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57 im ; imi"¦> mitimiiii*. i.ifffriwiiiniiiyi'1'1^*1^!11 '*i°wffl^i^iiqippipBB|]gHiPi_-.,-,__a_5í_ss_Ha *.- ¦3*. * !* *r #' ¦•*#.' -V Anno II ²m+. ASSIGNATURAS (Recife) Semestre 5'fÓO'O Anno.... 10SO00 m Recife,—Terça-feiya 8 de Abril de 1873 y-y^y ':'% ** r.ryyyr Y' ¦%. ... *'.-.::',*.iv-i ¦- . ; - '. , ^r:r,. mb- (Interior e Provinciai)" Semestre 6§00Ò Anno.... 12$000 As ássignaturas come- çam em qualquer tempo e terminam ultimo de Fe- vereiro e Agosto. Paga- mento adiantado.—Publi- ca-se nas terças e sextas- feiras. N60 CORRESPONDÊNCIA- A Redacção acceita e agradece a coilaboração. ÓRGÃO DO ?ARTI§0 LIBERAL .*' ' Vçj<j.jor toda a pnrte um symptoma, que me assusta pela liberdade das nações e da Igreja: a centralisaçiio. \ '. Uatàia os povos despertarno clamaiido:--Onde as nos-.. sas liberdades. p. vsiJX-Disc. no Çoncjr. de æMatinês, Í8G-1. ' •; A correspondência e as reclamações serão dirigidas ao gerente , rua Duque de Caxias n- 50 1 andar, puá rua Larga dc Rosário n. 2a, 2* andar. A PROVÍNCIA , t*4»....-'( lüpiíl» <y *** ! * Recife, 8 de Abril de 1873. Pi .seguindo ainda eni nossa prometr tida serie trataremos hoje da lavoura na provincia. O assumpto ó vasto e muito offere- eeriaá dizer-se; porém os limites do presente trabalho nos impõem a maior concisão. Muitas e de diversa oruem são as medidas que iustantemente reclama a nossa lavoura.. . Entretanto forçoso é convir que mui- to pouco ou quasi nada por ella so tem feito. Além da construcção de algumas es- iradas que apenas alcançam a curtas distancias, nenhum outro beneficio te- mos a registrar. ._¦! creação do Instituto Agrícola pa- recia dever abrir uma nova era mais .auspiciosa para a lavoura.•? Desse Instituto eáperou-se que, con- stituindo um importante centro cie ac- ção,. se pozesse á frente de um activo movimento em prol da agricultura. Esta esperança desvaneceu-se logo e até hoje'nada se deív^aò"Institu4o'M;; Em uma provincia cuja única ihièis- tria é a agríeola, não lia uma escola theorica ou pratica de agricultura ! ' Esto facto seria difficiiniente acredi- tado-se a realidade não estivesse ahi para comproval-o.$ ' Reina portanto ainda hoje o proces-, so rotineiro ém toda a sua imperfeição e o mais lamentável atraso. Isto basta para denunciara negli- gencia com que se ha tratado a lavou- ra entre nós'. > Na liberdade do solo'tão somente tem ella achado meios de manter-se e apresentar algum augmento de pi .due- çao. Ultimamente tem procurado o Insti- .tuto Agrícola fazer acquisição de uma propriedade rural, onde se estabeleça uma escola theorica e pratica de agri- cultura. Esta medida é realmente acertada e por nenhuma outra melhor poderia começar o Instituto. . ^fTff o mesmo pensamento da fazenda modelo, medida cuja iniciativa data da primeira administração do Sr. Ba-' rão de Villa Bella, que a respeito do assumpto, e em geral da situação e mais instantes necessidades de nossa lavoura, profunda e proficientemente oecupou-se no relatório coin qüe abrio a sessão da Assembléa Provincial* eA 1864. ' Duas leis provinciaes desse mesmo anno, umaautorisando um elevado cre- dito e outra concedendo uma subvenção ao Instituto para essa creação, , que por motivos diversos e a despeito dos maiores esforços daquelle digno admi- nistrador, não póde realisar-se, acham- se hoje renovadas. O Sr. Conselheiro Diogo Velho em sua administração mostrou algum em- penho, pela realisação de tão útil me- dida.-,.,,' ,,yr: ..¦¦':f.-. í Actualmente' o Sr. Lucena encontra circumstancias muito menos embara- cosas e dispõe de meios que outr.ra absolutamente faltavam.'- Anime pois S. Exc. e auxilie efficaz- mente o Instituto Agrícola em tão útil commettimento, que fará assim um notável serviço á sua provincia. Constituindo a agricultura a única industria da provincia vemos por outro lado que toda a sua producção limita- se ao assucar e ao algodão. Nesta situação é bem precária a sor- te da riqueza e renda provincial. Qualquer transtorno que sofframos na producção desses gêneros, privar- nos-ha de todo o commercio de expor- tação. Se para uma tal eventualidade não possuíssemos remédio, forçoso fora con- íbrmarmos-nos com as nossas circums- tancjâs ; mas felizmente assim não é. f^f%; producção do fumo e do café, assim como a de outros gêneros, é suscepti- vel grande desenvolvimento na pro- vincia e para isto convém que se faça convergir grande solicitude. A possibilidade de obtermos em lar- ga escala a producção principalmente de mais esses dous importantes gene- ros, é attestada pela experiência e ob- servaçâo. Não nos faltam terrenos apropriados e j á conhecidos. Nos relatórios das exposições pro- vinciaes de 1866 e 1872 encontram- se úteis e importantes informações a respeito. Tenhamos em vistas o que se deu na provincia de S. Paulo, onde nesses ul- timosomnos tanto se tem desenvolvido a producção do algodão, cultura que dantes era ahi absolutamente desço- nhecida. ; Por meio de prêmios, tão usados em outros paizes e por quaesqüer outros meios que possam trazer incentivo e animação, procure-se, sem perda tem- po, desenyolver a producção de mais aquelles dous importantíssimos gêneros de exportação assim como a de outros. Não se deixe que fique por mais tempo a nossa uberrima provincia pri- vadade tantos elementos de riqueza e progresso, de que foi dotada pela Pro- videncia e abaixo da importância a- que tem direito. A fazendam odeio ou escola theorica e pratica de agricultura não deve oc- cupar-se exclusivamente da lavoura da canna: ella deve ter em vista to- dos os gêneros da producção agrícola. Na visinha republica Argentina en- contramos um exemplo de quantos be- neficios póde prestar uma fazenda mo- deloe escola agrícola convenientemen- te dirigidas, ainda mesmo de modestas proporções. Não limite o Instituto Agrícola á sua acção aos meios materiaes; os meios moraes lhe devem também merecer at- tenção. Procure vulgarisar úteis informa- ções relativas á lavoura, levante dis- cussão, esclareça,a opinião sobre tudp ^ugjrfp e relativo á essa industria, quei*-; ra emfim, satisfazer os. fins para. que foi creado e muito se lhe offerecera á fazer? nos limites de sua possibilidade. Dirigindo-nos ao Instituto Agrícola temos-nos implicitamente dirigido ao Exm. Sr. Dr. Lucena, de quem deve partir toda a animação e concurso ao mesmo Instituto. ¦ í& p_S«íorEo «So Mr. _8>i\ M. íl® JLsi-c _sia . E' ,lioje á instrucção publica a questão njagna do século. Os publicistas e os lio- raeus de estado a discutem, desenvolvem e procuram dar uma realidade pratica a essa aspiração universal do espirito. Educar o povo, prcparal-o para o convívio da liberda- de j a não é um programma de partido, é o centro de reunião de todaa as forças sociaes, das aspirações dos homens politicos, quaes- quer que sejam as idéas que abracem, o sys- tema de governo que atloptem. Se as instituições politicas não podem ter boje outra base senão o povo—u preciso an- tes de tudo melboral-o, instruil-o, tomal-o digno,da liberdade. So o trabalbo ó a gran- .de alavanca da civilisação, do bem-estar in- dividual é da riqueza collectiva é preciso torntü-o niais producfcivo, mais barato, e mais rápido—o-só isso poderá ser consegui- do pela instrucção roal, nioralj;. forte, derra- mada por todas as classes, regenerahdo-as, fecundando-as. « A instrucção torna o trabalho mais pro- duetivo, diz Wickersham.: so todo trigo lio- je recolhido nosEstudos-Unidos devesse ser batido e convertido em farinha pelos pro- cessos primitivos, a população inteira ape- nas bastaria para isso. Graças ás macbinas um pequeno numoro de trabalhadores exe- cuta esse trabalho; é o trabalbo dirigido pela intelligencia quo construo nossas casas, nossas pontes, caminhos do ferro, navios, que fabrica nossos relógios, pianos, improu- sas, em uma palavra que cria a civilisação. A educação eleva o trabalhador. Quando fôr ello tão instruído e tão bom educado eomo as- classes que não trabalham manualmen- te, gosará da mesma consideração. Cincin- natus agriculturando seu campo, Franklin compondo em uma typographia, Hugh Mil- ler talhando pedras em uma pedreira, .t nin- guem eram inferiores,.;ao ni9nos aos 0II103 d'aquellcs cuja estima t,em algum valor. _ E* esse ' dosideratum que os homens de estítdo procuram attingir polo ensino, essa verdadeira emancipação de toda tutolla, de .todos os prejuízos, de todas as rotinas, ua ordem moral como na econômica. E' pelas escolas publicas, verdadeiros instrumentos do civilisação obrando como essas immensas machinas industriaes que produzem muito e depressa, como diz Hip- piau, que esse nobre fim ha de ser attin- gido. E' hoje, pois, o ensino— vasto campo em que um administrador fecundo póde larga- mente revellar^se apto para grandes com- mettimentos, para reformas reaes e que con- sagrem um profundo melhoramento. Reformar pelo ensino é reformar a so- ciedade inteira, no trabalho, na familia, na vida publica. . O trabalbo pelo conhecimento dos proces- sos rápidos e melhorados pelos desenvolvi- mentos da sciencia e das artes, a familia pela mais estreita união dos laços que unem os seus differentes membros, pelo coração que mais se dilata na proporção que o espi- rito mais so esclarece,—a sociedade pelo co- nhecimento de direitos e deveres, pelas idéas moraes e religiosas que mais se enraizam e fructificam,—são as tres grandes espheras ás quaes a instrucção ba de lovar o seu po- deroso iufluxo, desde a creança, que é um sanetuario, até.o-ancião, que ee impõe pelo respeito, como unia rèliqü-ia.' . N'essa esphera amplíssima podia-se re- vellar o Sr, Dr. Henrique de Lucena dotado de verdadeiras qualidades políticas,- de tácto superior, de critério pouco vulgar. Era grande e difficil a empresa—e por isso mes- mo mas se deviam excitar os brios politicos S. Exc. afim do mostra* que era digno do cargo que lhe foi confia<3<.—que este não o enobrece—porém que muito merecidamen- te O oecupa. A provincia que administra offerecia-lho vastíssima área.para manifes- tar um systema de idéas—filho da expe- riencia ou de suas combinações de espirito—• ' quo podesse verdadeiramente melhorar tão importante assumpto, que lhe devera niere- cer as mais graves meditações. Sentimos profundamente em reconhecer que a parte do relatório de S. Éxc. relativa á instrucção é de uma pobreza contristado- ra ; composta de lugares communs e de da- dos positivos sobre o estado dos differentes estabelecimentos'encarregados da distribui- ção do ensino. Uma reforma—que concon- trasse vistas largas e estudos sérios e reílec- tidos,—quer sobre o systema ensino, quer sobre os meios mais conducentes á ser elle derramado com mais proveito não encontra- mos infelizmente em o relatório de S. Exc. Não em necessário somente quo o Sr. Dr. Iíeiirique de Lucena reconhecesse que «o po- yo tem necessidade do instrucção, que ella ó o pão do espirito, que é tanto ou niais.ne- cessario do que o quotidiano», mas era ne- cessario que S. Exc. nos dissesre como ella mais facilmente póde ser derramada e como mais ufcilinente pódé ser approveitada. " Diz-nos S. Exc. «que cumpre que sede á instrucção todo o desenvolvimento, creando- se escolas onde houver numero rasouvel (?) de creanças c de adultos, que as possam ire- quentar, e estabelecendo-se nos povoados pequenas bibliotecas, com as quaes se des- perte o gosto de ler, o se franqueio ao povo a leitura dos bons livros elementares de mo- ral e das artes mais úteis á vida pratica.» Ha nas palavras de S. Exc. uma contra- dicção com o que em ouíra parte diz, e ura verdadeiro impossível, atteutas ás nossas péssimas condicções financeiras, sem outras medidas que não foram apresentadas por S. Exc. Se S.Exc.reconhece a necessidade H&crea- ção de escolas, como diz em o seu mesmo re- latorio que na sua « não autorisada opinião obrariam os representantes da província co... mais acerto subvencionando escolas par- ticulares ein todas as cidades, villas e po- voações, desde que os respectivos professo- res se mostrassem devidamente habilitados, do que creando esse numeroso professorado official, salvo raras e honrosas excepções, acastellado na vitalicidade, e que não se dis- tinguo e nem se recommenda á gratidão da província ? De duas uma: ou S. Exc. quer a creação do escolas, ou quer que as escolas partícula- res sojam subvencionadas pelo governo. Se quer a creação de escolas como diz quo seria mais acertada a subvenção ? Se quer a subvenção, como diz que cumpre dar á. instrucção todo o sou desenvolvimento pela òbeÍçiò de escolas o pelo estabelecimento de pequenas bibliotecas ? Como S. Exc. não nos apresentando uma idéa afini de melhorar-se o professorado, tirar-lhe a vitalicidade—aconselha a creação de escolas—por conseqüência o augmento do professorado official—já numeroso, e que não se distingue e nem so rocommonda, sal- vo raras excepções, e quo na opinião de S. Exc. constitue um desacerto ? Por ventura S. Exc. aconselhará aosre-' presentautes da provincia verdadeiros des- acertos ? S. Exc. contradiz-se fatal e con- tinuamente...' Em quanto ao impossível: como nas con- dicções econômicas da proviucia se poderão estabelecer por povoados pequenas bibliote- cas ? Serão essas pequenas bibliotecas com- postas dc dez ou vinte livros, não demanda. rão ellas pessoal, ou serão organisadas com 0 ¦m m\ f .ad WA » y

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Anno IIm+.

ASSIGNATURAS(Recife)

Semestre 5'fÓO'OAnno.... 10SO00

mRecife,—Terça-feiya 8 de Abril de 1873

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(Interior e Provinciai)"Semestre 6§00ÒAnno.... 12$000

As ássignaturas come-çam em qualquer tempo eterminam nó ultimo de Fe-vereiro e Agosto. Paga-mento adiantado.—Publi-ca-se nas terças e sextas-feiras.

N60

CORRESPONDÊNCIA-

A Redacção acceita eagradece a coilaboração.

ÓRGÃO DO ?ARTI§0 LIBERAL .*' '

Vçj<j.jor toda a pnrte um symptoma, que me assustapela liberdade das nações e da Igreja: a centralisaçiio. \'. Uatàia os povos despertarno clamaiido:--Onde as nos-..sas liberdades.

p. vsiJX-Disc. no Çoncjr. deMatinês, Í8G-1. ' •;

A correspondência e asreclamações serão dirigidasao gerente

, Jú rua Duque de Caxias n-50 1 andar, puá rua Largadc Rosário n. 2a, 2* andar.

A PROVÍNCIA, t*4»....-'( *¦ lüpiíl» a» <y ***

!

*

Recife, 8 de Abril de 1873.

Pi .seguindo ainda eni nossa prometrtida serie trataremos hoje da lavourana provincia.

O assumpto ó vasto e muito offere-eeriaá dizer-se; porém os limites dopresente trabalho nos impõem a maior

• concisão.Muitas e de diversa oruem são as

medidas que iustantemente reclama anossa lavoura. . .

Entretanto forçoso é convir que mui-to pouco ou quasi nada por ella so temfeito.

Além da construcção de algumas es-iradas que apenas alcançam a curtasdistancias, nenhum outro beneficio te-mos a registrar.

._¦! creação do Instituto Agrícola pa-recia dever abrir uma nova era mais

.auspiciosa para a lavoura. •?Desse Instituto eáperou-se que, con-

stituindo um importante centro cie ac-ção,. se pozesse á frente de um activomovimento em prol da agricultura.

Esta esperança desvaneceu-se logoe até hoje'nada se deív^aò"Institu4o'M;;

Em uma provincia cuja única ihièis-tria é a agríeola, não lia uma só escolatheorica ou pratica de agricultura ! '

Esto facto seria difficiiniente acredi-tado-se a realidade não estivesse ahipara comproval-o. $ '

Reina portanto ainda hoje o proces-,so rotineiro ém toda a sua imperfeiçãoe o mais lamentável atraso.

Isto basta para denunciara negli-gencia com que se ha tratado a lavou-ra entre nós'. >

Na liberdade do solo'tão somentetem ella achado meios de manter-se eapresentar algum augmento de pi .due-çao.

Ultimamente tem procurado o Insti-.tuto Agrícola fazer acquisição de umapropriedade rural, onde se estabeleçauma escola theorica e pratica de agri-cultura.

Esta medida é realmente acertadae por nenhuma outra melhor poderiacomeçar o Instituto. .

^fTff o mesmo pensamento da fazendamodelo, medida cuja iniciativa data daprimeira administração do Sr. Ba-'rão de Villa Bella, que a respeitodo assumpto, e em geral da situação emais instantes necessidades de nossalavoura, profunda e proficientementeoecupou-se no relatório coin qüe abrioa sessão da Assembléa Provincial* eA1864.' Duas leis provinciaes desse mesmoanno, umaautorisando um elevado cre-dito e outra concedendo uma subvençãoao Instituto para essa creação, , quepor motivos diversos e a despeito dosmaiores esforços daquelle digno admi-nistrador, não póde realisar-se, acham-se hoje renovadas.

O Sr. Conselheiro Diogo Velho emsua administração mostrou algum em-

penho, pela realisação de tão útil me-dida.-,.,,' ,,yr: ..¦¦':f.-.

í Actualmente' o Sr. Lucena encontracircumstancias muito menos embara-cosas e dispõe de meios que outr.raabsolutamente faltavam.'-

Anime pois S. Exc. e auxilie efficaz-mente o Instituto Agrícola em tãoútil commettimento, que fará assim umnotável serviço á sua provincia.

Constituindo a agricultura a únicaindustria da provincia vemos por outrolado que toda a sua producção limita-se ao assucar e ao algodão.

Nesta situação é bem precária a sor-te da riqueza e renda provincial.

Qualquer transtorno que sofframosna producção desses gêneros, privar-nos-ha de todo o commercio de expor-tação.

Se para uma tal eventualidade nãopossuíssemos remédio, forçoso fora con-íbrmarmos-nos com as nossas circums-tancjâs ; mas felizmente assim não é.

f^f%; producção do fumo e do café, assimcomo a de outros gêneros, é suscepti-vel dé grande desenvolvimento na pro-vincia e para isto convém que se façaconvergir grande solicitude.

A possibilidade de obtermos em lar-ga escala a producção principalmentede mais esses dous importantes gene-ros, é attestada pela experiência e ob-servaçâo. Não nos faltam terrenosapropriados e j á conhecidos.

Nos relatórios das exposições pro-vinciaes de 1866 e 1872 encontram-se úteis e importantes informações arespeito.

Tenhamos em vistas o que se deu naprovincia de S. Paulo, onde nesses ul-timosomnos tanto se tem desenvolvidoa producção do algodão, cultura quedantes era ahi absolutamente desço-nhecida.

; Por meio de prêmios, tão usados emoutros paizes e por quaesqüer outrosmeios que possam trazer incentivo eanimação, procure-se, sem perda tem-po, desenyolver a producção de maisaquelles dous importantíssimos gênerosde exportação assim como a de outros.

Não se deixe que fique por maistempo a nossa uberrima provincia pri-vadade tantos elementos de riqueza eprogresso, de que foi dotada pela Pro-videncia e abaixo da importância a-que tem direito.

A fazendam odeio ou escola theoricae pratica de agricultura não deve oc-cupar-se exclusivamente da lavourada canna: ella deve ter em vista to-dos os gêneros da producção agrícola.

Na visinha republica Argentina en-contramos um exemplo de quantos be-neficios póde prestar uma fazenda mo-deloe escola agrícola convenientemen-te dirigidas, ainda mesmo de modestasproporções.

Não limite o Instituto Agrícola ásua acção aos meios materiaes; os meiosmoraes lhe devem também merecer at-tenção.

Procure vulgarisar úteis informa-ções relativas á lavoura, levante dis-

cussão, esclareça,a opinião sobre tudp^ugjrfp e relativo á essa industria, quei*-;ra emfim, satisfazer os. fins para. quefoi creado e muito se lhe offerecera áfazer? nos limites de sua possibilidade.

Dirigindo-nos ao Instituto Agrícolatemos-nos implicitamente dirigido aoExm. Sr. Dr. Lucena, de quem devepartir toda a animação e concurso aomesmo Instituto. ¦ •

í& p_S«íorEo «So Mr. _8>i\ M. íl®JLsi-c _sia .

E' ,lioje á instrucção publica a questãonjagna do século. Os publicistas e os lio-raeus de estado a discutem, desenvolvem eprocuram dar uma realidade pratica a essaaspiração universal do espirito. Educar opovo, prcparal-o para o convívio da liberda-de j a não é um programma de partido, é ocentro de reunião de todaa as forças sociaes,das aspirações dos homens politicos, quaes-quer que sejam as idéas que abracem, o sys-tema de governo que atloptem.

Se as instituições politicas não podem terboje outra base senão o povo—u preciso an-tes de tudo melboral-o, instruil-o, tomal-odigno,da liberdade. So o trabalbo ó a gran-

.de alavanca da civilisação, do bem-estar in-dividual é da riqueza collectiva é precisotorntü-o niais producfcivo, mais barato, emais rápido—o-só isso poderá ser consegui-do pela instrucção roal, nioralj;. forte, derra-mada por todas as classes, regenerahdo-as,fecundando-as.

« A instrucção torna o trabalho mais pro-duetivo, diz Wickersham.: so todo trigo lio-je recolhido nosEstudos-Unidos devesse serbatido e convertido em farinha pelos pro-cessos primitivos, a população inteira ape-nas bastaria para isso. Graças ás macbinasum pequeno numoro de trabalhadores exe-cuta esse trabalho; é o trabalbo dirigidopela intelligencia quo construo nossas casas,nossas pontes, caminhos do ferro, navios,que fabrica nossos relógios, pianos, improu-sas, em uma palavra que cria a civilisação.A educação eleva o trabalhador. Quandofôr ello tão instruído e tão bom educado eomoas- classes que não trabalham manualmen-te, gosará da mesma consideração. Cincin-natus agriculturando seu campo, Franklincompondo em uma typographia, Hugh Mil-ler talhando pedras em uma pedreira, .t nin-guem eram inferiores,.;ao ni9nos aos 0II103d'aquellcs cuja estima t,em algum valor. _

E* esse ' dosideratum que os homens deestítdo procuram attingir polo ensino, essaverdadeira emancipação de toda tutolla, de.todos os prejuízos, de todas as rotinas, uaordem moral como na econômica.

E' pelas escolas publicas, verdadeirosinstrumentos do civilisação obrando comoessas immensas machinas industriaes queproduzem muito e depressa, como diz Hip-piau, que esse nobre fim ha de ser attin-gido.

E' hoje, pois, o ensino— vasto campo emque um administrador fecundo póde larga-mente revellar^se apto para grandes com-mettimentos, para reformas reaes e que con-sagrem um profundo melhoramento.

Reformar pelo ensino — é reformar a so-ciedade inteira, no trabalho, na familia, navida publica. .

O trabalbo pelo conhecimento dos proces-sos rápidos e melhorados pelos desenvolvi-mentos da sciencia e das artes, a familiapela mais estreita união dos laços que unemos seus differentes membros, pelo coraçãoque mais se dilata na proporção que o espi-rito mais so esclarece,—a sociedade pelo co-nhecimento de direitos e deveres, pelas idéasmoraes e religiosas que mais se enraizam efructificam,—são as tres grandes espherasás quaes a instrucção ba de lovar o seu po-deroso iufluxo, desde a creança, que é um

sanetuario, até.o-ancião, que ee impõe pelorespeito, como unia rèliqü-ia.'

• . N'essa esphera amplíssima podia-se re-vellar o Sr, Dr. Henrique de Lucena dotadode verdadeiras qualidades políticas,- de táctosuperior, de critério pouco vulgar. Eragrande e difficil a empresa—e por isso mes-mo mas se deviam excitar os brios politicosdé S. Exc. afim do mostra* que era dignodo cargo que lhe foi confia<3<.—que este nãoo enobrece—porém que muito merecidamen-te O oecupa. A provincia que administraofferecia-lho vastíssima área.para manifes-tar um systema de idéas—filho da expe-riencia ou de suas combinações de espirito—• '

quo podesse verdadeiramente melhorar tãoimportante assumpto, que lhe devera niere-cer as mais graves meditações.

Sentimos profundamente em reconhecerque a parte do relatório de S. Éxc. relativaá instrucção é de uma pobreza contristado-ra ; composta de lugares communs e de da-dos positivos sobre o estado dos differentesestabelecimentos'encarregados da distribui-ção do ensino. Uma reforma—que concon-trasse vistas largas e estudos sérios e reílec-tidos,—quer sobre o systema d« ensino, quersobre os meios mais conducentes á ser ellederramado com mais proveito não encontra-mos infelizmente em o relatório de S. Exc.

Não em necessário somente quo o Sr. Dr.Iíeiirique de Lucena reconhecesse que «o po-yo tem necessidade do instrucção, que ella óo pão do espirito, que é tanto ou niais.ne-cessario do que o quotidiano», mas era ne-cessario que S. Exc. nos dissesre como ellamais facilmente póde ser derramada e comomais ufcilinente pódé ser approveitada. "

Diz-nos S. Exc. «que cumpre que sede áinstrucção todo o desenvolvimento, creando-se escolas onde houver numero rasouvel (?)de creanças c de adultos, que as possam ire-quentar, e estabelecendo-se nos povoadospequenas bibliotecas, com as quaes se des-perte o gosto de ler, o se franqueio ao povoa leitura dos bons livros elementares de mo-ral e das artes mais úteis á vida pratica.»

Ha nas palavras de S. Exc. uma contra-dicção com o que em ouíra parte diz, e uraverdadeiro impossível, atteutas ás nossaspéssimas condicções financeiras, sem outrasmedidas que não foram apresentadas porS. Exc.

Se S.Exc.reconhece a necessidade H&crea-ção de escolas, como diz em o seu mesmo re-latorio que na sua « não autorisada opiniãoobrariam os representantes da provínciaco... mais acerto subvencionando escolas par-ticulares ein todas as cidades, villas e po-voações, desde que os respectivos professo-res se mostrassem devidamente habilitados,do que creando esse numeroso professoradoofficial, salvo raras e honrosas excepções,acastellado na vitalicidade, e que não se dis-tinguo e nem se recommenda á gratidão daprovíncia ?

De duas uma: ou S. Exc. quer a creaçãodo escolas, ou quer que as escolas partícula-res sojam subvencionadas pelo governo.

Se quer a creação de escolas como diz quoseria mais acertada a subvenção ? Se quera subvenção, como diz que cumpre dar á.instrucção todo o sou desenvolvimento pelaòbeÍçiò de escolas o pelo estabelecimento depequenas bibliotecas ?

Como S. Exc. não nos apresentando umasó idéa afini de melhorar-se o professorado,tirar-lhe a vitalicidade—aconselha a creaçãode escolas—por conseqüência o augmentodo professorado official—já numeroso, e quenão se distingue e nem so rocommonda, sal-vo raras excepções, e quo na opinião de S.Exc. constitue um desacerto ?

Por ventura S. Exc. aconselhará aosre-'presentautes da provincia verdadeiros des-acertos ? S. Exc. contradiz-se fatal e con-tinuamente...'

Em quanto ao impossível: como nas con-dicções econômicas da proviucia se poderãoestabelecer por povoados pequenas bibliote-cas ? Serão essas pequenas bibliotecas com-postas dc dez ou vinte livros, não demanda.rão ellas pessoal, ou serão organisadas com 0

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na Suissa e nos Estados-Unidos ? No pri-meiro caso de' que utilidade poderão ellassor? No segundo, com quo dinheiro serão

s ellas estabelecidas e mantidas, uma Vez queS.Exc. as quer fundar officialmente, quan-do a provincia já dispende com a instruecâoannualmente perto de 500:000$000, quandoha alguns annos passados era essa despezaapenas de duzentos e cincoenta e tantos con-tos? A' crearem-se as bibliotecas não,.su-birá poderosamente a despeza ? Ou o Sr.Dr. H. do Lucena não attentou para as con-dicções da provincia, quaudo aconselhou acreação das/bibliotecas, ou se attentou acon-seíliou o impossivel—sciente e conscientede que o era. ...

Nas condicções actuaos da provincia, parauma reforma da instrucçáo—ha um elementoimprescindível com que devemos contar—éo dinheiro. Para a instruecâo ser desen vol-vida—produzindo todos os seus efeitos—èpreciso tel-o—e onde iremos buscal-o ?

That is.the question.Já o dissemos — uma vez que não temos

terras produetivas, com que dotemos a ins-trução primaria, formando dellas o seu pa-trirnonio ccLÚp nos Estados-Unidos—ore-médio está n¥cròação do imposto das esco-Ias, na harmonia da taxa local com o subsi-dio provincial, como se acha realisado emmuitos paizes da Ameriea e da Europa, comofoi praticado em Portugal em 1772 pelo mar-quez de Pombal, fazendo recahir um impôs-to especial sobre o vinho e a aguardente—chamado subsidio littnario, afim de que como seu pròducto fossem mantidas as escolasprimarias.

Será essa-taxa local suave o facilmentearrecadada. Deve estar certo o povo de que

.não ha dinheiro que mais produza, comodiz E. de Laveleye do que o consagrado aodesenvolvimento da instrucçáo.

Por ora é essa medida a niais urgente.Aproveite-a o Sr. Dr. II. de Lucena.

Carne» verdes¦Na assembléa provincial foi apresentado

este anno, o acha-se em discussão, um pro-jecto de lei, que autorisa o presidente daprovincia a contractar o abastecimento decarnes verdes á população desta cidade,-comuma companhia, ou qualquer pessoa, queoffereea garantias ou melhores condições evantagens, comtanto que o contracto nãoseja por prazo maior de quatro annos. ¦

Este projecto foi sem duvida motivado po-Ias circunstancias excepcionaes, em que sopresume achar-se presentemente a popnla-ção desta .cidade quanto ao provimento decarnes verdes.

Comprehende-so que no intuito de melho-rar a situação, quo se figura e que mais aflli-ge aos menos favorecidos da fortuna, todo»envidem os meios ao seu alcance, e que fo-rem mais próprios para conseguir-se o resul-tado que se deseja.

Assim, se o projecto, que ora se discute naassembléa provincial, ¦ pode ser consideradocomo uma prova de que não é ella estranhaaos vexames, que o povo soffre com a caros-tia das carnes verdes, revela tambom queessa corporação procedeu de um modo pre-cipitado e irreflectido, não indagando se ainiciativa dessa medida se comprehendia nocirculo de suas attribuiçOes, e se ella podiatrazer ao mal o remédio, que lhe quer dar.

Debaixo destes dons pontos devista va-mos apreciar o projecto alludido, e procu-raremos demonstrar que, se a assembléaprovincial é incompetente para tomar porsi essa medida, aliás ineílicaz- á luz dosprincípios da sciencia econômica e dos re-saltados da experiência, não estão fora tíesua alçada outros meios, que incontestável-mente podem trazer melhores vantagem, ecom mais probabilidades remover ou destruiras causas do mal.

No regimen das sociedades modernas, osseus elementos constitutivos acham-se per-feitamente ctifinidòs, c tlaramente assigna-da a cada um' delles a esphera de sua acti-vidade. Se estes elementos no jogo politicose approximam e se tocam, não podem comtudo transpor os limites do circulo traçadoao seu movimento, som que so perturbe aharmonia social.

Esta verdade acha-so também consagradaem nossa constituição politica, aqual,;,senoque respeita á administração das provincias,subordinou a-estas o municipio, nem poristo deixou de conferir ás câmaras munici-pães c ás assembléas provincíaes attribuiçOesespeciaes e privativas de cadavuma dellas.

E' assim quó no art. 167 dispõe a consti-tuição que compete ás câmaras municipaesdas villas e cidades o governo econômico e po-Uçial.âtis mesmas cidades e villas. E no art.10 § 4 dò Acto Addiciohalj marcando as at-

tribuições das assembléas provinciaes, com-mette a estas o poder de legislar sobre a po-licia e economia municipal, precedendo pro-postas das cainaraS..,,'

• E' sobre razão rnúi Valiosa, qué assenta opreceito constitucional. - Vereador só podeser o cidadão, que,' alem de outras condições,residir no municipio. Léi'de 16 cie Agosto de1846 art. 98.

Esta condição exigida pela lei, ó uma pre-sumpção legal de que ao elegivel não podemser desconhecidas as necessidades da locali-dade. .. .'¦-',

Ora.o projecto versa hicontestavelmentosobre assumpt o puramente de economia epolicia municipal; trata de uma nocessida-de, que se suppõo exigir já um prompto reme-dio; portanto ninguém melhor do que a ca-mara pode bem apreciar a gravidade do male reclamar para elle as providencias, quejulgar mais acertadas.

Sustentar o contrario fora absurdo em fa-ce do art. 66 § 7, 8, 9 e 10 da lei doi.- deOutubro cie 1828, que explicou e definio adisposição synthetica do citado art. 167 daconstituição.>

Se por esta lei as câmaras devem¦¦ proversobre a ábastança dos mantimeutos nos mer-cados dos seus municípios;"se a carestiae escassez, falta de abundancias de gênerosou productos,é claro que nas attribuiçOes dascâmaras está providenciar quanto em sicouber no sentido de remover as causas dacarestia, que embaraçam ou impedem aabundância dos mercados.

Que ó da exclusiva competência das ca-maras a iniciativa de medidas desta natu-reza, nol-o diz o § 4. do art. 10 do Acto Ad-dioional; e se a assembléa provincial, apre-sentando o projecto, prescinde de toda a in-tervenção da câmara, não querendo mesmoonvil-a, como foi requerido, calca aos pes alei, em cuja guarda' dove velar, como lheincumbio o § 9 do art. 11 do Acto Addicio-nal.

Esss tão illegal procedimento póde sor con-siderado como uma censura ao indifferentiy-mo e culposa negligencia, com que a cama-ra municipal desta cidade cerra os ouvido»ao clamor e vexame dos sous municipes,ainda assim essa censura poderia tor lugare de um modo mais pungente e sensível,sem exigir o inútil sacrifício da lei.

Nem a urgência da medida póde ser iuvo-cada como razão justificativa da sua. illega-lidade; porque mesmo pelos caminhos; dalei, podia ter sido ella convenientementeadoptada.

Mal da sociedade, mal das liberdades pu-blicas, quando for acceito como regra dò go-vorno, o principio absurdo e immoral dc queos fins justificam os meios.

Não é porventura um crime previsto emnosso Código Penal,' a falta de cumpri-mento de lei ou de regulamento da parte da-quelles que a devem observar e fazer cnm-prir . -

As câmaras municipaes não estão isentassem duvida dessa responsabilidade. Poisbem ; á assembléa provincial; como guardadas.leis, compete empregar os meios logaesno sentido de compellir á câmara ao cnm-priniento dos seus deveres, so entende quoo não tem feito.

Mas ser a,primeira ém dar o exemplopernicioso e funesto do desprezo á lei; cha-mando a si abusivamente attribuiçOes, quelho não pertencem; procurando deste modoconcentrar em si oTppder legislativo e a ad-miuistração municipal ; tando esta em tãopouca consideração que despreza ouvil-a na-quillo que é de sua exclusiva competência,é o que realmente custa a crer, mas que in-filizinento acaba de ser praticada pela nossaassembléa provincial!

Em outro artigo mostraremos que o pro-jecto das carnes verdes, além do inconstitu-cionai, não póde satisfazer o fim, que tive-ram em vist» «eus autores.

nr$o «So Sr. SFeíTeSràtYis&Bia&sa

Nas paginas da Provincia só tomos abertoespaço para transcripção de discursos dosdeputados o senadores, pertencentes ao par-tido liberal. Publicando nas paginas donosso periódico o notável discurso do elo-quente deputado o Sr. Ferreira Vianna pro-•nunciado na sessão de 4 do passado fazemosuma excepção, mas excepção cm homena-gem ao illustre parlamentar, e sobretudo emhomenagem a verdade dos princípios da sei-encia do°publicista, e do regimen monarchi-co constitucional representativo, que pro-fossamos.

Tudo n'esso eloqüente discurso prendo aattenção: a exposição verdadeira dos factos,como a dos princípios; a substancia como a

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belleza da fôrma. O Sr. Ferreira Vianna é,sem contestação, um distineto orador parla-montar. •''. O objeeto do importante discurso óacoii-demnação do vergonhoso attentado dos dias27 e 28 de.Fevereiro contra o edificio da ty-pográphia" •republicana, e contra os republi-canos, que n'elle so achavam pacificamentereunidos.

Em seu discurso, o orador, depois de esta-he&cer esta importante verdado —«só a mo-«' narchia constitucional representativa póde« manter-se no meio cia luta de todas as opi-« niões politicas, sem perder de sua ferça« moral, o consolidando-se cada vez mais"no« espirito publico—» passa.a expor os factosconstitutivos' do attentado, estudahdo-os notheatro dos acontecimentos, em suas causas,em suas conseqüências próximas ou remo-tas; e essa exposição é feita com tanta cia-reza e tanta força e lucidez de raciocínio, quoo espirito, ainda o mais prevenido, não póderecusar-se a evidencia dos factos, a vileza doattentado, e ignomínia dos seus. autores.

De feito, o profundo silencio com que oorador foi ouvido por' toda a câmara, mos-trava bem claramente que elle havia levado,a convicção á todos os esuiritos de que foraa policia por ordem do governo, e não a opi-nião publica, como o pretendia o ministro dajustiça; a única autora cPaquelle indignoattentado contra a liberdade da imprensa,contra a liberdade da opinião e da dignidadehumana!

E que eloqüentes palavras não tem o ora-dor quando so dirige aos^ropublicanos! «De-« fendendo aos opprimidos, devo-lhes toda a« franqueza. A qualquer outra bandeira pre-« firo a nossa, que respeito, como sacrosan-« ta; é o symbolo da ordem e da paz, da for-« ça e da gloria da pátria. Receio pela inte-« gridade do império, talvez seja a timidez,« que as novidades me incutem e sobretudo« que com a coroa vá a cruz.»

Entretanto não obstante ser convencidosectário do regimen monarchico constitucio-nal representativo, todavia a sciencia o con-sciencia da verdade e do dever arrancamainda estas bellas phrases ao inspirado ora-dor.

« A desigualdade entro os adversários nãopodia ser maior. A contra manifestaçãotinha .por si a força e o numero. A con-sciencia desta superioridade devera inspi-rar a mais longa tol&ancia. A idéa luta'com a idéa, a intelligoncia com a intellir;

« gencia. A força sufíoca, mas não conven-« co. Os meios materiaes estão proscriptos,« como meios do persuasão; a inteliigencia,

n, ainda opprimicla, guarda a sua liberdade,« e a-, consciência sua hiYiolabidade. São« obras de Deus. »

Tinha portanto razão o eloqüente oradorpara estampar, jjoino conclusão do seu im-portanto discurso, estas palavras que serãoa eterna condemnação do attentado noctur-uo dos dias 27 e 28 de Fevereiro. , r.

« A politica do governo precipita-o em um« abysmo fundo c hediondo : o do despreso« publico.»

CHRONICA

« jesntMttiiiBttaftiigeafcfotoftorl».—São de subido quilate Ps sorviços prestadosao vordadeiro christianismo,—ás sans e pu-ras doutrinas dc Jesus, pelo iliustrado autordas cartas dirigidas ao punhado de tartufos,que, aninhados no collegio do S. FranciscoXavier áiuia do Hospicio, o inculcando-seextrenuos defensores da religião do HomemDeus, deturpam-lhe os dogmas, e ante, oobservador perspicaz donunciam-sc forvoro-sos agentes do principio do mal, por maiorque seja o sou esmero om clesfarçar-se, am-parando-se até com o symbolo da redempçãoda humanidade.

Folheando as paginas da historia com ad-miraveis critério o fidelidade, o incansávelmissivista ha descripto, taos quaes são, osdegenerados discipulos de Loyola de modo aradicar a crença, quasi geral, sobre adupli-cidado e astucia por que se elles distinguem,desde quo trocaram o papel de missionáriospolo de especuladores commerciaes e politi-cos ;—tem provado á toda luz que se não en-gana quom, para assigualaro refôlbo de qual-quer individuo, qualifica-o He jesuíta.

Como todos os apóstolos sinceros da ver-dade, quanto mais a esquadrinha o conscien-cioso collaborador do Jornal do Recife comrelação aos pervertidos padres, que ousamapregoar-se a nata do clero catholico, maispalpável e evidente a faz aos próprios olhosde quem': menos '. apto pareça para compre-hcndcl-a.

Na sua declina-quarta carta, por exemplo,attingio ello cabalmente ao fim a que louva-velmente se ha proposto.

E' oertamente do terrivel effeito para ojesuitas a synthese, mediante a qual oseu esforçado antagonista descreveu-os insi-diosos, contradictorios, contumazes no erroe até porversos na luta que abriram com aSanta Só para nullificarem, senão nos paizesque lhe prestavam obediência, naquelles aomenos que lhe não reconheciam a suprema-cia, o breve que dissolveu-os.

Por mais que nos aíTadigaramos, não pu-déramos descrever a hedionda condueta dojesuitismo cm tal conjunetura com a preci-são o clareza de quem com tamanha felicida-de ostá a arrancar-lhe a'mascara: pedimo-lhe, portanto, venia para reproduzir as pala-vras, com as quaes acertou elle retratal-o eniquadra, tão difficil, quanto calamitosa, para aoxcrescencia clerical, á que parece estar in-cumbida a tarefa de perverter e dáninificartodos os pontos do globo, onde lho dão gua-rida. .

Eil-as:(( Sim, Rvds. Padres, no vosso infortúnio,

e na vossa rebeldia e conspiração contra obreve pontifício que vos extinguio, tivestes aconsolação e a gloria de ter o apoio e protec-cão de dous soberanos, dous somente ! um he-rege o outro schismatico! Frederico e Cothari- ',

na! dos quaes conseguistes, fosse impedidaa publicação e execução do breve, uão só nasreferidas provincias polacas, senão tambein naSilexia Prussiana e na Rússia Branca; ondecontinuast.es a existir com o habito de jesuítas ereunidos fin sociedade, como se extinetos o secu-larisudos não houvesseis sido pela Só Aposloli-ea ¦

» Esta rebeldia, está resistência, este cri-me tornou-se ainda mais grave, em vista dosmotivos (suggeridos por vós), quo a Impera-triz da Rússia e o rei da Prússia allegarain,para não permittirom nos sous Estados aexecução do breve ; e com os quaes pretendes-tos justificar o vosso proesd inte nto faccioso eschismatico. Foram olles: 1; quo o breve iiãolhes fora remettido direcfcamente por cartaparticular do Papa: 2- que nos Tratados de,18 de Setembro deà 1773 tinham solemne-mouto jurado manter, nos seus novos Esta-dos, a Igreja Catholica no statu quo, o qualcomprehendia 03 jesuitas; 3- que deviamconservar estes, porque faltavam ecclosiasti-cos instruídos para a educação da mocidade.'-,„« Para reconhecer-si que esses motivosnàp..erarn sérios, não passavam do frivolos.pretextos, basta considerar-se : 1* que, sen-do oxtihcta, em toda a Igreja, por um brevepontifício de 21 de Julho de 1773, a compa-nhia de Jesus, e secularisados os jesuitas,não podiam estes, em 18 de Setembro domesmo anno, dous mezes depois, pertencer,como membros da mosma companhia, ao-sí«-to quoãã Igroja : 2- que podiam, na qualida-de do pádros seculares, prestar os mesmosserviços á educação da mocidade.

« E fostes vós, Rvds. Padres, que, funda|Écios em taes motivos,j ulgastes-vos autorisados,,em consciência, para resistir a um breve pon-tificio dirigido a todo o mundo ohristão, por-quo não foi endereçado particularmente a so-beranos schismaticos e here.<xos? Vós, quevos proclomais cathpliccs puros, e que di-zeis o escrevois que o placet imperial ó umaloi absurda e impia, que não deve ser obede-cida ? Fostes voa quo, firmados om taes mo-tiyos e na protecção do soberanos heterodo-xos, preferistes os dosojos destes a decisõesdo SuminoPontífice, o praticantes amais for-mal desobediência á So Apostólica e o schis-nia mais escandaloso?

« Isto prova exlfcberantemente a que pon-to póde chegar o despeito, ambição o vingaíi-ça dos degenerados filhos de Loyola. »

E não satisfeito de ter assim patenteado ainsinceridado, com a qual condemnam hoje.os jesuitas a theoria do placet, quando entãoprégavain-na a todo transe, o seu severo, mas,imparcial, apreciador põe-lhe cm maior re-levo a incoherenciano seguinte trecho :

« Todos os conselhos, todas as tentativasdo Núncio de Varsovia para chamar osjosui-tas russos o prussianos á.sonda do dever, fo-ram inúteis. Esses dyscolos só queriam ser-

(vir a Igroja como membros da companhia ;e levaram a impudencia.ao ponto de proles-tar, que estavam cordialmente dispostos a sacri-ficar tudo, até a própria vida, para obedecer aSanta Sé, quando os príncipes lhes permittis-sem !))

Depois de ter colhido o jesuitismo em tãopalmar e flagrante opposição comsigo mes-mo com referencia á questão do placet, croa-lho igual situação o talentoso e esclarecidoescriptor no tocante ás excommuuhõas, que,itísiimarn elles agora, dovem ser fulmiúadaScontra "todos quantos negam-so a constituir-se prégoeiros cio fanatismo e da superstição,ou se não degradam ao ponto de converterem .

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Page 3: A PROVÍNCIA - memoria.bn.brmemoria.bn.br/pdf/128066/per128066_1873_00060.pdf · boje outra base senão o povo—u preciso an-tes de tudo melboral-o, instruil-o, tomal-o digno,da

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A Provincia 3cm anzol a cruz, obliterando os mais bellospreceitos da propaganda da Divina Victimado Golgotha.

E o faz concludentemente o venerandocontemporâneo nestes termos :

« Ousareis negar, que o referido breve im-punha a"pená de exoommunhão maior, ipsofacto incitrrenda, reservada á Santa Só, aosque, com qualquer pretexto, ainda que fossede appellação, recurso, consulta, etc, impo-diss.m, suspendessem, ou dilatassem a suaexecução ?

« Ousareis negar que, consequentemente,esses bons jesuítas ficaram excomiimiigados deâ.ecommunhão-maior, reservada ao Papa, pri-vados da administração activa e passiva do3sacramentos : irregulares, porque violarama oensura : separados do grêmio da igreja:e, o que é ainda mais admirável,.nesse des-graçado estado permaneceram por espaço do8 annos, até que „ oompanlna de Jesus foirestabelecida em 1814 pelo Santíssimo PadrePio VI ?

££* Não ! porque a historia falia mais altodo que vós, e a lógica é mais poderosa do queas vossas patranhas.

o E sois vós, Evds. Padres, que hoje tantofallais de excommunhão, o quereis excom-mungar o mundo inteiro; que inculcais tantorespeito e obediência ao Papa e tanto zelopela unidade da Igreja-; que quereis a Igrejalivre, é negais aos soberanos temporaes todaa interferência nos negócios ecclesiasticos ?Vós ? que permanecestes excommungadospor espaço de 40 annos ; quo com tamanhocynismo desobedecestes a Clemente XIV; quefizestes um escandaloso schisma; que dis-¦estes, perante o mundo inteiro, que não obe-decieis a Sé Apostólica, porque um Principe

. heregevol-o não permittia ; e que, por conse-güinte, -negastes a Deus. o que era de Deus,para o dardes a césar ?

« E sois vós a quem os vossos ignorantesou fanáticos aduladores proclamam como re-ligiosos modelos ? *

« Não, Evds. Padres, não fareis fortunanesta terra, onde muita gente vos conhece,Babe, erepete comnosco qUe: ou não haver-dade histórica, ou a companhia de Jesus foi aordem religiosa mais relaxada, mais turbulen-ta e mais perniciosa que tem existido naIgreja.»

-Lastimável passamento.—A 8 do corrente succumbio á enfermidade,que, havia 8 dias, levára-o ao catre de dôr, otypographo Francisco de Paula Silva Lins,o qual, na véspera, completara a idade de

. 52 annos.• Democrata pelo nascimento e pelo cora-

ção', Silva Lins comprehendeu, desde que arazão se lhe começou a desenvolver, que con-tribue para o descrédito de sua classe, eamesquinha-se, o homem do povo que se nãoesforça por aperfeiçoar a intelligencia portodos os meios a seu alcance, e não joga aultima carta afim de attingir a elevado gráode perfeição na arte, ou officio, que, bem avi-eado, busca aprender, para evitar o miserodestino, ao qual não podem escapar opera-rios mal-preparados ao ponto de se tornareminhabeis para obterem por si mesmos pão,panno e tecto, e de verem-se forçados, ou atrocar a profissão por insignificante empre-go publico de minguadissimos vencimentos,ou a constituir-se guarda-costas de presumi-dos potentados, os quaes em troca do papelmenos digno, ao qual ois sujeitam, propor-cionam-lhes protecção equivoca, senão nega-tiva.

Foi por isto que Silva Lins, tendo-se do-dicado á arte typographica logo que termi-nou o curso de primeiras letras, não só pro-curou devàssar-lhe os segredos de sorto aconquistar a reputação do mais adiantadod'entre osseus collegas, sem reclamação daparte de nenhum destes; mas também dedi-cou sempre ao estudo as horas que sobra-vam-lhe do fadigoso e continuo labor quoti-diano, e que outros votam, ou a descanço de-masiado, ou a prazeres transitórios, não ra-ro destruidores da saúde e do vigor, indis-pensaveis aliás a quem nada quer dever se-não ao trabalho pessoal.

E que de semelhante estudo colhera elleprofícuos resultados é prova mais que suffi-ciente a precisão ó perspicácia, com as quaes,em diversos comícios, ouvimol-ooccupar-sede assumptos quo pareciam escapar á esphe-ra acanhada, á que, em geral, condemnam-se entre nós os artistas.

Nada avesso ao espirito de associação, eu-ja efficacia não desconhecia, Silva Lins, ape-rar de lhe não abundarem os meios pecunia-rios, alistára-se nas irmandades dos Marty-rios, Bom-Parto, Livramento, Santa-Cecilia,Nossa Senhora das Dores, e Senhor BomJesus das Chagas, bem «orno nas sociedadesTypographica, Monte-Pio Popular Pernam-bucano, Club Popular e outras.

Todas estas corporações fizeram-so repre-

sentar por commissões de seu seio nas exe-quias pela alma de Silva Lins, e no enterra-mento de seu cadavor.

A cerimonia religiosa verificou-se, em atarde de 4 deste mez, na igreja do Livrainen-to.

Terminada ella, seguiu-se-lhe o sahimen-to, ao qual, além das, commissões já citadas,concorreram muitos amigos do finado, quese não esqueceram de pagar-lhe este ultimotributo de consideração e respoito, e que, co-mo para tornal-o ainda mais. significativo,conduziram á mão até o largo do conventode S. Francisco o caixão que encerrava-lheos restos mortaes. .

D'ahi ao òomiterio publico levou-o um car-'rofunebré; seguido de outros muitos de pas-seio, aos quaos recolheram-se as pessoas quoformavam o prestito.

Francisco de Paula e Silva Lins deixou duasfilhas e um filho, aos quaes não legou senãoa reputação de artista tão honrado quantolaborioso, e de cidadão que não sabia ser in-differente ao destino da pátria, cuja felicida-de (por vezes o declarou do publico e semrebuço) julgava depender da plena victoriados princípios democráticos, taes como osquer o liberalismo de loi.

O filho teve-o por mestre na arte, em quese elle soube ennobrecer.

Permitta Deus, quo, imitando o procedi-mento do pai, honre-a por sua vez, e consti-tua-se o arrimo de suas duasirmaas.

üEsníola 2»eio i^_BH»r«te Jtous.—Vaga peiás ruas desta cidade uma mu-lher.... um cadáver ambulante.

Por mais de unia vez tem-se delia oecupa-do o Jornal do Recife, reclamando em seu fa-vor a caridade publica, e até asseverando quecerto cavalheiro' generoso está disposto acontribuir com 15$000 mensaes para que ad-mittam a infeliz n'um hospital ou asylo.

A Santa Casa da Misericórdia, porém, domesmo modo que a policia, cerra os ouvidosao3 repetidos brados do Jornal.

Quanto á esta, nada sorprende-nos o in-differentismo ; porque ahi está a experenciade todos os dias para demonstrar que nãosabe ostental-o senão quando se trata de al-gumarranjo eleitoral. -

Mas, quanto aquella, nos espanta elle.Será por falta de meios que a Santa Casa

nega-se a socorrer a misera ?Parece-nos que não ; pois que lhe não fa-

lham elles, já para pagar mais 133$000 an-nuaes pelo aluguel da casa dos padres la-zaritas ; já para a construcção de um pala-cio na rua da Roda, deátinado aos expostos,que entretanto iam vivendo commodamenteno edificio em que se1 achavam, o qual foiarrazado.

Se é para admirar que negue amparo á in-leliz a Misericordiosa Santa Casa, não menoso é que se não abra em seu favor a caixa pia,nem tão pouco o bolsicUlo dos numerososdevotos e das muitas devotas de S. Francis-co Xavier.

Entretanto vai a pobre mulher andandosempre, com o passo authomatico, o olharhirto, levando nas faces a rigidez lustrosa ea horrivel côr esverdeada de cadáver em co-meço de putrefação !...

Caminha; não profere uma palavra se-quer ; não pede nada a ninguém; pernoitana arcada do theatro ou na soleira de algumaporta, donde ergue-se na manhãa immedia-ta, para proseguir na peregrinação !

E' comp que um symbolo de' exprobraçãoao tartufismo da actual igreja pernambuca-na.

E ha ào vagar assim essa desventurada,até que morra ao abandono ?

Talvez, se delia não amercear-se a satani-ca maçonaria.

Não perca esta uma tão bôa opportunida-de para dar lição de mestre ao Sr. D. Vital,bem como aos seus jesuítas de ambos os se-X09 e de todas as roupagens.

Uin crime a punir. — Ainda opublico igüora quaes as providencias que to-mou o Sr. Dr. Lucena para descobrir quemfoi o ousado Eocambole que falsificou a qua-lificação de S. Bento. Pessoa bem infor-mada diz-no3 que, S. Exc. mandando ouvir asua secretaria acerca de tão hediondo cri-me, o chefe d'aquella repartição depozeranas mãos de S. Exc. uma carta do individuoque1 mandou buscar alli essa qualificação,que lhe foi entregue perfeita; e mostrara a S.Exc. que só esse individuo era o interessa donajfraude.

Asseveram-nos que foi por ordem do se-oretario, oscripta ua dita carta, que essaqualificação foi entregue ao denunciado fai-sificador; e que na mesma secretaria do go-verno á una você aponta-se o autor do cri-me, que se diz sor pessoa que.priva comoSr. Dr. Lucena. Estamos certos que estoignora, que entre os sous próprios amigosha um falsário. Quem elle. seja, ó o que S.

Exc. deve descobrir, e ctizel-o bem alto. Seo aceusado está innocente,* é dever de S.Exc. também oxpurgal-o de tão feio crimo.Ha muito que sa nos falia, e provam-se fai-sificações, na Assembléa Provincial o na se-cretaria do governo: cumpre quo não lique-mos em simples denuncias.

l»e<le como nun lies-gtaiili-ol.—A companhia da estrada de ferro de Oliu-da, que não tem dado um real de dividendosaos seus accionistas, acaba de pedir á as-sembléa provincial 7 °/0 do garantia de ju-ros sobre o seu capital de 700:000$000 !

De maneira que esta pobre provincia,que está empenhada com um enorme déficit,vai' pagar 49:000$000 por anno á compa-nhia de Olinda, para que tenhamos commo-dos banhos salgados!

E' incrível que se tonto tamanho assaltoaos cofres, e quo a assembléa o autorise.Também a estrada do Caxangá tem igualdireito a semelhante favor. Ahi vem a os-trada de Limoeiro, Jaboatáo, e Tin_bauba_,que querem garantia de juros, e a terão; por-que a zelosa assamblóa tudo dará.

Salve-se «niesn tniuleiv—A. po-licia, ostentando-se menos benemérita doque acclamou-a o Sr. Dr. Henrique Pereirade Lucena no famoso relatório á assembléaprovincial, ainda não achou meios para evi-tar que os criminosos zombem-lhe da acção.

Em ofíicio de 5 do corrente, sôb n. 668, oSr» Dr. Queiroz Barros consigna a evasãode Manoel Cypriano das Chagas, depois deter ferido com uma faca a Maria Magdalenada Conceição, em S. Bento, pelas 3 horas datarde de 18 de Março ultimo, e por conse-guinte á luz de pleno dia, a qual não foi en-tretanto bastante para habilitar os agentesde S. S. a lobrigarem as veredas que tomouo delinqüente para evitar-lhes a persegui-ção. y

INTERIOR

Noticias <lo norte

Amazonas.—A Reforma Liberal, noticiajquetrata-se nessa provincia de eleger o Diréctóriodo partido liberal; noticia um espancamento emPedro Sympson, e um tiro no vigário de Maués,sem asseverar. Nada mais de interessante paraos nossos leitores.

Para'.—Continuamos a ter a infelicidade denáo-receber folha alguma dessa localidade.

(Íoyaz.—Eecebemos o n. 317 do—Alto Ama-zonas—, pobre do noticias para serem aquitranscriptas.

Maranhão.—O Liberal, de S. Lui-, já ence-tou opposiçao ao presidente da Provincia SilvinoElvidio Carneiro da Cunha, ao qual qualifica de—um dos mais conspicuos agentes do absolutis-mo que opprime aos brasileiros.

Piauhv.—Alein da questão domestica entre oDr. Polydoro Burlauiaque, e o Directorio Libe-ral, o de algumas perseguições pelo interiornada encontramos nos ns. 374 e 375 da folha—A Imprensar-que se preste a enriquecer estenosso excerpto do noticias. Não recebemosnonhuma outra folha dessa provincia.

Ceara'.—Temos á vistr os seguintes jornaes—Futuro—Revolução—Voz iVAmerica—Pedro2.—Cearense— e Tribuna Catholica. A abun-dancia de jornaes, revela actividade politica,empenho na disoussão, symptoma de que vãomal os negócios públicos, o poder exerce pre-potência, e para afazer cessar, os cidadãos secongregáo eprocurão ataca-lo por differentesplanos.

O Futuro, rompeo também em hostilidade áadministração Oliveira Maciel, vindo assim darganho de causa aos outros jornaes que jíi faziãoopposiçao a esso governador. Diz o Faturo quenão faz opposiçao só por que. o presidente hedelegado do Ministério, mas pela má gestão quetem dado aos negócios públicos confiados a suadirecção; que o dito Oliveira Maciel vô em tudoum crime, em cada palavra menos sonora umacircumstancia aggravante, e em cada individuomenos avisado na rethorica cartezáa, um crimi-noso de lesa magestade ; que voltamos aos tem*pos lugubres dos feroses capitães generaes da an-tiga colônia, Accusa o Futuro o governo poloextraordinário movimento do forças dos trescorpos, de linha, policia, e guarda nactonal, afimde ganhar eloições que se vão repetir por teremsido annulladas as primeiras.

Desta vez o Futuro, em seo numero 33, men-ciona seis assassiuatos, o que mostra que o Cea-renae tinha razão de se espantar do estado selva-gem do Ceará, sob o dominio dos conservado-res, como também que nós extrahiamos as no-ticias com fidelidade.

A Revolução jproseguindo nas aceusações aopresidente, diz que elle assigna tudo de cruz, efa-lo responsável pelo assassinato que a policiacommetteo no Brejo-Seco.

O Pedro. 2.*, referindo assassinatos, tres nacapital, [também exclama:—a provincia barba-risa-se!—

O Cearense não desceo ainda de sua energiaem atacar o poder geral e provincial. Quantoao primeiro, sob a phase—governo pessoal—concluo o Cearense um dosseos artigos destemodo:

" O poder disse 9 o paiz aceita-—não ha maiseleição. A historia porém deste século está tãocheia de exemplos tristes do castigo'dos gover-nos pelos povos, que um momento não descre-mos de que o paiz triumphe. Ha dias em que aespada se embota, o soldado é uma .sombra quedessapparece, na poeira que envolve os thronos.Para nós é cousa liquida, a revolta se organisaem todo o império. So o governo substituio asbolas pelas balas, só elle será o responsável detudo. "

Assim falia o Cearense: se reconhecemos quoé louvável a sua energia de linguagem, náo po-demos reprimir o impeto de dizer que não êexacto, que a revolta so organisa em todo o Im-perio. O que vemos pelo contrario é muita frie-za, e que o " o governo pessoal ,, é e unico quodá tremendos signaes de vida, e tndo faz.

Quanto ao poder provincial, o Cearense aindanão desafinou ao tom cm que; começou a aceu-sa-lo, e outro tanto suecéde em relação aos as-sassinatos, a cujo respeito exclama:—caminha-mos para um abysmo,—marchamos pura a bar-baria a passos largos.—

Besurnidas as noticias politieas, cumpre in-formar aos nossos leitores, que os pernambuca-nos estão em discussão na imprensa do Ceará.

Por um lado foi o Cearense quem levantou aquestão, e por outro foi o Futuro quem respon-deo. Faremos um oxcerpto do que escreverãoambos, afim de que so conheça a importância doassumpto.

Diz o Cearense, em artigo sob o titulo1 "OaPernambucanos no Ceará'", o quo se passa aler: -

" Ha queixas no Ceará dos presidentes, quonos vêem de Pornambuco. A altivez de quasitodos, seo nepotismo, sua propensão a violen-cia, e sobretudo sua incúria para o quo entendecom o progresso moral e material da provincia,tem prevenido a população do Ceará contra osadministradores daquella procedência.Diz-se geralmente que é de mau agouro umpresidente pcrn-inbucano

Effectivamente nos havemos dado mal, muitomal, com os presidentes oriundos dc Pernam-buco, ou politicamente filiados a essa provin-cia.

Todo o paiz conhece a seita politica, que dofermento dos antigos part" dos se gerou em Per-nambuco, gente da bandeira branca, enthusias-ta das flores de lys; patriota pela recordaçãode Jeronimo de Albuquorque; pretendentes ásupremacia politica no paiz, pela contemplaçãodo merecimento dô seos avoengos, legítimos oupor adopção, emfim aristocratas debaixo de umcéo americano I

Pois bem; dentre os que se achão ao serviçodessa causa, e pelo seo servilismo chegaram aconquistar a confiança dos chefes, tem sido fei-tas, em Pernambuco, as escolhas do Ceará. Dahia espécie de raiva, que anima esses presidentes,o desespero, em que' nos tem.

Desperta-lhes um sentimento de aversão tra-tar com homens, que calariáo avoengos comoJeronimo de Albuquerque, que chamava ao rei—meo amo e senhor, e considerava a seos iguaescomo escravos delle. ,,

O Futuro, responde nestes termos:"O Gcaronse, órgão ligueiro, em seo ultimonumero levanta uma questão antipathica e ódio-sa, que por bem de nossa civilisação e do adian-tamento do nossos costumes deve ser dignamen-te repellida.

Somos todos brasileiros, pertencemos á umamesma pátria, e o orgulho nacional não é umsentimento diverso no coração cearense, ou nocoração pernambucano.

Protestamos altamente contra esses senti-mentos retrógrados, quo nos abatem á nossospróprios olhos, e que desiustráo o gênio hospi-taleiro que caracterisa a familia cearense.

Levantamos este protesto impellidos pelo de-ver e pela justiça. \

Antes de sermos cearenses, somos tão bonsbrasileiros como os pernambucanos.

No Brasil não somos vinte raças inimigas, so-mos uma só nação vivendo todos de glorias com-muns. "

Ora, exposto o que dizem ambos os jornaes,manda a verdade que digamos que ambos se va-sam em elogios aos pernambucanos, e o Gearen-se chega a fazer total excepção dos pernambu-canos liberaes, de cujo partido nuuca sahio pro-sidente para aquella provincia,Dando noticia aos nossos leitores do que soestá discutindo no Ceará, abstemp-nos do apro-ciar os dois differentes juizos, porque náo podo-mos tomar ao serio a questão. Todavia cumproreparar que na epocha do assassinato do majorJoão Facundo, não era presidente, pernambuca-no algum. E quando a apreciação do Cearense,ja nào fosso em these muito inconveniente polaface que a encaminhou, olla soria profundamen-te injusta, sem notar as devidas excepções, en-tre as quaes sobresahe brilhantemente a admi-nistraçáo do sempre saudoso, e sempre illustropernambucano o conselheiro Francisco XavierPaes Barreto, quo nunca revelou nepotismo,nunca teve propensão a violência, nunca mos-trouincúria em tudo quinto tendia ao progressomoral e material da provincia, nunca revelousecreto conchego com os presidentes autecesso-res, nunca teve raiva dos cearenses, nem para'com estes mostrou desapreço.

Eio Grande do Norte.— No Liberal, encon-tramos o facto da perturbação da ordem publicaemMossoró por praças do destacamento e o p.o-

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vo. O Mossoroense confirma o facto, dando-lheas proporções de crimes e desordens, revolta po-pular e auarchia.

Recebemos vários números do—Assuciisa— enolles vemos que á propaganda ultramontanaoceupa-lke a attenção, para ser combatida.

Parahyba.—Temos o Correio Noticioso, o Des-pertaãor, e o Jornal da Parahyba. Nada do es-pecial para transcrevermos'.

Em conclusão : por toda a-parto onde já che-gou a noticia do attentado áulico contra a " Re-publica" da Corto, a imprensa o tem vivamentecensurado, e aos seus autores ; assim como, portoda a parte onde chegou a noticia da gloriosarenuncia que Amadeu fez da coroa do He&panha,tem sido aplaudido esse acto do abnegação, e avictoria dos principios liberaes.

EXTERIOR

'Começamos pela mais importante das no-

ticias recebidas pelo paquete chegado a 6 docorrente.

Por convenção celebrada a 15 do passadoentre a França e a Allemanha, as forças mi-litares d'esta potência deverão terminar completamente a occupaçao do território fran-cez no dia 5 de Setembro.

«Ninguém sabin, nada, diz uma carta« de Pariz. Tanto em Versailles como em» Berlin fallava-se da evacuação da França,« maa em época muito affastada. ¦ Haveria« até quem suppozesse que de ambos os la-« dos se desejava a demora d'este suecesso.« Em Versailles, porque a occupaçao obriga-«i va os partidos a ser prudentes. Em Ber-«lin porque os alleinães em França eram«segurança de ordem e de paz interna e ex-«terna. »

Para bem comprehender a importância daconvenção diz a Republica Franceza, é pre-ciso ter em vista o tratado assignado â 29de Junho de 1872.

Segundo esse tratado o governo francezreservou para si a faculdade de não effec-tuar o pagamento do quarto mil milhão se-hão no 1.- de Março de 1871 e pensara queera prudente adiar até o 1. de Março de1875 o pagamento do quinto e ultimo, salvose fosse possivel dar mais cedo ap governoallemão, garantias financeiras que este eralivre para aceitar ou recuzar.

Ora, segundo a convenção do 15 de Mar-ço, não somente o governo da republica es-tara preparado para completar o pagamentodo quarto mil milhão, cm 5 de Maio proxi-mo, como poderá ainda pagar integralmenteo quinto á 5 de Setembro de 1873, sem ternecessidade de recorrer á garantia finamceira.

Além d'isto para dissipar todos os te-mores, mais ou menos fundados que|tinhamfeito nascer a presença dos alleinães na pra-ça do Belfort o o' interesse com que elles seapressaram em completar a defeza d'estapraça, a convenção de 15 de Março substi-tuio Belfort por Verdnm, cuja importânciaé menor.

Esta convenção é ainda pelo lado própria-mente politico de maior alcance para a so-lução da questão do estabelecimento de for-ça de governo porque se hade reger a Fran-ça definitivamente.

Libertado o paiz do jugo estrangeiro asquestões internas surgirão mais encande-centes, e mais completamente dividirão osespíritos.

Becebendo o Sr. Grevy, presidente da as-sembléa, a noticia que lhe mandou dar oSr. Thiers,'de achar-se feita essa convenção,pedio ao mensageiro que felicitasse ao Sr.Thiers por ver realisada a melhor parte desua missão, a qual bastaria para collocal-o

- ¦ entre os homens?de estado mais eminentes.Certamente o mundo inteiro admira a sa-

bedoria, habilidade e prudência com que ogoverno do illustre e venerando ancião temelevado a França do seu abatimento. A con-cenção de que tratamos augmentando muitonatural e justamente a sua força moral, ha-bilital-o-hia para com maior segurança ain-da proseguir em sua gloriosa tarefa.

Fora approvado na assembléa o parecerda commissão dos trinta. ,

Na Inglaterra o ministério Gladstone pe-dirá sua demissão a rainha.

Tendo o gabinete feito questão do bill daeducação da Irlanda, a câmara dos com-muns rejeitou-o, sendo vencido o governopor tres votos. Foi este o motivo cVaquellepedido.

A rainha chamou Disraeli, chefe do par-tido torys, para organisar o novo ministério ;porém este, vendo que, apezar d'essa mani-festação contra a idéa do gabinete Gladsto-ne, a maioria dos communs é liberal e vota-

;A

ra á favor de outras medidas do mesmo ga-binete, aconselhou a rainha que meumbissolord Granville de formar um gabinete detransicção, até Julho, dissolvendo-se entãoa câmara e tomando Disraeli conta do po-der.

Granville não aceitou a incumbência, esegundo as ultimas noticias Gladstone eseus companheiros continuavam no poder.

Aguardemos as noticias que nos trará opróximo paquete, e veremos mais -uma vezorganisar-se definitivamente um novo gabi-nete respeitadas todns as regras do regimenparlamentar, como ó costume "n'esse

paizae verdadeiro governo representativo, quetão profundamente contrasta com o nosso.

Em Portugal foram approvadas as duaspropostas de leis para augmento da receitapublica, sendo uma a da taxa addicionalnas alfândegas e a outra a da reforma doimposto do sello, cada uma das quaes traráum augmento de 300,000$000.

O governo celebrara um accordo com -acompanhia dos caminhos de ferro. -»

A propósito d'este accordo circulavamboatos de que as opposições, na câmara ten-tavam provocar uma tempestade parlamen-tar. y

Com relação aos outros perigos, extrahi-mos as mais notáveis noticias que são asseguintes:

«No dia 12 abrio-se na Allemanha o rei-chstag. O discurso falia de reformas mi-litares, sobre a propriedade, novo systema defortalozas, do tratado de evacuação comple-ta da França etc. Depois de lido o discursodo throno o Sr. de Bismark fallou larga-mente a respeito das invasões da autoridadeecclesiastica na legislação politica. Disseelle que é impossível ao ministério governarcom os actuaes artigos lò^e 18 da constitui-ção, que regulam as relações entre a igrejae o estado e pede que se modifiquem n'umsentido mais firme « contra o partido que seapplica a minar a autoridade do governo. »Depois apresentou-se o projecto relativo ásmodificações a fazer ua constituição e falia-ram. defendendo-o o presidente do conse-lho Boon e o ministro dos. cultos Falk. O •projecto foi já votado.

O reichstag allemão em breve discutirá,a nova lei militar, que além de outras re-formas exige que a landstunn possa ser cha-'mada ás armas logo que a situação em tem-pó de guerra o requerer. Ató agora o lan-dstunn não pegava em armas senão quandoo território era invadido. *B 777

Na Áustria foi votada a nova reformaeleitoral por 122 votos coutra 2. Os depu-tados da Gallitzia abstiveram-se. Na Hun-gria sahio do ministério o ministro do rei-no Thoth e entrou o conde Szaparry quepertence ao partido Deak.

Da Bussia sabe-se que prosegue a guerracontra o khan de Khiva. O governo rusaotem assegurado á Inglaterra que não temfins de conquista na Ásia a guerra empre-hendida contra Khiva.

Ba Italia fazem-se grandes festejos aAmadeu, que foi promovido por decreto atenente-general.

O presidente da câmara leu uma carta deAmadeu, em resposta á mensagem que lhefora enviada. O duque d'Aosta diz n'essacarta!

<i Acceitei a coroa na esperança de poderdar a tranquillidade á Hespanha ; mas véu-do que não podia fazer a felicidade d'esiepaiz, renunciei a coroa depois de ter obser-'vado lealmente a constituição jurada. A Ita-lia encontrará sempre em mim um soldadodedicado á pátria italiana.» .

Uma carta de Boma traz uma discripçãointeressante da ovação feita em Tnrin aoduque dAosta. Contavam-se por milha-res os ramos de camelias e d'outras floresque as turinenses lhe lançaram.

A multidão a acclamal-o com os gritos de— viva Amadeu — era immensa. A cidadeesteve dois dias illuminada.

Esta mesma carta, fallando da propostaque foi apresentada.na câmara para a dota-ção do príncipe, diz qne este precisava d'ella,porque não tem fortuna própria e gastou emserviço da Hespanha metade da fortuna desua mulher, a* saber — oilo milhões. ¦

Pelo annivoraario da morte de Mazzinifi-zeram-se em Boma grandes manifestaçõesde saudade.

Na Turquia sahio do ministério Khalil Pa-chá, que era ministro ,dos estrangeiroa, efoi substituído pelo da justiça, Savfet Pa-chá; para o lugar d'este foi nomeado Mi-dhat-Pachá, que foi primeiro grã-vizir dogoverno actuai. Eachid Pachá, ex-governa-dor da Syria, foi nomeado' ministro dasobras publicas. O khediva do Egypto é es-perado brevemente em Constantinopla.

Na Hespanha continua tudo no mesmoestado.

Na parte politica, Martos demittio-se depresidente da assembléa, foi eleito para osubstituir o radical Francisco-' Salmcrou,contra o republicano Orense; para viec-pre-sidente foi eleito o radical marquez de Sar-doai, contra o republicano Dias Quintero.

Bemusat dirigiu ao Sr. Olozaga, ministrode Hespanha em Paris, uma circular muitolisonjeira para a nação hespanhola.

O Sr. Fignera pronunciou em Barcellonaum discurso muito notável narrando comose proclamou a republica, e as causas quelevaram o rei a renunciar a coroa. Do dis-eurso parece deduzir-se que os radicaos nãoforaminnocentes na renuncia do rei.

A indisciplina militar ganha terreno- nasfileiras do exercito. O governo já tem sidointerpellado diversas vezes sobre ella, e oSr. Castelar de uma das vezes pediu quenão se fallasse mais da indisciplina do exer-cito hespanhol, pois isso eqüivalia a deshon-rar o exercito perante a Europa.

Apezar dos esforços feitos pelo governopara disciplinar o exercito nada se tem con-seguido.

Os carlistas continuam a ser batidos, po-rém vão augmentando todos os dias.

A destruição e distribuição das proprieda-des continua. O governo respondendo auma interpellação lastima esses actos devandalismo, e disse que já tinha ordenadoque Be instaurassem processos contra os&utores d'esses vandalismos.

Espera-se o Sr. Figueras, o diz-se quelogo que chegar sahirão do ministério psSra. Acosta, Tutau e Chão, da» pastas daguerra, fazenda e obras publicas.

Diz-se que o primeiro não concorda comos collegas sobre o modo do disciplinar o ex-ercito e sobre as nomeações de diversos ho-mens para cargos militares importantes. Osegundo sae porque tem encontrado grandesdificuldades financeiras. O terceiro porquenomeou o Sr. D. Eusebio Page, distinetoengenheiro, para director das obras publi-«as.

Ora eate senhor tem a infelicidade de nãoaer republicano, e os engenheiros republica-nòa, sem grande merecimento, como diz oSr. Chão, querem que est%o demitta e no-meie nm republicano! Chão nega-se e comrazão.

Taes são os suecessos dó Hespanha;

ÚLTIMOS TELEGRAMMAS

Madrid, 22.—Os intransigentes de Ma-tfrid projectavam uma manifestação paradestituir a câmara municipal e eleger tu-multuariamente outra. O governo tomouprovidencias para o impedir. A. assembléaapprovou a proposta declarahdo^se era ses-Bão permamente ató á votação dos projectosde abolição da escravatura e matricula ma-ritima. Figueras fizera dessa proposta quea-tão de gabinete. Veem-so alguns grupos emvolta do edificio das cortes.

Madrid, 22.—A assembléa approvou do-finitiTamente por unanimidade o sem dis-oussão o projecto abolindo a escravatura emPorto Rico. O artigo 2- diz que os escravosgozarão da liberdade apenas cinco annos de-pois da sua emancipação. Deu-se um vivaá Hespanha, á republica e á pátria em todaa sua integridade. A sessão foi suspensapor meia hora afim de combinar a noineá-ção da commissão permanente.

Madrid, 22. (official).—Depois do discursodo ministro dos negócios estrangeiros em fa-vor da abolição da .escravatura em Porto Ri-co, excitando á concórdia a câmara toda,Iodas as fràcções parlamentares, adoptadaàaa emendas sobre a época em que os escra-vos entrarão no gozo dos direitos politicos,votarão por acclamação e com o maior en-thusiasmo a abolição da escravatura emPorto Rico. Houve calorosos applausos evivas enthusiasticos á Hespanha, á repu-blica e á assembléa, aos quaes se associoufervorosamente o publioo das galerias. - Osdeputados conservadores tomaram parteunanimemente e com effusão no voto da abo-lição da escravatura. A assombléa sepa-rou-se, deixando ficar a substituil-a umacommissão permanente composta de todasas fràcções da câmara, Geral satisfação.

PARLAMENTODlSCÜESO PBONUNCIADO PELO Sr. SENADOS CaK-

SANSÃO DE SlNIMBü' NA SESSÃO DE 28 DE Fe-VEBEIEO.

V1Resposta á falia do throno

1!'

(Conclusão)E' esta a verdadeira causa da divisão en-

tre os conservadores; disseram elles: « quemais podemos receiar de nossos adversários ?Nós tínhamos receio de que elles fizessem•adoptar aquillo que nos leza 110 que temosde mais precioso, que é a nossa e a fortunade nossoa filhoa ; porém, se os nossos pro-prios amigos são os mesmos que nos preju-dicam, que maÍ3 poderemos receiar dos nos-sos adversários ? » Muitos ficaram sem che-fe e sem partido; outros uniram-so ao par-tido liberal e muitos foram até para o par-tido republicano. E aqui está um elemen-to que engrossou as fileiras do republicanis-mo, o descontentamento causado por essadilaceração do partido conservador.

Sr. presidente, tem-se fallado aqui do des-regraniento da imprensa e acerca da exis-tencia do partido republicano: tem-ae apon-tado isto.como indicio de grandes males, degrandes perigos e naturalmente hade sequerer levar isto em conta ao partido libe-ral. Eu quero dizer duas palavras a res-peito destes dous tópicos.

Senhores, as idéas republicanas, como bemdisse o nobre senador pela Bahia, são con-genitas, se não anteriores á nossa forma degoverno. Antes mesmo da independênciaalgumas pessoas tinham essas aspiraçõesvagas; depois da independência alguns ties-ses homens mais sujeitos á influenciadaimaginação, como disse o nobre senador peloEspirito-Santo, alimentaram essas tendeu-cias, porém mais tarde essas opiniões des-vaneceram-se,e não se fallava em partido re-publicano. Dondo data, pois, a existênciadesse partido? justamente do movimentooperado na politica do paiz em 16 de Julhode 1868. V. Exc. está certo, Sr. presiden-te, de como so fez a reacçãojpolitica nessetempo em todo o Império, foi uma lava7quodesceu desde o Amazonas até o TRio Grandedo Sul e que crestou todo o solo da pátria.Apezar do partido liberal ter feito abstençãodo voto nem por isso diminuíram os ef-feitos dessa reacção que forain1 profundos egraves. Essa lava encinerou até os própriossentimentos de fé de confiança nas institui-ções, foi uma reacção como nunca se tinhavisto.

Ora, se á V. Exc, Sr. presidente,'tivesâevindo a idéa, que não quero conceber nempor, hypothese, de um bello dia mandar fe-char esta casa onde temos direito de ter as-sento para discutir os negócios do Estado,' efazer constara cada um dos Srs. senadoresque estão presentes que nènhuni entrariaaqui sem licença do porteiro, o que acontè-ceria ? Eu, naturalmente como um dos maisvelhos e o mais pacato, ficaria em minhacasa...

O Sr. babão de Cotegipe :—E eu também.O Sb. Cansansão de Sinimbu' :—...mas ai-

guns que eu conheço dotado de fogo, de von-tado e de enthusiasmo se limitariam a isto ?Não; viriam forçar as janellas dò paço dosenado, o alguns até nãó teriam o temerárioarrojo de querer minál-o? E' o que aconte-ceu com a mudança que se fez em 16 dé Ju-lho: fecharam-pe as portas da representaçãonacional, cumprimiu-se o voto...

O Sb. visconde do Eio Bbanco (presidentedo conselho): — Os liberaes retiraram-se,como queriam vencer ?

O^Sb. Cansansão de Sinímbu' : — Não erapossivel concorrer á urna n'essa oceasião,sob pena de se promover a guerra civil; e opartido liberal tinha bastante patriotismo oa consciência da força-de seus direitos paranão expor o paiz a serias difflculdades no ex-terior. i

Dahi, Sr. presidente, ó que data a exis-tencia do partido republicano.

Senhores, é possivel que no meio dessepartido existam homens de imaginação fogo-sa, amigos de novidades, que professem es-sas idéas sómonte por amor' de novidades,ou pelo amor do desconhecido; pôde mesmoser que algum haja com tendências revolu-cionarias; poróm também é verdade que nomeio desse partido existem caracteres nobrese muito distinçtos, homens cuja ambição se-ria pôr seu talento ao serviço do paiz. Istoéinnegavel; porque razão seteem elles apar-tado das lutas políticas para formarem umaassociação a parte ? Não ha outro motivosenão porque vêem que as portas do parla-mento lhes foram vedadas pela usurpaçãoque o governo tem feito do voto popular.

Sr. presidente, eu acompanho os nobressenadores nas observações que fazem contraos excessos da imprensa; de fôrma algumaapprovo"que para se defender a causa da li-berdade se empregue o meio da difamação eda injuria; quem penetra nos arsenaes da li-berdade não conhece armas dessa natureza;lá esta, por exemplo, o vigor, a energia, aaudácia mesmo, abnegação e o sacrificio davida. A injuria não, porque a injuria nãoadverte e nem corrige, escandalisa somente.Por isso, eu.uno o meú voto a todos os ee-

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A Província

nadores que se manifestam contra essa ten-dencia.

Mas vamos entrar no exame deste facto.Donde provém esses excessos da imprensa ?Donde vem esse furor' com quo ella atacahoje tudo e todos ? Creio qne será máo me-dico aquelle, quo chamado para curar umdoente, só áttendesse ás blasphemias queelle proferisse, arrancadas, talvez pelas dô-res que soffressè no momento, som entrar noconhecimento da moléstia de que padôccsse.

O a nobres senadores devem attender a quose a imprensa tem chegado a esse desregra-mento, é porque tem consciência do que nemas nossas palavras nem os factos que temosexposto na presença do governo são capazes'de produzir effeito algum no sentido de mo-dórar essa reacção quo se tem feito contra opartido liberal. O conhecimento da historiaindica que sempre que a liberdade está ame-açada, sempre que as autoridades desman-dáni-se de seus deveres para conculcarem osdireitos do povo, ahi a imprensa toma essegráo de exaltação; desde, porém, que a li-herdade entra em sua senda ordinária, po-rém, que a liberdade entra em sua senda-or-dinaria, cessa o calor da imprensa. No se-culo passado e no principio deste não viu-sea imprensa ingleza muitas vezes so levantarcontra actos e pessoa do Rei ? E quem allihoje, no reinado da Rainha Victoriá, pode-ria ouvir sem desgosto uma palavra desres-peitosa contra sua soberania?

Sr. presidente, eu realmente sinto que onobre presidente do conselho não queira vol-tar da insistência em que está de fazer op?posição ao reclamo mais urgente da opiniãopublica do paiz, da reforma eleitoral direc-ta, no que vojo um remedio para muitos ma-

, les, sem todavia acreditar que seja o unicocapaz de extirpar todos.

Sinto" quo o nobre presidente do conselho,que se tornou reformador uma vez reunin-do-se aos liberaes no terreno da emancipa-ção dos servos, não se queira reunir aos libe-racs no terreno do voto livre.

O Sr. Zacarias:—Apoiado.O Sn. visconde do Rio Branco (presidente

do conselho):— Voto livre também quero.O 8b. Gansãnsão de Sinimbu':—Quer a seu

modo. Senhores, pergunto eu: devemos nósabrir mão da nossa causa -perante a insis-tencia do nobre presidente do conselho ?de-

ternos crer quo a reforma eleitoral está semapoio no'|)áíz somente porque o nobre pre-sidente do conselho a combateu com energia?

: O Sr. visconde do Rio Branco (presidontedo conselho):—Procuro consultar a opiniãodas câmaras, o presidonte do conselho émuito fraco coutra esta força.

l'X OSr. Gansãnsão de Sinimbu':—Creio quenão. •

Sr. presidente, ha um periodo na historiada Inglaterra que tem muita analogia com asituação do nobre presidente do conselho.Depois da reforma da emancipação catholi-

: ca, o ministério de Wellington tinha ficado;- um pouco abalado. Sobreveio a morte do

Rio Jorge IV. Procedeu-se a novas eleições,formon-senovo parlamento. Esseparlamen-to foi feito debaixo da influencia do ininiste-rio. Um dia apresentou-se uma moção nacâmara dos lords tratando-se da reformaparlamentar. O duque de Wellington, que-

.- rendo ainda reconquistar o seu antigo postono partido conservador, levantou-se com to-das as suas' forças para combater a indica-cão feita por lord Grey na resposta á falia dothrono, como agora,, em favor da reformaparlamentar. « Hei de oppôr-me com todasas minhas forças a esse projecto de reformas;não convém tocar' nas actuaes instituições,

. que funecionain de um modo admirável;que o systema eleitoral- era o mais perfeito.»São quasi as mesmas palavras do nobre pre-sidente do conselho. . .

¦;¦•-'- - O Sr. visconde do Rio Branco (presidente.-. ¦ do conselho):—Oh! senhor.

O Sr. Gansãnsão de Sinimbu':—Quando oduque de

"Wellington elevava ás nuvens oparlamento quo tinha sido creado debaixo

..desta iníluencia, lord Broughám propunhana câmara dos communs a reforma parla--mentar, a qual passou- por uma grande maio-

, ria. Como V. Exc. sabe, o nobre duque nãopôde retistir, resignou o poder.

O Sr. visconde do Rio Branco (presidente; do conselho):—Porque muitos tories tinham-

se alliado ao partido adverso por despeito..' - •• O Sr. Cansansão de Sinimbu':—Porque a

opinião acabava de pronunciar sua ultima•palavra.

X. -Sr. presidente, tenho confiança cm quo acâmara dos Srs. deputados, apesar de serformada pelo nobre presidente do conselho,sendo composta do uma mocidadè estudiosa,

. com aspirações nobres, ha do concorrer tam-bem comnosco para effectuar essa reforma,

porque ella também tem interesse ein so"emancipar da tutela do governo.. Por isto

espero que a câmara de 1878. seja igual á ca-

mara de 18J.2, que votou a reforma eleitoral.E' verdade, senhores, que o nobre presi-

dente do conselho é um athleta.Reconheço que nossa luta é desigual; que

nossas vozos reunidas são impotentes diantedo poder do nobre presidente do conselho.

O Sr, visconde do Rio Branco (presidentedo conselho).-—Oh ! senhor! comprehendoa ironia.

O Sr. Gansãnsão de Sinimbu':—Mas haainda umaforça maior.

OS». Zacarias:—Havemos de achar-lheum calcanhar, deixe estar.

O Sr. '.Cansansão de Sininbu' :—Ha essaforça que moveu o duque do Wellington a.assignar a lei de emancipação e a sir Eober-to Peol a dos cereaes: esta é uma alavancapoderosa com que se move o paiz no systemarepresentativo.

O Sr. visconde do Rio-Bunoo (presidentedo conselho):—Apoiado.

O Sr. Cansansão de Sininbu' :—Nom o no-bre presidente do conselho pôde negar que aopposição por si só possa invocar o apoio daopinião, mesmo fora do parlamento.

O Sr. visconde do Rio Branco (presidentedo conselho):—E' mesmo nesta opinião queconfio.

O Sr. Cansansão de Sinimbu' :—Pois é os-ta opinião que ha de obrigar o nobro presi-dente do conselho a assignar a reforma daeleição directa.

O Sr. visconde do Rio Branco (presidentedo conselhoj:—Veremos qual é a sentença,

O Sr. Cansansão de Sinimbu' :—Quandoum» machina salta fora dos seus rixos, o re-sultado é ou. quebrar-se, ou naturalmentevoltar ella outra vez para o seu centro degravidade.

Nós já tivemos uma época em que a divi-são dos poderes cstavadesiquilibrada ; foidurante a regência. Com effeito a ausênciado poder moderador, pode-se dizer, que era afalta do capitei que sustentava a columnadeste grande edifício pela parte suporior. Oque aconteceu ? Aconteceu que a nação ro-conhecendo que a machina não gyrava emharmonia consagrou o principio da consti-tuição, isto é, fez com que o capitei voltasseao cimo da columna.

Poia bem, senhores, agora que a columnaestá em base falsa, agora que o peão sobroquo gyra não está no seu ponto de apoio por-que a base está alluicla, tenho esperança eeonfio em que a opinião se ha de pronunciarde tal maneira que ha do obrigar o-nobrepresidente do conselho a fazer com que omachinismo do systema represontativo voltea seu centro de gravidade pela expressão li-vre e genuína do voto nacional.

O Sr. visconde do Rio Branco (presidentedo conselho):1—Com effeito !

O Sn. Cansansão de Sinimbu' :—Reçonhe-ço o nobre presidente do conselho como umhomem de grande tactica, como um grandoguerreiro. A sua residência no Paraguayemprestou-lhe certos hábitos militares. O no-bro presidente do conselho podia-nos ter al-liviadoda tarefa com que estamos hoje, seS.Exc, seguindo o exemplo do sr. marquez deS. Vicente, tivesse vindo declarar ao senadoque a reforma da eleição directa é a únicaque pôde fazer com que o systema represen-tativo soja uma realidade.

O Sr. visconde do Rio Branco (presidentedo conselho):—Elle não disso isto.

O Sr. Cansansão de Sinimbu':—O Sr. mar-quez do S. Vicente sustentou, o não podiadeixar de sustentar, porque é opinião sua co-nhecida de ha muito tempo, que a eleiçãodirecta é aquella que poderia fazer exprimirmais legitimamonte a vontade nacional. Seo nobro presidente de conselho tivesse segui-do o mesmo trilho, a nossa tarefa seria mui-to menor; a nossa questão seria a do como.Então, senhores, se a câmara dos deputadosou o nobre presidente do conselho entendes-se que seria mister uma reforma -na consti-tuição, naturalmente nós nos sujeitaríamosa fazer a reforma por este meio.

Mas não, o nobro presidente do conselhopela sua residência no Paraguay tornou-se.um hábil tactico': elle quer fazer duas cam-panhas. Quer fazer a campanha' do LomasValentinas e quando por acaso seja ahi bati-do, quer subir até Ascurras, para ahi entrin-cheirar-se no elemento da constituição. Nãoquer confessar -a conveniência do systema,para quando seja batido neste ponto subirem cima e acastellar-se na reforma da con-stituição.'

O Sr. visconde do Rio Branco (presidentedo conselho):—V. Exc. hoje está com a imu-ginação poética!

O Sr. Cansansão de Sinimbu':—S. Exc.engana-se, lá mesmo o havemos de bater :se escapar em Lomas Valentinas iremos tam-bem a Aseurra, o o principio da livre eleiçãotambém ha de ter o seu Aquidaban. (Muitobefn, muito bem).

O Ss. barão de Cotegipe:<—Muito bom,mas -com certas restricções da minha parte.

v ¦ 5-:

..g_HAP

Discurso pronunciado pelo Sr. deputado Fer-reira Vianna na sessão-de 4 de Março

Requerimento do Sr. Florencio de Abreu

O Sr. Ferreira Vianna (silencio; movimen-to de líttenção) : — Sr. presidente, não sei sesou muito confiado presumindo-me garanti-do nesta tribuna apoz a escusa senão glori-ficação. que ao nobre ministro da justiçaaprouve fazer dos excessos praticados nasnoutes de 27 e 28 do mez passado contra ossectários e propriedade da Republica.

Antes de entrar no exame dos aconteci-mentos qae alarmaram a cidade, permitta-me a câmara de reclamar contra um qualifi-cativo empregado polo nobre ministro dajustiça, referindo-se no começo de sou dis-curso ao chefo do poder executivo, sogundocreio. S.Exc. chamou-o soberano, quandoa nossa constituição qualifica-o do primeirorepresentante o expressamente reconhececorno dimanações da nação ou da soberaniatodos os poderos politicos.

O Sr. ministro da justiça dá um aparte.O Sr. Ferreira Vianna: — Esta inexacti-

dão em assumpto de tanto alcance politicopôde talvez nos dar a razão dos actos incons-titucionaes praticados pelo gabinete 7 deMarço e da pertinácia com que so mantémno poder apesar das manifestações da opi-nião publica.

Se em verdade o chefo do poder executivofora soberano, como pretente o nobre minia-tro da justiça, a nossa forma de governo se-ria outra, e a manifestação da republica nãopoderia ser tolerada e muito menos consenti-da pela autoridade competente. Só a monar-chia constitucional representativa pôde man-ter-se no moio da luta de todas as opiniõespuliticas, sem perder do sua força moral econsolidando-se cada vez mais no espiritopublico.

Não é oceasião de desenvolver esta mate-ria; reservo-me para outra discussão. Poragora vou colligir os factos das noutes de 27e 28 o as circumstancias que em redor dellesso agruparam. Não os presenciei^ é yerda-de, porém atteudi ás exposições officiaes, aodiscurso do nobre ministro da. justiça e ásinformações que correm com visos de vero-similhança. Embora agitado pela indigna-ção, quo é natural, espero conter-me nos li-mitos da mais plena isenção de parcialidade.Estudemos, senhores, o theatro dos aconte-cimentos, suas causas, quaes sejam seus an-torés ou responsáveis esuas conseqüênciaspróximas e remotas.

Os factos se suecederam na rua do Ouvi-dor entre as de Gonçalves Dias e Uruguaya-na. Neste quarteirão está situado o edifícioda redacção o officina dà Republica. Eis oestreito theatro do conflicto. A rua do Ou-,vidor tem vinte e um palmos de largura e écalçada por parallelepipcdos, como sabeis.Estas circumstancias são indispensáveis áapreciação das oceurrencias que todos deplo-ramos e condemnamos. A rua é estreita eo quarteirão pouco extenso; nesta arca, nas

. horas de concurrencia ordinária, o transito6 difficil, e não poderá conter ainda na maiorinfluencia do povo as multidões figuradaspelo nobro ministro da justiça.

Alli haquellas estreitezas teve logar nasnoutes de 27 e 28 do mez passado á manifes-tação republicana o a contra-manifestaçãoda opinião publica justamente indignada no

•dizer do nobre ministro da justiça. Eis osdous adversários na arena, segundo os rela-tonos officiaes : a Republica e a opinião pu-blica, a fraqueza extrema, o poder invenci-vel; uma multidão vivamente rosentidacon-tra uma idéa forasteira; a tremenda justiçado.povo provocada poia imprudência de umgrupo de philosophos, de poetas o sonhado-res de futuros acontecimentos. Eis os com-batentes, senão os juizes e os réos, no sen-tir do nobre ministro da justiça.. A forçapublica assistio inerme áluta nestas condi-ções ou coacta deixou passar a justiça popu-Mi'!

Os philosophos o os poetas da democracianão disponham dc outros instrumentos dodefeza, que a penua e a imaginação, a pala-vra e a eloqüência que o enthusiasmo inspi-ra; o coração agitado e o cérebro ardente.

Anão servirem de instrumentos de um po-der sobrenatural ou por ello protegidos, acâmara dos Srs. deputados comprehende queos' philosophos e poetas da democracia nadapodiam emprehender que inquietasse ascrenças monarchicas arraigadas na_ convic-ção nacional, sobresaltasse a autoridade aoponto de mover forças das tres armas pon-do-as de prevenção á primeira ordem.

Ó Sr. ministro da justiça:—Nunca se so-bresaltou.

O Sr. Ferreira Vianna : — Nem era casode ostentação e apparatj de força. Essa at-titude deve ser reservada para momentosdifficeis e circumstancias perigosas. Naln-glaterra a autoridade domina as reuniõespolíticas e se faz obedecer com intimaçõesverbaes; é o poder da força moral que arre-fece as mais violentas paixões de multidões-formidáveis e mantém a ordem. A mani-gestação de força armada, principalmentequando não se pôde muito confiar de suadisciplina, em voz de prevenir muitas vezes-provoca e engendra os eonflictos.

A' vista do limitado theatro dos aconteci-mentos, dos recursos de que dispunham OSpoucos sectários da Republica, do forte con-tingente de tropa mobilisada, creio qv.e.Vr'Exc. Sr. presidente, está como eu persuadi/do de que os membros do club da Republicanão tinham outro intuito que o de dar livreexpansão de regosijo pelo triumpho incruen-to da democracia hespanhola. Quem de bôafé poderá crer que a fraqueza ultrajasse aforça, a idéa forasteira a crença que governa ?Não seria uma aventura arriscada, mas umacto de insensatez, que não se conforma coma prevenção de requererem os republicanosprévia licença da autoridade competentepara a manifestação de regosijo, do que foicausa a ascensão da democracia Hespa-nha.

Satisfeito o enthusiasmo pela expansão doregosijo, a paixão se arrefeceria e os demo-cratas da Republica entrariam logo na regu-laridade de sua improba efatigante propa-ganda.

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Era ou não licita a manifestação domo-cratica ? Se não era, tornou-se pelo con-sentimento da autoridade competente.. Onobre ministro da justiça indirectamentecoudemnou a licença, quando, para justifi-car os attentados, considerou-a uma provo-cação senão um ultrage á opinião publica.Desde que a autoridade foi ouvida com an-tecedencia, tomou conhecimento das inten-ções dos membros do club republicano, e,corrigindo e limitando o programma festi-vai, de ferio favoravelmente, ficou obrigada amanter a segurança pessoal e de proprieda-de dos sectários da Republica, ainda contra aindignação da soberania representada e con-centrada na frente do edifício--da Republica.

•, Resta verificar se a manifestação excedeudos limites traçados pela concessão. Nin-guem o allegae antes se affirma o contrario.A licença ccmprehendeu a faculdade de em-baudeirar o frontãó do edifício e illuníhial-oá noute. Eis a verdade confessada pelo go-vorno.

O embandeiramento do edifício se fez dedia. Cidadãos qualificados e de todas as na-ções em transito para sous affazeres passa-ram por aquelle quarteirão e notaram a or-uamentação festival da Republica; uns pa-rafam e outros seguiam; era dia e ninguémreclamou contra bandeiras enroladas no bal-cão da sacada ou se queixou de qualquerultrge k nacionalidades; também é verdade.

De noute a festa democrática correu paci-fica, garantida pela tolerância, virtude dos.povos livres. Os que hão teem fé na estabi-lidade da Republica Hespanhola refloxiona-ram sobro essas passageiras alegrias, queem breve deveriam ser substituídas pelas-tristezas da anarchia ou pelas violências das.restaurações; os indifferentes, sào muitos,saboreavam aquelle espectaculo sem duvidasingular no paiz, c a grande maioria dos ci-dadãos firmes em suas adhesões ás institui-cões juradas se contentavam com niais estarazão de excellencia: não recoiar de opiniõespolíticas oppostas, garantir a liberdade desuas manifestações e consolidarem-se nomeio da luta e das contradicções.

As criticas, os commentarios, as contesta-'ções não àttingiram á indignação figuradapelo nobro ministro da justiça. Adiantada anoute, arrefecido o júbilo democrático, nahora do--cansaço, quando o concurso de es-pectadores diminuiu e a rua no quarteirãoindicado podia sor percorrida livremente,sem molestar os transeuntes, pela cavallariaa cinco praças do fundo, levantou-se o gritodo indignação, a multidão começou a vocife-rar, quatro mil cidadãos reunidos o como de-positarios e representantes da soberania, jus-tamente indignados, na phrase do nobre mi-nistro da justiça,, intimaram á Republica dearriar a bandeira democrática, arvorada odesfraldada durante parte do dia e da noutesem protesto o nem reclamação. A autorida-de julgou-se coacta diante daquelle grito oserviu dc interprete do poder impessoal damultidão. A bandeira foi amada o trium-phou a soberania da rua do Ouvidor.

A- luz do dia nenhum protesto e nem as-somo de indignação; no começo da noute,emquanto a concurrencia não dava espaço ás

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manobras da cavallaria, manteve-se sem in-terrupção a tolerância popular; quando ailluminação oscurecia, o silencio ia-se fazercomo de costume na nossa cidade ao se apro-ximareni as horas de recolhimeuto,.o numerodos espectadores se eleva a quatro mil pes-soas, o olhar da multidão torna-se inventivoe penetrante, a tolerância se substituo pelaraiva rõbentão'por todos os lados reclamaçõeseprotestos, a multidão faz-se, na opinião donobre ministro da justiça, autora das vaias,ápedrejamentos o outras violências contrapessoas e propriedade! A autoridade, cahin-do em paralysia, deixou imperar a soberanajustiça da opinião publica, aguardando, paracontel-a, maior desacato !

Quaes as causas dosta rápida mudança desentimentos dos espectadores da festiva ma-

^infestação democrática? A decoração era amesma a essa hora quo se conservou duran-te todo o dia e parto da noute ; eram as mes-mas bandeiras, a illuminação igual, apenasmenos resplendente. Parece qno a indig-nação veio por •accesso repentino e rompeuna rua quando o enthusiasmo arrefeceu noclub.republicano. A narração retocada donobre ministro da justiça não combina comas circuinstancias referidas nas exposiçõesofficiaes. As contradicçõés induzem-ino acrer/que o principal foi omittido. A horaera imprópria para explosões da indignaçãopublica; mais asada parece para as sorpre-sas e emboscadas. Quando desmaiava a il-luniinação da Eepubliea accendeu-se na ruao fogo da contramanifestação. A rua nãotinlia pedras e ellas appareceràm como por

lencanto e começou a obra donpredejanicnto,¦ da ameaça c do ultrage. Não ó de crer quo'.'$, indignação tivesse por alvo objectos inani-piados; felizmente a realidade não corres-pondeu ás intenções.

O uobilissimo 'o

generoso caracter do povofluminense repelle a autoria das scenas re-pfèsentadas nas noutes de 27 e 28. Leal-mente dedicado ás instituições juradas, éigualmente tolerante para não se oppor pormeios materiaes o impróprios do um povociyilisado ás manifestações de opiniões con-trarias. Seus precedentes não autorisamtão áleivosa imputação. A Republica jornalexiste na Corto ha tres anuos ; e ainda emseus dias mais agitados ninguém tentou con-tra a sua existência e segurança de seus re-dactor es. Este é o facto. O que estava es-¦cripto cm lettras de fogo na noute da.mu.ni-festação se^reproduzio milhares dc vezes, sedistribuía fe apregoava por toda a parte.Esta attitude do toi erancia honrava assim a©pin ião dominante como o governo, e enfra-que

cia progressivamente

' a vivacidade dapro^iigan da democrática.

Não se pôde negar á população fluminenseioom senso e lógica. Não quero discutir como nobre ministro da justiça, se o órgão de-mopratico está fora da lei, pois que á sua•existência ó um facto. Para mim a liber--dade do pensamento tem por limite c cor-rectivo a responsabilidade dos abusos. Estefacto, ou fosse legal como penso, ou sómcuíetolerado como entendo o nobro ministro dajustiça, é certo que não suscitou reclamaçõeso nem procedimentos dos cidadãos ou dosagentes públicos incumbidos da execuçãodas leis. O Viário Of/íciul do governo trans-creveu por vezes noticias c opiniões da Re-publica. O órgão republicano tinha entradolivremente na circulação c era reputado naimprensa como o representante autorisadode uma opinião radical.

O que levo dito serve para demonstrar quea Republica já não podia assustar a opiniã0¦dominante como urna sorpreza e nem ser"vir de provocação ao rompimento materialdas noutés de 27 o 28 do mez passado.-

O governo que enchia as columuas dagrande e pequena imprensa com artigos lau-•dato rios ao gabinete do 7 de Marco, deixavacorrer sem contestação doutrinas republica-nas sustentadas com talento e constância.

¦•-; MiRepublica renunciou os meios práticos,•proscreveo a acção e intervenção na politicamilitante, não sollicitou votos nem mandato•popular; apresentou-se como órgão de pro-pmganda pacifica, discutindo o problema abs-tracto dá melhor fôrma de governo. Puraidealidade sem relação alguma com a pra-tica.

As minhas opiniões são conhecidas o as.mantenho. A historia das tentativas paramelhorar governos ó desanimadora. Prefirosuppor tar governos toleráveis que cerquemde snffiçientes garantias as pessoas e a pro-priedadè^a correr os riscos das revoluções.As republicas ideaes estão, como dizia Ba--con, muito\no alto para darem luz.

BeduzidaV meios tão pacíficos, a Repu-blica fallava abs espíritos, não attentava con-tra as instituições e nem conspirava. Não

^se pôde comprimir o pensamento e nem im-por silencio a unra< opinião.

Volto ao assumpto,' Quaes as causas da

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indignação e-da justiça dós furores popilla-res ? Ver arvorada uma bandeira que nãotinha a coroa imperial. Seriajuma bandeiraou um estandarte do club republicano'? De-cididamento *não era a bandeira nacional,porque lhe faltava um de seus symbolos.Mas, senhores, essa bandeira ou estandartenão continha nenhum ultrage á honra e dig-nidado da pátria. Eu não a vi, porque nãopassei pelo edifício em quo estava arvorada,mas tenho ouvido que nella brilhavam ascores nacionaes. A omissão da coroa ó lo-gica, porquo está dc accôrdo com as opini-ões o princípios professados publicamentepolo club republicano. Se ó um ultrage ar-vorar aquelle pendão, notae quo maior temsido levantar o dístico República] publicar ojornal c lancal-o na circulação. A toleramcia dos governos e da opinião publica de-nunciam que o ultrágo ó um pretexto con-venc iouado para justificar a violência. Exi-gir que a Republica arvorasse em sua mani-festação ao recento triumpho da EepublieaHespauhola a bandeira com o syinbolo damònarchia seria impor-lho a apostasia ; ar-riar a que arvorara um capricho. Neguemembora a manifestação das opiniões, porómuão levem o supplicio ató obrigal-as á inco-herencia. Seria o requinto da tyrannia.

Essa bandeira esteve arvorada sem recla-mação ató perto da meia noute.

O Sr.. L. Bezerra :—Não chegou a meianouto.

O Se. Ferreira Vianna:—Ou fosso por in-timacão da autoridade ou por decreto dá so-berahnia do povo, ó corto que a bandeira foiarriada polo redactor da Republica, sendoesta a única cousa quo o povo exigia pararetirar-se.

Não posso crer, portanto, no quo nos as-severou o nobro ministro da justiça da ban-deira nacional enrolada, servindo de almo-fada. Penso que era este motivo mais fun-dado quo aquelle para a exigência do povosoberano.

O Sr. Martiniio dk Campos :—E' verdade.O Sr. Ferreira Vianna—Não pensava,

Sr. presidente, que alguns cidadãos, muitosque fossem, reunidos na rua do Ouvidor ámeia noute...

O Sr. Ií. Bezerra —Eram 10 1/2.O Sr. Ferreira Vianna— ... podesse.li,

qualquer que fosso a hora, representar a so-berauia nacional, e exercital-á de modo tãoperemptório. Diante deste poder, compre-hende-so a coacção da autoridade publica oo seu estado do paralysia. Foi um plebis-cito.

Como so fosso perinittido santiíicar tro-pelias contra pessoas e propriedade com de-clamo ções, o nobre ministro da justiça, emdesespero dc causa recorreu ao sentimenta-lismo para agitar os corações patrióticos.

O Ss. Martiniio de Campos :—Apoiado.O Sr. Ferreira Vianna:—A bandeira dis-

se S, Exc, ó o symbolo da pátria, representaos mais permanentes e elevados interessesda sociedade e ate a honra <. a familia friso.)

O Sr. Martinho de Campos :—Esteve pa- ¦totico.

O Sr* Ferreira Vianna :— Senhores, nabandeira brasileira vejo tres grandos sym-bolos, que representam tres grandos reali-dades : uma que resume om si as soberanasesperanças da humanidade, outra a pátriao uma terceira o elemento mais prepoude-rante de nossa organisação politica. A cruzcollocada na maior elevação da coroa c do-miuando-a ; as cures nacionaes e a nionar-chia que consorciou a liberdade com a or-dem.

A religião sempre immutavol no meio detantas cousas passageiras o moveis, quo soelevam o cáern, superior á acção dos homense dos acontecimentos ; a pátria imuiortal,que sobrevive a todas as revoluções e a to-das as calamidades, e a mònarchia, principioconservador do nossas liberdades, mas,como todas as creações humanas, sujeito aodesenvolvimento das condições peculiaresde cada povo, á transformação, o por suanatureza de meio do governo, transitório.

A ropublica ó «orno a mònarchia a solu-ção do problema sempre agitado desde ostempos remotos, da mais perfeita fôrma dogoverno, que tanta.s paixões accende e trazos povos divididos em partidos oppostos.

Preferindo a republica á mònarchia ouesta aquella, o cidadão não renega a pátria.Elevam-se e abatem-sc dynastias e republi-cas, o cidadão fica vinculado á sua pátriapelo amor e pelo dever do sorvil-a e honrai-a. No altar da pátria cabem todas as obla-ções sinceras.

V. Exc. sabe, Sr, presidente, que não éconstante o Bymbolo monarchico nas ban-deiras. A autocracia russa não figura' nabandeira. A bandeira tricolor tem flutua-do som interrupção sobre duas monarchías;a de Julho e a de Napoleao. A Inglaterra,a dominadora dos mares, não tem na ban-

deira o symbolo da realeza; assim tambema Hollanda.

Porque prevenção so quiz divisar no es-taudarto arvorado no estabelecimento daRepublica unia offonsa ao pundonor nacio-nal e um ultrage ao patriotismo ?

Se não foi pretexto para aggrodir aquellaopinião, confessemos que foi exagerada sus-ceptibilidado. A questão dos republicanosnão ó de pátria; ainda quo cm erro sobre amudança de sua actual fôrma do governo,eu não tenho razões para duvidar que ellesa amem e lealmente a queram servir. Suapropaganda tom por intuito substituir a ma-gistratura suprema, vitalícia- e hereditáriapor outra temporária e do eleição popular.O meu voto ó inteiramente opposto; ó demanter essa magistratura vitalícia e herodi-taria; e da degeneração do nossas institui-ções longe de cahir na desesperança de me-lhorar o governo, mais so me avigora a fó.Antes de tentar a novidade, o desconhecido,esforcemo-nos todos com dedicação em cor-regir os abusos, conter ós excessos e resta-belecera liberdade constitucional. Cons-olidemos o governo parlamentar; collo-quemol-o, por meio de reformasreílcctidas,acima das sorprezas e das mystificações.

Defendendo aos opprimidos, devo-lhostoda a franqueza; A' qualquer outra ban-deira prefiro a nossa, que respeito como sa-crosanta; ó o symbolo da ordem o da paz,da força o da gloria da pátria. Kcceio pelaintegridade do Império, talvez seja a tirai-dez que as novidades me incutem, c sobro-tudo que com a Coroa vá a cruz.

Não o desanimei do futuro e nem estouconvencido da conveniência dc mudanças emnossas instituições.

A bandeira, que victoriosa tremulou desdea embocadura do Prata ate o Aquidaban ;a bandeira, que fez cahir as duas mais abo-minaveis tyrannias do nosso século, Rosasom Buenos-Ayres e Solano Lopez no Para-gay, nos eleva no conceito do mundo, tommuita gloria a preço dc heróicos sacrifícios.

A bandeira, arriada.por ordem da sobe-rania á rua do Ouvidor, não era e nem po-dia ser considerada um ultrage ao patriotis-mo; era o symbolo de uma idóa e nadamais. Apedrejada e rasgada, começou asua historia pelo sofrimento.

A desigualdade entro os adversários nãopodia ser maior. A contramanifestação ti-nha por si à força e o numero. A conscien-cia desta superioridade devora inspirar amTtislonga tolerância. A idéa luta com aidóa, a intelligencia com aMntélligéiicià. Aforça suiíoca, mas não convence. Os meiosmateriaes estão prescriptos como recursosda persunção ; a intelligencia 'guarda aindaopprimida'a'".$8ua liberei.?dè e a consciênciasua inviolabilidade. São obras do Dous.

Não o mnis possivel restaurar a inconfi-dencia o subordinar todas as intelligeuciasaó pensamento e á verdade üílioial.

Os republicanos são conhecidos, seus no-mes correm impressos em seus manifestose em suas actas Renunciaram todososfa-vores, todas as graças, honras, dignida-des e benefícios, a que aliás poderiam e de-veriam pretender por seus talentos iuutili-sados infelizmente para o paiz.• Tolerae o erro e respeitae a abnogo.ção eo sacrifício espontâneo e longo. Desejavaque todos os brasileiros"-, aceitando as ins-tituiçõos juradas, trabalhassem activa o de-dicadamehte na obra do seu aporfeiçoamen-to ; mas não posso oceultar [ás esperançasque me inspiram essas almas alevantadaa,superiores aos cálculos do |egoismo, apaixo-nadas por uma idóa reputada impossível.O d.èsitít.róssè ó o penhor da. sinceridade.Mas nos dove áfíligir o abandono das creu-cas, o euervaniouto das convicções políticas,a frieza do egoísmo, a indi fferença quo tudocontamina o corrompe. Eu respeito a cons-tancia com que a aguarda jum futuro semhorisonte u vista, ea dignidade com que so-ffre as contrariedados o decepções do pre-sento. São rnuitosos subservientes atadosao carro de todasas situações triumphau-tos. Ao successo feliz não faltam adorado-ros; • '

A dedicação á idóa ó um, bom elementomoral, que devemos honrar e não escarnecer.Contao com a acção do tempo, a lição daexperiência e a influencia do nossa» insti-tuições aperfeiçoadas- pelas reformas que aopinião publica reclama.

Não sei so comprcubendi bom o enthusi-astico discurso do nobre ministro dajusti-ça; pareceu-me que expoz ao ódio senãodesprezo a idéa republicana. Essaidóa ó ofructo da somente lançada na terra virgem,ó effeito natural do ensino : á inocidade re-cebe-a dos livros que lhe confiam. E' emTito Livio que se aprende a admirar a re-publica e em Tácito a odiar a tyrannia. As-sim como em Horacio, Ovidio e Virgílio seinspiram os princípios do sensualismo e

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subserviência pagam. As primeiras im-pressões gravam-so e ficam. Só o tempo ea experiência as desvanecem.

Lembremo-nos de nossas primeiras ineli-nações, de nossos puros enthusiasmos, donossas paixões violentas o sinceras, o nãoestranharemos o que vemos o queremos con-demnar.

A melhor fôrma do governo ua regiãotheorica ó uma questão sem aleance politi-co. O problema está rosolvido pela nossaconstituição pratica o sabiamente- Foramattendidas devidamente as condições donosso paiz. Os resultados, não obstante' asdegenei .ições do nossas instituições, senãocorrespondem inteiramente ás previsões dolegislado rconetituinte, nos teem a «seguradobenefícios que duvido podosseinos alcançardo "qualquer outra fôrma dc govorno.

Entretanto a republica não merece o cies-dem que so lhe quer lançar. No declinar do-'nosso século temos assistido a tantas doca-dencias e sorprezas, que seria temeridadeescarnecer de seus recursos e influencia.O meio das monarchías suporarem as orisesque agitam os povos o estremeaem a ordemestabelecida não ó abandonarem-se aos ex-pedientes do arbítrio, mas aceitarem de boafé as reformas exegidas pola liberdade pra-tica.

A repubica, que fez a gloria da antigui-dade grega e romana, quo preside aos desti-nos do maior povo do nosso século, quemantém felizes e independentes no meiodas potências da Europa os livre pacíficoscidadãos da Suissa, nos deve inspirar outrossentimentos.

Os acontecimentos de 27 e 28 do mez pas-sado são symptomas da falsa e fatal políticado gabinete actual.

O ministro nada ganhou e não podiaperder, porquer a sua Jmpopularidade che-gou á ultima extremidade. Apoderou-so doestandarte da Republica, unico trophóo dasorpreza. Será talvez arvorado na torre domonumento que a fama deve levantar aoglorioso 7 de Março.

O que fizeram os republicanos que exei-tasse o suror da soberania popular conçeu-trada na rua do Ouvidor e desafiasse os ri-gores do sua justiça, no dizer dos glorificadoresdos attentados ?. O redacto de Republica^.Quintino Bocayuva, escriptor distincto e ora-dor eloqüente, tantas vezes ouvido e applaudido nestacidade, levantou-se e-fallou. Fioacolhido com uma vaia! O discurso cruem sentide conveniente, segundo a oxposi-ção official.

Contra a palavra, vaias, pedradas, ultra.-jes! Não são estes os argumentos dos de-fensores esclarecidos o dignos da mònarchiaconstitucional. ••

Os aggredidos- são conhecidos, trazem o'rosto descoberto, tomam publicamente a res-pdnsabilidade de suas opiniões, são movidospor sentimentos sinceros. Os aggressoressão desconhecidos, oce-ulfcam-se nas som-bras do anonymo, do impessoal. As armasdos cavalleiros contramanifestação são asbatatas, as pedras c os chouriços. (Riso),

O Sr. Paranhos Júnior :—As pedradasnão foram de homens sérios.

O Sr. Ministro da Justiça:—Contra aspedradas a policia interveio.

O Sr. Ferreira Vianna :—Eis a manifesta-ção monarchica. que forçadamente se querattribuir á illustração e tolerância- do povoda nossa capital!

Eis a realidade do pronunciamento politi-co dos suppostos 4,000 cidadãos; eis o pro-tosto que levantam, a defeza que articulam!E' incrível;

A melhor gente da cidado ó desconhecida ;não se declina um só dos respeitáveis autoresda contramanifestação. Ó nobre ministroda .justiça envolve-os no vago da opinião pu-blica. Contra a liberdade da imprensa e dasopiniões apparece o desconhecido, de quetanto horror tem o nobre presidente do con-solho ; o impessoal, á mascara!

Os bons cidadãos condemnam aquella sor-preza e repellom a complicidade que se lhesimputa para oceultar-se os verdadeiros auto-res e os motivos que os moveram.

As instituições juradas defendem-se na tri-buna, na imprensa, á luz do dia, com a res-ponsabilidade de seus legítimos representan-tes e sinceros amigos. As instituições jura-das defendem-se com as nobres armas daverdade e da razão que lhes asseguram avictoria.

Continua)

AVISOA PROVÍNCIA

Como ó de costume, deixamos de dar anossa folha, no dia 11 do corrente, sexta-feira da Paixão.

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