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A REVISÃO FORMAL NOS ESTADOS UNIDOS

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Page 1: A Revisão Formal nos EUA

A REVISÃO FORMAL NOS ESTADOS UNIDOS

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A arquitetura estadunidense já tem importância entre o final do século XIX e meadosdo século XX, mas é a partir de 1945 que a importância do país se transforma emliderança predominante.

A II Guerra Mundial foi o resultado de uma profunda crise na Europa. A partir desta, algumas cidades ficam destruídas, suas organizações sociais se desarticulam e alguns de seus melhores intelectuais :

Na filosofia – Theodor Adorno, Herbert Marcuse, etc.Nas artes – Max Ernst, Marcel Duchamp, etc.Na arquitetura – Mies van der Rohe, Walter Gropius, Marcel Breuer Josep Lluís Sert,

Ludwig Hiberseimer, Erich Mendelsohn, etc.

emigram para os EUA. Outros já haviam emigrado anos antes (Richard Neutra, Eliel Saarinen, p. ex.)

Alguns se instalaram de forma definitiva e outros regressaram mais tarde à Europa

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Ao enorme potencial intrínseco dos EUA, acrescentaram-se as ideias e iniciativasdestes europeus, e isso gerou uma enorme vantagem.

No que se refere ao contexto estadunidense, a chegada das influências das vanguardas europeias provoca uma maior dispersão ao longo do país. Estas influências internacionais interagem sobre:

-a grande variedade que apresenta a arquitetura estadunidense do final do séc XIX;- a diversidade de correntes autóctones e regionais, entre as quais se destacam a tradição de Wright e Neutra dentro da arquitetura californiana;- e a arquitetura do chamado “Bay Region Style”

Outro fato relevante é o destacado potencial econômico que possui o país. Isso permitiu uma forte transformação do território e das cidades e provocou a geraçãode grandes escritórios de arquitetura não como os tradicionais escritórios dos arquitetos europeus, mas como autênticas empresas.

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A CONTINUIDADE DA TRADIÇÃO DE WRIGHT: O MUSEU GUGGENHEIM

A mútua relação entre arquiteturas estadunidense e europeias é um fato que aconteceu durante todo o século XX. As obras dos precursores da arquitetura moderna e seus primeiros arranha-céus, assim como a arquitetura industrial dos EUA.

Talvez seja Frank Lloyd Wright que ilustra melhor a constante influência entre EUA eEuropa.

A edição de revistas europeias dedicadas àobra de Wright foi uma referência chavepara uma parte das experiências das vanguardas europeias, especialmente para ogrupo holandês De Stijl.

Por outro lado, Wright representava uma posição radicalmente individualista dentrodo panorama da arquitetura. Devido a isso, sua obra se desenvolve como unidadeesteticamente autônoma, independente de todo padrão comercial ou acadêmico.

Frank Lloyd Wright (1867 –1959)

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Wtight odiava todo sistema e seguia confiando no controle individual do artistasobre seu próprio produto.

Nos anos 50, uma obra de Wight voltou a apresentar-se como um paradigma da arquitetura, da intervenção urbana e dos edifícios: trata-se do Museu Solomom R.Guggenheim, em Nova York (1943-1959), que em muitos aspectos é uma perfeitasíntese das ideias arquitetônicas chave desenvolvidas ao longo dos anos porWright.

A obra se situa dentro da linha de projetos experimentados durante os anos 40 com base na figura do círculo e da espiral: toda uma série de casas unifamiliares – casaLlewellyn Wright (1923), a casa Friedmann (1949).

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Wright sintetiza no Guggenheim de Nova York dois dos aspectos essenciais de suaobra, aparentemente contraditórios, fruto de uma grande variedade de influências.Por um lado, a referência ao sólido, ao tectônico, às rochas, cavernas, que são expressas essencialmente no interior introvertido do edifício.

Por outro lado, a busca do dinamismo das formas de união e das plataformas, das formas esbeltas e em movimento, em sintonia com o neoplasticismo, expressadonesse caso na rampa interior e nas faixas helicoidais que crescem no exterior.

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Composição II em vermelho, azul e amarelo

Composição com amarelo,azul e vermelho

O Neoplasticismo defendia uma total limpeza espacial para a pintura, reduzindo-a a seus elementos mais puros e buscando suas características mais próprias. Muitos de seus ideais foram expostos na revista De Stijl

Essa aproximação das artes revela-se nitidamente na grande participação e influência de arquitetos no De Stijl, visando a produção de um ambiente que fosse em si mesmo uma expressão artística.

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O Guggenheim se trata de uma obra singular situada em Manhattan que rejeita qualquer relação tipológica de escala e de modulação com o entorno urbano.

Em forma de espiral, a base do volume é mais estreita que a cobertura.

Sobre a trajetória interior, a grande cúpula de vidro relembra o óculo do Panteãode Roma.

Devido ao seu tratamento ornamental, a cúpula faz referência a um edifício religiosos

A primeira experiência estética desse edifício é marcada pelo elevador, que ganhaaltura e o deposita no início da suave inclinação helicoidal, que o empurralentamente até o nível do solo, em um movimento em espiral que permite saboreara ideia pura do espaço.

Wright não pensou em um museu convencional, tradicional, mas sim em um lugardedicado a experimentação e criação artística. Algumas dessas intervenções foramapresentadas no edifício conseguiram mostrar a singular capacidade de seuespaço helicoidal e central como suporte à experimentação artística de vanguarda.

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O Guggenheim ocupa um lugar destacado dentro da história dos modelos arquitetônicos. Em certos aspectos formais lembra a ideia do espaço puro do Panteãode Roma, símbolo da passagem entre a “primeira idade do espaço” para a “segundaidade do espaço”.

Em um reduzido espaço urbano, recria a nova forma de volumes articulados sobre plataformas que a segunda metade do século XX desenvolveu e que alguns autoresirão chamar de “terceira idade do espaço”

Nesta idade, recupera-se o valor dos volumes escultóricos da primeira idade do espaço.

Ao mesmo tempo que o último Wright apresenta o balanço magistral de sua extensaobra, surpreende também com obras como o Centro Cívico de Marin Country emSan Rafael, na Califórnia (1957-1964), onde o excesso de formalismo parece anunciar pastiches pós-modernos.

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FORMALISMO E ECLETISMO NA OBRA DE EERO SAARINEN

Outro arquiteto cuja obra atualmente nos parece mais atraente e enigmática éEero Saarinen – nascido em 1910, na Finlândia. Emigrou para os EUA em 1923,formou-se em arquitetura por Yale em 1934. Em 1949, conseguiu o primeiro prêmiodo concurso para o monumento a Jefferson em Saint Louis.

Desde então até sua prematura morte – em 1961 – desenvolve atividade frenética,realizando uma grande quantidade de projetos e criando um grande escritório.

Entre 1934 e 1936, viaja pela Europa e se interessa pelo sistema estrutural dasantigas catedrais góticas.

A obra de Saarinen embora esteja baseada na arquitetura moderna e na difusãodo Estilo Internacional nos EUA, se desloca entre dois pontos muito distantes:

-obras estritamente racionalistas com base nas formas retas e simples, de ascendência miesiana

-obras exageradamente expressionistas, simbólicas e ornamentadas baseadas noalarde estrutural, nas formas livres e orgânicas.

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De maneira incansável, Saarinen experimentavapara cada um de seus projetos uma variedadeenorme de soluções que se moviam entre osdois pólos formais contrapostos.

No primeiro caso podemos encontrar obras comoos cubos e prismas do Centro Técnico da General Motors, em Warren, Michigan (1955),ou como o Centro John Deere concluído em1965, após a sua morte pro Kevin Roche.

No segundo caso encontramos tanto terminaisde aeroportos – TWA no aeroporto Kennedy deNova York (1956-1959); como edifícios coletivose esportivos em centros universitários, tais como

o Hockey Ring da Universidade de Yale (1956-1959), ou o Krege Auditorium, no MIT(1955)

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Mediante esses projetos, Saarinen foi um dos primeiros arquitetos posteriores ao Movimento Moderno que tentou incorporar a metáfora à arquitetura contemporânea,situando as exigências funcionais em uma posição secundária.

No segundo grupo de obras, Saarinen busca novas formas estruturais e de coberturasque permitam um novo repertório formal.

Utiliza novos materiais, especialmente o concreto armado, e recorre a claras configurações orgânicas e referenciais simbólicos, como a forma de uma grande avepara o terminal da TWA.

O fato de que as questões estéticas e simbólicas sabem estar sempre por cima dasrazões meramente materiais, estruturais, industriais e matemáticas, aproxima Saarinen de Jorn Utzon.

A busca de formas curvas, que sejam simultaneamente estrutura e suporte de apoio,definem e qualificam os espaços, é um recurso que vai além do cálculo e das leis daestática para explorar os recursos mais expressivos monumentais e criativos da arquitetura.

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Na embaixada americana em Londres, Saarinen recorre à forma funcionalistade um prisma deitado e consegue expressar o máximo de riqueza e exuberânciacom a utilização de uma série de recurosos:

-duplo sistema sobreposto de modelos de janelas (dentro do mecanismo de duplafachada previsto por Louis Kahn;

-ornamentação no coroamento do edifício;

-ênfase axial e monumental que introduz com a grande águia no cnetro da fahcada.

No entanto, o edifício não consegue se adaptar ao ambiente urbano londrino.

Uma série de fatos confluíram para um desenvolvimento inconcluso na sua experimentação arquitetônica:

-sua ascendência nórdica e, concretamente, nórdica;-a influência das ideias organicistas e cirativas de seu pai-realização de suas obras nos anos 50, coincidindo com a crise dos princípios do Movimento Moderno-a necessidade de realizar uma grande quantidade de obras altamenterepresentativas em muito pouco tempo.