a relevÂncia da educaÇÃo ambiental na escola ......para o ensino-aprendizagem e sensibilização...
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A RELEVÂNCIA DA EDUCAÇÃO
AMBIENTAL NA ESCOLA ESTADUAL 29
DE NOVEMBRO EM TANGARÁ DA
SERRA-MT
Ana Maria de Lima
(UNEMAT)
Gelciomar Simão Justen
(UNEMAT)
Lierge Luppi
(UNEMAT)
Nubia Prado de Carvalho
(UNEMAT)
Resumo As discussões acerca do tema Educação Ambiental vêm se
intensificando nos últimos anos, especialmente após os graves
problemas ambientais enfrentados pela população mundial nas últimas
décadas. Nesse sentido o trabalho dos educadores junto aos
educandos se faz de grande relevância para estabelecer uma
sensibilidade global para as questões ambientais, trabalho esse que
passa a ser cada vez mais cobrado pelas organizações competentes. O
objetivo geral desse estudo é verificar quais são as práticas de
educação ambiental adotadas na escola estadual “29 de Novembro”
situada no município de Tangará da Serra-MT e verificar se os
projetos de educação ambiental vêm modificando as práticas dos
docentes dessa instituição. Para tanto essa pesquisa aplicou 20
questionários aos professores efetivos da escola, bem como realizou
entrevistas com a equipe gestora, ainda visando atender ao objetivo
foram feitas observações na instituição e pesquisa documental junto ao
Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola no mês de setembro de
2011. Os dados obtidos com os questionários foram tabulados de
forma gráfica para melhor entendimento, e os demais foram
discorridos de forma discursiva na discussão dos resultados. Os
principais resultados obtidos revelaram que a maior parte dos
professores trabalha com a temática da Educação Ambiental em suas
aulas, por meio de explanação, projetos, trabalhos e seminários. A
pesquisa ainda apontou que nem todos os profissionais trabalham com
o tema e existe certa resistência desses em mudar essa realidade.
Palavras-chaves: Educação ambiental, Meio Ambiente, Sociedade
8 e 9 de junho de 2012
ISSN 1984-9354
VIII CONGRESSO NACIONAL DE EXCELÊNCIA EM GESTÃO 8 e 9 de junho de 2012
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1 INTRODUÇÃO
O meio ambiente vem sendo modificado pelo homem durante milhares de anos, porém
a partir da Revolução Industrial (1770), na Inglaterra, essas modificações tomaram uma
proporção muito maior.
[...] o crescimento econômico desordenado foi acompanhado de um processo jamais
visto pela humanidade, em que se utilizavam grandes quantidades de energia e de
recursos naturais, que acabaram por configurar um quadro de degradação contínua
do meio ambiente.
A industrialização trouxe vários problemas ambientais, como: alta concentração
populacional , devido a urbanização acelerada; consumo excessivo de recursos
naturais, sendo que alguns não-renováveis; contaminação do ar, do solo, das águas;
e desflorestamento, entre outros. (DIAS, 2009, p.6)
Esses problemas foram apenas se agravando com o passar do tempo e com a expansão
das indústrias sem propostas de conservação ambiental. Esse longo processo só começou a
sofrer sanções efetivas na segunda metade do século XX, quando os problemas dele
decorrentes passaram a adquirir maior visibilidade e principiou um movimento global pela
preservação e conservação do meio ambiente.
Nessa perspectiva a Conferência de Estocolmo foi um marco na luta pela
preservação do meio ambiente, de acordo com Dias (2009, p.16-17), ela reuniu países
desenvolvidos e países do Terceiro Mundo, levando a várias discussões que trataram da
escassez dos recursos naturais levando ao estabelecimento das bases para a Conferência da
ONU (Organização das Nações Unidas) em 1972 que gerou a Declaração sobre o Meio
Ambiente e produziu um Plano de Ação Mundial cujo foco era a orientação para a
preservação e a melhoria no ambiente humano.
Percebe-se assim que conforme foi aumentando a conscientização ambiental, novas
políticas Nacionais e Internacionais foram sendo implementadas visando atender aos acordos
estabelecidos nas Conferências Mundiais pelo Meio Ambiente. Assim é que a contribuição
das organizações não-governamentais (ONGs) foi de suma importância para as políticas de
sustentabilidade ambiental surgidas nesse período.
O Brasil teve como marco dessa luta a Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), também conhecida como Cúpula da Terra ou
Eco-92, na qual foram discutidos por representantes de 179 países os problemas ambientais
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globais e na qual ficou estabelecido como metas para esses governos o desenvolvimento
sustentável.
Recentemente foi aprovada pelo Congresso Nacional o Projeto de Lei que instituiu a
Política Nacional de Resíduos Sólidos, que passou a regulamentar o processo de coleta
seleção e reciclagem desses resíduos e que coloca em seu Art. 2º, inciso IV como uma das
diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a educação ambiental, posta já desde a
década de 1990 como um tema transversal da Educação Básica.
Entretanto há muito tempo esse tema é discutido por organismos internacionais, desde
1972 na Conferência de Estocolmo questões pertinentes relacionadas à proteção do meio
ambiente e a educação ambiental foram debatidas, gerando uma proposta internacional para a
educação ambiental, como aponta Monteiro (2002, p.58):
A partir de Estocolmo, em 1972, os organismos internacionais de cooperação
ligados ao sistema Nações Unidas (NNUU) e as ONGs iniciam a busca pelo
estabelecimento de um programa internacional de educação ambiental,
interdisciplinar, intra e extraescolar, que compreendesse todos os níveis da educação
e se dirigisse ao público em geral, particularmente ao cidadão comum, com o
propósito de educá-lo e controlar seu meio ambiente.
Percebe-se com isso que a educação ambiental vem mostrando cada vez mais seu
caráter inter e transdisciplinar podendo e devendo ser trabalhada como um projeto por toda e
qualquer instituição de ensino, haja vista as mesmas serem organizações de formação de
cidadania. Não é possível tentar mudar a atitude de indivíduos fazendo apenas com que os
mesmos sofram penalidades monetárias, é necessário que tenham seu comportamento
modificado por sua sensibilização para o problema que é mundial oportunizando-lhes uma
visão abrangente e uma atitude sustentável.
Nessa perspectiva tanto a Gestão Ambiental quanto a Educação Ambiental vem
conseguindo se colocar na pauta das discussões dos estados da região Centro-Oeste,
especialmente no Mato Grosso que ainda sofre com a exploração de seus recursos nem
sempre de maneira sustentável.
As práticas de gestão ambiental nas escolas estaduais de Tangará da Serra surgem
como um suporte para a sensibilização da sociedade sobre quais as atitudes tomar, de que
maneira realizar ações de educação ambiental, tornando-se assim logradouros privilegiados
para o ensino-aprendizagem e sensibilização dos problemas ambientais.
Dado o exposto indagou-se o que a escola estadual 29 de Novembro, de Tangará da
Serra tem feito para conscientização dos alunos em relação a gestão e educação ambiental?
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Sendo assim, a pesquisa realizada em setembro de 2011 teve como objetivo geral
verificar quais são as práticas de educação ambiental na escola estadual “29 de Novembro”.
Para atingi-lo elencaram-se como objetivos específicos: Verificar se os projetos de educação
ambiental tem modificado as práticas pedagógicas dos educadores; Verificar os incentivos do
governo para a prática de gestão ambiental; e Identificar projetos de educação ambiental que
possam ser inseridos nas escolas.
A presente pesquisa foi desenvolvida com base na pesquisa qualitativa, sendo
exploratória e descritiva em relação a seus fins. Em relação aos métodos utilizou-se a
pesquisa bibliográfica, documental e o estudo de caso.
A Escola Estadual “29 de Novembro”, foi escolhida por ser uma das maiores e mais
antiga instituições de ensino dessa cidade.
Como amostra dessa população definiram-se as equipes gestoras dessa unidade
escolar formada pelo diretor e suas três coordenadoras, bem como seus profissionais efetivos,
elencados com base na permanência dos mesmos dentro do quadro dessas unidades escolares,
esses somam um número de 34 docentes. A pesquisa não pode ser realizada com todos devido
ao afastamento provisório dos mesmos para capacitação, licença-prêmio ou ainda estarem
cedidos ao município. Assim os questionários foram aplicados apenas a 20 desses
profissionais.
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Educação Ambiental
A partir de 1970 começa-se a pensar em Educação Ambiental, quando nas primeiras
conferências, como a Conferência de Estocolmo de 1972, os países ligados ao sistema das
Nações Unidas se reuniram para discutir a questão ambiental. Como coloca Monteiro (2002),
a partir de então esses países e ONGs começaram a tentar estabelecer um programa
internacional de educação ambiental que abrangesse todos os níveis da educação, dirigido a
todos os cidadãos que tinha como objetivo educá-lo e controlar seu meio ambiente.
Entretanto como aponta Carvalho (2001), a imprecisão na definição do que é
educação ambiental, fato comum as questões relacionadas ao tema ambiental acabou gerando
certa imprecisão e isso colaborou com vários equívocos.
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Apesar disso a educação ambiental favorece a práticas diferenciadas dentro do
ensino, pois em seu escopo encontram-se as interações socioambientais (homem/ambiente),
possibilitando ao educando uma visão sistêmica das relações históricas e os processos
decorrentes das mesmas.
No Brasil desde 1992, com a realização do Fórum das ONGs, em 1992, já se delineia
uma política de Educação Ambiental com a elaboração do “Tratado de Educação Ambiental
para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global”. Nesse documento a Educação
Ambiental “[...] foi entendida como um processo de aprendizado permanente, baseado no
respeito a todas as formas de vida e que contribua para a formação de uma sociedade justa e
ecologicamente equilibrada.” (MEC). Esse tratado apresenta como princípios: o fato de que a
educação Ambiental deve basear-se num pensamento crítico e inovador; ter como finalidade
educar indivíduos com consciência local e global, ser uma ação política; envolver as
interações entre o ser humano, a natureza e o universo de maneira interdisciplinar e total e
ainda instigar a solidariedade, o respeito aos seres humanos e a equidade.
Verifica-se assim que a educação ambiental ultrapassa as fronteiras no local, tendo,
pois uma dimensão planetária, cujas bases conceituais encontram-se em grandes eventos
Nacionais e Internacionais que a transformou numa ferramenta para conquistar o
desenvolvimento sustentável. Como aponta Jacobi (2003, p.193) “[...] a educação ambiental é
condição necessária para modificar um quadro de crescente degradação socioambiental. Ela
está posta como um instrumento privilegiado de conscientização dos cidadãos”.
Assim torna-se um desafio formular uma educação ambiental que seja crítica e
inovadora em dois âmbitos: o formal (escolar), e o informal, pois o indivíduo deve ser capaz
de compreende-la num contexto amplo sem que perca a dimensão do comportamental, do
desenvolvimento de valores éticos e morais.
A Educação Ambiental é um exercício que deve integrar qualquer ação relativa a
reciclagem, que é uma das ações mais percebidas no tratamento de resíduos sólidos, pois é
apenas com a conscientização proporcionada por ela que a sociedade é motivada a participar
de programas que envolvam o gerenciamento dos resíduos sólidos.
2.1.1 Legislação sobre Educação Ambiental
No Brasil várias leis e documentos foram desenvolvidos, em especial após 1992,
para tentar sanar ou, minimizar os impactos ambientais causados pela ação humana.Um
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desses foi a agenda 21, que é um programa de ação, que apresenta uma proposta abrangente
para promover um novo padrão de desenvolvimento sustentável.
No seu capítulo 36 ela se dedica a fornecer uma proposta geral que aponte as
medidas necessárias para a promoção do ensino, da conscientização pública e do treinamento
necessário para que isso se realize. A importância dada ao ensino fica clara já na proposta de
base para ação do mesmo:
O ensino, inclusive o ensino formal, a consciência pública e o treinamento devem
ser reconhecidos como um processo pelo qual os seres humanos e as sociedades
podem desenvolver plenamente suas potencialidades. O ensino tem fundamental
importância na promoção do desenvolvimento sustentável e para aumentar a
capacidade do povo para abordar questões de meio ambiente e desenvolvimento. [...]
Para ser eficaz, o ensino sobre meio ambiente e desenvolvimento deve abordar a
dinâmica do desenvolvimento do meio físico/biológico e do sócio-econômico e do
desenvolvimento humano (que pode incluir o espiritual), deve integrar-se em todas
as disciplinas e empregar métodos formais e informais e meios efetivos de
comunicação. (BRASIL, 2002, p.339)
Assim verifica-se que a educação torna-se base para qualquer modificação que se
tente realizar na sociedade, é apenas a partir dela que se pode desenvolver novas perspectivas
para o seu desenvolvimento.
Esse documento ainda estabelece como um de seus objetivos proporcionar a conexão
entre os conceitos de ambiente e desenvolvimento em todos os programas de ensino, para
possibilitar uma análise mais acurada dos problemas ambientais locais.
Embora a elaboração de um documento como esse a nível local seja muito
importante, ainda existem municípios que não o desenvolveram, o que dificulta que as
propostas por ele lançadas consigam ser efetivadas.
Anteriormente a ele ainda existem algumas leis que já estabeleciam propostas
relacionadas à educação ambiental como é o caso da Lei 4.771 de 1965, que já estabelecia em
seu artigo 43:
Fica instituída a Semana Florestal, em datas fixadas para as diversas regiões do País,
do Decreto Federal. Será a mesma comemorada, obrigatoriamente, nas escolas e
estabelecimentos públicos ou subvencionados, através de programas objetivos em
que se ressalte o valor das florestas, face aos seus produtos e utilidades, bem como
sobre a forma correta de conduzi-las e perpetuá-las. (BRASIL, 1965)
Nesse momento, entretanto a educação ambiental ainda se restringe ao ambiente
natural, com pouca ou nenhuma ênfase ao ambiente sócio-ambiental e atingindo apenas o
ensino básico.
Conforme Barbieri (2002) a primeira lei que abordou a educação ambiental de
maneira integrada foi a Lei 6.938 de 1981 eu instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente,
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lei esta recepcionada1 pela Constituição de 1988, que a coloca no seu Capítulo VI –Do Meio
Ambiente, segundo a qual:
Art. 225 Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e
futuras gerações. (BRASIL, 2010, 164)
Para tanto a Constituição ainda coloca em seu §1º, VI, que entre outras providências,
incumbe ao poder público, “Promover a educação Ambiental em todos os níveis de ensino e a
conscientização pública para a preservação do meio ambiente” (idem, ibidem, p.164).
Esclarece-se com isso que existe toda uma gama de leis, começando pela própria
Constituição, estabelecendo a relevância da educação ambiental para o Brasil. Além disso,
cabe salientar ainda a Política Nacional de Educação Ambiental instituída pela Lei n. 9.795,
de 27 de abril de 1999, que dispõem sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional
de educação Ambiental e dá outras providências.
O objetivo dessa lei foi fazer com que o que está previsto na Constituição ocorra de
maneira eficaz. Ela sintetizou o que foi discutido em várias conferências nacionais e
internacionais sobre o assunto e proporcionou ao mesmo seu caráter sócio-ambiental. É ela
ainda que serviu de base para as diversas leis estaduais sobre o assunto.
Em Mato Grosso a lei que dispõe sobre a educação ambiental e a política estadual de
educação ambiental é a Lei nº 7.888 de 09 de janeiro de 2003, norma que aponta em seu
artigo 2º que “Art. 2º A educação ambiental é um componente essencial e permanente da
educação estadual, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e
modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal.” (MATO GROSSO,
2003).
Dessa maneira, verifica-se que o Brasil e seus estados já demonstram uma
preocupação cada vez maior com esse tema não sendo simplesmente uma tentativa de órgãos
e grupos que estão preocupados com o futuro. Existem leis que regulamentam toda uma
política que deve ser seguida pela população e principalmente pelo Estado. Apenas com o
efetivo cumprimento desses dispositivos legais será possível uma mudança em toda a
sociedade.
1 A lei foi recepcionada quando os dispositivos de leis anteriores à nova Constituição são compatíveis com essa
e por isso continuam em vigor, podendo antes disso serem modificados ou não. (PAULO e ALEXANDRINO,
2009).
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E em se tratando de sociedade, é necessário que esta e também toda a comunidade
docente, tenham o conhecimento dos conceitos de Gestão Ambiental e Desenvolvimento
Sustentável.
2.2 Gestão Ambiental
A Gestão Ambiental envolve as atividades administrativas e operacionais com o
objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente. Segundo Dias (2007) atividades
que visam a proteção do meio ambiente vêm sendo desenvolvidas, mesmo que não com a
intenção de defendê-lo, mas com a finalidade de preservar os recursos do país em vista de sua
possível utilidade.
Os problemas advindos da exploração dos recursos naturais são sentidos juntamente
com sua gravidade e a Gestão Ambiental surge como forma de trazer às organizações uma
forma de pensar e agir de forma sustentável. De acordo com Tachizawa (2005) as primeiras
preocupações com a degradação ambiental causada pelo homem surgem nas décadas de 1950
e 1960, preocupações essas que ainda estão muito ligadas à preservação da fauna e flora
mundiais.
A abrangência da gestão ambiental pode ser compreendida de maneira global,
nacional, regional, local, ou outra, sendo uma iniciativa do Governo, da sociedade, de uma
empresa em particular ou outro tipo de organização e abranger inúmeras questões ambientais,
sejam elas o aquecimento global ou a exploração dos recursos naturais.
Assim, que o papel da gestão ambiental dentro das organizações vem crescendo
rapidamente e a perspectiva é de um crescimento ainda maior num curto espaço de tempo,
haja vista a velocidade das mudanças e até mesmo os problemas ambientais recentes que
assustaram o mundo. O presente aponta para o desenvolvimento dessa gestão preocupada com
o que está acontecendo com o ambiente natural.
2.3 Desenvolvimento Sustentável
O conceito de desenvolvimento sustentável é relativamente novo para as grandes
empresas dispersas pelo mundo. Esse conceito foi cunhado no início da década de 1970, e,
segundo Romeiro (2010), ele recebeu inicialmente o nome de ecodesenvolvimento tendo
nascido num momento de grandes discussões acerca das relações entre o meio ambiente e o
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desenvolvimento econômico. Esse pesquisador coloca ainda que o termo permitiu uma
conciliação entre ambas as partes ao propor que, apesar do progresso técnico diminuir os
recursos naturais não chega a extingui-los, assinalando também para a necessidade do
crescimento econômico como uma das possíveis condições para o fim da pobreza e das
desigualdades sociais.
Coloca-se assim uma proposta de solução para os mais pessimistas, pois, a
perspectiva do esgotamento total dos recursos ambientais não seria mais a única opção para
que houvesse um desenvolvimento econômico maior.
Inicialmente as dificuldades encontradas para que as ações de gestão ambiental
tivessem sido implantadas, residia, na maioria das vezes na visão predominante de que lucro e
preservação se excluíam mutuamente.
Smeraldi (2009, p. 34) coloca que “[...] Acreditava-se que aprimorar o desempenho
ambiental de uma empresa reduz o lucro e ainda a obriga a repassar os custos ao consumidor,
por meio de preços mais elevados [...]”.
Esse entrave dificultou sobremaneira o início de várias ações ambientais, pois se
percebe que nesse período havia certa confusão acerca do que era desenvolvimento
econômico uma vez que o mesmo parecia ser entendido apenas como o crescimento
econômico, ou o enriquecimento de uma organização ou país.
Veiga esclarece como esses dois termos, crescimento e desenvolvimento econômico,
deixaram de ser entendidos da mesma forma ao colocar que:
[...] [Quando] o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)
lançou o “Índice de Desenvolvimento Humano” (IDH) para evitar o uso exclusivo
da opulência econômica como critério de aferição, ficou muito esquisito continuar a
insistir na simples identificação do desenvolvimento com o crescimento. A
publicação do primeiro “Relatório do Desenvolvimento Humano”, em 1990, teve o
claro objetivo de encerrar uma ambigüidade que se arrastava desde o final da 2ª
Guerra Mundial, quando a promoção do desenvolvimento passou a ser, ao lado da
busca da paz, a própria razão de ser da Organização das nações Unidas (ONU).
(VEIGA, 2005, p.18)
A partir dessa informação apreende-se que as discussões sobre o tema foram
frequentes e essenciais para a dissolução de problemas de entendimento que causavam
entraves às ações de sustentabilidade.
Dadas essas informações e de acordo com Betoni (2009) observa-se que a
sustentabilidade está sendo tratada como uma saída para as problemáticas causadas pelos
fenômenos ambientais, problemas esses advindos principalmente da exploração desenfreada
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dos recursos naturais. Assim para que essas práticas consigam surtir resultados positivos para
a sociedade o desenvolvimento sustentável necessita de maiores incentivos, e só através dele a
vida poderá ter continuidade no planeta.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Escola Estadual “29 de Novembro” localiza-se na cidade de Tangará da Serra,
Estado de Mato Grosso, na Rua José Cândido Melhorança, nº. 37-E Centro, é mantida pelo
Governo do Estado de Mato Grosso, através da Secretaria de Estado de Educação.
Atualmente essa instituição atende uma clientela de aproximadamente 1.400 alunos
distribuídos em três períodos (matutino, vespertino e noturno) e para tanto conta com uma
estrutura física com 18 salas de aula das quais algumas estão ociosas no período vespertino e
noturno.
3.1 Entrevistas com os gestores
A equipe gestora conta hoje com 4 integrantes para atender e administrar a
instituição. De acordo com o diretor e as coordenadoras existe uma receptividade boa para o
desenvolvimento de projetos que envolvam questões ambientais, sejam eles desenvolvidos
pelos profissionais da organização ou vindos de fora, receptividade essa que estende até
mesmo aos educandos que participam com interesse de novas propostas.
Uma das dificuldades encontradas nesse sentido, salientou o diretor, é a falta de
tempo e o acúmulo e tarefas por parte dos educadores. Existe um currículo extenso a ser
cumprido e muitas vezes os projetos acabam enfrentando problemas de execução por esse
motivo.
Quando inquiridos acerca da existência de algum projeto de gestão ambiental na
escola, toda a equipe salientou que sim, além de pequenos projetos individuais da parte de
professores ainda existe um projeto maior intitulado “Escola e Cidadania”, que trabalhou com
a temática ambiental no decorrer do segundo bimestre.
Nesse sentido cabe colocar que a educação ambiental está posta em lei, tanto a nível
estadual quanto nacional e a mesma deve ser componente essencial e permanente da educação
estadual, sendo ofertada em todos os níveis de ensino (MATO GROSSO, 2003).
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Além disso os próprios Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) apontam como
um tema que deve ser trabalhado por todos, pois:
[...] [É] evidente a importância de se educar os futuros cidadãos brasileiros para que,
como empreendedores, venham a agir de modo responsável e com sensibilidade,
conservando o ambiente saudável no presente e para o futuro; como participantes do
governo ou da sociedade civil, saibam cumprir suas obrigações, exigir e respeitar
aos direitos próprios e os de toda a comunidade, tanto local como intrnacional; e,
como pessoas, encontrem acolhida para ampliar a qualidade de suas relações intra e
interpessoais com o ambiente tanto físico quanto social. (MINISTÉRIO DA
EDUCAÇÃO, 2001, P.25-6)
Ao serem questionados sobre uma possível mudança dos discentes após a aplicação
de algum projeto ambiental, a equipe apontou que alguns acabam se sensibilizando, porém
isso não acontece com todos. Os que mais mudam são aqueles que se envolvem e participam
efetivamente dos projetos.
Em relação à existência de um conceito de educação ambiental por parte dos
docentes, o diretor apontou que apenas alguns desses profissionais têm clareza do conceito,
isso se revela também no questionário realizado com eles. Vários não se preocupam em
trabalhar com o tema ambiental em suas aulas. O diretor estima que apenas 40% dos
profissionais da instituição têm esse conceito esclarecido. As coordenadoras acrescentaram
que ainda existem aqueles profissionais que relacionam o tema apenas à área de ciências
naturais, não se preocupando com o mesmo.
Com essa resposta percebe-se que não são todos os que trabalham com o tema,
contudo, devido às relações proporcionadas pelo próprio material didático utilizado pelos
alunos o mesmo é trabalhado, mas a resistência a mudança dificulta o processo.
Entretanto como os gestores colocaram, não existe um incentivo financeiro para que
os projetos ambientais sejam aplicados na escola. O diretor coloca que existem poucos
recursos para que isso ocorra, os projetos contemplados pela Seduc são poucos e mais
relacionados a estudos acerca de minorias (quilombolas, ribeirinhos, etc). Nesse sentido o
financiamento dos projetos atuais são usados com as verbas que chegam à escola, como o
FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), PDE (Plano de Desenvolvimento
da Educação) e PDDE (Programa Dinheiro Direto na Escola).
3.2 Dados da pesquisa com os docentes
Figura 01 - Sexo Figura 02 - Idade
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Fonte: CARVALHO
Percebe-se que existe forte predominância do sexo feminino nos quadros efetivos da
escola. Essa é uma realidade que se apresenta em grande parte das instituições de ensino do
município e do Brasil.
Segundo estudos realizados pela UNESCO (2004) 81,3% dos professores brasileiros
são mulheres e apenas 18,6% desses são homens, e a maior parte desses profissionais
encontram-se no ensino fundamental.
De acordo com a Figura 02 percebe-se que 60% dos professores efetivos têm idade
entre 45 e 60 anos, o que demonstra que a maior parte deles tem uma sistemática de ensino,
salvo exceções, bastante característica e centrada muitas vezes no ensino-aprendizagem dos
conteúdos das disciplinas por eles ministrada.
Ao conversar informalmente com esses profissionais verifica-se que existem aqueles
abertos a novas propostas e metodologias, porém uma grande maioria ainda apresenta
resistência às mudanças e inovações sugeridas. Tiveram uma formação que não primou pela
interdisciplinaridade e, como conseqüência ainda trabalham isolados.
De acordo com a UNESCO (2004, p.48):
Considerando que a idade do professor constitui uma das marcas de sua atuação,
chama-se a atenção para algumas questões eventualmente relacionadas à condição
etária, como a renovação dos quadros docentes por efeito de
concurso/aposentadoria, a aceitação de novas concepções pedagógicas, a maior ou
menor experiência, entre outras. Cabe também destacar que a concentração de
docentes em atividade em sala de aula até 45 anos pode estar relacionada a uma
aposentadoria “precoce” ou, ainda, a situações de abandono da profissão.
Assim, apesar de recentemente terem sido realizados dois concursos públicos no
Estado do Mato Grosso (um em 2007 e outro em 2010) para prover o quadro de professores
do ensino fundamental e médio, percebe-se que a médio prazo o problema tende a se agravar.
Figura 03 - Disciplinas ministradas Figura 04 - Tempo de Trabalho
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Fonte: CARVALHO
Na Figura 03 pode-se observar que algumas disciplinas não têm professores efetivos,
o que leva a escola a uma dificuldade no início do ano letivo para conseguir profissionais que
cubram essas lacunas. Essa dificuldade ainda é sentida, pois esses profissionais não usufruem
da chamada hora-atividade, período no qual receberiam para realizar seus planejamentos e
suas aulas de apoio aos educandos que apresentam maior dificuldade de ensino-
aprendizagem, além de se envolverem com projetos da escola.
Conforme se observa na Figura 04, 60% dos pesquisados trabalham na escola “29 de
Novembro” há 9 anos ou mais, o que demonstra que existe pouca rotatividade entre esses
profissionais. Isso proporciona um bom clima organizacional e um diálogo mais fácil entre os
gestores e educadores.
Além disso, pode-se propor trabalhos de duração mais longa que proporcionem
resultados significativos a discentes e docentes, especialmente na área de educação ambiental
que vem tendo destaque no estado há certo tempo e é proposta como tema transversal à matriz
curricular pelos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) desde 1996.
Quando coloca-se que a Educação Ambiental (EA) é um tema transversal, significa
dizer que a mesma permeia todas as áreas e disciplinas, uma vez que ela engloba não só os
aspectos ambientais mais também os sociais econômicos e políticos.
Figura 05 - Trabalham com EA Figura 06 - Metodologia adotada
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Fonte: CARVALHO
Como colocado anteriormente a Educação Ambiental não é uma disciplina, mas sim
um tema transversal e por isso deve ser trabalhada por todos. Infelizmente como observa-se
na Figura 05, ainda existe certa resistência de alguns profissionais ao trabalhá-la, 60% da
população pesquisada afirmam que o fazem porém 40% desses não.
Esse tema espinhoso ainda causa certa controvérsia, mas a Lei Nº 7.888, de 09 de
Janeiro de 2003 que dispõe sobre a educação ambiental, a política estadual de educação
ambiental e dá outras providências já aponta em seu Art. 2º que: “A educação ambiental é um
componente essencial e permanente da educação estadual, devendo estar presente, de forma
articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não
formal”, e essa lei estadual só vem enfatizar algo que já acontece em nível nacional.
Verifica-se que existe desconhecimento legal acerca do tema nessa instituição, o que
talvez se justifique frente aos dados observados na figura 02, haja vista essa lei ter pouco mais
de 08 anos e a maior parte dos profissionais estarem lecionando a mais de 20 anos.
É importante ressaltar que a Educação Ambiental não precisa ser trabalhada de
maneira diferenciada, ela pode ser ministrada como uma simples aula ao ensinar um
determinado tema, porém em várias disciplinas os professores adotam metodologia específica
como se pode observar na Figura 06. Nessa Figura verifica-se que trabalhos/seminários e
projetos correspondem a 66% das técnicas usadas para ensiná-la.
Essas metodologias inclusive proporcionam uma maneira diferenciada de
aprendizagem na qual o educando acaba se envolvendo mais nas atividades, auxiliando na
transformação da informação em conhecimento.
Figura 07 – Trabalham com EA por meio de projetos próprios ou de terceiros
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Fonte: CARVALHO
Como uma das metodologias adotadas é o projeto, seja esse de curta ou longa
duração, observa-se na Figura 07 que eles não precisam ser necessariamente projetos
encabeçados pelo próprio professor, esse pode ser proposto pela equipe gestora ou mesmo por
entidades de fora da educação. Entretanto ainda é grande o número de educadores que não
usam esse método (60%)
A Lei Nº 7.888, de 09 de Janeiro de 2003 já aponta em seu Art.7º que:
Art. 7º A Política Estadual de Educação Ambiental envolve em sua esfera de ação,
além dos órgãos e entidades integrantes do Sistema Estadual de Meio Ambiente,
instituições educacionais públicas e privadas dos sistemas de ensino, os órgãos
públicos da União, dos Estados, e dos Municípios, e organizações não-
governamentais com atuação em educação ambiental.
Parágrafo único Todas as empresas de natureza pública e privada que exerçam, por
lei, atividades consideradas poluidoras ou potencialmente poluidoras ou que tenham
condutas lesivas ao meio ambiente, deverão implantar programas de educação
ambiental.
Assim é comum que as escolas recebam convites para participarem de alguns desses
projetos, o que deve ser feito é o apoio para a construção de uma sensibilidade em relação ao
meio ambiente cada vez maior como está posto também na Lei 9.795, de 27 de Abril de 1999,
que dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e
dá outras providências, na qual se baseia a Lei 7.888/2003.
Figura 08 – Tem sua metodologia alterada ao trabalhar com o tema EA
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Fonte: CARVALHO
De acordo com a Figura 08, a maior parte, 60% dos educadores, alteram sua
metodologia ao trabalhar com a educação ambiental, como colocado isso se dá muitas vezes
para proporcionar ao aluno uma percepção mais apurada do assunto.
A busca por novos métodos e técnicas acaba ensinando a ambos, discentes e
docentes por meio da troca de conhecimento, haja vista o tema ser discutido sob diferentes
enfoques pela mídia, revistas, livros e mesmo sites e palestras.
Figura 09 – Conhece algum tipo de financiamento para projetos de EA
Fonte: CARVALHO
Existe desconhecimento de possíveis financiadoras para projetos de educação
ambiental como pode se comprovar pela Figura 09, 70% dos professores não conhecem os
possíveis lugares nos quais poderão captar recursos para trabalhar com projetos mais
elaborados.
Dessa maneira várias vezes os recursos vindos para a escola para funcionamento e
manutenção da mesma são realocados para que alguns desses projetos se realizem. Falta
conhecer no próprio município o que entidades como a SEMA e SAMAE podem
proporcionar às escolas. A própria Secretaria de Estado de Educação (Seduc) possui um
Núcleo de Educação Ambiental que pode estar analisando a viabilidade de alguns desses
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projetos e enviando recursos para que eles sejam executados. As indústrias, especialmente
aquelas com grande impacto ambiental, também podem colaborar com alguns desses projetos.
Figura 10 – Acreditam que a questão ambiental envolve a sociedade como um todo
Fonte: CARVALHO
Observa-se que a maioria dos professores tem noção da amplitude da questão
ambiental, como é demonstrado no Gráfico 10 ao apontar que 80% dos pesquisados
acreditarem que essa temática envolve a sociedade como um todo.
Quando verifica-se as ações realizadas no município recentemente como o “Vamos
Limpar Tangará” e a preocupação com a destinação dos resíduos domésticos no projeto
encabeçado pelo SAMAE, “Tangará Recicla”, que atinge 100% dos bairros do município a
partir de 2010, percebe-se a amplitude e o envolvimento dentro dessa temática. Assim
integram-se o que se encontra posto na NBR 100004, na Política Nacional de Educação
Ambiental, Na Lei Estadual 7.888/2003, na lei Nacional de Resíduos Sólidos e campanhas
governamentais e de Organizações Não-Governamentais.
Figura 11 – Estão dispostos a trabalhar em um projeto coletivo de educação ambiental
Fonte: CARVALHO
Observa-se na Figura 11 que 60% dos docentes aceitam trabalhar em um projeto
coletivo de educação ambiental.
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Os projetos coletivos são relevantes para o ensino-aprendizagem devido às trocas e
possibilidades que eles encerram. Ao trabalhar dessa maneira as trocas se tornam
enriquecedoras e os educandos se envolvem mais na transformação de informação em
conhecimento.
Além disso, desenvolve o que ficou proposto no Brasil desde 1992, com a realização
do Fórum das ONGs, com as primeiras discussões de Educação Ambiental com a elaboração
do “Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade
Global”. Nesse documento a Educação Ambiental “[...] foi entendida como um processo de
aprendizado permanente, baseado no respeito a todas as formas de vida e que contribua para a
formação de uma sociedade justa e ecologicamente equilibrada.” (MEC). Esse tratado
apresenta como princípios: o fato de que a educação Ambiental deve basear-se num
pensamento crítico e inovador; ter como finalidade educar indivíduos com consciência local e
global, ser uma ação política; envolver as interações entre o ser humano, a natureza e o
universo de maneira interdisciplinar e total e ainda instigar a solidariedade, o respeito aos
seres humanos e a equidade.
Por conseguinte verificou-se com a pesquisa que a educação ambiental é vista pela
maioria dos professores como um tema de grande relevância a ser tratado com os educandos,
mesmo que uma parcela dos educadores ainda não tenha percebido essa importância que se
encontra enunciada em alguns dos principais documentos da Educação e leis específicas. A
equipe gestora procura realizar trabalhos que propiciem estudos nessa área, porém enfrenta
ainda a resistência de alguns professores.
Assim percebe-se que o tema vem sendo encaminhado dentro dessa unidade escolar
e tratado com seriedade por aqueles que percebem na Educação não apenas como um espaço
de trabalho, mas também como um logradouro de mudança e melhoria da sociedade.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa realizada com professores efetivos da Escola Estadual “29 de
Novembro”, proporcionou resultados importantes para responder ao seu objetivo geral o qual
era verificar quais as práticas de educação ambiental estão ocorrendo nessa unidade de ensino.
Verificou-se que os projetos de educação ambiental que já foram postos em prática,
proporcionaram bons resultados mostrando uma adesão maior a que existia anteriormente aos
mesmos.
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Contudo ainda faltam informações por parte da equipe gestora de possíveis órgãos de
fomento para futuros projetos, que possam vir a exigir um capital maior. A maior parte do
financiamento vem do recurso geral que é destinado à escola, recurso esse que tem como base
o número atual de alunos matriculados.
Projetos como o de separação dos resíduos sólidos produzidos pelos próprios alunos,
poderia facilitar a sensibilização dos mesmos para a coleta seletiva que existe no município e
proporcionar um entendimento maior sobre resíduos e rejeitos. De acordo com as
coordenadoras, nos projetos desenvolvidos pela escola há uma grande adesão dos educandos e
uma sensível melhora em suas atitudes após sua participação nos mesmos.
Os docentes efetivos dessa unidade de ensino estão, em sua maior parte, aplicando a
proposta da educação ambiental em suas aulas. Porém uma das dificuldades enfrentadas pelos
gestores está justamente, na resistência à mudança percebida em alguns desses indivíduos,
que por estarem, na sua maior parte no final de carreira, relutam em abordar temas com os
quais tem pouca familiaridade.
De modo geral os docentes afirmaram que trabalham com essa temática durante as
aulas e que muitas vezes tem alterado suas metodologias para atender a proposta do tema,
mostrando-se abertos para possíveis projetos vindos de fora da instituição.
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