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Proposta de Sessão Dirigida Título da sessão Dirigida: A Responsabilidade Social e Ambiental na Formação do Engenheiro de Produção Área Temática: Educação em Engenharia de Produção Coordenadora: Ciliana Regina Colombo, Departamento de Engenharia de Produção, Centro de Tecnologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, [email protected] . Relatora: Sandra Rufino, Departamento de Engenharia de Produção, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, [email protected] . Pesquisadores que não pertencem à IES do coordenador e do relator, que trabalham com a temática e que contribuiriam com o desenvolvimento da SD: Antonio Mariani (USP) Heloisa Helena Albuquerque Borges Quaresma Gonçalves (UNIRIO) Henrique Novaes (UNESP Marília) Lais Fraga (UNICAMP) Maurício Dwek (UFRJ) Mauricio Sardá (UFPB) Reinaldo Pacheco (USP) Renato Dagino (UNICAMP) Sidney Lianza (UFRJ) Vicente Nepomuceno (CEFET-RJ) Walter Bazzo (UFSC) Resumo: Considerando a atuação do engenheiro na sociedade com vistas ao desenvolvimento que na atualidade se espera sustentável (em uma amplitude completa desse conceito considerando as dimensões territorial, social, ambiental, política, técnica, etc.) é preciso discutir sobre a sua formação. Desde a década de 60 uma nova forma de compreensão da ciência e da tecnologia e suas inter-relações com a sociedade vêm sendo construída dentro do campo de estudo de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS), que questiona e critica o pensamento sobre a neutralidade da ciência e da tecnologia e ainda de idéias lineares de progresso (INVERNIZZI; FRAGA, 2007). Portanto não podemos mais formar profissionais que na proposição de suas soluções não levem em consideração os fatores sociais que influenciam o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e muito menos não se responsabilizar pelas implicações sociais, ambientais e mesmo éticas de suas proposições. Não podemos mais formar engenheiros tecnicistas, fechados em seu mundo e entre os seus e que ignorem todo o ambiente. Colombo (2001; 2006) a partir de estudos sobre a formação do engenheiro civil, corrobora afirmando que o engenheiro necessita balizar suas ações em um novo paradigma

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Page 1: A Responsabilidade Social e Ambiental na Formação do

Proposta de Sessão Dirigida

Título da sessão Dirigida:

A Responsabilidade Social e Ambiental na Formação do Engenheiro de Produção Área Temática:

Educação em Engenharia de Produção Coordenadora:

Ciliana Regina Colombo, Departamento de Engenharia de Produção, Centro de Tecnologia, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, [email protected]. Relatora:

Sandra Rufino, Departamento de Engenharia de Produção, Escola de Minas, Universidade Federal de Ouro Preto, [email protected]. Pesquisadores que não pertencem à IES do coordenador e do relator, que trabalham com a temática e que contribuiriam com o desenvolvimento da SD:

• Antonio Mariani (USP) • Heloisa Helena Albuquerque Borges Quaresma Gonçalves (UNIRIO) • Henrique Novaes (UNESP Marília) • Lais Fraga (UNICAMP) • Maurício Dwek (UFRJ) • Mauricio Sardá (UFPB) • Reinaldo Pacheco (USP) • Renato Dagino (UNICAMP) • Sidney Lianza (UFRJ) • Vicente Nepomuceno (CEFET-RJ) • Walter Bazzo (UFSC)

Resumo:

Considerando a atuação do engenheiro na sociedade com vistas ao desenvolvimento que na atualidade se espera sustentável (em uma amplitude completa desse conceito considerando as dimensões territorial, social, ambiental, política, técnica, etc.) é preciso discutir sobre a sua formação. Desde a década de 60 uma nova forma de compreensão da ciência e da tecnologia e suas inter-relações com a sociedade vêm sendo construída dentro do campo de estudo de Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS), que questiona e critica o pensamento sobre a neutralidade da ciência e da tecnologia e ainda de idéias lineares de progresso (INVERNIZZI; FRAGA, 2007). Portanto não podemos mais formar profissionais que na proposição de suas soluções não levem em consideração os fatores sociais que influenciam o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e muito menos não se responsabilizar pelas implicações sociais, ambientais e mesmo éticas de suas proposições. Não podemos mais formar engenheiros tecnicistas, fechados em seu mundo e entre os seus e que ignorem todo o ambiente.

Colombo (2001; 2006) a partir de estudos sobre a formação do engenheiro civil, corrobora afirmando que o engenheiro necessita balizar suas ações em um novo paradigma

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(Holístico-Ecológico, da Sustentabilidade) e agir de forma mais holística, sistêmica, complexa e contextualizada. Defende que para obter essa forma de pensamento é importante o papel da universidade, dos docentes em trabalhar o ensino usando o pensamento complexo ou espiral (Morin, 2000) nas disciplinas e no conhecimento do curso com os alunos. Apresenta ainda a necessidade de desenvolver processos de ensino-aprendizagem com modelo próximo ao do desenvolvimento das atividades cotidianas (atividades de extensão e pesquisa), esse defendido também por Dwek (2008). Acredita também que é necessário reforçar a interdisciplinariedade para que os alunos vejam as disciplinas como ações de um projeto maior, compreendendo seus elos. Para a autora o aluno “perceberá que o todo é maior que a soma das partes, que a engenharia é mais que a soma de física, cálculo, resistência de materiais..., pois da interdisciplinaridade emergem conhecimentos mais amplos” (COLOMBO, 2001, p.7). A multidisciplinariedade também é importante e precisa ser estimulada, permitir a interação das engenharias com as outras áreas do saber e descobrir onde há elos comuns e onde se complementam.

Apesar da emergente necessidade dessa visão apontada por Colombo, a própria autora em estudo sobre a formação do engenheiro civil, assim com Fraga (2007) em estudos sobre formação do engenheiro de alimentos e Dwek (2008) em estudo sobre formação do engenheiro de materiais, apontam a problemática que os cursos de engenharia em sua grade curricular, tem em sua maioria uma visão ainda tecnicista, fechado e ainda com clara separação entre teoria e prática e com ações e exemplos focados para um segmento: industrias e do setor privado, e isso não é diferente nos cursos de engenharia de produção. Fraga (2007) expõe ainda que os cursos são construídos com uma visão do uso da técnica e da tecnologia para o processo, na criação apenas de artefatos materiais e que a tecnologia pode ser considerada universal, portanto neutra e sem necessidade de contextualização, e que ainda discrimina e desconsidera o conhecimento empírico, e preza pela racionalidade ao invés da criatividade e cria uma rivalidade entre C&T vs Humanidades. Dwek (2008) aponta que mesmo havendo orientações do MEC para formação extracurricular do engenheiro (e que talvez lhe permitisse complementar sua formação) ainda são deficientes e são oferecidos na maioria outras alternativas técnicas para os discentes, não conseguindo ampliar o campo das possibilidades, discute também que historicamente o estudo da engenharia esteve condicionado aos interesses políticos e econômicos das classes que dominaram os meios de produção no país, e por isso a formação em engenharia nunca foi pensada de fato de maneira autônoma e que não permite um projeto nacional.

Nesse sentido podemos observar que muitas universidades em todo território nacional, tem se voltado para segmentos da indústria específicos: multinacionais, montadoras, mineradoras, petrolíferas etc. Os estudos e proposições de ações são normalmente focados para a indústria que exerce maior força na localidade, diminuindo, restringindo a ação da universidade, professores e alunos (futuros profissionais) a essas organizações, concordamos com os autores Fraga e Dwek de que os cursos de engenharia ainda são convencionais e pouco tem feito para mudar o pensamento para o novo paradigma.

Nesta sessão dirigida pretende-se discutir a formação do engenheiro de produção com perspectivas à responsabilidade social e ambiental dos profissionais a serem formados. Tem o intuito de refletir sobre métodos e conteúdos que melhor encaminham o engenheiro para uma atuação não focada apenas na responsabilidade técnica, mas também consciente das conseqüências de sua atuação na sociedade e no ambiente natural e construído. Traz abordagem das tecnologias sociais e das tecnologias ambientais como meios para alcance desse objetivo.

Os pesquisadores nessa área tem realizado publicações isoladas dessas temáticas (formação do engenheiro; tecnologias sociais; tecnologias ambientais), mas sempre houve a vontade e interesse de uni-las em um debate maior, essa proposta de sessão dirigida poderá

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conciliar esses interesses, apresentando artigos que tragam os conceitos, experiências e reflexões além dos resultados e proposições a partir da troca de experiências.

Referências

BRANDÃO, F. C. Programa de Apoio às Tecnologias Apropriadas - PTA: avaliação de um programa de desenvolvimento tecnológico induzido pelo CNPq. Dissertação (Mestrado em Desenvolvimento Sustentável) - Universidade de Brasília, Brasília, 2001.

BAZZO, Walter A. A pertinência de abordagens CTS na educação tecnológica. In: I.V. Linsingen et al. [Orgs.]. Formação do engenheiro: desafios da atuação docente, tendências curriculares e questões da educação tecnológica. Florianópolis: Editora da UFSC, 1999. p. 89-104.

CAPRA, Fritjof. O ponto de mutação - a ciência, a sociedade e a cultura emergente. Trad. Álvaro Cabral, 15. ed. São Paulo: Cultrix, 1993.

COLOMBO, C. R. Da complexidade no trabalho do engenheiro, o repensar de sua formação. In: 7o. Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia. Porto Alegre – RS. Anais... Porto Alegre: PUCRS, 2001. 1CD-Rom. Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia. Porto Alegre – RS. Anais... Porto Alegre: PUCRS, 2001. 1CD-Rom.

COLOMBO, Ciliana R. Princípios teórico-práticos para formação de engenheiros civis: em perspectiva de uma construção civil voltada à sustentabilidade. 2004. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) - Centro tecnológico, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.

COLOMBO, C. R. ; SANTANA, M. J. A. Trabalhos de Conclusão de Curso: Um Meio de Fomentar um Processo de Ensino de Engenharia Baseado em Pesquisa. In: XXXIV Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia, 2006, Passo Fundo. Anais do Congresso Brasileiro de Ensino de Engenharia, 2006.

DAGNINO, R. Tecnologia Social. In: Dicionário Internacional da outra economia. CATTANI, A.D , LAVILLE, J. -L., GAIGER L. I, HESPANHA, P. (Coord) (2009). Coimbra: Edições Almedina, 2009.

DWEK, Mauricio. Perspectivas para a formação em engenharia: o papel formador e integrador do engenheiro e o engenheiro educador. 2009. (Graduação em Engenharia Metalúrgica). Escola Politécnica. Universidade de São Paulo, 2009.

FRAGA, L. S. O curso de graduação da Faculdade de Engenharia de Alimentos da UNICAMP: uma análise a partir da educação em ciência, tecnologia e sociedade. 2007. 86p. Dissertação (Mestrado em Política Científica e Tecnológica) – Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2007.

INVERNIZZI, Noela; FRAGA, Lais. Educação em Ciência, Tecnologia, Sociedade e Ambiente. Vol.1, Número Especial. Revista Ciência & Ensino, 2007.

MORIN, Edgar; LE MOIGNE, Jean-Louis. A inteligência da complexidade. Trad. N. M. Falci. São Paulo: Peirópolis, 2000.

RTS. Rede de Tecnologias Sociais. Premissa à conformação da Rede de Tecnologia Social. In: Tecnologia Social – uma estratégia para o desenvolvimento. FBB, Rio de Janeiro, 2004.