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A QUALIDADE AMBIENTAL NA ESCOLA E NO SEU ENTORNO
HEYSE, Halina Linzmeier1 - SME-Curitiba
VAINE, Thais Eastwood2 - SME-Curitiba / UTFPR
Grupo de Trabalho – Educação e Meio Ambiente
Agência Financiadora: não contou com financiamento Resumo A educação ambiental, tema que vem ganhando cada vez mais importância devido ao aumento dos impactos causados pelas atividades dos seres humanos, é fundamental para a formação de um cidadão crítico e consciente das consequências causadas pelo vertiginoso avanço científico e tecnológico, além de seus próprios atos. Uma formação deficiente nessa área faz com que o estudante não consiga se enxergar como parte da natureza, se encaixando ao mesmo tempo como culpado e vítima das implicações decorrentes das próprias atitudes. Os jovens precisam saber o que é qualidade ambiental e compreender que ela se aplica não só a florestas longe da sua realidade, mas também ao seu próprio entorno, desde a sua casa até a escola que frequenta. Nesse contexto, esse trabalho tem como objetivo diagnosticar, com o auxílio dos alunos, a qualidade ambiental dentro do espaço escolar e do seu entorno por meio de atividades de investigação. Através da exibição de vídeo problematizador, de entrevistas com parentes, observações detalhadas do ambiente estudado, saída de campo e realização de experimentos foram criadas situações para que os estudantes se tornassem aptos a detectar problemas ambientais e, desta forma, elaborassem propostas de enfrentamento destas diferentes situações. Um projeto de educação ambiental de forma contextualizada à realidade do aluno facilita o desenvolvendo um pensamento crítico frente às questões ambientais e o capacita a tornar-se agente transformador de seu meio. O trabalho desenvolvido sensibilizou os alunos e promoveu uma mudança de comportamento em relação à realidade do entorno escolar, pois os educandos passaram a compreender os impactos de suas ações sobre o meio ambiente. Palavras-chave: Educação ambiental. Qualidade ambiental. Bioindicadores.
1 Mestre em Ecologia e Conservação pela Universidade Federal do Paraná. Professora na Secretaria Municipal de Educação de Curitiba e na Secretaria Municipal de Educação de Araucária. E-mail: [email protected]. 2 Aluna regular do Programa de Pós-Graduação em Formação Científica, Educacional e Tecnológica - mestrado profissional - Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Professora da rede municipal de ensino / Secretaria Municipal de Educação de Curitiba. E-mail: [email protected].
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Introdução
A definição de qualidade ambiental é ampla e um dos conceitos mais aceitos consiste
nas “condições físicas, químicas, biológicas, humanas, sociais e culturais para a sobrevivência
dos indivíduos” (CARIBÉ; DIAS, 2011). Em decorrência das exigências do ser humano, estas
condições são constantemente modificadas ao longo do tempo, pois o homem é o parâmetro
sobre o qual a mesma é aferida (CARIBÉ; DIAS, 2011).
Trabalhar a qualidade ambiental na escola exige uma abordagem multidisciplinar, pois
vários setores do conhecimento estão integrados. Tanto o ambiente escolar como seu entorno
podem ser objetos de estudo. Os alunos, então, buscariam a compreensão das interações entre
os diversos aspectos do meio ambiente, sejam biológicos ou não (TOMAZELLO;
FERREIRA, 2001). Portanto, tanto os ambientes no interior da escola (salas de aula, pátio,
banheiros, quadra esportiva) quanto de seu entorno (ruas, calçadas, moradias, presença de
indústrias, circulação de veículos e pessoas) devem ser analisados na verificação da qualidade
ambiental sendo utilizada uma abordagem integrada e dinâmica.
Uma metodologia a ser utilizada pelos alunos pode ser a constatação da qualidade do
ar através da utilização de bioindicadores, que consistem na “metodologia adequada para a
detecção de efeitos de poluentes atmosféricos sobre os organismos” (KLUMPP et al., 2001).
Os alunos podem participar ativamente deste processo de identificação da condição ambiental
através da observação de liquens nas árvores da escola e do entorno escolar. Pois, a
quantidade e as diferentes formas de crescimento destes organismos podem demonstrar
relações com a qualidade ambiental do meio (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2007).
Estas atividades de investigação da qualidade ambiental do ambiente escolar e de seu
entorno utiliza o meio físico como recurso didático duplo: como meio para investigar e
descobrir o mundo através da observação e do contato direto e, também, como ponto de
partida para desenvolver projetos de aprendizagens integradas (TOMAZELLO; FERREIRA,
2001). Desta forma, novas atitudes e comportamentos individuais e coletivos em relação ao
meio ambiente são criados e estimulados fazendo jus aos princípios da solidariedade,
igualdade e respeito à diferença almejados pela educação ambiental (JACOBI, 1997).
A educação ambiental é vista hoje como condição necessária para modificar um
quadro crescente de degradação socioambiental (JACOBI, 2003) e, por isso, tem
experimentado um grande crescimento no Brasil nos últimos anos. Como reflexo disto há a
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inclusão da área de Meio Ambiente como um dos temas transversais nos Parâmetros
Curriculares Nacionais-PCNs. (TOMAZELLO; FERREIRA, 2001).
A educação para a cidadania representa a possibilidade de motivar e sensibilizar as
pessoas para transformar as diversas formas de participação na defesa da qualidade de vida.
Neste contexto emerge a função transformadora da educação ambiental através do
enfrentamento dos problemas sociais e da degradação ambiental e também da
coresponsabilização dos indivíduos a fim de promover um novo tipo de desenvolvimento – o
desenvolvimento sustentável (JACOBI, 2003).
Com a perspectiva de formar os estudantes para o exercício da cidadania e da
conscientização ambiental, foi desenvolvido um trabalho com 117 alunos do 7ºano da Escola
Municipal Professor Herley Mehl, em Curitiba – Paraná. Esperou-se mobilizar esses jovens
não só para o desenvolvimento do trabalho, como também para o seu envolvimento com o
conteúdo programático da disciplina de Ciências, possibilitando a passagem das noções e
saberes do senso comum para o saber sistematizado do conhecimento relativo à qualidade
ambiental. Também se pretendeu criar uma oportunidade de retirar os educandos da apatia e
realocando-os como construtores de seu aprendizado, proporcionando um ambiente em que
esses estudantes sintam-se acolhidos contribuindo para o desenvolvimento do trabalho
cooperativo e posturas éticas.
Portanto, objetivo geral deste trabalho é diagnosticar, com o auxílio dos alunos, a
qualidade ambiental dentro do espaço escolar e no seu entorno através de atividades práticas.
Estas se referem à observação detalhada dos espaços onde os alunos vivem com ênfase na
detecção dos problemas e no enfrentamento destas diferentes situações ambientais. A partir
destas atividades, o aluno poderá desenvolver um pensamento crítico frente às questões
ambientais e se tornar um agente transformador de seu meio.
Desenvolvimento
Para iniciar a temática foram realizados alguns debates sobre os problemas ambientais
abordando seu conceito, causas e medidas mitigadoras através da exibição do vídeo “A
história das coisas”. Toda esta atividade funcionou como a motivação para a reflexão inicial
sobre nossa postura diante do meio ambiente. Vale a pena ressaltar que consideramos a
Educação Ambiental não apenas no sentido de natureza, mas como todas as relações naturais
e antrópicas em determinado ambiente. Os alunos produziram alguns desenhos informativos
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sobre suas percepções sobre a educação/qualidade ambiental conforme a Figura 1. Estas
atividades exploratórias condizem com os conteúdos conceituais das áreas de cultura e
sociedade e natureza da ciência e tecnologia, pois fazem o aluno refletir sobre a interferência
do ser humano no ambiente; sobre a poluição atmosférica, qualidade do ar e saúde do ser
humano; consumo e a forma como o ser humano transforma os ambientes retirando os
recursos naturais como matéria-prima para construir objetos e instrumentos (DIRETRIZES
CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO MUNICIPAL DE CURITIBA, 2006). Além disso,
ao longo de todo o trabalho com os alunos também analisaram a relação entre os diferentes
tipos de ambientes (naturais e transformados); aspectos da vegetação, fauna, solos e água; e a
importância para o equilíbrio ambiental. Desta forma criamos possibilidades para que o aluno
compreendesse o seu cotidiano e superasse interpretações ingênuas sobre a realidade vivida
(DIRETRIZES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO MUNICIPAL DE CURITIBA,
2006) despertando a conscientização coletiva e tornando os educandos agentes
transformadores do espaço escolar. Nos conhecimentos atitudinais foram explorados:
organização de equipes e repasse (socialização) do conhecimento aos demais colegas; repasse
de seus conhecimentos à comunidade escolar e criatividade ao fazê-lo.
Figura 1 - Percepções dos alunos sobre a educação/qualidade ambiental.
Fonte: trabalhos realizados pelos alunos dos 7º anos da escola pesquisada.
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Os educandos realizaram uma enquete com os familiares e vizinhos para constatar e
resgatar a qualidade ambiental dos espaços que frequentam, realizando uma comparação dos
aspectos antigos do bairro com as condições atuais. Os alunos puderam refletir se os espaços
onde vivem ou frequentam estão, sob o ponto de vista da qualidade ambiental, melhorando ou
se deteriorando. Todas as questões abordadas estão, de alguma forma, relacionadas com o ser
humano, pois nas diferentes definições da qualidade ambiental o foco é o homem (CARIBÉ;
DIAS, 2011). Nesta enquete, a maioria dos entrevistados (61%) apontou que a urbanização
das grandes cidades acarreta mais pontos negativos que positivos, como a diminuição das
áreas verdes, a poluição, o aumento da quantidade de lixo, o aumento das favelas e das
queimadas. Os pontos positivos decorrentes da urbanização listados pelos entrevistados foram
a coleta seletiva de lixo, melhoria no transporte público e das vias e melhoria da infraestrutura
do bairro de um modo geral. Sobre a situação dos corpos hídricos no passado, houve
comentários sobre as condições de banho nos rios (65%), existência de vegetação nas
margens (83%) e presença de peixes (78%). Porém, a situação desses rios nos dias atuais é
caracterizada pela intensa poluição (91% dos entrevistados). Sobre o tratamento do lixo,
antigamente os costumes dividiam-se entre enterrar e queimar os resíduos, atualmente há a
coleta de lixo para todos os entrevistados e alguns realizam a separação do lixo reciclável do
lixo orgânico (75%). A respeito das mudanças na composição e abundância da vegetação ao
longo dos anos, a grande maioria dos entrevistados (97%) afirmou que a região conta com
uma diminuição visível e mudança da vegetação. Também foram abordadas questões
referentes à fauna, visto que, recentemente alguns gambás apareceram nas dependências da
escola vasculhando o lixo. Na situação, vários alunos ficaram amedrontados e outros
afugentaram o animal por o considerarem um invasor. Para esclarecer as dúvidas dos
estudantes foi realizada uma palestra sobre os animais no meio urbano com o biólogo Msc.
Ricardo Augusto Cerboncini. Foram produzidos cartazes informativos sobre a presença de
gambás e outros animais no meio urbano conforme se observa na Figura 2, e então expostos
na escola para difundir o conhecimento aos demais colegas.
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Figura 2 - Cartazes informativos sobre os gambás confeccionados pelos alunos.
Fonte: trabalhos realizados pelos alunos dos 7º anos da escola pesquisada.
Para refletir a respeito das ações do homem sobre a natureza e aspectos da vegetação,
fauna, poluição e urbanização, também foi realizada uma visita monitorada à Universidade
Livre do Meio Ambiente – UNILIVRE, localizada nas proximidades da escola, como pode
ser observado na Figura 3.
Figura 3 - Visita monitorada na UNILIVRE. A) Percurso realizado a pé com acompanhamento da Guarda Municipal. B) Sujeira ao longo do caminho decorrente de propaganda eleitoral. C) Chegada às dependências da Unilivre. D) Monitoria. E) Alunos na trilha de percepção ambiental. F) Observação da vegetação e fauna.
Fonte: fotos captadas pelas autoras deste trabalho.
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Durante a visita os estudantes tiveram contato com a fauna e a flora do parque e
ouviram explicações sobre preservação do meio ambiente, uso e ocupação do solo,
bioindicadores e ainda realizaram uma dinâmica que possibilitou reflexões sobre o uso da
água.
Após as explicações recebidas na UNILIVRE e também complementadas em sala de
aula pelas docentes, os estudantes realizaram uma atividade de verificação da qualidade do ar
na escola. A metodologia utilizada para essa atividade foi a análise da presença/ausência de
bioindicadores, neste caso os liquens, cujas diferentes formas de crescimento apontam o
estado ambiental do ar. Os alunos realizaram a amostragem aleatória das árvores presentes
próximas ao farol do saber anexo à escola através do uso de quadrantes de 10 x 10cm nas
alturas de 100cm e 120cm do solo, na face em que os liquens se apresentaram mais
abundantes como ilustra a Figura 4 (adaptado de MARTINS; KÄFFER; LEMOS, 2008). Em
cada quadrante a porcentagem de cobertura dos líquens foi estimada de acordo com suas
formas de crescimento (foliosos, crostosos e fruticosos) anteriormente explicitadas em sala de
aula. É sabido que os líquens crostosos são mais tolerantes à poluição, os foliosos apresentam
tolerância média e os fruticosos são os mais intolerantes e sensíveis à poluição (MARTINS;
KÄFFER; LEMOS, 2008). Os alunos tabularam os dados em sala e realizaram os cálculos da
porcentagem de cobertura média de cada tipo de líquen. Os liquens foliosos apresentaram a
maior porcentagem de cobertura média nas árvores (12,8%). Os liquens crostosos e fruticosos
apresentaram porcentagens de cobertura média semelhantes (5,2% e 5,4% respectivamente).
Com estes resultados foi possível observar que o ambiente ao redor da escola apresenta
poluição do ar moderada. Os resultados foram debatidos em sala de aula e algumas
suposições foram levantadas. Dentre elas, que a existência de liquens fruticosos em uma baixa
porcentagem de cobertura média pode demonstrar uma boa qualidade ambiental em tempos
pretéritos e o atual desaparecimento destes liquens com a intensa urbanização do bairro. Outra
hipótese, contrária, seria a de que houve uma melhora na qualidade ambiental do ar que,
consequentemente, aumentaria a quantidade de liquens fruticosos. O ideal seria realizar esta
mesma amostragem nos próximos anos para verificar qual das duas suposições seria a mais
provável. Os alunos puderam compreender a importância e a necessidade de monitoramentos
ambientais para atestar as mudanças que vem acontecendo a nossa volta.
Para detectar a qualidade ambiental no interior da escola, os alunos percorreram todo o
espaço escolar analisando-o minuciosamente e perceberam que a maior parte dos problemas
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apresentados decorre da sujeira (papel de bala, doces e papéis jogados no chão) e da falta de
área verde. Os educandos constataram que a sujeira está presente devido principalmente à
falta de conscientização deles próprios ao, por exemplo, jogar o lixo no chão e também à
escassez de lixeiras nos espaços comuns (pátios e quadra) onde passam o recreio. Também
observaram que a coleta seletiva de lixo nas dependências escolares é praticamente
inexistente, sendo que esta ocorre apenas no pátio externo, com o descarte na maioria das
vezes realizado de maneira incorreta. A área verde escolar, além de muito diminuta, ocorre
em locais onde o acesso dos alunos não é permitido ou em regiões altas próximas aos muros.
Figura 4 - Amostragem dos liquens nas árvores através da utilização dos quadrantes.
Fonte: fotos captadas pelas autoras deste trabalho.
De acordo com os resultados da análise do ambiente escolar, os alunos concluíram que
é necessário, além de diminuir a sujeira, aumentar a área verde escolar. Como medida
mitigadora à falta de vegetação, foi confeccionada uma horta vertical, uma vez que os locais
disponíveis para a semeadura das mudas são de difícil acesso. O conteúdo de ciências do 7º
ano abrange os aspectos botânicos, portanto, a importância da vegetação na erosão hídrica do
solo foi verificada através de um experimento adaptado do Programa de Extensão
Universitária Solo na Escola/Esalq (disponível em
http://solonaescola.blogspot.com.br/2011/11/experimentos-6.html). No experimento foram
utilizadas três garrafas PET de 2L, três garrafas PET de 500mL, barbante, tesoura, terra,
grama, folhas e água. As garrafas maiores foram cortadas de maneira a tornarem-se um
receptáculo, conforme ilustra a Figura 5 e demonstraram diferentes situações de solo:
totalmente descoberto, coberto com serapilheira e com grama, ou seja, com vegetação. As
garrafas menores foram cortadas ao meio e transformadas em coletores de água com alças
confeccionadas com barbantes. Em cada uma das garrafas grandes foi despejada a mesma
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quantidade de água ao mesmo tempo, como ilustra a Figura 5A e observada a coloração do
líquido que saía pela abertura, conforme a Figura 5B. Quanto mais escura era a água, maior a
erosão que aquele tipo de solo tinha sofrido. Deste modo, os alunos concluíram que o solo
com cobertura vegetal apresenta menor erosão, fato constatado pela coloração mais clara do
líquido. As hipóteses levantadas pelos estudantes foram a de que as raízes das plantas
“seguram” o solo impedindo que o mesmo deslize e que também realizam a filtração da água.
Figura 5 - Experimento para verificar a importância da vegetação na erosão hídrica do solo. A) Aluno despejando água para simular a erosão hídrica. B) Da esquerda para a direita: solo com cobertura vegetal, solo com serapilheira, solo descoberto.
Fonte: fotos captadas pelas autoras deste trabalho.
A horta vertical foi confeccionada utilizando garrafas PET de 2L, barbante, terra e
mudas de hortaliças, flores e também sementes de feijão e girassol como observado na Figura
6A. Os móbiles formados pelas garrafas foram colocados em uma parede externa da escola
próxima ao pátio conforme as Figuras 6B e 6C. Após o crescimento, as mudas poderiam ser
transportadas e replantadas em outro local dentro da escola, aumentando a área verde. Porém,
a horta vertical foi destruída durante a noite por pessoas não identificadas, tendo ficado
exposta por menos de 24 horas. Os estudantes, arrasados, constataram a deficiência na
educação ambiental da população e a necessidade de difusão deste conhecimento.
Figura 6 - Horta vertical. A) Confecção do móbile. B) Colocação das mudas e fixação da horta vertical na parede. C) Horta vertical finalizada.
Fonte: fotos captadas pelas autoras deste trabalho.
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Considerações Finais
Os estudantes devem ser capazes de desenvolver uma postura de cidadãos
responsáveis, integrados ao meio ambiente, capazes de observar e avaliar os potenciais
impactos das alterações ambientais em suas vidas. Aproximando o conceito das alterações
ambientais às situações cotidianas é possível contextualizar a temática da qualidade ambiental
na vida dos alunos. Acreditamos que este conhecimento adquirido através das práticas
escolares se incorpora às ações destes estudantes perante a sociedade, uma vez que a educação
ambiental objetiva a construção dos “valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e
competências” importantes para a manutenção da qualidade de vida e do meio ambiente (LEI
FEDERAL nº 9.795). Portanto, a formação dos educandos exige a abordagem da educação
ambiental, o que torna essencial o desenvolvimento de projetos nessa área nas instituições de
ensino.
A análise de situações problemas relativas ao cotidiano ou de situações de risco, como
problemas ambientais dentro da escola e no entorno, foi possível devido a atividades práticas,
debates, reflexões e observações realizadas pelos alunos. A conscientização coletiva das
turmas foi alcançada através da investigação da situação pretérita do bairro, possível pela
realização da enquete; dos diagnósticos da qualidade ambiental e detecção dos problemas
ambientais dos espaços frequentados pelos alunos; da visita à Unilivre e das explicações e
palestras realizadas por profissionais da área.
Além da detecção e reflexão dos problemas ambientais, também foi desenvolvida a
capacidade de proposição de soluções a fim de mitigar e minimizar as alterações ambientais.
A atividade de construção da horta vertical, que teve como objetivo o aumento da área verde
escolar, foi uma destas medidas. O vandalismo observado somente reforçou nos alunos a
importância do desenvolvimento da educação ambiental na sociedade, além dos muros
escolares. Além disso, os estudantes propuseram à direção da escola a colocação de mais
lixeiras na escola e a diminuição do desperdício de água e materiais.
O trabalho desenvolvido sensibilizou os alunos e promoveu uma mudança de
comportamento ambiental, possivelmente devido à aproximação dos conteúdos ao contexto
social dos estudantes, o que torna o processo ensino-aprendizagem mais eficaz. Assim, como
as Diretrizes Curriculares Municipais (2006) propõem, houve uma mudança na interpretação
da realidade pelos educandos, que passaram a compreender os impactos de suas ações sobre o
meio ambiente.
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REFERÊNCIAS
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