a tÉcnica do brincar na teoria psicanalÍtica kleiniana

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Trabalho apresentado no IV Fórum de Práticas em Psicologia, na VIII Semana de Psicologia da FAP. O presente trabalho surge de experiências do Estágio Supervisionado de Formação de Psicólogos, vivenciados na clínica com atendimentos de adultos e crianças, com orientação psicanalítica winnicottiana e kleniana. Por Karin Kristina Prado Telles, Daniel Santos Alves da Silva e Camila Sobral.

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Page 1: A TÉCNICA DO BRINCAR NA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA

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A TÉCNICA DO BRINCAR NA TEORIA PSICANALÍTICA KLEINIANA

Karin Kristina Prado Telles 1

Daniel Santos Alves da Silva

Camila Sobral 2

O presente trabalho surge de experiências do Estágio Supervisionado de

Formação de Psicólogos, vivenciados na clínica com atendimentos de adultos

e crianças, com orientação psicanalítica winnicottiana e kleniana. Através

dessas experiências, foi possível obter conhecimentos em relação à técnica do

brincar utilizada em psicanálise com crianças como forma simbolização que a

criança pode fazer em seu brincar. A partir de 1920, Melanie Klein começou

sua analise com crianças, onde lançou uma nova luz sobre a técnica de

atendimento infantil. Durante os atendimentos, Klein percebia que as crianças

simbolizavam, nas brincadeiras, suas ansiedades e fantasias, e que elas

necessitariam de elaborar essas situações traumáticas geradoras de conflitos

inconscientes. Ela sugere, então, com uma nova ferramenta de trabalho, a

técnica do brincar, como forma de investigação de conflitos inconscientes

infantis. Os materiais utilizados para a analise de crianças são simples, onde

devem permitir um maior número de experiências que a criança possa

representar, ou seja, não são utilizados brinquedos mecânicos ou com formas

de representações. Todos os brinquedos utilizados pela criança são

guardados, no que atualmente se chama de caixa lúdica, onde esta se

configura como a representação do mundo interno da criança. Mas além do

brincar com brinquedos, há outras formas de investigação dos conflitos infantis,

como o pintar, brincadeiras em que a criança atribui papéis ao analista e a si

mesmos, como medico e paciente, papai e mamãe, policia e ladrão, entre

outras. Desta forma, deve-se pensar que, qualquer que seja o material

utilizado, é essencial que os princípios analíticos subjacentes à técnica sejam

aplicados. Mas esse brincar não se deve ser confundido com a satisfação dos

impulsos inconscientes infantis. É preciso guardar os detalhes mais íntimos 1 Psicóloga, Doutora, Docente da Faculdade da Alta Paulista, [email protected]

2 Graduandos em Psicologia, Faculdade da Alta Paulista, danyelpsi@hotmail

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desse brincar, é necessário levar em conta, na investigação e interpretação, o

material que as crianças fornecem durante a sessão, suas dramatizações,

recorte ou desenho, a maneira como brincam, a razão por que passam de uma

brincadeira para outra e os meios que escolhem para suas representações. Na

clinica, o terapeuta deve permitir à criança vivenciar suas emoções e fantasias

na medida em que estas aparecem, não devendo sugerir atividades ou

brincadeiras, ou aprovar ou desaprovar comportamentos surgidos nas sessões.

Como a técnica do brincar, usada em psicanalise de crianças, possibilita a

expressão de conflitos inconscientes existentes, cabe ao analista dar a devida

interpretação para esse material que foi colhido na sessão. Por sua vez, a

interpretação deve ser passada para a criança de forma sucinta e bem clara,

de forma que a criança possa entender o que o analista interpretou. Portanto, a

técnica do brincar é uma ferramenta de extrema importância para atendimentos

de crianças em psicanalise, já que esta técnica possibilita a expressão de

conflitos inconscientes, que corresponde a livre associação utilizada com

adultos, onde em seu brincar, a criança poderá elaborar esses conflitos

inconscientes. E para a expressão desses conflitos e sua elaboração, são

necessário que os materiais utilizados sejam suficientes para a criança fazer

suas simbolizações e que o terapeuta seja capaz de entender o que a criança

está simbolizando e dar a devida interpretação.

Palavras chaves: Teoria psicanalítica; brincar; interpretação.

Referências Bibliográficas

Aberastury. A. O consultório, o material do jogo, a caixa individual; problemas técnicos que surgem do seu uso diário. In: Psicanálise de criança- Teoria e técnica. Trad. Ana Lúcia Leite de Campos. Porto Alegre. Artes Médicas. 1982. Cap.06. p.97-110. Aberastury. A. A primeira hora do jogo. In: Psicanálise de criança- Teoria e técnica. Trad. Ana Lúcia Leite de Campos. Porto Alegre. Artes Médicas. 1982. Cap.07. p.111-134. Klein. M. A técnica psicanalítica através do brincar: sua história e significado. In: Inveja e gratidão e outros trabalhos. (1955 [1953]). Tradução da 4ª obra

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inglesa; Elias Mallet de Rocha Bastos, Lima Pinto Chaves (coordenadores) e colaboradores. Rio de Janeiro. Imago. 1991. cap. 08. p. 149- 168.