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A SANTA BÍBLIA (O TESTAMENTO DA ETERNA ALIANÇA) O HEXATEUCO (PENTATEUCO+JOSUÉ) José haical haddad CAPÍTULO VI JOSUÉ Assim como se dá o cognome de Penta teuco aos cinco primeiros livros da Bíblia (penta = cinco) , ao se acrescentar Josué, usa-se a denominação de Hexa teuco ( hexa = seis ) aos agora seis primeiros livros. O que é indispensável destacar é a importância do término do Pentateuco com a análise do Deuteronômio. Mesmo ao fundamento de na Bíblia nada ser mais importante a conclusão dessa primeira parte do estudo é de valor indeclinável para o conhecimento das Sagradas Letras e da História da Salvação. Sem uma compreensão dessa parte exposta não se poderá, em hipótese alguma, entender ou assimilar com segurança as reais dimensões até mesmo da doutrina cristã. Então, é natural e até mesmo desejável que este retardamento involuntário venha a beneficiar a muitos por lhes propiciar ocasião de rever, melhor analisar e estudar o já apresentado O Livro de Josué vem se situar bem após o Deuteronômio chegando a transparecer uma profunda vinculação e até mesmo o embasamento da sua continuidade histórica. Tudo aquilo que fora estruturado a partir de Abraão por meio de Moisés vai agora se corporificar numa realidade tanto religiosa como política. Também, facilmente se nota que essa sua disposição faz dele o prosseguimento natural de tudo aquilo que, desde os Patriarcas, é parte indissociável da nacionalidade Israelita qual seja a história, cultura e índole. É como um ponto de chegada que ao mesmo tempo se torna um ponto indeclinável de partida e de transformação política, cultural e religiosa. O sedimentado anteriormente na tradição hebraica desde os Patriarcas tal como a posse de um território fixo e tornar- se um povo numeroso ―como as estrelas dos céus‖ (Gn 15,5) se corporifica em realidade. Parte-se para a conquista da Terra Prometida, em obediência a Iahweh, que determina o comando de Josué. Com essa conquista transparece a vitória de Iahweh, o Deus Israelita, sobre os deuses pagãos. O Pentateuco na Bíblia Hebraica tem os nomes de seus cinco livros tirados das palavras com que se iniciam, enquanto que na Bíblia Grega ou a Bíblia dos Setenta (LXX) ou a Bíblia Septuaginta correspondem ao conteúdo interpretado da narração. Recebendo como denominação o nome de seu protagonista, e substituto de Moisés (Ex 33,11 / Nm 11,28. 27,18. 32,28...), o Livro de Josué destoa da sistemática em uso sendo o primeiro a usar um nome próprio do protagonista como título.

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A S A N T A B Í B L I A (O TESTAME NTO D A ETERNA ALIA NÇ A)

O H E X A T E U C O ( P E N T A T E U C O + J O S U É )

Jos é h a i ca l h ad d ad

CAPÍTULO VI

JOSUÉ

Assim como se dá o cognome de Penta teuco aos cinco primeiros

livros da Bíblia (penta = cinco) , ao se acrescentar Josué, usa-se a

denominação de Hexateuco (hexa = seis) aos agora seis primeiros livros.

O que é indispensável destacar é a importância do término do Pentateuco

com a análise do Deuteronômio. Mesmo ao fundamento de na Bíblia nada ser

mais importante a conclusão dessa primeira parte do estudo é de valor

indeclinável para o conhecimento das Sagradas Letras e da História da Salvação.

Sem uma compreensão dessa parte exposta não se poderá, em hipótese alguma,

entender ou assimilar com segurança as reais dimensões até mesmo da doutrin a

cristã. Então, é natural e até mesmo desejável que este retardamento involuntário

venha a beneficiar a muitos por lhes propiciar ocasião de rever, melhor analisar e

estudar o já apresentado

O Livro de Josué vem se si tuar bem após o Deuteronômio chegando a

transparecer uma profunda vinculação e até mesmo o embasamento da sua

continuidade histórica. Tudo aquilo que fora estruturado a partir de Abra ão por

meio de Moisés vai agora se corporificar numa realidade tanto religiosa como

polí t ica. Também, facilmente se nota que essa sua disposição faz dele o

prosseguimento natural de tudo aquilo que, desde os Patriarcas, é parte

indissociável da nacionalidade Israeli ta qual seja a história, cultura e índole. É

como um ponto de chegada que ao mesmo tempo se torna um ponto indeclinável

de partida e de transformação polí t ica, cultural e religiosa. O sedimentado

anteriormente na tradição hebraica desde os Patriarcas tal como a posse de um

terri tório fixo e tornar -se um povo numeroso ―como as estrelas dos céus‖ (Gn

15,5) se corporifica em realidade. Parte -se para a conquista da Terra Prometida,

em obediência a Iahweh, que determina o comando de Josué. Com essa conquista

transparece a vitória de Iahweh, o Deus Israeli ta, sobre os deuses pagãos.

O Pentateuco na Bíblia Hebraica tem os nomes de seus cinco l ivros t irados

das palavras com que se iniciam, enquanto que na Bíblia Grega ou a Bíblia dos

Setenta (LXX) ou a Bíblia Septuaginta correspondem ao conteúdo interpretado da

narração. Recebendo como denominação o nome de seu p rotagonista, e substi tuto

de Moisés (Ex 33,11 / Nm 11,28. 27,18. 32,28.. .) , o Livro de Josué destoa da

sistemática em uso sendo o primeiro a usar um nome próprio do protagonista

como tí tulo.

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Também, é o primeiro da divisão usada na Bíblia Hebraica em Prof etas

Anteriores (Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis), e em Profetas Posteriores

( Isaías, Jeremias, Ezequiel e os Doze Menores). De certa forma é bem justif icável

essa classificação em virtude da identificação profética que neles se encontra de

Moisés e Josué no empenho pela fidelidade à Aliança e aos compromissos

assumidos com Iahweh. Este centro gravitacional de defesa do moralismo e

monolatria javista confere aos l ivros assim classificados o caráter indiscutível de

proféticos como aqueles protagonist as que falam em lugar de Iahweh, e não como

visionários pagãos ou gentios que buscam prever o futuro. Passaram a ser

conhecidos no crist ianismo como Livros Históricos até Rute, por influência da

Bíblia Grega dos LXX ou a Septuaginta.

[A GU IS A DE EXPL IC AÇ Ã O – 1 . São vá r io s os m o t ivos q u e t êm cau sad o a t ra so n a p r o gramaç ão d o Es tu d o d a B íb l i a cu j a s exp l i caç ões a

re sp ei t o s ó s er v i rã o p a ra d a r a zo ao p r ov é rb io : ―exp l i ca , mas n ão

j u s t i f i ca‖ , ou àq u el e famo so b roca rd o f ran cês : ―q u i s ‘ ex cu se s ‘accu se‖

(= ‗q u em s e j u s t i f i ca s e acu sa ‘ ) . Po r ou t ro lad o , ap r es en t a r a s l i ç ões

ap res sad amen t e e d e q u a lq u e r man ei ra s imp les m en te p a ra a t en d e r a u m

comp r omiss o a s su mid o s e r i a imp erd oáv e l t r a i ção àq u e l es q u e s egu em o es tu d o , n e l e d ep os i t am su a con f i an ça e o ap ói am . P o r t u d o i s s o ao

au tor n ão r e s t a ou t ra a t i t u d e q u e a s su mi r t od a a r esp o n sab i l i d ad e e

d escu lp a r - s e ga ran t i n d o aos le i t o r e s q u e con t in u a rá o t rab a lh o , j á su p erad o s a q u ase t o t a l i d ad e d os m ot iv os oc or r i d os . 2 . Ve r - s e -a q u e

n ão s e t ran sc r ev e rá a p a r t e c i t ad a d a B íb l i a , e i s s en d o c on h ec id as p o -

d erã o s er l i d a s n o o r ig in a l , p ou p an d o -s e esp aço e t emp o. ]

Esta parte da Escritura é tão importante que Jesus afirma categoricamente:

―Nã o p en s ei s q u e v im r ev o ga r a Le i ou o s P ro f e t a s ; n ão v im p a ra rev oga r , v im p a ra cu mp r i r . P orq u e e m v e rd ad e v os d ig o : a t é q u e o c éu

e a t e r ra p ass em, n em u m i ou u m t i l j ama i s p assa rá d a Lei , a t é q u e

t u d o se cu mp ra‖ (Mt 5 ,1 7 -1 8 ) .

A Lei que Jesus aqui menciona é exatamente a Torah dos Israeli tas, que se

compõe dos cinco primeiros l ivros da Escri tura, tendo por denominação hebraica

―os cinco quintos da lei‖. Também, a expressão ― . . . até que tudo se cumpra‖

(Mt 5,18) precisa de esclarecimento: um fato é cumprido quando se realiza com

perfeição: a lei se diz cumprida quando o que ela prevê se perfaz; o profeta é

cumprido quando o que previu acontece. Porisso, em seguida, no Cânon Israeli ta,

logo após os cinco quintos da lei veem os Profetas que Jesus acentua. Bom será

que se aprimore o conhecimento dessa parte que agora se completa, pois

dominando-a com segurança fácil será o desenrolar e aproveitamento do restante.

Daí se poder dizer que até mesmo uma simples lei tura da Sagrada Escritura

para ser bem ordenada deve começar na sua primeira página e seguir com ordem

até o final: ―não se começa a construção de um edifício pelo últ imo andar e sim

pelo alicerce‖, e o alicerce da Bíblia é a Torah, isto é de Gênesis até

Deuteronômio, a Torah dos Israeli tas, interpretada em Jesus Cristo.

CUMPRE SE A ALIANÇA

6.0. – PRELIMINARES.

O Livro de Josué vem se si tuar be m após o Deuteronômio chegando a

transparecer profunda vinculação e até mesmo o embasamento da sua

continuidade histórica. Tudo aquilo que fora estruturado a partir de Abraão por

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meio de Moisés vai agora se corporificar numa realidade tanto religiosa como

polí t ica. Também, facilmente se nota que essa sua disposição faz dele o

prosseguimento natural de tudo aquilo que , desde os Patriarcas , é parte

indissociável da nacionalidade Israeli ta qual seja a história, cultura e índole. É

como um ponto de chegada que ao mesmo tempo se torna um ponto indeclinável

de partida e de transformação polí t ica, cultural e religiosa. O sedimentado

anteriormente na tradição hebraica desde os Patriarcas tal como a posse de um

terri tório fixo e tornar -se um povo numeroso ―como as es trelas dos céus‖ (Gn

15,5) se corporifica em realidade. Parte -se para a conquista da Terra Prometida,

em obediência a Iahweh, que determina o comando de Josué. Com essa conquista

transparece a vitória de Iahweh, o Deus Israeli ta, sobre os deuses pagãos.

O Pentateuco na Bíblia Hebraica tem os nomes de seus cinco l ivros t irados

das palavras com que se iniciam, enquanto que na Bíbli a Grega ou a Bíblia dos

Setenta (LXX) ou a Bíblia Septuaginta correspondem ao conteúdo interpretado da

narração. Recebendo como denominação o nome de seu protagonista, e substi tuto

de Moisés (Ex 33,11 / Nm 11,28. 27,18. 32,28.. .) , o Livro de Josué destoa da

sistemática em uso sendo o primeiro a usar um nome próprio do protagonista

como tí tulo.

Também, é o primeiro da divisão usada na Bíblia Hebraica em Profetas

Anteriores (Josué, Juízes, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis), e em Profetas Posteriores

( Isaías, Jeremias, Ezequiel e os Doze Menores). De certa forma é bem justif icável

essa classificação em virtude da identificação profética que ne les se encontra de

Moisés e Josué no empenho pela fidelidade à Aliança e aos compromissos

assumidos com Iahweh. Este centro gravi tacional de defesa do moralismo e

monolatria javista confere aos l ivros assim classificados o caráter indiscutível de

proféticos como aqueles protagonistas que falam em lugar de Iahweh, e não como

visionários pagãos ou gentios que buscam prever o futuro. Passaram a ser

conhecidos no crist ianismo como Livros Históricos até Rute, por influência da

Bíblia Grega dos LXX ou a Septuaginta.

Não se perca de mira que não se pode analisar este l ivro apenas como uma

guerra de conquista esvaziando -o de seu principal conteúdo de relacionamento

tradicionalmente religioso de Iahweh com o Povo dos Filhos de Israel . Assim,

como se disse acima, relembra-se a Promessa a Abraão de dar à sua posteridade

―.. . a terra em que habitas. . .‖ (Gn 17,8; 15,7; 12,7) e destaca -se o cumprimento

da Aliança. Isso, sem deixar de mencionar a finalidade primordial da erradicação

do paganismo significado na idolatria re inante no mundo gentio de então.

Principalmente a religião reinante na Terra de Canaã com o deus Baal como causa

e fonte de fert il idade, da própria vida e suas exigências; também, com Astarte, a

deusa da fecundidade e o culto profano e nefasto da prosti tui ção sagrada de

homens e mulheres, bem como dos bárbaros e cruéis sacrifícios humanos

inclusive de fi lhos.

Quanto a Josué, que desde antes do Sinai e desde a mocidade esteve ao

lado de Moisés, demonstrando em várias oportunidades fidelidade e lealdade a

toda prova, sempre que se demandava a necessária coesão em torno do nome de

Iahweh. O quadro ret ratado pelo Bezerro de Ouro mostra a posição de Josué

mesmo contra seus irmãos efraimitas (vide comentários a respeito em Ex 32 a Ex

34).

Ao se ler a Sagrada Escritura, não se pode desvincular aquilo que nela se

narra das insti tuições culturais da época mesmo pagãs , como se destaca em todas

as oportunidades. É o caso da proeminência hereditária a que fora guindada a

Tribo de Efraim, advinda da bênção de José, o fi lho predileto de Jacó, sentindo-

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se traída pela posição de Moisés da Tribo de Levi no comando geral . Não se pode

deixar de observar como ligado a isso , e como motivo polí t ico para a pacificação

tribal , a nomeação de Josué , um efraimita, como ministro e assessor já destinado

à sucessão. Também, a sua atuação junto de Moisés é muito marcante em várias

oportunidades, apesar da sua mocidade, indicando grande disponibil idade,

f idelidade e presença de espíri to nunca lhe faltando com o apoio (Ex 24,13. 32,17

/ Nm 11,28. 14,30). A importância de Josué nessas várias oportunidades se

destaca no sentido nacional, disciplinar e religioso, nas cerimônias e lutas

havidas com inimigos, e mesmo em sedições ou ocasiões em que se pretendeu

apostatar a guisa de re torno ao Egito:

• - Fi lh o d e Nu n , d a Tr ib o d e Ef ra im (E x 3 3 ,1 1 / Nm 1 1 ,28 ; 13 ,8 .16 / Dt 1 ,38 ; 32 ,4 4 / J s

1 ,1 / 1 Cro 7 ,2 7 / Ec lo 4 6 ,1 ) , q u e d e t i n h a o d i r e i t o d e Pr i mo gen i tu ra n e la ;

• - C oman d ou os Is ra e l i t a s n o comb a t e ao s Ama lec i t a s ( E x 1 7 ,8 -1 6 ) ; • - E s t ev e p r es en t e n o S in a i , a t é m esm o n o s r e t i r os , c om Moi sés (E x 2 4 ,1 3 ; 3 2 ,1 7 ) ;

• - Ser vo ou Min i s t ro d e Moi s és , d esd e a j u v en tu d e ( ― n a ’a r‖ s e d i z em h eb ra i co – Ex

2 4 ,1 3 ; 3 3 ,11 / Nm 1 1 ,2 8 ) , a comp an h an d o -o em o ração a t é m es mo n o i n t e r i o r d a Ten d a d a Reu n ião (Ex 3 3 ,1 1 ) ;

• - Pa r t i c i p ou , p or su a Tr ib o , n a exp ed i ção d e b a t ed or e s e r ec on h ec im en to em Can aã

(Nm 1 3 ,8 ;1 4 ,3 8 ) , con t es t an d o e op on d o - s e j u n t amen te com Ca leb à s i n fu n d adas j u s t i f i ca t i vas p a ra n ão s e p en et ra r e con q u i s t a r a Te r ra Pr om et id a . Ten d o s id o os

reca lc i t ran t es d e o p ov o co n d en ad os a p er ec e r n o d es e r to d u ran t e 4 0 an os , fo i - lh es

a s segu rad o , p en et ra r n a Ter ra Pr om et id a (Nm 1 4 ,3 0 .3 8 ; 2 6 ,65 ; 32 ,1 2 ) , p e lo emp en h o d emon s t rad o j u n to ao p ov o p a ra q u e con f i a s s e n as P rom es sas d e Iah weh ;

• - Iah weh o i n d i ca p a ra su b s t i t u i r Moi s é s , q u e lh e imp ô s a s mã os , p e lo q u e é i n v es t i d o

n a mesma au tor id ad e n u ma s o len e c e r imôn ia r e l i g i osa n a p re s en ça d o sac e rd ot e E l ea za r (Nm 2 7 ,1 5 -1 7 .1 8 -23 / c f r . Dt 3 1 ,7 s .1 4 s .2 3 ) . D esd e os p r ep a ra t i v os d a t en t a t i va

f racassad a d e C on q u i s t a d e Can aã d eu -s e a p r o f é t i ca m u d an ça d e seu n om e p r imi t i vo

Os éi a s (H osh éa = Lib e r t ação —Nm 1 3 ,8 .1 6 / Dt 3 2 ,4 4 ) p a ra Ye‘h o sh u a = Iah weh é Sa lvação ( Dt 3 ,2 1 / Jz 2 ,7 / J s 1 ,1 .9 .1 0 ) ; d a ra i z ys ‘ = l i b e r t a r , d on d e v eio t amb ém

Yesh u a (Esd 2 ,2 ;3 ,2 .8 ) ; e , o gr eg o ‗ Ie s ou s (Ec lo 4 6 ,1 ;4 9 , 1 2 ) , q u e or i g in ou o n om e d e

Jesu s (Mt 1 ,2 1 ) . • - Su a f i d e l i d ad e ao n om e exc lu s i v o d e Iah weh , em fac e d as t rad i ções t r i b a i s e f ra imi t a s

b em c la ra s n o ep i s ód io d o Bezer ro d e Ou r o (E x 3 2 ,1 7 .2 7 -2 9 ) , q u e u t i l i za va E loh im

como o n o m e d e D eu s Is ra e l i t a .

• - O en ca rg o d e d i v id i r e d i s t r i b u i r , j u n to com E lea za r , e u m m emb r o d e cad a t r i b o

re s t an t e , em h eran ça , a Ter ra Pr om et id a aos Fi lh o s d e Is ra e l ( Nm 3 4 ,1 7 ) .

Assim é que, por todos esses atributos, o narrador o apresenta

intencionalmente como um segundo Moisés, ―ch eio do espíri to de sabedoria‖

―advindo da imposição das mãos (de Moisés)‖ (Nm 27,15 -23 / Dt 34,9). Com a

morte de Moisés Iahweh lhe aparece e confia -lhe o prosseguimento da missão ,

outorgando-lhe a garantia da mesma assistência que prestou a Moisés em cont ra

partida da fidelidade às normas já delineadas e agora ratif icadas (Js 1,1 -9). Para

melhor identificá -lo o narrador usa do art if ício de selecionar na sua trajetória

histórica aqueles fatos ou acontecimentos, que corresponderam pela semelhança

ocasional, como se fora uma repetição dos praticados com Moisés podendo se

destacar:

• - R eceb erá a m esma p r om es sa d e ob ed i ên c i a d os Fi lh os d e Is ra e l , t a l c om o é ra t i f i ca da

p e la s t r i b o s q u e r ec eb eram u ma an t ec ip ação d a h eran ça ( J s 1 ,1 6 -1 7 ) ;

• - É a lvo d a mesma ga ran t i a d ad a a Moi sés , p e la r ep et i ção d a f ra s e , q u an to a o su cesso d a con q u i s t a , d e q u e lh e s er i a en t r egu e ― tod o o lu ga r on d e p u s ess e o s p és‖ (c f r . J s 1 ,3 /

Dt 1 1 ,2 4 ) ;

• - Ta mb ém va i p r ep a ra r o p ov o q u an d o f or n ec essá r i a a i n t er ven çã o d e Iah weh ( J s 3 ,5 / Ex 1 9 , 1 4 s ) ;

• - É t amb ém exa l t ad o e en a l t ec id o p o r Iah weh p eran t e o p ov o ( J s 3 ,7 .4 ,1 4 ) imp on d o -o

ao r esp ei t o g era l ; • - Qu an d o d a p assag em d o J ord ão r ep et e - s e o f en ôm en o d o Mar V er me lh o ( J s 4 ,2 3 ) ;

• - Tamb ém s e r ep et e a ap a r i ção d o An j o n as p r oximid ad es d e J er i c ó ( J s 5 ,1 3 ss ) c om

p a lav r ead o i d ên t i co a o d a Sa rça Ard en t e (E x 3 ,5 s ) ; • - Iah weh e scu t a Josu é t a l c om o e scu t a ra Moi s és ( J s 1 0 ,1 4 / Dt 9 ,1 9 . 10 ,1 0 ) .

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Com essa pequena introdução servindo de fundamento e ponto de apoio,

pode-se passar à análise geral conside rando-se o l ivro como o relato da Conquista

da Terra Prometida, que nessa perspect iva e para facil idade do estudo e

compreensão, se divide em:

6 .1 Co nqui s ta e Oc upa çã o da Terra Pro met i da (1 ,1 – 12 ,2 4 ) ;

6 .2 - Div i sõ es da Hera nça e ntre a s Tr ibo s (1 3 ,1 —2 2 ,3 4 ); e ,

6 .3 Epí lo go : ú l t i mo s d i scur so s de J o sué e ep i só dio s de sua v ida (2 3 – 2 4 ,33 ) .

6.1. CONQUISTA E OCUPAÇÃO DA TERRA PROMETIDA

Saltando-se a divisão de capítulos da Escritura Sagrada e prosseguindo-se

sem interrupção a lei tura como se ela fosse contínua, tem-se por vezes uma

desenvoltura mais compreensível da narrativa. Isso pode ser visto na continuação

entre o término de Deuteronômio e o início de Josué, fazendo-se uma só lei tura

cursiva e ininterrupta, qual seja:

―Di ss e - lh e Iah weh : Es t a é a t e r ra q u e , sob j u ram en to , p ro met i a Ab raão , a Isaac

e a Jac ó , d i zen d o : à t u a d esc en d ên c i a a d a r e i ; eu t e faço v ê - la c om os p r óp r i os o lh os ; p or ém n ão i rá s p a ra l á . As s im, mo rr eu a l i Moi s és , ser v o d e Iah weh , ( . . . )

en t ão , s e cu mp r i ram os d i a s d o p ran to n o lu to p or Moi s és . Jo su é , f i lh o d e Nu n ,

es t a va ch eio d o esp í r i t o d e sab ed or i a , p orq u an to Moi s és imp ôs s ob r e e l e a s mãos ; a s s im, os f i lh os d e I s ra e l lh e d eram ou vid os e f i ze ram com o Iah weh

ord en a ra a Moi s és . Nu n ca ma i s se l evan tou em Is ra e l p rof e t a a lgu m co mo

Moi sés , ( . . . ) n o t ocan t e a t o d as a s ob ra s d e su a p od e ro s a mão e aos g ran d es e t e r r í v e i s f e i t os q u e op e ra s se Moi s és à v i s t a d e t od o o Is ra e l . ‖ ( f i n a l d o

Deu t er on ô mio : Dt 3 4 ,4 -1 2 em p ross egu imen t o , o com eç o d e Jo su é ) ―Su ced eu ,

d ep oi s d a mo r t e d e Moi s és , se rv o d e Iah weh , q u e es t e f a lou a J osu é , f i lh o d e Nu n , s er v id or d e Moi s é s , d i zen d o : Moi s és , m eu s e r v o , é mo r to ; d i sp õ e - t e ,

ago ra , p a ssa es t e J ord ã o , t u e t od o es t e p o v o , à t e r ra q u e eu d ou aos f i lh os d e

Is ra e l . Tod o lu ga r q u e p i sa r a p lan t a d o vo sso p é , vo - lo t en h o d a d o , com o eu p rom et i a Moi s és . ( . . . ) c o mo fu i co m Moi s és , a s s im s er e i c on t i g o ; n ão t e

d eixa r e i , n em t e d esamp ara re i . ‖ ( J s 1 ,1 -5 ) .

Por causa dessa vinculação natural , facilmente perceptível , pretendeu -se

anexar o Livro de Josué ao Pentateuco e assim não estabelecer o Hexateuco. É até

mesmo natural e lógico que deste modo se pretenda, dada a perfeita unidade de

assunto, como se tratasse de capítulo novo do mesmo tomo. Josué vai consumar a

obra iniciada por Moisés como este a deixou ao morrer, dotado que era de

idêntico e proporcional carisma pessoal e amparado por Iahweh, como se deve

reler (Dt 34,9 — Js 1,5) .

Morto Moisés, Iahweh imediatamente reassume a chefia e comando da

operação, destaca o cumprimento da Promessa a Abraão e ordena a Josué que

parta para a conquista. Essa presença de Iahweh vai ser uma constante na vida

Israeli ta, simbolizada na Arca da Aliança, sempre na dianteira do povo toda a vez

que se locomove (Nm 10,35 -36) principalmente em combate . Toda a legislação

em elaboração se estruturava em vista do estabelecimento definit ivo e em

segurança religiosa de Israel na Terra Prometida em cumprimento das Promessas

de Iahweh:

―Esc r ev ei -a s n os u mb ra i s d e v os sa ca sa e n as v ossa s p or t a s , p a ra q u e s e

mu l t i p l i q u em o s vos so s d i a s e os d i a s d e v oss os f i lh os n a t e r ra q u e Iah weh , c om ju ramen to , p ro m eteu d a r a vo ss os p a i s , e d u r em t an to q u an to o céu ac ima d a

t e r ra . P o rq u e , s e d i l i g en t em en te gu a rd a rd es t od o s es t es man d amen tos q u e v os

ord en o p a ra os gu a rd a rd es , aman d o Iah weh , vo sso D eu s , an d and o em tod os o s seu s camin h os , e a e l e v os a ch ega rd es , Iah weh d esap ossa rá t od as es t a s n açõ es ,

e p o ssu i r e i s n açõ es ma io r es e ma i s p od e ro sas d o q u e v ós . Tod o lu ga r q u e p i sa r

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a p lan t a d o voss o p é , d e sd e o d es er t o , d esd e o Líb an o , d esd e o r i o , o r i o

Eu f ra t es , a t é a o mar oc id en t a l , s e rá v os so . Nin gu ém vo s p od erá r e s i s t i r ;

Iah weh , vo ss o D eu s , p orá s o b re t od a t e r ra q u e p i sa rd es o vos so t e r r or e o vo ss o

t em or , c om o j á v os t em d i t o . ‖ (Dt 1 1 ,2 0 -2 5 ) .

Reproduz também alguns aspectos anteriormente venti lados bem como

coloca Josué na função ou missão a que fora destinado. Repetindo as mesmas

diretrizes para vigorar após sua morte Moisés revigora a eleição de Josué como

executor da obra com os mesmos deveres e para isso com os mesmos poderes,

mas sempre ao comando e domínio de Iahweh:

― . . .Ch amou Moi s és a J osu é e lh e d i s s e n a p r es en ça d e t o d o o Is ra e l : S ê fo r t e e

cora j os o ; p orq u e , co m es t e p ov o , en t ra rá s n a t e r ra q u e Iah weh , sob j u ram en to ,

p rom et eu d a r a t eu s p a i s ; e t u os fa rá s h erd á - la . Iah weh é q u em va i ad i an t e d e t i ; e l e s e rá con t i g o , n ão t e d e ixa rá , n em t e d esamp ara rá ; n ão t emas , n em t e

a t em or i zes . Es t a l e i , e sc r ev eu -a Moi s és e a d eu a os sac e rd ot es , f i lh os d e Levi ,

q u e l evavam a a rca d a Al i an ça d e Iah weh , e a t od os os a n c i ãos d e Is ra e l . ‖ ( Dt 3 1 ,1 -9 ) .

Estas transcrições comprovam pela repetição de determinadas frases a

sistemática usada na época como paradigma para especificar relação indissociável

entre dois acontecimentos dist intos. É o caso das seguintes orações:

Dt 1 1 ,2 0 .24 -2 5 Dt 3 1 ,6 -8 Dt 3 4 ,4 J s 1 ,2 -3 .5 Sed e f o r t e s e

cora j os os , n ão t ema i s , n em vo s a t emo r i ze i s

d i an t e d e l es , p orq u e

Iah weh , v oss o D eu s , é q u em va i con v osc o;

n ão v os d e i xa rá , n em

vo s d esamp ara rá . ( . . . ) Iah weh é q u em va i

ad i an t e d e t i ; e l e s e rá

con t i go , n ão t e

d e ixa rá , n em t e

d esamp ara rá ; n ão t emas , n em t e

a t em or i zes .

―n a t e r ra q u e Iah weh p r om et eu

d a r a vo ss os p a i s ,

sob j u ram en to . . . ‖

Ch amou Moi sés a Josu é e lh e d i s s e n a

p res en ça d e t od o o

Is ra e l : S ê f or t e e cora j os o ; p orq u e , co m

es t e p ov o , en t ra rá s n a

t e r ra q u e Iah weh , s ob j u ramen to , p r om et eu

d a r a t eu s p a i s ; e t u o s

fa rá s h erd á - la .

Es ta é a Ter ra q u e , sob o j u ra m en to ,

p rom et i a Ab raão , a

Is aac e a Jac ó , d i zen d o : à t u a

d esc en d ên c i a a

d a re i ; eu t e faç o v ê- la com o s

p róp r i os o lh os ;

p or ém n ão i rá s p a ra l á . ‖

At rav essa e s s e es t e Jo rd ão , t u e t od o es t e p o vo p a ra a t e r r a q u e

lh es d ou (a os f i lh os d e Is ra e l )

― . . . Tod o lu ga r q u e p i sa r a p lan t a d o

vo ss o p é , d e sd e o

d es er t o , d esd e o Líb an o , d e sd e o r i o ,

o r i o Eu f ra t es , a t é

ao mar oc id en t a l , s e rá vo ss o .

Nin gu ém v os p od e rá

re s i s t i r ; Iah weh , vo ss o Deu s , p o rá

sob r e t od a t e r ra q u e p i sa rd es o vo ss o

t e r r or e o vo ss o

t em or co mo j á vo s

Tod o lu ga r q u e p i sa r a p lan t a d o vo ss o p é , vo - lo t en h o d ad o , com o

eu p r om et i a Moi s és . D esd e o

d es er t o e o Líb an o a t é ao gran d e r i o , o r i o Eu f ra t e s , t od a a t e r ra

d os h e t eu s e a t é ao mar Gran d e

p a ra o p o en t e d o so l s e rá o vo ss o l imi t e . Nin gu ém p od erá t e r es i s t i r

d u ran t e t od a a su a v id a ; como fu i

com Moi s és , s er e i c on t i g o ; n ão t e d eixa r e i , n em t e d esamp ara re i . ‖

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t em d i t o

6.1.1. PREPARATIVOS PARA A TOMADA DE CANAÃ.

Imediatamente Josué toma posse, assume o c omando e inicia os

preparativos para a Travessia do Jordão, estabelecendo em terri tório inimigo um

centro inicial de operações. Dá ordens aos mesmos escribas nomeados como

auxiliares dos julgamentos (Dt 16,18; 20,5.8.9) , que se provisionem

suficientemente para a tomada de posse da terra como preparativo básico para a

captura e ocupação de Jericó, marco inicial da Conquista de Canaã. Os escribas

formavam uma espécie de oficiais de justiça da estrutura Israel i ta (Js 3,2 -4;

8,33):

―En tão , d eu o rd em J osu é ao s esc r ib as d o p ov o, d i zen d o : Pa ssa i p e lo m ei o d o

acamp amen to e o rd en a i ao p ov o, d i zen d o : P r ep a ra i p ro vi sõ es , p o rq u e , d en t ro d e t rê s d i a s , p a ssa r e i s es t e Jo r d ão , p a ra en t ra r n a t e r ra q u e vo s d á Iah weh , v oss o

Deu s , p a ra a p ossu i rd es . ‖ ( J s 1 ,1 0 -1 1 ) .

Como primeiro ato de sua l iderança ratif ica solenemente e como

determinado por Moisés (Nm 32,28 -32) a antecipação da herança dos rubenitas,

gaditas e meia tr ibo de Manassés (cfr . Dt 3,18 -20 / Nm 32,1-42). Submete-os à

concordância e obediência ao acordo já feito com o juramento de fidelidade e

obediência a Josué de então em diante e continuando a participar da luta comum

(Js 1,10-18). Essa antecipação ficou na ocasião condicionada por Moisés à

permanência das tr ibos aquinhoadas com as demais até a tomada total , que não

prevaleceria se não participassem da conquista. (Nm 32,28 -31).

6.1.2. - O RECONHECIMENTO DE JERICÓ.

Para a travessia do Jordão Josué determina uma expedição de

reconhecimento a Jericó, a primeira localidade a ser conquistada a partir de

Setim, últ ima etapa mencionada da peregrinação pelo deserto (Nm 33,49; 25,1):

―D e S et im en viou J osu é , f i lh o d e Nu m, d oi s h om en s , sec r e t am en t e , com o esp i a s ,

d izen d o : An d a i e ob s e rva i a t e r ra e J er i c ó . Fora m, p o i s , e en t ra ram n a ca sa d e u ma

mu lh e r p ro s t i t u t a , cu jo n ome era Rah ab , e p ou sa ram a l i . En t ão , se d eu n ot í c i a ao r e i d e Je r i có , d i zen d o : E i s q u e , es t a n o i t e , v i era m aq u i u n s h omen s d os f i lh os d e Is ra e l p a ra

esp i a r a t e r ra . Man d ou , p o i s , o r e i d e J e r i có d i zer a Rah ab : Man d a sa i r os h om en s q u e

v i e ram a t i e en t ra ram n a t u a ca sa , p o rq u e v i eram esp i a r t od a a t e r ra . A mu lh e r , p or ém, h avi a t omad o e esc on d id o o s d o i s h om en s ; e d i s s e : É v erd ad e q u e os d o i s h om en s v i era m

a mim, p orém eu n ão sab i a don d e e ram. Ha v en d o - s e d e f ech a r a p or t a , sen d o j á escu r o , e l es sa í ram; n ão s e i p a ra on d e f oram; i d e ap ó s e l es d ep r es sa , p orq u e o s a lcan ça r e i s . E l a ,

p or ém, os f i ze ra su b i r ao e i rad o e o s escon d era en t r e a s can as d o l i n h o q u e h a vi a

d i sp os to em ord em n o e i rad o . Foram -s e aq u e l es h om en s ap ós os esp i a s p e lo camin h o q u e d á aos vau s d o Jo rd ão; e , h av en d o sa íd o os q u e i am ap ós e l e s , f ech ou - s e a p or t a . ‖ ( J s

2 ,1 -7 ) .

Pelas Leis da Aliança, era profundamente comprometedor, e até mesmo

vedado, o comércio carnal de um Israeli ta com uma gentia, pela impureza

contagiante (Nm 25,1 -18; 31,14-16 / 1Rs 11,2 / Dt 7,3-4 / Lv 18,1-5.24-30 / e,

também, o uso do sexo, em caso de guerra, 1Sm 21,5 -6). Afastada esta

possibil idade, só se pode concluir que os espias foram à casa de Rahab, a mulher

prosti tuta no cumprimento de seu dever de ―andar e observar a terr a e Jericó‖.

Principalmente, pelo fato de denominá -la mulher prosti tuta (na Vulgata: mulieris

meretricis ; e, na hebraica isha zonah) , insinua-se clara referência à prosti tuição

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sagrada . Porém, as expressões bíblicas, ―vieram a t i‖ (v. 3) e ―vieram a mim‖ (v.

4), pelas quais se poderia pretender eventual prática sexual dos emissários (cfr .

Gn 38,16 / Jz 16,1 / 2Sm 11,4; 12,24), não passam do teor do diálogo do rei de

Jericó com Rahab, o qual assim julgou, disso aproveitando -se ela sem contestar

para dissuadi -lo da idéia de que os acobertava em sua casa , e despistar os

perseguidores.

Além disso, em se mencionando uma mulher prosti tuta , é de se observar

que não se trata da meretriz profissional, aquela que vende o uso do próprio

corpo, mas de uma devota de ído lo pagão cultuando-o com tal ato de oferta. Mais

um motivo pelo que os espias de Josué não poderiam praticar com ela um

comércio carnal em sacrifício a um deus pagão; nem ela, se então convertida, o

faria impunemente. Assim é que, alertada pelo rei e ao to mar conhecimento de

que se tratava de ―uns homens dos fi lhos de Israel para espiar a terra‖, manifesta -

lhes e justif ica-lhes a sua tendência à converter -se a Iahweh. Ao Deus de Israel

de quem já se ouvira notícias de Sua Onipotência, inclusive contra as fo rças da

natureza ―secando as águas do mar Vermelho, bem como votando ao interdito os

reis dos inimigos de Israel‖. Sabendo disso, os acoberta e consegue a sua

segurança e a de sua parentela. Presta -lhes as informações que buscavam,

principalmente do ânimo e das condições de resistência da população, sob o

juramento deles de proteção para a sobrevivência dela e seus familiares. Assim

cambiadas as garant ias, ―os fez descer por uma corda‖ e orientou -os

detalhadamente no retorno:

―An t es q u e os esp i a s s e d e i t a s sem, f o i e la t e r c om e l es n o e i rad o e lh es d i s s e : B em se i

q u e Iah weh v os d eu es t a t e r r a , e q u e o p av o r q u e i n fu n d i s ca iu sob re n ó s , e q u e t od o s os

morad or es d a t e r ra e s t ão ac o va rd ad os . P orq u e t emo s ou vi d o q u e Iah weh s ecou a s águ as d o mar Verm e lh o d i an t e d e vó s , q u an d o sa í e i s d o Egi t o ; e t amb ém o q u e f i zes t es a o s

d o i s r e i s d o s am or r eu s , S eo n e O g, q u e es t a vam a l ém d o J o rd ão , os q u a i s v o t a s t es ao

i n t erd i t o . Ou vin d o i s t o , d e s fa l eceu -n os o co ração , e em n in gu ém ma i s h á c ora g em a lgu ma , p o r cau sa d a vo ssa p res en ç a ; p o rq u e Iah weh , v o sso D eu s , é D eu s em c ima n os

céu s e emb a ix o n a t e r ra . Ag ora , p o i s , j u ra i - me, vo s p eç o , p or Iah weh q u e , a s s im co mo u se i d e mi s e r i có rd i a p a ra con vosc o , t amb ém d e la u sa re i s p a ra com a ca sa d e meu p a i ; e

q u e m e d a r e i s u m s in a l c er t o d e q u e c on s er va r e i s a v id a a meu p a i e a min h a mãe, com o

t amb ém a m eu s i rmã os e a m in h as i rmãs , com tu d o o q u e t êm, e d e q u e l i v ra r e i s a n os sa v id a d a mor t e . En t ão , lh e d i s se ram os h om en s : A n ossa v id a re sp on d e rá p e la v os sa se

n ão d en u n c i a rd es es t a n os sa mi ssão ; e s erá , p o i s , q u e , d an d o -n os Iah weh es t a t e r ra ,

u sa remos c on t ig o d e mi s e r i córd i a e d e f i d e l i d ad e . E la , en t ão , o s f ez d esce r p o r u ma cord a p e la j an e la , p o rq u e a c a sa em q u e r es id i a es t a va s o b re o mu r o d a c id ad e . E d i s se -

lh es : Id e - v os a o m on te , p a ra q u e , p o r v en tu ra , v os n ã o en con t r em os p e rs egu id o r es ;

esc on d ei - v os lá t r ês d i a s , a t é q u e e l es vo l t em; e , d ep oi s , t omar e i s o v os so camin h o.‖ ( J s 2 ,8 -1 6 ) .

Não se pode negar o valor dessa mulher, que vai se impor de tal maneira

que, além de ter sido poupada (Js 6,25), passará a viver entre os Israeli tas.

Integrar -se-á de tal maneira entre eles que se tornará uma das ancestrais de Jesus

Cristo, pertencendo pelo casamento com Salmon (Rt 4,21 / Mt 1,5) à Tribo de

Judá, tornando-se a mãe de Booz, esposo de Rute , avó de Daví . Sua fé e a sua

obra de conversão são expressas pela sujeição ao Poder de Iahweh, no que será

reconhecida por dois dos apóstolos de Cristo (cfr . Hb 11,31 / T g 2,25). Entre ela

e os espiões vários detalhes são debatidos evitando -se qualquer erro ou mal

entendido, f icando clara a confiança nela depositada pelos dois emissários

cumprindo fielmente as instruções que lhes dá:

―Di ss eram - lh e o s h om en s : De sob r igad o s s e r em os d es t e t eu j u ram en t o q u e n os f i ze s t e

j u ra r , s e , v in d o n ós à t e r ra , n ão a t a re s es t e co rd ão d e f i o esca r la t e à j an e la p or on d e n os f i ze s t e d esc er ; e s e n ão r eco lh er es em casa c on t igo t eu p a i , e t u a mãe, e t eu s i rmão s , e a

t od a a famí l i a d e t eu p a i . Qu a lq u e r q u e sa i r p a ra fo ra d a p or t a d a t u a ca sa , o seu san g u e

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lh e ca i rá sob r e a cab eça , e n ós s e remo s i n oc en t es ; mas o san gu e d e q u a lq u er q u e e s t i v er

con t i go em casa ca i a sob r e a n ossa cab eça , se a lgu ém n e l e p u se r mã o. Tamb ém, s e tu

d en u n c i a res es t a n ossa mi s são , s er em os d es ob r igad os d o j u ramen to q u e n o s f i zes t e

j u ra r . E e la d i s se : S egu n d o a s vos sas p a la vra s , a s s im s e j a . En t ão , os d esp ed iu ; e e l es se fo ram; e e la a t ou o c ord ã o es ca r la t e à j an e la . Fora m -s e , p o i s , e ch ega ram a o m on te , e a l i

f i c a ram t r ês d i a s , a t é q u e vo l t a ra m o s p e rs egu id or es ; p orq u e os p e rs egu id or e s os

p rocu ra ra m p or t od o o camin h o, p or ém n ã o o s ach a ram.‖ ( J s 2 ,1 7 -2 2 ) .

Tanto se impôs que os espias não buscaram outra informação

permanecendo escondidos durante o tempo que ela determinou e , sem nenhum

outro contato, desceram o monte onde se esconderam para retransmitir a Josué a

certeza da facil idade da conquista:

―Ass im, os d o i s h om en s vo l t a ram, e d esce ram d o mon t e , e p a ssa ram, e v i e ram a J osu é ,

f i lh o d e Nu n , e lh e c on t a ram tu d o q u an to lh es ac o n t ece ra ; e d i s s e ram a Jo s u é: Cer t am en t e , Iah weh n os d eu t od a es t a t e r ra em n ossas mã os , e t od o s os s eu s m o rad or es

es t ã o ap av orad o s d i an t e d e n ós . ‖ ( J s 2 ,2 3 -2 4 ) .

6.1.3. - A TRAVESSIA DO JORDÃO .

Após essas informações encorajadoras dos batedores, Josué parte de Setim

com o povo e permanece na margem do Jordão três dias à espera da Passagem da

Arca. A conquista é religiosa e comandada por Iahweh significado pela Arca da

Aliança (Nm 10,35-36 / Js 6), que deveria sempre dirigir a marcha (Nm 10,33).

Era transportada pelos Sacerdotes, pois ―certamente Iahweh nos deu toda esta

terra em nossas mãos e todos os seus moradores estão apavorados diante de nós‖:

―Lev an tou - s e , p o i s , Jo su é d e mad ru gad a , e , t en d o e le e t od os os f i lh os d e Is ra e l p a r t i d o d e S et im, ch ega ra m a o J o rd ão e p ou sa ram a l i an t e s d e p assa r . Su ced eu , a o f im d e t r ês

d i a s , q u e o s esc r i b as p ass a ram p elo m eio d o acamp a men to e ord en a ram a o p ov o,

d i zen d o : Qu an d o v i rd es a Arca d a Al i an ça d e Iah weh , vos so D eu s , e q u e os l ev i t a s sace rd ot es l evam, p a r t i r e i s v ós t amb ém e a s egu i r e i s . Con tu d o , h a j a a d i s t ân c i a d e c e r ca

d e d o i s mi l c ôvad os en t r e vó s e e la . Nã o v os ch egu ei s a e la , p a ra q u e con h eça i s o

camin h o p elo q u a l h av ei s d e i r , v i s t o q u e , p o r t a l c amin h o, n u n ca p assa s t es an t es . Di s se Josu é ao p o vo : San t i f i ca i - vo s , p orq u e aman h ã Iah weh fa r á maravi lh as n o m eio d e vó s . E

t amb ém fa lou ao s Sace rd ot e s , d i zen d o : Levan t a i a Arca d a Al i an ça e p assa i ad i an t e d o

p ov o. Levan t a ram, p o i s , a Arca d a Al i an ça e f oram an d a n d o ad i an t e d o p ov o.‖ ( J s 3 , 1 -6 ) .

―Santificai -vos, porque amanhã Iahweh fará maravilhas no meio de vós‖: a

santificação ri tual , exigida em todas as ma nifestações característ icas da presença

de Iahweh. São as condições de pureza da participação nas cerimônias sacrificais

regulamentadas desde antes da peregrinação do deserto ou nas teofanias de

Iahweh (Ex 19,10-15.22 / Lv cc. 17 a 26; 20,26 / Nm 11,18 / J s 7,13 / 1Sm 16,5 /

2Cr 29,5). ―Santif icar-se‖ é estar em condições de comparecer à presença de

Iahweh ―separados‖ do profano em harmonia com o seu fundamento teológico,

―sede santos, porque eu, Iahweh vosso Deus, sou santo‖ (Lv 19,2). Isso significa

que o Israeli ta deveria ―separar-se‖ do profano pelo cumprimento das Leis da

Aliança e da Santidade, pois sendo ― imagem e semelhança de Deus‖ o Homem

reflete Deus como um espelho . Assim como Deus não se confunde com a Criação,

transcendendo-a e ao profano, o Israeli ta também não pode se confundir, e dele se

―separa‖ ―santi f icando-se‖ como Iahweh é ―separado‖, ―Santo‖ , diferente da

população. Não se l imita à l impeza física ou de vestes, mas também na abstenção

de outros atos, até mesmo os sexuais, aspectos exteri ores e também interiores,

que se tornam perceptíveis pela conduta e comportamento numa verdadeira

consagração. Essa santificação é também caracterizada pela distância que se deve

manter da Arca de Israel , a presença de Iahweh, tal como no Monte Sinai (Ex

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19,12), a ―separação‖ de Iahweh do profano (Gn 28,16-17 / Ex 3,5; 40,35 / Lv

16,2 / Nm 1,51; 18,22 / 2Sm 6,7).

Satisfeitas todas as determinações transmitidas por meio de Moisés,

Iahweh se manifesta a Josué, dando-lhe toda a cobertura necessária, ditando -lhe

comandos, que comprovam a identidade de ambos na continuidade da obra,

iniciada no Egito e integrante da Aliança. A Arca da Aliança evoca a presença de

Iahweh no comando, sempre na dianteira participando ativamente dos combates

(Nm 10,35-36; 21,14 / Js 6 / 1Sm 4,3-8 / 2Sm 11,11 / Sl 24,7 -10), iniciando a

Conquista da Terra Prometida, cumprindo a Promessa e nos termos da Aliança

projetada e iniciada em Abraão:

―En tão d i s s e Iah weh a Josu é : Hoj e co m eça r e i a en gran d ec er - t e p e ran t e os o lh os

d e t od o o Is rae l , p a ra q u e sa ib am q u e , a s s im com o f u i com Moi s és , s e r e i

con t i go . Tu , p o i s , o rd en a rá s aos Sace rd ot es q u e l eva m a Arca d a Al i an ça , d i zen d o : Qu an d o ch ega rd es à b e i ra d as á gu as d o Jo rd ão , a í p a ra r e i s . Di s s e

en t ão Jo su é aos f i lh o s d e Is rae l : Ap r oxi ma i - vos , e ou v i a s p a la vra s d e Iah weh

vo ss o D eu s . E ac r esc en tou : Ni s to con h ec e r e i s q u e o Deu s v i v o es t á n o m ei o d e vó s , e q u e c er t am en t e exp u l sa rá d e d i an t e d e v ós os ca n an eu s , os h e t eu s , o s

h ev eu s , o s f er ezeu s , os ge r g eseu s , o s amor r eu s e os j eb u s eu s . E i s q u e a Arca d a

Al i an ça d o Iah weh d e t od a a t e r ra p assa rá ad i an t e d e v ós p a ra o m ei o d o Jo rd ão . Tomai , p o i s , a go ra d o ze h o m en s d as t r i b o s d e Is rae l , d e cad a t r i b o u m h omem;

p orq u e a ss im q u e a s p lan t a s d os p és d os Sace rd ot es q u e l evam a Arca d e

Iah weh , o D eu s d e t od a a t e r ra , p ou sa r em n as á gu as d o J ord ão , es t a s s erã o cor t ad as , e a s á gu as q u e v êm d e c ima , p a ra rã o , amon t oan d o -s e . ‖ ( J s 3 ,7 -1 3 ) .

Como no Mar Vermelho (Ex 14,5 -31), a travessia do Jordão, marcada pela

presença de Iahweh na Arca da Aliança, fez recuar o Rio Jordão ao simples toque

dos pés dos Sacerdotes que a conduziam. Assim permaneceram até que todos os

Israeli tas penetrassem na Terra de Canaã (Js 3,7 -4,18) ― . . . pelo seco.. .‖ (3,17), tal

como na saída do Egi to, ―. . . os fi lhos de Israel entraram no meio do mar a pé

enxuto.. .‖ (Ex 14,22). Antes foi a coluna de fogo ou nuvem que os guiava e

marcava a presença ef icaz de Iahweh (Ex 13,21-22 / 14,19-20); agora, é a Arca

(Js 3,6-17 / 4,10-11) à testa da tropa em conquista. Antes de prosseguir, Josué

pronuncia uma derradeira exortação ao povo, anunciando que Iahweh cumpria o

que lhe fora prometido: ―. . . hoje começarei a engrandecer -te perante os olhos de

todo o Israel , para que saibam que, assim como fui com M oisés, serei contigo.. .‖

(3,7).

Sete povos foram mencionados o que permite antever a entrega da

totalidade dos habitantes do terri tório em virtude da significação, cultural e

religiosa do número sete . Várias tentativas de explicações e interpretações são

oferecidas por eruditos para essa passagem do Rio Jordão. Poré m, mesmo que se

faça quase que exaustivamente permanece sensivelmente uma dificuldade de

aceitação e compreensão o que é até mesmo natural em face da violação das leis

da natureza, como é o caso. O que se deve considerar é que mesmo tendo ocorrido

um fenômeno natural , a sua ocorrência no momento propício, mostra na sua

concatenação o ato de Deus na ocasião certa. Além disso, algum acontecimento

extraordinário deve ter ocorrido somente atribuível a Iahweh a quem nada ―existe

de impossível‖ (Gn 18,14 / Lc 1,37), que a epopeia guerreira exaltou com sua

simbologia própria:

―Pa r t i n d o o p o v o d as su as t en d as , p a ra a t ra v essa r o Jo rd ão , leva ram os Sace rd ot es a Arca d a Al i an ça n a d i an t e i ra ; e , q u an d o os q u e l evavam a Arca

ch ega ram a t é a o J o rd ão , e o s seu s p és s e m o lh a ram n a b o rd a d as águ as (p o rq u e o J o rd ão t ran sb ord a va s ob r e t od as a s su as r i b an cei ra s , t od os o s d i a s d a c e i fa ) ,

p a ra ram as águ as q u e v in h am d e c ima ; l evan t a ram -s e c o mo u ma p a red e , mu i to

l on g e , em Ad am, q u e f i ca a o lad o d e Sa r t an ; e a s q u e d esc i am p a ra o ma r d a

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Arab á , o ma r Sa lgad o , f ora m d e t od o s ep a rad as ; e p ass ou o p o vo d e f ron t e d e

Je r i có . P or ém os sac erd ot es q u e leva vam a Arca d a Al i an ça d e Iah weh

es t ac ion a ram - se n o m ei o s ec o d o Jo rd ão , e t od o o Is ra e l p a ss ou a p é en xu to ,

a t rav essan d o o J ord ã o . ‖ ( J s 3 ,1 4 -1 7 ) .

Assim terminou a travessia do Jordão com o que os Filhos de Israel

penetram no terri tório que lhes destinara Iahweh. Porém, faltava ainda a

conquista de toda a terra iniciando -se com um memorial da posse total erigindo -

se um monumento com doze pedras (uma para cada tribo) comemorativo do fato

histórico:

―Ten d o, p o i s , t od o o p o vo p assad o o J ord ã o , fa lou Iah weh a J osu é , d i zen d o :

Tomai d o p ov o d o ze h om en s , u m d e cad a t r i b o , e o rd en a i - lh es , d i zen d o : Daq u i

d o m eio d o J ord ão , d o lu ga r on d e , p a rad os , p ou s a ram os sac e rd ot es os p és , t oma i d o ze p ed ra s ; e l eva i -a s con v osc o e d ep os i t a i -a s n o acamp amen to em q u e

h avei s d e p assa r e s t a n o i t e . Ch amou , p o i s , Josu é os d o ze h omen s q u e e sco lh era

d os f i lh o s d e Is ra e l , u m d e cad a t r i b o , e d i s s e - lh es : Pas sa i ad i an t e d a a rc a d e Iah weh , vo ss o D eu s , ao mei o d o J ord ã o; e cad a u m l ev e s ob r e o omb r o u ma

p ed ra , s egu n d o o n ú mero d a s t r i b os d o s f i lh o s d e Is ra e l , p a ra q u e i s t o s e j a p o r

mem o r i a l en t r e v ós ; e , q u an d o v oss os f i lh os , n o fu tu r o , p er gu n t a rem, d i zen d o : Qu e v os s i gn i f i cam es t a s p ed ra s ? , en t ão , lh es d i r e i s q u e a s águ as d o Jo rd ão

fo ram co r t ad as d i an t e d a Arc a d a Al i an ça d e Iah weh ; em p assan d o e la , f o ram as

águ as d o Jo rd ão c or t ad as . E ssa s p ed ra s s erã o , p a ra s em p re , u m m em or i a l aos f i lh os d e Is rae l . Fi zeram, p o i s , os f i lh os d e Is ra e l c om o J osu é ord en a ra , e

l evan t a ram d o ze p ed ra s d o mei o d o J o rd ão , co mo Iah weh t i n h a d i t o a Josu é ,

segu n d o o n ú m er o d as t r i b os d os f i lh os d e Is ra e l , e l eva ram -n as ao acamp amen to , on d e a s d ep o s i t a ram. Levan tou Jo su é t a mb ém d o ze p ed ra s n o

mei o d o Jo rd ão , n o lu ga r em q u e , p a rad os , p ou sa ram o s p és os sac e rd ot es q u e

l eva vam a a rca d a Al i an ça ; e a l i es t ão a t é a o d i a d e h o j e . ‖ ( J s 4 ,1 -9 ) .

―Essas pedras serão, para sempre, um memorial aos fi lhos de Israel‖ (v. Js

4,7) – os mesmos representantes, um de cada tri bo, já antes designados por Josué

(Js 3,12), separam e carregam as pedras para a ereção do memorial imortalizando

o evento histórico. Não se confundem com as pedras que Josué mandou erguer no

meio do Jordão (v. 9), no lugar tocado pelos pés dos sacerdotes ao cruzar o rio,

que lá devem ter permanecido submersas em comemoração ao feito, pelo menos

―até os dias de hoje‖, isto é, até os dias em que foi escri ta essa narrativa. Após,

passarem os Sacerdotes com a Arca da Aliança apresentaram -se os Filhos de

Israel , encabeçados pelos fi lhos de Rúben, os fi lhos de Gad e a meia tr ibo de

Manassés, conforme a ordem estabelecida por Josué (Js 1,12 -15) finalizando a

marcha de entrada (Js 4,10 -13) e posicionando-se para a conquista armada. Com

esse feito milagroso, passando o rio a pé seco Iahweh engrandece Josué , como

fazia com Moisés. Também os Sacerdotes tal como ordenado por Iahweh a Josué

deixaram o leito enxuto do rio e subiram para a margem , normalizando-se o fluxo

das águas tão logo assomaram a ribanceira:

―Naq u el e d i a , Iah weh en gra n d eceu a J osu é n a p r es en ça d e t od o o Is ra e l ; e

re sp ei t a ram -n o t od os os d i a s d a su a v id a , c omo h avi am r esp ei t ad o a Moi sé s . Di s s e , p o i s , Iah weh a Josu é : Dá ord em ao s sace rd ot es q u e levam a a rca d o

Tes t emu n h o q u e su b am d o Jo rd ão . En t ão , o rd e n ou J osu é ao s sac erd ot e s ,

d i zen d o : Su b i d o J ord ã o . A o su b i r em d o m ei o d o Jo rd ão os sac e rd ot es q u e l eva vam a a rca d a Al i an ça d e Iah weh , e a s s i m q u e a s p lan t a s d os s eu s p és s e

p u seram n a t e r ra seca , a s á g u as d o J ord ão s e t o rn a ram a o s eu lu ga r e c or r i am

como d an t e s s ob r e t od as a s su as r i b an cei ra s . Su b iu , p o i s d o Jo rd ão o p o vo n o d i a d ez d o p r imei ro m ês ; e acamp aram -s e em Gá lga l , d o l ad o or i en t a l d e J e r i có .

As d o ze p ed ra s q u e t i r a ram d o Jo rd ão er i g iu -a s J osu é em Gá lga l . E d i s s e aos

f i lh os d e Is ra e l : Qu an d o n o f u tu ro vos so s f i lh os p e r gu n t a rem a s eu s p a i s , d i zen d o : Qu e s i gn i f i cam es t a s p ed ra s? Fa r e i s sab er a v oss os f i lh os , d i zen d o :

Is ra e l p a s sou em s ec o es t e Jord ã o . Po rq u e Iah weh , vo s so D eu s , f ez s eca r a s

águ as d o J ord ã o d i an t e d e v ós , a t é q u e p as sá ss e i s , com o Iah weh , v oss o D eu s , f ez a o mar V erm e lh o , ao q u a l s ecou p eran t e n ós , a t é q u e p assamo s . Pa ra q u e

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t od os os p ov os d a t e r ra c on h eçam o q u an to é p od e r osa a mão d e Iah weh , a f im

d e q u e t ema i s a Iah weh , vo ss o D eu s , t od os os d i a s . ‖ ( J s 4 , 1 4 -2 4 ) .

6.1.4.– ISRAEL EM GÁLGAL.

―As doze pedras que t iraram do Jordão, erigiu -as Josué em Gálgal‖, onde

Josué erige o memorial (Js 4,5 -7), que se torna o centro operacional de várias

expedições dos Israeli tas para a Conquista da Terra Prometida (Js 9,6; 10,6.43;

14,6); e, será ai edificado um monumento e um local de veneração. Pela

etimologia do nome Gálgal que significa ―círculo ou roda‖ se deduz que o

memorial foi erigido em forma de colunas formando um circulo tal como se usava

para caracterizar um lugar de culto, que veio se to rnar um histórico Santuário a

Iahweh (1Sm 10,8; 11,15). Por outro lado, os fatos que se deram nessa

oportunidade se difundem no terri tório, amedrontando os seus habitantes pelo

poder de Iahweh, na concepção cultural do tempo de que a vitória de um povo era

a vitória de seu deus. Com essa vitória a Missão de Israel começa a se manifestar

na qualidade de ―primícias ou primogênito‖ entre todos os povos (Ex 4,22), e

difundindo o nome de Iahweh no coração deles. O Coração para eles era o centro

das principais faculdades humanas da inteligência, da vontade, dos sentimentos e

emoções.

Ao mesmo tempo Israel vem de começar a se impor como uma for te nação

conduzida pelo novo profeta já que ―naquele dia, Iahweh engrandeceu a Josué na

presença de todo o Israel; e respe itaram-no todos os dias da sua vida, como

haviam respeitado a Moisés‖ (Ex 14,31). Amedrontados pela projeção da

ocorrência sentiram-se fracos e impotentes com isso exprimindo um forte

reconhecimento da presença da majestade divina concorrendo para o respei to pelo

povo de Iahweh. O nome de Iahweh por meio dos Filhos de Israel difundia -se e se

impunha entre os gentios:

―P o rq u e Iah weh v os so D eu s fez seca r a s águ as d o Jo rd ão d i an t e d e vó s , a t é q u e

p assá ss e i s , a s s im c omo f i zer a ao Mar V erm e lh o , a o q u a l fez seca r p e ran t e n ó s , a t é q u e p assá s s emo s ; p a ra q u e t od os o s p ov os d a t e r ra c on h eçam q u e a mão d e

Iah weh é fo r t e ; a f im d e q u e v ós t amb ém t ema i s a Ia h weh v os so D eu s p a ra

semp r e . Qu an d o, p o i s , t od o s os r e i s d os am or r eu s q u e es t avam a o o es t e d o Jord ã o , e t od os os r e i s d o s c an an eu s q u e es t avam ao lad o d o mar , ou vi ram q u e

Iah weh t i n h a secad o a s águ a s d o Jord ã o d e d i an t e d os f i lh os d e Is ra e l , a t é q u e

p assa ss em, d e r r e t eu - s e- lh es o co ração , e n ã o h ou v e ma i s cora g em n e l es , p o r cau sa d os f i lh os d e Is ra e l . ‖ ( J s 4 ,2 4 -5 ,1 ) .

Vários atos são aí prat icados, advindos das Leis da Aliança, a começar com

a circuncisão indispensável para se participar do ri to da Páscoa (Ex 12,48), que

se celebrava ao término da peregrinação pelo deserto. Nele tendo perecido todos

os que se amotinaram contra Iahweh (Nm 14,26-35) foi praticada da maneira

tradicional com facas de pedra (Ex 4,25) nos fi lhos sobreviventes dos insurretos

(Nm 14,31) . Desde a Aliança contraída com Abraão (Gn 17,9 -11) mantiveram os

Israeli tas a circuncisão como sinal f ísico da vinculação de todo o povo com

Iahweh, tendo assim permanecido no Egito (Js 5,5), abandonando -a apenas

durante a travessia do deserto, para voltarem a praticá -la no seu terri tório:

―Naq u el e t emp o, d i s s e Iah weh a J osu é : Fa ze facas d e s í l ex e p assa , d e n ov o , a c i rcu n c id a r os f i lh os d e Is rae l . En t ão , J osu é f ez p a ra s i f acas d e s í lex e

c i rcu n c id ou os f i lh o s d e Is r ae l em Gib ea t e - Hara lo t e (= Col in a d os P r ep ú c ios ) .

Fo i es t a a ra zão p or q u e J os u é o s c i rcu n c id ou : t od o o p o vo q u e t i n h a sa íd o d o Egi to , o s h om en s , t od os o s h omen s d e gu e r ra , e ram j á mor t os n o d es e r to , p e lo

camin h o. Porq u e t od o o p o vo q u e sa í ra es t a va c i rcu n c id ad o , mas a n em um

d el e s q u e n asc era n o d es er t o , p e lo camin h o, d ep oi s d e t e r em sa íd o d o Egi t o ,

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h avi am c i rcu n c id ad o . Porq u e q u a r en t a an os an d a ram os f i lh os d e Is ra e l p e lo

d es er t o , a t é s e acab a r t od a a gen t e d os h om en s d e gu e r ra q u e sa í ram d o E gi to ,

q u e n ão ob ed ece ram à v o z d e Iah weh , ( . . . ) . P or ém em seu lu ga r p ôs a seu s

f i lh os ; a es t es J osu é c i rcu n c id ou , p orq u an to es t avam in c i rcu n c i sos , p orq u e os n ão c i rcu n c id a ram n o camin h o. Ten d o s id o c i rcu n c id ad a t od a a n ação , f i ca ram

n o s eu lu ga r n o acamp am en to , a t é q u e sa ra ram. Di ss e ma i s Iah weh a Josu é :

Hoj e , r em o vi d e vó s o op r ó b r io d o E gi to ; p e lo q u e o n om e d aq u el e lu ga r s e ch amou Gá lga l a t é o d i a d e h o j e . ‖ ( J s 5 , 2 -9 ) .

Aqui em Gálgal a circuncisão readquire o valo r fundamental a que fora

elevado , como o ―sinal da Aliança‖ (Gn 17,1 -14) contraída com Abraão e

passando a vigorar na Terra Prometida cuja conquista se iniciava, recebendo -a de

Iahweh como ―possessão perpétua‖ (Gn 17,8). Por causa disso é que Iahweh

proclamou que ―Hoje, removi de vós o opróbrio do Egito; pelo que o nome

daquele lugar se chamou Gálgal até o dia de hoje‖. A palavra Gálgal quando

usada como verbo pode ter o sentido de ― t irar, remover, rolar‖, correspondendo

aqui à outra etimologia . Também, além da circuncisão remove -se o opróbrio em

virtude de se instalar definit ivamente no Terri tório de Iahweh o Povo com o qual

formulou, solenemente no Sinai, uma Aliança Eterna inaugurada com a

celebração da Primeira Páscoa no novo país:

―Es t an d o , p o i s , os f i lh os d e Is ra e l acamp ad os em Gá lga l , c e l eb ra ram a Pá scoa

n o d i a ca tor ze d o m ês , à t a rd e , n a s camp in as d e J e r i có . ‖ ( J s 5 ,1 0 ) .

Por isso, a Páscoa celebrada na entrada da Terra Prometida concretiza o

significado de sua insti tuição como comemoração da l ibertação ―da mão dos

Egípcios e para fazê -lo subir daquela terra para uma terra boa e espaçosa.. .‖ (Ex

3,8). Aconteceu quando firmados na Terra Prometida, ou seja, ―quando, pois,

t iverdes entrado na terra que Iahweh vos dará como tem prometido, guardareis

este culto.. . o Sacrifício da Páscoa de Iahweh . . .‖ (Ex 12,25.26):

―Ch amou , p o i s , Moi s és t od os os an c i ãos d e Is ra e l , e d i s s e - lh es : Id e e t o ma i - vo s

cord ei r os s egu n d o a s v os sas famí l i a s , e im o la i a p ásc o a . E n t ão t oma r e i s u m

mo lh o d e h i s sop o , emb eb ê - lo- e i s n o san gu e q u e es t i ve r n a b ac i a e marca r e i s

com el e a v er ga d a p or t a e os d o i s u mb ra i s ; ( . . . ) a o v e r o san gu e n a v er ga d a p or t a e em amb o s o s u mb ra i s , Iah weh sa l t a rá aq u e la p o r t a ( . . . ) Qu an d o, p o i s ,

t i ve rd es en t rad o n a t e r ra q u e Iah weh v os d a rá , com o t em p rom et id o , gu a rd a r e i s

es t e cu l t o . E q u an d o v oss os f i lh os vos p e rgu n t a r em : Qu e q u er e i s d i ze r co m es t e cu l t o ? R esp on d er e i s : Es t e é o sac r i f í c i o d a Pásc oa d e Iah weh , q u e sa l t ou a s

ca sa s d os f i lh o s d e Is ra e l n o E gi to , q u an d o f er i u os eg íp c ios , e l i v r ou a s n os sas

ca sa s . En t ão o p o v o i n c l i n o u -se e ad or ou . E os f i lh os d e Is ra e l , c omo Iah weh ord en a ra a Moi s és e a Aarã o , a s s im f i zeram.‖ (E x 1 2 ,2 1 -2 8 ) .

Celebrada a Páscoa, como se fora seu efeito imediato, adveio ao Po vo de

Deus uma profusão de bênçãos guiando -lhe os passos e mantendo -o nutrido,

f ísica e espiri tualmente, demonstrando assim a presença de Iahweh. Também, ao

começar a se alimentar dos produtos do território cessa o Maná, sinal evidente da

consecução da Promessa de Iahweh a Abraão dando a seus descendentes a ―terra

onde peregrinava‖ (Gn 13,15). Com isso assinalava -se a realização de todas as

promessas de Iahweh exaradas por Moisés em torno do cumprimento dos

mandamentos e estatutos que lhe foram entregue, co mo anteriormente consignado

(Ex 16,35):

―Co m eram d o f ru to d a t e r ra , n o d i a segu in t e à Pásc oa ; p ães áz im os e c er ea i s t os t ad os com eram n es s e m es mo d i a . No d i a im ed ia to , d ep oi s q u e com eram d o

p rod u to d a t e r ra , c ess ou o m an á , e n ão o t i ve ram ma i s os f i lh o s d e Is ra e l ; mas ,

n aq u el e an o , co meram d o s n ov os f ru to s d a t e r ra d e Can aã . ‖ ( J s 5 ,1 1 -1 2 ) / ―E com eram os f i lh os d e Is ra e l man á q u a ren t a an os , a t é q u e en t ra ram em t er ra

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h ab i t ad a; comeram man á a t é q u e ch ega ra m ao s l imi t es d a t e r ra d e Can aã . ‖ (E x

1 6 ,3 5 ) .

Em Gálgal, percebe Josué a presença de um Mensageiro de Iahweh, o Autor

da Conquista, um Anjo portador de instruções (Js 5,14; 6,2 -5) e ratif icando a sua

identidade com Moisés, principalmente com a semelhança desse episódio com o

da Sarça Ardente (Ex 3,5). Tais teofanias são repetidas em diversas ocasiões

pelos mais variados motivos impondo um profundo respeito e temor reverenciais

sendo reais manifestações de Iahweh (cfr . Gn 16,7-14; 18,1-33; 21,14-21 / Jz 2,1-

5; 6,11-24; 13,2-5):

―Es t an d o J osu é p er t o d e J er i có , l evan tou os o lh os e v iu q u e s e ach ava em p é d i an t e d e l e u m h om em emp u n h an d o u ma e sp ad a d es emb a in h ad a . Josu é

ap roxi mou - s e d e l e e d i s s e - l h e : É s t u d os n os so s ou d o s n oss os ad v e rsá r ios ?

Resp on d eu e l e : Não; s ou l í d er d o ex érc i t o d e Iah weh e a cab o d e ch ega r . En t ão , Josu é s e p ros t r ou com o r os to em t er ra , e o ad or ou , e d i s se - lh e : Qu e d i z m eu

Iah weh a o s eu s er v o ? Res p on d eu o l í d e r d o ex érc i t o d e Iah weh a J osu é:

Desca lça a s san d á l i a s d os p és , p orq u e o lu ga r em q u e es t á s é San to . E f ez J osu é ass im.‖ ( J s 5 ,1 3 -1 5 ) .

6.1.5. – A TOMADA DE JERICÓ.

Inicia-se a conquista de Jericó em obediência às instruções de Iahweh a

Josué, ao comando das tropas pela Arca da Aliança posicionada na dianteira. A

cidade era cercada de muralhas cujos habitantes amedrontados (Js 5,1 -2)

reforçaram-nas, e impediam tanto a entrada como a saída, pretendendo se

resguardar da penetração dos Israeli tas. Em vão, porém! Iahweh já os entregara

aos Filhos de Israel e dá as instruções estratégicas para a tomada e posse

definit ivas. Por elas se percebe que se tratava de uma verdadeira guerra santa ,

como se considerava uma operação mili tar em que o deus local part icipava,

―vencendo -se um povo vencia -se o seu deus‖, e os combatentes eram

―consagrados ou santificados‖ (Is 13,3 / Jr 22,7; 51,27s.; 6,4 / J l 4,9 / Js 3,5),

assim entre os gentios como entre os Israeli tas. Ao mesmo tempo, concorre para

essa convicção a presença ativa dos Sacerdotes , empregando chifres de carneiro a

guisa das trombetas que se usavam em solenidades religiosas (Lv 25,8 -10) e como

sinal de partida para os combates (Nm 10,1 -10): inegavelmente, é uma ―guerra

consagrada ou santa‖:

―O ra , J e r i có e s t ava r i g or os amen te f ech ad a p or cau sa d os f i lh o s d e Is ra e l ; n in gu ém sa í a , n em en t rava . En t ão , d i s s e Iah weh a Josu é : O lh a , en t r egu ei n a t u a

mão J e r i có , o s eu r e i e os s eu s gu er r e i r os . V ós , t od os o s comb a ten t es , r od ea r e i s

a c id ad e , cercan d o -a u ma v ez; a s s im fa r e i s p or se i s d i a s . Se t e sace rd ot es l eva rã o s e t e t r omb eta s d e c h i f r e d e ca rn ei r o ad i an t e d a Arca ; n o s é t im o d i a ,

rod ea r e i s a c id ad e s e t e v eze s , e os sac erd ot es t oca rão a s t romb eta s . E , t ocan d o -

se c om f rag or a t r omb eta d e ch i f re d e ca rn ei r o , ou vin d o vó s o t oq u e d e la , t od o o p o v o p ro r r omp erá f or t e g r i t o d e gu er ra , a s mu ra lh as d a c id ad e ca i rã o , e o

p ov o su b i rá , c ad a u m d o lu ga r em q u e es t i ve r p a ra a f r en t e . ‖ ( J s 6 ,1 -5 )

Josué, ao comando da operação, passa as normas recebidas com mais

detalhes aos Sacerdotes que conduziam a Arca da Aliança em torno das muralhas

de Jericó tocando o chifre a cada dia e tendo à frente os guerreiros armados. Fez

isso durante seis dias consecutivos e no sétimo dia a cidade foi contornada sete

vezes e todo o povo proferiu um uníssono e forte clamor (Nm 10,9) , concomitante

ao toque das trombetas de chifre, e as muralhas ruem (Js 6,6 -16.20) e a cidade é

tomada:

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―E su ced eu q u e , n a s é t ima v ez , q u an d o os Sac erd ot e s t ocavam as t r omb eta s ,

d i s se Jo su é ao p o vo : Gr i t a i , p orq u e Iah weh v os en t r eg ou a c id ad e ! P or ém a

c id ad e se rá i n t erd i t ad a a Iah weh , e la e t u d o q u an to n e la h ou v er . S om en t e v i v erá

Rah ab , a p ros t i t u t a , e t od os os q u e es t i v e r em com e la em casa , p orq u e ocu l t ou os m en sag ei ro s q u e en vi amo s . Tã o so m en te gu a rd a i -v os d as co i sa s i n t erd i t ad as ,

p a ra q u e , s en d o e la s i n t erd i t ad as , n ão a s t o m ei s ; e a s s im to rn ei s i n t erd i t o o

acamp amen to d e Is ra e l e ca u sem a su a d es graça . P or ém tod a p r a t a , e ou ro , e u t en s í l i os d e b ron ze e d e f er r o sã o con sa grad os a Iah weh ; i rã o p a ra o s eu

t es ou r o . Gr i t ou , p o i s , o p o vo , e os Sac erd ot es t oca ram as t romb eta s . Ten d o

ou vid o o p o vo o s on id o d a t ro mb eta e l evan t ad o g r an d e g r i t o , ru í ram as mu ra lh as , e o p ov o su b iu à c id ad e , cad a q u a l em f r en t e d e s i , e a t omaram.‖ ( J s

6 ,1 6 -2 0 ) .

Dentre as determinações de Moisés destacava -se uma destinada ao

procedimento com respeito às localidades objeto de conquista. Antes de aplicar o

Interdito oferecer -se-á a paz. Essa paz traduz o buscado na Missão de Israel com

a conversão do povo vencido, pela derrota do seu deus, passando a servir com

trabalhos forçados aos Israeli tas. Essa regra, com sentido aparentemente

humanitário, só admitia exceção para aqueles povos que habitavam o terri tório

cananeu, pelo perigo do contagio que significavam para a pureza e fidelidade do

Israeli ta à Aliança com Iahweh. Nesse tempo da Conquista da Terra Prometida

era usual entre os povos o que os Israeli tas denominaram de interdito na

concepção sagrada das guerras de então em que os deuses dos povos encabeçavam

as batalhas. Tudo aquilo que se opôs ao novo deus vitorioso, necessariamente e

por segurança religiosa e nacional, deveria ser erradicado definit ivamente. O

interdito era uma insti tuição que retirava as pessoas ou coisas do domínio

humano passando ao de Iahweh seja pelo extermínio total (Lv 27,29 / Nm 21,2 /

Dt 7,1-10; 13,13-17), seja também, como consagração ao culto (Lv 27,28)

entregando-se ao tesouro do Templo (Js 6,18 -19) os materiais ou coisas de valor

encontradas. É o perigo que significava para o Israeli ta a influência de cultos

pagãos ou ainda uma apostasia a deuses a quem dirigiam os gentios suas

reivindicações supersticiosas para a fert i l idade do solo, a ponto de lhes

oferecerem em sacrifício os próprios fi lhos, a prática da prosti tuição sagrada e

outras aberrações:

―Qu an d o Iah weh , t eu Deu s , t e i n t rod u zi r n a t e r ra a q u a l p a ssa s a p ossu i r , e

t i ve r lan çad o mu i t a s n açõ es d e d i an t e d e t i , ( . . . ) s e t e n açõ es ma i s n u m er osas e ma i s p od e r osas d o q u e t u ; e Iah weh , t eu D eu s , a s t i v er d ad o a t i , p a ra a s f e r i r ,

t o t a lm en t e a s d es t ru i rá s ; n ão fa rá s com e la s a l i an ça , n em t erá s p i ed ad e d e la s ;

n em c on t ra i rá s ma t r im ôn io c om os f i lh os d essa s n açõ es ; n ão d a rá s t u a s f i lh a s a seu s f i lh os , n em t omará s su as f i lh a s p a ra t eu s f i lh os ; p o i s e la s fa r i am d es v i a r

t eu s f i lh os d e mim, p a ra q ue s er v i s s em a ou t r os d eu s es ; e a i r a d e Iah weh se

acen d e r i a con t ra vó s ou t r os e d ep r essa vo s d es t ru i r i a . P o rém ass im lh es fa r e i s : d er r i b a r e i s os s eu s a l t a r e s , q u eb ra r e i s a s su as c o l u n as , co r t a r e i s os seu s t r on cos

sagrad os e q u eima r e i s a s su a s imag en s d e e scu l t u ra‖ (Dt 7 ,1 -5 ) .

Em conformidade com essa determinação e identificando -se coerentemente

com essa teologia, Jericó foi totalmente votado ao interdito, poupando-se apenas

Rahab e seus familiares. Além do fato do interdito na guerra ter sempre um

sentido religioso destinando-se entre Israeli tas a Iahweh (Dt 13,16 / 1Sm 15,1 -3),

como despojo ou oferenda, significava essa interdição que se erradicava o

paganismo e toda a sua forma de culto e devoção a deuses sem vida. Erradicavam

os pagãos e os seus sacrifícios e aberrações para que Iahweh ocupasse todo o

espaço conquistado, fato traduzido pela retirada de Rahab e seus familiares.

Rahab, convertida, casar -se-á com um Israeli ta chegando à glória de ter

por descendente o próprio Jesus (Mt 1,5). A erradicação foi para sempre, pelas

maldições devotadas a quem restaurasse a cidade de Jericó, o que seria uma

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apostasia em face do juramento, ―. . . diante de Iahweh . . .‖, fei to por todo o povo

numa celebração solene. Essa maldição irá se consumar no tempo do reinado de

Acab, em Israel do Norte, na fort if icação do local por Hiel de Betel , com isso

perdendo o seu fi lho primogênito e o fi lho mais moço durante a restauração

condenada (1Rs 16,34):

―Tu d o q u an to n a c id ad e h avi a d es t ru í ram to t a lm en t e a f i o d e e sp ad a , t an to

h omen s c om o mu lh er e s , t an to m en in os com o v elh os , t a mb ém b oi s , o ve lh as e

j u men tos . En t ão , d i s s e J osu é a os d o i s h om en s q u e e sp i a ram a t e r ra : En t ra i n a ca sa d a mu lh er p r os t i t u t a e t i r a i -a d e lá com tu d o q u an to t i ve r , co mo lh e

j u ra s t es . En t ão , en t ra ram os j ov en s , os esp i a s , e t i r a ram Rah ab , e seu p a i , e su a

mãe, e s eu s i rmã os , e t u d o q u an to t i n h a ; t i r a ram t amb ém tod a a su a p a r en t e la e os c o loca ram em s egu ran ça fo ra d o acamp am en to d e Is r ae l . Po r ém a c id ad e e

t u d o q u an to h avi a n e la , q u eimaram -n o; t ão s om en te a p ra t a , o ou ro e os

u t en s í l i os d e b r on ze e d e f e r r o d e ram p a ra o t es ou r o d a Casa d e Iah weh . Mas Josu é con s e r vou c om vid a a p ros t i t u t a Rah ab , e a ca sa d e seu p a i , e t u d o q u an to

t i n h a ; e h a b i t ou n o m ei o d e Is ra e l a t é a o d i a d e h o j e , p orq u an to esc on d e ra os

men sa g ei r os q u e Jo su é en vi a ra a esp i a r J er i c ó . Naq u e l e t emp o, Josu é f ez o p o v o

j u ra r e d i ze r : Ma ld i t o s e j a , d i an t e d e Iah weh , o h om em q u e s e l evan t a r e

reed i f i ca r e s t a c id ad e d e J e r i có ; com a p erd a d o s eu p r imog ên i to lh e p orá os

fu n d amen tos e , à cu s t a d o ma i s n ovo , a s p o r t a s . Ass i m, es t ev e Iah weh com Josu é; e co r r i a a su a fa ma p o r t od a a t e r ra‖ ( J s 6 ,2 1 -2 7 ) .

―.. . Josué fez o povo jurar e dizer: Maldito seja, diante de Iahweh, o

homem que se levantar e reedificar esta cidade.. .‖ / ―Tão somente guardai -vos das

coisas interditadas, para que, sendo elas interditadas, não as tomeis; e assim

torneis interdito o acampamento de Israel e causem a sua desgraça‖ / ―. . . tão

somente a prata, o ouro e os utensíl ios de bronze e de ferro deram para o tesouro

da Casa de Iahweh‖ – Essas frases mostram a gravidade com que se encarava uma

Interdição Sagrada , cujos efeitos danosos atingiriam aqueles que o

desrespeitassem. Não se tratava de uma disposição cruel e manada diretamente de

Iahweh, mas a imposição cultural de séria e indeclinável medida de segurança da

integridade moral e física de todos os novos habitantes do terri tório em

conquista. Nessa condição religiosa da guerra santa, a interdição é a separação

para Iahweh, votando-se à destruição os habitantes, todos os bens e até mesmo os

rebanhos (Lv 27-29 / Dt 13,16 / 1Sm 15,1 -3).

Tal como na passagem do Mar Vermelho, muita tentativa se fez e se faz

para uma explicação plausível para ambos os fatos milagrosos da passagem do

Jordão a seco e essa queda das muralhas de Jericó com o que Iahweh engrandeceu

Josué (Js 1,5 e 6,27). Da mesma forma que lá aqui também é claro que o

nacionalismo israeli ta até mesmo pode ter influenciado e tornado mais épica a

narrativa de um combate havido (Js 24,11). Porém, o fato que se torna

indiscutível é ter sido Jericó conquistada (Js 24,11 / 2Mac 12,15 / Hb 11,30) ao

comando de Iahweh dos Exércitos , cognome que recebe por ser o comandante

significado na Arca da Aliança, que segue à frente das guerras santas vencidas

por Israel (1Sm 1,3.11 / 2Sm 6,2.17 -18).

6.1.6. - O CONFLITO DE HAI.

Outra localidade se interpõe no trajeto de Israel e Josué envia batedores

antes de qualquer outra providência, culminando, porém na primeira derrota

sofrida pelos Israeli tas, por imprudência e presunção, não tendo consultado

Iahweh como de costume:

―En vi ou , p o i s , Jo su é , d e J e r i có , a l gu n s h omen s a Ha i , p er t o d e B et - Áv en , ao

or i en t e d e Bet e l , d i zen d o - lh es : Su b i e esp i a i a t e r ra . S u b i ram, p o i s , aq u el es

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h omen s e esp i a ram Ha i . E v o l t a ram a Jo su é e lh e d i s s er am: Não su b a t od o o

p ov o; su b am u n s d o i s ou t r ê s mi l h o men s , a f er i r Ha i ; n ão fa t i gu ei s a l i t od o o

p ov o, p o rq u e sã o p ou c os os i n imigos . Ass im, su b i ram lá d o p o vo u n s t r ês mi l

h omen s , os q u a i s fu g i ra m d i a n t e d os h om en s d e Ha i . Os h omen s d e Ha i f e r i ram d el e s u n s t r i n t a e s e i s , e ao s ou t r os p er s egu i ram d esd e a p or t a a t é à s p ed r e i ra s ,

e o s d er r o t a ram n a d esc id a ; e o c oraçã o d o p ov o s e d e r r e t eu e s e t o rn ou com o

águ a‖ ( J s 7 ,2 -5 ) .

Foi um desastre, a ponto do ― . . . coração do povo se derreteu e se tornou

como água‖! – em outras palavras, ―acovardou -se totalmente, dominados pelo

medo‖, sentindo -se abandonado por Iahweh. Outra coisa não significava que o

fim de tudo, pelo que Josué e os anciãos vão se penitenciar e m nome de todo o

povo de maneira idêntica a que Moisés fizera (Ex 32,11 -13 / Nm 14,13-16 / Dt

9,26-29). Busca o socorro de Iahweh em frente da Arca para uma solução

percebendo-se que algo de errado e muito sério havia, a ponto de se comprometer

com essa derrocada, o nome de Iahweh, que é o comandante dos Israeli tas, se bem

que a presença da Arca não foi mencionada:

―En tão , Jo su é ra s g ou a s su as v es t es e s e p ro s t r ou em t er r a sob r e o r os t o p eran t e

a a rca d e Iah weh a t é à t a rd e , e l e e os an c i ãos d e Is ra e l ; e d e i t a ram p ó s ob r e a cab eça . Di ss e Jo su é : Ah ! Iah weh D eu s , p or q u e f i zes t e e s t e p ov o p assa r o

Jord ã o ? Te r i a s i d o p a ra n os en t r ega r n as mã os d os amor r eu s e n os fa zer

p er ec er ? Me lh o r n o s s e r i a c on t en t a rm os em f i ca r a lém d o Jo rd ão . Eu su p l i co , Iah weh , q u e d i r e i ? P oi s Is rae l v i r ou a s cos t a s d i an t e d os s eu s i n imig os !

Ou vin d o i s t o os can an eu s e t od os os m o rad or es d a t e r ra , n os c e rca rã o e

d esa r ra iga rão o n o ss o n om e d a t e r ra ; e , en t ão , q u e fa rá s ao t eu gran d e n om e?‖ ( J s 7 ,6 -9 )

O narrador já antecipara uma espécie de justif icativa para o fracasso,

apresentando uma introdução a propósito (Js 7,1), em que o apresenta como o

resultado da violação do preceito de ―não se tomar coisa alguma interditada,

movidos pela cobiça; e assim tornar interdito o acampamento de Israel e causar a

sua desgraça‖ (Js 6,18 / cfr . Dt 7,25). Um membro da comunidade apropriou -se

de alguns objetos preciosos e os escondeu em sua tenda, violando a interdição

que o obrigava a não se apoderar deles, sem contaminar todo o acampamento. Foi

um ato de insubordinação contra Iahweh, verdadeira apostasia, rompendo -se a

Aliança e contaminando-se todo o acampamento com a impureza do objeto de

culto pagão. Agravar -se-ia mais ainda a insubordinação pela solidariedade de

todos com o ato de um só, no caso de impun idade do faltoso, só sanável com a

sua morte em reparação e punição (Dt 7,26; 13,18; 20,16 -18 / Lv 27,28 / Js 6,17).

Identificava-se o ato de um só como do todo em virtude do conceito de

nacionalidade e unidade vigente na cultura de então, acreditando que o ato

isolado individual at inge o todo por seus efeitos maléficos, como o próprio

Iahweh já prescrevera. Houve também alguma indiferença e menosprezo de Josué

e do povo não se tendo invocado ou consultado Iahweh para a conquista de Hai,

confiando-se apenas e demasiadamente nas próprias forças:

―P r eva r i ca ram os f i lh os d e I s ra e l n a s co i sa s i n t erd i t ad as ; p orq u e Acan , f i lh o d e

Carmi , f i lh o d e Zab d i , f i lh o d e Ze rah , d a t r i b o d e Ju d á , t omou d as co i sa s i n t erd i t ad as . A i ra d e Iah weh in f lamou - se c on t ra os f i lh os d e Is ra e l‖ ( J s 7 ,1 ) /

―En tão , d i s s e Iah weh a J osu é : Lev an t a - t e ! P or q u e es t á s p ros t rad o a ss im sob r e o

ros t o ? Is ra e l p ec ou , e v io la r am a min h a a l i an ça , aq u i lo q u e eu lh es ord en a ra , p o i s t omaram d as co i sa s i n t e rd i t ad as , e fu r t a ram, e d i s s imu la ram, e a t é d eb a i x o

d a su a b agagem o p u s era m. P e lo q u e os f i lh o s d e Is ra e l n ão p u d eram r es i s t i r aos

seu s i n imig os ; v i ra ram as cos t a s d i an t e d e l es , p o rq u an to Is ra e l s e f i zera con d en ad o; j á n ão se r e i con vo sco , s e n ão e l imin a rd es d o v oss o m eio a c o i sa

rou b ad a . Di sp õ e - t e , san t i f i ca o p o vo e d i ze : San t i f i ca i -v o s p a ra aman h ã , p orq u e

a ss im d i z Iah weh , Deu s d e Is ra e l : Há co i sa s i n t erd i t a d as n o voss o m eio , ó Is ra e l ; aos vo ss os i n imigos n ão p od er e i s r e s i s t i r , en q u an to n ão e l imin a rd es d o

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vo ss o m eio a s c o i sa s i n t e rd i t ad as . Pe la man h ã , p o i s , v os ch ega r e i s , s egu n d o a s

vo ssas t r i b os ; e s erá q u e a t r i b o q u e Iah weh d es i gn a r p or s or t e s e ch ega rá ,

segu n d o a s famí l i a s ; e a fam í l i a q u e Iah weh d es i gn a r s e ch ega rá p or ca sa s ; e a

ca sa q u e Iah weh d es ign a r s e ch ega rá h om em p or h om em. Aq u e l e q u e f o r ac h ad o com a c o i sa i n t e rd i t ad o s e rá q u eimad o, e l e e t u d o q u an to t i ve r , p o rq u an to

v io lou a a l i an ça d e Iah weh e com eteu u ma in fâmia em Is ra e l‖ ( J s 7 ,1 0 -1 5 ) .

Além de se enquadrar dentro das normas legais e culturais da época,

Iahweh estabelece especificamente para Jericó os seguintes preceitos que foram

violados, t ipificando o rompimento com a Aliança contraída solenemente no Sinai

e ratif icada em Moab:

―Tã o s om en t e gu a rd a i -v os d as co i sa s i n t e rd i t ad as , p a ra q u e , s en d o e la s

i n t erd i t ad as , n ão a s t om ei s ; e a s s im t orn ei s i n t e rd i t o o a camp amen to d e Is rae l e

cau sem a su a d es graça‖ ( J s 6 ,1 8 ) / ― . . . t ão so men t e a p ra t a , o ou r o e os u ten s í l i os d e b r on ze e d e fe r ro se rã o con sa grad os a Iah weh e en t ra rão n o

t es ou r o d e Iah weh ‖ ( J s 6 ,1 9 ) .

―Aq u e le q u e fo r ach ad o co m a co i sa i n t erd i t ad o s e rá q u eimad o, e le e t u d o

q u an to t i ver , p o r t e r v io lad o a Al i an ça d e Iah weh e co m et id o u ma in fâmia em

Is ra e l‖ – v i o la r a Al i an ça d e Iah weh era c on d en a r Is ra e l à i n fâ mia , cau san d o -lh e o ab an d on o a su a p róp r i a sor t e , n ão ma i s con t an d o com a p res en ça d a Arca

n o coman d o, e sem Iah weh s ó lh e ad vi r i a a d e r r o t a . In fâ mia em Is rae l é t od o a t o

q u e con t ra r i a a Al i an ça , p r i n c ip a lmen t e c on t ra a l e i d iv in a , a mora l , os cos tu m es , p r i n c ip a lm en t e o d ecá lo go ( Gn 3 4 ,7 / J z 1 9 ,2 3 -2 4 / 2 Sm 1 3 ,1 2 / Dt

2 2 ,2 1 ) . Da í a su a n ec essá r i a e i n d i sp en sá v e l e r rad i cação p l en a d a comu n id ad e , n ão ma i s a c on t amin an d o com a imp u r eza q u e ad q u i r i ra , l i v ran d o -s e a s s i m o

acamp amen to d a ma ld i ção e d a In fâmia ad vin d a . Iah weh d et e rmin a q u e o

cu lp ad o s e j a l oca l i zad o p or sor t e , con f o rm e s e p r a t i cava (1 Sm 2 ,2 8 ; 1 0 ,2 0 -2 1; 1 4 ,1 8 .3 6 -4 2 ) e r ec eb a n e l e a i n t erd i ção a q u e fo ra c on d en ad a Je r i có . Fei t o o

sor t e i o ( J s 7 ,1 6 -2 3 ) , d esc o b r iu -se o r esp on sáv e l , Aca n , q u e con f e ssou , e ,

j u n t amen te com tod o s os seu s fami l i a r es e p er t en ces , f o ra m lap id ad os , q u eima d os e s o t er rad os (N m 1 6 ,3 0 -3 2 ) , p un i ção es t a d es t i n ad a a c r imes

d i re t am en te r e lac i on ad os co m a f i d e l i d ad e à Lei d e Ia h weh ( Lv 2 0 ,2 / 1Rs

2 1 ,1 0 ) :

―En tão , J osu é e j u n to com tod o o Is ra e l t oma ram Acan , f i lh o d e Ze rah , e a

p ra t a , e a man ta , e a b a r ra d e ou r o , e s eu s f i lh os , e su as f i lh a s , e s eu s b o i s , e seu s j u men to s , e su as o v elh as , e su a t en d a , e t u d o q u an to t i n h a e l eva ram -n os

ao va l e d e Ac o r . Di s s e J osu é : P or q u e n o s t rou x es t e a d es graça ? Iah weh , h o j e ,

t e d es graça rá . E t od o o Is ra e l o ap ed r e j ou ; e , d ep oi s d e a p ed r e j á - l os , q u eimou -os . E levan t a ram s ob r e e l e u m mon tão d e p ed ra s , q u e p e rman ec e a t é ao d i a d e

h o j e ; a s s im, Iah weh ap ag ou o fu r or d a su a i ra ; p e lo q u e a q u el e lu ga r s e ch ama o

va l e d e Ac o r a t é a o d i a d e h o j e‖ ( J s 7 ,2 4 -2 6 )

Superado o impasse criado, retorna-se à conquista e se dirige a Hai, agora

em consonância com instruções, plano de ataque e comando de Iahweh levando-se

em conta a força real anteriormente desdenhada (Js 7,3) dos habitantes da

localidade e seu exército:

―Di ss e Iah weh a Jo su é : Nã o t ema n ão t e a t emo r i ze ; t om a con t ig o t od a a g en t e d e gu e r ra , e d i sp õ e - t e , e s ob e a Ha i ; o lh a q u e en t r egu ei n as t u a s mãos o re i d e

Ha i , e o s eu p ov o, e a su a c id ad e , e a su a t e r ra . Fa rá s a Ha i e a s eu r e i com o

f i ze s t e a J e r i có e a s eu r e i ; so men t e q u e p a ra v ó s ou t r os saq u ea r e i s o s s eu s d esp oj os e o s eu gad o; a rm a u ma emb oscad a con t ra c i d ad e , p or d e t rá s d e la .

En t ão , J osu é s e levan tou . . . E i s q u e v os p or e i s d e emb o scad a con t ra a c id ad e ,

p or d e t rá s d e la . . . q u an d o s a í rem, com o d an t e s , con t ra n ós , fu g i r em os d i an t e d e l e s . D ei x em o- los , p o i s , s a i r a t rá s d e n ós , a t é q u e os t i r emo s d a c id ad e;

p orq u e d i rã o : Fo g em d i an t e d e n ós co mo d an t es . Ass im, fu g i r em os d i an t e d e l es .

En t ão , sa i r e i s v ós d a emb o scad a e t oma r e i s a c id ad e; p orq u e Iah weh , v oss o Deu s , v o - la en t r ega rá n as v o ss as mão s . Ha v en d o v ós t om ad o a c id ad e , p or - lh e-

e i s fo g o; s egu n d o a p a la v ra d e Iah weh , fa r e i s ; e i s q u e v o - l o o rd en ei ‖ ( J s 8 ,1 -8 ) .

―Arma uma emboscada contra cidade, por detrás dela‖ essa estratégia,

assim planejada por Iahweh, foi posta em execução por Josué, armando a cilada

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aos habitantes de Hai, usando a mesma manobra que lhes deu a primeira vitória.

Os Israeli tas foram ao seu encontro pela frente com um grupo de soldados e

deixando de prontidão o grosso de seu exército atrás da cidade. Saíram o rei e

todos os habitantes em perseguição aos Israeli tas que, repetindo a operação

mili tar anterior, fugiram atraindo -os para bem longe enquanto que os demais

guerreiros Israeli tas, que estavam de tocaia ocupavam e incendiavam Hai. Os que

fingiam fugir voltaram atrás e passaram a enfrentar os perseguidores junto com

os invasores , que os atacaram pela retaguarda ficando os combatentes de Hai

encurralados no meio de duas tropas, sendo então derrotados e votados ao

Interdito (Js 8,23-29).

Outra semelhança com Moisés é apresentada ao se mencionar a ordem

recebida por Josué para manter sua lança levantada, mantendo -a erguida até a

derrota final . Da mesma forma que Josué presenciou a maldição de Moisés a

Amalec ele mesmo agora amaldiçoa Hai, apontando -lhe a lança (Js 8,18-19.26/Ex

17,10-13), a derrota , conquista–a e a reduz a ruínas, enforcando o seu rei (Js

8,26-29).

6.1.6.1 – A CONSAGRAÇÃO DA CONQUISTA.

Josué passa à Renovação da Aliança e às determinações d e Moisés para se

efetivarem tão logo penetrada a Terra Promet ida. Consagra-a e santifica-a por um

Sacrifício de Comunhão (Dt 27,7) e fixa em pedras a Lei de Iahweh para vigorar

sempre no terri tório. É a consolidação definit iva de Iahweh como o Deus de

Israel , em se apossando do terri tório, glorificando para sempre n a História a Sua

presença e santificando a operação pelo Sacrifício (Dt 11,26 -32; 27,2-8). Erige

um Altar tal como ordenado no Sinai, ―com pedras não lavradas para que o cinzel

não as profanasse‖ (Ex 20,25), onde todos ―comem alegrando -se diante de

Iahweh‖ (Dt 27,7). Também, ―escreveu sobre pedras uma cópia da Lei de

Moisés.. . , depois leu todas as palavras da Lei. . . palavra alguma houve que Josué

não lesse‖, metade do povo diante do Monte Ebal outra metade em frente ao

Garizin, ―como Moisés, servo de Iahweh, outrora, ordenara que fosse abençoado

o povo de Israel‖ (Js 8,30-35). Bênção é aquele insti tuto da Criação incorporando

as coisas ou os seres com a fecundidade e desenvolvimento harmônicos conforme

os desígnios de Deus (cfr . Gn 1,22.28); santificando (Gn 2,3) assim todo o povo

tão logo penetre no terri tório, ainda em conquista, já antecipando o sucesso do

empreendimento.

O Monte Ebal e o Monte Garizin são dois pólos centrais na História de

Israel compondo a História da Salvação (Jo 4,20 -42) . Geograficamente, esses

dois montes se si tuavam ao norte e ao sul de Siquém, local de importância ao

culto Israeli ta além de Betel , e se tornaram Santuários, conforme tradição

advinda dos Patriarcas (Gn. 12,6 -7; 13,3; 28,18-19; 33,17-20; 35,2-4). Em ambos

os locais Abraão (ainda com o nome Abrão) , quando de sua conversão, erigiu um

Altar a Iahweh (Gn 12,6.8); Jacó, enterrou os deuses pagãos em Siquém, optando

definit ivamente por Iahweh, erigindo-LHE um Altar em Betel (Gn 35,2 -7) ,

localidades da região; e, Josué e o Povo de Israel , ao término da campanha aí

farão a opção definit iva por Iahweh (Js 24,15.25-27). Também, nesse local já

sagrado e santificado , se dará o encontro de Jesus com a Samaritana, com a

conversão dela, a quem se revela o Ungido, o Messias ou o Cristo (Jo 4,20-25.28-

30.39-42), e anuncia a Renovação da Eterna Aliança que implanta:

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―Mas v em a h ora e é ag o ra , n a q u a l o s v e rd ad ei ros ad o rad or es ad o ra rã o o Pa i

em esp í r i t o e ve rd ad e; t a i s são , c om ef e i t o , o s ad orad or es q u e o Pa i p rocu ra‖

( Jo 4 ,2 3 ) .

6.1.7. OS GABAONITAS.

Todos esses acontecimentos se propagaram por toda a região e os seus

habitantes entenderam o significado de todos os atos praticados. Compreenderam

que os Israeli tas a estavam conquistando e dela se apropriando sob o comando de

seu Deus Iahweh, que marchava à frente do Seu exército identificado na Arca da

Aliança. Votando as conquistas ao interdito demonstrava a instalação de um

Reino de Iahweh , ―o deus ciumento‖ (Dt 4,24), que não aceitava em seu domínio

a adoração de outro deus ou deuses. Possuídos pelo temor, alguns se coligaram

com a finalidade de se defender, derrotá -los e expulsá-los do terri tório. Não se

pode deixar de perceber nesta providência a influência cultural de uma coligação

dos seus deuses contra Iahweh, o Deus de Israel , já que a guerra de um povo era a

guerra de seu deus.

O povo de uma região próxima, um grupo dist into que habitava em Gabaon,

Cafira, Berot e Cariat -Iarim (v. 17), os gabaonitas, ouvindo a mesma notícia

temeu em face do poderio de Israel , mas não se uniu aos demais. Ao invés de

deflagrarem uma guerra aos invasores preferiram organizar uma comitiva e,

ardilosamente, dizendo-se de um país distante, conseguiram firmar um Tratado ou

Aliança e se unir a Josué. O fundamento da astúcia usada foi a narrativa bem

detalhada das vitórias de Iahweh desde o Egito (Js 9,9 -10). Convencido, Josué

prestou-lhes um juramento de paz poupando -os do Interdito. A refeição comum

das provisões gabaoni tas selou a Aliança (Gn 31,46s) feita sem uma consulta a

Iahweh, a que o narrador atribui redundar em grave erro pelo descumprimento de

uma das prescrições da Aliança de Iahweh (Ex 23,32-33; 34,12 / Js 9,14-18).

Descoberta a trama, e apesar da astúcia usada não se pôde deixar de cumprir o

compromisso de paz inviolável pelo juramento. Passar am a viver entre os Filhos

de Israel reduzidos à condição social de ―escravos, rachadores de lenha e

carregadores de água para toda a comunidade e para o Altar de Iahweh‖ (vs. 21 e

27), conforme decisão geral que , após séria admoestação, foi ratif icada por Josué

(Js 9,16-21.23.27):

―Ch amou - os J osu é e d i s s e - l h es : P o r q u e n os en gan as t e s , d i zen d o : Hab i t amos

mu i l on g e d e v ós , s en d o q u e v i v e i s em n os so m eio ? Ag or a , p o i s , so i s ma ld i t os ; e d en t re v ós n u n ca d e ixa rá d e h av er esc ra vo s , r ach ad or es d e l en h a e t i r ad o r e s

d e águ a p a ra a ca sa d o meu D eu s . En t ão , resp on d e ram a Josu é : É q u e se

an u n c iou aos t eu s s er v os , c om o c er t o , q u e Iah weh , t eu D eu s , o rd en a ra a seu se rv o Moi s és q u e v os d ess e t od a es t a t e r ra e d es t ru í s s e t o d os os m o rad or es d e la

d i an t e d e vós . P or i s s o , t eme m os mu i to p o r n ossa v id a p or cau sa d e vós e f i zem os a ss im. E i s q u e es t a mos n a t u a mão; t r a t a -n os s egu n d o t e p a r ec er b om e

re t o . Ass im lh es f ez e l i v rou - os d as mã os d o s f i lh os d e Is ra e l ; e n ão os

ma ta ram. Naq u e l e d i a , J osu é os f ez rach ad or es d e l en h a e t i r a d or es d e á gu a p a ra a con gr egação e p a ra o Al t a r d e Iah weh , a t é a o d i a d e h o j e , n o lu ga r q u e D eu s

esc o lh ess e‖ ( J s 9 ,2 2 -2 7 ) .

Dentre os que habitavam a região, ―. . . cinco reis dos amorreus.. .‖

coligaram-se para a retomada de Gabaon, a recuperação da posição estratégica

perdida em virtude dessa Aliança recém contraída e impedir assim o avanço de

Josué. Estando sob a proteção de Israel , nos termos do juramento, os gabaonitas

clamaram por Josué para socorrê -los. Atendendo-os, Josué ataca de surpresa os

agressores e ― Iahweh os derrotou diante de Israel , e os feriu com grande matança

em Gabaon, e os foi perseguindo pelo caminho que sobe a Bet -Horon, e os

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derrotou até Azeca e Makeda‖ e ― . . . fez Iahweh cair dos céus sobre eles grandes

pedras, até Azeca, e morreram. Mais foram os que morreram pelo granizo do que

pela espada dos fi lhos de Israel‖ (Js 10,1 -11). Narra-se a seguir , ao que se diz

transcrito do ―Livro do Justo‖ (Js 10,13b) um fenômeno inexplicável e até mesmo

inaceitável pelas leis f ísicas. Iahweh ―obedece‖ a ordem de Josué para ―parar o

sol , e a lua‖, para assim aumentar o dia facil i tando a vitória:

―En tão , J osu é fa lou a Iah weh , n o d i a em q u e Iah weh en t reg ou os am or r eu s n as mãos d os f i lh os d e Is ra e l ; e d i s se n a p r es en ça d o s i s rae l i t a s : So l , d e t ém - t e em

Gab a on , e t u , lu a , n o va l e d e Aia lon . E o so l s e d e t ev e , e a lu a p a rou a t é q u e o

p ov o s e v in gou d e s eu s i n imigos . Nã o e s t á i s t o esc r i t o n o Liv ro d os Ju s t os ? O so l , p o i s , s e d e t ev e n o m eio d o céu e n ão s e ap r es sou a p ôr - s e , q u as e u m d i a

i n t e i ro . ―Não h ou v e d i a s em e lh an t e a e s t e , n em an t e s n em d ep oi s d e l e , t en d o

Iah weh , a s s im, a t en d id o à vo z d e u m h o m em; p o rq u e Iah weh p e l e j ava p or Is ra e l . Jo su é e t od o o Is ra e l v o l t a ram a o acamp amen to em Gá lga l‖ ( J s 1 0 ,1 2 -

1 5 ) .

Tão logo vencedor ―Josué e todo Israel voltaram ao acampamento em

Gálgal‖ (Js 10,15) / cfr . tb ―Js 10,43: Então, Josué com todo Israel voltou ao

acampamento em Gálgal‖ (cfr . tb.: Js 4.19s / 5,2 -9 / 9,6 / 10,7.15.43) – Gálgal

[em hebraico Guilgal e em grego Galiléia (compare -se em ambas as versões o

trecho em Js 12,23, em que o Guilgal hebreu é vertido na Septuaginta para

Galiléia)] , vai se tornando um centro regional, rel igioso, administrativo e de

operações mili tares de Josué. Ali se estrutura toda a conquista da Terra

Prometida, do Sul e do Norte, de lá s e parte e para lá se retorna e vai projetar -se

no ponto culminante da História da Redenção do Homem, ou História da

Salvação. Jesus, cujo nome é o mesmo Josué, vai se si tuar, como informam os

Evangelhos Sinópticos na Galiléia, de onde também parte para a d ifusão do Reino

de Deus. Da mesma forma o Livro dos Atos dos Apóstolos, seguindo de perto este

esquema, fará de Antioquia (At 13,1 -4 / 15,35-36 / 18,22-23) o centro irradiante

das viagens de São Paulo, f inalizando em Jerusalém e daí em Roma a

consolidação do Reino de Deus, de que a Terra Prometida foi f igura. Outro fato

significativo é a menção do Mar de Quinerot (Js 12,3), que veio a ser no Tempo

de Jesus o Lago de Genesaré (Lc 5,1) ou Tiberíades (Jo 21,1), e do Mar Salgado

(Js 12,3) que virá a ser o Mar Morto, fatos que confirmam o nome da região, dado

pela versão dos LXX, de Galiléia como tradução de Guilgal .

Várias são as tentativas de explicações do fenômeno do sol e a lua terem

deixado o seu movimento normal, f icando parados até que a luta terminasse.

Inuti lmente, porém: qualquer solução encontrada fica dependendo de outra

explicação para um tipo diferente de fenômeno que se apresenta, ou se modifica o

contexto, oferecendo-se outra narração. As hipóteses se avolumam, mas não

existe solução, a não ser que se faça um deslocamento cultural ao tempo e

verificar casos semelhantes que caracterizam a presença de Iahweh na defesa de

Israel , o Povo Eleito. Lendo o Cântico de Débora (Jz 5,2-31) , e outros hinos,

verificam-se metáforas muito semelhantes . Indica iss o que se trata da maneira

poética de se exprimir ao se narrar uma epopeia guerreira, culturalmente

condicionada à mentalidade e conhecimentos pertinentes à época. Compara -se o

poder de Iahweh com as manifestações incompreensíveis ao tempo, das forças da

natureza, e como elas, também misteriosas, identificando -O, e exprimindo-O:

―En tão , d esc eu o r es t an t e d o s n ob r es , o p ov o d e Iah weh em m eu au xí l i o c on t ra

os p od er os os . . . ‖ ( . . . ) ―D o a l t o d os c éu s comb a te ram as es t re la s , d e su as órb i t a s

p el e j a ram con t ra S í sa ra ‖ ( . . . ) ― . . . Amald i ç oa i a Mero z , d i z o An jo d e Iah weh , ama ld i çoa i d u ram en te o s s eu s mo rad or es , p o rq u e n ã o v i e ram em s oco r r o d e

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Iah weh , em s oco r r o d e Iah weh e s eu s h e r ó i s . . . ‖ ( . . . ) . . . ― . . . Ass im, ó Iah weh ,

p er eçam tod os os t eu s i n imigos ! P or ém os q u e t e ama m b r i lh am com o o so l

q u an d o se l evan t a n o s eu es p len d o r . E a t e r ra f i c ou em p az q u a ren t a an os‖ ( J z

5 ,1 3 .20 .2 3 .3 1 / c f r . t b . 1 Sm 7 ,1 0 ) / ―Tr o v ejou , en t ão , Iah weh , n os c éu s ; o Al t í s s imo l evan tou a v o z , e h ou v e g ran i zo e b ra sa s d e f og o . D esp ed iu a s su as

se t a s e esp a lh ou os m eu s i n imigo s , mu l t i p l i c ou os s eu s ra ios e o s d esb a ra t ou .

En t ão , se v iu o l e i t o d as á g u as , e s e d escob r i ram os fu n d amen tos d o mu n d o, p e la t u a rep r een são , Iah weh , p e lo i ro so r es fo lga r d as t u a s n a r in as‖ (S l 1 8 ,1 3 -

1 5 ) .

O que se pode constatar é a presença de tais perturbações da normalidade

nos fenômenos atmosféricos ou físicos quando Iahweh combate por Israel ou o

protege ou cumpre a Aliança. Observa -se facilmente que isso acontece já quando

da l ibertação do Povo dos Filhos de Jacó do Egito c om as pragas do granizo (Ex

9,13-26) e das trevas (Gn 10,21 -23), para se mencionar apenas algumas

semelhantes. Também, várias outras demonstrações quase iguais, a começar com

o episódio da Passagem do Mar Vermelho (Ex 14,15 -31), a Teofania do Sinai (Ex

19,16-25), o fogo que devorou Nadab e Abiú (Lv 10,1 -2) , a terra consumindo

Coré, Datan, Abiran e os seus familiares e bens (Nm 16,31 -35), a vara de Aarão

(Nm 17,16-25), a jumenta de Balaão (Nm 22,27 -35), a água do rochedo, o Maná e

as Codornizes (Ex 16,1 -17,7) , a passagem do Jordão ―a pé enxuto‖ (Js 3,14 -17), a

queda das muralhas de Jericó (Js 6,20 -21) etc. .

Conclui -se então ser o modo do hagiógrafo retratar o Poder e a Glória de

Iahweh a partir das le is da natureza incontroláveis pelo homem, mas submissas a

um simples comando de Deus, geralmente em favor de Seu Povo e Seus

Desígnios. Que esses acontecimentos se integraram na História de Israel é

inegável tendo sido retratados como epopéias comemorativas , onde enaltecem a

Glória de Iahweh e o comando vitorioso de Josué da ―guerra de Iahweh‖ (Eclo 46,

1-6.3). Situam-se na mesma perspectiva o uso que os Profetas fazem em suas

admoestações dos astros como sinais escatológicos ( Is 13,9 -10; 34,4; 38,8 / Am

8,9 / J l 3,1-5; 2,10-11; 4,15) ou de Teofania. Mesmo os sina is apontados por São

Pedro, como o Anúncio do Dia de Iahweh, no dia de Pentecostes (At 2,14 -21),

bem como os oferecidos por Jesus para anunciar a Ressurreição e a destruição do

Templo pelos Romanos (Mt 24,29 -31) e no relato do fim dos tempos, apontados

como sinais escatológicos (Ap 6,12 -17). Esses dados permitem ver na narrativa

do milagre do sol e da lua uma manifestação poética e a demonstração visível da

vitória de Iahweh sobre os inimigos de Israel . Essa conclusão vai f icar mais clara

com o exame desse mesmo uso por Jesus e por Pedro já mencionados:

―Ten d o J esu s sa íd o d o t emp lo , i a - s e re t i ran d o , q u an d o s e ap ro ximara m d e l e o s

seu s d i sc íp u los p a ra lh e mo s t ra r a s c on s t ru ç õ es d o t em p lo . E l e , p o r ém, lh es d i s se : Nã o v ed es t u d o i s t o ? Em ve rd ad e v os d ig o q u e n ã o f i ca rá aq u i p ed ra

sob r e p ed ra q u e n ão s e j a d es t ru íd a . No mon te d as O l iv e i ra s , a ch ava -s e J esu s

a s sen t ad o , q u an d o se ap r ox imaram d e l e os d i sc íp u los , em p a r t i cu la r , e lh e p ed i ram : Di ze -n os q u an d o s u ced e rão e s t a s co i sa s e q u e s i n a l h av e rá d a t u a

v in d a e d a c on su mação d o s écu lo . ( . . . ) . On d e es t i v er o ca d áve r , a í se a ju n t a rão

os ab u t r es . Lo g o em s egu id a à t r i b u lação d aq u e l es d i a s , o s o l escu r ec e rá , a lu a n ão d a rá a su a c la r i d ad e , a s es t r e la s ca i rão d o f i rmam en to , e os p od er e s d os

céu s s erã o ab a lad os . En t ão , ap a rec erá n o céu o s i n a l d o Fi lh o d o H om em; t od o s

os p o vo s d a t e r ra s e lam en ta rão e v erã o o Fi lh o d o H om em vin d o s ob r e a s n u ven s d o c éu , co m p od er e mu i t a g lór i a . E e l e en vi a rá os s eu s an jos , c om

gran d e c lan g or d e t r omb eta , os q u a i s r eu n i rão os seu s esc o lh id o s , d os q u a t r o

v en tos , d e u ma a ou t ra ex t r emid ad e d os c éu s . Ap r en d ei , p o i s , a p a ráb ola da f i gu ei ra : q u an d o j á os s eu s ramo s s e r en o vam e a s fo lh as b ro t am, sab ei s q u e

es t á p r óxim o o v erã o . As s im t amb ém v ós : q u an d o v i rd es t od as es t a s c o i sa s ,

sab ei q u e es t á p r óxim o, à s p or t a s . E m ve rd ad e v os d i g o q u e n ão p assa rá es t a g eraçã o s em q u e t u d o i s t o ac on t eça‖ (Mt 2 4 ,1 -3 .2 8 -3 4 ) .

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São Pedro vê na teofania do Dia de Pentecostes a realização desse

presságio de Jesus se manifestando, ratif icando dentre outros o Profeta Jo el. E,

na defesa dos Apóstolos acusados de embriaguez, pela manifestação do Espíri to

Santo ali ocorrida , faz uma acomodação escatológica da Profecia de Joel, qual

seja, voltada para o fim dos tempos:

J l 3 ,1 -5 a ou J l 2 ,2 8 -3 2 At 2 ,1 7 -2 1 A ―ACOMO D AÇ ÃO‖

―E a c on t ec erá , d ep oi s

d i s t o , q u e d er rama r e i o meu Esp í r i t o s ob r e t od a

a ca rn e;

E acon t ec e rá n os

ú l t imos d i a s , d i z o Iah weh , q u e d er ramar e i

d o meu Esp í r i t o s ob r e

t od a a ca rn e;

A P r of ec i a d e Jo e l r e f er i a - s e ao ―d i a d e Iah weh ‖

n o f im d os t emp os . E , Sã o Ped r o , a ap l i ca a o fen ôm en o oco r r i d o com o o ―Dia d e Je su s‖ , ―q u e

Deu s o f ez Iah weh e Cr i s t o‖ ( At 2 ,3 6 / c f r . t b . Rm

1 0 ,9 / 1Cor 1 2 ,3 / Ap 1 9 ,1 6 )

Vos so s f i lh os e v ossas

f i lh a s p ro f e t i za rão , vo ss os v e lh os

son h a rão , e v oss os

j ov en s t e rã o v i sõ es ;

Vos so s f i lh o s e vo ssa s

f i lh a s p r o fe t i za rão ,

vo ss os j ov en s t e rão

v i sõ es , e s on h a rão

vo ss os ve lh os

Jo e l con c eb e o p r of e t i za r c om o E sp í r i t o d ad o a

Moi sé s , s em exc lu são d e n in gu ém ( Nm 1 1 ,2 9 ;

1 2 ,6 ) , e com o u m fa to f i n a l ; e , Sã o P ed r o o

mos t ra j á p re s en t e n o E sp í r i t o San to .

a t é s ob r e o s esc rav os e

sob r e a s esc ravas

d er ramar e i o m eu Esp í r i t o n aq u e le s d i a s .

a t é s ob r e os m eu s

se rv os e sob r e a s

min h as ser vas d er ramar e i d o meu

Esp í r i t o n aq u el e s d i a s ,

e p r of e t i za rã o .

At é m esmo a s e sc ra vas e esc rav os t e r i am o

Esp í r i t o p r of é t i co ; e , co m Sã o P ed r o t od os os

d i sc íp u los d e Cr i s t o , f a la r i a m o q u e D eu s q u e r (= p rof e t a )

Most ra r e i p r od íg i os n o

céu e n a t e r ra : san gu e ,

fo g o e c o lu n as d e fu maça . O so l se

con v er t e rá em t r evas , e

a lu a , em san gu e, an t es q u e v en h a o gran d e e

t e r r í v e l Dia d e Iah weh .

Most ra r e i p r od íg i os em

c ima n o céu e s i n a i s

emb a ix o n a t e r ra : san gu e, fo g o e vap or d e

fu maça . O s o l s e

con v er t e rá em t r evas , e a lu a , em san gu e, an t es

q u e ven h a o g ran d e e

g lo r io so Dia d o Iah weh .

Ta l co mo em J o e l o s s i n a i s são s imb ó l i c os ,

ap res en t an d o os n a Ec on o mia c r i s t ã r ea l i zad a

q u an d o d a man i fes t ação d o Esp í r i t o San to em Pen t eco s t e s . Mas , o ―s o l n ão s e c on v e r t eu em

t revas , n em a lu a em san gu e‖ .

E acon t ec erá q u e t od o aq u el e q u e i n voca r o

Nom e d e Iah weh s erá

sa lvo‖ . .

E acon t ece rá q u e t od o aq u el e q u e i n voca r o

Nom e d o Iah weh s erá

sa lvo‖

Iah weh em J o e l s e r ea l i za n o Iah weh Cr i s t o J e su s com Sã o P ed r o .

É uma narrativa muito antiga cujo real significado teológico permanece

oculto, que também ocorre no Livro do Apocalipse, escri to para determinada

classe de lei tores que conheciam os fatos. O narrador usa a mesma forma para

expor o poder de Deus nos astros e na natureza em geral , muitos ainda

misteriosos para o homem:

―Vi q u an d o o C ord ei r o ab r iu o s ex t o s e lo , e sob r ev ei o gr an d e t e r r emot o . O s o l

se t o rn ou n eg r o c omo sac o d e c r i n a , a lu a t od a , c om o san gu e, a s e s t r e la s d o c éu

ca í ram p ela t e r ra , com o a f i gu ei ra , q u an d o ab a lad a p or v en to f or t e , d e i xa ca i r

os s eu s f i g os v e rd es , e o céu r eco lh eu -s e c om o u m p er gamin h o q u an d o se

en r o la . En t ão , t od os os m on tes e i lh a s f ora m mo vid o s d o seu lu ga r . Os r e i s d a

t e r ra , os gran d es , os c oman d an tes , os r i cos , os p od er os os e t od o e sc ra vo e t od o l i v r e s e esc on d e ram n as cav ern as e n os p en h ascos d o s mon te s e d i s s eram ao s

mon te s e a os r och ed os : Ca í sob r e n ós e esc on d ei -n os d a face d aq u e l e q u e s e

a s sen t a n o t r on o e d a i ra d o Cord ei r o , p orq u e ch eg ou o g ran d e Dia d a su a i ra ; e q u em é q u e p od e su s t er -s e?‖ ( Ap 6 ,1 2 -1 7 ) .

Finalmente, é de se destacar a orientação de não se deixar perder e prender

pela desproporção de tais narrativas, as mais d as vezes incompreensíveis e

inaceitáveis materialmente. Para o entendimento delas, como se vêm dizendo, é

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indispensável deslocar -se abstratamente ao tempo e à cultura da época em que foi

escri ta, não a interpretando de acordo com os avanços atuais do conhe cimento.

Naqueles tempos não se t inha o conhecimento astronômico, nem físico, nem de

espécie alguma da natureza, que não adviesse dos sentidos nus, daí advindo uma

visão distorcida da realidade. Pretendeu o narrador ressaltar a Presença Dinâmica

de Iahweh em amparo ao Povo Eleito. Assim sendo, fantástica é a chuva de

granizo atingir apenas e tão somente os amorreus , fulminando-os Iahweh com o

Seu Exército de forças da natureza.

Os cinco reis fugiram e se esconderam em uma caverna de Makeda onde

ficaram trancafiados rolando-se pedras e tampando a entrada. Após a eliminação

de todos os inimigos Josué mandou retirá -los, matou-os e dependurou-os no

madeiro, não sem antes determinar que todos os ―comandantes Israeli tas

pusessem os pés sobre o pescoço deles‖ em s inal de vitória. Põe assim termo à

luta (Js 10,16-27 / 110,1; 116,12 / Is 51,23 / Gn 3,15), e os encoraja com a

afirmação solene da comprovada proteção de Iahweh. Cobriram a entrada da

caverna onde haviam se escondido e os soterrou com pedras (Js 10,25-27) ,

significando o caráter criminoso contra Iahweh, como com Acan (Js 7,26) e Hai

(Js 8,29) .

6.1.8. – A CONQUISTA DO SUL E DO NORTE.

Vencidas essas primeiras etapas prossegue Josué atacando vitoriosamente

outras localidades do Sul amparado por Iahweh, que entrega em suas mãos os

respectivos reis e a população. Aplicando-lhes o Interdito arrasa todas sem deixar

sobreviventes queimando e soterrando a tudo e a todos. A narrat iva se desenrola

mantendo sempre em evidência alguns refrãos que se repetem sis tematicamente

após a menção do rei e do povo. Josué apodera-se de Makeda e Lebna, cuja

descrição servirá de paradigma para as demais conquistas, pela repetição de

idênticos refrãos (Js 10,28-29). ―.. . feriu -a à espada, bem como ao seu rei;

destruiu-os totalmente , e a todos os que nela estavam, sem deixar nenhum

sobrevivente. Fez ao rei ( . . .) como fizera ao rei de Jericó.. .‖ – Com diferenças

apenas redacionais, repete -se essa sentença de interdito em Lebna (v. 29 -30); em

Laquis (v. 31-32); com Horam, rei de Gezer e seu povo (v. 33); em Eglon (v. 34 -

35); em Hebron (v. 36 -37); dá uma volta no trajeto e finaliza essa etapa da

conquista em Dabir (v. 38 -39) e ―toda aquela terra‖, voltando a Guilgal (Js 10,40-

43).

O mesmo temor que se apossara dos demais povos e dos do Sul, vai at ingir

os do Norte, forçando-os a reação e tentativa de afastamento do invasor (Js 11,1-

5). Novamente se manifesta Iahweh em defesa de Israel , que os ataca junto às

fontes de águas da cidade de Merom, tratando -os da maneira costumeira a nenhum

de ixando vivo, e ―jarretou os seus cavalos e queimou os seus carros‖ por não

serem de uti l idade aos Israeli tas, que não os empregavam em seus combates (Js

11,6-9).

Da mesma forma que no Sul, aqui no Norte , Iahweh também vai entregar

nas mãos de Israel os gentios da região para lhes aplicar o Interdito. Uma

observação se impõe: a barbaridade das guerras desse tempo ocorrem ainda nos

campos de batalha atuais bem como nas regiões conquistadas, que os noticiários

pouco comentam ou quando comentam mencionam o fat o com uma simples

justif icativa dos ofensores em nada convincente ou atenuadora da barbaridade

praticada aos auspícios dos tempos civil izados. Antes, nos tempos antigos, a

cultura do tempo exigia , como defesa e segurança da população , o afastamento de

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qualquer contato, por menor que fosse com costumes pagãos que causassem a

apostasia pela adoção de crenças antagônicas e com práticas abjetas (Js 11,10-

12) . ―Josué tomou todas as cidades desses reis e também a eles e os feriu à

espada, votando-os ao Interdito. . .‖ –como nas conquistas anteriores, Josué

obedece ao preceito determinado por Iahweh a Moisés. Essa determinação, apesar

de advir de Iahweh, se enquadra ao uso nos dias de então não se t ratando de uma

inovação criada por Deus, mas de uma adequação , como sempre lhe aprouve com

os atos do homem, mesmo pecaminosos, cuja l iberdade de ação comandada pelo

l ivre arbítrio respeita amplamente. Porém, é necessário dizer que àquela época

não havia ainda leis internacionais e tratados que viessem em garantia de direit os

dos vencidos, se bem que tais normas sempre se estruturam com base no conceito

de soberania nacional e da autodeterminação dos povos, dois conceitos que as

mais das vezes delimitam e ainda impossibil i tam ação eficaz dos poderes

internacionais. Mas, naquela época, em Israel , houve um surto de humanidade e

misericórdia, como reconhecem os sírios (1Rs 20,31), e, numa época em que se

matavam todos os pris ioneiros, Davi rompe com o costume e deixa vivos um terço

deles (2Sm 8,2) . Ainda , quanto às nações que não cananéias, não locais, portanto,

haveria sempre uma t régua para a negociação da paz, porém, mesmo não sendo

conseguida, mulheres e crianças seriam poupadas (Dt 20,10 -15); bem como, ter -

se-á pela mulher cativa um tratamento especial , podendo -se até mesmo tomá-la

por esposa (Dt 21,1 -14). Verdadeiro contraste com aquela ordem de impedi r o

povo Israeli ta de sofrer a influência nefasta dos ri tos religiosos de povos

aparentemente mais civil izados e de maior sucesso. Por isso era indispensável

el iminá-los completamente como condição até mesmo de sobrevivência nacional.

A conquista do Norte vai detalhada na perícope (Js 11,13-23): ―Tão

somente não queimaram os israeli tas as cidades que estavam sobre as colinas de

ruínas.. . E a todos os despojos destas cidades e a o gado os fi lhos de Israel

saquearam para si ; porém a todos os homens feriram à espada, até que os

exterminou e ninguém sobreviveu‖ – O que se insinua é que essas localidades

teriam sido uti l izadas como moradia pelos Israeli tas, motivo de as ter poupado

mesclando-se com os habitantes da região, como vai informar o Livro de Juízes

em vários locais, destacando -se:

―As er n ão exp u ls ou os h ab i t an t es d e Ac o, n em os d e S i l on , os d e Aa lab , os d e

Aca zib , os d e H elb a , o s d e Af i c e os d e Roob ; p or ém os a se r i t a s con t i n u a ram n o

mei o d os can an eu s q u e h a b i t avam n a t e r ra , p o rq u an to os n ão exp u l sa ram. Nef t a l i n ão exp u l sou os h a b i t an t es d e Bet -S em es , n em os d e Bet - An a t ; mas

con t in u ou n o mei o d o s can an eu s q u e h ab i t avam n a t e r ra ; p or ém os d e B et - Sem es

e Bet - An a t lh e fo ram su j e i t os a t r ab a lh os f o rçad os‖ ( J z 1 ,3 1 -3 3 , c f r . t b . Jz 1 ,1 9 .21 .2 7 .2 9 ) .

―Porquanto de Iahweh vinha o endurecimento do seu coração para saírem à

guerra contra Israel , a f im de que fossem interditos e não lograssem piedade

alguma; mas, fossem de todo extirpados, como Iahweh t inha ordenado a Moisés‖

– Essa expressão bíbl ica (Ex 4,21 / 1Sm 2,25 / Is 6,10) traduz a concepção que

atribui a Iahweh a causa primeira de todos os fatos e acontecimentos que

ocorrem. Esse endurecimento do coração acontece desde a saída do Egito em que

Iahweh lutava contra seus deuses pagãos, por causa do despeito ou da ojeriza

provocados pela vitór ia que Israel então alcançava, incentivando os partidários

dos deuses locais à resistência. O Israeli ta via nessa ati tude de oposição

sistemática como uma tolerância de Iahweh para que fossem destruídos pelo

interdito. Além disso, esse endurecimento exaltava mais ainda a vitória final e a

tomada de posse da terra, sob o comando direto de Josué, que ―. . . tomou toda esta

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terra, segundo tudo o que Iahweh t inha dito a Moisés; e Josué a deu em herança

aos fi lhos de Israel , conforme as suas divisões e tr ibos. E o país descansou da

guerra‖ (Js 11,23) .

Após a consolidação da vitória de Iahweh por meio de Israel recapitulam-

se todas as conquistas já praticadas relacionando-se as si tuadas a leste do Jordão,

cujas terras distribuíram às Tribos de Rubens, Gad e Meia Tribo de Manassés .

Têm relação com as narrativas do Livro de Deuteronômio (Js 12,1 -6 / Dt 3,8b; Js

12,2-3 / Dt 1,4; 3,12b; 16 -17; Js 12,4 / Dt 1,4 ; 3,11 / Js 12,5 / Dt 3 ,13-17) e de

Josué (v. tb. Js 13,8-12). Detalhadas essas primeiras vitórias expõem-se as que

Josué e os Filhos de Israel venceram e dominaram após a morte de Moisés já na

Cisjordânia, ao comando direto de Iahweh com a invasão e posse da Terra

Prometida. Já aqui a referência é com o próprio Livro de Josué (Js 12,7 -8 / Js

11,17a; 11,23a; 10,40; 11,16a; 9,1b; Js 12,9 -13a / Js 6-10; Js 12,7-24 / Js 12,13b

onde transcreve informações de seu conhecimento pessoal ou de fonte

desconhecida) , conquistas dalém e daquém do Rio Jordão.

―Assim, tomou Josué toda esta terra, segundo tudo o que Iahweh t inha dito

a Moisés; e Josué a deu em herança aos fi lhos de Israel , conforme as suas

divisões e tr ibos. E o país descansou da guerra‖ (Js 11,23) ; Ainda, ―São estes os

reis da terra aos quais Josué e os fi lhos de Israel feriram daquém do Jordão para

o ocidente, desde Baal -Gad, no vale do Líbano, até ao monte Halac, que sobe a

Seir , e cuja terra Josué deu em possessão às tr ibos de Israel , segundo as suas

divisões, a saber. . .‖ (Js 12,7 -8) – uma visão geral e tomada de consciência da

obra realizada desde o início das batalhas, num balanço final (cfr . tb. um esboço

inicial de inventário dos reis e povos dominados, em Js 11,16 -20) até esse

momento, dando-se, com o ―descanso da guerra‖, por concluída a Conquista da

Terra Prometida, passando-se à Parti lha da Herança de Abraão aos seus

descendentes. Essa visão geral f icará mais bem distribuída numa tabela

comparativa levando-se em conta várias outras fontes de refer ência usadas para o

inventário geral da conquista:

1.º Os Reis vencidos por Moisés, desde a Transjordânia:

Ba lan ço d as Con q u i s t a s em J osu é Ref e r ên c i a s ―Sã o es t es os re i s d a t e r ra , a os q u a i s os f i lh os d e Is ra e l f e r i ram, d e cu j a s t e r ra s s e ap ossa ram

d a lé m d o J ord ão p a ra o n ascen t e , d esd e o

r i b e i r o d e Arn on a t é a o mon te H erm on e t od a a p lan í c i e d o or i en t e‖ ( J s 1 2 , 1 )

―Ass im, n ess e t emp o, t omam os a t e r ra d a mão d aq u el es d oi s re i s d os amo rr eu s q u e es t avam d a l ém d o J ord ão :

d esd e o r i o d e Arn on a t é ao mon te H er m on ‖ ( Dt 3 ,8 ) .

Seon , r e i d os am or r eu s , q u e h ab i t ava em

Hes eb on e d o min ava d esd e Ar o er , q u e es t á à b e i ra d o va l e d e Arn on , e d esd e o m ei o d o

va l e e a m etad e d e Ga laad a t é a o r i b e i r o d e Jab oc , l imi t e d o s f i lh o s d e Amon ; d esd e a

camp in a a t é ao mar d e Qu in er o t , p a ra o

or i en t e , e a t é ao mar d a Camp in a , o mar Sa lgad o , p a ra o o r i en t e , p e lo camin h o d e B et -

Jes i mot ; e d esd e o su l ab a ix o d e Asd ot - Fa sga‖

( J s 1 2 ,2 -3 )

―d ep oi s q u e f er i u a S eon , re i d os am or r eu s , q u e

h ab i t ava em Hes eb on , e a Og r e i d e Basan , q u e h ab i t ava em A s t a r o t , em Ed ra i ‖ ( Dt 1 ,4 ) / ― Tomam os ,

p o i s , e s t a t e r ra em p oss essão n ess e t emp o; d esd e Ar o er , q u e e s t á j u n to ao va l e d e Arn on , e a metad e d a

reg i ã o m on tan h osa d e Ga laad , com a s su as c id ad es , d e i

aos ru b en i t a s e gad i t a s . ( . . . ) Mas a os ru b en i t a s e gad i t a s d e i d esd e Ga laad a t é ao va l e d e Arn on , cu jo

mei o s er v e d e l imi t e ; e a t é ao r i b e i r o d e Jab oc , o

l imi t e d os f i lh os d e Amon , como t amb ém a Arab á e o Jord ã o p o r l imi t e , d esd e Qu en er o t a t é a o mar d a Arab á ,

o mar Sa lgad o , p e la s fa ld as d e Fas ga , p a ra o o r i en t e ‖

(Dt 3 ,1 2 .1 6 -1 7 ) . ―Co mo t amb ém o l imi t e d e Og, r e i d e Basan ,

q u e h avi a f i cad o d o s re fa í t a s e q u e h ab i t ava

em As t a r o t e em Ed ra i ‖ ( J s 1 2 ,4 ) .

―d ep oi s q u e f er i u a S eon , re i d os am or r eu s , q u e

h ab i t ava em Hes eb on , e a Og r e i d e Basan , q u e

h ab i t ava em As t a r o t , em Ed ra i ‖ ( Dt 1 ,4 ) / ― Po rq u e só Og, r e i d e Basan , r es t ou d os r e fa í t a s ; e i s q u e o s eu

l e i t o , l e i t o d e f er r o , n ão e s t á , p or v en tu ra , em Rab a t

d os f i lh os d e Amon , s en d o d e n ov e cô vad os o seu comp r im en to , e d e q u a t ro , a su a la rgu ra , p e lo cô vad o

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comu m ?‖ ( Dt 3 , 1 1 ) ―e d o min ava n o m on t e H erm on , e em Sa lca , e

em t od a a Basan , a t é ao l i mi t e d os g es su r eu s e

d os maaca t eu s , e m etad e d e Ga laad , l imi t e d e Seon , r e i d e H es eb on ‖ ( J s 1 2 ,5 )

―O r es t o d e Ga laad , c omo t amb ém tod o o Basan , o

re in o d e O g, d e i à meia t r i b o d e Man ass és ; t od a aq u e la

reg i ã o d e Ar g ob , t od o o Bas an , se ch amava a t e r ra d o s re fa í t a s . Ja i r , f i lh o d e Man assés , t om ou tod a a r eg i ã o

d e Ar g ob a t é ao l imi t e d os g essu r eu s e maaca t eu s , i s t o

é , Basan , e à s a ld e i a s ch amou p elo s eu n om e : Ha vot -Ja i r , a t é o d i a d e h o j e . A Maq u i r d e i Ga la ad ‖ (Dt 3 ,1 3 -

1 5 ) / c f r . t b . ― Com a ou t ra m eia t r i b o , o s ru b en i t a s e os

gad i t a s j á rec eb eram a su a h eran ça d a l ém d o Jo rd ão , p a ra o o r i en t e , c om o j á lh es t i n h a d ad o Moi sés , s er v o

d e Iah weh . C om eçan d o c om Ar o er , q u e es t á à b ord a d o

va l e d e Arn on , ma i s a c id ad e q u e es t á n o mei o d o va l e , t od o o p lan a l t o d e Mad ab á a t é Dib on ; e t od as a s

c id ad es d e S eon , re i d os amor r eu s , q u e re in ou em

Hes eb on , a t é ao l imi t e d os f i lh os d e Amon ‖ ( J s 1 3 ,8 -1 0 ) .

2.º Os Reis vencidos por Josué e os Filhos de Israe l , já na Cisjordânia:

J s 1 2 ,7 -2 4 REFERÊ NC IAS ES P AR S AS ―Sã o es t es o s r e i s d a t e r ra aos q u a i s Josu é

e os f i lh o s d e Is ra e l fe r i ra m d aq u ém d o Jord ã o , p a ra o oc id en t e , d e sd e Baa l - Gad ,

n o va l e d o Líb an o , a t é ao mon te Ha lac ,

q u e sob e a S ei r , e cu j a t e r ra Josu é d eu em p oss essã o à s t r i b os d e Is rae l , s egu n d o a s

su as d iv i sõ es , a sab er , o q u e h avi a n a

reg i ã o m on tan h osa , n a s p lan í c i es , n o Arab á , n a s d esc id as d as á gu as , n o d ese r t o

e n o N egu eb , on d e es t av a o h e t eu , o

amor r eu , o can an eu , o f e r ezeu , o h ev eu e o j eb u seu ‖ ( J s 1 2 ,7 -8 ) .

―d esd e o m on te Ha lac , q u e sob e a S ei r , a t é Baa l - Gad , n o

va l e d o Líb an o , a o p é d o m on te H ermon ; t amb ém tom o u tod os os s eu s r e i s , e os f e r i u , e os ma t ou ( . . . ) Ass im ,

t omou J osu é t od a es t a t e r ra , s egu n d o t u d o o q u e o

IAH WEH t in h a d i t o a Moi s é s ; e Jo su é a d eu em h eran ç a aos f i lh os d e Is ra e l , con fo rm e a s su as d iv i s õ es e t r i b os ; e

a t e r ra r ep ou sou d a gu e r ra‖ ( J s 1 1 ,1 7 .2 3 ) / ―Ass im, f e r i u

Josu é t od a aq u e la t e r ra , a r eg i ão m on tan h osa , o N egu eb e , a s camp in as , a s d esc id as d as águ as e t od o s o s s eu s r e i s ;

d es t ru iu t u d o o q u e t i n h a fô l eg o , s em d eixa r n em s eq u e r

u m, como o rd en a ra o IAH WEH , D eu s d e Is ra e l‖ ( J s 1 0 ,4 0 ) / ―To mou , p o i s , Jo su é t od a aq u ela t e r ra , a sab e r , a r eg i ã o

mon tan h osa , t od o o N egu eb e, t od a a t e r ra d e Gó s en , a s

p lan í c i es , a Arab á e a r eg i ão mo n tan h osa d e Is ra e l co m su as p lan í c i es‖ ( J s 1 1 ,1 6 ) / ―Su ced eu q u e , ou vin d o i s t o

t od os os r e i s q u e e s t ava m d aq u ém d o Jo rd ão , n a s

mon tan h as , e n as camp in as , em tod a a cos t a d o ma r Gran d e, d e f r on t e d o Líb an o , os h e t eu s , o s am or r eu s , o s

can an eu s , os f e r ezeu s , o s h ev eu s e o s j eb u seu s‖ ( J s 9 ,1 ) ―o r e i d e J e r i có , u m; o d e A i , q u e e s t á ao

l ad o d e Bet e l , ou t ro ; o r e i d e J eru sa l ém,

ou t ro ; o re i d e H eb ron , ou t ro ; o r e i d e Ja rmu t , ou t r o ; o d e Laq u i s , ou t ro ; o r e i d e

Eg lon , ou t r o ; o d e Geze r , o u t ro ; o r e i d e

Deb i r , ou t ro; o d e Gad e r , o u t ro‖ ( J s 1 2 ,9 -1 3 ) .

O n a r rad o r s e man tev e i d en t i f i cad o ao t eo r d os cap í t u lo s

se i s a d ez d e J osu é ( J s 6 ,1 -1 0 ,4 3 ) . Uma s imp les l e i t u ra é

cap az d e m os t ra r a exa t i d ão d as re f er ên c i a s .

―o r e i d e Ho rma , ou t r o ; o d e Arad , ou t ro ; o

re i d e Leb n a , ou t r o ; o d e Ad u lam, ou t ro ; o re i d e Mak ed a , ou t ro ; o d e Bet e l , ou t ro ; o

re i d e Ta fu á , ou t r o ; o d e H ef e r , ou t r o ; o

re i d e Af ec , ou t r o ; o d e Sa ro n , ou t ro ; o r e i d e Mad om, ou t r o ; o d e Has o r , ou t ro ; o r e i

d e S em er on Mer om, ou t ro ; o d e Acsa f ,

ou t ro ; o r e i d e Ta an ac , ou t ro ; o d e Maged o, ou t ro ; o r e i d e Qu ed es , ou t r o ; o

d e Jocn aam d o Carm e lo , o u t ro ; o r e i d e

Do r , em Na fa t D or , ou t r o ; o d e Goim, em Ga l i l é i a , ou t ro ; o r e i d e Te rsa , ou t ro ; a o

t od o , t r i n t a e u m r e i s‖ ( J s 1 2 ,1 4 -2 4 ) .

Tamb ém n es t e t r ech o ob ed ec e ao j á n a r rad o e à t r ad i çõ es

n ão r eg i s t rad as , d e ou t ra s fo n t es n a tu ra lm en t e , a t é m esm o ora l , d i sp en san d o -s e ma io r es d ivagaç õ es . Ta mb ém aq u i

mu i t a s d as r ef e r ên c i a s sã o d a l emb ran ça d e q u em v em

acomp an h an d o f i e lm en te o c u rso ,

―Assim, tomou Josué toda esta terra, se gundo tudo o que

Iahweh t inha dito a Moisés; e Josué a deu em herança aos f i lhos

de Israel , conforme as suas div isões e tr ibos. E o pa ís descansou

da guerra‖ (Js 11,23) .

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Com a posse do Sul e do Norte de Canaã, Josué conquista estrategicamente

a Terra Prometida e se impõe mili tarmente tomando -a das mãos de poderosas

nações pagãs, que a dominavam. Apesar de seu poderio mili tar vencendo até

mesmo coligações , não se operou nem se logrou o domínio pleno, sedimentando

Israel desse modo e de pleno direito a posse de sua conquista entre os pagãos.

Aconteceu também que, tendo -se em vista localidades não destinadas à interdição

ou as que aceitaram as condições de paz que se lhes impôs, como era estabelecido

para alguns povos (Dt 20,10 -18), nem sempre foi possível a erradicação de todos

os gentios. Percebe -se então que foi essa uma conquista definit iva, apesar de

preliminar, totalmente motivada pela fidelidade a Iahweh e promovida pelo

próprio Iahweh, nos termos da Aliança. Era necessário seguir f ielmente o

prescri to por Moisés, para a segurança do culto Israeli ta, imunizando -o do

contágio do paganismo e a este erradicando pela interdição em cumprimento à

Aliança.

Esse relato não é exaustivo, ―restando ainda muita terra por conquistar‖ (Js

13,2), permanecendo em poder de gentios. Israel veio para ficar e, tendo sido a

conquista considerada uma tomada de posse da Terra Prometida, passa Josué à

distribuição ideal e teórica dessa herança entre as doze tribos dos Filhos de

Israel . Estes assumiriam cada qual a sua parte, mesmo que recorrendo à mão

armada não lograssem recuperá -la das mãos de povos que dela se apossaram, e se

opunham à ocupação e ao domínio pleno Israeli ta. O que é digno de destaque é a

permanência de Israel em seu terri tório de direito, rat if icada pela conqu ista ainda

incipiente de uma posse que somente com Davi se daria a consumação no domínio

pleno.

6.2. – A PARTILHA DA TERRA PROMETIDA ENTRE AS TRIBOS .

Após a conquista (Js 13,1-25) iniciam-se a distribuição e divisão da

Terra Conquistada, ainda incomplet a, ―restando ainda muita terra por

conquistar‖ (Js 13,2). Após um breve excurso passando pelas partes já

entregues descreve o ainda não Conquistado :

―E ra Josu é , p o rém, j á i d oso , en t rad o em d i a s ; e d i s s e - lh e Iah weh : Já es t á s

v e lh o , en t rad o em d i a s , e a i n d a mu i t í s s ima t e r ra p or con q u i s t a r . Es t a é a t e r ra

a in d a n ão con q u i s t ad a : t od as a s r eg i ões d o s f i l i s t eu s e t o d a a Gesu r ; d esd e S io r , q u e es t á d ef r on t e d o E gi to , a t é ao l imi t e d e Ec ro m, p a ra o n o r t e , q u e s e

con s id e ra com o d o s can an eu s ; c i n co p r ín c ip es d os f i l i s t eu s : o d e Gaza , o d e

Asd od e, o d e Asq u e lo m, o d e Ga t e e o d e Ec ro m; ao su l , os a veu s , t amb ém t od a a t e r ra d os can an eu s e M eara , q u e é d o s s i d ôn ios , a t é Af eca , ao l i mi t e d o s

amor r eu s ; a i n d a a t e r ra d os g ib l eu s e t od o o Líb an o , p a ra o n ascen t e d o s o l ,

d esd e Baa l - Gad e, a o p é d o m on te H er mom, a t é à en t rad a d e Hamat e ; 6 t od o s o s q u e h ab i t am n as mon tan h as d esd e o Líb an o a t é Mis r ef o t e -Maim, t od o s os

s i d ôn ios ; eu os lan ça r e i d e d i an t e d os f i lh os d e Is ra e l ; r ep a r t e , p o i s , a t e r ra p or

h eran ça a Is ra e l , com o t e o r d en ei ‖ ( J s 1 3 ,1 -6 ) .

6.2.1 – DISTRIBUIÇÃO COMPLEMENTAR.

Passa à partilha complementar (Js 13,7 -14) levando em conta a

antecipação já feita (v. Js 8 -13 / Nm 32 e Dt 3,12-17) e a substituição da

parte de Levi pelo serviço religioso , entregando-lhe “... as ofertas

queimadas de Iahweh, Deus de Israel, que são a sua herança.. .‖ (Js 13,7-14):

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29

―Di s t r i b u i , p o i s , ag o ra , a t e r ra p o r h eran ça à s n o v e t r i b os e à m eia t r i b o d e

Man assés . C om a ou t ra m eia t r i b o , os ru b en i t a s e os gad i t a s j á r eceb e ram a su a

h eran ça d a l ém d o J o rd ão , p a ra o o r i en t e , c om o j á lh e s t i n h a d ad o Moi sés , s er v o

d e Iah weh . Com eçan d o co m Ar o er , q u e e s t á à b ord a d o va l e d e Arn o m, ma i s a c id ad e q u e es t á n o m eio d o va l e , t od o o p lan a l t o d e Med eb a a t é Dib o m; e t od as

a s c id ad es d e S eom, r e i d os amor r eu s , q u e r e in ou em H es b om, a t é ao l i mi t e d os

f i lh os d e Amom. E Gi l ead e , e o l imi t e d os g esu r i t a s , e o d os maaca t i t a s , e t od o o m on te H erm om, e t od a a B asã a t é Sa lca ; t od o o r e in o d e Ogu e, em Basã , q u e

re in ou em As t a ro t e e em Ed r e i , q u e f i cou d o r es to d os g i gan t es , o q u a l Moi s és

fe r i u e exp u l sou . P or ém os f i lh os d e Is rae l n ão d esap oss a ram os g esu r i t a s , n em os maaca t i t a s ; an t es , Gesu r e Maaca t e p e rman ece ram n o mei o d e Is ra e l a t é ao

d i a d e h o j e . Tão s om en te à t r i b o d e Levi n ã o d eu h e ran ça ; a s o f er t a s q u eimad as

d e Iah weh , D eu s d e Is ra e l , s ão a su a h eran ça , co mo j á lh e t i n h a d i t o‖ ( J s 1 3 ,7 -1 4 ) .

Aquinhoa a Tribo de Rúben (Js 13,15-23); passa à Tribo de Gad (Js

13,24-28); e, completa a de Manassés (Js 13,20-33) e as do Oeste do

Jordão.

6.2.2. – AS TRÊS GRANDES TRIBOS DO OESTE DO JORDÃO.

Para cumprir as inst ruções de Moisés (Nm 34,16 -20 e Nm 32,28),

nomeiam-se Eleazar , mencionado antes de Josué, e os chefes de famíl ia

das doze t r ibos, para assegurar uma repart ição justa e por sorte real izada

na entrada da Tenda da Reunião, perante Iahweh . Exigia-se a presença de

dois chefes , um rel igioso e um leigo, como cont inuadores de Arão e

Moisés na part i lha da herança a part i r de Gilgal :

― Sã o es t a s a s h e ran ças q u e os f i lh os d e Is rae l t i v e ram n a t e r ra d e Can aã , o q u e

E l ea za r , o sace rd ot e , e Jo su é , f i lh o d e Nu m, e o s cab eç as d os p a i s d as t r i b os d os f i lh os d e Is ra e l lh es f i ze ra m rep a r t i r p or s o r t e d a su a h eran ça , como Iah weh

ord en a ra p o r i n t erm éd io d e Moi sé s , a c erca d as n ov e t r i b os e m eia . Po rq u an to , à s

d u as t r i b os e m eia , Moi s é s j á d era h e ran ça a l ém d o J or d ão; mas a os l ev i t a s n ã o t i n h a d ad o h eran ça en t re s eu s i rmão s . Os f i lh os d e Jos é f oram d u as t r i b os ,

Man assés e Ef ra im; a os l ev i t a s n ão d eram h e ran ça n a t e r ra , s en ão c id ad es em q u e

h ab i t a s sem e os s eu s a r r ed o r es p a ra s eu gad o e p a r a su a p oss essã o . C om o Iah weh ord en a ra a Moi s és , a s s im f i zera m os f i lh os d e Is ra e l e r ep a r t i ram a t e r ra . ‖ ( J s 1 4 ,1 -

5 ) .

Ao final da partilha repete -se a afirmação, com exclusão desses dois

chefes, o religioso e o leigo, para se acentuar o desempenho de Jos ué:

―Es sas sã o a s p oss ess ões q u e o sac e rd ot e E l ea za r , Jo su é , f i lh o d e Nu n , e o s ch e f es d e famí l i a d as t r i b os d os f i lh os d e Is ra e l d i s t r i b u í ram p or so r t e em S i lo , n a

p res en ça d e Iah weh à en t r ad a d o t ab ern ácu lo d e r eu n i ão , t e rmin an d o a ss im a d i s t r i b u i ção d a s t e r ra s ‖ ( J s 1 9 , 5 1 ) .

Caleb da Tribo de Judá reclama e recebe antecipadamente:

―Ch ega ra m o s f i lh o s d e Ju d á a Josu é em Gi lga l ; e C a l eb e , f i lh o d e J e fon é , o

q u en ezeu , lh e d i s s e : Tu sab es o q u e Iah weh fa lou a Mo i sés , h om em d e Deu s , em Cad es -Barn éi a , a r esp ei t o d e mim e d e t i . Tin h a eu q u a r en t a an os q u an d o Moi s és ,

se rv o d e Iah weh , m e en vi ou d e Cad es -Barn éi a p a ra esp i a r a t e r ra ; e eu lh e r e la t e i

como sen t i a n o co ração . M as meu s i rmã os q u e su b i ra m comig o d es esp e ra ra m o p ov o; eu , p o rém, p e rs ev e r e i em s egu i r Iah weh , m eu D eu s . En t ão , Moi sés , n aq u e l e

d i a , j u rou , d i zen d o : C e r t am en te , a t e r ra em q u e p u ses t e o p é s erá t u a e d e t eu s

f i lh os , em h eran ça p e rp etu amen t e , p o i s p er s ev e rou em segu i r Iah weh , m eu D eu s . E i s , ag ora , Iah weh m e con s e rv ou em v id a , com o p r om et eu ; q u a r en t a e c in co an os

h á d esd e q u e Iah weh fa lou e s t a p a la vra a Moi s és , an d an do Is ra e l a i n d a n o d es er t o ;

e , j á a go ra , s ou d e o i t en t a e c in co an os . Es t ou f or t e a in d a h oj e c om o n o d i a em q u e

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Moisés me en vi ou ; q u a l e ra a minh a força n aq u el e d i a , t a l a i n d a agora p a ra o

comb a te , t an to p a ra sa i r a e l e com o p a ra v o l t a r . Ag ora , p o i s , d á -m e e s t e mon t e d e

q u e Iah weh fa lou n aq u e l e d i a , p o i s , n aq u el e d i a , ou vi s t e q u e lá e s t avam os

an aq u in s e g ran d es e f or t es c id ad es ; Iah weh , p o rv en tu ra , será c omi go , p a ra d esap os sá - los , co mo p r om et eu . Josu é o ab en ç oou e d eu a Ca leb e , f i lh o d e J e fon é ,

Heb rom em h e ran ça . P or t an to , H eb ro m p ass ou a s er d e Ca l eb e , f i lh o d e J ef on é , o

q u en ezeu , em h e ran ça a t é ao d i a d e h o j e , v i s t o q u e p ers ev era ra em s egu i r Iah weh , Deu s d e Is ra e l . Dan t es o n o me d e H e b r om e ra Qu i r i a t e - Arb a ; e s t e Arb a fo i o ma i or

h omem en t r e o s an aq u in s . E a t e r ra r ep ou sou d a gu er ra ( J s 1 4 ,6 -1 5 ) . ‖

A preeminência de Judá como a de José se distingue m face à inércia

das demais que Josué impulsionava à ação (Js 18,2 -7). Essa preeminência

está presente na despedida feita por Jacó no Egito na qual profetizou a

respeito do futuro dos fi lhos exaltando seus abençoados primogênitos Judá

e José , como explanado nos comentários do Livro de Gênesis a respeito

dessa instituição cultural da Primogenitura, que ora se resume repetindo:

―D ep oi s , ch am ou Jac ó a s eu s f i lh os e d i s s e : Aju n t a i -v os , e eu v os fa r e i sab er o q u e vo s h á d e acon t ece r n os d i a s v in d ou r os : Aju n t a i - vo s e ou vi , f i lh o s d e Jac ó; ou vi a

Is ra e l , v oss o p a i . 3 R úbe n, t u é s meu pr i mo g êni to , min h a f o rça e a s pr i míc ia s do

meu v ig o r , o ma i s exce l en t e e m a l t i vez e o ma i s pa i e o pro f a na s te ; su bi s te à

min ha ca ma . 5 S i meã o e Levi sã o i r mã o s ; a s s ua s e s pa da s sã o exce l en te e m

po der . 4 I mpe tuo so co mo a á g ua , nã o terá s ma i s pr ima z ia , po rque subi s te a o

l e i to de teu i ns tru men to s de v io l ênc ia . 6 No seu co n se lho , nã o en tre min ha

a lma ; co m o seu a g ru pa men to , mi nha g ló r ia nã o se a ju nte ; po rq ue no se u f uro r

ma ta ra m ho men s , e na sua vo nta de per versa ja rre ta ra m to uro s . 7 Ma ld i to se ja

o seu f uro r , po i s era f o r te , e a sua i ra , po i s era dura ; d iv id i - l o s -e i e m J a có e o s

e spa lha re i e m Isra e l . 8 J ud á , teus i r mã o s te l o uva rã o ; a tua mã o e s ta rá so bre a

cervi z de te us i n i mig o s ; o s f i lho s de teu pa i se i nc l ina rã o a t i . 9 J udá é

l eã o z inho ; da presa subi s te , f i lho meu. Enc urva - se e d e i ta -se co mo l eã o e co mo

l eo a ; que m o desper ta rá ? 1 0 O ce tro nã o se a rreda rá de J udá , ne m o ba s tã o de

entre se us pés , a té que ve n ha S i l ó (co njec tu ra l : o t r i b u to lhe se ja t ra z id o ) ; e a

e l e o bedecerã o o s po vo s . 1 1 E l e a ma rra rá o seu ju men t inho à v ide e o f i lho da

sua ju men ta , à v ide i ra ma i s exce l ente ; l a va rá a s sua s ves te s no v inho e a sua

ca pa , em sa ng ue de u va s . 1 2 Os seus o lho s serã o c int i l a ntes de v i nho , e o s

dentes , bra nco s de l e i te . . . . ‖ ( Gn 4 9 ,1 -1 2 )

Jacó, no mesmo momento em que desfavorece Rube m, Simeão e Levi

desvinculando-os dos compromissos da primogenitura, enaltece Judá e

profetiza a sua coroação Messiânica ao dizer: ― O cetro não se arredará de

Judá, nem o bastão de entre seus pés, até que venha Siló (tradução

conjectural de Siló= o tributo lhe seja trazido; Siló era o centro religioso

até Jerusalém); e a ele obedecerão os povos‖, qual seja “O cetro não se

arredará de Judá, nem o bastão de entre seus pés, até que: o tributo lhe

seja trazido; e a ele obedecerão os povos” . Essa profecia ficará tão

impregnada na mentalidade israelita que Herodes busca sua nomeação direta

de Roma e se assusta por demais com a visita dos Três Magos e determina a

matança das crianças menores de dois anos para atingir ―o rei dos judeus

que acaba de nascer (Mt 2,2)‖ ; Principalmente, não sendo ele da Tribo de

Judá, mas descendente de Esaú, um Idumeu não abrangido pela Profecia, e

cuja presença no trono a feria:

― 2 2 J o sé é u m ra mo f rut í f ero , ra mo f rut í f ero junto à f o nte ; seus g a lho s se

e s tende m so bre o muro . 2 3 Os f l eche i ro s lhe dã o a ma r g ura , a t i ra m co ntra e l e e

o a bo rrecem. 2 4 O seu a rco , po ré m, per ma nece f i rme , e o s seus bra ço s sã o f e i to s

a t i vo s pe la s mã o s do Po der o so de J a có , s i m, pe lo Pa s t o r e pe la Pedra de I sra e l , 2 5 pe lo Deu s de teu pa i , o qua l te a ju da rá , e pe lo To do -Po dero so , o qua l te

a benço a rá co m bênçã o s d o s a l to s céus , co m bê nçã o s da s pro f undeza s , co m

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bênçã o s do s se io s e da ma d re . 2 6 As bê nçã o s de teu pa i excederã o a s bênçã o s de

meus pa i s a té a o c i mo do s mo nte s e terno s ; e s te ja m e la s so bre a ca beça de J o sé

e so bre o a l to da ca beça do que f o i d i s t ing ui do entre seus i r mã o s . 2 7 B en jamim é

l ob o q u e d esp ed aça ; p e la ma n h ã d evo ra a p r esa e à t a rd e r ep a r t e o d esp ojo . 2 8 Sã o

e s ta s a s do ze tr ibo s de I s ra e l ; e i s to é o que lhes f a lo u seu pa i qua ndo o s

a benço o u; a ca da u m de l e s a benço o u seg undo a bênçã o que lhe ca bia . Dep oi s ,

lh e s ord en ou , d i zen d o: Eu m e r eú n o a o m eu p o v o; s ep u l t a i -me, co m m eu s p a i s , n a cave rn a q u e es t á n o camp o d e Ef r om, o h e t eu , n a cave r n a qu e es t á n o camp o d e

Macp ela , f ron t e i r o a Man re , n a t e r ra d e C an aã , a q u a l Ab raão c omp r ou d e Ef ro m

com aq u el e camp o, em p os s e d e sep u l tu ra . 3 1 Al i sepul ta ra m Abra ã o e Sa ra , sua

mul her ; a l i s epul ta ra m Isa que e Rebeca , sua mu lher ; e a l i s ep ul te i L ia ; ( Gn

4 9 ,2 2 -3 1 )

Nas partes em negrito, vê-se que Ruben, Simeão e Levi se viram

privados pelo pai dos direitos da primogenitura por mau procedimento

pessoal. Biblicamente primogênito não se refere ao primeiro gerado como

significado da própria palavra (primo=primeiro; genito=gerado ), mas ao

―filho que abria (‘inaugurava a pa ssagem’) o seio materno para a

passagem dos demais que viessem a nascer ‖ (Ex 13,2-3; Nm 3,12). Atributo

concernente a Jesus ―o Primogênito de toda criatura‖ (Col 1,15 -18; Rm

8,29; Hb 1,1-6 etc.), em quem ―aprouve a Deus fazer habitar toda a

plenitude‖ (Col 1,19). Ele ―abriu o seio materno da eternidade para o

Homem ingressar na vida eterna ―tendo derribado a parede da separação

que estava no meio‖, entre o ―Santo‖ e o ―Santo dos Santos‖. Cristo a

aboliu ―na sua carne a lei dos mandamentos na forma de ordena nças, para

que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz, e

reconciliasse ambos em um só corpo com Deus, por intermédio da cruz,

destruindo por ela a inimizade‖ (Ef 2,14 -16):

―Mas , a go ra , em C r i s t o J esu s , v ós , q u e an t es es t áv ei s l o n ges , f ora m ap r oximad os

p e lo san gu e d e Cr i s t o . P orq u e e l e é a n o ssa p az , o q u a l d e amb o s f ez u m; e , t en d o

d er r i b ad o a p a red e d a sep a r ação q u e e s t ava n o m ei o , a i n imizad e , ab o l i u , n a su a

ca rn e , a l e i d os man d amen to s n a fo rma d e o rd en an ças , p a ra q u e d os d o i s c r i a s s e , em s i m esm o, u m n o vo h o m em, fa zen d o a p az , e r ec on c i l i a s s e amb os em u m s ó

corp o c om D eu s , p o r i n t erm éd io d a c ru z , d es t ru in d o p or e la a i n imizad e . E , v in d o ,

an u n c iou p az a vós ou t ro s q u e es t áv ei s l on g e e p a z t amb ém aos q u e e s t avam p e r t o ; p orq u e , p or e l e , amb os t em os ac ess o a o Pa i em u m E s p í r i t o . As s im, j á n ão s o i s

es t ran g ei r os e p e r eg r in os , m as con c id ad ãos d o s san to s , e so i s d a famí l i a d e D eu s ,

ed i f i cad os s ob r e o fu n d amen to d o s ap ós t o lo s e p ro f e t a s , s en d o e l e m es mo, Cr i s t o Jesu s , a p ed ra an gu la r ; n o q u a l t od o o ed i f í c io , b em a ju s t ad o , c r esc e p a ra san tu á r io

d ed i cad o a Iah weh , n o q u a l t amb ém v ós j u n t amen te es t a i s sen d o ed i f i cad os p a ra

h ab i t ação d e D eu s n o Esp í r i t o‖ (E f 2 ,1 3 -2 2 / e ra v ed ad a a p r es en ça d e g en t i os n o Temp lo At 2 1 ,2 8 -2 9 ) .

Em Cristo consuma-se a Comunhão ―que nem a morte, nem a vida,

nem os anjos, nem os principados, nem as coisas do presente, nem do

porvir, nem os poderes, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer

outra criatura poderá separar -nos do amor de Deus, que está em Cristo

Jesus, nosso Iahweh‖, ―o primogênito entre muitos irmãos‖ (Rm 8,29.38 -

39). Para melhor compreensão é de se recordar que José do Egito era o filho

predileto de Jacó com Raquel, filha de Labão, que foi a escolhida por ele e

ardilosamente trocada pelo pai, por Lia , no pernoite nupcial:

―À no i te , co n duz iu a L ia , sua f i lha , e a entreg o u a J a có . E co a bi ta ra m.

(Pa ra serva de L ia , sua f i l ha , deu La bã o Ze l f a , sua s erva ) . Ao a ma n hecer ,

v iu que era L ia . Po r i s so , d is se J a có a Lab ã o : Que é i s so q ue m e f i ze s t e? Não

t e se rv i eu p o r a m o r a Ra q ue l? Po r q ue , p o i s , m e eng a na s t e? Respo n deu

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La bã o : Nã o se f a z a ss im e m no ssa terra , da r - se a ma i s no va a nte s da

pr i mo g êni ta . Deco rr ida a se ma na des ta , da r - te -e mo s t a mbé m a o utra , pe lo

tra ba lho de ma i s se te a no s que a inda me servi rá s . Co nc o rdo u J a có , e se

pa sso u a se ma na des ta ; en t ã o , La bã o lhe deu po r mul h er Ra que l , sua f i lha .‖ ( Gn 2 9 ,2 3 -2 8 ) / ―V en d o Iah weh q u e Li a e ra d esp rezad a , f ê - la f ecu n d a ; ao p asso

q u e Raq u el e ra es t ér i l . C o n ceb eu , p o i s , Li a e d eu à lu z u m f i lh o , a q u em

ch amou Rú b en , p o i s d i s se : I ah weh a t en d eu à min h a a f l i ção . Po r i s so , ag o ra me amará meu mar id o . Con c eb eu ou t ra vez , e d eu à lu z u m f i lh o , e d i s se : S ou b e

Iah weh q u e e ra p r e t e r i d a e me d eu ma i s es t e ; ch am ou - lh e , p o i s , S im eã o . Ou t ra

v ez con c eb eu Lia , e d eu à lu z u m f i lh o , e d i s s e : Ag ora , d es t a v ez , s e u n i rá ma i s a mim meu mar id o , p orq u e l h e d e i à lu z t r ês f i lh os ; p or i s so , lh e ch amou Levi .

De n o v o c on ceb eu e d eu à lu z u m f i lh o ; en t ão , d i s s e : D es t a v ez l ou va r e i

Iah weh . E p or i s s o lh e ch a mou Ju d á ; e c es sou d e d a r à lu z‖ ( Gn 2 9 ,3 1 -3 5 ) / ―Lemb r ou - s e D eu s d e Raq u e l , ou viu -a e a f ez f ecu n d a . E la con ceb eu , d eu à lu z

u m f i lh o e d i s s e : D eu s me t i rou o m eu vexam e. E lh e ch amou Jos é , d i zen d o :

Dê -m e o Iah weh a in d a ou t ro f i lh o . ‖ ( Gn 3 0 ,2 2 -2 4 ) / Pa r t i r am d e Bet e l . An te s d e ch ega r a E f ra t a , d eu à lu z Raq u el u m f i lh o cu j o n as c imen to lh e fo i a e la

p en os o . Em mei o à s d or es d o p a r to , d i s s e - lh e a p a r t e i ra : Não t emas , p o i s a in da

t e rá s e s t e f i lh o . Ao sa i r - lh e a a lma (p o rq u e m or r eu ) , d eu - lh e o n om e d e Ben on i ; mas s eu p a i lh e ch amou Ben jamim. Ass im, m or r eu Raq u el e fo i s ep u l t ad a n o

camin h o d e Ef ra t a , q u e é Be l ém ( Gn 3 5 ,1 6 -1 9 )‖ .

A História de José fica embutida na de Jacó:

―Es t a é a h i s t ó r i a . . . Ten d o Jos é d ezes se t e an os , ap asc en t ava os r eb an h os c om

seu s i rmã os ; s en d o a in d a j ov em, ac omp an h ava o s f i l h o s d e Ba la e os f i lh os d e

Ze l fa , mu lh e r es d e s eu p a i ; e t r a z i a más n o t í c i a s d e l e s a seu p a i . Ora , Is ra e l amava ma i s a J os é q u e a t od os os s eu s f i lh os , p orq u e era f i lh o d a su a v e lh i ce ; e

fez - lh e u ma tú n i ca t a la r d e man gas co mp r id as . V en d o, p o i s , s eu s i r mão s q u e o

p a i o amava ma i s q u e a t od o s os ou t r os f i lh os , od i a ram -n o e j á n ão lh e p od i am fa la r p ac i f i cam en te‖ ( Gn 3 7 ,2 -4 ) .

―.. . Israel amava mais a José que a todos os seus filhos, porque era

filho da sua velhice e com Raquel, a sua mulher preferida; e, fez -lhe uma

túnica talar (que ia até os joelhos, túnica indicativa da majestade de reis )

de mangas compridas...‖, o que não deixou de gerar ciúme e inveja nos

irmãos. Sabe-se do desenrolar da História de Israel que esses fatos

causarão, por meio de Jeroboão, a separação de Israel do Norte e Israel do

Sul, Judá e Israel , cujos pormenores pode-se ler em 1Rs 12,1-33. Os

acontecimentos originaram-se com Roboão, o filho de Salomão e herdeiro

do trono, que se recusou atender ao pedido das tribos em diminuir as

exigências até então em uso.

A Tribo de Judá recebe em herança o descrito em Js 15,1-12: ―Caiu

para o sul , até ao limite de Edom, até ao Deserto de Zim, até a extremidade

do Lado Sul‖; aos Calebitas se destina o território de Hebron (Js 15,13-20).

Seguem os nomes então em uso de localidades da região, dispensando -se a

reprodução com maiores detalhes, lendo-as como estão na própria Escritura

sem necessidade de comentários (Js 15,21-63); Passa-se a entregar a herança

de José começando por Efraim (Js 16,1-10); e, completando com Manassés

(Js 17,1-13); e, os Filhos de José reclamam e Josué os atende e soluciona

(Js 16,1-18).

6.2.3. – AS SETE TRIBOS RESTANTES .

Não haviam recebido sua porção da herança as sete tribos seguintes: a

de Benjamim, a de Simeão, a de Zabu lon, a de Isaacar, a de Aser, a de

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Neftali e a de Dã. Todos os Filhos de Israel se reuni ram em Silo para

ultimar a conquista e sortear as glebas da herança faltantes (Js 18,1-10):

1ª. - Em primeiro lugar sorteia-se a herança da Tribo de

Benjamim (Js 18,11-20), e couberam-lhe as localidades (Js

18,21-27).

2ª. – Em seguida as demais a partir da de Simeão (Js 19,1-9),

que recebe a sua parte ―no meio da herança dos filhos de Judá‖ .

3ª. – Também a Tribo de Zabulon recebeu sua herança: v. Js 19,10-

16.

4ª. – A de Issacar: (Js 19,17-23).

5ª. – de Aser: (Js 19,24-31).

6ª. – Neftali : (Js 19,32-39).

7ª. – e,Dã: (Js 19,40-51).

6.3 - APÊNDICE: CIDADES DE REFÚGIO E LEVÍTICAS

Várias disposições penais trazem um conceito de responsabilidade

pessoal por todo o corpo social , sensível evidência de uma figura do ―Corpo

Místico‖ de Cristo, como S. Paulo afirma: ― . . . vós sois o Corpo de Cristo ,…

são membros dele‖ (1 Cor 12,27; também Lc 10,16; Mt 18,5; 25,35 -36; At

22,7-8; 1Cor 12,12-27; Col 3,9,-11; Jo 15,1-8); ―Se um membro sofre, todos

os membros compartilham o seu sofrimento.. .‖ (1 Cor 12,26) . É o caso de

algumas cidades dist inguidas por sua finalidade que foram separadas. Pr i-

meiro as destinadas ―para que fuja para ali o homicida que, por engano, m a-

tar alguma pessoa sem o querer; para que vos sirvam de refúgio contra o

vingador do sangue . . .‖, ―... até comparecer perante a congregação ‖.

Em seguida as Cidades Levíticas para os descendentes da Tribo de Levi

que não haviam recebido terri tório (Js 13,14.33; 14,3 -4; 18,7 / Nm 35,1-8):

aos Caatitas (Js 21,9-26); aos Filhos de Gérson (Js 21,27-33); e aos Filhos de

Merari (Js 21,34-40). Assim , fica a Partilha Concluída:

As c id ad es , p o i s , d os l ev i t a s , n o m ei o d a h eran ça d o s f i lh os d e Is rae l , f o ra m, a o

t od o , q u a ren t a e o i t o c i d ad es com seu s a r r ed o r es ; cad a uma d as q u ai s com seu s

a r r ed o r es em to rn o d e s i ; a s s im f o i c om t od as es t a s c i d ad es . D es t a man ei ra , d eu IAH WEH a Is ra e l t od a a t e r r a q u e j u ra ra d a r a seu s p a i s ; e a p ossu í ram e h ab i -

t a ram n e la . IAH WE H lh es d eu r ep ou s o em r ed o r , s egu n d o t u d o q u an to j u ra ra a

seu s p a i s ; n en h u n s d e t od o s os s eu s i n imi go s r es i s t i r am d i an t e d e l es ; a t od os e l es IAH WEH lh es en t r eg ou n as mãos . N en h u ma p rom es sa fa lh ou d e t od as a s

b oas p a la vra s q u e IAH WE H fa la ra à ca sa d e Is ra e l ; t u d o se cu mp r iu . ( J s 2 1 ,4 1 -

4 5 ) .

6.4. – FATOS E INSTRUÇÕES FINAIS.

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. ―Nenhuma promessa falhou de todas as boas palavras que I ahweh falara à

casa de Israel; tudo se cumpriu‖ (Js 21,41-45): com este final não se conclui a-

penas a partilha, mas a conquista total , tal como Iahweh prom etera a Abraão

(Gn 12,7; 13,15). ―Então, Josué chamou os rubenitas, os gad itas e a meia tr ibo

de Manasses‖, os elogia, os exorta à fidelidade para com Iahweh e as abe nçoa.

Determina a divisão dos despojos com os irmãos na Transjordânia (22,1 -8) . Po-

rém, um Altar erigido às margens do Jordão ameaça nova discórdia conto rnada

com o esclarecimento de que não era para oferta de sacrifícios, mas um sinal de

cooperação entre as t r ibos e de fidelidade a Iahweh , restabelecendo-se assim a

paz (22,21-34) .

6.4.1. – EPÍLOGO. ÚLTIMOS DISCURSOS DE JOSUÉ E EPISÓDIOS DE

SUA VIDA (23–24,33) . JOSUÉ SE DESPEDE .

Os dois últimos capítulos formam o epílogo do livro e trazem os últ i-

mos atos de Josué: o discurso de adeus (23,1-16), a assembléia em Siquém

(24,1-28), a Morte de Josué e outras informações.

1º. O DISCURSO DE ADEUS (Js 23,1-16) :

Dirigido a todo Israel , especificamente aos chefes, anciãos, seus

juízes e oficiais . Em linhas gerais lembra atos semelhantes de Jacó (Gn 47,29-

49,33) e Moisés (Dt 29,1 -33,29) . Principia repetindo as palavras de Moisés (29,1)

referentes às intervenções de Deus que asseguram a sua continuidade se o povo

permanecer fiel , sem se misturar às nações pagãs anexas (23,3 -13); se for violada

a Aliança Deus os expulsará (23,14 -16).

2º. A ASSEMBLÉIA DE SIQUÉM (24,1-28) :

―.. . chamou os anciãos de Israel , os seus cabeças, os seus juízes e os

seus oficiais; e eles se apresentaram diante de Deus‖ e dirige -lhes a palavra a

partir da expressão ―assim diz Iahweh (24,2)‖ e faz uma síntese da história desde

os patriarcas (24,2 -4), do êxodo e da conquista (24,8 -13) e os convida a escolher

entre Iahweh e os deuses pagãos . . . Afirma Josué que ―Eu e a minha casa servire-

mos a Iahweh‖ (24,15) , opção ratif icada por todos com o que fica renovada a Al i -

ança (24,25-28) .

3º. MORTE DE JOSUÉ E OUTRAS INFORMAÇÕES (24,29-33) :

Fala melhor a própria transcrição da Escritura começando com a no-

tícia da Morte de Josué e seu sepultamento na herança de Efraim; o enterro dos

ossos de José trazidos do Egito em S iquém; o falecimento de Eleazar e sepulta-

mento por Finéias em Gibeá:

Depois destas coisas sucedeu que Josué, f i lho de Num servo

de Iahweh, faleceu com a idade de cento e dez anos. Sepult a-

ram-no na sua própria herança, em Timnate -Sera, que está na

região montanhosa de Efra im, para o norte do monte Gaás.

Serviu, pois, Israel a Iahweh todos os dias de Josué e todos os

dias dos anciãos que ainda sobreviveram por muito tempo d e-

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pois de Josué e que sabiam todas as obras feitas po r Iahweh a

Israel . Os ossos de José, que os fi lhos de Israel trouxeram do

Egito, enterraram-nos em Siquém, naquela parte do campo

que Jacó comprara aos fi lhos de Hamor, pai de Siquém, por

cem peças de prata, e que veio a ser a herança dos fi lhos de

José. Faleceu também Eleazar, f i lho de Arão, e o sepultara m

em Gibeá, pertencente a Finéias, seu fi lho, a qual lhe fora d a-

da na região montanhosa de Efraim. (Js 24,29-33).

Fonte: www.mundocatol i co.com.br/Bib l ia/curso.htm