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ARLSGeneral MacArthur nº 2724 IrMarcelo Mengatto James Anderson e as ConstituiçõesOriente de Curitiba 2018

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A∴R∴L∴S∴ General MacArthur nº 2724

Ir∴ Marcelo Mengatto

“James Anderson e as Constituições”

Oriente de Curitiba

2018

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SUMÁRIO

1. Introdução ........................................................................................................... 3

2. James Anderson ................................................................................................. 4

3. As Constituições de Anderson .......................................................................... 7

4. A “Carta de Bolonha” ....................................................................................... 11

5. O “Poema Regius” (Manuscrito Halliwell) ...................................................... 13

6. O “Manuscrito de Cooke” (Matthew Cooke) ................................................... 15

7. Conclusão ......................................................................................................... 17

8. Referencias ....................................................................................................... 18

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1. Introdução

Os primeiros passos de uma caminhada por um local desconhecido, sempre são mais

difíceis. Contudo, também entendo que são bem mais desafiadores. É com este

desafio em mente, buscando as bênçãos e a orientação do G.˙.A.˙.D.˙.U.˙., que me

proponho a escrever as primeiras linhas, de muitas outras que certamente virão e que

marcarão meu caminho de aperfeiçoamento pessoal e engrandecimento da Ordem

Maçônica.

Nada melhor do que começar esta jornada, juntamente por um marco, um início, um

ponto divisor de águas, onde conseguimos distinguir entre o certo e o errado, o

caminho correto a ser seguido, a linha divisória que delimita não somente nossos

passos, mas que nos dá um ponto de partida, uma referência a qual é tão importante

em nossas vidas e que nos conduzirá a um futuro melhor.

Um documento que oficializa o norteia o início da Maçonaria Especulativa ou

Maçonaria dos Aceitos, ou como disse Nicola Aslan, “da Maçonaria em seu aspecto

atual de associação civil, filosófica e humanitária”, este documento a que me refiro

são as Constituições de Anderson.

Nas próximas linhas, tento mostrar um pouco do que encontrei e consegui compilar

em algumas pesquisas, sobre a importância deste fato para Maçonaria, além de

resgatar o pouco que é conhecido da história de vida deste irmão, que muito contribuiu

para a nossa Instituição.

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2. James Anderson

Nascido em 1679 em Aberdeen, na Escócia, de um pai vidraceiro (e Maçom aceito na

loja operativa local), James Anderson, fez os estudos necessários para sua

Ordenação como ministro na Igreja da Escócia em 1707. Mudou-se para Londres,

onde tornou-se pastor presbiteriano na década de 1710, ministrando na congregação

“Glass House Street”, uma velha paróquia huguenote (nome dado aos protestantes

franceses durante as guerras religiosas na França na segunda metade do século

XVI).

De sua vida conhecemos muito pouco. Anderson se casou com uma viúva rica de

Londres, que lhe deu um filho e uma filha, mas viveu pobremente devido aos maus

negócios ocorridos na década de 1720, quando perdeu uma grande quantia em

dinheiro na crise da Quebra dos Mares do Sul, uma das crises mais devastadoras da

história do capitalismo.

Ainda como pastor na igreja presbiteriana em Swallow Street, foi obrigado a mudar de

paróquia em 1734, devido alguns sermões que lhe valeram duras críticas, depois de

desentendimentos com alguns paroquianos.

Mas qual era ligação de James Anderson com a Maçonaria? Onde e quando teria sido

iniciado? Teve alguma contribuição como Maçom aceito, na formação da Grande Loja

de Londres em 1717? Estes e outros fatos, não estão claros até hoje. Alguns estudos

sugerem que ele possa ter sido iniciado na Escócia, antes de se mudar para Londres.

Poucos registros encontrados, dizem que pertencia em 1723 à Loja do Chifre, e em

1735 à Loja Francesa, bem como sua presença em algumas assembleias de Grande

Loja.

Mas por qual motivo James Anderson, teria sido convidado a elaborar as novas

Constituições da Ordem? O Historiador David Stevenson, autor de um estudo sobre

Anderson, apresenta a ideia de que a escolha teria resultado de uma viagem de John

Desagulliers, membro influente da maçonaria londrina, a Edimburgo capital da

Escócia, onde teria sua descoberta na maçonaria operativa escocesa. Anderson

sendo de ascendência escocesa e nascido de pai maçom, teria sido considerado mais

qualificado do que qualquer outro, para ser promovido a historiador e legislador na

época.

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Aprofundando as pesquisas sobre a formação acadêmica de Anderson, descobrimos

que em 1731, James Anderson foi diplomado como doutor em teologia, pelo Marischal

College, instituição fundada em 1593, sendo a segunda universidade de Aberdeen.

Na época com cerca de 140 anos de história.

Retornando mais 100 anos na história, em 1495, William Elphinstone, bispo de

Aberdeen e chanceler da Escócia, fundou o King's College, para formar médicos,

professores e clérigos para as comunidades do norte da Escócia, e advogados e

administradores para servir a Coroa escocesa. Inaugurou com 36 funcionários e

estudantes e abraçou todos os ramos conhecidos da aprendizagem: artes, teologia,

cânone e direito civil. Em 1497, foi o primeiro no mundo de língua inglesa a criar uma

cadeira de medicina. A Instituição de Elphinstone olhava para fora e principalmente

para a Europa, tomando como modelo as grandes universidades europeias de Paris

e Bolonha. Tudo indica que James Anderson também teve sua formação inicial como

Reverendo, nestas instituições.

Os dois colégios fundiram-se em 1860 para formar a moderna Universidade de

Aberdeen, que é a terceira mais antiga da Escócia e a quinta universidade mais antiga

do Reino Unido. A Universidade de Aberdeen completa atualmente 523 anos.

Em setembro de 1721, Anderson foi convidado a escrever seu nome na história da

Maçonaria. Durante uma assembleia geral realizada na presença de oficiais e

membros de dezesseis lojas, “erros foram revelados nas antigas Constituições

Góticas”, e James Anderson foi convidado a “realizar as correções necessárias em

uma nova e melhor apresentação”.

A autorização da impressão e venda da Constituição em 1723, como o primeiro

documento oficial e aberto da Maçonaria, criou uma crise dentro da Grande Loja, e

desde então Anderson se manteve afastado por cerca de dez anos. Em fevereiro de

1735 Anderson solicitou autorização para apresentar uma edição aumentada da

Constituição, a qual foi aprovada em 1738 em uma sessão com 56 Lojas

representadas.

Enquanto isso, Anderson tinha dedicado seus talentos literários como escritor à

elaboração de sua obra sobre as genealogias reais, bem como uma Unidade na

Trindade (1733), uma Defesa da Maçonaria (1738), publicou ainda, Notícias do Eliseu

(1739) e uma História da Casa de Yvery (1742 – Publicação Póstuma).

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James Anderson morreu no final de maio 1739, e foi sepultado no cemitério de Bunhills

Fields. De acordo com o jornal The Daily Post, datada de 2 de junho daquele ano:

“Ontem à noite, foi enterrado em uma cova anormalmente profunda, o corpo do

Dr. Anderson, pastor não-conformista. […] Ele foi seguido por uma dúzia de

maçons que cercaram a sepultura. […] Os irmãos, exibindo grande tristeza,

levantaram as mãos, sinalizaram e golpearam três vezes os seus aventais em

honra do falecido.”

Assim viveu e morreu o autor do Livro das Constituições, o verdadeiro documento de

fundação da Maçonaria especulativa moderna.

James Anderson (1679 – 1739)

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3. As Constituições de Anderson

Constituições de Anderson - 1723

“Dedicatória

À Sua Graça o Duque de Montagu.

Meu senhor,

Por ordem de Sua Graça, o Duque de Wharton, atual muito honorável Grão-

mestre dos Maçons e, como seu Adjunto Grão-Mestre, eu humildemente dedico

este Livro das Constituições de nossa Antiga Fraternidade à Vossa Graça, em

testemunho de seu honroso, prudente e vigilante desempenho como nosso

Grão-Mestre no último ano.

Não preciso dizer a Vossa Graça quais os esforços que nosso culto autor

despendeu para compilar e sintetizar este Livro de acordo com os Antigos

Registros; e quão apuradamente ele comparou e tudo fez de acordo com a

cronologia e a história, e assim tornar essas Novas Constituições um relato

justo e correto concordante com a história da Maçonaria desde o começo do

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mundo até o Mestrado de Sua Graça, preservando intacto tudo o que é

verdadeiro e autêntico entre os antigos; por isso cada Irmão se deleitará com

este trabalho, pois sabe-se que teve sua aprovação após cuidadoso exame, e

agora é impresso para o uso das Lojas, depois de aprovadas pela Grande Loja,

quando sua Graça era o Grão-Mestre. Toda a Fraternidade sempre se lembrará

da honra que Sua Graça concedeu, de zelo pela paz, harmonia e eterna

amizade.

Que ninguém é dela mais consciente do que Meu SENHOR,

De sua Graça

Seu mais dedicado, e obediente servo, e fiel Irmão.

John Theóphille Desagulliers

Grão-Mestre Adjunto”

Com esta dedicatória, o Grão-Mestre Adjunto John Desagulliers, aquele mesmo que

teria “encontrado” James Anderson em Edimburgo na Escócia, e que em 1719 já havia

ocupado o cargo de Grão-Mestre da Grande Loja, abre o livro das Novas

Constituições, documento este que se tornou a fonte comum dos princípios que

definem as obrigações de um Franco-Maçom.

O Livro foi publicado em 1723, no Grão-Mestrado de Philip Wharton, Primeiro Duque

de Wharton, sendo o Segundo nobre a assumir a condução dos destinos da maçonaria

inglesa. O Primeiro fora John Montagu, 2º Duque de Montagu, Grão-Mestre entre 1721

e 1723, que foi quem, em 1721, encarregou James Anderson de "examinar, corrigir e

organizar, segundo um melhor método, a História, Obrigações e Regras da Antiga

Fraternidade".

Em apenas três meses, Anderson apresentou o projeto de manuscrito, que foi

entregue à uma comissão de catorze Irmãos, e essa comissão, após realizar as

emendas consideradas necessárias, aprovou a nova Constituição em 25 de março de

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1722. Assim, em 17 de janeiro de 1723, na taverna King’s Arms, foi apresentado aos

ilustres irmãos o novo Livro das Constituições.

Nesta mesma data, James Anderson, que havia anteriormente ocupado as funções

de Mestre de Loja, foi nomeado para aquele ano, como Grande Vigilante da Grande

Loja de Londres.

O Livro prossegue com um capítulo dedicado à História da Maçonaria, os capítulos

dedicados às Obrigações dos Maçons e às Regras Gerais, um post-scriptum e a

Aprovação, concluindo-se com letras e algumas pautas musicais de canções

maçónicas (Canção do Mestre ou a História da Maçonaria, Canção dos Vigilantes ou

Outra História da Maçonaria, ambas da autoria de Anderson, Canção dos

Companheiros, da autoria de Charles Delafaye e Canção dos Aprendizes, da autoria

de Matthew Birkhead).

Teria James Anderson em tão pouco tempo, conseguido reunir as antigas

constituições consideradas falhas, estudar, compilar e fundi-las numa Carta Magna

mais concisa e clara?

Alguns estudiosos, enumeram mais de 100 manuscritos antigos, de cerca de 300, 400

até 500 anos atrás, que foram achados em pergaminhos e que teriam sido a base

para esta compilação, como mencionados no próprio texto do Livro das Constituições:

“As Obrigações de um Pedreiro-Livre

Extraídas dos Antigos registros e das Lojas de além-mar e daquelas da

Inglaterra, Escócia e Irlanda, e para o uso das Lojas em Londres. ”

“Regulamento Gerais

Compilados primeiramente por Mr. George Payne, no ano de 1720, quando era

então Grão-mestre, e aprovados pela Grande Loja, no Dia de São João Batista

no ano de 1721, na Stationer’s Hall, Londres, quando o grande e nobre Príncipe

John, Duque de Montagu, foi unanimemente escolhido nosso Grão-mestre para

o ano seguinte; ele escolheu John Beal M.D., seu Grão-mestre Adjunto, e Mr.

Josiah Villeneau e Mr. Thomas Morris, escolhidos pela Loja como Grandes

Vigilantes. E agora, sob o comando de nosso dito Venerável Grão-mestre

Montagu, o autor deste livro comparou os antigos regulamentos e condensou

os antigos registros e imemoriais usos desta Fraternidade, e compilou-os neste

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novo método, acompanhados de algumas explicações próprias, para o uso das

Lojas dentro e fora de Londres e Westminster. ”

Não entrarei em detalhes neste trabalho sobre as Obrigações e Regulamentos Gerais,

para não alongar ainda mais o tema, que sem dúvida é muito rico e abrangente, mas

enumero aqui superficialmente, apenas os três antigos e considerados mais

importantes documentos utilizados como consulta por Anderson, sendo: A “Carta de

Bolonha”, O “Poema Regius” e O “Manuscrito de Cooke”.

Acredito particularmente, que pela sua formação acadêmica e por ter sido escolhido

para esta tarefa, James Anderson, já teria um contato anterior com estes documentos

e que certamente já teria estudado de forma detalhada todos estes registros,

explicando assim a rapidez com que compilou este Livro.

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4. A “Carta de Bolonha”

É o mais antigo documento maçônico manuscrito, redigido originalmente em latim por

um escrivão público, sob a ordem do prefeito de Bolonha na Itália, Bonifacii di Cario,

em agosto de 1248. Em seu conteúdo fica claro que a Maçonaria Operativa Italiana já

era tradicional, antiga, continha sólida estrutura e hierarquia.

Arquivado junto a este documento, conserva-se uma “lista de matrículas” datada de

1272 e que contém 371 nomes de Mestres Maçons (Maestri Muratori), dos quais 2

são escrivães públicos, outros 2 são freis e 6 são nobres. Esta é uma prova histórica

mais clara de que, em pleno século XIII, a transformação de Maçonaria de Operativa

em Especulativa já estava iniciada.

O original é conservado atualmente no Arquivo de Estado de Bolonha, Itália.

Os autos correspondentes à “Carta de Bolonha” está integrado por outros documentos

datados em 1254 e 1256 e têm sido reproduzidos integralmente e com fotografias do

original em um livro com o título “In Bologna. Arte e società dalle origini al secolo XVIII”

(Em Bolonha. Arte e sociedade desde as origens até o século XVIII), publicado em

1981 pelo “Collegio dei costruttori edili di Bologna” (Faculdade dos Construtores de

Bolonha).

Capa do Livro publicado em 1981

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Estatutos e Regulamentos dos Mestre do Muro e da Madeira

Eis aqui os estatutos e regulamentos da sociedade dos mestres do muro e da madeira,

feitos em honra a Deus, a Nosso Senhor Jesus Cristo, à Bem-Aventurada Virgem

Maria e a todos os santos, e para a honra e bem estar da cidade de Bolonha e da

sociedade de ditos mestres, respeitando a honra do podestade e capitão de Bolonha

que a governa ou governam ou governarão no futuro, e respeitando os estatutos e

regulamentos da comuna de Bolonha feitos e por fazer. E que a todos os estatutos que

se seguirem se apliquem a partir do dia de hoje, o ano 1248, indicção sexta, o oitavo

dia de agosto.

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5. O “Poema Regius” (Manuscrito Halliwell)

O texto original foi gravado em inglês arcaico, com letras góticas, sobre papel velino

(pele de carneiro). É composto por 64 páginas, escritas em dísticos rimados, contendo

794 versos.

A data de sua produção, segundo especialistas, estima-se como sendo situada na

década de 1390, porem, supõe-se que tenha sido copiado de um documento mais

antigo. O autor é desconhecido, por sua origem segundo o historiador maçônico

Wilhem Begemann, é a cidade inglesa de Worcester (fundada em 407 DC).

Desde a sua redação até ser descoberto como documento maçônico, o trajeto

percorrido pelo manuscrito é um tanto incerto.

Aparentemente, ele foi propriedade de vários antiquários e colecionadores, até ser

adquirido pelo Rei Carlos II, passando a pertencer à Biblioteca Real (Royal Library), a

qual, em 1757, foi doada pelo Rei George II ao Museu Britânico. Atualmente, o

documento original está guardado na Biblioteca Britânica (British Library) e faz parte

da Coleção Real de Manuscritos (Royal Manuscript Collection).

Capa e Primeiro versos do “Poema Reguis” - 1390

Durante muito tempo, o Poema Régio foi descrito como um poema sobre obrigações

morais, até que, em 1840, um antiquário inglês de nome James Orchard Halliwell-

Phillips (que não era maçom) o estudou e descobriu sua essência, como um

documento relativo à maçonaria operativa.

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O documento é composto de várias partes que contêm lendas, episódios bíblicos,

descrições de artes e normas. A sua leitura faz-nos concluir que o seu objetivo

principal era transmitir as normas, regulamentos ou estatutos do ofício de franco-

maçom e da corporação. O texto cita o Rei Athelstan (924-939) como o estimulador

da criação dessas normas, referindo que ele convocou um encontro de maçons para

que fossem estudadas e definidas as leis, regras e preços do ofício. Nele, a Maçonaria

é mencionada como Geometria.

O documento original não tem um nome específico, pelo que acabou tendo mais de

um: Manuscrito de Halliwell, como referência ao seu descobridor o Poema recebeu

este nome pelo fato de ter pertencido à coleção de livros e manuscritos da Biblioteca

Real Inglesa.

A maior característica do Manuscrito é a apresentação do Ofício de Construtor como

uma atividade nobre, ligada à realeza e à aristocracia. Por isso se atribui à Maçonaria

o título de Arte Real.

A preocupação com o enobrecimento da Arquitetura já se acha presente nos primeiros

versos do poema, como veremos a seguir:

"Hic incipiunt constituciones artis Gemetriae secundum Eucyldem"

("Aqui começam as Constituições da Arte da Geometria, segundo Euclides")

Aquele que quiser ler e pesquisar

Pode encontrar, contada em um livro antigo,

A história de grandes senhores e belas damas

Que tinham um grande número de filhos muito sensatos,

Mas nenhum dinheiro para criá-los,

Na cidade, nos campos e na floresta,

Fizeram uma assembleia.

Por amor a seus filhos para decidir

Como ganhariam a vida

Sem preocupação nem angústia com o futuro

De seus numerosos descendentes

Que iriam nascer quando eles mesmos fossem apenas cinzas.

Eles iriam buscar os grandes sábios

Para que lhes fossem ensinados bons ofícios.

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6. O “Manuscrito de Cooke” (Matthew Cooke)

Escrito em prosa, com 930 linhas, é dividido em duas partes, sendo a primeira,

composta de dezenove artigos sobre a história da Geometria e a Arquitetura, e a

segunda, com deveres e artigos que regulamentam o trabalho e a sua organização,

nove conselhos de ordem moral e religiosa e quatro regras relativas a vida social dos

maçons.

Escrito em folhas de papel velino, e encadernadas em um livro, ainda mantendo sua

capa original em carvalho. O manuscrito foi publicado por R. Spencer, em Londres,

em 1861 e foi editado pelo Sr. Matthew Cooke, por isso o nome dado ao documento.

No catálogo do Museu Britânico ele está listado como Additional M.S. 23.198, e é

atualmente datado em 1450 aproximadamente.

Há várias indicações, assim como o Poema Regius que ele é a transcrição de uma

compilação que remonta talvez a mais de um século atrás. Alguns estudos mostram

similaridades entre os dois manuscritos e que eles podem ter sido transcritos a partir

de um mesmo documento.

O manuscrito Cooke serviu de base para os trabalhos de George Payne, segundo

Grão Mestre da Grande Loja de Londres, que os adoptou a um primeiro regulamento

em 1721.

Este documento aparece como a principal fonte em que Anderson se inspirou para

escrever o seu Livro das Constituições.

Manuscrito de Cooke - 1430

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Após uma prece de ação de graças de abertura, o texto enumera as Sete Artes

Liberais, dando prioridade à geometria, a qual é equiparada à maçonaria. Então segue

o conto dos filhos de Lameque, expandido a partir do Livro do

Gênesis. Jabal descobriu a geometria e tornou-se o Maçom Mestre de Caim. Jubal

descobriu a música, Tubalcaim descobriu a metalurgia e a arte da forja, enquanto que

sua irmã Naamá descobriu a tecelagem.

Você deve saber que existem sete Ciências Liberais e, logo saberá por que são

chamadas dessa forma, e porque destas primeiras sete se originam todas as Ciências

e Artes do mundo e, especialmente, porque aquela, a Ciência da Geometria é a origem

de todas.

Quanto à primeira, que é chamada de fundamento da Ciência, é a Gramática, que

ensina o homem a falar e escrever de forma justa.

A segunda é a Retórica, que ensina o homem a falar decorosamente de maneira

precisa.

A terceira é a Dialética, e que ensina o homem a discernir o verdadeiro do falso, e é

comumente chamada de Arte ou [Filosofia].

A quarta é chamada aritmética, e ensina aos homens a arte dos números, para calcular

e contar todas as coisas.

A quinta é a Geometria, que ensina aos homens os limites e a medida e ponderação

dos pesos de todas as Artes humanas.

A sexta é a Música, que ensina aos homens a Arte do canto nas notas da voz e do

órgão, da trompa, da harpa e todos os demais instrumentos.

A sétima é a Astronomia, que ensina ao homem o curso do Sol e da Lua e de outros

planetas e estrelas do Céu.

Nosso principal objetivo é tratar do primeiro fundamento da excelente Ciência da

Geometria, e de quem foram seus fundadores; como disse anteriormente, há sete

Ciências Liberais, ou seja, sete artes ou ciências, ou Artes que são livres em si

mesmas, as quais vivem apenas por meio da Geometria.

E a Geometria é, como se diz, a medida da Terra:

"Et sic dicitur a geoge pin Px ter a Latine e metrona quod est mensura. Unde Geometria

i mensura terre vel Terrarum",

ou seja, que a Geometria é, como eu disse, Geo, terra, e metron, medida e, assim, o

nome Geometria é composto, e se chama medida da Terra.

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7. Conclusão

Buscando não aprofundar os estudos em um tema específico, até por ser este o

primeiro e humilde trabalho de um Aprendiz Franco-Maçom, comecei a entender um

pouco desta história tão rica e contagiante, que a cada parágrafo, nos traz um novo

tema que pode ser aprofundado e gerar muitas e muitas linhas e até mesmo um novo

trabalho.

Pouco sabemos sobre a vida de James Anderson e até hoje muitas perguntas não

foram respondidas e acredito que nunca serão. Muitas histórias acabam perdendo-se

pelos caminhos do tempo.

Acredito que consegui ao menos entender a importância desta obra elaborada pelo

Irmão James Anderson, que brilhantemente compilou tantas informações para montar

este manual que norteia os fundamentos da Maçonaria Moderna.

Agora, realmente sei que muito tenho a pesquisar sobre nossa Arte Real.

Que o G.˙.A.˙.D.˙.U.˙. ilumine a todos.

Marcelo Mengatto – C.I.M. Nº 308084

Aprendiz Maçom

Oriente de Curitiba, 20 de abril de 2018.

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8. Referencias / Bibliografias

CASTELLANI, José. Cartilha do Aprendiz. Editora Maçônica “A Trolha”, 4ª Edição, 2004, p. 159-177.

STEVENSON, David. James Anderson: Man and Mason. Heredom, 2002. http://www.masoniclib.com/images/images0/789396688593.pdf

https://en.wikipedia.org/wiki/James_Anderson_(Freemason)

http://www.wikiwand.com/pt/Manuscritos_Maçônicos

http://www.wikiwand.com/pt/Constituição_de_Anderson

http://lojamad.com.br/index.php/eventos/item/235-constituicoes-de-anderson-cronologia-e-importancia

http://oalvorecer.com.br/o-manuscrito-halliwell-ou-poema-regius/

http://gremiosalvadorallende.blogspot.com.br/2016/09/o-que-se-pode-e-deve-ler-no-poema-regio.html

https://bibliot3ca.com/quem-foi-na-verdade-o-reverendo-e-macom-james-anderson/

https://bibliot3ca.com/constituicao-de-anderson-texto/

https://www.noesquadro.com.br/macons/macons-que-mudaram-a-maconaria/macons-que-mudaram-maconaria-james/

https://www.abdn.ac.uk/about/campus/marischal-college-394.php

https://books.google.pt/books?id=LkICAAAAQAAJ&printsec=frontcover&dq=anderson%27s+constitutions+1723&hl=pt-PT&sa=X&ei=JOkCT9z8GYij8gOmtPjRAQ&redir_esc=y#v=onepage&q&f=true

https://digitalcommons.unl.edu/cgi/viewcontent.cgi?referer=http://www.wikiwand.com/pt/Constitui%C3%A7%C3%A3o_de_Anderson&httpsredir=1&article=1028&context=libraryscience

https://bibliot3ca.com/a-carta-de-bolonha-de-1248-e-%C2%B4-v-%C2%B4/

https://a-partir-pedra.blogspot.com.br/2012/01/constituicao-de-anderson-de-1723.html