a teoria institucional aplicada à nova contabilidade pública

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1 A TEORIA INSTITUCIONAL APLICADA À NOVA CONTABILIDADE PÚBLICA: ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS EM MUNICÍPIOS DA GRANDE VITÓRIA/ES Clarissa Vassem Campos Graduanda em Ciências Contábeis Universidade Federal do Espírito Santo Janyluce Rezende Gama Mestre em Ciências Contábeis pela Fucape Business School Prof.ª do Departamento de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Espírito Santo RESUMO Este estudo investiga o processo de institucionalização da nova contabilidade pública nos municípios da Região Metropolitana da Grande Vitória no Espírito Santo (ES). Foram aplicados questionários aos servidores dos setores de contabilidade, financeiro e patrimônio das prefeituras de Cariacica, Guarapari, Serra e Vitória. A pesquisa foi baseada no Modelo de Tolbert e Zucker (1999) e procurou estudar o processo de convergência da contabilidade aplicada ao setor público em relação às fases sequenciais de institucionalização propostas: habitualização, objetificação e sedimentação. Os resultados, na perspectiva dos entrevistados, mostraram que nos municípios pesquisados foi detectado o estágio de habitualização (pré- institucionalização) e todas as suas variáveis, também foi constado a existência das variáveis da fase de sedimentação (total institucionalização). Porém não foi possível comprovar as variáveis de monitoramento interorganizacional e teorização, ambas do estágio de objetificação (semi-institucionalização). Observou-se ainda que o modelo teórico usado nesta pesquisa não é aplicável integralmente na área pública, já que mostra uma sequência evolutiva geralmente aplicada no setor privado. Espera-se que esta pesquisa contribua no processo de implementação da nova contabilidade aplicada ao setor público. Palavras-chave: Contabilidade Pública. Convergência. Institucionalização. Velha Economia Institucional.

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Page 1: a teoria institucional aplicada à nova contabilidade pública

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A TEORIA INSTITUCIONAL APLICADA À NOVA CONTABILIDADE

PÚBLICA: ESTUDO DE CASOS MÚLTIPLOS EM MUNICÍPIOS DA

GRANDE VITÓRIA/ES

Clarissa Vassem Campos

Graduanda em Ciências Contábeis

Universidade Federal do Espírito Santo

Janyluce Rezende Gama

Mestre em Ciências Contábeis pela Fucape Business School

Prof.ª do Departamento de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Espírito

Santo

RESUMO Este estudo investiga o processo de institucionalização da nova contabilidade

pública nos municípios da Região Metropolitana da Grande Vitória no Espírito Santo

(ES). Foram aplicados questionários aos servidores dos setores de contabilidade,

financeiro e patrimônio das prefeituras de Cariacica, Guarapari, Serra e Vitória. A

pesquisa foi baseada no Modelo de Tolbert e Zucker (1999) e procurou estudar o

processo de convergência da contabilidade aplicada ao setor público em relação às

fases sequenciais de institucionalização propostas: habitualização, objetificação e

sedimentação. Os resultados, na perspectiva dos entrevistados, mostraram que nos

municípios pesquisados foi detectado o estágio de habitualização (pré-

institucionalização) e todas as suas variáveis, também foi constado a existência das

variáveis da fase de sedimentação (total institucionalização). Porém não foi possível

comprovar as variáveis de monitoramento interorganizacional e teorização, ambas

do estágio de objetificação (semi-institucionalização). Observou-se ainda que o

modelo teórico usado nesta pesquisa não é aplicável integralmente na área pública,

já que mostra uma sequência evolutiva geralmente aplicada no setor privado.

Espera-se que esta pesquisa contribua no processo de implementação da nova

contabilidade aplicada ao setor público.

Palavras-chave: Contabilidade Pública. Convergência. Institucionalização. Velha

Economia Institucional.

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1. INTRODUÇÃO

Com o objetivo de reduzir divergências internacionais, facilitar a comunicação

e comparabilidade das informações contábeis, foi iniciado em 2008 no Brasil o

processo de convergência com as normas internacionais de contabilidade aplicadas

ao setor público.

O processo de convergência brasileiro aconteceu primeiramente no âmbito

empresarial, por meio das Leis 11.638/2007 e 11.941/2009, que alteraram a Lei das

Sociedades por Ações, o objetivo foi incorporar procedimentos e regras contábeis

contidas nas normas internacionais de contabilidade o International Financial

Reporting Standard (IFRS), publicados pelo International Accounting Standard Board

(IASB) (LEMES; CARVALHO, 2010).

Já as mudanças na contabilidade pública, aconteceram a partir da publicação

da Portaria nº 184/2008 do Ministério da Fazenda e a emissão das dez primeiras

Normas Brasileira de Contabilidade Aplicada ao Setor Público (NBC T SP) pelo

Conselho Federal de Contabilidade (CFC) (CFC, 2012a). As NBC T SP estão

conformidade com as normas internacionais de contabilidade aplicada ao setor

público, as International Public Sector Accounting Standard (IPSAS), o órgão que

publica as IPSAS é a International Federation of Accountants (IFAC) (CFC, 2012a).

Além das NBC T SP publicadas em 2008 notam-se progressos no cenário

brasileiro da contabilidade pública como as edições do Manual de Contabilidade

Aplicada ao Setor Público (MCASP) e o Manual de Demonstrativos Fiscais (MDF),

ambos elaborados pela Secretaria de Tesouro Nacional (STN). O Decreto

6.976/2009, que estabelece as atividades, finalidades, organização e competências

do Sistema de Contabilidade Federal. E o Decreto nº 7.185/2010 que regula “o

padrão mínimo de qualidade do sistema integrado de administração financeira e

controle, no âmbito de cada ente da Federação”.

Na medida em que as novas práticas contábeis são inseridas no âmbito

público, com suas mudanças, tende-se a surgir repercussões na estrutura

organizacional dos entes. A teoria institucional compreende a possibilidade da

mudança, enquanto uma alteração de padrões e regras assegura conformidades e

redução de riscos e incertezas (CARVALHO; ANDRADE; MARIZ, 2005).

Sob a ótica da teoria institucional, uma mudança só será bem-sucedida se for

institucionalizada, a prática que está sendo implementada passará por diferentes

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estágios de institucionalização, em conjunto, essas fases representam o processo

de institucionalização (AGUIAR et al., 2005).

A institucionalização para Tolbert e Zucker, constitui-se de processos

sequenciais divididos em três estágios: habitualização (pré-institucional),

objetificação (semi-institucional) e sedimentação (total institucionalização), cada

processo têm suas respectivas variáveis: habitualização - mudanças tecnológicas,

legislação e forças do mercado; objetificação - monitoramento interorganizacional e

teorização; sedimentação - impactos positivos, resistência de grupo e defesa de

grupo de interesse (TOLBERT; ZUCKER, 1999). As variáveis, tal como, os estágios

serão apresentados e analisados no decorrer deste artigo.

A falta de institucionalização das novas normas contábeis, pode originar

diversos prejuízos para o setor público. Primeiramente, visto todo o trabalho de

planejamento e desenvolvimento do novo arcabouço teórico da contabilidade

governamental, que tem consumido muitos recursos públicos por parte dos entes

reguladores, num esforço máximo para geração de conhecimento (SILVA, L. M. da.,

2012; CFC, 2012a). E segundo, porque devido aos prazos, vários sistemas já foram

desenvolvidos e alterados por parte dos órgãos executores, em todos os entes da

federação: União, Estados e Municípios, incluindo toda administração direta e

indireta (SILVA, L. M. da., 2012; CFC, 2012a). Por fim, a não institucionalização,

colocaria abaixo todo o esforço de alcançar uma administração pública mais

transparente, reduzindo divergências internacionais, facilitando a comunicação e

comparabilidade das informações contábeis (SILVA, L. M. da., 2012; CFC, 2012a).

Atentando-se a convergência das normas de contabilidade no setor público, a

teoria institucional e a institucionalização à luz do modelo teórico de Tolbert e Zucker

(1999), apresenta-se a pergunta que orienta esta pesquisa: Como vem ocorrendo

o processo de institucionalização da nova contabilidade pública nos

municípios da Região Metropolitana da Grande Vitória/ES? Para responder a

presente pergunta emerge-se o objetivo geral deste artigo: Analisar o processo de

institucionalização da nova contabilidade pública nos municípios da Região

Metropolitana da Grande Vitória/ES.

Diferentemente de estudos anteriores (AGUIAR, A. et al., 2005; LIMA, T. C. A.

et al., 2011) que aplicaram o modelo de Tolbert e Zucker (1999), este estudo utiliza o

modelo no setor público em diferentes prefeituras, uma vez que é incipiente a

literatura sobre o tema.

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Diante deste cenário, foi realizado um estudo de casos múltiplos nas

prefeituras de Cariacica, Guarapari, Serra e Vitória, todas integrantes da Região

Metropolitana da Grande Vitória/ES. Nos quatro municípios, os questionários foram

respondidos por funcionários dos setores de contabilidade, financeiro e patrimônio.

A partir do contexto vivenciado acerca do processo de convergência no país,

esta pesquisa se justifica e tem sua contribuição por tentar buscar respostas quanto

à institucionalização das novas normas de contabilidade pública no âmbito

municipal, a partir de um estudo em algumas prefeituras da Região Metropolitana da

Grande Vitória (ES).

As evidências indicam que diferentemente da realidade internacional, no

Brasil, pode-se verificar que as prefeituras pesquisadas se encontram habitualizadas

e sedimentadas, sem terem sido objetificadas, já que o monitoramento no setor

público fica a cargo do controle externo de forma ex-post.

Este artigo está dividido em cinco partes, incluindo esta introdução. A

segunda parte trata do referencial teórico que reúne a nova contabilidade pública e a

teoria institucional, dando ênfase ao processo de institucionalização proposto por

Tolbert e Zucker (1999). A terceira parte descreve a metodologia utilizada. Na quarta

parte é feita a análise da convergência nos municípios em relação ao modelo teórico

de Tolbert e Zucker (1999). Por fim, na quinta parte é apresentada a conclusão.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A Nova Contabilidade Pública

Sobre a nova contabilidade pública, um dos pontos centrais da transição é a

mudança do enfoque contábil, voltado do controle orçamentário para uma

contabilidade pública patrimonial (DARÓS; PEREIRA, 2009).

Para a implementação de uma contabilidade pública patrimonial, os

parâmetros a serem seguidos, encontram-se nas Normas Internacionais de

Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (International Public Sector Accounting

Standards - IPSAS), elaboradas pelo International Public Sector Accounting

Standards Board (IPSASB) da International Federation of Accountants (IFAC)

(MORAES; PLATT NETO, 2011).

Em relação às IPSAS, Soares e Scarpin (2010, p.2) afirmam:

De modo geral, as IPSAS objetivam a harmonização dos critérios de

reconhecimento de receitas e despesas, a avaliação de ativos e passivos, e

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também a forma de evidenciação da apuração do resultado do exercício, da

situação financeira e das mutações do patrimônio líquido.

A organização que emite as IPSAS, a IFAC, conta com 173 membros e

associados em 129 países. Os membros brasileiros na IFAC são o Instituto dos

Auditores Independentes do Brasil (IBRACON) e o Conselho Federal de

Contabilidade (CFC) (IFAC, 2013).

O CFC como membro da IFAC e órgão regulamentador das práticas

contábeis no Brasil, se encarregou de dar inicio a elaboração das Normas Brasileiras

de Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBC T SP) (DELAZARE; SOUZA;

GAMA, 2010).

Lima (2011, p. 381) discute que as NBC T SP “contemplam desde conceitos

básicos até regras de consolidação de balanços a serem observadas no setor

público brasileiro, incorporando parte dos fundamentos das normas internacionais de

contabilidade aplicadas ao setor público” e suas atualizações.

Conforme as Resoluções CFC consultas, as dez primeiras NBC T SP, foram

editadas pelo CFC no final de 2008. Em 2009, a Resolução CFC nº. 1.268, alterou,

incluiu e excluiu itens das NBC T 16.1, 16.2 e 16.6. E ao final de 2011 foi aprovada a

Resolução CFC nº 1.366, que instituiu a décima primeira NBC T SP (CFC, 2012b).

No quadro 1, estão relacionadas às onze primeiras Normas Brasileiras de

Contabilidade Aplicadas ao Setor Público (NBC T 16):

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QUADRO 1 – NBC T 16: NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE APLICADAS AO SETOR PÚBLICO

NBC T CONTEÚDO O QUE A NORMA ESTABELECE

16.1 Conceituação, objeto e

campo de aplicação

A conceituação, o objeto e o campo de aplicação da

Contabilidade Aplicada ao Setor Público.

16.2 Patrimônio e sistemas

contábeis

O conceito de patrimônio público, sua classificação sob o

enfoque contábil, o conceito e a estrutura do sistema de

informação contábil.

16.3

Planejamento e seus

instrumentos sob o

enfoque contábil

As bases para controle contábil do planejamento

desenvolvido pelas entidades do setor público, expresso em

planos hierarquicamente interligados.

16.4 Transações no setor

público

Conceitos, natureza e tipicidades das transações no setor

público.

16.5 Registro contábil

Critérios para o registro contábil dos atos e dos fatos que

afetam ou possam vir a afetar o patrimônio das entidades do

setor público.

16.6 Demonstrações

contábeis

As demonstrações contábeis a serem elaboradas e

divulgadas pelas entidades do setor público.

16.7

Consolidação das

demonstrações

contábeis

Conceitos, abrangência e procedimentos para consolidação

das demonstrações contábeis no setor público.

16.8 Controle interno

Referenciais para o controle interno como suporte do sistema

de informação contábil, no sentido de minimizar riscos e dar

efetividade às informações da contabilidade, visando

contribuir para o alcance dos objetivos da entidade do setor

público.

16.9 Depreciação,

amortização e exaustão

Critérios e procedimentos para o registro contábil da

depreciação, da amortização e da exaustão.

16.10

Avaliação e mensuração

de ativos e passivos em

entidades do setor

público

Critérios e procedimentos para a avaliação e a mensuração

de ativos e passivos integrantes do patrimônio de entidades

do setor público.

16.11

Sistema de informação

de custos do setor

público

A conceituação, o objeto, os objetivos e as regras básicas

para mensuração e evidenciação dos custos no setor público

e apresentado, nesta Norma, como Sistema de Informação

de Custos do Setor Público (SICSP).

Fonte: Elaboração própria, baseada nas Resoluções CFC 1.128/2008 a 1.137/2008; 1.268/2009; 1.366/2011.

Sobre a harmonização das normas do CFC com outros órgãos, em alguns

casos, busca-se harmonização com os dispositivos originados de órgãos

reguladores, no caso do setor público, a harmonização é com as normas e

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orientações da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e dos Tribunais de Contas

(CFC, 2008).

A respeito da STN, com a Portaria do Ministério da Fazenda nº 184/2008, que

determinou a necessidade de adoção de medidas para adequar às normas

brasileiras de contabilidade pública às internacionais e o Decreto 6.976/2009, que

estabelece as atividades, finalidades, organização e competências do Sistema de

Contabilidade Federal (STN, 2012c). A STN ficou responsável por promover a busca

da convergência aos padrões internacionais de contabilidade no âmbito público,

respeitando os aspectos formais e conceituais estabelecidos na legislação vigente

(STN, 2012a).

Conforme Lima (2011, p. 340), para promover tal busca:

Desde o ano de 2008, a STN vem publicando o Manual de Contabilidade

Aplicada ao Setor Público (MCASP), cujas partes, entre outras, abordam os

Procedimentos Contábeis Patrimoniais (PCASP) e as Demonstrações

Contábeis Aplicadas ao Setor Público (DCASP).

Em essência, os volumes contemplados no MCASP buscam migrar a

cultura contábil orçamentária existente no Setor Público brasileiro para a

cultura contábil patrimonial e contribuir para o processo de convergência

aos padrões internacionais de Contabilidade.

Além do MCASP, há o Manual de Demonstrativos Fiscais (MDF) também

elaborado pela STN, que segundo STN (2012b, p. 22) estabelece:

[...] regras de harmonização a serem observadas, de forma permanente,

pela Administração Pública para a elaboração do Anexo de Riscos Fiscais

(ARF), do Anexo de Metas Fiscais (AMF), do Relatório Resumido da

Execução Orçamentária (RREO) e do Relatório de Gestão Fiscal (RGF), e

define orientações metodológicas, consoante os parâmetros definidos pela

Lei Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000, intitulada Lei de

Responsabilidade Fiscal – LRF.

Os pilares para elaboração do MCASP e o MDF, são as recomendações dos

Grupos Técnicos. Estes Grupos têm principalmente caráter técnico e consultivo, que

se manifestam por meio de recomendações, e devem ser norteados pelo diálogo

permanente, tendente a reduzir divergências, em benefício da transparência da

gestão fiscal, da racionalização de custos nos entes da Federação e do controle

social (STN, 2012a). Há três grupos: Grupo Técnico de Padronização de

Procedimentos Contábeis (GTCON), o Grupo Técnico de Padronização de

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Relatórios (GTREL) e o Grupo Técnico de Sistematização de Informações Contábeis

e Fiscais (GTSIS) (STN, 2012a).

Além das atividades descritas anteriormente, é também a Secretaria que

estipula os prazos referentes à adoção das novas políticas contábeis públicas, como

as Portarias nº 828/2011 e 231/2012, o prazo máximo para a implementação nos

municípios será até 2014 (STN, 2012a).

Entre as mudanças contempladas nas NBC T SP e MCASP, não apenas para

os Municípios, mas também para a União e Estados, Lima (2011, p. 357) destaca:

Adoção do regime contábil competência integral; adoção de plano de contas

único nacional; implantação de novos procedimentos contábeis

patrimoniais, tais como depreciação, amortização, exaustão, provisões,

reavaliações, entre outros; alteração e inclusão de novas demonstrações

contábeis; e implantação de sistema de custos.

Porém, para que tais mudanças possam ocorrer nos municípios, é necessário

um programa sistemático em que os estados menores e municípios, tenham a

oportunidade e capacidade para implementar essa nova contabilidade com a

conscientização por parte dos órgãos de controle externo de assumir uma política de

educar e não de punir neste início de processo (MACÊDO et al., 2010).

2.2 Teoria Institucional

Dentro das abordagens organizacionais, a teoria institucional proporciona

importantes cooperações, já que um empreendimento não resulta apenas das ações

humanas projetadas e planejadas, mas também de outras interações no contexto

cultural e político, além de outros processos como os cognitivos, simbólicos e sociais

(BARBOSA NETO; COLAUTO, 2010).

Apresentando sua importância, para Machado-da-Silva e Gonçalves (1999, p.

220) a teoria institucional constitui:

[...] o resultado da convergência de influências de corpos teóricos originários

da ciência política, da sociologia e da economia, que buscam incorporar em

suas proposições a ideia de instituições e de padrões, de comportamento,

de normas de valores, de crenças e de pressupostos, nos quais encontram-

se imersos indivíduos, grupos e organizações.

Por apresentar diversas raízes filosóficas, a teoria institucional, pode ser

dividida em três vertentes: Nova Economia Institucional (New Institutional

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Economics), Nova Sociologia Institucional (New Institutional Sociology) e Velha

Economia Institucional (Old Institutional Economics) (BURNS; SCAPENS, 2000).

Para esta pesquisa, particulariza-se o enfoque na Velha Economia

Institucional.

2.2.1 VELHA ECONOMIA INSTITUCIONAL (VEI)

Sob a ótica da VEI, a instituição é o principal objeto de análise, diferente do

aceito na teoria neoclássica, onde o principal era o comportamento racional e

maximizador dos indivíduos tomadores de decisão, portanto o conceito de instituição

se torna relevante (REIS, 2008).

A idéia de instituição mais aplicada para a VEI foi dada por Hamilton em 1932,

que considera instituição como “uma forma de pensar ou agir que prevalece e

permanece que é incorporado nos hábitos de um grupo ou nos costumes de um

povo” (BURNS; SCAPENS, 2000).

Além das instituições, os hábitos e rotinas também são importantes para

entender os principais elementos da dimensão institucional (GUERREIRO, PEREIRA

E REZENDE, 2006).

Os hábitos são de natureza pessoal, as rotinas podem abranger grupos e os

dois constituem as instituições (SCAPENS, 1994). Os hábitos são institucionalizados

e as rotinas são formalizadas (SCAPENS, 1994). As instituições podem ser

consideradas como imponentes e com coerência social na condição humana, por

meio da produção e da reprodução dos hábitos do pensamento e da ação

(SCAPENS, 1994). Além disso, as instituições são consideradas como regras que

definem as modalidades apropriadas, legitimando as ações previstas ou o

relacionamento social (SCAPENS, 1994).

Entendido a relação entre as instituições, hábitos e rotinas; em seguida será

apresentado como ocorre à institucionalização sob a perspectiva Tolbert e Zucker

(1999), para tal processo são utilizados conceitos e idéias da VEI.

2.2.1.1 Modelo de Tolbert e Zucker (1999)

A respeito do processo de institucionalização Holanda (2003, p. 29) discorre:

“entende-se por institucionalização o processo de transformar crenças e ações em

regras de conduta social”.

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No modelo de Tolbert e Zucker (1999), são descritos os processos inerentes à

institucionalização, a partir do trabalho de Berger e Luckmann (1967), onde a

institucionalização foi entendida como processo principal na formação e

perpetuidade de grupos sociais duradouros. Entre os estudos que contribuíram para

este modelo estão: Berger e Luckmann (1954), Schutz (1962; 1967), Zucker (1977),

Coleman (1980), Nelson e Winter (1982), Tolbert e Zucker (1983), Zucker (1991) e

Tolbert (1988).

No artigo base desta pesquisa “A Institucionalização da Teoria Institucional”

(The Institutionalization of Institutional Theory), as autoras segmentaram o processo

de institucionalização em três estágios: habitualização, objetivação e sedimentação.

A seguir, a figura 1, mostra as três fases do processo de institucionalização e as

forças causais nas diferentes fases do processo:

FIGURA 1 – PROCESSOS INERENTES À INSTITUCIONALIZAÇÃO

Fonte: Tolbert e Zucker (1999, p. 207).

Sobre o primeiro estágio, a habitualização, Tolbert e Zucker (1999, p. 206)

descrevem:

Em um contexto organizacional, o processo de habitualização envolve a

geração de novos arranjos estruturais em resposta a problemas ou

conjuntos de problemas organizacionais específicos e a normalização de

tais arranjos em políticas e procedimentos de uma dada organização, ou um

Legislação Forças do mercado

Habitualização Sedimentação

Inovação

Objetificação

Monitoramento interorganizacional

Teorização Impactos positivos

Defesa de grupo de interesse

Mudanças tecnológicas

Resistência de grupo

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conjunto de organizações que encontrem problemas iguais ou semelhantes.

Estes processos resultam em estruturas que podem ser classificadas como

um estágio de pré-institucionalização.

Os mais importantes fatores que levam as organizações à inovação e

consequentemente ao processo de habitualização, segundo Aguiar et al. (2005, p. 7)

são:

[...] mudanças tecnológicas, ou seja, reorientação técnica ou tecnológica;

legislação, representando novos arranjos jurídicos que podem provocar

maior ou menor receptividade por parte das organizações; e forças do

mercado, decorrentes de fatores econômicos.

O próximo estágio é a objetificação, consideram que ela abrange o

desenvolvimento de consenso social entre os decisores da organização sobre o

valor da estrutura, e a crescente adoção pelas organizações (TOLBERT; ZUCKER,

1999). Sendo um dos componentes-chave do processo de institucionalização, para

Quinello e Nascimento (2009, p. 11) na objetificação “a busca por um estágio mais

consolidado e permanente acompanha o processo de difusão da nova estrutura, em

resposta aos novos desafios”.

Neste estágio, são identificadas duas fontes para que este processo possa

ocorrer, por meio de mecanismos diferentes, mas não necessariamente

desvinculados: monitoramento interorganizacional e a teorização (REZENDE, 2009).

No monitoramento interorganizacional, segundo Tolbert e Zucker (1999, p.

207): “[...] as organizações podem utilizar evidências colhidas diretamente de uma

variedade de fontes (noticiários, observação direta, cotação acionária, etc.) para

avaliar os riscos de adoção da nova estrutura.” Graeff (2005, p.29), ainda considera

que:

Neste sentido, pode ser considerada como resultado dos esforços para

aumentar a competitividade relativa aos concorrentes e com isso facilitar a

adoção da nova estrutura, uma vez que, quando a estrutura está

disseminada, é mais provável que seja percebida como uma escolha ótima,

pois reduz o grau de incertezas.

Já a teorização, ocorre por meio dos denominados champions1, que são as

pessoas com interesse material na estrutura (VENTURA, 2005). Segundo Tolbert e

Zucker (1999, p. 208), os champions realizam duas grandes tarefas da teorização:

1 Nomenclatura da literatura de mudança organizacional.

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[...] a definição de um problema organizacional genérico, que inclui a

especificação de um conjunto ou categoria de atores organizacionais

caracterizados pelo problema; e (2) justificação de um arranjo estrutural

formal particular como a solução para o problema com bases lógicas ou

empíricas.

Ventura (2005, p. 46) ainda ressalta que: “estas duas tarefas de teorização

atribuem à estrutura uma legitimidade cognitiva e normativa geral, alavancando a

disseminação do modelo estrutural entre as organizações, e tornando-o mais

homogêneo e duradouro do que na fase anterior”.

Tolbert e Zucker (1999, p. 209) também discorrem que “estruturas que se

objetificaram e que se tornaram razoavelmente difundidas podem ser descritas como

estando no estágio de semi-institucionalização”.

A institucionalização total ocorre com o estágio de sedimentação, Tolbert e

Zucker (1999, p. 209) definem: “[...] um processo que fundamentalmente se apóia na

continuidade da estrutura e, especialmente, na sua sobrevivência através de

gerações de membros da organização”. Sendo o último estágio, é a continuidade da

estrutura por um período de tempo relativamente longo (SANTOS, 1999).

Para a sedimentação, Aguiar et al. (2005, p. 8) identificaram os três principais

fatores: “impactos positivos – resultados demonstráveis associados à estrutura;

resistência de grupo – pessoas que são afetadas adversamente pela estrutura;

defesa de grupo de interesse – pessoas que são favoráveis às mudanças na

estrutura”.

Frezatti, Aguiar e Rezende (2007, p.146) destacam que no modelo proposto

por Tolbert e Zucker (1999) “a sedimentação somente ocorre quando os fatores

motivadores da mudança superam os fatores inibidores dessa mudança, em cada

estágio do processo”.

A respeito da aplicabilidade do modelo, a vantagem dele é que reuni

elementos do ambiente externo (mudanças tecnológicas, legislação e forças de

mercado) no processo de mudança. E esses fatores poderão ser debatidos em

futuros estudos à luz do ambiente brasileiro (FREZATTI et al., 2009).

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3. METODOLOGIA

As tipologias de delineamento de pesquisa que se acredita mais aplicáveis à

área do conhecimento contábil estão agrupados em três categorias, a pesquisa

quanto aos: objetivos, abordagem do problema e procedimentos (BEUREN et al.

2003).

Quanto aos objetivos da presente pesquisa é de natureza exploratória,

caracteriza-se por investigar acerca do processo de institucionalização, nos

municípios de Cariacica, Guarapari, Serra e Vitória/ES à luz do modelo teórico de

Tolbert e Zucker (1999). Quanto à abordagem do problema, trata-se de pesquisa

qualitativa. Em relação aos procedimentos, pesquisa bibliográfica e documental,

realizada por meio de estudos de caso múltiplos.

O levantamento de dados foi feito por meio de questionário aplicado aos

profissionais dos setores de contabilidade, financeiro e de patrimônio das

prefeituras. Esses questionários foram aplicados no período de 3 de abril a 29 de

maio de 2012. O questionário é composto por 3 blocos: perfil, processo de

convergência e institucionalização. O primeiro bloco corresponde ao perfil dos

respondentes, composto de perguntas abertas e escalas nominais, permitindo assim

identificação de categorias. Já o bloco II, procura-se identificar o nível de

conhecimento dos servidores ao processo de convergência, composto por escala

ordinal, ocasionando diferenciar os patamares. E, por último, no terceiro bloco se

busca informações quanto à instituição e como está se adequando à nova

contabilidade pública, para esse bloco foram elaboradas perguntas fechadas.

Adotou-se o procedimento de amostragem não probabilística e intencional,

dado a oportunidade de acesso às pessoas responsáveis por implementar o

processo de aplicação das novas normas. Da amostra selecionada de 112

servidores, obteve-se um retorno de 30 respondentes, o que corresponde a um

percentual de 27%.

3.1 Descrição e caracterização do objeto de estudo

O Estado do Espírito Santo, possui 78 municípios com o total de 3.514.952

habitantes e um Produto Interno Bruto (PIB) de R$ 82.121.834.000,00 (IBGE 2010;

INSTITUTO JONES DOS SANTOS NEVES - IJSN, 2010). O objeto de estudo desta

pesquisa, foi a partir de quatro prefeituras da Região Metropolitana da Grande

Page 14: a teoria institucional aplicada à nova contabilidade pública

14

Vitória: Cariacica, Guarapari, Serra e Vitória. Na tabela 1, estão relacionados a

população e o PIB das cidades:

TABELA 1 – POPULAÇÃO E PIB DAS PREFEITURAS PESQUISADAS

MUNICÍPIO CARIACICA GUARAPARI SERRA VITÓRIA

População:

(em habitantes) 348.738 105.286 409.267 327.801

PIB:

(em R$) 4.904.147.000,00 1.059.802.000,00 12.703.017.000,00 24.969.295.000,00

Fonte: Elaboração própria, baseada no IBGE – Censo (2010) e IJSN – Estudos Macroeconômicos (2010).

Com uma população de 1.687.704 de habitantes na Grande Vitória, observa-

se que o total dos municípios pesquisados é de 1.191.092 habitantes, o que

corresponde a 70,57% da Região Metropolitana e 33,88% do Estado. Quanto ao

PIB, os municípios pesquisados correspondem a 84,13% da Grande Vitória e

63,15% do PIB do Estado.

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

Conforme já apresentado, a pesquisa aplicou questionários aos profissionais

da área contábil, financeira e de patrimônio nas prefeituras. A amostra nas

prefeituras foi de 112 profissionais, sendo em Cariacica 21 funcionários, Guarapari

19, Serra 25 e na capital Vitória 45 servidores. A tabela 2 apresenta a amostragem

em cada setor das prefeituras:

TABELA 2 - AMOSTRAGEM POR MUNICÍPIO

SETOR CARIACICA GUARAPARI SERRA VITÓRIA

Contabilidade: 5 5*

1 4

Financeiro: 2 2 5

Patrimônio: 2 2 1 2

TOTAL 9 7 4 11

Fonte: Elaboração própria, a partir dos dados da pesquisa.

* Observação: Na Prefeitura Municipal de Guarapari não há distinção entre os setores Contábil e Financeiro.

4.1 Análise do Bloco I - Perfil dos respondentes

Com o objetivo do conhecimento acerca do cenário a ser aplicado, o bloco I

apresenta o perfil dos servidores municipais, em relação ao tempo no setor, à

formação e se possuía cargo de chefia. Dentre o grupo pesquisado, apurou-se que

57% dos servidores estão no setor há até 5 anos, 17% de 5 a 10 anos, 10% com 10

a 15 anos e 17% tem mais 15 anos. Sobre a escolaridade, 50% possuem

Page 15: a teoria institucional aplicada à nova contabilidade pública

15

graduação, 30% têm especialização e 20% classificaram sua formação em outros.

Por fim, 63% dos respondentes tinham cargo de chefia. Então conclui-se que a

maioria dos respondentes está há até 5 anos no setor, são graduados e tem cargo

de chefia.

4.2 Análise do Bloco II - Processo de Convergência

O bloco II procura verificar o nível de conhecimento dos funcionários quanto

ao processo de convergência na contabilidade pública, as respostas foram por meio

de escala que compreende notas de zero a dez, a nota zero atribuída para nenhum

conhecimento até nota dez que demonstra total conhecimento sobre o assunto. A

tabela 3 apresenta o resultado obtido nesta etapa, os percentuais em negrito são

onde obteve-se maior número de respondentes.

Page 16: a teoria institucional aplicada à nova contabilidade pública

16

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Examina-se que o processo de convergência iniciou em 2008 com as normas

brasileiras de contabilidade aplicadas ao setor público, porém em 2012 muitos ainda

o desconhecem.

Em relação as respostas obtidas na análise do bloco II, foi possível verificar

que existe preocupação em relação aos prazos de implementação das novas

normas, porém, há um desconhecimento do processo de convergência como um

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laboração própria, a partir dos dados da pesquisa.

Page 17: a teoria institucional aplicada à nova contabilidade pública

17

todo. Este fato mostra que os atores envolvidos podem estar institucionalizando um

processo que não conhecem.

Sobre os resultados em cada município, destaca-se Vitória como a prefeitura

onde os respondentes atribuíram as maiores notas em todas as perguntas do bloco,

comparando com as demais. Ressalta-se também que quanto ao conhecimento e

importância das IPSAS, a Prefeitura de Vitória foi a única onde nenhum funcionário

considerou nota zero, ou seja, nenhum conhecimento. Enquanto as IPSAS parecem

ser um assunto fora do cotidiano dos servidores municipais, não se pode dizer o

mesmo em relação ao prazo estipulado pela STN para a implantação das

alterações, observa-se que foi apresentada ao menos uma nota dez em todas as

quatro prefeituras.

4.3. Análise do Bloco III – Processo de Institucionalização à luz do

Modelo de Tolbert e Zucker (1999)

O terceiro bloco refere-se à institucionalização, as perguntas foram

elaboradas a partir do estudo de Tolbert e Zucker (1999), atentando-se aos estágios

de habitualização, objetificação e sedimentação. Este bloco foi composto por 26

perguntas fechadas com as opções “sim”, “não” e “não sei”. Para a análise foram

escolhidas 15 questões, estas, melhor representam diretamente as variáveis de

cada fase do processo de institucionalização, que no decorrer dos estágios serão

evidenciadas a relação entre o modelo teórico de Tolbert e Zucker (1999) e as

questões respondidas.

4.3.1 HABITUALIZAÇÃO OU PRÉ-INSTITUCIONALIZAÇÃO

Frezatti, Aguiar e Rezende (2007, p. 146) discorrem que esse estágio “[...]

decorre da necessidade de inovar. Novos arranjos estruturais são constituídos às

forças do ambiente institucional”. Essa inovação nos municípios veio a partir da

necessidade de convergência das normas brasileiras às normas internacionais de

contabilidade aplicadas ao setor público. Na tabela 4 estão listados os itens “11”,

“12”, “13”, “14” e “19” do questionário, de acordo com a etapa de pré-

institucionalização.

Page 18: a teoria institucional aplicada à nova contabilidade pública

18

TABELA 4 – PERGUNTAS DE HABITUALIZAÇÃO ANALISADAS

HABITUALIZAÇÃO SIM NÃO NÃO SEI

11. O órgão em que trabalho já possui sistema de informática

contábil alinhados com as alterações exigidas para o plano de

contas e demonstrações contábeis?

93% 7% -

12. O órgão em que trabalho possui sistema de informática

integrado entre a contabilidade e os demais setores: almoxarifado,

patrimônio, recursos humanos, etc?

93% 4% 3%

13. O órgão em que trabalho adquiriu ou está à procura de um

novo sistema de informática? 24% 48% 28%

14. O órgão em que trabalho está alterando o sistema de

informática para atender a nova legislação da contabilidade

pública?

62% 14% 24%

19. O órgão que trabalho realiza treinamentos aos servidores para

adequação a essas mudanças? 59% 27% 14%

FONTE: Elaboração própria, a partir dos dados da pesquisa.

Conforme já mencionado, as variáveis que conduzem as entidades à

inovação e consequentemente ao processo de habitualização são mudanças

tecnológicas, legislação e forças do mercado (TOLBERT; ZUCKER, 1999). Adiante

as variáveis, seus fatores inibidores / motivadores e resultados identificados:

a. Mudanças tecnológicas - Adequação dos sistemas municipais de acordo com

a nova legislação, como mostra o Decreto nº 7.185/2010 que regula: “[...] o

padrão mínimo de qualidade do sistema integrado de administração financeira

e controle, no âmbito de cada ente da Federação [...]”. E a Lei Complementar

nº 131/2009, que alterou a Lei Complementar nº 101/20002, e conforme o

Portal da Transparência de Goiânia, foi o marco legal para a criação dos

portais da transparência em todos os entes da União. As perguntas do

questionário relacionadas a este fator são os itens “12” e “13”.

b. Legislação - A mudança das leis no âmbito público, que teve como inicio a

Portaria nº 184/2008 do Ministério da Fazenda. Convém também citar as NBC

T SP editadas pelo CFC e o MCASP elaborado pela STN. As questões “11” e

“14” são representativas da legislação.

c. Forças do mercado - Necessidade de preparar os servidores municipais para

executar as mudanças ocorridas a partir das mudanças tecnológicas e de

2 Lei Complementar nº 101/2000, mais conhecida como a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Page 19: a teoria institucional aplicada à nova contabilidade pública

19

legislação. Partindo dessa necessidade, são realizados os treinamentos em

parceria com entidades como a STN e o CFC. A variável é representada no

item “19”.

Através dos resultados obtidos por meio das perguntas na fase de pré-

institucionalização, observa-se que todas as respostas encontram-se

correlacionadas e diante destas inovações foi possível “habitualizar” as mudanças

da contabilidade pública nas prefeituras.

4.3.2 OBJETIFICAÇÃO OU SEMI-INSTITUCIONALIZAÇÃO

Tendo sido habitualizado o processo de convergência, a próxima fase é a

objetificação que conforme Tolbert e Zucker (1999, p.207): “[...] envolve o

desenvolvimento de certo grau de consenso social entre os decisores da

organização a respeito do valor da estrutura, e a crescente adoção pelas

organizações.” No processo de convergência público, não é possível que os

gestores entrem em consenso para adoção ou não, já que não há a opção de uma

não adoção, visto que a mudança é obrigatória para todos os órgãos do país,

inclusive as prefeituras municipais. Ao invés de os gestores decidirem se implantam

ou não a nova contabilidade pública, o que resta a eles é decidir qual a melhor forma

de fazerem tais mudanças. E quanto à adoção pelas organizações, destacam-se

casos bem sucedidos de adoção das IPSAS nos países: Austrália, Canadá, Estados

Unidos, Nova Zelândia e Reino Unido (GRECO, 2008). Na tabela 5, estão listadas

os itens “4”, “5”, “9”, “10” e “24” do questionário com mais identificação com este

estágio.

Page 20: a teoria institucional aplicada à nova contabilidade pública

20

TABELA 5 – PERGUNTAS DE OBJETIFICAÇÃO ANALISADAS

OBJETIFICAÇÃO SIM NÃO NÃO SEI

4. O órgão em que trabalho já recebeu orientação do Tribunal de

Contas sobre o assunto? 41% 38% 21%

5. O contador do órgão em que trabalho já recebeu visita da

fiscalização do Conselho Federal de Contabilidade (CFC)? 24% 14% 62%

9. O órgão em que trabalho contratou avaliador independente para

realizar os ajustes no patrimônio público? 17% 24% 59%

10. O órgão em que trabalho contratou consultoria especializada

sobre as alterações no setor público? 31% 31% 38%

24. Considero que o órgão que trabalho vem tendo reuniões com

outros setores a respeito das mudanças que já foram feitas e que

serão feitas?

76% 14% 10%

FONTE: Elaboração própria, a partir dos dados da pesquisa.

A passagem para a semi-institucionalização é por meio de duas variáveis:

monitoramento interorganizacional e teorização (TOLBERT; ZUCKER, 1999). Abaixo

as variáveis e seus fatores inibidores / motivadores identificados:

a. Monitoramento interorganizacional - Comunicação junto a outros setores e

órgãos fiscalizadores, com objetivo de obter informações e novidades a

respeito da adoção da nova contabilidade pública. Os itens “4”, “5” e “24” do

questionário representam essa variável.

b. Teorização - Identificação dos problemas e a busca de soluções, por meio do

champions, que seriam os gestores, para que a implementação das novas

ferramentas possa ocorrer de forma eficiente. Então faz-se necessário auxilio

de consultorias de profissionais externos. As questões que representam à

variável são “9” e “10”.

Diante dos resultados da amostra, as variáveis ainda não estão

correlacionadas entre si, devido à falta de ambas (monitoramento e teorização) nos

municípios. Sobre o monitoramento interorganizacional observa-se que os itens que

estão ligados ao ambiente externo, nesse caso órgãos fiscalizadores (Tribunal de

Contas e CFC), há uma falta de consenso e desconhecimento nas respostas, o que

aponta que a maioria dos servidores ainda não teve contato com tais órgãos,

lembrando que o CFC seria apenas para os setores de contabilidade. Já a relação

entre o monitoramento interorganizacional e o ambiente interno, mostra-se que vem

ocorrendo de acordo com o item “24” do questionário.

Page 21: a teoria institucional aplicada à nova contabilidade pública

21

Por fim, sobre a falta de teorização, os champions (as pessoas com interesse

material na estrutura) não realizaram as atividades de teorização para a adoção da

nova contabilidade pública, estas atividades seriam a respeito das decisões de como

fazer as mudanças.

Para que ocorra o monitoramento e a teorização, é necessário o apoio e

utilização de ferramentas externas ao âmbito municipal, tais como o Tribunal de

Contas, CFC, pesquisadores e consultores independentes. Portanto ainda não é

possível “objetificar” o processo de convergência.

4.3.3 SEDIMENTAÇÃO OU INSTITUCIONALIZAÇÃO TOTAL

A partir da sedimentação, Paula (2006, p. 59) argumenta sobre os aspectos

desta etapa “é caracterizado não apenas pela propagação completa de suas

estruturas por todo o grupo de atores teorizados como adotantes adequados, mas

também pela perpetuação de estruturas por um período consideravelmente longo de

tempo”.

Como apresentado no estágio de objetificação, as execuções dos novos

arranjos estavam bem embrionárias, ou seja, ainda não haviam atores totalmente

teorizados. A tabela 6 mostra a relação dos itens “1”, “2”, “3”, “23” e “26” do

questionário com o estágio de sedimentação.

Page 22: a teoria institucional aplicada à nova contabilidade pública

22

TABELA 6 – PERGUNTAS DE SEDIMENTAÇÃO ANALISADAS

SEDIMENTAÇÃO SIM NÃO NÃO SEI

1. No órgão em que trabalho existe resistência dos servidores

para iniciar a implementação das alterações das normas

brasileiras de contabilidade aplicadas ao setor público?

10% 86% 4%

2. No órgão em que trabalho os servidores entendem o objetivo

da mudança e se sentem motivados a contribuir para o resultado

final?

83% 7% 10%

3. No órgão em que trabalho existe resistência dos gestores para

iniciar a implementação das alterações das normas brasileiras de

contabilidade aplicadas ao setor público?

14% 72% 14%

23. Considero que em relação às mudanças adequadas para as

novas normas, está sendo dado o apoio necessário pelos

gestores?

76% 21% 3%

26. Considero que me sinto motivado a participar do processo de

convergência público? 100% - -

FONTE: Elaboração própria, a partir dos dados da pesquisa.

A institucionalização total é obtida por meio da atuação de três variáveis:

impactos positivos, resistência de grupo e defesa de grupo de interesse (TOLBERT;

ZUCKER, 1999). A seguir as variáveis e seus fatores inibidores / motivadores

identificados:

a. Impactos positivos - Entendimento pelos servidores dos objetivos da

convergência. O item “2” é o que representa essa variável. Como

argumentado pelo Tribunal de Contas do Mato Grosso (2011, p.8), acerca da

mudança da contabilidade pública:

Não é somente pela exigência formal de adequação a um

padrão internacional que os diversos setores da

administração pública federal, estadual e municipal se

empenham para mudar décadas de cultura, mas

principalmente porque é necessário e útil ao Brasil ter uma

contabilidade pública que reflita todo um contexto,

evidenciando a exata dimensão do patrimônio público, de

forma tempestiva.

b. Resistência de grupo - Reduzida resistência por parte dos servidores e

gestores envolvidos no processo. Os itens correspondentes são “1” e “3”.

Diferentemente do resultado apresentado nas prefeituras, onde a resistência

dos gestores e servidores se apresentou baixa, Silva (2012, p. 1), aborda que

Page 23: a teoria institucional aplicada à nova contabilidade pública

23

a resistência é um dos grandes problemas para adoção da nova contabilidade

pública:

Podemos garantir que, mesmo estudando os processos de

gestão, será muito difícil a implantação do que estamos

denominando a “Nova Contabilidade” seja pela resistência de

alguns setores da administração pública, seja pela blindagem

de certas áreas em relação à abertura de suas informações

ou, ainda, pelo entendimento errôneo de alguns de que a

Contabilidade deve atuar passivamente e só registrar o que

lhe é encaminhado.

c. Defesa de grupo de interesse - Motivação entre os agentes envolvidos. Os

itens “23” e “26” são o que melhor representam. Contudo, apesar dos agentes

se mostrarem totalmente motivados a participarem do processo e receberem

o apoio necessário dos gestores, a partir da análise do bloco II, verificou-se

que a maioria não conhece a nova contabilidade pública que será

implementada, tornando-se contraditório.

Mesmo o estágio anterior não ter sido “objetificado”, foram encontradas todos

os fatores para total institucionalização: impactos positivos, resistência de grupo e

defesa de grupo de interesse. Pode-se dizer que o processo de convergência está

“sedimentado”, sem estar “objetificado”. Este argumento é embasado, na pesquisa

de Machado-da-Silva e Gonçalves (1999), que comenta o Modelo de Tolbert e

Zucker (1999). Os autores questionam a divisão dos estágios em “pré, semi e

completo”, sugerir uma sequência evolutiva, conduzindo a conclusões de “pré-testar,

estar parcialmente e estar totalmente institucionalizado”, porém na realidade, os

estágios poderiam ocorrer simultaneamente. Assim, ocorreu também nesse estudo,

em que às fases nas prefeituras não estão na sequencia evolutiva proposta por

Tolbert e Zucker (1999), a habitualização e sedimentação já ocorreram, talvez até

simultaneamente, enquanto a objetificação ainda não começou ou está sendo

executada.

5. CONCLUSÃO

A presente pesquisa buscou identificar o estágio de institucionalização nas

prefeituras pesquisadas da Grande Vitória (ES), utilizando o modelo de Tolbert e

Zucker (1999). Em síntese, os resultados permitem inferir os seguintes pontos no

processo de institucionalização dos municípios:

Page 24: a teoria institucional aplicada à nova contabilidade pública

24

• Na pré-institucionalização, a partir das perguntas com maior afinidade com

este estágio foram encontradas as variáveis que levam à inovação

(mudanças tecnológicas, legislação e forças do mercado) e assim

consequentemente foi habitualizada a nova contabilidade pública nas

prefeituras.

• A partir das questões da semi-institucionalização, não foi possível identificar o

monitoramento interorganizacional de órgãos do ambiente externo ao das

prefeituras (Tribunal de Contas e CFC), mais em relação ao monitoramento

com outros órgãos das prefeituras, foi possível identificar que as prefeituras

vêm tendo reuniões. Na teorização, mostra-se que as atividades referentes a

esta variável também não se realizaram para a adoção da nova contabilidade

pública. Para que ocorram essas etapas, é necessário apoio e utilização de

ferramentas externas das prefeituras.

• Na total institucionalização, foram encontrados todos os fatores

correspondentes aos impactos positivos, resistência de grupo e defesa de

grupo de interesse; ressaltando que de acordo com o item “26”, 100% dos

servidores estão motivados para mudança.

Conclui-se que o modelo teórico usado nesta pesquisa não é aplicável

integralmente na área pública, já que se mostra uma sequência evolutiva. Como

defendido por Machado-da-Silva e Gonçalves (1999), os estágios podem ocorrer

fora da sequencia proposta por Tolbert e Zucker (1999) e ao mesmo tempo.

Machado-da-Silva e Gonçalves (1999) também ressaltam que a proposta e as

sugestões das autoras não se baseiam em relatos de pesquisa, mas essencialmente

em considerações teóricas.

A partir dos resultados descritos anteriormente, constatou-se que há nos

municípios a existência das variáveis das etapas de habitualização (pré-

institucionalização) e sedimentação (total institucionalização), porém na etapa

objetificação (semi-institucionalização) as duas variáveis correspondentes não foram

encontradas. Portanto, não ocorreram as etapas em sequência como propostas por

Tolbert e Zucker (1999). Salienta-se que os resultados encontrados, não devem se

estender para todas as prefeituras, somente as pesquisadas.

Quanto à limitação desta pesquisa, deve-se lembrar de que na administração

pública há o principio da legalidade, presente no artigo 5º da Constituição Federal de

1988: “II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em

Page 25: a teoria institucional aplicada à nova contabilidade pública

25

virtude de lei”, portanto como a nova contabilidade pública é lei, todos os entes da

Federação, são obrigados a cumprir, não sendo possível optar entre a adoção ou

não da nova estrutura, como discorrem Tolbert e Zucker (1999) no estágio de

objetificação.

Ressalta-se a importância da realização de pesquisas em outras prefeituras

tanto no Espírito Santo, quanto no Brasil. com intuito de confirmar os resultados

encontrados nos municípios de Cariacica, Guarapari, Serra e Vitória.

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_______. Lei complementar nº 131, de 27 de maio de 2009. Acrescenta

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normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá

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