a psicomotricidade na educacao infantil
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CAMPANHA NACIONAL DE ESCOLAS DA COMUNIDADE
FACULDADE CENECISTA DE CAPIVARI – FACECAP
- PEDAGOGIA -
A PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
NATHÁLIA BORGES LOBO
Capivari, SP
2012
CAMPANHA NACIONAL DAS ESCOLAS DA COMUNIDADE
FACULDADE CENECISTA DE CAPIVARI – FACECAP
- PEDAGOGIA -
A PSICOMOTRICIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Monografia apresentada ao Curso de
Pedagogia da FACECAP/CNEC
Capivari, para obtenção do título de
Pedagogo, sob a orientação da Profa.
Ms. Luciene Blumer.
NATHÁLIA BORGES LOBO
Capivari, SP
2012
FICHA CATALOGRÁFICA
L749p
Lobo, Nathália Borges
A psicomotricidade na educação infantil/Nathália Lobo Borges.
Capivari - SP: CNEC, 2012. 42p.
Orientador: Prof.ª Me Luciene Blumer
Monografia apresentada ao curso de Pedagogia.
1. Psicomotricidade. 2. Lúdico. 3. Jogos e brincadeiras. I.
Título. II Faculdade Cenecista de Capivari.
CDD. 372.2
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus pela força que me deu para atravessar esse momento
tão especial e importante em minha vida.
A Professora Mestre Luciene Blumer por toda a sua dedicação, paciência e
disponibilidade sempre que precisei, tornando possível a realização deste trabalho.
Aos meus pais Lucia e Edmilson, muito obrigado pela confiança que sempre tiveram
em mim e pelo apoio e incentivo para a realização deste grande sonho.
Enfim, agradeço a todos meus amigos que estiveram ao meu lado durante esses três
anos de faculdade, dividindo momentos de felicidades e de angústias, em especial a
minha amiga Bianca.
Apenas brincando
Quando eu estiver, no quarto, construindo um edifício de blocos,
Por favor não diga que eu “estou apenas brincando”.
Já que, entenda, eu estou aprendendo enquanto brinco.
Sobre equilíbrio e forma.
Quando eu estiver bem vestido, arrumando a mesa, cuidando do bebe,
Não tenha a ideia de que eu “estou apenas brincando”.
Já que, entenda, eu estou aprendendo enquanto brinco.
Algum dia eu posso ser uma mãe ou um pai.
Quando você me vir até meus cotovelos na pintura,
Ou ajeitando uma moldura, ou moldando e dando forma à argila,
Por favor não me deixe ouvi-lo dizer que eu “estou apenas brincando”.
Já que, entenda, eu estou aprendendo enquanto brinco.
Eu estou me expressando e sendo criativo.
Algum dia eu posso ser um artista ou um inventor.
Quando você me vir sentado em uma cadeira “lendo” para uma audiência imaginária,
Por favor não ria e não pense que eu “estou apenas brincando”.
Já que, entenda, eu estou aprendendo enquanto brinco.
Algum dia eu posso ser um professor.
Quando você me vir recolhendo insetos ou colocando coisas que encontro no bolso,
Não os jogue fora como se eu “estivesse apenas brincando”.
Já que, entenda, eu estou aprendendo enquanto brinco.
Algum dia eu posso ser um cientista.
Quando você me vir montando um quebra-cabeças,
Por favor, não pense que estou desperdiçando tempo “brincando”.
Já que, entenda, eu estou aprendendo enquanto brinco.
Estou aprendendo a concentrar-me e resolver problemas.
Algum dia eu posso ser um empresário.
Quando você me vir cozinhar ou provar comidas,
Por favor não pense que estou aproveitando, que é “só para brincar”.
Já que, entenda, eu estou aprendendo enquanto brinco.
Eu estou aprendendo sobre os sentidos e as diferenças.
Algum dia eu posso ser um “chef”.
Quando você me vir aprendendo a saltar, pular, correr e mover meu corpo,
Por favor não diga que eu “estou apenas brincando”.
Já que, entenda, eu estou aprendendo enquanto brinco.
Eu estou aprendendo como meu corpo trabalha.
Algum dia eu posso ser um médico, uma enfermeira ou um atleta.
Quando você me perguntar o que fiz na escola hoje,
E eu responder: “Eu brinquei”.
Por favor não me entenda mal.
Já que, entenda, eu estou aprendendo enquanto brinco.
Eu estou aprendendo apreciar e ser bem sucedido no trabalho.
Eu estou preparando-me para o amanhã.
Hoje, eu sou uma criança e meu trabalho é brincar.
Anita Wadley
LOBO, Nathália Borges. A Psicomotricidade na Educação Infantil. Monografia de
Conclusão de Curso de Pedagogia Faculdade Cenecista de Capivari – CNEC. 42 p.,
2012.
RESUMO
O presente trabalho tem por objetivo analisar e refletir as ideias de autores que
discorrem sobre a Psicomotricidade para que possamos conhecer melhor essa ciência, a
sua história no mundo e no Brasil, assim como compreender como a Psicomotricidade
pode ajudar no desenvolvimento das crianças e no processo de ensino e aprendizagem, e
ainda analisar como alguns jogos e brincadeiras podem auxiliar no desenvolvimento
psicomotor das crianças. A Psicomotricidade é uma ciência ainda nova e não muito
conhecida, porém, tem muita importância tanto na vida do educador quanto na do
educando. As atividades psicomotoras podem ajudar os alunos com dificuldades na
aprendizagem e na sua interação com o meio social. Antigamente ela era voltada para
aqueles que apresentavam algum tipo de deficiência ou dificuldade, mas hoje em dia se
tornou importante para a educação infantil, como possibilidade de intervenção
pedagógica, no sentido de prevenção, mas principalmente por favorecer o processo de
desenvolvimento da criança. Ela ajuda na formação corporal e no desenvolvimento
intelectual, motor, psicológico e afetivo, ajudando as crianças a descobrirem seu corpo e
como se expressar através dele. Através do lúdico, com atividades diversificadas as
crianças podem criar, interpretar e se divertir. Os jogos e as brincadeiras são
importantes no processo de desenvolvimento e aprendizagem das crianças, e essas
atividades devem ser dadas sempre com algum objetivo e não apenas para passar o
tempo. Quando a criança apresenta uma dificuldade no seu desenvolvimento psicomotor
ela pode ter problemas na hora de ler ou escrever, diferenciar letras ou organizar
palavras, entre outras. Com o incentivo de atividades, aumentando seu potencial motor,
os alunos podem vencer melhor estas dificuldades. A escola que trabalha com a
Psicomotricidade contribui para um melhor aprendizado dos seus educandos.
1. Psicomotricidade. 2. Lúdico. 3. Jogos e Brincadeiras.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 9
1. PSICOMOTRICIDADE: ABORDAGEM HISTÓRICA, EVOLUÇÃO
E LINHAS DE INTERVENÇÃO. ................................................................................... 13
1.1 HISTÓRICO DA PSICOMOTRICIDADE ....................................................... 13
1.2 A EVOLUÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE E AS LINHAS DE
INTERVENÇÃO ..................................................................................................... 15
1.2.1 PSICOMOTRICIDADE E SEUS INTERLOCUTORES .............................. 19
2. EDUCAÇÃO INFANTIL E PSICOMOTRICIDADE .............................................. 23
2.1 MOMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL .......................... 23
2.2 O LÚDICO NA EDUCAÇAO INFANTIL ....................................................... 26
3. A PSICOMOTRICIDADE, OS JOGOS E AS BRINCADEIRAS NA
EDUCAÇAO INFANTIL ................................................................................................ 30
3.1 CONCEPÇAO DE JOGO E A VISÃO DE VYGOTSKY E WALLON ......... 30
3.2 A PSICOMOTRICIDADE A PARTIR DOSJOGOS E BRINCADEIRAS ..... 33
CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................... 39
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 41
9
INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo analisar e refletir as ideias de autores que
pesquisam sobre a Psicomotricidade para que possamos compreender essa ciência,
conhecer a sua história no mundo e no Brasil, compreender como a Psicomotricidade
pode ajudar no desenvolvimento das crianças e no processo de ensino e aprendizagem, e
ainda analisar como alguns jogos e brincadeiras podem auxiliar no desenvolvimento
psicomotor das crianças.
Segundo Oliveira (2001, p.9), “A Psicomotricidade, pois, se caracteriza por uma
educação que se utiliza do movimento para atingir outras aquisições mais elaboradas,
como as intelectuais”. Neste sentido, podemos compreender que tais atividades, ao
incorporarem as dimensões cognitivas, afetivas e motrizes, possibilitam que a criança
vivencie a aprendizagem de elementos culturais, como os conteúdos escolares, via
corpo. A mesma autora aponta que um dos objetivos da Psicomotricidade é auxiliar a
criança a tomar consciência de seu esquema corporal e com isso adquirir “maior
interiorização dos movimentos e dos principais conceitos educacionais, necessários para
um bom desenvolvimento intelectual” (OLIVEIRA, 2001, p. 10).
Psicomotricidade é uma ciência relativamente nova e não muito conhecida.
Porém, na atualidade, várias pesquisas vêm apontando sua importância nos processos de
ensino e aprendizagem, na relação professor e aluno e entre os alunos. Destacamos os
seguintes autores: Negrine (1998, 2002), Costa (2007), Oliveira (1997), Maluf (2009),
os quais, em alguns momentos apresentam enfoques diferentes, mas todos ressaltam que
as atividades psicomotoras podem ajudar os alunos com dificuldades na aprendizagem e
também na sua interação com o meio social.
Hoje em dia, algumas escolas não possuem um tempo dedicado para a realização
de atividades e exercícios para que as crianças possam correr, saltar, pular, cantar,
pensar, observar, brincar, mexer, dançar, etc., ou quando isso acontece, muitas vezes o
tempo é reduzido. Em muitas escolas, a única hora em que os alunos podem se
movimentar é na hora do intervalo e é quando eles se soltam e correm, mas são
movimentos sem maior direcionamento e mediação do professor, perdendo-se assim a
10
oportunidade de que essas atividades possam contribuir de fato com o desenvolvimento
dos alunos.
Esta falta de tempo e espaço adequados para o brincar foi abordada por
Friedmann (1996 apud TEIXEIRA, 2010) que elaborou um levantamento e uma análise
das atividades lúdicas e das razões de sua mudança e/ou desaparecimento no decorrer
desse século. Dentre essas razões, a autora destaca a redução do espaço físico em
consequência do crescimento da cidade e falta da segurança e a redução do espaço
temporal, que atinge a esfera familiar e escolar. Atualmente, em muitas escolas há uma
falta de tempo e espaço para que sejam trabalhadas as “atividades lúdicas”, algumas
escolas estão se preocupando muito mais em trabalhar conteúdos acadêmicos com as
crianças e se esquecem que o lúdico também deve fazer parte da grade curricular da
escola. Isso acaba prejudicando o desenvolvimento das crianças, assim como deixa-se
de explorar a sua criatividade.
Mas, o que é Psicomotricidade? Qual a importância da Psicomotricidade no
processo de desenvolvimento de uma criança?
O termo Psicomotricidade se divide em duas palavras: uma de origem grega
“Psique” que significa fenômenos da mente (sensações, percepção, etc.) a outra do
verbo latino “Moto” ou “Motriz” que significa força que dá movimento.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade:
É a ciência que tem como objeto de estudo o homem através do seu corpo em
movimento e em relação ao seu mundo interno e externo. Está relacionada ao
processo de maturação, onde o corpo é a origem das aquisições cognitivas,
afetivas e orgânicas. É sustentada por três conhecimentos básicos: o
movimento, o intelecto e o afeto. Psicomotricidade, portanto, é um termo
empregado para uma concepção de movimento organizado e integrado, em
função das experiências vividas pelo sujeito cuja ação é resultante de sua
individualidade, sua linguagem e sua socialização. (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE PSICOMOTRICIDADE, 2004, apud FERREIRA e
RAMOS, 2009, p. 160).
De acordo com alguns autores como OLIVEIRA (2001), NEGRINE (1995,
2001,2002), MELLO (2009) e BUENO (1998) no começo a Psicomotricidade era
voltada para aqueles que apresentavam algum tipo de deficiência ou dificuldade
acentuada, principalmente na área de motricidade. No entanto, na sociedade atual ela se
11
tornou importante também na educação infantil, como possibilidade de intervenção
pedagógica, no sentido de prevenção, mas principalmente com o objetivo de promoção
e proteção à saúde e ao desenvolvimento da criança, considerando essa etapa de extrema
importância para o processo de desenvolvimento e aprendizagem do indivíduo.
A Psicomotricidade ajuda na formação corporal e no desenvolvimento
intelectual, motor, psicológico e afetivo, também ajuda as crianças a descobrirem seu
corpo e como se expressar através dele. Defende a importância do movimento em todas
as etapas da vida de uma criança.
O corpo e a mente estão relacionados e dependem um do outro, se um estiver
com algum problema pode afetar o outro também. É importante que a criança tenha
domínio de seus movimentos, da sua mente e de seus sentimentos.
Neste sentido é no brincar que as crianças se expressam, criam, transformam, e
interagem com o meio em que vivem. Desde o nascimento, brincar auxilia no
crescimento, no desenvolvimento e no aprendizado das crianças e é muito importante na
infância. Assim, o adulto - seja representado na figura da família ou dos professores -
deve criar espaços para essas atividades, estimulando o interesse das crianças.
Para a Psicomotricidade é importante que a criança desenvolva várias
habilidades. Dessa forma é importante que o adulto possa estimular atividades onde ela
possa pensar, inventar, criar, observar, mexer, correr, saltar, imitar, cantar, brincar,
dançar, etc. Incentivando as atividades para aumentarem seu potencial motor, os alunos
podem vencer melhor as dificuldades. A escola que trabalha com a Psicomotricidade
contribui para um melhor aprendizado dos seus educandos.
A Psicomotricidade vem para lutar e defender a importância do movimento, dos
jogos e das brincadeiras em todas as fases da criança, mostrando que estas
manifestações corporais podem ter uma finalidade pedagógica, pois a criança aprende se
divertindo.
Neste trabalho iremos focar a importância da Psicomotricidade na Educação
Infantil, através de uma revisão da literatura existente sobre o tema. Para tanto, no
primeiro capítulo será feito um resgate sobre a história da Psicomotricidade, discorrendo
sobre a sua origem e sua evolução, além das ciências e dos filósofos que contribuíram
para o seu desenvolvimento. No segundo capítulo será apresentada a história da
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Educação Infantil e a importância do lúdico para o processo de aprendizagem da criança
nessa importante etapa de sua trajetória educacional. No terceiro capítulo será feita uma
discussão sobre os jogos e brincadeiras e sua importância na Psicomotricidade, para
tanto nos apoiaremos principalmente nas ideias de Wallon e Vygotsky, por se tratarem
de autores que trouxeram grandes contribuições para a compreensão dos jogos e as
brincadeiras para o desenvolvimento das crianças. Por fim, buscamos trazer as
considerações finais acerca do trabalho realizado.
13
1. PSICOMOTRICIDADE: ABORDAGEM HISTÓRICA,
EVOLUÇÃO E LINHAS DE INTERVENÇÃO.
Este resgate histórico é importante para que possamos compreender e conhecer
melhor essa nova ciência que vai ganhando espaço a cada dia.
1.1. HISTÓRICO DA PSICOMOTRICIDADE
A história do corpo foi sendo construída junto com a história da humanidade, a
ciência, as diferentes culturas dos povos e das épocas e a sociedade com suas crenças e
mitos marcaram seus diversos significados. (COSTA, 2007).
Na história da Psicomotricidade as civilizações americana e europeia foram
marcantes no processo de evolução dessa ciência. De acordo com Bueno (1998) alguns
filósofos e pensadores que se destacaram por suas colocações nestas áreas foram:
Platão, Aristóteles e Descartes. Prosseguindo com a trajetória ainda temos psicólogos
gestaltistas como Lewin, fenomenólogos como Merleau-Ponty e dos
desenvolvimentalistas Gesell, Wallon, Piaget aliados a neurobiólogos como Diatkine e
Ajuriaguerra.
Na Grécia antiga se enunciava um primórdio do pensamento psicomotor através
do filósofo Aristóteles, pois este afirmava que o homem era constituído de corpo e
alma, e que a alma deveria comandar. Segundo Oliveira (2001), Aristóteles valorizava
também a ginástica, dizia que era muito importante para o desenvolvimento espiritual e
que ela devia acompanhar o indivíduo até a adolescência, mas com exercícios não muito
cansativos e sem prejudicar o seu desenvolvimento.
Platão dizia que havia uma separação entre o corpo e a alma e que o corpo era
apenas um lugar de transição da existência no mundo de uma alma imortal. (BUENO,
1998)
De acordo com Costa (2007), durante a Idade Média, o corpo sempre esteve
estampado nas telas, nos estádios, nos cultos e em monumentos representativos dos
14
deuses, eles eram cantados em prosa e verso pelos poetas helênicos. Todas estas
manifestações ao corpo eram uma forma para transformá-lo em um órgão do espírito.
Já na Idade Moderna, mais precisamente no século XVII, René Descartes referia
que o corpo e a mente eram totalmente distintos e não mantinham qualquer tipo de
relação, o corpo era apenas um objeto que ocupa um lugar no espaço. Para Descartes “o
corpo é apenas uma coisa externa que não pensa, a alma é substância pensante por
excelência, que não participa de nada daquilo que pertence ao corpo” (LEVIN, apud
COSTA, 2007, p. 22).
Esse pensamento cartesiano pressupunha que o corpo era tido como uma
máquina, onde se aplica a repetição e o treinamento. De acordo com COSTA (2007,
p.21) “a crença de que o corpo e a mente eram unidades distintas no próprio homem
fundamentou-se numa visão cartesiana, que deu sustentação teórica aos princípios
sociopolítico-educacionais”.
Foi a partir do século XIX que o corpo passou a ser considerado um objeto de
estudo e despertou o interesse de ciências como a Neuropsicologia e a Neurologia que
buscavam entender a estrutura e o funcionamento cerebral e mais tarde a Psicologia e
Psicanálise que buscavam entender a evolução da inteligência e suas perturbações.
(COSTA, 2007).
Neste período constata-se que muitas perturbações motoras não eram passíveis
de serem explicadas pelo campo da Neurologia, já que não se encontram evidências
relacionadas a uma lesão cerebral. Dessa forma a Neurologia enfrentou algumas
dificuldades para entender e explicar as perturbações motoras.
O médico neurologista Dupré, motivado pela busca em explicar tais
perturbações motoras, passou a aprofundar seus estudos sobre essa área e concluiu que
essas perturbações motoras tinham certa relação como as perturbações psicológicas.
Assim a palavra Psicomotricidade nasce em 1920 com Ernest Dupré.
Desde 1909, ele já chamava a atenção de seus alunos sobre o desequilíbrio
motor, denominando o quadro de “debilidade motriz”. Verificou que existia
uma estreita relação entre as anomalias psicológicas e as anomalias motrizes,
o que o levou a formular o termo Psicomotricidade. (OLIVEIRA, 2001, p.
28)
15
Assim, após vários estudos foi descoberto que as debilidades motoras estavam
relacionadas com as psicológicas e surgiu então o termo Psicomotricidade e logo ela
passou a ser praticada como veremos no tópico seguinte.
1.2. A EVOLUÇÃO DA PSICOMOTRICIDADE E AS LINHAS DE
INTERVENÇÃO
No século XX, a partir da constatação de que questões motoras estavam
correlacionadas com questões emocionais, conforme apontamos no tópico anterior, a
Psicomotricidade se estabelece como prática independente. Perguntas relativas à
contribuição das emoções e dos inúmeros tipos de sensações no desenvolvimento
corporal começam a suscitar interrogações sobre a forma de se pensar a
Psicomotricidade.
Os primeiros trabalhos realizados em Psicomotricidade tinham uma proposta
reeducativa1. Elas tinham um caráter terapêutico, já que se preocupavam em reabilitar
funções psicomotoras que se encontravam prejudicadas. Esta ação tinha como alvo
sujeitos que apresentavam déficits motores e cognitivos. Para Negrine (1998), a
reeducação é uma forma de estimular na criança suas funções psicomotoras, que foram
contrariadas em seu desenvolvimento.
De acordo com Negrine (1998), pode se dizer que a Psicomotricidade teve
contribuições de diversas áreas das ciências e também muitas opiniões divergentes de
diversos teóricos. Para alguns como Lapierre e Sami Ali, ela se situava em um polo
regressivo e profissional, outros como M. Stambak, Soubiran, Galifret Granjon a
colocavam em uma ordem de expressão mais cognitiva, para Pinok e Matho, J. B.
Bonange, J. Plaisir, P. Mandires era expressão livre e corporal e ainda havia aqueles que
achavam que se tratava de um condicionamento motor.
1 Ocupa-se do atendimento individual ou em pequenos grupos, de crianças, adolescentes e adultos,
portadores de sintomas de ordem psicomotora, como por exemplo: debilidade motora, atraso e
instabilidade psicomotora; dispraxias; distúrbios de tônus da postura, do equilíbrio e da coordenação; e
deficiências perceptivo-motoras.” (MELLO, 2009, p.33).
16
Segundo Bueno (1998, p.19): “Psicomotricidade é uma ciência relativamente
nova que, por ter o homem como objeto de seu estudo, engloba várias outras áreas:
educacionais, pedagógicas e de saúde.”.
Atualmente a Psicomotricidade possui duas linhas de pensamento: a
Psicomotricidade Funcional e a Psicomotricidade Relacional (OLIVEIRA, 2001;
NEGRINE, 1998).
Na Psicomotricidade Funcional são realizados métodos diretos, testes com
vários exercícios repetitivos medindo a capacidade motora, o psicomotricista é
considerado um “modelo” para a criança, não há relação de interação entre eles.
Na Psicomotricidade Relacional, a mediação é feita pelo psicomotricista que
“interage” com a criança durante as atividades, que ocorrem através do lúdico, da ação
do brincar em que se potencializa a aprendizagem e o desenvolvimento da criança.
De acordo com Oliveira (2001) podemos entender como relacional a relação
que a criança tem com o adulto, com o ambiente e também com as outras crianças e o
modo como o educador entra no mundo dessa criança é primordial, é importante que o
professor seja carinhoso e aceite o aluno como ele é para que ele se sinta mais confiante.
No aspecto funcional, entende-se como uma forma do indivíduo reagir diante dos
estímulos do meio, o educador psicomotor pode ajudar esse aluno estabelecendo
situações em que o aluno tenha que agir corretamente.
De acordo com Negrine (1998), numa perspectiva da Psicomotricidade
Funcional, Piqc e Vayer consideram a educação psicomotriz como uma ação
pedagógica e psicológica, utilizando a Educação Física para normalizar ou melhorar o
desenvolvimento da criança. Para eles a educação psicomotriz deve atuar nas condutas
motrizes de base como: equilíbrio, coordenação dinâmica geral e coordenação viso-
manual e nas condutas sensório motrizes que estão ligadas à consciência e à memória.
A evolução teórica de Vayer passa da reeducação ao plano da educação
psicomotriz. Apesar de acusado por alguns de conter um discurso de
totalidade do ser e uma prática que conduz a uma atuação instrumental e
mecânica no corpo da criança, seu trabalho como um todo traz elementos
importantes para a reflexão e o avanço da psicomotricidade, uma vez que
começa a atendê-la como elemento de relação. (NEGRINE, 1998, p.48).
17
Pierre Vayer tem uma proposta funcionalista, para ele o diálogo corporal é muito
importante na construção da personalidade e na relação da criança consigo mesma, com
os objetos e as pessoas. Ele ainda diz que é um erro separar a educação chamada
intelectual da chamada educação física (NEGRINE, 1998).
No entanto, é com Lapierre e Aucouturier que a verdadeira inovação pedagógica
ocorre caracterizada pela inquietação e postura científica, esses autores buscavam
sempre inovar. Ambos eram professores de educação física e psicoreeducadores e a
formação de diferentes formas de educação e reeducação corporal ajudaram para que o
marco reeducativo e terapêutico evoluísse para um marco educativo. Na trajetória
percorrida por eles pode-se dizer que há três momentos: período continuador, inovador
e da ruptura.
De acordo com Negrine (1998, p.51): “Lapierre e Aucouturier, segundo eles
mesmos reconhecem no livro “A simbologia do movimento”, utilizam a
psicomotricidade dentro de um modelo positivista2.”.
Para Negrine (1998), no período continuador, predominava entre os
psicomotricistas a vertente funcionalista e o método positivista, Lapierre e Aucouturier
determinavam as suas obras a partir de Picq, Vayer e Le Boulch. O diagnóstico
psicomotriz das crianças era feito a partir de normas estatísticas de normalidade, que
eram seguidos por vários exercícios a fim de desenvolver coordenação dinâmica geral e
viso manual, equilíbrio para o corpo, lateralidade, orientação espacial, estruturação
espaço temporal, etc.
Mesmo com a maioria dos estudiosos falando da reeducação, Lapierre afastou o
dualismo e afirmava que a educação3 e a reeducação são necessárias, e ainda propõe que
2 O positivismo é uma corrente filosófica que surgiu na França no começo do século XIX. Os principais
idealizadores do positivismo foram os pensadores Augusto Comte e John Stuart Mill. Esta escola
filosófica ganhou força na Europa na segunda metade do século XIX e começo do XX, período em que
chegou ao Brasil. O positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de
conhecimento verdadeiro. De acordo com os positivistas somente pode-se afirmar que uma teoria é
correta se ela foi comprovada através de métodos científicos válidos. Disponível em
http://www.suapesquisa.com/o_que_e/positivismo.htm.
3 “Abrange todas as aprendizagens da criança, processando-se por etapas progressivas e especificas
conforme o desenvolvimento geral de cada indivíduo. Realiza-se em todos os momentos da vida por meio
de percepções vivenciadas, com uma intervenção direta a nível cognitivo, motor e emocional,
estruturando o individuo como um todo” (BUENO, 1998, p.84).
18
a reeducação psicomotriz seja exercida sobre o psiquismo tanto no campo mental
quanto no afetivo, pois os dois estão ligados inconscientemente.
No período inovador, a Psicomotricidade surge não só como um método de
reeducação, mas também com objetivos psicopedagógicos e psicanalíticos, é marcado
como o início de um novo período. A Psicomotricidade passa de um enfoque funcional
para um enfoque relacional, onde é importante trabalhar com as habilidades da criança e
não se focar naquilo que ela não sabe.
A proposta inovadora da pratica psicomotriz de Lapierre e Aucouturier é a
introdução do “jogo” como componente pedagógico básico na sessão de
prática psicomotriz, seja educativa, reeducativa ou terapêutica, com crianças
ou com adultos em formação pessoal. (NEGRINI, 1998, p.59).
O período de ruptura é caracterizado pela distância que foi tomando dos
princípios defendidos anteriormente, a causa disso foi a busca das práticas propostas
pelos princípios inovadores. De acordo com Negrine (1998), Aucouturier defende
como potencializador o jogo de pulsão, jogo sensório motor, já Lapierre potencializa o
jogo simbólico. Outra diferença entre eles nesta fase de ruptura é que Lapierre vê a
Psicomotricidade de forma mais geral, e leva em conta as relações que o individuo
vivencia enquanto criança, adolescente e adulto e sua personalidade sobre a vida
pessoal, já Aucouturier vê a Psicomotricidade como função até aproximadamente os
sete ou oito anos.
De acordo com NEGRINE (1998, p. 65): “Suas diferenças fundamentais se
baseiam na forma de intervenção com as crianças e, fundamentalmente, na forma de
entender e potenciar o jogo durante a sessão.”.
A visão teórico prática da Psicomotricidade que foi proposta por Lapierre e
Aucouturier, onde adotaram os “jogos” como forma pedagógica foi influenciada por
Piaget.
De acordo com COSTA (2007) os estudos da Psicomotricidade no começo eram
voltados para a patologia e foi Wallon, Piaget e Ajuriaguerra que aprofundaram esses
estudos e o voltaram para o campo de desenvolvimento. Wallon se preocupava com a
relação psicomotora, a emoção e a afetividade, Piaget se preocupava com a relação
evolutiva, o intelectual e Ajuriaguerra se preocupava com o corpo e sua relação com o
19
meio, para ele o corpo era fundamental para o desenvolvimento mental, afetivo e motor
da criança.
Outro autor importante para a área da Psicomotricidade é Vygotsky, o qual
destacou a importância das mediações sociais para potencializar o processo de
desenvolvimento e aprendizagem, dando especial ênfase ao papel do brinquedo e da
atividade lúdica nesse processo.
1.2.1. PSICOMOTRICIDADE E SEUS INTERLOCUTORES
Henri Wallon foi um francês que viveu 83 anos, estudou Filosofia, Medicina e
Psicologia, sua atenção era voltada para as crianças, tentava entender o psiquismo
humano e se preocupava com a formação intelectual, afetiva e social, analisava o
desenvolvimento motor, afetivo e cognitivo (GALVÃO, 2005).
De acordo com Oliveira (2001), Wallon foi um dos pioneiros no estudo da
Psicomotricidade, e frisava a importância da afetividade no comportamento dos
indivíduos. Em 1925 relacionou a motricidade com a emoção, explicando o chamado
“diálogo tônico”. Wallon ressaltou a relação, o afeto e a emoção no desenvolvimento
psicomotor. Com essa teoria proposta por Wallon que unifica a motricidade e
afetividade, temos o fim do dualismo cartesiano que separa o corpo do desenvolvimento
intelectual e emocional do indivíduo.
Existe, para ele, uma evolução tônica e corporal chamada diálogo corporal
que constitui o “prelúdio da comunicação verbal”. Este diálogo corporal é
fundamental na gênese psicomotora, pois sua ação desempenha papel
fundamental de estruturação cortical e esta na base da representação.
(COSTA, 2007, p. 25).
Para Wallon, conforme vamos crescendo, vamos conhecendo e aprendendo a
lidar com o nosso corpo, o que é fundamental, pois nós conversamos através do corpo,
podemos nos expressar através dele, é uma forma de nos comunicarmos com as outras
pessoas.
Jean Piaget nasceu na Suíça e faleceu aos 84 anos, desde pequeno já se
interessava por questões cientificas, seus estudos eram voltados para o desenvolvimento
20
do pensamento, mas eles não eram voltados diretamente para a infância (FONTANA,
1997). Ele se preocupava com a estimulação adequada das crianças em cada fase do
desenvolvimento e não restringia a Psicomotricidade apenas como uma forma de
reeducação, mas a uma forma educativa.
De acordo com Costa (2007, p.27): “Piaget estudou o desenvolvimento sensório-
motor e criou condições próprias a uma compreensão mais real e precisa do corpo e
suas funções”.
Julian de Ajuriaguerra, nascido na Espanha e falecido em 1993 na França, foi
um importante psiquiatra, que contribuiu muito para a Psicomotricidade, pois foi ele
quem redefiniu o conceito de debilidade motora, considerando-a como uma síndrome
com particularidades próprias. A divulgação dos seus estudos possibilitou que a
Psicomotricidade tivesse uma especificidade e autonomia em relação as outras
disciplinas.
Dessa forma, pode-se considerar que o desenvolvimento da Psicomotricidade
teve como marco fundamental o trabalho de Ajuriaguerra, que mesmo depois de três
décadas do lançamento de sua primeira edição do “Manual de Psiquiatria Infantil”,
escreveu ainda outros importantes estudos e até hoje continua sendo um dos autores
mais citados em trabalhos relacionados ao desenvolvimento infantil. (MELLO, 2009).
Dos inúmeros temas abordados por Ajuriaguerra na citada obra, pode-se
destacar: o desenvolvimento infantil segundo a Psicologia Genética; a vida
social da criança e do adolescente; os problemas gerais do desenvolvimento;
os problemas gerais da desorganização psicobiológica da criança; a
organização psicomotora e seus distúrbios; a organização e desorganização
da linguagem na criança; a evolução e os distúrbios do conhecimento
corporal e da consciência do “eu”; as grandes síndromes: psicoses infantis,
organizações neurológicas infantis, doenças psicossomáticas, etc. (MELLO,
2009, p.29).
Lev Vygotsky nasceu na Rússia e faleceu aos 37 anos vítima de tuberculose,
embora tenha tido uma trajetória curta, teve uma vida intensa na pesquisa e na produção
de trabalhos que trouxeram importantes contribuições na compreensão dos processos de
aprendizagem e desenvolvimento infantil. A experiência (no trabalho de formação de
professores) com os problemas de crianças com defeitos congênitos (cegueira, retardo
mental severo, afasia, etc) o estimulou a encontrar alternativas que pudessem ajudá-las
21
em seu desenvolvimento e também era uma ótima oportunidade de compreensão dos
processos mentais humanos. (REGO, 1995).
No século XX, haviam duas vertentes antagônicas que explicavam o
desenvolvimento: os empiristas (objetivistas), que defendiam que a Psicologia deveria
ser vista como ciência natural, portanto precisaria deter-se na descrição das formas
exteriores de comportamento e os idealistas (subjetivistas) que defendiam que a
Psicologia deveria ser vista como ciência mental, portanto a vida psíquica humana não
poderia ser objeto de estudo da ciência objetiva, é manifestação do espírito. (REGO,
1995).
Vygotsky achava que estas concepções sobre desenvolvimento não eram
suficientes e consistentes e construiu uma nova teoria que tinha como objetivo estudar o
comportamento humano socialmente e historicamente, seus principais colaboradores
foram Aleksander R. Luria e Aleksei N. Leontiev. (REGO, 1995).
Para Vygotsky, as atividades motoras e a interação da criança com o mundo
social e com os objetos faz com que ela desenvolva as suas capacidades psicológicas.
Ele deu foco para os jogos infantis que abarcam a imaginação e as brincadeiras,
potencializando o processo de aprendizagem e desenvolvimento.
Ele enfatiza que o desenvolvimento da criança é produto dos
estabelecimentos sociais e sistemas educacionais, como a família e a Igreja,
que ajudam a criança a construir seu próprio pensamento e a descobrir o
significado da ação do outro e da sua própria ação. Sua teoria defende que a
criança só aprende adequadamente quando compreende a lógica presente nos
processos biológicos e culturais que se estruturam. Ou seja, a criança
compreenderá as coisas, dependendo das pessoas, que mostraram ações,
movimentos e formas de expressão. (MALUF, 2009, p.17).
Bueno (1998), ao discorrer sobre o campo profissional da Psicomotricidade,
refere que é importante citar que em 1952, Jean Le Boulch que era um instrutor de
educação física defendia a educação psicomotora e graças a sua luta junto com outros
educadores conseguiu em 1967 na França o decreto ministerial que dava 6 horas
semanais de educação psicomotora na prática escolar. Com isso o reconhecimento da
Psicomotricidade começa a evoluir. Le Boulch também dizia que a Psicanálise
contribuiu com a Psicomotricidade, e que ela devia ter uma identidade própria.
(OLIVEIRA, p. 35, 2001)
22
Foi na década de 70 que os autores J. Bergès, R. Diatkine, B. Jolivet e S.
Lebovici definiram a Psicomotricidade como uma motricidade de relação, isso foi um
ensaio para uma nova intervenção psicomotora, a Clínica-psicomotora. (COSTA,
2007).
A Psicomotricidade no Brasil nasceu na década de 50, e a sua evolução também
foi marcada por nomes de pessoas, locais e fatos. Ela passa por correntes organicistas e
depois pelas afetivas e sociais.
De acordo com Bueno (1998, p.22): “Alguns profissionais ligados as áreas da
deficiência começavam a valorizar o corpo e o movimento como elementos interligados,
mesmo sem relacioná-los ao termo Psicomotricidade.”.
Um dos caminhos encontrados para estimulação de deficientes foi a criação de
cursos de formação de professores na área de ensino especial no Rio de Janeiro. As
técnicas reeducativas tiveram início na década de 60, e os pontos de vista sobre a
Psicomotricidade eram diferentes em cada região, mas a Psicomotricidade eclodiu
realmente na década de 70. Em 1980 foi criada a Sociedade Brasileira de Terapia
Psicomotora que depois se tornou Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (SBP) e em
1982 ela realizou o I Congresso Brasileiro de Psicomotricidade.
Os cursos superiores vão surgindo, aos poucos a Psicomotricidade vai
crescendo, se desenvolvendo e ganhando espaço no Brasil assim como em outros
países.
Surgem também cursos de pós-graduação em Psicomotricidade em alguns
estados, entre eles Rio de Janeiro e Paraná. Em 1989 é aberto no Instituto
Brasileiro de Medicina de Reabilitação (IBMR) o primeiro curso de
graduação, com duração de 4 anos. (BUENO, 1998, p.23)
No Brasil a Psicomotricidade tem como referência Airton Negrine, que tem
como base em seus trabalhos os estudos de Vygotsky, Lapierre e Aucounturier.
23
2. EDUCAÇÃO INFANTIL E PSICOMOTRICIDADE
Neste capítulo será apresentado um breve histórico sobre a Educação Infantil
para posteriormente refletirmos sobre a importância do lúdico no processo de
aprendizagem e desenvolvimento da criança através da Psicomotricidade.
2.1. MOMENTOS HISTÓRICOS DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Durante a Idade Média não se sabia qual era o período da infância, portanto se
fundamentavam através da questão física, e delimitavam seu término em torno dos 6 ou
7 anos quando a criança desmamava e era colocada no mundo dos adultos e apresentada
a novas experiências.
De acordo com Oliveira (2008), durante muito tempo o cuidar e educar eram de
responsabilidade da família, em especial da mãe e outras mulheres, e a criança era vista
como um pequeno adulto e quando deixava de depender de outros ela ajudava os
adultos nas tarefas cotidianas.
Na idade média e moderna foram criadas as “rodas dos expostos” onde eram
colocados bebês e crianças para que as igrejas e hospitais de caridade pudessem cuidar,
os entes religiosos eram responsáveis por ensinar um oficio para a criança quando ela
crescesse. No Brasil essa roda foi muito importante, pois por um século e meio foi a
única instituição que ofereceu assistência para as crianças abandonadas. Ela foi
introduzida no século XVIII em Salvador, Rio de Janeiro e Recife.
As idéias de abandono, pobreza, culpa, favor e caridade impregnam, assim,
as formas precárias de atendimento a menores nesse período e por muito
tempo vão permear determinadas concepções acerca do que é uma instituição
que cuida da educação infantil, acentuando o lado negativo do atendimento
fora da família (OLIVEIRA, 2008, p. 59).
A história da educação infantil no Brasil segue a história do resto do mundo, não
havia instituições que acolhessem as crianças pequenas até meados do século XIX. Dois
marcos importantes para a história da educação no Brasil foram: a abolição da
24
escravatura que fez com que o abandono de crianças aumentasse e a entrada das
mulheres no mercado de trabalho, com isso elas não tinham aonde deixar seus filhos
para irem trabalhar, assim foi preciso criar creches para cuidar dessas crianças. Essas
escolas surgiram como uma forma de dar assistência, cuidar da higiene, alimentar as
crianças enquanto estavam longe de suas mães e não como um trabalho educacional, de
desenvolvimento. (OLIVEIRA, 2008)
Quando o “jardim de infância” chegou ao Brasil causou muita discussão entre os
políticos daquela época, pois, enquanto alguns achavam que ele era um lugar onde as
crianças seriam deixadas, outros acreditavam que seria importante para o
desenvolvimento delas. Durante a polêmica, dizia-se que o objetivo dessas escolas era
apenas uma forma de caridade aos mais pobres e que então o poder público não deveria
mantê-lo.
Até pouco tempo, o atendimento das crianças até os seis anos era visto como
uma forma de assistencialismo, e foi na década de 70 que a educação dessas crianças foi
reconhecida como importante, assim o atendimento passou a ser ampliado
principalmente para as crianças de 4 a 6 anos, porém ainda não era assegurada à criança
a legislação e acaba sendo mais difícil a sua expansão do atendimento com qualidade.
Um dos fatores marcantes na década de 90 foi a promulgação do Estatuto da
Criança e do Adolescente em 1990, onde as crianças conquistaram seus direitos que
foram promulgados pela Constituição e posteriormente, quando a Educação Infantil
passa a ser incluída como parte integrante da Educação Básica com a LDB/96 (art. 29),
que assim define a Educação Infantil:
A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade
o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus
aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da
família e da comunidade. (BRASIL, 1996)
Oliveira (2008), ao discorrer sobre os efeitos produzidos quando a LDB
incorpora a Educação Infantil como primeira etapa da educação básica, refere que:
25
O debate que acompanhou a discussão de uma nova Lei de Diretrizes e
Bases da Educação Nacional (LDB) na Câmara de Deputados e no Senado
Federal impulsionou diferentes setores educacionais, particularmente
universidades e instituições de pesquisa, sindicatos de educadores e
organizações não governamentais, à defesa de um novo modelo de educação
infantil. (OLIVEIRA, 2008, p.117).
Dessa forma pode-se perceber que, principalmente, após a LDB passa a haver
uma mudança no olhar destinado à educação das crianças, incluindo agora uma maior
visão pedagógica e maior preocupação com a formação dos professores. Oferecer
creches e pré-escolas é dever do Estado e a nova Carta Constitucional já reconheceu
isso, mas, até se tornar real e as escolas serem públicas, é preciso uma legislação e
recursos específicos determinados pela Lei de Diretrizes e Bases e pelas Constituições
Estaduais. (KRAMER, 2007).
No atual momento histórico é, portanto, fundamental que se amplie a oferta
de educação para crianças de 0 a 6 anos, de modo a garantir, a todas, o direito
de acesso e permanência. Evidentemente, o trabalho realizado no anterior
dessa escola deve ter a qualidade necessária para que possa com efetividade
beneficiar as crianças, aspecto que podemos melhor aprofundar a partir das
contribuições provenientes da sociologia, da psicologia e da antropologia.
(KRAMER, 2007, p.18).
De acordo com Negrine (2010), os estudos feitos por Vygotsky mostram que as
teorias que falam sobre desenvolvimento e aprendizagem são: as que dizem que o
processo de desenvolvimento e de aprendizagem são independentes e que a
aprendizagem é externa, não tem participação no desenvolvimento e nem provoca
mudança nele; outra que é completamente oposta a primeira diz que a aprendizagem é
um desenvolvimento e que cada etapa de um corresponde a uma etapa da outra; a última
é uma conciliação entre as duas anteriores.
Sem formular inicialmente uma teoria, trata de esclarecer que aprendizagem e
desenvolvimento não entram em contato pela primeira vez na idade escolar e,
portanto, estão ligados entre si desde os primeiros dias de vida da criança.
Quando a criança chega à escola, já aprendeu muitas coisas, e isso constitui a
pré historia da aprendizagem escolar, que se adquire de forma não
sistemática. Provavelmente, essa seria a diferença fundamental com respeito
àquela que se adquire na escola. (NEGRINE, 2010, p.23)
Alguns educadores ainda mantêm o pensamento de que a criança, ao entrar na
escola, não possui nenhum tipo de conhecimento, e o professor é quem passa e ensina
26
tudo para eles. No entanto, como nos é esclarecido por Negrine (2010) a criança
aprende e vai se desenvolvendo desde o momento em que nasce e na escola é
importante que o professor escute o seu aluno, que saiba qual o conhecimento que o
aluno carrega, assim pode fazer com que a aula tenha mais significado para o mesmo.
De acordo com Oliveira (1998), as práticas utilizadas na Educação Infantil
mesmo com alguns pontos em comum têm os seus objetivos diferentes em cada país.
Entre as discussões, o tema não é sobre investir ou não nesta área, mas o porquê e para
quem ela existe e como deve ser organizada para que os serviços de qualidade sejam
oferecidos. Entre os objetivos esperados estão: o desenvolvimento do corpo, da
afetividade e do intelecto, aprender a se expressar e também a preparação para quando a
criança for para a escola. Sobre a importância dessa etapa da educação infantil a autora
refere que:
As crianças pequenas que se beneficiam de um serviço de qualidade tendem a
desenvolver mais raciocínio e a capacidade de solução de problemas, a ser
mais cooperativas e atentas aos outros e a adquirir maior confiança em si.
Grande parte desses efeitos positivos persistem e contribuem para suscitar-
lhes uma atitude positiva com relação à aprendizagem escolar e favorecê-las
com sucesso em seus estudos posteriores. (OLIVEIRA, 2008. P.85).
Quando a criança tem a oportunidade de frequentar uma escola, de desfrutar de
um ensino de boa qualidade, em que os educadores façam uso de estratégias lúdicas no
desenvolvimento das atividades, isso permite com que ela desenvolva capacidades
como cooperação, confiança, o que também é importante na sua aprendizagem,
juntamente com os conhecimentos científicos.
2.2. O LÚDICO NA EDUCAÇÃO INFANTIL
A educação infantil é uma fase muito importante na vida de uma criança, é
preciso que a escola seja um lugar acolhedor, atraente, que estimule as crianças, assim
elas podem aprimorar os seus conhecimentos, realizar vivências através de atividades
lúdicas e ter oportunidades de interagir e trocar experiências com outras pessoas.
27
Os primeiros anos de vida são decisivos na formação da criança, pois se trata
de um período em que ela está construindo sua identidade e grande parte de
sua estrutura física, afetiva e intelectual. Sobretudo, nesta fase, deve-se adotar
várias estratégias, entre elas as atividades lúdicas, que são capazes de intervir
positivamente no desenvolvimento da criança, suprindo suas necessidades
biopsicossociais, assegurando-lhe condições adequadas para desenvolver
suas competências. (MALUF, 2009, p.13).
De acordo com Maluf (2009), as atividades lúdicas devem ser dadas sempre
com algum objetivo para que a aprendizagem da criança seja significativa, ir além de
uma forma de entretenimento, pois são importantes no processo de ensino
aprendizagem além de estimular o conhecimento.
Para que ocorram aprendizagens significativas é importante, ao mesmo
tempo, que a criança se mostre correspondente em relação às atividades
lúdicas propostas, que esteja motivada para relacionar o que está aprendendo
com o que já sabe. A criança estabelece relações entre as novas informações
e os seus esquemas de conhecimento. Essa atividade é de natureza interna, se
dá no nível do pensamento da criança a partir das condições de informações
que ela já construiu. (MALUF, 2009, p.43)
Para as crianças a brincadeira é uma forma de entrarem aos poucos no mundo
dos adultos, buscando entender esse mundo através do uso de objetos, pois brincando
desenvolve suas habilidades, interage com o meio, aprende a respeitar as regras, ajuda
na aprendizagem e também a solucionar problemas, descobrindo o mundo em que vive.
(TEIXEIRA, 2010).
Para Maluf (2009, p.21): “[...] A atividade lúdica pode ser uma brincadeira, um
jogo ou qualquer outra atividade que vise proporcionar interação. Porém, mais
importante do que o tipo de atividade lúdica é a forma como ela é dirigida e vivenciada,
e o porquê de sua realização”.
Ao brincar, afeto, motricidade, linguagem, percepção, representação,
memória e outras funções cognitivas estão profundamente interligados. A
brincadeira favorece o equilíbrio afetivo da criança e contribui para o
processo de apropriação de signos sociais. Cria condições para uma
transformação significativa da consciência infantil, por exigir das crianças
formas mais complexas de relacionamento com o mundo. Isso ocorre em
virtude das características da brincadeira: a comunicação interpessoal que ela
envolve não pode ser considerada “ao pé da letra”; sua indução a uma
constante negociação de regras e à transformação dos papeis assumidos pelos
participantes faz com que seu enredo seja sempre imprevisível. (OLIVEIRA,
2008, p.160)
28
A criança precisa se movimentar, exercitar o seu corpo, saber dominar os seus
movimentos, e brincando ela faz tudo isso expressando as suas emoções. Muitas vezes
um objeto pode se transformar em um brinquedo “super legal” graças à imaginação da
criança. É através das brincadeiras que a criança obtém a sua cultura lúdica.
Em toda atividade lúdica da criança existe exercício e jogo e ambos são
importantes na medida que servem de alavanca ao processo de aprendizagem
e desenvolvimento. Tão importante como a trajetória que a criança faz ao
jogar está a preparação do adulto para entender, compreender e intervir como
formas de ajudar a criança a evoluir. (NEGRINE, 1998, p.149)
De acordo com Maluf (2009, p.19): “Podemos acreditar que a criança vai
construindo seu conhecimento de mundo de modo criativo, lúdico, modificando a
realidade com os recursos da sua imaginação. Precisa ser sempre respeitada, pois seu
mundo é mutante e acaba oscilando entre a fantasia e a realidade.”.
Teixeira (2010) se refere que na atividade lúdica a criança aprende a seguir
regras, experimenta formas de comportamento e socialização, descobre o mundo ao seu
redor, relaciona-se com seus pares e começa a perceber que não é um ser único. Esta
autora destaca que quando brinca a criança potencializa e pratica os quatro pilares da
educação (Jacques Delors –UNESCO): 1. Aprende a conhecer; 2. Aprende a fazer; 3.
Aprende a conviver e 4. Aprende a ser.
Portanto, é imprescindível que nas escolas sejam oferecidos espaço e tempo para
que as crianças possam brincar, é necessário que os brinquedos usados pelas crianças
estejam de acordo com a sua realidade, que não sejam muito diferentes do que já se tem
o costume de brincar.
Maluf (2009, p.42) ainda diz que:
As atividades lúdicas devem ser utilizadas no cotidiano das crianças. Quando
o educador insere uma atividade lúdica num tema a ser abordado, a atividade
lúdica deve se constituir em um auxílio eficiente ao alcance de uma
finalidade, dentro do plano pedagógico do educador.
Os educadores podem compreender seus alunos, sua personalidade e seu
comportamento tanto individual como coletivo durante as atividades lúdicas, enquanto
se diverte a criança ainda aumenta sua auto estima, troca informações, experiências
29
corporais e culturais através da socialização. É preciso atentar-se as manifestações da
criança, levar em conta o conhecimento que ela carrega e a sua singularidade,
principalmente é necessário respeitá-la. (MALUF, 2009).
Santos (1997) também reafirma a importância da inserção de atividades lúdicas
na escola, uma vez que, segundo a autora, o aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o
desenvolvimento pessoal, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, facilita
processos de socialização, comunicação, expressão e construção do conhecimento. Esta
autora evidencia inclusive a necessidade de introduzir na grade curricular da formação
do professor um novo pilar: a formação lúdica.
Airton Negrine (apud SANTOS, 1997) sugere 3 pilares que sustentariam uma
boa formação profissional: a formação teórica, a formação pedagógica e formação
pessoal ou lúdica. Considerando que a formação lúdica proporciona aos educadores
vivencias lúdicas, experiências corporais (ação, pensamento, linguagem), conhecer-se
como pessoa, saber de suas possibilidades e limitações, desbloquear suas resistências e
ter uma visão clara sobre a importância do atividade lúdica para crianças, jovens e
adultos.
Teixeira (2010) ao discorrer sobre os jogos, brinquedos e brincadeiras na
Educação Infantil e no Ensino Fundamental destaca que os mesmos são vistos de
diferentes formas e interpretados por diferentes aspectos: físicos, emocionais e
socioculturais. Sendo que esses aspectos quase sempre se encontram interligados. No
aspecto físico, por exemplo, podemos observar componentes de ordem cognitiva,
afetiva e social que acompanham o ato motor.
A criança tem grande necessidade de se movimentar, e segundo Teixeira (2010)
a qualidade do desenvolvimento motor interfere no seu desenvolvimento. Dos 2 aos 7
anos o brinquedo assume grande importância, sendo instrumento de brincadeira e jogo e
meios de desenvolvimento. Nessa idade as crianças exercitam seu corpo como um todo,
conhecem seus limites, exploram a realidade, dominam e coordenam seus movimentos.
30
3. A PSICOMOTRICIDADE OS JOGOS E AS BRINCADEIRAS NA
EDUCAÇÃO INFANTIL
Neste capitulo será feita uma análise sobre a psicomotricidade, os jogos e
brincadeiras na educação infantil que a cada dia que passa se mostram mais importantes
e necessários para o desenvolvimento cognitivo, psicológico, emocional e motor das
crianças. Falaremos ainda sobre a visão de autores como Vygotsky e Wallon sobre os
jogos.
3.1. CONCEPÇÃO DE JOGO E A VISÃO DE VYGOTSKY E WALLON
A importância dos jogos vem desde antigamente, filósofos como Platão,
Aristóteles, entre outros dão destaque ao papel do jogo na educação, mas foi com
Froebel, criador do jardim de infância, que os jogos começaram a fazer parte do
currículo na educação infantil, assim a criança passou a brincar e utilizar-se de
brinquedos nas escolas.
Durante os jogos educativos é importante que haja um equilíbrio entre as
funções lúdicas onde há diversão e prazer, e funções educativas que ensinam as
crianças. (KISHIMOTO, 2008).
Analisando a literatura pertinente, pode-se dizer que jogo apresenta
significados distintos, uma vez que pode significar desde os movimentos
simples que a criança realiza nos primeiros anos de vida agitando objetos que
estão ao seu alcance, até atividades complexas como certos jogos tradicionais
e/ou o desporto institucionalizado. (NEGRINE e NEGRINE, 2010, p.59).
Os jogos e as brincadeiras são considerados importantes para o desenvolvimento
das crianças e eles acontecem desde o começo de nossas vidas, é através deles que as
crianças podem se expressar, se comunicar, criar, misturar realidade e fantasia.
31
De acordo com Mello (2009), o jogo pode ser definido como:
(...) uma atividade ou ocupação voluntária, onde o real e a fantasia se
encontram, que possui características competitivas, ocorre num espaço físico
e de tempo determinados, desenvolve-se sob regras aceitas pelo grupo de
participantes, e são, em geral, a habilidade física, o desempenho intelectual
diante das situações de jogo, e às vezes a sorte, os componentes responsáveis
pela determinação dos seus resultados. Com frequência, sua prática se dá
num clima de tensão e expectativa, principalmente face ao desconhecimento
antecipado do resultado final. (MELLO, 2009, p.61).
Antigamente os jogos eram vistos como uma forma de recreação, apenas um
passatempo para as crianças sem qualquer objetivo específico, diferentemente dos dias
de hoje, quando eles estão sendo utilizados pelos professores também como um recurso
pedagógico.
Hoje a perspectiva com relação aos jogos infantis é outra. Educadores e
outros pesquisadores da Educação incentivam a prática do jogo como forma
de aperfeiçoar o desenvolvimento infantil. Pode-se afirmar que os jogos estão
adquirindo gradualmente uma nova dimensão. Vistos sob um enfoque de
integração aos currículos das escolas, deixam de ser considerados atividade
secundária e passam a ser pedagogicamente aceitos como parte dos
conteúdos. (MELLO, 2009, p.62)
De acordo com Antunes (2000), na busca por um ensino onde os alunos se
interessem pelo conteúdo os jogos ganharam espaço no processo de ensino e
aprendizagem. Levando em consideração as experiências e descobertas das crianças, o
professor deve criar “situações estimuladoras e eficazes”. Ainda segundo o autor “O
jogo ajuda-o a construir suas novas descobertas, desenvolve e enriquece sua
personalidade e simboliza um instrumento pedagógico que leva ao professor a condição
de condutor, estimulador e avaliador da aprendizagem.” (ANTUNES, 2000, p.36).”.
Para Vygotsky (2003), existem três zonas de desenvolvimento: a zona de
desenvolvimento potencial, a zona de desenvolvimento real e a zona de
desenvolvimento proximal. A zona de desenvolvimento potencial é aquela que a criança
ainda vai construir, está voltada para seu futuro, a zona de desenvolvimento real é
aquilo que a criança já aprendeu e consegue dominar e na zona de desenvolvimento
proximal a criança faz algo com o auxilio de outro, mas depois de um tempo ela poderá
fazer sozinha.
32
De acordo com Kishimoto (2008), ao referir-se aos jogos e as brincadeiras
Vygotsky salienta que “[...] nos primeiros anos de vida, a brincadeira é a atividade
predominante e constitui fonte de desenvolvimento ao criar zonas de desenvolvimento
proximal.”
A zona de desenvolvimento proximal significa a distância entre o nível real
de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver de forma
independente um determinado problema, e o nível de desenvolvimento
potencial, determinado através da resolução de um problema sob a supervisão
de um adulto ou em colaboração com outro companheiro mais capaz. Nesse
sentido, a análise desse autor altera a opinião tradicional de que, no momento
em que a criança assimila o significado de uma palavra ou domina uma
operação que pode ser a soma ou a linguagem escrita, seus processos
evolutivos se realizaram por completo. Na realidade, apenas começaram.
(NEGRINE, 2012, p. 25).
Ao discorrer sobre essa questão Vygotsky (2003) refere que a brincadeira
infantil tem impacto no desenvolvimento, porque cria zonas de desenvolvimento
proximal, pois nela as crianças se comportam "além do comportamento habitual de sua
idade, além do seu comportamento diário." (VYGOTSKY, 2003, p. 134).
De acordo com Negrine e Negrine (2010), Vygotsky não vê nos jogos uma
atividade que possa ser definida apenas como uma atividade prazerosa, mas entende que
através dos estímulos propiciados por esses jogos há um progresso no desenvolvimento
da criança. Ainda segundo Negrine e Negrine (2010, p.95) “Quando explica o papel do
jogo no desenvolvimento da criança, chega a algumas conclusões. Inicialmente, coloca
que o jogo não é uma característica predominante da infância, mas um fato básico no
desenvolvimento”.
Para os vygotskianos, os jogos são condutas que imitam ações reais e não
apenas ações sobre objetos ou uso de objetos substitutos. Não há atividade
propriamente simbólica se os objetos não ficam no plano imaginário e são
evocados mais por palavras que por gestos. (KISHIMOTO, 2008, p.42)
Para Wallon, existem cinco estágios de desenvolvimento: Impulsivo-emocional
que acontece no primeiro ano de vida e que predomina a afetividade; Sensório Motor e
Projetivo que vai até os três anos de idade e predomina a cognição; Personalismo que é
dos três aos seis anos e retorna a afetividade; Categorial por volta dos seis anos há
influência do cognitivo e o Estágio da adolescência em que há uma influencia
33
funcional, existem momentos em que a afetividade que predomina e há momentos que
a cognição é quem predomina. (GALVÃO, 1995).
Sobre os jogos, Wallon diz que eles se confundem com as atividades globais das
crianças, e os classifica em: jogos puramente funcionais, que ele chama de elementares,
são aqueles que as atividades têm como intenção “mover dedos, tocar objetos, produzir
ruídos e sons, dobrar braços e pernas”; os jogos de ficção que é o famoso ‘faz de conta”
e tem como exemplo o brincar de bonecas, de cavalo de pau, etc; os jogos de aquisição
que se refere ao olhar, escutar, perceber e compreender; e os jogos de fabricação onde é
possível transformar, modificar e inventar novos objetos. (NEGRINE e NEGRINE,
2010, p. 71).
[...] Analisando o estudo dos estágios propostos por Piaget, Wallon fez
inúmeros comentários onde evidenciava o caráter emocional em que os jogos
se desenvolvem, e seus aspectos relativos à socialização. Interessou-se
particularmente pelo aspecto da descoberta e da relação com o “outro” que o
jogo é capaz de propiciar. (MELLO, 2009, p.68).
De acordo com Maluf (2009), a criança se desenvolve de acordo com a
influência do adulto que a sociedade quer formar, as suas potencialidades dependem da
cultura, das ideias e do contexto social da criança.
Para Antunes (1998), é através dos jogos que a criança descobre a vida, a sua
individualidade e ajuda no seu crescimento e seu desenvolvimento, ressalta ainda a
importância de que os jogos sejam muito bem elaborados e que o professor tenha
sempre a noção de que o importante é a qualidade e não a quantidade de jogos
aplicados.
3.2. A PSICOMOTRICIDADE A PARTIR DOS JOGOS E
BRINCADEIRAS.
Durante a educação psicomotora, devem ser trabalhadas as atividades lúdicas
que são muito importantes e ajudam as crianças a utilizarem o seu corpo para se
expressarem e ainda ampliarem algumas noções de coordenação, equilíbrio, consciência
corporal, etc.
34
Devemos conduzir a educação psicomotora de forma recreativa (lúdica),
levando a criança a fazer uso de diferentes gestos, posturas e expressões
corporais com intenções educativas, ou seja, objetivando desenvolver áreas
especificas como: coordenação motora, ritmo, equilíbrio, agilidade, etc.
fazendo com que a criança se sinta segura para aventurar-se e vencer novos
desafios, proporcionando conhecimento ao redor de si mesma, dos outros e
do ambiente em que vive. (MALUF, 2009, p.26)
De acordo com Maluf (2009), os elementos básicos como a Lateralidade,
Esquema corporal, Estruturação espacial e Orientação temporal são obtidos através das
atividades psicomotoras que são essenciais para uma boa aprendizagem. Essa educação
psicomotora pode ser compreendida como uma educação global, que segundo Maluf
(2009) está “[...] associada aos potenciais afetivos, sociais, intelectuais e motores da
criança.” (p. 25).
Para Oliveira (2001, p.62) “A lateralidade é a propensão que o ser humano
possui de utilizar preferencialmente mais um lado do corpo do que o outro em três
níveis: mão, olho e pé.”. Entende-se assim que há um lado dominante que é mais forte,
mais rápido e preciso, mas o outro lado, aquele que ajuda nessas ações tem a mesma
importância, nenhum deles funciona sozinho, eles se completam.
É importante que as crianças saibam diferenciar o lado esquerdo e o direito. As
crianças ao nascerem ainda não tem preferência de lado, conforme vão crescendo vão
começando a definir e preferir um dos lados, durante esse processo ainda pode haver
uma troca de uso dos lados, mas faz parte do processo até que possa ter uma “definição
completa de sua lateralidade.” (MALUF, 2009, p.27).
Maluf (2009, p.32), oferece algumas sugestões sobre atividades que focalizam o
trabalho com a lateralidade com as crianças como, por exemplo: com a criança de pé
pedir que ela levante e abaixe o braço direito e depois fazer o mesmo com o braço
esquerdo, levantar e abaixar os dois braços; pedir para a criança chutar uma bola e
analisar qual o lado do pé utilizado; com os pés no chão equilibrar o corpo para frente e
para trás, para a esquerda e direita; pedir para que a criança sente e então com os braços
apoiados ao lado do corpo e as pernas esticadas pedir para que ela levante e abaixe a
perna direita e em seguida faça a mesma coisa com a esquerda. Todos esses
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movimentos são importantes para que a criança tenha poder sobre o seu corpo e uma
lateralidade definida.
A palavra esquema corporal surgiu em 1911 com o neurologista Henry Head. O
corpo é uma forma que as crianças têm de se expressar, quando o esquema corporal está
bem preparado a criança se sente bem, pois consegue ter o domínio sobre seu corpo, é
através dele que a criança interage com o mundo em que vive e isso faz com que ela se
desenvolva. (OLIVEIRA, 2001).
O corpo é uma forma de expressão da individualidade. A criança percebe-se
e percebe as coisas que a cercam em função de seu próprio corpo. Isto
significa que, conhecendo-o, terá maior habilidade para se diferenciar, para
sentir diferenças. Ela passa a distingui-lo em relação aos objetos
circundantes, observando-os, manejando-os. (OLIVEIRA, 2001, p.47).
De acordo com Maluf (2009, p.26), o esquema corporal “É um componente
imprescindível para a formação da personalidade da criança. É o perfil relativamente
completo e diferenciado que a criança tem do seu próprio corpo, da sua própria
pessoa.”.
Segundo Oliveira (2001, p. 52): “O esquema corporal não é um conceito
aprendido, que se possa ensinar, pois não depende de treinamento. Ele se organiza pela
experienciação do corpo da criança.”. Oliveira (2001) diz ainda que essa construção do
esquema corporal é feita pela criança aos poucos, quando ela nasce possui várias
sensações e percepções proprioceptivas4, mas ainda não consegue organizá-las,
conforme ela vai crescendo, vai se conhecendo e se adaptando a elas. Podemos também
compreender, a partir de uma abordagem sócio-histórica, que essas sensações e
percepções vão ganhando significados a partir da interação da criança com o mundo
cultural que a cerca, através das mediações dos adultos que vão nomeando para a
criança todas essas percepções e sensações que ocorrem com ela.
Algumas atividades ajudam no esquema corporal como andar, correr na ponta
dos pés ou nos calcanhares; desenhar uma linha no chão e fazer a criança caminhar
4 “A propriocepção (ou cinestesia), termo empregado por Sherrington por volta de 1900, é definida
como sendo qualquer informação postural, posicional, encaminhada ao sistema nervoso central pelos
receptores encontrados em músculos,tendões, ligamentos, articulações ou pele. Em outras palavras, é a
consciência dos movimentos produzidos pelos nossos membros. Disponível em
http://www.infoescola.com/corpo-humano/propriocepcao/.
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sobre ela; dar passos longos e curtos; pular com um pé só alternando os lados e pular
com os pés juntos; mover a cabeça, pedir para que a criança mostre onde estão os olhos,
nariz, boca; segurar alguns objetos utilizando mãos e pés e depois passá-los para outra
pessoa, fazer atividades que possuem ritmo e que explore os movimentos; conduzir
objetos utilizando as diversas partes do corpo; subir e descer escadas ou rampas
explorando as diversas partes do corpo. (MALUF, 2009, p.31).
Para Oliveira (2001), nós não nascemos com a estruturação espacial, ela é
construída e preparada mentalmente através dos movimentos relacionados aos objetos.
Quando a criança realiza tarefas simples do seu cotidiano como se vestir, comer, brincar
ou pegar um sapato para colocar ou para amarrar já está aprendendo desde cedo a
ordenar seus objetos.
Segundo Maluf (2009, p.28), a estruturação espacial é a forma como a criança se
coloca no espaço e coloca as outras pessoas e os objetos, é saber ir para frente ou para
trás, para a direita ou esquerda, para cima ou para baixo, e para isso é importante que a
criança tenha domínio da lateralidade. É através dela que a criança toma consciência do
seu corpo no ambiente, ou seja, localiza-se no espaço. Para estimular e potencializar a
noção espacial o educador deve utilizar atividades que procurem mostrar às crianças
sobre o que é em cima e embaixo; em frente; grande e pequeno; alto e baixo; dentro e
fora; lado; menor e maior; longe e perto; largo e estreito. Os métodos mais utilizados
são as cantigas, os jogos e as brincadeiras.
A estruturação espacial é essencial para que vivamos em sociedade. É através
do espaço e das relações espaciais que nos situamos no meio em que
vivemos, em que estabelecemos relações entre as coisas, em que fazemos
observações, comparando-as, combinando-as, vendo as semelhanças e
diferenças entre elas. (OLIVEIRA, 2001, p.74).
Para Maluf (2009), atividades como mostrar para a criança como se anda para
frente e para trás, para a direita e para a esquerda e depois fazer todos esses movimentos
junto com a criança; ensinar a criança a ficar na fila ajudam na sua estruturação
espacial.
O homem está introduzido no tempo, pois está sempre sob a ação do tempo,
portanto em transformação, ele nasce, cresce e morre, é através da orientação temporal
que ele tem a capacidade de lidar com o ontem, o hoje e o amanhã, poderá ordenar os
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acontecimentos do passado e ainda planejar o seu futuro. Assim como a estruturação
espacial, a temporal não nasce com a criança ela também vai sendo construída e precisa
de certo esforço mental da criança que vai conseguir realizar quando o seu
desenvolvimento cognitivo estiver mais avançado. (OLIVEIRA. 2001)
Maluf (2009) diz que a estruturação temporal além de trabalhar noções de antes,
durante e depois também trás conceitos de tempo longo e curto (como uma hora, um
minuto); diferença entre correr e andar; dias da semana, meses, estações do ano; o
tempo que já passou e o que está por vir; o envelhecimento de pessoas, plantas, animais.
É importante ainda que sejam oferecidas atividades para que a criança identifique
conceitos como dia e noite; manhã, tarde e noite; cedo e tarde; antes e depois; lento,
moderado e rápido; etc..
Segundo Oliveira (2001, p.91), “Orientar-se no tempo, portanto, torna-se
fundamental na nossa vida cotidiana, pois a maioria de nossas atividades são
controladas por ele. A criança caminha para essa noção de tempo objetivo, e nós
devemos auxiliá-la nisto.”.
Para ajudar na orientação temporal das crianças podem-se realizar atividades
como: pedir para a criança ir até o fim da sala de aula, tanto devagar como depressa;
pedir para que ela bata palmas, bata os pés, as mãos sobre a mesa, sempre em diferentes
ritmos; usar arcos e pneus para a criança reconhecer dentro e fora; marcar com fita ou
barbante no chão um espaço para trabalhar noções de distancia, direção e colocação.
(MALUF, 2009)
Durante as atividades psicomotoras é interessante se trabalhar com movimentos
que possuem ritmo, pois além de ser uma forma de se expressar o ritmo ainda ajuda na
flexibilidade dos movimentos, trabalha a atenção e a concentração das crianças.
(OLIVEIRA, 2001, p.94).
Através da educação psicomotora a criança poderá explorar o recinto em que
se encontra, passar por experiências concretas, imprescindíveis ao seu
desenvolvimento intelectivo, sendo capaz de tomar consciência de si mesma
e do mundo que a cerca. [...] a educação do movimento é o ponto de partida
das futuras aquisições de aprendizagens. (MALUF, 2009, p.30)
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As atividades psicomotoras são muito importantes no desenvolvimento da
criança, e ainda ajudam no processo de ensino/aprendizagem. É através dessas
atividades que a criança se conhece, conhece seu corpo, aprende a se expressar através
dele, conhece o mundo em que vive, as pessoas e os objetos que a cercam. É o começo
de todas as suas conquistas.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho teve como objetivo realizar uma análise e reflexão sobre
essa nova ciência chamada Psicomotricidade, conhecermos a sua história no mundo e
no Brasil, compreendermos como ela pode ajudar no desenvolvimento das crianças e no
processo de ensino e aprendizagem.
Fazendo um breve resgate sobre a história da Psicomotricidade compreendemos
que essa ciência surgiu quando se notou que algumas debilidades motrizes tinham
relação com as psicológicas, sendo que somente no ano de 1920 surge realmente a
palavra Psicomotricidade com Ernest Dupré. Pudemos ver que as civilizações europeia
e americana foram as mais marcantes no seu processo de evolução, vimos ainda que
algumas ciências, filósofos e pensadores contribuíram para o seu desenvolvimento.
A Psicomotricidade é uma ciência que vem crescendo e se tornando importante a
cada dia que passa, ela tem como objetivo auxiliar no processo de desenvolvimento da
criança reunindo e articulando as áreas intelectual, motora, psicológica e afetiva.
Através dos estudos realizados pela Psicomotricidade pudemos compreender que
corpo e mente estão extremamente relacionados e que se um não funciona muito bem o
outro também pode apresentar problemas, por isso é necessário trabalhar com atividades
lúdicas que utilizam o corpo e os movimentos como forma de expressão e
desenvolvimento de funções cognitivas e emocionais.
Os jogos e as brincadeiras são essenciais durante a educação infantil, é através
dessas atividades lúdicas que a criança aprende a se expressar, a criar, a transformar, a
conviver com outras pessoas, se socializar. A Psicomotricidade defende essas atividades
durante todas as fases da vida das crianças, dando ênfase na educação infantil, pois é
nesse período do desenvolvimento humano que temos a base para todo o
desenvolvimento futuro. Neste sentido, acreditamos que a inclusão das atividades
lúdicas em Psicomotricidade na prática pedagógica da Educação Infantil, permitem que
estas se torne mais significativas favorecendo grandemente o processo de
desenvolvimento dos alunos. .
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Vimos que Vygotsky e Wallon foram autores que contribuíram com suas ideais
para compreendermos melhor a importância dos jogos no desenvolvimento das crianças.
Vygotsky enfatiza que os jogos e brincadeiras são essenciais para o desenvolvimento,
pois atuam na zona de desenvolvimento proximal, possibilitando que novas aquisições
no desenvolvimento possam emergir. Já Wallon se preocupou em analisar os aspectos
de socialização com o outro que os jogos proporcionam, dando grande ênfase aos
aspectos afetivos envolvidos nos jogos.
A criança ao nascer não possui algumas habilidades referentes as funções
psicomotoras tais como: lateralidade, esquema corporal, estruturação espacial e
temporal, mas aos poucos e principalmente através das atividades lúdicas a criança vai
desenvolvendo essas funções que gradativamente vão se aperfeiçoando, principalmente
a partir das mediações que ocorrem nos processos relacionais no contato da criança com
o mundo da cultura.
Com isso conclui-se que a Psicomotricidade é muito importante no processo de
ensino e aprendizagem das crianças, pois durante as atividades psicomotoras as crianças
aprendem novas formas de utilização do corpo e dos objetos da cultura, vivenciando
situações que favorecem o seu desenvolvimento global.
Portanto, no contexto da Educação Infantil, ressaltamos que as atividades
psicomotoras não devem ser realizadas de forma mecânica, visando apenas os aspectos
funcionais, mas sim de uma forma lúdica, com o objetivo de promover articulações
entre as estruturas cognitivas e afetivas das crianças. Neste sentido, é preciso que se
invista em projetos educativos na Educação Infantil que contemplem as atividades em
Psicomotricidade, com o objetivo de promover uma educação criativa, prazerosa,
significativa e contextualizada para as crianças.
.
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