a redemocratizaÇÃo e a constituiÇÃo de 1988 · a redemocratizaÇÃo e a constituiÇÃo de 1988...
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A REDEMOCRATIZAÇÃO E A CONSTITUIÇÃO DE 1988
O fim do regime militar
No fim do Governo Geisel, forças populares e democráticas começaram a aparecer no País. O
início do movimento foi marcado por greves dos metalúrgicos de SP, oportunidade em que
quase 100.000 operários pararam exigindo melhores salários.
O General Ernesto Geisel foi sucedido pelo General João Batista Figueiredo e os movimentos
populares tendentes à abertura continuaram aparecendo e mostrando sua força. Figueiredo,
com o propósito de democratizar o País, acabou com os Atos Institucionais. Na verdade,
apenas trocou o instrumento opressor de nome. Ao invés de AI, surgiram as “salvaguardas” e
os “estados de emergência”, instrumentos que tinham o mesmo rigor dos atos institucionais.
Nos últimos meses de 1983 eclodiu, em todo o País, uma intensa campanha pela realização de
eleições diretas para Presidente da República. A campanha foi chamada de “Diretas Já!” Em
1984 o movimento atingiu seu auge com a votação da chamada emenda Constitucional Dante
de Oliveira.
Prevendo a derrota na votação, os militares entraram em ação e foi decretado estado de
emergência no Distrito Federal. O General Newton Cruz foi encarregado de cumprir as
medidas excepcionais. Tomados pelo medo, os congressistas resolveram reprovar a proposta
de emenda constitucional.
A oposição se organizou e, por meio de um Colégio Eleitoral, elegeu, indiretamente, um
Presidente da República Civil. Todavia, o eleito, Tancredo Neves, adoeceu e morreu. Quem
tomou posse foi seu vice, José Sarney, o primeiro Presidente civil após 20 anos de ditadura
militar. Contudo, Sarney pertencera aos quadros do partido político ARENA, partido que
apoiou o governo militar; mesmo assim, acenderam-se as esperanças por uma nova
Constituição.
A Constituinte de 1987
Em fevereiro de 1987 a Assembleia Nacional Constituinte iniciou seus trabalhos e, de forma
inovadora, aceitava propostas encaminhadas diretamente pela população.
O anseio pela redemocratização do País era grande, mas a Assembleia Nacional Constituinte
trabalhava sob intensa vigilância do Presidente José Sarney que pressionava os trabalhos com
base na legislação ditatorial ainda vigente.
A Constituinte era formada da seguinte forma: 32% dos legisladores eram ligados a interesses
industriais e 3% eram de profissionais de ensino médio. O capital era representado por 42,25%
do congresso e os trabalhadores eram representados por, tão somente, 12,15%.
Os latifundiários eram representados pela chamada UDR (União Democrática Ruralista) e, por
meio de lobbies, conseguiu defender todos os seus interesses.
As maiores conquistas democráticas ficaram condicionadas à Reforma Constitucional fixada
para o ano de 1993. Muitos dos avanços ficaram condicionados a uma legislação
infraconstitucional regulamentadora. Os grandes articuladores desse “impedimentos
inteligentes” formavam o bloco que ficou conhecido como “Centrão”, grupo de direita
historicamente ligado aos militares, que trabalhou de forma eficaz para impedir uma vitória
efetiva dos interesses da esquerda oposicionista.
Características da Constituição de 1988
A CF/88 tem muitos assuntos que poderiam ter sido objeto de legislação infraconstitucional. A
CF/88 está repleta de casuísmos e particularidades, o que dificulta a evolução legislativa a
respeito de assunto tratado por ela (alterar a CF é uma tarefa bastante trabalhosa). Por outro
lado, a forma detalhista como foi redigida, reflete o medo do retorno à ditadura, momento em
que a legislação, de extrema subjetividade, deixava a interpretação a cargo do governante.
A CF/88 ficou conhecida como a “Constituição Cidadã”, haja vista a quantidade de direitos aos
indivíduos e limites ao Estado. (art. 5º, incisos IX, X, XI, XII e XVI, por exemplo). Da mesma
forma, uma série bastante grande de Direitos Trabalhistas está presente na CF/88, protegendo
tanto os trabalhadores urbanos como os rurais (art. 7º, incisos VI, XI, XII, XIII, XVIII e XIX, por
exemplo).
O Poder Judiciário voltou a ser um poder efetivamente independente, com autonomia
funcional, administrativa e financeira, possuindo as garantias da vitaliciedade, inamovibilidade
e irredutibilidade de subsídios (Título IV, Capítulo III).
O Poder Legislativo também reconquistou sua independência do Executivo e passou a ter uma
gama maior de atribuições constitucionais (Título IV, Capítulo I).
Ao Executivo foi reservado seu papel, (Título IV, Capítulo II) sendo retirado de referido Poder
funções que havia usurpado do Judiciário e do Legislativo.
Os limites entre os Poderes da República voltaram a ser delimitados e respeitados
mutuamente, por determinação constitucional (art. 2º).