a questão urbana no brasil

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 A Questão Urbana No Brasil A urbanização brasileira só começou a ocorrer a partir do momento em que a indústria passou a tornar-se o setor mais importante da economia nacional. Ela representa um dos aspectos da passagem de uma economia agrário- exportadora para uma economia urbano industrial. Essa transformação do Brasil apresenta inúmeros outros aspectos. Por exemplo: as camadas sociais dos fazendeiros e grandes comerciantes exportatores deixaram de ser dominantes politicamente, isto é, perderam suas influências sobre o governo em favor dos i ndustriais, banqueiros e diretores de grandes empresas estatais. Cessou também o predomínio do campo sobre a cidade, no sentido de os principais interesses econômicos e de a maior parte da força de trabalho do país estarem sediados no meio rural, do qual o meio urbano era mero complemento com funções basicamente administrativas e comerciais. Ocorre agora um predomínio da cidade sobre o campo, no sentido de que os principais interesses econômicos e a maior parte da força de trabalho do país estão localizados no meio urbano, de cuja atividade industrial e bancária o meio urbano se tornou subordinado. Essa subordinação do campo em relação à cidade se manifesta de várias maneiras: ele é um fornecedor de mão-de-obra e gêneros alimentícios para o meio urbano; o setor agrário de exportação continua a ser importante para a economia nacional, mas agora sua renda é utilizada principalmente para pagar as importações de máquinas ou petróleo para o setor industrial, e não mais para importar bens manufaturados de consumo; a importância cada vez maior que assumem certos insumos procedentes do meio urbano, como fertilizantes e adubos - além de crédito bancário e máquinas agrícolas. A modernização do país resultante do crescimento da economia urbano- industrial, produzem uma divisão territorial de tr abalho que subordina o campo à cidade, e as cidades menores às maiores. Estabeleceu-se, portanto, um sistema integrado de cidades, onde há uma hierarquia: as cidades pequenas dependem das médias, e estas por sua vez, se subordinam às grandes cidades ou metrópoles. No cume desse sistema hierarquizado de cidades situam-se as duas únicas metrópoles nacionais: São Paulo e Rio de Janeiro. Elas exercem uma influencia sobre todo o território brasileiro, praticamente comandando a vida econômica e social da nação com suas industrias, universidades, bancos, imprensa, grandes estabelecimentos comerciais, etc. E como elas se localizam relativamente próximas, existindo em torno da via Dutra uma área intensamente urbanizada onde estão cidades como São José dos Campos, Taubaté, Volta Redonda e outras, convencionou-se nos últimos anos que aí se formou uma megalópole. Logo abaixo das metrópoles nacionais, surgem as sete metrópoles regionais (grandes cidades que polarizam extensas regiões): Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém. Seguindo-se, nessa escala, aparecem as capitais regionais, que são cidades que exercem uma polarização sobre inúmeras cidades pequenas e médias, além das áreas rurais ao seu redor. Exemplos: Campinas, Bauru, Londrina,

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A Questão Urbana No BrasilA urbanização brasileira só começou a ocorrer a partir do momento em que aindústria passou a tornar-se o setor mais importante da economia nacional. Elarepresenta um dos aspectos da passagem de uma economia agrário-

exportadora para uma economia urbano industrial.Essa transformação do Brasil apresenta inúmeros outros aspectos. Por exemplo: as camadas sociais dos fazendeiros e grandes comerciantesexportatores deixaram de ser dominantes politicamente, isto é, perderam suasinfluências sobre o governo em favor dos industriais, banqueiros e diretores degrandes empresas estatais.Cessou também o predomínio do campo sobre a cidade, no sentido de osprincipais interesses econômicos e de a maior parte da força de trabalho dopaís estarem sediados no meio rural, do qual o meio urbano era merocomplemento com funções basicamente administrativas e comerciais. Ocorreagora um predomínio da cidade sobre o campo, no sentido de que os principais

interesses econômicos e a maior parte da força de trabalho do país estãolocalizados no meio urbano, de cuja atividade industrial e bancária o meiourbano se tornou subordinado.Essa subordinação do campo em relação à cidade se manifesta de váriasmaneiras:ele é um fornecedor de mão-de-obra e gêneros alimentícios para o meiourbano;o setor agrário de exportação continua a ser importante para a economianacional, mas agora sua renda é utilizada principalmente para pagar asimportações de máquinas ou petróleo para o setor industrial, e não mais paraimportar bens manufaturados de consumo;

a importância cada vez maior que assumem certos insumos procedentes domeio urbano, como fertilizantes e adubos - além de crédito bancário emáquinas agrícolas.A modernização do país resultante do crescimento da economia urbano-industrial, produzem uma divisão territorial de trabalho que subordina o campoà cidade, e as cidades menores às maiores. Estabeleceu-se, portanto, umsistema integrado de cidades, onde há uma hierarquia: as cidades pequenasdependem das médias, e estas por sua vez, se subordinam às grandes cidadesou metrópoles.No cume desse sistema hierarquizado de cidades situam-se as duas únicasmetrópoles nacionais: São Paulo e Rio de Janeiro. Elas exercem umainfluencia sobre todo o território brasileiro, praticamente comandando a vidaeconômica e social da nação com suas industrias, universidades, bancos,imprensa, grandes estabelecimentos comerciais, etc. E como elas se localizamrelativamente próximas, existindo em torno da via Dutra uma áreaintensamente urbanizada onde estão cidades como São José dos Campos,Taubaté, Volta Redonda e outras, convencionou-se nos últimos anos que aí seformou uma megalópole.Logo abaixo das metrópoles nacionais, surgem as sete metrópoles regionais(grandes cidades que polarizam extensas regiões): Porto Alegre, Curitiba, BeloHorizonte, Salvador, Recife, Fortaleza e Belém.

Seguindo-se, nessa escala, aparecem as capitais regionais, que são cidadesque exercem uma polarização sobre inúmeras cidades pequenas e médias,além das áreas rurais ao seu redor. Exemplos: Campinas, Bauru, Londrina,

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Ribeirão Preto, etc.

Atualmente, em lugar da velha distinção entre população urbana e rural, usa-sea noção de população urbana e agrícola. É considerável o número de pessoasque trabalham eme atividades rurais e residem nas cidades. As greves dos

trabalhadores bóia-frias acontecem nas cidades, o lugar onde moram. Sãoinúmeras as cidades que nasceram e cresceram em áreas do país que têm aagroindústria como mola propulsora das atividades econômicas secundárias eterciárias.Em virtude da modernização do campo, verificada em diversas regiõesagrícolas, assiste-se a uma verdadeira expulsão dos pobres, que encontramnas grandes cidades o seu único refúgio. Como as indústrias absorvem cadavez menos mão-de-obra e o setor terciário apresenta um lado moderno, queexige qualificação profissional, e outro marginal, que remunera mal e nãogarante estabilidade, a urbanização brasileira vem caminhando lado a lado como aumento da pobreza e a deterioração crescente das possibilidades de vida

digna aos novos cidadãos urbanos.Os moradores da periferia, das favelas e dos cortiços, têm acesso a serviçosde infra-estrutura precários (saneamento básico, hospitais, escolas, sistema detransporte coletivos etc.). O espaço urbano, amplamente dominado pelosagentes hegemônicos, que impõem investimentos direcionados para seusinteresses particulares, está organizado tendo em vista o tráfego de veículosparticulares, a informação, a energia e as comunicações, relegando osinvestimentos sociais e, assim, excluindo os pobres da modernização. Oespaço urbano, quando não oferece oportunidades, multiplica a pobreza.Serão apresentadas algumas definições que se fazem importantes paraconhecermos a dinâmica existente no local onde vive o cidadão.

Comunidade

Concebem a comunidade não só como um espaço limitado, onde residemcertos grupos , mas como todo meio comum, todo espaço dentro da cidade,onde as pessoas desenvolvem suas relações sociais e tratam de interessescoletivos .

Distrito

Os distritos são as unidades administrativo-territoriais que compões omunicípio”.¹ Geralmente os distritos são criados para fins de descentralização emelhor distribuição dos serviços públicos .

Município

Pode-se, definir o Município como uma divisão territorial-administrativa,comandada pôr um prefeito, dotado de poderes para resolver suas própriasquestões.Há um elenco de competências reservadas pela Constituição Federal aoMunicípio, dentre elas são:

Legislar sobre assuntos de interesse local;Suplementar a Legislação Federal e Estadual no que couber;

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Instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suasrendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;Criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;Observar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os

serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, que temcaráter essencial;Manter com a cooperação técnica e financeira da União, programas deeducação pré-escolar e de ensino fundamental;Prestar , com a cooperação técnica e financeira da União e dos Estado,serviços de atendimento a saúde da população;Promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, medianteplanejamento e controle do uso, parcelamento e da ocupação do solo urbano;Promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada alegislação e ação fiscalizadora federal e estadual.Postado por Prof. Miguel Jeronymo Filho às 04:55

Urbanização e Regiões Metropolitanas BrasileirasSomente na segunda metade do século XX, o Brasil tornou-se um país urbano, isto é,mais de 50% de sua população passou a residir nas cidades. Outro fato marcante é que a

 partir da década de 1950,o processo de urbanização no Brasil tornou-se cada vez maisrápido.Podemos verificar que o crescimento da população urbana em relação à rural coincidiucom o período de consolidação da industrialização do país, sendo que, em 1970, pela

 primeira vez havia mais habitantes nas cidades do que no campo.A região Sudeste foi a maior responsável por essa mudança, pois nessa região aindustrialização foi mais intensa. Em 2000, segundo o IBGE, 90,5% da população doSudeste era urbana

A rede urbana do Brasil

A rede urbana de uma região envolve as relações entre o campo e a cidade e as relaçõesentre os diferentes tipos de cidades. A existência de uma rede de transportes e decomunicação é fundamental para que uma rede urbana seja integrada.A rede urbana brasileira tem como principal característica as disparidades regionais,

 pois enquanto ela é bem articulada no Sudeste, o mesmo não ocorre nas regiões Norte e

Centro-Oeste.Sudeste - a mais importante do país, porque possui as maiores e as principais cidades.Bem mais articulada, é integrada por rodovias, aeroportos, portos, ferrovias e infovias.Sul - É a segunda do Brasil. Possui duas metrópoles nacionais (Porto Alegre e Curitiba)e boa infra-estrutura de transportes e comunicações,

 Nordeste - É a terceira mais importante. A área litorânea (Zona da Mata) concentra as principais cidades incluindo Salvador, Recife e Fortaleza), portos, indústrias, rodovias eaeroportos.

 Norte e Centro-Oeste - São desarticuladas, com poucas cidades importantes, pequenamalha rodoviária e baixa densidade urbana e industrial.

A hierarquia das cidades brasileiras

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Dentro da rede urbana brasileira, encontramos uma hierarquia na qual as menorescidades estão subordinadas às grandes cidades, que, por sua vez, estão subordinadas àsduas metrópoles globais do Brasil.Segundo o Atlas nacional do Brasil, publicado em 2000 pelo IBGE, temos no Brasil umesquema de hierarquia urbana que classifica as cidades conforme sua grande área de

influência: metrópole global, metrópole nacional metrópole regional, centro regional,centros sub-regional 1 e centros Sub-regional 2.

Regiões metropolitanas do Brasil

A análise da composição das regiões metropolitanas do Brasil, às quais foi acrescentadaa Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal (Ride), revela as diferentesescalas do processo de urbanização brasileiro. Segundo o IBGE, entre as regiõesmetropolitanas podemos distinguir áreas metropolitanas plenas e áreas metropolitanasemergentes. Os critérios para diferenciá-las são internacionais: a população e a estrutura

 produtiva.

O número mínimo de habitantes

 para identificar as regiões metropolitanas plenas foi de 800 mil em seu município principal, segundo a Contagem da População de 1996. Já as regiões metropolitanasemergentes possuem menor número de habitantes em seu município central, mas os"municípios do seu entorno podem apresentar um patamar suficiente para constituir umaaglomeração urbana integrada". Duas exigências são feitas para que as regiões sejamconsideradas metropolitanas emergentes: que apresentem densidade demográfica igualou superior a 60 hab./km2 e tenham percentual de população economicamente ativa ematividades urbanas igual ou superior a 65% da PEA total.Segundo o IBGE, são doze regiões metropolitanas plenas e dez regiões metropolitanasemergentes.

REG.METROPOLITANAS Nº de munic. MUNIC.l - São Paulo 39 São Paulo2-Rio de Janeiro 19 Rio de Janeiro3 - Salvador 10 Salvador 4 - Belo Horizonte 33 Belo Horizonte5 - Fortaleza 13 Fortaleza6 - Integrada de Brasília 23 Brasília

7 - Curitiba 25 Curitiba8 - Recife 14 Recife9 - Porto Alegre 30 Porto Alegre10- Belém 5 Belém11- Goiânia 11 Goiânia12- Campinas 19 Campinas

Regiões metropolitanas emergentes

13-São Luís 4 São Luís14-Natal 6 Natal

15-Londrina 6 Londrina16-Baixada Santista 9 Santos

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17-N-NE Catarinense 19 Joinville18-Florianópolis 22 Florianópolis19-Maringá 8 Maringá20-Grande Vitória 6 Vitória21-Vale Do ltajaí 16 Blumenau

22-Vale do Aço 4 Ipatinga

O complexo metropolitano brasileiro

O fenômeno do surgimento das megalópoles não se encontra restrito ao hemisférionorte ou aos países desenvolvidos. O Brasil é o único país subdesenvolvido a apresentar uma aglomeração urbana que é resultado de conurbação das duas metrópoles globais

 brasileiras, isto é, o Complexo Metropolitano do Sudeste: eixo Rio de Janeiro – SãoPaulo.Esse complexo possui características que indicam tratar-se do esboço da primeiramegalópole brasileira. Abriga mais de 30 milhões de habitantes (aproximadamente 20%

da população brasileira) concentrados entre as áreas metropolitanas de São Paulo e doRio de Janeiro, ligadas pela mais movimentada rodovia do país, a Via Dutra. Alémdisso, em seu eixo - o Vale do Paraíba - está localizado um dos principais tecnopolos

 brasileiros: a cidade de São José dos Campos, no estado de São Paulo. A abrangência doComplexo Metropolitano do Sudeste ultrapassa os limites do Vale do Paraíba eincorpora as áreas de Campinas (outro importante tecnopolo), Jundiaí, Santos (o

 principal porto do país), que tem nas rodovias Anhangüera, Bandeirantes, Anchieta eImigrantes importantes vias de circulação de pessoas e mercadorias.

Principais problemas sociais das metrópoles brasileiras

A intensa e acelerada urbanização brasileira resultou em sérios problemas sociaisurbanos, entre os quais, podemos destacar:- Aumento do número de favelas e cortiços que ocupam, muitas vezes, áreas demananciais ou áreas florestais consideradas regiões de risco. Isso significa que osmananciais, isto é, as fontes de abastecimento de água, podem ser poluídos. Nasáreas florestais, o desmatamento de encostas põe em risco a vida das pessoas.- A falta de infra-estrutura acompanha o crescimento das favelas. A rede de esgotos, decoleta do lixo, de água encanada, de luz, de telefones é insuficiente ou clandestina.Além de os objetos serem jogados em rios ou em áreas de mananciais, soma se o riscode contaminação por roedores e insetos.

- Todas as formas de violência estão presentes nos centros urbanos: homicídios,sequestros, assaltos, filas para atendimento médico, acidentes de trânsito, desemprego,etc.Postado por Prof. Miguel Jeronymo Filho às 04:59

As cidades e o Sistema Urbano1 – Definições

Serão apresentadas algumas definições que se fazem importantes para

conhecermos a dinâmica existente no local onde vive o cidadão.1.1 - Comunidade

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O sentido de comunidade tem relação com a concepção grega de cidade.Segundo Kalina e Kovadloff ( 1978:30-1), os gregos antigos conceberam apólis como uma comunidade, isto é, uma organização cujos assuntos eram deinteresse coletivo. Para esses autores , é possível afirmar que:

“ A pólis foi o lugar onde o homem chegava a ser ele mesmo. Assim, para osgregos muito mais do que o lugar do trabalho, isto é, da produção, a pólis foi oâmbito de encontro interpessoal do diálogo e das celebrações... Ela pode estar referida tanto à vida comunitária em termos políticos, culturais e morais comoeconômicos “.Concebem a comunidade não só como um espaço limitado, onde residemcertos grupos , mas como todo meio comum, todo espaço dentro da cidade,onde as pessoas desenvolvem suas relações sociais e tratam de interessescoletivos .Somente a partir de 1920, é que as comunidades são temas de muitos estudose indagações, passam a ser entendidas como uma realidade de solidariedade

coesa e unificada, com um ideal a ser atingido.Tomando pôr base o conceito de João Guedes Pinto ( 1980 ), comunidade éuma população que habita uma determinada porção de território, com cujonome se identifica, e que pôr viver e conviver nele desenvolve alguma coisa emcomum. Logo, pode-se definir comunidade como grupos de pessoas queocupam um espaço limitado, que possuem o mesmo objetivo e que podem unir forças para reivindicar algo que seja do interesse de todos.

1.2 – Distrito

“Os distritos são as unidades administrativo-territoriais que compões omunicípio”.¹ Geralmente os distritos são criados para fins de descentralização emelhor distribuição dos serviços públicos .O município pode ser composto de um principal, onde está localizada a sede,ou de vários outros distritos, que compões o desmembramento da unidadegeográfica do município.

1.3 – Cidade

A palavra cidade vem do latim “civitas”, termo que entretanto não conota oaspecto material da cidade, designado antes pelo vocábulo “urb”, de onde vem

urbano, segundo Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo.Pode-se definir cidade “como uma aglomeração humana densa e permanente,com ativas relações e alto grau de organização, independente do solo para suasubsistência” ²Na cidade ocorrem as relações sociais, os conflitos e movimentos urbanos,São produzidos bens de consumo que depende de abastecimento exterior eseus habitantes dedicam-se as atividades industrial, comercial, ao transporte ea administração.Enquanto aglomeração humana, a cidade é uma invenção mais ou menosrecente, datando de um passado não superior a 7 mil anos.São as cidades, fruto de civilizações, culturas e sistemas econômicos distintos,

o que explica as características próprias de cada uma.

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1.4 – Município

É a unidade de governo local. O Município hoje existente , não possuesemelhança com a cidade antiga.. Em outros tempos, haviam muitosagrupamentos humanos, porém não se tinham indícios do que viria a ser 

Município.Na atualidade, observa-se que no Brasil, o município possue maior autonomiapolítico-administrativa, em todo o mundo. Podendo eleger seu próprio governo,fazer leis, arrecadar imposto, empregar seus recursos, organizar e administrar os serviços, porém deve seguir as diretrizes da Constituição Federal.Surge como síntese de fatores sócio-econômicos em um território, comexpressão política e reconhecimento jurídico, segundo Diomar Ackel Filho(1992 ).O Município desempenha atividades locais, inseridas no contexto geral dodesenvolvimento e bem-estar nacional, pois cabe a ele prestar e empreender serviços e obras públicas, que atendam as necessidades da população.

Devido a isso, as leis tratam de reconhecer, garantir e disciplinar o Municípioem seus muitos aspectos.Pode-se, então, definir o Município como uma divisão territorial-administrativa,comandada pôr um prefeito, dotado de poderes para resolver suas própriasquestões.Há um elenco de competências reservadas pela Constituição Federal aoMunicípio, dentre elas são:- Legislar sobre assuntos de interesse local;- Suplementar a Legislação Federal e Estadual no que couber;- Instituir e arrecadar os tributos de sua competência, bem como aplicar suasrendas, sem prejuízo da obrigatoriedade de prestar contas e publicar balancetes nos prazos fixados em lei;- Criar, organizar e suprimir distritos, observada a legislação estadual;- Observar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão,os serviços públicos de interesse local, incluído o de transporte coletivo, quetem caráter essencial;- Manter com a cooperação técnica e financeira da União, programas deeducação pré-escolar e de ensino fundamental;- Prestar , com a cooperação técnica e financeira da União e dos Estado,serviços de atendimento a saúde da população;- Promover, no que couber, adequado ordenamento territorial, mediante

planejamento e controle do uso, parcelamento e da ocupação do solo urbano;- Promover a proteção do patrimônio histórico-cultural local, observada alegilasção e ação fiscalizadora federal e estadual.Postado por Prof. Miguel Jeronymo Filho às 05:11

A Dinâmica das CidadesAs localidades urbanas geralmente se assentam sobre um ambiente calcadoem raízes históricas e culturais, que guardam respeito com a formação e ocrescimento de uma cidade a partir de determinado núcleo, desenhando um

ambiente próprio, onde há uma história, uma cultura peculiar urbana, ditada pôr lineamentos arquitetônicos, paisagísticos e sociológicos.Assim, para entendermos uma cidade é preciso verificarmos a sua dinâmica, a

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sua geografia e a sua história.Percebemos a dinâmica de uma cidade ao observarmos a movimentação depessoas, sua estrutura social, a reprodução da força de trabalho, a existência ea localização de indústrias, a produção de riquezas, as relações comerciais, asredes de serviços, as vias de circulação e a localização de casas.

De certo modo, podemos entender que o urbano é resultado do processo deprodução num determinado momento histórico, em relação a determinaçãoeconômica e também a social, política e ideológica. Torna-se assim, não só ummodo de produzir, mas também de consumir, pensar, ou seja, um modo devida.Na atualidade, há uma divisão capitalista do espaço urbano, onde algunsmecanismos exibem a interdependência entre a organização social e aespacial.

Distribuição de recursos e serviços na organização espacial

Organização espacial é o arranjo espacial, estrutura territorial e espaçosocialmente produzido pelo homem no decorrer da História, ou seja, campos,caminhos, minas, dutos, redes, fábricas, lojas, habitações, templos, etc,dispostos sobre a superfície da terra. É a transformação da natureza pelotrabalho social, de acordo com as possibilidades que cada sociedade possui eque derivam do desenvolvimento e das relações sociais e de produção.As cidades possuem diferentes dimensões, paisagens e dinâmicas, que fazemcom que cada cidade tenha características próprias de crescimento.Esse crescimento pode ser horizontal ou vertical, orientado pelo aumento dapopulação em relação a ocupação de um dado território.No crescimento horizontal , a cidade vai ocupando áreas antes utilizadas paraatividades primárias. Essas áreas são divididas em lotes, isto é, frações doterritório urbano que variam de tamanho e são comprados e vendidos deacordo com o poder aquisitivo de sua população.Quando um lote é retido por muito tempo, pode significar que seu proprietárioestá esperando que seu preço aumente para posteriormente vender. É oprocesso de especulação imobiliária e que traz muitas consequências para osocial.Essa retenção artificial do solo urbano provoca uma escassez artificial do chão,obrigando a cidade a expandir-se horizontalmente, criando loteamentos emáreas cada vez mais distantes.

Na forma de crescimento vertical, percebemos o aumento do número deedifícios. A aglomeração de prédios se faz maior no centro, dispersando-se amedida que vamos nos afastando para os bairros mais distantes.O crescimento vertical de uma cidade ocorre para atender as exigências demoradia de sua população, com o aparecimento de edifícios residenciais, oupara criar espaço para atividades econômicas.Esse crescimento depende da ação dos agentes que atuam na estruturaçãourbana, tanto o poder público como a iniciativa privada.A disposição da população neste espaço, está relacionada ao poder capitalistaque se impõe. Assim, as camadas mais baixas da população ocuparãoterrenos desfavoráveis , onde as construções geralmente são onerosas e

quase impossíveis, localizando-se em áreas periféricas ou nos centrosdeteriorados, onde o solo possui menor preço no mercado.

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Contudo, apesar do menor custo do solo, essas populações nem sempreconseguem ter moradia própria e pagam altos aluguéis, pôr residências muitasvezes inadequadas para a ocupação humana.Além de residirem em péssimas condições, essas populações tem dificuldadede acesso aos recursos que garantem o bem-estar-social, como transporte,

habitação, emprego, educação, saúde, lazer, saneamento básico, meios decomunicação e assistência social. Vejamos :- Transporte : deve ser entendido e aceito como serviço público, isto é , queserve para o uso de todos , seja ele explorado pôr uma empresa estatal, ou por uma empresa privada, cujo objetivo maior no capitalismo é o lucro.Cabe então ao poder público, a responsabilidade de organizar e fiscalizar ofuncionamento desse sistema, para garantir a qualidade e a confiabilidade dosusuário, que são em sua maioria assalariados, que dependem dele para sualocomoção até o emprego e a outros serviços de que necessite, e que ficam agrandes distâncias de suas residências.- Habitação : designa o lugar de moradia das pessoas, pois todos necessitam

de um lugar para viver, onde irão construir sua história.Como uma minoria da população possui condições de adquirir uma residênciaprópria, o governo cria políticas que estimulam financiamentos paraautoconstrução de casa, e outros programas de habitação popular, assimsurgem também nas cidades, conjuntos habitacionais de casa ou apartamentospequenos e as vezes de baixa qualidade, entretanto, mesmo sob a açãogovernamental, uma grande parcela da população ainda não tem tido acesso àuma moradia, passando a ocupar abrigos em pontes e viadutos.- Emprego : com a revolução tecnológica, a globalização da economia, com abaixa escolaridade da população e com o alto nível de qualidade profissionalexigidos, o índice de desemprego tem sido bastante elevado, contribuindo parao crescimento do mercado de trabalho informal.No sistema capitalista pode-se afirmar que o número de empregos é sempremenor que o número de trabalhadores.Essa relação de desequílibrio é essencial para o sistema vigente, porquepermite uma pressão sobre o salários, para eles permaneçam sempre maisbaixos do que deveriam estar. Isto quer dizer que, quanto mais pessoasestiverem a procura de emprego , menor será o salário oferecido pôr seutrabalho, aplicando-se a qualquer nível e função.- Educação : a necessidade de aprender a ler e escrever tornou-se premente,sendo um direito do cidadão .

A alfabetização é possibilitada de maneira diferente para as pessoas. Tantocrianças em idade escolar podem Ter acesso a ela, quanto adultos, emprogramas especiais. Diferente também é a possibilidade que cada um tem deir a escola, pois existem crianças que dedicam-se integralmente aos estudos, eoutras que precisam exercer algum trabalho para ajudar na manutenção dafamília. Este problema é agravado porque muitas nem vaga tem conseguidonas escolas mais próximas e outras estão dentro de um deficiência do ensino,devido a insuficiência do equipamento e número de mestres.- Saúde : a saúde de uma população depende das possibilidades de acesso aassistência médica, a hospitais, entre outros. Deve ser entendida como umdireito do cidadão, sendo papel do governo formar políticas de saúde que

atendam as reais necessidades da população.No entanto, grande parcela da população encontra dificuldade em utilizar os

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serviços de saúde, deparando-se com problemas como insuficiência de leitos,mau estruturação de hospitais, falta de equipamentos, etc , que fazem com queo indivíduo encontre-se a margem da saúde pública, não tendo com isso, oatendimento necessário a uma de suas necessidades básicas.- Lazer : é a ocupação do tempo vago em algo que dê prazer para quem o faz.

Assim, o lazer é diferenciado de acordo com o poder de compra de cadafamília, com isso a maior parte da população não usufrui do lazer ou o faz nopróprio local de moradia,, pois não possui poder aquisitivo para viagens.Entretanto, muitas vezes, mesmo o lazer local torna-se inacessível para muitos,pois quase todo evento de lazer tem representado algum custo.Além disso, os eventos destinados ao lazer são direcionados aos mais jovens,não atingindo a todas as faixas etárias da população.- Saneamento básico : refere-se aos elementos da infra-estrutura da cidade,necessários a manutenção de condições condizentes com a saúde pública.Dentre estes estão a canalização de córregos, a rede de água e esgoto, aenergia elétrica, o asfaltamento de ruas, a coleta e a destinação do lixo urbano

residencial e industrial.O morador da periferia sempre é o mais privado, pois tanto os bens como osserviços que são “gerais” e “coletivos”, dependem de dinheiro para suaobtenção em cada bairro, o que quase sempre se transforma em mais umtranstorno, já que pela baixa renda, o salário está destinado somente àsobrevivência.- Meios de comunicação : em qualquer país eles interferem fortemente naformação do caráter coletivo da civilização, mas só em entendido em suaessência, quando estudado com muito cuidado e sem se basear apenas emopiniões pessoais, pois tornam-se massificadores, quando fazem com que osindivíduos aceitem idéias prontas, não conseguindo discernir sobre o que ébom ou ruim para o coletivo.- Assistência social : é um conjunto de medidas para atender as necessidadesbásicas do indivíduo , de caráter não contributivo e que constitui um direito detodo cidadão.Assim, a assistência social tem como objetivo suplementar os outrosatendimentos , quando significam bloqueios ou impedimentos de ordem social,para a sobrevivência dos indivíduos.Todos esse recursos e serviços, devem se interagir para garantir a populaçãomelhores condições de vida, sempre.

Qualidade de vida e desenvolvimento

Nos centros urbanos qualidade vida é ampliação crescente do acesso aos bense serviços produzidos em sociedade, ligada a elevação da condição humana.Desenvolvimento pode ser entendido socialmente, como um processo contínuoe global, devendo ser dirigido a todos os cidadãos, independente da classesocial. Deve ser a criação constante do homem do homem frente aos desafiossociais ocorridos na vida em comunidade.Assim , desenvolvimento supõe a sua criação no usufruir do crescimentoeconômico, no progresso tecnológico e socialO desenvolvimento deve então, favorecer ao alcance de uma vida com

qualidade a todos os cidadãos, mas o que se constata é que existe uma grandeparcela da população brasileira, que hoje não tem conseguido usufruir do

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processo de desenvolvimento, pôr encontrar-se a margem do modo deprodução.Deste modo, na atual sociedade os que já possuem uma vida estável e comqualidade, aumentam cada vez mais sua participação no processo dedesenvolvimento e aqueles que ficam “fora”, acabam pôr formar uma imensa

massa humana de excluídos, que vivem em situações cada vez mais precárias.

Pobreza e exclusão social

exclusão significa estar fora de algo, estar privado, e então, excluídos aqui,segundo alguns autores, são aquelas pessoas que “estão fora” do modo deprodução da sociedade e portanto a sua margem.Essas pessoas geralmente estão privadas de trabalho e emprego, vivendo detrabalhos esporádicos ou ainda ocupando empregos mal remunerados, e emconseqüência disso acabam não possuindo condições dignas para consumir 

nem o essencial, como alimentação, medicamentos, moradia, entre outrosbens. Restando assim a essa população, os densamente ocupados cortiçoslocalizados próximos ao centro da cidade , casa produzidas pelaautoconstrução em loteamentos periféricos, conjuntos habitacionais produzidospelo Estado, em via de regra distante dos centros, e as favelas quem emterrenos públicos ou privados invadidos, acabam formando grupos sociaisexcluídos, mas como agentes modeladores, ou seja, que produzem seu próprioespaço nas cidades.Essa produção de espaço “é uma forma de resistência, e ao mesmo tempoestratégia de sobrevivência, impostas a esses grupos que lutam por um espaçodentro das cidades”.¹Além deste, co-existem outros problemas que ligados ao problema habitacionalcomo : alimentação inadequada, ausência de infra-estrutura, baixo nível deescolaridade, alto custo de transporte coletivo.Todas essas dificuldades aliadas, contribuem para que os socialmenteexcluídos, fiquem cada vez mais privados de recursos e bens de serviços einformações, contribuindo para que se estabeleça cada vez mais um círculo demiséria e destituição social, que deve sempre ser alvo de planejamento einvestimento dos governos, principalmente do governo local.Postado por Prof. Miguel Jeronymo Filho às 05:12

O Governo Nas CidadesGoverno é entendido como sistema político e tempo durante o qual alguém administraum Estado, um Município. Assim governo pode ser entendido também como pessoasque eleitas para dirigir uma cidade , representam o que chamamos de poder público, ouseja, porque foram eleitos pelo conjunto de cidadãos que vivem no local, e em princípioa eles devem prestar contas de sua forma de atuar.Como poder público temos o conjunto de órgãos investidos de autoridade para realizar os fins do Estado. Assim, as cidades são geridas pelo poder local como instância degoverno que encontra-se mais próxima da população, constituindo sede no Município einstalado para gerir os recursos que em princípio são de todos.

Para manutenção e uma cidade, isto é, realização de obras, pavimentação de ruas,compra de equipamentos necessários, execução de serviços, é necessário que haja uma

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razoável quantidade de recursos financeiros, que provém da arrecadação pública, ouseja, de taxas ou impostos cobrados que se destinam essencialmente a proporcionar melhoria da qualidade de vida aos cidadãos. São eles:- Impostos : contribuições obrigatórias ao Estado, que devem reverter a coletividade sobforma de benefícios de interesse geral

- IPTU ( Imposto Predial e Territorial Urbano ), é o imposto que todo proprietário deimóvel (construção ou terreno ), recolhe ao poder público municipal. O imposto écalculado de acordo com o tamanho, o tipo de construção e a localização do imóvel,variando seu valor de bairro para bairro e de cidade para cidade.- Taxas : contribuições por um serviço público especificado, feito em favor de umdeterminado indivíduo, e que só exigido depois de efetivamente prestado, no que sediferencia do imposto.Se o governo arrecada deve investir de forma mais transparente possível, prestandocontas principalmente, aqueles que contribuem, sendo de sua competência prestar eorganizar os serviços ( públicos), dirigidos a todos.Assim, é imprescindível que saibamos quais as principais competências gerais que estão

a cargo dos Municípios.

As competências dos municípios e os serviços públicos municipais

Cabe ao Município junto a União, aos Estados e ao Distrito Federal fazerem valer ascompetências, a seguir segundo o art. 8º, parágrafo único da Constituição da República :- Zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e conservar o patrimônio público;- Cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e da garantia dos portadores dedeficiência;- Proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e cultural,os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos;- Proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e a ciência;- Proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas;- Preservar as florestas, a fauna e a flora;- Fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar;- Promover programas de construção de moradias e a melhoria das condiçõeshabitacionais e de saneamento básico;- Combater as causas da pobreza e os fatores de marginalidade, promovendo aintegração social dos setores desfavorecidos;- Registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e exploração

de recursos hídricos e minerais em seu território;- Estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito.Os governos só conseguem cumprir suas competências através dos serviço públicosmunicipais, que são todas atividades administrativas traduzidas em um fazer,representado por obras e utilidades, visando satisfazer interesses de natureza geral.Os serviços públicos podem ser legislativos, judiciários e executivos. No âmbitomunicipal há os serviços legislativo e administrativo, sendo o judiciário exercidoexclusivamente pela União, pelos Estados Federados e pelo Distrito Federal.A instituição dos serviços públicos é feita pelas esferas político-administrativas, em quese divide o Estado Federativo, isto é, a União, os Estados e Municípios, cujascompetências são definidas pela Constituição Federal.

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Pela Lei Maior, o Município tem obrigação de organizar e prestar diretamente ou sobregime de concessão ou permissão, os serviços públicos locais, incluído o de transportecoletivo.Partindo dessas diretrizes e competências fixadas em nível constitucional, cabe aomunicípio organizar seu serviços aliados aos interesses comuns de sua população.

Tais serviços devem ser desenvolvidos em conformidade com regras que garantam oseu bom desempenho, possibilitando adequada finalidade a que se destinam : ao bem eao desenvolvimento comum.Os serviços públicos municipais são possíveis de serem submetidos a constantescontroles que podem ser internos e externos. O controle interno é exercido pela própriaadministração, através de níveis hierárquicos e órgãos correcionais específicos, visandoa sua regularidade permanente. O externo provém de organismos que não se inserem naadministração, e que é exercido por órgãos jurisdicionais anômalos, como os Tribunaisde Contas ou por outro poder dentro de sua finalidade institucional de fiscalização,como no caso do Legislativo em relação ao executivo. Há também o controle

 jurisdicional, propriamente dito, que se abre sempre que a administração, desviando-se

do se rumo legal e moral, violar direito público subjetivo.O controle abrange também as hipóteses de atividades descentralizadas ou delegadas a

 particulares, através da concessão e permissão. Nesse caso, a administração central,embora preservando o “status jurídico” de cada agente ou órgão prestador , devemanter-se em permanente vigília, interferindo por impulso próprio ou a chamado deinteressados, sempre que houver irregularidade no desempenho dos serviços. Essaintervenção deve ser efetuada segundo critério de legalidade, atendendo-se ao quedispõem as regras constitucionais e legais específicas para cada situação.Se são os próprios que custeam os serviços, estes também devem exercer um papel decontrolador. Hoje esse controle é feito através dos conselhos setoriais de saúde,assistência social, criança e adolescente, educação que são formas básicas de mediaçãoentre a sociedade civil e o Poder Executivo. Funcionam inclusive como estratégia dedivisão do poder no governo local.A execução dos serviços é feita diretamente pelo Poder Público, através da máquinaadministrativa ou a confiados a entes público, mistos ou a particulares concessionários e

 permissionários para seu implemento, sendo assim , considerado de administração,indireta, mas podem também ser executados por terceiros mediante serviço ou de obra

 pública.Assim, com o processo de descentralização e municipalização, o município passaria ater maior autonomia e haveria maior participação da sociedade civil na prestação deserviços públicos municipais.

As Tendências da Descentralização e Municipalização dos serviços

Municipalizar significa uma articulação das formas do Município como um todo para a prestação de serviços, cujos co-responsáveis seriam a Prefeitura e organização dasociedade civil . Seria então, um processo de levar os serviços mais próximos a

 população.A municipalização junto a descentralização, que seria a redistribuição do poder entreEstado e as coletividades locais, implicando em autogestão local. Como estratégia deconsolidação democrática, estão ligadas a participação, mostrando que a força dacidadania está no município. É no município que o indivíduo nasce, vive, constrói sua

história, fiscaliza e participa do controle.

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Justamente por ser o nível de governo mais próximo a população, com a autonomiamunicipal estará mais sujeito ao controle popular que os outros níveis.A municipalização constitui também uma maneira de organizar o trabalho do Estado,que é muito amplo. Com isso, possibilita maior racionalidade, agilidade eeficiência.Porém existem certas contradições que não devem ser mascaradas, como :

- “a descentralização não pode ser a centralização camuflada, que só divide o poder entre o Chefe Executivo e seus assessores;- a municipalização não pode ser confundida como Prefeiturização, pois ela é maisampla, envolve o coletivo local e não só prefeito e assessores.A municipalização necessita obedecer a certos princípios e certas condições para que seefetue.Os princípios são :- a descentralização- o fortalecimento administrativo- a participação comunitária- o enfoque integrador da administração local

As condições são :- política tributária condizente;- fim da legislação centralizadora;- maior racionalidade das ações;- fim da administração convencional;- programas efetivos de apoio técnico aos municípios;- existência de recursos humanos habitados em nível local;- capacidade de gestão;- planejamento participativo em nível local; e- participativo popular e não apenas formal.Assegurando tais condições, haverão conseqüências importantes, como :- a aproximação do Estado do “locus” cotidiano da população;- a garantia de maior racionalidade e economia de recursos, assegurando maior articulação e ação interinstitucional no que se refere aos níveis federal, estadual emunicipal;- a redução e a simplificação do aparelho estatal.” ¹Observando os princípios acima citados, a municipalização será efetivada, favorecendoa população que participará e terá programas e projetos específicos para sua realidade,com esse processo os recursos serão melhor aplicados pelo município. No entento,apesar da União Ter avançado em parte na Estadualização, os municípios enfrentam

 problemas com os Estados no momento da discussão dos repasses de recursos e da

divisão de serviços.

PDDI – Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado do Município

Como já dissemos, existe uma proposta em nível nacional para que as ações político-administrativas sejam municipalizadas, com adequada distribuição de poderes políticose financeiros.Assim, cada município deve organizar o seu Plano Diretor de DesenvolvimentoIntegrado (PDDI). Em Botucatu temos o PDI, segundo lei complementar nº 188 de 18de março de 1998.O Plano Diretor seria um plano para direcionar o crescimento e o desenvolvimento do

Município, tanto na zona urbana como na zona rural, em todos os campos de atuação do poder público, procurando melhorara as condições de vida da população.

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Postado por Prof. Miguel Jeronymo Filho às 05:14

Habitação do BrasilHá em todo o país 39.735.768 domicílios permanentes (casa, apartamento ou

cômodo, excluídas as moradias improvisadas) segundo dados da PesquisaNacional por Amostra de Domicílios (PNAD-1996), do IBGE. Dessas moradias,73,6% são próprias; 13,6%, alugadas; 12,3%, cedidas; e 0,5% em outrascondições, como invasões, por exemplo. Quanto à densidade por dormitório,17% tem apenas um morador; 54,4% tem mais de 1 até 2; 19,7% tem mais dedois até três e 6,% mais de três até quatro.Os dados sobre favelas são antigos. Aproximadamente 1 milhão de moradiasestão em favelas, segundo o Censo de 1991. Nelas residem 4,4 milhões depessoas, em sua maioria nos estados de São Paulo (com 29,8% do total) e Riode Janeiro (24,8%) Estudo da Fipe, Fundação Instituto de PesquisasEconômicas, aponta diferenças significativas no poder aquisitivo dos

moradores das favelas, o que faz com que existam simultaneamenteconstruções de alvenaria e de materiais sem resistência, como papel epapelão. A maior parte da população favela da vive abaixo da linha de pobreza,com renda média familiar que oscila entre quatro e cinco salários mínimos.Alguns bens duráveis já estão bastante disseminados nas moradias brasileiras.Segundo a PNAD, 96,6% dos domicílios possuem fogão; 58,0%, filtro de água;90,4%, rádio; 84,3%, televisão; e 78,2%, geladeira. Outros bens estão restritosa um número muito menor de casas. Apenas 30,4% têm máquina de lavar roupa; 25,4%, telefone; e 18,0%, freezer.Do total de moradias, 81,1% estão nas cidades. Isso é conseqüência doprocesso de urbanização acelerada, que começa a partir dos anos 50. Essa

urbanização não foi acompanhada por investimentos que garantissem boascondições de vida para os moradores das cidades. A população de favelas,cortiços e bairros periféricos das grandes cidades tem acesso precário à águapotável, ao saneamento básico e à coleta de lixo.Abastecimento de água – Segundo, ainda, o registro da PNAD, 77,6% dosdomicílios no país são abastecidos de água pela rede geral de distribuição. Orestante, por água de poço ou nascente, carro-pipa ou coleta de chuva. Muitasvezes a água consumida nas casas não é tratada nem canalizada, o quefavorece a contaminação por germes e parasitas.Para evitar os riscos que o tratamento inadequado da água pode provocar tanto para a saúde humana quanto para o meio ambiente, podem ser adotadasalgumas medidas de controle e prevenção. Os açudes e reservatórios devemser circundados por uma área de proteção, para que não haja contaminaçãodecorrente de construções habitacionais, da criação de animais ou de outrasculturas. É necessário também impedir o desmatamento e incentivar oreflorestamento das zonas de proteção. O transporte da água precisa ser feitopor canalização fechada desde a nascente até os reservatórios e pontos deconsumo. Nas casas, os depósitos têm de ter tampas que impeçam a entradade mosquitos, poeiras, líquidos ou matéria orgânica. Se o abastecimento for proveniente de poço, este não pode estar perto de fontes de poluição, comofossas, áreas de criação animal e depósitos de lixo.

Há vários métodos de tratamento da água. Entre os mais usados estão afiltragem, feita na nascente ou no domicílio; e a depuração por agentes físicos,como calor ou eletricidade, ou por agentes químicos como o cloro, em uso no

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mundo inteiro.Esgotos – Pela PNAD, em 40,3% dos domicílios do país o escoamentosanitário é feito por rede coletora; em 23,3%, por fossa séptica; em 26,0%, por fossas secas ou diretamente em valas, rios, lagos ou mar; e em 10,4% não hánenhuma forma de escoamento.

As duas formas de escoamento dos dejetos sanitários domiciliares usadas sãoa rede coletora ou a fossa. Na rede coletora ocorre o transporte canalizado,com ou sem tratamento, dos detritos rumo a um escoadouro de determinadaregião. Em geral, o destino final das redes é um rio ou, no caso de cidadeslitorâneas, o mar. Quando não tratado, esse esgoto é uma das principaiscausas de poluição das águas. Em áreas desprovidas de sistema público deesgoto, as fossas são uma opção. Elas classificam-se em dois tipos: séptica ouseca. A séptica é constituída de um tanque séptico e um sumidouro. O tanqueséptico recebe os dejetos junto com a água. A parte sólida, retida por certotempo para a sedimentação, sofre um processo de digestão por microorganismo anaeróbios, enquanto o líquido passa para o sumidouro, que,

com paredes permeáveis, permite sua infiltração no solo. A fossa seca é umburaco com 1 m de diâmetro por 2,5 m de profundidade que recebe os detritosdiretamente, sem água. Sobre o buraco se constrói um piso, de concreto,madeira ou outros materiais disponíveis na região. É uma solução de baixocusto, freqüente em construções sem água encanada. Quando está cheia, afossa seca pode ser transferida de local ou esvaziada.Quando construídas semas precauções adequadas, permitem contaminação do lençol freático.Coleta de lixo – Em 73,2% dos domicílios há coleta de lixo, segundo a PNAD.Na maioria das vezes é recolhido diretamente nas casas por empresas delimpeza públicas ou privadas. Pode também ser depositado em caçambas,tanques ou depósitos para coleta posterior. Parte do lixo doméstico, no entanto,ainda é despejado, em terrenos baldios. Sem tratamento, o lixo favorece atransmissão de doenças como febre tifóide, salmonelose, disenteria, malária,febre amarela, raiva, peste bubônica, leptospirose, sarna e certas verminoses,na medida em que permite a proliferação de insetos e roedores. A queima deresíduos sólidos causa danos para o meio ambiente, contaminando o solo, aágua e o ar.Postado por Prof. Miguel Jeronymo Filho às 05:19

O Meio Rural e o UrbanoSomente a sociedade humana “habita” o planeta, no sentido de transformá-losegundo um objetivo pré-determinado. As metamorfoses do espaço habitadoacompanham a maneira como a sociedade humana se expande e se distribui,acarretando sucessivas mudanças demográficas e sociais em cada continente(mas também em cada país, em cada região e em cada lugar). O fenômenohumano é dinâmico e uma das formas de revelação desse dinamismo está,exatamente, na transformação qualitativa do espaço habitado.A noção de distribuição espacial da humanidade, se considerada apenas emrelação às condições naturais, é insuficiente. O hábitat, isto é, o espaçoconstruído pelo homem, era antigamente o seu lugar de residência e de

trabalho, e o espaço destinado às relações que uma vida socialgeograficamente confinada gerava, por meio do processo produtivo, tanto nosseus aspectos materiais como nos seus aspectos não materiais.

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Considerando a totalidade da superfície terrestre, aparecem grandes espaçosque estão quase vazios: são as zonas polares e as terras submetidas durantesete ou oito meses a temperaturas muito baixas, ou ainda, as regiões degrande altitude. As extensões quentes e secas também formam parte doconjunto muito debilmente povoado. A Amazônia (América do Sul) e o Congo

(África) não contam, em média, com mais do que 2 ou 3 habitantes por km² .Ao contrário, na Ásia encontram-se regiões de clima quente e úmidofortemente povoadas. E as mesmas desigualdades ocorrem nas zonastemperadas.Para explicar esses contrastes de concentração de população é necessáriofazer as distinções abaixo.Grandes regiões industriais: cujo povoamento mais importante data do séculoXIX. Sua ocupação foi provocada pelos efeitos da Revolução Industrial,determinando uma concentração maciça da população nas cidades.Grandes regiões agrícolas: nas quais também existem desigualdades depovoamento por causa das condições geográficas e históricas.

No decorrer dos séculos, tanto o crescimento econômico como o crescimentodemográfico foram muito lentos em todos os países. Até o século XIX, oshomens eram essencialmente agricultores. Mas, a partir desse século, ocorreuuma transformação demográfica cujos múltiplos efeitos passaram a ter importância cada vez maior, como conseqüência das mudanças econômicas,sociais, políticas e culturais que se produziram desde o início do século XIX, acujo conjunto se denominou Revolução Industrial. A partir de então, aagricultura se transformou; o comércio e os meios de transporte sofreramgrande impulso. As cidades se multiplicaram e passaram a ser cada vez maisimportantes.A divisão entre os setores primário (agricultura e pecuária), secundário(indústria) e terciário (comércio e serviços) aprofundou-se em escala mundial, ea população economicamente ativa (aquela efetivamente engajada naeconomia) empregada no setor secundário passou a assumir importância cadavez maior na força de trabalho mundial.Cerca de 2,5 bilhões de homens e mulheres vivem nas zonas rurais de todo omundo, e 2 bilhões deles são camponeses que cultivam cerca de 1,5 bilhõesde hectares, ou seja, aproximadamente 10% das terras emersas. Mas adistribuição das riquezas de que dispõem esses diferentes grupos nãocorresponde à distribuição da população.Boa parte dos meios de produção está concentrada em países que contam

com uma agricultura muito produtiva, concentrando também a produçãoindustrial. Esses países possuem, ainda, potencial científico e tecnologiaavançada.A agricultura, hoje, não é mais a atividade principal dos países desenvolvidos.No entanto, continua sendo o meio de vida da maioria dos habitantes dospaíses subdesenvolvidos.A partir do século XIX, a agricultura sofreu grandes modificações emconseqüência da transformação dos modos de produção no espaço, passandode uma agricultura de subsistência para uma agricultura comercial. Mas, emmuitos casos, os camponeses que têm de cultivar para a exportação nãoconseguem preço suficiente para os produtos de seu trabalho nem chegam a

produzir o suficiente para sustentar a família.As atividades agrícolas praticadas por povos diferentes são extremamente

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variadas. Existem vários sistemas de cultivo, isto é, o conjunto de técnicasempregadas numa exploração agropecuária e de utilização do solo.Também temos de levar em conta as diferenças de estrutura agrária. Elas sedistinguem nas formas de propriedade da terra (propriedade coletiva, pequenapropriedade privada, grande propriedade privada), cujas colheitas podem ficar 

com o proprietário ou ser repartidas entre o proprietário e os cultivadores.Às vezes a terra pertence a quem a trabalha, seja um grupo social (propriedadeou exploração coletiva) ou uma pessoa (pequeno proprietário). Na maioria doscasos, porém, a terra não pertence a quem a cultiva.Hoje, os sistemas agrícolas dos países desenvolvidos são, geralmente,intensivos e de produtividade alta, pois os meios técnicos aplicados naprodução são consideráveis e apresentam grandes investimentos de capitais. Aaplicação desses capitais tem como objetivo prover determinado produto; e abusca dos lucros é o que determina a combinação de cultivos escolhida, semperder de vista as demandas do mercado.Como conseqüência da expansão européia em áreas escassamente povoadas,

a agricultura dos países “novos” (Estados Unidos, Canadá, Argentina,Austrália) nasceu quase ao mesmo tempo que a Revolução Industrial, que foilhes fornecendo os meios técnicos para valorizar os imensos espaços agrícolasdisponíveis.A instalação da agricultura comercial nos países tropicais, destinada aabastecer os países industrializados, adquiriu a forma de grandes plantaçõescoloniais. As maiores plantações se encontram na América Latina, que ofereceprodutos de grande valor no mercado internacional. No entanto, as populaçõesque nelas trabalham são muito pobres, já que a colheita pertence a grandesproprietários.O aumento populacional e o desenvolvimento têm vínculos complexos. Nopassado, por meio da intensificação da agricultura e do aumento daprodutividade, as nações puderam enfrentar as crescentes pressõespopulacionais sobre a terra disponível.A pressão populacional já está forçando os agricultores tradicionais atrabalharem mais, quase sempre em fazendas cada vez menores, situadas emterras marginais, apenas para manter a renda familiar. Na África e na Ásia, apopulação rural praticamente dobrou entre 1950 e 1985, com umcorrespondente declínio na disponibilidade de terra. O rápido aumentopopulacional também cria problemas urbanos de cunho econômico e social,que ameaçam impossibilitar a administração das cidades.

O aumento populacional acelerou-se em meados do século XVIII, com oadvento da Revolução Industrial e das correspondentes melhorias naagricultura, não só nas regiões mais desenvolvidas como também em outras. Afase recente de aceleração começou por volta de 1950, quando as taxas demortalidade tiveram redução acentuada nos países em desenvolvimento.Hoje, o aumento populacional concentra-se nas regiões subdesenvolvidas daÁsia, da África e da América Latina, responsáveis por 85% do aumento dapopulação mundial a partir de 1950.O aperfeiçoamento das comunicações possibilitou grandes deslocamentos depessoas, às vezes como uma reação natural ao aumento das oportunidadeseconômicas em determinadas áreas. Isso aumentou rapidamente a mobilidade

da população, acelerando as migrações internas e externas.Grande parte dos deslocamento dá-se do campo para a cidade. Em 1985,

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cerca de 40% da população mundial vivia em cidades. A magnitude damigração para as cidades é comprovada pelo fato de que, a partir de 1950, oaumento população urbana foi maior que o aumento da população, tanto emtermos percentuais como absolutos.Esse deslocamento é mais impressionante nos países em subdesenvolvidos,

nos quais o número quadruplicou nesse período.No final deste século, quase metade do mundo estará vivendo em áreasurbanas desde pequenas cidades até megalópoles. O sistema econômicomundial está se tornando cada vez mais urbano, com redes justapostas decomunicações, de produção e de mercadorias.Tal sistema, com seus fluxos de informação, energia, capital, comércio epessoas, gera a coluna dorsal do desenvolvimento nacional. As perspectivasde uma cidade, grande ou pequena, dependem essencialmente do lugar queela ocupa no sistema urbano, nacional e internacional.Em muitas nações, certos tipos de indústria e de empresa de serviços estão sedesenvolvendo em áreas rurais. Mas essas áreas vêm recebendo serviços e

infra-estrutura de alta qualidade, com sistemas avançados detelecomunicações, que fazem com que sua atividades sejam parte integrantedo sistema urbano-industrial nacional e global. De fato, o interior está sendo“urbanizado” cada vez mais aceleradamente.O século XX é o da “revolução urbana”. Depois de 1950, o número de pessoasque vivem nas cidades quase triplicou; nas regiões mais desenvolvidas, apopulação urbana dobrou; no mundo menos desenvolvido, quadruplicou.Em muitos países em desenvolvimento, as cidades têm crescido muito além doque jamais se poderia imaginar. Poucos governos de cidades do mundo emdesenvolvimento, cujas populações crescem a um ritmo acelerado, dispõem depoderes, recursos e pessoal treinado para lhes fornecer as terras, os serviços eos sistemas adequados a condições não-degradantes de vida: água potável,saneamento, escolas e transportes.O resultado disso se revela na proliferação de assentamentos ilegais dehabitações toscas, nas aglomerações excessivas e na taxa de mortalidadealtíssima, decorrente de um meio ambiente insalubre, por causa de problemasde infra-estrutura deteriorada, degradação ambiental, decadência do centrourbano e descaracterização dos bairros. Os desempregados, os idosos e asminorias étnicas e raciais podem mergulhar numa espiral descendente dedegradação e pobreza, pois as oportunidades de emprego diminuem, e osindivíduos mais jovens e mais instruídos vão abandonando os bairros

decadentes.No mundo industrializado, as cidades também são responsáveis por problemasde alcance global, tais como o consumo de energia e a poluição ambiental.Muitas delas obtêm seus recursos e sua energia de terras distantes, com fortesimpactos coletivos sobre essas terras distantes.Em geral, o crescimento urbano muitas vezes vem antes do estabelecimentode uma base econômica sólida e diversificada para apoiar o incremento dainfra-estrutura, da habitação e do emprego. Em muitos lugares, os maioresproblemas estão ligados a padrões inadequados de desenvolvimento agrícola eurbano.A crise econômica mundial dos anos 80 não resultou somente em menores

rendas, maior desemprego e na eliminação de muitos programas sociais. Elatambém diminuiu drasticamente a já baixa prioridade dada aos problemas

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urbanos, aumentando a deficiência crônica dos recursos necessários paraconstruir, manter e administrar as cidades.

As interações urbanas contemporâneas

Os sistemas urbanos constituem redes, formadas por um conjuntohierarquizado de cidades com tamanhos diferentes, ou seja, onde se observa ainfluência exercida pelos centros maiores sobre os menores. A hierarquiaurbana se estabelece a partir dos produtos e dos serviços que as cidades têmpara oferecer. Quanto mais diversificada for a economia de uma cidade, maior será a sua capacidade de liderar e influenciar os outros centros urbanos comos quais mantém relações.Assim se cria um sistema de relações no qual as cidades mais desenvolvidaslideram a rede urbana. As cidades maiores influenciam as cidades médias, eestas influenciam as cidades menores.As metrópoles correspondem a centros urbanos de grande porte: populosos,

modernos e dotados de graves problemas de desigualdades sociais. Nelaspredomina o trabalho assalariado, que, aliado ao tamanho da população,contribui para a formação de um significativo mercado consumidor. Paraatender a esse mercado, os estabelecimentos comerciais se multiplicam e asredes de prestação de serviços de toda espécie se ampliam, o que configuraum grande desenvolvimento do setor terciário da economia.A concentração populacional amplia a oferta de mão-de-obra e, desse modo,atrai investimentos produtivos que contribuem para o desenvolvimento daindústria, com a expansão do setor secundário não apenas na metrópole, mastambém nas regiões circunvizinhas.Quando os limites físicos das cidades estão muito próximos, formam-seconurbações. Isso ocorre principalmente nas regiões mais desenvolvidas, ondegeralmente há uma grande rodovia, um porto ou sistemas de comunicaçãoaperfeiçoados que expandem continuamente a área física das cidades.Ao contrário do que normalmente se considera, a megalópole não é umamegametrópole, mas uma conurbação de metrópoles. É encontrada emregiões de intenso desenvolvimento urbano, e nelas as áreas rurais estãopraticamente ausentes.As principais megalópoles contemporâneas são: Boswash. (localiza-se nonordeste dos Estados Unidos); Chipits,(também está localizada nos EstadosUnidos, ao sul dos Grandes Lagos); Tokkaido,(corresponde a uma das

megalópoles mais populosas do mundo. Localizada no sudeste do Japão);Renana, (localizada na Europa ocidental, junto ao vale do Reno).A urbanização corresponde principalmente a um processo de transferência depopulações das zonas rurais para as cidades; quando ele é muito intenso,recebe o nome de êxodo rural.Os países mais desenvolvidos - No século XIX, a urbanização foi mais intensanos países que realizaram a Revolução Industrial e que constituem hoje paísesdesenvolvidos. As novas possibilidades de trabalho na indústria e no comércioatraíram as populações da zona rural para as cidades.No pós-guerra, a concentração humana e a elevação do poder aquisitivo daspopulações dos países mais desenvolvidos produzi¬ram um grande aumento

do consumo de bens e serviços, que favoreceu a expansão do setor terciárioda economia. Como nesse período também ocorreu um grande

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desenvolvimento da tecnologia industrial, a produtividade aumentou e asnecessidades de mão-de-obra se reduziram.Os países subdesenvolvidos - O século XX se caracterizou pela urbanizaçãodos países subdesenvolvidos. O ritmo se acelerou a partir de 1950, devido aoaumento das taxas de crescimento populacional e, em muitos desses países, à

industrialização, propiciada pelos significativos investimentos das empresasmultinacionais. Formaram-se grandes cidades, para as quais as populações dazona rural se deslocaram em busca de melhores condições de vida, pois era alique a industrialização estava mais presente, com maior disponibilidade deemprego, conforto e ascensão social.Nessas cidades, contudo, a industrialização adotou um padrão tecnológicomuito mais moderno do que o utilizado pelas indústrias do século XIX, o queresultou na criação de menos empregos. Por isso, mui¬tas pessoas que sedeslocaram para as cidades não encontraram trabalho e passaram a viver emsituação de extrema pobreza, em locais insalubres, como favelas e cortiçossem luz, água, rede de esgotos, transportes coletivos e demais serviços

urbanos.Por isso, nessas cidades o setor terciário informal - aquelas atividades não-regulamentadas, como a dos camelôs e biscateiros - cresce mais que o formal.Essa situação é chamada de hipertrofia do terciário.América Latina - É a região mais urbanizada entre o conjunto dos paísesmenos desenvolvidos e, desde o início da década de 1970, a população urbanaé superior à população rural.Essa região foi a primeira a conquistar a independência política, a constituir uma economia de mercado e a desenvolver atividades industriais, aindadurante o século XIX. Desde o início do século XX, e principalmente após1940, outros fatores contribuíram para acelerar a urbanização. A concentraçãode terras herdadas do período colonial se perpetuou no latifúndio, o queagravou a pobreza rural e estimulou a população de origem camponesa amigrar para as cidades. Além disso, muitas propriedades rurais semodernizaram, adotando procedimentos administrativos característicos dasgrandes empresas urbanas e passando a utilizar máquinas agrícolas emgrande escala, que reduziram a necessidade de mão-de-obra.Em quase toda a América Latina, os índices de urbanização são elevados, coma população urbana ultrapassando 70% na maior parte dos países, comexceção da região da América Central, da Bolívia e do Paraguai.A urbanização da África - A maior parte da população vive na zona rural, pois

as atividades agrárias predominam na estrutura econômica de quase todos ospaíses do continente.Mesmo assim, desde o início da década de 1970 os países da África são osque apresentam as taxas de urbanização mais eleva¬das entre os paísesmenos desenvolvidos, com um aumento superior a 5% ao ano. Em 1960, apopulação urbana da África correspondia a 210 milhões de habitantes; hojecorresponde a mais de 420 milhões. O ritmo de transferência de populações docampo para a cidade é crescente, e para isso contribui o grave estado depobreza da maior parte das sociedades africanas. Cerca de 216 milhões depessoas, ou 47,8% da população absoluta, vivem abaixo da linha de pobrezadelimitada pela Organização das Nações Unidas (ONU), com uma renda anual

inferior a 370 dólares.A urbanização africana está relaciona¬da com a ampliação da economia de

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exportação, a partir de 1950, quando houve um grande aumento do consumomundial de matérias-primas, combustíveis fósseis e produtos agrícolas.As áreas de urbanização mais acentua¬da são a República da África do Sul,um país industrializado; os países que se localizam em torno do golfo daGuiné, com sua indústria petrolífera; e a região do litoral do mar Mediterrâneo,

de onde parte importante ro¬ta marítima internacional, o que lhe permitemanter uma forte integração econômica com os países europeus.A urbanização na Ásia - O continente mais populoso do mundo, não tem umatradição urbana. A população ainda é predominantemente rural, mas desde adécada de 1960 a migração do campo para as cidades aumentou muito osíndices de urbanização. Calcula-se que no início do século XXI cerca de 2bilhões de asiáticos estarão vivendo em cidades, o que pode significar oaumento da pobreza. Hoje, a situação já é dramática. Na Índia e emBangladesh, na Ásia meridional, cerca de 562 milhões de pessoas, ou 49% dapopulação, vivem com uma renda anual inferior a 370 dólares por habitante, talcomo no continente africano.

A industrialização dos países conhecidos como tigres asiáticos (Coréia do Sul,Taiwan, Cingapura e Hong Kong), ocorrida nas últimas décadas, e a recenteascensão econômica dos chamados novos tigres (Malásia, Tailândia, Indonésiae Filipinas) aumentaram a oferta de trabalho, transformaram suas principaiscidades em pólos de forte atração populacional e contribuíram para acelerar aurbanização asiática.Postado por Prof. Miguel Jeronymo Filho às 05:20

roblemas Sociais Urbanos

O processo de urbanização do Brasil, fruto de uma industrialização tardia,realizada num país subdesenvolvido, trouxe uma série de problemas. Essesproblemas urbanos normalmente estão relacionados com o tipo dedesenvolvimento que vem ocorrendo no país por várias décadas, do qual, por um lado, aumenta a riqueza de uma minoria e, por outro, agrava-se o problemada maioria dos habitantes.Um desses problemas é a moradia. Enquanto em algumas áreas das grandescidades brasileiras surgem ou crescem novos bairros ricos com, comresidências moderníssimas, em outras, ou as vezes, até nas vizinhanças,multiplicam-se as favelas, cortiços e demais habitações precárias.Mas o tipo de habitação popular que vem crescendo nos últimos anos, nosgrandes centros urbanos do país, é a casa própria da periferia. Trata-se deuma casinha que o trabalhador constrói, ele mesmo, com a ajuda de familiarese amigos, sob a forma de mutirão, geralmente nos fins de semana e feriados,num lote de terra que adquire na periferia da cidade. A construção leva váriosanos e o material vai sendo adquirido aos poucos.Ocorre, porém, que, ao residir na periferia da grande cidade, o trabalhador esua família terão de gastar mais em transporte para o serviço, além de perder várias horas por dia dentro de ônibus ou trens. E o transporte coletivo (ônibus,trens, metrôs) é um dos grandes problemas das metrópoles brasileiras, comcarência e precariedade das linhas de ônibus e trens, com atraso na expansão

das linhas de metrôs nas cidades onde esse transporte existe, sem contar oacédio sexual e roubos que ocorrem nos vagões ou nos ônibus lotados, nosquais vão pessoas penduradas nas portas, janelas ou até mesmo em cima dos

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mesmos, representando um grande perigo de acidentes.Outro problema importante nas grandes cidades brasileiras é a infra- estruturaurbana: água encanada, pavimentação de ruas, iluminação e eletricidade,transportes, rede de esgotos etc. Apesar de a cada ano aumentar a áreaabrangida por esses serviços, o rápido crescimento das cidades torna-os

sempre insuficientes. E a ampliação dessa infra-estrutura não tem conseguidoacompanhar o ritmo de crescimento das áreas urbanas dessas metrópoles.Assim, na Grande São Paulo, por exemplo, apenas 50 % dos domicílios sãoservidos por rede de esgotos e 65 % pela de água encanada.Essa insuficiência dos recursos aplicados na expansão da infra-estruturaurbana decorre não apenas da rápida expansão das cidades como também daexistência de terrenos baldios ou espaços ociosos em seu interior. É comumempresas imobiliárias, ao realizarem um loteamento na periferia, onde aindanão existem serviços de infra-estrutura, deixarem, entre as áreas que estãovendendo e o bairro mais próximo, um espaço de terras sem lotear. Com ocrescimento da área loteada, ocorrerão reivindicações para que o local provido

de infra-estrutura. E, quando isso ocorrer, tais serviços terão que passar peloespaço ocioso. Aí é que esse espaço poderá ser vendido ou loteado, masagora por um preço bastante superior.Esse procedimento acaba prejudicando a maioria da população, pois leva apopulação trabalhadora da periferia para locais cada vez mais distantes docentro da cidade. Esses espaços vazios ou ociosos abrangem atualmentecerca de 40 % da área urbana da cidade de São Paulo.Outro problema comum nas grandes cidades é a violência urbana. Osacidentes de transito, com milhares de feridos e mortos a cada ano. O abusodo motorista e o desrespeito ao pedestre são de fato algo comum. A violênciapolicial, especialmente sobre a população mais pobre, é também muitofrequente. E o número de assaltos, estupros e assassinatos cresce cada vezmais. Surgiu nos últimos anos, nas grandes metrópoles até uma figura nova deassaltante: o trombadinha, delinquente juvenil, fruto do crescimento dodesemprego e do declínio dos salários reais, isto é, da inflação sempre superior aos aumentos salariais; como decorrência desses fatos, agravados ainda pelafalta de assistência social às famílias pobres, às mães solteiras, às vitimas deestupro ou da violência do marido, do pai, etc., multiplicam-se pelas ruas osmenores abandonados, a partir dos quais surgirão os trombadinhas oudelinqüentes juvenis.Postado por Prof. Miguel Jeronymo Filho às 05:22