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Romance histórico e direitos humanos: A revolta dos posseiros no sudoeste do Paraná Brasil, 1957 Claércio Ivan Schneider (UNIOESTE) 1 Resumo: Este estudo tem como objetivo problematizar as relações da história com a literatura na construção do romance histórico Os dias do demônio, de Roberto Gomes. Busca-se compreender o romance histórico construído por Gomes como literatura que se constitui em denúncia contra a violação dos direitos humanos por um lado e, por outro, como instrumento de conscientização e de humanização. A partir do romance podemos perceber como o romancista, ao narrar violações do direito ao acesso à terra como direito humano, reconstrói as violências cometidas por jagunços contratados por dirigentes de empresas colonizadoras contra colonos e posseiros no sudoeste do Paraná na década de 1950. Concluímos enfatizando a potencialidade da literatura construída por Gomes para a investigação e sensibilização histórica, em especial no campo dos direitos humanos no Brasil. Seu romance, construído a partir de pesquisa histórica, auxilia no desvelamento de histórias sensíveis, emotivas, subjetivas que podem auxiliar na redefinição de vários estudos, em especial em torno dos marginalizados da história: os posseiros. Palavras-chave: direitos humanos; romance histórico; Os dias do demônio; revolta dos posseiros; Paraná-Brasil. 1. Introdução Antonio Candido estabelece debate crucial em torno da literatura e dos direitos humanos. Para além dos bens fundamentais tais como alimentação, moradia, instrução, saúde etc. , a luta e o respeito aos direitos humanos também passam pelo acesso que a população deveria ter aos diferentes níveis de cultura. A luta pelos direitos humanos abrange a luta por um estado de coisas em que todos possam ter acesso aos diferentes níveis da cultura. A distinção entre cultura popular e cultura erudita não deve servir para justificar e manter uma separação iníqua, como se do ponto de vista cultural a sociedade fosse dividia em esferas incomunicáveis, dando lugar a dois tipos incomunicáveis de fruidores. Uma sociedade justa pressupõe o respeito dos direitos humanos, e a fruição da arte e da literatura em todas as modalidades e em todos os níveis é um direito inalienável (CANDIDO, 2011, p.193). A literatura se constitui em um destes níveis e ela é capaz, segundo Candido, de possibilitar a humanização da população, independentemente de sua posição no campo social. 1 Doutor em História. Professor do Colegiado de História da UNIOESTE, Campus de Marechal Cândido Rondon e do Programa de Pós-Graduação em História da UNICENTRO, Campus de Irati Paraná/Brasil. E-mail: [email protected]

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Romance histórico e direitos humanos:

A revolta dos posseiros no sudoeste do Paraná – Brasil, 1957

Claércio Ivan Schneider (UNIOESTE)1

Resumo: Este estudo tem como objetivo problematizar as relações da história com a literatura

na construção do romance histórico Os dias do demônio, de Roberto Gomes. Busca-se

compreender o romance histórico construído por Gomes como literatura que se constitui em

denúncia contra a violação dos direitos humanos por um lado e, por outro, como instrumento

de conscientização e de humanização. A partir do romance podemos perceber como o

romancista, ao narrar violações do direito ao acesso à terra como direito humano, reconstrói as

violências cometidas por jagunços contratados por dirigentes de empresas colonizadoras contra

colonos e posseiros no sudoeste do Paraná na década de 1950. Concluímos enfatizando a

potencialidade da literatura construída por Gomes para a investigação e sensibilização

histórica, em especial no campo dos direitos humanos no Brasil. Seu romance, construído a

partir de pesquisa histórica, auxilia no desvelamento de histórias sensíveis, emotivas, subjetivas

que podem auxiliar na redefinição de vários estudos, em especial em torno dos marginalizados

da história: os posseiros.

Palavras-chave: direitos humanos; romance histórico; Os dias do demônio; revolta dos

posseiros; Paraná-Brasil.

1. Introdução

Antonio Candido estabelece debate crucial em torno da literatura e dos direitos

humanos. Para além dos bens fundamentais – tais como alimentação, moradia, instrução, saúde

etc. –, a luta e o respeito aos direitos humanos também passam pelo acesso que a população

deveria ter aos diferentes níveis de cultura.

A luta pelos direitos humanos abrange a luta por um estado de coisas em que

todos possam ter acesso aos diferentes níveis da cultura. A distinção entre

cultura popular e cultura erudita não deve servir para justificar e manter uma

separação iníqua, como se do ponto de vista cultural a sociedade fosse dividia

em esferas incomunicáveis, dando lugar a dois tipos incomunicáveis de

fruidores. Uma sociedade justa pressupõe o respeito dos direitos humanos, e

a fruição da arte e da literatura em todas as modalidades e em todos os níveis

é um direito inalienável (CANDIDO, 2011, p.193).

A literatura se constitui em um destes níveis e ela é capaz, segundo Candido, de

possibilitar a humanização da população, independentemente de sua posição no campo social.

1 Doutor em História. Professor do Colegiado de História da UNIOESTE, Campus de Marechal Cândido Rondon

e do Programa de Pós-Graduação em História da UNICENTRO, Campus de Irati – Paraná/Brasil. E-mail:

[email protected]

Humanização no sentido de compreender que o que pode ser considerado indispensável para

nós também o pode ser para outros, tanto na perspectiva individual como social. Candido

mostra no texto a relevância que a literatura, ao tematizar e revelar as contradições sociais,

pode exercer na formação de uma consciência humanizada, transformando-se em um bem

cultural para todos. Humanização entendida por Candido como:

O processo que confirma no homem aqueles traços que reputamos essenciais,

como o exercício da reflexão, da aquisição do saber, a boa disposição para o

com próximo, o afinamento das emoções, a capacidade de penetrar nos

problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da complexidade do mundo

e dos seres, o cultivo do humor. A literatura desenvolve em nós a quota de

humanidade na medida em que nos torna mais compreensivos e abertos para

a natureza, a sociedade, o semelhante (Candido, 2011: 182).

A obra Os dias do demônio, de Roberto Gomes, publicado em 1995, constitui-se numa

modalidade de literatura denominada romance histórico que sintetiza estes traços apontados

por Candido, que possibilitam os leitores o exercício da reflexão e a formação de uma

consciência humanizada. Enquanto tal, a preocupação em ficcionalizar conteúdo histórico já

produzido ou conhecido, de forma oral ou escrita, e que, em grande medida, faz parte do

imaginário coletivo de determinada comunidade, é a forma que Gomes encontrou para trazer à

tona um dos episódios mais marcantes da história recente que configurou a colonização de

partes do sudoeste do Paraná. Segundo o próprio autor, em entrevista para o jornal da Biblioteca

Pública do Paraná:

O romance histórico quando bem sucedido, apresenta a história viva – não

dados, informações, episódios, questões de vínculos entre causas e efeitos

históricos, relatos jornalísticos, etc. – mas pessoas viventes, inteiras, com seus

sentimentos, sofrimentos, angústias e esperanças de uma determinada época.

Por isso, nos colocam no centro da cena tal como aquelas pessoas do passado

viveram seus dramas. Não é informação, não é conhecimento teórico (Gomes,

s/d).

Gomes2 argumenta em torno das especificidades que singularizam o romance histórico

modelar, diferenciando-o, por exemplo, de informação histórica. Sua preocupação está na

dramatização das histórias de pessoas viventes, por todas as suas contradições. O foco está nos

sentimentos, nas emoções e nas subjetividades de personagens construídos para representarem

determinada época ou situação.

2 Roberto Gomes é formado em Filosofia. Autor de diversas obras, entre romances, crônicas e contos. Já

conquistou diversos prêmios, em especial o Prêmio José Geraldo Vieira com o romance Alegres memórias de um

cadáver em 1979 e o prêmio Jabuti, em 1982, com a obra infanto-juvenil O menino que descobriu o sol. Escreveu

outros romances, como Antes que o teto desabe (1981), Terceiro Tempo de Jogo (1985) e Os Dias do

Demônio (1995) e Todas as casas, em 2004. Em 2008 publicou o romance Júlia e, em 2011, o romance O

conhecimento de Anatol Kraft.

O romance histórico a que nos referimos tem como contexto histórico a Revolta de

1957, ocorrida no sudoeste do Estado do Paraná. Esta revolta foi protagonizada por mais de

seis mil colonos e posseiros contra companhias de terras e os governos federal e estadual. Os

colonos denunciaram os problemas de grilagens de terras e a presença de jagunços que

promoviam todo o tipo de violências – estupros, assassinatos, incêndios, roubos, depredações

etc. – a favor dos donos das companhias de terras, em especial da CITLA – Clevelândia

Industrial e Territorial Ltda3.

Em Os dias do demônio Gomes apresenta inúmeros personagens que aparecem

submetidos a uma trama de violências motivadas pela titularidade da terra. As representações

que constrói em torno desta revolta, em especial o registro dramático das condições de vida de

colonos, posseiros e jagunços, seus conflitos, angústias e atitudes, possibilitam estudos como

este, focado na análise da compreensão dos direitos humanos, de suas violações.

Algumas questões norteiam este estudo: Como Roberto Gomes registra a violação dos

direitos humanos nos episódios que narra enquanto constituintes da revolta? Quais direitos são

violados nesta revolta? Que memórias e angústias são protagonizadas? Quais personagens

marginalizados são construídos? Quais as contradições que o romance faz pensar? Qual o valor

humanitário desta obra?

O que se convencionou chamar “direitos humanos”, são exatamente os direitos

correspondentes à dignidade dos seres humanos. São direitos que possuímos não porque o

Estado assim decidiu, através de suas leis, ou porque nós mesmos assim o fizemos, por

intermédio dos nossos acordos. Direitos humanos, por mais pleonástico que isso possa parecer,

são direitos que possuímos pelo simples fato de que somos humanos (RABENHORST, 2014).

A expressão “direitos humanos” é uma forma abreviada de mencionar os direitos

fundamentais da pessoa humana. Sem esses direitos a pessoa não consegue existir ou não é

capaz de se desenvolver e de participar plenamente da vida. Todo ser humano deve ter

assegurado, desde o nascimento, as condições mínimas necessárias para se tornarem úteis à

3 Sobre a Revolta dos Posseiros no sudoeste do Paraná existe significativa historiografia já composta. Entre os

trabalhos já existentes indicamos para leitura: BONAMIGO, Carlos Antônio; SCHNEIDER, Claídes Rejane

(Orgs.). Revisitando a história: a revolta dos posseiros de 1957 no Sudoeste do Paraná. Francisco Beltrão:

Grafisul, 2007; COLNAGHI, Maria Cristina. Colonos e poder: a luta pela terra no Sudoeste do Paraná. Curitiba:

1984. Dissertação, Mestrado, Universidade Federal do Paraná; GOMES, Iria Zanoni. 1957: a revolta dos

posseiros. Curitiba: Criar Edições, 2005. LAZIER, Hermógenes. Análise histórica da posse de terra no Sudoeste

paranaense. Curitiba: SECE/BPP, 1986; PEGORARO, É. Dizeres em confronto: A Revolta dos Posseiros de 1957

na Imprensa Paranaense. Dissertação (Mestrado em História Social). Universidade Federal Fluminense. Niterói,

2007.

humanidade, como também devem ter a possibilidade de receber os benefícios que a vida em

sociedade pode proporcionar. É a esse conjunto que se dá o nome de direitos humanos. Assim

os direitos humanos correspondem a necessidades essenciais da pessoa humana, para que a

pessoa possa viver com dignidade, pois a vida é um direito humano fundamental. E para

preservar a vida todos tem que ter direito à alimentação, a saúde, a moradia, a educação, e

tantas outras coisas. (LEY, s/d).

2. Aproximações da História com a Literatura

Ao se utilizar a fonte literária entende-se que novos ângulos, sentidos e sensibilidades

de interpretação da História podem ser lançados. Ao trazer a Literatura para os domínios da

História, se contribui para o levantamento de novas fontes e abordagens para o estudo de

diferentes aspectos da vida cotidiana, em diferentes temporalidades. As abordagens nesse

campo necessitam de apoio em perspectivas diferenciadas. Nesse sentido, com o intuito de nos

instrumentalizar para o trabalho de interpretação crítica das fontes, as leituras teóricas da

chamada Nova História Cultural auxiliaram na compreensão da possibilidade de se utilizar o

discurso literário como fonte para a História.

O diálogo da História com a Literatura sintetiza, na atualidade, um campo de estudos já

solidificado por inúmeros pesquisadores. A literatura se transforma em fonte para os

historiadores na medida em que auxilia na compreensão de problemas sensíveis, subjetivos e

emotivos que, em grande medida, outros registros documentais buscam esconder. A

pesquisadora brasileira Sandra Jatahy Pesavento, afirma que a literatura serve aos historiadores

segundo os problemas que levantam, em especial no campo das sensibilidades de uma época.

[...] a Literatura é fonte para a História dependendo dos problemas ou

questões formuladas. Se o historiador estiver preocupado com datas, fatos,

nomes de um acontecido, ou se buscar a confirmação dos acontecimentos do

passado, a literatura não será a melhor fonte a ser usada... Mas, se o

historiador estiver interessado em resgatar as sensibilidades de uma época, os

valores, razões e sentimentos que moviam as sociabilidades e davam o clima

de um momento dado no passado, ou em ver como os homens representavam

a si próprios e ao mundo, a Literatura se toma uma fonte muito especial para

o seu trabalho. (PESAVENTO, 2003, p. 39).

A literatura pode ser utilizada como fonte pelo historiador que tem a preocupação de

resgatar as representações do passado, trazendo as razões e sensibilidades de outras épocas,

buscando entender o que motivou os sujeitos a agir e como eles representavam a si próprios e

ao mundo. Compreender o autor e obra dentro de um contexto específico passa a ser, então,

significativo ao considerar que, de certo modo, a Literatura pode ser entendida como um

reflexo de sua época, carregando em si as representações que o autor tem de seu tempo. Desse

modo, a Literatura, em suas múltiplas vertentes, pode ser compreendida como um depoimento

histórico. Os historiadores, segundo Pesavento, também se utilizam do processo imaginário

para comporem suas tramas, se aproximando da ficção literária.

[...] a História uma quase Literatura: historiadores fazem ficção, pois não

recolhem simplesmente o passado dos arquivos. Eles constroem uma

experiência do vivido, reconstituem uma temporalidade que só pode existir

pelo esforço da imaginação, e transpõem esta representação do passado para

uma narrativa. (PESAVENTO, 2003, p.37).

A partir do fragmento, se pode considerar que nunca houve separação da História com a

Literatura, ainda mais por se tratar de discursos, nos quais, de certo modo, se apresentam em

um sistema de significação que atribui sentido ao passado, e ainda “[...] as fronteiras que

delimitam o gênero histórico e o literário tornam-se mais permeáveis, no momento em que a

história passou a ser vista, por muitos estudiosos, como um discurso de ficcionalização da

realidade” (LAVORATI e TEIXEIRA, 2010, p.4). Porém, os dois campos que se entrelaçam

também se distanciam, cada um com sua especificidade. Embora inseparáveis, as áreas se

distinguem. O afastamento da estreita relação se dá, em suma, na “[...] oposição entre o real e

a ficção ou a do debate entre o verdadeiro e o falso [...] Em outras palavras, há uma distinção

entre os compromissos de cada narrativa com a realidade” (PESAVENTO, 2003, p.33). Há,

portanto, a diferenciação no discurso, entre aquele que se preocupa com todo o universo de

acontecimentos que envolvem o homem isolado e em sociedade e aquele que procura

representar o mundo pela livre imaginação criadora do autor, reconstruindo, também, o

passado.

O historiador, de qualquer forma, encarrega-se, com um compromisso incomensurável,

de resgatar o passado a partir de indícios deixados pelas gerações anteriores, assim, possui um

comprometimento com o testemunho do acontecido e com a busca de provas históricas. Ele,

portanto, narra um passado que realmente aconteceu e é incumbido de apresentar a verdade dos

fatos, “[...] sabendo que não chegará jamais à verdade do acontecido, ele é animado por esta

busca de verdade, por este esforço de construção de uma versão plausível, possível [...]”

(PESAVENTO, 2003, p.36-37).

Cabe ao historiador, de certo modo, formular um mundo que, embora tenha sido, não é

mais. Aquele mundo composto por representações que já deixaram de ser. Assim, o historiador,

que não inventa, está preso a algo que tenha realmente acontecido e, também, que tenha deixado

seus traços, pois é com as fontes, marcas do já ocorrido recapituladas no presente, que ele

representa o passado. Evidências que são as responsáveis pela recriação de um passado

possível. Esse conhecimento histórico pode ser entendido, deste modo, como uma narrativa de

um passado composto por representações, bem como toda fonte documental para a produção

desse conhecimento, pois, o já ocorrido é narrado na perspectiva do historiador que representa

o passado através de fontes, as quais também são compostas pelas representações do mundo de

quem as deixou. Então, a História, uma narrativa do passado, nas palavras de Pesavento:

[...] liga-se ao conceito da representação, que encarna a idéia de uma

substituição, ou ainda da presentificação de uma ausência. Assim, no sistema

de representações sociais construídas pelos homens para atribuir significado

ao mundo, ao que se dá o nome de imaginário, a Literatura e a História teriam

o seu lugar, como formas ou modalidades discursivas que tem sempre como

referência o real, mesmo que seja para negá-lo, ultrapassá-lo ou transfigurá-

lo. (PESAVENTO, 2003, p.33).

Então, também partindo do real, a Literatura, como apresenta Pesavento (2003), é

responsável por discursar o que compõe o imaginário de uma determinada época, onde se

constrói a realidade a partir das percepções humanas. A Literatura, segundo ela, registra aquilo

que é invisível e que não se pode perceber no mundo sensível, ultrapassando os dados concretos

do que se é entendido como real, dizendo sobre a realidade, com suas alegorias na escrita, algo

que vai além dela mesma.

Ora, o que se pode compreender é que, de qualquer modo, a Literatura, que ultrapassa o

caráter de um movimento estético, deve ser entendida como uma manifestação cultural, assim

sendo uma possível forma de registrar o movimento que as contemporaneidades humanas

foram capazes de realizar em sua historicidade. O gênero romance histórico, segundo Zuffo e

Fleck (s/d, p.12), pode ser entendido como uma expressão literária das mais complexas,

especialmente ao ser utilizada como fonte, sobretudo em razão de suas técnicas narrativas entre

a realidade e ficção, onde seus enredos são construídos “[...] a partir da incorporação de

elementos do contexto histórico, de circunstâncias reais relacionadas [...]”, onde o leitor é capaz

de se identificar a cada instante. Impulsionado por uma estrutura alicerçada, o autor transmite

informações verossímeis, capazes de satisfazer as expectativas do leitor, onde, segundo

Lavaroti e Teixeira (2010) se abre o espaço para a construção de múltiplos sentidos, apoiando

os detalhes minuciosos e a humanização dos personagens.

A Literatura, em suas múltiplas vertentes, pode ser compreendida como um depoimento

histórico que representa profundamente um período histórico e pode ser significativa para o

entendimento da História. A reflexão que o estudo de um romance traz pode, além disso, pode

servir de orientação para ressignificar o ensino de História, promovendo, também, como no

caso de Os dias de demônio, novas interpretações sobre a história paranaense e seus espaços

regionais, sendo capaz de sensibilizar os sujeitos a partir dessa nova percepção sensível que se

pode desenvolver ao se apoiar no campo literário.

3. Disputa pela terra e direitos humanos em Os dias de demônio

Nesta parte buscamos analisar, a partir do romance histórico Os dias do demônio, como

Gomes representa a violação do direito ao acesso à terra, como direito humano, e as violências

cometidas por jagunços contra colonos e posseiros no sudoeste do Paraná. Na década de 1950,

o sudoeste do Paraná, tomado pela tragicidade em um contexto de luta pela terra, é palco de

um evento deveras singular. Muitos colonos do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, ludibriados

pela imagem vendida de um paraíso, buscando terra e financiamento fácil, passam a habitar o

sudoeste do Paraná. No paraíso, o conflito com as companhias de terras, onde os colonos

estavam submetidos as atrocidades dos jagunços, resultou em um evento raro na história do

Brasil. Foi o único episódio em que uma revolução armada de colonos foi bem sucedida.

Levante que ficou caracterizado como a Revolta dos Posseiros de 1957.

E é nesse cenário, baseado nos fatos verídicos, que o romance Os dias do demônio, de

Roberto Gomes, é escrito. A originalidade em Os dias do demônio está no ineditismo e no

modo de tratar os temas que caracteriza o levante. Tal qual o mundo e sua natureza caótica e

desordenada, a trama ficcional e seus eventos são estruturados de maneira não linear, além de

ter como personagem principal não somente um grande herói, mas um herói coletivo no

sudoeste do Paraná: os colonos. A conjuntura se constrói a partir da interação entre políticos

da época, onde há o interesse de Companhias de terra contra os colonos e posseiros, os quais

residem na trama como personagens da história na defesa de suas terras contra as ameaças dos

jagunços.

A história de Os dias do demônio não se constrói em um amplo período de tempo. Se

restringe ao ano de 1957, porém há uma certa extensão na temporalidade quando o autor

apresenta o passado de alguns personagens.

A região onde os conflitos ocorrem é claramente especificada: Pato Branco, Francisco

Beltrão, Clevelândia, Barracão. Isso no sudoeste do Paraná. A capital do Estado do Paraná,

aparece na trama distante e omissa dos fatos constituintes do confronto entre colonos e

companhias. Além de que alguns dos colonos se deslocaram do Rio Grande do Sul e de Santa

Catarina. Alguns jagunços, onde seus próprios apelidos denunciam, como o Paraíba, Mato

Grosso e Sergipe, estão distantes de seus respectivos lugares. Além disso, o norte do Paraná,

de onde também vem alguns jagunços, e a Argentina, entendida como região de fuga e

segurança, entram e ampliam o espaço romanesco.

Entre os personagens do vasto painel representado por Roberto Gomes, aparecem um

governador, um chefe de polícia, deputados, um vereador, um médico, jagunços, farrapos e

colonos. O romance apresenta muitos personagens que tem a vida entrelaçada conforme avança

o texto, alguns conjuntos ou grupos formados por esses personagens são distinguíveis: num

primeiro plano, os colonos e suas famílias, profissionais e pequenos comerciantes; na

sequência, se constitui de funcionários da Clevelândia Industrial e Territorial Ltda (CITLA) e

da Companhia Comercial Agrícola (Comercial), que são as companhias, com seus corretores,

advogados e, especialmente, os jagunços; por último, aparecem as instituições políticas.

As personalidades políticas citadas têm papel fundamental para o desenvolvimento da

trama, pois é pelo descaso e pela omissão que se tem o levante. Como o governador Moyses

Lupión que tem o nome introduzido aos poucos na trama, mas permanece distante, na capital,

mas que, segundo Pocai Filho (2013), compactuava com os crimes cometidos contra os

posseiros em função do aproveitamento pessoal. Em suma, o governador pode ser entendido,

adiante na história, como a autoridade rejeitada publicamente pelos habitantes do sudoeste,

pois, como aponta Myskiw (2002, p.74), junto de um grupo de empresários, o governador, na

década de 1950, foram os responsáveis por constituírem as Companhias de terras. Dessa forma,

o grupo que se constitui pelas instituições políticas, não somente na trama, pende para o lado

das companhias, logo se pode resumir, ou dividir, o massivo enumerado de personagens entre

os colonos e as companhias. As companhias imobiliárias e de terras utilizam meios específicos

para a “negociação” (ameaças, violência física, roubo, tortura, danos ao patrimônio,

assassinato, etc.) para submeter todos os que reagem, de algum modo, contra. Mesmo

argumentando os direitos adquiridos, com tentativas de utilizar instrumentos dentro da lei e da

organização política, o enfrentamento com uso de violência, a pressão política e a tomada de

poder, que dá suporte para as negociações, é a solução encontrada pelos colonos. E assim, o

romance vai até o momento em que os colonos vencem o conflito. E nesse embate central, entre

colonos e as companhias, variados confrontos se configuram, com carga dramática e, até

mesmo, com final trágico.

A dimensão demonológica, que dá nome ao livro Os dias do demônio, está presente

nisso: o cortejo do mal dos jagunços-demônios contra aqueles que se colocam em

contraposição às companhias. O trágico e o dramático tomam conta do romance, como é

perceptível e bem representado logo no início, onde se pode sintetizar todo o inferno na velha

que teve seus familiares mortos por jagunços. Tendo eles levado uma de suas netas,

prometeram que se ela enterrasse os corpos matariam a menina. Diante disso, a velha, não

podendo os enterrar e buscando preservar os corpos dos familiares, dramaticamente passa a

espantar os urubus que vem cercando os corpos.

Além disso, no romance, os avanços e recuos no tempo, as variações no espaço, são

artifícios responsáveis por introduzir muitos personagens e situações. A história é exposta de

modo incompleto e vai se corrigindo e se completando. Os personagens são consistentes e

fortes na narrativa. Pelo tom demasiadamente humano que os personagens ecoam, sobretudo

através do resgate de suas origens, permitem se apegar e também lembrar do universo concreto.

Alguns personagens, como os destacados na sequência são memoráveis e essenciais para o

desenvolvimento da história, além disso a trama se estrutura de forma a fugir de uma

linearidade cronológica, que também pode ser percebida ao desenvolver alguns pontos.

Ao longo de seu desenvolvimento, o texto demonstra e ajuda a compreender as razões

e sensibilidades de cada personagem, se entende o que motiva os sujeitos a agir, como

representam a si mesmos e ao mundo, tanto na relação paradisíaca e afetiva que os colonos têm

com a terra, quanto nas intenções dos que possuem poder e se utilizam do modo de vida

específico de um grupo central da trama, os jagunços. Portanto, é valido apontar alguns

aspectos desenvolvidos que representam e auxiliam na compreensão das motivações de alguns

personagens.

O personagem que abre o romance é Pedrinho Barbeiro, que é o responsável por

desencadear as ações efetivas dos colonos contra as companhias. Ele liderava os colonos e, na

tentativa de solucionar os problemas, reuniu uma lista de mais de três mil assinaturas, no

entanto morreu às vésperas de encaminhá-la. Foi assassinado por um jagunço diante da mulher

e dos filhos pequenos: “A última coisa que Pedrinho Barbeiro viu em vida foi a capa preta do

jagunço explodindo numa labareda” (GOMES, 1995, p.15)

Conforme a trama se desenvolve, novos personagens são representados, sempre com

contextos singulares. Como Laura e o marido Elpídio Bello, recém-chegados do Rio Grande

do Sul, deslocando-se para as terras do irmão Eleutério Bello, também morto por jagunços.

Vemos, com um retorno ao passado e a região de origem, Laura e Elpídio, lutando contra

problemas inesperados, a tragédia da perda de uma filha, a desvalorização das pequenas

propriedades, e lutando contra a ideia de abandonar tudo e aceitar o convite do irmão. A

imagem que Eleutério apresentava era mesmo a de um paraíso, o que aos poucos, como se

percebe no trecho, fez com que Elpídio mudasse de ideia.

Quando Eleutério viera para o sudoeste, Elpídio, o cabeça dura, achou

loucura, uma aventura besta, outra daquelas invencionices do irmão

destramelado, farrista e gaiteiro. Ainda tinham a terra, dizia, ainda podiam

lutar com ela e viver. Não iria meter a família numa viagem daquelas, já não

tinha idade para aventuras, arriscar a vida em lugar desconhecido. De nada

adiantaram os argumentos de Eleutério, seu desejo de dividir a colônia com o

irmão. Com o tempo, porém, Elpídio foi mudando de idéia. Não tanto pelas

boas notícias que o irmão lhe mandava. – a terra era boa, o comércio

funcionava, tinham assistência da colonizadora do governo, viesse,

trabalhariam juntos. Nada disso foi decisivo. Elpídio foi mudando porque,

mesmo para a sua cabeça dura, a vida estava ficando difícil demais no Rio

Grande. Ainda mais quando outros parentes partiram também. E Elpídio

Bello foi cedendo – mas a seu modo. Não falava no assunto, repetia entre

resmungos que um homem nasceu para lutar com a terra e não para fugir

como um cigano. Só Laura entendia alguma coisa, caindo depois num

isolamento carrancudo, era sinal de que suas razões estavam enfraquecendo.

Só esperava um bom pretexto para admitir que mudara de idéia. O que ele

não sabia é que este pretexto ia lhe custar um pedaço da alma. (GOMES,

1995, p.18).

Novos personagens que também são importantes para a trama e a situação coletiva são

estruturados quando um advogado da companhia de terras propõe a legalização da propriedade

de Joanin, Cidália e do amigo Nego Berto. Nessa visita é visível as propostas fraudulentas das

companhias, pretendendo vender para o colono as terras que já são dele. Sem sucesso, os

representantes das companhias, junto de jagunços, prometem voltar para prosseguir a

negociação. Para Joanin, “Era mesmo o paraíso. Só faltava trabalhar, plantar, e eles iriam

progredir na terra. Pela primeira vez, sentia uma alegria por completo, por dentro, pensando

que a vida duraria para sempre” (GOMES, 1995, p.65), mas, diante da pressão e da queda do

paraíso, ele e sua família decidem partir para a Argentina, como forma de refúgio: “Ia para as

terras dos gringos, não sabia direito o que aconteceria por lá – e não esperava encontrar nenhum

paraíso” (GOMES, 1995, p.198).

Na obra, a colonização do sudoeste está configurada, sobretudo, no papel de Monteiro,

engenheiro encarregado pelo governador para transformar a riqueza natural da região em

riqueza monetária. “E era capaz de ver claramente a grande fábrica de celulose em

funcionamento, transformando aquele fim de mundo numa terra de riqueza e fazendo, daqueles

analfabetos, uma gente capaz de olhar nos olhos dos outros sem sentir cagaço” (GOMES, 1995,

p.96).

Os jagunços que, não somente aparecem como demônios e simples peças de um jogo

de poder das companhias, são representados diante do desapego com a terra, porém, também

possuem suas motivações, mesmo que monetárias. O fato é que o autor permite o apego às

motivações e sensibilidades a partir da representação de seu vasto painel de personagens, como

no caso do jagunço assassino de Pedrinho, Índio. O envolvimento do personagem contra os

colonos se dá a partir do drama particular para possuir Isabel, mulher do demônio principal,

representado por Zé Lara, que é “[...] o diabo em forma de gente [...] não pensa que ele gosta

do enfeite que tu colocou na cabeça dele. Ele te pega. Ele tá esperando. Ele sabe fazer a morte

do jeito dele” (GOMES, 1995, p.137).

Além disso, Pedro Santin, o farrapo responsável por liderar e organizar a investida

contra os jagunços, viu a família de sua irmã ser morta por eles: “Os jagunços, como sempre,

surgiram de uma hora para outra, destruíram a casa, violentaram a irmã de Santin, bateram nas

crianças, castraram o cunhado e, depois, o deixaram sangrando feito porco, atado num toco”

(GOMES, 1995, p.175). Foi ele quem ajudou a mudar o rumo do levante dos posseiros, pois

ensinava como acabar com os inimigos, “Com jagunço, dizia, a gente faz assim: põe na alça de

mira e fica dormindo, na espera, sem pressa. Mira bem no meio do miolo. [...] Não carece de

dar chance a jagunço, que é bicho do demônio” (GOMES, 1995, p. 176).

Também se tem em Os dias do demônio a relação configuradora do épico. O confronto

final, a Revolta dos Posseiros, a guerra violenta desencadeada por uma série de fatores, como

o incidente que muda a atitude dos colonos: as crianças violentadas pelos jagunços, acolhidas

pelo dono do hotel Otto Germer, “Tinham os olhos abertos, respiravam pela boca, aos arrancos,

e olhavam para ele com a expressão de medo, dor, fome. Só então descobriu que abrira as

portas do inferno” (GOMES, 1995, p.256). A formação de uma Junta Revolucionária, uma

revolta armada, com a morte dos jagunços, tomada do poder diante do personagem central, o

Sudoeste, e tentativa de negociação, caracterizará o levante dos posseiros, trazendo,

novamente, o equilíbrio àquelas terras. O qual é bem representado no arremate final, no

combate entre Zé Lara e Índio, no cumprimento da mágica: o fim do embate particular e do

levante no Sudoeste: “Índio se deitou de costas e agora sim o mundo era azul, cinza, amarelo.

O sinal. Era isso? perguntou Índio, vendo o azul mover-se, juntar-se ao amarelo, ao verde, ao

vermelho e formar o rosto de Isabel, logo ali onde o mar agitava a copa das árvores. Como

seriam as ondas do mar? Sorriu”. (GOMES, 1995, p.309)

Os dias do demônio relata a história romantizada da Revolta dos Posseiros, ocorrida na

década de 1950, contra as ações abusivas das companhias colonizadoras, que, possuindo

proteção política, pretendiam receber pelas terras que já estavam em posse dos colonos,

cedendo, também, às mesmas companhias toda a madeira de lei das propriedades, que tem alto

valor e interessa aos detentores do poder. A partir disso, se tem o empasse entre os colonos e

suas relações afetivas com a terra paradisíaca e as colonizadoras e os jagunços, que fazem

daquela região o inferno.

O romance também é significativo por representar a literatura em seu papel de

humanização, onde expõe a potencialização da desumanização pela perspectiva de progresso.

Pode-se perceber, ao ler a obra, o descaso com a vida em função de benefícios particulares,

configurado a partir da crueldade dos jagunços. Esse espírito demoníaco que invade a região é

vencido pela relação afetiva e sensível dos colonos em relação à terra e às pessoas próximas.

Ao se deparar com o vasto detalhamento, nas datas, nas localizações, e em qualquer

informação geral, que aproximam a narrativa ficcional da realidade, vemos no romance

histórico Os dias do demônio o desenrolar das ações humanas de alguns grupos unidos por

motivos específicos, como a vingança, pela família ou pela amizade, com variados objetivos,

buscando a felicidade, a paz ou o direito pela terra e pela liberdade. Assim, diante dos diferentes

episódios, o romance é organizado em uma situação coletiva, não tendo, portanto, um herói

problemático ou algo do gênero. Dessa forma, se percebe no romance de Roberto Gomes, de

certo modo, a crítica ao mundo de valores corrompidos, onde o herói coletivo utiliza meios não

autênticos para fins legítimos.

4. Considerações finais

Concluímos apontando para a potencialidade da fonte literária construída por Gomes

para a investigação no campo dos direitos humanos. O romance investe na representação de

histórias sensíveis, emotivas, subjetivas que auxiliam na redefinição de vários estudos, em

especial em torno dos marginalizados da história: os posseiros. A exemplo do que disse

Antonio Candido, a literatura se constitui em instrumento para formação de uma consciência

humanizada, na medida que revela as contradições e provoca o pensamento crítico, em especial

– no caso do romance de Gomes – em torno das causas sociais.

Como visto, Gomes registra inúmeras formas de violências que colocaram em cheque

os direitos humanos dos sujeitos que reivindicavam a posse da terra. Assassinatos, torturas,

estupros e outras formas de violência, como a psicológica, submeteram parcela da população

do sudoeste do Paraná aos mandos e desmandos de dirigentes colonizadores com o apoio

político e a ação de jagunços. O direito ao acesso à terra, à propriedade legítima, é o que

caracteriza o levante dos colonos contra as autoridades. Para tanto, Gomes constrói

personagens, como visto no texto, que, por suas angústias, sofrimentos e desencantos, auxiliam

na denúncia da violação dos direitos humanos. Tudo isso corrobora com a desmistificação de

um espaço paradisíaco, propagandeado pelos dirigentes, e cultuado até hoje por muitos

políticos que prezam pela história positivista. O romance revela histórias contraditórias às

histórias oficiais, focando, pela contramão, os marginalizados e excluídos e suas histórias. Por

isso, do valor humanitário da obra, de sua contribuição para a reflexão em torno das violências

e das exclusões cometidas contra uma parcela da população desatendida e marginalizada por

políticos corruptos e dirigentes ambiciosos.

Portanto, a literatura de Roberto Gomes tem o poder de denúncia da violação dos

direitos humanos que caracterizou a Revolta de 1957. Inúmeros personagens representados por

colonos e posseiros, homens e mulheres, crianças e idosos, aparecem submetidos às atrocidades

e crimes e o impedimento ao seu direito à terra. Mas, com Candido, a arte literária constitui-se

enquanto instrumento humanizador. Nesse sentido, o romance histórico de Gomes – mesmo

permanecendo desconhecido para a maioria dos leitores brasileiros – ajuda a desenvolver em

nós, pela compreensão que provoca, a cota de humanidade. E isso é um direito universal.

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