a quem realmente interessa

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mineirasemfreio.com.br http://www.mineirasemfreio.com.br/2011/06/maconha-quem-realmente- interessa.html#more a quem realmente interessa Ontem assistindo à novela Insensato Coração, vejo uma roda de samba comandada por Marcelo D2, onde de três músicas cantadas, duas eram do repertório de Bezerra da Silva relacionadas à maconha. Pois é pessoas, a maconha vai ser descriminalizada e provavelmente em poucos anos legalizada. E não pensem que foi por pressão de um ou outro evento realizado por usuários ou pessoas que defendam a descriminilização. Há interesses bem maiores. O que os meios de comunicação em especial a Globo fazem ao colocar um cantor que teve diversos problemas por defender a legalização da droga, cantando canções que remetem à ela em horário nobre, ou ainda, coloca um ex presidente, sociólogo respeitado no mundo, colocando abertamente seu posicionamento favorável à erva, é simplesmente ir acostumando a população com a idéia de que a maconha em breve será uma droga legal, assim como cigarro ou bebida. Fazendo com que as pessoas sintam-se mais tolerantes em relação à maconha, fica bem mais fácil aprovar as leis relativas a ela, por que a resistência popular, se houver, será bem menor. Esse interesse na legalização da maconha, não é privilégio brasileiro. Nos Estados Unidos essa discussão também ocupa espaço; a maconha já é considerada o "maior" produto agrícola norte americano se levado em conta seu valor comercial, segundo levantamento feito por Jon Gettman , PhD em Política Pública da George Mason University, na Virgínia do Norte, e líder da Coalizão para Reclassificação da Cannabis. Nos Estados Unidos, o uso medicinal da maconha já é legalizado em alguns estados e seu consumo não medicinal é tolerado em outros, sendo passível de sanções leves. Há ainda a questão do cânhamo; legalizar a maconha facilita o cultivo e comercialização da fibra utilizada para fabricação de tecidos, calçados, cordas e papel por exemplo. Alguns países permitem o cultivo do cânhamo, mas na maioria deles o cultivo da planta que também é uma cannabis, é regulamentado ou proibido devido ao status de droga que a maconha possui. É fato de que os governos perderam a batalha contra o tráfico e os gastos com o combate à droga e a manutenção de presos por tráfico começam a ser vistos como algo que pode ser evitado. Legalizar o consumo, seria um primeiro passo para a tributação da droga e aí, ao invés de gerar gastos, geraria impostos. Sem contar

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Texto opinativo sobre a discussão levantada em torno da discriminalização da maconha

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Page 1: A quem realmente interessa

mineirasemfreio.com.br http://www.mineirasemfreio.com.br/2011/06/maconha-quem-realmente-interessa.html#more

a quem realmente interessaOntem assistindo à novelaInsensato Coração, vejo umaroda de samba comandadapor Marcelo D2, onde de trêsmúsicas cantadas, duas eramdo repertório de Bezerra daSilva relacionadas àmaconha.

Pois é pessoas, a maconhavai ser descriminalizada eprovavelmente em poucosanos legalizada. E nãopensem que foi por pressãode um ou outro eventorealizado por usuários oupessoas que defendam adescriminilização. Háinteresses bem maiores. Oque os meios de comunicação em especial a Globo fazem ao colocar um cantor que teve diversosproblemas por defender a legalização da droga, cantando canções que remetem à ela em horárionobre, ou ainda, coloca um ex presidente, sociólogo respeitado no mundo, colocando abertamenteseu posicionamento favorável à erva, é simplesmente ir acostumando a população com a idéia deque a maconha em breve será uma droga legal, assim como cigarro ou bebida. Fazendo com queas pessoas sintam-se mais tolerantes em relação à maconha, fica bem mais fácil aprovar as leisrelativas a ela, por que a resistência popular, se houver, será bem menor.

Esse interesse na legalização da maconha, não é privilégio brasileiro. Nos Estados Unidos essadiscussão também ocupa espaço; a maconha já é considerada o "maior" produto agrícola norteamericano se levado em conta seu valor comercial, segundo levantamento feito por Jon Gettman,PhD em Política Pública da George Mason University, na Virgínia do Norte, e líder da Coalizãopara Reclassificação da Cannabis. Nos Estados Unidos, o uso medicinal da maconha já élegalizado em alguns estados e seu consumo não medicinal é tolerado em outros, sendo passívelde sanções leves.

Há ainda a questão do cânhamo; legalizar a maconha facilita o cultivo e comercialização da fibrautilizada para fabricação de tecidos, calçados, cordas e papel por exemplo. Alguns paísespermitem o cultivo do cânhamo, mas na maioria deles o cultivo da planta que também é umacannabis, é regulamentado ou proibido devido ao status de droga que a maconha possui.

É fato de que os governos perderam a batalhacontra o tráfico e os gastos com o combate àdroga e a manutenção de presos por tráficocomeçam a ser vistos como algo que pode serevitado. Legalizar o consumo, seria um primeiropasso para a tributação da droga e aí, ao invésde gerar gastos, geraria impostos. Sem contar

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que possibilitaria também o uso medicinal oumesmo outras formas, como o leite feito demaconha, já popular no Canadá. Rico emaminoácidos e ômega 3 e 6 é uma opção amais para pessoas com intolerância à lactose, eainda conta com a vantagem de ter um sabormais agradável que o leite de soja (o leite demaconha tem um leve sabor de nozes). No Canadá o cultivo é legalizado e controlado, e o leite éfeito apartir das sementes da erva, que não possuem THC (tetrahidrocanabinol, moléculapsicoativa da planta).

Enfim, vários aspectos positivos da legalização, ainda são ofuscados pelo aspecto positivo.Imaginem esse leite sendo comercializado no Brasil, imagina se mães comprariam? A sensaçãode estar drogando bebês, mesmo não havendo nenhuma substância psicotrópica no leite é algoque vai levar algum tempo para ser superada. Os pais teriam medo de comprar cadernos feitos decânhamo para seus filhos, por medo de que enrolar uma folha do caderno e fumá-la passe a serhábito.

Essas mudanças no consciente coletivo são feitas a longo prazo. O mesmo Fantástico que háalguns anos exibia escandalizado o "Rap das Armas" e o colocava como música proibida, poucotempo depois teve que se render à trilha sonora de Tropa de Elite; e o mesmo Fantástico que jáfez centenas de matérias sobre o tráfico, coloca Fernando Henrique Cardoso defendendo adescriminilização da erva, e assim, os conceitos vão se transformando na sociedade. É umprocesso lento, demorado mas eficaz .

Eu compreendo todos os bons motivos para se legalizar a droga, mas como ex mulher de umviciado sinto medo. E aqui, aguardo os próximos capítulos, de uma batalha que governo e meiosde comunicação, fingem ser da sociedade.