buguri...”. (p. 69)
153
(91) RUA DO FOGO
TOPÔNIMO: Rua do Fogo TAXIONOMIA: Meteorotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: Do lat. focus, ‘desenvolvimento simultâneo de calor e luz
produzido pela combustão de certos corpos’ ‘lume, incêndio’
(CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Rua do Fogo
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (Substantivo feminino singular +
contração + substantivo masculino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
A Rua do Fogo e a Rua da Faísca foram unidas sob a
denominação de Rua Senador Costa Pinto. A referência é
feita, pois nos tempos da Colônia os locais guardavam as
munições e armamentos. Em um episódio de incêndio
provocado pela queda de um raio, toda a guarnição pegou
fogo provocando grande pânico na cidade – depois do
episódio, o local de guarda para os armamentos e munições
foram remanejados para o chamado Campo da Pólvora.
CONTEXTO
“Existem outros na Rua do Fogo, na Rua Carlos Gomes, no
quintal da antiga Casa de Oração dos padres jesuítas.” (p.400)
154
(92) RUA DO CARMO
TOPÔNIMO: Rua do Carmo TAXIONOMIA: Hierotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: CARMO, (do) - Sobr. port. de origem religiosa (MANSUR
GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA
LEXICAL
Rua do Carmo
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (Substantivo feminino singular +
contração + substantivo masculino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
No princípio da história da Bahia, os jesuítas tiveram sua
primeira aldeia de catequese no Monte Calvário, aí tendo
construído igreja e casa, onde os carmeleitas fundaram um
convento, depois de 1580, com a expulsão dos jesuítas. Esse
local foi chamado de Carmo. Fica no Centro Histórico de
Salvador, próximo à Igreja Nossa Senhora do Carmo, a quem
o nome faz referência.
CONTEXTO
“A Igreja do Carmo, ligada ao convento das carmelitas foi
fundada em 1585. Fica na Rua do Carmo”. (p. 117)
“[...] descem pelo Pelourinho, sobem pelo Paço e pelo
Carmo, desembocam em Santo Antonio, junto à Cruz do
Pascoal, ou nas imediações da cidade baixa ao lado do velho
Elevador do Tabuão, até o Beco da Carne-Seca”.(p. 73)
“O préstito faz o percurso histórico do Exército Libertador.
Lapinha, Soledade, São José, Perdões, Rua dos Quinze
Mistérios, Conceição do Boqueirão, Cruz do Pascoal, Rua
do Carmo, Pelourinho, Portas do Carmo, Terreiro, chegando
por fim ao Largo da Sé onde o Caboclo e a Cabocla”. (p.
148)
155
(93) RUA DOS CARVÕES
TOPÔNIMO: Rua dos Carvões TAXIONOMIA: Sociotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: CARVÕES – Pl. de carvão. Do lat. carbo – onis, ‘substância
combustível, sólida, negra, resultante da combustão
incompleta de materiais orgânicos’.
ENTRADA
LEXICAL
Rua dos Carvões
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (Substantivo feminino singular +
contração + substantivo masculino plural)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Atualmente também é chamada de Rua Caio Moura. Sobre
informações da Rua dos Carvões não foram encontrados
mais detalhes. Dorea (2006) traz informações sobre a Rua
dos Carvoeiros, a qual seria um prolongamento da Rua do
Tira Chapéu e que o batismo seria por conta da atividade
profissional dos que trabalhavam com carvões. Localizada
no bairro de Santo Antonio Além do Carmo
CONTEXTO
“Na esquina da Rua Caio Moura, antiga Rua dos Carvões,
com o Beco do Padre Bento, hoje José Bahia, podem-se ver
ainda duas pedras das quais pedem pequenas argolas”. (p. 87)
(94) RUA DO GASÔMETRO
TOPÔNIMO: Rua do Gasômetro TAXIONOMIA: Ergotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: GASÔMETRO - Gás + -o - + metro por influxo do fr.
Gazomètre (1834); f. hist. 1858 gazómetro. ‘parelho
destinado a medir a quantidade de gás presente em uma
mistura, fábrica de gás’. (HOUAISS, 2001)
ENTRADA
LEXICAL
Rua do Gasômetro
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (Substantivo feminino singular +
contração + substantivo masculino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
A Rua do Gasômetro fica localizada no bairro da Calçada,
na Cidade Alta.
CONTEXTO
“A Ladeira dos Galés e a Avenida das Gardênias. O Alto do
Gato e a Rua do Gasômetro. A Rua das Mercês e a Quinta
das Beatas. A Avenida Crista de Ouro e a Ladeira do
Tabuão. A Lapinha e a Rua Areia da Cruz do Cosme. A Rua
da Boca da Mata e a Rua Cabuçu. Existe o Cais do Ouro e o
Porto da Lenha. A Cidade da Palha e a Rua da Quebrança”.
156
(p. 72)
(95) RUA DO LICEU
TOPÔNIMO: Rua do Liceu TAXIONOMIA: Sociotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: LICEU – Adap. do fr. lycée, deriv. do lat. lyceum e, este, do
gr. lykeion e era o ‘ginásio onde Aristóletes lecionava’.
‘estabelecimento de ensino secundário’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Rua do Liceu
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (Substantivo feminino singular +
contração + substantivo masculino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Localizada no Centro Histórico de Salvador, seu nome
surgiu da presença do Liceu de Artes e Ofícios, criado no
século XIX. Era uma espécie de escola profissionalizante.
CONTEXTO
“Afinal porque a Circular não fazia seus bondes trafegar pela
Rua do Liceu escoadouro natural do trânsito naquele
então?” (p. 103)
157
(96) RUA DOS MARCHANTES
TOPÔNIMO: Rua dos
Marchantes
TAXIONOMIA: Sociotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: MARCHANTES – Do fr. marchand ‘comerciante’, deriv.
do lat. vulgar *mercatans –antis. ‘mercador, comerciante de
gado para o açougue’. (CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Rua dos Marchantes
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
contração + substantivo masculino plural)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
A Rua dos Marchantes recebeu esse nome, pois era a rua
onde moravam os principais negociantes de gado e onde se
alojavam os que hoje traziam gado para o matadouro
público. Ainda hoje seus prolongamentos são as Ruas dos
Adobes e dos Ossos, no Bairro de Santo Antônio. (DOREA,
2006, p. 597)
CONTEXTO “Escreverei dez nomes e cada qual é mais sugestivo e mais
saboroso: Rua da Agonia, Ladeira da Água Brusca, Rua do
Chega Negro, Rua da Forca, Travessa da Legalidade, Jogo
do Lourenço, Largo das Sete Portas, Travessa do Bêngala,
Rua dos Marchantes, Rua Buguri...”. (p. 69)
158
(97) RUA DOS QUINZE MISTÉRIOS
TOPÔNIMO: Rua dos Quinze
Mistérios
TAXIONOMIA: Númerotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: QUINZE - Do lat. quidecim, ‘décimo quinto’. MISTÉRIOS
– Do lat. mysterium, deriv. do gr. mystetiom, de myein. ‘
culto secreto no politeísmo’ ‘objeto de fé religiosa e que é
impenetrável à razão humana’ ‘secreto, enigma, reserva’ [...]
(CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Rua dos Quinze Mistérios
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
contração + numeral + substantivo masculino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Com fundação em 1811, foi fundada a confraria de N. S. do
Rosário dos Quinze Mistérios dos Homens Pretos, que
funcionou na Matriz de Santo Antônio Além do Carmo até a
construção dessa capela. Em 1852, fundou-se irmandade de
N. S. da Soledade, com sede na capela.
A rua recebeu esse nome para fazer referência os quinze
“mistérios” que são rezados no rosário e à igreja fundada
outrora.
CONTEXTO
“É uma beleza que escorre como óleo do casario e das pedras
negras de certas ruas, os nomes como poemas: Rua dos
Quinze Mistérios, Ladeira do Tabuão, Rua da Cabeça [...]”
(p.63)
“Há uma rua que se chama dos Quinze Mistérios... (p. 68)
“As ladeiras vêm do Terreiro ou de Nazaré, do Barbalho ou
da Ruas dos Quinze Mistérios, cidade baixa”. (p. 85)
“O préstito faz o percurso histórico do Exército Libertador.
Lapinha, Soledade, São José, Perdões, Rua dos Quinze
Mistérios, Conceição do Boqueirão, Cruz do Pascoal, Rua
do Carmo, Pelourinho, Portas do Carmo, Terreiro, chegando
por fim ao Largo da Sé onde o Caboclo e a bocla”. (p. 148)
159
(98) RUA FRANCO VALASCO
TOPÔNIMO: Rua Franco
Valasco
TAXIONOMIA: Antropotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: FRANCO - sobr. port. top.: do germ. Frank, n. do povo
germânico os Francos, i é: ‘o povo que usa de francho,
‘vernáculo, lança’. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)
VALASCO – sobr. de origem portuguesa.
ENTRADA
LEXICAL
Rua Franco Valasco
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
substantivo masculino singular + substantivo masculino
singular) [Prenome + Apelido de família]
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
A rua é uma homenagem ao pintor baiano e professor de
Artes plásticas Antônio Joaquin Franco Valasco. Foi o autor
de inúmeros retratos decorativos e pinturas das igrejas de
Salvador.
No século XIX, início da década de 1810, realizou pinturas
trabalhos para a Matriz de Santana e por volta de 1813
produz pinturas para o teto da nave. Em 1818 e 1820, faz a
pintura do forro e de sete painéis retratando os passos da
Paixão de Cristo para os altares da Igreja do Senhor do
Bonfim.
( Disponível em:
<http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa23184/franco-
velasco>. Acesso em: 09 jan. 2015.)
CONTEXTO “Waldemar recebe um caboclo que dá consultas no centro da
cidade (Rua Franco Valasco, 21”. (p. 182)
160
(99) RUA JOSÉ JOAQUIM SEABRA
TOPÔNIMO: Rua José
Joaquim Seabra
TAXIONOMIA: Antropotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA:
JOSÉ – Do hebr. Lasseph, lehussef, ‘Ele (Deus) dê aumento,
ou (Deus) aumente (com outros fihos)’. JOAQUIM - Do
hebr. SEABRA - Sobr. port. de origem esp. (MANSUR
GUÉRIOS, 1981).
ENTRADA
LEXICAL
Rua José Joaquim Seabra
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
substantivo masculino singular + substantivo masculino
singular + substantivo masculino singular) [Prenome +
prenome + apelido de Família]
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
A rua faz uma homenagem a José Joaquim Seabra foi um
político e jurista baiano que governou a Bahia por 12 anos.
Essa rua fica localizada no Centro Histórico da cidade,
separa os bairros de Saúde, Nazaré e Santo Antonio.
Também é conhecida como a Baixa dos Sapateiros, é uma
rua que traz o comércio popular intenso.
CONTEXTO
“O nome verdadeiro desta rua é José Joaquim Seabra, em
honra do político baiano que foi governador do estado, [...]”
(p. 84)
“Pois bem: ainda assim não há quem se refira à Rua José
Joaquim Seabra”. (p. 85)
“É verdade que já os operários se misturaram um pouco a
gente que faz suas compras na rua do Dr. Seabra”. (p. 85)
161
(100) RUA LUIZ ANSELMO
TOPÔNIMO: Rua Luiz
Anselmo
TAXIONOMIA: Antropotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: LUIS - Do fr. Louis ou ant. esp. Lois, deriv. do germ.:
‘guerreiro (wig) celebre, famoso (lud)’. ANSELMO -
germ..: Asenheim; ‘posto sob a proteção dos deuses Asen’, ou
‘protegido pelos deuses’. Há quem o traduza: ‘capacete dos
deuses’. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA
LEXICAL
Rua Luiz Anselmo
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
substantivo masculino singular + substantivo masculino
singular) [prenome + apelido de Família]
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O nome foi dado em homenagem a um médico e professor
Luiz Anselmo que lutava contra a escravidão no país.
Inicialmente, foi nome de uma rua no bairro de Matatu, com
o passar do tempo, acabou nomeando toda a redondeza e
hoje possui esse nome. Hoje é grafada com (S).
CONTEXTO
“Outro belo e puro terreiro gegê-nagô de Salvador é a
Sociedade São Gerônimo Ilê Maroialagê (Alaketu) na Rua
Luiz Anselmo, 65, no Matutu de Brotas”. (p. 179)
162
(101) RUA MATA MAROTO
TOPÔNIMO: Rua Mata
Maroto
TAXIONOMIA: Dirrematotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: MATA – Do verbo matar. De origem desconhecida ‘tirar
violentamente a vida a’. MAROTO - De origem
desconhecida, ‘moço mal composto e descortez’, ‘malicioso,
brejeiro, lascivo’ (CUNHA, 2007)
ENTRADA
LEXICAL
Rua Mata Maroto
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (Verbo + adjetivo masculino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O topônimo faz referência a um acontecimento histórico dos
tempos regenciais pós-movimentos de Independência do
Brasil, ocorridos na Bahia, que resultou nas brigas de ruas
entre brasileiros e portugueses. Estes últimos eram chamados
de maroto ou marujo, por ter chegado pelo mar. Os conflitos
aconteceram nos anos de 1829 a 1831, sendo que no último
ano foi o mais grave e violento na cidade do Salvador e do
Recôncavo.
Os conflitos foram tão graves a ponto de brasileiros saírem
pelas ruas gritando: “Mata-Maroto!” e atingiu vários
portugueses e suas famílias. A Rua Mata Maroto fica no
bairro da Federação.
CONTEXTO
“Existe a Avenida dos Amores e das Sete Facadas. O Beco
do Sossego e a Rua Mata Maroto. A Baixa da Égua e a
Fonte dos Frades. O Bom Gosto do Canela e a Rua da Água
do Gasto. A Rua Alegria do Paraíso e a Travessa Chico
Diabo”. (p. 69)
163
(102) RUA NORMA GUIMARÃES
TOPÔNIMO: Rua Norma
Guimarães
TAXIONOMIA: Antropotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: NORMA - Do lat. norma: ‘modelo, regra, preceito, lei’.
GUIMARÃES - Sobr. port. top. de origem germ. De
Wigmar: ‘cavalo (marah) de combate (wig)’ formou-se o n.
de homem, no port. arc. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA
LEXICAL
Rua Norma Guimarães
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
substantivo masculino singular + substantivo masculino
singular) [prenome + apelido de Família]
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O nome da rua presta homenagem à Norma Guimarães,
esposa do médico e pintor Mirabeau Sampaio. Ela era
conhecida como uma nobre e caridosa mulher, que ajudava
aos necessitados. A homenagem mais singela foi nome de
uma das ruas no bairro de Chame-chame.
CONTEXTO
“A uma dessas ruas, o então prefeito Clériston Andrade deu
o nome de Norma Guimarães Sampaio, a pedido de todos
os moradores do bairro”. (p. 222)
164
(103) RUA RUY BARBOSA
TOPÔNIMO: Rua Ruy
Barbosa
TAXIONOMIA: Historiotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: RUY - Do port. arc. Ruy, Roy, hip. de Rodrigo. BARBOSA
- Sobr. port. top.: ‘lugar onde há muitas barbas de bode’ ou
barbas de velho (plantas)’. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA
LEXICAL
Ruy Barbosa
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
substantivo masculino singular + substantivo masculino
singular) [prenome + apelido de Família]
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Antiga Rua do Brejo, fica localizada depois da Ruas dos
Capitães na Cidade Alta, paralela à Rua Chile, no Centro
Histórico. É uma homenagem ao famoso jurista baiano.
CONTEXTO “Tem um irmão que é bispo católico no Oriente Médio, o
que dá qualidade eclesiástica, autenticidade maior às
imagens, candelabros, altares que enchem salas e salas de
sortida casa de antiguidade da Rua Ruy Barbosa”. (p.365)
(104) RUA DO SÃO MIGUEL
TOPÔNIMO: Rua São Miguel TAXIONOMIA: Hagiotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA:
SÃO - Do lat. sanctus –a –um, – ‘que vive segundo os
preceitos religiosos, a lei divina’ ‘segundo a tradição
judaico-cristã, atributo de Deus e um dos seus nomes,
sublinhando a transcendência da natureza divina’ (CUNHA,
207). MIGUEL - Do hebr. e origem religiosa. ‘quem (Kha)
é como Deus (Ei)? (Daniel, 10; 13; 12;1)’. (MANSUR
GUÉRIOS, 1981).
ENTRADA
LEXICAL
São Miguel
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
adjetivo masculino singular + substantivo masculino
singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Era a chamada Ladeira de São Miguel. O nome oficial dessa
rua que começa na Rua João de Deus e termina na Rua J. J.
Seabra (Baixa dos Sapateiros) é Rua Frei Vicente do
Salvador. No sopé da ladeira, encontra-se a pequena capela
do século XVII dedicada a São Miguel.
CONTEXTO “- Rua São Miguel, 16. Castelo de Mãezinha...” (p. 278)
“– Rua São Miguel, número 16. Castelo de Mãezinha...” (p.
165
279)
(105) RUA JOSÉ BAHIA
TOPÔNIMO: Rua José Bahia TAXIONOMIA: Antropotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: JOSÉ – Do hebr. Lasseph, lehussef, ‘Ele (Deus) dê aumento,
ou (Deus) aumente (com outros fihos)’. BAHIA - Possivelmente do fr. Baie, deviv. Do cast. Bahia e, este, do lat.
Baia ‘pequeno golfo, de boca estreita, que se alarga para o interior’
ENTRADA
LEXICAL
Rua José Bahia
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
substantivo masculino singular + substantivo masculino
singular) [prenome + apelido de Família]
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Era chamada de Beco do Padre Bento, que fica no Bairro
Santo Antonio.
CONTEXTO
“Na esquina da Rua Caio Moura, antiga Rua dos Carvões,
com o Beco do Padre Bento, hoje José Bahia, podem-se ver
ainda duas pedras das quais pedem pequenas argolas”. (p. 87)
(106) RUA DO GRAVATÁ
TOPÔNIMO: Rua do Gravatá TAXIONOMIA: Fitotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: GRAVATÁ – do tupi karagwa’ta, ‘designação comum a
diversas plantas da família das bromeliáceas’. (CUNHA,
1999)
ENTRADA
LEXICAL
Rua do Gravatá
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
contração + substantivo masculino singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Trata-se de um dos vários batismos por inspiração da flora
encontrada pelos colonizadores. Gravatá é uma bromélia
terrestre de presença bem comum no Brasil. A Rua do
Gravatá fica no bairro de Nazaré.
CONTEXTO
Vale a pena ver pelo menos as seguintes: a do Queimado, na
Baixa da Soledade; a [rua] do Gravatá, no Gravatá; a de
Gabriel, no Largo 2 de Julho; a de São Pedro, no forte do
mesmo nome; a das Pedras, na Ladeira da Fonte das Pedras;
a dos Pedreiras, na Jaqueira; a do Tabuão, escavada no
166
morro, no antigo Caminho Novo; e a de Santo Antonio, no
Largo de Santo Antonio”. (p. 408)
(107) RUA SÃO FRANCISCO
TOPÔNIMO: Rua São
Francisco
TAXIONOMIA: Hagiotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: SÃO - Do lat. sanctus –a –um, – ‘que vive segundo os
preceitos religiosos, a lei divina’ ‘segundo a tradição
judaico-cristã, atributo de Deus e um dos seus nomes,
sublinhando a transcendência da natureza divina’ (CUNHA,
2007). FRANCISCO - Do lat. medieval, Franciscus, deriv.
Do germ. Frank com o sufixo germ. –isk (al. Frankisch)
(MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA
LEXICAL
Rua São Francisco
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
adjetivo masculino singular + substantivo masculino
singular)
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
O nome da rua faz menção ao santo da Igreja Católica. O
nome dessa rua pode ter influência da Igreja e do Convento
de São Francisco, que fica no Centro Histórico.
CONTEXTO
“Velho amigo de Antonio Carlos Magalhães (e de seu irmão
Zezito), meu amigo companheiro na busca de onde comer
bem, quando rareavam os restaurantes na Bahia, habitués do
maravilhoso trivial de Dona Maria, na Rua de São
Francisco, onde tínhamos mesa reservada com Odorico
Tavares, Carlinhos Marcarenhas e Raimundo Reis, [...]”
(p.293)
“O almoço semanal, reunindo Coqueijo, Pinho Pedreira,
Virgildal Sena, Tibúrcio Barreiros e outros bambas,
realizava-se naquele que foi um dos menores, mas modesto e
melhores restaurante do mundo, na sala do fundo de um
andar térreo da Rua São Francisco, em cuja pequena
cozinha minha saudosa comadre Maria, de pé ante o fogão,
temperava o mais delicioso feijão [...]” (p.338-339)
167
(108) RUA GUEDES DE BRITO
TOPÔNIMO: Rua Guedes de
Brito
TAXIONOMIA: Historiotopônimo
MUNICÍPIO: Salvador (Microrregião MRG 021: Salvador Mesorregião:
MESO 05: Metropolitana de Salvador)
ACIDENTE: Humano/rua
ETIMOLOGIA: GUEDES - Sobr. port. em vez de Guesdez, patron. de
Gueda. BRITO - sobr. port., talvez f. regressiva de Brites,
julgado este patron. Mas em lat. há Brittus. Pode ser top. sob.
a f. Britto, Leite de Vasconcelos acha que o n. é de origem
obscura. (MANSUR GUÉRIOS, 1981)
ENTRADA
LEXICAL
Rua Guedes de Brito
ESTRUTURA
MORFOLÓGICA
Elemento composto (substantivo feminino singular +
substantivo masculino singular + substantivo masculino
singular) [prenome + apelido de Família]
HISTÓRICO/
INFORMAÇÕES
ENCICLOPÉDICAS
Segundo Barata e Cunha (s/d), em Dicionário das Famílias
Brasileiras, a família GUEDES DE BRITO que é “antiga
família de origem portuguesa, estabelecida na Bahia, que
teve princípio em Antônio Guedes (nascido em 1560,
Tarouca, Portugal - morto em 7.9.1621 em Salvador, Bahia)
filho de Rui Guedes e de Ana de Lisboa. Tabelião na Bahia,
era proprietário de uma sesmaria que compreendia terras
entre as cabeceiras do rio Jacuípe e Itapicuru, as mesmas que
viriam a pertencer a seu filho e a sua neta Joana. Deixou
descendência de segundo casamento por volta de 1596 com
Felipa de Brito (morta em Salvador em 9.12.1659) por onde
ocorreu a união dos dois sobrenomes.” (BARATA; BUENO,
s/d)
A Rua Guedes de Brito fica localizada no centro da cidade
de Salvador.
CONTEXTO “Nasceu assim o Liceu de Artes e Ofícios que funcionava
numa antiga casa nobre na Rua Guedes de Brito.” (p. 398)
168
6.3 ANÁLISE E DISCUSSÕES: OS REFERENCIAIS TOPONÍMICOS
A partir da elaboração das fichas lexicográfico-toponímicas, realizadas na
subseção anterior, verificou-se que os topônimos analisados foram todos de natureza
semântica humana, pois nomeiam bairros e ruas da cidade de Salvador, conforme já
mencionado anteriormente.
Dentre os 108 topônimos referentes aos bairros e ruas analisados, há uma
subdivisão de dois grupos de taxes (natureza física e natureza antropocultural). Nesta
subseção, apresenta-se o resumo das taxes encontradas neste trabalho, segundo a sua
natureza semântica, bem como a discussão dos resultados a partir das análises das fichas
expostas na subseção anterior.
Quanto à natureza, os 108 topônimos se encontram assim subdivididos:
Natureza física: Matatu de Brotas, Rua da Quebrança, Barra, Águas dos
Meninos, Itapagipe, Ondina, Ribeira, Rio Vermelho, Rua Alagoinhas, Rua da
Água do Gasto, Alagados, Massaranduba, Beiru, Canela, Peri-peri, Rua
Baguri, Rua da Amoreira, Paripe, Rua do Gravatá, Rua Cabuçu, Pirajá,
Barroquinha, Itapoã, Itacaranha, Baixa dos Sapateiros, Campo Grande, Boca
do Rio, Rua Boca da Mata, Rua do Fogo, Pernambués, Nordeste de
Amaralina, Rua Areia da Cruz de Cosme.
Natureza Antropocultural: Barris, Engenho Velho de Brotas, Engenho velho
da Federação, Pelourinho, Plataforma, Rua do Gasômetro, Placa Ford,
Amaralina, Barbalho, Cosme de Farias, Garcia, Lobato, Rua Cosme de Farias,
Rua Apolinário Santana, Rua Ary Barroso, Rua Augusto Guimarães, Rua Caio
Moura, Rua Carlos Gomes, Rua Franco Valasco, Rua José Bahia, Rua José
Joaquim Seabra, Rua Luiz Anselmo, Rua Norma Guimarães, Rua Ruy
Barbosa, Rua Bolivar das Flores, Brotas, Graça, Lapinha, Escada, Monte
Serrat, Nazaré, Pilar, Santo Antonio, São Caetano, São Gonçalo, São Tomé de
Paripe, Saúde, Soledade, Rua das Mercês, Rua dos Aflitos, Rua São Miguel,
Rua São Francisco, São Pedro, Rua da Agonia, Rua dos Marchantes, Rua do
Liceu, Rua do Bom Marché, Calçada, Pituba, Rua da Misericórdia, Rua dos
Quinze Mistérios, Cidade da Palha, Rua Alegria do Paraíso, Piatã, Rua da
169
Cabeça, Rua da Forca, Rua do Chega Negra, Rua Mata Maroto, Liberdade,
Rua Chile, Rua Aracaju, Rua do Jogo do Lourenço, Rua dos Carvões, Rua da
Assembleia, Federação, Corredor Da Vitória, Rua do Carmo, Santa Tereza,
Rua Guindastes do Padres, Fazenda Grande do Retiro, Rua Guedes Brito,
Uruguai, Bonfim, Coutos, Vitória, Chame-Chame.
Para compreender melhor os dados, sintetizam-se as informações em gráficos. O
gráfico a seguir mostra as subdivisões das taxes em cada natureza.
30%
70%Física
Antropocultural
Gráfico 1 – Natureza Toponímica
Como é possível verificar, no gráfico acima, os topônimos de natureza
antropocultural são mais acentuados nas nomeações dos bairros e ruas presentes na obra
Bahia de Todos os Santos ([1945] 2002), de Jorge Amado. Dentre os 108 topônimos
analisados, 76 ocorrências são de natureza antropocultural, perfazendo 70%, enquanto que
somente 32 ocorrências são de natureza física, totalizando 30%.
Dentre os topônimos de natureza física, encontram-se as seguintes classificações,
seguidas dos topônimos: Hidrotopônimos: Água dos Meninos, Itapagipe, Barra, Ondina,
Ribeira, Rio Vermelho, Rua Alagoinhas, Rua da Água do Gasto, Pernambués, Alagados;
Geomofotopônimo: Matatu de Brotas, Rua da Quebrança, Baixa dos Sapateiros;
Fitotopônimo: Massaranduba, Beiru, Canela, Peri-Peri, Rua Baguri, Rua da Amoreira,
170
Paripe, Campo Grande, Rua do Gravatá; Zootopônomo: Rua Cabuçu, Pirajá;
Litotopônimo: Barroquinha, Itapoã, Itacaranha, Rua Areia da Cruz de Cosme;
Meteorotopônimo: Rua do Fogo; Cardinotopônimo: Nordeste de Amaralina, Boca do
Rio, Rua Boca da Mata.
32%
9%
13%
28%
6%
9% 3%
Hidrotopônimo
Geomorfotopôni
mo
Litotopônimo
Fitotopônimo
Zootopônimo
Cardinotopônimo
Meteorotopônimo
Gráfico 2: Taxes de Natureza Física
Diante dos gráficos apresentados e de uma análise mais sistemática dos referenciais
toponímicos, dentro das taxes de natureza física, analisam-se os nomes de lugares que
tiveram como motivação elementos de ordem animal, vegetal, mineral, hidrográfica, a
posição geográfica e as formas topografias e formações litorâneas nomeias os lugares,
testemunhando a vontade primeira do nomeador. Essa escolha pode ser verificada na
maioria dos bairros da Cidade Baixa.
Dentre esses topônimos, os que tiveram mais ocorrências foram os hidrotopônimos,
com 32% das ocorrências, seguido dos fitotopônimos com 28%. Os litotopônimos
totalizaram 13%%, os geomorfotopônimos e os cardinotopônimos com 9% das ocorrências
cada um. Com menor número de ocorrências, aparecem os zootopônimos, com apenas 6%
e o meteorotopônimo, com 3%.
Os topônimos de natureza antropocultural apresentaram maior número de
incidência, como podem ser verificados nas seguintes classificações das taxes:
Antopotopônimo: Amaralina, Cosme de Farias, Barbalho, Garcia, Lobato, Rua Cosme de
Farias, Rua Apolinário Santana, Rua Augusto Guimarães, Rua Caio Moreira, Rua Carlos
171
Gomes, Rua Franco Valasco, Rua José Bahia, Coutos, Rua José Joaquim Seabra, Rua
Luiz Anselmo, Rua Norma Guimarães, Hagiotopônimo, Santo Antonio, São Caetano, São
Gonçalo, São Tomé de Paripe, Rua São Miguel, Rua São Francisco, Rua São Pedro, Santa
Tereza; Hierotopônimo: Brotas, Graça, Bonfim, Lapinha, Escada, Monte Serrat, Nazaré,
Pilar, Rua da Misericórdia, Vitória, Saúde, Soledade, Rua das Mercês, Rua dos Aflitos,
Rua do Carmo; Númerotopônimo: Rua dos Quinze Mistérios; Ergotopônimo: Barris,
Pelourinho, Plataforma, Rua Guindastes dos Padres, Rua do Gasômetro, Placa Ford;
Corotopônimo: Rua Chile, Rua Aracaju, Uruguai; Historiotopônimo: Rua da Forca, Rua
Ary Barroso, Rua Guedes de Brito, Rua Ruy Barbosa, Rua do Chega Negra; Federação,
Liberdade, Rua Bolivar das Flores; Somatotopônimo: Rua da Cabeça; Animotopônimo:
Rua Alegria do Paraíso; Rua da Agonia, Pituba, Piatã, Rua do Bom Marché;
Sociotopônimo: Rua dos Marchantes, Rua do Liceu, Engenho Velho de Brotas, Rua do
Jogo do Lourenço, Engenho Velho da Federação, Rua da Assembleia, Rua dos Carvões,
Fazenda Grande do Retiro; Hodotopônimo: Corredor da Vitória, Calçada;
Poliotopônimo: Cidade da Palha; Dirrematotopônimo: Rua Mata Maroto, Chame-
Chame.
20%
19%
11%1%8%4%
11%
1%
7%
11%3% 1% 3% Antropotopônimo
Hierotopônimos
Hagiotopônimo
Numerotopônimo
Ergotopônimo
Corotopônimo
Historiotopônimo
Somatopônimo
Animotopônimo
Sociotopônimo
Hodotopônimo
Poliotopônimo
Dirrematotopônimo
Gráfico 3 – Taxes de Natureza Antropocultural
Quanto às taxes de natureza antropocultural, os antropotopônimos tiveram uma boa
representação nas designações apresentadas, com um percentual de 20%. Nomear vias
públicas com designativos pessoais seja com prenomes ou apelidos de famílias é uma
prática comum e uma forma de garantir que a personalidade local permaneça na memória
172
coletiva da região por alguma razão específica. Dick (1990) chama atenção para a
importância dos topônimos dessa natureza:
Exercendo o papel de verdadeiros registros do cotidiano, revelando em atitudes e
posturas sociais, especificas de determinados grupos humanos, preservam, por
isso mesmo, a memória coletiva, principalmente nas sociedades ágrafas, onde
sua importância é muito notável pela ausência de outras fontes de análises.
(DICK, 1990, p. 286)
Os hierotopônimos se destacaram, com 19% das ocorrências. Essa preferência por
nomear os bairros e ruas com nomes de origem religiosa surgiu desde o início da
colonização dos espaços urbanos da cidade de Salvador e muitos desses nomes perduram
até os dias atuais na memória da população. Dick explica essa preferência no trecho que
segue:
“O Brasil nasceu sob o signo da fé”... A religiosidade se manifestou, de início, de
forma muito particular, na toponímia que as expedições de reconhecimento da
costa deixaram fixada nos acidentes avistados e que iam sendo nomeados
segundo os preceitos católicos romanos. (DICK, 1996, p. 148)
Os nomes de natureza religiosa, no período de formação da capital baiana,
demostram o pensamento da época em que se implantava a religiosidade cristão-católica,
resultando em diversas igrejas sob a proteção dos santos, tais como a de São Pedro, Santa
Tereza, São Miguel, dentre outras. Nessa perspectiva, os hagiotopônimos totalizaram um
percentual de 11%, conforme se pode verificar na maioria dos bairros da Cidade Alta.
Ainda em terceiro lugar, aparecem os sociotopônimos e os historiotopônimos, com
11% cada um. Com um número um pouco menor de ocorrências, aparecem os
ergotopônimos, com 8%. Em seguida, vêm os animotopônimos que somaram 7% das
ocorrências. Os corotopônimos, com 4%, os hodotopônimos e os dirrematopônimos, com
3% cada. E as menores ocorrências foram com 1% para os númerotopônimos, os
somatotopônimos e os poliotopônimos cada um.
Dentro as taxionomias propostas por Dick (citadas em 5.2), não foram encontradas
no corpus: astrotopônimos, cromotopônimo, morfototônimos e os dimensiotopônimos,
dentro do campo de natureza física. Já as taxionomias de natureza antropocultural não
173
foram encontrados topônimos que pudessem ser classificados como: cronotopônimos,
axiotopônimos, etnotopônimos, ecotopônimos.
Quanto à origem dos topônimos, percebe-se a predominância dos topônimos de
origem latina. Os topônimos de origem indígena e africana tiveram menor ocorrência.
Dos topônimos que mudaram de nome, aparece José Bahia que era chamada de
Beco do Padre e Rua Caio Moura que já foi chamada de Rua dos Carvões. A Rua Carlos
Gomes já foi chamada de Rua de Baixo, Baixa dos Sapateiros, como popularmente é
chamada, foi a antiga Rua da Vala e, hoje, é chamada de Rua José Joaquim Seabra. Houve
também a mudança ortográfica dos nomes dos bairros que aparecem na obra, a saber: Peri-
Peri atualmente escrito Periperi, Placa Ford, hoje escrito Placaford.
174
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o intuito de alcançar o objetivo geral da dissertação, que foi verificar o
vocabulário toponímico por meio da elaboração das fichas lexicográfico-toponímicas dos
nomes de bairros e ruas presentes na obra de Jorge Amado, intitulada Bahia de Todos os
Santos: guia de ruas e mistérios, a fim de verificar os motivos semânticos de cada “topos”,
apresentam-se as considerações finais dessa dissertação, após analisar os topônimos e os
dispor em fichas léxico-toponímicas em consonância com a teoria discutida ao longo deste
trabalho.
O princípio investigativo dessa pesquisa se amparou no seguinte questionamento: Como
o léxico, mas especificamente o léxico toponímico, representado em uma obra literária, pode
contribuir para a construção identitária do povo retratado em Bahia de Todos os Santos: guia
de ruas e mistérios, de Jorge Amado?
A fim de encontrar resposta para o questionamento acima, buscou-se conhecer o
contexto social, cultural e histórico da obra, a fim de verificar os ambientes que Jorge Amado
construiu a sua apresentação do livro-guia. Conhecendo os posicionamentos políticos e
ideológicos do autor, buscou-se compreender porque Jorge Amado escreveu um “guia” da
cidade do Salvador, vislumbrando as belezas e alertando sobre as mazelas para leitores-
visitantes.
Dentro do campo linguístico, buscaram-se embasamentos teóricos que subsidiassem a
compreensão entre língua, cultura e identidade. Fez-se, portanto, uma breve revisão sobre a
língua e sua relação com o social. As teorias das ciências onomásticas elucidaram a
compreensão sobre o nome, de modo particular, os nomes de lugares, os quais foram
fundamentais para compreender como os grupos sociais se organizam e relacionam, numa
intersecção línguocultural.
Por acreditar que cada nome de lugar pode revelar elementos singulares referentes à
comunidade linguística estudada, foi possível constatar o importante papel do léxico como
elemento retratador de realidades diversas, capaz de refletir saberes, culturas, identidades,
crenças e ideologias. Estudar esses elementos característicos de um povo por meio de
aspectos lexicais e, de maneira particular a partir do estudo dos nomes de lugares, permitiu
uma aproximação maior entre o real e o “topo”, pois foi possível evidenciar, também, a
realidade social, histórica e cultural de uma região, na medida em que revela características
175
singulares. Além de compreender o significado oculto de alguns nomes de lugares da cidade
de Salvador, em alguns topônimos foi possível trazer à tona, através de uma leitura mais
aprofundada, uma interpretação etimológica como foram os casos dos topônimos “Pirajá”,
“Matatu”, “Itapuã”, dentre outros. Dessa forma, foi possível perceber a relação com a cultura
do local.
A formação identitária de um povo parte também da linguagem e, nomear os espaços e
os meios sociais, é uma forma de evidenciar os pensamentos, as crenças, as condutas e
imprimir as identidades de cada ser, dentro de um contexto social, cultural e político. Com a
cidade do Salvador não foi diferente. Os primeiros a povoar esse espaço buscaram elementos
do seu entorno natural, mas principalmente se valeram de elementos da cultura local, nas
crenças, dos fatos históricos para nomear e tecer as redes de identificações com o outro.
Acredita-se que os resultados desta investigação já tornaram possíveis reflexões, pois, a
partir do estudo toponímico, percebe-se a relação quase que unívoca entre o nomeador e o
elemento nomeado, proporcionada tanto pela percepção do seu entorno quanto pela relação
cultural. Nesse momento, o linguístico e o extralinguístico se unem para representar a vontade
do denominador, que busca o nome “ideal” para tal espaço a partir do seu conhecimento de
mundo, mostrando valores que vão além do ato de nomear. Para tanto, o estudo do étimo se faz
necessário, no entanto o conhecimento da comunidade local é imprescindível para uma
compreensão mais ampla.
A partir da análise do corpus, verificou-se que, na denominação dos bairros e ruas,
há uma forte predominância de hidrotopônimos e fitotopônimos, para os nomes de
natureza física, os hierotopônimos e antropotopônimos de origem portuguesa para os
nomes de natureza antropocultural. Nisso, pode-se observar que, no ato de nomeação,
foram as diversidades da natureza que animaram o denominador, enquanto que, nos
aspectos antropoculturais, a religiosidade prevaleceu desde a formação da cidade, seguida
dos denominativos que buscam homenagear pessoas que contribuíram para o
desenvolvimento da mesma.
Ao longo deste trabalho, foram feitas algumas modificações no projeto inicial, desde o
título do projeto até ao número de topônimos que seriam analisados no corpus da pesquisa. A
proposta inicial era analisar todos os topônimos presentes na obra-guia, desde os becos, as
avenidas, as praças e outros. No entanto, pela amplitude do trabalho, o tempo não favoreceu
para que se realizasse tal abordagem.
176
Acredita-se que, por se tratar de um estudo inédito no programa de pós-graduação em
Estudos de Linguagem, da Universidade do Estado da Bahia, os resultados dessa dissertação
podem ajudar a compreender melhor a dinâmica dos nomes de lugares, bem como contribuir
com mais uma fonte de investigação para ajudar a divulgar os estudos topônimos na Bahia,
além de contribuir para a elaboração do Atlas Toponímico da cidade do São Salvador, um
dos projetos do Programa de Pós-Graduação, o qual essa dissertação está vinculada.
Com todas as discussões apresentadas, acredita-se que desenvolver o estudo dos
topônimos pode vir a ser um ganho sociocultural, pois se apresentam informações
históricas do lugar, a origem do topos, a natureza semântica que animou no ato de
nomeação, sobretudo, conhecer os aspectos linguísticos atrelados a uma obra literária que
conta “as graças da Bahia”.
Jorge Amado, em seu “guia de ruas e mistérios”, apresenta uma cidade hospedeira,
mística que, desde a sua formação, busca vencer dificuldades através da luta de sua gente
alegre, e que não perde a esperança de dias melhores. Bahia de Todos os Santos é uma
enciclopédia da cidade do salvador, do povo da Bahia.
Com todas as considerações apresentadas, certamente essa pesquisa não se esgota
neste trabalho. Esse foi apenas o início de um estudo que deverá ser aprofundado e
ampliado em investigações futuras.
Vem, a Bahia te espera!
177
REFERÊNCIAS
ABBADE, Celina Márcia de Souza. O estudo do léxico. In: TEIXEIRA, Maria da
Conceição Reis; QUEIROZ, Rita de Cássia Ribeiro de; SANTOS, Rosa Borges dos (Org.).
Diferentes perspectivas dos estudos filológicos. Salvador: Quarteto, 2006. p. 213-225.
________. A lexicologia e a teoria dos campos lexicais. Cadernos do CNLF. Rio de
Janeiro: CIFEFIL, v. XV, n. 5, t. 2., 2011, p. 1332-1343.
ALBINATI, Mariana. Assistir, Entrar em Cena ou Roubar a Cena? – Políticas
Culturais no Território de Alagados (Salvador-BA). / Mariana Albinati – 2010.
ALVES, Lizir Arcanjo. A cidade da Bahia no romance de Jorge Amado: dicionário
topográfico. Salvador: Casa de Palavras/FCJA, 2008.
AMADO, Jorge. Bahia de todos os santos: guia de ruas e mistérios. 42. ed. Rio de
Janeiro: Record, 2002.
AMADO, Paloma Jorge. Um canto de Amor à Bahia. Pósfácio. In. Bahia de Todos-os-
Santos: guia de ruas e mistérios. 1ª ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
ARAUJO, Jorge de Souza. Representações identitárias e memoriais na obra de Jorge
Amado: individuação, coletivismo e utopias lírico-libertárias. In.: FRAGA, Myrian;
FONSECA, Aleilton; HOISEL, Evelina (orgs). Jorge Amado: 100 anos escrevendo o
Brasil. Salvador: Casa de Palavras, 2013. v.1.
BALDINGER, K. Semasiologia e Onomasiologia. In.: Alfa, 9, FFCL de Marília, 1966, p.
7-36.
BASILIO, Margarida. Teoria Lexical. São Paulo: Ática, 1991.
BARATA, Carlos Eduardo, BUENO, Antonio Henrique da Cunha. Dicionário das
Famílias Brasileiras. Editora Ibero-America Comunicação e Cultura S. C. Ltda, s/a, v. 1.
BENVENISTE, E. Problemas de lingüística geral. Tradução de Maria da Glória Novak e
Luiza Neri. São Paulo: EDUSP, 1976. v.1.
BIDERMAN, M. T. C. In OLIVEIRA, Ana Maria Pinto Pires de; ISQUERDO, Aparecida
Negri. (Orgs.). As Ciências do Léxico: lexicologia, lexicografia, terminologia. 2. ed.
Campo Grande: UFMS, 1998. cap. 1, p.11-20.
__________________. A estrutura mental do léxico. In: Estudos de filologia e
lingüística. Homenagem a Isaac Nicolau Salum. São Paulo: T.A.Queiroz/Edusp, 1981.
BOURDIEU, Pierre. Economia das trocas linguísticas. In: ORTIZ, Renato (Orgs.) Pierre
Bourdieu - Sociologia. São Paulo: Ática, 1983.
178
BUENO, Silveira. Vocabulário tupi-guarani português. 5. ed. São Paulo: Brasilivros,
1982.
BURTIN-VINHOLES, S. Dicionário de Francês – Francês-Português/ Português-
Francês. 4ª ed. Porto Alegre: Globo, s/a.
CÂMARA JR., J. M. Princípios de Lingüística Geral: Como introdução aos estudos
superiores da Língua Portuguêsa. 2. ed., rev. e aument. Rio de Janeiro: Acadêmica, 1954.
____________. Dicionário de linguística e gramática: referente à língua portuguesa. 22
ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
CARVALHINHOS, Patrícia de Jesus. Interface onomástica/literatura: a toponímia, o
espaço e o resgate de memória na obra memórias da rua do ouvidor, de Joaquim Manuel de
Macedo. CIFEFIL Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos, Rio de
Janeiro: 2009.
CARVALHINHOS, Patrícia de J.; ANTUNES, Alessandra M. Princípios teóricos de
toponímia e antroponímia: a questão do nome próprio. Disponível em:
<http://www.filologia.org.br/xicnlf/2/09.htm>. Acesso em: 20 jul. 2012.
CARVALHO, Nelly. Palavras e prestígio social. In.: Crônicas do Cotidiano. Recife:
PPGL- UFPE, 2010. p. 47-49.
COSERIU, Eugenio. O homem e a sua linguagem. Rio de Janeiro, São Paulo:
Presença/Edusp, 1982.
COUTINHO, Nilton Ribeiro. Dicionário: palavras oriundas de línguas que mais
contribuíram para a formação da língua portuguesa falada no Brasil: africanas,
árabe, espanhola, francesa, inglesa, italiana e tupi. Editora: Salvador, 2010
CUNHA, Antônio Geraldo da. Dicionário histórico das palavras portuguesas de origem
tupi. 4ª Ed.. São Paulo: Companhia Melhoramentos; Brasília: Universidade de Brasília,
1999.
________, Antônio Geraldo da. Dicionário etimológico da língua portuguesa.Assistentes
Cláudio Mello Sobrinho... [et al.]. 3. ed. 2. imp. Rio de Janeiro: Lexicon Editora Digital,
2007.
DAUZAT, A. Les noms de lieux. Paris: Delagrave,1926.
DEP. CAIO MOURA. Disponível em: < http://www.al.ba.gov.br/deputados/Deputados-
Interna.php?id=587>. Acesso em: 09 jan. 2015.
DICK, M. Vicentina de P. do A. Os nomes como marcadores ideológicos. In: Acta
Semiótica et Lingvistca.SPPL – SP. Editora Plêiade, v.7, p. 97-122, 1998.
_______. A Motivação Toponímica e a Realidade Brasileira. São Paulo: Governo do
Estado de São Paulo. Edições Arquivo do Estado, 1990.
179
_______. Atlas toponímico do Brasil: Teoria e prática II. In.: Revista Trama. 2007, p.
141-155.
_______. O sistema onomástico: bases lexicais e terminológicas, produção e frequência.
In: OLIVEIRA, A. M. P. P. de; ISQUERDO, A. N. (Org.). As ciências do léxico:
lexicologia, lexicografia, terminologia. 2. ed. Campo Grande: Ed. UFMS, 2001. p. 79-90.
______. Toponímia e antroponímia do Brasil: coletânea de estudos. 3. ed. São Paulo:
Serviço de Artes Gráficas da FFLCH/USP, 1992.
______. A dinâmica dos nomes na cidade de São Paulo 1554 - 1897. São Paulo:
ANNABLUME, 1996.
DÓREA, Luiz Eduardo. Histórias de Salvador nos nomes das suas ruas. 1. ed. Salvador:
EDUFBA, 2006.
DOURADO, Lise Mary Arruda. Ifá lexical: o léxico de terreiro em Tenda dos milagres,
construção identitária do povo-de-santo. Dissertação (Mestrado em Estudo de Linguagens)
– Universidade do Estado da Bahia. Departamento de Ciências Humanas. Campus I,
Salvador, 2010.
DRUMOND, Carlos. Contribuição do Boroco à toponímia brasílica. São Paulo: Editora
da Universidade de São Paulo, 1965.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Aurélio Junior: Dicionário Escolar da Língua
Portuguesa. 2ª ed. Curitiba: Editora Positivo, 2011.
FREITAS, Adriana J. R. et al. Construção da identidade pela leitura da palavra.
Disponível em:
http://www.mackenzie.com.br/fileadmin/Pos_Graduacao/Doutorado/Letras/Cadernos/Volu
me_5/construcao_da_identidade_pela_leitura_da_palavra.pdf. Acesso em 30 de jul. 2012.
FRANCO VELASCO. Disponível em:
<http://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa23184/franco-velasco>. Acesso em: 09 jan.
2015.
GREGÓRIO, Irmão José. Contribuição Indígena ao Brasil. Vol II. Belo Horizonte:
União Brasileira de Educação e Ensino, 1980.
HALL, Stuart. Quem precisa de identidade?. In: SILVA, Tomaz Tadeu. Identidade e
diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000.
HOUAISS, Antônio; VILLAR , Mauro de Salles. Dicionário Houaiss da Língua
Portuguesa. Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia e Banco de Dados da Língua
Portuguesa S/C Ltda. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
ISQUERDO, A. N. O fato lingüístico como recorte da realidade sócio-cultural.
Araraquara-SP, Tese de Doutorado. UNESP, 1996.
LOBATO, Monteiro. No acampamento dos verbos. In.: Emília no país da gramática. 36
ed. São Paulo: Brasiliense, 1992.
180
MENEZES, Paulo Márcio Leal de; SANTOS, Cláudio João Barreto dos. Geonímia do
Brasil: reflexões e aspectos relevantes. Revista Brasileira de Cartografia, Rio de Janeiro,
v. 2, n. 58, p. 193-200, ago. 2006.
MANSUR GUÉRIOS, R. F. Nomes e Sobrenomes. São Paulo: Ave-Maria Editora, 1981.
MOURA, Terciana Vidal. Memória de Plataforma: o resgate de histórias de bairro, como
mecanismo de inclusão, identidade e participação social. In: MENEZES, Jaci Maria Ferraz
de (Org.). Educação na Bahia – Coletânea de textos. Projeto memória da educação na
Bahia. Salvador: EDUNEB, 2001.
OGDEN, C. K.; RICHARDS, I.A. O significado de significado: um estudo da influencia
da Linguagem sobre o Pensamento e sobre a Ciência do Simbolismo. Rio de Janeiro:
Zahar, 1976.
OLIVEIRA, Ana Maria Pinto Pires de; ISQUERDO, Aparecida Negri (Org.). As ciências
do léxico: lexicologia, lexicografia, terminologia. 2. ed.Campo Grande: UFMS, 2001, p. 9.
OLIVEIRA Adelaide P. de. O conceito de cultura e a identidade do falante de L2.
Disponível em: www.filologia.org.br/ileel/artigos/artigo_061.pdf. Acesso em 01 de ago.
2012.
PASSADO RESISTE FORTE NO BAIRRO DA SAÚDE. Disponível em:
<http://www.ibahia.com/detalhe/noticia/passado-resiste-forte-no-bairro-da-
saude/?cHash=3e6ba77be3a96afc46c31133887d2ee7> . Acesso em: 31 dez. 2014
PEIRCE, C. S. Semiótica e filosofia: textos escolhidos de Charles Sanders Peirce.
Tradução de Octanny Silveira da Mota e Leonidas Hegenberg. São Paulo: Cultrix, 1975.
PERNAMBUÉS. Disponível em: <
http://www.culturatododia.salvador.ba.gov.br/vivendopolo.php?cod_area=4&cod_polo=40
>. Acesso em 13 fev. 2015.
PESSOA DE CASTRO, Y. Falares Africanos na Bahia: um Vocabulário Afro-Brasileiro.
Rio de Janeiro: Topbooks, 2001.
PLATAFORMA. Disponível em <http://www.vertentes.ufba.br/bairro-plataforma>
Acesso em: 14 jan. 2015.
PROENÇA FILHO, Domício. Permanência de Jorge Amado. In.: FRAGA, Myrian;
FONSECA, Aleilton; HOISEL, Evelina (orgs). Jorge Amado: 100 anos escrevendo o
Brasil. Salvador: Casa de Palavras, 2013. v.1.
RAJAGOPALAN, Kanavillil. O conceito de Identidade em lingüística: é chegada a hora de
uma consideração radical? In: SIGNORINI, Inês (Org.). Língua (gem) e identidade:
elementos para uma discussão no campo aplicada.: São Paulo: Mercado de Letras, 1998.
181
RAMOS, Ana Rosa. Jorge Amado e os campos da produção cultural e política no Brasil
dos anos 30 a 50. In.: FRAGA, Myrian; FONSECA, Aleilton; HOISEL, Evelina (orgs).
Jorge Amado: 100 anos escrevendo o Brasil. Salvador: Casa de Palavras, 2013. v.1.
RIBEIRO, João Ubaldo. Jorge Amado e a invenção do Brasil (Dossiê Jorge Amado). In.:
Revista Brasileira. Academia Brasileira de Letras: Rio de Janeiro. Ano I, nº 73, p. 97-103,
2012. Disponível em:
http://www.academia.org.br/abl/media/revista%20brasileira%2073%20-
%20dossie%20jorge%20amado.pdf. Acesso em: 01 abr. 2014.
RISÁRIO, Antonio. Caymmi, uma utopia de lugar. São Paulo: Perspectiva, 1993.
ROUSSEAU, Jean Jacques. Ensaio sobre a origem das línguas. Trad. Fulvia M. L.
Moretto.3. ed. Campinas: Editora da Unicamp, 2008.
SANTOS, José Luiz dos. O que é cultura. São Paulo. Ed. Brasiliense, 5. ed. 1986.
SANTOS, Milton. O Centro da Cidade do Salvador: Estudo de Geografia Urbana. São
Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; Salvador: Edufba, 2008.
SANTOS, Elizabete, et al. O Caminho das Águas em Salvador: Bacias Hidrográficas,
Bairros e Fontes. Salvador: CIAGS/UFBA; SEMA, 2010.
SARTORI, Tríssia Ordovás. Ruas de minha cidade: um estudo hodonímico. 2010. 82f.
Dissertação (Mestrado em Letras, Cultura e Regionalidade): Universidade de Caxias do
Sul, Caxias do Sul, 2010.
SAUSSURE, F. de. Curso de Línguística Geral. Tradução de Antonio Chelini, José
Paulo Paes e Izidoro Blikstein. São Paulo, Cultrix, 1969.
SEABRA, M.C.T.C. A Formação e a fixação da língua portuguesa em Minas Gerais: a
toponímia da Região do Carmo. 2004. Tese (Doutorado em Estudos Lingüísticos) –
Faculdade de Letras, UFMG, Belo Horizonte.
_________. ATEMIG – Atlas toponímico do estado de Minas Gerais: variante regional
do atlas toponímico do Brasil. Disponível em:
<http://www.filologia.org.br/ileel/artigos/artigo_403.pdf>. Acesso em: 07 jul. 2014.
__________. de. Referência e onomástica, 2008. Disponível em:
<http://www.filologia.org.br/ileel/artigos/artigo_442.pdf>. Acesso em: 26 dez. 2013.
VASCONCELLOS, J. Leite. Opúsculos: Onomatologia. Coimbra: Imprensa da
Universidade, 1931. Vol. III.
VASCONCELOS, Claudia Pereira. Ser-tão baiano: o lugar da sertanidade na
Configuração da identidade baiana. Salvador: EDUFBA, 2012.
WAN-DALL JUNIOR, Osnildo Adão. Das narrativas literárias de cidades: experiência
urbana através do guia de ruas e mistérios da Bahia. 2013. Dissertação (Mestrado) -
Universidade Federal da Bahia, Faculdade de Arquitetura, UFBA, Bahia.