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A Temporalidade em Merleau-Ponty

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Breve apresentação ilustrativa da noção de Temporalidade em Merleau-Ponty

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Page 1: A temporalidade em Merleau-Ponty

A Temporalidade em Merleau-

Ponty

Page 2: A temporalidade em Merleau-Ponty

Maurice Merleau-Ponty (1908-1961)

Page 3: A temporalidade em Merleau-Ponty

De onde parte Merleau-Ponty: O “Cogito” e a intencionalidade na

fenomenologia

O “cogito” cartesiano: “Penso, logo existo.”

- consciência de si mesmo: isolada do mundo, presa à subjetividade

- ideias: impressões internas correspondentes a sensações advindas de coisas exteriores

- representação: acesso indireto aos objetos

- problema: correspondência representação-representado

Page 4: A temporalidade em Merleau-Ponty

SUJEITOOBJETO

SUJEITO

OBJETO

ConsciênciaRepresentação do objeto =>

Page 5: A temporalidade em Merleau-Ponty

Intencionalidade husserliana:

- consciência é “consciência de” alguma coisa

- intenção: pensamento em ação, direcionado a algo

- intencionalidade: conceito que define o ato de revelação que ocorre entre o sujeito/observador e os objetos para si e para outros => “explodir em direção a”

- consequência: a fenomenologia retoma a possibilidade do ser humano de buscar a verdade, dando uma nova alternativa que visa solucionar o problema da correspondência representação-representado; diluição da separação entre o mundo exterior (transcendência) que está “fora” do sujeito e a própria interioridade do sujeito (imanência) => ambas as esferas se encontram no fenômeno

Page 6: A temporalidade em Merleau-Ponty

SUJEITOOBJETO

INTENÇÃO

SUJEITO

OBJETO

FENÔMENO

Page 7: A temporalidade em Merleau-Ponty

Fenomenologia:

- fenômeno: Husserl funda o duplo sentido de transcendência e imanência quando faz do objeto da fenomenologia, o que ele chama de “fenômeno puro” (a percepção da percepção, ou seja, o ato de pensar o que está sendo percebido). A reflexão transcendental não reflete sobre o pensamento, mas sobre o “pensar”; não reflete sobre o percebido, mas sobre o “perceber”

- método: compreender as coisas em si mesmas- desconstrução do pensamento cartesiano: não é um sujeito que determina as causas e efeitos de fatos externos observados- presença: a maneira de um objeto “aparecer” faz parte do modo de “ser” deste objeto => na fenomenologia, não existe nada que se “presente” que não seja “real” / acesso direto aos objetos

Page 8: A temporalidade em Merleau-Ponty

Merleau-Ponty:

“A primeira verdade é ‘Eu penso’, mas sob a condição de que por isso se entenda ‘eu sou para mim’ estando no mundo [... ...] O interior e o exterior são inseparáveis. O mundo está inteiro dentro de mim e eu estou inteiro fora de mim.” (Fenomenologia da Percepção, 2006, p. 546)

Page 9: A temporalidade em Merleau-Ponty

A percepção do tempo

Na percepção do senso comum: o tempo “passa”...

O rio de Merleau-Ponty

Page 10: A temporalidade em Merleau-Ponty

Sujeito navegando no rio

NASCENTE: Passado (águas que já passaram))

FOZ: Futuro (águas que estão por vir)

FOZ: Passado (águas que já passaram)

NASCENTE: Futuro (águas que estão por vir)

Sujeito parado na margem do rio

Observador – Posição 1:

Observador – Posição 2:

Page 11: A temporalidade em Merleau-Ponty

Nos desenhos apresentados, o que de fato é passado e o que é futuro?

Nascente ou Foz?No mundo, tudo está sempre presente.

- totalidade: o tempo em si não é uma sucessão de “agoras”; o tempo absoluto é eterno

- posicionamento do observador: recorte espaço-temporal => abertura dos horizontes de passado e futuro

- ser temporal: percepção da ausência que temos dos “presentes” que não estão presentes

- o tempo se apresenta para nós “em ação” e não como um ser

Page 12: A temporalidade em Merleau-Ponty

Merleau-Ponty:

““Esta mesa traz traços de minha vida passada, inscrevi nela as minhas iniciais, nela fiz manchas de tinta. Mas por si mesmos estes traços não remetem ao passado: eles são presentes; e, se encontro ali signos de algum acontecimento ‘anterior’, é porque tenho, por outras vias, o sentido do passado, é porque trago em mim essa significação.” (Fenomenologia da Percepção, 2006, p. 553)

Page 13: A temporalidade em Merleau-Ponty

O passado e o futuro não estão “nas” coisas; somos

nós que damos o significado, o sentido de passado ou futuro, pelo

modo como percebemos as coisas, pela

intencionalidade específica com que nos dirigimos a

elas.

Page 14: A temporalidade em Merleau-Ponty

O tempo como dimensão do nosso ser

Suponhamos os seguintes eventos...

Evento A: minha conclusão de

curso do I grau

Evento B: queda do muro de Berlim

Evento C: Brasil penta-campeão

na Copa de 2002

Page 15: A temporalidade em Merleau-Ponty

Linha cronológica

Evento A Evento B

Instante 1 Instante 2 Instante 3 Instante 4

passado futuro

Evento C

recorte espaço-temporal: “ruptura” racional para ordenar fatos em sucessão, de acordo com a

percepção de um sujeito, sua intencionalidade num instante:

- no instante 1, para mim, todos os eventos estão no futuro;- no instante 2, para mim, o evento A está no passado e os demais, no futuro- no instante 3, para mim, os eventos A e B estão no passado e C, no futuro- no instante 4, para mim, todos os eventos estão no passado.

Page 16: A temporalidade em Merleau-Ponty

Que relação tem entre si (somente por si mesmos), a minha conclusão de curso do I grau, a queda do muro

de Berlim e o Brasil penta-campeão?No mundo, sem ter a mim como elemento que os

“costura”, todos os eventos estão sempre presentes. Sou eu que lhes dou o sentido de passado ou futuro,

da maneira como os ordeno na minha história.

O fato de um evento passar de futuro para presente e de presente para passado não está no evento;

não faz parte de determinado evento pertencer a um ponto fixo numa linha cronológica

temporal.

Page 17: A temporalidade em Merleau-Ponty

Merleau-Ponty faz uma analogia, descrevendo como uma paisagem “passa” pela visão de um observador dentro de

um vagão de um trem:

Page 18: A temporalidade em Merleau-Ponty

O observador sabe que não é a paisagem que está se movendo; a paisagem é fixa, imóvel (sempre presente no mundo). Porém, o observador tem a “sensação” (a rigor, a “percepção”) de que uma paisagem está ficando para trás

(passado), tão logo surge uma nova paisagem à frente (futuro).

Page 19: A temporalidade em Merleau-Ponty

É o sujeito, o observador que introduz a perspectiva, a direção, a intenção, o sentido de passado, presente e

futuro, segundo a sua percepção. No tempo em si, não existe nada que já não contenha

em si, todo o seu passado, presente e futuro.Faz parte do ser do tempo, o escoar.

Nós nos situamos no tempo; quando inserimos a nossa

intencionalidade, inserimos o presente no mundo. É a partir do presente que explodimos vetores em direção a um passado ou a um

porvir.

Page 20: A temporalidade em Merleau-Ponty

É no presente que se faz a intersecção entre ser e consciência.

S

Passado de S

Futuro de S

S

Passado de S

Futuro de S

Presente de S

Intencionalidade de S

Temporalidade

S SujeitoS

Page 21: A temporalidade em Merleau-Ponty

A consciência temporal enquanto ser

- a semente e a árvore: ato e potência se revelam com o “passar do tempo”

- a consciência não consiste na semente “ou” na árvore, mas na semente “e” na árvore; a consciência consiste na temporalidade deste ser que é o movimento de deixar-de-ser-para-vir-a-ser.

- distensão: a semente não é a causa da árvore; ela, de certo modo, já é a árvore.

Page 22: A temporalidade em Merleau-Ponty

O presente, a presença

Podemos questionar:

Se algo somente existe quando um sujeito lhe dá um

sentido, então, antes de existir o homem,

não existia o mundo?

Page 23: A temporalidade em Merleau-Ponty

As eras pré-históricas (pré-humanidade) existem no nosso

passado porque nós lhes damos este sentido e construímos significações

para tal. E só conseguimos lhes dar esse

sentido no “presente”. É no presente que se dá a síntese

sujeito-mundo.

Page 24: A temporalidade em Merleau-Ponty

SUJEITO MUNDOTEMPO

PRESENTE

Page 25: A temporalidade em Merleau-Ponty

EXISTIR É TER

CONSCIÊNCIA DE

ESTAR PRESENTE

NO MUNDO.

Page 26: A temporalidade em Merleau-Ponty

A TEMPORALIDADE EM MERLEAU-PONTYPor Clio Francesca Tricarico

Apresentação elaborada com base noTrabalho de Conclusão do Curso de Graduação em

FilosofiaOrientador: Prof. Dr. Hélio Salles Gentil

Universidade São Judas TadeuSão Paulo - 2008