a sociedade simples no código civil de 2002

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A SOCIEDADE SIMPLES NO CÓDIGO CIVIL DE 2002 FLÁVIO J. S. ARANTES Aluno do 2º ano do curso de Direito da Unesp (Franca-SP). 1. Introdução. 2. Principais alterações no Direito Societário. 2.1 Quanto às espécies societárias. 2.2 A Teoria da Empresa. 2.3 A sociedade simples e a empresária. 2.4 Peculiaridades da sociedade simples. 3. Sociedade Simples. 3.1 O contrato social. 3.2 Direitos dos sócios. 3.2.1 Direito de participação nos lucros. 3.2.2 Direito de participar nas deliberações sociais. 3.2.3 Direito de fiscalizar a gestão dos negócios. 3.2.4 Direito de retirada da sociedade (direto de recesso). 3.2.5 Demais direitos dos sócios. 3.3 Deveres dos sócios. 3.3.1 Deveres perante os demais sócios. 3.3.1.1 Dever de integralização das quotas. 3.3.1.2 Dever de buscar o objeto social. 3.3.2 Deveres dos sócios perante terceiros. 3.3.3 Deveres remanescentes após a retirada do sócio. 3.4 A administração da sociedade. 3.4.1 Conceito e qualificação do administrador. 3.4.2 Deveres e competências do administrador. 3.4.3 Responsabilidade do administrador. 3.5 A dissolução da sociedade. 3.5.1 Dissolução total. 3.5.2 Dissolução parcial. 4. Bibliografia 1. Introdução O advento do Código Civil de 2002 é de grande interesse no estudo do Direito Comercial, a contar pelo próprio nome da disciplina, que o novo código passa a chamar de Direito Empresarial. A introdução do Livro II – Do direito de empresa ao texto do código substituiu a primeira parte do antigo

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A SOCIEDADE SIMPLES NO CDIGO CIVIL DE 2002

A SOCIEDADE SIMPLES NO CDIGO CIVIL DE 2002

FLVIO J. S. ARANTES

Aluno do 2 ano do curso de Direito da Unesp (Franca-SP).

1. Introduo. 2. Principais alteraes no Direito Societrio. 2.1 Quanto s espcies societrias. 2.2 A Teoria da Empresa. 2.3 A sociedade simples e a empresria. 2.4 Peculiaridades da sociedade simples. 3. Sociedade Simples. 3.1 O contrato social. 3.2 Direitos dos scios. 3.2.1 Direito de participao nos lucros. 3.2.2 Direito de participar nas deliberaes sociais. 3.2.3 Direito de fiscalizar a gesto dos negcios. 3.2.4 Direito de retirada da sociedade (direto de recesso). 3.2.5 Demais direitos dos scios. 3.3 Deveres dos scios. 3.3.1 Deveres perante os demais scios. 3.3.1.1 Dever de integralizao das quotas. 3.3.1.2 Dever de buscar o objeto social. 3.3.2 Deveres dos scios perante terceiros. 3.3.3 Deveres remanescentes aps a retirada do scio. 3.4 A administrao da sociedade. 3.4.1 Conceito e qualificao do administrador. 3.4.2 Deveres e competncias do administrador. 3.4.3 Responsabilidade do administrador. 3.5 A dissoluo da sociedade. 3.5.1 Dissoluo total. 3.5.2 Dissoluo parcial. 4. Bibliografia

1. Introduo

O advento do Cdigo Civil de 2002 de grande interesse no estudo do Direito Comercial, a contar pelo prprio nome da disciplina, que o novo cdigo passa a chamar de Direito Empresarial. A introduo do Livro II Do direito de empresa ao texto do cdigo substituiu a primeira parte do antigo Cdigo Comercial datado de 1.850 por uma nova lei que unifica o direito obrigacional privado, tratando tanto das obrigaes civis como das obrigaes comerciais, ou agora, empresariais.

Mais que isso, o novo cdigo traz inovaes importantes, consolidando na legislao importantes teorias desenvolvidas pela doutrina e a evoluo da prpria economia ao longo destes ltimos 150 anos, adequando a legislao realidade atual. Dentre as inovaes, o reconhecimento da Teoria da Empresa substitui a figura do comerciante pela figura de empresrio, a sociedade comercial pela sociedade empresarial, dando tratamento atualizado a institutos como o registro das sociedades empresariais, o seu nome, dos prepostos da empresa e da escriturao mercantil, incorporando instrumentos de novas tecnologias.

No campo do Direito Societrio, inmeras incorporaes podem ser citadas, dentre as mais relevantes: o reconhecimento expresso da personalidade jurdica da sociedade matria que no era tratada pela legislao comercial at ento, o reconhecimento legal da sociedade de fato ou irregular agora denominada sociedade em comum e da sociedade entre cnjuges, que agora passa a ter tratamento especfico, o direito das minorias, dentre outras inovaes.

Dentre estas, destaca-se uma nova espcie normativa de sociedade a sociedade simples grande novidade no Direito Societrio, que vem substituir a figura da sociedade civil, incorporando, entretanto, novas possibilidades de constituio e abrangendo tambm outras atividades, como as cooperativas, alm das atividades tpicas das sociedades civis (profissionais liberais).

Ainda, como nova espcie de sociedade, o interesse jurdico no estudo das sociedades simples potencializado, pois o novo cdigo estabelece tambm que ela funcione como regra geral para as demais espcies de sociedades, indicando que na omisso da lei ou em caso de conflito na legislao, sejam aplicadas subsidiariamente as regras da sociedade simples, e determinando ser esta a natureza jurdica de importantes atividades empresariais.

Assim, de suma importncia a reciclagem de conhecimentos, visando incorporar as atualizaes do Cdigo de 2002 ao conhecimento da matria, e neste trabalho ser apresentada uma abordagem das principais alteraes ocorridas no Direito Societrio com a entrada em vigor do novo Cdigo, em relao s espcies de sociedades, e tambm uma apresentao das principais caractersticas da sociedade simples, atentando para que suas regras aplicam-se supletivamente para os demais tipos societrios, funcionando como verdadeira regra geral do direito societrio atual, nisso consistindo a maior relevncia de seu estudo.

Neste sentido, em uma primeira parte sero apresentadas as principais mudanas quanto aos tipos societrios existentes antes e aps a entrada em vigor do novo Cdigo, em seguida os principais conceitos e classificaes aplicveis ao novo Direito Empresarial, e finalmente uma terceira parte com um aprofundamento nas regras referentes sociedade simples.

Nesta ultima parte, so apresentados os principais aspectos relativos ao contrato social, responsabilidade dos scios perante a sociedade, perante terceiros, administrao e dissoluo da sociedade, concluindo o presente estudo.

2. Principais alteraes no Direito Societrio

Com a entrada em vigor do novo Cdigo Civil em 2002 o Direito Comercial sofreu uma profunda alterao. Foi revogada a primeira parte do antigo Cdigo Comercial de 1850 pela introduo na Parte Especial do novo Cdigo do Livro II intitulado do Direito de Empresa.

Tal alterao, entretanto, no implica nem na revogao total do Cdigo de 1850 a sua Parte Segunda, que trata do comrcio martimo, continua em vigor e nem na unificao do direito comercial em uma s lei haja vista que temas importantes continuam regulados por leis especiais como a lei de falncias, leis que regulam os ttulos de crdito duplicatas, letras de cmbio, cheques e mesmo a Lei das S. A.s.

2.1 Quanto s espcies societrias

Antes de 2002, o Direito Societrio era regulado em parte Pelo Cdigo Comercial, que regulava as sociedade comerciais, e em parte pelo Cdigo Civil, que regulava as sociedades civis.

Existiam, ao todo, 7 tipos de sociedades comerciais, e a sociedade civil. A seguir, so enumeradas tais sociedades, sendo as 5 primeiras apresentadas ainda pelo Cdigo de 1850, a sociedade por quotas de responsabilidade em 1919 (Decreto 3.708/19) e a sociedade em comandita por aes criada em 1976, pela Lei 6.404/76, que tambm regulamentou o funcionamento das sociedades annimas (Lei das S.A.).

i. i. as sociedades annimas;

ii. ii. as sociedades em comandita simples;

iii. iii. as sociedades em comandita por aes.

iv. iv. as sociedades em nome coletivo;

v. v. as sociedades em conta de participao;

vi. vi. as sociedades por quotas;

vii. vii. as sociedades de capital e indstria;

J com o advento do Cdigo de 2002, a adoo da Teoria da Empresa substitui a figura do comerciante pela do empresrio, desaparecendo as sociedades comerciais e surgindo ento as sociedades empresariais. No lugar da sociedade civil, surge a sociedade simples, ou no empresarial, como oposio s sociedades empresariais.

O Novo Cdigo, ao apresentar as novas espcies de sociedades, apresenta-as tambm de forma nova, atravs da classificao quanto personificao[1]. De acordo com esta classificao, as sociedades dividem-se entre sociedades personificadas, ou seja, aquelas dotadas de personalidade prpria e distinta da dos scios a personalidade jurdica, que a sociedade adquire porque assim dispe a lei e sociedades despersonificadas, onde no existe a autonomia patrimonial entre scio e sociedade, confundindo-se tanto o patrimnio como as pessoas dos scios com a prpria sociedade.

Avana tambm o novo Cdigo ao reconhecer e estabelecer os critrios de aquisio da personalidade jurdica das sociedades, que de acordo com o Art. 985 do Cdigo, se inicia com o arquivamento, no registro prprio e na forma da lei, de seus atos constitutivos. Assim, uma vez reconhecida a personalidade jurdica da sociedade, separa-se o patrimnio dos scios do patrimnio da sociedade. Lembra-nos Hentz[2], entretanto, que esta separao no absoluta, havendo casos em que pode haver a desconsiderao da personalidade jurdica da sociedade, no caso de desvio da finalidade que determinou sua constituio (fraudes patrimoniais, por exemplo). a disregard doctrine, originada na commum law norte-americana.

De acordo com o critrio da personificao, temos as sociedades personificadas:

i. i. as sociedades simples (no empresarial)

ii. ii. as sociedades annimas;

iii. iii. as sociedades em comandita simples;

iv. iv. as sociedades em comandita por aes;

v. v. as sociedades em nome coletivo;

vi. vi. as sociedades limitadas;

E despersonificadas:

vii. vii. as sociedades em comum;

viii. viii. as sociedades em conta de participao;

Comparando-se os dois sistemas quanto s espcies anteriores ao novo Cdigo e as espcies atuais, conclui-se que:

a) a) no Direito Empresarial desaparece sociedade de capital e indstria;

b) b) as sociedades por quotas de responsabilidade passam a ser denominadas apenas de sociedades limitadas;

c) c) reconhecida uma nova espcie de sociedade, a sociedade em comum, antigamente conhecida por sociedade de fato ou irregular, que agora passa a ter os efeitos de sua constituio e dos atos por ela praticados regulados no Cdigo Civil de 2002;

d) d) surge a figura da sociedade simples, em substituio antiga sociedade civil.

2.2 A Teoria da Empresa

Quando dissemos que o novo Cdigo, ao adotar a Teoria da Empresa, substituiu a figura do comerciante pela do empresrio, no explicamos a extenso desta afirmao. A importncia reside no tratamento legal dado pessoa do comerciante no sistema anterior, onde a lei faz distino na aplicao de determinado instituto para o comerciante e para o no comerciante.

Assim, o no pagamento de obrigaes poderia implicar na falncia, se a pessoa fosse comerciante, e na insolvncia, se no comerciante, na regra anterior ao novo Cdigo. O processo falimentar muito mais desejvel, sob o ponto de vista do devedor, ao instituto da insolvncia. Entretanto, o problema maior recaia sempre sobre a caracterizao do comerciante.

De acordo com o Cdigo de 1850, o comerciante era aquele que praticava, de forma profissional e habitual, atos de comrcio. Entretanto, o conceito de atos de comrcio tornou-se, nos dias atuais, um conceito bastante restrito frente realidade da economia. Outras atividades econmicas produtivas, como a industria e a prestao de servios, colocaram-se juridicamente no mesmo plano da figura do comerciante, no se enquadrando suas atividades, entretanto, no conceito do ato de comrcio. No se trata mais da distino entre atos de comrcio e civis.

O que a Teoria da Empresa faz justamente deslocar o ncleo da distino entre os atos agora empresariais e no empresariais para o conceito de Empresa, de maneira a descrever melhor a natureza das atividades desenvolvidas. Assim, os conceitos de mediao e especulao, ou ainda o de interposio de pessoas na troca[3], inerentes aos atos de comrcio, deixam de ser decisivos na caracterizao da natureza da atividade praticada.

Embora o Cdigo Civil de 2002 no traga um conceito de Empresa, ele define em seu Art. 966 a figura do Empresrio: Considera-se empresrio quem exerce profissionalmente atividade econmica organizada para a produo ou circulao de bens ou de servios.

A partir Exposio de Motivos do novo Cdigo Civil podemos distinguir ainda trs condies para a caracterizao do Empresrio:

a) a) Exerccio de atividade econmica e, por isso, destinada criao de riqueza, pela produo de bens ou de servios ou pela circulao de bens ou servios produzidos;

b) b) Atividade organizada, atravs da coordenao dos fatores da produo - trabalho, natureza e capital - em medida e propores variveis, conforme a natureza e objeto da empresa;

c) c) Exerccio praticado de modo habitual e sistemtico, ou seja, profissionalmente, o que implica dizer em nome prprio e com nimo de lucro.

Ricardo Negro[4] resume tais condies em trs palavras: economicidade, organizao e profissionalidade. Utilizando estes trs elementos, pode-se conceituar a Empresa como sendo um organismo destinado prtica de atividades econmicas, de forma habitual e sistemtica, destinada criao de riqueza. um conceito muito mais eficiente do que o conceito de atos de comrcio, limitado perante a realidade econmica atual.

2.3 A sociedade simples e a empresria

Por outro lado, no Art. 981 do Cdigo Civil de 2002 conceituada a Sociedade: Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou servios, para o exerccio de atividade econmica e a partilha, entre si, dos resultados. Ponto interessante do conceito de sociedade a pluralidade de pessoas, ou seja, no existe sociedade formada por uma nica pessoa. Desta forma, no h de se falar em sociedade quanto ao empresrio individual (autnomo). Tambm a prtica de atividade econmica e a partilha dos resultados so novos elementos trazidos ao conceito de sociedade, quando comparamos os conceitos estampados nos Cdigos de 1916 e de 2002.

Por sociedade empresarial podemos entender, ento, o exerccio coletivo aquele realizado por mais de uma pessoa da atividade empresarial. Complementando este conceito, o pargrafo nico do Art. 966 dispe que No se considera empresrio quem exerce profisso intelectual, de natureza cientfica, literria ou artstica, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exerccio da profisso constituir elemento de empresa. Ao excluir do conceito de empresrio as atividades intelectuais, o legislador preservou a distino existente entre a sociedade comercial e a sociedade civil do Cdigo de 1916. Assim, no regime do Novo Cdigo Civil (2002), o empresrio caracterstico equivale ao antigo comerciante do Cdigo Comercial de 1850.

Feita esta anlise preliminar, j possvel uma interpretao precisa do Art. 982, que por excluso conceitua a Sociedade Simples: Salvo as excees expressas, considera-se empresria a sociedade que tem por objeto o exerccio de atividade prpria do empresrio sujeito a registro e simples as demais. A sociedade simples tem, ento, seu conceito abstrado do conceito original da sociedade civil do Cdigo de 1916, sendo a sociedade formada por aqueles que exercem profisso intelectual (gnero), de natureza cientfica, literria ou artstica (espcies), ainda que com o concurso de auxiliares e colaboradores.

Rubens Requio[5] ensina que a sociedade simples tem sua origem no direito societrio suo, tendo sido tambm adotado seu conceito pelo direito italiano. Consultado o Art. 530 do Cdigo de Obrigaes suo, verifica o autor que tambm l o conceito da sociedade simples apresentado por excluso: A sociedade uma sociedade simples, no sentido do presente ttulo, quando ela no oferece caractersticos distintivos de uma das outras sociedades reguladas pela lei. J Srgio Campinho[6] identifica o professor italiano Tlio Ascarelli como grande expoente de sua doutrina.

Neste sentido, Ricardo Negro[7], citando Galgano, considera que o novo contrato social mesmo originrio do Cdigo Civil italiano de 1942, desconsiderando o antecedente suio. Explica ainda, que o modelo da sociedade simples foi concebido em nosso ordenamento jurdico com dupla finalidade: uma primeira, de se distinguir das sociedades empresrias, adotando objeto diverso da atividade empresarial, e uma segunda finalidade, de servir de modelo ou fonte supletiva dos demais tipos societrios.

Na seqncia, citando Tavares Borba, acrescenta que as regras da sociedade simples passam a ser a principal fonte de aplicao subsidiria das sociedades brasileiras. Afirma que a rigor, as normas do Cdigo Civil referentes sociedades simples podem ser consideradas como verdadeiras normas gerais do direito societrio brasileiro, com aplicao vlida no somente para as sociedades limitadas, mas at mesmo para as sociedades annimas.

Assim, estabelece o Cdigo o requisito da atividade econmica para a caracterizao da sociedade, e divide as sociedades em dois grandes grupos, conforme a natureza da atividade econmica praticada: as sociedades empresariais, onde existe a figura do empresrio, e a sociedade simples, onde predomina a realizao da atividade intelectual, que o prprio cdigo exclui do conceito de empresa.

Entretanto, com relao s excees expressas previstas no pargrafo nico, dois artigos merecem destaque para concluirmos a conceituao da sociedade simples: em primeiro lugar o Art. 53, que cuida da diferenciao entre sociedade e associao, explicando que aquela constituda pela unio de pessoas que se organizam para fins econmicos, e esta por ter outras finalidades que no o lucro.

E finalizando, o pargrafo nico do Art. 982: Independentemente de seu objeto, considera-se empresria a sociedade por aes; e, simples, a cooperativa. Assim, nestes dois casos, o da sociedade annima e o da sociedade cooperativa, no ser a existncia ou no da atividade empresarial que determinar sua classificao, sendo o enquadramento em um tipo ou outro realizado por fora da lei.

Assim, ao alterar o ttulo original do Livro II da Parte Especial do Cdigo inicialmente concebido por Sylvio Marcondes como Atividades Negociais e depois Direito Empresarial, o legislador na verdade, comenta Miguel Reale[8], passou a fazer uso da figura verbal da sindoque que emprega uma parte para denominar o todo sendo o Direito de Empresa relacionado tanto s ditas sociedades empresariais como tambm em relao s sociedades simples.

A introduo deste novo sistema societrio, onde a sociedade simples desponta como fonte de regras gerais para as sociedades empresrias, no passou sem crticas aos doutrinadores. Rubens Requio[9] critica a imposio do modelo, por no se encontrar a sociedade simples enraizada em nosso sistema, sendo imposta ao mesmo tempo como novidade e modelo para as demais, sugerindo que ao invs do modelo proposto fosse criado um captulo de regras gerais do direito societrio, mitigando a importncia da sociedade simples. Fabretti[10] acrescenta ainda um certo engessamento na tomada de decises, ante o aumento de burocracia e a ampliao do direito dos scios minoritrios.

2.4 Peculiaridades da sociedade simples

A sociedade simples surge como um modelo de grande versatilidade no Direito Societrio. A primeira particularidade a ser destacada, que j citamos, a sua dupla natureza: serve de substrato s sociedades de natureza civil, no enquadrveis como sociedades empresariais, e funciona tambm como fonte supletiva para as sociedades empresrias, sendo aplicveis a estas nos casos de omisso da lei, de acordo com Campinho[11].

Uma segunda peculiaridade a equiparao legal[12] das cooperativas sociedade simples, que indica que toda cooperativa ser constituda como sociedade simples. A cooperativa um tipo especial de sociedade, que poder constituir-se mesmo sem capital social. Ela possui disciplina prpria a Lei 5.764/71 que no foi revogada pelo novo Cdigo, e possui natureza eminentemente civil. Neste ponto, cabe ressaltar que o legislador tambm realizou tal equiparao sociedade annima, que ser sempre considerada empresria.

Outro aspecto importante a possibilidade da existncia, na sociedade simples, da figura do scio de servio[13]. O scio de servio aquele que no participa do capital social da sociedade, contribuindo exclusivamente atravs da prestao de servio. Ao permitir o ingresso do scio de servio na sociedade simples, o legislador na verdade substitui a antiga forma societria da sociedade de capital e indstria, extinta por no haver sido recepcionada pelo novo Cdigo, possibilitando a constituio de modelo societrio parecido, entretanto, atravs da sociedade simples, limitando-se, contudo, a atividades no empresariais.

A sociedade simples tambm poder ser constituda de acordo com as regras pertinentes s sociedades empresariais, e neste caso aplicam-se s regras prprias da respectiva sociedade empresarial, e no as regras pertinentes s sociedades comuns. Assim, podemos ter a sociedade simples pura, no caso da sociedade simples adotar as regras que lhe so prprias, e tambm as sociedades simples limitada, em nome coletivo e em comandita simples[14].

Por fim, cabe destacar que o contrato social da sociedade simples arquivado no Registro Civil das Pessoas Jurdicas, e no na Junta Comercial (Registro Pblico de Empresas Mercantis), como so arquivados os contratos das sociedades empresrias personificadas.

3. Sociedade Simples

Uma vez entendido o posicionamento estratgico da sociedade simples como nova espcie societria principalmente como fonte supletiva na regulao das sociedades empresrias e feitas observaes iniciais do contexto em que se insere e de suas peculiaridades, passaremos, agora, a estudar a forma como se regula a sociedade simples.

3.1 O contrato social

O contrato social o ato constitutivo da sociedade simples. As sociedades podem ser constitudas mediante contrato entre os scios, caso em que sero denominadas sociedades contratuais, ou ainda mediante um ato institucional, onde no ocorre o firmamento de um contrato, e sim a elaborao de um estatuto, remanescendo apenas a manifestao da vontade dos scios, atravs da subscrio de aes, caso em que sero denominadas institucionais. Esta classificao, em razo da natureza de seu ato constitutivo[15], coloca a sociedade annima e a sociedade em comandita por aes como institucionais, e as demais sociedades empresariais e a simples como contratuais.

A disciplina referente constituio da sociedade na forma institucional (ou estatutria) estabelecida pela Lei 6404/76 a Lei das Sociedades Annimas (S. A.) enquanto que as regras gerais de constituio das sociedades contratuais so disciplinadas no novo Cdigo Civil pelo Art. 997, que aplicvel tambm s demais sociedades contratuais, indicando os elementos mnimos que devero ser apresentados no ato constitutivo da sociedade.

O Art. 997 do Cdigo Civil estabelece que a sociedade simples constitui-se mediante contrato escrito, particular ou pblico. Da anlise deste artigo Hentz[16] explica que a sociedade simples no depende, em princpio, do registro pblico, sendo que na sua origem (Sua e Itlia) sequer gozava da condio de pessoa jurdica. O efeito jurdico do registro, entretanto, a constituio da personalidade jurdica da sociedade, no sendo um ato meramente declaratrio. Da dizer-se que a pessoa jurdica nasce com o registro, no com o contrato ou estatuto[17].

Entretanto, pondera que ante a economia tributria e convenincia organizacional que a personalidade jurdica confere sociedade, tal discusso encontra-se superada, sendo que na prtica uma das finalidades da constituio da sociedade simples justamente a aquisio da personalidade jurdica. Assim, o Art. 998 estabelece um prazo de 30 dias, aps a celebrao do contrato social ou alterao sua alterao, para o arquivamento do contrato no Registro Civil das Pessoas Jurdicas e no na Junta Comercial como as sociedades empresrias fazem.

Estabelece ainda Art. 997 os elementos essenciais que devem estar presentes no contrato social, a saber:

i) i) nome, nacionalidade, estado civil, profisso e residncia dos scios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominao, nacionalidade e sede dos scios, se jurdicas;

ii) ii) denominao, objeto, sede e prazo da sociedade;iii) iii) capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espcie de bens, suscetveis de avaliao pecuniria;iv) iv) a quota de cada scio no capital social, e o modo de realiz-la;v) v) as prestaes a que se obriga o scio, cuja contribuio consista em servios;vi) vi) as pessoas naturais incumbidas da administrao da sociedade, e seus poderes e atribuies;vii) vii) a participao de cada scio nos lucros e nas perdas;viii) viii) se os scios respondem, ou no, subsidiariamente, pelas obrigaes sociais.

Alm destas clusulas contratuais necessrias, os scios podem estipular outras clusulas, levando-as a registro, desde que sejam lcitas e possveis. Uma vez constituda a sociedade e arquivado seu contrato social, aperfeioa-se a personalidade jurdica da sociedade. Mais que isto, ficam formalizados os elementos essenciais gesto da sociedade e administrao dos negcios, bem como os scios e seus respectivos quinhes.

Quaisquer alteraes destes dados, para surtirem efeito e serem oponveis a terceiros, devem ser formalizadas mediante alteraes contratuais, que devem ser levadas a registro junto ao ato constitutivo inicial, tambm no prazo de 30 dias. A lei estabelece quoruns especficos para a realizao de alteraes contratuais. De acordo com a matria relacionada, podero ser realizadas mediante 3 tipos diferentes de quoruns:

i) i) totalidade dos scios;

ii) ii) maioria de quotas;

iii) iii) maioria de pessoas.

A totalidade dos scios ser sempre exigida quando a alterao contratual versar sobre seus elementos essenciais, informados logo acima. Assim, alteraes nem to relevantes, como o endereo da sede e mesmo a razo social da sociedade necessitam de consenso geral para serem efetivadas. Esta caracterstica leva Ricardo Negro[18] a afirmar que a sociedade simples pode ser classificada como sociedade pessoal.

Em outras situaes (Artigos 1010 e 1013), a legislao estabelece que as decises se daro em razo da maioria de capital. Assim, quando competir aos scios decidir sobre os negcios da sociedade (Art. 1010) e tambm quando os scios discordarem entre si da administrao da sociedade (Art. 1013), a resoluo se dar mediante votao em que ser considerada a quantidade de quotas de cada um, tal qual ocorre com a sociedade limitada.

Por fim, o Art. 999 estabelece de maneira residual que, salvo os elementos essenciais, e por excluso os relacionados aos negcios e administrao, tratados no pargrafo anterior, a alterao do contrato social se faz por maioria de pessoas. facultada ainda, via contrato social, estabelecer formas diferentes para aprovao destas alteraes contratuais.

A instituio de filiais, sucursais ou agncias dever, por sua vez, ser averbada em contrato social prprio, na jurisdio em que vier a ser instalada, e tambm junto ao contrato social da matriz.

Quis o legislador, ao impor tanto a necessidade de todos os scios concordarem com alteraes elementares do contrato social como a funo de cada um dentro da sociedade como ao estabelecer a maioria de pessoas e no de capital para algumas deliberaes como a do Art. 1030 que estabelece a possibilidade de excluso de um dos scios mediante deliberao dos demais preservar na sociedade o direito das minorias, consistindo tal preocupao em uma das caractersticas mais inovadoras do Cdigo Civil de 2002, que, conforme vimos, apresenta o efeito colateral de engessar a tomada de decises, promovendo um demasiado enrijecimento na estrutura da sociedade na medida em que dificulta a tomada de decises, na crtica de Fabretti.

Como alternativa, acrescenta Fabretti[19] que as sociedades simples podero optar, no contrato social, pela regncia supletiva da sociedade pelas normas aplicveis sociedade por aes, citando como vantagens a maior variedade e flexibilidade das regras aplicveis s S.A.s, bem como uma maior clareza destas por j haverem sido realizados os debates mais relevantes acerca delas tanto na doutrina como na jurisprudncia.

3.2 Direitos dos scios

De acordo com Rocha Filho[20], a pessoa tanto fsica como jurdica pode ingressar na sociedade quando da realizao de seu ato constitutivo e tambm depois, via alterao contratual, quer na condio de novo scio, quer na condio de substituto de um scio retirante. Pode ainda, atravs de alterao social, subscrever aumento ou diminuio do seu capital, observadas as disposies legais e contratuais.

O ingresso na sociedade significa, para o scio, a aquisio imediata de direitos e deveres, estes ltimos em relao sociedade e tambm em relao a terceiros. Fabretti[21] lembra que antes mesmo de formalizada a sociedade pelo registro do contrato, os scios j esto obrigados entre si, desde a assinatura do contrato, especialmente quanto integralizao do capital social.

Os direitos e deveres dos scios, ento, se iniciam com o firmamento do contrato se este no dispuser de forma diversa e cessam com a liquidao da sociedade, aps a extino de todas responsabilidades sociais.

A seguir, veremos quais so os principais direitos dos scios na sociedade simples pura.

3.2.1 Direito de participao nos lucros

O direito primordial consagrado ao scio em uma sociedade o direito de participar nos lucros. A busca do lucro um elemento presente no prprio conceito de sociedade a finalidade da atividade econmica , via de regra, o lucro e qualquer clusula contratual que impea o scio de participar dos lucros da sociedade ser nula de pleno direito. Importante destacar que a nulidade abrange apenas a clusula excludente de participao nos lucros, e no a constituio em si da sociedade.

Na omisso do contrato social, a participao dos lucros se dar na proporo do nmero de quotas de cada scio em relao ao capital social. Ainda, caso na sociedade existam scios de servio, a participao destes nos lucros se dar na proporo da mdia do valor das quotas, considerando as quotas como expresso dos servios prestados sociedade.

Entretanto, vedada a excluso da participao do scio nos lucros, o contrato social pode dispor de outra maneira que no a proporcional as quotas para a distribuio dos lucros. Desde que no se exclua nenhum dos scios da partilha, a distribuio ser vlida.

A distribuio de lucros ilcitos ou fictcios entre os scios obriga de forma solidria tanto os scios que receberam os lucros, independente de culpa ou dolo por parte destes, como tambm o responsvel scio ou preposto responsvel pela operao fraudulenta. Existe, neste caso, a presuno legal de que os scios conheciam ou deveriam conhecer da fraude.

Da mesma forma como esto obrigados a partilhar os lucros entre si, os scios tambm se obrigam a cobrir eventuais prejuzos, na proporo em que tenham dado causa s perdas. A exceo fica por conta do scio de servio, que por no participar do capital social, tambm no se obriga a recompor os prejuzos. Tambm aqui fica facultado aos scios acordarem a matria de outra forma, expressando sua vontade atravs do contrato social.

3.2.2 Direito de participar nas deliberaes sociais

Conforme vimos na seo 3.1, existem diferentes formas previstas para a deliberao dos scios na sociedade simples. Dependendo da natureza da matria a ser tratada, pode ser exigido quorum diferente para a deliberao: anuncia de todos scios, anuncia da maioria dos scios, ou maioria de quotas sociais. Nestes dois ltimos casos, falamos da maioria absoluta (50% +1 do nmero total de quotas ou de scios), e no da maioria dos presentes.

Com relao s deliberaes relativas aos elementos essenciais do contrato social, para cuja aprovao necessria a concordncia de todos os scios a ttulo de exemplo temos o ingresso, retirada ou mudana na subscrio de quotas entre os demais scios, a alterao do nome, do objeto social ou da sede social, dentre outros, o direito de participao nas deliberaes sociais, conforme vimos, transformou-se em verdadeiro direito de veto, na medida em que qualquer scio pode discordar e impedir tais alteraes sem se justificar.

Cabe aqui fazer uma exceo do direito de participar das deliberaes, ao scio de servio, que no participa das deliberaes em que as decises so tomadas por maioria de quotas, pois como vimos no participa do capital social.

Campinho[22] destaca, ainda, que a participao do scio nas deliberaes obrigatoriamente se pautar pelo interesse da sociedade, sendo vedado ao scio influenciar as deliberaes objetivando interesses particulares ou de terceiros. Assim, ao direito de participar das decises da sociedade, contrape-se ao scio o dever de lealdade para com a sociedade.

Caso o scio participe de determinada deliberao, e seu voto seja decisivo para a tomada de deciso, responder pelos prejuzos decorrentes da deliberao, caso ficar constatado que atuou visando interesses particulares ou de terceiros.

Assim, sempre que existirem interesses conflitantes entre o scio particular e a sociedade, o scio dever, por prudncia, abster-se da votao. Uma vez que no influenciar no resultado da deliberao, ou ainda que seu voto no seja o voto decisivo na tomada da deciso, tambm no responder por eventuais prejuzos causados, ainda que fique comprovado que tomou parte na deciso em proveito prprio.

No caso de empate, nas deliberaes segundo o critrio da quantidade de quotas de cada scio, prevalecer o lado com maior nmero de scios votantes. Nas votaes com maioria de pessoas e de quotas, ocorrendo empate, e inexistindo scios que no tenham participado da votao, a soluo ser judicial (ou convencional, caso optem os scios pelo arbitramento da causa). Caso ainda existam scios que no manifestaram sua opinio, devero ser estes chamados a se manifestar antes do encaminhamento para a soluo por parte do Juiz.

O resultado das deliberaes que impliquem em alteraes no contrato social neste caso a alterao s ser possvel mediante anuncia de todos os scios s sero oponveis a terceiros aps levados a registro pblico no rgo competente.

3.2.3 Direito de fiscalizar a gesto dos negcios

A lei assegura ao scio, independente de sua participao no capital social, o direito de fiscalizar as contas da sociedade. Pode o scio, a qualquer momento, examinar as disponibilidades (caixa), os compromissos (obrigaes) da sociedade, seus livros e demais documentos fiscais e contbeis.

A nica exceo a este direto a possibilidade de serem estabelecidos, no contrato social, critrios para a fiscalizao, como horrios ou datas especficas para exerccio deste direito, que se justificam plenamente no caso de sociedades com grande nmero de scios.

Ao direito do scio de fiscalizar as contas da sociedade, combina-se o dever do administrador de prestar contas da sua administrao, que veremos em tpico apartado adiante.

3.2.4 Direito de retirada da sociedade (direto de recesso)

Ricardo Negro[23] explica que o direito de retirada o direito que o scio possui de se retirar voluntariamente da sociedade no absoluto e se desdobra em duas modalidades, de acordo com a constituio da sociedade quanto ao prazo se constituda por prazo determinado ou indeterminado.

Nas sociedades constitudas por prazo indeterminado, bastar a notificao do scio retirante aos demais, observada uma antecedncia mnima de 60 dias. Neste caso, os scios remanescentes podero deliberar pela dissoluo ou continuidade da sociedade, estabelecendo a lei prazo de 30 dias para a deciso.

Tratando-se de sociedade constituda por prazo determinado, o direito de retirada ser exercido mediante prova judicial de justa causa para a retirada, salvo se todos os scios concordarem com a retirada. Analisando as possibilidades concretas com relao a tal justa causa, Negro exclui aquelas relacionadas ao contrato social as quais seriam condicionadas ao voto do scio que pretende se retirar, e portanto poderiam ser evitadas e relaciona a justa causa ao trmino da affectio societatis, elemento subjetivo existente entre os scios que os une em torno de um objetivo comum.

Assim, nas sociedades pro prazo determinado, se no houver concordncia dos demais scios, caber ao scio retirante provar que, justamente, no tem mais motivos para continuar a sociedade, quer por desafeto com os demais scios, quer por impossibilidade pessoal de continuidade da atividade.

3.2.5 Demais direitos dos scios

Dentre outros direitos inerentes condio de scio, podemos destacar ainda o direito de participao do acervo, nos casos de liquidao da sociedade, que o direito que o scio tem de, uma vez liquidadas as obrigaes sociais, ir recebendo, na medida em que o ativo for sendo realizado, o numerrio levantado de acordo com sua participao no capital social.

Outro direito que merece destaque o direito de no ser substitudo no exerccio de suas funes, que s mitigado por deliberao em que todos os demais scios concordem no afastamento, devendo tal deciso para gerar efeitos ser levada para averbamento junto ao contrato social.

Finalmente, o scio tem o direto de preferncia para a subscrio de quotas do capital, nos casos de sua elevao. De acordo com este direito, a pessoa que detm j a condio de scio tem preferncia a aumentar sua participao na sociedade, frente ao ingresso de novos scios, devendo ser consultada antes.

Tais direitos constituem-se, juntamente com os demais direitos j analisados, direitos impostergveis dos scios, decorrentes exclusivamente de sua condio de scio na sociedade simples. Evidente que a listagem apresentada no exaustiva, tendo carter meramente exemplificativo, e que tambm os scios podero convencionar, alm destes, outros direitos inerentes aos scios em cada caso concreto.

3.3 Deveres dos scios

Conforme explicamos no incio do item 3.2, ao ingressar na sociedade o scio adquire um conjunto de diretos e obrigaes que s se extinguem ao final do processo de liquidao da sociedade, com a extino das obrigaes sociais e partilha das eventuais sobras.

Vistos os principais direitos dos scios, cabe agora analisar tambm seus deveres. A anlise das obrigaes do scio ser dividida em dois conjuntos: o primeiro, o da responsabilidade do scio perante a sociedade, ou ainda perante os demais scios, e depois a responsabilidade do scio perante terceiros.

3.3.1 Deveres perante os demais scios

Conforme vimos, a sociedade a unio de duas ou mais pessoas em torno de um objetivo comum. Tal unio materializada no contrato social, onde os scios declaram suas vontades o objeto social a ser perseguido pela sociedade e a contribuio que pretendem investir na perseguio deste objetivo a quota que pretende integralizar.

Assim, cada scio se obriga perante os demais, na celebrao do ato constitutivo da sociedade, tanto em relao integralizao das quotas como em relao ao objeto social.

3.3.1.1 Dever de integralizao das quotas

A integralizao das quotas consiste na entrega, por parte de cada scio, dos bens dinheiro, imveis, equipamentos estipulados no contrato social para que sejam incorporados ao patrimnio da sociedade. A integralizao deve ser feita da forma convencionada no contrato social.

Se o contrato for omisso, presume-se que a integralizao exigvel imediatamente celebrao do contrato, porm, o Cdigo prev, em seu Art. 1004, que o scio s responder pela mora caso notificado, concedendo ao scio prazo de 30 dias para regularizao.

A responsabilidade do scio em relao integralizao das quotas ser sempre ilimitada, ou seja, o scio responde pela obrigao social com todo seu patrimnio, at o valor das quotas. A legislao relativa sociedade simples prev trs espcies de sanes em razo da mora do scio na integralizao:

i) i) responsabilizao ilimitada do scio por danos emergentes em razo da mora;

ii) ii) excluso do scio em mora atravs de deliberao da maioria dos demais scios;

iii) iii) reduo do valor das quotas do scio em mora ao valor j integralizado.

Estas penalidades so alternativas, ou seja, os scios devem deliberar e decidir qual penalidade pretendem impor ao scio faltoso.

Se a integralizao da quota-parte no for em espcie (dinheiro), e se der mediante transferncia do domnio, posse ou uso de quaisquer bens, o scio responde pela evico que significa o ato pelo qual vem um terceiro desapossar a pessoa da coisa ou do direito, que se encontrava em sua posse, por ter direito a ela. Ainda, se for mediante transferncia de crditos exigveis de terceiros, o scio responder pela solvncia do devedor.

3.3.1.2 Dever de buscar o objeto social

o dever que o scio tem de contribuir, de maneira volitiva, para a realizao do objetivo social da empresa. O scio sempre responder pelos prejuzos que der causa sociedade, toda vez que constatado dolo por parte do scio em lesar a sociedade, atravs de fraudes, simulaes e outros artifcios, seja participando da administrao dos negcios ou das deliberaes entre os scios. Tambm nestes casos, o scio responder de forma ilimitada, no limite dos prejuzos causados os danos emergentes e o lucro cessante.

No caso do scio de servio, deve ainda abster-se da prtica de atividades estranhas ao objeto social, sob pena de no participar dos lucros ou mesmo ser excludo da sociedade, a critrio dos scios (maioria de pessoas).

3.3.2 Deveres dos scios perante terceiros

Na sociedade simples, a regra geral de que a responsabilidade do scio perante a sociedade ser sempre ilimitada, porm dever responder na proporo em que tiver dado causa ao prejuzo o que nem sempre significar que responder na proporo de suas quotas.

De incio, duas situaes se apresentam:

i) i) se o prejuzo resulta das atividades normais da sociedade aquelas relacionadas ainda que indiretamente ao seu objeto social, caso em que recamos na regra geral vista acima;

ii) ii) se o prejuzo decorre da ao individual de um dos scios.

O scio pode se revestir na pessoa do administrador. Em relao aos atos praticados pelo scio na condio de administrador, sero tratados adiante. Veremos, primeiro, os atos praticados como scio, na acepo da palavra.

Via de regra, o scio responder apenas perante a sociedade pelos atos que praticar, de forma ilimitada, na proporo do prejuzo causado. Faz-se necessria ainda prova da culpa do scio. necessria a caracterizao da m-f, ou da culpa. A culpa ser considerada como no direito romano, a partir do conceito do homem mdio[24], aplicado pessoa do scio o desvio do objeto social.

Assim, patrimnio dos scios s exigvel por terceiros se os bens da sociedade, uma vez executados, no forem suficientes para cobrir as dvidas. Existe o benefcio de ordem. Neste caso, liquidados os bens da sociedade, e remanescendo a obrigao, respondem os scios pelo saldo residual, na proporo em que deram causa s perdas sociais. Cabe sociedade suportar o prejuzo causado pelo scio, e posteriormente exercer o direito de regresso sobre ele. Existem apenas 3 situaes em que os atos praticados pelo scio podem ser opostos a terceiros, que estudaremos no tpico referente administrao, adiante.

Outra situao que pode acontecer a insolvncia da pessoa do scio ou seja, caso o scio esteja sendo executado e seus bens pessoais no forem suficientes para saldar suas dvidas. Dentre os bens do scio, o credor particular poder executar o pro labore, ou seja, a parte dos lucros que cabe ao scio por parte da sociedade. Caso liquidados todos os bens do scio ainda subsistir a obrigao, a execuo recair sobre as quotas do scio, caso em que proceder-se- a liquidao especial das quotas. A seqncia dos bens a serem nomeados penhora dada pelo Art. 655 do Cdigo de Processo Civil.

Cabe sempre a distino de que na sociedade simples pura, a responsabilidade dos scios ser ilimitada. Porm, nada impede, nas palavras de Miguel Reale[25], que a sociedade simples sujeite-se s normas pertinentes s demais sociedades personificadas. Assim, caso se adote a forma da sociedade limitada (ou ainda outras espcies societrias) como paradigma, a responsabilidade dos scios ser limitada, podendo este raciocnio ser ampliado para as demais: sociedade em nome coletivo, sociedade em comandita simples, por aes e as sociedades annimas, conforme previsto no Art. 983 do Cdigo.

Ainda, valem as observaes feitas sobre a participao dos scios nas deliberaes sociais, quando comentamos o direito de voto dos scios.

Por fim, note-se que no caso do scio de servio aquele que no participa do capital social da empresa nos moldes da revogada sociedade de capital e indstria, se o contrato no indicar de forma diversa, ele no responde pelos prejuzos,

3.3.3 Deveres remanescentes aps a retirada do scio

A retirada do scio de uma sociedade no exclui a sua responsabilidade pelas obrigaes contradas pela sociedade durante o perodo em que foi scio. Esta responsabilidade inclui tanto as obrigaes expressamente contradas, como emprstimos e financiamentos, como tambm obrigaes constitudas posteriormente, como por exemplo uma multa aplicada referente ao perodo em que ainda fosse scio, ainda que quando da aplicao da multa no mais ostentasse a qualidade de scio.

De acordo com o Art. 1003, nico, de dois anos, contados da data de averbamento da alterao contratual, o prazo no qual perdura a responsabilidade solidria entre o cedente (quem vendeu) e o cessionrio (quem comprou) das quotas.

Embora cada um dos dois responda de forma ilimitada, respondem apenas na medida das quotas, considerando-se para isso a distribuio de quotas existente na data de ocorrncia da obrigao. Por outro lado, a responsabilidade do scio admitido em sociedade j constituda compreende tambm as dvidas sociais anteriores admisso.

3.4 A administrao da sociedade

A sociedade se relaciona com outras pessoas, formando seu crculo de negcios. Conforme vimos, a prtica de um ato pode requerer a anuidade de todos os scios, de apenas um deles ou ainda ser realizada por um mandatrio com poderes outorgados de forma especfica no instrumento prprio a procurao. Estes so os administradores da empresa. Assim, a sociedade adquire direitos, assume obrigaes e procede judicialmente por meio deles, conforme dispuser o contrato social.

3.4.1 Conceito e qualificao do administrador

O administrador da sociedade, no dizer de Requio[26], a pessoa que pratica, com habitualidade, os atos privativos de gerncia ou administrao de negcios da empresa, e o faz por delegao de assemblia, de diretoria ou de diretor, ou ainda de acordo com o contrato social.

O administrador da sociedade pode ser um scio Requio fala em scio-gerente, ou uma terceira pessoa. Na omisso do contrato social, admite-se que a administrao compete a todos os scios, e que cada um dos scios a realiza individualmente. Caso os scios escolham como administrador uma terceira pessoa, seu nome deve ser anotado no contrato social, sendo necessria ainda uma procurao onde constem quais poderes os scios delegam ao administrador. Se o administrador praticar atos administrativos sem averbar junto ao contrato social sua condio de procurador, responde solidria e ilimitadamente pelos atos praticados at o momento da averbao.

vedada a funo de administrador em uma sociedade para funcionrios pblicos civis ou militares, tambm para condenados em crimes contra a administrao, a ordem tributria, o sistema financeiro nacional, crime falimentar, contra a economia popular, contra as normas de defesa da concorrncia, contra as relaes de consumo, a f pblica ou a propriedade, enquanto perdurarem os efeitos da condenao.

3.4.2 Deveres e competncias do administrador

dever do administrador a probidade e a lealdade no exerccio da funo, assim como trabalhar efetivamente para uma correta administrao da sociedade. Tambm aqui aplica-se o conceito do homem mdio, de quando falamos da responsabilidade do scio. Da mesma forma, dever do administrador a prestao de contas a ser realizada aos scios da forma como for deliberada incluindo aqui as informaes fiscais anuais obrigatrias, como a realizao dos balanos e demonstrativos contbeis, alm do levantamento do inventrio. Este dever um corolrio do direito de fiscalizao, inerente aos scios, analisado anteriormente.

As decises dos scios quanto aos negcios da sociedade so tomadas atravs da maioria de quotas, sendo necessrios metade mais uma (maioria absoluta). No caso de empate, conforme vimos, prevalece o lado que tiver mais scios, persistindo o empate, a deciso cabe a um juiz de direito.

Nos atos de competncia conjunta de vrios administradores, torna-se necessrio o concurso de todos, salvo nos casos urgentes, em que a omisso ou retardo das providncias possa ocasionar dano irreparvel ou grave.

O mandato concedido a terceiros, bem como os poderes conferidos a scio em ato separado fora do contrato social so revogveis a qualquer tempo, e a revogao deve ser realizada, de preferncia, do modo como foi feita a investidura. So irrevogveis, entretanto, os poderes do scio investido na administrao por clusula expressa do contrato social, salvo justa causa, reconhecida judicialmente, a pedido de qualquer dos scios.

3.4.3 Responsabilidade do administrador

Como regra geral, os administradores respondem solidariamente com a sociedade e os terceiros prejudicados, por culpa ou excesso no desempenho de suas funes. Esta a regra do Art. 1016.

Assim, constatada a culpa ou o excesso de poderes por parte do administrador, este responde de forma solidria e ilimitada com a sociedade, na medida do prejuzo causado.

Entretanto, existem situaes em que o administrador, praticando atos incoerentes em relao ao objeto social da empresa os chamados atos ultra vires[27] - em que poder ser responsabilizado diretamente pelo feito, ilidindo a responsabilidade da sociedade. No so todos os atos ultra vires que so oponveis a terceiros, sendo adotada a Teoria da Aparncia[28], para a proteo dos direitos do terceiro de boa-f. O Art. 1.015 em seu pargrafo nico apresenta as situaes:

i) i) caso o responsvel seja conhecido do terceiro;

ii) ii) caso o ato seja expressamente vedado por clusula contratual averbada;

iii) iii) caso tratar-se de operao evidentemente estranha ao objeto da sociedade.

3.5 A dissoluo da sociedade

A dissoluo da sociedade, em um sentido amplo, pode ser total ou parcial[29]. Ser total quando implicar na liquidao a realizao do ativo e extino das obrigaes sociais, com partilha entre os scios das sobras, na proporo das quotas de cada um e na conseqente extino da sociedade. Ser parcial quando se referir retirada de um dos scios, que implicar apenas na apurao dos haveres do scio, e no na extino da sociedade, que remanesce.

3.5.1 Dissoluo total

A dissoluo total um processo de trs etapas, que se inicial com a dissoluo propriamente dita que seria o ato de distrato que o acordo que pe fim ao contrato social, indicando o liquidante da sociedade, que ser a pessoa responsvel pela liquidao, que consiste na apurao dos haveres ou deveres de cada scio em relao ao patrimnio social, e a extino propriamente dita, que se d com a formalizao do encerramento das atividades junto aos diversos rgos pblicos no s os de registro como tambm nos cadastros de contribuintes, associaes, sindicatos, dentre outros.

A dissoluo total pode ser de duas naturezas distintas:

a) a) de pleno direito ou extrajudicial: ocorre por deciso dos scios ou ainda pela ocorrncia de certos eventos.

b) b) por deciso judicial quando a dissoluo determinada por um juiz.

As causas de dissoluo das sociedades podem ser de natureza judicial, extrajudicial, ou ainda implicar em uma natureza ou outra, dependendo das circunstncias em que so verificadas. No caso da dissoluo judicial, o liquidante, via de regra, ser escolhido pelo juiz. No caso da liquidao extrajudicial, os scios deliberam, no prprio ato do distrato, a forma como ser afeita a liquidao.

Sero causas extrajudiciais de dissoluo:

a) a) o consenso entre os scios, desistncia, clusula prevista em contrato ou ainda a deliberao da maioria absoluta dos scios pela liquidao. Embora haja esta terceira possibilidade disciplinada pelo Art. 1.033, III cabe aqui observar que a jurisprudncia tem reconhecido o direito de um nico scio de continuar a sociedade, para preservar a empresa. Trata-se tambm, no caso, de um direito das minorias.

Sero causas judiciais de dissoluo:

a) a) a anulao da constituio da sociedade atravs de ao prpria na justia anulao judicial.

b) b) pela falncia da sociedade, caso em que a dissoluo ser necessariamente judicial. Caso a falncia recaia sobre apenas um dos scios seja estranha sociedade ser caso de dissoluo parcial apenas o scio falido ser excludo, a no ser que haja previso no contrato social da falncia de um dos scios ser causa de dissoluo total.

Por fim, podem ser causas judiciais ou extrajudiciais, dependendo das circunstncias em que se verificam:

a) a) a falta de pluralidade de scios, se por causas extrajudiciais como o trmino da Affectio Societatis ou por causas judiciais como a falncia de um dos scios restar apenas um nico scio na sociedade, ele dever, no prazo de 180 dias, promover o ingresso de um novo scio, sob pena de dissoluo automtica da sociedade aps este perodo.

b) b) no caso de sociedades constitudas por prazo determinado, em razo do decurso de prazo. Caso os scios concordem quanto ao decurso, teremos o distrato de pleno direito. Caso os scios no chegem a um consenso, ser provocada a funo jurisdicional e teremos uma dissoluo judicial.

c) c) Por deciso administrativa, quando a autoridade pblica revoga a autorizao concedida sociedade para ela funcionar. O exemplo recente o caso dos bingos, onde algumas empresas acataram a deciso administrativa e encerraram extrajudicialmente suas atividades e outras vm questionando a validade da proibio na justia.

d) d) Por exaurimento do fim social, ou sua inexequibilidade: nestes casos, a dissoluo poder ser de pleno direito ou judicial. Ex.: a) inexistncia de mercado; b) insuficincia de capital; c) grave divergncia entre os scios.

A pessoa jurdica subsistir para os fins de liquidao, at que esta se conclua, porm a gesto se limitar aos negcios inadiveis, vedadas novas operaes, pelas quais respondero os administradores e o liquidante solidria e ilimitadamente. As fases finais da dissoluo compreendem a elaborao de relatrio e prestao final de contas pelo liquidante, a deliberao dos scios em reunio ou por escrito, o averbamento da deciso no contrato social e finalmente o cancelamento da inscrio da pessoa jurdica.

A responsabilidade dos scios s termina quando, liquidadas todas as obrigaes sociais, ocorre a extino da sociedade, completando, assim, o ciclo da dissoluo latu sensu. A dissoluo de fato no gera efeitos, continuando a responder os scios de forma ilimitada enquanto no procederem a dissoluo de direito.

3.5.2 Dissoluo parcial

No caso da dissoluo parcial acontece apenas a retirada de um dos scios da sociedade, sendo que no ocorre a paralisao das atividades e nem a extino da sociedade. O que ocorre, ao invs da liquidao, a apurao de haveres do scio retirante. A dissoluo parcial pode tambm ser judicial ou extrajudicial. So 3 as causas de dissoluo parcial, e em todas elas podem ter natureza judicial ou extrajudicial, dependendo da situao concreta:

a) a) a morte do scio, salvo se no contrato social for considerada clusula de dissoluo total, ou ainda se os scios remanescentes preferirem assim. No caso de morte de um scio poder ocorrer ainda a substituio do de cujus por um novo scio ou scios, mediante acordo com os herdeiros. Caso no haja concordncia com relao ao procedimento a ser adotado entre scios e herdeiros, ser necessria a dissoluo judicial.

b) b) vontade do scio o exerccio do direito de recesso, que vai depender da forma como a sociedade foi constituda. Na sociedade por tempo indeterminado, se d mediante notificao com 60 dias de antecedncia. Na sociedade por prazo determinado, apenas poder se retirar por via judicial, provando justa causa para tal salvo se os demais scios anurem.

c) c) excluso do scio Existem 3 situaes em que o scio ser excludo: 1) por deliberao dos demais scios, caso em que a excluso ser de pleno direito; 2) pela insolvncia ou falncia do scio, caso em que a excluso ser judicial, ou ainda 3) por incapacidade superveniente, caso em que tambm dever ser declarada judicialmente.

4. Bibliografia

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FABRETTI, Ludio Camargo. Direito de Empresa no Novo Cdigo Civil. So Paulo: Atlas, 2003.

Notas

[1]. REQUIO, Rubens. Curso de Direito Comercial Vol. 1. p. 312.

[2]. HENTZ, Luiz Antonio Soares. Direito de Empresa no Cdigo Civil de 2002. p. 95.

[3]. NEGRO, Ricardo. Manual de Direito Comercial e de Empresa Vol. 1. p. 31.

[4]. NEGRO, Ricardo. Manual de Direito Comercial e de Empresa Vol. 1. p. 38.

[5]. REQUIO, Rubens. Curso de Direito Comercial Vol. 1. p. 294.

[6]. CAMPINHO, Srgio. O Direito de Empresa Luz do novo Cdigo Civil. p. 55.

[7]. NEGRO, Ricardo. Manual de Direito Comercial e de Empresa Vol. 1. p.302.

[8]. REALE, Miguel. A Sociedade Simples e a Empresria no Novo Cdigo Civil.

[9]. REQUIO, Rubens. Curso de Direito Comercial Vol. 1. p. 295.

[10]. FABRETTI, Ludio Camargo. Direito de Empresa no Novo Cdigo Civil. p. 14.

[11]. CAMPINHO, Srgio. O Direito de Empresa Luz do novo Cdigo Civil. p. 86.

[12]. NEGRO, Ricardo. Manual de Direito Comercial e de Empresa Vol. 1. p. 238.

[13]. FABRETTI, Ludio Camargo. Direito de Empresa no Novo Cdigo Civil. p. 108.

[14]. BRASIL. Tabela de Natureza Jurdica 2003. Resoluo CONCLA n 8/2002, de 17/12/2002.

[15]. CAMPINHO, Srgio. O Direito de Empresa Luz do novo Cdigo Civil. p. 54.

[16]. HENTZ, Luiz Antonio Soares. Direito de Empresa no Cdigo Civil de 2002. p. 166.

[17]. HENTZ, Luiz Antonio Soares. Direito de Empresa no Cdigo Civil de 2002. p. 84.

[18]. NEGRO, Ricardo. Manual de Direito Comercial e de Empresa Vol. 1. p. 305.

[19]. FABRETTI, Ludio Camargo. Direito de Empresa no Novo Cdigo Civil. p. 63.

[20]. ROCHA FILHO, Jos Maria. Curso de Direito Comercial. p. 262.

[21]. FABRETTI, Ludio Camargo. Direito de Empresa