a tarefa do alquimista

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  • 7/25/2019 A Tarefa Do Alquimista

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    Tarefa do lquimista

    Os autores que escrevem sobre Alquimia tm o hbito de fazer tantos comentriospreliminares que suas obras praticamente dispensam a necessidade de um prefcio, a

    no ser que o Editor se proponha a revelar os segredos que o Autor to cuidadosoem esconder. Devo, de imediato, explicar que no estou preparado para fazer isso;entretanto, posso, com vantagem, chamar sua ateno para as outras ramificaes dacincia Oculta, demonstrar o valor da Analogia em nossa busca pelo real significadodos mistrios do homem e sua relao com o Universo.

    O processo da transmutao, que exibeuma srie de cores, relembra a Religiodos egpcios, simbolizando, como ofez, a negrura da noite, as cores doarco-ris do alvorecer, a brancura domeio-dia e o brilho vermelho doanoitecer. O primeiro estgio dessesimbolismo faz aluso negrura daignorncia, catica escurido do

    homem, que rejeita as chaves para os segredos do Universo, que so encontradas nascores do arco-ris; para as vibraes do som, para os aromas, gostos, sentimentos eimpresses psquicas sutis. Quando a mente do homem comea a entender a ordem ea relao de tais impresses de sentido, ele passa da escurido da ignorncia para aluz branca da sabedoria, e talvez, por fim, alcance a imperial prpura que veste oeleito.

    Para fazer isso ele deve, dentro de si mesmo, possuir o divino dom do desejo dosaber; pois atravs dessa faculdade que ele se eleva acima das preocupaes davida. O homem cuja curiosidade o leva da contemplao da manifestao contemplao das suas causas aquele cujos instintos o esto preparando paraempreender a Grande Obra.

    O contentamento fatal; o homem que est satisfeito com qualquer coisa, que nosente em seus momentos mais bem sucedidos, durante os mais sagrados prazeresterrenos, um profundo senso de falta e desapontamento, jamais encontrar a Pedra dosSbios - a verdadeira sabedoria e a felicidade perfeita.

    Os felizes so suficientemente raros, no entanto, para que tenhamos a esperana deque poucos dos nossos leitores desistiro do estudo da Alquimia pelo que dissemos.Fomos todos ensinados a olhar com horror para a cabea da Medusa, com serpentes seencontrando ao redor de seu rosto; tal viso aterradora transformava em pedra todosos que olhavam para ela. Entretanto, se desejamos aprender a sabedoria secreta daseras, devemos aprender a ansiar por um vislumbre daqueles olhos maravilhosos, quenos conferir o dom da indiferena aos prazeres e tristezas pessoais. Pois o homemsbio deve ser como uma pedra preciosa; um centro de luz para todos aqueles que seaproximam dele; dando alegria aos outros; pois ele contm a imagem da maior alegriaem si mesmo; nada desejando do mundo, retirando sua inspirao da luz suprema - a

    "Deusa da Sabedoria" que usa a cabea coroada da serpente sobre o escudo.

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    Robert Fludd disse muito bem: "Sede vs transformados de pedras mortas em pedrasfilosficas. Sede igual a Deus. Vs ouvis essas coisas, mas no acreditais. miserveis mortais, que to ansiosamente correm atrs da prpria runa".

    Depois, o filsofo salienta a futilidade do homem comum de objetivos mesquinhos e

    vontade fraca, jamais atingindo o objetivo da mais alta, ou nesse sentido, da maisbaixa Alquimia.

    " miservel, sers tu mais feliz? orgulhoso, sers tu elevado acima dos crculosdeste mundo?

    " ambicioso, comandars tu no Cu acima desta terra e de teu corpo escuro?

    " indigno, realizars tu todos os milagres?

    "Saibais vs rejeitados, de que natureza , antes de busc-lo".

    Ento chegamos ao antigo ensinamento, GNOTHI SAUTON - Conhece a ti mesmo;at que, atravs de profundos pensamentos e meditao, as palavras tenham setornado mais do que palavras para ti; e at que tu as tenha analisado, separado,transposto em todas as formas concebveis e finalmente extrado delas suaquintessncia e significao espiritual, tu no entenders nenhuma palavra que osfilsofos antigos disseram a ti.

    Tomemos, agora, o significado livre ligado a uma palavra como imaginao; nestesdias materialistas, ela tornou-se sinnimo de fantasia extravagante ou mentira: mas,

    ouamos o que Paracelso tem a dizer sobre a imaginao como uma manifestaooculta de poder:

    O homem tem uma oficina visvel e uma invisvel. A visvel seu corpo; a invisvel,

    sua imaginao... A imaginao um sol na alma do homem agindo em sua prpriaesfera, como o sol em nosso sistema age sobre a terra. Onde quer que este brilhe, os

    germes plantados no solo crescem e a vegetao nasce. A imaginao age de um

    modo semelhante sobre a alma, e traz formas de vida existncia... O Esprito o

    mestre; a imaginao o instrumento; e o corpo, o material plstico. A imaginao

    o poder pelo qual a vontade forma entidades siderais a partir dos pensamentos; ela

    pode criar ou curar doenas.

    - Paracelso

    Talvez essa passagem traga uma nova luz queles que ultimamente trataram talfaculdade com tanta desconsiderao quando lidaram com o tema do hipnotismo.

    Na verdade, a Imaginao o poder de formar imagens em nossas mentes. odesenvolvimento e a intensificao de uma ideia que existe em primeiro lugar e ,ento, concebida passivamente na esfera do pensamento. Ento a mente (percebendoque a ideia pode ser usada) traz o desejo ao, que desenvolvido em um ato deVontade, e isso converte a concepo passiva da ideia em uma Imaginao ativa.

    Assim comea o processo mgico, a comunicao no deve ser divulgada.

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    Apenas acrescentaremos ao assunto os dizeres de Eliphas Levi:

    A primeira matria do Magnum Opus est dentro e ao redor de ns, e a vontadeinteligente, que assimila luz, dirige a operao da forma substancial, e somente

    emprega a qumica como um instrumento bem secundrio.

    - Eliphas Levi

    A Inquirio sugestiva, publicada um sculo antes do trabalho que ora estudamos,chama ateno para o mtodo que deve ser empregado na anlise exaustiva danatureza do homem, to necessria concluso da grande obra. O texto diz:

    A Metempsicose retira a identidade humana (ou conscincia) de uma existnciaanimal para os elementos etreos de sua formao original.

    Isso significa que, pensando interiormente com uma mente calma e filosfica,podemos passar da vida manifestada que vemos e sentimos ao poder motivo dela; e,finalmente, causa do poder motivo; do mundano ao supra mundano; do intelectualao inteligvel; da terra ao firmamento; da gua aos raios gneos de calor emergindo daluz central que a fonte de todas as coisas.

    A mesma obra continua:

    Esses elementos so os fundamentos universais da natureza: somente na formaHumana eles podem atingir a supremacia da razo que retorna sua primeira causa.

    A razo luz que nos guia. Queremos rapidamente acrescentar o quo necessrio distinguir entre falsa razo e a razo Celestial que percebemos quando a intuio purificada e nos elevamos acima das paixes inferiores. A falsa razo meramenteuma imagem criada por nossas foras desequilibradas para nos justificar na prtica domal. Foi muito bem dito que, quando procuramos nos justificar apresentandorazes para nossos atos, porque fizemos alguma coisa da qual secretamente

    temos vergonha.

    A Razo a luz clara que desce sobre ns daquele que est acima de qualquerfingimento. Foi uma comunho com essa faculdade que Saint Thomas de Kempisdesejou quando falou, queles que o detinham, que ele deveria deix-los, pois algum

    o esperava em sua cela. A falsa razo procura justificar a si mesma com muitosargumentos. A Razo Pura conhece a Verdade, e pode se dar ao luxo de ficar emsilncio.

    Assim prossegue aInquirio sugestiva:

    Somente na forma Humana possvel compreender a forma Divina; quando issoacontece por meio de um crescimento triplo de Luz no entendimento conscientementealiado, uma quarta forma emanada, verdadeira, divina, sendo a imagem expressa desua pessoa magicamente retratada.

    Acreditamos j termos dito o suficiente para demonstrar que a tarefa do Alquimistano fcil. No temos esperana de que aqueles que ainda retm um absorvedor

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    interesse no mundo sejam bem sucedidos. Os Adeptos podem estar no mundo, masno ser do mundo. A Alquimia uma dura feitora, ela exige dos aprendizes nadamenos do que a vida; em seu nome, voc deve realizar os doze trabalhos de Hrcules;

    por ela, deve descer ao Inferno; por ela, deve subir ao Cu. Voc deve ter fora epacincia, nada deve atemoriz-lo; as alegrias do Nirvana no devem tent-lo; aps

    escolher sua obra voc deve, para esse fim, purificar-se dos desejos perecveis e trazera luz dos iluminados, para que ela irradie sobre voc aqui na Terra. Esse o trabalhodo Alquimista; seu ideal verdadeiro tambm o mais alto ideal da Teosofia Oriental;escolher uma vida que o far entrar em contato com as tristezas de sua raa em vez deaceitar o Nirvana que se abre para ele; e, como outros Salvadores do mundo, manter-se manifestado como um elo vivo entre a natureza superior e a terrena.