a reestruturação produtiva, ética

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    A reestruturao produtiva, acompanhada da introduo denovastecnologias, desencadeou uma srie de conseqncias sociais que afetaram

    os trabalhadores nos processos de trabalho, na qualificao da fora detrabalho, nas condies de trabalho e nas suas vidas. As transformaesocorridas notrabalho, como procurei demonstrar nos captulos anteriores,

    ocasionaram o surgimento de uma nova classe operria, de elevado nvel de formao para o trabalho e de alta qualificao em que o conhecimento do

    indivduo se torna um fator de maior relevncia no momento atual.Concomitante a estes fenmenos, ocorre, tambm, a fragmentao e a

    desestruturao do trabalho, o que acaba gerando tendncias imensamenteinsatisfatrias em termos sociais.

    Um primeiro aspecto que gostaria de destacar que o novo padroprodutivo, baseado no uso das novas tecnologias e no conhecimento, trouxepara muitos pases a diminuio do trabalho necessrio, uma vez que, com a

    presena da automao microeletrnica, houve uma significativa reduo da

    mo-de-obra tpica da produo verticalizada daera fordista de produo.Esse fator acabou gerando um grande impacto na questo do emprego.

    Observando a histria, pode-se ver que, desde a primeira RevoluoIndustrial[1] do sculo XVIII, as inovaes tecnolgicas tm sido

    recorrentemente consideradas uma ameaa aos empregos. Naquele contexto,os

    trabalhadores ludistas[2] destruram as primeiras mquinas txteisassustados com a conseqncia de sua introduo. No entanto, hoje, arelao entre o avano tecnolgico e o emprego bem mais complexa. interessante a observao de Mattoso (1999) onde ele indica que aintroduo das inovaes - elevar aprodutividadee reduzir o trabalho

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    incorporado produo - quando visto do mbito de uma empresa ou regiose transforma em uma fatalidade, em desemprego e precarizao do trabalho.Esses males da sociedade contempornea parecem, ento, resultar apenas da

    reestruturao produtiva, das novas formas de organizao do trabalho, damaior utilizao da inovao tecnolgica. Porm, quero ressaltar aqui que

    outros motivos macroeconmicos ou nacionais tais como a aberturadesenfreada da economia, inflao e recesso econmica tambm influem na

    questo do emprego. A tecnologia traz grandes transformaes, mas nodetermina a priori o seu resultado.

    Nos pases mais pobres ou em desenvolvimento, como o caso do Brasil e ospases da Amrica Latina, os impactos da exploso tecnolgica das ltimas

    dcadas fizeram com os mesmos sofressem as conseqncias mais negativasdo

    processo, pois esta exploso acontece conjuntamente com uma aberturacomercial descompassada. Como esses pases no possuem uma estrutura

    produtiva para fazer frente aos pases desenvolvidos que dominam omercado, acabam se desestruturando economicamente.

    Para a economia brasileira, a implementao do novo modelo econmicoimps

    um conjunto de restries produo e ao emprego nacional. Foi necessrioacelerar a reestruturao produtiva que tinha por finalidade aumentar a

    competitividade frente s empresas estrangeiras. No entanto, isso provocoua ruptura parcial em vrias cadeias produtivas, fragilizando importantes

    setores de atividade econmica que no se atualizaram competitividade.As empresas passaram a importar mquinas e equipamentos, buscaram

    parcerias e reduziram custos, principalmente de mo-de-obra. Houve o

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    aumento daprodutividadeacompanhado por aumentos na jornada total detrabalho, seja atravs do uso de horas extras, ou ocupaes sem registro e

    por conta-prpria que operam em um regime intensivo de trabalho. ConformePochmann, "cabe lembrar que, entre 1990/92, mais de dois milhes de postos

    de trabalho foram queimados por fora da poltica recessiva do GovernoCollor, sem maiores preocupaes com seus impactos sociais" (1997, p. 1).

    importante salientar tambm que nos pases capitalistas centraispresencia-se um quadro crtico em funo das transformaes no processo

    produtivo. Paralelamente globalizaoprodutiva, a lgica do sistemaprodutor de mercadorias vem convertendo a concorrncia e a busca de

    produtividade num processo destrutivo que tem gerado, conforme nos explicaAntunes (2002), uma imensasociedade dos excludos e dos precarizados, que

    hoje atinge tambm os pases do Norte. At o Japo e o seu modelotoyotista, que introduziu o "emprego vitalcio" para cerca de 25 % de sua

    classe trabalhadora, hoje ameaa extingu-lo, para adequar-se competitividade que emerge do ocidente "toyotizado". Depois de

    desestruturar os pases do Terceiro Mundo, a crise tambm atingiu o centrodo sistema produtor de mercadorias. Nesse sentido segundo o mesmo autor:

    (...) quanto mais se avana na competitividade inter-capitalista, quantomais se desenvolve a tecnologia concorrencial, maior a desmontagem de

    inmeros parques industriais que no conseguem acompanhar sua velocidadeintensa. Da Rssia Argentina, da Inglaterra ao Mxico, da Itlia a

    Portugal, passando pelo Brasil, os exemplos so crescentes e acarretamrepercusses profundas no enorme contingente de fora humana de trabalho

    presente nestes pases (2002, p. 2).

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    Mesmo nos EUA, Japo e Alemanha, pases bem sucedidos no processo deglobalizao, embora as taxas de desemprego no sejam altas quando

    comparadas com os demais pases, preocupa a deteriorao das condies detrabalho, uma vez que as indstrias mais bem sucedidas tendem a absorvercada vez menos mo-de-obra. Valencia (2003) enfatiza que: "Es de resaltarel crecimiento de la precariedad del trabajo en los Estados Unidos, donde

    durante la dcada de los noventas la proporcin de trabajadores que perdasus puestos de trabajo aument 15%" (p. 24).

    A tabela abaixo traz uma estimativa do comportamento do desemprego nospases mais industrializados nos anos 2001-2002. A partir dela, pode-se

    ter um entendimento mais preciso em relao s variaes de curto prazo nonvel de desemprego nesses pases.

    Tabela 1 - Estimativa do comportamento do desemprego nos pases maisindustrializados

    Taxa de desemprego20012002Pases industrializados6,0 %6,6 %

    Estados Unidos4,9 %6,0 %Japo5,0 %5,7 %

    Alemanha7,5 %7,8 %Frana8,6 %8,9 %Itlia9,5 %9,4 %

    Gr-Bretanha5,2 %5,4 %Canad7,3 %8,0 %Total G76,0 %6,6 %

    Zona Euro8,3 %8,6 %

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    Fonte: Elaborao prpria a partir de dados de VALENCIA(2003).

    Quando se observam os dados expostos na Tabela 1, fica perceptvel avariao negativa no nvel de desemprego no perodo de apenas um ano

    (2001-2002). Dos pases do G7 quem obteve um acrscimo mais acentuadoforam os EUA com uma variao de 22,4% no nvel de desemprego. Segue o

    Japo com 14% e o Canad com 9,5%. Os demais pases tambm registraramum

    crescimento negativo no nvel de emprego, com exceo apenas da Itlia queobteve um crescimento mnimo de 1% no nvel de emprego. Dessa forma,

    vem-se confirmar o que acima mencionei, nem mesmo os pases maisdesenvolvidos fogem dos efeitos das fortes transformaes tecnolgicas a

    nvel mundial.Um outro dado que fundamental acrescentar aqui o comunicado que traz aRevista Conjuntura Econmica (1997), destacando que na Alemanha o setor

    industrial o qual no inicio dos anos 70 abrigava quase 50% da populaoeconomicamente ativa[3], atualmente no emprega mais que 35%. Isso

    confirma que nem mesmo as locomotivas industriais escapam do crescentedesemprego onde a tecnologia permite uma maior produtividade com um

    menornmero de trabalhadores.

    Asnovas tecnologias(a microeletrnica, a robtica, a telemtica),associadas aosnovos modelos de organizao produtiva(centrados notoyotismo-ohnismoe inspirados principalmente no kaisen[4] e no kanbancomo princpios de gesto) vm criando o paradoxo de economias sem

    emprego. No, necessariamente, sociedades semtrabalho, ou ocupao, mas

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    sem (ou cada vez menos) empregos formalmente contratados, estveis, emtempo integral e tambm salrios previsveis e direitos sociais legalmenteassegurados. De acordo com Harvey (2002, p.144), "a atual tendncia dos

    mercados de trabalho reduzir o nmero de trabalhadores 'centrais' eempregar cada vez mais uma fora de trabalho que entra facilmente e demitida sem custos quando as coisas ficam ruins". Esses aspectos so

    marcantes na deteriorao das relaes de trabalho.A reengenharia das empresas suprime empregos tcnicos e gerenciais que o

    paradigma da gesto horizontalizada torna suprfluos. Tanto empresasquanto governos vm transferindo, inclusive para firmas individuais ou

    para trabalhadores por conta prpria (sem patro, donos dos seus tempos,embora com remuneraes menores e sem garantias sociais[5]), tarefasoutrora desempenhadas por assalariados no gozo pleno de seus direitos

    trabalhistas. Ou ainda porque onovo paradigma tecnolgicoabriga oteletrabalho[6], a teleconferncia, os correios eletrnicos e outros

    inventos que reduzem o trabalho braal e conseguem produzir mais com maioreficincia e menor custo.

    Em decorrncia do "processo de racionalizao econmica", ocorre umasubstituio dos trabalhadores por processos mecnicos: robtica,informtica, automao. Uma srie de atividades, quase sempre de

    qualificao mdia ou baixa, suprimida em favor de mquinas. ParaAntunes (1999), com o desenvolvimento da lean production e das formas de

    horizontalizao do capital produtivo, bem como das modalidades deflexibilizao e desconcentrao do espao fsico produtivo, da introduoda mquina informatizada, como a "telemtica"[7] (que permite relaes

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    diretas entre empresas muito distantes), tem sido possvel constatar umareduo do proletariado estvel, herdeiros da forma de insero produtiva

    prpria da fase taylorista/fordista.Pode-se dizer que, na era da acumulao flexvel e da empresa enxuta, as

    empresas as quais ganham destaque e servem de exemplo a serem seguidosso

    aquelas que dispem de menor contingente de fora de trabalho e que,apesar disso, tm maiores ndices de produtividade. Conforme explica Alves

    (2000) com base nas idias de Coriat: existem dois meios de aumentar aprodutividade, um deles seria aumentar as quantidades produzidas, o outro reduzir o pessoal de produo. Seguindo essa lgica, desenvolve-se uma

    espcie de economia do trabalho vivo, por meio do desenvolvimentocrescente da produtividade do trabalho que tende a enxugar cada vez mais a

    participao dos operrios no ncleo da produo de mercadorias.A substituio de trabalhadores por mquinas jogou para fora do processo

    produtivo milhes de trabalhadores ocasionando um salto crescente nodesemprego estrutural. Os deslocamentos foram enormes, milhes de

    trabalhadores perderam suas qualificaes na medida em que mquinas eaparelhos permitiram obter, com menores custos, os resultados produtivos

    que anteriormente exigiam a interveno direta da mo humana. O mercadoformal de trabalho se restringiu a um nmero reduzido de trabalhadores

    mais qualificados e multifuncionais, bem como ampliando o conjuntoflutuante e flexvel de trabalhadores.

    O crescimento da produo industrial dessa nova fase da reestruturaoprodutiva ocorre sem o incremento, ou seja, sem o crescimento do emprego,

    porque, na verdade, a lgica do padro organizacional do sistema

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    capitalista de produo cada vez mais introduzir novas tecnologiasmicroeletrnicas o que tende a no possuir mais capacidade de absorver a

    parcela de trabalhadores assalariados que esto procura de emprego.Nessa direo, Castells complementa que: "(...) o processo de transio

    histrica para uma sociedade informacional e uma economia global caracterizada pela deteriorao das condies de trabalho e de vida para

    uma quantidade significativa de trabalhadores" (2005, p. 345). de relevncia observar que h um decrscimo no emprego em todos os

    nveis, da mo-de-obra no qualificada mo-de-obra mais qualificada. Nocaso da mo-de-obra mais qualificada, h que se acrescentar o chamado"desemprego tecnolgico", comum aos pases pobres e aos ricos, como o

    decorrente uso de robs, por exemplo, substituindo seres humanos. Aspessoas mais qualificadas, geralmente as de nvel superior, tendem a no

    ficar desempregadas, mas vo ocupar posies abaixo da qualificao formalque possuem. A tendncia de aumentar cada vez mais os quadros detelefonistas, motoristas de txi, babs com curso superior, expulsando

    dessa forma, dos nichos do mercado pessoas menos preparadas formalmente,porm perfeitamente aptas a desempenharem funes exigidas pelo mercado.Um segundo aspecto que a reestruturao produtiva ocasiona em funo dafalta de emprego a precarizao pela sada de trabalhadores do mercado

    formal de trabalho para os setores informais[8] (trabalhadores por contaprpria, vendedores ambulantes, camels, biscateiros, entre outros).

    Conforme Jakobsen (2001), na Amrica Latina houve um crescimento dotrabalho informal na mdia de 23, 3% nos anos 1990. A reduo do emprego

    leva as pessoas a procurar outras formas de ocupaes e/ou atividades a

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    fim de complementar sua renda ou que apenas garantam seu sustento. Otrabalhador, para no perder sua dignidade, acaba se transferindo para o setor informal, perdendo a possibilidade de assegurar direitos que havia

    conquistado ao longo de sua vida operria. No caso de muitosdesempregados, a sua atividade de sobrevivncia, forosamente s poderser encontrada junto ao setor informal. A entrada no mercado informal detrabalho lhe parece provisria, mas geralmente acaba se distanciando da

    possibilidade de retorno ao trabalho assalariado.E um terceiro fator que vem de longo tempo, mas que se intensifica nesseperodo, a expanso do trabalho terceirizado. As empresas modernastransferem parte de seu setor produtivo para terceiros com o objetivo de

    reduzir custos, isto , atividades que antes eram de sua responsabilidadepassam a ser realizadas por empresas terceirizadas[9] fornecedoras de

    servios. O processo de terceirizao surge como estratgia capitalista nainteno de retrair custos de produo, reduzindo o tamanho da fora detrabalho diretamente empregada pelas empresas. E, para complementar,

    Salama traz uma importante observao:(...) a terceirizao de muitas atividades consideradas insuficientemente

    rentveis no interior das empresas permite modificar bastante as condiesde trabalho, do emprego, e a organizao desse trabalho nas atividades que

    no so mais responsabilidade direta dessas empresas. A contratao ourecontratao, pelos subcontratadores, dos trabalhadores que antes

    encontravam emprego nas grandes empresas feita em condies muitodiferentes. A terceirizao , assim, um meio de impor aflexibilidadedotrabalho, afetando mais particularmente conforme o caso, os salrios, a

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    anualizao do tempo de trabalho, a facilidade das demisses, ono-reconhecimento da qualificao em favor de uma competncia

    sub-remunerada e a reorganizao do trabalho (1999, p. 77).Conjuntamente com a terceirizao, ampliam-se as modalidades de trabalho

    parcial, temporrio, subcontratado[10] e do setor de servios[11](chamadas tambm de formas atpicas de contratao) contribuindo para uma

    disperso cada vez maior dos trabalhadores. Os trabalhadores sotransferidos para o setor de servios na falta de emprego na sua rea

    profissional, passando a serem enquadrados nas mais diferentes e frgeiscategorias de trabalhadores - estas formas de ocupao tambm so

    caractersticas do mercado de trabalho informal. Essa situao tem sidodecisiva para debilitar o poder sindical, enfraquecimento este que no se

    expressa somente nas decrescentes taxas de sindicalizao, mas tambm nafalta de mobilizao e de iniciativas das direes sindicais para

    responder a essas transformaes. Nessa direo, Antunes argumenta que:(...) Tem ocorrido, nas ltimas dcadas, uma significativa expanso dos

    assalariados mdios e de servios, que permitiu a incorporao de amploscontingentes oriundos do processo de reestruturao produtiva industrial e

    tambm da desindustrializao. Nos EUA esse contingente ultrapassa a casados 70 %, tendncia que se assemelha ao Reino Unido, Frana, Alemanha,

    bemcomo s principais economias capitalistas (Antunes, 2002, p. 111).

    Seguindo a anlise do autor, considero imprescindvel destacar aqui aabordagem que ele faz a respeito da produo industrial no Reino Unidoque, em 1979, era constituda por mais de 7 milhes de trabalhadores

    empregados e que, em 1995, foi reduzida para 3,75 milhes. Os dados abaixo

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    demonstram a intensidade da perda de postos de trabalho:

    Tabela 2 - Mudanas nos padres de emprego no Reino Unido (em milhes)ManufaturaServios

    19797,01313,6819855,30713,8619953,78915,912

    Fonte: Elaborao prpria a partir de dados de Antunes(2002, p. 70).

    Verifica-se, observando os dados da Tabela 2, que, medida que diminui oemprego na manufatura, ele vai aumentando no setor de servios, o que leva

    a concluir que com a reestruturao produtiva agravou a tendncia reduo da participao do emprego industrial.

    Em relao ao novo padro organizacional, considero correto afirmar que omesmo redefine o processo de trabalho e os trabalhadores. A adoo de

    novas tcnicas serve de apoio para aflexibilidade. A flexibilizao dotrabalho uma das mudanas mais significativas impostas por este modelo,o que faz ocasionar, como j foi exposto, uma ampliao quanto s relaese formas de trabalho dspares que tm se intensificado em escala mundial,

    tanto nos pases do Terceiro Mundo, como tambm nos pases centrais.Saliento, porm, que aflexibilidade um tanto complexa e no pode, em

    hiptese alguma, ser vista de uma maneira nica e simplista. Castells(2005) enfatiza que entre as formas de flexibilidade podem-se distinguir

    em flexibilidade dos salrios, mobilidade geogrfica, situaoprofissional, segurana contratual e desempenho de tarefas. Ainda a

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    flexibilizao pode implicar a alterao do nmero de empregados de umaempresa, de horrio de trabalho, da forma de remunerao, da concesso de

    estabilidades e da durao do contrato de trabalho.Assim se pode ver que, alm de propiciar um enorme leque de tipos decontratao ou novas ocupaes dos trabalhadores, a flexibilidade atingemltiplas dimenses. Complemento essas idias com Castells, quando ele

    diz:(...) as tendncias tecnolgicas atuais promovem todas as formas de

    flexibilidade, de modo que na ausncia de acordos especficos sobre aestabilizao de uma ou vrias dimenses do trabalho, o sistema evoluir

    para uma flexibilidade generalizada multifacetada em relao atrabalhadores e condies de trabalho, tanto para trabalhadores

    especializadssimos quanto para os sem especializao. (...) (2005, p.345).

    Nesse sentido, vale lembrar novamente que a flexibilizao do trabalho e aprecarizao do emprego aponta para a instabilidade das relaes de

    trabalho inclusive para aqueles trabalhadores centrais e comestabilidade[12]. Aqui considero mais uma vez, a colocao de Castells

    (2005) em que ele diz que a vulnerabilidade da mo-de-obra sob ascondies da flexibilidade no afeta somente a fora de trabalho

    no-qualificada, sendo a fora de trabalho permanente e mais estveltambm submetida mobilidade e ao encurtamento do perodo de vida

    profissional.A precarizao do emprego aponta para a instabilidade das relaes de

    trabalho e para a desvalorizao da qualificao dessas relaes. As

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    grandes indstrias, em muitos casos, re-contratam seus antigosfuncionrios para o trabalho necessrio e o fazem atravs de contratos de

    trabalho temporrio ou mesmo pela subcontratao de servios. Aprecarizao influi em quem est fora e tambm em quem est dentro doprocesso produtivo. Por isso concordo com a colocao de Brunhoff (apud

    Alves, 2001) quando ele diz que a idia de um ncleo central"privilegiado" do trabalho assalariado um mito, na verdade, todos soafetados, a parte "protegida" do mercado de trabalho, ela prpria, fica

    desestabilizada quando h milhes de desempregados, e acrescento que issoocorre, principalmente, devido reduo dos nveis salariais.

    Um outro fator que ocorre em funo da reestruturao do trabalho oaumento significativo do trabalho feminino ocupando geralmente o universo

    do trabalho precarizado e desregulamentado. A expanso do trabalhofeminino, no entanto, tem um movimento inverso no que tange temtica

    salarial, na qual os nveis de remunerao das mulheres so inferioresqueles auferidos por trabalhadores homens, o mesmo ocorrendo com relao

    aos direitos sociais e do trabalho, que tambm so desiguais. Harvey(2002) menciona que no apenas as novas estruturas do mercado de trabalho

    facilitam a explorao da fora de trabalho feminina em ocupaes do tipode trabalho em tempo parcial (deste modo substituindo a fora de trabalhomasculina central e melhor remunerada pelo trabalho feminino e mal pago)como tambm o retorno dos sistemas de trabalho domstico e familiar e da

    subcontratao.A crescenteexclusodos jovens e dos trabalhadores, considerados idosospelo capital, que se observa nos pases centrais, repercutindo tambm nos

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    pases de industrializao intermediria, tem sido uma outra tendnciaadvinda do processo de reestruturao produtiva. Os jovens com baixa

    escolaridade, na falta de emprego, muitas vezes, acabam se inserindo emtrabalhos precrios, pois, para uma grande parte destes, a realidade de

    desemprego e falta de perspectiva de trabalho, enquanto que para aquelescom nvel superior cada vez mais se exigem estgios longos e mal

    remunerados, bem como formaes ainda mais rigorosas, como mestrado edoutorado, e, mesmo assim, no h garantias de ocuparem um posto de

    trabalho. Portanto, o ttulo universitrio - tradicional passaporte para oemprego - no mais uma garantia, e muitos universitrios, das maisdiversas habilitaes, no encontram um posto de trabalho[13]. Um

    interessante estudo da OIT (2004) registra que metade dos desempregados domundo so menores de 24 anos de idade, o que demonstra um incremento

    vertiginoso do desemprego dos jovens nesta ltima dcada. A taxa dedesemprego juvenil ascendeu em 14,4 % em 2003, o que representa um

    aumentode 26,8 % no nmero total de jovens desempregados durante a dcada

    passada, obtendo-se uma mdia de 88 milhes de jovens, de idadecompreendida entre 15 e 24 anos, que carecem de trabalho.

    Para aqueles que tm a idade mdia de 40 anos uma vez excludos dotrabalho dificilmente conseguem reingresso no mercado de trabalho,somando-se, dessa forma, aos contingentes do trabalho informal, aos

    desempregados, aos trabalhos voluntrios, etc.Assim, posso considerar que essas transformaes tecnolgicas -

    produtivas, com base no maior conhecimento e envolvimento do trabalhadorno processo produtivo, produzem um maior ritmo de intensificao e

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    explorao do trabalho. A intensificao do ritmo produtivo ocorre dentrodo mesmo tempo de trabalho ou at mesmo quando este se reduz, pois, nomomento em que se diminui a fora de trabalho por mquinas, o trabalhador

    precisa ser habilidoso, ter destreza, ser responsvel e, acima de tudo,ter o conhecimento necessrio para manejar as novas tecnologias de acordocom a velocidade da cadeia produtiva. Porm o trabalhador opera num ritmomais intenso de trabalho para atender s exigncias postas pela produo.

    Geralmente o trabalhador passa a trabalhar acima da jornada legal.Pochmann considera que "(...) Na indstria, o aumento de trabalhadores com

    jornada de trabalho superior jornada legal foi de 2/3 e de 1/3 para osetor tercirio privado" (1997, p.1). Em outras palavras, as empresas semodernizam ao mesmo tempo em que utilizam maior tempo de trabalho

    daquelesque permanecem empregados. importante que se perceba que o salto da

    produo industrial ocorre sem que haja um aumento proporcional dossalrios. O trabalhador passa a desempenhar um trabalho considerado maisqualificado, porm, sem a compensao salarial correspondente. Por esses

    motivos da superexplorao do trabalho, Alves (2000) considera esseperodo da nova fase da reestruturao produtiva como uma nova rotinizao

    do trabalho, pois se utiliza uma nova organizao do trabalho centrada naautomao microeletrnica e na flexibilidade para impor essa nova

    dinmica.Frente a esse processo de mudanas no mundo do trabalho, concordo com

    aqueles que afirmam que h uma crescente insegurana e incerteza diante dofuturo e do prprio presente, de profundas modificaes sociais que afetam

    os indivduos. A insegurana no trabalho ocorre nos diferentes aspectos,

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    quanto ao mercado de trabalho, o emprego, a renda, a contratao e tambmna representao do trabalho.

    A insegurana no mercado trabalho ocorre devido expressiva reduo daparticipao do emprego industrial. Na maioria dos pases avanados, a

    preservao de nveis crescentes de desemprego gerou alteraes em seussistemas de seguridade social, reduzindo vrios benefcios sociais,

    inclusive do seguro-desemprego que teve um forte impacto na ampliao dadesigualdade social. J a insegurana no emprego decorre da retrao do

    emprego estvel ou permanente e do aumento dos empregos instveis como asubcontratao de trabalhadores temporrios e eventuais.

    Os rendimentos do trabalho tornam-se, tambm, bastante variveis,instveis ou sem garantia, e, de acordo com Mattoso (1994), ampliaram-se

    os nveis de concentrao da renda, com o crescimento da desigualdade e dapobreza. No que se refere insegurana da contratao, ela est

    relacionada s formas de contrato determinados, tempo parcial, etc. Outrofator relacionado a estes e que seria uma surpresa se no fosse ampliado, a insegurana na organizao dos trabalhadores, pois suas organizaes

    ficam na defensiva, enfraquecendo suas prticas reivindicativas deconflito e negociao e, na maioria dos casos, reduzindo seus nveis de

    sindicalizao[14].Ligado a essas questes, est o fato doEstado, que sempre foi o

    mantenedor dos benefcios do trabalhador, mostrar-se enfraquecido diantedessas transformaes. Perante as mudanas tecnolgicas e de relaessociais de produo extremamente rpidas, o Estado tradicional faz figura

    de dinossauro, amplamente ultrapassado por uma dinmica que exige

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    respostas rpidas e flexveis a situaes diversificadas e complexas. Comodiz Dowbor (1995), foi-se o tempo das sociedades relativamente homogneas,

    com proletariado, campesinato e burguesia, e uma viso de luta de classesrelativamente claras, a sociedade moderna constituda por um tecido

    complexo e extremamente diferenciado de atores sociais.Esses fatores demonstram que a insegurana no trabalho v-se relacionada perda de uma perspectiva de futuro e da crescente degradao das condies

    de vida e de trabalho, acentuando o grau dedesigualdade e exclusosocial.

    Dessa forma, observo que as alteraes no mercado de trabalho ocasionaramproblemas sociais bastantes srios na sociedade contempornea, sendoresponsveis por uma srie de outros problemas. A esse respeito Silva

    (2002) considera que o emprego de m qualidade, com a desvalorizao dotrabalho como fonte de recursos de vida, pode gerar uma certa convico deque trabalhar por pouco no vale a pena, levando a outras opes. Quando

    um salrio, no final do ms, no consegue atender s necessidades bsicas,o indivduo pode ser levado a optar pela marginalidade como sada para sua

    condio de desigualdade frente a uma sociedade cada vez mais consumista.A excluso do mercado formal de trabalho faz com que hoje uma massasignificativa da mo-de-obra opte pelaeconomiailegal ou subterrnea[15],

    o roubo, a prostituio, jogos ilegais, comrcio ilegal de armas, ocomrcio internacional de mulheres e crianas, o trfico de rgos humanos

    para transplante, a marginalidade e, assim por diante, o que acabadesarticulando e desagregando rapidamente a sociedade.

    Por isso, a sociedade do sculo XXI tornou-se, segundo Castells (2005),

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    uma sociedade polarizada entre vencedores e perdedores de um processocompetitivo bastante desigual e individualizante. Esse processo produz uma

    camada superior mais preparada para atuar nessa sociedade informacional deconstantes mudanas e uma camada inferior que se expande.

    Complementandoessa viso, Lash (1997) afirma que nesse processo h os vencedores da

    reflexividade[16] e os perdedores da reflexividade. Os primeiros socompostos pela classe trabalhadora reflexvel que trabalha para e com asestruturas de comunicao e informao, quanto aos segundos, o autor

    tambm denomina de "subclasse" baseado na tese de William J. Wilson, paraquem, na passagem da produo industrial para a informacional, se cria uma

    nova classe que inclui dentro de si os excludos do fordismo e tambm osexcludos da sociedade de informao, os que compem, portanto, essa

    camada inferior que se expande.O mundo do trabalho hoje, de acordo com Castells (2005), cada vez maisexige do trabalhador maiores qualificaes profissionais, especializaes

    nos cargos requalificados da estrutura ocupacional, o que acaba segregandoa fora de trabalho com base naeducaoe que, no entanto, ela mesma, a

    educao, um sistema segregado a que nem todos os indivduos tm acessoe, quando o tm, o prprio sistema de ensino no permite uma verdadeira

    educao de qualidade para todos.Portanto, vejo que essas transformaes no setor produtivo e no trabalhocom base na tecnologia, no conhecimento e informao propiciaram sempresas operarem com maior eficincia, produzindo mais com grande

    reduode custos. Porm, a dinmica tecnolgica, pela amplitude das

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    transformaes, cria um novo referencial para o trabalho, mudando emprofundidade as relaes tcnicas e sociais de produo. Isso ocasiona,

    para a maior parte da sociedade, principalmente em pases e regies maispobres, uma grande disparidade, onde a maioria excluda do novo sistema

    devido falta de formao e acesso, ocorrendo um aprofundamento dadistncia entre uma ponta e outra da cadeia produtiva com o aumento

    concomitante do trabalho estvel e qualificado numa ponta e odesqualificado e precrio na outra. No caso, o trabalho formal de ponta

    diminui ao mesmo tempo em que se expande na ponta precria.A verdade que o mundo mudou, e neste novo mundo, em meio a novosfatores econmicos, tecnolgicos e polticos, que novos desafios se impem

    ao trabalhador. Hoje em dia, exige-se um operrio mais qualificado epolivalente, existe um novo modelo a seguir. As novas relaes de trabalho

    pressupem no mais apenas patro e empregado, mas contratantes efornecedores de servio. A especializao foi substituda pela

    polivalncia.Assim, percebo que a revoluo tecnolgica gera dinmicas extremamentedesiguais, pois as transformaes do mercado de trabalho indicam um srio

    processo de aprofundamento das desigualdades sociais, demonstrando que asatividades modernas no se expandiram para o conjunto de toda aeconomia.

    Notas[1] Processo da primeira grande leva de inovaes tecnolgicas da produo

    capitalista ocorrida na Europa e particularmente na Inglaterra nos sculosXVIII e XIX. Esta primeira mecanizao geralmente identificada com a

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    incorporao de mquinas produo txtil.[2] Operrios ingleses que no incio do sculo XIX destruram as mquinas

    introduzidas na indstria txtil. Na abordagem de Sandroni (1998), oemprego da mquina no processo produtivo provocou a runa de milhares deartesos que se revoltaram contra as mquinas que substituam nas fbricas

    seus instrumentos de trabalho.[3] Populao Economicamente Ativa compreende o potencial de mo-de-obra

    com que pode contar o setor produtivo, isto , a populao com mais de 10anos que ativamente encontra-se trabalhando ou procurando trabalho no

    perodo de referncia (IBGE, 2003).[4] Kaisen - que significa contnuo aprendizado - a forma cooperativa,

    flexvel e harmnica de organizao do trabalho pelos prpriostrabalhadores, sem necessidade de comando ou superviso.

    [5] "Com exceo da 'elite do saber' (elite of knowlege workers, a que serefere Rifkin), formada por consultores, advogados e economistas deempresas, analistas de sistemas e outros profissionais liberais de alto

    nvel, que auferem elevados honorrios, mas representam, mesmo na Europa,menos de 1 % da populao ocupada" ( Gorz apud Albuquerque, 1999, p. 4).

    [6] O teletrabalho exemplo do resultado do impacto da tecnologia dainformao, que permite s pessoas trabalharem e administrarem servios apartir dos espaos domsticos, ou em escritrios virtuais descentralizados

    (telecomutao em telecentrais), nos quais os instrumentos de trabalho soo conhecimento, a experincia e o computador (Siqueira, 2003, p. 50).

    [7] A telemtica s vezes tambm chamada de "teleinformtica" surgiu daconvergncia entre os novos sistemas de telecomunicaes por satlite e a

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    cabo, as tecnologias de informatizao e a microeletrnica, que conformeChesnais (1996), isto ocasionou as grandes empresas e aos bancos, maiores

    possibilidades de controlar a expanso de seus ativos em escalainternacional e de reforar em mbito mundial suas operaes.

    [8] Uma das formas de definio do setor informal adotado por Lima (1986) aquele setor constitudo por trabalhadores do "setor desprotegido" da

    economia, pelo fato de no contarem com a atuao de sindicatos, bem comodo governo constituindo prticas institucionais comuns no setor formal,este segmento rene trabalhadores com salrios mensais abaixo dosalrio-mnimo legal. E, no caso da definio se fazer no em termos

    pessoais, mas de domiclio as quais pertencem, a abordagem focaliza,principalmente, os domiclios pobres (de baixa renda) o que leva a

    discriminar o setor informal como o "setor pobre" da economia.E ainda a OIT (Organizao Internacional do Trabalho) traz uma

    abordagem interessante a respeito do trabalho informal onde mostra que otrabalhador inserido neste setor seja ele autnomo, dono ou trabalhador denegcio familiar, ou de micro unidade econmica, no usufrui nenhum dosdireitos assegurados para o trabalhador assalariado: frias, remunerao

    em perodos de parada do trabalho por enfermidade, descanso remunerado,seguro para o caso de ficar desempregado, aposentadoria e outros

    (Galeazzi, 2002).[9] Essas atividades podem ser desempenhadas interna ou externamente aos

    limites contratuais do contratante (prdio, terreno), porm precisa manterindependncia administrativa e de capital, visando flexibilizao da

    produo e do trabalho.

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    [10] Estas so as chamadas formas precrias de ocupaes dos trabalhadoresque anteriormente j havia mencionado, porm, aqui gostaria de demonstrarde uma forma mais especfica. Em relao a subcontratao, esta se refere

    ao recurso gerencial pelo qual uma empresa contrata uma outra unidadeempresarial para a execuo de atividades auxiliares produo (higiene,

    limpeza, vigilncia, zeladoria, transporte, sade, alimentao, xerox,entre outras) ou para a realizao de tarefas relativas atividade-fim,

    interna ou externamente aos limites espaciais da empresa contratante.Todavia, comum a inexistncia de contrato de trabalho formalizado neste

    tipo de empresa, retirando do trabalhador toda a proteo legal eprevidenciria. E na concepo ampla de emprego precrio assalariado

    encontra-se toda a relao de trabalho por tempo determinado, pois, nocontm uma das notas que caracterizam a relao de emprego tpico, o qual

    seja, o perodo indefinido ou indeterminado. J o trabalho em tempoparcial pode ocorrer como trabalho normal, de escolha do trabalhador,

    exercido num perodo dirio ou semanal menor do que a jornada comumconsensual ou legalmente estabelecida, recaindo sobre ele os mesmos

    direitos aplicados ao contrato de trabalho com jornada normal, porm, ossalrios e demais direitos so proporcionais jornada trabalhada,

    acabando com o direito constitucional que prev frias de pelo menos 30dias por ano trabalhado.

    [11] O que o "setor de servios"? Na origem, tratava-se de diferenciar aatividade produtiva - produo de sapatos, por exemplo - de um corte decabelo, onde o servio prestado se encerra no prprio ato. O conceito foi

    sendo espichado para conter a prpria expanso, e tornou-se um contedo

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    residual que engloba tudo que no envolve trabalho com a terra (primrio)ou com a mquina industrial (secundrio), esta definio defendida por

    Dowbor (2001).[12] Na abordagem de Alves (2001), uma grande parte do "ncleo" deassalariados subcontratada, so trabalhadores avulsos, mesmo parafunes de alto nvel, tendo em vista os custos potenciais da dispensa

    temporria em perodos de recesso, mantendo-se, portanto, apenas umpequeno "ncleo" central de gerentes.

    [13] "Muitos jovens professores, advogados, administradores de empresaacabam por aceitar empregos em ramos diferentes de sua formao e comsalrios no condizentes com o padro universitrio. Na maioria das vezes,

    quando um jovem encontra emprego, mesmo na sua habilitao especfica, aremunerao bastante inferior de um empregado j estabelecido. Em SoPaulo, por exemplo, um jovem habilitado ganha, em mdia, R$ 478,00 contrauma mdia regional de R$ 847,00. `Antigamente a pessoa se especializava

    numa coisa s. Hoje necessrio que voc, alm de uma universidade, tenhapelo menos curso de informtica e de lnguas para comear a procurar algum

    emprego na sua rea que no seja um subemprego. Um diploma s no basta-

    Vitor Guzman, 30 anos, advogado" (Silva, 1999, p. 43).[14] As novas prticas sindicais apontam para uma importante renovao da

    vida sindical. Trata-se de um projeto de incorporao individual, no qualno h lugar para qualquer forma de representao dos trabalhadores como

    categoria poltica e social. Assim Leite (2003) menciona que se trata deum projeto no qual a incorporao individual vista como forma de afastar

    os trabalhadores dos sindicatos, que passam a ser encarados como

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    absolutamente indesejveis e desnecessrios.A luta sindical deixa de ser uma luta por melhores condies de trabalho emelhor remunerao para ir se tornando uma luta de retaguarda, de garantia

    do emprego, mesmo que seja necessrio abrir mo de conquistas sociaisanteriores.

    [15] Tambm denominada economia submersa ou invisvel que so atividadeseconmicas as quais no so regulamentadas pelo Estado. Essas atividadesatuam de forma parcial ou totalmente fora da legislao vigente, sonegandoinformaes sobre nmeros de empregados, volume produzido, levando

    subestimao desses agregados nas estatsticas oficiais.[16] Para Lash (1997) "a intensidade do conhecimento envolvenecessariamente a reflexividade", porm "a produo reflexiva

    possivelmente s ocorre na presena de nveis timos de fluxo deinformaoe aquisio de conhecimento".

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