a tecnologia da construÇÃo na aquicultura

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A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA Concepção e implantação de um empreendimento Eng° de Pesca: Bruno C. Gonçalves da Rocha (AQUAGROTEC LTDA) Sumário: 1 - Introdução 2 - Concepção do empreendimento: 2.1 - Aspectos legais; 2.2 - Concepção atual de lay-out; 2.3 - Dimensionamento das estruturas do empreendimento. 3 - Implantação do empreendimento: 3.1 - Planejamento executivo; 3.2 - Metodologia e equipamentos utilizados; 3.3 - Noções práticas de mecânica de solo; 3.4 - Controle e análise operacional; 3.5 - Topografia aplicada; 3.6 - Enrocamento de taludes; 3.7 - Construção de obras de arte; 3.8 - Segurança. Anexos 1

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Page 1: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA Concepção e implantação de um empreendimento

Eng° de Pesca: Bruno C. Gonçalves da Rocha (AQUAGROTEC LTDA)

Sumário:

1 - Introdução

2 - Concepção do empreendimento:

2.1 - Aspectos legais;

2.2 - Concepção atual de lay-out;

2.3 - Dimensionamento das estruturas

do empreendimento.

3 - Implantação do empreendimento:

3.1 - Planejamento executivo;

3.2 - Metodologia e equipamentos utilizados;

3.3 - Noções práticas de mecânica de solo;

3.4 - Controle e análise operacional;

3.5 - Topografia aplicada;

3.6 - Enrocamento de taludes;

3.7 - Construção de obras de arte;

3.8 - Segurança.

Anexos

1

Page 2: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

1-Introdução

A Aqüicultura, denominada como “o cultivo ou criação de

organismos que tem na água o seu normal ou mais freqüente meio de

vida” (IBAMA, Portaria nº 119 /1977), tem se mostrado como um dos

sistemas de produção de alimento que mais cresce no mundo. O

domínio de novas tecnologias inserido na aqüicultura tem

proporcionado o reconhecimento como a atividade que detém a

maior taxa de crescimento anual dentre as agro-industriais. Esse

expressivo crescimento fez com que a produção de organismos

aquáticos atingisse patamares significativos na escala de produção

mundial, levando-se em consideração não somente a quantidade e a

qualidade do produto obtido, mas a sustentabilidade do processo

produtivo.

O Brasil apresenta condições extremamente favoráveis para o

fomento de vários segmentos da aqüicultura. Dentre estas, podemos

citar: uma extensa área litorânea; grande diversidade de espécies

aquáticas nativas e exóticas aclimatadas ao nosso ambiente; clima

favorável e um grande potencial hídrico atrelado ao total domínio da

cadeia produtiva da espécie cultivada.

A aqüicultura entretanto, requer conhecimentos técnicos

específicos para que se obtenha um funcionamento pleno da unidade

produtora e, em conseqüência, um bom desempenho operacional,

promovendo, assim, a inserção do empreendimento num modelo

administrativo cada vez mais competitivo, onde a antiga fórmula

produzir/vender tornou-se completamente obsoleta dentro do novo

modelo investir/vender.

A palavra investir apresenta-se como uma complexa cadeia de

ações que inclui, dentre outras, a concepção e a implantação do

empreendimento, sendo este projetado de forma a reduzir os custos

inerentes à atividade e otimizar a execução do projeto bem como a

tecnologia produtiva a ser aplicada, tendo como sua resultante um

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Page 3: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

produto com menor custo de produção e com a qualidade necessária

para atender a demanda do mercado.

2-Concepção do empreendimento

Ao se conceber um projeto de aqüicultura deve-se primeiramente

conhecer o manejo operacional da espécie a ser cultivada,

determinando área mínima e máxima dos viveiros de cultivo,

renovação de água máxima diária, metodologia de despesca, etc...

Pois todas as estruturas do empreendimento têm que ser idealizadas

para atender o perfeito funcionamento do processo produtivo.

É necessário também que haja conhecimento sobre a legislação

ambiental pertinente ao cultivo da espécie escolhida, para depois se

analisar a viabilidade técnica e econômica do empreendimento.

Quando se considera a viabilidade técnica analisa-se a possibilidade

de se implantar um empreendimento que atenda à legislação em vigor

e ao processo produtivo, utilizando os métodos conhecidos de

construção, existindo a viabilidade técnica não implicará

necessariamente na viabilidade econômica do empreendimento, pois

haverá casos que para torna-lo viável tecnicamente haverá um

investimento muito alto que o inviabilizaria economicamente.

3

Page 4: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

2.1-Aspectos legais

A atividade de aqüicultura necessita de um licenciamento

ambiental para poder funcionar legalmente, para as diversas formas de

aqüicultura existem procedimentos padrões para obtenção da licença,

porém dependendo da localização e do porte do empreendimento

esses procedimentos podem ser mais complicados, sendo necessário o

conhecimento da legislação pertinente à atividade como item básico

para o desenvolvimento de qualquer projeto aquícola. De modo geral

o licenciamento é feito pelos órgãos estaduais de meio-ambiente, ou

pelo órgão federal quando a legislação assim definir. De toda forma a

legislação estadual não pode ser menos restritiva que a legislação

federal, tendo que conseqüentemente atender o disposto no código

florestal (Lei N°4.771) e as resoluções do CONAMA (Conselho Nacional

de Meio-Ambiente).

Basicamente é necessário respeitar as áreas de preservação

permanente e de reserva legal assim definido pelo código florestal:

“II - área de preservação permanente: área protegida nos termos

dos arts. 2o e 3o desta Lei, coberta ou não por vegetação nativa, com a

função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a

estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo gênico de fauna e

flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações

humanas;”

“III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma

propriedade ou posse rural, excetuada a de preservação permanente,

necessária ao uso sustentável dos recursos naturais, à conservação e

reabilitação dos processos ecológicos, à conservação da

biodiversidade e ao abrigo e proteção de fauna e flora nativas;”

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Page 5: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

“Art. 2° . Consideram-se de preservação permanente, pelo só

efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural

situadas:

a)ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu

nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima seja:

1) de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10

(dez) metros de largura;

2) de 50 (cinqüenta) metros para os cursos d'água que tenham de

10 (dez) a 50 (cinqüenta) metros de largura;

3) de 100 (cem) metros para os cursos d'água que tenham de 50

(cinqüenta) a 200 (duzentos) metros de largura;

4) de 200 (duzentos) metros para os cursos d'água que tenham de

200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura;

5) de 500 (quinhentos) metros para os cursos d'água que tenham

largura superior a 600 (seiscentos) metros;”

“As florestas e outras formas de vegetação nativa,

ressalvadas as situadas em área de preservação permanente, assim

como aquelas não sujeitas ao regime de utilização limitada ou objeto

de legislação específica, são suscetíveis de supressão, desde que sejam

mantidas, a título de reserva legal, no mínimo:

III - vinte por cento, na propriedade rural situada em área de

floresta ou outras formas de vegetação nativa localizada nas demais

regiões do País; e

IV - vinte por cento, na propriedade rural em área de campos

gerais localizada em qualquer região do País.”

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Page 6: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

Para a atividade de carcinicultura a legislação é mais específica

sendo regulamentada pela resolução N° 312 do CONAMA, que

basicamente faz as seguintes exigências para obtenção da licença

ambiental.

“Art. 2º É vedada a atividade de carcinicultura em manguezal.”

“Art. 4º Para efeito desta Resolução, os empreendimentos

individuais de carcinicultura em áreas costeiras serão classificados em

categorias, de acordo com a dimensão efetiva de área inundada,

conforme tabela a seguir:”

PORTE ÁREA EFETIVAMENTE INUNDADA (ha)

Pequeno Menor ou igual a 10,0

Médio Maior que 10,0 e menor ou igual a 50,0

Grande Maior que 50,0

“§ 1º Os empreendimentos com área menor ou igual a 10,0 (dez)

ha poderão ser licenciados por meio de procedimento de

licenciamento ambiental simplificado, desde que este procedimento

tenha sido aprovado pelo Conselho Ambiental.”

“Art. 5º Ficam sujeitos à exigência de apresentação de EPIA/RIMA,

tecnicamente justificado no processo de licenciamento, aqueles

empreendimentos:

I - com área maior que 50,0 (cinqüenta) ha;

II - com área menor que 50,0 (cinqüenta) ha, quando

potencialmente causadores de significativa degradação do meio

ambiente;

6

Page 7: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

III - a serem localizados em áreas onde se verifique o efeito de

adensamento pela existência de empreendimentos cujos impactos

afetem áreas comuns.”

“Art. 6º As áreas propícias à atividade de carcinicultura serão

definidas no Zoneamento Ecológico-Econômico, ouvidos os Conselhos

Estaduais e Municipais de Meio Ambiente e em conformidade com os

Planos Nacionais, Estaduais e Municipais de Gerenciamento Costeiro.”

“Art. 9º O órgão licenciador deverá exigir obrigatoriamente no

licenciamento ou regularização de empreendimentos de carcinicultura

as outorgas de direito de uso dos recursos hídricos.”

“Art. 14 Os projetos de carcinicultura, a critério do órgão

licenciador, deverão observar, dentre outras medidas de tratamento e

controle dos efluentes, a utilização das bacias de sedimentação como

etapas intermediárias entre a circulação ou o deságüe das águas

servidas ou, quando necessário, a utilização da água em regime de

recirculação.”

“Parágrafo único. A água utilizada pelos empreendimentos da

carcinicultura deverá retornar ao corpo d`água de qualquer classe

atendendo as condições definidas pela Resolução do CONAMA nº 20,

de 18 de junho de 1986.”

Contudo cada estado pode ter sua legislação específica desde

que não entre em desacordo com a legislação federal, tendo portanto,

o responsável pela concepção do empreendimento a obrigação de

consultar a legislação estadual para que o empreendimento possa

atender as necessidades legais.

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Page 8: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

2.2-Concepção atual de lay-out.

No momento da definição do lay-out é preciso estar de posse do

levantamento planialtimétrico da área e avaliar os seguintes pontos

cruciais do empreendimento:

a)Área disponível: Levando em consideração a legislação

ambiental, definir provável área de reserva legal, escolhendo para isso

área com topografia mais acidentada, com solo menos recomendado

para construção de diques, onde o processo de drenagem e

abastecimento seja dificultada ou qualquer outro item que possa

dificultar a implantação do empreendimento. Havendo a possibilidade

da área de reserva legal ser averbada em outro local, a depender da

legislação estadual.

b)Captação de água: Antes de tudo é necessário saber se a

água a disposição é indicada para criação da espécie a ser cultivada,

em seguida analisar e definir o provável ponto de captação tendo

preferência pelo local onde o manancial apresenta uma maior

capacidade de renovação (maior vazão).

c)Local de drenagem: A tendência atual é que haja a

possibilidade da recirculação da água de drenagem, porém é

prudente manter sempre a alternativa de efetuar a drenagem em um

ponto o mais longe possível da captação, quando for possível, levando

em consideração que toda água drenada deve passar por uma bacia

de sedimentação antes de ser descartada ao rio ou reaproveitada.

d)Canal de abastecimento: É desejável que o canal de

abastecimento tenha o menor comprimento possível, pois como o

abastecimento é geralmente feito por gravidade, o canal de

abastecimento é a obra de terra quem tem a maior altura, pois é

necessário abastecer de forma eficiente os viveiros com cotas de fundo

mais altas, portanto o canal de abastecimento geralmente possui os

diques de maiores sessões, sendo assim quanto mais alta forem as cotas

8

Page 9: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

onde passará o dique do canal menor será a quantidade de material

utilizado.

e)Estruturas preexistentes: Sempre que possível deve-se aproveitar

as benfeitorias que já existam na área do empreendimento como

estradas, energia elétrica, edificações, etc... desde que se adequem ao

processo de implantação e produtivo.

2.3-Dimensionamento das estruturas do empreendimento

Os principais itens a serem dimensionados são:

-Sistema de bombeamento;

-Dimensionamento do canal de abastecimento;

-Dimensionamento do canal de drenagem;

-Dimensionamento das obras de arte (comportas e bueiros);

-Dimensionamento dos viveiros;

-Dimensionamento do volume de material a ser transportado.

Sistema de bombeamento: Com o objetivo de fornecer água que

atenda de forma eficiente o processo produtivo, o sistema de

bombeamento deve ser definido nas seguintes etapas. Definir a vazão

necessária ao empreendimento, para isso é necessário saber a taxa de

renovação diária, perdas por infiltração e por evaporação e freqüência

e duração do abastecimento dos viveiros, é seguro considerar como

média para empreendimentos de carcinicultura o abastecimento diário

de 12% do volume de água total dos viveiros, ou seja: uma fazenda

com 30ha de lâmina de água e viveiros com 1 metro de profundidade,

vai necessitar de 36.000m³ de água diariamente.

V=área alagada(m²) x profundidade(m) x 12/ 100

V=300.000 x 1 x 12/100

V=36.000m³

De posse da necessidade diária do empreendimento, deve-se

definir a vazão mínima requerida, para isso determina-se o tempo

máximo de bombeamento diário, principalmente em áreas com

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Page 10: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

influência do mar deve-se bombear nos horários em que o nível da

água esteja mais alto diminuindo a altura manométrica entre a

captação e o deságüe (aumento do rendimento da bomba) e

captando uma água mais renovada. Utilizando o mesmo exemplo,

definindo 12 horas de bombeamento diário, seria necessário um sistema

de bombeamento de vazão de 3.000m³/h ou 833,33l/s (para transformar

m³/h em l/s basta dividir por 3,6). Não é recomendável a utilização de

apenas uma bomba para suprir a demanda de água do

empreendimento devendo-se dividir a vazão necessária por pelo menos

duas bombas, pois em caso de quebra ou manutenção haverá como

manter o fornecimento de água.

O dimensionamento das bombas fica a cargo da empresa

fornecedora do equipamento, para isso é necessário que se informe a

vazão requerida por bomba, o número de bombas, a altura entre a

menor maré e o deságüe, a altura entre a maior maré e o deságüe e

distância entre captação e deságüe. A menor maré servirá para definir

o nível mínimo de bombeio, muito importante pois desta forma em

qualquer momento é possível a captação. Embora o dimensionamento

das bombas seja feito pela empresa fornecedora a escolha da

empresa e do modelo deve-se considerar a eficiência e vida útil do

sistema. Às vezes um sistema de bombeamento pode custar mais caro

mas possui uma eficiência maior, portanto torna-se mais econômica e

seu custo mais alto inicialmente vai sendo diluído ao longo do tempo.

Dimensionamento do canal de abastecimento: O canal de

abastecimento deve transportar a água oriunda do sistema de

bombeamento para os viveiros de cultivo por gravidade, desta forma é

necessário que o nível do canal de abastecimento seja pelo menos 0,5

metro acima do nível do viveiro mais alto é também recomendável que

o canal tenha uma pequena capacidade de armazenamento de água

para atender alguma emergência, a seção molhada mínima do canal

de abastecimento vai ser definido de forma que permita que a vazão

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Page 11: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

máxima do sistema de bombeamento respeite a velocidade máxima

aceitável, para evitar o processo erosivo, aplicado ao tipo de material

utilizado na construção dos diques do canal de abastecimento,

seguindo a seguinte tabela:

Material Velocidade

máxima(m/s)

Areia muito fina 0,23 a 0,30

Areia solta 0,30 a 0,46

Areia grossa 0,46 a 0,61

Terreno arenoso comum 0,61 a 0,76

Terreno sílico-argiloso 0,76 a 0,84

Terreno argilo-silicoso 0,84 a 0,91

Terreno argiloso

compactado

0,91 a 1,14

Cascalho grosso,

piçarra

1,52 a 1,83

Rocha resistente 3,05 a 4,57

Concreto 4,57 a 6,10

O canal de abastecimento para carcinicultura não pode ser

analisado como um canal típico, pois sua lâmina de água útil vai ser a

diferença entre o nível da água do viveiro mais baixo e 0,5 metro acima

do nível da água do viveiro mais alto. Portanto a seção útil do canal vai

ser definida pelo trapézio formado entre as alturas mínimas e máximas.

Dimensionamento do canal de drenagem: De forma semelhante

ao canal de abastecimento o canal de drenagem deve ter uma sessão

mínima que permita que a vazão máxima respeite a velocidade

máxima aceitável, para evitar o processo erosivo, aplicado ao tipo de

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Page 12: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

material utilizado na construção dos diques do canal de drenagem,

contudo para determinação da sessão mínima é necessário que se leve

em conta o viveiro mais baixo, pois essa seria a situação mais crítica. Em

via de regra para viveiros de carcinicultura utiliza-se como vazão o

volume do maior viveiro que possa ser drenado em 10 horas

acrescentando um fator de segurança de 20%.

Dimensionamento das obras de arte (comportas e bueiros): As

obras de arte típicas encontradas são: comporta de abastecimento,

que serve para controlar a entrada de água nos viveiros, comporta de

drenagem, que controla a saída de água dos viveiros e os bueiros que

controlam o fluxo de água nos canais, além de servir como passagem

para veículos e pessoas sobre os canais. Os bueiros e comportas devem

ter um tamanho padronizado, que facilita muito o manejo das tábuas

de controle de água e das telas, desta forma devemos encontrar a

nossa vazão máxima ou no canal de abastecimento ou no de

drenagem e com isso definir a seção das obras de arte que atenda a

essa vazão.

Dimensionamento dos viveiros: Para se definir as dimensões dos

viveiros é preciso levar em consideração a rotatividade do cultivo,

produção a ser despescada, números de viveiros possíveis, levando em

conta a relação de que quanto maior o viveiro menor o custo de

implantação por hectare e menor a produtividade. Tendo em vista as

altas produtividades alcançadas os viveiros máximos aceitáveis são de

05 ha, enquanto que 01 ha é o mínimo normalmente encontrado.

Os diques dos viveiros terão formato trapezoidal, declividade do

talude geralmente 1:2 chegando a 1:3, a depender da qualidade do

material, e largura de crista definida de acordo com sua necessidade

de trafegabilidade, 3,00 metros para os não trafegáveis e 4,00 metros

para os trafegáveis, os diques trafegáveis devem ter uma camada de

20 centímetros de revestimento primário (piçarra), para que permita a

perfeita trafegabilidade e os diques devem ser dimensionados para

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Page 13: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

permitir um bordo livre de 70 cm e profundidade de 1 metro na parte

mais rasa do viveiro. O dique do canal de abastecimento deve ter sua

cota de coroamento de modo que possa permitir um bordo livre de 70

cm e que o nível da água fique 50 cm acima no nível do viveiro mais

alto.

Dimensionamento do volume da terraplenagem: Antes de tudo é

necessário predefinir as cotas de coroamento dos diques e cota

máxima de cada platô de viveiro, depois faz-se o balanceamento do

movimento de terra com o material disponível na própria área do

empreendimento, considerando como principais fontes os seguintes

itens:

Escavação da bacia de sedimentação: Tem o objetivo de

acumular água vinda da drenagem, essa escavação dá origem a um

volume de material que precisa ser removido e será usado nos aterros

dos diques, principalmente no do abastecimento, para isso será

necessária o transporte de material feito comumente com caminhões

basculantes.

Regularização de platô de viveiro: Com o objetivo de diminuir a

altura do dique do canal de abastecimento os platôs mais altos são

rebaixados e servem de jazidas para a confecção dos mesmos,

utilizando também caminhões basculantes.

Construção das valas de drenagem internas dos viveiros: Constrói-

se as valas de drenagem com a função de escoar a água da despesca

são construídas valas de drenagem e o material escavado servirá para

construção dos diques divisórios, as valas de drenagem tem largura e

profundidade variável a depender do equipamento utilizado como

também da necessidade dos diques.

Escavação do canal de drenagem: Com o objetivo de ligar a

saída dos viveiros à bacia de sedimentação o canal é escavado e o

material proveniente servirá para construir os diques de drenagem.

Escavação do canal de abastecimento: Não é necessário

regularizar nem aprofundar o canal de abastecimento, porém como

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Page 14: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

essa escavação origina um material mais barato, devido a distância do

dique, será escavado o máximo possível o fundo do canal e o material

será utilizado para a construção dos diques dos canais de

abastecimento.

Cálculo do volume de terra na construção dos diques e

escavação de valas e canais: O cálculo do volume de terra a ser

escavado ou aterrado, é feito a partir das áreas das seções transversais

e das distâncias entre elas, em primeiro lugar é calculada a área das

seções transversais. Uma vez determinadas as áreas das seções

consecutivas, o volume deverá ser definido pela média dessas seções

multiplicado pela distância entre as duas sessões, sendo o volume total

o somatório desses volumes.

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Page 15: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

Planilha de cubação de um dique trafegável Estacas Cota terreno natural Cota coroamento do dique Altura do dique Distância Crista Seção Volume

0 2,35 4,00 1,65 0,00 4,80 9,41 0,001 2,56 4,00 1,44 20,00 4,80 7,60 170,082 2,18 4,00 1,82 20,00 4,80 10,99 185,963 2,44 4,00 1,56 20,00 4,80 8,61 196,044 2,35 4,00 1,65 20,00 4,80 9,41 180,165 2,45 4,00 1,55 20,00 4,80 8,53 179,306 2,20 4,00 1,80 20,00 4,80 10,80 193,25

6+12 2,32 4,00 1,68 12,00 4,80 9,68 122,86Comprimento 132,00 Total 1.227,65

Planilha de cubação de um dique não trafegável

endo:

Altura = Cota coroamento do dique-Cota terreno natural

Para determinar a cota do terreno natural, primeiro loca-se o

ique

Estacas Cota terreno natural Cota coroamento do dique Altura do dique Distância Crista Seção Volume0 2,35 4,20 1,85 0,00 3,00 9,62 0,001 2,56 4,20 1,64 20,00 3,00 7,84 174,592 2,18 4,20 2,02 20,00 3,00 11,19 190,303 2,44 4,20 1,76 20,00 3,00 8,84 200,264 2,35 4,20 1,85 20,00 3,00 9,62 184,555 2,45 4,20 1,75 20,00 3,00 8,75 183,706 2,20 4,20 2,00 20,00 3,00 11,00 197,50

6+12 2,32 4,20 1,88 12,00 3,00 9,89 125,33Comprimento 132,00 Total 1.256,24

S

do dique

Seção=((Altura do dique x 4 +Crista)+Crista)/2) x Altura do dique

Volume=(seção+seção anterior)/2 x distância

Volume total= Σ dos volumes.

d sobre o levantamento planialtmétrico e determina-se as estacas

passando pelo eixo do dique e com uma distância conhecida entre

elas, provavelmente se o levantamento for em plano cotado ou curva

de nível, as cotas não coincidirão com as estacas sendo necessário

fazer uma interpolação entre as cotas mais próximas.

15

Page 16: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

Vale lembrar que essa forma não é mais correta de se determinar

volume de diques, pois na realidade se trata de um prismóide e seria

necessário fazer a correção prismoidal, porém na prática é inviável

proceder desta forma tendo em vista as dificuldades inerentes às

irregularidades do terreno e às expansões e contrações que ele sofre ao

ser escavado e deposto.

Na realidade calculamos o material necessário para execução

do dique, porém os volumes escavados e transportados serão

diferentes, assunto que será abordado em seguida.

Para o cálculo do volume escavado tanto na bacia de

sedimentação, nos platôs dos viveiros ou qualquer outro lugar que sirva

de jazida, o método de cubagem consiste em determinar as cotas de

certos pontos na superfície do terreno, antes e depois da escavação.

Esses pontos são fixados e bem determinados em planta. Sendo os

pontos correspondentes antes da escavação sempre colocados na

mesma vertical dos determinados depois, as diferenças de cotas dão as

alturas escavadas. Dessas alturas é possível calcular os volumes.

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Page 17: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

Se os pontos são previamente fixados em uma rede retangular de

área igual a A e as alturas de escavação são H1, H2, H3 e Hn, teremos

para o volume total:

V = A ΣHn/n

Em geral, na prática não se consegue essa regularidade, e são

irregulares os limites de escavação e as alturas não são verticais, porém

mais ou menos inclinadas, porque no segundo nivelamento não se

conseguem pontos exatamente na mesma vertical que os primeiros.

Assim a fórmula acima torna-se tanto mais imprecisa, quanto menos

perfeitamente for possível fazerem-se os nivelamentos.

3-Implantação do empreendimento

Determinada a viabilidade técnica e econômica do

empreendimento, é necessário planejar a execução de forma a

colocar o empreendimento em operação o mais breve possível, de

forma ordenada e segura.

É preciso determinar as obras prioritárias e definir a

metodologia de construção para cada etapa do empreendimento.

3.1-Planejamento executivo

Um planejamento bem feito da execução do empreendimento é

muito importante pois permite que a implantação seja feita de forma a

otimizar o tempo e o investimento, evitando deixar o capital imobilizado

com inversões não necessárias. Dando sempre prioridade as obras

essenciais para o perfeito funcionamento do empreendimento.

Deve-se dividir o empreendimento em etapas de forma a atender

à capacidade financeira do empreendedor, definindo uma unidade

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Page 18: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

mínima produtiva para que o empreendimento comece a gerar

receitas antes da sua conclusão. Nessa unidade mínima com certeza

fará parte o sistema de bombeamento, canal de abastecimento e

drenagem (que atenda essa unidade), bueiro de

captação/recirculação, comportas de abastecimento e drenagem.

Na implantação de projetos de carcinicultura a implantação do

sistema de bombeamento tem sido a etapa mais trabalhosa e mais

complexa, pois é a obra construída com cota mais baixa, quando se

leva em consideração para o nível mínimo de bombeio a cota de maré

mínima, e quanto maior for o diâmetro da tubulação de captação

maior terá que ser a submergência mínima da sucção. Portanto é

recomendável que a casa de bombas seja a primeira obra de

implantação de um empreendimento, pois tem sido uma causa muito

comum no atraso da operacionalização dos empreendimentos.

Concomitantemente à construção da casa de bombas deve ser

dado início a construção das obras de artes mais prioritárias (bueiros de

captação/recirculação e comportas de abastecimento e drenagem),

pois é mais eficiente que as obras de arte sejam construídas antes dos

diques, o que não impede que diques e os trechos que não possuam

obras de arte sejam construídos ao mesmo tempo.

Para projetos de carcinicultura, onde é obrigatório o uso de bacia

de sedimentação, poucas áreas terão topografia que evite a

escavação da mesma, sendo a bacia responsável por armazenar a

água oriunda da drenagem dos viveiros, necessariamente tem que

possuir uma cota de fundo mais baixa que a drenagem dos viveiros.

Portanto a escavação da bacia, que servirá como jazida fornecendo

material para construção dos diques, principalmente o do

abastecimento, deverá ter início com maior brevidade.

18

Page 19: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

3.2-Metodologia e equipamentos utilizados

Na terraplenagem atualmente os equipamentos mais utilizados

são: Escavadeira hidráulica, trator de esteira, caminhão basculante,

motoniveladora, pá mecânica, rolo compactador, caminhão pipa e

scraper. Cada equipamento tem sua particularidade e aplicabilidade,

onde sem dúvida a escavadeira hidráulica vem se mostrando o

equipamento de maior versatilidade.

Escavadeira hidráulica: È um equipamento utilizado no corte de

material, sendo bastante produtivo na construção de diques e no

enchimento de caminhões basculantes, principalmente para cortes

acima de 50 cm. Essa máquina possui capacidade de giro de 360°,

sendo que quanto menor for o ângulo mais rápido ela completará o

ciclo de carga/descarga, sendo o tempo do ciclo e capacidade da

concha os componentes para determinar a produtividade desse

equipamento, além do alcance da lança. De forma prática considera-

se como “tombo” o termo que designa o lançamento do material em

um ciclo da máquina, quando for necessário mais de um tombo para

levar o material cortado para o local de descarrego, considera-se para

efeito de produtividade o tempo necessário para conclusão dos

tombos, ou seja, só considera-se como produção da máquina o que

realmente for lançado no local do dique e o tempo gasto para isso.

Trator de esteira: É muito comum sua utilização na construção de

diques, sendo uma máquina muito eficiente para corte e transporte

para pequenas distâncias, a depender da potência do trator, também

é utilizado para acabamento em fundo de viveiros, em cristas de diques

e nos taludes. O trator associado com escavadeira é bastante utilizado

na construção de diques divisórios, agindo da seguinte forma: o trator

executa um tombo colocando o material ao alcance da escavadeira,

a escavadeira lança o material no dique e em seguida o trator quebra

o material em camadas nunca superior a 50 cm.

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Page 20: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

Caminhões basculantes: É o equipamento mais utilizado para

maiores distâncias, sendo necessário um equipamento para o

carregamento e outra para o espalhamento, geralmente são

contratados por viagens, sendo muito importante a idoneidade dos

funcionários responsáveis pelo registro da quantidade de viagens,

quando o contrato é por viagem, determina-se um valor por metro

cúbico por quilômetro transportado, portanto deve-se ficar atento à

capacidade do caminhão, para que não seja transportada uma

quantidade inferior à contratada. A quantidade de caminhões deve

ser bem dimensionado para que a máquina responsável pelo

enchimento não fique ociosa, pois poderá aumentar o custo do

material transportado.

Motoniveladora: São tratores construídos sobre rodas

pneumáticas e que empurram uma lâmina móvel, fixa à estrutura da

máquina. A lâmina da motoniveladora é presa a um sistema que

possibilita uma movimentação completa, apesar de ser uma máquina

bastante versátil ela é pouco produtiva sendo usada basicamente para

quebrar material lançado e para acabamento.

Pá mecânica: Também conhecida como enchedeira é utilizada

principalmente no enchimento de caminhões, sendo pouco eficiente

no corte de material, sendo portanto necessário trabalhar com um

trator de esteira, excetuando-se alguns casos onde a pá mecânica

consiga efetuar os cortes.

Rolo compactador: Pode ser puxado por um trator de pneu ou ser

autopropulsor, é utilizado na compactação de aterros que já tenham

sido devidamente regularizados por um trator de esteira ou uma

motoniveladora, os tipos mais usados são: pé de carneiro e o rolo liso.

Caminhão pipa: É usado para umedecimento das camadas de

aterro, pois é necessário para uma boa compactação que o aterro

esteja numa umidade ótima.

Scraper: São máquinas escavadoras e transportadoras, utilizado

principalmente em distâncias curtas, sendo bastante vantajoso pois ao

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Page 21: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

liberar o material ele o faz em camadas bem finas, que facilita a

compactação do aterro.

3.3-Noções práticas de mecânica de solo

Atualmente os empreendimentos de carcinicultura são

construídos em quase todo tipo de solo, sendo necessário conhecer o

comportamento do solo a ser trabalhado pois cada uma pode gerar

valores diferentes para cálculo do corte, transporte, aterro do material,

e declividade do talude, sendo necessário compreender como

funciona a expansão, empolamento, compactação e adensamento

para cada tipo de solo.

O volume de terra escavado é medido pelo volume cortado na

jazida, porém devido à descompressão, o solo expande e o volume de

terra realmente obtido é maior que o volume cortado. A porcentagem

de expansão varia conforme a natureza do solo. Numa areia esse

coeficiente é praticamente nulo, enquanto que numa argila pode

chegar até 20%.

Quando o solo é simplesmente lançado em aterros não

compactados, pode haver um aumento até de cerca de 25% do

volume escavado, devido aos vazios que aparecem entre os torrões

formados durante a escavação, por outro lado, quando o aterro é

compactado, o volume final que vem ocupar pode ser menor que o

ocupado na jazida. No caso de solos arenosos nos aterros

compactados mecanicamente, em geral há uma diminuição de

volume, da ordem de 5 a 10%. Nos solos argilosos a redução de volume

pela compactação é de cerca de 10 a 25%.

Geralmente se usa taludes com declividade 1:2 para solos com

boa presença de argila e de 1:3 para solos mais arenosos, para isso é

necessário determinar o ângulo de atrito interno do solo, pois determina-

se a declividade natural do material.

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Page 22: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

A condição geral de estabilidade de um talude é:

tgi < tgϕ :. i < ϕ

em que :. i é o ângulo do talude com a horizontal e ϕ ângulo de

atrito interno do material, onde deve ser respeitado um fator de

segurança de 1,2 dado por:

m = tgi/tgϕ

3.4-Controle e análise operacional

Na implantação do empreendimento é necessário um controle

efetivo dos gastos, é preciso ter subsídios que possam determinar o

custo de todos os itens. A terraplenagem é o item onde é comum

apresentar surpresas nem sempre positivas para o

empreendedor/construtor, pois a eficiência das máquinas depende

muito da experiência do responsável pela obra. Basicamente existe

duas formas de executar a terraplenagem, alugando ou comprando as

máquinas ou pagando pelo serviço executado.

Quando o empreendedor opta por alugar ou comprar os

equipamentos de terraplenagem, é preciso um acompanhamento das

obras executadas bastante rigoroso, com medições semanais, onde

poderá ser calculado o valor do metro cúbico construído, é necessário

um registro diário e detalhado das atividades das máquinas e do

pessoal contratado, além de ser realizado uma programação diária das

atividades, para que todos envolvidos na construção saibam

exatamente o que e como fazer durante o dia, pois tem que se otimizar

o tempo das máquinas para que passem o maior tempo possível

produzindo.

Além do controle das atividades de todos os envolvidos na

construção, é igualmente importante que as atividades sejam

executadas com seriedade e qualidade, portanto uma fiscalização da

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Page 23: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

metodologia utilizada por operadores de máquinas é essencial para

uma execução mais rápida e menos dispendiosa.

É preciso identificar quais os equipamentos de produção e quais o

de acabamento, devendo-se sempre que possível diversificar o mínimo

possível as atividades das máquinas, identificando quais os operadores

são mais aptos para determinado tipo de serviço. Quando a máquina

estiver executando um serviço de produção devemos preparar uma

logística para que ocorra o mínimo de interrupção possível no trabalho

executado. Quando o serviço for de acabamento é necessário fiscalizar

a forma e velocidade que o serviço vai ser executado, já que é uma

atividade que não produz ela tem que ser feita no menor tempo

possível.

Talvez o item mais difícil e que pode ser a diferença entre o

sucesso e o fracasso está na relação pessoal com os funcionários

envolvidos, pois é necessário manter todos cientes da importância da

atividade de cada pessoa e manter-las motivadas e comprometidas

com o serviço, mantendo acima de tudo a liderança e o respeito de

todos. É praticamente impossível fiscalizar todos os funcionários durante

todo o tempo, portanto é necessário que todos trabalhem com metas e

que sejam gratificados ao alcança-las.

Pra análise de custos devem ser considerados todos os gastos

necessários para a produção de uma unidade de metro cúbico, sendo

os principais gastos:

-Aluguel de máquinas e equipamentos,

-Depreciação dos equipamentos adquiridos,

-Custo do capital empatado na compra de equipamentos,

-Salário e encargos de toda equipe envolvida,

-Alimentação,

-Despesas com manutenção,

-Despesas com transporte das máquinas

-Outros.

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Page 24: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

Quando o serviço é terceirizado o controle dos gastos com os não

é tão importante, pois deverá ser pago o serviço executado, porém é

de extrema importância o acompanhamento da execução das obras,

sendo a metodologia a ser empregada definida no momento da

contratação e todos os registros topográficos iniciais têm que ser feitos

para que a medição seja mais fidedigna possível. É conveniente

controlar a execução através de ordem de serviço, ficando a cargo da

contratante definir as prioridades da obra. Sendo o mais importante a

fiscalização da qualidade do serviço.

3.5-Topografia aplicada

O serviço de topografia é um dos itens mais importantes na

construção de um empreendimento de carcinicultura, ficando

responsável por:

-Locação e marcação dos diques;

-Locação e marcação dos cortes;

-Medição da obra executada;

-Locação das obras civis e de arte.

O topógrafo é a peça responsável por tirar do projeto as

informações e colocar no campo para que se possa ser executada a

obra.

Locação e marcação dos diques: De posse do valor da cota de

coroamento e largura da crista, o topógrafo locará o eixo do dique e

definirá estacas pelo menos a cada 20 metros, orientando sempre o

estaqueamento de forma padronizada e definida pelo projeto, depois

procede-se com o nivelamento das estacas e em seguida a marcação

das alturas do aterro e largura da base maior (off-set) que definirá a

sessão do dique para cada estaca. Sendo necessário o

acompanhamento da execução do aterro para evitar que ultrapasse o

limite de coroamento do dique.

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Page 25: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

Locação e marcação dos cortes: O procedimento é semelhante

ao do dique porém não será definido aterro e sim cortes, ficando

sempre registrado o nivelamento do terreno natural para futura análise

da produtividade das máquinas.

Medição da obra executada: Muito importante e cuidadosa essa

atividade, pois é o fator principal para a análise de custo da obra.

Locação das obras civis e de arte: Também fica a cargo da

equipe de topografia locar os eixos principais das obras civis e de arte e

colocar as alturas definidas em projeto.

3.6-Enrocamento de taludes

Com o objetivo de proteger as paredes dos diques da ação

abrasiva das marolas formadas pela ação do vento evitando a erosão

dos diques e o aumento de sólidos em suspensão na água do cultivo

faz-se o enrocamento dos taludes dos diques, geralmente no lado que

ocorre a maior incidência de ventos.

Basicamente o enrocamento é feito com um grande variedade

de materiais, sempre dando-se preferência a elementos de fácil

aquisição na região do empreendimento, mas basicamente é feito de

duas formas, antes da ação das marolas ou depois da ação com a

recomposição da região degrada por material mais resistente.

3.7-Construção de obras de arte

As obras de arte, como qualquer construção, devem ter alguns

cuidados básicos na sua execução, pois geralmente são construídas em

locais com alta salinidade. Sempre que possível deve-se evitar a

construção de bases de pedras argamassadas, pois pela irregularidade

das pedras é comum ficar vazios entre elas dando condições de criar

um caminho preferencial para a passagem da água, havendo um

grande risco de acidente, deve-se tomar bastante cuidado com o

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Page 26: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

recobrimento mínimo das ferragens definido pelo projeto, é muito

importante que o caixilhos (ranhura que correm as tábuas) seja

padronizado para todas as obras de arte do empreendimento,

facilitando muito a operação, deve-se prestar muita atenção com a

altura dessas obras pois é difícil manter um padrão para as mesmas,

sendo que sua altura varia com a cota do terreno e a cota de

coroamento do dique, sendo a cota de fundo da laje das obras de arte

assim definida:

Obra Cota de coroamento Cota de fundo

Comporta de

abastecimento

Cota do dique

acabado

Cota do platô do

viveiro

Comporta de

drenagem simples

Cota do dique

acabado

-20 cm em relação a

cota mais baixa do

viveiro

Comporta de

drenagem em Y

Cota do dique

acabado

-20 cm em relação a

cota mais baixa dos

dois viveiros

Bueiro Cota do dique

acabado

-20 cm em relação a

cota do canal

Nas obras de arte são usados basicamente três tipos de galeria:

Galeria de alvenaria (seção quadrada), manilhas de concreto e tubo

de PVC Rib-loc, todos são muito utilizados havendo uma tendência

atual de utilização do Rib-loc, pois apresenta uma baixa rugosidade,

alta durabilidade e fácil manejo, pelo seu baixo peso, porém é

necessário um cuidado redobrado no reaterro dessa tubulação, sendo

a areia adensada o material mais indicado.

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Page 27: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

3.8-Segurança

Na implantação de projetos de carcinicultura os maiores

problemas ocorridos estão sempre associados a demora da detecção

dos problemas e falta de cuidado na execução dos projetos. Sendo a

maioria deles causados logo após o enchimento de canais e viveiros.

Recomenda-se que o enchimento do canal seja feito de forma

gradual, cerca de 10% por enchimento, e um período de 24 horas de

observação entre os enchimentos, no período de observação devem

ser realizadas rondas a cada hora, tomando cuidado em observar

principalmente as obras de arte, o mesmo procedimento deve ser

adotado para os viveiros.

As obras de arte devem ser aterradas com material argiloso e

compactadas com camadas nunca superiores a 20 cm, outro ponto

importante é a análise do solo, para que se perceba se existe

estratificação do terreno, sendo perigoso a presença de camadas de

areia entre materiais menos permeável, principalmente na região da

drenagem, sendo necessário a construção de uma fundação

substituindo com material homogêneo e menos permeável possível no

eixo do dique, numa profundidade maior que as valas vizinhas (cut-off).

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Page 28: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

ANEXOS

28

Page 29: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

Vista de um canal de

abastecimento de um

empreendimento de

carcinicultura.

Vista de um canal de

abastecimento de um

empreendimento de

carcinicultura.

29

Page 30: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

Vista frontal de uma

comporta de

abastecimento (lado do

canal).

Vista frontal de uma

comporta de drenagem

(lado do viveiro).

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Page 31: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

Bueiro triplo em canal de

abastecimento.

Monge de saída de

comporta de drenagem.

31

Page 32: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

Casa de bombas

Casa de bombas

32

Page 33: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

Casa de bombas

Vista de um viveiro de

carcinicultura

33

Page 34: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

34

Page 35: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

35

Page 36: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

X X

MOTONIVELADORA 140H

ESCAVADEIRA PC200

TRATOR ESTEIRA D6-D

EQUIPAMENTO

NOME DO OPERADOR: DATA:

HORA RELÓGIOTIPO

HORÍMETROLOCALIZAÇÃO DO EFETIVO

INCIAL FINAL KM INICIAL KM FINAL

006-0315ALUGADA

EQUIPAMENTO ESCAVADEIRA PC220 ESCAVADEIRA PC220

RETROESCAVADEIRA FB-80 TRATOR ESTEIRA D6-D

ROLO VAP-70003-0200

008-0290

ESCAVADEIRA VOLVO EC-240

Nº. ATIVO:009-0066009-0053

011-0172

EQUIPAMENTO TRATOR ESTEIRA D6-C TRATOR ESTEIRA D6-D

009-0114009-0101

CONTROLE DE HORÍMETRO

Nº. ATIVO:003-0131003-0147003-0204003-0227003-0299003-0298

011-0192011-0144 ROLO CA-25

ROLO CS-531C ESCAVADEIRA PC200

TRATOR ESTEIRA D6-D TRATOR ESTEIRA D6-M TRATOR ESTEIRA D5-E PÁ MECÂNICA 924F 003-0205

009-0084 TRATOR ESTEIRA D6-D

009-0095 ESCAVADEIRA PC200009-0121 ESCAVADEIRA PC200

009-0119 ESCAVADEIRA 320CL009-0128 ESCAVADEIRA 320B

009-0085 ESCAVADEIRA PC220

Planilha de controle das horas das máquinas.

36

Page 37: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

S T Q Q S S DBom

D i a:

D a t a:

T e m p o :

Instável Chuvoso

DIÁRIO DE OBRAFolha nº:Folha corrida nº:

Visto OBRA: Visto OPERAÇÕES: Visto GER. DE CONTRATO

Ocorrências:

Obs. GER. DE CONTRATO

Obs. OPERAÇÕES

Modelo de relatório diário

37

Page 38: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

Compr. Larg. Alt Compr. Larg. Alt

Contratado:Engº de Contrato:

Obra:

Med. Nº:

Resp. pela Medição:

TOTAL (1 + 2)Ítem Discriminação Un

Previsto Acum.

Tanques Dimensões Dimensões

Vez Parcial -1 Vez

Galpão

Parcial -2

Quantidade

Memória de Medição

Planilha de medição das obras executadas

38

Page 39: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

Carregamento de

caminhões com

escavadeira hidráulica

Escavadeira hidráulica

trabalhando em conjunto

com um trator de esteira

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Page 40: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

Comporta de

abastecimento com

manilha de concreto

Tubo de PVC, Rib – loc.

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Page 41: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

Construção de comporta

de drenagem em Y

Compactação do reaterro

de uma comporta de

abastecimento

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Page 42: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

Equipe de topografia

Enrocamento de talude

com pedra faceada,

arrumada sobre camada

sintética.

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Page 43: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

Enrocamento de talude

com pedra faceada,

arrumada sobre camada

sintética.

Enrocamento de talude

com seixo rolado,

recompondo parte do

dique erodido.

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Page 44: A TECNOLOGIA DA CONSTRUÇÃO NA AQUICULTURA

Enrocamento de talude

com seixo rolado,

recompondo parte do

dique erodido.

Resultado de uma obra

que não atendeu as

normas corretas de

construção.

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