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SET/OUT 2013 • ANO II • Nº 07 A REVISTA DA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL O ESPETáCULO DAS O esporte como protagonista da sustentabilidade REVISTA SUPERAçõES Marco Lentini, presidente do FSC BATE-PAPO

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SET/OUT 2013 • ANO II • Nº 07

A REVISTA DA CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL

o espetáculo dasO esporte como protagonista da sustentabilidade

R E V I S TA

superaçõesMarco Lentini,

presidente do FSC

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ÍNDICE4 Carta ao Leitor

5 Agenda / Cartas

8 Vitrine e Produtos

14 Mercado

16 Copa e Olimpíadas

20 Especial

24 Retrofit

28 GBC Brasil

30 Caso I – Park Office

38 Caso III – RecNov

42 Notas

44 Produtos e Serviços

48 Softwares e Ferramentas

54 Pesquisa e Desenvolvimento

56 Tendências

58 Soluções Verdes

60 Internacional

62 Arquitetura

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Bate–papoMarco Lentini, do FSC Brasil, e as questões do manejo florestal responsável

caso II – tetUMLoja transmite a sustentabilidade aliada à decoração34

olho MágIcoAs superárvores de Cingapura colaboram com a preservação de recursos naturais6

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carta ao leitor

www.revistagreenbuilding.com.brA revista da Construção Sustentável

Tel.: (11) 3586-4199

Assinaturas / Database [email protected]

Circulação: [email protected]: [email protected]ção: [email protected]

É permitida a divulgação das informações contidas na revista desde que citada

a fonte. A Revista Green Building reserva-se o direito de publicar somente

informações que considerar relevantes e do interesse dos seus leitores.

A revista não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados.

reeng Brevista

Apoio:

A Editora Nova Gestão, consciente das questões ambientais e sociais, utiliza papéis com certificado FSC (Forest Stewardship Council) para a impressão deste material. A certificação FSC garante que uma matéria-prima florestal provenha de um manejo considerado social, ambiental e economicamente adequado e outras fontes controladas.

Nos diversos setores da cadeia produtiva brasileira em que circulo, devido aos títulos que publicamos, tenho percebido uma insatisfação

generalizada com a nossa economia. A alta do dólar, a inflação que não para de crescer, as baixas expectativas para o nosso Produto Interno Bruto (PIB), entre outros fatores. Até do mercado editorial tenho escutado rumores de insatisfação.

Ora, mas o que de fato vem acontecendo com a nossa economia? Na minha humilde sabedoria, eu poderia explicar isto em muitas páginas desta revista, mas o espaço não seria suficiente. Prefiro, neste caso, dizer que muitas vezes uma crise é o suficiente para crescermos e mostrarmos que somos diferentes. Respondendo pelo meu mercado, o editorial, posso dizer que realmente o setor passa por mudanças. E qual é o diferencial para nos destacarmos? É simples: investir muito e, além de tudo, não apostar nos ovos de apenas uma “galinha”.

O que quero dizer com tudo isso é que a revista Green Building está em pleno processo de aceleração, com ou sem crise econômica brasileira. É com crises como esta que devemos investir. Para os próximos meses, estaremos lançando para o mercado da construção sustentável diversas novidades. Duas delas, já nas próximas edições. Em novembro/dezembro, teremos a publicação da primeira pesquisa realizada para levantar as marcas mais lembradas do setor green building. Será a edição Especial - Marcas de Destaque 2013, na qual nossos leitores vão apontar as principais marcas verdes do mercado. Para a edição janeiro/feveiro, teremos uma nova pesquisa, só que voltada ao mercado em geral. Junto com os dados obtidos, faremos o Anuário 2014 Green Building.

Queremos e vamos entregar ao mercado os prin-cipais números do setor. Queremos e vamos contar com a sua participação. No próximo ano, vocês leitores vão caminhar ao lado da revista. Resumindo: em 2014 vamos crescer juntos!

Desejo uma ótima leitura!

Alan BanasDiretor executivo e [email protected]

Vamos pisar fundo!Diretor executivo e Publisher: Alan Banas – MTB [email protected]

Sócio-Diretor: João Marcello Gomes [email protected]

Supervisora administrativa: Lucia T. [email protected]

Assistente Administrativa: Taynara [email protected]

REDAção:Amanda Santana - [email protected] Padovan - [email protected] Barbosa - [email protected] Martinelli - [email protected]

ColAboRADoRES DA EDiçãoMarcos Casado e Marta Adriana Bustos Romero

CoMERCiAlGerente de contas: Deborah [email protected] de contas: Ivete [email protected]

A Revista Green Building é publicada pela: Editora Nova Gestão ltda.Rua João Papaterra Limongi, 127 – Vila SôniaCEP 05518-060 – São Paulo, SPTel/Fax: (11) 3586-4199 CNPJ 12.028.303/0001-00 – I.E. 147.236.298.116

PRojEto GRáfiCo E DESiGNEstela Souza de Paula [email protected]

Foto de capa: Lucas Freitas/Rio 2016

Impressão: Gráfica ColorSystemCirculação: NacionalPeriodicidade: BimestralPreço por exemplar: R$ 17,50Assinatura anual: R$ 99,00 (total de seis edições)

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aGENDa 2013

cartas e e-mails

Agradecemos os elogios, as críticas e as sugestões endereçados à última edição

da Revista Green Building. Tenham certeza de que todos os

comentários serão contemplados na formação das futuras pautas da

revista. Para participar desta seção, envie sua carta para redacaogb@

editoranovagestao.com.br ou pelo site www.revistagreenbuilding.com.br.

Por motivos de espaço ou clareza, a redação reserva-se o direito de publicar

as cartas resumidamente.

DAtA EvEnto LocAL orgAnizAção

26 a 28 de setembro de 2013 Feicon Batimat Nordeste

Centro de Convenções de PernambucoRecife/PE

Reed Exhibitions Alcantara Machado (11) 3060-5000www.feiconne.com.br

2 a 5 de outubro de 2013 Intercon - Feira e Congresso da Construção Civil

Megacentro Wittich Freitag - ExpovilleJoinville/SC

Messe Brasil(47) 3451-3000www.feiraintercon.com.br

30 e 31 de outubro de 2013 Exponorma 2013Congresso e Exposição

Centro de Convenções Frei Caneca São Paulo/SP

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT)(11) 3017-3634www.abnt.org.br/exponorma

DAtA EvEnto LocAL orgAnizAção

16 a 19 de outubro de 2013 SAIE - International Building Exhibition

Bologna Exhibition CentreBolonha/Itália

Bologna Fiere +39 (0)5 12 82 111www.bolognafiere.it

20 a 22 de novembro de 2013 Greenbuild International Conference and Expo

Pennsylvania Convention Center Philadelphia/EUA

USGBC +1 (800) 795-1747www.greenbuildexpo.org

DAtA EvEnto LocAL orgAnizAção

29 de outubro a 1 de novembro de 2013 55º Congresso do Concreto

Centro de Eventos ExpoGramado Gramado/RS

IBRACON(11) 3735-0202www.ibracon.org.br/eventos/55cbc

nAcionAL

intErnAcionAL

cUrSoS E congrESSoS

SUgEStãoOlá, gostaria de apresentar nosso empreendimento hoteleiro sustentável para ser exposto como caso na revista. Em toda nossa operação, temos a sustentabilidade inserida no projeto. Como devo proceder? Grato.Fabricio Konno – Drus’s Hotel

Resposta: Olá Fabricio. Primeiramente, ficamos grato pelo seu e-mail e interesse na revista Green Building. Todos os cases são bem-vindos por nossa equipe e analisados separadamente para levantar os aspectos sustentáveis, entre outras características necessárias para sua publicação. Solicitamos que envie um e-mail para [email protected]ção – Revista Green Building

ASSinAtUrAGostaria de obter informações para assinar a revista Green Building e recebê-la em meu endereço.Mario Usai – Sam Marco Engenheria

Resposta: Mario, agradecemos seu contato. A revista Green Building é gratuita somente para profissionais do setor. Os pedidos podem ser feitos pelo nosso site. Acesse www.revistagreenbuilding.com.brRedação – Revista Green Building

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Árvores gigantes enfeitam um dos parques mais charmosos do mundo. As Supertrees são uma das atrações da baía sul do Gardens by the Bay, em Cingapura. Ao todo são 18 árvores com altura de 25 a 50 metros, o que corresponde a prédios de 9 a 16 andares, sendo que seis estão divididas em trios nos jardins Golden e Silver. As outras 12 estão situadas no Supertree Grove .

Algumas delas têm células fotovoltaicas para coletar energia solar e outras integram conservatórios de refrigeração, estes capazes de proporcionar 30% de economia no consumo de energia na iluminação das árvores. Na extensão do parque, há também o Lake System, que engloba dois lagos principais – Dragonfly e Kingfisher – e atua como um sistema de filtragem natural, realizada por plantas aquáticas, para a água que é utilizada no sistema de irrigação embutido dos jardins.

As Supertrees são compostas por quatro partes principais: o reforço de concreto, uma estrutura vertical interna que sustenta a superárvore; o tronco, feito de uma estrutura de aço; plantio de painéis da pele viva; e a copa, em forma de um guarda-chuva invertido.

OLHO Mágico

SupertreeSFoto: Gardens by the Bay

Site: www.gardensbythebay.com.sg

Localização: Bay South Garden, Gardens by the Bay, Cingapura

Início da construção: 2007

Inauguração: 2012

Custo do Bay South Garden: 1 bilhão de dólares de Cingapura

Proprietária: Gardens by the Bay

Projeto: Grant Associates

Altura das árvores: 25 a 50 m

FatoS e curioSidadeS:• 162.900 plantas cobrem as Supertrees, sendo mais de 200 espécies e variedades de

bromélias, orquídeas, samambaias e trepadeiras floridas tropicais;

• As Supertrees têm diferentes esquemas de plantação em relação às cores, que vão de tons mais

quentes – como vermelho, marrom, laranja e amarelo – até cores frias, como prata e rosa;

• As plantas foram escolhidas de acordo com as características adequadas para o plantio

vertical e para o clima da região, leveza, resistência e fácil manutenção. Também optou-se por

espécies não comuns em Cingapura e visualmente interessantes.

Parque sustentável >>

SuperárvoreS fazeM parte de cicloS

SuStentáveiS de energia e água

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Vitrine e ProdutosColaborador: Henrique Benites

Foto: Divulgação Acquamatic do Brasil

IndústrIas tosIProduto: Bombas de calor HOT 70WWdescrição: Nova solução térmica para aquecimento de água da Jelly Fish utiliza a condensação do líquido do próprio chiller para aquecimento de água para banho a até 70ºC. Não determinando o calor da temperatura ambiente, as bombas da linha WW têm o rendimento no circuito de alta pressão potencializado, além de uma redução no número de máquinas e aumento da performance no sistema, gerando eficiência e economia.site: www.industriastosi.com.br - Contato: (11) 3643-0433

Este produto contribui com os requistos de certificação green building:

LEEd: LEED 2009 BD+C | EAp1 Minimum Energy Performance EAc1 Optimize Energy Performance

aQUa: AQUA Edifícios do setor de serviços: 4.2.1 Reduzir o consumo de energia primária devida ao resfriamento, ao aquecimento, à iluminação, ao aquecimento de água, à ventilação e aos equipamentos auxiliares; 4.3.1 Quantidades de CO2 equivalentes gerados pelo uso de energia | AQUA Edifícios Habitacionais: 4.7.3 Desempenho do sistema de aquecimento de água: Eficiência do sistema de aquecimento de água por bomba de calor

aCQUaMatIC do BrasILProduto: Vaso sanitário basculantedescrição: Utiliza plástico ABS reciclado como matéria-prima, conforme orientação do GBC Brasil. Pesa menos de 7 quilos e é cinco vezes mais leve do que os vasos comuns, por isso não agrega peso à obra. Possui caixa acoplada que aciona com apenas 2 litros de água. Tem vida útil de 50 anos. site: www.acquamaticdobrasil.com - Contato: (11) 2100-2872

Este produto contribui com os requistos de certificação green building:

LEEd: LEED 2009 BD+C | WEp1 Water use reduction | WEc3 Water use reduction | LEED 2009 BD+C | MRc4 Recycled content

aQUa: AQUA Edifícios do setor de serviços: 2.2.3 Escolher os produtos de construção de forma a limitar sua contribuição aos impactos ambientais da construção; 5.1.2 Garantir economia de água potável nos sanitários | AQUA Edifícios Habitacionais: 2.2.1 Escolha de produtos de modo a contribuir para a diminuição da emissão de gases do efeito estufa, diminuição dos resíduos dispostos no ambiente, aumento do aproveitamento por reúso/reciclagem de materiais, aumento do uso de recursos renováveis e escolhas que evitem o esgotamento de recursos naturais; 5.1.2 Instalação de sistemas economizadores – bacia sanitária

ItaIM ILUMInaÇÃo Produto: Luminária D’artdescrição: Com um design clean e leve, a luminária pendente possui tecnologia LED e é dimerizável. Quando posicionada a 0,8 m do plano de tarefa, ilumina de forma homogênea e elimina os ângulos críticos de ofuscamento. Pode ser aplicada em forro de gesso ou modulado e apresenta três opções de temperatura de cor: 2700K, 4000K e 5000K. A D’art tem corpo em alumínio extrusado com acabamento em pintura eletrostática na cor branca, cromada ou

anodizada chumbo e difusor em acrílico prismático ou translúcido. site: www.itaimiluminacao.com.br - Contato: (11) 4785-1010

Este produto contribui com os requistos de certificação green building:

LEEd: LEED 2009 BD+C | EAp1 Minimum Energy Performance |EAc1 Optimize Energy Performance

aQUa: AQUA Edifícios do setor de serviços: 4.2.1 Reduzir o consumo de energia primária devida ao resfriamento, ao aquecimento, à iluminação, ao aquecimento de água, à ventilação e aos equipamentos auxiliares; 4.4.1 Redução do consumo de energia para os sistemas de iluminação; 10.2.3 Evitar o ofuscamento devido à iluminação artificial e buscar um equilíbrio das iluminâncias do ambiente luminoso interno; 10.2.4 Garantir uma qualidade agradável da luz emitida

HELIotEk (GrUPo BosCH)Produto: Coletor Solar MC Evolutiondescrição: O coletor MC Evolution tem seu processo de produção 100% automatizado, contando com solda por ultrassom ultrarresistente, garantindo um padrão de qualidade ao produto. Com estrutura robusta e bem acabada, reduz a circulação de ar melhorando a condução do calor para o fluido na tubulação. Ainda tem classificação “A” do Inmetro e conta com garantia de cinco anos.site: www.heliotek.com.br - Contato: 0800 14 8333

Este produto contribui com os requistos de certificação green building:

LEEd: LEED 2009 BD+C | EAp1 Minimum Energy Performance EAc1 Optimize Energy Performance

aQUa: AQUA Edifícios do setor de serviços: 4.2.1 Reduzir o consumo de energia primária devida ao resfriamento, ao aquecimento, à iluminação, ao aquecimento de água, à ventilação e aos equipamentos auxiliares; 4.2.6 Recorrer às energias renováveis locais; 4.3.1 Quantidades de CO2 equivalentes gerados pelo uso de energia | AQUA Edifícios Habitacionais: 4.2.1 Uso de energias renováveis locais: energia solar para aquecimento de água; 4.7.3 Desempenho do sistema de aquecimento de água: Eficiência do sistema de aquecimento solar de água

Foto: Divulgação Indústrias Tosi

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Foto: Divulgação Itaim Iluminação

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BATE-PAPO

Marco Lentini, presidente do

FSC, mostra que a construção civil é um

desafio à organização de manejo florestal

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Por Redação

O Brasil abriga uma joia: mais de 60% dos 5,5 milhões de quilômetros quadrados da Amazônia, a maior floresta tropical do mundo. Ocorre que,

ano a ano, o desmatamento ilegal na região aumenta. O último Boletim do Desmatamento (SAD), vinculado ao Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), publicado em junho, revela que o desmatamento na Amazônia Legal aumentou 437% em relação ao mesmo período no ano passado. É neste cenário de contradição, no qual colocamos em risco o próprio patrimônio nacional, que se insere o Forest Stewardship Council (FSC), uma Organização Não Governamental (ONG) que tem atuação mundial e tem como objetivo promover o manejo das florestas no mundo todo de maneira ambientalmente correta, socialmente benéfica e economicamente sustentável.

No Brasil, o escritório do FSC é comandado por Marco Lentini, presidente do Conselho Diretor da instituição, que trabalha há 13 anos no setor florestal da Amazônia, nas áreas de manejo e certificação florestal. Além disto, é mestre em Economia de Recursos Florestais pela Universidade da Flórida (Gainesville, EUA), graduado em Engenharia Florestal pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo, e coordenador do Programa Amazônia do WWF-Brasil.

Matéria-prima certificada

O crescimento do green building pode impulsionar a demanda por madeira certificada FSC, o que tem um efeito em toda a cadeia produtiva certificada”

Lentini fala, nesta entrevista, sobre as atividades da organização e o desafio do FSC no Brasil de tornar o uso da madeira certificada um padrão na construção civil.

Como o FSC atua no Brasil e de que forma busca resultados?

A atuação do FSC Brasil difunde e facilita o bom manejo das florestas brasileiras seguindo princípios e critérios para salvaguardas ecológicas, benefícios sociais e viabilidade econômica. As decisões da organização são determinadas pelo voto da maioria dos membros das câmaras social, ambiental e econômica, nas assembleias anuais ou nas reuniões das instâncias diretivas. Buscamos alcançar, de maneira geral, representar o sistema FSC no Brasil, consolidando-se como centro de referência de boas práticas de manejo florestal; equilibrar a participação das diferentes câmaras do FSC nas instâncias políticas, públicas e privadas e fomentar o consumo responsável de produtos certificados FSC, potencializando, assim, a oferta e a demanda dos mesmos. Além de tudo, buscamos ser sustentáveis do ponto de vista econômico, com padrões e procedimentos transparentes e confiáveis.

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BATE-PAPO

Quantos hectares de terra são certificados no Brasil? E quantos são os empreendimentos certificados?

Atualmente, o País ocupa o quinto lugar no ranking total do sistema FSC, com 7,280 milhões de hectares certificados na modalidade de manejo florestal, envolvendo 96 ope-rações de manejo entre áreas de florestas nativas e plantadas. Na modalidade de cadeia de custódia, o Brasil conta com aproxi-madamente 968 certificados, com uma taxa de crescimento de um novo empreendimento certificado a cada dia.

Quais são as diferenças entre madeira ilegal, madeira legal e a madeira certificada pelo FSC?

A madeira ilegal é aquela conseguida sem autorização de explo-ração e se caracteriza pela sua ação rápida, predatória e devastadora de grandes áreas de floresta nativa. Já a madeira legal é extraída dentro das exigências legais do nosso País, que possui o docu-mento de licença de transporte e armazenamento, acompanhada da nota fiscal. É importante enfatizar que a madeira legal possui as salvaguardas de licenciamento, mas também pode incluir práticas ilegais devido ao nosso sistema institucional frágil. Com relação à madeira certificada, é aquela que segue os princípios e critérios do FSC, que vão além das exigências legais para também contemplar direitos sociais das comunidades vizinhas, equidade entre homens e mulheres, proibição de conversão de áreas naturais para plantio de árvores, proibição do uso de químicos e defensivos agrícolas nas plantações florestais, entre outros. Portanto, a madeira certificada sempre é mais rigorosa e abrangente no cumprimento de requisitos sociais e ambientais.

Como é o processo de manejo florestal responsável?O manejo florestal responsável é um conjunto de boas práticas

de planejamento e de técnicas especiais na exploração das florestas. Existe para conciliar o aproveitamento responsável dos recursos naturais e sua conservação. Para isso, a floresta é mapeada e intervenções são feitas para extrair produtos madeireiros e não madeireiros, como frutos, resinas, óleos, sementes, entre outros.

Qual é a importância do trabalho do FSC para o mercado de construção civil sustentável?

O setor é estratégico em função dos empreendimentos para a Copa do Mundo de 2014 e Olimpíada de 2016, além das obras de habitação e infraestrutura em execução no contexto do crescimento econômico e a crescente inserção de critérios de sustentabilidade nas compras públicas. Então, a partir de uma pesquisa realizada em 2012 para mapear a oferta de madeira certificada no Brasil e a necessidade imediata de que a oferta e a demanda cresçam juntas, o FSC lançou a campanha de madeira certificada para o setor de construção civil. O objetivo da campanha é criar uma estratégia de comunicação integrada que atinja os diversos atores da cadeia da madeira certificada no setor da construção civil, respondendo às suas demandas específicas e sensibilizando-os para a importância

PrincíPios do manejo florestal resPonsável, de acordo com o fsc: • Garantia sobre posse e uso da terra;

• Respeito aos direitos dos povos indígenas e tradicionais;

• Manutenção ou ampliação do bem-estar de comunidades e trabalhadores;

• Uso múltiplo dos produtos e serviços da floresta;

• Manutenção das funções ecológicas e da integridade da floresta;

• Elaboração de plano de manejo apropriado à escala e intensidade das operações propostas;

• Monitoramento e avaliação do manejo florestal e dos seus impactos;

• Manutenção de áreas de alto valor de conservação;

• Florestas plantadas devem complementar o manejo, reduzir a pressão e promover a conservação das florestas naturais;

• Implementação das atividades de gestão de acordo com as políticas econômicas, ambientais e dos presentes princípios e critérios.

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da adoção de boas práticas de compra e uso deste material, aumentando o consumo de madeira certificada FSC dentro do setor, agregando valor para a madeira certificada e aumentando o nível de conhecimento e envolvimento com o universo da madeira certificada.

Como você avalia o crescimento do setor green building no Brasil? Como este crescimento impacta no trabalho do FSC?

O crescimento do green building pode impulsionar a demanda por madeira certificada FSC, o que tem um efeito em toda a cadeia produtiva certificada. Existem mais de 180 milhões de hectares de florestas certificadas pelo FSC em todo o mundo, que fornecem 10% de toda a madeira e de todos os produtos de madeira comercializados. No Brasil, o Estado de São Paulo consome cerca de 25% da madeira extraída da Amazônia, e destes, 70% são consumidos pelo setor da construção civil.

Quais os principais desafios que o FSC enfrenta no País? O uso de madeira certificada tornou-se, nos últimos anos, um tabu no

setor de construção civil. De um lado, as empresas afirmam que falta oferta do produto com essas características no mercado. De outro, produtores flo-restais argumentam que não investem na extração mais controlada, com selo socioambiental, porque não há demanda em escala necessária. Portanto, o maior desafio do FSC hoje é fazer a madeira com o selo FSC extrapolar a atual condição de nicho de mercado, tornando-se um padrão, assim como já acontece em certa medida com o papel. A força-tarefa, incluindo também empresas madeireiras, ONGs e indústrias transformadoras, avalia que a exigência deste critério de sustentabilidade em licitações públicas pode multiplicar a escala de práticas sustentáveis na floresta.

Como é o processo de certificação para produtos e para empreendimentos?Para obter o direito de uso da logomarca FSC, é necessário passar pelo pro-

cesso de certificação, que envolve a adoção de procedimentos e regras por parte do empreendimento que busca ser certificado e uma auditoria realizada pelo FSC. Ao contatar a certificadora credenciada, a operação florestal é avaliada. A análise inclui documentação, operações de campo e análise geral do manejo. Após passar por uma auditoria, a operação florestal pode receber a certificação. Nessa etapa, a certificadora deve elaborar e disponibilizar um resumo público para stakeholders, e nós monitoramos anualmente a operação, para que ela esteja sempre de acordo com as normas FSC.

Quais são os planos do FSC para o futuro?Para que o FSC possa cumprir sua função, os membros definem os rumos

da organização durante as assembleias gerais que ocorrem a cada três anos. É definido, por exemplo, a criação do fundo para apoio de pequenos produtores, que pode ajudá-los a se prepararem para a certificação FSC, arcarem com os custos de conformidade com os princípios e critérios, fortalecerem e capacitarem as organizações geridas por pequenos produtores e comunitários, melhorarem a gestão da cadeia de suprimentos, investirem em novas máquinas e aumentarem o acesso ao mercado para produtos certificados. Também é preciso citar a forte tendência do sistema em fazer mais divulgação para o aumento do consumo de produtos certificados em diferentes mercados, como o da construção civil. GB

Como designers de multi escalas,

funções e ambientes, sempre

almejamos em cada ideia e solução

a melhor qualidade técnico-criativa,

baseada em pesquisas e profunda

análise das infinitas variáveis que

compõem o meio biológico e antrópico.

Desta forma, entendemos que as

premissas de sustentabilidade

naturalmente se incorporam, de forma

multidisciplinar, ao ato de projetar.

Portanto, conceitos únicos, específicos

e diferenciados para cada situação são

resultados naturais do nosso processo.

Esta é a nossa EssênCia!

CaDa EsPaço,

um traçO

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14 | green building | www.revistagreenbuilding.com.br

mercado

mercado de materiais de construção ecológicos vive um boom no mundo todo, chegando

à marca de US$ 116 bilhões este ano. A demanda por edifícios sustentáveis é o principal estímulo para o setor, que deverá atingir US$ 254 bilhões até 2020, segundo relatório feito pela consultoria Navigant Research. No Brasil, país que já ocupa o quarto lugar em empreendimentos sustentáveis em processo de certificação LEED, o mercado de materiais de construção também procura responder à crescente demanda por produtos que atendam aos requisitos das certificações de green building.

Desde o início do uso das certifi-cações LEED e AQUA, os principais produtos da cadeia da construção civil como aço, concreto, mobiliário, carpete, esquadrias, revestimentos, lâmpadas, tintas, adesivos, selantes, sistemas de piso, argamassas, produtos de madeira, isolantes térmicos, iso-lantes acústicos, carpetes, blocos cerâ-micos, elementos de fachada, painéis de drywall, vidros, dentre tantos outros, vêm buscando formas de comprovar o atendimento aos requisitos das certi-ficações. No entanto, o descruzamento de informações, o número elevado de certificados e as dúvidas sobre a legi-timidade das autodeclarações deman-davam uma posição do mercado na definição de uma ferramenta única que avaliasse e permitisse a homologação destes produtos para poderem ser utilizados com credibilidade nas edifi-cações sustentáveis.

Nesse sentido, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) assumiu o desafio de reunir em sua rotulagem ambiental para produtos da construção civil todos os requisitos sob os quais determinada categoria de produto

João Marcello Gomes PintoEngenheiro civil pela Escola Politécnica da USP, mestre em Engenharia Ambiental pela Universidade de Karlsruhe, na Alemanha, e pós-graduado em Gerenciamento de Riscos Ambientais pela Universidade da ONU, no Japão. É presidente da Sustentech, empresa de consultoria em sustentabilidade urbana.www.sustentech.com.br Tel.: (11) 3807-2823

Foto:

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gação

deve ser avaliada para aplicação com credibilidade nos green buildings. A ABNT abriu diálogo com os prin-cipais agentes do setor para entender e incorporar nos seus Procedimentos Específicos da Rotulagem Ambiental os requisitos específicos de cada tipo de produto, levando em consideração todas as metodologias de ensaios, testes de laboratório e necessidade de análise do ciclo de vida que cada tipo de produto / processo produtivo demanda.

Além de facilitar a aplicação do produto em projetos que estão buscando uma certificação ambiental, o rótulo ambiental traz vantagens competitivas para fornecimento a todo e qualquer evento ou estrutura relacionada aos Jogos Olímpicos de 2016, o qual o Rio de Janeiro se engaja para ser o mais verde de todos os tempos. O guia da Cadeia de Suprimentos Sustentável, elaborado pela Rio 2016, comitê organizador dos jogos olímpicos no Rio, dá prioridade a fornecedores que possuam produtos com a rotulagem ambiental Tipo I de um órgão associado ao Global Ecolabelling Network (GEN).

Outros benefícios que o Rótulo Ecológico da ABNT pode trazer para o produto certificado são: garantia de que o produto da empresa tem menor impacto ambiental do que seu similar que não tem o rótulo; garantia ao mercado de que a empresa está compro-metida com os impactos ambientais do seu processo; redução de desperdícios (reciclagem de resíduos); melhoria em processos produtivos com aumento de eficiência e eventual ampliação da receita (venda de refugos para reciclagem, etc.); visibilidade da empresa no mercado; e aumento das possibilidades de expor-tação pelo reconhecimento interna-cional do selo. GB

Sustentabilidade na cadeia da Construção Civil

O

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Estatísticas, comportamento, dados e desempenho das marcas. quem anuncia na edição especial

prêmio Green Building está mais do que bem posicionado. A publicação une informações e

dados do mercado, situação de cada marca campeã, relação da marca com cada certificação e muito

mais. Uma edição que é uma ferramenta de consulta importante para os profissionais e as empresas

do setor da construção sustentável.

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R E V I S TA

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Copa e Olimpíadas

Preparativos do maior evento esportivo do mundo despertam o desenvolvimento sustentável das áreas que receberão os jogos

Atmosferaolímpica

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Por Amanda Santana

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Saltos, corridas, pedaladas, braçadas, arremessos. O espetáculo dos esportes está cada vez mais perto de sua edição brasileira. Mas os Jogos Olímpicos de 2016

levarão ao Rio de Janeiro muito mais do que as apresentações das diversas modalidades. A organização do evento aposta na transformação sustentável por meio do esporte.

Nessa busca, o Rio 2016, Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos no Rio de Janeiro, integra critérios de sustentabilidade em todo o ciclo de gestão dos jogos, desde a concepção e o planejamento até as atividades de implementação, revisão e pós-evento. Inovações impor-tantes serão introduzidas com base nos exemplos dos de Vancouver (2010) e de Londres (2012), que foram os primeiros a trabalhar a sustentabilidade de sua cadeia de suprimentos de forma estruturada.

Os Jogos de Londres também foram inspiração para a gestão de sustentabilidade do Parque Olímpico no projeto do Rio. Isso ocorreu por meio do intercâmbio com empresas que estiveram envolvidas na implementação de medidas e definição de estratégias de sustentabilidade.

A infraestrutura da cidade também está sendo preparada para receber este grande evento e a sustentabilidade tem sido o norteador desse processo.

Guia da Cadeia de Suprimentos Sustentável

O Rio 2016 lançou, em agosto deste ano, o seu Plano de Gestão da Sustentabilidade, que descreve objetivos estraté-gicos baseados nos três pilares do desenvolvimento susten-tável: planeta, pessoas e prosperidade. Com isso, é esperado a redução do impacto ambiental, a inclusão das pessoas e o desenvolvimento econômico a partir desse evento esportivo.

Junto a fatores determinantes como custo total, qualidade, prazo e riscos, a sustentabilidade é um dos critérios considerados em todos os processos decisórios do comitê. Por ser uma regra básica, a sustentabilidade também é levada em conta para a aquisição e o licenciamento de produtos e serviços, considerando-se aspectos ambientais, sociais, éticos e econômicos presentes ao longo do ciclo de vida desses itens. “Mais do que atingir níveis de excelência na organização dos jogos, o Rio 2016 tem o desafio de demonstrar liderança e inspirar ao estabelecer um novo modelo de gestão da sustentabilidade. Os exemplos de práticas sustentáveis aplicados aos diversos aspectos da organização ficarão como legado para o mercado após a realização do evento”, afirma Tania Braga, gerente geral de sustentabilidade, acessibilidade e legado do Rio 2016.

Incentivado pela visão do Comitê Olímpico Internacional (COI), que objetiva a evolução na gestão de sustentabilidade nas edições dos jogos, o Rio 2016 implementou, em julho do

ObjetivOs estratégicOs baseadOs nOs três pilares dO desenvOlvimentO sustentável

• Planeta: redução do impacto ambiental causado

pelos projetos relacionados aos Jogos Rio 2016,

imprimindo uma pegada ambiental reduzida.

• Pessoas: planejamento e execução dos Jogos Rio

2016 de forma inclusiva, entregando jogos para todos.

• Prosperidade: contribuição para o desenvolvimento

econômico do Estado e da cidade do Rio de Janeiro,

planejando, gerindo e relatando os projetos envolvidos

nos jogos com responsabilidade e transparência.

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ano passado, o Guia da Cadeia de Suprimentos Sustentáveis, para garantir que os produtos ou serviços adquiridos agreguem maior valor a longo prazo, garantindo o uso de tecnologias, produtos, processos e serviços sustentáveis.

Para a elaboração do guia, foram criados requerimentos organizados a partir dos pilares planeta, pessoas e prospe-ridade. Com isso, é garantido que tudo que for adquirido esteja de acordo com os direcionadores estratégicos de cada um dos pilares: planeta – o impacto no meio ambiente oriundo dos produtos e serviços contratados, ao longo de todo o ciclo de vida, foi minimizado e gerido adequadamente; pessoas – os produtos e serviços contratados são produzidos e comer-cializados por meio de práticas éticas e responsáveis que conduzem a ganhos sociais para toda a população; prosperidade – os processos de aquisição colaboram para o crescimento econômico perene, por meio da elevação do nível de qualidade do mercado fornecedor e da mão de obra local e nacional.

Certificaçãodeeventos

A certificação de eventos é um dos itens que constam no Guia da Cadeia de Suprimentos Sustentáveis. Jeann Cunha Vieira, diretor da Sustentech, consultoria que presta serviços de certificação ambiental – inclusive de eventos –, explica que um evento representa uma aglomeração de pessoas que consomem recursos e geram impactos de forma relevante em um período concentrado de tempo. E para que seja realizado, existe ainda uma logística que movimenta também muitas pessoas e recursos. Alguns impactos associados são:

Copa e Olimpíadas

traslado da organização, atletas e expectadores; produção, transporte e armazenamento de alimentos; confecção e montagem de adereços e sinalização; fabricação e montagem de estruturas móveis, etc.

Diante de várias empresas diferentes envolvidas em um evento, que produzem impactos ambientais variados e que muitas vezes não estão diretamente relacionadas, Jeann ressalta que “uma norma que auxilie na gestão do evento e também as várias empresas a identificar os danos ambientais da sua atividade, ajuda a reduzir os impactos diretos e indi-retos da sua realização.”

No caso da Olimpíada no Rio, todos os fornecedores espe-cializados no setor de eventos serão encorajados a obter uma certificação pela norma ABNT NBR ISO 20121 – sistemas de gestão para sustentabilidade, que é aplicável a todos os tipos e tamanhos de organizações envolvidas no projeto e na exe-cução. Eventos esportivos, concertos musicais, treinamentos e palestras, coletivas de imprensa, etc. poderão objetivar a certificação, bem como as partes interessadas, como a alta direção, os organizadores, proprietários, parceiros, patro-cinadores, funcionários, voluntários, catering, segurança, empresas de transporte, montagem de palco, etc.

O consultor da Sustentech explica que uma empresa inte-ressada na certificação tem que desenvolver um sistema de gestão que contemple suas principais atividades e identificar os principais impactos ambientais associados. A partir disso, devem ser estabelecidas as medidas para reduzir os impactos identificados. “Dentro de uma empresa, a norma descreve

“Mais do que atingir níveis de excelência na organização dos Jogos, o Rio 2016 tem o desafio de demonstrar liderança e inspirar ao estabelecer um novo modelo de gestão da sustentabilidade” Tania Braga, gerente geral de sustentabilidade, acessibilidade e legado do Rio 2016

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como montar uma matriz de responsabilidades para identificar funções e autoridades na implementação das medidas ambientais identificadas no sistema de gestão ambiental”, completa.

Tania, do Rio 2016, ressalta que os demais fornecedores, ou seja, aqueles que não estão diretamente ligados ao setor de eventos – que também podem ser pequenas ou médias empresas –, são incentivados a buscarem outras certificações importantes, como: a ISO 9001, para a Gestão da Qua-lidade; a ISO 14001, para a Gestão Ambiental; a NBR 16001 ou SA 8000 e/ou a comprovação da adoção das diretrizes da ISO 26000, para a Gestão da Responsabilidade Social; a OHSAS 18001 para a Gestão da Saúde e Segu-rança do Trabalho. “Essas certificações são um diferencial positivo que será considerado durante todos os processos de aquisição”, explica.

Jeann Vieira, da Sustentech, afirma que, embora não seja obrigatória a existência de uma certificação, ela poderá ser o diferencial na contra-tação de uma empresa para executar ou fornecer equipamentos ou algum tipo de serviço. “A valorização de empresas com um sistema de gestão ambiental certificado é uma atitude muito louvável da organização da Olimpíada, pois irá deixar um ótimo legado, uma vez que irá ajudar muitas empresas a elevar o seu nível de qualidade ambiental na prestação de serviços. Uma vez desenvolvido e implementado um sistema de gestão ambiental, as medidas para minimizar os impactos irão entrar na rotina da empresa e muitos destes procedimentos deverão ser mantidos após a Olimpíada de 2016”, afirma. GB

Outras certificações incentivadas pelO riO 2016

• Rotulagem Ambiental Tipo I (selos

verdes), estabelecidas por órgãos

associados à Global Ecolabelling

Network (GEN);

• Forest Stewardship Council (FSC);

• Programa Brasileiro de Certificação

Florestal (Inmetro/Cerflor);

• Rainforest Alliance;

• Fairtrade International (FLO).

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EspEcial

Por Redação

Visitantes, congressistas e expositores se reuniram no principal evento de construção sustentável da América Latina

Expo GBC

Estamos em uma época de incertezas sobre o desempenho da economia brasileira, mas a alta de 1,5% no Produto Interno Bruto (PIB) no segundo

trimestre deste ano surpreendeu muitos empresários. O setor de construção civil, que registrou crescimento de 3% no mesmo período, ajudou a puxar este índice. Inseridos neste cenário, o GBC Brasil, a Reed Exhibitions Alcantara Machado e a Ernest & Young divulgaram dados sobre o PIB da construção verde, que chegou à marca de R$ 22 bilhões em 2012. As construções sustentáveis apresentaram uma composição de 9% no PIB da construção civil no ano passado, alta de 3% em relação a 2011 e de 6% em relação a 2010.

Os dados da economia verde foram apresentados durante a 4ª Conferência Internacional & Expo Greenbuilding Brasil, que aconteceu nos dias 27, 28 e 29 de agosto, no Expo Center Norte, em São Paulo. Foram três dias de discussões sobre as melhores práticas de construção sustentável e apresentações das principais tendências para o mercado.

“Os números mostram sucesso. Hoje somos um dos principais eventos de sustentabilidade no mundo e contamos com a presença de 29 países. No ano que vem, faremos no Brasil o World Green Building e esperamos reunir 97 países”, declara Felipe Faria, diretor gerente do GBC Brasil, em nota, revelando os próximos planos da organização.

Os 1.600 congressistas conferiram 120 palestras, entre elas a de Paul Hawken, ambientalista e empreendedor norte-americano, Roberto Loeb, que falou sobre projetos urbanísticos sustentáveis, Gunnar Hubbard, LEED Fellow norte-americano, o premiado arquiteto Siegbert Zanettini, entre muitos outros profissionais importantes para o setor.

Já os mais de 9 mil visitantes tiveram a possibilidade de conhecer os 113 expositores. Dentre as novidades encontradas nos estandes estavam produtos do segmento

de ar-condicionado, irrigação, jardins verticais, consumo e geração de energia, tintas, arquitetura, engenharia, economia de recursos hídricos, etc.

Confira a seguir, com mais detalhes, algumas das novi-dades levadas à Expo GBC:

supera expectativas

DECA

Pensando no valor da água, a Deca apresentou duas novidades que ajudam a evitar o desperdício. O Deca PróÁgua é um programa inteligente, criado para melhor conservação e uso mais eficiente da água. Garante a redução do desperdício nos diversos tipos de edificações por meio da mudança dos hábitos dos usuários e de ações planejadas. Seu diagnóstico vai da implementação de medição setorizada, eliminação de vazamento até emprego de produtos e tecnologias eficientes.

O Deca BIM, outra novidade apresentada na feira, é uma biblioteca desenvolvida para projetos com o uso de louças e metais sanitários que se enquadram no conceito BIM (Building Information Modeling). Oferece maior agilidade, sofisticação e facilidade ao desenvolver o projeto, permitindo a detecção de erros durante cada fase de construção.

Em outra linha, a empresa lançou o Mictório Save, solução ecológica que economiza 100% de água e não tem descarga. É mais higiênico e prático: o detergente faz a limpeza da válvula e tubulação e o desodorizador man-tém o ambiente livre de mau cheiro, possibilitando a menor proliferação de bactérias.

www.deca.com.br

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Deca

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RAin BiRD

A fabricante de equipamentos de irrigação apresentou o Tubo Gotejador XFS. Para uso enterrado, o tubo utiliza o tradicional Gotejador Auto Compensante – ideal para irrigar qualquer tipo de vegetação, como arbustos, árvores, sebes ou solos cobertos – com a adição da tecnologia patenteada Escudo de Cobre™, que protege o emissor contra a intrusão de raízes em aplicações enterradas. Otimiza a aplicação e raciona o uso da água em até 40%.

www.rainbird.com.br

HitACHi

Em busca de inovação, a empresa levou dois produtos para os visitantes: o Split Hi Wall Inverter R 410-A e o VRF Set Free. O primeiro é um sistema de ar-condicionado, desenvolvido na nova fábrica de Manaus, que possui um design inteligente que não interfere na decoração. Seu sistema ALL DC Inverter proporciona alto nível de eficiência e máxima economia de energia.

Já o VRF Set Free, é um sistema de climatização que possui estabilidade, confiabilidade e economia graças à alta eficiência dos compressores Scroll Inverter Hitachi. Evita o impacto no meio ambiente ao utilizar o fluido refrigerante amigável R-410A e tem um dos COPs mais altos do mercado para ambientes de pequeno, médio e grande porte.

www.hitachi.com.br

CEBRACE

Considerando o vidro o elemento de maior interação com o ambiente externo em um edifício, a Cebrace exibiu sua linha de produtos de altíssimo desempenho, o Cool Lite KNT e o Cool Lite SKN. O primeiro é um produto de proteção solar seletiva e temperável, produzido pela deposição de uma camada de óxidos metálicos por meio de pulverização a vácuo, realizada sobre o vidro transparente ou colorido. Oferece proteção solar, baixa emissividade e aparência neutra. O Cool Lite SKN, como um vidro de alta seletividade, combina performance com neutralidade e garante um desempenho 50% superior ao KNT. Quando utilizado como vidro duplo, isola termicamente até cinco vezes mais do que um vidro transparente monolítico.

www.cebrace.com.br

Otis

Com um conceito simples, sustentável e seguro, a Otis apresentou o elevador Gen2 Switch, que elimina a necessidade de energia elétrica trifásica, pois pode ser operado à energia solar, e utiliza tecnologia à bateria, segura durante falhas ou falta de energia elétrica. O elevador residencial também conta com a tecnologia regenerativa, que, em vez de consumir energia, devolve-a para utilização no edifício. Assim, necessita de 12 vezes menos potência do que um elevador comum e é até 75% mais eficiente.

www.otis.com.br

sky GARDEn

Em busca da elaboração de edificações mais amigáveis com o meio ambiente, foi apresentado o Sky Garden Biodiversidade, o telhado verde com vegetação nativa. Sua proposta é levar para cima dos prédios a biodiversidade perdida com a urbanização, trazendo biomas como a Mata Atlântica. São árvores, arbustos e epífitas de 300 a 400 quilos por metro quadrado, até 3,5 metros de altura e reservatório de água da chuva de 80 litros por metro quadrado.

www.skygarden.com.br

Foto: Divulgação Rain BirdFo

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Sky G

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Cebra

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LumiCEntER

A empresa apresentou a Linha FIT, que consiste em luminárias a LED com arremate sem bordas aparentes, o que permite que elas fiquem totalmente embutidas no forro, tornando a iluminação totalmente integrada à arquitetura. Produzidas em alumínio, estão disponíveis em duas variações de tamanho – 700lm, 1100lm ou 2000lm – e temperatura de cor de 3000K e 4000K.

www.lumicenter.com

HyDROnORtH

Com 32 anos de atuação, a empresa levou para a Expo GBC sua linha Ecopintura. O principal produto da linha, o Telhado Branco, proporciona conforto térmico ao reduzir a

temperatura interna da construção em até 5ºC, refletindo 90% do calor emitido pelos raios solares. Atende às normas nacionais da ABNT: NBR 13321 e possui a tecnologia Bio-Pruf™, que combate o crescimento de micro-organismos, como mofo, algas e bactérias em superfícies externas e internas, dando maior vida útil ao local em que foi aplicado.

www.hydronorth.com.br

EspEcialunivERsO tintAs

Pela terceira vez participando da Expo GBC, a Universo Tintas apresentou a Tinta Higiênica Universo, feita à base de água. É um produto ideal para ser utilizado na área interna de residências, escritórios e hospitais, ou qualquer local com grande circulação de pessoas, pois impede a proliferação de microrganismos no ambiente. Isto acontece porque o produto conta com uma tecnologia que desnatura a parede e a membrana celular destes seres, impedindo a sua divisão. Está disponível em três versões: látex acrílico, esmalte à base de água e epóxi à base de água.

www.universotintas.com.br

AuBiCOn

Criando novas possibilidades para pneus usados, a Aubicon levou à Expo GBC a Manta Acústica SoundSoft, fabricada com borracha de pneus reciclados, sendo 100% sustentável. Atendendo à Norma de Desempenho 15575-3 da ABNT, a manta funciona como um piso flutuante de sistema vibratório com amortecimento por meio do conceito “massa/mola/massa”.

O Impactsoft Play 50, piso ecológico feito com grânulos de borracha de pneu, é indicado para locais que não tenham contrapiso e áreas externas que precisam de alto nível de amortecimento contra impactos. Para a fabricação de cada 10 metros quadrados, são retirados 70 pneus do meio ambiente.

www.aubicon.com.br

QuADRO vivO

Com o objetivo de transformar as cidades em Oásis, a empresa lançou a linha Beija-flor, um serviço prime,

com composição artística assinada por Gica Mesiara, que contempla todos os produtos de telhados verdes e jardins verticais da Quadro Vivo. Possibilita ao cliente comprar um kit básico e incluir outros elementos, como irrigação automática, diversas plantas e substratos, no estilo “faça você mesmo”.

Outra novidade apresentada foi o Planta Certa, um software de consultoria botânica online. Por meio dele, o cliente pode questionar sobre o ambiente a ser feito o jardim vertical ou telhado verde. Os especialistas, então, indicam as espécies compatíveis e ideais para

o espaço e apontam os cuidados necessários à manutenção das plantas.

www.quadrovivo.com

miDEA CARRiER

A Carrier levou três produtos diferentes para a Expo GBC. O Carrier EcoSplit Inverter, tecnologia para sistemas de expansão direta que opera com um estagiamento com até seis compressores por sistema, o que eleva os padrões de eficiência no mercado, supe-rando em até 47% os níveis de eficiência da ASHRAE 90.1.

O Midea MDV4, que contempla condensadoras Super 100% Inverter, equipamentos com condensação a água, linha com recuperação de calor e condensadoras Mini, tem até 25% mais eficiência em relação aos modelos tradicionais.

Por último, o Carrier AquaForce, chiller com alto desempenho em cargas parciais, baixo custo operacional e área de instalação 30% menor na comparação com outros modelos. Utiliza gás refrigerante ecológico R-134a, livre de cloro e não tóxico, além de ser menos nocivo à camada de ozônio. A linha de trocadores Microchannel Novation® da Carrier reduz as cargas de refrigerante e aumenta a eficiência da troca de calor de forma considerável.

www.linhamidea.com.br

Foto: Divulgação Lumicenter

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Mostre para o mercado que a sua eMpresa faz parte da cadeia de construção sustentável

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RetRofit

Por Amanda Santana

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O som que ecoava por meio dos rádios na cidade maravilhosa na década de 1940 tinha um ponto de partida: o número 43 da Rua Venezuela, na região portuária carioca. Lá, estavam instalados os estúdios

da Rádio Tupi – hoje chamada Super Rádio Tupi –, fundada em 1935 por Assis Chateaubriand, sob a frequência 1280 AM. Anos depois, mais precisamente em 1951, no mesmo prédio foi inaugurada a TV Tupi, o canal 6.

O prédio, que recebeu diversos artistas nacionais e internacionais durante os programas, tem grande importância histórica, contudo, sofreu o desgaste do tempo. A região da cidade, durante anos, esteve em estado de degradação que vem sendo superado graças ao projeto de requalificação urbana Porto Maravilha. Nesse contexto de melhorias, diversos edifícios estão sendo recuperados e modernizados.

O Venezuela 43, erguido na década de 1930, no entanto, se antecipou. Depois de passar por um retrofit, nos anos 2011 e 2012, já está pronto e totalmente renovado. “O edifício está inserido em uma área em transformação. A região do porto passa neste momento por um grande processo de reurbanização, sendo que o retrofit do Venezuela 43, sem dúvida, agrega valor a esta mudança”, diz o engenheiro Wagner Oliveira, coordenador de pesquisa e desenvolvimento do Centro de Tecnologia de Edificações (CTE).

Arquitetura

Hoje, internamente adequado às demandas e aos valores atuais, o prédio manteve as características de sua identidade arquitetônica externamente, como a antiga fachada principal em estilo Art Déco. “Todas as fachadas ganharam novas janelas, que vão praticamente do chão ao teto, visando um ambiente clean e favorecido pelo day light”, diz o arquiteto Ruy Rezende, do escritório RRA - Ruy Rezende Arquitetura, responsável pelo projeto.

Destaquereconquistado

Área interna do prédio durante as obras de retrofit

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Ficha Técnica• Localização: Av. Venezuela, 43 - Região Portuária - Rio de Janeiro - RJ• Árealocável: 4.488 m² • Investimentototal:R$ 19 milhões• Datadefinalização: outubro de 2012 • Expectativadeconsumoanualdeenergia:706.535,43 kWh • Proprietário: São Carlos Empreendimentos e Participações• Arquitetura:RRA - Ruy Rezende Arquitetura • Projetosdeelétricaehidráulica: AQ Projetos de Instalações • Projetosdear-condicionado: Vetor Projetos • Luminotécnica:Senzi Luminotécnica• Paisagismo:RRA - Ruy Rezende Arquitetura• Consultoriadesustentabilidade: CTE - Centro de Tecnologia de Edificações• Construtora: Sinco Engenharia

Edifício Venezuela, que abrigou no passado a Rádio e TV Tupi, foi retrofitado e recebeu uma certificação ambiental

Fotos

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Vista do core do edifício

Infraestrutura• Númerodesalas: 14 • Númerodebanheiros: 42 • Númerodebaciassanitárias: 53• Númerodevagasnagaragem:14 vagas cobertas para veículos + 14 vagas para bicicletas

Proteção colocada na fachada para evitar impactos no entorno

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RetRofitA mudança na estrutura do core foi proposta pela equipe

de arquitetura, assim como o novo sistema de transporte vertical, o conjunto de banheiros, as áreas de serviço e as áreas técnicas. Essas alterações, segundo Ruy, adequaram a edificação às mais modernas soluções de tecnologia e garantiu aos novos usuários acessibilidade, segurança e todo o conforto das novas edificações Triple A.

Sustentabilidade

Cada passo dado no Venezuela 43 foi referenciado na certificação LEED, desde o projeto até a gestão da obra, para que o edifício conquistasse o selo expedido pelo United States Green Building Council (USGBC), em nível Gold. “Essa certificação foi escolhida porque representa elevado padrão de certificação para edifícios sustentáveis, de acordo com os critérios específicos de racionalização de recursos naturais atendidos por um edifício inteligente”, afirma Fabio Itikawa, diretor de relação com investidores da São Carlos Empreendimentos e Participações, empresa de investimentos e administração de imóveis comerciais, proprietária do prédio.

Pensando na sustentabilidade do edifício, foi elaborado um projeto eficiente de iluminação e reúso de água e um jardim no terraço, além de implantados um bicicletário e vestiário para incentivo da locomoção dos usuários por bicicletas. Mas para o arquiteto Ruy Rezende, os pontos positivos desse projeto vão além das intervenções realizadas. “A própria recuperação de um edifício reafirma o conceito de sustentabilidade, pois, além do benefício social, não se descarta a energia e os materiais já gastos na primeira construção”, opina.

Já do lado de fora do edifício é possível notar a fachada composta por vidros maiores e com alta eficiência energética, que permitem baixa transmissão de radiação solar para o ambiente interior e favorecem a entrada de luz natural. Para complementar a iluminação do prédio, lâmpadas de alta eficiência (T5) foram instaladas, proporcionando economia de energia, bem como o equilíbrio entre conforto visual e nível de iluminância.

Já o sistema de ar-condicionado funcionará por meio do “sistema Variable Refrigerant Flow (VRF) eficiente, com

drivers de frequência variável nos compressores elétricos das unidades condensadoras, modulando a expansão do refrigerante de acordo com a demanda da temperatura na zona climática, contribuindo para a eficiência energética do sistema”, conforme explica Wagner, do CTE.

Equipamentos com sensores de presença e restritores de vazão constante, além de descargas sanitárias com sistema de duplo acionamento, ajudam na economia de água. O uso de água não potável no abastecimento das descargas e do sistema de irrigação também contribui nesse sentido. Isso é possível devido ao sistema de tratamento que capta a água da chuva e a água condensada do sistema de ar-condicionado.

A sustentabilidade do edifício também é percebida na preocupação com a inserção de uma área verde, que soma mais de 180 metros quadrados na cobertura do edifício e pode ser acessada pelos ocupantes.

Fase de obra

Recuperar os 4.488 metros quadrados do edifício para locação exigiu um investimento de R$ 19 milhões, sendo que aproximadamente R$ 600 mil foi destinado à adequação do prédio para receber a certificação LEED, de acordo com Fabio Itikawa, da São Carlos. Ele conta que o imóvel foi adquirido por R$ 6 milhões e ao final da obra, antes mesmo de receber o selo LEED, foi avaliado em R$ 35 milhões. “O projeto de retrofit promoveu a modernização estrutural da edificação, alinhada aos padrões econômicos, sociais, estéticos e ambientais da sociedade contemporânea”, ressalta Ruy Rezende.

Além de todo este investimento financeiro, foram necessários 22 meses de obras para que o projeto fosse concluído. De janeiro de 2011 a outubro de 2012, diversos profissionais participaram do processo. A principal adversidade, segundo o arquiteto da RRA, foi a falta de informações sobre o prédio existente. “Isso nos levou praticamente a um projeto correndo um pouco à frente da obra, na medida da permanente descoberta durante a fase de demolições, embora tendo sido realizadas diversas prospecções preliminares”, conta.

Executar a obra mantendo um canteiro limpo e seguro era o objetivo desde o início, contudo, foram encontradas dificul-dades para isso devido ao espaço disponível. “Com o espaço

= alcançado o índice de 93% de reutilização

Gestão de Resíduos

5.000 m³ de resíduos

= 1,7 mil caçambas de lixo = 1 caçamba por dia ]

770 m³ de madeiras reaproveitadas

Meta de 75% dos resíduos destinados à indústria da reciclagem ]

57% de redução de água para dispositivos sanitários

100% de redução de água potável para irrigação do paisagismo

15% do custo anual de energia

economia estimada

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exíguo, entre três ruas, praticamente sem área externa, a gestão do canteiro desafiou arquitetos, engenheiros e ope-rários. Sem local para armazenamento, a entrada e a saída de materiais precisaram ser meticulosamente controladas para evitar o risco da formação de estoques e desperdícios”, conta o arquiteto Ruy Rezende.

Como praticamente toda a edificação foi mantida, uma das etapas que gerou maior volume de entulho foi a demolição do auditório da antiga Rádio Tupi, que tinha capacidade para 1.500 pessoas sentadas. Isso foi necessário para que o espaço desse lugar aos últimos três pavimentos da atual construção.

Esses resíduos, assim como os equipamentos reti-rados para substituição, foram enviados para reciclagem ou reaproveitamento. A obra gerou mais de 5 mil metros cúbicos de resíduos, o equivalente a 1,7 mil caçambas de lixo, uma caçamba por dia. Só de madeiras, 770 metros cúbicos foram reaproveitados. Segundo Ruy Rezende,

a meta de destinar 75% dos resíduos à indústria da reciclagem foi superada, alcançando o índice de 93% de reutilização. A coleta seletiva, com a separação de madeira, aço, plástico e entulho, facilitou a destinação do material para a indústria da reciclagem. O processo de gestão de resíduos foi documentado e monitorado pelo CTE. Com isso, foi possível o controle total dos resíduos retirados, com frete e destinos conhecidos.

Uma das características de um retrofit é a economia de recursos naturais que seriam utilizados para construção das estruturas que foram mantidas. No caso do Venezuela 43, é esperada também a redução de 57% de água para disposi-tivos sanitários e 100% para irrigação do paisagismo, além de economia de 15% do custo anual de energia, durante o uso do prédio. Mas, além da redução dos custos operacionais para os usuários, será proporcionado um ambiente de trabalho mais saudável e responsável. GB

A própria recuperação de um edifício reafirma o conceito de sustentabilidade, pois, além do benefício social, não se descarta a energia e os materiais já gastos na primeira construção” Ruy Rezende, arquiteto do escritório RRA“

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cidade de São Paulo há tempos é a capital brasileira dos negócios, da gastronomia e da moda. Com

o passar dos anos tornou-se, também, a capital da construção sustentável no País. Nesse cenário, a cidade obteve, este ano, destaque para mais um de seus pontos altos e foi reconhecida como principal polo de empreendimentos sus-tentáveis da América Latina.

De acordo com números divulgados pelo Green Building Council (GBC) Brasil, mais de 11% dos 1.765 empre-endimentos que foram registrados na América Latina em busca do selo LEED estão localizados na capital paulista. Já os números de empreendi-mentos certificados pela instituição, mostram um resultado ainda mais representativo: das 254 construções certificadas em toda a América Latina, 18% estão em São Paulo. O mesmo levantamento aponta uma liderança ainda maior dentro do País. Desde o início da certificação LEED no Brasil, foram registrados 769 empre-endimentos, dos quais 195 estão loca-lizados na capital, o que corresponde a 25% das construções cadastradas. Em relação ao número de empreendi-mentos que já obtiveram o selo LEED, considerando dados coletados até o mês de julho deste ano, no País somam-se 109 construções certifi-cadas, sendo que 43% estão na cidade.

O número de projetos certificados no País cresceu expressivamente, regis-trando nos primeiros meses de 2013 um aumento de 16% em relação ao mesmo período do ano passado. Diante desse

GBC Brasil

Marcos CasadoEngenheiro civil, especialista na certificação de Green Building pelo sistema LEED do USGBC, e, atualmente, diretor técnico do GBC Brasil (Green Building Council Brasil).www.gbcbrasil.org.br(11) 4191-7805

Foto:

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São Paulo é a capital líder em construções sustentáveis na América LatinaCom 195 empreendimentos em processo de certificação e 47 certificados com o selo LEED, a cidade impulsiona o setor na região

cenário, o Brasil vem se destacando mundialmente e, este ano, subiu mais um degrau rumo à liderança mundial em construções sustentáveis. Atual-mente, o País já ocupa o quarto lugar no ranking mundial de construções verdes e vislumbra atingir o terceiro lugar até o final deste ano, o que signi-ficaria ultrapassar os Emirados Árabes e ficar atrás apenas dos EUA e da China.

Os números da capital paulista são representativos devido ao tamanho do seu mercado imobiliário, mas poderiam ser ainda maiores se houvesse, em São Paulo, os mesmos incentivos de legis-lações voltadas à construção susten-tável que ocorrem no Rio de Janeiro, cidade que hoje se destaca no mercado por ações de estímulo.

Com o objetivo de fortalecer cada dia mais as cidades sustentáveis, o GBC Brasil, em parceria com a UNICID e o INBEC, lançou um novo curso de MBA em Cidades, Bairros e Condomínios Sustentáveis, que visa preparar profis-sionais e gestores públicos nas áreas de planejamento, desenvolvimento, projeto e gestão urbana para promo-verem soluções e iniciativas voltadas ao crescimento sustentável das cidades.

Um dos desafios deste século, não apenas para as grandes cidades, mas também para as médias e pequenas, é o planejamento apropriado para o desenvolvimento urbano, de forma que ele seja sustentável, proporcio-nando a geração de riqueza e qualidade de vida aos habitantes. É, portanto, a vez e a hora de projetarmos cidades para as pessoas que nelas vivem. GB

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Caso I – certificado

PROJETO: Curitiba Office Park

A primeira certificação LEED Silver da cidade mais sustentável do PaísOffice Park

consolida curitiba

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Por Redação

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Curitiba, a quarta cidade mais rica do Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é considerada também a mais sustentável do País. Uma prova disso são os

prêmios e as citações internacionais em seu currículo verde. Em 2010, a capital paranaense conquistou o Global Sustainable City Award, prêmio mundial conferido para as cidades que se notabilizam em planejamento urbano. Entre as muitas justificativas para o prêmio, estava a de que Curitiba incentiva o retrofit de edifícios, ajudando a manter o patrimônio cultural e histórico da cidade, além de evitar resíduos de construções.

Em 2012, Curitiba foi citada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) como modelo de economia verde. A cidade foi apontada como referência em sustentabilidade urbana, transporte e meio ambiente. Entre tantas premiações, também não

deixa a desejar em construções sustentáveis. Assim surgiu o Curitiba Office Park.

O empreendimento recebeu a primeira certificação LEED Core & Shell - CS em nível Silver do Paraná, em 2011, após a construção da Torre Central, finalizada em 2009 ao custo de R$ 28 milhões. Agora, com a cons-trução da Torre Norte, orçada em R$ 39 milhões, que ficará pronta em fevereiro de 2014, os proprietários, BP Empreendimentos Imobiliários e Top Imóveis, buscam a segunda certificação, desta vez no nível Gold.

Para Antonio Macêdo Filho, gerente sênior de green building da Cushman e Wakefield, a conquista do primeiro LEED para Curitiba “é uma evidência clara de que a sustentabilidade é um caminho sem volta

Ficha Técnica

• Localização: BR 116 X João Marchesini - Curitiba - PR

• Áreatotalconstruída:Torre Central - 14.989 m²

Torre Norte - 24.266 m²

• Investimentototalestimado: Torre Central - R$ 28 milhões

Torre Norte - R$ 39 milhões

• Datadefinalização: Torre Central - Maio de 2009

Torre Norte - Fevereiro de 2014

• Proprietárias: BP Empreendimentos Imobiliários e Top Imóveis

• Consultoriadesustentabilidade:Cushman & Wakefield

• Construtora:Thá Engenharia

• Arquitetura:Baggio Schiavon Arquitetura

• Projetosdehidráulicaeelétrica:Jaguarê Projetos

• Projetosdear-condicionado:Michelena Climatização

• Luminotécnica:Conforto Visual

• Paisagismo:Felipe Reichmann Paisagismo

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e a evolução nos processos proporcionada por um primeiro empreendimento certificado permanece e se incorpora na prática diária de muitos dos envolvidos, incluindo proprietários e projetistas”.

A arquiteta Paula Fraiz Morais, da Baggio Schiavon, empresa responsável pelo projeto arquitetônico do empreendimento, diz compreender que a redução do impacto ambiental é uma responsabilidade dos profissionais do setor da construção civil. Por isso, desde o início, o projeto foi pensado sustentavelmente, incluindo sua localização.

Instalado no centro do Tecnoparque de Curitiba – polo que reúne empresas de diferentes setores e pretende alavancar o desenvolvimento da tecnologia de ponta, além de revitalizar as regiões envolvidas – o Office Park tem acesso à Linha Verde, projeto ainda em acabamento, por meio do qual é possível acessar 22 bairros da cidade usando transporte público. Ali há, ainda, espaços verdes para pedestres e ciclovia.

Porém, como a Torre Central inovou e foi pioneira na cidade, não foi fácil concluir o projeto. Lucélia Fernandes Monteiro, gerente de Operações da BP Empreendimentos Imobiliários, lembra que o maior desafio foi conscientizar todos os envolvidos no projeto da certificação. O aprendizado foi lento: “Durante o período de execução das obras, vários aspectos tiveram de ser amplamente discutidos pela nossa equipe técnica em conjunto com a Cushman & Wakefield, com o objetivo de buscar soluções e superar os obstáculos. Nossa maior preocupação foi o processo de submissão junto ao United States Green Building Council (USGBC), pois em alguns momentos fomos questionados a respeito dos sistemas e das soluções adotadas antes, durante e depois da conclusão da obra.”

Além disso, a arquiteta Paula Morais diz que encontrar produtos e materiais com a certificação que garantiriam as solicitações do selo LEED foi uma grande dificuldade. À época, em 2007, poucos projetos tinham esta demanda, por isso, poucas empresas garantiam a qualidade dos produtos. Contudo, segundo dados do GBC Brasil, hoje os prédios verdes já são quase metade dos lançamentos comerciais em Curitiba (48,3%), e isso deixou de ser um problema para o mercado de construção civil local.

Lucélia conta que o custo adicional da construção sustentável foi de 8%, mas o retorno do investimento é certo. “O retorno se dará com a valorização do imóvel ao longo dos anos e, por se tratar de um empreendimento certificado, continuará sendo moderno por muito tempo”, afirma. A gerente de Operações da BP Empreendimentos Imobiliários se refere

Caso I – certificado

ao fato de que o prédio leva conforto e bem-estar, foi pensado nos aspectos de iluminação, ar-condicionado, qualidade interna do ar e na vista externa, que é levada para quase a totalidade dos espaços ocupados.

Tanto na Torre Central quanto na futura Torre Norte, a arquiteta Paula Morais conta que a Baggio Schiavon preocupou-se em levar iluminação natural e a climatização do ambiente com vidros de alta performance energética, que minimizam a troca de energia externa com o ambiente interno.

Racionalização no consumo Para a racionalização de água na Torre Central, utilizou-se o

reaproveitamento de águas residuais, as chamadas águas cinzas, para o abastecimento dos vasos sanitários e mictórios, que também têm seu uso racionalizado devido à utilização de equi-pamentos elétricos e hidráulicos com alto rendimento – descarga dual-flush, torneiras Presmatic e redutores de pressão.

A captação da água da chuva reduziu em 100% o consumo de água potável que seria utilizada para rega do jardim e limpeza das áreas comuns. Espera-se economia de 30% em relação ao consumo de um edifício convencional, aponta Lucélia.

Para reduzir o uso de energia e aumentar a sua eficiência, os sistemas hidráulico e energético do prédio serão controlados pelo sistema Buildings Management System (BMS), que monitora os níveis de água nos reservatórios e em todos os pontos de energia elétrica no prédio 24 horas por dia. Junto com o sistema Variable Refrigerant Flow (VRF) de ar-condicionado e os vidros refletivos de alto desempenho, os ocupantes terão uma sensação de temperatura sempre agradável, com redução da variação térmica. Estima-se uma economia de 19% no consumo de energia elétrica.

77,33 kWh ano/m2> 1.159.202 kWh anoExpectativa de consumo anual de energia ]

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Aviso de incentivo aos colaboradores

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DesenvolvimentoTanto Lucélia Monteiro quanto

Paula Morais afirmam que, durante a construção do empreendimento, houve grande preocupação em inter-ferir o mínimo possível no dia a dia da região e no seu entorno, o que amplia a sustentabilidade dentro de um can-teiro de obras. As medidas básicas tomadas para que isso não acon-tecesse foram: lavagem de pneus dos caminhões que transitavam no canteiro de obras, reduzindo a con-dução de resíduos para a malha viária e consequente obstrução de cursos d’água e galerias pluviais; limpeza da área externa ao empreendimento; cuidados com a iluminação externa – ou seja, menos poluição luminosa; e implantação de calçadas com super-fícies com alto índice de reflexão solar que reduzem o efeito ilha de calor.

Já para evitar desperdícios, impro-visações e impactos ambientais no canteiro da construção, 57% dos materiais utilizados foram comprados em um raio de, aproximadamente, 800 quilômetros, o que contribui para o crescimento do empreen-dedor regional, reduz o percurso de transporte e, consequentemente, a emissão de gás carbônico (CO2).

A capital do Paraná se mostrou pioneira no País ao disponibilizar ônibus elétricos para transporte público coletivo. Estão em ope-ração 30 veículos híbridos, que são movidos por dois motores, um abastecido por energia elétrica e outro por biodiesel.

Em estudos técnicos, esses ônibus demostraram consumir 35% menos combustível, reduzir 35% a emissão de gás carbônico e diminuir 80% de óxido de nitrogênio e 89% de fumaça, com relação a veículos a diesel.

Mobilidade sustentáveleM Curitiba

Foi desenvolvido um Plano de Gestão de Resíduos, que projetou o envio de 85% das sobras de materiais como aço, alumínio, vidro e papelão para reciclagem. Durante a obra, o terreno exigiu o controle de sedimen-tação e erosão, esse último dominado principalmente com a cobertura dos taludes com lona plástica.

Por último, para diminuir o trânsito e a emissão de CO2 em Curitiba, o estacionamento, com 488 vagas, tem espaços exclusivos para moto-ristas que optam por dar carona aos colegas. Além disso, um bicicletário com estrutura de vestiários permite conforto aos trabalhadores que optam por este meio de transporte.

Torre NorteApesar de ainda não estar pronta,

o diretor da Top Imóveis, Eduardo Schulman, explica como será o funcionamento da Torre Norte do complexo. Segundo ele, “uma das preocupações das empresas corpo-rativas é a flexibilidade, uma vez que estão sempre sujeitas a mudanças para adaptação de layout”. Devido a esse motivo, todos os espaços da segunda torre serão equipados com piso elevado em placas com 15 cen-tímetros de altura, forro em placas modulares, luminárias móveis e grelhas de ar-condicionado com ter-minais flexíveis. Tais características permitem uma mudança rápida e efi-ciente, sem ruídos ou sujeira.

A edificação também apresenta algumas características pouco vistas, como as dimensões da laje: cada um dos quatro pavimentos tem 2.410 metros quadrados de área privativa, o equivalente a dez quadras de tênis, o suficiente para abrigar 400 postos de trabalho. Eduardo complementa dizendo que a circulação será feita por elevadores de última geração, além de uma inovadora e confortável escada central que agrega praticidade e beleza ao futuro edifício. GB

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PROJETO: Tetum

Um espaço

inspirar

Caso II - em certificação

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Por RedaçãoA Tetum está prestes a inaugurar sua nova loja em Belo Horizonte e quer ser exemplo de sustentabilidade na capital

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Não são só as delícias culinárias e os costumes culturais de Minas Gerais que caracterizam esse Estado do sudeste do País. Elementos rústicos nos ambientes, rodeados por um clima caipira, também são marcas

fortes do estilo mineiro. Com influências do interior do Estado, a decoração mineira se caracteriza por ser simples, confortável e acolhedora.

é na capital mineira que está sendo construída a matriz de uma loja de varejo que contribuirá para que móveis e itens de decoração típicos estejam à disposição da população: a Tetum. Mas, além da nova loja ter ares mineiros, a sua conduta construtiva é bastante moderna e, o melhor, sustentável.

O interesse em usar uma estrutura metálica, devido à sua agilidade de montagem, praticidade e possibilidade de vencer grandes vãos facilmente, fez com que o projeto arquitetônico pensasse em dois grandes galpões, interligados por uma passarela de vidro. Contudo, os projetistas encontraram como desafio a implantação da estrutura sem interferir nas grandes árvores existentes no terreno, pois a manutenção delas foi uma das exigências iniciais da proprietária, Sandra Corrêa. “Eu sempre gostei de plantas, sempre gostei de colocar as mãos na terra. Essa minha paixão pela natureza me levou a fazer questão absoluta da preservação das árvores existentes no terreno. Sustentabilidade é algo de dentro para fora, e não o contrário”, conta.

Para superar esse obstáculo, foram construídos mais de 12 metros de altura de contenção para a preservação das três árvores originais do terreno, entre elas um ipê amarelo.

SustentabilidadeOs traços sustentáveis do projeto surgiram naturalmente, mas só

ficaram evidenciados na fase executiva. No momento em que o potencial para a certificação ambiental foi percebido, a equipe de arquitetura buscou orientação com uma consultoria do setor. A Ecoconstruct Brazil, consultoria de sustentabilidade, confirmou esse potencial para a busca do selo LEED. “Percebemos que um projeto ‘bem intencionado’ já nasce com os pré-requisitos necessários para se tornar um projeto sustentável. Basta depois uma boa assessoria, aparando as arestas e orientando corretamente”, conta Eduarda Côrrea, arquiteta responsável pelo projeto.

A engenheira Cristiane Silveira de Lacerda, diretora geral da Ecoconstruct Brazil, conta que a sustentabilidade do projeto foi sendo consolidada a cada reunião, mantendo o que já havia de positivo. “Colocamos luz sobre as características naturais do empreendimento e pensamos a certificação sem perder de vista o equilíbrio entre o investimento realizado e os benefícios de operação e manutenção”, diz.

A certificação de lojas de varejo ainda é pouco comum, em Minas Gerais o projeto da Tetum é o primeiro em andamento. A categoria LEED New Construction – NC RETAIL – v2009 é o objetivo da consultoria e, de acordo com Cristiane Lacerda, o projeto está na segunda fase do processo de certificação, que corresponde à coleta e preparação de documentos da fase de construção.

Cristiane ainda ressalta que é muito importante a sensibilização dos clientes sobre a viabilidade e a efetividade da certificação de susten-tabilidade construtiva e suas contribuições para a redução dos custos

Ficha Técnica• Localização: Rua Grão Mogol, 678

Belo Horizonte - MG• Área: 1.779,73 m2

• Investimentototalestimado:R$ 6 milhões• Datadefinalização:novembro de 2013• Arquitetura: Escritório Eduarda Corrêa Arquitetura • Projetosdeelétricaehidráulica:Effatá Projetos

e Soluções Integradas• Comissionamento:Comis Engenharia• Luminotécnica: Studio IX• Responsáveispelopaisagismo: Droysen Tomich e

Rubens Haddad• Consultoriadesustentabilidade: Ecoconstruct Brazil• Construtoraegerenciadoradaobra:Construtora

Kaquende

InfRaestRutuRa• númerodeelevadores: 1• númerodebanheiros:2 para clientes (também

para uso de pessoas portadoras de necessidades especiais), 2 para funcionários (tipo vestiário) e 1 para a diretoria

• númerodevagasnagaragem:19 vagas cobertas

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de operação e manutenção de empreendimentos. “Um ponto importante é o alinhamento estratégico empresarial às causas da sustentabilidade. A certificação confere licença poética às iniciativas que agregam valor à marca, muitas vezes ainda intangíveis para a organização e que apenas a experiência poderá materializar os inúmeros benefícios”, explica a engenheira.

ObraPreparar uma equipe para enfrentar 20 meses de obras

foi uma empreitada necessária e que coube à Construtora Kaquende. Como as técnicas ainda estão em expansão no País, a capacitação dos profissionais que atuaram no canteiro de obras foi fundamental e exigiu uma mudança, primeiramente, na visão de mundo em relação à preservação do meio ambiente. O engenheiro Luiz Eduardo Coelho Batista, diretor presidente da Construtora Kaquende, conta como foi a experiência que presenciou: “Essa obra mudou a cabeça dos funcionários, para que percebessem a importância do reaproveitamento, da limpeza e da reciclagem. Você vê que dá para fazer, é só incentivar o pessoal para trabalhar junto. Todos que entram no canteiro hoje elogiam a limpeza e organização.”

A consultoria ambiental foi a responsável pela preparação dessa equipe e para isso realizou treinamentos. “A turma abraçou rápido a ideia. E a presença diária da Elizangêla Lacerda, nossa agente LEED e técnica de segurança, no canteiro foi também essencial na sensibilização e implementação das estratégias sustentáveis”, conta Luiz Eduardo.

Parte do treinamento com os profissionais tinha como objetivo a gestão de resíduos durante a obra, compreendendo as etapas de segregação e destinação adequadas. Houve a preocupação de trabalhar apenas com empresas licenciadas e realizar o rastreamento por Controle de Transporte de Resíduos (CTR).

Com isso, foi facilitado o reaproveitamento dos materiais (que estavam organizados) e a manutenção da limpeza do local. “Os investimentos são mínimos, podemos dizer apenas organizacionais. O maior se dá em estruturação da gestão e em mudanças de hábitos, além das necessárias quebras de paradigmas”, explica a engenheira da Ecoconstruct. Nesse quesito, as baias para a separação dos materiais e o reaproveitamento da ferragem foram fundamentais.

Além da gestão dos resíduos, outras ações sustentáveis estão sendo realizadas durante a obra, como a gestão da qualidade interna do ar. Para isso, os cuidados são: a varrição umidificada; o armazenamento de materiais em pallets; a proibição do fumo no canteiro; a limpeza dos pneus dos carros, caminhões e equipamentos; a proteção dos solos expostos e o uso de bandejas plásticas para evitar a contaminação por vazamento de óleo por parte dos equipamentos.

Escolha de materiaisComo as bases da construção da loja foram erguidas por

meio de um processo de industrialização, que incluiu a estrutura metálica e as lajes em Steel Deck – compostas por uma telha de aço galvanizado e uma camada de concreto –, foi possível a mitigação de desperdícios e maior organização no canteiro.

A busca por materiais que causam menor impacto no meio ambiente foi uma das preocupações da construtora. Por isso, foram usados cimento com escória de alto forno (que emite menos gás carbônico); tintas, selantes, vernizes, colas e adesivos com baixo teor de Compostos Orgânicos Voláteis (COVs) e madeiras com selo do Forest Stewardship Council (FSC).

Mas comprar esses materiais não foi uma tarefa fácil. O diretor presidente da Construtora Kaquende conta que a maior dificuldade encontrada foi no contato com os fornecedores para o envio das licenças ambientais e informações técnicas, pois não detinham o hábito de atendimento a esse tipo de exigência. “A insistência para a solução das necessidades tem sido o nosso caminho a fim de viabilizarmos o atendimento aos créditos e a desejada sustentabilidade do empreendimento”, afirma.

A priorização da aquisição de materiais regionais também é um requisito importante para a certificação ambiental, por isso materiais como aço, massa pronta, cimento e tijolos foram comprados próximo ao canteiro de obras, o que também incentivou o desenvolvimento da economia local.

Economia de recursos naturaisVisando à economia de água, foram instalados torneiras e

equipamentos economizadores, como arejadores e válvulas duplo fluxo, nos banheiros e na cozinha, além da coleta de água da chuva para a irrigação do paisagismo.

Caso II - em certificação

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Já a busca por eficiência energética, foi favorecida pela arquitetura da loja, que trouxe aberturas para a utilização da iluminação natural em grande parte do período de funcionamento da loja, como a passarela de vidro que une os dois módulos de estrutura metálica. Contudo, para que a entrada de luz seja favorecida sem prejudicar o conforto térmico dos ambientes, serão utilizados vidros de eficiência energética, que bloqueiam até 70% a incidência do calor. Revestimentos minerais nas fachadas, que permitem a evaporação da umidade e melhoram a troca de calor, também contribuem para o conforto térmico.

Talvez a característica mais importante desse projeto, pensando em eficiência energética, seja a ausência de aparelhos de ar-condicionado, grandes vilões do consumo de energia. Isso será possível graças ao recurso de ventilação cruzada, proporcionado pelas aberturas laterais voltadas para os jardins.

Dia a dia sustentávelPara que a rotina dos colaboradores e clientes seja

também sustentável, outros itens foram implantados, como o bicicletário, o kit de emergência para manutenção de bicicletas, vagas preferenciais para veículos com combustível eficiente e de baixa emissão, coleta seletiva de resíduos e comunicação para a gestão ambiental.

Uma construção sustentável traz inúmeros benefícios para o proprietário e os operadores de um edifício, e, sem dúvida, possibilita muito aprendizado. Em outros casos, serve também como exemplo. “Excelência não é algo res-trito às empresas grandes, multinacionais. Envolve, princi-palmente, pessoas ousadas, comprometidas e capacitadas. Não podemos e não devemos apequenar a vida e a nós mesmos. A tecnologia está aí para todos, basta saber lançar mão, com responsabilidade, cuidado e coerência”, ressalta a engenheira Cristiane Silveira de Lacerda, da Ecoconstruct. GB

Um projeto ‘bem intencionado’ já nasce com os pré-requisitos necessários para se tornar um projeto sustentável. Basta depois uma boa assessoria, aparando as arestas e orientando corretamente”Eduarda Côrrea, arquiteta do escritório Eduarda Côrrea Arquitetura“

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Por Redação

PROJETO: RecNov

Complexo de estúdios de novela preza pelo conforto e bem-estar dos usuários

Caso III - certificado

Novelas são consideradas uma das formas de entretenimento preferidas dos brasileiros. Comentários em casa, no trabalho e nas ruas fazem parte do nosso dia a dia. Para uma novela de sucesso, não é somente a trama que precisa ser bem feita. Um estúdio de gravação moderno e de qualidade

também é necessário. Por isso, a Rede Record resolveu inovar no RecNov, como é chamado o polo de tele-

dramaturgia da emissora, localizado em uma área com cerca de 260 mil metros quadrados no Rio de Janeiro,

e buscar uma certificação ambiental.

O núcleo conta com dez estúdios para a produção de conteúdo audiovisual, o que torna possível a

produção simultânea de seis telenovelas. É considerado o segundo maior polo de teledramaturgia da América

Latina, com 2.500 funcionários. Dos dez estúdios, dois foram certificados.

da sustentabilidadeRecord na era

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Ficha Técnica:• Localização:Estrada dos Bandeirantes, 23.505

Jacarepaguá - RJ• Áreadoterreno:258.634,73 m²• Datadefinalização: outubro de 2010• Proprietária: Rede Record• Projeto: Edo Rocha Arquitetura e Planejamento• Estruturas:EGT Engenharia / Precon e Projetec• Luminotécnica: Godoy Luminotécnica• Confortoambiental: Waytech• Paisagismo: EKF Arquiteta Paisagista• Consultoriadesustentabilidade:Grupo Sustentax• Construtora: Efer Construtores Associados

Foto:

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A empresa empenhou-se ao máximo para realizar um projeto certificado e ambientalmente correto, pois, para Paola Peterle Figueiredo, diretora do Grupo Sustentax, consultoria para certi-ficações sustentáveis, “por se tratar do Rio de Janeiro (cidade que vem aumentando o número de edificações LEED), nos vimos na obrigação de fazer um projeto que se enquadrasse com todos os empreendimentos da região”.

A Record contratou a Edo Rocha Arquitetura e Planejamento para realizar um projeto que atendesse à demanda de fluxo de infor-mações, pessoas e materiais de forma eficiente, com a perspectiva de expansão em médio prazo. Assim, o projeto foi elaborado com base em três conceitos: otimização do sistema operacional, melhoria do ambiente de trabalho e respeito e integração com o meio ambiente.

O empreendimento foi certificado na categoria New Construction - NC com o LEED Gold após a construção e implementação total. Os ambientes de trabalho foram elaborados para garantir conforto, qualidade e satisfação aos usuários por meio de “espaços integrados com a natureza, sombreamento por meio de elementos de fachada, controle e individualização do sistema de iluminação, plano de gerenciamento de qualidade interna do ar, instalação do fumódromo distante das entradas e o contato visual sempre que possível com a paisagem”, descreve Arnaldo Lima, gerente de projetos e obras da Edo Rocha.

As fachadas foram concebidas por volumes de alturas e trata-mentos arquitetônicos diferenciados, segundo Arnaldo Lima, “de modo a destacar os edifícios e possibilitar leituras e sensações dife-rentes conforme cada ângulo de visão”. Por se tratar de uma rede complexa de comunicação, mídia e TV, os sistemas complementares garantem grande eficiência e segurança.

A construçãoO RecNov começou a ser erguido em novembro de 2008 e foi

concluído em outubro de 2010. Para Rubens de Sousa Coelho, super-visor de obras da Efer Construtores Associados, construtora res-ponsável, o maior desafio para a obra foi a obtenção de materiais e a parceria com fornecedores que atendessem aos critérios do LEED. Para contornar essa dificuldade, foi preciso orientar os fornecedores e afirmar o compromisso com o objetivo desejado.

Essa dificuldade é relatada também por Paola Peterle, da Sustentax: “No processo, por ser a primeira certificação de vários agentes envolvidos, tivemos dificuldades na obtenção das características e dos certificados de certos produtos e no comprometimento de alguns fornecedores e terceirizados, que não respeitavam os princípios apresentados”, conta. Problemas como esses dificultam o controle de materiais empregados nas obras, o que pode acarretar a perda de alguns pontos do LEED.

Coelho, da Efer, destaca o alto desempenho construtivo como um diferencial no empreendimento, que se distinguiu por meio da otimização e redução dos custos de manutenção e operação na pós-construção. Os sistemas adotados foram o pré-moldado

Recnov em númeRos• 78% dos resíduos da obra foram enviados à

reciclagem com o objetivo de desviá-los de aterros sanitários, incineração ou depósito de lixo. Retorno do material reciclável ao pro-cesso de manufatura como matéria-prima;

• 14% do custo de material de obra foi gasto na aquisição de produtos manufaturados com conteúdo reciclado para auxiliar na re-dução dos impactos resultantes da extração e do processamento de matérias-primas;

• 57% do custo de material de obra foi gasto com produto extraído, manufaturado, ou reciclado dentro de um raio de 800 km de distância do local da obra, incentivando o crescimento da economia regional e redu-zindo impactos ambientais resultantes do transporte;

• 2,7% do total de material utilizado na obra veio de produtos rapidamente renováveis, ou seja, com ciclo de manejo florestal igual ou menor a dez anos, para minimizar o im-pacto no ecossistema e reduzir o apelo aos produtos de ciclo de cultura longo;

• 100% das madeiras instaladas permanente-mente na construção provêm de florestas certificadas pelo selo FSC.

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e as estruturas metálicas, que visam à otimização do tempo de obra, redução de resíduos, baixa interferência nas atividades que estão em andamento e racionalização das instalações e baixo custo, além da qualidade estrutural.

As outras ações sustentáveis, segundo ele, englobam:

• treinamento dos funcionários da obra para a melhor utilização das soluções adotadas;

• construção de uma Central de Resíduos;

• coleta seletiva de resíduos;

• controle de poeira por meio da aspersão da água de reúso;

• controle de erosão e sedimentação.

Bem-estar internoTodo o conjunto foi pensado para garantir o conforto dos

ocupantes da forma mais eficiente possível. Primeiramente, foram adotados produtos que possuem baixos níveis de Compostos Orgânicos Voláteis (COVs) e práticas de manutenção da qualidade do ar durante a construção. Também foram inseridas no processo diretrizes que previnem a existência de materiais particulados em suspensão, que são os poluentes constituídos de poeiras e fumaças com fontes de emissão, como carros, processos industriais e processos de combustão, entre outros. Ainda foi introduzido um controle individual da temperatura em 56% das estações de trabalho.

Pedro Luiz de Freitas, gerente de infraestrutura da Rede Record, explica que questões de localização e a preocupação com o entorno foram essenciais. “Foi importante a implantação do empreendimento dentro de um raio de desenvolvimento que permita ao usuário o acesso a serviços básicos no entorno, bem como a criação de vagas preferenciais para veículos com baixa emissão de carbono, instalação de bicicletário e pavimentação que reduz o efeito ilha de calor”, diz.

O projeto paisagístico foi pensado para transmitir, segundo Paola Peterle, “fluidez e conforto, respeitando as caracterís-ticas da região, sensação térmica agradável e gerar algumas sombras em espaços de convívio”, tudo integrado com o jardim filtrante do tratamento de esgotos e com o lago de reúso de água, lugar onde é possível a contemplação de peixes e aves nativas da região. Um bom projeto paisagístico ajuda a garantir que as mudanças no terreno não prejudiquem o ciclo ambiental local e medidas simples, como uma vegetação nativa com o regime de regas substituído pelas chuvas, tomadas no projeto do RecNov, ajudam a manter uma bela paisagem.

Economia de recursosPara proporcionar o menor consumo de energia,

a principal característica buscada foi a relação com a luz natural, ou seja, a busca pela melhor posição do prédio

em relação ao nascer do sol. Foram utilizados brises de alumínio, que possuem baixa emissão de calor, fixados em estruturas metálicas leves para otimização da refrigeração interna. Instalações neste sistema podem reduzir de 30% a quase 100% a incidência de raios solares.

Todos os motores das máquinas são de alta eficiência, que reduzem os custos operacionais, são mais silenciosos e, geralmente, seu investimento pode ser recuperado em menos de dois anos. Com estas ações, incluindo as luminárias de baixo consumo, a economia de energia esperada é de 25%.

O estimado na redução do consumo total de água é da ordem de 20%. Para isso, foi criado um sistema de reúso com o qual é possível captar toda a água da chuva e tratar todo o esgoto produzido na área. Este último projeto foi feito pela empresa Phytorestore e está em processo de implantação. O procedimento não utiliza produtos químicos, trata-se de um espaço de área verde, similar a um jardim, porém, plantado sobre a brita, conforme explica Arnaud Fraissignes, diretor da companhia. “É um jardim bonito, e, no caso da Record, a lagoa servirá também como cenário para novelas”, diz.

O sistema de tratamento de esgoto funciona em três fases: o esgoto bruto atravessa, sucessivamente, um filtro vertical e um filtro horizontal, dois jardins diferentes (com substratos e plantas distintos) com cerca de 30 espécies de vegetação nativa, aquáticas ou semiaquáticas, onde são feitos a filtração física e o tratamento com as raízes das plantas. Ao final, os efluentes chegam à terceira fase,

espaço susTenTável

• Redução do impacto ambiental e preservação de recursos naturais com a proteção de 92.000 m2 de áreas verdes;

• Aumento das áreas de infiltração, implantando captura e tratamento de águas pluviais;

• Redução do efeito ilha de calor com o uso de materiais de alta reflexividade e concreto poroso em 58% das áreas pavimentadas e 98% da área de cobertura.

Caso III - certificado

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Sistema de tratamento de esgoto com aparência de um jardim

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a lagoa, já na forma de água transparente, que pode ser reutilizada para irrigação, lavagem de ruas, torre de resfriamento, etc.

O processo não tem cheiro e não prejudica a natureza: a rizosfera, local onde o solo e a raiz das plantas entram em contato, é responsável pela despoluição dos efluentes, quebrando as moléculas. “É importante notar que o resultado da poda dos jardins filtrantes também não é contaminado ou polido e pode ser destinado normal-mente como qualquer poda dos outros espaços verdes”, conclui Fraissignes.

Uso dos produtosOs produtos utilizados foram, em parte, desenvolvidos

especialmente para as necessidades do projeto. O piso foi feito com 98% de conteúdo reciclado em Polietileno de Alta Densidade (PEAD), oriundo das embalagens de produtos de limpeza que seriam descartadas no meio ambiente, substituindo o tradicional, de madeira, poupando assim o corte de cerca de 100 árvores. O PEAD atende aos exigentes regulamentos internacionais de proteção ambiental e facilita a instalação. Seus benefícios são a resistência ao calor e à degradação, imunidade aos raios ultravioletas emitidos pelo sol (aumentando sua vida útil), leveza, impermeabilidade e durabilidade.

A pavimentação é de blocos intertravados – versão moderna dos antigos paralelepípedos –, que foram confeccionados com granulometria especial para prover maior capacidade drenante e, consequentemente, o aumento do índice de permeabilidade do solo.

Outros materiais utilizados foram os painéis de concreto pré-moldados com características físicas que permitem menor ganho de calor e telhas em chapas de aço com acabamento pintado, com alto índice de refletância, minimizando o efeito ilha de calor, ou seja, que contribui para redução da carga térmica a ser debelada pelo sistema de condicionamento de ar. Além destes, o acabamento contou com revestimentos, adesivos e selantes com baixo índice de COVs e madeiras certificadas pelo selo Forest Stewardship Council (FSC), que garante o manejo responsável das florestas. GB

Foto: Carlos GuellerEstúdio de gravação das telenovelas

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Notas

Bairros sustentáveis brasileirosDuas importantes instituições voltadas ao desenvolvimento sustentável no mundo, a Fundação Clinton e o Green Building Council, destacaram dois condomínios brasileiros entre

os 18 projetos mais sustentáveis do mundo.

Os bairros sustentáveis Parque da Cidade, localizado em São Paulo, e o Pedra Branca, que

fica em Palhoça, em Santa Catarina, estão em fase de construção e são caracterizados por reunirem áreas comerciais e residenciais, incentivarem o deslocamento sem carro e oferecerem áreas públicas abertas à população, além de contarem com fontes de energia renováveis e aproveitamento da água da chuva.

Normas para a construção Em julho deste ano, entrou em vigor a nova norma de desempenho para construção de casas e prédios, criada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). As regras já

valem para imóveis que serão construídos em 2013. O objetivo da norma é garantir que as construtoras tenham mais responsabilidade no planejamento e na execução de uma obra. Apesar das regras não terem força de lei, servirão como parâmetros para que o consumidor que se sentir prejudicado procure os órgãos de defesa do consumidor ou a Justiça.

A ABNT recomenda que cada parte do imóvel tenha uma duração mínima assegurada, contudo, o proprietário fica responsável por realizar a manutenção do imóvel e conservar bem o local.

Publicação de inventáriosEm agosto deste ano, o Programa Brasileiro GHG Protocol divulgou um balanço recente sobre a participação de seus membros que publicaram inventários de emissões de gases de efeito estufa (GEE) em 2013: ao todo 106 organizações, que

representam 48 setores da economia. Este número

retrata um aumento de 450% em relação aos dados divulgados em 2009, primeiro relatório feito, quando 23 organizações participaram. O GHG Protocol já é o programa voluntário com maior número de participantes na América Latina.A construção ocupa o terceiro lugar no ranking dos setores com maior participação no programa, ao lado

das organizações de eletricidade e gás (7%), e ficou

atrás apenas das indústrias de transformação (35%) e empresas de atividades financeiras, de seguros e

serviços relacionados (11%). Nos próximos meses, de acordo com a coordenadora do Programa Brasileiro GHG Protocol, Beatriz Kiss, será lançado um guia para o setor de construção civil com especificidades que ajudarão as empresas do ramo a contabilizarem suas emissões e buscarem informações.

TECNOLOGIA BRASILEIRAO Brasil foi um dos países participantes do Congresso Mundial de Infraestrutura Verde, que ocorreu no início de setembro em Nantes, na França, nomeada em 2013 a capital verde europeia. O engenheiro agrônomo e diretor da Ecotelhado, empresa especializada em infraestrutura verde, João Manuel Feijó, representou o País ao apresentar uma palestra sobre o Ecoesgoto, um sistema integrado de infraestrutura verde e reciclagem de água e resíduos orgânicos, desenvolvido por ele e também apresentado na Expo Greenbuilding Brasil deste ano.

Inédito no mundo e já reconhecido pela ONU, o Ecoesgoto prioriza o reaproveitamento de água, a economia de energia e o tratamento dos efluentes, permitindo conforto térmico interno, promovendo a biodiversidade e reduzindo o efeito ilha de calor urbano. Segundo Feijó, o sistema pontua nas sete

dimensões do selo LEED. O funcionamento ocorre por meio de um digestor biológico a base de minhocas, que digere os resíduos orgânicos oriundos de descargas e restos de alimentos. Este efluente pré-tratado é bombeado para o telhado verde na laje da edificação, de forma que os microorganismos existentes nas raízes das plantas tratem o efluente e a água da chuva, que posteriormente é direcionada para uso interno no empreendimento, como nas descargas e na jardinagem.

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Por Andrea Padovanm dos grandes desafios atuais da humanidade é gerar, de maneira sustentável para o planeta, energia suficiente para atender a demanda de consumo. Mesmo sabendo

desta necessidade, hoje, o petróleo, de origem fóssil e esgotável, continua sendo a maior fonte de energia utilizada no mundo. A popularização da produção de energia a partir de fontes reno-váveis é fundamental para superar este desafio.

Diversos países no mundo já potencializam o uso da energia solar. A Associação Europeia da Indústria Fotovoltaica (Epia, na sigla em inglês), por exemplo, apontou, em 2012, que a geração de energia solar foi, pela segunda vez consecutiva, a energia renovável mais estabelecida na Europa. Além disso, a associação também concluiu que o mercado pode alcançar a produção de 48 gigawatts em 2017.

Mas, no Brasil, o cenário é outro. Considerando o seu potencial, a radiação solar é pouco aproveitada: recebemos energia solar da ordem de 1013 megawatts-hora anualmente, cerca de 50 mil vezes o consumo anual de eletricidade.

Energia inteligente

Produção de energia solar cresce a cada ano no mundo e começa a ser economicamente mais acessível

Produtos e ServiçoS

Conforme dados do relatório “Um Banho de Sol para o Brasil”, do Instituto Vitae Civilis, a radiação solar do País é uma das melhores do mundo.

Para Penélope Valente, consultora de sustentabi-lidade da Windeo, empresa belga que atua no Brasil com geração fotovoltaica, analisando o potencial solar bra-sileiro, o mercado de energia renovável é um caminho certo. “Temos cerca de 7,5 megawatts instalados, o que representa 0,01% do potencial proporcionado pela radiação solar no País”, diz ela.

A maior parte deste potencial está nas regiões Nordeste e Oeste de Minas Gerais, que têm as maiores médias anuais de radiação, segundo Bruno de Lima Soares, engenheiro respon-sável pelos projetos de energia solar no Centro de Tecnologias do Gás e Energias Renováveis (CTGAS-ER).

Bruno Soares destaca ainda o fato de que o Brasil é privile-giado em radiação solar em todo o seu território: “Na Alemanha, país com maior quantidade de potência fotovoltaica instalada

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no mundo, as médias anuais de radiação solar são 40% menores que as piores médias anuais brasileiras”.

Diante de tanto potencial, a energia solar apresenta algumas características que a faz única entre as alternativas de energias renováveis. Por exemplo, é modular, ou seja, o usuário pode desenhar seu sistema da maneira que desejar. “Ela pode ser usada em pequenos dispositivos, como calculadoras, mas também em usinas fotovoltaicas de dezenas de megawatts”, indica Lima Soares.

Além, é claro, da sua vantagem ambiental quando com-parada com a extração, geração, transmissão, distribuição e o uso final de fontes fósseis: evita a emissão de gases que pro-vocam o efeito estufa, não produz resíduos, é inesgotável e não gera poluição sonora.

Seus benefícios econômicos também são importantes, pois, a partir do investimento inicial, como a compra e instalação do equipamento, não existem mais custos (a não ser de eventual manutenção do equipamento) e o prazo de retorno do investi-mento está cada vez menor.

De indústria a residências“É possível instalar um sistema em praticamente qualquer

edificação, pois qualquer consumo de eletricidade permite o uso de energia solar,” afirmam Thiago Mendes, engenheiro, e Renato Mangussi, diretor de negócios da Tecnometal, uma das únicas fabricantes brasileiras de placas fotovoltaicas (representada pela Dya Energia Solar). Penélope Valente, da Windeo, com-pleta dizendo que “residências, comércios, indústrias, fazendas, comunidades ribeirinhas, tribos indígenas, zonas urbanas ou rurais, todos podem instalar um sistema fotovoltaico”.

Entretanto, a maior procura está em edificações comerciais “devido, principalmente, à paridade tarifária e à possibilidade de financiamento por meio do Finame (linha de crédito do BNDES)”, dizem Thiago e Renato. No entanto, não descartam o uso para o mercado residencial, que acreditam ter muito potencial. Um dos motivos para a tardia adoção da energia solar em casas, acredita Penélope, é a falta de incentivos fiscais. “Em alguns países já existem vantagens financeiras tangíveis, como redução de impostos e formas vantajosas de financiamento”, conta ela.

Já Eduardo Konze, sócio-diretor de marketing da Energia Pura, empresa que implementa projetos com placas fotovoltaicas, diz que, principalmente em locais sem acesso à rede elétrica, essa é uma solução altamente eficiente e economicamente viável.

Os instaladores precisam ter alguns cuidados na hora de manejar os painéis fotovoltaicos. Os módulos têm de estar com a inclinação compatível com a latitude do local – quanto mais longe da linha do Equador, maior será a inclinação necessária. É importante também sempre estarem voltados para a direção Norte, pois a geração de energia diminui com o sombreamento.

Mendes e Mangussi lembram que a instalação deve ser feita por uma equipe especializada, para que seja obtida a montagem correta, para evitar riscos de acidentes.

Estabelecida em 2012, esta norma criada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) institui um sistema de compensação de energia que permite ao consumidor instalar pequenos geradores em sua unidade consumidora e trocar energia com a distribuidora local. é válida para sistemas hídricos, solares, de biomassa, eólicos e de cogeração. A resolução estabelece as condições gerais para o acesso dos sistemas de microgeração – com até 100 quilowatts de potência – e minigeração – de 100 quilowatts a 1 megawatt. Projeta-se que os sistemas de geração distribuída acrescentarão 30 mil megawatts de capacidade instalada à matriz energética até 2020. Segundo a Associação da Indústria de Cogeração de Energia (Cogen), cerca de 7,5 mil megawatts do total será proveniente da energia solar.

traz oportunidadesResolução da Aneel

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Conheça o consumo de energia do imóvel ou equipamento;

Veja se há conexão à rede elétrica ou se é necessário o uso de bateria;

Analise o potencial de radiação solar no local;

Faça estimativas de investimento;

Avalie o espaço físico para instalação das placas.

Placa fotovoltaica - Tecnometal

Viabilidade dos projetos fotovoltaicos

Inmetro define normasA fim de zelar pela eficiência energé-tica, estabelecer requisitos mínimos de desempenho e segurança e forne-cer conhecimento público, o Inmetro baixou a portaria nº 004, em 04 de janeiro de 2011. A norma define os Requisitos de Avaliação da Conformi-dade para Sistemas e Equipamentos para Energia Fotovoltaica por meio do mecanismo de etiquetagem. Para ser produzido e comercializado no Brasil, todo equipamento deve atender, no mínimo, a esta portaria.

Tecnologia dos painéis fotovoltaicosOs módulos solares são constituídos, basicamente, por células fotovoltaicas,

encapsulamento, vidro e esquadria. As células fotovoltaicas são compostas por uma fina camada de um material semicondutor, sendo o mais comum o silício cristalino.

Apesar das diversas tecnologias existentes, os painéis de silício são, atual-mente, os mais comercializados, principalmente devido às vantagens do material: é resistente a ácidos, a elementos químicos e à oxidação em ambiente externo. Além disso, é o segundo elemento mais abundante no Planeta, constituindo 27% da crosta terrestre.

O encapsulamento (proteção que envolve a placa de vidro) é feito com Etileno Acetato de Vinila (EVA) transparente, para evitar a contaminação da célula fotovoltaica. O vidro funciona como proteção mecânica da célula e necessita de tratamento superficial antirreflexo. A esquadria é produzida, na maioria dos modelos, em alumínio, para garantir boa rigidez sem aumento elevado do peso do módulo.

A manutenção dos módulos é eventual, segundo Eduardo Konze, da Energia Pura. Ele diz que as placas têm vida útil estimada em mais de 30 anos, porém, para gerar o máximo de energia, elas precisam estar limpas e a água da chuva se encarrega dessa limpeza. O monitoramento se dá de acordo com a produção de energia esperada: se está abaixo do previsto, uma equipe técnica é enviada ao local para averiguar a razão da alteração.

Sistemas isolados e em redeOs sistemas fotovoltaicos são classificados como isolados (off-grid) ou

conectados à rede (on-grid). Para os sistemas isolados, o armazenamento da energia é feito por meio da utilização de baterias. Elas, porém, são caras, têm uma vida útil média de dois a cinco anos e necessitam de manutenção periódica. O sistema off-grid abastece diretamente os aparelhos que utilizarão a energia e é geralmente construído em locais remotos.

Seguindo a Resolução nº 482, da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), qualquer cliente do Sistema Interligado Nacional – sistema de coordenação e controle que congrega a produção e transmissão de energia elétrica do Brasil – pode instalar um sistema fotovoltaico em área própria e conectá-lo à rede elétrica (on-grid),o que os torna cerca de 30% mais eficientes. Isso traz benefícios ao consumidor, pois ele só paga parte da energia consumida, ou seja, o que ele produzir em seu sistema fotovoltaico será abatido. O consumidor que eventualmente produzir mais do que consumir poderá utilizar o excedente da produção como “crédito” de energia por até 36 meses.

Indústria e crescimentoO governo federal tem atuado com o intuito de criar um ambiente favorável

ao desenvolvimento sustentável da cadeia produtiva fotovoltaica. Primeiramente, a Aneel realizou uma chamada para projetos na área em 2011, a Chamada Estratégica nº 13, de arranjos técnicos e comerciais para inserção da geração solar fotovoltaica na matriz energética brasileira. Foram cadastrados 24 projetos, os quais prevêem a instalação de aproximadamente 24 megawatts.

As organizações normalizadoras também contribuem com a indústria. O Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), por exemplo, definiu um sistema de etiquetagem para equipamentos fotovoltaicos, enquanto a Associação Brasileira de Normas (ABNT) recentemente incluiu normas específicas

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para inversores conectados à rede. “Todas essas iniciativas demonstram que a energia solar possui um futuro promissor”, diz o engenheiro da CTGAS-ER.

Apesar de pouco debatida com a sociedade pelas autoridades do setor de energia, basta apenas romper a barreira do custo de aquisição do sistema fotovoltaico. Este entrave pode ser superado por meio de medidas como a criação de fundos de financiamento específicos, redução de carga tributária dos equipamentos e maior disseminação da tecnologia para o grande público.

Bruno Soares acredita que a energia solar tem um custo elevado para geração em grande escala, por meio de usinas, quando comparado ao de outras fontes. “No entanto, para pequenos sistemas distribuídos, instalados mais próximos aos consumidores, o custo da energia produzida pelo sistema fotovoltaico é menor que o valor do quilowatt-hora cobrado pela concessionária local”, conclui.

Cenário do setorOs Emirados Árabes, um dos maiores produtores de

petróleo do mundo, inaugurou, em março deste ano, a maior usina de concentração solar do mundo, com investimento de US$ 600 milhões e capacidade de gerar 100 megawatts, o suficiente para atender 20 mil residências.

Também neste ano, a Nicarágua colocou em operação o maior parque fotovoltaico da América Central, com capa-cidade de produzir 1,38 megawatts. No país, as fontes reno-váveis já respondem por 41% da matriz energética.

No Brasil, a CPFL Energia inaugurou, em 2011, a Usina Tanquinho (Campinas - SP), a primeira de energia solar do Estado de São Paulo, com capacidade para gerar 1,6 gigawatts-hora por ano. Em março deste ano, a SunEdison fechou acordo com a Petrobras para a construção e operação da maior usina solar brasileira, no Rio Grande do Norte, que terá capacidade de geração de 1,65 gigawatts-hora por ano. GB

Temos cerca de 7,5 megawatts instalados, o que representa 0,01% do potencial proporcionado pela radiação solar no País”Penélope Valente, consultora de sustentabilidade da Windeo“

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SoftwareS e Ferramentas

Por Redação

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Programas online ajudam as empresas na elaboração de relatórios de sustentabilidade

O sucesso de qualquer empresa depende do bom funcionamento de todos os setores. A preocupação com cada área é algo fundamental para assegurar

o desempenho social, ambiental e econômico da organi-zação. Uma forma bastante comum de consultar e analisar a situação dos diversos departamentos é por meio da elabo-ração de relatórios de sustentabilidade. Com esta ferramenta, as empresas garantem a continuidade de seus trabalhos e possibilitam o seu bom posicionamento no mercado.

Organizações responsáveis ambiental e socialmente já são a escolha de muitos clientes. Assim como para investi-dores, o lugar mais seguro para se depositar a sua confiança

desemPenhomedindo o próprio

é onde a questão econômica está sob controle. Em 2007, o Global Reporting Initiative (GRI) criou a metodologia mais aceita e usada em relatórios de sustentabilidade, que até hoje ajuda as empresas a atingirem seus objetivos de medição de desempenho em diversas áreas.

No Brasil, a metodologia GRI se consolidou e colaborou para que o País assumisse a terceira colocação no ranking mundial de países que divulgam seus relatórios de susten-tabilidade, ficando atrás apenas da Espanha e dos Estados Unidos, de acordo com o resultado de uma pesquisa divulgado em julho deste ano. Para José Pascowitch, diretor executivo da Visão Sustentável, consultoria de sustentabilidade, este

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Programas online ajudam as empresas na elaboração de relatórios de sustentabilidade

O Brasil sempre foi um país de ponta em termos de sustentabilidade. Hoje, as empresas já têm departamentos específicos. Por isso, temos um cenário favorável” José Pascowitch, diretor executivo da Visão sustentável

fato está atrelado à estrutura que as empresas construíram no País. “O Brasil sempre foi um país de ponta em termos de sustentabilidade. Hoje, as empresas já têm departamentos específicos. Por isso, já temos um cenário favorável”, analisa.

Coletar dados das diferentes áreas, selecionar os indica-dores e mandar planilhas em Excel para todos que vão res-ponder algum indicador são os procedimentos que costumam fazer parte da primeira etapa de elaboração de um relatório. Este processo costuma demorar entre 30 e 40 dias, sendo que o relatório todo pode levar até seis meses para ficar pronto. Neste período, a empresa aguarda a devolução das planilhas preenchidas. Contudo, apenas ao receber as planilhas de volta é possível verificar quais áreas já colaboraram, além da forma e qualidade do preenchimento das informações.

Pensando em garantir o acompanhamento deste pro-cesso, algumas empresas desenvolveram softwares online que possibilitam a visualização das informações inseridas em tempo real. Eles são utilizados para fazer a coleta de dados e a gestão de diversos indicadores de sustentabilidade na pri-meira fase da elaboração do relatório.

É o caso do software Around, lançado em março de 2012 pela Keyassociados, que é definido como um Software as a Service (SaaS), traduzindo “Software como Serviço”, conforme explica Fernando Pereira, consultor

da empresa, que desenvolve soluções sustentáveis. A ferramenta está estruturada em um banco de dados com uso totalmente via web, fornecendo uma estrutura hierárquica de coleta, análise e gestão de informações. “Após definidos quais temas são relevantes e qual a forma de monitora-los, parametrizamos o Around com a hierarquia específica de cada organização”, descreve Alexandre Lopez Hernandez, diretor da Keyassociados. Devido à sua forma hierarquizada, a empresa não precisa preparar uma infraestrutura para operar o software e qualquer profissional da organização pode utilizá-lo.

Lançado em novembro do ano passado, o Sistema de Gestão de Relatório de Sustentabilidade (S-GRS), pertencente à con-sultoria Visão Sustentável, pode ser usado por outras empresas que não realizarão a elaboração do relatório completo por meio da consultoria, mas que obtêm a licença do software.

“Transformamos esse processo de coleta em planilhas em Excel em um software baseado na Internet. Este é um site seguro, certificado pela Certisign, e que tem níveis hierár-quicos de acesso que permitem que, ao invés de eu mandar uma planilha, eu abra um sistema no qual visualizo todas as alterações que são feitas e sou notificado por e-mails auto-máticos, tanto eu quanto meu cliente, de cada alteração que foi feita no indicador”, explica o diretor executivo, José Pascowitch. Diante disto, ele garante que pode, também em tempo real, orientar os seus clientes se as informações têm a profundidade e aderência necessárias ao indicador ou se é preciso buscar novas informações.

Apesar dos softwares disponíveis no mercado terem suas características específicas, eles contribuem para a modernização dos relatórios, além de possibilitarem o cumprimento do cronograma e a redução dos custos de auditoria no processo de verificação, devido à qualidade e segurança nas informações. GB

Quem é a GRI? A Global Reporting Initiative (GRI) é uma organização não Governamental (onG) fundada em 1997 pela Coalition for environmentally Responsible economies (CeRes) e pelo Programa das nações Unidas para o meio Ambiente (Pnuma), que criou um padrão para elaboração de relatórios de sustentabilidade que pode ser adotado por todas as organizações. Um dos papéis da GRI, atualmente sediada em Amsterdã, na holanda, é difundir diretrizes para a elaboração de relatórios, que estabelecem os princípios e indicadores que as organizações em todo o mundo podem usar para medir e comunicar seu desempenho econômico, ambiental e social.

“ O Brasil é o3º país

no mundo que mais publica relatórios de sustentabilidade] ]

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Por Redação

OperaçãO e Manutenção

Foto:

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Um pedacinho preservado

Siemens Anhanguera conquista selo de operação e manutenção e amplia sua ação sustentável

Trabalhar em um ambiente agradável é o sonho dos profissionais de hoje. Um espaço que atenda esta expectativa normalmente oferece uma boa infra-estrutura e ações voltadas ao bem-estar. Os prédios mais novos costumam sair

na frente quando o assunto é infraestrutura, pois já foram planejados e construídos com conceitos modernos. Contudo, já é algo comum que as empresas que ocupam edifícios mais antigos busquem se modernizar, sobretudo nas suas áreas internas, em benefício dos usuários.

A modernização da operação e manutenção dos edifícios atende também às ações que oferecem bem-estar aos profissionais das empresas, pois a partir das alterações estruturais

da Mata Atlântica

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é proporcionado mais conforto nos espaços, opções de loco-moção e sensação de colaboração com o meio ambiente.

A unidade Anhanguera da empresa Siemens em Pirituba, São Paulo, preenche estes requisitos. E vai além. No terreno em que o prédio está construído, há uma área preservada que constitui uma das raras manchas de Mata Atlântica remanescentes na Grande São Paulo, na qual foi implantada uma trilha ecológica. O projeto foi coor-denado pela Escola Superior de Agronomia Luiz de Queiroz (ESALQ), da Universidade de São Paulo (USP).

Com isso, os colaboradores estão envolvidos dentro de um contexto de preservação, de melhoria contínua, de minimi-zação de desperdícios e de prevenção da poluição. Esta cons-ciência de preservação do meio ambiente é, com certeza, um motivo de orgulho para aqueles que vivenciam isso no dia a dia.

O pedaço da Mata Atlântica, que funciona como o grande jardim do prédio, está dentro de um terreno com 109 mil metros quadrados, que possui apenas 18 mil metros qua-drados de área construída. Dentro da imensa área, menos de 10% da área verde existente é irrigável, o que corresponde a quase 7% da área total. Um ponto positivo para a empresa, pois a vegetação existente não exige sistemas de grande tec-nologia para a realização da irrigação na localidade.

A sustentabilidade do prédio tem outras características de destaque e foram elas que permitiram que ele fosse certificado pelo United States Green Building Council (USGBC) na cate-goria LEED Operação e Manutenção - EB_OM, no nível Gold, no primeiro semestre deste ano. “Uma gestão de excelência que contribua com o meio ambiente é o critério que a certi-ficação LEED impõe à gestão de facilities”, explica Monique Evelyn Godoi, consultora em sustentabilidade e certificação LEED da Otec, empresa que presta consultorias para a cons-trução civil e acompanhou o projeto da Siemens Anhanguera.

SustentabilidadeBem antes de pensar no selo LEED, e até mesmo antes

do selo ter sido criado, a Siemens já se preocupava com questões ambientais. Quando o prédio foi erguido, em 1977, também foi construída uma estação de tratamento de esgoto. Além disso, há mais de 40 anos, foi criado o Programa de Proteção Ambiental, que monitora e define planos de ação com metas, principalmente para o consumo e insumos naturais. “A Siemens é uma empresa que possui a questão de sustentabilidade em seu DNA. Isto demonstra que a empresa sempre se preocupou com a questão ambiental. A sustentabilidade é nosso dia a dia. A certifi-cação veio ‘selar’ este conceito”, afirma Patrícia de Souza, gerente de administração da Siemens.

Para ela, o gestor tem papel fundamental na sustentabi-lidade de um edifício, pois ele é o responsável por contratar as empresas prestadoras de serviços que deverão utilizar materiais e equipamentos eficientes. “É ele quem controla

e monitora o consumo dos recursos naturais, a qualidade do ar e o descarte de resíduos; implanta projetos de melhorias; exige a utilização de sistemas eficientes e atende às neces-sidades de seus clientes internos com relação ao conforto e à saúde do edifício”, completa.

Como o prédio já possuía características que favoreciam a sustentabilidade, alguns itens puderam ser mantidos, como os processos de manutenção preventivas, corretivas e seus respectivos controles, além dos sistemas de gerenciamento de consumo de energia elétrica e água.

O sistema de ar-condicionado também não foi alterado, pois havia passado por um retrofit em 2001, já buscando a efi-ciência energética, e possui o sistema de controle de conforto como diferencial. Ele se caracteriza pela divisão dos andares do prédio em duas partes: a área periférica – fachada (onde ocorre o controle de temperatura com a variação da vazão de ar e temperatura constante) e o centro do andar (com vazão de ar constante e temperatura variável). Com 36 con-troladores de Vazão de Ar Variável (VAV) por andar, sem fio (Wireless), e chiller movido a fluido refrigerante ecológico e totalmente automatizado, o sistema é comandado por um software da Siemens. A empresa também é a fabricante dos

É gratificante ouvir o

pessoal da limpeza e da

manutenção comentar

durante um treinamento

que já implantaram algumas

sistemáticas de consumo

consciente em suas casas”

Patrícia de Souza, gerente de administração da Siemens

Ficha Técnica• Localização: Av. Mutinga, 3.800 - Pirituba - SP• Áreadeterreno: 109.000 m²• Áreaconstruída: 18.000 m²• Datadefinalizaçãodaobra: prédio principal em 1977• Proprietário: Siemens• Consultoriadesustentabilidade: Otec - Otimização Energética

para a Construção

Consumomensal• 540.000 kW de

energia elétrica • 1.850 m³ de água • 30.000 kg de

resíduos

Infraestrutura• Diaadiasustentável: trilha

ecológica, reciclagem, incentivo ao transporte coletivo e carona solidária.

• Quantidadedelinhasdeônibus: 7 fretados

• Quantidadedebicicletários: 1

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OperaçãO e Manutenção

demais dispositivos periféricos, como sensores de tempe-ratura, pressão e válvulas.

Para facilitar o trabalho dos operadores, foram criados manuais e o mapeamento dos sistemas, a fim de diminuir os riscos operacionais. Com isso, as equipes são treinadas sobre esta base e conhecem toda a instalação.

Entre as principais adaptações realizadas no prédio estão a redução no consumo de água potável nas torres de resfriamento do sistema de ar-condicionado, a pintura do telhado com tinta reflexiva de cor branca (para diminuir a temperatura nos centros urbanos) e a troca de equipa-mentos e utensílios elétricos por procedimentos manuais na manutenção dos jardins.

Garantir uma boa qualidade do ar no interior da edi-ficação também é uma exigência da certificação LEED. A Siemens realiza o controle da qualidade do ar por meio de análises semestrais e pelo uso de um sistema que permite a mínima vazão de renovação de ar externa, regulado con-forme a norma ASHRAE 62.1:2007.

A substituição de equipamentos e produtos conven-cionais por sustentáveis foi uma das tarefas mais difíceis no processo de adaptação da operação a critérios de sustenta-bilidade. A gerente de administração da Siemens conta que os equipamentos para a jardinagem só foram encontrados depois do envio da documentação ao GBC, pois a empresa não estava encontrando produtos com as características exi-gidas. Em janeiro deste ano, foram adquiridos os sopradores

e as roçadeiras elétricas, com baterias e potência compatíveis com a necessidade da empresa. Já os produtos de limpeza tiveram que ser trocados por um produto alternativo e, após continuar a procura, em julho deste ano a empresa passou a usar produtos com o selo Green Seal.

Mudança de atitudesVivenciar um dia a dia sustentável requer diversas

mudanças na rotina de uma empresa. A gestão de resíduos é uma delas. A Siemens assumiu o compromisso de des-tinar cada tipo de resíduos para o lugar certo. Assim, papel, plástico, papelão, vidro e metais são enviados à reciclagem, enquanto os resíduos orgânicos vão para aterros licenciados. Os resíduos perigosos recebem atenção especial. Óleos lubri-ficantes, graxas, pilhas, baterias e lâmpadas fluorescentes são encaminhados para empresas homologadas pelos órgãos governamentais competentes para a reciclagem.

A empresa, que já comprava papel com selo FSC, adotou uma política de compras baseada nos critérios do LEED e estuda implantá-la em toda a organização.

O aumento da produtividade dos colaboradores é pro-piciado graças aos benefícios que um ambiente susten-tável detém, assim como dos incentivos que a empresa presta a eles. A Siemens disponibiliza ônibus fretados com saídas de estações do metrô e possui um programa de carona solidária instituído desde 2003, que por meio de uma ferramenta na intranet permite que os colaboradores pesquisem as rotas e os horários de outros funcionários e combinem a caronas entre si.

Diante das vantagens de uma operação e manutenção sustentável, como o conforto, a qualidade do ar, a melhoria da qualidade de vida, o consumo consciente e o menor impacto possível ao meio ambiente, todas as pessoas que utilizam a edificação têm um papel fundamental nesse processo. A conscientização dos usuários dos escritórios é feita por meio de comunicação corporativa, divulgada pela intranet. Já os colaboradores que não possuem acesso à rede, como manobristas e a equipe do operacional, da manutenção e do restaurante, passam por treinamentos constantes. “É gratificante ouvir o pessoal da limpeza e da manutenção comentar durante um treinamento que já implantaram algumas sistemáticas de consumo consciente em suas casas, como por exemplo, identificar vazamentos de torneiras e bacias sanitárias”, comemora a gerente de administração da Siemens. GB

Uma gestão de excelência que contribua com o meio ambiente é o

critério que a certificação LEED impõe à gestão de facilities”

Monique Evelyn Godoi, consultora em sustentabilidade e certificação LEED da OTEC“Fo

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Pesquisa e Desenvolvimento

Por Redação

Fotolia © 3drenderings

asta juntar um pouco de cimento e água para formar a pasta que se unirá a blocos para que sejam levantados casas, prédios e uma porção de possibilidades

urbanísticas. Esta antiga técnica da construção civil não mudou e não deverá mudar nos próximos tempos, mas a forma de se produzir este material tão fundamental para as construções já está sendo alterada em prol do meio ambiente.

Devido à grande emissão de gás carbônico (CO2) resultante da produção do cimento, pesquisas no Brasil e em outros países buscam alternativas para a redução do impacto ambiental causado por parte deste setor. É o caso dos estudos que, nos últimos cinco anos, vêm sendo desenvolvidos no Laboratório de Microestruturas e Ecoeficiência de Materiais (LMEF) da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), coordenados pelo Prof. Rafael G. Pileggi e Prof. Vanderley M. John, com a colaboração de Bruno L. Damineli, que desenvolveu sua tese de doutorado sobre o tema.

O intuito do grupo de pesquisadores do LMEF é produzir produtos com baixa emissão de CO2 e com melhor eficiência. Na linha de pesquisa do laboratório também estão outros materiais da indústria, como o amianto, a argamassa e o concreto. O professor da Escola de Engenharia Civil da Poli-USP, Rafael Pileggi, conta que a descoberta do cimento ecoeficiente é uma consequência dos estudos desenvolvidos no LMEF com esses outros materiais há mais de dez anos e que os projetos sempre estão atrelados a alguma indústria, pois o laboratório faz a pesquisa, mas não faz a consultoria.

No caso do cimento ecoeficiente, a parceria foi firmada com a Intercement, empresa brasileira do setor de cimento controlada pela Camargo Corrêa, no final do ano passado, para a realização da última etapa. A pesquisa, que tem dois

Mais ecoefiência

Cimento desenvolvido no Laboratório de Microestruturas e Ecoeficiência da Poli-USP emite menos CO2 na atmosfera e tem bom desempenho garantido

níveis, já está com os conceitos validados e agora segue junto com a Intercement para a fase que demonstrará como transferir o novo processo para escala industrial, garantindo a durabilidade do produto.

Hoje, a produção de cimento corresponde de 5% a 6% do CO2 emitido na atmosfera do mundo. No Brasil, representa 12%. Há a tendência de que as emissões cresçam para 20% no mundo inteiro, se a demanda da produção de cimento seguir os padrões de hoje, de acordo com estudos da Poli-USP.

A busca pelo cimento ecoeficiente se justifica pela necessidade de se modificar seu processo de produção. “O produto mais consumido pela humanidade depois da água é o concreto. O consumo per capita de concreto é dez vezes maior do que de comida. O volume é imenso. Lembrando que um dos materiais que compõem o concreto é o cimento, o produto industrializado de maior volume no mundo é o cimento portland. E por ser o produto mais produzido, é também o maior emissor de CO2”, afirma o professor Rafael Pileggi.

para a construção

Produção de cimento no BrasilHOJE

• 1ª FASE – queima de argila e carbonato de cálcio = clínquer

• 2ª FASE – moagem do clínquer e escória de alto forno

FUTURO• 1ª FASE – queima de argila e

carbonato de cálcio = clínquer• 2ª FASE – moagem do clínquer

e matérias-primas que não foram ao forno

B

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O produto

industrializado de maior

volume no mundo é o

cimento portland.

E por ser o produto

mais produzido, é

também o maior

emissor de CO2”

Rafael Pileggi, professor da Escola de Engenharia Civil da Poli-USP e coordenador do LMEF

Produção atual de cimento

Para entender porque o cimento emite tanto CO2 na atmosfera é importante saber que a liberação do gás ao meio ambiente ocorre por duas razões, além de conhecer o seu processo de produção. O combustível queimado no forno durante a produção de cimento é o primeiro responsável pela emissão de CO2. A outra fonte de emissão são as matérias-primas que fazem o cimento, que ao passarem pelo forno em alta temperatura, sobretudo o carbonato de cálcio, liberam o gás.

Essa primeira fase da produção do cimento resulta em um produto chamado clínquer, que é, portanto, o grande emissor do gás. Para que a indústria reduza suas emissões neste processo, foi encontrada, há mais de 50 anos, uma alternativa brasileira, que agora outros países utilizam, que é substituir parte do clínquer por outras matérias-primas. O padrão do cimento portland, produzido sobretudo nos EUA até hoje, é de 95% e de 5% sulfato de cálcio (gesso). A solução brasileira, conhecida como cimento CP 3 (no Brasil, a categorização do

cimento vai de CP 1 a CP 5), contudo, consegue reduzir a presença do material para 30%, substituindo-o por

escória de alto forno, que é um resíduo da indústria do aço que possui a mesma propriedade de reagir

e endurecer quando misturada à água, assim como o clínquer.

O segredo desta substituição está em algo que se chama distribuição de tamanho

de partículas, que, de acordo com o professor Rafael Pileggi, é o conhecimento da proporção das partículas e o tamanho delas. A partir disso, ele diz que pode ser usado menos clínquer e ainda assim se obter o mesmo efeito.

Os caminhos da pesquisa

Apesar do cimento CP 3 emitir menos CO2 que o cimento portland original, os pesquisadores da Poli-USP descobriram que é possível utilizar matérias-primas que não foram ao forno e que, portanto, são mais benéficas que a escória de alto forno, pois esta provoca emissão durante a produção na indústria do aço. Desta forma, a produção de cimento poderia ocorrer com apenas 30% a 50% do produto que foi ao forno e o restante com matéria-prima natural, que pode ser o próprio carbonato ou outras adições, que será apenas moída.

O objetivo conceitual da pesquisa já foi comprovado por meio da obtenção de um produto com a mesma ação do cimento convencional. Contudo, a produção comercial ainda esbarra em alguns obstáculos. Um deles é que o mercado brasileiro é regulado com questões de durabilidade e o cimento com baixo teor de clínquer não está dentro destas normas. Por esse motivo, as pesquisas seguem no sentido de comprovar isso.

Outro fator que impossibilita este processo é a mudança necessária na estrutura das fábricas, já que será preciso trocar fornos por moinhos avançados. Desta forma, a indústria passaria a ser “menos pendurada no forno e mais pendurada na moagem”, conforme explica o pesquisador.

Essa mudança na indústria será possível assim que as normas brasileiras aceitarem o produto. Quando isso acontecer, a indústria de cimento será beneficiada porque poderá dobrar de tamanho sem ter que por um forno novo já que produzirá o dobro sem emitir mais CO2 do que ela produz hoje. GB

“Fotolia © Scanrail

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Tendências

Por Redação

Empresas assumem compromisso com o meio ambiente e a procura por selos verdes cresce

Fotolia © Francesco De Paoli

Em menos de dois anos, entre 2010 e 2012, o número de selos verdes ao redor do mundo cresceu cerca de 10%. Saltou de 400 para 450 o número de certifi-

cações que atestam a qualidade ambiental de um produto. A procura dos consumidores por serviços e produtos que se apresentam como ecologicamente corretos provocou uma corrida ao mercado de empresas interessadas em assumir o compromisso sustentável.

Com um vasto campo de oportunidades, a tendência verde pode influenciar empresas a associarem seus produtos com funções ecológicas duvidosas e propagandas enganosas. Como garantir que esses selos são confiáveis? A partir dessa demanda, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) relançou, em 2008, seu programa de Rotulagem Ambiental – o programa foi lançado na década de 1990, mas, devido a crises na indústria, não houve procura pelo serviço.

VerdesProdutos

A função da ABNT no Brasil, segundo Guy Ladvocat, gerente de certificação de sistemas da associação, é ser o organismo responsável por fazer a gestão do processo de normatização no País: “Todas as normas técnicas são feitas pela sociedade, mas quem gerencia esse processo é a ABNT. Fazemos a gestão, editamos as normas e as disponibili-zamos para o uso da sociedade.”

A rotulagem segue a norma ISO 14024 Tipo I, que reco-menda a Análise do Ciclo de Vida de um produto para então definir os critérios de avaliação, incluindo uma seleção de categoria, critérios ambientais e características funcionais.

A avaliação

Não existe um critério padrão de avaliação, segundo Ladvocat, e cada produto tem um conjunto de critérios a

Além da exigência ambiental básica do produto, avaliamos se ele é bom para aquilo que pretende, sua qualidade. Não adianta certificarmos um produto dizendo que ele é bom ecologicamente se ele não funciona”Guy Ladvocat, gerente de certificação de sistemas da ABNT“

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atender para receber a certificação. “As análises procuram os principais impactos ambientais do produto ao longo do seu ciclo de vida, como pede a ISO 14024, para desen-volver procedimentos específicos, que consideram quais matérias-primas são utilizadas para fabricação, sua dis-tribuição, utilização e o descarte”, diz o gerente da ABNT. De maneira geral, as categorias de impactos ambientais englobam o esgotamento de recursos, a saúde humana e as consequências ecológicas. Esta análise, junto com a certifi-cação, tem validade de três anos.

Porém, Guy destaca que existem alguns critérios gerais, por parte da empresa de fabricação, que avalia seu dia a dia:

soluções e redução no consumo de água e energia e con-trole de resíduos e efluentes. “Além da exigência

ambiental básica do produto, avaliamos se ele é bom para aquilo que pretende,

sua qualidade. Não adianta cer-tificarmos dizendo que ele é bom ecologicamente se ele

não funciona”, alerta Ladvocat, provando que o selo da ABNT

tem exigências e garantias.

São vários procedimentos tomados para conceder a certificação, como análise

de documentação, visita técnica, avaliação de laboratório, auditorias, coleta de amostras e acompanha-mento de ensaios.

A vantagem para empresas que procuram e obtêm esses selos são inúmeras: confiança em seus produtos, apoio ao meio ambiente, proveito para exportação, diferencial com-petitivo, aumento da receita com venda de resíduos para reciclagem, viabilidade no mercado, entre muitas outras.

Aplicação na construção civil

A parceria da ABNT com a Sustentech, empresa de con-sultoria que busca soluções sustentáveis para empreendi-mentos, mostra que a construção civil tem muito interesse pela Rotulagem Ambiental. Jeann Vieira, gerente geral de certificações da consultoria, afirma que “já foi solicitado à Sustentech certificações de produtos. Porém, por entender que a empresa deve ter postura de imparcialidade em relação ao mercado, foi resolvido que utilizaria parceria com sistemas de certificação de instituições com reconhe-cimento e credibilidade na área”. Como a ABNT é o único membro da Global Ecolabelling Network (GEN) na América do Sul – uma entidade internacional que reúne e promove rotulagem ambiental do tipo I ao redor do mundo – a Sustentech reconheceu a eficiência da ABNT.

Como o mercado da construção civil já adotou o con-ceito de sustentabilidade, a certificação de produtos também foi muito bem aceita. No entanto, Jeann diz

que alguns fabricantes não conseguem comprovar seu desempenho ambiental, o que pode fazer com que um bom produto não seja especificado e indicado para uma empresa que implementa um projeto ou empreendimento de certificação, já que alguns sistemas pedem compro-vação de desempenho.

Marcos Casado, diretor técnico e educacional do Green Building Council (GBC) Brasil, confirma que, com um selo verde, não é preciso gerar evidências exigidas pelos selos de green building para cada ação. Ele indica que, dentro do selo LEED, por exemplo, as categorias que mais demandam pro-dutos com certificação são Materiais, Qualidade Ambiental e Eficiência Energética.

Marcos lembra também que o GBC Brasil está procu-rando parcerias com a ABNT para a adoção de padrões exigidos pelo selo LEED para validação de suas rotulagens ambientais e de eficiência energética para tê-los regulari-zados e fomentar a busca destes produtos.

Ampliação à vista

“Temos como plano ampliar bastante esse programa. Hoje, temos 250 produtos certificados no Brasil”, diz o gerente de certificações da ABNT, sobre o futuro da rotulagem. A organização quer dar atenção especial para a questão social em seus critérios: “Hoje já fazemos um pouco disso, como verificar contratos trabalhistas, se não há trabalho escravo ou infantil na fabricação dos produtos. Já é um primeiro passo.”

Guy fala também sobre um projeto com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) que auxiliará pequenas e médias empresas a medirem e gerenciarem suas emissões de gás carbônico e abrir caminho para que elas participem do mercado de crédito de carbono. Serão contempladas, a princípio, 200 empresas. “Ainda temos muita coisa para ser feita”, finaliza. GB

A gama de produtos exigidos em certificações green building que podem ser rotulados é ampla e praticamente qualquer produto pode ser certificado, como:

Produtos de aço – treliças, pregos, telas para cercamento urbano, vergalhões, telas, perfis, fios, barras e arames;

Mobiliário de escritório – carpetes, tampos, módulos, painéis divisórios, mesas, estações de trabalho, biombos, armários, gaveteiros e bancadas.

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SoluçõeS VerdeS

Por Redação

Baseada no uso de frames, a Construção Energitérmica Sustentável possibilita obras mais rápidas, limpas e econômicas

Construção eficiente

De construções populares a construções de alto padrão, o sistema CES é uma solução tanto para aqueles que pro-curam por técnicas industrializadas, nesse caso conhecida como “seca”, quanto para aqueles preocupados com a sus-tentabilidade. “Por serem sistemas leves, são excelentes opções para ampliar residências, comércios ou indústrias, sem necessitar de amplas mudanças estruturais, quando é preciso adicionar um novo pavimento, por exemplo, em uma edificação de alvenaria”, ressalta Pablo Marton do Nascimento, diretor administrativo da Globalwood, forne-cedora de chapas estruturais para sistemas construtivos.

A aplicação do sistema nos diferentes tipos de cons-trução basicamente se distingue por aliar, ou não, outros sistemas complementares. Por exemplo: em obras residen-ciais e empresas de pequeno porte, pode ser usada alvenaria para as áreas externas e frame para a divisão dos cômodos. Enquanto nas obras de médio e grande porte, o uso de algum sistema construtivo seco tende a ser o mesmo uti-lizado em toda a obra.

A escolha do tipo de perfil a ser usado deve ser baseada na avaliação do projeto desejado, levando-se em conside-ração o local, terreno e clima. Outros motivos que podem influenciar essa decisão é o resultado pretendido. Para uma construção mais rápida, o steel frame é bastante vantajoso, devido à sua leveza, sobretudo para ampliações sobre estru-turas pré-existentes. Já para projetos que buscam melhor isolamento termoacústico, o wood frame é a melhor opção.

Pensando nas vantagens do sistema CES, destacam-se o menor prazo de execução de uma obra, a exatidão nos prazos, a racionalização da mão de obra e de materiais, a maior produti-

vidade por metro quadrado, uma obra mais limpa, a perfeita geometria de paredes e pisos e o acabamento superior

à alvenaria tradicional. “O sistema CES possui maior velocidade na execução da obra e proporciona

precisão nas dimensões, permitindo um aca-bamento com maior qualidade estética.

Além disso, proporciona conforto

P alha, madeira ou tijolo? Qual material é mais resis-tente para a construção de uma casa? Refletindo sobre a clássica fábula que permeou a infância de muitas

gerações, que sempre levou todos a acreditarem que uma casa feita com tijolos era a opção mais segura, a construção civil atual demonstra que outros materiais podem tornar uma edificação não só mais resistente como mais eficiente. Na atual realidade do setor, esses novos materiais possibi-litam obras mais rápidas, limpas e econômicas, e trazem como resultado edifícios com maior eficiência energética e conforto termoacústico.

Um conceito bastante difundido fora do País, que vêm ganhando espaço por aqui, é o sistema CES (Construção Energitérmica Sustentável). Nesse sistema, destacam-se dois produtos: o steel frame – perfis leves de aço formados a frio,

feitos a partir de chapas de aço galvanizados, com espessuras que variam entre 0,8 e 1,25 milímetros – e o wood frame

– perfis leves de madeira de reflorestamento, como pinus, que deve ser utilizada seca, reta, livre

de grandes nós e receber tratamento preservativo ao ataque de insetos

xilófagos, aqueles que consomem madeira e materiais celulósicos.

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Foto: Divulgação Globalwood

O sistema CES possui maior velocidade na execução da obra e proporciona precisão nas dimensões, permitindo um acabamento com maior qualidade estética”Rubens Campos, diretor comercial da LP Brasil“térmico, reduzindo os gastos com energia elétrica, e uma

obra que emite aproximadamente cinco vezes menos gás carbônico, quando comparado ao processo construtivo con-vencional”, ressalta Rubens Campos, diretor comercial da LP Brasil, fornecedora de materiais para o sistema CES.

Como é uma construção com frames?

A técnica de construção com frames utiliza cimento, areia e brita apenas na etapa de fundação, o que reduz a presença desses materiais, além de madeiras e ferragens, no canteiro. Os materiais para fechamento da estrutura são compensados, chapas OSB (Oriented Strand Board), placas cimentícias e gesso acartonado.

Para uma construção em sistema CES, basicamente são usadas ferramentas como furadeira, parafusadeira, nível, prumo, serra circular estacionária e portátil, conta Pablo da Globalwood. Para armazenar os perfis e as chapas no canteiro, é necessário um barracão e, para obras com mais de um pavimento, um pequeno elevador de cargas para o transporte dos materiais.

Diversos fatores possibilitam que a construção seja mais rápida, como materiais mais leves – apesar das grandes dimensões –, utilização de sistemas de fixação mecânica ao invés de cimento, facilidade nas instalações elétricas e hidráulicas com a utilização do sistema PEX e outras téc-nicas e produtos de alta tecnologia. “Por não dependermos do clima para secar a argamassa e/ou o concreto, como na construção convencional, conseguimos estimar o prazo com uma margem pequena de erro e aliar a execução de várias

etapas em paralelo. Tudo isso com menos mão de obra. Em um mesmo dia, é possível levantar paredes, realizar a instalação elétrica, hidráulica e o isolamento termoa-cústico”, revela Pablo. De acordo com ele, o tempo de obra representa menos da metade do tempo de uma construção convencional.

Com o planejamento antecipado de montagem, a exe-cução se torna mais precisa, evitando o desperdício de materiais e a geração de resíduos desnecessários, o que pos-sibilita uma redução expressiva na quantidade de entulho produzido durante a obra, chegando a índices abaixo de 1%, segundo Rubens da LP Brasil.

O custo de uma construção com frames pode equivaler a uma construção convencional ou até mesmo ser 30% menor. Isso é possível devido ao curto prazo de execução – que proporciona retorno mais rápido ao investidor –, à racionalização da mão de obra, das ferramentas e dos materiais utilizados, ao menor custo de fundação, à redução de custos indiretos e ao orçamento fixo. Outro fator importante é que os fabricantes que fornecem para o sistema já estão instalados no Brasil, o que evita gastos com a importação de produtos.

Além de proporcionar a redução do investimento em sistemas de climatização do imóvel, há redução nos custos de manutenção em um terço, quando comparado ao sistema convencional, devido à garantia e durabilidade dos materiais empregados, produtos de alta tecnologia com garantias estendidas de até 30 anos, conforme explica Rubens da LP Brasil. GB

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InternacIonal

Por Andrea Padovan

De comunidade rural devastada por tornado a cidade modelo em sustentabilidade: conheça a história de Greensburg

A cidade querenasceu verDe

Até 2007, Greensburg, cidade no centro-oeste dos EUA, era conhecida mundialmente pelo Big Well, nome dado ao maior poço de água cavado com as mãos do mundo,

com 109 metros de profundidade e 30 metros de diâmetro. Era uma comunidade pacata, conservadora, com 1.400 habi-tantes, isolada do mundo e de economia baseada em agricultura.

Seis anos depois, Greensburg é modelo internacional de cidade sustentável e a comunidade líder no mundo em certificações LEED per capita. Porém, uma tragédia precisou devastá-la para que ela renascesse verde. Em 4 de maio de 2007, um tornado de categoria F5, que tem a velocidade dos ventos entre 420 e 511 quilômetros por hora, destruiu a comunidade, dizimando 95% das estruturas e dos edifícios.

A maioria da população perdeu tudo. “As pessoas tiveram a vida virada de cabeça para baixo”, conta Daniel Wallach, diretor da Fundação Greensburg Greentown, Organização Não Governamental que hoje é a central de informações da cidade.

A ajuda para a recuperação veio do Governo Federal e de empresas privadas, que se uniram para reconstruir a cidade e auxiliar a população. “Somos agora uma comunidade onde todos são mais próximos. Justamente por perdermos tudo, tivemos que contar com o suporte e a ajuda de cada um”, diz Bob Dixson, atual prefeito

de Greensburg. Foi decidido que semanalmente a população se reu-niria com os grupos de apoio para discutir os novos rumos da cidade. Logo na primeira reunião, Daniel Wallach, que ajudou a fundar a Greensburg Greentown, trouxe a ideia e a proposta de recons-trução com a adoção de um modelo verde. “Nossa iniciativa verde tem dado à comunidade muitos significados que não existiam antes. Há mais turismo e passamos a ser um modelo internacional de sus-tentabilidade e de cidade do futuro”, diz ele com orgulho.

Nas reuniões, por exemplo, foi decido que todos os edifícios públicos de Greensburg, de tamanho superior a 4 mil metros quadrados, deveriam atender aos padrões da certificação LEED Platinum do United States Green Building Council (USGBC) e utilizar fontes de energia renovável. O prefeito, Bob Dixson, garante que os próximos edifícios construídos pela prefeitura continuarão sustentáveis e assegurados com o selo LEED.

Reconstruindo a cidadeWallach enfatiza que o turismo na cidade ganhou um novo

apelo após a reconstrução. E o processo continua: “As pessoas vêm a Greensburg, do mundo todo, conhecer a cidade que se reergueu das cinzas”, conta. Mas os desafios que a comunidade impôs para si mesma estavam longe de ser facilmente alcançados.

Hospital Municipal Memorial Kiowa

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Somos agora uma comunidade onde todos são mais próximos. Justamente por perdermos tudo, tivemos que contar com o suporte e a ajuda de cada um”Bob Dixson, prefeito de Greensburg

O primeiro passo para a reconstrução foi garantir energia para abastecer a cidade. Uma fazenda com dez turbinas eólicas de 1,25 megawatts cada, projeto que custou US$ 23,3 milhões, abastece toda Greensburg.

Residências também entraram no modelo de susten-tabilidade, o que comprova a consciência adquirida pela população. Nelas são usadas fontes renováveis como a solar e a eólica e plantadas espécies de árvores que necessitam de menos água para sobreviver. Após dois anos de estudos, foi comprovado que as casas econo-mizam 42% de energia quando comparadas a uma casa que usa fontes convencionais.

Hoje, há oito empreendimentos com certificação LEED Platinum e muitos mais na lista de espera. Entre os já certificados estão:

Centro de ArtesConcebido e construído por 22 estudantes da

Universidade do Kansas, foi a primeira edificação da cidade erguida após o tornado e o primeiro LEED Platinum do Estado. Para a construção, foi utilizado cimento com alto teor de cinzas, um subproduto da com-bustão do carvão. As tábuas de madeira para o exterior da edificação, reaproveitadas de um prédio abandonado, foram pré-fabricadas pelos estudantes da Universidade. O isolamento das paredes foi feito de jornal reciclado. Uma bomba de calor geotérmico, que aproveita e transfere

o calor armazenado a pouca profundidade do solo, é utilizada para proporcionar aquecimento e arrefecimento para o edifício.

Hospital Municipal Memorial KiowaO novo edifício foi feito para aproveitar ao máximo a luz natural

por meio da otimização dos ângulos solares e da última geração de vidros de alto desempenho, que garantem o controle da intensidade da luz e do calor transmitidos para o ambiente interno. Uma turbina de vento gera 220 mil quilowatts por hora de energia. O resto vem da fazenda de energia eólica ao sul da cidade. O consumo de água em chuveiros, lavanderia e banheiros foi reduzido em 50% com o uso de um sistema natural de filtração. O projeto procurou manter a natureza e vegetação na maior parte do terreno, principalmente para oferecer uma paisagem agradável aos pacientes.

Escola Municipal de KiowaCom um valor de US$ 52 milhões, a construção foi feita com

painéis isolados estruturais, que são duas camadas de placa estru-tural com uma camada de espuma no meio. As estratégias para integrar o terreno e a construção reduziram os custos de operação da escola e adicionaram vitalidade ao local por meio da restau-ração do habitat, trilhas ecológicas, reúso das águas da chuva para irrigação, solo permeável, plantação de árvores para sombrear o estacionamento e telhado verde. Há espaço para futura instalação de energia solar, mas 100% da energia usada vêm de turbinas de vento. A madeira utilizada na estrutura do edifício foi recuperada de edifícios abandonados após o furacão Katrina, em 2005. GB

Centro de Artes Escola Municipal de Kiowa

Fotos: Divulgação Greensburg Greentown

Foto:

Greg

Hensh

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A cidade devastada após tornado em 2007

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ArquiteturA

cultura e o clima de um lugar têm sido, ao longo de todas as épocas, constantes geradoras de ideias ori-ginais e de vitalidade, assim como de preservação

dos mais profundos valores humanos. O clima cria o cenário, se expressa em dados de temperatura, umidade, chuvas, velocidade e direção do vento e insolação. Na arquitetura bioclimática e no bioclimatismo em geral, há consenso na atribuição de um papel central ao lugar. O lugar incorpora um conteúdo poético que é definido pelas qualidades dos ele-mentos e pelos valores simbólicos e históricos. Ele é o elo que relaciona o ambiente e o corpo humano. Espera-se que seja ele que determine a propriedade e a adequação de uma res-posta arquitetônica às necessidades do homem. A arquitetura bioclimática é uma forma de desenho lógico que reconhece a persistência do existente, é culturalmente adequada ao lugar e aos materiais locais e utiliza a própria concepção arqui-tetônica como mediadora entre homem e meio.

O objetivo do projeto de arquitetura bioclimática é prover um ambiente construído com conforto, adaptado ao clima local, que minimize o consumo de energia convencional – de forma que seja necessária a instalação da menor potência elé-trica possível – e minimize a produção de poluição. A transição entre exterior e interior fica por conta das características da envoltória do edifício. Quanto mais um filtro seja transpirável, móvel, praticável e modificável, melhor será para produzir espaços com condições otimizadas de conforto ambiental,

Projetos arquitetônicos como mediadores entre o homem e o meio ambiente

com mínima ou nenhuma dependência de sistemas ativos de resfriamento ou aquecimento. A prevalência da luz natural, das vistas e da ventilação natural, evitando-se o tratamento dos edifícios altos como se fossem subterrâneos, com climatização e iluminação artificiais, são aspectos que contribuem para essa transição e abrangem o esvaecimento das fronteiras entre a exterioridade e a interioridade no espaço urbano.

Assim, é princípio do bioclimatismo a incorporação de ele-mentos que conduzam a uma arquitetura que proporcione sen-sações prazerosas, muito além das visuais, que seja capaz de despertar os sentidos. Para tanto, necessita-se de uma concepção sensorial polivalente, na qual a água, a vegetação, a luz, o som e a cor sejam elementos que entrem para ordenar o espaço como estí-mulos dimensionais, com a possibilidade de modelar o ambiente. A resposta do espaço é mais adequada na medida em que os materiais da envoltória não ficam ocultos e respondem segundo o solicitado, uma vez que as reverberações, a absorção e a reflexão dependerão, em grande medida, da forma dessas superfícies.

A arquitetura contemporânea internacional hoje fala de fachadas dinâmicas, edifícios que respiram, tetos vivos, para se referir às estratégias e aos dispositivos da arquitetura biocli-mática que buscam controlar os ganhos de calor (minimizando a energia solar que entra pelas aberturas e aquela absorvida pela envoltória), dissipar a energia térmica do interior do edi-fício (antes que emita mais energia infravermelha para os outros elementos de construção), remover a umidade em excesso e promover o movimento de ar (especialmente no clima tropical úmido), promover ainda o uso da iluminação natural e controlar o ruído. Assim, a construção da arquitetura bioclimática é o resultado de uma pequena parte de experiência geral e de uma grande parte de um unicum, que expressa o conjunto específico criado para um fim, numa localização determinada e cuja combi-nação dificilmente é transferível. GB

A arquitetura bioclimática promove um ambiente confortável, adaptado ao clima local e que minimiza o consumo de energia e a produção de poluição

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* Doutorada em Arquitetura pela Universitat Politècnica de Catalunya e pós-doutorada em Landscape Architecture pela PSU. Atualmente, é professora titular da Universidade de Brasília (UNB), líder do grupo de pesquisa “A Sustentabilidade em Arquitetura e Urbanismo” e coordenadora do Laboratório de Sustentabilidade Aplicada à Arquitetura e ao Urbanismo (LaSUS) da UNB, além de desenvolver outras atividades nas áreas de sustentabilidade, bioclimatismo, desenho urbano, espaço público e arquitetura e [email protected] | www.lasus.unb.br

Por Marta Adriana Bustos Romero*

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