a reforma da previdÊncia social brasielira - aniele 2013 (1)
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A REFORMA DA PREVIDÊNCIA SOCIAL BRASILEIRA
PINHOLATO, Aniele Zanardo1
RESUMO
Falar de Previdência Social, sobretudo a brasileira, é colocar em debate os direitos
sociais conquistados diante do cenário de desmonte posto na conjuntura política e
econômica do país. Com o objetivo de realizar uma revisão de teórica de modo a reunir
os principais argumentos a favor da reforma, bem como os argumentos que desvelam o
equívoco do suposto déficit nas contas da Previdência, que foi sendo colocada de lado a
dificuldade que é falar sobre tal tema e se tornou um desafio envolvente. Encontrou-se
como principais resultados: a) pelo menos em termos de debate teórico e acadêmico, o
equívoco do suposto déficit está mais que desvelado; b) a PEC 233/2008, em última
instância, sua aprovação acirraria a disputa pelo fundo público; e, c) está mais que
garantida a demanda do capital com a nova aprovação da DRU para mais pelo menos
um mandato da presidente Dilma Rousseff.
Palavras-chave: Previdência Social; Reforma; Contra reforma.
ABSTRACT
1. Introdução
A Seguridade Social é um marco muito importante em termos de conquista de
direitos sociais. No Brasil, foi instituída constitucionalmente, na forma como está
estruturada na atualidade, apenas em 1988. Desse momento em diante, sua trajetória
está repleta de avanços e retrocessos. Como avanços podem-se citar as regulamentações
complementares que organizaram os sistemas de proteção social. Com exceção da Lei
Orgânica da Previdência Social que data de 1960, anterior ao processo da constituinte,
foram regulamentadas as seguintes legislações: em 1990 a Lei Orgânica da Saúde; em
1991, a Lei Orgânica da Seguridade; em 1993, a Lei Orgânica da Assistência Social.
No entanto, a concepção de Seguridade social como “um conjunto integrado de
ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os
direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social” (CF 1988, Art. 194) tem
sido cada vez mais difícil se concretizar. De acordo com Behring e Boschetti, com base
em Viana:
1 Assistente Social. Aluna do Programa de Pós-Graduação em Política Social-UFES. Mestrado em
Política Social.
Estabeleceu-se um sistema de seguridade social avançado no final dos
anos 1980, mas incapaz de conter a americanização, com um sistema
público se “especializando” cada vez mais no (mau) atendimento dos
muito pobres, no mesmo passo que o mercado de serviços médicos,
assim como o de previdência, conquista adeptos entre a classe média e
o “operariado” [...]. Essa imbricação histórica entre elementos
próprios ao seguro social poderia ter provocado a instituição de uma
ousada seguridade social, de caráter universal, redistributiva, pública,
de direitos amplos fundados na cidadania. Não foi, entretanto, o que
ocorreu, e a seguridade social brasileira, ao incorporar uma
tendência de separação entre a lógica do seguro (bismarckiana) e a
lógica da assistência (beveridgiana), e não de reforço à clássica
justaposição existente, acabou materializando políticas com
características próprias e específicas que mais se excluem do que se
complementam (BEHRING; BOSCHETTI, 2007, p. 160-161. Grifos
nossos).
“A opção tardia pelo neoliberalismo na década de 1990” (FAGNANI, 2010, p. 05)
acirrou, portanto, ainda mais a contradição que já era embrionária desde a Assembleia
Nacional Constituinte (ANC). Sob a tese da impossibilidade de governar diante das
regras colocadas pela Seguridade, os conservadores trataram logo de propor reformas já
que propor uma nova constituinte seria impossível.
A Previdência Social foi um dos alvos dessas reformas e, no final da década de
1990 ocorreram as primeiras investidas. Para Marques e Mendes, a Previdência
brasileira é a mais organizada da América Latina, atingindo de igual modo todos os
trabalhadores e,
Ao conceder um mesmo estatuto para esses trabalhadores, o Estado
brasileiro deu um importante passo na construção da ideia de nação,
integrando em [...] todo o trabalhador do Norte e do Sul do país. Esse
processo, ainda incompleto, avançou significativamente com a
Constituição de 1988, quando, entre outros dispositivos, os benefícios
foram estendidos aos trabalhadores rurais e o piso correspondente a
um salário mínimo foi introduzido, o qual, na doutrina previdenciária,
refere-se à renda de base, aquela que a sociedade considera ser o valor
mínimo que um trabalhador na inatividade deve receber (MARQUES;
MENDES, 2004, p. 08).
Conduto, ao mesmo tempo, esse avanço memorável esbarrou com a dificuldade
de atingir a todo o conjunto dos ocupados, isto é, a todos os trabalhadores que estão
exercendo algum tipo de trabalho remunerado. “Mas isso não se deveu a alguma
‘deficiência’ do desenho da cobertura e sim ao processo econômico vivenciado pelo
país nas últimas décadas, com seus inevitáveis reflexos sobre o mercado de trabalho”
(MARQUES; MENDES, 2004, p. 08), o que se revela como um desafio frente às
reformas nas regras da aposentadoria e também do acesso aos demais benefícios
previdenciários como o auxílio doença, por exemplo.
Antes da reforma, as regras para a aposentadoria eram basicamente: a média
aritmética dos últimos 36 meses de contribuição; aposentadoria por tempo de
contribuição, não sendo a idade um fator determinante. À época, depois de tramitar no
Legislativo a PEC 20/97 e posteriormente a Lei 9.876/99, ficaram estabelecidas as
seguintes regras para o Regime Geral da Previdência Social (RGPS):
A partir da vigência dessa lei o valor da aposentadoria não seria mais
calculado com base na média aritmética dos últimos 36 meses de
contribuição (ou no máximo um período de 48 meses) e sim pela
média aritmética dos maiores salários de contribuição, corrigidos
monetariamente, de, no mínimo, 80% do período contributivo do
segurado. Sobre esse cálculo é aplicado um fator redutor [fator
previdenciário] que varia de acordo com a idade do segurado, ou seja,
o quanto de vida ele terá depois de aposentado, segundo estimativas
do IBGE (MARQUES; MENDES, 2004, p. 07, grifos nossos).
Além dessa regra ficou estabelecida a idade mínima de 60 anos para as mulheres e
65 anos para os homens para requerer a aposentadoria integral somado ao tempo de
contribuição. Na área rural, a idade decai em 5 anos, isto é, 60 para os homens e 55 para
as mulheres, sendo necessária a comprovação de que trabalhou no campo.
Para o regime dos servidores públicos
[...] o governo FHC, embora tenha conseguido aprovar modificações,
não obteve sucesso naquilo que considerava fundamental: a supressão
do direito à integralidade (aposentadoria de valor igual ao do provento
da ativa) e do direito à paridade nos reajustes (garantia, para o valor da
aposentadoria, da aplicação do mesmo indexador e percentual
utilizado no reajuste dos proventos dos servidores ativos); e a
exigência de contribuição dos aposentados (MARQUES; MENDES,
2004, p. 07).
.
É por meio dessas frentes que no início da década seguinte, o Governo Lula
impetrou novas etapas de reformas. As propostas que pretendiam mexer na
integralidade da aposentadoria do funcionário público, bem como instituir um fundo de
aposentadoria complementar que só foi aprovada recentemente no Governo Dilma2.
Marques e Mendes (2004), concluem que o governo Lula representava, durante as
2 Esse tema será abordado mais adiante.
eleições, a esperança de mudanças na concepção de governar, entretanto o que se
verificou foi que apesar
[...] da urgência em promover a universalização, o governo Lula
encaminhou, para ser examinada pelo Congresso Nacional, proposta
que se restringiu a propor modificações das condições de acesso e dos
valores dos benefícios dos servidores públicos. Não foram objeto de
sua proposta, portanto, estratégias de inclusão do amplo contingente
de trabalhadores hoje não cobertos por nenhum tipo de proteção ao
risco-velhice (MARQUES; MENDES, 2004, p. 09).
Assim, como não perguntar sobre os rumos da Seguridade Social diante desse
contexto de ‘contra reformas’? A seguridade social brasileira, principalmente no que
diz respeito à Previdência Social, está preparada, na atual conjuntura, para garantir os
direitos dos trabalhadores dessa e da próxima geração? Como tem sido tratada cada
política que compõe a seguridade social, tendo em vista que a mesma vem sofrendo
regressões face às reformas? São questões que foram surgindo da necessidade de
compreender o papel da política de Previdência Social diante do processo de
envelhecimento dos trabalhadores, no Brasil. Ainda que não estejam respondidas nesse
espaço, guiaram todas as reflexões que se seguem. Nesse sentido, é objetivo realizar
uma revisão de literatura, como forma de reunir os principais argumentos a favor da
reforma, bem como os argumentos que desvelam o equívoco do suposto déficit nas
contas da Previdência, uma das forças motrizes, assim pode-se dizer, para o Estado
levar a cabo o receituário neoliberal e promover uma nova cultura de não participação
social e política no país.
Guiou também as reflexões o entendimento de que é a teoria social crítica3 que
possibilita realizar uma leitura da realidade com mais clareza. Desse modo estão
apresentadas duas visões a respeito da reforma previdenciária. A visão da aqui chamada
direita “social-liberal” conservadora e a visão marxista.
1.1 As implicações da reforma no âmbito das classes sociais
A aposentadoria, atrelada à luta por melhores condições de vida e de trabalho, foi
um dos primeiros direitos sociais reivindicados pela classe trabalhadora. Precisa ser
fortalecida enquanto um dos determinantes para o envelhecimento digno da classe
3 Compreende o próprio Marx, além de Gramsci; Lênin; Lucáks, dentre outros.
trabalhadora. No que se refere ao processo histórico do Brasil, é “com o processo de
constituição do sistema de previdência social, velhice e aposentadoria – que inclui a
velhice subsidiada e o direito de descanso no fim da vida – tornou-se uma extensão do
direito universal do trabalho” (HADDAD 2001, p. 18).
A Previdência Social vista como uma política central no âmbito da seguridade e
baseada na lógica do seguro social, diz muito sobre a estrutura na qual está organizada a
sociedade. A previdência social brasileira partiu de uma necessidade de resistência da
classe trabalhadora no início do século XIX, mas ao longo do tempo acabou sendo
absorvida por uma lógica que não está pautada nos princípios de solidariedade de classe.
Falar, portanto, de Previdência Social, sobretudo a brasileira, é colocar em debate
os direitos sociais conquistados na conjuntura política e econômica do país. O conjunto
de reformas iniciadas na década de 1990 e ainda em curso provoca questionamentos nas
mais diferentes frentes políticas e ideológicas no que se refere às incertezas na cobertura
das gerações futuras.
1.1.1 A visão da direita “social-liberal” conservadora
No âmbito da racionalidade oficial do Estado brasileiro, a reforma previdenciária
iniciada na década de 1990, da forma como fora conduzida, trouxe benefícios para as
contas públicas, para o Estado e para a sociedade. De acordo com o estudo de
Giambiagi et all (2004) - cuja abordagem privilegia a análise econômica do ponto de
vista da relação fiscal e equacionamento dos balanços -, esse conjunto de reformas
iniciadas no Governo FHC e acentuadas no Governo Lula se justificam a partir do
pressuposto de que “o problema central é que o Brasil está muito longe de ter regras de
aposentadoria que sejam consistentes com o equilíbrio do sistema previdenciário”
(GIAMBIAGI et all 2004, p. 366). Isso quer dizer que os gastos sociais não devem
ultrapassar um determinado limite do PIB acordado pela cúpula das decisões
econômicas do país – Banco Central e Ministério da Fazenda. E o referido estudo
demonstra ainda, por meio de cálculos e dados numéricos como que nos últimos 10
anos, até 2004, o número de concessão de benefícios do INSS aumentaram em relação à
receita:
[...] nos últimos 10 anos o gasto com benefícios do INSS terá crescido
quase 2,5% do PIB, passando de 4,9% do PIB em 1994, para 7,3% do
PIB em 2004, com o agravante de que: [i] esse crescimento tem
ocorrido sistematicamente desde 1988: não houve um único ano da
série 1988-2004 em que a relação gasto com o INSS/PIB tenha sido
inferior à do ano anterior; e [ii] a tendência se acentuou depois de
2002: só nos últimos dois anos, a despesa aumentou quase 1% do PIB
(GIAMBIAGI et all 2004, p. 374).
O debate sobre os gastos geradores de “déficit na Previdência”, para os
formuladores e analistas governamentais, baseia-se no cálculo da razão entre
crescimento da economia/ envelhecimento dos trabalhadores ativos. Desse modo, se a
população economicamente ativa (PEA) requerer o benefício da aposentadoria “cada
vez mais cedo”, haverá uma disparidade na razão contribuinte/ beneficiário. Assim, a
princípio, apenas essas duas prerrogativas já consubstanciariam as mudanças nas regras
do Regime Geral do INSS bem como do Regime dos servidores públicos. Observe, para
tanto, a sequência dos argumentos que estão fundamentando esse mesmo estudo do
IPEA.
[...] a elevação da relação gasto com INSS/PIB esteve, naturalmente,
ligada ao baixo crescimento do produto, devido ao maior crescimento
do gasto em relação ao dinamismo da economia. Desse conjunto de
informações podemos concluir que o crescimento da despesa do INSS
ao longo dos últimos anos foi devido, principalmente, a três fatores:
a) “efeito SM” [salário mínimo], pois como as aposentadorias com
valor de exatamente 1 SM correspondem a mais de 30% do valor do
estoque de benefícios, o aumento real dessa variável pressiona esse
componente específico da despesa para cima;
b) benevolência da legislação, que permite aposentadorias precoces
por tempo de contribuição, cujo estoque de beneficiários cresceu nos
nove anos — de 1994 a 2003 — a uma média de mais de 6% a.a.,
muito superior ao total de aumento quantitativo dos benefícios, de
pouco menos de 4% a.a., com o agravante de que se trata da
aposentadoria mais cara; e
c) “efeito PIB”, pois como o crescimento da economia foi baixo nesse
período de nove anos — apenas 2,0% a.a. — um incremento do
denominador inferior ao do numerador tende, por definição, a elevar a
razão gasto com benefícios do INSS/PIB (GIMBIAGI et all. 2004, p.
379).
Ainda nessa perspectiva, os autores sugerem que para solucionar ou mesmo
minimizar os impactos desses fatores sobre o orçamento da previdência, a economia
precisaria crescer “a taxas muito elevadas” ou ainda seria necessário buscar “formas
compensatórias de redução do gasto público e/ou fontes de receita que viabilizem um
aumento da carga tributária”. Mesmo assim, segundo eles, ainda existiriam “problemas
remanescentes” às reformas. “São eles: a) ausência de idade mínima no regime geral; b)
aposentadoria precoce das mulheres; c) aposentadoria precoce dos professores; d)
vinculação entre o piso previdenciário e o salário mínimo; e e) programas assistenciais
com despesas crescentes” (GIMBIAGI et all. 2004, p. 379). Para cada um desses
“problemas” foi apresentado um modelo explicativo. Entretanto, há um elemento
comum aos aspectos listados que resume toda a argumentação dos autores: é o que eles
próprios chamaram de “legislação benevolente”. Isto é, nessa concepção, a legislação
brasileira, apesar de ter “avançado” com a criação do fator previdenciário que
solucionou parte dos problemas decorrentes de um “déficit público médio” de 05% do
PIB entre 1999 a 2003, ainda permite concessões de aposentadorias a trabalhadores que,
por hora, estão longe de completar 60 anos e, além disso, a expectativa de vida dos
brasileiros, atualmente, está acima dos 70 anos. Para os autores é preciso também levar
em conta duas outras questões básicas: i) a quantidade de recursos fiscais e ii) as regras
em outros países (GIMBIAGI et all. 2004).
O que está em jogo nesse debate é, portanto, o montante da contribuição e a
tendência mundial. Esta última se refere à figura da “aposentadoria antecipada”. Para os
autores o exemplo espanhol seria uma referência importante, pois, possui regras mais
rígidas e com descontos significativos, acaba impondo aos trabalhadores: “primeiro, [...]
simplesmente não [poderão] se aposentar antes dos 60 anos; segundo, [...] não há
distinção entre homens e mulheres; terceiro, [...] depois dos 60 anos, mas antes dos 65,
há um forte desconto na aposentadoria; e quarto, [...] o fator previdenciário é igual a 1
aos 65 anos” (GIMBIAGI et all. 2004, p. 381).
A respeito do custeio do sistema previdenciário, há o questionamento sobre a
melhor forma para a “alocação futura dos recursos”. O chamado modelo de “repartição
simples4”, utilizado principalmente no regime geral tem recebido críticas por parte de
alguns intelectuais que defendem outras formas de arrecadação como a capitalização5,
por exemplo. Sales (2004), a partir de projeções matemáticas – em que pesa o equilíbrio
do modelo de repartição simples considerando a razão entre nível de reposição e taxa de
dependência (D/R) ou então, quantidade de benefícios/quantidade de trabalhadores (I/A)
-, observou uma tendência de irreversibilidade do “valor de I/A” motivando, assim, as
4 Modelo baseado na “cooperação” entre as gerações de trabalhadores. A contribuição social arrecadada
dos trabalhadores em atividade custeia a aposentadoria da geração anterior de trabalhadores. 5 Modelo privado de arrecadação. Baseado na lógica financeira.
duas principais reformas e, além disso, outras duas variáveis contribuiriam para tal
situação: a expectativa de vida e a sobrevida da população, sendo
[...] esta segunda atuando diretamente no aumento do valor de I. A
impossibilidade de controle desta variável, a exemplo do que vem se
constatando na maioria dos países, e especialmente naqueles menos
desenvolvidos, pode inviabilizar o sistema previdenciário que esteja
financiado no regime de repartição simples. Com o propósito de
impedir o colapso dos sistemas de previdência público, as nações vêm
implementando mudanças na legislação na direção de elevar o limite
mínimo de idade para a aposentadoria, objetivando com isto retardar o
crescimento do numerador e estimular o aumento do denominador
(SALES, 2004, p. 17).
Essa afirmação corrobora com o que vem sendo discutido pelos pesquisadores do
IPEA, confirmando, portanto, na perspectiva apresentada, que o problema de
saneamento das contas da Previdência é uma questão de observar a demografia e o
crescimento econômico do país, prioritariamente. Sem contar ainda as “dificuldades do
Governo em elevar as taxas de contribuição, tendo em vista o risco de sonegação,
inadimplência ou mesmo de evasão de contribuintes” (SALES, 2004, p. 20).
Seguindo nessa mesma direção, em reflexões anteriores ao trabalho publicado
pelo IPEA, Giambiagi (2000) baseado nas características do sistema previdenciário
brasileiro defendeu enfaticamente todos esses argumentos afirmando que
A conclusão, portanto, é uma só: o Governo brasileiro desembolsa
regularmente uma quantidade extremamente elevada de recursos
para pagamento a uma minoria de aposentados. Os beneficiários
dessa distorção – isto é, aqueles que se aposentam por tempo de
serviço -, portanto, em termos relativos, constituem uma minoria
privilegiada. Daí resulta a necessidade de proceder a realizar ajustes
no sistema de aposentadorias, para impedir que esse tipo de prática – a
aposentadoria a uma idade precoce – se prolongue indefinidamente no
tempo (GIAMBIAGI, 2000, p. 09-10. Grifos do autor).
À época desse estudo não havia sido aprovada nenhuma PEC em relação ao
regime dos servidores públicos, entretanto, Giambiagi (2000) já apontava a necessidade
de a reforma atingir esse grupo. “Nossa sugestão é que o novo Governo a ser
empossado em 2003 envie ao Congresso Nacional uma Proposta de Emenda
Constitucional contendo a exigência de idade mínima crescente para aposentadoria e
redução do diferencial entre categorias” (GIAMBIAGI, 2000, p. 18). Prosseguindo em
suas sugestões ou mesmo previsões, assim pode-se dizer, o autor justificou que o
equacionamento proporcional da idade entre homens e mulheres para requerer a
aposentadoria deve seguir parâmetros internacionais, tendo em vista a projeção
demográfica para os anos que seguiriam.
Estima-se que no ano em curso [2000] o Brasil tenha
aproximadamente 13 milhões de pessoas com 60 anos ou mais e 1
milhão de pessoas com 80 anos ou mais. Daqui a apenas 20 anos,
esses valores deverão ter aumentado para 27 milhões e 3 milhões de
pessoas, respectivamente. O Brasil deve, portanto, começar a se
preparar desde já para enfrentar esse desafio. Uma das mudanças que
teria que ocorrer é o aumento da idade de aposentadoria
(GIAMBIAGI, 2000, p. 22).
Nesse sentido, o autor concluiu que
[...] há um conjunto de reformas que devem constar de uma agenda
previdenciária para o futuro, a qual provavelmente “invadirá” o
próximo Governo e talvez até mesmo o de 2007/2010. O importante é
perceber, por parte daqueles que consideram que a etapa das reformas
se encerrou, que a reforma da Previdência está muito longe de ter se
esgotada; e por outro, por parte dos partidários de uma “segunda
geração” de reforma da Previdência, que a rigor não haverá uma
segunda reforma e sim uma série de iniciativas distribuídas ao longo
do tempo, no decorrer do qual espera-se que os atuais desequilíbrios
irão sendo gradualmente enfrentados e diminuídos. O primeiro passo
dessa sequência foi dado com a aprovação da Emenda Constitucional
da Previdência Social em 1998 – que limitou um pouco as condições
de aposentadoria para os servidores públicos e
“desconstitucionalizou” o cálculo do benefício do INSS - e o segundo
com a aprovação do chamado “fator previdenciário” em 1999. Resta
agora dar continuidade a esse roteiro (GIAMBIAGI, 2000, p. 22.
Grifos do autor).
O autor sinalizou ou até mesmo, como dito anteriormente, apresentou previsões
que se concretizaram nos dois mandatos do Governo Lula. Parafraseando ao autor,
“reformas que devem constar de uma agenda previdenciária para o futuro, a qual
provavelmente ‘invadirá’ o próximo Governo [...]”, invadiu recentemente o Governo
Dilma.
A presidente sancionou em 30 de abril de 2012 a lei 12.618 que institui “o regime
de previdência complementar [...] para os servidores públicos titulares de cargo efetivo
da União, suas autarquias e fundações, inclusive para os membros do Poder Judiciário,
do Ministério Público da União e do Tribunal de Contas da União” (BRASIL, 2012,
Art. 1º). Esse novo fundo foi criado com características próprias:
É a União autorizada a criar [...] as seguintes entidades fechadas de
previdência complementar, com a finalidade de administrar e executar
planos de benefícios de caráter previdenciário nos termos das Leis
Complementares nos
108 e 109, de 29 de maio de 2001:
I - a Fundação de Previdência Complementar do Servidor
Público Federal do Poder Executivo (Funpresp-Exe), para os
servidores públicos titulares de cargo efetivo do Poder Executivo, por
meio de ato do Presidente da República;
II - a Fundação de Previdência Complementar do Servidor
Público Federal do Poder Legislativo (Funpresp-Leg), para os
servidores públicos titulares de cargo efetivo do Poder Legislativo e
do Tribunal de Contas da União e para os membros deste Tribunal,
por meio de ato conjunto dos Presidentes da Câmara dos Deputados e
do Senado Federal; e
III - a Fundação de Previdência Complementar do Servidor
Público Federal do Poder Judiciário (Funpresp-Jud), para os
servidores públicos titulares de cargo efetivo e para os membros do
Poder Judiciário, por meio de ato do Presidente do Supremo Tribunal
Federal.
§ 1o A Funpresp-Exe, a Funpresp-Leg e a Funpresp-Jud serão
estruturadas na forma de fundação, de natureza pública, com
personalidade jurídica de direito privado, gozarão de autonomia
administrativa, financeira e gerencial e terão sede e foro no Distrito
Federal.
§ 2o Por ato conjunto das autoridades competentes para a
criação das fundações previstas nos incisos I a III, poderá ser criada
fundação que contemple os servidores públicos de 2 (dois) ou dos 3
(três) Poderes.
§ 3o Consideram-se membros do Tribunal de Contas da União,
para os efeitos desta Lei, os Ministros, os Auditores de que trata o §
4º do art. 73 da Constituição Federal e os Subprocuradores-Gerais e
Procuradores do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da
União (BRASIL, 2012, Art. 4º. Grifos nossos).
A proposta dessa nova lei havia sido noticiada em uma série de reportagens
publicadas pelo “Jornal Nacional6” – no período do dia 28 de fevereiro a 03 de março
de 2012 – que mostrou, sem grandes problematizações, dentre outros aspectos, a
introdução compulsória da previdência complementar, no sentido de que os
trabalhadores que ingressarem, a partir da vigência da lei, no serviço público que
quiserem se aposentar com um valor acima do teto do INSS, terão de contribuir com o
fundo complementar. Além disso, permaneceu a defesa do aumento da idade mínima
para a aposentadoria como uma das soluções para os problemas dessa política da
6 Exibido pela “Rede Globo”.
Seguridade. Todas essas medidas parecem estar novamente, baseadas nos debates
internacionais.
É muito cedo ainda para se problematizar os impactos das mudanças anunciadas
nos primeiros meses do ano de 2012. Coloca-se, contudo, a necessidade de
problematizar e analisar toda a explanação a respeito das reformas anteriores, à luz do
debate crítico. É importante, nessa perspectiva, procurar demonstrar alguns equívocos
que se processaram nas análises desses autores que compõe o grupo favorável às
reformas e que claramente se colocam como tendência para a década atual.
1.1.2 A reforma da Previdência: uma análise crítica
Ao começar a problematizar tudo o que foi exposto anteriormente, primeiro
deixar-se-á claro de que mirante se observará essa realidade. É comungando dos debates
presentes nas correntes do marxismo e talvez fora dele, mas que não partilha daquela
visão apresentada que a crítica à reforma em curso se processa.
Enquanto há visões que distorcem ou mesmo mascaram o que está sendo
reservado no futuro das próximas gerações de trabalhadores, a visão de caráter crítico e
pautado na luta social como possibilidade revolucionária, têm trazido contribuições
muito valiosas sobre essa perversa “contra reforma” (MARQUES; MENDES, 2004;
GENTIL, 2007; BEHRING, 2008; FAGNANI, 2010) que atinge não somente a política
de Previdência Social, mas a Seguridade como um todo. Considerando, nessa
perspectiva, como pano de fundo as incertezas e dificuldades no provimento das
necessidades mais básicas dos trabalhadores, provocadas pelo avanço demasiado e
contraditório das forças produtivas e da reestruturação do capital7 que promove a
liberação da força de trabalho tornando-a superpopulação relativa e compulsoriamente
inserindo-a no mundo do “trabalho informal” é que a análise da Reforma da Previdência
ganha uma tônica de crítica reflexiva, fundamentada nas categorias da contradição e da
totalidade.
Para não deixar de fora desse momento de reflexão e debate o Ministro do
Governo FHC, Bresser-Pereira, um dos principais mentores dessas e de outras reformas,
à frente do Plano Diretor de Reforma do Estado (PDRE) na década de 1990, apresentar-
7 Entende-se por reestruturação do capital um conjunto de estratégias ideológicas, políticas e econômicas
adotadas no curso da história das crises capitalistas para aumentar, sob a forma de mais-valia, a
lucratividade do capital, mascarando a superexploração dos trabalhadores.
se-á, ainda que brevemente, a sua contribuição intelectual e reflexiva no que se refere a
esse momento histórico. O autor defendeu a reforma gerencial do Estado como
alternativa para o crescimento e desenvolvimento do país. Produziu um texto publicado
em 1999, no qual narrou como o PDRE se deu e ainda, qual foi a sua própria percepção
acerca daquela proposta. Iniciou seu texto dizendo que não estava prevista na
plataforma de governo do então candidato Fernando Henrique Cardoso tamanha
intenção de reforma, mas esta se revelou como uma demanda necessária mesmo não
havendo consciência disso por ocasião da campanha.
Desde o início do governo Fernando Henrique Cardoso, em 1995, as
emendas constitucionais destinadas a reformar o Estado assumiram
uma importância fundamental na agenda do país. Além de uma
primeira emenda eliminando os monopólios estatais nos setores
energético e de comunicações, facilmente aprovada nos primeiros
meses do novo governo, três grandes emendas constitucionais foram
enviadas ao Congresso: reforma tributária, reforma da previdência
social e reforma administrativa (BRESSER-PEREIRA, 1999, p. 05,
grifos nossos).
Foram anunciadas mudanças audaciosas para um mandato que se iniciou, do
ponto de vista das expectativas do eleitorado, com a tímida esperança do mesmo em ver
queda na taxa de inflação e, sobretudo, experimentar aumento do poder de consumo,
tendo em vista a herança de endividamento, pobreza e corrupção deixada pelo Governo
Collor. O Governo FHC, entretanto, consolidou não só o Plano Real. Colocou em
prática muito mais que uma reforma gerencial do Estado Brasileiro: optou por seguir os
cânones do neoliberalismo para o que contou com a colaboração de grande parcela da
população, inclusive da própria classe trabalhadora.
A avaliação de Bresser-Pereira sobre tudo isso foi no sentido de compreender que
a adoção de um modelo de administração ‘empresarial’, pautada nos princípios da “new
public management” e da “qualidade total” (BRESSER-PEREIRA, 1999), era a melhor
decisão que se poderia tomar, para assim, colocar o Brasil no ‘rol da fama’ da
administração pública e ser lembrado pelos organismos internacionais.
O autor sintetiza: “[...] a Reforma Gerencial da Administração Pública Brasileira
lançada em 1995 avançou nas três dimensões previstas pelo Plano Diretor: a
institucional, a cultural e a gerencial” (BRESSER-PEREIRA, 1999, p. 09, grifos
nossos).
E de fato uma nova cultura política se instaurou no país. Aquela sociedade
brasileira que lutava por direitos civis, políticos e sociais à luz da democracia na época
da Ditadura Militar se tornou, em grande medida, apenas uma referência histórica. Essa
nova cultura, ideologicamente orientada pelo neoliberalismo, engoliu os embates
políticos que eram claramente posicionados: na direita e na esquerda. Promoveu
também crescimento econômico às custas de políticas fiscais capitalistas mascaradas
por argumentos pouco consistentes como aqueles apresentados no item anterior, quais
sejam: a legislação benevolente; a questão da idade para a aposentadoria; a questão de
gênero; o tempo de contribuição e o suposto déficit nas contas da previdência. Porém,
antes de retomar esse debate, mais uma fala do ex Ministro resume bem todo aquele
momento histórico e merece ser comentada e problematizada.
A emenda constitucional da previdência social, que terminou sendo
aprovada pelo Congresso no final de 1998, era apenas a sombra do
projeto original do governo. A reforma tributária apresentada em
1995 foi finalmente abandonada pelo próprio governo, que, apenas em
1998, apresentou sem muita precisão [...] um novo projeto de emenda
[...]. Como explicar resultados tão diferentes? Onde reside o segredo
do sucesso desta reforma?
De acordo com minha experiência, a aprovação de grandes reformas
depende de quatro fatores: [a] necessidade, [b] concepção e desenho,
[c] persuasão democrática, e [d] alianças. Há necessidade quando a
reforma responde a uma demanda social real (BRESSER-PEREIRA,
1999, p. 10, grifos nossos).
O autor declara que a reforma da Previdência, naquele momento, precisou sofrer
alterações e, como visto anteriormente, atingiu prioritariamente o Regime Geral da
Previdência. No que tange aos servidores públicos, entraram nas mudanças no Governo
do PT na década seguinte. A partir daí o cenário de reformas foi ampliado para todos os
trabalhadores. O que o PSDB e sua aliança mais direitista não conseguiram aprovar na
Câmara e Senado, o PT apoiado pelo PMDB principalmente, acirrou e disseminou o
receituário dos organismos multilaterais.
Essa é uma história contada de diferentes formas pelos autores críticos e também
autores não tão críticos, mas o que importa é ressaltar que em meio a todo esse
processo, Bresser (1999) questiona “onde reside o segredo do sucesso desta reforma?” e
conclui: “a reforma responde a uma demanda social real”. De qual sucesso e de qual
demanda social real se refere o autor? Compreender tais reformas como ‘sucesso’ é
considerar que existe consenso entre classe trabalhadora e capitalista e que foram
atendidas de igual modo ambas as classes. Na verdade a ‘demanda social real’
defendida pelo ex-Ministro materializa-se pelo avanço da especulação; pelo crescimento
dos investimentos de capital fictício em detrimento da criação de novos postos de
trabalho formal.
O quadro que se segue mostra o cenário do mercado de trabalho no Brasil entre os
meses de novembro de 2011 e janeiro de 2012. Entretanto, em primeiro lugar, deve-se
ressaltar que para a metodologia de pesquisa adotada pelo IBGE, emprego é sinônimo
de trabalho. Em segundo lugar, se forem observados os dados sem considerar essa
particularidade, o que se verifica é que em termos proporcionais não há grandes
diferenças entre as taxas de ocupação com carteira assinada. Isso quer dizer que os
trabalhadores sem carteira assinada e por conta própria - sublinhados no quadro -, em
grande medida, não recolhem contribuição ao INSS. Não porque facultam a
contribuição por uma escolha exclusivamente pessoal, mas porque sua renda total, via
de regra, acaba sendo suficiente apenas para garantir a sua sobrevivência de sua família,
a curto prazo.
Quadro II
Composição do atual mercado de trabalho: Pesquisa Mensal de Emprego (PME) -
IBGE 2012
Fonte: Sistematização a partir do quadro original da Pesquisa Mensal de Emprego. IBGE. Pesquisa
Mensal de Emprego. 2012. Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendimento/pme_nova/pme_201201tm_0
1.shtm> Acesso em: Março de 2012.
E uma última questão que merece ser analisada nesse quadro refere-se aos dados
sobre a população em idade ativa (PIA); população economicamente ativa (PEA) e
população não economicamente ativa (PNEA). Em relação ao que a PME classifica
como “população em idade ativa”, percebe-se, que entram na estimativa crianças a
partir dos 10 anos de idade. Incluí-las na pesquisa, ao mesmo tempo estimula a
violência que é o trabalho infantil e reforça o debate sobre essa questão no sentido de
não ‘fechar os olhos’ para essa realidade. É contraditório e, se essa reflexão não estiver
equivocada, merece ser debatida em outros momentos e espaços.
No que se refere à PEA e à PNEA, observe que em números absolutos a diferença
entre ambas perfaz um total de 5.576 trabalhadores, no mês de janeiro. Esse dado bruto
e sem as devidas reflexões, comprovam o déficit na Previdência sob o argumento da
inversão da razão da taxa de reposição e dependência, como foi apresentado pelos
autores que compõe a “ala favorável” à reforma. Porém, nenhum deles trouxe para o
debate ou sequer, mencionou a mais importante das “reformas” que foi a EC que
regulamentou a DRU – Desvinculação das Receitas da União8. Os argumentos que
conduziram à “contra reforma” em curso, como foram apresentados na seção anterior,
foram:
a) mudança no perfil demográfico da população brasileira – o país está
envelhecendo;
b) diminuição das contribuições – o modelo de repartição simples entrará em
colapso quando inverter a razão entre contribuinte (PEA) e beneficiários (aposentados e
pensionistas);
c) riscos de inadimplência e sonegação;
d) legislação benevolente – regras pouco rígidas na concessão das aposentadorias;
as mulheres e professores se aposentam muito cedo; e,
e) baixo crescimento da economia – o PIB cresceu apenas 2,0 a.a na década
passada.
Devidamente listados e relembrados os principais argumentos para o ‘déficit’,
desvela-se o primeiro equívoco: é mito o déficit contábil da Previdência. Gentil (2007)
8 O debate a respeito das implicações dessa Emenda será pormenorizado mais adiante ainda nessa
seção.
informa que o que se está sendo chamado de ‘déficit’, na verdade, é o ‘saldo
previdenciário negativo’, decorrente da “[...] soma (parcial) de receitas provenientes das
contribuições ao INSS sobre a folha de salários e demais rendimentos do trabalho e de
outras receitas próprias menos expressivas, deduzidas das transferências a terceiros e
dos benefícios previdenciários do RGPS” (p. 05). Essa transferência a terceiros refere-se
ao Sistema S (SESI, SENAC, SENAI, SENAR, SEBRAE, SESC, SEST, SENAT)
(GENTIL, 2007). Isso quer dizer, portanto, que no cálculo utilizado, não estão
consideradas todas as formas de arrecadação previstas na Constituição, gerando déficit
aparente.
Em segundo lugar, parecem, e apenas parecem convincentes tais argumentos. Se
se for analisar o preceito da Seguridade Social à luz da Carta Magna verifica-se que a
mesma foi criada a partir de uma
[...] estrutura [de] financiamento, com sólidas e diversificadas bases
de arrecadação que, até o momento, está preservada no texto da
Constituição. As investidas liberal-privatizantes da política econômica
desencadeadas nos três últimos governos não conseguiram, ou pelo
menos, ainda não conseguiram, viabilizar econômica e politicamente
sua alteração (GENTIL, 2007, p. 07).
A autora buscou na interpretação da Constituição a melhor forma de desvelar esse
equívoco amplamente divulgado e ‘consumido’ pelas mídias capitalistas brasileiras. Os
argumentos de GENTIL (2007) não se fragilizam, ao contrário, se tornam cada vez mais
fortes na medida em que amplia sua base argumentativa para além da defesa da DRU
como a principal responsável pela geração do déficit nominal. Antes mesmo de
considerá-la no debate, merece destaque mais um trecho em que a autora busca
demonstrar os problemas no atual cálculo previdenciário:
Diversificou-se, então, a captação de receitas, [contextualizada pela
crise dos anos 1980] com a inclusão de contribuições sociais que
incidem sobre o faturamento, o lucro, a apuração das loterias e,
posteriormente, a movimentação financeira [COFINS, CSLL e antiga
CPMF, respectivamente], para que não apenas a previdência, mas o
sistema de seguridade social como um todo se tornasse menos
vulnerável ao ciclo econômico e fazendo com que toda a sociedade
contribuísse para a manutenção das três áreas, consideradas direitos da
cidadania e obrigação do Estado. Não faz sentido, portanto, excluir
aquelas fontes de recursos do cálculo do resultado financeiro da
previdência, sob o risco de perda do entendimento do conceito de
seguridade social e do discernimento sobre o processo de construção
histórica deste sistema (GENTIL, 2007, p. 11, grifos nossos).
Realmente não faz sentido, ou melhor, não deve continuar a existir esse
contrassenso, entretanto, ao mesmo tempo em que permanece constitucionalmente
garantida, como um direito social inalienável, cujo pressuposto básico é ser um
“conjunto integrado de ações de iniciativa dos poderes públicos e da sociedade” (Art.
194), como dito inicialmente, à própria Seguridade Social não foi garantida, desde
1988, que as fontes de financiamento também fossem integradas. Na prática isso
permite que tanto distorções de interpretação como remanejamentos de recursos se
tornem corriqueiros e questionados apenas quando objeto de estudo acadêmico.
Como se não bastasse, aos olhos internacionais, essa política fiscal e de
gerenciamento de recursos públicos é aplaudida por ser uma iniciativa promissora para
os países emergentes, aumentando a ‘confiança’, isto é, auxiliando na diminuição do
risco país e trazendo novos empreendimentos multinacionais para sugar ainda mais as
riquezas nacionais, mesmo que para isso essas empresas, em contrapartida, tenham que
criar novos, mas poucos, postos de trabalho.
Em terceiro lugar e, ainda baseado no jogo político de criações de leis que ferem a
Constituição, mas que continuam sendo aprovadas na casa competente, isto é, o
Legislativo, tem-se, em 2000 a promulgação da Lei de Responsabilidade Fiscal, que a
partir da “adoção de uma metodologia imprópria”, essa lei, na concepção de Gentil
(2007, p. 12),
[...] fere os princípios de diversificação das fontes de arrecadação, de
solidariedade social e de sustentabilidade financeira concebidos para o
sistema de seguridade social na Carta Maior. Através do seu artigo 68
[...] cria o Fundo do Regime Geral de Previdência Social, vinculado
ao Ministério de Previdência e Assistência Social, com a finalidade de
prover recursos para o pagamento dos benefícios do regime geral de
previdência social [...].
[...]
Da forma como foi criado, o Fundo [...] trás [sic] um duplo equívoco
ou um duplo desarranjo nos preceitos constitucionais. Primeiro,
porque ao criar um fundo exclusivo para a previdência, a LRF [Lei de
Responsabilidade Fiscal] desconstitui o conceito de seguridade, tal
como formulado na Constituição. Esse foi o passo necessário para o
segundo equívoco: considerar os recursos da COFINS, CSLL e [da
antiga] CPMF como externos ao orçamento da previdência e,
portanto, passíveis de serem rotulados como transferências da
União. Pelo artigo 195 da Constituição Federal essas receitas
pertencem, expressamente, ao financiamento da seguridade social,
logo, não são recursos transferidos, mas recursos próprios. Mais do
que isso, abriu-se espaço para a afirmação de que tais recursos,
transferidos da União, são valores destinados a cobrir um suposto
déficit no orçamento da previdência com verbas subtraídas do
orçamento fiscal. Essa interpretação distorce a verdadeira natureza da
questão e dá margem a uma análise defeituosa que coloca a
previdência social como alvo de reformas urgentes por ameaçar o
equilíbrio fiscal do governo geral (GENTIL, 2007, p. 12-13. Grifos da
autora).
A extinta CPMF se configura como uma contribuição provisória voltada para
financiar a saúde, mesmo assim, deveria ter sido encarada como recurso próprio da
Seguridade social. Gentil, reforçou em suas reflexões que
Essas receitas [isto é, as contribuições sociais], entretanto, continuam
vinculadas à seguridade social e por ela geridas, ou seja, devem ser
aplicadas em saúde, assistência social e previdência, ainda que sejam
arrecadadas, fiscalizadas, lançadas e normatizadas pela Receita
Federal, pois os órgãos da seguridade social têm assegurada a gestão
de seus recursos pela Constituição Federal (GENTIL, 2007, p. 14).
Verifica-se que cada vez mais o neoliberalismo tem encontrado um terreno fértil
para disseminar os seus pilares e garantir ideologicamente o avanço do capital sobre as
conquistas da classe trabalhadora, recrutando cada vez mais políticos e intelectuais que
sejam capazes de interpretar distorcidamente os preceitos constitucionais de forma que
pareça a interpretação mais real e condizente com o que está expresso na Carta Magna.
Um exemplo disso foi a fragmentação na organização operacional da própria
Seguridade, desde o Governo Collor. Apoiado em Teixeira (1991), Fagnani (2010, p.
06), diz que
A reforma administrativa empreendida por Collor [...] “ao invés de
constituir o Ministério da Seguridade Social”, optou ‘pelo caminho da
fragmentação, abandonando o conceito de seguridade e empreendendo
uma volta atrás na própria concepção do sistema de proteção,
reforçando a velha ideia de seguro. Reunindo os antigos INPS e
IAPAS em um único instituto que não por acaso chamou de Instituto
Nacional do Seguro Social (INSS) e, ademais, colocando toda a
estrutura previdenciária sob a jurisdição do velho Ministério do
Trabalho e da Previdência Social’.
Somado a tudo isso, tem-se a DRU, auge do debate quando o objetivo é desvelar o
mito do déficit previdenciário. Fruto de uma proposta de emenda constitucional em
1999 e, originalmente programada para vigorar até o ano de 2003 (BEHRING, 2008), a
DRU se revelou para os governos como um valioso “instrumento de gestão”, pois na
proposta e na prática essa emenda garante a possibilidade de desvincular – leia-se
desviar – 20% dos recursos do orçamento da Seguridade para ser utilizado de acordo
com as demandas e necessidades da União. Esses recursos têm sido utilizados, desde a
sua criação, para compor superávit primário, reserva necessária ao pagamento de juros
da dívida.
Digno de nota também é o fato de essa estratégia de governar já ser uma velha
conhecida do país. Antes de se chamar “Desvinculação das Receitas da União”, era o
“Fundo Social de Emergência (FSE)” em 1994, no Governo de Itamar Franco e, depois
o “Fundo de Estabilização Fiscal (FEF)”, no primeiro mandato de FHC. Tornou-se
DRU em 1999, no segundo mandato do Governo FHC, expirando seu prazo de validade
em 2003, e mais que rapidamente ganhou nova sobrevida nos mandatos do Governo
Lula (2003-2010) e, recentemente foi renovada para vigorar até o ano de 2015
(CONCEIÇÃO, 2012). A proposta já havia sido aprovada no Congresso e só estava
esperando a chancela final do Senado, que ocorreu às vésperas das festas de fim de ano.
Foi aprovada nessa casa, de acordo com os veículos de comunicação, com 55 votos
favoráveis, 13 contrários e uma abstenção, pouco tempo antes de perder sua vigência
em 31 de dezembro de 2011.
O Brasil assiste mais uma vez a vitória das forças do capital. A pequena trajetória
dessa EC indica que a mesma se tornou a ‘galinha dos ovos de ouro’ dos últimos
governos. Já são 18 anos de existência daquilo que deveria ser provisório, e mesmo que
pareça grosseira essa metáfora - inspirada no conto de fadas “João e o pé de Feijão” de
1807: ‘qual gigante mataria sua fonte mais preciosa de riqueza?’
Em cifras, a aprovação da DRU para o mandato do governo Dilma, “significa R$
62,4 bilhões” (LIMA, 2012). Montante que poderia estar sendo investido na política de
saúde, por exemplo, face ao descaso massivamente noticiado pelos veículos de
comunicação. Entretanto, esse montante irá compor o superávit primário, que em nada
tem a ver com política social, mas sim com política fiscal e econômica. Felizmente
permanecem apenas os 20% e não se concretiza o temor de FAGNANI (2010, p. 07,
grifos nossos) que ao discorrer sobre o “Déficit nominal zero”, com base em Giambiagi,
informou que:
Para completar, tiveram a ousadia de propor a ampliação da DRU dos
atuais 20% para 40%. A tese do país ingovernável foi reeditada pela
ortodoxia econômica que recomendou que todos os esforços fossem
concentrados “na mãe de todas as reformas, que será a previdenciária,
sem a qual o país será inviável” (sic) (Fabio Giambiagi, Valor,
18/10/2005).
Por fim, comparecem como últimas das principais notas na forma com que vem
sendo tratada a Seguridade Social, cujo aspecto debatido aqui nesse espaço foi a
reforma previdenciária, os seguintes aspectos: a) a desconsideração de que “[...] a
Constituição Federal estabelece mecanismos de controle social, e democrático para
assegurar que os princípios orientadores da organização [..] e [...] Orçamento da
Seguridade Social sejam efetivamente cumpridos pelo Executivo Federal” (FAGNANI,
2010, p. 01) e b) as implicações da proposta de reforma tributária, de autoria do Poder
Executivo, identificada como PEC 233/2008 (DELGADO, 2008; FAGNANI, 2010).
A primeira questão refere-se ao que Fagnani (2010, p. 08), ao descrever o Fórum
Nacional da Previdência Social, chamou de oportunidade dos setores conservadores de
concluir
[...] o serviço que vem fazendo desde a Assembleia Nacional
Constituinte. No debate proposto por esse segmento transparece uma
construção ideológica baseada em mitos e fatos parciais. Tentam
“comprovar” inviabilidade financeira da Seguridade Social e fazer
retroceder conquistas – muitas das quais já efetivadas. Prevaleceu a
visão de que a natureza da questão financeira da Previdência Social
decorreria exclusivamente de fatores endógenos ao próprio sistema:
em síntese, o desequilíbrio financeiro seria consequência exclusiva do
crescimento dos gastos com benefícios, reflexos da suposta
“generosidade” do atual plano de benefícios.
Na mesma direção, a segunda questão refere-se à tentativa de mais uma contra
reforma. A PEC 233/2008 bombardeia o financiamento da Seguridade Social, tornando-
o, se aprovada, alvo de “ajustes casuísticos na conjuntura dos orçamentos anuais, sob
forte disputa de interesses econômicos muito poderosos” (DELGADO, 2008, p. 07).
Isso significa novos acirramentos na disputa do fundo público, sob o argumento de
acabar com a “guerra fiscal”. Por tudo isso, vale a pena, nesse momento, realizar uma
pequena síntese no sentido integrar alguns aspectos, problematizando, inferindo e
analisando toda a reflexão proposta.
Considerações finais
A dificuldade de falar sobre a reforma da política de Previdência Social foi sendo
deixada de lado e se tornou um desafio envolvente, em virtude de durante a construção
desse estudo, ter sido necessário reunir o maior número de argumentos possíveis para
desvelar o equívoco do déficit previdenciário, um dos pivôs do perverso
desmantelamento dos direitos sociais garantidos pela Seguridade. Nesse sentido, é
preciso registrar que, pelo menos em termos de debate teórico e acadêmico, esse
equívoco está mais que desvelado. Foram muitas as referências encontradas para dar
conta dessa parte da reflexão em comparação ao que foi encontrado no polo oposto,
formado por intelectuais que defendem a urgência e acirramento da reforma. Isso posto,
cabe aqui apenas exprimir algumas considerações, no sentido de fortalecer o debate,
sem a pretensão de esgotá-lo.
Começando pela PEC 233/2008, em última instância sua aprovação acirraria,
como dito acima, a disputa pelo fundo público, refletindo no que Behring (2008)
considera como “disputas existentes na sociedade de classes”. A classe trabalhadora, de
um lado, tenta garantir direitos sociais, expressos em políticas públicas e o capital, de
outro, “com sua força hegemônica, consegue assegurar a participação do Estado em sua
reprodução por meio de políticas e subsídios econômicos, de participação no mercado
financeiro, com destaque para a rolagem da dívida pública, um elemento central na
política econômica e alocação do recurso público” (BEHRING, 2008, p. 52-53).
Está mais que garantida essa demanda do capital com a nova aprovação da DRU
para mais pelo menos um mandato da presidente Dilma Rousseff. O Estado é percebido
não como um ente neutro e acima da luta de classes, mas como uma arena de disputa
que claramente concede vantagem ao bloco hegemônico vigente. Neste sentido, a
postura dos trabalhadores, grupos e movimentos sociais frente a mais esse avanço do
capital deve ser de resistir e organizar-se enquanto classe, face à conjuntura de descasos
em série com que as políticas sociais, principalmente a saúde, a assistência e a
educação, pilares importantes na reprodução da força de trabalho destinada a produzir
riqueza, vem sendo tratadas.
Além disso, a revisão teórica revelou o que não deveria acontecer na prática. A
Constituição Federal de 1988 é suficientemente clara ao estabelecer a concepção de
Seguridade Social: as bases de financiamento e distribuição dos recursos entre as
políticas do tripé, além, é claro, das formas de controle social. O Título “Da Ordem
Social” tem sido um encalço para o Estado travestido de neoliberalismo. São inúmeras e
frequentes as defesas da tese de que a CF 88 é um empecilho para o desenvolvimento
econômico do país. São, nessa concepção, princípios e diretrizes rígidos e ultrapassados
que não acompanham o cenário mundial.
Esse discurso se complementa quando o assunto são as atuais regras de
aposentadoria dos regimes da Previdência, isto é, Regime Geral de Previdência Social
(RGPS) e Regime Próprio de Previdência Social (RPPS). É fundamental, de acordo com
a ala conservadora, ficar atento à conjuntura econômica, às decisões dos países centrais
ao se discutir ou mesmo colocar em prática novas regras, que facilitam ou dificultam o
acesso ao direito social irrevogável que é a aposentadoria e também os outros benefícios
previstos na Lei Orgânica da Previdência e na CF 88. Em outras palavras, o Brasil deve
continuar a se espelhar nas decisões, em termos de políticas econômicas e sociais, nos
Estados Unidos e na Europa. Vale relembrar, portanto, a recomendação de Giambiagi
(2004) em que o Brasil deve seguir o ‘majestoso’ exemplo espanhol e assim,
obviamente retroceder em termos de conquistas de direitos sociais.
Parece culpa do trabalhador. Ele envelhece, ele não contribui, ele tenta burlar as
regras da Previdência. E assim vão sendo construídas as justificativas em torno da
reforma, quando na verdade estas encobrem os investimentos em capital fictício sob a
forma de títulos da dívida pública e também privada. Merece destaque a contribuição de
Gentil (2007, p. 20) que demonstrou que o déficit repousa sobre pobres argumentos.
Se houvesse a elaboração, de forma isolada, do orçamento da
seguridade social, ficaria revelado, com clareza: 1) que o desequilíbrio
orçamentário está no orçamento fiscal e não no orçamento da
seguridade social ou no orçamento da previdência social; 2) que a
seguridade social não recebe recursos do orçamento fiscal, ao
contrário, parte substancialmente elevada de seus recursos financia o
orçamento fiscal; e, 3) que não é a previdência que causa problemas
de instabilidade econômica e crise de confiança nos investidores, mas
é a política econômica que atinge a previdência, a saúde pública e a
assistência social, precarizando serviços essenciais à sobrevivência da
classe trabalhadora.
Diante dessa reflexão, encoraja-se a afirmar que embora na história da política de
Previdência social brasileira tenham se processado avanços memoráveis, sendo o maior
deles, nessa concepção, a inclusão dos trabalhadores rurais como segurados, garantindo-
lhes um salário mínimo, bem como as melhorias tecnológicas das agências do INSS, a
contratação de técnicos via concursos, dentre outros, não se conseguiu consolidar uma
cobertura universalista. A lógica do seguro permanece como o pilar de sustentação
dessa política.
O capital expropria a velhice, portanto, como uma necessidade de renovação da
força de trabalho ágil e no auge do vigor físico e intelectual. Cabe ao Estado, do ponto
de vista do capital, dar conta do trabalhador idoso, que nessa perspectiva é como se
fosse um resíduo da produção e a aposentadoria se revela, ao mesmo tempo:
reivindicação da classe trabalhadora, primeiro direito trabalhista e social; e, estratégia
de reprodução do capital.
Em outras palavras, as dificuldades e o desmonte em que se encontra a Seguridade
Social, revela que as reformas da previdência em curso desde a década de 1990,
atendem aos interesses do capital garantindo ao capital fictício perenidade, por meio do
pagamento dos juros da dívida pública. Independentemente das necessidades e
demandas da classe trabalhadora, a reforma da previdência vem se tornando um fato
perverso, dificultando cada vez mais o acesso do trabalhador a esse direito
historicamente conquistado.
Os contornos da reforma da Previdência é uma das respostas do Estado que tem
impactado direto na vida do trabalhador, aumentando as dificuldades dos trabalhadores,
na velhice. O entendimento dos técnicos do governo de que a reforma é uma forma de
consertar a “legislação benevolente”, em que a idade mínima para a aposentadoria não
condiz mais com a expectativa de vida dos trabalhadores e que não é possível mais
resguardar a diferença de idade entre os sexos no acesso ao benefício, contribuem para o
risco de uma velhice desamparada, quando muito estará resguardada pelo Benefício da
Prestação Continuada se a condição do idoso estiver adequada aos critérios de
concessão. Assim, obrigando o trabalhador a recorrer a outras formas de previdência. A
velhice se torna uma fonte rentável para os fundos privados de pensão9.
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9 Ver: VACCARO, Stefania Becattini. Fundos de pensão: um caminho socioeconomicamente
viável?. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas, 2009.
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