a reconquista ibérica no século xiii

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A Reconquista Ibérica no Século XIII Contexto, “Mentalidades” e Estrutura da Guerra na Península Ibérica Medieval Rafael de Mesquita Diehl/ NEMED

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Page 1: A Reconquista Ibérica no Século XIII

A Reconquista Ibérica no Século XIII

Contexto, “Mentalidades” e Estrutura da Guerra na Península

Ibérica Medieval

Rafael de Mesquita Diehl/ NEMED

Page 2: A Reconquista Ibérica no Século XIII

Introdução• O trabalho pretende analisar a guerra medieval

no contexto específico da Reconquista Cristã Ibérica. O período observado será o do século XIII, onde a Reconquista se torna mais ativa e onde suas características são mais observáveis. Ao tratar da guerra, devemos nos atentar às motivações de tal guerra, o discurso por trás da mesma, os interesses convergentes e divergentes que levam ao conflito, a pertinência deste conflito para determinada sociedade e seu tempo, a forma com que a guerra é conduzida e as transformações que ela provoca.

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I.Contexto da Península Ibérica no século XIII.

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I.1. Os Antecedentes.

• Em meados do século VIII, os árabes e berberes (tribos norte-africanas) muçulmanos invadem a Península Ibérica, derrotando o último rei cristão visigodo em 711 na Batalha de Guadalete. Forma- se um emirado islâmico na Península.

• Em 722, os cristãos que resistiam a penetração dos muçulmanos, organizam um reino no norte da Península, o Reino de Astúrias, proclamado por Pelayo após vencer os muçulmanos em Covadonga.

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• Entre 866-909 é fundado o condado de Castela (pertencente á Astúrias). Por volta do século X, surgem o reinos cristãos de Pamplona e Navarra.

• Em 912 é fundado o Califado de Córdoba (dinastia Omíada), separando-se do Califado de Bagdá (Abássida). Em 914, com a transferência da sede régia de Olviedo para Leão, o reino de Astúrias passa a chamar-se reino de Leão. O reino de Pamplona incorpora o condado de Aragão em 922. Neste século surge também o condado de Portucale. O condado de Castela, com sede na cidade de Burgos torna-se independente por volta de 951.

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• Em meados do ano 1000, o condado de Barcelona consegue status de soberania. Os árabes abássidas formam uma dinastia independente do califado cordovês em Sevilha em 1023. Em 1031, acaba o califado de Córdoba, iniciando a fragmentação da Espanha muçulmana (Al-Andaluz) em várias “taifas” (pequenos reinos autônomos). Em 1032, Fernando I, o Magno une os reinos de Leão e Castela. O Papa Alexandre II prega a Cruzada na península, em 1063. Em 1067, aproximadamente inicia-se o domínio do sultanato almorávida (dinastia berbere) sobre a Espanha Muçulmana, mas a partir de 1090 é que passam a ter domínio efetivo sobre todo o Al-Andaluz. Em 1096 o Papa Urbano II impede ibéricos de participarem das Cruzadas no Oriente.

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• Em 1145 acaba o sultanato almorávida, voltando a fragmentar-se em taifas. Em 1146, entretanto, outra dinastia berbere, os almôadas submetem as taifas a seu domínio e iniciam um califado em Al- Andaluz.

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I.2.Os Reinos Ibéricos no Início do Século XIII

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I.2.Os Reinos Ibéricos no Início do Século XIII

• Castela: Cujo rei era Afonso VIII;• Leão: onde reinava Afonso IX;• Navarra: governada pelo rei Sancho VII;• Aragão: cujo rei era Pedro II;• Portugal: onde reinava Afonso II;• Califado Almôada: cujo califa era Mohammed ibn

Yacoub (chamado pelos cristãos de MIramolin).

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Brasão de Aragão Brasão de Navarra Brasão de Castela Brasão de Leão

Brasão de Portugal

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• Em 1177, o rei Afonso VIII de Castela conquista a cidade de Cuenca dos muçulmanos e se apodera de várias regiões e cidades próximas. Para consolidar suas conquistas constrói a vila fortificada de Alarcos.

• Por volta de 1191, os Castelhanos haviam tomado alguns castelos da fronteira leonsesa, o que gerou uma aliança de Portugal e Leão contra Castela. Aproveitando-se do conflito interno, o Califa Yacoub conquista Alcácer do Sal e Silves em Portugal. Os três reinos cristãos acabm firmando a paz no mesmo ano. Em 1192 o legado pontifício consegue a confirmação de uma paz de dez anos entre Leão e Castela, bem como uma paz entre Castela e Aragão.

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Reconstituição da Vila de Alarcos

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• Os almôadas, em processo de expansão às terras cristãs derrotam várias hostes cristãs e atacam a vila de Alarcos de surpresa e a tomam dos cristãos em 1195. O rei Afonso consegue escapar, mas a maioria de seus homens é morta pelos mouros.

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• Após a derrota de Alarcos, aumentam os conflitos entre os reinos cristãos. Leão e Navarra aliam-se com o Califa contra Castela, atacando vários territórios castelhanos. Os almôadas chegam às proximidades de Toledo.

• Pedro II sobe ao trono de Aragão em 1196 e ajuda Afonso VIII a derrotar os leoneses.

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• O papa outorga ao Arcebispo de Toledo a faculdade de excomungar Afonso IX de Leão. Este por sua vez tenta recorrer ao auxílio do Califa, mas é forçado pelos reis de Castela, Portugal e Aragão a fazer a paz com Castela por meio do casamento de Afonso IX com Berengária, filha de Afonso VIII.

• Em 1197 os almôadas recusam a princípio a proposta de paz de Castela, mas são forçados a ceder para poder conter uma invasão da taifa de Mallorca ao território almôada de Túnis.

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• O papado consegue obter uma paz temporária entre Navarra e Castela, mas não consegue a adesão de Leão na aliança, devido a anulação do casamento consangüíneo entre Afonso VIII e Berengária pela Sé Apostólica.

• Em 1203 os almôadas uniam toda a hispânia muçulmana com a conquista da taifa de Mallorca.

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I.3. A Batalha das Navas de Tolosa• Por volta de 1210, o rei Afonso de Castela pede à

Rodrigo Jimenez de Rada, Arcebispo de Toledo que consiga do Papa Inocêncio III uma conclamação de Cruzada na Península Ibérica. O Papa então concede os privilégios de Cruzada, inclusive a indulgência plenária a todos que se juntassem a Afonso VIII na luta contra os muçulmanos. O Papa também imputava pena de excomunhão a qualquer um que se aliasse com os muçulmanos.

• O arcebispo toledano passa então a pregar a cruzada pelo Europa durante o trajeto de volta à Castela.

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• Em 1212, cruzados vindos de diversas partes da Europa, especialmente da França, encontraram-se em Toledo para unir-se às hostes de Castela. A eles juntaram-se os reis Pedro II de Aragão (na época aliado de Castela) e Sancho VII de Navarra (juntou-se aos contigentes de Afonso VIII após a tomada de Alarcos e alguns fortes pelos castelhanos), bem como alguns nobres leoneses, alguns contingentes enviados pelo rei Afonso II de Portugal e cavaleiros das ordens de Santiago, Calatrava, Hospitalários e Templários.

• Tendo se reunido, as hostes cristãs apoderaram-se de alguns domínios almôadas e se dirigiram a uma região de serras e prados, configuração geográfica ibérica denominada de “navas”, nas proximidades de Tolosa.

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• Os almôadas e cristãos já haviam se preparado para o confronto (Yacoub também havia recrutado hostes de toda Andaluzia e norte africano) no dia 13 de julho, mas os cristãos só decidiram atacar no dia 16. As fontes do período relatam que um pastor indicou aos reis um caminho de um desfiladeiro através do qual poderiam surpreender o flanco ocidental da vanguarda muçulmana.

• Levantaram-se a meia-noite do Domingo para ouvir missa e receberem os sacramentos e dirigiram-se ao combate.

• Pedro II encabeçava a ala direita, a ala esquerda era comandada por Sancho VII, à frente iam Diego López e Gonzalo Nuñez de Lara, junto às ordens militares. Afonso VIII e Rodrigo de Rada lideravam a retaguarda. As milícias distribuiam-se entre as hostes.

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• Os almôadas haviam disposto na primeira linha tropas ligeiras de muçulmanos e bérberes, e o grosso do exército era composto pela cavalaria almôada e anadaluza. Yacoub estava na vanguarda protegido por uma guarda pessoal de escravos africanos fortemente armados amarrados para não fugirem. Estavam cercados também por uma paliçada ligada por correntes.

• O conforntamento deu-se por um choque frontal entre as hostes, sendo que a cavalaria alternada com infantaria conseguiu romper as linhas almôadas. Quando um cavaleiro (provavelmente Sancho VII) cortou as correntes da paliçada, Yacoub fugiu da batalha. Os cristãos continuaram a perseguir e matar os fugitivos.

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• Após a vitória, os cristãos tomaram alguns castelos e repartiram os despojos. Afonso VIII concedeu algumas fortalezas à Sancho VII de Navarra e firmou com Afonso IX um pacto contra os muçulmanos.

• A vitória de Navas de Tolosa marca a derrocada do poderio almôada na Península Ibérica, gerando novamente o esfacelamento de Al-Andaluz em diversas taifas. Tal fragmentação facilitará posteriormente as conquistas de Fernando III de Castela e Leão e Jaime I de Aragão, sendo que na segunda metade do século XIII, somente restará a taifa de Granada no sul da península.

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Ilustração de um manuscrito das Cantigas de Sancta Maria (segunda metade do século XIII) representando a Batalha das Navas de Tolosa.

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Representação contemporânea da Batalha das Navas de Tolosa mostrando as movimentações das hostes durante o combate.

(http://www.fundacionvillalar.es/img/batalla_navas.jpg )

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Estandarte Almôada capturado pelos cristãos na Batalha das Navas de Tolosa.

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II. A Guerra no Pensamento e na Sociedade.

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II.1. Guerra Santa• Trata-se da guerra dos fiéis contra uma fé

diferente (infiéis) ou contra uma dissidência na mesma fé (heréticos). Geralmente prega algum benefício espiritual (martírio, indulgências, etc.).

• Na cristandade, este conceito foi melhor elaborado pelo Papado principalmente ao convocar a luta contra os mouros na península em 1046 e ao convocar as Cruzadas em1095.

• Os muçulmanos também possuíam o conceito de Guerra Santa, denominado “Jihad”.

• Este guerra também possui o objetivo de canalizar o eixo de confronto para o eixo externo, “afastando” o conflito do âmbito interno.

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Ilustrações (C. S. Maria) mostrando o elemento religioso presente na mentalidade guerreira medieval: Cavaleiros orando ante uma imagem da Virgem e assistindo uma Missa.

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II.2. Cruzada e Reconquista• As cruzadas (ocorridas entre os séculos XI-XIII)

visavam a retomada especificamente dos territórios ligados as histórias da Bíblia para a Cristandade, ou seja a atual Palestina.

• A reconquista visava retomar à Cristandade os territórios cristãos da Península Ibérica conquistados pelos muçulmanos no século VIII.

• Mesmo que a bula papal de convocação para a Reconquista tenha surgido antes da convocação das Cruzadas, os estudiosos ainda discutem o exato surgimento de uma mentalidade “cruzadística” na Península Ibérica.

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“[...] Se os que forem lá perderem a sua vida durante a viagem por terra ou por mar ou na batalha contra os pagãos, os seus pecados serão perdoados nessa hora; eu o determino pelo poder que Deus me concedeu [...]

[...]Os que estão habituados a combater maldosamente, em guerra privada, contra os fiéis, lutem contra os infiéis, e levem a um fim vitorioso a guerra que devia ter começado há tempo. Os que até agora viviam em brigas se convertam em soldados de Cristo. [...]” (Papa Urbano II. Concílio de Clermont, 1095)

“É certo que não de deveria exterminar os pagãos se houvesse algum outro meio de evitar os maus tratamentos e as opressões violentas que exercem contra os cristãos. Porém é muito mais justo combatê-los agora que não sofrer sempre a dominação dos pecadores sobre a cabeça dos justos para que os justos não cheguem a cometer iniqüidade com eles.” (São Bernardo de Clairvaux. Elogio da Milícia Nova, 1132-1136)

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II.3. Motivações da Reconquista• Além da motivação religiosa, existem outros

fatores que condicionaram a Reconquista.• Os reinos ibéricos necessitavam expandir-se para

“sobreviver” frente à expansão muçulmana. A expansão territorial possibilitaria um fortalecimento destes reinos.

• A guerra também tinha uma função social, a de legitimar a existência do grupo dos “bellatores” (a nobreza guerreira).

• Por fim, a guerra também era uma forma do rei consolidar seu poder no reino, bem como controlar o poder da nobreza.

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III. A Guerra e sua Estrutura

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III.1. Composição das Hostes• Na idade Média não existiam exércitos permanentes, mas

hostes de guerreiros que eram convocadas conforme a situação. Os nobres deviam servir ao rei na guerra como parte de suas obrigações feudo-vassálicas, contribuindo com sua presença individual e com um grupo de guerreiros por eles equipados, as “lanças”. Contudo em alguns locais e períodos era possível ao nobre pagar uma espécie de tributação ao invés de servir nas hostes régias.

• Outro componente das hostes eram as milícias dos Concelhos. Estas eram constituídas por homens vilãos (não-nobres) que tivessem condições de adquirir um cavalo ou armamentos, e em troca recebiam algumas isenções.

• Outros componentes eram as Ordens militares, formadas por monges treinados para a guerra.

• Os guerreiros eram comandados por um Alferes, ou Condestável em nome do rei.

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III.2. Os Armamentos• Os guerreiros medievais protegiam seus corpos com diversos artefatos:• Coletes de couro acolchoado;• Lorigas (camisas feitas com anéis de ferro sobrepostos);• Cotas-de-malha (versão mais desenvolvida da loriga e mais maleável, foi

ao longo dos séculos XII e XIII desenvolvendo mangas e calções de mesmo material, além de uma touca para envolver a cabeça.

• Cota d’armas, uma espécie de túnica que cobria a cota e malha. Geralmente levava estampada os símbolos heráldicos.

• Elmo: capacete de ferro para proteger a cabeça, os mais desenvolvidos cobriam-na toda, deixando apenas orifícios para enxergar e respirar.

• Bacinete: elmo que cobria apenas a parte superior do crânio, muitas vezes tinha uma parte prolongada estendida sob o nariz.

• Luvas e sapatos de ferro.

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• Contudo, todo este armamento possuía um elevado custo, o que fazia com que muitos membros da nobreza de menor extração não adquirissem estes armamentos em sua totalidade.

• Na Península Ibérica havia uma certa preferência por armamentos mais leves, devido a estes serem mais úteis em “razias” e também devido ao fato de que os cavaleiros-vilãos das milícias não treinavam com armamentos pesados desde a adolescência e não se habituavam com eles.

• Também os mouros e berberes utilizavam pouquíssima armadura, geralmente apenas lorigas ou coletes de couro.

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• Para atacar os inimigos,os guerreiros usavam várias armas:

• Maças, para causar danos por pancadas e não por cortes em oponentes com maior proteção;

• Achas e machados, cuja lâmina penetrava nas cotas-de-malha com maior facilidade;

• Espadas e Lanças, usadas principalmente pela cavalaria;

• Bestas e Arcos, para atacar com setas à longa distância.

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Ilustração (Cant. S. Maria) mostrando cavaleiros cristãos e mouros. Note a difereciação entre os armamentos pesados (cristãos) e leves (mouros).

cristãos mouros

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(séc. XI) (séc. XII) (séc. XIII)

Ilustrações contemporâneas mostrando a evolução do armamento dos cavaleiros entre os séc XI-XIII.

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Ilustração contemporânea retratando os armamentos de um cavaleiro do início do séc. XIII.

Espadas

Cota de malha

Cota d’armas

Calção da Cota

Touca de malha sobreposta a uma touca de couro

Bacinetes

Elmos

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Ilustração contemporânea represnetando um nobre e um cavaleiro castelhano e um guerreiro mouro.

Detalhe: Note o uso do bacinete e de um escudo menor pelo cavaleiro castelhano.

Note também o armamento leve mourisco.

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Ilustração (C. S. Maria) de guerreiros mouros em combate.

Ilustração contemporânea de um guerreiro mouro com seu armamento.

Colete de Couro acolchoado

Escudo de Madeira

Lança Leve

Espada

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PeãoBesteiro

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Cavaleiro Hospitalário

Cav. Templário

Cav. De Santiago

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III. 3. Táticas de Guerra• Em geral, haviam três tipos de combate na guerra

medieval:• As Batalhas Campais, eram raras pois tinham custos e

riscos elevados;• As “razias”, também chamadas de “correrias” ou

“cavalgadas”, eram ataques rápidos, geralmente com o objetivo de realizar um saque em uma hoste ou território inimigo;

• O cerco, foi o setor mais desenvolvido. Os medievais desenvolveram as antigas táticas de cerco romanas aperfeiçoando os instrumentos defensivos (tamanho e material das muralhas) ou ofensivos (catapultas, onagros, trabucos, aríetes, torres-de-assalto).

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As Torres de Assalto eram torres móveis de madeira utilizadas para atacar os muros de uma fortificação. Levava rampas que permitiam aos combatentes subir na muralha. (Ilustração Contemporânea)

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Os Aríetes eram estruturas que comportavam um grande tronco, usado para arrombar portões ou muros.

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Os trabucos eram catapultas com mecanismos melhores desenvolvidos, o que possibilitava um maior alcance para p arremesso das pedras.

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Ilustração de um Cerco (C. S. Maria)

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Um Confronto entre Cristãos e Mouros (C. S. Maria)

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Confrontação entre mouros e Cristãos

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Considerações Finais• A guerra não pode ser entendida como um fim em si mesma. Por trás

dela há uma série de interesses convergentes e divergentes. No caso específico da Reconquista, ela é um meio de combater o “infiel”, legitimando os reinos ibéricos perante a Igreja. É um meio de legitimar a nobreza, cujo pensamento comum medieval atribuía-lhe a função de guerrear, os nobres eram os “bellatores”. É também uma forma de defesa dos reinos cristãos ibéricos, que nesse momento ainda não constituem uma unidade e nem mesmo possuem grandes bases territoriais. Há também o fator econômico de busca por novas pastagens e terras cultiváveis, há também a afirmação do poder do rei em repovoar cidades e outorgar forais. Com tudo isso, pretende-se, sinteticamente, demonstrar a complexidade deste conflito específico e desgeneralizar os rótulos sobre o mesmo. Não cair no anacronismo de considerar a Reconquista como uma guerra puramente política ou econômica, nem na ingenuidade de considerá-la simplesmente um conflito exclusivamente religioso.

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Bibliografia• CORTÁZAR, José Angel Garcia de. Historia de Espana. Vol. II. La

Época Medieval. Madrid: Alianza Universidade, 1985.• COSTA, Ricardo da. A Guerra na Idade Média. Rio de Janeiro: Oficina

do Autor.• DUBY, Georges. O Domingo de Bouvines: 27 de julho de 1214. Rio de

Janeiro: Paz e Terra, 1993.• LOMAX, Derek W. La Reconquista. Barcelona: Crítica, 1984.• MONTEIRO, João Gouveia. A História Militar Medieval Portuguesa.

Texto digitalizado disponível em URL: http://www.janusonline.pt/1999_2000/1999_2000_1_4.html

• Acesso em 16/08/2007, às 21 h e 37 min.• NICOLLE, David. El Cid y la Reconquista. Londres: Osprey Publishing,

1996.• PEDRERO-SANCHÈZ, Maria Guadalupe. História da Idade Média:

Textos e Testemunhas. São Paulo: Editora UNESP, 2000.• WISE, Terence. Armies of the Crusades. Londres: Osprey Publishing,

1991.• WEIR, William. 50 batalhas que mudaram o mundo. São Paulo: M.

Books, 2004.

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Imagens

• Mapas, Brasões e ilustrações das Cantigas de Sancta Maria: Arquivo pessoal do autor.

• Ilustrações contemporâneas: URL: http://www.totalwar.org.pl/gallery/